Sistemas Fixos de Combate a Incendio

April 2, 2018 | Author: Anonymous fGUP5h2A | Category: Combustion, Fuels, Police, Heat, Statutory Law


Comments



Description

OLAVO JOSÉ PIOLLISISTEMAS FIXOS DE COMBATE A INCÊNDIO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Anhembi Morumbi no âmbito do Curso de Engenharia Civil com ênfase Ambiental. SÃO PAULO 2003 OLAVO JOSÉ PIOLLI SISTEMA FIXO DE COMBATE A INCÊNDIO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Anhembi Morumbi no âmbito do Curso de Engenharia Civil com ênfase Ambiental. Orientador: Prof. Érico Francisco Innocente SÃO PAULO 2003 AGRADECIMENTOS Ao Professor Érico Francisco Innocente, que em certos momentos foi muito paciente e conseguiu reverter algumas situações complicadas. Ele esteve presente na hora em que precisei de força para continuar. Ao Irmão Ricardo Chiesa, que mesmo sem falar muito, por estar ocupado com o seu próprio trabalho, esteve ao meu lado por noites e noites trabalhando. Às vezes, apenas a presença de um amigo já é o suficiente para nos motivar. Ao Sr. Pedro Simionatto Polito, Superintendente de Produção da Instituição Financeira na qual foi realizado o estudo de caso desse trabalho, pois sem a sua compreensão e autorização não seria possível a realização do trabalho. À todos aqueles que souberam compreender a importância desse trabalho e colaboraram de alguma forma com a sua realização. SUMÁRIO RESUMO.......................................................................................................IV ABSTRACT....................................................................................................V LISTA DE FIGURAS .....................................................................................VI LISTA DE FOTOGRAFIAS ..........................................................................VII LISTA DE TABELAS ..................................................................................VIII 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 1 1.1 2 O CORPO DE BOMBEIROS NO BRASIL .............................................. 1 OBJETIVOS............................................................................................ 7 2.1 Objetivo Geral ............................................................................................ 7 2.2 Objetivo Específico ..................................................................................... 7 3 METODOLOGIA DO TRABALHO.......................................................... 9 4 JUSTIFICATIVA.................................................................................... 10 5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................. 11 5.1 Conceitos Básicos...................................................................................... 11 5.1.1 O Fogo................................................................................................ 11 Combustível ................................................................................................... 11 Comburente.................................................................................................... 12 Calor .............................................................................................................. 12 Combustão ..................................................................................................... 12 i Características físicas e químicas.................................................................... 12 PONTO DE FULGOR................................................................................ 12 PONTO DE COMBUSTÃO....................................................................... 13 PONTO DE IGNIÇÃO............................................................................... 13 5.1.2 Classes de Incêndios ........................................................................... 13 Classe “A”...................................................................................................... 13 Classe “B”...................................................................................................... 13 Classe “C”...................................................................................................... 14 Classe “D”...................................................................................................... 14 5.1.3 Métodos de Extinção........................................................................... 14 Resfriamento .................................................................................................. 14 Abafamento.................................................................................................... 14 Isolamento...................................................................................................... 15 5.1.4 5.2 Extintores Portáteis ............................................................................. 15 Cenário da Legislação Nacional............................................................... 16 5.2.1 Legislação Federal .............................................................................. 16 Constituição de 1988 ...................................................................................... 16 Portaria N.º 3214, de 08/06/78, NR-23 – Proteção contra incêndios................ 17 5.2.2 Estado de São Paulo............................................................................ 19 Constituição Estadual ..................................................................................... 19 5.2.3 Construção Civil ................................................................................. 21 5.2.4 Comitê Brasileiro de Segurança Contra Incêndios – CB-24................. 22 5.2.5 Cenário das Normas Técnicas ............................................................. 23 NBR’s em vigor ............................................................................................. 23 Normas com texto em formulação .................................................................. 30 5.3 Sistemas Fixos ........................................................................................... 32 5.3.1 5.3.1.1 Tipos de Sistemas ............................................................................... 32 Hidrantes e Mangotinhos................................................................. 32 Software para Projetos................................................................................ 42 5.3.1.2 Chuveiros Automáticos................................................................... 46 5.3.1.3 Espuma ........................................................................................... 53 ii 5.3.1.4 5.3.2 6 Gases .............................................................................................. 54 A importância de uma equipe treinada para operação do sistema......... 57 ESTUDO DE CASO .............................................................................. 60 6.1 Instalação de Sistema Fixo de CO2 em um edifício destinado às instalações de C.P.D. de uma Instituição Financeira. ......................................... 60 6.1.1 Funcionamento do Sistema ................................................................. 62 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................. 66 8 CONCLUSÃO ....................................................................................... 68 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 70 ANEXO 1 – TABELAS DO DECRETO 46076/01 ........................................ 72 ANEXO 2 – ENTREVISTA ........................................................................... 78 iii RESUMO Esta monografia apresenta um histórico do Corpo de Bombeiros no Brasil, instituição cuja instauração nacional data do século XIX, mas é reconhecidamente fundamental para assegurar a proteção das civilizações em todo o mundo. A história dos bombeiros é permeada de evoluções práticas que apontam o constante aprimoramento no combate ao fogo, desde o aspecto mais simples, como o balde de couro, ao mais complexo, como o chamado super caminhão bomba, sempre visando a um futuro com ações eficazes e independentes no cumprimento das metas da instituição. O conhecimento da legislação nacional, cuja difusão ainda não é adequadamente acessível, é essencial para que os engenheiros tenham orientação precisa quando da criação e desenvolvimento dos projetos pertinentes, que viabilizem a eqüidade da instituição. Neste sentido, destaca-se como elemento eficiente de apoio o acervo legislativo da cidade de São Paulo, que possui decreto estadual próprio em que estão adensadas instruções técnicas abrangendo variados aspectos da segurança contra incêndios. Tais instruções estão embasadas nas Normas Brasileiras Regulamentadoras (NBR). Esta monografia aborda aspectos comumente utilizados nos procedimentos de combate a incêndio, destacando os sistemas exigidos e recomendados – tanto os amplamente difundidos hidrantes e sprinklers quanto os não usuais sistemas de espuma e gases. Por fim, é analisado um caso cuja aplicação eficaz de um sistema integrante de um projeto audacioso resultou em eficiente resultado, demonstrando que esta instituição alcança excelentes resultados em seus empreendimentos por buscar excelência em todos os seus parâmetros de ação. iv ABSTRACT This monograph presents a report of the Fire Brigade in Brazil, institution whose national establishment dates from the century XIX, but it is thankfully fundamental to assure the protection of the civilizations all over the world. The firemen's history is permeated of practical evolutions which point the constant improvement in the combat to the fire, from the simplest aspect, as the leather bucket, to the more compound, as the call super truck bomb, always seeking a future with effective and independent actions in the execution of the goals of the institution. The knowledge of the national legislation, whose diffusion is not still appropriately accessible, is essential for the engineers to have necessary orientation when they are creating and developing the pertinent projects, that they make possible the justness of the institution. In this sense, the legislative collection of the city of São Paulo stands out as efficient element of support, that possesses own state ordinance in which are included technical instructions including varied aspects of the safety against fires. Such instructions are based in the Brazilian Norms Regulators (NBR – Normas Brasileiras Regulamentadoras). This monograph approaches aspects commonly used in the combat procedures to fire, detaching the demanded systems and recommended - so much the thoroughly spread fire hydrants and sprinklers as the no usual foam systems and gases. Finally, a case is analyzed whose effective application of an integral system of a daring project resulted in efficient goals, demonstrating that this institution reaches excellent approaches in their enterprises by looking for excellence in all their action parameters. v LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 - TETRAEDRO DO FOGO .......................................................................................... 11 FIGURA 2 - ESQUEMA DE INSTALAÇÃO DE BOMBA DE REFORÇO PARA RESERVATÓRIO ELEVADO POR BOTOEIRA. (DECRETO ESTADUAL 46076, S.PAULO, 2001).... 38 FIGURA 3 - ESQUEMA DE INSTALAÇÃO DE BOMBA DE REFORÇO PARA RESERVATÓRIO ELEVADO AUTOMATIZADO. (DECRETO ESTADUAL 46076, S.PAULO, 2001). 39 FIGURA 4 - ESQUEMA DE INSTALAÇÃO DE BOMBA DE INCÊNDIO COM A SUCÇÃO ACIMA DO NÍVEL D’ÁGUA. (DECRETO ESTADUAL 46076, S.PAULO, 2001)... 39 FIGURA 5 - CADDPROJ® - EXECUÇÃO DO TRAÇADO ISOMÉTRICO.................................... 43 FIGURA 6 - CADDPROJ® - CAMPOS DE ENTRADA DE DADOS ............................................. 44 FIGURA 7 - CADDPROJ® - INSERÇÃO DE DADOS DOS TRECHOS ........................................ 44 FIGURA 8 - CADDPROJ® - RELATÓRIO FINAL ........................................................................ 45 FIGURA 9 - COMPOSIÇÃO DO ASPERSOR ............................................................................... 46 FIGURA 10 - ESQUEMA DE REDE ÚMIDA................................................................................ 48 vi LISTA DE FOTOGRAFIAS FOTO 1 - UNIÃO DE ENGATE RÁPIDO...................................................................................... 36 FOTO 2 - ACOPLAMENTO DA MANGUEIRA............................................................................ 36 FOTO 3 - ABRIGO PARA MANGUEIRAS E ESGUICHOS.......................................................... 36 FOTO 4 - SPRINKLER EM FUNCIONAMENTO........................................................................... 46 FOTO 6 - MODELOS DE ASPERSORES DE REDE ÚMIDA ....................................................... 49 FOTO 7 - MODELOS DE ASPERSORES DE REDE SECA.......................................................... 49 FOTO 8 - BATERIA DE CO2 ......................................................................................................... 61 FOTO 9 - DETALHE DA VÁLVULA DE RETENÇÃO................................................................. 61 FOTO 10 - VÁLVULAS DIRECIONAIS ....................................................................................... 61 FOTO 11 – DETALHE DA VÁLVULA DIRECIONAL ................................................................. 61 FOTO 12 - TUBULAÇÃO.............................................................................................................. 62 FOTO 13 - DIFUSOR..................................................................................................................... 62 FOTO 14 - DETECTOR DE FUMAÇA .......................................................................................... 62 FOTO 15 - POSIÇÃO DOS ACIONADORES MANUAIS.............................................................. 63 FOTO 16 - ACIONADOR MANUAL............................................................................................. 63 FOTO 17 - PAINEL CENTRAL ..................................................................................................... 64 vii LISTA DE TABELAS TABELA 1 - TIPOS DE SISTEMAS DE PROTEÇÃO POR HIDRANTES E MANGOTINHOS .... 34 TABELA 2 - APLICABILIDADE DOS SISTEMAS ...................................................................... 42 TABELA 3 - ELEMENTO SENSÍVEL TIPO AMPOLA DE VIDRO ............................................. 47 TABELA 4 - CLASSIFICAÇÃO DAS EDIFICAÇÕES E ÁREAS DE RISCO QUANTO À OCUPAÇÃO ............................................................................................................. 72 TABELA 5 - CLASSIFICAÇÃO DAS EDIFICAÇÕES QUANTO À ALTURA ............................. 77 TABELA 6 - CLASSIFICAÇÃO DAS EDIFICAÇÕES E ÁREAS DE RISCO QUANTO À CARGA DE INCÊNDIO.......................................................................................................... 77 viii 1 INTRODUÇÃO As sociedades humanas preocuparam-se sempre em organizar sua defesa contra incêndios. As grandes nações, que floresceram sob o impulso da civilização greco-romana, já possuíam tais serviços preventivos e estavam razoavelmente desenvolvidos e organizados, sendo que na antiga Roma dos Cezares a vigilância contra incêndios era exercida com rigor e cuidado. Registra-se que os habitantes das cidades eram obrigados por lei a manterem em suas habitações uma tina cheia de água. O primitivo material de extinção era constituído somente de baldes de couro, escadas e machados. (Corpo de Bombeiros do Estado de S.Paulo – CBESP, 2003) Na Grã-Bretanha, o estabelecimento de companhia de seguros deu lugar ao aparecimento de Brigadas de Bombeiros, sendo provavelmente a primeira a da Royal Exchange, em 1722. Em 1833, o Corpo de Bombeiros de Londres era composto de 76 oficiais e soldados que tinha a seu cargo a proteção de Londres. No ano seguinte, o parlamento foi destruído pelo fogo, e depois de vários outros incêndios, finalmente em 1865 os Corpos de Bombeiros passaram a ser responsabilidade do governo. Nos Estados Unidos e em quase todos os países os Corpo de Bombeiros estavam sob jurisdição municipal. Em muitas cidades dos Estados Unidos, existem Corpos de Voluntários sem ônus para o governo e sempre prontos a suprir as necessidades dos grandes incêndios. (CBESP, 2003) Os estados em que essa forma de organização tornou-se comum, nos meados do século XX foram: Pensilvânia, Nova Jersey, Delaware e Maryland, mais corpos de voluntários vem sendo fundados em quase todos os estados Norte Americanos. (CBESP, 2003) 1.1 O CORPO DE BOMBEIROS NO BRASIL Em meados do século XIX, antes da criação do Corpo de Bombeiros, o serviço de extinção de incêndios do Estado do Rio de Janeiro era realizado 1 por seções dos Arsenais de Guerra e da Marinha, Casa de Correção e Repartição de Obras Públicas. A seção de Arsenal de Guerra compunha-se de 30 praças, o da Repartição de Obras Públicas, de 40 bombeiros, sendo 20 efetivos e 20 adidos, a Casa de Correção era composta de 60 africanos livres e a do Arsenal da Marinha não tinha efetivo definido. (CBESP, 2003) A 02 de Julho de 1856, por decreto Imperial n° 755, foi criado o Corpo de Bombeiros Provisórios da Corte. Nessa época possuía o Corpo de Bombeiros 15 bombas manuais, 74 mangueiras de couro, 23 magotes, 190 baldes de couro e 13 escadas, sendo o seu efetivo de 130 homens. Naquela época, os postos tinham como material rodante um corrigo1 com 6 a 8 mangueiras, caixa para ferramentas, esguichos, chaves de registro, uma guarnição de 8 praças e um graduado comandante. Quando recebiam um aviso de incêndio, saiam do Posto puxando o corrigo pela via pública e procuravam vencer o fogo enquanto não chegavam os reforços, conforme a extensão do sinistro. (CBESP, 2003) Em São Paulo, no ano de 1874, surge, junto à Cia de Urbanos, corpo civil de policiamento da cidade de São Paulo, um Serviço de Bombeiros composto por 10 homens e um Carro de Bombeiros com tração animal. (CBESP, 2003) Em 1875 é criada uma "Turma de Bombeiros" com 10 homens egressos do Corpo de Bombeiros da Corte e que ficaram adidos à Cia de Guarda de Urbanos. Sete anos mais tarde é criado o Decreto de Província de São Paulo que regulamenta os órgãos de segurança pública, sendo eles: Corpo Policial Permanente, Cia de Urbanos e Seção de Bombeiros. (CBESP, 2003) Em 1891 o efetivo é elevado para 168 homens, causando uma queda na qualidade do serviço, em virtude do despreparo. Freqüentes conflitos com os 1 Carro utilizado para o transporte dos equipamentos de combate a incêndio da época. 2 Urbanos fazem com que a Seção de Bombeiros passe a ter de uma imagem ruim junto à população. (CBESP, 2003) Em outubro desse mesmo ano assume o Comando o Capitão José Maria O'Connel Jersey, que dissolveu a CIA e, após uma seleção mais adequada, cria o CORPO DE BOMBEIROS com 240 homens. (CBESP, 2003) No ano seguinte o Corpo de Bombeiros é agregado à Força Policial. Esta alteração fez parte de uma mudança maior onde o antigo Corpo Permanente, à época chamado já de Força Militar de Polícia, foi elevado à categoria de Força Policial, contando com cinco Batalhões de Infantaria e um de Cavalaria, dissolvendo-se a Cia de urbanos. O Corpo de Bombeiros passa então à categoria de organismo militar. Em outubro o Capitão Jersey deixa o comando e assume o Capitão Benedito Gama. (CBESP, 2003) Em 1906, chega ao Brasil, a Missão Francesa, com a incumbência de instruir e militarizar a Força Pública, que aglutinava a Força Policial, a Companhia de Cívicos da Capital e o Corpo de Bombeiros. São adquiridas quatro bicicletas para a Seção de Ciclistas, que fariam a ronda e primeiro atendimento numa ocorrência, o que trouxe excelentes resultados. Em 1907, houve uma atuação legal preventiva, com a aplicação de multas para tentar reprimir sinistros causados por excesso de fuligem. Dois anos depois foi distribuído para os bombeiros o seu primeiro manual, “Instruções para o Serviço de Incêndio”. Em 1910, foram adquiridos da Inglaterra os primeiros veículos automotores, junto à empresa MERRYWEATHER&SONS, no total de seis (três para combate ao fogo), a serem entregues em 1911, ano em que foi completamente inaugurado o popular sistema de alarme GAMEWELL americano. Esta também foi a melhor fase do abastecimento de água (hidrantes). O efetivo era de 461 homens, em 1912. O segundo manual “Noções Práticas do Serviço de Bombeiros”, foi publicado no Diário Oficial, e foi confiada ao bombeiro a operação e a manutenção da nova Assistência 3 Policial (sistema telegráfico de alarme e atendimento ao público). (CBESP, 2003) A participação na Revolução de 24 é propulsora de grandes transformações: mostraram ser tão bons combatentes quanto bombeiros, e isso fez com que o governador Carlos de Campos resolvesse reorganizar o Corpo, fornecendo-lhe instrução militar e técnica, agregando-o às tropas combatentes. (CBESP, 2003) Em 1929, ano em que foram adquiridos novos materiais e viaturas, e ao comando do tenente-coronel Affonso Luiz Cianciulli, este oficial mandou avaliar aquelas aquisições e viu que estavam quase imprestáveis, em parte pela pouca instrução dos seus operadores. Coloca então em atividade caros aparelhos que estavam em desuso e inventa um dispositivo para salvamento em altura, chamado CALC (Cmt Affonso Luiz Cianciulli), que substituiu os Davy usados na tarefa. O comandante foi responsável, também, pela restauração dos aparelhos pulmotores “Drager” alemães; que são equipamentos de respiração autônoma, desenhou o primeiro Auto Salvação do Corpo de Bombeiros e defendeu a criação de uma legislação de combate e proteção contra o fogo, principalmente nos edifícios. Desta maneira, Cianciulli promoveu uma das maiores evoluções, tanto técnica como organizacional, na historia do serviço de bombeiros em São Paulo. (CBESP, 2003) Com o objetivo de reorganizar o Corpo de Bombeiros é nomeada, em Agosto de 1946, uma comissão da qual fazia parte o coronel Índio do Brasil. Dentro desse mesmo propósito, mas já com um forte sentimento separatista, vários oficiais visitavam cidades do interior do Estado, reunindo subsídios para arquitetar a criação do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, sem ligação com a policia; aliás, o desejo de autonomia vinha crescendo entre os bombeiros desde 1942, como conseqüência de sensíveis melhorias introduzidas nos diversos cursos de formação de quadros da milícia 4 estadual, incutindo um maior profissionalismo na tropa para as suas funções. (CBESP, 2003) Em 1961 surge a primeira especificação para instalações contra incêndios, com referência a normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. Até o início dos anos oitenta, as exigências do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo eram limitadas a extintores portáteis, hidrantes e sinalização de equipamentos. (CBESP, 2003) Somente em 1983 é que surgiu a primeira especificação anexa a um Decreto, que passou a exigir, entre outros dispositivos, sistemas de hidrantes, sistemas de chuveiros automáticos e sistemas fixos de Espuma, CO2 e Halon2, sendo este último já extinto e substituído pelos gases Inergen®, Linha FM® e Linha FE®. (CBESP, 2003) Alguns fatos foram relevantes para que o Corpo de Bombeiros mudasse sua forma de atuação, passando a trabalhar muito mais na área da prevenção. Três desses fatos são descrito: 1. São Paulo, 24 de Fevereiro de 1972. O Edifício Andraus é atingido, em todos os seus 31 pavimentos, por um incêndio que teve origem no 4º andar. Causa: grande quantidade de material depositado. Saldo: 6 mortos e 329 feridos. (Decreto Estadual 46076, 2001) 2. São Paulo, 01 de Fevereiro de 1974. Todos os 25 andares do Edifício Joelma são atingidos pelo fogo. Possível Causa: curto-circuito. Saldo: 189 mortos e 320 feridos. (Decreto Estadual 46076, 2001) 3. São Paulo, 14 de Fevereiro de 1981. Dezenove pavimentos do Edifício Grande Avenida são atingidos pelo fogo que teve início no subsolo. 2 O halogenado Halon foi usado anteriormente no combate a incêndio mas por causa dos seus efeitos prejudiciais à camada de ozônio o seu uso foi desaconselhado pelo protocolo de Montreal, 1987. Passando a vigorar no Brasil em 1990. N.A. 5 Nesse caso 17 pessoas morreram e 53 ficaram feridas. (Decreto Estadual 46076, 2001) Em pelo menos dois aspectos, a atividade dos bombeiros, no Brasil, enfrenta um contra-senso. Enquanto o treinamento vem se incrementando, inclusive na esfera das brigadas de incêndio particulares, falta uma lei nacional que uniformize a fiscalização de prédios no que diz respeito à prevenção contra incêndios. Se houvesse um contingente de bombeiros ideal, muita coisa seria melhor, porém, como isso não é possível, resta o estabelecimento de leis que efetivamente possibilitem prevenir incêndios, por meio de vistorias adequadas em prédios. Em contrapartida, o Brasil é um país muito heterogêneo no sentido de haver regiões onde predominam as metrópoles e regiões onde as florestas cobrem áreas extremamente grandes. A criação de uma legislação nacional teria que considerar cada caso e abrangê-los em uma única lei tornando obrigatória a adoção de medidas de prevenção e combate, ficando as normas técnicas apenas com suas funções originais que é a padronização dos equipamento e das instalações. 6 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Este trabalho visa aprimorar conhecimentos e contribuir com a divulgação dos diversos sistemas fixos de combate a incêndios existentes no que diz respeito à suas aplicações e as determinações legais para as suas instalações e funcionamento. O tema é polêmico no que tange a relação entre o custo e a funcionalidade de cada tipo de sistema, em alguns casos a segurança pode ser afetada por pura ignorância frente às inúmeras opções de sistemas existentes no mercado. Para cada situação, seja ela de prevenção ou combate ao fogo, existe sempre mais de que uma opção de produto que pode ser aplicado e é neste âmbito que a partir de então serão apresentadas alternativas de sistemas fixos de combate a incêndio e a identificação da legislação correta, incluindo leis, decretos e normas, criando, assim, um caminho abreviado para os profissionais, facilitando a consulta quando da concepção do projeto. 2.2 Objetivo Específico Baseado exclusivamente nos conceitos de segurança e deixando a berlinda a sua relação com o custo de aplicação de cada sistema é possível criar conceitos que sejam lembrados quando da necessidade de se projetar ou escolher entre um ou outro sistema. A intenção não é induzir ao uso de um ou outro sistema, mas demonstrar quais os padrões mínimos exigidos por lei e mostrar os produtos que excedem estes padrões, suas vantagens e desvantagens, e mencionar também os sistemas impróprios. A pretensão é munir de informação todo aquele que necessite traçar um comparativo analisando o desempenho da aplicação de gases em ambientes habitados e/ou com equipamentos de alta tecnologia, afim de identificar argumentos para a adoção do agente extintor correto. 7 Citar caso onde os sistemas de proteção e combate a incêndios foram determinados em função do tipo de atividade e não apenas pelo simples cumprimento da legislação. 8 3 METODOLOGIA DO TRABALHO Este Trabalho de Conclusão de Curso foi desenvolvido através de consulta a bibliografias pertinentes ao assunto, sendo a maior fonte de consulta a legislação vigente no Estado de São Paulo, Decreto Estadual 46.076, de 31/08/2001, e suas Instruções Técnicas, uma vez que o assunto é pouco provido de material didático. Materiais técnicos de empresas especializadas em Sistemas Fixos de Combate a Incêndios também foram consultados. Esses irão fornecer dados sobre instalação dos sistemas, características dos agentes extintores e aplicações. A procura por material didático foi constante, porém pouca bibliografia impressa foi encontrada e, entre a maioria dela, o material estava escrito em outra língua como inglês e espanhol. 9 4 JUSTIFICATIVA Normalmente as instalações de incêndio são colocadas em segundo plano durante a concepção de um projeto e, na maioria dos casos, os projetos de incêndio são realizados por empresas especializadas, não tendo qualquer envolvimento dos autores do projeto na escolha do tipo de sistema a ser utilizado. Conhecer as funções das instituições dos Corpos de Bombeiros é importante, pois hoje, o trabalho deles é voltado muito mais para a prevenção de incêndios e isso faz com que haja, portanto, muito mais cobrança no que diz respeito ao cumprimento do que está determinado nas leis e normas. Devido a falta de uma legislação única, muitas outras foram criadas e Normas Técnicas desenvolvidas, ganhado força de lei. Por isso, faz-se necessário criar um caminho abreviado para a consulta desse material, pois há assuntos que têm diversas normas e instruções a serem obedecidas. O conhecimento dos tipos de sistemas existentes facilitará a escolha do que é o mais adequado ao empreendimento, levando em consideração o seu uso. 10 5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 5.1 Conceitos Básicos 5.1.1 O Fogo O fogo, elemento essencial à vida, pode ser definido como um fenômeno físico-químico onde se tem lugar uma reação de oxidação com emissão de calor e luz. Devem coexistir quatro componentes para que ocorra o fenômeno do fogo: 1. 2. 3. 4. Combustível; Comburente; Calor; Reação em Cadeia. Figura 1 - Tetraedro do Fogo Torna-se necessário, conhecermos as características desses elementos: Combustível É todo material que possui a propriedade de queimar, de entrar em combustão; com maior ou menor facilidade. Quanto ao estado físico podem ser: Líquidos voláteis - são os que desprendem gases inflamáveis à temperatura ambiente. Ex.: álcool, éter, benzina, etc.. não voláteis - são os que desprendem gases inflamáveis à temperaturas maiores do que a do ambiente. Ex.: óleo, graxa, etc.. Sólidos Ex.: madeira, papel, tecido, etc.. 11 Gasosos Ex.: butano, propano, etano, etc.. Comburente É o elemento que se combina com os vapores inflamáveis dos combustíveis, possibilitando a expansão do fogo. Normalmente o oxigênio se combina com o material combustível, dando início à combustão. O ar atmosférico contém, na sua composição cerca de 21% de oxigênio, tornando-se assim, o principal comburente existente. Calor É uma forma de energia que provoca a liberação de vapores dos materiais. O calor exerce influência fundamental tanto para o início como para a manutenção da queima. Combustão É toda a reação química que há entre uma substância qualquer (combustível) e o oxigênio do ar (comburente) na presença de uma fonte de calor. Características físicas e químicas Os dados que veremos a seguir são de máxima importância para a prevenção de incêndio, principalmente no que se relaciona aos combustíveis. PONTO DE FULGOR É a temperatura mínima na qual os corpos combustíveis começam a desprender vapores, que se incendeiam em contato com uma fonte externa de calor; entretanto, a chama não se mantém devido à insuficiência da quantidade de vapores desprendidos. 12 PONTO DE COMBUSTÃO É a temperatura mínima na qual os vapores desprendidos dos corpos combustíveis, ao entrar em contato com uma fonte externa de calor, entram em combustão e continuam a queimar. PONTO DE IGNIÇÃO É a temperatura mínima na qual os gases desprendidos dos combustíveis entram em combustão, apenas pelo contato com o oxigênio do ar, independente de qualquer outra fonte de calor. 5.1.2 Classes de Incêndios Os incêndios são classificados, conforme o Decreto Estadual 46076/01, de acordo com as características do materiais, levando-se em conta, ainda, as condições em que se queimam. Por isso, os incêndios são divididos em: Classe “A” Caracteriza-se por incêndios em materiais sólidos. Ex.: madeira, papel, tecido, etc.. Esses materiais apresentam duas propriedades: • Deixam resíduos quando queimados (brasas, cinzas, carvão, etc.) • Queimam em superfície e em profundidade Classe “B” Caracteriza-se por incêndio em líquidos inflamáveis. Ex.: óleo, gasolina, querosene, etc.. Esses materiais apresentam duas propriedades: • Não deixam resíduos quando queimados. • Queimam somente em superfície 13 Classe “C” Caracteriza-se por incêndio em equipamentos elétricos ENERGIZADOS. Ex.: Máquinas elétricas, quadros de força, etc.. Obs.: Ao desligar o circuito elétrico, o fogo na parte sem energia passa a ser de classe A. (CUIDADO COM ENERGIA ACUMULADA – TRATAR COMO CLASSE “C”) Classe “D” Caracteriza-se por incêndio em metais pirofóricos. Ex.: potássio, alumínio em pó, magnésio, etc.. 5.1.3 Métodos de Extinção Toda reação de combustão continua até que se aplique um dos seguintes métodos de extinção: Resfriamento Um dos métodos mais eficientes de extinção de incêndio é o de resfriamento, ou seja, quando baixamos a temperatura do combustível até o ponto em que não existem mais condições de desprendimento de gases ou vapores quentes. A água, largamente usada no combate a incêndio, é um dos mais eficientes agentes de resfriamento. Abafamento O abafamento ou controle de comburente, consiste em abaixar os níveis de oxigenação da combustão. O oxigênio é encontrado na atmosfera, na proporção de 21%. Quando esta porcentagem é limitada ou reduzida a 15%, o fogo deixa de existir. 14 Isolamento Baseia-se na retirada do material que poderia ser atingido pelo fogo, evitando a sua propagação para outras áreas. 5.1.4 Extintores Portáteis Todos os estabelecimentos, mesmo os dotados de outros sistemas de combate a incêndios, deverão ser providos de extintores portáteis, a fim de combater o fogo em seu início. Os extintores deverão ser adequados à classe do incêndio que irão extinguir. O uso de extintores portáteis está previsto na Portaria 3214/78 – NR-23, e normatizados pelas Normas Técnicas NBR-12962/94 e NBR-13485/95. 15 5.2 Cenário da Legislação Nacional Esse capítulo será um compêndio da legislação nacional. As Leis, os Decretos, as Normas e as Instruções Técnica serão relacionadas afim de se apresentar o cenário de tudo o que está relacionado com a atividade dos Corpos de Bombeiros Estaduais, destacando-se o Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, bem como as legislações que abrangem as instalações de sistemas fixos de combate a incêndios. 5.2.1 Legislação Federal Constituição de 1988 De acordo com o determinado na Constituição de 1988, o Corpo de Bombeiros é uma instituição estadual e é um dos órgão responsáveis em exercer a segurança pública. ...Art. 42. São servidores militares federais os integrantes das Forças Armadas e servidores militares dos Estados, Territórios e Distrito Federal os integrantes de suas polícias militares e de seus corpos de bombeiros militares.... ...Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: I - polícia federal; II - polícia rodoviária federal; III - polícia ferroviária federal; IV - polícias civis; V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.... ...§ 5.º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil... 16 ...§ 7.º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades.... Portaria N.º 3214, do Ministério do Trabalho, de 08/06/78, NR-23 – Proteção contra incêndios A NR-23 é uma das principais normas relativas a proteção contra incêndios. Nela consta a obrigatoriedade das empresas possuírem proteção contra incêndios nos seguintes termos: ...23.1.1 – Todas as empresas deverão possuir: proteção contra incêndio; saídas suficientes para a rápida retirada do pessoal em serviço, em caso de incêndio; equipamento suficiente para combater o fogo em seu início; pessoas adestradas no uso correto desses equipamentos.... ...23.10 Extinção por meio de água. 23.10.1 Nos estabelecimentos industriais de 50 (cinqüenta) ou mais empregados, deve haver um aprisionamento conveniente de água sob pressão, a fim de, a qualquer tempo, extinguir os começos de fogo de Classe A. 23.10.2 Os pontos de captação de água deverão ser facilmente acessíveis, e situados ou protegidos de maneira a não poderem ser danificados. 23.10.3 Os pontos de captação de água e os encanamentos de alimentação deverão ser experimentados, freqüentemente, a fim de evitar o acúmulo de resíduos. 17 23.10.4 A água nunca será empregada: nos fogos de Classe B, salvo quando pulverizada sob a forma de neblina; nos fogos de Classe C, salvo quando se tratar de água pulverizada; e, nos fogos de Classe D. 23.10.5 Os chuveiros automáticos ("splinklers") devem ter seus registros sempre abertos e só poderão ser fechados em caso de manutenção ou inspeção, com ordem do responsável pela manutenção ou inspeção. 23.10.5.1 Deve existir um espaço livre de pelo menos 1,00 m (um metro) abaixo e ao redor dos pontos de saída dos chuveiros automáticos ("splinklers"), a fim de assegurar a dispersão eficaz da água.... ...23.18 Sistemas de alarme. 23.18.1 Nos estabelecimentos de riscos elevados ou médios, deverá haver um sistema de alarme capaz de dar sinais perceptíveis em todos os locais da construção. 23.18.2 Cada pavimento do estabelecimento deverá ser provido de um número suficiente de pontos capazes de pôr em ação o sistema de alarme adotado. 23.18.3 As campainhas ou sirenes de alarme deverão emitir um som distinto em tonalidade e altura, de todos os outros dispositivos acústicos do estabelecimento. 23.18.4 Os botões de acionamento de alarme devem ser colocados nas áreas comuns dos acessos dos pavimentos. 18 23.18.5 Os botões de acionamento devem ser colocados em lugar visível e no interior de caixas lacradas com tampa de vidro ou plástico, facilmente quebrável. Esta caixa deverá conter a inscrição "Quebrar em caso de emergência.... 5.2.2 Estado de São Paulo Constituição Estadual de 1989 ...Art. 142 - Ao Corpo de Bombeiros, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil, tendo seu quadro próprio e funcionamento definidos na legislação prevista no § 2º do artigo 141.... Com a falta de uma legislação federal abrangente e amparado pelo artigo da constituição estadual acima citado, o Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo redigiu um Decreto instituindo normas e procedimentos para as instalações de prevenção e combate a incêndios. O Decreto 46076 foi publicado na Secretaria de Estado do Governo e Gestão Estratégica, no dia 31 de agosto de 2001 e no D.O.E, do Poder Executivo, em 01 de setembro de 2001 com o seguinte texto nas Disposições Preliminares: Artigo 1º – Este Regulamento dispõe sobre as medidas de segurança contra incêndio nas edificações e áreas de risco, atendendo ao previsto no artigo 144 § 5º da Constituição Federal, ao artigo 142 da Constituição Estadual, ao disposto na Lei Estadual n.º 616, de 17 de dezembro de 1974 e na Lei Estadual n.º 684, de 30 de setembro de 1975. Artigo 2º – Os objetivos deste Regulamento são: I – proteger a vida dos ocupantes das edificações e áreas de risco, em caso de incêndio; 19 II – dificultar a propagação do incêndio, reduzindo danos ao meio ambiente e ao patrimônio; III – proporcionar meios de controle e extinção do incêndio; e IV – dar condições de acesso para as operações do Corpo de Bombeiros.... O Decreto Estadual também especifica para quais tipos de edificação devem ser aplicadas as exigências dessa lei. ...Artigo 4º – Ao Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo - CBPMESP, por meio do Serviço de Segurança Contra Incêndio, cabe regulamentar, analisar e vistoriar as medidas de segurança contra incêndio nas edificações e áreas de risco, bem como realizar pesquisa de incêndio. Artigo 5º – As normas de segurança previstas neste Regulamento se aplicam às edificações e áreas de risco, devendo ser observadas por ocasião da: I – construção e reforma; II – mudança da ocupação ou uso; III – ampliação de área construída; IV – regularização das edificações e áreas de risco, existentes na data de publicação deste Regulamento. § 1º – Estão excluídas das exigências deste Regulamento: 1 – residências exclusivamente unifamiliares; 2 – residências exclusivamente unifamiliares localizadas no pavimento superior de ocupação mista, com até dois pavimentos e que possuam acessos independentes. § 2º – Quando existirem ocupações mistas que não sejam separadas por compartimentação, aplicam-se as exigências da ocupação de maior risco. Caso haja compartimentação aplicam-se as exigências de cada risco específico. 20 § 3º – Para que a ocupação mista se caracterize é necessário que a área destinada às ocupações principais diversas, excluindo-se a maior delas, seja superior a 10% da área total do pavimento onde se situa. § 4º – Não se considera como ocupação mista, o local onde predomine uma atividade principal juntamente com atividades subsidiárias, fundamentais para sua concretização. § 5º – São consideradas existentes as edificações e áreas de risco construídas ou regularizadas anteriormente à publicação deste Regulamento, com documentação comprobatória, desde que mantidas as áreas e ocupações da época.... O Decreto também classifica as edificações quanto à ocupação, altura e carga de incêndio, afim de determinar quais os tipos de equipamentos e outros dispositivos de segurança contra incêndios essas devem possuir. ...Artigo 22 – Para efeito deste Regulamento, as edificações e áreas de risco são classificadas conforme segue: I – quanto à ocupação: de acordo com a Tabela 1 em anexo. II – quanto à altura: de acordo com a Tabela 2 em anexo. III – quanto à carga de incêndio: de acordo com a Tabela 3 em anexo.... As tabelas referenciadas constam do Anexo I desse trabalho. 5.2.3 Construção Civil Diretamente atreladas aos tipos de materiais construtivos e formas de construção, ligadas ao projeto arquitetônico, o Decreto 46076/01 apresenta as seguintes Instruções Técnicas (IT): • IT 07 - Separação entre Edificações; • IT 08 - Segurança Estrutural nas Edificações; • IT 09 - Compartimentação Horizontal e Compartimentação Vertical; 21 • IT 10 - Controle de Materiais de Acabamento e Revestimento; Outras IT’s devem ainda serem consultadas durante a fase de anteprojeto de uma edificação. Essas tratam de assuntos que irão influenciar no projeto arquitetônico. • IT 05 - Segurança Contra Incêndio – Urbanística • IT 06 - Acesso de Viatura na Edificação e Área de Risco • IT 11 - Saídas de Emergência em Edificações 5.2.4 Comitê Brasileiro de Segurança Contra Incêndios – CB-24 “O Comitê Brasileiro de Segurança Contra Incêndio (ABNT/CB24) é o organismo responsável pela Normalização do setor. É o órgão de planejamento, coordenação e controle das atividades de elaboração de Normas relacionadas com os assuntos de Segurança Contra Incêndio. Comissão Brasileira de Proteção Contra Incêndio (CBPI) instalada em 1970 como uma Comissão responsável dentro da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, pela Normalização do setor, estruturou-se em 1990 como Comitê Brasileiro de Segurança Contra Incêndio/CB-24, com sede no Comando do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, objetivando atender a crescente demanda de normalização. O CB-24 é o órgão de planejamento, coordenação e controle das atividades de elaboração de normas relacionadas com os assuntos de Segurança Contra Incêndio, conforme os Campos de Atuação abaixo: • Elaboração e revisão de normas técnicas para a fabricação de produtos e equipamentos, como também, para projetos e instalação de prevenção e combate a incêndio e serviços correlatos. 22 • Desenvolvimento, aprovação e revisão de normas de segurança contra incêndio, destinados a análise e avaliação de desempenho ao fogo de materiais, produtos e sistemas dentro dos ambientes a eles pertinentes. • Desenvolvimento, aprovação e revisão de normas de segurança contra incêndio, destinados a medir e descrever a resposta dos materiais, produtos e sistemas, quando submetidos a fontes de calor ou chama, sob condições controladas de laboratório. • Aquisição, avaliação e administração de programas de pesquisa na área de segurança contra incêndio. • Intercâmbio com órgãos técnicos federais, estaduais e municipais, bem como entidades de classe e demais órgãos representativos. • Efetivação de convênios com órgãos técnicos para estudos, pesquisas e projetos relativos a área de segurança contra incêndio.” (Comitê Brasileiro de Segurança Contra Incêndios (ABNT), 2003) 5.2.5 Cenário das Normas Técnicas Aqui estão relacionadas as Normas Brasileiras Regulamentadas – NBR – referentes a assuntos de proteção e combate a incêndios. NBR’s em vigor NBR 5667/80 Hidrantes urbanos de incêndio - Especificação NBR 6125/92 Chuveiro automático para extinção de incêndio - Método de ensaio NBR 6135/92 Chuveiro automático para extinção de incêndio - Especificação 23 NBR 6479/92 Portas e vedadores - Determinação da resistência ao fogo - Método de ensaio NBR 8222/83 Execução de sistemas de proteção contra incêndio em transformadores e reatores de potência, por drenagem e agitação do óleo isolante Procedimento NBR 8660/84 Revestimento ao piso - Determinação da densidade crítica de fluxo de energia térmica - Método de ensaio NBR 8674/84 Execução de sistemas fixos automáticos de proteção contra incêndio com água nebulizada para transformadores e reatores de potência - Procedimento NBR 9441/98 Execução de sistemas de detecção e alarme de incêndio - Procedimento NBR 9442/86 Materiais de construção - Determinação do índice de propagação superficial de chama pelo método do painel radiante - Método de ensaio NBR 9443/02 Extintor de incêndio classe A - Ensaio de fogo em engradado de madeira Método de ensaio NBR 9444/02 Extintor de incêndio classe B - Ensaio de fogo em líquido inflamável Método de ensaio 24 NBR 9654/97 Indicador de pressão para extintores de incêndio - Especificação NBR 9695/98 Pó para extinção de incêndio - Especificação NBR 10636/89 Paredes divisórias sem função estrutural - Determinação da resistência ao fogo - Método de ensaio NBR 10720/89 Prevenção e proteção contra incêndio em instalações aeroportuárias Procedimento NBR 10721/01 Extintores de incêndio com carga de pó NBR 10897/90 Proteção contra incêndio por chuveiro automático - Procedimento NBR 10898/99 Sistema de iluminação de emergência - Procedimento NBR 11711/92 Portas e vedadores corta-fogo com núcleo de madeira para isolamento de riscos em ambientes comerciais e industriais - Especificação NBR 11715/03 Extintores de incêndio com carga d'água - Especificação NBR 11716/00 Extintores de incêndio com carga de dióxido de carbono (gás carbônico) 25 NBR 11742/03 Porta corta-fogo para saída de emergência - Especificação NBR 11751/03 Extintores de incêndio com carga para espuma mecânica - Especificação NBR 11762/01 Extintores de incêndio portáteis com carga de halogenado NBR 11785/97 Barras antipânico - Requisitos NBR 11830/95 Líquido gerador de espuma de película aquosa (AFFF) a 6% para uso aeronáutico - Especificação NBR 11836/92 Detectores automáticos de fumaça para proteção contra incêndio Especificação NBR 11861/98 Mangueira de incêndio - Requisitos e métodos de ensaio NBR 12232/92 Execução de sistemas fixos automáticos de proteção contra incêndio com gás carbônico (CO2) por inundação total para transformadores e reatores de potência contendo óleo isolante - Procedimento NBR 12252/92 Tática de salvamento e combate a incêndios em aeroportos - Procedimento 26 NBR 12285/92 Proteção contra incêndio em depósitos de combustíveis de aviação Procedimento NBR 12615/92 Sistema de combate a incêndio por espuma - Procedimento NBR 12693/93 Sistemas de proteção por extintores de incêndio - Procedimento NBR 12779/92 Inspeção, manutenção e cuidados em mangueiras de incêndio Procedimento NBR 12962/98 Inspeção, manutenção e recarga em extintores de incêndio - Procedimento NBR 12992/93 Extintor de incêndio classe C - Ensaio de condutividade elétrica - Método de Ensaio NBR 13231/94 Proteção contra incêndio em subestações elétricas convencionais, atendidas e não atendidas, de sistemas e transmissão - Procedimento NBR 13434/95 Sinalização de segurança contra incêndio e pânico - Formas, dimensões e cores Padronização NBR 13435/95 Sinalização de segurança contra incêndio e pânico - Procedimento 27 NBR 13436/95 Líquido gerador de espuma de película aquosa (AFFF) a 3% para uso aeronáutico - Especificação NBR 13437/95 Símbolos gráficos para sinalização contra incêndio e pânico - Simbologia NBR 13485/99 Manutenção de terceiro nível (vistoria) em extintores de incêndio Procedimento NBR 13714/00 Sistemas de hidrantes e de mangotinhos para combate a incêndio NBR 13768/97 Acessórios destinados à porta corta-fogo para saída de emergência Requisitos NBR 13792/97 Proteção contra incêndio, por sistema de chuveiros automáticos, para áreas de armazenamento em geral - Procedimento NBR 13848/97 Acionador manual para utilização em sistemas de detecção e alarme de incêndio - Especificação NBR 13859/97 Proteção contra incêndio em subestações elétricas de distribuição Procedimento NBR 13860/97 Glossário de termos relacionados com a segurança contra incêndio 28 NBR 14023/97 Registro de atividades de bombeiros NBR 14096/98 Viaturas de combate a incêndio NBR 14100/98 Proteção contra incêndio - Símbolos gráficos para projeto NBR 14276/99 Programa de brigada de incêndio NBR 14277/99 Campo para treinamento de combate a incêndio NBR 14323/99 Dimensionamento de estruturas de aço de edifícios em situação de incêndio NBR 14349/99 União para mangueira de incêndio - Requisitos e métodos de ensaio NBR 14432/01 Exigências de resistência ao fogo de elementos construtivos de edificações Procedimento NBR 14561/00 Veículos para atendimento a emergências médicas e resgate NBR 14608/00 Bombeiro profissional civil NBR 14870/02 Esguichos de jato regulável para combate a incêndio 29 NBR 14880/02 Saídas de emergência em edifícios - Escadas de segurança - Controle de fumaça por pressurização NBR 14925/03 Unidades envidraçadas resistentes ao fogo para uso em edificações Normas com texto em formulação PN 24:201.01-002 Vedação corta-fogo para Shaft - Requisitos e Métodos de ensaio PN 24:201.01-003 Portas corta-fogo de entrada de unidades autônomas PN 24:201.02-001 Fogos de artifício e de estampidos PN 24:201.03-001 Avaliação de risco de incêndio - Método de cálculo PN 24:202.03-002 Detectores automáticos de temperatura para proteção contra incêndio Especificação PN 24:203.02-004 Plano de emergência contra incêndio PN 24:203.02-005 Resgatista profissional rodoviário PN 23:203.03-001 Aparelhagem para serviços de Bombeiros - Capacetes 30 PN 24:204.01-001 Blocos autônomos para iluminação de emergência PN 24:204.03-002 Saídas de emergência - Controle do movimento da fumaça de incêndio em edifícios PN 24:301.04-002 Proteção contra incêndio em transformadores PN 24:301.13-001 Proteção contra incêndio em túneis PN 24:302.03-004 Extintores de incêndio portáteis PN 24:302.03-005 Extintores de incêndio sobre rodas PN 24:302.06-001 Instalação de sistemas fixos de combate a incêndio PN 24:302.07-003 Veículo de combate a incêndio florestal 31 5.3 Sistemas Fixos 5.3.1 Tipos de Sistemas 5.3.1.1 Hidrantes e Mangotinhos Os sistemas de hidrantes e mangotinhos têm a função de extinguir o incêndio os seus estágios iniciais, ou seja, enquanto o incêndio ainda estiver localizado, não tendo ocorrido a inflamação generalizada e houver condições dos brigadistas se aproximarem para desenvolver, com segurança, as operações de combate ao incêndio. Pode-se dizer que os sistemas de hidrantes e de mangotinhos são sistemas manuais de combate a incêndio, destinados ao uso dos ocupantes do edifício. Não são instalados para serem utilizados pelos bombeiros (obviamente que poderão ser utilizados quando acessarem o edifício), mas, sim, destinados ao uso dos próprios ocupantes do prédio, que devem ter sistemas adequados disponíveis para que possam tornar as medidas emergenciais cabíveis nos momentos iniciais do incêndio. Esse entendimento, que a princípio parece bastante simples, foi a base para a elaboração da norma brasileira NBR 13714/2000 (Sistemas de hidrantes e de mangotinhos para combate a incêndio), na qual definiram-se algumas premissas: • As operações para o funcionamento do sistema devem ser facilitadas e compatíveis às características construtivas do local, por exemplo, com disponibilidade de espaços para desenrolar as mangueiras; • Os ocupantes do edifício devem estar familiarizados com o sistema, confiantes e motivados a utilizá-lo na ocorrência de um sinistro; • Grandes reservas de água, vazões e diâmetros de tubulações, de mangueiras e esguichos, não são necessariamente sinônimos de maior segurança, pelo contrário, em algumas situações é mais conveniente dispor de sistemas simples e de menor porte, porém mais adequados ao perfil dos ocupantes do edifício, proporcionando agilidade e facilidade às operações de combate. 32 Pode-se afirmar que a grande maioria dos sistemas atualmente instalados não atende às premissas apresentadas, e este é o motivo principal de, na prática, não serem utilizados pelos ocupantes dos edifícios. A seguir serão destacados alguns dos principais tópicos da norma brasileira e da instrução técnica do Corpo de Bombeiros de São Paulo e, conjuntamente, alguns esclarecimentos, de modo a facilitar o entendimento e a aplicação dessas normas pelos projetistas, instaladores e responsáveis pela manutenção, fiscalização e aprovação dos sistemas em questão. A todo sistema a ser instalado, deve corresponder um memorial constando cálculos, dimensionamentos, desenhos, plantas, perspectivas, isométricas detalhadas de tubulação, premissas, orientações para instalação, procedimentos de ensaio e recomendações para manutenção. Além disso, o projeto, a instalação, os ensaios e a manutenção devem ser executados por empresas ou por profissionais legalmente habilitados, sendo obrigatória a comprovação da capacitação a qualquer tempo. Com relação ao profissional legalmente habilitado, as normas definem-o como “pessoa física ou jurídica que goza de direito, segundo as leis vigentes, de prestar serviços especializados de proteção contra incêndio”. As normas tem como objetivo estabelecer as condições mínimas exigidas para dimensionamento, instalação, manutenção, aceitação e manuseio, bem como as características dos componentes de sistemas de hidrantes e de mangotinhos para uso exclusivo de combate a incêndio. Os sistemas estão classificados em tipo 1 - Sistema de Mangotinhos e tipos 2, 3, 4 e 5 - Sistemas de Hidrantes, conforme tabela abaixo: 33 Tabela 1 - Tipos de sistemas de proteção por Hidrantes e Mangotinhos Tipo Esguicho Mangueiras de incêndio Comprimento Diâmetro máximo ( m ) ( mm ) Número Vazão de ( l/ min ) Reserva mínima de Incêndio ( m3 ) saídas 1 Jato regulável 2 jato compacto & 16 mm ou regulável 3 jato compacto & 25 mm ou regulável 4 jato compacto & 25 mm ou regulável 5 Jato compacto & 13 mm ou regulável 25 ou 32 45 3) 1 80 1) ou 100 2) 6 1) ou 10 2) 40 30 1 300 18 65 30 2 900 60 65 30 2 500 30 101) ou 40 30 1 130 15 2) Notas: 1) Ocupações enquadradas no grupo A, E, F-2 e F-3 da Tabela A-1. 2) Demais ocupações da Tabela A-1, que utilizam sistema Tipo 1 e 5, não enquadradas na Nota acima. 3) Acima de 30m de comprimento de mangueira de incêndio, é obrigatório o uso de carretéis axiais. 1 Os diâmetros das mangueiras de incêndio e dos esguichos são nominais. 2 As vazões correspondem às saídas dos hidrantes hidraulicamente mais desfavoráveis. Independentemente do procedimento de dimensionamento estabelecido, recomenda-se a utilização de esguichos reguláveis em função da melhor efetividade no combate, mesmo que não proporcione as vazões requeridas. (Fonte: Decreto Estadual 46076, São Paulo, 2001) Dentre os sistemas, o de mangotinhos é considerado o mais funcional e prático por utilizar mangueiras semi-rígidas de 25 mm (mangueiras que não colapsam, mantêm a seção transversal e podem ser operadas mesmo enroladas), podendo ser posto em funcionamento com grande facilidade e rapidez. Para permitir ao Corpo de Bombeiros suprir água ao sistema, requisita-se a instalação de um dispositivo de recalque, que consiste em um prolongamento de diâmetro da tubulação principal até o passeio ou a fachada do edifício, dotado de engates compatíveis aos utilizados pelo Corpo de Bombeiros local. (Decreto Estadual 46076, 2001) 34 A tubulação do sistema não deve ter diâmetro nominal inferior a 65mm (2½“), exceto para sistemas do tipo 1, que poderão ter 50mm (2”), e deve ser metálica, com exceção das áreas fora da projeção da planta do edifício, onde pode ser empregada tubulação termoplástica. A tubulação deve ser fixada nos elementos estruturais do edifício através de suportes metálicos rígidos e espaçados de no máximo quatro metros, atendendo a NBR 10897, de modo que cada ponto de fixação resista o equivalente a cinco vezes a massa de tubo cheio de água e mais 100 quilogramas. Todos os tubos, conexões e, inclusive, seus métodos de acoplamento, devem atender às suas respectivas normas. Os esguichos podem ser de jato compacto ou regulável, sendo que este último é obrigatório para o sistemas de mangotinhos. Podem ser confeccionados em latão, ferro fundido, bronze ou outros materiais, desde que comprovada sua adequação técnica. O alcance do jato de água produzido por qualquer sistema não deve ser inferior a 8 (oito) metros. É importante destacar que todos os esguichos deverão ser testados, aprovados e dispor de curvas hidráulicas de vazão x pressão, caso contrário, seu uso está inviabilizado, pois para dimensionar-se hidraulicamente o sistema, tem de se conhecer inicialmente qual a pressão hidrodinâmica que proporcionará a vazão requisitada para o sistema que está sendo projetado. As mangueiras de incêndio para os sistemas de hidrantes devem atender a NBR 11681. As mangueiras semi-rígidas para uso do sistema de mangotinhos devem atender as condições da EN694, para o tipo B, enquanto a norma brasileira (que esta em fase de elaboração), não for concluída. A união das mangueiras devem ser de dimensão, material de confecção e de tipo engate rápido (veja: Fotos 1 e 2), conforme estipula a NBR 14349. 35 Foto 1 - União de engate rápido Foto 2 - Acoplamento da mangueira Todo sistema dotado de alarme audiovisual, indicativo do uso de qualquer ponto de hidrante ou de mangotinho que é acionado automaticamente por pressostato ou chave de fluxo. Suas características devem ser compatíveis com tipo de ocupação do edifício que está sendo protegido e, inclusive de pronto reconhecimento pelos brigadistas do local. As mangueiras de incêndio devem ser acondicionadas, nos abrigos, em ziguezague, ou aduchadas, as do tipo semi-rígidas podem ser enroladas em si mesmas ou em carretéis. Os Abrigos devem ser de qualquer cor, desde que devidamente identificados, e não precisam ser confeccionados com materiais metálicos. Foto 3 - Abrigo para mangueiras e esguichos As válvulas de abertura dos hidrantes devem ser do tipo angular com diâmetro de 65 mm. No entanto, poderá ser de 40mm (1 ½) para os 36 sistemas que utilizam mangueiras desse diâmetro. As válvulas para o sistema de mangotinhos devem ser de abertura rápida, passagem plena e diâmetro mínimo de 25 mm. Na ausência de normas brasileiras aplicáveis, é recomendável que atendam aos requisitos da norma BS5041, parte 1. A permissão para utilizar válvulas com diâmetros inferiores a 65 mm, quando os diâmetros das mangueiras também forem inferiores, é bastante coerente, pois proporciona compatibilidade entre estes dois componentes, facilidade de manuseio e redução de seus custos. O volume de água é definido considerando-se que o sistema deve ter autonomia para funcionar durante um certo tempo e, a partir daí, o Corpo de Bombeiros mais próximo apoiará o combate ao incêndio, utilizando água da rede pública. Os reservatórios são dos tipos: elevados, ao nível do solo, semi-enterrados ou subterrâneos, devendo ser construídos em concreto armado ou material metálico. Para abastecimento do sistema aceita-se que seja feita a captação de água de fontes naturais (lagos, rios, açudes, etc.), sendo que, nestes casos, deve-se fazer uso de adufa. Quando o abastecimento for feito somente pela ação da gravidade, o reservatório elevado deve estar a uma altura suficiente para fornecer as vazões e pressões mínimas requeridas para o sistema. No entanto, quando a sua altura não for suficiente para isto, deve-se utilizar uma bomba de reforço, em sistema de by pass. Quando o sistema for abastecido por bomba de incêndio, esta deverá ser do tipo centrífuga para abastecer exclusivamente o sistema além de ser alimentada eletricamente ou ser de combustão interna. A bomba deve entrar em funcionamento automaticamente a partir da simples abertura de qualquer ponto do sistema, porém o seu desligamento deverá ser manual, através de seu próprio painel localizado na casa de bombas. Deve haver um ponto de acionamento manual do sistema, um local seguro e de fácil acesso. 37 Para manter o sistema devidamente pressurizado e compensar eventuais vazamentos, deve ser instalada uma bomba de pressurização (jockey), com vazão máxima de 20 l/min e com pressão máxima igual a pressão da bomba principal sem vazão (shut off). As automatizações das bombas principal (só ligar) e de pressurização (ligar e desligar) devem ser feitas por pressostatos. A bomba elétrica deve ser alimentada independentemente do consumo geral do edifício, de forma que permita o desligamento geral da energia elétrica sem prejuízo do seu funcionamento. A chave elétrica deve ser sinalizada CONSUMO GERAL R E S E R V A T Ó R IO A B A S T E C IM E N T O D O com a inscrição “Alimentação da Bomba de Incêndio - Não Desligue”. 7 RESERVA DE INCÊNDIO 2 N.A. 2 N.A. 3 2 2 N.A. 3 N.A. 4 1 5 1 - BOMBA DE REFORÇO 2 - R E G IS T R O D E G A V E T A 3 - VÁLVULA DE RETENÇÃO 4 - B O T O E IR A L IG A /D E S L IG A D E A C IO N A M E N T O D A B O M B A ( S O M E N T E N O S H ID R A N T E S Q U E N E C E S S IT A M DE REFORÇO) 5 - P O N T O S D E H ID R A N T E S /M A N G O T IN H O S 6 - R E G IS T R O D E R E C A L Q U E 7 - R E S E R V A T Ó R IO D E Á G U A 6 N.F. Figura 2 - Esquema de instalação de bomba de reforço para reservatório elevado por botoeira. (Decreto Estadual 46076, S.Paulo, 2001) 38 R E S E R V A T Ó R IO A B A S T E C IM E N T O D O CONSUMO GERAL 7 RESERVA DE INCÊNDIO 2 N .A. N .A. 2 N .A. 2 2 2 3 2 3 N .A. 1 3 4 1 - BOMBA DE REFORÇO 5 5 2 - R E G IS T R O D E G A V E T A 3 - VÁLVULA DE RETENÇAO 4 - CHAVE DE FLUXO COM RETARDO 5 - P O N T O S D E H ID R A N T E S /M A N G O T I N H O S 6 - R E G IS T R O D E R E C A L Q U E 7 - R E S E R V A T Ó R IO D E Á G U A N .A . - N O R M A L M E N T E A B E R T A N .F . - N O R M A L M E N T E F E C H A D A PRUMADA DOS HIDRANTES/MANGOTINHOS QUE NECESSITAM DE REFORÇO 6 N .F. Figura 3 - Esquema de instalação de bomba de reforço para reservatório elevado automatizado. (Decreto Estadual 46076, S.Paulo, 2001) Figura 4 - Esquema de instalação de bomba de incêndio com a sucção acima do nível d’água. (Decreto Estadual 46076, S.Paulo, 2001) 39 Um painel de sinalização da bomba elétrica ou de combustão dever ser instalado onde acusticamente houver vigilância ocorrências como: permanente, painel indicando energizado; ótica bomba e em funcionamento, falta de fase, falta de energia do comando de partida, baixa carga de bateria, chave seletora na posição manual ou painel desligado. Os pontos de tomada de água devem ser posicionados nas proximidades das portas externas e ou dos acessos à área a ser protegida, nas áreas centrais, quando necessário, e fora das escadas e antecâmaras, em locais de fácil acesso e sinalizados. Devem ser distribuídos de forma que qualquer ponto da área a ser protegida seja alcançado por um esguicho (nos sistemas do tipo 1) ou dois esguichos (nos outros sistemas), considerando-se o comprimento máximo de dois lances de mangueira de 15 metros, e seu trajeto real na área protegida. Para o dimensionamento deve ser considerado o uso simultâneo dos dois jatos de água mais desfavoráveis hidraulicamente, proporcionando-se, no mínimo, as vazões estabelecidas. O cálculo hidráulico das perdas de carga deve ser executado através das fórmulas de Colebrock (fórmula universal) ou de Hazen-Williams, conforme seguem: a) Colebrock 2 1) H = f .lv f Dx 2 g Onde: h = perda de carga, em metros de coluna de água; f = fator de atrito; L = comprimento virtual da tubulação (tubos + conexões) em metros; D = diâmetro, em metros; g = aceleração da gravidade, em metros por segundo ao quadrado; v = velocidade, em metros por segundo. 40 b) Hazen-Williams 2) J = 605 xQ1,85 xC −1,85 xd −4,87 x10 5 Onde J = perda de carga por atrito, em kPa/m; Q= vazão, em l/m C= fator Hazen-Williams (tabela 3 da NBR 13714) d = diâmetro interno do tubo em mm O responsável legal pelo sistema tem como atribuições: • estabelecer a política de segurança; • estabelecer a hierarquia e definir responsabilidades; • coordenar os treinamentos necessários; • estabelecer e manter programas de inspeção das quantidades de materiais combustíveis; • coordenar a manutenção e revisão das válvulas e demais componentes conforme plano de manutenção; • manter ligações com órgãos locais, com vistas a sua atualização legal e técnica; • estabelecer critérios de controle para trabalhos a quente e manuseio de combustível transitório. Após a instalação do sistema, toda a tubulação deve ser lavada internamente, para remoção de detritos e, em seguida, devem ser levados a efeito os procedimentos para aceitação do sistema, o qual deve ser preenchido, executado e assinado por profissional legalmente habilitado. É obrigatório submeter o sistema da edificação à manutenção preventiva periódica, de modo a assegurar que o sistema esteja constantemente em condições ideais de funcionamento. Um plano de manutenção deve ser 41 elaborado pelo projetista, de forma a garantir a preservação de todos os componentes do sistema. O responsável pelo sistema deve produzir o relatório de vistoria periódica do mesmo, assinando-o juntamente com o responsável operacional da área protegida pelo sistema. Todas as ocorrências de manutenção corretiva também devem ser relatadas e anexadas aos relatórios de vistoria e manutenção do mesmo período. As edificações com áreas construídas superiores a 750 m e/ou altura superiores a 12 metros, devem ser protegidas por sistemas de mangotinhos ou de hidrantes. As aplicações dos sistemas, para cada ocupação ou tipo de edificação, de acordo com a Tabela 4 do Anexo I, estão apresentadas na Tabela 2. Conforme mencionado, a definição das aplicações dos sistemas na própria norma facilitou muito a utilização dos sistemas e, consequentemente, as atividades dos profissionais envolvidos Tabela 2 - Aplicabilidade dos sistemas Sistema 1 ou 5 Divisão A-2, A-3, B-1, B-2, C-1, D-1, D-2, D-3, D-4, E-1, E-2, E-3, E-4, E-5, E-6, F-1, F-2, F-3, F-8, F-9, F-10, H1, H-2, H-3, H-4, H-5, H-6 e J-1 2 C-2, C-3, F-4, F-5, F-6, G-1, G-2, G-3, G-4, G-5, I-1 e J-2 3 I-3, J-4, L-2, L-3, M-1, M-2, M-5 e M-7 4 I-2, J-3, L-1 e M-3 (Fonte: Decreto Estadual 46076, São Paulo, 2001) Software para Projetos Hoje, o mercado possui uma valiosa ferramenta para auxiliar o engenheiro na hora do projeto de hidrantes. A empresa Highlights Computação Gráfica, representante da AutoDesk no Brasil, lançou um software, o CADDPROJ®, que, segundo eles, oferece os melhores recursos para a automação de projetos Elétricos, Hidráulicos e de Incêndio. 42 No módulo de incêndio, o software pode ser utilizado no cálculo de projetos para sistemas prediais e galpões industriais, automatizando o cálculo e a verificação das vazões, pressões e velocidades normatizadas, faz também o equilíbrio dos pontos automaticamente. O software realiza o dimensionamento da bomba, verifica a dimensão do golpe de Ariete na rede e disponibiliza dados quanto a cavitação. O CADDPROJ® é registrado como aplicativo da plataforma AutoCad, fazendo com que o dimensionamento do projeto seja feito a partir do traçado executado no Cadproj Hidráulica, que é um módulo do mesmo software. ® Figura 5 - CADDPROJ - Execução do traçado isométrico Os padrões de vazão e pressão calculados no CADDPROJ® utiliza as normas vigentes no Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo. De forma prática e rápida, o usuário pode entrar com dados como: número de hidrantes da rede; classe de risco; número de pavimentos; tipo de utilização e área da edificação. Ele tem também, total liberdade para modificar ou alterar as constantes das fórmulas. 43 Figura 6 - CADDPROJ® - Campos de entrada de dados Após a inserção de dados sobre cada trecho, o software apresenta um quadro resumo sobre cada um deles. São apresentadas imagens associativas dos trecho, facilitando a interpretação da isometria definida. Figura 7 - CADDPROJ® - Inserção de dados dos trechos Por fim, o CADDPROJ® gera relatórios de cálculos com características de todos os trechos, faz um resumo hidráulico e informa o alcance do jato 44 d’água máximo. Permite, inclusive, colocar informações que serão anexadas no memorial descritivo, podendo ser exportadas para Excel e Word. Figura 8 - CADDPROJ® - Relatório final 45 5.3.1.2 Chuveiros Automáticos Conhecido como sistema de sprinklers, este sistema consiste basicamente numa rede de encanamentos ligada a um reservatório ou a uma bomba, possuindo boquilhas ou aspersores dispostos ao longo da rede. Foto 4 - Sprinkler em funcionamento O sprinkler contém um obturador ou sensor térmico que impede a saída da água quando a situação for normal. Esse obturador pode ser constituído por uma ampola de quartzoid, contendo um líquido apropriado, que, sob a ação do calor, se expande graças ao seu elevado coeficiente de expansão, rompendo a ampola e permitindo a aspersão da água sobre o local, após incidir sobre um defletor ou roseta de formato especial. Figura 9 - Composição do aspersor A incidência da água sobre o defletor pode ser de cima para baixo ou de baixo para cima, e deve proporcionar uma área molhada de no mínimo 32m² (Macintyre, 1996). Usa-se também, como elemento sensível de vedação, 46 uma peça fusível de liga metálica de ponto de fusão muito baixo, que pode ser uma pastilha ou pequena lâmina. A classificação da posição de instalação do sprinkler segundo o formato do defletor pode ser: a) pendente (para baixo); b) em pé (para cima); c) lateral (de parede). A água ao sair se espalha sobre o local onde iniciou-se o incêndio, sob a forma de chuveiro, debelando o fogo logo no seu início por ação de resfriamento, impedindo que se propague e alastre. Duas exigências são fundamentais: a rápida ação do aspersor e a circunscrição do incêndio a uma área bastante reduzida. A especificação brasileira estabelece cores para o elemento sensível tipo fusível ou tipo ampola, conforme a temperatura com a qual esses elementos devem fazer o sprinkler operar. É o que indica a tabela abaixo para o caso de elemento sensível tipo ampola de vidro. Tabela 3 - Elemento sensível tipo ampola de vidro Temperatura nominal (°C) de disparo do sprinkler que o classifica Coloração do líquido na ampola 57 Laranja 68 Vermelho 79 Amarelo 93 Verde 141 Azul 182 Roxo (malva) 227 a 260 Preto Existem diversos tipos de sistemas de sprinklers. 47 a) Sistemas com tubulações molhadas (Wet-pipe systems) Como o nome indica, as tubulações permanecem sempre com água e ligadas a um reservatório, de modo que a atuação da água se faz prontamente pelo sprinkler (Foto 5) localizado onde iniciou-se o fogo. O sistema de tubulação úmida é o tipo de instalação de Sprinklers mais simples e comum. Os sistemas úmidos são freqüentemente instalados em fábricas, armazéns e edifícios de escritórios onde não exista risco de formação de gelo. O seu funcionamento de se dá da seguinte maneira: Quando um sprinkler (1) se abre em um sistema úmido, a água que fluí levanta o dispositivo anti-retorno da válvula de alarme (2) e passa através do circuito de alarme (3) para a câmara de retardamento (4). Da câmara de retardamento, a água chega ao alarme hidromecânico (5) e/ou ao regulador de pressão (pressostato) - opcional (6), o qual ativa uma campainha elétrica de alarme. Para evitar falsos alarmes devidos a variações de pressão da fonte de abastecimento de água, Figura 10 - Esquema de rede úmida a câmara de retardamento absorve as pequenas quantidades de água que fluem através do circuito hidráulico de alarme durante as flutuações de pressão. As válvulas de Alarme pode ser de compreendidos entre 3" (80 mm) e 8" (200 mm) e para uma pressão de trabalho de 250 psi (1.723 kPa). 48 Foto 5 – Modelos de aspersores de rede úmida b) Sistemas com tubulações secas (Dry-pipe systems) O sistema de tubulação seca é freqüentemente instalado em áreas sujeitas a baixas temperaturas com risco de congelamento ou formação de gelo, tais como armazéns sem aquecimento e cais de carga. O funcionamento do sistema é idêntico ao da rede úmida, com a diferença de a tubulação estar cheia de ar ou de nitrogênio comprimidos em vez de água. Os aspersores utilizados nesse sistema são diferenciados (Foto 6), pois necessitam de uma válvula para contenção de gás, ao invés de água. Foto 6 – Modelos de aspersores de rede seca c) Sistema de pré-ação É o sistema que emprega sprinklers colocados em tubulações contendo ar (comprimido ou não) e um sistema suplementar de detectores mais sensíveis que o bulbo do sprinkler, colocados no mesmo local que os 49 sprinklers. A pronta ação dos detectores ao início de um incêndio abre uma válvula que permite o escoamento da água pelo sistema, de modo que, ao romper o bulbo do sprinkler, ela se escoe imediatamente. É usado quando existem as mesmas razões que aconselham o dry-pipe system. d) Sistema de inundação (Deluge system) Nesse sistema, os sprinklers estão sempre abertos, isto é, sem ampola, e conectados a tubulações secas. Detectores de chama ou fumaça, uma vez acionados pelo agente específico, fazem operar uma válvula de inundação ou dilúvio, que permite o escoamento da água até os sprinklers, os quais atuarão simultaneamente. A válvula deve também poder abrir e fechar manualmente. E preciso notar que somente em casos especiais deve-se usar este sistema, pelas conseqüências que advêm da inundação de uma área considerável. O sistema de sprinklers, por sua elevada eficiência, é exigido em certos casos e está normatizado pela NBR –10897/90, porém, caso a norma não contemple algum assunto, pode-se adotar o estabelecido na norma NFPA – 13 da National Fire Protection Association. No projeto da rede de sprinklers, é necessário considerar a classe de risco do local a ser protegido, pois o número de sprinklers será tanto maior quanto maior o risco e as características de combustibilidade dos materiais ou produtos. O sistema de sprinkler contém um conjunto de tubulações que podem ser assim classificadas: a) Linhas verticais ou colunas. São as tubulações que abastecem o sistema; b) Linhas alimentadoras ou troncos. Abastecem as colunas ou os ramais; c) Ramais. Tubos que alimentam diretamente as linhas nas quais os sprinklers são colocados. 50 d) Sub-ramais. Tubos ligados aos ramais e nos quais são adaptados os sprinklers. As normas de segurança recomendam compartimentação de riscos em áreas ou seções de fogo. A área máxima a ser protegida por um sistema em uma seção ou setor de fogo em um pavimento é 4.832 m2 Riscos leves Riscos comuns {com mercadorias armazenadas 4.832 m2 até o máximo de 3 m de altura) Riscos comuns (com mercadorias armazenadas com mais de 3 m, até 7 m de altura) 3.717 m1 Riscos elevados 2.323 m2 (Macintyre, 1996) Algumas normas prevêem 3.600 m2 para área máxima a ser protegida no caso de riscos comuns. É conveniente que, a cada seção de fogo, corresponda um sensor de fluxo de água acionando alarme de incêndio num painel de controle. Emprega-se simultaneamente com o sistema sprinkler um sistema de detectores termovelocimétricos e de fumaça, os quais detectam e dão o alarme cerca de 3 minutos antes do disparo do primeiro sprinkler. O alarme possibilita em certos casos a extinção com o emprego de extintor portátil de CO2, por exemplo, que não danifica os materiais nem prejudica a atuação do pessoal treinado no combate a incêndio, enquanto é avisado o Corpo de Bombeiros, que, ao chegar, apenas anotará a ocorrência, se o sistema tiver funcionado a contento. A ampola é fabricada para uma determinada temperatura de disparo. Para evitar que o sprinkler dispare acidentalmente num dia de forte calor, ou que atue somente após o incêndio haver assumido grandes proporções, 51 determina-se a temperatura de disparo em função da temperatura máxima permitida. Em geral, nas regiões de clima quente no Brasil, adotam-se para temperatura de disparo 60 a 70°C. O fornecimento de água à rede de sprinklers pode se efetuar por um dos seguintes sistemas: - por alimentação direta de um reservatório de acumulação elevado, que pode estar no mesmo prédio. O reservatório deverá ter capacidade para atender durante 60 minutos, no caso de riscos leves, a uma descarga de 20 aspersores com vazão de 90 litros por minuto ou seja, 108.000 litros. Em geral, consideram-se 125.000 litros. (Macintyre, 1996).. No caso de riscos médios, deverá proporcionar até o dobro dessa descarga durante 60 minutos, o que conduz a um reservatório superior muito grande e de elevado custo. O nível mínimo da água no reservatório elevado deverá estar pelo menos 12 m acima da linha de sprinklers mais elevada e afastada, para levar em conta a perda de carga, pois a pressão de funcionamento dos sprinklers é da ordem de 8 a 10 mca. Como isto não é conseguido nos três últimos pavimentos, recorre-se ao bombeamento na rede. Os encanamentos deverão ser de aço sem costura, pretos, próprios para solda. Não podem ser embutidos em lajes ou vigas. A IT-23, do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, oferece alguns passos básicos para o dimensionamento hidráulico de chuveiros automáticos. Esses passos podem ser usados como guia para o projeto, ou como um “check list” para a sua análise. 52 Os passos sugeridos são os seguintes: Passo 1: Identificar a ocupação ou o risco a ser protegido; Passo 2: Determinar o tamanho da área de aplicação dos chuveiros automáticos; Passo 3: Determinar a densidade de projeto exigida; Passo 4: Estabelecer o número de chuveiros contidos na área de cálculo; Passo 5: Determinar o formato da área de cálculo; Passo 6: Calcular a vazão mínima exigida para o primeiro chuveiro; Passo 7: Calcular a pressão mínima exigida para o primeiro chuveiro; Passo 8: Calcular a perda de carga entre o primeiro e o segundo chuveiro; Passo 9: Calcular a vazão do segundo chuveiro; Passo 10: Repetir os Passos 9 e 10 para os chuveiros seguintes até que todos os chuveiros do ramal estejam calculados; Passo 11: Se a área de cálculo se estender até o outro lado do sub-geral, os Passos 6 até 10 são repetidos para o lado oposto. Os ramais que cruzam deverão ser balanceados com a mais alta pressão de demanda; Passo 12: Calcular o fator K para a primeira subida, com fatores adicionais calculados para as linhas desiguais; Passo 13: Repetir os Passos 8 e 9 para as subidas (ao invés de chuveiros) até que todas as subidas da área de cálculo tenham sido calculadas; Passo 14: Computar a perda de carga no ponto de abastecimento com as compensações devido a desníveis geométricos, válvulas e acessórios e diferença de materiais da tubulação enterrada; Passo 15: Comparar a vazão calculada com o suprimento de água disponível; 5.3.1.3 Espuma Este sistema, em geral, está adaptado a uma rede de hidrante, operando como uma extensão deste. Há um tanque de extrato de espuma, que é um concentrado de origem animal, sintético ou vegetal, conectado na rede de hidrante, através de um proporcionador que dosa a quantidade de extrato necessária a ser misturada na água. 53 Essa mistura chega até aos diversos equipamentos com aspiração de ar (câmara de espuma, canhões monitores, esguichos lançadores, viaturas, sprinklers de espuma, spray de espuma, etc.). O sistema é aconselhado para líquidos inflamáveis, derivados de petróleo e solventes, e consiste, no lançamento, sobre o local do incêndio, de considerável quantidade de espuma. 5.3.1.4 Gases De acordo com as normas, os sistemas fixos de gases para combate a incêndios podem complementar os sistemas hidráulicos, mas não substituílos, mesmo nas situações em que o emprego de água é desaconselhável. Os agentes mais comuns em sistemas fixos de gases são CO2, Inergen®, FM200® e a linha FE®, da Dupont. Dióxido de Carbono (CO2) O Dióxido de Carbono (CO2) é um gás inodoro e incolor, 1,5 vez mais pesado do que o ar, mau condutor de eletricidade, que não é tóxico nem corrosivo. Entretanto, pode causar a morte por asfixia, cegar (se lançado nos olhos) e produzir queimaduras na pele pelo frio. O efeito produzido pelo CO2 na extinção dos incêndios decorre do fato de que ele substitui rapidamente o oxigênio do ar, fazendo com que o teor de oxigênio baixe a um valor com o qual a combustão não pode prosseguir. Ao ser liberado no ar, seu volume pode expandir-se 450 vezes. É armazenado em garrafões cilíndricos de aço sob alta pressão que podem ser agrupados em baterias em instalações centralizadas. A atuação dos dispositivos automáticos de lançamento de CO2 pode ser feita por sistemas elétricos, mecânicos ou pneumáticos acionados por detectores de fumaça ou calor. O CO2 é lançado sob as formas de gás, de neve ou de neblina, conforme o tipo de espargidor empregado. 54 Recomenda-se seu emprego em: • Centros de processamento de dados, instalação de computadores. • Transformadores a óleo — geradores elétricos — equipamentos elétricos energizados. • Indústrias químicas. • Cabines de pintura. • Centrais térmicas; geradores diesel elétricos. • Turbogeradores. • Tipografias, filmotecas, arquivos. • Bibliotecas, museus e caixas fortes. • Navios, nas centrais de controle. A tubulação usada em instalações centralizadas de CO2 e que conduz o gás em estado líquido até os difusores deve ser de tubos galvanizados, e as conexões deverão ser forjadas, galvanizadas e para pressão de trabalho de 14 kgf/cm2. O lançamento do CO2 sob a forma gasosa, sem que ocorra congelamento com a descompressão, é feito por meio de difusores especiais, com orifícios calibrados, de modo que possa ser obtida a concentração de CO2 no tempo prescrito pela norma aplicável ao caso. Inergen® O Inergen® é um gás inerte, não corrosivo, não combustível e não reagente com a maioria das substâncias. Contêm apenas gases de ocorrência natural na atmosfera e não contribui para o aquecimento da atmosfera (efeito estufa) e não representa risco para a camada de Ozônio. Obtido pela mistura de três gases; Nitrogênio (52%), Argônio (40%) e Dióxido de Carbono (8%), o agente extintor Inergen® extingue o fogo reduzindo o nível de Oxigênio, no ambiente, abaixo do ponto de sustentação da combustão. 55 Apesar do fabricante do gás, Ansul Fire Protection, garantir o contrário, o Inergen® é um gás que traz risco à sobrevivência humana quando aplicado em ambientes fechados, pois ele reduz a concentração de oxigênio no ambiente a 12,5% e aumenta a concentração de CO2 para 4%. Uma vez que o Inergen® é composto de gases atmosféricos, não possui os problemas de toxicidade associados aos agentes alternativos ao Halon, originários de processos químicos, nem produz sub-produtos perigosos como o ácido fluorídrico nos produtos que contêm flúor em sua formulação. O agente extintor Inergen® é aplicado em áreas confinadas sendo particularmente útil em riscos onde é desejável ou essencial um agente extintor não-condutivo, onde obstáculos exigem a utilização de um agente gasoso, onde um agente limpo se faz necessário. As seguintes áreas são típicas para o uso do Agente Extintor Inergen®: • Salas de computação; • Pisos falsos; • Fitotecas; • Áreas de processos; • Salas de controle; • Áreas normalmente, ocupadas ou não, contendo equipamento elétrico ou eletrônico sensível ou insubstituível. O sistema pode ser acionado, automaticamente, por sistemas de detecção e controle e/ou associado a sistema de acionamento remoto e manual. Outros acessórios também são utilizados, para funções auxiliares como alarmes, controle de ventilação, etc.. O sistema fixo consiste em cilindros de aço, onde é armazenado o agente extintor, dotados de válvulas de disparo por acionamento automático e/ou manual. Em sistemas onde dois ou mais cilindros são necessários, é 56 utilizado um tubo coletor ao qual os cilindros são conectados através de mangueiras flexíveis, dotadas de válvulas de retenção individuais para cada cilindro. O agente é distribuído e descarregado nos ambientes por meio de uma malha de tubos e bicos nebulizadores, dimensionados de modo a proporcionar uma distribuição uniforme e obter a correta concentração do agente extintor no ambiente. O disparo do cilindro é realizado por uma válvula solenóide interligada ao sistema de controle. O acionador deve ser instalado em ambientes com temperaturas entre 0ºC e 54ºC. Um acionador manual pode, se necessário, ser instalado no topo da válvula de disparo. O sistema de controle é utilizado onde um sistema de controle eletrônico automático é necessário para o acionamento do sistema. Este sistema é usado para controlar um único sistema de alarme e combate a incêndio, baseado em sinais gerados pelos terminais de detecção. Linha FE® e FM200® Família de agentes extintores limpos (halogenados), para usos em extintores portáteis e por inundação total (extinção, supressão e inertização de explosão) para fogos classes A, B e C. Estes produtos não degradam a camada de ozônio (ODP = 0), sendo assim, uma alternativa ambientalmente aceitável e altamente eficaz, ao Halon. Esses agentes são aplicados na proteção de áreas ocupadas, tais como: hospitais, bibliotecas, aeronaves, CPDS, centrais de telecomunicação, museus, petroquímicas, entre outros. 5.3.2 A importância de uma equipe treinada para operação do sistema Nenhum sistema, por mais automatizado que seja, oferece riscos de falhas, podendo não atuar na hora necessária, ou atuar em um disparo acidental. 57 Por isso, e principalmente pela primeira hipótese, é necessário que todos os sistemas sejam monitorados em tempo integral. Isso faz com que as empresas mantenham sempre uma equipe treinada e conhecedora de todo o funcionamento do sistema, a fim de ter condições de operá-lo. Em determinadas circunstância, é mais seguro que essa equipe seja a responsável pelo acionamento do sistema, assim, os riscos de acidente durante a operação podem ser minimizados. A Portaria 3214/78, do MTE, determina que exercícios de alerta devem ser realizados periodicamente afim de adestrar as pessoas quanto aos procedimentos de emergência e funcionamento dos sistemas de segurança. ...23.8.1 Os exercícios de combate ao fogo deverão ser feitos periodicamente, objetivando: a) que o pessoal grave o significado do sinal de alarme; b) que a evacuação do local se faça em boa ordem; c) que seja evitado qualquer pânico; d) que sejam atribuídas tarefas e responsabilidades específicas aos empregados; que seja verificado se a sirene de alarme foi ouvida em todas as áreas. 23.8.2 Os exercícios deverão ser realizados sob a direção de um grupo de pessoas, capazes de prepará-los e dirigi-los, comportando um chefe e ajudantes em número necessário, segundo as características do estabelecimento. 23.8.3 Os planos de exercício de alerta deverão ser preparados como se fossem para um caso real de incêndio. 23.8.4 Nas fábricas que mantenham equipes organizadas de bombeiros, os exercícios devem se realizar periodicamente, 58 de preferência, sem aviso e se aproximando, o mais possível, das condições reais de luta contra o incêndio. 23.8.5 As fábricas ou estabelecimentos que não mantenham equipes de bombeiros deverão ter alguns membros do pessoal operário, bem como os guardas e vigias, especialmente exercitados no correto manejo do material de luta contra o fogo e o seu emprego.... Portanto, como podemos verificar, a existência de uma equipe treinada no local é de fundamental importância para a correta operação dos sistemas de prevenção e combate a incêndios. 59 6 ESTUDO DE CASO 6.1 Instalação de Sistema Fixo de CO2 em um edifício destinado às instalações de C.P.D. de uma Instituição Financeira3. A Instituição em questão, uma das maiores do país, sentiu a necessidade de proteger as informações de seus clientes e de seu negócio, que hoje são armazenadas eletronicamente, por isso decidiu construir um local onde seus equipamentos ficassem seguros e sistemas de segurança de rede de informática fossem instalados, a fim de cumprir essa meta. O projeto foi concebido com muito arrojo e resultou em um edifício todo de concreto, com três pavimentos que são circulares, sem janelas e com apenas duas entradas monitoradas 24 horas por dia, com portas de aço e triagem de pessoas com blindagem. Os ambientes são isolados através do conceito de compartimentação, ou seja, um incêndio em um ambiente fica restrito à ele, não atingindo os ambientes vizinhos. Esse projeto levou a Instituição a adquirir equipamentos de alta tecnologia que, depois de instalados e operando, a atuação humana passa a ser apenas no sentido de monitorá-los. Isso fez com que o número de ambientes fosse reduzido e, após o edifício construído, muitas salas permaneceram, e permanecem até hoje, desabitadas. Tanto investimento requer um cuidado especial, portanto, a Instituição não pensou em economia na hora de decidir qual seria o tipo de proteção contra incêndios para tanta tecnologia. O sistema escolhido foi o Fixo de CO2, ligado a um sistema de detecção e alarme através de laços cruzados, ou seja, o disparo do sistema é automático no ato do acionamento de um detetor. 3Devido aos procedimentos de segurança da Instituição, não é possível apresentar imagens de ambientes. 60 O sistema é composto por 132 cilindros, com 45kg de gás CO2 cada, sendo 66 principais e 66 reservas conectados. A quantidade de cilindros necessários para cada área é subdividida no tubo coletor através de válvulas de retenção, também separando as baterias principal e reserva. Foto 7 - Bateria de CO2 Foto 8 - Detalhe da Válvula de Retenção O sistema é direcionado através de Válvulas Direcionais de diâmetros variáveis para as suas respectivas áreas, sendo um total de 44 válvulas. Foto 9 - Válvulas Direcionais Foto 10 – Detalhe da Válvula Direcional Passado pelas válvulas direcionais, o gás segue pela tubulação até a área e é liberado através dos Difusores. 61 Foto 11 - Tubulação Foto 12 - Difusor O sistema é controlado através do painel geral de alarme. Este painel fica localizado em uma central de monitoramento, onde há a presença de pessoal 24 horas por dia, 7 dias por semana. 6.1.1 Funcionamento do Sistema A operação do sistema pode ser feita das seguintes formas: Automática A operação automática ocorre quando o painel central de sinalização e comando recebe os sinais do sistema de detecção. O painel identifica esses sinais como sendo incêndio e um tempo, pré-determinado e regulável de 2 minutos, aciona o(s) atuador(es) elétrico(s) da(s) válvula(s) do(s) cilindro(s) mestre(s) abrindo-a(s) e assim, liberando o gás. Foto 13 - Detector de Fumaça 62 Manual Automático A operação manual automática é feita por um acionador manual tipo “Quebra-Vidro”. Esses acionadores estão instalados próximo ao acesso de entrada de cada área protegida. Após quebrar o vidro e apertar o botão, o funcionamento é análogo ao descrito anteriormente. Foto 14 - Posição dos Acionadores Manuais Foto 15 - Acionador Manual Manual Mecânico O acionamento manual mecânico é feito diretamente nos atuadores manuais pneumáticos da(s) válvula(s) do(s) cilindro(s) mestre(s) da bateria de cilindros, seguindo fielmente os passos: 1. Certificar-se de que não hajam pessoas no ambiente em risco; 2. Abrir a válvula direcional do ambiente com o sinistro, tirando o pino de segurança do atuador de comando manual e puxar até o fim do seu curso/ 3. Retirar o pino de segurança dos acionadores manuais pneumáticos das válvulas dos cilindros mestres e empurre as alavancas até o fim do seu curso. 63 A descarga do gás será imediatamente após o acionamento do atuador do cilindro e, portanto, não haverá o tempo de retardo pré-determinado. Para o atendimento dos alarmes gerados no complexo, a Instituição mantém uma equipe de pronta resposta, altamente treinada e capaz. Quando há um disparo de alarme, prontamente este é reconhecido pela central e a equipe de pronta resposta é acionada. Essa equipe é formada por um bombeiro civil e 4 vigilantes, que fazem rondas constantes por todo o complexo. A equipe tem 2 minutos para chegar ao local do alarme e fazer a verificação. Caso a equipe constate que o disparo tenha sido acidental, a central é comunicada e o painel do alarme é “resetado”. Foto 16 - Painel Central Caso haja a confirmação do sinistro, a central é comunicada e procede o disparo do alarme sonoro e visual em todo o prédio, a fim de que todas as pessoas abandone-o. Embora haja a compartimentação dos ambientes, esse procedimento faz-se necessário devido ao uso do CO2, que é um gás altamente nocivo, levando à morte em poucos minutos. Com as pessoas em local seguro e a equipe devidamente equipada com máscaras autônomas de respiração, o sistema é desbloqueado e o acionamento é feito. Caso não ocorra automaticamente, o acionamento é feito manualmente. Na época da concepção do sistema, no ano de 1994, o sistema de CO2 era o mais eficiente sistema de combate a incêndios existente para o tipo de ambiente proposto. Os ambiente são salas com equipamentos de alta 64 tecnologia, o que traduz serem de muita sensibilidade. Outros sistemas da época eram os de Inergen, recém lançado, e o Halon, porém o Inergen era pouco conhecido, o que comprometia sua adoção o Halon já havia entrado em processo de desuso devido à Convenção de Montreal, pois isso não foram cogitados. Hoje está em execução um estudo para troca do sistema em alguns ambientes onde haja constante presença humana e naqueles onde estão alocados os equipamentos mais sensível e caros. Isso devido ao CO2 ser um gases altamente tóxico e, quando utilizado, deixa umidade nas parte sensíveis dos equipamento e isso causa oxidação, danificando-as. O estudo está sendo feito por uma empresa especializada no assunto, a qual é também responsável por manter em perfeitas condições de funcionamento os sistemas de combate a incêndios de todo o conglomerado da Instituição. Apesar do sistema instalado, o prédio é dotado de uma rede de hidrantes, pois, conforme definido na lei, o sistema fixo de gases não pode substituir os sistemas hidráulicos. Porém, a rede de hidrantes é chamada de linha seca, pois o seu sistema de abastecimento é fechado por válvulas em tempo integral, não havendo presença de água no interior da tubulação. O sistema pode ser alimentado através do recalque. A equipe de pronta resposta é parte fundamental do sistema, pois somente a ação humana poderá evitar acidentes nos sistema causando danos irreversíveis no caso de um disparo em um ambiente onde hajam pessoas trabalhando. Por isso o sistema é mantido, o tempo todo, bloqueado e é a ação da equipe que irá determinar o momento do acionamento. Mas, para que isso ocorra, é necessário que as pessoas que a compõem sejam treinadas constantemente. 65 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS Poderíamos aqui sugerir alguns sistemas fixos como um sistema de extinção de incêndios para automóveis, por exemplo. Normalmente, nos nossos carros, temos aqueles extintores de pó químico seco, os conhecidos P-1, que só têm um quilograma de pó e alguns ainda acreditam que podem dar conta de um incêndio com isso. O sistema seria instalado no motor do veículo adaptado a um cilindro de gás (não tóxico, de preferência) e a um sensor que detectaria o fogo e acionaria o disparo do agente extintor. Nada complexo e com condições de ser apresentado para a indústria automobilística, que, uma vez aprovado, passaria a ser obrigatório. Mas, parando para se pensar na evolução do assunto no decorrer dos anos, podemos verificar que isso somente ocorre quando há uma catástrofe. Na década de 70, quando os grandes incêndios ocorreram nos edifícios Joelma e Andraus, houve uma injeção de investimentos tanto na área privada, quanto no próprio Corpo de Bombeiros, que ganhou equipamentos mais eficazes no combate e passou a ser mais exigente e fiscalizador. Porém, com o passar do tempo, as catástrofes caem no esquecimento e junto vão os conceitos. Há dois anos tivemos outra grande catástrofe que sensibilizou o mundo. Os atentados terroristas contra os EUA trouxeram à tona novamente a preocupação pela prevenção. Mas agora é a vez das rotas de fuga. As cobranças do Corpo de Bombeiros estão concentradas nesse assunto, ou seja, estão sendo repensadas as alternativas de evacuação de um edifício. Contudo, a responsabilidade pela fiscalização do cumprimento das leis é do Corpo de Bombeiros, mas o mesmo não tem condições de realizar tudo que lhes é solicitado, ficando alguns projetos atrasados por conta disso. Uma alternativa encontrada pelas empresas, é a contratação de consultorias especializadas, que, normalmente, são feitas por oficiais do Corpo de 66 Bombeiros, que já conhecem os tramites internos para a aprovação de um projeto, o que ajuda a redução do tempo para isso ocorrer. Finalmente, senhores Engenheiros e Projetistas, é fundamental que saibamos que um projeto de incêndio visa proteger, acima de qualquer coisa que possa contradizer isso, a vida humana. Portanto, ao conceber e executar um projeto contra incêndios, pense nas pessoas que irão depender deles, pois uma falha no seu projeto pode custar muitas vidas. 67 8 CONCLUSÃO Pode-se ver que o mercado oferece sistemas de combate a incêndio eficientes que atendem, ou excedem, as especificações das normas em vigor. Esse mercado está em evolução, principalmente no que diz respeito à criação de produtos de combate mais diversificados, de baixa toxicidade e ecologicamente corretos. A maior dificuldade referente à escolha entre um ou outro sistema é de ordem técnica e/ou financeira. Com isso, é possível identificar três mercados: 1. Instituições Públicas – elas, geralmente, atendem o mínimo exigido em lei e quando há a necessidade de se realizar uma adequação para atingir esse mínimo, são abertas as licitações públicas onde os custos apresentados são altíssimos e nem sempre o escopo técnico é atendido, por falta de verba. 2. Construtoras – os empreendimentos fazem parte de um conceito capitalista que visa, em síntese, uma construção com baixo custo, o que leva as construtoras à escolha de sistemas que apenas atendam o exigido e as melhorias ficam por conta do proprietário, caso esse queira adotar padrões mais elevados. 3. Corporativo – é o mercado que mais se preocupa com o assunto, pois seus projetos são feitos em benefício próprio e além de se preocuparem com o cumprimento das leis, zelam pelo seu patrimônio e procuram formas adequadas de protege-lo. Entretanto, observa-se também a evolução na filosofia de atuação do Corpo de Bombeiros e de especialistas. Apesar da evolução do mercado de produtos ser notória, a busca por técnicas de combate a incêndios está sendo superada pelo conceito de prevenção, haja visto o surgimento de instruções que tratam assuntos como controle de material de acabamento e revestimento. 68 Para acompanhar essa evolução, surge a necessidade de uma reforma na legislação tanto de prevenção, quanto na de combate a incêndios. O Brasil possui normas que abrangem todos os tópicos relacionados ao assunto, porém, essas normas, muitas vezes, são criadas a partir de especificações internacionais, o que foge da realidade do país e o que é pior, não consideram as diferenças físicas, climáticas e culturais existentes entre as regiões. Além disso, o cumprimento das normas está atrelado a atuação do Corpo de Bombeiros. Em alguns estados essa atuação é incisiva, porém, na maioria deles, é fraca, pois o Corpo de Bombeiros não tem recursos para isso, limitando-se apenas em agir no combate a incêndios. Enfim, apesar das adversidades existentes, os projetos devem sempre estar de acordo com as normas. Eles podem, dentro disso, seguir por dois caminhos: o primeiro é aquele que simplesmente irá cumprir a legislação, adotando-se sistema mais simples, mas dentro das especificações. O segundo levará em consideração a prevenção de perdas em caso de sinistro e adotará sistemas mais eficazes. Ambos estão corretos, no ponto de vista legal, porém, frente a necessidade do uso do sistema escolhido é que poderá ser verificado qual foi a melhor escolha, e esperamos que esse momento nunca chegue. 69 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MACINTYRE, A.J. Instalações Hidráulicas Prediais e Industriais. Rio de Janeiro: LTC, 1996. 3ª ed. 324-402. MANUAIS DE LEGISLAÇÃO ATLAS. Segurança e Medicina do Trabalho. São Paulo. Atlas, 2000. 46ª ed. REIS, J.S. Manual Básico de Proteção Contra Incêndios. São Paulo. Fundacentro, 1985. TOMINA, José Carlos. Aplicação Eficiente. REVISTA PROTEÇÃO. Novo Hamburgo: MPF Publicações, n.129, Set. 2002. 64-66. SECCO, Marco. Simplesmente Bombeiro. REVISTA PROTEÇÃO. Novo Hamburgo: MPF Publicações, n.132, Dez. 2002. 34-49. FILHO, João Claudino da Silva. Tempo de Resposta. REVISTA PROTEÇÃO. Novo Hamburgo: MPF Publicações, n.102, Jun. 2000. 80-82. ABNT/CB24 – Segurança Contra Incêndios. On-line. Disponível em: www.abnt.org.br/cb24. Acesso em: 05 ago. 2003. O Bombeiro / Histórico. On-line. Disponível em: www.polmil.sp.gov.br/ccb/pagina1.html. Acesso em: 06 ago. 2003. Decreto Estadual 46076/01. On-line. Disponível em: www.polmil.sp.gov.br/ccb/pagina15.html. Acesso em: 05 ago. 2003. Constituição Federal 1988. On-line. Disponível em: www.senado.gov.br/bdtextual/const88/const88.html. Acesso em: 05 ago.2003. 70 Constituição Estadual de São Paulo. On-line. Disponível em: www.legislacao.sp.gov.br. Acesso em: 06 ago. 2003. 71 ANEXO 1 – TABELAS DO DECRETO 46076/01 Tabela 4 - Classificação das edificações e áreas de risco quanto à ocupação Grupo A Ocupação/Uso Divisão Descrição Exemplos A-1 Habitação unifamiliar A-2 Habitação multifamiliar Edifícios de apartamento em geral Residencial Casas térreas ou assobradadas (isoladas e não isoladas) e condomínios horizontais Pensionatos, A-3 mosteiros, Habitação coletiva internatos, conventos, alojamentos, residências geriátricas. Capacidade máxima de 16 leitos Hotéis, motéis, pensões, hospedarias, B-1 B Hotel e assemelhado pousadas, albergues, casas de cômodos e divisão A3 com mais de 16 leitos. E Serviço de assemelhados Hospedagem Hotéis e assemelhados com cozinha B-2 própria nos apartamentos (incluem-se Hotel residencial apart-hotéis, hotéis residenciais) e assemelhados C-1 Comércio com baixa Armarinhos, artigos de metal, louças, carga de incêndio artigos hospitalares e outros Comércio com média C Comercial C-2 e alta carga de incêndio C-3 de negócios D Serviço D-2 supermercados em geral, mercados e Escritórios administrativos ou técnicos, instituições financeiras (que não estejam incluídas em D-2), repartições públicas, cabeleireiros, centros profissionais e assemelhados Agência bancária Agências bancárias e assemelhados Lavanderias, profissional D-3 comerciais, centers) de serviço profissional condução galerias Centro de compras em geral (shopping Shoppings centers ou magazines, outros Local para prestação D-1 Edifícios de lojas de departamentos, assistência técnica, Serviço de reparação reparação e manutenção de aparelhos (exceto os eletrodomésticos, chaveiros, pintura de classificados em G-4) letreiros e outros Laboratórios de análises clínicas sem D-4 Laboratório internação, laboratórios químicos, fotográficos e assemelhados 72 Escolas de primeiro, segundo e terceiro E-1 Escola em geral graus, cursos supletivos e pré-universitário e assemelhados Escolas de artes e artesanato, de línguas, E-2 Escola especial de cultura geral, de cultura estrangeira, escolas religiosas e assemelhados Locais de ensino e/ou práticas de artes marciais, E Educacional e E-3 cultura física ginástica (artística, dança, Espaço para cultura musculação e outros) esportes coletivos física (tênis, futebol e outros que não estejam incluídos em F-3), sauna, casas de fisioterapia e assemelhados E-4 E-5 Centro de treinamento profissional Creches, escolas maternais, jardins-de- Pré-escola infância Escola E-6 para portadores de deficiências F Local Reunião de de F-1 Escolas profissionais em geral Escolas para excepcionais, deficientes visuais e auditivos e assemelhados Local onde há objeto Museus, centro de documentos históricos, de valor inestimável bibliotecas e assemelhados Público Igrejas, capelas, sinagogas, mesquitas, F-2 Local religioso e templos, velório cemitérios, necrotérios, salas de crematórios, funerais e assemelhados Estádios, F-3 Centro esportivo e de exibição ginásios e piscinas com arquibancadas, rodeios, autódromos, sambódromos, arenas em academias, pista de geral, patinação e assemelhados Estações rodoferroviárias e marítimas, F-4 Estação e terminal de portos, passageiro estações metrô, de aeroportos, transbordo em heliponto, geral e assemelhados Teatros F-5 em geral, cinemas, óperas, Arte cênica e auditório auditórios de estúdios de rádio e televisão, auditórios em geral e assemelhados Boates, clubes em geral, salões de baile, F-6 Clubes social e restaurantes dançantes, clubes sociais, Diversão bingo, bilhares, tiro ao alvo, boliche e assemelhados F-7 Construção provisória Circos e assemelhados 73 F-8 Local para refeição F-9 Recreação pública Restaurantes, lanchonetes, bares, cafés, refeitórios, cantinas e assemelhados Jardim zoológico, parques recreativos e assemelhados. Edificações permanentes Salões e salas de exposição de objetos e F-10 Exposição de objetos animais, show-room, galerias de arte, e animais aquários, planetários, e assemelhados. Edificações permanentes Garagem sem acesso G-1 de público e sem Garagens automáticas abastecimento G-2 de público e sem abastecimento Serviço G Garagem com acesso Local automotivo G-3 e dotado geral, sem abastecimento (exceto veículos de carga e coletivos) de Postos abastecimento de e serviço, coletivos) Oficinas Serviço G-4 abastecimento de garagens (exceto veículos de carga e combustível assemelhados Garagens coletivas sem automação, em de conserto de borracharia conservação, de (sem veículos, recauchutagem). Oficinas e garagens de veículos de carga manutenção e reparos e coletivos, máquinas agrícolas e rodoviárias, retificadoras de motores G-5 Serviço H saúde de e H-1 institucional Abrigos para aeronaves com ou sem Hangares abastecimento Hospital veterinário e assemelhados requerem cuidados especiais por limitações físicas ou mentais H-3 clínicas e consultórios veterinários e assemelhados (inclui-se alojamento com ou sem adestramento) Local onde pessoas H-2 Hospitais, Hospital e assemelhado Asilos, orfanatos, hospitais abrigos psiquiátricos, geriátricos, reformatórios, tratamento de dependentes de drogas, álcool. E assemelhados. Todos sem celas Hospitais, casa de socorros, clínicas saúde, com prontos- internação, ambulatórios e postos de atendimento de urgência, postos de saúde e puericultura e assemelhados com internação Repartição H-4 pública, edificações das forças armadas e policiais Edificações do Executivo, Legislativo e Judiciário, tribunais, cartórios, quartéis, centrais de polícia, delegacias, postos policiais e assemelhados 74 Hospitais psiquiátricos, manicômios, Local onde a liberdade reformatórios, prisões em geral (casa de H-5 das pessoas sofre detenção, restrições penitenciárias, presídios) e instituições assemelhadas. Todos com celas H-6 Clínica e consultório médico e odontológico Clínicas médicas, consultórios em geral, unidades de hemodiálise, ambulatórios e assemelhados. Todos sem internação Atividades que manipulam materiais com Locais onde as baixo risco de incêndio, tais como fábricas atividades exercidas e em geral, os materiais utilizados envolvem I-1 apresentam onde a os processos utilização não intensiva de baixo materiais combustíveis (aço; aparelhos de potencial de incêndio. rádio e som; armas; artigos de metal; Locais onde a carga gesso; esculturas de pedra; ferramentas; de incêndio não chega fotogravuras; a 300MJ/m 2 jóias; relógios; sabão; serralheria; suco de frutas; louças; metais; máquinas) Locais I onde as atividades exercidas e Atividades que manipulam materiais com Indústria os materiais utilizados médio risco de incêndio, tais como: artigos I-2 médio de vidro; automóveis, bebidas destiladas; apresentam potencial de incêndio. instrumentos musicais; móveis; alimentos Locais com carga de marcenarias, fábricas de caixas e incêndio entre 300 a assemelhados 1.200MJ/m2 Locais onde há alto risco I-3 de incêndio. Locais com carga de incêndio superior a 1.200 MJ/m² Fabricação de explosivos, atividades industriais que envolvam líquidos e gases inflamáveis, destilarias, materiais refinarias, oxidantes, ceras, espuma sintética, elevadores de grãos, tintas, borracha e assemelhados Edificações sem processo industrial que J-1 Depósitos de material armazenam incombustível cimentos, tijolos, metais e pedras, outros areias, materiais incombustíveis. Todos sem embalagem J Depósito J-2 Todo tipo de Depósito J-3 Todo tipo de Depósito J-4 Todo tipo de Depósito Depósitos com carga de incêndio até 300MJ/m 2 Depósitos com carga de incêndio entre 300 a 1.200MJ/m2 Depósitos onde a carga de incêndio ultrapassa a 1.200MJ/m² 75 L Explosivos Comércio em geral de fogos de artifício e L-1 Comércio L-2 Indústria Indústria de material explosivo L-3 Depósito Depósito de material explosivo assemelhados Túnel M-1 Túnel rodoferroviário e marítimo, destinados a transporte de passageiros ou cargas diversas Edificação M-2 destinada Tanques ou Parque de manipulação, Tanques distribuição a produção, armazenamento de líquidos ou e gases combustíveis e inflamáveis Central M-3 de Central comunicação M Especial Propriedade centros de e comunicação, centrais de transmissão ou energia M-4 telefônica, de distribuição de energia e assemelhados em Locais em construção ou demolição e transformação assemelhados Propriedade destinada ao processamento, M-5 Processamento de lixo reciclagem ou armazenamento de material recusado/descartado M-6 Terra selvagem M-7 Pátio de Containers Floresta, reserva ecológica, parque florestal e assemelhados Área aberta destinada a armazenamento de containers (Fonte: Decreto Estadual 46076, São Paulo, 2001) 76 Tabela 5 - Classificação das edificações quanto à altura Tipo Denominação Altura I Edificação Térrea Um pavimento II Edificação Baixa H ≤ 6,00 m III Edificação de Baixa-Média Altura 6,00 m < H ≤ 12,00 m IV Edificação de Média Altura 12,00 m < H ≤ 23,00 m V Edificação Mediamente Alta 23,00 m < H ≤ 30,00 m VI Edificação Alta Acima de 30,00 m (Fonte: Decreto Estadual 46076, São Paulo, 2001) Tabela 6 - Classificação das edificações e áreas de risco quanto à carga de incêndio Risco Carga de Incêndio MJ/m² Baixo até 300MJ/m² Médio Entre 300 e 1.200MJ/m² Alto Acima de 1.200MJ/m² (Fonte: Decreto Estadual 46076, São Paulo, 2001) 77 ANEXO 2 – ENTREVISTA Em Setembro desse ano, estive com o Tenente PM Guberovich, membro do Departamento de Segurança Contra Incêndios – D.S.C.I., do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo. Em nossa conversa o Tenente buscou comentar, para um melhor entendimento de minha parte, o Decreto Estadual 46076/01 e suas Instruções Técnicas. No final de nossa conversa fiz algumas perguntas à ele a fim de esclarecer algumas dúvidas, e essas questões eu transcrevo na íntegra à seguir. Olavo: Em geral, no Brasil, temos pouca legislação de incêndio. O que há bastante são NBR's, sendo que apenas Estados como RJ, SP e RS é que tem uma legislação mais abrangente de incêndio. Porém pelo que pude notar todas elas, principalmente sobre sistemas fixos, levam direto para as NBR's ou para normas internacionais. Existe algum projeto no Brasil para se criar uma legislação única de incêndio? Ten. Guberovich: Sim, já existe até a nível de América Latina. O Cap. Hamilton (Scmd do 8º GB) foi à uma reunião que teve nos EUA, não lembro se foi no Texas, não lembro agora, que é uma reunião que visa traçar um código de edificações a nível de América Latina, América do Sul principalmente. Eles querem fazer isso aí. O processo vai ser, provavelmente, através da ONU que vai estabelecer parâmetros para construção de Edifícios a nível de toda América Latina. Olavo: Na hora de se fazer um projeto, o que você acha que é importante o engenheiro pensar quando ele estiver projetando o Edifício com relação há proteção contra incêndio? Qual a linha de raciocínio que ele tem que ter? Ten. Guberovich: Bem, primeiro é a vida humana. Primeiro é na vida das pessoas que estão lá, eventualmente, a própria dele que está projetando para lá. Ele pensar que ele também tem que preservar o patrimônio. Que 78 aquilo que estiver sendo projetado é função de, ele pode até admitir que a ocorrência de algum incêndio ou alguma emergência, que seja, e que este prédio vai ter que ser usado, né? Vamos pensar em um hospital, que pegou fogo em um determinado setor. Eu não posso pegar todos estes pacientes, eu vou leva-los para onde? Como eu vou fazer com estes setores? Eu vou desativar um hospital e vai para qual hospital? Os outros hospitais, tem suporte? Ele tem que fazer de uma forma tal que independentemente do uso do Edifício, ele, mesmo passando por este problema, eu tenha condições de imediatamente retornar o uso do prédio. Então ele tem que fazer pensando nisso, até. E pensar também que este prédio tem que ser projetado de tal forma que mesmo que ele seja projetado, ele tenha sistemas e equipamentos de segurança, tem que pensar na saída das pessoas e na entrada do corpo de bombeiros ou qualquer outra guarnição de emergência que tem que adentrar o Edifício para conseguir fazer socorro. Tem que pensar na saída das pessoas e na entrada do corpo de bombeiros. Olavo: Hoje, nas inspeções realizadas, é comum se encontrar irregularidades? Ten. Guberovich: Sim, é comum. É comum assim: existem dois aspectos. Olavo: Mesmo nos edifícios novos? Ten. Guberovich: Mesmo nos novos. Você tem duas falhas: uma está ligada a atividade humana. Você tem pessoas que podem errar porque elas quiseram errar, quer dizer, por dolo, ou elas podem errar por desconhecimentos. Nós somos seres falíveis, né? Nós não detemos conhecimento de tudo no mundo, né? A gente pode errar, eventualmente, por desconhecimento. Há também pessoas inescrupulosas que podem querer burlar determinadas condições para obter vantagens. Ela diz que vai instalar determinada "coisa" e não instala. Ou fala que tem revestimento contra fogo e não tem revestimento, porque ela economiza desta forma. É 79 como na estrutura de um prédio, um engenheiro diz que vai fazer um traço 3:2 e faz 2:1, dois de água e um de areia. Olavo: Então tem pessoas que tentam burlar a legislação? Ten. Guberovich: Existe, mas estes são minorias Olavo: Mas é comum encontrar as irregularidades? Ten. Guberovich: Irregularidades são comuns, até pela falta de informação. O Corpo de Bombeiros atua também junto as faculdades, faz palestras e tudo mais. Existe cursos específicos, mas eu acho que as faculdades deveriam ter uma carga horária relativa a parte de incêndio e segurança do edifício, voltada para incêndio. Tinha que ter uma carga mínima, ou para aqueles que já tenham, ter uma carga, um pouquinho maior para que dêem esses conceitos de segurança porque são muito importantes no desenvolvimento profissional do engenheiro. Por toda a vida dele vai ser usado isso. Olavo: E quanto as condições dos equipamento quando o bombeiro retorna para uma segunda vistoria. Depois de um ano o AVCB expira e você tem que... Ten. Guberovich: Hoje é usado assim: você tem um edifício, se ele for, com exceção dos locais reunião de público, ou autos de vistoria são válidos por três anos. Três anos para qualquer edifício e dois anos para os que tem reunião de público. Então é três e dois anos. Depois de três anos você pode voltar lá e ele pode ter alguma eventual mudança de layout, ele pode ter (vamos pensar em um prédio que não mudou suas características de uso, ocupação e área), eventualmente, ele tem mudança de área que é muito comum encontrar em função da própria atividade. Ele muda o layout, ele pode mudar este layout, não é que ele não possa mudar. Depende das 80 adaptações para que aquele prédio, ou essas mudanças não o tornem inseguros ou, por exemplo, inviabilizar o acesso das pessoas a escada de incêndio, se este prédio tem chuveiro automático, ele está dentro de uma sala ou determinado corredor, e eu fechar este corredor, ou esta sala e ficar sem um ponto de chuveiro automática naquela sala. Ela fica descoberta por aquele equipamento. Esses são cuidados que tem que serem tomados durante estas mudanças. Pode mudar? Claro que pode. Ele faz a adaptação do chuveiro automático. "Ah, eu construí uma sala a mais e coloquei mais uma divisória". A mangueira está chegando até aquela área? Eu coloquei um ponto de iluminação de emergência a mais? É esse o enfoque que se tem que ter. Olavo: E as condições de manutenção dos equipamentos, quando se volta para uma outra vistoria? Ten. Guberovich: Os edifícios que tem uma maior complexidade, um centro empresarial ou um shopping, eles tem sempre uma equipe de manutenção. Principalmente nestes centros empresariais novos, eles possuem uma estrutura já com uma maior responsabilidade e existe um profissional, normalmente um engenheiro de manutenção, e normalmente eles dispõem de uma manutenção adequada. Está sempre gastando, porque pensar em segurança, pensar em incêndio, gasta muito dinheiro. Então nos prédios novos não se tem muito problema. O maior problema são os edifícios mais simples, edifícios residenciais que não são de alto padrão, que já dispõe de uma manutenção precária e só gastam em ultimo caso. Eles são mais largados, realmente. Olavo: Então é importante ter uma equipe treinada? Ten. Guberovich: Isso é importantíssimo, não só a equipe de combate a incêndio, que seria a brigada de incêndio, como ter uma equipe que está lá olhando se o hidrante está lá, se tem um registro que está funcionando, tem 81 volante, se a mangueira está boa, se alguém tirou a mangueira, se a mangueira está furada, se o sistema de iluminação de emergência está funcionando, se a bateria está boa, se a bomba de incêndio está funcionando, pelo menos é ligada uma vez por semana ou a cada quinze dias. Lavar a garagem com esta água do fundo da caixa d'agua para que esta água não fique parada, estar sempre em uso para que o sistema não fique travado, porque é assim, durante toda a atividade do edifício nunca vai ocorrer um incêndio, é o objetivo, trabalhar em cima da prevenção, e o sistema vai ficar de uma forma travado que em um eventual uso não tem como usar, não funciona porque esta tanto tempo parado que não dá para usar. Olavo: Então é importante se ter um programa de manutenção preventiva? Ten. Guberovich: É o ideal, né? 82 Documents Similar To Sistemas Fixos de Combate a IncendioSkip carouselcarousel previouscarousel nextApostila Brigada de Incendiotreinamentodebrigadadeincendio-140926124102-phpapp01seguranca_escola_nutricaoCOMBATE A INCÊNDIO CLASSE AMini Curso.pptxCOMBATE A INCÊNDIO CLASSE BTcc Ana Paula Corrigido 01.07.2016CIPA2009 Volume 2 CADERNODOPROFESSOR QUIMICA EnsinoMedio 1aserie Caderno Do ProfessorAula 01 - O Fogo.pptxMateria 02 - Tecnica e Maneabilidade Em Combate a IncendioIntrodução a Princípios e Combate a IncêndioCombustaoProteção Contra Incêndios e ExplosõesBrigada_de_Incêndio - 05-04 - 17h_assinadoAnálise do risco de incêndiCursos de Prevenção de IncendioTemas DDSDDSMS AREJE OS GASES DE EXAUSTÃOInsalubridade Para FotocopistasCombust ÃoHazMat Nivel IClasses de Incêndio, Principio de Incêndio, Fases, Agentes Extintores18 EACH 2014 Agosto Inst Sist Exaustao GasesLista de Quimica12272_brigada1NT 02 - CONCEITOS BÁSICOS DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS.pdfCaldeiras1Caldeiras- T5831Comportamento Do Fogo - Aula I - Módulo IMore From Anonymous fGUP5h2ASkip carouselcarousel previouscarousel nextBIOMECANICA OCUPACIONAL 1ImportYncia Da BiomecYnica Ocupacional Para Manuseio de Carga Na PrevenYYo de Lombalgias.Gestão de Aspectos Ambientais Na Construção CivilErgonomía y BiomecánicaBIOMECÂNICA OCUPACIONALAVALIAÇÃO BIOMECÂNICAAvaliação Biomecânica Dos TrabalhadoresGestão Da Ergonomia No PostoCartilha Orientacao Saude Mental Secrt Saude DfMétodos Observacionais Para Análise de Risco BiomecanicoLa Biomecánica en Terapia OcupacionalDoutor Posso Viajar de AviaoANÁLISE DOS RISCOS ERGONÔMICOS.pdfBiomecánica Ocupacional ASPECTOS PSICOSAnálise BiomecânicaManipuladores Da Indústria de LaticiniosIdentificação Dos Riscos Ocupacionais Em Uma Unidade de Produção de Derivados de CarneRefrigeracao Industrial Por AmoniaSst Trabalhadores AlimentacaoAuditoria de Segurança e Saúde Do Trabalho Em Uma Indústria de Alimentosbiomecanica_ocupacionalQueimaduras Em Ind LaticiniosA Importância Da Prevenção de Doenças OcupacionaisAnálise Dos Riscos Ocupacionais Dentro de Uma PanificadoraSst Espacos ConfinadosGuia LaticiniosResiduos Ind de LaticiniosMedidas de Adequação Ambiental Para Indústria de LeitesLevantamento Dos Riscos Ocupacionais Presentes Em Uma Indústria de SORVETESApreciação Ergonômica Do Processo de Produção de LaticiniosFooter MenuBack To TopAboutAbout ScribdPressOur blogJoin our team!Contact UsJoin todayInvite FriendsGiftsLegalTermsPrivacyCopyrightSupportHelp / FAQAccessibilityPurchase helpAdChoicesPublishersSocial MediaCopyright © 2018 Scribd Inc. .Browse Books.Site Directory.Site Language: English中文EspañolالعربيةPortuguês日本語DeutschFrançaisTurkceРусский языкTiếng việtJęzyk polskiBahasa indonesiaSign up to vote on this titleUsefulNot usefulYou're Reading a Free PreviewDownloadClose DialogAre you sure?This action might not be possible to undo. Are you sure you want to continue?CANCELOK
Copyright © 2024 DOKUMEN.SITE Inc.