TESE_Potencial Energético Do Bagaço e Palhiço de Cana-De-Açúcar, Cv. SP80-1842, Em Área de Alambique Artesanal

March 22, 2018 | Author: laiseanton | Category: Biomass, Sugarcane, United Nations Framework Convention On Climate Change, Fuels, Agriculture


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LARYSSA FERREIRA VIANAPOTENCIAL ENERGÉTICO DO BAGAÇO E PALHIÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR, CV. SP80-1842, EM ÁREA DE ALAMBIQUE ARTESANAL LAVRAS-MG 2011 LARYSSA FERREIRA VIANA POTENCIAL ENERGÉTICO DO BAGAÇO E PALHIÇO DE CANA-DEAÇÚCAR, CV. SP80-1842, EM ÁREA DE ALAMBIQUE ARTESANAL Tese apresentada à Universidade Federal de Lavras, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Agronomia/Fitotecnia, área de concentração em Produção Vegetal, para obtenção do título de Doutor. Orientador Dr. Luiz Antônio de Bastos Andrade Coorientador Dr. Paulo Fernando Trugilho LAVRAS-MG 2011 Ficha Catalográfica Preparada pela Divisão de Processos Técnicos da Biblioteca da UFLA Viana, Laryssa Ferreira. Potencial energético do bagaço e palhiço de cana-de-açúcar, cv. SP80-1842, em área de alambique artesanal / Laryssa Ferreira Viana.– Lavras : UFLA, 2011. 102 p. : il. Tese (doutorado) – Universidade Federal de Lavras, 2011. Orientador: Luiz Antônio de Bastos Andrade. Bibliografia. 1. Biomassa. 2. Bagaço. 3. Energia. 4. Resíduos. I. Universidade Federal de Lavras. II. Título. CDD – 662.88 para obtenção do título de Doutor. Paulo Fernando Trugilho Coorientador LAVRAS-MG 2011 . EM ÁREA DE ALAMBIQUE ARTESANAL Tese apresentada à Universidade Federal de Lavras. SP80-1842. como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Agronomia/Fitotecnia. área de concentração em Produção Vegetal. APROVADA em 04 de fevereiro de 2011. CV. Luiz Antônio de Bastos Andrade Orientador Dr. Júlio César Garcia IAC Dr.LARYSSA FERREIRA VIANA POTENCIAL ENERGÉTICO DO BAGAÇO E PALHIÇO DE CANA-DEAÇÚCAR. Ivan Antônio dos Anjos IAC Dr. Dr. Moisés de Sousa Reis EPAMIG Dr. pela força. Agradeço aos meus pais e familiares. João Mendes. pela atenção e amizade. por mais esta etapa vencida. pelos ensinamentos e amigável convivência. Enfim. ensinamento. pela disponibilidade em participarem da banca de defesa e pelas contribuições apresentadas. Aos pesquisadores Ivan Antônio dos Anjos. A todos os colegas e amigos do Curso de Fitotecnia. À Universidade Federal de Lavras e ao Departamento de Agricultura. Homenagem póstuma ao Sr. no município de Perdões.“JM”. Ao professor Luiz Antônio de Bastos Andrade. que nos cedeu com presteza o local para realização dos trabalhos. Ao professor Paulo Fernando Trugilho. pela enriquecedora convivência e auxílio nos trabalhos. o meu eterno reconhecimento e agradecimento.AGRADECIMENTOS A Deus. Agradecimento especial ao alambique João Mendes. a todos aqueles que. . Júlio César Garcia e Moizes de Sousa Reis. orientação. compreensão e pelo estímulo em buscar sempre mais conhecimento. direta ou indiretamente. Aos funcionários de campo e aos funcionários do Departamento de Agricultura e do Departamento de Ciências Florestais. pelo apoio constante em todos os momentos de minha vida. pela oportunidade concedida. contribuíram para a realização deste trabalho. Os valores obtidos para brix foram maiores em agosto/setembro/outubro devido a maior maturação da cana-de-açúcar. julho. setembro e outubro).“JM”. agosto. Resíduos. quanto menor a umidade. provavelmente devido ao pico da época de seca na região. O rendimento de bagaço foi maior em setembro. Os caracteres avaliados foram: rendimento de cana integral. com 5 tratamentos.RESUMO O presente trabalho foi conduzido com o objetivo de avaliar o potencial energético do bagaço e palhiço de cana. poder calorífico do bagaço e do palhiço e análise elementar do material. Bagaço. maior é o poder calorífico. Cana-de-açúcar. ao longo da safra de cana. Os tratamentos foram avaliados utilizando-se o delineamento experimental de blocos casualizados. provavelmente devido ao menor teor de umidade e maior rendimento em matéria seca nos meses de setembro/outubro. sendo os dados tomados nas três linhas centrais. no município de Perdões. correspondendo a cinco épocas de corte (junho. . rendimento de bagaço + palhiço. O experimento foi instalado em área do alambique João Mendes . Foi utilizada a variedade SP80-1842 que apresenta boa produtividade agrícola em cana planta e soca. em geral. Palavras-chave: Biomassa. colhida sem a queima prévia do canavial. O Poder Calorífico Inferior. brix (%) caldo. Foi constatado que o poder calorífico superior e rendimento em calorias do bagaço e palhiço foi maior em setembro/outubro do que nos meses de junho/julho/agosto. rendimento de matéria seca do palhiço e do bagaço. Energia. totalizando 25 parcelas. rendimento de colmos. rendimento de palhiço. junho a outubro. com cinco repetições. produzidos por um alambique artesanal. o Poder Calorífico Útil e o Rendimento em calorias do bagaço e palhiço aumentaram com o avançar da safra de cana-de-açúcar. Para a umidade em base seca há uma maior variação presente no bagaço e. Minas Gerais no ano agrícola de 2008/2009. rendimento de bagaço. típico de pequenos produtores de cachaça de Minas Gerais. ciclo da cana soca. Foi realizada análise de variância com o auxílio do uso do sistema computacional Sisvar®. Energy. . corresponding to 5 cutting times (June. The Useful Calorific Power and the Yield in calories of the bagasse and chaff increased with the progress of the harvest season of the sugar cane. probably this is due to less moisture contents and higher yield in dry matter in September/October. yield of the dry matter of the chaff and of the bagasse and elementar analysis of the material. yield of the culm.The values obtained for the brix were higher in August/September/October due to the a greater maturation of the sugar-cane. July. Residues. in general. with 5 treatments . August. The experiment was held in the area of distillery João Mendes – “JM”. the lower the moisture the higher the calorific power is. from June to October. during harvest season of the sugar cane. It was made variance analysis with the aid of the use of computer system Sisvar®. probably this is due to peak of drougt time in the region. with 5 repetitions. in Perdões. The Inferior Calorific Power. produced by an artisan distillery. yield of the bagasse. brix (%) juice. Minas Gerais in the agricultural year of 2008/2009. cicle of the rattoon. The treatments were evaluated utilizing the experimental design consisted of ramdomized blocks. Keywords: Biomass. totalizing 25 parcels. The yield of the bagasse was higher in September. carachteristical to small cachaça producers in Minas Gerais. For the moisture in dry base there is a bigger variation present in the bagasse and.ABSTRACT The present work was conducted with the objective of evaluate the energetic potential of the sugar-cane bagasse and chaff. Bagasse. yield of the chaff. It was verified that the superior calorific power and yield in calories of the bagasse and chaff was higher in the months of September/October than in the months of June/July/August. It was utilized the variety SP801842 which presents a good agricultural productivity in plant-cane and rattoon. yield of the bagasse + chaff. being the data taken in the three central lines. harvested without prior burning of the crop. September and October). The evaluated characters were: the yield of the whole cane. Sugarcane. ...........................................................................................g-1) em função das épocas de colheita.. kg-1) em função das épocas de colheita......................................... Poder calorífico superior do bagaço (cal..... Teor de nitrogênio (%) do bagaço em função das épocas de colheita............ha-1) em função das épocas de colheita.............ha-1)............................................................. Poder calorífico inferior do bagaço (Kcal........................... Poder calorífico superior do palhiço (cal..g-1) em função das épocas de colheita......................................... Poder calorífico útil do palhiço (Kcal.................................................. Rendimento de palhiço (t................LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 Gráfico 2 Gráfico 3 Gráfico 4 Gráfico 5 Gráfico 6 Gráfico 7 Gráfico 8 Gráfico 9 Gráfico 10 Gráfico 11 Gráfico 12 Gráfico 13 Gráfico 14 Gráfico 15 Gráfico 16 Gráfico 17 Gráfico 18 Gráfico 19 Rendimento de colmos (t.......................................... Teor de brix (%) em função das épocas de colheita.............................................................................. Teor de hidrogênio (%) do palhiço em função das épocas de colheita....................... kg-1) em função das épocas de colheita....ha-1) em função das épocas de colheita................................... Rendimento de palhiço+bagaço (t....................................... 55 56 57 58 58 61 63 63 66 66 67 67 69 69 70 73 73 74 74 ................ha-1) em função das épocas de colheita.................... Rendimento de bagaço (t............................................................................................ Rendimento em calorias do bagaço (Mcal........ kg-1) em função das épocas de colheita........ha-1)............................................................... Poder calorífico útil do bagaço (Kcal....... Poder calorífico inferior do palhiço (Kcal........ha-1) em função das épocas de colheita.............. Rendimento de cana integral (t..........................................ha-1) em função das épocas de colheita............................................... Teor de Carbono (%) em função das épocas de colheita............................................................................. Rendimento em calorias do palhiço (Mcal.............................................. Teor de nitrogênio (%) do palhiço em função das épocas de colheita................. kg-1) em função das épocas de colheita......................................................................................ha1).......................................................................................... Rendimento em calorias do palhiço + bagaço (Mcal.......................... .................................................................................................................... Teores de umidade em base seca do bagaço (%) em função das épocas de colheita....................................................... Teor de oxigênio (%) em função das épocas de colheita..................................... 75 75 76 78 79 ............................................................................. Teor de enxofre (%) em função das épocas de colheita........................................... Teores de umidade em base seca do palhiço (%) em função das épocas de colheita.....................Gráfico 20 Gráfico 21 Gráfico 22 Gráfico 23 Gráfico 24 Teor de hidrogênio (%) do bagaço em função das épocas de colheita.... ........... Kcal...............................................Kg-1) em função das épocas de colheita.......... Poder Calorífico Útil do palhiço (Kcal......ha-1)........................................... (5) Atchison (1977)..... Resumos das análises de variância para rendimento de bagaço (t.. Resumos da análise de variância para Poder Calorífico Inferior do bagaço (Kcal.. Resumos da análise de variância para Poder Calorífico Inferior do palhiço (Kcal.......................................ha-1) e palhiço (t................ cana integral (t........ palhiço + bagaço) em Mcal.............. Resumo da análise de variância Brix (%) caldo em função das épocas de colheita....ha-1..ha-1) em função das épocas de colheita..... bagaço) em Mcal................... Características químicas do solo da área experimental...........LISTA DE TABELAS Tabela 1 Tabela 2 Tabela 3 Tabela 4 Tabela 5 Tabela 6 Tabela 7 Tabela 8 Tabela 9 Tabela 10 Poderes caloríficos superiores (PCS..Kg-1) em função das épocas de colheita..........Kg-1)......ha-1 e rendimento em calorias do palhiço mais bagaço (Calor........kg-1)..g-1 em função das épocas de colheita........................ha-1) e palhiço + bagaço (t.............. (4) Brito (1986) e (1) Sumner et al.......... nas camadas de 0 a 20 cm e 20 a 40 cm................ha-1) em função das épocas de colheita.... (3) Arola (1976).ha-1 em função das épocas de colheita............Kg-1)........................... rendimento em calorias do bagaço (Calor.. (1983)……………………………………............. de diferentes biomassas vegetais..... palhiço) em Mcal......... Resumos da análise de variância para rendimento em calorias do palhiço (Calor...........g-1 e Poder Calorífico Superior do bagaço (PCS bagaço) em cal...................... 37 45 54 54 60 62 64 64 68 71 ...................... Resumos da análise de variância para teores de nutrientes no Palhiço: Nitrogênio (%)........... Resumos da análise de variância para Poder Calorífico Superior (PCS) do palhiço (PCS palhiço) em cal. obtidos por diversos autores.. Resumos das análises de variância para rendimento de colmos (t..... Hidrogênio (%)............. Enxofre (%) e Oxigênio (%) em função das épocas de colheita... Carbono (%). Poder Calorífico Útil do bagaço (Kcal. (2) Andrade (1961).. Tabela 11 Tabela 12 Tabela 13 Tabela 14 Tabela 15 Tabela 16 Resumos da análise de variância para teores de nutrientes no Bagaço: Nitrogênio (%), Carbono (%), Hidrogênio (%), Enxofre (%) e Oxigênio (%) em função das épocas de colheita............................................................................ Valores de referência para a análise elementar................... Resumos das análises de variância para teores de Umidade em Base Seca do palhiço em % e Umidade em Base Seca do bagaço em % em função das épocas de colheita................ Simulação energética do bagaço......................................... Simulação energética do palhiço.......................................... Simulação energética do palhiço + bagaço.......................... 71 72 78 82 82 83 SUMÁRIO INTRODUÇÃO .....................................................................................12 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................14 O desenvolvimento sustentável e a biomassa para geração de energia...................................................................................................14 2.2 A cana-de-açúcar como fonte de biomassa .........................................19 2.3 Cana-energia: potencial e obtenção.....................................................25 2.4 Potencial de resíduos de cana-de-açúcar como fonte de energia ......29 2.5 Poder calorífico e a cogeração térmica e elétrica na indústria de cana- de- açúcar ..................................................................................36 2.6 Cogeração de energia elétrica em alambiques....................................41 3 MATERIAL E MÉTODOS..................................................................45 3.1 Caracterização da área experimental..................................................45 3.2 Delineamento experimental, tratamentos e parcelas .........................45 3.3 Caracterização da variedade utilizada ................................................46 3.4 Instalação e condução do experimento................................................46 3.5 Características estudadas .....................................................................47 3.5.1 Rendimento de cana integral................................................................47 3.5.2 Rendimento de colmos (TCH) ..............................................................47 3.5.3 Rendimento de palhiço..........................................................................47 3.5.4 Rendimento de bagaço ..........................................................................47 3.5.5 Rendimento de bagaço + palhiço .........................................................48 3.5.6 Brix (%) caldo .......................................................................................48 3.5.7 Rendimento de matéria seca do palhiço e do bagaço .........................48 3.5.8 Poder calorífico do bagaço e do palhiço ..............................................48 3.5.9 Análise elementar do material..............................................................52 3.6 Análises estatísticas ...............................................................................53 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..........................................................54 4.1 Rendimento de colmos, cana integral, bagaço e palhiço....................54 4.2 Teor de Brix (%) caldo .........................................................................60 4.3 Poder calorífico......................................................................................62 4.4 Rendimento em calorias do bagaço e do palhiço ................................68 4.5 Análise elementar dos resíduos .............................................................71 4.6 Teores de umidade do material em base seca ......................................77 5 CONCLUSÕES ......................................................................................84 REFERÊNCIAS .....................................................................................85 1 2 2.1 12 1 INTRODUÇÃO A extrema dependência da sociedade moderna em relação ao petróleo como principal fonte de energia da atualidade, associada às incertezas de ordem político-militar, tem levado inúmeros países a buscar novas fontes alternativas de energia, principalmente as renováveis. Muitas pesquisas vêm sendo desenvolvidas, nesse sentido, cujo interesse comum é o de associar a busca pela produtividade energética e garantir a sustentabilidade, reduzindo ao máximo os impactos ao meio ambiente. Tanto no mercado internacional como no Brasil, a biomassa tem sido considerada como uma das principais alternativas para a diversificação da matriz energética e diminuição da utilização dos combustíveis fósseis (COPERSUCAR, 2001). No Brasil, a cana-de-açúcar (Saccharum spp.) apresenta-se como uma excelente produtora de biomassa, podendo ressaltar que, na matriz energética brasileira em 2007, contribuiu com cerca de 20% do total (BRASIL, 2008). A parte aérea da cana-de-açúcar é constituída por colmos, que representa de 80 a 85% da biomassa total, o restante se constituindo de folhas + palmito (palhiço). Como é sabido, dos colmos se extrai o caldo para produção de açúcar, álcool, aguardente, rapadura e outros produtos. No entanto, quantidade considerável de bagaço é produzida, o qual mesmo que seja utilizado na produção de vapor, em substituição da lenha, ainda sobra grande quantidade de um ano para o outro. Ressalta-se que em muitas unidades produtoras de açúcar e álcool já utilizam o bagaço na co-geração de energia elétrica. Também existem estudos para a produção de álcool a partir da celulose (BALBO; PADOVANI NETO, 1987; CAMPOS, 1987). por exemplo. Entretanto. como já tem sido feito por algumas usinas e destilarias. junho a outubro. os alambiques artesanais. produzidos por um alambique artesanal. ao longo da safra de cana. através das pesquisas. variedade SP801842. . com benefícios incomensuráveis à sociedade brasileira. ciclo da cana soca. avaliar o potencial energético do bagaço e palhiço de cana. típico de pequenos produtores de cachaça de Minas Gerais. também o palhiço (folhas + ponteiros) pode ser usado na co-geração de energia. além do valor estratégico. como. O autor do presente trabalho teve por objetivo.13 Além do bagaço. faltam estudos que envolvam a determinação do poder calorífico nestas pequenas unidades produtoras. mas também nas pequenas unidades produtoras. É interessante ressaltar que esta energia pode ser gerada não apenas nas grandes usinas e destilarias. colhida sem a queima prévia do canavial. A ideia do aproveitamento da cana-de-açúcar como planta energética oferece uma oportunidade ímpar para o Brasil aumentar ainda mais a sua competitividade em matéria de energia renovável de biomassa. podendo torná-los autosuficientes do ponto de vista energético. Tolmasquim (2000) já destacava como principais causas desta conturbada fase. 2007). que desde então entrou em uma fase de reestruturação e que provocou algumas alterações em vários e diferentes setores (PRIETO. devido a uma série de preocupações com os problemas ambientais decorrentes dos processos de crescimento. é o emprego de combustíveis fósseis (MENEGUELLO. CAMARGO. Um dos métodos mais utilizados neste setor. prática que vem intensificando a concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera e aumentando os problemas relacionados ao efeito estufa. CAVALCANTI. principalmente pelos países que não possuem recursos hídricos nem outras fontes renováveis. 2003).United Nations Framework Convention on Climate Change (UNFCCC) na qual seus membros se reúnem . no início da década de 70. que deixaram de abastecer os reservatórios das principais hidrelétricas brasileiras. 2002. BURSZTYN.14 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2. A partir de meados da década de 80. sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações (BEZERRA. o desenvolvimento sustentável é tido como aquele capaz de suprir as necessidades da geração atual.1 O desenvolvimento sustentável e a biomassa para geração de energia Criado pelas Nações Unidas. a falta e a insuficiência de investimentos no setor energético brasileiro. o aumento do consumo de energia e a escassez das chuvas. o que incentivou o país a buscar novas e diferentes alternativas de produção de energia. Para um maior controle dessas emissões. assim. 2003). foi criada a Convenção Quadro das Nações Unidas para Mudanças Climáticas. CASTRO. BRUSEKE. surgiram algumas dificuldades também no setor energético brasileiro. 2003. evidenciando. 2000. . a biomassa é tida como uma das principais responsáveis pela energia consumida nos países em desenvolvimento. CENTRO NACIONAL DE REFERÊNCIA EM BIOMASSA . são reconhecidas como contribuições importantes para a redução dos GEEs. em seu artigo 12. MELLO. 2007). procurando priorizar as mais limpas. Como resultado. em 1997. Neste protocolo está descrito. no Japão. em projetos instalados para países em desenvolvimento. com baixas emissões atmosféricas. o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) que apresenta uma proposta para que cada tonelada de CO2 retirada ou deixada de ser emitida na atmosfera. é considerada atividade passível de obter créditos de carbono através do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).IEE. OLIVEIRA et al. o mundo tem buscado novas e diferentes alternativas. MELLO. as que mais têm se destacado são as fontes ditas como renováveis. dentre todas as que mais se destacou foi a que ocorreu em Kyoto. A geração de energia elétrica. 2004). 2001). O último autor afirma que. por substituírem combustíveis derivados do petróleo.15 para discussões sobre o tema nas Conferências das Partes (Conference of Parties-COP) (ROCHA. 2004).CGEE. As inovações que permitiram o uso do álcool como combustível. possa ser negociada no mercado internacional com uma Redução Certificada de Emissões (RCE) ou um crédito de carbono (OLIVEIRA. do bagaço em maior escala e da palha como fontes de energia.. 2001. que já se destacavam em sua crescente utilização no mundo como insumo energético (CENTRO DE GESTÃO E ESTUDOS ESTRATÉGICOS . à procura de fontes mais eficientes e menos impactantes. que determinou a redução dos Gases do Efeito Estufa (GEE) nos países industrializados como medida contra o aquecimento global do Planeta (ROCHA. 2007. Como uma fonte de energia primária. a partir do excedente de bagaço. Nesta reunião foi criado o Protocolo de Kyoto. Sendo assim. No caso do Brasil. gerando empregos e com muito pouco recurso financeiro . a pressão dos ambientalistas pode ser vista como um fator importante em prol do consumo de combustíveis oriundos da biomassa. A Agência Nacional de Energia Elétrica . por meio do uso de tecnologias de conversão de energia eficientes e aceitáveis do ponto de vista ambiental.16 Segundo Rosillo-Calle. Bajay e Rothman (2005) esta fonte renovável possui escala de produção de energia suficiente para desempenhar um papel expressivo no desenvolvimento de programas de energias renováveis e na criação de uma sociedade ecologicamente mais consciente. A substituição de combustíveis fósseis por combustíveis oriundos da biomassa. muito mais para usos finais como energia térmica. Nos países em desenvolvimento. mas já com destaque como geradora de energia elétrica. 2007). o que não tem sido diferente no Brasil. e de forma também crescente como origem de combustíveis líquidos (BARROS. onde há vários anos tem sido crescente a aplicação de tecnologias para a utilização da biomassa como fonte geradora de energia. a produção de energia elétrica a partir da biomassa. A biomassa tem sido usada de forma crescente no mundo como insumo energético. Naturalmente. dadas as condições climáticas favoráveis. simultaneamente. como exemplo temos o etanol. a disponibilidade de terras e a experiência acumulada ao longo do tempo. tem sido bastante defendida (BARROS. 2007).ANEEL (2005) define a biomassa como todo recurso renovável constituído principalmente de substâncias de origem orgânica (de origem vegetal ou animal). Alguns programas nacionais começaram a ser desenvolvidos visando o incremento da eficiência de sistemas. a biomassa deve desempenhar um papel fundamental na busca de uma diversidade de fontes de energia sustentáveis no país. é uma alternativa importante que contribui. para a redução da poluição da atmosfera e da pressão sobre os recursos não renováveis do país. os países desenvolvidos do hemisfério Norte têm buscado o aproveitamento de resíduos agrícolas e urbanos. afirma que as emissões de óxidos de nitrogênio. isto é. Como desvantagens. Hill et al. podem ser enumerados os seguintes requisitos: plantas de alta eficiência energética. O mais apropriado e econômico energeticamente seriam os cultivos agrícolas especialmente dedicados a produzir energia.FIESP. deve-se priorizar a produção de plantas fibrosas em vez de amiláceas e oleaginosas (STICKLEN. Para produzir biomassa em atendimento à necessidade energética da humanidade sem competir com a produção de alimentos. óxidos de enxofre e fuligem são muito menores que as emissões provocadas no uso de óleo combustível e carvão mineral. maior possibilidade de geração de material particulado para a atmosfera. 2008). Plantas fibrosas trazem diversas vantagens e atendem bem aos requisitos julgados importantes para serem eleitas como produtoras de biomassa. possuir baixo custo de aquisição e o de suas emissões líquidas de CO2 serem baixas. Em termos de alternativas de fontes de biomassa. crescimento perene e dossel de longa duração para permitir colheita durante a . o que significa maior custo de investimento para a caldeira e os equipamentos para remoção de material particulado e dificuldades no estoque e armazenamento. A partir dos trabalhos de Coombs (1984). de alta capacidade de transformação da energia solar em biomassa sem requerer muita água. Rubin (2008) e Sticklen (2008). (2006). Da mesma forma. Lora e Teixeira (2001) apresentam algumas vantagens do uso da biomassa como combustível. nutrientes e outros inputs (plantas C4). 2001). apontam alguns fatores principais tais como menor poder calorífico. quando comparados com a utilização de combustíveis fósseis.17 (FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE SÃO PAULO . Como vantagens os autores apresentam o fato de ser uma fonte de energia renovável. oferece maior oportunidade de melhoramento genético e. gaseificação para produção de gás de síntese (monóxido de carbono e hidrogênio) ou geração de biogás. especialmente de eucalipto. e pirólise para produção de bio-óleo ou carvão/coque. então. Em se tratando de biomassa. maior ganho futuro de eficiência. além de maior potencial de produtividade (EL-BASSAM. no controle de pragas e doenças e na redução e mitigação dos impactos ambientais.18 maior parte do ano. Outra gramínea também de alta produtividade é o capimelefante. 1998). melhorias nas práticas agrícolas e nas técnicas de colheita. A utilização da fibra da biomassa como matéria-prima para fins energéticos pode ser feita segundo quatro plataformas básicas: combustão direta para produção de energia térmica (vapor) e elétrica (co-geração). o desenvolvimento de novas variedades de plantas. WOODARD. mesmo porque. PRINE. por coincidência plantas que possuem o processo fotossintético C4. na área agrícola. e exploração sustentável econômica e ambientalmente. ser de fácil e eficiente transformação em formas utilizáveis de energia. e as gramíneas (poaceaes) como a canade-açúcar. São justamente duas plantas que se desenvolvem bem nos trópicos e subtrópicos. Nesta merecem destaque. 1993). de alta eficiência fotossintética. o destaque é a cana-de-açúcar. . onde a mecanização é uma tendência. 1998. mas. hidrólise química ou enzimática da fibra (celulose e hemiceluloses) para obtenção de açúcares fermentáveis e produção de combustíveis líquidos. a inovação tecnológica deverá ocorrer não apenas nos processos de conversão. processo este de maior eficiência na fixação de C em condições de temperatura mais elevada daquelas regiões (ELBASSAM. na adubação. Surgem. dois tipos de cultivo para os trópicos: as florestas artificiais. possibilidade de aplicação de tecnologia agrícola de produção em grande escala. consequentemente. mas principalmente. para ser bem sucedida. biogás. sisal.19 Em resumo. existem 423 usinas sucroalcooleiras em funcionamento. no aumento da segurança energética de cada país e no aumento da oferta de empregos e renda no meio rural. etanol e. como é o caso do bagaço e palhiço de cana-de-açúcar.2 A cana-de-açúcar como fonte de biomassa O Ministério da Agricultura. plásticos) e 140 kg (massa seca) de palha. de forma a garantir um desenvolvimento sustentável. 159 de álcool e 248 mistas (produção de açúcar e álcool). A transição da cultura de biomassa/ alimento para biomassa/ alimento + energia. Diversas fontes renováveis de biomassa são conhecidas. a biomassa tem um enorme potencial para auxiliar na redução das emissões de gases de efeito estufa. carvão vegetal. . sendo 16 usinas unicamente produtoras de açúcar. Adicionalmente. que é perdida por meio de queimadas no campo. contém 150 kg de açúcares (usado na produção de açúcar. óleos vegetais. tanto elétrica como em forma de vapor. seja para reduzir os custos das matérias-primas e dos processos de transformação. seja para reduzir e mitigar os impactos sócioambientais do aumento de áreas cultivadas. dos quais 90% são utilizados para produzir energia térmica e elétrica na usina. 2001). no Brasil. Pecuária e Abastecimento (BRASIL. tais como a lenha. KAWANO. agora. casca de arroz e resíduos vegetais. vai requerer muita criatividade e investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento. em caldeiras ou fornos já é uma realidade no Brasil e tem sido bastante expressiva quanto ao crescimento e desenvolvimento do setor (GRAUER. babaçu. 2. Atualmente a utilização de biomassa para produção de energia. Cada tonelada de cana (colmos) produz 140 kg (massa seca) de bagaço. 2009) afirma que. ÚNICA. principal matéria-prima do setor. centenas de outros produtos e subprodutos podem ainda ser desenvolvidos a partir dessa matéria-prima . De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento . Um grande trabalho tem sido realizado no Brasil na busca de tecnologia para a colheita e transporte da palha. NEMIR. HAMMOND. VASCONCELLOS. em 2015. 1977.20 O Estado de São Paulo produziu. 2007). além do etanol e da energia térmica e elétrica que se obtém da cana-de-açúcar. 1998. 2007. VIDAL. NATALE NETTO. Em 1975. 1983. Segundo Corrêa Neto (2009). foi o responsável por aproximadamente 61% da produção total brasileira de etanol. cerca de 20 bilhões de litros de etanol (consumo interno mais exportações). o Brasil abriu caminho para uma nova exploração. assim como para a avaliação da sua disponibilidade real. A legislação que restringe gradualmente a queima pré-colheita deverá atuar positivamente para que este resíduo seja incorporado ao sistema de geração de energia (MACEDO. 2001). tem sido utilizada para geração de energia. a produção de etanol combustível em larga escala (CARMO. A agroindústria da cana-de-açúcar foi milenarmente explorada para a produção de açúcar (sacarose). Nessa mesma safra. na safra 2008-2009. XAVIER. as expectativas apontam para um aumento da capacidade de produção e processamento de cana-de-açúcar. 2009).). 1977. sendo também o maior produtor de energia elétrica cogerada a partir do bagaço e da palha da cana-de-açúcar (UNIÃO DAS INDÚSTRIAS DE CANA-DE-AÇÚCAR . Introduzida no Brasil pelos portugueses no início do século XVI. a canade-açúcar (Saccharum officinarum L. a safra 2009/10 de cana-de-açúcar foi de 612 milhões de toneladas.CONAB (2009). Porém. O elevado potencial de geração de energia a partir de sua biomassa tem provocado crescentes buscas por opções diferenciadas do completo aproveitamento dessa matéria-prima. chegando a aproximadamente 715 milhões de toneladas por ano. contribuindo para uma economia substancial de divisas. melado. açúcar mascavo. para produção de energia (vapor) se faz notória. mais conhecido como etanol de segunda geração (DIAS et al. o etanol já é um importante componente da matriz energética nacional. Desde o seu início. 1983). aguardente. rapadura. para a diminuição da poluição ambiental e a mitigação do efeito estufa. seja nas grandes indústrias como nos alambiques. mais recentemente. que até então é deixado no campo como sistema de cobertura do solo proporcionando grandes vantagens ao sistema solo-água-planta.. 1999). produtos farmoquímicos. propriedade e originalidade (COOMBS. Efetivamente. é gerado grande quantidade de palhiço (folhas + palmito). a queima do bagaço. Do seu processo industrial obtém-se principalmente o açúcar. tudo isso se confirmou e. hoje.anidro e hidratado). . nas indústrias este resíduo tem sido utilizado também como produtor de energia térmica e elétrica em sistemas de cogeração instalados na maioria das sucroalcooleiras distribuídas pelo Brasil e através da utilização também do palhiço estão com potencialidade em estudo para produção do etanol celulósico. Além destes produtos são gerados subprodutos como a vinhaça ou vinhoto. Porém. 2009). a torta de filtro.21 (INSTITUTO CUBANO DE INVESTIGACIONES DE LOS DERIVADOS DE LA CAÑA DE AZÚCAR . HAMMOND. NEMIR. o álcool combustível (etanol. No entanto. o Proálcool brasileiro foi objeto de observação e análise internacional pela sua ousadia. Hammond (1977) observava que o Proálcool tinha possibilidade de tornar o Brasil não só líder mundial em fontes renováveis de energia como também o primeiro país em estágio de desenvolvimento a encontrar o seu próprio caminho de independência energética. 1984. 1977.ICIDCA. o bagaço e. com a colheita de cana crua. cada tonelada colhida e processada nas usinas pode gerar até 82 litros de álcool combustível ou 138 quilos de açúcar e de acordo com Andreolli (2008) cada tonelada de cana gera aproximadamente 250 kg de bagaço úmido (50% b. pois sua eficiência energética será ainda maior se comparada com a atual tecnologia de transformação da sacarose (JOHNSON. Como uma das mais importantes culturas agrícolas brasileiras.) (ÚNICA. hoje já cresce a percepção da sociedade sobre o seu valor para o país. em média. com perspectiva de seguir assim ainda por muitos anos. sendo também o maior produtor de energia elétrica cogerada a partir do bagaço e da palha da cana-de-açúcar (ÚNICA. 2007). RUBIN. 204 kg de palha e pontas. na safra 2008-2009. Nos últimos anos. Nessa mesma safra. a cana apresenta um ciclo produtivo médio de seis a sete anos. como EUA. 2009) e. foi o responsável por aproximadamente 61% da produção total brasileira de etanol.. podendo alcançar uma média de até 120 toneladas por hectare (SCARPINELLA et al. SCHMER et al. . cerca de 20 bilhões de litros de etanol (consumo interno mais exportações). 2008.22 Ribeiro e Morelli (2009) mostram que processos de reutilização e reaproveitamento de resíduos como estes economizam recursos naturais e reduzem os impactos ambientais ao serem utilizados em seu processo produtivo. Canadá e União Europeia. A produção de etanol celulósico está recebendo grande investimento tecnológico nos países ricos.u. produz ainda. 2009). Apesar de a agroindústria sucroalcooleira ter sido tradicionalmente alvo de críticas. quando comparados aos processos que utilizam matérias-primas virgens. Segundo Jank (2007).. 2007. STICKLEN. 2009). com possibilidade de seis cortes e um rendimento médio de 75 toneladas por hectare. o setor tem crescido em ritmo superior a muitos outros. 2008. O Estado de São Paulo produziu. um balanço final das mesmas 6 t de sacarose. na forma de sacarose.500 litros de etanol. Assim. O balanço final se resume a 6 t de sacarose. têm-se 85 toneladas de colmos industrializáveis.92 MWh (usinas convencionais) ou 3. dos quais uma parte (62 t de vapor ou 5.1 MWh. etanol e eletricidade. uma vez fermentado.500 litros de etanol e um excedente de eletricidade vindo da queima do bagaço (9. e o restante da sacarose. conforme o processo usual.8 t.8 t de sacarose (ATR-açúcar total recuperável) extraídas dos colmos e que resultarão em 6 t de açúcar. 3. pela sua maior produtividade (137 t de colmos industrializáveis e 24 t de palhada) e pela utilização de 60% da palhada. resultará em 3. levando-se em consideração dois panoramas de matéria-prima: com variedades atualmente cultivadas de cana-de-açúcar ou com variedades de cana-energia.1 MWh de eletricidade excedente no caso de usinas atualizadas.8 MWh. 15 toneladas de palhada (25% de umidade) que ficam no campo. então.18 MWh para usinas atuais e 36 t de vapor ou 3 MWh para usinas atualizadas) será utilizada pela própria usina para alimentar o processo todo e o restante será um excedente de energia elétrica de 0. Segundo este autor. ter-se-ia. O subproduto bagaço (23. . já disponíveis no mercado). 50% de umidade) será queimado e gerará 6.1 MWh (usinas atualizadas). 12.6 MWh ou 11. Se a cana-energia for a matéria-prima a ser utilizada. considerando-se um ATR igual à das variedades atuais. 3. nos casos de usinas atualizadas.23 Macedo (1998) apresentou balanços da geração de energia. por uma usina de açúcar operando convencionalmente ou de forma atualizada (maquinários de última geração e com alto rendimento.500 litros de etanol e 3. considerando que a biomassa total de um canavial seja de 110 t. Tem-se. foram utilizados nestes cálculos valores médios de produtividade agrícola e industrial. com um ganho de energia elétrica de aproximadamente quatro vezes em relação à utilização das variedades atuais.8 MWh) de 9. o bagaço também pode ser aproveitado em processos mais sofisticados. todos de grande valor econômico e especialmente ambiental. Outras características do bagaço de cana. haverão de evoluir para complexas biorrefinarias a produzirem alimento. a biomassa da cana-energia poderá ser utilizada. Devido a essas características. vapor e energia elétrica (co-geração). também de álcool. para o aumento de densidade e sua adequada aplicação e utilização em gaseificadores. energia elétrica. mais recentemente no Brasil. Os seculares engenhos de açúcar. com liberação de biogás e bio-óleos. como fonte de energia térmica em termelétricas ou mesmo transformadas termoquimicamente em carvão vegetal. desde que ele seja transformado em briquetes ou pellets. desde que o corte dos colmos seja feito no tamanho de pellets ou diretamente com os colmos inteiros em processos de pirólise para produção de bio-óleo ou carvão/coque. Entretanto. também poderá ser utilizada diretamente em processos de combustão e gaseificação. que apenas no último século se transformaram em agroindústrias de açúcar e. devido às características físicas de umidade e granulação do bagaço. A cana-energia.24 Além disso. combustíveis líquidos e toda uma cadeia de subprodutos substitutos daqueles provenientes do petróleo. sua principal aplicação atual se restringe a processos de combustão direta em caldeiras para geração de calor. processamento (triturado e lavado) e disponibilidade (abundância e estocagem). O gás gerado a partir da gaseificação poderá ser usado na alimentação de motores em processos de combustão direta ou como gás de síntese em processos termoquímicos ou fermentativos. como composição ligno-celulósica homogênea (celulose. hemiceluloses e lignina). como já descrito. como gaseificação. em sua forma in natura e desidratada. além de . habilitam essa biomassa como uma das melhores matérias-primas para a utilização nos futuros processos de hidrólise enzimática ou química. do transporte e do acúmulo de sacarose (LINGLE. que também já estão se tornando realidade. SINGELS. MOORE. RAE et al. ZHU. com o intuito de. 2005. MING et al. 2008). 2005.3 Cana-energia: potencial e obtenção Ao longo deste último século.25 substâncias químicas diversas e fármacos. STICKLEN. Portanto.. ocorre um limite difícil de ser suplantado na partição do assimilado entre acúmulo de sacarose e crescimento. 2005. segundo Moore (2005). KOMOR. 1997) e de genes que regulam esse processo. MOORE. 2004. muito esforço tem sido feito para se aprofundar no conhecimento da síntese. 2005. num novo divisor de águas neste início de século: enquanto durante 100 anos se buscou maior produtividade de açúcar. Porém. o plástico biodegradável. A vantagem de se produzir mais fibra em detrimento do açúcar é que as plantas serão mais rústicas. O melhoramento genético da cana-de-açúcar está. DONALDSON. 2005. como a fabricação de poli-3-hidroxibutirato (PHB). se conseguir romper essa barreira (LAKSMANAN et al. ZHU. houve grande esforço dos programas de melhoramento genético convencional e da pesquisa agronômica para o aumento da produtividade de cana. agora o novo modelo de cana deverá ser direcionado para alta produtividade de fibra. MOORE. 2005. 2000). 2005. WATT et al. Mais recentemente vem sendo desenvolvida a tecnologia para se produzir outros hidrocarbonetos que não simplesmente etanol (LAKSHMANAN et al... RUBIN. MOORE. Por essa razão. SMITH... o que traz . de açúcar e álcool para se chegar ao atual nível. ALBERT. a produtividade agroindustrial chegou a um patamar difícil de ser suplantado se consideradas as atuais condições de manejo agronômico. de acordo com Jackson (2005). 2006. 2. portanto. por meio da transgenia. 2008. ou seja. CLARKE. se a colheita fosse de cana integral. Uma vez que a fibra passasse a ser o composto carbônico mais importante. Alexander (1985) demonstrou que. maior unidade de energia produzida por energia gasta. clima.. a produção de massa seca (Brix + fibra) era 13% maior. em razão da crise do petróleo e do prenúncio de mais problemas à frente (ALEXANDER. 2006. embora a produção de sólidos solúveis (Brix) fosse 37% menor. Em outro resultado. STEIN. 1984). Demonstrou-se. (1984) demonstraram que. como estava fazendo o Brasil. 2008). Samuels et al. Àquela época.. 1988. daí resultando maior eficiência energética no seu cultivo. 1985. se considerada toda a cadeia (output/input). devido à maior produção de fibra. Esse novo tipo de cana foi cunhado como cana-energia (energy cane) na Louisiana e em Porto Rico. àquela época. Este é um parâmetro essencial e finalista que determinará as opções energéticas a serem consideradas. se o objetivo final for a preservação ambiental e a sustentabilidade (HILL et al. 1984. SAMUELS et al. apenas a sacarose (ALEXANDER... 1985). devia se olhar a cana-de-açúcar como grande planta produtora de biomassa. onde ocorreram os primeiros trabalhos de melhoramento dirigidos para esse fim (GIAMALVA. A ideia do aproveitamento da cana-de-açúcar como planta energética ao invés de apenas como fonte de sacarose iniciou-se ao final da década de 70 do século passado. BISCHOFF et al. GIAMALVA. ainda que à custa de diminuição no teor de sacarose (ALEXANDER. além da utilização de etanol combustível.26 uma série de vantagens econômicas e ambientais: as plantas serão menos exigentes em solo. 1985. 1984). com uma renúncia de 25 a 35% na sacarose. STEIN. ter-se-ia aumento no total de biomassa de até mais de 100%. resultando em produtividade final de massa . deste. nos EUA. 2007). CLARKE. água e nutrientes e mais resistentes a pragas e doenças. que. pois até então apenas o colmo era o alvo e. JOHNSON et al. haveria possibilidade de se incrementar a produtividade em maior grau do que com a cana tradicional. seria possível selecionar plantas do primeiro estádio de cana-energia. sendo complexos aneuploides com conformação 2n + n. se aproveitados também as folhas e os palmitos (MATSUOKA. são frequentes numa progênie híbrida formas mais próximas de S. Com essas plantas. ou seja. Esses programas foram descontinuados e. plantas de maior produtividade de biomassa. officinarum e S. . 2008). officinarum e ½ dos de S. plantas pequenas.. 2008). Portanto. Se essas plantas fossem selecionadas. como também plantas de alta capacidade produtiva. de colmos finos e com baixo brix e baixa pureza sacarina.27 seca por hectare 20% maior. ou seja. Esses híbridos compartilham basicamente genes das espécies S.. havendo ainda cromossomos conjugados (GRIVET. spontaneum. já dariam um ganho de produtividade total. ARIZONO. a cana-energia retoma interesse nos EUA (BISCHOFF et al. HONT et al. mas usualmente descartadas por terem teor de sacarose abaixo do limite pré-estabelecido pelo padrão atual. 2001. menor que 12%. com o renovado interesse em biocombustíveis e em biomassa. sólidos solúveis mais fibra. ou de mais de 30% de energia calorífica por área. Há muita diversidade genética viável para produção de biomassa no germoplasma comumente utilizado para criação de novos híbridos de cana-deaçúcar. nas populações usuais de melhoramento genético. Devido a essa complexidade gênica. 1987). de até 20% em relação ao principal híbrido comercial. poder-se-ia ter retorno econômico final maior do que o propiciado por uma variedade de alto teor de sacarose. com fixação total dos cromossomos de S. spontaneum. com uma destilaria de álcool anexa e ainda uma unidade de co-geração de eletricidade. mais rústicas do que aquelas selecionadas como cultivares. agora. spontaneum. se considerados apenas os colmos industrializáveis. na agroindústria sucroalcooleira atual. ARRUDA. devido ao seu sistema radicular fasciculado. de temperaturas mais extremas (tanto baixas como altas) e mais salinas. é possível desenvolver cultivares de alta produtividade para cada região geográfica por processo de melhoramento. menos férteis. apresenta alta conversão do Carbono atmosférico em Carbono orgânico. além de ser cultivada em terras de menor valor agronômico. i. oferece grande capacidade de proteção aos solos. FOX. tem poder de controle da erosão maior do que plantas herbáceas. 2007). É importante enfatizar a característica. compreendendo fontes múltiplas de energias renováveis. energética e economicamente é matéria-prima mais eficiente do que aquela de plantas alimentícias. colheita e transporte são procedimentos já dominados. tem elevada resistência a estresses bióticos e abióticos. constituem-se características e qualidades do uso da canaenergia: produz energia renovável. alta produção de biomassa. em razão dos fatores já citados. BARNEY. pela possibilidade de se tornarem plantas daninhas de alto poder invasivo (DITOMASO. oferece menor competição com a produção de alimentos por consequência dos fatores citados. . seu cultivo. o que contribui para mitigar o efeito estufa. fixa mais carbono no solo. porque existem casos de plantas dedicadas à produção de energia que constituem ameaça ambiental. tem alta densidade de energia. pesticidas e energia). ou seja.. de forma que é possível produzir com menor input (menos fertilizantes. Somando-se a isso a sua característica de semiperenidade.28 Em síntese. ou seja. Observa-se que a cana-energia apresenta grande potencial energético não aproveitado totalmente e que deve ser meta prioritária de políticas energéticas e ambientais do governo brasileiro. de menor disponibilidade de água.e. manejo. poderá ser um dos principais cultivos na mudança de paradigma da civilização do petróleo para a civilização de energia multifacetada. da análise química imediata e do poder calorífico. O poder calorífico é uma propriedade importante na avaliação de um combustível sólido e consiste na quantidade de calorias liberadas na combustão completa de uma unidade de massa do material combustível. devem aumentar consideravelmente nos próximos anos. NUMAZAWA.g-1 ou Kcal. com a expansão das lavouras e o desenvolvimento de novas unidades agroindustriais. 2006). o carbono fixo (VALE. 2008). DUTRA. nitrogênio. oxigênio. Os resíduos do processamento da cana-de-açúcar para a produção de açúcar e álcool. dos quais os elementos de maior contribuição para o poder calorífico são o carbono e o hidrogênio. hidrogênio. Estes resíduos podem ser usados como matéria-prima para a produção de novos produtos.29 2. GENTIL. com variedades e manejos melhores. enxofre e cinzas.4 Potencial de resíduos de cana-de-açúcar como fonte de energia A utilização de resíduos na indústria sucroalcooleira é uma necessidade não só do ponto de vista ambiental. cinzas e. que hoje em dia já são gerados em quantidade expressiva. O poder calorífico é chamado superior (PCS) quando a água proveniente da queima está presente em estado líquido (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS .kg-1. mas também uma forma de evitar desperdício de um material que pode vir a gerar lucros. Pela análise elementar são determinados os teores de carbono. por diferença. é importante o conhecimento de algumas propriedades destes por meio da análise elementar. A partir do PCS. . na forma de água. expressa em cal. desconta-se a energia gasta para evaporar o hidrogênio de constituição do combustível. e obtém-se o poder calorífico inferior (NASCIMENTO.ABNT. A análise química imediata fornece os teores materiais voláteis. Na utilização dos resíduos vegetais para a geração de energia. 1984). Toda a energia necessária para o funcionamento da agroindústria vem da geração de vapor na queima do bagaço pelas caldeiras. através do bagaço. Todos os resíduos da cadeia produtiva da cana são reutilizados no próprio processo produtivo. e a palha é deixada sobre o solo no processo de colheita. Com o uso crescente de colhedeiras mecânicas e com a eliminação gradativa da queima da palha (SÃO PAULO. A participação dos resíduos no balanço energético nacional ainda é pequena. Também é muito relevante a importância do “subproduto” bagaço na geração de energia. E ainda sobra um excedente representado por 3. torta de filtro e vinhaça têm alto valor agregado e constituem-se em matéria-prima para outras atividades agrícolas e industriais. A produção de energia elétrica.30 Segundo Vale e Gentil (2008).06% da oferta interna bruta de energia representada pelos combustíveis renováveis (biomassa e eletricidade).400 MW que pode ser comercializado para o fornecimento de energia elétrica nas cidades. espera-se que a cana possa ser aproveitada integralmente. Entretanto. atingindo atualmente 41. o que faz do setor canavieiro um exemplo a ser seguido no quesito gerenciamento ambiental. permite a obtenção de . com baixas emissões atmosféricas. o modelo energético brasileiro. modificou-se ao longo das últimas décadas. a geração de resíduos na indústria canavieira é por si só impactante. A produção de etanol atualmente utiliza a sacarose como matéria-prima. inicialmente sustentado pela lenha. O setor é praticamente independente do ponto de vista energético. Devido às extensas áreas de produção. pelos volumes gerados. O bagaço é queimado com baixa eficiência energética para a geração de vapor e energia elétrica. 2002). mas é significativo o crescimento ao longo dos últimos anos. o que corresponde a usar aproximadamente um terço da energia contida na cana. resíduos como bagaço. como a produção de álcool. com ganhos ambientais. representará uma participação maior do setor na composição da matriz energética. com o desenvolvimento da tecnologia de produção do etanol de segunda geração (a partir de materiais celulósicos). Essas tecnologias representarão grande avanço. Futuramente. utilizando como combustível o bagaço da cana-de-açúcar. a opção histórica do setor foi por tecnologias de baixa eficiência porque o objetivo primordial era maximizar a queima do bagaço devido à dificuldade de armazenamento e a pouca relevância do mercado de bagaço in natura. Segundo Corrêa Neto e Ramon (2002). No entanto. por meio do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). podendo liberar parte do bagaço para outros usos. Conforme Sartori (2001) e Sartori et al. (2001). para a queima nas caldeiras e aumento de produção de energia. a energia gerada por essa biomassa menos a energia consumida no processo. Neste sentido. na tentativa de minimizar o impacto ambiental e as influências causadas na produtividade e.31 créditos de carbono. existe um imenso potencial de produção de excedentes de eletricidade a serem exportados para rede com a adoção de tecnologias de produção mais eficientes. e o aporte energético que a palhada poderá representar. as usinas sucroalcooleiras são auto-suficientes em 98% de suas necessidades energéticas. instrumento contido no artigo 12 do protocolo de Kyoto. uma vez que a retirada parcial da palhada do campo não afetará significativamente os benefícios que esta promove ao solo. no lucro das empresas sucroalcooleiras. consequentemente. ou seja. a palha e o bagaço terão ainda maior importância na produção de energia. Estuda-se ainda a retirada da palhada ou de parte dela. em termos de co-geração de energia elétrica. O estudo da viabilidade de aproveitamento do palhiço para a geração de energia pode ser feito com base no custo e no balanço de energia. pesquisadores têm persistido na escolha da variedade que derive palhiços com maior poder . em média. se fosse recolhido e levado até as usinas e destilarias. Neste sentido. . Somente assim seria viável o aproveitamento desse resíduo para cogeração de energia.t-1 .85 milhões de pessoas de consumo de baixa renda. sem perder as características de produção. a viabilidade desse aproveitamento está ligada também ao balanço de energia.32 calorífico e com baixo custo de coleta. por ano. a manutenção de empregos e a projeção de vida limitada para os recursos energéticos de fontes naturais (EID. Além do fator custo. poderia atender 5. Por sua vez. que já é amplamente utilizado para produção energética. Isto em uma conjuntura onde a tecnologia de extra-condensação capaz de gerar 80 kWh de energia elétrica excedente a ser comercializada está disponível e o setor sucroalcooleiro passa por um ciclo expansivo sustentável. 2002b).55 milhões de pessoas.551 MJ. poderia gerar energia suficiente para abastecer 9. torna-se nítido o quanto a potência instalada atual está aquém da potencial geração de bioeletricidade. têm-se como vantagens as questões ambientais.900 MW para auto-suprimento e apenas 900 MW exportados. CHAN. o progressivo fim das queimadas irá disponibilizar uma quantidade adicional de biomassa a ser utilizada como combustível oriundo da palha. porém. pois segundo Ripoli (2002a. Castro e Dantas (2008a) enunciam que a potência instalada para a geração de bioeletricidade no setor sucroalcooleiro no início de 2008 era de aproximadamente 3. Uma das grandes dificuldades ainda encontrada para o aproveitamento desse resíduo. Segundo Ripoli e Ripoli (2001) o palhiço fornece. está na parte econômica. as quais consomem energia em forma de combustíveis derivados do petróleo. 13. Com o aproveitamento do palhiço. PINTO. 1998). sendo que estimaram para o Brasil que este material. o processo envolve o uso de quatro tipos de máquinas. além do potencial energético dessa biomassa. enquanto que o bagaço. 03% no aproveitamento do bagaço como combustível para fornalhas de caldeiras de usinas e destilarias. foi estudada por Cock. 40. com poder calorífico da ordem de 10. assim distribuídos: 20. se os custos de recolhimento no campo e no transporte para o local de geração de eletricidade fossem reduzidos para menos de US$8. a geração de eletricidade seria um excelente investimento. a apartir de resíduos de colheita de cana crua. folhas verdes. o bagaço de cana-deaçúcar é a biomassa mais promissora para geração de energia elétrica. via usinas e destilarias.00 por tonelada de resíduo. palhas.080 Mcal. com umidade de 35%. onde se encontra localizados os maiores reservatórios brasileiros (CASTRO. que estimaram que. interligadas aos principais sistemas elétricos. estariam contidos no material remanescente da colheita (ponteiros.000 KJ. em equivalentes energéticos. um trabalho pioneiro sobre o assunto foi desenvolvido por Ripoli e Molina Júnior (1991). e os restantes 39. de 1 hectare de canavial. Para Freitas (2001). principalmente. nos dias atuais. As mais recentes tecnologias agrícolas e industriais do setor sucroalcooleiro têm oferecido grandes quantidades desse material que poderiam fornecer energia elétrica.33 Além das vantagens inerentes a uma fonte de energia renovável gerada de forma eficiente. No Brasil. A viabilidade técnica e econômica de geração de eletricidade. Os autores concluíram que. . DANTAS.09% na forma de álcool. entre maio e novembro. colmos e suas frações não colhidos). poder-se-ia obter em torno de 67. Briceño e Torres (2000). na Colômbia. no Brasil. kg-1 com umidade de 35%. a inserção da bioeletricidade sucroalcooleira no sistema hidrelétrico brasileiro possui a importante função de mitigar o risco hidrológico porque o período de safra. a mecanizada. 2008b).88%. é coincidente com o período seco na região Sudeste. Os autores citaram que a maioria das variedades de cana-de-açúcar cultivadas na Colômbia produz mais de 30% de resíduos. Se cerca das 130 usinas e destilarias do Estado de São Paulo gerassem 40 kWh de energia elétrica excedente por tonelada de cana. 40 usinas produzem excedentes de 158 MW e a luz que vem da cana já ajuda a iluminar diversas cidades. e sua utilização promove a geração local e descentralizada de empregos. a biomassa representa cerca de 20% da oferta primária de energia. principalmente. apresenta condições das mais adequadas para a produção e o uso energético da biomassa em larga escala. sendo comparável à produção de energia hidráulica.284 MW em um horizonte de cinco anos. é significativa. permite projetar uma potência instalada para exportação de 19. No Brasil. Especificamente no Estado de São Paulo. está a necessidade de redução das emissões de dióxido de carbono. em grande parte localizada em regiões tropicais e chuvosas. dos quais 30 são utilizados na produção de açúcar e álcool. entre outras razões que justificam a busca de fontes mais competitivas de geração de energia elétrica. 2003). equivalendo a uma . Segundo Kitayama (2007). 1. A extensão do território nacional. uma tonelada de cana produz cerca de 240 kg de bagaço e tem potencial para gerar 70 kWh. a produção seria equivalente à de duas turbinas da Usina Hidrelétrica de Itaipu. No Estado de São Paulo. ou seja. O potencial de geração de energia da agroindústria canavieira está em torno de 12 mil MW (ÚNICA. De acordo com Castro (2001). a produção de biomassa energética.200 e 1. a utilização de 75% do bagaço disponível e 50% da palha disponível na safra 2012/13. Segundo a ANEEL (2002). na qual se estima uma produção de cana de 696 milhões de toneladas.5 GW.500 MW. a biomassa apresenta-se técnica e economicamente competitiva. Sob esta ótica. em função da sua disponibilidade local. reduzindo o problema do êxodo rural e a dependência externa de energia. o setor gera para consumo próprio entre 1.34 atendendo aos centros de consumo dos Estados das regiões Sul e Sudeste. por meio da cultura canavieira. o teor energético dos resíduos recuperáveis seria aproximadamente 57 mil GWh de eletricidade.. importa 20% de suas necessidades de petróleo e não vem conseguindo ampliar. Para se ter uma ideia da relevância do potencial da bioeletricidade. por outro lado. também com um teor de umidade de aproximadamente 50%. representa outras 30 t. ou seja. Considerando um rendimento médio de 75 t. Cerca de 30 t. é provável que o rendimento correspondente de cana crua.ha-1 de cana para o Brasil.35 energia assegurada de 9. satisfatoriamente. o que equivale à energia firme ofertada pela usina de Itaipu. palha e bagaço combinados têm um valor calorífico bruto de aproximadamente 17 GJ/t de matéria seca. um país como o Brasil que.ha-1. Portanto. O bagaço. Os resíduos da cana.642 MWmed a ser inserida na rede.ha-1. com a manutenção do palhiço no campo. órgão responsável pela coordenação e controle de operação da geração e transmissão de energia elétrica.ha-1 da biomassa é formada por resíduos de cana com um teor de umidade médio de aproximadamente 50%. supondo que a eficiência global da tecnologia de conversão seja de 30% (BAUEN et al.000 megawatts médios (MWmed) de bioeletricidade inseridos na matriz elétrica entre maio e novembro representam economia de quase 4% da capacidade dos reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste. essa produtividade possa alcançar 105 t. indicam que cada 1. seu parque hidrelétrico e. Numa estimativa conservadora de que apenas 50% das plantações sejam apropriadas para os sistemas de colheita mecanizada e que somente 50% dos resíduos dessas plantações sejam recuperáveis por problemas com o cultivo e pelas perdas nos vários estágios do processo. por um lado. 1998). apresenta um potencial bastante grande em . cerca de 40 milhões de toneladas poderiam ser utilizadas para a geração de energia e outras finalidades. Ora. projeções do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). a volume constante e sob condições específicas. Inferior (PCI) e Útil (PCU). em bomba calorimétrica. Este pode ser determinado como Poder Calorífico Superior (PCS). A medida do poder calorífico é de extrema importância na avaliação energética de qualquer combustível. 2. O binômio “energia de biomassa-controle ambiental” deve ser meta prioritária de políticas energéticas e ambientais do governo brasileiro.g-1 ou Kcal. de modo que toda água proveniente da combustão esteja no estado líquido. a utilização dos resíduos da cana-de-açúcar como fonte de energia pode transformar a agroindústria sucroalcooleira em verdadeira usina de biomassa.5 Poder calorífico e a cogeração térmica e elétrica na indústria de canade-açúcar No estudo de biomassas vegetais como matéria-prima para produção de energia elétrica. em atmosfera de oxigênio.36 relação a biomassa vegetal. não pode se dar ao luxo de se desprezar o caminho que leve ao aproveitamento racional desse potencial. aparece como uma oportunidade de particular importância para colaborar na oferta de energia para o país. em particular os resíduos da cana-de-açúcar.kg-1 para os combustíveis sólidos e líquidos e em Kcal. dependendo da forma como é obtido. A norma NBR8633 (ABNT.m-3 para os combustíveis gasosos. Neste contexto. a utilização de fontes alternativas de energia. dado normalmente em cal. . pela combustão de uma unidade de massa de uma substância. Dessa forma. é necessário caracterizar os seus poderes caloríficos que é a medida da quantidade de energia que o material combustível libera quando queimado totalmente. 1984) define Poder Calorífico Superior (PCS) como sendo o número de unidades de calor liberado. 445 Biomassas Casca de pecan (1) Laranja (fruto) (1) Pecan (fruto) (1) “Grape fruit” (1) Cone de Pinus spp. utiliza-se de bomba calorimétrica. (2) Andrade (1961). lança-se mão da relação entre PCS e PCI. kg-1).249 4.248 4. a diferença entre o PCS e o PCI ocorre em função de se considerar ou não o calor liberado pela condensação de água de constituição da biomassa. Para contornar a situação. A água gerada é perdida sob a forma de vapor pelo sistema e. (1) Pinus strobus (2) Pinus ponderosa (2) Eucalyptus tereticornis (4) Madeira mole (5) Bagaço de cana (5) PCS 4. obtidos por diversos autores.584 4.348 5.550 4.665 4. o PCI deve ser o preferido. tendo-se. Para Brito e Barrichello (1982).369 4. regra geral.464 4.665 a 5.608 4. Recomendam que. Portanto. (4) Brito (1986) e (1) Sumner et al. é um valor menor que o do poder calorífico superior.870 5. (3) Arola (1976). no processo de determinação. (1983) Biomassas Painço (1) Colmo de sorgo (1) Folhas de sorgo (1) Capim-napier (1) Grama-bermuda (1) Pinus spp.445 a 4. na prática.000 8. então. de diferentes biomassas vegetais. Oliveira (1982) definiu Poder Calorífico Inferior (PCI) como sendo o calor liberado pelo combustível menos o calor de vaporização da água.631 4. (5) Atchison (1977).555 a 4.(1) Palha de Pinus spp.37 Poder Calorífico Inferior é o poder calorífico obtido sem levar em consideração o calor latente do vapor d água.178 4.665 .273 4.285 5. (1) Pêssego (fruto) (1) Eucalyptus saligna (3) Eucalyptus robusta (3) Madeira dura (5) Palha de cereal (5) PCS 4. a qual é regida pela quantidade de hidrogênio contida no combustível.536 4. Tabela 1 Poderes caloríficos superiores (PCS em Kcal. leva uma parte da energia liberada pelo material (calor latente do vapor d água).774 4. que fornece o PCS. assim.345 4. porém.464 4.670 4. descontado o calor de vaporização da água formada no processo. como apresentado na Tabela 1. Diversos autores determinaram o Poder Calorífico Superior de inúmeras biomassas. em relação à quantidade de colmos industrializáveis e que seu poder calorífico útil é da ordem de 3. variedade SP70-6163.600 Kcal. idade. COPERSUCAR.896 Kcal. BETANCOURT. kg-1. kg-1 . Molina Júnior et al.538. 2007). a .4 Kcal. (1995). no município de Piracicaba. pela reação de combustão. mas um importante produto para agregação de valor para o setor sucroalcooleiro (RIPOLI. além dos colmos industrializáveis. uma quantidade de palhiço da ordem de 15 a 30% em peso da parte aérea das plantas.. dependendo das condições de campo (variedade. que é convertida em energia elétrica por meio de geradores elétricos. Mialhe e Brito (1990). (1990) e Ripoli. kg-1. concluíram que o palhiço varia entre 17 e 31% em peso úmido. OLIVEIRA.38 Ripoli et al. diante da necessidade de independência energética. Segundo estes autores. 1989. determinaram Índice de Palhiço de 0. A cultura canavieira. estudando métodos de recolhimento de resíduos de colheita manual de cana-de-açúcar.8 Kcal. por volta de 1.200. transforma a energia química do combustível em mecânica de eixo.2 Kcal. estudando três variedades de cana-de-açúcar. O poder calorífico deste material é equivalente ao da madeira e superior ao do próprio bagaço da cana.34 e poderes caloríficos superior de 4. Inferior de 4. O sistema de cogeração é o principal responsável pelo suprimento de energia térmica e eletromecânica nas usinas de cana-de-açúcar espalhadas pelo mundo. número de corte e condições edafoclimáticas). Como descrito em Costa e Balestieri (1998) a cogeração é um processo no qual uma fonte de energia primária alimenta uma máquina ou aparelho térmico que. o que o torna não mais um material descartável. kg-1 e útil de 2. 1991). Os primeiros sistemas de cogeração passaram a ser instalados ao redor do mundo na primeira década do século XX (GOMAZAKO. segundo relatos de vários autores (AGUILLAR et al.kg-1 . 2001) pode gerar.341. 1976. apresentou que a biomassa da cana tem condições de adicionar ao sistema . juntamente com a necessidade de reduzir emissões de CO2. No Brasil. De acordo com Souza (2003). Em um estudo feito pelo Instituto Euvaldo Lodi .IEL (2008). 2003). em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Itaipu Binacional. Este autor explica ainda que. Com isso. a partir daí algumas usinas e destilarias passaram por uma fase de transição. Inicialmente. um novo modelo no setor elétrico voltou a estimular a produção de energia elétrica local que fosse mais eficiente e com custos reduzidos que beneficiasse não só as usinas de grande. a cogeração chegou a ser muito utilizada pelas indústrias. a cogeração é uma prática tradicional há alguns anos. o autor explica que.. junto com o açúcar e o álcool. acompanhadas por uma redução no consumo de energia térmica nos processos. também apresentados por Souza e Azevedo (2006) apontam que cada tonelada de cana processada requer em média aproximadamente 12 MWh de energia elétrica. O que tem mudado é a eficiência com que os resíduos vêm sendo utilizados (RAMOS et al. Tal prática iniciou-se pela queima do bagaço. Contudo. época em que foram adaptados modelos tecnológicos com emprego preferencial de energia proveniente de combustíveis fósseis como o carvão mineral. utilizando-se das tecnologias disponíveis de cogeração a partir do bagaço para produção de excedentes de energia por parte das usinas paulistas. mas também as de pequeno e médio porte. o gás natural e o petróleo (SCHIRMER. as empresas passaram a focar a cogeração também como mais uma opção de lucros. 2006). Dados da ANEEL (2005).39 geração de energia elétrica passou a ser prática adotada pela agroindústria sucroalcooleira. o que é facilmente gerado nos sistemas convencionais de cogeração instalados nessas usinas. seria capaz de suprir o déficit de toda região sudeste devido o racionamento durante a crise de 2001 e 2002. 000 MW por ano. e algumas delas já vêm adicionando a palha. Mas. a partir de 2015/16. 2009). OMETTO. em 2008/09. 1 t de cana (bagaço + palha) gera 199. O bagaço ainda é utilizado em quantidade muito superior que a palha. devido ao seu elevado potencial energético (DANTAS.5 (Koblitz). e até 2031 na área não mecanizável (SÃO PAULO.. a utilização de 75% do bagaço disponível e 70% da palha disponível. quase todas as usinas e destilarias brasileiras possuem sistemas de geração de vapor. 2002).7 PCI do bagaço. até 2021 será proibida a queima da palha na área mecanizável. 2008).40 elétrico brasileiro até 2020 aproximadamente 15 mil megawatts (MW) de eletricidade. o que seria equivalente a incorporar uma nova Itaipu ao parque gerador nacional. MAUAD.. Poder Calorífico Inferior (PCI) da palha=1. pela lei estadual nº11. Atualmente. 241 de 2002 do Estado de São Paulo. 2009). Com isso. Considera-se. a utilização de 75% do bagaço disponível e 5% da palha disponível e. Uma t de cana produz 250 Kg de bagaço e 204 de palha e pontas. pois a maior parte da palha fica no campo e mais da metade é aproveitada como adubo. que operam em cogeração queimando o bagaço.9 kWh para exportação. sobrará muita palha e a tendência é que a disponibilidade e utilização deste insumo para geração de energia aumentem ao longo dos próximos anos. Fator de capacidade=0. em 2011 foi considerado um incremento de 1600 MW. o governo do Estado assinou um Protocolo Agroambiental se comprometendo em sanar essa queima até 2014 na área mecanizável e até 2017 na área onde não é possível o trabalho com máquinas (ASSINATURA. Mas. Até 2010 foi considerada a energia comercializada nos Leilões de Energia no Ambiente de Contratação Regulado.. utilizando caldeira de 65 bar (ÚNICA. Tais dados mostram que o setor poderá vir a contribuir para suprir a crescente demanda por energia no País. e a partir de 2012 incrementos de 2. . aproveitando-se somente o bagaço (ASSOCIAÇÃO DA INDÚSTRIA DE COGERAÇÃO DE ENERGIA . como demonstra o perfil da matriz energética brasileira. prevalecendo a cachaça industrial . São Paulo é o principal estado produtor. 2. seria de 1. poderia ser usado com a finalidade de produção de energia elétrica. LEAL. podendo atingir 2.5 MJ.COGEN.715 MWh em 2002. considerando-se apenas o potencial do setor sucroenergético. a quantidade disponível de palhiço irá aumentar e. 2008).Kg-1 com 50% de umidade (MACEDO.41 À medida que a colheita mecânica de cana crua for implementada.715 MW. representava menos de 5% da matriz. A bioeletricidade sucroenergética é fundamental para atingir esse propósito.62 milhões de MWh em 2021. a cachaça é a segunda bebida mais consumida no Brasil. poderiam ser gerados em 2002. portanto. contra a média atual de 2. uma vez que seu poder calorífico igual a 12. é superior ao do bagaço em 7. enquanto o mercado teria condições de absorver o equivalente aos 12% da matriz em 2020. durante toda a safra.335 MWh. 2004).407 MW. um total de 262. a biomassa como um todo. chegando a 17.75 MJ.6 Cogeração de energia elétrica em alambiques Na atualidade. Estima-se que haja um potencial para a safra de 2010/2011 de 4.Kg-1 com 15% de umidade. Em 2008. aproveitando bagaço e palhiço.5 bilhões de litros por ano. O potencial de geração de energia a partir da cana considerando a sobra total de bagaço (cana crua e queimada) e a palha da cana cortada sem queimar.148 MWh em 2021. com uma produção oficial estimada em 1. SILVA. Considerando uma safra de 180 dias e uma eficiência de moagem de 85%. incorporando bagaço de cana e palha. 42 (empresarial) e Minas Gerais. Em Minas Gerais.IMA. Como exemplo destaca-se a Lei Estadual nº 13. a criação de entidades para a organização do setor. 2001). a Instrução Normativa nº 56. 2008). que estabeleceu a Cachaça de Minas como produto exclusivamente mineiro. como a Associação Mineira dos Produtores de Cachaça (AMPAQ) e a elaboração de estudos visando o desenvolvimento da produção. Estes restos culturais (palhiço). são 8466 produtores. CARDOSO. que regulamentou as normas relativas aos requisitos e procedimentos para registro de estabelecimento produtores de cachaça organizados em cooperativas legalmente constituídas.000 empregos diretos e cerca de 46. o agronegócio cachaça tem significativa importância econômica e social. De acordo com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas . Esse forte apelo social e econômico do setor vem recebendo grande atenção por parte dos setores públicos e privados mineiros. só na produção. A cadeia produtiva da cachaça gera.SEBRAE (2001). faltam estudos que envolvam a determinação do poder calorífico do bagaço e palhiço . 2008). com o predomínio da cachaça artesanal (ANDRADE. o segundo produtor. 115.949 (INSTITUTO MINEIRO DE AGROPECUÁRIA .000 empregos indiretos. visando ancorar o fortalecimento do meio rural e aproveitar as potencialidades do mercado consumidor da bebida. representados por pontas de cana e folhas laterais (ANDRADE. CARDOSO. o que resulta em uma grande quantidade de restos culturais. juntamente com o bagaço resultante da moagem de colmos da cana-de-açúcar ou parte dele que sobra do processo de queima nas caldeiras para produção de vapor. a cana-de-açúcar não é queimada antes da colheita. a maior parte concentrada nas regiões mais carentes como Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha. Entretanto. podem se constituir em biomassa promissora para geração de energia elétrica. Na produção de cachaça artesanal em Minas Gerais. Assim. Os resíduos da produção de cachaça. como o bagaço. na alimentação de bovinos e suínos. possa transformá-los numa espécie de mini termoelétricas. substituindo parcialmente o seu principal alimento. a ponta e o caldo da cana. Deste modo. A utilização do bagaço como fonte para geração de energia. também têm sido objeto de estudos para entidades ligadas à agricultura mineira que buscam meios para aliar o aumento na qualidade do produto com preservação ambiental. REZENDE. a qual pode ser posteriormente utilizada como matéria orgânica para as plantações (BARCELOS. o que resultaria em grandes benefícios para o produtor. Em relação aos suínos. a ponta da cana e o bagaço podem ser utilizados na alimentação do gado como uma forma de substituir a falta de pasto. 2002). vários estudos têm demonstrado que a cana e o caldo-de-cana podem ser utilizados como fonte de energia. como a safra da cachaça concentra-se no período em que a seca é mais acentuada. à semelhança da geração de energia elétrica que já acontece em grande escala na agroindústria sucro-alcooleira. pois economizam na aquisição de lenha e evitam problemas ambientais. como é o caso dos alambiques existentes em Minas Gerais. pode ser uma alternativa econômica. outra importante forma de integração é a utilização das sobras não poluentes da produção de cachaça. ecológica e tecnológica para os pequenos produtores.43 em pequenas unidades produtoras. A expectativa é de que este aproveitamento de resíduos nos alambiques. . o milho. Outra forma de integração suíno/cachaça é a utilização do bagaço picado como cama para os porcos. dentre os quais se destacam o vinhoto e o bagaço. ao longo da safra de cana-de-açúcar. para isto. .44 Mas. determinem o poder calorífico do bagaço e palhiço em pequenos alambiques. fazem-se necessários estudos que. num primeiro momento. com cinco repetições.5 3. 3. O clima da região é do tipo Cwa.“JM”.2 3.45 3 MATERIAL E MÉTODOS 3. região Campos das Vertentes. pH 7.0.2 1.8 oC.4 0.9 0.6 0. tratamentos e parcelas Utilizou-se o delineamento experimental de blocos casualizados.0 0. textura média. no município de Perdões.2 Delineamento experimental.5 0. Data: Junho de 2008 Camada pH P K mg. Local: Perdões .kg-1 Fe Mn mg. agosto. nas camadas de 0 a 20 cm e 20 a 40 cm. julho. setembro e outubro).2 2.0 P e K extrator Mehlich 1.7 20 a 40 5.dm-3- Cm Ca Mg Al H+Al -------cmolc. H + Al extraídos com acetato de cálcio 1N.1 oC e a do mês mais frio de 15. . correspondendo à cinco épocas de corte (junho. totalizando 25 parcelas.7 mm (BRASIL.dm-3------- MO Zn dag.8 43.6 17 1.MG. 1992).2 45.dm-3 0 a 20 5.9 23 1.6 2. situado nas coordenadas geográficas de latitude de 21o 05` 20.1 Caracterização da área experimental O experimento foi instalado em área do alambique João Mendes . A temperatura média anual é de 19. com 5 tratamentos.3 oC e a precipitação pluvial total anual é de 1529. Minas Gerais. Mg e Al: extrator KCl 1 N.1 0. cujas características químicas são apresentadas na Tabela 2. Tabela 2 Características químicas do solo da área experimental.2 0. O solo no qual foi instalado o experimento caracteriza-se como Latossolo Vermelho Amarelo Distrófico. Ca.2 3. caracterizado por temperatura média do mês mais quente de 22.0 0. longitude de 45o 05`50 e altitude de 826 m. ha-1 da fórmula 20-05-20 em cobertura. Já para o controle de plantas daninhas. Considerou-se como área útil as três linhas centrais. . que apresenta boa produtividade agrícola em cana planta e soca. A fim de se combater formigas. boa brotação da soqueira.0 m de comprimento.0 m2. entre as linhas de cana-de-açúcar. imediatamente após o primeiro corte. sendo a área total de 105. demarcando-se as parcelas em área de cana soca. resistente a carvão e ferrugem e susceptível à escaldadura e broca da cana-de-açúcar (COPERSUCAR. realizado de forma manual. mantendo-se a cana no limpo nos primeiros cem dias póscorte. 2001).0 m2. totalizando uma área de 63. de forma manual. aplicando-se 400 kg. utilizou-se inseticida líquido. As colheitas foram feitas de acordo com as épocas pré-estabelecidas. alto teor de sacarose.40 m entre si. espaçadas de 1.46 As parcelas foram constituídas por cinco linhas de cana-de-açúcar. não sendo comum a ocorrência de isoporização. de 15. junho a outubro de 2009. A adubação da soqueira foi feita com base na análise de solo. 3.3 Caracterização da variedade utilizada A variedade utilizada foi a SP80-1842. sendo caracterizada pelo rápido crescimento vegetativo. sem a queima prévia. aplicado via termonebulizador. 3. foram realizadas capinas manuais. sem a queima prévia do canavial. conforme recomendação da Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais CFSEMG (1999).4 Instalação e condução do experimento O experimento foi instalado em junho de 2008. foi obtido a partir da determinação da massa total de colmos (kg) por área útil de parcela e sua posterior transformação para t. pesando-se o bagaço .5. despontados e despalhados. 3.5 Características estudadas 3. (1998). em cada época de corte.1 Rendimento de cana integral O rendimento de massa verde total (colmos + ponteiros + folhas laterais). de acordo com metodologia preconizada por Mariotti e Lascano (1969 citados por ARIZONO et al.5.. Posteriormente. 3.ha-1 (TCH). realizou-se a transformação para toneladas de cana integral por hectare. em cada época de corte.47 3. 3. de acordo com Arizono et al. com capacidade para 120 kg.3 Rendimento de palhiço O rendimento de palhiço (pontas e folhas laterais) foi obtido pela diferença entre o rendimento de cana integral e o rendimento de colmos por hectare. 15 colmos despontados e despalhados foram pesados e posteriormente esmagados. 1998).2 Rendimento de colmos (TCH) O rendimento de colmos.5.4 Rendimento de bagaço Para a determinação desta característica. foi realizado na área útil da parcela por meio de pesagens realizadas em balança tipo dinamômetro.5. assim.5. segundo norma NBR 8633. 3. obtidas após cada colheita. 3. então.48 obtido. a porcentagem de matéria seca que foi.5. que foi multiplicado pelo rendimento de colmos por hectare. . obtendo-se o rendimento da matéria seca do palhiço e bagaço por hectare.6 Brix (%) caldo O caldo obtido da moagem de colmos foi homogeneizado e dele foram retiradas amostras para determinação do brix (porcentagem de sólidos solúveis).5. através do refratômetro de campo.8 Poder calorífico do bagaço e do palhiço Amostras do bagaço e do palhiço. secas e peneiradas em peneira ABNT 70. aos 70 °C.5 Rendimento de bagaço + palhiço Esta característica foi determinada somando-se o rendimento de bagaço e o de palhiço por hectare.7 Rendimento de matéria seca do palhiço e do bagaço Amostras do palhiço e do bagaço foram pesadas e colocadas em estufa. foram moídas. Calculou-se o rendimento (%) de bagaço. 3. Calculou-se. obtendo-se o rendimento de bagaço por hectare. 3. até obter-se estabilidade de massa. multiplicada pela massa do palhiço e bagaço por hectare.5. pela combustão de uma unidade de massa em bomba calorimétrica.76 Δt= diferencial de temperatura C1= correção para queima do fio de níquel-cromo C2= correção para a formação do ácido nítrico (titulação com carbonato de sódio). Com base nos dados obtidos. dividiu-se a massa seca pela massa úmida do bagaço e do palhiço. Obtido o Poder Calorífico Superior (PCS) das amostras. as amostras foram novamente pesadas. a volume constante e sob condições específicas. Para isto. foi calculado o poder calorífico superior do bagaço e do palhiço por hectare de cana-de-açúcar. Foi então determinado o Poder Calorífico Superior (PCS) de cada amostra. multiplicando-se pelos seus respectivos rendimentos de bagaço e palhiço por hectare encontrou-se a massa de bagaço e palhiço seco em toneladas por hectare.conforme a Norma 8633 da ABNT (1984). A análise do Poder Calorífico Superior foi realizada em um calorímetro da marca Parr®. m= massa (g) As determinações de PCI foram em duplicatas por amostra. calculando-se a porcentagem de matéria-seca e.C1 – C2 m (1) PCS= Poder Calorífico Superior (cal/g) W= constante do calorímetro= 2479.49 sendo levadas em estufa de (105±2) °C até a estabilização da massa (ABNT. em atmosfera de oxigênio. Após esse procedimento. aplicou-se o método de Doat (1977) para a obtenção do Poder Calorífico Inferior (PCI). que . A fórmula utilizada para calcular o PCS foi a equação (1): PCS= W x (Δt) . 1984). BARRICHELO.g-1) PCS= Poder Calorífico Superior (cal. como em base seca (BRITO.50 leva em conta a quantidade de hidrogênio contida no material. DOAT. calor absorvido para vaporização da água nele contido e da proporção da água formada na combustão conforme a equação (2): PCI= PCS-600(U+9H) 1+U (2) PCI= Poder Calorífico Inferior (cal. 9= múltiplo do peso de hidrogênio. 1977) conforme a equação (3): PCL={[PCI – (6 x W)]/(100 + W)} x 100 (3) PCL=Poder Calorífico Inferior à Umidade W (Poder Calorífico Líquido) (Kcal/ha) PCI= Poder Calorífico Inferior (cal.g-1) W= Umidade na base seca (%) 6= fator de conversão referente à energia para evaporação da água de formação . g-1) U= Teor de umidade do material (%) H= Teor de hidrogênio (%) 600 (cal) = valor médio de energia absorvida por grama de água. O Poder Calorífico Líquido (PCL) é calculado por meio de equações aproximadas que proporcionam o cálculo do poder calorífico em função da umidade. que fornece o peso da água formada durante a combustão. 1982. contido no material. para se atingir a temperatura de evaporação. Mediante os dados obtidos. MU= Massa Úmida em (g). .51 Assim. quando o objetivo da utilização da biomassa é a produção de eletricidade. foram calculados o poder calorífico inferior do bagaço e do palhiço por hectare de cana-de-açúcar. Para aplicação da fórmula foram calculados os teores de umidade do material em base seca conforme a equação (4): Ubs=MU-MS X 100 MS (4) Em que: Ubs= Umidade Base Seca em (%). Foi calculado o Poder Calorífico Inferior em relação à umidade do material em base seca. Para os cálculos de rendimento em calorias do palhiço e bagaço foi considerado o Poder Calorífico Inferior em relação à umidade em base seca. pois ele leva em conta o seu teor de umidade com que será queimado. dividiu-se a massa seca pela massa úmida do bagaço e do palhiço calculando-se a porcentagem de matéria-seca e multiplicando-se pelos seus respectivos rendimentos de bagaço e palhiço por hectare encontra-se a massa de bagaço e palhiço seco em toneladas por hectare. Concomitantemente. por cogeração. Para isto. é fundamental saber qual o poder calorífico útil (PCL) da matéria-prima. calculou-se o rendimento em calorias do bagaço + palhiço em Kcal. MS= Massa Seca em (g).ha-1. no momento da queda da amostra do carrossel. gás de ignição. Inicialmente. Entretanto. A análise foi realizada em uma amostra por vez.150 °C. hidrogênio. carbono. foi de 1. Em seguida. Os gases necessários para a operação foram o hélio. por diferença. enxofre e. em que cada elemento faz sua interação e obteve seu pico específico. foi pesado aproximadamente 2 mg de resíduo em um porta-amostra de estanho. localizado no interior do equipamento. (A) Carrossel . os gases foram transportados por arraste para o tubo de redução e dele seguiram para a coluna de detecção. utilizandose o equipamento Vario Micro Cube. determinando-se os teores de nitrogênio. os cálculos dessa integração foram realizados através de programa computacional. o conjunto (resíduo + porta amostra) foi depositado no carrossel do equipamento da marca Elementar®. utilizando uma balança com sensibilidade de 0.5. Após a combustão. que é o gás de arraste. Os elementos foram determinados por meio de um detector de termocondutividade. e o oxigênio. oxigênio na matéria seca.9 Análise elementar do material Foi avaliada a composição química elementar das amostras.Vista superior. A temperatura do tubo de combustão.00001 g.52 3. (B) Aparelho . A B Figura 1 Analisador Elementar. ilustrado na Figura 1. obtendo-se os valores dos elementos em porcentagem. 53 3. As comparações múltiplas foram realizadas pelo teste de Tukey. 2006) aplicando o Teste F. no nível de 5% de probabilidade.6 Análises estatísticas As análises foram feitas com o auxílio do uso do sistema computacional Sisvar® (FERREIRA. conforme Gomes (1990). . 06 31.43 21.ha-1) Bloco 4 28.5907 FV = fonte de variação.4615ns 151.MG.6614 32.ha-1) 451. UFLA.33 CVe (%) - 12. Lavras .ha-1) em função das épocas de colheita.1267ns 16 81.1 Rendimento de colmos. estão apresentados nas Tabelas 3 e 4. cana integral.54 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4. 2011 Quadrado Médio FV GL TCH (t. GL = graus de liberdade. * = significativo aos 5% de probabilidade.MG. UFLA. ns = não significativo aos 5% de probabilidade.4265 Média - 33. cana integral. .33 CVe (%) - 15. palhiço. cana integral (t.9758 102.3061ns 33.4469 Média - 73. bagaço e palhiço Os resumos das análises de variância para rendimentos de colmos. Lavras .ha-1) e palhiço + bagaço (t. Tabela 4 Resumos das análises de variância para rendimento de bagaço (t.0103 36.9063* 97. 2011 Quadrado Médio FV GL -1 Bagaço (t. ns = não significativo a 5% de probabilidade.2153* Resíduo 16 27. Tabela 3 Resumos das análises de variância para rendimento de colmos-TCH (t.ha-1) em função das épocas de colheita. bagaço e palhiço+bagaço em função das épocas de colheita. GL = graus de liberdade.ha-1) e palhiço (t.85 FV = fonte de variação.0588 4 48.00 64.9902 Cana Integral (t.0653 20.ha-1) 449.ha ) Bloco 4 Época Resíduo -1 Palhiço (t.ha-1).6954 Época 4 122.94 8.73 105.ha ) Palhiço+Bagaço (t.28 9.62 14. 01 76 TCH 74 73. 2005) e são apresentados no Gráfico 1. Mazza e Martha Júnior (2001) estudaram o comportamento de nove cultivares de cana-de-açúcar e não constataram diferença de rendimentos agrícolas de uma mesma cultivar.33 72 69. quando colhida em três diferentes épocas. Da mesma forma. Os valores médios obtidos para rendimento de colmos estão compatíveis com os rendimentos obtidos para cana soca na região em estudo (ANDRADE.25 78 75.94 70 68 66 64 Junho Julho Agosto Setembro Outubro época colheita (mês) Gráfico 1 Rendimento de colmos (t. também não constatou diferença significativa de rendimentos de colmos de uma mesma cultivar quando colhidas em quatro diferentes épocas. . dentro de uma mesma safra. 2011 Bassinello (1984). Maule.13 72. UFLA. estudando o comportamento de algumas cultivares de cana-de-açúcar.ha-1) em função das épocas de colheita. dentro de uma mesma safra. que ocorreram efeitos significativos entre as épocas de colheita para rendimento de bagaço e para rendimento de palhiço + bagaço. 80 78.55 Verifica-se pelas Tabelas 3 e 4. GARCIA. 2006. cana in 105.ha-1) em função das épocas de colheita.68 105 102.41 95 90 Junho Julho Agosto Setembro Outubro épocas colheita Gráfico 2 Rendimento de cana integral (t. sob irrigação por aspersão. palhiço. 198 TCH. 3. UFLA. 115 111. 4 e 5 foram apresentados os rendimentos de cana integral.26 100 97. para a cultivar RB72-454. encontrou rendimentos médios de colmos de 242 TCH. 176 TCH. para a cultivar RB76-5418. para a cultivar JAVA. Norte de Minas. em função das épocas de colheita. para a cultivar SP79-1011 e 145 TCH.7 110 108. para a produção de cachaça artesanal na região de Salinas.26 rend. estudando o comportamento de cinco variedades de cana-planta.56 Fernandes (2005). 2011 . Nos gráficos 2. bagaço e palhico + bagaço. para a cultivar SP80-1842. 188 TCH. maior rendimento. pelos Gráficos 1.25 33. a cultivar obteve. em média.ha-1.57 40 35 32. Considerando-se a média de todas as épocas. estando de acordo com Andrade (2006).54 33. o rendimento de colmos representou cerca de 70% e o do palhiço 30 % de massa verde total.25 t. cana integral e palhiço. Apesar de não ter diferenças significativas para rendimento de colmos. na mesma região.2 e 3 e 4.ha-1) em função das épocas de colheita. . nota-se que na colheita realizada em agosto. Anjos (2001) encontrou resultados semelhantes. 2011 Observa-se. que as épocas de colheita não influenciaram os rendimentos de colmos.44 29.47 25 20 15 10 5 0 Junho Julho Agosto Setembro Outubro épocas colheita (mês) Gráfico 3 Rendimento de palhiço (t. alcançando 78.93 rend.palh 30 27. UFLA. para produção de aguardente artesanal. 14ab 28.46a 70 palh+baga 68 66.ha-1) em função das épocas de colheita.28ab 29.72ab 64 61.baga 35 31.04b 30 25 20 15 10 5 0 Junho Julho Agosto Setembro Outubro épocas colheita Gráfico 4 Rendimento de bagaço (t. UFLA.ha-1) em função das épocas de colheita. 2011 Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste Tukey aos 5%.08b 60 58 56 54 52 Junho Julho Agosto Setembro Outubro épocas colheita (mês) Gráfico 5 Rendimento de palhiço+bagaço (t.92ab rend.29ab 62 59. UFLA.58 45 40 38.63a 37.1ab 66 64. 2011 Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste Tukey aos 5%. . 72 70. a planta perde umidade. que podem permitir ganhos reais de produtividade da lavoura. sem queima prévia. ocorre maior concentração de sacarose na cana.ha-1). . Entre as inúmeras medidas de manejo. o rendimento obtido em junho (70. Como pode ser verificado (figuras 5 e 6).46 t. Provavelmente este fato está sendo influenciado pela época de seca na região (setembro). contribuindo para um aumento no rendimento de bagaço.08 t.ha-1) foi maior do que o de outubro (59. provavelmente porque a cana de açúcar encontrava-se com maior teor de umidade.7%. Ripoli et al.ha-1).04 t. para o aproveitamento do palhiço como fonte energética. e consequentemente. (1990).6%). O mês de Setembro foi o período de maior déficit hídrico acumulado na região. projetaram uma estimativa do potencial disponível em um hectare de cana-de-açúcar.59 A quantidade de palhiço produzida por área e o poder calorífico da cana foram avaliados ainda por diversos autores. ocorreram diferenças significativas entre as épocas de colheita para rendimento de bagaço e palhiço + bagaço. e seu relativo e elevado grau de umidade sob a condição de canavial recém-colhido (ponteiros=76. O rendimento de bagaço foi maior em setembro (38. considerando uma produtividade agrícola de colmos de 70 t ha-1 e industrial de 75 Lt-1 de etanol. diminuindo a massa verde.9%. algumas dificuldades devem ser enfrentadas. palhas=7. o seu teor de terra (3 a 7%). Os autores afirmaram ainda. folhas verdes=65. quando a cana já perdeu maior quantidade de água.63 t. que. tais como. a época de colheita tem merecido atenção especial. a massa verde total foi menor. Quanto ao rendimento de palhiço + bagaço. proporcionando uma maior massa verde. em valores médios: sua baixa massa específica in natura (25 kg m-3). utilizando resultados de vários autores brasileiros.ha-1) do que em julho (28. 2011 FV Bloco GL 4 Quadrado Médio Época 4 13. pela Tabela 5.7663 FV = fonte de variação. no setor sucroalcooleiro.3821** Resíduo 16 0. Os valores médios obtidos estão mostrados no Gráfico 6. Verifica-se. . Tabela 5 Resumo da análise de variância Brix (%) caldo em função das épocas de colheita. GL = graus de liberdade. buscando a época de colheita em que a produtividade agroindustrial se encontra maximizada. é conseguido com a introdução de novas variedades de cana-deaçúcar e com manejo correto da cultura. Lavras .69 CVe (%) - 4. ** significativo no nível de 1% de probabilidade. 4.MG.60 Rezende Sobrinho (2000) afirma que o aumento da produtividade.2 Teor de Brix (%) caldo O resumo da análise de variância para a característica Brix (%) caldo.6788 Média - 19. que ocorreram efeitos significativos de época de colheita nesta característica tecnológica da cana-de-açúcar. em função das épocas de colheita é apresentado na Tabela 5.18 2. UFLA. à medida que o período de seca se estende. provavelmente pelas condições ambientais estressantes.36b 21. pelo Gráfico 6. Observa-se. que os valores obtidos em junho e julho (início de safra) foram menores do que aqueles obtidos em agosto/setembro/outubro. Isto era esperado porque.66b %brix 15 10 5 0 Junho Julho Agosto épocas colheita (mês) Gráfico 6 Teor de Brix (%) em função das épocas de colheita. com maiores valores de Brix (ANDRADE.89a Setembro Outubro 18. 2011 Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste Tukey aos 5%. UFLA. ocorre uma maior maturação da cana-de-açúcar. Anjos et al.26a 20 17.26a 20. ou seja. 2006). Portanto. a colheita feita em setembro proporcionou maiores valores que as realizadas em Junho e Julho.61 25 20. como temperaturas mais baixas e ausência de chuva. Na mesma região em estudo. a época de colheita afetou o brix. (2007) também encontraram maiores valores para Brix em agosto/setembro do que em julho. que antecederam a colheita em setembro e favoreceram a qualidade tecnológica dos colmos. . 505.6 137.g-1 e Poder Calorífico Superior do bagaço (PCS bagaço) em cal.116.62 Levando-se em conta que.7** Resíduo 16 130. considerando-se como referência o teor de brix. GL = graus de liberdade. Tabela 6 Resumos da análise de variância para Poder Calorífico Superior (PCS) do palhiço (PCS palhiço) em cal.g-1 em função das épocas de colheita FV GL Quadrado Médio PCS palhiço (cal. que ocorreram efeitos significativos das épocas de colheita para o Poder Calorífico Superior. o que era . 2006). com base nos teores de Brix do caldo.547. 4. outubro) ela encontrava-se apta para o corte em termos de maturação. ** significativo no nível de 1% de probabilidade.994.07 9.38 CVe (%) - 9.345.195.3 Poder Calorífico Os resumos das análises de variância para Poder Calorífico Superior do palhiço e bagaço.403.30 FV = fonte de variação. deve-se atentar para que a colheita da cana seja realizada dentro desse período. enquanto que nos demais meses (julho.74 3985. Como não houve diferença estatística nos meses de agosto a outubro.6 Média - 3976. agosto. em função das épocas de colheita. O palhiço da cana apresentou valores de poder calorífico semelhante aos do bagaço. a canade-açúcar é considerada madura quando os teores são maiores ou iguais aos 18% (ANDRADE.g-1) PCS bagaço (cal.6 Época 4 1.g-1) Bloco 4 195. são apresentados na Tabela 6.7** 819. setembro. em junho a cana ainda não se encontrava madura.6 70. Verifica-se pela Tabela 6. 725.509.0 a Setembro Outubro 3. UFLA.00 500.63 esperado.00 4.629.0 3.000.000.000. .442. uma vez que ambos contêm teores de lignina próximos.000.g-1) em função das épocas de colheita.00 2.973.00 2.2 c 3.500.00 1.0 2.707.669.00 0.90bc 3.500.00 4.500.500.0 2.000.0 4.500.500.0 4.g-1) em função das épocas de colheita.332.500.0 0.355.000. 5.0 500.0 1. 2011 Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste Tukey aos 5%. 2011 PCS bagaço Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste Tukey aos 5%.465.4 bc Junho Julho 4.20c Julho Agosto PCS pal 3.0 3.0 1.000.000.00 Junho Setembro Outubro épocas colheita (mês) Gráfico 7 Poder Calorífico Superior do Palhiço (cal. UFLA.000.40ab 4.4 ab 4.000.0 3.00 3.40c 3.7 abc Agosto épocas colheita Gráfico 8 Poder calorífico superior do bagaço (cal.500.00 3.60a 5.00 1. Os valores médios obtidos são apresentados nos Gráficos 7 e 8. 4. 166236 Época 4 1378974.73 FV = fonte de variação.188083 1024592.kg-1) PCL bagaço (kcal. Poder Calorífico Útil do palhiço (Kcal. Poder Calorífico Útil do bagaço (Kcal.kg-1) em função das épocas de colheita FV GL Quadrado Médio PCI palhiço (kcal.577986 381164.571346* Resíduo 16 133073.390049 286422. . ns = não significativo aos 5% de probabilidade.094406 ** 2606119.428424 58623.71 1706.kg-1) PCL palhiço (kcal.kg-1) Bloco 4 71167.1052000 CVe (%) - 10.kg-1) Bloco 4 187715.508976 Média - 3637. GL = graus de liberdade.0068000 CVe (%) - 10. Tabela 8 Resumos da análise de variância para Poder Calorífico Inferior do palhiço (Kcal.169884** 1258848.33 FV = fonte de variação. ns = não significativo aos 5% de probabilidade. ** = significativo a 1% de probabilidade. GL = graus de liberdade. Tabela 7 Resumos da análise de variância para Poder Calorífico Inferior do bagaço (Kcal.141541 Média - 3653. *=significativo aos 5% de probabilidade.2256000 1382.kg-1).25 59.313776ns Resíduo 16 140186.03 38. kg-1).039566 Época 4 822309.64 Os resumos da análise de variância para Poder Calorífico Inferior e para Poder Calorífico Útil do palhiço e bagaço em base seca. kg-1) em função das épocas de colheita FV GL Quadrado Médio PCI bagaço (kcal. ** = significativo em 1% de probabilidade. avaliados em função das épocas de colheita são apresentados nas Tabelas 7 e 8. 341.4 Kcal. kg-1.65 Verifica-se.790 Kcal. em média. o PCI é de 3. seu poder calorífico inferior (PCI) é de 1. kg-1. Na umidade de 20% o PCI é de 3244 Kcal. O poder calorífico inferior está dentro do esperado para materiais lignocelulósicos. que ocorreram diferenças significativas para Poder Calorífico Inferior do bagaço. pela tabela 7. kg-1. verifica-se que ocorreram diferenças significativas para Poder Calorífico Inferior e para Poder Calorífico Útil do palhiço. (1995) estudando métodos de recolhimento de resíduos de colheita manual de cana-de-açúcar. kg-1. Na umidade de 20%.200. Molina Júnior et al. Leite e Pinto (1983) afirmaram que uma tonelada de cana-de-açúcar esmagada fornece 250 kg de bagaço com 50% de umidade.2 Kcal. Stupiello (1987) informa que. SP. kg-1. inferior de 4.538.8 Kcal. Comentam também que em 20% de umidade. A Copersucar (1998) mostrou que cada tonelada de cana esmagada resulta. em função das épocas de colheita. em 260 kg de bagaço com 50% de umidade. em média. determinaram Índice de Palhiço de 0.34 e poderes caloríficos superior de 4.790 Kcal. Pela Tabela 8.244 Kcal. variedade SP 70-6163 no município de Piracicaba. kg-1. Nesse grau de umidade. uma tonelada de cana esmagada produz 280 kg de bagaço com 50% de umidade. . O Poder Calorífico Útil do bagaço apresenta uma tendência superior em relação ao Poder calorífico Útil do palhiço. Nesse grau de umidade seu poder calorífico inferior (PCI) é de 1. em função das épocas de colheita. kg-1 e útil de 2. três toneladas de bagaço de cana poderiam substituir uma tonelada de óleo combustível. 25 abc 4008.591 Mcal. 10.ha-1). ha-1).37 bc Junho Julho 3651. UFLA.79 c 3328.34 a Setembro Outubro 3000 2000 1000 0 Agosto épocas colheita Gráfico 9 Poder calorífico inferior do bagaço (kcal. PCI Bagaço PCI bagaço 5000 4000 3178.52 t.12 2000 1500 1671.921 Mcal.42 882. sua energia potencial bruta foi estimada em: álcool (23.679 Mcal. Os valores médios obtidos são apresentados nos Gráficos 9. com produtividade agrícola determinada de 79. 2011 Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste Tukey aos 5% PCL Bagaço 2751. bagaço (35.23 3000 PCL bagaço 2500 1997. kg-1) em função das épocas de colheita.79 ab 4101.ha-1.ha-1) e palhiço (62. kg-1) em função das épocas de colheita.66 Para o canavial estudado.79 1227.94 1000 500 0 Junho Julho Agosto Setembro Outubro épocas colheita Gráfico 10 Poder calorífico útil do bagaço (Kcal.11 e 12. 2011 . UFLA. 112.00 1.000.00 2.049. 2011 Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste Tukey aos 5%.52 bc 3289. 2.38ab 1. 2011 Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste Tukey aos 5%. kg-1) em função das épocas de colheita.39 ab 3134.00 Junho Julho Agosto Setembro Outubro épocas colheita (mês) Gráfico 12 Poder calorífico útil do palhiço (kcal.00 0.43b 1. kg-1) em função das épocas de colheita.500.00 798.5 c 3384. sendo maior nos meses de setembro e outubro. UFLA.28b 500.9 c Julho Agosto 4358.000.00 1. UFLA.8 a 3000 2000 1000 0 Junho Setembro Outubro épocas colheita Gráfico 11 Poder calorífico inferior do palhiço (kcal. . PCI Palhiço PCI Palhiço 5000 4000 4018. no geral. o Poder Calorífico Inferior e o Poder Calorífico Útil do bagaço aumentou do início para o final da safra.427.67 Verifica-se pelos Gráficos 9 e 10 que.75a PCL Palh 2.522.17ab 1.500. 4 Rendimento em calorias do bagaço e do palhiço Os resumos da análise de variância para rendimento em calorias do palhiço e bagaço em função das épocas de colheita são apresentados na Tabela 9.ha-1 em função das épocas de colheita Quadrado Médio FV GL Calor.01 144632199.65 FV = fonte de variação.Palhiço -1 Calor. GL = graus de liberdade. Tabela 9 Resumos da análise de variância para rendimento em calorias do palhiço (Calor.14 e 15.68 18.02 Época 4 292717124. o Poder Calorífico Inferior e o Poder Calorífico Útil do palhiço aumentou com o avançar da safra.23 78455.ha ) (Mcal.04 Média - 34588.+Bag (Mcal.70 213986996.09 32. Os valores médios obtidos são apresentados nos Gráficos 13. no geral. bagaço) em Mcal. rendimento em calorias do bagaço (Calor. ** significativo ao nível de 1% de probabilidade. Verifica-se pela Tabela 9.71 43867. 4.76734031** 3. que ocorreram diferenças significativas para rendimento em calorias do bagaço e do palhiço+bagaço em função das épocas de colheita.ha-1. . palhiço + bagaço) em Mcal.Pal. palhiço) em Mcal. ns = não significativo aos 5% de probabilidade.Bagaço -1 Calor.69 634236758.94 CVe (%) - 27.ha ) (Mcal.78ns 1. pelos Gráficos 11 e 12.ha-1 e rendimento em calorias do palhiço mais bagaço (Calor.99 205485475.68 Verifica-se.ha-1) Bloco 4 233691304. que.12684030** Resíduo 16 87805014. sendo maior em setembro/outubro do que nos meses de junho/julho/agosto. 000.00 41. 2011 Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste Tukey aos 5%. ha-1) em função das épocas de colheita.000.00 0.000.520.000.00 20.00 10.000.00 0.317.000.76 35.908.00 5.000.532.179.000.00 40.000. ha-1) em função das épocas de colheita.00 Junho Julho Agosto Setembro Outubro épocas colheita (mês) Gráfico 14 Rendimento em calorias do bagaço (Mcal.94a 70.000.000.00 10.32 Setembro Outubro 35.40 26.772.04c 20.000.000.52bc 30. UFLA.088.00 Junho Julho Agosto épocas colheita (mês) Gráfico 13 Rendimento em calorias do palhiço (Mcal.00 27.000.00 15.000.69 45.000.00 69.10bc 31.00 37.Pal 30.00 Calor. UFLA.00 56.587.000.64 42. .017.58ab Calor.00 40.00 50.44 25. 2011 80.355.Bag 60.00 24. em média.00 59. UFLA.Palh+Bag 100. seria possível obter 67.00 80.000. Em ensaio de enfardamento de resíduos de cana-de-açúcar. Molina Júnior (1991) recolheu.00 111. (1991) estimaram que. enquanto Abramo Filho et al.92% de terra junto à palha.080 Mcal de energia.54b 40.55 t ha-1 (matéria úmida) de resíduos de colheita mecanizada.052.00 20.534. 90% de matéria orgânica e 6.000.34%.8% de cinzas. de uma maneira geral.681.105.26a 98.905. de um canavial com 60 t ha-1 de matéria-prima. bagaço e palhiço+bagaço foi maior em setembro/outubro do que nos meses de junho/julho/agosto.000. 2011 Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste Tukey aos 5%. (1993) estudaram os resíduos da colheita mecanizada de cana crua e encontraram 21.00 Agosto Setembro Outubro épocas colheita (mês) Gráfico 15 Rendimento em calorias do palhiço+bagaço (Mcal.22a Calor.00 60.00 0.80b Junho Julho 63. Como pode ser observado nos Gráficos 13.92b 59. Provavelmente isto se deve ao fato de que em setembro/outubro a cana-de-açúcar encontrava-se com menor teor de umidade e maior rendimento em matéria seca. . 9.3 t ha-1 de palhiço com umidade de 22. 14 e 15. o rendimento em calorias do palhiço. ha-1 ) em função das épocas de colheita.70 120.000.50 t ha-1 (matéria seca) e 12.000.000. 6. Ripoli et al. 0074 1.62 2.72 FV = fonte de variação.0095 1.0028 1.4581 0.003ns 3.9891ns 0.12 49. Hidrogênio (%).0244 1.8500 Média 0. Tabela 10 Resumos da análise de variância para teores de nutrientes no Palhiço: Nitrogênio (%).01 CVe (%) 20.92 42.02 6.6829ns Resíduo 16 0.0997 0. GL = graus de liberdade.0060 1.5916 0.1364* 0.41 3. Hidrogênio (%).0128ns 1. ns= não significativo aos 5% de probabilidade. Tabela 11 Resumos da análise de variância para teores de nutrientes no Bagaço: Nitrogênio (%). em função das épocas de colheita são apresentados nas Tabelas 10 e 11.71 O valor de referência para poder calorífico do resíduo bagaço é citado ser 4139. . Carbono (%).0029 1.1980ns 0. * e ** significativo no nível de 5% e 1% de probabilidade.0313 0.40 44.0606 0. Enxofre (%) e Oxigênio (%) em função das épocas de colheita Quadrado Médio Bagaço FV GL Nitrogênio Carbono Hidrogênio Enxofre (%) Oxigênio (%) (%) (%) (%) Bloco 4 0.1258 0.0081 1.20 2.5 Análise elementar dos resíduos Os resumos das análises de variância para teores de nutrientes no palhiço e bagaço.0218ns 1. GL = graus de liberdade.21 2.00 Kcal/kg estando em conformidade com Jenkins (1990). Carbono (%).0043ns 1.43 43.14 0.7522 Época 4 0.28 0.91 2.5587 0. * e ** significativo no nível de 5% e 1% de probabilidade.4894ns Resíduo 16 0.0020 1. Enxofre (%) e Oxigênio (%) em função das épocas de colheita Quadrado Médio Palhiço FV GL Nitrogênio Carbono (%) Hidrogênio Enxofre (%) Oxigênio (%) (%) (%) Bloco 4 0.90 2.073ns 0.8816 Época 4 0. ns= não significativo aos 5% de probabilidade.54 FV = fonte de variação.11 50.5624 Média 0. 4.88 46.29 6.0165 0.15 CVe (%) 21. 0.42 5. Paturau (1969) afirmou que a composição química do bagaço de cana-de-açúcar varia com a variedade. 20. 17. Hidrogênio=6. Em trabalhos posteriores.0 a 7. (1997). Os valores de referência para a análise elementar dos resíduos de canade-açúcar são apresentados na Tabela 12. Os valores médios obtidos para teores de nutrientes são apresentados nos Gráficos 16. segundo Warhurst et al.90 0. Cortez e Gómez (2003).64 (2003) O bagaço e palha da cana apresentaram percentagens de elementos semelhantes ao encontrado por Seye.72 Foi observado efeito significativo apenas para o teor de Hidrogênio do bagaço. Hugot (1964 citado por RIPOLI. com o sistema de colheita adotado e com a eficiência industrial no processamento da matéria-prima. Tabela 12 Valores de referência para a análise elementar Análise elementar (%) Material C H N O Referência Bagaço 46.71 1. 19.4.0 e cinzas=1. com o grau de maturação da cultura.23 49. 1991). afirmou que o bagaço seco de cana-de-açúcar apresenta a seguinte composição elementar (em %): Carbono=44.5.8 a 48. Oxigênio=41. Porém.0 a 2. Fehr (1986) e Oliveira (1982) apresentaram valores semelhantes. Quanto maior for a relação C/H melhor para produção de energia. 21 e 22. portanto aplicando-se o teste de Tukey não foram detectadas diferenças para os demais nutrientes (Tabelas 10 e 11).0 a 49. pois.90 46. o aumento na relação C/H indica um aumento no grau de aromaticidade do material. Cortez e Gómez Palhiço 43.50 Seye. .70 5. 18. 36 ab 0.3 0.416 ab 0.2 0.6 % N bagaço 0. 2011 .73 Teor Nitrogênio 0.346 b Junho Julho 0. UFLA.4 0. 2011 Médias seguidas pela mesma letra não diferem pelo Teste de Tukey aos 5%.514 a %N palhiço 0.438 0.428 0. Teor Nitrogênio 0.5 0.514 0.6 0.406 ab Setembro Outubro 0.1 0 Agosto épocas colheita Gráfico 16 Teor de nitrogênio (%) do palhiço em função das épocas de colheita.2 0. UFLA.1 0 Junho Julho Agosto Setembro Outubro épocas colheita Gráfico 17 Teor de nitrogênio (%) do bagaço em função das épocas de colheita.378 0.4 0.5 0.408 0.3 0. 50 6.00 5. 2011 6.30 6.29 H-P 6.5 bagaço Junho Julho Agosto Setembro Outubro épocas colheita Gráfico 18 Teor de carbono (%) em função das épocas de colheita.32 6.10 6.90 Junho Julho Agosto Setembro Outubro épocas colheita (mês) Gráfico 19 Teor de hidrogênio (%) do palhiço em função das épocas de colheita. UFLA.5 palhiço 43 42.5 42 41.5 44 43.24 6.40 6.46 6. 2011 .20 6.74 % Carbono Teor Carbono 45 44.13 6. UFLA. 30 H-B 6.32 6.90 5.40 6.97 5. 2011 .75 6.08 0.12 0. UFLA.1 0.16 0.12 6. % Enxofre Teor Enxofre 0.00 5.02 0 palhiço bagaço Junho Julho Agosto Setembro Outubro épocas colheita Gráfico 21 Teor de enxofre (%) em função das épocas de colheita. 2011 O teste não foi rigoroso para detectar diferenças quanto ao teor de hidrogênio do bagaço.20 6.04 0. UFLA.31 6.14 0.80 Junho Julho Outubro épocas colheita (mês) Gráfico 20 Teor de hidrogênio (%) do bagaço em função das épocas de colheita.10 6.99 Agosto Setembro 5.06 0. 76 % Oxigênio Teor Oxigênio 51,5 51 50,5 50 49,5 49 48,5 48 47,5 47 palhiço bagaço Junho Julho Agosto Setembro Outubro épocas colheita Gráfico 22 Teor de oxigênio (%) em função das épocas de colheita, UFLA, 2011 Observou-se diferença significativa apenas para o teor de Nitrogênio do palhiço de cana-de-açúcar, quando em agosto (0,514) o teor foi maior do que em julho (0,346). Os demais nutrientes não foram afetados significativamente pelas épocas de colheita, ou seja, não existe diferença na composição dos materiais em função das colheitas com exceção do Hidrogênio do bagaço que apresentou diferença significativa. Observando-se os resultados apresentados na Figura 22 verifica-se que o teor de enxofre para os resíduos avaliados foi baixo, variando de 0,082% a 0,152% para o palhiço e de 0,096% a 0,152% para o bagaço. A presença de enxofre em combustíveis é indesejável, devido a problemas de corrosão e liberação de SO2 (gás) após combustão. Na análise elementar, o teor de carbono variou de 42% a 44%, o que é esperado para materiais lignocelulósicos. Estudando as variedades de cana-de-açúcar SP70-1143 e NA56-79, Ripoli (1991) determinou o poder calorífico superior e as percentagens de hidrogênio elementar das frações colmos, ponteiros, folhas verdes e palhas, 77 tendo como média os valores de 4.041,84 Kcal kg-1 e 6,34%, respectivamente. O autor concluiu que uma tonelada de material remanescente de colheita substituiria 1,08 t de bagaço em termos de poder calorífico, se considerado como combustível para fornalhas de caldeiras, sugerindo futuros estudos de balanço térmico em caldeiras de usinas e destilarias, e sobre as implicações (nas fornalhas e grelhas) decorrentes da terra contida no palhiço. Analisando os resultados encontrados para as análises dos resíduos, verifica-se, na maioria dos casos, diferença destes comparados aos encontrados na literatura. Segundo Brum (2007), deve-se levar em conta que a constituição química desses materiais depende de vários fatores, como constituição do solo, clima, época da colheita, infecções e pragas, método de plantio, entre outros, fazendo com que mesmo plantas de mesma espécie apresentem composições diferentes. Podem ocorrer também diferenças na forma de amostrar o material e na própria metodologia de realização da análise. Além disso, trata-se de resíduo, material que é resultado de um processo e que pode ter sido contaminado ou armazenado em locais inadequados. 4.6 Teores de umidade do material em base seca Os resumos da análise de variância para os teores de umidade do palhiço e bagaço em base seca em função das épocas de colheita são apresentados na Tabela 13. Foi verificado diferenças significativas para umidade em base seca do bagaço em função das épocas de colheita avaliadas. A Copersucar (1998) mostra que cada tonelada de cana esmagada resulta, em média, em 260 kg de bagaço com 50% de umidade. 78 Tabela 13 Resumos das análises de variância para teores de Umidade em Base Seca do palhiço em % e Umidade em Base Seca do bagaço em % em função das épocas de colheita FV Quadrado Médio GL Bloco 4 Umidade palhiço (%) 2761,1038 Umidade bagaço (%) 538,0483 Época 4 3058,6383 8685,5082** Resíduo 16 1314,9206 1111,0702 Média - 153,71 133,03 CVe (%) - 23,59 25,05 FV = fonte de variação, GL = graus de liberdade, * e ** significativo no nível de 5% e 1% de probabilidade. Ripoli et al. (1990), estudando três variedades de cana-de-açúcar, concluíram que o palhiço varia de 17 a 31% em peso úmido, em relação à quantidade de colmos industrializáveis contidos no canavial e que seu poder calorífico útil é da ordem de 3.600 Kcal kg-1. Os valores médios obtidos para estas características são apresentados nos Gráfico 23 e 24. UBS-P 200 180 182,73 171,034 149,098 160 147,246 140 118,474 120 100 80 60 40 20 0 Junho Julho Agosto Setembro Outubro Gráfico 23 Teores de umidade em base seca do palhiço (%) em função das épocas de colheita, UFLA, 2011 A umidade desse material pode diminuir em períodos .79 UBS-B 180 167.248 ab 120 100 67. com a variedade e com as condições de cultivo.414 a 169. a parte constituída pelos ponteiros e folhas representa 30% da massa da parte aérea.13 b 80 60 40 20 0 Junho Julho Agosto Setembro Outubro Gráfico 24 Teores de umidade em base seca do bagaço (%) em função das épocas de colheita. Julho e Agosto. maior será o valor calórico. a umidade em base seca foi menor em outubro do que nas demais épocas de colheita. Lopez (1987) comenta que. Para o bagaço. 2011 Médias seguidas pela mesma letra não diferem pelo Teste de Tukey aos 5%. há uma maior variação na umidade presente no bagaço e quanto menor é a umidade. com o recolhimento e utilização de material remanescente de colheita de cana-de-açúcar como fonte de energia para geração de eletricidade. Concluindo.326 a 140 123. podendo representar em alguns casos. Relatando experiência da Usina Central Romana. Para umidade em base seca do bagaço ocorreram diferenças significativas entre os meses. variando. apresentando maiores valores para os meses de Junho. UFLA. apenas 15%.08 a 160 138. no momento da colheita. na República Dominicana. no entanto. o poder calorífico do resíduo de colheita. ambiente e qualidade de vida. efetivamente. Tal colocação trata de uma visão mais ampla do que aquela que apenas se preocupa com questões ambientais e de reservas de combustíveis fósseis. kg-1 e com 30% de umidade. apresenta a vantagem de. invertemse as correntes migratórias e pode-se.7 Cenários de energia Rodrigues (1983) já enfatizava que a utilização de biomassa. com base na massa seca.9 TWh destinados ao mercado e 8. o que equivale ao abastecimento do país por 63 dias com petróleo e uma economia de divisas da ordem de US$1. 1012Kcal/ano de energia. biogás e álcool.1 TWh em 2009.80 menores que uma semana. No caso da biomassa. com a utilização de biomassa aumentase a oferta de trabalho no campo. ha-1 . que vem fazendo parte da maioria das discussões atuais que envolvem energia. para ser produzido. concluindo que.180 Kcal. A empresa Bagatex (1984). alcatrão. como sendo da ordem de 4. sem queima prévia.464 bilhões. carvão vegetal. abrem-se novas fronteiras agrícolas. o destaque fica pelo aumento da geração a bagaço de cana. resíduos vegetais. para 30% com dias ensolarados. como alternativas para derivados de petróleo.850 Kcal. o qual exige elevado capital e pouca exigência em mão-de-obra. que inclui geração eólica. desperdiçam aproximadamente 87. Afirma que. tais como a madeira. se comparado com o uso do petróleo. levar o país a sua total independência energética. 4. Apresenta ainda. De acordo com os dados preliminares obtidos para o Balanço Energético. estimou o potencial energético dos resíduos de colheita de canaviais brasileiros. sendo frequente encontrar-se umidade inferior a 20%. de 2. as queimadas.72. necessitar maiores contingentes de mão-de-obra e de menor capital.2 TWh destinados ao consumo . sendo 5. o setor sucroalcooleiro gerou 14. A adoção de um petróleo de referência significa. Organização Latino Americana de Energia – OLAE e o Departamento de Energia dos Estados Unidos . Conselho Mundial de Energia . Quando se quer a contabilização de energia em tep (tonelada equivalente de petróleo). de cada combustível. . Os quantitativos em unidades comerciais são convertidos em tep quando multiplicados por estes fatores. com as suas diferentes unidades comerciais. Em 2008. O petróleo de referência adotado tem 10. a geração do setor ficou em 12 TWh. consequentemente.WEC. e.IEA. possibilitando a consolidação das fontes. tendo como referência a capacidade de liberação de calor. em calorias. quando da sua combustão completa (conceito de poder calorífico). o valor para o poder calorífico inferior do petróleo.000 kcal/kg e são adotados os poderes caloríficos inferiores para as demais fontes de energia. o valor da tep (tonelada equivalente de petróleo) como referência para todas as fontes de energia.DOE. Estes critérios são aderentes com os critérios internacionais. A contabilização das diferentes formas de energia. e sua consolidação em um Balanço Energético se viabiliza através da utilização de fatores de conversão.81 próprio. especialmente com os da Agência Internacional de Energia . onde 1 kWh = 860 kcal. que levam em consideração o conteúdo energético de cada fonte. com 4. na prática de elaboração do balanço energético. calculam-se os fatores de conversão pela relação entre o poder calorífico de cada fonte e o poder calorífico do petróleo adotado como referência.4 TWh destinados ao mercado. O critério utilizado para a conversão da Energia Elétrica e Geração Hidráulica para contabilização em tep é a base teórica do primeiro princípio da termodinâmica. ha-1).1 1427.95 67500765 31395.ha-1 Energia elétrica 21648.804.28 33.ha-1 Kcal.7 31.7 798.2 11515. As tabelas seguintes apresentam simulações da quantidade de energia obtida por ha.18 29.93 42715497.462.25 34893880 16229. kg PCL 1227.6 35883.6 .6 Tabela 15 Simulação energética do palhiço Colheita Junho Julho Agosto Setembro Outubro Palhiço Kcal.79 1997.6 80170842.45 26702466 12419.ha Massa/ ha 37. foram feitos cálculos de quantas casas poderiam ser iluminadas considerando um consumo de 200 KWh/mês.63 29.1 37288. Considerando uma área total com cana-de-açúcar de 7.6 192.214.788.6 157.245.38 27.780.04 31. foram feitas simulações a partir do Poder Calorífico Útil (Kcal.380.2 N° casas 13 7 5 8 8 Energia produzida 248.038.44 33.28 38.7 1049. Os cálculos estão apresentados abaixo: Tabela 14 Simulação energética do bagaço -1 Colheita Junho Julho Agosto Setembro Outubro Kcal.47 41819778.2 153. kg-1 t.2 98. kg-1) e do Rendimento (t.073.7 N° casas 9 5 10 15 15 Energia produzida 171.9 milhões de hectares calcula-se o quanto de energia poderiam ser produzidas.12 2751.2 kWh.94 1671.42 882.4 19867.312.23 -1 t.669.148.ha-1) do bagaço.6 294. Foram calculados a Energia por hectare (Kcal.150.396.4 24757637. palhiço e bagaço + palhiço.2 91.ha-1 Energia/ ha 46543766.475.691.008.1 24322.2 77148745.ha-1 PCL Massa/ Energia/ha Energia ha elétrica 2112.14 Bagaço Kcal.6 19451.7 1522.294. ha-1).404.6 283.190.ha-1 kWh. foram feitas as transformações da energia calorífica para energia elétrica (kWh.92 28.2 128.82 De posse dos cálculos efetuados.6 52293591. 8 855.29 2470.614.1 4178.2 55086.757.8 232638950 108204.2 435.3 159862930.287.5 66.7 118435570.106. .38 61.412.ha-1 PCL Massa/ ha 3340.83 Tabela 16 Simulacão energética do palhiço + bagaço Colheita Junho Julho Agosto Setembro Outubro Kcal.6 907.8 587.8 Base de cálculos: Consumo de 200KWh/mês Área total com cana= 7.512. ha-1 kWh.12 70.07 64.9 milhões de hectares Observa-se que as colheitas realizadas nos meses de Setembro e Outubro proporcionaram maiores valores para o Poder Calorífico do Bagaço e Palhiço de Cana-de-açúcar. ha-1 Energia/ha Energia elétrica 235344855.1 246860462.849.4 74354.048.46 1932.8 114818.8 N° casas 45 23 31 45 48 Energia produzida 865.41 59.2 109462.08 Bagaço + Palhiço Kcal. kg-1 t.432.461.72 3519. c) Há maior variação na umidade presente no bagaço e. d) Em geral. o Poder Calorífico Útil e o Rendimento em calorias do bagaço e palhiço aumentou com o avançar da safra. o Poder Calorífico Inferior.84 5 CONCLUSÕES a) A variedade SP80-1842 apresentou potencial para utilização energética. e) Colheitas realizadas em Setembro/Outubro constituem melhores épocas para se obter maiores valores do poder calorífico do bagaço e palhiço de cana-de-açúcar. sendo maior nos meses de setembro/outubro do que nos meses de junho/julho/agosto. b) O Poder Calorífico Superior do Bagaço e Palhiço variou dentro do período de safra da cana-de-açúcar. maior será seu poder calorífico. quanto menor é a umidade. . de forma geral. 23-25... 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