Revolução Constitucionalista de 1932Posted on 09/07/2009 8 Hoje comemora-se a Revolução Constitucionalista de 1932, e eu como Paulista que sou, não poderia deixar de homenagear aquele que foi o maior movimento armado ocorrido no Brasil e que durou 87 dias. Para ilustrar todo o conteúdo colocarei fotos retiradas de três fontes (preciosidades) que tenho guardadas em minha biblioteca particular. São elas: Revista “O Mundo Ilustrado” – Rio de Janeiro, 07 de julho de 1954 Jornal “A Gazeta” Edição Comemorativa Retrospectiva – 09 de julho de 1957 Revista “O Mundo Ilustrado” – Rio de Janeiro, 10 de julho de 1957 Revolução Constitucionalista de 1932 Fonte: Wikipedia A Revolução Constitucionalista de 1932, Revolução de 1932 ou Guerra Paulista, foi o movimento armado ocorrido no Brasil entre os meses de julho e outubro de 1932, onde o Estado de São Paulo visava a derrubada do Governo Provisório de Getúlio Vargas e a promulgação de uma nova constituição para o Brasil. Foi uma resposta paulista à Revolução de 1930, a qual acabou com a autonomia que os estados gozavam durante a vigência da Constituição de 1891. A revolução de 1930 impediu a posse do governador de São Paulo Júlio Prestes na presidência da República e derrubou do poder o presidente Washington Luís, que fora governador de São Paulo de 1920 a 1924, colocando fim à República Velha. Atualmente, o dia 9 de julho que marca o início da Revolução de 1932, é a data cívica mais importante do estado de São Paulo e feriado estadual. Os paulistas consideram a Revolução de 1932 como sendo o maior movimento cívico de sua história. Foi a primeira grande revolta contra o governo de Getúlio Vargas e o último grande conflito armado ocorrido no Brasil. Capa de “A GAzeta” General Izidoro Dias Lopes No total, foram 87 dias de combates, (de 9 de julho a 4 de outubro de 1932 – sendo o último dois dias depois da rendição paulista), com um saldo oficial de 934 mortos, embora estimativas, não oficiais, reportem até 2.200 mortos, sendo que inúmeras cidades do interior do estado de São Paulo sofreram danos devido aos combates. em São Paulo. Tendo o Senador estadual de São Paulo. Os outros 17 estados da época apoiaram Júlio Prestes. denunciado. profeticamente. Cândido Nogueira da Mota. e uma eventual revolução visava especificamente São Paulo. que: A guerra anunciada pela chamada Aliança Liberal não é contra o sr. Em vez de nos agradecerem e apertarem em fraternos amplexos. Nesse momento. se dizia abertamente que se a Aliança Liberal não ganhasse a eleição haveria revolução. mas uma reação contra São Paulo. Na primeira metade do século XX. No início de 1929. Júlio Prestes representa não um gesto contra o presidente do estado. desde o governo de Afonso Pena (1906-1909) que substituiu o paulista Rodrigues Alves na presidência da república. em 24 de setembro de 1929. Júlio Prestes. na qual São Paulo e Minas Gerais. da Paraíba. pela qual se alternavam na presidência da República políticos dos Estados de São Paulo e de Minas Gerais. e no Senado Federal. na tribuna do Senado estadual paulista. A imperecível inveja contra o nosso deslumbrante progresso que deveria ser motivo de orgulho para todo o Brasil. Nos debates. rompendo a “política do café-com-leite”. em 1929. une-se à bancada gaúcha no Congresso e promete apoio a Getúlio Vargas.Ao som de dobrados marciais as tropas revolucionárias desfilaram pelas ruas da capital paulista debaixo de estrondosa manifestação. setembro de 1929. e isso não é de hoje. rompe com São Paulo. apoiado por 17 estados. o governo de Washington Luís. preteriu a vez de Minas Gerais no jogo da sucessão presidencial. alternavam-se no poder. É contra nosso Estado de São Paulo. que se levantará porque isto significa um gesto de legítima defesa de seus próprios interesses”! — Irineu Machado . os estados mais ricos e populosos da União. na Câmara dos Deputados. nos cobrem de injúrias e nos ameaçam com ponta de lanças e patas de cavalo! — Cândido Nogueira da Mota Capa de “O Mundo Ilustrado” – “Você tem um dever a cumprir. Candido Mota citou ainda o senador fluminense Irineu Machado que previra a reação de São Paulo: A reação contra a candidatura do Dr. então. Rio Grande do Sul e Paraíba formaram a “Aliança Liberal” lançando Vargas a presidência e João Pessoa. Minas Gerais. parte das classes médias urbanas e apenas três estados e os tenentes. Em setembro de 1929. o Estado de São Paulo vivenciou um acelerado processo de industrialização e enriquecimento devido aos lucros da lavoura de café e à articulação da política do café-com-leite. que defendiam reformas sociais e econômicas para o país. já era percebido. Apoiavam Getúlio também o Partido Democrático de São Paulo. que a Aliança Liberal. Consulte a sua consciência”. se este concorresse à presidência. ao nomear o paulista Júlio Prestes. Minas Gerais. a vice presidente. Júlio Prestes e o presidente Washington Luís e vários outros apoiadores de Júlio Prestes foram exilados na Europa e os jornais que apoiavam Júlio Prestes foram destruídos (na época se dizia empastelados). depõe Washington Luís e entrega. Vitoriosa a revolução de 1930. promovido a coronel pela Revolução de 1930. em 3 de novembro de 1930 o poder a Getúlio Vargas. Paulo. Entre outras ações. a Folha de S. mas foi usado como tal. vencendo em 17 estados e no Distrito Federal. outras se seguiram visando o controle econômico pelo governo central: os estados foram proibidos de contratar empréstimos externos sem autorização do governo federal. Júlio Prestes. . sendo que para São Paulo foi designado o tenente. A ala mais radical da Aliança Liberal resolve pegar em armas e usa o assassinato de João Pessoa.Em meio à grave crise econômica. em julho de 1930. cujo impacto emocional deu novo ânimo aos oposicionistas derrotados. O Partido Democrático que apoiara Getúlio Vargas em São Paulo. Em 24 de outubro de 1930. Os rebeldes tomam os três Estados que irradiaram a revolução (Rio Grande do Sul. em São Paulo. mas não tomou posse. Cresce o apoio popular e os preparativos do golpe foram levados adiante e com rapidez pois se aproximava o momento da posse de Júlio Prestes. o monopólio de compra e venda de moeda estrangeira pelo Banco do Brasil controlando. João Alberto Lins de Barros. foi eleito presidente em 1 de março de 1930. O governo impõe. Getúlio tomou posse instalando no Brasil uma ditadura: suspendeu a Constituição e nomeou interventores em todos os estados. como o estopim do movimento. com exceção de Minas Gerais – reforçando o conflito com São Paulo. dissolveu o Congresso nacional. pelo povo paulista. ainda. conseguindo para Getúlio 10% dos votos paulistas nas eleições de 1 de março. devido à Grande Depressão de 1929 que derrubara os preços do café. medidas para controlar os sindicatos e as relações trabalhistas e cria instituições para intervir no setor agrícola como forma de enfraquecer os estados. Além de medidas de centralização política. como a anistia dos rebeldes das revoluções de 1922 e 1924. considerado pelas oligarquias como “forasteiro e plebeu” e também chamado de O pernambucano. teve 91% dos votos válidos. Minas Gerais e Paraíba) e rumam para a capital federal. “A Platéia” e o Correio Paulistano. um golpe militar liderado por comandantes militares no Rio de Janeiro. Os Congressos Estaduais (Câmaras e senados estaduais) e as câmaras municipais. modificações no sistema eleitoral e a criação do Ministério do Trabalho. o comércio exterior. que era membro do Partido Republicano Paulista. Júlio Prestes. Apesar da grande votação nos 3 estados aliancistas. Em 3 de outubro de 1930 estoura a insurreição. entre eles. Getúlio Vargas foi largamente derrotado. O crime não teve motivos políticos. Getúlio Vargas foi nomeado chefe do “Governo Provisório” e põe fim à supremacia política de São Paulo e Minas Gerais no governo federal. Getúlio nomeou interventores para o governo dos Estados. não conseguiu indicar o interventor federal em São Paulo. assim. no dia do aniversário de São Paulo em 25 de janeiro de 1932. foi nomeado o major Miguel Costa. Luís Carlos Prestes lançou um manifesto onde dizia textualmente: Brasileiros: Livrái-vos da desonestidade de um João Alberto ! — Luís Carlos Prestes Nas fábricas de capacetes de aço. como interventor do Estado. Pedro Manuel de Toledo. em 2 de outubro de 1932. * Tenente João Alberto Lins de Barros. Pedro de Toledo não governava de fato. quando triunfou a Revolução de 1930. Manuel Rabelo e Pedro Aurélio de Góis Monteiro eram constantes. nem do Chefe de Polícia de São Paulo. Logo depois de vitoriosa a Revolução de 1930. As interferências da ditadura no governo de São Paulo eram constantes. passou para o lado dos paulistas e foi um dos comandantes da Revolução de 1932. Em maio de 1932. na Praça da Sé. João Alberto Lins de Barros. O Gabinete dos 40 dias renunciou devido às pressões dos tenentes. o grosso dos serviços era executado pelas senhoras e crianças. não se deixando os interventores formarem livremente seu secretariado. * Coronel Manuel Rabelo Mendes.Para o comando da 2ª Região Militar de São Paulo foi designado o general Isidoro Dias Lopes. na época se dizia meeting. * Laudo Ferreira de Camargo. formado por próceres do Partido Democrático. com João Alberto como Delegado Militar. as interferências de Miguel Costa. de 25 de julho de 1931 até 13 de novembro de 1931. foi deposto o presidente em exercício de São Paulo Heitor Penteado e o estado passou a ser governado por: * “Gabinete dos 40 dias”. ocorreram vários comícios constitucionalistas. Antecedentes do movimento Cartaz do movimento contra a ditadura getulista Em 1932 a irritação dos paulistas com Getúlio Vargas não cedeu com a nomeação de um paulista. . Ambos tinham tentado derrubar o governo paulista na Revolução de 1924. tendo o Tenente João Alberto como Delegado Militar da Revolução. Osvaldo Aranha. O político Paulo Nogueira Filho descreve João Alberto Lins de Barros e Miguel Costa como pessoas que “se arvoravam como donatários de São Paulo”. * Pedro de Toledo. porém. Isidoro Dias Lopes. e para o comando da Polícia Militar. rompendo com João Alberto. não conseguiam autonomia para governar.000 pessoas. Miguel Costa havia sido expulso da Força Pública por causa de suas ações em 1924. A primeira grande manifestação dos paulistas foi um mega comício. Esforço digno do maior destaque da causa constitucionalista. com um público estimado em 200. de 7 de março de 1932 até o fim da Revolução de 1932. de 25 de novembro de 1930 até 24 de julho de 1931. então denominada “Força Pública”. Após a derrota de São Paulo em 24 de outubro de 1930. de 13 de novembro de 1931 até 7 de março de 1932. pois tanto este quanto Laudo Ferreira de Camargo (que havia renunciado por causa da interferência dos tenentes no governo). houve grandes comícios e passeatas. governada por tenentes de outros estados e sentiam. Pedro de Toledo tentara formar um novo secretáriado independente das pressões exercidas pelos tenentes. tendo eles entregado. neste dia 23 de maio de 1932 e romper definitivamente com o Governo Provisório. porém montar um secretariado de sua livre nomeação (que ficou conhecido como o Secretariado de 23 de maio). Júlio Prestes acreditava. criada por João Alberto Lins de Barros e orientada pelo Major Miguel Costa. que se dizia um “Governo Provisório”. Mário Martins de Almeida (Martins) 2. Assim. quando chegou à São Paulo Osvaldo Aranha. O estopim da revolta foi a morte de cinco jovens no centro da cidade de São Paulo. como o Brasil. Orlando de Oliveira Alvarenga (Alvarenga) . assassinados à tiros por partidários da ditadura. O Povo quando ficou sabendo saiu às ruas. nas praças públicas da grande metrópole. Pequeninos oradores. e no meio do tumulto a multidão tenta invadir a séde da “Legião Revolucionária”. Dráusio Marcondes de Sousa (Dráusio) 4. são recebidos à bala. segundo afirmavam. já em 1931. expressão de autoria de Leven Vanpré. em 23 de maio de 1932. Os paulistas consideravam que o seu Estado estava sendo tratado pelo Governo Federal. querendo interferir na formação do novo secretariado. a Getúlio Vargas. uniram-se. entusiasmavam o povo. pertencentes à “Legião Revolucionária”. em Petrópolis. em 3 de março de 1932.Os tenentes do Clube 3 de outubro eram totamente contrários a que se fizesse uma nova constituição. pois Júlio Prestes havia tido 90% dos votos dos paulistas em 1930. Pedro de Toledo. que antes apoiara a Revolução de 1930. na Frente Única para exigir o fim da ditadura do “Governo Provisório” e uma nova Constituição. Antônio Américo Camargo de Andrade (Camargo) 5. retrogradasse para uma ditadura sem freios e sem limites como essa que nos degrada e enxovalha perante o mundo civilizado! — Júlio Prestes O Partido Republicano Paulista e o Partido Democrático de São Paulo. em fevereiro de 1932. A morte dos jovens deu origem a um movimento de oposição que ficou conhecido como MMDC. Euclides Bueno Miragaia (Miragaia) 3. Ao subirem as escadarias do edifício. como uma terra conquistada. representando a ditadura. um documento no qual dão seu total apoio à ditadura e no qual se manifestam contrários a uma nova constituição. São Paulo inteiro estava contra a ditadura. atualmente denominado oficialmente de MMDCA: 1. que a situação da ditadura estava se tornando insustentável e declarou no exílio em Portugal: O que não compreendo é que uma nação. que a Revolução de 1930 fora feita “contra” São Paulo. com o apoio do povo. após mais de um século de vida constitucional e liberalismo. conseguiu. e dar uma constituição ao Brasil e terminar com as interferências da ditadura no governo de São Paulo. reparar a injustiça ocorrida em de 1930. reparando a injustiça de Júlio Prestes não ter tomado posse como presidente da República em 1930.O dia 23 de maio é sagrado em São Paulo como o Dia do soldado constitucionalista. que pretendiam a volta da supremacia paulista e do PRP ao poder e queriam. pois Miguel Costa havia sido expulso da Força Pública em 1924 por tentar derrubar o governo paulista na Revolução de 1924. que ganhara forte apoio dos paulistas. Francisco Morato do Partido Democrático. Neste movimento. seus representantes entregado a Getúlio Vargas um manifesto contrário a constituinte em 3 de março de 1932. então. também. a se tramar um movimento armado visando a derrubada da ditadura de Getúlio Vargas. Esse fato levou à união de diversos setores da sociedade paulista em torno do movimento de constitucionalização que se iniciara em janeiro de 1932. sob a bandeira da proclamação de uma nova Constituição para o Brasil. já que o que o PRP. mais ampla que a democracia da Constituição de 1891. para a derrubada de Getúlio Vargas. Os tenentes eram contra a instalação de uma assembléia constituinte. notadamente Minas Gerais. em Petrópolis. quanto segmentos que desejavam a implantação de uma verdadeira democracia no Brasil. foi proclamado governador de São Paulo e foi o comandante civil da revolução constituionalista. Cartaz convocando os paulistas às armas Pedro de Toledo. Os aviões legalistas eram abatidos constantemente O movimento armado Em 9 de julho eclodiu o movimento revolucionário. Antônio de Pádua Sales do . um documento no qual dão seu total apoio à ditadura e no qual se manifestam contrários a uma nova constituição. Começou-se. não evitaram o conflito. se uniram o PRP e o Partido Democrata. Formavam a Junta Revolucionária. com os paulistas acreditando possuir o apoio de outros Estados. Getúlio Vargas já havia estabelecido eleições para uma Assembléia Nacional Constituinte e que já havia nomeado um interventor paulista – as duas grandes exigências de São Paulo. Era especialmente humilhante para São Paulo a nomeação do major Miguel Costa para comandante da Polícia Militar de São Paulo. Observe-se que. tendo. liderado pelo MMDC. quando o candidato dos paulistas Júlio Prestes foi eleito a presidência mas não pôde tomar posse impedido pela Revolução de 1930. porém. em 9 de julho. Rio Grande do Sul e do sul de Mato Grosso. agora unido ao seu rival Partido Democrático paulista almejava voltar a dominar a política nacional. então chamada de Força Pública.[7] Estes atos do Governo Provisório. porém a interferência do governo federal e dos tenentes em São Paulo continuava forte. Foi lançado uma proclamação da “Junta Revolucionária” conclamando os paulistas a lutarem contra a ditadura. chamados pela ditadura de “oligarquia”. como fazia anteriormente. 000 combaterem nas fileiras do Exército constitucionalista. Alistaram-se 200. No Estado de São Paulo. as tropas paulistas se viram lutando em três grandes frentes: o Vale do Paraíba. (salvo Batista Luzardo que conseguiu fugir). e exilados pelo interventor gaúcho. 60. Porém. Tropas paulistas são enviadas para os fronts em todo o Estado. o Sul Paulista e Leste Paulista. Comandados por Pedro de Toledo. Os paulistas usaram estratégia no combate. no Rio Grande do Sul. a revolução de 1932 obteve o apoio do ex presidente Artur Bernardes. contou com um grande contingente de voluntários civis e militares e o apoio de políticos de outros Estados. Em Minas Gerais. sem o apoio dos outros estados o plano imaginado por São Paulo não se concretizou: Rio Grande do Sul e Minas Gerais foram compelidos por Vargas a se manterem ao seu lado e a publicidade de pretensão separatista do movimento levou São Paulo a se ver sozinho. apesar de contar com mais de quarenta mil soldados. A artilharia infringiu pesadas baixas às tropas legalistas. 40 mil homens de São Paulo enfrentam um contingente de 100 mil soldados. com a retaguarda assegurada pelo apoio que seria dado pelos outros estados. uma multidão sai às ruas em apoio. antigos apoiadores da Revolução de 1930. mas para combater os paulistas. Aviões são usados para bombardear cidades do interior paulista. Raul Pilla. Mas as tropas federais são mais numerosas e bem equipadas. com o apoio de apenas algumas tropas mato-grossenses. Cartaz de convocação para Enfermeiras Voluntárias paulistas Os planos paulistas previam um rápido e fulminante movimento em direção ao Rio de Janeiro pelo Vale do Paraíba. O estado de São Paulo.PRP. Batista Luzardo e João Neves da Fontoura entre outros. No atual Mato Grosso do Sul foi formado um estado independente que se chamou Estado de Maracaju. sendo que estima-se que destes. São Paulo esperava a adesão do interventor do Rio Grande do Sul. Por falta de apoio de outros estados. aclamado governador revolucionário. que terminou também exilado. a Revolução de 1932. Quando se inicia o levante. Generais Bertoldo Klinger e Isidoro Dias Lopes. contra o restante do Brasil[8].000 voluntários. mas este na última hora decidiu enviar tropas não para apoiar São Paulo. . O general Euclides Figueiredo assumiu a 2º Região Militar. e que tentaram fazer uma revolta mas foram capturados. Borges de Medeiros. o estado mais bem armado. e pelo general Bertoldo Klinger. logrando o inimigo com manequins. O trabalho dos granadeiros foi bem feito. como. São Paulo se encontrava num grande cerco militar. que formaram a Frente Única Rio Grandense. que apoiou São Paulo. estava em desvantagem. também chamado de “Ouro para a vitória”. . Como as fronteiras do Estado foram fechadas. está enterrado no ponto central do Mausoléu do Ibirapuera e é homenageado dando seu nome a rodovia SP-171. brasileiros de outras regiões para combaterem São Paulo dizendo-lhes que São Paulo queria se separar do Brasil. Uma das armas mais sofisticadas feitas pela indústria paulista foi o trem blindado. Usou-se muita propaganda e contra-propaganda ideológica por parte da ditadura que acusava São Paulo de estar nas mãos do facismo italiano trazido pelos imigrantes. usado na campanha militar no Vale do Paraíba. São Paulo criou moeda própria.Tanques feitos em São Paulo. munidos de lança-chamas. que foi falsificada pela ditadura e distribuída na capital paulista para desestabilizar a economia do Estado. quando foi derrotado militarmente. o que levou os paulistas a inventarem e usarem um aparelho que imitava o som das metralhadoras. Eram recrutados. destroem posição inimiga. que corta a região onde ele foi assassinado. Um dos tanques de São Paulo revolucionário entrou em combate efetivo. A ditadura colocava elementos infiltrados em reuniões e comícios em São Paulo que pregavam o derrotismo e o desânimo da população. fora do país. junto com os jovens do MMDC. onde se destacou César Ladeira da Rádio Record. Paulo Virgínio foi obrigado a cavar sua própria sepultura e morreu dizendo: Morro mas São Paulo Vence! — Paulo Virgínio Paulo Virgínio. ocorreu na cidade de Cunha onde as tropas da ditadura torturaram e mataram o agricultor Paulo Virgínio. ocorrido durante a Revolução de 1932. O movimento estendeu-se até 2 de outubro de 1932. Houve intensa mobilização através do rádio. O dinheiro paulista era lastreado pelo ouro arrecadado pela campanha “Ouro para o bem de São Paulo”. O crime mais bárbaro. chamado de “matraca”. Houve muita falta de munição. Também foram compradas armas nos EUA. não havia como adquirir armamento para o conflito. por este se recusar a dizer onde estavam as tropas paulistas. um acidente matou o Comandante da Força Pública. Coronel Júlio Marcondes Salgado. mas o navio que as transportava foi apreendido. Veículo construído em chassi caminhão Chevrolet com torre giratória para metralhadora. assim muitos voluntários levaram suas próprias armas pessoais e engenheiros da Escola Politécnica do Estado (hoje EPUSP) e do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) passaram a desenvolver armamentos a serem produzidos pelo próprio Estado para suprir as tropas. Carro blindado fabricado em São Paulo. No teste de um novo canhão. uma novidade na época. pela ditadura. nomeia um civil e paulista para interventor em São Paulo: Armando de Sales Oliveira. não teria havido redemocratização no Brasil. Foi o maior conflito militar da história brasileira no século XX.O fim do conflito Em meados de setembro. Nesta eleição. enquanto os paulistas computam oficialmente 634 mortos. em 1938. embora estimativas extraoficiais falem em mais de mil mortos paulistas. levando à promulgação em 1934 de uma nova constituição. Vendo que a derrota e ocupação do Estado era questão de tempo. Do lado federal nunca foram liberadas estimativas de mortos e feridos. Em 3 de maio de 1933 foram realizadas eleições para a Assembléia Nacional Constituinte quando a mulher votou pela primeira vez no Brasil em eleições nacionais. as fraudes deixaram de ser rotina nas eleições brasileiras. as condições de São Paulo eram precárias. no final de setembro. as tropas da Força Pública Paulista. Ao ver seu governo em risco. se não fosse o Movimento Constitucionalista de 1932. A economia de São Paulo. asfixiada pelo bloqueio do porto de Santos. graças à criação da Justiça Eleitoral. terminada a revolução de 1932. atual Polícia Militar de São Paulo são as primeiras a se render. e depois de várias negociações políticas. que não tinham sido exiladas em 1930. O interior do Estado era invadido paulatinamente pelas tropas de Getúlio Vargas e a capital paulista era ameaçada de ocupação. com a derrota de Revolução de 1932. foram. se reconcilia com São Paulo. Com o colapso da defesa paulista. A derrota militar entretanto se transforma em vitória política. Getúlio. sobrevivia de contribuições em ouro feitas por seus cidadãos e as tropas paulistas desertavam em números cada vez maiores. os dois interventores federais em São Paulo saíram das hostes do Partido Republicano Paulista: Adhemar Pereira de Barros (1938-1941) e Fernando de Sousa Costa (1941-1945) que havia sido secretário da agricultura do Dr. a liderança paulista se refugia no exílio. Na versão do governo. Segundo os paulistas. Hospital do Mackenzie College Médicos e enfermeiras da Cruz Vermelha Conseqüências A epopéia de 1932 Terminado o conflito. a revolução de 1932 não era necessária pois as eleições já tinham data marcada para ocorrer. Porém o término da revolução constitucionalista marcou o início do processo de democratização. a liderança revoltista se rende em 2 de outubro de 1932 na cidade de Cruzeiro para as forças chefiadas por Pedro Aurélio de Góis Monteiro. Durante o Estado Novo. pessoalmente da inauguração da avenida 9 de julho em São Paulo. mais tarde. participando. exilados. A maioria dos líderes paulistas. . Júlio Prestes. Getúlio Vargas dá início ao processo de reconstitucionalização do país. anualmente se realizam comemorações e desfiles cívicomilitares. desconsiderando-se o imenso apoio popular obtido pelo movimento constitucionalista. assim como a já citada Guerra dos Farrapos. A preservação da memória e dos ideais de 1932 No feriado estadual de 9 de julho. visando a reconduzir as oligarquias paulistas ao poder. no ínicio de julho. onde foi assinada a rendição dos paulistas. as imagens dos principais bandeirantes paulistas. César Ladeira foi a VOZ DA REVOLUÇÃO pois foi o locutor do movimento revolucionário. No restante do país. Lembrada por feriado no dia 9 de julho. e em muitas publicações. a de uma rebelião conservadora. e de uma rebelião de velado caráter separatista. a Revolução de 1932 transformou-se em símbolo máximo do Estado. Cruzam o estado de São Paulo. percorre. a exemplo da Guerra dos Farrapos para os gaúchos. sendo que o mais importante desfile se realiza no parque do Ibirapuera em São Paulo. A Sociedade dos Veteranos de 1932 preserva a memória e documentos e relíquias de 1932. 927 quilômetros pelo estado de São Paulo. Em homenagem à revolução de 1932. é mais lembrado pela versão imposta pelos vitoriosos. Mais tarde a gravadora COPACABANA gravou um “longplay”(LP2035)com as crônicas da revolução de 32 na voz de Cesar Ladeira.Durante a Revolução foram reavivadas as tradições bandeirantes do estado. Neste solenidade são depositados no Mausoléu do Soldado Constitucionalista os restos mortais dos veteranos falecidos no ano corrente. saindo de Rubinéia. Coberta com a Bandeira Brasileira. o movimento. saindo nas notas do dinheiro paulista. a pé. especialmente no Vale do Paraíba paulista. a revolução é fortemente comemorada na cidade de São Paulo do que no interior do estado. Os estragos do bambardeio na cidade de Guará. Os organizadores desta caminhada cívica pretendem entrar para o livro guiness dos recordes como a maior caminhada cívica do mundo. todos os anos. Aí está o grande objetivo alcançado: a Constituinte de 34 foi o louro com que se coroaram os heróis do movimento revolucionário de São Paulo . colocando está tentativa de volta ao poder como algo inaceitável. Para os paulistas. O Exército Constitucionalista ainda existe e é presidido por veteranos de 1932. um grupo de paulistas. no extremo oeste do estado e vão terminar a caminhada em Cruzeiro. no Vale do Paraíba. que são as versões predominante nos livros didáticos de história do Brasil. a urna com os cadáveres dos heróis do levante constitucionalista. onde a destruição e as mortes provocadas pela rebelião são ainda recordadas e nas regiões de fronteira. foi uma resultante da luta cruenta que tantas lágrimas provocou na mulher brasileira”. mesmo falha e feita de afogadilho. .“A Constituinte de 1934.