de 2012Sagrada Cozinha dos orixás – Parte IV Comida Ritual - Ihttp://ibualamababalawo-arnadoaf.blogspot.com.br/ Nesta edição, irei descrever as comidas propriamente dita. Porém, é importante reforçar que para que estas sejam de fato sacralizadas é necessário que sejam respeitados todos os preceitos e fundamentos nas quais toda e qualquer "comida-de-santo" exige. Lembrando que este blog não tem, nem terá, a intenção de discutir fundamentos religiosos; afinal, no meu ver, fundamentos são passados de Pai/Mãe para filhos. Pra mim , Marcelo, cada nação possui seu fundamento e seu valor e, eu, as respeito. Sendo assim, tentarei me dedicar ao máximo para que estas "matérias" relacionadas a comidas de santo possam esclarecer e ajudar todos os irmãos, das principais nações africanas existentes no Brasil. A maior e mais conhecida cozinha ritual africana, no Brasil, é a "Cozinha Iyoruba", da nação Keto. Portanto começamos a essa matéria divulgando os principais pratos que nossos ancestrais advindos desta nação que nos deixaram como herança cultural e espiritual. A cozinha "Alaketu" pode, tranquilamente, ser chamada de cozinha baiana, já que esta nação é a maior e mais difundida em todo território nacional. ABARÁ: Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de feijão-fradinho temperada com pimenta, sal, cebola e azeite-de-dendê, algumas vezes com camarão seco, inteiro ou moído e misturado à massa, que é embrulhada em folha de bananeira e cozida em água. No candomblé, é comida-desanto, oferecida a Yànsán, Obá e Ibeji. Abará ABERÉM: Bolinho de origem afro-brasileira, feito de milho ou de arroz moído na pedra, macerado em água, salgado e cozido em folhas de bananeira secas.(No candomblé, é comidade-santo, oferecida a Omulu e Osùmàrè) Aberém ABRAZO: Bolinho da culinária afro-brasileira, feito de farinha de milho ou de mandioca, apimentado, frito em azeite-de-dendê. Abrazo ABALÁ É um nome comum a dois tipos de comidas rituais votivas, inerentes aos orixás obá, Xango e Yewá, quando feita de massa de milho verde, ou da massa de carimã votiva ao orixá nanã. Este alimento ritual é muito apreciado pelo povo do santo e pela maioria dos nordestinos e chamado popularmente de pamonha de milho verde e pamonha de carimã. Abalá de Milho Verde Abalá de milho - O milho verde é ralado e à massa resultante é misturada ao leite de coco com parte do bagaço, sal e açúcar. Esta massa é colocada em até ficar no ponto. Todos os orixás recebem o acaçá como oferenda. se pingada em um copo com água. dobrar a outra ponta cruzando por cima e virando para baixo. fazendo o mesmo do outro lado. ACAÇÁ é uma comida ritual do candomblé e da cozinha da Bahia. para ficar tudo harmonioso. pequenas porções da massa devem ser embrulhadas em folha de bananeira já limpa. As pamonhas são submetidas a cozimento submersas em água fervente por um período de 25 minutos. que fica de molho em água de um dia para o outro."palha" da própria casca do milho. Abalé de Carimã Abalá de carimã O aipim previamente descascado é submergido por um período de quatro dias para obter uma massa chamada de carimã. sem parar de mexer. Este se adivinha quando a massa não dissolve. As pamonhas são submetidas a cozimento submersas em água fervente por um período de 15 minutos. Ainda quente. Acaça de milho branco . passada no fogo e cortada em pedaços de igual tamanho. O formato que resulta é o de uma pirâmide retangular. atados nas extremidades. misturada ao leite de coco com parte do bagaço. e deve ser depois passado em um moinho para formar a massa que será cozida em uma panela com água. sal e açúcar. Esta massa é colocada em "palha de aguedé" (bananeira). Com o polegar dobrar a primeira ponta da folha sobre a massa. Feito com milho branco ou vermelho. atados nas extremidades. Colocar a folha na palma da mão esquerda e colocar a massa. . o acarajé ainda é considerado. Mesmo ao ser vendido num contexto profano. O segredo para o acarajé ficar macio é o tempo que se bate a massa. No Brasil foram reunidas as duas palavras numa só. uma colher para pegar a massa e uma colher de pau para moldar os bolinhos. Sua origem é explicada por um mito sobre a relação de Xangô com suas esposas. Após retirar toda a casca. Normalmente usam-se duas colheres para fritar. a sua receita. não pode ser modificada e deve ser preparada apenas pelos filhos-de-santo. É servido a Exu e Logun-Ede Acaça amarelo ACARAJE: Comida ritual da orixá Iansã. Para fritar. A essa massa acrescenta-se cebola ralada e um pouco de sal. passar novamente no moinho. Na África. Esse primeiro acarajé sempre é oferecido a Exu pela primazia que tem no candomblé.Acaça Amarelo: feito com farinha de milho vermelho enrolado na folha de bananeira da mesma forma que o acaça branco. Por isso. ou seja. José Benistes). O azeite deve estar bem quente antes de colocar o primeiro acarajé para fritar. Quando a massa está no ponto. Oxum e Iansã. é um bolinho característico do candomblé. O acará Oferecido ao orixá Iansã diante do seu Igba orixá é feito num tamanho de um prato de sobremesa na forma arredondada e ornado com nove ou sete camarões defumados. O bolinho se tornou. assim. O acará de xango tem uma forma Ovalar imitando o cágado que é seu animal preferido e cercado com seis ou doze pequenos acarás de igual formato. use uma panela funda com bastante azeitede-dendê ou azeite doce. como uma comida sagrada. Os seguintes são fritos normalmente e ofertados aos orixás para os quais estão sendo feitos e seus adeptos. embora não seja secreta. simbolizando “mensan orum” nove Planetas. O acarajé. cercado de nove pequenos acarás. fica com a aparência de espuma. o principal atrativo no tabuleiro. desta vez deverá ficar uma massa bem fina. O acarajé é feito com feijão-fradinho. é chamado de àkàrà que significa bola de fogo. que deve ser quebrado em um moinho em pedaços grandes e colocado de molho na água para soltar a casca. acara-je. uma oferenda a esses orixás. (Orum-Aye. pelas baianas. “comer bola de fogo”. enquanto je possui o significado de comer. Adô AJABÓ É comida ritual do Orixá Xango Ayra É feito com seis ou doze quiabos cortado em “lasca”. doze bolos de milho branco e seis Orobôs. a diferença que ele é ofertado em uma tigela ou uma gamela redonda. com seis ou doze quiabos. regado com gotas de mel de abelha e azeite doce.é uma Comida ritual feita de milho vermelho torrado e moído em moinho e temperado com azeite de dendê e mel.Acarajé ADO . é oferecido principalmente à Orixá Oxum. em algumas casas com oito quiabos. . Colocado em uma gamela forrada com massa de acaçá ou pirão de farinha de mandioca. batido com três clara de ovos até formar um musse. doze moedas circulante. ornado com doze quiabos inteiros. todavia acrescenta-se azeite de dendê e substitui os doze bolos de milho branco por doze acarajés ou corta-se o quiabo em pequenas rodelas. A mesma oferenda pode ser oferecida a outras qualidades de Xangô. coloca-se em uma tigela e acrescenta-se água fresca. bate-se com os dedos até ele espumar e ficar digamos ligado. camarão seco defumado. menos o dende e o pirao que forra a gamela é feito de farinha de acasá. enfeitado com fatias de coco sem casca. no caso de Ayrá leva tudo acima. Garganta: casos de saúde. que consiste em milho vermelho cozido. a costela e a garganta. Ir misturando sem por agua. para cada caso usa-se uma destas carnes. cortados em jogo da velha (#) levar ao fogo com tempero de camarao. . Este amala serve apenas para Sango. servir em gamela forrada com pirao de farinha com dende. para que este cresça. a rabada. não confundir com mel de abelha que é o grande ewo deste orixá. que não poderá ter sido molhado antes. Peito: justiça. Iansã. Aos Amalás poderao ser adicionados o Peito de boi cortado em cubos grandes. é feito com quiabos frescos. Costela: feitiçaria. Quando estiver bem cozido. e batendo o amalá como se estivesse batendo um bolo. tudo do boi. Vai pingando vagarosamente gotas de agua. ao corar o tempero jogar o quiabo.cebola. Obá. Quando oferendado para o orixa ogum é refogado com cebola ralada.Ajabô ou Ajebô AMALÁ: É comida ritual votiva do Orixá Xangô. Rabada: prosperidade. Quando oferendado para orixá oxóssi o milho cozido é misturado com melaço (Mel de cana de açúcar). gengibre ralados fritos no dende. sal e azeite de dendê. Sempre que for servir o amala de Sango deverá por ao lado uma vasilha branca com ajabó Amalá Axoxô ou Oxoxô È como é conhecida a comida ritual dos Orixás Oxóssi e Ogum no candomblé. é o milho de pipoca estourado em uma panela. a pipoca colocada em um alguidar (vasilha de barro) e enfeitado com pedacinhos de coco. cebolas raladas. Consiste de quiabos cortado bem miúdo. Carurú Deburu È a comida ritual dos Orixás Obaluaiyê e Omolu. sal. Nesse último caso. em alguns lugares com óleo. em outros com areia. Ritual que re-memoriza fartura. é acompanhado de preceitos que viram ações propiciatórias das divindades gêmeas que. gengibre ralada. As crianças são convidadas a comer do caruru. Ao final. O caruru é colocado sobre a esteira. azeite de dendê. é preciso peneirar a areia dessa pipoca depois de pronta. . camarões secos (alguns moídos). e todos. castanhas e amendoins torrados e moídos. são filhos de Xangô com Iansã ou de Xangô com Oxum. servido no rigor dos terreiros. Axoxô CARURU: O caruru.Nota. ancestralidade e vida sagrada. ao mesmo tempo. Esta mesma oferenda pode ser consagrado à Olokun. Pode ser acrescentado também frango desfiado. É uma comida oferecida especificamente ao orixá Iemanjá. azeite de dendê ou azeite doce. É o milho branco cozido sem tempero e sem sal. podendo ser vista nos rituais de ori. eboia ou fava de Iemanjá é uma comida ritual feito com fava cozido refogado com cebola. . todavia recebe o nome de Dibô. camarão. Palavra oriunda do Yorubá. consiste num alimento religioso e votivo para os orixás funfun (branco) Oxalá. Ebô Ebôya. dentro das religiões afro-brasileiras. A mesma oferenda pode ser preparada com o milho branco na falta da fava. possuindo o mesmo valor ritual. no sentido de dar equilíbrio espiritual. bori e assentamento de cabeça.Deburu (Pipoca) Ebô. A mesma comida ritual recheada de camarão defumado. Eram Peteré Ekuru é uma comida ritual.Ebôya Erã peterê. pertinente á vários rituais e orixás da cultura afro brasileira. . independente do ixé. A única diferença é que nesta comida substitue o azeite-de-dendê por azeite dôce (Oleo de oliva) ou banha do Ori. Eran peterê ou simplesmente peteran como é comumente chamado pelo povo de santo é o nome da comida ritual votiva. deve-se substituir o sal pela cebola e o dendê por azeite doce e oferecido ao orixá regente da obrigação. chamado popularmente xinxin ou moqueca de carne é servida normalmente aos adeptos do candomblé nas festas de barracão. feijão fradinho sem casca triturado. sendo uma comida votiva ao orixá Akueran (oxossi) por ter ligação ao eran (carne). A massa é preparada da mesma forma que a massa do acarajé. em caso do orixá ser funfun. envolto em folhas de bananeira como o acaçá e cozido no vapor. sal e rapidamente frita no azeite de dendê. Preparado com carne fresca de preferência dos rituais de sacrifícios. cozinhar ao ponto de amassar com um garfo. açúcar e leite de coco. . acrescente o leite do coco. deixe de molho num periodo de meia hora. açúcar. Colocar em uma tigela e enfeitar com os camarões inteiros. Escorra a água e coloque outra. Ipeté Inhame Lelê Iguaria africana. coco ralado. cebola raladas. Em uma panela coloque água e o pacote do milho quebradinho chamado de xerem. oferecida especialmente ao orixa Oxun. a canela em pau. Oferecido aos Orixás Oba e Ewa e Ode. quando já estiver durinho. colocar os temperos e um pouquinho de sal e bater com uma colher de pau até ficar no ponto de um purê. Preparo: Tirar a casca do inhame e cortar em pedaços pequenos.Ekurú Ekurú desenrolado Ipeté é um dos pratos da culinária baiana e como o acarajé também faz parte da comida ritual do candomblé. Também oferecido ao Orixá Oxaguian. doce feito com quirela de milho vermelho. substituindo o dendê por azeite doce na festa do Pilão. gengibre ralado. Inhame. azeite de dendê. camarão sêco e defumado. (uma quantidade que cubra todo o milho) com o cravo. camarões frescos inteiros e cozidos para enfeitar e sal. sal e leve ao fogo ate virar um mingau durinho. (De mucunzá. algumas vezes com leite de coco e de gado. tanto no candomblé como na umbanda. cozidos em água sem sal e com açúcar. oxaguian. de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com açúcar ou rapadura. ou mucunzá como é chamado pelo povo do santo é o nome da comida ritual votiva. mu’kunza. Aluá .Lelê Mungunzá Mugunzá. usada tradicionalmente como oferenda aos orixás nas festas populares de origem africana. servido aos adeptos com bastante caldo e aos orixás bem compactada em forma de ebô Mungunzá Aluá Bebida refrigerante feita de milho. do quimb. ‘milho cozido’) “Dicionário Aurélio”. pertinente aos orixás oxalá. com pequena quantidade de “água de flor de laranjeira”. oxalufan e o ikise lembarenganga. Alimento ritual feita de grãos de milho branco. farofa amarela. padê de exu. farofa vermelha. cebola e sal. feita com farinha. azeite de dendê. Farofa branca Farofa de mel ou mi-ami-ami owin é uma farofa preparada com farinha e mel de abelha. farofa de azeite ou farofa de bamba São nomes comumente chamado pelo povo do santo em sua variada apresentação a depender do ritual que esteja acontecendo. feita de uma mistura. também é um alimento ritual e muito apreciada pela maioria do povo do santo da cultura Nago-Vodum. “farinha de pau ou farinha de guerra”. Determinados orixas funfuns apreciam esta iguaria e algus preferem sem sal. Esta comida ritual sagrada. comumente visto nos carurus dos santos gêmeos e devoção a São Cosme e São Damião. Também oferecido para alguns orixas e preparadas só com azeite de dendê e sal. Normalmente é chamada de farofa de dendê a farofa servida aos adeptos e participantes do candomblé. osain e oxun. Tipos de farofa Farofa-de-dendê. muito utilizada nos rituais de erê. são farofas preparadas só com água e sal. Crispim e Crispiniano. afexu. axexê etc. que tem como base farinha de mandioca. vista sempre no ritual do olubajé. camarão seco. farofa de agua ou farofa de egum. . Farofa amarela Farofa branca. sasanha. ibeji. Os outros tipos são denominações para rituais pertinentes a limpeza de corpo.Farofa Farofa ou mi-ami-ami é um nome comum a vários tipos de comidas rituais votivas. axexê. Este alimento ritual é muito comum nos rituais de limpeza de corpo. bori. muito utilizada nos rituais de exu. é o nome da comida ritual votiva. O povo do santo também chamam de farofa de cachaça toda farofa feita com aguardentes. padê e limpeza de corpo. feitura de santo. Furá de arroz Bolas de farinha. sasanha etc. ou bola de: Arroz. até ficar pastoso. vinhos ou qualquer bebida alcoólica. assentamento de cabeça. depois batido com uma colher de pau até soltar da panela. Tipos Bolas de arroz. farinha de mandioca. farinha de milho… etc. bolinhos. O Arroz é cozido na água sem sal. assentamento de cabeça. apanan. Furá. pertinente á vários rituais e orixas da cultura afro brasileira denominado de candomblé. Esta comida ritual é para os orixás funfuns e rituais de bori. inhame.Farofa de cachaça ou mi-ami-ami otin é uma farofa preparada com farinha e cachaça. . em seguida formar os bolos de forma arredondada com as mãos. Esta comida ritual é para limpeza de corpo e axexê. yemanja e entra em vários rituais como bori. axexê. Esta comida ritual é muito apreciada pelos orixás oxaguian. Em um alguidár coloca-se a farinha. oxalufan. em seguida sovado para obter uma massa pastosa e modela os bolos de forma arredondada com as mãos. azeite de dendê e modela os bolos de forma arredondada com as mãos. Esta comida ritual é para limpeza de corpo. assentamento de cabeça. . oxalá. Furá de farinha Bolas de inhame.Em um alguidá coloca-se a farinha. apanan. depois a água e modela os bolos de forma arredondada com as mãos. feitura de santo. sasanha etc Furá de inhame Bolinhos de dendê. depois a água. axexê e oferenda ao orixá Exu. depois pilado em pilão. O inhame deve ser bem cozido em água sem sal. ou com a ponta de um garfo. Esta comida ritual é para os orixás funfuns e rituais de bori.Bolinhos de egun. Os de formas alongadas são fritos em azeite ou óleo. sendo carinhosamente oferendado aos ibejis e apreciados pelo povo do santo. até ficar pastoso. assentamento de cabeça. O Arroz ou milho branco é cozido na água sem sal. Esta comida ritual é para limpeza de corpo. em seguida formar os bolos de forma arredondada ou alongada com as mãos. Em um alguidár coloca-se a farinha. depois batido com uma colher de pau até soltar da panela e depois sova. em especial como o nome já diz é oferecido para o orixá Yemanjá. em seguida formar os bolos de forma arredondada com as mãos. depois batido com uma colher de pau até soltar da panela. Furá de egum Bolinhos de Yemanjá. axexê e Egum. A tapioca e colocada em leite de coco e açúcar até ficar pastoso. Nota Este mesmo bolinho é vendido nos tabuleiros das baianas de acarajé com o nome de punheta ou bolinho de estudante. depois a água com aguardente e modela os bolos de forma arredondada com as mãos e acrescenta um pequeno pedaço de carvão vegetal. assentamento de cabeça. Bolinho de tapioca. . Esta comida ritual é para os orixás funfuns e rituais de bori. uma sintonia e uma afinidade que. . torna-se realmente uma fonte de axé. bem como de tudo que lhes é oferecido. antes porém. o mais humano dos orixás.O COMUNICADOR Pade de dendê Exu é a figura mais controvertida do panteão africano. carinho. Todos que tem uma vida próspera no Candomblé sabem cultuar Exu. EXÚ . principalmente. somente ser possível através do amor. e que uma farofa cobrindo a rua (sua moradia) opera os maiores milagres emergênciais. Nenhum sacerdote da religião pode negar que quem traz dinheiro para o terreiro é Exu. Assim. é necessário que haja.Bolinho de tapioca O que come cada Orixá e por quê? Para um melhor entendimento sobre o que é oferecido a cada orixá. respeito e. o senhor do principio e da transformação. Deus da terra e do fogo. do fundamento que lhe é passado pelo seu Babalorixá. para que aconteça essa sacralização. antes precisamos conhecer um pouco melhor das sua principais características. entre o homem e o orixá. aquele que se multiplica e se transforma na unidade elementar da existência humana. acredito. No meu ver. Ele é a ordem. a sacralização dos alimentos. que se trava desde os primórdios da humanidade. é a luta pela sobrevivência. como “dono do azeite”. ou seja.. de água.inhame assado e espetado com taliscas de Mariwo. é uma representação do alimento diário. pratos á base de milho vermelho torrado. ofertando-lhe o pão de cada dia (inhame). que é muito bem aceito por este orixá. em quantidades proporcionais. . feijão preto torrado no dendê e farofas de vários tipos: farofa de mel. pimenta. a farofa de azeite é sua iguaria preferida. a comida que o serve é menos elaborada e por isso vem de encontro as suas características. Recebe feijão preto em forma de feijoada. além de caminhar incansavelmente sobre a terra. o gosto pelo inhame.O GUERREIRO Inhame A maior de todas as guerras. milho torrado e aluá ( bebida fermentada de rapadura de gengibre). de cachaça. milho vermelho torrado e enfeitado com coco . Desbravador e corajoso não tardou em ser coroado rei.Esta farofa tem como constituinte na sua preparação o azeite de dendê. Ogum é guerreiro que. de cerveja. Ogum consagrou-se um grande guerreiro porque sempre conduziu a humanidade na luta pelo sustento. A ele se oferece inhame assado. esta é a principal comida do orixá Exu. arranca dela seu sustento e divide com outros orixás como Oxaguiã. Exú come de tudo. Sua preparação se dá através da mistura de farinha de mandioca grossa com azeite de dendê. Acredita-se que os Orixás guerreiros comem também cru ou torrado pois eles não tem tempo de esperar. passado mel e dendê . OGUM . Exu recebe ainda. Conquistou vários territórios e foi saudado com fervor em toda África negra. assado em brasa e deixado em uma longa e plana estrada. de vinho. contando que esteja regado com muito azeite-de-dendê e ataré. pelo pão e pelo progresso.. embora se saiba que. como também come o inhame simplesmente cortado ao meio. de champanhe. Aquele que está frente a grandes batalhas pode recorrer a Ogum. com a diferença que Ogum prefere assado. Essa afirmação resume perfeitamente o perfil desse orixá. o orixá da varíola e de todas as doenças contagiosas. em busca de sucesso econômico. protetor dos agricultores. OBALUAYE – ORIXA DAS DOENÇAS E DA SAUDE Deburu Omolu é a terra. feijão preto. Também gosta de milho torrado. ofertando-lhe o axoxo (milho cozido com fatias de coco fresco) aos pés de uma árvore. não há adepto desta religião que não o alimente. senhor das florestas e de todos os seres que a habitam. É preciso esclarecer que Omolu está ligado ao interior da terra e isso denota uma intima relação com o fogo. . Aprecia frutas de vários tipos. já que esse elemento como comprova os vulcões em erupção. ofertando-lhe um cesto de pipocas (que representam feridas espalhadas pelo seu corpo) com lascas de coco fresco em contato direto com a terra. O indivíduo enfermo recorre sempre a este orixá. o mais temido entre os deuses do Candomblé. orixá da fartura e da riqueza. Mossoró(massa de Feijão fradinho temperado com camarão seco e frita) atafum (bola de feijão preto temperado). Tem mel como tabú. símbolo de prosperidade. domina as camadas mais profundas do planeta.OXÓSSI O PROVEDOR Axoxo Oxóssi é o orixá da caça. Não é possível imaginar o planeta terra sem movimentos. OXUMARÉ.OSSAIM . os adeptos que almejam o equilíbrio se curvam a esse orixá ofertando-lhe uma rica farofa de dendê com ovos cozidos. translação e rotação. (sem folha não há orixá). é possível sentir a presença de Oxummaré o orixá de todos os movimentos. camarões secos. porque o universo é dinâmico e a terra também se encontra em constante movimento. Ossain conhece os segredos e as palavras que despertam o poder das folhas. deixando no centro de uma mata fechada uma grande cumbuca de barro com milho vermelho.O DONO DAS FOLHAS Milho torrado com fumo Kó sí ewé. Gosta de massa de batata-doce e da banana-da-terra frita no dendê. ou seja. . lascas de fumo. é conhecido como um grande feiticeiro. a mostarda e a folha de quiabo). como a taioba. Quem busca cura em tratamentos medicinais não deve esquecer-se desse orixá. de todos os ciclos. Se um dia Oxumaré perder suas forças o mundo acabará.O ORIXÁ DO MOVIMENTO Banana da terra Quando se visualiza o arco-íris. kò sì orixá. regados com o perfume e aroma do mel e do dendê. Recebe. Oxumaré é o eixo do mundo. o efó ( refogado de vários tipos de folha.ainda. pois aí se sente sua presença. libertou do “saco da criação" a terra. presenteando-a com uma bacia de louça contendo Omolocum (feijão fradinho. Oxum adora ser lembrada. a dona do grande poder feminino. fazendo com que o tempo de sua existência se estenda. Quando seu pedido é atendido levam até uma nascente de água doce bijuterias como forma de agradecimento. dendê. é a dona da fecundidade das mulheres. O ritual não aparece no momento de oferecer a comida. o omitorô(água do cozimento da canjica com mel).A DONA DA FECUNDIDADE E DAS ÁGUAS Efó Omolocun Generosa e digna.é uma comida ritual feita de milho vermelho torrado e moído em moinho e temperado com azeite de dendê e mel. Senhora de muitas conchas Nanã sintetiza a morte.NANÃ . local onde se encontram os maiores segredos de Nanã. As mulheres que querem engravidar se recordam de Oxum. Aos sábados no cair da noite sempre iam ao mangue oferecer uma comida chamada Andaré. Efô é uma comida ritual e da culinária baiana . pois quando Odudua (Deus das águas salgadas) separou a água parada que já existia. mas no momento de prepará-la.A ANCIÃ Nanã é a Deusa dos mistérios. sem adição de dendê. Ado . Sua origem é simultânea à criação do mundo. pode ser feita com folha de mostarda ou da folha chamada língua de vaca . Trata-se de um vatapá de feijão fradinho. Come também o ipeté. Oxum é a rainha de todos os rios. cebola e ovos inteiros cozidos). Aprecia também o acaçá dissolvido em água de mel. camarão seco. OXUM. no ponto de contato desses dois elementos formou-se a lama nos pântanos. . é a mais importante entre as mulheres da cidade. As grandes mulheres do Candomblé se reverenciam a esse orixá por toda trajetória de suas vidas. comida a base de inhame temperada com camarão e dendê. Vaidosa. IANSÃ . as pessoas recorrem a ele quando querem ser notadas. LOGUNEDÉ DONO DA RIQUEZA E BELEZA É o orixá da riqueza e da fartura. Deus da terra e da água.OIÁ . amarelos.É filho de ÒSÓÒSÌ YBUALAMO e ÒSUN YPONDÀ. mas delicado. e sim galo e galinha garnizé. Suas ferramentas ( IBÁ ) levam sete espadas pequenas. É sem dúvida. amarelas. com feijão fradinho acompanhado de um peixe assado em folha de bananeira transfere a este indivíduo o encanto deste orixá. sete ofas pequenos. O caçador habilidoso e príncipe soberbo. pois a alquimia de oferecer-lhe milho cozido. LOGUN não come frangos.A MULHER GUERREIRA Akaraje . coelho e periquito. tatu e bode castrado. um leque e uma trombeta ( berrante ) . um dos mais belos orixás do Candomblé já que a beleza é uma das principais características de seus pais. Logunedé reúne os domínios de Oxóssi e Oxum e quase tudo que se sabe a seu respeito gira em torno de sua paternidade. porco da índia. Seus bichos são o faisão. Na parte masculina êle veste azul claro e na feminina amarelo ouro. filho de Oxum e de Oxóssi. canário da terra. Como sua principal característica é a beleza. usa arco e flecha. das ventanias. significa rasgar. Mas com nove acarajés (sua comida) pode-se conseguir vencer grandes batalhas e atingir as maiores dadivas junto a Iansã. espalhar. é importante e atravessa todo país. do raio que corta o céu no meio da chuva. esta relacionada ao elemento fogo. EWÁ .O maior e mais importante rio da Nigéria chama-se Niger. . já que na língua iorubá ya. rainha dos raios. a mãe dos nove céus. Na realidade. da tempestade. dos nove filhos.DEUSA DA BELEZA Batata doce Gosta de banana-da-terra e batata-doce. Esta deusa também se alimenta de farofa de mandioca refogada no dendê. Embora seja saudada como a deusa do rio Niger. Rasgado espalha-se pelas principais cidades através de seus afluentes e por esse motivo tornou-se conhecido pelo nome de Odò Oya. pois nasce da água e do fogo. camarão defumado e cebola ralada tudo levado ao fogo com uma pitada de sal. Esse rio riu e é a morada da mulher mais poderosa da África negra. é a filha do fogo. do rio de nove braços. Iansã é lembrada como a senhora dos nove partos. OBÁ . O número nove é parte integrante de seu nome e aparece em várias passagens de sua história. Iansã.feijão fradinho descascado e moído com cebola. camarão e dendê. envolvido em folha de bananeira e cozido no vapor. A tempestade é o poder manifesto de Iansã. indica a união de elementos contraditórios. Em algumas casas recebe feijão fradinho com coco e dendê. do tempo que fecha sem chover.O ORIXÁ DO CIÚME Abará Uma das mulheres de Xangô. recebe abará . forte e imbatível. nenhum possui mais energia que o outro. Na Bahia os devotos de Yemanja oferecem a ela Eboya. Representa dignidade e o poder de Xangô é a própria . Diferente do que todos pensam.ORIXÁ DA JUSTIÇA E DO PODER Amalá Nem seria preciso falar do poder de Xangô. ele manda nos poderosos. que representa o patriarca da religião e é o orixá mais velho . não existe uma hierarquia entre os orixás. O amalá é a comida mais elaborada do Candomblé. salgadas e doces. Xangô é rei entre todos os reis. dos rios ou dos mares. porque o poder é sua síntese. uma refeição a base de canjica molho de camarão defumado. a deusa sincretizada no Brasil como protetora dos navegantes e pescadores. Xangô nasce do poder e morre em nome do poder. somente no Brasil ela foi unificada as águas salgadas. Rei absoluto.IEMANJÁ. que leva seu nome. Fazendo seus pedidos de proteção e boa pesca XANGÔ . goza certa. as grandes sacerdotisas ressaltam que o correto lugar para o culto desse orixá é o encontro de águas. Yemanja é cultuada na África em rio de água doce. cebola ralada e azeite doce. O prazer desse orixá é o poder.A RAINHA DO MAR Eboya A grande rainha de todas as água do mundo sejam elas doces ou salgadas. apenas Oxalá. manda em seu reino e em reinos vizinhos. todos os orixás relacionados a criação são designados pelos nomes de Orixalá. o bom comedor de inhame e rei de Egigbó (Oxaguiã). Na turbulenta movimentação das grandes cidades os òmo orixá (filho do deus). que prega a paz. todos os ingredientes levados ao fogo bem apurados. a serenidade e o equilíbrio para o recomeço de uma nova jornada alimentando-o com uma grande bacia de canjica branca cozida – Ebô. o sábio. tornam-se suas expressões mais conhecidas. o rei do pano branco. sendo que dois orixás Olúfón. que nas terras de Igbó e Ifé é cultuado como Obatalá. Não come dendê e sal.organização do reino de Oió (cidade da África). ou seja. Gosta de mesa farta. aquele que veste branco. os pedidos de justiça ao evocar Xangô são inúmeros. pó de camarão seco. Oxalá é o Deus que cria. encontram a paz. Come também inhame. Eram cerca de 154 os orixás. cebola e gengibre. a quantidade se reduz significativamente. (o grande orixá). arroz branco e acaçá. rei de Ifon (Oxalufã). posteriormente servido em gamela (forma de madeira). . OXALÁ – O CRIADOR Na África. Este preparo compõe-se de quiabo. dendê. mas no Brasil.