Textos Pro Trabalho Do Behevorismo

March 18, 2018 | Author: Daniele Melo | Category: Behaviorism, Psychology & Cognitive Science, Cognitive Science, Psychological Concepts, Cognition


Comments



Description

BehaviorismoOrigem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Ìr para: navegação, pesquisa Behaviorismo (Behaviorism em inglês, de behaviour (RU) ou behavior (EUA): comportamento, conduta), também designado de comportamentalismo, ou às vezes comportamentismoPB, é o conjunto das teorias psicológicas que postulam o comportamento como o mais adequado objeto de estudo da Psicologia. O comportamento geralmente é definido por meio das unidades analíticas respostas e estímulos investigadas pelos métodos utilizados pela ciência natural chamada Análise do Comportamento. Historicamente, a observação e descrição do comportamento fez oposição ao uso do método de introspecção. Índice 1 Tipos de Behaviorismo 1.1 Behaviorismo Clássico 1.2 Neobehaviorismo Mediacional 1.2.1 Edward C. Tolman 1.2.2 Clark L. Hull 1.3 Behaviorismo Filosófico 1.4 Behaviorismo Metodológico 1.5 Behaviorismo Radical 2 Argumentos behavioristas 3 Críticas 4 Behavioristas famosos 5 Referências 6 Ver também 7 Ligações externas Tipos de Behaviorismo foto dele Ìvan P. Pavlov Como precedentes do Comportamentismo podem ser considerados os fisiólogos russos Vladimir Mikhailovich Bechterev[1] e Ìvan Petrovich Pavlov[2]. Bechterev, grande estudioso de neurologia e psicofisiologia, foi o primeiro a propor uma Psicologia cuja pesquisa se basea no comportamento, em sua Psicologia Objetiva[1]. Pavlov, por sua vez, foi o primeiro a propor o modelo de condicionamento do comportamento conhecido como reflexo condicionado, e tornou- se conceituado com suas experiências de condicionamento com cães. Sua obra inspirou a publicação, em 1913, do artigo Psychology as the Behaviorist views it, de John B. Watson. Este artigo apresenta uma contraposição à tendência até então mentalista (isto é, internalista, focada nos processos psicologicos internos, como memória ou emoção) da Psicologia do início do século XX, além de ser o primeiro texto a usar o termo Behaviorismo. Também é o primeiro artigo da vertente denominada Behaviorismo Clássico. Behaviorismo Clássico O Behaviorismo Clássico (também conhecido como Behaviorismo Watsoniano, menos comumente Psicologia S-R e Psicologia da Contração Muscular[3]) apresenta a Psicologia como um ramo puramente objetivo e experimental das ciências naturais. A finalidade da Psicologia seria, então, prever e controlar o comportamento de todo e qualquer indivíduo. A proposta de Watson era abandonar, ao menos provisoriamente, o estudo dos processos mentais, como pensamento ou sentimentos, mudando o foco da Psicologia, até então mentalista, para o comportamento observável[3]. Para Watson, a pesquisa dos processos mentais era pouco produtiva, de modo que seria conveniente concentrar-se no que é observável, o comportamento. No caso, comportamento seria qualquer mudança observada, em um organismo, que fossem consequência de algum estímulo ambiental anterior, especialmente alterações nos sistemas glandular e motor. Por esta ênfase no movimento muscular, alguns autores referem-se ao Behaviorismo Clássico como Psicologia da Contração Muscular[3]. O Behaviorismo Clássico partia do princípio de que o comportamento era modelado pelo paradigma pavloviano de estímulo e resposta conhecido como condicionamento clássico. Em outras palavras, para o Behaviorista Clássico, um comportamento é sempre uma resposta a um estímulo específico. Esta proposta viria a ser superada por comportamentalistas posteriores, porém. Ocorre de se referirem ao Comportamentismo Clássico como Psicologia S-R (sendo S-R a sigla de Stimulus-Response (estímulo-resposta), em inglês). É importante notar, porém, que Watson em momento algum nega a existência de processos mentais. Para Watson, o problema no uso destes conceitos não é tanto o conceito em si, mas a inviabilidade de, à época, poder analisar os processos mentais de maneira objetiva. De fato, Watson não propôs que os processos mentais não existam, mas sim que seu estudo fosse abandonado, mesmo que provisoriamente, em favor do estudo do comportamento observável. Uma vez que, para Watson, os processos mentais devem ser ignorados por uma questão de método (e não porque não existissem), o Comportamentismo Clássico também ficou conhecido pela alcunha de Behaviorismo Metodológico. Watson era um defensor da importância do meio na construção e desenvolvimento do indivíduo. Ele acreditava que todo comportamento era consequência da influência do meio, a ponto de afirmar que, dado algumas crianças recém-nascidas arbitrárias e um ambiente totalmente controlado, seria possível determinar qual a profissão e o caráter de cada uma delas. Embora não tenha executado algum experimento do tipo, por razões óbvias, Watson executou o clássico e controvertido experimento do Pequeno Albert, demonstrando o condicionamento dos sentimentos humanos através do condicionamento responsivo. Neobehaviorismo Mediacional Question book.svg Esta página ou secção não cita nenhuma fonte ou referência, o que compromete sua credibilidade (desde junho de 2010). Por favor, melhore este artigo providenciando fontes fiáveis e independentes, inserindo-as no corpo do texto por meio de notas de rodapé. Encontre fontes: Google ÷ notícias, livros, acadêmico ÷ Scirus. Veja como referenciar e citar as fontes. O Behaviorismo Clássico postulava que todo comportamento poderia ser modelado por conexões S-R; entretanto, vários comportamentos não puderam ser modelados desta maneira. Em resposta a isso, vários psicólogos propuseram modelos behavioristas diferentes em complemento ao Behaviorismo Watsoniano. Destes podemos destacar Edward C. Tolman, primeiro psicólogo do comportamentalismo tradicionalmente chamado Neobehaviorismo Mediacional. Edward C. Tolman Tolman publicou, em 1932, o livro Purposive behavior in animal and men. Nessa obra, Tolman propõe um novo modelo behaviorista se baseando em alguns princípios dissoantes perante a teoria watsoriana. Esse modelo apresentava um esquema S-O-R (estímulo-organismo-resposta) onde, entre o estímulo e a resposta, o organismo passa por eventos mediacionais, que Tolman chama de variáveis intervenientes (em oposição às variáveis independentes, i. e. os estímulos, e às variáveis dependentes, i. e. as respostas). As variáveis intervenientes seriam, então, um componente do processo comportamental que conectaria os estímulos e as respostas, sendo os eventos mediacionais processos internos. Baseado nesses princípios, Tolman apresenta uma teoria do processo de aprendizagem sustentada pelo conceito de mapas cognitivos, i. e., relações estímulo-estímulo, ou S-S, formadas nos cérebros dos organismos. Essas relações S-S gerariam espectativas no organismo, fazendo com que ele adote comportamentos diferentes e mais ou menos previsíveis para diversos conjuntos de estímulos. Esses mapas seriam construídos através do relacionamento do organismo com o meio, quando observa a relação entre vários estímulos. Os processos internos que permitem a criação de um mapa mental entre um estímulo e outro são usualmente chamados gestalt-sinais. Como se vê, Tolman aceitava os processos mentais, assim como Watson, mas, ao contrário desse, efetivamente os utilizava no estudo do comportamento. O próprio Tolman viria a declarar que sua proposta behaviorista seria uma reescrita da Psicologia mentalista em termos comportamentalistas. Tolman também acreditava no caráter intencional do comportamento: para ele, todo comportamento visa alcançar algum objetivo do organismo, e o organismo persiste no comportamento até o objetivo ser alcançado. Por essas duas características de sua teoria (aceitação dos processos mentais e proposição da intencionalidade do comportamento como objeto de estudo), Tolman é considerado um precursor da Psicologia Cognitiva. Clark L. Hull Em 1943, a publicação, por Clark L. Hull, do livro Principles of Behavior marca o surgimento de um novo pensamento comportamentalista, ainda baseada o paradigma S-O-R, que viria a se opor ao behaviorismo de Tolman. Hull, assim como Tolman, defendia a idéia de uma análise do comportamento baseada na idéia de variáveis mediacionais; entretanto, para Hull, essas variáveis mediacionais eram caracterizadamente intra-organísmicas, i. e., neurofisiológicas. Esse é o principal ponto de discordância entre os dois autores: enquanto Tolman efetivamente trabalhava com conceitos mentalistas como memória, cognição etc., Hull rejeitava os conceitos cognitivistas em nome de variáveis mediacionais neurofisiológicas. Em seus debates, Tolman e Hull evidenciavam dois dos principais aspectos das escolas da análise do comportamento. De um lado, Tolman adotava a abordagem dualista watsoniana, onde o indivíduo é dividido entre corpo e mente (embora assumindo-se que o estudo da mente não possa ser feito diretamente); de outro, Hull, embora mediacionista, adota uma posição monista, onde o organismo é puramente neurofisiológico. Behaviorismo Filosófico O Behaviorismo Filosófico (também chamado Behaviorismo Analítico e Behaviorismo Lógico[4]) consiste na teoria analítica que trata do sentido e da semântica das estruturas de pensamento e dos conceitos. Defende que a idéia de estado mental, ou disposição mental, é, na verdade, a idéia de disposição comportamental ou tendências comportamentais. Afirmações sobre o que se denomina estados mentais seriam, então, apenas descrições de comportamentos, ou padrões de comportamentos em toda a familia romana. Nesta concepção, são analisados os estados mentais intencionais e representativos. Esta linha de pensamento fundamenta-se basicamente nos postulados de Ryle e Wittgenstein[4]. Behaviorismo Metodológico O termo foi primeiramente utilizado por Watson, em 1945, para se referir a proposta de ciência do comportamento dos positivistas lógicos, ou neopositivistas, que tiveram grande influência nas idéias dos behavioristas norte-americanos da primeira metade do século XX. Provavelmente, e mais especificamente, as críticas se referiram às considerações de Stanley Smith Stevens, em seu artigo "Psychology and the science of science" de 1939. O behaviorismo metodológico de S. S. Stevens entende o comportamento apenas como respostas públicas dos organismos. A questão da observabilidade é central. Somente eventos diretamente observáveis e replicáveis seriam admitidos para tratamento por uma ciência, inclusive uma ciência do comportamento. Essa admissão decorre apenas por uma questão de acessibilidade, ou seja, não seria possível uma ciência de eventos privados simplesmente por eles serem desta ordem, privados. Essa visão, chamada de "behaviorismo meramente metodológico" por Watson, se distancia da visão Behaviorista Radical que inclui os eventos privados no escopo das ciências do comportamento e a interpretação como método legítimo. Behaviorismo Radical Ver artigo principal: Behaviorismo Radical Como resposta às correntes internalistas do Comportamentalismo e inspirado pelo Behaviorismo Filosófico, Burrhus F. Skinner publicou, em 1945, o livro Science and Human Behavior. A publicação desse livro marca o início da corrente comportamentalista conhecida como Behaviorismo Radical. O Behaviorismo Radical foi desenvolvido não como um campo de pesquisa experimental, mas sim uma proposta de filosofia sobre o comportamento humano. As pesquisas experimentais constituem a Análise Experimental do Comportamento, enquanto as aplicações práticas fazem parte da Análise Aplicada do Comportamento. O Behaviorismo Radical seria uma filosofia da ciência do comportamento. Skinner foi fortemente anti-mentalista, ou seja, considerava não pragmáticas as noções "internalistas" (entidades "mentais" como origem do comportamento, sejam elas entendidas como cognição, id-ego-superego, inconsciente coletivo, etc.) que permeiam as diversas teorias psicológicas existentes. Skinner jamais negou em sua teoria a existência dos processos mentais (eles são entendidos como comportamento), mas afirma ser improdutivo buscar nessas variáveis a origem das ações humanas, ou seja, os eventos mentais não causam o comportamento das pessoas, os eventos mentais são comportamentos e são de natureza física. A análise de um comportamento (seja ele cognitivo, emocional ou motor) deve envolver, além das respostas em questão, o contexto em que ele ocorre e os eventos que seguem as respostas. Tal posição evidentemente opunha-se à visão watsoniana do Behaviorismo, pela qual a principal razão para não se estudar fenômenos não fisiológicos seria apenas a limitação do método, não a efetiva inexistência de tais fenômenos de natureza diferente da física. O Behaviorismo skinneriano também se opunha aos neobehaviorismos mediacionais, negando a relevância científica de variáveis mediacionais: para Skinner, o homem é uma entidade única, uniforme, em oposição ao homem "composto" de corpo e mente, ou seja, a visão de homem é a visão monista. Skinner desenvolveu os princípios do condicionamento operante e a sistematização do modelo de seleção por consequências para explicar o comportamento. O condicionamento operante segue o modelo Sd-R-Sr, onde um primeiro estímulo Sd, dito estímulo discriminativo, aumenta a probabilidade de ocorrência de uma resposta R. A diferença em relação aos paradigmas S-R e S-O-R é que, no modelo Sd-R-Sr, o condicionamento ocorre se, após a resposta R, segue-se um estímulo reforçador Sr, que pode ser um reforço (positivo ou negativo) que "estimule" o comportamento (aumente sua probabilidade de ocorrência), ou uma punição (positiva ou negativa) que iniba o comportamento em situações semelhantes posteriores. O condicionamento operante difere do condicionamento respondente de Pavlov e Watson porque, no comportamento operante, o comportamento é condicionado não por associação reflexa entre estímulo e resposta, mas sim pela probabilidade de um estímulo se seguir à resposta condicionada. Quando um comportamento é seguido da apresentação de um reforço positivo ou negativo, aquela resposta tem maior probabilidade de se repetir com a mesma função; do mesmo modo, quando o comportamento é seguido por uma punição (positiva ou negativa), a resposta tem menor probabilidade de ocorrer posteriormente. O Behaviorismo Radical se propõe a explicar o comportamento animal através do modelo de seleção por consequências. Desse modo, o Behaviorismo Radical propõe um modelo de condicionamento não-linear e probabilístico, em oposição ao modelo linear e reflexo das teorias precedentes do Comportamentalismo. Para Skinner, a maior parte dos comportamentos humanos são condicionados dessa maneira operante. Para Skinner, os comportamentos são selecionados através de três níveis de seleção. Os componentes da mesma são: 1 - Nível Filogenético: que corresponde aos aspectos biológicos da espécie e da hereditariedade do indivíduo; 2 - Nível Ontogenético: que corresponde a toda a história de vida do indivíduo; 3 - Nível Cultural: os aspectos culturais que influenciam a conduta humana. Através da interação desses três níveis (onde nenhum deles possui um status superior a outro) os comportamentos são selecionados. Para Skinner, o ser humano é um ser ativo, que opera no ambiente, provocando modificações no mesmo, modificações essas que retroagem sobre o sujeito, modificando seus padrões comportamentais. Apesar de ter sido e ainda ser bastante criticado, muitos dos preconceitos em relação às ideias de Skinner são, na verdade, fruto do desconhecimento de quem critica. Muitas das críticas feitas ao behaviorismo radical são, na verdade, críticas ao behaviorismo de Watson. Mesmo autores que ficaram amplamente conhecidos por suas críticas de desempenho às pessoas que copiam e cola no wikipedia ao behaviorismo, como Chomsky "A Review on Skinner's Verbal Behavior", pouco conheciam acerca da abordagem e, com isso, cometeram diversos erros. A crítica de Chomsky já foi respondida por Kenneth MacCorquodale "On Chomsky's Review of Skinner's Verbal Behavior". O behaviorismo skinneriano, hoje em dia, é o mais popular, se não o único, behaviorismo ainda vivo. A ABAÌ (Association for Behavior Analysis Ìnternational) possui cerca de 13.500 membros mundo inteiro (lembrando que isso nem de longe corresponde ao número real) e cresce cerca de 6.5% ao ano, o que desmente a alegação comum que o behaviorismo está morto. Argumentos behavioristas Os comportamentalistas apresentam várias razões pelas quais seria razoável adotar uma postura behaviorista. Uma das razões mais comuns é epistêmica[5]: afirmações sobre estados internos dos organismos feitas por observadores são baseadas no comportamento do organismo. Por exemplo, a afirmação de que um rato sabe o caminho para o alimento em uma caixa de Skinner é baseada na observação do fato de que o animal chegou até o alimento, o que é um comportamento. Para um behaviorista, os chamados fenômenos mentais poderiam muito bem ser apenas padrões de comportamento. Comportamentalistas também fazem notar o caráter anti-inatista típico do Behaviorismo. Muito embora o inatismo não seja inerente ao mentalismo, é bastante comum que tais teorias assumam que existam procedimentos mentais inatos. Behavioristas, por crerem que todo comportamento é conseqüência de condicionamento, geralmente rejeitam a idéia de habilidades inatas aos organismos. Todo comportamento seria aprendido através de condicionamento[5]. Outro argumento muito popular a favor do Behaviorismo é a idéia de que estados internos não provêm explicações para comportamentos externos por eles mesmos serem comportamentos. Explicar o comportamento animal exigiria uma apresentação do problema em termos diferentes do conceito sendo apresentado (isto é, comportamento). Para um comportamentalista (especialmente um comportamentalista radical), estados mentais são, em si, comportamentos, de modo que utilizá-los como estímulos resultaria em uma referência circular. Para o behaviorista, estados internos só seriam válidos como comportamentos a serem explicados; uma teoria que seguisse tal princípio, porém, seria comportamentalista. Para Skinner, em especial, utilizar estados internos como elementos essencialmente diferentes dos comportamentos abriria possibilidades para uso de conceitos anticientíficos na argumentação psicológica, como substâncias imateriais ou homúnculos que controlassem o comportamento[5]. Entretanto, é importante notar que, para Skinner, não havia nada de inadequado em se discutir estados mentais no Behaviorismo: o erro seria discuti-los como se não fossem comportamentos. Vale notar, entretanto, que o argumento do estado interno como comportamento é polêmico, mesmo entre vários comportamentalistas[5]. O Neo-behaviorismo Mediacional, por exemplo, trata os estados internos como elementos mediadores inerentemente diferente dos comportamentos[3]. Críticas O Behaviorismo, embora ainda muito influente, não é o único modelo na Psicologia[6]. Seus críticos apontam inúmeras prováveis razões para tal fato. Uma das razões comumente apontadas é o desenvolvimento das neurociências. Essas disciplinas jogaram nova luz sobre o funcionamento interno do cérebro, abrindo margens para paradigmas mais modernos na Psicologia. Por seu compromisso com a idéia de que todo comportamento pode ser explicado sem apelar para conceitos cognitivos, o Behaviorismo leva a uma postura por vezes desinteressada em relação às novas descobertas das neurociências[6], com exceção do behaviorismo radical, Skinner enfatizou sempre a importância da neurociência como sendo um campo complementar essencial para o entendimento humano. Os behavioristas afirmam, porém, que as descobertas neurológicas apenas definem os fenômenos físicos e químicos que são parte do comportamento, pois o organismo não poderia exercer comportamentos independentes do ambiente por causas neurológicas. Outro aspecto que também é enfatizado por behavioristas radicais é de que embora as neurociências possam lançar luz a alguns processos comportamentais, ela não é prática. Por exemplo, se o objeto for promover uma mudança comportamental em um indivíduo, a modificação das contingências ambientais seria muito mais eficaz que uma modificação direta no sistema nervoso da pessoa. Outra crítica ao Behaviorismo afirma que o comportamento não depende tanto mais dos estímulos quanto da história de aprendizagem ou da representação do ambiente do indivíduo[6]. Por exemplo, independentemente de quanto se estimule uma criança para que informe quem quebrou um objeto, a criança pode simplesmente não responder, por estar interessada em ocultar a identidade de quem o fizera. Do mesmo modo, estímulos para que um indivíduo coma algum prato exótico podem ser de pouca valia se o indivíduo não vir o prato exótico como um estímulo em si. Esta crítica só tem validade se for aplicada ao behaviorismo clássico de Watson, o behaviorismo radical de Skinner leva em conta, como ilustrado pelo nível ontogenético, a história de vida do indivíduo na predição e controle do comportamento. Vários críticos apontam para o fato de que um comportamento não precisa ser, necessariamente, conseqüência de um estímulo postulado. Uma pessoa pode se comportar como se sentisse cócegas, dor ou qualquer outra sensação mesmo se não estiver sentindo nada. Algumas propriedades mentais, como a dor, possuem uma espécie de "qualidade intrínseca" que não pode ser descrita em termos comportamentalistas. O problema desta crítica é de que ela trata como se todos os behaviorismos fossem mecanicistas [estímulo-resposta] o que não é verdade, o outro problema é que esta crítica ignora outros fatores contextuais que reforçam os comportamentos de, no caso, sentir cócegas. Por exemplo, uma criança pode se comportar como se sentisse dor porque assim a professora poderia mandá-la para casa. Noam Chomsky foi um crítico do Behaviorismo, e apresentou uma suposta limitação do Comportamentalismo para modelar a linguagem, especialmente a aprendizagem. O Behaviorismo não pode, segundo Chomsky, explicar bem fenômenos linguísticos como a rápida apreensão da linguagem por crianças pequenas[6]. Chomsky afirmava que, para um indivíduo responder a uma questão com uma frase, ele teria de escolher dentre um número virtualmente infinito de frases qual usar, e essa habilidade não era alcançada perante o constante reforçamento do uso de cada uma das frases. O poder de comunicação do ser humano, segundo Chomsky, seria resultado de ferramentas cognitivas gramaticais inatas[6]. Esse argumento é claramente falacioso, pois não se aprende a dizer frase por frase, mas o próprio comportamento de dizer é uma função e com ele que se fundou parte da psicologia cognitiva. Behavioristas famosos Diversos cientistas e pensadores alinharam-se com ou influenciaram significativamente o Behaviorismo. Desses, podemos destacar: Ìvan Pavlov Edward C. Tolman Clark L. Hull Burrhus Frederic Skinner Conwy Lloyd Morgan J.R. Kantor Wiki em inglês : http://en.wikipedia.org/wiki/Jacob_Robert_Kantor John Broadus Watson Joseph Wolpe Albert Bandura Dentre muitos outros. A influência behaviorista também pode ser encontrada em filósofos conceituados, como: Ludwig Wittgenstein Gilbert Ryle Referências ¦ a b Nicola Abbagnano. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1990. Verbete Psicologia, subseção d, p. 810. ¦ Nicola Abbagnano. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1990. Verbete Behaviorismo, p. 105. ¦ a b c d N. Costa. Terapia Analítico-comportamental: Dos Fundamentos Filosóficos à Relação com o Modelo Cognitivista. Santo André: ESETec, 2002. pp. 1-8 ¦ a b Behaviorism (Stanford Enclyclopedia of Philosophy). Seção Three Types of Behaviorism. Acessado 8 de agosto de 2007 ¦ a b c d Behaviorsm (Stanford Encyclopedia of Philosophy). Seção Why be a Behaviorst. Acessado 13 de agosto de 2007. ¦ a b c d e Behaviorism (Stanford Enclyclopedia of Philosophy). Seção Why be anti- behaviorist. Acessado 13 de setembro de 2007 Ver também Terapia analítico-comportamental Condicionamento operante Condicionamento clássico Reflexo condicionado Reforço Máquina de ensinar Antropologia comportamental Ligações externas Site em português sobre Behaviorismo Fragmento do texto O comportamentismo de John Watson Associação Brasileira de Psicoterapia e Medicina Comportamental ÌnfoEscola » Psicologia » Behaviorismo Por Ana Lucia Santana Há diversas teorias psicológicas sobre o comportamento humano. O 'internalismo' postula que as causas do comportamento estão sediadas no interior do homem, seja em seu organismo ou em sua mente ÷ nas memórias ou nas emoções. Skinner, ao propor o behaviorismo radical, opõe-se a esta visão, responsabilizando o meio ambiente pela conduta humana, trilhando assim caminho semelhante ao da Cibernética. O Behaviorismo ÷ do termo inglês behaviour ou do americano behavior, significando conduta, comportamento ÷ é um conceito generalizado que engloba as mais paradoxais teorias sobre o comportamento, dentro da Psicologia. Estas linhas de pensamento só têm em comum o interesse por este tema e a certeza de que é possível criar uma ciência que o estude, pois suas concepções são as mais divergentes, inclusive no que diz respeito ao significado da palavra 'comportamento'. Os ramos principais desta teoria são o Behaviorismo Metodológico e o Behaviorismo Radical. Esta teoria teve início em 1913, com um manifesto criado por John B. Watson ÷ "A Psicologia como um comportamentista a vê". Nele o autor defende que a psicologia não deveria estudar processos internos da mente, mas sim o comportamento, pois este é visível e, portanto, passível de observação por uma ciência positivista. Nesta época vigorava o modelo behaviorista de S-R, ou seja, de resposta a um estímulo, motor gerador do comportamento humano. Watson é conhecido como o pai do Behaviorismo Metodológico ou Clássico, que crê ser possível prever e controlar toda a conduta humana, com base no estudo do meio em que o indivíduo vive e nas teorias do russo Ìvan Pavlov sobre o condicionamento ÷ a conhecida experiência com o cachorro, que saliva ao ver comida, mas também ao mínimo sinal, som ou gesto que lembre a chegada de sua refeição. Assim, qualquer modificação orgânica resultante de um estímulo do meio-ambiente pode provocar as manifestações do comportamento, principalmente mudanças no sistema glandular e também no motor. Mas nem toda conduta individual pode ser detectada seguindo-se esse modelo teórico, daí a geração de outras teses. Eduard C. Tolman propõe o Neobehaviorismo Mediacional ao publicar, em 1932, sua obra Purposive behavior in animal and men. Na sua teoria, o organismo trabalha como mediador entre o estímulo e a resposta, ou seja, ele atravessa etapas que Tolman denomina de variáveis intervenientes ÷ elos conectivos entre estímulos e respostas -, estas sim consideradas ações internas, conhecidas como gestalt-sinais. Esta linha de pensamento conduz a uma tese sobre o sistema de aprendizagem, apoiada sobre mapas cognitivos ÷ interações estímulo-estímulo ÷ gerados nos mecanismos cerebrais. Assim, para cada grupo de estímulos o indivíduo produz um comportamento diferente e, de certa forma, previsível. Tolman, ao contrário de Watson, vale-se dos processos mentais em suas pesquisas, reestruturando a linha mentalista através da simbologia comportamental. Ele via também no comportamento uma intencionalidade, um objetivo a ser alcançado, com traços de uma intensa persistência na perseguição desta meta. Por estas características presentes em sua teoria, este autor é considerado, portanto, um precursor da Psicologia Cognitiva. Skinner criou, na década de 40, o Behaviorismo Radical, como uma proposta filosófica sobre o comportamento do homem. Ele foi radicalmente contra causas internas, ou seja, mentais, para explicar a conduta humana e negou também a realidade e a atuação dos elementos cognitivos, opondo-se à concepção de Watson, que só não estendia seus estudos aos fenômenos mentais pelas limitações da metodologia, não por eles serem irreais. Skinner recusa-se igualmente a crer na existência das variáveis mediacionais de Tolman. Em resumo, ele acredita que o indivíduo é um ser único, homogêneo, não um todo constituído de corpo e mente. O behaviorismo filosófico é uma teoria que se preocupa com o sentido dos pensamentos e das concepções, baseado na idéia de que estado mental e tendências de comportamento são equivalentes, melhor dizendo, as exposições dos modos de ser da mente humana é semelhante às descrições de padrões comportamentais. Esta linha teórica analisa as condições intencionais da mente, seguindo os princípios de Ryle e Wittgenstein. O behaviorismo não ocupa mais um espaço predominante na Psicologia, embora ainda seja um tanto influente nesta esfera. O desenvolvimento das Neurociências, que ajuda a compreender melhor, hoje, o que ocorre na mente humana em seus processos internos, aliado à perda de prestígio dos estímulos como causas para a conduta humana, e somado às críticas de estudiosos renomados como Noam Chomsky, o qual alega que esta teoria não é suficiente para explicar fenômenos da linguagem e da aprendizagem, levam o Behaviorismo a perder espaço entre as teorias psicológicas dominantes. Behaviorismo O termo Behaviorismo foi utilizado inicialmente em 1913 em um artigo denominado "Psicologia: como os behavioristas a vêem¨ por John B. Watson. "Behavior" significa "comportamento" e ele definiu como: "Um ramo experimental e puramente objetivo da ciência natural. A sua meta é a previsão e controle do comportamento...". Watson postulava o comportamento como objeto da Psicologia. O Behaviorismo nasceu como uma reação à introspecção e à Psicanálise que tentavam lidar com o funcionamento interior e não observável da mente. Esta teoria psicológica também é chamada de comportamentalismo ou condutismo. A postulação de Watson decorreu em função dos estudos experimentais sobre o comportamento reflexo efetuados por Ì. Pavlov e dava à psicologia a consistência que os psicólogos da época vinham buscando, ou seja, a Psicologia tinha um objeto mensurável e observável para estudar e os experimentos poderiam ser reproduzidos em diferentes sujeitos e condições. Tais possibilidades foram importantes para que a Psicologia alcançasse o status de ciência. Watson defendia uma perspectiva funcionalista para a Psicologia onde o comportamento é estudado em função de varáveis do meio e os estímulos levando o organismo a darem determinadas respostas e isso em razão do ajuste do organismo ao seu meio por meio de equipamentos hereditários e formação de hábitos. J. B. Watson (1878-1958) é considerado o autor do behaviorismo, mas é necessário que se diga que Watson foi, na verdade, o porta-voz dessa abordagem, devendo ser lembrado que antes de Watson, dois pesquisadores deram os primeiros passos dessa abordagem: o americano E. L. Thorndike (1874-1949) e o russo Ìvan Pavlov (1849-1936). O sentido de "Behaviorismo" foi sendo modificado com o correr do tempo e hoje já não se entende o comportamento como uma ação isolada do sujeito, mas uma interação entre o ambiente (onde o "fazer" acontece) e o sujeito (aquele que "faz"), passando o "Behaviorismo" a se dedicar ao estudo das interações entre o sujeito e o ambiente, e as ações desse sujeito (suas respostas) e o ambiente (os estímulos). Ao mesmo tempo em que os psicólogos tentavam fazer da psicologia uma ciência objetiva, a teoria da evolução estava tendo um efeito profundo sobre a psicologia ao definir os seres humanos não mais como entes separados das outras coisas vivas, dando a todas as espécies a mesma história evolutiva e presumia-se assim que poderia também se ver a origem de nossos traços mentais em outras espécies, mesmo que de forma mais simples e rudimentar e assim, no final do século XÌX e início do século XX, alguns psicólogos passaram a conduzir experimentos com animais. Após Watson, o mais importante behaviorista foi B. F. Skinner A linha de estudo de Skinner ficou conhecida como Behaviorismo radical e, a oposta à sua, de "behaviorismo metodológico¨, e, enquanto a principal preocupação dos outros eram os métodos das ciências naturais, a de Skinner era a explicação científica definindo como prioridade para a ciência do comportamento o desenvolvimento de termos e conceitos que permitissem explicações verdadeiramente científicas.A expressão utilizada pelo próprio Skinner em 1945 tem como linha de estudo a formulação do "comportamento operante". REFERÊNCÌAS BÌBLÌOGRÁFÌCAS BAUM, William M. (1999) Compreender o Behaviorismo Ciência, Comportamento e Cultura (M.T.A. Silva, M.A. Matos, G.Y. Tomanari, E.Z. Tourinho) Porto Alegre: Artmed. 290 p. BOCK, A.M.B.; FURTADO, O.; TRASSÌ TEÌXEÌRA M.L. (2002) Psicologias Uma introdução ao estudo da psicologia 13.ed. São Paulo: Saraiva. p. 45-55 BOLTON, Lesley e WARWÌCK, Lynda L. (2005) O livro completo da Psicologia Explore a psique humana e entenda por que fazemos as coisas que fazemos. (M.M. Leal). São Paulo: Madras. 284 p. CABRAL, Álvaro e NÌCK, Eva (2003) Dicionário Técnico de Psicologia. 13.ed. São Paulo: Cultrix. p. 40 CHAVES, Evenice Santos; GALVÃO, Olavo de Faria (2005) O behaviorismo radical e a interdisciplinaridade: possibilidade de uma nova síntese? Psic. Reflex. Crit., Porto Alegre, v.18. n. 3, 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102- 79722005000300003eÌng=pt&nrm=iso>. Acesso em 24 Set 2006. doi:10.1590/S0102- 79722005000300003. MYERS, David G. (1999) Ìntrodução à Psicologia. 5ª ed. Rio de Janeiro: Editora LTC, 1999 REESE, Ellen P. (1975) Análise do Comportamento Humano. 2.ed. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1975. 160p. SKÌNNER, Burrhus Frederic (2003) Ciência e comportamento humano. 11.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003. 489p. SPERLÌNG. Abraham P. (1999) Ìntrodução à Psicologia. São Paulo: Pioneira. p. 12 WHALEY, Donald L.; MALOTT, Richard W. (1980) Princípios elementares do comportamento. São Paulo: EPU, 1980, 7ª reimpressão, 246 p. BEHAVIORISMO METODOLÓGICO E BEHAVIORISMO RADICAL Maria Amélia Matos (Dept. Psicologia - USP) BEHAVÌORÌSMO como vocês já devem saber é uma palavra de origem inglesa, que se refere ao estudo do comportamento:"Behavior", em inglês. O Behaviorismo surgiu no começo deste século como uma proposta para a Psicologia, para tomar como seu objeto de estudo o comportamento, ele próprio, e não como indicador de alguma outra coisa, como indício da existência de alguma outra coisa que se expressasse pelo ou através do comportamento. Na Ìdade Média, a igreja explicava a ação, o comportar-se pelo homem pela posse de uma alma. No início deste século, os cientistas o faziam pela existência de uma mente. As faculdades ou capacidades da alma causavam e explicavam o comportamento deste homem. Os objetos e eventos criavam idéias em suas mentes e estas impressões mentais ou idéias geravam seu comportamento. Vejam que ambas são posições essencialmente dualistas: o homem é concebido como tendo duas naturezas, uma divina e uma material, ou uma mental e uma física, como quiserem. É uma posição difícil, conflitante, porque devo demonstrar como essas naturezas contatuam, já que estão em planos diferentes. Notem além disso, a circularidade do argumento: ao mesmo tempo em que essa alma ou mente causavam e explicavam o comportamento, esse comportamento era a única evidência desta alma ou desta mente. No mentalismo, o acesso às idéias ou imagens se faria somente através da introspecção, que seria então revelada através de uma ação, gesto ou palavra. Temos aqui um modelo causal de ciência: (a) o indivíduo passivo recebe impressões do mundo; (b) estas impressões são impressas na sua mente constituindo sua consciência; (c) que é então a entidade agente responsável por, ou local onde ocorrem processos responsáveis por nossas ações. É preciso destacar que os processos cognitivos, tão falados hoje em dia, são uma forma de animismo ou mentalismo, em suas origens. A cognição é algo a que não tenho acesso direto mas que fica evidente no comportamento lingüístico das pessoas, no seu resolver problemas, no seu lembrar, etc., esquecendo que linguagem é produto de comportamento verbal; que solução de problemas é produto de contingências alternativas, e que lembrar é produto de manipulação de estímulos discriminativos. O cognitivista recupera o conceito de consciência quando afirma estados disposicionais e/ou motivacionais que poderiam ser modificados de fora (instruções) ou de dentro (auto-controle) através de reestruturações cognitivas alcançadas por trocas verbais (ou seja, o comportamento verbal do outro é decodificado por mim e meu relato verbal, versão moderna da introspecção, dá acesso ao outro às minhas cognições). Estes estados disposicionais assim modificados, agiriam então afetando e modificando comportamentos expressos. Não estou negando que existam crenças, sugestões, representações etc., mas estas são formas de se comportar, são classes de respostas, não eventos mediacionais, não causas diretas do comportamento. Aceito consciência como uma metáfora, um resumo de minhas experiências passadas (assim também aceito personalidade, como um conceito equivalente a repertório comportamental). Mas rejeito consciência como self, como agente decisor, causador, ou mediador do comportamento. De qualquer modo, o Behaviorismo surgiu em oposição ao mentalismo e ao introspeccionismo. Em fins do século passado a ciência de modo geral começou a colocar uma forte ênfase na obtenção de dados ditos objetivos, em medidas, em definições claras, em demonstração e experimentação. Esta influência se fez sentir na Psicologia, no começo deste século, com a proposta behaviorista feita por Watson em 1924: "Por que não fazemos daquilo que podemos observar, o corpo de estudo da Psicologia?" Ou, em outras palavras: - estudar o comportamento por si mesmo; - opor-se ao mentalismo; - aderir ao evolucionismo biológico; - adotar o determinismo materialístico; - usar procedimentos objetivos na coleta de dados, rejeitando a introspecção; - realizar experimentação; - realizar testes de hipótese de preferência com grupo controle; - observar consensualmente. * Com exceção das duas últimas características, as demais também se aplicam ao que mais tarde veio a se chamar behaviorismo Radical. Notem que estamos aqui diante de duas vertentes: uma filosófica (expressa nas quatro primeiras frases) e uma metodológica (expressa nas quatro últimas). Elas refletem a influência de várias tendências sobre o pensamento científico desde o final do século passado até o começo deste: - O Positivismo Social de Auguste Comte, considerando que a ciência é uma atividade do homem, e o homem um ser social, postula a natureza social do conhecimento científico, rejeita a introspecção e estabelece como critério de verdade o observável consensual, isto é, o observável partilhado e sancionado pelo outro. -O Positivismo Lógico do Círculo de Viena, considerando que eu só tenho acesso à informação que meus sentidos me trazem, não posso ter informações sobre minha consciência, cuja natureza difere da de meu corpo. É verdade que não posso negá-la, mas também não posso estudá-la. (É interessante que esta influência também levou ao idealismo e ao subjetivismo: já que não tenho acesso a nada senão minhas sensações, o mundo não existe, somente minhas impressões dele, só minhas idéias são reais). -O Operacionismo, derivado da influência do Positivismo Lógico sobre a Física: se somente tenho acesso às informações que meus sentidos trazem, então a linguagem pela qual expresso e estruturo essas informações é o mais importante em ciência. A definição dos conceitos é fundamental, e definir é descrever as operações envolvidas no processo de medir o conceito. Essa descrição deve ser objetiva e referir-se a termos observáveis. "Observação", pois, tornou-se um termo e uma operação fundamental para o Behaviorismo: ela define a categoria "comportamento", seu objeto de estudo. Comportamento é o observável e, por definição, observável pelo outro, isto é, externamente observável. Comportamento, para ser objeto de estudo do behaviorista, deve ocorrer afetando os sentidos do outro, deve poder ser contado e medido pelo outro. Dai dizer-se que em observação o que importa é a concordância de observadores, e portanto, a necessidade de um treino rigoroso nos procedimentos de registro e análise. Esta ênfase no procedimento de medida, na operação de acessamento levou mais tarde a que se comunicasse a aderência a estas características de BEHAVÌORÌSMO METODOLÓGÌCO. Mas o que é comportamento? E é aqui que as coisas começam a rachar. Comportamento não era visto como mais uma função biológica, isto é, própria do organismo vivo, e que se realiza em seu contato com o ambiente em que vive, como o respirar, o digerir. Dentro de uma Física newtoniana mecanicista da época, todo fenômeno devia ter uma causa (uma concepção funcionalista falaria em condições), e dentro da rejeição mentalista a causa do comportamento não poderia ser a mente, seria então algo externo ao organismo e observável, o ambiente, o estímulo. Vejam que afinal a concepção behaviorista é tão dualista quanto a posição mentalista: o corpo precisa ser animado pela alma tanto quanto o comportamento é expressão da mente ou produto da instigação do estímulo. A palavra "estímulo" veio de Pavlov (outra influência sofrida por Watson e os behavioristas da época e da qual também Skinner não conseguiu se livrar), e referia-se à troca de energia entre o ambiente e o organismo, quanto à operação realizada pelo experimentador em seu laboratório, uma parte ou mudança em parte do mundo físico que causava uma mudança no organismo ou parte do organismo, a resposta. Essa mudança observável no organismo biológico seria o comportamento. A manipulação experimental por excelência seria a reprodução desse modelo, a operação S-R. E é por isso que esta forma de behaviorismo ficou sendo conhecida por muitos como "a Psicologia da contração muscular e da secreção glandular". Diante deste quadro vamos parar um pouco e analisar cinco frases: 1. Eu estou falando. 2. Eu escrevi esta palestra. 3. Eu vejo vocês. 4. Eu estou com sede. 5. Eu estou com dor dente. Enquanto falo, vocês estão vendo mudanças em meu organismo e ouvindo o produto destas mudanças, os sons da minha fala. Vocês não viram meu comportamento de escrever, mas se concordarmos sobre a operação que define o escrever (deslocamento de minha mão segurando um objeto por sobre uma superfície deixando nela inscrições), vocês também concordarão que o produto do escrever, este papel, é sua evidência. Qual a evidência consensual da frase 3? Ninguém vê ou ouve o meu "ver", e o meu ver só tem produtos para mim, não para vocês. No entanto o behaviorista metodológico aceitaria esta frase como um bom exemplo de descrição do comportamento de ver, assim como aceitaria meu registro da salivação de cão como evidência dessa salivação. Meu registro equivale a dizer que eu vi o cão salivar! Este registro seria aceito porque outras pessoas também poderiam relatar ter visto o cão salivar, a salivação do cão é observável consensualmente. Mas o que está em pauta aqui não é o salivar, e sim o meu ver. Esta contradição não foi resolvida pelo Behaviorismo Metodológico. E se várias pessoas relatarem que viram o cão salivar, isto será considerado um relato válido. Assim, um comportamento que em si não é observável e não poderia ser objeto de estudo do behaviorista metodológico, torna-se não obstante, fonte de dados para a construção da ciência deste behaviorista! Já a frase 4 não apresenta evidência observável exatamente, nem produto, nem referencial externo acessível por todos. Neste momento o Behaviorismo Metodológico se deixou contaminar pela fisiologia, versão na qual subsiste até hoje. "Eu posso invadir o organismo e medir o equilíbrio hídrico dos tecidos, esta medida é um indicador da minha sede." Esta medida é um indicador do equilíbrio hídrico dos tecidos do meu corpo, não da minha sensação! Não do meu comportamento de sentir! (a linguagem é insuficiente, eu deveria dizer simplesmente "do meu sentir", mas sentir está vinculado a sentir emoção, sentir estados afetivos). Vocês notam como o behaviorista metodológico começa a escorregar nas frases 3 e 4 e a apresentar rachaduras em seu modelo. Ele muda seu objeto de estudo para não mudar sua insistência num critério social de verdade. Mas a verdade é que eu sinto dor-de-dente! Assim como vocês não podem observar o "meu ver", não podem observar "meu sentir sede", e não podem observar "meu sentir dor-de dente". Ìsto contudo não torna estas sensações menos reais para mim. E é aqui que começa a ficar evidente uma primeira e fundamental diferença entre o behaviorismo proposto por Skinner e aquele praticado pelos behavioristas metodológicos: o homem é a medida de todas as coisas, não o social. Ìnfluenciado pelo Positivismo Lógico, Skinner aceita que o que existe para o indivíduo, existe! (daí aceitar e defender uma metodologia do N=1). Mas, para não cair no subjetivismo e idealismo, é importante analisar as evidências desta existência. E aqui estamos diante de um ponto importante (e difícil) que aproxima Skinner e os fenomenólogos: a evidência da existência do mundo, de um evento, etc. É a experiência do observador. A tarefa pois da ciência é analisar esta experiência, e ele inclui aqui, como essencial, a análise da experiência do cientista como parte do processo de construção do conhecimento científico (daí a importância do estudo do comportamento verbal para Skinner. A análise do comportamento verbal me permitiria estudar as circunstâncias em que essa experiência se deu, e assim entendê-la). Ora, ocorre que a experiência que alguém tem de uma situação é um evento privado. E Skinner assim a aceita. Para Skinner, os estudos de eventos internos inclui-se legitimamente dentro do campo de estudos da Psicologia, de uma ciência do comportamento. Assim ele é radical em dois sentidos: por negar radicalmente (i.e., negar absolutamente) a existência de algo que escapa ao mundo físico, que não tenha uma existência identificável no espaço e no tempo (mente, consciência, cognição); e por radicalmente aceitar (i.e., aceitar integralmente) todos os fenômenos comportamentais. O behaviorista metodológico não nega a existência da mente, mas nega-lhe status científico ao afirmar que não podemos estudá-la pela sua inacessibilidade. O behaviorista radical nega a existência da mente e assemelhados, mas aceita estudar eventos internos. Esta posição de Skinner se insere dentro da tradição do Positivismo Lógico, mas ao mesmo tempo se constitui num desvio desta forma de positivismo, talvez por ter sido mais influenciado por Mach que por Bridgman, e mais por Wittgenstein que por Carnap. Já que só temos informação do mundo pelos sentidos, porque excluir sensações do mundo interno e privilegiar as do mundo externo? Porque o critério de objeto da ciência deveria ser dado pela natureza do sistema sensorial envolvido? (proprioceptivo, interoceptivo e exteroceptivo). Nesse sentido, Skinner (embora reconhecendo a dificuldade de se ter acesso ao primeiro) não separa mundo interno de mundo externo. E é por isso que para ele não existem estímulos e respostas, existe uma unidade interativa Comportamento-Ambiente (não esquecendo que Ambiente é tudo aquilo que é externo ao Comportamento, não importando se é um piscar de luz, um desequilíbrio hídrico, um derrame de adrenalina, ou um objeto ausente associado a um evento presente; não importando se sua relação com o comportamento é de contiguidade espaço/temporal (o que é exigido pelo mecanismo metodológico para a troca de energias) ou não. É por isso que a psicologia proposta por Skinner não é uma psicologia S-R. Para ele não existe Comportamento (no sentido de não "podemos entender") sem as circunstâncias em que ocorre; e não tem sentido falarmos em circunstâncias sem a especificação do comportamento que circunstanciam. Mas, porque afinal, o behaviorista metodológico rejeita estudar eventos internos se reconhece sua existência? Porque dá importância filosófica à diferença na localização -interna/externa- de eventos; porque praticamente equaciona eventos internos com eventos mentais; por que rejeita a introspecção? Para o behaviorista metodológico, a evidência de que vejo vocês é que os outros vêem vocês. A evidência que vocês existem é que outros vêem vocês. A existência do mundo e do comportamento, a natureza do conhecimento que tenho deles é a experiência partilhada. Para o behaviorista radical, a evidência de que vejo vocês é meu comportamento, a evidência de que vocês existem também é meu comportamento. Para o behaviorista metodológico, o louco e o mentiroso são associados por não partilharem das experiências do outro. Para o behaviorista radical, o louco se comporta na ausência da coisa vista (como eu o faço em sonhos, nas minhas rememorações etc.) com mais freqüência do eu que faço, mas de acordo com as mesmas leis. Está sob controle de outras contingências, não as do aqui e agora, o mentiroso também. Mas atenção! Ao observar eventos internos não estou observando nem minha mente nem minha personalidade, e sim meu próprio corpo. Dizer que tenho dor-de-dente não é evidência da existência de uma dor-de-dente; não é relato da dor-de-dente (ou seja, o equivalente verbal da dor); é uma verbalização que precisa ser explicada, entendida, interpretada, é um comportamento que eu digo que ocorre na presença de determinadas sensações internas; que um dentista diz que ocorre na presença de determinada condição da minha gengiva/dente, etc., mas que pode também ocorrer na presença de uma tarefa aborrecida que não desejo executar. Dizer que tenho dor-de-dente pode ser considerado um meio, assim como as descrições minhas e do meu dentista, das condições existentes, para começar a entender minhas sensações. Mas como sua natureza é verbal, esse entendimento não se dará enquanto não entendermos melhor o que é comportamento verbal e como é adquirido. Evento privado é um objeto de estudo válido para a ciência, sua existência não precisa ser colocada sob critérios sociais, basta um observador, mas seus dados precisam ser replicáveis, preciso entender melhor suas variáveis. Acredito que evento interno é o protótipo da concepção skinneriana de comportamento como unidade interativa: nele mais que em qualquer outro exemplo, definitivamente não posso separar comportamento e ambiente. Evento interno pode ser uma mudança no ambiente interno, pode ser uma reação a essa mudança, ou pode ser o efeito interno de mudanças externas. Algumas vezes posso identificar seu antecedente remoto externo, mas o imediato interno se mescla irremediavelmente com o evento comportamental. Vou agora voltar atrás e falar do Behaviorismo Radical de uma forma um pouco mais sistemática. O Behaviorismo Radical é uma forma de behaviorismo praticada por B.F.Skinner e adotada por vários outros psicólogos: Ferster, Sidman, Schoenfeld, Catania, Hineline, Jack Michael, etc. Constitue-se numa interpretação filosófica (isto é, baseada numa ideologia) de dados obtidos através da investigação sistemática do comportamento (o corpo desta investigação propriamente dita é a Análise Experimental/Funcional do Comportamento). Esta interpretação descreve basicamente relações funcionais entre Comportamento e Ambiente (isto é, relações entre discriminações de mudanças na realidade observada e descrições das condições em que essas mudanças se dão) (como produto temos, não explicações realistas, não relações de causa-efeito, não leis baseadas no modelo da Física Mecânica de troca de energia, e sim a construção de seqüências regulares de eventos que eventualmente poderão ser descritas por funções matemáticas). O behaviorista radical rejeita o mentalismo por ser materialista, e acaba com o dualismo por acreditar que o comportamento é uma função biológica do organismo vivo. Não preciso da mente para respirar, não explico a digestão por processos cognitivos, porque explicaria o comportamento por um ou outro? O behaviorista radical propõe que existam dois tipos de transações entre o Comportamento e o Ambiente: a) conseqüências seletivas (que ocorrem após o comportamento e modificam a probabilidade futura de ocorrerem comportamentos equivalentes, i.e., da mesma classe); b) contextos que estabelecem a ocasião para o comportamento ser afetado por suas conseqüências (e que portanto ocorreriam antes do comportamento e que igualmente afetariam a probabilidade desse comportamento). Estas duas classes possíveis de interações são denominadas "contingências" e constituem as duas classes conceituais fundamentais para a análise do comportamento. Relações funcionais são estabelecidas na medida em que registramos mudanças na probabilidade de ocorrência dos comportamentos que procuramos entender em relação a mudanças quer nas conseqüências, quer nos contextos, quer em ambos. Por lidarmos com explicações funcionais e não causais, o importante é coletar informações ao longo do tempo, repetidas do mesmo evento, com os mesmos personagens (o behaviorista metodológico prefere observações pontuais em diferentes sujeitos, ou seja, o estudo em grupo, o que leva à estatística para descrever e/ou anular a variabilidade. Para o radical isto é uma heresia, de vez que estou tentando estudar a experiência daquele sujeito. Ao coletarmos registros ao longo do tempo devemos comparar o sujeito consigo mesmo, sua história passada é sua linha de base. Mas, por outro lado, indivíduos de uma mesma espécie partilham de um mesmo conjunto de contingências filogenéticas, e indivíduos com histórias passadas semelhantes podem partilhar de contingências ontogenéticas semelhantes e, portanto, para certas variáveis é possível descrever funções semelhantes para diferentes indivíduos. Para sua rejeição do mentalismo/cognitivismo como explicação do comportamento, e por sua posição não reducionista diante de eventos neurais (Skinner não aceita que eventos fisiológicos/neurológicos expliquem o comportamento, estas são outras tantas funções biológicas a serem explicadas. O comportamento é um campo de estudo em si mesmo. Evidentemente que há interação entre essas funções do organismo, mas essa relação não é de causalidade.) O behaviorismo radical é considerado um ambientalista e acusado de esvaziar o organismo, de estudar uma caixa preta... Não! Estas críticas se originam de uma postura pré-galileica, do que poderíamos chamar organocentrismo em Psicologia. O homem é o fenômeno de interesse, é a origem de todas as coisas, não sua interação com o universo. Para Skinner, o organismo não é nem gerente nem iniciador de ações, é o palco onde as interações Comportamento-Ambiente de dão. 1 Palestra apresentada no ÌÌ Encontro Brasileiro de Psicoterapia e Medicina Comportamental, Campinas, out/93. Versão revisada encontra-se publicada em: Bernard Rangé (org) Psicoterapia comportamental e cognitiva: pesquisa, prática, aplicações e problemas. Campinas, Editorial Psy, 1995. Behaviorismo Behaviorismo é um termo genérico para agrupar diversas e contraditórias correntes de pensamento na Psicologia que tem como unidade conceitual o comportamento, mesmo que com diferentes concepções sobre o que seja o comportamento. A palavra inglesa behaviour (RU) ou behavior (EUA) significa comportamento, conduta. Os behavioristas de orientação positivista trabalham com o princípio de que a conduta dos indivíduos é observável, mensurável e controlável similarmente aos fatos e eventos nas ciências naturais e nas exatas. John Broadus Watson (1878-1958) foi considerado o pai do behaviorismo metodológico , ao publicar, em 1913, o artigo "Psicologia vista por um Behaviorista", que declarava a psicologia como um ramo puramente objetivo e experimental das ciências naturais, e que tinha como finalidade prever e controlar o comportamento de todo e qualquer indivíduo. Watson era um defensor da importância do meio na construção e desenvolvimento do indivíduo. Os seus estudos basearam-se no condicionamento clássico, conceito desenvolvido pelo fisiologista russo Ìvan Pavlov (1849-1936), que ganhou o Prêmio Nobel de Medicina pelo seu trabalho sobre a atividade digestiva dos cães. Pavlov descobriu que os cães não salivavam apenas ao ver comida, mas também quando associavam algum som ou gesto à "chegada de comida" - ver a clássica experiência do cachorro de Pavlov. A este fenômeno de associação ele denominou de condicionamento clássico. A partir das descobertas de Pavlov, houve um fortalecimento da investigação empírica da relação entre o organismo e o meio. O behaviorismo metodológico e o Behaviorismo metafísico tem as suas raízes nos trabalhos pioneiros de Watson e Pavlov. O behaviorismo radical foi desenvolvido não como um campo de pesquisa experimental, mas sim uma proposta de filosofia sobre o comportamento humano que utiliza como referência outros filósofos da ciência do século XX, contextualizado por todas das crises de paradigmas vivenciadas pelo pensamento científico até hoje, seu principal autor foi o psicólogo americano Burruhs Skinner (1953), que além de ser o representante mais importante do behaviorismo radical, desenvolveu os princípios do condicionamento operante e a sistematização do modelo de seleção por consequências para explicar o comportamento. O condicionamento operante explica que quando após um comportamento ou atitude é seguida a apresentação de um reforço, aquela resposta (ação) tem maior probabilidade de se repetir com a mesma função. Conceitos Condicionamento operante Condicionamento clássico Reflexo condicionado Reforço positivo Reforço negativo reforço refogado Tipos de Behaviorismo: Metodológico Consiste na teoria explicativa do comportamento publicamente observável da Psicologia, a qual postula que esta deve ocupar-se do comportamento animal (humano e não humano) apenas quando for possível uma observação pública para obter uma mensuração, ao invés de ocupar-se dos estados mentais que possam gerar ou influenciar tais comportamentos. Assim o behaviorismo metodológico acredita na existência da mente, mas a ignora em suas explicações sobre o comportamento. Para o behaviorismo metodológico os estados mentais não se classificam como objetos de estudo empírico. Seus postulados foram formulados predominantemente pelo psicólogo americano John Watson. Em oposição ao Behaviorismo metodológico foi proposto o Behaviorismo radical, desenvolvido por Burrhus F. Skinner Behaviorismo Radical O Behaviorismo Radical consiste numa filosofia da Psicologia, a qual se propõe a explicar o comportamento animal (humano e não humano) com base no modelo de seleção por consequências e nos princípios do comportamento postulados pela Análise Experimental do Comportamento (AEC). O nome que mais fortemente está associado a esta linha do behaviorismo é o de Burrhus Frederic Skinner. Filosófico O behaviorismo filosófico consiste na teoria analítica que trata do sentido e da semântica das estruturas de pensamento e dos conceitos. Defende que a idéia de estado mental, ou disposição mental, é na verdade a idéia de disposição comportamental ou tendências comportamentais. Nesta concepção, são analisados os estados mentais intencionais e representativos. Esta linha de pensamento fundamenta-se basicamente nos postulados de Ryle e Wittgenstein. Behavioristas Notáveis Burrhus Frederic Skinner (EUA) C. Lloyd Morgan (Reino Unido) Edward C. Tolman (EUA) J.R. Kantor (EUA) John Broadus Watson (EUA) Joseph Wolpe Albert Bandura 2. VERBATÌM COPYÌNG You may copy and distribute the Document in any medium, either commercially or noncommercially, provided that this License, the copyright notices, and the license notice saying this License applies to the Document are reproduced in all copies, and that you add no other conditions whatsoever to those of this License. You may not use technical measures to obstruct or control the reading or further copying of the copies you make or distribute. However, you may accept compensation in exchange for copies. Ìf you distribute a large enough number of copies you must also follow the conditions in section 3. You may also lend copies, under the same conditions stated above, and you may publicly display copies. Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. WÌKÌPÉDÌA. Desenvolvido pela Wikimedia Foundation. Apresenta conteúdo enciclopédico. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Behaviorismo&oldid=4974767>. Acesso em: 17 Fev 2007 Este texto é uma reprodução literal, obtido da Wikipedia, publicado de acordo com as instruções oferecidas por esta renomada enciclopédia: "Se você desejar utilizar material da Wikipédia nos seus próprios livros, artigos, sítios ou outras publicações, pode fazê-lo, mas tem de obedecer à GNU FDL. Se estiver simplesmente a duplicar o artigo da Wikipédia deverá obedecer à secção 2 da GFDL, sobre cópia textual." A proposta do Behaviorismo Hélio José Guilhardi (ÌACCAMP/PUCCAMP) Classicamente, o behaviorismo é conhecido pela proposta que foi feita em 1913 por Watson. Então, quando a gente faz críticas a respeito do behaviorismo, a gente quase sempre está se referindo ao behaviorismo Watsoniano, sem ter muita noção disso. Então, olhando um pouquinho onde se localiza o behaviorismo, nós podemos dizer que teríamos a psicologia como uma área ampla e a psicologia divididas em escolas, em métodos de investigação, em subgrupos enfim. Uma destas escolas ou uma destas áreas de pesquisas (porque alguns acham que o behaviorismo não é uma escola, outros que é uma área de investigação, outros que é uma área de reflexão, vai depender de que autor a gente está buscando apoio). O behaviorismo seria uma área da psicologia, e tem outras áreas e propostas como a psicanalítica, rogeriana e assim por diante. A área odiada da psicologia é o behaviorismo. Então o que seria o behaviorismo? Hoje em dia, os autores modernos dizem que não há condição de você definir o que é behaviorismo. O que é behaviorismo? Bem, depende a respeito de que autor você está perguntando, e em que época você está buscando essa informação. Seria mais correto dizer que o behaviorismo tem uma "família de significados". Então, se eu fosse definir o behaviorismo por exemplo segundo Watson, em 1913, eu chegaria a uma definição mais ou menos do seguinte tipo: "O behaviorismo é o estudo do comportamento observado". Então, nesse sentido, ele é mais ousado porque Watson tinha uma característica de personalidade bastante agressiva e segundo ele, não existiria outra psicologia. Se deixasse por conta de Watson, ele tornaria o behaviorismo igual a psicologia. Psicologia só existe se for o estudo do comportamento observado e aqui está implícito também, quando ele fala de comportamento observado por dois ou mais observadores, a influência positivista (ele não fala, mas está implícito). O que quer dizer, como conseqüência, que ele não dava espaço para uma psicologia introspectiva. Ìsso porque o behaviorismo de Watson de 1913, aparece em oposição ao estruturalismo de Titchener, que é uma posição mentalista e que usava como método de investigação, a introspecção. Então, não é só uma proposta, vamos chamar assim, ideologicamente, em defesa da ciência sob a influência de Pavlov, sob a influência de Newton (físico), sob influência do positivismo de Comte. Não é só isso, mas também uma birra pessoal contra Titchener. Você fala do mundo externo e o mundo interno não existe. É daí que surgem aquelas clássicas considerações que o behaviorismo nega a vida interior, nega os sentimentos, nega as fantasias, que o ser humano seria uma caixa preta dentro dela em caixa vazia, dentro dela não haveria nada. Então, é essa a primeira definição de behaviorismo. Kantor, já na década de 60, faz uma outra posição. Para Kantor (ele diz assim), esse negócio de behaviorismo não existe só na psicologia. Onde quer que você estude de uma certa maneira o seu objetivo, seja ele na física, na biologia, seja ele na astronomia, seja na vida. Onde quer que você estude de maneira científica um fenômeno, você estará fazendo behaviorismo. Então nesse sentido, levando também até às últimas conseqüências, na definição de Kantor, behaviorismo é igual ciência. Behaviorismo seria para Kantor o "estudo de eventos confrontáveis". Eventos esses, que tem um mesmo "status". Para vocês terem uma idéia, a teoria da geração espontânea na biologia tem receitas para você produzir ratos. Você pega um canto escuro, joga os restos de comida, panos úmidos e deixa de repouso por um certo tempo. Depois de 40 a 50 dias, indo lá, vai encontrar ninhadas de ratos (teoria de geração espontânea). Então, você explica um fato paupável, a existência dos ratinhos alí, por uma energia vital que estaria produzindo seres vivos. Ìsso não é evento confrontável. Se vocês compararem, por exemplo, com a visão da genética: cromossomos da mãe com cromossomos do pai, genes dentro do cromossomo que geram filhotes, ratos machos com ratos fêmeas, ... Não precisa ter pano úmido, nem resto de comida. Mudou o nível. É a mesma coisa da lei da gravidade do tempo de Aristóteles. Ele dizia que um corpo se aproxima da terra porque ele tem júbilo em de aproximar da terra e quanto mais próximo da terra esse objeto, maior o júbilo e portanto mais veloz ele chega. Com essa percepção ele descreve também a lei da gravidade. Quanto mais próximo, quanto maior a distância percorrida pelo corpo, mais aceleração esse corpo tem. Então, é uma visão correta, mas a noção de júbilo não é confrontável, e não cientificamente estabelecida como seria na lei de Newton da gravidade. Nesse sentido, astrologia seria não behaviorista, a astronomia seria behaviorista. É uma posição de Kantor, para mostrar como as coisas vão evoluindo com o passar do tempo. Uma terceira proposta (eu selecionei três porque elas são bem ilustrativas) é a de Skinner, mas existem outras. O Skinner por outro lado diz assim: existe uma tal de "ciência do comportamento". Quando você vai para o laboratório e pega lá um ratinho, bota para pressionar a barra (privado de água), o rato pressiona, ganha água, pressiona e ganha água. Faz isso dezenas, centenas de vezes, o rato, o jacaré, o elefante e o jaboti. Você verifica que há uma regularidade nisso. Então, você chega a um conceito ou lei. Esse conceito, no caso, seria o conceito de reforçamento. Esse trabalho árduo, objetivo, criterioso, chato, limitado produz um conceito de reforçamento que é exemplo de ciência do comportamento. Ìsso não é behaviorismo para o Skinner, mas para Watson seria. Para Skinner, o que deriva disso, as questões teóricas e filosóficas a respeito da ciência do comportamento, isso sim, seria behaviorismo. Para Skinner, behaviorismo seria a "filosofia da ciência do comportamento". Por exemplo: se eu tivesse conhecimento desse negócio de reforçamento e eu chegasse e perguntasse assim: demonstrando o princípio de reforçamento com rato, você acha que esse princípio se aplica com humanos? Esta questão já não é uma questão empírica. É uma questão filosófica ou teórica. (Pergunta a um aluno) Você acha que não, outros achariam que sim, acharão que para algumas respostas sim, mas não para todos os humanos. Essa discussão a respeito da extensão do condicionamento, que é científica, seria para Skinner o behaviorismo. Outra questão: se eu demonstrar que algumas respostas num ser humano são controláveis? É uma outra discussão. Se eu controlar um indivíduo por exemplo. Se eu pegar um paciente psiquiátrico e controlar esse paciente psiquiátrico. Ele babando num canto quieto, e eu reforço ele através de modelo, etc... Aquelas coisas que vocês já conhecem. E eu faço com que ele venha à mesa e coma com garfo e faca sozinho. Será que, se eu controlar um ser humano, eu posso controlar uma sociedade? Todas essas questões constituem preocupações teóricas, são questões de discussão a partir de dados da ciência do comportamento. Sempre que as questões surgem a partir disso, você está fazendo, seguindo Skinner, uma filosofia da ciência do comportamento. Ìsto seria o behaviorismo. Neste sentido, se vocês estiverem numa sala com um professor de oposição ao behaviorismo que ficasse discutindo com vocês as validades ou não das propostas Skinnerianas, vocês estariam no final da aula, numa sala sobre o behaviorismo (pela definição de Skinner). É óbvio que a coisa não pára só no blá-blá-blá. É claro que todas essas questões, para aqueles que estão interessados em respostas, suscitariam preocupações para vocês voltarem à investigação. Aí, você volta à investigação, e a novas respostas, novos dados, novas questões, e o círculo se repete. Então, quando eu disser ou quando alguém disser: "você é a favor ou contra o behaviorismo?" - a primeira questão que vocês têm que levantar é que depende de qual behaviorismo, de qual autor. Eu sou mais contra um autor do que outro, me interessa mais uma definição do que outra definição. Não é possível hoje você afunilar e dizer behaviorismo é isso. E aqui estão três exemplos de definições. Em 1948, um autor chamado MACE, propõe três tipos de behaviorismo que vou apresentar aqui. O primeiro tipo seria o behaviorismo metafísico. Basicamente, esse behaviorismo teve vida curta e um único adepto -Watson- na ânsia de trabalhar só com o observável, com o que é paupável e demonstrável. Ele cai em outro extremo que é "meta" (vai além de). O behaviorismo metafísico nega a existência da mente ou dos eventos mentais. Contudo, ele poderia apenas questionar, mas ele não tem evidências para negar. Conseqüentemente, Watson comete um erro lógico. Os que afirmam que existem sem demonstrar (e é exatamente esta a crítica dele) estão indo além da evidência. Aí ele cai em outro extremo. Ele também ao negar, também o faz sem demonstrar. Daí chamado de behaviorismo metafísico. Perseguido por essa crítica, que ele estava sendo incoerente com a sua própria proposta, deu-se então o behaviorismo metodológico. Esse é o pior de todos. O metafísico teve vida curta. Na verdade, nasceu prematuro e morreu. O metodológico tem uma forte influência do positivismo e do operacionismo. Então, pelo positivismo só é fato aquilo que é observado por dois ou mais observadores. Ìsso é um resquício da influência de Comte que diz que não existiria psicologia do indivíduo. O que existiria seria sempre no mínimo o evento social. No mínimo duas pessoas, senão, não existe o fato. Ìsso é Comte, criador da Sociologia. Watson traz para a psicologia toda essa influência e diz que para nós psicólogos, o fato mínimo é aquele que é observado pelo menos por duas pessoas, além daquele que se comporta. Eu posso estar pensando - eu estou observando meu pensamento. É claro que Watson nem admitiria isso, mas, a proposta do metodológico é essa. Ele diz que, enquanto no metafísico a ênfase é no que estudar, a ênfase no metodológico é como estudar. Então, o behaviorista metodológico diz o seguinte: não sei se mente existe ou não. É uma posição mais cautelosa. Porém, existindo ou não, não dá para estudá-la cientificamente. Assim, ele foge da crítica do ítem um e coloca uma restrição metodológica. Dado que não dá para estudar cientificamente os eventos mentais, eu não posso estudá-los. Não nega, mas nega a possibilidade do estudo científico. Por isso que a ênfase é no "como", no método. E este é o behaviorismo que cresce e se difunde, e praticamente é o que ganha mais espaço dentro da psicologia. Bom, o criador disso foi Watson e o Skinner até 1945 foi um behaviorista metodológico. A partir de 1945, Skinner rompe com o behaviorismo metodológico e faz uma proposta do behaviorismo que vem a ser chamado de radical, que apesar de ser chamado de radical, é menos radical do que o metodológico. É graças ao behaviorismo metodológico que aparecem todas essas pesquisas com animais. Dado que eu parta do pressuposto de que se a mente existe, e não é passível de estudo, eu posso estudar no animal aquilo que é observado e lidar com esses dados cientificamente. Eu vou fazer inferências a respeito do ser humano, a partir das coisas que foram objetivamente ou diretamente observadas. Existe um terceiro tipo - o behaviorismo analítico. É também chamado de behaviorismo linguístico. Behaviorismo este que nunca foi implementado. Ele foi definido e proposto, mas está parcialmente disponível, e se alguém quiser desenvolver, desenvolve se achar que vale a pena. Mas, de qualquer forma, esse behaviorismo analítico e linguístico, sofre uma forte influência de filósofos, um dos quais WÌTTÌGENSTEÌN. O behaviorismo analítico eu só vou definir, porque não tem pesquisas que o desenvolveram. Basicamente, o behaviorismo analítico/linguístico propõe o seguinte: os enunciados a respeito da mente tornam-se, quando analisados, em enunciados à respeito de comportamento. Então, esta proposta foge de uma preocupação sobre o que estudar. Eu vou estudar eventos mentais, e não mente; se existem ou não. Também não importa o como se estuda cientificamente. Se estudo filosoficamente, se estudo religiosamente. Ele não está preocupado com isso. Então, ele desloca a preocupação desses dois anteriores e faz uma outra proposta. O objeto de preocupação do behaviorismo analítico é o enunciado. O enunciado nada mais é que uma afirmação verbal. Os enunciados a respeito de mente (ou as afirmações verbais a respeito de mente), as frases, as sentenças. Aquilo que foi dito a respeito de mente. Portanto, ele está estudando o que nesta proposta? Ele está voltando sua preocupação para o comportamento do estudioso e quem faz enunciado a respeito de mente é um Freud, um Rogers, um Skinner, um Jung. O que um indivíduo fala, o que o estudioso fala do indivíduo, tornam-se quando analisados em enunciados a respeito de comportamento. Na verdade, a proposta desse behaviorismo (linguístico/ analítico) é deixar de estudar o grande conflito mente-corpo, esse dualismo. Fugir também do método e propôr uma análise da contribuição dos estudiosos. Então, seria mais ou menos o seguinte: exemplo - Se nós fôssemos pegar Freud ao elaborar os conceitos de id, ego e superego, ele partiu de que? - Ele partiu da interação dele com os clientes, e mais de sua própria problemática pessoal, das influências da cultura da época, da própria cultura pessoal, etc... Para você entender esses conceitos, que são enunciados a respeito, ao analisar todos esses conceitos, teria que analisar tudo o que a eles está relacionado. Assim, a grande passagem sai de uma área de preocupação e parte para analisar a produção dos autores que estão construindo a psicologia. Peguei o exemplo de Freud que é mais evidente, mas poderia ter sido outro. Essa divisão em três tipos é retomada agora na década de 80 por dois autores: HARZEM e MÌLES. Em 1978 eles retomam o behaviorismo analítico e fazem um discussão mais aprofundada de seu potencial, mas, não foi longe ainda, pois é uma proposta conceitual, de pensar a respeito do problema. Não chegou no nível ainda de se transformar numa proposta de atuação. No behaviorismo radical que é a proposta de Skinner, na verdade, a essência é a seguinte: ele coloca os pontos básicos do behaviorismo radical. Skinner tem a seguinte trajetória. Ele é um pesquisador, aí trabalha com ratos depois com pombos e aí ele deixa de fazer pesquisa e vira um filósofo ou um teórico a respeito da ciência do comportamento. Por isso que afirma que é um behaviorista. Os livros de Skinner a partir de então, são livros alguns bastante especulativos como "WALDEN ÌÌ", outros são propostas teóricas como "O MÌTO DA LÌBERDADE". Então, não é mais pesquisador, nunca foi clínico e se ele se aproximou um pouco mais da prática foi na área educacional: máquinas de ensinar e instrução programada. Mas ele faz uma colocação teórica, que diz o seguinte: basicamente não dá para negar que debaixo da pele existe um universo. Então, ele fala em um mundo, em comportamentos expressos, erguer a mão, por exemplo: e ele fala em comportamentos encobertos, tudo aquilo que está debaixo da pele: pensamento, fantasias, delírios, alucinações, paixão, ódio, etc... Então, neste sentido, ele diz o seguinte: o mundo debaixo da pele é constituído por comportamentos e segue as mesmas leis, os mesmos princípios que os comportamentos expressos (colocação teórica). É essa a primeira colocação do behaviorismo radical: o mundo interno e o mundo externo obedecem às mesmas leis. A segunda colocação é a seguinte: como é que você vai ter acesso ao mundo interno? Então descarta posição do behaviorismo metodológico (que você precisa ter dois ou mais observadores externos) e restabelece a introspecção como método de estudo. Você só pode ter acesso ao interno, se você que tem esse mundo, observa-o de alguma forma. Então, basicamente é o seguinte: na noite passada eu sonhei e vou contar para vocês o meu sonho. Eu estou sendo observador do meu mundo interno. A questão, e isto é válido para a proposta do behaviorismo radical, é que existe esse mundo encoberto, esse mundo interno. A diferença é que, enquanto que para o estruturalismo de Titchener que é uma proposta dualista (mente e corpo), você ao fazer a introspecção vai observar os conteúdos mentais, para Skinner, você vai observar o próprio organismo se comportando. Assim, ele mantém aqui o monismo. Não existiria uma outra entidade chamada mental, na linguagem psicológica; não existiria uma outra entidade chamada espiritual, numa linguagem religiosa. O que você observa introspectivamente é o comportamento do seu próprio organismo, ou seja, é o próprio organismo. Então, ele questiona o que é introspeccionado, e portanto, conhecido. Neste sentido, o behaviorismo radical faz uma recuperação daquilo que Watson havia quebrado em 1913 e que o behaviorismo metodológico manteve quebrado durante todos esses anos. O behaviorismo metodológico é uma excelente proposta para quem está basicamente interessado em pesquisa, e pesquisa seguindo o modelo de ciência natural, porque aí você vai trabalhar o comportamento observado, manipular variáveis controláveis e assim por diante. Mas, o metodológico é um behaviorismo, por exemplo, que não se aplica quando você está interessado numa atuação clínica ou mesmo numa atuação educacional. Ele tem limites para isso. Já o behaviorismo radical permite que você entre na investigação. É claro que o behaviorismo radical tem outras coisas, mas, só para vocês se localizarem proponho o livro: "Sobre o Behaviorismo", do Skinner. A próxima etapa agora é discutir o conceito de estímulo (S) e resposta (R). Classicamente, a gente começa novamente lá no Watson. Ele recebeu a influência do positivismo de Comte, do mecanismo de Newton, e aí que vem essa idéia: basta um S para provocar uma R; um fato pode ser explicado por um único S que ele é necessário e suficiente. Watson recebeu a influência dos fisiologistas através do estudo de reflexo que vem na psicologia S-R, que é um conceito da fisiologia. Ele recebeu a influência de PAVLOV que descreveu o reflexo condicionado. Nem tudo pode ser explicado por S-R. Existem Ss que são associados devido aos Ss condicionados. Além de PAVLOV, DARWÌN influenciou Watson com a teoria da evolução. Se você não aceitar essa teoria você não pode estudar animal para compreender humano, porque há necessidade de um pressuposto da continuidade. Todas essas influências marcaram Watson a propôr em 1913 o que é o behaviorismo. De lá para cá, se manteve isso: S provoca uma R. Depois, isso foi expandido para: o S provoca R, e da R aparece outro S que vai ter uma função reforçadora ou aversiva, e daí se sai para a extinção, punição, etc... Ou seja, comportamento reflexo ou pavloviano e comportamento operante ou Skinneriano. Esta noção foi substituída, mas hoje em dia muitos consideram até essa fase aqui, e a gente confunde a R com o comportamento, como se fossem coisas equivalentes. Dentro da linguagem comum, a gente continua misturando os dois termos. Vamos fazer então, uma pausa para fazer uma distinção entre R e comportamento. Resposta é uma coisa, é um ato do organismo. Por ex.: chorar é R, por enquanto. Nesse sentido, R é uma ação (num sentido bem amplo) do organismo. Como tal, a R não é objeto de estudo da psicologia. Ela é um objeto de estudo da biologia. Da mesma forma, o estímulo como uma alteração no ambiente, não é tipicamente objeto de estudo da psicologia. Ele é um objeto de estudo da física. O que seria comportamento? Comportamento não é nem organismo e nem ambiente. Então, eu não vou falar nem S e nem R. Vou falar em comportamento que, para efeitos de estudo, é arbitrariamente dividido em frações menores chamadas Respostas. É arbitrário por exemplo: eu poderia ter no meu consultório o indivíduo que diz que vai matar a mãe e diz que vai comprar uma arma para matar a mãe. Enquanto ele não compra essa arma e não mata a mãe, ele já começa a expressar comportamentos de agressão à mãe. Então ele xinga a mãe, ele empurra a mãe quando ela chega perto ("Suma daqui"), bate a porta na cara da mãe etc... Eu posso analisar esse indivíduo pegando a R de agressão à mãe. Então eu estou pegando o organismo e arbitrariamente para definir, eu vou estudar o delírio dele; como posso (veja como é arbitrário) querer estudar o delírio dele mais a interação dele com a mãe e o que o leva a eleger no delírio, a mãe. Ele poderia agredir o pai, o irmão. O indivíduo pode ter um delírio a respeito de um santo na igreja. Eu posso analisar a interação dele com a igreja, as influências na vida dele que faz com que no delírio ele tenha isso como conteúdo. Esse é um exemplo de como a divisão é arbitrária. Bom, de um lado eu tenho o organismo e por outro lado eu tenho o ambiente que, para efeito de estudo, arbitrariamente eu divido em unidades menores que eu chamo de Ss. Assim, vamos chegar à noção de comportamento. Comportamento não é nem S e nem R. Comportamento não é coisa alguma. A primeira coisa a ser dita é que comportamento é um conceito. Que tipo de conceito? Um conceito relacional. Relaciona o quê com quê? Comportamento é um conceito relacional que relaciona ambiente com organismo. E a influência é recíproca. Portanto, se eu perguntar para vocês nesse diagrama S->R, ambiente e organismo, onde está o conceito de comportamento? Ele está na seta. Não é nem ambiente nem organismo. É a relação dos dois. Então, nesse sentido, comportamento passou a ser um conceito relacional. Mas existe também uma complicação. Por exemplo: como eu explicaria segundo esse modelo a seguinte situação: (Pergunta à aluna): - Como é seu nome? Resposta: - Jaqueline. Por que ela respondeu Jaqueline? Porque eu perguntei. Você tem aqui um evento externo de eu perguntar para ela (Qual é o seu nome?). Se eu mesmo, antes de nós nos conhecermos, tivesse feito a mesma pergunta para ela às 3 horas da manhã na rua 13 de maio: Qual é o seu nome? Tanto ela poderia dizer: - Jaqueline às suas ordens! Como também sair correndo, disparar seu coração, ter uma descarga de adrenalina, gritar por socorro etc,... Portanto, ela não respondeu "Jaqueline" à minha pergunta porque eu perguntei. Ela respondeu porque: 01- eu perguntei; 02- pela situação. Ela de certa forma aprendeu a respeitar a autoridade. Ela poderia dizer: Não interessa! Ela poderia ter dito isso por outros motivos. Existe também uma história cultural nela que é de responder com educação quando ela é solicitada em certas circunstâncias. Existe um fato, que ela se chama Jaqueline (poderia até ter mentido - é outro componente). Poderia até ficar quieta. De qualquer forma, existiria uma R de ficar quieta. Mas porque ela ficaria quieta? Vamos analisar a reação dela de ficar quieta. Porque? Ela é muda? (é uma razão); ela não fala com estranhos?; ela odeia o nome dela?; ela é esquizofrênica que não responde?; ela só fala quando quer?, etc... O silêncio seria uma R e teria determinantes. Agora vem a noção de ambiente e organismo. Parte do que ocorreu aqui com a Jaqueline foi provocado pelo ambiente externo. (- Qual o seu nome?). E parte ocorreu pelo mundo interno (- Jaqueline). Então, nós não podemos mais dizer que ambiente é aquilo que está fora da pele. O ambiente tem que incluir também o que está debaixo da pele. Então, os meus valores, o que eu penso e o que eu sinto também funcionam como S. Na hora que um elemento desencadeador, que pode ser externo (Qual é o seu nome?) ou poderia ser interno: de repente ela se levanta e sai. Porque ela saiu? Eu não mandei ela ir embora, você não mandou, ninguém chamou. Ah! São dez horas e eu me lembrei que tenho que dar um telefonema. Ela está respondendo não a um evento externo, mas a um evento que ela interiorizou e fez que às dez horas ela ligue para casa para saber se o feijão foi colocado na panela. É uma ação do organismo. Pela definição de Skinner, é um comportamento, isto é, o organismo se comportando, como o organismo pensando. Teríamos nós uma linguagem mais cotidiana: ela lembrou-se de uma obrigação (perfeccionista, responsável, quer garantir sair na hora). Então o evento interno a desperta e ela sai. Agora, o fato dela sair vira um evento externo para nós. Onde foi? Que foi fazer? Que pretende? Vai desencadear diferentes coisas. Quem sabe, ela é uma pessoa preocupada com o almoço. Como todas as vezes, ela telefona para garantir que o almoço saia. Eu posso dizer que ela está cheia da aula, outras que ela foi ver a nota que não entregaram. Quer dizer, cada um de nós age em função de outras informações. Neste sentido, nós chegamos à seguinte situação: não dá para falarmos em ambiente e organismo. São termos muito genéricos e pouco funcionais. Então, a gente fala em eventos com função de S e eventos com função de R, e o comportamento então, é um conceito relacional que explícita a relação entre as funções. E agora eu digo assim: eu preciso telefonar para casa para avisar que está na hora de pôr o feijão no fogo (foi uma R). Ìsso tem função de R e imediatamente este mesmo evento tem uma função de S porque induz a R seguinte e aí você tem um fluxo de comportamento. O comportamento então é unitário, um fluxo contínuo, indivisível, que no entanto, nós, para efeito de compreensão o deformamos, tornando-o em pedaços arbitrariamente quebrados. Quando o terapeuta diz assim: eu quero acabar com a R de chupar o dedo de uma criança (Não sei se ele pode fazer isso!), ele está dividindo comportamento em unidade (chupar o dedo) e pode estar até certo, pode ser eficiente. Pode ser necessário. Se ele está comendo o dedo, vai ficar sem o dedo, talvez seja urgente. Ou você pode pegar uma unidade maior: que aspectos afetivos levam-no a se auto-degolar? O tamanho da unidade depende da proposta teórica, ou da ideologia dele, e assim por diante. Vocês estão vendo a série: "O primo Basílio"? Vou resumir a história: Quando a Luiza começa a definhar e ela vai definhando cada vez mais, eu pergunto: ela está tendo um comportamento ou uma resposta? Vamos analisar: de um lado nós podemos olhar assim: do ponto de vista médico, o que o médico poderia fazer por ela? Ele poderia fazer: exame de sangue, de fezes, de urina, eletro, batimentos cardíacos, dar vitaminas, sugerir boa alimentação, sono etc... O máximo que poderia fazer por ela era trabalhar com respostas e não é função do psicólogo. É claro que se estiver na mesa uma pessoa deprimida, angustiada, ansiosa, mal, desamparada. Em resumo, se nós fôssemos atender a essa pessoa, onde apareceria o comportamento? Vamos observar (desculpe reduzir a Luiza a organismo): Por que ela está definhando? Ela perdeu alguma coisa? Perdeu: o Basílio, perdeu as cartas, status, tranqüilidade, está com medo da empregada, com culpa, rejeitada. Ela está questionando os valores dela? Em relação ao Jorge, ela está sentindo que o Jorge a ama? Ama. Para aumentar a culpa sente-se amada pelo Jorge. Os valores dela, a pressão ("mulher que trai tem que morrer"), os valores da cultura... Tudo isso que ocorre nela são elementos que estão nela e fora dela. É da interação disto tudo que produz o estado de se sentir cada vez mais se definhando. Como ela não foi a uma terapia, mas de qualquer maneira, um terapeuta teria que fazer uma relação dessas coisas e relacionar o que ela pensa e sente com o que ocorreu. Portanto o definhar é o sintoma, o definhar é uma R que tem componentes biológicos (perda de peso, alterações no metabolismo etc...) e tem componentes emocionais também: perda de motivação pela vida, depressão, baixa auto-estima e tem componentes psicológicos também. Agora, pode-se fazer uma análise puramente médica. Ela pode comer o que quiser, ela pode tomar vitamina e se conseguirmos fazer com que ela coma e tome vitamina. Porque psicologicamente você não trabalhou os aspectos que estão se expressando? Na verdade, o definhar dela é uma expressão, é um sintoma do seu real problema. Se nós fôssemos analisar então, qual seria o comportamento dela? Não é comer pouco, é comer pouco relacionado ao fato de que ela se sente com culpa, com medo, desvalorizada, rejeitada, e a relação dessas duas coisas, o que ela pensa e sente, e o que ela acaba fazendo com o organismo dela, com o que está acontecendo. Mas obviamente, é esse definhamento que vai produzir a morte, e que isto tem já (é claro que Eça de Queiroz não sabia disso), evidências em laboratório. Não tinha na época, são pesquisas posteriores. São pesquisas sobre situação de tensão. Se você tem uma ameaça, no caso de um animal seria um S (sinal) por exemplo: luz que após algum tempo vem uma situação aversiva (choque elétrico). Quando a empregada diz: vou mostrar as cartas se você não me der o dinheiro, se não me der as coisas, você tem uma ameaça e a estimulação aversiva vem inevitavelmente. Você fica em estado de ansiedade. Se nesse período de ansiedade você puder emitir uma R que elimine a situação aversiva (o que eu estou chamando corretamente de R poderia ser comportamento). Luz! Em 10 segundos vem um choque. Porém, se eu pressionar a barra a luz se apaga e o choque não vem. Ìsso é R ou comportamento? (Pergunta de novo). O animal olha para a luz. Oh! Luz outra vez, desgraçada, eu sei o que você significa para mim. É um choque, mas eu sei como eliminá-lo - pressionando a barra. Ela está relacionando alguma coisa com alguma coisa? Está, é comportamento. Agora, se um fisiologista perguntasse assim: será que o músculo de um rato que olha para a luz ameaçadora, vê o choque elétrico que vem, vai correndo pressionar a barra, será que esse músculo é mais tenso ou mais relaxado? Será que nesse músculo existe mais niozina ou menos niozina? As questões de investigação desse fisiologista é dirigida ao estudo do comportamento do rato ou da R do rato? Da R do rato, pois ele está interessado no músculo, extensão do movimento. Quando a empregada chega e diz assim: que blusa bonita! Eu gostaria de tê-la se a senhora não se importasse. Ela está apresentando um sinal de que há algo pior. Ou a blusa ou as cartas para o Jorge. Aí, você me dar a blusa é a R, e a carta não vai para o Jorge. Reduziu a ansiedade, só que no caso do rato ele sabe o seguinte: pressiono a barra e estou salvo do choque. Mas no caso da Luiza, ela tem certeza que isso não acaba nunca. Então, é o comportamento que a Luiza emite, e a R (de arrancar a blusa) reduz a ansiedade, porém só temporariamente. É aí que tem o mundo encoberto que Watson diria, tirou a blusa e reduziu a ansiedade, e o Skinner diria, calma lá, é o mundo interno: o mundo interno que depois da blusa e depois a saia vem o resto, não tem fim. Quando a pessoa entra no esquema de ansiedade e não a reduz duradouramente, ela entra num estado chamado de desamparo. O desamparo se caracteriza pelo abandono. (-Não tem jeito mesmo). E esse estado tem componentes emocionais, afetivos, cognitivos, intelectuais e orgânicos (morte). Portanto, Eça de Queiroz sem conhecer psicologia previu certo o que ia acontecer. ----- Síntese ----- Behaviorismo não tem uma única definição e historicamente o behaviorismo tem evoluido na sua conceituação e evoluindo porque o behaviorismo nasceu dentro do laboratório, e foi evoluindo para situações de vida real. Quando ele foi vindo do laboratório para a vida real, foi se confrontando com problemas cada vez mais complexos, dos quais ele tem que dar conta. Das duas uma: ou ele evoluia ou ele não tinha nada a oferecer. Então, o behaviorismo é um movimento em desenvolvimento. Portanto, definir behaviorismo hoje é muito difícil. Fala-se que ele tem uma gama, uma família de significados e não significados múltiplos. Esse é o primeiro ponto. O segundo ponto é compatível com o primeiro: a própria noção da relação S - R desaparece e é substituída por um conceito mais amplo, o de comportamento, que é um conceito e não uma coisa, um conceito operacional que relaciona ambiente e organismo. E entendam que o conceito de ambiente sai de fora do organismo e invade também o organismo. Para dar conta disso, nós abandonamos a noção de organismo e ambiente, S e R, e falamos em função dos eventos função S e função R. Com este arsenal em mãos, nós podemos agora ter um grande material mais rico à disposição daqueles que queiram fazer investigações práticas. Eu queria comentar com vocês algumas questões mais de natureza prática. Uma rápida pincelada histórica a respeito de como é essa área de atuação que é chamada de modificação de comportamento (mais na área educacional) ou terapia comportamental (área clínica). Bom, não há um consenso de decisões. Mas há o fato de que a análise experimental do comportamento começa no laboratório. Até agora eu falei em behaviorismo e não falei em análise experimental do comportamento. Normalmente, nos cursos de psicologia tem uma disciplina chamada "Ìntrodução à Análise Experimental do Comportamento", e havia muita confusão, como ainda hoje, nessa disciplina como sendo o behaviorismo. Para uma melhor clareza, vejamos. A análise experimental do comportamento não é o behaviorismo que eu já defendi. Não é uma área da psicologia, como por exemplo, teoria da personalidade, psicologia do desenvolvimento, psicologia social, que seriam áreas. A análise experimental não é uma área. O que é então? É um modo de estudar o objeto da psicologia. Então, se vocês tiverem que estudar masoquismo, eu poderia estudá-lo usando o método da análise experimental do comportamento. Podemos estudar cooperação social - seria meu objeto de interesse através do método da análise experimental do comportamento. Podemos estudar percepção usando esse método que consiste basicamente em usar animais em laboratório e fazer pesquisas controladas (Nem sempre é muito de nosso interesse). Raramente com humanos é possível fazer análise experimental do comportamento porque o experimental fica prejudicado quando você trabalha com humanos. O que você pode fazer na melhor das hipóteses é um análise de comportamento. Estou dizendo isso para chegar a um ponto. A partir de conhecimentos da análise experimental do comportamento, introduziram-se coisas do tipo: conceitos de reforçamento, extinção, punição, esses conceitos todos. A partir deste corpo de conceitos, surgiram os procedimentos de tratamento, tanto na prática clínica como na prática educacional. É claro que você poderia perguntar: do animal eu passo para o humano? Veja bem, aqui é uma questão delicada. Com o animal, você pode na verdade, concluir a respeito de alguns conceitos básicos. Agora, a transposição para o humano é um passo gigantesco que vai depender da criatividade, da sensibilidade e da competência do profissional que está trabalhando. Eu posso entrar numa escola e querer melhorar a performance dos alunos dando fichas por seus melhores desempenhos. Hoje só um profissional débil mental faria isso. Há outras coisas muito mais relevantes para serem analisados no contexto educacional do que dar ficha para um aluno que precisa melhorar a nota, e isso, é claro, tem problemas ideológicos, políticos por detrás de uma atuação. A mesma coisa vale para a clínica. Agora, só para vocês terem uma idéia, é graças também a estudos com animais que existem críticas sérias ao uso dos próprios princípios nua e cruamente, e a esse uso nú e crú para a aplicação com humanos. Por exemplo, os estudos de LORENS sobre imprinting questionam a eficácia do reforçamento, extinção e punição para influenciar o vínculo. A gente nota crianças que mesmo sendo punidas pelos seus pais, e que, digamos assim, por reforçamento e extinção tenderiam a evitar vínculos muito fortes com seus pais punitivos, não se afastam. Mesmo que você busque explicações como: mas então, o pai além de tudo deve também estar reforçando (que é uma maneira de você tentar salvar a teoria). Você vai observar isso também, observar reforçamento. Então, como se explicaria isso? Você vai ter que cair em outras interpretações, outras possíveis explicações, e o imprinting mostra isso. Não existe necessariamente uma única explicação lógica, e nem sempre os princípios de reforçamento e punição dão conta do fenômeno que você observa. Neste sentido, não é uma proposta behaviorista, mas uma proposta riquíssima em termos de movimento, estes trabalhos de LORENS a respeito de laços afetivos de informação. LORENS tem uma forte inclinação afetiva. Então, ele é um psicólogo que faz pesquisas e tem uma forte sensibilidade clínica. Neste sentido, ele não faz uma proposta só teórica, mas faz uma análise de como ocorrem os vínculos humanos. Bom, agora historicamente eu estava dizendo o que aconteceu. O pessoal que trabalhava no laboratório aprendeu que você faz um programa de procedimentos. Põe um animal dentro da gaiola, põe de novo e depois verifica a partir daquele procedimento, com variáveis controladas, o que ocorreu com o animal. Ìsso tem uma fortíssima influência do behaviorismo metodológico: - Bem, se existe ou não, eu não sei, mas que não dá para estudar nele do ponto de vista da ciência natural. Portanto, eu ponho o rato, o pombo, o macaco na gaiola e não vou me preocupar com a mente deles. Até aí tudo bem. O que devo entender é que aquilo é um estudo análogo, simplificado, e que atende a alguns aspectos da aprendizagem. Só que é esse pessoal que pensa desta forma que começa a fazer a aplicação. A história de vida do indivíduo é muito marcante. Quando ele sai do laboratório e vai para a clínica, essa passagem não é uma coisa automática. Eu então começo a trabalhar com o mundo interno do indivíduo, e os primeiros estudos que você vê como aplicação, ou pode ser com crianças deficientes mentais, geralmente deficientes profundas (autistas) ou com pacientes psiquiátricos. Ìnteressante aí também, que a analogia não é ainda colocada em xeque. Porque, se você pega um deficiente mental profundo, o quanto ele tem no mundo interno é muito limitado, o verbal dele é pobre. No mínimo é pobre enquanto expressão. Então, a analogia que sai do laboratório não é colocada em questão tão fortemente. Você trabalha com pacientes psiquiátricos crônicos que não falam a anos, que tem um mínimo de interação, e é o mesmo problema. O mundo interno não emerge com aquela força que questiona o modelo teórico e prático. (Observação de uma aluna): - Mas assim mesmo, às vezes quando se trabalha com pacientes profundos, mas que continuam vivendo em família, além das implicações que você pode até fazer por uma analogia quase direta com o que foi pesquisado no laboratório, eu acho que existem tantas outras contigências aí no ambiente em que ele está inserido. A família, a relação... (Resposta Hélio): - Exatamente! Esses primeiros estudos iniciais eram feitos em Ìnstituições. Então, não havia contato dessas pessoas, desses clientes com o mundo de fora. Então, o trabalho continuou. Eu me lembro de um trabalho que nós fizemos replicando um estudo de deficientes mentais. O objetivo era ver a criança normal, o que ocorria se usasse com ela um procedimento de reforçamento de intervalo fixo. No animal, o padrão seria este: o animal discrimina que logo depois do reforço não haverá reforço, e quando chega o tempo do próximo reforço ele aumenta a freqüência e ganha o reforço. Foi isso que se obteve com com animais. Com deficientes profundos, isso se obteve. Com deficientes profundos isso se obteve, e com doentes psiquiátricos crônicos essa curva também se obteve. Quando nós fomos fazer com crianças normais, aconteceu então que a curva era totalmente irregular, não havia obtenção do padrão. Aí, observando através do espelho como as crianças trabalhavam, ficou claro qual era o sistema. Havia uma alavanca que a criança deveria mexer e o reforço era dado para ela (brinquedo). Só que quando a criança começou a trabalhar com a alavanca, então o que se observou: o deficiente mental vai mexendo a alavanca, comia, parava, passava um tempo, mexia na alavanca, reforço, ... Então dava o padrão. Com a criança normal (veja bem, outra vez o conceito de mundo interno), ela transformava a situação num bombardeiro aéreo. Ela era piloto e estava com uma metralhadora (bam-bam-bam). Então a gente via no espelho "bam-bam-bam", pausa, "bam-bam-bam", como se estivesse no meio de uma batalha infernal. Ela comia um docinho, guardava e continuava a luta. Quer dizer, na verdade, o que era reforçado por ela, o significado era matar. Na verdade, ela poderia até parar, mas depois de derrubar o indivíduo. Então, o que se verificou na verdade, não é que o princípio não pudesse se aplicar, mas o princípio tem que ser atualizado e assim por diante. Uma importante crítica que se faz a estas propostas, é a de que não se faz essa atualização. Como disse a aluna), não dá para ignorar a família, o contexto. Hoje em dia, nós podemos dizer que na área de aprendizagem, a modificação do comportamento tem muito a dizer. Mas na área de relacionamento humano, na área de proposta terapêutica, ela tem muito pouca coisa a dizer. (só os fanáticos discordam disto). Então por exemplo, em terapia infantil, hoje se você pegar um terapeuta comportamental lúcido, ele vai dizer assim: eu sei fazer orientação de pais, para isso estou preparado. Mas terapia com criança eu não sei fazer. E na verdade, já se nota um forte movimento entre terapeutas que trabalham com crianças. Para começo de conversa, a gente nem chama mais de terapia comportamental. Técnica significa para mim o seguinte: você tem um problema, pode ser uma criança que vai mal na escola, pode ser uma pessoa que tenha fobia. Você pode aplicar procedimentos para alterar o chupar o dedo, alterar a fobia e assim por diante. Ìsto não é fazer terapia. Ìsto é mudar uma resposta. E seria o análogo de você pegar uma criança que vai mal na escola e você pega essa criança e faz um trabalho tipo clínico (até dentro da escola - com aquela criança que vai mal, pode ser até que ela melhore a nota), mas se você não faz uma análise crítica do sistema escolar, do trabalho do professor, da escola, você não analisou o problema. Em 20 anos houve uma aplicação repetida de procedimentos (passou o 1o. xerox). KUNTEL pegou o No. 1 da revista JABA em 1968 e pegou o No. 1 da revista de 1987, 20 anos depois. (Hélio leu o xerox No. 1). Os próprios editores da revista aceitaram isso como representativo. Esse autor (KUNTEL) ao comparar o 1o. número da revista de 68 e o 1o. da revista de 87, mostra que não há uma evolução importante. Por acaso, a linha A é o 1o. e a B é o 2o. O que vocês podem esperar a respeito do futuro nessa direção? Não há muito o que esperar. Então, o que nós temos feito é o seguinte: se você disser assim: Oh! Que bom cientista sou eu, meu sonho é ser behaviorista metodológico, mas como eu não sou tão restrito e não quero ficar trabalhando com animais, quero trabalhar com humanos. Você pode fazer pesquisa e tentar publicar que representa a produção aplicada à revista que tem 20 anos e é representativa. Agora, se você quiser trabalhar fora desse esquema restrito, então você vai ter que criar na verdade uma proposta. O que na verdade nós estamos fazendo, é não abandonar a conceituação básica e nem abandonar alguns pressupostos básicos, como por exemplo a observação sistamática. Uma boa observação é uma qualidade, seja eu psicanalista, seja eu comportamentalista. Fala-se: o analista faz interpretação. Na verdade, o analista faz interpretação (quando ele é bom analista) a partir de observação. Não importa que seja observação de relatos verbais. O analista de categoria nunca vai ver o cliente e primeiro diz: - Conte-me seu primeiro sonho. Ele não vai fazer isso: vai ouvir, ele ouve um sonho, dois etc.... Ele pode levantar uma hipótese a respeito de um sonho, mas ele para fazer uma interpretação, acumula dados, ele observa longitudinalmente esse paciente para daí fazer uma interpretação. Na verdade, a interpretação de um analista num consultório, não mais é do que uma situação de não laboratório, com menos controle, o mesmo que faz um cientista, de observar sistematicamente um fenômeno para daí concluir. Ìnteressantemente, um pesquisador básico que trabalhou com pombos como Skinner, FESTER, começou a comentar num artigo (para azar dele e nosso): "embora tivesse ocorrido as curvas com os pombos, apesar disso eu noto que os meus pombos têm características muito particulares". Quero dizer o seguinte: o jeito de pegar o pombo, de pô-lo na gaiola, e até admite ele, fez algumas adaptações no equipamento para atender ao "temperamento" dos pombos. Ele já percebe que até o pombo tem um nível pombal, a personalidade que precisa ser respeitada. E o autor comenta também porque na pesquisa você começa com 10 sujeitos e aí você apresenta o resultado: sujeitos utilizados = 6. Mas você não comecou com 10?. É, um morreu e 3 não se adaptaram ao procedimento. São os esquizofrênicos, os revoltados, os críticos no mundo das aves. Quer dizer, na verdade, nós tiramos esse daí e publicamos aqueles. Agora, esta prática é comum, e aí você obtém curvas e FESTER diz isso: "os meus animais tinham particularidades as quais eu devia estar atento para conduzir bem os meus experimentos". Se nós quisermos na verdade trabalhar no nível clínico de uma forma mais produtiva, nós temos que buscar em outras abordagens, algumas idéias. Não é abandonar o modelo de análise. Observar corretamente é uma prática comum para qualquer um. Dizem assim: vocês da terapia comportamental não vão à essência do fenômeno, vocês não vão na verdadeira causa. Pela própria posição nossa, isso seria incoerência porque só se você descobre as causas, é que você pode esclarecer o fenômeno. Então, se eu for eliminar o "chupar o dedo" sem analisar o que determina isso, é óbvio que haverá uma regressão do comportamento, haverá um reaparecimento do comportamento. Uma técnica poderosa pode o mudar o comportamento, mas não muda o indivíduo. Então, é necessário que você tenha claro em que nível você está trabalhando. Numa emergência você pode até ter que fazer um trabalho que eu chamo de "pronto-socorro" e usar uma técnica poderosa. Uma criança por exemplo, está perdendo o ano pela segunda vez, e se recusa a ir à escola, tem uma fobia por escola. Pode ser que você avaliando a situação, ache adequado usar um procedimento de feeding, ou alguém acompanha essa criança até a sala de aula e vai gradualmente se afastando da sala para que a criança vença essa fobia e passe a frequentar a aula. Mas isso é uma situação que eu chamo de tecnológica, possivelmente necessária, mas não é terapia. Resta esclarecer porque a criança de 7 ou 8 anos está com fobia escolar. Como é o vínculo dela com a mãe, com o pai, com a vida? tem uma infinidade de problemas aí a serem investigados que eu chamaria de processo de terapia. Você enquanto tecnológico é comportamentalista. Enquanto terapeuta você vira um analista, bota a criança no divã e vai analisar? Nada disso. Você usa o seu próprio referencial teórico, mas para chegar lá, você precisa ampliar. Vou dar um exemplo: uma colega fez um trabalho. Tem aqui o relato para vocês terem uma idéia da dificuldade clínica. É um menino de 5 anos, superinteligente que vocês vão notar pela história. Essas anotações (do relato) vão oferecer ao terapeuta, dados. O relato foi escrito enquanto a criança brincava com massinha. O terapeuta não sabia ainda o que estava ocorrendo com essa criança. (Hélio leu o relato - xerox No.2). Essa história (relato da história que a criança fez com massinha) continua por mais páginas. Bem, pôr em extinção o quê? Essa criança foi encaminhada e agora vou contar a história dela. Trata-se de um casal, o homem e a mulher (cobra). O homem (que está fugindo) é casado e tem um caso com essa mulher que é solteira e aparentemente se amam. O meu cliente é esse homem. É um relacionamento longo. Ambos são médicos e ela fica grávida 3 vezes e abortou. Na quarta, ela resolveu ter o filho. Ele entra em pânico e não aceita. (o filho é a criança de 5 anos). Eles continuam se relacionando e a mulher tem o filho. O pai se recusa a ver o filho e diz que não é dele. Não assume, não quer saber e nunca foi ver esse filho. Então, essa mãe cria sozinha a criança. Aí, a criança começa, induzida ou não pela mãe, a perguntar onde está o pai. Ela (mãe) vai dando respostas como: o pai mora lá, mas não pode vê-lo. No fundo, o pai dele é o avô (pai dela). Vai chegando a um ponto que ela não cosegue mais lidar com o questionamento do filho, porque na verdade é uma relação ambivalente. Por outro lado, ela quer que o filho continue questionando para cobrar o pai pois eles continuam se relacionando. Quando é que você vai assumir o filho? Então, leva a supôr que ela induz a criança a se preocupar com o pai. Mas por outro lado, como o pai não quer assumir essa criança, a criança está criando para ela um beco sem saída: quem é meu pai? (eles trabalham no mesmo hospital, e nem dá para esconder muito). Então vocês vejam agora, a elaboração, a ansiedade da criança no 1o. parágrafo. (ver no texto). Podemos fazer uma interpretação. É claro que se você analisar essa história sem esses dados e outros, a história fica incompreensível. Já que é difícil chegar na forma de filho e de homem, porque não chegar na forma de uma cobrinha (ele se transforma em cobra). Como cobra ele pode subir no navio, no banco, ele pode se disfarçar como corda. Ìnteressantemente ele encontra um lugar para a mãe dele dentro do barco. É uma outra expectativa. E a cobrinha fica lá no cantinho da mãe dela. Aparentemente para o casal, o filho não sabe que eles continuam se relacionando, mas por alguma razão, na história que aparece, a cobra estava lá dentro do barco e a cobrinha vai subir lá e vê. Ìnicia aí a agressividade que vai aumentando. (Hélio leu até a palavra "tubarão ".) Eu queria que vocês comparassem os dois xerox e vissem mais ou menos o seguinte: com seria possível a gente com esta perspectiva da revista (1o. xerox) dar conta destas informações? Reduzir este relato em comportamento verbal é extremamente sofisticado para uma criança de cinco anos. Reflete um mundo interno intenso. Se eu for analisar isso como relato verbal, eu estaria analisando isso como R. Se eu entender isso como uma relação que a criança está fazendo com o mundo dela, interno e externo, ela sabe que o pai existe, e o que ela pensa a respeito do pai. Este relato vira comportamento. Através dessa terapia (agora orientação para os pais), a mãe aceita ir no terapeuta mas o pai não. Porque o pai não aceita essa criança? Vamos chegar agora na historia de Luiza, porque enquanto ele teve uma amante que abortou, ela tinha uma história escondida (cartas que ele não escrevia e nem respondia). No entanto, a partir do momento que ela optou por ter um filho, as cartas apareceram. Existia um filho concreto que para todas as pessoas da convivência deste casal, sabe-se de repente: ela é solteira e aparece grávida. Não dá mais para esconder. E mais do que isso, ela passa pelo filho, ela tem uma coisa concreta desse relacionamento. Então, ela ao mesmo tempo é na história ela (Luiza), e ao mesmo tempo o primo Basílio (eu agora me refiro ao homem.), porque ela é a pessoa que eu amo e ao mesmo tempo a pessoa que eu amo tem as cartas e pode mostrá-las para o público. Vamos ver o perfil desse indivíduo: extremamente perfeccionista, rígido, faz as coisas erradas como qualquer ser humano faz, mas quer manter uma aparência de que está tudo certo. Então, para ele, no momento que ela passa a ter o filho, está com a posse das cartas, ele fica escravo dela e ele também está definhando. Como não é uma história antiga, é mais moderna, da mesma maneira que ele não é a Luiza que pode ser morta (pelos valores da época), é homem e leva uma vantagem neste ponto de vista. Mas está definhando, não da masma forma que a Luiza e eu não acredito que ele vá morrer, mas na profissão parou-se a evolução, continuamente angustiado, deprimido, perdeu a impulsividade dele, perdeu a força de luta (ele tinha na profissão, uma participação política bastante intensa, liderava movimentos. Lia lúcido e consciente a respeito da categoria). Afastou- se de tudo isso porque agora se ele vai defender uma idéia, vai a uma assembléia, ele acha que podem falar (quem é você para falar se você tem um filho escondido? quem é você para falar e defender direitos se você tem um amante e você não assumiu?). Percebe? Exatamente a mesma história. Do ponto de vista do behaviorismo, dá para trabalhar com isso? Sim. Nós temos que trabalhar com fenômenos humanos, os princípios estão aí. Se eu vou dizer que ele está num esquema de ansiedade, de desamparo (usando a expressão de Sileman), eu explico tudo o que está acontecendo com ele. Porém, eu não posso trazer esse rapaz ou essa criança para uma situação de laboratório. Tem que passar por um processo de terapia. Neste ponto de vista, o que vai fazer a terapeuta com essa história? Porque essa criança não pode ser reduzida no seguinte aspecto: é uma criança que quer saber se o pai dela vai assumí-la ou não, e porquê. Ìsso você não resolve com um procedimento de reforçamento. Eu poderia fazer um procedimento para evitar perguntas embaraçosas. Toda vez que ele perguntasse: "- onde está o meu pai?" (é possível), ele parar de perguntar, você pune. Você pode usar técnicas progressivamente mais poderosas. É possível que você descubra uma que o leve a parar de perguntar, mas você não vai ter uma técnica nessa direção que faça com que ele pare de sentir e pensar. Então, neste sentido, aqui está em questão o problema do desenvolvimento afetivo. "Com que idade uma criança começa a ser capaz de fazer movimentos em pinça?, etc..." Ìnfelizmente os comportamentalistas estão preocupados com isso. A psicologia é comportamental. Essa psicologia está trabalhando com o desenvolvimento dessa criança. Agora, por outro lado, ignorar a solicitação dessa mulher pressionando você, "termine com ela, ela que leve a vida dela e você a sua"... Outra vez existem vínculos afetivos muito fortes. Ele está ligado a ela por afeto, por medo e por proteção que ela dá. Ìsso foi analisado também, ela é uma pessoa mais forte que ele em múltiplos aspectos. Então, na verdade ela o protege em muitas coisas Tudo isto entra em operação quando se está fazendo uma abordagem clínica do problema e não há uma R que você possa obter em cima de um procedimento isolado, e então nos oferece conceitos. Esses conceitos são de aprendizagem. Exemplo: como uma pessoa aprende a fugir? Como é que ela discrimina? como é que uma pessoa pune? como levar uma pessoa a extinção? Extinção não como dar água para o rato, mas o conceito, o princípio. Então, o arsenal de recursos de aprendizagem que o comportamentalismo oferece nos dá material para criar e ir além. Agora, você pode ter um vínculo muito estreito com a proposta teórica e ficar buscando onde está água, onde está o reforço, ou você pode trabalhar mais criativamente, mais amplamente criando soluções que dê para a coisa um sentido mais amplo. E isso você não encontra em livro nenhum. Bem, você vai encontrar isso. Em 1o. lugar o profissional tem que ter um embasamento teórico forte, sólido, na sua área de escolha, não importa qual seja a área. No meu caso, que optei mais para a linha comportamental eu estudo mais comportamentalismo. O que não advoga a posição do ecletismo, porque o ecletismo na verdade, gera confusão de pressupostos, confusão de métodos e confusão teórica. Agora, o que eu acho útil é que, além de um estudo da sua abordagem, o profissional faça também discussões sistemáticas com outros colegas a respeito de seu trabalho. Porque na verdade, quando você está atuando, não é como no laboratório. Você tem um procedimento e vai ter que seguir esse procedimento x tempo até acabar a pesquisa. Não, numa atuação prática você tem desafios que são cotidianos. Então, você deve estar alerta e trocar idéias com profissionais da mesma área que mostrem para você quais são os seus viéses. Não ficar cada dia para um lado. Para que você tome consciência de onde está sua miopia, para se desviar dos caminhos falsos ou até preferências afetivas que você não conta, das necessidades do cliente. Uma terceira coisa que eu tenho achado muito útil, é você ter periodicamente uma interação com profissionais de outras áreas, seja com os que não sejam da psicologia ou que é mais comum, de outras abordagens psicológicas. Essas pessoas trazem para você preocupações que você tipicamente não tem. Às vezes você pega uma discussão com o analista e diz: mas você está analisando transferência? Ocorreu-me que este cliente pode estar tendo um vínculo muito forte, quer afetivo com, quer aversivo com. Por isso que a coisa não anda? Então, esse tipo de preocupação é que eu direi a um psicanalista. Quer dizer, um psicanalista por ter uma preocupação teórica e até técnica diferente da minha. Ele enxerga fenômenos humanos que estão presentes. Quer que eu seja psiquinalista, quer eu seja comportamentalista e vice-versa. Eu poderia dizer a um analista que observe outro cliente: será que não chegou a hora de você reduzir a ansiedade desse cliente e levar e parar de girar em círculo, fazer uma interpretação mais direta para ele? Ìsso não quer dizer que o analista neste momento se transforme num comportamentalista. Então, eu acho que essa interpretação é produtiva desde que você não perca o seu vínculo com a abordagem. Acho também, que o profissional deve se calibrar em termos de suas próprias necessidades afetivas. Está claro que todas as propostas teóricas refletem o contexto histórico, o sujeito que você pesquisou, o cliente, e reflete também as suas dificuldades pessoais. Então, quando vocês estudam uma teoria Skinneriana ou você estuda uma proposta Junguiana, ou Freudiana, dentro desta proposta vocês vão entender muita coisa da problemática da personalidade de cada um dos autôres. Temos que nos calibrarmos emocionalmente. Ou passando por supervisão ou por teoria. Para encerrar, só queria dizer que, em termos de aprendizagem, a comportamental tem muito a dizer, mas só com os conceitos de aprendizagem derivados do laboratório a gente não vai muito longe. É preciso que você tenha uma atividade crítica revendo e tomando conta da sua ideologia, do seu posicionamento político. E que você tenha também uma interação com outras influências para que seu trabalho seja criativo e voltado para as reais necessidades que você está trabalhando. Então, hoje em dia, o comportamentalismo não se resume mais numa pesquisa de laboratório e infelizmente, embora existam revistas como JABA que está mais voltada para uma linha de pesquisa de problemas mais simples, mais limitados, isso não quer dizer que o potencial da abordagem se restrinja a esse. 1 Curso ministrado no Encontro de Psicologia da Sociedade de Psicologia de Ribeirão Preto-SP de 1987
Copyright © 2024 DOKUMEN.SITE Inc.