TEXTO_ECONOMIA_MANUAL_USP_CAPÍTULO_5

March 25, 2018 | Author: Marcela Tarciana | Category: Utility, Economic Surplus, Economics, Demand, Microeconomics


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Roberto Guena de OliveiraPassaremos agora a estudar como a demanda se fundamenta no comportamento dos consumidores. A teoria que trabalharemos aqui de um modo introdutório pode ter algumas aplicações importantes quando bem utilizada. Entre essas aplicações podemos citar: a) ela serve de guia para a elaboração e interpretação de pesquisas de mercado, principalmente as relacionadas com o lançamento de um novo produto cuja demanda potencial é ainda desconhecida; b) ela fornece métodos para comparar a eficácia de diferentes políticas de incentivo ao consumidor; e c) ela fornece alguns elementos necessários à avaliação da eficiência dos sistemas económicos. No presente capítulo, abordaremos a teoria do consumidor seguindo uma ordem histórica. Começaremos estudando essa teoria tal como ela apareceu nos trabalhos dos primeiros economistas que trataram dela e, posteriormente, na forma como ela aparece na moderna teoria económica. Essa forma de apresentação da teoria tem uma finalidade puramente didática. Em outras palavras, a antiga teoria do consumidor será apresentada apenas a medida que ela possa ser útil ao entendimento da, moderna teoria do consumidor, e não visando uma fidelidade estrita ao pensamento dos primeiros economistas que lidaram com a questão. ,1.1 Utilidade total e utilidade marginal Por que as pessoas demandam mercadorias? A resposta parece óbvia: as pessoas demandam mercadorias porque seu consumo lhes traz algum tipo de prazer ou satisfação. Essa é uma condição necessária para que uma mercadoria seja demandada pelos consumidores. Não há demanda para mercadorias indesejáveis como injeção no olho ou doce de fígado com mel. Imaginemos agora que o prazer ou a satisfação percebidos pelo consumidor ao adquirir uma mercadoria possam ser medidos, e chamemos essa medida de "utilidade". Mesmo que não saibamos nada acerca da medida exata da utilidade, podemos, empregando um pouco de bom senso, predizer que ela deve ter um comportamento característico. 9. Apenas para que possamos observar de forma mais concreta qual deve ser esse comportamento, suponhamos que a mercadoria em questão seja chocolate em barra. Se passarmos a dar uma barra de chocolate por semana a uma criança que até então não consumia nada de chocolate, essa barra de chocolate provavelmente trará uma satisfação muito grande a essa criança, gerando assim uma utilidade relativamente alta. Se, depois disso, passarmos a dar duas barras de chocolate por semana, essas serão bem recebidas pela criança, mas provavelmente não com o mesmo entusiasmo com que foi recebida a primeira barra. Uma terceira barra será recebida com entusiasmo ainda menor. Se formos aumentando o A TEORIA DO CONSUMIDOR número de barras de chocolate, chegaremos ao ponto em que uma barra adicional de chocolate representará para a nossa criança um benefício tão pequeno que para ela será quase indiferente receber ou não essa barra adicional. Isso porque ao consumir o chocolate praticamente até a saciedade, este deixa de ser para ela um produto escasso. Com isso, queremos dizer que a utilidade total derivada do consumo de chocolate cresce à medida que aumentamos o número de barras por semana. Todavia, o valor acrescentado à utilidade total pela última barra de chocolate consumida é tão menor quanto maior for o total consumido de barras de chocolate. FIGURA 5.1 Variação da utilidade total de acordo com o consumo. Utilidade total 250 fêrcáira • »«««» duas unidades Utilidade acrescentada pala viam» unidade Utilidade anterior A Figura 5.1 ilustra essa ideia. No eixo horizontal da figura, medimos a quantidade ccnsumida de chocolate. A altura de cada coluna indica a utilidade total do consumo de chocolate. A altura do trecho mais escuro da coluna indica quanto foi acrescentado à utilidade total pela última barra consumida. Observe que, à medida que aumenta a quantdade consumida, ou seja, à medida que vamos para as colunas mais à direita, o trecho da cclura mais escura é cada vez menor, o que indica que a última unidade consumida acrescenta cada vez menos à utilidade total. A utilidade que a última unidade consumida (no nosso exemplo, a última barra de chocolate) acrescenta à utilidade total é chamada utilidade marginal. Assim, na Figura E l a urliclaáe marginal é representada pela área mais escura em cada coluna. Podemos definir o termo utilidade marginal de uma maneira mais geral da seguinte forma: Autflídade marginal do consumo de determinada mercadoria é o acréscimo à utilidade "tal ieccrrente do consumo de uma unidade adicional dessa mercadoria. ! Tc n ;ss c exemplo, a utilidade marginal do chocolate diminui à medida que aumenta c seu ccnsumc Comportamento semelhante deve ser esperado para a utilidade marginal de crualrue: cura mercadoria. Em outras palavras, à medida que o consumo de uma mercadoria por parte de uma pessoa aumenta, o prazer decorrente de uma unidade adicional. is~c e a UTilidade marginal dessa mercadoria diminui. Assim, podemos enunciar a seguinte lei, que descreve o comportamento da utilidade marginal com relação à quantidade consumida de mercadoria: Utilidade marginal: a utilidade que a última unidade consumida acrescenta à utilidade total. ' Essa expressão matemática quer dizer simplesmente que a utilidade total do consumo de n unidades é igual à soma das utilidades marginais da primeira até a n-ésima mercadoria. Lei da utilidade marginal decrescente: à medida que aumenta o consumo de determinada mercadoria. Note que as colunas mais à direita são menores que as colunas mais à esquerda. o consumo semanal de chocolate por parte de uma criança varia de barra em barra de chocolate. essa soma é igual à área dessas três primeiras colunas marcadas com a cor mais escura. e assim por diante. poderíamos ser mais precisos.I MICROECONOMIA FIGURA 5. basta que somemos o valor das três primeiras barras da Figura 5. Uma vez que as colunas dessa figura são retângulos com base igual a l. é fácil notar que a utilidade total do consumo de uma barra de chocolate é igual à utilidade marginal da primeira barra. Em vez de aumentar o consumo da criança de barra em barra de chocolate.2. por exemplo.2 Variação da utilidade marginal conforme a quantidade consumida. poderíamos aumentá-lo. No eixo vertical. de quarto de barra em quarto de barra. que a utilidade total do consumo de três barras de chocolate é igual à soma das utilidades marginais das três primeiras barras consumidas. O eixo horizontal dessa figura indica o número de unidades (barras de chocolate) consumidas. De maneira geral. *\ Voltando agora ao nosso exemplo. Isso indica que a utilidade marginal diminui à medida que aumenta o número de barras de chocolate consumidas. ou ainda de grama em gra- . no nosso exemplo. Até aqui. a utilidade marginal dessa mercadoria diminui. Essa relação também pode ser vista na Figura 5. podemos descrever a relação entre a utilidade marginal e a utilidade total pela expressão: j=i na qual U(n) é a utilidade total do consumo de n unidades e UMg(í) é a utilidade marginal da i-ésima unidade consumida. Utilidade rias ires primeiras barras A área mais escura representa a utilidade do consumo de três barras de chocolate. que a utilidade total do consumo de duas barras de chocolate é igual à soma da utilidade marginal da primeira barra mais a utilidade marginal da segunda. Todavia. digamos.2. mede-se a utilidade marginal do consumo. Se quisermos saber qual será a utilidade total do consumo de três barras de chocolate por semana. 3 e 5. fazemos isso.3 Relação entre utilidade total e o consumo de uma mercadoria.A TEORIA DO CONSUMIDOR :e l^ar.1 e 5. 5~ : : .d. ou seja. Figuras 5. FIGURA 5. conforme podemos ver na Figura 5. FIGURA 5.1 e 5. Utilidade total do consumo da quantidade qa Consumo de chocolate (g) A área sob a curva de utilidade marginal indica a utilidade total do consumo.4 Utilidade marginal e o consumo de chocolate. a utilidade total do consumo de três barras de chocolate era dada pela área das primeiras três barras do gráfico. Agora que passamos a representar a utilidade marginal em função da quantidade consumida em um gráfico de linha. quando tornamos a variação no consumo de dboccicTe ^aia vez menor.4. a utilidade total do consumo de uma quantidade g0 será dada pela área sob a curva de utilidade marginal até a quantidade g0.rebermos variação no consumo de chocolate suficientemente pequena. as colunas das Figuras 5.2 ficam cada vez mais estreite.4.2 por gráficos de linha como os das Figuras 5. . as cora±ccs tomar-se-ão tão estreitas que poderemos substituir os gráficos de . Consumo de chocolate (g) Quando representamos a relação entre a utilidade marginal e o consumo de chocolate em um gráfico de barras. nesse gráfico podemos ver que a utilidade acrescentada pela primeira barra de chocolate é maior que a utilidade acrescentada pela segunda barra. Se o preço efetivo da barra de chocolate for igual a R$ 1.00. Preço marginal de reserva: o preço máximo que o consumidor está disposto a pagar por uma unidade adicional da mercadoria. retomemos o exemplo da criança que consome chocolate. Como a segunda barra de chocolate é a que acrescenta.50. podemos pensar que a pessoa valoriza mais aquilo que lhe traz mais utilidade.MICROECONOMIA 5. Em outras palavras." .•. Preço marginal 4 de reserva 3. suponhamos que esse preço seja R$ 3. que. Isso reflete apenas a lei da utilidade marginal decrescente que acabamos de ver. e maior que o preço máximo que está disposta a pagar pela terceira. o preço máximo que a criança está disposta a pagar pela segunda barra deve ser menor que o preço máximo que está disposta a pagar pela primeira. e assim por diante.. Como o preço marginal de reserva é tanto" maior quanto maior for a utilidade acrescentada por uma unidade adicional da mercadoria. R$ 4. quanto maior for a utilidade marginal. se a primeira barra de chocolate acrescenta mais utilidade que todas as outras barras consideradas individualmente. depois da primeira barra. FIGURA 5. . digamos. Vamos chamar o preço máximo que o consumidor está disposto a pagar por uma unidade adicional da mercadoria de preço marginal de reserva. e o excedente do consumidor será dado pela área em cinza-escuro. ou. o preço máximo que a criança está disposta a pagar pela terceira barra é menor que o preço máximo que está disposta a pagar pela segunda barra e maior que o preço máximo que está disposta a pagar pela quarta barra. Assim. esse gráfico descreve quanto é acrescentado à utilidade total pela última barra de chocolate consumida pela criança. e assim por diante. em outras palavras. Agora. Excedente da consumidor -'. por sua vez.2 A curva de demanda individual e o equilíbrio do consumidor Até agora falamos de utilidade total e utilidade marginal sem nos preocuparmos em definir uma medida para essas grandezas. a criança está disposta a pagar um preço maior por essa barra. ou seja.00. podemos dizer que o preço marginal de reserva é uma medida da utilidade marginal.-' . a criança consumirá três barras. Para compreender melhor esse ponto. como a utilidade marginal varia segundo o consumo de chocolate. podemos definir nossa medida de utilidade do consumo de qualquer mercadoria como sendo o máximo que a pessoa está disposta a pagar por esse consumo. ' • 4 5 Barras de chocolate As barras mais à direita do gráfico são menores em decorrência da lei da utilidade marginal decrescente.1. então.2 descreve.5c .5 Preço marginal de reserva e quantidade consumida. A Figura 5. Pois bem. conforme já vimos. é maior que 9 a utilidade acrescentada pela terceira. então.-. a maior utilidade à utilidade total. Do mesmo modo. ela está disposta a pagar mais por algo que tenha utilidade maior para ela. Para achar uma medida. A nossa criança com certeza comprará a primeira barra. ela comprará apenas três barras de chocolate se o preço for igual a R$ 1. novamente. ele estará sendo estimulado a Curva de demanda do consumidor: curva que relaciona preço e quantidade adquirida pelo consumidor. Por uma quarta barra. um preço marginal de reserva superior ao preço de mercado serve de estímulo para que o consumidor aumente a quantidade comprada da mercadoria. Assim. Como esse preço é inferior ao preço efetivo da barra de chocolate (R$ 1. a curva representada na Figura 5. isso indicará que o consumidor poderá comprar unidades adicionais da mercadoria por um preço menor do que o máximo que ele estaria disposto a pagar por elas.6 nada mais é do que acurva de demanda do consumidor. Chamemos esse valor de preço efetivo ou de preço de mercado.6. Generalizando.00 e R$ 2. a quantidade que iguala o preço existente ao preço marginal de reserva. isto é.00) é superior ao seu preço efetivo. a quantidade consumida será t70. Excedente do consumidor Quantidade consumida Se o preço for PQ. . Se o preço marginal de reserva for superior ao preço praticado no mercado. Podemos agora. Assim. nossa criança só estaria disposta a pagar R$ 1. A curva representada no gráfico é.00.50. Portanto.6 Preço marginal de reserva e quantidade consumida. Imaginemos agora que a barra de chocolate seja vendida pelo preço de R$ 1. Por exemplo.50. a quantidade consumida será g0. pois o preço máximo que está disposta a pagar por essa barra (R$ 4. a curva de demanda do consumidor. a quantidade adquirida pelo consumidor será aquela que iguala o preço marginal de reserva ao preço efetivamente praticado no mercado. respectivamente. Nesse caso. ou seja. Por uma segunda e por uma terceira barra.50). O fato de o preço marginal de reserva ser decrescente decorre da lei da utilidade marginal decrescente. supor que a quantidade consumida de chocolate ou de qualquer outra mercadoria possa sofrer variações muito pequenas. Por isso. ela compraria também essas duas barras. pois o preço marginal de reserva. se o preço for P0. ela comprará todas as barras de chocolate que tiverem seu preço marginal de reserva superior ou igual ao preço efetivo da barra de chocolate. entretanto.5 ilustra o comportamento do preço marginal de reserva conforme varia a quantidade de barras de chocolate consumidas. a criança pagaria até R$ 3. sempre que o consumidor estiver adquirindo uma quantidade inferior a g0. a criança não comprará uma quarta barra. Preço marginal de reserva FIGURA 5.A TEORIA DO CONSUMIDOR A Figura 5.00. o preço máximo que o consumidor está disposto a pagar pela última unidade consumida é maior que P0 para todas as unidades consumidas antes de o consumidor atingir o consumo g0. de modo que o preço marginal de reserva seja representado em gráfico de linha como o da Figura 5. portanto. Por isso. 6.5. para quantidades superiores a g0.• . . a nossa criança consumiria apenas três barras de chocolate por semana. ilfe f i('V . a soma dos excedentes gerados individualmente por barra é igual a R$ 4. 1. Nossa conclusão pode ser expressa em linhas gerais da seguinte maneira: O equilíbrio do consumidor será atingido quando a quantidade consumida for aquela para a qual o preço marginal de reserva será igual ao preço efetivo de mercado. Chamamos esse ganho de excedente do consumidor decorrente do consumo da primeira barra de chocolate.00.50. Por outro lado. consumindo uma quantidade g0.3 O excedente do consumidor Retornemos agora à Figura 5. o consumidor não tenderia a aumentar nem a diminuir o seu consumo. portanto.50 a barra. o consumidor atingiu o seu equilíbrio. isso indicará que o consumidor está pagando por algumas unidades consumidas mais do que o máximo que ele estaria disposto a pagar por elas. o preço marginal de reserva será inferior ao preço de mercado P0. se o preço marginal de reserva for inferior ao preço de mercado. aumentar o seu consumo. conforme podemos observar na Figura 5. .1 Cálculo do excedente do consumidor. TABELA 5. pois ele já estará comprando todas as unidades pelas quais estaria disposto a pagar um preço maior ou igual ao preço praticado no mercado e não estará comprando nenhuma unidade com preço superior àquele que ele estaria disposto a pagar. Pela primeira barra estaria disposta a pagar R$ 4. O excedente do consumidor é a diferença entre o que o consumidor está disposto a pagar e o que ele efetivamente paga por uma mercadoria. . conforme podemos observar novamente na Figura 5. .1 abaixo. na Figura 5.> . . Por isso dizemos que. e. pois para qualquer consumo inferior a qa. A diferença entre esses dois valores representa o ganho ou a vantagem que essa criança leva ao consumir a primeira barra de chocolate. • : ' Nessa tabela percebemos que o consumo da primeira barra gera um excedente do consumidor de R$ 2.50. PQ.. Quando o preço marginal de reserva for exatamente igual ao preço de mercado. se o consumidor estiver comprando uma quantidade superior a g0. ele deverá reduzir o seu consumo. que o consumidor está sendo estimulado a reduzir o consumo da mercadoria. que o consumo da segunda barra gera um excedente de R$ 1. Esse valor mede o benefício ou a vantagem líquida que a criança obtém ao consumir as três barras de chocolate pelo preço de R$ l . pois. assim como a soma dos excedentes decorrentes de cada barra consumida. o preço marginal de reserva é superior ao preço de mercado.6. Assim. o consumidor não terá incentivo nem para aumentar nem para diminuir seu consumo. Assim. .50 e que o consumo da terceira barra gera um excedente de R$ 0.1.ou • • • . 5. calculamos o excedente do consumidor decorrente do consumo da segunda e da terceira barra de chocolate.nra MICROECONOMIA Equilíbrio do consumidor: ocorre quando a quantidade consumida é aquela em que o preço marginal de reserva é igual ao preço efetivo de mercado. então. nesse ponto. Já vimos que se o preço de mercado da barra de chocolate fosse igual a R$ 1.50. isto é.. e o excedente do consumidor total. Na Tabela 5.50. Excedente do consumidor: diferença mtre o que o consumidor está disposto apagar e o que ele efetivamente paga por uma mercadoria. 1 3 « l .50.6. Mas ela só paga R$ 1. então.50. 6). • i Um conceito fundamental para a exposição da teoria da escolha é o conceito de cesta de mercadorias. precisaremos abandonar a hipótese coeteris paribus. no caso da Figura 5. A Tabela 5. A medida da área cinza do gráfico representa o excedente total do consumidor. por exemplo. isto é. Podemos dizer que a nossa análise adotou uma hipótese coeterisparíbus. essa nova teoria de teoria da escolha.1 Cestas de mercadorias Teoria da utilidade: possibilita medir o nível de satisfação ou prazer decorrente do consumo de uma mercadoria. a cesta II é composta de 5 unidades de alimentação e 25 unidades de vestuário. nesse caso. sem lançar mão de tal ideia. se a nossa criança não tem acesso ao consumo de nenhum outro tipo de doce que não seja o chocolate. isto é. lançaremos mão de uma hipótese simplificadora: vamos supor que existam apenas duas mercadorias — alimentação e vestuário. Quando estivermos supondo que a quantidade consumida pode sofrer variações muito pequenas. . Uma cesta de mercadorias nada mais é do que um conjunto de uma ou mais mercadorias associado às quantidades consumidas de cada uma dessas mercadorias. Quando utilizamos o exemplo de uma criança que conscrne chocolate. Ao tentar explicar decisões de consumo envolvendo a compra de diversas mercadorias. pela área cinza. negligenciamos o fato de que o prazer que essa criança obtém ao consumi-lo não depende apenas da quantidade consumida.5. vale a pena chamar a atenção para uma simplificação que fizemos ao tratar da teoria da utilidade. para que uma apresentação gráfica da teoria seja possível.i i Os resultados que acabamos de obter também podem ser representados graficamente. Por exemplo. a cesta de mercadorias I é composta de 10 unidades de alimentação e de 15 unidades de vestuário. a área da parte da coluna acima da linha de preço (cinza-escuro) representa o excedente do consumidor gerado por barra de chocolate consumida. Antes de começarmos. pois estudamos como varia a utilidade do consumo de chocolate desde que o consumo de todos os outros bens permaneçam constantes. podemos nos perguntar se é possível uma teoria do consumidor que. Na Figura 5. 5. Isso porque essa teoria pretende explicar como o consumidor decide quanto vai consumir de cada uma das diversas mercadorias. o excedente do consumidor será dado pela área do gráfico abaixo da curva de demanda e acima da linha de preço. consiga explicar a relação de demanda? A resposta a essa pergunta é afirmativa. Para compreender a teoria da escolha. os economistas acabaram desenvolvendo um instrumental que tornou a noção de utilidade supérflua. o consumo de uma barra de chocolate vai trazer-lhe uma utilidade adicional muito maior do que traria caso ela já consumisse diversos tipos de doces. quando estivermos representando a relação entre quantidade e preço marginal de reserva em um gráfico de linha (Figura 5. na ausência de melhor nome. Chamaremos aqui.2 mostra alguns exemplos de cesta de mercadorias. e assim por diante. então. « A TEORIA DO CONSUMIDOR A ideia inerente à teoria da utilidade de que podemos de alguma maneira medir o nível de satisfação ou prazer decorrente do consumo de uma mercadoria pode parecer para muitos bastante irreal. Assim. Todavia.2. Todavia.6. Não pretendemos aqui entrar em uma discussão filosófica sobre o realismo ou irrealismo da teoria da utilidade. então. ou. três condições devem ser verdadeiras. se prefere a segunda cesta à primeira ou se essas duas cestas lhe são indiferentes. pois esta. pelo menos. compreender o que realmente significa uma curva de indiferença é bem mais fácil. Dadas essas premissas. portanto. o consumidor preferirá sempre comprar quantidade maior de cada uma dessas mercadorias. e se ele preferir essa cesta B a outra cesta C.2 e da Figura 5. em outras palavras. A primeira delas diz que. Primeiro. por exemplo. o consumidor preferirá. O eixo horizontal representa o consumo de alimento e o eixo vertical representa o consumo de vestuário. em primeiro lugar. Essa condição um tanto quanto óbvia confere aspecto de racionalidade lógica às preferências do consumidor.7.2 também podem ser representadas como na Figura 5. Assim. 5. embora Representação gráfica de diversas cestas de consumo.2.MICROECONOMIA TABELA 5. esse consumidor preferirá a cesta A à cesta C. se o consumidor preferir uma cesta A a uma cesta B. Suponha.7 Vamos agora tentar descrever como um consumidor deveria classificar as diferentes opções de consumo. entre as cestas de consumo V e VI da Tabela 5. suponhamos. se preferirmos. Embora essa definição técnica possa parecer um tanto difícil. a cesta de mercadorias VI. podemos agora tratar de um instrumento de representação das preferências do consumidor que nos será extremamente útil: a curva de indiferença.3: . ela poderia nos fornecer uma tabela com as cestas de consumo indiferentes (ou. quais cestas de consumo seriam indiferentes à cesta de mercadorias inicial. possui mais unidades de vestuário que a cesta V.7.2. o consumidor dirá se prefere a primeira cesta à segunda. notemos. representadas por diferentes cestas de mercadorias. sempre que tomarmos quaisquer duas cestas de consumo possíveis. Por fim. igualmente desejáveis) à cesta de mercadorias composta por duas unidades de vestuário e cinco unidades de alimentação. por exemplo. Se pedirmos a Maria para nos dizer quais outras opções de consumo seriam tão desejáveis quanto essa cesta de mercadorias inicial. segundo suas preferências. três maneiras alternativas. a terceira condição estabelece que. Em termos técnicos.2 Cesta de Unidades de Unidades de mercadorias alimentação vestuário As cestas de mercadorias descritas na Tabela 5. ela poderia nos responder de. que Maria consuma mensalmente uma cesta de mercadorias composta de quatro unidades de alimentação e três unidades de vestuário. FIGURA 5.2 Curvas de indiferença Exemplos de cestas de mercadorias. uma curva de indiferença é o lugar geométrico dos pontos que representam cestas de consumo indiferentes entre si. seja qual for a forma pela qual o consumidor escolhe entre diferentes cestas de mercadorias ou de consumo. sendo todas as mercadorias desejáveis. que ela nos tenha fornecido a Tabela 5. Cada ponto no gráfico corresponde a urna cesta de mercadorias da Tabela 5. Para isso. que é bastante razoável supor que. contenha o mesmo número de unidades de alimentação. A segunda condição estabelece que. Para tal. Desse modo.de:á que certamente não.8. Para ver isso. Entretanto. essa curva é conhecida como curva de indiferença. como nós não temos conhecimentos de Matemática tão profundos quanto Sí: Cestas de consumo indiferentes entre os de Maria. como a cesta de mercadorias X. ou seja. Por esse motivo. todas as cestas de mercadorias localizadas acima e à direita da curva de indiferença da Figura 5. Da mesma maneira. Isso significa que a cesta X contém mais unidades de alimentos e mais unidades de vestuário que a cesta B. que. descrevendo as cestas que lhe são indiferentes por meio de uma curva de indiferença.2 unidade de alimentação correspondente à cesta Z é indiferente ao consumo das cestas A. Assim. que pertence à curva de FIGURA 5. A curva representada nesse gráfico descreve um conjunto de cestas de consumo que são igualmente desejáveis para Maria. Como a cesta B é indiferente a todas as outras cestas sobre a curva de indiferença representada no gráfico e como a cesta X é preferida à cesta B. diria Maria. sendo infinitas.8.r. a cesta Z. C.a tabela.8 à cesta Y. Desse modo. C. ela preferirá qualquer uma das cestas de mercadorias sobre Exemplo de uma curva de indiferença. Do mesmo modo. a cesta X é preferida a todas as outras cestas sobre essa curva de indiferença. Existem. Observe que. então.ESMAt . D e E da Tabela 5. por exemplo.3 por meio de uma equação matemática ou por um gráfico.8 são consideradas piores que as cestas de mercadorias sobre essa curva de indiferença. resolvemos nos contentar com a resposta fornecida pela si ou igualmente desejáveis segundo Figura 5.3 e de mais uma infinidade de cestas intermediárias. podemos ver que as cestas de mercadorias representadas à esquerda e abaixo da curva de indiferença da Figura 5. podemos afirmar que a cesta X é preferida à cesta B. B. a cesta Y contém menos unidades de alimentos e de vestuário que a cesta C. que é uma excelente mateziat: :a nos oferece mais duas opções: ela pode nos dizer quais são tecas as cestas de consumo indiferentes às cestas A. B. ?. não poderiam ser representadas e~ ucr. são preferíveis às cestas de mercadorias sobre a curva de indiferença. ficamos sabendo que também o consumo de 10 unidades de vestuário e de 1. Por exemplo.A TEORIA DO CONSUMIDOR TABELA $3 Se perçruntarmos agora a Maria se são apenas essas as cestas ie ::rtsurr_r rue são indiferentes à cesta de mercadorias original. infinimercadorias alimentação vestuário:'* tas curas restas. Maria prefere a cesta C'à cesta Y. Com efeito. A apresentação de um conjunto de cestas que sejam indiferentes ou igualmente desejáveis para Maria também nos permite verificar com facilidade como Maria compararia as cestas de mercadoria que não pertencessem a essa curva de indiferença com as cestas de mercadorias que pertencem a ela. Maria. cestas que trazem a mesma satisfação. Assim. pois será suficientemente boa para os nossos propósitos. Maria pode nos informar de todas as cestas contidas na Tabela 5.ar_a nos diria também que a equação matemática é a resposta ~ais elegante e rigorosa que um simples gráfico. Maria.8. note que a cesta X está situada acima e à direita da cesta B. Su^ncí tóodre Csfeste . Cesta de : Unidades de Unidades de ela rtcs :esr.3 indiferença da Figura 5. a curva de indiferença da Figura 5. Uma curva de indiferença nada mais é do que a representação gráfica de um conjunto de cestas de consumo indiferentes para o consumidor. D e E.. 10.10 Conjunto de curvas de indiferença representando um mapa de indiferença. para representar um mapa de indiferença. A área branca representa as cestas de mercadorias que são consideradas piores que aquelas sobre a curva de indiferença. Mapa de indiferença: conjunto de todas as curvas de indiferença do consumidor. escolheremos sempre apenas algumas de suas curvas de indiferença. Maria nos forneceria mais duas curvas de indiferença.9 ilustra esse resultado. Evidentemente. A área cinza do gráfico representa o conjunto de cestas de mercadorias que são melhores que as cestas de mercadorias sobre a curva de indiferença. Assim. FIGURA 5. como são infinitas as curvas de indiferença. poderíamos pedir para Maria que nos desse o conjunto de cestas de mercadorias que são indiferentes à cesta X e o conjunto de cestas de mercadorias que são indiferentes à cesta Y.MICROECONOMIA A Figura 5. A nossa representação gráfica de um mapa de indiferença será algo semelhante à Figura 5. . não podemos representar graficamente um mapa de indiferença com precisão. que poderíamos colocar no mesmo gráfico com a antiga curva de indiferença. O conjunto de todas as curvas de indiferença do consumidor é chamado de mapa de indiferença.9. obtendo o resultado da Figura 5. Evidentemente. Assim.9 As cestas de mercadorias acima e à direita da curva de indiferença (área cinza) são mais desejadas e as abaixo e à esquerda da curva de indiferença são menos desejadas que aquelas sobre a curva de indiferença. FIGURA 5. a cesta de mercadorias B é preferida à cesta de mercadorias A e. se as duas mercadorias (alimentação e vestuário) são desejáveis.••'. podemos concluir que a curva de indiferença que passa sobre a cesta de mercadorias Y representa cestas de consumo não preferidas às representadas pela curva de indiferença que passa sobre a cesta de mercadorias B. a curva de indiferença da Figura 5. "•• ' . conforme estamos supondo. Então. a cesta de mercadorias X é preferida a todas as outras sobre a curva de indiferença que passa pela cesta de mercadorias B. .3 Propriedades das curvas de indiferença Passemos agora a estudar quais devem ser as principais propriedades das curvas de indiferença. ou seja.l Tomemos duas cestas de mercadorias A e B quaisquer sobre essa suposta curva de indiferença. Para mostrar essa propriedade. Devemos ainda salientar uma última propriedade das curvas de indiferença.••'•. -. as duas não podem estar sobre a mesma curva de indiferença.10 que passa sobre a cesta de mercadoria X representa as cestas preferidas àquelas representadas pela curva de indiferença que passa sobre a cesta B. caso duas curvas de indiferença se cruzassem.• ':/' : • mm m S ' '" • l 1 I 1 i I l • • ! . A primeira pode ser enunciada da seguinte maneira: curvas de indiferença mais ista^íes da origem representam cestas de mercadorias mais desejadas e curvas de indiferença mais próximas da origem representam cestas de mercadorias menos desejadas. imagine por um momento que fosse possível a existência de curva de indiferença positivamente inclinada.2. A segunda propriedade importante é a seguinte: uma curva de indiferença tem sempre inclinação negativa. pois a cesta de mercadorias B é preferível à cesta A se as duas mercadorias forem desejáveis.11 .•'. '• .11 Curva de indiferença hipotética com inclinação positiva é impossível. portanto. Assim. basta ver que.A TEORIA DO CONSUMIDOR 5. . '.--:":. " .'. conforme vimos. chegaríamos a um resultado absurdo. uma curva de indiferença que se inclinasse para cima e à direita. . •! • " .''.•• . Isso era de esperar. FIGURA 5. ' 11. Duas curvas de indiferença não se cruzam jamais. Vestuário^ m . como na Figura 5. ela se inclina para baixo e à direita. • ••••• i v . m SS . Para ver que o contrário não pode acontecer. .:"':" J '. é impossível a existência de uma curva de indiferença positivamente inoíinada se as mercadorias forem todas desejáveis. De modo semelhante. Assim. pois.. por exemplo. isto é.11.-'•. A cesta B contém mais unidades de alimentação e mais unidades de vestuário que a cesta A. Por outro lado. com essa troca. a cesta de mercadorias C seria ao mesmo tempo preferida e indiferente à cesta de mercadorias A. estaria disposta a abrir mão em troca de uma unidade adicional de alimento é de seis unidades. ao consumir a cesta A. se as curvas de indiferença Í0 e ^ se cruzam. Como a cesta C é indiferente à cesta A. Mas a cesta C está acima e à direita da cesta B.12. a cesta A é indiferente à cesta B. Assim. que é indiferente à cesta B. quando Maria estiver consumindo a cesta A. e ela representa de quanto devemos reduzir o consumo de vestuário se o consumo de alimentação é aumentado de uma unidade e se desejamos manter o consumi- . a cesta A também está na mesma curva de indiferença (I0) que a cesta B. Comparemos as cestas de consumo A e B.3. isto é. a cesta C deve ser ao mesmo tempo preferida e indiferente à cesta B. Então. 5. é preferida à cesta B. Trocar menos de seis unidades de vestuário por uma unidade de alimentação seria vantajoso. Então. ela passaria a consumir a cesta B. concluímos que a quantidade máxima de vestuário de que Maria. também não pode ser possível que duas curvas de indiferença se cruzem.MICROECONOMIA Suponhamos. Trocar mais do que seis unidades de vestuário por uma unidade de alimentação seria desvantajoso para Maria. Como isso não é possível. pois. caso isso ocorra. FIGURA 5. Chamamos essa quantidade máxima de taxa marginal de substituição de vestuário por alimento. a cesta C deve ser indiferente à cesta B. A cesta B possui uma unidade de alimentação a mais e seis unidades de vestuário a menos que a cesta A. Tomemos três cestas de mercadorias: a cesta A no ponto de cruzamento entre as duas curvas de indiferença.2. que duas curvas de indiferença se cruzem como no caso da Figura 5.12 Duas curvas de indiferença não podem cruzarse. possui mais unidades de alimentação e de vestuário que a cesta J5 e. por esse motivo. Segundo Maria. a cesta C é indiferente à cesta A. pois.4 Taxa marginal de substituição Voltemos agora à Tabela 5. Então. a cesta B sobre a curva IQ e a cesta C sobre a curva Ir A cesta C está na mesma curva de indiferença que a cesta A. que é indiferente à cesta A. assim. essas cestas de consumo lhe são indiferentes. Assim. uma troca de seis unidades de vestuário por uma unidade de alimentação não lhe trará nenhum benefício e nenhuma perda. A taxa marginal de substituição de vestuário por alimento pode ter duas interpretações: ela representa o máximo de vestuário de que o consumidor está disposto a abrir mão em troca de uma unidade adicional de alimento. escolheria consumir uma quan::iaie :r_rir_::a ie cada uma.4 indica a taxa marginal de substituiTABELA 5. à medida que eu passo a consumir as cestas de consumo indicadas pelas linhas mais baixas da Tabela 5.e— rara nenhum de nós. a quantidade consumida de alimentação aumenta e a quantidade consumida de vestuário diminui.6 unidade de vestuário em troca de uma unidade adicional de alimentos. minha carência de vestuário é relativamente pequena. Cesta de Unidades de Unidades de Chama a atenção o fato de que a taxa marginal de consumo alimentação vestuário substituição de vestuário por alimento é cada vez menor à medida que nos deslocamos para as linhas inferiores da tabela.3. isso íaz com que a curva de indiferença seja conve.A TEORIA DO CONSUMIDOR dor sobre a mesma curva de indiferença. Além de bastante convincente.a r. Perguntamos a Maria o porquê desse comportamento e ela nos respondeu da seguinte maneira: "Quando eu consumo a cesta A. í: ca o máximo que o consumidor estaria disposto a ceder da mercadoria I em ~: rã za ir.iiíerença quando há um aumento de uma unidade no consumo da mercadoria 1 lia ir.Taxa marginal de substituição (TMS) de vestuário por te. Porém ao passar da cesta de mercaD\ dorias D para a cesta de mercadorias E. quer dizer.alimento calculada a partir dos dados da Tabela 5. r.: assirr. Todavia. tenho uma grande quantidade de vestuário e uma pequena quantidade de alimento.e: livre—ente quanto comprar de cada mercadoria.::r:^:a: i::. isto é. Maria estava disposta a trocar seis unidades de vestuário por uma unidade adicional de alimentação. Desse modo.ercadoria II. também tem as suas curvas de indiferença e. Uma definição mais geral da taxa marginal de r. Graficamen. Isso porque as mercadorias têm seus preços e João tem _~ a :e~ ~a Imitai s Zssa renda limitada impossibilita João de consumir as quantidades rue ele ~ese-=n= de raáa mercadoria.3.4. Assim. xá. Isso íaz com que eu tenda a valorizar mais a alimentação e a valorizar menos o vestuário. ela só estava disposta a abrir mão de 0.::ll-. . A Tabela 5. para outros pares de mercadorias que não vestuário e ali~5r. Ao passar da cesta de mercadorias A para a cesta de mercadorias B.3 i e indiferença sejam convexas. enquanto a minha carência de alimento é relativamente grande. Assim. isso não é possível nem para João nem para Var. eu sinta menos falta de alimentação e mais falta de vestuário. Infelizmente. pouco a pouco. a explicação de Maria parece ser adequada para a maioria dos casos. À medida que isso acontece eu fico disposta a trocar quantidades cada vez menores de vestuário por uma unidade adicional de alimentação".a c seguinte: A taxa marginal de substituição de uma mercadoria I por uma mercadoria n é a recura. como Maria. e para outros consumidores. Isso faz com que.= :r_anudade da mercadoria I necessária para repor o consumidor na mesma rirva ie ir. se pudesse e. estou disposta a trocar uma quantidade relativamente grande do que me faz pouca falta (o vestuário) por uma quantidade relativamente pequena do que me faz muita falta (a alimentação).4 ção (TMS) calculada com base na Tabela 5. 5Í5 A linha de restrição orçamentaria . que ela seja mais inclinada (menos deitada) à esquerda e menos inclinada (mais deitada) à direita.':=.±.:a::ã3. vamos supor daqui para a frente que as rjrva. Essa reta é chamada linha de restrição orçamentaria e representa o limite de consumo de Joãc Ele pode comprar todas as cestas de mercadorias que estão sobre a linha de restrição orçamentaria e todas as cestas que estão abaixo e à esquerda dessa linha (na área cinza). Pv 10 Se ele decidisse comprar 20 unidades de alimentação. . o gasto total de João em consumo será igual a Paã + Pv qv. por exemplo. . . . suponhamos que a renda mensal (R) de João seja de R$ 500. Se João quiser.00.13. gastaria com essa aquisição: 5 • 20 = 100. Cesta de consumo Unidades de Unidades de alimentação vestuário r r As cestas de mercadorias dessa tabela estão representadas na Figura 5.00 e que a unidade de vestuário custe R$10. respectivamente.00. TABELA 5.. Suponhamos também que o preço de uma unidade de alimentação (Pa) seja igual a R$ 5.= . Se João gastasse toda R 500 =100 unidades de alia sua renda comprando alimentos. de modo que lhe restariam 400 para comprar vestuário. Se João escolher qualquer uma dessas combinações.5 mostra outras combinações possíveis entre o consumo de alimento e o consumo de vestuário.MICROECONOMIA Vamos estudar um pouco mais detalhadamente as restrições que a renda de João impõe ao seu consumo. a cesta A ou a cesta X. o que daria um máximo de: 400 = 40 unidades.00. por outro lado. . pode consumir. ele poderia comprar: R 500 . Elas aparecem como pontos particulares da reta cuja equação é Pa qa + Pv qv = R. João não pode gastar mais do que ganha. Se qa é a quantidade de alimentação consumida por João.00. ele despendesse toda a sua renda na aquisição de vestuário. os preços de uma unidade de alimentação e de uma unidade de vestuário. Esse fato pode ser representado pela seguinte expressão matemática: Paã + Pv^-v *ZR. g é a quantidade de vestuário e Pa eP^são.= 50 unidades de vestuário. supondo-se que a unidade de alimentação vale R$ 5.00 e que o preço de uma unidade de vestuário (Pv) seja igual a R$ 10. . então. ele gastará toda a sua renda para adquiri-la. . 10 A Tabela 5.5 Cestas de consumo que esgotam uma renda de R$ 500. Por exemplo. Se. q Ora. Mas ele não pode . . q q em que R é a renda de João. ele compraria B mentação. que indica o consumo Pa de alimento que se obtém quando toda a renda é destinada à compra de alimentação. R$ 4.a lhe restaria 5 • 80 + 10 • 40 = 800 reais. Vejamos o que acontece se um desses fatores varia. 100 20 4& 60 80 100 Alimentação .6 Deslocamento da linha de restrição orçamentaria A posição da linha de restrição orçamentaria depende de dois fatores. Esse valor indica a interseção Pa 4. os preços das mercadorias e a renda do consumidor. ele podeR 500 rá comprar: — 120 unidades de alimentação. ou seja. conforme a Figura 5.2.A TEORIA DO CONSUMIDOR consumir a cesta y composta por 80 unidades de alimentação e 40 unidades de vestuário. FIGURA 5. o consumo de vestuário. p::.00 para.14 20 40 60 80 .a ae restrição orçamentaria com o eixo horizontal. . se João destinar toda a sua renda à aquisição de alimentação.• • . ou seja.17. M m IH Linha de restrição orçamentaria.17 ~a jLr_-. 5. Como antes da redução no preço da alimentação esse valor era igual a 100.13 • • I l ' •'••. e. mais do que a sua renda.v.• • - i • H •/ r». Observamos também que a linha de restrição orçamentaria cruza o eixo horizontal . Nesse caso. a interseção da linha de restrição orçamentaria com o eixo horizontal deve-se deslocar para a direita. De maneira semelhante. -:.. cruza o eixo vertical. Comecemos supondo que haja uma redução no preço da alimentação de R$ 5. é dado pela expressão: quando o consumo de alimentação é dado pela expressão: FIGURA 5.14(a). quando a linha de restrição orçamentaria que indica quanto será possível consuPv mir de vestuário se toda a renda for gasta com a sua aquisição. digamos. um deslocamento para baixo da interseção da linha de restrição orçamentaria. conforme ilustra a Figura 5.MICROECONOMIA Vestuário 80 50 40 30- 2010- .25.00. uma elevação na renda de João de.2fr 4S! 60 80 100 Alimentação . aumenta a quantidade que João poderia consumir de alimentação caso gastasse toda a sua renda com esse produto e aumenta também a quantidade que ele poderia consumir de vestuário caso dedicasse toda a sua renda à sua compra. 0-. isso implicaria um deslocamento .33 provocará um aumento.6.''::. por sua vez. R$ 10.00..00 para R$ 600. Graficamente.00. Uma elevação no preço da alimentação provocará um efeito inverso. de 50 para 60 unidades.l . 600 10 = 60 unidades. levará a um deslocamento da interseção da linha de restrição orçamentaria com o eixo horizontal para a esquerda..: 20'"i/48'. conforme ilustra a Figura 5.: . ou seja. Esse gráfico foi construído na hipótese de que o preço da alimentação subiu de R$ 5. Uma elevação no preço do vestuário provocará.14(b). : -: ':-. 20 40 60 80 100 Deslocamento da linha de restrição orçamentaria em decorrência de (a) uma redução no preço da alimentação.0 : v. por exemplo. (e) uma elevação da renda e (f) uma diminuição da renda. De modo semelhante. • í l• "ASíraeitapai •• • • . na quantidade de vestuário que se pode adquirir com a renda de R$ 500. Nesse caso. Pv 12.50 Resta agora ver como variações na renda deslocam a linha de restrição orçamentaria. .. essa nova renda possi600 bilitar-lhe-ia comprar = 120 unidades de alimentação ou.14(c). R$ 500. (b) um aumento no preço da alimentação.•'-v >v.00 para R$ 8.00 para R$ .00 para R$ 12.Â'.00 para R$ 600.50. Quando isso ocorre. A Figura 5. de início. se quisesse comprar Y apenas vestuário. ". (c) uma redução no preço do vestuário. Suponhamos. Por exemplo.o que é representado graficamente por um deslocamento para cima da interseção da linha de restrição orçamentaria com o eixo vertical. podemos ver que uma redução no preço do vestuário de. se a renda de João crescesse de R$ 500. suponhamos.14(d) indica esse deslocamento no caso de uma variação no preço do vestuário de R$ 10. (d) um aumento no preço do vestuário.:.'«"'. a quantidade de vestuário que se obtém ao despender toda a renda nessa mercadoria é de: R 500 = 40 unidades. A TEORIA DO CONSUMIDOR . para cima da interseção da linha de restrição orçamentaria com o eixo vertical e um desloca—er. Todavia.14(c) tornou acessível a cesta de mercadorias L. sua restrição orçamentaria não permite que nenhuma ret-.=ta cê rrerraccnas C.a resta de mercadorias sobre a curva de indiferença I3. Como João terá de escolher apenas entre as cestas de mercadorias que .e: \^r. a elevação na renda do gráfico (e) tornou acessível a cesta de mercadorias M. A Figura 5. a elevação do preço do vestuário representada na Figura 5. De outro lado. João certamente preferiria es--'^. ~í= TMStrc curvas de indiferença apresentadas no gráfico. 5. Do mesmo modo.a cê ~e::ac:r_as sobre essa curva de indiferença seja acessível (lembre-se de que as cestas de mercadorias acessíveis encontram-se ou na área cinza ou sobre a linha de restrição orçamentaria).14(e). a redução no preço do vestuário representada na Figura 5. conjunto esse que é representado graficamente pela área abaixo e à esquerda da linha de restrição orçamentaria. Também a redução na renda na Figura 5.14(d) fez com que a cesta de mercadorias N se tornasse inacessível. a linha de restrição orçamentaria se desloca paralelamente à linha de restrição orçamentaria inicial paia cima e para a direita.15 mostra a linha de restrição orçamentaria de João.14 (f) tornou impossível a compra da cesta de mercadorias O.00. uma elevação no preço assim como uma redução na renda reduzem o conjunto de cestas de mercadorias acessíveis. A Figura 5. FIGURA 5. O leitor deve notar que tanto uma elevação na renda quanto uma redução no preço de qualquer uma das mercadorias leva a um crescimento do conjunto de cestas de mercadorias acessíveis ao consumidor. por exemplo.2.7 O equilíbrio do consumidor Vejamos agora como um consumidor deve escolher entre "as diversas cestas de mercadorias que sua restrição orçamentaria lhe permite consumir. O consumidor escolhe a cesta correspondente ao ponto E. Por exemplo. conforme podemos notar na Figura 5.tc para a direita da linha de restrição orçamentaria com o eixo horizontal. juntamente com o seu mapa de indiferença. por exemplo. Além disso.14(f) ilustra esse deslocamento para o caso de uma redução na renda de R$ 500. Assim.00 para R$ 400. a :e. Urna redução na renda de João faria com que sua linha de restrição orçamentaria se deslocasse paralelamente para baixo e para a esquerda.15 Unha de restrição orçamentaria e mapa de indiferença sobrepostos. Assim João deve escolher. Podemos ver na Figura 5. nenhum motivo para refazer a sua escolha. isto é. a linha de restrição orçamentaria se desloca da linha contínua para a linha tracejada. a linha de restrição orçamentaria é tangenciada pela curva de indiferença Iz no ponto E. A curva de indiferença mais elevada que ainda tem uma cesta de mercadorias acessível é aquela que tangencia (toca em um único ponto. a cesta E.15 que ele pode escolher uma cesta de mercadorias sobre a curva de indiferença J0. A escolha do ponto E caracteriza aquilo que chamamos equilíbrio do consumidor. Esse equilíbrio é caracterizado pelo fato de João ter escolhido a melhor cesta de mercadorias que ele poderia comprar. A Figura 5. No caso da Figura 5. Esse ponto corresponde à cesta de mercadorias preferida por João entre todas as que ele pode comprar. a cesta B ou uma outra cesta de mercadorias qualquer sobre alguma curva de indiferença que passe pelo conjunto de cestas que podem ser compradas por João.?3 MICROECONOMIA sua renda permite comprar. ou sobre a curva Iv digamos. O equilíbrio do consumidor é obtido na cesta de mercadorias correspondente ao ponto de tangencia entre a linha de restrição orçamentaria e a curva de indiferença mais elevada que toca essa linha. O equilíbrio que antes era atingido na cesta de mercadorias EQ passa agora para a cesta de mercadorias E^. pior. o equilíbrio se desloca de EO para Er Com um aumento na renda do consumidor. por isso mesmo. que passe pela área cinza ou pela linha de restrição orçamentaria. ele procurará a cesta de mercadorias acessível que pertença à curva de indiferença mais alta possível.8 Derivando a curva de demanda Evidentemente. pois a nova linha de restrição orçamentaria será tangenciada por outra curva de indiferença em um ponto diferente do antigo equilíbrio.16 ilustra uma mudança no equilíbrio do consumidor decorrente de um aumento na renda.15. FIGURA 5. pois qualquer outra cesta de mercadorias que lhe seja acessível pertencerá à curva de indiferença menos elevada e. um novo equilíbrio será atingido. . a cesta A.2. não tendo.16 Com o aumento da renda. entre as cestas de mercadorias que ele pode comprar. por exemplo. 5. sempre que houver um deslocamento da linha de restrição orçamentaria. sem cruzar) a linha de restrição orçamentaria. a quantidade consumida de alimentação passa de q°A para g^ e a quantidade consumida de vestuário passa de q° para gj. por isso. FIGURA 5. podemos. Com redução no preço da alimentara: a Lnha de restrição orçamentaria se desloca da lizha rheia para a linha tracejada. derivar a curva de demanda do consumidor.-.í "-"-. FIGURA 5.18.irrs z exemplo. à medida r_e ie-slira a linha de restrição orçamentaria. O gráfico superior combina curvas de indiferença e diferentes linhas de restrição orçamentaria. A Figura 5. Superior ifedm . também 1-rva á retenção de um novo equilíbrio. Isso é feito nas Figuras 5. então.'' -'.A TEORIA DO CONSUMIDOR V~= variação no preço de mercadoria.17 Deslocamento da linha de restrição orçamentaria e obtenção de novo equilíbrio em decorrência da redução do preço da alimentação. fazendo com que o equijfbrio passe da cesta de mercadorias E0 para a cesta de mercadorias Er Se determinarmos assim a quantidade a ser consumida de mercadoria para cada um de seus possíveis preços.18 Derivação da curva de demanda a partir do mapa de indiferença..17 L. -' . Dl MICROECONOMIA A linha de restrição orçamentaria mais à esquerda foi obtida supondo-se que o preço da unidade de alimentação era P^. respectivamente.00. Para cada uma dessas linhas de restrição orçamentaria. O gráfico no meio da figura nos dá a curva de demanda de João. Assim. custando a alimentação P°.9 Da demanda individual à demanda de mercado As curvas de demanda que derivamos até aqui. ou seja.19 nos dá uma ideia de como isso é feito. quando o preço de uma unidade de alimentação é P°. Esse resultado é apresentado na Figura 5. obtemos o equilíbrio Ez. seja pelos mapas de curva de indiferença. portanto. a quantidade consumida da mesma será g°. a quantidade comprada de alimentação é qA. ela é a curva de demanda do consumidor. obtemos o equilíbrio E0. o ponto H0 indica apenas que. vimos qual seria a quantidade demandada por João e a quantidade demandada por Maria a esse preço. e quando ele é PA. O gráfico mais à esquerda dessa figura nos dá a curva de demanda de Maria. Como a demanda de mercado nos dá a relação entre preço e quantidade demandada por todos os consumidores. Do mesmo modo. Essa curva descreve a relação entre preço e quantidade que o consumidor planeja adquirir. Entretanto.2. somamos as duas quantidades demandadas e marcamos um ponto no gráfico da direita que correspondia ao preço e a essa soma. se o preço da alimentação for PA ou PA. Assim. os pontos Ht e H2 indicam que. Essas quantidades são obtidas com base nas curvas de demanda individuais de cada consumidor. obteremos a curva d. a demanda importante para a determinação dos preços nos mercados é a demanda do conjunto de todos os consumidores. Assim. a quantidade de alimentação que o consumidor deverá comprar é qA. qA ou qA. quando esse preço passa para P^. Às cestas de mercadorias EQ. obtemos um ponto de equilíbrio. A linha de restrição orçamentaria do meio foi obtida para um preço PA por unidade de alimento menor que PA. Quando o preço da unidade de alimentação é P°A. respectivamente. Quando ele é P^ obtemos o equilíbrio E^ e. A Figura 5. Para estabelecer essa relação. basta observar que a quantidade demandada de uma mercadoria por parte do conjunto dos consumidores nada mais é do que a soma das quantidades demandadas dessa mercadoria por consumidor individual. a quantidade consumida de alimentação passa para qlA. sendo esse preço ainda menor que Pj. seja por meio da teoria da utilidade. ver como essa demanda de mercado se relaciona com as demandas individuais de cada consumidor. Maria demanda 10 unidades da mercadoria e João não demanda nenhuma unidade. as quantidades consumidas g°. 5. q\ e qA. e o gráfico a direita corresponde à curva de demanda conjunta de Maria e João. O eixo horizontal desse gráfico indica a quantidade consumida de alimentação e o eixo vertical indica o preço de uma unidade de alimentação. a quantidade adquirida da mesma será. Por exemplo. descrevem como a quantidade demandada por um único consumidor de uma mercadoria varia em função do seu preço. quando o preço é igual a R$ 20. Obtivemos essa última curva da seguinte maneira: para cada preço. A seguir. Se repetirmos o mesmo exercício para todos os níveis possíveis de preço para a alimentação. para o preço da unidade de alimentação igual a Pj. A rinha de restrição orçamentaria mais à direita foi obtida supondo-se o preço da unidade de alimentação igual a PJ[. Falta. podemos obter essa demanda relacionando para cada preço a soma das quantidades demandadas por consumidor individual a esse preço. Et e E2 correspondem. a quantidade demandada conjunta de .18 (inferior). Já o diamante é de pouca ou nenhuma utilidade. A curva de demanda desse mesmo mercado é dada pela expressão QD . quem terá curvas de indiferença menos inclinadas. um brilhante economista escocês do século XVIII.er: de horas de aulas de História. a quantidade demandada por Maria é de 15 unidades e a quantidade demandada por João é de 10 unidades. Essa aparente disparidade entre utilidade e preço ficou conhecida como o paradoxo do valor. restabelecendo uma ligação entre utilidade e preço? A curva de oferta de determinado mercado é dada pela expressão QS = 100 + 10P. ^B Júlio gosta muito de aulas de Matemática e muito pouco de aulas de História. adora as aulas de História e aprecia pouco as aulas de Matemática. a quantidade demandada por Maria e João é de 10 + 15 = 25 unidades. Cclcrar. Você seria capaz de resolver esse paradoxo.úrr. por sua vez. conforme podemos ver no gráfico da direita. -Aif Enuncie a lei da utilidade marginal decrescente. Podemos todavia pensar na existência de curvas de indiferença mal "comportadas". 3.00. RGURA5.go deste capítulo. 6. Nada é mais útil. Entretanto. Relacione essa lei com a inclinação negativa da curva de demanda. poucas coisas têm preço menor do que ela. Todavia seu preço é extremamente elevado. Assim.ic r.:r. Calcule o preço e a quantidade de equilíbrio e o excedente do consumidor. utilidade e preço não possuem nenhuma relação entre si. Júlio ou Gabrieia? .o eixo horizontal o número de horas de aulas de Matemática e no eixo verticai o r. Se somássemos da mesma maneira as curvas de demanda de todos os consumidores individuais. Construa curvas de « . Já ao preço de R$ 10. Ac . Os primeiros economistas tiveram grandes dificuldades em relacionar o preço de uma mercadoria com sua utilidade.19 A demanda conjunta de Maria e João é obtida pela soma das quantidades demandadas de Maria e de João para cada preço. dizia Smith. O motivo dessa dificuldade pode ser facilmente entendido por uma observação de Adam Smith.A TíORIA DO CONSUMIDOR í Maria e João é de 10 + O = 10 unidades.500 . Q U E S T O ES (B Defina utilidade total e utilidade marginal. fizemos a pressuposição de q_ue as curvas de indiferença têm inclinação negativa em toda a sua extensão e são convexas. Gabrieia. aparentemente.10P. do que a água. obteríamos a curva de demanda do mercado. Por isso. é a quantidade ofertada e P é o preço da mercadoria.
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