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March 21, 2018 | Author: EvandroAle | Category: Adsorption, Solution, Solubility, Physical Sciences, Science


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TENSOATIVOS: UMA ABORDAGEM BÁSICA E PERSPECTIVASPARA APLICABILIDADE INDUSTRIAL CÁTIA GUARACIARA FERNANDES TEIXEIRA ROSSI1 TEREZA NEUMA DE CASTRO DANTAS1 AFONSO AVELINO DANTAS NETO2 MARIA APARECIDA MEDEIROS MACIEL1* 1- Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Departamento de Química, Campus Universitário, 59072-970, Natal, RN, Brasil - 1*- e-mail: [email protected] RESUMO: ROSSI, C. G. F. T.; DANTAS, T. N. de C.; NETO, A. A. D.; MACIEL, M. A.M. Tensoativos: uma abordagem básica e perspectivas para aplicabilidade industrial. Revista Universidade Rural, Série Ciências Exatas e da Terra, Seropédica, RJ: EDUR, v. 25, n.1-2, p. 73-85, 2006. Os tensoativos são moléculas anfifílicas, ou seja, possuem, na sua estrutura, duas regiões de polaridade opostas: uma polar (hidrofílica) e outra apolar (hidrofóbica). A presença destas duas regiões distintas em uma mesma molécula possibilita adsorções nas interfaces ar-água, óleo-água e sólido-água. A região hidrofílica é constituída por grupos polares de caráter iônico ou não-iônico ligados a uma ou mais cadeias alquílicas (região hidrofóbica), onde o número de carbonos varia entre oito a dezoito átomos. De acordo com suas características peculiares, os tensoativos atuam como detergentes, agentes emulsificantes, dispersantes ou solubilizantes. Atualmente, detém um amplo campo de aplicação, como por exemplos: inibidores de corrosão e na indústria de petróleo, bem como nas áreas biológica, farmacológica (nanoformulações do tipo microemulsão), cosmética e têxtil. O objetivo principal deste artigo é discutir conceitos básicos e descrever os tipos existentes de tensoativos e suas propriedades, tais como adsorções em interfaces e superfícies. Adicionalmente, enfatiza pesquisas científicas com tensoativos e suas aplicações, destacando o uso como inibidor de corrosão. Palavras chave: tensoativos, conceitos básicos, inibidores de corrosão, perspectivas industriais. ABSTRACT: ROSSI, C. G. F. T.; DANTAS, T. N. de C.; NETO, A. A. D.; MACIEL, M. A.M. Surfactants: a basic overview and industrial perspectives. Revista Universidade Rural, Série Ciências Exatas e da Terra, Seropédica, RJ: EDUR, v. 25, n.1-2, p. 73-85, 2006. Surfactants are amphiphilic molecules that possess in their structures two regions of opposing polarity: a polar one (hydrophilic) and another apolar (hydrophobic). The presence of these two distinct regions in the same molecule renders it very prone to adsorption in the air-water and oil-water interfaces, and also on the surface of solids. The hydrophilic region is constituted by ionic or non-ionic polar headgroups attached to a hydrophobic tail that is constituted of one or more alkyl chains with normally eight to eighteen carbon atoms. Due to their peculiar characteristics, surfactants can act as detergents, emulsifiers, dispersants or solubilizing agents. Currently, they are largely employed in the biological field as adjuvants for the preparation of pharmaceutical nanoparticles or microemulsions, as well as in cosmetics, textiles, inhibitor of corrosion, and petrochemical industries. The aim of this article is to discuss the basic concepts, describe the existent types of surfactants, and also some of their properties, such as adsorption at interfaces and surfaces. Additionally, one aims to emphasize the research of surfactants in many application fields, such as its use as inhibitors of corrosion processes. Key words: surfactants, basic concepts, corrosion inhibitors, industrial perspectivews. INTRODUÇÃO Tensoativ os são substâncias naturais ou sintéticas, que possuem em sua estrutura uma parte lipofílica (ou hidrofóbica) e uma parte hidrofílica, responsáveis pela adsorção de moléculas tensoativas nas interfaces líquido-líquido, líquido-gás ou sólido-líquido de um dado sistema (HUNTER, 1992). A Figura 1 mostra a representação esquemática de um tensoativo (SCHRAMM, 2000). Rev. Univ. Rural. Sér. Ci. Exatas e da Terra, Seropédica, RJ, EDUR, vol. 25, n. 1-2, jan-dez, p. 59-71, 2006. Sér. vol. O grupo hidrofílico. ATW O OD e FLORENCE.Tensoativos: uma abordagem básica.. A grande afinidade desta parte da molécula pela água permite solubilizar o grupo lipofílico. Exatas e da Terra. 2006. é geralmente f ormado por cadeias hidrocarbônicas lineares ou ramificadas. Seropédica. ATWOOD e FLORENCE. dispersão de fases. em diferentes funções. sendo utilizados em muitos processos tecnológicos. indústria petroquímica. inibidores de corrosão. coletores de flotação. Ci. grupos aromáticos (HUNTER. 25. n. 1985). é altamente polar. agente f armacêuti co. podendo ser iônico ou não-iônico. 2001. tais como: emulsificante. jan-dez. Univ. cosméticos. normalmente insolúvel em água. 1992. 1992. Óleo Água Fase oleosa Fase oleosa Fase aquosa Figura 2 – Adsorção e orientação nas interfaces O grupo lipofílico de tensoativos responsável pela solubilidade em óleo. RJ. HUNTER. agente de suspensão. extração de metais. 1-2. A estabilidade deste filme depende da natureza dos grupos hidrfílico e lipofílico do tensoativo (Figura 2). adsorvem-se nas interfaces orientando-se de maneira que o grupo polar fique voltado para a fase aquosa e o grupo apolar para a fase oleosa. substâncias tensoativas em presença de água e óleo. Em decorrência destes aspectos físicoquímicos (vide o item de Formação de Micelas) os tensoativos representam uma classe de compostos de uso amplamente versátil. que reduz as tensões interf aci al e superf icial (PROSSER e FRANCES. plástico.. Rural. contendo ou não. 73-85. p. formando um filme molecular ordenado nas interfaces. . det erminante da solubil idade do tensoativo em água. EDUR. Rev. 74 E x t r e m i d a d e A p ol ar E x tr e m i d a d e P o l ar H i d ro fó b ic o A f in i d a d e c o m o ó le o H i d r o fíl i c o A fi n i d a d e c o m a á g u a Figura 1 – Representação esquemática de um tensoativo Dev ido às suas estruturas e propriedades. dentre outras aplicabilidades (DANTAS et al. 1985). lubrif icante.. LUO et al. na sua grande maioria. ao se dissociarem em água. de grupamentos funcionais que possuem forte afinidade pela água. ATWOOD e FLORENCE. NITSCHKE e PASTORE. 73-85. BRISSET. RJ. como inibidores de corrosão em superfícies metálicas e como coletores de flotação na indústria de minérios). n. Rural. 2003. Os tensoativos aniônicos mais conhecidos são os alquil alcanoatos (ou sabões) que são derivados de gorduras animais. b) Tensoativos não iônicos: esta classe de tensoativos não fornece íons em solução aquosa e a sua solubilidade em água se deve à presença. p. 1978). 2003. et al. 2002a. ELACHOURI et al. álcoois grax os et oxilados e o propilenoglicoletoxilado. 1992. 2006. NOME et al. T. Univ. não variam significativamente. Na classe dos t ensoativ os cat iônicos. 2001. sendo até o momento os mais estudados e compreendidos com relação à sua estrutura e função. Este processo de formação é conhecido como micelização (Figura 3) (SWARUP e SCHOFF. mostrando um mínimo de sol ubil idade. G. Exatas e da Terra. EDUR. 1982.. como especificado abaixo (HOLMBERG. As propriedades físicoquímicas de tensoativos. as moléculas de tensoativo estão presentes na forma de monômeros dispersos e acima. 1-2. 1985. 1994). para uma dada concentração específica de tensoativo. a) Tensoativos iônicos: apresentam cargas elétricas na parte hidrofílica.. Seropédica. já que um tensoativo anfótero é aquele que. proporcionando aumento de viscosidade e ação bactericida) e aminas de cadeias longas (utilizadas como óleos lubrificantes. podemos citar betaínas e am inoácidos como os principais tensoativos representantes desta classe.. 75 contêm tanto carga aniônica quanto catiônica e são citados como tensoativos anfóteros. No entanto. estão presentes na forma de agregados (micelas). C. em suas moléculas. Abai xo da CMC. SCHULMAN e RO BERT S. não-iônico ou zwi teri ônicos. 2002b. pode-se dizer que são compostos cujas moléculas contêm ambos os tipos de grupos: o ácido e o básico. Portanto. este termo não pode ser utilizado como sinônimo de zwiteriônico. apresentam-se como espécies zwiteriônicas. Rev. jan-dez. em condições normais. conhecida como Concentração Micelar Crítica (CMC). destacam-se sais de amônio quaternários (solúveis tanto em meio ácido como em meio alcalino. 1998. No ponto isoelétrico. Como exemplo. dependendo do pH. HUNTER. FORMAÇÃO DE MICELAS Uma das propriedades fundamentais dos tensoativos é a propriedade de adsorção nas interfaces (limite entre duas fases imiscíveis) ou superfícies de um dado sistema. ou óleos vegetais. por reações de saponificação. CLASSIFICAÇÃO DE TENSOATIVOS Tensoativos podem ser classificados em iônico (aniônico e catiônico). No entanto. 1985. det ergência e poder molhante. formando íons carregados negativamente (tensoativos aniônicos) ou positivamente (tensoativos catiônicos). ou zwiteriônico. . vol.. pode ser aniônico (pH entre 9 e 10) ou catiônico (pH de 4 a 9). 2002. 25. 1993. Ci. ocorre uma mudança brusca nestas propriedades. 1995. ATWOOD e FLORENCE. Como exemplos podemos destacar o nonilfenol etoxilado.ROSSI. 1982). ROSEN. Sér. c) Tensoativos zwiteriônicos: tensoativos zwiteriônicos. 2001. mesmo em baixas concentrações. . As moléculas da monocamada permanecem em equilíbrio com os monômeros que se formam na solução.6 0.Tensoativos: uma abordagem básica. MA et al. condutância. e a cada concentração de monômero corresponde uma tensão superficial característica. A água atrai os grupos polares. A Figura 4 mostra a representação gráfica das propriedades físicas de um tensoativo (no caso. 76 cabeça do tensoativo cauda do tensoativo acima da CMC (micelização) abaixo da CMC (monômeros dispersos) Figura 3 – Processo de formação de micela Em soluções diluí das. a CMC é determinada através de algumas propriedades físicas em solução. 2006. 1-2... Univ. SWARUP e SCHOFF. SWARUP e SCHOFF. pressão osmótica.3 0. Exatas e da Terra. 1997). enquanto a parte hidrofóbica é repelida pela fase aquosa (NOME et al. 73-85. p. uma parte é dissolvida como monômero e outra parte f orma uma m onocamada na interf ace ar-água. RJ. as moléculas tensoativ as atuam como eletrólitos típicos na forma de monômeros.5 0.. 1963). Sér. NOME et al.. 2006. 1982).2 0. 1997. n. Rural. Ci. 1998. por forças eletrostáticas. As micelas são definidas como Rev. SHINODA et al.. Quando a concentração de monômero atinge um valor crítico que determina a saturação na interface. Seropédica.8 (% ) Figura 4 – Representação gráfica das propriedades físicas de um tensoativo para cálculo da CMC Quando se adiciona à água pequenas quantidades de um tensoativo (substância de caráter anfifílico).. dentre outras (YSAMBERTT et al. EDUR.. nas interfaces. Experimentalmente.1 0. de forma a reduzir a tensão interfacial. 25.4 0. . tais como: tensão superficial. orientando-se. CM C D etergência C ondutividade U N I D A D E T ensão Superficial Pressão O sm ótica Condutividade E quivalente T ensão Inte rfacial 0 0. jan-dez. 1993. índice de refração. AKHTER. desencadeia-se o processo de formação espontânea de agregados moleculares (micelas) (ROCHA.7 0. 1993. 1982). 1998. preferencialmente. vol. dodecil sulf ato de sódio) (BENITO et al. acontece abaixo do ponto de turbidez (CORTI et al. 1984). EDUR.. jan-dez. vol. Os tensoativos não-iônicos podem ser caracterizados pelos pontos de pertubação ou turbidez. et al. 77 agregados coloidais termodinamicamente estáveis. 1994). O mínimo da curva T=f(c) é chamado ponto de turbidez ou ponto crítico de separação de fases (SHINODA et al. Sér. As soluções destes tensoativos turvam-se. Em agregados de caráter iônico. como pode ser observado na Figura 6 (b) (EVANS e WENNERSTROM. Seropédica. Rural. G. a parte hidrofóbica da molécula tensoativa se agrupa no interior da micela de forma a se ter um mínimo de superfície em contato com a água. Exatas e da Terra. 1982). p. Ci. quando aquecidas.ROSSI. et al. por sua v ez. NOME et al.. PARIA. formando duas fases a uma determinada temperatura e concentração (Figura 5). O fenômeno oposto de orientação das moléculas (cabeças polares no centro e cadeias carbônicas voltadas para o meio ext erno) ori gina. T... enquanto as extremidades polares ficam dirigidas para o meio aquoso (micela direta) [Figura 6 (a)]. RJ. . C. 1-2. que é uma característica de cada tensoativo (ROCHA. 1963). Desta forma.. 2006. n. 73-85. 2005. a micelização para este tipo de tensoativo. 25. formados espontaneamente por compostos anfifílicos acima de uma determinada concentração (CMC). 2006. as chamadas micelas inversas. 60 59 linha de turbidez 58 57 56 0 1 2 3 4 5 6 C oncentração (% ) em peso Figura 5 – Diagrama de fase de um tensoativo não iônico em água Óleo micela direta (a) Água micela inversa (b) Figura 6 – Representação esquemática de tipos de micelas Rev. Univ. pode ser usada como medida da extensão máxima de adsorção de um tensoati v o. p. 30 3    d   d log C 2    (2) onde  é a constante universal dos gases. a área superficial limitante por moléculas de tensoativo. Adsorção em interfaces fluidas O estudo de adsorção de tensoativos em interfaces fluidas está baseado na equação de adsorção de Gibbs que mostra a extensão da adsorção em uma superfície líquida. provocando decréscimo no excesso da concentração superficial. 1985). Sér. vol. b) Adição de eletrólitos: a adição de eletrólitos causa um aumento na adsorção de um tensoativo iônico. a área da seção transversal do grupo hidratado determina a medida da ex tensão máxima de adsorção (Ãmáx) de um tensoativo. jan-dez. 1960). Ãmáx. O efeito estrutural de um determinado grupo hidrof ílico está correlacionado com o seu grau de hidratação. de uma forma mais geral. denominada por A. 1975). sendo necessári o o conhecimento de alguns fatores que influenciam na quantidade de tensoativos que podem ser adsorvidos na interface (ATWOOD e FLORENCE. o aumento da cadeia hidrocarbônica reduz o poder de hidratação. ATW OO D e FLORENCE. ADSORÇÃO DE TENSOATIVOS NAS INTERFACES Os tensoativos. 1992. 25. A partir do valor de 2 . . Como por exemplo. permitindo. pode-se mostrar que o excesso superficial do soluto (Ã2) é dado pela equação (2): 2   1 2 . já que.. numa superfície Rev. que é representada por um plano matemático. Fatores que afetam a extensão da adsorção em interfaces fluidas A concentração superficial em excesso sob condições de saturação. Rural. T é a temperatura de análise e C2 é a concentração do soluto. A área por molécula de tensoativo nãoiônico do tipo polioxietilênicos. um decréscimo de Ãmáx é notado em presença de mais de um grupo hidrofílico em uma molécula tensoativa. Ã. a) Estrutura do tensoativ o: para tensoativos iônicos. na forma de monômeros de moléculas orientadas. SHAW. 1-2. 1985). 2001. 78 equação (3). devido à sua natureza anf if ílica.. A equação (1) de Gibbs fornece esta relação. n. reduzindo a tensão interfacial. 2006. desta forma. Similarmente.Tensoativos: uma abordagem básica. EDUR. estimada a partir de dados de tensão superficial (PROSSER e FRANCES. aumentando a área por molécula na interf ace. cresce com o aumento de grupos oxietilênicos (DONBROW. através da   1 /(    2 ) (3) onde NA é o número de Avogadro. Univ. quando com parado aos dos sulf atados e sulfonados orgânicos (VADER. 73-85. relativa ao filme interfacial e sua espessura. O tratamento qualitativo deste f enômeno envolve uma importante inc erteza. 1985). d     i d  (1) i onde d é a v ari ação da tensão superficial ou interfacial da solução e di é a variação do potencial químico do componente i do sistema. têm alto valor de Ãmáx. RJ. Ci. Seropédica. Este f enômeno é respons ável pela maioria das propriedades dos tensoativos e características estruturais das micelas (ATWOOD e FLORENCE. grupos carboxilados em geral. se adsorvem nas interf ac es ou superfícies. pode-se estimar. na interface fluida. Integrando-se a equação (1) para soluções tensoativas binárias diluídas. estimar a adsorção por unidade de área em termos do excesso de concentraç ão superficial. Três dos fatores mais importantes encontramse apresentados abaixo. Exatas e da Terra. e cresce com o aumento de cadeias alquílicas (PARIA e KHILAR. onde estão envolvidos especificamente. modif icando desta f orm a. efeito do pH. G. Para tensoativos não iônicos. 1954). ocorre um pequeno decréscimo de Ãmáx. RUPPRECHT. Univ. dev ido à blindagem da interação eletrostática repulsiva. com o aumento da temperatura em uma faixa entre 20-85ÚC. Para tensoativos não iônicos. para tensoativos iônicos. a) Estrutura do tensoativ o: para tensoativos iônicos. onde os contra-íons do substrato (solução de NaCl) são substituídos por íons do tensoativo de carga similar. Ci. 1978). a extensão da adsorção decresce com o aumento de cadeias polioxietilênicas. EDUR. 2004. principalmente aqueles em que as forças 79 de atração envolvidas são as de London. suas propriedades f ísico-quími cas (FUERSTENAU e WAKAMTSU. Em tensoativos não-iônicos este efeito é pouco pronunciado (MORINI et al. nas quais os íons do tensoativo são adsorvidos por sítios ativos opostamente carregados. Exatas e da Terra. et al. . bem como um decréscimo na adsorção quando a superfície é de carga oposta. tais como: óleo em água (O/A) e água em óleo (A/O). formando ligações entre as moléculas do adsorvente e do adsorbato (tensoativos) e interações de emparelhamento de íons. p. b) Adição de eletrólito: a adição de eletrólitos causa um aumento na adsorção de tensoativos iônicos de cargas elétricas similares à da superf ície. PETHICA. 2004. não ocupados por contra-íons. como apresentados abaixo. ao se adsorverem nas interfaces de superfícies sólidas ou nas interfaces de sistemas dispersos. 73-85. ou seja. 1975). partículas em suspensão) define o comportamento dos tensoativos. sólidos depositados. um crescimento gradual de Ãmáx com o aumento da temperatura (PARIA e KHILAR. a adsorção decresce devido à competição pelos sítios ativos. o aumento da cadeia hidrocarbônica determina um aumento da quantidade adsorvida na saturação. As principais interações de adsorção env olv endo sólidos incluem processos de troca iônica. Adsorção na interface de sólidos A adsorção a partir de soluções aquosas diluídas sobre superfícies sólidas (paredes. adição de eletrólito. Seropédica. Este efeito foi atribuído à baixa hidratação dos grupos oxieti lêni cos em al tas temperaturas. Out ros mecanismos podem estar presentes.ROSSI. RJ. entre moléculas de água e de tensoativos. por Rev. 2004. Rural.. SCHOTT. C. 1969). favorecida pela presença de íons no meio (PARIA e KHILAR.. c) Efeito da temperatura: geralmente. Sér. n. os tensoativos se autoorganizam para minimizar interações intermoleculares (entre si) e com o meio. 2005). cuja carga tem mesmo sinal. Para tensoat iv os em que a carga é independente do pH do m eio. 1-2. Efeito similar foi observado em alguns tensoativos não iônicos com exceção para compostos oxietilênicos de longas cadeias hidrocarbônicas nos quais ocorre o inverso. 1975). devido à blindagem da interação eletrostática repulsiva entre as cabeças polares dos tensoativos. uma interação química ent re o adsorv ido (moléculas de tensoativos) e o adsorvente (aço carbono por exem plo) (FUERSTENAU e WAKAMTSU. T. e um decréscimo na adsorção em superfície opostamente carregada. jan-dez. Neste contexto. c) Efeito do pH: a variação do pH do meio modifica as características de adsorção da superfície do adsorvente e eleva o grau de ioni zação do tensoativ o. Fatores que afetam a extensão da adsorção em interfaces sólidas Dentre os fatores que afetam a extensão de adsorção em interfaces sól idas destacam-se: estrutura do tensoativo. vol. efeito da temperatura e natureza do adsorvente. 2006. 25. Seropédica. a extensão da adsorção de grupos amônio quaternário pode ser determinada pelo efeito do pH sobre a carga dos grupos na superf ície do adsorvente. (1995) estudaram o efeito de alguns tensoativos como inibidores de corrosão na série de brometo-2-alquil-dimetil amônio (CnH2n+1). Para tensoativos não iônicos polioxietilênicos. . o uso de revestimentos. destacam-se os tensoativos . Estudos de polarização revelaram que o inibidor se comportou como uma mistura em solução ácida e agiu na reação catódica sem modificar o mecanismo da Rev. Sér. N. Univ. El-AchouriI et al. ATWOOD e FLORENCE.. Neste tipo de inibidores estão inseridas moléculas orgânicas com grupos fortemente polares que promovem a formação de um filme protetor na interface metal-meio corrosivo. d) Efeito da temperatura: o aumento da temperatura causa decréscimos na adsorção de tensoativos iônicos. onde a eficiência de inibição aumenta com o aumento do número de átomos de carbono na cadeia do inibidor atingindo eficiências de: 96% (n =11). de agentes inibidores e antioxidantes (SHREIR et al. a adsorção diminui com a presença de impurezas na composição do adsorvente (PARIA e KHILAR. 96% (n =13). Exatas e da Terra. a adsorção aumenta a baixos valores de pH. películas protetoras (sobre áreas anódicas e catódicas) que interferem na ação eletroquímica (GENTIL. medidas de polarização e técnica de EDS (energia dispersiva no sistema de Raios X). RJ. e) Natureza do adsorvente: algumas propri edades dos adsorv ent es têm importante influência na adsorção. n.80 exemplo. Neste estudo f oram observadas elev adas ef iciências da inibição em torno de suas concentrações micelares críticas. a adsorção cresce com a temperatura. 73-85. N-dimetil-4metilbenzil-dodecil amônio) no aço em sol uções áci das. 2004). EDUR. onde n varia de 11 a 15 átomos de carbono. jan-dez. utilizando os testes de perda de massa. 1996). O efeito é mais pronunciado em tensoativos não iônicos. devido ao decréscimo da hidratação das cadeias polioxietilênicas (PARIA e KHILAR. 1996). Em geral . 98% (n =12). que é considerav elm ente menor quando comparado aos efeitos provocados por eletrólitos ou por variações de pH. na corrosão do aço em meio ácido. quando a superf ície está negativ amente carregada (PARIA e KHILAR. Este inibidor f oi investigado por medidas termodinâmicas e de superfície. 2004. Hamid et al. EBENSO et al. Ci.. Dentre os processos e métodos mais utilizados destacam-se: o aumento da resistência dos materiais por implantação de sistemas de proteção cat ódicos e anódi cos. vol. UTILIZAÇÃO DE TENSOATIVOS COMO INIBIDORES DE CORROSÃO Mui tas pesqui sas têm sido desenvolvidas no sentido de reduzir os efeitos da corrosão. j á que f uncionam como Tensoativos: uma abordagem básica. O uso de inibidores de corrosão grande int eresse. dentre estas. 1968). tais como a porosidade e a natureza dos grupos na superf í cie. A medida da perda de massa mostrou que as eficiências de inibição aumentaram com o aumento da concentração do tensoativo. Rural. 2004. p. 2000. 1999. 2006.. Os dados obtidos das medi das de superf íci e e termodinâmica com o inibidor indicaram que a área por mol écula aumenta ligeiram ente com o aum ento da temperatura e os processos de adsorção e micelização são espontâneos. SOMASUNDARAN e FUERSTENAU. pelos métodos eletroquímicos e grav imétricos. 97% (n =14) e 98% (n =15). Para tensoativos não iônicos. 25. 1-2.. 1985). GENTIL. (1998) utilizaram como inibidor de corrosão um tensoativo catiônico (Cloreto de N. . 40°C (98. Desta forma. no caso do aço imergido em HCl. 25. (2002b) investigaram o efeito inibidor do tensoativo brometo de dodecilamônio (DDAB) em solução ácida pelo método de polarização. (2001) sintetizaram alguns tensoati v os geminados na série do brometo de 1. Os dados 81 de polarização indicaram que estes compostos agiram como bons inibidores catódicos do aço no meio HCl. A inibição da corrosão do metal em solução ácida foi avaliada utilizando-se quatro tipos de tensoativ os: (a) iodeto de tetradecil-trimetil amônio. Seropédica. jan-dez. (b) brometo de tetradecil-trimetil amônio. 12 e 14. BranzoiI et al. método potenciocinético e espectroscopia eletroquímica de impedância. . 2006.2dimetil alquil amônio (CnH2n+1). Univ. Dantas et al. (d) brometo de dodecil-trimetil amônio. reação de evolução do hidrogênio. vol. Várias temperaturas foram avaliadas e os resultados observados indicaram que a 30°C ocorreu inibição de 95. O ef eito da temperatura no comportamento da corrosão em aço foi estudado em quatro temperaturas que variaram de 30 a 60°C. Rural. et al. onde n = 10. O processo de inibição foi atribuído à formação da película adsorvida na superfície do metal. A adsorção do inibidor na superfície de aço obedece à equação da isoterma da adsorção de Langmuir. comprovou-se que a eficiência de inibição aumenta com o aumento da concentração do tensoativo. O efeito inibidor destes compostos. do que o tensoativo livre. p. o comportamento de polarização do aço Armco nas soluções aquosas de HCl com e sem os inibidores. o processo da dissolução foi controlado por difusão. Em valores mais baixos da sobretensão. n-butanol (co-tensoativo). 92% (50°C) e 72% (60° C). o processo da dissolução foi controlado pela ativação. Ci. G. 85% (40°C). As eficiências de inibição à corrosão foram de 82% (temperatura de 30 oC). 1-2. tendo sido concluído que o DDAB como parte de um sistema microemul sionado [DDAB (tensoativo). e em valores mais elevados. 98% (n =12 e n =14)]. Estes sais de amônio quaternário testados foram adsorvidos no aço Armco de acordo com a isoterma de Langmuir e suas eficiências foram significativas [94% tensoativo (a). T. (2000) estudaram atrav és do método potenciostato. Sér. Li e Mu (2005) estudaram a ação de inibição de um tensoativo não-iônico Tween-40 na corrosão do aço (CRS) em uma concentração de 0. em uma concentração acima da CMC. Exatas e da Terra. A eficiência desta proteção melhorou com o aumento da concentração do i nibidor e do comprimento da cadeia alquila.ROSSI.6%. 50°C (95%) e 60°C (90%). A espectroscopi a eletroquímica de impedância mostrou que a eficiência máxima da inibição f oi atribuída à formação de uma camada adsorvida na superfície do aço. As eficiências de inibição observadas foram significativas [97% (n =10). C. n. foi investigado por perda de massa. (2006) investigaram o efeito de vários tensoativos Rev. A ação de inibição do tensoativo testado também foi comprovada pela imagem de superfície obtida por Microscopia de Força Atômica. (c) brometo de hexadecil-trimetil amônio. El-Achouri et al. 73-85. houve um elev ado aumento da ação inibidora. Alsabagh et al. nhexano (fase orgânica) e solução ácida (fase aquosa)] foi mais eficaz na inibição de corrosão em aço. Sob a CMC.0 M de ácido sul f úri co (H 2SO 4 ) por métodos de polarização e perda de massa. 90% (b). provocando proteção do metal contra agentes corrosivos. 96% (c) e 85% (d)]. enquanto a eficiência diminui com o decréscimo da concentração do ácido sulf úrico.5–7. Na escala anódica os tensoativos estudados não mostraram efeito de inibição no aço. Medidas de EDS mostraram uma alta cobertura do tensoativo na superfície do aço. a ini bição dest es tensoat iv os f oi insignificante e. RJ. EDUR.5%). . p. jan-dez. 25. Spectrophotometric and conductimetric determination of the critical micellar concentration of sodium dodecyl sulfate and cetyltrimethylammonium bromide micellar systems modified by alcohols and sal ts. 88. E.. 2000. BENITO. Pharmacy and Biology. M. C. n. 221-224.. MINERO. p. MONGE. L. London. 48.Tensoativos: uma abordagem básica. F. Neste contexto. 73-85. C. T. SANTANNA. The inhibition of the corrosion of Armco iron in HCl solutions in the presence of surf actants of the type of N-al kyl quaternary ammonium salts. Rural. o tensoativo I (R=C10H21) inibiu 86%. 288-297. GARCÌA.. S. V. Estes tensoativos mostraram. DEGIORGIO. cujos resultados f oram obtidos atrav és de medi das eletroquímicas. Corrosion Science. 1997. T. Could point transition in nonionic micellar solutions. CONCLUSÃO Tensoativos são considerados como um dos mais versáteis produtos químicos empregados em processos industriais. Seropédica. Université Paul Sabatier... França.. 2006. MARINA. RJ. o tensoativo-II (R=C12H25) inibiu 89%. C. Estes autores observaram que o efeito da inibição aumenta com o comprimento da cadeia do hidrocarboneto alifático. A.. em diferentes concentrações (40-200 ppm) na inibição da corrosão em aço carbono na água de formação.. As eficiências de inibição foram observadas numa escala de 86-96%. J. M. L. 1984. 1985. EDUR. Colloids and Surfaces A: Physicochemical and Engineering Aspects. Chapman and Hall. DANTAS NETO.. Reactivity of polyester aliphatic amine surfactants as corrosion inhibitors for carbon steel in formation water (deep well water). bem como polarização de Tafel. BRI SSET. p. Effect of acetamide on the critical micelle concentration of aqueous solutions of some surfactants. A. 82 do tipo poliéster de amina alifática. como exemplificado neste trabalho. 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