3ANÁLISE SEMIÓTICA DO CONTO “TCHAU” DE LYGIA BOJUNGA NUNES Andreia Cristina da Silva Mestre em Lingüística pela Universidade de Franca (Unifran). RESUMO A partir de uma reflexão sobre a teoria semiótica apresentamos uma análise do conto “Tchau” de Lygia Bojunga Nunes. Nosso objetivo é analisar o texto através de um percurso gerativo do sentido, pois entendemos que o sentido do texto não é apreendido através de uma simples leitura e sim por uma análise de níveis de leitura, que geram um percurso “que vai do mais simples ao mais complexo, do mais abstrato ao mais concreto”, (GREIMAS; COURTES apud BARROS, 1988). Com análise desses níveis, pretendemos mostrar que o sentido apreendido no texto nasce na cultura, uma vez que os valores que circulam os textos trazem marcas sociais, históricas e ideológicas. Objetivamos também, tecer um caminho para o leitor percorrer o texto e encontrar nele identidades ou adversidades, enfim, valorizar a relação leitor/texto como uma interação em que o leitor não é um receptor passivo da mensagem, mas torna-se um co-autor do texto. Palavras-chave: semiótica; literatura infanto-juvenil; conto. Diálogos Pertinentes – Revista Científica de Letras • Franca(SP) • v. 4 • n. 4 • p. 47-57 • jan./dez. 2008 1988). because the values that are in the texts bring social. to value the relation between reader/text like a interaction. Our purpose is to analyze the text through a “percurso gerativo de sentido”. we want to show that the learned sense in the text borns in the culture. 4 • n. young literature. historic and ideological marks. that begins a itinerary “that goes from easier to the more difficult.48 ABSTRACT From one reflection about the semiotics theory we present a analysis of the Lygia Bojunga Nunes’ short story “Tchau”. 2008 ./dez. 4 • p. but a co-writer of the text. Diálogos Pertinentes – Revista Científica de Letras • Franca(SP) • v. where the reader is not a passive receptor of the message. We want too. to find a path to the reader to go the text and find in it identities or adversities. 47-57 • jan. COURTES apud BARROS. Key words: semiotics. because we understand that the text’s sense is not learned through of a sample lecture but for a analysis of lecture’s levels. With the analysis these levels. short story. from more abstract to the concreter (GREIMAS. /dez. os diferentes conteúdos do texto. mas um percurso que vem repensandose. A idéia de percurso gerativo de sentido surgiu da necessidade de detectar invariantes presentes na narrativa. Na semiótica. Rebeca é um nome que se origina do hebraico Ribgab (laço. em que o leitor precisa fazer abstrações a partir da superfície do texto para poder compreendê-lo. A filha mais velha. a sintaxe é o conjunto de mecanismos que ordena os conteúdos. tenta fazê-la desistir. A semiótica é uma teoria gerativa. que. 47-57 • jan. O percurso gerativo é um simulacro metodológico para explicar o processo de entendimento. 4 • n.49 INTRODUÇÃO Atualmente. isto é. modificando-se e refazendo-se. Cada um dos níveis tem uma sintaxe e uma semântica. A semiótica não se preocupa com o sentido propriamente dito. O nível fundamental compreende uma ou mais categorias semânticas que ordenam. um conjunto de relações responsáveis pelo sentido do texto. mas com a sua construção. de maneira mais geral. Diálogos Pertinentes – Revista Científica de Letras • Franca(SP) • v. que vai do mais simples e abstrato ao mais complexo e concreto. O percurso gerativo é constituído de três patamares. rede). “Tchau” conta a história de uma mulher (a mãe) que decide separar-se do marido e dos filhos para ir embora do país com o homem por quem havia se apaixonado. os conteúdos investidos nos arranjos sintáticos. Rebeca. O projeto semiótico tem por objeto a significação. as estruturas narrativas e as estruturas discursivas. 2008 . porém não é uma teoria pronta e acabada. ela deseja menos estudar o que o texto diz ou porque diz o que diz e mais como o texto diz o que diz. e a semântica. as estruturas fundamentais. pois entende o processo de produção de texto como um percurso gerativo. 4 • p. A semiótica é uma teoria que busca a significação. Uma categoria semântica é uma oposição. o problema da significação é central para as ciências humanas. para a mãe. quer dizer: aquela que une. Um sujeito está em relação de conjunção ou disjunção com um objeto.. agora sob outro ângulo: “Rebeca ficou olhando pro castelo desmanchado”.) _ O pai adora você. Rebeca. Eles ficam. Rebeca é obrigada a amadurecer! Percebe que as coisas não eram como pensava: “Rebeca largou o castelo. 4 • n. Se há dois tipos de objetos. A categoria semântica de base se encontra na oposição união vs separação.. Ao mesmo tempo a mãe. mas há uma transformação de estado quando a mãe decide ir embora. 47-57 • jan. ao passo que./dez. eu vou me separar do pai: não tá dando mais pra gente viver junto. precisa encará-la de frente. durante quase todo o tempo. No nível das estruturas narrativas temos uma transformação de estado. também é a narradora. ao ter revelado o desejo da mãe. A transformação é a mudança dessa relação.. “_ Rebeca. 2008 . a uma situação de conjunção com ele. No conto em análise temos. vem do italiano e quer dizer: presente. a partir deste momento. o irmãozinho. Outras categorias de oposição aparecem no texto: amor materno vs. Rebeca. (.. de repente. Ela percebe que a situação parece incontornável: “_ Ai. as transformações serão também duas: de um estado inicial conjunto para um estado final disjunto e de um estado inicial disjunto para um estado final conjunto. Diálogos Pertinentes – Revista Científica de Letras • Franca(SP) • v. deixando o marido e os filhos. sem o objeto de valor mãe. por sua vez. passa. olhou num susto para a mãe”.” A união é um elemento eufórico para Rebeca e para o pai. o pai e Donatelo em conjunção com a mãe.”. que inicialmente estava em disjunção com o objeto amante (Nikos). a personagem. tal elemento é disfórico. Donatelo. não. passando a uma situação de disjunção.50 por extensão. o que se explicita no capítulo final: seu bilhete ao pai que encerra o conto.. amor filial: “Você não tá querendo entender: eu não tô deixando a Rebeca e o Donatelo: um dia eu volto pra buscar os dois. são tratados por: o pai e a mãe. 4 • p.. infantilidade vs amadurecimento: de repente. você não pode. Os pais não são nomeados. conseqüentemente.” e. A sanção cognitiva é o reconhecimento por um sujeito de que a performance de fato aconteceu. um sujeito atribui a outro um saber e um poder fazer. o cabelo. ou seja. me diz!Eu não tenho jeito com criança. a transformação acontece com a despedida da mãe. Sendo parecida com a mãe. Nela. O pai de Rebeca. Rebeca? _ Deixa comigo. “_Eu queria que você e o Donatelo já fossem grandes. 4 • p. Essa fase pode ser concretizada por tentação. engraçado. O que eu vou fazer com vocês dois? me diz. Nela. o pai fornece à menina o saber e o poder fazer. um sujeito transmite a outro um querer e/ou um dever fazer. ser aquela que une. A última fase é a da sanção. 4 • n. é o bilhete de Rebeca para o pai em que lamenta não ter dado para cumprir a promessa: “A mãe foi embora mesmo”. já que não Diálogos Pertinentes – Revista Científica de Letras • Franca(SP) • v. A boca. 2008 . eu te prometo que eu não deixo a mãe dizer tchau pra gente. “_ Como você é parecida com ela! Tudo. por sua vez. 47-57 • jan. _ Eu vou pedir. Neste conto. a manipula por intimidação para um dever-fazer a mãe permanecer com a família. Nela ocorre a transformação principal da narrativa. _ Promete? _ Prometo. conseqüentemente não pôde encarar o pai. intimidação. E agora pára de beber.” A segunda fase é a da competência. Ao constatar que Rebeca é muito parecida com a mãe. eu ainda não tinha reparado”. A primeira fase é a manipulação. e. Assim. passam a uma situação de disjunção a partir do momento em que a mãe opera esta mudança de estado manipulada por um querer fazer. _ O que eu faço com vocês dois. Os filhos e o marido. tá? _ Tá. pai.51 As transformações narrativas organizam-se numa seqüência canônica. até um pouco de sarda na ponta ele tem. O último capítulo é o menor do conto e tem um título extenso: “O pai volta tarde e encontra um bilhete no travesseiro”./dez. que até o momento estavam conjuntos com ela. ela não pôde honrar seu nome. sedução ou provocação. o jeito de olhar. E agora que eu tô percebendo: o teu nariz também é igualzinho ao dela. A terceira fase é a da performance. ela saberá usar os argumentos corretos que podem fazê-la mudar de idéia. se vier até o segundo. 4 • p. arrasta a mala da mãe para baixo da cama dele. 4 • n. Se a concretização parar no primeiro nível. simbolicamente. de termos concretos. Ao contrário. sob a perspectiva feminina por meio dos sentimentos contraditórios de Rebeca. substancialmente. que busca o esquecimento do problema na bebida. os segundos preponderantemente de figuras. mas decisão firme de ir embora. A criança é a protagonista da história. Temos dois níveis de concretização das estruturas narrativas: a tematização e a figurativização./dez. A seqüência canônica não é um modelo rigoroso que a narrativa tem necessariamente de se adaptar. ou seja. teremos textos figurativos. no conto.52 cumpriu a promessa. Há muitas particularidades nos textos que devem ser levadas em conta na sua construção. teremos textos temáticos. há uma inversão dos papéis familiares: eles parecem buscar na filha o apoio de que precisam. Cada um destes tipos de textos tem uma função diferente: os temáticos explicam o mundo. tema recorrente na literatura infantil e juvenil a partir da década de 70. Diálogos Pertinentes – Revista Científica de Letras • Franca(SP) • v. Fiorin (1999) postula que o nível discursivo é aquele em que se revestem as estruturas narrativas abstratas. 2008 . isto é. 47-57 • jan. que o leitor toma conhecimento do sofrimento do casal cuja relação foi se desgastando com o tempo. 9). É Rebeca. uma prepotência do adulto sobre a criança. hesitação. É através da visão de Rebeca. 1999. (FIORIN. os figurativos criam simulacro do mundo. a filha. O mesmo tema pode ser figurativizado de diferentes maneiras. Os primeiros são compostos predominantemente de temas. a princípio. É o pedaço dela que ficou. A separação em “Tchau” é vista. com tão pouca idade. de termos abstratos. Não há. uma garotinha em meio à separação dos pais e também através dos sentimentos da mãe: dor. Ela é testemunha da fraqueza da mãe diante dessa nova forma de amor que a domina por completo e da fraqueza do pai. Este conto trata da separação dos pais. No entanto. p. . 4 • p. E eu acho que assim.53 que se torna a interlocutora da mãe e acolhe o pai em sua dor: “_ Rebeca! Rebeca! eu tô sem controle de mim mesma. Até este momento.” Três títulos de capítulos sinalizam o ambiente psicológico das personagens: “Na beira do mar”. não se sente feliz e deseja abandonar o marido.” A história é construída em capítulos curtos. Olhando. escondida atrás do sofá. E durante um tempo as duas ficaram se olhando”./dez. Rebeca agarra-se à mala. parte da mãe que ficou com a família.. onde tudo desaba. Rebeca “participa” da discussão dos pais. e “A mala”. 4 • n. “Rebeca a toda hora olhava pra trás pra ver o caminho que o pé ia marcando na areia. Rebeca correu pra abrir a porta. não vai dar para a mãe ficar muito tempo sem voltar.) A mãe veio correndo da cozinha e pegou o buquê”. em direção ao desfecho. O lugar onde a família se reúne em momentos de lazer toma uma outra dimensão: é agora o lugar onde tudo termina.. (. Dois títulos de capítulos são metonímicos: “O buquê” que representa o homem amado pela mãe de Rebeca: “A mãe olhou pra ela. e por ela ter ficado. Até se admirou de ver um buquê tão bonito. Não sei. sem escova de dente nem nada. Diálogos Pertinentes – Revista Científica de Letras • Franca(SP) • v. Logo no primeiro capítulo temos o amante figurativizado pelo buquê que chega à casa de Rebeca. parou também: assim: meio abraçada com o buquê. “Na mesa do botequim”. Vamos ver.).” “No sofá da sala”. é possível que a mãe volte: “Mas a mala dela ficou. Rebeca?! (. não mais ficar ali na areia. 47-57 • jan. sem roupa para trocar. vive numa família feliz. E a mãe olhando pro mar e mais nada. deixa comigo.. Rebeca desconhece a infelicidade da mãe. “A campainha tocou. e no seu pensar. “Eu vou pedir para ela não ir embora. 2008 . “E a mãe olhando pro mar. a mãe conta para Rebeca que está apaixonada por outro homem e revela que deseja avançar para o mar. pai”. ao passo que a mãe só tem olhos para o futuro. que vão pontuando momentos importantes da construção da narrativa. sem mala. como é que isso foi me acontecer. Há um intenso uso do discurso indireto livre em que fala do narrador e fala de personagem se misturam: “Parou em frente ao botequim da esquina: ué: não era o Pai sentado bem lá no fundo? Espiou: era. estão de alguma forma relacionados ao eu-aqui-agora da enunciação. Segundo Fiorin (1999). E ela só pode fazê-lo convencendo a mãe a ficar. A narração de “Tchau” é em 3ª pessoa. comia a casquinha. 4 • p. a sintaxe do discurso compreende as projeções da enunciação no enunciado e os procedimentos que o enunciador utiliza para persuadir o enunciatário a aceitar o seu discurso. A mala é a representação da permanência do vínculo entre Rebeca e a mãe. dava uma lambida em cada dedo. mais uma vez. O que importa é determinar os efeitos de sentido gerados pelas diferentes projeções da enunciação no enunciado. Há um predomínio da linguagem coloquial. enxugava eles na saia e suspirava de pena do sorvete ter acabado.. O título “Tchau” tematiza a despedida como não definitiva. 47-57 • jan. 4 • n. como é um bilhete de Rebeca para o pai.54 Rebeca encontra o pai assumidamente derrotado que busca consolo na bebida. apesar da separação cruel e indesejada. uma vez instalados no enunciado. acaba por se constituir em narração em 1ª pessoa. As projeções da enunciação compreendem a temporalização.. Ele postula que o processo de discursivização não existe sem a instauração de pessoas. por não ter mais um fio de esperança. Rebeca.) Rebeca olhou pra mesa: cheia de copo vazio. a espacialização e a actorialização. com cenas rápidas e pungentes de sentimentos contraditórios. 2008 .” Percebemos o uso de frases e períodos curtos./dez. O último capítulo. sim: entrou. tem de amadurecer e assumir um papel adulto. espaços e tempos. uso de pronome pessoal do caso reto como objeto: “Se você não leva elas Diálogos Pertinentes – Revista Científica de Letras • Franca(SP) • v. “O pai bebeu enquanto Rebeca acabava o sorvete. (. Será que era o pai que tinha bebido aquilo tudo? Cabe a ela tirar o pai daquele lugar que figurativiza o lugar do derrotado. mas tende para uma perspectiva feminina: Rebeca ou a mãe. ” Diálogos Pertinentes – Revista Científica de Letras • Franca(SP) • v. uso muito singular dos dois pontos em vários trechos: “Rebeca foi-se esquecendo de prestar atenção na língua estrangeira que a mãe estava falando pra só ficar assim: olhando: curtindo a mãe. (. eu não deixo você levar nunca mais. tudo o que eu faço de dia. dever ser. o lápis pra cá e pra lá cada vez com mais força. percebemos que ela só se encontra lá no nível do parecer. cuidar de vocês. parecer e aplicam-se à função-junção. temos no lugar de modalizações do fazer (querer fazer. pelo narrador. Nesse caso. Através das modalidades veridictórias. da casa./dez. 2008 . mesmo não querendo. dever fazer.. e de noite eu fico acordada. Mostra-se o que um enunciado é ou parece ser. pois no nível do ser não está ali: seu coração tem um novo dono: “ – Se ele me diz vem te encontrar comigo. parecer é o estatuto veridictório atribuído a um estado por uma personagem”. Tratam-se de modalidades veridictórias e epistêmicas. Essa modalização não diz respeito a nenhuma relação referencial. Nas palavras de Fiorin (1999). mentira.”. eu vou: se ele fala que quer me abraçar.55 agora. eu faço feito dormindo: sempre sonhando com ele.” e uso de onomatopéias que contribuem para a expressividade das cenas “Foi riscando o papel com força. em outros termos. As veridictórias revelam-se como estrutura modal em ser vs. Assim. estabelecemos o estatuto veridictório dos estados: verdade. mesmo achando que eu não devo. saber ser e poder ser).” Na semiótica. temos dois tipos de enunciados elementares: o enunciado de estado e o enunciado de fazer. saber fazer. poder fazer). só pensando nele. segredo. modalizações do ser (querer ser. 4 • p. “ser é o estatuto veridictório exposto pela própria narrativa ou. tlá! a ponta quebrou. mas a algo criado pelo texto. 47-57 • jan. Apesar da presença física da mãe em casa durante quase todo o conto. 4 • n. desatou de novo a riscar. Precisamos verificar que o sujeito de estado pode ser também modalizado.. eu deixo. falsidade. de tudo.) o coração num toque-toque medonho. as modalizações incide sobre a relação de conjunção ou de disjunção que liga sujeito e objeto. (. o sentir. Segundo Aristóteles (2000). o medo da garota Diálogos Pertinentes – Revista Científica de Letras • Franca(SP) • v. 2008 . fez ponta depressa. Segundo Fontanille (1993). Ao se dar conta de tal fato. pegou o lápis. sentou de novo. mais forte. demorado. Rebeca sente que a mãe pode realmente ir embora e a confiança (paixão contrária a do medo) que ela fique vai se esvaindo. depois do enfraquecimento da competência modal vem o contágio do corpo. (. bem apertado. percebemos a manifestação da paixão do medo. Rebeca novamente recupera sua competência modal de querer e poder fazer a mãe ficar. Ainda segundo Fontanille (1993).56 O MEDO A paixão é um componente do percurso gerativo de sentido. Rebeca perde o controle das sensações e o medo cresce a cada momento dentro dela: A entrada da mãe no quarto produz um sentimento disfórico e provoca reações físicas que têm a ver com o medo: “Foi riscando o papel com força.) Viu tudo de rabo de olho e foi riscando forte. Apesar de não conseguir fazê-la desistir. Voltou correndo pro quarto. o que figurativiza a despedida da mãe e enfraquece a competência modal de poder-fazer de Rebeca. mais tlá! a ponta do lápis quebrou outra vez. temos a fronteira entre a morte e a vida. 4 • p. “A mala”. e a mãe correu e abraçou Rebeca com força..) E se virou. o saber. A semiótica procura estabelecer um percurso para a dimensão passional que tem como modalizadores o fazer. pensa que pode sofrer algum mal.. aquele que teme. o temor é a preocupação com a vinda de um mal iminente e danoso e./dez. agarra-se à mala como se fosse a própria mãe e tenta impossibilitá-la de sair. E as duas se olharam com medo. na maioria das narrativas do medo. 47-57 • jan. o coração num toque-toque medonho. ai! Rebeca fechou o olho: que troço danado pra doer aquele abraço”.. tlá! a ponta quebrou. Então. desatou de novo a riscar. No último capítulo do conto. Assim. A despedida da mãe pode ser a morte para Rebeca ou para o pai que não sabem como lidar com tal separação. a menina desenha um barco.. 4 • n. ao mesmo tempo que a mãe se virava. P. Assim. ela prefere dizer “Tchau”. a despedida não fica caracterizada como definitiva. 1. 2006. 1988. L./dez. 627-636. Estudos lingüísticos XXXV. 15.C. A mãe deixa um pedaço de si e ao invés de “Adeus”. D. FIORIN. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga. São Paulo: Martins Fontes. 2000. 2004. Feb. 1993.. 4 • p.S./ July 1999.57 é remediado pela mala que ficou.F. Diálogos Pertinentes – Revista Científica de Letras • Franca(SP) • v. BARROS. M. J. Delta. LEONEL. 2008 .. J. L. FONTANILLE. 4 • n. A. São Paulo: Ática. E. J. B. Semiótica das paixões: dos estados de coisas aos estados de alma. REFERÊNCIAS ARISTÓTELES. Tchau. v. Teoria do discurso: fundamentos semióticos. Towards a semiotics theory. L. GREIMAS. Retórica das paixões. O medo como paixão. São Paulo: Atual. NASCIMENTO. p. n. NUNES.M. 47-57 • jan.