UNIVERSIDADE DE UBERABA – UNIUBEANTÔNIO LEONARDO DE OLIVEIRA COSTA DÉBORA DE MOURA FELIPE HENRIQUE COSTA MINÉU GABRIEL CORTEZ PEREIRA JOÃO PAULO FURTADO DA SILVA OLIVEIRA MATHEUS BARRA E SILVA SAMUEL PETROS CARDOSO LEV SEMENOVICH VIGOTSKI UBERABA 2014 ANTÔNIO LEONARDO DE OLIVEIRA COSTA DÉBOR DE MOURA FELIPE HENRIQUE COSTA MINÉU GABRIEL CORTEZ PEREIRA JOÃO PAULO FURTADO DA SILVA OLIVEIRA MATHEUS BARRA E SILVA SAMUEL PETROS CARDOSO LEV SEMENOVICH VIGOTSKI Trabalho apresentado à Universidade de Uberaba como parte das exigências à conclusão da disciplina Desenvolvimento Humano e Linhas De Cuidados I do 2º Período do Curso de Psicologia. Professora: Cintia Gomide Tosta UBERABA 2014 Lev Semenovich Vigotski nasceu em 05 de novembro de 1896 em Orsha, Bielo- Rússia e faleceu prematuramente em 1934, vítima de tuberculose. De família judia de uma excelente condição econômica e cultural, Vigotski foi um estudioso multidisciplinar. Os seus primeiros estudos foram voltados para a psicologia da arte e foi considerado pioneiro no moderno estudo da arte literária. Conclui seus estudos em Direito e Filosofia na Universidade de Moscou em 1917. Posteriormente iniciou estudos em Medicina na área de neurologia. No início de 1924 participou do mais importante fórum para os cientistas que trabalhavam na área de psicologia geral: O II Congresso de Psiconeurologia em Leningrado, onde conheceu Lúria e Leontiev, que foram seus principais colaboradores Seus estudos o levaram junto com um grupo de pesquisadores a elaborar propostas teóricas inovadoras sobre: o pensamento e a linguagem, o processo de desenvolvimento da criança e o papel da aprendizagem no desenvolvimento humano. Tendo vivido a Revolução Russa de 1917, bem como estudado as obras de Karl Marx e Friedrich Engels, a partir das proposições teóricas do materialismo histórico, introduziu na ciência psicológica, como base do seu trabalho, a dialética materialista segundo aqual as mudanças históricas na natureza , na sociedade e na vida material produzem modificações na “natureza humana” De acordo com a tese do materialismo histórico defende-se que a evolução histórica, desde as sociedades mais remotas até à atual, se dá pelos confrontos entre diferentes classes sociais decorrentes da "exploração do homem pelo homem". A teoria serve também como forma essencial para explicar as relações entre sujeitos. “A abordagem dialética, admitindo a influência da natureza sobre o homem, afirma que o homem, por sua vez age sobre a natureza e cria através das mudanças provocadas por ele na natureza, novas condições naturais para sua existência” (VIGOTSKI, 2002, p. 80). Vigotski torna-se pioneiro na defesa de que a cultura torna-se parte da natureza de cada pessoa principalmente por meio da linguagem. Dentre as teorias construtivistas do século XX temos o sócio-interacionismo de Vigotski como uma obra original e brilhante a respeito do processo de humanização do homem. Por dar enorme ênfase aos aspectos sócio-culturais na formação humana, para Vigotski falar de desenvolvimento humano é falar da dimensão sócio-cultural em que os indivíduos se encontram inseridos, os seus postulados têm um caráter sócio-interacionista. A teoria sócio-histórico-cultural tem como uma de suas principais postulações a compreensão de que as funções psicológicas superiores não são propriedades ou faculdades do psiquismo existentes primitivamente, ou seja, já previamente determinadas, mas sim o resultado de uma longa constituição social que deixa marcas nas estruturas dos processos psíquicos, ou seja, na mente humana, o que enfatiza o papel da cultura na constituição dos sujeitos. Para essa abordagem é por meio das complexas e múltiplas possibilidades de interação e mediação de caráter dialético que a humanidade e o sujeito em uma perspectiva filogênica e ontogênica, sociogênica e microgênica, experienciam durante toda a sua história, e no que diz respeito ao indivíduo principalmente durante toda a sua infância, que se processa o desenvolvimento das funções psicológicas superiores como a memória, a atenção, a abstração, a capacidade de operar com símbolos e signos Para Vigotski, a criança a partir do seu nascimento encontra-se imersa em um contexto histórico e cultural, o que a difere acentuadamente dos animais, constitui o seu comportamento e psiquismo sob a mediação de um mundo constituído pela e na história de sua cultura. Assim, por meio da apropriação da experiência histórico-social de gerações, a maioria das habilidades e conhecimentos que dispõe os seres humanos só se aprende socialmente. Mediação, em termos genéricos, é o processo de intervenção de um elemento intermediário numa relação; a relação deixa então, de ser direta e passa a ser mediada por esse elemento. Estando numa posição mediadora entre o indivíduo e o mundo real a mediação consiste em uma espécie de filtro por meio do qual o homem será capaz de ver o mundo e operar sobre ele. Tendo pesquisado fundamentalmente as funções psicológicas superiores, aquelas tipicamente humanas, referentes ao funcionamento cognitivo complexo como a abstração e a simbolização, o desenvolvimento para este intelectual é compreendido como um empreendimento conjunto, social, e não individual: produto da maturação do organismo. O papel da mediação e dos signos Para Vigotski a relação do homem com o mundo não é uma relação direta, mas sim mediada por instrumentos e por signos que foram inventadas graças ás necessidades da complexidade do convívio social. Funções psicológicas elementares e funções psicológicas superiores Vigotski defende para os seres humanos a existência de dois tipos de funções psicológicas: as elementares, de dimensão biológica, marcadas pelo imediatismo que pressupõe uma reação direta ou imediata frente a uma situação problema defrontada pelo organismo, como por exemplo, comer quando se está com fome. Têm como característica fundamental ser total e diretamente definidas pela percepção. E as funções psicológicas superiores, caracterizadas pela presença mediadora do signo. Ilustrando o desenvolvimento das funções psicológicas superiores, Vigotski, usa como exemplo o desenvolvimento do gesto de apontar. Para ele inicialmente este gesto é uma tentativa mal sucedida da criança de pegar alguma coisa. Os diferentes níveis de desenvolvimento humano para Vigotski Há pelo menos dois níveis de desenvolvimento humano: Real e Potencial. Vigotski trata detalhadamente da relação aprendizagem desenvolvimento no conceito de zona de desenvolvimento proximal, que se refere à distância existente entre os dois níveis de desenvolvimento defendidos pelo autor que são: Primeiro Nível: chamado nível de desenvolvimento real ou efetivo; Segundo Nível: chamado de desenvolvimento potencial. Desenvolvimento real ou efetivo: É o conjunto de informações que a criança já tem em seu poder, ou seja, aquelas funções que ela já é capaz de desempenhar sozinha, sem o auxílio dos adultos ou de outros mais capazes de sua cultura. Desenvolvimento potencial: É caracterizado pela capacidade do infante de resolver problemas, auxiliado ou orientado por adultos ou outros mais capazes, por exemplo, na elaboração de uma seqüência crescente a criança é instruída a colocar primeiro as peças menores e depois as maiores. Nesse sentido a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) constitui-se pelas funções que ainda não estão maduras, mas em processo de desenvolvimento e que poderão efetivar-se graças ao auxílio do outro mais experiente e capaz. Vigotski afirma que “o que a criança pode fazer hoje com o auxílio dos adultos poderá fazê-lo amanhã por si só” (VYGOTSKY, 2002, p. 113) Membros de uma cultura e herdeiros de um patrimônio material e simbólico, para nos apropriarmos de suas conquistas, tanto psicológicas quanto materiais necessitamos da mediação do outro mais experiente e capaz. Postulando que o nosso cérebro não é um sistema hermético, de funções imutáveis, mas sim, um sistema aberto, plástico, cuja estrutura e funcionamento podem ser constituídos ao longo da história da espécie humana e do desenvolvimento individual pelas interações culturais, Vigotski transforma o homem de apenas ser biológico para também e essencialmente ser sócio-histórico em um processo em que a cultura torna-se parte essencial da natureza humana. Este pensamento valoriza o ambiente sócio-cultural em que nos encontramos inseridos e situa a aprendizagem nas inter-relações – família, escola, amigos -, concebendo-a como impulsionadora do desenvolvimento. Ponto Para a teoria sócio-histórico-cultural a aprendizagem está presente desde o início da vida da criança; é a aprendizagem que possibilita o processo de desenvolvimento e, principalmente, o das funções psicológicas superiores como, a atenção voluntária e a memória lógica. Em razão da morte prematura de Vigotski não se pode falar de uma teoria Vigotskiana a respeito do desenvolvimento humano. Referências ARANHA, M. L. A. História da Educação e da Pedagogia, Geral e Brasil. 3. Ed. São Paulo: Editora Moderna, 2007. ASSIS, O. Z. M. Uma nova metodologia de educação pré-escolar. 6. ed. São Paulo: Livraria Pioneira Editora,1989. COOL, C. As contribuições da psicologia para a Educação: Teoria Genética e aprendizagem Escolar. In LEITE, L. B. (Org.) Piaget e a Escola de Genebra. São Paulo: Editora Cortez, 1992. p. 164-197. FONTANA, Roseli. CRUZ. Maria Nazaré. Psicologia e trabalho pedagógico. São Paulo:Atual Editora, 1997. MINIAURÉLIO. 7.ed. Dicionário da língua portuguesa. Curitiba: Editora Positivo, 2008. OLIVEIRA, M. K. Vygotsky –Aprendizado e desenvolvimento, Um processo sócio- histórico.São Paulo: Editora Scipione, 2004. ______________Vygotsky e o processo de formação de conceitos, em La Taille, Y. , Dantas, H. , Oliveira, M. K. 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