1 LUIZ MACHADO, Ph. D. Doutor (Ph. D.) e Livre-docente pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).Ex-Coordenador do Projeto Especial do Desenvolvimento da Inteligência e Criatividade (PEDIC, UERJ). Formado também em Didática nas disciplinas Biologia Educacional e Psicologia Educacional, pela Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras, da UERJ. Fundador da “Cidade do Cérebro.” Administrador. VOCÊ PODE ATIVAR A SUA INTELIGÊNCIA LC - Direitos autorais de: LUIZ José MACHADO de Andrade Edifício Cidade do Cérebro Rua Gal. Espírito Santo Cardoso, 41 Esquina da Rua Uruguai, 306 CEP 20530-500 – Tijuca, Rio de Janeiro, RJ Tel.: (21) 3435-3741 - Telefax: (21) 2571-3859
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Você Pode Ativar a sua Inteligência 2 ÍNDICE Página introdutória – 3 Vista geral deste livro – 3 Nossa tese – 4 Nossa abordagem da inteligência – 5 Por que se fala em ativar a inteligência? – 5 Benefícios de se ativar a inteligência – 6 Desenvolver a inteligência é desenvolver o ser como um todo – 7 O que é inteligência? – 8 Inteligência, para quê? – 10 Inteligência e Habilidades – 10 E os superdotados? – 11 E os chamados “gênios”? – 11 Os bloqueios – 11 A cultura do fracasso – 12 Inteligência e Emotologia – 12 Percepção e inteligência – 13 A deliberada mobilização da integração dos sistemas das emoções com o sistema endócrino: introdução – 14 A chave – 15 O mundo do extremamente pequeno – 16 Leis científicas da mente – 17 A crença como fenômeno biológico – 17 Estados alterados de consciência – 18 Efeito placebo, efeito nocebo e sugestão - 19 Pitiatismo – 20 O sistema de autopreservação e preservação da espécie – SAPE – 20 O sobrenatural é muito natural – 20 A idéia do elemento “psico” – 21 Conclusão – 22 Referências – 23 Biologia Emocional – Como somos e como reagimos – 24 Notas – 27 Livros do Prof. Luiz Machado na biblioteca virtual Cidade do Cérebro - 27 Você Pode Ativar a sua Inteligência 3 PÁGINA INTRODUTÓRIA EMOTOLOGIA E A ATIVAÇÃO DA INTELIGÊNCIA Colocamos o título de “Ativação da Inteligência”, uma vez que ela é uma potencialidade que nasce com os seres para que possam ser transformadas em capacidades e daí em habilidades e desenvolvidas para criarem as condições de preservar a espécie pela preservação do indivíduo. A Emotologia cuida do desenvolvimento das potencialidades humanas como elemento de autorrealização e a inteligência é a principal dessas potencialidades. Ela está bem ali nos seres à espera que estímulos adequados venham ativá-la. Na verdade, não se trata de criar nada, pois ela já existe em potencial. Trata-se, sim, de encontrar os estímulos adequados para ativar não somente a inteligência nativa, natural, emocional (no sentido de condições para ação), do Sistema de Autopreservação e Preservação da Espécie (SAPE) e da inteligência racional. A Emotologia, com seus procedimentos, atividades, vivências e exercícios, contribui para o desenvolvimento da inteligência integral, que é o desenvolvimento simultâneo da inteligência natural e da inteligência racional. VISTA GERAL DESTE LIVRO A inteligência existe como potencialidade em todas as pessoas ditas normais. É uma faculdade que está bem ali à espera que estímulos adequados venham ativá-la. Não se trata de criar nada; ela já existe sob a forma de potencial. Ninguém nasce inteligente, mas, sim, com a faculdade de ser inteligente, pois a inteligência, assim como a criatividade, é uma potencialidade que para ser ativada precisa de procedimentos, atividades e exercícios adequados. O ser humano nasce com muitas potencialidades (habilidades em potencial) para que venha a cumprir sua destinação biológica de preservar a espécie. A inteligência não é uma habilidade isolada e, para ser desenvolvida, a pessoa precisa ser encarada como um todo. A inteligência é uma função do organismo, mais exatamente, do sistema de autopreservação e preservação da espécie (SAPE), que é a integração dos sistemas das emoções (aí incluindo com destaque o sistema límbico) e o sistema glandular endócrino, responsável pelo lançamento de substâncias incitadoras de ação (hormônios) diretamente na corrente sanguínea. Você Pode Ativar a sua Inteligência 4 NOSSA TESE Nossa tese é que o ser humano normal nasce com a faculdade de ser inteligente para ser desenvolvida ao máximo, mas depende de que estímulos adequados venham ativá-la. Se a inteligência não for desenvolvida como um todo, permanecerá silente, inerte, adormecida. Já em 1984, apresentamos, em congresso, na Suécia, a tese de que a inteligência depende mais dos sistemas das emoções, – aí incluído o sistema límbico –, que do intelecto. Quando se fala em sistemas das emoções e sistema límbico, fala-se no indivíduo como um todo, pois dali parte o controle do organismo e de sua interação com o meio ambiente. A inteligência é una, mas se compõe de muitas habilidades. Ao ser tratada como um todo abre caminho para o desenvolvimento de qualquer de suas habilidades, mas ao se desenvolver uma habilidade, como, por exemplo, jogar xadrez, não se desenvolve a inteligência e, sim, formam-se bons jogadores de xadrez. O mesmo ocorre com as palavras cruzadas que, ao exercitar-se com elas, a pessoa torna-se boa cruzadista, mas isso não significa que se torne mais inteligente. Nas escolas, as disciplinas podem ser ensinadas usando-se os conteúdos como estímulos adequados ao desenvolvimento da inteligência. O ser humano pertence à espécie denominada Homo* sapiens, porque é a espécie de hominídeo que é inteligente, que sabe, com conhecimentos além de mero instinto e combina com o conceito de Homo faber, expressão que indica a vocação humana de fazer coisas a partir de sua inteligência. O ser humano de nossa era tecnitrônica, com a ciência e tecnologia avançadas, torna-se o Homo super faber, que constrói com sua inteligência e criatividade o avanço da ciência e da tecnologia e surge, então, o Homo sapiens sapiens ou Homo super sapiens, com altos padrões de inteligência, sem que isso indique sabedoria, se não tomar medidas de sustentabilidade. Quando se fala em inteligência, muita gente logo indaga sobre o Q. I. (quociente de inteligência), como teste que, supostamente, mede a inteligência de uma pessoa. Na verdade, o que esses testes avaliam é a capacidade de uma pessoa resolver testes de Q.I., mas não a inteligência, que é um processo bem mais amplo que aquilo que esses testes pretendem medir. Você Pode Ativar a sua Inteligência 5 Outrora se pensava, e até hoje muitos pensam, que a inteligência depende do pensamento, quando, na verdade, ela está ligada a fatores biológicos e é natural que assim seja, pois ela existe para a sobrevivência da espécie. Essa abordagem da inteligência, que defendemos há mais de 40 anos, contraria muitos conhecimentos estabelecidos que até já se tornaram tabus, fazendo da inteligência um mito. A inteligência tem recebido tratamento mais político que científico, com argumentos preconceituosos que, na verdade, procuram aprofundar diferenças entre as pessoas, criando a “casta dos inteligentes”, substituindo a idéia de “sangue azul” pela de “cérebro azul”. *USA-SE A LÍNGUA LATINA PARA AS DENOMINAÇÕES CIENTÍFICAS E O NOME DO GÊNERO COM LETRA INICIAL MAIÚSCULA. NOSSA ABORDAGEM DA INTELIGÊNCIA A inteligência é uma função do organismo para que a Natureza atinja seu maior objetivo, a preservação da espécie. Assim, a inteligência é global, abrange o ser humano como um todo e compõe-se de múltiplas habilidades. Nossa abordagem é que embora os seres humanos sejam sistemas físicoquímicos, eles têm complexidade inigualável a quaisquer outros sistemas físicos. No estudo dos seres humanos, podemos nos comunicar com eles, e tentar entender os sentidos de suas palavras e realizações, enquanto um pesquisador de outros sistemas físico-químicos não pode comunicar-se com substâncias e mecanismos físicos que ele estuda. Sem dúvida, nos seres humanos há muitos aspectos que ultrapassam os limites do que é concreto, palpável. De acordo com nossa abordagem, necessita-se de uma nova estrutura e métodos experimentais para estudo das potencialidades humanas, principalmente no âmbito da Biologia Emocional, dando-se à palavra emocional, neste caso, o sentido da integração de corpo e mente para a mobilização de potencialidades humanas. POR QUE SE FALA EM ATIVAR A INTELIGÊNCIA? Fala-se em ativar a inteligência porque a faculdade de ser inteligente já existe, em seus limites máximos, em cada pessoa, mas, na maior parte das vezes, Você Pode Ativar a sua Inteligência 6 jaz inativa, silente e adormecida, à espera que estímulos adequados venham mobilizá-la. Faculdades são disposições que a Natureza dá às espécies para, por meio delas, tornar os indivíduos aptos a desenvolver determinados atributos e a praticar determinadas ações, nos casos em que para isso tenham as condições do ambiente (físico, cultural e psicológico), o poder e a potência (possibilidade). O ser humano nasce com a faculdade de ser inteligente (mas não nasce inteligente) e pode desenvolvê-la desde que não se lhe oponha nenhum obstáculo e enquanto não lhe faltam o poder (a força) e a possibilidade (potência). No desenvolvimento de atributos e nas ações humanas, devemos considerar: a faculdade – as partes de seu organismo, de seu corpo que vão desenvolvê-la precisam estar aptas a isso; o ambiente – que as condições do ambiente (físico, cultural e psicológico) não sejam desfavoráveis ao desenvolvimento da faculdade ou exercício de ação; o poder – que nenhuma parte do organismo impeça o desenvolvimento da faculdade; a potência – a força necessária para desenvolver a faculdade ou exercer a ação. Inteligência não é algo que existe pronto. É um processo que se desenvolve por meio de situações que representam possibilidade de ela manifestar-se. BENEFÍCIOS DE SE ATIVAR A INTELIGÊNCIA Em relação à inteligência, não se trata de criar nada; ela existe como faculdade, e está à espera que estímulos adequados venham revelá-la. E, para que ativar a inteligência? A resposta é: para saber lidar com as situações adversas da vida; para resolver os problemas do dia-a-dia; para enfrentar com segurança as dificuldades da vida; para saber estabelecer objetivos corretamente; para atingir os seus objetivos; para saber transformar objetivos em resultados; para aprender melhor e mais rápido; Você Pode Ativar a sua Inteligência 7 para adaptar-se às mudanças cada vez mais velozes; para saber pesquisar de modo a estar sempre se adaptando ao novo; para educação permanente; para aprender melhor e mais rápido; para ter melhor qualidade de vida; para conseguir o que saiba querer. DESENVOLVER A INTELIGÊNCIA É DESENVOLVER O SER COMO UM TODO Quem estuda durante muitos anos o mesmo tema, em várias ocasiões vêse forçado a contrariar idéias tradicionalmente aceitas, a opor-se a padrões, normas e dogmas estabelecidos, atitude que se chama tecnicamente de heterodoxia. Assim ocorre com o assunto inteligência, objeto de várias opiniões, idéias admitidas até sem maiores estudos, virando verdadeiro tabu ou mito. Assim, os heterodoxos acabam sendo rechaçados a princípio porque apresentam idéias que contrariam o que é tradicionalmente aceito. Nós vimos estudando inteligência e criatividade mais profundamente desde 1964, quando estivemos na Universidade de Colúmbia, em Nova York, na condição de pesquisador (visiting scholar). Como vimos estudamos o tema há mais de quarenta e cinco anos, completados em 2009, é natural que chegássemos a determinadas conclusões que permeiam este e outros trabalhos de nossa autoria. Certos assuntos são tratados como crenças, até dogmas, com a chancela da ciência – que é provisória –, e não tem o poder de validar o que não seja baseado em observação, identificação, análise, pesquisa e explicação de determinadas categorias de fenômenos e fatos. A inteligência vem sendo tratada por meio de opiniões, idéias, desde Aristóteles, que se tornou o mestre “incontestável”, tanto que na Idade Média divulgou-se a frase magister dixit, “o mestre (Aristóteles) falou” para expressar que não cabia discutir e sim aceitar os argumentos de autoridade como se fossem dogmas que, na época em que a ciência era abrangida pela filosofia, tornavam-se conhecimentos oficiais. Nossa teoria de que a inteligência depende mais dos sistemas das emoções (energia), aí incluído o sistema límbico, que do intelecto, apresentada em congresso, na Suécia, em 1984, causou polêmica e foi deliberadamente ignorada por muitos. E os sistemas das emoções funcionam em íntima cooperação com o sistema glandular endócrino. Você Pode Ativar a sua Inteligência 8 Hoje, 2009, decorridos 25 anos daquela apresentação, não só insistimos na tese como temos maiores informações para defendê-la. Desenvolver a inteligência é desenvolver o ser como um todo. De quem vem estudando um mesmo tema por tão longos anos é natural que os escritos evoluam, e pode até haver contradições num ponto e noutro, pois a percepção do autor se amplia e ele vê mais longe. Este trabalho mostra que a inteligência é uma função biológica e não do pensamento, embora este seja parte da inteligência. OBSERVAÇÃO: O livro “O Segredo da Inteligência”, do mesmo autor, de 1992, também trata do assunto deste livro, mas aqui se apresentam as novas conclusões do autor sobre o assunto. O QUE É INTELIGÊNCIA? Não há um consenso sobre o que é inteligência, pois até aqui o tema vinha sendo tratado na base de opiniões, idéias, preconceitos, razões políticas, partindose da premissa errada de que ela pertencia ao terreno do pensamento. Embora nenhuma tentativa de definição fosse tão abrangente para explicar a inteligência, todas continham a palavra “adaptação” ou a idéia que esta palavra representa. Houve várias tentativas de conceituar ou definir o que seria inteligência, mas nenhuma tinha partido da premissa de que ela é uma função biológica; por isso, nenhuma foi satisfatória até aqui. Nós a conceituamos como a capacidade de emitir condutas particulares de solução de problemas concretos da vida, da filosofia (primeiros princípios e últimos fins), de convivência. É um processo do ser humano visto como um todo. Ainda, dentro da orientação de que a inteligência tinha como base o pensamento, ela era apresentada principalmente como “habilidade (ou capacidade) de aprender”. Essa última concepção parecia satisfazer até que surgiram os testes de inteligência. Os testes de inteligência, se pretendiam medi-la, partiam do pressuposto de que seus organizadores, desde Binet, sabiam exatamente do que se tratava. E cobraram isso, por exemplo, de E. G. Boring que, pressionado a dizer o que era inteligência, e como não tinha melhor resposta, declarou “inteligência é o que os testes testam”. Você Pode Ativar a sua Inteligência 9 Em se tratando de testes de Q. I. (quociente de Inteligência ou quociente intelectual) há diferentes escalas que dão ênfase a diferentes habilidades para, supostamente, medir a inteligência. O Q. I. é o resultado da divisão da idade mental de um indivíduo por sua idade cronológica, partindo-se do pressuposto que se podia medir com precisão a idade mental. O psicólogo americano J. P. Guilford, parece ter tateado a natureza da inteligência e procurou tratar das habilidades em conexão com atividades diárias de aprender, pensar e solucionar problemas, e procurou estudar as habilidades envolvidas nessas atividades, tendo apresentado seus estudos sobre a estrutura do intelecto. Mas a inteligência não é só intelecto. No caso da inteligência, não se trata de criar nada; ela está ali em potencial para ser revelada por excitação neuronal através de estímulos. A inteligência não existe pronta; ela se constrói no momento que se torna necessária e assim vai sendo exercitada. Todos têm a faculdade de ativar sua inteligência, quer descobrindo-a, quer revelando-a ou desbloqueando-a. O espírito humano, sentido como energia vibratória das células e distinto da matéria, traz em estado embrionário, e com possibilidades de se realizar, as aptidões para analisar, sintetizar, generalizar, abstrair, relacionar, criar etc.. cujo conjunto forma a inteligência. Os processos necessários à preservação da espécie não se aprendem; são naturais e, no máximo, adquiridos. O mesmo ocorre com a inteligência. Quando se diz que a inteligência se aprende, dando-se ao verbo aprender grande amplitude de sentido, isto significa que ela pode ser ativada como respostas a estímulos. Oferecer condições para que uma pessoa desenvolva sua inteligência está na base das necessidades humanas. A inteligência tem suas bases nas conexões sinápticas; portanto, bases biológicas e deve ser estudada também pela biologia, mais propriamente pela Biologia Emocional. (Ver artigo no final desta publicação). Assim como o ouvido absoluto, possível por condições anatomofisiológicas, tende a tornar possível o surgimento de grandes músicos, que até são considerados gênios, desde que aproveitem sua propensão natural e a desenvolvam com trabalho, muito trabalho, paixão, determinação, dedicação e disciplina, também é o que se dá com a inteligência, que não se desenvolve a troco de nada. Você Pode Ativar a sua Inteligência 10 A teoria de Jean Piaget (1896 - 1980) oferece uma alternativa ao modelo estático de uma inteligência fixa que seria medida por testes de Q. I. e descreve uma sequência universal de estágios no desenvolvimento intelectual e culmina nas operações formais da idade adulta. A abordagem de Piaget chama atenção para o processo de crescimento cognitivo, mas tende a não levar em conta o papel da cultura no que é considerado comportamento inteligente. INTELIGÊNCIA, PARA QUÊ? Uma vez que a Natureza age por finalidade, pergunta-se: para que a inteligência, por que Ela criou seres inteligentes? A resposta é: para cumprir o Seu maior objetivo, que é a preservação da espécie. Muita gente fala “perpetuação da espécie”, mas preferimos a palavra preservação, uma vez que perpetuação significa “fazer durar para sempre”, o que não pode ser considerado em relação a espécies em evolução. As pessoas são inteligentes para, resolvendo problemas da existência, preservarem a espécie. Essa constatação reforça a afirmação de que todo ser normal tem inteligência que, às vezes, permanece silente, latente, inativa. INTELIGÊNCIA E HABILIDADES Há muitas habilidades envolvidas no processo da inteligência: agilidade mental, criatividade, lógico-matemática, linguística, espacial, musical, físicocinestésica, intrapessoal (capacidade de se conhecer) interpessoal (lidar e entender os outros), naturalista (organizar fenômenos e padrões da Natureza), existencial (questões fundamentais da existência) a memória etc. Mencionamos essas habilidades porque já foram confundidas com “inteligências múltiplas”. O fato de se exercitar uma determinada habilidade não desenvolve a Inteligência, mas sim aperfeiçoa esta mesma habilidade. O jogo de xadrez exercita o pensamento espacial, a capacidade de fazer configurações à distância, mas não desenvolve a inteligência. No máximo, forma bons jogadores de xadrez, como já se disse. Você Pode Ativar a sua Inteligência 11 Mais um exemplo: fazer palavras cruzadas desenvolve habilidades linguísticas e exercita o cérebro neste aspecto; forma bons cruzadistas, mas não desenvolve a inteligência, que é um processo global.Isto já foi dito antes. E OS SUPERDOTADOS? Os superdotados são assim chamados por terem revelado alguma habilidade de forma mais acentuada que a maioria das pessoas, mas isso não significa que tenham mais inteligência que os outros. E OS CHAMADOS “GÊNIOS”? Os chamados gênios são pessoas que, a par de desenvolver bastante alguma habilidade, dedicaram-se, com paixão, determinação, muito trabalho, autodisciplina a um assunto e um acaso feliz os favoreceu. Muitas outras pessoas, também com os predicados acima, não tiveram a oportunidade de chegar a algo que fosse considerado de grande relevância para a Humanidade e, então, não foram considerados “gênios”. A genialidade surge quando a pessoa, seguindo uma propensão, dedica-se de corpo e alma a um assunto e desenvolve-o. Não foi sem razão que Thomas Alva EDISON, o grande inventor (a lâmpada incandescente inclusive) disse a famosa frase “o gênio é um por cento de inspiração e noventa e nove por cento de transpiração”. OS BLOQUEIOS Como falamos que a inteligência é um processo global que, sem os estímulos adequados, permanece latente, silente e inativa, devemos ressaltar que são estímulos, internos e externos, que a ativam. Nesta ordem de pensamentos, devemos destacar os bloqueios que podem impedir que a inteligência se manifeste. Eles podem ser sensórias, culturais, emocionais, psicológicos. Os bloqueios sensoriais referem-se à percepção dos estímulos pelos sentidos. Os bloqueios emocionais nos impedem de ver as coisas de ângulos diferentes, levando-nos a pensamentos por uma via só. Você Pode Ativar a sua Inteligência 12 Os bloqueios psicológicos têm a ver com a autoimagem, a autoestima. Os bloqueios culturais referem-se a hábitos, costumes, crenças, maneira de ver o mundo, o estado social da comunidade a que se pertence. Merece destaque, neste, item a cultura do fracasso. As pessoas tendem a emitir o comportamento que se espera delas. A CULTURA DO FRACASSO Aqui se enfatizam os fatores motivacionais na inteligência, destacando-se o papel da pobreza quando faz a criança sentir que pertence a uma “cultura do fracasso”, um sentimento que tende a limitar seus objetivos educacionais autoimpostos. O sentimento da “cultura do fracasso” pode também manifestar-se em adultos em função da baixa autoestima, em razão de não saber estabelecer objetivos corretamente e como usar seu potencial para atingi-los e, ainda, em razão da incompetência aprendida, que leva a pessoa a identificar-se com fracassos ocasionais. INTELIGÊNCIA E EMOTOLOGIA É natural que as pessoas queiram saber como ativar, como fazer para que sua inteligência se revele. Como já vimos, ela é um processo global e desenvolver a inteligência é desenvolver a pessoa como um todo e para isso sistematizamos conhecimentos existentes para dar-lhes um cunho didático de modo que as pessoas possam tirar proveito deles. Acreditamos que esses conhecimentos constituem a verdadeira ciência do ser humano, à qual demos o nome de emotologia, palavra esta formada do latim e(x), “fora”, “para fora”, motio (Pronuncia-se /mócio/). “ação de mover” e do grego –lógos, “estudo de”, “tratado”, discurso”, e o sufixo –ia, formador de nomes de ciências. O conceito de emotologia é: um corpo de conhecimentos sistematizados com base em elementos da biologia, das neurociências, da sociologia e da física quântica, os quais, adquiridas via observação, identificação, pesquisa e explicação de determinadas categorias de fenômenos e fatos, são, metódica e racionalmente, formulados para promover o desenvolvimento das potencialidades humanas como elemento de autorealização. Você Pode Ativar a sua Inteligência 13 Quando se fala em “potencialidades humanas” aí está logicamente, o conjunto de habilidades que constituem a inteligência. incluída, Os conhecimentos sistematizados com o nome de emotologia destinam-se a desenvolver o ser humano como um todo e, assim, por via de conseqüência, desenvolver também a inteligência e a criatividade, entre outras potencialidades. PERCEPÇÃO E INTELIGÊNCIA A palavra percepção é formada pelo prefixo latino per– que indica “através de”, “por intermédio de” e cepção, do latim –ceptio, derivado do verbo capere (Pronuncia-se /cápere/), “tomar, agarrar, pegar”. Assim, percepção indica a “ação de adquirir conhecimento (de algo) por meio dos sentidos comuns”. Referimo-nos a “sentidos comuns” porque consideramos a existência de outros sentidos que são exercidos por atividades mentais além do limite da consciência. Neste caso, cunhamos o verbo subceber, com o mesmo elemento – cepção, para indicar não o que é percebido pelos sentidos comuns, mas sim o que é subcebido, isto é, ”captado” abaixo destes. O substantivo do verbo subceber é subcepção. A palavra percepção, no campo da aquisição de conhecimentos, liga-se a cognição, que é a operação do intelecto pela qual captamos dados e informações e os estruturamos. A cognição é comumente considerada como a mais importante das funções cognitivas, mas nós consideramos a subcepção ainda mais importante que ela. Muita gente fala em percepção como sinônimo de inteligência, mas esta vai operar dentro dos limites do que foi percebido e do que foi captado e estruturado pela cognição. Assim, para que a inteligência alcance maior amplitude, devemos ampliar a percepção e a cognição. Surge, então, a perguntar: “E como fazemos isso?” – Primeiramente, por uma disposição de fazê-lo, um propósito de ampliar a percepção para aumentar a inteligência. A mesma coisa com a cognição, procurando agudizar os sentidos. Depois, tornar significativa a aquisição de conhecimentos, desenvolvendo a curiosidade para entender tudo o que puder em profundidade, indo às origens dos conhecimentos, vale dizer, tornando a aprendizagem significativa, como fizemos, por exemplo, com as palavras percepção e subcepção no início deste artigo. Você Pode Ativar a sua Inteligência 14 Artigo especial para médicos, biólogos, psicólogos, pedagogos, psicopedagogos, professores, professores de Educação Física, fonoaudiólogos, fisioterapeutas. A DELIBERADA MOBILIZAÇÃO DA INTEGRAÇÃO DOS SISTEMAS DAS EMOÇÕES COM O SISTEMA ENDÓCRINO Luiz Machado, Ph. D. INTRODUÇÃO O que se sabe hoje a respeito do cérebro é muito pouco em relação ao que ainda não se sabe; todavia, muitas das coisas que sabemos já nos ajudam em vários campos como saúde, ensino/aprendizagem, administração e na área da Biologia ligada ao comportamento. Não obstante ser tão importante, o cérebro foi relativamente pouco estudado, fora do âmbito da Medicina, em que o interesse é voltado para patologias, até mais ou menos a década de 90, talvez por ser um órgão que não fica visível, uma vez que é o mais bem protegido do organismo: com a caixa craniana, três meninges e o liquor, e não dar sinais externos de sua existência, como faz, por exemplo, o coração, que bate, pulsa, acelera, palpita. Por exemplo, as descobertas de Roger Sperry1 (1913 – 1994), na década de 70, e suas conseqüências culturais e educacionais a respeito da dominância hemisférica ainda não foram incorporadas adequadamente aos currículos das escolas, nem em nível superior. Desde a época em que começamos a estudar Biologia formalmente em cursos específicos, até os dias de hoje, houve grande evolução nos conhecimentos acerca do sistema nervoso central. Mas ainda há muito que se aprender a respeito de sua integração com o sistema glandular endócrino. Por exemplo, acreditava-se que a hipófise (pituitária) era a maestrina das glândulas e aí, por sua estimulação, iniciava-se o ciclo hormonal e hoje sabemos que esta função cabe ao hipotálamo2. Acreditava-se também que a célula nervosa não se modificava, não se reproduzia, pois era considerada como sendo uma estrutura neural definitiva. Mas, para muitos, persiste oculto o fato de como estimular os sistemas das emoções, concentrados sob o nome de sistema límbico para mobilizar o sistema endócrino. Neste artigo, apresentamos uma contribuição para desvendar essa ligação, com base em pesquisas, na observação direta, na identificação, na comparação e no comportamento humano desde os tempos pré-históricos. Você Pode Ativar a sua Inteligência 15 O trabalho do cientista, com seu principal atributo, a curiosidade, consiste em revelar o oculto, desvendando os chamados “mistérios” e para isso, como um verdadeiro pesquisador, tem que levar em conta todos os dados e informações disponíveis e não disponíveis, científicos e não científicos, sem qualquer preconceito3. A bioquímica influencia o comportamento e o comportamento influencia a bioquímica, isto é, a atitude da pessoa diante da vida afeta a química do cérebro e do organismo tendo influência no comportamento. Resta-nos saber o que realmente é atitude e como mudá-la para mudar comportamento. Somente as informações que penetram em nosso mecanismo de comunicação e controle no cérebro são capazes de mudar comportamento, como diz Norbert Wiener4. Podemos identificar esse mecanismo com o sistema de autopreservação e preservação da espécie (SAPE), formado pelos sistemas das emoções (sistema límbico) e o sistema endócrino. O organismo é uma usina química comandada pelos sistemas das emoções que, a seu turno, são estimulados, interna e externamente, para isso. Então, se podemos influenciar os sistemas das emoções e assim podemos mudar nosso comportamento. A solução resume-se em como, de maneira prática, podemos mudar nossa atitude diante da vida, procurando novos registros moleculares, o que, em linguagem comum, se conhece como “programação”. Havendo a possibilidade de alterar a percepção da realidade diária, e aí entramos no terreno da física das possibilidades, a física quântica, podemos alterar a Weltanschauung. A CHAVE Como partes de nosso organismo, temos o sistema nervoso central incluindo os sistemas das emoções no cérebro e o sistema glandular endócrino e a interação dos dois para formar o sistema de autopreservação e preservação da espécie (SAPE), mas o que põe o sistema resultante em funcionamento revela-se no fato de produzirmos quadros mentais emotizados*. Já na pré-história o homem das cavernas fazia suas pinturas rupestres 5, com o caçador dominando a caça, necessária à sua preservação. O quadro pictórico ajudava a formar o quadro mental que ativava o sistema endócrino para a obtenção de resultados. Você Pode Ativar a sua Inteligência 16 O sistema glandular do homem de hoje é o mesmo do homem da caverna. Pode-se dizer da endocrinologia comportamental, o mesmo que Hermann Ebbinghaus (1850 – 1909) disse a respeito da psicologia, “que tem uma história curta mas um longo passado”, uma vez que é considerada como tendo surgido em meados do século XX, com a publicação do livro clássico “Hormones and Behavior”, de F. A. Beach6. Ressaltamos a diferença entre quadro mental, que nos conduz à concentração nas imagens mentais desejadas, da simples imaginação, que vagueia de um ponto a outro, formando inúmeras associações (por contiguidade, semelhança e contraste). Preferimos a expressão “quadro mental” a simplesmente “imagem mental”, ou “imaginação” uma vez que “quadro” dá idéia de foco e evoca moldura, que estabelece limites. O quadro mental, quanto mais estímulos sensoriais ele tiver, mais mexe com o sistema glandular, de um modo geral. Vamos dar um exemplo com as glândulas salivares, de secreção externa: se falarmos a uma pessoa sobre um limão, seu cheiro característico, sua cor, sua forma, a textura de sua casca, seu sabor, a pessoa irá salivar além do normal. Subentenda-se que a pessoa já teve alguma experiência com limão. Por aí, nós vemos como a imagem mental mexeu com as glândulas salivares, como se a experiência fosse com o próprio limão, pois o cérebro não distingue entre uma experiência real de outra formada com quadros mentais. Agora, para exemplo com glândulas endócrinas ou de secreção interna, basta dizer que sem imaginação não há sexo. * “EMOTIZAR” É UM NEOLOGISMO CRIADO PELO AUTOR PARA INDICAR A PRODUÇÃO MENTAL DE SENSAÇÕES PRÓPRIAS DAS EMOÇÕES. O MUNDO DO EXTREMAMENTE PEQUENO Neste assunto, estamos lidando com o universo do extremamente pequeno (evitamos o advérbio “infinitamente” porque seria pretender avançar demais), formado pelas moléculas e seus componentes, átomos e partículas subatômicas (elementares), estas que passam a ter, até aqui pelo menos, a noção de “átomo”, uma vez que esta palavra significa “indivisível”. A palavra “átomo” vem do grego a–, “não” e temnein, “cortar”, portanto, “que não pode ser cortado, isto é, dividido”. Um átomo é 10 bilhões de vezes menor que o metro, o núcleo (prótons e nêutrons) é 10 mil vezes menor que o átomo; próton corresponde a três quarks, Você Pode Ativar a sua Inteligência 17 isto é, 100 mil vezes menor que o átomo e o quark 10 milhões de vezes menor que o átomo e elétron é 1.836 vezes menor que o próton. Na dosagem de substâncias secretadas por várias partes do organismo usam-se medidas como: miligrama: um milésimo de um grama; micrograma: um milionésimo de um grama; nanograma: equivalente a 10 -9 de um grama, ou seja um bilionésimo; picograma: equivalente a 10 -12 de um grama, ou seja, um trilionésimo de um grama. Considerando-se a existência das partículas fundamentais da matéria, não se pode fazer dissociação entre mente e corpo. Podemos entender a natureza de, além do nosso corpo físico, a existência de um corpo imaterial que se relaciona à energia que permeia todo o espaço. O quark é um grupo de partículas subatômicas hipotéticas propostas como unidades fundamentais da matéria. A palavra quark foi cunhada pelo físico norteamericano Murray Gellmann, por associação ao vocábulo quark como gíria para “lixo, refugo”, em Finnegans Wake, de James Joyce (1882 – 1941). É neste mundo de energia que a mente atua. Em última análise, são essas partículas que determinam nossas vidas. LEIS CIENTÍFICAS DA MENTE Por exemplo, quando uma pessoa deseja mal a outrem, ela elabora o quadro mental da situação que deseja ver acontecer. Neste processo, ela criou o quadro mental que atua no sape, que recebe a mensagem e prosperará em quem a criou. Eis aí o fundamento científico da chamada Lei do Retorno. Esse também é o fundamento da Lei da Atração: Aquilo de que a pessoa cria o quadro mental revestido de emoções, entusiasmo, crença, expectativa do resultado, fervor, isto é, emotizar, tende a realizar-se no mundo das coisas. A CRENÇA COMO FENÔMENO BIOLÓGICO Para, deliberadamente, mobilizar o sistema endócrino, vale dizer, o sistema energético excitado pelos hormônios, é preciso ter quadros mentais emotizados; assim, a crença, que neste caso corresponde a fé, como conceituada na Bíblia, aqui reproduzido sem qualquer viés religioso, em Hebreus 11.1, “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem”. Isto quer dizer que esperamos estar convictos das coisas que Você Pode Ativar a sua Inteligência 18 esperamos sem duvidar que elas vão acontecer e a certeza da realização das coisas que estão concretas em nossa mente. A Natureza age por finalidade; tudo tem um ou vários fins específicos. A Emotologia* acompanha a Natureza e cuida também da consecução de objetivos, quer no terreno material, quer no espiritual. Quando se fala em Bíblia, há quem leve o assunto para o lado religioso, em especial alguns cientistas que pretendem se afastar de tudo “que não dá estouro em laboratório”, nas experiências do ver para crer; todavia, em muitos aspectos, a Bíblia pode ser vista como um manual de uso do cérebro e,além do mais, não há incompatibilidade entre ciência e religião, como muitos tentam fazer crer. Já que se pode acionar o sistema glandular por meio da crença em quadros mentais emotizados, ela faz parte do ciclo dos hormônios e, portanto, é um fenômeno biológico. ESTADOS ALTERADOS DE CONSCIÊNCIA Nesta parte do artigo, para seguir a linha mestra que o norteia, precisamos traçar breve história de um dos fenômenos mentais mais intrigantes: a sugestão. Vamos ao século XVII, com Nicola Malebranche (1638 – 1715), filósofo francês que escreveu sobre a “communication contagieuse des imaginations fortes” (comunicação contagiosa das imaginações fortes) e “les personnes passionées nous passionent et font dans notre imagination des impressions qui ressemblet à celles dont elles sont touchées” (As pessoas dominadas por uma paixão despertam paixões em nós e produzem impressões em nossa imaginação semelhantes àquelas pelas quais elas são atingidas). O Dr. Pierre Janet9 (1859 – 1947), psicólogo e psiquiatra francês, fundador da psicologia clínica, que, antes de Sigmund Freud (1856 – 1939), tentou explicar os transtornos psíquicos por meio de mecanismos psicológicos, depois de analisar os trabalhos de Maine de Biran, de Beauchène, Demangeon, Franz Anton Mesmer, (médico alemão conhecido pelo uso do magnetismo animal e hipnotismo no tratamento e cura de doenças, método que ficou conhecido como “mesmerismo”) e outros, relata que vários médicos praticaram intervenções cirúrgicas extremamente graves aproveitando a insensibilidade determinada pelo “sono” hipnótico e pela sugestão. Esclareça-se que a palavra “hipnose” é malformada, uma vez que vem de hypnos, “sono” em grego, mas o fenômeno não se relaciona a sono, como a aparência do estado indica. Usa-se também a expressão “sugestão hipnótica”, que indica a idéia provocada em uma pessoa em estado de hipnose. Você Pode Ativar a sua Inteligência 19 A hipnose é um grau profundo de sugestão. Onde há comunicação, há sugestão, mas, na hipnose, os elementos da sugestão são profundamente usados. Existe também, em alguns casos, a confusão de hipnose com letargia, que é um estado que pode ser conseguido pela hipnose. Muita gente fala em hipnose e auto-hipnose mas, na verdade, só existe a auto-hipnose. O que o hipnotizador pode fazer é criar as condições para que a pessoa se hipnotize. Na medicina, a figura do médico – incorporada por homem ou mulher, é a evolução do feiticeiro da tribo, do xamã –, é a própria sugestão. A figura do médico herda os efeitos da condução do ritualismo mágico e ainda se lhe atribui a autoridade xamanística (“ordens médicas”) de invocar e controlar espíritos, o que confere à sua ação encantatória poderes curativos. Em nossos estudos, identificamos as estruturas do cérebro que tornam possíveis os sistemas das emoções integrados ao sistema glandular endócrino como o substrato neural do fenômeno da sugestão e seus efeitos. EFEITO PLACEBO, EFEITO NOCEBO E SUGESTÃO No meio médico, o chamado “efeito placebo” é a prova do efeito desencadeado num indivíduo por uma preparação neutra quanto a efeitos farmacológicos ministrada em substituição a um medicamento com a finalidade de suscitar ou controlar reações previstas pelo aplicador, que deve representar a figura do “feiticeiro”, “encantador”, “mago”, que segue um ritual e usa a palavra mágica. Temos de falar também no “efeito nocebo”, que é o efeito desencadeado num indivíduo por substância inócua, cuja ação não deveria produzir qualquer reação, mas quando associada à figura de um “feiticeiro”, a um ritual e a palavra mágica, causa danos. Por extensão, tudo o que se consegue na sociedade humana tem a figura do feiticeiro, o ritual e a palavra mágica. Você Pode Ativar a sua Inteligência 20 PITIATISMO A palavra pitiatismo vem do grego peitho, “persuasão, sugestão” e iatós, “curável” e o sufixo –ismo, que, no caso, indica “afecção, moléstia”. É uma manifestação supostamente patológica que pode ser curada por meio de sugestão ou persuasão. Existe a forma piti, redução de pitiatismo, para indicar um ataque nervoso ou histérico, chilique, faniquito, “curável” também por sugestão ou persuasão. O SISTEMA DE AUTOPRESERVAÇÃO E PRESERVAÇÃO DA ESPÉCIE (SAPE) O sistema de autopreservação e preservação da espécie é mais que a integração do sistema nervoso central com o sistema endócrino, considerando-se o princípio da totalidade* da Teoria dos Sistemas: o todo é maior que a soma das partes10. Realmente, os sistemas das emoções, que fazem parte da usina química do organismo, cujo nome pode ser “sistema límbico 11” ou qualquer outro nome que se lhe dê11, tem funções orgânicas e funções que vão além dessas, constituídas de energias sutis, chamadas assim porque a ciência ainda não sabe explicá-las. O hemisfério direito do cérebro pode ser incluído entre os sistemas das emoções13. As trocas químicas produzidas pelas substâncias de nossa usina química, no caso, especialmente as geradas no cérebro com repercussão no sistema endócrino, evidentemente que produzem energia que podem gerar vibrações de freqüência muito baixa. O SOBRENATURAL É MUITO NATURAL Quando se diz que se conhece pouco a respeito do cérebro e suas manifestações, isso deve ser interpretado em relação à química gerada por esse órgão e quem fala em química está no terreno da energia. O funcionamento do cérebro, com seus conjuntos de células que desempenham a mesma função, vale dizer, os diferentes tecidos, tornam dessas, constituídas de energias sutis, chamadas assim porque a ciência ainda não sabe explicá-las. Você Pode Ativar a sua Inteligência 21 O hemisfério direito do cérebro pode ser incluído entre os sistemas das emoções13. As trocas químicas produzidas pelas substâncias de nossa usina química, no caso, especialmente as geradas no cérebro com repercussão no sistema endócrino, evidentemente que produzem energia que podem gerar vibrações de freqüência muito baixa. À vista do que a hipnose é possível realizar, não deve surpreender a ninguém o que os estados alterados de consciência ostentam. A parapsicologia foi admitida como ciência a partir de 1969, quando a Associação Americana para o Progresso da Ciência admitiu a “Parapsychologial Association” como membro. 14 O Dr. Charles Richet (1850 – 1935), Prêmio Nobel de Medicina em 1913, escreveu que, se, na qualidade de professor da faculdade de medicina não estudasse os fenômenos que hoje chamamos de paranormais, eles ficariam apenas na mão dos charlatães e escreveu o livro “Tratado de Metapsíquica”, isto é, estudo e análise das manifestações que não podem ser explicadas pela psicologia ortodoxa que parecem anormais, incompreensíveis ou sobrenaturais. Sully15 fala de pré-percepção e cita o neurologista inglês John Hughlings Jackson tratou, em seus artigos, na revista “Brain”, da hipótese de que a prépercepção se realize pelo hemisfério direito, enquanto a percepção propriamente dita seja realizada pelo hemisfério esquerdo. Como o hemisfério direito está mais relacionado aos sistemas das emoções, aquela hipótese revela-se correta. Enquanto não desvendarmos inteiramente o fenômeno da sugestão e seus efeitos não podemos falar em sobrenatural. A IDÉIA DO ELEMENTO “PSICO” O elemento psico, do grego psykh(o), derivado de psykē, “sopro”, donde “sopro de vida”, daí “alma”, como princípio de vida, alma como oposição a corpo; alma como sede dos desejos e tem vários sentidos: 1) alma, em termos de religião; 2) espírito, princípio pensante, atividade mental; 3) como equivalente a psicológico, psíquico. O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa registra para mais de duas centenas de termos com este antepositivo. Em qualquer acepção, existe um substrato anatomoneural para as funções que denominamos de “psico” e somente as estruturas dos sistemas das emoções integrados ao sistema endócrino podem preencher essa função. Você Pode Ativar a sua Inteligência 22 Tudo aquilo que o elemento psico indica está relacionado a quadros mentais. CONCLUSÃO Se identificamos o sistema de autopreservação e preservação da espécie (SAPE) como o centro de comando das energias mente/corpo, o centro regulador da homeostase, do comando das ações em direção à preservação da espécie, que é o maior objetivo da Natureza, origem e finalidade de nossas ações, e se sabemos como mobilizar essa força, podemos ter atividades, procedimentos e exercícios para melhor qualidade de vida, vale dizer, saber lidar com as situações adversas da vida, saber traçar objetivos e como transformá-los em resultados. Somos obedientes às exigências da Natureza para a preservação da espécie e procuramos fazê-lo, cada um a seu modo, com melhor qualidade de vida. Às vezes, não conseguimos sozinhos. As terapias pela palavra procuram, em última análise, levar a pessoa a criar quadros mentais emotizados que suplantem aqueles que estão servindo de fundo ao comportamento não desejado. Também as terapias medicamentosas são acompanhadas pelo efeito placebo originado pela figura do médico assistente. Até os rituais das cirurgias geram também o efeito placebo. À vista de tudo que se viu no artigo, fazia-se necessária a sistematização de conhecimentos para mobilizar a energia do SAPE e colocá-los à disposição das pessoas para o autoconhecimento. Cunhou-se, então, nos moldes de sociologia (do latim socius e do grego – lógos) a palavra híbrida emotologia (do latim e (x), “fora, para fora”, motio, “ação de mover”, do grego – lógos, “estudo de, tratado” e o sufixo – ia, que forma nomes de ciências. A Emotologia é um corpo de conhecimentos sistematizados com base em elementos da biologia, da sociologia, das neurociências e da física quântica que, adquiridos via observação imediata, direta, identificação, comparação, comprovação, pesquisa e explicação de determinadas categorias de fenômenos e fatos, são, metódica e racionalmente, formulados para promover o desenvolvimento das potencialidades humanas como elemento de autorealização. A Emotologia lida com a mudança de atitude diante da vida por meio de procedimentos, atividades e exercícios, com base estritamente científica. Você Pode Ativar a sua Inteligência 23 REFERÊNCIAS 1. 1. SPERRY, Roger. Lateral Specialization in the Surgically Separated Hemispheres, In “Neurosciences Third Study Program”, MIT Press, Cambridge, Mass., 1974. 2. NELSON, RANDY J. An Introduction to Behavioral Endocrinology, Third edition. Sinauer Associates, Inc. Publishers, 2005. 3. MACHADO, Luiz. The Brain of The Brain. Também em português “O Cérebro do Cérebro”, Edições do Autor, 1985. 4. WIENER, Norbert. Cibernética e Sociedade; o Uso Humano de Seres Humanos. (The Human Use of Human Blings). Editora Cultrix, São Paulo, 1968. Norbert Wiener é o pai da Cibernética 5. ROBERTS, J. M. O Livro de Ouro da História do Mundo; da Pré--história à Idade Contemporânea (The Shorter History of the World). Rio de Janeiro, Ediouro, 2003. 6. BEACH, F. A. Homones and Behavior. Paul B. Hoeber, New York, 1948. 7. CHARCOT, J. M. La Foi qui Guérit. Félix Alcan, éditeur, Paris, 1897. Neste livro, “A Fé que Cura”, Jean Martin Charcot (1825 – 1893) fala da ignorância do segredo do mecanismo da fé que cura. É o fundador de uma escola de Neurologia. Ficou famoso por seus cursos, tendo entre seus alunos Sigmund Freud. 8. HUXLEY, Aldous. As Portas da Percepção e o Céu e o Inferno, 6ª ed. (The Doors of Perception and Heaven and Hell), Civilização Brasileira, Rio, 1971. 9. JANET, Pierre. La Médicine Psychologique, Ernest Flammarion, Editeur, Paris, 1923. 10. BERTALLANFY, L. Von. General Systems Theory, The pilgrim Press, Great Britain, 1971. 11. ADEY, W. Ross & TOKINAZE, T., Editiors. Structure and Function of the Limbic Systems, Elsevier Publishing Company, New York, 1967. 12. Le Doux, Joseph. O Cérebro Emocional; os Misteriosos Alicerces da Vida Emocional (The Emotional Brain – The Mysterious Underpinninge of emotional Life), Objetiva, Rio de Janeiro, 2001. 13. HELLIGE, Joseph B. Hemispheric Asymmetry. Stephen M. Kosslyn, Series Editor, Harvard University Press, 2001. 14. RICHET, Charles. Trate de Metapsyche. Librairie télix Alcan, Paris, 1923. 15. SULLY, James. Les Illusions des Sens e de l’Esprit. 2ème éditon.Félix Alcan,1889. Você Pode Ativar a sua Inteligência 24 BIOLOGIA EMOCIONAL – Como somos e como reagimos – Prof. Luiz Machado A biologia (do grego bios, “vida” e logos, “estudo de”, “tratado” é a ciência dos organismos vivos e dos processos da vida que inclui o estudo da estrutura, funcionamento, crescimento, origem, evolução e distribuição de organismos vivos. Vamos partir da formação dos organismos vivos e analisar como somos em termos de partículas constituintes: partículas elementares que se unem para formar átomos; átomos que se unem para formar moléculas simples; moléculas simples que se unem para formar moléculas complexas; moléculas complexas que se unem para formar tecidos e órgãos; tecidos e órgãos que se unem para formar organismos. Vemos aí como é o mundo do extremamente pequeno e percebemos nesse processo a promessa de um lindo bebê, de carne, sangue e ossos quando um espermatozóide fecunda um óvulo configurando esse quadro o mistério mais intrigante da mente humana. Da mesma forma que uma pequena semente atirada à terra vai produzir uma frondosa árvore. As moléculas (do latim molecula (pronuncia-se /molécula/), diminutivo de moles (pronuncia-se /móles/), “massa” guardam a memória de fatos, acontecimentos, situações que mexeram com a química do cérebro transmitida ao sistema glandular endócrino com os hormônios lançados diretamente na corrente sangüínea. Consideramos a memória como guardada na estrutura dos complexos moleculares1, que são constantemente reconstruídos, como os anticorpos–, para fazer permanecer as lembranças. Nós agimos de acordo com uma entidade incorpórea formada pela energia (vibrações) dessas substâncias que provocam os registros moleculares, num mecanismo de memória sistêmica2. Assim, nós agimos na vida de acordo com os registros que firmamos nas moléculas. Quando fatos, acontecimentos, situações formam registros moleculares nós dizemos que são emotizados. “Emotizado” é um adjetivo do particípio do verbo “emotizar”, neologismo criado por nós com os elementos latinos e(x), “para fora”, motio, “ação de mover” e o sufixo – izar que, no caso, indica “ação demorada” e forma verbos freqüentativos. Emotizar indica envolver com fortes emoções. Os fatos, acontecimentos e situações emotizadas produzem modelos internos. A ciência ortodoxa tem rejeição pela palavra emoção, uma vez que exige medição, quantificação e comprovação do que aceita, o que não é possível até agora em relação ao que esta palavra representa. E foi por essa razão que, Você Pode Ativar a sua Inteligência 25 quando apresentamos, em 1984, na Suécia, nossa teoria de que a inteligência depende mais dos sistemas das emoções (incluindo aí o sistema límbico) que do intelecto, evitamos usar a expressão “inteligência emocional”, uma vez que emocional é uma palavra polissêmica, não cabendo no vocabulário da ciência, e preferimos, na ocasião, a expressão “grande inteligência”. Mas, depois que o norte-americano Daniel Goleman publicou seu livro “Inteligência Emocional”, doze anos depois da apresentação de nossa tese, tivemos de nos render aos fatos e passarmos a aceitar o termo “emocional”. Nossa orientação é no sentido de investigar todas as possibilidades, teses e teorias3, sem preconceito, sempre com espírito científico, conforme temos demonstrado em nossos livros e artigos. Nós agimos graças às energias (vibrações) de neurotransmissores, que estabelecem a comunicação entre as células nervosas, e os hormônios, que nos incitam à ação. As emotizações mexem nessas substâncias e, então, nós nos comportamos de acordo com as emotizações que vamos formando ao longo da vida. A hereditariedade é a transmissão de informações guardadas nas células pelo ADN (ácido desoxirribonucléico (DNA em inglês: leoxyribonuleic acid). Essas informações guardadas e transmitidas comprovam a memória das células. A palavra célula é o diminutivo de cela, “câmara, local onde se guarda alguma coisa”. O gene (do grego genes, “nascido” é a unidade funcional que ocupa uma locação fixa num cromossomo e tem influência específica no fenótipo (conjunto de características devidas a fatores hereditários que constituem o genótipo). Os fatos, os acontecimentos, as situações emotizadas, isto é, com registros moleculares, constituem a seqüência de procedimentos para enfrentar a vida, ou seja, em termos simples, a “programação” segundo a qual vamos agir. As moléculas, as células estão constantemente processando experiências sob a forma de informações, principalmente por seus núcleos – o cérebro da célula. Os fatos, acontecimentos e situações, ou melhor, as interpretações que lhes damos emotizadamente, por nós classificadas de boas ou más, vão constituir a programação dentro dos limites da qual as novas informações de entrada serão processadas e as informações de saída constituirão o comportamento. Mas nós podemos mudar o comportamento, o que vale a dizer, mudar o programa, mudar nossa forma de reagir; enfim, mudar nossa biologia. Ao aplicar a Lei da Emotização Dominante, um dos elementos da Emotologia, podemos alterar nossa programação por meio de fortes emotizações. Você Pode Ativar a sua Inteligência 26 Diz a referida lei: a interpretação de fatos, de acontecimentos, de situações que tiver mais forte emotização é que vai suplantar outras existentes e determinar nosso comportamento. Somente as informações que alteram a memória das células são capazes de mudar comportamento. Não podemos apagar uma programação, mas podemos criar emotizações que suplantem as indesejáveis. Esse mecanismo depende do sistema de autopreservação e preservação da espécie (SAPE) que é a integração do sistema nervoso central (SNC) com o sistema glandular endócrino, responsável pela emoção/energia gerada conforme a maneira de encarar fatos, acontecimentos e situações. O princípio básico da Emotologia é: “a atitude da pessoa perante a vida depende do estado do SAPE no cérebro dessa pessoa e o estado do SAPE depende das emotizações”. Falamos acima em SNC; todavia, especificamente, referimo-nos às estruturas mais envolvidas nessa interação; a saber, os sistemas das emoções aí incluído o sistema límbico. Na verdade, envolvidos nas emoções são vários circuitos cerebrais; por isso, dizemos “sistemas das emoções”. Emoção, neste contexto, tem sentido mais consentâneo com a etimologia da palavra: do latim e(x), “para fora” e motio, “ação de mover”, do verbo movere (Pronuncia-se /mevére/). Assim, emoção é o que nos impulsiona para a ação, como resultado da incitação de glândulas endócrinas. Após essas explicações, podemos entender o sentido da expressão “biologia emocional” que tem a seguinte explicação: se as emotizações são capazes de alterar a memória das células, o que é feito por meio de energias de ação que chamamos emoções; então, essas emoções fazem parte da biologia 4, ou melhor dizendo, são as reações que integram a biologia, pois até alteram o cérebro fisicamente. POR QUE PODEMOS APLICAR A LEI DA EMOTIZAÇÃO DOMINANTE? O cérebro não distingue entre um fato, um acontecimento, uma situação realmente vivida de outra cujas imagens mentais emotizadas nós criamos, uma vez que os circuitos ativados, tanto numa situação como noutra, são os mesmos. Mas a emotização que queremos seja a dominante tem que ser muito bem preparada e a pessoa tem que seguir rigorosamente os passos para efetivá-la. As vezes, sozinha, a pessoa não consegue e então precisa de ajuda externa. Para que se grave o fato, o acontecimento, a situação que vai superar a existência é preciso mobilizar vários sentidos ao mesmo tempo, principalmente o olfato, que é responsável pelas memórias de maior duração, a chamada memória emocional. Você Pode Ativar a sua Inteligência 27 NOTAS 1. BOREK, Ernest. The Atoms Within Us (Os Átomos dentro de Nós). Trad. De Nair Lacerda e José Paulo Paes. Editora Cultrix, São Paulo, 1965. 2. PEARSALL, Paul. Memória das Células. Traduzido do inglês por Luiz L. Gomes. Editora Mercúrio, 2007. 3. RIBEIRO, Wilson. As Células têm Memória e Contam sua História. Pancas Editora, São Paulo, 2002. 4. PERT, Candance B. Molecules of Emotion. Scribner, 2003. Livros escritos pelo Prof. Luiz Machado, CD e DVDs disponíveis na biblioteca virtual da Cidade do Cérebro LIVROS Toda Criança Nasce Gênio O Cérebro do Cérebro Auto-Estimulação da Inteligência Descubra e Use sua Verdadeira Inteligência Emocional O Segredo da Inteligência Breve Introdução à Emotologia Princípios de Emotologia e Emotopedia DVDs Como Lidar com as Crianças de Hoje A Revelação do Grande Segredo CD A Revelação do Grande Segredo Consulte nossa Biblioteca Virtual, no site: http://www.cidadedocerebro.com.br/loja.asp Você Pode Ativar a sua Inteligência