ANÁLISE DE INGREDIENTES E PROCESSO DE PRODUÇÃO DE SABÃO APARTIR DO ÓLEO DE COZINHA USADO Tássia Regina Santos Vitori Rodrigo Itaboray Frade 1 2 RESUMO A fabricação de sabão caseiro oferece uma alternativa para a reutilização do óleo de cozinha usado e evita uma possível contaminação do meio ambiente. Além do óleo, outros ingredientes são usados para que ocorra o processo de saponificação. A base ou álcali mais utilizado nesse processo é a soda cáustica (NaOH), uma substância tóxica que interfere no pH dos sabões fabricados. Dessa forma, o presente trabalho tem como objetivo investigar os possíveis riscos oriundos da utilização e fabricação de sabões caseiros. Foram fabricados sabões a partir de receitas de cunho popular, obtidas através da internet e por indicações orais, sendo estes analisado em relação à sua consistência, aparência e valores de pH. Dentre os quatro sabões fabricados, apenas dois apresentaram boa consistência e aparência. Somente um sabão apresentou pH próximo à neutralidade. A neutralidade não oferece riscos no contato do sabão com a pele humana, diferente de sabões com caráter acido e básico. Palavras – chave: Óleo de cozinha usado; sabões caseiros; soda cáustica. INTRODUÇÃO A limpeza é um ato que demanda certo esforço físico e disciplina. O ato de limpar não significa a eliminação de todos os germes, mas um ambiente limpo é sinônimo de ambiente saudável, o que assegura uma sensação prazerosa de bem estar (SMALLIN, 2006). De acordo com a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) (2003) saneantes são todas as substâncias ou preparações destinadas à higienização, sendo os sabões e detergentes os mais utilizados no nosso dia a dia. Sabe-se que hoje a fabricação do sabão caseiro é uma medida sustentável, pois segundo Alberici e Pontes (2004), procura minimizar o descarte do óleo e gordura animal comestível no meio ambiente. Porém, algumas das substâncias usadas na fabricação caseira do sabão são consideradas nocivas, devido à ação 1 Graduanda em Ciências Biológicas pelo Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix. E-mail: [email protected]. 2 Mestre em Educação Tecnológica pelo CEFETMG. Docente do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix. E-mail: [email protected] No final do Império Romano o uso do sabão foi divulgado por recomendação médica como agente de higiene benéfico para a pele. Ao longo desses anos as receitas de sabão foram se . no entanto em determinadas épocas no decorrer da historia da civilização o uso do sabão declinou. BRAUN–FALCO. PRODUÇÃO DO SABÃO História A história do sabão é bem antiga e de acordo com Reis (2009).al. SANTOS.tóxica de seus compostos. As mulheres que ali se encontravam para lavar suas roupas observaram que aquela mistura ajudava na remoção da sujidade empregando menor esforço físico. este trabalho propõe realizar uma investigação da ação toxicológica das substâncias envolvidas na produção do sabão artesanal. principalmente na Idade Média e no Renascimento. quando o banho não era considerado um hábito popular. Dessa forma. Outro dado relevante diz respeito ao potencial de hidrogênio (pH) dos sabões caseiros. O sabão ainda não era utilizado para a limpeza corporal. pode vir a causar danos à pele do corpo (KORTING. 2000). Após o declínio do Império Romano o uso do sabão já estava bem difundido. Somente no século XVIII o sabão voltou a ser utilizado como agente de limpeza pessoal. Dentre as ruinas da cidade de Pompéia foi encontrada uma fábrica onde eram produzidas barras de sabão. 1996 apud VOLOCHTCHUK et. Apesar de não ser usado em banhos. Quando chovia. afim de que a população geral tenha conhecimento sobre os possíveis impactos oriundos da utilização negligente dos produtos contidos no sabão. Este potencial varia de acordo com o modelo fabricado e o uso repetido de determinados tipos sabões como agente de limpeza para a higiene pessoal. GUEDES. o sebo juntamente com as cinzas era carregado para as margens do rio Tibre. que podem vir a agredir o meio ambiente e a saúde humana (NEVES. assim como do próprio sabão como produto final. uma lenda Romana roga que possivelmente o produto originou-se com a mistura de dois ingredientes: a cinza vegetal que é rica em carbonato de potássio e o sebo animal. o sabão continuou sendo útil na lavagem de roupas. 2010). que possam vir a oferecer riscos à saúde humana. O sebo era obtido através da cremação dos corpos como sacrifício feito no Monte Sapo. vindo a alcançar rios e represas. De acordo com Mercadante et al (2009) os tipos de sabões fabricados variam de acordo com a propriedade de seus componentes. Esta reação é denominada de saponificação. introduzindo novos tipos de óleos. corantes e aromatizantes (REIS. 1997). o produto na natureza sofre a ação de decomposição por microrganismos. ou seja. terrenos baldios e quintais. a gordura é responsável por proporcionar dureza ao sabão (QUADRO 1). O óleo ajuda a aumentar a espuma e a suavidade. Embora o sabão seja biodegradável. Os óleos e as gorduras por possuírem propriedades diferentes. dependendo do meio a degradabilidade de suas moléculas pode variar (NETO. ficando líquido em temperatura ambiente (aproximadamente 25º C). DEL PINO. por isso seu ponto de fusão e ebulição é menor. 1997). nascentes e córregos. DEL PINO. Os óleos possuem mais ligações insaturadas ao longo de sua cadeia. DEL PINO. Em contra partida. pois pode poluir lençóis freáticos. Os óleos e as gorduras são ingredientes essenciais para a fabricação de sabões. 1976). caixa de esgoto. Este ato agride o meio ambiente.aperfeiçoando. 1997). O tamanho da cadeia carbônica. A água dura apresenta em sua composição o cálcio e magnésio que diminuem o poder tensoativo do sabão (NETO. . a posição e a quantidade de ligações insaturadas interferem no ponto de fusão dos óleos e gorduras (NETO. Guedes e Santos (2010) alertam sobre o descarte do óleo em locais inapropriados tais como em ralos de pias. 2009). Segundo Allinger (1976) sabões que contêm cadeia de ácido graxo com 12 ou mais carbonos são ineficientes em água dura. Já as gorduras são geralmente sólidas em temperatura ambiente e seu ponto de fusão e ebulição são maiores comparadas com os óleos. Estruturalmente são constituídos por um ou mais grupos carboxilas acompanhados de cadeias de carbono longas. A reação ocorre pela mistura de um ácido graxo presente em óleos e gorduras com uma base de forte aquecimento (hidróxido ou carbonato de sódio) na presença de água (ALLINGER. fabricam sabões diferentes. Neves. Processo de fabricação e propriedades do sabão Todo sabão é produzido através de uma reação química. Gordurosa. Outro fato relacionado ao descarte do óleo usado é que o óleo pode formar com o passar do tempo uma crosta nas paredes dos canos junto com a sujidade. SANTOS. Regular Muito Razoavelmente Muito Oliva pequena e para boa moderada fácil macio resistente. ele cria uma camada na superfície encobrindo a fauna e flora aquática e impedindo a entrada de luz e oxigênio (NETO. Oleosa. O uso da soda cáustica como agente desentupidor pode agravar o problema. A soda dissolve quase que completamente em água e álcool liberando uma . p 2-3. GUEDES. Espessa e Mamona Regular Moderada Muito fácil Macio duradoura Fonte: MERCADANTE et al. Muito Razoavelmente Banha Boa Duro duradoura e moderada fácil espessa. Muito Razoavelmente Muito Sebo Boa duradoura e moderada fácil duro espessa. Razoavelmente lenta. tem uma grande tendência em receber prótons. Assim como o óleo a soda pode atingir rios e estações de tratamento prejudicando a fauna e a flora local (NEVES. Razoavelmente Canola pequena e Regular Moderada Macio fácil duradoura. DEL PINO. ou seja. Tem caráter forte. Razoavelmente Soja abundante e Regular Moderada Macio fácil duradoura. Oleosas.Como a densidade do óleo é menor do que a da água. 1997). também chamado de base. PROPRIEDADES DO SABÂO GORDURA Ação S E ÓLEOS Ação de sobre a Espuma limpeza pele Saponificação Dureza Razoavelmente lenta. 2010). QUADRO 1 Influência do tipo de gordura ou óleo e a propriedade final do sabão. 2009. Utilização da Soda cáustica De acordo com Ucko (1992) a soda cáustica (NaOH) é um álcali. A fim de garantir uma maior segurança a ANVISA (1999) estipula que produtos de reserva alcalina ou ácida que contenha pH menor do que 2 e maior do que 11. data da fabricação e vencimento. 2006). O corpo da embalagem deve conter indicações de perigo. da íris e do corpo ciliar levando a cegueira (NOIA. Por se tratar de um produto tóxico seu uso deve ser feito de forma cuidadosa. De acordo com Zanasi Jr (2010) acidentes domésticos envolvendo agentes químicos correspondem a 30% dos casos. que paralelamente formam ligações com o álcali comprometendo grande extensão de lesão tecidual. O vapor dessas substâncias em contato com os olhos promovem a mesma reação de saponificação ocorridas nos demais tecidos do corpo. A soda caústica é a substância mais utilizada para a fabricação do sabão artesanal (RITTNER. instruções de uso. As embalagens devem vir acompanhadas por um acessório ou aplicador que evite o contato do produto direto com o manuseador.5 devem possuir embalagens plásticas rígidas resistentes a rupturas e tampas de dupla segurança à prova de abertura por crianças. MORAES. segundo Zanasi Jr (2010) penetram mais profundamente na pele quando comparadas as queimaduras térmicas ou ocasionadas por ácidos. saponificação da gordura corporal responsável pelo isolamento térmico e a inativação das proteínas enzimáticas. Potencial hidrogeniônico (pH) . O mecanismo de lesão tissular pelos álcalis causa desidratação intensa. com palavras de destaque em negrito escritas em maiúsculo. Pode ser encontrada na forma sólida como escamas. As queimaduras por álcalis.grande quantidade de íons OH. além de reagir com gorduras e óleos atuando como agente de limpeza. no rótulo deve conter o símbolo de corrosivo.2002 apud FREITAS. barras. podendo levar a necrose do endotélio corneanos. 1995 apud ZANIN et al. sendo a soda cáustica a principal agente citado na maioria dos casos.que se dissociam facilmente em solução. ARAUJO. 2000). telefones de emergência e informações de primeiros socorros. glaucoma secundário bem como a destruição da episclera. 2001). lentilhas cilindros. As embalagens também devem ter advertências sobre os possíveis riscos à saúde. pó e na forma líquida (TRIKEM. 5. variando de 3 a 5 prevalecendo valores maiores nas axilas. pois não tem ação sobre a pele (cf. O pH normal da pele modifica desde a época do nascimento. Quando as concentrações destes íons não forem iguais. al. tornando sua ação cáustica (NETO. Ucko (1992) relata que o pH expressa a medida de íons H3O em uma solução. devido às interações com as moléculas de sujeira.O símbolo pH deriva do alemão potenz hydrogen ou potência de hidrogênio (RAVEN et al. 2001). quando é neutro. Os sabões alcalinos removem melhor a sujidade do que os neutros. e irritação. 2000). Normalmente o sal produzido pela reação de saponificação possui característica básica. O pH alcalino dos sabões é o responsável em grande parte pelo potencial desidratante e irritante na pele humana (VOLOCHTCHUK et. DEL PINO. sendo 7 o ponto médio da escala. BRAUN–FALCO. Já os sabões neutros podem ser usados para banho.liberado pelas bases na água. A acidez e a basicidade ou alcalinidade de uma solução dependem da concentração de íons H + liberados pelo ácido e de OH. O uso constante de sabões alcalinos pode interferir na fisiologia do pH cutâneo causando desidratação seguida de rachaduras. O uso de um sabão convencional torna a pele do corpo mais alcalina. O sabão com pH levemente ácido causa menos interferência cutânea pois seus valores assemelham com o pH da pele de um adulto. De acordo com a resolução da ANVISA (1978) sabões em barra devem possuir valores de pH menores que 11. enquanto o de um sabão ácido pode diminuir o pH cutâneo (KORTING. Os valores variam dentro de uma escala usual de 0 a 14. a concentração de íons livres H+ e OH. Porém a alcalinidade excessiva pode deixar o sabão impróprio para utilização. VOLOCHTCHUK et. al. indicando que o pH da solução é neutra (RAVEN et al. al. 2000). 1997). pois é derivado entre a reação de um base forte (NaOH) e um ácido fraco (ácido graxo). até a fase adulta. 2001). Índice de saponificação Para criar um sabão caseiro que não ofereça riscos a saúde humana e tenha uma qualidade satisfatória são necessários que sejam levados em conta alguns . 2000). Em pH 7. a solução tenderá a ser básica ou ácida (UCKO. região genitoanal e interdigital. 1992).é exatamente a mesma. 1996 apud VOLOCHTCHUK et. 2009. água e soda cáustica. álcool.137 Óleo de oliva 0. Veja na TAB. 2012 MERCADANTE et al . sites. p 5-6. 2009). 1: TABELA 1 Índice de saponificação de diferentes óleos e gorduras Fator de multiplicação para Materiais graxos calcular a soda Óleo de mamona (rícino) 0. 2010 ³SILVA.2 sólida sólida Óleo 200 Óleo 200 4 Fonte: ¹CMRR.129 Óleo de milho 0. projeto este que pesquisa e produz sabão a partir do óleo de cozinha usado. iniciativa do curso de Ciências Biológicas do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix.136 Sebo de bovino 0. Foram selecionadas quatro receitas de sabão caseiro em feitos em barra fabricados de diferentes formas e com diferentes concentrações e proporções de óleos.2 Soda cáustica Soda cáustica B2 72 D4 27. livros e revistas de cunho científico. 2012 ²GOUVEIA et al. TABELA 2 Receitas de sabões fabricadas a base de óleo usado RECEITA Ingredientes (ml) (g) RECEITA Ingredientes (ml) (g) Água potável 20 Água potável 150 Soda cáustica Soda cáustica 50 50 líquida sólida A1 C3 Óleo 200 Óleo 200 Álcool 20 Açúcar 10 Fubá 10 Água potável 200 Água potável 18.14 Sebo de ovelha 0.139 Fonte: MERCADANTE et al.1353 Óleo de soja 0. Esse índice mostra a quantidade necessária de soda que deve ser usada para reagir com os diferentes tipos de óleos e gorduras (MERCADANTE et al. MATERIAIS E MÉTODOS Para a produção do trabalho foram realizadas pesquisas em artigos.critérios. apostilas. Também foram consultados resultados de pesquisas já realizadas pelo projeto extensão Laboratório de Oficinas. O índice de saponificação é um deles. As receitas foram deixadas no laboratório por 10 dias para secagem e compactação do sabão. conforme orientações da ANVISA (1978). O instrumento usado foi o pHmetro da marca Analion. O mesmo procedimento foi seguido na receita B. Transcorridos os 10 dias. A solução foi transferida para um vasilhame de plástico onde foi acrescentado o óleo. Após a soda dissolver por completo. A pesagem dos ingredientes sólidos foi feita em balança de precisão. . Devido à quantidade de ingredientes sólidos. B e D foram feitas em garrafas pets de 500 ml. a solução foi transferida para um pet com a quantidade necessária de óleo. Para a reação de saponificação os ingredientes foram colocados seguindo passo a passo o modo de preparo das receitas. Os sabões foram fabricados todos no mesmo dia em temperatura ambiente (25°C). com exceção da adição do álcool. Todos os procedimentos para a fabricação do sabão foram realizados no laboratório do Instituto Metodista Izabela Hendrix situado na cidade de Belo Horizonte (MG). A receita C foi feita em um vasilhame de plástico. Os ingredientes foram misturados com uma colher de madeira por 20 minutos e o vasilhame foi tampado. calibrado no dia da aferição. Logo após o álcool foi adicionado. modelo PM 608. Foram feitas duas aferições com cada parte do sabão.Todas as receitas foram feitas com óleo de cozinha usado. a açúcar e o fubá. O pet foi agitado por 10 minutos. Na receita C a água foi adicionada em um béquer contendo soda cáustica em escamas para dissolução. O óleo foi previamente filtrado com uma peneira fina para retirar as impurezas. a receita foi feita em um recipiente aberto. O pet foi tampado e agitado por 10 minutos até a massa aquecer e adquirir uma consistência pastosa. Na receita A o óleo foi despejado primeiramente na garrafa pet seguido pela adição da soda caustica com a água potável a temperatura ambiente. Na receita D a água morna foi colocada dentro de um béquer com a soda em escamas. As receitas A. Os ingredientes de cada uma das receitas foram colocados em béqueres separados para a medição e pesagem. os pets e o vasilhame foram abertos e uma pequena parte dos sabões foi retirada. As pequenas partes dos sabões foram submetidas à análise de pH utilizando uma solução 1% p/p. O sabão C apresentou consistência muito rígida e alta oleosidade.3 11. O sabão B apresentou pH 11. indicando pH 11.2. demonstrando que a reação de saponificação não ocorreu por completo.3 e na segunda pH 11. também apresentou maior transparência.6 na primeira aferição e na segunda pH 11. Sabão A B C D TABELA 3 Valores do pH dos sabões produzidos pH da medição 1 pH da medição 2 11. As fig.5 11. O sabão C não apresentou diferença de valores. O mesmo ocorreu com os valores do sabão D que apresentou pH de 9.7 Os sabões A e D obtiveram uma consistência semelhante a sabonetes comerciais. O sabão A além da boa consistência.5. Essas informações estão indicadas na TAB. 3.7. O sabão A apresentou na primeira aferição pH 11.2 11.4 9. 1 e 2 mostram os sabões confeccionados.7 9.6 11.RESULTADOS Através da comparação dos resultados obtidos pode ser observada a consistência dos sabões fabricados e os valores do pH.4 nas duas aferições.4 11. O sabão B ficou com pouca firmeza e mostrou-se quebradiço ao toque. . Durante o processo de agitação da mistura do sabão A também pode ser observado que a massa compactou mais rápido. Figura 2 – Pedaços dos sabões A. Segundo Neto e Del Pino (1997) sabões que apresentam esta característica tem maior ação de limpeza em relação a sabões ácidos ou de caráter neutro. e sua utilização ficou inviável. Porém o contato constante desse tipo de sabão pode alterar o pH fisiológico da pele que é levemente ácido. O sabão C apresentou pH 11. . 2000). A e B (nessa ordem. Sua consistência é firme e o pH varia entre 11. da esquerda para a direita). e após a secagem apresentou maior transparência.4 confirmando o caráter básico e ação de limpeza semelhante à ação exercida pelo sabão A. B. D.3.Sabões C. A alcalinidade excessiva causa desidratação e rachaduras (cf. o que confirma o caráter básico ou alcalino. o sabão A é o mais indicado para uso doméstico. C e D (nessa ordem. As massas dos sabões B e C não alcançaram uma consistência satisfatória. VOLOCHTCHUK et al. da esquerda para a direita) fora de seus recipientes.Figura 1.2 e 11. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Levando em consideração todos os valores obtidos e as características observadas. e mesmo seus gases podem causar danos aos olhos e vias aéreas. se mostrou como ingrediente de maior periculosidade em seu manuseio. ele perde seus prótons (H+) para a soda (UCKO. três deles apresentaram pH bem próximo do valor limite definido pela ANVISA (11. O sabão D alcançou o valor de pH mais próximo da neutralidade.7 a sua ação de limpeza é menor que a do sabão A de caráter alcalino. Na segunda aferição o pH foi de 11. Na neutralidade a quantidade de íons H+ e OH.5.5). Ao produzir o sabão considerando o tipo de óleo/gordura e o respectivo índice de saponificação. Devido ao de seu pH 9. Além disso. no contato com a pele a ação agressiva do sabão será menor. 1978). de forma teórica e prática. É importante lembrar que não foram adicionadas quaisquer tipo de solução com caráter ácido para diminuir ou alterar o pH dos sabões. Em relação aos sabões produzidos. o que os tornam menos recomendados para o uso devido a agressividade causada à pele. A explicação se dá pela reação da soda cáustica com o óleo de cozinha. A soda é uma base de caráter forte e em solução tem tendência a receber prótons. 2000).Na primeira aferição o sabão B apresentou pH 11. 2001). Devido a esta característica. Sabões em barra devem conter pH com valores menores do que 11. Nenhum dos sabões fabricados apresentou pH levemente ácido ou de caráter ácido.5 (ANVISA. analisar os ingredientes envolvidos na produção e utilização do sabão caseiro feito a partir do óleo de cozinha usado.6 considerando o inapropriado para uso e comercialização do produto. representado pelo óleo é considerado um ácido fraco. O sabão D apresentou boa consistência e aparência e possui indicação para uso doméstico. o que torna seu uso menos perigoso comparada com a soda sólida.é a mesma (RAVEN et al. 1992). . Como o ácido graxo. presente na totalidade das receitas obtidas nesta investigação. (cf. CONSIDERAÇÕES FINAIS Buscou-se neste trabalho. Todos os passos foram seguidos conforme o estipulado pelas receitas. pois sabões neutros não interferem no pH fisiológico da pele. A soda cáustica. VOLOCHTCHUK et al. a soda líquida não solta vapor. No contato direto com pele a soda pode provocar queimaduras graves. devido a sua toxidez e o modo inadequado de manuseá-la. Estes dados destacam os riscos de se utilizar receitas populares para a produção do sabão a partir do óleo de cozinha usado. obteve-se um sabão de boa aparência e consistência além de um pH distante do limite superior indicado para esse produto. Química Orgânica. Abr 1999. Disponível em: <http://portal.029. Revista Oficial do curso de Engenharia Ambiental – CREUPI. ALLINGER. 2011.243. Disponível em:<http://www. para que seu grupo de trabalho possa avançar em suas pesquisas em produção de sabão a partir do óleo de cozinha usado. 2003.br/saneantes/cartilha_saneantes. Pesquisas sobre a eficiência de limpeza ou mesmo buscando-se um pH mais próximo do neutro complementariam as conclusões deste trabalho. 2012.anvisa. 1976. Dentre as 4 receitas o sabão A foi indicado como o melhor sabão para limpeza geral. Espirito Santo do Pinhal. Embora o sabão D não seja indicado para uma remoção mais efetiva da sujidade. L. Orientações para os consumidores de saneantes. Rosa Maria: PONTES. levando em conta suas características.php?id=19&layout=abstract %3E> Acesso em: 10 out. Disponível em: <http://189. N. 73-76. Norma sobre detergentes e seus congêneres.Agência Nacional de Vigilância Sanitária.br/legis/resol/01_78.htm> Acesso em: 19 maio 2012.gov.20.Agência Nacional de Vigilância Sanitária. ANVISA . Resolução normativa nº 1/78. Reciclagem de óleo comestível usado através da fabricação de sabão. 2 ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara. REFERÊNCIAS ALBERICI. Brasília. Disponível em: <http://www.gov. ANVISA .1.pdf?MOD=AJPERES> Acesso em: 12 mar. .4/ojs/engenhariaambiental/viewarticle. ele é o menos agressivo a pele.Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Os resultados desta investigação serão encaminhados ao projeto Laboratório de Oficinas. ANVISA .pdf> Acesso em: 22 abr.anvisa. Decreto nº 3.1. 1978. 2012. 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