sociologia hoje

March 28, 2018 | Author: Rodrigo Sollato | Category: Sociology, Science, Philosophical Science, Science (General), Science And Technology


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CONDIÇÕES HISTÓRICAS DO NASCIMENTO DA SOCIOLOGIA A Sociologia é uma das ciências humanas que estuda as unidades que formam a sociedade, ou seja, estuda o comportamento humano em função do meio e os processos que interligam os indivíduos em associações, grupos e instituições. Enquanto o indivíduo na sua singularidade é estudado pela psicologia, a Sociologia tem uma base teórico-metodológica, que serve para estudar os fenômenos sociais, tentando explicálos, analisando os homens em suas relações de interdependência. Compreender as diferentes sociedades e culturas é um dos objetivos da sociologia. Os resultados da pesquisa sociológica não são de interesse apenas de sociólogos. Cobrindo todas as áreas do convívio humano — desde as relações na família até a organização das grandes empresas, o papel da política na sociedade ou o comportamento religioso —, a Sociologia pode vir a interessar, em diferentes graus de intensidade, a diversas outras áreas do saber. Entretanto, o maior interessado na produção e sistematização do conhecimento sociológico atualmente é o Estado, normalmente o principal financiador da pesquisa desta disciplina científica. Assim como toda ciência, a Sociologia pretende explicar a totalidade do seu universo de pesquisa. Ainda que esta tarefa não seja objetivamente alcançável, é tarefa da Sociologia transformar as malhas da rede com a qual a ela capta a realidade social cada vez mais estreitas. Por essa razão, o conhecimento sociológico, através dos seus conceitos, teorias e métodos podem constituir para as pessoas um excelente instrumento de compreensão das situações com que se defrontam na vida cotidiana, das suas múltiplas relações sociais e, consequentemente, de si mesmas como seres inevitavelmente sociais. A Sociologia ocupa-se, ao mesmo tempo, das observações do que é repetitivo nas relações sociais para daí formular generalizações teóricas; e também se interessa por eventos únicos sujeitos à inferência sociológica (como, por exemplo, o surgimento do capitalismo ou a gênese do Estado Moderno), procurando explicá-los no seu significado e importância singulares. A Sociologia surgiu como uma disciplina no século XVIII, na forma de resposta acadêmica para um desafio de modernidade: se o mundo está ficando mais integrado, a experiência de pessoas do mundo é crescentemente atomizada e dispersada. Sociólogos não só esperavam entender o que unia os grupos sociais, mas também desenvolver um "antídoto" para a desintegração social. Hoje os sociólogos pesquisam macroestruturas inerentes à organização da sociedade, como raça ou etnicidade, classe e gênero, além de instituições como a família; processos sociais que representam divergência, ou desarranjos, nestas estruturas, inclusive crime e divórcio. E pesquisam os microprocessos como relações interpessoais. A Sociologia pesquisa também as estruturas de força e de poder do estado e de seus membros, e a forma como o poder se estrutura através de microrrelações de forças. Um dos aspectos que tem sido alvo dos estudos da sociologia, e também da antropologia, é a forma como os indivíduos constituintes da sociedade podem ser manipulados para a manutenção da ordem social e do monopólio da força física legitimada. Sociólogos fazem uso frequente de técnicas quantitativas de pesquisa social (como a estatística) para descrever padrões generalizados nas relações sociais. Isto ajuda a desenvolver modelos que possam entender mudanças sociais e como os indivíduos responderão a essas mudanças. Em alguns campos de estudo da Sociologia, as técnicas qualitativas — como entrevistas dirigidas, discussões em grupo e métodos etnográficos — permitem um melhor entendimento dos processos sociais de acordo com o objetivo explicativo. Os cursos de técnicas quantitativas/qualitativas servem, normalmente, a objetivos explicativos distintos ou dependem da natureza do objeto explicado por certa pesquisa sociológica: o uso das técnicas quantitativas é associado às pesquisas macrosociológicas; as qualitativas, às pesquisas micro-sociológicas. Entretanto, o uso de ambas as técnicas de coleta de dados pode ser complementar, uma vez que os estudos micro-sociológicos podem estar associados ou ajudarem no melhor entendimento de problemas macro-sociológicos. A Sociologia é uma área de interesse muito recente, mas foi a primeira ciência social a se institucionalizar. Antes, portanto, da Ciência Política e da Antropologia. Em que pese o termo Sociologie tenha sido criado por Auguste Comte (em 1838), que esperava unificar todos os estudos relativos ao homem — inclusive a História, a Psicologia e a Economia. Montesquieu também pode ser encarado como um dos fundadores da Sociologia - talvez como o último pensador clássico ou o primeiro pensador moderno. Em Comte, seu esquema sociológico era tipicamente positivista, (corrente que teve grande força no século XIX), e ele acreditava que toda a vida humana tinha atravessado as mesmas fases históricas distintas e que, se a pessoa pudesse compreender este progresso, poderia prescrever os "remédios" para os problemas de ordem social. As transformações econômicas, políticas e culturais ocorridas no século XVIII, como as Revoluções Industrial e Francesa, colocaram em destaque mudanças significativas da vida em sociedade com relação a suas formas passadas, baseadas principalmente nas tradições. A Sociologia surge no século XIX como forma de entender essas mudanças e explicálas. No entanto, é necessário frisar, de forma muito clara, que a Sociologia é datada historicamente e que o seu surgimento está vinculado à consolidação do capitalismo moderno. Esta disciplina marca uma mudança na maneira de se pensar a realidade social, desvinculando-se das preocupações especulativas e metafísicas e diferenciando-se progressivamente enquanto forma racional e sistemática de compreensão da mesma. As transformações econômicas. O surgimento da Sociologia prende-se em parte aos desenvolvimentos oriundos da Revolução Industrial. Ela representou a racionalização da produção da materialidade da vida social. que se achavam em curso no ocidente europeu desde o século XVI. de fundamentação analítica. para o pensamento social. Máquinas foram destruídas. formação de sindicatos e movimentos revolucionários. Trata-se das modificações que vinham ocorrendo nas formas de pensamento. não necessariamente em ordem de importância: (1) a positivista-funcionalista. atos de sabotagem e exploração de algumas oficinas. dos artesãos independentes. evoluindo para a criação de associações livres. o que se distingue da percepção de que este papel seja privilégio de um Estado que se sobrepõe ao seu povo. CORRENTES SOCIOLÓGICAS Porém. a Sociologia não é uma ciência de apenas uma orientação teórico-metodológica dominante. tendo como fundador Auguste Comte e seu principal expoente clássico em Émile Durkheim. Mas uma outra circunstância concorreria também para a sua formação. O triunfo da indústria capitalista foi pouco a pouco concentrando as máquinas. não poderiam deixar de provocar modificações na forma de conhecer a natureza e a cultura. que divide de modo central a sociedade entre burgueses (donos dos meios de produção) e proletários (possuidores apenas de sua força de trabalho). pelas novas condições de existência por ela criada. as terras e as ferramentas sob o controle de um grupo social. Neste momento.Assim é que a Revolução Industrial significou. algo mais do que a introdução da máquina a vapor. pode-se claramente observar que a Sociologia tem ao menos três linhas mestras explicativas. tiveram um efeito traumático sobre milhões de seres humanos ao modificar radicalmente suas formas tradicionais de vida. pois colocava a sociedade num plano de análise relevante. e etc. roubos e crimes. Há paralelamente um aumento do funcionalismo do Estado que representa um aumento da burocratização de suas funções e que está ligado majoritariamente aos estratos médios da população. Assim. fundadas pelos seus autores clássicos. se consolida a sociedade capitalista. O desaparecimento dos proprietários rurais.. como por seu novo protagonismo político já que junto a estas transformações de ordem econômica pôde-se perceber o papel ativo da sociedade e seus diversos componentes na produção e reprodução da vida social. das quais podem se citar. Este fato é importante para o surgimento da Sociologia. originada pelo Iluminismo. como objeto que deveria ser investigado tanto por seus novos problemas intrínsecos. convertendo grandes massas camponesas em trabalhadores industriais. Ela traz diferentes estudos e diferentes caminhos para a explicação da realidade social. (2) a sociologia compreensiva iniciada por Max . Não demorou para que as manifestações de revolta dos trabalhadores se iniciassem. a imposição de prolongadas horas de trabalho. Estas três matrizes explicativas. hoje ela é mais uma entre as ciências. por motivações diferentes que as da velha Europa (mas certamente influenciada pelos europeus. educacionais. com enfoque científico.Weber. Park. . especialmente a teuto-francesa. originadas pelos seus três principais autores clássicos. é importante perceber que. especialmente pela sociologia britânica e positivista de Herbert Spencer). as ciências teóricas e experimentais desenvolvidas nos séculos XVII. econômicas. vai debruçar-se sobre todos os aspectos da vida social. iniciada por Karl Marx. quando a organização é observada e estudada podem se verificar as falhas assim alterar seu sistema de funcionamento e gerar lucro. originaram quase todos os posteriores desenvolvimentos da Sociologia. políticas. É interessante notar que a Sociologia não se desenvolve apenas no contexto europeu. Atualmente. instituições sociais e suas interações sociais. Robert E. Esta disciplina tem se concentrado particularmente em organizações complexas de sociedades industriais. A SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIA DA SOCIEDADE Ainda que a Sociologia tenha emergido em grande parte da convicção de Comte de que ela eventualmente suprimiria todas as outras áreas do conhecimento científico. de matriz teórico-metodológica hermenêutico-compreensiva. Hinkle. Ainda que seja relativamente mais tardio seu aparecimento nos Estados Unidos. sem jamais esquecer-se que o homem só pode existir na sociedade e que esta. Thomas. e (3) a linha de explicação sociológica dialética. Martin Bulmer e Roscoe C. que mesmo não sendo um sociólogo e sequer se pretendendo a tal. levando à sua consolidação como disciplina acadêmica já no início do século XX. contribuindo com os lucros e resultados da organização. algo bem diverso da perspectiva acadêmica europeia. nesse contexto histórico social. psicológicas. inevitavelmente. em grande medida. assim. lhe será uma "jaula" que o transcenderá e lhe determinará a identidade. Desde o funcionamento de estruturas macrossociológicas como o Estado. aplicando. Para compreender o surgimento da sociologia como ciência do século XIX. ela estuda organizações humanas. A Sociologia. a classe social ou longos processos históricos de transformação social ao comportamento dos indivíduo num nível micro-sociológico. XVIII e XIX inspiraram os pensadores a analisar as questões sociais. mormente o método comparativo. Nos EUA a Sociologia esteve de certo modo "engajada" na resolução dos "problemas sociais". ele se dá. podem ser citados: William I. O sociólogo dentro da organização intervem diretamente sobre os resultados da empresa. Entre os principais nomes do estágio inicial da sociologia norte-americana. deu início a uma profícua linha de explicação sociológica. baseada. negando às humanas tal estatuto com base na inviabilidade de qualquer controle dos dados tipicamente humanos. a ciência se presta à explicação e à compreensão dos fenômenos. Max Weber. e um ceticismo metodológico a fim de extirpar os elementos "incontroláveis" e "dóxicos" recorrentes numa ciência ainda muito nova e dada a grandes elucubrações. buscaram nas ciências naturais as bases de sua metodologia já mais avançada. utilizando-se de os . a diferença entre Sociologia e Antropologia tem mais a ver com os problemas teóricos colocados e os métodos de pesquisa do que com os objetos de estudo. COMPARAÇÃO COM OUTRAS CIÊNCIAS SOCIAIS No começo do século XX. ao mesmo tempo. Uma das primeiras e grandes preocupações para com a sociologia foi eliminar juízos de valor feitos em seu nome. além de se interessar mais pelos comportamentos do que pelas estruturas sociais. como mostrado por Karl Marx e outros. sociólogos e antropólogos que conduziam estudos sobre sociedades não-industrializadas ofereceram contribuições à Antropologia. que visa discernir entre bem e mal. na ação geral. reunindo um arcabouço de conhecimento que entrelaça a filosofia hegeliana. Muitos dos teóricos que almejavam conferir à sociologia o estatuto de ciência.Ao contrário das explicações filosóficas das relações sociais. a Filosofia social intenta criar uma teoria ou "teorias" da sociedade. estética e históricas. ora tentando aproximar as ciências. ora afastando-as e. kantiana. que mesmo a Antropologia faz pesquisa em sociedades industrializadas. Já o enfoque da Sociologia é na ação dos grupos. Já a Economia diferencia-se da Sociologia por estudar apenas um aspecto das relações sociais. imprevisíveis e impassíveis de uma análise objetiva. foram e continuam sendo o foco de muitas discussões. Por fim. Dessa forma foram empregados métodos estatísticos. na observação casual de alguns fatos. aquele que se refere a produção e troca de mercadorias. Tais peculiaridades. Esforços nesse sentido são visíveis nas obras de modernos teóricos sociais. as explicações da Sociologia não partem simplesmente da especulação de gabinete. Quanto a Psicologia social. consequentemente. ela se preocupa também com as motivações exteriores que levam o indivíduo a agir de uma forma ou de outra. e as discussões epistemológicas mais desenvolvidas. Como ciência. considerados por muitos. até mesmo. Nesse aspecto. entretanto. quando muito. a pesquisa em Economia é frequentemente influenciada por teorias sociológicas. a observação empírica. Deve ser notado. no entanto. a teoria social de Marx e. da abordagem científica da sociedade. Diferentemente da ética. a Sociologia tem de obedecer aos mesmos princípios gerais válidos para todos os ramos de conhecimento científico. sejam estes naturais ou sociais. objetivando explicar as variâncias no comportamento social em suas ordens moral. apesar das peculiaridades dos fenômenos sociais quando comparados com os fenômenos de natureza e. autoritárias e arbitrárias. Jürgen Habermas. mas aos seus interesses materiais imediatos. isto é. Desde o início a sociologia vem-se preocupando com a sociedade no seu interior. . talvez. porém. Theodor Adorno. A EVOLUÇÃO DA SOCIOLOGIA COMO DISCIPLINA A sociologia no mundo foi-se mostrando presente em várias datas importantes desde as grandes revoluções. SOCIOLOGIA DA ORDEM E SOCIOLOGIA DA CRÍTICA DA ORDEM A Sociologia. sejam eles empresas privadas ou Centrais de Inteligência. por exemplo. Entretanto. no qual o Estado. submetendo a produção do conhecimento não ao progresso da ciência por si ou da sociedade. a sociologia sofreu influencias americanas e européias. seus resultados podem ser utilizados com vistas à melhoria dos mecanismos de dominação por parte do Estado ou de grupos minoritários. Há. pode servir a diferentes tipos de interesses. À primeira vista. Ela pode ser um tipo de conhecimento orientado no sentido de promover um melhor entendimento dos homens acerca de si mesmos. as obras de Max Horkheimer. ela vai sofrer influências das teorias marxistas. Na América Latina. à revelia dos interesses e valores da comunidade democrática com vistas a manter o status quo. seja complexo apreender tal abordagem. podendo mesmo servir à finalidades antidemocráticas. o uso do conhecimento sociológico é potencialmente perigoso. Nesse sentido. por exemplo. desde lá cada vez mais foi de fundamental participação para a sociedade mundial e também brasileira. como principal ente financiador de pesquisas nas áreas da sociologia escolhe financiar aquelas pesquisas que lhe renderam algum tipo de resultado ou orientação estratégicas claras: pode ser tanto como melhor controlar o fluxo de pessoas dentro de um território. aos conflitos entre as classes sociais. o meio indireto. entre outros. As formas como a Sociologia pode ser uma 'ciência da ordem' são diversas. representada por aquilo que ficou conhecido como Teoria Crítica ou. Por outro lado. Ela pode partir desde a perspectiva do sociólogo individual. representam uma das mais profícuas vertentes da filosofia social. para alcançarem maiores patamares de liberdades políticas e de bem-estar social. Escola de Frankfurt. isto diz respeito. em vista do tipo de conhecimento que produz.valores morais e políticos do iluminismo liberal mesclados com os ideais socialistas. como mais popularmente se diz. na medida em que as suas preocupações passam a ser o subdesenvolvimento. A produção sociológica pode estar voltada para engendrar uma forma de conhecimento comprometida com emancipação humana. a Sociologia pode ser orientada como uma 'ciência da ordem'. como na orientação de políticas públicas promovidas nem sempre de acordo com o interesse das maiorias ou no respeito às minorias. além de ficar . ele viu partir para o f front numerosos discípulos seus. até à liquidação dos últimos remanescentes no "muro dos federados". com o advento da Primeira Guerra Mundial. a vida de David Émile foi marcada pela disputa franco-alemã: em 1871. a 4 de setembro. Na década de 60 a sociologia se preocupou com o processo de industrialização do país. êxodos. A segunda é representada pela instrução laica. a proclamação da que ficou conhecida como III República. dentre as quais duas merecem destaque especial. O ambiente é por vezes assinalado como sendo o “vazio moral da III República”2. que parecia destinado a seguir a carreira paterna. por Jules Ferry. seja por uma série de medidas de ordem política. inclusive seu filho Andrès. Além da preocupação com a economia política e mudanças sociais apropriadas com a instalação da nova república. pelo rompimento com as tradições que elas representam. com a perda de uma parte da Lorena. a insurreição da Comuna de Paris. Thiers fora encarregado tanto de assinar o tratado de Frankfurt como de reprimir os communards. a 28 de janeiro de 1871. Foi quando a escola se tornou gratuita para todos. encarregado de implantar o novo sistema.No Brasil nas décadas de 20 e 30 a sociologia estava num estudo sobre a formação da sociedade brasileira. e estudos sobre índios e negros Nas décadas seguintes de 40 e 50 a sociologia voltou para as classes trabalhistas tais como salários e jornadas de trabalho. a capitulação diante das tropas alemãs. que se prolongaram de 1882 a 84. e também comunidades rurais. ao trabalhador rural. que instituiu o divórcio na França após acirrados debates parlamentares. No entretempo. o jovem David Émile presenciou uma série de acontecimentos que marcaram decisivamente todos os franceses em geral e a ele próprio em particular: a 1º de setembro de 1870. nas questões de reforma agrária e movimentos sociais na cidade e no campo e a partir de 1964 o trabalho dos sociólogos se voltou para os problemas sócio políticos e econômicos originados pela tensão de se viver em um país cuja forma de poder é o regime militar. a derrota de Sedan. em 1882. Durkheim assistiu e participou de acontecimentos marcantes e que se refletem diretamente nas suas obras. marcado seja pelas conseqüências diretas da derrota francesa e das dívidas humilhantes da guerra. e analisando temas como abolição da escravatura. de 18 de março a 28 de maio. e outros assuntos culminantes. Por outro lado. ou pelo menos nas suas aulas. como Ministro da Instrução Pública. Na década de 80 a sociologia finalmente volta a ser disciplina no ensino médio. obrigatória dos 6 aos 13 anos. questão levantada na Assembléia em 1879. PRINCIPAIS SOCIÓLOGOS ÉMILE DURKHEIM MARCOS SOCIAIS Na adolescência. com a formação do governo provisório de Thiers até a votação da Constituição de 1875 e a eleição do seu primeiro presidente (Mac-Mahon). alguns dos quais não regressaram. sua terra natal tornou-se uma cidade fronteiriça.e também ocorreu a profissionalização da sociologia. voltam também em relação ao estudo da mulher. A primeira e a chamada lei Naquet. registrava-se uma série de inovações tecnológicas que provocavam repercussões imediatas no campo econômico. 1912-13) e os problemas colocados pela concentração. seguida da exposição de Paris. dos grandes acontecimentos e das grandes personalidades da monumentalidade. Com efeito. com a fundação da CGT no Congresso de Limoges. que tirou a arte pictórica dos ambientes fechados. qual seja.3 O vazio correspondente à ausência do ensino de religião na escola pública tenta-se preencher com uma pregação patriótica representada pela que ficou conhecida como “instrução moral e cívica”. Ao mesmo tempo que essas questões políticas e sociais balizavam o seu tempo. como a das ondas hertzianas. ou seja. das vacinas de Pasteur etc. junto com o início do aproveitamento do petróleo como fonte de energia ao lado da eletricidade que se notabiliza por ser uma energia “limpa”. que usa a greve como instrumento de reivindicação econômica e não mais exclusivamente política. além da renovação da literatura. da teoria atômica. pelo advento do impressionismo. da radioatividade. marcam o início do que se convencionou chamar de “segunda revolução industrial”. com a Exposição Universal. o automóvel. cuja era declinava e que. entre patrão e empregado. em contraste com a negritude do carvão. É a era do aço e da eletricidade que se inaugura. sobretudo na Alemanha de Bismarck. O último quartel do século fora marcado. enfim para se voltar aos grandes espaços abertos. simultânea com a inauguração dométro em 1900. É certo que algumas conquistas se sucedem. o final do século XIX e começo do século XX correspondem a uma certa sensação de euforia. comemorativa do centenário da revolução. pelos grandes fluxos migratórios. uma nova era do sindicalismo. . de progresso e de esperança no futuro. pudessem fazer esquecer a sucessão de crises (1900-01. do bacilo de Koch. do teatro e da música.proibido formalmente o ensino da religião. eram sem dúvida mais espetaculares. Além dessas invenções. Tudo isso refletia um avanço da ciência. entre burguesia e proletariado. além das rotativas e do linotipo que tornaram as indústrias do jornal e do livro capazes de produções baratas e de atingir um público cada vez maior. Um marco dessa questão foi a criação. vale dizer. Ele é objeto de preocupação do movimento operário. das vitaminas. o cinema. ao lado da telegrafia. e sua interveniência no quadro político e social do chamado tournant du siècle não deixava de ser perturbadora. em 1895. a do motor de combustão interna e do dínamo. 1907. para as cenas e os homens comuns para o cotidiano. como o avião. marcada pelo advento da teoria dos quanta. apesar dos traumas políticos e sociais que assinalam o início da III República. Embora menos importantes. Se bem que os êxitos econômicos não fossem de tal ordem que. uma outra questão de natureza econômica e social não deixava de apresentar continuadas repercussões políticas e o que se denominava questão social. além do progresso em outros setores mais diretamente voltados à aplicação. as disputas e conflitos decorrentes da oposição entre o capital e o trabalho. o submarino. com os primeiros passos do seguro social e da legislação trabalhista. que inaugura. A bipolarização social preocupava profundamente tanto a políticos como a intelectuais da época. da relatividade. Porque este homem comum é que se vê diante dos grandes problemas representados pelo pauperismo. outras se sucediam. pelo desemprego. Não é pois de se admirar que vigorasse um estilo de vida belle époque. da Confédération Générale du Travail (CGT). representada pelo Welfare State. Ele não resistiu aos novos e marcantes acontecimentos políticos representados pela Primeira Guerra Mundial. mas sobretudo como tribuno. com a encíclica Rerum Novarum (1891). o mestre neokantiano ressalta as correntes de idéias derivadas. líder socialista. pois. Departamento de Vosges. de Leão XIII. foi colega de Bergson. Durkheim foi um homem que assistiu ao advento e à expansão do neocapitalismo. seu pai era rabino e ele próprio teve seu período de misticismo. É a chamada “desproletarização” que se objetiva. portando o título de Agrégé de Philosophie. mas agora o colonialismo do navio a diesel. espantalhos do industrialismo.Mas se objetivam também medidas tendentes a aumentar a produtividade do trabalho. além das novas manifestações morais e culturais. Dois colegas que se notabilizaram: o primeiro como filósofo. a 15 de abril de 1858. participação nos lucros etc. que assinala os principais traços característicos dessa época: progresso da ciência (não mais contemplativa. Como corolário desses traços. que entrou igualmente em 1876 em 3º lugar e saiu em 1881 em 2º. para completar sua formação. que fica exatamente entre a Alsácia e a Lorena. como o “taylorismo” (1912). com o aparecimento simultâneo tanto do socialismo na Rússia como da nova roupagem do neocapitalismo. Morreu em 1917. mas agora transformadora da realidade). tais como o cooperativismo. do automóvel e de toda a tecnologia implícita e eficiente. DURKHEIM E OS HOMENS DE SEU TEMPO Durkheim nasceu em Épinal. tentada através de algumas "soluções milagrosas". não mais o colonialismo da caravela ou do barco a vapor. ou do capitalismo monopolista. a moral viria a ser considerada como um setor da ciência das condições das sociedades humanas (a moral é ela própria um fato social) . no Lycée Louis-le-Grand (em pleno coração do Quartier Latin. tornando-se porém agnóstico após a ida para Paris. preparou-se para o baccalauréat.4 Não é pois de se admirar que essa época viesse também a assistir a uma nova vaga de colonialismo. Na Normale vai se encontrar com alguns homens que marcaram sua época. estamos diante do “espírito moderno”. Enfim. por várias maneiras. atravessar a praça doPanthéon para atingir a famosa rue d’Ulm. Bastou-lhe. do aeroplano. De família judia. o jovem David Émile tivera oportunidade de assistir às aulas de Boutroux.. Enfim. que obtivera o 1º lugar na classificação de 1876 e saíra em 3º na agrégation de 1881. sem sair portanto do mesmo quartier. Entra em 1879 e sai em 1882. corporativismo. Ali se tornara amigo íntimo de Jaurès. a moral se confunde enfim com civilização o povo mais civilizado é o que tem mais direitos e o progresso moral consiste no domínio crescente dos povos cuja cultura seja a mais avançada. Pretende-se. cuja difusão viria encontrar eco na obra de Durkheim: aspira-se à constituição de uma moral realmente científica (o progresso moral equiparando-se ao progresso científico). que difunde a idéia de que o proletariado poderia deixar de ser revolucionário na medida em que se tornasse proprietário. Na École Normale Supérieure. entre a Sorbonne. o Collège de France e a Faculté de Droit). contornar a questão social e eliminar a luta de classes. que se popularizou como defensor de Dreyfus . Também a Igreja se volta para o problema. além da generalização e extraordinário progresso da instrução e do bem-estar. progresso da democracia (resultante do voto secreto e da crescente participação popular nos negócios públicos). da locomotiva. Aqui. que lhe permitiu entrar para a École Normale Supérieure. volta seu interesse para a Sociologia. foram editados praticamente três quartos da obra sociológica de Durkheim. historiador de renome que influencia o jovem Émile no estudo das instituições da Grécia e Roma. onde assistiu aulas de Wundt e teve sua atenção despertada para as “ciências do espírito” de Dilthey. adotou uma linha menos participante e muito mística. filósofo de maior expressão.6 Achava-se. a pátria da Sociologia. foi publicada em 1892 mas editada em francês so em 1953. Aí o jovem mestre encontrou condições adequadas para produzir o grosso de sua obra. Para compensar essa deficiência específica de formação. Durante os anos em que ensinou Filosofia em vários liceus da província (Sens. portanto. Foi este o primeiro curso de Sociologia que se ofereceu numa universidade francesa. A tese complementar. Entre esses dois homens – tão amigos mas tão adversos – Durkheim permaneceu no meio-termo e num plano mais discreto. publicou Les régles de la méthode sociologiquee. apesar de ser. pelo prestígio que lhe emprestou Durkheim. que alcançou grande repercussão: publicada em 1893. sob o título de: Montesquieu et Rousseau. e alcançou os píncaros da glória. transformado em chaire magistrale em 1896. foi reeditada no ano em que deixou Bordeaux (1902) . para o formalismo de Simmel. Durkheim tirou um ano de licença (1885-86) e se dirigiu à Alemanha. tendo sido.e acabou por ser assassinado em meio ao clima de tensão política às vésperas da deflagração da guerra em 1914. em 1895. apesar de certa familiaridade com a literatura filosófica e sociológica alemã. Ainda como mestres sobressaem os neokantianos Renouvier e sobretudo o citado Boutroux. Nessa cidade. Quentin. Mas e surpreendente verificar-se que. num período de somente seis anos. tenha sido responsável pela reorientação das ciências sociais no século XX. simultâneo com a manutenção do racionalismo cartesiano. A França. O Diretor da Normale era Bersot. Sucede-o na direção Fustel de Coulanges. apenas dois anos depois. A tese principal foi De la division du travail social. ao ser indicado por Liard e Espinas para ministrar as aulas de Pedagogia e Ciência Social na Faculté de Lettres de Bordeaux. Troyes). que lançara sua tipologia da Gemeinschaft e Gesellschaft. num certo sentido.5 Isto não impede a Nisbet de dizer que Durkheim. em companhia de Weber e Simmel. na Sociedade das Nações e como Prêmio Nobel de Literatura em 1928. Le suicide. tão voltada para o comércio do Novo Mundo. St. . escrita em latim. no Collège de France. além de tomar conhecimento direto da obra de Tönnies. crítico literário preocupado com a velha França e que chama a atenção do jovem Émile para a obra de Montesquieu. florescera um espírito burguês e republicano. a começar por suas teses de doutoramento. que demonstra uma extraordinária fecundidade teórica. Assim. não oferecia ainda um ensino regular dessa disciplina. Logo após. plenamente habilitado para iniciar sua carreira brilhante de professor universitário. apesar de permanecer no index do Vaticano. précurseurs de la Sociologie. que sofreu tanto a reação antipositivista do fim do século como uma certa confusão com socialismo – havia uma certa concepção de que a Sociologia constituía uma forma científica de socialismo. o segundo. nas Academias. Durkheim não chegou a tomar conhecimento da obra de Weber – e foi por este desconhecido também. de 1887 a 1902. Sua primeira aula na universidade versou sobre a solidariedade social. Além disso. Sua intensa atividade intelectual pode ser comprovada também pela iniciativa. O que surpreende ainda em sua trajetória intelectual não é só a referida fecundidade. que parece ter interessado a Durkheim por suas preocupações com os problemas da família e matrimônio. a solidariedade constitui o ponto de partida não apenas de sua teoria sociológica.7 Os propósitos enunciados no prefácio do volume I não são apenas “apresentar um quadro anual do estado em que se encontra a literatura propriamente sociológica”. sobretudo seus cursos. reside no fato de aquele ter publicado em L’Année (v.me Weber. o que constituiria uma tarefa restrita e medíocre. na expressão de Duvignaud. dos costumes. tendendo. depois que Comte criara esta disciplina. história do direito. tomada em 1896. trata-se de Ehefrau und Mutter in der Rechtsentwicklung.. mas que. ibid. Além disso. Em Bordeaux teve como colegas os filósofos Hamelin e Rodier. que se converteu num verdadeiro trabalho de laboratório. já havia feito o suficiente para se tornar o mais notável sociólogo francês. qual seja. foram decisivos. 31). seu antigo colega na Normale. empreende sua segunda migração da província para a capital. L’Année Sociologique. mas nenhum dos retratos ou fotos de Durkheim conhecidos fixa os momentos bordelenses de sua vida. das religiões. ao desenvolver sua tese de que a família patriarcal determinou uma completa subserviência da mulher (cf. que eram sempre escritos previamente. Fora para Bordeaux aos 30 anos incompletos e. por sua vez. no decorrer de uma década. nada menos que a mulher de Max Weber. como todo intelectual francês que se projeta. dissidente mais tarde de L’Année. no seu tempo. Ao deixar essa cidade. veio a se tornar um dos maiores críticos de Durkheim. Ele critica o simplismo da argumentação de M. O esquema durkheimiano apresentado mais adiante procura fixar de maneira bem nítida essa característica. É preciso não se perder de vista o fato de que o prestígio intelectual era. este comentarista de Aristóteles e aquele. exclusividade dos velhos. Para ele. Este. mas sobretudo a relativa mocidade com que produziu a maior parte de sua obra. os quais. discípulo de Renouvier. porque é aí que se encontram os materiais com os quais se deve construir a Sociologia” (cf. Uma peculiaridade curiosa. publicado em 1907. 644-49). p. . de fundar uma grande revista. 1906/1909) uma resenha de um livro de Marianne Weber. ciências econômicas etc. estatística moral. p. o que os sociólogos necessitam “é de ser regularmente informados das pesquisas que se fazem nas ciências especiais. como se viu. mas também da primeira obra estritamente sociológica que publicou. escreveu uma série de importantes artigos para publicação imediata e outros editados mais tarde. XI. sucedeu-o Gaston Richard. mais para o idealismo hegeliano do que para o criticismo kantiano. Journal Sociologique.Talvez o curto lapso de tempo entre suas principais obras tenha propiciado uma notável coerência na elaboração e na aplicação de uma metodologia com sólidos fundamentos teóricos. relacionada com o referido desconhecimento mútuo de Durkheim e Weber. refletindo uma preocupação muito em voga na época. porém. a fim de diversificar os próprios problemas. 136). Mantém a orientação laica imprimida por seu antecessor. 111). morto na guerra. Sua filha casou-se com o historiador Halphen. consolidando pois o status acadêmico dessa disciplina. Seu filho. ibid. E a Sociologia imobilizou-se durante toda uma geração na França. pelas suas mãos. p. Halbwachs. seu caminho na Inglaterra. A França pós-napoleônica viveu num engourdissement mental. Darbon. preparava um ensaio sobre Leibniz. O ambiente intelectual foi para Durkheim o mesmo que a água para o peixe. colaborador e co-autor de “De quelques formes primitives de classification”. 1970: p. com a Comuna de Paris. Simiand. Quatro anos após. Lalo. defende a tese de que a Sociologia é “uma ciência essencialmente francesa” (DURKHEIM. a atividade intelectual sociológica de seus discípulos foi sobrepujada pelas preocupações políticas. dado seu nascimento com Augusto Comte. penetra assim no recinto tradicional da maior instituição universitária francesa. etc. que afluíam por vezes com uma hora de antecedência para obter um lugar de onde se pudesse ver e ouvir o mestre. com a morte do titular. . em 1902. A família praticamente se estende aos seus discípulos. Mas para Durkheim tais formulações são próprias de uma fase heróica. o Norte da África (Maunier). os celtas (Hubert). exigindo um grande anfiteatro para comportar o elevado número de ouvintes. distintos dos puramente físicos – são organizações de idéias. Os mais numerosos tornam-se membros da que ficou conhecida como Escola Sociológica Francesa: além de Mauss. ibid. que introduziu o organicismo na França. Davy. que se notabilizaram nos estudos sobre a Grécia (Glotz). Duguit. enquanto isso. a China (Granet). Durkheim é severo no julgamento do período que o antecedeu de imediato: fala mesmo de uma “acalmia intelectual que desonrou o meado do século e que seria um desastre para a nação”(id. mas em 1910 consegue transformá-la em cátedra de Sociologia que. já então definitivamente consagrado. p. ao mostrar que as sociedades – são organismos. É tempo de entrar mais diretamente em relação com os fatos. que só se interromperia momentaneamente com a Revolução de 1848 e. A OBRA SUA POSIÇÃO NO DESENVOLVIMENTO DA SOCIOLOGIA Em artigo publicado em 1900 na Revue Bleue (“La Sociologie en France ao XIXe siècle”). morto o mestre.Em Paris é nomeado assistente de Buisson na cadeira de Ciência da Educação na Sorbonne. em que os sociólogos procuram abranger na Sociologia todas as ciências. Seu sobrinho Marcel Mauss tornou-se um dos grandes antropólogos. Bouglé. O revigoramento da Sociologia se teria iniciado com Espinas. posteriormente. Milhau etc. o que ele herdou de seu pai e transmitiu aos seus filhos. Trata-se na verdade de uma escola que não cerrou as portas. o direito romano (Declareuil). de adquirir com seu contato o sentimento de sua diversidade e sua especificidade. com Spencer e o organicismo. Mas. Fauconnet. Suas aulas na Sorbonne transformaram-se em verdadeiros acontecimentos.. 125-26). Mas prosseguira. de os determinar e aplicar-lhes um método que seja imediatamente apropriado à natureza especial das coisas coletivas”(id. assume esse cargo.. as linhas mestras de sua obra. aquilo que Comte havia chamado a era da especialidade”(DURKHEIM. 128). 1970: p. Ela se tornou possível no final do século XIX devido à "reação científica" que estava ocorrendo. Dois fatores favoreciam isso: primeiro. é que ousamos traduzir em preceitos a técnica que havíamos elaborado. que não nos dera uma lei sequer. Sua preocupação foi orientada pelo fato de que a noção de lei estava sempre ausente dos trabalhos que visavam mais à literatura e à erudição do que à ciência: “A reforma mais urgente era pois fazer descer a idéia sociológica nestas técnicas especiais e. esforçamo-nos em abrir. Eis. Nesse sentido. na figura desse Descartes moderno que foi Émile Durkheim.. A tarefa a que se propôs era. ocupamo-nos apenas das regras jurídicas e morais. 127). o estado de espírito nacionalista. 135). sem ter jamais entrado em contato com os fatos sociais. tornando realidade as ciências sociais”(id. p. p. para superá-lo era mais importante ainda conservar os seus princípios : “Devemos empreender maneiras de pensar mais complexas. somente depois que ensaiamos um certo número de estudos suficientemente variados. no que se refere à Sociologia na França.. a França voltava . ibid. A tarefa a que se propôs Durkheim foi “em lugar de tratar a Sociologia in genere. nós nos fechamos metodicamente numa ordem de fatos nitidamente delimitados salvo as excursões necessárias nos domínios limítrofes daquele que exploramos. A França e o pais de Descartes e. p. Mas estas não surgiram de elaborações abstratas “desses filósofos que legiferam diariamente sobre o método sociológico.. Assim. ibid. O método que expusemos não é senão o resumo da nossa prática”(id. tal como o fez em Les règles de la méthode sociologique. mas conservar esse culto das idéias distintas. apesar de sua concepção ultrapassada de racionalismo. transforma-las. estudadas seja no seu devir e sua gênese [cf.a desempenhar o papel predestinado no desenvolvimento da Sociologia. Eis-nos portanto diante de um renascimento do iluminismo. 126). segundo. Nesse mesmo círculo circunscrito nos apegamos aos problemas mais e mais restritos. como na base de toda ciência”(id. conscientemente da maior envergadura. Le suicide]. Em uma palavra. Division du travail] por meio da História e da Etnografia comparadas. que está na própria raiz do espírito francês. o acentuado enfraquecimento do tradicionalismo e. ibid. em suas próprias palavras. CONCEPÇÃO DE CIÊNCIA E DE SOCIOLOGIA . por isso mesmo. pois. A superação dessa “metafísica abstrata” exigia um método. seja no seu funcionamento por meio da Estatística [cf.Nada disso podia fazer o organicismo. Nesse sentido. ao concluir que: “a vida social não é outra coisa que o meio moral. p. ibid. eles são. mais bem feito péla experimentação: “Se existe um ponto fora de dúvida atualmente é que todos os seres da natureza. Sociologia. possuindo um caráter abrangente: “porque não existe fenômeno que não se desenvolva na sociedade. Religiosa etc. Aproveita para esclarecer o que entende por fenômenos morais: “Qualificando-os de morais. o método e a observação e a experimentação indireta. ou melhor.). mas a Sociedade não existe: “Il y a des sociétés” (id. Nesse mesmo artigo (datado também de 1900). a Sociologia constitui “uma ciência no meio de outras ciências positivas” (id.. desde o mineral até o homem. Ele corresponde na verdade a um programa de trabalho é serve para expressar suas concepções básicas é sua preocupação dominante de limitar é circunscrever ao máximo a extensão de suas investigações. que tudo se passa segundo as leis necessárias” (id. claramente definido e um método para estudá-lo. 1953: p. foi convidado a pronunciar a aula inaugural do ano letivo de 1887-88. isto é. O objeto são os fatos sociais. portanto.. Durkheim fala também de um reino moral. p. Trata-se de um campo com caracteres próprios e que deve por isso ser explorado através de métodos apropriados. Após repassar os principais autores que lidaram com essa disciplina. Ao iniciar suas funções em Bordeaux. o método comparativo. é. ibid. 78). publicada neste último ano sob o título de “Cours de Science Sociale” (DURKHEIM. mas reservando aquele ainda para designar as “ciências sociais particulares” (i. O que falta atualmente é traçar os quadros gerais .. paulatinamente substituído pelo de “sociologia”. Durkheim aponta um reino social. que são divisões da Sociologia..Dentro da tradição positivista de delimitar claramente os objetos das ciências para melhor situá-las no campo do conhecimento. se situa à parte dos demais. como os meios físicos com relação aos organismos vivos”(id.”Apud CUVILLIER.. que permanece entretanto indeterminado: ela deve estudar a Sociedade. p. p. 198). 41). ibid. queremos dizer que se trata de meios constituídos pelas idéias. face às consciências individuais. em que contrapõe suas concepções àquelas formalistas de Simmel. conclui: “Ela [a Sociologia] tem um objeto. p. cf. como os vegetais é os animais. 179). ibid. o conjunto dos diversos meios morais que cercam o indivíduo” (id. dizem respeito à ciência positiva. 88) – que se classificam em gêneros e espécies. Mas esse reino não. Desde Comte a Sociologia tem um objeto. 77-110). ibid. 82). 1953: p. E por ciência positiva entende um “estudo metódico” que conduz ao estabelecimento das leis. Morfologia Social.). em outros termos. com individualidade distinta dos reinos animal e mineral. desde os fatos físico-químicos até os fatos verdadeiramente sociais” (“La Sociologie et son domaine scientifique. e onde antecipa várias colocações posteriores (como sua divisão da Sociologia. No início de sua carreira Durkheim empregava o termo "ciências sociais". O MÉTODO Les règles de la méthode sociologique (1895) constitui a primeira obra exclusivamente metodológica escrita por um sociólogo e voltada para a investigação e explicação sociológica. Durkheim concebe que as leis não podem penetrar senão a duras penas no mundo dos fatos sociais: “e isto foi o que fez com que a Sociologia não pudesse aparecer senão num momento tardio da evolução científica” (id. Fica evidente que.8 “A ciência só aparece quando o espírito. ibid. a noção da ciência social se constituiu como por encantamento” (id. para mostrar como a Sociologia é uma ciência que se constitui num momento de crise – “O que é certo é que. eis a idéia final do mencionado artigo a propósito de Simmel: a Sociologia não corresponde a uma simples adição ao vocabulário. ibid. Parte de uma distinção entre ciência e arte.. ibid. o que supõe uma mentalidade relativamente avançada. 113). que efeitos indesejáveis podem impedir que ocorram e por que meio um ou outro resultado pode ser obtido. como no caso de se chegar a estabelecer leis relações necessárias.).. (. em que fins úteis eles podem ser empregados.. na mencionada aula inaugural de Bordeaux. “Mas não há arte que não contenha em si teorias em estado imanente” (id.. por exemplo.) Uma ciência não se constitui verdadeiramente senão quando é dividida e subdividida. Esta e uma idéia repetidas vezes encontrada nos vários artigos que Durkheim publicou na virada do século. A arte. Ela nasce à sombra das ciências naturais. com respeito à Sociologia. importante ressaltar sua própria posição cronológica: publicada depois de Division du travail social (tese de doutoramento em 1893)..da ciência e assinalar suas divisões essenciais. tais princípios por sua vez são postos à prova e aplicados numa monografia exemplar que é Le suicide (1897). por sua vez. segundo a concepção de Montesquieu. aborda as coisas com o único fim de representá-las” (id. p. e antes de tratar do tema a que se propusera. faz algumas considerações de grande interesse.. corresponde ao universo empírico e não se preocupa senão com essa realidade.. fazendo abstração de toda preocupação prática. 112). quando compreende um certo número de problemas diferentes e solidários entre si” (id. 100). ibid. em que a manipulação de variáveis e dados empíricos é feita . O domínio da ciência. no dia em que passou a tempestade revolucionária. p. p. Ora. No mencionado artigo publicado na Revue Bleue. só os considera para saber o que é possível fazer com eles. Porque estudar os fatos unicamente para saber o que eles são implica uma dissociação entre teoria e prática. 207). ibid. 1953: p. p. ao contrário. como. 115) – e quando domina um vivo sentimento de unidade do saber humano. apesar do seu desenvolvimento tardio.. a Sociologia é fruto de uma evolução da ciência. seus princípios metodológicos são inferidos dessa investigação (ainda que não fosse trabalho de campo). Aquela estuda os fatos unicamente para os conhecer e se desinteressa pelas aplicações que possam prestar às noções que elabora. a esperança e a de que “ela seja e permaneça o sinal de uma renovação profunda de todas as ciências que tenham por objeto o reino humano” (apud CUVILLIER. entre esse sistema social e esse sistema lógico” (id. a sucessiva introdução de elementos enriquecedores da análise adquire um significado metodológico especial. Essa fase é de grande originalidade do ponto de vista metodológico. Simultaneamente com a elaboração dessa monografia em que utiliza o método estatístico. 395-460). pode-se perceber como os homens encaram a realidade e constroem uma certa concepção do mundo e. como representações mentais ou. que culmina com a publicação relativamente tardia de Les formes élémentaires de la vie religieuse (1912). Em outros termos. Durkheim e Mauss escrevem: “Todos os membros da tribo se encontram assim classificados em quadros definidos e que se encaixam uns nos outros. 1969: p. ibid. Durkheim organiza uma outra de menor porte em 1896 (“La prohibition de l'inceste et sés origines. Durkheim empreende os primeiros delineamentos da sociologia do conhecimento. Esta linha. como eles próprios se organizam hierarquicamente.pela primeira vez num trabalho sociológico sistemático e devidamente delimitado. e não apenas uma relação acidental. a classificação das coisas reproduz essa classificação dos homens” (DURKHEIM. num sentido estrito. se não estamos bem certos de dizer que essa maneira de classificar as coisas está necessariamente implicada no totemismo. naquele mesmo texto. Grifos do original). por sua vez. A questão epistemológica que se levanta é da maior relevância científica e do maior interesse sociológico. são imagens da realidade empírica. certo que ela se encontra muito freqüentemente nas sociedades que são organizadas sobre uma base totêmica. Em “De quelques formes primitives de classification”. 402. em todo caso. 1969: p. Estas duas monografias antecipam a última fase metodológica de Durkheim. e. informados por tal concepção. p. Ora. 425. elaborada de parceria com Mauss. na medida em que a manipulação de dados etnográficos permite a análise de representações coletivas.. Em síntese. ibid. representações simbólicas que. não e apenas através das . em última análise. através da análise das religiões primitivas – o totemismo como sua forma primeira e mais simples –. de investigação tem prosseguimento na sua não menos importante monografia publicada em 1901-02 “De quelques formes primitives de classification” (id. mais ainda.” DURKHEIM. Grifos nossos). melhor dito. a tese de Les formes élémentaires e que. Como se viu. Sua originalidade consiste em que. que são encaradas. Essa é. 37-101). e onde o método de análise de dados etnográficos é aplicado numa perspectiva sociológica. pois constitui – ao lado de conhecimentos positivos que proporciona clara demonstração do processo de indução científica. p. é igualmente enunciada como segue: “Em resumo. Existe pois uma ligação estreita. são portadoras de uma ideologia implícita. a Regra XV (de Descartes) recomenda que. acha-se implícita a idéia das “relações necessárias” que se estabelecem no âmbito dos fenômenos da sociedade. Assim. É necessário um método apurado. Descartes define o método: . fica claro que suas regras não se limitam às matemáticas ali tomadas como protótipo das ciências. Na Regra V. E suas formas organizacionais da vida social.9 Com respeito a Descartes. classificara(s) realidade(s). para que se possa ver. 1895: p. enquanto este lhe dedica um só capítulo de seu Cours de philosophie positive (v. tal como no de Durkheim. a lógica de Stuart Mill se preocupou sobretudo em passar sob o crivo da dialética as afirmativas de Comte. a vinculação e menos evidente. o que e mais importante do ponto de vista científico. descrever e. 1970: p. Se nesse capítulo Comte se mostra largamente influenciado por Bacon e parcialmente por Descartes. Na “Introdução” de Les règles Durkheim chama a atenção para o fato de que os sociólogos se mostram pouco preocupados em caracterizar e definir o método que aplicam: está ausente na obra de Spencer.verbalizações que o homem procura representar a realidade: ele o faz até mesmo pela maneira como se dispõe territorialmente. O tratamento dos fenômenos como coisa e uma constante nesse trabalho de Descartes. VI. cujos méritos devem ser prioritariamente creditados a Durkheim. Essa nos parece uma das mais notáveis contribuições científicas da Sociologia. ao se tomar a figura de um corpo. mas não se pode deixar de assinalar certa semelhança na formulação de Les règles de la méthode sociologique com as Règles pour la direction de l‘esprit. pode-se perceber como este também influenciou Durkheim. Apesar de Descartes utilizar a aritmética e a geometria nas suas exemplificações e demonstrações. além de mediações empíricas. 58a lição) “o único estudo original e importante que temos sobre o assunto” (DURKHEIM. tal como desenvolveu Durkheim. que forma um arcabouço interno quase disfarçado se não fora a agudeza de penetração do espírito científico do investigador sustentador virtual do sistema social. deve-se traçá-la e apresentá-la ordinariamente aos sentidos externos. Mas talvez se deva a Montesquieu a maior dose de influência sobre o autor das Règles. uma espécie de manual inacabado de metafísica e publicado post-mortem. Règles. 1) . 10 A primeira regra cartesiana poderia servir perfeitamente como epígrafe das Règles de Durkheim: “Os estudos devem ter por finalidade dar ao espírito [ingenium no original latino] uma direção que lhe permita conduzir a julgamentos sólidos e verdadeiros sobre tudo que se lhe apresente” (DESCARTES. Embora este não se mostre preocupado simplesmente em estabelecer leis explicativas dos fenômenos sociais. 1). face a essa realidade. Já na sua tese complementar sobre Montesquieu ele evidenciara sua preocupação com duas instâncias encadeadas de descrever e interpretar a realidade social. com introdução assinada pelo último. 1895: p. 59 e 63). Selvin. 29).12 A utilização da estatística como instrumento de análise é feita aí por Durkheim. no que se refere à constituição dos tipos sociais (cap. e preciso discernir nestas o que e mais simples. onde o método central utilizado é o da análise multivariada (a introdução de progressivas variáveis adicionais permite aprofundar o tratamento do problema até garantir generalizações seguras). p. após a tradução inglesa feita em 1951 por John A. Na Regra XII essa colocação é retomada. Tais colocações não deixam de estar presentes na recomendação básica de Durkheim. ibid. 11. seja para fins classificatórios. no interior dessas classes se distinguirão as diferentes variedades. 1968: cap. Spaulding e George Simpson. para mostrar todos os recursos necessários para se ter uma intuição distinta das proposições simples. Algumas valorizações específicas devem ser citadas: • Merton apresenta-a como um dos melhores exemplos do que ele veio a chamar “teoria de médio alcance” uma generalização segura à base de dados empíricos tratados com precisão e segurança ao lado de A Ética Protestante e o Espírito Capitalista de weber (MERTON. 86) LE SUICIDE: UMA MONOGRAFIA EXEMPLAR Quase 70 anos após sua publicação. Rowntree e Bowley usam métodos estatísticos refinados no estudo de problemas ligados ao pauperismo. • Rosenberg mostra como Durkheim pôs em prática a generalização descritiva do tipo replicação. Booth. um sociólogo americano. seja para fins comparativos..“Todo método consiste na ordem e arranjo dos objetos sobre os quais se deve conduzir a penetração da inteligência para descobrir qualquer verdade” (id. esp.14 . E na Regra VI faz uma recomendação que é largamente desenvolvida em Logique de Port-Royal: distinguir as coisas mais simples daquelas mais complexas e que. conforme se produza ou não uma coalescência completa dos segmentos iniciais” (DURKHEIM. tomando por base a sociedade perfeitamente simples ou de segmento único. que envolve diferentes populações para a análise comparativa de um fenômeno (ROSENBERG. na Inglaterra. 13 Mas foi a descoberta americana de Le suicide que veio colocar definitivamente esta obra no rol dos clássicos imperecíveis e sempre modernos. ao mesmo tempo que. IV): “Começa-se por classificar as sociedades segundo o grau de composição que estas apresentam. 224). fez inserir um artigo no American Journal of Sociology em que o estudo de Durkheim e considerado “ainda um modelo de pesquisa social”. 1968: p. como todas as coisas podem ser distribuídas em séries. p. e comparou populações diferentes para mostrar que. p. Durkheim realizou depois estas observações e a correlação entre taxas de enfermidade mental e taxas de suicídio resultou insignificante. as populações com altas taxas de enfermidade mental teriam altas taxas de suicídio: “Assim Durkheim pôde descrever um conjunto de observações (as relações entre taxas de enfermidade mental e taxas de suicídio. recorre a Le suicide para mostrar como a prova múltipla de uma teoria e mais convincente do que a prova simples e para ilustrar um “experimento crucial” (no sentido baconiano ) Durkheim pôs à prova a noção vulgar de seu tempo de que o suicídio resultaria de uma enfermidade mental. se fosse o caso. fruto desse mesmo industrialismo e na qual a divisão do trabalho se apresentava como uma grande conquista do espírito inventivo do homem. que é possível chegar a conclusões úteis que podem ajudar com proposições práticas as ações futuras” (MADGE. tal como as primeiras páginas de La division du travail poderiam confirmar. 78). 2. que era demonstrar que as ciências sociais podem examinar uma questão social importante. 1959: p. uma reação contra a concepção mecânica da sociedade. Assim. • Madge. 36). se a enfermidade mental causasse o suicídio. 3) é uma questão de considerável importância.• Stinchcombe. 1967: cap. para várias regiões) que dariam um resultado (correlação positiva). 1970: cap. voltada para a busca de regularidades que são próprias do “reino social” e que permitem explicar os fenômenos que ocorrem nesse meio sem precisar tomar explicações emprestadas de outros reinos. p. POSIÇÃO METODOLÓGICA Les Règles constituem um esforço sistemático com vistas à elaboração de uma “teoria da investigação sociológica” (FERNANDES. mediante a apresentação sistemática de fatos existentes. e outro resultado diferente (correlação insignificante). 2. sobre a qual outras pessoas haviam filosofado por muito tempo. por conseguinte. Isto refutou a teoria alternativa (tal como estava formulada) e fez com que sua teoria fosse muito mais veraz” (STINCHCOMBE. enfim (last but not least). se operassem as causas sociais. mostra como Durkheim escolheu esse tema por três razões: 1) o termo “suicídio” poderia ser facilmente definido. “Durkheim estava absolutamente seguro de sua tarefa. sua tipologia social evolutiva estabelecida a partir da solidariedade social mecânica e orgânica poderia sugerir. A posição metodológica de Durkheim é. ao estudar as formas fundamentais da inferência científica. Mas o problema não se coloca de maneira tão simplista. a tal ponto que se torna difícil enquadrá-lo numa determinada corrente sociológica sem correr o risco de tomar a parte pelo todo. quando surgiu. principalmente na Inglaterra mergulhada no industrialismo. 2) existe muita estatística a respeito. por exemplo. 16). esp. . Para compreendê-lo é preciso levar em conta o ambiente intelectual do século XIX. esp. e pôde mostrar. que se trata meramente de um organicista. estritamente sociológica. por exemplo. para superar a excessiva valorização dá máquina. entre outras explicações que não se enquadram nessa corrente e mesmo a contradizem. e o sentimento do que tem de especial a realidade social é de tal maneira necessário ao sociólogo. Assim. 204-05). Sua caracterização como sociologista. Outras caracterizações comumente feitas de Durkheim enquadram-no como sociologista e/ou positivista. sua posição e antiatomista e se antepõe à abordagem de Spencer e Tarde sobretudo.). coloca-o ao lado de Comte e serve sobretudo para marcar uma linha divisória entre Durkheim e Tarde. autoridade. Ao concluir Lés règles. 1959: p. que tanto repudiam os funcionalistas modernos. solidariedade. pois. ela mesma. na medida em que desenvolve sua teoria mediante a adoção de conceitos básicos de coerção. b) é objetivo. Durkheim. Nesse sentido. esp.. 143) diz claramente nas páginas finais: “Fizemos ver que um fato social não pode ser explicado senão por um outro fato social e. c) é exclusivamente sociológico e os fatos sociais são antes de tudo coisas sociais.). este caracterizado como psicologista (SOROKIN. Florestan Fernandes ressalta que “a primeira formulação adequada dos fenômenos de função e da utilização da explicação funcionalista na Sociologia surge com A Divisão do Trabalho Social e As Regras do Método Sociológico de Durkheim” (FERNANDES. a abordagem funcionalista está ausente (Le suicide) ou aparece esporádica e secundariamente (Les formes élémentaires de la vie religieuse). p.. A divergência básica consiste na precedência ou proeminência do indivíduo e da sociedade. VIII. é.16 Em suas obras posteriores. levariam a confusões com a filosofia). o enquadramento que se pode fazer de Durkheim numa ou noutra corrente sociológica so e válido para aspectos parciais de sua obra. segundo ele. Buscando uma “emancipação da Sociologia” (DURKHEIM. ao mesmo tempo. posteriormente chamada funcionalista (embora não revestida de preocupações teleológicas que. ibid. essencialmente individualistas e em linha com a tradição liberal do século XIX com que. Assim ocorre com a explicação genética. que instruiu tanto concepções conservadoras – tal como a de Spencer – quanto socialistas – tal como a de John Ruskin. 140) e procurando dar-lhe “uma personalidade independente” (id. o anexo de qualquer outra ciência. tal como faz Sorokin. Daí uma série de esforços no sentido de uma concepção orgânica da sociedade. Em sua obra metodológica Durkheim coloca a explicação. ibid. uma ciência distinta e autônoma. Durkheim sintetiza seu método em três pontos básicos: a) independe de toda filosofia.15 Na verdade. 1938: cap. mostramos como esse tipo de explicação e possível ao assinalar no meio social interno o motor principal da evolução coletiva. que apenas uma cultura especialmente sociológica pode prepará-lo para a compreensão dos fatos sociais” (id. p. na . qualquer tentativa de simplesmente explicar o social pelo orgânico esbarraria com os preceitos metodológicos explicitados nas Règles. está na realidade fundamentalmente preocupado com a manutenção da ordem social. 329 et segs. A Sociologia não e. representações coletivas etc.Essa reação visava antes de tudo a uma valorização do homem. 1895: p. 1968: v. e uma crítica do nível metodológico das concepções subjacentes do individualismo utilitarista. Com efeito. e que o social só se explica pelo social e que a sociedade é um fenômeno sui generis. assim. polêmica. Parsons chama a atenção para o fato de que na obra metodológica mais antiga de Durkheim (Division du travail) se encontram duas linhas principais de pensamento: “Uma. 307. Parsons ressalta que a originalidade de Durkheim está em diferenciar-se de seus antecessores. p. a que a maior parte do argumento deste estudo se refere”. 460 et seqs.medida em que o indivíduo busca sua realização pessoal (sobretudo sua riqueza). a já mencionada influência cartesiana sobre a metodologia durkheimiana. . I. Concretiza-se. A posição durkheimiana a propósito das relações indivíduo-sociedade talvez seja uma das mais universais e coerentes em toda a sua obra. estará contribuindo para o bem-estar social. IX. Outra. a discussão teórica do problema é retomada. independente das manifestações individuais de seus membros componentes. é um desenvolvimento da tradição positivista geral. com vistas a chegar a conclusões que não só caracterizem em definitivo o fenômeno estudado. em que o ponto de partida da análise foi localizado no estudo das manifestações religiosas mais antigas e. para as citações a seguir. em seguida.. sua própria doutrina. Nesse sentido. para. Le suicide e Les formesconstituem modelos de trabalho científico no campo das ciências sociais e a demonstração de como fazer um estudo. Ele elevou o “fator social” ao status de elemento básico e decisivo para explicar os fenômenos que tinham lugar no “reino social”. seja de um fenômeno isolado. mas constituam também acréscimo valorativo das teorias anteriormente elaboradas. por conseguinte.17Identificando-o como “herdeiro espiritual de Comte”. 61 e 343 respectivamente). mais simples – o totemismo – para se atingir em seguida os aspectos mais complexos do fenômeno. seu positivismo implica “o ponto de vista de que a ciência positiva constitui a única posição cognitiva possível” do homem face à realidade externa. Este é o caso da vida religiosa. a clareza das posições conceituais de Durkheim obedece a uma constante metodológica: discute primeiramente as concepções correntes (vulgares ou não) a respeito de um fenômeno. apresentar a sua própria. cap. seja de um fenômeno de delimitação mais difícil. Apesar de uma interpretação muito pessoal – que não vem ao caso discutir aqui – das formulações durkheimianas. Após a análise e interpretação dos dados empíricos. ver p. Parsons ressalta que a metodologia de Durkheim é a do "positivismo sociologista" (PARSONS. para quem a tradição positivista tinha sido predominantemente individualista. solidamente construída em termos coerentes com uma interpretação estritamente sociológica. corresponde a uma certa violentação. justificada porém numa coleção para fins didáticos. o que e. na forma em que foi graficamente construído. Assim sendo. O leitor pode encontrar no esquema os principais elementos contidos na teoria durkheimiana. o esquema funciona como um guia para o leitor. por se supor que ambas as diretivas podem ser encontradas na teoria sociológica de Durkheim. O esquema pretende ser tanto diacrônico como sincrônico. visando à integração dos textos adiante selecionados. defeito e qualidade do esquema. .O ESQUEMA TEÓRICO O esquema aqui apresentado para sintetizar a teoria sociológica durkheimiana constitui antes uma leitura dessa teoria que uma criação original propriamente dita do chefe da Escola Sociológica Francesa. Estas podem ser encontradas nos textos selecionados. não encontra ali suas formulações. mas é explicado por ela ou pretende sê-lo. mas. onde as vinculações entre as partes selecionadas da obra podem ser vistas. a um so tempo. os quais podem ser melhor situados no conjunto da obra de Durkheim e no esquema em foco. evidentemente. Nesse sentido. Assim. ainda que esquematizadas. o esquema não explica propriamente a teoria. ou ausência dos liames e normas da solidariedade. Sua maior qualidade talvez seja a prioridade do social na explicação da realidade natural. 1953: p. Em síntese. ou de internalização de traços constitutivos da consciência coletiva. No canto superior direito. situou-se o suicídio. o grupal e o que reflete a frouxidão das normas sociais que conduzem á anomia. as quais determinam por sua vez dois tipos diferentes e evolutivos de organização social. 200-01). Nos quatro cantos do esquema são colocados núcleos primordiais da produção durkheimiana. e a anomia como fim desta. No canto inferior direito. os quais são simbolizados no esquema pelas funções.A diacronia é representada horizontalmente. cuja monografia propiciou a elaboração de uma outra tipologia: a que permite mostrar o comportamento individualista.19 No canto inferior esquerdo situou-se a divisão do trabalho. A sincronia é simultaneamente representada na vertical – tal como uma estrutura18 – a partir de um fundamento concreto e objetivo. 1969: p. que é a morfologia social. que é á primeira da obra de Durkheim. No canto superior esquerdo. que refletem a influência organicista revelada especialmente nesta parte. a religião. mas a continuidades – e que marca a etapa mais decisiva na consolidação acadêmica da Sociologia. Essas qualidades que se exigem de um . melhor dito. aberta não a reformulações. que pode ser apreendida pelos fatos sociais e de onde emanam tanto efeitos coercitivos sobre indivíduos e grupos como fenômenos abstratos de consciência coletiva e suas manifestações concretas que são as representações coletivas a própria matéria da Sociologia. e os dois tipos de direito (repressivo e restitutivo) vinculados diretamente aos tipos de solidariedade social (mecânica e orgânica). a obra sociológica de Durkheim é um exemplo de obra imperecível. tendo a solidariedade social – ponto de partida da teoria durkheimiana ao iniciar seus cursos em Bordeaux – como ponto de partida também da organização social. até atingir a fisiologia social. como os fenômenos culturais sagrados ou profanos. perspectiva básica – quase morfológica – e estreitamente vinculada aos tipos de solidariedade social. constitui a via através da qual veio a elaborar os primeiros delineamentos da sociologia dó conhecimento a religião é uma forma de representação do mundo. vinculada às representações coletivas. No cruzamento das linhas de sincronia e diacronia se situa a sociedade como organização central. Daqui surgem manifestações polares. que só a desenvolveu em cursos publicados postumamente. física e mental em que vive o homem. 100). a moral representa uma preocupação constante do autor. quando ela afrouxa seus laços e permite a desorganização individual. assim definida pelo próprio: “Essas normas impessoais do pensamento e da ação são aquelas que constituem o fenômeno sociológico por excelência e se encontram com relação à sociedade da mesma forma que as funções vitais com respeito ao organismo: elas exprimem a maneira como se manifestam a inteligência e a vontade coletivas” (apud CUVILLIER. tal como declara no seu estudo “La prohibition de l’inceste et sés origines” (DURKHEIM. ou mesmo uma forma de concepção do mundo. a que correspondem quatro obras importantes. ela está estreitamente vinculada à educação como forma de socialização dos homens. concretizadas nas radicais transformações da vida material do homem. um marco involuntário do tournant durkheimienne. Essa metodologia deveria levar em consideração o fato de que o conhecimento dos fenômenos naturais e um conhecimento de algo externo ao próprio homem.20 Apesar de suas raízes no tempo em que viveu. mas continua a fruir nos produtos de seus discípulos e leitores. De acordo com a distinção entre experiência externa e experiência interna. O fato importante a ressaltar é que a Sociologia so se desenvolve e se completa na medida em que assimila as contribuições de seus grandes mestres. É curioso que dois dos críticos21 mais severos de Durkheim achavam-se nos Estados Unidos no fim da Segunda Guerra Mundial. o estudo científico dos fatos humanos somente começou a se constituir em meados do século XIX. enquanto nas ciências sociais o que se procura conhecer é a própria experiência humana. assistia-se ao triunfo dos métodos das ciências naturais. . Nessa época. seus discípulos. Essa “falha”. procurando obter dados mensuráveis e regularidades estatísticas que conduzissem à formulação de leis de caráter matemático. bem como a ausência da pesquisa de campo notada por Kroeber. isto não diminui o seu valor específico. ao contrário. O mérito creditado a estes está sobretudo em proporcionar a todos nós.clássico estão presentes por toda sua obra. uma série daquilo que Merton repete de Salvemini – os libri fecondatori capazes de aguçar as faculdades dos leitores exigentes. a obra de Durkheim – respondendo a preocupações da sociedade e da Sociologia de sua época – constitui um modelo do produto sociológico. operadas pela Revolução Industrial. poder-se-ia distinguir uma série de contrastes metodológicos entre os dois grupos de ciências. Se ela apresenta lacunas – a ausência das classes sociais é um exemplo –. justamente quando e onde a Sociologia moderna deslancha suas grandes contribuições renovadoras que não deixam de reconhecer uma posição proeminente de Durkheim. não seriam antes fruto de indagações e preocupações posteriores a ele e não propriamente de seu tempo? Lévi-Strauss vê em Mauss. como os de Maquiavel (1469-1527) e Montesquieu (1689-1755). sobrinho e discípulo dileto de Durkheim. Outros. As ciências exatas partiriam da observação sensível e seriam experimentais. ao mesmo tempo que assinala um declínio intelectual da Escola Sociológica Francesa. só compensado pelo renascimento americano de Durkheim nos anos 50. e da qual se procura dar uma idéia por fragmentária que seja nos textos adiante selecionados. alguns pensadores que procuravam conhecer cientificamente os fatos humanos passaram a abordá-los segundo as coordenadas das ciências naturais. Diante dessa comprovação inequívoca da fecundidade do caminho metodológico apontado por Galileu (1564-1642) e outros. MAX WEBER – VIDA E OBRA Pondo-se de lado alguns trabalhos precursores. afirmando a peculiaridade do fato humano e a conseqüente necessidade de uma metodologia própria. cujo consumo não se esgota na leitura. nos utilitaristas do século XIX e outros. Dilthey estabeleceu uma distinção que fez fortuna: entre explicação (erklären) e compreensão (verstehen). Weber encontrou em sua casa uma atmosfera intelectualmente estimulante. mas visam aos processos permanentemente vivos da experiência humana e procuram extrair deles seu sentido (Sinn). trabalhou na Universidade de Berlim. principalmente Hegel (1770-1831) e Schleiermacher (1768-1834). e poderiam ser empaticamente apreendidos na experiência dos outros. Dois anos depois. cientista social. a Alemanha. Concluído o curso. sobretudo em seu país. começou os estudos superiores em Heidelberg. contudo. Os principais representantes dessa orientação foram os neokantianos Wilhelm Dilthey (1833-1911). este considerado por muitos como o fundador da sociologia como disciplina científica. Filho de uma família da alta classe média. em cujas universidades dedicou-se simultaneamente à economia. segundo Dilthey. ao contrário. Os positivistas (como eram chamados os teóricos da identidade fundamental entre as ciências exatas e as ciências humanas) tinham suas origens sobretudo na tradição empirista inglesa que remonta a Francis Bacon (1561-1626) e encontrou expressão em David Hume (1711-1776). Seu pai era um conhecido advogado e desde cedo orientou-o no sentido das humanidades. no ano seguinte. à história. na qual idade de livre-docente. continuando-os em Göttingen e Berlim. Weber recebeu excelente educação secundária em línguas. Nessa linha metodológica de abordagem dos fatos humanos se colocariam Augusto Comte (17981857) e Émile Durkheim (1858-1917). história e literatura clássica. tornou-se professor de economia na Universidade de Freiburg. mas descrições qualitativas de tipos e formas fundamentais da vida do espírito. adeptos da distinção entre ciências humanas e ciências naturais. Em 1893. Wilhelm Windelband (1848-1915) e Heinrich Rickert (1863-1936). Em 1882. que não estudam fatos que possam ser explicados propriamente. constituindo diversas disciplinas compreensivas. foi sobretudo filósofo e historiador e não. dizendo respeito à própria experiência humana. O modo explicativo seria característico das ciências naturais. em 1896. Dilthey (como Windelband e Rickert). à filosofia e ao direito. A compreensão seria o modo típico de proceder das ciências humanas. no sentido que a expressão ganharia no século XX.As ciências humanas. UMA EDUCAÇÃO HUMANISTA APURADA Max Weber nasceu e teve sua formação intelectual no período em que as primeiras disputas sobre a metodologia das ciências sociais começavam a surgir na Europa. seriam introspectivas. ao mesmo tempo em que servia como assessor do governo. da qual se transferiu para a de Heidelberg. Os sentidos (ou significados) são dados. Na sociologia. a tarefa ficaria reservada a Max Weber. vinculados ao idealismo dos filósofos da época do Romantismo. propriamente. Os antipositivistas. que procuram o relacionamento causal entre os fenômenos. foram sobretudo os alemães. Outros levaram o método da compreensão ao estudo de fatos humanos particulares. e procurariam atingir não generalidades de caráter matemático. na própria experiência do investigador. casou-se e. sofreu . utilizando a intuição direta dos fatos. Weber entende "aquela cujo sentido pensado pelo sujeito jeito ou sujeitos jeitos é referido ao comportamento dos outros. Segundo Weber. para Weber. de uma ação carregada de sentido. O fato em questão não se esgota em si mesmo e aponta para todo um complexo de significações sociais. conhecer um fenômeno social seria extrair o conteúdo simbólico da ação ou ações que o configuram. A partir dessa época. como algo que aponta para outros fatos e somente em função dos quais poderia ser conhecido em toda a sua amplitude. essa função é reconhecida por uma comunidade maior de pessoas. embora a rigorosa observação dos fatos (como nas ciências naturais) seja essencial para o cientista social. Segundo ele. em 1920. além disso. isto é. ou seja. orientandose por ele o seu comportamento". "a captação da relação de sentido" da ação humana. Weber concebe o objeto da sociologia como. tanto nas ciências naturais quanto nas humanas.. exclusivamente. Se. Essas leis referem-se a construções de “comportamento com sentido” e servem para explicar . defendido por Weber. Contudo. uma pessoa dá a outra um pedaço de papel. O método compreensivo. segundo as quais a determinados processos devem seguir-se. Somente quando se sabe que a primeira pessoa deu o papel para a outra como forma de saldar uma dívida (o pedaço de papel é um cheque) é que se está diante de um fato propriamente humano. mas compreendê-lo como fato carregado de sentido. As leis sociais. a captação desses sentidos contidos nas ações humanas não poderia ser realizada por meio. dos procedimentos metodológicos das ciências naturais. Por ação. esse fato. Weber somente deu aulas particulares. ou ocorrer simultaneamente. Em outras palavras.sérias perturbações nervosas que o levaram a deixar os trabalhos docentes. só voltando à atividade em 1903. fundamentalmente. outros. na qualidade de co-editor do Arquivo de Ciências Sociais (Archiv tür Sozialwissenschatt). publicação extremamente importante no desenvolvimento dos estudos sociológicas na Alemanha. consiste em entender o sentido que as ações de um indivíduo contêm e não apenas o aspecto exterior dessas mesmas ações. COMPREENSÃO E EXPLICAÇÃO Dentro das coordenadas metodológicas que se opunham à assimilação das ciências sociais aos quadros teóricos das ciências naturais. se a lógica da explicação causal é idêntica. estabelecem relações causais em termos de regras de probabilidades. Weber não pretende cavar um abismo entre os dois grupos de ciências. na medida em que as duas pessoas envolvidas atribuem ao pedaço de papel a função do servir como meio de troca ou pagamento. salvo em algumas ocasiões. em si mesmo. a consideração de que os fenômenos obedecem a uma regularidade causal envolve referência a um mesmo esquema lógico de prova. o mesmo não se poderia dizer dos tipos de leis gerais a serem formulados para cada um dos dois grupos de disciplinas. nos anos que precederam sua morte. por exemplo. Tal colocação do problema de como se abordar o fato significa que não é possível propriamente explicá-lo como resultado de um relacionamento de causas e efeitos (procedimento das ciências naturais). em que proferiu conferências nas universidades de Viena e Munique. é irrelevante para o cientista social. Entretanto. supor como se desenvolveria o fenômeno na ausência de quaisquer sentimentos irracionais. isto é. se constitui uma “pauta de contrastação”. no pensamento weberiano. ela se dá de dois modos. A relação entre o conceito genérico e o fenômeno concreto é de natureza tal que permite classificar cada fenômeno particular de acordo com os traços gerais apresentados pelo mesmo. A ênfase na caracterização sistemática dos padrões individuais concretos (característica das ciências humanas) opõe a conceituação típicoideal à conceituação generalizadora. retira do fenômeno concreto aquilo que ele tem de geral. Por exemplo: para a explicação de um pânico na bolsa de valores. para depois reconstruí-los. mas válido ou não-válido. assim. nas palavras do próprio Weber. O segundo consiste na formulação de hipóteses explicativas. a conceituação generalizadora considera o fenômeno particular como um caso cujas características gerais podem ser deduzidas de uma lei. tal como esta é conhecida nas ciências naturais. considerando como acidental tudo o que não se enquadre dentro da generalidade. O tipo ideal é um conceito vazio de conteúdo real: ele depura as propriedades dos fenômenos reais desencarnando-os pela análise. estão intimamente ligados à realidade concreta particular. Por conseguinte. de acordo com sua utilidade para a compreensão significativa dos acontecimentos estudados pelo investigador. A conceituação generalizadora. que representam o primeiro nível de generalização de conceitos abstratos e. a um processo de conceituação que abstrai de fenômenos concretos o que existe de particular. seria possível. Para que isso seja possível. mas um desenvolvimento normativamente ideal. A conceituação típico-ideal chega a resultados diferentes da conceituação generalizadora. um “conceito histórico concreto”. essa reconstrução assume a forma de síntese. que não recupera os fenômenos em sua real concreção. O LEGAL E O TÍPICO O conceito de tipo ideal corresponde. somente depois se poderia introduzir tais sentimentos como fatores de perturbação. O primeiro é um processo de contrastação conceituai que permite simplesmente apreender os fatos segundo sua maior ou menor aproximação ao tipo ideal. Quando se trata de tipos complexos (formados por várias propriedades). as uniformidades e regularidades observadas em diferentes fenômenos constitutivos de uma mesma classe. mas que os idealiza em uma articulação significativa de abstrações. Da mesma . não pode ser falso nem verdadeiro. um curso de ação “objetivamente possível”. em primeiro lugar. Weber defende a utilização dos chamados “tipos ideais”. correspondendo às exigências lógicas da prova. Assim. o tipo ideal não descreveria um curso concreto de ação. O tipo ideal. como revela a própria expressão. expõe como se desenvolveria uma forma particular de ação social se o fizesse racionalmente em direção a um fim e se fosse orientada de forma a atingir um e somente um fim. Desse modo. constituindo assim um conceito individualizante ou. isto é. No que se refere à aplicação do tipo ideal no tratamento da realidade. que permite situar os fenômenos reais em sua relatividade. Além disso. o tipo ideal não constitui nem uma hipótese nem uma proposição e.processos particulares. segundo Weber. Em primeiro lugar.forma se poderia proceder para a explicação de uma ação militar ou política. de uma porção dessa realidade. De acordo com o vocabulário weberiano. para a virtual impossibilidade de se encontrarem “ações puras”. estabelecendo uma terminologia precisa como tarefa preliminar para a análise das inter-relações entre os fenômenos sociais. Para qualquer um desses tipos tanto seria possível encontrar fenômenos sociais que poderiam ser incluídos neles. baseada no hábito. uma ação é racional quando cumpre duas condições. Primeiro se fixaria. Nos exemplos acima é patente a dicotomia estabelecida por Weber entre o racional e o irracional. Uma vez de posse desses instrumentos analíticos. Seriam tipos puramente conceituais. essa fluidez só pode ser claramente percebida quando os próprios conceitos tipológicos não são fluidos e estabelecem fronteiras rígidas entre um e outro. formulados para a explicação da realidade social concreta ou. jamais encontrando-se na realidade em toda a sua pureza. isto é. hipoteticamente. Em outros termos. observa Weber. contudo. Todos esses tipos ideais são apresentados pelo autor como conceitos definidos conforme critérios pessoais. Somente os resultados que com eles se obtenham na análise da realidade social podem dar a medida de sua conveniência. Max Weber expõe seu sistema de tipos ideais. ação afetiva e ação tradicional. são quatro os tipos de ação que cumpre distinguir claramente: ação racional em relação a fins. na maior parte dos casos. capitalismo. raramente podem ser classificados de forma rígida. entre os quais os de lei. Em segundo lugar. também claramente formulados e logicamente consistentes. quanto se poderia também deparar com fatos limítrofes entre um e outro tipo. Esta última. sociedade. democracia. estes. de forma a que o leitor . como se teria desenvolvido a ação se todas as intenções dos participantes fossem conhecidas e se a escolha dos meios por parte dos mesmos tivesse sido orientada de maneira rigorosamente racional em relação a certo fim. ou para um conjunto de valores. Weber elabora um sistema compreensivo de conceitos. Do mesmo modo. O SISTEMA DE TIPOS IDEAIS Na primeira parte de Economia e Sociedade. sultanismo. uma ação é racional na medida em que é orientada para um objetivo claramente formulado. trata-se de conceituações do que ele entende pelo termo empregado. feudalismo. está na fronteira do que pode ser considerado como ação e faz Weber chamar a atenção para o problema de fluidez dos limites. uma ação é racional quando os meios escolhidos para se atingir o objetivo são os mais adequados. Para Weber. segundo Weber. Entretanto. Somente assim se poderia atribuir os desvios aos fatores irracionais. os quatro tipos de ação encontram-se misturados. essas formas de orientação não podem ser consideradas como exaustivas. muito raramente a ação social orienta-se exclusivamente conforme um ou outro dos quatro tipos. isto é. construídos para fins de análise sociológica. patrimonialismo. ambos conceitos fundamentais de sua metodologia. Um conceito bem definido estabelece nitidamente propriedades cuja presença nos fenômenos sociais permite diferenciar um fenômeno de outro. burocracia. mais exatamente. ação racional em relação a valores. idéias filosóficas. inclusive a religião. O CAPITALISMO É PROTESTANTE? As soluções encontradas por Weber para os intrincados problemas metodológicos que ocuparam a atenção dos cientistas sociais do começo do século XX permitiram-lhe lançar novas luzes sobre vários problemas sociais e históricos. Por essas razões. Alguns autores. nas várias etapas de seu desenvolvimento histórico. Tudo aquilo que se afirma de uma ação concreta. compreendidos com sentido em sua relação”. dentre os quais Karl Marx (1818-1883). por um lado. Particularmente relevantes nesse sentido foram seus estudos sobre a sociologia da religião. por um lado. A partir dos conceitos mais gerais do comportamento social e das relações sociais. ao transformar o fator econômico no elemento determinante de todas as estruturas sociais e culturais. Ernst Troeltsch (1865-1923) e Werner Sombart (1863-1941). a interpretação causal correta de uma ação típica significa que o acontecimento considerado típico se oferece com adequação de sentido e pode ser comprovado como causalmente adequado. por ele mesmo criados. e fazer contribuições extremamente importantes para as ciências sociais. à explicação estrutural dos fenômenos. sua explicação compreensiva e causal. a interpretação causal correta de uma ação concreta significa que “o desenvolvimento externo e o motivo da ação foram conhecidos de modo certo e. se isolados. Esse problema já se tinha colocado para outros pensadores anteriores a Weber. as singularidades históricas resultam de combinações específicas de fatores gerais que. e as atividades e organização econômica correspondentes. A linha mestra dessa obra é constituída pelo exame dos aspectos mais importantes da ordem social e econômica do mundo ocidental. Por outro lado. Para Weber. Weber formula novos conceitos mais específicos. substituindo-se o fator econômico como dominante por outros fatores. seriam hipóteses suscetíveis de verificação. poder político. de tal modo que os mesmos elementos podem ser vistos numa série de outras combinações singulares. mais exatamente suas interpretações sobre as relações entre as idéias e atitudes religiosas. à perspectiva que vê os fenômenos como entidades qualitativamente diferentes. topografia. por outro. Esses estudos de Weber. a pergunta que os sociólogos alemães se faziam era se o materialismo histórico formulado por Marx era ou não o verdadeiro. já se tinham orientado no sentido de ressaltar a influência das idéias e das convicções éticas como fatores determinantes. embora incompletos. Inúmeros trabalhos foram escritos para resolver o problema. tais como raça. são quantificáveis. seus graus de adequação de sentido. além de seu caráter teórico. Para Weber. e chegaram à conclusão de que o . constituía elemento fundamental para a lufa econômica e política dos partidos operários. clima. O importante nessa tipologia reside no meticuloso cuidado com que Weber articula suas definições e na maneira sistemática com que esses conceitos são relacionados uns aos outros.perceba claramente do que ele está falando. cuja obra. pormenorizando cada vez mais as características concretas. ao mesmo tempo. pelo menos em algum grau. e. Sua abordagem em termos de tipos ideais coloca-se em oposição. foram publicados nos três volumes de sua Sociologia da Religião. como Wilhelm Dilthey. por outro. KARL MARX Karl Heinrich Marx (Tréveris. como aquela que ocorreu nos fins da Idade Média. era necessário fazer um estudo comparativo entre as várias sociedades do mundo ocidental (único lugar em que o capitalismo. 14 de março de 1883) foi um intelectual e revolucionário alemão. Literatura. teórico político e jornalista. foi eleito o maior filósofo de todos os tempos. Antropologia. História. Pedagogia. um advogado e conselheiro de Justiça. mas se converteu ao cristianismo luterano em função das restrições impostas à presença de membros de etnia judaica no serviço público. de uma família de origem judaica de classe média da cidade de Tréveris. Geografia. ano em que eclodiram revoluções em diversos países europeus. Design. Weber foi conduzido à tese de que a explicação para o fato deveria ser encontrada na íntima vinculação do capitalismo com o protestantismo: “Qualquer observação da estatística ocupacional de um país de composição religiosa mista traz à luz. Herschel descende de uma família de rabinos. Caroline (1824-1847) e Eduard (1834-1837). tais como Filosofia. Emilie (adotado por seus pais). Hermann (1819-1842). quando Marx ainda tinha seis anos. assim como os níveis mais altos de mão-de-obra qualificada. Sociologia. Em uma pesquisa realizada pela Radio 4. Em 1830.KARL MARX ADOLESCENTE. um fenômeno que já tem provocado repetidas discussões na imprensa e literatura católicas e em congressos católicos na Alemanha: o fato de os líderes do mundo dos negócios e proprietários do capital. Comunicação. Direito.moderno capitalismo não poderia ter surgido sem uma mudança espiritual básica. Economia. Herschel Marx (1759–1834). 1883). Karl Marx foi o último de sete filhos. como um tipo ideal. Henriette (1820-1856). Biologia. em Tréveris. O pensamento de Marx influencia várias áreas. Marx iniciou seus estudos no Liceu Friedrich Wilhelm. na época no Reino da Prússia. somente com os trabalhos de Weber foi possível elaborar uma verdadeira teoria geral capaz de confrontar-se com a de Marx. Henri Pressburg (1771– 1840). Arquitetura. Administração. Psicologia. Teologia. JUVENTUDE . historiador. Sua mãe. para conhecer corretamente a causa ou causas do surgimento do capitalismo. Ciência Política. 5 de maio de 1818 — Londres. e outras. A primeira idéia que ocorreu a Weber na elaboração dessa teoria foi a de que. fundador da doutrina comunista moderna. que atuou como economista.[2] Seus irmãos eram Sophie (d. filósofo. da BBC. onde nada de semelhante ao capitalismo ocidental tinha aparecido. Depois de exaustivas análises nesse sentido. Contudo. Ingressou mais tarde na Universidade de Bonn para estudar Direito. serem preponderantemente protestantes”. com notável freqüência. em 2005. era judia holandesa e seu pai. principalmente o pessoal técnica e comercialmente especializado das modernas empresas. principalmente as do Oriente. Louise (18211893). tinha surgido) e as outras civilizações. transferindo-se no ano seguinte para a . então refugiado do czarismo russo e militante socialista. Em Berlim. pois as famílias Marx e Westphalen não concordavam com a união. Marx casouse. a Gazeta Renana foi fechada após publicar uma série de ataques ao governo prussiano. Marx também teve um filho nascido de sua relação amorosa com a militante socialista e empregada da família Marx. Impedido de seguir uma carreira acadêmica. com Jenny von Westphalen. Eleanor. (Noivado que foi mantido em sigilo durante anos. Helena Demuth. além de um natimorto. foi professor e reitor. suas filhas tinham aulas de piano. provavelmente pelas péssimas condições materiais a que a família estava submetida. entregou-o a uma família de um bairro proletário de Londres No tratamento pessoal — Leandro Konder ressalta — Marx foi produto de seu tempo: "Antes de poder contestar a sociedade capitalista Marx pertencia a ela. Lá assumiu a direção da publicação Anais Franco-Alemães e foi apresentado a diversas sociedades secretas de socialistas. que se iniciou nesse período.Universidade de Berlim.) Do casamento de Marx com Jenny von Westphalen. e pagando uma pensão. Ao que consta. Friedrich Engels visitou Marx em Paris por alguns dias. Seu pai faleceu neste mesmo ano. Marx mudou-se para Paris. Também em 1843. Marx ingressou no Clube dos Doutores. Solicitado por Marx. com quem teve discussões polêmicas e muitas divergências. mesmo que não tivessem desenvoltura para tais atividades artísticas. Na mesma época. Ali perdeu interesse pelo Direito e se voltou para a Filosofia. Em 1844. ENVOLVIMENTO POLÍTICO Em 1843. tornouse. que era liderado por Bruno Bauer. tendo participado ativamente do movimento dos Jovens Hegelianos. Antes ainda da sua mudança para Paris. Laura. em 1842. Tendo perdido o seu emprego de redator-chefe. Como moças aristocráticas. Em 1841. no dia 19 de junho de 1843. nasceram cinco filhos: Franziska. só seria interrompido com a morte de Marx. Edgar. estava espiritualmente mais enraizado no solo da sua cultura do que admitiria". E conheceu rapidamente Bakunin. Marx também se encontrou com Proudhon. um jornal da província de Colônia. Engels assumiu a paternidade da criança. durante visita deste a redação do jornal. Marx conheceu a Liga dos Justos (que mais tarde tornar-se-ia Liga dos Comunistas). Franziska. conheceu Friedrich Engels neste mesmo ano. obteve o título de doutor em Filosofia com uma tese sobre as "Diferenças da filosofia da natureza em Demócrito e Epicuro". redator-chefe da Gazeta Renana (Rheinische Zeitung). cuja obra exerceu grande influência sobre Marx. canto e desenho. Edgar e Guido morreram na infância. e que diante dos padrões da Inglaterra vitoriana mostrou: "traços típicos das limitações de seu tempo". A amizade e o trabalho conjunto entre ambos. No seu . Jenny Longuet e Guido. Frederick Delemuth. onde o filósofo alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel. a filha de um barão da Prússia com a qual mantinha noivado desde o início dos seus estudos universitários. PENSAMENTO . em 1872. mais conhecidos como Manuscritos EconômicoFilosóficos. . a uma campanha de arrecadação de donativos promovida por Ferdinand Lassalle na Alemanha. sua teoria obteve crescente influência intelectual e política sobre os movimentos operários (ao final do século XIX. primeiras instituições acadêmicas a oferecerem cursos voltados para o estudo de Marx. para onde Engels também viajou. bronquite e pleurisia. Marx viveu confortavelmente com a renda oriunda de seus trabalhos. até que em 1879 um alemão estudioso da Economia Política. Marx foi expulso da França em 1845 a pedido do governo prussiano. Até 1848. Na Alemanha. mas o governo francês proibiu-os de fixar residência em seu território.período em Paris. foi publicada a primeira tradução do Tomo I d'O Capital. Foi enterrado na condição de apátrida. em menor proporção. Por conta disto. Marx ajudou a editar uma publicação de pequena circulação chamada Vorwärts!. Nos primeiros anos após a morte de Marx. Marx foi expulso de Colônia em 1849. Junto com Engels. em 1849 Marx e sua família enfrentaram grave crise financeira. Entre outros escritos. suas ideias receberam pouca atenção de outros estudiosos. Marx desenvolveu. a teoria de Marx foi ignorada durante bastante tempo. Talvez o maior interesse tenha se verificado na Rússia. Migrou então para Bruxelas. Marx intensificou os seus estudos sobre economia política. ocorrida em Dezembro de 1881. De acordo com Engels. De Paris. após superarem dificuldades conseguiram chegar a Paris.MARXISMO Durante a vida de Marx. Graças. então. seu salário e presentes de amigos e aliados. em Londres. que contestava o regime político alemão da época. Adolph Wagner. Em 1848. em consequência dos problemas de saúde que suportou ao longo de toda a vida. onde fundam o jornal Nova Gazeta Renana. onde fixaram residência definitiva. o principal locus de debate da teoria era o Partido Social-Democrata alemão) e. produzindo reflexões que resultaram nos Manuscritos de Paris. Marx e família conseguem migrar para Londres. Marx foi expulso de Bruxelas pelo governo belga. além da herança legada por seu pai. Entretanto. onde. os escritos de Marx começaram a atrair cada vez mais atenção. MORTE Encontrando-se deprimido por conta da morte de sua esposa. os socialistas utópicos franceses e a história da França. comentou o trabalho de Marx ao longo de uma obra intitulada Allgemeine oder theoretische Volkswirthschaftslehre. a dupla redigiu na Bélgica o Manifesto comunista. sobre os círculos acadêmicos ligados às ciências humanas – notadamente na Universidade de Viena e na Universidade de Roma. no Cemitério de Highgate. A partir de então. que causaram o seu falecimento em 1883. mudou-se para Colônia. Após ataques às autoridades locais publicados no jornal. foi nesse período que Marx aderiu às ideias socialistas. suas relações de produção e suas relações sociais fundam todo processo de formação da humanidade. aliás. O materialismo de Feuerbach. Louis Blanc e Proudhon). O marxismo constitui-se como a concepção materialista da História. sendo a centralidade da atividade humana. considerado ao lado de Kant e Hegel um de seus grandes representantes. em que "realizar" a filosofia é antes "aboli-la". Marx. o maior) pensadores de todos os tempos. longe de qualquer tipo de determinismo. tendo sua compreensão do real influenciado cada dia mais a ciência por sua consistência. Portanto. se desenvolve socialmente. que é a dialética. O socialismo utópico francês (representado por Saint-Simon. tendo uma produção teórica com a extensão e densidade de um Aristóteles. Mas é uma crítica que não se limita a teoria em si. substancialmente. entre pensamento e realidade. sendo o homem um ser social. uma crítica radical das sociedades capitalistas. e a compreensão das coisas em seu movimento. se posiciona contra qualquer separação drástica entre teoria e prática. real. em sua inter-determinação. porque essas dimensões são abstrações mentais (categorias analíticas) que. a História. capital. de modo a produzir uma profunda reorientação no debate intelectual europeu. não é possível entender os conceitos marxianos como forças produtivas. Esta compreensão e concepção do homem é radicalmente revolucionária em todos os sentidos. se posiciona muito mais numa suprafilosofia. Foi um dos maiores (para muitos.[carece de fontes] A teoria marxista é. sendo esta possível somente com o desenvolvimento daquela. de quem era um admirador. Karl Marx compreende o trabalho como atividade fundante da humanidade. no plano concreto. E com esta base filosófica é que Marx compreende todas as demais ciências. pois é a partir dela que Marx irá identificar a alienação do trabalho como a alienação fundante das demais. a união entre teoria e prática. mas compreendendo a predominância da materialidade sobre a ideia. Ele estudou profundamente todas essas concepções ao mesmo tempo em que as questionou e desenvolveu novos temas. ela e a realidade se transformam na práxis. isto é. Sendo os homens seres sociais. ou ao realizá-la. pois não são conceitos abstratos e sim uma abstração do real.Marx foi herdeiro da filosofia alemã. entre outros. sem levar em conta o processo histórico. . E o trabalho. INFLUÊNCIAS Algumas das principais leituras e estudos feitos por Marx são: A doutrina de Hegel. E a economia política clássica britânica (representada por Adam Smith e David Ricardo). Como filósofo. integram uma mesma totalidade complexa. tendo como pressuposto que o real é movimento. tudo é histórico. portanto no trabalho humano. Manteve o entendimento da história enquanto progressão dialética (ou seja. que concebem novas ideias de como deve ser a vida social em função do conflito entre as ideias de liberdade e as ideias de coerção ligadas a condição natural ("selvagem") do homem. a realidade é determinada pelas ideias dos homens. mas eliminou o Espírito do Mundo enquanto sujeito ou essência. a dialética hegeliana. tudo está em constante processo (vir-a-ser). o mundo está em processo graças ao choque permanente entre os opostos. na consciência que os homens têm dela. mas rompeu com o grupo e efetuou uma revisão bastante crítica dos conceitos de Hegel após tomar contato com as concepções de Feuerbach. que também costuma ser referida por materialismo dialético). “ A mistificação por que passa a dialética nas mãos de Hegel não o impede de ser o primeiro a apresentar suas formas gerais de movimento. em Berlim. não é estático). a fim de descobrir a substância racional dentro do invólucro místico. O sujeito desse mundo em movimento é o Espírito do Mundo (ou Superalma. ou seja. portanto) dos homens. A historicidade é concebida enquanto história do progresso da consciência da liberdade. O homem se liberta progressivamente de sua condição de existência natural através de um processo de "espiritualização" – reflexão filosófica (ao nível do pensamento. comum a todos indivíduos e manifesta na ideia de Deus. Marx considerou-se um hegeliano de esquerda durante certo tempo. a mesma instituição onde Marx cursou o doutorado. Para Hegel. Marx teve contato prolongado com as ideias dos Jovens Hegelianos (também referidos como Hegelianos de Esquerda). E.INFLUÊNCIA DA DOUTRINA DE HEGEL Hegel foi professor da Universidade de Jena. a dialética está de cabeça para baixo. portanto) que conduz o homem a perceber quem é o real sujeito da história. ou Consciência Absoluta). porque coloca a materialidade – e não as ideias – na gênese do movimento histórico que constitui o mundo. mas sim na ação concreta (material. É necessária pô-la de cabeça para cima. inexiste possibilidade de pensamento sem existência concreta. porque passou a compreender que a origem da realidade social não reside nas ideias. escreveu Lenin que . assim. Em Hegel. de maneira ampla e consciente. Elabora. que representa a consciência humana geral. então. Os dois principais aspectos do sistema de Hegel que influenciaram Marx foram sua filosofia da história e sua concepção dialética. a dialética materialista (conceito não desenvolvido por Marx. A existência material precede qualquer pensamento. As formas concretas de organização social correspondem a imperativos ditados pela consciência humana. portanto. Marx inverte.” A respeito da influência de Hegel sobre Marx. nada no mundo é estático. adotou em definitivo (tais como os de valor. Marx criticou sagazmente as idéias dos socialistas utópicos (principalmente dos franceses. INFLUÊNCIA DO SOCIALISMO UTÓPICO FRANCÊS Por socialismo utópico costumava-se designar. mas nada indicavam sobre como seria possível alcançá-la plenamente. pois os socialistas utópicos muito diziam sobre como deveria ser a sociedade harmônica ideal. Sem dúvida. porque apresenta o homem como um atributo do pensamento ao invés do pensamento como um atributo do homem. As contribuições que julgou mais fecundas foram as elaboradas por dois economistas políticos britânicos. É de Feuerbach a concepção de que em Hegel a lógica dialética está "de cabeça para baixo".” INFLUÊNCIA DO MATERIALISMO DE FEUERBACH Ludwig Feuerbach foi um filósofo materialista que atraiu muita atenção de intelectuais de sua época. uma obra (Das Wesen des Christentums – A essência do cristianismo) que teve influência importante sobre Marx. após fecunda revisão e re-elaboração. Nela. em 1841. seu primeiro capítulo. sem haver estudado e compreendido a fundo toda a lógica de Hegel. acusando-os de muito romantismo ingênuo e pouca (ou nenhuma) dedicação ao estudo rigoroso da conjuntura social. ou ainda a noção de que a crenças ideológicas do sujeito lhe determinam o comportamento). de certa forma. à época de Marx.“ (…) é completamente impossível entender O Capital de Marx. a noção de que o aumento da capacidade de produção decorrente da revolução industrial permite condições materiais mais confortáveis à vida humana. Adam Smith e David Ricardo (tendo predileção especial por Ricardo. um conjunto de doutrinas diversas (e até antagônicas entre si) que tinham em comum. Feuerbach criticou duramente Hegel. e afirmou que a religião consiste numa projeção dos desejos humanos e numa forma de alienação. a quem referia como "o maior dos economistas clássicos"). . com os quais mais polemizou). duas características básicas: todas entendiam que a base determinante do comportamento humano residia na esfera moral/ideológica e que o desenvolvimento das civilizações ocidentais estava a permitir uma nova era onde iria imperar a harmonia social. Na obra deste último. o contato de Marx com as ideias feuerbachianas foi determinante para a formulação de sua crítica radical da religião e das "concepções invertidas" de Hegel. Por outro lado. Marx adotou – explícita ou implicitamente – algumas noções contidas nas ideias de alguns dos socialistas utópicos (como. Publicou. por exemplo. pode-se dizer que. em especial. entretanto. Engels e os Jovens Hegelianos. e. desde escritos da Grécia antiga até obras que lhe eram contemporâneas. Marx encontrou conceitos – então bastante utilizados no debate britânico – que. INFLUÊNCIA DA ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA BRITÂNICA Marx empreendeu um minucioso estudo de grande parte da teoria econômica ocidental. Um exemplo de prognóstico histórico desse tipo encontra-se em Contribuição para a crítica da Economia Política: “ Numa certa etapa do seu desenvolvimento. a insurreição não tem outra possibilidade de se realizar senão atuando também violentamente. o coração de um mundo sem coração. Na Crítica ao Programa de Gotha. da constrição ou abertura do Estado. CRÍTICA DA RELIGIÃO Para Marx a crítica da religião é fundamental à crítica da exploração.divisão social do trabalho. REVOLUÇÃO Apesar de alguns leitores de Marx adjetivarem-no de “teórico da revolução”. Marx tornou-se reconhecido como crítico sagaz da religião devido a sentença que profere em um escrito intitulado Crítica da filosofia do direito de Hegel: “A religião é o suspiro da criatura oprimida. Ocorre então uma época de revolução social. é antes o poder particular de uma classe particular que se afirma em detrimento das demais. as forças produtivas materiais da sociedade entram em contradição com as relações de produção existentes ou. inglesa e norte-americana. De formas de desenvolvimento das forças produtivas. Nesse quesito ele basicamente seguiu as opiniões de Ludwig Feuerbach. É o ópio do povo.” Em geral. acumulação primitiva e mais-valia. estas relações transformam-se em grilhões das mesmas. para quem a religião não expressa a vontade de nenhum Deus ou outro ser metafísico: é criada pela fabulação dos homens. inexiste em suas obras qualquer definição conceitual explicíta e específica do termo revolução. com as relações de propriedade no seio das quais se tinham até aí movido. por exemplo). já estudiosos ligados à tradição marxista tendem a delimitar diferenças fundamentais entre eles.” Em verdade. O que Marx oferece são descrições e projeções históricas inspiradas nos estudos que fez acerca das revoluções francesa. Marx se ocupou muito pouco em criticar sistematicamente a atividade religiosa. Importante notar que Marx não entende revolução enquanto algo como reconstruir a sociedade a partir de um zero absoluto. Marx considerava que toda revolução é necessariamente violenta. pois crê que as concepções religiosas tendem a desresponsabilizar os homens pelas consequências de seus atos. Estudiosos pertencentes à tradição neo-ricardiana tendem a considerar que existem poucas diferenças cruciais entre o pensamento econômico de um e outro. assim como é o espírito de uma situação carente de espírito. Diferente do apregoado pelos pensadores contratualistas. para Marx o poder político do Estado não emana de algum consenso geral. logo. em maior ou menor grau. por exemplo. ainda que isso dependa. A necessidade de violência se justifica porque o Estado tenderia sempre a empregar a coerção para salvaguardar a manutenção da ordem sobre a qual repousa seu poder político. indica claramente que a instauração de um novo regime só é possível mediada pelas . A avaliação do grau de influência da obra de Ricardo sobre Marx é bastante desigual. o que é apenas uma expressão jurídica delas. mas como premissa para maturação das forças produtivas (produtividade do trabalho) das condições positivas e negativas da emancipação proletária. . e a práxis é o grande fundamento do pensamento de Marx. CRÍTICA AO ANARQUISMO Criticou o anarquismo por sua visão tida como ingênua do fim do Estado onde se objetiva acabar com o Estado "por decreto". O CAPITAL A grande obra de Marx é O Capital. mas comove os atores. que instauraria um novo regime sem classes. Marx finaliza as Teses sobre Feuerbach. cultura. já que a objetividade histórica é produto da humanidade (dos homens associados. poderia também ser definido como uma "dialética realidade-idealidade evolutiva". mas não só. como a da homogeneização da condição proletária internacional gerado pela "globalização" do capital. não como solução para o proletariado. por ter uma tendência autoritária e superada. A revolução proletária. oposto ao materialismo dialético de Marx. Pois a própria interpretação está condicionada ao mundo posto. etc). Pois sendo a história uma produção humana. tanto em sentido negativo (desemprego). Nesta obra monumental. É predominantemente um livro de Economia Política. luta política. E assim. e sendo as ideias produto das circunstâncias em que tais ideais brotaram. na qual trata de fazer uma extensa análise da sociedade capitalista. fazer história racionalmente é a grande meta. exemplo: multinacionais).instituições do regime anterior. só a ação revolucionária produz a transcendência do mundo vigente. Na obra Miséria da Filosofia elabora suas críticas ao pensamento do anarquista Proudhon. Marx discorre desde a economia. Ou seja. só obteria sucesso pleno após a conclusão de um período de transição que Marx denominou socialismo. trata-se sempre de um "drama histórico" (termo que Marx usa em O 18 Brumário de Luís Bonaparte) e não de um "determinismo histórico" que cairia num materialismo mecânico (positivismo). histórico. mas de transformá-lo. as relações entre a realidade e as ideias se fundem na práxis. não se trata de interpretar diferentemente o mundo. O materialismo dialético. como em sentido positivo (em que o próprio capital centralizaria a economia. E o próprio fazer da história que criará suas condições objetivas e subjetivas adjacentes. ao invés de acabar com as condições sociais que fazem do Estado uma necessidade e realidade. A PRÁXIS Na lógica da concepção materialista da História não é a realidade que move a si mesma. Ainda. criticou o blanquismo com sua visão elitista de partido. até a sociedade. Sua visão política era profundamente marcada pelas condições que o desenvolvimento econômico ofereceria para a emancipação proletária. Posicionou-se a favor do liberalismo. O novo é sempre gestado tendo o velho por ponto de partida. mas que representa a condição humana real a que está submetido. científica. E que afirmar ou negar a existência de Deus. filosófica. Os demais volumes foram organizados por Engels e publicados posteriormente. Marx faz a mais extensa e sistemática apresentação do que seria uma sociedade socialista. por trás da pseudo-imediaticidade do mundo econômico reificado as relações inter-humanas que o edificaram e se dissumularam por trás de sua obra.) A IDEOLOGIA ALEMÃ Na obra Ideologia Alemã. ainda que suas categorias não tenha a ambiguidade especulativa própria da obra de Hegel. e o fim do Estado é literalmente o "povo em armas". quanto para o proletariado em particular. ainda que sempre tente desviar desse tipo de "futurologia". ou seja.política. tanto para a humanidade em geral. esta diferença é o lucro do proprietário da fábrica. etc. O ponto de vista deve ser sempre o de ver as religiões como reflexões humanas fantasiosas de si mesmo. a esta diferença Marx chama de valor excedente ou maior. A diferença entre o que o empregado produz e o que ele recebe. se dividirmos o valor dos carros pelo trabalho realizado dos operários teremos o valor do trabalho de cada operário. Sobre o caráter da abordagem econômica das formações societárias humanas. a mais-valia seria o valor extra da mercadoria. Na Crítica ao Programa de Gotha. como poderá obter uma base concreta para sua luta política. Em A Guerra Civil na França. no entanto. Marx apresenta cuidadosamente os pressupostos de seu novo pensamento. ou mais-valia. No Manifesto Comunista apresenta sua tese política básica. É uma obra analítica. por não ser rigorosamente científica. sintética. afirmou A. Vol 31. Os operários em determinada produção produzem bens (ex: 100 carros num mês). só assim poderá se desviar da ideologia dominante ("a ideologia dominante" é sempre da "classe dominante")."[27] Cabe lembrar que O Capital é uma obra incompleta. Marx supera todas as suas tendências jacobinas de antes. filosofia. Em O 18 Brumário de Luís Bonaparte. tendo sido publicado apenas o primeiro volume com Marx vivo.(Singer. mas as teológicas como questões humanas. Paul. e defende claramente que só com o fim do Estado o proletariado oferece a si mesmo as condições de manter o próprio poder recém conquistado. já está uma profunda . que diz que não se deve apresentar questões humanas como teológicas. de Walhens: "O marxismo é um esforço para ler. portanto. uma linguagem pouco atraente e nem um pouco fácil. Uma obra de difícil leitura. Marx – Economia in: Coleção Grandes Cientistas Sociais. descritiva. são ambas teologia. crítica. A MAIS-VALIA O conceito de Mais-valia foi empregado por Karl Marx para explicar a obtenção dos lucros no sistema capitalista. Entretanto os carros são vendidos por um preço maior. o fim da "monopólio da violência" que o Estado representa. só uma obra como O Capital é o principal conhecimento.Dentro da estrutura do pensamento de Marx. Na Questão Judaica apresenta sua crítica religiosa. já que através de uma análise radical da realidade que está submetido. Para Marx o trabalho gera a riqueza. de redigir exposições em termos populares das ideias de Marx visando facilitar sua difusão. A divisão do trabalho baseava-se no sexo. Engels igualmente se ocupou. Após a morte deste. Este tipo de vida leva à criação de laços comerciais e políticos entre aldeias. Normalmente designam-se apenas por Civilizações. principalmente no início da associação entre ambos. COLABORAÇÃO DE ENGELS Engels exerceu significativa influência sobre as reflexões intelectuais de Marx. Engels tornou-se não só o organizador dos muitos manuscritos incompletos e/ou inéditos legados.001% da população da terra ainda vive neste tipo de sociedade. Estes estados tradicionais tiveram vocações expansionistas e de . Estabelecem predominantemente relações de cooperação. As sociedades de recolectores são consideradas sociedades de abundância. Dispunham de uma hierarquia de poder e prestígio baseada na idade e no sexo. Sociedades Agrárias Predominam ainda hoje em grande parte da terra. São mais complexas que as sociedades de recolectores e nelas já se verificam fenômenos de desigualdade social.análise sobre o terror da "burocracia" e como esta representa a camada camponesa. mas também o primeiro intérprete e sistematizador das ideias de Marx. período em que Engels dirigiu a atenção de Marx para a Economia Política e a história econômica da Europa. Sociedades Pastoris São sociedades que migram ao longo do ano. TIPOS DE SOCIEDADE Sociedades de Recolectores As primeiras sociedades humanas viviam da caça e da recolecção. urbanas. este tipo de sociedade que se dedica à criação de gado. à procura de pastos para os seus rebanhos. Os homens dispunham de poder político e funcionavam em assembleias participadas por todos os homens adultos que habitavam os limites do seu território. Estabelecem grande número de contactos com outras sociedades uma vez que se deslocam por grandes áreas. desde bem antes do falecimento de seu amigo. O trabalho da terra ocupa homens e mulheres de todas as idades. que por sua própria condição(como ele explica) tem tendências autoritárias. Sociedades Não Industriais ou Estados Tradicionais 6000 anos antes de Cristo começaram a surgir sociedades mais complexas. São comunidades autônomas na subsistência e tendem a acumular os seus excedentes uma vez que são sedentárias. Nos nossos dias ainda existem em grande número. Hoje 0. Geralmente são pacíficas e sem desigualdades sociais significativas ao nível da riqueza e do poder. A posse da terra é o principal critério de prestígio e riqueza. A escrita e a arte faziam parte do seu quotidiano e foram governadas por reis e imperadores. com grandes desigualdades sociais e políticas. É o caso dos pigmeus Mbuti. definição clara de fronteiras. Muitos estados tradicionais estabelecidos foram depois colonizados pelos europeus.R. As sociedades industriais permitiram o desenvolvimento dos Estados Nacionais. transformando-se em colônias européias(Índia. cresceram até se tornarem grandes metrópoles com a população a trabalhar em fábricas.. a eles submetidos e nalguns casos exterminados. Alemanha. O resto da população vivia uma vida dura de trabalho e pobreza. XVII. Esta divisão e especialização conduziu a grande diferenciação social. exploração dos seus recursos em favor das respectivas metrópoles. enquanto que a situação do primeiro só é possível graças à sua relação com o terceiro. Sociedades Industriais – o mundo moderno A industrialização começou na Inglaterra mas estendeu-se a todo o mundo. Desapareceu completamente com o desmembramento da U.algumas delas surgiram autênticos impérios (Romano e Chinês). Estados Unidos.S. Dispondo de produção mecanizada. Este sistema colonial gerou grandes desigualdades entre aquilo a que se convencionou chamar o Primeiro Mundo (colonizadores) e Terceiro Mundo (colonizados). O expansionismo destes estados levou à submissão de territórios não europeus. Aztecas e Incas). Japão. Com o desenvolvimento das comunicações e dos transportes dá-se uma homogeneização das culturas criando identidades culturais no espaço dos Estados-Nação. A situação do terceiro mundo é consequência da existência do primeiro e do que se passou no segundo. pastoris e agrárias e a totalidade dos Estados Tradicionais. Estes estados muito poderosos estenderam a sua supremacia para além das suas fronteiras européias. levando ao desaparecimento da grande maioria das sociedades recolectoras. e ao surgimento de governos fortes. caçadoras. Segundo e Terceiro Mundos A origem destas designações deve ser associada à criação de impérios coloniais por parte das nações europeias a partir do séc. Os estratos sociais distinguiam a aristocracia rica e ociosa que dispunha de muitos escravos.Exemplos: Grã-Bretanha. aplicação de legislação nacional capaz de controlar muitos aspectos da vida dos cidadãos. com rigorosa divisão do trabalho e forte especialização profissional e segregação sexual no trabalho. Sociedades de Primeiro. . Paquistão. O sistema ocupacional destas sociedades era complexo.S. O Segundo Mundo refere-se às antigas sociedades comunistas de economia planificada e propriedade colectivizada. escritórios e lojas. as sociedades de tipo industrial acumularam mão-de-obra no sector secundário retirando-a ao sector primário e dando origem a um povoamento concentrado nas cidades industriais que. O estado-nação está associado ao desaparecimento das culturas regionais e dialetos locais. lutas internas. más condições de habitação. enquanto outros não conseguiram ainda sair da situação de dependência total. Singapura e Formosa são exemplos de países do terceiro mundo que já iniciaram processos de industrialização dando origem a uma mudança social. Para haver família tem de haver parentesco (seja por casamento. Casamento e Vida Pessoal A família deve ser considerada como uma instituição social. problemas sanitários. As nações ricas tornam-se mais ricas e as nações pobres tornam-se mais pobres e. fato estabelecido por lei. baixa produtividade. ao mesmo tempo. com os consequentes problemas de integração. etc. Entre os principais problemas do terceiro mundo contam-se: a fome. O México. seja por laços de sangue). O estabelecimento da produção e do comércio em redes mundiais pôs em relação todas as partes do mundo de modo que qualquer alteração regional ou local pode provocar. pelas relações de sexo e pelas relações geracionais. A situação dos diferentes países do terceiro mundo é desigual. grande desigualdade social entre sexos. por um fenômeno ocorrido do outro lado do mundo. Mudança Social hoje: A Globalização A globalização caracteriza-se pela interdependência do mundo. falta de água potável. ou ter sido provocada. problemas culturais. Hong Kong. A interdependência não é igual para todos e chega a acentuar as desigualdades herdadas da era industrial. eletricidade. baixa esperança média de vida. laços de parentesco e casamento. as suas sociedades não são de tipo tradicional. subnutrição. entre as quais destacamos as principais: Família Nuclear e Família Extensa. que não permite a nenhuma sociedade humana viver completamente isolada das demais. O fato de se falar em globalização não nos leva a falar em homogeneidade cultural e social. Sarraceno diz que “a estrutura da família se define pelo modo como as pessoas que a compõem se colocam ao longo de dois eixos. pobreza extrema.” Existem vários tipos de famílias. respectivamente horizontal e vertical. geram-se maiores desigualdades no seio de cada nação. Família. Nas sociedades ocidentais o casamento é sinônimo de monogamia. saneamento básico. ao contrário do que se passa em muitas outras sociedades extra-européias em que . Coreia do Sul. epidemias. para haver casamento tem de haver reconhecimento social. Brasil. pois seguem modelos ocidentais mal sucedidos.Embora o terceiro mundo não tenha um nível de vida como o dos países do norte. Um outro problema grave da globalização são as migrações de pobres e desempregados para os países mais desenvolvidos. Para Guiddens as principais questões sociológicas acerca da família partem da relação entre família. muito antes da Revolução Industrial. O casamento é baseado no amor romântico e a fundação da família baseia-se na conjugalidade. o fato destes serem bastante efêmeros leva a que os casamentos se degradem. já que o fato de ter um salário lhe permite a possibilidade de viver sozinha. ou seja. As altas taxas de divórcio e a recomposição familiar não afectam mais a estabilidade da família do que os elevados níveis de mortalidade ameaçaram no passado. Dizem mesmo que a existência deste tipo de famílias foi favorável ao desenvolvimento da industrialização. refazer a sua vida afetiva através de outra relação conjugal que traga satisfação pessoal e que se torne um novo eixo de reconstituição familiar. A independência econômica da mulher tem também contribuído para o aumento dos divórcios. Outros autores consideram que não existe um tipo único de família que possa ser aplicado a toda a Europa e que é preciso considerar uma grande diversidade de situações. Nos seus estudos contrapuseram a visão de Durkheim de que a família se foi tornando progressivamente nuclear por força do processo de industrialização e urbanização. conduzindo à crise da conjugalidade e. mas em muitos casos não estão dispostos a sacrificar a sua vida afetiva para manter a família unida. Preferem dissolver a família e. tão rápido quanto possível. A Família na História Ao longo dos tempos tem existido uma imensa diversidade de maneiras de constituir família.podemos encontrar a poligamia quer poligênica (um homem – várias esposas) quer poliândrica (uma mulher – vários maridos). Autores como Stone ou Lasllett consideram que a família nuclear existiu na Europa desde os séculos XV e XVI. o que faz com que a degradação das relações conjugais afetem a estabilidade familiar. por conseqüência. à crise da família. A estabilidade da família não está mais ameaçada no nosso tempo do que o esteve no passado. pela influência do modelo ocidental levado a outras paragens aquando da expansão das sociedades européias. Separação e Divórcio no Ocidente O divórcio é um dos fatores que mais contribui para a instabilidade da família ocidental. O divórcio e a reconstituição familiar são duas tendências paralelas. O chamado “Grupo de Cambridge” debruçou-se nos anos 70 sobre a evolução das famílias europeias. o que demonstra que as pessoas não estão descontentes com o casamento. com maior incidência no caso da Europa Meridional. Atitudes de Mudança no Seio das Famílias . Uma vez que o amor romântico implica o envolvimento aflitivo e a cumplicidade. A família de tipo nuclear tem vindo a crescer em desfavor dos tipos extensos de família. As classes mais baixas estão mais expostas ao conflito de gerações. liberdade etc. as classes médias são mais permissivas e os comportamentos potenciam mais a mudança social. enquanto as classes médias estão mais expostas ao individualismo e egoísmo. .O desempenho dos diferentes papéis e a distribuição da autoridade no seio das famílias variam de classe para classe.. As classes trabalhadoras mantêm-se mais tradicionalistas e intransigentes no que toca a comportamentos sexuais antes do casamento. os cientistas ainda não têm ideias muito claras acerca da influência do divórcio na crescente violência e criminalidade. Cada vez as mulheres desejam ter menos filhos e muitas optam por não ser mães. É normal relacionar-se a maternidade com implicações negativas na liberdade. Normalmente são famílias encabeçadas por mulheres que ficaram com os filhos após um processo de divórcio. verificam que não dispõem . “vinte e oito em cem casamentos envolvem pelo menos uma pessoa que já foi casada. a taxa de divórcio dos segundos casamentos é ainda maior que a dos primeiros. a maternidade tem vindo a decrescer. Por outro lado há uma maior tendência para o surgimento de casos de marginalidade. tendo as mulheres deixado a esfera doméstica estrita e tendo ascendido a carreiras profissionais. Hoje em dia. a maior parte das mulheres não exercia uma profissão e a sua realização residia exatamente na maternidade. Hoje em dia. Uma em cada cinco famílias com filhos são deste tipo e constituem um dos grupos sociais mais pobres. realização pessoal e profissional das mulheres. curiosamente. Famílias Recompostas São aquelas famílias em que pelo menos um adulto é padrasto ou madrasta. violência e delinquência nestas famílias em que os filhos são vítimas da chamada situação de “pai ausente”. Estarão os Filhos em Extinção? Se por um lado o casamento continua a ser fortemente procurado. Segundos Casamentos No início do século XX a maioria dos segundos casamentos resultava do casamento de viúvos. No passado. Até à idade de 35 anos a maior parte dos segundos casamentos envolve pessoas divorciadas.Agregados Monoparentais As famílias nas quais vive só um dos progenitores estão a crescer na Europa. aumenta o número de novos casamentos de viúvas e viúvos e pelos 55 anos o número de casamentos de viúvos é maior do que a de novos casamentos entre pessoas divorciadas. e apesar de alguns indicadores neste sentido. de acordo com Guiddens. A partir dessa idade. Na maioria dos casos o divórcio tem fortes implicações econômicas na vida das famílias e são as famílias monoparentais as que mais sofrem este impacto negativo. Este fato pode ser atribuído a questões culturais mas também às condições econômicas e sociais que afetam a vida das mulheres. Preferem associar estes problemas à pobreza e à exclusão social. Estas famílias apresentam problemas específicos pois têm de lidar com situações para as quais não tiveram qualquer aprendizagem uma vez que em princípio não cresceram em famílias desse tipo.” Os divorciados casam-se em maior número que os solteiros da mesma idade e. No entanto. aceite. No entanto. O lado sombrio da Família Atualmente pode dizer-se que a família se baseia no amor e na aditividade. Relativamente à violência doméstica o fato de haver uma certa tolerância cultural. no tempo e no espaço. juízos feitos por terceiros. A Norma A norma é uma construção social e refere-se sempre a um universo social particular. Desvio Inconformidade em relação a determinado conjunto de normas. censuras várias. códigos e leis. O estudo sociológico do desvio baseia-se na aceitação de que a desigualdade social está presente em qualquer grupo humano. Sanções de tipo formal – aplicação de posturas. O desvio pode ser ignorado. rejeições. abuso sexual de crianças.muitas famílias há em que persistem graves problemas afetivos (incesto. O desvio é um atributo que pode aplicar a pessoas individuais ou a grupos. neste último caso fala-se em subcultura desviante. a coabitação. Às punições chamamos sanções. Os . Estudo Sociológico do Desvio É a construção de problemas e modelos conceptuais para compreender e explicar comportamentos que se afastam das normas. ficar só. advertências. tolerado ou perseguido e punido. Por isso as carreiras profissionais femininas ou são muito limitadas ou então levam à opção de não ter filhos. Alternativas ao casamento e à família As comunas. não contribuindo para a redução de casos. Estes problemas são difíceis de estudar uma vez que os envolvidos têm tendência para os ocultar. e estas variam em tipo e importância: Sanções de tipo informal – olhares desagradáveis.do apoio que os homens (grandes profissionais do passado) dispuseram. Um desvio em relação às leis de um país considera-se crime. de sociedade para sociedade. famílias homossexuais. uma vez que varia de grupo para grupo. Sanções fortes – que afetam muito o indivíduo e o seu modo de vida. O crime é uma ordem de desvio e dele ficam excluídos os desvios que não infrinjam qualquer lei escrita. etc. violência familiar). Sanções ligeiras – com pouca repercussão na vida e comportamento dos indivíduos. aceite por um número significativo de pessoas de uma comunidade ou sociedade. facilita a sua não punição. proximidade e intensidade. Os estudos sociológicos do desvio foram feitos no âmbito de diversas teorias: . classe social. Ritualismo (renuncia-se às metas. . as necessidades subjacentes ao crime não o justificam. identidade e poder. uma vez que os conceitos a ele subjacente são partilhados por outras áreas do pensamento.A Pressão Estrutural – Robert Merton. O primeiro é o comportamento propriamente dito e o segundo é a interacção do indivíduo e a sociedade onde se insere. . No sentido de obter informação complementar fazem-se amostragens nacionais onde se incluem perguntas específicas às famílias. utilizam-se novos meios para as alcançar – roubar. o processo de aprendizagem de comportamentos criminosos integra todos os aspectos envolvidos em qualquer tipo de aprendizagem. desvio. O estudo do desvio não é exclusivo da sociologia. rendimento. sobrevalorizam-se os meios). As principais perspectivas não sociológicas são: Perspectiva Biológica – relaciona o desvio com fatores naturais transmitidos por hereditariedade.A Associação Diferencial – Edwin Sutherland centra-se no processo pelo qual se dá o comportamento desviado.modelos de representação do comportamento desviante articulam os conceitos de norma.Combinação das duas perspectivas anteriores – utilizada por Richard Cloward e Lloyd Ohlin. Este defasamento dá origem a 4 tipos de adaptação individual: Inovação (metas mantidas. Estabeleceu uma distinção entre comportamento desviado (desvio primário) e papel social desviado (desvio secundário). baseado em Durkheim que definia anomiácomo sendo a ausência de normas. a associação diferencial varia em termos de freqüência. a aprendizagem envolve as técnicas e motivações ao crime. o que pode constituir uma redução de cerca de 50% dos casos.Edwin Lemert introduziu os conceitos de desvio primário e secundário e a teoria de que o desvio é definido pelas reacções sociais. Rebelião (quando se pretende instaurar novas estruturas de metas e meios). é aprendido pela interação com outros indivíduos num processo de comunicação. Em parceria com Cressey apresenta este processo de génese do comportamento criminoso em 9 pontos: o comportamento criminoso é aprendido (não é inato). duração. Evasão (tantos meios como metas são renunciados – alcoolismo). . Perspectiva Psicológica – relaciona o desvio com tipos de personalidade e com psicopatias.Teoria da Rotulagem . a aprendizagem mais importante é feita em grupos primários. subornar). os motivos são aprendidos segundo a definição legal do que é favorável e desfavorável. refere o defasamento entre metas culturais a atingir e os meios que a sociedade proporciona para o efeito. um indivíduo torna-se delinqüente pela razão de encontrar um excesso de definições favoráveis à violação da lei. Crimes mais frequentes nas sociedades modernas O estudo quantitativo do crime cinge-se aos casos participados à polícia. quando se realizam recenseamentos gerais da população. . indenizações à vítima. O caráter privado das penas está também associado à convicção de que as cadeias servem para recuperar pessoas. a população prisional contém apenas 3% de mulheres. mais associado a subculturas urbanas e à deficiente integração na comunidade. No entanto. Note-se que falamos em comportamentos desviantes e não em indivíduos desviantes. obtendo penas de prisão de duração superior à própria vida ou mesmo a pena de morte. No entanto. Diversos estudos sobre esta temática têm demonstrado que o sucesso na reabilitação de criminosos é diminuto e. etc. A principal finalidade da prisão é “melhorar” os comportamentos individuais (meio de ressocialização).Os estudos mostram uma tendência crescente do crime nas sociedades modernas. A reabilitação é comprometida pelas especificidades do espaço prisional. por exemplo. do que à pobreza. fez surgir também uma nova forma de punição: a perda dessa liberdade. liberdade sob fiança. Mesmo as mulheres que cometem crimes raramente . XVIII. Até aí as punições eram de outro tipo e. Assim. em muitos casos. não a pessoa. as condições físicas e psicológicas em que decorre a privação da liberdade podem levar a resultados completamente opostos. os estudos tendem a desprezar o desvio das mulheres. as cadeias servem para potenciar futuras reincidências. normalmente. Por um lado a punição tem de ser suficientemente desagradável para desincentivar o crime e por outro. prestação de serviços à comunidade. por se considerar que se tratou de um comportamento desviante e o que interessa é banir esse comportamento. a socialização é amplamente condicionada pelo ambiente e o espaço. a maioria dos indivíduos que pratica crimes é considerada como socialmente recuperável. Prisões e Punições O surgimento da liberdade individual como valor central das sociedades após o séc. pensa-se em alternativas à cadeia que sejam individualmente mais eficazes e socialmente mais úteis e menos dispendiosas: pena suspensa. Podem acontecer casos em que a sociedade já não acredita na reabilitação do indivíduo e então ele é segregado formalmente da sociedade. Em Inglaterra. A existência de crimes violentos tem de ser explicada pela combinação de uma pluralidade de fatores sociais em simultâneo. Todo o indivíduo por mais marginal que seja tem alguns comportamentos absolutamente conformes às leis. Esta contradição é fonte de problemas e insucessos. liberdade condicional. O Crime e a Masculinidade As mulheres executam muito menos crimes que os homens. Face à ineficácia das prisões na reabilitação de comportamentos desviantes. assumiam um caráter público. Por todo o mundo existe crime organizado. roubo em grande escala e esquemas de extorsão. O assédio sexual é extremamente comum. Este tipo de crime é mais tolerado pelas autoridades do que outros que envolvam violência. Crimes Governamentais Os maiores crimes da História foram cometidos por Estados. tráfico. A violência doméstica é um tipo de crime muito específico porque se encontra as. Embora a violação seja considerada crime. falsificações. A violação masculina é mais comum nas cadeias e outras instituições fechadas. O julgamento destes casos tem a ver com fatores de ordem cultural e das representações do desempenho de papel feito pelas sociedades. prostituição. práticas comerciais ilegais. embora possam prejudicar ou pôr em risco muitas pessoas em simultâneo. Podem ainda estar ligados à exploração colonial. quer fora dele. desempenho fraudulento das políticas. etc. campos de concentração de Estaline e o holocausto nazista são grandes exemplos deste tipo de crime. em modelos de funcionamento do tipo “familiar” (Máfia) e com sede nas principais capitais onde há oportunidades de “lavagem de dinheiro” (investimento dos rendimentos do crime em negócios legais). . quer em contexto doméstico. Crimes dos abastados e poderosos Chamam-se crimes de colarinho branco (fuga aos impostos.associado a fatores culturais e a estereótipos quanto aos papéis masculinos e femininos. Apesar de existirem gangs de raparigas eles são em número reduzido se comparados com os rapazes. As perseguições políticas.usam de violência. devemos também confirmar os fatores sociais que levam ao crime. poluição do ambiente e roubo) e designam crimes cometidos por pessoas pertencentes a sectores prósperos das sociedades. É aquilo a que se pode chamar um trabalho “profissional” a que muitos se dedicam como forma de vida. em muitos casos pode ser julgado como tendo sido provocada pela própria vítima. As características do crime de violação tornam ainda mais difícil o conhecimento do fenômeno. extermínios. em resultado de um desempenho de papel (ele próprio desviado). fabrico e comercialização de produtos perigosos. Os fatores sociais do crime não são desprezíveis e não nos devemos ficar só pelas explicações ligadas à existência de propensões ou psicopatias. As vítimas do crime Grande parte das vítimas de crimes são mulheres. tráfico de armas. O Crime Organizado Nesta categoria incluem-se o jogo ilegal. fraudes. é um tipo de crime em que se usa o poder ou autoridade laboral no sentido de forçar favores sexuais. desfalques. desvios. drogas e materiais nucleares. Ou seja. Etnicidade O conceito de etnicidade refere-se às diferenças culturais entre grupos sociais ao longo de tempos e espaços diferentes. Os outros grupos. É frequente que se encontrem isolados espacialmente em áreas desfavorecidas. ficam prejudicados tornando-se maiores potenciais de desvio. As desigualdades sociais entre grupos étnicos tem a ver com a sua situação política e social. Aos grupos cultural e numericamente em desvantagem numa sociedade chamamos minorias étnicas. sendo infundado cientificamente. Estas opiniões e atitudes constroem-se em função dos interesses específicos desses grupos e por tanto obedecem a critérios oportunistas. A sociedade está em constante mudança e é precisamente o desvio que leva à procura de adaptações e melhoramentos e por isso à mudança (se não houvesse desvio. que se define pelas diferenças que apresenta em relação a outros. O sentido de unidade e de diferença em relação aos outros é reforçado pelos mecanismos de segregação social de que são alvo. pelo seu acesso ao poder político. mas o inverso já se torna difícil. A Ciência acaba de confirmar a inoperacionalidade do conceito de raça que. O racismo é a crença na superioridade intelectual de certos grupos humanos com características físicas particulares. é fácil cumprir as regras quando elas nos dão jeito. Segundo Guiddens. Preconceito e Discriminação O preconceito permite compreender que as representações que os grupos sociais fazem acerca de outros grupos não têm necessariamente um fundamento de verdade. consequentemente. com o poder de que dispõem os diferentes grupos e. A descriminação não é uma opinião ou atitude. Nos processos de socialização são estimulados nos indivíduos os recursos que permitem afirmar as diferenças culturais no sentido de reforçar a identidade dos grupos. um comportamento tido em relação a indivíduos pertencendo a grupos diferentes.Crime. é uma prática. O sentimento de diferença cultural é aprendido socialmente como meio de identidade de um grupo. serve de suporte a um fenómeno social altamente lesivo que é o racismo. a capacidade de materializarem os seus interesses específicos. . as sociedades mais tolerantes com os desvios às normas não sofrem uma ruptura se conseguirem níveis significativos de justiça social. divergentes. As minorias étnicas podem não apresentar diferenças físicas em relação ao grupo dominante. não havia necessidade de mudar). Desvio e Ordem Social Tal como já vimos o processo de desvio é inerente à vida social. Os grupos dominantes têm maior possibilidade de estabelecer normas e de as fazer cumprir. Os conflitos nacionalistas e a precariedade econômica de muitos países tem trazido grandes contingentes de imigrantes à Europa. fechamento de grupo e repartição de recursos. relativamente a holandeses. Não há sociedade sem desigualdade. Destaca-se a actuação de milhares de negros sob a orientação de Martin Luther King. contingentes de desalojados. As estatísticas demonstram que os imigrantes africanos continuam a sofrer os maiores problemas no trabalho. desfavorecidos. tendem a mostrar as dificuldades e experiências negativas por que passam especialmente os imigrantes africanos. Mesmo depois da sua abolição os negros continuaram a ser segregados das mais diversas formas. em última análise. pois ela é o elemento fundamental da vida social. Outros estudos. Apesar da universalidade do etnocentrismo a História mostra que as relações de miscigenação (mistura de povos) podem apresentar variantes muito diferentes. nas relações coloniais que levaram à exploração dos negros e outros grupos por parte dos brancos colonizadores. mesmo quando as legislações os protegem relativamente. no desenvolvimento equívoco do conceito de raça e. Estes grupos afetado de grandes problemas do ponto de vista econômico e social são os mais expostos a fenômenos racistas do tipo “bodes expiatórios”. deixaram as suas terras para se fixarem em países estrangeiros onde se tornaram minorias dominadas. de ordem qualitativa. a razão de ser da sociologia. O desenvolvimento do racismo moderno tem raízes na cultura européia. O estudo da estratificação refere-se ao estudo dos sistemas estruturais de desigualdade entre grupos de indivíduos. ingleses e espanhóis. Basicamente existem quatro sistemas de estratificação social: . como no caso dos escravos. Prováveis desenvolvimentos nas relações étnicas O estudo dos problemas relativos às minorias étnicas apresenta diversos problemas uma vez que a situação de clandestinidade de muitos imigrantes faz com que a informação estatística seja incompleta.A sociologia utiliza três conceitos na explicação destas atitudes e comportamentos: etnocentrismo. Conflitos Étnicos: perspectiva histórica Desde a época moderna. Os colonizadores portugueses actuaram de um modo muito diferente. Nos EUA uma longa história de luta pelos direitos de cidadania teve início. voluntariamente ou à força. A escravatura é um dos exemplos mais cruéis de discriminação. Desigualdade Social: sistemas de estratificação social A desigualdade social é. Recorde-se o sistema de segregação racial (apartheid) instaurado na África do Sul após a II Guerra Mundial. nomeadamente no valor simbólico das cores preto e branco. Nalguns países existe ainda a classe dos camponeses (que praticam a agricultura tradicional). o processo é fluido e flexível. as classes não são permanentes. etc. A desigualdade advém da divisão do trabalho. prestígio. a classe média (colarinhos brancos) e a classe trabalhadora (colarinhos azuis). moral. política e econômica. Perspectiva Weberiana A teoria de Max Weber parte da de Max mas introduz alguma complexidade: as classes resultam da distribuição desigual do poder. Classes – os grupos distinguem-se pela posição que ocupam no processo produtivo e na posse dos bens. a localização dos indivíduos numa classe é determinada pela sua posição face ao mercado. esta desigualdade gera descontentamento social e gera conflitos (estes conflitos são o motor que faz mudar a sociedade. intelectuais. as principais classes sociais são os capitalistas e os proletários mas um grande número de posições intermédias são responsáveis por um sistema complexo e de grande conflitualidade. Estados – grupos também fortemente hierarquizados. o grupo dominante socialmente é o que controla as forças de produção e detém o capital. A grande diferença em relação às duas anteriores é o facto da posição não ser estatutariamente herdada mas adquirida. a sua capacidade econômica para aceder a saberes. As três classes mais importantes das sociedades ocidentais modernas são a classe alta (patrões e dirigentes executivos). qualificações. os indivíduos entram e saem delas. no entanto a . empregos e propriedades.. mas mais flexíveis do que as castas. o conflito de classes surge do desejo de equidade social. o grupo dominado detém apenas força de trabalho. Este sistema de estratificação é típico das sociedades industrializadas. a combinação destes critérios resulta numa grande variedade de estatutos sociais (status). a posição de classe é independente da consciência de pertença a essa mesma classe. títulos. exemplos de classes podem ser os proprietários. Teorias sobre a estratificação nas sociedades modernas Perspectiva Marxista Os marxistas explicam a desigualdade social a partir do pensamento de Marx. A teoria marxista das classes sociais diz que: a organização social depende da econômica. quer a nível social e político. honra. Atualmente as diferenças de classes têm vindo a esbater-se. estruturam a distribuição dos indivíduos ao longo de posições sociais dificilmente alteráveis. bens. Castas – grupos fechados de indivíduos hierarquizam-se rigidamente. a posição de classe não é herdada e deriva dos recursos que o indivíduo desenvolve ao longo da sua vida. os estatutos são inalteráveis e adquiridos por hereditariedade. a posição de classe é determinada na esfera econômica (existe uma enorme variedade de posições de classe que refletem as diversas capacidades econômicas e de acesso a bens materiais).Esclavagismo – existem homens que são propriedade de outros homens e tratados com estatuto de grave inferioridade cívica. o poder é variável quer a nível econômico. desigualdade social permanece. não são permanentes. O gênero é uma das grandes dimensões da desigualdade. Não existem sociedades modernas em que as mulheres tenham mais riqueza e status que os homens. Os grupos de status. Hoje. Hoje em dia os pobres são os excluídos do sistema de emprego. velhos. As classes e os estatutos sociais são diferentes facetas do sistema de estratificação. Status O status. marginais e delinquentes. Mobilidade Social O conceito de mobilidade social refere-se aos movimentos individuais e de grupos entre diferentes posições socioeconômicas. diz respeito às diferenças entre indivíduos na esfera social e ao prestígio que cada indivíduo tem aos olhos dos outros. baseado na religião ou em ideiais políticos. No passado os pobres eram os que tinham maus empregos. Pobreza Relativa – comparação das diferentes condições de vida dos indivíduos. grande parte dos que trabalham. embora relativamente pobres. doentes. . hoje. Apesar de não terem os mesmos critérios. Grande parte da mobilidade social resulta da mobilidade profissional. A intensidade da mobilidade vertical indica-nos o grau de abertura à mudança de uma sociedade. Desigualdade e Pobreza Pobreza Absoluta – incapacidade de aceder ao mínimo de subsistência de modo a ter acesso a uma existência psicologicamente equilibrada. Esta divisão. não têm as condições de miséria e dureza que tinham os operários do séc. Podemos considerar uma mobilidade de tipo vertical ascendente ou descendente e uma mobilidade lateral ou horizontal relativa a movimentos geográficos. O estatuto pode desempenhar um papel mais relevante na aquisição de recursos do que uma classe. O poder pessoal depende do prestígio social. apesar de não corresponder a uma divisão de classes pode afetá-la. Podemos ainda considerar uma mobilidade intra-geracional quando nos referimos aos movimentos que decorrem durante uma vida ou de mobilidade intergeracional. Partido Os partidos são organizações de indivíduos com interesses comuns com o objetivo de em conjunto atingirem fins comuns. têm acesso a um conjunto de bens muito maior. para Weber. quando as alterações de classe ou estatuto se dão de uma geração para outra. toxicodependentes. mas muito mutáveis. os partidos não deixam de ser um mecanismo de estratificação. nos quais ganhavam mal e eram explorados. tais como os de classe. XIX e. um indivíduo pode pertencer a uma classe econômica elevada e ter um baixo estatuto social. A escolha do modelo de desenvolvimento econômico tem importantes efeitos na estrutura social. Cada vez mais as organizações enquadram vastos sectores da vida humana. No entanto a distância que separa ricos e pobres em todo o mundo capitalista não é a mesma. nele existem fortes desigualdades sociais. As organizações.mulheres chefes de família monoparentais. Entende-se por organização um vasto grupo de pessoas. O estudos das organizações em Weber está estreitamente ligado ao estudo da burocracia. O equilíbrio via estatal também é desigual. Sendo múltiplas as organizações de que depende a nossa vida. Os Grupos Sociais – As Organizações No desenvolvimento da sua vida o homem integra diversos grupos sociais (grupos primários e grupos secundários). uma vez que há Estados mais capazes do que outros de fazer face ao problema da pobreza e promover o bem estar e o equilíbrio coletivo Classe. agudizam-se as assimetrias sociais entre um vasto grupo de muito pobres e um pequeno grupo de muito ricos. de forma completamente liberal. convém lembrar que para certos grupos sociais desfavorecidos é muito difícil ultrapassar esse estado e que. O autor considera que as organizações tendem a ser de tipo burocrático. são assim. isto é. pode dizer-se que a pobreza tal como a riqueza. Teoria das Organizações de Max Weber: a burocracia Pertence a Max Weber a primeira teoria das organizações modernas. Renano – tem maior tradição comunitária e nele os interesses coletivos sobrepõem-se aos individuais. . nestes casos. desigualdade e competitividade econômica O sistema capitalista produz enormes assimetrias sociais. com os ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. o nosso espaço individual precisa adaptar-se às diversas inter-relações entre as diferentes organizações. uma fonte de poder que se impõe ao indivíduo. constituídas por funcionários. Guiddens fala em dois modelos: Americano – fortemente individualista e regido pelo mercado. A família e o grupo de amigos são exemplos de grupos primários. Embora a pobreza possa ser combatida e os indivíduos não tenham de viver toda a suavida em estado de pobreza. as organizações são exemplos de grupos secundários. encontrando-se por isso menores diferenças entre as várias classes sociais. A observação histórica tem demonstrado que quando a economia se organiza em função do mercado. estruturado em linhas impessoais e constituído para se alcançarem objetivos específicos. também se herda. que ficam à margem do sistema econômico e vivem no limiar da pobreza. Estudos posteriores a Weber chamaram a atenção para o fato do desenvolvimento de redes informais ser tanto ou mais importante para o funcionamento das organizações. as normas encontram-se escritas sob a forma de regulamentos que orientam os desempenhos profissionais esperados. pois este reflete todo o sistema de ordenação social e de autoridade da organização. 3. Para Weber a eficácia da organização depende da sua aproximação a este modelo. impedindo as relações informais. os funcionários são trabalhadores a tempo inteiro e os seus serviços são remunerados de acordo com o seu estatuto na organização. aliás. as relações de tipo informal nunca estão completamente ausentes das organizações. 2. sendo no entanto mais frequente a sua proliferação nas sociedades modernas. se encontram muito separados tendem a constituir-se relações de antagonismo.Segundo Max Weber em todas as sociedades existem organizações (incluindo as tradicionais). Para o seu estudo Weber utiliza modelo ideal típico e nele destaca os seguintes aspectoscomo sendo característicos da burocracia: 1. Teoria das Organizações de Michel Foucault: o controle do espaço e do tempo Para Foucault é possível conhecer a lógica das organizações a partir da análise do seu espaço exterior. Apesar disso. Quanto mais relações de tipo informal existirem dentro da organização mais flexível ela será. A distribuição dos próprios funcionários condiciona fortemente o seu funcionamento: se estão próximos uns dos outros facilita a criação de grupos primários. do que as redes formais. O espaço onde se instala a organização é concebido de forma hierárquica. Relações formais e informais nas burocracias De acordo com Weber. nas organizações predominam as relações formais entre os indivíduos. onde se espera que façam uma progressão na carreira de acordo com a capacidade técnica e antiguidade. os recursos utilizados para trabalhar não pertencem ao funcionário. Existem dois tipos de vigilância: . 4. Foucault mostra ainda que os espaços abertos no local de trabalho facilitam a supervisão e o controle dos desempenhos. sendo que o espaço dos andares superiores é reservado aos que detêm maior autoridade. a vida privada dos funcionários é independente do seu desempenho e decorre fora do espaço de trabalho. a autoridade encontra-se hierarquizada de forma piramidal e estabelecida por deveres oficiais. conforme os regulamentos. 5. A vigilância é um traço característicos de todas as organizações modernas. mas é de notar que o Japão tem vindo a aumentar consideravelmente a sua importância relativa desde os anos sessenta. Policêntricas – as filiais no estrangeiro são geridas por firmas de cada país. todos os funcionários trabalham em grupo e participam ativamente numa tarefa coletiva. a empresa oferece muito mais do que o ordenado (os diferentes estádios da vida são apoiados pela empresa). a vida pessoal está ligada à vida da empresa e a lealdade é levada ao limite. A influência das grandes empresas As grandes empresas que operam por todo o mundo. Os principais sectores desenvolvidos nos últimos trinta anos pelas empresas multinacionais foram: fabrico de automóveis. Tendências das Organizações: “downsizing” e descentralização A hiperdimensão traz problemas de gestão e de competitividade a nível global pelo quese assiste a uma rápida adaptação ao mercado por parte das multinacionais. cruzando o espaço de várias nações designam-se de transnacionais ou multinacionais. São as empresas japonesas as que mais adaptam este modelo. cada vez . microprocessadores e indústria eletrônica. Não há uma hierarquia piramidal e os gestores de topo consultam regularmente os trabalhadores de níveis mais baixos acerca das suas determinações. Grande parte de todos os negócios do mundo estão concentrados nas mãos de um pequeno número de grandes empresas – oligopólios. O desenvolvimento de carreiras faz-se da seguinte forma: os gestores passam por todas as áreas da organização e ficam a conhecê-la profundamente. Relativamente ao tempo. O horário é o mecanismo que torna possível o uso intensivo do tempo e do espaço. Geocêntricas – têm uma estrutura de gestão internacional e os gestores deslocam-se permanentemente pelas diversas unidades. A sua maioria é de origem americana. O desenvolvimento deste tipo de empresas está associado às características da sociedade industrial e pós-industrial e aos progressos nas comunicações e nos transportes. registros e história dos indivíduos. as organizações possuem horários de trabalho que organizam as atividades dos funcionários no espaço e no tempo. O modelo Japonês A maioria das empresas japonesas tem um modelo organizacional diferente do europeu. Este modelo já foi testado fora do Japão e demonstrou ser igualmente eficiente. a garantia de trabalho é vitalícia e o ordenado depende da antiguidade e não da responsabilidade. Perlmutter considera que existem três tipos de empresas transnacionais: Etnocêntricas – dirigidas a partir do país fundador e em que os modelos de gestão e atuação reproduzem o modelo cultural da empresa-mãe.supervisão direta do trabalho de subordinados de forma a obter o resultado desejado e supervisão subtil e referente à manutenção de arquivos. Como resultado dessa fragmentação observa-se a organização da empresa em redes de pequenas e médias unidades.mais fragmentadas. Trabalho Remunerado e Não Remunerado Anteriormente falamos do trabalho como base do sistema econômico de uma sociedade. O trabalho como instituição social O trabalho é uma instituição social. É um produto social constituído por normas que regulam as atividades humanas fundamentais. para dar lugar a várias pequenas empresas altamente flexíveis e coordenadas pela empresa global. A instituição trabalho organiza a vida dos indivíduos no que respeita aos seguintes aspectos: Aquisição de dinheiro. Estrutura temporal (organização do tempo como função social e não pessoal). nas chamadas sociedades pósmodernas predomina o trabalho ligado ao sector terciário (serviços). O reordenamento da tecnologia e as organizações modernas A organização espaço-temporal das atividades empresariais está diretamente ligada à tecnologia disponível. Identidade pessoal (garantia de equilíbrio emocional e auto-estima). nas sociedades modernas o trabalho industrial e. Nas sociedades pré-modernas predomina o trabalho agrícola. o homem produz muito trabalho remunerado não registrado oficialmente (economia informal) e trabalho não remunerado que resulta de esforço social e cria relações sociais. O tipo de trabalho que assume maior importância está estreitamente ligado à natureza da própria sociedade. ou seja. A possibilidade de encurtar o espaço através do tempo de comunicação cada vez menor. especialização de tarefas. A principal consequência desta divisão é a interdependência . onde a gestão hierarquizada de tipo piramidal já não é eficaz e onde se aplica cada vez mais uma tomada de decisão de baixo para cima. No entanto. atualmente. A divisão do trabalho e a dependência econômica As sociedades modernas caracterizam-se por uma grande divisão do trabalho. indicando formas de comportamento aceites e socialmente valorizadas para a integração social. Variedade de situações em que se movem (para lá do espaço doméstico). aceites pela sociedade no sentido de satisfazer as necessidades sociais. Gestão do nível de atividade – obrigando os indivíduos a desempenhar tarefas que gastam a sua energia de modo racional e útil. riqueza e bem estar (trabalho doméstico e voluntário). mediante maneiras de fazer. Contactos Sociais. permite uma distribuição espacial dos diferentes sectores das empresas que os recursos técnicos antigos não permitiam. As instituições sociais ordenam os aspectos principais da vida das sociedades. Parece que o modelo burocrático se mostra demasiado pesado e antiquado e incapaz de responder às necessidades da economia global. As linhas de montagem tendem actualmente a ser substituídas pela “produção em grupo” que tem como principal vantagem a motivação dos trabalhadores. XVIII) um dos fundadores da economia moderna.econômica: para se obter um produto final é necessária a complementaridade de inúmeras prestações sociais de trabalho especializado. espalhadas por todos os países ocidentais. Os conflitos que opõem trabalhadores e patrões têm evoluído. A “produção flexível” difere radicalmente da produção em série uma vez que pretende obter grandes quantidades de produção individualizadas permitindo dar resposta a pedidos de clientes específicos. Este sistema constituiu um modo surpreendente de produzir a baixo custo. No entanto tem algumas limitações: só pode ser aplicado a indústrias que fabriquem produtos standardizados para grandes mercados. o que gera absentismo e conflitos laborais. Adam Smith (séc. as cópias e imitações de produtos são muito fáceis. Com o desenvolvimento do microprocessador e a sua introdução na indústria surgiu a utilização de robots com especial destaque para a industria automóvel. o sistema é rígido e a alteração das características do produto implica novamente avultados investimentos. evidenciou o fato do trabalho especializado permitir um índice de produção por trabalhador muito superior ao índice de produção em organizações não especializadas. Tendências no Sistema Ocupacional A tendência atual continua a ser a diminuição de ocupações manuais como resultado da desindustrialização. O Taylorismo e o Fordismo são sistemas de produção em que cada trabalhador tem pouca margem de ação e responsabilidade o que implica consequências negativas para o nível de satisfação dos trabalhadores. No séc. XX que se aplicam sistemas de trabalho baseados na responsabilização dos trabalhadores e nos quais estes podem controlar o seu ritmo de trabalho. têm conhecido grande desenvolvimento após a II Guerra Mundial. XIX Taylor teorizou a gestão científica do trabalho o que permitiu o início da produção em massa nas unidades industriais através do sistema de linha de montagem (Fordismo). Desde os anos 70 do séc. quase sempre de natureza salarial. do declínio das indústrias fabris mais antigas e da . países com mão-de-obra cara não conseguem competir com países de mão-de-obra barata. desde formas espontâneas de protesto até à presente reivindicação por via institucional. enormes quantidades de produto. Os sindicatos organizam formas de protesto coletivas e recorrem à greve como forma de atingir os seus objetivos. Atualmente a capacidade negocial dos sindicatos encontra-se enfraquecida em face dos altos níveis de desemprego. implica avultados investimentos para o estabelecimento da linha de montagem. As organizações sindicais. Embora as funções tradicionalmente atribuídas aos homens tenham tendência para se abrir cada vez mais às mulheres. Aos homens atribuem-se funções de maior responsabilidade. Muitas mulheres preferem trabalhos a tempo parcial para se poderem dedicar aos filhos o que impede que lhes sejam confiadas funções de grande responsabilidade. ligadas a desempenhos mais interessantes. o que é certo é que ainda hoje existem diferenças muito significativas. incluindo as crianças. O Lock-out é o oposto da greve. Um dos seus aspectos mais penosos é o fato de não trazer qualquer prestígio social a quem o desempenha. XX a limitar o poder dos sindicatos. Na Europa. A situação de discriminação é particularmente notória e dolorosa para aquelas mulheres que sendo chefes de família e tendo os filhos a seu cargo. A greve é uma expressão de conflito laboral organizado na qual um grupo de trabalhadores pára o seu trabalho com o objetivo de obter a satisfação de uma reivindicação. Um dos maiores obstáculos à progressão profissional das mulheres continua a ser a maternidade. . O trabalho doméstico não remunerado constitui uma importante parcela do trabalho social e representa uma contribuição não contabilizada para qualquer economia. No princípio da industrialização trabalhava toda a família. não conseguem auferir salários que lhes permita fazer face às necessidades. Esta situação voltou a alterar-se depois das guerras mundiais e hoje a maior parte das mulheres trabalha em empregos remunerados fora de casa. A somar a tudo isto temos ainda as políticas de vários países europeus que tenderam nos anos 70 e 80 do séc. As Mulheres e o Trabalho Até à era industrial as mulheres trabalharam ao lado dos homens para o sustento da família.concorrência internacional. especialmente dos países asiáticos onde a mão-de-obra é mais barata que no Ocidente. menos rotineiros e aos quais correspondem melhores remunerações. tenta alterar-se esta situação. Com o desenvolvimento do capitalismo industrial a mulher foi afastada das fábricas e passou a dedicar-se ao cuidado da casa e dos filhos. Durante a idade média ocupavam-se nos campos e oficinas de artesanato dos maridos. A situação da mulher no trabalho foi sempre inferior à dos homens bem como o salário auferido. ou seja. quem pára são os patrões e não os trabalhadores. Existem outras formas de protesto nas situações de conflito laboral. através de legislação específica. em condições e períodos de tempo inaceitáveis nos dias de hoje. empresas e sindicatos. Tudo isso implica também uma reformulação do ensino público. cada um pensando no bem de todos e no próprio bem. A formação profissional que permita uma maior flexibilidade profissional (polivalência) parece ser uma das soluções para atenuar este problema. sem querer levar vantagem. Compreende uma diversidade de práticas econômicas e sociais organizadas sob a forma . com ênfase na redução da jornada de trabalho. As relações de trabalho Essas mudanças no perfil da força de trabalho implicam também novas relações entre trabalhadores e empresários. o desemprego afeta-os também do ponto de vista da interação social e da identidade. vender. ECONOMIA SOLIDÁRIA Economia Solidária é um jeito diferente de produzir. com valorização e boa remuneração dos professores e com a introdução de mecanismos nacionais de avaliação de desempenho do sistema educacional. Ou seja. Nas sociedades atuais é fundamental ter um emprego para a realização individual e para o sentido de identidade dos indivíduos. na flexibilização negociada dos contratos de trabalho e nas negociações sobre a introdução de novas formas de organização do trabalho. A pauta de negociações passa a incluir a requalificação da força de trabalho. crise do petróleo 1973. Principais causas do desemprego na Europa: grande concorrência internacional. a pauta alarga-se para além da simples remuneração do trabalho e dá ênfase aos mecanismos de cooperação. pois em menos de duas décadas conseguiram universalizar um ensino básico de qualidade. crescente número de mulheres que chegam ao mercado de trabalho. O exemplo dos países asiáticos é particularmente importante sob esse ângulo. Cooperando. Atualmente o desemprego constitui um dos maiores problemas sociais europeus. A economia solidária vem se apresentando. como inovadora alternativa de geração de trabalho e renda e uma resposta a favor da inclusão social. Algumas alterações na organização do trabalho tentam compensar a tendência para o crescimento do desemprego. comprar e trocar o que é preciso para viver. sem destruir o ambiente. fortalecendo o grupo. Sem explorar os outros. nomeadamente com a redução das horas de trabalho e a antecipação das idades de reforma. além de mecanismos de cooperação entre governos. além de afetar as pessoas do ponto de vista financeiro. reforço da utilização de novas tecnologias. ou seja. nos últimos anos.Desemprego O desemprego é uma variável muito flutuante e que apresenta comportamentos diferentes de grupo social para grupo social no interior de uma sociedade. da direção e coordenação das ações nos seus diversos graus e interesses. poupança e crédito. Envolve diversos tipos de organização coletiva: empresas autogestionárias ou recuperadas (assumida por trabalhadores). que realizam atividades de produção de bens. na participação ativa nos processos de desenvolvimento sustentável de base territorial. Seus resultados econômicos. a união dos esforços e capacidades. Nesse sentido. nas oportunidades que levam ao desenvolvimento de capacidades e da melhoria das condições de vida dos participantes. redes de cooperação. associações comunitárias de produção. políticos e culturais são compartilhados pelos participantes. redes de produção. Dimensão Econômica: é uma das bases de motivação da agregação de esforços e recursos pessoais e de outras organizações para produção. jovens etc. trocas. comercialização e consumo. Os apoios externos. de capacitação e assessoria. das definições estratégicas e cotidianas dos empreendimentos. Solidariedade: O caráter de solidariedade nos empreendimentos é expresso em diferentes dimensões: na justa distribuição dos resultados alcançados. comércio justo e consumo solidário. entre outras. nas relações com os outros movimentos sociais e populares de caráter emancipatório. permeados por critérios de eficácia e efetividade. Considerando essa concepção. a propriedade coletiva de bens.de cooperativas. distribuição. organizadas sob a forma de autogestão. de assistência técnica e gerencial. grupos informais produtivos de segmentos específicos (mulheres. finanças solidárias. Envolve o conjunto de elementos de viabilidade econômica. no compromisso com um meio ambiente saudável. não devem substituir nem impedir o protagonismo dos verdadeiros sujeitos da ação. crédito. Implica na reversão da lógica capitalista ao se opor à . beneficiamento. clubes de trocas etc. na preocupação com o bem estar dos trabalhadores e consumidores. prestação de serviços. associações. etc. sem distinção de gênero. essas organizações coletivas agregam um conjunto grande de atividades individuais e familiares. Autogestão: os/as participantes das organizações exercitam as práticas participativas de autogestão dos processos de trabalho. e no respeito aos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras.). compreende-se por economia solidária o conjunto de atividades econômicas de produção. a Economia Solidária possui as seguintes características: Cooperação: existência de interesses e objetivos comuns. regional e nacional. consumo. ao lado dos aspectos culturais. ambientais e sociais. nas relações que se estabelecem com a comunidade local. a partilha dos resultados e a responsabilidade solidária. a economia solidária aponta para uma nova lógica de desenvolvimento sustentável com geração de trabalho e distribuição de renda. idade e raça. Considerando essas características. mediante um crescimento econômico com proteção dos ecossistemas. clubes de troca. empresas autogestionárias. comercialização e consumo. Na maioria dos casos. Estado Aparelho de poder político legitimamente instituído e reconhecido por outros Estados que. não é uma questão de terra qualquer.. merecido pelo esforço coletivo de construção e preservação e transmitido por herança coletiva. Todas as relações sociais implicam poder. a terra ‘histórica’. participação do povo de forma direta ou indireta no exercício do poder político. . santos e heróis. de modo a influenciar as intenções e conteúdos das atividades governamentais. em diferentes medidas. exerce a soberania dentro dos limites de um dado território. dentro das fronteiras desse território. oraram e lutaram os ‘nossos’ sábios.. Autoridade – uso do poder de forma legítima porque é aceite por aqueles sobre os quais se exerce.Soberania nacional ou capacidade de exercer o poder político de forma autônoma em relação a outros Estados. Conceitos relacionados com política Governo – determinações políticas regularmente tomadas pelos Estados por meio de entidades. e deve ser. . Mas a terra em questão não pode ser em qualquer lado. o local onde viveram trabalharam. Poder – capacidade que todos os indivíduos. ou seja.. têm. a terra natal torna-se o depósito de memórias e associações históricas. está disposto a lutar.” Principais características dos Estados-nação: . Tudo isto torna única a terra natal . De acordo com Antony Smith “as nações devem possuir territórios compactos e bem definidos. Política – meios pelos quais o poder é usado. Povo e território devem pertencer um ao outro . Atualmente todas as sociedades são Estados-nação. para fazer valer os seus interesses na sociedade.. o ‘berço’ do nosso povo . Nas sociedades atuais a participação indireta exerce-se por via do .exploração do trabalho e dos recursos naturais. considerando o ser humano na sua integralidade como sujeito e finalidade da atividade econômica. no seio do aparelho político. a ‘terra natal’. em concorrência com os interesses de outros indivíduos..Posse de um território “histórico” próprio e exclusivo. A legitimidade de um Estado é-lhe conferida por um sistema jurídico próprio e pela existência de um exército capaz de impor a ordem e proteger as fronteiras. É. as riquezas da terra também se tornam exclusivas do povo. que corresponde a uma concepção territorial do poder político. em geral.Cidadania. pois os indivíduos encontram-se em situações diversas e cada um pretende fazer valer os seus interesses pelos quais.. O conceito de cidadania supõe que todos os cidadãos são iguais perante a lei e têm direitos e deveres consagrados num documento que contem os princípios que constituem a nação (constituição). diversos problemas. Nacionalismo Diz respeito aos aspectos mais ideológicos do exercício do poder. tem no entanto associados. Ao estar associada ao sistema capitalista. Estes problemas sociais gerados em grande parte pelas estratégias de globalização econômica do capitalismo. Implica a existência de uma narrativa de nação. pelo desemprego. pelo acentuar das desigualdades sociais. . . A Crise da Democracia Apesar da democracia de ser um sistema político em expansão por todo o mundo. Podemos distinguir três tipos de democracias: .sufrágio (democracias representativas).Democracias Liberais: regimes multipartidários ligados ao capitalismo liberal em que o povo escolhe os seus representantes para o Estado e Governo através de sufrágio. Hoje ainda restam traços deste tipo de democracia quando se recorre ao referendo.Monarquia Democrática Liberal: o poder real é muito limitado ou mesmo simbólico (Bélgica ou Grã-Bretanha). pelas grandes movimentações de migrantes pobres e excluídos. O poder real está condicionado à Constituição que o investe no povo. Democracia A democracia é um termo que significa “governo do povo” no sentido da participação do povo no poder político do Estado. Os Partidos Políticos e os Sufrágios Ocidentais Os partidos políticos são organizações que visam aceder ao Governo através da sua eleição legítima por parte do povo. a democracia torna-se responsável moral pelos problemas econômicos. recaem sobre os Estados democráticos que se tornam incapazes de lidar com a sua dimensão cada vez maior e se tornam desacreditados junto dos seus povos. Nacionalismo e cultura nacional andam de mãos dadas. Os partidos estão associados a interesses sociais e .Democracia Participativa: todas as decisões são tomadas coletivamente (Grécia Natiga). configurada por mitos e símbolos e uma crença na eternidade da mesma. que serve para legitimar a sua autonomia política. A crise da democracia tem a ver com os resultados não previstos do estabelecimento deste regime político. Este sistema não se ajusta a sociedades muito numerosas. cada vez mais afetados. As mulheres envolvem-se em movimentos de defesa dos seus direitos e dos direitos das crianças e progressivamente vão conseguindo alterar o seu estatuto e até uma igualdade relativa aos homens. os partidos que mais têm acedido aos governos são os trabalhistas ou os socialistas. Participação Política das Mulheres As mulheres nem sempre tiveram direito a votar. nacionalista e outras. Na Europa. Forças Globais A democracia generalizou-se em todo o mundo. O eleitorado tornou-se céptico relativamente ao desempenho de partidos políticos e governos à medida que assistiu ao declínio dos seus direitos e ao aumento do poder dos diferentes grupos de interesse.regem-se por ideologias particulares (socialismo. embora a diferença tenda a diminuir. o tratado de Roma deu origem ao . pelo que quase se pode dizer que existe uma cultura de não votar por parte das mulheres e isso vê-se na adesão às urnas. A Comunidade Européia do Carvão e do Aço (CECA) criada pelo tratado de Paris de 1951. Por outro lado a globalização tem vindoa reduzir o poder dos Estados-nação que. desde a 2ª. étnica. Comportamento Eleitoral O final do séc. A União Europeia e o novo mapa da Europa Depois da 2ª. Depois dela foi constituída a Agência Européia de Energia Atômica e finalmente em 1958. notando-se a sua preferência por partidos conservadores. marcada pelo desinteresse na participação política e pelo aumento da abstenção eleitoral. estes em franco declínio desde a queda do muro de Berlim. constituiu o primeiro passo na cooperação econômica do Continente. XX caracteriza-se por uma redução da confiança dos eleitores nos partidos políticos e nos governos. segundo os interesses que defendeme a sua orientação ideológica. A Comunidade Européia é uma resposta dos Estados-nação. Uma das lacunas das democracias modernas reside no fato das sociedades democráticas não terem mecanismos para estimular a igual participação de mulheres e homens na vida política.) Há partidos de denominação religiosa. etc. direita e partidos comunistas. Guerra Mundial. Existem também partidos de centro. As proporções de participação feminina nos sufrágios tendem a ser inferiores às masculinas. praticamente em todas as democracias européias. Guerra Mundial a Europa compreendeu que tinha de se unir e contrariar a tendência beligerante que alimentou durante séculos. As mulheres têm também tendências políticas diferentes dos homens. conservadorismo. incapazes de manter o seu poder estratégico e inseguros quanto ao desenrolar da violência tem procurado formas de associação. A União Européia está organizada em aparelhos burocráticos: . por ser um dos fenômenos que mais duramente tem afetado a humanidade também é objeto de estudo por parte da sociologia. . Mudanças na Europa de Leste A configuração política do continente europeu alterou-se profundamente com a queda dos regimes comunistas na Europa de Leste. bem como as sociedades agrárias e pastoris não dispunham de exércitos. etc. política. tomando decisões legislativas. sendo mais afetadas as mulheres. . militar. A comunidade passou assim de uma cooperação estritamente econômica para uma cooperação cultural. O desenvolvimento dos Estados-nação levou à constituição dos primeiros exércitos regulares.Conselho de Ministros – reúne os ministros dos negócios estrangeiros e alguns funcionários. . .Comissão Européia – composta por comissários nomeados pelos estados membros. Os regimes de partido único deram lugar a sistemas multipartidários e os sistemas coletivistas da propriedade deram origem a sistemas de propriedade privada. a principal nota negativa é a profunda crise em que esses países se viram mergulhados. As transformações produziram também grandes níveis de exclusão social. A principal nota positiva desta mudança é o fato dela se ter dado praticamente se recorrer à violência.Parlamento Europeu – com 518 deputados eleitos que emite pareceres sobre as propostas apresentadas ao Conselho e os discute. mas tão somente de uma tecnologia destrutiva muito rudimentar. As sociedades de caçadores e recoletores. pela dificuldade de adaptação aos novos modelos econômicos de mercado. A Guerra e o Poder Militar A guerra.Conselho Europeu – reúne 3 vezes por ano os chefes de estado ou de governo dos países membros.Tribunal Europeu de Justiça – faz jurisprudência e assegura o cumprimento das leis comunitárias. A comunidade européia teve início com seis Estados e hoje é constituída por 15 e prevêse o seu alargamento. a quem cabe propor políticas para o conselho adoptar ou alterar.que atualmente se chama Comunidade Européia (CE) e que na altura tinha o nome de CEE (Comunidade Econômica Européia). . os nomes de ilhas melanésias e povoações nos desertos norte-africanos.” Durante as guerras mundiais e durante a Guerra Fria. a indústria de armamento tornouse um importante sector da economia mundial e os orçamentos militares não pararam de crescer até ao final dos anos 80. os governos e as empresas trocam idéias. com corpos permanentes de profissionais especializados e um serviço militar obrigatório para todos os homens. As organizações militares tornaram-se burocráticas. bem como do desenvolvimento de uma organização bélica altamente sofisticada. Neste contexto histórico. Este autor diz ainda que tanto a 1ª. XX “foi o século mais assassino de que temos registro. e “todo o mundo foi beligerante ou ocupado. O séc. A segurança internacional ainda vive sob a ameaça do retorno à guerra total. realizam transações financeiras e comerciais e espalham aspectos culturais pelos quatro cantos do planeta. Guerra Mundial foi uma lição de geografia do mundo. estabelecendo relações . A guerra total resulta da industrialização da guerra e da aquisição de uma tecnologia destrutiva maciça e altamente especializada. O fim da guerra fria representou um abrandamento nos gastos militares do Ocidente.Definição Podemos dizer que é um processo econômico e social que estabelece uma integração entre os países e as pessoas do mundo todo. na Normandia. Hobsbawm diz que o séc. tornaram-se tão conhecidos dos leitores de jornais e radiouvintes como os nomes de batalhas no Ártico e no Cáucaso. imposto pelos estados. pois está relacionado com a criação de uma rede de conexões.Enquanto até ao séc. na Birmânia e nas Filipinas. continuando no entanto a gastar-se muito nos países do Terceiro Mundo. considerando a proliferação de armas nucleares e químicas por toda a Terra. o homem europeu entrou em contato com povos de outros continentes. facilitando as relações culturais e econômicas de forma rápida e eficiente. Apesar do fim da Guerra Fria. que deixam as distâncias cada vez mais curtas. Origens da Globalização e suas Características Muitos historiadores afirmam que este processo teve início nos séculos XV e XVI com as Grandes Navegações e Descobertas Marítimas. XX as guerras eram limitadas à resolução de conflitos entre dois ou três estados. XX foi o mais destrutivo de toda a história da humanidade. ou as duas coisas. as pessoas. frequência e extensão da guerra”. Quanto aos campos de batalha. O que é Globalização . XX foi moldada pela guerra total. em Estalinegrado e em Kursk. tanto na escala. Grande Guerra foram globais envolvendo praticamente todos os estados independentes do mundo. Através deste processo. como a 2ª. a história européia do séc. A 2ª. continuam a colocar-se sérios problemas de segurança militar no mundo. O conceito de Aldeia Global se encaixa neste contexto. o Mercosul. casas de câmbio. e comercializado em diversos países do mundo. Com os mercados internos saturados. Blocos Econômicos e Globalização Dentro deste processo econômico. que ganhou força na década de 1970. muitos países se juntaram e formaram blocos econômicos. surgiram a União Européia. financeiras) criaram um sistema rápido e eficiente para favorecer a transferência de capital e comercialização de ações em nível mundial. Investiram muito em tecnologia e educação nas décadas de 1980 e 1990. Como resultado. Atualmente. Muitas delas. podem ser feitos em questões de segundos através da Internet ou de telefone celular. o NAFTA. conseguiram baratear custos de produção e agregar tecnologias aos produtos. A concorrência fez com que as empresas utilizassem cada vez mais recursos tecnológicos para baratear os preços e também para estabelecerem contatos comerciais e financeiros de forma rápida e eficiente.. ao fazer parte de um bloco econômico. Neste contexto. O neoliberalismo. das redes de computadores. Estes blocos se fortalecem cada vez mais e já se relacionam entre si. impulsionou o processo de globalização econômica. pagamentos e transferências bancárias. Internet. pode ser projetado nos Estados Unidos. produzido na China. a Comecom. Um tênis. as instituições financeiras (bancos. consegue mais força nas relações comerciais internacionais. Investimentos. Cingapura e Coréia do Sul) são países que souberam usufruir dos benefícios da globalização. produzem suas mercadorias em vários países com o objetivo de reduzir os custos. principalmente dos países recém saídos do socialismo. por exemplo. são grandes exportadores e apresentam ótimos índices de desenvolvimento econômico e social. cujo objetivo principal é aumentar as relações comerciais entre os membros. Desta forma. entra a utilização da Internet. o Pacto Andino e a Apec. a matéria-prima e a energia são mais baratas.comerciais e culturais. Bolsa de valores: tecnologia e negociações em nível mundial. Aldeia Global e a Língua Inglesa . Taiwan. Os tigres asiáticos (Hong Kong. Uma outra característica importante da globalização é a busca pelo barateamento do processo produtivo pelas indústrias. Para facilitar as relações econômicas. muitas empresas multinacionais buscaram conquistar novos mercados consumidores. cada país. Optam por países onde a mão-deobra. Porém. com matéria-prima do Brasil. Neste contexto. a globalização efetivou-se no final do século XX. logo após a queda do socialismo no leste europeu e na União Soviética. dos meios de comunicação via satélite etc. Na década de 60. Saber ler. Mesmo assim. formando assim uma grande Aldeia Global. No Bloco Oriental o PIB per capita cresceu mais rápido que os grandes países industriais capitalistas. Essa velocidade foi mais rápida nos países atrasados do que nos já industrializados. (Hobsbawm. na Europa Ocidental.Como dissemos. da superprodução e do modelo fordista). sempre viverá em crise. Esses anos foram o maior ciclo de crescimento observado em países de capitalismo desenvolvido. Depois de 1973 a Era de Ouro nunca voltará como antes. Junto com a televisão. falar e entender a língua inglesa torna-se fundamental dentro deste contexto. Havia uma reestruturação do capitalismo e avanço na globalização e internacionalização da economia sendo isso uma contrapartida do século anterior que era cheio de depressões e crises.254) O crescimento da economia em diversos países fez com que mudasse os hábitos de consumo da população e desenvolvesse ainda mais a tecnologia. em 1960 o capitalismo avançava mais que o comunismo. No intento de imitar os EUA vários países aumentaram o desenvolvimento econômico. As pessoas estão cada vez mais descobrindo na Internet uma maneira rápida e eficiente de entrar em contato com pessoas de outros países ou. pois é o idioma universal e o instrumento pelo qual as pessoas podem se comunicar. de conhecer aspectos culturais e sociais de várias partes do planeta. Os Anos Dourados começam em 1950.5% e análises apontavam para um constante crescimento. ligando as pessoas e espalhando as idéias. cada vez mais. Na URSS a taxa de crescimento foi veloz e as economias da Europa Ocidental também foi muito ágil. Essa denominação “Anos Dourados” pode ser justificada como os grandes crescimentos econômicos industriais que aconteceram de repente naquela época. para os EUA essa foi. econômica e tecnologicamente. uma época de mais relativo retardo que de avanço”. Ainda assim. A Alemanha Oriental teve um crescimento mais devagar que a Alemanha Federal não comunista. OS ANOS DOURADOS O período denominado “Anos Dourados” é dividido em duas fases: antes e depois dos anos de 1970. p. o desemprego estacionou em 1. Essa divisão ocorre porque em 1970 tiveram crises econômicas (crise do petróleo. Exemplos disso podemos ver que na Era do Ouro as pessoas já podiam viajar com mais facilidade por . até mesmo. a rede mundial de computadores quebra barreiras e vai. “Na verdade. analisando o crescimento econômico dos Estados Unidos ele cresceu menos do que outros países. a globalização extrapola as relações comerciais e financeiras. p. As riquezas eram divididas desiguais. Nos países com menor desenvolvimento. o mundo se familiarizou com a fome endêmica. As indústrias farmacêuticas também criavam novas drogas para o consumo humano. pois houve uma superprodução em larga escala. As máquinas armamentistas também foram inovadas. fibras e cerâmica foram deixados de lado durante esse período. a lavadora de roupas automática. no Paquistão. Quênia e Nigéria juntos dava apenas 500 desses profissionais. metal.I. O plástico também começou a ser produzido no período entre guerras. A QUESTÃO DO NEGRO NO BRASIL Trezentos anos de escravidão africana no Brasil representada pelo cruel regime social de sujeição do negro e utilização de sua força. vol.000 engenheiros e cientistas para cada 1 milhão de habitantes. o freezer. ele diminuiu o tamanho e também era pilha. criaram problemas bem mais graves e profundos do que geralmente se imagina. 403)” A tecnologia também mudou os costumes da população. Além da riqueza a comida também era distribuída desigualmente. Os países desenvolvidos naquela época tinham mais de 1. explorada para fins econômicos. madeira. Radares e motores a jato foram construídos no mesmo período e o rádio ficou mais portátil. a cada poucos meses de uso elas eram trocadas para que os EUA tivessem os armamentos mais poderosos. assim. (US Historical Statistics. A crescente urbanização e a era do automóvel também foi mundial. Um exemplo disso é a África. por exemplo. Houve a ampliação do papel do Estado e o chamado pacto de “divisão” da produtividade e também o avanço tecnológico provocado pelas guerras. os Anos Dourados levaram à fome. mas entre 1950 e 1970 esse número cresceu de 300 mil para 7 milhões. mesmo em países que passavam por um grande crescimento nos Anos Dourados. não mais de 150 mil norte-americanos viajaram para a América Central ou o Caribe em um ano. calculadoras de bolso a bateria.ter mais recursos financeiros e a preferência era ir às praias. Países do Extremo Oriente e da América Latina não produziram tanto alimento e passaram a importar dos desenvolvidos em troca de produtos agrícolas mais baratos. como propriedade privada do homem branco. a televisão. Barcos e návios foram reformados e os computadores laptops surgiram logo depois. “Antes da guerra. discos de vinil. Os materiais tradicionais como. . pois os consumidores só queriam as novidades tecnológicas transformando a vida de todas as pessoas que viveram nessa época em uma nova geração. mas havia pessoas passando fome do outro lado do mundo. telefone e equipamentos de foto e vídeo. relógios digitais. Enquanto no Brasil. por causa do grande índice de natalidade. pois com os Anos Dourados também chegou a geladeira. Se impactou a comunidade negra, impondo-lhe índices de desenvolvimento humano mais baixos do país, afetou também o etos da população branca,- “Aquilo que é característico e predominante nas atitudes e sentimentos dos indivíduos de um povo, grupo ou comunidade, e que marca suas realizações ou manifestações culturais”Aurélio, com sutis sentimentos contra os afro-descedentes. A discriminação ao negro no Brasil se dá com o encobrimento com subterfúgios como se percebe nas análises de dados socioeconômicos. De fato, embora esteja provada e comprovada a enorme desigualdade pelos índices socioeconômicos oficiais entre brancos e negros, ela continua ser olimpicamente ignorada pela cultura “branca”. Por significativo exemplo, quando se trata da “dívida social” ela é generalizada para todos os segmentos da população do país, esquecendo-se de seu principal credor, a população negra. Pior, qualquer movimento que vise liquidar esse injusto contraste social é logo tachado de discriminar os brancos... A história nos revela claramente qual é o segmento dos injustiçados e dos desprezados do nosso país, com quem, afinal, toda a população contraiu a sua “dívida social”. A corrente negra iniciada em 1559, incrementada a partir do fim do século XVII, só se deteria quase 300 anos depois, em 1850, quando foi cortada pela pressão inglesa Escravatura lícita, sem demônios, era de origem africana, ao contrário do caso do índio, em favor do qual havia uma série de escrúpulos por parte de padres e das autoridades coloniais, o que permitiu um intenso tráfico negreiro inteiramente livre para o Brasil, transformando a escravatura um grande negócio no país. Ainda no século XVI foi implantada a exploração de cana-de-açúcar, que obtivera grande sucesso nas colônias ultramarinas de Portugal no norte da África O escravo índio, embora mais barato, cede lugar à mão-de-obra negra, que invade os engenhos e lavoura de alto rendimento. Antonil- João Antonio Andreoni- assinalou que os escravos negros tornaram-se “os pés e as mãos” do senhor do engenho. Problema em aberto é da estimativa de quantos negros entraram na vigência desse tráfico, mas a maioria dos historiadores a terem somado cerca de 4 milhões de seres humanos. O ciclo do açúcar começa nessa época e dura cerca de 150 anos, vindo a declinar a partir do século XVIII. Apenas cinqüenta e nove anos da descoberta, o desenvolvimento do ciclo da cana já exigia a importação do escravo negro, por que se ajustava à agricultura e ao regime de trabalho sem os intransponíveis obstáculos do escravo índio, cuja cultura se contrapunha ao esforço contínuo exigido na produção do açúcar. Ao ciclo do açúcar, seguiu-se o ciclo do ouro, o oficialmente datado entre 1660 e 1789, mas que se iniciou efetivamente com a corrida do ouro no inicio dos anos 1700, com a vinda às Minas Gerais de levas de renóis, nativos da Bahia, Rio de Janeiro. A vida urbana mais intensa viabilizou também, melhores oportunidades no mercado interno e uma sociedade mais flexível, principalmente se contrastada com o imobilismo da sociedade açucareira. ”Portanto, a camada socialmente dominante era mais heterogênea, representada pelos grandes proprietários de escravos, grandes comerciantes e burocratas. A novidade foi o surgimento de um grupo intermediário, uma classe média incipiente, formado por pequenos comerciantes, intelectuais, artesãos e artistas que viviam nas cidades. O segmento abaixo era formado por homens livres pobres (brancos, mestiços e negros libertos), que eram faiscadores, aventureiros e biscateiros, enquanto que a base social permanecia formada por escravos que em meados do século XVIII, representavam 70% da população mineira...” “Para o cotidiano de trabalho dos escravos, a mineração foi um retrocesso, pois apesar de alguns terem conseguido a liberdade, a grande maioria passou a viver em condições bem piores do que no período anterior, escavando em verdadeiros buracos onde até a respiração era dificultada. Trabalhavam também na água ou atolados no barro no interior das minas. Essas condições desumanas resultam na organização de novos quilombos, como do rio das Mortes, em Minas Gerais, e o de Carlota, no Mato Grosso”. A exploração do ouro demandava a mão-de-obra africana, não só para a exploração direta dos veio auríferos para o branco, como pela contribuição de algumas técnicas de extração aplicadas nas minas em África, fato esquecido pelos nossos historiadores. Dizem as histórias que o escravo Galanga foi rei do Congo e chegou ao Brasil batizado de Francisco (Chico). Acumulou dinheiro, minerando por conta própria e comprou sua alforria e a de seu filho. Depois de livre, comprou a mina da Encardideira — uma área de 80 m2 que ainda pode ser visitada — e, com o ouro, libertou outros escravos. Mas situação como essa, favorável ao escravo era exceção A distribuição de escravos se fazia com a venda a prazo, como se fosse cabeça de gado, mediante a garantia da safra ou hipoteca da propriedade. Uma vasta rede de interesses, com raízes na Metrópole lusitana, e se expandia pelo comércio marítimo e interior, transformou a compra e venda do negro em grande negócio, só superado pelo açúcar e ouro nos séculos 17 e 18. Transformado em “coisa”, o escravo negro foi levado à revolta, ou à imitação do branco o seu opressor. Na tentativa de fugir à sua condição de negro, passou a se autodenominar de “pardo”. Esse fenômeno social do oprimido tentar se identificar com o opressor, se observa em todos os povos subjugados cruelmente por um suposto ser “superior”. Pardo, segundo Aurélio, [Do lat. (leo) pardus (por se considerar que pardus era um adj. referente às manchas de cor escura que distinguiriam o leopardo do leão), de um branco sujo duvidoso, cor entre o branco e o negro. Ora, nunca existiu tal etnia, mesmo porque está comprovado por estudos genéticos que a grande maioria do branco brasileiro, ao contrário do que muitos imaginam, tem fortes afinidades com o índio, não com o negro. Não obstante o surgimento de uma corrente de abolicionistas da escravidão até 1866, no campo das medidas oficiais nada se empreendeu para alcançar a emancipação do negro, isto é, o gozo dos direitos civis. A abolição da escravatura declarada em 13 de maio de 1888, após 300 anos de escravatura não trouxe a emancipação do negro. Continuou excluído da sociedade brasileira. A abolição da escravatura não foi seguida o parcelamento da propriedade com entrega de terras aos escravos, nem se providenciaram escolas de artífices e de educação. Substituiu-se, apenas, o escravo pelo mal assalariado, dentro do mesmo sistema cultural escravagista. “Deixaram-no estiolar nas senzalas, de onde ausentara o interesse pela sua antiga mercadoria, pelo gado humano de outrora. Executada assim, a abolição era um agonia atroz. Dar liberdade ao negro, desinteressando-se, como se desinteressando absolutamente de sua sorte, não vinha a ser mais que alforriar os senhores”, como bem disse Rui Barbosa. Se o fenômeno de tentativa de “ embraquecimento” - a imitação do dominante brancodo negro é bem conhecido, há de se considerar o outro lado da moeda, a atitude superior do branco, a desqualificar instintivamente o negro, gerando graves conseqüências, impedindo a inclusão do negro na sociedade brasileira. Assim, embora as estatísticas demográficas do IBGE mostrem que os “negros e pardos” compõem pelo menos a metade da população do país, economistas, sociólogos, jornalistas, políticos, professores, enfim, a intelligentsia brasileira, ou seja, os intelectuais considerados como classe ou grupo, ou, em especial, como uma elite artística, social ou política branca não se preocuparam com a desigualdade brutal entre negros e brancos no Brasil. Paradoxalmente, já foram gastas toneladas de papel e tinta em torno da chamada “dívida social”, “desigualdade de renda”, Índices de Desenvolvimento Humano - IDH precarissimos- do Brasil, mas sem tocar na realidade dos negros, que se revela clamorosamente nestes dados. A sociedade brasileira desconhece-os, com o obstinado acreditar na ideologia da “a incontestável superioridade do homem branco”, inclusive nos setores que se dizem “progressistas”, “de esquerda”, que se mostram sempre preocupadíssimos com desigualdade social do Brasil. Significativo exemplo, entre milhares: - o conhecido professor de economia da Unicamp Márcio Pochmann, ao avaliar a desigualdade social do Brasil por meio dois indicadores relevantes:- o ensino médio e o superior, diz que 34% dos jovens entre 15 e 17 anos de idade estão matriculados. No Chile, 85% dos jovens nessa mesma faixa etária estão matriculados no ensino médio. E apresenta a sua solução:- Se o Brasil quiser apresentar o mesmo padrão em 2020, isto é, daqui a 15 anos, calculamos que cerca de 4,9 milhões de jovens, adicionais ao que já estão nas classes, vão precisar cursar o ensino médio. Isso significa o aparecimento de 149 mil turmas, o que exigiria 47 mil novas salas de aula e a contratação de 510 mil professores, etc. Tudo bem, não fosse o professor da Unicamp ter usado estatísticas relativas apenas ao segmento branco do país. o seu diagnostico seria bem mais preciso e sua proposta de solução seria mais acurada: “com base no Censo. . se tivesse usado dados referente à outra metade da população do país.De fato. economia do planeta. a desigualdade. agora. vários estudos como o "Mapa da cor no Ensino Superior brasileiro" (http://www.politicasdacor. irá ao encontro de uma minoria que conseguiu superar o gargalo no ensino fundamental e médio. as cotas de negros nas universidades. A tão falada “dívida social”. que a realidade real do país seja revelada pelos índices socioeconômicos do segmento mais numeroso e mais excluído do país. E. Impõe-se. Só aumentará. impedidos de se educarem minimamente. combatê-la e não ser conivente”. talvez. Não sendo discriminado pela cor da pele. Deste modo. o prof. Não fosse o trabalho do negro. impõe-se priorizar urgentemente a educação dos negros. sobre as quais muito se fala nos dias de hoje é apenas um detalhe. Trabalhador branco de mesmo patamar socioeconômico do negro recebe salário bem mais elevado.7% dos brancos com 18 anos ou mais concluíram o Ensino Médio. o negro e pardo. ele mostrou que enquanto 22. Embora seja justa e necessária. continuaríamos ser a Terra dos Papagaios. Certamente. Neste cenário. Quaisquer outras políticas que não sejam dirigidas prioritariamente ao segmento negro. Com dados de 2000. Foram eles que durante 300 anos construíram as bases econômicas do Brasil. Mas a massa da população negra continuará excluída. jamais alcançará a isonomia na sociedade brasileira. Pochmann não é racista. é devida unicamente aos negros. mas não se preocupou. o segmento negro. o fosso entre brancos e negros-pardos. sim. obtém mais facilmente lugar de trabalho. a solução da dívida social é a educação. ou coisa parecida. É a partir daí é que devem ser analisados os índices socioeconômicos. Petrucelli do IBGE. em condições brutais de escravatura. a Pindorama. a custo da completa exclusão da sociedade. pois. podendo assim de candidatar à vagas nas universidades. O negro é. por vício cultural. Sem educação. os índices socioeconômicos do pobre e miserável branco são superiores aos negros-pardos. Como bem diz o senador Cristóvão Buarque. do básico. a desigualdade brutal do negro em face ao branco evidenciada nos indicadores da educação. uma Bolívia maior. pois.net ) do pesquisador Jose L. claro. Não é uma questão de classe. mostram desigualdades educacionais brutais. a 10. Mesmo nos bolsões de pobreza e miséria urbana. jamais será resolvida a questão social. o único segmento populacional que ainda não foi pago pela construção do país chamado Brasil. mais importante. somente cerca de 13% dos negros o fizeram. Só conhecendo a realidade poderemos saber se há desigualdade racial na educação e em que profundidade. brancos. mais rapidamente será encerrada a vergonhosa desigualdade socioeconômica existente no país.Prioritariamente por que importa a adoção imediata de um programa educacional para negros. de um continente sem história e repleta de animais selvagens. deve-se levar em conta a desinformação sobre a África. em particular da população afrodescendente. Não é privilegio algum. através do qual.. que gera sentimentos de desagregação no povo afro-brasileiro e desenvolve um processo de negação na sua origem em função de uma história expropriada do continente africano. O pagamento efetivo da dívida social com o segmento negro-pardo do país. a eloqüência do mito da democracia racial no Brasil no ideal de branqueamento. no registro histórico oficial. O imaginário social brasileiro tem dificuldades no processo do exercício da cidadania na formulação do modelo de origem dos afrodescendentes. Importa reconhecer que. no acumulo da riqueza nacional e no complexo multicultural que caracteriza e personaliza o povo brasileiro. em uma escala gigantesca. nós. sustentado pela mestiçagem. estamos em débito com os milhões escravos africanos. daqueles que colaboraram.. 1 Fonte: IBGE – Instituto Brasileiro Geográfico de Estatística. regata-se uma dívida histórica. os quais. nas quais. . fundamental e médio. Tratar uma temática tão complexa como a História do Negro no Brasil é um exercício de busca das nossas principais raízes culturais. resgatando afinal a dívida social que o país tem com os negros. Enquanto a metade da população brasileira a negra e parda estiver alijada do processo de desenvolvimento jamais haverá no Brasil justiça social. neste sentido. A África é tida sempre como o diferente com relação aos outros continentes. imagem construída pela insistência e persistência das representações da África como a terra de origem dos negros escravizados. deve ser entendida como parte importante da construção da identidade do povo brasileiro e. sua história e a sua complexidade cultural. embora lhes tenha custado a precária e vergonhosa situação social em que vivem os seus descendentes em nossos dias. a imagem caricatural do africano na sociedade brasileira é a do negro acorrentado aos grilhões do passado. A identificação com a África nem sempre é assumida com orgulho pela maioria dos negros brasileiros e. não os representam. claro é um dever básico de justiça social. influência nos contornos na identidade coletiva dos afro-brasileiros induzindo-os aos refúgios simbólicos dos mitos e heróis nacionais. Neste contexto.e justo crescimento socioeconômico. há um bloqueio sistemático em pensar o negro sem o vínculo da escravidão. REFLEXÃO SOBRE A HISTÓRIA DO NEGRO NO BRASIL A importância dos estudos sobre a História do Negro no Brasil e da História da África. É isso. Quanto mais rapidamente for implantado. estão inseridas 49% da população brasileira Ao estabelecer diretrizes nos estudos do negro no Brasil. cuja obra da construção do Brasil para o homem branco nunca foi paga. O discurso da História. como também o movimento de islamização no século XI. Os fatos históricos dos negros no Brasil são registrados. A diversidade dos povos na África resulta de uma geografia variada e de uma longa pré-história. em algumas produções literárias. posteriormente. realimentaram o fenômeno da miscigenação no Brasil. não sendo destacada de forma coerente na historiografia brasileira. grupo ao qual o indivíduo se encontra vinculado por laços ideológicos ou étnicos. tem um perfil renovador. através de tribos de modo vivente agrário ou nas heranças nos novos territórios da diáspora negra pelo mundo. estabelecendo padrões próprios de ideal e auto-estima. conflituosas heranças no território africano. o vasto continente africano apresenta movimentos históricos próprios. na atualidade. que se lançaram ao mar e as conquistas econômicas e políticas. o contrabando e a migração interna. peculiaridades. Pelas mais variadas formas de embarque e tramitação pelo território brasileiro. Os grandes impérios africanos são destacados com suas características singulares. As interações entre os muitos povos africanos geraram movimentos populacionais surpreendentes nos últimos cinco mil anos como a expansão dos bantos no continente africano. os “grupos de pertença”definem. que denotam ainda. tendo como prerrogativa desvendar curiosidades e confirmar relatos que na História Universal. as questões referentes à África. chegando aos dias de hoje. mesmo depois da proibição do tráfico. tal construção foi relatada através da ótica do europeu. 2 GRUPO DE PERTENÇA: grupo ao qual o indivíduo está identificado social e economicamente. é decorrente das várias nações africanas trazidas como mão-de-obra.O fortalecimento desta construção identitária dos afro-brasileiros passa pelo trabalho de reconstrução do seu lugar social. enaltecendo seus feitos e deixando à margem a efetiva contribuição do povo negro no enriquecimento e na formação da nação brasileira. gerando dívidas históricas e deixando como legado. Os valores materiais e simbólicos dos africanos em sua terra natal. a seus heróis. paralelamente a história oficial brasileira. denotam personalidade singular no conjunto de um rico acervo artístico e cultural. no pressuposto da menor importância das culturas africanas no contexto histórico mundial. marcado por múltiplas rupturas e traumatismos na trajetória de sua própria história. identifica e representa o indivíduo na sociedade a qual pertence. em alguns grupos específicos. desenvolver e aprofundar. o perfil de seus integrantes. grupo que reflete. nos tempos atuais. Iniciativas como o estudo da História do Continente Africano. Sem que se possa oferecer um balanço exato da extradição da . pois. Portanto. este espaço deve oferecer a iniciação para buscar entender e fixar e. até a chegada dos portugueses. têm como relevância social e histórica o contexto principal da História do Negro no Brasil. espanhóis. suas estruturas sociais e religiosas. que deu grande ênfase. se faz de maneira maquiada. ingleses e franceses. identidades e representações próprias. A formação da população pluriétnica no Brasil. refletidas até os dias de hoje. holandeses. Ajuda. Níger. No Brasil.TRANSCULTURAÇÃO: Processo de troca recíproca de valores culturais. Costa da Mina. Biafra. Bateque. até os dias de hoje. Bamba. Costa do Grão ou da Pimenta. Bamaco. . Libongo. Tipos étnicos distintos trabalharam no Brasil nas charqueadas. Senegâmbia. Esta mão-de-obra foi trazida à revelia da vontade destes homens e mulheres. pode-se afirmar que em maior números vieram às etnias sudanesa e banto. como peões. Costa do Vento. Guiné-Bissau. Da África vieram nações de diversos locais como: Acra. propiciaram as culturas africanas estreitas relações que formaram elos identitários. Zanzibar. nos engenhos. fazendas e estâncias. do cozer. A investigação histórica comprova a construção de uma identidade afro-brasileira. as revoltas. mulheres e crianças. este contingente recrutado na África produziu riquezas. Manianga. Libéria. Sudão. Primeiro no ciclo da cana-deaçúcar. Tombuctu. Axânti. Bambara. Cabo Verde. Quiçanga. Ambace. no Forte de São João da Mina e na chegada ao Brasil. depois no ciclo do café. vendedores ambulantes. Congo. Barué. Sego. primeiro para a Metrópole portuguesa e depois para os seus próprios signatários. entre muitos outros. do criar. Banguela. Costa dos Dentes. Gabão. jêjes. Togo. Fânti. Maniema. Serra Leoa. Costa dos Escravos. de onde se originaram as mobilizações e as resistências tais como: os quilombos. cabindas. enfrentaram o desafio do pluralismo cultural em um processo de empréstimos e de transculturação 3 3 . as religiões de cultos africanos. Macuana. Sofala. porém. nas pelejas territoriais. Bacuir. Moçambique. recebiam nomes de procedência. Alto Volta. Malemba. Ibo. Nigéria. Isto sem retratar a importância do papel da mulher africana. Nupé. Ambacas. mesmo sabe-se que não possuíam origem única. As migrações em território brasileiro. Libolos. Bailundo. São Jorge da Mina. angolas. a seguir no ciclo do ouro. no entanto. capatazes. boiadeiros. Caçange.África para o Brasil de homens. tropeiros. as irmandades e as confrarias. na época Colonial e Imperial. Costa do Ouro. Zâmbia. resgatada através da memória e da valorização do povo africano. Amboim. Zama. Daomé. Mali. nas plantações de algodão e fumo. Bambo. Luanda. negociantes. Angoche. Libreville. Senegal. Benguela. por exemplo. eram denominados “negros minas”. assim. Cafraria. Guiné. Calabar. Lourenço Marques. Tanzânia. assim. Uganda. Quelimane. artesões e como soldados. Bissau. Angola. Loango. Novo Redondo. Camarões. Malaui. Benin. Lagos. Gambia. Quimbande. Tete. Zambézia. Na chegada ao Brasil. insurreições e confrontos que contribuíram no inventário das mudanças e transformações pela persistência na alteração das estruturas sociais. nas artes do fazer. Cacheu. como também. Bié. Gaza. do despojamento no amar e na suplantação das profundas marcas das perdas.Cabinda. muitas vezes do navio que os transportavam. tais nações africanas. Ilorim. outras vezes consignados em seus próprios documentos. congos. Cacongo. Bijangós. cafres. Biguda. eram embarcados na África. Manica. Costa do Marfim. Ciência e Historicidade. Luíz Felipe Perret. o esquecimento faz parte da dívida histórica nacional brasileira. SALVADOR e região metropolitana. S. Jornal Apartheid Baiano. Brasil raízes do protesto negro. Salvador. Salvador: Microarte. Clóvis.I. VIDA. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS EVANGELISTA. Desigualdades raciais. 18 p. porém. enfatizam a reconstrução de sua identidade como plataforma mobilizadora no caminho da conquista da sua plena cidadania.. O silêncio foi sempre uma estratégia de sobrevivência das culturas de origem africana. P.n.:S. 1991. Roberto. Samuel. 113 p.19--] MOURA. 2000. .Os movimentos negros organizados. SERPA. Global. 1993. [ S. ao longo do tempo. nos discursos sobre as desigualdades raciais. que se referem a crenças recentemente desenvolvidas. família. o re. mas a religião difere da crença pessoal na medida em que tem um aspecto público. lec-. enquanto outras enfatizam a prática. natureza e finalidade da vida e do universo. ou a relação dos seres humanos ao que eles consideram como santo.de "ler". -lei. A raiz da palavra Religião tem ligações com o -lig. símbolos. "eleitor" e "eleger" respectivamente. governo. que diz que a religião é um conceito moderno. poder e política. incluindo as congregações para a oração. Em muitos lugares têm sido associada com instituições públicas. enquanto outras se destinam a serem praticada apenas por um grupo localizado. tradições e histórias sagradas que se destinam a dar sentido à vida. Elas tendem a derivar em moralidade. tem sido aplicada de forma inadequada para culturas não-ocidentais. O desenvolvimento da religião assumiu diferentes formas em diferentes culturas. o construtivismo social sugere que a religião. mas desconhece-se ao certo que relações estabelece religionem com outros vocábulos. lugares sagrados. leis religiosas ou em um estilo de vida preferido de suas idéias sobre o cosmos e a natureza humana. e/ou escrituras. que se refere a grupos religiosos menores e específicos de uma determinada cultura. A maioria das religiões tem comportamentos organizados.iniciar é um prefixo que vem de red(i) "vir". "lecionar". Muitas religiões têm narrativas.de diligente ou inteligente ou com le-. religiões indígenas.As grandes Religiões da Humanidade Religião (do latim: religare. Acadêmicos que estudam o assunto têm dividido as religiões em três categorias amplas: religiões mundiais. Algumas religiões colocam maior ênfase na crença. sagrado. como um conceito. significando religação com o divino ) é um conjunto de crenças sobre as causas. A palavra portuguesa religião deriva da palavra latina religionem (religio no nominativo). hierarquias sacerdotais. espiritual ou divino. ética. acreditando que suas leis e cosmologia são obrigatórias para todos. A religião muitas vezes faz uso da música. Algumas religiões afirmam serem universais. Algumas religiões focam na experiência subjetiva do indivíduo religioso. religionem referia-se a um estilo de comportamento marcado pela rigidez e pela precisão. "voltar" como em "reditivo" ou "relíquia" . Uma das teorias mais influentes da religião atualmente é o construtivismo social. -leg. meditação e da arte. A palavra religião é por vezes usada como sinônimo de fé ou crença. enquanto outras consideram as atividades da comunidade como mais importantes. sugerindo que toda prática espiritual e adoração segue um modelo semelhante ao do cristianismo. como educação. especialmente quando considerada como a criação de um agente sobrenatural. Aparentemente no mundo latino anterior ao surgimento do cristianismo. e os novos movimentos religiosos. um termo que se refere à crenças transculturais e internacionais. O patriarcalismo formou-se a partir de dois eventos fundamentais: a atividade belicosa de pastoreio de gado bovino e caprino [7] e às constantes perseguições religiosas que desencadeavam o nomadismo e a perda de identidade territorial. relendo as escrituras.[8] Herdado da cultura hebraica.(Bíblia). religar. do italiano paese. à Mãe Terra ou Mãe Cósmica estabeleceu-se como a primeira religião humana. Rita relaciona-se também com a primeira manifestação humana de um sentimento religioso. donde também vem pagão. O hinduísmo antigo utilizava a palavra rita que apontava para a ordem cósmica do mundo. "reeleger". Historicamente foram propostas várias etimologias para a origem de religio. País. algo que nos foi deixado pelos antepassados.A palavra "religião" foi usada durante séculos no contexto cultural da Europa. Em torno desse sentimento formaram-se sociedades matriarcais centradas na figura feminina e suas manifestações. Nu Kua (China). (45 a. com denominações variadas: Têmis (Gregos). e se refere a um território ou jurisdição governado por um patriarca. por sua vez originário do latim pagus. Segundo o mitologista Joseph Campbell a mudança de uma idéia original da Deusa mãe identificada com a Natureza para um conceito de Deus deve-se aos hebreus e à organização patriarcal desta sociedade. argumentando que a religião é um laço de piedade que serve para religar os seres humanos a Deus.[6] Ainda entre os hindus destaca-se a deusa Kali ou A negra como símbolo desta Mãe cósmica. Macróbio (século V d. Mais tarde. a qual surgiu nos períodos Paleolítico e Neolítico. aldeia. com a qual todos os seres deveriam estar harmonizados e que também se referia à correcta execução dos ritos pelos brâmanes.C. bem como o aspecto intelectual.) rejeita a interpretação de Cícero e afirma que o termo vem de religare.C. pátria.) afirma que religio deriva de religere. Cícero. Tiamat (Babilônia) e Abismo . sendo característico das pessoas religiosas prestarem muita atenção a tudo o que se relacionava com os deuses. Lactâncio (século III e IV d. Em outras civilizações não existe uma palavra equivalente. patriarcado é uma palavra derivada do grego pater. Cada uma das civilizações antigas representaria a Deusa. os ciclos e a fertilidade. No livro "A Cidade de Deus" Agostinho de Hipona (século IV d. na obra De vera religione Agostinho retoma a interpretação de Lactâncio. patriarcado e pagão tem a mesma raiz. Mais tarde. que via em religio uma relação com "religar". Mais tarde. na sua obra De natura deorum. Nesse sentido. do qual se tinha separado. . marcado pela presença do cristianismo que se apropriou do termo latino religio. reler. a adoração à Deusa mãe.C. termo que atualmente é também usado pelo budismo e que exprime a idéia de uma lei divina e eterna. de onde a palavra pátria. o termo foi substituído por dharma. Esta proposta etimológica sublinha o carácter repetitivo do fenómeno religioso. Através da religião a humanidade reelegia de novo a Deus. Pátria relaciona-se ao conceito de país.) afirma que o termo se refere a relegere.C.) considera que religio deriva de relinquere. e que se expressava por um vínculo com a Terra e com a Natureza. maometanos e cristãos acreditam que há apenas uma divindade. sagrar. deuses e demónios. sacramentar. Para grande parte das religiões. elementais. Entre eles estão: sacro e seus derivados (sacrar. etc. A igreja. . Definição Dentro do que se define como religião pode-se encontrar muitas crenças e filosofias diferentes. para grande parte das religiões a imoralidade e o profano são correspondentes. O conceito desses termos varia bastante conforme a época e a religião de quem os emprega. O Partido Comunista Chinês entende que a religião não seja necessária à sociedade chinesa. é possível ressaltar um mínimo comum à grande parte dos conceitos atribuídos aos termos. Contudo. e o que acontece após a morte. às perseguições do Partido Comunista Chinês à seita Falun Gong. romano. As diversas religiões do mundo são de facto muito diferentes entre si. Conceitos Existem termos que são ditos/escritos frequentemente no discurso religioso grego. execrar). Sacro é aquilo que mantém uma ligação/relação com o(s) deus(es). um ser impossível de ser sentido pelos sensores humanos e que é capaz de provocar acontecimentos improváveis/impossíveis que podem favorecer ou prejudicar os homens. os judeus. É facto que toda religião possui um sistema de crenças no sobrenatural. as coisas e as ações se dividem entre sacras e profanas. Atentem. da Terra e do Homem. semideuses. Frequentemente está relacionado ao conceito de moralidade. A idéia de religião com muita frequência contempla a existência de seres superiores que teriam influência ou poder de determinação no destino humano. demônios. o povo escolhido (o povo judeu). Profano é aquilo que não mantém nenhuma ligação com o(s) deus(es). o partido comunista. Já o verbo "profanar" (tornar algo profano) é sempre tido como uma ação má pelos religiosos. Porém ainda assim é possível estabelecer uma característica em comum entre todas elas. mas também um fenómeno social. mas também adesão a um certo grupo social. são exemplos de doutrinas que exigem não só uma fé individual. Da mesma forma. por exemplo. Esses seres são principalmente deuses.Independente da origem. que ficam no topo de um sistema que pode incluir várias categorias: anjos. A maior parte crê na vida após a morte. Cada religião inspira certas normas e motiva certas práticas. As religiões costumam também possuir relatos sobre a origem do Universo. o termo é adotado para designar qualquer conjunto de crenças e valores que compõem a fé de determinada pessoa ou conjunto de pessoas. geralmente envolvendo divindades. judeu e cristão. Os religiosos gregos e romanos criam na existência de vários deuses. A religião não é apenas um fenômeno individual. sacralizar. profano (profanar) e deus(es). e podem ser consideradas como ateístas (apesar do ateísmo não ser uma religião. . Recentemente surgiram movimentos especificamente voltados para uma prática religiosa (ou similar) da parte de deístas. do confucionismo e do taoísmo.[10] A temática em torno de religião e sobre Deus também tomou conta do debate político nos Africa em 2010 e ganhou espaço na campanha eleitoral. Outros criarão sistemas filosóficos alternativos como August Comte. ele pode ser uma característica de uma religião). Algumas religiões não consideram deidades. cristianismo. nos últimos anos.como exemplo podem ser citados o Humanismo Laico e o Unitário-Universalismo. As religiões monoteístas (monoteísmo) admitem somente a existência de um único deus. As religiões que afirmam a existência de deuses podem ser classificadas em dois tipos: monoteísta ou politeísta. por falta de provas favoráveis ou contrárias. Ateísmo é a ausência de crença em qualquer tipo de deus. islamismo.[9] agora vem confessar que agiu precipitadamente. um ser supremo. a fé sobrevive e vem dando mostras. cristianismo e Islão juntos agregam mais da metade dos seres humanos e quase a totalidade do mundo ocidental. fundador da Religião da Humanidade. mas questiona a idéia de revelação divina. The Economist Em 23 de dezembro de 1999 em seu número especial por ocasião da mudança do milênio publicou uma nota necrológica de Deus. As categorias mais empregues são as seguintes: Religiões do Médio Oriente: judaísmo. É o caso do budismo. Atualmente. muitas vezes se contrapondo às religiões teístas. as religiões monoteístas são dominantes no mundo: judaísmo. fé bahá'í. Agnosticismo é a postura filosófica que afirma ser impossível saber racionalmente sobre a existência ou inexistência de deuses e sobre a veracidade de qualquer religião teísta. como a concentração numa determinada região ou o facto de certas religiões terem nascido na mesma região do mundo.Outras definições mais amplas de religião dispensam a idéia de divindades e focalizam os papéis de desenvolvimento de valores morais.[11] Esta classificação procura agrupar as religiões com base em critérios geográficos. Num longo noticiário de 3 de novembro de 2007 reconhece que contra o prognóstico laicista ou secularista. Conclui que para um político ou estadista seria um erro muito perigoso ignorar ou legar a um segundo plano a religião. zoroastrismo. Deísmo é a crença na existência de um Deus criador. As religiões politeístas (politeísmo) admitem a existência de mais de um deus. agnósticos e ateus . A Fé Bahá'í é uma religião monoteísta. códigos de conduta e senso cooperativo em uma comunidade. de uma energia renovada e com influência cada vez maior nos assuntos do planeta. candidatos são obrigados a responder perguntas sobre religião e se vêm compelidos a participar de cultos. são representados por uma textura listrada que alterna tanto as cores associadas com os dois sistemas religiosos (em inglês). Religiões africanas: religiões dos povos tribais da África Negra. experimentaram um significativo declínio da religião. um exemplo básico é o cristianismo. Religiões da Antiga Grécia e Roma. Mundo contemporâneo Este mapa mostra as religiões predominantes que caracterizam cada país no mundo. A distribuição atual das religiões não corresponde às suas origens. bem como seu número de aderentes. e em particular desde a segunda metade do século XX. que é minoritário no Oriente Médio (onde surgiu) e majoritário em todo o Ocidente e na Oceania (para onde migrou). Religiões da Índia: hinduísmo.Religiões do Extremo Oriente: confucionismo. . Há ainda o caso das religiões greco-romanas que dominaram a Europa por séculos mas hoje são religiões mortas. Religiões da Oceania: religiões dos povos das ilhas do Pacífico. Esta classificação não se refere à forma como tais religiões estão distribuídas hoje pela Terra. budismo mahayana e xintoísmo. já que algumas perderam força em suas regiões nativas e ganharam participação em outras partes do planeta. mas acreditam em forças espirituais) e são mais flexíveis quanto suas normas morais. budismo e siquismo. sempre se utilizando de ameaças pós-mortem como a do inferno cristão. Percentagem de cidadãos por país que consideram a religião "muito importante" (em inglês). em concreto os países da Europa. provavelmente sem nenhum seguidor vivo em todo o planeta. Desde os finais do século XIX. Fundamenta-se no fato de que as religiões paridas em regiões próximas mantém também proximidades em relação aos seus credos. na mesma área. da Austrália e da Nova Zelândia. Em muitos casos. taoísmo. por exemplo: as religiões nascidas no Oriente Médio em geral são monoteístas e submetem seus crédulos a forte regime de proibições e obrigações. se tem alterado profundamente. Alguns países cuja tradição religiosa esteve historicamente ligada ao cristianismo. mas às regiões onde elas surgiram. duas religiões com extensões de difusão semelhante. Este declínio manifestou-se na diminuição do número de pessoas que frequenta serviços religiosos ou do número de pessoas que desejam abraçar uma vida monástica ou ligada ao sacerdócio. jainismo. Já as religiões nascidas no Oriente Distante são ou politeístas ou espiritualistas (não pregam a existência de nenhum deus. o papel da religião. para alguns estudiosos[quem?] estes locais serão num futuro próximo os novos centros desta religião. As explicações para o crescimento das religiões nestas regiões incluem a desilusão com as grandes ideologias do século XIX e XX. a idéia de que todas as religiões podem convergir . é um dos países mais religiosos do mundo. ligadas a uma "religião individual" de cada um faz para si e ao surgimento dos chamados "novos movimentos religiosos". o budismo e o xintoísmo tem a sua grande área de influência no Extremo Oriente. a astrologia.Em contraste. A Índia. embora as duas primeiras tradições influenciem cada vez mais a espiritualidade dos habitantes do mundo ocidental. Também presente na Europa e nos Estados Unidos da América é aquilo que os investigadores designam como uma "nebulosa místico-esotérica". o termo é usado para se referir a movimentos neocristãos (Movimento de Jesus). ficando em segundo lugar após os Estados Unidos. estágios. é também possível estabelecer uma série de elementos comuns às várias religiões e que podem permitir uma melhor compreensão do fenómeno religioso. O islão é actualmente a religião que mais cresce em número de adeptos. o mundo ocidental é marcado por práticas religiosas sincréticas. o desejo de paz mundial e do surgimento de uma nova era marcada por um nível superior de consciência. O hinduísmo.73% Embora cada religião apresente elementos próprios.1 bilhões[13] 1.57 bilhão[14] 950 milhões – 1 bilhão [17] % da mundial 29% – 32% 19% – 21% 14% – 20% população Artigo População mundial Dados extraídos de artigos individuais: Cristianismo por país Islão por país Budismo por país Hinduísmo por país 500 milhões – 1. que apela a práticas como o xamanismo. na América Latina e na África subsariana. nos Estados Unidos.65 bilhões – 6.9 bilhão – 2. onde cerca de 80% da população é hindu. Algumas das características desta nebulosa místico-esotérica são as centralidades do indivíduo que deve percorrer um caminho pessoal de aperfeiçoamento através da utilização de práticas como o ioga. o tarot.38% – 90.8 bilhões[12] 1. Quatro religiões Cristianismo Islã Budismo Hinduísmo Total maiores Seguidores[carece de fontes] 6. o cristianismo cresce significativamente. os mistérios e cuja actividades giram em torno da organização de conferências.3 bilhão – 1. como o nacionalismo e o socialismo. judaico-cristãos (Judeus por Jesus).5 bilhão[15][16] 7% – 21% 4. e a comunidades na Europa e no continente americano.17 bilhões 68. movimentos de inspiração oriental (Movimento Hare Krishna) e a grupos que apelam ao desenvolvimento do potencial humano através por exemplo de técnicas de meditação (Meditação Transcendental). . revistas e livros. Por outro lado. a meditação. que não se circunscrevem ao mundo árabe. mas também ao sudeste asiático. Embora nem todos esses movimentos sejam assim tão recentes. na religião Wicca. argumentando que cada cultura criava deuses à sua semelhança. Nos primeiros séculos da era actual. este costuma apelar a uma revelação ou à obtenção de uma sabedoria por parte de um fundador. O historiador grego Heródoto descreveu nas suas Histórias as várias práticas religiosas dos povos que encontrou durante as viagens que efectuou. mas sim locais onde se acreditava que habitava a divindade. os templos não eram locais para a prática religiosa. Júlio César e o historiador Tácito descreveram nas suas obras as práticas religiosas dos povos que encontraram durante as suas conquistas militares. onde o Buda alcançou a iluminação enquanto meditava debaixo de uma figueira ou no Islão. Eusébio de Cesareia e Agostinho de . a importância do Muro das Lamentações no judaísmo) ou porque a esses locais são associados acontecimentos miraculosos (santuários católicos de Fátima ou de Lourdes) ou porque são marcos de eventos religiosos relacionados à mitologia da própria religião (monumentos megalíticos. O exemplo mais conhecido é talvez a narrativa do Génesis na tradição judaica e cristã. sendo por isso sagrados. Como resposta a esta alegação. no caso das religiões pagãs). como sucede no budismo. podendo estar relacionados com determinado evento na história da religião (por exemplo. os autores cristãos produziram reflexões em torno da religião fruto dos ataques que experimentaram por parte dos autores pagãos.As religiões possuem grandes narrativas. Confrontado com as diferenças existentes entre a religião grega e a religião dos outros povos. História do estudo da religião As primeiras reflexões sobre a religião foram feitas pelos antigos Gregos e Romanos. como as fases da lua. As religiões estabelecem que certos períodos temporais são especiais e dedicados a uma interacção com o divino. Os motivos para essa sacralização são variados. semanais ou podem mesmo se desenrolar ao longo de um dia. O sofista Protágoras declarou desconhecer se os deuses existiam ou não. mensais. Esses períodos podem ser anuais. Na antiga religião grega. As religiões propõem festas ou períodos de jejum e meditação que se desenvolvem ao longo do ano. Crítias defendeu que a religião servia para disciplinar os seres humanos e fazer com que estes aderissem aos ideais da virtude e da justiça. As religiões tendem igualmente a sacralizar determinados locais. que explicam o começo do mundo ou que legitimam a sua existência. tentou identificar alguns deuses das culturas estrangeiras com os deuses gregos. em que Muhammad recebeu a revelação do Corão de Deus. Estes criticavam o facto desta religião ser recente quando comparada com a antiguidade dos cultos pagãos. posição que teve como consequências a sua expulsão de Atenas e o queimar de toda a sua obra. em que todo primeiro dia de lua cheia esbat é considerado sagrado. Quanto à legitimação da existência e da validade de um sistema religioso. outras marcam esses dias sagrados de acordo com fenômenos da natureza. Algumas religiões consideram que certos dias da semana são sagrados (Shabat no judaísmo ou o Domingo no cristianismo). Xenofonte relativizou o fenómeno religioso. como Stonehenge. Nicolau de Cusa realizou um estudo comparado entre o cristianismo e o islão em obras como De pace fidei e Cribatio Alcorani. que depois evoluía para o politeísmo e mais tarde para o monoteísmo. As descobertas e a expansão européia pelos continentes. tendo chegado à conclusão de que estas religiões derivavam de uma religião primordial. a Cabala. mas tinha sido corrompida pelos cultos politeístas que identificavam como obra de Satanás. a humanidade era de início monoteísta. sendo representados e estudados pelos artistas que os representavam. tendo alguns defendido um esquema evolutivo.Hipona mostraram que o cristianismo se inseria na tradição das escrituras hebraicas. nascida na segunda metade do . publicou a obra Moeurs des sauvages amériquains comparées aux moeurs des premiers temps na qual comparava as religiões dos índios. jesuítas que conheceram bem as culturas da Índia e da China. Em Marsílio Ficino encontra-se um interesse em estudar as fontes das diferentes religiões. A história das religiões. a religião da Antiguidade Clássica e o catolicismo. os antigos deuses dos gregos e dos romanos deixaram de ser vistos pela elite intelectual e artística como demónios. Abordagens disciplinares O estudo científico da religião é actualmente realizado por várias disciplinas das ciências sociais e humanas. Giovanni Pico della Mirandola interessou-se pela tradição mística do judaísmo. os pensadores do mundo muçulmano revelaram um conhecimento mais profundo das religiões que os autores cristãos. um padre jesuíta. tendo vários antropólogos se dedicado ao estudo das religiões dos povos tribais. Em 1724 Joseph François Lafitau. Nesta época os investigadores reflectiram sobre as origens da religião. no qual o animismo era a forma religiosa primordial. as viagens de Marco Polo permitiram conhecer alguns aspectos das religiões da Ásia. tiveram como consequência a exposição dos europeus a culturas e religiões que eram muito diferentes das suas. que relatavam a origem do mundo. Durante a Idade Média. este autor via também uma continuidade no pensamento religioso. porém a visão sobre as outras religiões era limitada: o judaísmo era condenado pelo facto dos judeus terem rejeitado Jesus como messias e o islão era visto como uma heresia. Nos finais do século XVIII e no início do século XIX parte importante dos textos sagrados das religiões tinham já sido traduzidos nas principais línguas européias. Na Europa. Os missionários cristãos realizaram descrições das várias religiões. Para os primeiros autores cristãos. O Renascimento foi um movimento cultural e artístico que procurava reviver os moldes da Antiguidade. entre as quais se encontram as de Roberto de Nobili e Matteo Ricci. No século XIX ocorre também a estruturação da antropologia como ciência. onde viveram durante anos. Assim sendo. C. Jesus morreu crucificado injustamente e ressuscitou após o terceiro dia.1 bilhões de adeptos atualmente. composta pelo Antigo e pelo Novo Testamento. A primeira parte conta a história da criação do mundo. o Cristianismo é a maior religião do mundo. Já o Novo Testamento conta a vida de Jesus. A religião se iniciou através dos ensinamentos de Jesus de Nazaré. Max Weber e Peter Berger. por volta do ano 6 a. tradições judaicas. tal denominação foi utilizada pela primeira vez em Antioquia. John Lubbock.Ernst Troeltsch. Aos 33 anos. Friedrich Heiler e Mircea Eliade. Jesus Cristo nasceu em Belém. Garardus van der Leeuw. A Fenomenologia da Religião. Judeia (Palestina). .século XIX. Ela procura compreender a religião do ponto de vista do crente. o antropomorfismo. da mesma forma que o Islamismo e o Judaísmo. Por estas razões evita os juízos de valores (conceito de epoje ou abandono de qualquer juízo de valor). procurando desvendar a influência dela na vida do indivíduo e da comunidade. estuda a religião recorrendo aos métodos da investigação histórica. fizeram com que sua vida passasse a ser um exemplo a ser seguido. como o amor a Deus e ao próximo. das leis. passa-se para o xamanismo. como E. considerado o salvador da humanidade. Seus ensinamentos morais. A Sociologia da Religião tem como principais nomes Emile Durkheim. bem como o valor dessas crenças na vida do mesmo. A Sociologia da Religião analisa as religiões como fenómenos sociais.B. Os principais nomes ligados à Fenomenologia da Religião são Nathan Soderblom. América e Oceania. Rudolf Otto. o monoteísmo e finalmente para o monoteísmo ético. desenvolveu igualmente uma área de estudo da religião. Os seguidores de Jesus são chamados de “cristãos”. A Antropologia. O livro sagrado dos cristãos é a Bíblia Sagrada. na qual se especulou sobre as origens e funções da religião. os símbolos e os rituais. sendo predominante na Europa. Esta visão evolucionista foi colocada em questão por outros investigadores. Taylor que considerava o animismo como a primitiva forma de religião. As principais religiões Cristianismo Com cerca de 2. tenta captar o lado único da experiência religiosa. que deriva da filosofia fenomenológica de Edmund Husserl. O cristianismo é uma religião abraâmica. Utiliza como principal método científico a observação. tradicionalmente centrada no estudo dos povos sem escrita (embora os seus campos de estudo possam ser também as modernas sociedades capitalistas). Ela estuda o contexto cultural e político em que determinada tradição religiosa emergiu. no livro The Origin of Civilization and the Primitive Condition of Man apresentou um esquema evolutivo da religião: do ateísmo (entendido como ausência de idéias religiosas). uma colônia militar grega. etc. como os cristãos primitivos viviam. Karl Marx. etc. explicando os mitos. . de Jesus Cristo. filosofias e crenças. na verdade. Podemos dividir o Cristianismo em grandes denominações religiosas: Catolicismo Ortodoxa Anglicana ou Episcopal Protestantismo ou Evangélicos — O catolicismo tem como chefe supremo secular o Papa. reformador religioso do século XVI). em grego) e a instauração do reinado de Deus sobre o mundo a partir de Israel. elemento central da religião. bispos. Por volta de 3 000 a. Em razão disso. numa espécie . Europa e África. e no Budismo. existem. tem como chefe maior o Patriarca. por exemplo.C. também. Há excessões. os discípulos anunciam que ele ressuscitará e os enviará a pregar por todo o mundo a boa nova da salvação e do perdão dos pecados. aos 30 anos Jesus reúne discípulos e apóstolos e começa anunciar a boa nova (o evangelho. As grandes igrejas são dirigidas por pastores.. O Cristianismo se difundiu grandemente pela Ásia. Esse é considerado o início da difusão do Cristianismo. derivadas de diferentes povos e culturas. Para compreender o Hinduísmo. de um modo geral. e da vida após a morte. criador do universo. considerado o redentor da humanidade. muito parecida com o catolicismo. Não há um fundador desta religião.no Islamismo. foi considerada a religião oficial do Império Romano. A religião cresceu tanto que. Considerado blasfemo. a Índia era habitada por povos que cultuavam o Pai do Universo. o imperador Constantino concedeu aos cristãos liberdade de culto.. de forma universal. é fundamental situá-lo historicamente. em grego): a realização das profecias sobre o Messias (Cristo. Segundo a tradição. — A ordotoxa. se compõe de toda uma intersecção de valores. diferentes concepções e aspectos em cada um deles. O Hinduísmo. é submetido a um processo religioso e acusado de conspirar contra César. Hinduísmo O Hinduísmo é uma das religiões mais antigas do mundo. não tem chefe geral. no ano de 313. temos Maomé. Cinquenta dias após sua morte. Contudo. o próprio Buda. ao contrário de tantas outras .. presbíteros. e em 392.Existem três ramos do Cristianismo: Protestantismo. durante a festa de Pentecostes. É crucificado quando Tibério é o imperador de Roma e Pôncio Pilatos o procurador da Judeia. — O protestantismo (nome que se deve a Martinho Lutero. Catolicismo e Igreja Ortodoxa.. podemos afirmar que os adeptos ao Cristianismo creem na existência de um Deus. o destruidor.de fé monoteísta. Indra representa os aspectos benevolentes da tempestade. o Cristianismo se insere no universo indiano. que compõem a casta sacerdotal da tradição hindu.A terceira fase No século 12. região que hoje corresponde ao Paquistão e parte da Índia. A partir da influência ariana. Na segunda fase do Hinduísmo.C. que recebe o nome de Hinduísmo Védico. floresceu a civilização dravídica. temos o culto aos deuses tribais. mas a partir do século 13 este termo ganhou uma conotação religiosa. e grande parte de sua população é forçada à conversão. os arianos invadiram e dominaram aquela região. em sânscrito). Pouco depois. Aliás. consorte da Mãe Terra. O Sol (Surya).. Dyaus. o destruidor. Neste momento. inclusive conceitos como o de reencarnação e o de transmigração de almas. reduzindo os antigos drávidas à condição de "párias" . Os dois outros deuses são Vishnu. Vivekananda (1863-1902) e Sri Aurobindo . era o deus supremo. ocorre a ascensão de Brahma. pela influência predominante dos colonizadores franceses. Divindades menores e locais são as árvores. cujos expoentes são gurus como Sri Ramakrishna (1834-86). a Lua (Chandra) e a Aurora (Heos) eram os deuses da luz. a fertilidade e o firmamento. Doador da chuva e da fertilidade.espécie de subclasse social. Hinduísmo Védico e Hinduísmo Bramânico Na primeira fase do Hinduísmo. a Índia é invadida pelos muçulmanos. provável precursor do deus Shiva. o termo hindu designava qualquer pessoa nascida na Índia. no vale do rio Indo. que recebe os nomes de Vedanta (fim dos Vedas) ou Hinduísmo Bramânico. e Shiva. Ele representa a força criadora.C. Também nesse período surgiram diversas outras divindades. inclusive Asura. em 1 500 a. no século 18. Os rituais ganham uma série de componentes mágicos e elaboram-se idéias mais complexas acerca do Universo e da alma. ou Dyaus-Pitar ("Deus do Céu". em contraposição a Rudra. tornando-se sinônimo de "nativo não-convertido ao Islamismo". ele gerou todos os outros deuses. as pedras. Mais História . de orientação matriarcal e baseada no princípio da não-violência.. A influência muçulmana se faz sentir dentro da ritualística hindu. a divindade que simboliza a alma universal. que até hoje permanece sendo a casta mais baixa da pirâmide social indiana. pois uma das características marcantes do Hinduísmo é sua capacidade de absorver novos elementos e agregá-los ao seu sistema de crenças. jovem divindade que rege a guerra. Este Hinduísmo híbrido também se divide em várias correntes. Isso também ocorre quando. Porém. Brahma é um dos deuses que compõem o Trimurti (Trindade) do Hinduísmo. Os drávidas eram adeptos de uma filosofia de louvor à natureza. representante das forças maléficas. o preservador. em 2 500 a. os rios e o fogo. surge a figura dos brâmanes. o simbolismo de Dyeus passou por uma transformação e tornou-se Indra. em sistema de castas -.chama de moksha -. Gandhi. destaca-se o Mahabharata. surgidos aproximadamente no ano de 1 000 a. adepto da Ahimsa (o princípio da não-violência). cujo ensinamento fundamental é o seguinte: o mundo em que vivemos é feito de maya (ilusão). a divindade suprema. O maior mestre do Hinduísmo moderno é Mahatma Gandhi (1869-1948). O conteúdo dos Vedas oscila entre o Monoteísmo (culto a um deus único) e o Politeísmo (culto a diversos deuses). passamos continuamente por mortes e renascimentos. Enquanto não atingimos a libertação final . Por força dessa nova fase. Essas preces . Os rituais se compõem de dois elementos principais: Darshan. e embora possamos ter a impressão de que o mundo é real. ordem social. a própria organização social da Índia .C. que é uma força perene e indestrutível. que engloba modo de viver.(1872-1950). da qual só saímos após atingirmos a Iluminação. As Escrituras Sagradas VEDAS: Primeiros livros do Hinduísmo. Dentre eles.. Fundamentos importantes Para o Hinduísmo. pois a toda ação corresponde uma reação . conhecido no Ocidente como chefe político. O que essas correntes têm em comum é a preocupação em estender o trabalho espiritual ao âmbito social. que podem ser traduzidas como Doutrinas Arcanas. a única verdade é Brahma. que contém o poema épico Bhagavad Gita (A Canção do Senhor). língua "morta" que deu origem ao hindi e a um grande número de dialetos praticados na Índia. por meio de trabalhos filantrópicos e assistenciais. pois existe um clamor ético por igualdade e solidariedade. Isso porque é livre da impureza (morte / sangue). e como todo alimento deve ser antes oferecido aos deuses. o Hinduísmo é a crença predominante na Índia. as pessoas possuem um espírito (atman). As preces são entoadas como cânticos no idioma sânscrito.Lei do Carma. que aglutinam quatro coletâneas de textos. UPANISHADS: Essas escrituras. foram redigidas por místicos que representam o expoente máximo do Bramanismo (uma das vertentes do Hinduísmo). Mais do que uma religião. mas venerado na Índia como guru espiritual. que é a meditação / contemplação da divindade. Hoje. A alimentação vegetariana é um dos pontos essenciais da filosofia hindu. começa a perder o sentido. Este ciclo é denominado Roda de Samsara. A trajetória desse espírito depende das nossas ações. apregoava a importância do homem exercer perfeito controle sobre si mesmo. princípios éticos e filosóficos. e o Puja (oferenda). ele se caracteriza como uma tradição cultural. Sua estrutura é a de uma série de diálogos entre mestres e discípulos. não se poderia ofertar algo que fosse "sujo". porque do caos que ele promove. o intelecto e a capacidade de superar . Em geral.a ignorância . o removedor de obstáculos Ganesha é representado como um ser com corpo de homem e cabeça de elefante. O mantra mais importante é o OM. Lakshmi (senhora da arte e da criatividade) e Kali (senhora da destruição). Devotos de Shiva. Parvati exigiu que o marido devolvesse a vida a Ganesha. Sua atuação é fundamental. denominada Tandava.recebem o nome de mantras. é que se faz a nova vida. os saddhus costumam andar seminus. simboliza o eterno movimento do universo. Quando seu marido Shiva chegou e encontrou aquele homem nas proximidades o quarto da esposa. que renunciam ao mundo e vagueiam em busca de sabedoria e iluminação. Todas elas são esposas de Shiva. é comum encontrarmos os saddhus . OM é a semente de todos os mantras e princípio da criação. no meio de uma roda de Fogo. Foi dele que derivou toda a matéria . ou estimulam qualidades pessoais. que seria uma expressão da dança de Shiva. Durga (a deusa da beleza). Parvati tirou uma de suas próprias costelas e com ela fez um filho. ele esmaga a cabeça de uma figura bestial . Os mantras são dirigidos a diversas divindades. têm os cabelos bastante compridos e emaranhados e dedicamse à prática da ioga.e com o pé esquerdo ele faz um movimento ascendente. podemos até traçar um paralelo com o gênesis da Bíblia: "E o som se fez carne". elemento da natureza ao qual ele está associado. O princípio feminino da criação é Shakti. indicando a liberação espiritual. Com o pé direito. que se manifesta como Parvati (a mãe). uma espécie de "rosário". Diante da tragédia. matou-o e arrancou-lhe a cabeça. É o deus da morte. e para sua contagem utiliza-se o japa-mala (colar de contas). Em geral. é mostrado em movimento de dança. De acordo com um dos mitos associados a esta divindade.homens "santos". Na Índia. confeccionado em sândalo ou com sementes de rudraksha (árvores consideradas altamente auspiciosas pela tradição indiana). Ganesha é protetor dos comerciantes e também dos sábios e escritores. são entoados 108 vezes. a inteligência. da destruição e das transformações profundas. Sua dança. Shiva. a divindade mais popular da Índia Shiva é a divindade que representa o princípio masculino. "sílaba sagrada" que representa o próprio nome de Deus. Seus atributos são a prosperidade. Então. Shiva prometeu que colocaria em Ganesha a cabeça da primeira criatura viva que aparecesse em seu caminho .neste aspecto. Ganesha. a quem encarregou de guardar seus aposentos.e foi justamente um elefante. recebeu a visita do anjo Gabriel que lhe transmitiu a existência de um único Deus. Este acontecimento é conhecido como Hégira e marca o início do calendário muçulmano. Aos 40 anos de idade. Vida do profeta Maomé Muhammad (Maomé) nasceu na cidade de Meca no ano de 570. destacam-se: onipotência de Deus (Alá). A religião muçulmana é monoteísta. O culto a Krishna é um capítulo à parte na religiosidade hindu. Na verdade. Livros Sagrados e doutrinas religiosas O Alcorão ou Corão é um livro sagrado que reúne as revelações que o profeta Maomé recebeu do anjo Gabriel. o Movimento para a Consciência de Krishna. Porém. a maior parte de seguidores do islamismo encontra-se nos países árabes do Oriente Médio e do norte da África. ou simplesmente Hare Krishna. e a boca é a forma receptora. Em Medina. pois sua tromba é uma forma fálica. faleceu no ano de 632. Ao retornar para Meca. o Alcorão ou Corão. ou seja. Foi fundada na região da atual Arábia Saudita.Também simboliza a união entre o masculino e o feminino (ou os princípios Shiva e Shakti). ISLAMISMO A religião muçulmana tem crescido nos últimos anos (atualmente é a segunda maior do mundo) e está presente em todos os continentes.obstáculos. Maomé é bem acolhido e reconhecido como líder religioso. de acordo com a tradição. Reconhecido como líder religioso e profeta. Porém. Filho de uma família de comerciantes. com a existência de vários deuses tribais. tem apenas um Deus: Alá. é uma doutrina de alcance internacional. consegue implantar a religião muçulmana que passa a ser aceita e começa a se expandir pela península Arábica. As tribos árabes seguiam até então uma religião politeísta. Este livro é dividido em 114 capítulos (suras). começa sua fase de pregação da doutrina monoteísta. passou parte da juventude viajando com os pais e conhecendo diferentes culturas e religiões. Criada pelo profeta Maomé. importância de praticar . porém de pouca penetração na comunidade indiana. porém encontra grande resistência e oposição. Maomé começou a ser perseguido e teve que emigrar para a cidade de Medina no ano de 622. Entre tantos ensinamentos contidos. como é mais conhecido no Brasil. Consegue unificar e estabelecer a paz entre as tribos árabes e implanta a religião monoteísta. a religião continuou crescendo após sua morte. a doutrina muçulmana encontra-se no livro sagrado. A partir deste momento. passagens do Antigo Testamento judaico e cristão. por volta do século VI. cidade onde o profeta subiu ao céu e foi ao paraíso para encontrar com Moises e Jesus. Os xiitas também possuem sua própria interpretação da Sharia. Divisões do Islamismo Os seguidores da religião muçulmana se dividem em dois grupos principais : sunitas e xiitas. local onde Maomé construiu a primeira Mesquita (templo religioso dos muçulmanos). existem três locais sagrados: A cidade de Meca. a autoridade espiritual pertence a toda comunidade. generosidade e justiça no relacionamento social. com relação ao comportamento. Locais sagrados Para os muçulmanos.5% de seus rendimentos para os necessitados. . A cidade de Medina.Aceitar Deus como único e Muhammad (Maomé) como seu profeta. as quais são difíceis de serem distinguidas historicamente entre si. O Alcorão também registra tradições religiosas. religioso e filosófico fundado pelo príncipe hindu Sidarta Gautama (563483 a. ou Buda. Preceitos religiosos A Sharia define as práticas de vida dos muçulmanos. BUDISMO Sistema ético. atitudes e alimentação.).a bondade. .Dar esmola (Zakat) de no mínimo 2. desde que para isso possua recursos.Fazer a peregrinação à cidade de Meca pelo menos uma vez na vida. Os muçulmanos acreditam na vida após a morte e no Juízo Final. . O relato da vida de Buda está cheia de fatos reais e lendas. A outra fonte religiosa dos muçulmanos é a Suna que reúne os dizeres e feitos do profeta Maomé. . todo muçulmano deve seguir cinco princípios: . onde fica a pedra negra. Aproximadamente 85% dos muçulmanos do mundo fazem parte do grupo sunita. . com a ressurreição de todos os mortos. A cidade de Jerusalém. De acordo com os sunitas.Jejuar no mês de Ramadã com objetivo de desenvolver a paciência e a reflexão.C. também conhecida como Caaba.Realização diária das orações. De acordo com a Sharia. As pessoas buscam prazeres que não duram muito tempo e buscam alegria que leva a mais sofrimento. deram ouvido a esta nova faceta de Satanás. Linguagem correta: A pessoa não deve mentir. Juntou-se a um grupo de ascetas e passou seis anos jejuando e meditando. em um clã de nobres e viveu nas montanhas do Himalaia. Como todos os outros fundadores religiosos. Sidarta se casou aos 16 anos com a princesa Yasodharma e teve um filho. Depois de sete dias sentado debaixo de uma figueira.se prega que a superação da dor só pode ser alcançada através de oito passos: Compreensão correta: a pessoa deve aceitar as Quatro Verdades e os oito passos de Buda. História do Budismo Aos 29 anos. seus cinco amigos o denominaram de Buda (iluminado. Seu pai. o qual chamou-o de Rahula. principalmente os da casta baixa. sua única refeição era um grão de arroz por dia. morreu quando este tinha uma semana de vida. entre Índia e Nepal. Buda foi deificado pelos seus discípulos. Prática de Fé do Budismo O Budismo consiste no ensinamento de como superar o sofrimento e atingir o nirvana (estado total de paz e plenitude) por meio da disciplina mental e de uma forma correta de vida. e chocado com a doença. em sânscrito) e assim passou a pregar sua doutrina pela Índia. cansado dos ensinos do Hinduísmo e sem encontrar as respostas que procurava.O príncipe Sidarta nasceu na cidade de Lumbini. Todos aqueles que estavam desilusionados pela crença hindu. enganar ou abusar de ninguém. O fim da dor -. A origem da dor é o desejo e o afeto -.O nascimento. segundo a qual. Pensamento correto: A pessoa deve renunciar todo prazer através dos sentidos e o pensamento mal. separou-se do grupo. após sua morte com 80 anos. resolveu sair de casa. com a velhice e a com morte. Maya. Durante muitos dias. Também creêm na lei do carma. Apesar de viver confinado dentro de um palácio. era um regente e sua mãe. A doutrina é baseada nas Quatro Grandes Verdades de Buda: A existência implica a dor -. a revelação das Quatro Verdades. A Quarta Verdade -. partiu em busca de uma resposta para o sofrimento humano.só é possível com o fim do desejo. as ações de uma pessoa determinam sua condição na vida futura. diz ele ter conseguido a iluminação. a morte e os desejos são sofrimentos. Após esse período. Ao relatar sua experiência. a idade. . conhecidas como “Os Três Cestos” ou Tripitaka: O primeiro. existem mais de 300 milhões de adeptos em todo o mundo. o qual possui 3. Nepal. Japão e até a Síria. O segundo. a pessoa deve entrar nos quatro gráus da meditação. sendo as mais antigas o Budismo Tibetano e o Zen-Budismo. é chamado de Teravada. Japão e China. em Burma. O maior templo budista se encontra na cidade de Rangoon. Os que querem ser iluminados. O Budismo Teravada possui três grupos de escrituras consideradas sagradas. O terceiro. Camboja. Abidhamma Pitaka (Cesto da Metafísica). O Budismo cpmeçou a ter menos predominância na Índia desde a invasão muçulmana no século XIII. contêm a Teologia Budista. Salvação: as forças do universo procurarão meios para que todos os homens sejam iluminados (salvos).500 imagens de Buda. Esforço correto: A pessoa deve evitar qualquer mal hábito e desfazer de qualquer um que o possua. Tailândia.C. ensinado na India. Vinaya Pitaka (Cesto da Disciplina). Hoje. Meditação correta: Ao abandonar todos os prazeres sensuais. contêm os ensinos de Buda. Tibete. Sutta Pitaka (Cesto do Ensino).. Coréia. Nepal. alegrias e dores. Ramifica-se em várias escolas. Mianmá. . que são produzidos pela concentração. Asoka. Modo de vida correto: O modo de vida não deve trazer prejuízo a nada ou a ninguém. A existência do mal e do sofrimento é uma refutação da crença em Deus. estar alerta. Laos. as más qualidades. contêm regras para a alta classe. que enviou missionários para todo o subcontinente indiano. principalmente no Sri Lanka. Teologia do Budismo A divindade: não existe nenhum Deus absoluto ou pessoal. Afeganistão. ficou tão impressionado com os ensinos de Buda. A tradicional. Antropologia: o homem não tem nenhum valor e sua existência é temporária.Comportamento correto: A pessoa não deve destruir nenhuma criatura. Essa facção do Budismo tornou-se popular e conhecida como Mahayana. espalhando essa religião também na China. livre de desejo e da dor. depois do ano 273 a. Missões do Budismo Um dos grandes generais hindus. ou cometer atos ilegais. Tibete. necessitam seguir seus próprios caminhos espirituais e transcendentais. Desígnio correto: A pessoa deve observar. Em outras acepções. Estes adeptos entendem que o espiritismo. Assim. Espiritismo codificado por Allan Kardec O espiritismo popularmente conhecido no Brasil como Doutrina Espírita ou Kardecismo. Em todos os casos.Desse modo. que acredita na possibilidade de comunicação com os espíritos através de médiuns. que reservam a palavra "espiritismo" apenas para a doutrina tal qual codificada por Kardec. nomeadamente segundo Rivail. e denominando correntes diversas de "espiritualistas"[4]. Doutrina espírita: como codificada pelo pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail (Allan Kardec). o propósito é se livrar dos desejos e da consciência do seu interior. ESPIRITISMO Espiritismo doutrina dos que crêem que podem ser evocados os espíritos dos mortos. foi codificado na segunda metade do século XIX pelo pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail. dito Allan Kardec (1804-1869). adotou o pseudônimo de "Allan Kardec". é compreendido como uma doutrina de cunho filosófico-religioso voltada para o aperfeiçoamento moral do homem. O caminho: o impedimento para a iluminação é a ignorância. o termo pode se referir a: Espiritualismo: uma doutrina filosófica que admite a existência do espírito como realidade substancial. como corpo doutrinário. nas suas atitudes ou em um objeto qualquer. é um só. O termo "kardecista" não costuma ser o usado por parte dos adeptos. que para fins de difusão desses trabalhos sobre o tema. porque a vida se caracteriza em transições.A alma do homem: a reencarnação é um ciclo doloroso. afirmando não haver diferentes vertentes dentro do espiritismo. ao seguirem os ensinamentos codificados por Allan Kardec nas obras básicas . Deve-se combater a ignorância lendo e estudando. Todas as criaturas são ficções. Posição ética: existem cinco preceitos a serem seguidos no Budismo: proibição de matar proibição de roubar proibição de ter relações sexuais ilícitas proibição do falso testemunho proibição do uso de drogas e álcool No Budismo a pessoa pode meditar em sua respiração. o que tornaria redundante o uso do termo "espiritismo kardecista". (ainda que com uma tolerância maior ou menor a conceitos que não são estritamente doutrinários, como a apometria), denominam-se simplesmente "espíritas", sem o complemento "kardecista". A própria obra desaprova o emprego de outras expressões como "kardecista", definindo que os ensinamentos codificados, em sua essência, não se ligam à figura única de um homem, como ocorre com o cristianismo ou o budismo, mas a uma coletividade de espíritos que se manifestaram através de diversos médiuns naquele momento histórico, e que se esperava continuassem a comunicar, fazendo com que aquele próprio corpo doutrinário se mantivesse em constante processo evolutivo, o que não se teria verificado, ja que as obras básicas teriam permanecido inalteradas desde então.[carece de fontes] Outra parcela dos adeptos, no entanto, considera o uso do termo "kardecismo" apropriado. O uso deste termo é corroborado por fontes lexicográficas como o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, o Michaelis Moderno Dicionário da Língua Portuguesa e o Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa. José Lacerda de Azevedo, médico espírita brasileiro, compreendia o kardecismo como uma "prática ou tentativa de vivência da Doutrina Espírita" criado por brasileiros "permeada de religiosidade, com tendência a se transformar em crença ou seita". As expressões nasceram da necessidade de alguns em distinguir o "espiritismo" (como originalmente definido por Kardec) dos cultos afro-brasileiros, como a Umbanda. Estes últimos, discriminados e perseguidos em vários momentos da história recente do Brasil, passaram a se auto-intitular espíritas (em determinado momento com o apoio da Federação Espírita Brasileira), num anseio por legitimar e consolidar este movimento religioso, devido à proximidade existente entre certos conceitos e práticas destas doutrinas. Seguidores mais ortodoxos de Kardec, entretanto, não gostaram de ver a sua prática associada aos cultos afro-brasileiros, surgindo assim o termo "espírita kardecista" para distingui-los dos que passaram a ser denominados como "espíritas umbandistas". Historicamente, na França e no Brasil, existiram e ainda subsistem conflitos entre "kardecistas" e "roustainguistas", consoante a admissão ou não dos postulados da obra "Os Quatro Evangelhos", coordenada por Jean-Baptiste Roustaing, nomeadamente acerca da natureza do corpo de Jesus. Para os chamados "roustainguistas" Jesus teve um "corpo fluídico", de origem material diferente da nossa matéria, já o os ditos "kardecistas" acreditam que Jesus possuia um corpo de origem material, como de qualquer ser humano. CULTOS AFRO-BRASILEIROS No Brasil, o termo "espiritismo" é historicamente utilizado como designação por algumas casas e associações das religiões afro-brasileiras, e seus membros e frequentadores definem-se como "espíritas". Como exemplo, citam-se a antiga Federação Espírita de Umbanda e a atual Congregação Espírita Umbandista do Brasil, no estado do Rio de Janeiro. No Brasil Império a Constituição de 1824 estabelecia expressamente que a religião oficial do Estado era o Catolicismo. No último quartel do século XIX, com a difusão das idéias e práticas espíritas no país, registraram-se choques não apenas na imprensa, mas também a nível jurídico-policial, nomeadamente em 1881, quando uma comissão de personalidades ligadas à Federação Espírita Brasileira reuniu-se com o Chefe de Polícia da Corte e, subseqüentemente, com o próprio Imperador D. Pedro II, e após a Proclamação da República Brasileira, agora em função do Código Penal de 1890, quando Bezerra de Menezes oficiou ao então presidente da República, marechal Deodoro da Fonseca, em defesa dos direitos e da liberdade dos espíritas. Outros momentos de tensão registrar-se-iam durante o Estado Novo nomeadamente em 1937 e em 1941, o que levou a que a prática dos cultos afro-brasileiros conhecesse uma espécie de sincretismo sob a designação "espiritismo", como em época colonial o fizera com o Catolicismo. UMBANDA Umbanda é uma religião formada dentro da cultura religiosa brasileira que sincretiza vários elementos, inclusive de outras religiões como o catolicismo, o espiritismo e as religiões afro-brasileiras. A palavra umbanda deriva de m'banda, que em quimbundo significa "sacerdote" ou "curandeiro". Os conceitos aqui relatados podem diferir em alguns tópicos por se tratar de uma visão generalista e enciclopédica. Por se tratar de um conjunto religioso com várias ramificações, as informações aqui expostas buscam informar aos leitores da forma mais abrangente possível e sem discriminação ou preconceitos, pois todas as "umbandas" têm suas razões de existir e de serem cultuadas. História As raízes da umbanda são difusas. Entretanto, podemos afirmar que ela foi criada em 1908 pelo Médium Zélio Fernandino de Moraes, sob a influência do Caboclo das Sete Encruzilhadas. Antes disso, já havia, de fato, o trabalho de guias (pretos-velhos, caboclos, crianças), assim como religiões ou simples manifestações religiosas espontâneas cujos rituais envolviam incorporações e o louvor aos orixás. Entretanto, foi através de Zélio que organizou-se uma religião com rituais e contornos bem definidos à qual deu-se o nome de umbanda. Nesta época, não havia liberdade religiosa. Todas as religiões que apontavam semelhanças com rituais afros eram perseguidas, os terreiros destruídos e os praticantes presos. Em 1945, José Álvares Pessoa, dirigente de uma das sete casas de umbanda fundadas inicialmente pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, obteve junto ao Congresso Nacional a legalização da prática da umbanda. A partir dai, muitas tendas cujos rituais não seguiam o recomendado pelo fundador da religião, passaram a dizer-se umbandistas, de forma a fugir da perseguição policial. Foi aí que a religião começou a perder seus contornos bem definidos e a misturar-se com outros tipos de manifestações religiosas. De tal forma que hoje a umbanda genuína é praticada em pouquíssimas casas. Hoje, existem diversas ramificações onde podemos encontrar influências que utilizam a palavra umbanda, como as indígenas (Umbanda de Caboclo), as africanas (Umbandomblé, Umbanda traçada) e diversas outras de cunho esotérico (Umbanda Esotérica, Umbanda Iniciática). Existe também a "Umbanda popular", onde encontraremos um pouco de cada coisa ou um cadinho de cada ancestralidade, onde o sincretismo (associação de santos católicos aos orixás africanos) é muito comum. Fundamentos Os fundamentos da umbanda variam conforme a vertente que a pratique. Existem alguns conceitos básicos que são encontrados na maioria das casas e assim podem, com certa ressalva e cuidado, ser generalizados para todas as formas de umbanda. São eles: A existência de uma fonte criadora universal, um Deus supremo, chamado Olorum. Algumas das entidades, quando incorporadas, podem nomeá-lo de outra forma, como por exemplo Zambi para pretos-velho, Tupã para caboclos, entre outros, mas são todos o mesmo Deus; A obediência aos ensinamentos básicos dos valores humanos, como: fraternidade, caridade e respeito ao próximo. Sendo a caridade uma máxima encontrada em todas as manifestações existentes; O culto aos orixás como manifestações divinas (alguns umbandistas cultuam a chamada umbanda branca ,esta no entanto não cultua os orixás, sendo unicamente voltada ao culto se caboclos, pretos velhos e crianças), em que cada orixá controla e se confunde com um elemento da natureza do planeta ou da própria personalidade humana, em suas necessidades e construções de vida e sobrevivência; A manifestação dos Guias para exercer o trabalho espiritual incorporado em seus médiuns ou "aparelhos"; O mediunismo como forma de contato entre o mundo físico e o espiritual, manifesta de diferentes formas; Uma doutrina, uma regra, uma conduta moral e espiritual que é seguida em cada casa de forma variada e diferenciada, mas que existe para nortear os trabalhos de cada terreiro; A crença na imortalidade da alma; A crença na reencarnação e nas leis cármicas; Os orixás não são originários da umbanda. já que eles são mais de sete. No nascimento do Candomblé. Notadamente a nação que mais influenciou foi a Iorubá. poderes espirituais e grande habilidade de caça. mas pode ser subdividida em Oxum: água doce. guerreiro que existiu. ou um deus. ele é muito mais que o espírito desencarnado de um homem. Todo o universo surge de Olorum através das radiações que são individualizadas e personificadas em orixás. pois a relação de ancestralidade que existia na tribo não se confirmava mais na nova realidade da América. A radiação (vibração da água) pode ser relacionada apenas a Iemanjá. espíritos elevadíssimos.realmente um rei. Orisha é uma palavra yoruba para designar um ser sobre-humano. com isso surge o termo Orixá histórico . Ocorre semelhante com Ossain e Oxóssi.Um Deus único e superior Deus. A partir da umbanda se configura a uma nova visão: o Orixá Cósmico. Orixás Os orixás são manifestações do Grande Deus Olorum. pela cosmogonia umbandista. Nanã: pântano e Iemanjá: mares. O orixá. auxiliando os homens em sua caminhada para a elevação espiritual e intelectual. pois todos eram filhos diretamente desse grande ancestral. Nesta visão ainda própria dos ritos tribais. feiticeiro. rainha. e até mesmo nas tribos africanas cada uma possuía seu orixás e desconhecia outros que eram cultuados em tribos diferentes. em sua benevolência e em sua força emana de si e através dos orixás e dos guias (espíritos desencarnados) seu amor. o orixá era um ancestral que todos tinham em comum.depende da influência histórica que cada um sofreu. A tribo tinha no orixá um símbolo da união. desta maneira os diversas orixás de tribos distantes se encontraram em terras brasileiras e formaram o grande panteão do Candomblé. nunca viveu na terra. Quando começou o tráfico de escravos. Sincretismo . Toda criação é o resultado do trabalho harmônico dos orixás. outros preferem relacionar as Sete Linhas com as vibrações e não diretamente a orixás. Muitos escritores da umbanda relacionam as Sete Linhas aos Orixás. Muitos deles não se tornaram conhecidos aqui no Brasil. os homens passaram a ser filhos espirituais dos orixás. Essas radiações são personificadas de formas diferentes nos diversos terreiros . Geralmente era considerado como o próprio fundador da tribo e deixava grande influência por suas características incomuns de liderança. muito antes eles já eram reverenciados nas terras africanas por diversas tribos. muitos negros de tribos diferentes foram vendidos juntamente. verdadeiros arquitetos e mantenedores da criação. assim como no antigo Candomblé dos escravos. . A máxima dentro da umbanda é "Dê de graça. chamado de Bará no Rio Grande do Sul.São Roque.A umbanda é uma junção de elementos africanos (orixás e culto aos antepassados). perseguido e combatido. Oxossi . indígenas (culto aos antepassados e elementos da natureza).São João Batista. independentes da religião. à natureza e a Deus. Respeitando todas as manifestações de fé.Nossa Senhora da Conceição. Oxumaré . a umbanda tem um caráter eminentemente pluralista. Há discordância sobre as cores votivas de cada orixá conforme o local do Brasil e a tradição seguida por seus seguidores.São Lázaro. o que de graça recebestes: com amor. por uma questão de tradição. São Miguel Arcanjo Iemanjá . humildade. Não há dogmas ou liturgia universalmente adotadas entre os praticantes. Em decorrência de suas raízes. portanto.Santa Bárbara.São Jorge. principalmente no centro-sul do Brasil. caridade e fé". o que permite uma ampla liberdade de manifestação da crença e diversas formas válidas de culto. Mantém-se na umbanda o sincretismo religioso com o catolicismo e os seus santos. Catolicismo (o europeu. Obá . Oxum . Santa Joana d'Arc Obaluaê . progresso espiritual etc). Espiritismo(fundamentos espíritas. lei do carma.São Bartolomeu no Brasil Ogum . Alguns exemplos: Exu . reencarnação. pois antigamente fazia-se necessário como uma forma de tornar aceito o culto afro-brasileiro sem que fosse visto como algo estranho e desconhecido.Santo Antonio no Rio de Janeiro.Santa Rita de Cássia. que trouxe o cristianismo e seus santos que foram sincretizados pelos Negros Africanos). A umbanda prega a existência pacífica e o respeito ao ser humano. compreende a diversidade e valoriza as diferenças.São Sebastião. principalmente no centro-sul do Brasil e Santo Antonio na Bahia.Nossa Senhora dos Navegantes. Da mesma forma quanto ao Santo sincretizado a cada orixá. Iansã . Omulu . Xangô . São Jorge na Bahia. e.São Jerônimo. ciganos. Vale lembrar que o termo pai-de-santo ou mãe-de-santo não deve ser aplicado na religião de umbanda. de acordo com o tipo de mediunidade. Embora caiba ao sacerdote ou à sacerdotisa responsável o comando vibratório do rito. Zelador. boiadeiros. Como uma religião espiritualista.Sant'Anna. Há os Corimbas. sendo muitas vezes responsáveis pela harmonia da gira. mineiros. que comandará a espiritualidade e a materialidade durante os trabalhos. orientais. criando um campo energético favorável à atração de determinados espíritos. a ligação entre os encarnados e os desencarnados se faz por meio dos médiuns. provisionando todo o material necessário para a realização dos trabalhos. crianças. que na umbanda se denominam giras. marinheiros. O chefe do culto no Centro é o Sacerdote ou Sacerdotisa (pode ser Babá. São quem coordenam as sessões/giras e que irão incorporar o guia-chefe. Dirigiente. Ibeji . que transmitem a vibração da espiritualidade superior por via dos atabaques. O culto umbandista A umbanda tem como lugar de culto o templo. terreiro ou Centro. Na umbanda existem várias classes de médiuns. Diretor(a) de culto. as entidades que são incorporadas pelos médiuns podem ser pretos-velhos. que são os que comandam os cânticos e as cambonas que são encarregadas de atender as entidades. sempre dependendo da forma escolhida por cada casa). grande importância é dada à cooperação. ao trabalho coletivo de toda a corrente mediúnica. normalmente fundadores do terreiro. o Ser Cristalino. que é uma religião diferente da umbanda. Oxalá . xamãs e exus. Segundo a umbanda. São os médiuns mais experientes e com maior conhecimento. Normalmente há os médiuns de incorporação. As sessões . Mestre(a).Divino Jesus Cristo.Cosme e Damião.Nanã . que é o local onde os Umbandistas se encontram para realização do culto aos orixás e dos seus guias. caboclos. que irão "emprestar" seus corpos para os guias e para os orixás. Há também os atabaqueiros. baianos. pois estes termos são oriundos do Candomblé. a entidade reorganiza o campo energético astral da pessoa. Caboclos. deve se preparar através do estudo. Caso seja um obsessor.O culto nos terreiros é dividido em sessões de desenvolvimento e de consulta. As ocorrências mais comuns nessas sessões são o "passe" e o descarrego. Por isso não deve ser . o qual irá captar a energia negativa da pessoa e a transferir para os assentamentos ou fundamentos do terreiro que contém elementos dissipadores dessas energias. energizando-a e retirando toda a parte fluídica negativa que nela possa estar. amor e fé em sua mente e espírito. desenvolvendo a sua mediunidade. onde os sacerdotes educam e ensinam os mecanismos próprios da mediunidade. ter caridade em seu coração. e essas. tem a capacidade de se comunicar com entidades desencarnadas ou espíritos. ter assiduidade e compromisso com sua casa. Médiuns Médium é toda pessoa que. Também a entidade faz com que essa energia seja deslocada para o astral. Nesses casos pode ser necessária a presença de um ou mais Exus (um gênero de espírito desencarnado) para auxiliar a desobsessão. Ciganos… As pessoas conversam com as entidades a fim de obter ajuda e conselhos para suas vidas. A umbanda crê que o médium tem o compromisso de servir como um instrumento de guias ou entidades espirituais superiores. seja pela mecânica da incorporação. O descarrego é feito com o auxílio de um médium. e não apenas no terreiro. Uma das regras básicas da umbanda é que a mediunidade não deve ser vista ou vivenciada vaidosamente como um dom ou poder maior concedido ao médium. onde comumente podemos encontrar Pretos-Velhos. de Linha Doutrinária para Linha Doutrinária. mas sim como um compromisso e uma oportunidade que lhe foi dada para resgate kármico e expiação de faltas pregressas antes mesmo da pessoa reencarnar. e para resolver problemas espirituais diversos. Nas sessões de consulta. segundo a Doutrina Espírita. Os dias de Consulta e/ou Desenvolvimento podem variar de casa para casa. Para tanto. Nos dias de consulta há o atendimento da assistência e nos dias de desenvolvimento há as giras médiunicas. sempre prezando a elevação moral e espiritual. o espírito obsediador é retirado e encaminhado para tratamento ou para um lugar mais adequado no astral inferior caso ele não aceite a luz que lhe é dada. curas. e saber que a umbanda é uma prática que deve ser vivenciada no dia-a-dia. pela vidência (ver). que são fechadas à assistência. a aprendizagem conceitual e prática da umbanda. são subdivididas em giras. respeitar os guias e orixás. No passe. descarregos. pela audiência (ouvir) ou pela psicografia (escrever movido pela influência de espíritos). Há livros umbandistas a partir da década de 1930. O médium deve tangir sua vida como sendo um mensageiro de Deus. abusiva e ilegítima". ter muito amor e dar valor ao que fazem. ora. das faltas cometidas em anteriores existências. As pessoas que são médiuns devem levar sempre a sério sua missão. Ter um comportamento moral e profissional dignos. mas a maioria segue as orientações da literatura umbandista que é prolífica nas discussões teóricas e nas orientações práticas." Esse raciocínio causou polêmica à época. o umbandista é espírita. em 1958. Na prática. Adeptos do Candomblé. o Segundo Congresso Brasileiro de Jornalismo e Escritores Espíritas opôs-se considerar os umbandistas como espíritas. problema espiritual ou material. pode-se utilizar como fonte para estudos a relação que existe abaixo. o umbandista nelas crê. a prática da caridade. os banhos de descarrego adequados aos seus orixás e guias. no item "Literatura Umbandista". Existem médiuns que acabam distorcendo o verdadeiro papel que lhes foi dado e se envaidecem. tendo sempre boa-vontade nos trabalhos de seu terreiro e na vida diária. conversar sempre com o chefe espiritual do terreiro quando estiver com alguma dúvida. Anos mais tarde. Alguns terreiros utilizam-se das obras Espíritas (codificadas por Allan Kardec). logo. Por isso. podendo ser pela dor e sofrimento. em 1978 o mesmo Reformador publicou que a designação de "espíritas" pelos umbandistas é "imprópria. obsessores ou espíritos revoltados que vagam pelo mundo espiritual atrás de encarnados desequilibrados que estejam na mesma faixa vibracional que eles. Sobre o estudo da mediunidade e do médium. Duas décadas mais tarde.encarada como um fardo ou como uma forma de ganhar dinheiro. O médium deve tomar. ser honesto e íntegro em suas atitudes. Ser orientado e iniciado por uma casa que pratica o bem é essencial. por conseguinte. . em 1953. em seu órgão oficial. mas como uma oportunidade valiosa para praticar o bem e a caridade. agindo de forma leviana em suas vidas. pois do contrário acaba atraindo forças negativas. sempre que necessário. o resgate. que os umbandistas poderiam ser considerados "espíritas". admitindo ambas. as semelhanças entre a prática Umbanda e a Doutrina Espírita são: a comunicação entre os vivos e os mortos. a evolução do espírito através de vidas sucessivas (reencarnação). com o seguinte argumento: "Baseados em Kardec. dos orixás e guias. sinteticamente. e seguido por conceitos morais e éticos. A própria Federação Espírita Brasileira chegou a publicar. é-nos lícito dizer: todo aquele que crê nas manifestações dos espíritos é espírita. estar pontualmente no terreiro com sua roupa sempre limpa. desenvolver a mediunidade é um processo que deve ser encarado de forma séria e regido através de um profundo estudo da religião. a sobrevivência à morte do chamado "espírito". mas podem eventualmente falar com membros da família ou da casa para deixar algum recado para o filho. Cada divindade tem as suas regras. ritos e sacrifícios próprios. mas nenhum santuário existe para ele. que guarda pouca ligação com o Candomblé. As pessoas rezam e fazem sacrifícios. são considerados protetores da comunidade. e cultuam 401 deidades. No tocante especificamente ao Candomblé. falando. a função dos rituais durante as cerimônias de iniciação é a de afastar todo e qualquer espírito ou influência. a presença de imagens em seus cultos. Como já vimos os yorubás. Observe-se que o conceito de "materialização" no Candomblé. ou Olòdùmarè é o Deus supremo dos yorubás. materializam em vestes próprias para estarem em contacto com os seus descendentes (os vivos). cantando. Em princípio os Orixás só se apresentam nas festas e obrigações para dançar e serem homenageados. a música dos pontos cantados para as entidades. De todas as religiões afro-brasileiras. crêem que os antepassados interferem diariamente nos eventos da terra. o criador. como Exú. O normal é os Orixás se expressarem através do jogo de Ifá (oráculo). Os yorubás. ele é o criador. a mais próxima da Doutrina Espírita é um segmento (linha) da Umbanda denominado de "Umbanda branca". Em algumas cidades são feitos festivais anuais. não se materializam. o emprego de plantas em seus cultos. a maior parte desses Orixás são figuras antropomorfas. recorrendo-se ao Ifá para monitorar a sua presença. e na existência de espíritos ancestrais que. o Xangô do Recife. de acordo com suas necessidades e situação. Não dão consulta ao público assistente. que também são associadas com características naturais. Olorun (o dono do céu). crê-se na sobrevivência da alma após a morte física (os Eguns). caso divinizados (os Orixás. o Xambá. também. as principais diferenças são a admissão pela Umbanda: de cerimônias litúrgicas como o batizado e o matrimônio. dando conselhos e auxiliando espiritualmente a sua comunidade. nas casas de Candomblé. dos Orixás e dos antepassados. Eles superaram muitos obstáculos para alcançar o ponto em que estão hoje. sendo homenageados diariamente uma vez que. cultuados coletivamente). é diferente do de "incorporação" na Umbanda ou na Doutrina Espírita. CANDOMBLÉ – NAÇÕES A religião tradicional yorubá envolve adoração e respeito a Olorun ou Olòdùmarè. onde cada Egungun dança. A sua cultura e . Os espíritos são cultuados. A cerimônia só ocorre quando este confirma a ausência de Eguns no ambiente de recolhimento. o Tambor de Mina ou o Batuque. No Candomblé. e é festejado. Os yorubás rezam para os Orixás para intervenção divina em suas vidas. caso não divinizados (os Egungun). são um povo com uma cultura muito rica. é invocado em bênçãos e em certas obrigações. nenhum sacerdócio organizado. em uma casa em separado.Por outro lado. enumeram-se em diversas tribos como os Agonis. denominados Jêjes. lugar sagrado dos yorubás. os yorubás são dos mais influentes povos do mundo. deus da criação instalou o seu reino em Ifé. Ao se aproximar de uma palmeira. tudo está ao seu alcance. o seu status de supremacia é absoluto. especialmente as convicções religiosas. Diz a mitologia yorubá que Olòdùmarè. e tornouse fundador dos povos yorubás. Oduduwa que vinha de espreita na retaguarda. é o Obá Orum. Os primeiros povos jêjes tiveram como destino São Luis do Maranhão. e a importância de cada divindade depende da posição dentro do panteão yorubá. contando com a colaboração de Esu (Exu). que ambicionava executar as tarefas que Olòdùmarè confiou a Obatalá e. que se encontrava bastante cansado da viagem. não existe nada que se possa esconder dele. Gans. em outras palavras. furou a dita palmeira e bebeu o emu ( vinho de palma) que jorrava. Crus etc. Ele é imortal – Olòdùmarè nunca morre. provocando muita sede em Obatalá. os yorubás crêem que seja inimaginável para Elemi (o dono da vida) morrer. ele é sábio. Olòdùmarè é o Deus Supremo dos yorubás. Ele é Omnipotente – tão omnipotente que para Olòdùmarè nada é impossível. Olodumare Poucos sacerdotes falam de Olòdùmarè. Exausto embriagou-se rapidamente e ali mesmo deitou e adormeceu. no Brasil. usando seu cajado. Fala-se que Obatalá tinha um irmão mais jovem chamado Oduduwa. o Deus Poderoso. África. A religião é parte essencial da cultura dos povos africanos. Axantis. Pernambuco entre outros estados do Brasil como Rio Grande do Sul e São Paulo. que também importou os rituais desta nação. omnipresente. . merecedor de grande reverência. onde ainda se mantém vivas as tradições religiosas trazidas da terra mãe. o berço da nação Ewe e fon. passou à sua frente. É ele acima de tudo. ele é Olorun Alagbara. é a religião monoteísta mais antiga da humanidade. Cachoeira de São Félix. Alguns estudiosos afirmam que a religião yorubá. nenhum assentamento dedicado a ele e nenhum filho ou filha lhe é consagrado. Ele é Omnisciente – Olòdùmarè sabe tudo. Também se encontra o ritual jêje em Salvador. pois não existe nenhum altar. e acreditam que Olòdùmarè seja o ser supremo. para tanto. trouxe para a existência as outras divindades Orixás. fez um ebó. junto com a criação do céu e da terra.história podem ser vistas ao longo do mundo. que armou uma cilada. para o ajudar a administrar a sua criação. rei do céu. Popós. ele é o rei cujos trabalhos são feitos para perfeição. Candomblé Jêje Dahomé. Outra explicação que se faz a respeito do aparecimento das divindades seria que Oxalá ou Obatalá. os Voduns incorporados. e no Maranhão Tambor de Mina. A exemplo do candomblé. há também a casa de Legba. mergulhar a mão no azeite de dendê fervendo. cujo Deus Supremo é Mawu . onde são mantidos os assentamentos. As entidades são assentadas. È comum no culto jêje fazer provas com os iniciados incorporados com os Voduns. trouxe consigo o culto à suas divindades chamadas Voduns. Existem. conhecido como Candomblé Jêje. Quando existia um eclipse dizia-se que Mawu e Lisa estavam fazendo amor. os Fons. não há rituais públicos de iniciação. banhos com ervas e muitas preces. bebidas e outros presentes. e a adivinhação era feita . por exemplo. O forte sincretismo prevê. as instalações dos terreiros contam com um barracão central para as danças. no culto jêje também são feitos rituais de limpezas. pequenas casas reservadas para as diferentes famílias de divindades. A iniciação jêje requer um longo período de confinamento. cuidar de árvores e espaços sagrados. que teve força ao longo da noite e viveu no oeste. votos de segredo e obediência. assim como Olodumaré o Deus Supremo dos Orixás Yorubás. que representam um “imã” que tem a força do Vodun. Assim como os Orixás do Batuque. conversam com a assistência.O negro descendente do Dahomé. louças e ferramentas. O culto aos Voduns teve ênfase na Bahia. Diz a Mitologia Fon que Mawu tinha um companheiro chamado Lisa. Mawu era a Lua. Os assentamentos são preparados em pedras. e são filhos de Nana Buruku (ou Nana Buluku). comidas. onde um Vodunsi aprende as tradições religiosas jêje como: danças. Em geral as Vodunsis dão poucas informações sobre os rituais relacionados com o culto. formando o que se chama de cultura Jêje-Nagô. há uma cozinha. também a instalação de uma pequena capela com altar católico. E existem catorze destes deuses. Nos terreiros mais influenciados pela mina jêje. ginja e pinhão branco. hoje Benin. Este relato é um mito do primeiro povo do Dahomé. Lisa era o Sol. recebem sacrifícios de animais. também. Os detalhes dos rituais são pouco comentados. o predomínio. Os devotos têm que se submeter a longo processo de iniciação. deixam recados e mantêm os olhos abertos. assim como em outras nações. e ficam guardadas no quarto de segredo recobertos com jarras. Nos rituais antigos o contacto com os voduns dependia muito da vidência das Vodunsis. preparo das comidas sagradas. Eles eram pais de todos os outros Deuses. apenas duas ou três pessoas se dedicam ao ritual completo de iniciação. em certos grupos. a cada comunidade. onde são feitas grandes obrigações. que pode durar de seis meses a um ano de reclusão. conselhos. que fez sua morada no Leste. cantigas. Algumas casas de jêje tiveram influencias dos yorubás e vice-versa. como. a quem são subordinados. dando bênçãos. a grande mãe criadora do mundo. os segredos são mantidos a sete chaves. é de mulheres como filhas de santo. È comum ter assentamentos no centro do barracão de danças. que eram sete pares de gémeos. assentamentos em outras partes da casa e do quintal marcados por árvores como a cajazeira. quartos para dormir e se vestir e quarto onde os iniciados ficam recolhidos durante as obrigações. consulta com os Voduns e exame da luz de velas. Agassu. hoje Benin. também incorporam em seus rituais alguns orixás nagôs. o uso do Gã (instrumento de percussão). atualmente é comum o uso dos Búzios para consultar as divindades. é chefiado por um sacerdote ou sacerdotisa. à exemplo. da nação Jêje do Rio Grande do Sul. contudo. que são responsáveis pelos ensinamentos aos futuros Vodunsis. os terreiros que ainda mantém firme a cultura Jêje. mais que em outros. Heviossô. Ayizan. entre outros fatos reflectem muito os fundamentos do antigo Dahomé. Mawu é o ser supremo dos povos Ewe e Fon. nota-se a conservação de certas obrigações. (Sobô é nome de um Vodun do Dahomé). O panteão jêje é numeroso. criador do mundo. As atividades religiosas requerem um extenso calendário com rituais reservados aos iniciados. além do culto aos Voduns. podem ser detectadas no Batuque do Rio . tinha o assentamento de Sobô. Mawu (feminino) e Lissá (masculino) forman a divindade dupla MawuLissá cujos Voduns são filhos e descendentes de ambos. deve-se este fato ao predomínio da nação Ijexá. Águé. As casas de jêje. e assim por diante. no final das obrigações todos comem as comidas preparadas com a carne dos animais oferecidos em sacrifício às divindades. No Rio Grande do Sul. e também há nomes de Orixás que usam o mesmo dos Voduns. três ou sete dias.através da interpretação dos sonhos. Os principais Voduns são: Loko. com os povos do antigo Dahomé. e o termo Vodun com o tempo deixou de existir. como por exemplo Dã. deixou de existir. e o local destinado ao culto dos Voduns é chamado Hunkpame. embora não se fale em Vodu no Rio Grande do Sul. Dos pais e mães de santos actuais. nos assentamentos de Ogum Avagã cujas ferramentas usadas são as mesmas para o assentamento de Gu no Dahomé. à mudança. Gu. O que sobrevive da vertente jêje como legado cultural acha-se incorporado ou associado ao acervo Yorubá. nem mesmo nos terreiros mais antigos e ostensivamente zelosos à suas origens. muitos desconhecem a palavra Vodun. mas em nenhuma instância. Há casos em que as tradições culturais africanas resistem. Savaluno e Queviossô. mas é certo que a linguagem usada nos cantos rituais e o uso dos aquidavís para percussão dos tambores. cujo Orixá de uma famosa Yalorixá da nação Jêje chamava-se Dã e um outro antigo Babalorixá de Porto Alegre pertencente a esta mesma nação. e em festas públicas que duram um. se tivesse. Dan. que é o templo onde está dentro a divindade. de origem Yorubá que acabou absorvendo as demais. Sakpatá. Legba e Fa. Agbê. sendo os Voduns agrupados em famílias como: Dambirá. dos seres vivos e das divindades. certas práticas da religião do antigo Dahomé. e algumas não tem o uso do okutá. A casa de jêje chama-se Kwe. no sul um maior interesse em pesquisar a origem dos fundamentos de cada nação é certo que achariam a ligação directa do jêje praticado aqui. Davice. Em qualquer modalidade da Nação Jeje. Acoicicanaba. Ewá. Aziri Tolá. Intoto e outra infinidade de Voduns. . Sua origem é daomeana. Sayo. Azonçu/Omulu. É lógico que temos alguns Voduns que foram incorporados à cultura Yoruba (como Omulu. Goheji. mas isso não significa que perderam suas características. etc. São todos Voduns mitológicos e ligados à natureza como os Orixás. é comum encontrarmos o culto dos Voduns reais do Daomé. e é por isso que no Jeje-Mahi é comum essa comparação. os voduns são divididos em famílias. reis e rainhas mortos. Acrolombé. Aido Wedo. Averekete. Nanã e Lissá. é o caso de: Legba/Exu. também se utilizam alguns rituais e as linguas. e culto também de Orixás. principalmente nos terreiros que fazem parte da raiz do falecido Joãozinho de Bará (Esú Biyí). Erzuliê. Dambala. Ayizan. Muitos pensam que Orixá e Vodum é a mesma coisa. a dualidade e o movimento. Bessém. Azonçu. Podemos ainda também encontrar em Jeje-mahi o culto aos orixás (Voduns Nagôs). mensageiro entre os Deuses e os homens e ligado a todas as famílias de Voduns. A Nação Nagô-Vodum surge da mistura de uma Nação Jeje com a cultura Yorubá Além de serem incorporados os Orixás do povo Yorubá. Naedona. Oxumaré. representa as riquezas. povo conhecido no Brasil como jejes. São andróginos. Badé. Bessém/Oxumaré. entre outros vários. assim como temos orixás cultuados na Nação Jeje (como Ogum). Os Voduns são muito parecidos com os Orixás causando muitas vezes confusão. Nanã e Ewá). Os Voduns cultuados no meu Humpayme são todos mitológicos e ligados às forças da natureza e aos Orixás. Corresponde a Oxumaré Dambala e Aido Wedo são divindades que ajudaram Nanã Buruku na tarefa de criar o mundo. No Jejemahi os voduns são divididos em três familias principais: O Panteão da Serpente (Dan). Sogbo. Adeen. Alguns podem ser comparados. Naeté. Permitam-me que eu enfoque um pouco mais os Voduns Os Voduns Voduns são divindades cultuadas nos candomblés jejes do Brasil. Em geral tem semelhanças com o Jeje-Mahi. Existem também Abê. Agué. Ja na Mina Jeje ou Tambor de Mina no Maranhão. Aziri Tobosi. Aveji Da. Irocô. O Panteão do Trovão (Hevioso) e o Panteão da Terra (Sakpata). Agbê. Como exemplo dos Voduns reais podemos citar Zomadonu. São eles: Legba. Panteão de Dan: Bessém é o lider do panteão. mas não é. Loko.Grande do Sul. Os Voduns da Nação Jeje-Mahi vem em sua maioria da cultura dos povos Fon/Ewé e são basicamente: Legba (Exu). vodum do tempo e da ancestralidade. jovem pescador. vodum justiceiro semelhante a Xangô dos Yorubas. aos afogamentos e a maternidade. To-Voduns Hou ou Agbê é o senhor dos mares. ligado aos astros e aos atinsás (árvores sagradas). Ayizan. esposa de Azonçu e vodum da pureza. que castiga os homens com os raios. aos fungos e a decomposição. Ewá. filho de Sogbo. Agué. senhora da beleza e da vaidade. vodum da terra e das doenças. vodum velha e sábia. corresponde a Omulu. parece uma menina. Abê Afefe e Abê Gelede. grupo de mulheres guerreiras. Naê Abê. esposa de Hou e senhora das chuvas. Naeté. ligada a origem da vida marítima.Panteão de Hevioso Voduns Kavionos Sogbo é o líder do panteão. Erzuliê Dantor. que junto com Naê Abê resgata as pessoas impedindo os afogamentos Panteão de Sakpata Azonçu. habita os rios ou o mar. Intoto. grande mãe Jeje-Mahi. Adeen. Averekete. habita os vulcões e o céu. semehante à Iemanjá. Aziri Tolá. mostra a verdade e não deixa que desapareça. Loko. Sayô. corresponde a Ossanha. justiceiro e brigão. Aveji Da. Badé é jovem. vodum das plantas e da medicina. Nochê Sogbo é o lado feminino de Sogbo. ligada a iniciação. vodum dos rios. como Abê Huno. a morte. líder do panteão. Goheji. uma companheira de Azonçu e vodum da terra e dos ancestrais. Aziri Tobosi. parecida com Iemanjá. . ligado ao fundo da terra. Odé. Na hierarquia de Angola o cargo de maior importância é para homem Tata Nkisi (tata de inquinces) e para mulher Mametu Nkisi (Mametu de inquices). Nanã Buruku Deusa suprema do povo Jeje. que é a Cabinda. ritual de obrigação de 1 ano. dançar e percutir seus tambores. a vida e a morte. no qual o adivinhador recebe o nome de Kambuna. O Candomblé de Caboclo é uma modalidade desta nação. Lambaranguange. de origem banto. e se desenvolveu entre os escravos africanos que falavam a linguagem Kimbundo e Kikongo e são facilmente reconhecidos pela maneira diferente de cantar. Kiassubangango) Loango. feito com água doce e Obi. ritual de obrigação de 5 anos.Da Zodji e Nyohwe Ananu. Gongobila. criadora do mundo e que deu origem a vida. Nkise . e de 7 em 7 anos se repete as obrigações para conservar o individuo forte. que compreende as nações de Angola e Congo (Cassanges. Oxun. Há uma nação que faz parte do Batuque do Rio Grande do Sul que descende de Angola. Tona e Cubango). outro sistema antigo de consulta é o Ngombo. Após 7 anos de obrigações. Pambuguera. Nkisi Zaze (Nsasi. com o uso de frutas. será renovado a cada ano com o rito de Obi ou Bori. Umbundo e Kiocos). Nkisi Kaviungo ou Kavungo. Vangira(feminino). Os rituais da nação Angola começam com o Massangá. Iemanjá. que é o batismo na cabeça do iniciado. Kibuco. Bori com sacrifício de animais para o uso do sangue (menga). Além dos búzios. Roxi Mukumbe. que quer dizer um ser forte. Mukiamamuilo. Mawu é o princípio feminino e Lisa é o masculino. Nkisi Nkosi Mukumbe. Kimbundo. Os principais Nkisi são: Aluvaiá (também conhecido como: Nkuyu Nfinda. Obá. Nkise Katendê. Tata Nfinda. ligada a Terra. que correspondem ao Babalorixá e a Yalorixá dos Yorubás. conhecido como feitura de santo. quando o iniciado recebe seu cargo. Pambu Njila. conforme o caso. ritual de obrigação de 3 anos. obrigação de 7 anos. Kikongos. Oyá. Nkisi Kabila. Mutalambô. Kafungê. e cultua os antepassados indígenas. se transformando em Kukala Ni Nguzu. Burê. filhos de Nanã. Logun Edé. Oxaguiã e Oxalufã Candomblé de Angola Religião afro-brasileira. e o Deus supremo é Zambi (Nzambi) ou Zambiapongo (Ndala Karitanga). Mawu-Lisa Responsáveis pela criação do homem. ligados a riqueza. onde muda o grau de iniciação. ritual de raspagem. Além destes voduns cultuamos: Ogum. Bombo Njila(Bombojira). é elevado ao grau de Tata Nkisi (zelador) ou Mametu Nkisi (zeladora). Xirê. Nkisi Matamba. Nkise Wunge. Nkisi Kaitumbá. Lembarenganga. Gunza. Os cargos e divisão do poder espiritual são: Mam’etu ria Mukixi – Sacerdotisa chefe (Angola) Nengua ia Nkisi – Sacerdotisa chefe (Congo) Tat’etu ria Mukixi – Sacerdote chefe (Angola) Dise ia Nkisi – Sacerdote chefe (Congo) Tata Kivonda – Pai sacrificador de animais (Congo) Kambodu Pokó – Sacrificador de animais (Angola) Muxikiangoma – Tocador de atabaque Njimbidi – Cantador (Angola) Ntodi – Cantador (Congo) Candomblé de Ketu Ketu é o nome de um antigo reino da África. Nkuyo Watariamba. Nkisi Nwunji. Luganbe. É a maior e mais popular nação do Candomblé. no toque dos seus atabaques. Também indica o nome do povo dessa região. que veio como escravo para o Brasil. . Kassuté Lembá. Mikaiá. nas cores e símbolos dos Orixás. Nzambi Bilongo. Ipeté de Oxum e Axexê. Seu rei tem o nome de alaketu. Katalombô. Os rituais mais conhecidos são: Padê. e nas cantigas. Em geral.Angorô e Angoroméa. Nkita Kuna. que faz o uso de um ixãn para dominar os Eguns. e a diferença das outras nações está no idioma utilizado. Nkisi Ndanda Lunda. existe um sacerdote preparado para este ritual especifico chamado Ojé ou Baba Ojé. Samba. jakatamba. no caso o Yorubá. Nkisi Kaiangu. lavar contas. membros de origem ketu são responsáveis por boa parte dos terreiros mais tradicionais da Bahia. forma uma subdivisão da cultura iorubana. Kariepembe. Oferenda. na região agora ocupada pela República Popular do Benin e pela Nigéria. é o próprio Sacerdote de orixá quem faz os rituais de Eguns. Nunvurucemavula. Águas de Oxalá. Bamburussenda. Nkisi Lembá Dilê. quem lida com Orixás não lida com Eguns. Sacrifício. Mutalambô. Nkisi Kitembo ou Tempo. chamado Balbino de Xangô. Pungu Wanga. Gangaiobanda. de onde vem o sobrenome da conhecida ialorixá Olga de Alaketo. Kukueto. Ossé. Nkisi Tere-Kompenso. Nkisi Zumbarandá. Mikaiá. Pungu Kasimba. Já no Rio Grande do Sul. Nikisi Kisimbi. Em termos de identidade cultural. Kobayende. Olubajé. Nkita Kiamasa. Lukankazi. conforme informações de um antigo sacerdote de Ketu. Uma outra grande diferença é em relação ao culto dos Eguns. Nkisi Kaitumbá. Os fundamentos são passados oralmente por sacerdotes de Orixás que são chamados de Babalorixá (masculino) Yalorixá (feminino). Oxumaré. Ibeji.Iaô: filha de santo (que já incorpora Orixá). Iemanjá.Babalorixá ou Yalorixá: autoridades máximas no Candomblé . o Ilê Axé Opô Afonjá. e nota-se um movimento de recuperação de raízes africanas. Na nação Ketu. Oba.Axogun: responsável pelo sacrifício de animais. Irôco.Babakekerê: pai pequeno . .Os cargos principais na nação Ketu são: .Agibonã: mãe criadeira supervisiona e ajuda na iniciação. Obaluayê. Ogum. Oxossi. Ossaim. o Gantois. Nesta Nação de origem Bantu. . predominam os Orixás de origem Yorubá. existente principalmente na Bahia.Ogan: tocadores de atabaques. É muito semelhante ao Sangò Baru. Nana. Já outros Historiadores dizem ser Kabinda uma corruptela da palavra Kambinà (descendentes do . Os Orixás cultuados na nação Ketu são: Exu. Xangô. Logunedé. que na visão de alguns Historiadores seria um Nkisse da Família de Waldemar (fundador da nação no Sul do estado). Oyá ou Iansã.Yalaxé: mulher que cuida dos objectos ritual. . e os terreiros mais conhecidos são: a Casa Branca do Engenho Velho.Iyabassê: mulher responsável pela preparação das comidas de santo. O Candomblé de origem ketu já se espalhou por todos os grandes centros urbanos do Brasil e também para o exterior.Egbomi: pessoa que já cumpriu sete anos de obrigação. . Oxalá. cultua-se kamukà. Ifá ou Orunmila. há casos em que muitos sacerdotes procuram viajar até África para descobrir mais sobre a cultura dos Orixás. Oxum. . procurando reaprender o yorubá como língua original e tenta reproduzir os rituais que estavam perdidos ao longo do tempo.Ajoiê ou Ekedi: camareira de Orixá. este ancestral é cultuado dentro do Igbalè (ao fundo) ou no meio do barracão (em um buraco) chamado popular-mente “Xangô do Buraco”. que é a passagem do Rei de Oyó que desaparece sobre a terra e realmente. .Iyakekerê: mãe pequena . que rejeita o sincretismo católico. . .Abian: novato.Alagbê: responsável pelos atabaques e pelos toques. o Candomblé de Alaketu e o Ilê Axé Opô Aganjú localizado em Lauro de Freitas. Axabó (Orixá feminino da família de Xangô). . Ewa. Rei Okambi) portanto um sob-grupo de Oyó, o que justificaria seus louvores ao Rei. De uma maneira ou de outro é um mistério que talvez nem mesmo o povo desta Nação saiba responder. Este ancestral é tão louvado e respeitado a ponto de que se algum membro de Ilê estiver em obrigação e outro vir a falecer e existir oferendas (animais) a Kamukà, o mesmo não será prejudicado em sua feitura e os iniciados nesta nação não possuem intervenções quanto a entrada/saída em cemitérios, se diz que a Cabinda (Kabinda) inicia onde todas nações do Sul terminam (o campo santo). Para eles Sangò é fundador do culto a Eguns e este ancestral não os teme, apenas se afasta de seus filhos quando Iku se apresenta, pois o mesmo não gosta do frio. Sangò seria na literatura um semi-deus o que justificaria o rei ser assentado na gamela, onde também comem os Eguns. CULTO À ORUNMILÁ A importância de Òrúnmìlà é tão grande que chegamos a concluir que se um homem fizer algum tipo de pedido ao todo poderoso Olòrún ( Deus, o Senhor dos Céus), esse pedido só poderá chegar até Ele através de Òrúnmìlà e ou Èsù, que são somente eles dois dentre todos os òrìsà os que têm a permissão, o poder e o livre acesso concedido pôr Olòrún de estar junto a Ele, quando assim for necessário. Ainda vale ressaltar que somente Òrúnmìlà e Èsù possuem para si um culto individual, onde são feitos adorações totalmente específicas para os mesmos, também são eles os únicos que podem possuir para somente o seu culto um sacerdote específico. Isso só é possível pôr causa dos poderes delegados pelo todo poderoso a eles, pois os demais òrìsà são totalmente dependentes de Ifá e Èsù, enquanto que eles não dependem de nenhum dos òrìsà para desenvolverem sua própria evolução, ou seja, o culto à Ifá e Èsù não dependem do culto aos òrìsà, entretanto o culto aos òrìsà dependem totalmente de Ifá e Èsù. Òrúnmìlà é o senhor dos destinos, é aquele que tudo sabe e tudo vê em todos os mundos que estão sob a tutela de Olòrún, ele sabe tudo sobre o passado, o presente e o futuro de todos habitantes do àiyé e do òrún, é o regente responsável e detentor dos oráculos, foi quem acompanhou Odùduwà na criação e fundação de Ilé Ìfé, é normalmente chamado em suas preces de: ¨ Elérí Ìpín "o testemunho de Deus'' ¨ Ibìkéjì Olódúmarè "o vice de Deus" ¨ Gbàiyégbòrún "aquele que está no céu e na terra" ¨ Òpitan Ìfé "o historiador de Ìfé" Acredita-se que Olòrún passou e confiou de maneira especial toda a sabedoria e conhecimento possível, imaginável e existente entre todos os mundos habitados e não habitados à Òrúnmìlà, fazendo com que desta forma o tornasse seu representante em qualquer lugar que estivesse. No àiyé Olòrún fez com que Òrúnmìlà participasse da criação da terra e do homem, fez com que ele auxiliasse o homem a resolver seus problemas do dia a dia, também fez com que ajudasse o homem a encontrar o caminho e o destino ideal de seu orì. No òrún lhe ensinou todos os conhecimentos básicos e complementares referente todos os òrìsà, independente de serem Irúnmolè, Imolè, Ebora, Onílè, Ìyámi Àjé ou Égúngún , pois criou um elo de dependência de todos perante Òrúnmìlà, todos devem consulta-lo para resolver diversos problemas, com pôr exemplo, a vinda de Òrìsànlá à terra para efetuar a criação de tudo aquilo que teria vida na mesma, porém o grande òrìsà não seguiu as orientações prescritas pôr Ifá, e não conseguiu cumprir com sua obrigação caindo nas travessuras aplicadas pôr Èsù, ficando esta missão pôr conta de Odùduwà. Também Òrúnmìlà fala e representa de maneira completa e geral todos os òrìsà, auxiliando pôr exemplo, um consulente o que ele deve fazer para agradar ou satisfazer um determinado òrìsà, obtendo desta forma um resultado satisfatório para o òrìsà e para o consulente. Òrúnmìlà sabe e conhece o destino de todos os homens e de tudo o que têm vida em nosso mundo, pois ele está presente no ato da criação do homem e sua vinda a terra, e é neste exato instante que Ifá determina os destinos e os caminhos a serem cumpridos pôr aquele determinado espírito. É pôr isso que Òrúnmìlà tem as respostas para toda e qualquer pergunta lhe é feita, e que ele têm a solução para todo e qualquer problema lhe apresentado, e é pôr esta razão que ele têm o remédio para todas as doenças que lhe forem apresentadas, pôr mais impossível que pareça ser a sua cura. Desta forma todos nós deveríamos cultuar Òrúnmìlà e Ifá, pois felizes aqueles que a ele adoram e veneram como sua entidade e fonte de energia e sobrevivência, sendo assim com certeza poderemos alcançar a sorte, a felicidade, a inteligência, a sabedoria, o conhecimento, enfim, o seu destino ideal juntamente de seu equilíbrio. Todos nós deveríamos consultar Ifá antes de tomarmos qualquer atitude e decisão em nossas vidas, com certeza iríamos errar menos, os Yorubás consultam Ifá antes de tomarem qualquer decisão, com pôr exemplo, antes de um casamento, antes de um noivado, antes do nascimento e até mesmo na hora de dar o nome a criança, antes da conclusão de um negócio, antes de uma viagem, etc. Além disto tudo, Òrúnmìlà é também quem tem a vida e a morte em suas mãos, pois ele é a energia que esta mais atuante e mais próxima de Olòrún, podendo ele ser a única entidade que tem poderes para suplicar, pedir ou implorar a mudança do destino de uma pessoa. Tambor de Mina Princípios Básicos Deus Ketu | Olorum | Orixás Jeje | Mawu | Vodun Bantu | Nzambi | Nkisi Templos afro-brasileiros Babaçuê | Batuque | Cabula Candomblé | Culto de Ifá Culto aos Egungun | Quimbanda Macumba | Omoloko Tambor de Mina | Terecô | Umbanda Xambá | Xangô do Nordeste Sincretismo | Confraria Tambor de Mina é a denominação mais difundida das religiões Afro-brasileiras no Maranhão, Piauí e na Amazônia. A palavra tambor deriva da importância do instrumento nos rituais de culto. Mina deriva de negro-Mina de São Jorge da Mina, denominação dada aos escravos procedentes da “costa situada a leste do Castelo de São Jorge da Mina” (Verger, 1987: 12) , no atual República do Gana, trazidos da região das hoje Repúblicas do Togo, Benin e da Nigéria, que eram conhecidos principalmente como negros mina-jejes e mina-nagôs. O Maranhão foi importante núcleo atração de mão de obra africana, sobretudo durante o último século do tráfico de escravos para o Brasil (1750-1850), e que se concentrou na Capital, no Vale do Itapecuru e na Baixada Maranhense, regiões onde havia grandes plantações de algodão e cana-de-açúcar, que contribuíram para tornar São Luís e Alcântara cidades famosas entre outros aspectos, pela grandiosidade dos sobradões coloniais, construídos com mão de obra escrava e pela harmonia, beleza e coreografia das musicas de origem africana. Como as demais religiões de origem africana no Brasil (Candomblé, Umbanda, Xangô, Xambá, Batuque, Toré, Jarê e outras), o tambor de mina se caracteriza por ser religião iniciática e de transe ou possessão. No tambor de mina mais tradicional a iniciação é demorada, não havendo cerimônias públicas de saída, sendo realizada com grande discrição no recinto dos terreiros e poucas pessoas recebem os graus mais elevados ou a iniciação completa. A discrição no transe e no comportamento em geral é uma características marcante do tambor de mina, considerado por muitos como uma maçonaria de negros, pois apresenta o modelo do culto do Tambor de Mina é grandemente influenciado pela Casa das Minas. Algumas casas são dirigidas por homens e possuem maior presença de homens. a entidade dá muitas voltas ao redor de si mesmo.características de sociedades secretas. como a do Festa do Divino Espírito Santo. No Tambor de Mina cerca de noventa por cento dos participantes do culto são do sexo feminino e por isso. que deve ter sido fundado em São Luís na década de 1840. daí porque nenhuma outra siga completamente seu estilo. Sérgio Ferretti: "No Tambor de mina do Maranhão pouco se fala em Oxum. Casas de Culto em São Luís . como uma toalha branca amarrada na cintura ou um lenço. Piauí e na Amazônia. Nos terreiros de Tambor de Mina é comum a realização de festas e folguedos da cultura popular maranhense que as vezes são solicitadas por entidades espirituais que gostam delas. a Encantaria é um culto associado ao Tambor de Mina. não possui casas que lhe sejam filiadas. mas apesar dela não ter casas filiadas. as vodunsis e para pedir proteção às entidades espirituais para suas brincadeiras. o Tambor de Crioula e outras. estando ausente apenas na Casa das Minas. enrolado na mão ou no braço. Em muitas casas. alguns falam num matriarcado nesta religião. o Bumba-meu-boi. ou côme em jeje). também se encarregam de certas atividades do culto. conhecidas nos terreiros influenciados pelo candomblé. no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio. A Casa das Minas é única. Existem dois modelos principais de tambor de mina no Maranhão: mina jeje e mina nagô. no início do transe. penetram apenas os iniciados mais graduados. O transe no tambor de mina é muito discreto e as vezes percebível apenas por pequenos detalhes da vestimenta. abatás. como matança de animais de 4 patas e do transporte de certas obrigações para o local em que devem ser depositados. que lhe é quase contemporâneo e que também se continua até hoje é o da Casa de Nagô." Encantaria Muito comum no Maranhão. O outro. denominado pana. Nesta casa os cânticos são em língua jeje (EwêFon) e só se recebem divindades denominadas de voduns. É comum também outros grupos que organizam tais atividades irem dançar nos terreiros de mina para homenagear o dono da casa. O primeiro parece ser o mais antigo e se estabeleceu em torno da Casa grande das Minas Jeje (Querebentan de Zomadônu). o terreiro mais antigo. localizada no mesmo bairro (São Pantaleão) a uma quadra de distância. talvez para firmar o transe. daí a definição abatazeiros. Os orixás e voduns se agrupam em famílias ou panteões. numa dança de bonito efeito visual. isto é. Os homens desempenham principalmente a função de tocadores de tambores. Normalmente a pessoa quando entra em transe recebe um símbolo. que podem ser encontrados inclusive na roda de dançantes. Oiá e Obá. Nos recintos mais sagrados do culto (peji em nagô. o Terreiro de Pai Oxalá e Mamãe Oxum de Pai Joãozinho da Vila Nova. especificamente. Dom Floriano. Casa de Iemanjá (Ylê Ashé Yemowa). Averequete. hospedando as demais: Dambirá (Damballah).fundada por africanos de tradição yourubá. em que são recebidas entidades africanas jeje-nagôs ou (iorubás): Doçu. deu origem a outros terreiros de São Luís. de Bita do Barão. Casa de Nagô (Nagon Abioton) . gentis e caboclos. foi fundada à época de D. Merece destaque o Ylê Axé de Otá Olé (Terreiro de Mina Pedra de Encantaria. Nanã Buruku. Outros dois terreiros antigos merecem ser lembrados: o Terreiro do Egito (Ilê Axé Niamê) e o Terreiro da Turquia (Ilê Nifé Olorum) (já extintos) que originaram vários outros terreiros. em São Luís. Em Codó. Quevioçô (Heviossô). Caboclo Velho. Xangô. Alguns terreiros dedicam-se ao Tambor de Mina. Dom Sebastião.fundada em meados do século XIX. ou de origem maranhense. como por exemplo. e em São Paulo. por Nã Agotimé. Légua Boji. Existem terreiros de mina chefiados por pais e mães de santo. Segundo relatos. S. Ewá. dependendo da família ou linha de entidades que se queira homenagear. Acóssi. Pará. Ricardino. Mariana. Aladanu e Savalunu. trazida como escrava para o Brasil. que juntamente com esta influenciou os demais terreiros de São Luís. Sakpatá. Sogbô. no centro histórico de São Luís. como por exemplo a Casa de Minas Thoya Jarina. Acredita-se que existem mais de 200 terreiros espalhados na capital definindo-se como Mina. no Piauí. e segundo Pierre Verger. Terreiro Fé em Deus. Xapanã. Naeté. esposa do rei Agonglô. Pedro II por malungos africanos "de Nação". Além disso muitas casas funcionam precariamente principalmente por dificuldades financeiras. A casa dedica-se ao culto jeje dos voduns. S. É considerada a mais antiga casa de tambor de mina no Maranhão. Dom João. No Maranhão. S. Locô. de Pai Euclides Ferreira sendo a única com espaço dedicado ao candomblé. Lissá. e aqui conhecida pelo nome de Maria Jesuína. Avó Missã dentre outros. que estão organizados por famílias. Amazonas. de Abeokuta. mas também a algumas sessões de Umbanda. localizada à rua de São Pantaleão. com destaque para a Casa Fanti Ashanti. gentis de origem européia ou caboclas de origem nativa: Dom Luís Rei de França. sendo mais conhecido a "Tenda Espírita de Umbanda Rainha de Iemanjá". S. ajudados pela fundadora da Casa das Minas. os terreiros são também numerosos. Aziri. feitos no Maranhão. até hoje não catalogados. D. Badé. Toy Zezinho de Amaramadã. de Pai José Itaparandi. mais precisamente. de Toy Vodunnon Francelino de Shapanan Há festas especiais para voduns.Casa das Minas ou Querebentã de Toy Zomadonu . a saber: Davice que é a principal. a "Meca" do Terecô. da família real de Abomey. S. mãe do rei Guezô do Daomé. a Casa de Nagô é considerada irmã da Casa das Minas. de mãe Elzita. sendo que de acordo com o desenvolver do culto mudam-se os toques e os cânticos também. Contudo os voduns não são celebrados . Rei da Turquia. há uma diversidade de terreiros. Guerreiro. de Jorge Itaci (falecido em 2003). Umbanda ou Mata (Encantaria de Barba Soeira). Localizada na Rua Cândido Ribeiro no centro histórico de São Luís. Princesa D’Ôro. Ogum. João da Mata e muitos outros. Iemanjá (Abê). vegetais. ajudando para que nosso destino se torne cada vez mais favorável. com exceção da Casa das Minas. no Brasil o mais respeitado e o mais velho entre os Orixás. Nosso Deus jamais pune seus filhos tão pouco condena-os a fogueira eterna. No Brasil. da terra. é cultuado como "Orisá maior". que nos auxilia em nosso dia a dia. A grande maioria das nações africanas anterior a era cristã.) Nota: Olorun está acima da vaidade pessoal e de religiões que buscam sempre monopolizar o seu poder.. do fogo. Acreditamos que nosso Deus "é o todo". etc.juntamente com gentis ou caboclos. Na verdade. Sendo assim. Por essa riqueza cultural e pelo próprio sincretismo presente no culto fica difícil separar Tamborde-Mina e Encantaria. também nunca os entregou ao seu maior inimigo (Satanás) após cometer erros divinos chamado de pecados eternos. isto se deve também ao fato de que o tambor-de-mina. cada orixá representa uma força da natureza. ser um mixto de elementos nagôs (yourubás). pedimos que visitem o nosso portal Matriz Afro para ter esclarecimentos mais abrangente e técnicos sobre a senhoridade e Cronologia) Orisála por ser sincretizado no Brasil com Jesus Cristo. com toques especiais em língua jeje ou nagô.. indígenas e europeus(catolicismo romano). isto é. como a Umbanda e o Candomblé sobre muitos pais e mães-de-santo maranhenses. jeje (ewe-fon). amado ou seguido. cultuamos também as forças elementares oriundas da água. homens. fanti-ashanti. deturpado naturalmente no decorrer de séculos. Oxalá é um dos mais velhos. etc. Essas forças em equilíbrio produzem uma enorme energia (asé). Quando cultuamos nossos orixás. o que de fato vem descaracterizando o tambor de mina. ser fundamental. diz-se que Oxalá é o pai maior. conheciam a existência de Ólorun como grande criador. nós nos referimos a estarmos adorando as forças da natureza. planetas. ketu. o que torna na maioria das vezes imprecisa sua origem. do ar. é a influência direta ou indireta de denominações não originárias do Maranhão. . num jeje(fon) intraduzível. OS ORIXÁS Orixás são elementos da natureza. Pai esse conhecido por nós como "Ólorun"ou Olodumaré (Deus supremo). cambinda (angola-congo). a festa destes ocorre separadamente. quando dizemos que adoramos deuses. (animais. erroneamente. Orixá Fun Fun* (Nota: quando nos referirmos a Ifá/Iyami. Terecô ou Tambor da Mata já que muitas casas de culto se dedicam a todas essas vertentes similares e intrínsecas. Entretanto. forças essas pertencentes a criação do grande pai. nosso deus não destrói países e não aniquila civilizações de filhos amados por ciúmes quando não adorado. a fim de não criar confusões. E o todo é a natureza e seus integrantes. segredos e ensinamentos. caminhos revelados por Ifá onde se faz necessário o devido culto para que os que dele pertencem seguir e equilibrar sua energia durante o tempo que permanecerá no aiye (terra). Em nossa religião. os seguidores iniciados(iyawos) sobre a influência de um Orixá. Finalizando: energia = natureza. ferramentas.. Orixá = caminho. jamais deixaria de perdoar meus filhos.. Ligação essa. sua energia. sendo muitos ancestrais divinizados que após fatos heróicos ou divinos. (Orisá). Como já havíamos comentado. alimentada e equilibrada para que se possa ter a consiência e o o equilíbrio mental para possuir ou ser conduzido na Energia pura de Orixá. Exemplo: Os filhos de Ossain possuem mais energia voltada para as curas e plantas do que os filhos de Ogun que possuem por sua vez.detém mais energia do seu influente que os filhos de outros Orixás. ama e protege seus filhos. que nós preservamos e usamos não só para nós. e por possuirem energia extrema. natureza = Orixá. O verdadeiro pai perdoa. mas também para as pessoas que nos procuram. Em resumo.. Orixá significa também o caminho que nos guia em determinados pontos de nossas vidas. específico. Portanto nosso deus é um pai mais perfeito que qualquer outro pai. ensina. salientamos o de maior e incontestável importância que é ORI. que antes de tudo deve ser muito bem cuidada. quase todos os Orixás tiveram uma curta passagem pelo nosso mundo. seu Deus pessoal. metais. nosso panteão nada mais é que a junção das energias de todo os elementos da natureza. seu asé e portanto. encurtando a ligação do material ao espiritual. maior será o cordão (elo) de ligação com seu Orixá aproximando mais de olorum(Deus criador/construtor de todo o universo). Entre todos Orixás. Aprendemos a sentir e manipular essas energias individualmente através de cada Orixá. maior que a capacidade humana poderia suportar. Essas ligações são em sua grande maioria revelados por IFÁ.Como pai. etc. cujo veremos na parte relacionado a Odús. mesmo sem ter ligações diretas com a religião. Orixás – um breve resumo . cada elemento e força da natureza é por nós representado por um Orixá.. encantaram-se e/ou retornaram ao Orun (céu). deixando para nós. detém mais energia voltado a armas. maior será seu desenvolvimento. é fundamental a integração com a natureza. sua conciência viva e presente. sua identidade. tão pouco condenaria-os ao extermínio por erros que cometem ou possam cometer. pois quanto maior o contato com a natureza. segunda esposa de Oxalá Saudação: Odò ìyá! Cores: prata e branco Dia da semana: Sábado Ossaim – O orixá das plantas Saudação: Ewê ô! Cores: verde e branco com lista vermelha Dia da semana: Quinta-feira Obá – orixá dos ventos e redemoinhos Saudação: Obá Xiré Yá! Cores: rosa. primeira esposa de Oxalá. sensualidade e amor Oxum – Orixá do amor. deusa da morte Saudação: Saluba Nanã! Cores: lilás. roxo Dia da semana: Domingo Oxumaré/Bessen – O orixá da riqueza representado pelo arco-íris e pela cobra Saudação: Arroboboi Oxumarê! Cores: amarelo e verde Dia da semana: Terça-feira Logunedé – O caçador filho de Oxum e Oxóssi Saudação: Olorikim Logun! Cores: amarelo e azul Dia da semana: Quinta-feira Iansã – Senhora dos ventos e tempestades Saudação: Epahey Oyá! Cores: marrom e vermelho Dia da semana: Quarta-feira Xangô – Senhor da justiça Saudação: Kao Kabiesilê! Cores: vermelho e branco. marrom e branco Dia da semana: Quarta-feira Oxum. cinza Dia da semana: Terça-feira Oxalá/Oxaguiã/Oxalufã – O orixá maior Saudação: ÈPA BÀBÁ ! Cores: Branco Dia da semana: Sexta-feira.Exú – Mensageiro dos orixás Saudação: Laroyê Exú! Cores: vermelho e preto Dia da semana: Segunda-feira Ogum – O orixá da guerra. . deus da varíola Saudação: Atotô! Cores: marrom. cor palha Dia da semana: Segunda-feira Nanã Buruku – a mais velha dos orixás. deusa da fertilidade. coral Dia da semana: Quarta-feira Irokô – O orixá do tempo Saudação: Iroko y Só! Eeró! Cores: branco. beleza. verde Dia da semana: Terça-feira Oxóssi – O orixá da caça e rei das matas Saudação: Okê arô! Cores: verde. é também ferreiro Saudação: Ogunhê! Cores: azul. da fertilidade e maternidade Saudação: Ora yê yê ô! Cores: amarelo Dia da semana: Sábado Iemanjá – Deusa do mar. azul Dia da semana: Quinta-feira Omolú/Obaluaiê – O orixá da medicina. Daniele. Étude sociologique. PINTO. PUF. Alcan. David Émile. PUF. Paris. Capitalismo e Moderna Teoria Social: Análise das obras de Marx. 1893 – De la division du travail social. PUF. Nationalism and Ethnic Politics.BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS http://www. vol. 73-85.] ) 1924 – Sociologie et Philosophie. port. nº 1. F. PUF. Paris. Caixero e revisão técnica de Antônio Monteiro Guimarães Filho.com. F. Rio de Janeiro. II. Porto.a ed. Alcan. F. 1994. F. Paris. Parte III. Americanization and the planetary spread of ethnic conflict : The globalization trap. de Nathanael C.php?artigo=123 GIDDENS. (ed. cap. Difel. Afrontamento. Alcan. 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