Técnicas de Exames Psicológicos I.pdf



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TÉCNICAS DE EXAME PSICOLÓGICO I autora ELISABETE SHINEIDR 1ª edição SESES rio de janeiro  2016 Conselho editorial  sergio augusto cabral, roberto paes e paola gil de almeida Autora do original  elisabete shineidr Projeto editorial  roberto paes Coordenação de produção  paola gil de almeida, paula r. de a. machado e aline karina rabello Projeto gráfico  paulo vitor bastos Diagramação  bfs media Revisão linguística  bfs media Revisão de conteúdo  cristiane de carvalho guimarães Imagem de capa  michaeljung | shutterstock.com Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2016. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip) S555t Shineidr, Elisabete Técnicas de exame psicológico I / Elisabete Shineidr. Rio de Janeiro: SESES, 2016. 152 p: il. isbn: 978-85-5548-396-7 1. Avaliação. 2. Ética. 3. Testes. 4. Laudo. I. SESES. II. Estácio. cdd 150.74 Diretoria de Ensino — Fábrica de Conhecimento Rua do Bispo, 83, bloco F, Campus João Uchôa Rio Comprido — Rio de Janeiro — rj — cep 20261-063 Sumário Prefácio 5 1. Avaliar é preciso... 7 1.1  Conceituação e importância da avaliação psicológica 8 1.1.1  Áreas de aplicação da avaliação psicológica 15 1.1.2  Critérios de uma avaliação 16 1.1.3  Os testes psicológicos 18 1.1.4  A história do surgimento dos testes 21 2. Métodos para coleta de informações 33 2.1  Os instrumentos utilizados na avaliação psicológica 34 2.1.1  A observação 35 2.1.3  A testagem 45 2.2  Os cuidados na utilização dos testes 47 2.2.2  Preocupação com a aplicação dos testes 49 2.3  O informe psicológico 61 2.3.1  Críticas atuais aos instrumentos de avaliação psicológica 64 3. Testes psicológicos 67 3.1  A avaliação objetiva da personalidade 68 3.2  Inteligência, aptidão e interesse 76 3.2.1  Medidas de inteligência 76 3.2.2  Medidas de interesses 86 3.2.3  Levantamento de opinião e escalas de atitude 87 3.2.4  Medidas de aptidões 89 3.3  A importância das habilidades sociais 92 4. Dos conceitos matemáticos à análise e construção dos testes psicológicos: medir é preciso... 97 4.1 Introdução 98 4.2  Bases históricas da estatística 100 4.3  Resumo de dados 102 4.4 Medidas-resumo 105 4.5  Noções básicas de correlação como prova estatística 109 4.6  Teoria da medida em psicologia: a Psicometria 111 4.7  Critérios para avaliação dos testes psicológicos 114 4.7.2  Fidedignidade 117 4.8  Breve introdução à análise fatorial: definição e finalidade 121 4.9  Etapas para a construção de testes psicológicos 122 4.10 Conclusão 124 5. Princípios éticos na avaliação psicológica 127 5.1  Ética e a formação 128 5.1.1 Competência 130 5.1.2 Integridade 130 5.1.3 Responsabilidade 130 5.1.4  Respeito à dignidade das pessoas 131 5.1.5  Preocupação com o bem-estar alheio 131 5.1.6  A responsabilidade social 131 5.2  Guia ético para avaliação psicológica 133 5.2.1  Seleção dos testes 133 5.2.3  Correção e interpretação 134 5.3  Os direitos dos testandos 136 5.4  Privacidade, confidencialidade e resultados 138 Prefácio Prezados(as) alunos(as), O Projeto Livro Didático Estácio objetiva fornecer aos alunos da instituição um material didático que sirva de apoio e consagre o conteúdo programático dos Planos de Ensino que constam do Projeto Pedagógico da universidade, que é de âmbito nacional. O livro didático de Técnicas e Exame Psicológico I (TEP-I) foi elaborado com o objetivo de levar o aluno à compreensão dos principais conceitos que envol- vem a avaliação e a testagem psicológica. Para tanto, buscamos esclarecer fatos e acontecimentos importantes da Psicologia quanto à avaliação psicológica, contextualizando-os no momento histórico desde seu surgimento e suas im- plicações no momento atual. Nossa intenção é iniciar nossos alunos na prática para atuação diretamente com os testes psicológicos para fins de avaliação psi- cológica ou psicodiagnóstico. Lembramos que este livro didático é apenas a base, o início para despertar o interesse do aluno sobre a temática e, por isso, indicaremos leituras diversas que contemplem o assunto, certos de que ele possa enriquecer seu conheci- mento no contexto específico da testagem. A Psicologia é uma área muito vasta, a avaliação psicológica permeia basicamente todas as áreas da Psicologia e, por isso, não tencionamos esgotar o assunto, apenas iniciar nossos futuros psicó- logos em seus primeiros passos rumo ao conhecimento dos métodos utilizados para esse fim. Nossa intenção é desenvolver no aluno de Psicologia as habilidades para re- alizar diagnóstico e avaliação de processos psicológicos de indivíduos e grupos, através da escolha de instrumentos pertinentes ao objetivo proposto. Para tanto, no primeiro capítulo conceituamos a avaliação psicológica res- saltando sua importância desde o surgimento dos primeiros testes psicológi- cos, os critérios e as diversas áreas de aplicação de uma avaliação. Com a intenção de inserir o aluno no contexto da aplicabilidade dos instru- mentos, o segundo capítulo revela os métodos utilizados para fins de avaliação, os cuidados na utilização da testagem, os testes comercializados no Brasil e a interpretação dos resultados que culmina no informe psicológico. O capítulo se encerra com as críticas atuais ao modelo utilizado para fins de avaliação e aos testes psicológicos de maneira geral. 5 inserimos no capítulo cinco os princípios éticos pertinentes à avaliação psicológica. Que esta leitura possa contribuir com a excelência na formação de vocês. aptidão e interesse. tivemos o cuidado de abordar no capítulo quatro uma base sobre conceitos estatísticos que envolvem a testagem. para uma linguagem acessível sem que isso possa afetar o conteúdo conceitual. permitindo uma leitura mais agradável e menos cansativa. O tempo inteiro estaremos envolvendo os conceitos apresentados em uma reflexão ética em respeito às normas que garantem a adequação do trabalho do profissional de Psicologia e dentro dos padrões técnicos necessários. as dificuldades para conceituação e mensuração dos vários tipos de inteligência e a importância da avaliação das habilidades sociais na atualidade. Por conhecer a dificuldade dos alunos de Psicologia em compreender as re- lações entre os números e a mensuração na nossa área. Bons estudos! . administração e apuração dos resultados. inteligência. que é complexo. procuramos desenvolver um guia ético para a seleção. Os instrumentos de autorrelato. Para finalizar. O capítulo três tem foco especificamente nas medidas objetivas de perso- nalidade. abordando desde a ética quanto à formação de profissio- nais competentes para atuação na área até o sentido de responsabilidade social inserido na atuação do profissional de psicologia. sempre de acordo com os preceitos da ética. Na segunda parte deste ca- pítulo. tendo a preocupação em transformar o assunto. é coordenadora e professora da pós-graduação em Psicologia do Trânsito Norte e Nordeste e professora na graduação de Psicologia e no MBA de Gestão de Pessoas. Por Elisabete Shineidr1 1  Elisabete Shineidr é mestre em Psicologia Social.. . 1 Avaliar é preciso.. atualmente coordena a CPA do campus Sulacap e a Clínica Social (SPA) do campus R-9. foi coordenadora do curso de Psicologia nos campi Ilha do Governador e Sulacap. Observação ou avaliação crítica”. pois ela está presente implícita ou explicitamente em quase todas as áreas da Psicologia.. precisamos colher informações criteriosas sobre ela para podermos compreendê-la e obter os critérios necessários para tomada de decisão. •  Refletir sobre aspectos que permeiam a eficácia do processo. quando precisamos tomar alguma decisão importante sobre algu- ma coisa. •  Reconhecer a importância dos testes como instrumentos de avaliação Bem.1  Conceituação e importância da avaliação psicológica Caro aluno.1. Este capítulo foi preparado para que você possa apreender os conceitos que envolvem a avaliação psicológica. visitamos o local. CONCEITO Os dicionários definem o termo “teste” como “exame ou prova para determinar qualidade. natureza ou comportamento de algo.  Avaliar é preciso. Procuramos as principais características positivas e nega- tivas para só depois decidirmos se está a contento para as nossas necessidades. 8• capítulo 1 .. sua história e os métodos para coleta das in- formações necessárias para fins de avaliação. OBJETIVOS •  Compreender o que é uma avaliação e por que é tão importante avaliar. •  Reconhecer a evolução da atuação do psicólogo em vários contextos que utilizam a ava- liação psicológica. EXEMPLO Quando compramos um imóvel. 1. a avaliação psicológica é um dos principais temas na formação do psicólogo. observamos todos os elementos para ava- liarmos se a estrutura dele é firme. EXEMPLO Minha residência fica em uma rua que sofre assaltos constantes. O psicólogo deve estar emba- sado nos seus métodos. são as avaliações mais formais. a partir da decodificação do comportamento verbal e não verbal relacionando -os dentro de categorias de como as pessoas devam se comportar. Podemos entender os testes psicológicos como instrumentos utilizados para avaliar algumas características de uma pessoa. capítulo 1 •9 . elas são confiáveis porque têm base em instrumentos e procedimentos adequados. na área da psicologia. a avaliação não profissional é aquela avaliação que fazemos no cotidiano ao interpretar o comportamento dos outros. e as respostas virão no decorrer destas pá- ginas. estava com receio de perguntar a qualquer um e ser assaltada. Com a diversificação das 2  Achismo (gíria): Tendência em avaliar as situações segundo as próprias opiniões ou intenções. Ao chegar nas proximida- des. O que faço agora? Saio correndo. Assim. que veio do interior do Estado. certo? Errado. Primeiro. que são técnico-científicos para coleta de informações. Pasquali esclarece que: Na Avaliação Profissional. A pessoa. Pasquali (2001) ressalta que essa habilidade é importante para nos- sa sobrevivência. Segundo Pasquali (2001). não há “achismo2 ”. vejo uma pessoa apressada se aproximando com uma das mãos no bolso. vamos fazer uma pequena distinção: diferenciar a avaliação profissional da avaliação não profissional. Ela me achou confiável e resolveu tirar do bolso o endereço para perguntar onde fica a rua que procurava. O aluno crítico pode se per- guntar: “Será que qualquer pessoa pode aplicar um teste e fazer uma avaliação? Será que podemos utilizar os testes que estão nas revistas e na internet para este fim?” São muitos os questionamentos. Ou seja. Já a avaliação profissional. “acha- mos” alguma coisa a respeito de algo ou alguém e já interpretamos conforme aquilo que acreditamos. porque acredito que aquela pessoa vem me assaltar. muitas vezes sem justificação. Saímos do senso comum e vamos ao encontro da ciência. (Reso- lução CFP N. refere-se a um processo técnico e científico para coleta de dados em que serão utilizados os métodos e instrumentos adequados para a compreen- são daquilo que se investiga. de estra- tégias psicológicas – métodos. abordaremos cada um dos méto- dos utilizados para coleta das informações. Sendo assim. e os testes são os instrumentos. necessidades e das tecnologias de avaliação. Agora que você compreende a diferença entre a avaliação profissional e a avaliação não profissional. refere-se à coleta e interpretação de informações psicológicas.º 012/00.º 007/2003).15). Os resultados das avaliações devem considerar e analisar os condicionantes históricos e sociais e seus efeitos no psiquismo. tornou-se necessária a existência de um perito na área: o psicólogo. que são resultantes da relação do indivíduo com a sociedade. técnicas e instrumentos. utilizando-se. CONCEITO Avaliação. com a finalidade de servirem como instrumentos para atuar não somente sobre o indivíduo.2001. p. (PASQUALI. Assim. vamos refletir sobre a distinção entre avaliação psi- cológica e teste psicológico. mas na modificação desses condicionantes que operam desde a formulação da demanda até a conclusão do processo de avaliação psicológica (Resolução CFP N. estudos e interpretação de informações a respeito dos fenômenos psicológicos. para tanto. que institui o Manual para Avaliação Psicológica de candidatos à Carteira Nacional de Habilitação e condutores de veículos automotores). em Psicologia. A avaliação psicológica. 2000. Os testes psicológicos são os ins- trumentos utilizados para esse fim. a avaliação é um processo. é um processo técnico-científico de coleta de dados: A avaliação psicológica é entendida como o processo técnico-científico de coleta de dados. CONSIDERAÇÕES Para o CFP. Aplica-se ao estudo de casos individuais ou de grupos ou situações. a avaliação passou a ser uma habilidade pri- mordial do profissional psicólogo. como evidenciado ante- riormente. Mais adiante. São vários os tipos de testes utilizados para fins 10 • capítulo 1 . resultantes de um conjunto de procedimentos confiáveis que permitam ao Psicólogo avaliar o comportamento. para além da apresentação dos testes e sua utiliza- ção. Nos próximos capítulos. perde todo o sentido e perde também a validade. ter as propriedades psicométricas básicas com garantias de alto grau de confiabilidade. REFLEXÃO A utilização de um único teste seria adequado ou suficiente para fins de apreender e com- preender as características do sujeito em um processo de avaliação psicológica? Nesse sentido. o psicólogo deve orientar-se diante do Sistema de Avaliação dos Testes Psicológicos (SATEPSI). Para evitar uma utilização equivocada. Tal preocupação parece justa. percebemos uma grande preocupação com a utilização dos testes. EXEMPLO Um teste de inteligência construído e aprovado para avaliação da inteligência em adultos. Devido aos inúmeros questionamentos acerca da utilização da testagem. posto que se compreende sua utilização como prova cujo resultado vai ser decisivo para a tomada de decisões sobre a vida daquele sujeito. denominando sua reco- mendação em diferentes áreas da Psicologia. Cabe ao psicólogo utilizar somen- te os testes incluídos na lista dos aprovados e cumprir a resolução que rege o código de ética da sua profissão. pode perder sua validade. porém a validade do instrumento utilizado.de avaliação psicológica. quando utilizado indevidamente. mas. Nosso interesse. aqui. No senso comum. um teste pode ser bom. capítulo 1 • 11 . a elaboração e a comercialização de testes psicológicos. você conhecerá os tipos de testes e os mais utilizados. também está relacionada à competência do profissional no que se refere tanto à escolha do instrumento quanto à sua aplicação. quando aplicado em crianças. que descreve os testes devidamente regulamentados. o CFP editou uma resolução que define o uso. que é ga- rantida pelos estudos na construção do próprio teste. é também o de promover uma compreensão que possa remover as ideias pessimistas e ameaçadoras sobre a utilização da testagem em Psicologia. o teste se apresen- ta como teste de personalidade. que visam dar cientificidade. legitimando a utilização da testagem com propósitos de avaliação. devemos buscar no manual seu referencial teórico e suas propriedades psicométricas: vali- dade e fidedignidade. Como podemos confiar nos resultados de um teste? Como podemos saber se o teste está medindo. de fato. Quanto menor a margem de erro mais confiável. mas na realidade mensura características que não corres- pondem ao conceito de personalidade. aquilo que ele disse que iria medir? Todo psicólogo deve ter noções dos parâmetros psicométricos dos instru- mentos de medida. não podemos confiar no “nome” do teste. Chamamos a atenção para o fato de que um teste é válido quando aplicado na população adequada. CURIOSIDADE Você sabia que as propriedades psicométricas são temas que estão sempre em provas de concurso público? Vale a pena estudar! Para Pasquali (2007). Como nosso fenômeno é muito subjetivo e nos- sos instrumentos não conseguem mensurar diretamente. É confiável o instrumento que não apresenta erros. ou seja. quem garante a qualidade da medida é a qualidade do instrumento. você terá acesso à estatística bási- ca e compreenderá melhor os conceitos a seguir. Não podemos confundir com a chamada “validade aparente”. Devemos verificar se ele tem consistência interna que garanta certeza de que seu resultado seja confiável. No capítulo 3 deste livro. E a validade do instrumento diz respeito exclusivamente à perti- nência do instrumento em relação ao objeto que se quer medir. Portanto. 12 • capítulo 1 . CONCEITO Fidedignidade se refere ao grau de precisão do instrumento. a característica que informa medir. Validade se refere à capacidade do instrumento de medir o traço. caso contrário será um enorme prejuízo para o sujeito que passou pelo processo de avaliação. . portanto. e. com a finalidade de produzir. (CFP.2010. como a observação e a entrevista.cfp. Os alunos de Psicologia devem se capacitar para: •  Reconhecer o tipo de instrumento adequado aos seus objetivos psicológicos. •  Aplicar adequadamente. cumprindo as instruções contidas no manual.) instituiu em 2003 o Sistema de Avaliação dos Testes Psicológicos (Satepsi) como uma de suas ações permanentes para qualificar os métodos e as técnicas empre- gados no processo de avaliação psicológica. levando em consideração os outros métodos utilizados. bem como na cons- trução de políticas comprometidas com o rigor científico e ético. orientou as ações desenvolvidas na gestão de 2005 a 2007 e 2008 a 2010.br/> e identificar um teste fa- vorável e um teste desfavorável e descobrir o porquê do parecer. Fica ao encargo do CFP que: (.. requer cuidados no plane- jamento. Da garantia da competência do instrumento já falamos anteriormente. Nesse processo reuniu um conjunto de profissionais da área que contribuíram com produções teóricas e metodológicas sobre essa prática privativa do psicólogo brasileiro. •  Interpretar de maneira correta todo material resultante da testagem.16). produto dos trabalhos da Comissão instaurada no período de 2002 a 2004. ESTUDO DE CASO O aluno deve acessar o SATEPSI em <http://satepsi. Para o CFP (2010): A avaliação psicológica é um processo de construção de conhecimentos acerca de aspectos psicológicos. p. •  Apurar com cautela os resultados. na análise e na síntese dos resultados obtidos.org. monitorar e encaminhar ações e intervenções sobre a pessoa avaliada. capítulo 1 • 13 . Foi um marco no avanço da qualidade dos instrumentos utilizados na avaliação psicológica. p.11). (CFP 2010. orientar. A Resolução CFP nº 002/2003. 2010). Mais do que isso. especialmente em avaliação psicológica. porém. CURIOSIDADE No dia 27 de agosto é comemorado o dia do Psicólogo. é importante tornar sua utilização mais pautada à promoção de visibilidade ao sujeito como um todo do que à patologia. ATENÇÃO Para o CRP. tornando-a mais coerente aos objetivos do psicó- logo. 14 • capítulo 1 . nosso trabalho será reconhecido como fundamental nas diversas áreas de atuação. se encontra definida na Lei nº 4. ATIVIDADE O aluno deve fazer busca no site do CFP e consultar o Manual de Avaliação psicológica: dire- trizes na regulamentação da profissão. Para que isso ocorra.119 de 27 de agosto de 1962 (alínea a. sendo indispensável aprimorar a formação em psicologia. O CFP chama a atenção para o fato de que não basta esclarecer a sociedade sobre a importância da avaliação psicológica. do parágrafo 1º do artigo 13). ao dar respostas às necessidades do entrevistado/avaliado. é preciso que se façam investimentos tanto na qualificação dos profissionais da área que fazem uso dos testes psicológicos como instrumentos de avaliação quanto no processo de formação do psicólogo (CFP. Alchieri e Noronha (2005) reforçam a necessidade de conhecer melhor os ins- trumentos disponíveis no Brasil. identificar a conceituação de instrumento e formular a diferenciação entre método e técnica de avaliação psicológica. Assim. Ainda com relação à discussão sobre o ensino da Avaliação Psicológica. a avaliação psicológica é uma função privativa do psicólogo e. como tal. conhecer as áreas mais comuns para utilização da avalia- ção psicológica. Permitindo àqueles que já estão em uma carreira REORIENTAÇÃO profissional insatisfeitos encontrar suas habilidades e PROFISSIONAL abrir seu leque de possibilidades para que. Além de exigido por lei. de forma consciente. capítulo 1 • 15 . PROCESSOS Para verificar se um candidato está apto para deter- SELETIVOS minada função em uma empresa. aferindo-se a uma estrutura PORTE DE ARMAS de personalidade que o torna apto ou não à obtenção do porte de armas.1. reconhecer e demonstrar registros psicológicos com veracidade PERÍCIAS JUDICIAIS dos fatos. então. Visando verificar características comportamentais e CONCURSOS equilíbrio emocional ideal com a sua formação e o PÚBLICOS exercício da profissão. estabelece critérios do perfil psicológico do indivíduo. procedidos de alterações que podem ser perceptivas. Como meio de demonstrar evidências. cognitivas e afetivas.1. Possibilitar ao sujeito a percepção de suas habili- ORIENTAÇÃO dades e assim reduzir seu grau de ansiedade afim VOCACIONAL de auxiliar sua tomada de decisão quanto à escolha profissional. possa utilizar todo o seu potencial.1  Áreas de aplicação da avaliação psicológica Vamos. Cada um dos aspectos mencionados tem uma função distinta e pode ser feito de modo isolado.2  Critérios de uma avaliação De acordo com Alchieri (2003): Podemos representar a avaliação psicológica como sendo resultante de três critérios ou aspectos interdependentes. MEDIDA INSTRUMENTO AVALIAÇÃO A medida. como informa Alchieri (2003). a saber: a medida. que oferece um valor de magnitude ao objeto estudado. (Pág.1. portanto cedendo objetividade. uma via própria de compreensão do seu objeto de investigação. denominado de fenômenos ou processos psicológicos.24). ACOMPANHAMENTO Para fins de coleta de informações relevantes para CLÍNICO / ESCOLAR intervenções. 1. o instrumento e o processo de ava- liação. Em conjunto com uma equipe multiprofissional. avaliando se ele está apto a um (CNH) desempenho adequado no trânsito. Reconhecemos que a linguagem 16 • capítulo 1 . pois só será considerado um processo de avaliação psicológica quando resultante da combinação desses três aspectos isolados. CARTEIRA NACIONAL São utilizados diversos testes para verificar as con- DE HABILITAÇÃO dições do candidato. Cada um deles possui uma representação teórica e metodológica própria e que concebe assim. de forma constitutiva. é a res- ponsável por traduzir para a linguagem matemática a compreensão do fenôme- no observado. o CIRURGIAS PLÁSTICA sujeito passa por uma avaliação para melhor adesão E BARIÁTRICA ao tratamento. na investigação psicológica. capítulo 1 • 17 . que está apertada. porém muito conturbado por coisas e pessoas. mas não é! Estava fazen- do referência à casa do botão da minha calça. mensurar esse aspec- to comportamental. A avaliação psicológica em si. conforme já evidenciado. poderia mesmo ter sido isso a que estou me referindo. diz respeito a uma preocupação não só com a medi- da ou o instrumento a ser utilizado. como testes. indiretamente. ao qual estava segurando. e. os instrumentos são os testes que podem representar pela medida uma determinada ação que equivale a um comportamento. 2003). poderá imaginar mui- tas pessoas ou poderá imaginar um ambiente grande. resultantes de um conjunto de procedimentos confiáveis que permitam ao psicólogo avaliar o comportamento. por isso. No entanto. Quando digo que dois mais dois são quatro. Para Alchieri (2003).verbal é ambígua. caro leitor. Esse assunto será ampla- mente discutido mais adiante. dinâmicas de grupo. e um fenômeno pode ser interpretado de muitas maneiras. Podemos considerar como instrumento todo recurso usado para fins de coleta de informações. porque a linguagem dos números me garante a objetividade. ques- tionários. quando utilizo a linguagem verbal para expressar aquilo que observo ou penso em um determinado momento. Por isso. Portanto. mas com a habilidade e a competência do profissional de psicologia para sua correta utilização. entrevistas. é um processo que se refere à coleta e interpretação de informações psicológicas. Imaginou? Você pode ter imaginado muitos móveis em um ambiente mínimo. O fato de realizar operações científicas para estudar fenômenos e processos psicológicos supõe que uma das maneiras mais objetivas de observar e avaliar é através da medida (Alchieri. será que você escuta ou compreende exatamente o que eu quis dizer? EXEMPLO Sugiro a você. não há dúvida alguma de que está certo. Decerto. o botão não entra. e assim. que faça uma representação mental daquilo que estou falando: “Esta é uma casa pequena”. a medida nos garante um caráter de objetividade. 2000). 2007). Quando um teste é construído. Para Pasquali (2001).3  Os testes psicológicos Os testes servem para fornecer informações sobre os indivíduos para a tomada de alguma decisão com respeito a estes.8). Os testes são construídos com rigor absoluto para que seus itens possam expressar a representação comportamental de um traço latente3 . entrevistas. p. traços latentes.1. Os testes psicológicos são caracterizados por um conjunto de tarefas ou problemas que o sujeito deve resolver ou responder em uma situação sistemati- zada. Como o comportamento humano ocorre nas mais variadas situações. (CFP. cuja principal fonte de informação são os testes psicológicos de diferentes tipos. 3  Traços latentes podem ser considerados habilidades. testes. seus itens possam realmente expressar aquela característica que ele informa medir. traços ou construtos psicológicos não observáveis. enquanto que a testagem psicológica pode ser considerada um processo diferente. 18 • capítulo 1 . o teste é um conjunto de comportamen- tos que querem expressar. subjacentes ao comportamento observável dos indivíduos. O Conselho Federal de Psicologia (2013) faz a distinção entre Avaliação Psicológica e Teste Psicológico: A avaliação psicológica é um processo amplo que envolve a integração de informa- ções provenientes de diversas fontes. passa por uma série de etapas para que. e não outros comportamentos. demonstrados por suas respostas aos itens do teste (Urbina. em termos físicos. por razões e objetivos diferentes. O fato é que um teste psicológi- co é uma medida objetiva e padronizada de uma amostra de comportamento (Anastasi. isto é. Seu valor preditivo vai depender do grau em que ele serve de indicador de uma área do comportamento. na sua forma final. observações e análise de documentos. proces- sos mentais. Cronbach (1996) afirma que um teste é um procedimento sistemático para observar o comportamento e descrevê-lo com a ajuda de escalas numéricas ou categorias fixas.1.2013. Eles visam apresentar dados confiáveis para alguma intervenção. os testes também deverão ter objetivos diferen- ciados: um teste pode ser apropriado para uma situação e menos apropriado para outra. dentre elas. mas.cfp. em 2013. aptidões específicas.br>. O estímulo incompleto favorece a projeção de sua experiência interna. Testes projetivos são aqueles que têm análise qualitativa. Um exemplo de teste projetivo é aquele em que nos é solicitado desenhar uma casa. capítulo 1 • 19 . você vai compreender melhor como entender a linguagem numérica. uma pessoa. uma árvore. uma cartilha de avalia- ção psicológica? Você pode baixar o arquivo através do site: <http://www.org. além de inventários de personalidade. Mas como assim? O número fala? Sim. CONCEITO Testes psicométricos são aqueles cujos resultados são valores numéricos. como podemos obter o diagnóstico? A partir da constância das respostas apresentadas. O sujeito recebe uma tarefa não estruturada ou pouco estruturada. por isso são objetivos. a interpreta. Em geral são utilizados para a medida da capaci- dade geral. Os testes psicométricos têm ênfase na padronização e parâmetros que garantam a vera- cidade e a precisão dos resultados obtidos. Ou seja. precisamos entender um pouco sobre suas propriedades. para compreender sua linguagem. CURIOSIDADE Você sabia que o Conselho Federal de Psicologia lançou. Portanto. No capítulo sobre a estatística básica. por fim. o resultado é um número que vai nos dizer algo a respeito daquela pessoa avaliada. Então. As respostas podem variar de sujeito para sujeito. atitudes e interesses. não é um número que me fala alguma coisa sobre o sujeito avaliado. distorce o estímulo e. devido à sua falta de clareza. e suas res- postas são transformadas em números com determinado grau de magnitude e depois comparadas aos resultados nas tabelas estatísticas que permitem situar o comportamento do indivíduo testado às respostas da população amostral. as tarefas são apresentadas ao sujeito. (Japiassu. No processo entre perceber e interpretar o estímulo rece- bido. ela é distor- cida e. muitos poderão responder prontamente: é um triângulo. já está carregada de informações daquele sujeito. 4  Gestalt é um princípio psicológico segundo o qual não percebemos jamais senão conjuntos de elementos. EXEMPLO Quando questionados sobre o que está desenhado na figura. quando interpretada. o que temos aqui são três retas que se encontram em duas extremidades. sem formas muito claras. o sujeito que sente necessidade de fechar a Gestalt4 projeta algo que é seu. Ao projetar algo seu àquela imagem. CONCEITO Uma amostra é uma seleção de elementos de uma população. o sujeito recebe uma tarefa pouco estruturada. CURIOSIDADE Você vai aprender a trabalhar com os testes projetivos em Técnicas e Exames Psicológicos II. 20 • capítulo 1 . 2001). Porém. Já nos testes projetivos. Nos testes psicométricos. que é o grupo de referência. Devemos estar seguros de que sabemos qual é a população estudada e escolher a amostra desta população. 1. 1989 in Anastasi & Urbina. nós a compreendemos como a área que estuda a medida em psicologia. para compreender as partes. Existem repetidos relatos do sistema de exames no serviço civil utilizado no império chinês por aproximadamente dois mil anos (Bowman. que é uma área da Psicologia que pretende estudar o fenômeno psicológico. é preciso. 1. Para tan- to. Sendo assim. vamos apresentar um quadro que pretende situar o surgimento dos testes.4  A história do surgimento dos testes A partir de agora vamos encaminhá-lo para uma breve viagem no tempo com a intenção de tornar mais evidente a história da testagem em Psicologia. Deve ser. RESUMO A psicologia da Gestalt surgiu com Max Wertheimer. Antes. Para Pasquali (2003). capítulo 1 • 21 . ATENÇÃO Não se preocupe. a Psicometria deve ser concebida como um ramo da psicologia que se caracteriza por expressar (observar) o fenômeno psicológico através do número. antes. É uma doutrina que defende a ideia de que. compreender o todo. um exímio conhecedor da teoria psicológica! As raízes da testagem estão perdidas na antiguidade. assunto que pa- rece sempre muito difícil para o aluno da psicologia e a maioria dos cientistas sociais. em vez da pura descrição verbal. 2000). que esclarece que a mente acrescenta os elementos em falta para completar uma figura. Entre as principais leis anunciadas pela corrente da Gestalt está a do fechamento. você não necessita ser um exímio estatístico. caro aluno! Pasquali (2003) informa que. sim. Leia mais sobre os conceitos da Gestalt. para ser um bom psicometrista. Vamos começar pelo surgimento da Psicometria. porém. e seu objeto é o nú- mero. vamos falar sobre a medida em Psicologia. lhe rendeu uma série de estudos. evidenciando sua relevância para a época. sermões di- versos dos professores e conflitos com os colegas de classe. assim como as vantagens. industriais e democráticas. Como possuía grande fortuna. Para Urbina (2007). mesmo assim. inventou o mapa do tempo e foi o primeiro a utilizar termos como “frentes”. Seu maior interesse versava nas medidas das coisas. Pasquali (2001) observa o registro de obras importantes que representam a avaliação psicológica separadamente por décadas. como os conhecemos hoje em dia. Aos 16 anos. havia pouca necessidade de que as pessoas tomassem decisões a respeito de outras e. há uma série de cientistas que desempenharam um relevan- te papel. os testes. muito antes do século XX já existiam diversos precursores do que conhecemos hoje como testagem moderna. 22 • capítulo 1 . começou seus estudos de medicina. Afirmam Hergenhahn e Henley (2000. o uso mais básico de um teste é como ferramenta na tomada de decisões que envolvem pessoas. Contudo. Anastasi & Urbina (2000) chamam atenção de que as limitações. que apresentamos abaixo a título de curiosidade: •  Em suas tentativas de medir e prever o tempo. No entanto. porém nunca chegou a concluir o curso. e com a idade de 5 anos já conseguia ler qualquer livro em língua inglesa. que caracterizam os testes atuais se tornam mais inteligí- veis quando comparadas ao background em que eles se originaram. em uma grande família de um ban- queiro. a) Década de Galton – 1880 – Inglaterra Sir Francis Galton nasceu na Inglaterra. Segundo Pasquali (2001). acabou por experimentar uma série de violências físicas. p. ao ser enviado para a escola. Para ela. antes do estabelecimento de sociedades urbanas. dedicou-se a estudar e traba- lhar naquilo que mais lhe interessasse no momento – o que o levou a grandes ex- plorações da África e ao reconhecimento da Royal Geographic Society em 1853. alguns até en- graçados. na história do desenvolvimento dos tes- tes psicológicos. 266) que Galton apresentava genialidade: com instrução caseira aprendeu a ler e escrever aos 2 anos e meio. da- tam do início do século XX. como ser chicoteado por motivos “pedagógicos”. segundo Hergenhahn e Henley (2000). “altas”. Citaremos alguns desses autores. o que. “baixas”. é ainda hoje considerado o texto seminal sobre a formação das ideias eugênicas (STEPAN. Confiava na teoria da seleção natural. 267). Criou o termo “eugenia5”. 1985: 9-13. B. p. Foi responsável pelo desenvolvimento de escalas de atitude e pelos métodos estatísticos dos dados coletados em seus estudos. (HERGENHAHN. R. com base na hipótese da hereditariedade. um homem de grande capacidade teria filhos também extraordinários. Em sua tese. •  Ele mediu o nível de tédio observado em palestras científicas. Nancy Stepan explica que o livro Hereditary genius. publicado por Francis Galton em 1969. 2000 p. interesse pela avaliação das aptidões e desenvolveu meio para compreen- dê-las a partir de medidas sensoriais. ver também Kevles. •  Ele tentou determinar qual país tinha as mulheres mais bonitas.ORG Francis Galton tinha.20) sua contribuição foi fundamental para o surgimento da teoria dos testes ou da Psicometria. acreditava que na luta pela so- brevivência os seres humanos menos valiosos desapareceriam e. recebeu grande influência de suas ideias. 1º ed California: Wadsworth. assim. surgiu a ideologia de utilização da ciência para a melhoria da raça humana. •  Foi o primeiro a sugerir que as impressões digitais poderiam ser utilizadas como identificação pessoal de indivíduos – procedimento mais tarde utilizado pela Scotland Yard. capítulo 1 • 23 . Sobre a trajetória de Francis Galton. An Introduction to the History of Psychology. Francis Galton é apontado por autores como Bodeker (2005. (Erthal. Galton. para Pasquali (2001. p. criou instrumentos de medida. 5  Apesar de o termo “eugenia” ter sido cunhado em 1883.17). Francis Galton Primo de Charles Darwin (1809-1882). Tracy. pág. •  Ele tentou determinar a efetividade da reza (e a considerou inefetiva). HENLEY. ©© WIKIMEDIA. 1991: 3).2003.tornando-se pioneiro na criação de escalas e questionários e o primeiro a se preocupar com a necessidade de padronização dos testes. na tentativa de verificar semelhanças e diferenças entre pessoas afins ou não. embora seus testes não tivessem produzido resultados satisfatórios. 2) como o in- trodutor de uma abordagem psicométrica à criatividade e. também. o abuso da discriminação. na França. o termo “teste mental” (mental test) para as provas aplicadas aos alunos universitários. propondo-se a medir as funções mais complexas. surgiu o pedagogo e psicólogo francês Alfred Binet (1857- 1911) e com ele realmente começaram os testes de inteligência.20) c) Década de Binet – 1900 – França Então. filósofos e sociólogos chamam a atenção para os problemas éticos na eugenia. os resultados dos seus próprios testes também não foram sa- tisfatórios. por exemplo. Estava preocupado em como ajudar crianças que ti- 24 • capítulo 1 . historicamente ficaram marcadas por suas relações com Adolf Hitler (1889-1945) e o nazismo. o que fez sucesso internacional. Percebeu que algumas medidas objetivas para avaliação das funções mais complexas não produziam resultados condizentes com o desempenho acadê- mico. como. (Pasquali 2003. em seu artigo de 1890. b) Década de Cattell –1890 – EUA Cattell. Ele não pensava no determinismo biológico nem na hereditariedade. o termo “eugenia” é definido como o estudo das condições mais propícias à reprodução e melhora da raça humana. apesar de terem sido desenvolvidas e estudadas por intelectuais e estudiosos da época. com a intenção de avaliar seu nível intelectual. desenvolveu suas medi- das de diferenças individuais dando ênfase. ainda. psicólogo americano. às medidas sensoriais por considerá-las mais precisas. Contudo. Ficou famoso ao usar. influenciado por Galton. REFLEXÃO Devido à associação com a ideia de pureza das raças. p. que culminou no Holocausto. CONCEITO No dicionário. CURIOSIDADE As ideias eugenistas. para medir funções mais amplas como a memó- ria. Binet e Simon (in Tyler. que. inaugurando de uma vez por todas a era dos testes. capítulo 1 • 25 . inclusive com a introdu- ção do Q.ORG Lembramos que os primeiros tes- tes mentais práticos surgiram.nham problemas na escola e que não se desenvolviam tão bem quanto as ou- tras. a partir da tradição humanista. auxiliar para que essas crianças progredissem mais.. iniciou-se a era dos testes de inteligência. considerados demasiadamente sensoriais. ©© WIKIMEDIA. Segundo Pasquali (2001. tal como Spearman na Inglaterra. a ima- ginação. Elabora tenha construído testes de conteúdo mais cognitivo. incluindo de Q. é uma revisão do trabalho anteriormente realizado entre Binet e Henri. em 1905. Alfred Binet O primeiro teste com validade produzido para medir inteligência foi desen- volvido por Binet (1857-1911) e pelo químico e fisiologista franco-russo Victor Henri (1872-1940) no ano 1895. a atenção. p. Este teste foi melhorado em 1905 por Binet e Simon. então. outros grandes estudiosos foram de extrema importância. em como medir e criar instrumentos para avaliar e. termo criado por Stern em 1912. na França. Foi assim que. Embora Binet tenha sido o marco dessa época. p. esta orientação de Binet e Simon em elabo- rar testes de conteúdo mais cognitivo fez grande sucesso nos anos subsequen- tes. pág. 2003. conforme apontado na introdução à parte histórica. cons- tituindo.22). conforme aponta McDonald (1999. cujo interesse era o bem-estar social. o início do que hoje grande parte da população conhece por Testes de QI (Testes de Quociente de Inteligência). consistindo em uma série de itens passíveis de escolha em que a porcentagem de respostas corretas tenderia a aumentar com a idade cronológica. a Escala Binet-Simon (Erthal. eles desenvolveram.1956) criticaram os testes até então desenvolvidos.I. 2001).17).I. assim. que funda- mentou a teoria da Psicometria clássica (Pasquali. Assim. para compreen- der as causas de reprovação na escola.20). seria possível estabelecer a “idade mental” com base nos resultados colhidos com uma série de indivíduos. a compreensão. Assim se chegaria a duas descrições de inteligências possíveis. mas a maioria dos 6  Em tradução livre: “Inteligência geral. 278) explicam esta aná- lise como capacidade de “medir tanto um indivíduo ou um grupo de indivíduos de formas variadas. Segundo Hergenhahn e Henley (2000. ao retornar à Inglaterra. podemos afirmar que os testes de QI são medidas conforme identificadas pelo fator G de Spearman.”6 . música). Spearman descobriu. línguas. p. 279). objetivamente determinada e medida”. Após. assim como Spearman en- tendia a inteligência como hereditária. B) fator geral (G). 7  É a técnica para se reduzir o número de variáveis de uma base de dados. Spearman entrou em contato com a obra de Galton após reprodu- zir seus experimentos com sucesso. calculadas a partir dos dados originais. que a inteligência poderia ser explicada por dois fatores: A) fatores específicos (matemática. e) A era dos testes de inteligência – 1910/1930 Com a Primeira Guerra Mundial (1916). p. buscando gerar um número menor de novas variáveis latentes. ao contrário das teorias de Binet. Por conseguinte. sua concepção de inteligência é que predominou nos Estados Unidos da América. Em 1904. todas as medidas são intercorrelacionadas para de- terminar quais delas variam de modo sistemático”. e foi além. a S (especí- fica) e a G (geral). quando começou a estudar psicologia. seriam importantes por enfatizar a natureza unitária da inteli- gência. na Alemanha. Hergenhahn e Henley (2000.d) Charles Spearman e o conceito de “inteligência geral” Charles Spearman (1863-1945) teve uma carreira predominantemente militar até os 34 anos. p. 277). Foram criadas centenas de testes. O objetivo era medir a inteligência como um todo. então. por fim. 26 • capítulo 1 . Objectively Determined and Measured. enquanto Binet enfatizava sua diversidade. enquanto Binet a observava como mo- dificável através da experiência e. e suas conclusões. que ganhou a letra S como identificador. o que o auxiliou a conseguir uma posição na Universidade de Londres. publicou o seu artigo chamado “‘General Intelligence. sendo aluno de Wundt e Külpe. surgiu a necessidade de realização de testes para convocação para o Exército americano. o que confirmou uma premissa de Galton sobre a acuidade sensorial e a inteligência terem uma relação. conforme apontam Hergenhahn e Henley (2000. onde seus estudos foram a base para o que se chama de “análises fatoriais”7 . que teria uma ligação determi- nante com as questões hereditárias. daí a sua importância na próxima era a ser estudada. CONCEITO Análise fatorial é uma análise multivariada que se aplica à busca de fatores num conjunto de medidas realizadas (Pereira. Depois surgiram os testes de aptidão e de personalidade. g) A era da sistematização – 1940/1980 Para Pasquali (2001. Harman (1967). a Análise Fatorial. Verifique o assunto no capítulo que aborda a estatística. assim. (Almeida. Psicólogos estatísticos começaram a repensar as ideias de Spearman e sur- giu. Torgerson (1958). Thurstone (1947). Spearman (1927) é autor da primeira teoria de inteligência baseada na análise estatística dos resultados nos testes. Ambas tinham a intenção de resgatar a confiabilidade dos testes psi- cológicos. a American Psychological Association – APA – introduziu as normas de elaboração e uso dos testes. f) Década da Analise Fatorial – 1930 Década marcada pelo declínio dos testes de inteligência e a desilusão com a ideia de um fator geral universal (fator G de Spearman)8 capaz de avaliar um elemento básico geral. 2004). Na mesma época. Em sua opinião.testes criados media apenas algum aspecto da inteligência. independentemente da cultura e do local onde os sujeitos teriam sido criados. havia o interesse em sistematizar os avanços da Psicometria através dos estudos de Gulliksen (1950). são diversos os testes que buscam a mensuração dos aspectos do comportamento humano (Pasquali. que seria universal. a inteligência poderia ser definida através de um fator simples (fator g) subjacente a todo tipo de atividade intelectual e responsável pela maior parte da variância encontrada nos testes. Cattell (1965) e Guilford (1967). capítulo 1 • 27 . 8  Relembrando: Fator G – proposta de que haja um elemento básico e comum a todas as atividades cognitivas (teoria do fator geral ou g).24). universal e efi- caz culminaram para o desenvolvimento dessa era dos testes de inteligência. O artigo de Spear- man sobre o Fator G (1904) e a revisão do teste de Binet (1916) junto ao impacto da guerra com a imposição de um processo de seleção rápida. este foi um período marcado por duas tendências opostas. p. Nas obras de síntese. 2002). trazendo reconhecido avanço para a Psicometria. Hoje. 2001). que. Outra tendência crítica que surgiu na tentativa de superar as dificuldades da psicometria clássica foi a partir de Sternberg (1977. corresponde ao que a TRI cha- ma de escore verdadeiro. por sua vez.©© PIXABAY. Sendo assim apresentado. 2001). sistematizada pelo próprio Lord (1980).COM Nas obras consideradas de crítica. compreendemos a necessidade de muita cautela na construção do teste. representa um traço latente que pode ser. ainda não conseguiu resolver todos os problemas da Psicometria. mas substitui parte do modelo clássico e é baseada no modelo do traço latente (Pasquali. O modelo do traço latente. foram levantados os problemas da teoria clássica. segundo Urbina (2007). h) A era da Psicometria moderna – 1980 Esta era culmina com o surgimento da TRI – Teoria de Resposta ao Item –. obtendo um escore total (a soma dos pontos correspondentes às respostas consideradas 28 • capítulo 1 . Com a obra de Lord e Novick (1968) tivemos o ponto de partida para a teoria moderna da psicometria. tem bases no escore bruto de um sujeito (seu resultado em um teste) que. por ser uma variável abstrata. conhecida como Teoria de Resposta ao Item. Vamos compreender que um teste é composto por uma série de itens (tare- fas) e recebe um ponto por cada tarefa corretamente respondida. traços ou construtos psicológicos não observáveis. 1985). segundo a Teoria de Resposta ao Item (TRI). portanto não observável. como aqueles referentes às escalas de medida. 2001). de- monstrados por suas respostas aos itens do teste. a começar pela seleção dos itens que vão compor a sua forma final. através da psicologia cognitiva e de seus estudos na área da inteligência. 1982. Embora esta teoria seja considerada um modelo do primeiro mundo. (Pasquali. subjacentes ao comportamento observável dos indivíduos. habilidades. que foi sistematizada a partir da obra de Lord e Novick (1968). Quanto menor a possibilidade de erro ine- rente à medida. analisando as suas respostas aos itens especificados. O impacto da TRI para a Psicometria é devido à sua capacidade em superar limitações consideradas graves da Psicometria clássica. Segundo Urbina (2007). do desenvolvimento e pro- gressos na TRI e da revolução na tecnologia da informática. seu grau de dificuldade e poder de discriminação. maior sua precisão. A partir das respostas dadas pelo sujeito. ATIVIDADES 01. que representa um conjunto de comportamentos. tais como os parâme- tros dos itens. podemos inferir sobre o traço latente do sujeito. está sujeita a uma margem de erro. a TRI está dizendo o seguinte: Você apresenta ao sujeito um estímulo ou uma série de estímulos (tais como itens de um teste) e ele responde aos mesmos. com relação ao conceito de fidedignidade ou precisão. hipotetizando relações entre as respostas observadas deste sujeito com o nível do seu traço latente. 2003). esse escore expressa a magnitude daquilo que o teste mede no sujeito avaliado e. Estas relações podem ser expressas através de uma equação matemática que descreve a forma de função que estas relações assumem (P. além de outros (Pasquali. 83). A geração computadorizada de itens é uma metodologia que está engatinhando e vai cres- cer rapidamente. Por que é considerada atribuição do CFP definir quais são os testes adequados ao uso do psicólogo? 02. Na TRI (Teoria de Resposta ao Item). Na Teoria Clássica dos Testes (TCT).exatas). o foco do interesse está no escore de um teste. Para Pasquali (2003). economia e aplicabilidade. dentre eles a sua aplicabilidade para geração de itens de forma computadorizada. Quais são as propriedades psicométricas dos instrumentos de mensuração? capítulo 1 • 29 . concretamente. devido às grandes vantagens que apresentam em termos de eficiência. o foco está no traço latente. Segundo Pasquali (2003). como esta é uma operação empírica. isto é. vários foram os avanços a partir de alguns conceitos da psicologia cognitiva. desde a década de 1980. Noronha..Onde encontramos as informações básicas sobre a aplicação e a apuração dos resultados? 04.doi.C. Porto Alegre: Artes Médicas. Netherlands: Springer. Qual a sua crítica com relação ao uso dos testes no processo de avaliação? 07. Acesso em: 23 mar. Fundamentos da testagem psicológica.. A. & A.Brasília: CFP. L.br/scielo. v. C. . CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. 23. 2000. 2005. 2016. & URBINA.com.J. 2016. p. P.scielo. ALMEIDA.dicio.br>. CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. As aptidões na definição e avaliação da inteligência: o concurso da análise fatorial. n. Leandro S. Disponível em: <http://www.03. 2005.1590/S0103-863X2002000200002.php?script=sci_arttext&pid=S0103-863X2002000200002&lng=en&nrm=iso>. os testes podem ser considerados um importante instrumento para a sociedade? 06. Qualquer pessoa pode aplicar um teste? E interpretar os escores do teste? 05. J. Cartilha de Avaliação Psicológica 2013. 2013. Howard E. 2010. São Paulo: Casa do Psicólogo. 2003. Por que a utilização de um único instrumento psicológico pode ser considerada um erro para o processo da avaliação? REFERÊNCIAS ALCHIERI . GRUBER. 1996. 500 p. Accesso en: 26 Mar. Disponível em: <http:// www. Avaliação psicológica: conceito. Reflexões Sobre os Instrumentos de Avaliação Psicológica (in Temas em Avaliação Psicológica/ Ricardo Primi. Porto Alegre: Artes MédicasSul. (organizador). 12. Katja (Ed. J. Roberto Moraes Cruz. Ribeirão Preto . Creativity. ANASTASI. 5-17.S. Psychology and the History of Science. Dicionário on line de Português-DICIO.org/10. Testagem Psicológica /Anne Anastasi e Susana Urbina. Porto Alegre: IBAP. http://dx. Apesar das críticas e divergências. P. Brasília. Avaliação psicológica: diretrizes na regulamentação da profissão / Conselho Federal de Psicologia. 30 • capítulo 1 .). BÖDEKER. 2002. ALCHIERI. . São Paulo: Casa do Psicólogo. CRONBACH. Paidéia (Ribeirão Preto). métodos e instrumentos/ João Carlos Alchieri. CFP. In the Name of Eugenics. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.L. 2007. 2004. Vol. 1991. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo. An Introduction to the History of Psychology. MCDONALD. 099-107.L..Mahwah. New Jersey:Taylor & Francis e-Library. 2003. New York. Nancy L. 2003. B. 2009. 2000 p. D. Genetics and the uses of human heredity. PASQUALI. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. Tracy. especial. 267 JAPIASSÚ. Lawrence Erlbaum Associates. Humanas e Sociais. capítulo 1 • 31 . Roderick P. KEVLES. PEREIRA. PASQUALI. pp. C. Petrópolis. RJ: Vozes. STEPAN.E. T. D.ERTHAL. The hour of eugenics: race. Manual de psicometria. Técnicas de Exame Psicológico – TEP.C. & Marcondes.. 23 n. 1985. and nation in Latin America. PASQUALI.. Inc. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 2001. 1º ed California: Wadsworth. – São Paulo: Casa do Psicólogo / Conselho Federal de Psicologia. Knopf.Test theory: a unified treatment. Luiz Pasquali organizador. L. 2001. HENLEY. Manual de psicometria. Londres: Cornel University Press. J. Psicometria: teoria dos testes na psicologia e na educação. J. TYLER. HERGENHAHN. Gender. The Psicology of Human Differences in Erthal. 2003. H. R. Análise de Dados Qualitativos: Estratégias Metodológicas para as Ciências da Saúde. L. Validade dos Testes Psicológicos: Será Possível Reencontrar o Caminho? Psicologia: Teoria e Pesquisa. Dicionário Básico de Filosofia. 32 • capítulo 1 . 2 Métodos para coleta de informações Por Elisabete Shineidr . já que são inúmeras as atividades exercidas pelo psicólogo. Por isso a importância de instrumentos adequados e psicólogos ha- bilitados para sua utilização. 2003). que. técnicas e instrumentos adequados.1  Os instrumentos utilizados na avaliação psicológica Sendo a Avaliação Psicológica a atribuição de qualidade aos valores numé- ricos obtidos através da medida. Apresentaremos. assim como suas limitações. 34 • capítulo 2 . Você já sabe o quanto é importante colher informações de forma criteriosa para fins de avaliação psicológica. •  Compreender como interpretar os resultados e como deve ser feito um informe deles. então envolve sempre um juízo de valor (Er- thal. também. os respectivos instrumentos. para cada uma das técnicas. sendo um processo técnico-científico. OBJETIVOS •  Compreender a importância da entrevista e da testagem como instrumentos de avalia- ção psicológica. Já sabe. •  Refletir sobre as condições e os procedimentos necessários para a aplicação de uma entrevista ou teste. você precisa conhecer quais são as técnicas que podem ser empregadas e reconhecer quais as mais apropriadas para as diversas finalidades. podemos citar a observação. a inquirição e a testagem (Erthal. Agora. Dentre as técnicas utilizadas para a coleta de informações para fins de avaliação psicológica.2003). deve utilizar métodos.  Métodos para coleta de informações 2. Todas as técnicas são importantes para fins de coleta de informações.2. •  Reconhecer o papel do psicólogo ao utilizar seus instrumentos. Dentre os instrumentos de inquirição.2003) Todas as técnicas são de grande valor. de modo geral. Quanto à testa- gem. devemos utilizar os testes padronizados que são aprovados pelo Satepsi. capítulo 2 • 35 . (Erthal. hospitais e em qualquer contexto. Testagem Testes padronizados CONCEITO Técnica de avaliação é o método utilizado para obtenção da informação. Instrumento é o recurso usado para esse fim. mas sua aplicação é amplamente utilizada em programas que trabalham o com- portamento em escolas. Resgistro de comportamento 1. Inquisição Levantamento de opinião Entrevista Testes não padronizados 3. A observação direta do comportamento é uma das técnicas que empregamos. Os testes nos apresentam muitas informações a respeito do comportamento e da personalidade de uma pessoa. Na Psicologia.1  A observação A observação naturalista tem sido muito útil para os psicólogos infantis. Observação Escala de classificação Inventário Questionário Escala de atitude 2.1. fazemos uso mais comumente da entrevista. para fins de ava- liação psicológica. clínicas. faze- mos uso da observação. 2. mas não podemos depender somente deles. Anastasi (2000) menciona que as observações naturalistas têm muito em comum com os testes situacionais. O sistema gráfico é prático e muito utilizado. 36 • capítulo 2 . 2000). Quanto às escalas de classificação. são instrumentos que ob- jetivam ordenar os eventos. a observação é uma das técnicas utilizadas para coleta de informa- ções. 2003). Fica evidente que os registros devem ser feitos sem a introdução da opinião ou do julgamento do observador. e os instrumentos de observação mais conhecidos são os registros do comportamento e escalas de classificação. Então. mantendo um intervalo fixo entre eles.As observações diretas do comportamento desempenham um papel essencial na avaliação da personalidade. São muito utilizadas em situações organizacionais e educacionais. VAMOS LEMBRAR ©© PIXABAY. A linha representa o grau de magnitude delimitada ao traço avaliado. O observador vai marcar de acordo com suas observações. CONCEITO Um teste situacional é aquele que coloca o testando em uma situação que simula uma situa- ção de critério de “vida real”.COM Observação é a simples constatação de um fato exatamente como se apresenta ao indivíduo (Erthal. O primeiro é composto por anota- ções escritas sobre o comportamento padronizado observado. mas também pode ser utilizado na clínica. Para cons- truir uma escala de classificação utilizando o sistema gráfico. devemos primei- ro definir as características a serem observadas. seja clínica ou em qualquer outro contexto (Anastasi. perguntar. geralmente polêmico. 2. o sujeito recebe um número de afirmações sobre um determinado tema. e deve expressar sua atitude em relação a elas. de Tereza Cristina Erthal. Em uma escala de atitude. você vai encontrar maiores explicações no livro Manual de Psicometria. e o de personalidade. São dois tipos de inventários: o de inte- resse. o indivíduo é seu próprio juiz. impreg- nadas com suas ideias e sentimentos.1. que é profissional ou vocacional. de modo geral.2  A Inquirição Inquirir é arguir. que pode medir traços para identificar as diferenças individuais e assim traçar um diagnóstico e o inventário de ajustamento que mede a capacidade em realizar ajustamentos necessários quando o sujeito está exposto em situações de pressão e tensão. pois lhe cabe dar sua opinião a respeito das in- formações que lhes são apresentadas. No questionário. O questionário pode ser considerado como uma série de perguntas que tem por finalidade obter as respostas do sujeito que estão. geralmente usados como instrumento de autoavaliação. são um tipo de questionário em que são dispostas afirmações sobre um determi- nado tema e o respondente deve concordar ou não. o autor diferencia os inventários das escalas de atitude e do levantamento de opinião. capítulo 2 • 37 .questionar. Dentre os instrumentos de inquirição. Os inventários. Segundo Erthal (2003). Exemplo: Característica ou traço = desenvoltura na conversação Excelente Acima da Média Média Abaixo da Média Deficiente DICA Se você tem interesse em construir uma escala de classificação ou de avaliação. A inquirição é considerada uma das téc- nicas mais importantes e aquela que todo psicólogo utiliza para fins de coleta de informação. Mediano (1976) cita o questionário e a entrevista. Então.ou seja. oferecemos afirmativa são sujeito. as posições dos itens na escala seguem uma ordenação ou avaliação feita previamente por juí- zes. 7. No entanto. O sujeito res- ponde a cada item. quando minha filha me informa de que vai casar com sua namorada. e são apresentados aos juízes (1. mas dire- tamente inferíveis de comportamentos observáveis) e são compostas por três componentes: o cognitivo. indicando graus de acordo ou desacordo.e ele deve expressar sua posição sobre o 38 • capítulo 2 . 1999). Posso ter uma atitude favo- rável a um determinado fato e agir de forma congruente. na hora da ação. as atitudes são variáveis intervenientes (não observáveis. As escalas de Thurstone são escalas diferenciais. fico arrasada. “pimenta nos olhos dos outros é refresco”. ou seja. Nesse tipo de es- cala. São inúmeras as definições de atitude. ATENÇÃO Para Rodrigues (1978). sejam favoráveis ou desfavoráveis ao tema. Neste tipo de escala deve-se obter o maior número possível de afirmações (100 ou mais) sobre o assunto. sendo fei- ta a média da avaliação da consistência de cada afirmativa efetuada pelos juízes. 9 ou 11). exprimindo aspectos diversos. Dentre tantas. Meu discurso é totalmente incongruente com minha ação. EXEMPLO Suponhamos que sou uma pessoa favorável ao casamento homoafetivo. Já as escalas de Likert são consideradas escalas somatórias. tenho uma atitude positiva diante do fato. Segundo Erthal (2003). Mas posso afirmar que sou favorável e. há dois tipos importantes de escalas de atitudes: a escala do tipo Thurstone e a escala do tipo Likert. gostaria de ressaltar aquela que a situa como uma predisposição para a ação. faço o oposto. CONCEITO Atitude pode ser conceituada como sentimentos pró ou contra pessoas e coisas com quem entramos em contato (Rodrigues. Não é a ação em si. o afetivo e o comportamental. 2 pontos para concordo em parte. O referendo é um exem- plo de um levantamento de opinião. a partir de agora. capítulo 2 • 39 .A entrevista psicológica é o instrumento de trabalho não so- mente para o psicólogo. Nesse tipo de es- cala. No entanto.1989) O único instrumento que é unicamente de competência do psicólogo é o teste psicológico. um bate-papo. A avaliação é um processo mais amplo que a medida. enfermeiro. também. (Bleger. A consis- tência interna é o critério para a seleção dos itens (Erthal. mas uma avaliação pode utilizar tanto descrições quantitativas como qualitativas. levando em conta seu aspecto quantitativo numérico. Pode ser apresentado sob o formato de questão única. a observação. é a entrevista que receberá nossa maior atenção. ou ambas. assistente social. e o sujeito vai responder sim ou não. é. a entrevista psicológica é entendida como aquela em que se buscam objetivos psicológicos (investigação. A entrevista não é uma conversação. Toda entrevista deve ser muito bem planejada e sistematizada para que seja eficaz. O levantamento de opinião é um tipo de questionário que busca inquirir in- formações específicas de um único tema. como também para outros profissionais: psiquiatra. pois o inquiridor é aquele que ao mesmo tempo efetua o processo e o avalia. o caro aluno poderá inquirir: mas o que tem a ver inquirição com mensuração? Medir é um ato de colher informações e ordená-las. 4 pontos para discordo em parte e 5 pontos para discordo totalmente. é uma técnica utili- zada para colher informações que serão muito importantes para a vida de al- guém. Erthal (2003) esclarece que a entrevista é mais um processo de obtenção de informação do que propriamente um instrumento. profissional de recursos humanos etc. Contudo. 3 pontos para não tenho opinião. Todos são instrumentos que podem ser utilizados para coleta de dados. A entrevista não é um instrumento de uso apenas do profissional de psicolo- gia. como por exemplo: 1 ponto para concordo plenamente. não são necessários juízes para a classificação das informações. 2003). diagnós- tico entre outros). sociólogo.assunto e o grau em que se sente afetado por elas por intermédio de uma pon- tuação que vai de 1 a 5. Nesse ponto. ESTRUTURADA OU DIRETIVA OU Quando você está trabalhando de uma forma mais objetiva. no sentido de reconduzir o sujeito ao assunto de interesse. SISTEMÁTICA OU FECHADA usa esse tipo de entrevista. OBSERVAÇÃO Vamos distinguir entrevista de consulta e anamnese? CONSULTA é uma assistência profissional. A diferença é que aqui você não tem questões a priori sobre o sujeito. TIPOS DE ENTREVISTAS É aquela em que você já tem uma série de informações preestabelecidas. Sendo fundamental para o método clínico. ENTREVISTA é um procedimento técnico para atender a uma consulta. como. por exemplo. Apesar de não ter uma ordenação rígida. é evidenciada a necessidade de estar atento ao objetivo do psicólogo. vem do grego ana (remontar) emnesis (memória). a entrevista psicológica é um pro- cedimento de investigação científica em psicologia que tem regras. 40 • capítulo 2 . e os NÃO ESTRUTURADA OU NÃO comentários feitos por ele são o material que o entrevista- DIRETIVA OU NÃO SISTEMÁTI- dor usa para avaliar a sua opinião e sua atitude em relação CA OU ABERTA OU DE LIVRE a alguma coisa. por exemplo. Ela está limitada aos fins que se pretende atingir. Aqui cabe ao entrevista- dor intervir. a semiestruturada e a não estruturada. quando necessário. é a evoca- ANAMNESE ção voluntária do passado. É utilizada. Devemos ter atenção ao tipo de entrevista que faremos. vou aplicar a mesma entrevista que utilizaria na área de recrutamento e seleção de pessoal? Não. portanto é controlada. Mais uma vez. objetivando colher maior número de informações. existem três tipos de entrevista: a estruturada. Se estou na área clínica. De acordo com Erthal (2003). As perguntas são de caráter geral. Aqui você dirige e controla. Muito utilizada em situações de seleção de pessoal. na clínica. ESTRUTURAÇÃO há um objetivo específico a ser atingido. O entrevistado escolhe por onde vai começar a falar. o currículo vitae. A não diretividade en- coraja o sujeito a se expressar do modo que desejar. Facilitar a expressão dos motivos que levaram a pessoa a ser encaminhada 3 ou a buscar ajuda. de qualidades gerais de um bom contato social. Fazendo alusão à entrevista aberta ou não estruturada. Por isso. que “todos os tipos de entrevista têm alguma forma de estruturação na medida em que a atividade do entrevistador direciona a entrevista no sentido de alcançar seus objetivos”. especial- 7 mente quando elas atuam diretamente na relação com o entrevistador (transferência). no sentido de estar inteiramente disponível para o outro 1 naquele momento e poder ouvi-lo sem interferência de questões pessoais. refere-se a esse tipo de entrevista como entrevista de livre estruturação. deve ser vista como um contato social entre duas ou mais pessoas. então o entrevistador deve esclare- cê-los através da investigação mais sistemática. Assim. p. (Cunha. 5 Gentilmente confrontar esquivas e contradições. Reconhecer defesas e modos de estruturação do paciente. sobre o qual se apoiam as técnicas clínicas específicas. Assim. Ajudar o paciente a se sentir à vontade e a desenvolver uma aliança de 2 trabalho. Desse modo. capítulo 2 • 41 . na SEMIESTRUTURADA OU entrevista mista. a entrevista estruturada segue-se à não SEMIDIRETIVA OU MISTA estruturada com o objetivo de melhorar a qualidade e a quantidade das informações colhidas.52) aponta algumas habilidades interpessoais que o entrevistador deve ter: O ENTREVISTADOR DEVE SER CAPAZ DE: Estar presente. a execução da técnica é influenciada pelas habilidades interpessoais do entrevistador. ao abordar as entrevistas clínicas.52). 2000. TIPOS DE ENTREVISTAS Pode acontecer que muitos dados deixam de ser falados na entrevista aberta. portanto. Cunha (2000. É frequentemente usada no psicodiagnóstico e em situações de orientação profissional. 6 Tolerar a ansiedade relacionada aos temas evocados na entrevista. p. Cunha (2000) argu- menta. Uma entrevista. na prática. antes de poder ser considerada uma técnica. 4 Buscar esclarecimentos para colocações vagas ou incompletas.para realizar uma boa entrevista. O sucesso da entrevista depen- derá. poderá implicar em um exame de sua própria vida. focalizar sua atenção no paciente. na sua atuação. que estará em uma relação interpessoal. 10 Dominar as técnicas que utiliza. Você já pode perceber que o ambiente onde ocorrem essas relações interpessoais é de expressiva impor- tância.1998). (p. o campo da entrevista é dinâmico. a qual o entrevistador deverá ser capaz de tolerar (Bleger. Então. Para tanto. Com a prática e a experiência. para estar presente e poder ouvir o paciente. Sendo o campo a dinâmica que se estabelece a partir do contato entre entre- vistador e entrevistado. De acordo com Cunha (2000). pois está sujeito a mudanças. com características particulares. Por isso. que se estabelece entre pelo menos duas pessoas. Bleger (1998) chama a atenção que: 42 • capítulo 2 . 9 Assumir a iniciativa em momentos de impasse. o entrevista- dor deve estar dissociado. Para Bleger (1998). e a observação deve ser estendida do campo específico existente em cada momento à continuidade e sentido dessas mudanças. ao colher as informações sobre a vida do paciente.11). é preciso o controle do grau de ansiedade.1998). Toda investigação implica em certo grau de ansiedade diante do desconhecido. Todo entrevistador deve ter domínio das técnicas que utiliza para sentir se- gurança e possa estar preocupado com o processo e não o que precisa ou deve fazer. e o objeto que se estuda é outro ser humano. de maneira a conseguir graduar o impacto emocio- nal e a desorganização ansiosa (Bleger. onde estão presentes características de personalidade de um e de outro. Ao levar que consideração que o instrumento de trabalho do entrevistador é ele mesmo. o entrevistador deve ser capaz de isolar outras preocupações e. O ENTREVISTADOR DEVE SER CAPAZ DE: 8 Compreender seus processos contra transferenciais. Toda entrevista psicológica é uma relação. devemos ter cautela para que não haja variações que causem interferências no campo. A ansiedade do entrevistador é um dos fatores mais difíceis de manipular. Cunha (2000) chama a atenção para o fato de que a falta desse domínio pode resultar em uma aplicação mecânica e desconexa das diretrizes da técni- ca. momentanea- mente. a entrevista flui e a atuação do profissional transforma a técnica em arte. porém certo dia sua sessão coincidiu com o jogo do Brasil (ao qual ele queria assistir). ela o dispensou.) o enquadramento funciona como uma espécie de padronização da situação estímulo que oferecemos ao entrevistador. Ao chegar. Para se obter o campo particular de entrevista. porque era dia de jogo e o trânsito poderia ficar ruim. como o psicólogo evidenciaria se o mal-estar se relacionava a alguma situação interna do paciente ou se foi pelo transtorno causado pelas sucessivas mudanças? EXEMPLO Recordo-me de um rapaz que me relatou ter desistido de ir a psicólogos porque era uma experiência muito ruim. o que nesse campo não pode variar? O que tem de ser constante? O papel do entrevistador.na outra mudasse novamente e assim por diante. porque precisava muito do atendimento.10). que consiste em transformar um conjunto de variáveis em constantes(. mas que deixe de oscilar como variável para o entrevistado. o lugar. os honorários do profissional. e seu horário estava confirmado. o tempo da entrevista e. Ora. Isso poderia causar um mal-estar na relação. mesmo assim foi ao consultório. e ele ficava angustiado. EXEMPLO O enquadramento parece uma bobagem. Tendo o fato ocorrido. inclusive. mas não é! Muitas vezes até mudanças na disposi- ção dos móveis ou objetos novos inseridos no contexto podem causar interferência no pro- capítulo 2 • 43 . porque sentia muita necessidade de falar sobre seus problemas. devido a pro- blemas pessoais. com isso não pretendemos que esta situação deixe de atuar como estímulo para ele.. ESTUDO DE CASO Imagine como seria ruim se o psicólogo marcasse um horário de atendimento semanal para o seu atendimento e na semana seguinte modificasse o local ou o horário. os objetivos. Ele desistiu de TODAS.. A sua psicóloga muitas vezes desmarcava as sessões. ele desistiu daquela psicóloga? NÃO. No começo ele relevava. (p. Então. devemos contar com um enquadramen- to rígido. •  Hipótese. O entrevistador deve estar atento aos processos no outro.cesso. lembrem-se: manter constantes as variáveis é sempre uma ótima ideia! Na entrevista. “a chave fundamental da entrevista está na investigação que se realiza durante o seu transcurso. as manifestações do objeto que estudamos dependem da re- lação estabelecida com o entrevistador. deu um pulo e se jogou para mim acreditando que era ele (apontando para a escultura) o homem que o perseguia. No meio da sessão. No entanto. REFLEXÃO Como você reagiria nas situações exemplificadas? Portanto. Para Bleger (1998). Lembro-me de que certa vez uma paciente levou para meu consultório uma escultura que havia feito em minha homenagem. como afirma Cunha (2000): Muitas vezes o aspecto avaliativo de uma entrevista inicial confunde-se com a psi- coterapia que se inicia. No mesmo dia recebi um paciente que estava em crise e com pensamentos persecutórios: sentia-se atormentado com a ideia de que alguém pudesse estar seguindo-o. e a sua intervenção deve orientar o sujeito a aprofun- dar o contato com sua própria experiência. •  Verificação. 44 • capítulo 2 .46). devido ao aspecto terapêutico intrínseco a um processo de avaliação e ao aspecto avaliativo intrínseco à psicoterapia. (p. e todos os fenômenos que aparecem estão condicionados por essa relação. As etapas da investigação são nítidas e sucessivas: •  Observação. as observações são sempre registradas em função de hipóteses que o observador vai emitindo”. quando se virou para o lado e viu a escultura. O psicólogo. todas as examinadoras “aplicam o mesmo teste”. as condições de testagem devem ser as mesmas para todos. Ele está tra- balhando. todos os observadores de um desempenho chegam à mesma conclusão. Se a padronização é completamente efetiva. Vamos lembrar que o primeiro contato deve ser feito com o responsável.só depois é que o psicólogo falará com a criança. de modo que os resultados coletados em momentos e lugares diferen- tes são inteiramente comparáveis. capítulo 2 • 45 .(. Nesse caso. de- vemos levar em consideração que o trabalho deve ser feito em ambiente lúdi- co. Anastasie Urbina (2000. seus conflitos. não está conversando. Então.3  A testagem Conforme visto anteriormente. não raro. sugiro que você se apresente à criança.segundo Cronbach: (. É no ato de brincar que ela experiencia e expõe para o profissional o material que precisa ser averiguado e trabalhado. devo alertá-lo de que isso seria o ideal.20) alertam para o fato de que padronização su- gere uniformidade de procedimento na aplicação e na pontuação do teste. Inclusive quando o paciente for uma criança. 1996). A criança não sabe expressar seus pensamentos. p. mesmo avisada anteriormente de que deve vir sem a criança. como imagina a maioria dos leigos..1. já que integra as informações. o aparelho e as regras de avaliação foram fixados. Para que os escores obtidos por diferentes pessoas sejam comparáveis. Um teste é um procedimento siste- mático para observar o comportamento e descrevê-lo com a ajuda de escalas numéricas ou categorias fixas (Cronbach. a avaliação é um processo mais amplo do que a testagem. Entretanto. (p.) Se um procedimento é objetivo. o que acontece é que a mãe. 2. levantando alguma hipótese e criando condições para verificação delas. São considerados padronizados..51).) quando as palavras e os atos da examinadora.. ao utilizar a entrevista como instrumento para coleta de infor- mações. a traz para a primeira consulta.. observando. crie um grau de empatia e peça a ela que faça uma tarefa enquanto você conversa com a mãe. porém. 2000). às maneiras de manejar as perguntas dos testandos e a todos os outros detalhes da situação de testagem. Segundo Pasquali (2001). Escore percentílico é o escore bruto transformado em uma tabela em quede 0 a 100. “a normatização diz respeito a padrões de como se deve interpretar um escore que o sujeito recebeu num teste. Isto por- que um escore bruto produzido por um teste precisa ser interpretado”. O estabelecimento de normas é de fundamental importância para a padro- nização. Essa padroniza- ção se estende aos materiais exatos empregados. às demonstrações preliminares. (p. CONCEITO Escore bruto é o resultado produzido pela soma dos pontos no resultado final de um teste. cada uma com uma porcentagem de dados aproximadamente igual. ao aplicar um teste. A partir do que foi visto. na sua construção. deve estar atento aos fatores sutis que pos- sam influenciar os resultados dos avaliados. O psicólogo. assim. Sempre arguir. 46 • capítulo 2 . um clima menos ansiogênico. criando. 50 é a metade. o construtor do teste dá instruções detalhadas para a aplicação de cada teste desenvolvido. não obedeceram aos procedimentos necessários. São instrumentos construídos para observar um determinado comportamento. o teste é aplicado a uma população amostral que seja representativa do tipo de pessoa para o qual o teste foi construído. Na sua padronização. 20). A formulação das instruções é uma parte importante da padronização de um novo teste. assim como as expressões faciais. De acordo com Anastasi&Urbina (2000): Para assegurar a uniformidade das condições de testagem. Percentis são medidas que dividem a amostra ordenada (por ordem crescente dos da- dos) em 100 partes. ao final da orientação. Dentre eles precisamos manter o tom da voz e a velocidade da fala. porém. às instruções orais. aos limites de tempo. podemos compreender que os testes não padroni- zados são aqueles que não têm padronização e normas a serem seguidas. Este grupo servirá para estabelecer as normas do teste (Anastasi & Urbina. se há alguma dúvida. preocupado com o processo de banalização dos testes através da internet. vários instrumentos de avaliação psicológica estão sendo divulgados em redes sociais e canais do YouTube. O Conselho. 2. Os testes psicológicos são de uso e competência exclusiva dos psicólogos.2. Desde 2008. Como não são instrumentos comercializados e não há garantia de fidedignidade. que defende o uso responsável e ético dos instrumentos de avalia- ção. o Conselho Federal de Psicologia. para que esse material não seja banalizado. CURIOSIDADE Para evitar a disseminação indiscriminada desses testes e garantir a qualidade do trabalho de milhares de psicólogas(os) do país. uma capítulo 2 • 47 .como a análise de itens. não são comercializados.2  Os cuidados na utilização dos testes 2. investe na conscientização de profissionais e estudantes. Com o advento da internet e o fácil acesso a todas as informações que se busca. em parceria com o Fórum de Entidades Nacionais da Psicologia Brasileira (Fenpb). o CFP tem tomado medidas vi- sando a eliminar a divulgação indevida de testes psicológicos na internet.1  A comercialização Quem pode comprar e aplicar um teste psicológico? Um psicólogo com CRP. lançou uma campanha nacional para conscientização de profissionais e estudantes. Devemos ter cautela e respeito ao material que é de competência única do profissional de psicologia. no quadro abaixo.br EM PSICOLOGIA Quadro de editoras e distribuidoras de testes 48 • capítulo 2 . o que o invalidaria. No entanto.vez que são instrumentos privativos de psicólogos e sua utilização por pessoas não habilitadas configura o cometimento de contravenção penal do exercício ilegal da profissão. eles podem causar sérios danos.com. sendo considerada de grande relevância a reflexão sobre as im- plicações que a vasta divulgação e banalização dos instrumentos de avaliação psicológica acarreta na prática do profissional de psicologia. como qualquer instrumento científico ou ferramenta de precisão. O objetivo do Conselho é defender o uso responsável e os bons resultados que podem advir dos testes psicológicos. e (b) para evitar uma familiaridade geral com o conteúdo do teste. 23) Para adquirir um teste. os testes psicoló- gicos precisam ser usados apropriadamente para serem efetivos e acrescenta: Nas mãos de usuários inescrupulosos ou nas mãos de pessoas bem-inten- cionadas. O assunto deve ser amplamente debatido nas aulas de Técnicas de Exame Psicológico I. então sugerimos que o aluno verifique qual fica mais próximo de sua região. você pode ve- rificar as principais Editoras de testes no Brasil e os sites dos respectivos dis- tribuidores de venda.br VETOR EDITORA PSICO-PEDAGÓGICA LTDA www. Assim como se torna imperativa a inserção dos futuros psicólogos nos debates e pesquisas so- bre a construção de novos instrumentos para a avaliação da nossa população. DISTRIBUIDORES E REPRESENTANTES DE VENDAS CASAS EDITORAS DE TESTES NO BRASIL NO SITE: CASA DO PSICÓLOGO www.com.br CEPA – CENTRO DE PSICOLOGIA APLICADA www.Para facilitar. Anastasi (2000) chama a atenção para o fato de que há sempre um amigo ou um familiar interessado em conhecer ou aplicar um teste.vetoreditora. Aqui estão duas razões principais para controlarmos o uso dos testes psicológicos: (a) para garantir que o teste será aplicado por um examinador qualificado e que os esco- res serão adequadamente utilizados. porém desinformadas.psicocepa.casadopsicólogo.com. (p.br CETEPP – CENTRO EDITOR DE TESTES E PESQUISAS www. devemos procurar as editoras e/ou seus respectivos representantes e distribuidores. São inúmeros pontos de venda.com.cetepp. como se faz a apuração dos resul- tados e. 2. a fazer a apuração e a leitura dos resultados. a interpretação deles. “espiando” suas respostas. Esta postura é intimidadora. ou seja. OBSERVAÇÃO Visite a distribuidora mais próxima de sua região. DICA Leia o manual de aplicação dos testes e aplique em você mesmo.e o testado pode se sentir muito incomodado e mais ansioso. capítulo 2 • 49 . com a intenção de promover maior compreensão dos itens e da apuração dos resultados. Também não é adequado ficar circulando em torno dos candidatos.2  Preocupação com a aplicação dos testes A utilização dos testes deve ser cautelosa. o que pode prejudicar o seu real potencial para responder às tarefas. CUIDADO Cautela para não fazer caras e bocas na hora em que estiver aplicando um teste. Isso vai ajudá-lo a com- preender melhor os itens do teste. devidamente treinado e com profundo conhecimento do material. em que população deve ser aplicado. Sendo instrumentos técnicos. por fim.: Esta dica é apenas um exercício.2. sua uti- lização requer um profissional habilitado. Marque uma entrevista com a psicóloga e conheça os diversos instrumentos. O manual de instruções informa como aplicar. e não tem validade. Obs. o quadro infor- mativo sobre as várias áreas da psicologia em que efetivamente trabalhamos com a avaliação psicológica e. O teste deve estar adequado ao objetivo. ©© PIXABAY. com o teste. Reveja.COM Nossa primeira preocupação ao utilizar um teste é a escolha dele. devo estar afinado com esse objetivo ou finalidade para poder escolher os ins- trumentos que são mais adequados para coleta das informações de que neces- sito.COM 50 • capítulo 2 . minha finalidade é colher informações para fins de diagnóstico e prognóstico.portanto. Se trabalho com psicodiagnóstico. no primeiro capítulo. Se trabalho como psicólogo em setor de Recrutamento e Seleção de Pessoal. ©© PIXABAY. devo levar em consideração as hipóteses levantadas a partir das observações e do material colhido nas entrevistas para então selecionar os testes que devo utilizar para confirmar ou refutar minhas hipóteses diagnósticas iniciais. 8. definir o propósito da testagem e a população a ser testada. de fato. 2. os parâmetros psicométricos. folhas de resposta. Selecionar e utilizar apenas aqueles testes para os quais estejam disponíveis as habi- lidades para aplicar e interpretar corretamente os resultados. os usuários de testes devem selecionar testes adequados ao propósito para o qual estão sendo empregados. sobre exatamente o que preciso conhe- cer daquele sujeito. 1996. 5. sobre o referencial teórico. Procu- rar as evidências necessárias para confirmar as afirmações dos criadores do teste. para que os resultados descortinem. Fundamentos da Testagem Psicológica. 3. e corroborar as informações fornecidas pelos testes. 6. 4. Investigar fontes de informação potencialmente úteis. orienta- ções. Primeiro. manuais e os relatórios de resultados antes de selecionar um teste. inCronbach.37 capítulo 2 • 51 . Fonte: Code of Fair Testing Practices in Education. Examinar um conjunto de amostra. e quem sejam apropriados para todas as populações-alvo em que se- rão aplicados Os usuários de testes devem: 1. Ler os materiais fornecidos pelos criadores de testes e evitar usar testes sobre os quais existem apenas informações confusas ou incompletas. Para que a escolha seja coerente. sele- cionar um teste para esse propósito e essa população. testes divulgados ou amostras de questões. e que sejam apropriados para todas as populações-alvo em que serão aplicados. precisamos verificar uma série de informações sobre a construção do teste. Depois. Ficar a par de como e quando o teste foi desenvolvido e experimentado. 1988. É muito importante escolher os testes adequados à minha finalidade. 7. baseados num cuidadoso exame das informações disponíveis. LEITURA Os usuários de testes devem selecionar testes adequados ao propósito para o qual estão sendo empregados. sobre a população amostral. Ler avaliações independentes de um teste e de possíveis medidas alternativas. além dos resultados de teste. Segundo Cronbach (1996). Determinar se o conteúdo do teste e o(s) grupo(s) de controle e grupo(s) de compa- ração são adequados para os testandos. p. Para Urbina (2007. 52 • capítulo 2 . devemos pôr um avi- so na porta da sala de exames para que as pessoas saibam que uma testagem está acontecendo. Segundo Urbina (2007). A pre- sença de qualquer pessoa estranha à situação pode influenciar o ambiente da testagem. Esta palavra tem origem no termo em francês rapporter. o termorapport se refere à relação harmônica que deve existir entre testandos e examinadores. Como ambiente psicológico consideram-se as condições de saúde física e psicológica do testando. em muitas situações de testagem. e o rapport inicial deve ser de bom a excelente. o psicólogo que aplica o tes- te fica acompanhado de colega em conversação amigável. orapport se refere aos esforços do examinador para despertar o interesse dos testandos. Uma atmosfera amigável deve ser estabelecida desde o início da sessão de testagem. que significa "trazer de volta". os princípios mais importantes que devem ser seguidos para a adequada preparação do ambiente são antecipar e remover qualquer fonte de distração e.2001). com iluminação e ventilação apropriada. Alguns cuidados também devem ser levados em consideração quanto às condições da aplicação: o ambiente físico e psicológico.p. mesas e cadeiras ade- quadas e livres de barulho. CONCEITO Rapport é o estabelecimento de uma sintonia. O espaço físico deve ser confortável.2000). Na aplicação de testes. as instruções devem ser claramente compreendidas e o rapport deve ser apropriado para que o testando se sinta à vontade ao fazer o teste (Pasquali. obter sua cooperação (Anastasi. elas devem ser incluídas no relatório. desconsiderando as instru- ções aprendidas.267). CRÍTICA Tenho observado que.um grau de empatia. Caso haja qualquer adaptação que possa influenciar a interpretação dos resultados. para evitar interrupções. Na sala devem permanecer apenas o examinador e o(s) testando(s). junto com o caderno de aplicação e a folha resposta. ignorar a necessidade de explicações sobre pontuação nos testes aos solicitantes da avaliação. Wechsler (2001. Não é recomendado o uso de lapiseira. sob a mesa. permitir aplicação dos testes por pessoal não qualificado. mas mantendo uma postura de confiança. Assim caracte- riza-se. desprezar condições que afetam a validade dos testes em cada cultura. Deve fazer uso de vocabulário apropriado e compreensível ao sujeito ou gru- po avaliado. desconsiderar os erros da medida nas suas interpretações. devemos deixar separado todo o material. irritar- se ou gritar durante a prova. 10. 5. O psicólogo deve apresentar-se de maneira adequada. Deve evitar o uso de perfume. Lembre-se: Empatia é sentir o que o outro sente. transmitir seriedade e serenidade. 3. 9. deixamos um lápis preto bem apontado e caneta. 8. ignorar a necessidade de arquivar o material psicológico coletado. 4. interpretar além dos limites dos testes utilizados. apud CFP. utilizar folhas de resposta inadequadas. 2. quando reutilizáveis. ressaltamos a importância de usar sempre os testes originais e em perfeito estado de conservação. utilizar testes inadequados na sua prática. que foram apontadas por juízes e especialistas de cada cultura. 2010) esclarece que. estão em perfeitas con- dições. Antes da aplicação. quando permitido. fotocopiar material sujeito a direitos autorais.68). 6. nos países ibero-a- mericanos. interrupções durante a prova. em âmbito internacional. capítulo 2 • 53 . com relação ao uso e à re- produção indevida do material. Não é permitido reproduzir o material. 7. estar desatualizado na sua área de formação. com vestuário adequado e limpo. por ordem decrescente: 1. Retomando o momento inicial de aplicação dos testes. tendo o cui- dado de verificar se os cadernos. evitando extravagâncias e causando uma boa impressão. (p. foram encontradasdez deficiências mais graves no uso dos testes. MAS não viver o que o outro vive! Ainda com relação aos cuidados que devemos ter ao trabalharmos com a testagem. O psicólogo deverá sempre seguir as instruções contidas no manual. lembrando que toda norma é restrita à população amos- tral e ao usar as tabelas de percentis para que os resultados possam ser compa- rados ao do grupo padrão. Verificar. devemos agradecer a presença de todos e informar como será divulgado o resultado. ou seja. No término da aplicação. e sim de reduzir o nível de ansiedade para que eles possam fazer os testes de maneira adequada. devemos informar os objetivos da tes- tagem. ler as instruções conforme apresentadas no manual e. também ao final da aplicação. Nossa intenção não deve ser a de aumentar seu sofrimento. chegou a hora da apuração dos resultados ou corre- ção e interpretação dos testes. É importante que se perceba a extensão em que as condições de testagem po- dem influenciar os escores (Anastasi. Um escore. teme- rosos porque precisam apresentar um bom resultado. o resultado da soma total da pontuação no teste deve nos ajudar a predizer o seu desempenho ou o quanto se sente ou se comporta diante de uma situação ou função.2000). Quaisquer influências que são específicas da situação de teste constituem variância de erro e reduzem a validade do teste.COM Ao iniciar a testagem. Enfim. questio- nar se há dúvidas. que todos os testandos tenham en- tregado o material. Anastasi (2000) observa que: 54 • capítulo 2 . após o rapport. ©© PIXABAY. O examinador deve conhecer bem o material utilizado e estar preparado para responder a qualquer dúvida que possa surgir e lidar com qualquer emer- gência que possa surgir durante a testagem. ao final. Lembre-se de que os sujeitos estão ansiosos porque serão avaliados. da habilidade do avaliador em escolher estratégias e procedimentos específicos às necessidades advindas da avaliação (Alchieri. Esse procedimento.2. Por exemplo. respeitando-se todas as orientações indicadas no manual de utilização do teste. 2. (p. especialmente quando produzem perturbação emocional.1  A interpretação dos resultados Nos testes avaliados objetivamente. investigações controladas revelam diferenças significativas no desempenho em testes de inteligência em função de um relacionamento interpessoal “amigável”. as boas práticas de testagem requerem uma dupla verificação dos cálculos obtidos.2. Embora muitos testes já tenham programas de computa- ção. conhecido por apuração dos resultados. deve ser feito cautelosamente. as respostas são contadas (escore bruto) e depois transformadas em escores padrões. que são oferecidos pela editora no ato da compra. um processo de avaliação depende da atitude orientada para a compreensão do que se quer avaliar. Por exemplo. ainda assim devemos reconhecer que qualquer erro pode afetar a precisão do instrumento. Segundo Urbina (2007). A influência do comportamento do examinador imediatamente precedente ou durante a aplicação do teste sobre os resultados foi demonstrada mais claramente. capítulo 2 • 55 . uma pessoa que trabalha como enfermeira e fez um plantão de 24 horas que sai direto para uma prova do Detran para fins de obter a Carteira Nacional de Habilitação estaria em condições de responder a um teste de aten- ção concentrada? Sendo assim. que envolvem uma série de cálculos e a respectiva equivalência através de tabelas oferecidas nos manuais do teste. 2003). 29) As atividades anteriores à utilização dos testes também podem interferir no resultado. além das limitações. Quem pode concluir alguma coisa a respeito do sujeito avaliado é o psicólogo. sendo componente valioso para o profissional. no mínimo. Como resultado. acredita que o teste rotula. Quando são cuidadosamente selecionados. buscamos orientar você. (p. que é contrário ao uso dos testes. também. psicólogo! Concordamos com Almeida (1999):“Os instrumentos são meios. administrados e avaliados. os julgamentos de valor não são reconhecidos explicitamente e os escores de teste muitas vezes se tornam o principal ou mesmo o único fator determinante na tomada de decisões. sobre os cuidados quanto ao manuseio desse instrumental. são ferramentas eficazes para a coleta de informações fidedig- nas sobre o sujeito avaliado. Preste atenção! Vamos re- forçar que o teste é apenas um instrumento e não tem caráter decisivo sobre a avaliação feita. mas sequer conhece com profundidade o material. Deixamos claro. com o rigor e critérios necessários para garantia da manutenção de suas propriedades psicométricas. não fins”. 56 • capítulo 2 . os testes fornecem informações que podem ser usadas em uma variedade de formas. desconhecimento. são reconhecidas van- tagens e desvantagens. caro aluno. Para Urbina (2007): Infelizmente. na prática. Por isso. 274). Os escores de testes psicológicos fornecem dados quantitativos mais ou menos fi- dedignos que descrevem de maneira concisa o comportamento produzido pelos indiví- duos em resposta aos estímulos do teste. O processo se dá por intermédio da utilização das várias técnicas e instrumentos e a conclusão será feita por você.o que parece. Ocorre que muitas vezes o próprio psicólogo. quando bem utilizados. por motivos de conveniência. Tomar decisões a respeito de pessoas envolve julgamentos de valor e uma consequente responsabilidade ética. podemos dizer que os testes. Como em todo e qualquer instrumento ou técnica. Sendo assim. que faz uso ou não do teste. que um único instrumento não é adequado para fins de avaliação. o peso da responsabilida- de por muitas decisões é transferido injustificavelmente dos usuários e responsáveis pelas decisões para os testes em si. as questões contextuais frequentemente são ignoradas. REFLEXÃO Um martelo pode ser empregado para construir uma mesa grosseira de cozinha ou um armá- rio fino – ou como uma arma para agredir. ATENÇÃO A utilização de um único teste para estabelecer a avaliação do sujeito é inadequada. a interpretação dos escores e a orientação para as pessoas que utilizam os testes. é necessário melhorar. além da construção. O treinamento é sempre a solução adequada para que o profissional. a fim de conhecer melhor o instrumento. (Anastasi&Urbina.678). 279). ao fazer uso de um teste. devemos ter clareza sobre o que fazer e o que evitar na interpretação de testes. os testes devem ser encarados como instrumentos e. sinta-se familiarizado com o material que vai utilizar. Para Urbina (2007. sua efi- cácia está ligada à habilidade.faça au- toaplicação e realize a apuração e interpretação dos resultados. DICA É desejável que o psicólogo. Para elas. Anastasi e Urbina (1977) informam que. como tal. p. para minimizar as pressões negati- vas sobre a utilização dos testes. pois com apenas um instrumento só colhemos alguns dados. p. ao conhecimento e à integridade de quem o utiliza. capítulo 2 • 57 . através da prática. 1977. o que faria a avaliação ser pouco consistente. estude-o com antecipação. Isso pode rotular o sujeito. do sentido dos escores. REFLEXÃO Na hora da interpretação dos resultados. o computador pode ponderar sobre qualquer número de fatos. O computador leva a 58 • capítulo 2 . A máquina também aplica a regra imparcialmente e com consistência perfeita e ainda processa de forma barata as informações padronizadas. integrando-as com todos os outros dados disponíveis e usando o julga- mento para chegar a inferências úteis e válidas. não é um substituto adequado para a interpretação que melhora a compreensão. • Formular achados em termos de generalidades triviais. • A interpretação dos escores agrega valor às amostras de comportamento coletadas com os testes.o homem ou computador? Se.somente o homem é capaz de pesar valores e decidir os ris- cos que deve assumir. O homem avaliando outro homem aplica julgamentos que o computador ignora (Cronbach. com base em seus escores. ALGUNS EXEMPLOS DO QUE NÃO É INTERPRETAÇÃO DE TESTES • Relatar escores numéricos: mesmo que expresso em percentis. das limitações da precisão dos escores derivada do erro de mensuração. quem se sai melhor. O computador desempenha muitos papéis por trás do cenário da testagem e pode fazer o papel de astro como aplicador de testes. 1996). • Atribuir rótulos: classificar indivíduos em categorias diagnósticas ou tipologias. simplesmente listá-los não basta para transmitir seu sentido e suas implicações. por um lado. Mas o computador não pode processar a informação que a regra não diz como usar. COMO DEVE SER A INTERPRETAÇÃO DE TESTES • A interpretação de escores deve incluir uma explicação clara do que o teste trata. O fato é que o computador pode criar um teste novo para cada pessoa. Com inúmeros itens.padronização a um extremo. Naturalmente. mas a dificuldade ou confiabilidade pode mudar facilmente. Ele pode realizar uma mensuração e uma devolução personalizada a cada testando. Mesmo quando o teste em si não é modificado. especialmente ao eliminar as observa- ções não padronizadas que um clínico experiente faz durante um teste indivi- dual tradicional. interagir com uma máquina pode ser psicologicamente diferente de responder a um examinador humano. A paciência do computador é interminável. Parece que as versões convencional ou computadorizada de um teste realmente costumam medir as mesmas variáveis. Os computadores são bons em apresentar testes diretamente aos indiví- duos. A devolução pode ser complexa. em virtude de sua consistência. Atualmente. compu- tadorizar um teste traz algumas perdas. o que o torna uma grande atração. um teste impresso que se ajuste a determinadas exigências lo- cais pode ser produzido rapidamente através de um "banco de itens" –um ar- quivo de itens classificados por conteúdo e nível de dificuldade. é prático armazenar bancos de itens e montar testes. modifica os sinais sem erro e os sinais de tempo com precisão. Um número infinito de testes equivalentes pode ser criado selecionando-se conjunto de itens de acor- do com o mesmo planejamento. EXEMPLO O banco de questões da Universidade Estácio de Sá. pois dá instruções visualmente ou através de fones de ouvido. Atualmente. o com- putador pode montar um formulário diferente para cada candidato e adaptar todos os resultados a uma escala comum(Cronbach. Crianças pré-escolares e pacientes com doença mental também res- pondem bem às apresentações automatizadas. capítulo 2 • 59 . Atualmente.1996). são muitos os testes e inventários que têm versões para testa- gem computadorizada. A versão computadorizada de um teste originalmente desenvolvido em forma impressa ou oral normalmente é muito semelhante à versão original. atualmente. cada pessoa conhece bastante o seu próprio com- portamento. 2. que é um especialista e conhecedor de todo instrumental para cumprimento de sua atividade. Os questionários –frequentemente chamados de "inventários" – são usados para obter autodescrições. o que verificamos é uma tendência à utilização dos computadores como faci- litadores do processo de avaliação. que o ato de avaliar implica em tomada de decisão e já temos citado em vários momentos: quem conclui alguma coisa é o psicólogo. Um dos problemas dos Inventários de Personalidade é o fato de serem ins- trumentos de autorrelato. sem deixar de compreender. além de eliminar a influência de variáveis indevidas na aplicação. no entanto. não podemos mais ignorar a tecnologia. o sujeito responde a questões que abordam fatos que dizem respeito a ele mesmo.2  Será que ele disse a verdade? Segundo Cronbach (1996). ou seja. à sua maneira de ser ou agir. o que pode- rá gerar dificuldade para responder de maneira honesta e coerente.2. A aplica- ção de testes computadorizados pode evitar erros na administração dos testes. O comportamento medido pelos testes de personalidade é também muito mais mutável do que o medido pelos testes de capacidade. Para Anastasi (1977): A construção e uso dos inventários de personalidade possuem dificuldades especiais que vão além dos problemas comuns encontrados em todos os testes psicológicos. E a grande pergunta é: será que ele respondeu de verdade o que ele é ou mentiu para conseguir passar no teste? 60 • capítulo 2 .2. A questão da simulação e fraude é muito mais séria na mensuração de personalidade do que no teste de aptidão. REFLEXÃO Será que a versão computadorizada é realmente representativa do teste na sua forma antiga no papel? O fato é que. Na verdade. o laudo psicológico é um instrumento de grande importância para o trabalho do psicólogo. As que buscam psicoterapia provavelmente vão apresentar-se como mais desajustadas do que são. Espera-se que a partir dele medidas possam ser tomadas para intervenções capítulo 2 • 61 . ou seja. a escala de tendencio- sidade e desejabilidade social. Anastasi e Urbina (2000) ressaltam que: Esta tendência não indica necessariamente uma fraude por parte do respondente. vários procedimentos foram seguidos para resolver o problema da fraude e das tendências: •  A construção de itens sutis. se respondeu como ele de fato é ou se respondeu como gostaria de ser visto pelos outros.3  O informe psicológico Segundo Pasquali e Guzzo (2001). •  O estabelecimento de um bom rapport para motivar o testando a respon- der francamente. de evitação de críticas. poderá contribuir ou não para uma intervenção apropriada.) o laudo psicológico pode ser considerado uma expressão da competência profis- sional. de conformidade social e aprovação social. •  A construção de escalas que verificam se as repostas são válidas ou não. pare- cendo mais perturbados psicologicamente do que na verdade são. O laudo apresenta uma con- clusão sobre uma avaliação realizada e. Muitas vezes o testando acredita que poderá manipular o resultado do teste. Os respondentes podem fingir para causar uma má/boa impressão. Para os que escolhem itens desfavoráveis podem estar motivados por uma necessidade de atenção.simpatia ou ajuda em seus problemas pessoas. 2. (. Estudos apontam que a desejabilidade social –para os que desejam causar boa im- pressão está relacionada com a necessidade de autoproteção. se o sujeito respondeu sem faltar com a verdade.. Na construção dos inventários. a partir das informações nele contidas.. ou seja. a palavra laudo se refere a um documento legal para servir de prova ou consulta esclarecedora acerca de um fato. mas. O CFP informa que o psicólogo. A importância do laudo serve não somente ao psicólogo. De acordo com Pasquali(2001). o objetivo de um laudo é apresentar um resultado conclusivo de acordo com os objetivos propostos. Do ponto de vista judicial. decorrentes de Avaliações Psicológicas. coletivas ou individuais. •  Guarda dos Documentos. Do ponto de vista técnico. p. 2001. aos outros profissionais cujo trabalho depende dos resultados de uma avaliação psicológica. em seu Art. deverá adotar como princípios norteadores as técnicas da linguagem escrita e os princípios éticos. A Resolução CFP N. Os resultados apresentados no laudo devem estar contextualizados no mo- mento histórico e social e devem ser apresentados de forma escrita para evitar algum tipo de má interpretação dos resultados relatados. 3º dispõe que toda e qualquer comu- nicação por escrito decorrente de Avaliação Psicológica deverá seguir os prin- cípios norteadores indicados neste Manual. na elaboração de seus documentos. OBSERVAÇÃO Já chamamos a atenção para o fato de que a linguagem verbal pode ser ambígua e que muitas vezes emitimos uma fala e o interlocutor ouve não aquilo que falamos. técnicos e científicos da profissão. •  Validade dos Documentos. principalmente. institui o Manual de Elaboração de Documentos.155). De acordo com a resolução. mas aquilo que ele queria ouvir. (Pasquali. Este manual dispõe sobre os seguintes itens: •  Princípios norteadores. o laudo é um instrumento de 62 • capítulo 2 .º 30/ 2001. como juízes. produzidos pelo psicólogo. professores e médicos. •  Modalidades de documentos. •  Conceito / Finalidade / Estrutura/ Modelos. seguindo as nor- mas de um documento técnico. Do ponto de vista de conteú- do. • Conclusão (diagnóstico. • Sumário dos resultados quantitativos e qualitativos (fatores de desempenho e dinâ- mica da personalidade). se for o caso. • Motivo ou objetivo da avaliação. • Solicitante.registro dos dados colhidos na avaliação psicológica e deverá ser arquivado junto aos protocolos dos instrumentos utilizados. a redação deve conter uma análise descritiva dos eventos ou situações sob sua investigação. usando o CID-10 e o DSM-IV). UM LAUDO DEVE CONTER OS SEGUINTES ELEMENTOS: • Dados de identificação. • Identificação do profissional (registro no CRP). PASQUALI (2001) ESCLARECE QUE O LAUDO DEVE CONTER: • Identificação do examinando • Motivo da consulta • Descrição física • Impressão geral obtida durante o rapport • Comportamento do examinando • Variáveis ambientais • Instrumentos usados • Planejamento das sessões de aplicação (quantos e quais testes foram aplicados em cada sessão) • Resultados dos testes • Conclusão • Limitações capítulo 2 • 63 . • Técnicas utilizadas. organizar e integrar os dados com a devida preocupação quanto à linguagem. Com relação à comunicação dos resultados obtidos em uma avaliação psico- lógica. as dificulda- des encontradas só serão superadas com o envolvimento maior do profissional no desenvolvimento de pesquisas. 2. em suas conclusões sobre um levantamento a respeito do uso dos testes psicológicos.2000). que deve ser adequada ao nível sociocultural. Pereira & Carellos (1995). Vas- concelos & Toledo de Santana (2001). Kroeff (1988).) destaque deve der dado aos trabalhos de Ribeiro (1996). Guzzo e Pasquali (2001) também recomendam que sejam evitados termos técnicos e sentenças abreviadas. Anastasi e Urbina (2000) destacam a necessidade de fornecer explicações apropriadas. Alves. Embora tenham enfoques metodológicos di- ferentes. intelectual e emocional daquele que vai receber a comunicação (Cunha. para que um laudo seja considerado adequado. é necessário selecionar. No que se refere ao trabalho do psicólogo na área de avaliação. 2005) apresentam.1  Críticas atuais aos instrumentos de avaliação psicológica Hultze Bandeira (in Primi.3. 64 • capítulo 2 . quanto ao ensino da avaliação psicológica: (. realizado em 1993. a discrepância entre a quantidade de instrumentos nacionais e internacionais e a necessidade de uma atualização do instrumental brasileiro.. de forma que ela se adapte melhor às necessidades da prática do profissional. Segundo Primi (2005). eles convergem para a necessidade de se repensar a formação profissional. Jacquemin (1995). Na preo- cupação com o ensino das práticas utilizadas para fins de avaliação e – porque não? – na construção de novos instrumentos adequados tanto aos nossos obje- tivos quanto à nossa população amostral. Alchieri&Marques (2001) e.. (p. que sejam incluídos os instrumentos empre- gados e o objetivo da avaliação. Da mesma forma. 32).de forma compreensível dos resultados e recomendações. na divulgação de trabalhos que possam sus- tentar e melhorar nossa atuação por intermédio de técnicas eficazes. São Paulo: Casa do Psicólogo. C. American Psycologist. Podemos utilizar qualquer teste em todas as áreas da psicologia? 05. ALMEIDA. Avaliação psicológica: conceito.S.Temas em Avaliação Psicológica. A. S. ANASTASI. P. Quais informações devemos buscar nos manuais dos testes antes de sua utilização? 04. J. Reflexões Sobre os Instrumentos de Avaliação Psicológica. ANASTASI. Temas de psicologia: entrevista e grupos. Leia mais sobre o assunto e anote três pontos que você considerou importante para um debate em sala de aula: <http://www.). (Org. Roberto Moraes Cruz – São Paulo: Casa do Psicólogo. J. Testes psicológicos. 2003. In:/ Ricardo Primi.Manual de Elaboração de Documentos de Avaliação Psicológica. 2005.2007. São Paulo: Martins Fontes. Os múltiplos sentidos da palavra “teste” e identifique qual o sentido específico do termo “teste psicológico”. &URBINA. AMERICAN PSYCHOLOGICAL ASSOCIATION (APA). CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. A. & A. De que maneira um psicólogo pode fazer mau uso do teste? 06. Fundamento da Testagem Psicológica.Ethical principles of psychologists and code of conduct.1999. J.com/artigos/avaliacao-uma-questao-a-ser -repensada/133477/#ixzz43S4RCn00>.webartigos. 1998. In: Wechsler. 1977. São Paulo: EPU. 03. Resolução CFP 30/2001. São Paulo: Casa do Psicólogo. Identifique a diferença entre laudo. 2001b. C. capítulo 2 • 65 . Leandro S. P. Porto Alegre: IBAP. Avaliação Psicológica: perspectiva internacional. Noronha. métodos e instrumentos/ João Carlos Alchieri. Brasília.Avaliação Psicológica: Exigências e Desenvolvimentos nos seus Métodos. 2000. Porto Alegre: Artes MédicasSul. REFERÊNCIAS ALCHIERI. parecer e atestado psicológico.). 02. 2002. Solange e Muglia (Org. In Urbina. ATIVIDADES 01. BLEGER. ALCHIERI. Testagem Psicológica /Anne Anastasi e Susana Urbina. E. Z. Psicologia Social. 2010. RODRIGUES. CUNHA. A. Psicodiagnóstico V. 1996. Ricardo. B.L. A. MEDIANO. . CRONBACH.. Fundamentos da testagem psicológica. 2007.Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica.L.Brasília: CFP. 2003.D.J. Porto Alegre: Artes Médicas. Técnicas de Exame Psicológico – TEP. Ricardo Primi (Organizador).CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Módulos instrucionais para medidas e avaliação em Educação. 2005. PASQUALI. – São Paulo: Casa do Psicólogo / Conselho Federal de Psicologia. Luiz Pasquali organizador. URBINA. RJ: Vozes. ERTHAL. Porto Alegre: Artmed. 2000. 1999. ASSMAR. L. Rio de Janeiro: Francisco Alves. Psicologia Social. Porto Alegre: Artmed. A. Tereza Cristina. Avaliação psicológica: diretrizes na regulamentação da profissão / Conselho Federal de Psicologia. J. 1978. Petrópolis. 1976. PRIMI. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 7. 66 • capítulo 2 . São Paulo: Casa do Psicólogo.. Fundamentos da testagem psicológica. 2001.. Ed. Susana.M. Porto Alegre: IBAP. RODRIGUES. Temas em avaliação psicológica. JABLONSKI. Manual de Psicometria. Petrópolis. RJ: Vozes. 3 Testes psicológicos . •  Promover a compreensão da relevância dos testes psicométricos de personalidade. REFLEXÃO Existe um tipo de personalidade boa ou ruim? ATIVIDADE a) Diz o ditado popular que “pau que nasce torto morre torto”. em sala de aula.3.  Testes psicológicos 3. •  Reconhecer a funcionalidade dos instrumentos para a prática psicológica. de algum caso em que o ditado se configure e. •  Promover a compreensão da natureza e relevância dos testes de habilidades sociais. •  Reconhecer os instrumentos comercializados e utilizados no Brasil. O que você acha? Que tal lembrarmos. aptidão e interesse. Quantas vezes o aluno ouviu algum comentário a respeito da “personali- dade difícil”ou“personalidade marcante”de algum conhecido? OBJETIVOS •  Compreender a personalidade como um construto passível de mensuração. •  Promover a compreensão da importância da utilização dos testes de inteligência. discutir as condições sócio-históricas e culturais.1  A avaliação objetiva da personalidade Por que as pessoas são como são? O termo “personalidade” sempre exerceu um grande fascínio tanto para os teóricos da psicologia quanto para o senso co- mum. a partir do exemplo. afetivas. o que você acha? 68 • capítulo 3 . materiais do exemplo citado? Que tal projetarmos o exemplo no futuro para averiguar as possibilidades de realizações do exemplo citado? b) E agora. todos nós “avaliamos” as pessoas e as situações no cotidiano. façam seus julgamentos. no senso comum. em se tratando de personalidade. que é necessária à sobrevivência. Vamos lembrar que esta é a considerada avaliação “não profissional” e já não faz mais parte do plano de ação para fins de avaliação do aluno que se forma em psicologia. singulares. também. quando discutimos a avaliação profissional. capítulo 3 • 69 . tal qual a máscara do ator. sendo. sobretudo. O aluno poderá nos questionar se estamos defendendo a tão discutida “neu- tralidade” e abrimos espaço. Segundo Pasquali (2001). a palavra personalidade designa máscara. de inter- pretar o comportamento das outras pessoas e que também está relacionada às nossas expectativas pessoais. retornemos ao capítulo 1. em artigos científicos. como profissionais. Dessa forma. a evolução histórica do construto. das experiências e das percepções adquiridas ao logo do seu desenvolvimento. Convém perceber que. dos nossos pre- conceitos para observarmos o fenômeno de maneira tal qual se apresenta. compreendemos que as pessoas. A partir dessas primeiras impressões. REFLEXÃO No contato entre entrevistador e entrevistado. para uma discussão sobre o tema. o conceito de neutralidade e sua com- preensão para os diversos posicionamentos teóricos e. Para refletir sobre o questionamento acima. cada pessoa tem suas características próprias. Mas. então. que no teatro antigo era fixa e imutável durante toda a sua apresentação. com o afastamento das nossas ideias. buscaremos uma postura mais isenta. há como manter a neutralidade? ATIVIDADE Os alunos devem pesquisar. CONCEITO Personalidade – Etimologicamente. que foram sendo modeladas ao longo de sua história de vida. portanto. conceitos e. já nos tornamos juízes e formamos julgamentos de valor. Isso acontece porque temos uma espécie de habilidade. não há certo nem errado. devido à variedade de significados que os psicólogos lhe atribuem e a uma multiplicidade teórica que envolve a temática. O termo personalidade se refere. Adler. Gonçalvez e Thomazoni (2009).. (p. Segundo Lindzay & Hall (1975): (.. de maneira que a forma como as teorias conceituam o termo acaba por definir as principais características de cada posição teórica.1997) Allport. a personalidade se refere às caracte- rísticas dos indivíduos. que permite conhe- cer como esse indivíduo se relaciona consigo mesmo. um con- junto de características que determinam a individualidade. pode-se dizer que seria tudo o que distingue um indivíduo de outro. Teixeira. então. podem ser conside- rados relativamente constantes e estáveis em cada um deles (Rebollo & Harris.) que permitem ao pesquisador passar da teoria à prática. Existem muitas definições para a “personalidade”. 28). Bandeira. 50). Rogers.. Allport. em 1937. com as pessoas e com o mundo à sua volta. dos sistemas psicofísicos que determinam seu comportamen- to e seus pensamentos característicos" (p. pensamentos e comportamentos. 2006). De forma bem genérica. o termo torna-se obscuro. já identificava mais de 50 definições diferentes para a per- sonalidade.(Costa. Allport (1966) caracteriza a personalidade como "a organização dinâmica. São várias as teorias de personalidade.embora os traços de personalidade sejam diferentes nos indivíduos.) a personalidade é definida por conceitos particulares contidos em uma teoria considerada adequada para a completa descrição e compreensão do comportamento humano.Para Lindzay& Hall (1975). dentre as quais se destacam as de Freud. Assim. Jung. Murray.) uma teoria é constituída de um conjunto de hipóteses (. a avaliação da personalidade irá depender da teoria adotada pelo pesquisador. (.. Para Trentini. Hutz. sendo única e o distinguindo dos demais a partir de pa- drões consistentes de sentimentos.. no indivíduo. Embora haja uma variedade de definições para esse construto. Murphy e outras de igual valor e 70 • capítulo 3 . a determinados padrões de com- portamento e atitudes que são peculiares em cada indivíduo.. COM Isso é suficiente para que alguém possa classificá-lo como uma pessoa ansiosa? CONCEITO Traços de personalidade referem-se. quando se trata de testes de per- sonalidade. A partir da análise fatorial. ou seja. como sentem e pensam. precisamos relembrar a Teoria dos Traços. 2004). de maneira geral. Teóricos dos traços de personalidade estão principalmente in- teressados na mensuração destes. a padrões consistentes na forma como os indivíduos se comportam. capítulo 3 • 71 . sobretudo os testes objetivos. dos padrões habituais de comporta- mento. (Lawrence & Oliver. No entanto. PERGUNTA Imagine que um colega de turma esteja ansioso. devido à proximidade da AV-2. pensamento e emoção. foi possível agrupar as características (traços) de personalidade.importância para a psicologia. ©© PIXABAY. atitudes. estágio no qual esta consistência tem seu pico. REFLEXÃO Apesar do grande esforço e das inúmeras definições. valores. de forma a se poder afirmar a presença de traços ou tendências da personalidade.397). Os traços de personalidade seriam características psicológicas que representam tendências relativamente estáveis na forma de pensar. a avaliação da personalidade pode ser definida como a medição dos traços. sentir e atuar com as pessoas. comporta- mentais e atitudinais. Estes pesquisadores concluíram que a consistência de um traço da personalidade aumenta em um padrão de estágios até que este atinja 50 a 59 anos. estados. visão de mundo. 2003). caracterizando. o conceito de personalidade parece ainda um evasivo. devido ao fato de representarem uma tendência. prever e explicar a conduta de um indivíduo. Embora considerados parte constante. algum tipo de processo ou mecanismo interno que produza o comportamento. Essa visão também é compartilhada por Costa e McCrae (1998) ao afirmarem que os traços podem sofrer influência de aspectos motivacionais. identidade pessoal. sugerindo. Para Silva e Nakano (2011): Os traços de personalidade podem ser usados para resumir. p. Roberts e Del Vechhio(2000) explo- raram a durabilidade de traços de personalidades por meio de meta-análise de 152 estudos longitudinais. senso de humor e/ou carac- terísticas relacionadas aos estilos cognitivos e comportamentais individuais. e não na situação. interesses. Pare para refletir: por que você acha que isso acontece? Para Cohen & Swerdlik (2009. 2007). aculturação. de forma a indicar que a explicação para o comportamento da pessoa será encontrada nela. como produto das interações das pessoas com seu meio social (Sisto& Oliveira. os traços não são imutáveis (Pacheco &Sisto. assim. contudo. Os autores afirmam. Suas des- cobertas podem ser interpretadas como um testemunho convincente para a 72 • capítulo 3 . ainda. afetivos. que por anos os teóricos da personalidade e seus sucessores assumiram que os traços de personalidade são relativamente resis- tentes ao longo da vida de um ser humano. possibilidades de mudanças. enquanto o termo “estado” é um indicador de uma predisposição relativamente temporária (Chaplin et al. Na sequência. podemos definir um “tipo de personalidade” como uma constelação de traços e estados que são similares em um padrão com uma categoria de personalidade identifi- cada dentro de uma taxonomia de personalidades. 1963 in Cohen & Swerdlik. Podemos considerar “estado de personalidade”. Sally pode ser descrita como estando em um "esta- do de ansiedade" antes dos exames universitários. Tais críticos também fazem alusão ao fato de que alguns comportamentos podem ser governados mais por expectativas sociais e pelas restrições relativas ao papel cultural do que pelos traços de personalidade de um indivíduo (Barker. 2009).natureza relativamente resistente dos traços de personalidade ao longo da vida de um ser humano. p. 1988). Ou seja. como referindo-se à exibição transitória de algum traço de personalidade. mas ninguém conhece bem Sally para descrevê-la como "uma pessoa ansiosa". não no sentido de separar ou marginalizar. Algumas pessoas veem o mundo com amor e bondade.enquanto tipos são mais do que meras descrições. mas de compreender em termos comparativos o quanto a pessoa avaliada se aproxima ou se afasta da média da população amostral. afirmam que podemos di- ferenciar os traços de personalidade dos tipos de personalidade. Então. Ao descrever um indivíduo como "deprimido". outras com ódio e desesperança. Algumas pessoas têm percepções relativamente realistas 9  Discriminar aqui significa apontar diferenças. O mesmo traço de personalidade pode ser mensurado por intermédio de ins- trumentos diferentes. o uso da palavra "traço"pressupõe uma predispo- sição comportamental relativamente duradoura. é diferente de descrever este indivíduo como um "tipo depressivo" –neste caso.por exemplo. capaci- dade para apreciar a vida e o seu nível de interesse social. o termo tem uma abrangência maior em suas implicações quando ligadas a as- pectos característicos de um indivíduo tais como sua visão de mundo. Devemos considerar que alguns teóricos têm sido críticos sobre a predomi- nância do conceito de traços na teoria da personalidade. atualmente considerado o termo mais utilizado. Considere as muitas maneiras possíveis de se compreen- der as diferenças discriminando9 aqueles que têm ou não têm as características mensuradas e poder determinar quanto uma pessoa é agressiva. Considerando- se personalidade como uma constelação única de traços e estados. persistente ou egocêntrica.1963. Cohen & Swerdlik (2009.379-383). Traços são frequentemen- te discutidos como características que um indivíduo tem. Offman L. capítulo 3 • 73 . os instrumentos que mensu- ram a personalidade diferem na medida em que dependem de uma teoria da personalidade em seu desenvolvimento e interpretação. estarão for- necendo informações a respeito de si mesmos. muitas ferramen- tas diferentes encontram-se disponíveis no mercado. devemos ter um cuidado espe- cial. que constam no final do capítulo no Anexo I. a construção e o uso dos inventários de personalidade têm dificuldades especiais que vão além dos problemas comuns dos testes psicológicos: A simulação e a fraude são muito mais sérias do que nos testes de aptidão. 10  Os instrumentos apresentados são considerados aprovados e aptos no momento da construção deste livro – abril de 2016.de si mesmas. segundo Anastasi (1977). Antes da utilização de qualquer teste padronizado.e não como ele é de fato. podemos ci- tar alguns dos instrumentos aprovados10 no Sistema de Avaliação dos Testes Psicológicos (Satepsi) do Conselho Federal de Psicologia e comercializados no Brasil. Para que os psicólogos possam compreender melhor as diferenças en- tre as pessoas no que diz respeito a estas e outras dimensões. 546). o psicólogo deve buscar as informações no SATEPSI. 74 • capítulo 3 . A personalidade permite uma avaliação muito ampla. (p. Por isso. Para Anastasi (1977): Os inventários de autodescrição são especialmente sujeitos à simulação ou “cola” apesar das afirmações introdutórias em contrário a maioria dos itens nesses inventá- rios tem uma resposta reconhecida como socialmente mais conveniente ou aceitável do que as outras. a partir dos testes objetivos. ao responderem. obtendo informações so- bre muitas variáveis relacionadas com a personalidade ou avaliando um único aspecto dela. podendo ser promo- vida a partir de um inventário geral de personalidade. Ao se trabalhar com instrumentos de autorrelato. Você pode saber qual o grau de certeza que teremos quanto à veracidade das respostas se o testando fala de si mesmo? Outra dúvida que pode surgir é sobre o fato de que ele possa responder como ele gostaria de ser visto (desejabi- lidade social). Para avaliação da personalidade. ou seja. instrumentos cujos itens abordam questões em que os sujeitos. outras se percebem de forma irrealisticamente distorcida e im- precisa. Como observamos anteriormente. o estabelecimento do rapport. Diante da diversidade de teorias e instrumentos disponíveis para avaliação da personalidade.que deve motivar o testando a responder francamente. vários procedimentos são seguidos para resolver o problema da fraude e das tendências. também. A partir desses dados. de evi- tação de críticas. Na construção dos instrumentos de autorrelato. O futuro psicólogo deve estar atento. Deve reconhecer as limitações e as potencialidades do nosso instrumental e ter clareza sobre sua responsabilidade ao ser conclusivo a respeito do diag- nóstico produzido. a construção de escalas especiais para este fim com itens direcionados a averiguar a veracidade. diagnósticos e inferências são feitas a respeito da existência de uma força de constructos psicológicos. capítulo 3 • 75 .torna-se cada vez mais necessário que os psicólogos desen- volvam pesquisas que envolvam análise dos instrumentos e consequente rela- ção com o referencial teórico no sentido de buscar maior clareza e adequação da utilização dos instrumentos de investigação. de conformidade social e aprovação social (Crowne e Marlowe.1965 in Anastasi. Retomando a importância dos instrumentos que mensuram a personalida- de. assim como a finalidade de sua utiliza- ção. Outro problema é a maior especificidade de resposta (um indivíduo pode ser muito mais sociável e extrovertido no escritório do que em situações formais / um estudante que “cola” na prova pode ser muito escrupuloso em questões de dinheiro). sobre a importância de co- nhecer bem os instrumentos utilizados.tanto os testes como outras ferramentas são emprega- dos para coletar dados. a tendenciosidade e a desejabilidade. A possibilidade de “simular” ou “colar” não indica necessariamente uma fraude por parte do respondente. 1977). 1964. Os inventários de autorrelato estão especialmente sujeitos à possibilidade de respos- tas incorretas deliberadas. pois a maioria dos itens tem uma resposta que é reconhe- cida como socialmente mais desejável ou mais aceitável. Frederiksen. Alguns estudiosos apontam que a desejabili- dade social pode estar relacionada com a necessidade de autoproteção. na avaliação clínica. parecendo mais perturbados psicologica- mente do que na verdade são. Dentre eles estão a construção de itens “sutis”. Os respondentes podem “fingir para causar uma má/boa impressão”. o campo da testagem ainda segue com movimentos muito lentos.2. São inúmeras as teorias sobre inteligência. conti- nua sendo um conceito ambíguo que provoca discussões e críticas rigorosas. De acordo com Domino & Domino (2006). inteligência para o sucesso etc. obrigando estudiosos a definirem os construtos e apelando sempre para alguém. Em contrapartida.engloba uma diversidade de domínios tais como a psicologia cognitiva. as primeiras questões a serem 76 • capítulo 3 . mas nunca tiveram sucesso na vida? Embora a“inteligência” seja um dos construtos mais estudados. 2005). PERGUNTAS Quem não gostaria de ser considerado uma pessoa inteligente? Uma pessoa bem-sucedida é aquela que sempre foi muito inteligente? REFLEXÃO Quantas pessoas você conhece que são consideradas muito inteligentes. inteligências múltiplas. No entanto. Para o senso comum. a inteligência emocional. Dentre elas.2  Inteligência. a inteligência geral. ter satisfação profissional e pessoal. não existe nenhuma definição consensual sobre a inteligência como as conclusões obtidas a partir da psicologia cognitiva são tão rápidas que qualquer novidade pode tornar-se rapidamente obsoleta antes mesmo de seu desenvolvimento.3.1  Medidas de inteligência O campo da inteligência tem dominado a literatura psicológica durante déca- das. não sendo rapidamente desatualizados. será um equívoco acreditar que o construto inteligência possa ser definido mais claramente do que personalidade. falta à Psicologia uma teoria mais consistente. Atualmente. quando se pergunta o que é inteligência. aptidão e interesse 3. ganhar dinhei- ro. Segundo Pasquali (in Primi. ser inteligente significa obter sucesso. a psicologia clínica e a psicologia escolar entre outras. ou seja. COMENTÁRIO Você não deve aceitar essas descrições como uma certeza absoluta sobre o assunto. •  Ajustar-se e aproveitar ao máximo situações novas.125) afirma que “assim é inevitável que haja confusão quando se fala de inte- ligência pura e simplesmente porque cada interlocutor irá assumir naquela ex- pressão um processo diferente. •  Ser intuitivo. constitui-se de forma tão complexa. capítulo 3 • 77 . •  Prestar atenção.respondidas são: que tipo de inteligência? Inteligência segundo quem? Pasquali (p. Devido à grande dificuldade em definir o construto inteli- gência. Cohen e Swerdlik (2009) definem a inteligência como uma capacidade mul- tifacetada que se manifesta de formas diversas durante todo o ciclo de vida. Os testes de inteligência parecem sofrer de uma perpétua crise de identi- dade (Hogan. •  Pensar e encontrar palavras certas com facilidade. Em geral. use-as como ponto de partida para refletir sobre o termo que pode ser considerado in- trigante. pode ser observada e talvez avaliada ou medida. •  Planejar de forma eficaz. imaginação. muitas são as formas de identificá-la “capacidade mental”.já que. •  Inferir perceptivelmente. •  Fazer julgamentos e resolver problemas. •  Raciocinar logicamente. ou pelo menos um comportamento inteligente. ao mesmo tempo em que parece simples. a maioria das pessoas também concorda que inteligência.” Tal dificuldade se apresenta como um desafio para os estudiosos da área. •  Vislumbrar e entender conceitos. COMENTÁRIO Provavelmente. 2006). intuição etc. Em vez disso. a inteligência inclui a capacidade para: •  Adquirir e aplicar conhecimentos. “habilida- de cognitiva”. tal como raciocínio. isto é. se dois testes requerem uma mesma ca- pacidade cognitiva. emprega-se a análise fatorial para descobrir os agrupamentos de testes e por fim. uma definição aceitável de in- teligência continua sendo um grande desafio (Cohen &Swerdlik. então pessoas que tiverem esta capacidade desenvolvida tenderão apresentar escores mais altos nos dois testes simultaneamente. Howieson & Loring. pessoas com menor desenvolvimento tenderão apresentar escores baixos nos dois testes simultaneamente. como em função de um conjunto de fatores específicos. que. assim. 278). que permeia o desempenho em todos os testes de capacidade mental. julgamento. conhecido como fa- tor "g". A maioria das pessoas acredita que pode reconhecer a inteligência quan- do é expressa em comportamentos observáveis. no entanto. cada um envolvido no desempenho de uma capacidade mental. A análise fatorial por sua vez baseia-se nas diferenças individuais reveladas por uma centena de testes criados para avaliar as capacidades cognitivas. Iniciamos com Alfred Binet. Ele. 2004). No entanto. embora tenha sido pioneiro ao lançar seu teste com a proposta de medir as funções mais complexas. E. p. a definição dessa denominação "facilmente observável" permanece uma incógnita. 1936 in Cohen &Swerdlik. escreveu sobre seus componentes que incluíam raciocínio. aplica-se uma bateria de testes co- brindo uma diversidade de capacidades intelectuais. Talvez a in- teligência não seja observável em tudo. Ao contrário. a inteligência poderia ser compreendida tanto em função de um único fator geral. 2009. 2009). Segundo Primi (2003): A concepção de inteligência da abordagem psicométrica está sustentada na análise fatorial. Para Spearman. memória e abstração (Varon. 78 • capítulo 3 . David Wechsler propôs o conceito de inteligência como uma entidade glo- bal e ao mesmo tempo única (razão pela qual utilizou o escore de QI). não nos deixou uma definição explícita de inteligên- cia. idealizador da análise fatorial. analisa-se estes grupos entendendo quais são as capacidades comuns envolvidas na resolução dos testes dentro deles. podemos perceber seu desenvolvimento ao longo do tempo. O propósito da análise fatorial é identificar subgrupos de testes que avaliam uma mesma capacidade cognitiva. mas a baseou em um conjunto de habilidades espe- cíficas que são mais ou menos complexas e qualitativamente distintas (Lezak. A lógica deste procedimento é que. Como se deseja descobrir quais são as capacidades que compõem a inteligência percorre-se o caminho inverso. conforme outros autores da época. Traçando um breve histórico sobre o conceito de inteligência. 2009. que o aluno já conhece através dos estudos feitos na dis- ciplina de desenvolvimento humano. e inteligência cristalizada (GC – crystallized intel- ligence). Cattel subdividiu a inteligência geral em: inteligência fluida (GF– fluid intelligence).1  Inteligência geral Segundo Anastasi &Urbina (2000. Uma das mais destacadas teorias de inteligência é a de Jean Piaget (1896- 1980). promovendo. “todos os testes psicológicos são pla- nejados para medir o comportamento”. a foco específico está na identificação dos pro- cessos mentais que constituem a inteligência (Cohen &Swerdlik. A inteligência era con- siderada a mais valiosa das qualidades humanas e todos desejavam o status de inteligentes. que. o desenvolvimento cognitivo se dá por meio de quatro estágios: os es- tágios sensório-motor. uma marginalização daqueles que capítulo 3 • 79 . como. é identificado com a sigla QI como uma abreviação para o termo “inteligência”. o QI foi uma medida utilizada para descrever sujeitos considerados muito inteligentes ou pouco inteligentes. que. por exemplo.2. exercendo grande influência na psicologia do desenvolvimento. O QI – quociente de inteligência – é uma medida obtida a partir dos testes que avaliam a capacidade cognitiva em relação às normas padronizadas obti- das a partir da população amostral correspondente à sua faixa etária. Durante muito tempo. que se refere à compreensão de que hereditariedade e meio ambiente interagem e in- fluenciam o desenvolvimento da inteligência. Nas teorias de processamento de informação. O fio condutor das teorias de Wechsler e Piaget é o foco interacionista. Embora sua teoria tenha sido muito im- portante para a psicologia e para a educação de modo geral. pré-operacional (pré-operatório). 248). associada a conhecimento e vocabulário acumulados. não raro.a identificação da capa- cidade ou grupos de habilidades consideradas como inteligência. não exerceu muita influência no campo da testagem. associada a componentes não verbais reflete a rapidez e exa- tidão do raciocínio abstrato. algumas questões devem ser discutidas: o termo inteligência tem uma grande diversidade de definições e. de certa forma. Outros teóricos concentraram-se em outros aspectos da inteligência. p. p. Quando se trata da avaliação da inteli- gência. operatório concreto e operatório formal. 282). Em sua teoria. reflete as capacidades exigidas para a solução de problemas cotidianos complexos. 3.1. . e de maneira nenhuma faz avançar o nosso conhecimento da deficiência do indivíduo. UFRGS. 1998). Na atualidade.) Os testes de inteli- gência. a fim de preencher aquela determinada vaga. e sim para compreendê-las. 11  Eugenia é um termo criado em 1883 por Francis Galton (1822-1911). «Eugenia».249). (. Hoje.).. Há alguns anos. Um QI é uma expressão do nível de habilidade de um indivíduo em um determinado momento do tempo. assim como qualquer outro tipo de teste.apresentavam resultados baixos. unitária. Esta foi a época dos “testadores”. muitos de- les com pensamentos eugenistas11.. Ser só inteligente já não é o grande ponto de aspiração das empresas. (José Roberto Goldim. mas tem uma grande dificuldade das relações interpessoais. devemos lembrar dois pontos importantes: Primeiro. pesquisas realizadas mostraram que as pessoas que obtiveram maior pontuação em testes de QI não foram necessaria- mente aquelas que tiveram ascensão profissional. a inteligência testada deveria ser considerada um conceito descritivo e não um conceito explanatório. já sabemos que um QI altíssimo pode não resultar em grandes bene- fícios para as pessoas. não devem ser usados para rotular as pessoas. seja inteligente e que tenha também algumas habilidades sociais de- sejadas. Nenhum teste de inteligência pode indicar as razões para o desempenho de uma pessoa. em relação às normas de idades disponíveis. por exemplo. mas um composto de várias funções. (. REFLEXÃO Qual a garantia de que a criança prodígio se torne um adulto de sucesso? Para Anastasi e Urbina (2000). Um segundo ponto a lembrar é que a inteligência não é uma habilidade única. Galton definiu eugenia como "o estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações seja física ou mentalmente". Muitas vezes a pessoa tem QI alto. significando "bem nascido".. espera-se que um candidato a uma vaga de emprego. As autoras também chamam a atenção para o entendimento de que as qua- lificações de desempenho bem-sucedido diferem em culturas diferentes e em diferentes épocas na mesma cultura (p. Atribuir o desempenho inadequado em um teste ou em atividades da vida cotidiana à “inteligência inadequada” é uma tautologia. 80 • capítulo 3 . 2003). Os fatores cognitivos discutidos anteriormente indicam áreas mais especializadas do funcionamento cognitivo que favorecem a adaptação.pois inclui aspectos muito mais amplos do que o proposto originalmente. ainda. a capacidade de acessar e/ou gerar sentimen- tos de modo a facilitar o pensamento.1.2  Inteligência emocional Segundo Primi (2003). todavia não existe um ou dois tipos de inteligência. algumas afirmações como a que diz que o a inte- ligência emocional é mais importante do que a inteligência tradicionalmente medida pelos testes psicométricos não é verdadeira”(Primi.2.10). 1997. promoveu a criação dos tradicionais testes de inteligência. Estes estudos estão sendo feitos com relação ao conceito de inteligência emocional. A partir das tentativas de unificar o conceito de inteligência de forma que fosse aceito e aplicável universalmente. Salovey& Caruso. O modelo de inteligência emocional amplamente divulgado por Goleman é diferente da concepção ori- ginal desses autores. que: Uma definição bastante ampla diz que a inteligência é a capacidade de se adaptar ao meio. 2000). p. “Além disso.A divulgação do termo se deu por intermédio do livro de grande sucesso de Daniel Goleman (1996). 3. avaliar e ex- pressar emoções com precisão. O autor considera. emoção e sobre sua interação (Primi.2003). uma série de estudos tem procurado expandir o constru- to inteligência integrando aspectos da cognição com a emoção. a capacidade de entender as emoções e o conhecimento emocional e a capacidade de regular emoções para promo- ver o crescimento emocional e intelectual" (Mayer. os conceitos considerados como a base da Inteligência Emocional já estavam presentes nas pesquisas e nos modelos teóricos dos estudos da Inteligência de modo geral. a inteligência capítulo 3 • 81 . que de- finiram inteligência emocional como "a capacidade de perceber.pois a inteligência é um conceito multifacetado (Anastasi&Urbina. Mas o que é inteligência emocional? Esse termo foi inicialmente utilizado por Salovey e Mayer (1990). No entanto. A definição de inteligência emocional depende da definição da inteligência. Por exemplo. Isso faz com que a pessoa tenha uma maior com- preensão dos eventos complexos que a rodeiam trazendo uma vantagem adaptativa. Flores-Mendoza e Nascimento (2002): São muitos os problemas. Flores-Mendoza e Nascimento. tornou-se um dos mais populares das últimas décadas. de avaliar e de expressar emoções.15) Já foram desenvolvidos vários instrumentos para mensuração da inteli- gência emocional. A inteligência fluida elevada está associada à capacidade de resolver problemas por meio da descoberta de relações entre várias informações disponíveis. Talvez a sua rápida absorção pela sociedade esteja ligada à crença de que haja uma correlação tanto entre inteligência emo- cional e bem-estar quanto ao sucesso profissional. que envolvem o con- ceito desta inteligência. Não há certeza se a IE é um tipo de inteligência (por exemplo. O conceito de inteligência emocional. cristalizada elevada está associada ao maior conhecimento de informações sobre a cultura o que por sua vez facilita muito a adaptação. a capacidade de compreender a emoção e o conheci- mento emocional. e a capacidade de controlar emoções para promover o crescimento emocional e intelectual. Para Roberts. Algumas já se encontram disponíveis no mercado editorial. 2002). porque não. (p. já que a inteligência emocio- nal é compreendida como “a capacidade das pessoas de perceber e gerenciar suas próprias emoções assim como perceber e. a capacidade de perceber e/ou gerar sentimentos quando eles facilitam o pensamento. o que é fundamental para estabelecer se esse tipo de inteligência é um construto empiricamente útil e conceitualmente justificável (Roberts. como componente de ordem inferior). Para Mayer &Salovey (1997): A inteligência emocional envolve a capacidade de perceber acuradamente. de ordem metodológica e conceitual. sem dúvida. Parece haver sérias evidências que a IE não 82 • capítulo 3 . 2002). embora ofereçam informação insuficiente sobre suas propriedades psicomé- tricas. inteligência cristalizada) ou se ela pertence ao campo da personalidade (por exemplo. conduzir as dos outros”(Roberts. Flores- Mendoza e Nascimento. para um modelo das nove dimensões: raciocínio fluido. a existencial e a moral. rapidez de raciocínio. levando-se em consideração as diferenças culturais. o alarde da mídia e de certos setores acadêmicos desprevenidos não se justifica no momento atual da ciência psicológica. me- mória de curto prazo. Em 1995.1. teve uma grande influência sobre a visão atual da multiplicidade deste construto”. memória delongo prazo. Os psicólogos bra- sileiros devem também dedicar esforços para mapear as múltiplas dimensões da inteligência em nosso país. anteriormente apresentadas por Cattell. e não um único conceito. proces- samento auditivo. Foi quando criou o Teste de Ca- pacidades Mentais Básicas (Butcher. apoiada sobre uma base psicofisiológi- ca de funcionamento cerebral. Um modelo de vários tipos de inteligên- cia foi observado nos trabalhos de Horn (1991). espacial. em 1938. “A responsabilidade social da Psicologia de con- tribuir para a melhoria da vida humana é diretamente afetadas pela noção de capítulo 3 • 83 . Portanto. Recentemente. unindo os conceitos de inteli- gência fluida e cristalizada. corpóreo-cinética. musical. de- fendeu sua teoria das inteligências múltiplas. (Hogan.3  Inteligências múltiplas Thurstone. a espiritual.devem ser considerados vários tipos de inteligência. Assim sendo. precisão de raciocínio e conhecimen- to quantitativo. intrapessoal e interpessoal. “decididamente a proposta teórica de Gardner(1993) de sete tipos básicos de inteligência. lógico-matemática. Wechsler (2001) chama a atenção para a necessidade de pesquisas a partir de bases de dados. pode-se afirmar que a IE é um conceito ainda em fase de construção e suas medidas precisam ser refinadas. evidenciando sete tipos de inte- ligência: linguística. conhecimento da cultura. 3. Gardner (1999) evidenciou de três a quatro novos tipos de inteligência: a naturalista. do tipo fluido (ou fator g) reconhecida em um século de investigações e para a qual existem diversas medidas psicometricamente bem construí- das. processamento visual. Para Wechsler (2001).1974). Com o avanço das pesquisas sobre o funcionamento mental. é inteligência psicométrica. em meio a uma avalanche de publicações. 2006).2. criticou o modelo de inteligência geral evidenciada por Spearman e postulou que a inteligência poderia ser desmembrada em várias capacidades básicas através da análise fatorial. Howard Gardner. Em seu contexto. apresenta as subteorias: a) componencial. Principalmente como parte da "revolução" da psicologia cognitiva. ao mundo externo (interação com o meio) e ao protagonismo da inteligência na adaptação a ambos (as experiências individuais mediadoras). b) a contextual.também chamada de função executiva.2.1.2.5  Críticas aos testes de inteligência Grande parte das críticas que envolvem a mensuração da inteligência em testes como o Stanford-Binet podem ser resumidas no fato de que os esforços concen- tram-se muito mais no teste em si do que na teoria que o envolve.o computador representa um modelo de como o cérebro funciona (K. os testes de inte- ligência têm gerado um grande número de controvérsias e críticas. Richardson. com um foco no critério em vez de foco na validade do construto. relacionada aos meta componentes planejamento. Hoje temos um foco bem grande no modelo de processamento de infor- mações.”Portanto. e c) a experiencial. 3. 2006). Provavelmente mais do que qualquer outro tipo de teste.“inteligências. abordagens que são mais teóricas. relacionada ao pensamento inteligente. e que tentam definir inteligência. 3. com objetivos de adaptação e modelação ao meio como recurso adaptativo. monitoramento e avaliação da atividade cognitiva. Muitos foram construídos como medidas práticas. Para as teorias cognitivas de inteligência. “Mas os testes de inteligência certamente não são perfeitos e muitas das críticas são 84 • capítulo 3 . são reconhecidamente muitos os dilemas e os desa- fios para os pesquisadores no que se refere aos procedimentos mentais. concebidos em contextos aplicados. relacionada aos pontos críticos da atividade cognitiva e visa à captação da experiência anterior na adaptação a uma nova situação gerando eficácia na resposta. em termos de base e capacidades essenciais.4  Teoria triárquica de inteligência Sternberg (1985) apresentou uma teoria de inteligência que articula três subteorias referenciadas ao mundo interno (tratamento da informação). com maior foco no processo (como a criança pensa) do que no produ- to (qual é a resposta certa).1. 1991 in Domino & Domino. tem havido forte ênfase em diferentes abordagens para o estudo da inteligência. ainda. mais uma vez. para a compreensão dos testes ou das teo- rias psicológicas. somente dois de inteligência foram relatados: o WISC. não garante competência ou excelência na atuação. Talvez o caro aluno possa ainda se questionar sobre a real importância do instrumen- to para fins de avaliação psicológica. 2001 in Alves. o D-48. O diplo- ma. requeiram muito tempo dedicado aos estudos para sua compreensão. Alcchieri e Marques. utilizado por 15% dos respondentes e o Raven. Deve procurar uma formação de qualidade. esperamos que você possa com- preender a real importância dos testes psicológicos como instrumentos de capítulo 3 • 85 . a apuração e a interpretação dos resultados de um tes- te. Tais resultados nos remetem. assim como o ensino da disciplina e da aplicabilidade dos testes de inteligência nos cursos de Psicologia. Quem sabe. seja de onde for. todo psicólogo precisa dedicar muito do seu tempo para ter uma formação de qualidade. De fato. citado por 6. pesquisas realizadas sobre o ensino de Técnicas de Exame Psicológico evidenciaram que os testes mais ensinados nos cursos de Psicologia são respectivamente o WISC. uma delas é que os testes não mudaram muito desde o trabalho de Binet. Alves (2005) cita pesquisa realizada por Noronha (1999) evidenciando que.”(Domino & Domino.70 e o CIA(Alves. o Raven. à reflexão sobre a importância e a utilização dos testes de inteligência. por isso. 2006) No Brasil. VAMOS PESQUISAR Quais são as áreas em que o psicólogo poderia fazer uso dos testes de inteligência de ma- neira que seus resultados possam ser realmente de grande valia para o objetivo definido no processo de avaliação? A partir dos seus estudos desta disciplina. o D. Talvez não tenha tido a oportunidade de vivenciar a aplicação. 2005).entre os dez testes mais utilizados na prática profissional pelos psicólogos. o G-36. o Columbia. que não é dada unicamente pela institui- ção de ensino –só será garantida por seu esforço pessoal e dedicação. o INV.válidas.1% deles. o aluno possa pensar que os testes sejam instrumentos muito difíceis e. O aluno deve refletir sobre a responsabilidade de sua atuação profissional e sobretudo sobre a importância do seu trabalho para inúmeras pessoas. o Goodenough- Harris. 86 • capítulo 3 . como. um quadro que indica os testes de inteligência comercializados no Brasil.) Diferentemente de quase todas as outras mensurações psicológicas. 3. P.320). os inventários de interesse têm como intenção principal informar o respondente.2  Medidas de interesses Tanto a natureza quanto a força dos interesses e atitudes de um indivíduo evi- denciam uma característica importante de sua personalidade que podem afe- tar vários aspectos de sua vida. Lembramos a necessidade de que o profissional. as atitudes e as preferências. o estudo das atitudes está mais intimamente ligado às questões da psicologia social e mais recentemente tem seu foco também no domínio do consumidor. talvez perguntas indiretas. frequentemente são debatidos em comunhão com os interesses. e jovens do mundo inteiro respondem aos inventários todos os anos com o intuito de reco- nhecer quais as áreas profissionais mais indicadas para si. verifique no SATEPSI (Sistema de Avaliação dos Testes Psicológicos) se naquele momento estão aprovados e ade- quados para uso.competência unicamente do psicólogo e que compreenda que sua utilização consciente e qualificada pode ser de grande valia para o processo da avaliação psicológica ou psicodiagnóstico. as escolhas promovidas ao longo da vida também se rela- cionam com os valores. as relações interpessoais e até mesmo o prazer da pessoa que de- riva de atividades de lazer e outras etapas do seu cotidiano (Anastasi & Urbina. antes de adquirir e utilizar os testes citados. não oferecer informações que permitam a uma outra pessoa – professores. Da mesma forma. 2000. por exemplo a realização educacional e ocupacional. pois quem mais pode dizer quais são seus interesses? O inventário é mais conveniente do que uma entrevista e apresenta mais perguntas. que. (. Apresentamos. De acordo com Cronbach (1996): O inventário é uma maneira de ajudar a pessoa a confrontar aquilo que ela já sabe sobre si mesma.2..no anexo II. legisladores ou terapeutas – fazer julgamentos acertados. Os inventários de interesse são extremamente importantes.. Enquanto o estudo dos interesses encontra-se mais associado à avaliação educacional e profissional. Os inventários de interesse buscam predizer a satisfação de uma pessoa em uma determinada área. secundário e tangencial ao estudo da personali- dade. 3. e essas opiniões estão ligadas às nossas atitudes. Certamente os resulta- dos obtidos devem ser trabalhados com outras técnicas e preferencialmente devem ser amplamente discutidos nos grupos de orientação profissional. a mensuração dos interesses começou como um pro- cesso relativamente específico. p. Muitas vezes temos “opinião” formada sobre um determinado assunto. eles podem servir como estímulo para uma exploração maior do mundo profissional. REFLEXÃO Quais efeitos os inventários de interesse podem produzir no testando? Anastasi e Urbina (2000) relatam que. Para outras. capítulo 3 • 87 . pois os resultados obtidos nos inventários discrimi- nam (apontam) as pessoas que gostarão de um determinado trabalho de outras que não gostarão.3  Levantamento de opinião e escalas de atitude Nos primeiros capítulos deste livro. 1996. A predição da escolha da carreira tem um resultado exa- to quando os interesses que foram evidenciados no teste apontam para os inte- resses declarados pela pessoa. Para outra. O trabalho do psicólogo que atua na área de orientação profissional tem o objetivo de promover o autoconhecimento para que as suas escolhas sejam mais apropriadas. são encontrados vários instrumentos. No entanto. 408).2. preparar o jovem para tomar as decisões mais assertivas na hora do conflito referente às escolhas profissionais. Muitos estudos revelam associações significativas entre interesses voca- cionais medidos e aspectos da personalidade. evidenciando opções até então não consideradas. de grande utilidade para eles. ou seja. Dentre eles foi citado o levantamen- to de opinião. Para Anastasi (1977). sendo os inventários. dentro da inquiri- ção. Os testes de interesses em conjunto com os de capacidades fornecem uma excelente predição (Cronbach. sabemos que muitos adolescentes não têm clareza sobre seus próprios interesses. o aluno aprendeu que. para uma determinada pessoa. os in- ventários podem apoiar e reforçar as aspirações vocacionais já existentes. po- dem proporcionar maior auto entendimento. então. 1976). precisando ser inferidas a partir de comportamentos manifestos. Assim como nos hábitos12. que diz respeito à predisposição que aquela pessoa tem de se comportar diante do objeto atitudinal e deve ter congruência com os componentes cognitivo e afetivo (Rodrigues. Para melhor compreensão. que representa os sentimentos que a pessoa tem quanto ao objeto atitudinal. 88 • capítulo 3 . que é o conhe- cimento que a pessoa tem sobre o objeto atitudinal. As atitudes têm três componentes: o componente cognitivo. (Miniaurélio Século XXI. 12  Hábito sm. 1. que podem ser favoráveis ou desfavoráveis a ele. 2000). costume. 2000). o componente afetivo.COM REFLEXÃO A esta altura convém perguntar: opinião e atitudes são diferentes? Uma atitude é uma moti- vação para a ação? O que você acha? As atitudes são variáveis intervenientes. e o componente comportamental. ou seja. ©© PIXABAY. vamos citar um exemplo. não podem ser diretamente observadas. uso. De modo geral. Disposição adquirida pela repetição frequente dum ato. nas atitudes o afetivo é um dos componentes com maior força. a atitude é associada a estímulos sociais e respostas emocio- nalmente matizadas e envolvem julgamento de valor (Anastasi & Urbina. EXEMPLO Minha mãe faz tratamento para diabetes. são tradicionalmente distintos das escalas de atitude. desde a Segunda Guerra Mundial. Mas não consegue se controlar ao passar por uma padaria e come dois sonhos escondido. observa-se um rápido aumento no desenvolvimento e na aplicação de instru- mentos que admitem a análise do desempenho. doença que retrata níveis altos de açúcar no san- gue. por isso está proibida de comer doces.4  Medidas de aptidões O aproveitamento do talento de cada pessoa é uma meta da sociedade com a qual a testagem psicológica muito contribuiu. A escolha profissional requer to- madas de decisões importantes.2. os levantamentos de opinião. Todavia. mas com frequência esses dois termos são utilizados com o mesmo senti- do. para o ajustamento social. em se tratando de avaliação. diferentemente do QI. que são compostos por perguntas mais específicas. porque desempenha papel específico em cada pessoa. Ela sabe que não deve comê-los. que apresenta uma medida única e geral. segundo Anastasi & Urbina (2000). para a defesa do eu – proteção contra o reconhecimento de verdades indesejáveis etc. a atitude sempre foi foco da psicologia social.379) evidencia que. 3. permitem um conjunto que resulta em várias aptidões. capítulo 3 • 89 . Escondido de quem? A opinião. Anastasi (1977. Como elaborar uma escala de atitude? Para elaboração de uma escala de ati- tude. é recomendável que o aluno reveja o capítulo que versa sobre estatística bá- sica para a testagem neste livro e o livro Sob Medida de Bunchaft e Cavas (2002). Segundo Bunchaft e Cavas (2002). Apresentamos. é às vezes diferenciada da ati- tude. Esses instrumentos. relativo a diferentes aspectos da inteligência. ela é uma pessoa que lê e se informa. o quadro contendo alguns dos instrumentos que avaliam os interesses e aptidões comercializados atualmente no Brasil. p. no anexo III. o que certamente implicará no grau de satisfa- ção pessoal e profissional futura do jovem que hoje faz suas escolhas.”. é inteligente. “servindo para a avaliação do objeto – como um padrão para as nossas reações diante do objeto específico e outros a ele relacionados. 1996). em nosso país. 1977. 2000. o momento de diagnóstico (Bohoslavsky. principalmente a de Super. Por outro lado. a orientação profissional. Na medida em que essas limitações dos testes de inteligência fica- ram evidentes. mas análises mostraram que os testes de inteligência podiam ser considerados capazes de medir uma certa combinação de aptidões especiais. propuseram uma utilização diferenciada dos instrumentos tradicionais e a criação de novos instrumentos que pudessem auxiliar os orientadores profissionais principalmente no momento inicial do processo de orientação. certas áreas. 1977). normalmente não eram tocadas. Bardagi. pela valorização da Psicologia Clínica que acompanhou a criação dos cursos de Psicologia e pelo surgimento da Abordagem Clínica de Orientação Profissional de Rodolfo Bohoslavsky (1977). mas modificaram o seu papel e. os processos de orientação profissional baseados nos modelos Evolutivo e Clínico não excluíram totalmente o uso de testes psicológicos.2000). passou a ser menos centrada nos testes psicológicos e iniciou-se uma maior valorização dos processos de aprendiza- gem envolvidos na escolha (Carvalho. Segundo Sparta. 1995. Testes de aptidões especiais foram construídos para suplementar os de inteligência. Melo-Silva & Jacquemin. um perfil intelectual que permite visibilidade às partes fortes e fracas do indivíduo. 90 • capítulo 3 . 2006). começou-se a qualificar o termo inteligência. 2001. Bardagi e Teixeira (2006): A partir da década de 1970. assim. 2003a). Influenciada pelas teorias evolutivas. com isso. tais como as habilidades verbais e numéri- cas (Anastasi. O desenvolvimento das baterias de aptidões múltiplas foi estimulado por ter ficado claro que. como de aptidões mecânicas. Muitos dos instrumentos que avaliam as aptidões e os interesses se carac- terizam pela falta de uma teoria que possa justificar as diversas áreas que são avaliadas (Sparta. ou abstrata e mecânica ou social. Os inventários de interesse sempre foram o carro-chefe das intervenções em Orientação Profissional chegando a ser utilizado como sinônimo do próprio processo de orientação (Anastasi & Urbina. pelo aconselhamento psicológico não-diretivo de Rogers. nos testes de inteligência. Ro- sas. exceto em algumas escalas de de- sempenho. Super & colaboradores. Sparta. Teixeira.Apresenta. do tipo acadêmica e prática. houve também uma mudança de paradigma na Orien- tação Profissional brasileira. como inteligência e personalidade. Desta forma. A partir de um determinado momento. 2006). A baixa frequência no uso de testes psicológi- cos em pesquisas além de sua concentração em alguns temas. Desta forma. Para os autores. À medida que as profissões se tornam híbridas e multifacetadas. 1997 in Sparta. aptidões e interesses variados (Lassance. sem serem condições a priori para a definição da escolha (Sparta. destacando-se a construção e validação de testes nacionais tendo em vista a carência de instrumentos com qualidades psicométricas apropriadas à população brasileira. ainda. 2006). cada vez mais difundida entre os profissionais da área. não era mais possível estabelecer uma correspondência entre o sujeito e uma determinada profissão ou mesmo área de atuação (Sparta. e de que as aptidões e habilidades exigidas pelo trabalho podem ser apreendidas e aperfeiçoadas ao longo da carreira. a demanda aponta para estudos psicométricos com vistas à construção e validação de testes que avaliem construtos de interesse da área. os pro- fissionais também precisam ser diferentes entre si e apresentar características múltiplas. Bardagi e Teixeira. Bardagi e Teixiera.teve início em resposta a uma percepção de insufi- ciência daquele modelo que combina indivíduo e profissão. independentemente de suas características de personalidade. Outro aspecto fundamental para o descrédito nos resultados dos testes de aptidão e interesses como definidores do processo de orientação profissional é a percepção. Segundo Chiodi e Wechsler (2008): O momento atual da avaliação psicológica no Brasil centraliza-se na discussão sobre instrumentos válidos e confiáveis. de que os indivíduos podem exercer diferentes profissões. despidos de todo preconceito quanto à medida ou a mensuração capítulo 3 • 91 . Que os jovens psicólogos iniciem sua jornada. os estereótipos profissionais vão perdendo força e uma mesma car- reira pode ser exercida por pessoas com características. Bardagi e Teixeira. como os testes de inteligência e de aptidões e os inventários de inte- resses e de personalidade. 2006). torna-se necessário que os psicólogos da área lancem esfor- ços para a produção de estudos e pesquisas. a perda da confiança no uso de instrumentos psico- métricos. construtos com vários testes disponíveis. no qual a apuração das características individuais e a definição das atribuições e categorias das carreiras garantiam uma indicação precisa ao final do processo de orientação. pode ser reflexo da carência de testes psicológicos que atendam à necessidade dos pesquisadores. Os termos habilidades sociais. os programas de treinamento de habilidades sociais são aplicados a diversos campos. desempenho social e competência social se diferenciam. c) Os conceitos sobre habilidades sociais e competência social não se equivalem. O termo “habilidades sociais refere-se à existência de diferentes classes de comportamentos sociais no repertório do indivíduo para lidar de ma- neira adequada com as demandas das situações interpessoais” (A. ao mesmo tempo. 2001. situacional e cultural (Del Prette & Del Prette. que a testagem possa realmente dar sua contribuição a esta importante área social. porém rapidamente se expandiram para diversas áreas da Psicologia. A competência social tem sentido a avaliativo que remete aos efeitos do desempenho das habilidades nas situações vividas pelo indivíduo. Já o termo habilidades sociais aplicasse à noção de existência de diferentes classes de comportamentos sociais no repertório do indivíduo para lidar com as demandas das situações interpessoais. Garcia (2006. sentimentos e ações em 92 • capítulo 3 . Na base do desenvolvimento desse campo encontram-se os conceitos de ha- bilidades sociais e competência social que qualificam um tipo especial de desem- penho social. Del Prette & Del Prette. desenvolvendo interesse na cons- trução e validação de instrumentos mais atuais e. Atualmente. um desempenho socialmente competente.3  A importância das habilidades sociais O interesse e os estudos sobre as habilidades sociais tiveram origem na Psico- logia Clínica e do Trabalho.e permita descortinar o mundo dos testes. conforme destacamos em Del Prette e Del Prette (2001): O desempenho social refere-se à emissão de um comportamento ou sequência de comportamentos em uma situação social qualquer. 11) apresenta uma síntese de alguns aspectos fundamentais para a compreensão das habilidades sociais. 1999). permitindo. 3. 31). (p. b) Ter um bom repertório de habilidades sociais não garante. a contento para nossa população.p. a competência social tem um sentido avaliativo e. incluindo as premissas a seguir: a) As habilidades sociais são aprendidas e contemplam as dimensões pes- soal. 31). por si só. então. portanto qualifica “a proficiência de um desempenho esse refere à capacidade do indivíduo de organizar pensamentos. p. Em contrapartida. 2001. deve ser verificado junto ao SATEPSI se o mesmo está apropriado para o uso. Atualmente. A interconexão entre o comportamento e as habilidades sociais tem provo- cado interesse da psicologia e a produção de vários estudos correlacionando as habilidades sociais com personalidade. devemos relembrar e conscientizar nosso corpo discente. 1999. p. e) O Treinamento de Habilidades Sociais foi constituído em termos de escopo e definições conceituais anteriormente ao Treinamento Assertivo. alguns instrumentos são comercializados no Brasil para a ava- liação das habilidades sociais. d) A competência social como construto avaliativo implica em instrumen- tos de avaliação. que antes da utilização de qualquer dos testes citados neste livro. entre elas as teorias de aprendizagem derivada do modelo de Skinner e de Bandura têm uma posição de destaque. auto eficácia. sendo uma área a ser amplamente explorada pelos psicólogos. p. f) Diferentes abordagens sobre o relacionamento interpessoal compõem o sistema teórico amplo que forma o campo do Treinamento de Habilidades Sociais. Del Prette & Del Prette. 2005) incluem a assertivida- de como uma subárea do Treinamento de Habilidades Sociais. assim como a auto aplicação para melhor compreensão dos itens e das dificuldades que o testando poderá encontrar. Para consulta verifique o quadro no Anexo IV. Já podemos evidenciar alguns estudos e projetos de Treinamento e Desenvolvimento das Habilidades Sociais na infância. manutenção ou me- lhora da autoestima. na vida acadêmica e em instituições. conforme Del Prette e Del Prette (2001. são movimentos independentes. A. manutenção ou melhora da qualidade da relação. maior equilíbrio entre ganhos e perdas entre os parceiros da relação. depressão. alunos do curso de Psicologia. o primeiro iniciado na Inglaterra e o segundo nos Estados Unidos. 31). Deixamos. alguns autores (Del Prette & Del Prette. especificidade da situação em que o desempenho ocorre e critérios de avaliação. com as práticas educativas. assim. A partir do exposto acima.função de seus objetivos e valores articulando-os às demandas imediatas e me- diatas do ambiente” (A. A leitura do manual do teste é outro fator impor- tante. Ambos. estresse etc. Os principais critérios. respeito e am- pliação dos direitos humanos básicos. A apuração dos resultados que devem ser procedidas rigorosamente de acordo com o determinado no manual capítulo 3 • 93 . historicamente. nossa dica para leituras complementares. Atualmente. Del Prette & Del Prette. 34) são: consecução dos objetivos da interação. 03.. lembrando que um resultado bruto é apenas a soma dos pontos e que o instrumento só vai “nos dizer” alguma coisa a res- peito do sujeito avaliado quando o resultado bruto for comparado ao resultado percentil que nos indicará o quanto ele se aproxima ou se afasta da média da população amostral. Testes psicológicos. Trad. São Paulo: Casa do Psicólogo. São Paulo: Herder. A. São Paulo. ANASTASI. M. A. ALVES. & URBINA. porque devemos seguir as instruções exatamente como determina o manual? 04. W. 1977.com a atualização adequada das tabelas que transformam os resultados bru- tos em resultados percentílicos. Instrumentos Disponíveis no Brasil para a Avaliação da Inteligência. 2000. Ricardo Primi (organizador). Cite uma característica psicológica e informe qual o teste você utilizaria para sua mensuração.). Quais as preocupações dos profissionais quanto à utilização dos inventários de autorre- lato e o que pode ser feito para minimizá-las? REFERÊNCIAS ALLPORT. S. 94 • capítulo 3 . Fortaleza Trans. Editora da Universidade de São Paulo. In Temas em Avaliação Psicológica. A. 2005. os testes podem ser considerados um importante instrumento para a sociedade? 05. Spain>Marova. J. Testagem Psicológica (7ª. I. Madrid. 1974. Porto Alegre: Artes Médicas Sul. (Original publicado em 1997). ANASTASI. BUTCHER. EPU. 02. Verones.B. Ao aplicar um teste padronizado. La Inteligência Humana. J.1966. Personalidade padrões e desenvolvimento. Apesar das críticas e das divergências. V.A. Porto Alegre: IBAP – Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica. G. Conceitue inteligência geral e aponte as diferenças entre inteligência geral e inteligên- cia emocional. ed. ATIVIDADES 01.C. 1977. Testes psicológicos. A. FREITAS. Z. 2008. HALL. P. F. 1999. CHIODI. L. SeventhEdition.Vitória : UFES. 15-49).. New York: Oxford University Press.Petrópolis: Vozes. &MARLOWE. Testes psicológicos. São Paulo. Porto Alegre: Artes Médicas. A.).J. Análise de instrumentos de avaliação de interesses profissionais. In A. Petrópolis: Vozes. FREDERIKSEN. HOWIESON. F.P. Teorias da Personalidade – Vol 2. São Paulo: Casa do Psicólogo.1996. 2001. F. O que é inteligênciaemocional? Em: P. Psicologia das Relações Interpessoais: Vivências para o Trabalho em Grupo. L. M. 1999. HOGAN. Psychological Testing and Assessment: AnIntroduction to Tests and Measurement. EPU. Porto Alegre: IBAP – Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica. CPS: Escalas de Personalidade de Comrey. M. M. & SWERDLIK. D.. Sluyter (Eds. 2006. A. N.1997. Psychological Testing and Assessment: AnIntroduction to Tests and Measurement. Psicologia: Teoria e Pesquisa. &WECHSLER. Psychological Testing: An Introduction. Ricardo Primi (organizador). CROWNE. Avaliação Psicológica: Contribuições brasileiras.ES. Inteligência emocional da criança: Aplicações na educação e no dia-a-dia (pp.In Anastasi. Fundamentos da testagem psicológica. DEL PRETTE. SeventhEdition. MAYER. T. C. 1977. W. GARCIA. In COHEN. D. COHEN. capítulo 3 • 95 . DOMINO. Anastase. LEZAK. L. J. 1999. Rio de Janeiro: Editora Campus. The McGraw−Hill Companies: 2009. COSTA. 1984. Salovey& D. G. PASQUALI. Psicologia das Habilidades Sociais: Terapia e educação. G.J. J. Relacionamento interpessoal . M. in Temas em Avaliação Psicológica. NORONHA. D. Introdução à Prática de Testes Psicológicos. & DOMINO. São Paulo: Vetor Editora.CHAPLIN ET AL. PASQUALI. A. & DEL PRETTE. The McGraw−Hill Companies: 2009. & SALOVEY. P. Inteligência: Um Conceito Equívoco. Neuropsychological Assessment.J.estudos e pesquisas / Agnaldo Garcia (org. Programa de Pós-Graduação em Psicologia e Núcleo Interdisciplinar para o Estudo do Relacionamento Interpessoal. São Paulo: EPU. R.P. EPU. 2006.R. 2003..). P. The approval motive: Studies in evaluativedependence. 2006. 2001. A. de &OTTATI. R. São Paulo: Casa do Psicólogo.Boletim Academia Paulista de Psicologia. 2005. PASQUALI. B. G. &LINDZEY. D. D. Response set scores as predictors of performance. & SWERDLIK. Técnicas de Exame Psicológico -TEP. Vitória. 2004. P. S. New York. A. Published in the United States of America by Cambridge University Press. A. M. & DEL PRETTE. LTCEditora. São Paulo. CRONBACH. D. & LORING. DEL PRETTE. M. TEP – Técnicas de exame psicológico. L. São Paulo: Casa do Psicólogo. Z. A. P. Disponível em:<http://pepsic. Avaliação das múltiplas inteligências: desafios para os psicólogos do novo milênio. and Personality. P.Inventário Fatorial de Personalidade. RODRIGUES.v. 77-92. M. 103-121. RevistaIberoamericana de Diagnóstico y EvaluaciónPsicológica.. Imagination. [online]. D. D. 1997 SILVA.. BARDAGI. Aval. M. Gonçalves.. Instrumentos de Avaliação em Orientação Profissional: perspectiva histórica e situação no Brasil.. Cognition. HUTZ. (2009). SALOVEY. MAYER.. J. 209-217.2006 .M. Flores-Mendoza & R. 300-322).Escala Fatorial de Neuroticismo e o IFP . B. Emotional IQ test [CD ROM]. 2002.php?script=sci_arttext&pid=S1677-04712011000100006&lng =pt&nrm=iso>. Modelo dos cinco grandes fatores da personalidade: análise de pesquisas. 96 • capítulo 3 . P. & CARUSO.Disponível em <http://pepsic. M. C.. R. Emotional intelligence. 2. C. WECHSLER. SPARTA. P.Introdução à Psicologia das diferenças individuais (pp. M. NASCIMENTO. ambiente e personalidade. 8(2). TRENTINI. p. Avaliação Psicológica. M.REBOLLO. Inteligência Emocional: um construto cientifico? Publicado na revista Paidéia. TEIXEIRA. J.bvsalud.eNAKANO.ISSN 1677-0471. ROBERTS. Bandeira. 2001. Needham.bvsalud. São Paulo . M. psicol.org/scielo. P. J. vol. & MAYER. A. A. C. MA: Virtual Knowledge. pp. S. n. prof. SALOVEY. orientac. 2011. R.. T. R. D. I. In C. Colom (Orgs. A. 7. 2006. Teixeira. Genes. dez.10. &HARRIS. n. S.1990. Correlações entre a EFN . Porto Alegre: Artmed. FLORES-MENDOZA. I.E.. Psicologia Social. 51-62. E.. 19-32. P.php?script=sci_ arttext&pid=S167933902006000200004&lng=pt&nrm=iso>. Rev.org/scielo. D. A. 1978. bras. Petrópolis: Vozes. R.1 [citado 2016-04-23]. T. &Thomazoni A. R.). psicóloga. . mestre em psicologia social e doutoranda do programa de pós-graduação em psicologia social da UERJ... 4 Dos conceitos matemáticos à análise e construção dos testes psicológicos: medir é preciso. 13 Por Vivian Martins Gomes e Elisabete Shineidr 13  Este capítulo foi elaborado em parceria com Vivian Martins Gomes. 4.  Dos conceitos matemáticos à análise e construção dos testes psicológicos: medir é preciso... 4.1  Introdução Os números costumam assustar alunos e até mesmo profissionais ligados às ciências humanas, como a Psicologia. Mas por que esse temor aos números se eles tanto nos falam acerca de um sujeito? A fim de responder a esta per- gunta, o presente capítulo visa desmistificar conceitos básicos da Estatística e da Psicometria. OBJETIVOS •  Compreender os princípios básicos da estatística na construção e interpretação dos testes; •  Reconhecer a importância da mensuração para fins de avaliação psicológica; •  Conhecer os conceitos fundamentais da Psicometria e sua aplicabilidade; •  Reconhecer e avaliar as propriedades psicométricas dos testes psicológicos. O aluno de Psicologia, em geral, tem muito receio da estatística que se apre- senta nas salas de aula, devido à uma dificuldade em estabelecer relações do que os números representam para a Psicologia na prática do contexto psico- lógico em si. Portanto, desmistificar faz-se necessário. Mesmo que o sujeito não esteja diretamente voltado às atividades de pesquisa (situação na qual os conceitos estatísticos são muito mais explorados), o psicólogo clínico também deve deter o conhecimento numérico para conseguir interpretar os resultados trazidos pelos testes por ele aplicados. E aqui vale ressaltar essa importância, já que somos os únicos profissionais capazes de utilizar tais instrumentos, tor- nando-nos peritos na área. Assim sendo, em alguma fase de seu trabalho, inevitavelmente, o sujeito, e neste caso em especial o psicólogo, vai se deparar com um problema para ana- lisar e entender um conjunto de dados relevante ao seu particular objeto de es- tudo. Ele necessitará trabalhar os dados para transformá-los em informações, 98 • capítulo 4 para compará-los com outros resultados ou, ainda, para julgar sua adequação a alguma teoria. Pode-se dizer que o descrito anteriormente é a espinha dorsal da Ciência, ou seja, há a observação do fenômeno e, após sua constatação, há o que se chama de objetivo básico, qual seja a inferência. A inferência é uma das partes da Estatística. Esta, por sua vez, é a parte da metodologia científica que tem por objetivo a coleta, a redução, a análise e a modelagem dos dados, a partir do que, finalmente, faz-se a inferência para uma população da qual os dados (a amostra) foram obtidos. Assim sendo, há a coleta dos dados, o seu estudo matemático e, por fim, a inferência do que aqueles nú- meros apresentam, possibilitando fazer previsões, a partir das quais se pode to- mar decisões. A partir da utilização desse método científico, cientistas podem testar suas teorias ou hipóteses. O sentido literal da palavra "Psicometria" vem da junção de duas palavras: Psiquê (vem de alma) e Metria (vem de métrica). É um ramo da Psicologia que estuda instrumentos de Avaliação Psicológica, que servem para medir algum construto, e, de acordo com Pasquali (2009), fundamenta-se na teoria das me- didas em geral e tem origem na Psicofísica, cujo fundador é o Inglês Francis Galton. Este autor descreve que ela procura explicar os sentidos das respostas dadas pelos sujeitos em determinadas tarefas, denominadas itens. Basicamente a psicometria se propõe a estudar os fundamentos dos testes psicológicos. Esses fundamentos dizem respeito à validade e à precisão dos testes. A validade se refere ao conteúdo dos instrumentos, se, em algum grau, eles medem aquilo que se propõem a medir. A precisão, ou fidedignidade, re- laciona-se à consistência e avalia se o tempo, as ocasiões ou mesmo os sujeitos retestados são variáveis que produzem resultados correlatos (Pasquali, 2009). Quando o psicólogo adquire um teste, independentemente da finalidade de seu trabalho, já que ele pode utilizá-lo para diversos fins – como Psicoterapia individual ou em grupo, Avaliações do Trânsito, Psicologia do Trabalho, dentre outros –, deve reconhecer que nenhum teste deve ser considerado como ver- dade absoluta sobre um sujeito, mas, sim, como um recorte, em determina- do tempo, espaço, estado afetivo, dentre outras variáveis, que fornecem uma amostra comportamental do avaliado e deve ser confrontado com outras for- mas de Avaliação Psicológica. De modo geral, um teste só pode ser comercializado se passar por longos processos de validação e subsequente aprovação de pareceristas do Conselho capítulo 4 • 99 Federal de Psicologia. Feito isso, somente o psicólogo devidamente registrado em seu Conselho Regional de Psicologia poderá comprar o instrumento e utili- zá-lo (conforme Resolução CFP nº 002/2003). Desejamos, então, desmistificar o medo dos números, entendendo que, nes- ta ciência, eles representam fenômenos psicológicos, devendo a Psicometria ser concebida como um ramo da Psicologia e que se caracteriza por expressar (observar) o fenômeno psicológico através do número em vez da pura descrição verbal (Pasquali, 2003). 4.2  Bases históricas da estatística A exigência da utilização do conhecimento através dos números começou a se fazer necessária antes mesmo do nascimento de Cristo. O primeiro dado esta- tístico disponível foi o de registros egípcios de presos de guerra na data de 5000 a.C. Em 3000 a.C., também há registros estatísticos de recenseamento acerca da falta de mão de obra relacionada à construção de pirâmides. Da mesma for- ma, em 2238 a.C., o Imperador da China, Yao, ordenou que fosse feito o primei- ro recenseamento com fins agrícolas e comerciais. Dessa forma, nota-se a importância, desde os primórdios, dos números na compreensão de questões ligadas ao dia a dia dos sujeitos, inclusive refletin- do nos dias atuais, onde vivemos rodeados por uma quantidade de informação tão grande, fazendo-se necessário pensar no quanto a Estatística nos é útil e o quanto esta ciência vem tomando proporções de ferramenta importante para quem precisa tomar decisões. Não podemos escapar dos dados, assim como não podemos evitar o uso de palavras. Tal como palavras os dados não se interpretam a si mesmos, mas devem ser lidos com entendimento. Da mesma maneira que um escritor pode dispor as palavras em argumentos convincentes ou frases sem sentido, assim também os dados podem ser convincentes, enganosos ou simplesmente inócuos. A instrução numérica, a capaci- dade de acompanhar e compreender argumentos baseados em dados, é importante para qualquer um de nós. O estudo da estatística é parte essencial de uma formação sólida. Moore (2000) 100 • capítulo 4 com o estabelecimen- to dos Novos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s). proporcionando melhor capacidade de absorção do que está sendo transmitido. no fato de muitos estudantes. resu- mo. traduzida como o estudo do Estado. em 1997. “A Estatística é uma ciên- cia que se dedica ao desenvolvimento e ao uso de métodos para a coleta. Com o passar do tempo. organização. 2003). Soares & César. uma coleção de informação de interesse para o Estado sobre população e economia. passaremos ao próximo tópico deste capítulo. tendo esse movimento se iniciado na década de 1970. também. originalmente. muitas vezes. utilizarem-se das noções de pro- babilidade e estatística como instrumentos em suas profissões. sob a justificativa de ela estar presente em praticamente todas as atividades da sociedade moderna e. verificou-se a necessidade de acrescentar o estudo da Estatística ao ensino da Matemática nas escolas. estatísticas de saúde. Após versarmos rapidamente sobre as bases históricas da estatística e per- cebermos que ela se faz presente em nossas vidas desde a antiguidade. se comunica através de gráficos. estatísticas do jogo de futebol etc. nas suas vidas futuras. o ensino da estatística na escola vem ao encontro de uma socie- dade que. Essas informações eram coletadas objetivando-se o resumo de informações indispensáveis para os governantes conhecerem suas na- ções e para a construção de programas de governo. todo esse movimento em prol da inclusão da ciência estatística somente chegou ao Brasil muitos anos depois. apresentação e aná- lise de dados” (Farias. tabelas e estatísticas descritivas (estatísticas do trânsito. Para que o cidadão sobreviva e consiga acompanhar e assimilar esse “mar de estatísticas”. bem como facilitando a tomada de decisões acerca de al- gum assunto. capítulo 4 • 101 . tornan- do-se a cada dia que passa mais essencial nos contextos do dia a dia em função da sua natureza descritiva e organizadora de dados. faz-se necessário que alguns conceitos sejam traba- lhados desde a escola. facilitando a visualização de informações. e significava. De acordo com tais parâmetros.). A palavra estatística tem origem na palavra em latim status. sendo necessá- rio que eles argumentem com base na probabilidade e no raciocínio estatístico. No entanto. Este movimento propôs que o ensino da estatística fosse incluído desde o curso secundário. frequentemente. são as coisas que medimos são denominadas de variáveis. Alguns exemplos de variáveis são gênero (sexo). e variável qualitativa ordinal. Diante dos exemplos citados anteriormente. por exemplo. público em um festival de rock. educação. Em contrapartida. temperatura. apresentam como possíveis realizações números resultantes de uma contagem ou mensuração. 4. como número de filhos. normalmente. número de encontros sociais ao levar o cachorro para passear. quantitativas. Nele. velocidade de digitação. salá- rio. cujos possíveis valores formam um conjunto finito ou enumerável de números e que resultam. como sexo. As variáveis do primeiro tipo são chamadas qualita- tivas. para a qual não existe nenhuma ordenação nas possíveis realizações. nível de ansiedade. Mas por que nos interessamos pelas variáveis? Geralmente esse interesse vem de uma necessidade pessoal em querer entender o motivo da sua variação. as variáveis quantitativas podem sofrer uma classificação di- cotômica: (a) variáveis quantitativas discretas. quais sejam os conceitos de variáveis e seus tipos e distribui- ção de frequência. sendo simples- mente algo que pode variar. isto é. serão conceituados alguns pontos-chave para uma análise estatística básica futura. ocupação e cores favoritas. que são características que foram observadas ou medidas de alguma maneira. ao passo que outras. devemos ter capacidade de medir e registrar as alterações nessas variáveis em qualquer situação dada. introduzindo conceitos que fazem parte do resumo de dados que são apresentados. Algumas delas. quantidade de violência na televisão. As variáveis qualitativas ainda assumem dois tipos: variável qualitativa no- minal. 102 • capítulo 4 . e as do segundo tipo. para a qual existe uma ordem nos seus resultados. número de sintomas registrados de uma doença. inteligência. Essas características observadas e que.3  Resumo de dados Quando nos deparamos com um conjunto de dados. Para tanto. idade. apresentam como possíveis realizações uma qualidade (ou atribu- to) do indivíduo pesquisado. As variáveis são o foco principal da pesquisa em ciências. 2013). velocidade máxima de um carro. estado civil. pode assumir valores ou categorias diferen- tes (DANCEY & REIDY. número de gols em uma partida de futebol. dados lança- dos em uma planilha de Excel após uma testagem para detectar níveis de ansie- dade. temos ali um conjunto de dados brutos. pode-se notar que as variáveis apresentam diferentes características. em linhas gerais. ou seja.1. podem-se utilizar. Mas por que nós. Esta etapa é fundamental no delineamento de pesquisa para aqueles que optem por realizar estudos nesta área.3.1  –  Classificação de uma variável. onde se analisa a ocorrência de suas possíveis realizações. e queremos saber a frequência destes sujeitos de acordo com o seu grau de instrução. Assim sendo.de uma contagem. Por exemplo. adentramos na maneira como essas variáveis se comportam. se estamos estudando sujeitos dentro de uma empresa que apresentam grau de estresse. A distribuição de frequência dos dados apresentados e que se constituem ao mesmo tempo nos resultados das variáveis que se deseja estudar. como por exemplo o número de filhos (0. dependen- do do tipo de variável que se tenha no estudo. Avançando nas questões relativas ao resumo dos dados estatísticos. como por exemplo esta- tura e peso de um indivíduo.. (b) variá- veis quantitativas contínuas.). devemos categorizá-los por grau de ins- trução (fundamental. já repre- sentam um dado em si para aquele que esteja estudando determinado fenôme- no. Figura 4. cujos possíveis valores pertencem a um intervalo de números reais e que resultam de uma mensuração. as correlações de Spearman ou de Pearson.. Elaborada pelo autor. após compreendermos o que são as variáveis que pretendemos estudar e como elas se classificam. o tratamento estatístico para cada tipo de variável vai depender das suas características. precisamos saber sobre esses diferentes ti- pos de variáveis e classificá-las corretamente? Porque precisamos saber qual tratamento estatístico deveremos dar. psicólogos. Tal maneira é estudada através da distribuição de frequências. médio ou superior) e contar quantos sujeitos dentro no nosso universo amostral encontram-se em cada uma das referidas categorias. como tratamento estatístico. capítulo 4 • 103 . por exemplo.2. 50 MÉDIO 1020 51. apesar de estarmos falando da mesma população. 6/36=0.50 TOTAL 4000 100. Fonte: dados hipotéticos criados pelo próprio autor.00 Tabela 4.2  –  Frequência e porcentagens dos 4 mil empregados da empresa X. Na última coluna são apre- sentadas as porcentagens para cada realização da variável grau de instrução. de uma rápida organização através da frequência dos dados obtidos.33 MÉDIO 18 0. pois reduzimos as frequências a um mesmo total (no caso 100%).5000 50. psicólogos.1667 16. Fonte: dados hipotéticos criados pelo próprio autor. Na coluna proporção. e sim 4 mil empregados segundo o mesmo critério: GRAU DE INSTRUÇÃO Frequência Porcentagem (%) FUNDAMENTAL 1650 32. na sua grande maioria.1  –  Frequências e porcentagens dos 36 empregados da Companhia X segundo o grau de instrução. pois os totais de empregados são diferentes nos dois casos. GRAU DE INSTRUÇÃO Frequência (n) Proporção Porcentagem (%) FUNDAMENTAL 12 0.00 SUPERIOR 6 0.00 Tabela 4. para além de uma fácil visualização e inferência acerca do que se está sendo estudado. Assim. não podemos comparar diretamente as colunas de frequência das Tabelas 1 e 2. Reparem o quanto a porcentagem é importante. Reparem que. já podemos perceber que.00 SUPERIOR 1330 16. pois. uma capacidade de comparação entre dados. Mas as colunas das porcentagens são comparáveis. Por exemplo. te- mos a proporção de cada realização em relação ao total. os sujeitos desta companhia em estudo têm ensino médio. segundo o grau de instrução.3333 33. Os dados apresentados na forma de porcentagem proporcionam.1667 dos empregados da companhia têm instrução superior. digamos que agora não estão sendo mais estudados apenas 36 empregados.67 TOTAL 36 1. temos de nos habituar a trabalhar com os da- dos em formato percentílico para que possamos inferir melhores conclusões 104 • capítulo 4 . Assim sendo. As colunas de proporção (ou também popularmente conhecida como frequência relativa) e porcentagem também re- presentam uma forma de analisar os dados obtidos. nós.0000 100. deixando-os em “pé” de igualdade. faz-se necessá- ria uma rápida organização deles. Dessa forma. a comparação através da redução dos valores a um mesmo total (100%). mediana ou moda. propiciando. expri- mindo o comportamento da variável a ser estudada. sendo necessário trans- formá-los sempre em escore percentílico. para se estabelecer uma re- lação. Podemos perceber. As medidas de posição são aquelas que apresentam valores representativos da série toda. A moda é definida como a realização mais frequente do conjunto de valo- res observados. em virtude da sua maior utilização e por serem os conceitos básicos da análise representativa de uma série. faz-se necessário apresen- tar um ou alguns valores que sejam representativos da série toda. Utilizando-se do trocadilho no mundo fashion. temos como principais me- didas-resumo e muito citadas para iniciantes no estudo da estatística as medi- das de posição e as medidas de dispersão. em que os dados são trazidos ainda de maneira bruta aos nossos olhos. não podem ser utilizados em seu estado bruto. como o próprio nome sugere. para fins de comparação entre dados. resumindo-os e agrupando-os em classes ou intervalos. Esta será a discussão apresentada no próximo tópico deste capítulo. para que se consiga obter os primeiros resultados acerca da obser- vação realizada. Entretanto. Usualmente emprega-se uma das seguintes medidas de posição (ou localização) central: média. tratare- mos neste capítulo apenas dessas duas. utilizando-se de uma redução drástica dos dados.acerca dos dados e das variáveis que desejamos comparar através de nossos mé- todos de análise disponíveis para uma avaliação do sujeito. devemos deixar claro que os dados. podemos inferir. capítulo 4 • 105 . Esta organização inicial fornece muito mais informações sobre o comportamento de uma variável do que a própria tabela original de dados. assim. Apesar de existirem outras. onde o que está na moda é o que as pessoas com maior frequência utilizam. que. portanto. reservada para as medidas-resumo. faz-se necessário resumir ainda mais esses dados apresentados inicialmente. resumir o que a distribuição vem nos apresentando.4  Medidas-resumo As medidas-resumo servem para. Isto posto. 4. qual seja a frequência com que o fenômeno acontece. em alguns momentos. No entanto. neste primeiro momento. quando estão ordenadas em ordem crescente. 1210. 39. 36. Portanto. temos 9 elementos. nesse conjunto. 1210. podemos observar que a nota que mais aparece nesse con- junto de dados é 7. NOTAS FREQUÊNCIA (F) 3 4 4. 1100. 9 salários. 37. Como exemplo temos: considere o conjunto de da- dos a seguir. ou seja. 1600. 35. temos as notas da disciplina de matemática e. a distribuição dos valores pode ser considerada bimodal. Quando o número de elementos do conjunto de dados 106 • capítulo 4 . Esta medida é aquela que ocupa a posição central da série de ob- servações. que a medida de posição modal será aquela que apresentar a maior frequência. existem dois números de sapato que aparecem mais vezes. segundo o conceito de moda anterior- mente apresentado. 1450. 33. 40. 1600. ou seja. pode haver mais de uma moda. onde estão apresentadas as notas em matemática de uma turma de 30 alunos. 1980). 1500. 1980). neste caso. 42.5 5 5 2 Moda 6. 43. 36. Antes de mais nada. pois. a moda pode ser 35 ou 36. Reparem o grifo. 1450. a que aparecer mais vezes dentro da distribuição. Repare que. Como exemplo temos a tabela a seguir. A próxima medida de posição muito utilizada nas análises da distribuição é a mediana.5 3 7 6 8 5 9 4 10 4 Total 30 Em alguns casos. nessa distribuição. 1300. quantos alunos ob- tiveram a respectiva nota. Observe que.portanto. os núme- ros de calçado 35 e 36 apareceram 3 vezes cada um e. faz-se necessário obrigatoria- mente que os dados estejam organizados dessa maneira. ordená-los em ordem crescente (1100. Quando isso ocorre. ou seja. devemos montar o rol. Logo. trimodal etc. a moda dessa distribuição será 7. para encontrar a mediana de uma distribuição. 42). Na coluna da esquerda. Vejamos o exemplo para clarificar ainda mais esse conceito: os dados apresentados são referentes ao número dos calçados vendidos em uma loja num determinado dia (35. 1200. na coluna da direita. 1300. 1250. 1250. Dessa forma. Conceitualmente caracteriza-se por ser o valor que divide o conjunto de dados em dois subcon- juntos de mesmo tamanho. 35. dizemos que o conjunto de dados é bimodal. 1200. referentes ao salário médio dos funcionários de uma empresa em reais (1500. 36. referente ao salário médio dos funcionários de uma empresa (1500. 4. chegou-se à seguinte tabela: QUANTIDADE DE PEÇAS PRODUZIDAS POR DIA FUNCIONÁRIOS SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA A 10 9 11 12 8 B 15 12 16 10 11 C 11 10 8 11 12 D 8 12 15 9 11 Dados hipotéticos criados pelo próprio autor. Um outro tipo de medidas-resumo são as medidas de dispersão. 1980). a última medida de posição é a média aritmética. 1420). 1980. 1200. 1420. a mediana será o valor que divide o conjunto ao meio. 1210. em média. 1450. Por esse motivo. 1300. Para medir a dispersão dos dados em torno de sua média. Ao fim desse período. 1500. 1250. 1600. pode esconder toda a informação sobre a variabilidade do conjunto de observações. faz-se necessário o uso das medidas de dispersão. duas medidas são as mais usadas: o desvio-médio (ou desvio-pa- drão) e a variância. 1250. Assim sendo: 1300 + 1420 2720 Md = = = 1360 2 2 Finalmente. existem exatamente 4 elementos de cada lado. à esquerda e à direita de 1300. o que devemos fazer para cal- cular a mediana? Considere o conjunto de dados a seguir. 1100. consistindo na soma das observações dividida pelo número delas. 1210. O chefe tem conhecimento de que nem todos conseguem fazer a mesma quantidade de peças. a média aritmética de 3. tanto à direita como à esquerda dos dois valores centrais. 8 e 8 é (3+4+7+8+8) / 5 = 6. a mediana será a média aritmética dos dois valores centrais. como as citadas anteriormente. temos (1100. quantos produtos são produzidos por cada funcionário em um dia. capítulo 4 • 107 . 1300. O resumo de um conjunto de dados por uma única medida representativa de posição cen- tral. 7. Assim. conceito bas- tante familiar e fácil de calcular. Imagine a seguinte situação: o dono de uma microempresa pretende sa- ber. Organizando o rol desta distribuição. Nesse caso. 1450. 1600. Note que. mas pede que seus funcionários façam um registro de sua produção em uma semana de trabalho. Mas e quando uma dis- tribuição apresentar número de elementos par.for ímpar. 1200. portanto a mediana desta distribuição será 1300. Observe que. Nesse conjunto existem 10 elementos. há 4 elementos. O cálculo da variância é obtido por meio da soma dos quadrados da diferen- ça entre cada valor e a média aritmética. isto é. do funcionário D (8+12+15+9+11) / 5 é de 11. houve um dia em que ele produziu 16 peças e outro dia em que ele confeccio- nou apenas 10. produz uma média de 12.8 ) + (16 − 12./5 = 5. com mais de mil funcionários. A partir desse cálculo temos a produção diária de cada funcionário. dividida pela quantidade de elementos observados. com base nos cál- culos da média aritmética já realizados anteriormente: Funcionário A: (10 − 10 ) + ( 9 − 10 ) + (11 − 10 ) + (12 − 10 ) + (8 − 10 ) Var = = 10 / 5 = 2. a média produzida pelo funcionário A (10+9+11+12+8) / 5 é de 10. O nome dado a essa medida é variância. Será que o processo utilizado pelo dono da empresa é suficiente para o seu propósito? Para esse exemplo ficou fácil concluir que não. veremos que há valores distantes da média. + ( sexta − m dia aritm tica ) Var = Quantidade de dias Vamos então calcular a variância para cada funcionário. Portanto. 0 5 Funcionário B: (15 − 12. pois há muita variação entre a produção de cada funcionário. se observarmos bem a tabela.8 ) + (10 − 12.8. por exemplo. o chefe faz o cálculo da média aritmética de produção. Para saber a produção média de seus funcionários. para o funcionário B (15+12+16+10+11) / 5 é de 12. Mas e se essa fosse uma grande empresa..8 peças por dia..4 e por fim. 0 5 108 • capítulo 4 . ou se fosse observada a produção em um ano. No entanto. necessitamos buscar uma medida que mostre o quão distantes os valores estão da média. Mas.8 ) Var = = 26. para o funcionário C (11+10+8+11+12) / 5 é de 10. será que conseguiríamos definir essa variação com tanta facilidade? A fim de conseguirmos analisar a dispersão dos dados em uma distribuição.8 ) + (12 − 12.8 ) + (11 − 12. (segunda − m dia aritm tica ) + ( ter a − m dia aritm tica ) + . O fun- cionário B. a soma do número de peças produzido em cada dia dividida pela quantidade analisada de dias. 13  michaelis. 4. mais próximos os valores estarão da média. quanto menor for a variância. especialmente em estatística”.br/moderno/portugues/index. coisas. assim como a quantidade de peças diárias de D é a mais desigual. 4 ) + (12 − 10. Dessa forma. 2 Relação mútua entre pessoas. nas pesquisas de Ibope para eleições. capítulo 4 • 109 . Na prática.uol. Além disso. encontramos a seguinte defi- nição para correlação: “1 Ato de correlatar ou correlacionar. podemos afirmar que a produção diária do funcionário C é mais uniforme do que a dos demais funcionários. em ou- tras palavras. qual a “margem de segurança” que se pode usar. ocorrências etc. retratando a realidade científica através de dados empíricos. o resultado positivo da raiz quadra- da da variância. apenas o cálculo da variância pode não ser suficien- te. fazendo com que os estudos possam ser os mais corretos possíveis. ouvimos que o candidato X tem tantos votos para mais ou para menos. Por isso. mais distante da média estarão os valores e.php?lingua=portugues-portugues. O desvio-padrão é. as medidas de dispersão dão maior fidedignidade ao que se pretende analisar através da ciência estatística. 0 5 Pela análise dos números apresentados. 4 ) + (11 − 10. Dessa forma. Em algumas situações. pois essa é uma medida de dispersão muito influenciada por valores que estão muito distantes da média. o desvio-padrão indica qual é o “erro”. outra medida de dispersão. o fato de a variância ser calculada “ao quadrado” causa uma certa camuflagem dos valores. 2 / 5 = 1. 3 Interdependência entre variáveis mate- máticas. 4 ) Var = = 9. conclui- se que. de maneira simples. quanto maior for a variância.5  Noções básicas de correlação como prova estatística No dicionário da língua portuguesa Michaelis13. 4 ) + (8 − 10. 4 ) + (10 − 10. ou.com. Uma alternativa para solucionar esse problema é o desvio-padrão.84 5 Funcionário D: (8 − 11) + (12 − 11) + (15 − 11) + ( 9 − 11) + (11 − 11) Var = = 30 / 5 = 6. Funcionário C: (11 − 10. dificultando sua in- terpretação. O coeficiente 0 (zero) indica que não há nenhuma relação entre o que acon- teceu na primeira aplicação e na segunda. reaplicamos o mesmo teste de inteligência aos mesmos sujeitos. correlações são parâmetros estatísticos que verificam o quanto a alteração de uma variável provoca alterações no valor da outra variá- vel. sabe- mos que há vários fatores que influenciam os resultados dessa correlação. EXEMPLO Aplicamos um teste em 100 sujeitos para avaliar a inteligência. a partir da classificação do sujeito na primeira aplicação. Quanto mais próxima de –1 a correlação (negativa). valores entre 0. em teoria da probabilidade e esta- tística. 110 • capítulo 4 . dificilmente são encontrados em uma correlação. Isto significa que os mesmos sujeitos. Como valores extremos. há uma corres- pondência de 100%. escores entre 0. zero ou um. Correlação ou coeficiente de correlação. não dá para predizer nada sobre como será a clas- sificação na segunda. os resultados podem variar. Na sequência. relacionada com a outra.50 e 1 podem ser interpretados como grandes. perfeita. torna-se importante compreender como podemos interpretar uma correlação. utilizamos a prova estatística para verificar a correlação ou o grau de correspondência entre os resultados das duas aplicações. quanto mais próximo de 1 o resultado da correlação. ou seja. quando uma variável está.10 e 0. Portanto. de alguma forma. o coeficiente de correlação será 1. O coeficiente de correlação expressa o grau de correspondência (a relação) que existe entre 2 escores. ou seja. Se a classificação for idêntica nas duas ocasiões. indica a força e a direção do relacionamento linear entre duas variáveis aleatórias.29 podem ser considera- dos pequenos.49 podem ser considerados como médios. pois os sujeitos podem ter memorizado alguns itens ou podem estar menos motiva- dos a responderem o teste e. Para Cohen (1988). e valores entre 0. Após 30 dias. responderam na segunda aplicação exatamente igual ao que responderam na primeira aplicação. ou seja. Então. mais próximo de 100% a correspondência. ao respon- derem aos mesmos itens do mesmo teste.30 e 0. assim. A correlação será sempre um valor entre –1 e 1. mais certeza temos de que os primeiros classificados na primeira aplicação do teste foram os últimos na segunda ou vice-versa. Contudo. ela se utilizou do número na descrição dos fenôme- nos naturais. o qual se constitui no objeto da teoria da medida. dentre os quais três devem ser mencionados: a representação. Para tanto. então a resposta é afirmativa. No entanto. apresenta níveis diferentes capítulo 4 • 111 . indicamos o livro “Manual de Psicometria”. por sua vez. O problema da representação ou o isomorfismo questiona a legitimidade em se expressar através dos números as questões naturais.6  Teoria da medida em psicologia: a Psicometria A psicometria ou medida em psicologia se insere no modelo da teoria da medi- da em geral. No entanto. que. eles alertam para o fato de que a representação numérica. O coeficiente de correlação de Pearson é um tratamento estatístico que foi desenvolvido por Karl. 2001). apesar de ser a melhor na opinião deles. Trata-se. desenvolve uma discussão em torno da utilização ou não do símbolo matemático (número) no estudo científico dos fenômenos naturais. pois. de repre- sentar com números (objeto da matemática) as propriedades dos fenômenos naturais (objeto da ciência). no qual serão encontrados exemplos de análises de correlações de Pearson. Os defensores ferrenhos da medida em ciência responderiam a esta pergunta de maneira afir- mativa sem hesitar. a primeira se apercebeu das vantagens consideráveis que ela pode obter ao se utilizar a linguagem da matemática para descrever o seu objeto pró- prio de estudo. a origem desse coeficiente remonta o traba- lho conjunto de Karl Pearson e Francis Galton (Stanton. O cálculo do coeficiente de correlação de Pearson deve ser feito a partir de fórmula específica. a unicidade e o erro. 4. Apesar da distância entre ciência e matemática e toda essa discussão epis- temológica. é justificável designar ou expressar objetos ou fenômenos naturais através de números? Se neste questionamento houver a intenção de se preservarem tanto as proprieda- des estruturais do número quanto as características próprias dos atributos dos fenômenos empíricos. O problema da unicidade da representação questiona se o número é a úni- ca e a melhor representação dos objetos naturais pelo homem. ou seja. No entanto. Caso o aluno tenha interesse em conhecer mais deta- lhes sobre ele. de Tereza Cristina Erthal (2003). a natureza da medida implica em alguns problemas básicos. o número é menos preciso. Além de expressar a ordem. além disso. Este tipo de escala permite ao investigador discutir as diferen- ças que separam dois objetos. nominal e razão. ou seja. mas a diferença entre o 1º e o 2º não é a mesma que entre o 2º e o 3º e também não está clara a diferença entre eles. em que 1º > 2º > 3º. intervalar. para escala nominal sexo. as comparações entre magnitudes de valores na escala de razão são aceitáveis. expressa também o tamanho da diferença relativa entre as categorias na medida. mas não indica a medida das diferenças entre os rankings. utiliza-se o número 1 para o masculino e o 2 para o feminino. A escala nominal é aquela que divide os dados em categorias mutuamente exclusivas e coletivamente exaustivas. Não há uma constante intervalar. A escala ordinal mantém a característica da escala nominal. Por haver um acordo universal acerca das localizações do ponto zero. Por fim. Por exemplo. Por exemplo. por exemplo. um número representa muito bem um objeto. de acordo com poder aquisitivo. A escala intervalar contém todas as características das escalas ordinais e. Organiza os indivíduos numa série que varia de inferior para superior. 112 • capítulo 4 . Já para um objeto como a inteli- gência. Outro exemplo que de- monstra essa escala é o nível socioeconômico = alta > média > baixa. mas não há uma constante intervalar. objetos ou fatos estão distantes entre si em relação a determinada característica. define-se se a escalada obtida será ordinal. dependendo principalmente de características dos objetos que se está focalizando. os testes escolares. mas não permite concluir quanto à magnitude absoluta das medições. Dessa problemática da unici- dade da representação tem-se a necessidade da criação de escalas de medida. permitindo com- parar as diferenças. a ordem de classificação no vestibular. de acordo com as características que desejamos medir.de qualidade ou precisão. conhecem-se as distâncias entre quaisquer dois números (posi- ções) dessa escala. mas tem a ca- pacidade de ordenar os dados. fornecendo um zero absoluto ou uma origem significa- tiva. como o peso (quilograma). Por exemplo. a escala de razões tem todas as características das escalas discu- tidas anteriormente. Indica a ordem de ranking de um grupo de itens associados a determinadas ca- racterísticas. Os intervalos entre os números dizem a posição e quanto as pessoas. em que é possível comparar os pontos obtidos por dois estudantes e dizer que um deles está com 16 pontos abaixo de outro. Por exemplo. o que implica que toda a fração de dados se encaixe numa única categoria e que todos os dados se encaixem numa cate- goria da escala. mas isso não quer dizer que os conhecimentos dele sejam nulos nessa disciplina. devidos tanto ao instrumental de observação quanto às diferenças individuais do observador. A observação dos fenômenos empíricos é sempre sujeita a erros. que possa mensurar a inteligência de um indivíduo simplesmente encostando o ponto zero dele (uma régua. quantias em dinheiro. em matemática o número está sempre solitário. verifica que não tem nenhum grão de pó na lata. como tempo de reação (segundos e frações de segundos). ou seja. enquanto na medida ele vem sempre acompanhado da variância. temos o terceiro e último problema relacionado ao erro. não temos um ins- trumento. construímos instrumentos com o ponto zero arbitrado. Exemplo: Um aluno pode tirar zero em uma prova de estatística. Retomando os problemas básicos da natureza da medida. por consequência. além de outros erros aleatórios. toda e qualquer medida vem acompanhada de erros e. altura. que indica o erro. por exemplo) no ponto zero da inteligência. o qual será analisado dentro de teorias estatísticas para determinar se o valor encontrado e que des- creve o atributo empírico está dentro dos limites de aceitabilidade de medida. contagem da população. distância. Assim sendo. produtividade etc. mas também o tamanho da diferença entre o objeto e o zero absoluto. O zero absoluto é aquele que demonstra ausência do objeto. períodos de tempo etc. Nesse nível. como na física. área. sem cau- sas identificáveis. Exemplo: você visita uma amiga que. índices de retorno. Tem zero de pó de café. Na psicologia. Mas o ponto zero não significa ausência absoluta do elemento.refletindo a quantidade real de uma variável. os números expressam não somente a ordem relativa dos objetos. Por exemplo. inconfundível. a escala da ra- zão só é usada para medir uma característica mental através de unidades físicas de alguma espécie. peso. Por- tanto. o número que descreve um fenômeno empírico deve vir acompanhado de algum indicador do erro provável. este zero representa uma ausência ab- soluta dele. ao te oferecer café. O ponto fixo zero não é arbitrário como na intervalar. capítulo 4 • 113 . São exemplos de escalas de razão: idade. Dessa forma. COMENTÁRIO O zero relativo é aquele em que o ponto zero é arbitrado. sobretudo em ciências psicossociais. e sim especificamente em cada um dos 30 itens e quer saber qual é a probabilidade e quais são os fatores que afetam essa probabili- dade de cada item individualmente ser acertado ou errado ou de ser aceito ou rejeitado. além de garantir melhor interpretação dos escores dos testes psicométricos. Ambos os modelos citados anteriormente convergem para um objetivo: a construção de testes psicológicos cada vez mais válidos e fidedignos. ou seja. isto é.7. a medida.1  Validade A avaliação psicológica constitui-se na busca sistemática de conhecimento a respeito do funcionamento psicológico das pessoas. A TCT. tipicamente chamada de itens. se é dado 1 para um item acertado e 0 para um errado. A TCT se preocupa em explicar o resultado final total. somente se justifica se for possível responder afirmativamente às duas questões seguintes: é legítimo utilizar o número para descrever os fenô- menos da ciência? É útil. a psicometria se utiliza de dois modelos: da teoria clássica dos testes (TCT) e da teoria de resposta ao item (TRI). o T em um teste de 30 itens seria a soma dos itens corretamente assinalados. se pergunta o que significa este 20 para o sujeito? Já a TRI não está interessada no escore total em um teste. Concluindo. utilizar o número para descrever os fenô- menos da ciência? Diante de tais questionamentos percebe-se que a medida em psicologia ain- da suscita questionamentos ardorosos entre os psicólogos. 4. então. a soma das respostas dadas a uma série de itens.7  Critérios para avaliação dos testes psicológicos 4. cuja preocupação é a inferência a partir de amostras. A fim de tentar explicar o sentido que têm as respostas dadas pelos sujeitos a uma série de tarefas. de forma a poder orientar ações e decisões futuras. Por exemplo. o uso do número na descrição dos fenômenos naturais. cuja preo- cupação central é a construção e verificação de hipóteses científicas. Este será o próximo assunto a ser aqui abordado. isto é. vantajoso. não constituindo campo pacífico entre os pesquisadores. Outro complicador é a tendência de alguns em reduzir a psicometria. composto por 114 • capítulo 4 . Constitui-se num processo integrado. expressa no chamado escore total (T). e o sujeito acertou 20 itens e errou 10. à psicoes- tatística. seu escore T seria de 20. a inquirição e a testagem. Partindo-se da premissa de que os testes psicológicos são ferramentas que auxiliam o psicólogo a fazer inferências acerca do sujeito. a prova da validade nessas ciências algo fundamental e crucial. em que o testando terá um estimulo (imagem.quatro etapas. sendo esses requisitos estipula- dos pela Resolução CFP nº 002/2003. a qual estabelece minimamente os parâ- metros necessários a fim de garantir a legitimidade do instrumento ao qual se pretende utilizar. interpretada pelo psicólogo através da constância das respostas. Para tanto. Os testes psicológicos têm o objetivo de avaliar e quantificar comportamentos observáveis. Os testes dividem-se. trabalham com o conceito de traço latente. Os testes psicométricos são instrumentos capazes de descrever através de núme- ros os fenômenos psicológicos (são quantitativos). existem três técnicas de coleta de informações. uma questão impor- tante que se faz em relação aos testes versa sobre a legitimidade das inferências que são feitas. na física. obedecendo às regras esta- belecidas em manual (são qualitativos). é feita. Esta legitimidade vem de atributos de validade. por isso.). Conforme Pasquali (2003). o que torna. quais sejam identificar e integrar (onde se faz a coleta de infor- mações). sendo elas a ob- servação. Já os testes projetivos têm a característica de serem livres. o instrumento é um objeto físico que mede propriedades físicas. consequentemente. Por exemplo. fazendo-o criar uma resposta consciente ou inconsciente para o estí- mulo dado. em Psicologia. frase etc. O ponto crítico dos testes psicológicos e a validade das interpretações fei- tas das respostas dadas na testagem e. Isto é particularmente o caso nos enfoques que. quanto ao método. Então parece fácil ver que a propriedade do objeto mensurante é ou não congruente com a propriedade do objeto medido. Tal fato não fica tão claro nas ciências psicos- sociais. em psicométricos e projetivos. em que se deve capítulo 4 • 115 . O seu resultado se expressa através de uma tipologia. a validade diz respeito ao aspecto da medida de ser congruente com a propriedade medida dos objetos. a validade se constitui numa característica fundamental dos instrumentos de avaliação. inferir e intervir (onde se realiza o diagnóstico e o prognóstico). embasadas cientificamente em constructos teóricos que norteiam a análise de seus resultados. e não com a exatidão com que a mensura- ção. através de técnicas e meto- dologias especificas. que descreve essa propriedade do objeto. precisão e nor- matização pelos quais os testes devem passar. demonstrar a correspondência (congruência) entre traço latente e sua repre- sentação física (o comportamento). COMENTÁRIO Temos de diferenciar a validade aparente da validade de constructo. A validade aparente é quando o instrumento aparenta medir um conceito, mas não há garantia alguma de que ele mede aquilo que disse medir. Muitas vezes o título do teste apresenta uma informação que é incongruente com aquilo que realmente mensura em seu conteúdo. Como afirmam Anastasi e Urbina (2000), (...) a validade de um teste não pode ser relatada em temos gerais. Não podemos dizer que um teste tem `alta` ou `baixa`validade em termos abstratos. Sua validade precisa ser estabelecida com referência ao uso específico para o qual o teste está sendo considerado. (p.107). Nesse sentido, cada afirmação sobre alguma característica psicológica dife- rente observada a partir de algum indicador no teste deve ser validada. Existem várias formas de se buscar evidenciar a validade das interpretações do teste, dentre as quais aquelas baseadas na análise do conteúdo dos itens do teste, nas relações com outras variáveis, no processo de resposta, na estrutura interna dos itens ou nas consequências de aplicação de testes. Todas essas for- mas consistem em procedimentos diferentes de coleta de informações sobre validade e respondem a questões diferentes, cada uma com maior pertinência em razão dos propósitos e contextos em que se pretende utilizar o instrumento de avaliação. Dessa forma, a Resolução CFP nº 002/2003 subdivide as pesquisas para vali- dação de um teste psicológico em três maneiras: validade de conteúdo, valida- de de constructo e validade de critério. A validade de constructo, ou também conhecida como validade de con- ceito, é considerada, conforme Pasquali (2003), a forma mais fundamental de validade dos instrumentos psicológicos e com toda a razão, dado que ela cons- titui a maneira direta de verificar a hipótese da legitimidade da representação 116 • capítulo 4 comportamental dos traços latentes e, portanto, encaixa-se muito bem com a teoria psicométrica. Logo, tem-se que o problema não é descobrir o construto a partir de uma representação existente (teste), mas, sim, descobrir se a repre- sentação (teste) constitui uma representação legítima, adequada ao construto. A validade de critério de um teste é concebida através de um teste do grau de eficácia que ele tem em predizer um desempenho específico de um sujei- to. O desempenho do sujeito torna-se, assim, o critério contra o qual a medida obtida pelo teste é avaliada. Há dois tipos de validade de critério: validade pre- ditiva e validade concorrente. A diferença fundamental entre elas encontra-se no tempo que ocorre entre a coleta da informação pelo teste a ser validada e a coleta da informação sobre o critério. Ou seja, se as coletas forem (mais ou menos) simultâneas, a validação será do tipo concorrente; caso os dados sobre o critério sejam coletados após a coleta da informação sobre o teste, fala-se em validade preditiva. O que é relevante aqui, portanto, é a determinação de um critério válido. A validade de conteúdo, por fim, constitui-se numa amostra representati- va de um universo finito de comportamentos. Trata-se de detalhar o conteú- do em termos de tópicos (unidades) e subtópicos e de explicitar a importância relativa de cada tópico dentro do teste. A validade de conteúdo de um teste é praticamente garantida pela técnica de construção dele. Tal técnica comporta os seguintes passos: definição do domínio cognitivo (definir os objetivos ou os processos psicológicos que se quer avaliar); definição do universo de conteúdo (definir e delimitar o universo do conteúdo programático em termos de divisões e subdivisões forem necessárias); definição da representatividade de conteúdo (definir a proporção com que cada tópico e subtópico devem ser representados no teste); elaboração da tabela de especificação (relacionar os conteúdos com os processos cognitivos a avaliar); construção do teste (elaborar itens que irão representar o teste); análise teórica dos itens (verificar a compreensão das ta- refas propostas no teste e avaliar a pertinência do item) e análise empírica dos itens (após a aplicação do teste, os dados podem ser utilizados para uma valida- ção empírica do mesmo para uso futuro). 4.7.2  Fidedignidade Outra característica ligada aos fundamentos científicos dos instrumentos é a precisão ou, como também é conhecida, a fidedignidade. Como toda avaliação é vulnerável ao erro, uma questão de ordem prática é saber o tamanho do erro capítulo 4 • 117 que geralmente ocorre nas avaliações, ou seja, a fidedignidade ou a precisão de um teste diz respeito à característica que ele deve ter, a saber, a de medir sem er- ros. Medir sem erros significa que o mesmo teste, medindo os mesmos sujeitos em ocasiões diferentes, ou testes equivalentes, medindo os mesmos sujeitos na mesma ocasião, produzem resultados idênticos, isto é, a correlação entre essas duas medidas deve ser de 1. Entretanto, como o erro está sempre presente em qualquer medida, essa correlação se afasta tanto do 1 quanto maior for o erro cometido na medida. Logo, a análise de precisão de um instrumento psicoló- gico quer mostrar precisamente o quanto ele se afasta do ideal da correlação 1, determinando um coeficiente que, quanto mais próximo de 1, menos erro o teste comete ao ser utilizado. Assim sendo, a precisão ou fidedignidade refere-se ao quanto os escores de um teste são imunes às flutuações geradas por fatores indesejáveis, isto é, os fa- tores incontroláveis que inevitavelmente interferem nos escores, mas que não possuem nenhuma relevância para o que é avaliado. Tais fatores são denomi- nados de fontes de erro. Várias fontes de erro podem interferir na avaliação, produzindo ruídos ou erros nos escores dos testes, dentre elas a subjetividade no processo de correção, flutuações entre diferentes situações de avaliação ou problemas no conteúdo das tarefas usadas na avaliação. Além das características dos próprios itens e do teste, há outros fatores, ex- ternos ao conteúdo do teste, que afetam a fidedignidade dele. Dois deles são particularmente relevantes: a variabilidade da amostra e o comprimento do teste. A variabilidade da amostra está ligada ao tamanho da amostra de sujei- tos, ou seja, quanto maior e mais variável for a amostra de sujeitos, maior será o coeficiente de correlação e, consequentemente, o índice de fidedignidade. Pode-se dizer, portanto, que o coeficiente de fidedignidade de um teste é dire- tamente proporcional ao aumento ou diminuição da variabilidade da amostra de sujeitos, não sendo, portanto, fixo. O comprimento do teste está relaciona- do ao número de itens dele. Quanto maior o número de itens que o teste tiver, maior será seu índice de precisão, pois o erro tende a zero quando o número se aproxima do infinito. Para saber se o teste é preciso, devemos calcular o coeficiente de fidedigni- dade. Este coeficiente pode ser calculado a partir de determinados métodos. Cada um deles tem suas vantagens e suas desvantagens, problemas que deve- rão ser avaliados pelo psicometrista, a fim de escolher a melhor forma de obter a fidedignidade. 118 • capítulo 4 na segun- da. a precisão é verificada através da estabilida- de temporal do teste. essa forma também tem problemas como dificuldade em se conseguir duas versões equivalentes de um mesmo teste. O intervalo entre a aplicação do teste e o reteste deve ser entre 10 dias e 6 meses no máximo. Os critérios de equivalência são o conteúdo dos itens. Ou seja. São considerados problemas deste método quando o tempo entre as duas aplicações for curto. capítulo 4 • 119 . pela não perfeita coincidên- cia do material. equivalente. pode ocorrer o de- senvolvimento do indivíduo ou o efeito aprendizagem. em novas aplicações. as mesmas pessoas são testadas com um teste na primeira ocasião e com outro. a perda de sujeitos de uma aplicação para outra e o fato de que a segunda aplicação geralmente não desperta interesse e problemas de motivação podem interferir no resultado. A correlação de Pear- son é só uma parte do teste. Nesse método. encontrar a resposta correta sem passar pelas etapas intermediárias do raciocínio. apesar de já mais atenuada. Como os demais. Através do método teste-reteste. devemos considerar em média um mês de interva- lo para o reteste. ATENÇÃO A correlação usada: Correlação de Pearson/ momento produto/ linear. e as duas aplicações ainda mantêm o problema da transferên- cia de aprendizagem. independentemente de satisfazerem às mesmas especificações. o sujeito pode apreender o princípio do problema ou de sua solução e poderá. a fidedignidade é obtida dos escores repetindo-se o teste em uma segunda ocasião. o objetivo é obter o índice de correlação entre escores de duas formas paralelas de testes equivalentes que é denominado coeficiente de equivalência. a dificuldade em reproduzir e man- ter as condições nas duas aplicações. Para crianças. quando o tempo for longo. nos testes de raciocínio ou criatividade. depois faz-se também a de Spearman-Brown. Deve-se tomar cuidado para que as duas formas sejam verdadeiramente paralelas. O coeficiente de correlação de Pearson recebe o nome de coeficiente de estabilidade. O coeficiente de fidedignidade é a correlação entre os escores obtidos pelas mesmas pessoas nas duas aplicações do teste. índice de dificuldade dos itens e o poder de discriminação. No método do teste-reteste com formas paralelas. pois há o efeito da memória e o coeficiente de correlação será inflacionado. a técnica será a de formas para- lelas ou de duas metades – porque está interessado na consistência do teste. COMENTÁRIO Como escolher o método de fidedignidade a ser usado? •  Se o teste for homogêneo (mesmo grau de dificuldade). se os itens tiverem graus de dificuldade diferenciados. é usado o teste-reteste e o de formas paralelas. que consiste em uma única aplicação a uma amostra representativa de sujeitos com o objetivo de ve- rificar a consistência interna dos testes por meio da variância. •  No teste de potência é usado o das formas paralelas ou duas metades. No método das metades ou bipartição. ainda temos o método Kuder-Richardson. Por fim. mas não pode ser válido sem ser fidedigno. procede-se uma única aplicação e em seguida se analisa a correlação entre duas metades formadas pela divisão dos seus itens. O índice de fidedignidade é chamado coeficiente de consistência. ou seja. ou seja. Normalmente é homogêneo. COMENTÁRIO •  A fidedignidade é fundamental para a validade – o teste pode ser fidedigno e não ser validado. 120 • capítulo 4 . Se o teste for heterogêneo. São obtidos dois escores para cada pessoa se o teste for homogê- neo. •  Se o teste for heterogêneo (grau diferente de dificuldade). as variâncias dos itens são semelhantes. ATENÇÃO A validade e a fidedignidade são condições (qualidades) primárias para que se possa confiar nos resultados de qualquer instrumento de avaliação psicológica. Parte do pressu- posto de que a dificuldade dos itens é a mesma e. o método mais aconselhável será o teste-reteste. •  Se um teste tem fidedignidade baixa. •  No de rapidez. portanto. divide-se entre pares e ímpares e faz-se a correlação. se tiver o mesmo grau de dificuldades de itens. mas também se pode usar o de duas metades. divide-se o teste em número de itens e depois faz-se a correlação. vai afetar a validade do que se está estudando. ao unificar os procedimentos.7. que vão desde as precau- ções a serem tomadas na aplicação do teste (uniformidade nas condições de testagem. •  Assim. É a essa causa comum que se chama de fator e cuja descoberta é precisamente a tarefa da análise fatorial. A padronização objeti- va. Para tanto. 2003). controle do grupo. 4. a padronização ou normatização refere-se à necessidade de existir uniformidade em todos os procedimentos no uso de um teste válido e preciso. instruções padronizadas e motivas os examinan- dos pela redução da ansiedade – Rapport) até o desenvolvimento de parâmetros ou critérios para a interpretação dos resultados obtidos. No caso da fidedignidade. que se tenha uma avaliação tão exata quanto possível. chamadas de variáveis empíricas ou observáveis pode ser explicada por um número menor de variáveis hipotéticas. Trata-se de uma matemática demasia- damente complexa. mas não suficiente para que um instru- mento seja válido. mais conhecida pelo nome de fatores. é porque elas têm uma causa comum que produz essa correlação entre elas. a fidedignidade é condição necessária. capítulo 4 • 121 . diminuindo as variâncias de erro (Erthal. •  Uma coisa muito importante para a fidedignidade e a validade é a instrução dos testes.3  Padronização Outro aspecto importante dos instrumentos refere-se ao sistema de interpre- tação dos escores ou indicadores obtidos no teste. fato pelo qual procuraremos aqui explicitá-la somente na sua lógica. Se as variá- veis empíricas se relacionam entre si. O modelo da análise fatorial é uma técnica estatística calcada no pressupos- to de que uma série de variáveis observadas. medidas. Constitui-se numa técnica estatística imprescindível para a Psicometria principalmente no que tange à validação de instrumentos psicológicos e à sua fidedignidade.8  Breve introdução à análise fatorial: definição e finalidade A análise fatorial compreende uma série de técnicas estatísticas que trabalham com análises multivariadas e matrizes. é quase somente através da análise fatorial que se pode estabelecer este parâme- tro psicométrico para bateria de testes. 4. não observáveis. Elaboração dos itens Construir em média 3 vezes mais o número que irão compor a de itens que comporá a forma final.são preparados para se equivalerem à defini- mento – pré-teste. análise de conteúdo e Para ser aprovado. em média 10 especialistas da área Forma inicial do construto. Os itens forma inicial do instru. FORMA DO ETAPAS SEGUIMENTOS INSTRUMENTO Os objetivos devem ser bem delimitados e de forma muito clara Erthal (2003). além de analisar a semântica. cada item deve obter análise semântica. O instrumento vai mensurar que população es- Forma inicial pecífica? Levar em consideração sexo. 4. Análise teórica dos estão adequados e se medem aquilo que se itens. A fundamentação teórica deve garan- consistente tir a validade do construto. referencial teórico 1995). livros. A construção de um instrumento de qualidade requer etapas bem definidas e procedimentos rigorosos. 80% da aprovação dos juízes. torna-se necessário que sejam seguidos de forma rigo- rosa alguns critérios tanto na construção do instrumento quanto na utiliza- ção dele. Definir o construto que determina a que o teste se 1. há como se garantir a sua validade e fidedignidade. 122 • capítulo 4 . Revisão bibliográfica cuidadosa em material 2. ção do construto. tem-se que. Definir os objetivos propõe. Delimitar a população amostral. Assim sendo. Os juízes. Composta pela propõe medir. deverão avaliar se os itens 4.9  Etapas para a construção de testes psicológicos Para elaborar um instrumento que objetiva o estudo dos comportamentos hu- manos através do estabelecimento de medidas de tendência central em uma população amostral com intuito de distinguir as diferenças entre indivíduos (interpessoais) ou as diferenças de um mesmo indivíduo (intrapessoais) em momentos diferentes. artigos científicos (Kline. 3. Produção do de referência. localidade. nível de escolaridade. produzindo testes mais confiáveis para o fim ao qual se destina. idade. através da utilização do modelo da análise fatorial para cada um dos itens propostos no teste. Sendo a construção dos itens uma etapa de grande importância. Apresentação para Ao término de todas as etapas o instrumento aprovação e comercia- já está em sua forma final. Os itens objetivos não devem ser ambí- guos e obscuros. capítulo 4 • 123 . precisa incluir pesquisas de normatização e padronização. Deve-se evitar que um item contenha informações que possam responder a um outro item. banais ou cheios de tecnicismos. dos itens Os itens aprovados na análise estatística são mais uma vez aleatorizados. A validade do conteúdo deve ser garantida nas etapas anteriores. Análise estatística experimental itens. ou que a opção correta seja mais bem explicitada. Fonte: Elaborado pelo autor. avaliação e interpretação (Kline.3  –  Etapas para construção de um instrumento.2002). já a padronização informa os meios adequados de aplicação e interpretação dele (Pasquali. Para que o instrumento tenha as qualidades psicométricas adequadas e sa- tisfatórias. a consistência interna dos 7. FORMA DO ETAPAS SEGUIMENTOS INSTRUMENTO Os itens que não foram aprovados são 5. Primeira Aplicação amostra representativa da população a qual experimental se destina. Os itens que permaneceram são ção de itens aleatorizados. 9. 1999). devemos levar em consideração que a redação dos itens seja clara e de acordo com o grau de conhecimento da população amostral. que seja capaz de mensurar uma determinada característi- ca de forma eficaz. lização do instrumento Tabela 4. Descrição de todo o processo de aplicação. É através da normatização que se estabelece um padrão de referência para os resultados do instrumento. Padronização O manual de instruções deve conter todo o processo assim como todas as informações Forma final obtidas nas análises estatísticas. ou seja. Também pode ser veri- 8. 1995). O instrumento deve ser aplicado em uma 6. Verificar. 10. através de procedimentos estatís- Forma ticos adequados. Análise da Validade ficada a validade por outros métodos a partir do conteúdo de correlações com outros instrumentos já validados (Bunchaft & Cavas. Seleção e reformula- excluídos. Os itens não podem ser tendencio- sos. seja de fornecimento de informações. seja de estudo. compreender a lógica da sua confec- ção e saber lê-los é fundamental e faz parte de um pesquisador.10  Conclusão Para muito além dos cálculos matemáticos mirabolantes de que a estatística se utiliza para transmitir seus dados. somos capazes de tomar decisões. mas. já que a ferramenta principal por ele utilizada. os testes. 2003. como os psicólogos. fica muito mais fácil inferir conclusões acerca do número divulgado. traçar planos de ação para um paciente/cliente. São Paulo: casa do psicólogo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALCHIERI. visou sempre fazer com que o conceito das me- didas fosse bem compreendido. & URBINA. Porto Alegre: Artes médicas. A partir dos conceitos estatísticos e psicométri- cos. J. C. 2000. Testagem psicológica. Neste sentido. ANASTASI. Cabe a nós saber o que fazer com tais informa- ções e extrair o melhor que pudermos em prol da ciência. Avaliação psicológica: conceito. Softwares fazem os cálculos complexos que le- vamos horas para fazer. Saber os cálculos.4. neste capítulo buscou-se desmistificar os números. 7ª ed. Que este capítulo tenha contribuído para que o medo dos números por parte de estudantes e profissionais da psicologia se transforme numa fagulha pronta para atear fogo em corações ávidos por conhecimento. necessitam ser interpretados corretamente para que se consiga fazer inferências válidas e fidedignas no que tange ao comportamento humano. se soubermos o conceito escondido por de trás de cada cálculo e de cada medida que está sendo utilizada para explicar um fenômeno. fazer pesquisa e transmitir às demais pessoas conhecimento com propriedade. Para o psicó- logo então faz-se fundamental. Esse é o grande “pulo do gato” para o psicólogo e para todo e qualquer pro- fissional que se utilize da estatística como ferramenta. 124 • capítulo 4 . S. criar escalas e testes. tornando-os mais familiares aos estudos que não são da área de exa- tas. levantar hipóte- ses em nossa clínica a partir de testes aplicados. pois é isso que a estatística e a psicometria fazem: traduz em números o conhecimento de um contexto pelo qual passamos. este capítulo buscou transmitir minimamente os cálculos mais básicos da estatística. A. métodos e instrumentos. No entanto. Sci. (Org. São Paulo: casa do psicólogo. nº 1. P.). C. In Danton B. R. International Statistical Review. PASQUALI.F. 2003. (Orgs. São Paulo: casa do psicólogo. The coming of age statistical education. L. 2005. S. R.COHEN.M. J. vol. L. Estatística aplicada às ciências humanas. Introdução à estatística. Psicometria: teoria dos testes na psicologia e na educação. ERTHAL. Math & statistic. Temas em avaliação psicológica. T. n. VIEIRA. J. R. Rio de janeiro: Ed. L. 1999. VERE-JONES.R. & REIDY. Statistical Educational Reserach Newsletter. Ed... PASQUALI. Avaliação psicológica: perspectiva internacional. Agosto 1995. junho 1999. 1995. C. SOARES. WECHSLER. S. FARIAS. C. A. 1. Manual de Psicometria. Instrumentos psicológicos: manual prático de elaboração. LTC.C. Penso. G. Investigación em educación estatístiac: algumas cuestones prioritárias. Statistical power analysis for the behavioral (1988). 2009. São Paulo: casa do psicólogo. The handbook of psychological testing. São Paulo: Ed. J. nº 1. & CÉSAR. PASQUALI. Desvendando os Mistérios do Coeficiente de Correlação de Pearson (r). L.). 5ª ed. 8ª ed. Statistics: a technology for the millenium internal. 1999. Vol. São Paulo: Ed.J. vol. & GUZZO. Harbra. J. RAD. Técnicas de exame psicológico – TEP: manual. 1. RJ: Vozes. D.A. & TRURAN. BUSSAB. KLINE. J. 2003. London: Routledge. P. Atlas. J. 1987. PASQUALI. 2001. 2000. & MORETTIN. capítulo 4 • 125 . OTAVIANI.S. D. 8. Rev Esc Enferm USP. 2009. DANCEY. 1999. Petrópolis. vol. BATANERO. Saraiva. 2013. (Org).. Estatística básica. A estatística básica e sua prática. W. Brasília: LabPAM/ IBAPP. LTC. PRIMI. LEVIN. Elementos de estatística. Revista Política Hoje. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. L. 2000. 2013. 63. Rio de Janeiro: Ed.. MOORE. nº 2. Ed. Psicometria. 18.F. Estatística sem matemática para psicologia. 43(Esp):992-9. C. 2003. & José Alexandre S. 126 • capítulo 4 . mestre em motricidade humana. coordenadora do curso de Psicologia no campus Sulacap. 5 Princípios éticos na avaliação psicológica 14 Por Marisa Almeida Braga e Elisabete Shineidr 14  Este capítulo foi elaborado em parceria com Marisa Almeida Braga. psicóloga. . 128 • capítulo 5 . OBJETIVOS •  Compreender a importância de seguir os preceitos éticos na escolha dos testes psicoló- gicos a serem utilizados. como por- te de armas. pessoas com deficiência e a divulgação indevida de testes. uma gran- de preocupação com os princípios e questões relativas à ética profissional que regem o uso da avaliação psicológica. concurso público. ATENÇÃO O psicólogo precisa ter conhecimento pleno da legislação referente à avaliação psicológica brasileira.119 de 27/08/62 (alínea “a”.º 4. dentre as quais as resoluções do Conselho Federal de Psicologia (CFP) e do Có- digo de Ética Profissional do Psicólogo. o CFP – Conselho Federal de Psicologia – e os CRPs – Conselhos Regionais de Psicologia – desenvolveram uma cartilha de “Avaliação Psicológica”. apuração e interpretação dos resulta- dos em situação de testagem psicológica.5. sendo seus resultados utilizados para diferentes finalidades.1  Ética e a formação A avaliação psicológica é de responsabilidade exclusiva dos profissionais de psicologia e. está definida na Lei N. podendo causar prejuízos irreparáveis a ele. assim como suas implica- ções para o avaliado. por parte dos psicólogos e dos órgãos que os representam. como tal. interferindo diretamen- te na vida de um ser humano. sistema judiciário e prisional. na qual estão inseridas questões éticas e gerais sobre a utilização dos testes psicológicos para diversas áreas.  Princípios éticos na avaliação psicológica 5. Existe. do parágrafo 1° do artigo 13). trânsito. Consiste em um processo de coleta de dados e na interpretação deles a partir da aplicação de instrumentais psicológicos. Em 2013. •  Compreender a importância da comunicação dos resultados. •  Reconhecer os princípios éticos para a aplicação. configurando. introduz em seu discurso a paixão platônica que sente pelo médico. capítulo 5 • 129 . De acordo com Wecheler. Quando a paciente começa a relatar suas angústias à psicóloga. Sf. não sabia que seu médico era esposo da psicóloga. em 1953. desenvolvido pelo seu próprio Comitê de Ética. sendo que a senhora. qual seria a con- duta adequada em uma situação como a citada? A American Psychological Association (APA) publicou. aqui intitulada paciente. o qual investigava e julgava questões dos membros dessa instituição. Estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana. A palavra ética deriva do vocábulo grego ethos. a base do desenvolvimen- to ético foi desenvolvida pela APA – American Psychological Association – em 1992. seu primei- ro guia de princípios éticos. O CPTA – Comitê de Testes de Avaliação Psicológica – dedica-se a estudar os problemas referentes à prática de testagem e avaliação. 2000. definido seis pontos fundamentais que devem ser os norteadores no desen- volvimento e atuação do psicólogo: 1 – competência. De acordo com as diretrizes que regem o código de ética do psicólogo. será que temos realmente noção do bem ou do mal que poderemos promover às pessoas. 1.) REFLEXÃO Quando falamos sobre a conduta humana. do ponto de vista do bem e do mal. que é médi- co. 4 – respeito pela dignidade e direitos das pessoas. (Dicionário Aurélio da Língua portuguesa. assim. o primeiro Código de Ética. assim. 2. 5 – preocupação com o bem-estar do outro. Conjunto de normas e princípios que norteiam a boa conduta do ser humano. 2 – integridade. oferecendo. citado em Pasquali (2001). 3 – responsa- bilidade científica e profissional. subsídios técnicos como orientações sobre práticas e problemas relativos à sua aplicação e adequação da sua utilização. 6 – responsabilidade social. de modo geral? CURIOSIDADE Imagine uma psicóloga que atende uma senhora por indicação do seu marido. 5. no mais puro viés ético e profissional. A fim de resguardar a integridade psicológica do testando. o examinador deve saber de maneira clara a utilização dos 130 • capítulo 5 .1  Competência Entende-se por competência a manutenção de altos padrões de excelência. reconhecendo a importância do seu comportamento e atuação. os Códi- gos de Ética possibilitam esse conhecimento e estabelecem critérios para que os valores pessoais não afetem a relação com o atendido em todas as esferas da avaliação psicológica. téc- nicas.1. por meio de contínuo aprimoramento profissional.1.2  Integridade Todas as atividades desenvolvidas pelos psicólogos devem ser minimamente respaldadas na honestidade. Entretanto. buscando um atendimento que supra as necessidades específicas de cada cliente. 5. Um bom conhecimento e treinamento possibilitam uma escolha correta do teste para o objetivo desejado. não só no processo.3  Responsabilidade A responsabilidade está diretamente relacionada ao reconhecimento da necessi- dade do respeito em todas as etapas do processo direcionado à clientela em ques- tão.1. A colaboração e a integração dentro de equipes multiprofissionais devem focar o bem-estar da po- pulação atendida a partir do respeito mútuo. participação em congressos e outros que são fundamentais para qualificar o processo e resguardar o testando de inconsistências que pos- sam surgir.5.1. estratégias e testes deve ser fundamentada nas necessidades dos testados. por isso. reconhecer suas limitações e ater-se à sua especialidade são pontos fundamentais relacionados diretamente à competência pessoal. tanto científica quanto profissionalmente. como também para as características do testado.4  Respeito à dignidade das pessoas Uma questão que emerge grandemente é a preocupação com a invasão de pri- vacidade. atualização a partir de cursos de especialização. 5. na realização daquilo a que se propõe: um com- portamento esperado na perspectiva consciente do seu sistema de valores. A escolha de procedimentos. como também – e principalmente – no produto resultante das avaliações. em relação à divulgação e uti- lização dos conhecimentos pertinentes à profissão. história de vida. atuação preponderante para novas práticas de melhoria. inserção cultural. A clientela tem direito a privacida- de. como idade. que possam asse- melhar-se a engano ou exploração da pessoa envolvida no processo. É relevante o objetivo para o qual a testagem é realizada. repassando somente a teoria pura e simples.resultados. embora já se encontrem devidamente divul- gados e trabalhados.6  A responsabilidade social Preocupação com a responsabilidade de sua atuação como profissional de psicologia diante da comunidade e sociedade. sem a obtenção de vantagens. nível socioeconômico e outros. Quanto ao ensino da Avaliação Psicológica nos cursos de graduação. ainda são aplica- dos atualmente. sem a devida validação e adaptação às características da população em questão no momento da sua aplicação. mesmo tendo sido construídos em outro momento cultural.1. Alguns dos testes. mui- tas vezes os profissionais da área não têm competência e experiência sobre o assunto. etnia. Esses conhecimentos de- vem seguir sempre na direção da possibilidade de redução do sofrimento e na melhoria da vida em sociedade. principalmente como pesquisador. estando sempre o psicólogo atento ao relacionamento pro- fissional. religião. autodeterminação e autonomia.1. o que remete obrigato- riedade ao sigilo total. ainda não são totalmente respeitados. orientação sexual. demonstrando uma defasagem histórico-social. prognóstico ou pesquisa. A responsabilidade do psicólogo perpassa do trabalho isolado. Outra especificação importante do psicólogo é que este- ja sempre preocupado com as diferenças individuais.5  Preocupação com o bem-estar alheio O atendimento deve priorizar o bem-estar do cliente. que de alguma forma possam interferir no processo a ser realizado. por isso todo o desenvol- vimento de qualquer avaliação deve preocupar-se em minimizar conflitos e os riscos envolvidos. Os pontos acima mencionados. 5. sem contextualizar o capítulo 5 • 131 . o destino do produto resultante dos testes aplicados. confidencialidade. 5. Todos os procedimentos devem seguir os princípios éticos quer sejam para diagnóstico. a fim de evitar atitudes e esclarecendo as dúvidas. alinhando-se ao desenvolvimento de políticas que possam beneficiar a humanidade. 1999) elaboraram um guia relacio- 132 • capítulo 5 . •  Desconsiderar os erros da medida nas suas interpretações. Muniz. 10 falhas graves foram listadas em ordem decrescente. •  Utilizar testes inadequados na sua prática. recomendações da Americam Psycological Association sobre Código de ética. Quando os examinadores estão bem preparados. •  Permitir a aplicação de testes por pessoal não qualificado. como também a Associação dos Psicólogos Portugueses (1991) e um grupo de psicólogos paulistas (Conselho Regional de Psicologia. •  Ignorar a necessidade de explicações sobre pontuação nos testes aos soli- citantes da avaliação. •  Desprezar condições que afetam a validade dos testes em cada cultura. assim como a não preocupação com o bem -estar alheio. Somente aplicar testes em sala de aula objetivando aprender as instruções técnicas do teste não os qualifica para uma aplicação em outras pessoas. •  Utilizar folhas de respostas inadequadas. É necessário que seja desenvolvido um treinamento específico e supervisionado com os alunos preparando-os para a aplicabilidade apropria- da. descaracteri- zando a importância das avaliações psicológicas. seu desenvolvimento e mui- tas vezes invalidando os resultados. 1999) (Wechsler. De acordo com pesquisa realizada por Pietro. Almeida e Bartram (1999). A qualificação é essencial para que o resultado seja coe- rente e dentro das perspectivas necessárias para uma interpretação apropriada ao desempenho no teste. 2001)..momento atual. em relação ao instrumento de avaliação (Wecheler in Pasquali. que ainda são muito comuns nos dias de hoje. •  Interpretar além dos limites dos testes utilizados. •  Estar desatualizado na sua área de atuação. •  Ignorar a necessidade de arquivar o material psicológico coletado.2  Guia ético para avaliação psicológica A partir de publicações no Brasil. mas também com as características pes- soais e sociais destes. et al. Guzzo. •  Fotocopiar material sujeito a direitos autorais. Essas falhas imputam irresponsabilidades aos aplicadores. relacionam os testes não só com as necessidades dos testados. 5. durante e depois de uma avaliação psicológica. nível socioe- conômico. escolaridade.2  Administrando os testes É uma questão ética de grande importância prestar informações aos envolvidos no processo de testagem. Para decidir se o instrumento está adequado.nado com as condutas éticas a serem seguidas nas principais etapas da avalia- ção psicológica.1  Seleção dos testes No que se refere à seleção do instrumento. em caso afirmativo. e só então definir e decidir que instrumento disponi- bilizado pelo CFP se mostra mais adequado. Após a consulta. Considerar as variáveis idade. urbano ou rural. investigado. o seu consentimento li- vre e esclarecido para participar do processo de avaliação psicológica. também. disponível no site do Conselho Federal de Psicologia (www.2. com a finalidade de averiguar se o instrumento foi aprovado para utilização em avaliação psicológica. assim como as qualidades psicométricas do instrumento. deve-se estar conectado ao objetivo.br). avaliar a va- lidade e a precisão do mesmo.2.org. sendo capítulo 5 • 133 . observações e provas situacionais. ATENÇÃO Na escolha do teste. obtendo. assim como a existência de normas específicas e atualizadas para a população brasileira. O referido guia. 5.cfp. por escrito. Verificar se os manuais de testes têm informações necessárias para aplica- ção. 5. orientação sexual. correção e interpretação. o psicólogo tem o dever de consultar o Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI). que será descrito a seguir. Tais informações se referem à natureza e ao objetivo dos instrumentos empregados. entrevistas. referindo-se somen- te à utilização de testes e escalas do tipo objetivo. é o momento de consultar o manual do teste para obter todas as informações sobre o construto a ser avaliado. está relacionado com a condução ética antes. não respondendo a dúvidas relacionadas a questionários. condições físicas e nacionalidade. deve-se. A primeira coisa a fazer é se preocupar com o que vai ser avaliado. à finalidade da avaliação. que deve ser adequada em termos de condições físicas. Motivar a pessoa para o processo de avaliação sem interferir no desempenho. sob a pers- pectiva de um conjunto de circunstâncias. evitando improvisações que possam desqualificar os instrumentos ou a testagem. Estar atento ao comportamento do avaliado. avaliações psicológicas que interfiram no trabalho de outro colega.menor ou em situação de vulnerabilidade. É importante lembrar que é vetado ao psicólogo reproduzir material em quaisquer circunstâncias. Os cuidados com o material implicam na organização dele. mobiliário. assim como os exemplos. o tempo e outros. o psicólogo deve segui-las fiel- mente. A responsabilidade deve permear o trabalho do profissional para que haja qualidade na aplicação dos testes e então a obtenção de um resultado fidedigno. 5. As avaliações devem considerar os resultados quantitativos e qualitati- vos dos testes. como ventilação. A verificação do ambiente. 134 • capítulo 5 . qualidade de silêncio para assegurar me- lhor desempenho. São vedadas. é imprescindível a utilização dos critérios e tabelas definidas para cada instrumento. A interpretação dos resultados deve ser feita de forma dinâmica. O psicólogo que vai aplicar o teste deve evitar a ausência na sala. antes de iniciar o processo de avaliação. evitar atender ao telefone e outros que possam desviar a aten- ção do avaliado.3  Correção e interpretação No momento da correção. também. que é essencial na aplicação individual. No que se refere às instruções do material. Estabelecer o rapport.2. Gravações das sessões só podem ser feitas com o consentimento do indivíduo que está sendo testado. evitar con- versas diversas. o consentimento será realizado por seus responsáveis. O profissional deve considerar os resultados dentro da atualidade das normas nas tabelas apresentadas. observando a forma de respos- ta e o envolvimento dele na situação de avaliação. verificando a especificidade do material necessário para a aplicação. desenvolvendo um relacionamento de confiança. integrando todos os dados observados durante a aplicação dos instrumentos. Todos os participantes do processo de testagem. por no mínimo cinco anos. enfatizando a natureza dinâmica e circunstancial. A conservação do material deve ser feita por meio do arquivamento dos da- dos coletados de forma confidencial. pesquisa ou extensão. preconceitos. O profissional deve guardar sigilo das informações e conclusões obtidas. mas na modificação desses condicionantes que operam desde a formulação da demanda até a conclusão”. A elaboração do relatório deve ser produzida de maneira clara. Deve evitar fornecer resultados em forma de respostas certas e esperadas pelo instrumento utilizado. tem direito ao conhecimento dos resultados. de acordo com o nosso Código de Ética. abrangendo o todo do indivíduo. evitando interpretações errôneas e duvidosas.4  Laudos e entrevistas de devolução No momento da confecção dos laudos.2. o próprio testado. incluindo recomendações específicas aos solicitantes. das in- terpretações feitas e das fundamentações de onde foram extraídas. com a finalidade de servirem como instrumentos para atuar não somente sobre o indivíduo. ou seja. diferen- ças sociais ou características físicas do avaliado. A análise computadorizada deve ser utilizada cautelosa e cuidadosamente e somente quando houver orientações e aprovação para o procedimento des- se material. “os resultados das avaliações devem con- siderar e analisar os condicionantes históricos e sociais e seus efeitos no psiquismo. Quando o testado for menor de idade. os responsáveis devem ser informados. conservando sempre o anonimato em quaisquer ocasiões: ensino. capítulo 5 • 135 . É importante que o profissional utilize uma linguagem clara e adequada. 5. como religião. sem tecnicismos e de acordo com o grau de instrução do receptor. ATENÇÃO De acordo com a Resolução CFP nº 007/2003. assim como o solicitante. o profissional deve evitar influências nas suas conclusões por valores pessoais. pdf> 5. 1996. o que serve aos seus interesses”. exceto quando for feita por 136 • capítulo 5 . •  Deve ser obtido o consentimento informado dos testandos ou de seus re- presentantes legais antes da realização da testagem. com o objetivo principal de orientar o profissional para a confecção de documentos decorrentes das avaliações psicológicas e fornecer subsídios técnicos e éticos necessários para a elaboração qualificada da comunicação escrita.cfp. Toda e qualquer comunicação por escrito deverá seguir as diretrizes descritas no Manual. p. ATENÇÃO Um Manual de Elaboração de Documentos Escritos foi elaborado por psicólogos a partir da Resolução CFP nº 007/2003. Apresentaremos. a seguir. Sabemos que a atuação do profissional em testagem é in- trincada por regras e recomendações sobre privacidade.3  Os direitos dos testandos A partir da compreensão de que a pessoa que está sendo avaliada sabe mais a respeito de si mesma do que nós imaginamos e que “são capazes de avaliar. CONEXÃO Para conhecer o “Manual de Elaboração de Documentos Escritos”. mesmo que a solicitação seja de um parecer.org.br/wp-content/uploads/2001/12/resolucao2001_30. melhor do que o profissional. algumas das principais Recomendações para pro- teção dos testandos que constam no Excerto das páginas 85-87 dos Padrões para a Testagem Educacional e Psicológica. Arquivar o laudo com os outros documen- tos do indivíduo. Copyright 1985 da American Psychological Association e reproduzidos com permissão in Cronbach. A redação das informações deve ser produzida em forma de laudo. e a não observância constitui falta ética disciplinar. basta acessar: <http://site. os padrões pro- fissionais mudam.1996). consentimento infor- mado e liberdade de informação que fazem parte do considerado direitos dos testandos (Cronbach. 97. elaborado pelo Conselho Federal de Psicologia. sobre os resultados dos testes. que trata de pesqui- sas e testes em seres humanos. clínicas e de aconselhamento. Na explicação oferecida aos testandos. A resolução foi aprovada pelo Plenário do Conselho Nacional de Saúde (CNS) na 240ª Reunião Ordinária. também.. quando a testagem for realizada como parte regular das atividades escolares. a exemplo da seleção de pessoal e admissão educacional.) a resolução incorpora. o consentimento informado deve ser obtido oralmente ou por escrito antes da testagem. referenciais da bioética. capítulo 5 • 137 . •  Em aplicações escolares. não maleficência. além da explicação clara e adequada sobre a finalidade e natureza da testagem. 2002). autonomia. os profissionais que trabalham com testes devem fornecer as explicações. dentre outros. as consequências e. de forma apropriada. OBSERVAÇÃO O consentimento informado está relacionado ao conhecimento dos testandos ou de seus repre- sentantes sobre as razões da testagem. em que o consentimento não se faz necessário. clínicas e de aconselhamento. quais instrumentos serão utilizados e com que finalidade. •  Em aplicações escolares. quando os esco- res dos testes são utilizados para a tomada de decisões a respeito daquele su- jeito. beneficência.. sob a ótica do indivíduo e das coletividades. Ainda no que se refere ao consentimento informado. o que será feito a partir das informações obtidas com a testagem. e visa assegurar os direitos e deveres dos participantes da pesquisa. em 13 de junho de 2013 foi publicada no Diário Oficial da União a resolução nº 466/2012. 2007). deve haver clareza sobre o sigilo e a segurança dos resultados (Urbina. justiça e equidade. em dezembro de 2012. ou quando o consen- timento está claramente implícito. De acordo com o Conselho Nacional de Saúde (2013): (. Segundo os princípios éticos dos psicólogos e código de conduta (APA.determinação de regulamentos legais ou governamentais. tais como. a pessoa afetada ou o seu representante legal deve ser capaz de obter esse resultado e sua interpretação para qualquer uso apropriado. CONEXÃO Para conhecer a Resolução nº 466, acesso o link: <http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/Reso466.pdf>. 5.4  Privacidade, confidencialidade e resultados A venda dos testes psicológicos está restrita a distribuidores devidamente auto- rizados e registrados, que restringem a comercialização em função da seguran- ça do material e da utilização indevida. Os testes utilizados em relação à seleção de pessoal precisam ser seguros e passar segurança não só para o avaliado como também para o solicitante, e eles não podem servir para outra finalidade que não seja essa seleção (Anastasi e Urbina, 2000). Uma relação maior com a privacidade são os testes de personalidade; o seu desenvolvimento é uma invasão que muitas vezes limita muito o compartilhar das informações pessoais. O examinado deve ter conhecimento e compreender claramente como os resultados dos testes serão utilizados. Ainda de acordo com Anastasi e Urbina (2000), as preocupações com as in- vasões de privacidade são mais expressas nos testes de personalidade, entre- tanto os testes de inteligência ou aptidão podem mostrar menores habilidades e conhecimentos que o indivíduo prefira que não sejam revelados. Os resultados dos testes psicológicos fornecidos para o examinando não podem vir acompanhados das informações referentes às respostas espera- das, porque, nesse caso, esse comportamento inviabiliza seu uso no futuro (Wechsler, 1999). O testando também deve ter a oportunidade de comentar o conteúdo do laudo e, se necessário esclarecer ou corrigir informações fatuais. Os conselheiros estão atual- mente tentando envolver mais os clientes como participantes ativos em sua própria avaliação. (Anastasi e Urbina, p. 438, 2000). A confiabilidade dos registros só pode dar acesso a uma terceira pessoa, que não o indivíduo, se o testado for menor (aos pais ou responsáveis) ou a partir 138 • capítulo 5 do conhecimento e consentimento do testando. Sem os quesitos apontados, somente poderá haver liberação se solicitada pela lei ou permitida por ela. Ainda de acordo com Anastasi e Urbina (2000), as aplicações realizadas em contextos institucionais devem ser precedidas de informações claras e precisas no momento da testagem, sobre o objetivo do teste, como seus resultados serão utilizados e principalmente para quem eles serão dirigidos. De acordo com o Manual de Avaliação Psicológica (2007), é importante mos- trar a dinamicidade e a natureza não definitiva do objeto do estudo, levando em consideração a situação e o momento da avaliação. Um grande erro em criar documentos com muitas informações, além do que foi solicitado, é a possibilidade de prejudicar o atendido; o documento deve responder somente o necessário para atender ao que foi pedido. A Resolução 07/2003 apresenta diferentes modalidades de documentos, como declaração, atestado psicológico, relatório ou laudo psicológico e parecer psicológico, que são utilizados com objetivos diferenciados.  Declaração – Documento informativo para: comparecimentos do aten- dido; acompanhamento psicológico do atendido; informações sobre as condi- ções do atendimento (tempo, dias, horários). •  Estrutura: papel timbrado ou carimbo com nome/sobrenome e CRP; •  Registro do nome e sobrenome do solicitante; •  Finalidade; •  Registro das informações solicitadas; •  Registro do local e data de expedição; •  Registro do nome completo do psicólogo e CRP; •  Assinatura.  Atestado psicológico – Documento que certifica uma determinada si- tuação ou estado psicológico: justifica falta e/ou impedimento; informa se indi- víduo está apto ou não para atividades específicas; solicita o afastamento e/ou a dispensa do solicitante após a realização de um processo de avaliação psicoló- gica dentro do rigor técnico e ético. •  Estrutura – restringe-se ao que foi solicitado; •  Estrutura – papel timbrado ou carimbo com nome/sobrenome e CRP; •  Registro do nome e sobrenome do solicitante; •  Finalidade – informação do sintoma, situação ou condições psicológicas que justifiquem o atendimento, afastamento ou falta; capítulo 5 • 139 •  Registro do local e data de expedição; •  Registro do nome completo do psicólogo e CRP; •  Assinatura; •  Ressalta-se a importância de evitar parágrafos, evitando inclusão de informações.  Relatório ou laudo psicológico – apresentação descritiva que envolve si- tuações e/ou condições psicológicas com seu contexto histórico, político e cul- tural, substanciado a partir da utilização de instrumentos técnicos, como en- trevistas, dinâmicas, testes, observações, exames psíquicos, intervenção verbal. •  Estrutura – identificação, descrição da demanda, procedimento, análise e conclusão. •  Etapas: – Identificação: Auto ou relator; – Quem elabora Nome e CRP; – Interessado - quem solicita: Empresa, cliente, justiça; – Assunto / Finalidade - qual a razão: – Motivo do pedido Série Técnica – Descrição da Demanda: Informações referentes ao problema e seus motivos, razões e expectativas apresentadas; Análise da demanda para jus- tificar o procedimento desenvolvido. •  Procedimento: apresentação dos instrumentos e recursos técnicos que embasam as informações; •  Análise: descrição metódica, objetiva e fiel do que foi coletado e das situa- ções vividas de acordo com o que foi solicitado; deve ser relatado somente o que for necessário para esclarecer o que foi solicitado; •  Conclusão: resultado e/ou considerações a respeito da investigação; •  Local, data de emissão e identificação do psicólogo; •  Assinatura.  Parecer – Documento resumido com fundamentação sobre uma ques- tão específica psicológica, em que o resultado pode ser indicativo ou conclusi- vo. O objetivo é responder com competência e esclarecer a questão formulada. Deve ser analisado o problema e emitida uma opinião sobre este, respondendo aos pontos apresentados de forma objetiva e sucinta. •  Identificação: nome do parecerista e sua titulação; •  Nome do autor da solicitação e sua titulação; 140 • capítulo 5 CRONBACH. & GUSSO. •  Assinatura. Fundamentos da testagem psicológica. Porto Alegre: Artmed. S. definido pelo CFP (Manual de Avaliação Psicológica. MACHADO. deve ser arquivado e guardado por um tempo mínimo. responden- do a questão levantada. 2007). M. a partir dos testes objetivos. – São Paulo: Casa do Psicólogo / Conselho Federal de Psicologia. Ethical principles of psychoilogists and code of conduct. 2001. 2007. S. URBINA. DC: American Psychological Association. & URBINA. Luiz Pasquali organizador. 2000. Manual de Avaliação Psicológica – Curitiba : Unificado. 1992. P. Porto Alegre: Artes Médicas Sul. podemos citar al- guns dos instrumentos aprovados no Sistema de Avaliação dos Testes Psicoló- gicos (Satepsi) do Conselho Federal de Psicologia e comercializados no Brasil: capítulo 5 • 141 . São Paulo: Casa do Psicólogo / Conselho Federal de Psicologia. Todo o material resultante de avaliações psicológicas. Luis Pasquali. data de emissão e identificação do psicólogo. ANASTASI. Técnicas de Exame Psicológico – TEP. WECHLER. Testagem Psicológica /Anne Anastasi e Susana Urbina. 2001. Avaliação psicológica: perspectiva internacional – São Paulo: Casa do Psicólogo. •  Exposição dos motivos. Porto Alegre: Artes Médicas. sempre que possí- vel. •  Análise: detalhamento da questão apresentada e argumentada embasada e fundamentada. In Técnicas de Exame Psicológico – TEP org. L. REFERÊNCIAS AMERICAN PSYCHOLOGICAL ASSOCIATION. S. •  Conclusão: apresentação do posicionamento do profissional. 1999. •  Transcrição do objetivo da consulta e dos quesitos ou a apresentação das dúvidas apresentadas pelo solicitante. PASQUALI. 2007. R.L. S. 1996.M.J. Princípios Éticos e Deontológicos na Avaliação Psicológica. L. Fundamentos da testagem psicológica. WECHSLER. A. •  Local. A. Anexo I Para avaliação da personalidade. Susana. Washington. Psicologia Escolar e Educacional. Extroversão e Introversão. O CPS avalia 8 dimensões da personalidade: Confiança e vio Rodrigues Atitude Defensiva. Realização. A2 – Liberalismo. com suas atuais funções. R3 . Empatia e Egocentrismo. o Escala de Personalida. mantém o tradicional rigor psicométrico de de Comrey desta escala de personalidade. R2 – Ponderação / Prudência. Estabilidade e Instabilidade Emocional. sob aspectos de personalidade. Pesquisas indicam sua utilidade para: Avaliações no contexto da Psicologia do Trabalho e Psicologia Organizacional. Neuroticismo e Abertura a novas experiências e suas subescalas: E1 – Comunicação. 142 • capítulo 5 . e A1 – Abertura a ideias. A área de Recursos Humanos é o setor em que o emprego do CPS tem apresentado os melhores índices de aproveita- Escala de Personalida- mento e compatibilidade. Orientação Profissional. Em apresentação com 100 itens. Claudio Hutz e pressão.Empenho sonalidade (BFP) / Comprometimento. S2 – Pró-sociabilidade. Sua capacidade de avaliação rápida de de Comrey e objetiva de diversos fatores da personalidade ajuda os Autor: Revisão Flá- psicólogos a selecionarem candidatos e a recolocarem. Avaliações no contexto da área de Segurança (porte de arma) e contexto da área do Trânsito (CNH). O CPS é um inventário de personalidade baseado no método de autodescrição para identificação dos principais fatores de constituição do indivíduo. S1 – Amabilidade. Masculini- dade e Feminilidade. N3 – Passividade / Falta de Energia. E2 – Altivez. A3 – Maiana Nunes Busca por novidades. CPS forma revisada. E4 – Interação Social. com vio Rodrigues maior eficiência e ajustamento. Conformida- de Social e Rebeldia. N1 – Vulnerabilidade. Autor: Revisão Flá. Atividade e Passividade. TÉCNICAS OBJETIVAS A Bateria Fatorial de Personalidade BFP foi criada a partir do modelo dos Cinco Grandes Fatores (CGF). Psicologia Forense. R1 – Bateria Fatorial de Per- Competência. funcionários eventualmente incompatíveis. N2 – Instabilidade Autor: Carlos Henrique Emocional. Ordem e Falta de Compulsão. Avaliação Neuropsicológica e Pesquisa. S3 – Confiança nas pessoas. Apresenta ain- da as escalas de Validade e Tendenciosidade nas respostas. Socialização. Avaliações Clínicas e Psicodiag- nóstico. Em sua formu- lação atual propõe as dimensões: Extroversão. N4 – De- Nunes. E3 – Dinamismo. diante das demandas da escolarização.Questioná- gia Escolar. além de grande quantidade de situações escolares que vem.Questioná. No ambiente escolar pode contribuir com a de compreensão das necessidades de desenvolvimento pessoal Personalidade de cada criança. não sendo considerado seu uso para diagnóstico de patologias. capítulo 5 • 143 . TÉCNICAS OBJETIVAS A Escala de traços de Personalidade para Crianças – ETPC possui poucas questões. Eysenck. Um dos critérios de associação recorrente é o comportamento antissocial ou delinquente – de forma geral. também. todos os estudos apresentados demonstram que o Psicoticis- mo é um importante preditor do comportamento antissocial em adolescentes. Como se trata de avaliar pessoas ainda em fase de aquisição de experiências e formas de lidar com o mundo. e projetado para ser pequeno. se propõe a captar tendências gerais. fornece apenas indicadores de possíveis problemas. é de suma importância para o diagnóstico e tratamento dos problemas emocionais e de conduta no trabalho clínico. sendo consideradas como consistentes e robustas as três EPQ-J . Psicologia da Saúde. Sendo instrumento desenvolvido para avaliar crianças de for- ma rápida. as adequações do aluno des Sisto. G. O EPQ-J vem sendo uma das escalas de personalidade mais estudadas nos últimos anos. Eysenck e diferenças individuais iniciais moldam a maneira como os Sybil B. de para Crianças e Adolescentes Autor: Hans J. mas o suficiente para se ter uma avaliação bastante razoável das principais tendên- cias das crianças em temos de grandes características de personalidade. haja vista a alta precisão e validade do instrumento encontrada em diferentes países. rio de Personalida. por exemplo. Adolescentes importante na infância e/ou adolescência. Eysenck. As pesquisas apontam a capacidade do EPQ-J de se de para Crianças e associar e predizer diversidade de critérios externos a ele. os tipos de relação que os alunos estabelecem entre si na formação dos grupos de brinquedo e de estudo. Como teste de personalidade. sem poder para diagnosticá-los com precisão. dimensões da personalidade propostas. interpretam e respondem ao mundo à sua volta. de fácil entendimen- to para as crianças. Eysenck e Sybil B. uma vez que as Autor: Hans J. G. As áreas de aplicação do questionário contemplam a Psicolo- EPQ-J . exigindo esse tipo ETPC (Escala de Traços de informação. Psicologia rio de Personalida- Forense e Pesquisa do comportamento humano em geral. as aptidões e o rendimento escolar. indivíduos experienciam. como as discrepâncias entre Autor: Fermino Fernan. com a interpretação de diferentes aspetos para Crianças) da adaptação escolar do aluno. Psicologia Clínica. Flores em geral. Orientação Vocacional. McCrae . Almeida de fatores: Assistência. Rabelo e Gisele Aparecida Ordem.cinco grandes fatores de personalidade NEO PI-R Inventário (BigFive): neuroticismo. abertura.Padroni- Orientação Vocacional. Fatores Revisado As principais áreas de aplicação são: Psicologia do Trabalho Autor: Paul T. Ivan Sant'Ana cia. Esta nova versão apresenta a exclusão de alguns fatores e rial de Personalidade itens.Padroni- de 240 afirmativas. baseado no modelo pentafatorial das personalidades . extroversão. amabilidade e conscienciosidade. Necessidades de Organização e Necessidades de Controle e Oposição.II Inventário Fato. Através do agrupamento dos da Silva Alves. mais conhe- cido como NEO PI-R.Inventário senta cinco escalas. em contexto organi- zacional. amabilidade de Personalidade e conscienciosidade. denominadas: Necessidades Afetivas. McCrae . Persistência e Mudança. é um instrumento de avaliação da personalidade normal. Desempenho. extro versão. As principais áreas de aplicação são: Psicologia do Trabalho e das Organizações.respondida pelo próprio indivíduo . 144 • capítulo 5 . Psicologia Clínica. Autor: Paul T. que consta de 60 itens.Inventário do inventário NEO PI-R. é uma versão curta NEO FFI-R. Agressão. Autonomia. TÉCNICAS OBJETIVAS O IFP-II é um instrumento de avaliação da personalidade. McCrae . Afiliação. com base na teoria das necessidades ou motivos psicológicos de Henry Murray. O inventário de personalidade NEO-FFI-R. Flores fatores de personalidade (BigFive): neuroticismo.Padroni- no modelo pentafatorial das personalidades . Pesquisa do comportamento humano zação: Carmem E.sendo composta bert R. Apre- NEO FFI-R. Costa e Ro- forma S . entre outros onde se faz necessária a avaliação da personalidade. baseado bert R. e assim. Psicologia Clínica. Personalidade Cinco É indicado para situações de limitação de tempo e quando se Fatores Revisado deseja apenas obter uma informação global da personalidade. cada uma com 12 itens que medem Personalidade Cinco cada domínio. NEO Revisado A versão do NEO PI-R para uso no contexto brasileiro é a Autor: Paul T. Exibição. em orientação profissional / carreira. abertura. bert R. A versão ora apresentada é resultado da atualização dos estudos psicométricos e normas envolvendo participantes de amostras representativas de todos os esta- dos brasileiros. Dominância. Deferên- Sá Leme. O IFP-II pode ser utilizado em contextos de avaliação clínica. fatores. Costa e Ro- e das Organizações. Flores utilizando uma de cinco alternativas de resposta. passa a ser composto por 100 afirmativas e 13 Autor: Irene F. Pesquisa do comportamento humano em geral. Costa e Ro- Instrumento de avaliação da personalidade normal. Psicologia da Saúde. criou-se uma estrutura fatorial de segunda ordem. Afago. Psicologia da Saúde. Intracepção. O inventário de personalidade NEO Revisado.cinco grandes zação: Carmem E. IFP. às quais o examinando deve responder zação: Carmem E. Questionário classificando semelhanças e as diferenças em determinados de Avaliação Tipológica grupos. Court. O APM é amplamente utilizado em pesquisas psicológicas. considerado padrão ouro mundial na avaliação da inteligência geral. Autor: Irai Cristina uma grande área de aplicação. na criação de programas de ensino-aprendizagem. ou em outros contextos nos quais se faça necessária a avaliação da inteligência e da habilidade edutiva. na orientação vocacional e aconselhamento familiar. um quadro indicando os testes de inteligência comer- cializados no Brasil.magopsi. o profis- sional verifique no SATEPSI (Sistema de Avaliação dos Testes Psicológicos) se os testes que se pretende utilizar naquele momento estão aprovados para e ade- quados para uso.Teste de O Teste D-70 pode ser utilizado para diagnóstico clínico.com. é um instrumento investigativo baseado na teoria Junguiana e em sua tipologia. dirigido à população brasileira e à sua cultura. Boccato Alves capítulo 5 • 145 . tendo por base o Cubo de Rubik. O APM fornece informações sobre as Avançadas de habilidades das pessoas para gerar novos insights (habilidade edutiva). Raven principalmente não verbais. TESTES DE INTELIGÊNCIA O Matrizes Progressivas de Raven (APM). J. antes de sua utilização. na orientação de pais e professores. avaliar o raciocí- Autor: Fabián Javier nio visuoespacial. a seguir.br> Anexo II Apresentamos. organiza- Muniz. TESTE DOS O Teste dos Cubos é composto por 15 itens. abrangendo. M. que foram criados CUBOS: Para Ava. Pode ser Raven.C. dessa forma. educacional e de orientação profissional. Raven.Ma- um componente central do fator g de Spearman de forma o mais trizes Progressivas precisa e objetiva possível. J. QUATI . Informações obtidas no site <http://www. H. na Autor: José Jorge de detecção e solução de conflito nas organizações. TÉCNICAS OBJETIVAS O Questionário de Avaliação Tipológica QUATI. Visa definir estilos cognitivos e de comportamento individual. na sele- Inteligência ção profissional e na orientação profissional. Torna-se necessário que. D-70 . mento empresarial e remanejamento de pessoal. no treina- Moraes Zacarias. foi desenvolvido para avaliar APM-RAVEN . cional. portanto. Rueda e Monaliza Contribui para avaliações psicológicas nas áreas clínica. auxiliando na organização de grupos de trabalho. Os itens são compostos por liação do Raciocí. utilizado em seleção de pessoal para um nível técnico elevado e postos gerenciais. imagens concretas que deverão ser manipuladas mentalmente nio Visuoespacial para encontrar a resposta correta e. Autor: J. e orientação vocacional. c) raciocínio por analogia envolvendo Boccalandro. O Teste Conciso de Raciocínio . o TCR permite detectar possíveis casos de nandes Sisto. For. É um teste não verbal. além da classificação da inteligência de acordo com o grau de escolaridade e idade. d) raciocínio por analogia de tipo numérico e envolvendo mudança de posição e raciocínio de tipo espacial. A correção é M. Rueda e Nelimar realizada por meio de um crivo e o resultado equivale ao total de R. G-38 . O Teste de Inteligência . resultando numa medida de QI em Rasch um tempo bastante reduzido quando comparado aos testes de Autor: Anton K.TCR é um teste curto.Inteligência Não. Karin Waldherr Adequado para aplicação nas áreas clínica. como também níveis elevados de inteligência. organizacional. trânsito e Karl Piswanger . WMT-2 Teste de O Teste de Matrizes de Viena – WMT-2 é um instrumento de Matrizes de Viena avaliação da inteligência geral. mann.Teste de identificar os tipos de raciocínios errados e os processamentos Inteligência Geral envolvidos na sua execução. possui 20 exercícios. O Teste Não Verbal de Inteligência – G-38 surgiu da necessidade te não Verbal de se ter outro instrumento que permitisse retestar sujeitos que já de Inteligência tivessem sido submetidos ao G-36. apresentando duas questões a Autor: Efraim Rojas mais que este teste. G-36 . Boccalandro. b) compreensão de relação de identidade Autor: Efraim Rojas mais raciocínio por analogia. deficiência cognitiva preocupante. Rasch (análise pela Teoria de Resposta ao Item – TRI).Tes.Teste Conci- base para sua construção foi o raciocínio inferencial (habilidade so de Raciocínio para se chegar a conclusões). O Teste de Inteligência Geral Não Verbal -TIG-NV avalia desem- penhos característicos dos testes de inteligência não-verbais. TESTES DE INTELIGÊNCIA Teste saturado de fator G e de múltipla escolha para as respostas. uma vez que os exercícios Autor: Fabián Javier são compostos por figuras geométricas e abstratas. A TCR . mudança de posição. construído segundo o modelo de . a qual permite TIG-NV . 146 • capítulo 5 . Autor: Fermino Fer- De aplicação rápida. Pode ser utilizado para fins de seleção. inteligência multidimensionais. pois possibilita uma classificação dos sujeitos em termos de Percentil ou QI.Tes. de Castro. além das classificações habituais do Não Verbal potencial intelectual. questões respondidas corretamente. organizadas por ordem de dificuldade. em 04 séries. te Não Verbal envolvendo os seguintes raciocínios: a) compreensão de relação de Inteligência de identidade simples. que traz verbal Escalonado como benefício a possibilidade de medir a inteligência por tarefas segundo Modelo livres de influências culturais. como uma análise neuropsicológica.TI é composto por 30 exercícios com 06 TI . dentre as quais o sujeito deve escolher Inteligência apenas uma. As questões são apresentadas em ordem crescente de dificuldade.Teste de opções de resposta cada. mas diferencia-se por possibilitar uma apreciação mais detalhada de seus resultados. Escala de de indivíduos excepcionais e superdotados além de diagnóstico Inteligência Wechs- diferencial de transtornos neurológicos e psiquiátricos que afetam ler para Adultos o funcionamento mental. O Teste R-1 se caracteriza por ser uma medida não verbal de inteli- R-1 . são internacionais. com a Inteligência Geral: sigla BETA-III. capítulo 5 • 147 . pode ser utilizado em processos seletivos de admissão de candidatos a emprego (principalmente vigilantes e seguranças). A Bateria de Funções Mentais para Motorista BFM-3 . quantitativos de quatro domínios cognitivos: compreensão verbal. amostra de trânsito) o BETA-III pode ser utilizado nas áreas: edu- Rodolfo Ambiel. Para a versão brasileira foram realizados estudos cínio Matricial e com dois subtestes: Raciocínio Matricial e Códigos. memória operacional. permite a possibilidade de se derivar os resultados Wechsler.I. o profissional tem à sua disposição informações quantitativas para gerar conclusões acerca do funcionamento cognitivo de adolescentes e adultos. sendo indicado também para avaliação neuropsicológica de idosos. A Escala de Inteligência Wechsler para Adultos – WAIS III é um dos mais importantes instrumentos para avaliação clínica da capacidade intelectual. organizacional. cacional. a outros grupos da população. Silvia Paca.. Autor: Emilio Carlos Pelo fato do TRAP-1 proceder a uma investigação nos diferentes Tonglet. O teste é composto por 40 questões com placas de trânsito.Tes- gência e foi construído para ser usado principalmente com pessoas te Não Verbal de baixo nível de escolaridade. Além do contexto do trânsito (o manual apresenta estudos sobre naro. Rabelo.Teste O Teste Não Verbal de Inteligência Geral. avaliação quantitativa para Motorista e qualitativa.Teste de Raciocínio Lógico é constituída por apenas um teste. tendo sido seu uso estendido. podendo-se optar por apenas Autor: Ivan Sant'Ana um subteste. instrumento conheci- Não Verbal de do internacionalmente como Revised Beta Examination. Irene Sá Leme. forense e Gisele Alves outras em que a avaliação da inteligência se faz necessária. Portanto. Funções Mentais A correção é realizada pelo total de acertos. inteligência geral. de Inteligência posteriormente. Pode ser aplicado Autor: Rynaldo de em estrangeiros.Bateria de tomada de decisões está se processando de maneira adequada. tipos de raciocínio. TESTES DE INTELIGÊNCIA BETA III . organização perceptual e velocidade de processamento. problemas de aprendizagem e identificação WAIS III . é uma importante ferramenta para a avaliação da Subtestes Racio. o TRAP-1. nas avaliações periódicas e de potencial de funcio- nários. Não há obri- Códigos gatoriedade de aplicação de ambos. avaliação para porte de arma. imprescindível para avaliações psicológica e neuropsicológicas. além do Q. Autor: David O WAIS III. pois os sinais que aparecem em alguns problemas Oliveira. Pode ser utilizado para mensurar a avaliação de rendimento escolar. que investigam os diversos tipos de raciocínio que o examinando utiliza na resolução das questões com o intuito de verificar se a sua BFM 3 . ca estaria associada a diversas funções intelectuais. dade intelectual de crianças e adolescentes entre 6 e 16 anos e ler para Crianças 11 meses. princi- RIDADE MENTAL palmente as capacidades para discernir as relações entre os vários COLUMBIA – tipos de símbolos. Luciano Duarte. dificuldades na fala ou perda de audição. Considerava ainda a / Ana Paula Porto / percepção e a reprodução das figuras gestálticas determinadas por Acácia Angeli. A Escala de Maturidade Mental Colúmbia avalia especialmente ESCALA DE MATU. WISC-III . retardo mental. em razão do padrão de desenvolvimento de cada um. tais como ção Gradual percepção visual. habilidade motora manual. mativas das capacidades intelectuais. de aplicação individual. cada um medindo um aspecto Autor: padronização: diferente da inteligência. o que pode ser usa- . . . WISC IV . 148 • capítulo 5 . Sistema de Pontuação Gradual (B-SPG) está baseado nos pres- TE GESTALTICO supostos teóricos preconizados por Bender. bem como de eventuais alterações patológicas funcio- nais ou orgânicas. capacidades que são importantes para o sucesso na escola. mido em 3 medidas compostas: QIs verbal.WISC-IV é um Inteligência Wechs.4ª edição do para determinar se há necessidade para uma intervenção como Autor: David acompanhamento pedagógico ou tratamento psicológico. Vera Figueiredo. além de fornecer quatro ler para Crianças escores opcionais de índices fatoriais.magopsi. TESTES DE INTELIGÊNCIA O Teste Gestáltico Visomotor de BENDER está associado a medi- das de inteligência (como fator g) e também mostra relação com a aprendizagem (aquisição da escrita e diferenciação de séries).3ª edição É composto de vários subtestes. Resistência à Distração e Velocidade de Autor: padronização: Processamento das Informações. torna o CMMS especialmente adequado para o uso com Iraí Boccato / José crianças que tenham paralisia cerebral ou outra lesão cerebral. para avaliar a capaci- Inteligência Wechs. que podem variar de indivíduo para indivíduo. planejado de acordo com as necessidades individuais da criança. deficiência visual. O desempenho nestes subtestes é resu- Vera Figueiredo.Escala de A Escala de Inteligência Wechsler para Crianças .TES. princípios biológicos e de ação sensório-motora. O BENDER . CMMS O fato de necessitar apenas de uma resposta motora mínima da Autor: Padronização: criança. como: Compreensão Verbal. que oferecem esti- Inteligência Wechs.br>. instrumento clínico que pode ajudar a diagnosticar potenciais pro- ler para Crianças blemas nos processos cognitivos das crianças.com. conceitos temporais Autor: Fermino Sisto e espaciais e organização ou representação. de que por meio da VISOMOTOR DE reprodução de desenhos pode-se estabelecer o nível de maturação BENDER (B-SPG) . tudo isso Wechsler. WISC-III . da função gestáltica visomotora.Escala de de Execução (perceptivo-motor) e o Total. Para Bender a função gestálti- Sistema de Pontua.3ª edição Organização Perceptual.Escala de Instrumento clínico. Informações obtidas no site <http://www. apresentamos o quadro que contém alguns dos instrumentos que avaliam os interesses e aptidões comercializados atualmente no Brasil.Escala de Acon. aconse- Fermino Sisto / Acácia lhando-as melhor para a identificação com uma carreira. capítulo 5 • 149 . identificar competências estratégicas para o sucesso Autor: Mauro de Oliveira na carreira. definir metas de treinamento.Avaliação dos G – CSL – Campo Simbólico / Linguístico Interesses Profissionais H – CMA – Campo Manual / Artístico Autor: Rosane Schotgues I – CCE – Campo Comportamental / Educacional Levenfus e Denise Rus. surgiu da necessidade de oferecer aos psicólogos que trabalham com orientação vocacional um instrumento eficaz e atualizado na avaliação dos interesses profissionais. Este modelo propõe que as pessoas e os ambientes de nossa cultura podem estar descritos por meio de seis tipos: Realista (R)/ Investigativo (I) / Artístico (A) / Social (S)/ Empreendedor (E)/ Convencional (C) O AIP – Avaliação dos Interesses Profissionais. dez campos de interesses que. desenvolvimento e Magalhães educação de competências profissionais.Campo Físico / Matemático chel Bandeira B – CFQ – Campo Físico / Químico C – CCF – Campo Cálculos / Finanças D – COA – Campo Organizacional / Administrativo E – CJS – Campo Jurídico / Social F – CCP – Campo Comunicação / Persuasão AIP . poderão remeter a uma série de profis- Autor: Rosane Schotgues sões a serem consultadas no manual do teste.Avaliação dos Elegeu-se para o AIP. se propõe a disponibilizar aos psicólogos um instrumento que poderá selhamento Profissional auxiliá-los no processo de busca por alternativas para a opção Autor: Ana Paula Porto / profissional de pessoas que busquem por essa ajuda. J – CBS – Campo Biológico / Saúde chel Bandeira EAP . AIP .Anexo III Na sequência. INVENTÁRIOS DE INTERESSE E TESTES DE APTIDÃO A Matriz de Habilidades e Interesses Profissionais é uma ferramenta que oferece a possibilidade de articular e visualizar níveis de competência e de motivação percebidos em relação a um conjunto de 72 habilidades de trabalho relacionadas a Matriz De Habilidades e esclarecer e priorizar preferências por habilidades e áreas ocu- Interesses Profissionais pacionais. A Escala de Aconselhamento Profissional – EAP. se per- Interesses Profissionais cebidos em conjunto. deixando Santos transparecer que há alternativas e não uma diretriz de mão única. São eles: Levenfus e Denise Rus- A – CFM . Andrade numa segunda etapa. para consulta. É BPR-5 . tais como: orientação profissional. sendo acrescidas mais duas áreas: Religiosa e Gustavo Lisboa Braga / Militar. aptidão Atualização: Drª Carmem para distinguir rapidamente semelhanças e diferenças de E. aspectos de relações espaciais ligados à capacidade de estimar quantidades . INVENTÁRIOS DE INTERESSE E TESTES DE APTIDÃO O Teste das Dinâmicas Profissionais – TDP.habilidade espacial (BLOCOS) e fluência vocabular simples (FLUÊNCIA). e Prova Ricardo Primi / Leandro de Raciocínio Mecânico – RM. Prova de Raciocínio Autor Espacial – RE.habilidade numérica (NÚMEROS). Anexo IV Atualmente. com- posto de nove testes objetivos que avaliam diferentes apti- dões. que serão. Almeida A BPR-5 auxilia os psicólogos a tomarem decisões sustenta- das na avaliação das aptidões e raciocínio geral em diversos segmentos. Flores e Drª Eliza. cada qual Ângela Maria Fontes de abrangendo atividades e trabalhos específicos.com. 150 • capítulo 5 .percepção espacial (PAR- TES). relação espacial envolvida em aspectos de motricidade . memorização de no- mes. aptidão para visualizar tamanhos. visitas a locais de trabalho e a universidades. sificando-se as profissões em grandes áreas de interesse. natureza não verbal . ficando composto assim.Teste das Dinâ. questionados e discutidos em dinâmicas de grupo. alguns instrumentos são comercializados no Brasil para a avalia- ção das habilidades sociais. explorados. micas Profissionais Utilizou-se das mesmas 10 áreas do inventário de interesses Autor de kuder. clas- TDP . A Bateria de Provas de Raciocínio – BPR-5 está organizada em duas formas: A (de 6ª a 8ª série do ensino fundamental) e B (de 1ª a 3ª série do ensino médio e nível superior).br>. formas e a relação do todo com as partes . cál- Autor culos e códigos . S. Para avaliação de: resolução de problemas em termos de raciocínio lógico (JULGAMENTO).habilidade perceptual / concentração e beth Nascimento perseverança (PRECISÃO e PERCEPÇÃO). conforme exposto abaixo. Informações obtidas no site <http://www. por doze áreas. Prova de Raciocínio Numérico – RN.habilidade espacial (DIMENSÃO). analisados.composta por 05 subtestes: Prova de Raciocínio Abstrato vas de Raciocínio – RA.magopsi. foi desenvolvido com base nos princípios semelhantes aos de Kuder. rapidez e precisão BATERIA TSP no manejo e na compreensão de sistemas numéricos. avaliação das dificuldades de aprendizagem e seleção de pessoal.Bateria de Pro. dentre outras atividades. A Bateria TSP é um instrumento do tipo lápis e papel. Prova de Raciocínio Verbal – RV. fisionomias e detalhes (MEMÓRIA). temos as demandas próprias das Zilda A.Acompanhamento do desenvolvimento socioemocional. tais como: padronização Brasileira: . superiores) e com demandas para uma diversida- de de habilidades (falar em público. Del Prette. Em termos de interlocutores. religiosos etc) e desconhecidos. P. junto a diferentes interlocutores e contextos. familiares. Lucas Cordeiro Feitas capítulo 5 • 151 . o inventário pode atender a diferentes Crianças tipos de situações de pesquisa e prática. de amizade. INVENTÁRIOS DE HABILIDADES SOCIAIS O Inventário de Habilidades Sociais . amigos. desenvolvimento socioemocional de crianças e adolescentes. além de monitorar a efetividade de intervenções voltadas para o Problemas Compor. IHSA . pedir mudança de comportamento).Inventário de O IHSA permite a identificação de déficits e recursos em clas- Habilidades Sociais ses e subclasses das principais habilidades sociais requeridas para Adolescentes na adolescência. através de identificação de recursos e déficits que devem ser alvos da atenção terapêutica e/ou educativa.Planejamento de intervenções. Habilidades Sociais. estão represen- tadas as demandas para habilidades requeridas na relação com pais. como particularmente críticas nessa fase do desenvolvimento. O Inventário de Habilidades Sociais SSRS é um instrumento de fácil aplicação e apuração. ção com crianças. Del Prette. que permite avaliar o repertório de habilidades sociais dos adolescentes em dois indicadores: a frequência e a dificuldade com que reagem às diferentes demandas de interação social. lazer. expressar sentimento. colegas. irmãos. Lucas Cordeiro Feitas . de lazer e de trabalho.IHS-Del-Prette é um ins- trumento de autorretrato para aferir o repertório de habilidades sociais usualmente requeridas em uma amostra de situações IHS . Habilidades Sociais O teste descreve situações sociais em vários contextos (traba- Autor: Zilda Del Prette / lho. junto à população Autor: Adaptação e infantil. pessoas de autoridade (professor. . tamento e Competên.Rastreamento e diagnóstico de problemas de ajustamen- Zilda A.Avaliação da efetividade de práticas e programas de interven- Problemas Compor. Crianças Autor: Adaptação e padronização Brasileira: Zilda A. Habilidades Sociais. parceiros afetivo-sexuais. chefe. SSRS – Inventário .Descrição de características de populações específicas de cia Acadêmica para interesse. P. tamento e Competên. Autor: Almir Del Prette e Em termos de contextos. P. . válido e preciso para mapear as com- SSRS – Inventário petências acadêmicas. to psicossocial.Inventário de interpessoais cotidianas. Del Prette relações familiares e escolares. afetivo-sexuais. O Inventário de Habilidades Sociais para Adolescentes – IHSA é um instrumento de autorrelato. Com a possibilidade de coletar e comparar informações a cerca cia Acadêmica para de três fontes distintas. família) com diferentes tipos de interlocutores (cole- Almir Del Prette gas. habilidades sociais e comportamentos. surar a efetividade e eficácia de procedimentos de intervenção.Del Prette avaliação de habilidades sociais.Inventário de . O QHC poderá ser útil no contexto institucional.Para avaliar as impressões de um dos cônjuges sobre as habi- Villa e Zilda A. des Martins Empatia (E). além disso. saírem EPR . o SMHSC visa caracterizar o Autor: Zilda Del Prette / repertório social de crianças de 7 a 12 anos com base na auto Almir Del Prette avaliação destas e na avaliação pelo professor. Autor: Alessandra T.br>. acadêmico e Bolsoni-Silva e Sonia R. QHC . Como recurso de promoção de habilidades sociais. de Crianças Como instrumento de avaliação. permitindo a identificação de mudanças comportamentais em tos e Contextos para universitários com diagnóstico de fobia social e com depressão. P. HSC . Autor: Miriam Bratfisch . Universitários trazendo contribuições para a Psicologia Baseada em Evidência. além do seu uso em pesquisa. Orientação Positiva para o Futuro (OPF). O SMHSC-Del-Prette – Sistema Multimídia de Habilidades Sociais da Criança consiste de um conjunto de materiais para a SMHSC . Comportamen. INVENTÁRIOS DE HABILIDADES SOCIAIS Resiliência pode ser definida como a capacidade dos seres hu- manos em superar as adversidades da vida e.magopsi. . P.Na clínica de psicoterapia (como modelos de compor- Habilidades Sociais tamento adequados ou não / como temas para vivências Conjugais de treinamento).Para obter dados com finalidade de pesquisa. Independência (I). aplica-se a programas de intervenção clínica ou educativa com crianças em geral.Sistema Multimídia zadas como recursos instrucionais em programas educativos ou Habilidades Sociais terapêuticos de promoção da competência social de crianças. ser utili- . Sociabilidade (S) e Valores Positivos (VP). Prette Informações obtidas no site <http://www. res da Resiliência A escala conta com 90 itens subdivididos em 11 subescalas: Autor: Tábata Cardoso e Aceitação Positiva de Mudança (APM).Questionário O QHC tem-se mostrado um instrumento sensível para men- de Habilidades So.Inventário de instrumento de autorrelato que aborda situações específicas Habilidades Sociais ao contexto conjugal e comportamentos sociais de homens e Conjugais mulheres em relação a seus cônjuges. Maria do Carmo Fernan- Autoeficácia (AE).Escala dos Pila- fortalecidos após uma situação-problema. que podem. também. Reflexão (R). Controle Emocional (CE). ciais. 152 • capítulo 5 . Bom Humor (BH). Loureiro O Inventário de Habilidades Sociais Conjugais – IHSC é um HSC . Del lidades sociais conjugais do outro. Autor: Miriam Bratfisch O IHSC pode ser utilizado para diferentes finalidades: Villa e Zilda A. Autoconfiança (AC).Para identificar comportamentos sociais em termos de recur- Prette sos e de déficits que poderão nortear intervenções. clínico.com. Del .
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