UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃOCOORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU” EM HIGIENE E INSPEÇÃO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL E VIGILÂNCIA SANITÁRIA UTILIZAÇÃO DA ÁGUA NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS Viviane Guimarães de Castro São Paulo, nov. 2006 VIVIANE GUIMARÃES DE CASTRO Aluna do Curso de Especialização “Latu sensu” em Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal e Vigilância Sanitária UTILIZAÇÃO DA ÁGUA NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS Trabalho monográfico do curso de pós-graduação em Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal e Vigilância Sanitária como requisito parcial para a obtenção de título de Especialista em Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal e Vigilância Sanitária, sob a orientação da Mestre Ana Rita Sousa Coutinho São Paulo, nov. 2006 UTILIZAÇÃO DA ÁGUA NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS Elaborado por Viviane Guimarães de Castro Aluna do Curso de Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal e Vigilância Sanitária Foi analisado e aprovado com grau:....................................... São Paulo,..........de.............................de..................... Ana Rita Sousa Coutinho Mestre Orientador São Paulo, nov.2006 ii Dedico este trabalho aos familiares, principalmente meu marido e meu filho, que amo tanto. iii Agradecimentos À minha família . iv . pois sem sua ajuda este trabalho não seria possível. A minha orientadora e amiga. pois sem ela não seria possível realizar este curso. que apesar da distância e saudade foi possível me orientar neste estudo.principalmente á minha mãe. A precipitação. podendo a água ser de origem superficial. na higienização dos animais (quando em abatedouros). Entre outros padrões de qualidade da água. As variações dos componentes químicos da água provocam incrustações prejudiciais e indesejáveis em tubulações. e quando contaminada pode funcionar como um veiculo de disseminação de doenças nos indivíduos que a consomem. formando as nuvens que.Resumo A água possui um importante papel na indústria de alimentos. nas dependências físicas das instalações e nos equipamentos industriais. darão origem à precipitação. quando ácida pode provocar corrosões nos equipamentos. pois esta diretamente correlacionada com a qualidade da água ingerida ou agregada nos alimentos. subterrânea ou de abastecimento público. Entre os padrões de qualidade da água podemos citar as características microbiológicas e físico-químicas. tem-se as características físico-químicas que influenciam na água utilizada nas caldeiras para calor. Os padrões de qualidade da água de abastecimento industrial irão variar de acordo com a sua procedência. em condições favoráveis. pode escoar superficialmente até atingir os corpos d’água ou infiltrar até atingir o lençol freático. ao atingir o solo. mares e oceanos e através da transpiração da vegetação. através da evaporação das águas de rios. Deste modo o presente estudo teve com objetivo principal salientar a importância de se manter o padrão de qualidade da água de abastecimento industrial. sendo que as águas subterrâneas apresentam melhor padrão de qualidade quando comparado às águas superficiais. As principais funções da água neste setor se concentram no consumo humano. O padrão microbiológico é uma analise de grande importância. e também de abrigar bactérias sendo de difícil higienização. v . reservatórios. neutraliza a ação de detergentes utilizados nos processos de higienização. servindo como isolantes térmicos. A renovação da água na Terra se faz pelo ciclo hidrológico. além de entupir válvulas com riscos de explosão. ......................................................................................3......................................................................... METODOS DE TRATAMENTO DE AGUAS INDUSTRIAIS .......................... Águas Subterrâneas e Superficiais...................................................................................................... 13 2.......... Características Físicas........ 25 27 29 30 vi ................................................. v ÍNDICE DE TABELAS........................................ Utilização da Água na Indústria.............................................................................................................2....3.................... 1.................................................. Distribuição da Água no Planeta..............................................1....................................................................................................................... 13 2......................... 4............ CONCLUSÃO......... REFERÊNCIAS LIOGRÁFICAS...................................................................................... QUALIDADE DA AGUA NA INDÚSTRIA.................................. 3.............. 1.................... 11 2.........SUMÁRIO Página RESUMO........................................... 1 3 5 7 1..................................... 1.......1.......... Ciclo Hidrológico................................................... vii ÍNDICE DE FIGURAS........................................ 22 3.........................4. Utilização do Cloro na Água................................................1... ÁGUA: INSUMO ESSENCIAL PARA O DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL............... 15 2............................................. Características Químicas............ Características Microbiológicas......2.................... viii 1........... ..LISTA DE TABELAS 1............................................ 2................................................ Padrão de aceitação para consumo humano das características físicas e químicas da água....... 3... 4.... Classificação da água quanto à dureza.............. Padrões microbiológicos de potabilidade da água para consumo... Gêneros detectados nas provas para coliformes fecais e totais.............................................................................................. 16 21 23 24 vii ..... .... Ciclo hidrológico................ 2.....................LISTA DE FIGURAS 1..................... Zona de ocorrência da água no solo.......................................................................................................... 6 8 Viii .. irrigação. químicos e microbiológicos.1. . nacional e internacional). 2003). formação de depósitos ou sedimentos. absorve gases e diversas substâncias em suspensão na atmosfera (ANDRADE e MACÊDO. compostos orgânicos dissolvidos. AGUA: UM INSUMO ESSENCIAL PARA O DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL Sempre houve grande dependência dos recursos hídricos para o desenvolvimento econômico. pois ela é utilizada para inúmeros usos diretamente relacionados com a economia (regional. assim como para limpeza e sanificação de equipamentos. A água é um dos principais componentes de diversas operações em indústrias de alimentos. A análise da água natural pode indicar a presença de mais de cinqüenta constituintes. Os usos mais comuns e freqüentes dos recursos hídricos são: água para uso doméstico. gases. 2003).469 (BRASIL. A água funciona como fator de desenvolvimento. 1996). entre outros. É usada como veículo para aquecimento e resfriamento. (2003) estes critérios de qualidade da água são necessários para evitar riscos à saúde do consumidor e reduzir efeitos indesejáveis nas instalações e nos processamentos como corrosão. uso industrial e hidroeletricidade (TUNDISI. matéria em suspensão.. De acordo com PORETTI citado por LEITE et al. tais como: sólidos ionizados. a água contem sólidos dissolvidos. Os critérios de qualidade de água se baseiam em: aspectos físicos. Mesmo quando proveniente de precipitação pluviométrica. incluindo microorganismos. A água ainda é usada como um ingrediente ou veículo para incorporar ingredientes a alimentos (LEITE et al. sendo considerada pura. 2001). os quais foram estabelecidos pela Portaria no 1. À medida que as atividades econômicas se diversificam a necessidade de água aumenta. odor e sabor). pH. cloretos. 2003). a produção industrial e agrícola (TUNDISI. Em relação à qualidade microbiológica. É necessário atingir níveis de sustentação compatíveis com as pressões da sociedade de consumo. acidez. constituindo um risco à qualidade do alimento e à saúde do consumidor (ANDRADE e MACÊDO. animal ou humana. alcalinidade. entre outros (ANDRADE e MACÊDO. avaliadas por meios analíticos. turbidez. São características subjetivas. Entre o ano de 1900 a 2000.As análises físicas medem e indicam características perceptíveis pelos sentidos (cor. a água pode atuar como veículo de microrganismos patogênicos e deteriorantes. Indivíduos infectados eliminam microorganismos pelas fezes. 1996). continentes e países. como. As doenças de veiculação hídrica são causadas principalmente por microrganismos patogênicos de origem entérica. 2003). o uso da água no planeta aumentou a proporção dez vezes. que são ingeridos por outros indivíduos na forma de água ou alimento contaminado por água poluída com fezes (AMARAL et al. transmitida basicamente pela rota fecal-oral. O uso da água acelera em todas as regiões. 2005). . cloro residual. 1996).. A água de consumo humano é um dos importantes veículos de enfermidades diarréicas de natureza infecciosa. mas que podem ser prejudiciais a diversas operações durante o processamento de alimentos (FIESP. dureza. Os aspectos químicos da água se baseiam em substâncias dissolvidas. com a finalidade de produzir vapor. que se constitui um fator de suma importância no processo de higienização. como vapor de água (www. mas que se constituem em importantes agentes de deterioração. aproximadamente 2. Os oceanos constituem cerca de 97% de toda a água do planeta.gov. sendo estimado em torno de 1.A utilização de água de abastecimento de boa qualidade é condição essencial para um controle higiênicosanitário. o risco da introdução de microrganismos patogênicos é muito alto. 2004).5 bilhões de quilômetros cúbicos. se a fonte de abastecimento da indústria se apresenta contaminada por matéria fecal. 1.cetesb. em virtude de suas atividades proteolíticas e lipolíticas (JUNIOR. a água apresenta uma microbiota natural. poderá ocasionar grandes danos para a indústria.1.6 % restantes. rios e na atmosfera. 2004). Além disso. composta de microrganismos nãopatogênicos. em lagos. em virtude de seu uso nas caldeiras. Assim.75 % são encontrados na forma de água subterrânea. enquanto apenas 0. Assim. o que acarretaria custos operacionais (JUNIOR. De acordo com ZIMBRES (2000) mais da metade da .br). Conseqüentemente. caso a água apresente um teor excessivo de sais inorgânicos (cálcio e magnésio). os aspectos físico-químico e sensorial da água de abastecimento não devem ser relegados em segundo plano.25% estão localizados nas calotas polares e nas geleiras. Distribuição da Água no Planeta O volume total da água permanece constante no planeta. Dos 3.sp. razão pela qual se torna necessário a sua correção. se deve ao fato de apresentar excelente qualidade e menor custo. de esgotos domésticos e efluentes industriais dejetados inadequadamente. e as fontes vivas de água doce estão ameaçadas (AGENDA 21. da localização errônea de unidades industriais.água de abastecimento público no Brasil provém das reservas subterrâneas. evitar a utilização excessiva de agrotóxicos. da agricultura migratória sem controle e de práticas agrícolas deficientes. menos de 20% para a indústria. Os ecossistemas aquáticos são perturbados. diminuir o uso inadequado e desordenado do solo. por águas subterrâneas. Os problemas mais graves que afetam a qualidade da água de rios e lagos são decorrentes. entre outras. tendo como modelo à cidade de Ribeirão Preto. Nos Estados do Paraná e Rio Grande do Sul. 90% das cidades são abastecidas por águas subterrâneas (ANA. muitos países atingem rapidamente condições de escassez de água ou se defrontam com limites para o desenvolvimento econômico. do desmatamento. 1992). À medida que as populações e as atividades econômicas crescem. A demanda de água aumenta rapidamente. da perda e destruição das bacias de captação. . 1992). tais como: preservar a cobertura vegetal. A crescente preferência pelo uso desse recurso hídrico. cuidados contra a contaminação devem ser tomados. Grandes cidades brasileiras são abastecidas. e apenas 6% para consumo doméstico (AGENDA 21. totais ou parcialmente. Entretanto. No Estado de São Paulo estima-se que 75% das cidades são abastecidas por poços. com 70-80% exigidos para a irrigação. 2002). Portanto.gov.sp. a água pode estar no estado gasoso. 2004). sem ganhos ou perdas de massa no sistema (BORGUETTI et al.br). O ciclo da água é responsável pela renovação da água no planeta.1. Dentro do ciclo hidrológico. transpiração. escoamento superficial.2.cetesb. reservatórios e mares. precipitação. O grande motor deste ciclo é o calor irradiado pelo sol (ANA. que se inicia com a energia solar incidente no planeta Terra. 2002). . Ciclo Hidrológico O ciclo hidrológico. ou ciclo da água é a constante mudança do estado da água na natureza. distribuindo-se tanto na superfície da Terra como na atmosfera.. Os processos que permitem esta circulação da água são: evaporação. sempre mantendo o equilíbrio. a água está em constante circulação. passando de um meio a outro e de um estado físico a outro. bem como pela transpiração das plantas (www. líquido ou sólido. infiltração e escoamento subterrâneo. que é responsável pela evapotranspiração das águas dos rios. Já a água subterrânea poderá levar dias para percorrer poucos metros. 2004). a água. . interceptada pela vegetação e outros seres vivos. neve ou granizo. (Figura 1) (BORGUETTI et al. pode escoar superficialmente até atingir os corpos d’água ou infiltrar até atingir o lençol freático. em condições favoráveis. seja na forma de chuva. A vegetação tem um papel importante neste ciclo. formando as nuvens. que. voltar a se infiltrar novamente (ANA.. A água de uma chuva que não se infiltrou levará poucos dias para percorrer muitos quilômetros. O caminho subterrâneo das águas é o mais lento de todos. retorna ao estado gasoso através da transpiração. através das fontes. 2002). 2002). indo se somar às águas superficiais. A água retorna ao mar através do escoamento superficial dos rios. Além disso. a água evapora a partir dos oceanos e corpos d’água. pois uma parte da água que cai é absorvida pelas raízes e acaba voltando à atmosfera pela transpiração ou pela simples e direta evaporação (evapotranspiração) (ANA. A precipitação. ao atingir o solo.. ou então. Havendo oportunidade esta água poderá voltar à superfície. 2004).Assim. do escoamento subterrâneo pela descarga dos aqüíferos na interface água doce/ salgada e pela própria precipitação sobre a área dos oceanos (BORGUETTI et al. dão origem à precipitação. Há 26 países com escassez de água e pelo menos quatro países (Kuwait. Faixa de Gaza – território palestino) com extrema escassez de água (TUNDISI. 2003). Águas Subterrâneas e Superficiais Água subterrânea é toda a água que existe abaixo da superfície da Terra. As características do ciclo hidrológico não são homogêneas..FIGURA 1: CICLO HIDROLÓGICO. e fraturas. Ilhas Bahamas. A velocidade do ciclo hidrológico varia de uma era geológica a outra. Emirados Árabes Unidos.3. Fonte: BORGUETTI et al. (2004). poros. daí a distribuição desigual da água no planeta. 1. vazios intergranulares das rochas sedimentares. preenchendo. bem como a proporção de águas doces e águas marinhas. falhas e . sendo vantajoso economicamente. decorrentes de fatores como: -Porosidade do subsolo.. águas de enxurradas que carreiam substâncias poluidoras. . durante os períodos de chuva. -Baixo custo de sua captação e distribuição. dispensando grandes investimentos de uma única vez. parte das águas que atingem o solo se infiltra no interior do subsolo durante tempos variáveis. De acordo com BORGUETTI et al. estão sujeitas a toda espécie de impurezas. (2004) após a precipitação. A captação sendo próxima da área consumidora torna viável o processo de distribuição. uma vez que constituem uma parcela da água precipitada (BORGUETTI et al. Como conseqüência é necessário um tratamento adequado para o seu aproveitamento indústria. (JUNIOR. -Poços podem ser perfurados à medida que aumente a necessidade. 2004). Além disso. por receber. ANA (2002) aponta as seguintes vantagens das águas subterrâneas: -São mais protegidas da poluição.fissuras das rochas compactas. proveniente de rios e riachos. -Dispensa o uso de tratamento. 2004). As águas de superfícies. recebem águas residuais de indústrias. As águas subterrâneas cumprem uma fase do ciclo hidrológico. A presença de argila no solo diminui sua permeabilidade. e mais seguro para a saúde humana. despejos de vilarejos e esgotos urbanos. . constituindo a zona saturada (Figura 2). -Tipo de chuva: Chuvas intensas saturam rapidamente o solo. Zona não saturada é a parte do solo que está parcialmente preenchida por . ao passo que chuvas finas e demoradas têm mais tempo para se infiltrarem. sob a ação da gravidade. A vegetação aumenta a permeabilidade do solo. Durante a infiltração uma parcela da água. FIGURA 2: Zonas de ocorrência da água no solo.. Fonte: BORGUETTI et al. fica retida nas regiões mais próximas da superfície do solo. (2004). -Inclinação do terreno: Em declividades acentuadas a água corre mais rapidamente. Outra parcela.Cobertura vegetal. constituindo a zona não saturada. sob a ação da força de adesão ou de capilaridade. diminuindo a possibilidade de infiltração. atinge as zonas mais profundas do subsolo. São brejos e alagadiços. originadas do contato com a água do nível freático que ascende devido a forças capilares (ANA. b) Zona intermediária: Região compreendida entre a zona de umidade do solo e a franja capilar. Solos muito finos tendem a ter mais umidade do que os mais grosseiros. pois há mais superfícies de grãos onde a água fica retida por adesão. pois a franja capilar atinge a superfície do solo. A água existente nesta zona é denominada águas capilares. ou se aproximar da superfície horizontal do terreno.. Em áreas onde o nível freático está próximo da superfície. (ANA. originando as zonas encharcadas ou pantanosas. A zona saturada é a região abaixo do lençol freático (nível freático) onde os poros ou fraturas da rocha estão totalmente preenchidos por água (ANA. 2004). Dentro desta zona encontra-se: a) Zona de umidade do solo: É a parte mais superficial. Nesta zona a água ocorre na forma de películas aderidas aos grãos do solo. c) Franja de capilaridade: Região mais próxima ao nível de água do lençol freático. a umidade é maior devido à presença da zona saturada abaixo. 2002). com umidade menor do que na franja capilar e maior do que na zona superficial do solo (ANA.água. ou convertendo-se em mananciais (nascentes) quando se . onde há uma intensa evaporação da água subterrânea (ANA. Dependendo das características climatológicas da região ou do volume de precipitação e escoamento da água. com intensa perda de água para a atmosfera (BORGUETTI et al. a zona intermediária pode não existir. esse nível pode permanecer permanentemente a grandes profundidades. 2002). 2002). 2002). 2002). 2003). 2002). ou ser captada no aqüífero não confinado ou livre. o destino final do esgoto doméstico e industrial em fossas e tanque sépticos. Esta relação é marcante onde predominam os aqüíferos do tipo fissural. Em áreas industrializadas. a disposição inadequada de resíduos sólidos urbanos e industriais. 2002). postos de combustíveis e a modernização da agricultura as quais representam fontes de contaminação das águas subterrâneas por bactérias vírus patogênicos. 2000). passíveis de serem influenciados pelas atividades humanas (ANA. que se encontra entre duas camadas relativamente impermeáveis. encontra-se uma forte marca das atividades humanas na qualidade química das águas.. Em épocas com mais chuva o nível freático sobe e em épocas em que chove pouco o nível freático desce (ANA. parasitas. o que dificulta a sua contaminação. 2004). As características químicas das águas subterrâneas refletem os meios por onde percorrem. Entre estes fatores podem-se citar. AQÜÍFEROS são corpos rochosos com propriedades de armazenar e transmitir as águas subterrâneas (ZIMBRES. Em aqüíferos freáticos o nível da água varia segundo a quantidade de chuva. A água subterrânea pode ser captada no aqüífero confinado ou artesiano. Diversos fatores podem comprometer a qualidade da água subterrânea. que fica próximo à . guardando uma estreita relação com os tipos de rochas drenados e com os produtos das atividades humanas adquiridos ao longo de seu trajeto. substâncias orgânicas e inorgânicas (SILVA e ARAÚJO.aproxima da superfície através de um corte no terreno (BORGUETTI et al. entre 1981 e 1988 (AMARAL et al. a captação de água do aqüífero livre. bebedouros. equipamentos de segurança (hidrante. potencial ou térmica. não tratada ou inadequadamente desinfetada foi responsável por 44% dos surtos de doenças de veiculação hídrica nos Estados Unidos.. mais suscetível à contaminação. O uso de água subterrânea contaminada. Utilização da água na Indústria de Alimentos De acordo com o Manual de Conservação e Reuso da Água elaborado pela FIESP (2005) os principais usos da água nas indústrias são: a) Consumo humano: água utilizada em ambientes sanitários. lava-olhos. reagentes químicos. é mais utilizada no Brasil (SILVA e ARAÚJO. 2003). cozinhas. d) Geração de energia: a água pode ser utilizada por meio da transformação da energia cinética. vestiários. ou ainda. 2003). 1. refeitórios. para as operações de lavagem.superfície. soluções químicas. Em função do baixo custo e facilidade de perfuração. portanto. b) Matéria Prima: incorporação da água ao produto final. c) Fluído auxiliar na preparação de suspensões. e) Fluído de aquecimento e/ou resfriamento: a água pode ser utilizada como fluido de transporte de calor para remoção do calor de misturas reativas ou outros .) ou em qualquer atividade doméstica com contato humano direto.4. e está. veículo. em energia mecânica e posteriormente em energia elétrica. de ser potável deve revelar uma concentração de 15 ppm de cloro residual livre.carcaças. as águas são utilizadas para quatro finalidades. dos equipamentos. como banho de aspersão. A água para a lavagem das meias . e o teor de 1 ppm cloro residual livre . . durante a higienização corporal (banho). deve apresentar-se com características de potabilidade. com riscos de explosão. tanto na rampa quanto na seringa. A água que se destina a higienização das dependências pode apresentar 10 ppm de cloro residual livre. prejudicando a transmissão de calor. tais como: a) Consumo: Tanto os animais que estão retidos nos currais quanto aos empregados. dos instrumentos de trabalho e dos utensílios.dispositivos que necessitem de resfriamento. pelo fato de agir de isolante térmico. b) Lavagem: a água para a higienização dos animais. além de potável deve apresentar um teor de 1 ppm cloro residual. De acordo com JUNIOR (2004) nos estabelecimentos que se limitam ao abate. bem como a concentração máxima de 1 ppm de cloro residual livre. que determinará o seu grau de “dureza”. d) Produção de vapor: O ponto crítico da água utilizada nas caldeiras é a sua concentração de bicarbonatos. sulfatos e cloretos (principalmente de cálcio e magnésio). c) Higiene pessoal: Utilizada para higienização das mãos e antebraços. é imprescindível que a água apresente suas características de potabilidade. bem como nos sanitários. A água considerada “dura” provocará incrustações prejudiciais e indesejáveis em sua tubulação. QUALIDADE DA ÁGUA NA INDÚSTRIA Como relatado anteriormente. 1996). odor e sabor (ANDRADE Y MACÊDO. 2. os critérios de qualidade da água na indústria se concentram em aspectos físicos. químicos e microbiológicos (ANDRADE e MACÊDO. Características físicas: As características físicas são avaliadas através da cor. 1996).1. turbidez.2. 1. Cor: . A cor também pode ser devido à presença de íons metálicos como ferro e manganês. o valor máximo permitido (VMP) para cor aparente da água potável é de 15uH (unidade Hazen – PtCo/L) (BRASIL. Quando rica em manganês. é arroxeada.2µm.A cor de uma água é conseqüência de substâncias dissolvidas. e em grandes volumes. 2002). Turbidez: .2µm. de 29 de dezembro de 2000. 2001).. A cor verdadeira é causada por partículas dissolvidas e colóides. quando rica em ácidos húmicos é amarelada (ANA. em suspensão ou fixas. é negra e. Quando pura. lignina e produtos de sua decomposição) ou inorgânica (íons férricos e humatos férricos). a água é azulada. dificultando processos industriais. em geral com diâmetro menor que 1. 2. Quando rica em ferro. 1999). Segundo a Portaria nº 1. plâncton e despejos industriais (LEITE et al. A cor aparente é causada por partículas maiores que 1. 2003). também pode ser devido à influência e reflexos do ambiente exterior. como nuvens e vegetação marginal ou então da própria natureza do sol (PÁDUA. Conseqüentemente como relatado anteriormente as águas superficiais são mais sujeitas a apresentar coloração do que as águas subterrâneas. além de ocasionar certa repulsa (aspecto sujo) da água (FIGUEIREDO.469. Podem manchar materiais como tecidos. 2001). A presença de substâncias de natureza orgânica (taninos. As alterações da cor da água resultam principalmente dos processos de decomposição ocorridos no meio ambiente. indicadora não só da capacidade de variação quantitativa. areia. que provocam dispersão dos raios luminosos. em suspensão com diâmetro maior que 1. semifluído. expressas em SiO2.. centrifugação ou sedimentação (PÁDUA. Esta característica da água quantifica a concentração de partículas sólidas. sendo. 2003). Odor e sabor: . Em águas de superfícies.A turbidez refere-se à suspensão de materiais de qualquer natureza na água (ANDRADE e MACÊDO. et al. enquanto que nas indústrias de alimentos e em água potável esse valor não deve ser superior a 5 mg/L ou UT (unidade de turbidez) (BRASIL. Essas partículas podem ser constituídas por plâncton. bactérias. 2001). Águas com maior turbidez apresentam-se mais escuras (PÁDUA. Pode ser removida por filtração.000 mg/L. 2001). menor a transparência da água. argila. como qualitativa da luz no interior da massa líquida (PÁDUA. 2001). A turbidez mede a capacidade que o meio tem em dispersar a radiação luminosa. Quanto maior a turbidez.2µm. fontes de poluição e outros (LEITE. a turbidez pode atingir 2. 2001). 3. 1996). maior a quantidade de sólidos em suspensão. orgânicas e/ou inorgânicas. portanto. Ocorre devido à alteração da penetração da luz pelas partículas em suspensão que provocam a sua difusão e absorção. como também de outros metais polivalentes. 1999. ou ainda de fontes industriais de poluição (ANDRADE e MACEDO. PÁDUA. 2. o que torna difícil sua separação. devido à presença dos íons de cálcio e magnésio (incorporados à água pela sua passagem no solo). 2001). Estes aspectos podem ser avaliados pelos índices de dureza. Independente da origem. 2001). 1996). manganês e cloro) (FIGUEIREDO. 1999). Dureza: A dureza da água pode ser definida como a capacidade da água em precipitar sabões.2. 1. Características químicas Aspectos químicos relevantes na qualidade da água em indústria de alimentos são os mais importantes índices que caracterizam a qualidade da água sob os aspectos de processamento. Os produtos que conferem odor ou sabor à água são usualmente originados de matéria orgânica ou da atividade biológica de microrganismos. (FIGUEIREDO. como o ferro. . pH e íons dissolvidos (ferro. A água pura não produz sensação de odor ou sabor nos sentidos humanos e em geral. as águas subterrâneas são desprovidas de odor. acidez e alcalinidade. a presença de sabor e odor são indesejáveis em água potável. higiene e economia nas indústrias de alimentos. não devendo ser um empecilho ao consumo (BRASIL.Odor e sabor são duas sensações que se manifestam conjuntamente. A água “dura” não apresenta problemas quanto a potabilidade. sulfato de cálcio e sulfato de magnésio.alumínio. precipitam os carbonatos. A água pode ser classificada de acordo com a concentração de sais dissolvidos na amostra. nitrato e cloro ou cloreto). tempo e vida útil de máquinas de lavar. como por exemplo. quando fervidas. 1999). esses minerais tendem a formar incrustações. 2001). os sais de baixa solubilidade (carbonatos de sódio. TABELA 1: CLASSIFICAÇÃO DA ÁGUA QUANTO A DUREZA ÁGUA MOLE Até 50 mg/l ÁGUA MODERADAMENTE DURA De 50 a 150 mg/l ÄGUA DURA De 150 a 300 mg/l ÀGUA MUITO DURA Acima de 300 mg/l Fonte: RICHETER e NETO. Segundo a variável “dureza total”. 1999. sendo perigoso para as caldeiras. segundo FIGUEIREDO (1999). Esse depósito pode agir como uma capa isolante. PÁDUA. reduzindo suas funções (FIGUEIREDO. Também podem reagir com sabões e detergentes. 2001). As águas duras. estrôncio e zinco. as águas em geral podem ser classificadas pelos teores de cálcio e magnésio expressas em mg/l de CaCO3 relacionados na tabela 1 (PÁDUA. de cálcio e de magnésio) e os sais de alta solubilidade (sulfato de sódio. . formando depósito nos equipamentos que utilizam essa água. Porem na indústria esse problema deve ser tratado. pois em temperaturas elevadas. como íons de cálcio-Ca2+ e magnésio-Mg2+ (FIGUEIREDO. manganês. A dureza total representa a presença de íons metálicos bivalentes. Segundo FIGUEIREDO (1999) a fervura não suaviza a água dura. A dureza temporária deve-se à presença de bicarbonato de cálcio e magnésio que são precipitados pela ação de calor ou agentes alcalinos.As incrustações são originadas pelo aumento de concentração de sais e outras substâncias dissolvidas e/ou suspensas na água. e/ou do sulfato de sódio-Na2SO4 (Sal de Glauber) (PÁDUA. estas substâncias (principalmente sais de cálcio e magnésio – dureza – e sílica) se precipitam. . Como conseqüências das incrustações têm a diminuição da transferência de calor. 2001). pela “ação laxativa” de compostos como o sulfato de magnésioMgSO4 (Sal de Epson). aumento no consumo de combustível e queda na produção de vapor. por exemplo. 2003). podendo até mesmo causar o rompimento de tubulações devido ao superaquecimento (TROVATI.. pois influencia a capacidade de sabões e detergentes em formar espumas (FIGUEIREDO. Água dura também é um problema em casas e instalações industriais. nitratos ou cloretos que são precipitados em presença de substâncias alcalinas (LEITE et al. uma vez que estes materiais não saem junto com o vapor em condições normais de operação. Águas com alta dureza e alcalinidade apresentam sabor “salobre e/ou salino” e sensação de “pesada”. A dureza permanente é decorrente da presença de sulfatos. Ao atingirem o ponto de saturação. O tipo de dureza da água pode ser classificado como temporária ou permanente. formando um agregado muito duro e aderente nas superfícies de troca térmica das caldeiras. 1999). 2000). Podem ainda causar sensação de desconforto após ingestão. os quais por dissolução liberam íons de hidrogênio para a solução. ácidos minerais e orgânicos. pela presença de CO2. 2. 2001). ferro. magnésio. dificultando o estabelecimento do pH ideal nos procedimentos de limpeza. O ideal é que a indústria utilize água com pH próximo de 8. desmineralização ou evaporação. neutraliza detergentes alcalinos. geralmente é devida a carbonatos. devido a ácidos orgânicos e minerais oriundos de resíduos industriais (ANDRADE e MACÊDO. Acidez e Alcalinidade: A acidez é representada pelos teores de C02 livre. Para promover a alcalinização da água.500 mg/L em águas salgadas. Segundo a Portaria nº 1.A dureza da água pode variar de 10 a 200 mg/L em água doce. 1996). por não conter mais o gás carbônico. podendo apresentar os mesmos problemas da água dura em sistema de geração de vapor. Os bicarbonatos podem liberar gás carbônico. de 29 de dezembro de 2000. a água potável pode apresentar até 500 mg/L de CaCO3. bicarbonatos e hidróxidos de cálcio. A acidez pode ser dividida em acidez orgânica. sódio e manganês. deve-se usar hidróxido de sódio (RUZANTE e FONSECA. Esses sais podem ser removidos das águas brutas por abrandamento. o valor recomendado para a dureza da água é igual à zero (BRASIL. A alcalinidade. 1999). Qualquer tipo de acidez apresenta o risco de corrosividade (FIGUEIREDO. e a acidez mineral.3.469. 2001). . mas no caso de caldeiras. O CO2 dissolvido na água provoca a corrosão de equipamentos e utensílios. podendo alcançar até 2. quando submetidos a altas temperaturas em caldeiras (FIGUEIREDO. A água potável apresenta valores entre 10 e 50 mg/L. redução da dureza. 1999). A alcalinidade apresenta os mesmos inconvenientes da dureza da água em sistemas de geração de vapor (ANDRADE e MACÊDO. sendo assim necessária à alcalinização (pH 8. A alcalinidade cáustica. prevenção da corrosão nas canalizações de ferro fundido da rede de distribuição. (2003) a água utilizada em caldeiras deve apresentar de 400 a 700 mg/L de alcalinidade em CaCO3. por ser indicativa de poluição e por ser prejudicial ao organismo e aos equipamentos. 2001). exigindo maior concentração de detergentes durante o procedimento de limpeza de equipamentos e superfície (RUZANTE e FONSECA.3 ±0. A medida adequada de pH é de grande importância em várias operações . 3. FIGUEIREDO. pH: A maior parte das reações químicas que ocorrem durante o processamento e estocagem de alimentos é profundamente alterada pela variação da concentração hidrogeniônica do meio (BRASIL. A água que se apresenta alcalina aumenta a formação de precipitados e é capaz de neutralizar detergentes ácidos. devida à presença de hidróxidos. é uma característica indesejável. 1996. 2001). 1999).) para o uso em caldeiras.2. estando relacionado com a coagulação. De acordo com LEITE et al. Este índice é importante no controle da água. paredes e equipamentos (ANDRADE e MACÊDO. O excesso de cloretos na água pode trazer prejuízos à indústria. de magnésio e de ferro. 4. Os cloretos ainda podem ser oriundos de resíduos domésticos e/ou industriais. O limite da água potável e de manancial é de 250 mg/L de cloretos. A freqüência das purgas é definida em função da dureza da água. no sistema de distribuição. 1996). Sendo assim. em indústrias de alimentos. a partir do conhecimento do teor de cloretos da água. Quando em concentrações elevadas. de forma que maiores concentrações de cálcio e magnésio exigem maior freqüência (ANDRADE e MACÊDO. 1996). Recomenda-se que. . O controle de cloretos em caldeira é feito pelas “purgas” que reduzem a concentração de sais no interior da caldeira. o pH da água seja mantido na faixa de 6.com alimentos. expresso em NaCl (BRASIL. Cloretos: Os cloretos estão presentes nas formas de cloreto de cálcio. 2001). bem como dos processos de fertilização do solo que. O excesso deste íon pode indicar poluição fecal.5 (BRASIL. Além disso. A purga consiste na remoção da “lama” formada no interior das caldeiras por meio de válvulas de escape. formam incrustações em pisos. principalmente em caldeiras. atinge os mananciais (LEITE et al. 2003).. que é o óxido de cromo (Cr2CO3). penetrando na estrutura do aço. 2001).0 a 9. estes íons podem provocar corrosão tipo fratura em tubulações de caldeiras e equipamentos de aço inoxidável. através da lixiviação pela chuva. devido à presença de urina em esgotos domésticos. é possível se obter informações sobre o seu grau de mineralização ou indícios de poluição. Em pressões médias (de 10 a 20 kgf. Águas com alto conteúdo de ferro. Estes sais reagem com cloro residual livre.PADRÃO DE ACEITAÇÃO PARA O CONSUMO HUMANO PARÂMETRO Alumínio Amônia (como NH3) Cloreto Cor Aparente Dureza Etilbenzeno UNIDADE mg/L mg/L mg/L (2) (1) uH mg/L mg/L VMP 0. servindo como substrato para o crescimento de ferrobactérias (FIGUEIREDO. diminuindo os teores. e podem agir como protetor para microorganismos. mas ao entrarem em contato com o oxigênio do ar ficam amareladas.5 250 15 500 0. e interferindo em processos indústrias (tecidos manchados e diminuição da vida útil dos filtros).2 . O ferro é o principal mineral que altera a coloração da água. TABELA 2: CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E QUÍMICAS DA ÁGUA . dando-lhe um aspecto sujo. 5. Ferro e Manganês: Sais de ferro e manganês podem se oxidar. 2002). conferindo uma desagradável aparência. formando depósitos e crostas.3 mg/L de ferro (Tabela 2) (ANA. cm-2) a concentração de cloretos não deve ultrapassar 200 mg/L. Padrões de potabilidade exigem que a água de abastecimento público não ultrapasse os 0. 1999). cm-2). Nas caldeiras de alta pressão (acima de 20 kgf. deverá ser inferior a 50 mg/L.Nas caldeiras de baixa pressão (até 10 kgf. 1996).2 1. cm-2) não se deve detectar a presença dos mesmos (ANDRADE e MACÊDO. ao saírem do poço são incolores. além de .12 (3) Não objetável (3) UT mg/L mg/L Não objetável 200 1.3. (2001). (4) Unidade de turbidez. 2.Ferro Manganês Monoclorobenzeno Odor Gosto Sódio Sólidos dissolvidos totais Sulfato Sulfeto de Hidrogênio Surfactantes Tolueno Turbidez Zinco Xileno FONTE: BRASIL.17 5 5 0. Características microbiológicas A água com qualidade microbiológica insatisfatória nas indústrias de alimentos pode originar alterações microbianas nos alimentos processados. mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L (4) 0.3 Notas: (1) Valor máximo permitido.3 0.000 250 0. (2) Unidade Hazen (mg PtCo/L). (3) critério de referência.05 0.5 0.1 0. . Contagem Padrão em Placas de Bactérias Heterotróficas: A contagem de bactérias heterotróficas "Pour Plate Method" ou contagem de Unidades Formadora de Colônias (UFC) é uma análise obtida por semeadura. 2003).. 2003). . 1. pH. colocando em risco a saúde do consumidor (LEITE et al. formando uma colônia macroscopicamente visível. visto que certas condições do teste. possibilitando. Este método baseia-se no princípio de que cada célula. e suas diluições são realizadas a permitir a contagem mínima estabelecida no padrão bacteriológico.. ou grupos de células da mesma espécie se desenvolve no ágar. 1999. limitam o crescimento de alguns microorganismos da amostra. potencial de oxi-redução. de 1ml de amostra. 2003). formação de aglomerados de bactérias e outros. 2000). em placa. LEITE et al. As analises utilizadas para avaliar as características microbiológicas da água se baseiam em teste de Contagem Padrão de Bactérias Heterotróficas e número de coliformes totais e fecais (FIGUEIREDO. como temperatura de incubação. Esse procedimento pode ser aplicado na indústria para detecção da fonte de contaminação através do teste de amostragem na linha de produção. composição do meio. deste modo.possibilitar a presença de patógenos. por incorporação em ágar padrão ("Plate Count Ágar") a incubação de 35ºC por 48hs (BRASIL. Esta contagem tem a finalidade de estimar o número de bactérias. uma enumeração das bactérias presentes na amostra (LEITE et al. que fermentam a lactose com formação de acido e gás a 35oC por 48hs. Determinação do número mais provável de coliformes totais e coliformes fecais: Bactérias do Grupo Coliforme compreendem E. Valores acima podem indicar necessidade de cloração. coli e outros gêneros da família Enterobacteriaceae. 1999). TABELA 3: GÊNEROS DETECTADOS NAS PROVAS PARA COLIFORMES Gênero Predominantemente de origem fecal SIM SIM Geralmente detectado Enteropatógeno para o Homem NÃO Escherichi a Edwarsiella Citrobacter Salmonella Shigella Klebsiella SIM NÃO SIM SIM NÃO NÃO SIM NÃO NÃO SIM SIM NÃO NÃO NÃO NÃO SIM SIM NÃO NÃO NÃO NÃO Enterobacter NÃO Hafnia Serratia NÃO NÃO . A tabela 4 resume os gêneros detectados e não detectados nas provas para coliformes. limpeza de reservatórios e proteção do sistema (FIGUEIREDO. fecais ou não fecais e sua enteropatogenicidade potencial para o homem. 2.A contagem de bactérias heterotróficas não deve exceder a 500 UFCs por ml. Coliformes são detectados pelas provas de bactérias Gramnegativas. TABELA 4: PADRÕES MICROBIOLOGICO DE POTABILIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO PARÂMETRO Água para consumo humano Escherichia coli ou coliformes (3) (1) VMP (2) Ausência em 100ml termotolerantes Água na saída do tratamento Coliformes totais Ausência em 100ml Água tratada no sistema de distribuição (reservatórios e rede) .Proteus Yersinia Erwinia NÃO SIM NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO Fonte: FIGUEIREDO (1999). Em relação aos coliformes totais. 2001).5ºC por 24 h (BRASIL. De acordo com os padrões de a água tratada no sistema de distribuição (reservatórios e rede) deve apresentar ausência em 100 ml de E coli ou “coliformes termotolerantes”. 2001). esta portaria determina o padrão de ausência em 100 ml em 95% das amostras examinadas no mês (BRASIL. porém à temperatura de incubação de 44. Coliformes de origem fecal ou termotolerantes são bactérias do grupo coliformes que apresentam as características do grupo. E.0. O padrão de qualidade para uso industrial é mais severo que o para consumo doméstico. 3. segundo JUNIOR (2004) e MORGADO (1999). As impurezas mais freqüentes encontradas nas águas de abastecimento são constituídas de material em suspensão (areia. (2) água para consumo humano em toda e qualquer situação.coli ou coliformes (3) Ausência em 100ml termotolerantes Coliformes totais Sistemas que analisam até 40 amostras por mês: Ausência em 100ml em 95% das amostras examinadas no mês. dentre outras. físico-químicas e microbiológicas ao padrão oficial de potabilidade. 2004). incluindo fontes individuais como poços. nascentes. Processos físicos e químicos utilizados no tratamento da água para abastecimento industrial. 2004). A decantação remove . (3) a detecção de E. minas. suspensóides de matéria orgânica ou de natureza mineral como silicatos) (JUNIOR. MÉTODOS PARA TRATAMENTO DE ÁGUAS INDUSTRIAIS Os métodos para o tratamento de águas de abastecimento industrial consistem em adequar suas características sensoriais. lama. restos vegetais.coli deve ser preferencialmente adotada. utilizandose métodos físicos e químicos (JUNIOR. O processo físico consiste em decantação e filtração. Sistemas que analisam mais de 40 amostras por mês: Apenas uma amostra poderá apresentar mensalmente resultado positivo em 100ml FONTE: BRASIL (2001). NOTAS: (1) Valor Máximo Permitido. do carbonato de sódio e pelo fosfato trissódico (JUNIOR. Já filtração é realizada sob pressão. 2004. a) A coagulação consiste em produzir um precipitado. sabor e odor desagradáveis na água. 1999). em solução. respectivamente de alumínio e de ferro. Agicidas são utilizados em associação com o sulfato de cobre contra algas responsáveis pela alteração de cor sabor e odor. MORGADO. O hidróxido de cálcio e o carvão ativado (atividade adsorvente) são eficazes na remoção de matéria orgânica responsável por cor. formada por grãos gradualmente menores. a cor. bactérias e outros elementos. A temporária conhecida como dureza de bicarbonato. remoção da dureza. precipitando-se. reduz os sólidos em suspensão. .cerca de 85% a 95% das substâncias sedimentáveis. correção do pH e desinfecção. c) A dureza como foi visto pode ser temporária ou permanente. e que são precipitados e removidos por intermédio do hidróxido de cálcio. através da passagem da água por sucessivas camadas de areia. que transforma o bicarbonato (solúvel) em carbonato (insolúvel). O processo químico é feito através da coagulação. é removida pelo aquecimento. utilizandose sulfatos. aeração. comumente de hidróxido de alumínio ou de ferro. b) A aeração consiste em purificar a água por meio do ar. A permanente deve-se à presença de sulfatos e/ou cloretos de cálcio ou magnésio. o nitrogênio amoniacal. através de agitação ou introduzindo ar comprimido por tubos perfurados localizados no fundo dos tanques. combinadas ou não com carvão ativado. 2003). 3. com hidróxido de sódio ou com um ácido. e) Na desinfecção utiliza-se o cloro. sendo determinado com o auxílio de métodos potenciométricos ou colorimétricos.A água se for classificada como mole ou moderadamente dura. com o objetivo de favorecer a atuação do cloro (JUNIOR. As resinas usadas são de origem orgânica e obtidas. 2004.0. 2004. 1999). pela sulfonação do poliestireno (LEITE et al. O cloro líquido é extremamente corrosivo.0 e 7. MORGADO. tripolifosfato de sódio e tetrafosfato de sódio).0. tolerando-se 8. A maioria das estações de tratamento de água utiliza o cloro líquido ou gasoso por ser mais econômico. visando à destruição de microrganismos patogênicos para o homem e para os animais. pode-se fazer o tratamento da água internamente na caldeira. d) O pH é corrigido utilizando cal hidratada. em função de sua reação inicial. por exemplo.. Na água de abastecimento deve oscilar entre 6. devendo as . Se a água for dura (151-300 mg/l de CaCO3) deve-se fazer o tratamento de redução da dureza antes da água ser introduzida na caldeira. 1999). e dos microrganismos responsáveis pela deterioração dos alimentos (JUNIOR. usando agentes complexantes como sais sódicos do EDTA e polifosfatos (hexametafosfato de sódio.1. através de resinas sintéticas trocadoras de cátions. 1999). Utilização do cloro no tratamento da água O cloro pode ser utilizado como um tratamento de baixo custo e alta eficiente na qualidade microbiológica da água (FIGUEIREDO. MORGADO. ou precipitantes como o fosfato trissódico. formando as cloraminas. O Ca(OCl)2 contem cerca de 70% de cloro disponível. A forma mais utilizada é a do hipoclorito de cálcio (Ca(OCl)2. e) Cloro residual livre: é aquele responsável pelo poder germicida na água. em decorrência de sua reação com impurezas presentes na água. consumida. d) Cloro residual combinado: é aquele que combinou com compostos nitrogenados (matéria orgânica) presentes na água. Segundo JUNIOR (2004) algumas definições importantes: a) Dosagem de cloro: é a quantidade disponível. o . formando cloraminas. O hipoclorito de sódio (NaOCl). 1999). É a concentração de cloro capaz de ser detectada pelo teste de orto-tolidina de 5 minutos.tubulações ser resistentes as corrosões. de cloro adicionado à água. normalmente está disponível no mercado na forma líquida (água sanitária). ou seja: é a diferença entre a dosagem de cloro e o cloro residual total. b) Demanda de cloro: é a quantidade. c) Cloro residual total: é a quantidade de cloro resultante entre a dosagem e a demanda. O cloro residual total encontra-se na forma de cloro residual livre (CRL) ou cloro combinado com matéria nitrogenada. expressa em ppm. de cloro. Dependendo do pH. Os hipocloritos são sais do ácido hipocloroso (HOCl). A sua concentração corresponde à diferença entre o cloro residual total e o cloro residual combinado. tendo concentração entre 5 e 15% de cloro disponível (MORGADO. Entre as vantagens do uso de cloro. além do seu uso como ingrediente ou como veículo para incorporar ingredientes. as . pode-se citar: inibe a formação de limo. de 0. Quando a demanda de cloro adicionado é satisfeita. elimina odores. 2004). limpeza e sanificação de equipamentos. CONCLUSÃO A água é amplamente utilizada nas indústrias de alimentos como veículo para aquecimento e resfriamento. 2004). reage com as impurezas contidas. íons hipoclorito (ClO-) ou como uma mistura dessas formas (LEITE et al. A dosagem do teor de cloro residual que permanece na água após o processo de cloração permite avaliar se a água está em condições de uso e isenta de bactérias patogênicas.75 ppm. uma pequena quantidade. Assim sendo.CRL pode-se apresentar-se nas formas de ácido hipocloroso (HClO). Esse cloro consumido não apresenta propriedades germicidas. reduz a contagem de microrganismo e reduz o tempo de limpeza (JUNIOR. o que restou constitui o cloro residual total (JUNIOR.2003).25 a 0.. Quando o cloro é adicionado à água. contribui para a redução dos custos de produção em função da maior vida útil de equipamentos e utensílios. O controle da qualidade da água industrial deve ser realizado sistematicamente. utensílios e superfícies industriais. Além disso. químicas e microbiológicas da água interferem diretamente na qualidade sanitária dos alimentos produzidos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS . incrustações e corrosão em superfícies e metais. A indústria é responsável em controlar a qualidade da água uma vez que ao utilizá-la em condições inadequadas estarão expondo a população ao risco de enfermidades veiculadas pela água. na maior eficiência das soluções de limpeza e sanificação e na redução de problemas operacionais devido à formação de depósitos. Assim.características físicas. assim como na vida útil dos equipamentos. visando a atender aos padrões e recomendações existentes pela legislação. auxilia na garantia da qualidade sensorial e microbiológica dos alimentos produzidos. na segurança nos processos industriais. Orestes Marracini Gonçalves. Disponível em <http:///www.D. Rio de Janeiro. 2005.A. Curso preparatório para concurso de Fiscal Agropecuário. 73-78. L.. BRASIL Ministério da Saúde.ana. O. Estabelece os procedimentos e responsabilidades relativas ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade e dá outras providências.B. 14. ago. Brasília: 2002 Disponível em: http://www. BORGUETTI. Portaria 1. CETESB. p. Acesso em: jul.S. 2006. FIGUEIREDO.J..B. Manual de Orientação para uso Industrial..gov.. FIESP. Águas Subterrâneas.org. 2003. Revista Saúde Pública.doc BORGUETTI.469 de 29 de dezembro de 2000. 01. Ciclo das Águas. Diário Oficial da União..br/download/publicacoes_meio_ambiente/reuso.vol. Higienização na Indústria de Alimentos. Coords.br/index. N. L. São Paulo. v. 4. O Aqüífero Guarani. São Paulo: Manole. 1.182.pdf>.J. NADER A. J. Programa de Redução de Patógenos e Padrões e Procedimentos Operacionais de Sanitização.R. 19 jan.br/Agua/rios/ciclo> Acesso em: 12 set. Proteção da qualidade e do abastecimento dos recursos hídricos: aplicação de critérios integrados no desenvolvimento. ROSSI.ANDRADE. Brasília.br/gestaoRecHidricos/InfoHidrologicas/aguasSubterr/ EstudoAguasSubterraneasANA22-08-02. JUNIOR. vol. FERREIRA F. Conservação e Reuso da Ägua. Disponível em <http://www.fiesp.com. E.L. Acesso em: set.S.L. 2001. Coleção Higiene dos Alimentos . N. Água de abastecimento – Rotina de sua inspeção.. Acesso em: 18 set. 2006.gov.M. J. Rio Janeiro.R. Ivanildo Hespanhol. Grupo Integrado de Aqüicultura e Estudos Ambientais (GIA). Disponível em <http:// www. R. manejo e uso dos recursos hídricos. 44. São Paulo: Livraria Varela. 2004 . São Paulo.cetesb..saude. 1996.php?PG=aguas_subterraneas&SPG=aguas_subterraneas_a s#1>. 2006.R. Água de consumo humano como fator de risco à saúde em propriedades rurais. BARROS.gov.br>..F. ANA – AGÊNCIA NACIONAL DAS ÁGUAS.A. n. R. 1992. AGENDA 21.A.abas. 2006.. MACEDO. n. p.sp. 2002.F. AMARAL.A. FILHO. Disponível em <http://www. SOUZA. Acesso em: set. Acesso em: ago. Água subterrânea. março/abril. B.69.com. Rio de Janeiro. Rio de Janeiro.htm> Acesso em: out. H.. Apostila: Águas Naturais.multciencia. J.doc>. 2003. J.M.enq. n. L.com. UFSC/ENQ.abrappesq.. Disponível em : <http://www.S.O. 2006 PÁDUA.br/Arquivos/AGUAS%20NATURAIS..dipemar. M. 40-42. Revista Ciência & Saúde Coletiva. 2006. Acesso em: 22 set.L . Revista Leite e Derivados. M.M.br/ leite/69/materia_atecnico_leite.. 2003. 2006. unicamp. SILVA.. 1999. CERQUEIRA.. A.Br registro de dados . MORGADO. Águas com dureza e alcalinidade elevadas conceitos e comportamentos ambientais observações iniciais na Região de Bonito/MS.br>.F..R.F. . 2001. 108. C. São Carlos: out. Disponível em: < http://lema. PENNA.br>.batavo. Revista Batavo.meioambiente. Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2003.htm>. E. ZIMBRES. 2006. Acesso em: 21 jul. Revista Interdiciplinar dos Centros e Núcleos da Unicamp.br/apostila_helcias.tratamentodeagua. F.M. Controle de qualidade da água em indústrias de alimentos.br/scielo>. G. ANDRADE. jan.M.ufsc. TUNDISI. Disponível em <http://www. Recursos Hídricos.br>.com. J. Disponível em: < http://www. 2006..M. 8. T. n. 8. 2006. N. 2006. 2006. v. A Importância do Tratamento de Água em Caldeiras e Sistemas de Resfriamento.pro. RC. Disponível em <http://www. v. L. RUZANTE.scielo. Acesso em: 20 out.com.htm>. FONSECA . Disponível em <http://www. Acesso em: 23 set. p. Disponível em: <http://www. Acesso em: set. TROVATI.J. 4.A.. Qualidade da água do manancial subterrâneo em áreas urbanas de Feira de Santana (BA).P. M.br/art03.LEITE. ARAUJO. n. FONSECA.2001 Disponível em: < www. Água: mais um Fator para Atingir a Qualidade do Leite.O.
Report "Utilizacao Da Agua Na Industria de Alimentos - Viviane Guimaraes de Castro"