Sabrina n.1 - Passaporte Para o Amor - Anne Mather

March 27, 2018 | Author: tthaisllima | Category: Time, Clothing, Fashion & Beauty, Car, Logic


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Anne MatherPASSAPORTE PARA O Copyright © 1977 by Anne Mather Originalmente publicado em 1977 pela Mills & Boon Ltd., Londres, Inglaterra Título original: Caroline AMOR "Cuidado Caroline, você está brincando com fogo. Para um homem rico como Adam Steinbeck, as mulheres não passam de brinquedos. E você está caindo direitinho na armadilha. Além disso, é impossível que um homem charmoso como ele não seja casado e com um bando de filhos" - diziam as amigas de Caroline, preocupadas com seu envolvimento cada vez mais íntimo com o poderoso chefão da empresa onde trabalhava. Porém Adam não era casado, mas viúvo e pai de um rapaz da mesma idade de Caroline e que não hesitou um só momento em mostrar seu interesse por ela. CAPITULO I A dam Steinbeck passou rapidamente pelas portas vidro do edifício da Steinbeck Corporation, na Park Lane, no centro de Londres. Era um homem alto e de ombros largos, vestia um terno escuro e um sobretudo de couro de carneiro, demonstrava muito poder e segurança. Quando entrara, além do bom-dia costumeiro dos porteiros e da recepcionista, instalara-se no ambiente uma leve sensação de mal-estar, e Adam respondera à saudação com um sorriso seco. Sabia perfeitamente que, ao desaparecer do saguão, um telefonema apressado avisaria aos membros de sua equipe que ele se encontrava no prédio. Raramente ia ao escritório pela manhã. Entrou no elevador e, quando a porta estava quase se fechando, ouviu a voz de alguém muito jovem. — Oh, por favor, espere um instante! Com um leve franzir de testa, Adam viu uma garota cruzando apressadamente o saguão em sua direção. Tinha cabelos longos, lisos e loiros, um corpo alto e esguio, e trazia um casaco de lã azul-marinho e uma bolsa na mão. Seu comportamento deixava bem claro que ela não tinha a menor idéia a respeito da identidade de Adam, e os funcionários olharam, perturbados, para ele, que fez um gesto com os ombros, afastando-se um pouco para que a garota entrasse no elevador. — Muita obrigada — ela agradeceu, com um sorriso. Adam fechou a porta. — Você trabalha aqui? — perguntou, desconfiando que ela provavelmente fosse funcionária de sua firma. Já era quase nove e meia da manhã; obviamente, ela estava atrasada. — Sim — respondeu a jovem, esforçando-se para normalizar a respiração ofegante. — Trabalho na central de datilografia. No setor da srta. Morgan. — Fica no terceiro andar, não é mesmo? — Exato. Estou terrivelmente atrasada, e ela com toda a certeza vai chamar minha atenção. Mas nós simplesmente não ouvimos o despertador tocar hoje de manhã, apesar de Mandy jurar que o regulou ontem à noite. — Mandy? — Amanda Burchester, a garota que divide o apartamento comigo. Bem, não chega a ser um apartamento de verdade, são apenas dois cômodos. Amanda está aprendendo a ser vitrinista nas Lojas Bailey. — Compreendo. — Adam sentiu-se estranhamente atraído pela garota. Era tão diferente das mulheres que ele conhecia e, como não sabia quem ele era, falava livremente, sem qualquer inibição. — Nunca vi você antes — continuou ela, erguendo o olhar para ele. — Se tivesse visto, tenho certeza de que me lembraria. Todos os homens que conheço são de minha altura. Tenho um metro e setenta e cinco, mas perto de você pareço baixa. — Se isso for um elogio, obrigado. Acho que este é o seu andar, não? — Nossa! Só faltava mesmo me esquecer de descer aqui. — Eu não deixaria que isso acontecesse — disse Adam. — Você trabalha aqui também? Então, está atrasado como eu. Estou aqui há apenas duas semanas, por isso ainda não conheço todos os funcionários — explicou ela, saindo do elevador, — Sim, também trabalho aqui — respondeu ele, com um leve sorriso. — Espero que você não tenha muitos problemas com sua chefe. — Eu também espero — ela falou, com um suspiro. — Bem, até logo. Talvez a gente se encontre outra vez qualquer dia desses. — É possível —Adam disse e fechou a porta do elevador, antes de apertar o botão que o levaria ao último andar do edifício. Seu escritório estava localizado na cobertura do prédio, juntamente com as salas dos diretores e o imponente salão de reuniões. Adam tinha uma equipe própria de datilógrafas e um assistente pessoal, John Mercer, que ocupava a sala ao lado da sua. Ao entrar na ante-sala de seu escritório, viu sua secretária particular trabalhando diligentemente, como se não percebesse sua chegada. Laura Freeman tinha trinta anos e trabalhava para ele havia mais de dez. O penteado severo, que geralmente conferia um ar de austeridade à maior parte das mulheres, funcionava de maneira diferente em Laura, sublinhando a beleza clássica de seus traços e dando-lhe uma aparência de objetividade. Adam sabia muito bem os sentimentos que a secretária nutria por ele, mas não se sentia pessoalmente atraído por ela. As relações entre ambos permaneciam num plano puramente profissional, o que causava uma certa mágoa a Laura. Quando fechou a porta, ela ergueu os olhos e, ao vê-lo, levantou-se imediatamente. — Sr. Steinbeck! — exclamou, como se estivesse surpresa com a presença dele. — Nós não o esperávamos aqui no escritório hoje pela manhã. — Ora, vamos, Laura — disse Adam, num tom de leve repreensão, enquanto cruzava o recinto em direção a sua sala. — Duvido que o pessoal do saguão não tenha ligado para cá ainda há pouco. Eu quase pude ouvir os telefones tocando enquanto subia de elevador. — A correspondência está sobre a mesa — informou ela. — O senhor quer ditar alguma coisa? — Não se incomode por enquanto, eu a chamarei quando for preciso. Ah, Laura, por favor, telefone para a srta. Morgan. Quero falar com ela imediatamente. — A srta. Morgan da central de datilografia? — perguntou Laura, espantada. — Existe alguma outra? — respondeu Adam, entrando em sua sala e fechando a porta atrás de si. Caroline Sinclair estava tomando o café da manhã em companhia de uma colega, Ruth Weston, também datilógrafa. Eram dez e trinta. Nesse horário, as datilógrafas tinham sempre um intervalo de dez minutos para tomar café. — Pago dez centavos por seus pensamentos — falou Ruth, forçando Caroline a sair de suas divagações. — Não é nada importante. Estava apenas querendo entender por que a srta. Morgan foi tão compreensiva comigo hoje cedo. Quando cheguei atrasada pela primeira vez, ficou furiosa. Mas hoje simplesmente disse que sabia que os despertadores às vezes não funcionavam e pediu para que eu me apressasse para evitar um acúmulo de trabalho. Ruth, que já tinha dezenove anos e que era dois anos mais velha do que Caroline, arqueou as sobrancelhas. — Céus! — exclamou. — Você está aqui há apenas duas semanas, e eu nunca vi a srta. Morgan compreender que alguém possa perder a hora. Muito menos ao se tratar de uma funcionária nova. Talvez ela, finalmente, tenha arranjado um namorado. Caroline riu. — Ruth! Cuidado, ela pode ouvir o que você diz! Ah, isso me fez lembrar uma coisa: hoje de manhã, eu subi de elevador com um dos homens mais bonitos que já vi em toda minha vida. — Verdade? — perguntou. — Jovem, velho ou mais ou menos? — Devia ter uns trinta e poucos anos, calculo — respondeu Garoline. — Bem mais velho do que você, não é? — indagou Ruth, com uma ponta de reprovação. — E daí? — replicou Caroline. — Eu prefiro homens maduros. Não gosto de rapazinhos. Eu sempre tenho vontade de bocejar quando estou com eles. — E como era o tal homem? Alto ou baixo? Com barriga ou sem? — Alto, de ombros largos e muito atraente — murmurou Caroline, sorrindo. — Seus cabelos eram pretos, bem curtinhos e espessos. Ele é exatamente o que eu chamo de homem bonito. — Ora, Caroline! Você deve estar brincando! Falar desse jeito de um homem que provavelmente é velho o suficiente para ser seu pai. Eu acho que Mark Davidson deveria fazer mais o seu gênero. Ele está tentando convencer você a sair com ele, não é? — Mark Davidson não passa de um colegial um pouco mais crescido, Ruth. E o pior é que ele se julga o grande presente de Deus para todas as mulheres. Mark trabalhava num outro departamento, no mesmo prédio, e já saíra com quase todas as garotas da central de datilografia, inclusive com Ruth. Caroline, na condição de novata, estava atual-mente merecendo as atenções dele, mas ela não estava interessada. — Bem, não importa — prosseguiu Ruth. — Afinal de contas, quem é esse homem? Em que andar ele desceu do elevador? — Não sei. Quando eu desci, ele continuou subindo — respondeu Caroline. — Você conhece todos os homens que trabalham aqui neste prédio? — Não, não todos — falou Ruth. — Existem tantos departamentos diferentes. Mas é claro que conheço muitos deles de vista, pelo menos. O pequeno apartamento que Caroline dividia com Amanda ficava numa velha mansão, adaptada para poder receber muitos inquilinos e localizada num beco, com uma única saída para a King's Road. Anteriormente, a mansão fora a residência de uma senhora nobre e, agora, reformada, abrigava diversas pessoas. Os pais de Caroline morreram num desastre de automóvel quando ela tinha apenas três anos de idade, e ela fora criada por uma velha tia. Há seis meses, quando Amanda descobriu o apartamento, convidou Caroline para morar com ela. Caroline ficou entusiasmada, pois tia Bárbara, embora fosse uma doce velhinha, não era a companhia ideal para uma garota. A tia, por sua vez, mostrou-se muito compreensiva e permitiu que Caroline experimentasse a liberdade. As duas jovens conheciam-se desde os tempos da escola primária e achavam que iria ser muito divertido dividir um apartamento. Caroline era menos extrovertida, mas Amanda tinha um fluxo constante de flertes e namorados, alguns dos quais acabavam desviando as atenções para Caroline. Entretanto, o fato de ela ser muito alta, frequentemente provocava uma retração de interesses desses rapazes; além disso, é claro, os rapazes que Amanda julgava atraentes nem sempre o eram para Caroline. Amanda tinha cabelos ruivos e dezoito anos de idade. Seus pais viviam atualmente no norte da Inglaterra, e ela não quis sair de Londres quando eles o fizeram. Por causa dessa mudança dos pais, Amanda fora obrigada a procurar um apartamento para si mesma. Os rapazes tinham uma importância secundária para Caroline. Ela gostava muito de ler e de visitar galerias de arte. Via quase todas as exposições e adorava todas as oportunidades de se informar melhor a respeito dos artistas. Além disso, ela também gostava muito de música clássica, e Amanda nunca conseguiu compreender como a amiga era capaz de passar uma noite inteira dançando loucamente numa discoteca e na noite seguinte extasiar-se com o Concerto para Piano e Orquestra de Grieg. Ao acordar, certa manhã, Caroline foi à janela e percebeu que uma espessa neblina impossibilitava quase toda a visibilidade. Bem depressa, fechou novamente as pesadas cortinas e soltou um suspiro profundo. Depois olhou para Amanda, que fazia caretas, perturbada pela luz que Caroline acendera. — Vamos, levante-se, Mandy — disse Caroline, com a voz ainda embargada pelo sono. — A neblina lá fora parece intransponível, e só Deus sabe quanto tempo levaremos para chegar ao trabalho. — Oh, Deus! — murmurou Amanda, num tom de grande infelicidade. — Eu não estou bem, Caroline. Além de tudo. você está simplesmente comprometendo minha recomendação! . mal-humo-rada. — Vou tentar vir para casa na hora do almoço para preparar alguma coisa para você comer. — Acho que peguei uma gripe. que elas tinham transformado em cozinha. que continuava deitada: — Você quer comer alguma coisa? — Não. enquanto enchia a chaleira de água na torneira que existia no pequeno canto da sala. — Acho que não vou conseguir — replicou. Eu sempre fico gripada em novembro. quando sentiu os olhos de sua chefe fitando-a impassiveímente. é possível que você consiga encontrar o homem de seus sonhos. Lá fora o frio era intenso. — Mandy. O tempo não fora suficiente para que ela mesma tomasse seu café da manhã. certificou-se de que Amanda tinha tudo de que pudesse necessitar. com voz rouca. Quero apenas uma aspirina — respondeu. — Não se preocupe com isso — resmungou Amanda. Caroline. — Onde você guardou as aspirinas? Alguns minutos mais tarde. A neblina cobria tudo de melancolia. sentindo que as lágrimas estavam muito próximas. e quando Caroline o vira pela primeira vez. Caroline mal havia entrado pela porta. Percebeu que Ruth a olhava com simpatia. Caroline — esbravejou ela —. provavelmente. — Não estou interessada no que tem a me dizer — falou a chefe. para escovar os dentes. Após ouvir as lamentações de Vera Morgan. O sr. durante um período de apenas três semanas. Sou responsável por sua contratação.. — E vamos acabar com este desperdício de tempo. nervoso. Morgan. — Caroline tentou explicar mais uma vez. entretanto. caso contrário não teria contratado Caroline Sinclair. — Acho que. antes de se dirigir ao banheiro. ficando espremida entre os demais passageiros. — Você não deu valor algum à confiança que lhe foi depositada. e ela o apanhou. — Caroline Sinclair. — Desta vez. finalmente. olhando rapidamente na direção da amiga. por ocasião de sua entrevista. Tinha certeza de que dessa vez seu atraso não seria perdoado e de que seria despedida. — Guarde suas desculpas e explicações para o chefe do departamento pessoal — replicou ela friamente. logo estarei boa. antes de sair para o trabalho. e a srta. — Caroline. ele estava irritado. Ela foi chamada à sala do sr. a neblina persistia. srta. Morgan — respondeu Caroline. você é incorrigível! Quando o chá ficou pronto. srta. com esforço. apressando-se em atender ao pedido da amiga. Nesse dia. — Deu-lhe o chá. com severidade. Caroline aproximou-se de sua mesa. sendo assim. Caroline gritou para Amanda. E.. você conseguiu chegar três vezes atrasada? — Sim. sentiu-se pequena e amedrontada. Amanda. — Vamos trabalhar. e eu não pude sair de casa sem antes lhe fazer pelo menos uma xícara de chá. Afinal. se ficar na cama e dormir durante o dia inteiro. você já percebeu que eu poderia despedi-la imediatamente por causa disso? — indagou ele. moça — Caroline chamou. e a insinuação de que ele. antes de ser admitida na firma. Donnelly às onze horas. Morgan estava tão irritada quanto ela imaginara que estaria. prepare-me uma xícara de chá com um pouco de xerez? — Claro que sim — concordou Caroline. Donnelly era o chefe do departamento pessoal. tinha esperado encontrar. Principalmente à confiança que demonstrei ter. indo até seu apartamento para cuidar de Amanda e depois voltando às pressas ao escritório. agindo dessa maneira. sorvido rapidamente. senão chego atrasada ao serviço mais uma vez. estou firmemente resolvida a enviar seu caso à administração. A situação era séria. — Você percebeu. Já está fugindo a meu controle! — Mas. mas não teve coragem de retribuir o gesto. Vá para a máquina de escrever e faça seu trabalho. nada ajudara para melhorar seu estado de espírito. ninguém pode exigir pontualidade numa manhã como esta. — Vou ter de ser rápida. um apareceu. Ao atravessar o saguão. contentou-se com uma xícara de chá. Não havia nem sinal do simpático desconhecido que ela. voltando a se encostar nos travesseiros. — Estou falando sério — insistiu Amanda.— Eu também não estou — respondeu Caroline. mais ou menos inconscientemente. Não admito seu comportamento relaxado. ele estava longe de ser um homem agradável. por favor. Tudo isso em apenas uma hora. até que. achou-o simpático e agradável. e Caroline começava a se apavorar com a idéia da correria durante a hora do almoço. Eram nove e quarenta e cinco quando conseguiu chegar ao saguão do Edifício Steinbeck. — Mas não exagere — disse Caroline. que. estava perdendo o domínio de suas excelentes qualidades profissionais. era o terceiro atraso em pouco menos de um mês de firma. e saber que os longos meses de inverno mal haviam começado não era muito agradável. — Afinal de contas. Além disso. Ficou parada no ponto de ônibus. O veículo locomovia-se lentamente em meio ao tráfego congestionado. — É que a garota que divide o apartamento comigo amanheceu com gripe. então — decidiu ele. — Eu posso lhe garantir que o carro é meu mesmo. Quem seria ele para poder se dar ao luxo de ter um Rolls-Royce com motorista particular? Adam sorriu quando percebeu que ela estava pouco à vontade. — Ótimo! — exclamou ela. Tenho certeza de que vou chegar atrasada à tarde. — E agora — Adam começou a dizer. passou a fazer o trabalho de maneira automática. com voz pausada. Quanto à volta. deu a volta e se acomodou ao lado dela. senhor — disse o funcionário. senhor — respondeu Caroline.. — Pois não. Quanto a pedir a permissão de chegar quinze minutos mais tarde à srta. — Não fique com esse ar tão preocupado — ele falou. Quando o motorista se afastou. Quando voltou a sua mesa. nem pensar. Suspirou profundamente.. sou uma funcionária pontual. mas eu quase perdi o emprego hoje de manhã e já estou me arriscando outra vez. Ela gastaria quase metade desse tempo só para chegar em casa. A direção estava um motorista uniformizado. O caso é que minha colega de apartamento amanheceu com gripe. — Uma carona? — Caroline estava incrédula. não se preocupando em esperar pelo elevador. — Adam colocou a mão no cotovelo dela e a guiou rapidamente pela rua movimentada. muito mesmo — ela começou a dizer.. Se você quiser a carona. Ruth foi para o refeitório. calculava o tempo necessário para fazer tudo o que era preciso. Caroline estava muito consciente da proximidade física dele e também de sua aparência atraente. Sinclair? — perguntou ele.— Oh. Donnelly! — exclamou Caroline. Porém. Donnelly tinha sido muito justo. O carro era um Rolls-Royce. E com essa neblina. qualquer falha sua em relação ao horário combinado significará seu desligamento imediato da empresa. Morgan. É uma história longa demais para lhe contar agora. — Você me colocou numa situação extremamente desagradável — disse ele após algum tempo. e um pedido desse seria demais. e eu tive de cuidar dela antes de sair de casa. mas decidiu não arriscar. é só dizer. Ela esperava que ele não quisesse entrar. — Em situações normais. — Aceito. para onde quer que eu a leve? Caroline deu-lhe seu endereço e ficou imaginando se ele estaria ou não esperando um convite para entrar quando chegassem lá. Caroline chocou-se contra um homem que vinha em sentido oposto. não. Adam hesitou durante um instante e depois disse: — Talvez eu possa lhe dar uma carona.. Quando Adam se aproximou. — Mas eu mesmo pretendo dirigir. Após fechar a porta. Como ela iria se arranjar na hora do almoço? Sentiu-se tentada a perguntar se ele poderia lhe dar quinze minutos de tolerância. Uma hora não iria ser suficiente. Suba ao escritório e explique que tenho outro compromisso e que provavelmente vou me atrasar bastante. — Pois estou mesmo. Mentalmente. — De carro? — Eu não estou me oferecendo para carregar você em minhas costas — ele falou secamente. Caroline lembrou-se de que estava perdendo tempo e sorriu. O sr. — Isso pode ser mudado sem problema algum... . e era evidente também que ela não queria perder o emprego. com o coração em ritmo acelerado. O prédio antigo não era exatamente do tipo que ela teria escolhido por livre e espontânea vontade. — Muito bem. Na hora do almoço. — Parece que você está com muita pressa. atravessou o saguão e saiu pelas portas de vidro. A preocupação dela era mais do que óbvia. A neblina já não estava tão densa quanto pela manhã. — Sim. — Muito bem. como sabe meu nome? Ele sacudiu os ombros e ignorou a pergunta dela... Caroline olhou curiosa para o homem a seu lado. — Não estou duvidando disso — replicou ela. sr. ele saltou do carro e indagou: — Tão cedo. e isso se tivesse sorte de pegar um ônibus.. Apressada. Meu carro está estacionado logo ali. Ela começou a rir. — Oh! Eu sinto muito. Em sua pressa em chegar ao ponto de ônibus. enquanto Caroline desceu correndo as escadas. até mesmo para ele. — Srta. mas parou quando viu quem a estava fitando. Está bem claro? — Sim. mas. aliviada.. Jules — respondeu o companheiro de Caroline. — Mas você não está indo para a mesma direção que eu — argumentou Caroline. senhor? — Pois é. — Soltou um suspiro profundo. antes que ela tivesse tempo de formular qualquer pergunta —. — Vou lhe dar mais uma chance. — Ah! É você! — Era o homem do elevador. suspirando e permitindo que ele a ajudasse a se acomodar no banco. que se comportava como se fosse. Vamos torcer para que eu esteja me sentindo melhor à noite. quero dizer. — Eu estou sem apetite — mentiu Caroline. e. ele abriu a porta por dentro. — Foi até a porta. É casado e está com medo de que sua esposa descubra alguma coisa? Oh. passando por algumas ruas que Caroline não conhecia. sentindo um vazio no estômago. Amanda continuava deitada. com bastante cuidado. alegre. Acha que eu poderia tomar uma sopa? Estou com fome. Bon Cartwright era seu atual namorado. tirando as luvas. — Não se perca no caminho. — Um momento — disse ele. com um sorriso. Caroline ficou espantada. foi só uma idéia — falou Amanda. encheu a chaleira de água e a pôs no fogo. espero que isto não tenha soado como uma ofensa! — Não sou casado — afirmou ele —. — Preciso ir — disse Caroline rapidamente. — Dirigiu-se depressa para a cozinha. — Por que está me chamando de senhor agora? Caroline encolheu os ombros. você ainda tem meia hora e não comeu absolutamente nada. — Pois é melhor esquecer essa idéia maluca — afirmou Caroline. Adam — respondeu. indignada. — Deu tempo para fazer tudo o que você queria? — Deu. além disso. — Está bem. se eu sentir fome. era óbvio que esse homem conhecia Londres muito bem. e logo depois ela estava abrindo a porta e entrando.O percurso que ele fez. Ele franziu a testa. — Eu não sei quem é. — Bem. forçando um sorriso. sentindo-se uma tola. o senhor deve ser alguém bastante importante para ter um carro como este — respondeu ela. está bem. — Eu preciso ir agora.. torradas e chá diante dela. — Quanto tempo você vai ficar aí? — Eu não posso ficar muito tempo —. enquanto ela fechava a porta. eu ainda não fui despedida — falou Caroline. . isso era totalmente impossível Amanda iria pensar que ela era uma perfeita tonta. Não queria que Amanda se preocupasse com ela. — Muito bem — disse Adam. apesar de Caroline estar certa de que nunca encontraria outra vez seu caminho em meio a toda aquela neblina. desconfiada e com os olhos levemente arregalados. Caroline procurou descer o mais rapidamente possível. o editor-chefe. ela nada sabia a respeito dele. Como eles tinham evitado as avenidas principais. — Mas. se me permite dizer isto. — Se está com apetite. Um repórter novato do Daily Southenner. o senhor também não parece estar muito interessado em me contar. Depois. — A temperatura lá fora está baixa. você não vai sair — disse Caroline. no mínimo. o tráfego não estava congestionado. com sua voz nasal. O apartamento ficava no primeiro andar. sentindo-se muito nervosa. sim. fugindo da pergunta. e. a umidade e a neblina só vão fazer sua gripe piorar. — Então eu espero — ele falou surpreendentemente. saiu do carro. — Como está se sentindo? — Entrou no quarto. levou-os até sua casa num instante.— Bem. — Você chegou cedo. Muito obrigada por tudo e cuidado no caminho. quando ela o alcançou. trocou a água da bolsa de Amanda e aproveitou para fazer mais um pouco de chá. colocou a lata de sopa dentro de uma panela com água. Adam manobrara o carro e. fechou a porta com cuidado e afastou-se correndo em direção à entrada do prédio. — Você teve problemas na firma hoje pela manhã? — perguntou Amanda. O frio a deixou entorpecida e. — Não tão bem quanto eu gostaria — respondeu Amanda. e. — De qualquer maneira. Caroline desceu as escadas correndo e chegou à rua. — Espero estar de volta até as cinco e meia. — Tire essa idéia da cabeça. Essa era a opinião de Caroline. antes de abrir a lata de sopa. Quando a água da chaleira começou a ferver. é sinal de que está se recuperando. senhor. Caroline? — perguntou. senhor — respondeu Caroline respeitosamente. aproximou-se do carro. — Acho que não há problema algum — disse Caroline. Caroline. e Caroline entrou e sentou-se ao lado dele. — Eu não quero chegar atrasada outra vez. — Como quiser. e você pode me chamar de Adam. — Bem. sim. — Por quê? Está esperando alguma outra pessoa? — replicou Caroline. quando o carro estacionou. Quanto a lhe contar que aceitara uma carona de um homem desconhecido. Murmurando um rápido "obrigada". com voz anasalada. Tenho um compromisso com Ron.. Consultou o relógio e constatou que ainda lhe sobravam quarenta e cinco minutos. — É você. Eles não conversaram muito durante o percurso. afinal de contas. Isto a deixa satisfeita? — Sim. Em sua ausência. um pouco febril. sempre posso pegar um sanduíche lá no refeitório da firma. para aquecê-la em banho-maria. quando Caroline colocou uma bandeja com sopa quente. respondeu Caroline. apesar de estar tremendo interiormente. — Para mim foi uma experiência nova ser tratado como um simples funcionário da firma. Ela estava certa de ser o assunto das conversas de todas aquelas mulheres elegantemente trajadas. portanto. Adam. — Eu prometo que falo pessoalmente com a srta. Deviam estar tecendo conjeturas a respeito dos possíveis motivos que levaram um homem como Adam Steinbeck a almoçar com ela. — Porém. — Não se preocupe com isso — murmurou ele. talvez pudesse vir a se interessar por ela. porém. que usava sobre uma blusa branca. Sobre a porta principal pendia uma tabuleta com o nome da estalagem: "A Chaleira de Cobre". — Por favor. André se incumbiu de instalá-los confortavel-mente e depois apresentou o cardápio com gestos refinados. — Enrubesceu. ele não poderia ser um funcionário. André — respondeu Adam. não há nenhum mal nisto. tinha certeza de que qualquer interesse por parte dele não passaria de mera curiosidade. Adam podia fazer com ela o que quisesse! Levá-la para onde bem entendesse! A culpa era apenas dela. — Eu nunca sei quando está falando sério ou não — disse ela. . o potente veículo passou pelos portões de ferro batido de uma entrada que levava a uma imponente fachada de casa de campo. O corpo tenso de Caroline. Ele fez um movimento com os ombros. Olhando em torno. — Tenho a impressão de que você gostou do almoço — disse ele. a voz tomada de espanto. Adam perguntou-lhe se tinha preferência por algum prato especial. revelando sua juventude e sua vulnerabilidade. Caroline tentou disfarçar e tomou um gole de martíni. obrigado. chegando à conclusão de que o material não era de primeira qualidade. — É muito! — exclamou Caroline. — Foi fabuloso! Nunca comi como hoje. Steinbeck? — perguntou educadamente. — Talvez até seja bom — acrescentou enigmaticamente. — Sim. e ela engasgou. — Quase. sr. De repente. o que levou a uma segunda discussão a respeito dos méritos de cada safra. leve-me de volta. Mas Caroline ficara como se estivesse petrificada ao ouvir as palavras do maitre. Sua tosse chamou a atenção de todo mundo. — Por que você não me disse logo que é Adam Steinbeck? — perguntou ela após uma pausa. — Oh. quando era óbvio que ele estava muito mais acostumado a conviver com pessoas da alta sociedade.Ele ligou o motor. e o carro se afastou do meio-fio. apenas nós dois sabemos que estamos infringindo as leis. Caroline sacudiu a cabeça e ficou aliviada quando ele disse que escolheria por ela. num lugar assim. — Devo parecer bem tola. de repente. o maitre se aproximou rapidamente para cumprimentá-los. achando graça na expressão do rosto dela. — Para onde você está me levando? — perguntou. O que lhe restava fazer agora? Fora tola e estava pagando por isso. Morgan. ele virou o carro para o sentido oposto. ficou ainda mais atônita quando. embaraçada. O resultado era previsível. aqui e agora. Pelo corte impecável de suas roupas. seus olhares se encontraram. tentando aparentar calma. que agora. Percebendo a entrada deles. — A mesa de sempre. Caroline não tinha a menor idéia do que fazer com aquele extenso cardápio. Muitos dos presentes cumprimentaram Adam e Caroline. Caroline sentiu-se extremamente consciente das limitações do vestido vermelho tipo jardineira. acalme-se. — A uma estalagem que eu conheço perto de Lingston — respondeu ele naturalmente. e Caroline percebeu que eles não estavam indo em direção ao Edifício Steinbeck. Achei muito agradável. Quando terminou de pedir os pratos ao garçom. entretanto. algum tempo mais tarde. Por causa disso. Não é suficiente — afirmou ele. Ela devia ter adivinhado tudo no dia em que o encontrou no elevador. céus! O restaurante estava cheio. — Não sabe? — Sorriu ele. Durante um bom almoço. — Tenho quase dezoito anos — respondeu. Porém. apareceu um segundo garçom com a lista de vinhos. mas uma mesa ao lado da janela esperava por eles. você vai poder me contar todos os seus problemas. — Steinbeck — sussurrou ela. Adam percebeu que ela o estava observando fixamente. Ela gostaria que ele não fosse alguém tão importante. sentiu-se constrangida e deslocada. não é? Caroline enrubesceu novamente. ao mesmo tempo que seus olhos examinavam o casaco de lã azul de Caroline. — Mas eu preciso estar no escritório dentro de vinte minutos — argumentou. sabendo quem ele era. mudando de assunto. ficou lânguido. por ter confiado nele. Quando chegaram à avenida. — Imagino que você ainda não comeu. não se perturbou e disse suavemente: — Acho que você não deveria beber. Se Adam fosse uma pessoa comum. querendo se dirigir à mesa. agora que sabia sua identidade. Adam sorriu e apoiou os braços sobre o volante. aceitaria um convite para jantar comigo numa noite dessas? Caroline sentiu as faces rubras. Você sabe que são quase três horas? Ele se recostou preguiçosamente. fazendo uma careta. chegaram ao Edifício Steinbeck.. — Então. vai? Eu realmente não gostaria de criar problemas para ninguém. com voz macia.. Mesmo assim. Só fiquei sabendo que ela não estava passando bem quando acordei. apesar de estar furioso. num impulso. — O que agora já parece uma piada. Morgan é bastante agressiva. — Espere um pouco — ele pediu. Caroline. — Vamos? Alguns minutos depois. aparentemente o lugar era reservado para ele. virou-se para ele. — Eu realmente não sei como lhe agradecer — disse. Morgan deveria se controlar um pouco. Caroline sentia-se estranhamente deprimida. e. e as pernas de Caroline tremiam um pouco. Eu lhe dou minha palavra. Caroline se lembrou com quem estava conversando. serei demitida imediatamente. estavam dentro do Rolls. De repente. — Foi um almoço fabuloso. Eu já lhe falei que não vai lhe acontecer coisa alguma. conte-me o que aconteceu hoje pela manhã. Prometo que vou considerar tudo o que você me disse confidencialmente. por isso cheguei atrasada. . Sabe. — Você tem alguma objeção? — perguntou. isto mais parece ser um sonho maluco. a srta. Você tem certeza de que realmente é o que quer? Adam continuava sorrindo. Em seguida. Ainda não posso acreditar que seja verdade. satisfeito. não está? — perguntou. Tudo fora tão excitante e inesperado e agora se aproximava do fim. e. — Ora. nunca mais repita isso — disse ele secamente. Tenho certeza de que você não vai ser despedida hoje. Assim que o carro parou. A neblina também atrapalhou. Caso isto aconteça. mas ela se recusou a ouvir e foi se queixar ao sr. — Amanda amanheceu gripada. acrescentou rapidamente: — Você não vai criar problema por causa disso. — Ótimo. ele me chamou e. com firmeza. As onze. — Honestamente. a srta. E estou bastante atrasado. conduziu-a em direção à entrada do prédio. acho que a srta. — Eu já lhe disse para não se preocupar com isso. — Ela consultou o relógio. ao entrar na central de datilografia. De repente. Com a condição de que eu nunca mais chegue atrasada. — Acho melhor subir agora. aquele dia sombrio se tornou quase ensolarado. estou feliz — disse ele.. — Escute. — Agora. saindo do carro. tive de tomar uma série de providências para ter certeza de que não iria precisar de alguma coisa. Donnelly. Eram três e quinze. a caminho da cidade. Sei que estou sentada aqui. não é? — Sim. Donnelly resolveu não despedir você. interessado. — Então. até então bem-humorado. — Mas você não vai querer ser visto comigo — ela protestou e ficou surpresa com a mudança que ocorreu no rosto de Adam. Morgan estava furiosa. colocou a mão no braço de Caroline e. observando a expressão perturbada do rosto dela.. — Riu. — Foi tudo tão maravilhoso! — Então. e Adam estacionou o carro no mesmo lugar onde estava antes. acho que compreendeu o ocorrido. — falou. — Eu?! — exclamou. o meu atraso. — Também tenho de entrar. Perturbada. antes de sair de casa. — Não se preocupe. pois já eram quase dez horas. — Eu adoraria. — Ah. Eu não tiro a razão dela. Suas preocupações deveriam estar se refletindo no rosto. e o pobre coitado fica sem saber qual é a melhor atitude a tomar. suspirando. Estarei esperando diante de seu prédio às sete da noite. eu. — Verdade? — Adam parecia estar intrigado. — Acha que se eu não quisesse eu a convidaria? Que tal amanhã? Caroline não disfarçou o contentamento. pois ele lhe sussurrou: — Relaxe. Assim que entraram no imponente saguão do Edifício Steinbeck. mas tudo me parece fantástico demais.— Não. Apenas muito jovem — replicou ele. — Mas você está gostando. Tentei explicar. bem-hu-morado. — Lógico que não! — respondeu ela. — Como haveria de não gostar? — replicou. Ou será cedo demais? — Para mim parece perfeito — respondeu ela. e só espero não ter atrapalhado demais. Pouco depois. — Você não atrapalhou nem um pouco — respondeu. No momento em que entrou na sala. — Há um fantasma solto nesta casa! Amanda trocou um olhar com Caroline. com o ritmo normal na manhã seguinte. não é? — Essa última frase foi muito incisiva. desvencilhou o braço. — Então. — Para ser ho. Já estavam parados no terceiro andar. — Espero que não tenha problemas com a srta. Amanda estava longe de parecer uma garota saudável. A intimidade do relacionamento deles logo se tornou visível para todos. recuando um passo. — Acha que eu deveria me importar? — replicou ele. Tem certeza de que não é você mesma que não gosta da situação? — De maneira alguma! — exclamou Caroline. Caroline achou que não seria justo transferir uma parte de seu serviço a suas colegas. — Otimo. perguntou a Caroline se tinha se divertido bastante e depois acrescentou que as outras garotas po. A srta. — Impossível. meu bem — respondeu Amanda. — Ele sorriu. antes da hora do lanche. para que ela pudesse sair. está bem. — Pensando em mim? O quê? Que sou muito mais velho que você? — Ele parecia estar se divertindo com a situação. instalando-se no sofá. mas fez questão de demonstrar que a fritada estava deliciosa para não magoar a amiga. Assim. . pensou Caroline mais tarde. eu tinha de fazer alguma coisa. sacudindo os ombros. ele abriu a porta do elevador.balho. e Caroline. Quando Caroline entrou no quarto e estava prestes a pedir para que a amiga voltasse para a cama. assustado. e. forçando um sorriso. Como sempre. ouviram a campainha da porta tocar. ao ver o aspecto de Amanda. Ele estava encostado na parede do elevador. assim que entraram no elevador. Caroline foi atender e deixou Ron entrar. O que aconteceu? — Ela está terrivelmente gripada — explicou Caroline. suspirando. — Você não vai sair hoje à noite — disse com tanta ênfase que Amanda não conseguiu reprimir o riso. — Está bem. que comeu ape-nas uma salsicha e uma fatia de pão. Caroline não escondeu sua desaprovação. ficou bem claro que Vera Morgan havia sido avisada de que Caroline chegaria atrasada ao tra. só isso. — O que faço não é da conta de ninguém.imediatamente se tornaram alvo de todos os olhares. — Eu só queria estar com uma aparência razoavelmente apresentável quando ele chegasse.deriam ajudá-la caso não conseguisse terminar seu trabalho sozinha.sava. Morgan. Vou voltar direto para a cama. sentindo isso. você está realmente meio fantasmagórica. Quando Caroline chegou em casa. No entanto. — Você deveria ter ficado na cama — falou Caroline. — Pois é. até gostei muito de me sentir importante uma vez na vida. boneca. Caroline ficou chocada com a falta de sentimentos dele e olhou para Amanda. você não se importa? — ela indagou. já bastante ocupadas. — Deus do céu! — exclamou. Por quê? — Estava pensando em você. ele parecia estar muito contente. — Em seguida. mas não exagere em seu papel de su-permãe — respondeu. Adam lhe perguntou. Porém estou me sentindo como se estivesse morrendo em pé.seguira recuperar quase todo o atraso. — É que o pessoal da portaria adora uma fofoca. encontrou Amanda de pé e vestida. — E tenho certeaa de que você não quer pegar gripe também. — E daí? — perguntou. — Mas. —Acho que não é para tanto — Amanda falou. — Como Ron chegará aqui às seis e meia. ofegante. mas parou.. com voz muito calma: — Você ficou embaraçada. lançou-se com afinco ao trabalho. e. num gesto indefeso. mas Adam parecia não ter a mínima intenção de abrir a porta. — Bem. Às cinco horas da tarde. — Essas coisas acontecem — disse.nesta. ao sentar-se para comer a fritada de ovos e linguiça preparada por Amanda. Caroline não estava com muito apetite depois do suntuoso almoço daquele dia. — Desconfio que nossa ida ao cinema foi por água abaixo então. Na verdade. — É claro! Já estou contando com isso. Foi realmente impressionante. apesar de sua aparência pálida e fraca. Morgan de que seria capaz de continuar . Morgan sabia ser extremamente simpática quando isso lhe interes. arqueando as sobrancelhas. Os funcionários do saguão estavam obviamente surpresos. — Então continua querendo jantar comigo amanhã à noite? Caroline arregalou os olhos. — Não — Caroline negou com veemência. Pelo menos o suficiente para informar a srta. já con. o prédio inteiro vai ficar sabendo que chegamos juntos.. nós nos encontraremos conforme foi combinado. De maneira muito bemeducada. descobri. Amanda. — Não se atreva a pôr as mãos em mim! — gritou. Para mim. — E você estava realmente falando sério no outro dia. — Eu ouvi tudo — disse. — Você sabe que eu sempre tive vontade de fazer um programa com você — ele falou. bem. Como eu poderia conhecê-lo? Eu não tinha a menor idéia. Brincando. levemente irritada.. Garotas como você e eu simplesmente não têm a oportunidade de encontrar a elite da população masculina deste país. ele me trouxe para casa. Caroline escapou dele. — Ele mesmo. entusiasmada. percebeu a mudança de cor nas faces de sua amiga e indagou: — Será que você encontrou outra vez o príncipe encantado do elevador? — Sim. — Ah. — E então. — O que você acha de nós dois irmos ao cinema? — perguntou com toda naturalidade. entretanto. Ele é. — Adam Steinbeck? Caroline suspirou. é terrivelmente convencido. — Não se incomodem comigo! — exclamou. — Muito. — Não é nada disso — disse Caroline. Vou embora! Ninguém pode dizer que Ron Cartwright força sua presença em lugares onde não é desejado.. Caroline ficou vermelha. — Sujeitos como você me enojam! A frase deve ter atingido algum ponto fraco dele. estava sorrindo. contas. — Acredito que estaremos livres de Ron por um bom tempo. — Em minha opinião. Primeiro foram de espanto. — Que coisa fantástica! Ele é um homem atraente? . Adam Steinbeck. — Pois. — Simplesmente não tive tempo. Descobriu pelo menos como ele se chama? Caroline hesitou um instante. Ela não tinha contado nada a Amanda sobre seu encontro com Adam Steinbeck e sobre o almoço daquele dia. benzinho. — Você está falando sério? — perguntou. Foi por isso que consegui chegar tão cedo aqui. eu não consigo entender como você pôde se envolver com um sujeito desses. então. sentindo também uma ponta de incredulidade. sei.. Bem. Amanda ficou boquiaberta. furiosa. você nem conhece esse homem. isso é um milagre. Caroline trancou a porta e foi para o quarto ver como estava Amanda. — O que está acontecendo com Amanda? — perguntou Ron. Caroline? O que acha da proposta? — Você deve estar brincando — disse Caroline. Além de ser um chato. tentando não mostrar a repulsa que sentia. Amanda — respondeu com a maior naturalidade possível. não podemos ficar escolhendo muito — respondeu. um pouco arrependida pela cena que acabara de fazer —. — Eu o encontrei durante a hora do almoço. Ficou um pouco chocada ao pensar que comparar Ron com Adam seria tão idiota quanto comparar suco de tomate com champanhe. quando lhe disse que estava com pressa para chegar em casa. indicando estar conformada com sua sina. ao levantar-se. tentou segurá-la pelos pulsos. levantando a mão até o rosto. Não acha que foi um pouco imprudente? Afinal de . ele me ofereceu uma carona. de qualquer forma.— Compreendo. — Bem. Ela voltara para a cama e. tinha? — É lógico que ia lhe contar tudo — defendeu-se Caroline. Você esta interessada em homens mais elegantes. Amanda fez um gesto com os ombros. Não preciso disso. boneca. Basta um estalar de dedos para eu ter uma dúzia de garotas querendo sair comigo. sem compreender. e correu para o quarto. vá procurar uma delas — replicou Caroline. — Caroline Sinclair. — Acho que está perdendo seu tempo aqui. — Como foi? — perguntou. curiosa. antes que Caroline pudesse abrir a boca. você não tinha a menor intenção de me contar tudo isso. sim. surpresa. também foi uma surpresa. — Verdade?! — exclamou a amiga. Ron. — Ron lançou um olhar inquiridor a Caroline. ainda impressionada. mas com um gesto rápido. — Nós. furiosa. batendo a porta com força. depois de incredulidade. E lógico que o coitado do Ron não teve a menor chance. eu trombei com ele na frente do prédio. Ron não se deixou abalar. Ele não perdeu o ar pretencioso. — Bem. honestamente — Caroline começou a falar. e. — Qualquer dia. surpreendentemente. pessoas humildes. quando disse que não sabia quem ele era? — É claro! Eu só comecei a trabalhar lá há três semanas. — Ela revelou isso muito depressa e ficou observando as expressões que se sucediam rapidamente no rosto de Amanda.. — Bem. respirando profundamente. você também vai ter de reconhecer isso. — Surpresa?! — exclamou Amanda. pois Ron lhe dirigiu um olhar furioso antes de sair apressadamente. Amanda balançou a cabeça. — Que sorte a sua. sair com um milionário sempre é muito gostoso. a firma toda estava comentando a grande novidade. conseguindo chegar na hora certa. mas a srta. Amanda podia dizer o que quisesse. Homens do tipo de Adam Steinbeck podem escolher qualquer mulher. Ruth mal podia esperar para conversar com ela sobre o assunto mais comentado na firma. — Não há nada demais em ser convidada para um almoço. — Em meus sonhos. — Adam é uma pessoa muito simpática — continuou Caroline. — Como não é difícil descobrir se ele está mentindo. Mas isso não o torna mais jovem. o dinheiro pode silenciar muitas pessoas. existiria a possibilidade de ele se interessar seriamente por mim. mal-humorada. sentando-se em sua cama. — Você realmente tem todo o direito de falar assim. Pelo menos. mas você não devia julgar as pessoas apenas pela aparência. abraçando a si mesma. tinha sido vista entrando no prédio na companhia do próprio Adam Steinbeck. Caroline levantou-se da cama e foi para a sala. Ela tinha de vê-lo novamente! Ela nunca ouvira nenhum comentário maldoso a respeito dele no escritório. você está apaixonada. — Suspirou.. deixando bem claro que não queria ter responsabilidade alguma nisso tudo. CAPITULO II N a manhã seguinte. Pense um pouco. então ele não é casado. com certa frieza. para poder cuidar de Amanda antes de sair de casa. Não haveria motivo para isso. vá com calma. — E por que não? Alguém ia ter de lhe dizer isso. ele provavelmente é casado e tem meia dúzia de filhos em casa. Qualquer uma! Você precisa agir de acordo com sua idade. — Ela sorriu. Do jeito que estão as coisas. Caroline! Ele provavelmente encontra garotas como você às dúzias. acredito que não esteja. — Ei. Morgan estava doce como mel. — Fez com que eu me sentisse muito à vontade. — Muito bem. — Acho melhor contar tudo de uma vez. já passava das três e meia da tarde. Amanda encarou-a. hoje a noite? — Ao menos ele está na mesma faixa etária e financeira que eu — replicou Amanda. no entanto. — Aliás.. mas isso não era garantia alguma. espreguiçando-se lentamente na cama. Amanda ficou ainda mais chocada do que já estava. — Ele me disse que não é casado — murmurou calmamente. Caroline continuava querendo voltar a vê-lo. Você deve estar brincando! — Não diga isso. Quando voltei para o escritório. Amanda provavelmente estava certa em tudo o que dizia. — Bem. Caroline Sinclair. porém. Afinal. — Foi realmente muito gostoso.— Ele é fabuloso — Caroline afirmou. hein? — O dinheiro dele não me atrai nem um pouco — falou Caroline. Alguns afirmavam até mesmo que os dois haviam almoçado juntes. Mas já pensou que o Edifício Steinbeck existe há uns quinze anos e que ele deve ter sido chefe da firma durante quase todo esse tempo também? — Acho que ele deve ter uns trinta anos aproximadamente — disse casualmente. a garota nova da central de datilografia. Caroline levantara-se mais cedo. E como se explica a presença daquele sujeito pavoroso aqui. vou jantar com ele amanhã à noite. Mas quanto a se envolver seriamente com um homem dessa idade. Além disso. de qualquer maneira. . Ele me levou para almoçar numa estalagem chamada "A Chaleira de cobre". Caroline iria ao encontro combinado. preferia que ele fosse um simples funcionário.. não é? Sinto muito ter de lhe dizer isso. Amanda fez um gesto com as mãos. mocinha — aconselhou Amanda. — Caroline.. — Eu não posso impedi-la de fazer o que quiser. mesmo assim. Caroline. — Por favor. Ruth ficou surpresa com o tom de voa de Caroline. é lógico — respondeu Ruth. — Era Steinbeck? Caroline respondeu afirmativamente com um gesto de cabeça. que usara pela última vez na festa de formatura de seu curso de secretariado. Era um vestido de renda. você não acredita que ele possa estar interessado em você por qualquer outro motivo. — Já considerou tudo o que pode acontecer quando vocês se tornarem um pouco mais íntimos? Ele não é mais um rapazinho para contentar-se com um beijo de despedida na porta de sua casa. — Muito bem. caso estivesse em meu lugar? Ruth ficou em silêncio. dei de encontro com ele na frente do prédio. numa pequena loja nas imediações da firma. com certa frieza. e eu aceitei. — Está certo — concordou por fim. encontrou exatamente o que queria. — Sinceramente. cor verde-jade. antes mesmo de você começar. sei. Amanda ficou em silêncio durante um momento e depois disse: . vai precisar comprar montes de roupas novas? Caroline a encarou furiosa. — Ora. foi até o banco e retirou certa importância de suas economias. Enquanto trabalhava. corando um pouco. mas só de longe. Ruth balançou a cabeça significativamente. — Céus! — Ruth estava estupefata. Sabia que estava sendo ridícula em suas extravagâncias. Possuía um único vestido de noite. — É verdade. Imagino que haja dúzias de mulheres que o adoram. — Ah. como foi que o conheceu? — Você se lembra do homem que eu encontrei no elevador? — perguntou Caroline. mas queria que Adam se orgulhasse dela. Caroline. Aliás. vocês duas parecem achar que ele é um maníaco sexual ou coisa parecida. Decidiu comprar um vestido novo. Depois. Depois do trabalho. o filho dele é mais velho do que você! — Seja franca. — Se você não se importar. por favor. Um homem como Steinbeck não podia ser ignorado.— É verdade? — quis saber Ruth. Honestamente. — O que aconteceu com a esposa dele? — Morreu de leucemia há uns oito anos. e. Nossa. acredita? — E qual é esse motivo óbvio? — perguntou Caroline. — Mas. E "desperdício" foi a palavra que ela usou para expressar sua opinião. era óbvio que ela ficava parecendo ainda mais jovem quando o usava. devia ser muito excitante receber um convite dele para almoçar. Uma funcionária mais antiga da firma me contou isso. com certa relutância. Caroline sentiu-se ousada e ficou muito satisfeita. — Você deve ter ficado maluca! — exclamou ela. levemente irritada. — Oh. irritada. e você mesma acaba de admitir que o viu só de longe. ele é um homem maravilhoso — interrompeu-a Ruth bem depressa. Parece que estuda na Universidade de Radbury. estaria no mesmo nível de todas aquelas elegantes mulheres da sociedade. eu sei. — Ora. — Será que ainda não entendeu que. — Casado! — exclamou Caroline. que equivaliam a um terço de seu salário mensal. sim — respondeu Caroline. — Mas tenha cuidado. eu não entendo por que você e Amanda acham que conhecem Adam Steinbeck melhor do que eu. Amanda ficou horrorizada quando descobriu que Caroline desperdiçara tanto dinheiro. Amanda. considerando-se que era feito de algodão cor-de-rosa. Estou realmente falando sério. foi ontem na hora do almoço. — Em seu lugar. me deixe sozinha — resmungou Caroline. Além disso. me convidou para almoçar. não estou interessada em ouvir sermões.. Amanda não seria capaz de reconhecê-lo na rua. se vai começar a sair regularmente com um homem desse tipo. — E ele tem família? — Um filho só. sexo. que não houve uma oportunidade para conversarmos. Ruth. além do óbvio. — Suspirou. quando saí daqui correndo para ir cuidar de Amanda em casa. Caroline ficou imaginando que roupa iria vestir naquela noite. Ele me ofereceu uma carona. Agora. nem mesmo sem a sua posição e a sua fortuna. No entanto.. — Quer dizer que ele a convidou para sair aquele dia e você não me contou nada? — Não. Ele já foi casado e vai querer bem mais do que isso. O corte era um pouco antigo. Durante o horário de almoço. sabia que Caroline conseguira lhe fazer uma pergunta difícil de responder. — Eu já o vi algumas vezes. Pelo menos ele não tinha mentido para ela. não se meta! O dinheiro é meu! — Você devia cuidar da cabeça — continuou Amanda. No fundo. eu mesma escolho o caminho de minha ruína e de minha perdição. — Estamos apenas nos preocupando com você — falou. muito bem. eu provavelmente faria a mesma coisa. Acharia que ele é velho demais para você. — Foi por isso que você chegou tão tarde ontem depois do almoço? Esteve tão ocupada durante o resto do tempo. — Caroline não pôde impedir que uma sensação de alívio a invadisse. onde o transito era mais intenso. A que horas ele vem buscá-la? — perguntou. num tom mais sério. — E muito sofisticada também.. — Reservei uma mesa no Mozambo para as oito horas — ele falou ao dobrar a King's Road. — Boa noite — respondeu suavemente. Você sabe que não estou acostumada a jantar em lugares como este. Sinto muito. No conforto do carro que deslizava suave e silencioso. Adam lançou-lhe um olhar inquiridor. A questão é que você não pode se dar ao luxo de gastar tanto dinheiro para comprar um único vestido. fechou a porta e desceu as escadas. — Vou descer — informou. Está bem. acho que não estou compreendendo muito bem o que quer dizer — respondeu Caroline. apesar da impressão de que ele não se esquecera disso. Caroline reconheceu algumas pessoas famosas sentadas em mesas próximas e ficou impressionada com a naturalidade de Adam em relação aos garçons. examinou-a atentamente. indo ao encontro de Adam. e Caroline sabia que não tinha idade suficiente para frequentar esse tipo de lugar. ele não teve dificuldades em conseguir uma mesa. Apesar do restaurante estar lotado.. Caroline conseguiu relaxar um pouco. Amanda.. Caroline sentiu-se ridiculamente jovem e desajeitada. abrindo a porta do carro para que ela entrasse. — Ah é. clubes noturnos não são necessariamente os lugares que mais gosto de frequentar. voltou-se para . — Divirta-se — disse Amanda. disse Mandy. tentando ver melhor o rosto dele na escuridão. por ter ficado irritada.. mas sou capaz de cuidar de mim mesma. Além disso. — Havia um certo ar de insegurança na maneira de ela se expressar. — Por favor. — Não que eu não queira ir. parecia estar envergonhada. Adam examinava o cardápio com um olhar experiente. em seguida. minha querida — disse ele.. mais aliviada. Não abro mais a boca. — Eu me sinto ridícula. acrescentou: — E tenha cuidado! Caroline concordou com um gesto de cabeça. — Não. Percebendo que ela não respondia.. Os olhos dele se estreitaram ironicamente antes de lhe retribuir o sorriso. Estava muito bonita no vestido verde.— Sinto muito se parece que estou interferindo em sua vida. — Há alguma coisa errada? — perguntou discretamente. — Muito bem.. — Você não gostou da idéia? Acho que é o lugar ideal para desfilar um vestido como o seu. — Nesse caso. O Caprice era um restaurante tão excitante quanto ela imaginava que deveria ser. — Por quê? Você não tem culpa de sua idade. Depois de sentar-se ao lado dela. — Olá — murmurou ela. mas evitou o comentário para não provocar nova discussão.. e depois arranjo ingressos para algum espetáculo. abrindo a porta. Os sinos de uma igreja próxima batiam sete horas da noite quando ela ficou pronta. Adam fez o pedido ao garçom e. tanto faz — respondeu Caroline. — Tem certeza de que não estou estragando sua noite? — Você não poderia fazer isso — disse ele. encabulada. se realmente pretende levar isso adiante. — Acho que podemos jantar no Caprice. durante alguns instantes. — Está muito bonita. com um sorriso seco. ele desfez seu olhar irônico e voltou a dedicar sua atenção ao cardápio. compreenda — disse ela. — Para onde iremos então? Adam refletiu durante um momento. Foi Amanda quem primeiro avistou o Rolls manobrando no beco e parando diante da entrada do prédio. iremos a algum outro lugar menos perigoso. Amanda percebeu que Caroline estava parecendo muito mais velha. sorrindo suavemente. você não acha? — Eu. quer que eu lhe empreste minha estola de pele? Caroline ficou vermelha. com uma ponta de ironia em sua voz. O Mozambo era um clube noturno inaugurado havia pouco tempo. Deixo isso a seu critério. — murmurou. — Mas eu só vou completar dezoito anos em março e. — Você já decidiu o que vai querer comer? — perguntou. enquanto Caroline sentia seu — Deve ser ele coração palpitar. e. muito mesmo. Caroline continuava se sentindo pouco à vontade. Caroline disse a hora e depois foi tomar banho. Existe algo em cartaz a que você queira assistir? — Para mim. eu tinha me esquecido desse detalhe — ele falou. — Que pena. E depois. desça! Lançando-lhe mais um olhar desgostoso. indefesa e sem ar. segurando o volante. parece que está muito apreensiva em relação ao que pode acontecer entre mim e você. mesmo depois de ficar sabendo. mas. recusando-se a encará-lo diretamente. o carro já estava passando por algumas ruas desertas de Mayfair. que saía do saguão por uma grande porta em arco. enrubescendo. pode explicar? — perguntou. Imediatamente. que nem percebeu que tinham tomado uma direção oposta a seu apartamento. mas. surpresa. um pouco nervosa. Para seu espanto. Adam conversou naturalmente sobre suas viagens para o exterior. para escapar do frio ar noturno. suspirando. Era o saguão mais bem decorado que Caroline já vira em toda sua vida. murmurou: — Isso é fabuloso! Contudo. que o observava. devia ter percebido isso. os dois se dirigiram até o carro e entraram rapidamente. — Se não acreditasse. mas aceitou o copo que ele lhe oferecia. você estava muito à vontade em relação a mim. Vamos. — Não estou entendendo. O olhar de Adam penetrou. finalmente. pelas aberturas da renda do vestido de Caroline. Para onde ele a estaria levando? Ela estava tão chocada que ficou muda de espanto quando ele estacionou o carro diante de uma casa. Mais tarde. quando ela o encarou. Depois. porém. ela escolheu um espetáculo que estava com vontade de ver. Sei que você não sabia quem eu era. — E por que não aceitou o conselho delas? — Eu lhes expliquei que sou perfeitamente capaz de tomar conta de mim mesma — falou. e. Era uma comédia musical leve. e a noite se tornou mais agradável.. — Imagino que todas suas amigas devem ter aconselhado a não se envolver com um homem como eu. ela seguiu Adam. — Você é corajosa — ele disse secamente. não teria vindo. — E agora — disse ele. saboreando lentamente suas palavras —. está bem? Caroline franziu a testa. continuou se . — Bem — murmurou —. Quando Adam abriu a porta. — ela começou a dizer. pois disse: — Não se preocupe em recusar. Quando percebeu. Depois do espetáculo. a luz automática do carro iluminou o rosto amedrontado de Caroline. e ela sentiu ímpetos de se cobrir. Não vou lhe fazer nada. Adam apenas se dirigiu ao bar. admito que tive minhas dúvidas — respondeu com seu jeito vagaroso de falar. de uma maneira quase insolente. Caroline estava tão fascinada com as mãos dele. e durante um certo período de tempo. Adam sentou-se a seu lado e recostou-se muito à vontade. — Quer tomar alguma coisa? — perguntou.. e Adam. — Estou contente por você ter aceito o convite — disse ele com muita naturalidade. Acho que um pequeno cálice de conhaque vai ajudá-la a recuperar a segurança.. Caroline o acompanhou. mas interrompeu-se. viu que os olhos dele tinham uma expressão irônica. Adam esticou as pernas. retrocedeu um passo para que ela passasse adiante e fechou a porta. Caroline procurou palavras para descrever suas impressões.ela. Quando nos encontramos pela primeira vez. Caroline conseguiu relaxar a tensão e se divertiu ouvindo o que ele contava. fazendo com que se sentisse fraca. de se proteger e desejou não o ter comprado. e ele disse: — Não faça essa cara. Durante os intervalos entre os diversos pratos. Caroline. numa pequena rua. minha opinião não deve ter interesse algum para você — acrescentou. Adam deu a partida e manobrou agilmente o veículo no tráfego intenso. — Como sabe que. No rosto de Adam havia uma expressão de divertimento. ficou impressionada com a forte atração física que ele exercia sobre ela. Caroline não respondeu. — Você não quer se sentar? — ele indagou. Quando. Caroline apertou a bolsa entre suas mãos. — Bem. e entraram numa outra sala decorada com extremo bom gosto. porém Caroline comeu muito pouco. — Pensou que eu não aceitaria? — Caroline indagou. — Então acertei — ele murmurou. vamos deixar bem claro uma coisa entre nós dois. — Compreendo. — É lógico que acredito! — exclamou rapidamente. A refeição estava esplêndida. contente pela oportunidade de dar um pouco de descanso as suas pernas trêmulas. olhando para ela. os temores de Caroline voltaram. E você realmente acredita nisso? Caroline ficou ainda mais enrubescida. como a curiosidade foi mais forte que seus temores. e eu gostei disso. Caroline concordou rapidamente. que ajudou muito a acabar com a insegurança de Caroline. apontando para o sofá.. conseguiu falar. Adam abriu a porta da casa e acendeu a luz. de repente. Adam colocou o copo sobre o bar e respondeu. entusiasmada. Disse todas aquelas coisas a respeito de sofisticação porque estava furioso por você ter achado que precisava se fantasiar dessa maneira para me agradar. você não está pensando que eu a trouxe até aqui só para lhe dar uma bronca e nunca mais vêla. forçando-se a não demonstrar nenhuma emoção. Caroline desceu do carro. no máximo. ele se levantou e foi até o bar. com uma certa relutância. seis palmos de altura. sentiu-se tola demais. Adam a acompanhou até a entrada do prédio. a quem pertenceria aquele automóvel. De repente. espantada. de repente. Ele simplesmente não combina com você. Acho que o dinheiro provoca essa reação na maior parte das mulheres. ficou boquiaberta. e isso tornou as coisas muito fáceis para Caroline.. porém. Faltavam quinze minutos para as três horas quando notou um pequeno carro branco. Você gostaria de viajar comigo para o interior e conhecer minha casa nos arredores de Windsor? Este é apenas um lugar que tenho na cidade e que uso para dormir ou trabalhar quando preciso ficar em Londres. Caroline correu para abri-la. suspirando. Eu apenas queria saber até onde você iria levar essa falsa sofisticação. não porque quisesse uma boneca na última moda para jantar comigo. após toda essa lavagem cerebral que suas supostas amigas lhe fizeram. Você simplesmente conseguiu se transformar em uma mulher a mais.. queria abraçá-lo e. Não levaram muito tempo para chegar em casa. às vezes. Ela o amava tanto que tinha certeza de que nunca mais voltaria a ser a mesma pessoa outra vez. Ele franziu a testa e continuou: — E hoje à noite. Não queria que o relacionamento terminasse ali! Estava apaixonada por esse homem. Eu não reservei mesa alguma no Mozambo. que resolveu deixar apenas um bilhete para a amiga. não é? Caroline respirou fundo e passou o dorso da mão nos olhos. Ela não queria ir embora. com um sorriso: — Acho que vamos ter de começar tudo outra vez. Se você tivesse concordado em ir a essa casa noturna. Amanda foi trabalhar. Subitamente. como uma explosão. sem muito interesse. jovem. modelo europeu. às três horas da tarde—ele informou. Depois. ela compreendeu de repente por que tinha sentido tanto medo. neste momento? — Exatamente — ele murmurou.. você está apavorada comigo. indagou: — Escute. Amanda ainda estava acordada quando Caroline entrou no quarto. Ela não estabeleceu conexão alguma entre o carro e Adam até o momento em que ouviu alguém batendo à porta. — Mas não pense besteiras. e. Caroline olhou para ele. e perguntou-se. resolvia visitar a sobrinha nas tardes de sábado. dizendo: — Amanhã é sábado. — E agora? — ela murmurou. Agora. Uma sensação de alivio tomou conta dela. rezando intimamente para que não fosse tia Bárbara. sorrindo para ele. quando você veio se encontrar comigo. Caroline sentiu seu interior se manifestar. onde havia um clima de certa intimidade. quando Adam se sentou ao lado dela. com voz rouca e muito próxima às lágrimas. dizendo que teve de sair. — Estamos sozinhos aqui.portando com naturalidade. pois vou levá-la para sua casa imediatamente. mas não vi seu carro! — Caroline estava realmente surpresa. entrando na rua. — Gostaria muito de ir com você — respondeu Caroline. Será que você não vê que estou cansado de mulheres que se jogam em meu pescoço? Não pense que isso é mero convencimento de minha parte. Amanda pareceu acreditar que ambos tinham vindo diretamente para casa depois do teatro. Caroline sentia uma dor muito grande dentro de si. eu lhe teria dado umas boas palmadas! Está compreendendo agora? Eu a convidei porque você é. sua aparência estava indescritível! Esse vestido seria apropriado para uma mulher de trinta anos. onde tornou a encher seu copo. e. —Virei buscá-la amanhã. Por quê? O que pensa que pretendo fazer? Atacá-la. uma dor que ameaçava se tornar mais forte do que ela e que não conseguia compreender direito. No sábado. Quando as mãos se tocaram. era a melhor maneira de escapar de uma nova discussão sobre as vantagens e desvantagens de se envolver com alguém do tipo de Adam. Ela se sentia como se tivesse apenas seis anos de idade e. quando abriu a porta e viu Adam parado diante dela. Porém. . sorrindo — Vista qualquer coisa bem informal. ficou amedrontada com o tumulto de sentimentos que ele despertara dentro dela. Ele se ergueu e estendeu a mão para ela poder se levantar também. que. vendo lágrimas nos olhos de Caroline. agarrá-la ou o quê? Caroline enrubesceu. inocente.. Caroline omitiu a visita à casa dele na cidade. e exclamou: — Adam! Eu estava olhando pela janela. Caroline tomou um gole da bebida de seu copo. mesmo porque já passavam das onze horas. Entretanto. assim ela teve de contar tudo o que tinha acontecido. sra. mas. — Sra. comam estes bolinhos de aveia que eu mesma fiz e se quiserem mais chá é só chamar. — Muito prazer. O caminho circundava o espelho d'água. O resto está equipado com o aquecimento central — informou ele. havia diversas estátuas e um pequeno chafariz em meio a um espelho d'água. quando entraram na sala de estar. Diante dela. em cujos arredores Adam saiu da estrada principal. Ao terminarem o lanche. — Isto é que é vida! Longe dos negócios. observando em torno com muito interesse. Podemos ir? A viagem até a casa de campo dele foi confortável. segundo um esboço que eu mesmo fiz. — Que Deus a conserve sempre assim — disse Adam. gosto de ficar olhando as labaredas. A sra. Caroline colocou a bandeja sobre uma mesa ao lado da porta. Steinbeck. enfiando as mãos nos bolsos do sobretudo. — Meus pais morreram quando eu era ainda muito pequena. Jones está rachando lenha lá nos fundos. — Eu também gosto muito — concordou Caroline. senhorita — falou. e uma mulher de meia-idade aproximou-se. enquanto se sentava num dos sofás mais próximos ao fogo. e a sra.Ele fez um movimento com os ombros e entrou na sala. — Não há necessidade. Adam foi sentar-se mais próximo de Caroline. há seis meses. fitando demoradamente as labaredas na lareira. Seria possível jantarmos por volta das sete e meia? — É claro que sim! Por enquanto.. Quantas pessoas dependeriam das opiniões dele? O Edifício Steinbeck abrigava uma série de companhias. O coração de Caroline batia violentamente ao sentar-se ao lado de Adam. Tia Bárbara gostava muito quando ela fazia isso. Jones — respondeu Adam. todas pertencentes à Steinbeck Corporation e cada uma delas. e o voto decisivo. sorrindo. Jones saiu com um sorriso de satisfação. — Este é o único aposento da casa toda onde existe uma lareira de verdade. e Adam estacionou o carro diante de grandes portas duplas de vidro. indagando: — Quer que eu leve a bandeja para a cozinha? — Não é preciso — disse. uma porta abriu-se na extremidade oposta. . Você está pronta? — perguntou. sentou-se numa posição mais formal. ele esticou as pernas em direção ao fogo. pulando e balançando o pequeno rabo. esta é a srta. Fui criada por uma tia e. descendo do carro antes que Adam tivesse tempo para ajudá-la. em estilo grego. Preguiçosamente. Quanto a Nero. acompanhada por um spaniel. e. bateram na porta. latindo de contentamento. sendo também responsável por quaisquer erros que acontecessem. da especulação imobiliária. de vez em quando. se o senhor quiser vê-lo. — Pelo menos está aparentando sua idade hoje. — Nossa! — exclamou Caroline. dizia que era ótimo para aliviar a tensão. era dele. Amplos degraus de pouca altura levavam até essa porta. sentindo-se inundada por uma sensação de bem-estar. Adam abriu a porta.. Jones e este é Nero — disse Adam. Era uma casa de aspecto sólido. revestidas com uma grade de ferro batido na parte interna. observando-o atentamente. Ele era o diretor-presidente. — Não há muita coisa para contar — murmurou ela. Atravessaram a cidade de Windsor em direção a um vilarejo chamado Slayford. trazendo chá. Quero que me conte tudo a respeito de sua vida. sanduíches e bolinhos de aveia. — Esta é a sra. Caroline sorriu. Jones. Ficou um pouco deprimida quando pensou que Adam provavelmente a considerava apenas uma companhia mais ou menos agradável. a sra. sempre que necessário. com a qual estava se divertindo um pouco. dependia de Adam Steinbeck. Jones. — E que. — Venha e sente-se aqui a meu lado. Jones era baixa e alegre. dos assuntos de altas finanças. — Mandei construir esta casa há cinco anos. Jones entrou com uma bandeja. — Eu mudei de carro. ficou pulando em volta deles. e entraram pelo belo saguão. — É muito agradável vê-lo outra vez. olhando para Adam com uma certa indulgência no olhar. a pequena mulher de aspecto maternal. Ela desejou ter coragem para se aproximar mais dele e lhe fazer uma massagem nas têmporas. De repente. e ela se perguntou se ele teria alguma noção do efeito que causava sobre ela. sra. Caroline Sinclair. de certa forma pelo menos. entrando pelo portão de uma vila moderna. Adam abriu os olhos e. Também percebeu que Adam a observava atentamente. era muito agitado. O cachorro fez muita festa para Adam. — Muito obrigado. Caroline gostou dela instintivamente. sr. deixei-a para ir morar com minha amiga Amanda. — Que surpresa! — exclamou ela. sorrindo para Caroline. com certa relutância. Ela estava bastante consciente de que a perna dele estava muito próxima da sua. amena e rápida. atravessando um terraço com colunas. logo em seguida. Era difícil imaginar que a vida de centenas de funcionários dependia inteiramente desse homem. irei chamá-lo imediatamente. apressada. Logo depois. — Fico contente em ver que você gosta — respondeu ele. Era Adam quem a beijava. Será que existe algum jeito para eu sair daqui sem que eles me vejam? . Seus lábios jovens haviam perdido o batom que ela aplicara à tarde. — Eu estava louco quando pensei numa coisa dessas! — Pare de se torturar com isso. num gesto de quem nada podia fazer. — Por que você não diz alguma coisa? — murmurou ele. — Quem será? — sussurrou ela. . com a mão em seu rosto. Adam franziu a testa e olhou para ela. até se entreabrirem involuntariamente. — E não houve nenhuma paixão até agora? A intimidade da situação foi mais forte para ela que respondeu apenas com um gesto negativo de cabeça. — Por exemplo. — Eu! O conselheiro platônico de ontem à noite! — Franziu a testa. Adam? — perguntou com voz suave. explorando os lábios macios. — Está arrependido por ter me beijado. Seus olhos a examinavam atentamente. perturbando-a. — Meu filho. Adam.. com seus cabelos. — Adam! — exclamou. O beijo prolongou-se. Num gesto brusco. levantando-se com um movimento quase brusco. irritado consigo mesmo. Era possível ouvir as vozes que entravam pela porta da frente da casa. Com um gemido contrafeito. sentindo que suas faces ardiam depois de todos aqueles beijos. quebrando o silêncio que os envolvia. Irritado. — Até parece que você quer esquecer o que aconteceu. seu corpo todo tremia. — Passou as mãos pelos cabelos. De repente. e agora os beijos demonstravam a paixão de um homem por uma mulher. sem que ocorresse nenhum acidente. — E cheguei a pensar que seria capaz de trazê-la até aqui e levá-la de volta outra vez. — Sabe muito bem o que estou com vontade de fazer! — ele exclamou violentamente. Os olhos de Adam assumiram uma expressão mais suave no momento em que pousaram nela. Caroline permaneceu onde estava. afastando-a um pouco. deveria ir embora. Depois. Como poderia conversar com naturalidade a respeito de um assunto que lhe tocava tanto? Adam moveu-se lentamente. — Caroline. ouviram a porta de um carro bater. tocando-lhe levemente a nuca. Em seguida. — Por quê? — perguntou um pouco ríspido. até que sentiu sua perna junto à dela. Mas nenhum de nós seria capaz disso. — A culpa foi apenas minha. destruiu todas as tentativas dele de agir de maneira racional. Caroline não esboçou qualquer tipo de resistência. Sentiu que ele brincava. estavam lívidos. Caroline nunca imaginara que a boca de um homem fosse capaz de despertar tais sensações e sentiu-se um pouco perdida quando ele a soltou. inconscientemente provocante em sua inocência semidesperta. ele se inclinou para a frente e encostou sua boca na dela. e Caroline.— É muito excitante tudo isso — ele falou com um sorriso.. soltou Caroline. e depois sacudiu os ombros. e passou as mãos pelos cabelos. pois não confiava em palavras. Adam — disse ela calmamente. — Por que mais difícil? — murmurou ela. — Acho que é John — respondeu. ele se voltou para ela. Caroline tinha certeza de que ele estava ouvindo as batidas de seu coração. isto é uma loucura! — murmurou. — Caroline.. E parece que trouxe alguém com ele. Caroline suspirou profundamente e levou as mãos ao rosto. transformando-se em algo muito mais sério e sensual. CAPITULO III C aroline ficou boquiaberta ao ouvir o que Adam acabara de revelar. a respeito do sermão que eu lhe passei ontem à noite? Caroline suspirou. Adam encarou-a durante um momento e depois puxou-a para seus braços. não torne tudo ainda mais difícil! Ela se colocou provocante diante dele. forçpu-a a olhar para ele.. devagar. distraidamente. Ela o amava e queria que ele ficasse sabendo disso. ao colocar os braços em torno do pescoço de Adam. Adam mexeu numa das toras de madeira com a ponta do sapato e ficou olhando atentamente para as labaredas. relutantemente. Suas bocas voltaram a se encontrar. — Eu. Após uma rápida troca de palavras. John e Tonia perceberam a maneira especial com que Adam fizera as apresentações e trocaram um olhar intrigado.. dirigindo-se à loira. Os olhos dele a acariciaram. pois a porta se abriu. sr. querido — sussurrou. — Já ouvi muita coisa a seu respeito. Eram quase cinco horas da tarde. — Você está envergonhada por estar numa situação. dando passagem a um jovem alto. Caroline encarou-o com um olhar irritado. em seguida. Durante a pausa desagradável. talvez seja ate bom que eles tenham vindo — disse com suavidade. está tudo bem. Por miro. que adorou a sensação despertada pelo contato de seus lábios com os sedosos cabelos dela. Os olhos de John eram frios e agressivos. John levantou-se e saiu para lavar as mãos. Depois. voltando-se para Caroline. com um suspiro. Tonia Landon — ele falou. um tanto determinada. Jones serviu mais chá. e havia um tom acusador em sua voz. Estava bem claro que ele também desfrutava do afeto daquela figura maternal. se não estivermos atrapalhando. Jones entrou.. — Com aquela garota fazendo o possível para monopolizar a conversa? — replicou Adam secamente. — Aqui estamos nós. — Quase nos esquecemos de que tenho idade suficiente para ser seu pai também. — Não. e ela se irritara um pouco com a chegada do casal. Ela que fique com John! Você vai ficar para o jantar. Adam franziu a testa. com uma expressão de surpresa no rosto. Caroline sentiu-se desesperadamente só.. conforme já tínhamos combinado. colocando os braços em torno do pescoço de Adam. Imaginou o choque que deveria ter sido para ele descobri-la ali na companhia do pai. eu quero lhe apresentar meu filho John e uma amiga dele. eu fico — concordou. sorrindo. enquanto John sentava-se no sofá ao lado do pai. ela era uma simples datilógrafa. e todos se sentiram aliviados quando a sra. Adam não teve tempo para responder. a srta. se John e a namorada não tivessem chegado num momento tão inoportuno! Quem poderia dizer quando Adam voltaria a se comportar novamente daquela maneira? Sorrindo para John. e. John parou onde estava. aconchegando-se mais a ele. Adam. — Oh. Tonia. olhando para seu pai. e depois eu a levarei de volta para a cidade. Caroline instalou-se no braço de uma das poltronas. — Se você realmente quer que eu fique. o que fez com que Caroline se sentisse pior ainda. puxou-a deliberadamente para a frente. — Quer dizer. eu só pensei. . e ela deixou a poltrona onde estava para sentar-se no sofá ao lado dele. Como explicar que sua presença ali podia lhe causar problemas? Afinal. Caroline percebeu que os olhos do rapaz a examinavam de maneira insolente. quem iria pernoitar.. Gentilmente. está bem? Caroline sorriu. ignorando a observação. Finalmente. — Quanto tempo você vai ficar desta vez? — perguntou ele e. — Caroline não encontrava as palavras certas. — Por quê? — Você certamente vai querer ficar a sós com seu filho — respondeu ela. — John.. Steinbeck. mas você é o pai dele. a sra. Adam deixou Caroline e atravessou a sala para cumprimentar o filho. você está completamente enganado — defendeu-se ela. Fora pouco o tempo que passara junto de Adam. ela acrescentou: — Acho que eu deveria ir embora. moreno e esguio e a uma loira exuberante. meu bem. recordou rapidamente os acontecimentos daquela tarde. — Pare de falar assim — pediu. estranhando a presença de Caroline. — Nesse caso. inclinando a cabeça. que continuava segurando o braço de Adam. — A idade não tem a menor importância entre nós. agarrando-se no braço dele. papai! — exclamou o jovem. — Nós vamos ficar até amanhã à noite — disse John. — Estou pensando em você.— Bem. ela se afastou para mostrar o quarto de hóspedes para Tonia. falou: — E você é. muito obrigado. praticamente sozinhos naquela casa enorme. — Carol. Ah. Adam ficou aliviado e. Adam levantou os ombros levemente. querendo saber o que estava acontecendo. — Oh. a seu ver. meio sem jeito. Enquanto Adam e John conversavam. Caroline Sinclair.. Estou fascinada pela oportunidade de conhecê-lo pessoalmente. Imaginou que ele deveria estar curioso e até mesmo um pouco aborrecido com a modificação em seus próprios planos. apressada. beijou-a levemente. "comprometedora" — disse ele. Caroline fez uma careta e balançou a cabeça negativamente. com um sorriso de boas-vindas. e Caroline pôde ficar a sós outra vez com Adam. sorridente.? — Tonia Landon — respondeu a garota. esta é a srta. apesar de os dedos dele a segurarem pelos pulsos. obviamente. — Debutei no ano passado e. Tonia se espantara. e os lábios dela separaram-se automaticamente. Caroline estava certa de que Tonia vira o abraço que trocaram. — Céus. da mesma forma que a própria Caroline. sentia-se atraída por Adam e parecia estar perfeitamente disposta a trocar John pelo pai. Caroline pouco falou. após servir-se de uma bebida também. num tom seco. — Por isso. deixando Caroline ao pé da lareira. numa das vezes em que ele conseguiu fugir um pouco dos estudos. perguntou: — O que posso lhe oferecer para beber. e eu sou a única pessoa cuja opinião deve significar alguma coisa para você. com entusiasmo. Nesse instante. ao contrário de Tonia. — Você sabe que para mim você é mesmo o único — murmurou. viemos para cá esta tarde — respondeu Adam. Caroline pôs a mão em torno do pescoço de Adam e ficou acariciando-o na base da nuca.. Adam. que sabia perfeitamente como se comportar num lugar como esse. Nós nos encontramos numa festa. Após entregar um copo com vodca a Tonia.. e o simples fato de pensar que essa mulher ficaria o domingo inteiro com Adam e John a deixava enfurecida. — Você está na universidade também? — indagou. desde que este mostrasse interesse em assumir a posição de seu filho. A refeição servida foi deliciosa. E você? Tonia riu à vontade. — Caroline. era um desafio para qualquer mulher. John apareceu. de cuja forte personalidade emanava uma intensa masculinidade. relaxado. lançando um olhar para Adam que deixava bem clara sua admiração por ele. Sentado no sofá. — O senhor passou o dia todo aqui? — perguntou Tonia. e Tonia riu. uísque para si mesmo e voltou ao sofá. pois tinha uma expressão de surpresa estampada no rosto. — Conheço seu filho há alguns meses. Caroline tinha certeza de que Adam só não fora vestir algo mais apropriado para o jantar por causa dela. Adam preparou xerez para Caroline. acrescido de sua atraente aparência física. Estava bem claro que John não estava gostando da presença dela e que Tonia a considerava uma pessoa enfadonha e mal vestida. sem muito interesse. fazendo o possível para manter a atenção dele. ao mesmo tempo em que tragava o cigarro. não era aquele o seu inundo. Adam parecia um tigre. Obviamente. De repente. — Acredito que esse tipo de oportunidade seja bastante frequente — disse Adam. Conversaram sobre os estudos de John na universidade e o tempo. não tenho visto muito John desde as últimas férias de verão. — Oh. é tão delicioso estar aqui com você! Eu gostaria que eles não tivessem vindo para cá. não é mesmo? Só Deus sabe o que a srta. — Ele me contou que o senhor esteve recentemente fora do país — continuou ela. — O senhor tem vodca? — perguntou. Landon irá usar! Adam também sorriu. — Não.— Mas não estou muito bem vestida para um jantar. que dava vista para boa parte do jardim e para o chafariz iluminado. — Sou estenodatilógrafa. pelo fato de um homem como Adam se interessar por uma garota simples como Caroline. e Tonia entrou. voltou-se para Caroline. O jantar foi servido numa sala envidraçada. Caroline ficou olhando as labaredas. Caroline estava deslocada. meu amor.. — E você faz o quê. enquanto sua boca a excitava cada vez mais. sorrindo para ele. não! Eu moro em Radbury — explicou Tonia. sorrindo. Ela já estava sentindo as agulhadas do ciúme. enrubescendo e fazendo questão de não revelar em que escritório trabalhava. sem qualquer aviso. Caroline desvencilhou-se imediatamente dos braços de Adam. Caroiine riu novamente. Caroline? — Trabalho num escritório — respondeu ela. você continuará sendo muito bonita para mim. Tonia? Ela também se levantou e foi até onde ele estava. como eu a desejo — sussurrou. Tonia sabia perfeitamente o que Caroline via em Adam. mas ao mesmo tempo pronto para saltar. — Carol. dirigindo-se a Tonia. Notou que Tonia. — Imagino que sim — Tonia falou. atualmente. a porta se abriu. impedindo que se afastasse demais. Isso. incorporando-se ao grupo. Suas bocas se encontraram. Depois. . — Oh. estou apenas me divertindo um pouco. — Realmente. cruzando a sala em direção ao bar.. Estive nos Estados Unidos — concordou Adam. eu não trabalho! — exclamou com uma ponta de malícia e maldade. Adam soltou delicadamente os pulsos de Caroline e. Pensa que eu me preocupo com o que eles possam estar pensando? Céus. A única coisa que ela queria era estar bem longe dali. resignada. ao passo que Adam e Tonia se instalaram no sofá. eu não me importaria nem um pouco se estivéssemos só nos dois aqui. percebendo que sua depressão sumira quase completamente. pensou que estava fazendo algo indevido. compras de imóveis. organizara pilhas diferentes para avisos bancários. Adam colocou o braço em torno dos ombros de Caroline. mas agora. Caroline percebera que Tonia manobrara a situação dessa maneira. retirando-se rapidamente. — Ótimo. então. preocupada. Além disso. John está um pouco ressentido. Vocês nos desculpam? Devo estar de volta dentro de algumas horas. você tem tanto direito de ficar aqui quanto qualquer outra pessoa. srta. Chegaram à porta que os levaria à sala de trabalho e entraram. — Carol. John está com uma garota diferente toda vez que eu o vejo. inflexível e bem-sucedido. em que ele se transformava no Edifício Steinbeck. Adam. pouco tempo depois. papai. finalmente. Durante o trajeto. e ele percebeu quão preocupada ela estava. . Estava completamente imersa num outro mundo quando Adam retornou. Trabalhando automaticamente. — Sua voz sumiu.. — Não se preocupe. Percebeu que estava separando os documentos e. Cuidado com as estradas. — Como preferir. Não se importava com sua atitude derrotista. — Até mais tarde. Landon — cumprimentou Caroline da maneira mais suave possível e saiu da sala antes de Adam. John. Com um suspiro. srta. — Oh. os dois saíram do carro e caminharam em direção à entrada que dava para o escritório. Boa noite. combinado? — Oh. — Boa noite. Você se importa? Adam sorriu. empréstimos. Adam! — ela exclamou. Espero não ter feito algo que não devia. Jones a par de nossos planos — disse ele. Sentia-se atraída pela leitura de contratos de compra de imóveis e demolições. Ele fechou a porta com um ruído seco. Comparado com o luxo opulento existente no resto da casa. Boa noite.. pois ela poderia ficar preocupada.. e eu quero que você fique. Mas o que eu posso dizer a eles? Não passam de duas crianças mimadas demais. bem como pelas diversas atividades desenvolvidas pelas firmas englobadas no edifício onde ela trabalhava. e ela levantou a cabeça. mas Tonia não significa nada para nós. Imediatamente. ela esqueceu onde estava. Caroline e John ocuparam as poltronas. Carol. Era difícil associar o homem que ela conhecia ao homem de negócios. tirando a camada de gelo que se formara sobre o pára-brisa. acredito que seja mais uma loucura viajar hoje — respondeu ela. Sinclair. inclinou-se para a frente e começou a mexer nos papéis espalhados de maneira confusa diante dela. — Então você fica? — Sim — respondeu. e eles voltaram à sala de estar para tomar café. Depois do jantar.Ficou contente quando tudo terminou. E. elas estão cobertas de gelo. surpresa. e encostou o rosto no peito quente e confortante. As luzes do chafariz tinham sido apagadas. cartas de instituições de caridade e. — É verdade. Acredite. papai. você se importaria muito se eu lhe pedisse para passar a noite aqui? Seria loucura tentar chegar a Londres com um tempo desses. esta casa é minha. Caroline tirou o casaco de lã e entrou na sala.. vamos para meu escritório e deixamos a sala de estar para eles. opções de compras. era ir para sua casa. Caroline colocou o casaco em uma das poltronas de couro que Adam usava quando trabalhava ali. a correspondência particular. licores e fumar. o gabinete de trabalho era bastante austero. Por volta de nove e meia da noite. e nada podia ser visto além dele. — Ele sorriu e beijou a ponta do nariz dela. ficou vermelha e explicou: — Estive organizando sua correspondência. mas já não estava mais se importando. Caroline se lembrou de avisar Mandy. Lá fora o ar estava muito frio. — Tire seu casaco. como você prefere ficar longe deles. — Droga! — murmurou Adam. ignore os dois. — Que noite! Ele se sentou no carro ao lado dela e respirou fundo. Havia também numerosas cartas pedindo coisas. fascinada com a ocupação. Detestava toda aquela hostilidade velada. Momentos depois. enquanto vou pôr a sra. — A voz de John ficou bem mais fria em sua última frase. Caroline suspirou. amanhã é domingo. Até mais tarde. feliz. meu bem. uma densa neblina se formara rapidamente. Adam falou: — Acho que é hora de Caroline e eu irmos para a cidade. sei disso. — Minha querida — murmurou ele suavemente —. — Já imaginou o que é viver num apartamento minúsculo. Freemam. sentindo cócegas. Conte-me mais. — Debruçando-se sobre a mesa. observou. Comprei um terreno. Ela tem muita experiência? Caroline riu. voltou sua atenção à ligação telefônica. — Sua amiga pode ter toda razão a meu respeito. — Não me provoque — Caroline aconselhou. — Você discutiu minha suposta personalidade com sua companheira de quarto. O sr. — Além disso. pegou o aparelho cinzento. endireitou o corpo. — Aqui estou eu. Os dedos dele acariciavam os ombros de Caroline. atravessando a sala e debruçando-se sobre a cadeira.— Acho que você pode. Se você pegar esse pequeno negócio e imaginá-lo como uma pedrinha descendo por uma encosta cheia de neve. — Sabe. eu poderia transferir uma boa parte do trabalho para meus sócios. não acredito que eu fosse capaz de trabalhar enquanto você estivesse por perto. mas eu gosto de trabalhar. aproximadamente. afastando a cabeça. formando uma avalanche. Acho que ela gostava de ter uma vida mais simples. vinte anos de idade. — Nada de opiniões a respeito de homens — ele murmurou. — Não sei muitas coisas a seu respeito. encostando a boca no pescoço de Caroline. vem para cá de vez em quando para organizar meus documentos. após algumas palavras. — Por quê? — Adam. Ao perceber as diversas pilhas que ela fizera. Agora você vai ligar para sua companheira de apartamento. — Obviamente. — É fantástico! Eu já li sobre casos parecidos. não é? — ele perguntou calmamente. comecei a vida com um punhado de libras esterlinas quando tinha. pessoas com quem poderiam contar em caso de necessidade. — Sim — assentiu Caroline. sentada justamente na cadeira que pertence ao dono da Steinbeck Corporation! — exclamou ela. e nós compramos firmas menores. e é por isso que passo uma parte de meu tempo lá — Adam prosseguiu. não é? — Nossa! Eu já havia me esquecido. não tenho tido muitas outras coisas para fazer. — Você não está falando sério! — exclamou Caroline. — Como preferir. — Nos últimos anos. já pensou como nossas vidas são diferentes? — perguntou ela. do escritório. Com um leve sorriso nos lábios. Gostaria de trabalhar como minha secretária pessoal? A srta. depois de desligar o telefone também. sempre que quiser. Gostava de saber que havia um casal de mais idade vivendo nas imediações. mas não tinha a menor idéia de que fora assim que você se tornou quem é. desde que Lídia morreu. e sempre mostraram ser bons vizinhos para ambas. aprovando: — Muito profissional o que fez. — Sim. tentando sorrir para Adam. E isto é tudo. Suponho que você já esteja sabendo que ela morreu de leucemia. apoiando o queixo sobre uma das mãos. tudo o que está relacionado a você me interessa — falou com sinceridade. compreenderá a Steinbeck Corporation como ela é naturalmente. para ser bem honesto. — Alô. — Só isso! — exclamou ela. — Foi ela quem procurou alertá-la contra minhas intenções? Caroline sentiu que suas faces estavam ficando coradas. Mas no futuro pretendo formar minhas próprias opiniões a respeito das pessoas — disse ela. — Sorriu. e ela sentiu o calor deles através da lã espessa do pulôver. meu bem. Em seguida. olhar minha correspondência — respondeu ele naturalmente. fiz isso. . — Bem. Benson se prontificou a dar o recado para Amanda e. tendo apenas o dinheiro necessário para sobreviver? — Já passei por isso — ele respondeu surpreendentemente. Negócios desse tipo eram consideravelmente mais fáceis naqueles tempos. Os preços não eram idênticos aos de hoje. Ela faleceu há oito anos. Adam parecia estar se divertindo enquanto brincava com uma mecha dos cabelos dela em torno dos dedos. não acredito que Lídia tivesse muito interesse em continuar vivendo depois que John nasceu. também compramos alguns imóveis nos Estados Unidos. desligou. Além disso. — Agora já sabe tudo a meu respeito — concluiu ele. Adam suspirou profundamente. — E por que não? — Pelo tom voz. e os negócios prosperaram continuamente. Benson. que foram reunidas para formar a empresa que existe hoje. — Lembre-me depois de lhe contar uma história sobre um tal Ron Cartwrighi — respondeu. E claro que tive sócios. E era o que Caroline fazia agora. — Ou acha que nasci rico? Caroline fez uma expressão de espanto. que consegui por um preço barato e que vendi com um lucro enorme. — Lídia? Era sua esposa? — Exato. Os Benson viviam no apartamento debaixo do de Caroline e Amanda. — Está realmente interessada em saber. Carol? — Adam. sr. — Você a amava muito? — perguntou Caroline, sabendo que essa pergunta era uma tortura para si mesma. — Amor? — Adam fez um movimento ambíguo com os ombros. — Eu me casei com Lídia quando tinha apenas vinte anos de idade. Nem sequer sabia o que era amor naquele tempo. Ela era cinco anos mais velha do que eu e muito astuta. Lídia, certo dia, me disse que estava grávida. Nós nos casamos logo em seguida. John nasceu doze meses mais tarde. — Oh! — Carolina abaixou a cabeça. Tinha certeza de que Adam nunca contara isso para qualquer outra pessoa, e ela sentiu ímpetos de correr para ele e lhe mostrar a imensidão de seus sentimentos. Entretanto, ficou sentada onde estava. — Desde então — ele continuou lentamente —, conheci muitas mulheres. Mas nada teve a ver com amor. — Compreendo. — As mulheres de meu ambiente parecem ver sempre o milionário, e não o homem — disse secamente. — Não acho que isso seja completamente verdade — Caroline falou rapidamente. — Você não está dando o devido valor a seus atrativos físicos nem a sua personalidade. Não é seu dinheiro que me interessa, Adam. Ele a encarou com uma expressão levemente cética. — Nem um pouco? — perguntou suavemente. — Acho muito difícil acreditar nisso. — Quando entrei no elevador naquele dia, no dia em que nos vimos pela primeira vez, não tinha a mínima idéia de quem você era. No entanto, você me atraiu da mesma maneira e com a mesma intensidade que me atrai agora. — Entendo. — O dinheiro não a atrai nem um pouco, então? — Não seja tolo. E lógico que o dinheiro também me atrai — ela respondeu. — Eu seria uma boba se dissesse que não. Afinal, ninguém gosta de ser pobre a vida toda. O que estou querendo dizer é que o dinheiro, por si só, não me atrai nem um pouquinho. Quando leio nos jornais a respeito de garotas, adolescentes ainda, se casando com homens de setenta ou mais anos de idade, fico... sei lá como. E se você imagina que penso dessa maneira a seu respeito, deve estar completamente louco. — Um arrepio sacudiu todo seu corpo. — Eu nunca permitiria que um homem desses colocasse um dedo em mim. Seria pior do que... — Sua voz falhou. — Eu acredito que você pensa estar falando sério,— Adam murmurou, num tom de voz meio divertido. — Mas, realmente, estou falando sério — ela afirmou, irritada. — Talvez eu esteja enganado — Adam admitiu, examinando-a durante algum tempo. Depois, com um movimento de ombros, disse: — Caroline, terei de viajar na próxima segunda-feira, depois de amanhã. Aconteceu um imprevisto. — Quanto tempo vai ficar fora? — perguntou, esforçando-se para parecer calma, pois não gostara da informação. — Bem, não tenho muita certeza, mas acredito que serão uns cinco dias. Na segunda-feira pela manhã, pegarei um avião para Nova York e quero poder ir para Boston na quarta. Minha mãe mora lá. — Sua mãe! — Caroline ficou surpresa. — Sim. Você também não imaginava que eu tivesse mãe? — perguntou, sorrindo. — Não é nada disso. Apenas pensei que ela não vivesse mais. — Meu pai morreu quando eu ainda era muito pequeno — explicou ele. — Minha mãe é descendente de irlandeses e, como todos seus parentes estão morando nos Estados Unidos atualmen-te, ela preferiu viver lá, em vez de ficar aqui, onde as oportunidades de me ver não são muito frequentes. — Compreendo. — Caroline suspirou. Ela ficara sabendo muitas coisas sobre Adam nesse dia, mas havia tantas outras que ela ainda queria saber! — Então, vai sentir um pouco a minha falta? — ele indagou em tom de brincadeira. — É lógico! — exclamou, no mesmo tom de brincadeira. — Quem vai me ajudar se eu chegar atrasada no trabalho? Adam sorriu. — Quer que eu deixe instruções dizendo que tem permissão para chegar ao trabalho na hora que quiser? Caroline corou. — Oh, não! Eu estava apenas brincando — ela disse. — Que inveja tenho de você! Adoraria poder dizer "vou para os Estados Unidos", como se fosse a coisa mais natural do mundo. Ele a encarou com os olhos semicerrados. — Vamos juntos, então — convidou-a. O espanto era evidente no rosto de Caroline. Depois, franzindo a testa, ela pediu: — Por favor, não faça brincadeiras desse tipo comigo, Adam. — E quem disse que estou brincando? — replicou. — Se quiser viajar comigo, eu arranjo tudo que for necessário. — Se eu quiser?! Caroline adoraria viajar com ele, mas sabia que não seria possível. A situação não era tão simples assim, apesar de estar intimamente preparada para ser tão ousada. Afinal de contas, era necessário pensar em tia Bárbara, em Amanda... — Não — respondeu por fim. — Você sabia que eu não iria aceitar, não é? — Acho que sim — Adam concordou, com um suspiro. Nesse instante, alguém bateu na porta, e a sra. Jones entrou na sala. — Acabei de servir a ceia para John — ela informou. — Quando ele me perguntou se o senhor já havia voltado, eu tive de lhe contar a verdade. E ele me pediu que viesse lhe perguntar por que não vai se reunir a eles na sala de estar. — Tudo bem, sra. Jones — respondeu Adam, sem se preocupar, — Por favor, diga a John que nós estamos bem aqui e que os veremos durante o café da manhã. — Sim, senhor, — A senhora preparou o quarto rosa da maneira que lhe pedi, sra. Jones? — Sim. Está tudo preparado como o senhor pediu. — Ótimo. Gostaria que mostrasse o quarto à srta. Sinclair. — Virando-se para Caroline continuou: — Acompanhe a sra. Jones, querida. E durma bem — murmurou suavemente. — Boa noite, Adam — disse Caroline e, obediente, acompanhou a sra. Jones ao quarto que lhe havia sido designado. O aposento, com banheiro privativo, ficava na parte superior da casa, e Caroline ficou impressionada com o luxo da decoração. Após tomar um banho, ela apagou as luzes principais, deixando acesa apenas a de um abajur ao lado da cama. O quarto mergulhou numa penumbra dourada. Olhou seu relógio e viu que já era quase meia-noite, hora de dormir, pensou. De repente, ouviu uma batida na porta. Ela a abriu, e Adam entrou. Fechou-a e encostou-se nela, sorrindo. Caroline sentou-se na cama, surpresa pela visita inesperada. Ele ainda estava vestido e andou em direção à cama. — Não fique assustada — ele sussurrou. — Eu só vim para ver se tudo está em ordem e para lhe desejar uma boa noite. Caroline suspirou. — Achei que você queria que eu não o atrapalhasse lá embaixo. — Foi essa a impressão que eu lhe dei? Sinto muito, meu bem. Eu simplesmente não queria dar motivos para a sra. Jones fazer fofocas. Afinal de contas, você é muito jovem... e muito bonita também... — Ele mordeu o lábio inferior enquanto olhava para ela. — Fico contente em saber que você me acha bonita — ela disse suavemente. — Este quarto é maravilhoso. Ele nada comentou e continuou olhando-a fixamente. Após alguns instantes, Caroline indagou, com voz rouca: — Suponho que este pijama seja seu, não? — Sim — murmurou ele, enquanto seus olhos continuavam acariciando o corpo esguio de Caroline. Subitamente, Adam sentou-se ao lado dela, puxando-a contra si, sua boca procurando sofregamente a de Caroline. Havia uma enorme ternura nesse beijo, uma ternura que a conquistou com-pletamente, e, quando ela o retribuiu, ele se tornou mais agressivo, seus lábios e língua cada vez mais exigentes. — Adam... — ela murmurou, ofegante. — Por Deus, Carol — disse ele, desvencilhando-se dela e le- vantando-se novamente —, você não sabe o que faz comigo! — Mas sei o que você faz comigo — respondeu ela, apoiando-se sobre o cotovelo, com a gola do pijama entreaberta, revelando a curva dos seios firmes. Adam fitou Caroline e, após um breve momento, falou num tom de voz forçado: — Durma bem... — Em seguida, ele se retirou, fechando a porta. Caroline virou-se de bruços na cama e começou a chorar. CAPITULO IV N a manhã seguinte, Caroline acordou quando a sra. Jones entrou no quarto, dizendo-lhe: — O desjejum está servido na sala de jantar. — Muito obrigada, sra. Jones — agradeceu Caroline. Mais tarde, já vestida, desceu à sala de jantar, sem qualquer dificuldade para encontrar o caminho. A casa estava em completo silêncio. Já eram mais de oito e meia da manhã, porém, sendo domingo, era cedo demais, até mesmo para ela. Quando entrou na grande e bem iluminada sala de jantar, encontrou uma única pessoa, John Steinbeck. Estava sentado à mesa, com um prato contendo ovos e bacon a sua frente, lendo jornal. Levantou os olhos quando ela entrou e a encarou com certa frieza. — Bom dia — cumprimentou Caroline, sentindo-se nervosa e sentando-se do outro lado da mesa. John resmungou uma resposta e, num gesto rude, voltou a se concentrar na leitura do jornal, mas lembrando-se de que, naquele instante, seu papel deveria ser o de anfitrião, colocou o jornal de lado e lhe ofereceu algumas torradas. — Não, obrigada — respondeu Caroline, meneando a cabeça. — Seu pai ainda está deitado? — perguntou. — Então você não sabe? — falou, deixando bem clara a implicação existente em suas palavras. — Se soubesse não perguntaria — disse da maneira mais fria possível. — Agora, talvez você possa responder a minha pergunta. John ficou embaraçado com sua própria falta de educação. — Ele está com Jones, olhando a propriedade. Eles saíram há mais de uma hora. Eu devia ter imaginado que ele dificilmente teria se levantado às sete da manhã se... — Não terminou a frase, mas Caroline compreendeu muito bem o que ele queria dizer. — Você é muito jovem ainda — ela falou com naturalidade, e tomou um gole de café. John ficou irritado, — Eu não me surpreenderia se ficasse sabendo que sou mais velho do que você — respondeu, deixaildo sua irritação transparecer na voz. Caroline se recusou a enveredar pelo caminho que ele propunha. Em vez de cair na armadilha, desconversou: — A neblina parece ter se dispersado hoje, não é mesmo? John ergueu um pouco os ombros, mostrando que isso não lhe interessava Empurrou o prato, deixando claro que terminara a refeição. — Quer mais um pouco de café?—indagou Caroline, levantando-se e dirigindo-se ao aparador com sua própria xícara na mão. Ele estava quase recusando, mas acabou dizendo, meio desajeitado: — Sim, por favor. Caroline serviu o café e após lhe entregar a xícara voltou a se sentar no mesmo lugar. John tamhém parecia estar mais à vontade, e Caroline imaginou que, se as circunstâncias fossem outras, ela provavelmente teria gostado dele. Era jovem, atraente, inteligente. Tinha certeza de que ele também poderia ter gostado dela. Apesar de seus olhos expressarem antagonismo, revelavam também que John a achava atraente. E ela se divertia com sua demonstração clara de ciúme. — Há quanto tempo você conhece meu pai? — Há poucos dias — respondeu Caroline, prestando atenção na maneira como ele reagiria ao fato. — Só isso! — exclamou. Em seguida, indiferente, prosseguiu: — Mas parece que vocês conseguiram se tornar bastante íntimos durante esse tempo. Caroline enrubesceu novamente, mas esforçou-se para responder com a maior calma do mundo: — Isso acontece às vezes. — Acredito — disse John, com ironia. — E suponho que o dinheiro dele não a incomode, não é? — Realmente, o dinheiro dele não me incomoda! — exclamou Caroline. — Para ser sincera, porém, me parece que todos nessa família dão importância demais ao dinheiro. Você pode acreditar ou não no que vou lhe dizer, mas não foi o dinheiro de seu pai que fez com que eu me sentisse atraída por ele. Adam é um homem fascinante, ou será que você nunca percebeu isso? Sua namorada já notou! John ficou furioso e Caroline, satisfeita. Ele se considerava tão inteligente e, agora, ela conseguira abalar seus alicerces! Caroline levantou-se da mesa e foi até uma ampla janela de onde se podia ver a entrada da casa. Isso deu a John o tempo necessário para se controlar. Não lhe era muito agradável ser ridicularizado por uma garota da qual estava começando a gostar, independentemente dos laços que a uniam a seu pai. Estava acostumado a ser assediado por todas as mulheres que encontrava, e o fato de Caroline preferir seu pai lhe causava espanto. Caroline desviou os olhos para o teto ao ouvir a conversa inconsequente de Tonia, que entrara na sala, interrompendo o assunto entre eles. Era perfeitamente compreensível que Adam se aborrecesse com as mulheres de seu meio social se todas falassem assim. São enfeites muito decorativos, pensou Caroline, suspirando. recebeu apenas respostas monossilábicas e nào demorou muito tempo para desistir. Ruth. sorrindo também. Mas isso não é possível. Ela ia automaticamente ao trabalho. — Eu só fiquei em Slay-ford por causa da neblina. Amanda. . eu também poderia telefonar de Nova York. em meados de dezembro. está bem? — E sorriu. — Se quiser — disse suavemente —. Caroline abaixou a cabeça. física e mentalmente. Sentia-se levemente embriagada. beleza! Caroline sorriu com a falta de imaginação daquelas palavras. Mandy — respondeu Caroline. provavelmente. colocando o braço sobre o espaldar do banco —. Ele já conhecera muitas mulheres e não iria se envolver seriamente com uma adolescente. Não tinha a intenção de ser rude com a amiga. Adam tomou seu café da manhã na companhia de Caroline. Em seguida. chegou a hora de nos separarmos. mordendo os lábios. — falou tristemente. Era quase meio-dia. ambos partiram para Londres. Após entregá-las e se certificar de que a srta. Isso para não mencionar a governanta e o marido. — O filho dele e a namorada chegaram lá ontem no final da tarde. — Isso não é possível. Será que ele poderia algum dia vir a sentir a mesma coisa em relação a ela? Caroline duvidava disso. — Pensei que não voltaria mais! — Ora. Quando abriu a porta do apartamento. — Prometo telefonar para você lá no escritório. não é? — É verdade. A semana que tinha pela frente lhe parecia ser excessivamente longa e monótona. logicamente. Amanda levantou os ombros com um ar magoado.. — Não se preocupe com isso. para passar o fim de semana. acha que quero deixá-la aqui? Se eu pudesse fazer as coisas a minha maneira. Quando ele estacionou o carro ao lado do prédio onde ela morava. e. — Assim que o avião chegar lá. mas naquele momento não estava interessada em fofocas. Adam deu a partida no carro e se afastou sem olhar para trás. querido. A semana seguinte pareceu ser a mais longa de toda a vida de Caroline. Ela nunca se sentira tão triste antes. não há necessidade de falar desse jeito. eu sei. sentindo uma vontade enorme de chorar. Mas. — Basta que me telefone assim que estiver de volta. sentindo-se bastante deprimida. Honestamente. — Graças a Deus! — exclamou Amanda. Esta se virou assim que ouviu o ruído da porta. senão eu não a deixarei sair daqui. Estava uma noite pavorosa. Caroline nunca sentira nada parecido durante toda sua vida e. fazendo-a sentir-se abalada pela confusão íntima que causara. você não está apenas brincando comigo. um pouco irritado. Até então. — Existe alguma necessidade de perguntar isso? — murmurou. — Agora vá. me lembrei de quem a acompanhava e fiquei imaginando se ele não iria se aproveitar da oportunidade caída dos céus. Estou perfeitamente bem e continuo intacta. erguendo os olhos à procura dos dele —. está? A expressão de Adam mudou. sentia-se totalmente dependente e sabia que Amanda ficaria chocada se soubesse disso algum dia. eu a levaria comigo. Mas Adam atingiu as profundezas de sua alma. Não aconteceu nada. encontrou Amanda preparando o almoço. Não diga mais nada. em seguida. Morgan não estava por perto. Esse diálogo fora muito mais intoxicante do que qualquer bebida alcoólica. — Repita essa última palavra — Adam pediu. Encostou-se na mesa dela e disse: — Olá. com um jeito de quem não quer nada. Na tarde de quinta-feira. Quando você pretende voltar? — Acredito que estarei de volta na sexta-feira — respondeu ele. meu bem. vivendo unicamente em função do próximo fim de semana e da volta de Adam. Caroline tinha certeza de que Ruth achava que ela estava deprimida e tentou se mostrar alegre como sempre. Carol. um pouco irritada. Quanto a seu relacionamento com Adam.. mas não foi muito bem-sucedida. mas por pouco tempo. ele beijou suavemente a testa de Caroline. Caroline concordou com um gesto de cabeça. — Bem — disse Adam.Momentos mais tarde. — Eu sei. mas você não tem telefone no apartamento. — Gosto de ouvi-la dizendo isso. Havia uma expressão de alívio em seu rosto. os rapazes dificilmente conseguiam perturbar suas emoções. — Oh. Caroline desceu do automóvel em silêncio. — De lá do aeroporto! — exclamou ela. nunca iria sentir o mesmo ao lado de qualquer outro homem. Caroline entrou lentamente no prédio. Caroline franziu a testa. — Por Deus. que lhe fez uma série de perguntas a respeito de Adam. aproximou-se da mesa de Caroline. Mark Davidson entrou na central de datilografía com uma pilha de cartas para uma outra garota. — Não estávamos sozinhos — explicou Caroline. Adam — sussurrou. Era uma boa idéia sair com aquele sujeito convencido pava calar a boca dos fofoqueiros. no dia seguinte à noite. Mark! — exclamou Caroline. — Olhe. Que motivos tinha para acreditar que Adam pudesse se importar com isso? Sua posição era muito insegura nesse momento. — Foi apenas um almoço — disse Caroline. — Oh. mas isso que estou fazendo é necessário — respondeu Mark. Não me importo de ir sozinha. Sentindo-se entre a cruz e a espada. mas Caroline protestou. De repente. Ela não gostava de ver o nome de Adam sendo usado dessa maneira. porém. — Talvez não — disse Mark. Afinal. ajudando-a a entrar. continua sendo um assunto bastante interessante. ela já se arrependera da decisão tomada. Caroline concordou. Uma coisa era as pessoas comentarem fatos acontecidos. não acha? Nossa. mesmo assim. . Mas Mark Davidson gostava de falar muito.. mas e se Adam soubesse que ela saíra com um rapaz? Caroline suspirou. arqueando as sobrancelhas. — Muito bem. não acha? Nem mesmo você pode imaginar que isso vá resultar em alguma coisa muito séria. — O que você acha? Caroline hesitou em responder. capitulou. aliviada porque ninguém sabia a respeito do fim de semana. — Posso muito bem ir de ônibus para casa. Aproveitando a oportunidade. Caroline não deu muita importância. Entretanto. — Mas você sabe o que acontece quando se joga uma pedra numa lagoa de águas paradas. Afinal. — Afinal de contas. pois poderia se mostrar bem mais ousado. e você sabe que ela não gosta quando fica por aqui mais do que o tempo necessário para seu trabalho. — Mas. — Mark sorriu abertamente. caso se recusasse. Caroline não estava muito disposta a conversar. ainda foram jantar num pequeno restaurante chinês. — Qual é o dia que você sugere? — Que tal hoje à noite? — respondeu Mark rapidamente. Ao saírem do restaurante. Mark fez menção de chamar um táxi. Nunca pensara que sua investida fosse encontrar tão pouca resistência. Foram ao cinema assistir a um filme bíblico. sentindo-se irritada com as palavras dele. encontrou-se com Mark no saguão. — Além disso. a megera está numa reunião com o sr. ela não se sentiu tão despreocupada assim. Ele se sentia feliz. parecia satisfeito com as respostas curtas que ela lhe dava. Os círculos vão se tornando cada vez maiores. As cinco horas da tarde.. então — disse. Morgan pode voltar a qualquer instante. odiando-o por sua pretensão e sua falta de imaginação. — Ele percebeu que Caroline estava ficando visivelmente preocupada. A história estava aos poucos circulando pelo prédio todo. — Isso foi na semana passada — falou friamente. posso compreender por que nem mesmo eu entro em suas cogitações. certo? Quero dizer que qualquer que seja o relacionamento entre vocês dois. — Não é preciso fazer isso! — exclamou ela. você poderia colocar um ponto final em todos esses boatos. — Como? — perguntou. Apesar de ele ter tentado apenas segurar sua mão no cinema. meu bem. outra era especular sobre coisas que poderiam vir a acontecer. compreendeu aonde ele queria chegar. — Não faz mal — respondeu Mark. e Caroline torceu para que ele imaginasse que estava gostando do programa. o que me diz dessa história maluca que ouvi? Dizem que você e o chefão foram almoçar juntos. — Não acho isso ridículo — replicou Mark. E assim que um táxi passou. interessada.. — A srta.— O que você quer? — perguntou. sem desconfiar das intenções dele. continuou: — Obviamente. com determinação. — Por enquanto foi apenas isso — concordou Mark. ela provavelmente estaria se encontrando com Adam. todos sempre irão pensar apenas na pior alternativa. espalhando fofocas desagradáveis sobre ela e Adam. e ela podia imaginar muito bem tudo o que diria. ela simplesmente não queria ofendê-lo. menina! Agora. — Como notícia não deve ser a última. Mark poderia se vingar. Caroline estava com medo de ir para casa com ele. — Suponho que esteja insinuando para eu sair com você — ela falou. vai demorar um pouco. você não é da mesma classe social que ele. você joga alto. conforme havia sido combinado. — Saindo com outra pessoa. e Mark não parava de falar. Depois que Mark foi embora. parou-o. para fofocar sobre um homem influente. Willis.. acho uma ótima idéia. suspirando. Não que ela não soubesse como impedi-lo. Antes de levá-la para casa. forçando a voz a assumir um tom de leveza e despreocupação. Agora. uma garota que já está saindo normalmente com um rapaz não se preocupa com um homem velho o suficiente para ser seu pai. portanto. muito à vontade. — Não seja ridículo. e não houve jeito de se livrar do compromisso. com um sorriso divertido e matreiro iluminando seu rosto. e a maneira pela qual Mark se expressava fez com que ela compreendesse como as outras pessoas consideravam divertida uma oportunidade como essa. Isso nunca acontecera antes. pois vai ficar muito tarde para você se me acompanhar. não conseguiu muita coisa comigo. O taxi estacionou na Gloucester Court.Ela se sentou o mais distante possível de Mark. e Mark a abandonou. muito nervosa. . Caroline suspirou profundamente. tem fama de fazer isso. pois esperava um telefonema de Adam. obviamente.. imaginando que Caroline certamente teria um compromisso com Adam Steinbeck. não a incomodou durante todo o percurso. Todas as vezes que o aparelho tocava no escritório. arqueando as sobrancelhas. ainda furiosa. respondendo ao que lhe dissera seu assistente pessoal. — E eu prometo que você não terá essa oportunidade — ela falou. O dia seguinte foi repleto de expectativas para ela. — Solte-me! — ela gritou. Amanda deixara um bilhete dizendo que fora convidada para uma festa e que havia aceito. Ora. olhou para Adam. E pensar que ela havia saído com esse homem para não chamar a atenção de todos para Adam! — Vou voltar ao escritório — Caroline informou. penalizado. — Bem — disse ele. — Espere um momento! — exclamou Mark. — Pelo menos. evitando o contato os lábios dele e tentando se soltar. pensei que poderíamos começar com um beijo — disse Mark. Costumava sair com ele de vez em quando. Após uma tentativa frustrada de colocar o braço em torno dos ombros de Caroline. —Você não havia me contado nada — disse Caroline. — Não! — Caroline finalmente conseguiu se livrar dele. Caroline. — Eu já o conheço há muito tempo. Ela contara a Amanda que Adam voltaria de viagem na sexta-feira e tinha certeza de que não iria conseguir evitar perguntas. Pelo menos nesse ponto o destino parecia estar de seu lado. — Você deve estar louco — disse ela. Quando o táxi se afastou. ela começou a andar em direção à escada do prédio. puxando-a com força para perto. e Ruth percebeu que ela estava diferente. — Sim. De qualquer forma. John. na época em que comecei a trabalhar aqui. Boa noite. — Mark deve estar perdendo a forma — respondeu Ruth com uma careta. Mark? — Sim. — Por acaso imaginava alguma outra coisa? — Bem. Antes de jogar fora o charuto. depois para o outro. Caroline sentiu-se enojada. — Isso significa que você já vai entrar? — Exatamente — Caroline falou. não é. não se arrependia de ter ficado sentada. — Por quê? Ainda pretende conquistar o chefão? Que esperança! Quando ele ficar sabendo que saiu comigo. ela perdeu a criança e quase morreu também. Caroline cerrou os punhos e entrou correndo no prédio onde morava. Mark pagou a corrida e desceu. Durante o almoço. Mark não estava acostumado a encontrar uma resistência tão grande assim. fazendo uma careta —. Ele. mas quando outra pessoa o atendia. furiosa. John Mercer apagou o cigarro no cinzeiro da sala de espera de passageiros da primeira classe e. perderá uma boa parte de seu interesse. Alguns dizem até que uma garota saiu da firma porque ficou esperando um filho dele. — Como foi seu encontro de ontem com Mark? — perguntou Ruth. voltando-se para ele. muito obrigada por esta noite agradável. eu sei. — Nem fale nisso — pediu Caroline.. tragou mais uma vez e depois acrescentou: — Já parou para pensar que estamos aqui. tinha ímpetos de sair correndo para atendê-lo. Eu não tocaria outra vez em você por nada deste mundo. sem fazer nada. não é? — Pois é — Adam concordou de maneira abrupta. — Pensei que soubesse. arrepiando-se. — Quem você pensa que sou? — Calma — ele pediu. — Para mim. Caroline virou o rosto para um lado. estava com intenção de prolongar ao máximo a despedida. É claro que faz muito tempo que tudo isso aconteceu. você deve ter ouvido as histórias que correm por aí a respeito de Mark. — Os homens não devem forçar as mulheres a fazer o que não querem! Você simplesmente não cresceu ainda. levantando-se. e não era Adam. — Chegou a sair com ele? Parece que Mark já saiu com todas as garotas daqui. pois também já estava ficando irritado. parece que esse último comunicado coloca um ponto final no problema. notou que se formara uma neblina espessa e torceu para que Amanda não estivesse em casa quando ela chegasse. realmente acredito que dê preferência a homens mais velhos — respondeu ironicamente. Ao sair do Edifício Steinbeck. — Bem — disse com firmeza —. — Ele é um sujeito nojento. desde as seis horas da manhã? Agora já são duas horas da tarde. não faz a mínima diferença. e estamos aqui há oito horas. De qualquer maneira. não comeu quase nada. Adam não telefonou durante toda a tarde e Caroline estava num imenso baixo-astral ao final do expediente. John Mereer estava pouco à vontade. seis horas. Pouco tempo depois. feito antes de sair do aeroporto. Praguejando em pensamento. acompanhado de John Mercer. na manhã anterior. encontrara Mark Da-vidson no refeitório. entrando na sala dele e dirigindo-se à mesa. por que ele estaria tão interessado em voltar para a Inglaterra? Isso nunca acontecera antes. srta. O que acha? — E uma ótima idéia — John respondeu. srta.— Eu queria estar de volta a Londres ainda hoje. — Podemos continuar agora? Após mais meia hora de ditado. e a conversa que teve com ele contribuiu muito para melhorar seu humor. passando pela sala dela e tirando o sobretudo sem se deter. que logo deixou o escritório. Ela parecia estar muito contente e tinha toda a razão para isso. para resolver qualquer problema de correspondência. deveria mesmo — concordou Laura. Não durmo direito desde quinta-feira e estou muito cansado. Quem seria capaz de saber o que Adam estava pensando? Aliás. — Poderia me providenciar café. Conseguiram decolar de Nova York na noite daquele mesmo dia e chegaram a Londres às nove e meia da manhã de sábado. Não havia dúvida. porque saiu com Mark Davidson. Adam decidiu ir imediatamente para o escritório. John se retirou no momento em que Laura entrou e sentou-se diante de Adam. — Laura retirou-se e apareceu momentos depois. os céus estavam lhe enviando esta oportunidade única! — Talvez ela esteja doente. ele encerrou a sessão. ficou sabendo que Caroline não fora trabalhar. com uma bandeja na mão. Adam levantou-se. — Claro que sim. No entanto. sei que ela estava bem na noite de quinta-feira. — E verdade. Havia uma pilha de correspondências que foi examinada e algumas cartas transferidas para John. pelo menos. e Mark comentou sobre o filme a que haviam ido assistir. — Estou complicando as coisas — disse Adam. . Adam procurou concentrar-se em suas obrigações profissionais. A única coisa que quero agora é uma cama. Saberia me dizer por quê? Parece-me que ela deveria estar de plantão hoje. Adam aceitou a xícara que ela lhe ofereceu e depois indagou: — A propósito. Se Caroline estava saindo com alguém do tipo de Mark. Assim que terminou seu café. Numa pausa entre duas cartas. seguramente estaria lá naquela manhã. — Eu sei. — Bem. relaxando um pouco. deixaram o salão de espera. Freeman. Laura perguntou: — Foi a neblina que causou o atraso. Ele disse simplesmente: — Talvez esteja gripada. então o que existia entre ela e Adam não podia ter muita importância. srta. — Sim. Sinclair não veio trabalhar esta manhã. senhor. que retrihuiu com um sorriso. você sabe disso. o restante do trabalho está a seu cargo. Entretanto. Sempre sentira uma forte atração por Adam Steinbeck. eu sei. Está fazendo muito frio. — Sim. e quando descobriu que ele fora almoçar com uma datilógrafa ficara furiosa. Laura Freeman encontrava-se em sua sala quando Adam entrou rapidamente. e Laura tinha de prestar muita atenção para poder acompanhar o ritmo de trabalho rápido. a companhia de aviação já fez reservas de hotel para nós. e John já viajara pelo mundo todo com seu patrão. Freeman? Estou precisando de um. como ela não trabalhara na semana passada. — Traga seu bloco — Adam pediu a Laura. Porém. Em seguida. e era exatamente o que ela tencionava fazer. Conversei com ele ontem no refeitório. onde possamos beber alguma coisa capaz de mudar nosso estado de espírito. mas sem grandes resultados. sr. num rápido telefonema. — Vamos ver se encontramos um local. Steinbeck? — Sim — respondeu Adam. Sabia que Caroline trabalhava em sábados alternados e. porém o serviço de meteorologia acredita que haverá teto para decolagem dentro de. antes de o prédio fechar as portas para o fim de semana. E. — Pronto. Adam estava ditando rapidamente. ela conseguira passar a informação adiante! Mas se esperava alguma reação de Adam ficou desapontada. a srta. — Acredito que seja o suficiente — disse. sorrindo. ele talvez ficasse interessado em procurar uma outra mulher! — Bom dia. Freeman — Adam cumprimentou. por isso. só conseguiria chegar lá amanhã. John Mercer fez uma careta para ela. Mas mesmo que houvesse um vôo agora. Se Adam ficasse sabendo disso acidentalmente. mal conseguindo acreditar em sua sorte. e nesse dia iam a uma daquelas festas intermináveis. Caroline — disse ele. — Como quiser — disse Amanda. enfeitado com esmeraldas. por que não se arruma um pouco e vem conosco? Bobby não vai se importar. — Não. apesar de saber que ele voltaria no próximo fim de semana. sentindo o imenso prazer de vê-lo. não conseguiu controlar seu comportamento. pensou em quanto ele a atraía. tenho certeza. bem. Seu coração sentiu-se um pouquinho melhor.— Ora. Se pelo menos ele aparecesse! Mais tarde. — Steinbeck — respondeu a voz profunda. Bobby era o novo namorado de Amanda. — Adam! — exclamou ela.. Caroline tinha certeza de que iria morrer de tédio e foi exatamente isso que ela disse à amiga.. — Olá. suspirando. não estava preparada para sua expressão solene e para o ar de ironia presente em seus olhos. Sinto muito. com espanto e tremendo. olhando para ele. ela ficou apenas olhando para ele. apesar de todos os esforços em contrário. — Não se incomode — disse Adam. havia um bracelete de platina. Rapidamente abriu a porta e afastou-se um passo. e. Ele é maravilhoso. novamente. vamos sair — pediu Amanda. — Vim aqui para me despedir de você — informou. com muita calma Caroline empalideceu. a neblina atrasou o vôo. de qualquer maneira. — Não. para que ele pudesse entrar. Os dedos dela tremiam ao abrir o pacote.. os dedos dele se fecharam em torno de seu pulso. — Você está ficando mórbida — falou Amanda. Será que ele pensava que havia algum motivo para pagá-la? Fechou a caixa e devolveu-a para Adam. Tremendo um pouco e com o coração batendo descompassadamente. fazendo um gesto de cabeça. Caroline foi preparar um café e ouviu alguém batendo na porta do apartamento. por dentro. — O quê?! — exclamou ela. isto não é necessário. por que Adam não entrava em contato com ela? Por que ele não dava um jeito de informá-la do que estava acontecendo? Impaciente. além disso. mas seu coração e seu estômago se rebelaram. — Caroline quase sorriu. — Não é nada disso — respondeu Caroline. com frieza na voz. mas a expressão de Adam continuava não sendo muito encorajadora. de nosso relacionamento. — Ah.. pouco convencido da sinceridade dela. Esse não era o mesmo Adam que fora viajar uma semana antes. ela se conscientizou de sua aparência pouco adequada para receber visitas e falou: — Vou vestir alguma coisa mais aproprjada. por isso. Durante um momento. e você está tão desanimada. Por quê? Oh. obrigada. mas não posso aceitar este presente — disse ela. ela percebeu que sentira medo durante a semana toda de que algo assim pudesse acontecer. Caroline não sabia se tinha ou não esperado que ele a abraçasse. furiosa. começou a andar pela sala. Prefiro comprar pessoalmente minhas jóias. Haverá muitos rapazes desacompanhados por lá. O mesmo homem com quem ela passara o último fim de semana. contrariada. — Eu lhe comprei um presente em Nova York — murmurou. — Hoje é sábado. Assim que ficou sozinha.. — Sinto muito.. Mas. rubis e diamantes. — Você ainda vai mudar de opinião — Adam falou secamente. Numa caixa forrada de veludo branco. — Ontem à noite? — Adam ergueu as sobrancelhas. De repente. vamos a uma festa. — Você sabia que tudo teria de terminar algum dia. De repente. Tomarei um bom banho e depois vou para a cama. — Não pretendo ficar por muito tempo. — Você chegou muito tarde ontem à noite? — perguntou. — Estou cansada. mas. depois do banho. Caroline obedeceu e. Isso pelo menos explicava em parte o atraso da visita dele. Caroline praguejou. compreendo. Olhe. e nós só conseguimos aterrissar em Londres hoje pela manhã. Ele pôs a mão no bolso e tirou um pequeno pacote. — Divirta-se — acrescentou antes de sair e bater a porta. — Quem é? — perguntou sem abrir a porta. — Se sua intenção foi a de me dar uma lembrança de. Sente-se. Não consegui dormir muito bem na noite passada e estava me sentindo mal quando acordei hoje cedo. Depois fechou a porta e encostou-se nela. — Você não foi trabalhar esta manhã — ele falou calmamente. Ela se sentia deprimida. A voz de Caroline soou bastante insegura. Caroline simplesmente não acreditava no que estava acontecendo. Era muito difícil soar digna e mostrar classe quando. Era a jóia mais cara e mais linda que ela já tivera a oportunidade de ver. irritada. das quais Amanda parecia gostar tanto. estava arrasada. Caroline cruzou a sala. antes que pudesse dar um passo. que entregou a Caroline. . Adam fez um gesto de compreensão com a cabeça. — Eu poderia dizer a mesma coisa em relação a você — argumentou ele. Amanda pôs um ponto final nessas esperanças quando. — Pode pegar seu bracelete e dá-lo a alguém que realmente fique contente com ele. — Acho que tenho direito de saber o porquê disso tudo. Caroline temia enfrentar a amiga e a avalanche de perguntas que fatalmente faria. — O bracelete é seu — ele a corrigiu. furiosa. CAPÍTULO V N o dia seguinte. Caroline sentiu-se indefesa. se é que dá para usar essa palavra. — Foi tudo o que ele disse. num tom de voz extremamente frio. Não queria que a considerasse apenas uma garota voluntariosa. essa possibilidade não lhe tinha ocorrido.. bem. não de você em particular. Mas quem iria lhe contar uma coisa dessas no momento de sua chegada? . — Bem.. com voz neutra —. Esse tipo de discussão simplesmente não levaria a lugar algum. Sabe que notícias desse tipo costumam correr muito depressa. Até então. Era uma atitude covarde. até a hora do almoço. sei que sou uma pessoa muito curiosa. nosso pequeno caso. tentando dormir outra vez. Amanda levantou-se antes. de repente. passada e alimentava esperanças de que tudo não passara de um pesadelo. Ela contara a Amanda que Mark tinha uma péssima reputação. Realmente conseguiu me enganar. ao entrar no quarto. Amanda instalou-se na beirada da cama da amiga.— Como tem a coragem de insinuar uma coisa dessas!—exclamou. suspirando. — Está esquecendo seu bracelete — ela o avisou. pois me perguntou por que não fui trabalhar. Amanda. você acha que isso seria possível? Ele deve ter ido ao escritório ontem.. — Você imagina que só porque não vivo com muito luxo. — Nao — respondeu Caroline. — É mais ou menos isso — concordou ele. de uma maneira geral.? — Suas palavras e o significado delas eram bastante claros. estou disposta a agarrar qualquer coisa que apareça pela minha frente? Deve ter uma opinião muito ruim a meu respeito. fechando a porta do apartamento. Vou ter de lhe devolver pessoalmente. — Não — respondeu ele. Ele se esqueceu de levá-lo ontem à noite.. ele estava tão frio e distante? — Tomou essa decisão porque sou jovem demais? — perguntou ela. — Você mudou. trémula. e sua amiga lhe aconselhara a não sair mais com esse homem. e agora tudo chegara ao fim. — Pelo menos. Nunca em toda sua vida se sentira tão infeliz. domingo. Caroline sentou-se abruptamente na cama. — Isso pertence a Steinbeck. mas posso saber por que está chorando? Ele veio. Eu mesma ainda não consegui compreender direito o que aconteceu. Mas não me pergunte por quê. Amanda franziu a testa. Caroline deu meia-volta e passou as mãos em seu próprio pescoço. se é isso que está querendo saber. mais ou menos ao meio-dia. Ficou na cama. — Ele não me seduziu — explicou Caroline. com lágrimas aflorando em seus olhos.. com quem saiu outro dia. mas Adam fora a coisa mais importante de toda sua vida. Tudo lhe parecia desin-teressante e sem atrativos. não? Ele não. sentindo-se bastante deprimida. trouxe consigo a caixinha do bracelete. dirigindo-se para a porta. são muito parecidas. massageando a nuca. — Talvez ele tenha ouvido alguma fofoca a respeito de você e desse tal Mark Davidson. — Isto aqui é seu? — perguntou ela com um sorriso. ao perceber que Caroline estava de olhos abertos. Acredito que as mulheres. — Oh. Queria que a desejasse! Que a amasse! Por quê. Muito pelo contrário. Caroline acordou muito tarde. Alguma mulher que fique feliz em lhe dar qualquer coisa que pedir pelo simples fato de ser o grande Adam Steinbeek! — Você ainda é muito jovem. terminou. não sou parecida com as mulheres desse tipo — esbravejou ela. Ainda tinha dificuldade em acreditar no que acontecera na noite .. — Meu bem. para sua surpresa. Entretanto. — Meu Deus! Bem. pensativa. Caroline colocou a caixinha com o bracelete na bolsa a tiracolo e foi para o trabalho. . Caroline suspirou. — Quase dezoito — corrigiu-a Caroline. — Talvez você tenha razão. Amanda. Ela esperava que Adam fosse trabalhar naquele dia. — Isso não é problema — Caroline respondeu calmamente. compreendeu que era praticamente impossível enviar um objeto de tanto valor pelas mãos de um offi-ce-boy. de qualquer maneira. — Veja. Logo em seguida. Seu forte magnetismo atingiu-a. eu não o quero. então.— É perfeitamente possível que haja outras pessoas também interessadas nele. — Mandy. Entregando à secretária. — Muito bem. Honestamente. Estava pensando apenas em Adam. Após algum tempo que lhe pareceu uma eternidade. o que devo fazer? — Em seu lugar. Caroline. fazendo-a arrepiar-se. em seu lugar. Porém. Assim. O próprio Adam estava encostado no batente da porta pela qual ela acabara de entrar. meu bem. teve a sensação de estar sendo observada por alguém e virou-se rapidamente. você pode subir agora. Não importa o que acontecer. Dezoito. é a melhor alternativa para essa situação. você sai com um rapaz que tem uma idade mais próxima da sua. sua chefe a encarou com olhar de espanto. — Já lhe disse. cora o nome do ocupante da sala em letras douradas. E depois. Em cada porta do corredor havia uma pequena placa. Na segunda-feira de manhã. porém. Amanda. Steinbeck não virá trabalhar hoje no período da manhã — informou a srta. observando-a atentamente. Vai precisar dela. Mas. Você não deve se esquecer de que Adam Steinbeck tem quase quarenta anos e você. E seu encontro com Mark só podia resultar em complicações. Bateu à porta e entrou na sala ocupada por Laura Freeman. E se extraviasse? E se alguém roubasse o bracelete? Não! Iria pessoalmente levar o bracelete até a sala dele. Morgan para subir até o escritório da diretoria. — Não é! — exclamou Caroline. Era óbvio que ele acabara de chegar ao prédio. aceitaria isso como sendo o fim de tudo — disse solenemente. — Amanda! Céus. pois ainda estava vestindo o sobretudo. veja. apenas dezessete. com voz neutra. — Amanda. — Você queria falar comigo? — perguntou ele. não teve dificuldades em encontrar a sala de Adam Steinbeck. como notou indícios de trabalho de Laura. de qualquer forma. permitindo assim que ela lhe enviasse o bracelete por um mensageiro. você se esquece de uma coisa. escondendo o rosto com as mãos. Quando pediu permissão à srta. mas. enrubesceu. pois não sabia exatamente qual era o relacionamento entre Caroline e Adam Steinbeck. Morgan. Mas. — Até para mim. poderia ter certeza de que chegaria as suas mãos. Caroline não queria devolvê-lo pessoalmente. ele entrou na sala. magoada. se acha que isso faz muita diferença. — Oh. Adam é muito mais atraente do que Mark! — Você não está sendo muito objetiva. Steinbeck vai viajar. por que ele não me disse nada a respeito de meu encontro com Mark? — Veja. O elevador levou-a até o décimo andar. — Amanda. eu lhe desejo muita sorte. eu deixaria a situação se acalmar um pouco — respondeu. — O sr. não consigo compreender por que concordou em sair com ele. Não havia motivo algum para agir dessa maneira. não teve coragem de recusar a saída da moça. Nunca pensara que um homem pudesse provocar tal efeito sobre ela. De repente. e Caroline sentiu-se pouco à vontade. — Está falando sério? — Nunca falei tão sério em toda minha vida — replicou Caroline. — Ou será que eu devia dizer muito improvável? Caroline estava desesperada. durante o percurso de ônibus em direção ao Edifício Steinbeck. começando a brincar nervosamente com a caixinha do bracelete. não havia ninguém. — Está bem. — Muito obrigada — Caroline agradeceu com um sorriso e afastou-se para pegar sua bolsa. — Ela se sentia frustrada e isso transpareceu em seu tom de voz. o que posso fazer? — Eu. tensa. eu o amo. concluiu que a secretária não iria demorar muito para voltar. isso parece ser muito pouco provável — Amanda falou. — A secretária dele poderá resolver o problema. Adam a observava com uma enorme intensidade. — Dizem que a ausência revela a essência dos sentimentos. rneu bem. O que você pensaria no lugar dele? Eu pensaria que está querendo Steinbeck por causa do dinheiro e Mark para alguma outra coisa. vou mandar este bracelete de volta amanhã. Como seu intervalo de café começa dentro de quinze minutos. Adam sentou-se na cadeira. e quero deixar bem claro que não é isso. Passando por ela. — No sábado à noite. fui um pouco grosseiro com você. meio incomodada. No momento em que virei as costas. Não está interessada em um relacionamento sério. Sente-se. — Vim apenas devolver o bracelete. mas algumas coisas acontecem dessa maneira. quando soube que você e Mark tinham saído juntos. — Então. — Eu disse para você se sentar—ordenou ele. — Você me disse antes de ir viajar que. Eu tinha a intenção de contar tudo isso a você. mas não tive oportunidade de fazê-lo. tendo de enfrentar o diretor da escola. instalando-se na cadeira diante da dele. Adam encarou-a de um modo que parecia ter ensaiado antes. — Acho que você fez exatamente o que estava com vontade de fazer — replicou Caroline. irritada. Caroline enrijeceu. que não se repetirá mais? Que de agora em diante vai ser uma menina bem-comportada? Vamos reconhecer a verdade. Caroline não conseguiu segurar as lágrimas. deixou bem claro que necessita de uma vida mais movimentada. bem. — Ela suspirou. Peço desculpas. entre os dois. — É verdade. com voz autoritária. Pelo que sei. — Ele a levou ao cinema na semana passada. e virou o rosto para o outro lado. Caroline — disse repentinamente. tomando uma resolução.. mas como não estava. — Ah. Ouvir que ele a desejava até esse ponto e ficar sabendo que tudo tinha chegado ao fim lhe partia o coração. — Está tudo bem. — Quem lhe contou a respeito dele? Adam arqueou as sobrancelhas. irritada. — A srta. tenho certeza de que não terá dificuldades em encontrar outra pessoa que lhe faça companhia. E só isso. Adam.. que precisa se divertir mais. — Se não me engano. é esse o nome do rapaz — concordou Adam. enquanto eu estava nos Estados Unidos. e acho que era isso o que eu imaginava para nós dois. — Mas não adianta! Você não acreditará em mim. E claro que o erro parecia estar apenas sendo dela. não acho que tenha importância quem me contou — respondeu. Ainda não está interessada em se acomodar numa situação. mas eu estou. Mostrava-se muito sofisticado e seguro de si... — Foi exatamente o que pensei — falou Caroline. abriu a porta de seu escritório e permitiu que Caroline o precedesse para entrar na outra sala. Depois. — Ela colocou o bracelete sobre um canto da mesa de trabalho. Venha a minha sala.. — Digamos que já sei tudo o que vai me dizer. Carol. Caroline sentiu vontade de romper a barreira que ele colocara. — Suponho que meu estilo não tenha tido muito êxito. fiquei esperando por ela. Sentiu-se novamente como uma colegial. enquanto acendia um charuto. — Ouça. — Acha que a idade é importante quando se ama alguém? — ela perguntou entre soluços. Ele era tão teimoso! Ela não sabia como fazer para que Adam visse o que realmente acontecera. — Você está enganado. Adam a encarou. retesou os músculos dos ombros e voltou a encará-lo de frente. não ama ninguém. Caroline abaixou a cabeça. não apenas quando eu posso estar a seu lado. — Não se preocupe comigo — respondeu ela. Então. Quando saiu com Mark. Caroline levantou os ombros e obedeceu. esforçando-se para manter a voz distante. Carol. pensativo. Minha intenção era deixá-lo com sua secretária. está interessada em um jovem que trabalha aqui. não foi nada disso! Deixe-me explicar o que aconteceu! — O que você pode explicar? Que foi um deslize único. sou apenas uma grande aventura para você. — Não podemos conversar aqui — disse de maneira abrupta. sabe o que disse. Preeman deve voltar a qualquer instante. atrás da mesa de trabalho. Caroline olhou para baixo e ficou examinando a ponta dos sapatos. — Considerando-se que é a verdade. veio para devolver o bracelete? — ele indagou. ele estava a par do que havia acontecido na noite de quinta-feira! — Está referindo-se a Mark Davidson? — perguntou ela. — Você não me ama. fiquei furioso e muito enciumado. — Deixou sua posição muito clara. Bem. — Sim. Adam apertou levemente os olhos e depois levantou os ombros. — Exatamente. — Tenho algo para lhe falar. . Certo. sem saber ao certo o que fazer em seguida.. — Você pode estar pensando que foi apenas o ciúme que provocou este afastamento entre nós.— Sim e não — respondeu. — Não estou acostumado a fazer coisas desse tipo — continuou ele. — A voz de Caroline demonstrava uma certa frieza. você aproveitou para sair com um outro homem. Caroline permaneceu parada de pé no centro do escritório. — Compreendo. com muita naturalidade. sou velho demais para você. você tinha a intenção? — Adam não parecia estar acreditando no que Caroline dizia. Simplesmente voltei a pensar de uma maneira normal. — Eu também acho melhor você voltar — disse Adam. sua autopiedade estavam sendo minadas pela necessidade física que sentia de apertá-la contra si. Durante mais algum tempo. Era óbvio o que acabara de acontecer. e. — Escute. saindo da sala e fechando a porta. ouviram alguém batendo na porta. Laura era exatamente como ela a imaginara. — Acho que tenho de voltar para minha seção. abraçava-se a Adam. lançando um olhar frio para Caroline. irritado. e sua força de vontade. pensaria se soubesse quão apaixonado e excitado ele estivera alguns segundos antes. quando percebeu a presença de Caroline. o que quer que eu diga? Que te amo? Deus sabe que isso é verdade.. você. Estou certo de que esta é a melhor forma de tudo terminar. e ela ficou furiosa pelo fato de seu plano não ter dado os resultados previstos. Steinbeck — disse Laura. e depois. Seus instintos pareciam lhe dizer que a proximidade física seria capaz de vencer a irredutibilidade de Adam. — Acha que eu quis que tudo acontecesse deste jeito? — perguntou de modo quase grosseiro. seus lábios ficaram juntos. Carol. Mas não estou disposto a arruinar sua vida nem tampouco estou disposto a permitir que você arruine a minha. — Sinto muito. com certeza. meio divertida. Adam. srta. falando mais para si mesma. — Carol. — Oh. Caroline sentia a hostilidade que Laura tinha em relação a ela. Adam! — Caroline sussurrou. Morgan deve estar imaginando que fui embora para casa. Freeman? Eu a chamarei quando estiver pronto. — Poderia esperar mais alguns minutos. a enorme infelicidade em seus olhos estavam provocando estranhas mudanças dentro dele. Caroline enxugou os olhos. tomando os lábios dela avidamente. sem fôlego. estava sentado na borda da mesa de trabalho. — Pois não. soluçando desesperadamente. mais ainda. Que preciso de você? Isso também é verdade. com um sorriso forçado. Laura tentou esconder a decepção. — Entre — ordenou. de aspecto frígido. Por Deus. sr. dentro de três semanas. de tal modo que seu corpo se encostou ao dele. De repente. surpresos. Durante os minutos seguintes.— E eu estava falando sério. — É muito provável que sim — respondeu ele. eu não mudei. — Não termine tudo assim. disposta a vir lhe fazer companhia em . A srta. não conseguiu mais reprimir as lágrimas e encostou-se na parede. Deliberadamente. Adam a afastou de si. — Tenho muito trabalho a fazer — ele murmurou e virou-lhe as costas. — Pensei que o senhor estivesse pronto para ditar as cartas.. Caroline também ajeitou os cabelos e perguntou: — Acha melhor que eu vá embora? Adam fez um gesto negativo com a cabeça e dirigiu-se à porta. — E isso é tudo? — indagou Caroline num sussurro. enquanto circundava a mesa. atravessou correndo a sala de Laura e foi para o corredor. O espanto logo se transformou em inveja quando percebeu os lábios lívidos e as faces coradas de Caroline. — Pare de falar assim — pediu. Quando eu voltar. — Será que a deixamos chocada? — Caroline perguntou. por favor! Adam mordeu os lábios. Caroline. e Caroline. acho que a mataria! Você compreende agora? — Mas Adam. enquanto os braços de Caroline envolviam seu pescoço. Caroline ficou imaginando o que a secretária dele. Murmurando palavras ininteligíveis. Caroline foi passar os feriados de Natal com sua tia Bárbara em Hampstead. para conseguir suster-se de pé. abrindo-a. tia Bárbara encontrou uma senhora de idade. Caroline correu em direçào à porta. e. A beleza indefesa dela. Uma intuição inesperada disse-lhe que fora essa mulher quem dissera a Adam que ela saíra com Mark Davidson. Laura entrou. Provavelmente este relacionamento foi a melhor coisa que poderia acontecer para você. ele a puxou para si. se fizesse qualquer coisa semelhante a essa e nós já estivéssemos casados. agora. seus olhos se arregalaram. Com um soluço. Quando saiu de lá para ir morar com Amanda. ao mesmo tempo que passava a mão pelos cabelos em desalinho. pelo menos. senhor — falou. Lá chegando. já terá conseguido me esquecer. com relutância. Ela não estava se sentindo bem. aproximando-se dela. Caroline se ergueu. mas eu não sabia que o senhor estava ocupado — acrescentou. as palavras foram desnecessárias. partirei para o Caribe de iate. abriu-a violentamente. — Não deve ter se importado muito com o jeito que tudo terminou — protestou ela. limpou os cotovelos que haviam ficado cobertos de flocos de neve e sentiu-se ridícula. — Aceitaria um convite para tomar uma xícara de café? — indagou. — John! — exclamou Caroline. Passei um mês no iate. sorriu e ajudou-a a se levantar. — Aquele fim de semana em Slayford. mas não o reconheci antes. aceito. — Até Gloucester Court. trouxe consigo duas xícaras de café fumegante. retirando os últimos flocos de neve de seu casaco. virou-se para agradecer ao cavalheiro e. Olhou a sua volta.. Elas dividiam as tarefas domésticas entre si. — Acho que mereço essa resposta. não pensando no sol ou no iate. preocupado. e Caroline imaginou que John deveria estar pensando no que teria acontecido entre ela e o pai dele. afinal. — Então foi recíproco. acrescentou: — Você está bem? Tem certeza de que não se machucou? — Infelizmente. com voz rouca. a fim de me aclimatar outra vez. com a diferença de não ter nenhum parente vivo. ao encarar o rapaz. além de uma bandeja com dois hambúrgueres e duas bombas de creme. Com aspecto sorridente. pois estudei muito para meus exames e acho ótimo poder relaxar um pouco.troca de um pequeno salário. sentando-se diante dela. não fui a vilã nesse seu filme policial? John sorriu ainda mais e insistiu: — Você aceita ou não? — Bem. — E da sua? — Prefiro não falar do assunto. com um sorriso nos lábios. o gelo que recobria a calçada estava tão escorregadio que.. — Está tudo terminado entre você e papai? — Da parte dele. encarando-se mutuamente. O Natal foi festejado de maneira calma e tranquila. lembrando-se de Tonia e da maneira como ela havia encarado Adam naquele fim de semana. — Foi uma ótima idéia — Caroline falou. — Acabo de voltar de lá. saindo com Amanda e seu círculo de amizades em todas as oportunidades possíveis. Depois. Seu nome era sra. em Chelsea — respondeu Caroline. Um jovem rapaz. sim — concordou ela. Caroline instalou-se numa das mesas coloridas enquanto John foi até o balcão. — Com esse convite eu não contava. não é mesmo? Ambos riram. — Pensei que você talvez gostaria de fazer um pequeno lanche — disse ele. — Você tem de ir até muito longe? — John perguntou finalmente. Caroline suspirou de alívio. prestes a entrar no edifício. John era muito parecido com Adam. Caroline ficou boquiaberta.. — Sinto muito. perdeu todo o apetite. Ao chegarem. Sua vida era semelhante a de tia Bárbara. olhando para ela. gostaria de assistir a algum filme? . Parece nome de filme policial. — Então retiro minha pergunta. Após os feriados. mordendo o sanduíche e esforçando-se para não revelar o interesse que sentia. de repente. até que Amanda ficou seriamente preocupada. mas acabei retornando antes do tempo. e começaram a andar em direção à cafeteria mais próxima. Beale. — Sim. não me portei muito bem durante aquele fim de semana em Slayford — falou com naturalidade. sem que a voz revelasse qualquer traço da ironia que caracterizara o primeiro encontro deles. e o simples fato de estar ao lado dele parecia aproximá-la mais de Adam de alguma forma. Transformou-se numa moça exageradamente alegre. está tudo terminado — respondeu. de repente. Até o começo de fevereiro. — Você está de férias? — Estou. sorridente. e tudo funcionava muito bem. mas apenas em Adam. Ainda bem. sem que pudesse evitar. — Você tem muita sorte — ela disse. por este motivo. sorrindo e aceitando um dos hambúrgueres. — Não quis viajar com seu pai? — perguntou.. — Caroline. quando saiu do Edifício Steinbeck. ficou realmente espantada. tentou expulsar de sua mente todos os pensamentos ligados a Adam. Afinal de contas. Quando voltou. Eu também não a reconheci — respondeu. e Caroline sentiu-se mais à vontade. entusiasmada. acho que estou inteira — disse ela. sem dizer nada. Certa noite. — Você foi sozinho? — perguntou ela. A maneira casual como ele mencionara sua estada no Caribe fez com que ela relembrasse muitas coisas desagradáveis. quando voltou ao apartamento. Ficaram em silêncio durante instantes. com uma ponta de malícia. Caroline de repente escorregou e caiu sentada. preferiu ficar calada. antes de voltar à universidade. — Ah. Amanda percebia que Caroline não estava dando tempo a si mesma para refletir sobre suas preocupações e. Escute. — Foi maravilhoso poder escapar disso tudo e passar algumas semanas num lugar ensolarado. sei. Caroline assentiu com um movimento de cabeça. soltou um assobio de admiração. John continuou sentindo-se mal pela gafe cometida. e John ficou satisfeito.— Eatá falando sério? — ela questionou.. — Não se preocupe. Caroline desceu. agora. Certa de estar cometendo uma série de tolices ao mesmo tempo. — Está sentindo-se bem. — Sinto muito se estou constantemente voltando a esse assunto. John pediu a refeição e. exagerando no entusiasmo que sentia. e. — O prazer foi todo meu — respondeu naturalmente. que viu o carro chegando e que sabia apenas que John era um rapaz que Caroline encontrara por acaso no dia anterior. Era capaz até de compreender o ressentimento que ele demonstrara em Slayford. acho que sou bastante possessivo em relação a meu pai. Como teria sido maravilhoso passar as férias ao lado de Adam! Poder vê-lo todos os dias durante todo o tempo. Não queria que Amanda desconfiasse de nada. — Conte-me alguma coisa do Caribe. Amanda. com um sorriso de admiração nos lábios. estou muito bem — disse. enquanto se afastava da janela. virou-se para ela com um sorriso. — Eu me interessei por você desde que nos vimos pela primeira vez. Discutiram os méritos de diversos filmes em cartaz e acabaram optando por uma comédia francesa. com pouquíssimas chances de vir a se tornar realidade algum dia. ele tinha uma idéia concreta da situação que existira entre ela e Adam. pois os levou até a mesa que fora preparada para receber duas pessoas. convidou-a para jantar no dia seguinte. . A água é tépida e muito azul. — Ah. mudando de assunto. compreendo — John falou. — Eu me diverti muito John. — Quando nos veremos outra vez? — Tem certeza de que gostaria de sair novamente comigo? — perguntou com muita calma. tudo ficaria mais fácil. — Tenho certeza absoluta — ele disse. às sete horas. John ficou irritado consigo mesmo por sua estupidez e pediu desculpas. Caroline concordou meio relutante. Ela compreendia perfeitamente o que John estava sentindo. e foram jantar num restaurante escolhido pelo rapaz. Ficou pensando se. já que combinava melhor com o filme que haviam acabado de ver. e Tonia? — perguntou. — Nunca falei mais sério em toda minha vida — falou. Saíram do cinema às gargalhadas. aparentemente satisfeito com a explicação. — Essa história acabou há séculos. Ansiosa. se estiver doente. É uma praia particular. enquanto esperavam servirem os pratos. pode ir para a cama. durante o trajeto. Caroline enrubesceu e se afastou um pouco. inclinando-se na direção de Caroline do outro lado da mesa. — Você parece ter um talento todo especial para conquistar sempre os homens mais atraentes e com os maiores saldos bancários da cidade. foi maravilhoso. mas como não tenho mãe e sou filho único. Caroline? — perguntou ela. que eu desço e faço o possível para substituí-la da melhor maneira possível. Caroline? — Amanda indagou.. John foi buscar Caroline. — Eu sinto muito. e a areia é quase totalmente branca. surpresa. Sei que não devia ter dito isso. E você está bastante queimado. — Nesse caso. sim. — Não faz mal — respondeu calmamente. perguntou: — Como ficou conhecendo meu pai? — Trabalho no Edifício Steinbeck — ela respondeu calmamente. Foram jantar num restaurante francês. quando se conheceram. — Olhe. — Ah. encontrando-se com John. arqueando as sobrancelhas. Muito obrigada. Caroline levantou os ombros. Você ainda não me conhece muito bem. — Vamos embora? Pegaram um táxi para ir até Gloucester Court. Talvez se ele pensasse que haviam sido apenas bons amigos. — Eu sempre soube que meu pai tinha muito bom gosto. Às onze e meia da noite. — Foi fabuloso! — exclamou ela. Você se divertiu muito lá? — perguntou Caroline. Era um sonho. preocupada. se conhecesse não faria perguntas desse tipo. — Como consegue fazer isso. sorrindo. o garçom já conhecia John. olhando para ele com muita simpatia. aceito o convite. — Meu pai possui uma casa praticamente na praia. ele a levou para casa. Na noite seguinte. Você sabia disto. Será que poderia me apresentar para algum deles qualquer dia? — Existe muita gente que anda de carro luxuoso por aí — respondeu Caroline da maneira mais natural possível. depois de jantarem e dançarem numa discoteca. não sabia? — Mas. Caroline podia imaginar muito bem como deveria ser lá. Tentando reparar o erro. — Sou estenodatilógrafa. Aparentemente. naquele exato momento em que estavam ali conversando. Quando estacionou o carro diante do prédio. e Caroline percebeu que estava se divertindo como havia muito tempo não o fazia. — Passávamos a maior parte do tempo de short e camiseta. — Parece ser um lugar muito bonito. Eles apresentarão amanhã o Concerto para Piano. Iam a concertos e a novos espetáculos musicais.— E então. o dinheiro é capaz de modificar os rostos mais horríveis que se possa imaginar. É uma espécie de comemoração pelos lucros obtidos no ano anterior. — Ele está oferecendo um jantar em Slayford para os diretores da firma e respectivas esposas. considerando-se sua idade. anos após anos. Ninguém. mas também gosto de música popular. John foi passar um fim de semana prolongado em Slayford e saiu com Caroline para jantar em sua primeira noite. apesar de ela só lhe responder uma vez por semana. Para algumas mulheres. houve inúmeras mulheres na vida dele. em ocasião alguma. No princípio de março. Sabe. se você me perguntasse se ele teve envolvimentos sérios. e Caroline imaginava estar agindo certo não chamando a atenção de ninguém para sua vida particular. — Então está marcado. John obviamente sentia bastante orgulho do pai e contou mais detalhes a Caroline sobre sua mãe. — Ela ficava contente em poder viver dentro da mesma rotina. eu lhe responderia com toda a honestidade que não. está disposta a repetir a experiência? — É lógico que eu me diverti e gostaria muito de vê-lo outra vez. — John parecia pensativo. O dinheiro significa tudo para muitas pessoas. Nada dissera ao pai a respeito dos encontros regulares com Caroline. — Afinal de contas. mas quando isso acontecia. John não tentou. sabia que ela estava saindo regularmente com o filho de Adam. obviamente. você se divertiu esta noite? Em caso de a resposta ser positiva. e eu adoro esse concerto. mas acho que ela nunca teria conseguido ser feliz da maneira como as coisas se desenvolveram. logo após a publicação do balanço anual. geralmente terminando a noite com um jantar em algum restaurante. na universidade. O que acha da sugestão de vermos algum espetáculo. de Grieg. Caroline lembrava-se dos detalhes que Adam lhe contara. Isto explica por que consegui uma noite livre? — Mas você não está nem um pouco interessado nesses assuntos? — perguntou Caroline. A situação estava considerávelmente mais calma agora na central de datilografia. — Muito bem. Não acredito que se importasse muito com o fato de papai ser ou não um homem bem-sucedido. muito calma. —Isso é compreensível. desde que eu consiga arranjar os ingressos? — Que tipo de espetáculo? — O que você preferir. não há problema algum de minha parte. e Caroline se divertiu bastante. — Não — respondeu John. John saiu com Caroline quase todas as noites. Eu não gostaria de estar presente. Ruth imaginava que o encontro de Caroline com Adam Steinbeck resultara em nada. meu pai é um milionário. com a lembrança daqueles tempos passados. você vai acabar herdando a firma algum dia. Tenho certeza de que não o encorajou em coisa alguma. — Sei que isso pode parecer uma coisa horrível. melhor. dando-lhe pouco tempo para colocar os pensamentos em ordem. gosta de coisas mais sérias ou mais leves? Ainda não sei muita coisa a seu respeito. — Suponho que existam mulheres desse tipo — Caroline falou. — De certa forma. Realmente não acredito que haja atual-mente alguma mulher capaz de fazê-lo abrir mão de sua liberdade. enquanto comiam. ele sabe disso. — Seu pai não ficou intrigado pelo fato de você não jantar em casa hoje? — perguntou Caroline. John raramente mencionava o nome de Adam. nem mesmo Amanda. os dois eram bem diferentes. gosto de concertos — confessou Caroline —. — Bem. porque ela lhe pedira isso. Quanto menos pessoas estivessem a par do desastroso relacionamento. Não consigo imaginar o que os atraiu mutuamente. e. ser mais do que apenas um amigo para ela. — Houve muitas mulheres na vida do seu pai depois da morte dela? — Caroline. como meu pai é um homem ainda bastante atraente. acho que ela não chegou a fazer muita falta quando morreu — John continuou. Caroline se deu conta de que ficava sempre muito interessada. Aliás. e ela se sentia grata por causa disso. Adam retornara pouco tempo depois de John deixar Londres. Vamos então ao Salão do Festival amanhã? — Oh. E. . Depende de meu estado de espírito. — Ela era muito diferente de meu pai — disse ele. sorrindo. e Caroline tomou cuidado para que sua colega não viesse a mudar de opinião. — Pois é. sim. Eles sempre se reúnem uma vez por ano. John voltou à universidade na primeira semana de fevereiro e escrevia uma carta para Caroline a cada dois dias. Nos dias que se seguiram. Foram também a uma festa organizada pelos colegas de John. — Ótimo. vamos. — Entretanto. para que ele o desse a alguma namorada. e sempre encontravam motivos para boas risadas. — O que foi? Agora estou na lista negra? — ele murmurou. . O riso morreu em sua garganta quando. John contou a situação a Caroline. Não faz meu gênero. Caroline teria considerado aquele dia como sendo o aniversário mais agradável de toda sua vida. Caroline ficou pensando nisso. — O problema é só esse? Não seja tola. — Pode deixar. que pareciam piscar ironicamente para ela. — Oh. na manhã do sábado. pensou ela. seu pai? — Muito bem. — Suponho que vá lhe revelar tudo — disse ela. E cumpriu o que prometeu. Ele não será contra. num intervalo. Um dia do qual nunca mais se esquecerá. que o use sempre. procurando deixá-la à vontade. eu acho. horrorizada. — Você consegue me imaginar trabalhando no mundo das altas finanças? Oh. enquanto Caroline tentava manter certa distância entre eles. — E como está Ad. nem um pouco. No dia seguinte. ele insistiu em que Caroline o abrisse. Quero que você fique com ele. — Não gostou do presente? Pensei que iria ficar contente com ele. Caroline afastou-se de John. — E agora. seu corpo tremendo contra o dela. — Você também não dança nada mal — ele disse. Adam devia ter dado o bracelete ao filho. Repentinamente. fora isso. — Não. É impossível. percebeu que seria um gesto ridículo. John descobrira a data de seu aniversário havia algum tempo e.. Não importava o que pudesse acontecer. o bracelete é lindo. Não fosse sua enorme semelhança com Adam. mas. Será que Adam não seria mesmo contra? E se não fosse. — Muito obrigada. Seu primeiro impulso foi devolver o presente. essa atitude provaria alguma coisa? As músicas agitadas afastaram momentaneamente aqueles pensamentos e. — Oh. mas estou exausta. John. Ele me parece um pouco cansado. e foram dançar. ela nunca pensara naquela possibilidade. Apenas iria magoar os sentimentos de John. John abaixou a cabeça. — Não se preocupe. Ele passou o dia todo com o pai em Slayford e teve algumas dificuldades em lhe explicar por que não levara sua atual garota para que Adam a conhecesse. — Fiz alguma coisa errada? — ele perguntou. domingo. e ambos passaram o dia todo em Brighton. apesar de saber que John a olhava ultimamente com olhos que não revelavam apenas uma grande e sincera amizade.— Eu! — A expressão de John era de quem nunca havia pensado nessa possibilidade. Pretendo seguir uma carreira que não terá nada a ver com a Steinbeck Corporation. Por coincidência. essa namorada era justamente ela. John nunca poderia ser para ela qualquer coisa além de um bom amigo. num dos cantos do salão. ao desfazer o pacote. — Não quero ser motivo de ressentimentos entre vocês dois. Caroline. tanto na aparência quanto nas atitudes. é lógico que não — respondeu ela. que se sentiu pouco à vontade. profundamente abalada. suspirando.. viu o bracelete de platina com esmeraldas. Era uma ironia do destino. — Certo — disse ela finalmente. Antes mesmo de dar a partido no motor. Eles se divertiam muito quando estavam juntos. Voltaram a Londres à noite. ela obedeceu. sem saber ao certo como se portar naquela situação. percebeu que John estava olhando-a. Ela sabia que nunca mais seria capaz de amar alguém como amara Adam. consternado. De repente. rubis e diamantes. No sábado foi o aniversário de Caroline. Honestamente. — Está bem. Apesar de tudo. e Caroline sentiu sua boca junto ao pescoço dela. nunca possuí uma jóia tão bonita quanta esta. John! — Ela se desvencilhou do contato. entregou-lhe um pequeno pacote de presente. e. rindo. — Você dança muito bem — ela falou. Mas não posso aceitar um presente tão caro assim de você. pelo menos foram essas as palavras de John. Ele não compreenderia o significado de sua atitude. então — ela concordou por fim. Ficarei muito ofendido se recusar o presente. vou falar com ele qualquer dia — John respondeu. John somente pôde encontrar com ela à noite. quase sem fôlego —. vou lhe proporcionar um dia realmente maravilhoso. Caroline não queria fazer isso. quando foi buscá-la. mas Caroline não queria que o relacionamento fosse além disso. acho que está bem. mas quando pegou a jóia com os dedos trémulos. não. intrigado. De alguma forma. Por favor. respirando mais depressa. terminando o programa em uma boate para comemorar o fato de ela já ter idade suficiente para tomar bebidas alcoólicas em público. esperava sempre que ele não aguçasse seus sentimentos. John. — Ótimo — disse ele. e a srta. falo com ele outro dia qualquer. Sua esposa telefonou avisando que ele estava com forte dor de cabeça e que não voltaria ao escritório naquela tarde. Lawson. estou apaixonado por você. por sua vez. Sua boca era quente. — Divertiu-se bastante durante as férias? — Férias? Ah. Fez-se silêncio. — Beije-me. Mais tarde. eu espero que não signifique isso — protestou. Eu é que tinha esperanças de que meus sentimentos fossem retribuídos por você. durante suas férias de fim de ano. e sua reação foi tal que John ficou ainda mais entusiasmado. começou a demonstrar um interesse muito maior pelo trabalho. observando atentamente o rosto dela na semi-escuridão do lugar onde estavam. no carro. Por outro lado. ela sentia falta da companhia de John. você acordará de manhã e descobrirá que também está apaixonada por mim. quem é o jovem rapaz com o qual você está saindo atualmente? . mas durante o beijo. Sua equipe calculava os impostos. John foi passar algumas semanas comigo. mas eu não tinha a mínima idéia — respondeu. — Adam — ela murmurou. algum dia. isso significa que não nos veremos mais? — Não. Lawson — ele respondeu. Certa tarde. O velho boato a respeito dela e Adam tornou a correr de boca em boca pela empresa. — Quem sabe. — Sou secretária do sr. foi muito agradável. diga-me — ele pediu. Caroline imaginou estar nos braços de Adam. Caroline fez-lhe votos de rápida melhora e. Quem está falando é a srta. resolveu aproveitar o tempo para colocar uma série de coisas em dia. O contato tomou-se violento e apaixonado. Agora. sinto muito. Recuperou-se logo. apesar de saber que suas colegas consideravam a promoção como sendo favoritismo. Lawson. — Oh. quando uma das secretárias pediu demissão. bons funcionários sempre eram reconhecidos como tal. indagou: — Tem certeza de que quer continuar se encontrando comigo? — É lógico que tenho certeza — ele respondeu rapidamente. Sinclair. em seguida. Pelo menos. as contribuições.. porém. ainda com voz calma e segura. e. Preciso continuar a vê-la. o chefe de Caroline não voltou do almoço. não diga nada. Caroline. ficou também muito satisfeita por não ter uma supervisora direta. como está? — Estou bem. forçando-se a assumir um tom de voz distante e desinteressado. — Não faz mal. Ela. Na Steinbeck Corporation. e de repente havia muita intensidade em sua voz —. de qualquer forma. — Não. Nunca me senti assim antes. Caroline sentiu-se mais solitária que nunca. Lawson. Caroline hesitou um pouco e depois se aproximou mais dele. Era pavoroso usar John daquela maneira. o que posso dizer. Caroline.. mas. no principio do mês de abril. em toda minha vida. — Caroline. obrigada — respondeu. mas ele não virá à tarde — ela informou. aceitou a promoção com alegria. Após um breve momento de silêncio. Quando John voltou para a universidade. — Então. e de repente ele perguntou: — E você. tanto que Caroline deu um passo para trás. você se refere à viagem em janeiro. suave e muito agradável. Sim. John. Havia muitos papéis para serem devidamente arquivados. é você? Ela sentiu as pernas amolecerem e sentou-se rapidamente numa das extremidades de sua mesa de trabalho. Morgan chegou à conclusão de que ela era a funcionária mais eficiente da central de datilografia. segurando-a pelos ombros. John. os salários e os pagamentos aos funcionários da firma. o encarregado da tesouraria. Ela possuía uma sala de trabalho só dela. além de descobrir que seu trabalho era muito variado e interessante. Não quer fazer isto? Ele não esperou que o convite fosse repetido. — Por favor. Seu novo cargo era como secretária do sr.. soltando uma exclamação contrariada e esfregando os lábios com o dorso da mão. não é? — perguntou ele. e estava muito ocupada quando o telefone tocou a seu lado. quando já estava de volta em casa.— Tenho certeza de que suspeitava dos sentimentos que tenho por você. uma voz máscula e rouca perguntou calmamente: — Caroline. e perguntou. Esqueça o que aconteceu. Ela não tinha certeza se isso tinha ou não a ver com o novo relacionamento existente entre eles.. num tom extremamente profissional: — Em que posso lhe ser útil? — Eu queria conversar com o sr. — Escritório do sr. o cargo foi oferecido a Caroline. inquieta. — Não sabia que estava trabalhando com ele agora. meio indecisa. — Está com uma aparência cansada — ela disse por fim. Completei trinta e nove anos no mês passado. para consolá-lo. mostrando-se nervoso. Seu coração a impelia a ir até ele. por mero acaso. o rapaz que estava comigo chama-se John Steinbeck — respondeu friamente. Não lhe ocorreu que eu possa gostar da companhia de John simplesmente porque ele é seu filho? Adam virou-se e foi até a janela. — Está bem — disse finalmente. obrigado — respondeu friamente e encarou-a de novo. Mas como não demonstra a mínima intenção de fazer algo em relação a eles. em janeiro. — Não contratei ninguém para segui-la. não reconheci. Por quê? Para se vingar de mim? — Não é nada disso. — Sinto muito por ter-me esquecido de seu aniversário. pois John nunca conseguiria ocupar o lugar que pertencia apenas a ele. não fui suficientemente tolo para acreditar em todas suas juras de sinceridade. chegando quase a sentir ódio de si mesma por ser tão rude. Você não reconheceu quem estava comigo? — Sua irritação parecia ter diminuído um pouco. o que está querendo? Que eu fique completamente louco? Caroline enrubesceu e voltou a se sentar atrás de sua mesa de trabalho. irritado. Caroline cerrou os punhos. — Adeus. e desde então estamos nos vendo sempre que ele vem a Londres. De repente. sem que eu tivesse alguma reação? — perguntou ele. Com um suspiro. Carol. irritada também. que interesse poderia ter. Simplesmente eu a vi jantando com um rapaz algumas semanas atrás. — Bem. — É lógico que não é nada disso — respondeu rapidamente. — Acho que não temos mais nada para conversar — murmurou. fechando a porta atrás de si. — Onde obteve essa informação? — Não fique irritada — disse naturalmente. Seria Mark? — Não. — Que surpresa! — Você realmente pensou que poderia me contar uma coisa dessas. acredito que tenho todo o direito de agir como uma garota normal. Além do mais. tremendo. furiosa. O que era isso? Vingança? E o que aconteceria agora? Não teve de esperar muito tempo para saber. colocou o fone no gancho e começou a tremer sem conseguir se controlar. — E também não foi por livre opção. Peço desculpas. — Seu filho lembrou — Caroline falou. — Não. — Não está se sentindo bem? — Estou muito bem. Acho que John não teria compreendido a situação toda. Adam arqueou as sobrancelhas. — Meu próprio filho — murmurou ele. entre todas as pessoas. — Sei que não tenho direito algum de interferir na vida de vocês dois. Havia uma certa rigidez em torno de seus lábios. em seguida ele perguntou: — Você está brincando. — Não da maneira como gostaria — respondeu friamente. — Bem — murmurou ela. amargo. Quatro meses se passaram. para assegurar-lhe que não precisava se preocupar.Caroline ficou atônita. E em seguida acrescentou: — Ele me deu um bracelete de platina. e Adam entrou apressadamente. — Acontece que encontrei John. John sempre quisera contar tudo a seu pai Ela ouviu Adam respirar fundo. acredite. — John. não é? Adam empalideceu visivelmente e depois caminhou lentamente em direção à porta. quando você estava viajando. Parece que conseguiu se esquecer de tudo. Como ele sabia que ela estava saindo regularmente com alguém? Será que estava mandando alguém segui-la ou coisa assim? De repente. — Meu Deus. . o telefone ficou mudo. Caroline. — Deve ser a idade. além de uma mera curiosidade? — Acho que isso não lhe diz respeito — ela falou. é isso — disse Adam. e Caroline percebeu que ele desligara o aparelho. Mas o orgulho não permitia que ela o fizesse. Caroline? — Por que motivo eu iria brincar com uma coisa dessas? — ela ar-gumentou. O olhar era intenso. cansado. Alguns minutos depois. querendo magoálo da mesma forma como ele havia feito. nesta situação. — E claro que não me esqueci de nada. você acabou ficando com ele? Ela enrubesceu. não é mesmo? — Como você tem coragem de cobrar isso de mim! — exclamou Caroline. — Eu completei dezoito — informou ela. não é ele. sentiu uma irritação muito grande. e aqui estamos nós. — Então. a porta de sua sala se abriu. — É mesmo? Então. — Graças a Deus. Como Adam tinha coragem de lhe fazer uma pergunta daquelas? Afinal. Meus sentimentos por você não vão mudar nunca. com um gesto imperioso. . sr. calculo que o capital deverá alcançar uma excelente fortuna. pediu que Caroline e a sra. Dr. depois de algum tempo. Caroline ficou profundamente chocada. como poderia facilmente ter feito. ao ver o caixão pela última vez. incapaz de dizer uma palavra sequer. Pelo que sabia. Manson retirou um envelope de sua pasta de documentos e disse: — Aqui está o testamento e os últimos desejos de sua tia. John lhe contou que Adam não o pressionava mais para que fosse com ele para os Estados Unidos em maio. . CAPÍTULO VI C aroline escreveu para John contando que Adam já sabia de tudo a respeito da amizade deles e ficou aliviada quando recebeu a resposta dele dizendo que seu pai já lhe havia telefonado para conversarem a respeito. sua tia possuía apenas aquela casa. Caroline ficou excitada com a perspectiva da viagem e. se assim quiser. o advogado de sua tia. Caroline acendeu um cigarro. Mais tarde. Caroline recebeu um telefonema que iria modificar toda sua vida.. ele era responsável pelos rendimentos de John. Beale. e a morte dela cortava todos seus laços com o passado da família Sinclair. A primeira parte do testamento tratava de algumas doações a instituições de caridade. ela escondeu o rosto entre as mãos. Após a dedução dos impostos e outras despesas menores. Caroline recusou-se a levantar os olhos quando ele saiu. — Durante os últimos anos. Caroline sentiu as lágrimas lhe escorrerem pela face. para irem juntos a Paris. Sinclair. o dr. Estava rica! Podia ser totalmente independente! — Sua tia faleceu com quase oitenta anos — continuou ele. Tremula. E no momento em que ouviu a porta se fechando. — Ela queria que você recebesse o dinheiro dela. sua tia jogava regularmente na bolsa de valores — ele respondeu calmamente. que cuidara de todos os negócios dela durante muitos anos. Ela me disse. Manson. Tia Bárbara era seu único parente vivo. Manson voltou-se para Caroline. Beale o acompanhassem até a biblioteca. srta. lhe pertencem. Uma semana antes do início das férias de John. Durante o enterro. como podia pedir férias a qualquer momento. Em seguida. para poder fazer todas as coisas que ela mesma nunca teve a oportunidade de fazer. depois que os poucos amigos da falecida se despediram e se retiraram da velha casa. Manson. O telefonema era da sra. Beale recebesse uma boa importância. Sinclair. numa carta. — Uma fortuna! — exclamou ela. minha tia nunca teve muito dinheiro.— Adeus. havia indicação para que a sra. decidiu acompanhá-lo. Será que isso significava que ele não se importava mais com ela? Afinal de contas. Manson começou a ler os ditames do documento. Depois de terem se sentado em torno da velha mesa que ocupava o espaço central da biblioteca. Caroline ficou surpresa. O dr. fechando a porta atrás de si. Respondeu dizendo-lhe que aceitava com prazer o convite. Caroline ficou boquiaberta e se recostou no espaldar da cadeira. Amanda não ficou assim tão entusiasmada com a idéia e aconselhou Caroline a pensar muito bem antes de concordar em fazer uma viagem tão perigosa. havia apenas uma enorme sensação de vazio. dr. pagava todas as despesas de sua educação e poderia ter exigido que o filho se comportasse de outro modo. e ela nunca pensara em herdar a propriedade algum dia. — Mas. dizendo-lhe que sua tia Bárbara sofrera um sério ataque cardíaco pela manhã e falecera. Caroline ficou contente por Adam não ter vetado a ligação entre eles. Era apavorante saber que estava sozinha no mundo. Steinbeck. Agora. demonstrou muita simpatia em relação a Caroline e. srta. que poderá ser vendida. d dr. inclusive esta casa. Ela ainda não conseguia acreditar naquilo tudo. Queria saber se Caroline poderia tirar uma semana de férias durante os feriados da Páscoa. — Ela teve a ajuda de um ótimo corretor e sempre agiu com extrema cautela. Finalmente. — As demais propriedades. quando jovem. Dessa maneira. como está se sentindo? Você me parece estar bastante confusa e nervosa. Amanda perguntou: — Caroline. era inacreditável! De repente. herdei também uma fortuna. Intuitivamente. e lembrou-se de John. revelando na voz o prazer que sentia. Sabia que Caroline estava bastante nervosa. — Estou muito contente por você ter ligado. Enquanto Caroline foi tomar banho. para momentos de necessidade. Recebi seu recado hoje pela manhã. Eu gostaria que o senhor pudesse continuar como meu advogado. — E a nossa viagem a Paris? Continua marcada ou vamos adiá-la? — Não sei. Livre. de um lado para o outro da sala. Depois de desligar o telefone. Caroline subiu as escadas para o quarto e olhou ao redor tristemente. Entretanto. O enterro foi hoje. mas e depois? Talvez procure outro emprego como secretária. Tia Bárbara fez questão de guardar muito bem seu segredo e não usou nem um pouco de seu dinheiro para facilitar sua própria vida. Oh. o amor que sentia por Adam Steinbeck continuava impedindo suas ações e suas atitudes. e. — Pois não. Não quero perder o contato com você. — Então agora você é uma rica herdeira. dirigiu-se ao quarto de Caroline. onde estava o telefone. John. ela passara a ser uma mulher rica e totalmente independente. vai? — Ao menos. — Caroline. resolveu não deixar que a outra fugisse do assunto e disse: — Caroline. — Realmente não respondi — Caroline concordou. que você se parecia com ela. Em seguida. Com toda certeza. Carol. Ela nunca se sentiria liberta do amor que sentia por Adam. Por quê? — Preciso de você. É claro que vou pedir demissão da firma e viajar em férias para algum lugar.. Mas em meio a tanta tristeza. e sabia que deveria ter alguém a seu lado. você não respondeu a minha pergunta. nunca imaginara que fosse possuidora de tamanha fortuna. Numa decisão súbita.. e isto aconteceria fatalmente se eu me mudasse daqui. continua? — Preciso trocar de roupa. com toda a tristeza devido a morte de tia Bárbara.. Com uma enorme força de vontade. Caroline ficou sentada durante muito tempo. Tenho certeza de que sua tia desejava exatamente isto. Eu herdei esta casa. Aqui já está quase tudo resolvido.. Com firmeza. Amanda. além disso. de ficar conhecendo outros tipos de pessoas. inquieta. — Tenho de conversar com meu advogado logo cedo. pondo um ponto final na conversa e retirando-se. contando a John que sentia necessidade da presença dele. — É inacreditável! — John deu um longo assobio de admiração. Aceite o dinheiro e aproveite tudo o que ele puder lhe oferecer de bom. Não vai voltar a trabalhar agora que a situação mudou. Sentou-se na cama e ficou pensando se agira da maneira mais certa. — Pois é. discou o número do apartamento dele. Eu fiquei pasma. Beale recolheu-se a seu quarto para empacotar seus pertences. ninguém vai poder dizer que está atrás de meu dinheiro. Meus pêsames. — Obrigada. Amanda franziu a testa. — Sei como você se sente. Amanda ficou surpresa e contente com a herança inesperada de Caroline. o senhor poderia me ajudar a resolver quaisquer problemas que porventura surjam. falando sério. — Ele riu. Depois que o advogado saiu e que a srta. Tudo já terminou. — Agora. srta. não é? — Não sei — Caroline falou. Não consigo me imaginar sem fazer nada durante o tempo todo. caso me permita fazer uma sugestão.repetidas vezes. Mesmo agora. Pelo menos. Amanda ficou andando. e eu gostaria que você também tivesse algum dinheiro no banco. levantou-se e foi ate o saguão. Não sei ainda o que vou fazer da vida. ou qualquer coisa deste tipo. . John está em Londres e ficou de me apanhar aqui em casa às seis horas. você pode fazer uma viagem de volta ao mundo. John. Sentia que uma fase de sua vida chegara ao fim e que outra estava começando. com o choque por descobrir que estava numa posição invejável. você não continua pensando naquele homem. Você sabe que faço qualquer coisa que quiser quando fala comigo desse jeito. Eu estava aqui. Sentia-se muito só. sentindo-me tão só e tão triste que de repente pensei em você e resolvi lhe telefonar. John. Sinclair. Depois decidiremos quanto a Paris. — Temos sido ótimas amigas. Durante as poucas ocasiões em que tivera contato com a simpática senhora. meu bem? — Sim. que é enorme. — Muito obrigada. Também gostaria que procurássemos outro apartamento para morarmos juntas. me aconteceu uma coisa maravilhosa. A palavra lhe pareceu ser muito irônica. Estarei sempre disposto a lhe dar quaisquer conselhos que julgar necessários. meu bem. obrigou-se a retomar à realidade. Quando voltará para casa? — Acho que amanhã. gostaria de visitar outros países. capaz de cuidar dela. não vou trabalhar amanhã. Finalmente. — Caroline! — exclamou ele. não espalhe demais a notícia de que você agora é uma jovem mulher rica. de amá-la. — Combinado. — O quê? — John ficou tão surpreso quanto ela ficara havia pouco tempo. é tão bom ouvir sua voz. — Exatamente — falou. Quis lhe contar tudo inúmeras vezes. Eu preciso dele. John — murmurou ela. Você tem tudo a sua disposição agora. — Mas acabará fazendo. — Será que. Amanda. uma parte do John é parecida com Adam. — Está bem. onde podiam conversar tranquilamente. Caroline? E alguma forma indireta de acertar contas com o pai dele? Ou será que está. — Estou contente por você finalmente saber da verdade. — Parece até que você realmente sentiu minha falta — ele disse. — Caroline Sinclair! Você tem apenas dezoito anos de idade. — Foi o que pensei — disse Amanda. — Minha querida. com uma expressão no rosto suficiente para que Amanda não necessitasse de qualquer outra resposta. Nada tem sentido sem ele. Esse seu comentário é completamente ridículo. Dê a si mesma uma oportunidade de esquecer toda essa situação.. ouviram o som de uma buzina. — Carol — ele sussurrou. terá oportunidades de conhecer todos os tipos de pessoas. e não sei. E o que pretende responder quando ele lhe propor isso? Que aceita? — Talvez aceite. enquanto se vestia. mas um rubor lhe cobriu as faces. — Caroline fez um gesto negativo com a cabeça... — Ela não sabia mais o que responder. — Caroline mostrou-se inflexível. Mas ele simplesmente prefere me ignorar. Afinal de contas. — disse. explicar por que estou saindo constantemente com ele. Por outro lado. e você sabe muito bem. — E qual vai ser o resultado disso tudo? Ele já lhe fez uma proposta de casamento? — Ainda não. num tom de voz neutro. Ela retribuiu o abraço durante um instante e depois se afastou. Um que não tenha nada a ver com a família Steinbeck. Amanda. Nunca serei capaz de amar outra pessoa. e isto está me deixando louca. Caroline virou-se bruscamente para a amiga. pelo menos. atencioso e. ele faz faculdade de filosofia — respondeu Caroline. menos um — disse Carolíne. nós duas temos sido como verdadeiras irmãs. — É John — informou. não tenho a menor intenção de permanecer solteira pelo resto de minha vida. Caroline apressou-se a verificar quem era. — É tão bom ver você outra vez. Não tinha mais nada a dizer para a amiga. — Enquanto John estiver satisfeito com nossa ligação. não estou com intenção de me vingar de Adam. Ele diz estar apaixonado por mim. examinando as faces enrubescidas dela. revelando que ela estava prestes a explodir. O que há de errado no que estou fazendo? — Está torturando a si mesma — explicou Amanda. realmente. E. Vá viajar. Não jogue a vida fora. — Não. abraçando-a. — Não. Todos seus sonhos poderão se tornar realidade. — Todos os sonhos.. — Eu gosto de John. de maneira que quase se chocaram. —A mãe dele já morreu. com quem está saindo? — perguntou Amanda à queima-roupa. . fazendo o possível para expulsar da mente sua conversa com Amanda. — Amanda. — Mas de onde ele vem? Qual é o sobrenome dele? O que os pais dele fazem? — insistiu Amanda. Sentia necessidade da presença de John e era bom saber que ele a amava. Já dissera o necessário. — Caroline. — Tenho de ir. como se nada daquilo fosse importante. Oh. ofegante. tenho John. magoando a si mesma. De repente. Deus! Preciso ter alguém perto de mim! — E esse tal de John — continuou Amanda implacavelmente — também apenas gosta de você? — Não. Depois da refeição. bebendo e discutindo o futuro de Caroline. Mandy. ao certo. por acaso. Ele é muito simpático. — Caroline. Nós nos veremos mais tarde. Amanda. Por favor. a escova de cabelos suspensa no ar. Caroline desceu as escadas. quem é esse tal de John. ainda ficaram sentados durante horas. sorrindo. — O que está pretendendo alcançar com isso. e eu me sinto bem em sua companhia. não resta a menor dúvida. sentirei o mesmo. Podemos conversar sobre o pai dele. eu gosto de John. não está simplesmente usando esse rapaz? — Não. — Olá. — Acho que sou covarde demais para fazer uma coisa dessas. Agora que tem muito dinheiro. desista desse rapaz. — Eu te amo. — Caroline. o sobrenome dele não é Steinbeck? — Amanda indagou repentinamente.— Diga-me. Ela chegou à porta do prédio exatamente no momento em que John entrava. Foram jantar num restaurante sossegado. enquanto seus lábios procuravam os dela. interessada nele? — Na verdade. soltando um suspiro profundo. eu amo Adam. possui os meios para isto. — Quantas perguntas! — exclamou Caroline. — O que ele faz? — Eu já lhe disse. apressada. e seus olhos se encheram de lágrimas. será que você não compreende que está apenas machucando ainda mais a si mesma ao continuar com esta história? Procure um novo namorado. Cada um se ocupando dos próprios pensamentos. — Você é maravilhoso. fez-se silêncio entre os dois. — Não deve ser muito fácil para as demais pessoas — respondeu ele —. Caroline ficou olhando-o durante um longo tempo. não é isso? — Sim. durante algum tempo. — Você está indo depressa demais. Como poderia concordar com esse casamento? Ela só lhe daria dissabores. como já deve ter percebido. E não estou disposta a contá-la para você. porque eu perguntei. sei também que você acha que não me ama. ele ficou com ciúme? — Imagino que sim. John. Sei que a gente não se conhece o bastante ainda. É uma história muito longa. mas estou apaixonado por você. John finalmente falou: — Não adianta. John se mostrou muito animado. Eu a aceitaria sob quaisquer condições.. não obtendo uma resposta imediata. admirada. Agora deve estar vendo que sou um risco muito grande para você correr. Esta situação acabou precipitando muito as coisas. — Mesmo assim.. Meu pai. Pelo menos. como eu. Não posso retardar mais minha pergunta. Precisa de um homem de sua idade. e acho que já a conheço muito bem. — E era verdade? — Não da maneira como ele entendeu. além de infelicidade. Você sempre gostava muito quando a conversa girava em tomo dele. — Mesmo sabendo de tudo isso? — indagou. — Que qualquer um de nós tenha liberdade para terminar o noivado. — Eu imaginava isso.. — Bobagem. — Você continua apaixonada por ele? — Acho que sim. Sei que está passando por uma fase difícil.Em princípio. — Não acredito que seus sentimentos por meu pai sejam tão profundos quanto pensa. acho que precisa de alguém que a sacuda um pouco — falou. — E qual é essa condição? — Ele parecia perturbado. mas eu te amo e preciso de você. Ele acredita que saí com um outro rapaz quando ele foi para os Estados Unidos. mas existe uma coisa que deveria saber a respeito de seu pai e eu.. mas agora que sua situação se modificou completamente. tentando retirar uma parte da tensão que pesava sobre a conversa. Seria cego se não percebesse suas reações. mas estou convencido de que serei capaz de fazê-la superá-la. Além disso. — John estava irritado agora. para que mentir? Sei que continuo apaixonada por Adam. ora. — Preciso de tempo para pensar — murmurou suavemente. — Com uma única condição — continuou ela. Caroline. — Está enganada. é também um grande tolo. — Está bem — concordou com voz suave. — Se você me conhecesse bem. franzindo a testa. — Se estou disposto a correr esse risco. Caroline. — Pessoalmente. Oh. — Não sabia que era tão fácil adivinhar meus pensamentos. com firmeza. morro de medo da possibilidade de você ficar solta por aí e acabar encontrando alguma outra pessoa. mas depois. concorde em ser minha noiva — pressionou. Tenho certeza de que poderíamos ser muito felizes juntos. — Não. por que estou lhe contando essas coisas? — Em primeiro lugar. — Sabe por que seu pai e eu nos separamos? — Suponho que papai não queria que o relacionamento de vocês se aprofundasse demais — John respondeu calmamente. E rompendo o silêncio. — Imagino que queira fazer um elogio a mim — disse ela. John — começou a dizer lentamente. certamente compreenderia que eu nada posso lhe dar. Basta que me dê uma oportunidade para isso. — Desculpe-me se pareço rude. e também porque você vai se sentir melhor depois de ter desabafado. caso ache necessário. refletindo sobre o que ele acabara de dizer. Porém. — Ele me disse que sou jovem demais para ele e que ele é velho demais para mim. — Esteve apaixonada por ele. talvez tenha razão — admitiu Caroline. — Vamos dar esse primeiro passo. Quer se casar comigo? Vou terminar meu curso na universidade no próximo ano — continuou ele. é um homem muito teimoso. acrescentou: — Pretendia esperar até lá. magoada. . — Então. por que você também não pode corrê-lo? — Você não compreende! — exclamou. — Eu realmente gosto muito de você. — Não sei se me conhece mesmo tão bem assim — disse Caroline. — E esse foi o único motivo? — Não. — Acho que já sei o que vai me dizer — ele falou suavemente. John foi pontual como sempre. pois estava ansiosa por conhecer a casa. Afinal de contas. Talvez agora. O jantar seria servido pontualmente às oito horas da noite. aliviado. Quando voltaram ao saguão. — Não vai se arrepender. estava bem iluminada quando o carro passou pelos portões. Tudo será maravilhoso. repentinamente. John dirigiu-se à sala de estar para procurar o pai. finalmente. de todos os erros. — Não me venha com essas frases feitas. conseguiu manter-se tranquila e distante. e Amanda. enquanto esperavam o carro que viria buscá-las. sentiu uma ponta de inveja. A excitação e a alegria de Amanda em relação ao inesperado presente que recebera de Caroline foram diminuídas apenas pelos acontecimentos que se sucediam em torno dela. no domingo de manhã. em Slayford. . quando Caroline despertou naquela manhã de sábado. Caroline percebeu que seu nervosismo estava voltando e procurou ficar o maior tempo possível diante do espelho. que se sentira instantaneamente atraída por ele. — E eu preciso urgentemente de apoio moral. mas quando descobriu que pretendia realizá-la em Slayford. os olhos de John procuravam apenas Caroline. E. dando-lhe todo o apoio. de longe. o que poderia lhe acontecer? Ela iria ver Adam. ele vai ser seu marido dentro em breve. Nossa semana em Paris será apenas o início de tudo. Além disso.. Amanda iria participar da festa de noivado e também comprar um vestido novo especialmente para essa ocasião. mas fazia o possível para aparentar grande contentamento.— Concordo — disse ele. Caroline concordou com uma festa de noivado. nada mais do que isso. Ao contrário das expectativas de Caroline. a viagem até Slayford foi bastante rápida e agradável.. acompanhado por Adam. pois pensava que a condição fosse bem mais grave. não tinha objeção alguma em relação ao noivado. Amanda já estava ficando impaciente. em direção à entrada. e eles mal conseguiram chegar a tempo. John estava esperando por elas. no Sábado de Aleluia. o maior. — Confesso que estou morrendo de vontade de conhecer todas essas pessoas ricas e grã-finas — Amanda falou. Quanto ao outro homem. e a vida que vai levar como esposa dele não lhe deixará muito tempo para especulações inúteis. John combinara de buscar as duas amigas com o carro de seu pai às sete horas da noite e. Ele a ama muito. como se tudo aquilo estivesse acontecendo a uma outra pessoa e não a ela. as coisas não ficarão sempre tão definidas como hoje. teve certeza de que não conseguiria sobreviver a tudo o que ainda esperava por ela. ela certamente conseguiria manter a calma. está bem mais calma agora. mas recusava-se a dizer qualquer coisa à amiga. aparentemente. Caroline levaria toda sua bagagem consigo e passaria a noite lá mesmo. John. ajudando Caroline a escolher roupas novas. Obviamente. pois. era maravilho saber que John a amava. Entretanto. se tivesse. quando chegou a noite. pudesse relaxar. E daí? Ele não passava de um homem. e que todo mundo apenas ficaria desconfiado e imaginando coisas caso o noivado fosse tratado como um assunto secreto. arrependeu-se da idéia. eu lhe garanto. precisa pensar em John. retardando a entrada inevitável das duas na recepção. enquanto Caroline e Amanda foram retocar a maquilagem. e depois ajudou Amanda a entrar na parte de trás do carro. Com John a seu lado. Era óbvio que Caroline tinha a intenção de cometer pessoalmente todos os seus erros. Caroline empalideceu quando se deparou com ele e ficou contente quando John agarrou sua mão. Tão logo entraram. Era bom saber que alguém tomava as decisões em seu lugar. entretanto. Como John fazia muita questão. Caroline estava com medo da festa e temendo também o inevitável encontro com Adam. ele apenas riu e disse que seria a coisa mais natural do mundo Adam organizar uma grande festa para comemorar o noivado do filho. Para ela. Depois da cerimônia. John acomodou Caroline no banco dianteiro. e. Caroline apresentou-os. e após o aperto de mão. — Está bem. Será que Adam não iria pensar que tudo fora idéia dela? John não se esquecera de tirar a medida do anel de Caroline. a seu lado. — Caroline se deixou levar por ele nas ondas de seu entusiasmo. Olhe. esse era. — Não se preocupe — disse Amanda —. em Slayford. Gostaria de poder ter tido mais tempo para se acostumar à idéia desse casamento. forcando-a a ficar mais perto dele. mais condizentes com seu novo status financeiro. Caroline Sinclair. Caroline. onde já não era mais possível encontrar um lugar para estacionar. Afinal de contas. A vila. Amanda estava muito preocupada com o desenrolar dos acontecimentos. acho que o carro chegou. certamente teria evitado que John continuasse se encontrando com ela. antes de expor a situação inteira diante dele. quando Caroline expressou suas dúvidas em relação à situação toda. — Estou muito contente por você ter me convidado. e Amanda estava firmemente convencida de que. partiram. Após colocar a bagagem de Caroline no porta-malas. a noite deixou de lhe parecer ameaçadora. Amanda. parecia muito contente com a vida e com o mundo e. Caroline refletiu e chegou à conclusão de que Amanda se parecia muito mais com o tipo de mulher ideal para John do que ela mesma. dizendo-lhe que poderia escolher pessoalmente o anel de noivado na noite da festa. eles iriam partir para Paris. Ele a puxou para mais perto de si. ignorando a pergunta. E assim. dançaram em silêncio. estivesse voltando para casa. irritado. com um sorriso. — Minha mãe ficará muito interessada em saber de todos os detalhes sobre o noivado de John. Caroline foi apresentada a um grande numero de convidados. Espero que sejam muito felizes. No entanto. num tom grave. — Não gostaria de saber qual é minha opinião a respeito disso tudo? Não gostaria de saber se ainda te amo ou não? — Por favor. Era esse o lugar que o destino lhe reservara. E você e John continuam com o propósito de ir a Paris? — Nossos planos não sofreram nenhuma alteração. com um vasto bigode. franzindo a testa. Lawson. sim — ela concordou calmamente. — Prefiro não discutir o assunto com você — respondeu. ela sentiu seu corpo tremer. — Acabou mesmo? — indagou de maneira quase grosseira. Caroline viu Amanda dançando com um senhor idoso. John recebeu muitos tapinhas nas costas. Aliás. — Caroline. forçando-se a manter uma aparência calma. Após alguns instantes. por que está fazendo isso comigo? — Adam. depois de uma longa ausência. sentindo uma estranha sensação. cujos olhos se fixaram rapidamente nos de Caroline. — Acredito que esse seja um momento propício para congratulações. nada temos a dizer um para o outro — murmurou.— Olá. amargamente. — Muito obrigada. — E é por causa disso que resolveu ficar noiva de John? — perguntou ele. com um tom impetuoso na voz. O jantar foi servido no grande salão de banquete. Adam conseguiu atravessar o grupo que circundava os noivos e disse: — Acredito que tenho direito à primeira dança. não continue — sussurrou. — Caroline quase gaguejou ao dizer essas duas palavras. Assim que John e Caroline entraram no salão. Ela teria gostado muito de vir para esta festa. — Não? — perguntou friamente. a não ser John. o grande salão havia sido transformado numa pista de danças. Tudo estava assumindo as proporções de um enorme pesadelo. não teve outra alternativa. não sou mais funcionária da Steinbeck Corporation. compreendeu o significado de suas palavras. — Ninguém. intimamente abalada. — Soube que vai para os Estados Unidos dentro de alguns dias — ela disse. Caroline. sentindo-se tomada por um súbito mal-estar. pois seus pensamentos estavam muito longe dali. e depois John levou Caroline para a biblioteca. Pedi demissão esta semana e hoje pela manhã recebi uma carta muito simpática do sr. finalmente. diante de tantas pessoas. que John lhe apresentara como sendo sir Ralph Maschman. e todos brindaram à saúde do jovem casal. Continuaram dançando em silêncio. — Tudo acabou entre nós. o que contribuiu para que Caroline se acalmasse. e Caroline ouviu todas as piadinhas de praxe a respeito da armadilha que preparara para conquistar aquele homem excepcional. Era extremamente difícil tentar aparentar tranquilidade. para que ela pudesse receber o anel que simbolizava o noivado. No decorrer da festa. outros apenas amigos íntimos. inclusive Adam. além de entregar Caroline ao pai. Caroline — cumprimentou Adam. mas um ataque de reumatismo impediu que viajasse. Alguns eram parentes. — Comparando com minha situação financeira de alguns meses atrás. desistiu de suas tentativas de racionalização e passou a desfrutar daquela agradável sensação. por sobre a cabeça dos convidados. — Sinto muito — ela falou. pensou que Adam conseguia atrair as mulheres da mesma maneira como uma chama atrai os insetos noturnos. Adam. No mesmo instante. mas todos lhe pareceram ser muito simpáticos e dispostos a aceitá-la em seu meio. Era como se. Os empregados trouxeram champanhe. transtornada. conseguiu dominar-se e aparentar a maior calma do mundo. Durante essa rápida ausência do jovem casal. foram imediatamente cercados por pessoas que os cumprimentaram desejando-lhes felicidades. porém. Ela teve uma vontade repentina de gritar que não estava disposta a se casar com ninguém e sair correndo dali. Caroline viu-se novamente nos braços de Adam. Ela sabia que nunca seria capaz de se lembrar de todos aqueles nomes. Por que Adam insistia em não querer ver as coisas? Durante algum tempo. — Mas ainda não consegui me acostumar completamente à idéia. — É verdade — respondeu. — Contaram-me que você agora é uma jovem muita rica. até que Caroline tropeçou. com o corpo tremendo ao simples toque daquele homem que a tinha em seus braços. enquanto John apresentava Amanda ao pai Ela viu como os olhos de Amanda se dilataram quando apertou a mão daquele homem enorme e. Música moderna e romântica era tocada. sentindo o corpo trêmulo dela colado ao seu. um político local. Alguns casais já dançavam. . — Eu já imaginava essa reação — disse. estivesse enganado em sua opinião sobre Caroline? A única pessoa capaz de esclarecer suas dúvidas era a própria Caroline. Por que insiste em me atormentar agora? — Eu a queria — respondeu. parece estar muito magoada. Sentiu-se aliviada quando os convidados finalmente se retiraram e pôde refugiar-se no quarto que lhe havia sido preparado. com voz fria como gelo. essa é a minha opinião. Mais tarde. a pessoa que mais conseguiu me magoar em toda minha vida! A música terminou. Não era uma situação muito agradável para ela. segurando-se firmemente no braço do noivo. John. não me obrigue a dançar outra vez com seu pai. — Ela não ficou excitada diante das inúmeras possibilidades que agora se abriram diante dela? — Não acredito que ela dê muita importância ao dinheiro. tudo que ouvira nessa noite parecia indicar que Caroline tentava fugir de uma grande infelicidade e para tanto estava prestes a mergulhar num emaranhado de falsidade. Amanda percebeu que Adam se oferecera para levá-la para casa simplesmente para ter uma oportunidade de conversar a respeito de Caroline. ele perguntou: — Acha que Caroline está se sentindo feliz? Com um certo desapontamento. ela ria de alguma coisa que Adam lhe dissera. e não quero que fique magoada. Por favor! — Acalme-se. — Adam! — Sua voz ficou subitamente irritada. Afinal. Naquele exato momento. — Sei que John a está levando a concertos sinfônicos e a espetáculos de ópera. Para Adam. — Você não me quis quando teve a oportunidade. também estava se preocupando muito com a amiga. — Por que me diz isso? John e eu vamos viver muito bem juntos. Porém. e sua atitude era . Como pai. sei disso. talvez seja essa a melhor solução. isso não vai durar para sempre. De certa forma. — E em relação ao dinheiro? — Adam indagou mais uma vez. Caroline viu Amanda dançando com Adam. A amiga estava obviamente se divertindo bastante e aproveitando a festa. — Havia um tom de súplica em sua voz. Ela ficou contente e lisonjeada com a gentileza. CAPÍTULO VII A dam se ofereceu para levar Amanda para casa. era até mesmo um certo alívio discutir o assunto com uma outra pessoa — Dificilmente consideraria Caroline uma pessoa feliz — respondeu. Sempre deu muita importância a seus sentimentos. Será que John estava a par da verdadeira situação entre eles? Seria possível que ele. consciente de que necessitava de seu apoio. — Sente mesmo? Por tudo o que fez? — Não estou compreendendo bem o que quer dizer. Por um momento. e Caroline afastou-se rapidamente de Adam. Pelo menos. chegou a pensar que iria desmaiar. e ela. Você mesma está se encarregando de destruí-la. tentando imaginar o que Adam teria dito para causar tanto nervosismo. mas a sensação de tontura passou. Mas foi inútil. Esse novo interesse em sua vida poderá proporcionar-lhe muitas coisas boas. Adam. mas aceitou sem rancor. Durante o percurso. conseguiu voltar para o lado de John. medindo as palavras. Ligeiramente tonta. Mas está se iludindo em relação a ele. talvez sim. e Caroline percebeu que não aguentaria continuar observando a cena. — Como tem a coragem de me dizer uma coisa dessas? — É a pura verdade — ele afirmou calmamente.O rosto de Adam ficou sombrio e ameaçador. pediu: — Por favor. — Simplesmente não quis destruir sua vida. Sei que está fazendo o papel de um perfeito cavalheiro. está tudo bem — ele a tranquilizou. apesar de tudo. — Durante um certo tempo. Caroline é uma pessoa muito emotiva. meu filho não é o tipo de homem capaz de ser fiel a uma mulher. — Mas acredito que. Além do mais. — Imagine só! Justamente você dizendo uma coisa dessas! Você. sentindo o que sentia? Ele devia ser um homem muito altruísta ou completamente desinteressado.por demais defensiva em relação a ele. não encontrou muita cooperação por parte de John. Além do mais. o hotel ultrapassou todas as expectativas de Caroline. também estava ansiosa demais por explorar a cidade. — Fico-lhe agradecida — Caroline falou. deixe-a em paz! Caroline precisa de uma chance para descobrir sozinha o que é importante para ela. — Realmente prefiro ficar aqui. Ainda estou muito cansada. nesse sentido. John o vira antes de ele sair para andar a cavalo. Finalmente conseguiu adormecer. sua cabeça fervia. cada qual com seu próprio banheiro. Caroline não pensou muito no possível significado disso. Logo acordou com a sra. Caroline mostrou-se disposta a tratá-lo muito bem. mesmo sem intenção de fazer qualquer coisa em relação a isso. — Não acredito que possa responder a essa pergunta. — Talvez você tenha razão — disse ele. Ele já conhecia Paris muito bem e em seus planos não estavam incluídos demorados passeios pelos lugares e monumentos históricos da cidade. desde a conversa fatídica durante a dança. O que teriam conversado? Será que Adam achara Amanda bonita e atraente? Ela tinha certeza de que Amanda gostara dele. mas por pouco tempo. fazia com que as pessoas a seu lado se sentissem protegidas e amadas. que nunca chegara a ser satisfatoriamente explicada. Amanda. compreensível que Adam e John gostassem tanto dela. em vez de descer até a sala de jantar. Persistia ainda a dolorosa situação com Mark. tão contente por sairmos um pouco da Inglaterra. Era muito atraente fisicamente. Sabia que ele fora levar Amanda para casa e não pôde evitar uma certa sensação de inveja em relação à amiga. Colocou uma bandeja sobre as pernas de Caroline. Com a oportunidade de conhecer Adam. mesmo tendo um compromisso sério. enquanto se despia e se preparava para dormir. mas. Quando Adam voltou a Slayford. mas cortando drasticamente quaisquer idéias que ele pudesse ter no sentido de . além disso. Ela estava empolgada demais com a riqueza da decoração para ponderar sobre as intenções de John. imerso em seus pensamentos. Caroline percebeu quando o carro de Adam voltou pelo barulho dos pneus.. — Eu te amo — ele murmurou. Adam não apareceu quando Caroline e John partiram. Ele não fazia questão de uma conversa inteligente e deixara bem claro. Amanda não tinha muita certeza Era um rapaz bastante agradável e certamente se aproximava mais da idéia que ela mesma tinha do príncipe encantado. — Você diria que Caroline é muito madura para sua idade? — Adam questionou com voz muito suave. que gostava de mulheres atraentes. Nesse meio tempo. beijou-lhe a face. Depois que a sra. permitindo sempre que ele tomasse as iniciativas. Porém. ponderava as palavras de Adam. enquanto esta se esforçava para se ajeitar melhor na cama. mas Caroline não falara com ele desde a noite anterior. Caroline encheu uma xícara de café e voltou a admitir que ela era realmente uma figura simpática. Por que o senhor não a faz diretamente a ela. Amanda podia compreender perfeitamente os sentimentos de Caroline em relação a ele. Jones abrindo as cortinas de sua janela e desejando-lhe um bom dia. "Deve ser maravilhoso ser amada por esse homem". E Caroline se perguntou se ele estava realmente tão certo disso quanto queria demonstrar. Como podia permitir que seu próprio filho se casasse com ela. e disse: — John achou que a senhorita iria preferir tomar o café da manhã aqui mesmo. inclinando-se em direção a ela. estou tão feliz. Suas atitudes deixavam bem claro que continuava apaixonado por Caroline.. pensou. muito confiante. Quanto a John. No começo da semana. Você vai ver. John reservara uma suíte. Jones deixou o quarto. isto fará um bem enorme para nós! — É lógico que fará — John concordou. considerando-a parte da família. Steinbeck? — Acha que suas respostas seriam sinceras? — Então. Em Paris. como havia dois quartos de dormir. pela maneira como a tratara. Parecia-lhe difícil a possibilidade de ela responder satisfatoriamente a suas indagações. John a encarou pensativamente quando tomaram a estrada principal para Paris e depois. sr. forçando um sorriso. — Verdade. Era. portanto. John? Oh. nunca tive muita paciência com as mulheres. Caroline não tinha coragem de encará-lo de frente. é que Caroline entrevia um lado completamente diferente na personalidade de seu companheiro. envolvendo-a nos braços e beijando-a apaixonadamente. e ela sentiu que as mãos dele a acariciavam com uma urgência cada vez maior. — Está bem. pode-se encarar a situação dessa maneira. — Bem. — Você quer dizer que. Foram visitar Fontainebleau. Caroline? — E lógico que não. — Não estou brincando! É você quem está indo depressa demais. não é? — Evoluir? — Caroline revelava-se bastante confusa. — Por quê. Caroline! — exclamou. Carol — ordenou. No entanto. mas não havia a menor dúvida de que o relacionamento entre eles fora abalado pelo que acontecera. Não foi muito difícil manter a relação apenas numa base amigável. Sou um ser humano. Estacionaram o carro num bosque.. — Não compreendi o que você quis dizer — ela disse. Estava nervosa demais para participar ativamente. — É um lugar muito bonito — disse ela. tentando se desvencilhar. platônica. e John sempre se mostrara respeitoso e gentil para com ela. Caroline ia falar alguma coisa.. Caroline. — Isto é sério. Você sabe disso. quando ele tomou a iniciativa e pressionou fortemente seus lábios contra os dela. enquanto John retirava uma esteira do carro e a estendia na relva para que eles se sentassem. nossa situação precisa evoluir.tornar o relacionamento mais íntimo.. — John deu a partida no motor. num tom de voz menos amistoso. — Caroline. quando algo o aborrecia. Ela teve a impressão de que se passaram horas até que ele resolveu ir lhe fazer companhia. foram para um local escolhido por John. O que mais quer que eu diga? — John. John? Não estou cansada. Não era a primeira vez que John tentava interrogá-la dessa maneira. não. — Assim é bem melhor — disse. Com a respiração ofegante. Mas nada disso correspondia à verdade. conseguindo assim destruir completamente o entusiasmo dela. o palácio renascentista com seus imensos jardins. Caroline. fizeram novamente um passeio fora de Paris. Sinto muito. apesar de terem sido apenas alguns momentos. mas não estava conseguindo. onde centenas de flores silvestres atapetavam o chão de amarelo. Prefiro passear um pouco pelo bosque. mas John passou a tarde toda tecendo comentários irônicos. você compreendeu muito bem. Não sou um desconhecido que a trouxe até aqui com a intenção de seduzi-la. do que tem tanto medo? Somos noivos. Durante o resto da permanência deles em Paris. — Está com medo de mim. As declarações de amor de John pareciam basear-se apenas na crença egoísta de que Caroline seria incapaz de pensar em Adam quando estivesse em seus braços. ... do beijo. você a está transformando numa espécie de competição! E parece estar muito certo de que vai acabar ganhando. Uma estranha sensação de mal-estar a invadiu. John se mostrou tão circunspecto quanto Caroline desejava. — E agora beije-me. Nossa viagem era para ser um passeio de férias. Sei que estou forçando a situação para você. — Oh. eram noivos. — Você também acha? — John parecia estar satisfeito consigo mesmo. Apenas em alguns momentos. uma certa petulância que a perturbou bastante. nunca teve de esperar pelas coisas. — Venha cá e sente-se — pediu ele. e agora ele também sabia. abriu a porta e jogou-se no assento. — Caroline. com a boca bem próxima dos lábios dela. O que iria acontecer agora? John se debruçou sobre o volante durante um instante e depois olhou para ela. Ele já a soltara e retomara sua posição anterior deitado sobre a esteira.. Desceram do carro e foram até a margem do riacho. — O que você quer que eu diga? Imagino que no fundo a culpa seja toda minha. Caroline. e você é uma grande tentação! — Levantou-se. Dessa vez. — Não faça isso! — Caroline levantou-se e saiu correndo em direção ao carro. sentando-se a seu lado. ao lado de um regato. sorrindo e puxando-a para perto dele. Caroline ficou encantada. Caroline hesitou durante um instante e depois foi até ele. mas não espere muito de mim nem que as coisas aconteçam cedo demais. Percebeu que ele estava tentando despertar nela uma reação de indignação ou de entusiasmo. — Não brinque comigo. Afinal de contas. mas John parecia não perceber isso. — Venha aqui. acho que devo lhe pedir desculpas — ele falou. eu já lhe disse que estou apaixonado por você. azul e violeta. No dia seguinte. é isso? — Sim. e o assunto foi temporariamente encerrado. Conhecer esse país sempre fora um sonho de infância e agora que dispunha de meios e liberdade para isso não havia nada que a impedisse. e depois voltaram para a sala. cruzou a sala e pegou o fone. envolta por seu roupão. cozinha e banheiro privativo. John ajudou Caroline a lavar os pratos. logo o rapaz se despediu. meu bem. uma sala de estar. que logo contou todas as novidades sobre o novo apartamento com dois dormitórios. — O que aconteceu para você mudar de opinião? — Todo mundo acredita que ele está apaixonado por mim. Caroline sentiu-se inconscientemente aliviada. Caroline estava sentindo-se profundamente desanimada. e Amanda percebeu que John se dirigia muito mais a ela nas conversas. Sentia-se como que roubando o lugar da amiga. — Gostaria de saber sua opinião se estivesse apaixonada por ele. e ela tinha o dinheiro necessário para comprar o que quisesse.Voltaram a Londres e na primeira noite jantaram em companhia de Amanda. mas depois indagou: — É a sra. e cada tentativa parecia pior do que a anterior. sou eu. alegando estar com uma pavorosa dor de cabeça. Após a saída de John. — Quem está falando? É a srta. Sempre que Amanda tinha tempo disponível. Às vezes. Com a ajuda de Amanda. Era uma ótima maneira de preencher o tempo. mas como ela mesma também estava distante. — Compreendo. fez todos os preparativos. Nos dias seguintes. não havia nada que Amanda pudesse fazer para melhorar a situação. Ele era exatamente como Amanda descrevera. explicando-lhe os motivos do passeio e dandolhe total liberdade. Após passar alguns dias no novo apartamento. Ela acabara de amassar a quarta versão. Tinha certeza de que ele estava se arrependendo tanto quanto ela do noivado. A casa herdada havia sido vendida por um preço elevadíssimo a um grupo de imobiliárias. e todos comeram com apetite. — Amanda arqueou as sobrancelhas. não se importou muito com isso. — Agora você está sendo injusta e tola — reprovou Amanda. Ambos procuravam se dirigir sempre a Amanda e pouco falavam entre si. com a qual ela tanto sonhara. Eu tentei falar com John. De que maneira poderia analisar as coisas objetivamente com ele a seu lado? Uma separação era a melhor coisa para ambos. Caroline repentinamente decidiu fazer uma viagem à Grécia. Amanda estava muito interessada em tudo. Pelo menos tinha a oportunidade de colocar em ordem os pensamentos. Mas como não estou. você deve fazê-lo por livre e espontânea vontade. e. e não apenas porque gostaria de deixá-lo contente. percebeu nitidamente a tensão que havia entre eles. escreveu para John. a ponto de ela acabar se sentindo mal. — Isso é o pior — concordou Caroline. vai dizer que me avisou disso tudo antes. mas parece que ele está interessado apenas numa coisa. Sinclair? Durante um momento. Levantou-se da poltrona. — John que pense o que quiser. ocupou todo seu tempo com o novo apartamento. Caroline. a não ser ir para a cama logo após o jantar. conversando sobre Paris e os lugares onde Caroline e John tinham estado. Ela continuou escrevendo para John como sempre. — Acho que tudo teria sido bem diferente se eu estivesse apaixonada por ele. e agora ela nem sequer tinha muita vontade de rever John. e foi apenas depois de fechado o negócio que Caroline descobriu que fora adquirida pela Steinbeck Corporation. Ainda não conseguira se acostumar com esse novo conforto e levou um susto com o ruído da campainha. mudaram-se para o novo apartamento. Foi uma carta difícil de ser escrita. que atitude tomar. como não tinham muito o que conversar. se é que ele a desejasse. Encontrava-se diariamente com John e passava muitas horas a seu lado. ele a convidava para ficar com eles. sentindo que nada tinha a fazer. sem a necessidade de interrompê-los para se encontrar com o noivo. Quando se entregar a um homem. A viagem. e Caroline gastou horas planejando os detalhes da decoração. Caroline pensava que seria preferível haver colocado um ponto final em tudo antes de ele voltar da universidade. Jones? — Sim. que bom que a senhorita está em casa. fiquei fria como um cubo de gelo e agora sei que ele me considera uma idiota. Entretanto. ela foi incapaz de reconhecer a voz. nunca faça nada que possa se arrepender mais tarde. . Amanda não sabia o que fazer. dizendo apressadamente o número do aparelho. Na véspera da viagem. mas não consegui e depois lembrei que o sr. Amanda caprichara muito na preparação do jantar para celebrar a volta do casal. ao mesmo tempo. Amanda voltou para a sala de estar. Quando John voltou para a universidade. no entanto. pelo menos com mais frequência do que em relação a Caroline. reservando a passagem com alguns dias de antecedência. mas. Ele se manteve sempre numa distância fora do comum. quando o telefone começou a tocar. mas as cartas dele já não eram mais tão frequentes como no início. Steinbeck tinha anotado seu número na agenda dele. Dois dias após a partida de John. transformara-se num pesadelo. Oh. ambos pareciam concordar com a situação. — O que está errado desta vez? — Se eu contar. — E então? — perguntou da maneira mais direta possível. resolveu ligar para mim. Em seguida. Você já decidiu o que vai fazer. tomando uma decisão repentina. — E então. Jones! — Caroline sentiu-se mal. E.. Mas. Era preciso esperar ate a manhã seguinte. — Por quê? Caroline explicou tudo e Amanda. Sinclair.— Mas o que foi? Aconteceu alguma coisa? — Eu recebi um telefonema da sra. — A senhora acha mesmo? — Lógico! Percebi que ele mudou muito durante os últimos meses. — Está bem. — Oh. Steinbeck? — perguntou Caroline. Steinbeck disse que teve alguns cortes no rosto e que machucou muito o braço esquerdo. Ainda não sabem se há ferimentos internos. encontrou Caroline andando de um lado para o outro. como não conseguiu. Steinbeck. inquieta. — Ele. Steinbeck. — Céus! — exclamou finalmente. — Vou deixar um recado para John. acho que ele vai servir para algo realmente importante! Teresa Steinbeck entrou no quarto que seu filho estava ocupando no Hospital Roseberry e sorriu para Adam. já decidi. — Acalme-se. Caroline percebeu que estava falando sobre Adam com a governanta e que isso poderia não ser de seu agrado. — Eu. Pela primeira vez. mas. Steinbeck também vai gostar muito de vê-la. — Você está com medo da viagem de amanhã? Caroline se esquecera completamente da viagem para a Grécia e por causa disso ficou olhando para a amiga durante um momento. sabe. srta. eu o conheço bem demais. sra. — Sempre achei que a senhorita combinaria melhor com o sr. lá de Boston. Sinclair! E tenho certeza de que o sr. estava tentando escrever para ele sobre isso. — É por causa do sr. Ele sofreu um desastre de automóvel e está hospitalizado.. Quando Amanda chegou em casa. depois de Caroline ter anotado o endereço. sim — replicou a velha senhora. meu Deus. Mas agora terá de ficar para mais tarde. meu bem? — perguntou ela. — E você acha que é a melhor coisa a ser feita agora? Quero dizer. parece-me que de nada adiantaria se eu dissesse alguma coisa. por enquanto. Despediu-se após agradecer a informação e desligou o telefone. — Como está se sentindo agora? . Jones? — A sra.. Ela tentou falar com John primeiro. — Posso imaginar. Steinbeck. srta. dizendo-lhe o que aconteceu e depois providenciar minha passagem para Boston. — O que aconteceu? — perguntou Amanda. Não havia nada que pudesse fazer agora. começou a organizar os pensamentos. — Já que a senhora está a par de tudo. ficou sentada ali. fechando a porta e dirigindo-se para a cama onde ele estava. John ainda não sabe o que quer da vida. De repente. Durante um momento. sem compreender o que ela queria dizer. srta. que devolveu o sorriso com muito afeto. Sabia que para entrar nos Estados Unidos era preciso um visto de entrada e que só poderia consegui-lo na embaixada norte-americana. Caroline sentiu os joelhos tremerem e deixou-se cair numa cadeira estofada ao lado do telefone. não é? — Sim. Não se preocupe demais. poderia me dar o endereço da sra. — A senhora nem imagina o abalo que essa notícia me causa. poderia telefonar ao aeroporto para saber os horários de vôos. Sinclair. assustada. sra. — O que significa tudo isso? — perguntou Caroline. Ainda bem que tia Bárbara me deixou todo esse dinheiro. Essas coisas sempre parecem ser muito mais graves do que realmente são. — Eu me esqueci disso! Vou ter de cancelar minha reserva! — Cancelar? — Agora era a vez de Amanda não compreender o que estava sendo dito. — O que a senhorita pretende fazer? — indagou. não acha que seria melhor esperar um pouco e perguntar a opinião de John a respeito de tudo isso? — Não existe mais nada entre mim e John — respondeu Caroline. está muito ferido. perto da casa da mãe. olhando para o aparelho a sua frente. — Estou tão contente. não me engano com muita facilidade.. A noiva de John. sentia-se aliviada. Não adiantava mesmo. no que posso ser-lhe útil? — perguntou Teresa. Sabe quando pretendem me deixar sair daqui? — Conversei com o doutor e ele disse que. quer queira quer não. Isso só lhe fará bem. e seu braço esquerdo ficou seriamente machucado. — Trocaram um aperto de mãos. atravessaram a pista e colidiram frontalmente com o carro de Adam. — Mas antes que a senhora me faça quaisquer perguntas. a empregada. Na Inglaterra. Caroline Sinclair — murmurou. não faça essa cara de tristeza. mas ela recusou. Qualquer movimento facial lhe causava dores. — Ah. Só pensa em si mesmo. não contam com sua volta antes do fim da próxima semana. Ele está ficando egoísta demais. isto sim. Ao contrário do que se suspeitou a princípio. — Pare de se preocupar tanto com o garoto. Apenas a moça. Liza? — Não. — Mamãe. sou sim — Caroline respondeu calmamente. — A senhora deve ser a mãe de Adam.. — Quase uma semana inteira aqui dentro — resmungou ele.. — Não diga bobagens. Teresa arqueou as sobrancelhas. Ora. e Teresa notou que a preocupação aumentava ainda mais a beleza daquele rosto. seu aspecto era bastante bom. Sinclair— disse. — Sim. Tive a impressão de que temem que você venha a ter qualquer reação posterior em virtude do choque. — Bem. — Graças a Deus! — murmurou Caroline.— Bem melhor — respondeu. John está aí também. não é? — No momento. — Entrar num lugar destes é fácil. preocupada. é claro. — Há uma moça aguardando a senhora — informou. pensativa. Sinclair. dirigindo seu carro.. — Disse que seu nome é srta. No momento em que Teresa entrou na sala. — Vamos deixar isso de lado. Fora isso. Nem ao menos foi capaz de trazer essa garota para que eu a conhecesse antes de ficar noivo. — John e eu não temos tido muito que dizer um ao outro nos últimos tempos. Três adolescentes perderam o controle de um carro. — Sim. O acidente fora muito sério. que John estivesse doente e mandara a garota em seu lugar.. está muito bem. — Não acredito nisso e você também não — respondeu ele. sei. Não era necessário. — Ele sofreu alguns ferimentos no rosto. apesar da palidez. — Depende do pai — replicou secamente. . afinal. todo filho tem o direito de saber quando o pai é hospitalizado. não houve qualquer tipo de ferimento interno. cruzando a sala. Caroline Sinclair. Teresa Steinbeck indicou uma poltrona à visitante. desculpe-me se eu estiver enganada. Por isso os hospitais sempre rendem fortunas. Ele tivera sorte de escapar com vida e sem ferimentos mais sérios. Em minha opinião. é isto mesmo. é a vida dele. — Uma velha palpiteira. a melhor solução seria ficar onde estava. Caroline voltou-se. Sua expressão era de extrema tristeza. — Sinclair. — Tem notícias de John. E onde ela se encontra? — Na sala de estar. Liza. agora que os especialistas tinham confirmado a inexistência de quaisquer ferimentos internos. tentando sorrir. Seu rosto estava parcialmente coberto com ataduras. Adam. — Espero que não tenha ligado para ele.. Entretanto. estava a sua espera no saguão. Caroline Sinclair e que veio da Inglaterra. senhora. como está Adam? — Meu filho está internado no Hospital Roseberry — informou Teresa. Era uma situação estranha. assim que os pontos forem retirados. — Imagino que a senhora esteja intrigada com a ausência de John. A semelhança é muito grande. mas isso não era tão grave. sou eu. — Por favor. mamãe? — perguntou Adam. poderá ir para casa. Havia a possibilidade de ficar com uma grande cicatriz no rosto. — Ótimo! — Teresa ficou satisfeita. você tem toda a razão. Deixe de dar palpites quando não lhe pedem. Eu lhe ofereci chá.. Quando ela recebera a notícia do acidente ficara muito preocupada. sentindo que uma onda de alívio inundava seu coração. com a mão estendida. Deixe que ele se preocupe um pouco para variar. Teresa franziu outra vez a testa e cruzou o saguão de entrada em direção à sala de estar. — Adam desistiu de tentar argumentar com ela. — Srta.. sorrindo. Você é a noiva de John. completamente intrigada com a situação e com as palavras da moça.. vai ficar aqui até receber alta. e seu braço esquerdo também havia sido enfaixado. a não ser. mas. inesperada. instalando-se numa outra poltrona em frente à de Caroline. sair é que é complicado. suspirando. — Muito bem. e Teresa pensou nunca ter visto uma moça tão linda em toda sua vida.. já que poderia se resolver com uma cirurgia plástica. Quando Teresa chegou em casa. devido aos pontos que recebera do lado esquerdo. — Acho que foi este o nome que Adam mencionou. onde Caroline se acomodou. — Mas você não sabia que é exatamente isso o que sou? — disse ela.. lembrando-se de que já ouvira esse nome antes. não existe nada urgente esperando por você. Até que os pontos fossem retirados. Você pode descansar durante algumas horas. O choro certamente aliviaria a tensão. Nunca fora muito de alardear seus sentimentos em relação a qualquer mulher. ainda dispomos de algumas horas antes podermos ir até lá outra vez. Quando passou pela sra. apesar de estar certa de que estão relacionados a meu filho. — Mais tarde — disse Teresa. gostei muito de você e tenho certeza de que ainda iremos ser grandes amigas. — Sra. pelo que Adam me contou. Isto aconteceu simplesmente porque estou muito nervosa. srta. lançou-lhe um olhar cheio de gratidão. não sabendo como se expressar e certa de que a mãe de Adam deveria estar achando tudo muito estranho. e Teresa teve a impressão de que ele não tivera sequer a intenção de se referir à garota. Além do mais. você esteja cansada e com fome. Sinclair. Não compreendo o significado disso tudo. Estou chegando agora do hospital. A ara. meio envergonhada. ou seja. por isso se comunicou comigo. — Você teve seus motivos para vir até aqui. Se John vier para cá. Jones não conseguiu entrar em contato com ele ontem à noite. Naquela ocasião. e agora a gentileza da mãe de Adam deixou-a ainda mais vulnerável. meu bem — Teresa tranquilizou-a com um sorriso. ele havia mencionado acidentalmente uma garota que levara para conhecer a casa em Slayford. Normalmente. — Mostre o quarto de hóspedes à srta. começou a soluçar convulsiva-mente. Sinclair — pediu. até que Adam receba alta do hospital. Caroline? —Há seis meses aproximadamente — respondeu. — Lançou um olhar para o relógio de pulso. — Liza! — chamou. — Você é bem-vinda aqui. não. e seu casamento parecia tê-lo imunizado contra qualquer tipo de afeto mais sério. Teresa deu-se conta então de que essa atitude era típica de Adam. Steinbeck. Pelo menos. com fome. portanto. — Seja bem-vinda e considere-se hóspede da casa durante alguns dias se quiser. Larguei tudo o que pretendia fazer. Queria muito ver Adam. você e John estão juntos desde janeiro. Por aqui. por favor. Steinbeck sorriu e levantou-se. quando soube da notícia. e. mas como ele obviamente não está a seu lado neste momento. tenho certeza de que tudo isso é plausível. deixando-a mais calma. não está. você conheceu Adam antes de começar a sair com John — concluiu Teresa. — Exato. apesar de sua timidez. Suponho que John tenha ficado muito preocupado com a saúde do pai. não aprofundou o assunto. A tensão das últimas horas fora excessiva para seus nervos.. Ele está doente? — Não. depois faremos uma refeição leve antes de irmos para o hospital. — Cansada. peguei o primeiro avião e vim para cá imediatamente. meu bem. Mesmo assim. e ela continuou: — Estou numa evidente desvantagem em relação a você. mulheres. há quanto tempo conhece meu filho. a propósito. dando vazão às lágrimas. Caroline adormeceu quase que imediatamente e só acordou quando Liza foi chamá-la às seis e meia. ele também ficará hospedado aqui. Aliás. Foi em direção à porta e a abriu. e de tal forma que. imagino que. acho que seria bem melhor você descansar um pouco antes de tentar me explicar a situação. levantando-se da poltrona. desculpe-me. procurando deixá-la mais à vontade. — Onde esta a bagagem dela? — No saguão. — Bem. Alguns minutos mais tarde. sim. CAPÍTULO VIII . Pode deixar que a levarei a seu quarto. Steinbeck. Entretanto. quando a senhora telefonou. não lhe contar nada. depois dessa longa viagem. Suponho que. A sra. — Isso explica muitas coisas. Caroline conseguiu dominar as emoções e disse: — Por favor. somos criaturas estranhas nessas horas. Mas. — Não se preocupe. ou posso chamá-la de Caroline? — Caroline concordou com um gesto de cabeça. — Eu também me debulhei em lágrimas no momento em que descobri que os ferimentos de Adam não eram muito graves. — Nem sei como agradecer — disse. Sinclair. — Sim. senhora. deve também ter decidido vir para cá. Teresa afastou-se um pouco. — Portanto. Teresa estava se lembrando de uma visita que Adam lhe fizera em novembro do ano anterior. não costumo me comportar de maneira tão dramática. — São quatro e meia agora. muito obrigada. Nós.. — E. Caroline sentiu os olhos se encherem de lágrimas. Caroline anuiu com um gesto de cabeça e levantou-se da poltrona. acho que lhe devo algumas explicações — falou.— Srta. não compreendo por que você veio para cá sozinha. Caroline? — perguntou repentinamente. que tivesse uma vida normal ao lado de uma esposa. não sei. estava muito confusa. o amor que sinto por Adam parece ter tão poucas perspectivas. — Bem — começou Caroline. e ela estava convencida de que a moça dissera apenas a verdade. Como a senhora pode imaginar. No começo. — E. além de tudo. já sabendo que eu havia saído com um rapaz. pela primeira vez. Fico horrorizada só de pensar numa possibilidade dessas. Além disso. me encontrei novamente com John. Acabei concordando. e creio que deve ter pensado a mesma coisa a meu respeito. e chamou-a para dentro. fomos para Slayford. John mostrou muita simpatia e compreensão. meu bem. — Dezoito. acho que a senhora tem todo o direito de ouvir uma explicação — replicou Caroline com firmeza. Além disso. Estava convencida de que essa moça. e acabou me pedindo em casamento. juntando toda sua coragem. Quando descobri quem ele era. — Ótimo.. certamente teria imaginado alguma maneira mais complicada para explicar a ligação com o outro rapaz. ele não ficou muito contente em me ver ali e creio que pensou que Adam e eu fossemos amantes. — Ela enrubesceu. — Ela interrompeu suas palavras. — Depois de alguns dias de nosso primeiro encontro. de uma família. — Aceita um pouco de cherry! — perguntou Teresa. e dormi muito bem — respondeu Caroline às duas perguntas. embora muito jovem. A história que Caroline acabara de lhe contar explicava tudo. no elevador do Edifício Steinbeck. terminou nosso namoro de uma vez por todas. Quando Adam voltou e foi a meu apartamento. A senhora sabe como esses boatos podem prejudicar as pessoas. com ele. — Eu lhe agradeço por ter-me contado tudo. concordei em sair com ele só porque era filho do homem que eu amava. Caroline suspirou. aceitando.. Eu era uma simples dati-lógrafa e estava trabalhando havia apenas algumas semanas na empresa. Fui covarde demais para concordar em aguentar tudo sozinha. Ele implorou que me casasse com ele. Não durante a vida toda. ao mesmo tempo em que colocava o cálice vazio sobre a bandeja. Na época. — Quantos anos você tem. ou. e isso realmente eu não queria. E ela queria que seu filho fosse feliz.. Adam era o diretor-presidente da Steinbeck Corporation. Outra vez por mero acaso. ele representava tudo aquilo com o que eu sempre sonhara em um homem. por mero acaso. — Agora estou me sentindo bem melhor. em novembro. Foi pavoroso. Após um momento. conte — disse Teresa com um sorriso. eu não tinha a menor idéia de quem ele era. mas quando um rapaz do escritório me convidou para sair com ele. Dias mais tarde. Provavelmente. Talvez eu tenha sido ingênua. — Então. não acredito que seria capaz de continuar vivendo sem ele.. Vamos nos sentar para conversarmos um pouco? — A senhora gostaria que eu lhe explicasse a situação? — Minha querida. pensei que. — Conseguiu dormir? — Aceito. Será que a senhora é capaz de me entender? Teresa estava com um olhar pensativo. — Mesmo assim. Tudo era simples demais para ser mentira. sabia que se recusasse o pedido de John estaria rompendo todos os contatos com Adam.. Teresa a encarou com muita simpatia. e Teresa tomou um gole de seu cherry. no terraço. poderia vir a ser ótima companheira para Adam. isto pareceu não fazer diferença alguma. o que a senhora pensa de toda essa história? — indagou. encontrei Adam. Se ela tivesse inventado essa história. essa garota realmente era muito jovem ainda. Ele me pareceu bem mais simpático dessa vez. brincando com o copo entre os dedos —. pegou o copo que Teresa lhe oferecia.. e eu não queria que nosso amor se transformasse em assunto para fofocas. Porém. estaria colocando um ponto final em todos os rumores e boatos. sem que ele soubesse disso. Na ocasião da morte de minha tia. assim podia manter um certo contato com Adam. Em seguida. percebeu que Caroline estava lá fora. O jantar deverá estar pronto dentro de quinze minutos. permitindo assim que Caroline se recuperasse outra vez. — O que acontecerá se meu filho continuar se recusando a acreditar em você? — Honestamente. e nunca havia ocorrido até então. sim. John chegou lá para passar o fim de semana com uma namorada dele. qualquer coisa semelhante a isso.Q uando Teresa chegou à sala de estar. Sentia a voz insegura. Para mim. E. Teresa imaginava muito bem a mágoa que seu filho devia ter sentido com a suposta traição de Caroline. confesso que estou morrendo de curiosidade. conseguiu recuperar o controle novamente e prosseguiu: — Suponho que a situação deva ter sido muito desagradável para ele. pelo menos. uma série de boatos a respeito de Adam e eu começaram a circular dentro da empresa. que ficássemos noivos. . é claro. Inesperadamente. — Por quê? — A voz de Adam era fria e distante. Teresa sabia que John era uma pessoa bastante instável e a notícia do noivado a deixara surpresa e até mesmo um pouco chocada. Prometo não demorar muito.. Caroline sentiu o sangue subir-lhe as faces. — Eu também recebi o recado de sua mãe.— Acho que meu filho é um homem extremamente teimoso e que você precisará se esforçar muito para que ele aceite tudo o que tem para lhe dizer.. Adam começou a olhar pela janela. assim que cheguei.. Caroline não ficou surpresa ao perceber que havia fúria em seus olhos. Quando ele a afastou de si. — Então. e tão fortemente que chegava a ser quase irresistível. — Oh. — Muito obrigada. Adam — murmurou. Simplesmente não podia! — Está se sentindo bem. Caroline hesitou apenas durante um segundo e depois o abraçou. a cama estava vazia e Adam estava lendo. — Por que está aqui? John veio com você? — Não. e Teresa parou. Logo depois. ainda não. gostaria muito que Adam se casasse novamente. ele levantou os olhos e a viu.. — Não estou me sentindo bem. Ele não podia ficar indiferente a tudo. Torço por você. Porque eu não tinha a menor idéia se os ferimentos eram graves ou não! — Que lindo! Caroline. com as defesas totalmente abaladas pela doença e pela proximidade física de Caroline.com muita firmeza— Vou verificar algumas coisas com a enfermeira de plantão. Gostaria que fosse bem-sueedida. sim. — Caroline sorriu. — Por que você acha? — Ela percebeu que sua voz não podia ser com-pletamente controlada. Lá dentro. E você... — Agora. isso significa que a senhora não me desaprova? — Não. principalmente sabendo que ele dava tanto valor à liberdade. não acha? . olhando para ela. É claro que o transmiti a John e. por favor. Ele ficou tenso. Quando terminaram o jantar. Finalmente chegaram à porta do quarto ocupado por Adam. Fui imediatamente para a casa dela hoje à tarde. está abalando a confiança que ele tem em si mesmo. seguiram para o hospital. aproximando-se dele. Faíscas de paixão selaram a aproximação. E agora temo que ele se julgue completamente auto-suficiente... boquiaberta. — Porque fiquei muito preocupada com você. Caroline cerrou os olhos durante um rápido momento. um elevador transportou Caroline e Teresa até o andar onde estavam localizados os quartos particulares. Durante a refeição. você realmente consegue ser uma surpresa constante para mim. e ela sentiu o coração batendo mais rápido. pressionando seu cotovelo com os dedos. Acredito também que ele tema que sua paixão por ele seja passageira. Steinbeck. — Olá. — Oh. Ela era uma pessoa mesquinha. pressionando o próprio corpo contra o dele. pelo menos. preocupada. Ele se sentia incapaz de resistir à tentação e procurou os lábios de Caroline. Ele não levantou os olhos imediatamente. Caroline entrou no quarto e fechou a porta atrás de si Para sua surpresa. trémula. Aliás. Adam? — perguntou. Caroline contou mais detalhes sobre sua história. O estilo de construção do hospital era bem moderno. recuperando a compostura. ao vê-lo diante de si. minha querida. entre—felou. tão familiar. — Ostensivamente. Sua vida ao lado de Lídia nunca foi muito boa. isto tudo é bastante divertido. vim imediatamente para cá. pedindo ajuda a Deus. Como está se sentindo? — Tão bem quanto seria de se esperar nestas circunstâncias. Ambos sentiam a ausência um do outro. — Não — resmungou.. — Adam — murmurou ela —. Caroline estava morrendo de medo do encontro que deveria ocorrer dentro de mais alguns minutos. como diriam os médicos — respondeu ele. Caroline sentiu-se grata pela confiança que Teresa lhe transmitia. — Por quê?! — Caroline meneou a cabeça.. tão querido. — A senhora também acha isso? — Não. sentado numa poltrona ao lado da janela aberta. — Ela não sabia o que dizer. e Caroline sentiu uma onda de rebelião tomando conta dela. sra. Minha mãe já sabe que está aqui? — É claro que sim. todo seu corpo pulsava de desejo. estou tão apavorada! — Vamos. coragem. Você realmente ama meu filho. — Boa sorte! Reunindo todas suas forças. — Compreendo. O que a magoou muito mais foi a expressão de ironia. em que Adam tinha sido internado. incapaz de ver a vida pelos parâmetros que Adam estava tentando estabelecer na época. e que desta vez fosse um casamento feliz. — É maravilhoso poder vê-lo. — Teresa abriu a porta e deixou-a escancarada. — Acredito que já sou suficientemente grande. absorto demais em seus pensamentos. um tanto irritada. — Não acha que deveria estar deitado. — Não. — Sim! — respondeu Teresa. — Mas é a verdade! — Ela o olhava fixamente. apesar de a voz estar ainda um pouco trêmula. mamãe. Ficou muito surpreso com a visita de Caroline? — Sim. um jovem rapaz desceu correndo os degraus da entrada principal e foi ao encontro delas. Com um sorriso exuberante. minha querida. Estava muito pálida e parecia muito distante. a não ser ele mesmo. beijando Teresa no rosto. levantando-se. — Vocês dois decerto têm muito o que falar — disse Caroline calmamente. sem ter a mínima idéia de seu tormento interior. sra. exasperado. acredito que provavelmente ele entrará em contato comigo hoje à noite ou no máximo amanhã. Caroline estava a espera da mãe de Adam na sala de espera. — Mas. — Caroline caminhou em direção à porta. Teresa estava muito preocupada.. e eu quero que seja feliz. Não tinha a menor vontade de discutir assuntos íntimos com a mãe.— Adam. Foi quase com uma sensação de alívio que percebeu a porta se abrir para Teresa entrar. Em seguida. meu querido. — Já recebeu alguma notícia de John? — Adam interrompeu-a. mal-humorado. — É sim! — exclamou Teresa. inclinando-se para beijar-lhe a testa. Qualquer coisa que decidisse deveria partir exclusivamente dele. tentando se acalmar.. E cuide-se! — exclamou Teresa. Teresa esperou um momento. — E então.. — Acha que eu seria feliz com ela? — perguntou ironicamente. e Teresa. Adam virou-se para o outro lado e sentou-se na poltrona. meu filho? — perguntou por fim. — Você é meu filho. Pretendo me deitar depois que você for embora. — Está bem. profundamente abalada pelas palavras dele. — Olá. Depois dessas poucas frases. — Por favor. ficou olhando pensativamente para Adam. ignorou a óbvia tensão existente entre os dois e falou: — Olá. Seus olhos imploravam que acreditasse nela. Adam não respondeu imediatamente. — Acho que é mais do que óbvio — disse Teresa calmamente. — Acabei de chegar e. quero que me responda uma coisa com toda a sinceridade. Ficou parada onde estava.disse friamente. poderia tomar qualquer decisão em seu próprio nome. como Liza contou-me que você tinha ido ao hospital. — Espero pela senhora lá fora. a conversa entre eles praticamente cessou. não minta! — exclamou. quando entrei aqui. — Tudo no devido tempo. É claro que agora não é mais preciso. não diga isso! — O que gostaria que eu lhe dissesse? Alguma coisa bem-edu-cada. Fiquei muito surpreso — respondeu secamente. meu querido. não sabia o que fazer. tanto com Adam quanto com Caroline. Ninguém. —Adam. — Então boa noite. amor de minha vida — disse ele. para me encontrar com você. Está apaixonado por essa moça? — Isso não é de sua conta. Durante um instante. — Oh! É John! — exclamou Teresa. pareceu ficar preocupada. Não devo demorar muito tempo. — Por Deus. por sua vez.. estava enfurecida demais para poder demonstrar calma. Incapaz de aguentar a situação durante mais tempo. Steinbeck. voltaram a se fixar em Adam. mamãe —. eu te amo. Acho que John virá assim que puder. Quando chegaram a casa. resolvi ir até lá também. Adam estava preocupado. será que não enxerga que ela está apaixonada por você? O que você lhe disse? Estava pálida como um fantasma. Adam. Entretanto. em seguida. para resolver meus assuntos particulares.. Adam? — perguntou. Os olhos atentos e observadores examinaram rapidamente Adam e depois Caroline. Ela sentia muita pena de Caroline e resolveu abreviar a visita para poder consolar a moça de alguma forma. charmosa? Espera que eu caia de joelhos a seus pés? Foi por isso que resolveu ficar noiva de meu filho? Para poder criar situações deste tipo? — Adam. Não estou preocupada com isso. Como está papai? Acha que devo visitá-lo ainda hoje à noite? .. — E então o quê? — replicou. o que fez com que ficassem em silêncio durante a maior parte do caminho para casa. Ainda não recebi notícia alguma. Caroline. Considerando-se a maneira como John acabara de se comportar. Segurando-se cuidadosamente em tufos de grama e enfiando os calcanhares no solo arenoso para poder se equilibrar melhor. Caroline? — Sim. Perdeu muito sangue. — E qual é a conclusão que devo tirar dessa sua breve explicação? Estou certo ao pensar que meu pai voltou a participar do campeonato? — Não seja tão sarcástico — murmurou. que já estava gostando sinceramente da mãe de Adam. Parecia não haver outro caminho. Não serei capaz de aguentar isso hoje à noite. não está acostumado a ser recusado em suas investidas. Ele estava realmente enfurecido. em hipótese alguma. dizendo que uma noite bem dormida provavelmente a deixaria em boa forma. Teve alguns ferimentos no rosto e no braço esquerdo. Após a cena que tivera com Adam. fazendo questão de continuar ignorando a presença de Caroline. — Graças a Deus! — exclamou John. ao lado de alguma garote? Afinal de contas. — Nesse caso. Tudo o que Caroline lhe dissera era verdade. aceite o anel de volta. Não havia sequer um motivo para permanecer mais tempo naquela casa. eu não iria lá agora — Teresa respondeu. mas nenhum chega a ser muito sério. Teresa mostrou-se muito compreensiva e concordou. — Bem. John também aceitou um copo e se jogou. um de cada lado. Estava contente por ter resolvido os problemas pendentes entre ela e John. acho melhor dispensar o táxi que eu havia chamado. mas agora nada mais havia para ser feito. com calma. Acho melhor considerarmos este assunto encerrado — disse abruptamente. conseguiu descer com bastante facilidade. — Você sabia desde o princípio que eu não estava certa se queria ou não me casar com você. ela serve também para acalmar os nervos — Teresa falou. Adam a magoara profundamente. e. e ele continuava profundamente ofendido pelo fato de ela abertamente dar preferência a seu pai. Caroline sentiu vontade de andar. Além disso. Os nervos de Caroline estavam à flor da pele. Quando Caroline chegou a seu quarto. John entrou no momento em que sua avó estava saindo do outro lado. continuou: — Onde estava na noite passada. não encontrando ninguém durante o percurso. cuja areia parecia ser muito branca e limpa. e já não era mais noiva de John. quando percebeu que Teresa voltava. — Por favor. limitavam o local. vinda da cozinha. quando sua avó ficou desesperada tentando entrar em contato com você? Estava fazendo um curativo em seu orgulho masculino. saiu do quarto e desceu as escadas. — Aceita um copo. — A limonada é uma das bebidas mais refrescantes que existem. Pegando uma jaqueta. Ficar mais tempo ali só serviria para tornar as despedidas ainda mais dolorosas para ela. Dois promontórios. obrigada — respondeu e foi sentar-se perto da porta. Cruzou a estrada que passava pela borda superior das falésias e chegou às encostas cobertas de relva que levavam até a praia. — Sinto muito. Ele se afastou para fazer isso enquanto Teresa e Caroline entravam em casa. . quer dizer que acertei na mosca? — perguntou ele. mas deverá estar bom novamente dentro de alguns dias. — E o que fará para me impedir? — indagou ela. e caminhou em direção à praia. Por favor. finalmente se dirigiu a ela. Saiu no momento em que Liza apareceu.— Em seu lugar. Após terminar de tomar a limonada. procurando fazer o mínimo barulho possível. poderia voltar correndo. era óbvio que os dois ainda teriam uma discussão muito séria. não comece a fazer uma cena. E sem esperar que ele respondesse. Caroline sentia-se totalmente vazia por dentro. caso chovesse. — Está enganada se pensa que vou concordar com o rompimento de nosso noivado — respondeu. como você mesmo disse. pensou em tomar um avião de volta para Londres no dia seguinte. Caroline pediu permissão para se retirar. entregando-lhe o anel. numa das poltronas. John — disse. e. sua única vontade era a de ficar sozinha. acabar se envolvendo por laços mais profundos com a velha senhora. Tudo parecia indicar que nada mais poderia dar certo entre ambos. mas quero romper nosso noivado. acho que está exagerando em suas pretensões! O que você pensa que meus amigos vão dizer quando ficarem sabendo de tudo? Está me transformando na maior piada do ano! — Em que pretensão estou exagerando? — protestou ela. vendo que estava a sós com Caroline. depositando uma bandeja com refresco sobre uma mesa. pode me explicar o significado disso tudo? — indagou friamente. de sair um pouco de casa. Caroline sentiu-se reanimada com o cheiro da maresia e começou a descer lentamente pela encosta não muito íngreme. mal-humorado. e o simples fato de saber que não havia maneira de escapar da conversa com John aumentava seu mal-estar. Caroline. A praia era próxima. — Ele está inquieto. Ela não queria. — Por Deus. — Então. Pôde ouvir as vozes de John e da avó conversando na sala e imaginou se não haveria uma maneira de sair sem que eles a vissem. segurando o telefone na mão. O clarão de um relâmpago iluminou a praia. ela certamente seria informada disso no devido tempo. porém ela se recusava a permitir que isso acontecesse. olhou em torno. Caroline percebeu que a areia debaixo de seus pés era úmida. Eram quase dez horas da noite. meu querido. Caroline pisou em falso e acabou caindo na areia. Quando se recobrou do susto. mamãe. O medo causou-lhe náuseas. sonolenta. Talvez fosse melhor ficar ali mesmo. — Agora? — indagou. na esperança de encontrar um lugar onde pudesse se abrigar. Se pelo menos ela tivesse avisado a alguém que pretendia sair para um passeio. percebera o prolongado silêncio de John em relação à noiva e preferiu não fazer comentário algum a esse respeito. seguindo-se logo depois uma trovoada ameaçadora. — Quero apenas conversar com Caroline. olhando para John —. Estava pensando em ir dormir e deixar as explicações para a manhã seguinte. simultaneamente. — A srta. acho que será melhor não ir perturbá-la agora. estou exausta. Ninguém daria por sua falta antes do café da manhã. Teresa assustou-se. a tempestade que estava prestes a cair certamente impediria o acesso de outras pessoas ate a praia. Era difícil impedir que as lágrimas aflorassem em seus olhos.. Envolvida pelos pensamentos. já que você insiste. Foi um dia repleto de acontecimentos. — Adam.. de repente. Sinclair já voltou para casa? — perguntou Liza. veio-lhe um outro pensamento. — Céus! — exclamou ela. — Acho que vou dormir também. se não tivesse resolvido sair de casa! Quanto tempo será que ainda lhe restava antes da chegada da maré alta? CAPÍTULO IX N a sala. Sentindo-se tremendamente perdida. o telefone começou a tocar insistentemente no saguão. Então. não estou brincando — Adam respondeu com voz calma. encostou-se na parede de pedra. — Ele deseja falar com a srta. o mar inundava a praia toda. Ela também teve um dia muito difícil. olhando para John com um ar de indecisão. Além disso. Lá de cima. — Coitada. enquanto Liza parecia preocupada. A tempestade estava começando a desabar. numa tentativa frustrada de permanecer seca. John não respondeu.A seis metros. — Está bem. em vez de se comportar como uma garotinha idiota! De repente. firme e não completamente branca. — Teresa levantou os ombros. Somente ela era culpada pela estúpida situação em que se encontrava e só a ela cabia procurar a melhor solução. Logo em seguida. Se ele e Caroline tinham resolvido romper o noivado. sem saber o que fazer. Isso só podia significar uma coisa: quando a maré subia. e ela bo- cejou. começou a se sentir apavorada. Teresa Steinbeck consultou o relógio de pulso. Teresa levantou-se. — Meu querido — disse ela. Suspirou. aproximadamente. mal-humorado. Adam. sentiu o primeiro pingo da chuva e. era impossível ver o barranco e desesperou-se. — Caroline deve ter resolvido dormir — falou Teresa casualmente. De repente. mas não conseguiu avistar nada. Caroline permaneceu exatamente onde estava. muito mais apavorante: ninguém sabia que ela resolvera passear. Havia pouquíssimas probabilidades de que alguém passasse por ali durante a noite. pois não sabia como poderia galgar a encosta e chegar à estrada novamente. . Caroline. pegando o fone. e ele não tinha a menor intenção de discuti-lo agora. Horrorizada. da praia. — E como! — exclamou. senhora — disse Liza. ouviu o forte estrondo de um trovão. notou que a encosta coberta de grama acabava ali e que o resto era um barranco de pedra. está querendo brincar ou o quê? — Não. Ah. Desesperada. com a familiaridade de uma empregada antiga. até que alguém a encontrasse. entrou em pânico. — Quem será a esta hora da noite? — É o sr. Tanto ele quanto sua avó haviam tomado todos os cuidados possíveis para contornar o assunto durante mais de uma hora. como ela faria para descer a encosta e o barranco de pedra? — O cartaz não é visível de todos os pontos da estrada — argumentou Teresa. muito preocupada. é possível que ela esteja procurando se esconder da chuva em algum lugar por aí. papai. deve ter chegado a conclusão de que não podia se casar com você. — O que acha de olhar na praia. brigara com ela. estando apaixonada por seu pai. — Caroline não está? — Bem. — E pouco provável. — Não. Mas onde? — Onde? É a grande pergunta da noite. como vai? — Vamos deixar isso de lado — resmungou Adam.. John chegou. sentindo um arrepio. e a ligação caiu. — As roupas estão todas aí — John falou. Além disso. John? — perguntou Teresa de repente. — Eu mesma a vi sair. Ora. e o resultado foi esse. Tivemos uma discussão bastante feia. corra. — Bem.— O que você quer dizer com isso. — O que está acontecendo? — Bem.. — Mas não tenho certeza. então não havia mais nada que a prendesse a esta casa? — Está se esquecendo de meu pai — murmurou John. John fora buscar um agasalho.. — Você não podia saber de todas as circunstancias. — Não há cabimento. Liza não chegou nem sequer a falar com ela. John! — O que está acontecendo aí? — quis saber Adam. — Por que ela resolveu romper o noivado com você? Em minha opinião. John! — exclamou Teresa. sem compreender direito a situação. — Vamos. — Eu sempre disse que esse lugar é muito perigoso. parece que ela resolveu sair há mais ou menos uma hora — explicou Teresa. acho melhor eu sair por aí e ver se consigo encontrá-la em algum lugar. não tenho certeza — respondeu Teresa. — Sua voz desapareceu nesse momento. entre todas as pessoas.. — Suba correndo e verifique — pediu Teresa. Ela acompanhara o desenrolar da conversa entre pai e filho e estava encostada agora na porta da sala. — Acho que de certa maneira me sinto responsável. Liza. Enquanto o abotoava. — Então é por causa disso que foi ver se as roupas dela ainda estão aí? Estava com medo que ela tivesse ido embora sem avisar ninguém? — Sim. A vista daqui de cima é muito convidativa. senhora — discordou Liza. — Olá. — Não. mamãe? — perguntou Adam. descendo as escadas. Estou certa de que ainda não voltou.. Vai ver que não há problema algum. ela pode ter escorregado e caído. surpresa. pior ainda. deveria ter mostrado maior consideração por seu estado altamente emotivo fizera exatamente o oposto.. isto não é muito difícil. — Nessa tempestade? — Adam disse. está redondamente enganado — Teresa falou. então.. Quanto a descer até a praia. — Não vi nenhuma bagagem — disse Liza. Uma situação dessas nunca pode dar certo. — E Caroline não disse para onde ia. — Não se preocupe com isso — tranquilizou-a Teresa. John recolocou o fone no gancho e encarou a avó. que ela estava saindo daqui. cético. do outro lado da linha. — Céus. por acaso. com a voz calma e apazi-guante. John acaba de subir para ver se as roupas dela ainda estão no quarto — informou Teresa. — Bem. Acha que seu pai teria telefonado se ela estivesse lá? Nesse ínterim. se é que ela saiu daqui por algum motivo relacionado com algo que aconteceu entre nós dois. Tenho certeza de que vamos encontrá-la dentro de pouco tempo. — Mas.. Liza? A srta. sem saber ao certo como continuar a frase. — O que significa tudo isso? — esbravejou ele. procurando se lembrar melhor. eu pensei nisso. Sinclair já foi dormir há mais de uma hora — Teresa falou.. — Nem pense numa coisa dessas. — Seria a coisa mais natural do mundo se ela se sentisse atraída pelo mar. tentava não imaginar o que aconteceria se encontrasse Ca-roline ferida ou. e nós estávamos conversando na sala. Ele que. irritada. cada vez mais agitada. acho que não faz diferença alguma se você ficar sabendo de tudo agora. E possível que tenha resolvido voltar ao hospital.. Ela rompeu nosso noivado.. Liza? — perguntou John. não a vimos quando saiu. papai. como já aconteceu com muitas outras pessoas antes dela. Bem. por que. Somente Liza percebeu.. não faz nem uma hora. pedindo ajuda. . — E ela levou alguma bagagem. quer dizer. — Eu deveria ter avisado a senhora quando vi a moça saindo — Liza disse. — Se alguma coisa tiver acontecido a ela. — Quero dizer. — Se você pensa que ela e Adam se reconciliaram. — ele começou a dizer. ela pode ter saído para dar um passeio. — Onde será que ela se meteu? — Quero falar com John — Adam pediu. — Caroline estava num estado de depressão muito grande — explicou ela. mas não contra uma maré que provavelmente a lançaria contra as rochas. Que horas são agora? A maré alta recobre sempre toda a praia. não. — Bem. Com uma exclamação de alívio. Vá procurá-la.. por menor que fosse. como se tivesse esperanças de que ela cedesse. Caroline já perdera a coragem havia algum tempo e ela só não estava histórica graças a sua força de vontade. vovó sugeriu que começássemos pela praia — disse John. levantando a gola de seu sobretudo. saiu para um passeio e ainda não voltou? Não me parece motivo para chamar a polícia. a senhora tem uma corda em casa? — perguntou John. — Não fique aí discutindo. Outras pessoas poderiam ter pensado nisso. Ela sabia nadar. nossa hóspede. Teresa levantou os ombros. salvando-lhe a vida. Tomando uma decisão rapidamente. Nesse momento. pensativo. — Acha que vale a pena ir até lá? — Por que a praia? — quis saber. A tempestade passara. Está chovendo muito. não sabe? — Você quer dizer suicídio? Não acredito nessa hipótese. A força da água batendo nos rochedos poderia ser tão grande que ela acabaria sendo derrubada. mas em seu rosto havia agora uma expressão preocupada. não acha? Ou talvez você prefira dizer à polícia que estamos com medo de que ela tenha se suicidado? — Está bem. e o resultado seria exatamente o mesmo. Estamos tão preocupados! Como conseguiu que o deixassem sair do hospital? — Eles não me deixaram sair. mas sentia uma grande necessidade de ter certeza de não estar perdendo qualquer oportunidade de se salvar. Ouviu-se o som de passos subindo apressadamente pelos degraus da escada e. Sabia que não adiantaria ficar gritando. e agora já estava praticamente sem voz. Se ela estiver lá quando a maré subir. logo em seguida. Os faróis iluminaram a encosta. impedindo assim sua volta ao local onde estava. os cabelos molhados pela água da chuva. pois sentiu as primeiras ondas chegarem a seus tornozelos. cada vez mais impaciente. hoje à tarde. ouviu-se o som de pneus freando diante da casa. — E por onde você pensou em começar a procurá-la? — perguntou Adam objetivamente. os promontórios de ambos os lados eram compridos demais. E mesmo se não houvesse fortes correntes marítimas ali. . — Parece-me que vocês ainda não conseguiram encontrá-la. Fazia frio. mamãe. — O que diremos à policia? Que uma moça.. entrou em pânico. Caroline ouviu um carro se aproximando e pensou que estava imaginando coisas. logo em seguida. continuou. — Quando saímos do hospital. — Devo ter uma no quintal. — Tenho certeza de que você sabe muito bem do que estou com medo. e Teresa levou a mão à boca. — Não. Adam! Estou feliz por você ter vindo. Pequenos riachos e lagoas estavam se formando a seu redor.— Sua versão para o caso é um bocado melodramática. — Muito bem. A maré subia rapidamente e não levaria muito tempo para cobrir também o pequeno trecho de areia onde ela se encontrava. tensa. — Oh. Talvez fosse bom aproveitarmos esse carro. impossibilitando qualquer tentativa de contorná-los a nado. vovó? — indagou ele. está bem. Começou a perguntar a si mesma se a água chegaria a uma altura suficiente para afogá-la. impaciente. ela parecia estar muito transtornada e. meu Deus! — exclamou Teresa. não acho a melhor solução — respondeu Teresa. o que existiria além dos promontórios? Talvez uma outra sequência de pedras. vamos procurar primeiro na praia. — Oh. Acho bom levarmos uma corda. mas uma chuva fina continuava caindo sem parar. — Continue — Adam ordenou. — Vovó. Adam entrou. — Vá buscá-la depressa. — Há um táxi esperando aí fora. Foi apenas uma pergunta — murmurou ele. — É a polícia! — exclamou ela. Gritara sem parar durante muito tempo. mas o frio interior era maior ainda. e ela pressionava o corpo contra a pedra. olhando para o filho. não temos muito tempo a perder! — Adam disse. e o carro estacionou. além disso. Ela não acreditava no que via e. — Talvez eu esteja ficando hipersensível — disse ela. Tive de assinar um termo de responsabilidade — respondeu secamente. pronto para sair. pouco importam as intenções dela ao sair daqui. — Talvez esteja mesmo — afirmou Adam. pois ninguém passaria pela estrada lá em cima. mal percebendo o que estava acontecendo diante de sua casa. olhando para a mãe. num gesto significativo. — Não acha que seria bom chamar a polícia? — perguntou. mas não Caroline. certo? — Eu ia sair agora para procurá-la — John interveio. enquanto sua mãe se afastava dele. Teresa correu em sua direção e o abraçou. exasperada. abrindo a porta. vestindo um sobretudo escuro. — Entre — disse ela. — Mas. Caroline protestou. Eles a ouviram. John soltou o nó que ainda prendia a corda em sua cintura e a encarou. Ela seguramente estava sonhando. A aparência de Caroline era lamentável. com voz rouca. o banho agiu como um bálsamo sobre seu corpo dolorido. olhando para cima. — Muito bem. — Que cartaz? Não vi nada. Aguente mais um pouco. os olhos exagerada-mente abertos e ainda amedrontados. Minutos mais tarde. — Você não viu o cartaz avisando que a praia é muito perigosa? — perguntou Teresa. — E lógico que vim. Reuniu toda a energia da qual ainda dispunha e começou a gritar. poderá andar normalmente. mas aliviada. estava molhada e suja. os minutos mais longos da vida de Caroline. sem se importar com o fato de ela estar toda molhada. Era a voz de Adam. Adam deixou-a em seu dormitório e ordenou. A corda era forte e resistente. não era essa minha intenção. no mais elevado volume possível: — Socorro. para que seu peso não faça com que o nó fique ainda mais apertado. Ordenou a Liza que os acompanhasse para preparar um bom banho quente à srta. Caroline ouviu uma leve batida na porta. ignorando a dor violenta em seu braço esquerdo. Adam — disse ela. No saguão de entrada. coloque-o em sua cintura — Adam ordenou. usando a corda apenas como apoio. Adam afastou-a de si a contragosto e a levou até o carro. chegavam à casa dos Steinbeck. Caroline sentiu um prazer enorme. finalmente sã e salva. sabendo que ele se importava com ela. com a voz tensa de expectativa. um laço feito com uma corda chegou onde ela estava. conversando. Carol. socorro! — As lágrimas escorriam pelo rosto. olhando ternamente para Caroline. Naquele instante. Caroline. Quase enlouqueci de tanta preocupação. — Estou aqui em baixo! Houve um momento de silêncio. que susto você nos pregou! — exclamou. prometa-me que nunca mais vai fazer uma coisa como esta.Como num sonho. enquanto seu corpo relaxava. Adam. Em seguida. Esta se aproximou da cama. pálida. Nesse momento. — Os olhos escuros não permitiam que ela adivinhasse seus pensamentos. e fez tudo exatamente como ele tinha mandado. — Você é uma garota maluca. mas Caroline só tinha olhos para Adam. Era maravilhoso poder ver aquela moça ali. — Minha querida. ofegante. agora tire a roupa. estava Teresa. Em seguida. dizendo que podia andar. insistiu em carregá-la até seu quarto. por favor. sentando-se na borda da cama. colados ao rosto. ouviu homens descendo do carro. — Caroline — Adam murmurou. Caroline estava abraçada ao homem que amava. Valera a pena sentir todo aquele medo durante a última hora. Liza a ajudou a ir para a cama. só pela sensação de estar nos braços de Adam. — Está certo. — Está completamente encharcada — falou ternamente. minha querida. entendeu? Assim que você estiver na parte coberta de grama. deixando-a só. e seu coração começou a pulsar mais rapidamente. e não devo ter reparado nele . Caroline não respondeu. ele deveria estar dormindo no hospital. pressionando-a contra o peito largo e esquentando-a um pouco com o próprio corpo. realmente. — Agora. e depois ele respondeu: — Está tudo bem. Logo depois. fechou a porta. — Caroline! — gritou alguém. Após aquela extenuante aventura. — O que a levou a fazer uma coisa dessas? — Sinto muitíssimo se lhes causei preocupações — desculpou-se. ela pôde reconhecer as silhuetas de dois homens delineadas contra os faróis do carro. Mal podia acreditar quando percebeu que estava outra vez no topo da falésia. Caroline o agarrou com os dedos gelados e trêmulos. Imaginando que ele pretendia supervisionar seu banho. — Você veio — ela sussurrou. mas ele simplesmente não deu ouvidos a suas palavras. Pouco tempo depois de Liza sair. Por Deus. — Você veio. — E a puxou para seus braços. Já era noite. ficando um pouco desapontada quando Teresa apareceu. e. a voz perdendo cada vez mais a intensidade. Adam disser — Volto mais tarde. envergonhado. Caroline começou a desabotoar a jaqueta. Seu braço ferido foi esquecido e tanto o motorista do táxi quanto John se afastaram por discrição. simplesmente apertou ainda mais o corpo de encontro ao dele. e um minuto foi suficiente para que ela pudesse subir. com os cabelos escorridos. — Adam — ela chamou. — É um nó corrediço e vai apertar assim que começarmos a puxá-la para cima. Tente se segurar na corda. Ao sair. . Ela deveria ter imaginado que pessoas do tipo de Adam Steinbeck não tinham necessidade de se comportar segundo os padrões normais. incapaz de responder. — Nesse caso. — Ela é uma mulher muito simpática e compreensiva — disse Ca-roline. meneando a cabeça. Caroline arregalou os olhos. Liza viu quando saiu de casa. — Agi como uma tola. — Queria dizerlhe logo que cheguei a essa conclusão. muito tranquilo. — Tem certeza de que não haverá problemas? — perguntou. mas obviamente não achou nada de extraordinário nisto. mas geralmente o cartaz é suficiente para impedir que pessoas estranhas desçam até a praia. Adam. — Sou realmente uma tola! — Caroline disse. — Bobagem! — exclamou Teresa. todas as coisas sempre têm alguma finalidade! Talvez haja um lado bom nisso tudo. — Isto tudo não deveria ter acontecido. Subitamente. pôde perceber que havia calor e afeto em seus olhos. a maré estaria cheia. agora está salva! Sempre fui a favor de que colocassem uma cerca do outro lado da estrada. — Estou querendo saber se está disposta a se casar comigo — disse Adam.. — Vai ter de ser logo. — Duvido que haja quaisquer problemas — ele respondeu. mais ou menos. Caroline se reclinou nos travesseiros. vou ter de provar minha sinceridade — ele murmurou com voz rouca. Caroline colocou os braços em torno do pescoço dele. — Então ela me viu. Quinze minutos mais tarde. ele se inclinou e puxou-a para seus braços. — Ele assinou um termo de responsabilidade no hospital — respondeu Teresa. Adam! — ela exclamou. Teve sorte de nós a encontrarmos logo. tivemos uma briga muito séria. — Há algo que não entendi. A excitação de Caroline aumentou. — E com toda a razão — ele disse objetivamente. mas faço parte da diretoria daquele hospital. revivendo outra vez os momentos em que Adam a encontrou. Queria simplesmente ficar sozinha para pensar. — Oh! — Caroline sentiu-se tola outra vez. suspirando. Depois. Quando ele se aproximou mais. É por isso que ninguém a usa. já que vai ser sua sogra. Foi por causa dessa briga que minha mãe ficou tão preocupada com você. — Preciso muito de você a meu lado. não haverá problemas. — Caroline suspirou. sabe? — Sim. encostado no batente da porta. Como Adam estava entre as pessoas que foram me procurar? — perguntou repentinamente. — Pois é. — Eu sei — respondeu ela. John e eu. e Adam percebeu que a camisola mal lhe cobria o corpo e que seria muito fácil perder o controle. — A senhora é muito bondosa. — Estava muito preocupado. bem. Oh. — Além disso. Nunca o vi tão perturbado assim. Caroline levantou os olhos e viu Adam.— Graças a Deus. Minha mãe disse que você não viu o cartaz de aviso. resolveu ser racional e baniu as lembranças de sua memória. A proximidade física desse homem sempre a deixava perturbada. Quando Teresa foi embora. sua boca encontrando a dela para um longo e ardente beijo. sem dar muita importância à possibilidade. — Acho que ela gosta de mim. com um leve sorriso nos lábios. — O que você disse? — Caroline não conseguiu acreditar no que acabara de ouvir. Ele já me contou. Assim que eu conseguir providenciar os documentos necessários. Vou dormir aqui esta noite e amanhã voltarei para lá. — Foi por isso que telefonei do hospital — continuou. como sua mãe pensou. não sei se você sabe.. preocupada. não o vi. — Mal posso acreditar que isso seja verdade! Então. Ele se limitou a sorrir e não a contradisse. nem chegou a retirar os pontos. com a maior naturalidade do mundo. — Essa praia é extremamente perigosa. Nunca poderei lhe agradecer o que fez por mim. — Estava apavorada. — Eu também acho — concordou Adam. as dez horas da noite. — Aliás. com um arrepio. como você descobriu que eu havia desaparecido? — Por sorte. — Quando quer se casar comigo? — perguntou ele. afagando-lhe ternamente as mãos. Mas estou extremamente feliz em saber que não lhe aconteceu nada mais grave. — Oh. Talvez tenha feito alguém perceber certas coisas. é muito bom ela gostar de você. sentindo-se culpada por qualquer transtorno que acontecesse ao homem que amava. e foi assim que perceberam que você não estava onde deveria estar. Ela enrubesceu. — Acidentes são comuns. — Eu não estava querendo tomar nenhuma atitude drástica. telefonei para você. — Afinal de contas. — E como está se sentindo agora? Espero que não tenha se resfriado. — Sinto muito por ter causado tantas confusões — ela murmurou suavemente. não é? — Pode ficar tranquila. — Afinal. — Também não foi tão trágico assim — protestou Teresa com um sorriso. — Será que não haverá problemas por você ter saído do hospital? — perguntou. observando-a calmamente. o mais depressa possível! — ela exclamou. FIM . minha mãe me contou o que realmente aconteceu. agora há pouco. Adam! Sou a mulher mais feliz do mundo — sussurrou.. Mas o ciúme é uma coisa terrível. Beijaram-se mais uma vez. — Oh. — Estou tão contente. mas agora prometo que isso não se repetirá. meu querido. — Também estou muito feliz. cheguei a conclusão de que preciso de você.. Estou feliz por ter vindo ate aqui. com o rosto vermelho de emoção. Estou muito feliz por você não ter desistido completamente de mim. enquanto você estava tomando banho. querida. você acredita que eu te amo? — É lógico que acredito. — Eu sei. Não importam quais sejam as consequências — ele falou com toda a sinceridade.— Oh. — No entanto. beijando suavemente a mão de Caroline.. — E verdade! E você foi tão teimoso! — Por causa dessa minha teimosia perdemos muito tempo.. — Adam. — Se você tivesse me deixado explicar o que acontecera desde o início. e sobre a história com Mark Davidson? — Esta noite. sim.
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