RIBEIRO Mulheres Educadas Na Colônia

March 29, 2018 | Author: Vitor Dias | Category: Slavery, Brazil, Sexual Intercourse, Portugal, Femininity


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ORGANIZADORES: Eliane Marta Teixeira Lopes Luciano Mendes Faria Filho Cynthia Greive Veiga 500 ANOS DE EDUCA~AO NO BRASIL a Autentica Belo Horizonte 2003 ARILDA INES MIRANDA RIBEIRO urante 322 anos .aloTrancoso. nao deveria faseguiam para a universidade de Co.olhos do chao quando forem pela rua e se ensinem a nao tomar brio de vedi<.tinha aprendido a ler na casa dos pais zia: "mulher que sabe muito e mu. que diz: a mulher honrada deve ser Tanto as mulheres brancas. a ler.ase doentes mentais.aofeminina ficou geral.medida em que concretizavam e engal. nem alcem os Essa questao nos remete a tra. 2 0 poeta aconselhava empobreddas. para ser mae de va dos 20 anos de idade.asnao falem. poeta casa. ja que suas vizinhas liam os licrian<. Esses Ulti. como as negras escra.3 cias da cultura dos arabes naquele Sendo tambem urn alfabetizapais. Era mui. deveria confamilia.1 tentar-se com as contas do rosario de I!!!:i .afirmava que a indigenas e dos colonos. consideravam a mulher urn ser inferior.aoiberica. periodo em que 0 Bt. que a mim me parece muito bem''.asilfoi coloma de Portu. e agora ja passalher atrapalhada.guesa que the pedia que a ensinasse tegoria a qual pertenciam mulheres. 0 dor. A instru<.durante a infancia.aosobre si: a arte de ler e escrever. ricas ou sempre calada". Gon<.vros de rezas na missa e ela nao. Resto comum 0 versinho declamado nas pondeu-lhe 0 poeta que como ela nao casas de Portugal e do Brasil que di.de Os poetas daquele periodo nao valorizavam a instru<. "as mo<. Uma ca.aofeminina. na 1500 a 1822 -. escrever e.lar: "Afirmoque e born aquele rifrao imbra ou tomavam-se padres jesuitas. saiba pouco ou saiba nada".ao portugues muito lido pelos homens era reservada aos filhos /homens dos lusos entre 1560e 1600.MULHERES EDUCADAS NA COLONIA . 0 marido e os filhos. transposta de Portugal para a colonia brasileira: as influen.mulher nao tinha necessidade de ler e mos cuidavam dos neg6cios do pai. se possivel.tambem que quando andassem nas vas e as indigenas nao tinham acesso ruas nao chamassem aten<. Trancoso foi procurado certa vez por uma dama da sodedade portusexo feminino fazia parte do imbecilitus sexus. durante quase 800 anos. a educa<. ou sexo imbed!.carnavam as ideias da supremacia mente restrita aos cuidados com a masculina.rem e serem vistas. 6es. Por exemplo. e que foi amplamente difundida no Brasi1.ao.Ao DA INDIGENA ."6 o indigena considerava a mulher urna companheira. Condena-Ias ao analfabetismo e a ignorancia lhes parecia uma ideia absurda. a primeira reivindica<.8 80 . em que cada letra do alfabeto continha implicito 0 padrao de comportamento desejado na sociedade seiscentista.aoimposta pelo branco grassava em quase todas as aldeias. ainda no inicio da coloniza<. Nao viam.ao feminina em Portugal. se a presen<.5 0 Padre. 0 mesmo Pe. M mans a. Alegavam que. ja que a miscigena<.aopela instru<. eram considerados eqiiitativos e socialmente \1teis. Dona Catarina. Manoel de Nobrega pedir que ensinasse suas mulheres a ler e escrever. 0 perigo que pudesse representar 0 fato de suas mulheres serem alfabetizadas. Anchieta escreveria em seus relatos: "Sempre andam juntos'? Nobrega achou a ideia muito boa. entre outros. Era essa. nos encontros de conversao da catequese.aopara as indigenas. a letra A significava que a mulher deveria ser amiga de sua casa.500 anos de educafao no Brasil ora<. porque tambem elas nao podiam aprender a ler e escrever? 0 proprio Pe.ae assiduidade feminina era maior nos cursos de catecismo. Isso poderia desencadear urn processo de respeito pelas mulheres que viviam na colonia. S sizuda. sensibilizado. Isso porque 0 trabalho e 0 prazer do homem.4 ALFABETIZA<. por exemplo. nao encontrando razao para as diferen<. a mentalidade da epoca sobre a instru<.No entanto.Os cronistas do Brasil quinhentista se admiravam da harmonia conjugal existente entre os indigenas brasileiros. ocasionando nascimentos desvinculados de amor e respeito. H humilde a seu marido. como os brancos os preveniam. R regrada. por ironia.solicitando educa<. "0 concurso e freqiiencia das mulheres e maior. como os da mulher indigena. portanto. Jose de Anchieta escrevia nas cartas de Piratininga que. mandou urna carta a Rainha de Portugal.asde oportunidades educacionais. Encerrava dizendo que se ela cumprisse esse abecedario saberia mais do que aquelas senhoras que liam livros religiosos. teve mais de trinta mulheres indigenas e mais de oitenta filhos.POR QUE NAO? Entretanto. ele enviava-Ihe urn abecedario moral. Joao Ramalho.aofeminina no Brasil partiu dos indigenas brasileiros que foram ao Pe. Q quieta. na propria metropole nao havia escolas para meninas. Dona Catarina. Eram Leonor de Siqueira.aopelas indigenas poderia colaborar de forma positiva. somente duas mulheres de Sao Paulo sabiam assinar 0 nome.o de 1561. negou a iniciativa. Era urna questao mais grave: tratava-se de lanc.ao UletradaU. Ate 1627.ao de familias brasileiras.ao da metropole.ao para mulheres Uselvagens". Catarina Paraguassu. Os padres jesuitas tinharn 0 desejo de fundar recolhirnentos para as mulheres no Brasil. na sua maioria.Mulheres educadas na colonia .ao e tambem urna forma eficiente na formac. deixando a mulher e os filhos ern Portugal. Nobrega achava que 0 acesso a instruc. de origem flamenga.ao feminina na colonia MOera apenas urn requinte de erudic. e Madalena Hoisquor. tambern conhecida como Mada- Catarina Paraguassu: a primeira mulher brasileira que aprendeu a ler e escrever. Por que entao oferecer educac. a Rainha de Portugal. e a incumbencia de tal fato foi de responsabilidade exclusiva dos padres da Companhia de Jesus.Arilda lm:s Miranda Ribeiro Epreciso nao esquecer que nessa epoca 0 colono imigrava sozinho para 0 Brasil.ara base para a obra de moralizac.n lena Caramuru.aosexual masculina na colonia. corn a india Moema ou Paraguassu. parece ter sido a prirneira mulher brasileira que sabia 81 . A ausencia da faID11ia incitava a dorninac. Outros afirrnam que seria a propria esposa. No seculo XVI. Para que os abusos atenuassem. ern urna colonia tao distante e que so existia para 0 lucre portugues? Apesar da negac. viuva de Manuel Vandala. Alguns autores afirmam que essa brasileira era filha de Diogo Alvares Correia. a educac. destinada apenas aos livros de rezas. analfabetas. Infelizmente. algumas indigenas conseguiram burlar as regras. qualificando-a de ousada devido as Uconseqiiencias nefastasU que 0 acesso das mulheres indigenas a cultura dos livros da epoca pudesse representar.9 No dia 26 de marc. Educava-se ern casa. As portuguesas eram. Para eles. 0 Caramuru. estaria reservada ao sexo masculino. tarnbem chamada de Catarina Paraguassu. ler e escrever. Manoel de Nobrega. Mesmo as mulheres que viviam na Corte possuiam pouca leitura. viuva de Luiz Pedroso e sogra do Capitao-MorPedro Taques de Almeida.lO A educac.aohumanista. Elevinha ern busca do lucre facil. ela escreveu uma carta de proprio cunho ao Pe. no entanto. oes. que lhe podiam fazer companhia. no periodo. que as mulheres brancas seriam meras reprodutoras dos varoes portugueses na colonia. 0 homem decidia as a<. Nao tinha importancia se na metr6pole fossem orias.ao as mulheres de outras etnias - negras e indigenas -. Na colonia brasileira elas seriam as responsaveis pela perpetua<.ao e fixa<. que viriam a ser os brasileiros).os(os mamelucos e os mulatos. por meio da procria<. os jesuitas e a metropole preocuparam-se em importar para 0 Brasillevas de mulheres brancas com 0 intuito de reprodu<.aodisso foi criado. albn do proprio esposo.ao de mesti<.aodo dominio europeu. Alias.ao do padrao etnico europeu/branco. alc06latras. Sua representa<.12 Fica claro. No Brasil-colonia. 82 .ao social aumentou 0 preconceito com rela<. pelas palavras de Nobrega. na falta desse.aodos portugueses.oessubmissas ao portugues. Nobrega escrevia ao Rei dizendo que os homens viviam em pecado e insistentemente pedia que "Vossa Alteza mande muitas orphans e si nao houver muitas. Com 0 aumento da popula<. Em fun<.aoexistia com esse objetivo. Os padres eram os unicos homens. 0 mito da mulher branca. por meio da famflia patriarca!. Nos casamentos. a No Brasil coloniala mulher pouco saia de casa.Era ele quem domina va. SOOanos de educafao no Brasil A CUST6DIA DAS PREDESTINADAS A colonia brasileira do seculo XVI tinha poucas mulheres portuguesas. de condi<.osafetivos e sim contratos economicos acertados pelo pai e. ladras. venham mistura dellas e quaesquer". prostitutas.. e que a sua educa<. nao haveria la<. pelo irmao mais velho. Em 1552. mentalmente incapacitadas etc. as rela~6es sexuais entre os portugueses. seguiam para a lua-de-mel despossuidas de informa~6es sobre 0 sexo. Quando ocorria a primeira menstrua~ao. observou que a reclusao feminina ainda predominava nessa epoca. Ou seja: todos deviam obediencia ao senhor patriarcal. 0 prazer sexual para 0 senhor patriarcal ficava a cargo das negras escravas que. tambem eram sexualmente ignorantes. com 0 tempo. Alias. muitas vezes. afirmando que as mulheres portuguesas raramente saiam de casa. Ines Miranda Ribeiro TRANSGREDINDO A ESFERA DOMESTICA Como ja evidenciado em paginas anteriores. alem de servi-Io nas tarefas da casa.Arilda Mulheres educadas na colonia deixando-o escuro. 0 noivo adentrava 0 recinto e. com 11 ou 12 anos. Nesse sentido. viajante do seculo XIX. palavra familia vem de famulus. Raul Dunlop conta 0 caso de urn homem que para excitar-se diante da noiva branca precisou. Mesmo exploradas no seu trabalho produtivo e no seu proprio corpo.14 A dependencia sexual do homem branco a sua escrava 0 levava a vender. eram verdadeiros estupros. Luccock. wna expressao latina que quer dizer: escravos domesticos de wn mesmo seOOor. nas primeiras noites de casado.. Sua esposa e filhas tambem. copulava. dentro em breve. sobreposto a sua esposa. Muitas vezes. senhor meu pai". Essas mo~ viviam geralmente escondidas nas "casasgrandes". conheciam 0 noivo dias antes do casamento. Na hora da rela~ao entre os sexos. Quando casavam-se. levar para a alcova a camisa llinida de suor.para herdarem os seus bens. a mulher branca da 83 . A mulher branca colonial das camadas abastadas casava-se muito cedo. Isso porque demorava muito tempo para que esses portugueses conseguissem acwnular fortunas ou as heran~as patemas. e a virgindade era vigiada pelo pai e pelos irmaos. pOem a nu a sua falta de educa~ao"P A PEDAGOGIA SEXUAL DA COL6NIA As mulheres brancas. escravos vigorosos e rentaveis para 0 seu enge000 por causa dos cillines. Servia apenas para reprodu~ao dos filhos de Deus. "0 pouco contato que os costwnes com elas permitem. 0 corpo feminino era wn templo de purifica~ao. As noivas cobriam-se com urn len~ol que possuia wn drculo aberto em cima dos orgaos sexuais. as meninas estavam prontas para 0 casamento com homens de 40 ou 50 anos. a Igreja catolica nao lhes permitia 0 prazer sexual. muitas vezes. do cheiro de sexo da sua escrava amante. na sua maioria. 0 homem tiOOade ter certeza de que os filhos gerados eram dele. fechavam as janelas do quarto. Feito isso. A claridade nao combinava com a fecunda~ao. as negras escravas dominaram 0 senhor tomando-o escravo do prazer sexual. deveriam satisfaze-Io na cama. acertado entre os homens. Preferia ter prejuizos economicos a disputar a aten~ao da negra com 0 rival. nao devia ser visto pelo marido. o orgasmo era entendido como coisa do demonio. contraditoriamente. Blas0 chamavam de "senhor meu marido. responsaveis hoje por Mllitas IIllllheres grande parcela da economia do Brasil. Casando-os. Ana Pimentel. durante a sua gestao.aoadministrativa.ao. mandou trazer ao Brasil as primeiras mudas de laranja.a decisiva na esfera de atua<.18 84 . uma de suas damas de companhia. Muitas tiveram de ultrapassar a esfera domestica para a publica. elas assumiam cargos tidos como masculinos. regrada. No momenta em que as circunstancias exigiam uma presen<.16Tambem foi no seu governo que Bras Cubas recebeu de suas maos uma extensao de terras (sesmaria) entre a serra de Cubatao e 0 mar. Essas mulheres cultivavam 0 6cio apenas quando era possive!. as unicas que deram certo. calada. Nesses period os. governou Pernambuco quando 0 marido foi para Portugal com os seus filhos: "Ficava em seu lugar sua molher Donna Beatriz de Albuquerque que a todos tratava como filhos". os atributos de passividade cafam por terra. os indios gauchos. reproduzindo-os em grande escala. que levaram ao suI do pais. hoje denominada cidade de Santos. Ana Pimentel deu-lhes um lote de gado vacum. aprendiam rapidamente como administrar uma propriedade ou mesmo um territ6rio politico. Sao Vicente e Pernambuco. Quando 0 dominio dos portugueses era amea<. esposa de Duarte Coelho. Durante 0 seu governo. ocupando outros espa<. que. ao concluir sua instala<. ajudou a apaziguar 0 conflito entre os portugueses colonizadores e os temiveis indios botocudos que tinham 0 habito da antropofagia. retornou a Portugal: (00') transmitindo os poderes de que se achava investido a sua mulher. Beatriz ou Brites de Albuquerque. de arroz e do "gado vacum".aona Vila de Sao Vicente em 1533.ado.500 anos de educa~ao no Brasil epoca colonial deveria ser passiva. D. tiueral11 de ultrapassar oriundos no Rio Grande do Sul. Ana. A capitania de Sao Vicente foi administrada por D. Mas esses atributos destinados ao sexo feminino aconteciam apenas em tempos de calmaria. Das capitanias doadas no seculo XVI.ado marido.os. D. D. dama das mais altas qualidades do mais subido valor ('00)15 e Sem a presen<. foram governadas por mulheres. submissa. esposa de Martin Afonso de Souza. visitaram a esfera dOlllcstiea a governadora e um deles apaixonou-se por para a pI/bUea. Ana Pimentel.17 Durante a sua administra<. resultante da combina<. e os homens da sociedade colonial sentavam-se nas laterais. transmitida assim de gera<. no grande salao.Arilda Ines Miranda Ribeiro A AUSENCIA DA A LINGUAGEM EDUCA<.aofeminina a substituiram pela escrita. analfabetas. Nos jantares de familia. da correspondencia amorosa das flores. dan<. outras formas de comunica<.no herario-CIa missa.ao. por meio de sua mucama. esse era trazido por uma escrava. urna combina<. quando era possivel. a mouristica. ouvindo a conversa constrangida dos mesmos. que significava que ela 0 amava muito.as flertavam com 0 sexo masculino e entabulavam liga<. entao.20 o flerteentre os sexos ocorria freqiientemente dentro das igrejas.ao fisica das portuguesas: "De ordinario as mulheres.tomou-se objeto de mofa quando os progressos da educa<. perdem os dentes. Andavam sempre em cadeirinhas (ou liteiras). os jovens namorados envelheceram e tomaram-se pais e a linguagem teve 0 seu codigo comprometido. que era urna especie de codigo. No discurso de posse do Governador Mauricio de Nassau. na sua maioria. e possivel encontrar urna descri<. de costas para os devotos. que esperavam que se retirassem para falarem a vontade.ao. Engravidavam continuamente.ucarados. Com 0 tempo. ainda mo<.aomoura 0 costume de nao praticarem 0 habito de caminhar ou cavalgar.ao a gera<.ase apaixonava por urn rapaz indesejado pela famIlla. nao podiam mandar bilhetes secretos aos seus amores.6esafetivas proibidas.muitas vezes usada como recurso para burlar a vigiHincia que a sociedade impunha. viviam quase sempre deitadas ou sentadas.aosobre a indisposi<. a mo<. Como elas eram. as portuguesas assimilaram da tradi<. as mulheres ficavam a mesa em frente aos homens. e nas festas religiosas. Criaram. As mulheres ficavam sentadas. urna manta negra para cobrir a cabe<. 0 que as tornava obesas. quando urna mo<. ou linguagem das flores. por exemplo.aodas baetas.19 Outro costume assimilado dos mouros foi a utiliza<. 0 padre rezava em latim.ao simbolica das diferentes flores. Nos bailes.muitas mo<.Mulheres educadas na co16nia . Utilizavam-se. Alem do preconceito pelo trabalho manual que implicava imobilidade.Essa linguagem manteve-se como substituta das letras durante decadas.ao engenhosa de interpreta<. Ou quando 0 ser amado a traia. que poderia significar seu arrependimento e odio pela trai<.ava-sefigurativamente e os pares apenas trocavam urna ou outra palavra rapida. "Essa cifficia. Quando queriam urn copo de agua. Tambem adquiriram 0 habito de comer muitos doces a<."21 85 . e pelo costume de estarem continuo sempre sentadas.ao.ao. Nessa posi<. quietas. Em casa. construindo urna expressao codificada.a. ela enviava.as.aenviava urna camelia com urn ramo de alecrim. Por exemplo.AO DO CORPO DAS FLORES As atividades fisicas para as mulheres das camadas favorecidas eram desestimuladas. os poucos que havia.aode rosa vermelha com urn ramo de trigo. 0 que deformava 0 corpo rapidamente. nao sao tao ageis". SOOanos de educafao no Brasil MULHERES DESPROTEGIDAS Por nao saberem ler e escrever. R. a justic. me deu e me rompeu 0 fato. a Coroa. com uma dama brasileira de nome Margarida de Mendonc.ao nao ajudava 0 sexo feminino a reagir. a questao moral. Margarida Roupas usadas pelas mulheres brancas durante 0 periodo colonial. 86 .ou: gritando eu.a. Jurando numa Ermida na frente da imagem de Cristo e dizendo-se cristao. aspecto importante nesse perfodo. de proprio punho. pegou coisas de sua casa.450 inventarios foram levantados e neles apenas duas mulheres sabiam ler e escrever. Em urn perfodo em que ao homem pertencia 0 poder absoluto.ao. fez os votos do casamento. "se entregou de mi e me forc.. dizendo era eu sua mulher.aoenviada ao Rei. conta detalhadamente que Nuno da Cunha disse querer casar-se com ela.22 De 1578 a 1700.ou-a a assinar urn papel e fugiu. forc.6estestamentais ou escriturais. me mataria as punhaladas.. Exemplo disso e 0 caso do estupro citado por C. E na mesma hora.24 Depois disso. Boxer. ocorrido em 1611. Na carta ao monarca. Nessa petic. e se gritasse.23 Mas 0 abuso nao era apenas financeiro. Como sabia ler e escrever. foi por vezes motivo de desgrac. caso contrario se tornaria uma mulher desonrada. mulheres afortunadas ficaram expostas a enganac. a resistir a tais abusos. a instrw.a de muitas senhoras da sociedade colonial. que muitas vezes as espoliavam e roubavam suas propriedades por meio de falsificac. mas que deveria ser em segredo. pedindo que 0 Rei obrigasse 0 suposto "marido" a casar-se legalmente com ela.pais. nao querendo esperar. maridos e filhos -.ao dos homens .aque D. enviou uma petic.". 87 . Irma de Matias Aires. as mais abastadas seguiam para Portugal para estudar. por causa da necessidade da reprodu~ao dos varoes. era possivel as mulheres da epoca colonial escolher uma altemativa para se esquivar dos pais e dos maridos indesejaveis: 0 ingresso nos conventos. ao que tudo indica. 0 estimulo ao casamento: com os homens de Cristo ou com 0 proprio Cristo. a primeira romancista brasileira. no caso das freiras. Nao havendo urn sistema formal de educa~ao para as mulheres. tanto em Portugal como no Brasil.a instru~ao revelada na carta de D.Nurn contexto social em que os interesses economicos eram muito mais importantes do que a dignidade de urna dama da sociedade colonial. foi nos conventos que passaram a ser educadas. Uma mulher que nao se casasse ou nao fosse para urn convento era considerada "encalhada".parece que N uno da Cunha morreu solteiro em Sena.Mulheres educadas na colonia pedia nao se referia ao abuso nem ao logro. Que crime Tereza teria cometido? Conspira~ao?26 o primeiro convento fundado no Brasil foi em 1678. dessa forma. nao atendeu a reivindica~ao de urna mulher letrada. denominado Santa Oara do Desterro. por crime de lesa-magestade. todas rarissimas. Ate esse periodo. como govemador de Mo~ambique. mas avolta do homem que a deflorou. 0 ensino . principalmente 0 preparo de doces e de flores artificiais. seriam estigmatizadas pela sociedade colonial como "solteironas". do cantochao. Dorothea era 0 anagrama utilizado por Tereza e seu livro obteve quatro edi~oes. ela escreveu em 1752 o livro Aventuras de Di6fanes. instruiu-se em musica.25 No Convento de Trinas. em Portugal. do orgao e dos trabalhos domesticos. em 1623. normalmente. o Rei. Apesar de ser a primeira obra a compor a historia da literatura colonial feminina. desde que tivessem dotes. Mas Tereza. atribuido erroneamente durante muitos anos a Alexandre de Gusmao. Contudo. Se optassem pelo celibatarismo. Criava-se. nem luz da lua" por mais de seis anos. e muito pouco conhecida. era uma mulher decidida. poesias e algumas no~oes de Astronomia. Margarida foi de pouca valia. porque naquele periodo urna mulher desvirginada so tinha urn caminho a seguir: a prostitui~ao. artes. como 0 de D. Tambem era essa a Unica altemativa para as que quisessem estudar. Havia casos raros. alem de pioneira na arte do romance brasileiro. destemida e de personalidade marcante. na Bahia. Tereza Margaridada Silva e Orta. EDUCANDO NOS CONVENTOS: RECLUsAo E NOVA APRENDIZAGEM Os conventos surgiram no Brasil apenas na segunda metade do seculo XVII e. Ficou em cela onde nao via "luz de sol. Em tomo de sua historia paira urn misterio: foi prisioneira do Marques de Pombal durante 0 seu govemo. Nos relatos de Boxer.Arilda Ines Miranda Ribeiro da leitura e da escrita era ministrado ao lado da musica. Foi considerado 0 mais luxuoso e 0 mais mundano pelos excessos ali cometidos. eram entregues aos conventos como forma de pagamento. a questao do comercio. os pais e o govemo que usavam 0 convento como penitenciarias. fica evidenciado que apenas teoricamente existia rem1ncia a vida material: "0 convento do Desterro fazia emprestimos e tinl). seus bens. No convento do Desterro.. apesar da vigilancia apurada. tambem os irmaos. Esabido que durante 0 Brasil-colonia nao havia bancos ou agencias de credito. Z7A pouca religiosidade era explicada por diversas raz6es: muitas mulheres eram intemadas sem nenhuma voca~ao definida e com pouca idade. A prisao mistica servia tanto as farnilias como as pr6prias decis6es do govemo local. entretanto. que no momenta da partilha da heran~a preferiam nao repartir os bens com suas irmas. alem de emprestarem dinheiro a~s senhores. Os conventos desempenharam esse papel em fun~ao do acUrnulo de dotes e doa~6es que recebiam. Muitas dessas mulheres fugiram da clausura. Foi 0 caso da esposa do comerciante Manoel Jose Fr6es. Nesse sentido. Tambem era para os conventos que os maridos enviavam as esposas que os traiam.apropriedades enquanto pregava a pobreza". ou as que eles queriam trair. Outras. vendiam e arrendavam propriedades. quando mo a assassinavam. na Bahia. compravam. Nesse sentido. algumas vezes. II Mais do que educa~ao formal. iniciaram uma pedagogia de iniciativa empresarial ern moldes bem estruturados. trataram de administrar a institui~ao de forma produtiva. com receio de terem de dividir suas propriedades com os futuros genros. elas se revelaram ta~ boas gestoras que.28Nao eram somente os maridos. aqueles mesmos que as haviam trancafiado nos conventos.As mo~as que erravam" eram enviadas para 0 convento. essas institui~6eseram reconhecidas como IIpris6esmisticas".500 anos de educarao no Brasil pois algumas freiras IIvestem por baixo de seus habitos camisas bordadas (. Assim. as freiras emprestavam dinheiro a juros aos proprietarios de terra. que movia uma a~ao de separa~ao contra 0 seu marido e IIfoirecolhida a pedido deste ao convento da Lapa por ordem do Arcebispo".29 88 . os conventos foram reflexo daquilo que a sociedade colonial tinha como base fundamental: a questao economica. Os pais que tivessem gerado muitas filhas trancafiavam a rnaioria nos conventos. 0 patrimonio das freiras foi aumentando. Na realidade.. Mesmo atre1adasao poder daIgreja.) cal~ao e meias de sed a ligando-as commu- mente comfivellasde DurOcravadas de diamantes". Como muitos nao conseguiam saldar suas dividas ern fun~ao de falencias ou problemas no engenho. No entanto. "Sabese. de Ate 1808. De forma concreta. em Olinda. 0 portugues Luis Antonio Verney. poucos reflexos dessa proposta educacional chegaram ao Brasil.)ortografia e pontua~ao nenhuma conhece". de educar os filhos. de linguas.Ao DE MULHERES Depois da expulsao dos jesuitas (1759) e da implanta~ao da Reforma Pombalina da Educa~ao. dedicou urn apendice a educa~ao das mulheres. da dan~a. que escreveu 0 verdadeiro metodo de estudar na Italia.31Sugeria a leitura da hist6ria.. Criticava duramente a falta de instru~ao das mulheres portuguesas. das educandas que pagavam para estudar. isto e 0 que rara mulher sabe fazer em Portugal (."3o PROPOST AS DE EDUCA<. as mud an~as culturais nao atingiriam de imediato as mulheres. seguidas das de veu branco. em Portugal e em suas colonias.32 cabia na- quele momenta a arte de "prender" o marido em casa. que as recolhidas de veu branco eram pessoas de prestigio. das brasileiras: "ler e escrever Portugues. mas nao prestavam votos e seu dote s6 chegava a metade das freiras de veu preto. entre outros. apenas 0 livro de Jose Lino Coutinho Carta a Cora e os estatutos do Recolhimento de Nossa Senhora da Gl6ria.Mulheres educadas na colonia . que durante muito tempo deveriam ser brancas. Alem da tarefa com a Insignia de Cavaleiro da Ordem. Pedro 1. Com a vinda de D. Debret dizia que 89 . que Iutou peia consolidariio da Independencia do Brasil... Sua proposta tinha como objetivo 0 lar. e das servas.Arilda Ines Miranda Ribeiro A condi~ao economic a estabelecia a posi~ao social da popula~ao feminina dentro do convento: as mais ricas eram as freiras de veu preto. a serventia domestica.. a mulher Retrato de Maria Quiteria de Jesus Medeiros. Verney prop6e que as maes. a educa~ao de uma maneira geral continuou a mesma. ou na impossiblidade dessas as governantas. e indiretamente. distinguindo-se com bravura em quase todos os combates no Reconcavo Baiano. Foi condecorada no~6es de aritmetica. (00')s6 em 1720as servas puderam ser negras ou mulatas. Joao VI. ensinassem as meninas. a instru~ao feminina pouco mudou. que antes era tarefa da mae-preta. pelo Imperador D. Quotidiano e poder em Sao Paulo no seculo XIX.36que pintou 0 seu retrato e a admirava. 26. Recebeu de D. Penso que. 0 texto citado encontra-se em: "A Corte do Rio de Janeiro".500 anos de educafao no Brasil desde a chegada da Corte ao Brasil tudo se preparara mas nada de positivo se fizera em prol da educac. Seu trabalho foi uma das obras mais lidas no periodo.ao da Independencia quando enviou. Sua compreensao e rapida e sua percepc.Escreveu varios livros sobre a cultura e os costumes dos brasileiros. ela poderia ser uma pessoa notavel". 1984. mencionou: "ela e iletrada. quando seu esposo. Escreveu Contos e hist6rias de proveito e exemplo em 1569 e publicado pela primeira vez em 1575. em 1815.aoentre eles nasceu urn filho. teve urn romance com urna freira sineira em Angra dos Reis. ja depois do Imperador estar ausente. citado por DIAS. p. 90 . Perdeu na Peste Grande a filha e 0 filho. e da relac.340 que comprova 0 longo caminho que ainda percorreriam as mulheres para serem compreendidas como seres atuantes na sociedade brasileira. a recitar preces de cor e a calcular de memoria sem saber escrever ou fazer as operac. nao decidia se ia para Portugal ou ficava no Brasil. Tambem atuou na proclamac. Rio de Janeiro.35 Quanto a Maria Quiteria. seu sexo nunca foi revelado.Viveu quatro ou cinco anos apenas. Foi sua missiva que desencadeou 0 gesto "historico" as margens do Rio Ipiranga. Maria Odila Leite da Silva."33 Os conventos continuaram a crescer e os escandalos tambem.oes. p. em comum acordo com Jose Bonifacio. ate que seu pai 0 comunicasse ao seu oficial comandante da Infantaria.ao decisiva no "dia do Fico". brasileiro. D. Pedro I elogios e meritos pela bravura e cora gem de atuar como urn brasileiro. Era versado na li~ao da hist6ria profana e nas ciencias da astronomia. em Sao Paulo. foi escritor e jomalista de 1880a 1961. como antigamente.ao da jovem brasileira. urn neto e a esposa.ao aguda. 299. "Esta. Pedro I. vacilante. 2 Gon~alo Trancoso e considerado 0 primeiro contista portugues.ao. Viveu no seculo XVI. 0 proprio filho do Rei. Sao Paulo: Brasiliense. participou de diversas batalhas FeiaIndependencia: vestida de homem. A vida literaria desse homem inicia-se sobre as ruinas da grande epidemia que em 1569 com~ou a grassar Lisboa. se restringia.37 NOTAS 1 Luis Edmundo. Foi preceptor e caligrafista de meninos. uma carta ao marido para que ele tomasse a atitude de rompimento com 0 Reino Portugues. Maria Quiteria e a Imperatriz Leopoldina destacaramse na passagem do Brasil-colonia para 0 Brasil independente. Ana Gertrudes de Jesus. mas inteligente. com educac. Maria Graham. A Imperatriz Leopoldina teve participac. ]4 1978. com a cria~ao da Aldeia de Piratininga em 1553. 12Foi durante a gestao da Rainha Catarina que foram enviadas as 6rfas para a povoa~ao da Colania brasileira. ]3John Luccockresidiu no Brasilno infciodo serolo XIX(1808-1818). na Universidade de Columbia. inclusive autos teatrais (Auto da Festa de Sao Louren~o). 30.Eduardo et alii. soci610go. 6 Poeta. chegou ao Brasil em 1553. 1965. Ignez Sabino refere-se a Catarina Paraguassu.Trad. junto com Anchieta. Nao nos gestos her6icos que passaram a hist6ria. 1979. Florian6polis: Das Mulheres. denominado 0 Caramuru.1954. Prefacio por Joao Palma Ferreira.Escreveu Notassobre0 Rio de Janeiroe as partesmeridionaisdo Brasil. Este estudo centra-se na educa~ao da mulher branca das camadas abastadas. Gilberto Freyre. do Brasil (1549) e Didlogo sobre a conversao do Gentio (1556-7).p. Sao Paulo: Martins. filhos e netos descendentes das indfgenas brasileiras. 1996. D. tambem e reconhecida como Madalena Caramuru. Rio de Janeiro: Pongetti. Alcantara.20). E. urn dos fundadores da cidade de Sao Paulo. Leda M. p. ja se encontrava na Bahia antes da chegada do governador-geral Tome de Sousa. 1962. Ver: RODRIGUES.Mulheres educadas na col6nia . Contos e historias de proveito e exemplo. 5 N6brega era 0 chefe designado da primeira missao jesuitica enviada ao Brasil em 1549. 84. respeitando os valores do povo colonizado. A mlliher no Brasil.defendeu em 1922. a tese "Vida social no Brasil na metade do seculo XIX". tupi-guarani e portugues. Gon~alo Fernandes. Lisboa: Imprensa Nacional. Ignez. ou Paraguassu. econamica e social. Darcy. Deixou vasta obra.p. as informa~oes referentes as mulheres negras e indigenas sao rarfssimas no perfodo colonial brasileiro. 9 ]0 Diogo Alvares Correia. 1954. P. Bertholdo Klinger. A historiografia ainda nao conc1uiusobre quem seria de fato a mulher que alfabetizou-se nos prim6rdios do Brasil-colania. SABINO. RIBEIRO. Sao Paulo: Cia. foi em busca dos fatos. Procurou adaptar-se e a catequese e aos costumes nativos. representados pelos indios e escritos numa mistura de espanhol. SCHENEIDER. A instrurao feminina em Sao Pallio. A mulherpalliista na historia. Otto. Ver: MACHADO. J. p. tema que originou 0 livro Casa Grande 91 . Hist6riadaIgrejano Brasil. Rio de Janeiro: Civiliza~ao Brasileira. 1997. Otto Scheneider refere-se a Madalena Paraguassu como a primeira mulher alfabetizada. Foi incumbido pelo rei de auxilia-Io na coloniza~ao. Deixando de lado a epopeia dos desbravadores. Rio de Janeiro: Livros de Portugal. Curiosidades brasi/eiras. 101.Adalzira. 51). das Letras. 8 Darcy Ribeiro cita Joao Ramalho como urn dos primeiros moradores do Brasil. Adalzira Bittencourt relata a baiana Madalena Caramuru como a filha de Caramuru e a primeira mulher a ler e escrever no Brasil (p. Rio de Janeiro: Vozes. 11Alcantara Machado escreveu sobre a vida privada do bandeirante: familiar. o povobrasileiro. 32. mas nos atos quotidianos que alicer~am e explicam os outros. HAHNER. Deixou os textos Informaroes das terras . Chamada de Catarina Paraguassu. Vida e morte do bandeirante. religiosa. gramatico e catequista. tomadas durante uma permanencia de dez anos nesse pais.Arilda Ines Miranda Ribeiro Ver: TRANCOSO. 3 4 Ibdem.Mulheres illustres doBrazil. que marcam 0 infcio do teatro no Brasil. Sao Paulo: Sedes Sapientae. Ver: BlTTENCOURT. mencionando a carta como prova (p. 7HOORNAERT.p. Tinha muitas mulheres. 1974 (conforme edi~ao de 1624). 82. Ver. Lecionou na Academia de Belas-Artes do Rio de Janeiro e escreveu Viagempitorescae hist6rica ao Brasil." (Duarte Coelho). mantinham-se ageis e com 0 corpo bem delineados. "Martin Afonso de Souza e a funda~ao de Sao Vicente". principalmente aquelas de condi~oes economicamente baixas. 115. Em 1534. 0 Rei the concedia a capitania. Ver: OLIVEIRA. In: Annaes da Biblioteca Nacional. "Historia do Brasil. Ver: SALVADOR. XIII. "Fa~a-se. que tinham 0 habito de cavalgar ou de caminhar pelos campos. mantendo certa distancia do sexo masculino. Sao Paulo: INL. Viagem pitoresca e histarica ao Brasil. 320-9. mesmo com a arte incomparavel das generaliza~oes nem sempre exatas. p. Seu irmao. p. convidava muito mais que 0 Brasil. que tambem tinha urn filho. 1.p. 38 92 . Raras saD as informa~oes sobre a sua pessoa. alguma justi~a a Gilberto Freyre: ele viu como ninguem diferen~as entre as mulheres. 22 Paes Leme conta 0 caso de D. com os olhos baixos. Histaria da Educaflio Feminina em S. Histaria das mulheres no Brasil. Jose Vanderley Araujo. 1975. "Homoerotismo feminino e 0 Santo Oficio". 19 20 Diferentemente das europeias do periodo Renascentista. Foi varias vezes premiado como autor de obra basica sobre rela~oes interraciais. como escravas ou negras de ganho. Frei Vicente. Adalzira Bittencout ilustra com detalhes esses fatos. As negras. Jean Baptista. dentre os varios autores que falaram das mulheres brasileiras. 2 vols. In: Revista Instituto Histarico e Geogrtifico da Bahia. 17 18 Dona Beatriz foi governadora de Pernambuco duas vezes. Ver: PINHO. 1888. Casada novamente com Joao Fernandes de Oliveira. 1997. Capitulo IV. 21 Jean Baptiste Debret (1768-1848).1922. Ronaldo. Em 1530. 44-63. DEBRET. De acordo com Ronaldo Vainfas. Terminada a tarefa de coloniza~ao. Mas nao podemos deixar de considerar suas informa~oes e tentar cruza-Ias com outras fontes. Ver: TAUNAY. talvez 0 melhor tenha sido ele. 1918. Martin Afonso vistoriava 0 litoral brasileiro para implanta~ao do nucleo ocupacional. Martin Afonso seguiu para a Europa. Leda Maria. Isabel Pires Monteiro. Jeronimo de Albuquerque. contudo. em fun~ao das tarefas diarias que eram obrigadas a exercer. atribuindo apenas Martin Afonso de Souza as iniciativas realizadas durante 0 seu governo. 174. 15Jose Torres de Oliveira escreveu urn artigo sobre a funda~ao da Capitania de Sao Vicente. In: PRIORE. "0 enclaustramento das mulheres". 0 Oriente. 16 Epreciso cuidado com as obras ufanistas dos feitosfemininos. Mary Del. deixando sua mulher no seu lugar. Mantinha-se a mesma atitude do Brasil seiscentista." Ver: VAINF AS. p. n° 4. 123-138. RODRIGUES. 1887. p. Torno 34. 0 papel pioneiro de algumas mulheres no Brasil colonial. As mulheres deveriam ouvir caladas. como querem alguns. que romperam com as determina~oes socialmente constituidas frente a educa~ao feminina preponderantemente restrita aos "misteres domesticos" ainda esta por ser escrita. Annaes do Mllsell Paillista. Nessa fase. Jose Torres de. atento as diversidades de culturas ou. em que incluiu varias pinturas sobre 0 quotidiano dos brasileiros. Revista do Arqllivo Geografico de Pernambuco. no entanto. Sao Paulo: Contexto. pintor e desenhista frances.500 anos de educafao no Brasil e Senzala. ajudou-Ihe a dividir os problemas que enfrentava na capitania. veio para 0 Brasil em 1816 com a Missao Artistica Francesa e aqui introduziu 0 neoclassicismo nas artes plasticas. com suas especiarias. as mulheres brasileiras mantiveram 0 costume de nao se exercitar. viu-se lesada pelo proprio marido. que do primeiro casamento tivera uma filha e herdara uma fortuna. p. ed. 6.Paulo. Affonso D'E. de cor e de ra~a. p." In: Revista do Instituto Hist6rico de Slio Paulo.p. Em 1746. Leopoldina e muito pouco estudada nos manuais de Hist6ria Brasileira da Independencia do Brasil. 28 Ibdem. Op. fanciesand personalities. PINHO. p.. endividou-se para publicar suas ideias iluministas pedag6gicas com 0 titulo 0 verdadeiro metodo de estudar.ao Amaut. 78. 1938. 128. 5 v. Aos 23 anos concluiu os estudos de Teologia em Evora. romper 0 rumen da mulher. Alcantara.Somefacts. p. n. Verdadeiro metodo de estudar. Freiras e recolhidas. cit. In: Separata do VolumeXXXV da Revista do Instilttto Hist6rico e Geogrtificode Slio Paulo. significava desvirginar.6es como meninas com desejos de adere-. Ver: MACHADO. 24 "Romper 0 fato". frances. vol.apassou pela roda dos expostos e recebeu 0 nome do Imperador. 1952. 1942. sobretudo no ensino fundamental brasileiro. contra a vontade paterna. "Costumes monasticos na Bahia.ascom 0 de Verney quando enfatiza a educa-. Nesse sentido. que ate entao nao eram estimulados. 67. 31 Filho de Dionisio Verney. entre outros.os.Mulheres educadas na col6nia 23 Essesdocumentos . PINHO. professor de medicina. ENNES. e Maria da Concei-. Jose Vanderlei de Araujo. utilizado amplamente pelo Marques de Pombal. p. In: PEIXOTO. desde a tenra idade.ao na infancia. portuguesa.ao de D. Ernerto & ORTA. :fi A contribui-. Lisboa: sa da Costa. 1936. p. V. XLI. p.C. Afranio. VERNEY. Luis Antonio. escreveu em 1849 Cartas sabre a eduCJl~ode Cora. 133.ao Carlos Chagas. 133. 12-13. conseqiientemente. 2S Filha de Jose Ramos da Silvae D. na expressao da epoca. a dependencia feminina: "se declarava 0 motivo de ser 0 ato assinado por outrem a pedimento da ourtorgante: por ser mulher e nao saber ler. v. p. 30 Idem. Escre- veu A baroque nunnery: the economic and social role of Colonial Convent Santa Clara do Desterro. Bibliografia Anotada. Sao Paulo: FCC. cit. na pesquisa Mulher brasileira. com pouca idade e sem nenhuma voca-. R. 11. Agiam nessas institui-. incutindo habitos morais e amor it verdade. 1980. Thereza Margarida da Silva e. nasceu em Sao Paulo e casou-se aos dezesseis anos de idade. Catarina de Horta. 0 silencio ainda prepondera. com 0 maranhense Pedro Jansen Moller van Praet. p. diferindo dos moldes introjetados nos conventos. "Primeira escritora paulista e primeira romancista brasileira (1705-1787)". 27 Epreciso nao se esquecer de que as meninas. Torno I .Jean Baptiste. persegui alguns documentos que trouxessem pistas sobre os motivos do 6dio do Marques de Pombal por D. eles ultrapassavam as esferas de urn livro de rezas. A eduCJl~o da mulher. Op. Indica-. Vida e morte do bandeirante.que era sua filha. 34 A crian<. Edi-.Arilda Ines Miranda Ribeiro vinham acompanhados de urna frase que revelava 0 analfabetismo e.ao para a clausura e a pobreza. muitas vezes. Com a ini93 . modismos etc. BOXER. Luis Antonio Verney foi colocado aos cuidados de urn capelao para ensinar-lhe os primeiros rudimentos.ao organizada por Antonio Salgado Junior.6es da Funda<. assim como ja 0 fizeram outros pesquisadores. Foi enterrada junto ao Adro da se. p. 113. No entanto. os exercicios ffsicos. Tereza Margarida da Silva e Orta. 32 Jose Uno Coutinho. Seu trabalho revela seme1han<. 107.New York: Oxford University Press. ingressavam contra a vontade. 1975. Women in Iberian expansionoverseas(1415-1815). 101. Seu livro revela a influencia dos iluministas e de Fenelon. 5ao Paulo: Nacional. 29 Susan Soeiro fez urn amplo estudo sobre 0 Convento de Santa Clara do Desterro. 33 DEBRET. Sao Paulo. Jose Vanderley de Araujo. 26Durante a minha pesquisa em Lisboa. . Arilda InEs Miranda. 36Maria Graham. v. Zizi Trevisan. ~ " f'" ::) 94 'f r. 49. viajante. A educa~o jeminina durante 0 seculo XIX: 0 Colegio Florence de Campinas (1863-1889). Arilda Ines Miranda. cujos resultados foram publicados em: RIBEIRO. Imperatriz Leopoldina do Brasil. RIBEIRO. Ver: LEITE. Rio de Janeiro: UFRJ..l'- .' . h.. "Mulheres e cidadania: conquistas de cada dia. 1996. sao Paulo: Cliper.h . (Col~ao Campiniana. Livros de viagem (1803-1900). Colaboradora de Martius. Sao Paulo: Arte & Ciencia. na Flora brasiliensis. 1998. a obra de Johanna Prantner. A educa.. QuestOes de Cidadania.~I." :j-.500 anos de educa~o no Brasil ciativa do Consulado Geral da Austria. 4) RIBEIRO.iio da mulher no Brasil Colonia. Rio de Janeiro: Vozes.. recupera com maestria essa lacuna historiognifica.j '~qr:1 :. Arilda. Miriam L. Escreveu sobre 0 Brasil. viveu no Brasil no tempo da Imperatriz Leopoldina. .M." In: Perez. p. 1996. 1997. 37Estetexto e parte da disserta~ao de mestrado na Unicamp (1987) e de pesquisas realizadas posteriormente em urn p6s-doutoramento na Universidade de Lisboa em 1996. 1997. a ) \ "J. educadora inglesa. Campinas: Area de Publica~Oes do Centro de Mem6ria/Unicamp.
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