Sete Sermões aos Mortos

April 4, 2018 | Author: Caio Azevedo | Category: Nothing, Saint, God, Infinity, Love


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Sete Sermões aos Mortos - Parte ISEPTEM SERMONES AD MORTUOS Ou Sete Sermões aos Mortos Por Carl Gustav Jung Sete exortações aos mortos, escritas por Basilides em Alexandria, a cidade onde Oriente e Ocidente se encontram. O PRIMEIRO SERMÃO Os mortos retornaram de Jerusalém, onde não encontraram o que buscavam. Eles pediram para serem admitidos à minha presença e exigiram ser por mim instruídos; assim, eu os instruí: Ouvi: Eu começo com nada. Nada é o mesmo que plenitude. No estado de infinito, plenitude é o mesmo que vazio. O Nada é ao mesmo tempo vazio e pleno. Pode-se também afirmar alguma outra coisa a respeito do Nada, ou seja, que é branco ou negro, existente ou inexistente. Aquilo que é infinito e eterno não possui qualidades porque contém todas as qualidades. O Nada ou plenitude é por nós chamado de o PLEROMA. Nele, pensamento e existência cessam, porque o eterno é desprovido de qualidades. Nele, não existe ninguém, porque se existisse alguém, este então se diferenciaria do Pleroma e possuiria qualidades que o distinguiriam do Pleroma. No Pleroma não existe nada e existe tudo: não é bom pensar sobre o Pleroma, pois fazê-lo significaria dissolução. O MUNDO CRIADO não está no Pleroma, mas em si mesmo. O Pleroma é o princípio e o fim do mundo criado. O Pleroma penetra o mundo criado como a luz solar penetra toda a atmosfera. Embora o Pleroma penetre-o por completo, o mundo criado não participa dele, da mesma forma que um corpo sumamente transparente não se torna escuro ou colorido como resultado da passagem da luz por ele. Nós mesmos, no entanto, somos o Pleroma e assim sendo, o Pleroma está presente em nós. Mesmo no porque pequeno e grande são qualidades estranhas ao Pleroma. Por que então discorremos sobre o Pleroma. Eis por que o homem dicorre sobre as qualidades do Pleroma. porquanto sua essência é também diferenciação. Eis porque o próprio homem é um divisor. é necessário falarmos de nossa própria diferenciação. eterna e completamente.ponto mais minúsculo. falamos da posição de nossas próprias divisões. O Pleroma possui tudo: diferenciação e indiferenciação. porque este é uma qualidade do Pleroma. mas não o mundo criado. outra qualidade do Pleroma. visto que num aspecto figurativo o Pleroma é um ponto excessivamente pequeno. pois nesse caso transcendemos os limites de nosso próprio ser. mas unicamente em sentido alegórico. Morremos na medida em que não somos capazes de discriminar. Em verdade. Quando falamos de divisões do Pleroma. Eis por que devemos distinguir qualidades individuais. Eis por que ele distingue as qualidades do Pleroma. na realidade nada dissemos sobre o Pleroma. No entanto. uma vez que possui qualidades. estendemo-nos além do mundo criado e mergulhamos no estado indiferenciado. O mundo criado é de fato diferenciação. Eis porque vos falo do mundo criado como uma porção do Pleroma. por ser o nada. sendo igualmente o firmamento ilimitado do cosmo à nossa volta. por essa razão. Ele é o nada onipresente. falamos de nosso próprio estado diferenciado. se ele é o todo e também o nada? Eu vos falo como ponto de partida. que são inexistentes Vós me dizeis: Que benefício existe então em falar sobre o assunto. Diferenciação é criação. o impulso natural do ser criado volta-se para a diferenciação e para a luta contra o antigo e pernicioso estado de igualdade. Por essa razão. qualidades essas que não existem. e também para eliminar de vós a ilusão de que em algum lugar. da mesma forma que o incriado. A diferenciação é a essência do mundo criado e. Eis por que devemos ser capazes de distinguir as qualidades do Pleroma. Trata-se da única coisa sólida e definida. Tudo o que chamam de definido e sólido não é mais do que relativo. Essa é a verdadeira morte do ser criado. a morte eterna também representa uma qualidade do Pleroma. mas embora procedamos desta forma. A partir de tudo isso. o próprio mundo criado nada mais é que uma qualidade. o homem extrai de seu próprio ser. A tendência natural chama-se Princípio de Individuação. Assim. pois o Pleroma não se divide em partes. hipotético. uma vez que se afirmou ser inútil pensar sobre o Pleroma? Eu vos digo essas coisas para libertar-vos da ilusão de que é possível pensar sobre o Pleroma. Dizeis: Que mal não decorre do driscriminar. Submergimos no próprio Pleroma e deixamos de ser seres criados. quase inexistente em nós. porque somente o que está sujeito a mudança apresenta-se definido e sólido. O mundo criado está sujeito a mudar. completo e infinito. Esse princípio constitui de fato a essência de todo ser criado. Somos também o Pleroma como um todo. Suas qualidades são os PARES DE OPOSTOS. Indagamos: como se originou a criação? As criaturas de fato têm origem. existe algo absolutamente sólido e definido. o que é criado gera também mais diferenciação. o Pleroma está presente sem limite algum. podeis prontamente reconhecer por que o princípio indiferenciado e a falta de discrininação representam um grande perigo para os seres criados. A criação é eterna e onipesente. Essas divisões. dentro ou fora. tornamo-nos sujeitos à dissolução e ao nada. tais como: . chegando ao mesmo tempo à diferenciação e à igualdade. enquanto lutamos pela diferenciação? O que não deveis esquecer jamais é que o Pleroma não tem qualidades. O que ocorre. mas ao mesmo tempo obtemos o mau e o feio. portanto. Só assim não imergimos no Pleroma. Não a vossa mente. e nós podemos e devemos partilhá-las somente em nome e sob o sinal da diferençiaão. se soubermos percebermo-nos como seres à parte dso pares de opostos. Eis por que não deveríeis lutar pela diferenciação e pela discriminação como as conheceis. que é a diferenciação. Discordareis. porque no Pleroma estes são idênticos àqueles. Somos nós que criamos essas qualidades através do intelecto. quando lutamos pela diferenciação? Não somos no caso fiéis à nossa natureza e. Segundo: as qualidades pertencem ao Pleroma. Visto que a essência do nosso ser é a diferenciação. mas sim . que é a diferenciação. possuímos essas qualidades em nome e sob o sinal da diferenciação. e nos tornamos vítimas das qualidades do Pleroma. umas das outras e. Quando lutamos pela diferenciação ou pela igualdade... vós vos precipitais novamente no Pleroma. encontram-se em atividade.e assim por diante. também possuímos essas qualidades presentes em nós. esquecemo-nos de nosso ser essencial. Quando lutamos pelo bom e pelo belo. ou por outras qualidades. separadas. Eis por que somos vítimas dos pares de opostos. mas o vosso ser constitui a diferenciação. Os pares de opostos são as qualidades do Pleroma: também são na verdade inexistentes. ao contrário. dizendo: Afirmastes que diferenciação e igualdade constituem também qualidades do Pleroma. elas se anulam mutualmente. dessa forma. obteremos a salvação. então nos diferenciaremos do mau e do feio. devemos também ficar eventualmente em estado de igualdade . lutamos por pensamentos que fluem para nós a partir do Pleroma. Todavia. Como nós mesmos somos o Pleroma. No Pleroma. ou seja. Devemos nos separar dessas qualidades. Porém. ou seja. não se anulam mutualmente.o eficaz e o ineficaz plenitude e o vazio o vivo e o morto diferença e igualdade luz e treva quente e frio energia e matéria tempo e espaço bem e mal beleza e fealdade o um e os muitos . Enquanto perseguis essas idéias. pensamentos sobre as qualidades inexistentes do Pleroma. Lutamos para alcançar o bom e o belo. em nós não. porque se anulam mutualmente. os pares de opostos. no nada e na dissolução. o que significa: Primeiro: que em nós as qualidades estão diferenciadas. Porque em nós o Pleroma divide-se em dois. se permanecermos fiéis à nossa natureza. por VOSSO PRÓPRIO SER. Não necessitamos de prova da sua existência. Deus é uma qualidade do Pleroma. Não importa se o Pleroma existe ou não existe. como o raciocínio aliena-vos de vossa real natureza. entretanto. O mundo criado. mas resistem um ao outro como opostos ativos. Ele é menos diferenciado que o mundo criado. Deus se distingue do mundo criado. e tudo o que afirmei sobre o mundo criado é igualmente verdadeiro no que a Ele se refere. a plenitude efetiva elimina-se para nós. na medida em que é algo definido e. Deus é também o próprio Pleroma. Sete Sermões aos Mortos . Entretanto. Portanto. Tudo o que não diferenciamos precipita-se no Pleroma e anula-se com seu oposto. Deus e Demônio são as primeiras manifestaçães do nada a que chamamos de Pleroma. pois é menos definido e definível do que o mundo cirado em geral. ainda assim. No entanto. se não discernimos Deus. O vazio efetivo é o ser do Demônio. porque a essência do seu SER é a efetiva plenitude. basta que sejamos obrigados a falar sempre deles. portanto. diferenciado do Pleroma. é diferente. constitui o próprio Pleroma.Parte II * O SEGUNDO SERMÃO Os mortos se ergueram durante a noite junto às paredes e gritaram: Queremos saber sobre Deus! Onde está Deus? -Deus não está morto. não teríeis necessidade de saber coisa alguma sobre o Pleroma e suas qualidades e. portanto. devido à vossa natureza. porque ele se anula em todas as coisas. Mesmo . eles não se suprimem mutualmente. Na medida em que Deus e Demônio são seres criados. bem como no plano incriado. Se de fato assim o fizéssemos. Ele representa a manifestação da efetiva plenitude do Pleroma. devo ensinar-vos o conhecimento para que possais manter vosso raciocínio sob controle. Ele está tão vivo quanto sempre esteve. Deus é o mundo criado. da mesma forma que cada um dos pontos mais minúsculos dentro do mundo criado. atingiríeis o vosso verdadeiro objetivo. e só na medida se Sua definição e diferenciação que Ele é idêntico ao mundo criado. tão indissolúvel em vossas vidas. Se o Pleroma pudesse ter uma existência. portanto. Abraxas permanece acima do sol e acima do demônio. eles se nos apresentam muito mais efetivos do que o indefinível Abraxas. o ser criado (devido à sua própria natureza) os produziria continuamente. O TERCEIRO SERMÃO . Ele é menos definido que Deus ou o Demônio. por unificar plenitude e vazio em seu trabalho. o seu ser ativo desenvolve-se livremente. Abraxas é a atividade. -Nesse ponto. a partir do Pleroma. sendo Deus acima de Deus. Abraxas seria sua manifestação. chamamos a Deus Helios. e assim. que se apresenta como o próprio Pleroma. A atividade unifica-os. Ele representa a não-realidade ativa. Há um Deus sobre o qual nada sabeis. os mortos provocaram uma grande rebelião. pela geração e pela destruição. Nós o chamamos por seu nome: ABRAXAS. Deus sempre tem consigo o Demônio. O sol exerce um efeito definido. A atividade é comum a ambos. portanto. Ele é o improvável provável. Pois ele é poder. Como aprendestes. Ele é ainda um ser criado. ou o Sol. Isso porque ambos permanecem muito próximos do Pleroma. Embora ele seja a própria atividade. Para distinguir Deus dele. na medida em que se diferencia do Pleroma. Eis por que ela permanece acima de ambos. O irreal não existe. persistência e mutação. porque não possui um resultado definido. Tudo o que se origina no Pleroma pela diferenciação constitui pares de opostos. que é poderoso no plano da irrealidade. não pode de fato resistir. exceto o irreal. portanto. no qual todos os opostos se anulam e se unificam. esse inter-relacionamento é tão íntimo. assim como o demônio. mas um resultado em geral. porque eram cristãos. nada pode resistir-lhe. Deus e Demônio distinguem-se pela plenitude e pelo vazio.que eles não existissem. porque os homens esqueceram-no. não constitui um resultado específico. a luz e a treva. Ele é magnífico como o leão no exato momento em que abate sua presa. Adorá-lo é morte. O poder de Abraxas é duplo. o polvo de mil tentáculos. Abraxas gera a verdade e a falsidade. Portanto. O que é dito pelo Deus-Sol é vida. Vê-lo significa cegueira. o bem e o mal. porque este é a própria vida indefinível. Ele é o monstro do inferno. Ele é o santo e o seu traidor. Seu poder é verdadeiramente supremo. que é vida e morte ao mesmo tempo. . Conhecê-lo é enfermidade. mas Abraxas não. Ele é plenitude unindo-se ao vazio. Não resistir-lhe significa libertação. Ele é o senhor dos sapos e das rãs que vivem na água e saem para a terra. Ele é o amor e o assassino do amor. A vida parece menor e mais fraca do que o summum bonum (bem supremo). Ele é o hermafrodita da mais baixa origem. Abraxas é o sol e também o abismo eternamente hiante do vazio. ele próprio é o Pã maior e também o menor. cantando juntos ao meio-dia e à meia-noite.Os mortos aproximaram-se como névoa saída dos pântanos e gritaram: -Fala-nos mais sobre o deus supremo! . o demônio. porque o homem não o percebe de modo algum. Ele constituí as bodas sagradas. Abraxas é verdadeiramente o terrível. que representa a fonte radiante de toda a força vital. diz a palavra venerável e também a maldita. Temê-lo é sabedoria. O homem vê o summum bonum (bem supremo) do sol e também o infinum malum (mal sem fim) do demônio. De fato. do redutor e desagregador. com a mesma palavra e no mesmo ato. no entanto. Sua beleza equivale à beleza de uma manhã de primavera. porque a vossos olhos a oposição a esse poder parece anulá-lo. Abraxas. daí a dificuldade de se conceber que Abraxas possa suplantar em seu poder o sol. O que é dito pelo Demônio é morte. Vós não podeis vê-lo. a mãe do bem e do mal igualmente. Ele é Príapo. e a mais profunda noite da loucura.Abraxas é o deus a quem é difícil conhecer. o contorcer de serpentes aladas e da loucura. Ele é a luz mais brilhante do dia. os mortos clamaram e deliraram porque ainda eram seres incompletos. o demônio é o oposto. Tudo aquilo que pedis a Deus-Sol leva a uma ação do demônio. A cada dádiva do Deus-Sol. Ele é a realidade enganosa.Deus vive detrás do Sol.Tus que és maldito. Ele é o amor do homem. o demônio arrasta para a noite. fala-nos sobre deuses e demônios! -Deus-Sol é o bem supremo. sua gênese e sua dissolução. Ele é o prazer da terra e a crueldade do céu. . tendes dois deuses. Ele é a fala do homem. os mortos encheram a sala e disseram: . o demônio vive atrás da noite. entretanto. Diante de sua face o homem fica paralisado. inúmeros grandes bens e numerosos grandes males. a árvore da vida. no entanto. Ele brilha e devora.Nesse ponto. o demônio acrescenta sua maldição. Tudo o que abtendes através do Deus-Sol aumenta o poder efetivo do demônio. . Há. Ele é o mais poderoso ser manifestado e nele a criação torna-se temerosa de si mesma. é o cosmo. contudo. Ele é a vida da criação. o FLORESCENTE. Eros flameja e então se apaga. desenvolve-se lentamente através de incontáveis eras. um dos quais é o FLAMEJANTE e o outro. que ele sente contra a mãe.Parte III * O QUARTO SERMÃO Resmungando. Ele é o terror do filho. ela cresce verdejante e acumula matéria viva enquanto cresce. Ele é o amor da mãe por seu filho. O florescente é a ÁRVORE DA VIDA. O flamejante é EROS em sua forma de chama. Ele é tanto o brilho como a sombra escura do homem. Assim é o terrível Abraxas. Ante ele. Abraxas. Sete Sermões aos Mortos . não há pergunta nem resposta. Ele é a atividade da diferenciação. O que deus traz à existência a partir da luz. portanto. entre eles existem dois deuses-demônios. que é múltiplo e estende-se até o infinito. visto que. Inúmeros já o foram. não podemos nem acrescentar-lhe algo nem subtrair-lhe. assim. mais frio e mais inerte do que a terra. ele dissolve tudo o que tem forma e corpo. a efetiva plenitude e o bem supremo.Bem e mal estão unidos na chama. Através de nossas preces. As duas direções estendem-se ao infinito. vossa natureza também. Vida e amor opõem-se mutualmente em sua divindade. eles permanecem em solidão e separados por vastas distâncias uns dos outros. também vos sobrevém. porque quatro é o número das dimensões do mundo. pois existem muitos deuses. A multiplicidade dos deuses iguala a multiplicidade dos homens. Os deuses de luz compõem o mundo celestial. Os deuses das trevas constituem o inferno. ele vem dos deuses e vai para Deus. Seu senhor supremo é o Deus-Sol. Abençoado sou. os terrestres contraem-se. Bem e mal estão unidos no crescimento da árvore. O Um é o princípio. Incontáveis deuses aguardam para tornarem-se homens. Os celestiais expandemse. ele é o destruidor. E o vazio do todo é o Pleroma. fica mutilada. por viverem próximos uns dos outros e desejarem companhia. O QUINTO SERMÃO . Seu senhor mais profundo é o demônio. Em prol da salvação. só o irreal opõe-se a ele. O Dois é Eros. porque ela preenche o espaço com corpos. Como podeis ser leais à vossa naturreza quando tentais fazer um dos muitos? O que fazeis aos deuses. O Três é a Árvore da Vida. O quatro é o demônio. porque me é dado conhecer a multiplicidade e a diversidade dos deuses. o espírito da lua. porque ele abre tudo o que está fechado. Eles não são complexos e têm a capacidade de diminuir e encolher infinitamente. Todos vós se tornam. em favor do que eu próprio fui banido. Deus-Sol. expandindo-se ilimitadamente. Do mesmo modo que é inútil pensar sobre o Pleroma. O homem é um partícipe da essência dos deuses. Cada estrela representa um deus e cada espaço ocupado por uma estrela. porque o efetivo vazio tudo absorve. que é menor. Os deuses são poderosos e suportam sua diversidade. criastes o tormento da incompreensão e a mutilação do mundo criado. porém poucos homens. A atividade do todo é Abraxas. Lastimo-vos. O quatro constitui o número das divindades principais. o servo da terra. Por meio disso. Os seres humanos são fracos e não conseguem suportar sua diversidade. eu vos ensino aquilo que se deve eliminar. Não há diferença no poder dos deuses celestiais e terrestres. Menos útil ainda é adorar o primeiro Deus. um demônio. é inútil adorar essa pluralidade de deuses. não podem suportar os próprios e distintos isolamentos. Imensurável como os agrupamentos de estrelas é o número de deuses e demônios. no qual todas as coisas dão em nada. cuja essência e lei é a diversidade. Em benefício do homem pode reinar a unidade. por isso. porque ele se expande com uma luz brilhante e combina duas. como as estrelas. assim sendo. porque substituístes a unidade de Deus pela diversidade que não se pode converter em unidade. iguais e. mas nunca em benefício de deus. Espiritualidade e sexualidade não constituem qualidades vossas. Ilusória e demoníaca é a espiritualidade do homem que se dirige ao menor. pelas qualidades do Pleroma. sobre a Igreja e santa comunidade! . antes. o terrível Abraxas. ao contrário. estamos sujeitos às leis da sexualidade e da espiritualidade. pois a natureza dos seres criados é sempre a natureza da diferenciação. de um lado.O mundo dos deuses manifesta-se na espiritualidade e na sexualidade. a sexualidade e espiritualidade. O homem deve conhecer o que é menor.. então aquela sob o signo de phallos. a sexualidade da mulher volta-se para o espiritual. O homem deve separar-se da espiritualidade e também da sexualidade. Ela é masculina. Homem e mulher tornam-se demônios um para o outro quando não distinguem suas duas formas de sexualidade. Ele deve chamar a espiritualidade e mãe e entronizá-la entre o céu e a terra.Ensina-nos. tratase de demônios poderosos. A diferenciação conduz à solidão. então sereis vitimados por eles. são muito superiores a vós e existem em simesmas. porquanto se move na direção do maior. portanto. Portanto. a mulher o que é maior. Quando não puderdes distinguir entre vós próprios. Por outro lado. Devido à fraqueza da vontade humana. Ninguém possui espiritualidade ou sexualidade para si mesmo. na sexualidade. de outro. ó tolo. Cada uma deve dirigir-se a seu próprio lugar. A sexualidade do homem volta-se para o terreno. se não a comunidade sob o signo da mãe. O homem é fraco. A espiritualidade do homem é celestial. portanto nós a chamamos de PHALLOS. o pai telúrico. Os deuses forçam-nos a uma . Ele deve chamar a sexualidade de phallos.Os mortos cheios de escárnio. a mãe celestial. portanto a comunidade torna-se indispensável. a espiritualidade da mulher é mais terrena porque se move na direção do menor. Deveis considerálos demônios. e quando não fordes capazes de considerar que ambos são seres superiores e exteriores a vós. por isso nós a chamamos de MATER COELESTIS. Eles se apresentam mais eficientes para nós do que os deuses por estarem mais próximos do nosso ser. Eis por que devem existir tantas comunidades quantas forem necessárias. Homem e mulher tornam-se demônios um para o outro quando não separam seus caminhos espirituais. Os deuses celestiais expressem-se na espiritualidade e os terrenos. gritaram: . Não haver comunidade constitui sofrimento e enfermidade. não por causa dos homens. mas por causa dos deuses. manifestações de deuses e. Ela é feminina. assim como os deuses e. colocando-a entre o próprio ser e a terra. a comunidade é necessária. i. causas comuns e perigos graves. porque a mãe e phallos são demônios super-humanos e manifestações do mundo dos deuses. A comunidade traz consigo fragmentação e dissolução. Ilusória e demoníaca é a espiritualidade da mulher que se dirige ao maior. A espiritualidade recebe e compreende. ninguém escapa a esses dois demônios. A sexualidade do homem é mais terrena enquanto a sexualidade da mulher. não são coisas que podeis possuir e apreender. em oposição aos deuses e demônios e suas leis que não se pode escapar. A sexualidade gera e cria. A solidão é contrária à comunidade. mais celestial. e. acima de tudo. Em comunhão. luz. A verdadeira ordem na solidão purifica e aumenta. para a preservação da comunidade. altura. No estado de solidão. mais do que isso. converte-se num mal.comunhão. a solidão. . deixai que haja desperdício de abundância. A verdadeira ordem na comunidade purifica e preserva. Na solidão. cada um deve sujeitar-se ao outro. Na comunidade haverá abstinência. Porque a comunidade é profundidade enquanto a solidão. A comunidade dá-nos calor. Eles vos forçam a associar-vos tanto quanto necessário. para que possa conhecer-se e evitar a servidão. cada qual será colocado acima dos demais. visto que dela tendes necessidade. porém.
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