UFS - Lingua Portuguesa II
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Língua Portuguesa IISolange Mendonça Montalvão São Cristóvão/SE 2009 Língua Portuguesa II Elaboração de Conteúdo Solange Mendonça Montalvão Projeto Gráfico e Capa Hermeson Alves de Menezes Diagramação Lucas Barros Oliveira Reimpressão Copyright © 2008, Universidade Federal de Sergipe / CESAD. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização por escrito da UFS. FICHA CATALOGRÁFICA PRODUZIDA PELA BIBLIOTECA CENTRAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE Montalvão, Sobrenome Mendonça. Língua portuguesa ll / Solange Mendonça Montalvão -- São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe, CESAD, 2008. v.2. 1. Língua portuguesa - Estudo e ensino. 2. Lingüística. 3. Morfologia. 4, Verbo. I. Título. CDU 811.134.3 M762l Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva Ministro da Educação Fernando Haddad Secretário de Educação a Distância Carlos Eduardo Bielschowsky Reitor Josué Modesto dos Passos Subrinho Vice-Reitor Angelo Roberto Antoniolli Diretoria Pedagógica Clotildes Farias (Diretora) Hérica dos Santos Mota Iara Macedo Reis Daniela Souza Santos Janaina de Oliveira Freitas Diretoria Administrativa e Financeira Edélzio Alves Costa Júnior (Diretor) Sylvia Helena de Almeida Soares Valter Siqueira Alves Coordenação de Cursos Djalma Andrade (Coordenadora) Núcleo de Formação Continuada Rosemeire Marcedo Costa (Coordenadora) Coordenadores de Curso Denis Menezes (Letras Português) Eduardo Farias (Administração) Haroldo Dorea (Química) Hassan Sherafat (Matemática) Hélio Mario Araújo (Geografia) Lourival Santana (História) Marcelo Macedo (Física) Silmara Pantaleão (Ciências Biológicas) Chefe de Gabinete Ednalva Freire Caetano Coordenador Geral da UAB/UFS Diretor do CESAD Antônio Ponciano Bezerra Vice-coordenador da UAB/UFS Vice-diretor do CESAD Fábio Alves dos Santos Núcleo de Avaliação Guilhermina Ramos (Coordenadora) Carlos Alberto Vasconcelos Elizabete Santos Marialves Silva de Souza Núcleo de Serviços Gráficos e Audiovisuais Giselda Barros Núcleo de Tecnologia da Informação João Eduardo Batista de Deus Anselmo Marcel da Conceição Souza Assessoria de Comunicação Guilherme Borba Gouy Coordenadores de Tutoria Edvan dos Santos Sousa (Física) Geraldo Ferreira Souza Júnior (Matemática) Janaína Couvo T. M. de Aguiar (Administração) Priscilla da Silva Góes (História) Rafael de Jesus Santana (Química) Ronilse Pereira de Aquino Torres (Geografia) Trícia C. P. de Sant’ana (Ciências Biológicas) Vanessa Santos Góes (Letras Português) NÚCLEO DE MATERIAL DIDÁTICO Hermeson Menezes (Coordenador) Edvar Freire Caetano Isabela Pinheiro Ewerton Lucas Barros Oliveira Neverton Correia da Silva Nycolas Menezes Melo UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE Cidade Universitária Prof. “José Aloísio de Campos” Av. Marechal Rondon, s/n - Jardim Rosa Elze CEP 49100-000 - São Cristóvão - SE Fone(79) 2105 - 6600 - Fax(79) 2105- 6474 . .................................... 104 AULA 8 Predicado: classificação do predicado e do predicativo ......................................... 37 AULA 4 O lexema verbo II ...............................................................Sumário AULA 1 Palavras e modelos linguísticos ............... 125 AULA 10 Complemento verbal: objeto indireto .... 55 AULA 5 Gramemas relatores: preposições ................... 07 AULA 2 Lexema e palavra morfossintática ................ 81 AULA 6 Sintagma adjetival e sintagma preposicionado .................................................................................... 93 AULA 7 A estrutura do sintagma verbal e os padrões frasais ................................................................................ 135 .................................................................................................................. 21 AULA 3 O lexema verbo I .............. 115 AULA 9 Complemento verbal: objeto direto ................ . . explicitar o entendimento relativo ao conceito de palavra ou lexema. PRÉ-REQUISITOS Língua Portuguesa I. OBJETIVOS Ao final da aula. (Fonte: http://www.com). o aluno deverá: estabelecer as devidas diferenças entre os modelos de Palavra e Paradigma e de Item e Arranjo.Aula PALAVRA E MODELOS LINGUÍSTICOS 1 META Discorrer sobre os conceitos de palavra e sobre os principais modelos de análise linguística. reconhecer as diferenças entre a palavra fonológica e o vocábulo formal ou mórfico.gettyimages. neste semestre. (Fonte: http://www. Haverá entre nós.laguia2000. a sólida formação então adquirida irá ajudá-los necessariamente nos estudos de pós-graduação. neste nosso primeiro contato.Língua Portuguesa II INTRODUÇÃO Prezados alunos. o que repercutirá não só na realização profissional. desejo que vocês continuem motivados para o estudo da Morfossintaxe da língua portuguesa. inclusive. uma parceria de trabalho e devemos tornála a mais agradável possível. 8 . Entretanto. O exercício do magistério depende. A nossa motivação recíproca é fundamental. além disso.lengua.com). mas ainda na auto-estima. A busca de conhecimento se autojustifica. dos conhecimentos adquiridos na graduação. desvendar a estrutura morfossintática da língua portuguesa é um desafio a todos aqueles que perseguem o grau de licenciatura em língua portuguesa. não podendo ser aplicados automaticamente”. Essa obra apresenta relativa independência no tocante à Filosofia. uma palavra. p.. na configuração própria do infinitivo. (LAROCA. DECLÍNIO DA IMPORTÂNCIA DA PALAVRA No início do século XX. a afirmação de que os “critérios têm suas limitações. Aspecto. categoria costuma manter o significado de conjunto de propriedades que se associam a determinada parte do discurso como Caso. Nessa perspectiva.21). Modo. como vocês devem ter tomado conhecimento no curso de Linguística. Tempo. aparece a Técnica Gramatical de Dionísio da Trácia. O interesse pela Filosofia acarretou o interesse pela linguagem. acreditavam os gregos que a sua língua (o grego falado em Atenas) refletia a realidade. os lingüistas questionaram a noção de palavra. p. Voz. inclusive. denominaram o modelo aplicado nessas análises de modelo de Palavra e Paradigma. e todas as formas flexionadas a ela relacionadas – que constituem a sua conjunção – seriam consideradas o seu paradigma. Há.” (ROSA. Somente por volta de 170 a 90 a. Esse modelo de análise ainda hoje é adotado em grande parte das nossas gramáticas escolares. 2000. O MODELO DE PALAVRA E PARADIGMA Esse modelo acarretou análises centradas na palavra e nas variações por ela sofridas no sentido de expressar as diversas categorias gramaticais. foram os gregos os primeiros a investigar a linguagem. Pessoa. Gênero. Essas possibilidades de variação de uma palavra eram entendidas como o seu paradigma. É importante lembrar que “Nos trabalhos sobre morfologia. procuraram analisar essa língua como possibilidade de compreender a realidade circundante. pois. 9 .92). 1994.. utilizando-nos da classe dos verbos da língua portuguesa: um verbo como ‘amar’ seria considerado.Palavra e modelos linguísticos Aula Compreender as diferentes acepções de palavra implica uma retrospecção relativa às reflexões sobre a linguagem no mundo ocidental e uma síntese de modelos de análise linguística. C. O estudo do material linguístico deixado pelos gregos permitiu aos linguistas a depreensão do modo através do qual esse povo realizou os seus estudos acerca da linguagem. Vejamos um exemplo. Dessa forma. A sintaxe está contemplada na obra de Apolônio Díscolo. Número.. 1 UM POUCO DE HISTÓRIA No Ocidente. e sua análise do grego (koiné) se volta à Fonética e à Morfologia principalmente. alegando a falta de uniformidade de critérios relativos à sua definição. Retomemos a frase ‘Encontrei-o’. já que “No nível fonológico. quantas palavras é possível depreender? A resposta a essa pergunta vai depender da ótica adotada na segmentação da frase.Língua Portuguesa II Maria Nazaré de Carvalho Laroca Mestra em Linguística e Filologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Retomando a frase ‘Encontrei-o’. p. (LAROCA. da qual se depreendem as propriedades de masculino e de singular. O pronome é reconhecido morfologicamente. por sua vez. Conforme Mattoso Câmara. cabe a indagação seguinte: Em uma frase como ‘Encontrei-o’. 1994. uma só palavra fonológica. referente às categorias gramaticais da pessoa e do número (primeira pessoa do singular). Assim. ao estudar a disciplina Fonologia da Língua Portuguesa. o grau de tonicidade 1 às sílabas átonas pretônicas ‘en’ e ‘´con’ e o grau 0 à sílaba átona final – o ‘o’ enclítico -. constituem um só vocábulo. numa perspectiva fonético-fonológica. que. O verbo é depreendido através das suas propriedades morfológicas: a marca {-i}. na frase estudada. encontramos uma única palavra. Essa pauta é condizente com a palavra fonológica. Na perspectiva das dificuldades encontradas relativas à definição de palavra. como pretônicas. as sílabas pronunciadas como um todo. se atribuirmos o grau 3 de tonicidade à sílaba tônica ‘trei’. temos o ‘o’ (pronome pessoal do caso oblíquo) evidentemente em posição enclítica. A perspectiva morfossintática. ÓTICA MORFOLÓGICA A análise fonético-fonológica. encaminha análises cujos resultados divergem daqueles apresentados pela Fonologia. no sentido de se apoiarem em uma única silaba tônica. ÓTICA SINTÁTICA 10 . A análise morfológica vai aí depreender duas palavras distintas: um verbo e um pronome. nela detectamos apenas uma silaba tônica ‘trei’. é um caminho no sentido de definir e de delimitar a palavra. Temos. é possível a depreensão de vocábulos ou palavras segundo critérios fonético-fonológicos. pronunciado como uma sílaba átona final. Em posição postônica. por manifestarse na forma ‘o’. chegaremos à seguinte pauta acentual: 1130.22). como vimos. as sílabas ‘en’ e ‘con’. ÓTICA FONÉTICO–FONOLÓGICA Como vocês observaram. referentes às categorias gramaticais do gênero e do número. o chamado vocábulo fonológico corresponde a uma divisão intermediária entre a sílaba e o grupo de força”. Vimos assim. É professora aposentada da Universidade Federal de Juiz de Fora. apresentam possibilidade de permutação. Tomando como exemplo ‘Encontrei-o’. com a presença do pronome pessoal do caso reto ‘eu’. podemos afirmar que ‘o’ é uma forma dependente.Eu o encontrei. obteremos dois vocábulos formais ou mórficos: ‘encontrei’ e ‘o’. poderíamos ter duas possibilidades de construção. Tomemos a frase ‘Encontrei-o’. embora destituídos de autonomia comunicativa (formas dependentes). Voltando ao conceito de palavra. 2004. Assim. 20). depreendemos dois vocábulos formais: a forma livre ‘Encontrei’ e a forma dependente ‘o’.Você encontrou o livro? . Aplicação da técnica . p. (SAUTCHUK. no sentido de mudarem de lugar na frase. Vejamos o que vêm a ser unidades com autonomia comunicativa: essas unidades são construções lingüísticas que funcionam como frases. pois. se a frase adquirisse uma feição enfática. 11 . Esse modo de reconhecer verbos é congruente com a afirmação de que “apenas verbos articulamse com os pronomes do caso reto”. percebemos que sua conceituação e consequente depreensão dependem do ponto de vista adotado pelo estudioso.Palavra e modelos linguísticos Aula Nessa perspectiva. Na frase examinada.Eu encontrei-o. reconhecemos ‘Encontrei’ como uma unidade com autonomia comunicativa. um vocábulo formal que é uma forma livre. na frase ‘Encontrei-o’. o ‘o’ é entendido como pronome. o verbo ‘Encontrei’ é reconhecido por relacionarse com o pronome pessoal do caso reto ‘eu’. Vocábulos formais ou mórficos são unidades com autonomia comunicativa (formas livres) ou vocábulos que. .Encontrei. A propriedade de permutação diz respeito à possibilidade que as formas dependentes têm. A depreensão dessas unidades se mostra claramente pela técnica de pergunta e resposta. em razão da sua função de substituição (substitui qualquer nome masculino e singular) e é considerado do ‘caso oblíquo’ por não exercer a função de sujeito e sim a de complemento verbal (objeto direto). ao analisarmos a construção ‘Encontrei-o’. 1 PROPOSTA DE MATTOSO CÂMARA Conforme o pensamento de Mattoso Câmara. . Assim. Língua Portuguesa II André Martinet Linguista francês conhecido internacionalmente. como ‘fal-’. a exemplo daqueles que permitem a atualização das categorias gramaticais do gênero. conforme Martinet) {-s} → morfema gramatical (morfema. consequentemente. são sempre morfemas lexicais. exemplos referentes à nomenclatura abordada. número e pessoa. A técnica de depreensão de morfemas será apresentada na próxima divisão desta aula. sua condição de morfema decorre do fato de ser ela a vogal temática. utiliza-se de uma nomenclatura mais econômica. Como catedrático de Linguística Geral na Sorbonne. Essa unidade mínima significativa é também chamada de monema. das de modo. morfema é uma unidade significativa mínima a que chegamos na segmentação de uma frase e/ou enunciado da língua. assim. segundo Martinet) {-a-} → morfema gramatical (morfema. consoante Martinet). nos verbos. de modo geral. a serviço do funcionamento da língua. Quanto ao {-a-}. 12 . a Linguística do século XX substitui a importância ocupada pela palavra – no modelo de Palavra e Paradigma (PP) pela relevância dada aos morfemas. A Linguística. Convém lembrar que alguns linguistas se utilizam do termo morfema no que respeita às unidades mínimas significativas. do número (nos nomes) e. representados entre chaves. seu reconhecimento como morfema está associado ao fato de ser ele marca de segunda pessoa do singular. responsável pela noção de primeira conjugação. por entender que elas permitem maior clareza. No que se refere ao {-s-}. de forma bastante simplificada. Os morfemas estão. conforme a convenção utilizada pelos linguistas: {’fal-} → morfema lexical (lexema. independentemente de sua significação ser cultural ou linguística. Vejamos então esses morfemas. (MARTINET. Em um verbo como ‘falas’ é possível a depreensão de três morfemas. três unidades mínimas significativas. principalmente. Tomemos agora. fundou em 1965 a revista La Linguistique. 1971. Convém obser var que os radicais. “Um monema é o menor segmento de discurso ao qual se pode atribuir um sentido”. Preferimos utilizar as expressões morfemas lexicais e morfemas gramaticais. Os monemas foram subcategorizados por Martinet em lexemas – morfemas de significação cultural ou bio-social – e morfemas – monemas de significação gramatical ou linguística. de delimitação da palavra. O DOMÍNIO DOS MORFEMAS Diante das evidências relativas às dificuldades de conceituação e. tempo. Suas obras contemplam não só problemas relacionados à linguística geral.13). mas também estudos fonético-fonológicos. Lembrando o que vocês já estudaram em Lingüística. p. ou seja. -Morfemas (quaisquer unidades mínimas significativas) -Morfemas lexicais (correspondentes aos lexemas de Martinet) -Morfemas gramaticais (correspondentes aos morfemas de Martinet). passemos então ao modelo de Item e Arranjo. receberá um ‘o’ (vogal temática nominal). já vista por vocês nos cursos de Lingüística e de Língua Portuguesa I. Voltando agora a nossa atenção à sequência ‘menin-’ com o acréscimo do ‘o’ – ‘menino’ e adotando a perspectiva de Câmara Jr. nela não encontramos marca de gênero. esse tipo de significação é sempre conduzido pelos radicais. ausência significativa. como vocês já devem ter compreendido. encontraremos a sequência ‘menin-’. um morfema.. Essa evidência permite concluir que ‘menin-‘ é um morfema lexical. 1 MODELO DE ITEM E ARRANJO Esse modelo de análise lingüística inclui não apenas a segmentação dos morfemas. Tomemos. é marca de gênero (feminino) e. um morfema. em virtude de ser uma forma presa (forma sem autonomia comunicativa e sem possibilidade de locomoção). entendida como um morfema zero {Ø}. pois o que nos leva a deduzir de ‘menino’ a noção de masculino é a ausência do ‘a’. isolado inicialmente. sejam eles nominais ou verbais. Dessa forma. como também a detecção dos princípios que determinam a sua combinação em unidades maiores. em oposição ao 13 . Os morfemas estão a serviço da formação de unidades linguísticas a eles superiores. mas ainda no sentido de receber a marca do plural. não só no sentido de ocorrer livremente em um enunciado da língua. A supressão do ‘s’ desse termo acarreta um vazio significativo já que permite a conclusão da noção de singular em relação à categoria gramatical do número. Seguem-se as representações dos morfemas depreendidos.Palavra e modelos linguísticos Aula Relembrado o conceito de morfema. nesse sentido. através da técnica da comutação. Continuando o processo de segmentação. como exemplo. Essa sequência. se isolarmos o ‘a’ de ‘menina’. Como já foi dito. {me’nin-} → morfema lexical {-a-} → morfema gramatical {-s} → morfema gramatical O morfema {me’nin-}. um termo da língua portuguesa como meninas. ou seja. Essa evidência nos permite também responsabilizar o ‘s’ pela noção de plural. podemos concluir que o ‘a’. Ainda em relação a ‘menina’. se a sequência ‘menin-‘ for substituída por ‘moç-‘ ou por ‘gat-‘. obteremos formas portadoras de significados lexicais diferentes. é portador de uma significação biossocial [ser humano em processo de desenvolvimento físico e mental]. O morfema {-a} constitui a marca de gênero (feminino). o que nos autoriza concluir que esse ‘s’ é uma unidade mínima de som e significado. depreende-se ainda uma ordenação. da Sintaxe e da Linguística Textual e do Discurso. 2000.. É importante dizer que produtividade é a formação de palavras por determinada regra. em relação a ‘meninas’. Durante as décadas de setenta. Assim. não considera viável qualquer desses caminhos: “Qualquer dessas soluções é indesejável”.. p. já que o morfema que é marca de gênero {-a} ocorre necessariamente após o morfema lexical {me’nin-}. forma não marcada.. os quais podem ser constituídos de (. de induzir. nos padrões nominais da língua portuguesa.) como elementos isolados. esse arranjo dos morfemas. que é chamada Regra de Formação de Palavra.) morfema lexical (± vogal temática) + morfemas flexionais”. 1985. Essa organização. (BASÍLIO. masculino.. Os seus constituintes imediatos são ‘menina’ e o morfema {-s}. 2000. Esse modelo. as análises concernentes do modelo de Item e Arranjo estão centralizadas na noção de morfema. forma não marcada. (ROSA. p. Conforme vimos. 68). É professora titular do Departamento de Linguística do IEL – Unicamp. Um exemplo de regra de formação de palavra seria dizer que.. Maria Carlota Rosa RETOMADA DA IMPORTÂNCIA DA PALAVRA Doutora em Linguística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. foram detectadas dificuldades relativas à depreensão de morfemas. primeira etapa da análise alicerçada no modelo de Item e Arranjo. duas possibilidades ocorrem aos linguistas: “a) não considerar tais formas (. 1974a. ou seja. É livre docente em Análise do Discurso pela Unicamp. segundo Maria Carlota Rosa. no que respeita a ‘meninas’.) atuam sobre palavras existentes na língua”. Seu trabalho contribui de maneira bastante significativa.Língua Portuguesa II Ingedore Grunfeld Villaça koch Mestre e doutora em Língua Portuguesa pela PUC – SP. o ‘ção’ a um verbo. Assim. se aplicarmos. por sua vez é a marca de gênero (plural) em oposição ao singular. 85). p. 68). (ROSA. No termo ‘menina’. b) não considerar a atribuição de significado como elemento para considerar ou não uma seqüência como morfema”. Exerce o magistério nos programas de graduação e pósgraduação – mestrado e doutorado em Linguística – na Faculdade de Letras dessa Universidade. Assim.. p. (INGEDORE. de oitenta e de noventa. os estudiosos passaram a procurar respostas acerca dos processos de formação de palavras acionados pelos falantes e concluem que “Os processos produtivos de formação de palavras (. corresponde a um dos padrões nominais da língua portuguesa. apesar das recorrências. há a exigência de que a marca de número esteja após a marca de gênero. 31). consideramos os seus morfemas. uma vez que. a combinação não é aleatória. Até agora. teremos um substantivo formado a partir desse verbo 14 . os seus padrões estruturais. O morfema {-s}. de modo geral. principalmente no campo de Morfologia Derivacional – parte da Morfologia que trata dos processos de formação de palavras. inclui ainda a explicitação da maneira através da qual esses constituintes se combinam. Tem obras publicadas no Brasil e no exterior. principalmente no que respeita à Morfologia. na atribuição de significado a formas mínimas recorrentes com ‘ceb-’ de ‘receber’ de ‘conceber’ ou ‘-duz’ de conduzir. Os estudiosos detectaram obstáculos. E podemos ainda dizer que “temse condições para determinar a estrutura dos vocábulos em português. Publicou várias obras nas áreas da Morfologia. por exemplo. A linguística. Vejamos um exemplo. que ocorre. por exemplo. 1 Margarida Basílio Graduada em Letras Clássicas pela Universidade Católica do Rio de Janeiro. Esse novo interesse acarretou uma nova acepção de palavra. na língua portuguesa. Vejam vocês que as atenções se voltam agora à palavra. e. Em determinado momento. corresponde à forma do infinitivo impessoal. (ROSA. As palavras léxicas. na área de Linguística. É doutora em Linguística pela University of Texas At. pois inclui todas as possibilidades relacionadas a esse lexema no que respeita às propriedades morfossintáticas a ele relacionadas. Austin. o lexema verbal é assim representado: AMAR. posta em enunciados orais ou escritos. deve ser apresentado em letras caixa-alta. estão incluídas no conhecimento que o falante tem de sua língua. no tocante aos verbos. Em relação à frase exemplificada. Convém esclarecer que a palavra léxica ou lexema difere. É mestre em Linguística pela mesma Universidade. deve ter havido a aplicação da regra considerada no que concerne à palavra educação. desenvolvido pelos gregos. p.88).23). (LAROCA. Atualmente é professora Adjunta (inativa) da Universidade Federal do Rio de Janeiro e professora titular da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. 1994. 2000. a noção de palavra não atinge esse nível de abstração. Sua produção. já que não se tem conhecimento de distinção entre a palavra entendida como possibilidade e a palavra atualizada. A representação da palavra léxica ou lexema. também chamadas de lexemas (conceito diferente daquele referente ao lexema de Martinet). como qualquer outro lexema. ‘educar + . se destaca na Morfologia. No modelo de Paradigma e Palavra. na frase seguinte: Amar é a salvação da humanidade.ção’ → educação. o léxico é entendido como “o conjunto de palavras que está disponível para a atuação das regras da morfologia”. do emprego do infinitivo impessoal. ou seja. No que respeita aos processos de formação de palavras. p. por exemplo.Palavra e modelos linguísticos Aula mais o sufixo considerado. Essa nova compreensão de palavra a entende como “uma unidade abstrata do léxico”. 15 . Um lexema como VENDER (os lexemas são representados em caixa alta) é uma abstração. Nesse sentido. 16 . Vale acrescentar que o domínio dos termos mais usuais da nomenclatura da linguística. dificuldades relativas à depreensão de morfemas implicaram o redimensionamento do conceito de morfema. milênios a. Dessa forma se compreende o fato de os morfemas terem substituído a palavra nas investigações linguísticas e a consequente adoção de modelo de Item e Arranjo neles concentrado. C. principalmente no que se refere à definição de palavra. Esse modelo ainda persiste em grande parte das nossas gramáticas escolares. na ótica fonético-fonológica. Nas três últimas décadas do século XX. explicam uma interseção no que respeita ao desenvolvimento dos métodos da linguística e às possibilidades de análise referentes à sua estrutura morfossintática. o entendimento de textos sobre a estrutura e funcionamento da língua ficará muito comprometido e não atingirá os objetivos previstos nos cursos de nível superior. Posteriormente. segundo princípios do estruturalismo americano. com a relativa independência dos estudos sobre a linguagem. sem o domínio desses conceitos. houve o aprimoramento das análises lingüísticas que se sustentaram no modelo de Palavra e Paradigma. as reflexões sobre a linguagem surgiram na Grécia. são questionadas. os lingüistas puderam depreender a palavra fonológica. RESUMO No Ocidente. aqueles mais utilizados no que se refere às diferentes propostas de análise da língua (portuguesa) são fundamentais. na vertente morfossintática da língua. Esse redimensionamento suprime do morfema a importância que lhe era dada na análise morfológica. Já as análises do Prof. ou seja. permitiram a depreensão do vocábulo formal ou mórfico. As inconsistências desse modelo. pois. Mattoso Câmara. Inicialmente tais indagações estavam imbricadas na Filosofia.Língua Portuguesa II CONCLUSÃO Os estudos avançados de Língua Portuguesa. v) Palavra léxica é uma unidade _____________ do léxico. 1 17 . r) Uma palavra fonológica apresenta uma _________________ tônica. no mundo ocidental. g) O modelo de _________ e __________ substitui o modelo de Palavra e Paradigma. os estudos sobre a linguagem feitos pelos gregos eram dependentes da _____________. d) O modelo de _____________________ é depreendido das análises linguísticas feitas pelos gregos. m) As dificuldades relativas à univocidade do conceito de _____________ permitiram a ascensão dos ___________. u) A formação de palavras por determinada regra é chamada de __________________. __________________ correspondem aos lexemas de André Martinet. t) As dificuldades relativas à depressão dos morfemas foram levantadas pela __________________________. ocorreram na ____________.Palavra e modelos linguísticos Aula ATIVIDADES 1. Complete as lacunas: a) As primeiras reflexões sobre a linguagem. e) No modelo grego. s) No vocábulo ‘gatos’ existem ___________ morfemas. n) A depreensão da palavra fonológica é possível graças ao desenvolvimento da ___________________. q) Os linguistas chamam de ________________ à técnica de depreensão dos morfemas. _____________ são monemas de significação gramatical. f) No paradigma verbal se manifestavam as _____________. k) Para Martinet. a conjugação de um verbo era considerada o seu ____________________. i) O modelo de Item e Arranjo está centrado no __________. de modo geral. b) Inicialmente. p) Os vocábulos mórficos ou formais se dividem em _______________ e formas dependentes. h) Os _______________ são as unidades mínimas significativas. j) Os monemas portadores de significação cultural são chamados de ____________por André Martinet. l) Para os linguistas. o) Sequências linguísticas sem _____________________ mas dotadas da possibilidade de locomoção são chamadas de ______________________. c) A gramática de Dionísio da Trácia inclui estudos de fonética e de _______________. Qual a diferença entre a noção de palavra adotada no modelo de Palavra e Paradigma e aquela referente à morfologia derivacional? 4. III) Transcreva três palavras fonológicas que são também vocábulos formais ou mórficos. IV) Justifique sua resposta.. I) Nesse trecho. (PESSOA. há ____________ palavras fonológicas. Estabeleça diferença entre palavra fonológica e forma livre. II) Estabeleça possíveis relações entre esses verbos e o conceito de palavra léxica ou lexema. II) Transcreva duas palavras fonológicas que não constituem vocábulos formais ou mórficos. I) Sublinhe os verbos da passagem transcrita. suave. 1987: 74). 3. Um canto de ave Sobe no ar (. Leve.. 1987: 383). Já escrevi bem Uma canção”.) (PESSOA.Língua Portuguesa II 2. 5. breve. 18 . “Já não vivi em vão. Maria Cecília P. Estruturas lexicais do Português. 2000. ROSA. 1 REFERÊNCIAS BASÍLIO. São Paulo: Contexto. de S. Manual de morfologia do Português. São Paulo: Cortez. Lingüística aplicada ao Português: morfologia. Pontes. Rio de Janeiro: Edições Tempo Brasileiro. Maria Carlota. uma abordagem gerativa. 1980. Nesta mesma aula. MARTINET. Petrópolis: Vozes. LAROCA. Maria Nazaré de Carvalho. KOCH.Palavra e modelos linguísticos Aula PRÓXIMA AULA Retomaremos e desenvolveremos o estudo da palavra léxica na aula seguinte. 1985. André. estudaremos também a palavra morfossintática. Ingedore V. UFJF. SILVA. Introdução à morfologia. 2 ed. A lingüística sincrônica. Margarida. 1971.. Juiz de Fora. 19 . 1994. Campinas. (Fonte: http://www.Aula LEXEMA E A PALAVRA MORFOSSINTÁTICA 2 META Desenvolver o estudo do lexema e da palavra morfossintática. PRÉ-REQUISITOS Língua Portuguesa I. . analisar e descrever a estrutura morfossintática das palavras morfossintáticas relacionadas a lexemas substantivos e lexemas adjetivos. descrever os itens lexicais que compõem o léxico da língua portuguesa.gettyimages. OBJETIVOS Ao final desta aula. o aluno deverá: estabelecer as diferenças devidas entre a teoria padrão da Gramática Gerativo–Transformacional e a Hipótese Lexicalista. estabelecer as devidas diferenças entre lexema ou palavra léxica e a palavra morfossintática.com). perde ela um pouco de abstração em relação ao lexema.Língua Portuguesa II INTRODUÇÃO Inestimável aluno: Conforme anunciamos ao finalizar a aula passada. Quanto à palavra morfossintática. São as palavras léxicas as responsáveis pelas principais formas através das quais as diversas línguas recortam o real (inatingível) e compõem a sua realidade. 22 .com). vamos aprofundar o estudo da palavra léxica ou lexema e estudar a palavra morfossintática. Por outro lado. Veremos os lexemas e as relações mantidas entre eles na organização que constitui o léxico da língua.wordpress. já que aponta para a forma que as palavras apresentam nos diversos enunciados em que ocorrem. (Fonte: vidacheiadecoisas. propriedades essas exigidas pelas regras de construção da frase. nesta nossa segunda aula. entidade também abstrata. estudaremos a palavra morfossintática e as propriedades a ela relacionadas. o léxico de uma língua não pode ser compreendido como um rol. Os linguistas gerativistas se deram conta de que alguns casos de derivação implicavam a inclusão de um componente morfológico na sua pro- 23 . (BASÍLIO. necessárias se tornam algumas considerações acerca dos posicionamentos teóricos que permitiram a formação desses conceitos.çãoS → constataçãoN EducarV + . 2 Dessa forma.O lexema e a palavra morfossintática Aula A palavra léxica e a palavra morfossintática são entidades distintas. vocês devem retomar as noções básicas da Gramática Gerativo– Transformacional. por exemplo. aprofundamento. A compreensão necessária dos conceitos de palavra léxica ou lexema e de palavra morfossintática acarreta um percurso pela gramática Gerativo– Transformacional. assim como no estruturalismo. uma lista de palavras acompanhadas dos respectivos significados. Assim. Na gramática tradicional. 7). afirma que as palavras de uma língua são geradas por regras sintáticas. a morfologia derivacional é definida como a parte da gramática da língua que descreve a formação e estrutura das palavras. Desse processo chamado de nominalização. 198o. como um espaço de vitalidade. seriam explicados pela aplicação de uma regra sintática. nos seus princípios concernentes à chamada teoria padrão.çãoS → educaçãoN Assim.mentoS → aprofundamentoN ProlongarV + . prolongamento. constatação e educação – formas nominalizadas ou nominalizações – ocorreriam nas estruturas superficiais das frases. então. A teoria linguística chamada de gramática Gerativo–Transformacional.mentoS → questionamentoN ConstatarV + . O léxico de uma língua é entendido. no qual regras são atualizadas no sentido de criar novas palavras. lembramos a posição da gramática tradicional. Nesse sentido. questionamento. Para melhor entendimento dessa parte da aula. S = sufixo. podemos dizer que a morfologia derivacional é a parte da gramática que dá conta da competência do falante nativo no léxico de sua língua. Para compreender melhor as diferenças entre elas. os substantivos terminados pelo sufixo ‘-mento’. N = nome AprofundarV + . Numa abordagem gerativa.mentoS → prolongamentoN QuestionarV + . provavelmente vistas na disciplina Linguística. seguem-se exemplos: V = verbo. do estruturalismo e do gerativismo no que respeita aos processos de formação de palavras nas línguas naturais. p. através de regras morfológicas que operam dentro do componente lexical”. o Prof. 63). cedo. varrer. É também professor de Linguística dos cursos de pós-graduação dessa mesma faculdade. Esse tipo de competência corresponde ao conhecimento que o falante nativo possui do léxico da sua língua. b) o conhecimento da estrutura interna dos itens lexicais. reler. posta de gramática. ENTRADAS LEXICAIS LIVRES LEXEMAS Puros – mar. p.. secretária. 19). conclui que certos nominais derivados não podem ser criados através de transformações a partir de um verbo na estrutura profunda e propõe. conforme o pensamento de Basílio (1980. gato. É mestre pela UFMG e doutor pela UFRJ. Para uma melhor compreensão no que se refere às entradas lexicais. apud SCALISE. A relação das entradas lexicais constitui o léxico de uma língua”. biologia 24 . 1984. a competência lexical de um falante nativo inclui: “a) o conhecimento de uma lista de entradas lexicais. alunos–professores ou futuros professores. esclarecer compostos: guarda-roupa. É importante aqui que nos atenhamos na compreensão de competência lexical. um tratamento “lexical” para tais verbos. “. correspondente a essa posição de Chomsky. sempre Complexos – simples: livreiro. calmo. p. 1999. em vez disso. livro. p. rejeitar as agramaticais”. (ROCHA. café. 9). Luiz Carlos de Assis Rocha nos diz que (CHOMSKY. participar. assim como as relações entre os vários itens. Vejamos agora. e. o conceito de item lexical ou entrada lexical. Assim. c) o conhecimento subjacente à capacidade de formar entradas lexicais novas. 1999: 35). Nesse sentido. ITEM LEXICAL OU ENTRADA LEXICAL De forma bastante simplificada. segundo. isto é. podemos dizer que item lexical ou entrada lexical “é uma forma lingistica que o falante conhece ou utiliza. à chamada Hipótese Lexicalista. 35). segue-se um esquema de Rocha (1999.eletrônica. p. HIPÓTESE LEXICALISTA Chegamos assim.Língua Portuguesa II Luiz Carlos de Assis Rocha Professor de Língua Portuguesa dos cursos de graduação da Faculdade de Letras da UFMG. (ROCHA. vinte. naturalmente.. nesse termo. hort-a. demonstrativos. algum. Vejam que. Por sua vez. Nesse sentido. risonh-o. a sequência ‘guarda-roupa’. para. Os complexos subdividemse em simples e compostos: os simples incluem formas com prefixo. encontra-se o sufixo ‘-eir(o)’. ouvi-ndo. possui dois morfemas lexicais e corresponde ao que o esquema categoriza como lexema complexo composto. -it(ar). o. gal-o verbais – par-a-r.O lexema e a palavra morfossintática Aula VOCÁBULOS DÊITICOS eu. nosso. Os lexemas puros são aqueles que não apresentam afixo (prefixo ou sufixo) e que apresentam apenas um morfema lexical. -agem. No que respeita às formas dependentes. ou com sufixo. eco-. alegre-s. -log(ia). além da evidência de nele não existir mais que um morfema lexical. conforme a classificação tradicional das classes de palavras como dêiticos. embora. intersufixos – ção. -ice. Já em ‘livreiro’. convém relembrá-las através do conceito seguinte: 25 . -latr(ia) prefixos – re-. uma PRESAS Bases Afixos Desinências hipo-. gat-o. hidro-. os pronomes retos de primeira e de segunda pessoa. tomemos o termo ‘gato’. as entradas lexicais livres correspondem aos lexemas que se dividem em puros e complexos. venc-e-r. ou com prefixo e sufixo ao mesmo tempo. anda-va-s. temos. que. des-. pont-e. comumente apresentada nas nossas gramáticas como palavra composta. temos as formas linguísticas para indicar as pessoas do discurso e relações espaciais no que tange a essas pessoas. lá 2 DEPENDENTES de. in-. argumenta-r Vogais temáticas nominais – livr-o. advérbios. não há nem prefixo nem sufixo. ouv-i-r Conforme vocês devem ter observado. Dentre os exemplos do esquema. bonit-a verbais – caminha-mos. isto. o que autoriza a sua classificação como lexema complexo simples. consideradas na aula passada. -ec(er) nominais – livro-s. Quanto aos vocábulos dêiticos. aqui. O novo lexema criado pode incorporar-se ao léxico da língua. Nesse sentido.. temos as nossas conhecidas preposições. Especializou-se em Linguística (latina e neo-latina) na Universidade do Distrito Federal. verbos e alguns advérbios. porque é suscetível de (. 2000. como um novo membro da classe dos lexemas adjetivos. LEXEMAS OU ENTRADAS LEXICAIS Segundo Inez Sautchuk. fez o doutorado em letras clássicas na Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil. existem as bases (os conhecidos radicais de origem grega ou latina). MexerV + velSuf → mexívelA IPref + mexívelA → imexívelA Esse lexema complexo simples resultante foi atualizado no discurso do ministro.Língua Portuguesa II Joaquim Mattoso Câmara Júnior Nasceu em 1904. Foi professor visitante de História da Linguística e Estrutura do Português no Instituto Linguístico de Verão em Washington. classes que. 70). mas também não é presa. Quanto às entradas lexicais presas correspondentes aos afixos. 88). Nessa perspectiva. com a estrutura interna das palavras complexas fundamentais de uma língua” (ROSA. Assim. Conceitua-se assim uma forma que não é livre porque não pode funcionar isoladamente como comunicação suficiente. cremos o seu reconhecimento não causar problemas a vocês. Esses novos membros decorrem sobremaneira dos processos de formação de palavras. segundo Aronoff & Anshen. 2000.) possibilidades para se disjungir da forma livre a que se acha ligada. Dentre outros cursos. (ROSA. Fez vários cursos de Linguística nos Estados Unidos. referentes à derivação sufixal e prefixal. A pronúncia foi consequência de um processo cognitivo que acionou regras de formação de palavras. 88). os lexemas básicos da língua portuguesa são substantivos. Dentre as entradas lexicais presas. segundo esta visão. p. 1992. Em determinado momento da nossa história. (CÂMARA.. Essas sequências linguísticas são chamadas de base pelo fato de serem recorrentes em lexemas compostos. a depender da aceitação dos seus utentes. na ótica sincrônica. é assim apresentada: “A morfologia lida. adjetivos.tica na Universidade Federal do Rio de Janeiro. portanto. podem admitir novos membros. conjunções e os artigos. 26 . palavra potencial que pertence ao léxico já que “O léxico representa o conjunto de palavras que está disponível para a atuação das regras da morfologia”. como entradas lexicais dependentes. Publicou várias obras. os linguístas assim dividem a morfologia: morfologia flexional e morfologia lexical. p. p. De modo geral. um Ministro de Estado usou a palavra imexível em um seu pronunciamento. Esperamos que vocês tenham compreendido o conceito de lexema. vocês já devem ter percebido que Léxico e Morfologia interagem. Lexemas se caracterizam por estarem incluídos em classes abertas. ou seja. uma definição de morfologia. Foi o pioneiro do estruturalismo e da Linguística no Brasil. Foi professor de Linguís. Essas entradas situam-se entre os morfemas gramaticais da língua. às desinências nominais e verbais. antecedida de traço: . FRIO e DELICADO. não podendo. assim. É imprescindível também aqui que vocês entendam que todo lexema possui o seu paradigma. CANTADOR. Essas possibilidades de variação. é chamada de palavra morfossintática. (ROSA. Passemos à exemplificação.. Essa definição será melhor compreendida no estudo específico da palavra morfossintática. É importante lembrar que lexemas.25). 2000. como já dissemos.O lexema e a palavra morfossintática Aula A morfologia flexional diz respeito “às categorias (. A morfologia lexical se volta para a estrutura dos lexemas complexos. teremos a seguinte frase inaceitável e. Esse paradigma é constituído por todas as possibilidades de variação do lexema. esse ramo da morfologia trata da relação existente entre lexemas relacionados através do processo da derivação e.) presentes numa palavra morfossintática.José é um vender. pertencentes a paradigmas diferentes. já que são formas derivadas destas últimas palavras léxicas. p. Se. no sentido de incorporar as propriedades morfossintáticas referentes à organização das mais diversas frases da língua. terão de ser levadas em conta pela sintaxe”. nessa frase. Os lexemas VENDEDOR. nesse sentido. incorporam as propriedades morfossintáticas e. CANTAR. conceito que será retomado ainda nesta aula. ocupar a mesma posição em um determinado enunciado. ao se atualizar. comprovam ser lexemas distintos. Dessa forma. Atenção à frase seguinte: José é um vendedor. FRIEZA e DELICADEZA estão relacionados a VENDER.. Vejamos os exemplos: VENDER – VENDEDOR CANTAR – CANTADOR FRIO – FRIEZA DELICADO – DELICADEZA Essas palavras constituem lexemas distintos embora regras morfológicas – regras derivacionais – estabeleçam relações entre elas. Vejam ainda a impossibilidade de substituição de ‘frio’ por ‘frieza’ no exemplo seguinte: 2 27 . para os processos através dos quais esses lexemas ou palavras léxicas são formadas. substituirmos ‘vendedor’ por ‘vender’. como tal. cada uma delas. Assim. PALAVRA MORFOSSINTÁTICA Como já temos observado bastante tanto na primeira. Essas evidências são provas de que VENDER. de informações acerca das flexões possíveis referentes a seu paradigma. 83). pertencem a lexemas distintos. Encontrando um contexto em que a substituição de uma forma morfossintática por outra não seja possível. consequentemente. o que implica o lexema acrescido de informações morfossintáticas. 83). Nesse sentido. conforme os exemplos seguintes: menino Ø – menina moço Ø – moça gato Ø – gata pato Ø – pata 28 . concluímos que essas formas pertencem a paradigmas diferentes e. ou seja. p. quando queremos nos referir à palavra em potencial. à palavra como virtualidade. 2000. que caracterizam a palavra morfossintática. estamos a nos referir às propriedades morfossintáticas. Em relação aos lexemas substantivos relacionados a seres sexuados. “O lexema é uma palavra considerada como unidade abstrata”. as noções de número e de pessoa referentes ao lexema verbal. p. Quando nos voltamos às possibilidades de manifestação desse lexema. FRIO e FRIEZA constituem lexemas distintos.O dia está frieza. a categoria da pessoa manifesta-se através das propriedades morfossintáticas de 1a. A expressão categoria morfossintática diz respeito às “noções relacionadas a essas propriedades. a categoria morfossintática do gênero se manifesta através da oposição entre o morfema {-a} (marca da propriedade morfossintática do feminino) e o morfema {Ø} (ausência de marcas com valor significativo) referente à propriedade morfossintática de masculino. 2000. reportamo-nos ao lexema da língua. em português. quanto nesta segunda aula. A categoria de número apresenta as propriedades morfossintáticas de singular e plural. que se aplicam a uma dada classe”. constituem categorias morfossintáticas. (ROSA. Convém estabelecer diferença entre propriedade morfossintática e categoria morfossintática. VENDEDOR. mas mutuamente exclusivas.Língua Portuguesa II O dia está frio. 2a e 3a pessoas relativas ao singular e ao plural. . Por sua vez. (ROSA. estudarmos exaustivamente a categoria do gênero. cônjuge. Essa categoria é de grande amplitude em português. p. Entretanto. substantivos referentes a seres sexuados. podemos aceitar que. como criança. selvagem. Em todos eles. Assim.O lexema e a palavra morfossintática Aula O fonema /o/. temos a seguinte representação: Categoria morfossintática do número {Ø} {-S } 2 29 . Por outro lado. Conforme já dissemos. é importante lembrar que “todo substantivo pertence ou ao gênero masculino ou ao gênero feminino”. o singular é a forma não marcada e o plural é a forma marcada com o ‘s’. Não é nosso propósito. de feminino. Seguem-se exemplos: O pente O telegrama A mesa A lente Em todos esses exemplos. pois apenas um percentual muito pequeno de palavras da língua não apresenta as propriedades morfossintáticas de singular e de plural. etc.196). é o determinante (artigos definidos) o responsável pela explicitação do gênero. Com esse objetivo. convém salientar que conforme “pesquisas já realizadas (ROCHA. Mesmo assim. nesta aula. podemos dizer. diz respeito a uma parte não-significante dos substantivos. 1999. 1981). nem todos recebem uma marca morfológica de gênero. pronunciado [u] constitui a vogal temática nominal.5% a seres sexuados.5%. Assim. uma vez que esse estudo deve ter sido feito na disciplina Língua Portuguesa I. desses 4. independentemente da explicitação morfológica concernente aos seres sexuados.” (ROCHA. considerada um item lexical preso no que respeita às entradas lexicais existentes no léxico da língua. no que respeita a essa categoria. Nesse sentido. Nesse sentido. que. a categoria do gênero é uma categoria sintática. homem. o nosso objetivo é mostrar as diferenças entre o lexema e o seu paradigma constituído pelas palavras morfossintáticas. (IDEM). esse processo morfológico exemplificado. vamos considerar a categoria do número em português. Ao tratarmos do gênero. 95. jacaré.5% dos substantivos referem-se a seres não-sexuados e 4. o gênero está explicitado pelos seus determinantes. de singular e de plural. O que importa nesta aula é deixar claro que os lexemas substantivos incorporam no seu paradigma palavras morfossintáticas com propriedades morfossintáticas de masculino. em língua portuguesa. embora o conceito de lexema atinja uma abstração maior. como ocorrem com todas as palavras morfossintáticas. aos conceitos de lexema e de palavras morfossintática. retomemos esses mesmos lexemas. acrescentando-lhes o seu paradigma. conforme vimos. então. ou seja. Esses lexemas não se referem a seres sexuados.Língua Portuguesa II As propriedades morfossintáticas do singular e plural decorrem da oposição entre o morfema zero e o morfema {-s}. o lexema acrescido das chamadas propriedades morfossintáticas. MENINO menino menina meninos meninas CASA casa casas CADEIRA cadeira cadeiras Apenas o paradigma do lexema MENINO inclui quatro palavras morfossintáticas. Vejamos as palavras em caixa alta. pois a sua explicitação é sintática. palavras morfossintáticas com a propriedade morfossintática do singular e do plural e com a propriedade morfossintática do masculino ou do feminino. no que respeita aos lexemas substantivos referentes a seres sexuados. representações de lexemas: MENINO – CASA – CADEIRA Agora. ‘leão’ – ‘leões’ e outros semelhantes devem ter sido analisados por vocês durante o curso da disciplina Língua Portuguesa I. Os lexemas CASA e CADEIRA só apresentam duas palavras morfossintáticas – referentes à categoria do número – já que a categoria do gênero escapa às regras morfológicas. Cabe ainda lembrar que essas palavras morfossintáticas. A abstração 30 . por estar associado de forma extralinguística a um ser sexuado. O que importa nesta aula é deixar claro que os lexemas substantivos incorporam. no sentido da exemplificação. apresenta as propriedades morfossintáticas referentes às categorias do gênero e do número. logo. Observem os seguintes exemplos: pratoØ – pratos camisaØ – camisas elefanteØ – elefantes Exemplos como ‘luz’ – ‘luzes’. situam-se num nível abstrato. já que esse lexema. em seu paradigma. Voltemos. há o morfema gramatical {-va} que se manifesta através dos alomorfes{-va} e {-ve}. Passado e Futuro (Tempo). Subjuntivo. Presente. conforme as frases seguintes: A menina bonita. em língua portuguesa. a manifestação das categorias morfossintáticas do modo. A manifestação dessas categorias se dá através da informação das propriedades morfossintáticas a elas relacionadas: Indicativo. as marcas de gênero e de número presentes em ‘bonita’ e ‘bonitas’ correspondem a exigências sintáticas de frase. no que respeita ao modo indicativo e ao passado imperfeito. Essas noções. no que respeita às chamadas partes do discurso. É possível. No que respeita aos nomes adjetivos. Tomemos um lexema verbal como AMAR. tanto a categoria do gênero quanto a do número se manifestam através do procedimento sintático da concordância. de forma generalizada. O morfema {-va} é responsável pelas propriedades morfossintáticas de indicativo e de passado ou pretérito imperfeito concernente às categorias morfossintáticas do 31 . As meninas bonitas. Imperativo. da pessoa. do número. Singular e Plural (Número). Primeira. se expressam através de morfemas gramaticais ou gramemas dependentes.O lexema e a palavra morfossintática Aula das palavras morfossintáticas justifica-se pelo fato de elas constituírem possibilidades em relação ao lexema. Segunda e Terceira (Pessoa). 2 O LEXEMA VERBO O lexema verbo constitui uma classe de palavra. como as gramáticas afirmam. a depreensão de verbos através de critérios morfológicos. em todas essas representações das palavras morfossintáticas. do tempo. Nessas frases. O fenômeno da alomorfia deve ter sido visto na Língua Portuguesa I ou na Linguística. (Modo). pode assim ser representado: AMAR amava amavas Paradigma amava amávamos amáveis amavam lexema Como vocês podem observar. uma vez as palavras morfossintáticas pertencentes aos mais diversos paradigmas incluem. O seu paradigma. As propriedades morfossintáticas referentes às categorias morfossintáticas do número e da pessoa. o morfema {-va} é um morfema cumulativo. {-is} e {-n}. servem-se do {-s} em relação à segunda pessoa. O morfema que porta propriedades morfossintáticas referentes a mais de uma categoria morfossintática. e do morfema zero {-Ø} no que respeita à primeira e à terceira pessoas. Os verbos tais quais ocorrem nas frases e/ou enunciados da língua correspondem ao conceito de vocábulo formal ou mórfico apresentado na aula passada. escrito ‘-m’ estão a serviço do plural no que respeita à segunda pessoa e à terceira pessoa. Talvez o gráfico que se segue os ajude a fixar as diferenças entre lexema ou palavra léxica. Esse conceito também diz respeito aos substantivos e aos adjetivos. Assim. Convém lembrar a vocês que as categorias do modo (indicativo) e do tempo (passado imperfeito) nos serviram de exemplo de paradigma em relação ao lexema verbal. O paradigma completo de um verbo corresponde a toda a sua conjugação. palavra morfossintática e vocábulo formal ou mórfico. As propriedades morfossintáticas concernentes ao plural e as diferentes pessoas assim se expressam: {mos}. Lexemas (abstração maior) Palavras morfossintáticas (abstração menor) Vocábulo formal ou mórfico (aspecto concreto) 32 . Vocês devem ter observado que as categorias gramaticais do número e da pessoa também se manifestam através de morfemas cumulativos. respectivamente. em relação ao plural e à primeira pessoa.Língua Portuguesa II modo e do tempo. como vocês já devem ter visto em Linguística e em Língua Portuguesa I. é chamado de morfema cumulativo. no que concerne ao singular. De outro modo. professores não se podem furtar de acompanhar as diferentes perspectivas teóricas que sustentam as diversas abordagens feitas a respeito do objeto de estudo da sua disciplina. Dentre as entradas lexicais. do tempo. potenciais. cuidamos das categorias do modo. o que culminou na Hipótese Lexicalista. virtuais. de palavra morfossintática e à compreensão da estrutura da palavra morfossintática em língua portuguesa. tratamos das categorias do gênero e do número. 2 RESUMO Os conceitos de palavra léxica ou lexema e de palavra morfossintática decorrem principalmente da posição de Chomsky em relação às nominalizações. do número e da pessoa. É essa crítica a mola propulsora do conhecimento científico. à disposição dos utentes da língua não só no sentido da formação de frases e/ou enunciadas através da atualização das palavras morfossintáticas como também no sentido da formação de novos lexemas. entendido como um conjunto de entradas lexicais ou itens lexicais a ser acionados pelas regras do componente morfológico. Já em relação aos lexemas verbais. Em relação aos substantivos e adjetivos da língua portuguesa. a gramática foi acrescida de um componente morfológico em constante interação com o léxico.O lexema e a palavra morfossintática Aula CONCLUSÃO Conhecer diferentes teorias que sustentam as análises diversas que se fazem de um objeto de conhecimento é de fundamental importância não só para o entendimento das análises. encontram-se os lexemas. mas também no sentido de promover uma apreciação crítica. Dessa forma. 33 . Conhecer os princípios do estruturalismo linguístico da Gramática Gerativo-Transformacional e da sua direção no que respeita à Hipótese Lexicalista é processo indispensável ao entendimento dos conceitos de Lexema ou palavra léxica. A palavra morfossintática corresponde ao lexema acrescido das suas propriedades morfossintáticas. Essas propriedades dizem respeito às diferentes categorias morfossintáticas próprias das diferentes línguas naturais. O léxico é. então. palavras abstratas. as nominalizações se explicariam pelo trabalho de regras _________________ no componente ____________ d) O conhecimento de uma lista de entradas _____________ faz parte da competência ______________ do falante. i) Todo ___________ possui o seu paradigma. ______________. m) Em língua portuguesa. k) A categoria do ____________. o) As categorias morfossintáticas relacionadas ao lexema verbo são as seguintes: ___________. as palavras de uma língua são formadas por regras _______________________ b) Substantivos terminados pelo sufixo ‘-mento’ decorreriam da aplicação de __________________________ a partir de um ___________ na ___________________________ c) Conforme a __________________________. h) A morfologia lexical está a serviço da ________________ de palavras léxicas ou ___________________. vogais temáticas são entradas lexicais _______________. n) Verbos. s) A conjugação __________________ de um verbo constitui o seu ________________ completo. _______________ e alguns _________. _______________. 34 . p) Presente. ______________. ___________. está ligado às _________________ morfossintáticas do ___________ e do tempo. q) O morfema {-va}. passado e futuro são _________________ morfossintáticas. j) O paradigma é formado por ________________________ de _________________ do lexema. desinências. em língua portuguesa.Língua Portuguesa II ATIVIDADES I. r) O morfema {-va} é chamado de morfema _____________________. podem ser depreendidos através de ______________ morfológicos. g) São lexemas básicos da língua portuguesa _____________. em português. e) Bases. Preencher as lacunas a) Segundo a teoria padrão referente à Gramática Gerativo– Transformacional. apenas lexemas referentes a _______________________ apresentam a categoria morfossintática do gênero. em verbos da língua portuguesa. f) Entradas lexicais ________________ incluem artigos. l) Essas propriedades morfossintáticas são depreendidas da oposição entre __________ e __________. resulta de uma oposição entre as propriedades morfossintáticas do singular e do ____________. afixos. ____________________ e _________________. 3. Maria Carlota. CÂMARA JÚNIOR. em língua portuguesa. ROSA. Responda as questões seguintes 1. São Paulo: Contexto. Petrópolis: Vozes. Petrópolis: Vozes. 1999. Estruturas lexicais do português. Explicite o seu entendimento a cerca da afirmação de que. Explicite o seu entendimento no que respeita à afirmação de que lexemas adjetivos apresentam as categorias do gênero e do número através de procedimento sintático. Procure explicar o processo de formação dessa palavra no léxico da língua. Diferencie categoria morfossintática de propriedade morfossintática.O lexema e a palavra morfossintática Aula t) As palavras presentes nas frases e/ou enunciados são denominadas de _______________________ ou mórficos. Os lexemas substantivo e adjetivo devem ter sido estudados na Língua Portuguesa I. em relação aos substantivos. Justifique a afirmação de que os lexemas básicos são classes abertas. “a categoria do gênero é uma categoria sintática”. 2 PRÓXIMA AULA Na próxima aula nos deteremos de forma vertical no lexema verbal. Estruturas morfológicas do português. Introdução à morfologia. 21 ed. uma abordagem gerativa. Estrutura da língua portuguesa. ROCHA. Joaquim Mattoso. II. 1980. 1992. 2000. 5. 6. Em propaganda de televisão nos deparamos com a palavra ‘imperdível’. Belo Horizonte: UFMG. 2. Luiz Carlos de Assis. 35 . Margarida. REFERÊNCIAS BASÍLIO. Manifeste o seu entendimento no que respeita ao conceito de vogal temática. 4. Aula O LEXEMA VERBO I 3 META Apresentar a descrição da estrutura morfossintática dos lexemas verbais regulares da língua portuguesa. (Fonte: tchellodbarros-poesiavisual. PRÉ-REQUISITOS Língua Portuguesa I.blogspot. . o aluno deverá: reconhecer as alomorfias e os alomorfes. analisar e descrever a estrutura dos verbos regulares da língua portuguesa. OBJETIVOS Ao final desta aula.com). agora vamos estudar a estrutura morfossintática dos lexemas verbais regulares.blogspot. 38 . (Fonte: bartambemecultura. Esse estudo implica a análise e a descrição das palavras morfossintáticas relacionadas às categorias verbais.Língua Portuguesa II INTRODUÇÃO Caros alunos. trataremos de conceitos como os de vogal temática. Analisaremos também as alomorfias relativas a essas desinências. Assim.com). de desinências modotemporais e número-pessoais. existe a afirmação de que “é sintaticamente que o reconhecimento das palavras pertencentes à categoria dos verbos se mostra mais eficaz: apenas os verbos articulam-se com os pronomes pessoais do caso reto. os verbos eram entendidos como palavras que expressam a ação ou a qualidade. como constituinte de uma proposição” (LYONS. COMEMORAÇÃO. a pessoa. a Nomenclatura Gramatical Brasileira. 2000.” (SAUTCHUCK. 1970. 1979. 194). como se pode depreender de EDUCAÇÃO. vieste. foi feito sobre fundamento lógico. Para Platão. p. estarás Ele: promete. p. cantava. pareço. ficastes. pareceis. a palavra que expressa ação. recuperaremos. foi. almejo Tu: sabes. demoraram. passaremos a considerar algumas definições de verbos nas nossas gramáticas. sois Eles: ficam. fenômeno cambiante e. Essa nomenclatura não “estabelece definição para as classes. estavas. escrevemos. o verbo está associado à ação. ENTENDIMENTO. 20). há que considerar que “a definição das mais importantes classes gramaticais. virá. Assim.O lexema verbo I Aula O verbo já havia sido reconhecido nas investigações linguísticas dos gregos. Transcrevemos os exemplos seguintes: Eu: vou. “substantivos e verbos”. temos que colhê-las nas gramáticas”. Lembra a autora que existe a prática da conjugação do verbo no sentido de os iniciantes chegarem à certeza de que determinados lexemas são verbos. Importa aqui salientar que critérios lógico-discursivos presidiram à distinção entre nomes e verbos. é a palavra dinâmica. fico. p. Assim. 27). 11). PROLONGAMENTO. permanecias. 2004. instituída pela portaria ministerial de 28/01/59. Assim. o número” (BECHARA. 2006. p. Nesse sentido. gostavam. Na primeira metade do século XX. “Entende-se por verbo a unidade que significa ação ou processo e organizada para expressar o modo. como já vimos. uma vez que há no léxico da língua portuguesa lexemas substantivos que expressam a ação ou o resultado da ação. os “substantivos” eram reconhecidos por funcionar nas frases como sujeito de um predicado. esporadicamente. explodiu Nós: ficávamos. 134). Cabe aqui destacar que essa associação não caracteriza ou identifica o verbo no que respeita às outras classes de palavras. estive. os estudiosos se voltam a outros caminhos de reconhecimento dos verbos. “O VERBO. Nessas duas definições. isto é. o tempo. Diante de evidências dessas. partimos Vós: estais. Os estudiosos afirmam ter sido Platão o primeiro a apresentar uma distinção clara entre os substantivos e os verbos. inclui o verbo entre as dez classes de palavras a serviço da categorização das palavras da língua. desabariam 3 39 . ENCANTAMENTO. estado ou mudança de estado” (MELO. VISUALIZAÇÃO. (DUARTE. p. Língua Portuguesa II Não nega, entretanto, Sautchuck que a grande variedade formal dos verbos da língua portuguesa permite a sua fácil identificação por critérios formais ou mórficos. Assim, passaremos a estudar as categorias verbais. CATEGORIAS VERBAIS A parte da morfologia que trata das categorias morfossintáticas, entre as quais se incluem as categorias verbais, é chamada, conforme vimos na aula passada de morfologia flexional. Esse estudo, no que respeita ao verbo, trata da maneira através da qual “o verbo se combina (...) com instrumentos gramaticais (morfemas), de tempo, de modo, de pessoa, de número” (BECHARA, 2006, p. 194). É através dessas combinações que as oposições funcionais referentes às categorias se manifestam. Vejamos os seguintes exemplos: Amo Amas Ama vendo vendes vende parto partes parte As oposições, depreendidas dessas formas correspondentes aos lexemas AMAR, VENDER e PARTIR, dizem respeito à categoria gramatical da pessoa, já que todas elas manifestam o singular e o presente do indicativo. Essa constatação pode ser feita até por alunos do ensino fundamental. Essa oposição, que diz respeito apenas a uma categoria morfossintática, é chamada de oposição simples. As oposições complexas são concernentes a mais de uma categoria morfossintática. De maneira semelhante, percebemos que, entre as formas amo e amamos (indicativo presente), a oposição diz respeito à categoria do número, já que as duas formas estão a serviço da primeira pessoa. De outro modo, cotejadas as sequências amávamos e amaremos, a conclusão é a de que a oposição se situa na categoria de tempo (pretérito imperfeito / futuro do presente). Vocês talvez se perguntem se, em cada par opositivo, é apenas possível a dedução de uma oposição. Tenham, pois, certeza de que não, já que é comum a compreensão de mais de uma oposição em um par opositivo. Observem os exemplos seguintes: Vendias Venderemos partirás partiremos Em relação a VENDER, é possível inferir-se a diferença entre segunda pessoa do singular e primeira pessoa do plural, o que implica a categoria da 40 O lexema verbo I Aula pessoa e a de número, uma oposição complexa. De outra forma, deduzimos a diferença entre pretérito imperfeito e futuro do presente, o que acarreta a categoria do tempo, oposição simples. Também em relação a PARTIR, a oposição entre segunda pessoa do singular e primeira pessoa do plural concernentes às categorias da pessoa e de número, exemplifica uma oposição complexa. A depreensão das marcas referentes às propriedades sintáticas concernentes a cada categoria morfossintática será considerada um pouco mais adiante, nesta mesma aula. Uma palavra léxica como um lexema verbo – repetimos o dito nas duas primeiras aulas – é uma palavra abstrata. Assim, inclui, no seu paradigma, todas as palavras morfossintáticas portadoras das propriedades morfossintáticas referentes às categorias verbais. Nesse sentido, a expressão conjugar um verbo vale dizer “É dizê-lo, de acordo com um sistema determinado, um paradigma em todas as suas formas nas diversas pessoas, números, tempos, modos” (BECHARA, 2006, p. 199). Lexemas verbais são considerados regulares, quando as palavras morfossintáticas que constituem o seu paradigma permanecem invariáveis tanto em relação ao radical quanto no que respeita às propriedades morfossintáticas indicadas. Quando o paradigma de um verbo inclui alterações, quer no radical, quer nas terminações, a gramática classifica esse lexema-verbo como irregular. 3 ESTRUTURA VERBAL-PADRÃO GERAL É indiscutível a grandeza da flexão verbal em português. A economia presente nas línguas naturais atua no sentido de indicar duas categorias por meio de um único gramema ou morfema gramatical. Dessa forma, as noções referentes ao modo e ao tempo se manifestam através de um só morfema, o que ocorre também com as significações concernentes ao número e à pessoa. Esses morfemas, por serem responsáveis por mais de um sentido gramatical, são denominados de morfemas cumulativos. Nas gramáticas escolares, são eles chamados de desinências verbais. Assim, quando nos referirmos às desinências verbais, estaremos a falar de morfemas cumulativos. A riqueza e consequente complexidade superficial da “estrutura do verbo” pode ser simbolizada por uma fórmula relativamente simples. Verbo: R + VT + DMT + DNP Andávamos: and + á + va + mos (ZANOTTO, 2001, p. 83). 41 Língua Portuguesa II Normélio Zanotto Gaúcho, do município de Antônio Prado. Formou-se em Letras pela Universidade de Caxias do Sul. Especializou-se em Linguística Aplicada pela PUCRS e em Métodos e Técnicas de Ensino pela Universidade Federal do Ceará. Atualmente é professor titular e pesquisador do Departamento de Letras da Universidade de Caxias do Sul. Observem, agora, a leitura referente à fórmula: R = radical (elemento indispensável a qualquer verbo da língua portuguesa) VT = vogal temática (possui duas funções: eufônica, prepara o radical para receber as desinências; categorial, permite agrupar os verbos em três conjugações). DMT = desinência modo-temporal (atualiza as categorias do modo e do tempo). DNP = desinência número-pessoal (representação cumulativa das categorias do número e da pessoa). Vocês sabem, obviamente, que o radical acrescido da vogal temática constitui o tema verbal. Dessa forma, o professor Normélio Zanotto completa a fórmula anterior, com a ilustração seguinte: Verbo: T (R + VT) + D (DMT + DNP) Andávamos: anda (anda + á) + vamos (vamos) VOGAL TEMÁTICA A vogal temática permite, como já dissemos, a classificação dos verbos da língua portuguesa em três grupos ou conjugações: primeira conjugação, CI; segunda conjugação, CII; terceira conjugação, CIII. A vogal “a” caracteriza a CI; a vogal “e” identifica a CII; a vogal “i” é própria da CIII. Assim, nadar pertence à CI; vender, à CII e partir, a CIII. Comprova-se, assim, a função classificatória ou taxionômica das nossas vogais temáticas verbais. Essas vogais, nos diversos vocábulos mórficos, formas atualizadoras dos lexemas verbais, sob a ação de regras da morfologia flexional, sofrem alterações. Transcrevemos a seguir uma sistematização referente às configurações da vogal temática “a”. Vogal temática (CI) Na CI, ocorre - a como marca geral - e na P1IdPt2 (alomorfe) - o na P3IdPt2 (alomorfe) Ø na P1IdPr2 no SbPr (ZANOTTO, 2001, p. 88) 42 A ausência da vogal temática. em contiguidade ao {-i}. resulta da supressão total da 43 . Já em P3. as propriedades morfossintáticas são assim representadas: 3 CATEGORIAS DO MODO (INDICATIVO) E DO TEMPO IdPr = indicativo presente IdPt1 = imperfeito do indicativo IdPt2 = perfeito do indicativo IdPt3 = mais-que-perfeito do indicativo IdFt1 = futuro do presente IdFt2 = futuro de pretérito CATEGORIAS DO MODO (SUBJUNTIVO) E DO TEMPO SbPr = subjuntivo presente SbPt = subjuntivo pretérito ou passado (imperfeito do subjuntivo) SbFt = subjuntivo futuro CATEGORIA DO MODO IMPERATIVO IpAf = imperativo afirmativo IpNeg = imperativo negativo FORMAS NOMINAIS If = infinitivo Gr = gerúndio Pa = particípio Meus alunos. resultam de uma assimilação parcial decorrente do contexto fonológico em que estão inseridos: a vogal temática {-a-}. em P1 transforma-se no alomorfe {-e-}. No que tange as categorias do modo e do tempo. No que respeita a CI. em P1 e P3.O lexema verbo I Aula As propriedades morfossintáticas referentes às categorias da pessoa e do número são assim abreviadas: P1. o alomorfe {-o}resulta da proximidade entre a vogal temática {-a}e a desinência {-m}. referentes ao IdPt2. os alomorfes /-c-/ e /-Ø/. P5 e P6 (plural). P2 e P3 (singular) e P4. em P1IdPr. Atenção: representamos os morfemas entre chaves e os alomorfes entre barras. vocês devem voltar ao curso de Língua Portuguesa I e rever os conceitos de alomorfia e de alomorfe. e no P1IdPt2 no SbPr (Zanotto. a ausência da vogal temática decorre da atuação da regra da supressão. o verbo vender.89) Como vocês sabem.e como VT geral .e no Pa Ø no P1IdPr. no IdPt1. Esse fenômeno decorre da ativação da regra da supressão. a ausência da vogal temática {-a-} se explica também pela regra da supressão. a vogal temática está representada pelo alomorfe /-i-/ . 2001). Nesse sentido.Língua Portuguesa II vogal temática {-a-}. “A vogal final átona de um elemento mórfico é suprimida na estrutura de vocábulo. quando se adjunge outro elemento mórfico de vogal inicial diversa”. Atenção aos exemplos. partir. uma vez que é {-i-} vogal temática da CIII. Pa (particípio) – Vend + Ø + ido 44 . Em todo o SbPr. ocorre . a vogal temática da CII é {-e}. em contato com a desinência {-o}. 2001. (MATTOSO in ZANOTTO. a vogal temática perde a sua função distintiva no que respeita à CII e à CIII. Seguem-se exemplos: IdPr IdPt2 IdPr Vogal temática (CII) Na CII. Nos tempos e pessoas indicados no quadro apresentado. Um exemplo. No particípio. p. Como exemplo. no que se refere aos tempos e pessoas indicados.O lexema verbo I Aula Convém lembrar que não separamos entre si as desinências de modo/ tempo e de número/pessoa. A língua escrita escolheu o /-e-/ como representante do arquifonema. Seguem quadros que explicitam as desinências modo-temporais e número-pessoais.e no P2 P3. como também a análise dos verbos regulares das CI. Entretanto.e como VT geral . Em algumas regiões do País o {-e. P6IdPr e P2IpAf Ø na P1 e P5IdPr. CII e CIII. Vocês devem retomar o Curso de Fonologia. senão na maior parte das nossas regiões. Atenção aos gramemas específicos de cada categoria morfossintática. Especial atenção aos impe- 45 . na grande parte. no IdPt2 e no SbPr O alomorfe /-e-/. o arquifonema é representado por /-i-/. apresentadas pelo professor Normélio Zanotto. A neutralização acarreta o surgimento de um arquifonema que pode ocorrer na forma de qualquer um dos elementos opositivos em relação aos quais ocorreu a neutralização. no IdPt1. no sentido de relembrar conceito como os de neutralização e de arquifonema. decorre da neutralização da oposição entre as vogais temáticas da CII e CIII. ocorre . graças à posição átona final ocupada.corresponde à pronúncia adotada. 3 Vogal temática (CIII) Na CIII. Esses morfemas gramaticais ou gramemas estão destacados em quadros expostos no decorrer desta aula. Língua Portuguesa II rativos afirmativo e negativo. retomar a formação do Imperativo em gramáticas como as de Celso Cunha e Evanildo Bechara. DESINÊNCIA MODO-TEMPORAL 46 . Nesse sentido. para cada uma das seis pessoas. 90) DESINÊNCIA NÚMERO-PESSOAL Nota 1.O lexema verbo I Aula 3 (ZANOTO. p. 2001. Ø andasse-Ø -s andasse-s Ø andasse-Ø -mos andásse-mos -is andásse-is -m andasse-m 47 . respectivamente. Conclui-se que as DNPs básicas são. Língua Portuguesa II (ZANOTTO. 92) PRIMEIRA CONJUGAÇÃO – CI 48 . p. 2001. 2001.O lexema verbo I Aula (ZANOTO. 85) 3 SEGUNDA CONJUGAÇÃO – CII 49 . p. 86) TERCEIRA CONJUGAÇÃO – CIII (ZANOTTO.Língua Portuguesa II (ZANOTO. 2001. 87) 50 . p. 2001. p. O lexema verbo I Aula CONCLUSÃO Analisar e descrever a estrutura das palavras morfossintáticas é um processo fundamental no que respeita à explicitação do conhecimento linguístico. mostramos os gramemas identificadores das três diferentes conjugações – as vogais temáticas. assim. Adotamos. 3 RESUMO Esse estudo abordou considerações sobre diferentes conceitos de verbos e sobre a relação entre esses conceitos e possíveis formas de identificação dessa classe de lexemas. no que respeita aos padrões regulares. já que ele é condição necessária e suficiente da sua existência. essa maneira de trabalhar. na perspectiva da morfologia. Apresentamos também os gramemas relacionados às diferentes categorias morfossintáticas verbais. optamos por apresentar a análise e descrição desses vocábulos. 51 . no estudo dos padrões verbais regulares da língua portuguesa. Assim. Lembramos que o verbo é a palavra nuclear das nossas orações. Graças à complexidade morfológica do verbo. Há excedente de leite no país e o consumo não dá para absorver a produção intensiva. D. por meio de abreviações convencionais. “Os funcionários dos guichês também apresentavam sinais de ruína.Língua Portuguesa II ATIVIDADES a) Em português é possível _________ verbos por meio de ____________ morfológicos. Marque as vogais temáticas verbais e/ou alomorfes no trecho seguinte: “O DONO DA USINA.(C. de ANDRADE). i) O fenômeno concernente à variação de um determinado morfema gramatical ou gramema recebe o nome de _________.” 52 . m) Qual o gramema representante da P4 em língua portuguesa? II. ao IdPt2. f) Gramemas ou morfemas gramaticais que manifestam mais de uma categoria gramatical são chamados de ___________ g) Vogais temáticas. e) Lexemas verbais cujas palavras morfossintáticas não se alteram em todo o paradigma são chamados de verbos ou lexemas-verbo _______________. entrevistado. Essa marca ocorre em ____________. j) O gramema {-e} é a marca do SbPr na CI. b) A parte da morfologia que trata das categorias _______ é chamada de morfologia flexional. da __________ e do ____________. as propriedades morfossintáticas referentes às categorias gramaticais do modo (indicativo) e do tempo. D. Sublinhe gramemas relacionados às propriedades morfossintáticas referentes ao IdPt1. apresentam duas funções: ____________ e ______________ h) Indique. k)Apresente as DNPs relativas à P5. explicou ao repórter que a situação é grave. em língua portuguesa. “Durante uma hora debateram o negócio. Samuel estava suando”. c) Quais as categorias morfossintáticas relacionadas às propriedades morfossintáticas do singular e do indicativo? _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ d) Cotejadas as formas vivias e viveremos.” (C. l) Explique a alomorfia relativa ao IdPt2. de ANDRADE) III. depreendemos ___________ posições linguísticas referentes às categorias gramaticais do ____________. 2. 3. Marque (I). ( ( ( ( ( ) perdido ) perder ) perdendo ) amares ) amado ( ( ( ( ( ) amando ) partido ) partindo ) partir ) partires ( ( ( ( ( ) escrevendo ) escrito ) escrever ) escreveres ) partires 3 V. 7.O lexema verbo I Aula IV. 5. 6. 4. Complete adequadamente a 1a coluna de acordo com a 2a dando atenção ao gramema que está indicado. conforme a forma verbal esteja no infinitivo. gerúndio ou particípio. ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ) am – a – r ) vend – e – r ) part – i – r ) part – a ) corr – e – mos ) am – a – va ) am – á – va – mos ) perd – e – rá – s ) perd – e – re – i ) am – a – ria ) am – a – ndo ) part – i – ste ) prend – e – ndo ) am – a – s 1. (G) ou (P). radical vogal temática desinência modo-temporal desinência número-pessoal desinência de infinitivo desinência do gerúndio desinência de infinitivo 53 . SAUTCHUCK. Rio de Janeiro: Acadêmica. 2004. Fortaleza: EUFC. John. Maria Claudete (colaboradora). 1970. REFERÊNCIAS BECHARA. 54 . 2006. MELO. São Paulo: Companhia Editora Nacional. Prática de morfossintaxe. Evanildo. veremos os chamados verbos irregulares. Rio de Janeiro: Lucerna.Língua Portuguesa II PRÓXIMA AULA Na próxima. 2 ed. Gramática fundamental da língua portuguesa. DUARTE. LIMA. Paulo Mozânio Teixeira. Gladstone Chaves de. Classes e categorias em português. Barueri – SP: Manole. Inez. 2000. Introdução à linguística teórica. Gramática escolar da língua portuguesa. 1979. LYONS. Apresentar a supletividade de radicais.blogstorage. a defectividade e a abundância verbais. OBJETIVOS Ao final do curso. . o aluno deverá: explicitar o seu conhecimento em relação à irregularidade verbal. PRÉ-REQUISITOS Língua Portuguesa I. reconhecer e empregar verbos de radicais supletivos.com). operar transformações passiva e reflexiva. Descrever as vozes verbais. (Fonte: http://static.Aula O LEXEMA VERBO II 4 META Mostrar uma possível sistematização da estrutura morfossintática dos lexemas verbais (irregulares) da língua portuguesa.hi-pi. 56 . verão vocês a possibilidade de escolha no que respeita à passiva e a obrigatoriedade em relação a reflexiva. (Fonte: http://tirasdoeuricefalo.blogspot. procuraremos desbravar sendas no sentido de entender o fenômeno da chamada irregularidade verbal. Nesta aula.Língua Portuguesa II INTRODUÇÃO Continuemos a nossa viagem pelo mundo dos verbos. A anomalia atribuída a alguns verbos é explicada através da supletividade de radicais. Ao estudar as vozes verbais.com). Esse caminho desemboca nos domínios da defectividade e da abundância dos nossos verbos. IRREGULARIDADES NA . uma vez que constituem diferentes formas de representação no que respeita aos lexemas-verbo tais como se manifestam na forma nominal chamada de infinitivo. Nesse sentido. .acréscimo de consoante: vejo.O lexema verbo II Aula VERBOS IRREGULARES São chamados de irregulares os verbos que fogem ao padrão descrito na nossa aula passada. dentre as irregularidades no radical. 2001. A fuga aos padrões regulares pode ocorrer no radical (morfema lexical) ou no tema ou nas desinências (morfemas gramaticais ou gramemas). nos chamados anômalos” (ZANOTTO. .troca da consoante do radical: digo. p. Zanotto. p. Zanotto. . Esses radicais são denominados de radicais alomórficos. Mas. no que se refere às irregularidades no P1IdPr.ditongação pelo acréscimo de urna semivogal: caibo. É importante reconhecer essas irregularidades. 93) O fenômeno linguístico que explica as alterações ocorridas nos radicais apresentados é chamado de alomorfia. 93). Considera-se que a irregularidade “vai desde uma simples alternância vocálica até a ocorrência de radicais supletivas para o mesmo verbo.travamento nasal do radical: ponho. pois elas se mantêm nos vários tempos e modos formados a partir dessas pessoas. Em língua portuguesa. são muitos os verbos que possuem radicais alomórficos. 2001. peço-lhes que leiam nas gramáticas escolares sobre tempos verbais primitivos e derivados. 4 IRREGULARIDADES NO RADICAL Ainda segundo o Prof. apresentamos a relação de alguns deles: 57 .P1IDPR “Esse radical especial da P1IdPr pode apresentar várias particularidades como: . no que concerne à P1IdPr.troca da vogal do radical: durmo. ressaltamos aquelas que ocorrem na P1IdPr e na P2IdPt2.” (ZANOTTO. . Segue-se a análise do Prof. denigres. p.Língua Portuguesa II “caibo. durmo. p. previne. sirvo. 94) Há verbos que trazem na P2. cubro. 94) IRREGULARIDADE DA P2IDPT2 “Essa irregularidade também assume relevância. 2001. isto é. Atenção à relação seguinte: “sei – saiba hei – haja quero – queira estou – esteja sou – seja vou – vá dou – dê” (ZANOTTO. ´progridem etc. já que vai repetir-se nos tempos derivados dessa pessoa. faço. 95) 58 . progrides. denigre. digo. trago. no ldPt3. 2001. agrides. confiro. que não levam a irregularidade da P1IdPr a outros tempos e modos costumeiramente dela derivados. cirzo. cirzes. prefiro reflito. no SbPt e no SbFt. 2001. prevines. poucos deles. posso. requeiro. agride. tenho. acudo. minto. na P3 e na P6 o radical alterado da P1IdPr.” (ZANOTTO. consigo. ponho. p. agridem. cirze. Vejam vocês a relação apresentada por Zanotto: “agrido. p. 2001. visto. cirzem denigro. compito. denigrem previno. progrido. venho etc. vejo. P2IdPt2 IdPt3 SbPt SbFt (ZANOTTO. tusso. adiro. previnem.” (ZANOTTO. 94) Existem verbos. sigo. progride. p. 59 . a seguir. os verbos ser e ir. 2001.O lexema verbo II Aula Vocês devem. Nesse sentido. 95) - RADICAIS SUPLETIVOS Dentre os nossos verbos. na sua conjugação. radicais totalmente diferentes. no seu paradigma. então. Um outro verbo que merece destaque. ir às gramáticas escolares e procurar verbos que apresentem esse tipo de irregularidade.” P1 Fiz Tive Estive Pude Pus Fui P3 Fez Teve Esteve Pôde Pôs Foi (ZANOTTO. retirada de Zanotto. apresentamos. 4 RADICAIS COM ALTERNÂNCIA VOCÁLICA MORFÊMICA Essa alternância se manifesta através de “uma troca de vogais do radical da P1 e da P3 do IdPt2. há dois que apresentam. já que apresenta bastantes irregularidades é o verbo pôr. por isso se diz alternância morfêmica. sendo essa a única marca que distingue as duas pessoas. São eles. a análise da estrutura desses verbos. 97) 60 .Língua Portuguesa II SER (ZANOTTO. p. 2001. 2001.O lexema verbo II Aula IR 4 (ZANOTTO. p. 98) 61 . p.Língua Portuguesa II PÔR (ZANOTTO. 99) 62 . 2001. “Alguns verbos de radicais monossilábicos. Zanotto. no decorrer da flexão completa desses verbos. da CII (d + e + Ø + ste) viste – com VT -i. apresentam a DNP da P5 especial. 100) 4 IRREGULARIDADES DESINENCIAIS O Prof. Há razões para a defectividade verbal. da CII e da CIII. DEFECTIVIDADE VERBAL Defectividade verbal é a qualidade abstrata referente a verbos cuja conjugação apresenta falta de algumas formas. “Troca de VT: deste – com VT -e. da CIII (v + i + Ø + ste) Crase do VT: rir: ri + (i) + r + Ø ler: le + (e) + r + Ø ir: i + (i) + r + Ø crer: cre + (e) + r + Ø Essas crases repetem-se em várias pessoas.O lexema verbo II Aula IRREGULARIDADE TEMÁTICA Esse tipo de irregularidade pode decorrer da troca referente à vogal temática e da crase concernente à mesma vogal.” (ZANOTTO. 100) Lembra Zanotto que “outras irregularidades desinenciais são aleatórias. Esses verbos são. Dentre 63 . assim. chamados de defectivos. p. 2001. p. Zanotto procura sistematizar essas irregularidades.” (ZANOTTO. p. gramáticas da língua portuguesa devem ser consultadas sempre que necessário. Em lugar da regular -is aparece -des. 2001.100) Nesse sentido. a descrição do Prof. Observem por favor. esquivas a agrupamentos. 2001. cre-des – ri-des i-des – ten-des le-des – ve-des pon-des – vin-des” (ZANOTTO. Essa ausência pode ser justificada pelo fato de as pronúncias das sequências reavo e precavo apresentarem-se dissonantes. impingir. o IpNeg e no IpAf. P2. a ausência da P1IdPr – remo – poderia se explicar pelo fato de esse vocábulo mórfico ativar na mente dos falantes nativos. 202) Atenção: Por faltar a esses verbos. P4 e P6 do IpAf e IpNeg). falta-lhes o IpNeg. aturdir. lembramos os verbos reaver e precaver-(se). haurir. a P1IdPr. ressarcir. esbaforir. A eles faltam os P1. e. Segundo o Prof. 2006. retorquir.” (BECHARA. (BECHARA. transir. revelir. os verbos defectivos se distribuem em três grupos: Grupo 1 Verbos que não são conjugados nas pessoas em que. daí aparecer de vez em quando uma forma verbal que a gramática diz não ser usada”. florir. fornir. delir. (fremir). 202) Considerando um verbo defectivo como remir. Em relação à eufonia. falir. o significado de objeto utilizado pelos homens para fazer embarcações se deslocarem em superfícies de água. Esses verbos. (BECHARA. só aparece a P5. lembramos a eufonia e a significação. soer. remir. Grupo 3 Os verbos ‘precaver’(-se) e ‘reaver’. só possuem a P4 e a P5. de forma predominante. No IpAf. Dessa forma. aguerrir. extorquir. explodir. “adir. no IdPr. renhir. 2006. depois do radical. inanir. emolir. jungir. demolir.Língua Portuguesa II elas. esculpir. empedernir. vagir. puir. o IpAf. não possuem o SbPr e o IpNeg. p. P3. p. aparece ‘o’ ou ‘a’. P2. fremer. só aparecem as P2 e P5. carpir. 202) Atenção: Também a esses verbos. Evanildo Bechara. por exemplo. espargir. Convém lembrar que “o critério da eufonia pode variar com o tempo e com o gosto dos escritores. bramir. fulgir. delinquir. ressequir. feder. faltam-lhes o SbPr. só possuem a P5. p. exaurir. garrir. combalir”. brandir. 2006. por faltar-lhes o SbPr. Grupo 2 Verbos que são unicamente usados nas formas em que vem ‘i’ após o radical. espavorir. Consideremos as formas ausentes ‘reavo’ e ‘precavo’. “banir. P3 e P6 do IdPr e as formas derivadas da P1 (SbPr. ruir. abolir. Assim: 64 . colorir. IdPr Adequamos. adequais Antiquamos. As formas mais comuns de abundância ocorrem no particípio. o exemplo: “Choviam palavras intempestivas. antiquar cabem as mesmas observações feitas em relação a precaver e reaver. Geralmente designam as vozes de animais. Verbos unipessoais O lobo das estepes uiva. vale dizer.O lexema verbo II Aula IdPr Precavemos. Os verbos com abundância participial apresentam o chamado particípio regular.” 4 ABUNDÂNCIA VERBAL Esse tipo de abundância diz respeito ao fato de existirem verbos que apresentam duas ou mais formas variantes em alguma flexão de uma conjugação. precaveis Reavemos. Os unipessoais só se conjugam nas P3 e P6 (terceiras pessoas). reaveis IPAf Precavei. É importante lembrar a distinção entre verbos unipessoais e verbos impessoais. Dessa forma. tanto os verbos impessoais quanto os unipessoais são conjugados em quaisquer das pessoas gramaticais. Relampejou durante toda a noite. duas ou mais palavras mórficas relacionadas às mesmas informações morfossintáticas. Vejam. Observação: Em sentido figurado. Verbos impessoais Chovia bastante naquele inverno. antiquai Os verbos grassar. reavei Aos verbos adequar. costumeiramente empregados nos tempos verbais com- 65 . vocês. Os verbos que apresentam essas formas variantes são chamados de verbos abundantes. Já os impessoais são aqueles só utilizados na P3. antiquais IpAf Adequai. rever (= destilar) e pesar (causar tristeza) só são usados nas P3 e P6. Os balões foram soltos ao entardecer. Seguem-se exemplos de particípios abundantes distribuídos em verbos da CI. O particípio chamado de irregular é empregado com os auxiliares SER e ESTAR.Língua Portuguesa II postos com os auxiliares TER e HAVER. Exemplos: Os meninos tinham (ou haviam) soltado os balões. VERBOS ABUNDANTES 66 . Vocês devem rever verbos auxiliares e tempos compostos em gramáticas escolares. da CII e da CIII. continuam na língua. OBS. isto é. Ter ou haver pago. ou seja.O lexema verbo II Aula Meus caros alunos. Dentre outros. (Essas observações têm como base. GASTAR. O vento havia enxugado toda a roupa. f) Pelo modelo de entregue formou-se empregue de uso frequente em Portugal e na linguagem popular do Brasil. colheito do verbo colher. e resoluto de resolver. ou foram extraídas da “NOVA GRAMÁTICA DO PORTUGUÊS CONTEMPORÂNEO” de Celso Cunha e Lindley Cintra). estão nesse caso: cinto do verbo cingir. FICAR. A ideia foi aceite por todos. Dir-se-á. Atenção aos exemplos seguinte: O vestido enxuto está guardado. g) Muitos particípios irregulares. Somente essas formas irregulares se combinam com os verbos ESTAR. PAGA. usa-se apenas o particípio em – ido. Mas. Enxugado é particípio de enxugar. 4 VERBOS SEM PARTICÍPIO REGULAR ABRIR (aberto) COBRIR (coberto) FAZER (feito) PÔR (posto) 67 . ‘gravar’. que tem a função sintática de adjunto adnominal de vestido. por favor.: Roto é mais empregado como adjetivo. por exemplo: Este livro foi impresso no Brasil. c) Morto é particípio de MORRER e estendeu-se a MATAR. e) O verbo imprimir possui duplo particípio. Com esses verbos. Quando significar ‘estampar’. por outro lado: Foi imprimida enorme velocidade ao veículo. IR e VIR. ‘Enxuto’ é um adjetivo. a língua já consagrou o seguinte uso: Ter ou haver ganho. ‘infundir’. um sintagma adjetival. como núcleos de sintagmas adjetivais. Foram rompidas nossas relações. Alguns como absoluto de absorver. b) A forma participial aceite é mais usada em Portugal. Ter ou haver gasto. mas com valor de adjetivo. d) O particípio rompido usa-se também com o auxiliar SER. a) Apenas os chamados particípios irregulares são usados como adjetivos. ANDAR. Atenção aos verbos GANHAR. prestem atenção às importantes observações concernentes aos particípios abundantes. que outrora serviam para formar tempos-compostos caíram em desuso. usa-se a forma impresso. despeso do verbo despender. Na acepção de ‘produzir movimento’. P5 e P6 do IdPt2. do IdPt3. com as suas formas variantes. do SbPt e do SbFt. FALAR – falado – * falo. limpo e correto são usados como adjetivos. ESTAR e outros. Ainda em relação à abundância de alguns verbos. Atenção. grosseiro.” (GARRETT) “Por noite desabrida de janeiro. É importante lembrar a vocês que DESABRIR faz desabrido e não desaberto. conforme o que se expõe em relação a COMPRAZER. observem vocês o comportamento dos verbos seguintes. COMPRAZER E DESCOMPRAZER Esses verbos apresentam duas formas. vocês. P4.” (CAMILO) Atenção aos empregos equivocados de particípio. HAVER. dois vocábulos formais referentes às P1. P3. P2. ao significado de desabrido: áspero. 68 . PEGAR – pegado – * pego PASMAR – pasmado – * pasmo LIMPAR – limpado – * limpo CORRIGIR – corrigido – * correto Pasmo. inconveniente. SER.Língua Portuguesa II DIZER (dito) ESCREVER (escrito) VER (visto) VIR (vindo) Os particípios desses verbos são usados indiferentemente com TER. rude. insolente. Observem os exemplos: “Nunca usei de uma palavra desabrida desde que falo. P3 e P6 do IdPr. ENTUPIR E DESENTUPIR Formas variantes nas P2. P3 e P6 do IdPr e na P2 do IpAf. 69 .O lexema verbo II Aula 4 CONSTRUIR E SEU GRUPO Esses verbos têm formas variantes. para as P2. Possuem também formas variantes para a P2 do IpAf. Quanto às variantes quere e requere “são formas que só têm curso em Portugal. quere é criação recente (séc. IR Variantes referentes à P4 e à P5 do IdPr. sem adoção geral) e requere é forma já antiga na língua”.Língua Portuguesa II HAVER Variantes relativas às P4 e P5 do IdPr. (BECHARA. p. QUERER E REQUERER Presença de formas variantes para a P3 do IdPr. 204) 70 . XIX – XX. O IpAf não apresenta variação. 2006. Variantes referentes à P4 e à P5 do IdPr. 123). VOZ ATIVA É chamada voz ativa a forma apresentada pelo verbo no sentido de indicar que a pessoa a que se refere é o agente da ação. passiva e reflexiva.O lexema verbo II Aula VALER Variantes relativas à P3 da IdPr. Eles ouviram música. 2008. Maria estudou a lição. 71 . 4 IMPERATIVOS EM – ZER E – ZIR Esses imperativos podem perder o e na P3 TRADUZIR IpAf P2 – traduze tu (ou traduz tu) FAZER IpAf P2 – faze tu (ou faz tu Nós vamos agora estudar a categoria verbal da voz. as vozes dos verbos.” (LIMA. VOZES VERBAIS Denomina-se “VOZ ao acidente que expressa a relação entre o processo verbal e o complemento do sujeito. ou seja. As vozes dos verbos mais estudadas são as seguintes: ativa. p. O seu sujeito. a posição posterior ao mesmo verbo. de passiva analítica. o paciente dessa mesma ação. é analisada sintaticamente como agente da passiva. postula-se que todas as frases das línguas possuem duas estruturas básicas: a Estrutura Profunda (EP) e a Estrutura Superficial (ES). Como vocês podem observar. Há ainda. A seguir seria processada a concordância verbal. A presença desses dois sintagmas nominais. e o verbo da frase iria ao particípio. Nessa posição. O verbo SER seria inserido como verbo auxiliar da passiva. costumeiramente a preposição por. Regras sintáticas de transformação ou regras transformacionais converteriam a voz ativa em passiva. na frase. Essa modalidade de passiva que acabamos de considerar é chamada. seria precedido de preposição. Uma frase como Maria comprou frutas teria sido engendrada pelas chamadas regras de reescritura ou de formação de frase e corresponderia. de forma bastante simplificada. Vocês hão de convir que esse modelo corresponde a qualquer frase da língua portuguesa que apresente um sujeito. correspondente ao objeto direto da voz ativa. a análise da denominada passiva sintética ou pronominal. teríamos a estrutura superficial da frase passiva que ocorreria numa situação de comunicação da seguinte forma: Frutas foram compradas por Maria. entrariam em ação as regras transformacionais que converteriam a ativa na passiva correspondente. Nesse contexto estrutural. Após essas transformações. na sua condição de agente da ação verbal. Frutas é o sujeito paciente. Passemos à exemplificação. Na ótica padrão da Gramática Gerativo-Transformacional (GGT). O SN1 é agente da ação verbal e o SN2. nas nossas gramáticas. o SN2 (paciente ou recipiente da ação verbal) ocuparia a posição anterior ao verbo e o SN1 (agente da ação verbal). Chamemos o SN que vem antes do verbo de SN1 e o que vem depois do verbo de SN2. a sequência por Maria. ou seja.Língua Portuguesa II VOZ PASSIVA Chamamos de voz passiva a forma verbal que indica que a pessoa à qual se refere o verbo é o objeto da ação verbal. à seguinte fórmula: F ® SNVSN. PASSIVA SINTÉTICA OU PRONOMINAL Nessa modalidade de passiva. um verbo e um objeto direto. é incapaz de 72 . constitui condição necessária para que uma frase na voz ativa possa ser convertida em voz passiva. o que se manifestaria na ES das frases. Por sua vez. A voz ativa das frases estaria organizada na EP. Essas transformações fariam o SN1 e o SN2 trocarem suas posições. o verbo da frase e/ou oração deve ser também um verbo transitivo direto. tais como se apresentam na frase Maria comprou frutas. nas mesmas gramáticas. Tomemos o exemplo seguinte: Vendem frutas naquela praça. Vendem-se frutas naquela praça. elas também são caçadas). também se caçam borboletas e andorinhas.” (C. o SN frutas passa a exercer a função de sujeito. Nesse sentido. Se inserirmos o pronome SE na frase. Acresce que a esse verbo se liga necessariamente o pronome SE. pronome apassivador. 2004: 59). O reconhecimento dessa modalidade de passiva pode ser feito com a facilidade através da conversão da frase com o pronome SE na passiva analítica. O sintagma adverbial naquela praça tem a função de adjunto adverbial de lugar. o que confirmará a condição de passiva sintética no que respeita à frase em análise. se possível for a conversão dessa estrutura numa passiva analítica. de Andrade) Também se caçam borboletas e andorinhas? Sim. basta que a transformemos numa pergunta hipotética (SAUTCHUCK. facilmente chegaremos à passiva analítica correspondente à frase observada. como já dissemos. seja confundido com o SE. (= sim. o sujeito é indeterminado..... Nesse sentido.” (Machado de Assis) Compreende-se o assombro da tia? Sim. verbos no infinitivo precedidos de preposição formam a chamada passiva de infinitivo. borboletas e andorinhas também são caçadas. Observemos o exemplo seguinte: 73 . A classificação do sujeito foi estudada no curso de Língua Portuguesa I. o assombro da tia é compreendido. Esse processo evita que o SE. Nessa frase. D. índice de determinação do sujeito. 4 PASSIVA DE INFINITIVO Para muitos autores. A inserção do SE converteu a voz ativa na passiva pronominal ou sintética. (= sim. “. O pronome SE.. É conveniente que vocês revejam esse estudo. após isolarmos a oração na qual pretendemos encontrar o sujeito. que converte uma frase da voz ativa na passiva sintética correspondente.O lexema verbo II Aula praticar a ação expressa pelo verbo. O SN frutas tem a função de objeto direto. ele é compreendido). Se aplicarmos a técnica de pergunta e resposta utilizada no reconhecimento do sujeito: “. observem os exemplos a seguir: “Compreende-se o assombro da tia. teremos a sequência seguinte. Esse pronome é chamado de pronome apassivador ou partícula apassivadora. é então chamado de pronome apassivador.. José feriu José. VOZ REFLEXIVA A voz reflexiva “é a forma verbal que indica que a pessoa é.Língua Portuguesa II “Já não transitam pelo correio aquelas cartas de letra miudinha. com o intuito de traduzir a identidade referencial. Dessa forma. Na perspectiva da Gramática Gerativo-Transformacional. esses sintagmas serão considerados referenciais. SN1 V SN1 74 . de Andrade) Nesse verso. 1983: 104) Observem o seguinte exemplo: “O homem revela-se na torrente melódica. DE: SN1VSN1 O mesmo índice é apresentado pelos sintagmas nominais. Ele é chamado. o SN O homem é o sujeito do verbo revela e o pronome se refere-se a esse SN.” (BECHARA. segundo a descrição estrutural apresentada. a ação verbal parte do sujeito e recai sobre o próprio sujeito.. ao mesmo tempo. então. Quanto ao emprego do infinitivo deu-se preferência ao infinitivo não flexionado. representado pelo pronome se na função de objeto. Retomemos a DE: SN1VSN1 e vejamos como seria uma sequência em língua portuguesa. formada de verbo seguido de pronome obliquo de pessoa igual à que o verbo se refere. agente e paciente da ação verbal. em caso contrário. Convém lembrar que tanto a passiva sintética quanto a passiva de infinitivo são assim reconhecidas pela conversão na passiva analítica. se a dois ou mais sintagmas nominais forem atribuídos os mesmos índices. as referências serão distintas. Dito de outra forma. D. O sistema de índice foi introduzido por Chomsky (1965). estudada cuidadosamente..” (C. É nesse sentido que se diz esse pronome retomar o SN sujeito. a voz reflexiva é consequência da aplicação obrigatória de regras transformacionais à estrutura profunda de frases que apresentem a seguinte descrição estrutural. impossíveis de ler.” (C. D. de pronome reflexivo. de Andrade) A seqüência impossíveis de ler pode ser convertida em impossíveis de ser lidas. . É característica desse tipo de voz trazer o SN sujeito no plural. pois a ação expressa pelo verbo indica que os seus agentes a dirigem uns aos outros. 75 . teríamos a sequência seguinte: Os homens entreolharam os homens.O lexema verbo II Aula A gramática. rejeitaria tal sequência por considerála agramatical no sentido de não respeitar determinadas regras sintáticas da gramática da língua. pelo pronome se. 2. D. Impossibilidade de ocorrer em sentença distinta daquela em que ocorre o nome ao qual se referem. 3. de Andrade) Na estrutura profunda dessa frase. Impossibilidade de ocorrer na posição de sujeito. que substituiria o SN1. O se é pronome de terceira pessoa e atende ao singular e ao plural. Ex.. São características destribucionais próprias dos reflexivos: 1. a frase gramatical e aceitável decorrente da transformação. Por essa razão. é: José feriu-se. Ex: *Maria disse que se cortou. Necessidade de possuir as mesmas marcas de pessoa e número do SN ao qual se referem. entendida como o conjunto de regras da língua internalizadas inconscientemente. essa seqüência não seria usada efetivamente numa atuação de comunicação por utentes da língua portuguesa. Observem o exemplo: “Os homens entreolharam-se cautelosos. Realmente. posto após o verbo. ultrapassa a fase de aquisição da linguagem.” (C. dar-se-ia necessariamente a transformação de reflexivização. Ex: *Se cortou Maria. Observemos agora a mudança estrutural após a reflexivização. Maria cortou-se. 4 VOZ RECÍPROCA Uma variação da voz reflexiva corresponde ao que as gramáticas escolares chamam de voz recíproca. ME: SN1VSN1 [+REFL] Dessa forma. segundo as prescrições concernentes à língua padrão. Por essa razão. os dois SNs possuem o mesmo índice. CONCLUSÃO É inegável a importância do verbo no que respeita às línguas naturais. As vozes verbais foram consideradas.Língua Portuguesa II Nessa sequência. O estudo da defectividade e da abundância verbais também foi feito. foram anexados modelos de conjugação desses verbos. Nesse sentido. conhecer não só as chamadas irregularidades verbais. esse conhecimento é indispensável a alunos de Letras e a professores de Português. Nesse sentido. De outro modo. algumas gramáticas chamam a voz recíproca de reflexiva recíproca. manifestado na troca de vogais do radical. como única marca distintiva entre pessoas gramaticais. na perspectiva da Gramática Gerativo-Transformacional. quer nas desinências responsáveis pelas informações concernentes às categorias morfossintáticas verbais. inclusive. Esses verbos apresentam alterações quer no seu radical. recomendamos que vocês revisitem as nossas gramáticas escolares sempre que tenham dúvidas em relação a quaisquer aspectos relativos aos verbos. o SN posterior ao verbo foi substituído pelo pronome se. há o fenômeno da alternância morfêmica. O conhecimento das vozes verbais é fundamental à feitura e à compreensão de textos. RESUMO Nesta aula foi desenvolvido o estudo dos verbos irregulares. Irregularidades relativas a desinências verbais foram também consideradas. 76 . Dessa forma. como também a defectividade e a abundância dos verbos permite aos utentes da língua expressar-se de forma adequada. Tratou-se também dos radicais supletivos. No que respeita às irregularidades do radical. Ao finalizar esta aula. ( ) cerzir IV. Conjugar os Imperativos Afirmativo e Negativo dos verbos indicados: 1. Explique a abundância desses verbos. ( ) valer b. e) ( ) O menino estava muito cansado. Marque R (V. ( ) ser d. ( ) haver g. ( ) amar f.) V. ( ) agredir c. (Ir a gramáticas. Conjugue o futuro do subjuntivo dos verbos VER e IR. I (V. b) ( ) Nós nos comprazemos com a sua vitória. regular). anômalo) a. Verbo PARTIR _______________ (tu) _______________ (você) _______________ (nós) _______________ (vós) _______________ (vocês) 4 Não _________________ (tu) Não _________________ (você) Não _________________ (nós) Não _________________ (vós) Não _________________ (vocês) Não _________________ (tu) Não _________________ (você) Não _________________ (nós) Não _________________ (vós) Não _________________ (vocês) 77 . ( ) pôr h. d) ( ) Todos permaneceram em silêncio. a) ( ) A gordura entope o cano da pia. irregular) e A (V. III. II. ( ) ir e. Indique as frases cujos verbos são abundantes. ( ) caber i. Verbo AMAR _______________ (tu) Não _________________ (tu) _______________ (você) Não _________________ (você) _______________ (nós) Não _________________ (nós) _______________ (vós) Não _________________ (vós) _______________ (vocês) Não _________________ (vocês) 2.O lexema verbo II Aula ATIVIDADES I. c) ( ) Aquele engenheiro constrói belas pontes. Verbo VENDER _______________ (tu) _______________ (você) _______________ (nós) _______________ (vós) _______________ (vocês) 3. Verbo PÔR _______________ (tu) _______________ (você) _______________ (nós) _______________ (vós) _______________ (vocês) 5. 10. A distribuição de prêmios foi suspensa. As minas tinham sido descobertas pelos colonizadores. Espero que você receba a encomenda. O Papa teria sido visto durante o desfile. 03. 78 . Passar da passiva para a ativa. 3. as seguintes frases: 1. 6. Estes móveis teriam sido comprados no século passado. 7. As minas foram descobertas pelos colonizadores. Os alunos haviam terminado a prova mais cedo. Ninguém tinha sido convidado para a festa. (IDEM) 10. VII. 07. Os romanos invadiram a Gália. 2. quando possível. A rua foi asfaltada este mês. 09. 01. 12.Língua Portuguesa II 4. Ninguém ouviu a sua voz. 05. Espero que você tenha recebido a encomenda. Passar para a voz passiva. Os aniversariantes partirão o bolo. Duas mil pessoas assistiram ao espetáculo. Ele se batizou na capelinha da fazenda. 4. Amas a tua pátria. 8. Todos eles partirão ao anoitecer. 08. Ah! Se eles tivessem chegado mais cedo! 11. (Só a segunda oração) 9. Verbo APRESSAR-SE _______________ (tu) _______________ (você) _______________ (nós) _______________ (vós) _______________ (vocês) Não _________________ (tu) Não _________________ (você) Não _________________ (nós) Não _________________ (vós) Não _________________ (vocês) Não _________________ (tu) Não _________________ (você) Não _________________ (nós) Não _________________ (vós) Não _________________ (vocês) VI. Os funcionários receberam o carnê de pagamento. 02. Os meninos gozarão da oportunidade de brincar. 5. As novas terras tinham sido descobertas pelos espanhóis. 06. A esta altura novas terras terão sido descobertas. 04. Exercício de conversão de vozes do verbo O que estiver na voz ativa. 08. 47 ed. É necessário que cumpramos as regras do regulamento. Rio de Janeiro: Lucerna. LIMA. 04. 2004. Nova gramática do português contemporâneo. A prática tem demonstrado as vantagens de serem alteradas as normas em apreço. Luiz. Não se conhecem os motivos por que foi demitido. Rocha. 2008. Eles nunca se importaram com ninguém. 10. Celso. passar para a voz ativa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. passar para a voz passiva. O carro foi finalmente consertado. Gramática escolar da língua portuguesa.O lexema verbo II Aula VIII. CINTRA. Moderna gramática portuguesa. 2006. 12. As latas eram recolhidas pelo lixeiro. Prática de morfossintaxe. Pedro tinha medo de ser castigado pela polícia. O dissídio já havia sido homologado. 14. 09. Espero que você realmente tenha compreendido tudo. L. CUNHA. São Paulo: Companhia Editora Nacional: 1989. 06. 4 REFERÊNCIAS BECHARA. Lindley. O presente fora escolhido com todo o carinho. F. Gramática normativa da língua portuguesa. 33 ed. Na noite anterior. dolorosos gritos haviam sido ouvidos por todos os vizinhos. porque roubara o relógio da professora. Digamos que já é conhecido o assunto. Evanildo. (PA) 01. _______. Não sei se serão aprovados os novos estatutos. SAUTCHUCK. (AP) O que estiver na voz passiva. 05. 02. 79 . 03. Os 1adrões foram identificados por uma testemunha. Barueri – SP: Manole. 1985. A1iviar-se-ão estas dores com lágrimas. 07. Rio de Janeiro: José Olimpio. 15. 11. 13. PRÉ-REQUISITOS Revisitar a aula de número 2 e retomar as noções de léxico e de entradas lexicais. Língua Portuguesa I (Fonte: http://www.Aula GRAMEMAS RELATORES: PREPOSIÇÕES 5 META Conceituar os gramemas relatores chamados de preposições e demonstrar as principais relações determinadas por esses gramemas. . o aluno deverá: reconhecer preposições e locuções prepositivas. descrever as funções construídas pelas preposições.com). depreender as principais relações determinadas pelas preposições. empregar preposições essenciais e acidentais. OBJETIVOS Ao final da aula.gettyimages. José Oiticica.Língua Portuguesa II INTRODUÇÃO Continuemos.com). o trabalho de desbravamento concernente à estrutura morfossintática da língua portuguesa. iniciar esta aula com a investigação morfossintáticosemântica dos gramemas relatores. então. Cabenos. chamados de preposições nas nossas gramáticas escolares. Essa abordagem implica a categorização desses relatores e a apresentação das principais locuções chamadas de locuções prepositivas. 82 . (Fonte: 3. caríssimos.blogspot. Apresentaremos as principais relações indicadas pelas preposições na ótica do Prof.bp. segundo os quais os casos se manifestam. Essa evidência. indica que esse vocábulo mórfico exerce a função de objeto direto do verbo amat. De outra forma. ou seja. considerados na sua relação com a língua latina. A perspectiva histórica ou diacrônica nos mostra que o português resultou das modificações sofridas pela variante do latim que os soldados romanos levaram à Península Ibérica. Cada caso indica a função sintática da palavra. de matrem. Nessa frase. mediados pela sua ordem e por instrumentos chamados de preposições. o SN A menina é entendido como sujeito por vir antes do verbo. à modalidade de latim falado pelos soldados de Roma. pois o latim. corresponde a um princípio sistêmico dessa língua. Essa variante do latim levada à Ibéria correspondia ao chamado latim castrense. Por exemplo. vocês devem ter compreendido o porquê de essa língua ser classificada como língua sintática ou flexiva. as funções sintáticas são depreendidas das relações entre os vocábulos mórficos ou formais. a terminação da palavra corresponderia ao caso dativo. Tomemos o seguinte exemplo: Puella ↓ A menina matrem ↓ a mãe amat ↓ ama 5 Nessa frase. como já dissemos. Já a língua portuguesa não se utiliza nem de declinações nem de casos no que se refere às oposições manifestadas entre as diferentes funções sintáticas.Gramemas relatores: preposições Aula O estudo dos gramemas relatores chamados de preposições enseja algumas observações acerca de princípios sistêmicos da língua portuguesa. Retomemos a tradução da frase latina analisada. a posição do vocábulo na frase não é relevante no que respeita à sua função sintática. se a função exercida fosse a de objeto indireto. Observem também que Puella. Portugal. a terminação – em. por terminar em – a (caso nominativo) é o sujeito da frase. depois. A língua latina situa-se entre as chamadas línguas sintéticas ou flexivas em virtude de suas funções sintáticas (construídas pelas suas palavras ou vocábulos mórficos) serem depreendidas das flexões identificadoras dos chamados casos. um vocábulo cuja terminação correspondesse ao chamado caso acusativo seria analisado como objeto direto. especificamente à região onde se formou o Condado Portucalense e. Existem paradigmas latinos chamados de declinações. Em relação ao latim. A menina ama a mãe. Nesse sentido. perdeu as flexões referentes aos casos. No português. Já o sintagma nominal a mãe é entendido como objeto direto por 83 . transformado em português. salvo. de. sobre. perante. entre. são responsáveis pela significação cultural ou biossocial no que respeita à organização semântica das línguas. sem. Os gramemas são os elementos responsáveis pela significação gramatical ou linguística dos sistemas linguísticos. Os lexemas. 84 . como já vimos. tirante. eles podem ser chamados de gramemas relatores. GRAMEMAS RELATORES Quando estudamos as entradas lexicais que compõem o léxico da língua (aula no 2). em. entre elas. conforme. Entretanto. Vocês podem agora melhor entender o fato de muitos estudiosos afirmarem que as palavras de uma língua podem apresentar significação nocional ou significação meramente funcional ou linguística. como. 27). as funções sintáticas dessa língua não são prioritariamente marcadas por elas. só depois. exceto. não existiam preposições. D. para. 2004. etc..” (C. no latim. ao transformar-se em português. ante. Esses elementos pertencem ao inventário fechado da língua e podem ser agrupados conforme “alguns papéis fixos que vierem a exercer morfossintaticamente” (SAUTCHUK. As preposições acidentais são aquelas que primitivamente não eram preposições. A resposta é que elas existiam e existem. a exemplo de a. por. contra. fora. feito.Língua Portuguesa II vir depois do verbo e por não se apresentar precedido de preposição obrigatória. É nesse sentido que dizemos que a língua portuguesa é analítica. Vejamos os exemplos seguintes: “Você não vai me pedir a certidão de idade.. A importância das preposições veio crescendo gradativamente no decorrer da evolução do latim ao português. Ainda segundo a autora. Vocês hão de se perguntar se. p. O latim. trás. segundo. Passemos então ao estudo das preposições da língua portuguesa. dissemos que. sob. com. afora. passaram a sê-lo. desde. São essenciais as preposições que só ocorrem na língua como preposições. da relação entre palavras e/ou orações. PREPOSIÇÕES Gramemas relatores que servem a relacionar palavras correspondem aos vocábulos tradicionalmente conhecidos como preposições As nossas gramáticas classificam as preposições em essenciais e acidentais. visto. como durante. Essa maneira de agrupar inclui vocábulos tradicionalmente chamados de conjunções e de preposições. perdeu a organização sistêmica sintética em prol do princípio analítico. mediante. de ANDRADE). e. quando esses gramemas estão a serviço da união. situam-se os lexemas e os gramemas. 294).eu. (BECHARA. Não saímos por causa da chuva. a locução prepositiva é constituída de advérbio ou locução adverbial.” É conveniente vocês revisitarem gramáticas de língua portuguesa. Isso durante quinze dias”. como nas frases seguintes: “Mostrava-se bom para com todos. No caso de a preposição anteceder uma forma pronominal reta. (C. D. vez que está mediando a relação entre certidão e idade. O ofício foi redigido de acordo com o modelo. Observem.. 2006. Locução prepositiva “é o grupo de palavras com valor de uma preposição (. essa preposição será acidental. Uma maneira de fazer a distinção entre preposição essencial e preposição acidental é a seguinte: observar preposições que antecedem as formas pronominais oblíquas tônicas e também aquelas que antecedem as chamadas formas retas. p.Gramemas relatores: preposições Aula “. pois antecede a forma pronominal reta . exceto eu. É chamada de essencial. No segundo exemplo. a preposição é essencial. no segundo exemplo. os exemplos: Não saia sem mim.” “Foi até ao colégio. encontramos locuções prepositivas constituídas de duas preposições. DE ANDRADE) No primeiro exemplo. pois sempre ocorreu como preposição na língua portuguesa. a. O fato de durante já haver sido empregada com outra função morfológica acarreta-lhe a classificação de preposição acidental.. No primeiro exemplo. haja vista a sua posição anterior ao pronome oblíquo tônico mim. É importante. ou com”. seguida da preposição de. o vocábulo de é uma preposição. Apenas as preposições essenciais antecedem as formas pronominais oblíquas tônicas. Algumas vezes. Todos saíram. Tomemos os exemplos: O garoto escondeu-se atrás do móvel. lembrar a vocês a existência das locuções prepositivas. a preposição é acidental. por favor. 5 85 .. a palavra destacada medeia a relação entre aconteceu (elíptico) e quinze dias.. como a gramática de Evanildo Bechara ou a de Celso Cunha.). e estava perdendo um tempo precioso. Em geral. 86 . A preposição liga duas palavras entre si de forma que ela e o seu consequente constituam um bloco indivisível que vai funcionar como complemento do seu antecedente.Língua Portuguesa II PRINCIPAIS PREPOSIÇÕES E LOCUÇÕES PREPOSITIVAS (BECHARA. Algumas vezes a preposição aparece distanciada do antecedente ou do consequente. necessária se torna a observação cuidadosa com vistas a sua identificação. Nesse sentido. 2006) Vocês devem prestar bastante atenção no que respeita ao antecedente e ao consequente das preposições. Formiga DE roça. 2. Copo DE vinho. O livro DE José. (VISCONDE DE PEDRA BRANCA) ANTECEDENTE. Que tanto ilude. então. uma breve atividade. Vive DE esmolas. 87 . Carteira DE dinheiro. Saiu DE manhã. PREPOSIÇÃO: CONSEQUENTE _______________ Em (na) _______________ _______________ DE _______________ A à _______________ _______________ _______________ SEM _ _______________ RELAÇÕES CONSTRUÍDAS PELA PREPOSIÇÃO Entende-se por relação preposicional a idéia trazida pela preposição.Gramemas relatores: preposições Aula Façamos. Veio DE Salvador. Andar DE cócoras. Leiam as estrofes seguintes e completem as lacunas: “Põe na virtude Filha querida De tua vida Todo o primor. Copo DE vidro. Copo DE vinho. Morreu DE fome. como se mostrará a seguir com a preposição DE: Relação de MATÉRIA: Relação de CONTEÚDO: Relação de FIM: Relação de MEIO: Relação de MODO: Relação de TEMPO: Relação de ORIGEM Relação de POSSE: Relação de CAUSA: Relação de QUALIDADE: Vestido DE seda. Algum valor”. 5 Atenção: Casos há em que a preposição não indica relação alguma: 1. Sem a virtude. Não dês à sorte. Objeto indireto: Isto depende DE VOCÊ. Objeto direto preposicionado: Comer DO BOM e DO MELHOR. Copo D’água. FAVOR FAVOR DE. debruçou-se A FIM . etc.FIM DE ouvi-lo. Fez isso EM pura perda (EM vão). estamos PERTO DE ti. Locução verbal: COMEÇOU A FALAR.Vendeu A braças.Língua Portuguesa II 3.LUGAR DONDE: vim DE Mendes PARA ONDE: vou A Minas POR ONDE: foi POR outro caminho .Bateu COM força. a água saía SEM violência (ausência de intensidade). EM ATENÇÃO A. realizou o ne.Foi ATÉ o portão.INTENSIDADE . ENTRE todos). vivia SEM .INSTRUMENTO . pisar EM falso. estava LONGE DE casa. .ESTIMATIVA DE tolo. .Escreve COM pena de pato. seguira MEDIANTE um passaporte.Repartiu o dinheiro COM todos (POR todos. contou POR grosas. . . . ia COM cau.Partiu COM esperança (esperançado).Passamos COM licença (SEM LICENÇA é a ne.).DISTÂNCIA 88 .Está A quatro metros.EFEITO . . . recebi-o COMO amigo.Morre POR mim.Vem aqui DE VEZ EM vez. RELAÇÕES INDICADAS PELAS PREPOSIÇÕES (Segundo José Oiticica) .Preparou-se PARA a desforra.DISTRIBUIÇÃO . (Locuções: EM PROL DE. . saltou SEM cuidado (negação do modo).gócio COM vantagem. ele me tinha NA CONTA . . EM . .ONDE: estou EM casa .LIMITE . . parede pintada A óleo.MODO tela. (Locuções: POR MEIO DE.Olhar DE esguelha.MEIO gação do meio). permanecerá ATÉ maio. PARA COM). Complemento nominal: Ter necessidade DE DINHEIRO. expulsaram-no A pau. POR vezes.MATÉRIA sola . passa aqui Às vezes.Eu o tinha POR sábio. andou DE trem. come lá uma vez POR .FREQUÊNCIA outra. 4. caminhava JUNTO A mim. . . ACABOU DE SAIR. preso COM . vivia DE esmolas.ESTADO recursos.Copo DE vidro. EM BENEFÍCIO DE. estava COM fome.MEDIDA . . etc. .(essa dupla referência forma a proporção).É um coração DE ouro.PROVENIÊNCIA .POSIÇÃO . deu o navio EM TROCA DE alimentos.QUANTIDADE .Discutiram ENTRE si.Gramemas relatores: preposições Aula . tua casa. ficarei lá POR vinte e quatro horas. Nesse sentido. COM REFERÊNCIA A isso.SUBSTITUIÇÃO . etc. . casa COM trinta quartos. o uso eficaz de uma língua implica sobremaneira a destreza referente ao emprego das preposições. .Está ENTRE a cruz e a caldeirinha. morreu DE repente (Idem). . O conhecimento desses gramemas facilita. há bens que vêm DE males. bateu DE ENCONTRO À rocha. . navegou AO ARREPIO Das águas. morou aí POR algum tempo (prazo indefinido). .TROCA . lutamos CONTRA as ondas. .REFERÊNCIA .Deu ouro POR papel. de outra forma.PRAZO .OPOSIÇÃO . .Dois estão PARA seis. li.Exército DE um milhão de homens.PREÇO . foi escalado EM LUGAR DE Mário. como três PARA nove . remou AO REVÉS Da corrente. chorou DURANTE uma semana. EM RELAÇÃO À minha. estava ACIMA Da mesa. combinaram um COM o outro.Fez a travessia EM quatro horas. vendi POR dois contos. uma notícia ótima. 89 .Ficaram A mil réis. surgiu DE improviso (negação do PRAZO).RECIPROCIDADE .Falou POR mim. 5 CONCLUSÃO Os gramemas preposicionais em si e o seu emprego caracterizam a estrutura morfossintática das diferentes línguas naturais. jogou EM VEZ DE Paulo. procedimentos didáticos que incluem a feitura de exercícios que facilitem a internalização desse saber.Combater COM o inimigo. . ficava AO LADO DE meu tio. está de graça.Júpiter descendia DE Saturno. óleo DE rícino.QUALIDADE . caracterizada como língua analítica em oposição ao latim .língua sintética ou flexiva . que dá entrada à (8) sala de (9) recepção.Língua Portuguesa II RESUMO A língua portuguesa. No português. Logo à (6) direita do (7) corredor encontramos aberta uma larga porta. ATIVIDADES A seguir. a evidência das relações construídas por esses vocábulos encaminha a uma revisão no que concerne a essa afirmação. vocês devem ler o texto. BEM COMO DAS RELAÇÕES CONSTRUÍDAS. QUANDO FOR O CASO: “Subamos os degraus. vasta e luxuosamente mobiliada. As linhas do (12) perfil desenham-se distintamente entre (13) o ébano da (14) caixa do (15) piano. chamadas de essenciais por só ocorrerem na língua como preposições. prestar atenção ao texto que segue com o objetivo de fazer a atividade programada. Acha-se ali sozinha e sentada ao (10) piano uma bela e nobre figura de (11) moça. que conduzem ao (1) alpendre. todo engrinaldado de (2) viçosos festões. Entremos sem (5) cerimônia. (BERNARDO GUIMARÃES.utiliza-se sistematicamente das preposições no sentido da oposição das suas diferentes funções sintáticas. e lindas flores. TEXTO PARA IDENTIFICAÇÃO DOS ANTECEDENTES E DOS CONSEQUENTES DE CADA PREPOSIÇÃO. há preposições. que serve de (3) vestíbulo ao (4) edifício. há ainda aquelas que ora se apresentam como preposições e ora se manifestam com outros comportamentos morfossintáticos. Embora gramáticos digam que preposições são vazias de conteúdo nocional. e as bastas madeixas ainda mais negras do (16) que ele”. in “A escrava Isaura”) ANTECEDENTE: PREPOSIÇÃO: CONSEQUENTE: RELAÇÃO: ______________ ______________ ______________ ______________ ______________ ______________ ______________ ______________ ______________ 90 (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) A (ao) DE DE A (ao) SEM A (à) DE (do) A (à) DE ______________ ______________ ______________ ______________ ______________ ______________ ______________ ______________ ______________ ___________ ___________ ___________ ___________ ___________ ___________ ___________ ___________ ___________ . Inez. 2006. destituídas de conteúdo nacional. inclusive. Rio de Janeiro: Lucerna. Prática de morfossintaxe. Gramática escolar da língua portuguesa. SAUTCHUK. Barueri – SP: Manole. ou seja. 91 . PRÓXIMA AULA Na próxima aula veremos. Evanildo. 2004. o sintagma introduzido por preposição REFERÊNCIAS BECHARA.Gramemas relatores: preposições Aula ______________ ______________ ______________ ______________ ______________ ______________ ______________ (10) A (ao) (11) DE (12) DE (do) (13) entre (14) DE (da) (15) DE (do) (16) DE (do) ______________ ______________ ______________ ______________ ______________ ______________ ______________ ___________ ___________ ___________ ___________ ___________ ___________ ___________ 5 A comprovação da existência das relações construídas pelas preposições põe em xeque a afirmação de que preposições são vazias. com). identificar as funções do sintagma preposicionado. descrever a estrutura do sintagma preposicionado. Analisar e descrever a organização e o emprego do sintagma preposicionado. o aluno deverá: descrever a estrutura do sintagma adjetivo.blogspot. identificar as funções do sintagma adjetivo. (Fonte: dislexiaparatodos. PRÉ-REQUISITOS Língua Portuguesa I. .Aula SINTAGMA ADJETIVAL E SINTAGMA PREPOSICIONADO 6 META Descrever a estrutura e o funcionamento do sintagma adjetival. OBJETIVOS Ao final da aula. Dessa forma. 94 .com).Língua Portuguesa II INTRODUÇÃO Estamos na sexta etapa da nossa viagem no domínio da morfossintaxe. será feito o estudo do sintagma preposicionado. consideraremos tanto o sintagma adjetivo básico quanto o derivado. Descreveremos os contextos em que esses sintagmas exercem suas diferentes funções e estabeleceremos pontes na direção da análise tradicional.gettyimages. Serão estudados os gramemas transpositores e os papéis sintáticos referentes ao sintagma preposicionado. A seguir. (Fonte: http://www. Cabe-nos inicialmente estudar a organização interna do sintagma adjetivo ou adjetival. 1888.) (PERINI. conforme vocês viram em Linguística. todo sintagma é a construção que resulta da articulação de pelo menos duas unidades linguísticas. emergem sobremaneira as chamadas relações associativas (ou paradigmáticas) e as relações sintagmáticas. Esse SN apresenta a seguinte organização sintático-semântica: determinação – núcleo – modificação. Atualmente leciona como professor voluntário da Universidade Federal de Minas Gerais. (SAUTCHUCK. p. 112). relações depreendidas de termos igualmente presentes nas frases e/ou enunciadas são chamadas de relações sintagmáticas e relações entre termos ausentes dos enunciados e presentes na mente dos falantes. em qualquer nível de análise. Vejam vocês que a área de modificação está preenchida pelo SAdj inteligente. da UNICAMP e das universidades de Illinois e Mississipi. podemos dizer que a 95 . inteligente modifica menina. Sintagma Adverbial (SAdv). Sintagma Preposicionado (SPrep). “Em sentido amplo. de modo geral. Nesse exemplo. Sintagma Verbal (SV). (SAUTCHUCK. restringe o conceito de sintagma a uma ótica “mais funcional de uso da língua pelo falante”. (SAUTCHUCK. nesta aula. ou seja. 38) Os sintagmas se definem principalmente pelo seu núcleo. por apresentarem alguma zona comum. p. consideramos sintagma como toda construção sintática que constitua um “‘bloco’ significativo ou funcional no eixo horizontal. Assim. SINTAGMA ADJETIVO-FUNÇÕES Iniciemos o estudo do sintagma adjetivo ou adjetival com um possível conceito funcional: “Podemos definir o SAdj como uma classe de constituintes que podem desempenhar a função de modificador (. o termo inteligente está incluído no SN uma menina inteligente. é analisar e descrever os sintagmas adjetivo e preposicionado. O estudo do sintagma pressupõe.Sintagma adjetival e sintagma preposicionado Aula Dentre os postulados Saussureanos concernentes à organização da linguagem e à atitude do estudioso em relação à mesma linguagem. 2004. p. Segundo Saussure.. p. 6 Mário Perini Alberto Doutor pela University of Texas (1974).38) Assim. É possível a seguinte classificação dos sintagmas: Sintagma Nominal (SN). É autor das seguintes obras publicadas pela Parábola Editorial: A Língua do Brasil Amanhã e outros Mistérios (2008) e Princípios de Lingüística Descritiva. Sintagma Adjetivo (SAdj). para quem sintagma é a combinação de formas mínimas em unidade linguisticamente superior”. 2004. 2004. a ótica das relações sintagmáticas. assim. O nosso propósito. 38) A morfossintaxe. formado a partir de uma ou mais de uma unidade linguística de nível imediatamente inferior”. Sua atuação manifesta-se no campo da teoria e análise linguística. Foi professor da PUC de Minas. Esse conceito segue ainda o pioneirismo de Saussure. ainda conforme Sautchuck. são as relações associativas. Nesse sentido.. pelo elemento que constitui a condução necessária e suficiente de sua existência. Observemos o exemplo seguinte: Maria é uma menina inteligente. que funciona como modificador do núcleo do SN. Perini reconhece. Perini. o Prof. Continuemos a nossa reflexão acerca das funções do SAdj. Perini apresenta uma possibilidade de sistematização referente ao SAdj. é também um sintagma adjetivo derivado. A organização interna da sequência corresponde. De outra forma. o SAdj feliz se refere a Maria. que estão ainda à espera de estudos aprofundados”. Nessa frase. é um SAdj chamado de derivado. como veremos adiante. Nesse sentido. 1998: 113). tomemos o exemplo: Nós a consideramos feliz. 96 . SINTAGMA ADJETIVO-ESTRUTURA INTERNA A dificuldade de descrever a estrutura interna do SAdj assim se expressa: “A estrutura interna do SAdj encerra alguns mistérios. Convém ainda lembrar que SAdjs podem se expandir na forma de orações subordinadas adjetivas como no seguinte exemplo: Os livros que comprei são bons. Nesse sentido. Assim. Ver frase – Gosto de doce de coco – A sequência de coco tem a função de modificador em relação a doce. então. entretanto. A sequência que comprei é uma oração subordinada adjetiva. algumas vezes a função de modificador vem preenchida por uma sequência de valor adjetivo iniciada por uma preposição. embora coco seja um substantivo. o SAdj pode exercer três funções: modificador. Esse tipo de sintagma será analisado logo após o estudo do SAdj. que é o substituto de um nome feminino e singular. A perspectiva de análise adotada pelo Prof. a um sintagma preposicionado (SPrep). entretanto SAdjs podem exercer funções diferentes daquelas de modificador. na perspectiva do Prof. Nessa frase. (PERINI. o SAdj feliz se refere ao pronome a. Observemos então a frase seguinte: Maria está feliz. Essa referência é responsável pela função de predicativo atribuída a feliz.Língua Portuguesa II função do modificador é sempre preenchida por um SAdj. em feliz o complemento do predicado. complemento do predicado e predicativo. Mesmo assim. É nessa direção que passamos a estudar a estrutura interna desse sintagma. A análise sintática tradicional o considera predicativo do sujeito. A seguir. Sintagma adjetival e sintagma preposicionado Aula Atenção ao exemplo seguinte: Maria ficou satisfeita com a nota. Nessa frase. 1998: 114). demais tem a função de intensificador na estrutura do SAdj. esse componente ocupa a última posição no sintagma. Quando um SAdj inclui uma sequência iniciada por preposição. o NSA é fantasma (um nome de natureza substantivo). o NSA é precedido de três elementos. (PERINI. componente iniciado com preposição. Há possibilidade de mais de um identificador na estrutura do SAdj. satisfeita é o NSA e com a nota. É essa a razão da inaceitabilidade da sequencia seguinte: . Vejam-se os exemplos: Gostavam de música clássica. viu uma árvore fantasma.Maria está com a nota satisfeita. o sintagma adjetivo satisfeita com a nota apresenta dois componentes satisfeita e com a nota. como ocorre na sequência a seguir: Maria está realmente sempre muito satisfeita com a vida. Considerarmos satisfeita com a nota um sintagma adjetivo decorre da evidência de que satisfeita e com a nota constituem uma unidade. No bosque. Nessa frase. podemos dizer que ele “é preenchido por palavras únicas (e não sequência de preposição + SN). o núcleo do sintagma adjetivo é clássica (um adjetivo). Essa troca afetaria a unidade do sintagma. Quanto ao NSA. Além do NSA e do CSA. Nesse sintagma. Logo. tradicionalmente classificados como “adjetivos” ou “substantivos”. um outro elemento chamado de intensificador. Em satisfeita com a nota. Nesse exemplo. essa sequência deve ocupar a última posição no sintagma. realmente sempre 6 97 . pode ocorrer no SAdj. No primeiro exemplo. Voltemos as nossas atenções ao núcleo do SAdj. o SAdj é realmente sempre muito satisfeita com a vida. Observemos o exemplo: Maria ficou satisfeita demais com a vida. No segundo exemplo. um bloco funcional e significativo. uma vez que tanto satisfeita quanto com a nota não aceitam a troca de suas posições. 3. Encontraram-no sozinho. resguardadas as devidas diferenças. Muitos a consideravam inoportuna. podem ocorrer outros elementos pertencentes à categoria do _________________. O estudo dos sintagmas implica a ótica das relações ________. Todos estavam encantados com a criança. Completar as lacunas 1. 4. SAdjs podem expandir-se na forma de _________ subordinadas _______________. Indique o SAdj com a função de complemento do predicado (predicativo do sujeito na análise tradicional). 5. ATIVIDADES I. 2. Todos estavam alegres. 3.Língua Portuguesa II muito. As pessoas ficaram curiosas a respeito do desmaio. 4. conceitue sintagma. Segundo o Prof. 1. Perini. 2. Os familiares estavam ávidos de vingança. 6. O NSA e o _________não admitem troca de __________. Sublinhe o CSA 1. O NSA e o __________ constituem um único bloco funcional. Segundo Sautchuk. III. Sintagmas adjetivais podem exercer ainda as funções de ____________________ e _____________. 3. 4. 5. Cabe aqui lembrar a vocês que sintagmas adjetivos com tantos intensificadores não ocorrem com frequência em situações de comunicação.. estes três termos podem ser incluídos na categoria de intensificador. 5. Os meninos ficaram alegres com a notícia. II. As meninas estavam assustadas com a notícia. A paciente continuava dominada pelo medo. O NSA é preenchido por ____________ ou por ______________. 7. Naquele momento todos ficaram atentos ao sinal. 2. 98 . além do NSA e do CSA. Convém ainda lembrar a vocês que o modificador é analisado tradicionalmente como adjunto adnominal. No SAdj. necessário se torna a consideração dos conceitos de sintagma básico e de sintagma derivado. por exemplo. as conjunções. (AZEREDO. “Eles se formam regularmente na língua para as mesmas funções dos sintagmas adjetivais e dos sintagmas adverbiais”. É nesse sentido que podemos dizer que de lua é um sintagma adjetivo derivado. Os sintagmas preposicionados (SPreps) são sintagmas derivados cujos transpositores são preposições. os pronomes relativos. 152). SN (básico) A criança está feliz. Atenção ao seguinte exemplo: Era uma bela noite de lua. É autor de Iniciação à sintaxe do português (JORGE ZAHAR. onde coordena o mestrado em língua portuguesa do Instituto de Letras.Sintagma adjetival e sintagma preposicionado Aula Passemos ao estudo do Sintagma preposicionado. SINTAGMA PREPOSICIONADO Antes de conceituarmos o sintagma preposicionado. Esse sintagma preposicionado tem o valor de um adjetivo. reeditado sucessivamente. tendo lecionado por 26 anos na UFRJ. (AZEREDO. Observem os exemplos: A criança brinca. a transposição é um processo gramatical que utiliza transpositores (gramemas independentes relatores) para obter um número infinito de construções a serviço dos utentes da língua. 2000. Inclusive o sintagma de lua pode ser substituído por enluarada. SAdv (básico) Já os sintagmas derivados são aqueles que são obtidos por transposição. Convém atentar para a economia linguística conferida pela transposição: um conjunto finito de transpositores permite um número ilimitado de construções linguisticas. 2000. o SAdv formado de advérbio. 1990). p. Preposições servem também de 99 . Nessa sequência. Assim. 6 José Carlos de Azeredo Professor adjunto da UERJ. 152). o SAdj formado de adjetivo. a expressão de lua é um sintagma preposicionado formado do transpositor de e do SN lua. são básicos os seguintes sintagmas: o SN formado de substantivo ou de palavra substantiva. A transposição se utiliza. SAdj (básico) A menina chegou ontem. p. do pronome relativo que para introduzir orações subordinadas adjetivas que ocupam a posição de um sintagma adjetivo. Dentre os transpositores estão as preposições. conforme vimos ao estudar o sintagma adjetivo. “Chamam-se básicos os sintagmas formados por uma classe de palavras apta a constituir por si só respectivo sintagma”. Esse objeto indireto se constitui de um sintagma preposicionado formado da preposição a + o SN (as provocações). Ela é apenas um elo sintático. de mim e da vitória exercem a função de CN em relação a ansiosos. p. 43). a sua preposição é vazia de qualquer noção semântica. respectivamente. Aqui é advérbio. Nessa frase. conforme o exemplo seguinte: Os dinossauros viviam neste planeta. conforme a sequência seguinte: Os dinossauros viviam aqui. pois o bloco se inicia com a preposição em (em + este = neste) e se segue do SN este planeta. No que respeita aos sintagmas preposicionados com a função de objeto indireto (OI). a sequência neste planeta é um sintagma preposicionado. as provocações têm a função de OI. vazios de conteúdo nocional. É essa organização que é encontrada nos complementos verbais chamados de objetos indiretos. 2004. Esse bloco pode ocupar a mesma posição ocupada por um sintagma adverbial. A preposição que introduz esse sintagma é desprovida de conteúdo nocional. o sintagma neste planeta é um sintagma adverbial. aliás “todo CN será sempre representado por um sintagma preposicionado”. Observemos as seguintes construções: Estavam ansiosos pelas férias. A certeza da vitória sempre esteve presente. nesse sentido. É nesse sentido que muitos estudiosos a chamam de preposição vazia. perto e certeza. de maneira idêntica àquelas dos SPreps em função de OI. p. (SAUTCHUK. (SAUTCHUCK. o que pode ser observado no exemplo seguinte: Os japoneses resistem às provocações.Língua Portuguesa II transpositores no sentido de organizar sintagmas preposicionados com o valor de advérbio. Nessa sequência. É importante lembrar que as preposições dos sintagmas preposicionados que exercem a função de CN são. O menino estava perto de mim. 2004. Os sintagmas preposicionados pelas férias. 86). O sintagma preposicionado é constituído de “preposição e sintagma nominal”. 100 . Complementos nominais são também organizados na forma de sintagmas preposicionados. ADJUNTO ADVERBIAL Saiu DE MANHÃ. 8. A rua DO PRÍNCIPE. A rua DO SOL. PREDICATIVO DO OBJETO DIRETO (*) Escolheram José PARA COORDENADOR. COMPLEMENTO NOMINAL Tens necessidade DE DINHEIRO? Morava perto DO RIO. 5.Sintagma adjetival e sintagma preposicionado Aula SINTAGMAS PREPOSICIONADOS-FUNÇÕES SINTÁTICAS Funções construídas com a preposição 1. Gostas DE LEITE? 4. Máquina DE ESCREVER. AGENTE DA PASSIVA A América foi descoberta POR COLOMBO. Cidade DE ARACAJU. Elegeram-no COMO DEPUTADO. (*) Estas duas funções podem ser construídas sem preposição. Pensei muito EM VOCÊ. Chamei-lhe TOLO. Morou EM BARCELONA. Tenho-o POR HONESTO. ADJUNTO ADNOMINAL Ele fuma cigarro DE PALHA. 6 101 . Tomava café COM LEITE. 9. APOSTO O rio DAS MORTES. 3. PREDICATIVO DO SUJEITO O doce é DE LEITE. 2. Ele é querido DE TODOS. 7. A rua DA AURORA. Esperamos POR VOCÊ. 10. Saiu COM A IRMÃ. OBJETO DIRETO PREPOSICIONADO Amar A DEUS. 6. Eles ficaram DE TANGA. Vejamos: Elegeram-no DEPUTADO. PREDICATIVO DO OBJETO INDIRETO (*) Chamei-lhe DE TOLO. OBJETO INDIRETO Ele obedece AO REGIME. Devemos ser úteis À PÁTRIA. O Brasil foi colonizado PELOS PORTUGUESES. Viu A NÓS a tarde passada. A nossa atenção. sintagma adjetival (SAdj). é inegável a importância do conhecimento da estrutura e do funcionamento tanto do sintagma adjetival quanto do sintagma preposicionado. sintagma preposicionado (SPrep) e sintagma adverbial (SAdv). Os sintagmas preposicionados exercem dez funções sintáticas: adjunto adnominal. nessa aula. o sintagma adjetival exerce ainda as funções de predicativo e de complemento do predicado. As preposições introdutórias de objetos indiretos e de complementos nominais são vazias de conteúdo nocional. RESUMO O sintagma adjetival é uma organização linguística cujo núcleo é um adjetivo. O primeiro desses sintagmas é responsável por funções de especificação. dirigiu-se aos sintagmas adjetival e preposicionado. Sintagmas preposicionados são formados de preposição e sintagma nominal. A estrutura desse sintagma pode apresentar ainda elementos da categoria de intensificador. É próprio desse sintagma preencher a área lógico-semântica da modificação. O segundo sintagma (SPrep) é responsável. objeto direto preposicionado. predicativo do sujeito. É nesse sentido que se diz que modificadores exercem a função sintática de adjuntos adnominais dos nomes aos quais se referem. Sintagmas preposicionados exercem as funções de objeto indireto e de complemento nominal. complemento nominal. O sintagma adjetival pode concluir um complemento iniciado por preposição. predicativo do objeto indireto e aposto. Essa importância se potencializa. adjunto adverbial. Esse complemento (CSA) tem sempre a função sintática de complemento nominal em relação ao adjetivo núcleo do sintagma adjetival (NSA). Além da função de sintagma de adjunto adnominal. de qualificação ou de predicação. O intensificador sempre se refere ao NSA. inclusive. Dessa forma.Língua Portuguesa II CONCLUSÃO A estrutura sintagmática da língua portuguesa é tecida por meio dos seguintes sintagmas: sintagma nominal (SN). 102 . pela organização de diferentes funções envolvidas na formação das frases do português. agente da passiva. sintagma verbal (SV). objeto indireto. no que diz respeito a estudantes de Letras e a professores de língua portuguesa. 4.Sintagma adjetival e sintagma preposicionado Aula ATIVIDADES I. 2004. 2. O sintagma adjetivo formado de ____________é um sintagma básico. Objetos indiretos são sintagmas ______________. ______________ e pronomes relativos são gramemas __________ ou ___________________. 103 . 1. 3. Gramática descritiva do português. Estabeleça intersecção entre o objeto indireto e o complemento nominal no que respeita à preposição que os introduz. Não concordaram com a proposta. II. Entregaram os doces às crianças. Sintagmas formados por determinada classe de palavra apta a formar por si próprio o sintagma são chamados de sintagmas _____________ 2. Barueri – SP: Manole. 4. 8. A cadeira de balanço era confortável. 5. Sintagmas _____________ são obtidos por transposições. Todos estamos atentos ao sinal. Mário Alberto. SAUTCHUCK. cujas preposições são chamadas de vazias.São Paulo. Sublinhe sintagmas preposicionados. 7. Conjunções. Maria gostou do doce de leite. 1998. Completar as lacunas 1. Prática de morfossintaxe. 5. Sintagmas preposicionados podem exercer as funções de sintagmas __________ e de sintagmas ______________. III. Os _______________ dos sintagmas ________________ são preposições. As preposições que introduzem objetos indiretos são _________ de conteúdo ________________. 2000. 6. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. 6 REFERÊNCIAS AZEREDO. Inez. Fundamentos de gramática do português. José Carlos de. 3. PERINI. . o aluno deverá: demonstrar o papel estruturante do verbo no SV. PRÉ-REQUISITOS Língua Portuguesa I.Aula A ESTRUTURA DO SINTAGMA VERBAL E OS PADRÕES FRASAIS 7 META Analisar e descrever os padrões frasais da língua portuguesa e sua relação com a predicação verbal.gettyimages.com). analisar os padrões frasais da língua portuguesa e a predicação verbal. (Fonte: http://www. OBJETIVOS Ao final desta aula. Língua Portuguesa II INTRODUÇÃO Nesta sétima aula. vamos explorar a transitividade dos nossos verbos. o que implica a análise da estrutura do predicado. A partir desse estudo. (Fonte: http://www. veremos os padrões frasais nos quais se incluem o número ilimitado de frases da nossa língua.com).gettyimages. 106 . É conveniente. 1999. inclui a possibilidade de orações sem sujeito. 7 107 . revisitar a aula sobre sujeito. Na primeira frase. 408). e uma das possibilidades de ela ser conceituada é a seguinte: “Chamase oração a unidade gramatical constituída em torno do verbo”. Lembrem-se vocês de que já estudaram a estrutura do SN e a função de sujeito em Língua Portuguesa I. Conforme o que vocês já estudaram. no que respeita a essa disciplina. Esse tempo verbal está relacionado à atitude do enunciador. Observemos as frases seguintes: Os meninos jogavam na praia. Gostaríamos de silêncio. . o ponto de vista de quem fala em relação àquilo que diz. consequentemente. um SN e um SV. p.Atitude do enunciador manifestada em desinências modo-temporais. Assim. é de entendimento que o predicado é a parte básica da oração e que o seu núcleo estruturante é o verbo. No exemplo. corresponde a uma conação atenuada. não possui sujeito. Atenção aos exemplos seguintes: O gato pulou. o verbo ou o lexema verbal JOGAR ocorre no IdPt (pretérito imperfeito do indicativo) e na PVI (3a pessoa do plural). o lexema verbal GOSTAR apresenta-se no IdFt2. Lembramos as seguintes principais evidências que sustentam o papel estruturante do verbo: . 2000. p. a língua portuguesa.Concordância do verbo com o sujeito. Já no segundo exemplo. entretanto. ou as suas regras de formação de frase. (BECHARA. Essa evidência nos fez aceitar a afirmação seguinte: “Oração se caracteriza por ter uma palavra fundamental que é o verbo (ou sintagma verbal) que reúne. na maioria das vezes.A estrutura do sintagma verbal e os padrões frasais Aula É tradicional a divisão da oração em dois constituintes. 150). duas significações entre as quais se estabelece a relação predicativa – o sujeito e o predicado”. O SN que antecede o SV tem a função de sujeito. ou seja. A PVI corresponde a uma exigência de concordância: o verbo concorda com o sujeito. (AZEREDO. No primeiro exemplo. Chovia bastante. o SN O gato e o SV pulou são os constituintes da oração “O gato pulou”. O segundo exemplo Chovia bastante não apresenta SN e. na posição de complemento. Nessa sequência. Os transitivos diretos admitem SN na posição de sujeito e na posição de complemento. b) Verbos pessoais intransitivos são aqueles que aceitam apenas o SN na posição de sujeito. e o SPrep a seu irmão é o OI. um SN na função de objeto direto (OD) e um SPrep no papel de objeto indireto (OI). ou seja. há um só SN. melhor dizendo. verbos a que a Nomenclatura Gramatical Brasileira denomina de verbos transitivos diretos e indiretos. 108 . ou verbos cópula. configurado no seu núcleo. Veja-se a frase seguinte: Joãozinho é inteligente. já que trovejou não apresenta SN na área do sujeito. Esses verbos se constroem com três sintagmas. a) Verbos impessoais intransitivos.Língua Portuguesa II ESTRUTURAS DO PREDICADO Pelo fato de o verbo ser o elemento estruturante do predicado e a condição da oração. Esses verbos são considerados por muitos como morfemas gramaticais (gramemas independentes) uma vez que sua função primordial é unir o SN sujeito ao predicado. pedem um SPrep (Objeto Indireto). Vejamos diferentes comportamentos de verbos. d) Verbos chamados de bitransitivos. c) Verbos transitivos – diretos ou indiretos. o SN o livro tem a função de OD. 171). que ocupa a posição de sujeito. 2002. Os jogadores. as diferentes classes sintáticas dos verbos. Esse exemplo comprova a existência de verbos intransitivos impessoais. Nessa sequência. Atenção ao exemplo: Os jogadores corriam bastante. p. Os indiretos aceitam SN na posição de sujeito e. Observemos a construção a seguir: Joãozinho entregou o livro a seu irmão. Observem o exemplo: Trovejou bastante naquela noite. e) Verbos chamados de ligação. “verbos que recusam sintagmas nominais” (AZEREDO. um SN no papel de sujeito. compreende-se que o seu comportamento nas mais diversas frases e/ou enunciados permita a determinação dos modelos básicos de estrutura de frase. 2000.. 172). SN ou O menino estudou cuidadosamente a lição. ou O menino dormiu rapidamente. há posições estruturais a serem preenchidas pelos sintagmas. Os verbos considerados no grupo a constituem um grupo bastante pequeno no que respeita aos outros grupos de verbos. Na frase Joãozinho estudou a lição. vocês podem entender o conceito de valência. irradia duas posições estruturais a serem ocupadas por dois sintagmas nominais: o SN Joãozinho e o SN a lição. F → SNSV SV → V SPrep (SAdv) O menino necessita de cuidados. F → SNSV SV → V (SAdv) O menino dormiu. o verbo estudou acarreta. a regra é que esse SN seja o sujeito da oração” (AZEREDO. “Chamamos de valência de um verbo ao conjunto das posições estruturais que irradiam desse verbo. 2000. F → SNSV Sς → VSN (SAdv) O menino estudou a lição. 172). Nessa direção. 7 PADRÕES FRASAIS I.A estrutura do sintagma verbal e os padrões frasais Aula Nessa sequência. SPrep 109 ..”. (AZEREDO. Se um verbo forma uma oração ao lado de um SN. o verbo é funciona como ponte entre o SN sujeito Joãozinho e o SAdj inteligente. p. De tudo o que já foi dito. p. Os tipos de sintagmas são selecionados pelo verbo. Dessa forma. SAdv II. entendido na análise sintática tradicional como predicativo do sujeito. Considerando-se as posições estruturais da oração irradiadas do verbo – as valências verbais – é possível estabelecer os padrões frasais da língua portuguesa. “a grande maioria dos verbos constrói-se com pelo menos um SN. salienta-se a evidência de que o verbo ocupa o centro da oração: à sua volta. SAdv SN III. F → SNSV SV → V Predicativo (SAdv) O menino está alegre. o seu verbo pertence ao conjunto dos verbos transitivos indiretos. em todos esses modelos há um SN sujeito. mas não o exigem. F → SNSV SV → VSN SPrep (SAdv) O menino entregou o livro ao irmão. se comparado ao número daqueles que caracterizam esses seis modelos de frase. Predicativo ou O menino está sempre alegre. uma vez que. sua valência inclui uma posição estrutural pós-verbal ocupada por um SN. SAdv SPrep IV. Assim. cujos verbos. o verbo é transitivo direto. o único elemento obrigatório é o verbo. SAdv ou O menino vai alegremente ao colégio. pois não corresponde à exigência do verbo. Esses padrões não incluem orações sem sujeito. No padrão I.Língua Portuguesa II ou O menino necessita urgentemente de cuidados. conforme vimos. SAdv Predicativo Como vocês devem ter percebido. SAdv SAdv VI. No padrão II. O sintagma adverbial (SAdv) é elemento opcional. O padrão IV é organizado a partir de verbos transitivos diretos e indiretos ao mesmo tempo. são impessoais intransitivos. Todos os modelos aceitam esse sintagma. SN SPrep ou O menino entregou alegremente o livro ao irmão. SAdv SN SPrep V. O padrão V contempla verbos considerados pessoais intransitivos 110 . há obrigatoriamente uma posição pós-verbal ocupada por um SPrep. que faz parte do conjunto dos verbos pessoais intransitivos. F → SNSV SV → V SAdv (SAdv) O menino vai ao colégio. No padrão III. Essa conclusão se explica pela constatação de que o número desses verbos é irrelevante. teremos a sequência agramatical. o Padrão VI se caracteriza pela presença de um predicativo do sujeito. embora a sua valência inclua a posição ocupada por determinados SAdvs. Joãozinho viu a estrela. No que respeita aos padrões frasais da língua portuguesa. O caráter complementar desse sintagma adverbial justifica o V Padrão Frasal. aqui. pois. Observemos os exemplos: Voz ativa I.A estrutura do sintagma verbal e os padrões frasais Aula pela Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB). entendido como termo preposicionado que delimita a natureza semântico-sintática do verbo. Essa agramaticalidade decorre da ausência do SAdv na mesa.Joãozinho pôs o livro..44). Lembramos o entendimento de que a voz passiva é resultado de transformações aplicadas à Estrutura Profunda de uma frase que inclui um SN com a função de objeto direto (paciente) e um SN sujeito (agente). 2006. p. organizam-se segundo os padrões II ou IV. SAdv Se retirarmos dessa frase o SAdv na mesa. p. Nesse sentido. na Estrutura Profunda. na estrutura profunda apresentam um SV com um SN obrigatório. Predicado ou Sintagma verbal 111 . Por fim.. 7 PADRÕES FRASAIS E VOZ PASSIVA É conveniente. passa a funcionar como sujeito da passiva.” (BECHARA. Os verbos que necessitam de sintagmas adverbiais de natureza complementar organizam. após a transformação devida. frases e/ou enunciados com estrutura passiva. “Muitas vezes o complemento relativo. predicados complexos e podem ser chamados de verbos transitivos circunstanciais.” (BECHARA. 2006. 44) e “Alguns autores preferem classificar esses complementos como complementos adverbiais. que vocês retomem o estudo da voz passiva. exprime uma circunstância. Nesse sentido. que. as frases atualizadas na modalidade passiva são frases que. chamado de cópula. Veja-se o exemplo: Joãozinho pôs o livro na mesa. que dele vem separado por um verbo de ligação. . chamados de Padrões Frasais da língua portuguesa. o SN o brinquedo é objeto. Predicado ou SV Nesse SV. transitivos indiretos. transitivos diretos.Língua Portuguesa II Nesse sintagma verbal. transitivos diretos e indiretos ao mesmo tempo. os verbos podem ser impessoais intransitivos. o SN (sujeito) corresponde ao SN (objeto direto) da voz ativa. RESUMO Vimos que o verbo é o princípio estruturante do predicado e da oração. Conhecer tais estruturas e mecanismos é de grande valia para todos nós. As valências desses verbos são responsáveis pelos seis modelos de estrutura de frase. Frases na voz passiva decorrem de transformações aplicadas à estrutura profunda de frases cujos modelos são o padrão II ou o padrão IV. já que tal conhecimento está a serviço da construção e do reconhecimento de frases que respondem às exigências da Norma Culta da Língua. verbos transitivos circunstanciais e verbos cópula ou de ligação. é possível a passiva a seguir: Voz passiva O brinquedo foi entregue ao irmão por Joãozinho. Voz ativa Joãozinho entregou o brinquedo ao irmão. pessoais intransitivos. Voz passiva A estrela foi vista por José. o SN a estrela é objeto direto. logo. O respeito a essa norma é essencial no que respeita a nossa profissão. 112 . Nesse sentido. SN (sujeito) O SN objeto direto da voz ativa passou a sujeito da voz passiva. CONCLUSÃO Estudamos a predicação verbal e os modelos de frase da língua portuguesa. SN (sujeito) Nessa frase. ” (MEDEIROS E ALBUQUERQUE) 6. Não cedem ( ) aos argumentos da razão. e sabia ( ) um pouco de latim. leis. “A cerimônia continuou ( ). Aderem ( ) ou repudiam ( ) de acordo com um mecanismo emocional que não admite ( ) o meio-tom. ele pediu ( ) ao porteiro o favor de solicitar ( ) dos demais condôminos que suspendessem ( ) a cotidiana remessa de despojos. “Ainda retiniam ( ) as últimas badaladas das trindades. “Permite-me ( ) uma pergunta?” (RICARDO ALBERTO) 15.” (R. “Sedentas de absoluto.” (JOAQUIM NABUCO) 12. politicamente.. que pulou ( ) de contente.” VIRIATO CORREIA) 14. “As araras morreram ( ). 3. “Sua carta deu-me ( ) imenso prazer.” (MACHADO DE ASSIS) 18. “A princípio. “As faces eram ( ) talvez pálidas demais. “Conhecia ( ) regularmente a língua portuguesa. com um inato horror ao relativismo. DE ALMEIDA) 19.” (EUCLIDES DA CUNHA) 13. as mulheres são ( ) sempre.”(MEDEIROS E ALBUQUERQUE) 7. como à abstração. disse ( ) Guiomar. nem à força dos fatos. “Não precisa falar ( ). assim: (1) intransitivo (2) transitivo direto (3) transitivo indireto (4) transitivo direto e indireto (ao mesmo tempo) (5) de ligação 1. A. Identificar os verbos quanto ao complemento.” (MEDEIROS E ALBUQUERQUE) 5. já sei ( ) que me acha ( ) bonita. NETO) 9. de uma firme nitidez. “O velho saiu ( ) satisfeito e foi levar ( ) a nova ao Leonardo. “(Beldroegas) vivia ( ) obsedado com os avisos. “A minha perna um bicho mau levou ( ).” (LIMA BARRETO) 11.. decretos e acórdãos.” (TAUNAY) 10. “Nisto a solenidade começara ( ). A.” (M.” (C. RAMOS) 2. “A boiada arranca ( ). DE ALMEIDA) 4.” (M. portarias. traduzia ( ) francês. “Os paraguaios fizeram ( ) justiça a Antônio João.” (JOSÉ DE ALENCAR) 8.” (G. DA SILVA). “A música tomou ( ) o seu lugar numa saleta ao lado.” (LEDO IVO) 17. utilizando-se de números. “O menino voltou ( ) constrangido.” (OTTO LARA RESENDE) 7 113 . (RICARDO ALBERTO) 16.A estrutura do sintagma verbal e os padrões frasais Aula ATIVIDADES I. “Digo-te ( ) que deve ser ( ) um papel muito importante”. Rio de Janeiro: Lucerna. Indique o padrão correspondente a cada frase.” f) “Estela riu da sua ignorância..” e) “Não mexa nas gavetas.” n) “O rapazinho não parecia interessado na crítica ao Governo. _________ d.” (OTTO LARA RESENDE) II.Língua Portuguesa II 20. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. 2. _________ b.” c) “.” l) “._________ i. _________ m. o senhor é um monstro. a.Vovô.. o espetáculo já é ( ) edificante e.._________ h. _________ g. de certo modo. Gramática escolar da língua portuguesa.. _________ n.” m) “Não te censuro..” j) “As vozes eram as mesmas._________ PRÓXIMA AULA Na aula subsequente estudaremos a classificação do predicado e do predicat ivo._________ o. ed. José Carlos de. D. Fundamentos de gramática de português.” h) “Como as pessoas são mentirosas. Sublinhe o SV das frases seguintes a) “O gerente olhou o relógio. antecipa ( ) o futuro que nos espera ( ).. 114 .” k) “A história certa eles não contam. BECHARA. Evanildo. filha. 2000.” g) “Daí a pouco o gerente mostrava-lhe a caixa registradora.” i) “Do salão vinham os gritos. _________ c.” (C._________ l. REFERÊNCIAS AZEREDO. filhinha.” d) “O movimento de fregueses declinava.” b) “Estela soprou um balão. _________ k. _________ f. _________ j. 2006. DE ANDRADE) III._________ e...” o) “Eu lhe vendo as minhas. sobretudo nos grandes centros. a filha ficou ainda mais longe no Peru. “Em países industrializados. analisar as estruturas próprias das diferentes atualizações do predicativo. reconhecer as modalidades do predicativo.gettyimages. . (Fonte: http://www. OBJETIVOS Ao final desta aula.com). PRÉ-REQUISITOS Língua Portuguesa I. Mostrar as especificidades do Predicativo.Aula PREDICADO: E DO PREDICATIVO CLASSIFICAÇÃO DO PREDICADO 8 META Descrever os diferentes tipos de Predicado. o aluno deverá: analisar e reconhecer as estruturas concernentes aos diferentes predicados. incluída esta de número 8. o que implica o estudo do predicativo que ocorre tanto em predicados simples quanto em predicados complexos. analisaremos as diferentes modalidades de predicado.Língua Portuguesa II INTRODUÇÃO Alunos. Todos os que optaram pela continuidade sentir-se-ão fortes no sentido de haverem ultrapassado os obstáculos encontrados. Faltam-nos apenas três aulas. fiéis companheiros de viagem. 116 . estamo-nos aproximando do final deste percurso nos domínios da morfossintaxe da língua portuguesa.com). Nela.gettyimages. (Fonte: http://www. o predicado é chamado de complexo. 117 .32). 1978. esse verbo pertence ao conjunto dos lexemas da língua. 2006. Predicado verbal Núcleo: estuda Cabe-nos aqui apresentar uma categorização do predicado. VERBAL ou VERBO-NOMINAL. segundo sua natureza semântico-sintática. Nesse sentido. Dizendo de outra forma. Quando essa natureza se encerra no próprio verbo. Vejamos os exemplos: I.. Joãozinho dorme.Predicado: classificação do predicado e do predicativo Aula CLASSIFICAÇÃO DO PREDICADO Não só a descrição feita pelos linguistas. Em casos desses. 129). “O PREDICADO pode ser NOMINAL. “dizemos que é um predicado simples ou incomplexo” (BECHARA. 32). Passemos ao seguinte exemplo: Joãozinho estuda muito. esse verbo constitui o núcleo do predicado. Joãozinho comprou um DVD. entretanto. 2006. Já o predicado complexo é formado dos verbos transitivos.” (CUNHA & CINTRA. quando há informação semântica nocional no verbo. p. torna-se necessário delimitá-la mediante um termo complementar. o núcleo do sintagma verbal. Por essa razão. mas também aquela feita pelos gramáticos classificam o predicado. núcleo de predicado. SV Predicado verbal Predicado complexo Vocês devem ter inferido que a classe do predicado simples ou incomplexo é constituída dos chamados verbos intransitivos. p. p.” (BECHARA. 8 PREDICADO VERBAL Dizemos que o predicado é verbal. “Se.. a significação do verbo for muito ampla. SV Predicado verbal Predicado simples ou incomplexo II. nas análises descritivas. Na primeira frase. adjetivo. 118 . Cabe ainda lembrar que o entendimento de um verbo como transitivo ou intransitivo só é possível através de frases e/ou enunciados.Língua Portuguesa II Nesse sentido. permanecer e mais alguns. o verbo se expande através do SN música. esse complemento predicativo apresenta as seguintes características: a) É expresso por substantivo. Esse complemento. Quando estudamos o lexema verbo. 2008. Segundo Bechara. seu núcleo pode ser um verbo transitivo ou um verbo intransitivo. Joãozinho estuda música. p. 129). vimos que há verbo que são considerados verbos cópula pelo fato de não apresentarem sentido nocional. II. o predicado verbal inclui tanto verbos intransitivos quanto verbos transitivos. (BECHARA. 42).. A vida não é assim. Na segunda. ficar. nas nossas gramáticas escolares. “Outro tipo de complemento verbal é o predicativo. CINTRA. b) Concorda com o sujeito em gênero e número. conhecidos como verbos de ligação. Esses verbos estão a serviço da relação entre o SN sujeito e um complemento chamado. numeral ou advérbio. Joãozinho estuda muito. Voltando então ao predicado verbal. pronome. Dessa forma. c) É comutado pelo pronome invariável o. Meu amigo é aquele. ocorre como um verbo transitivo (direto). é denominado de predicativo do sujeito. que delimita a natureza semântico-sintática de um reduzido número de verbos: ser. p. de complemento do SV. A mãe é uma amiga.. Nesse sentido. conforme as frases seguintes. parecer.42) Observem-se os exemplos: O menino é estudioso. PREDICADO NOMINAL E PREDICATIVO “O PREDICADO NOMINAL é formado por um VERBO DE LIGAÇÃO + PREDICATIVO” (CUNHA. estar. p. quando flexionável. 2008. o verbo estuda está empregado como intransitivo. Suas dificuldades são duas. 1978. I.” (BECHARA. SV e Joãozinho estava apressado. o predicado verbo-nominal com predicativo do SN sujeito. O menino o é. é o adjetivo apressado. Joãozinho caminhava apressado. quer em predicados complexos. Vimos. o predicativo se refere ao complemento verbal. SV Esse sintagma verbal possui dois núcleos: o verbo (caminhava) e o adjetivo (apressado). o predicativo se refere ao SN do sujeito.Predicado: classificação do predicado e do predicativo Aula Veja-se a comutação: O menino é estudioso. seja ele um SN ou um SPrep. os nossos gramáticos chamam esse predicado de verbo-nominal. Encontraram Joãozinho desmaiado. É essa referência que autoriza a afirmação de que o SAdj 119 . o núcleo do sintagma verbal é o verbo. Observemos a sequência. N1 N2 . A mãe o é. assim. Já nos predicados complexos. que se refere ao SN. 8 PREDICADO VERBO-NOMINAL PREDICATIVO E VERBOS NOCIONAIS O predicativo pode ocorrer quer em predicados simples. A mãe é uma amiga. temos. o SN objeto direto (Joãozinho) e o SAdj (desmaiado). Nos predicados simples. no SV. Dessa forma. Até agora vimos o predicativo do sujeito. Na segunda. isso ocorre em virtude de a frase resultar da síntese de duas outras: Joãozinho caminhava. SV Na primeira delas. Nessa oração de sujeito indeterminado. o verbo (Encontraram). devemos nos servir da comutação. convém lembrar que a oração é fruto da síntese das construções seguintes: Encontraram Joãozinho. Quando o predicativo se refere ao SN objeto direto. * Encontraram-no desejado. é indispensável que se inclua na frase o SAdj caído. conforme o exemplo seguinte: 120 . Predicado verbal Joãozinho estava desmaiado. Em caso contrário. Às vezes nos deparamos com a dificuldade no sentido de distinguir entre o predicativo do objeto direto e o adjunto adnominal. teremos: Viram-no. Se substituirmos a seqüência o menino caído pelo pronome o. Viram o menino caído. a frase. Encontraram o livro desejado. Nesse caso. o SAdj é predicativo do SN. no sentido de substituir o SN objeto pelo pronome átono correspondente. O teste da comutação comprovou então que caído é predicativo do objeto direto. ele é chamado de predicativo do objeto direto. Convém ainda lembrar que o predicativo pode relacionar-se ao SPrep que funciona como objeto indireto.Língua Portuguesa II (desmaiado) é predicativo do SN (Joãozinho). Comutação: Encontraram-no. Essa última sequência é agramatical. o predicado é verbo-nominal. temos a prova de que esse sintagma é adjunto adnominal. Essa construção não preserva as informações contidas em viram o menino caído. Assim. manifestado através do SN o menino. Viram-no caído. agora. Predicado nominal Dessa forma. na oração Encontraram Joãozinho desmaiado. Analisemos. Quando a comutação inclui o SAdj. Por sua vez. SN SAdj. Joãozinho encontrou o amigo assim. comutamos apenas o complemento verbal representado pelo SPrep ao moço pelo prenome conveniente. Optamos por seguir a tradição e chamá-lo simplesmente predicativo. A profissão escolhida por vocês inclui necessariamente esse tipo de conhecimento. Lembra o professor Evanildo Bechara que é sempre possível substituir o predicativo. Na próxima. Vocês observaram então que tanto o predicativo do objeto direto quanto o do objeto indireto não se incluem no processo da comutação. 8 CONCLUSÃO É nosso desejo que vocês tenham não só relembrado o que viram durante o Curso Fundamental e o Curso Médio no tocante à classificação do Predicado e do Predicativo.Predicado: classificação do predicado e do predicativo Aula Chamavam ao moço de profeta. Em razão dessa possibilidade. relacione-se ele com o SN sujeito ou com o SN objeto direto ou por um advérbio. mas principalmente que tenham feito as devidas relações entre os fenômenos apresentados e a maneira através da qual eles foram analisados e explicados. Joãozinho encontrou o amigo desmaiado. Chegamos ao final da aula. Joãozinho caminha assim. o que resulta na sequência Chamavam-lhe de profeta. predicativo atributivo ou atributo predicativo. alguns autores preferem dar-lhe nome especial: anexo predicativo. Também nessa frase. estudaremos de forma vertical o complemento verbal. Joãozinho caminhava abatido. 121 . ATIVIDADES Identificar os predicados: (1) Predicado verbal (2) Predicado nominal (3) Predicado verbo-nominal do 1o tipo (4) Predicado verbo-nominal do 2o tipo 1. ( ) “A confusão tornou-se. predicado nominal e predicado verbo-nominal. HERCULANO) 2.” (A. a estrutura do SV inclui o chamado complemento verbal. Essa função é a de ponte entre o SN sujeito e o seu predicativo.” (ALUÍSIO AZEVEDO) 9. ao SN objeto direto (predicativo do objeto direto) ou ao SPrep objeto indireto (predicativo do objeto indireto). ( ) “Mas a lembrança do horrível sucesso estava sempre presente no espírito do moço alcaide.” (RUI BARBOSA) 8. Fernando. Nesses casos.” (CAROLINA NABUCO) 122 . completa. HERCULANO) 5.” (A. ( ) “Lamparinas caminhava atrás. furioso.” (CAROLINA NABUCO) 12..” (CAROLINA NABUCO) 13. ( ) “Iolanda permaneceu na mesma posição.. ( ) “O autom6vel vinha cheio. Os predicados verbo-nominais se estruturam a partir de verbos nocionais mas incluem sequências com a função de predicativo. ( ) “Foi terrível o conflito. quando o seu verbo não apresenta conteúdo nocional.” (CAROLINA NABUCO) 14. manifestado por meio de SN ou de SPrep. ( ) “Reinava entre nós D. o predicativo pode referir-se ao SN sujeito (predicativo do sujeito). ( ) “O jantar correu muito pouco animado. ( ) “Os olivais de Santarém lá estão ainda.” (ALUÍSIO AZEVEDO) 10. Nos casos dos predicados simples ou incomplexos. HERCULANO) 4.Língua Portuguesa II RESUMO As nossas gramáticas escolares explicam o predicado ou a estrutura do sintagma verbal através de um modelo tripartido: predicado verbal. ( ) “A velha estacara no meio da sala.” (A. ( ) “Eu quero ficar sozinha. o seu verbo é intransitivo. ( ) “Estas considerações sugeriram um ardil a Nuno Álvares. HERCULANO) 6. furiosa. ( ) “A rataria morreu de fome nos buracos. HERCULANO) 3.” (ALUÍSIO AZEVEDO) 11. afinal. ( ) “Entrou em Portugal com um exército. O predicado verbal traz necessariamente como núcleo um verbo nocional.” (A. O predicado é classificado como nominal.” (GARRETT) 7. Nos casos dos predicados complexos.” (A. Gramática escolar da língua portuguesa.”(CAROLINA NABUCO) 18. SAUTCHUK. ( ) “Achou-o mais magro ainda.” (CAROLINA NABUCO) 20. 123 . L. ( ) “Quero dizer a você somente isto: ( ) deixe minha irmã quieta. ( ) “Nica fixou a irmã primeiro com incredulidade.” (CAROLINA NABUCO) 19. Rio de Janeiro: Lucerna. um porta-voz da família. Barueri – SP: Manole. ( ) “Julgara-se até então. 1985.Predicado: classificação do predicado e do predicativo Aula 15. 2004. F. Luiz.Rio de Janeiro: Nova Fronteira.” (CAROLINA NABUCO) 8 REFERÊNCIAS BECHARA. CUNHA. Nova gramática do português contemporâneo.” (CAROLINA NABUCO) 16. e depois com um surto crescente de indignação. Lindley. Prática de morfossintaxe. horrorizada. nessa entrevista que ninguém lhe ( ) encomendara. Celso & CINTRA. ( ) “Há desses enganos na vida.” (CAROLINA NABUCO) 17. Evanildo. ( ) “Nica chegou atrasada à mesa de família. 2006. (Fonte: pontucom. OBJETIVOS Ao final desta aula. o aluno deverá: utilizar-se das técnicas de reconhecimento do OD. internos e preposicionados.blogspot. .Aula COMPLEMENTO VERBAL: OBJETO DIRETO 9 META Conceituar objeto direto. Apresentar técnicas de identificação do OD e mostrar objetos diretos pleonásticos. reconhecer objetos diretos pleonásticos. identificar o SN objeto direto. PRÉ-REQUISITOS Língua Portuguesa I. internos e preposicionados.com). Língua Portuguesa II INTRODUÇÃO Nesta aula, caros alunos, continuando a nossa observação no que respeita à estrutura do predicado, vamo-nos deter no estudo do complemento verbal chamado de Objeto Direto. Assim, estudaremos o sintagma nominal que ocorre obrigatoriamente na área do predicado. Veremos então, que o SN objeto direto é um sintagma autônomo, já que, responde a imposição da valência verbal. Trataremos de estratégias de identificação dessa modalidade de complemento verbal e da possibilidade de esse complemento adquirir feição pleonástica e de apresentar-se preposicionado. (Fonte: www.portalsaofrancisco.com.br). 126 Complemento verbal: objeto direto Aula Ao estudarmos a estrutura do predicado, vimos que os predicados podem ser classificados como simples ou incomplexos e como complexos. Diferentemente da auto-suficiência da organização semântico-sintática dos verbos dos predicados incomplexos, os verbos dos predicados complexos não possuem essa auto-suficiência, o que acarreta o preenchimento da área do predicado denominada de área complementar. Na perspectiva dos Padrões Frasais estudados, são predicados complexos os que caracterizam os Padrões II, III, IV e V. Nesses modelos de frase, os verbos, chamados de transitivos “exigem complementos obrigatórios que lhes integrem o sentido.” (SAUTCHUCK, 2004: 72). O verbo é chamado de TRANSITIVO DIRETO quando ele se articula diretamente com o seu complemento, ou seja, quando entre ele e o seu complemento não ocorre preposição obrigatória. Esse complemento é então chamado de OBJETO DIRETO. Assim: “D. Plácida foi buscar um espelho...” SN (OD) O SN um espelho liga-se ao verbo sem a mediação de preposição. 9 CARACTERÍSTICAS MORFOSSINTÁTICAS DO COMPLEMENTO VERBAL OBJETO DIRETO Os verbos transitivos, como já vimos, exigem complementos obrigatórios, no sentido de lhes entregarem o sentido. Vejamos uma forma prática de identificação do complemento dos verbos transitivos – o objeto direto. Essa forma de reconhecimento sustenta-se na evidência de que o objeto direto, de forma semelhante ao sujeito, possui uma natureza morfológica substantiva, ou seja, “pode ser expresso por meio de um sintagma nominal.” (SAUTCHUCK, 2004: 72). Entretanto, o SN objeto direto ocupa, na frase, a área do complemento verbal. Por essa razão, esse SN não pode ser substituído por um pronome reto (como ocorre com o SN sujeito). A substituição é, então, feita por um pronome do caso oblíquo. Essa comutação tem como parâmetro a chamada norma culta do português. Assim, chegamos à seguinte generalização: Pronomes pessoais do caso oblíquo devem ocupar a posição do objeto direto. (Na substituição, os pronomes oblíquos o, a, os, as podem se apresentar nas formas eufônicas lo, la, los, las, no, na, nos, nas.) A técnica utilizada no reconhecimento ou na identificação do OD é semelhante àquela usada na identificação do sujeito, o que foi apresentado na aula sobre sujeito, do Curso de Língua Portuguesa I. É a técnica de pergunta e resposta. 127 Língua Portuguesa II Passemos à exemplificação: I. O menino encontrou o livro de matemática. (Técnica da pergunta e resposta) - O menino encontrou o livro de matemática? - Sim, o menino o encontrou. II. Os meninos compraram os livros. - Os meninos compraram os livros? - Sim, os meninos compraram-nos. III. Os meninos vão visitar os amigos. - Os meninos vão visitar os amigos? - Sim, os meninos vão visitá-los. No exemplo I, a sequência substituída pelo pronome o – O livro de matemática – é o objeto direto da frase. Na frase II, o pronome oblíquo, na forma nos, substitui os livros; assim, o SN os livros é o OD dessa frase. No exemplo III, o OD é os amigos, SN substituído por los. Atenção: Resumindo, eis as condições que se devem observar na localização do objeto direto, através da técnica apresentada. “- deve-se dar sempre uma resposta completa, não omitindo nenhum termo não substituído; - o pronome obliquo concorda sempre em gênero e/ou número com o núcleo do objeto direto; - objeto direto é termo representado por sintagma nominal autônomo, apesar de haver casos estilísticos em que ele pode aparecer excepcionalmente preposicionado.” (SAUTCHUCK, 2004, p. 73) Cabe aqui explicitar os conceitos de sintagma autônomo e de sintagma interno. “Consideramos sintagmas autônomos aqueles que se movimentam sozinhos no eixo sintagmático, nele ocupando diferentes posições e constituindo-se, inclusive, de outros sintagmas internos. Estes, por sua vez, estão contidos nos autônomos, não tendo liberdade de se movimentar além do sintagma que os contém, pois estão presos a algum elemento desse sintagma”. (SAUTCHUCK, 2004, p. 44). Os sintagmas internos exercem as funções sintáticas de adjuntos adnominais ou de complementos nominais. Os sintagmas que exercem as outras funções sintáticas são sintagmas autônomos. Vocês estudaram as funções de adjunto adnominal e de complemento nominal na disciplina Língua Portuguesa I. Vejamos exemplos: 128 Complemento verbal: objeto direto Aula 1. A leitura é útil a todos. O sintagma preposicionado a todos está ligado a útil. Nesse sentido, é complemento nominal de útil e, consequentemente, é um sintagma interno. 2. Joãozinho gosta de sorvete de coco. O sintagma preposicionado de coco está diretamente ligado ao nome sorvete no sentido de especificá-lo. A preposição de constrói uma relação de qualidade. Assim, dizemos que as preposições que introduzem adjuntos adnominais estão a serviço de relações nocionais ou semânticas. Voltemos as nossas atenções ao SN objeto direto. Ainda no encalço do reconhecimento do objeto direto, lembramos uma outra técnica: a possibilidade de se apassivar a oração em que se suspeita haver um objeto direto, já que o sujeito da voz passiva corresponde ao objeto direto da voz ativa. Dessa forma: Joãozinho comprou uma revista no Shopping. (Ativa) Uma revista foi comprada por Joãozinho, no Shopping. (Passiva) O SN uma revista é o sujeito da frase na passiva; conclui-se, então, que, na ativa correspondente, esse sintagma tem a função de objeto direto. Às vezes, o objeto direto de uma oração se manifesta através de uma sequência de natureza substantiva, conforme o que se segue: O pai disse não. Todos sabem que ele é inocente. Em contextos desses, os termos que puderem ser comutados, substituídos pelo pronome demonstrativo neutro o, pronome substantivo, são objetos diretos. Vejam-se as substituições: O pai o disse. Todos o sabem. Nessas frases, o vocábulo o é objeto direto. Logo, as sequências substituídas por esse pronome são também objetos diretos. Há ainda que lembrar a estratégia de topicalização no que respeita ao reconhecimento do objeto direto. Nesse sentido, faz-se a transposição do termo que se acredita ser objeto direto, para a esquerda do verbo. Essa topicalizaçao “permite, sem ser obrigatória, a presença dos pronomes o, a, os, as, junto ao verbo, repetindo o objeto direto transposto.” (BECHARA, 2006, p. 35). Assim, 9 129 que. De outra forma.” (Humberto de Campos) Nessa frase. verbo e SN devem partilhar o mesmo radical (cognatos etimológicos).34) O objeto direto. p. Nessa frase. o objeto direto topicalizado As noites repete-se após passava na forma as...” (Gonçalves Dias) O SN morte vil tem como núcleo morte cognato em relação a morrerás. p. À direita do verbo aparece o pronome os. A repetição do objeto direto decorre da “necessidade expressiva ou reforço de ênfase. Tomemos exemplos: “Morrerás morte vil da mão de um forte.63). está topicalizado para a esquerda do verbo. (BECHARA. o sintagma preposicionado de sangue especifica lágrimas. “A repetição de um termo da oração por outro de sentido e função equivalente se denomina pleonasmo. “As noites.. Topicalização O lobo mau. 130 . sentado em uma pedra. é um objeto direto pleonástico. assim. o esforço e o amor. Essa topicalização promove o chamado objeto direto repetido ou pleonástico. Chorarás lágrimas de sangue. há uma relação metonímica entre chorarás e lágrimas.” (KURY. Além dessa relação simbólica. Temos. 2000. um caso de objeto direto pleonástico. o menino o viu. O sintagma adjetivo vil é um modificador em relação a morte.” (HERCULANO. 2000. b) A palavra cognata deve estar acompanhada de um modificador.Língua Portuguesa II O menino viu o lobo mau. Para que isso aconteça. o esforço e o amor. manifestado através da enumeração “A generosidade. nesse sentido. passava-as fora do pequeno rancho de peles. p. vale dizer. a relação entre o verbo e o SN pode ser de natureza ideológica.46) Vejamos: “A generosidade. que repete o objeto direto topicalizado.. OBJETO DIRETO INTERNO Um verbo intransitivo pode ocorrer com um SN obrigatório em posição pós-verbal. há duas condições: a) O SN deve ser uma palavra cognata no que respeita ao verbo da oração. ensinaste-os tu com toda a sublimidade. chamados de objetos diretos oracionais.”. “A estas penas nem o esquecimento cura. Essa oração pode ser introduzida pelo gramema relator que ou trazer o seu verbo no infinitivo.” (Matias Aires. que tratará da sintaxe do período composto.” “Feriu-se a si mesmo. “Tati. O estudo dos objetos diretos assim construídos.” f) Com numerais substantivos: “Aprovei a ambos.) h) Para evitar ambiguidade: 1. 2000: 45) Eis os principais casos em que ocorre o objeto direto preposicionado: a) Em certas expressões da língua em que aparecem substantivos próprios: “Louvemos a Deus. interrogativos: “Apreciei mais a este.” 2.” “Ofendeu a todos indistintamente.” c) Quando é pronome pessoal tônico (uso obrigatório): “Ofendeste a ele. de objetiva direta. Na comparação: “Respeitava-o como à sua mãe. sobretudo quando se segue a verbos que exprimem sentimentos.” (An.Complemento verbal: objeto direto Aula OBJETO DIRETO PREPOSICIONADO O objeto direto “não raro vem regido da preposição a. RVH.” b) Quando o substantivo indica pessoa: “Estimo a meus pais. indefinidos.Sa. Quando se usa a ordem inversa: “Venceram aos chineses os japoneses.” d) Com pronomes substantivos demonstrativos. “Os romanos adoravam a Júpiter.” Antes de finalizarmos esta aula. lembramos que o OBJETO DIRETO muitas vezes se manifesta através de uma oração subordinada substantiva chamada. não a nós. será feito na disciplina Língua Portuguesa III. não os temo.” (KURY.” g) Quando vem antecipado: “Aos maus. Machado. a Garota”. 9 131 .” “A quem preferes?” e) Com pronome de tratamento: “Muito estimamos a V. então.”.) i) Na expressão de reciprocidade um ao outro (e flexões): “Amai-vos uns aos outros. 14. A partir do reconhecimento do OD. atava as fitas. nem gosto particular em ouvi-la.. a repetição do objeto direto.. b) “Eu ia resolver praticamente este pequeno problema de estática e de boas maneiras.. quando a onda investe a praia. Ocorre ainda o chamado objeto direto interno. cuja ausência implica inaceitabilidade e/ou agramaticalidade.” (M.. ATIVIDADES I. RESUMO O objeto direto se caracteriza por não apresentar preposição obrigatória.” M. alaga-a muitos palmos a dentro.” M. em alguns casos. a) “Virgília punha o chapéu. o que configura o objeto direto pleonástico... Além disso. de Assis). transcreviam os horrores.. a) “Um exemplo da segunda classe constitui o presente capítulo. Como técnicas de reconhecimento dessa modalidade de complemento verbal.” (C. sobressaem-se a comutação (substituição do provável objeto direto pelo pronome oblíquo o ou uma das suas variações) e a transformação passiva no que respeita à frase observada. à interação social.” (M.” II. de Assis) c) “.Língua Portuguesa II CONCLUSÃO Nesta aula. Desvendar essas estruturas é uma imposição a todos os professores e alunos do curso de Letras/Português. contavam as cabeças. D. mediam o sangue. transforme em estrutura passiva as passagens em que ele se encontra. O estilo da língua adota. Esse estudo implicou a análise e a descrição das estruturas através das quais se manifesta esse tipo de complemento verbal. Sublinhe os objetos diretos nos trechos a seguir. arranjava os cabelos. A Língua Portuguesa admite construções com objeto direto preposicionado.. estudamos o complemento verbal chamado de objeto direto. o conhecimento de variadas possibilidades estilísticas concernentes às estruturas-padrão da língua é de grande valia no que respeita à produção de textos orais e escritos e. a cada navio que chegava da Europa. consequentemente. os jornais. quando o núcleo do SN é cognato ou ideologicamente relacionado no que respeita ao seu verbo. de Andrade) 132 .. de Assis) d) “Não nos falta música. de Assis) b) “Com efeito. ” (C. o aljôfar d’água ainda a roreja ( ). b) Os gregos adoravam Palas Atena.” g) ( ) “Um sonho mais lindo sonhei.. VI.” e) ( ) “Iracema saiu do banho..” (de uma canção) h) ( ) “Os sinos já não há quem os toque. Topicalize para a esquerda o objeto das seguintes orações e repita-o depois do verbo através de um pronome pessoal adequado.) b) ( ) “Todos eles viveram uma vida feliz.” (C. de Andrade) III..” ( ) i) ( ) “Amava-o apenas a ele. c) Entrevistei ambos... ( ) a mim ouve.” (C.” ( ) j) ( ) “Fico para te ver. de Andrade) d) “Eu perseguia o mito literário. Branco) k) ( ) “Sonhavam sonhos esquisitos. a) Jesus amou todos os homens. c) A cigarra faz canções. Sublinhar e classificar o complemento verbal.Complemento verbal: objeto direto Aula c) “Alguns recebiam manifestações de apreço. no sentido de acrescentar preposições aos objetos diretos. D. Modifique as frases seguintes. e) O poeta compõe versos. C. de Andrade) e) “Escolhe entre janelas abertas e penetra em quartos de moças. como à doce mangaba que corou em manhã de chuva!” (Alencar) f) ( ) “Entre dois ladrões crucificaram os judeus a Jesus. a) A leoa defende a cria.” c) ( ) “Este lugar delicioso e triste / Cansada de viver / Tinha escolhido / para morrer a mísera Lindóia. ( ) fico para te ouvir. D. d) Não esqueça os filhos. d) As crianças viram o desastre.” (J.” (Basílio da Gama) d) ( ) “Quem vos ouve. (1) Objeto direto (2) Objeto direto preposicionado (3) Objeto direto interno (4) Objeto direto pleonástico a) ( ) “Ele e o mancebo trocaram a fumaça da despedida.” (C. IV.” 9 133 . D. b) As nuvens encobrem a lua. A topicalização referente à questão anterior gerou objeto direto _____________ V. e) Abel matou Caim.. A. 2000. Prática de morfossintaxe. Adriano da Gama.Língua Portuguesa II PRÓXIMA AULA Na próxima aula. KURY. SAUTCHUK. Rio de Janeiro: Lucerna. São Paulo: Ática. 16 ed. Barueri – SP: Manole. REFERÊNCIAS BECHARA. Inez. Lições de português. 134 . 2000. Evanildo. Novas lições de análise sintática. trataremos do objeto indireto e do complemento circunstancial. 2004. reconhecer verbos transitivos circunstanciais ou adverbiais e identificar o complemento circunstancial.nossanoite. o aluno deverá: analisar o complemento verbal que se manifesta através do sintagma preposicionado. OBJETIVOS No final desta aula.com. PRÉ-REQUISITOS Língua Portuguesa I.br). (Fonte: http://www.Aula COMPLEMENTO VERBAL: OBJETO INDIRETO 10 META Apresentar as possibilidades de análise no que respeita ao Sintagma Preposicionado que ocupa obrigatoriamente a área do predicado. . mostrar diferenças entre o objeto indireto e o complemento relativo. 136 .Língua Portuguesa II INTRODUÇÃO Meus queridos alunos. A ela destinamos o estudo do Objeto Indireto. Apresentaremos formas de identificação dessas funções sintáticas introduzidas por preposições obrigatórias e mostraremos em que consiste a obrigatoriedade da preposição. no que respeita às funções sintáticas manifestadas pelo Sintagma Preposicionado obrigatório que ocupa a área do complemento verbal. chegamos à nossa décima e última aula. do Complemento Relativo e do Complemento Circunstancial. Mostraremos perspectivas que não coincidem com a ótica da NGB.portalsaofrancisco.com. (Fonte: www.br). Assim. a sequência se torna inaceitável e agramatical. Maria escreveu aos pais. aos pais é um SPrep que se introduz pela preposição a à qual se segue o SN os pais. pelos falantes nativos.” (BECHARA. no complemento relativo e no complemento circunstancial. os que pedem complemento introduzido por preposição necessária. que exige a presença de sintagma dessa natureza. 2000.Complemento verbal: objeto indireto Aula Na aula passada. p. A existência do complemento verbal. a serviço das exigências sintáticas (gramaticais) da língua. estudamos o complemento verbal manifestado na forma de objeto direto. Essa preposição tem caráter obrigatório. Convém ainda dizer que a obrigatoriedade da preposição se comprova não só pela agramaticalidade da frase. Essa obrigatoriedade assim se explica: retirada da frase a preposição. 52) 10 OBJETO INDIRETO O fato de o objeto indireto ser introduzido por preposição obrigatória permite que se diga que a função de objeto indireto é preenchida por um sintagma preposicionado. quando o gramema está ausente mas ainda pela mudança de sentido do verbo acarretada pela ausência de preposição. Esse sintagma preposicionado responde à valência do verbo escrever. Nessa frase. pressupõe um verbo cuja valência impõe o preenchimento da área destinada ao complemento. Maria aspira ao ar puro do campo (almejar). temos uma modalidade de complemento que se relaciona a verbos “transitivos indiretos. gramema relator. como frase da língua.Maria escreveu os pais. Dessa forma. A agramaticalidade. decorre do fato de a inaceitabilidade resultar da ausência da preposição. Assim. ou à sua obrigatoriedade temos: 137 . Ainda em relação à necessidade da preposição. Maria aspira o ar puro do campo (sorver). ou seja. a área complementar. No que respeita ao chamado objeto indireto. A inaceitabilidade decorre da rejeição dessa sequência. . Agora vamos tratar do complemento verbal configurado no objeto indireto. como já vimos. por sua vez. . Além dessa característica sintática. Evanildo Bechara que a NGB. complementos esses que podem ser substituídos pelo pronome lhe (ou lhes). 2000. com o objetivo de simplificação. Assim. (BECHARA. OD preposicionado. se pode justificar o entendimento de Bechara no sentido de classificar complementos desses como complementos partitivos. de uvas é um complemento verbal também iniciado pela preposição de.Agramaticalidade Os meninos amam aos pais. OD A preposição a em aos pais é um recurso estilístico no sentido de pôr em evidência a pessoa a quem é dirigida a ação verbal. A distância da ideia de partitivo e a relação estreita com o 138 . Maria lhe escreveu. Assim. Vejamos agora. José gosta de uvas. Nessa frase.Língua Portuguesa II Insistimos (. Dessa forma. ou Os meninos amam os pais. Ao lado desta preposição necessária corre a preposição que pode ser dispensada ou que aparece como recurso estilístico da clareza do pensamento. A sequência do compromisso é iniciada pela preposição de. chama de objetos indiretos complementos verbais preposicionados de natureza bastante diferentes. Para Bechara. Diz o Prof...52). seriam objetos indiretos apenas os complementos verbais iniciados pelas preposições a ou para.) em dizer preposição necessária para fazer referência àquela que não pode ser retirada sem prejuízo do sentido ou da correção da frase. Maria escreveu ao pai. a organização semântica aponta para a ideia de parte em contraposição ao todo. Nessa frase.Os meninos gostam carros . Complementos verbais geralmente principiados pela preposição de são classificados por Bechara de complementos partitivos e de complemento de relação. p. Assim. José se lembrou do compromisso. ao pai é o complemento verbal do verbo escrever. Esse complemento se inicia pela preposição a e pode ser substituído pelo pronome lhe. entendido como o conjunto das coisas das quais José se possa lembrar. p.248). indicando o possuidor de alguma coisa. lembramos os seguintes: a) “Complemento de verbos acompanhados de objeto direto”. 250) “(. com o valor de objeto direto.” (Machado de Assis). Rocha Lima..” (LIMA. Inclusive. obrigatórios. 2008. 2008. então. 10 139 . p. designando a pessoa em quem se manifesta a ação. ligado ao verbo por uma preposição determinada (a. com. OD OI Essa frase organiza-se segundo o Padrão Frasal IV. b) “Junta-se à unidade formada de verbo + objeto direto. p.). o objeto indireto caracteriza-se morfologicamente por se iniciar pela preposição a e. 251) Vocês devem ter compreendido. O predicado apresenta dois complementos verbais e. o que não corresponde à perspectiva da NGB.Complemento verbal: objeto indireto Aula verbo podem explicar a classificação de complemento de relação dada por Bechara à sequência de uvas. pela preposição ‘para’ e também por. custou muito ao menino aceitar esta situação. a predicação de um verbo de significação relativa. algumas vezes.” (LIMA. para ele. o objeto indireto é marcado pelo traço + pessoa.. Dentre os casos incontroversos de objeto indireto citados por Lima.” (LIMA. e essa característica acarreta a impossibilidade de o objeto indireto se apresentar na forma de oração subordinada. Lembrem-se de que esta é a ótica do Prof. de. etc.) mandou cortar a cabeça a Adonias. Na ótica de Rocha Lima. c) “Liga-se os verbos intransitivos impessoais. Rocha Lima evidencia o caráter objetal do complemento verbal chamado de objeto indireto: “O objeto indireto representa o SER ANIMADO a que se dirige ou destina a ação ou estado que o processo verbal expressa. em. 2008. integra. como tais. poder ser substituído pelo pronome ‘lhe’ (lhes). Esse entendimento de complemento de relação é equivalente ao conceito seguinte: “Complemento relativo é o complemento que. Maria ofereceu o livro ao seu irmão.” (Vieira) Observação: O modelo corrente não aceita essa análise e reconhece em a Adonias um adjunto adnominal. p. que os complementos verbais chamados de objetos indiretos pela NGB englobam complementos partitivos e complementos relativos na perspectiva de mestres da língua como os professores Rocha Lima e Evanildo Bechara. 251) “Capitu propôs metê-lo em um colégio.” (LIMA. na terceira pessoa. 2008. donde só viesse aos sábados. Assim. Vocês devem ter-se dado conta de que os casos de complemento verbal iniciados pela preposição de incluem-se. .“Comunicou a desconfiança aos colegas. . p. elas. As providências dependem do despacho.” . . para Rocha Lima. 2008. não lhe peço.Os irmãos não reparavam na pequena.“Ao pobre.Os pais assistiam ao desfile. DISTINÇÃO ENTRE COMPLEMENTO RELATIVO E OBJETO INDIRETO (ROCHA LIMA) O complemento relativo “não representa a pessoa ou coisa a que se destina a ação.” . Sublinhar os complementos relativos.A jovem entregou a carta à amiga.“Confiaste-me todos os teus segredos.” . ela.“O médico apertava a mão a todos os doentes. 140 .Língua Portuguesa II Nesse exemplo.” . Complemento relativo.“Que Deus nos dê um resto de alento.Os adolescentes precisam de cuidados.” . lhes. A aceitação é referente às formas tônicas ele. Indicar o objeto indireto nas frases seguintes: . As providências dependem dele.” (LIMA. ATIVIDADES I. O complemento relativo não aceita ser substituído pelas formas pronominais lhe. ou em cujo proveito ela se realiza. . o sujeito de custou é aceitar esta situação.252) A menina precisa de conselhos.” . eles. ao rico.Adolescentes gostam de música pop. nos casos de complemento relativo. e o seu objeto indireto é ao menino. Complemento relativo. não lhe devo. Complemento relativo.“A cozinheira começava a cortar as asas ao pássaro.” II. antecedidos de preposição.“Tudo vos dava uma impressão agradável. . sequências que não são substituídas pelas formas lhe e lhes.” (BECHARA.Complemento verbal: objeto indireto Aula . Dessa forma. Continuando o estudo do objeto indireto.. Atenção à frase seguinte: “Prendam-me esse homem!” OI Em relação a essa possibilidade de objeto indireto. a expressão que manifesta “a pessoa ou coisa que. III. 53) 10 DUPLO OBJETO INDIRETO Caros alunos. caso em que o objeto indireto pode servir a um verbo de ligação. “Só hoje lhe responde à carta. o OI é chamado por Bechara de dativo de opinião.) a coisa em cujo proveito ou prejuízo se pratica a ação. vejam o seguinte: “Em casos bastante limitados. é importante deixar claro o seguinte: o professor Evanildo Bechara inclui entre as possibilidades de objeto indireto. Bechara a entende como dativo ético. p. Bechara afirma que essa modalidade de objeto indireto pode ser chamada de dativo de interesse já que manifesta “(. Reescreva as frases apresentadas no item II. O Prof. substituindo os complementos relativos pelos pronomes convenientes.” OI OI 141 . conforme o exemplo seguinte: “José pareceu-lhe adoentado. Assim.” Objeto indireto (OI) O Prof. “Trabalha para o bem geral da família.” (BECHARA. 2000. Bechara inclui ainda. p.. uma vez que representa “a pessoa a quem pertence uma opinião. ou seja. sequências que ocorrem em predicados nominais.O menino indicou o caminho ao soldado. 53). 2000.” (KURY. podem aparecer dois objetos indiretos referidos ao mesmo verbo. de janeiro findo. 53). 2000. 49). p. p. 2000. vivamente interessada na ação expressa pelo verbo. procura captar a simpatia ou benevolência do ouvinte.” OI Em casos desses. entre as possibilidades de objeto indireto.” (BECHARA. Assim. um dos dois. Voltei do trabalho. Complemento circunstancial. nome de valor locativo. “Diante de expressões do tipo: Irei à cidade.” OI OIP Aos homenageados. OI OIP Como vocês devem ter compreendido. 142 . Nesse sentido. Tanto os complementos relativos quanto os objetos indiretos se distribuem pelos Padrões Frasais III e IV. os demais complementos verbais. como já vimos. em outros casos.253). Objetos costuma vir antecipado. com verbos que exigem complemento de sentido locativo. Vejamos a opinião de Bechara no tocante a complementos locativos. temos o complemento circunstancial. Esse tipo de complemento é assim conceituado: “É um complemento de natureza adverbial – tão indispensável à construção do verbo quanto. entregam-lhes as medalhas.” “Parecia-lhe a ela estar em um mundo fantástico.” (LIMA. O verbo dessa frase iremos exige a preposição a no sentido de ligá-lo a Roma. Iremos a Roma. o entendimento do objeto indireto não é coincidente no que respeita a gramáticos como Rocha Lima e Bechara e à postura adotada pela NGB. que implica o entendimento dos chamados verbos transitivos circunstanciais. É conveniente que vocês revisitem o estudo dos Padrões Frasais. p.Língua Portuguesa II Nessa frase lhe e à carta são objetos indiretos relacionados ao verbo respondo. OBJETO INDIRETO PLEONÁSTICO “A expressividade pode provocar o aparecimento de um objeto indireto pleonástico. a NGB não estabelece diferenças entre complemento de relação ou complemento relativo e objeto indireto. COMPLEMENTO CIRCUNSTANCIAL A Nomenclatura Gramatical Brasileira não trata desse tipo de complemento. Assism. 2008. apresentado por um pronome pessoal ou por um substantivo. na vida pessoal.” (BECHARA. RESUMO Esta aula se voltou para o estudo do complemento verbal manifestado através do Sintagma Preposicionado. 2000. Foram estudadas as especificidades do Objeto Indireto.Complemento verbal: objeto indireto Aula tínhamos a rigor de falar em verbos transitivos adverbiais. É importante que vocês consultem dicionários de Regência Verbal sempre que necessário for. Nesse sentido. aspectos não considerados pela NGB.. No início desta aula. estabelecemos relação entre as suas diferentes modalidades e os Padrões Frasais da língua portuguesa. assim. o que se configura no sintagma preposicionado. detivemo-nos na possibilidade de análise que identifica complementos circunstanciais requisitados por verbos de caráter transitivo e. o que permite a sua identificação. Caríssimos alunos. é importante que vocês estejam atentos no que respeita à Regência Verbal. 143 .. exercita a razão crítica.52). 10 CONCLUSÃO Esta aula tratou das especificidades do complemento verbal iniciado por preposição. denominados de verbos transitivos circunstanciais ou transitivos adverbiais. havíamos dito que tanto objeto indireto quanto complementos adverbiais se manifestam através de sintagmas preposicionados. p. Essa perspectiva de análise é mais congruente no que respeita aos fatos da língua do que a postura adotada pela NGB. Mostramos diferenças entre o Objeto Indireto. Por último. Apresentar e cotejar pontos de vista diferentes e algumas vezes conflitantes além de aumentar a visão de mundo. na disciplina Língua Portuguesa III e não só na vida profissional. Esse complemento foi estudado na ótica de conceituados gramáticos da língua sem perder de vista a perspectiva da Nomenclatura Gramatical Brasileira. como principalmente. isto é. agradeço a todos vocês pela persistência no sentido de acompanharem um curso de morfossintaxe a distância. o Complemento Partitivo e o Complemento de Relação ou Complemento Relativo. Vocês compreenderam então que a inclusão do Padrão V entre os modelos de frase concernentes à língua portuguesa implica a aceitação de verbos transitivos circunstanciais. Desejo-lhes êxito na avaliação final. Durante o tratamento do complemento verbal preposicionado. sempre que a dúvida se estabeleça. a Nomenclatura Gramatical Brasileira arrola tais casos entre os adjuntos adverbiais. Contra o conceito de complemento. os que pedem como complemento uma expressão adverbial. .Os hindus nos mostram seus costumes. 47 ed. Gramática normativa da língua portuguesa.Alice chegou ao País das Maravilhas. Modelo: A mãe entregou o livro ao filho. V. O que você pode concluir da questão de número IV? REFERÊNCIAS BECHARA. ed.O coelho dormia sossegadamente. KURY. 2008. . Indique os complementos circunstanciais . . Reescreva as frases seguintes. Rocha. . Novas lições de análise sintática. . Rio de Janeiro: Lucerna. Lições de português. em relação ao item I. 144 . .Maria agradeceu a gentileza ao amigo.As crianças da África necessitam de ajuda. 2000. . III.Ele te indicou o caminho. conforme o modelo. IV. II. . . Adriano da Gama.Língua Portuguesa II ATIVIDADES I. 2000.Os esquilos gostam de nozes.Os refugiados dependiam de ajuda humanitária. uma frase que contenha sintagma preposicionado na função de objeto indireto. .Os senadores defendiam-se das acusações.No jardim encantado. LIMA. Reescreva a frase transcrita. 16. OD OI A mãe lho entregou. Evanildo. .As crianças foram à praia. substituindo o objeto indireto pelo devido pronome.A moça agradeceu ao amigo o gesto. as árvores conversavam.O esquilo morava na árvore grande. .Ele vos mostrará a verdade. São Paulo: Ática. Rio de Janeiro: José Olympio. Transcreva.Ela lhe ofereceu ajuda. substituindo o objeto direto e o indireto pelos pronomes adequados. . .
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