REVISTA PESCA

March 26, 2018 | Author: Lilian Martins | Category: Agar, Meat, Frog, Mining, Radical (Chemistry)


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Revista Brasileira deREPESCA ISSN 1980-587X Engenharia de Pesca Pesca, Aqüicultura, Tecnologia do Pescado e Ecologia Aquática Volume 3, número 2 - julho de 2008 Expediente Catalografia Editorial Artigos Científicos Técnicos Resenhas REVISTA BRASILEIRA DE ENGENHARIA DE PESCA VOLUME 3, NÚMERO 1, 2008 Eds.: José Milton Barbosa e Haroldo Gomes Barroso EXPEDIENTE Foto Haroldo Barroso Normas para Publicação Contatos Veja: Carpintaria Naval do Maranhão Rev. Bras. Enga. Pesca 3(2), jul. 2008 DIRETOR Haroldo Gomes Barroso - UEMA COMISSÃO EDITORIAL Alex Augusto Gonçalves - Dalhousie University, Canadá Angelo Brás Callou - UFRPE Athiê Jorge Guerra dos Santos - UFRPE Fábio Diniz - Embrapa/PI Fábio Hazin - UFRPE Fernando Porto - UFRPE Eurípedes Alves da Silva Filho - UFAL Heiko Brunken - Hochschule Bremen, Alemanha Israel Hidenburgo Aniceto Cintra - UFRA Joachim Carolsfeld - World Fisheries Trust, Canadá Leonardo Teixeira de Sales - UFPI Maria do Carmo Figueredo Soares - UFRPE Maria do Carmo Gominho Rosa - Unioeste Maria Elisabeth de Araújo - UFPE Maria Nasaré Bona - UFPI Maria Raquel Coimbra - UFRPE Neiva Maria de Almeida - UFPB Paula Gênova de Castro - Instituto de Pesca/SP Paulo de Paula Mendes – UFRPE Petrônio Alves Coelho Filho - UFAL Raimundo Nonato de Lima Conceição - UFC Rosângela Lessa - UFRPE Sérgio Macedo Gomes de Mattos - SEAP/PE Sérgio Makrakis - Unioeste Sigrid Neumann Leitão - UFPE Vanildo Souza de Oliveira - UFRPE Walter Maia Junior - UFPB EDITORES José Milton Barbosa - UFRPE Haroldo Gomes Barroso - UEMA EDITORES ADJUNTOS Adierson Erasmo de Azevedo UFRPE Emerson Soares - UFAL ASSISTENTES DE EDIÇÃO Manlio Ponzi Junior - UFRPE Rogério Bellini - Netuno Webmaster Junior Baldez - UEMA Revisão do texto Adierson Erasmo de Avezedo UFRPE José Milton Barbosa - UFRPE __________________________________________________________________________________ Curso de Engenharia de Pesca Universidade Estadual do Maranhão Departamento de Pesca e Aqüicultura Universidade Federal Rural de Pernambuco 2 Rev. Bras. Enga. Pesca 3(2), jul. 2008 A REPesca está indexada à base de dados: SUMARIOS.ORG (www.sumarios.org) © Publicada em julho de 2008 Todos os direitos reservados aos Editores. Proibida a reprodução, por qualquer meio, sem autorização dos Editores. Impresso no Brasil Printed in Brazil Ficha catalográfica Setor de Processos Técnicos da Biblioteca Central – UFRPE R454 Revista Brasileira de Engenharia de Pesca Nacional / editores José Milton Barbosa, Haroldo Gomes Barroso -- São Luís, Ed. UEMA, 2008. V.3, n.2 : 175p. : il. Semestral 1. Pesca 2. Aqüicultura 3. Ecossistemas Aquáticos, 4. Pescados – Tecnologia I. Barbosa, José Milton II. Barroso Haroldo Gomes III. Universidade Estadual do Maranhão CDD 639 3 Yoshito Motohashi (in memoriam) e Hitoshi Nomura. e que agora se sente recompensada. passados desde a extinção da SUDEPE. Neste contexto. Masayoshi Ogawa. José Milton Barbosa Editor Chefe 4 .Rev. se fortalece também a Engenharia de Pesca. outro fato marcante é a realização da nossa I Semana Nordestina de Engenharia de Pesca. NOSSOS JAPONESES No momento em que se comemora os 100 anos da imigração japonesa para o Brasil. que tanto clamou por este ministério. Assim. dentre outros. Nomes como Johei Koike (in memoriam). 2008 ISSN-1980-587X REVISTA BRASILEIRA DE ENGENHARIA DE PESCA Volume 3 julho. não por uma vitória. na primeira semana de setembro estaremos em São Luis para discutir nossa profissão e os seus rumos na certeza que o Engenheiro de Pesca enquanto profissional e retrata a importância do setor pesqueiro para o crescimento de nosso país. Setor que a dispeito dos desmazelos instutuionais. Pesca 3(2). Ademais. mostra sua pujança e consolidação como atividade produtiva de forte apelo econômico e social. com a almejada criação do um ministério capaz de unificar e avalancar a atividade pesqueira. não podemos esquecer aqueles que tanto fizeram pelo setor pesqueiro nacional e em especial pela no Engenharia de Pesca. Enga. jul. 2008 Número 2 O EDITORIAL setor pesqueiro nacional vive um momento de euforia. marcam sua passagem entre nós e deixam seus nomes gravados nas ciências pesqueiras do Brasil. Yasunobu Matsura (in memoriam). Bras. mas pela certeza que a luta começa agora. ....................80 Efeitos do fotoperíodo e temperatura no crescimento de girinos da rã-touro gigante.............. Paula Cristina Walger de Camargo LIMA..... Fernando de Figueiredo PORTO-NETO.. Luciana de Matos Andrade BATISTA-LEITE......... Enga............................................................ Wladimir Ronald Lobo FARIAS.....................................50 Agregando valor ao pescado de água doce: defumação de filés de jundiá (Rhamdia quelen) Alex Augusto GONÇALVES.. pegar caranguejo....................... Perla Lorena MOREIRA................ Sigrid NEUMANN-LEITÃO................................. BA e sua limitação ao cultivo de peixes em tanques-rede José Patrocínio LOPES* Luiz Carlos Farias DANTAS.) Howe análise de metodologias de precipitação José Tarcísio Borges Bezerra NETO......... José Ariévilo Gurgel RODRIGUES............................. Grazielle da Costa PONTES............................ Grazielle da Costa PONTES........... Estado de Pernambuco (Brasil) Pedro Augusto Mendes de Castro MELO.............. José de Sousa Junior JÚNIOR...............................................................106 “Fui no mangue catar lixo................92 ARTIGOS TÉCNICOS Cultivo intensivo de espécies carnivores Emerson Carlos SOARES... Bras. Wladimir Ronald Lobo FARIAS......................... Rana catesbeiana (Shaw.................... conversar com o urubu”: estudo socioeconômico dos catadores de caranguejo no litoral norte de Pernambuco Roberta Sá Leitão BARBOZA.........63 Avaliação dos efeitos da imersão das pós-larvas do camarão Litopenaeus vannamei em águas de cultivo com polissacarídeos sulfatados José Ariévilo Gurgel RODRIGUES...30 Polissacarídeos sulfatados da alga Caulerpa sertularioides (Gmel..............16 Variação nictemeral do macrozooplâncton na Barra Orange ............7 Purificação e atividade anticoagulante in vitro de galactanas sulfatadas extraídas da alga marinha vermelha Halymenia pseudofloresia José Ariévilo Gurgel RODRIGUES.......... Renata CEZARINI...................................... Diego Silva MELO....................100 Influência da profundidade dos lagos do Complexo Hidrelétrico de Paulo Afonso.............. Maria Cristina Montin OTTA. 2008 Sumário Atenção: Para abrir click em “ ARTIGOS CIENTÍFICOS Aproveitamento da carne da carcaça de rã-touro gigante no desenvolvimento de hambúrguer Alex Augusto GONÇALVES.................................. Myrian Sá Leitão BARBOZA........................................................................Rev........... Jullyermes Araújo LOURENÇO... jul....... Eloi CERQUEIRA....... Wladimir Ronald Lobo FARIAS.. Sigrid NEUMANN-LEITÃO............................................ Pesca 3(2). Lucia Maria de Oliveira GUSMÃO.....................117 ” 5 .....Canal de Santa Cruz..................................... Valeska Martins TORRES......... 1802)..................... ... M..................... S. 2008 Digestibilidade de ingredientes alternativos para tilápia-do-nilo (Oreochromis niloticus): revisão Elton Lima SANTOS...................................................................Rev......................................... Enga........................................ Maria do Carmo M................. Gómez......................................135 Desarrollo tecnológico de carne ahumada de esturión (Acispenser spp.................................... y Pollak....... A.150 RESENHAS Carpintaria artesanal no Estado do Maranhão Luiz Phelipe de Carvalho Castro ANDRÈS..........................170 NORMAS PARA PUBLICAÇÃO................... F................ Pesca 3(2)....... Bras............163 Tilapicultura Industrial Rogério Bellini... E..... Campot J.172 CONTATOS................................. ............................................................................................................................ jul............ LUDKE José Milton BARBOSA............................................... Waleska de Melo Costa WINTERLE........................... ) Bertullo..........................175 6 ....... Fernández.. * Email: alaugo@gmail. lipídios (0. cinzas (0. desenvolvimento de produto. Todos os parâmetros analisados na avaliação microbiológica foram negativos. 2008 ARTIGOS CIENTÍFICOS APROVEITAMENTO DA CARNE DA CARCAÇA DE RÃ-TOURO GIGANTE NO DESENVOLVIMENTO DE HAMBÚRGUER USE THE BULLFROG CARCASS MEAT TO DEVELOP HAMBURGUER Alex Augusto GONÇALVES1*. enquanto que no produto desenvolvido (hambúrguer) obtiveram-se os seguintes valores: umidade (76. . carne de rã.01%). proteínas (16.This objective of this work was use of carcass meat from bullfrog (Rana catesbeiana) in development of a product with nutritional and sensorial value.6%). ash (2.3%).02%). Abstract . frog meat.Rev.2%). The physical-chemical analysis of in natura meat obtained the following values: moisture (79. Enga. showing that the procedure hygiene was satisfactory during handling and final product development.02%). 7 .33%) and calcium (0. protein (12. Pesca 3(2).6%).1%) e cálcio (0. All parameters examined in microbiological analysis were negative. Maria Cristina Montin OTTA2 1 Instituto de Ciência e Tecnologia de Alimentos.4%.01%). lipídios (0.4%. protein (16. cinzas (2.8%).8%).O objetivo deste trabalho foi aproveitar a carne da carcaça da rã-touro gigante (Rana catesbeiana) no desenvolvimento de um produto com valor nutricional e sensorial.6%). Na avaliação físico-química da carne in natura obtiveram-se os seguintes valores: umidade (79. O índice de aceitabilidade do hambúrguer na análise sensorial foi de 88. Key-words: Rana catesbeiana.2%). The index of acceptability of the hamburger in sensory analysis was 88. lipids (0. jul. Universidade Federal do Rio Grande do Sul 2 Engenheira de Alimentos. Universidade do Vale do Rio dos Sinos. proteínas (12.2%). ash (0.1 %) and calcium (0.6%).3%). demonstrando que o procedimento higiênico foi satisfatório durante a manipulação e desenvolvimento do produto final. while the product developed (hamburger) obtained the following values: moisture (76. product development. Bras. Palavras-chave: Rana catesbeiana.33%) e cálcio (0.com Recebido em: 8 de março de 2008 Resumo .2%). lipids (0. 2006). seguindo um padrão internacional (Ramos et al. Embora. inferiores a 1% (Tabela 1) e. jul. O desenvolvimento tecnológico do abate de rãs e seu processamento posterior para consumo humano têm atraído cada vez mais atenção. Figura 1 . Em virtude disso. o que se apresenta como uma importante ferramenta de publicidade (Casali. 2008 INTRODUÇÃO A rã-touro. Enga. Bras. entre outros fatores. Moura & Lima. carcaças inteiras e coxas. É recomendada para dietas com o objetivo de combater o colesterol. Rana catesbeiana (Figura 1) é nativa da América do Norte e foi introduzida no Brasil em 1935. Cruz & Moura (1999) constataram que o aproveitamento de subprodutos da rã-touro ainda é inexpressivo. Isto se deve.. Os principais produtos comerciais da rã-touro (Rana catesbiana) são: a carne e o couro. Nóbrega et al.Rev. por estas características. as recomendações do Codex Alimentarius estão sendo adotadas como critério de qualidade da carne da rã.. no Brasil.Rã-touro (Rana catesbeiana). Mello et al. Lima. que possui um adequado balanceamento de aminoácidos e baixo nível de gordura e colesterol. 2004. Sua criação em cativeiro vem cada vez mais se firmando como uma atividade viável e de grande potencial. A carne de rã é apreciada não só pelo seu sabor requintado e textura.. Nóbrega et al. segundo Lima & Agostinho (1992) existe potencialidade de aproveitamento do ovário e do fígado para preparação de caviar e patê. respectivamente. 2007). No entanto. prevalecendo ainda a comercialização dos produtos principais. 2005. mas também como fonte de proteína de alto valor biológico... 2007). a obesidade a hipertensão arterial e também para tratamento de distúrbios 8 . sendo fracamente representado pelo aproveitamento de pele e corpo gorduroso. obtendo preços mais elevados (Ramos et al. 2005. a carne de rã é usualmente comercializada internacionalmente na forma de coxas frescas ou congeladas. à qualidade nutricional da carne de rãs. as rãs sejam comercializadas inteiras. é indicada para dietas hipocalóricas. A carne de rã destaca-se nutricionalmente por sua grande quantidade de proteínas de alto valor biológico e por seu baixo teor em gorduras. Pesca 3(2). Enga.3 18.4 16. Moura. 2006. várias alternativas estão sendo estudadas. O dianteiro ou “dorso”. Mello et al. Tabela 1 . composto do tórax e braços geralmente é desprezado pelos consumidores. o consumo de rã é essencialmente voltado para as pernas (coxas) que representam a maior parte comestível da rã (52. Bras. enquanto não se encontrar formas de atender às facilidades que o mundo moderno oferece. No Brasil os ranicultores oferecem a carcaça inteira ao mercado interno como forma de ampliar sua receita.0 Gorduras (g/100g) 0. o desconhecimento da forma de se preparar esta carne. Mello et al. na dieta de atletas. 2003. 2007). 2008 gastrointestinais.Rev... particularmente utilizando a desossadora mecânica (Conceição. No entanto. O aumento do consumo da carne de rã vai continuar restrito.7 15. Lima. 2000. a carne de rã ainda é um produto cercado de preconceito por parte do consumidor doméstico. MATERIAL E MÉTODOS Amostras congeladas de rã-touro (Rana catesbeiana) foram recebidas na Mini-usina de Carne e Derivados (UNISINOS.7 8. O objetivo deste trabalho foi aproveitar a carne da carcaça da rã-touro gigante (Rana catesbeiana) no desenvolvimento de um produto com valor nutricional e sensorial. 2006a. Espécie Rã Frango Bovino Suíno Coelho Proteínas (g/100g) 16. Nóbrega et al.4 18. para o melhor aproveitamento da carne desta parte do corpo das rãs. 2000. No mercado internacional.7 21.1 19. 9 . as qualidades sensoriais da carne da rã-touro são raramente estudadas (Conceição. apesar de existir vários consumidores efetivos. jul. 2006b. Pesca 3(2). São Leopoldo. 2006. Teixeira & Costa (2006a). Nóbrega et al.. pelo grande número de pequenos ossos (baixo rendimento de carne).8 22. Além do aspecto físico nada atraente.. Segundo Lima. convalescentes e crianças em fase de crescimento e alérgicas a proteína animal. Com objetivo de agregar valor ao segmento. é um dos itens que mais desestimula a compra. 2007).7%) e são consideradas por muitos como uma “delicatessen”. Teixeira & Costa. RS) e mantidas em freezer a -18°C até o momento do desenvolvimento do hambúrguer.Composição da carne de rã-touro: comparação com outras carnes.0 Calorias (kcal/100g) 68 264 225 276 162 Revista da Terra (2006). 0 5. Enga.5 0. que permaneceram no misturador por mais 3 minutos.0 * Para cada 1.0 0. a avaliação sensorial foi efetuada por painelistas não treinados (n = 30) do curso de Gastronomia da UNISINOS onde foi utilizado o método afetivo mediante escala hedônica de nove pontos. conforme Tabela 2. como: Salmonella. 2001) para produtos à base de pescado refrigerados ou congelados (hambúrgueres e similares).Formulação do hambúrguer de rã-touro.000 g de carne utiliza-se o percentual dos ingredientes Em seguida. seguido da adição dos demais ingredientes. Coliformes e Staphylococcus aureus. seguindo os parâmetros microbiológicos estabelecidos pela legislação (Brasil.2 0.2 1. parte do gelo e todo sal foram transferidos para o misturador por cerca de 5 minutos. Matéria-prima Carne de rã Ingredientes Gelo moído Proteína Texturizada de Soja granulado Amido de milho Farinha de trigo Alho em pó Coentro NaCl Pimenta do reino em pó Glutamato monossódico Tripolifosfato de sódio Sorbitol Quantidade (g) 1000* Quantidade (%) 10.3 4.Rev. jul. Bras. Tabela 2 . a carne. Os hambúrgueres foram formatados. (2007). congelados a –18ºC e armazenados nesta temperatura até o momento das análises (Figura 2).0 0. 2008 Após serem descongeladas em refrigerador à temperatura de 4ºC.0 5. dividida em porções de 70 g. posteriormente. Pesca 3(2). ANÁLISE SENSORIAL Para verificar a aceitabilidade do hambúrguer de rã e medir o nível de satisfação do consumidor.0 5. ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS As análises microbiológicas foram realizadas de acordo com metodologia descrita por Silva et al. Foi desenvolvida uma formulação de hambúrguer e seus ingredientes foram utilizados nas quantidades convencionais para este tipo de produto. até a completa homogeneização. A massa resultante foi retirada do misturador e.2 1. que 10 . foram desossadas manualmente. embalados individualmente em filme de PVC. por cerca de 2 minutos de cada lado e. Dessa forma. Bras.Processamento do hambúrguer de rã-touro. 2004). O índice de aceitabilidade (IA) foi calculado considerando-se a nota máxima alcançada. 1987). Os hambúrgueres congelados foram preparados em chapa quente. em %. Enga. pelo produto que está sendo analisado. 2008 Figura 2 . com pouco óleo vegetal. RESULTADOS E DISCUSSÃO O consumo nacional e internacional de carne de rã vem aumentado dia a dia.Rev. acredita-se que a disponibilidade de diferentes alimentos elaborados com carne de rã de qualidade contribuirá ainda mais para o consumo. jul. como também por seu valor nutritivo (Ramos et al. servidos ainda quentes aos painelistas. Meinert & Barbetta.. como 100% e a pontuação média. será o IA. Os empreendedores que fazem a ranicultura comercial precisam estar atentos às várias possibilidades que a carne de rã apresenta e a partir delas. não só pelo seu paladar. Pesca 3(2). variava de gostei muitíssimo (9 pontos) a desgostei muitíssimo (1 ponto) seguindo a metodologia de Dutcosky (1996). 11 . O produto atingindo um percentual maior ou igual a 70% será considerado aceito pelos provadores (Teixeira. diversificar o leque de ofertas de produtos pré-elaborados de fácil preparo pelo consumidor. ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS Os resultados das análises microbiológicas do hambúrguer de carne de rã estão apresentados na Tabela 4. Enga. Bras. 1983). jul.20 0.Rev. Tabela 3 .60 0.67 0. 2006). 1988.4%. provavelmente pela influência do tipo de manejo e alimentação administrada.20 16. gordura e cinzas foram abaixo aos valores encontrados por Nóbrega et al. Lemos & Antunes. O resultado das análises físico-químicas. No entanto.8% encontrada por outros autores para a mesma espécie (Azevedo & Oliveira. (2007). Mello et al. Pesca 3(2).20 0.80 12. Tabela 4 . etc) são muito importantes. 2008 ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA Os aspectos físico-químicos (gordura.. Análise Coliformes a 45°C/g Estaf. Corrêa.60 0. encontra-se na Tabela 3. Positiva/g Salmonella sp/25g * Brasil (2001). realizadas nas amostras da carne de rã in natura e dos hambúrgueres.10 8.30 2. Coag. 1993. proteína.01 Hambúrguer de rã (%) 76. 1988.Resultado da análise microbiológica de hambúrguer de carne de rã-touro.Resultados das análises físico-químicas da carne de rã-touro in natura e do hambúrguer Parâmetro analítico Umidade Cinzas Proteínas Lipídios Carboidratos* Cálcio *Calculado por diferença Carne rã in natura (%) 79.3-0. pois todas essas características devem ter um mínimo de perdas durante o processamento da carne e produtos cárneos (Canhos & Dias. Lindau & Noll.33 3. 1988. para a carne de rã-touro in natura (proteínas: 19. Hambúrguer de rã <3 <100 Ausência Limites da Legislação* 10³ 10³ Ausência 12 . gordura: 0.6% e cinzas: 1%). umidade.02 O conteúdo de proteína. o conteúdo de gordura está dentro da faixa de 0. & Dias. Ministério da Saúde. D. Campinas: Fundação Tropical de Pesquisa e Tecnologia. P. Brasil. 2001). visto que o produto é considerado aceito sensorialmente quando o IA ≥ 70% (Teixeira. (2001). REFERÊNCIAS Azevedo. verificou-se que o hambúrguer produzido atende aos padrões microbiológicos exigidos pela legislação (Brasil. desde a aquisição da carne. E. Rio de Janeiro: Anais e Coletânea do V Encontro Nacional de Ranicultura. Composição química e análise microbiológica de carne de rã (Rana castebeiana). Enga. A. AVALIAÇÃO SENSORIAL O índice de aceitabilidade do hambúrguer de carne de rã foi de 88. M. Conceição. Regulamento Técnico sobre Padrões Microbiológicos para Alimentos. C. CONCLUSÕES Com a realização do presente trabalho. & Oliveira. C. (2005). S. 2008 De acordo com os resultados das análises microbiológicas. o que reflete a alta aceitabilidade desse produto pelos provadores. obteve-se um hambúrguer de carne de rã com características adequadas para o consumo. Resolução RDC no12 de 02 de janeiro de 2001. 262–269). Bras. L. Ciência Rural. (1983). & Lima. O. C.htm. (2000). In: V Encontro Nacional de Ranicultura (pp. porém recomendam-se futuros estudos de viabilidade econômica. De acordo com as características finais do produto em relação ao valor nutricional. recomenda-se a produção de hambúrguer a partir da carne da carcaça de rã-touro gigante. S. Canhos.anvisa. tanto no aspecto sensorial.gov. Rio de Janeiro (RJ): Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. correto uso do frio para preservação e emprego dos aditivos. com possibilidade de inserção no mercado consumidor. Casali. (1988). jul. Shaw 1802) no desenvolvimento de um produto alimentício. Tecnologia de carne bovina e produtos derivados. vimos que os procedimentos adotados possibilitaram a obtenção de um produto cárneo saudável e seguro. 13 . microbiológico e sensorial. bem como as boas práticas de fabricação. 1987).br/legis/resol/12_01rdc. confirmando a qualidade do produto. Analisando todos os procedimentos para a elaboração do hambúrguer. Moura. 35(5): 1172-1178.Rev. [Dissertação de Mestrado].4%. Acessado em 03 de maio de 2006 em http://www. Pesca 3(2). Meinert & Barbetta. como microbiológico. Rações comerciais e o rendimento de carcaça e subprodutos de rã-touro.. Utilização de carne de dorso de rã (Rana catesbeiana. Moura. S. 102: 186-191. & Noll. S. R. S. M. (1999). Mello.. Pardi.. A. Food Technol. L. Lima. Minas Gerais: Universidade Federal de Viçosa. S. Lima. 2008 Corrêa. L. A Tecnologia da Criação de Rãs. Avaliação composicional de diferentes espécies de rãs e efeitos do armazenamento a -18°C sobre frações protéicas e lipídicas do músculo de rã-touro (Rana catesbeiana). A. Determinação do valor nutritivo da carne de rã. B. Desenvolvimento de Pratos Prontos a Base de Carne de Rã (in sous vide).. O. Changes in lipids of bullfrog (Rana catesbeiana) muscle during frozen storage and its relationship to myofibrilar proteins solubility. Rio de Janeiro: Anais e Coletânea do V Encontro Nacional de Ranicultura.. Lima. L. S. Alimentos e Nutrição. S. & Costa. C. Campinas: Universidade Estadual de Campinas. C. & Costa. Bras. S. R. R. L. para obtenção de carne de rã desfiada. Pesca 3(2).. F. Franco. 14 . M. Ataíde. H. H. S. T. São Paulo: Workshop GI-Pescado: “Inovações Tecnológicas e Valor Agregado na Tecnologia do Pescado: Pesquisas Brasileiras”. & Agostinho. jul.. S. P.Rev. L. D. (1985). J. (1993). Braz. [Dissertação de Mestrado]. Teixeira. Volatile constituents of cooked bullfrog (Rana catesbeiana) legs. Nóbrega. L. Análise Sensorial de Alimentos. V. Instituto Adolfo Lutz. M. Revista Panorama da Aqüicultura. S. (2007). C. M. D. (1992). I. In: V Encontro Nacional de Ranicultura. Food Chemistry. R.Testes preliminares com a matéria-prima. & Moura. Curitiba: Universitária Champagnat. P. S. I. Dutcosky.. Viçosa: Folha de Viçosa. & ANTUNES. (1996). (2006a). Mano.. A. Pessanha.. (1988). A rã e o uso potencial de seus derivados na indústria de alimentos. Lima. C. J. São Paulo: Workshop GI-Pescado: “Inovações Tecnológicas e Valor Agregado na Tecnologia do Pescado: Pesquisas Brasileiras. A. & Menezes. Moura. L.. S. (2006b). C.. C. (2003). Lemos. O. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz: Métodos Químicos e Físicos para Análise de Alimentos. Avaliação Bacteriológica e Físico-Química da Polpa de Dorso de Rã Obtida por Separação Mecânica. C. Livera. 5: 57–63. A. M. São Paulo: IAL. (2006).. O. 13(80): 27-31. Teixeira. Ranicultura: Análise da cadeia produtiva. A. I. & Santos. Enga. Lindau. Cruz. 9(1): 39-48. F. (1988). M. D. Florianópolis: Editora da UFSC. A. 245: 175-182. (2007).. Gomide. Ramos. L. M.br. S. C. 15 . 3ª ed. & Gomes.. Food Chemistry. R.. R. Taniwaki. L.Rev. (2005). A. E. & Peternelli.. S. P.. São Paulo: Varela.. Effect of stunning methods on the differentiation of frozen-thawed bullfrog meat based on the assay of b-hydroxyacylCoA-dehydrogenase. Santos. M. 2008 Ramos. V... (2004). Meinert. Gomide. Barbetta. S. Ramos. N. L. M. Ranicultura. Meat color evaluation and pigment levels in bullfrog (Rana catesbeiana) slaughtered by different methods.revistadaterra. Silveira. Ramos. A. R. M. Junqueira. E. M. Aquaculture. In: Análise sensorial de alimentos (pp. Fontes. M. H. E. Manual de Métodos de Análise Microbiológica de Alimentos. (1987). Teixeira. Métodos sensoriais. A. A. N. A. R. P. A. L. L. F. A.com. Silva.. & Peternelli. Revista da Terra (2006). A. Acessado em 15 de março de 2006 em http://www. A. Enga. Bras. E. jul. 66-119). 87: 607-611. L. Pesca 3(2).. 73. atividade biológica.). 16 .5%. and made three extractions during the process (1 → 3a. halymeniales.The bioprospection of new anticoagulant agents is justified due to adverse effects of heparinization. Bras.ext) e menor nas F2 e F3 da 3a. ext. concentradas por liofilização e submetidas à eletroforese em gel de agarose 0. estudos são necessários a fim de esclarecer as alterações dessa atividade no decorrer do processo de extrações sucessivas. Entretanto. Abstract . The PS were purified in an ionic exchange DEAE . Inicialmente. sendo seu efeito. ext) and lowest in F2 and F3 of 3a. Os PS foram purificados em coluna de troca iônica DEAE-celulose da qual foram obtidas frações (Fn) em diferentes concentrações de NaCl. bem como pesquisas referentes ao cultivo e à conservação desses recursos são fundamentais para proteção dos bancos naturais de algas. A atividade anticoagulante foi avaliada pelo Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada (TTPA) no modelo in vitro utilizando plasma de coelho. O objetivo deste trabalho foi purificar e avaliar a atividade anticoagulante de galactanas sulfatadas da alga marinha vermelha Halymenia pseudofloresia pelo uso da técnica das extrações sucessivas.6 vezes maior na F4 (1a.Rev.com. and researches about the cultivation and conservation of resources are essential to protection of the natural banks of algae. Laboratório de Bioquímica Marinha. The total yield was significant (63. os polissacarídeos sulfatados totais foram extraídos através de digestão enzimática. ext. A atividade anticoagulante das frações também diferiu entre as extrações da espécie. Key words .br Recebido em: 7 de novembro de 2007 Resumo . revelando diferenças entre as extrações.ext.94%) e a coluna de troca iônica foi eficiente no isolamento e purificação das frações. Universidade Federal do Ceará *Email: arieviloengpesca@yahoo. sendo realizadas três extrações durante o processo (1 → 3a. the crude sulfated polysaccharides were extracted by enzymatic digestion.87 and 1. estas últimas com prolongamentos nos tempos de TTPA de apenas 1. sulfated polysaccharides. The anticoagulant activity of fractions also differed between among the extractions of the species. halymeniales.). respectively. Enga. biological activity. 2008 PURIFICAÇÃO E ATIVIDADE ANTICOAGULANTE IN VITRO DE GALACTANAS SULFATADAS EXTRAÍDAS DA ALGA MARINHA VERMELHA Halymenia pseudofloresia PURIFICATION AND IN VITRO ANTICOAGULANT ACTIVITY OF SULFATED GALACTANS EXTRACTED FROM THE RED MARINE ALGAE Halymenia pseudofloresia José Ariévilo Gurgel RODRIGUES*.halymeniaceae.94%) and the column of ion exchange was effective in the isolation and purification of fractions. 4.6 times higher in F4 (1a. and then they were dialyzed. pelo menos.A bioprospecção de novos agentes anticoagulantes é justificada devido aos efeitos adversos da heparinoterapia. and the results expressed in international units (IU mg-1) using a standard heparin with 100 IU mg-1. revealing differences between the extractions. em relação ao padrão. O rendimento total foi bastante significativo (63.5%.cellulose column which were obtained fractions (Fn) in different concentrations of NaCl. The anticoagulant activity was evaluated by Activation Partial Thromboplastin Time (APTT) in in vitro model using plasma from rabbits. and its effect was at least 4. studies are needed to clarify the changes of this activity during the process of successive extractions. sendo os resultados expressos em unidades internacionais (UI mg-1) utilizando-se um padrão de heparina com 100 UI mg-1.ext. However. polissacarídeos sulfatados. Initially.87 e 1. jul. respectivamente.73. compared to the standard. sendo então dialisadas. concentrated by liofilization and subjected to electrophoresis agarose’s gel of 0. these last results with extensions in times of APTT of only 1. Pesca 3(2). Palavras-chave: halymeniaceae. Wladimir Ronald Lobo FARIAS Departamento de Engenharia de Pesca. The aim of this study was to purify and evaluate anticoagulant activity of sulfated galactans of red marine alga Halymenia pseudofloresia by the using the technique of successive extractions. . 1995. os PS não ocorrem isoladamente. em muitas espécies da divisão Rhodophyta. sugerindo-se que a técnica pode ser mais uma estratégia importante na identificação de táxons e fármacos. Haroun-Bouhedja. Enga. A presença de vários grupos hidroxil na molécula permite serem substituídos por ester sulfato. Entretanto. a propriedade anticoagulante está entre as atividades mais investigadas no mundo. 2003. este último representado por um grupo de plantas vasculares que ocorrem em ambientes marinhos (Aquino et al. 2007). Sinquin & Boisson-Vidal. Dellias. 1991). 1997) em pacientes com estado de hipercoagulopatia ou sujeitos à trombose causada por diferentes etiologias (Weizt. Nas algas marinhas vermelhas. algas marinhas vermelhas e gramíneas marinhas. Gelidium crinale (Pereira et al. o que contribui para um alta heterogeneidade e complexidade das GS (Usov. Dentre as formas de PS mais conhecidas destacam-se as galactanas sulfatadas (GS). 1983). as quais ocorrem em invertebrados marinhos. Pereira & Rollema. Os PS são polímeros formados por unidades repetitivas de açúcares e dotados de carga negativa. os quais podem formar compostos de maior complexidade denominados de proteoglicanos (Kjellén & Lindahal. Pesca 3(2).. de algas marinhas (Athukorala. 17 .Rev. O estudo com diferentes espécies de algas marinhas tem demonstrado que a conformação estrutural varia de espécie para espécie. 2008 INTRODUÇÃO As algas marinhas são ricas em polissacarídeos sulfatados (PS). Mustafa. 2004) e que são muito utilizados na indústria na forma de géis e espessantes (Glicksman. Rodrigues & Farias (2006) observaram diferenças marcantes entre frações de PS obtidas a partir de extrações sucessivas de duas espécies do gênero Halymenia. 2000). 2005). 1998). Kim & Jeon. o que resulta em diferentes atividades anticoagulantes (Dietrich et al. 2005) e Lobophora variegata (Alencar. jul. Dentre elas. 2005). Valente. Bras. Melo & Silva. Souza. 2000). principalmente.. Pereira & Mourão. tais como nas espécies Botryocladia occidentalis (Farias.. Lee. grupo metil e ácido pirúvico. 1994). 2007).. Halymenia floresia (Amorim et al. A bioprospecção de novos agentes anticoagulantes é justificada devido aos efeitos colaterais da heparina (extraída de boi e porco) a qual pode levar a hemorragia e queda na contagem de plaquetas (Thomas. as GS também são conhecidas como carragenanas e agaranas. Várias frações de PS já foram isoladas e caracterizadas a partir de vegetais e animais com propósito de avaliar suas atividades biológicas para o interesse biomédico (Zhang et al. principalmente. 2007). compostos que apresentam unidades repetitivas alternadas de ligações β (1→3) galactopiranose e α (1→4) galactopiranose (Van De Velde. 1975). devido à presença de radicais sulfatos (Mathews. cinco gramas de alga desidratada em estufa (15 h. o material foi seco em estufa (15 h. Enga. em julho de 2005. Posteriormente o material foi centrifugado e submetido a duas lavagens com 250 mL de etanol a 80% e uma com 150 mL de etanol absoluto. Valente. v/v) e submetido a uma nova precipitação por. 2008 O presente estudo teve como objetivo extrair. Pesca 3(2).1 M (pH 5. acondicionados em sacos plásticos. Logo após a precipitação. lavados com água destilada e estocados a – 20 °C. através da adição de mais 200 mL de etanol absoluto. Brevemente. Imediatamente após a coleta. 24 horas a 4 °C. a partir de exemplares arribados na zona entre-marés. o material foi filtrado. centrifugado (8000 x g.0) contendo cisteína 5 mM e EDTA 5 mM (AcNa). PSEUDOFLORESIA Os PST foram extraídos de acordo com Farias.. ao sobrenadante. por um período aproximado de 24 horas para secagem e obtenção do extrato bruto. PURIFICAÇÃO DAS GS EM COLUNA DE DEAE-CELULOSE Os PS brutos (10 mg). os exemplares foram conduzidos ao Laboratório de Bioquímica Marinha da Universidade Federal do Ceará do Departamento de Engenharia de Pesca. purificar e avaliar a atividade anticoagulante in vitro em frações de polissacarídeos sulfatados obtidas em diferentes extratos da alga marinha vermelha Halymenia pseudofloresia utilizando a técnica das extrações sucessivas. Após esse período. dissolvido em 174 mL de cloreto de sódio 2 M:etanol absoluto (100:15. em seguida. 24 horas à temperatura ambiente. MATERIAL E MÉTODOS COLETA DA ALGA MARINHA A coleta de Halymenia pseudofloresia (Halymeniaceae. 40 °C) para a extração dos PS totais (PST). 40 °C) e triturada foram hidratadas com 250 mL de tampão acetato de sódio 0. o precipitado foi lavado com 250 mL de CPC 0. EXTRAÇÃO DOS PST DA ALGA MARINHA VERMELHA H. no mínimo.Rev. 20 min.05% sendo. Após esta etapa. no município de Traíri . de cada extrato. 4 ºC) e. Halymeniales) foi realizada na Praia de Flexeiras. Em seguida. foram dissolvidos em 5 mL de tampão acetato de sódio 0. Bras. Posteriormente. o precipitado foi então levado à estufa a 60 °C. sendo a mistura incubada em banho-maria a 60 °C por 24 horas. Pereira & Mourão (2000) e otimizados segundo Rodrigues & Farias (2006).1 M (pH 5. jul. Os resíduos obtidos das extrações foram submetidos a novas extrações a fim de otimizar o rendimento. foram adicionados três volumes consecutivos de 16 mL de cloreto de cetilpiridínio (CPC) a 10% para a precipitação dos polissacarídeos presentes na mistura por.0) contendo cisteína 5 mM e EDTA 5 mM (AcNa) e aplicados em uma coluna de 18 .CE. foram adicionados 17 mL de uma solução de papaína bruta (30 mg mL-1). no mínimo. onde foram removidos organismos incrustantes e/ou algas epífitas. passo a passo. 1. Os testes foram realizados em duplicata. Hamilton. a amostra de 50 µL de solução de polissacarídeo foi incubada por 30 minutos com 350 µL de água destilada. as frações foram analisadas em eletroforese em gel de agarose 0.acetato diaminopropano (pH 9. foram incubados a 37 °C por 3 minutos 50 µL de plasma de coelho. v/v/v). 20 µL de fenol ré-destilado 5% e 1 mL de ácido sulfúrico concentrado.5% em tampão 1. A coluna foi eluída. 0. Pesca 3(2). com soluções de diferentes concentrações de NaCl (0.25. água destilada e ácido acético concentrado (5:5:0. 1.25. DETECÇÃO DE CARBOIDRATO TOTAL (CT) O CT nas frações foi determinado pelo método fenol-sulfúrico segundo Dubois. Barrowcliffe. o sangue de coelho foi centrifugado (73. Primeiramente. 2008 DEAE-celulose de troca iônica (6.1% e. A atividade foi 19 . ENSAIOS ANTICOAGULANTES IN VITRO Os testes anticoagulantes foram realizados in vitro pelo Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada (TTPA) segundo Andersson. jul. o gel foi corado com azul de toluidina 0. a amostra foi levada ao espectrofotômetro para a leitura em 490 nm.5 cm) acoplada a um coletor de frações equilibrada com o mesmo tampão. Em seguida. ELETROFORESE EM GEL DE AGAROSE Após dialisadas exaustivamente contra água destilada. Bras.5 x 1. finalmente. foram adicionados 50 µL de cloreto de cálcio 0. Os PS foram monitorados pela propriedade metacromática com 1.75.75 x g. 15 min) para a obtenção de um plasma pobre em plaquetas. Enga. Mulloy & Mourão. Rebers & Smith (1956). sendo coletadas frações de 5 mL. 1991).1.0.0 M) também preparadas no mesmo tampão de equilíbrio.025 M à mistura para ativar a cascata de coagulação. modelo Quick-timer). As frações foram aplicadas no gel e a corrida foi realizada em voltagem constante (110 V) durante 60 min. sendo o tempo de coagulação determinado automaticamente pelo coagulômetro (Drake. 1. concentradas por liofilização e partindo de alíquotas de 10 µg de PS.1% por 24 horas. Brevemente. descorado com uma solução de etanol absoluto. Após a corrida. Após a incubação.3 . 50 µL de cefalina ativada e 10 µL de solução de PS.75 e 2. utilizando plasma citratado de coelho.50. 0. Para a realização do teste. Gilles.9-azul-dimetilmetileno (DMB) utilizando um espectrofotômetro ajustado a 525 nm. Após a incubação. HolmerJohnson & Sims (1976). 1. os PS presentes no gel foram fixados com uma solução de cetavlon 0.0) de acordo com (Vieira.Rev. O fluxo da coluna foi de 60 mL h-1.50. Hoppe & Schmid.4% de extrato total. 1997). o aumento ou diminuição do rendimento no decorrer das extrações tem sido observado em outras espécies. Entretanto. Geralmente. variação sazonal (Bird. aquosas (Marinho. Desta forma.1%) (Bezerra-Neto. O extrato apresentou quatro frações. das quais a F2. 46. foram realizadas três extrações e os resultados mostraram que o rendimento foi bastante elevado (63. Tongsupa. Além disso. das quais as maiores propriedades metacromáticas foram observadas nas frações eluídas com 0. 3. racemosa (13%) (Rodrigues & Farias. jul. Bras. CROMATOGRAFIA DAS GS EM COLUNA DE DEAE-CELULOSE Os perfis cromatográficos foram bem diferentes entre as extrações.96. A) foram separadas cinco frações eluídas com 0. O emprego de diferentes metodologias de extração (Villanueva. 2005). Valente. pseudofloresia. O método utilizado neste estudo tem sido empregado para a extração de PS presentes em várias espécies de algas marinhas.75 e 1. sendo decrescentes na 2a e 3a extrações. como na alga marinha parda Lobophora variegata (Alencar. respectivamente. 1. como Caulerpa sertularioides (7. 2006).14 e 53. algas verdes (Chlrophytas) têm apresentado rendimentos mais inferiores. com rendimentos de 36.50 M (F5) de NaCl. tais como enzimáticas (Farias. respectivamente. Pesca 3(2).96%. Na 2a extração (Figura 1. 1988) e a utilização de diferentes espécies (Levring. Na 1a extração (Figura 1.8. RESULTADOS RENDIMENTO No total. a maior quantidade de PS foi obtida durante a 1a extração. 2005) e outras espécies do gênero Halymenia (Rodrigues & Farias.Rev. 2006). Os PS de algas marinhas podem ser obtidos através de diferentes metodologias de extração. 2008 expressa em unidades internacionais por mg (UI mg-1) utilizando como referência uma curva padrão de heparina (100 UI mg-1) da marca comercial Cristália.75 (F2). A primeira extração resultou no maior rendimento de PS de H. considerando todas as extrações. durante o monitoramento em 525 nm. 1969) influenciam no rendimento final. 1. Pereira & Mourão. Solieria filiformis (Pontes. a qual se obteve um rendimento de 28. o que também foi observado em outras espécies do gênero (Rodrigues & Farias.0 (F3). Enga. 2005). respectivamente.2 e 1. pseudofloresia. B) foi possível observar que o perfil cromatográfico se destacou dentre todas as extrações da espécie. 2007). sendo os maiores rendimentos obtidos nas Rhodophytas.5 (F1). Pagba & Montano. 2001) e ácidas (Chotigeat.78%. Supamataya & Phongdara. eluída com 20 . 2004). cujos rendimentos foram 58. 2000).25 (F4) e 1.94%). como nas espécies Champia feldmanii (Torres.0 M. 2005) e C. 47. o método de extração utilizado foi bastante eficaz na obtenção de PS da alga vermelha H. 0.2. possivelmente em razão da extração de polissacarídeos neutros.25 0.00 30 0.25 0. jul. Bras. praticamente.75 M F3 F4 1.05 0. por extração.50.25 M 0.05 0.75 M 1. Em todos os perfis foi observada uma grande presença de carboidratos (Dubois).0 0 5 10 15 20 25 Frações (5 mL) Figura 1 . ( ⎯ ) açúcar total ( ⎯ ) propriedade metacromática.15 F3 0.15 0.Rev. C.3 1.5 F2 0. 1. pseudofloresia.2 0.30 0.3 Dubois 490 nm Dubois 490 nm F1 0. houve o desaparecimento de uma das frações no perfil. a maior diferença dentre todas as extrações da espécie.00 40 1.1 0.1 0. 3a extração.50 M 0. obteve a maior metacromasia.00 F2 0.5 1B Propriedade metacromática 525 nm Açúcar Metacromasia 0. Os PS adsorvidos no gel foram eluídos com o tampão de AcNa contendo NaCl em diferentes concentrações (0. 21 .20 0.25 M F2 Açúcar Metacromasia 0.20 0. apresentando metacromasias semelhantes a 1a e menores em relação à 2a extrações.50 M 0. A referida fração também foi. o que foi uma característica comum no decorrer do processo de otimização do rendimento desta espécie.0 M F1 F3 20 30 Frações (5mL) Frações (5mL) 1C Propriedade metacromática 525 nm 0. 0.0 M 0.75. 1.75 M F1 Dubois 490 nm 0. Já na Figura 1.50 M 0.50 M).Cromatografia em DEAE-celulose.3 F5 0.05 0.20 0.10 0.0.25 e 1. A coluna foi equilibrada e lavada com tampão AcNa.0 M 0.4 0.2 F4 0.2 0. Enga.50 M 1. dos polissacarídeos sulfatados totais da alga marinha vermelha Halymenia pseudofloresia. Pesca 3(2). As frações eluídas apresentaram como os maiores picos de PS dentre todas as frações obtidas nas diferentes extrações identificadas no monitoramento com DMB da espécie H.75 M de sal. 2008 0.10 0. Os PS foram monitorados com azul dimetilmetileno a 525 nm. 1A Propriedade metacromática 525 nm 0.10 0.15 0.4 Açúcar Metacromasia 0.0 0 10 20 30 40 50 0.0 0 10 1.1 0.25 0.4 0. pela densidade de cargas. variegata (Alencar. Alencar (2007) também obteve resultados semelhantes durante a purificação de fucanas. 2007). e vermelhas. F2 e F3 (1a extração) apresentaram um padrão de corrida com discreta diferença de cargas entre si.5% das frações obtidas na 3a extração dos polissacarídeos sulfatados da alga marinha vermelha Halymenia pseudofloresia. claramente. A ausência de uma das bandas nas frações pode ser explicada pela falta de interação com a coluna de troca iônica DEAE-celulose. Figura 2 . Pesca 3(2). Bras. 2005). O fato de se obter perfis comparativamente bem diferentes entre as extrações talvez seja justificado pela extração de PS mais diferenciados (Rodrigues & Farias.Eletroforese em gel de agarose 0. 2006). 2005) e outras espécies do gênero Halymenia (Rodrigues & Farias. sertularioides (Bezerra-Neto. 2008 As diferenças marcantes nos perfis cromatográficos obtidos nas diferentes extrações da espécie foram semelhantes com outros trabalhos realizados com extrações sucessivas de PS. filiformis (Pontes. ELETROFORESE EM GEL DE AGAROSE DAS FRAÇÕES A eletroforese em gel de agarose revelou que. As frações F1.Rev. as quais não foram obtidas bandas bem definidas no gel. Enga. racemosa (Rodrigues & Farias. denotando uma baixa purificação. como S. da alga marinha parda L. As frações F1. Extrato bruto (EB) e frações (F1. sendo possível observar a presença de duas bandas bem definidas entre si no terceiro extrato (Figura 2). utilizando algas marinhas verdes. uma outra forma de PS. pardas. jul. A pesquisa também 22 . variegata utilizando a técnica. F2 e F3 apresentaram o mesmo padrão de cargas e com bandas bem definidas. As frações e os extratos brutos obtidos nas 2a e 3a extrações mostraram um maior grau de resolução no decorrer do processo. como na espécie L. 2005) e C. 2006). indicando um alto grau de purificação. como C. no geral. As duas bandas obtidas no extrato bruto diferiram entre si. já que praticamente não é carregada. bem como no padrão de cargas entre o extrato bruto e as frações de PS obtidas de uma mesma extração. existem diferenças entre o grau de purificação das frações nas diferentes extrações. F2 e F3). 9 vezes.4 53.94 1.00 9. 211. eluída com 1. prolongando o tempo de coagulação do plasma de coelho em. Bras. Extração 1 a Frações F2 F3 F4 F5 UI mg-1 211. Pereira & Mourão (2000) reportaram acentuada atividade anticoagulante de uma Dgalactana sulfatada extraída da alga marinha vermelha B. Valente.75 M) e F3 (1.6 vezes mais potente que o padrão de heparina utilizado. * além do limite de detecção em segundos.5 89. tendo em vista a grande complexidade estrutural das galactanas (Farias. pseudofloresia e na interação com outros açúcares.2 mg kg-1 expressou seu efeito máximo pelo modelo 23 .25 M de NaCl.5 > 240. 2000).9 49.Atividade anticoagulante (TTPA) das frações de polissacarídeos sulfatados obtidas da alga marinha vermelha Halymenia pseudofloresia em relação à heparina não fracionada (HNF).73 1. Valente. Enga. As frações mais ativas foram observadas na 1a extração. Tabela 1 .7 137. pelo menos.1 137.2 101.7 T1 T0-1 4.97 2. estes últimos os reguladores plasmáticos da coagulação sanguínea.10 2. uma vez que as fucanas sulfatadas também apresentam uma estrutura química bastante heterogênea.5 UI mg-1.66 2.Rev. Esses PS também apresentaram uma potente atividade antitrombótica em ratos. quando a dose de 0. 2008 revelou que é possível obter moléculas diferenciadas e com maior grau de purificação ao longo do processo. occidentalis. no mínimo. ENSAIOS ANTICOAGULANTES A espécie apresentou atividade anticoagulante na maioria de suas frações de PS.6 103.00 1. a resina de DEAE-celulose foi bastante eficiente na purificação das frações de PS de H.66 1.2.1 96. cujas atividades foram 464.9 46. onde o polissacarídeo inibiu a ação da trombina via antitrombina e cofator II da heparina.0 * 52. jul. 4.7 26.9 70. Assim. Pesca 3(2).0 M).2 100 - TTPA (s) 109. seguida da F2 (0.5 464.6 70. Vários compostos anticoagulantes tem sido isolados e caracterizados de algas marinhas Farias. A F4 foi.6 e 103. sendo maior a F4. respectivamente (Tabela 1). Pereira & Mourão.87 1.1 51. As frações obtidas na 3ª extração talvez possam se traduzir numa vantagem na caracterização dessas moléculas.00 2 3 a F2 F1 F2 F3 HNF - a Heparina Controle Os valores representam a média de duas determinações. Rev. Bras. Enga. Pesca 3(2), jul. 2008 intravenoso (Farias, Nazareth & Mourão, 2001). Fucanas sulfatadas das algas marinhas pardas Laminaria digitata, Pelvetia canaliculata, Fucus vesiculosos, Sargassum muticum e Ascophyllum nodosum também possuem atividade anticoagulante as quais exercem um efeito inibitório direto sobre a trombina independente da antitrombina (Graufell, Kloareg, Mabeu, Durand & Jozefonvicz, 1989). Neste estudo, os PS obtidos da alga marinha vermelha H. pseudofloresia prolongaram significativamente o tempo de coagulação do plasma de coelho, sendo necessário a realização de mais testes a fim de descrever sua via de ação utilizando plasma humano normal. A atividade da F4 (1a extração) foi bastante superior comparada as demais frações de PS de H. pseudofloresia, principalmente da 3ª extração, a qual o efeito anticoagulante das F2 e F3 foi, praticamente, abolido em comparação a heparina utilizada. Compostos bioativos oriundos de algas podem ser obtidos através de várias técnicas. Torres (2005) relatou que extrações sucessivas utilizando duas metodologias de precipitação de PS (CPC e álcool etílico absoluto) obteve diferentes valores dos tempos de TTPA da espécie vermelha C. feldimanii. As maiores atividades anticoagulantes foram observadas em duas frações eluídas com 1,2 e 1,4 M de NaCl na 4a extração pelo método CPC, prolongando os tempos de coagulação em cerca de 6,4 e 4,8 vezes, respectivamente. Duas frações de PS (F5 e F6), eluídas na 4a extração da macroalga verde C. racemosa, exibiram elevadas atividades anticoagulantes, as quais prolongaram o tempo de coagulação em cerca de 6,5 vezes (Rodrigues & Farias, 2005), utilizando álcool etílico absoluto como agente precipitante de PS. Extrações sucessivas utilizando precipitações com CPC realizadas por Alencar (2007) da alga marinha parda L. variegata mostraram frações de PS com atividades anticoagulantes bem menores, prolongando o tempo de TTPA, no máximo, em apenas 2,1 vezes, quando avaliada in vitro uma fração obtida na 1a extração utilizando plasma humano. Assim, a técnica das extrações sucessivas permite identificar moléculas bioativas que possam ser exploradas em diversos outros ensaios biológicos de interesse biomédico e expandir sua utilização para outras aplicações biotecnológicas. A baixa atividade anticoagulante de algumas frações de H. pseudofloresia não implica na ausência de outras atividades biológicas. A alga marinha vermelha Cryptonemia crenulata não apresentou atividade anticoagulante (Farias 2000), mas por outro lado, revelou-se como um potente agente antiviral (Talarico et al., 2004). Recentemente, os PS de H. pseudofloresia foram administrados na água de cultivo do camarão marinho Litopenaeus vannamei, reduzindo significativamente a taxa de mortalidade dos animais durante o estresse (Rodrigues, 2006). O uso de imunoestimulantes resulta na melhoria do crescimento e da sobrevivência dos organismos aquáticos quando expostos a condições adversas de estresse (Sakai, 1999). 24 Rev. Bras. Enga. Pesca 3(2), jul. 2008 As alterações da atividade anticoagulante ao longo do processo talvez possam ser explicadas pelas diferenças químicas estruturais dessas moléculas. Estudos relatam que a atividade anticoagulante está diretamente ligada à densidade de radicais sulfatos na molécula, pois a presença desses grupos sulfatados é que confere a atividade biológica (Nishino, Aizu & Nagumo, 1991). Farias, Valente, Pereira & Mourão (2000) observaram que o posicionamento desses radicais também é muito importante para descrever o efeito da atividade. A estrutura conformacional dos PS varia entre espécies (Dietrich et al., 1995) e sugere-se que a obtenção de moléculas diferenciadas a partir do mesmo tecido da espécie H. pseudofloresia resultou em grandes alterações na atividade anticoagulante entre as frações da 1a extração em relação aos PS obtidos nas extrações 2a e 3a, respectivamente. Novos ensaios biológicos mais específicos são necessários a fim de esclarecer as alterações desses efeitos na coagulação ao longo da técnica, relacionando atividade e estrutura. Desta forma, através da otimização do rendimento a partir de extrações sucessivas e da avaliação dos perfis cromatográficos, é possível extrair PS distintos alocados em diferentes camadas do tecido algal, os quais exibiram diferentes valores de TTPA no decorrer das extrações da alga vermelha H. pseudofloresia. No entanto, é necessária uma avaliação mais detalhada dessas moléculas ao longo de um período anual, já que a produção de PS pode variar de acordo com as condições climáticas ambientais, afetando também a ocorrência da atividade biológica. Assim, é de fundamental importância o manejo adequado desses recursos pesqueiros. Para isso, sugerem-se pesquisas referentes ao cultivo desses organismos para fins comerciais com o intuito de minimizar o impacto sobre os estoques naturais. CONCLUSÃO O estudo demonstrou que frações de polissacarídeos sulfatados obtidas em diferentes extrações da alga marinha vermelha H. pseudofloresia resultaram em diferentes atividades anticoagulantes, das quais a F4, obtida na 1a extração, apresentou comparativamente um efeito superior em relação às demais. No entanto, mais estudos são necessários a fim de esclarecer as alterações dessa atividade no decorrer do processo de extrações sucessivas e ações sustentáveis de manejo são extremamente importantes na conservação dos estoques naturais de algas. AGRADECIMENTOS O presente trabalho contou com o apoio financeiro do MCT/PADCT/CNPq/CAPES. 25 Rev. Bras. Enga. Pesca 3(2), jul. 2008 REFERÊNCIAS Andersson, L.O., Barrowcliffe, T.W., Holmer, E., Johnson, E.A. & Sims, G.E.C. (1976). Anticoagulant properties of heparin fractionated by affinity chromatography on matrix-bound antithrombin-3 and by gel-filtration. Thrombosis Research. 9(6): 575-583. Alencar, D.B. (2007). Extração, purificação e atividade anticoagulante de polissacarídeos sulfatados da alga marinha parda Lobophora variegata [Monografia de Graduação]. Fortaleza (CE): Universidade Federal do Ceará. Amorim, R.C.N., Holanda, M.L., Medeiros, S.T., Mourão, P.A.S., Melo, V.M.M. & Benevides, N.M.B. (2005). 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Não houve diferença significativa entre as amostras diurnas e noturnas (p=0. Sampling were done during high and low tides of a spring tide in March 10th and 11th. Foi registrada diferença significativa entre as densidades médias nas duas marés (p=0.88). e 40 na preamar. com dominância de zoeas de Brachyura. It were identified 48 taxa. Palavras chave: zooplâncton. Foram identificados 48 taxa. PERNAMBUCO STATE (BRAZIL) Pedro Augusto Mendes de Castro MELO1*. Enga. outranking Acartia lilljeborgi. Bras. jul.INLET SANTA CRUZ CHANNEL.Rev. com maior densidade na baixa-mar e maior diversidade na preamar devido à influência marinha. Dados de salinidade e temperatura foram obtidos para comparar com o zooplâncton.Estudos sobre o macrozooplâncton foram realizados numa estação fixa localizada entre a desembocadura sul e a linha de recifes no canal de Santa Cruz – PE. cictemeral.CANAL DE SANTA CRUZ. Fernando de Figueiredo PORTO NETO2 1 2 Departamento de Oceanografia. destacando-se Acartia lilljeborgi.com. Universidade Federal Rural de Pernambuco Resumo . Universidade Federal de Pernambuco *E-mail: pedroamcm@yahoo. estuário. and 40 at high tide with Brachyura zoeae dominance. Sigrid NEUMANN-LEITÃO1. Density significant differences (p=0. Temora turbinata e Pseudodiaptomus acutus. Copepoda esteve representado por 18 espécies.br Recebido em: 11 de fevereiro de 2008 Departamento de Zootecnia. estuary. Lucia Maria de Oliveira GUSMÃO1. evidenciando que a maré é o principal fator estruturador da comunidade do macrozooplâncton. The main objective was to assess the nyctemeral variation along to tide cycle. Subsurface hauls were done with plankton net with 300 µm of mesh size. 2008 VARIAÇÃO NICTEMERAL DO MACROZOOPLÂNCTON NA BARRA ORANGE . No significant differences were observed between day and night samples (p=0. ESTADO DE PERNAMBUCO (BRASIL) NYCTEMERAL VARIATION OF THE MACROZOOPLANKTON AT ORANGE . 26 at low tide with holoplankton dominance. with higher density at low tide and higher diversity during high tide due marine influence. 26 na baixa-mar com uma dominância do holoplâncton. Santa Cruz channel. located between the south outlet and the reefs at Santa Cruz Channel – PE. showing that tides are the main factor structuring the macrozooplankton community. Arrastos sub-superficiais foram realizados com rede de plâncton com 300 µm de abertura de malha. 30 . As coletas foram realizadas durante preamares e baixa-mares em maré de sizígia nos dias 10 e 11 de março de 2001. Copepoda was present with 18 species. O principal objetivo foi avaliar as variações nictemerais ao longo do ciclo de maré. Salinity and temperature data were obtained to compare with zooplankton. Canal de Santa Cruz. Pesca 3(2). Abstract .88).04) were registered between tides. Temora turbinata and Pseudodiaptomus acutus. nictemeral.Macrozooplankton studies were carried out in a fixed station. Key words: zooplankton.04). 2001. 1990. o zooplâncton possui um papel fundamental. 1996. devido às diversidade de tamanho e capacidade natatória. elas fornecem informações sobre os processos interagentes. 2002). o estudo da comunidade zooplanctônica é de importância fundamental por apresentar espécies indicadoras das condições ambientais dominantes. Os nutrientes transportados pelos rios e a rápida troca entre as águas de superfície e sedimentos contribuem para uma produtividade biológica extremamente alta. Bras. Kemp & Yáñes Arancibia. além de seu papel significativo na ciclagem de nutrientes e no transporte de energia de um ambiente para outro (Day Jr. ainda. 1987). sustentando populações abundantes de espécies estuarinas e marinhas. Epifanio & Lizano. 1993). A exportação do zooplâncton de estuários tropicais para a área costeira adjacente afeta as teias alimentares pelágicas marinhas. Enga. pois serve como elo entre o fitoplâncton e muitos carnívoros.. alterações na estrutura da comunidade e na abundância das espécies podem indicar impactos antropogênicos. 1962. Dittel. Devido à sua alta produtividade e ao abrigo que oferecem aos organismos.Rev. organismos e detritos particulados e dissolvidos (Ricklefs. Assim. Dessa forma. Pesca 3(2). dão aviso prévio sobre agentes estressores. que completam seu ciclo de vida no mar (Silva. 1979. 1999). os estuários com seus manguezais são áreas de alimentação importantes. Schwamborn. as quais mostram as características da água de onde foram extraídas (Wickstead. O zooplâncton. jul. Essa alta produtividade resulta da regeneração rápida e local dos nutrientes bem como dos aportes destes pelos rios e marés. 1991. 31 . 2008 INTRODUÇÃO Os ambientes estuarinos são regiões costeiras semi-fechadas nas desembocaduras dos rios. Margalef. sendo considerados um dos ecossistemas mais produtivos da Terra. uma vez que. Longhurst & Pauly. Silva & Sait-Paul. em áreas estuarinas sujeitas a múltiplos usos. 1983). Por toda essa diversidade. abrigando. sujeitas aos aportes dos rios e do fluxo marinho. Schwamborn & Bonecker. como as diversas fases iniciais do ciclo de vida de muitos peixes e invertebrados. como crustáceos e peixes de interesse comercial. 1989). Sua importância se estende aos ecossistemas marinhos através da sua exportação líquida de matéria orgânica. somadas a uma ampla distribuição. Hall. são exportadas de estuários com manguezais para as áreas costeiras (Dittel & Epifanio. constitui uma comunidade bastante heterogênea (Palma & Kaiser. como por exemplo as larvas de crustáceos decápodos. Além disso. Muitos organismos do zooplâncton. podendo ser utilizadas como ferramentas de monitoramento ambiental. 2003). por serem influenciadas pelas condições bióticas e abióticas do meio (Fraser. estágios larvais de alguns organismos não planctônicos. e aos tipos de alimentação. Ekau. Bras. 1989). o conhecimento da dinâmica da comunidade zooplanctônica de Itamaracá (Pernambuco – Brasil) é de grande relevância. onde grande parte da população da área depende da pesca. sendo nescessário coletas em períodos de 24 horas para melhores estimativas (McLusky.5 a 2 m de profundidade. Muitos organismos realizam migrações verticais com um ritmo circadiano. além de observar a variação da composição da comunidade zooplanctônica ao longo de um ciclo de maré. Pesca 3(2). Dessa forma. Desta forma. que condicionam o aparecimento de áreas impactadas. hemera=dia). Enga. recifes de arenito delimitam o sistema estuarino. Estudos recentes indicam que bancos de areia formam uma eficiente barreira entre a pluma estuarina e os prados de fanerógamas de Itamaracá 32 . por contribuir para um maior conhecimento de um dos mais importantes ecossistemas estuarinos do ponto de vista socio-econômico para o Estado de Pernambuco (Gusmão. Schwamborn. Flores-Montes & Lins. Neumann-Leitão.Rev. destaca-se o Canal de Santa Cruz. sendo a luz seu maior estímulo. MATERIAL E MÉTODOS O Canal de Santa Cruz é um braço de mar com 22 km de extensão e largura que varia de 0. migrações nictemerais (do grego nuctos=noite. Em direção à plataforma costeira.5 km. a principal forma de migração de alguns organismos zooplanctônicos se faz de forma ascendente em direção à superfície durante o pôr do Sol e ao raiar da aurora e de maneira descendente por volta do meio do período noturno e após o nascer do dia. Silva & Silva. provocando um acentuado desequilíbrio neste ecossistema (Macedo. existe uma bacia rasa de aproximadamente 0. jul. Essas migrações também podem ser realizadas baseadas nas características hidrológicas e de temperatura da coluna d’água. Segundo Bougis (1974). 2000). Apesar de toda sua importância. Nele deságuam cinco rios principais. o presente trabalho tem como objetivo verificar a variação diurna e noturna da comunidade zooplanctônica. a principal variação da composição do zooplâncton depende do fluxo das marés.6 a 1. Entre os recifes e a Ilha de Itamaracá. 2004). os estuários adjacentes ao Canal de Santa Cruz são diretamente afetados pelos resíduos industriais e urbanos. Em áreas estuarinas. 2008 O estudo da distribuição vertical do zooplâncton coloca em evidência a existência de variações de curtos períodos ligadas à alternância dia/noite. pois é o centro do sistema estuarino de Itamaracá e um dos ecossistemas aquáticos mais estudados no Nordeste do Brasil. Dentre os ecossistemas estuarinos do Nordeste do Brasil. isto é. haja vista a publicação de vários trabalhos desde 1972. Foram realizados arrastos horizontais sub-superficialmente. tendo um fluxômetro acoplado à boca. com 300 µm de abertura de malha. 1970). dominado por processos difusivos. numa estação fixa. 33 . visto que as áreas apresentam marés semi-diurnas. COLETA DO MACROZOOPLÂNCTON As amostras do macrozooplâncton foram coletadas no canal de Santa Cruz – PE. onde foi fixada com formol a 4% e neutralizada com bórax (5 g*L-1). 0. Além dos arrecifes. 1996). de acordo com a técnica descrita por Newell & Newell (1963). jul. Enga. Foi utilizada uma rede de plâncton cônica. A área apresenta clima tropical úmido. durante 3 minutos. com capacidade aproximada de 500 mL. O sistema estuarino de Itamaracá pode ser classificado segundo Medeiros & Kjerfve (1993). como tipo estuário-lagoa (tipo1). Pesca 3(2). Este local sofre influência alternada das águas do canal e da plataforma costeira adjacente. apresentando uma defasagem de apenas 8 minutos. em função da maré predominante (Figura 1). Os dados referentes às marés. foram obtidos na tábua de marés publicada pela Diretoria de Hidrografia e Navegação do Ministério da Marinha (DHN) para os dias de coleta. amplitude e horário. cada amostra de plâncton foi colocada em um frasco plástico devidamente etiquetado. DADOS ABIÓTICOS Os dados de salinidade e temperatura foram obtidos simultaneamente às coletas de plâncton. calibrado pelo método de Mohr-Knudsen. com o barco em deslocamento de 2 a 3 nós. Bras. As coletas foram realizadas na lua cheia (maré de sizígia) do mês de março de 2001. uma seca (de setembro a fevereiro) e uma chuvosa (de março a agosto).Rev. como descrito por Strickland & Parsons (1965).) são abundantes. Após a coleta. Os valores de salinidade foram aferidos por meio de condutivímetro da marca WTW. compondo boa parte do sedimento (Kempf. Foram utilizados os dados referentes ao porto do Recife. de náilon. correspondendo aos dias 10 e 11. por apresentar um fluxo líquido de águas dirigidas para o mar (da superfície ao fundo) e um transporte de sais predominantemente à montante.60 m de diâmetro de boca e 3 m de comprimento. A temperatura superficial da água foi medida por meio de termômetro digital. durante dois ciclos nictemerais (dois ciclos de maré) consecutivos (Tabela 1). não sendo considerado como uma diferença marcante. com duas estações bem marcadas. durante os picos de maré preamar (PM) diurna e noturna e baixamar (BM) diurna e noturna. localizada entre a desembocadura sul e a linha de recifes. Mabesoone & Tinoco. 2008 (Schwamborn & Bonecker. algas calcáreas (Halimeda sp. jul. baseando-se na unidade de grandes grupos para o macrozooplâncton e na menor unidade taxonômica possível para os Copepoda. de acordo com quantidade de organismos. Bras. Tabela 1 . 2004). Para a análise quali-quantitativa. Canal de Santa Cruz. período e maré das amostras coletadas na desembocadura sul do Canal de Santa Cruz. Das amostras onde havia alta densidade de organismos foram retirados 50 mL após a diluição.Localização da área estudada e da estação de amostragem. sendo novamente diluída para volumes diversos entre 200 e 500 mL. foi realizada a contagem do número total de taxa. Enga. cada amostra foi colocada em um béquer. 34 . horário. data. Código 00h13 BM 4h50 PM 10h57 BM 16h48 PM 23h36 BM 5h11 PM 11h37 BM 17h13 PM 23h17 BM Data 10/3/2001 10/3/2001 10/3/2001 10/3/2001 10/3/2001 11/3/2001 11/3/2001 11/3/2001 11/3/2001 Horário 00h13 04h50 10h57 16h48 23h36 5h11 11h37 17h13 23h17 Período Noturno Noturno Diurno Diurno Noturno Noturno Diurno Diurno Noturno Maré BM PM BM PM BM PM BM PM BM PROCESSAMENTO DO MATERIAL BIOLÓGICO EM LABORATÓRIO Em laboratório.Código. (Mapa: Schwamborn. Pernambuco (em vermalho). adicionandose 2000 mL de água para diluição. Pesca 3(2).Rev. 2008 Figura 1 . durante os dias 10 e 11 de março de 2001. Itamaracá. 2008 Em seguida a amostra foi homogeneizada. A freqüência de ocorrência (F) foi calculada por meio da fórmula F = Ta. entre outras.TA-1. 1948) e o índice de eqüitabilidade foi calculado segundo Pielou (1966). pouco abundante (40┤20%) e raros (≤20%). Para identificação de estruturas morfológicas de caráter sistemático essenciais à identificação dos Copepoda.Na-1. Bras. Também foi realizado o teste-t para verificar diferenças entre as marés (preamar e baixa-mar) e os períodos do dia (diurna e noturna). analisada em estereomicroscópio composto. onde (n) é o número total de organismos de cada táxon na amostra e (Vf) Volume total de água filtrado. 1999). sendo os organismos manipulados com o auxílio de estiletes. foram realizadas dissecações. as seguintes obras: Tregouboff & Rose (1957). O índice de diversidade de Shannon foi aplicado para estimar a diversidade da comunidade (Shannon. Na identificação dos organismos zooplanctônicos foram consultadas. sendo as partes dissecadas observadas em microscópio composto. jul. para testar a similaridade entre as amostras. com auxílio do programa PRIMER 5 (Plymouth Routines In Multivariate Ecological Research). Na Figura 2. onde (N) Densidade total de organismos de cada táxon nas amostras e (Na) Densidade total de organismos nas amostras. com reposição. Enga. retirando-se três subamostras de 5. Björnberg (1981) e Boltovskoy (1981.100. pouco freqüente (40┤20%). apresentados em percentagem. esporádico (≤20%).Vf-1. onde: (Ta) Número de amostras em que o táxon ocorre e (TA) Total de amostras. com o auxílio de uma pipeta tipo “Stempel” e vertida em uma placa de contagem do tipo Bogorov. As análises estatísticas foram baseadas nos dados de densidade (ind.5°C durante a baixa-mar às 10h57.Rev.m-3) foi calculada seguindo a fórmula D = n. observa-se que essa temperatura 35 .100. são considerados: muito freqüente (>70%). Os resultados.0 mL. freqüente (70┤40%). abundante (70┤40%).m-3). ambas no dia 10/03/2001. A abundância relativa foi calculada de acordo com a fórmula Ar = N. RESULTADOS E DISCUSSÃO DADOS ABIÓTICOS TEMPERATURA SUPERFICIAL DA ÁGUA A temperatura superficial da água durante os dias de coleta variou com o horário do dia. com um valor mínimo de 29°C durante a preamar às 04h50 e com um valor máximo de 30. TRATAMENTO NUMÉRICO DOS DADOS A densidade dos organismos (ind. Pesca 3(2). com os valores expressos em percentagem e obedecendo a seguinte classificação: Dominante (>70%). 2000).. Já as diferenças entre as camadas superficial e profunda são pequenas. Flores-Montes & Lins.5 35 34. viscosidade. jul. características da água como densidade. Temperatura (ºC) 31 30. Pesca 3(2). também.5 28 00:13 BM 4:50 PM 10:57 16:48 23:36 5:11 BM PM BM PM 11:37 17:13 23:17 BM PM BM 38 37. de acordo com o ritmo de intensidade solar.Rev. seguido de uma gradual diminuição. como é o caso do canal de Santa Cruz (Porto-Neto.5 37 36. ocorrendo eventualmente nos estuários tropicais. SALINIDADE A salinidade variou pouco durante os horários de amostragem. pequena estratificação térmica. dos rios que desembocam no Canal de Santa Cruz. Não foi observado um padrão normal.5 29 28. em função das marés. evidenciando pouca influência na área estudada. locomoção e respiração dos organismos aquáticos (Day Jr. com um aumento do início da manhã até ao meio dia. 2004). Galdino. desembocadura sul do Canal de Santa Cruz (Orange) durante os dias 10 e 11 de março de 2001. 36 . ambas no dia 10/03/2001 (Figura 2). crescimento e suas distribuições e alterando. Kemp & Yáñes Arancibia. Hall. pouco profundos. de forma indireta. solubilidade de oxigênio e afetando na flutuabilidade.5 30 29.4 durante a preamar às 04h50 e o máximo de 37. com salinidades altas nas preamares e menores nas baixa-mares. 2008 possui um padrão ao longo do dia. agindo diretamente sobre a reprodução. com valor mínimo de 35. A temperatura é um dos principais fatores que controlam a distribuição e a atividade dos organismos.5 34 00:13 BM 4:50 PM 10:57 16:48 23:36 BM PM BM 5:11 PM 11:37 17:13 23:17 BM PM BM Salinidade Figura 2 . O padrão de temperatura observado deve afetar a distribuição das espécies ao longo do dia na área estudada. a variação nictemeral pouco acentuada.6 durante a preamar às 16h48. sendo. com valores máximos durante o período diurno (Flores Montes.Variação da temperatura (ºC) e salinidade nos respectivos horários de coleta. 1996. apesar das flutuações serem mínimas. 1998. As variações da temperatura em áreas tropicais são mais acentuadas quando se considera os períodos sazonais: seco e chuvoso.5 36 35. Essa pequena variação de temperatura é comum em estuários tropicais. 1989). Enga. Bras. Macedo. Bras. com domínio de Copepoda.5 m. Crustacea. 26 taxa.5 10:28 16:41 22:58 05:02 11:08 17:23 23:38 Figura 3 . alterando o ciclo normal de seis horas.5 2 1.5 m às 16h41 do dia 10 de março de 2001 e pico mínimo de -0.Variação da altura da maré durante os dias 10 e 11 de março de 2001. 3 2. Pesca 3(2). A presença da Coroa do Avião. O ambiente estuarino apresenta uma dinâmica complexa. Para as amostras de preamar foram identificados 40 taxa e.5 0 04:21 -0. MARÉ A amplitude média observada durante o período de coleta foi de 2. ASPECTOS QUALI-QUANTITATIVOS SINOPSE TAXONÔMICA O Macrozooplâncton esteve representado pelos Filos Sarcomastigophora. banco de areia que vem se transformando em ilha. próximo à área estudada pode estar influenciando a dinâmica das marés. Nível de maré segundo a tábua de marés para o ano de 2001 (Porto do Recife). Enga. força e direção das correntes e intensidade dos fluxos marinho e fluvial. Mollusca. estudos detalhados sobre este aspecto são necessários. 37 . que varia de acordo com a geomorfologia da área. Flores-Montes & Lins (2000). corroborando Macedo.5 1 0. que afirmam que o Canal de Santa Cruz é caracterizado por regimes de salinidade que variam do eualino ao mesoalino.Rev. Echinodermata e Chordata. contudo. para as amostras de baixa-mar. Foram observados 48 taxa.2 m às 22h58 do mesmo dia (Figura 3). Chaetognatha. Essa grande variação está relacionada à maré de sizígia ocorrente no período. Cnidaria. Annelida. jul. larvas de Crustacea Decapoda e Chaetognatha. 2008 Os valores obtidos permitem caracterizar o ambiente como eualino. com pico máximo de 2. 3% 11.4% 11. (protozoea) Lucifer sp.1% 33. Poecilostomatoida Corycaeus giesbrechti Farranula gracilis Monstrilloida Cymbasoma sp.6% 22. Eudactylopus sp.5% 22.9% 22.22%).44%) foi considerada freqüente.4% 11.2% 44. Bras. 2008 FREQÜÊNCIA DE OCORRÊNCIA A Tabela 2 apresenta a freqüência de ocorrência do macrozooplâncton na área estudada.1% 66.1% 55.1% 11. MOLLUSCA Gastropoda (Larva) ANNELIDA Polychaeta (Larva) CRUSTACEA Crustacea (náuplios) Ostracoda Calanoida Nannocalanus minor Paracalanus aculeatus Paracalanidae (outros) Centropages furcatus Pseudodiaptomus Temora turbinata Labidocera fluviatilis Labidocera nerii Calanopia americana Acartia lilljeborgi Cyclopoida Oithona hebes Harparcticoida Microsetella rosea Euterpina acutifrons Longipedia sp.1% 22.5% 44. Anomura (zoea) Porcellanidae (zoea) Paguridae (zoea) Paleomonidae Dromiidae Hipollitidae Brachyura (zoea I) Brachyura (zoea II) Brachyura (zoea III) Brachyura (megalopa) Stomatopoda (antizoea) Cumacea Isopoda Mysidacea Gammaridea CHAETOGNATHA ECHINODERMATA CHORDATA Appendicularia Teleostei (Ovos) Teleostei (Larvas) Teleostei (Juvenil) FO 88.2% 11.2% 11.4% 33.9% 66. enquanto Calanopia americana (33.9% 33.1% 22.89%.3% 11.9% 44.2% **** ** **** *** **** **** **** *** * *** ** **** ** * * * **** **** *** ** * ** * * *** **** * *** *** *** ** Em relação aos Copepoda.1% 11.5% 88. Taxa FORAMINIFERA CNIDARIA Hydrozoa (pólipo) Hydromedusa Liriope sp.2% 11. Pesca 3(2).4% 11.4% 55. ***Freqüente.33%). FO 22.22%).2% 88. dentre os Calanoida.1% 11.3% 88.9% 100% 77.1% 11. destacaram-se como muito freqüentes: Acartia lilljeborgi.Rev.9% 11. Enga.5% 88.3% 100% 11.1% 11.1% 22.1% 11. Tabela 2 .2% 22. Temora turbinata e Pseudodiaptomus acutus com 88.1% 11.1% 55.9% 55.2% 88.2% 11.8% 44. Centropages furcatus (22.1% 33.1% 100% 88.1% 100% 44. jul. (mísis) Caridea (zoea) Alpheidae (zoea) Peneaeidae (protozoea) Upogebia sp. Apenas Labidocera fluviatilis (44.9% 88. observa-se que.2% 22. presente em todas as amostras. Paracalanus aculeatus (22. *Esporádico.1% ** ** *** * **** *** ** * ** ** * ** **** **** *** * ** **** * * * * * ** * * Taxa Cirripedia (náuplio) Cirripedia (cípris) Decapoda Lucifer faxoni (♀) Lucifer faxoni (♂) Lucifer sp.6% 22.1% 11. **Pouco freqüente. 38 .Composição e freqüência de ocorrência (FO) do zooplâncton coletado no Canal de Santa Cruz (orange): ****Muito freqüente. 89% de ocorrência. observou-se zoea I de Brachyura como dominante em duas amostras. Dentre os demais grupos zooplanctônicos destacaram-se como muito freqüentes mísis de Lucifer sp. todas com apenas 11. abundante nas amostras das 04h50 PM. jul. sendo considerada esporádico. pouco freqüente com 33.11% de ocorrência. e Eudactylopus sp. Bras. representada por Euterpina acutifrons.Rev. durante os dias 10 e 11 de março de 2001. foram considerados raros. A ordem Poecilostomatoida foi representada por Corycaeus giesbrechti. ABUNDÂNCIA RELATIVA Dentre os grupos mais abundantes. Microsetella rosea.11%.Abundância relativa do zooplâncton no Canal de Santa Cruz (Orange). além das zoea de outros Caridea (77. 2008 Nanocalanus minor (22. protozoea de Lucifer sp. presentes em todas as amostras. zoea de Porcellanidae. A ordem Harpacticoida. Longipedia sp.22%) foram pouco freqüentes e outros Paracalanidae e Labidocera nerii. ambos com 11. 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 00h13 BM 04h50 PM 10h57 BM 16h48 PM 23h36 BM 05h11 PM 11h37 BM 17h13 PM Outros 23h17 BM Temora turbinata Acartia lilljeborgi Brachyura (zoea I ) Figura 4 . Lucifer faxoni (♀).11%. 17h13 PM e 10h57 BM. náuplios de Cirripedia e Chaetognatha.. Temora turbinata foi pouco dominante em duas amostras. 39 .. Acartia lilljeborgi foi considerada abundante nas amostras 23h36 BM e 05h11 PM. e rara nas amostras 16h48 PM e 17h13 PM. (Monstrilloida) foram esporádicas.. Enga. todas com 88. zoea I de Brachyura e Heteropoda. sendo pouco abundante nas demais amostras. Todos os demais organismos foram considerados raros em todas as amostras (Figura 4). 16h48 PM e 11h37 BM e pouco abundante nas demais amostras. sendo rara nas demais. junto com Oithona hebes (Cyclopoida) e Cymbasoma sp. e Farranula gracilis com 11.33%.78%). Pesca 3(2). zoea II de Brachyura. 00h13 BM e 23h36 BM. 64% 1.27% 2. com 2.02% dos organismos.01% 42. 2008 Quando se considera a abundância relativa total. durante os dias 10 e 11 de março de 2001.90%. jul.Densidade média (ind. Quanto ao período do dia não foi observada uma variação muito grande entre as densidades médias (Figura 6). durante os dias 10 e 11 de março de 2001.18 2524. Segundo Melo Júnior (2005).34 1000 500 0 BM PM Diurna Noturna Figura 6 . respectivamente (Figura 5). seguido pelo estágio inicial de Brachyura (38. os organismos do zooplâncton que habitam ambientes com influência das marés têm como pré-requisito uma sincronização das atividades de migração vertical.m-3) quanto à maré (esquerda) e período do dia (direita).98 2500 2000 1500 1199. 2. do macrozooplâncton no Canal de Santa Cruz (Orange).02% Copepoda Brachyura (zoea I ) Decapoda.30% Figura 5 . 1.16 2371.27% e 1.Rev. Copepoda foi o grupo dominante com 42. 40 . com densidades bastante inferiores. outros Brachyura (zoea II ) Chaetognatha Lucifer faxoni (♀) Lucifer sp (protozoea) Gastropoda Outros 38.Composição da comunidade zooplanctônica no Canal de Santa Cruz.80%) e. Chaetognatha e Lucifer faxoni (♀). o que justifica essa grande diferença entre as densidades.61%.90% 2.45% 5. Pesca 3(2). ainda. Enga.61% 4. 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 3461. por zoea II de Brachyura. Bras. DENSIDADE A densidade média na baixa-mar foi cerca de três vezes maior que na preamar.80% 1. Pesca 3(2). Nascimento-Vieira. em determinados períodos..69 1912. Enquanto que. Nascimento-Vieira.25%. m-3) do zooplâncton durante a baixa-mar (BM) e a preamar (PM) no Canal de Santa Cruz (Orange). geralmente associado ao período reprodutivo. houve uma alteração desse padrão. Muitos estudos sobre fauna planctônica de estuários têm mostrado que a quantidade de espécies pode variar de uma região para outra.24% de organismos holoplanctônicos e 44. representando mais de 70% dos organismos do macrozooplâncton (Tundisi & Matsumura-Tundisi. 2004). sendo responsáveis por 60. há nos estuários o predomínio do meroplâncton. 1968. Paranaguá. Este fato foi confirmado para a maioria das amostras presentemente estudadas. 1996. respectivamente (Figura 7). 2004.Rev. Bras. durante os dias 10 e 11 de março de 2001. 1972. 1970. Gusmão & Nascimento-Vieira. 2003. A dominância de organismos holoplanctônicos é uma característica da população zooplanctônica estuarina.76% de organismos meroplanctônicos. jul. Neumann-Leitão. as amostras da baixa-mar apresentaram 55. Neumann-Leitão & Schwamborn. Silva. provavelmente pela grande migração de Brachyura (meroplâncton) do canal para a área de coleta.75% e 39. Enga. 2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400 200 0 BM Holoplâncton PM Meroplâncton 470. Hall. fato descrito por vários autores para diversos estuários ao longo da costa brasileira (Tundisi. 1995.64 728. Porto-Neto. Tundisi (1970) e Day Jr. mas a predominância numérica dos Copepoda é característica nos estuários brasileiros. com os organismos meroplanctônicos superando quantitativamente os organismos holoplanctônicos. Schwamborn & Bonecker. Schwamborn.52 1549. entretanto. 1998.Densidade média (ind. Neumann-Leitão & Schwamborn. as amostras da preamar apresentaram-se de forma inversa.28 Figura 7 . Paranaguá. Matsumura-Tundisi. 41 . Gusmão. Neumann-Leitão. 2008 Quanto ao tempo de permanência no ambiente pelágico. dentre outros). durante a preamar. Kemp & Yáñes Arancibia (1989) mencionam que. Gusmão. 1996). Foi observada uma alta densidade do estágio inicial de Brachyura (zoea I). 2004). Paranaguá. Bras. Pelo menos 85% das zoea encontradas nas amostras pertenciam a este estágio.0 1015. essa dominância foi confirmada em trabalhos como Paranaguá & Nascimento (1973). Por & Almeida-Prado (1982). Caridea e Sergestoida podem ser registradas como dominantes em estuários da costa brasileira (Tundisi & Matsumura-Tundisi. na maré seguinte. Neumann-Leitão. Altas abundâncias numéricas de zoeas de Brachyura são típicas de estuários com manguezais (Dittel & Epifanio.23 ind. Gusmão.5 642. 2008 Na região estuarina de Itamaracá. Enga.925. 42 .3 Brachyura (zoea I ) Brachyura (zoea II ) Brachyura (zoea III ) Figura 8 . sendo esse padrão de migração comumente utilizado para diminuir a predação das larvas nos estuários (Schwamborn. Galdino (2004) e Melo et al.Densidade (ind. na área costeira adjacente. Schwamborn.2 904. para a região próxima a linha de recifes. 1995. Schwamborn & Bonecker. Schwamborn. com picos de até 3. Esses valores podem indicar um período reprodutivo recente. Picos sazonais de alguns Decapoda podem mudar os padrões temporariamente. Silva. jul. Nascimento & Macêdo (1979). quando a força da correnteza é maior (Schwamborn & Bonecker. área das coletas do presente estudo.Rev. Nascimento-Vieira. 1997). Paranaguá & Nascimento-Vieira (1984). Paranaguá. (2005). Gusmão & Nascimento-Vieira (2003). 1996). 1997. Neumann-Leitão. justificando as altas densidades observadas principalmente nas baixa-mares diurnas. Nascimento (1980). Silva (1997). durante os dias 10 e 11 de março de 2001.m-3 durante a baixa-mar às 10h57 do dia 10 de março (Figura 8). e muitas espécies de Brachyura. Esta exportação das zoeas para a plataforma continental ocorre durante a noite na maré vazante. 1990. m-3) dos Brachyura no Canal de Santa Cruz (Orange). com a liberação das larvas durante a lua cheia para fora do canal de Santa Cruz. Neumann-Leitão & Schwamborn. 500 400 300 200 100 0 00h13 BM 04h50 PM 10h57 BM 16h48 PM 23h36 BM 05h11 PM 11h37 BM 17h13 PM 23h17 BM 776. como sugerido por Silva (2002). 1968.8 3925. Porto-Neto (1998). as megalopas retornam ao ecossistema manguezal onde vivem os adultos. Pesca 3(2). Posteriormente. 78% dos Copepoda. 2008 Dentre os Copepoda. Em ambas as marés. ocorrendo em todos os estuários do Brasil (Neumann-Leitão. 1994).14% 5. 3. com média de 1029. Esta espécie tem grande ocorrência em todo o globo. Pesca 3(2). 1981).Composição dos Copepoda na baixa-mar (esquerda) e preamar (direita). com média de 338. 1981). Bras. foi a segunda espécie mais representativa para a baixa-mar. durante os dias 10 e 11 de março de 2001. esta última apresentando ainda indivíduos com sacos ovígeros.m-3. representando 91. sendo freqüentemente dominante entre os copepoda estuarinos. Labidocera fluviatilis apresentou média de 4. foi observado uma grande quantidade de copepoditos de Acartia lilljeborgi e Pseudotiaptomus acutus. jul. Para a preamar também houve um predomínio de Acartia lilljeborgi. Pseudodiaptomus acutus foi a segunda espécie mais representativa com média de 10. Essa espécie é numerosa e bastante comum em águas costeiras e estuarinas de regiões tropicais e subtropicais da costa sulamericana (Björnberg. 1981). com média de 221. Temora turbinata. durante a baixa-mar foi evidenciado um predomínio de Acartia lilljeborgi.Rev.44 ind. no Canal de Santa Cruz (Orange).m-3 (Figura 9).70 ind. Enga. evidenciando área favorável ao desenvolvimento dessas espécies. desde a desembocadura do rio Amazonas até a costa sul do Brasil (Björnberg.29% 2. Silva. 43 .26 ind.m-3. Schwamborn. Pseudotiaptomus acutus apresentou uma média de 49.30% Acartia lilljeborgi Temora turbinata Pseudodiaptomus acutus 91. também observaram esse predomínio no canal de Santa Cruz. Gusmão & Nascimento-Vieira (2003).84 ind.54 ind. m-3 (Figura 9). sendo mais freqüente em águas costeiras e estuarinas (Björnberg.94% ' 68. Neumann-Leitão.m-3.m-3.78% Outros Figura 9 . Esta é uma espécie muito numerosa e em águas de baías e manguezais.31% 2.26% 26. Esta é uma espécie indicadora de águas costeiras e que suporta uma ampla variação de salinidade.07 ind. Essa diferença na densidade se faz por uma maior ou menor influência da maré.5 0 00h13 04h50 10h57 16h48 23h36 5h11 BM PM BM PM BM PM 11h37 17h13 23h17 BM PM BM Figura 10 .5 ou estiveram muito próximos a esse valor. 3 2. com máximo de 2. na baixa-mar. Também pôde ser observado que as amostras diurnas. uma densidade muito maior e uma diversidade menor. Outros estudos em estuários pernambucanos mostram valores próximos a estes. podendo também apresentar valores maiores que 3 bits. jul. com eqüitabilidade de 0. apresentaram-se menos eqüitativas. respectivamente. alterando características importantes na distribuição das espécies.5. demonstrando uma eqüitatividade média das amostras. sendo registrado.273 (Figura 10).ind-1 em alguns casos (Figura 10).131 bits. evidenciando o predomínio de uma ou poucas espécies.613 bits.ind-1e mínimo de 1. como a estação 17h13 PM. 44 . Quanto à eqüitabilidade. Pesca 3(2).ind-1. Enga. na maior parte das amostras os valores foram maiores que 0. quando comparadas com as noturnas. em períodos reprodutivos de determinadas espécies quando uma única espécie passa a dominar a comunidade.Rev.ind-1) e Eqüitabilidade do zooplâncton no Canal de Santa Cruz (Orange).Diversidade (bits. mostrou a existência de uma diferença significativa entre a baixa-mar e preamar (p=0. ANÁLISE ESTATÍSTICA O teste-t realizado para comparação das médias das amostras quanto às marés. 2008 ÍNDICES DE DIVERSIDADE E EQÜITABILIDADE A diversidade de espécies nas amostras variou de baixa a média. Bras. com valores mais distantes de 0.04). geralmente. durante os dias 10 e 11 de março de 2001.5 1 0. nas amostras das 23h17 BM e 17h13 PM. Segundo Neumann-Leitão (1994) as diversidades mais baixas ocorrem.5 2 1. Pesca 3(2). pela grande migração de Brachyura para a plataforma adjacente. 40 na preamar e 26 na baixa-mar. como observado no teste-t. CONCLUSÕES Foram identificados 48 taxa. As altas densidades observadas principalmente nas baixa-mares diurnas evidenciam a exportação das zoeas para a plataforma continental durante a noite na maré vazante.Rev. larvas de Crustacea Decapoda e Chaetognatha.Similaridade das amostras de macrozooplâncton na desembocadura sul do Canal de Santa Cruz (Orange). não havendo diferenças significativas para o restante da comunidade zooplanctônica. liberadas geralmente à noite (Dittel & Epifanio. com domínio de Copepoda. Índice: Bray e Curtis. jul. 2008 Quanto ao período do dia. 1990). Na preamar há uma alteração desse padrão. quando espécies marinhas costeiras são introduzidas na área. na preamar. na baixa-mar. principalmente os Copepoda. demonstrou um forte agrupamento entre as amostras de baixa-mar. Figura 11 . característica de população zooplanctônica estuarina. Enga. Por outro lado.88). Bras. Ocorre a dominância de organismos holoplanctônicos na baixa-mar. É interessante observar que a maré teve um forte papel estruturador no macrozooplâncton favorecendo. diferenciando-as das amostras de preamar. durante os dias 10 e 11 de março de 2001. a variação nictemeral parece afetar mais as larvas de Decapoda. O Cluster feito para análise de similaridade entre as amostras (Figura 11). 45 . a diversidade. a reprodução e. não foi observada diferença significativa entre as amostras diurnas e noturnas (p=0. E. Mar del Plata. Pesca 3(2). (1996). Foulis. REFERÊNCIAS Björnberg. Coast. 1706p. South Atlantic Zooplankton.I. D. Masson et Cie. Gulf of Nicoya.K. Dittel.. Enga. J.J. Willey.).E. Bras. Fraser. Variação nictemeral do fitoplâncton e parâmetros hidrológicos no Canal de Santa Cruz.Le zooplancton. Ser. Day Jr. P. Recife (PE): Universidade Federal de Pernambuco. Tábuas de marés para o ano de 2001 (Porto do Recife). Não foi observada variação na densidade do zooplâncton quanto ao período do dia. Copepoda In: Boltovskoy. Leiden: Backhuys Publishers.M. 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Manuel de planctonologie mediterranéenne. C. S.Pernambuco (Brasil).P. o emprego de diferentes métodos de extração influencia o rendimento final de PS. o fracionamento e a atividade anticoagulante. sulfated macromolecules. The extracts were applied to a column of ion exchange DEAE . the use of different methods of extraction influences the SP final yield. possibly by the decline of the metacromatic property in both methods. No entanto.cellulose from which were obtained fractions in different concentrations of NaCl. and made three extractions. denoting the efficiency of the methods in obtaining the same group of molecules. Abstract . No entanto. A espécie apresentou um baixo potencial anticoagulante. esta atividade reduziu-se significativamente para apenas 1.) HOWE: ANALYSIS OF METHODS OF PRECIPITATION José Tarcísio Borges Bezerra NETO1*. The results showed that both the yield and the chromatrografic profiles were similar between the methods. Avaliou-se a eficiência de dois métodos de precipitação (M I e M II) de PS da alga marinha verde Caulerpa sertularioides. os PS foram precipitados com uma solução de cloreto de cetilpiridinio a 10% (M I) e álcool absoluto (M II). this activity is significantly reduced to only 1. Caulerpales.9 (1a extraction) to 2.12 times in the 2nd extraction in M I. a utilização de apenas etanol seria uma forma mais econômica de obtenção desses compostos para avaliação de outras atividades biológicas em C. sertularioides. the only use of ethanol would be a more economical way of obtaining these compounds for evaluation of other biological activities in C. the PS total were extracted by enzymatic digestion. 50 . fractionation and anticoagulant activity. Bras.Rev. comparando-se a extração. and the clotting time in a coagulometer. Keywords: Clorofícea Caulerpaceae. Universidade Federal do Ceará *Email: tarcisio_bb@hotmail. Pesca 3(2). Em seguida. prolongando o tempo de coagulação de 1.com Recebido em: 16 de outubro de 2007 Resumo . denotando a eficiência das metodologias na obtenção possivelmente do mesmo grupo de moléculas. atividade biológica. Laboratório de Bioquímica Marinha. extending the time coagulation of 1. The anticoagulant activity was evaluated by Activated Partial Thromboplastin Time (APTT) using normal human plasma. Os extratos foram aplicados em uma coluna de troca iônica DEAE-celulose da qual foram obtidas frações em diferentes concentrações de NaCl. macromoléculas sulfatadas. Desta forma. Inicialmente. os PS totais foram extraídos através de digestão enzimática. sendo o tempo de coagulação determinado em um coagulômetro. 2008 POLISSACARÍDEOS SULFATADOS DA ALGA Caulerpa sertularioides (GMEL.The sulfated polysaccharides (SP) are macromolecules found in many organisms in nature and their biological properties have aroused great interest in medical science. sendo realizadas três extrações. It was evaluated the efficience of the two methods of precipitation (M I and M II) of SP from marine green alga Caulerpa sertularioides comparing the extraction. biological activity. onde a fração eluída com 0. Caulerpales. Initially.9 M de sal foi a mais ativa (M I e M II). The species presented a low potential anticoagulant. Thus.Os polissacarídeos sulfatados (PS) são macromoléculas encontradas em muitos organismos na natureza e suas propriedades biológicas têm despertado grande interesse nas ciências médicas. Grazielle da Costa PONTES1. sertularioides.22 vezes na 3a extração. A atividade anticoagulante foi avaliada através do Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada (TTPA) utilizando plasma humano normal.12 vezes na 2a extração no M I.22 times in the 3rd extraction. However.9 (1a extração) para 2. the SP were precipitated with a solution of cetylpyridinium chloride to 10% (MI) and absolute alcohol (M II).9 M of salt was the most active (M I and M II). José Ariévilo Gurgel RODRIGUES1. However. Wladimir Ronald Lobo FARIAS1 1 Depto de Engenharia de Pesca. Then. jul. where the fraction eluted with 0.) HOWE ANÁLISE DE METODOLOGIAS DE PRECIPITAÇÃO SULFATED POLYSACCHARDES OF THE ALGA Caulerpa sertularioides (GMEL. possivelmente pelo decréscimo da propriedade metacromática em ambos os métodos. Palavras-Chave: Clorofícea Caulerpaceae. Os resultados mostraram que tanto o rendimento como os perfis cromatrográficos foram semelhantes entre os métodos. Enga. fungos. fragile e 51 . Valente. algas. seu uso é limitado devido aos riscos de sangramento. PS encontrados nas algas marinhas pardas (Phaeophyceae) podem estar na forma de fucanas. queda plaquetária e viral (Thomas. 2005) apresentaram potentes atividades anticoagulantes. Azougagh Oualane. 1995. 2008 INTRODUÇÃO A biodiversidade marinha brasileira favorece a descoberta de produtos naturais com propriedades biológicas diversas. Botryocladia occidentalis (Farias.. 2007) e as verdes Codium cylindricum. 1994). 2002). 2000) e Gelidium crinale (Pereira. Propriedades anticoagulantes também foram descritas para as algas marinhas pardas Ecklonia cava e Sargassum horneri (Athukorala. 1967). PS extraídos das algas marinhas vermelhas Iridaea laminarioides (Chargaff. Mostafa. 1972). O interesse no estudo dessas macromoléculas é justificado devido aos efeitos adversos da heparina. Esse PS é mundialmente utilizado como agente anticoagulante e antitrombótico na prevenção e tratamento de trombose venosa. dermatam sulfato e heparina (Kjellén & Lindahal. Embora se tenha desenvolvido heparina de baixo peso molecular. Bancroft & StanleyBrown. Hussein. condroitim sulfato. Lee. 1998. Enga. Andrade & Mourão. 1991). Gigartina accicularis. 1977) e vegetais (algas e gramíneas marinhas) (Painter.Rev. 2005). Pesca 3(2). Chondrus crispus (Di Rosa. agregados complexos denominados proteoglicanos. os proteoglicanos são conhecidos como glicosaminoglicanos sendo representados pelo ácido hialurônico. O isolamento e a avaliação biológica dos diferentes compostos encontrados nesses organismos têm despertado grande interesse na clínica médica (Teixeira.. Aquino. Pereira & Mourão. 1983. Athukorala. Bras. Cássaro & Dietrich. et al. heparam sulfato. 1975. C. O estudo com diferentes PS presentes em algas marinhas tem demonstrado que a conformação estrutural varia de espécie para espécie. invertebrados e vertebrados marinhos são fontes naturais de novos agentes farmacológicos. em sua maioria. jul. Helmy & Salem. 1996). Nos animais. 2006. nas algas verdes (Chlorpphyceae). Jung. Entretanto. administrações elevadas da droga ainda induzem a fatores de risco (Doutremepuich. Esses compostos são ainda encontrados em tecidos animais (vertebrados e invertebrados) (Mathews. Bactérias. Haroun-Bouhedja. formando. Asanthan & Jeon. Sinquin & Boisson-Vidal. de galactanas nas algas vermelhas (Rhodophyceae) e. 2000). Landeira-Ferdandez. Kim & Jeon. os mais encontrados são as arabino-galactanas (Percival & Mcdowel. 1936). As algas marinhas são fontes naturais de macromoléculas conhecidas como polissacarídeos sulfatados (PS). o que resulta em diferentes atividades anticoagulantes (Dietrich et al. 1997) em pacientes com estado de hipercoagulapatia ou sujeitos à trombose causada por diferentes etiologias (Weizt. Valente. queratam sulfato. Doutremepuich & Fareed. Bird. Em laboratório. sertulaioides foram coletados na Praia do Pacheco . a alga foi seca ao sol e cortada em pequenos pedaços para extração dos PS. Hori & Miyazawa. MÉTODO I Os PS totais (M I) foram obtidos de acordo com Farias. Bras. Em seguida. 2001). Kim & Jeon. Valente. o material foi lavado com água destilada para a total retirada do sal. 2001. 2007. estruturais e reprodutivos (Hoek et al. MATERIAL E MÉTODOS COLETA E TRATAMENTO PRELIMINAR DA ALGA MARINHA C.Rev. 1969. Marinho-Soriano. 2008). O gênero Caulerpa é constituído por algas marinhas verdes bentônicas dotadas de um talo rastejante formado por uma porção rizomatosa que se expande ao longo do substrato. & Montano 1997.. pH 5. 1995). Pereira & Mourão (2000). Inicialmente. Matsuura. Liao.8 mL de solução de 52 . Lee. Pesca 3(2). Basic. 1997). Enga. Athukorala. a variação sazonal e a utilização de diferentes espécies (Levring. Muitas espécies do gênero são encontradas no litoral brasileiro (Joly. No entanto. 1965) e alguns trabalhos relatam propriedades biológicas.0 + EDTA 5mM + cisteína 5mM. tais como antiviral e anticoagulante (Ghosh et al. Rodrigues & Farias. fracionar e avaliar a atividade anticoagulante dos polissacarídeos sulfatados da alga marinha verde Caulerpa sertularioides utilizando duas metodologias de precipitação. sendo conduzidos ao Laboratório de Bioquímica Marinha da Universidade Federal do Ceará do Departamento de Engenharia de Pesca. 2004. sertularioides Os exemplares da macroalga marinha verde C. 2005). Zhang. EXTRAÇÃO DOS POLISSACARÍDEOS SULFATADOS As extrações foram realizadas a partir de duas metodologias. Sze. contribuindo assim com a bioprospecção de novas macromoléculas anticoagulantes. diferindo apenas quanto ao uso do agente precipitante de PS. fixando-se através de estruturas denominadas rizóides (Joly. Em seguida. o emprego de diferentes metodologias de extração (Villanueva.. et al. Pagba.Ceará e armazenados em sacos plásticos. O presente estudo teve como objetivo extrair. 1988) influenciam o rendimento e a atividade biológica (Rodrigues & Farias. areia e organismos incrustantes e/ou epífitas. Hoppe & Schmid. 2005). 2 gramas da alga seca foram hidratadas com 100 mL de tampão acetato de sódio 100 mM. jul. 2008 Monostroma latissimum (Matsubara. As algas marinhas verdes é um diversificado grupo de organismos fotossintéticos em padrões morfológicos.. 1965. foram adicionados 6. no mínimo. 0.1 M. Finalmente. Posteriormente o material foi centrifugado e submetido a duas lavagens com 200 mL de etanol a 80% e uma com 120 mL de etanol absoluto.0 + cisteína 5 mM e EDTA 5mM. o material foi filtrado (60 µm). ao sobrenadante. 24 horas à temperatura ambiente. 1.5 x 1. o material foi centrifugado e submetido a duas lavagens com 200 mL de etanol 80% e uma vez com 120 mL de etanol absoluto. Após esta etapa. Os PS foram monitorados através de alíquotas de 200 µL da fração pela reação metacromática com 1 mL de 1. O fluxo da coluna foi de 60 mL h-1. no mínimo. pH 5. 24 h) para obtenção dos polissacarídeos totais. Após a incubação.4 mL de cloreto de cetilpiridínio (CPC) a 10% para a precipitação dos polissacarídeos presentes na mistura por. o precipitado foi lavado com 200 mL de CPC 0.5 cm) acoplada a um coletor de frações equilibrada com o mesmo tampão (Rodrigues & Farias. FRACIONAMENTO DOS POLISSACARÍDEOS SULFATDOS EM COLUNA DE TROCA-IÔNICA DEAE-CELULOSE Os extratos totais de PS obtidos de ambos os métodos foram dissolvidos (1 mg mL-1) em tampão acetato de sódio 0. com soluções de diferentes concentrações de NaCl (0. dissolvido em 70 mL de cloreto de sódio 2 M:etanol absoluto (100:15. pH 5. foram adicionados 6. Em seguida. o material foi filtrado (60 µm). sendo coletadas frações de 1 mL. sendo a mistura incubada em banho-maria a 60°C por 24 horas.60 M) também preparadas no mesmo tampão de equilíbrio. Logo após a precipitação. centrigugado e.8 mL de uma solução de papaína bruta (30 mg mL-1).90. Bras. 53 . 2005). 0.9-azul-dimetilmetileno (ADM).70. centrifugado (7. passo a passo. 2 g da alga seca e triturada foram hidratados com 100 mL de tampão acetato de sódio 100 mM. Inicialmente. 4 ºC) e. em seguida.50. MÉTODO II Os PS totais (M II) foram obtidos segundo Rodrigues & Farias (2005). 24 horas a 4°C. Os resíduos obtidos de ambas as metodologias foram submetidos a novas extrações a fim de otimizar o rendimento. o precipitado foi então levado à estufa a 60°C. ao sobrenadante. acrescentados três volumes de etanol absoluto gelado para precipitação dos PS (48 h) em freezer. Após esse período. o extrato foi seco em estufa (60oC. Pesca 3(2). sendo a mistura incubada em banho-maria a 60oC por 24 horas.05% sendo. através da adição de mais 122 mL de etanol absoluto. 2008 papaína bruta (30 mg mL-1). utilizando um espectrofotômetro com comprimento de onda ajustado em 525 nm. 1. jul. Em seguida. por um período aproximado de 24 horas para secagem e obtenção do extrato bruto.20. Enga.Rev. A coluna foi eluída.965 x g. v/v) e submetido a uma nova precipitação por. foram adicionados 6.0 + cisteína 5 mM e EDTA 5 mM (AcONa) e aplicados em uma coluna de DEAE-celulose de troca iônica (6.40 e 1. Os testes foram realizados em duplicata (picos das frações). modelo Quick-timer) e utilizando a heparina (marca Cristália) como padrão. Hamilton.0 0.75 x g. Gilles. Johnson & Sims (1976) utilizando plasma humano citratado obtido de cinco diferentes doadores. Pesca 3(2). jul. respectivamente. ENSAIOS ANTICOAGULANTES Os testes anticoagulantes foram realizados in vitro através do Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada (TTPA) segundo Anderson. sendo o tempo de coagulação determinado automaticamente pelo coagulômetro (Drake. Para a realização do teste.0 Rendimento (%) MI MII 3. totalizando apenas 7.0 1. dos extratos brutos obtidos nos M I e M II da alga marinha verde Caulerpa sertularioides. 54 .5 2.Rev. 50 µL de plasma humano.0 1 2 3 Número de extrações (%) Figura 1 . por extração. foram incubados a 37 °C por 3 minutos. RESULTADOS RENDIMENTO No total.Rendimentos.025 M à mistura para ativar a cascata de coagulação.5 3. sendo maior no M II quando comparado ao M I. 2008 CARBOIDRATO TOTAL (CT) DAS FRAÇÕES A presença de CT nas frações foi determinada pelo método fenol-sulfúrico descrito por Dubois. Primeiramente. foram adicionados 50 µL de cloreto de cálcio 0.0 2. 5. No entanto. a maior quantidade de PS foi obtida durante a 1a extração. Rebers & Smith (1956). Os rendimentos foram bem semelhantes entre si e decrescentes no decorrer das extrações de PS.5 0. Holmer.0 4. foram realizadas três extrações para cada método (M I e M II) (Figura 1). Bras.5 4. 15 min) para a obtenção de um plasma pobre em plaquetas.10 (M I) e 8. o sangue foi centrifugado (73. Após a incubação. 50 µL de cefalina ativada (Celite Biolab) e 10 µL de solução de PS. Enga.5 1.10% (M II). Barrowcliffe. 2007). No entanto. a variação sazonal e a utilização de diferentes espécies (Levring. 2008 Trabalhos envolvendo a extração de PS de algas marinhas demonstram que as espécies vermelhas são bastante ricas em PS e que o rendimento também difere segundo a metodologia e a espécie utilizada. Rodrigues & Farias (2006) observaram decréscimos no rendimento entre as extrações de PS de duas espécies vermelhas do gênero Haymenia utilizando o M I. Neste trabalho. 46. o decréscimo no rendimento (M I e M II) no decorrer das extrações de PS de C. Supamataya & Phongdara.9. FRACIONAMENTO DOS PS Os perfis cromatográficos dos PS foram semelhantes entre os métodos.7.9 e 1. O emprego de diferentes metodologias de extração (Villanueva. Os rendimentos obtidos pelos M I e M II de C. 47.. 1969. 2004. Extrações enzimáticas utilizando precipitação com CPC (M I) de PS das algas marinhas vermelhas Champia feldmanii (Torres. Pesca 3(2). 2001. 0.4%) (Alencar.4 M de NaCl. sertularioides. 2005). A alga verde C. 2001). Zhang et al. a referida espécie diferiu quanto ao número de extratos obtidos. 2005). fato também observado por Pereira. 1983). 2005) e espécies do gênero Halymenia (Rodrigues & Farias. racemosa (13%) por Rodrigues & Farias (2005) e da alga marinha parda Lobophora variegata (28.2 M apresentaram as maiores metacromasias (Figura 2. as quais lhes agregam considerável valor comercial (Glichsman. Ghosh et al.Rev.8. Na 1a extração (M I) foi separada cinco frações eluídas com 0. O estudo de diferentes métodos de extração de PS é justificado pelas propriedades espessantes e gelidificantes desses compostos. Métodos ácidos são muito empregados para algas pardas (Chotigeat. feldmanii. 2006) apresentaram rendimentos bastante significativos (36. das quais a 0. indicando talvez que o gênero seja pouco produtor de PS. jul. Enga. O aumento ou diminuição no rendimento também pode variar de espécie para espécie. 2008). sertularioides foram bem menores que os trabalhos acima supracitados. racemosa também teve o mesmo comportamento quando empregadas às duas metodologias de precipitação utilizadas para C. 0. 2004) e os aquosos também têm sido amplamente utilizados pelo seu menor custo (Marinho-Soriano. Torres (2005) observou que o rendimento aumentou no decorrer do processo de otimização dos PS da alga marinha vermelha C. respectivamente) quando daqueles obtidos da alga marinha verde C. 1988) influenciam no rendimento final. Hoppe & Schmid. A). Marinho-Soriano. mas semelhantes comparados a C. após estudos com duas espécies da divisão Phaeophyta.2 e 1. Bras. Bird.14 e 53. Tongsupa. 1.2. Este comportamento praticamente se 55 .5. Rodrigues & Farias (2006) e Alencar (2007). racemosa (Rodrigues & Farias. 1997.96%. sertularioides foi bastante semelhante quando comparado a outras espécies.. Solieria filiformis (Pontes. Pagba & Montano. utilizando diferentes extrações do mesmo material. feldimanii. demonstrando a eficiência dos métodos na precipitação do mesmo grupo de moléculas. sertularioides resultou em semelhanças entre as extrações. A razão encontrada para as alterações marcantes nos cromatogramas das espécies Halymenia sp e L. No entanto. esta atividade reduziu-se significativamente para apenas 1. quando o grau de purificação dessas moléculas aumentou no decorrer do processo de extrações sucessivas. demonstrando a preponderância de apenas duas frações de PS nos diferentes extratos de C.8 vezes. Bras. As maiores atividades anticoagulantes foram observadas em duas frações eluídas com 1. O M II também apresentou cromatogramas semelhantes entre si (Figuras 2. muito semelhante ao M I. tais semelhanças ou diferenças no fracionamento de PS de algas marinhas também seriam determinadas de espécie para espécie.4 M de NaCl na 4a extração pelo método M I (CPC). 2008 manteve em comparação as 2a e 3a extrações (Figuras 2.9 (1a extração) para 2. jul. as atividades das frações obtidas nos M I e M II foram inferiores a heparina. No entanto. possivelmente em razão da extração de polissacarídeos neutros.4 e 4. Assim. No M II. variegata seria a possível extração de PS mais diferenciados. possivelmente pelo decréscimo da metacromasia. Rodrigues & Farias (2006) e Alencar (2007). a extração de PS de C. Tal fato também foi comprovado por Rodrigues & Farias (2005). Pesca 3(2).22 vezes na 3a extração. prolongando em aproximadamente 6. respectivamente.5 vezes o tempo normal do plasma. No entanto. prolongando os tempos de coagulação em cerca de 6. de certa forma comprovada. como foi possível observar.12 vezes na 2a extração no M I. Esses fatos são importantes. quando também a redução da metacromasia resultou na diminuição da atividade no decorrer das extrações. Nas duas metodologias foi observada uma grande presença de carboidratos (Dubois).Rev. ATIVIDADE ANTICOAGULANTE A espécie apresentou frações com atividade anticoagulante em ambos os métodos (Tabela 1). B e C). Enga. Torres (2005) relatou que extrações sucessivas de PS utilizando os M I e M II obteve diferentes valores nos tempos de TTPA da espécie vermelha C. O comportamento praticamente único nos perfis de PS de C. sertularioides. sertularioides foram diferentes daqueles mostrados por Rodrigues & Farias (2005). A fração eluída com 0. a atividade anticoagulante da referida fração também sofreu um decréscimo. E e F) e quando comparados ao M I. já que todos os trabalhos que envolvem 56 . D.9 M de sal foi a mais ativa (M I e M II). prolongando o tempo de coagulação do plasma de 1. Esses resultados sugerem que é possível extrair frações com atividade anticoagulante diferenciadas. quando duas diferentes frações obtidas na 4a extração (M II) exibiram significativas atividades anticoagulantes.2 e 1. 57 . B e C) e II (D. Bras. E e F) da alga marinha verde Caulerpa sertularioides. Pesca 3(2). 2008 Figura 2 .Rev. Enga. por extração.Cromatografia em DEAE-celulose. jul. dos polissacarídeos sulfatados obtidos pelos métodos I (A. 3 51.27 * * MI 38.90 1. Valente.6 M MI 39. jul.9 81. indicando que a atividade também pode ser determinada pelo tamanho do composto na inibição mais efetiva da trombina. Nazareth & Mourão. Pereira & Mourão.14 1. 38.25) Essa diferenciação na atividade poderá ser melhor entendida através da elucidação dos mecanismos de ação envolvidos na coagulação e também através da caracterização estrutural desses polímeros.09 1.2 48. latissimum exibiram diferentes efeitos anticoagulantes quando o tamanho molecular foi reduzido.7 M 0.28 ** TTPA T1T0-1 1.19 * M II * 48.12 1.7 T1T0-1 1.01 2.7 70.1 45. Além disso.8 * * Plasma Heparina Resultados da média de duas determinações. 2006).4 * 48.3 * 49.8 * 3a Extração ** TTPA T1T0-1 1. A determinação estrutural dessas moléculas é uma estratégia para elucidar o efeito anticoagulante (Farias.26 * 1.9 47. A atividade foi mediada pela inibição da trombina via antitrombina e cofator II da heparina.82 1.7 43.2 M 1. 2001).22 1.6 46. Farias. esse polissacarídeo também apresentou uma potente atividade antitrombótica em ratos.2 46.44 1. 1a Extração Frações NaCl (---) 0. Pereira & Mourão (2000) reportaram acentuada atividade anticoagulante de uma D-galactana sulfatada extraída da alga marinha vermelha B. demonstrando que um mesmo composto pode exibir diferentes atividades biológicas. Enga. Zhang et al.3 * * 2a Extração ** TTPA T1T0-1 1.2 46.0 T1T0-1 * 1.25 MI 41.1 T1T0-1 * 1. Pesca 3(2).21 M II * 55.03 1. ** TTPA em segundos.4 s 1 µL (> 240 s) / T1 T0-1 (> 6. quando a dose de 0.Rev. Recentemente.34 1. 2000). occidentalis.4 M 1.27 1. * Valores não determinados. Bras.0 48.20 1. Tabela 1 .8 45. Valente.18 * * M II 43.23 1.Atividade anticoagulante (TTPA) dos picos das frações obtidas no fracionamento dos PS (M I e M II) da alga marinha Caulerpa sertularioides em relação à heparina.9 M 1. (2008) mostraram que PS extraídos da alga marinha verde M. 2008 extração de PS ou utilizam apenas uma extração ou reúnem os produtos obtidos de mais de uma extração para um único material. O uso da técnica de extrações sucessivas pode resultar na obtenção de PS diferenciados que expressem diferentes valores de atividade na busca de novos fármacos (Rodrigues & Farias.2 mg kg-1 expressou seu efeito máximo pelo modelo intravenoso (Farias. 58 .5 73.13 * 1. J. Landeira-Ferdandez. a otimização do rendimento pela utilização de dois métodos de precipitação de PS da alga marinha verde C.M. Bras. Anticoagulant activity of marine green and brown algae collected from Jeju Island in Korea.W. 2008 Assim. 31: 33-39. 15(1): 11-20. (2007). L. Occurence of sulfated galactans in marine angiosperms: evolutionary implications. Holmer. Athukorala. Biores. REFERÊNCIAS Alencar. Polym. Johnson. 9(6): 575-583. Lee.T. Pesca 3(2).. Fortaleza (CE): Universidade Federal do Ceará. D..J. (1988).. & Mourão. CONCLUSÕES A alga marinha verde Caulerpa sertularioides apresentou um baixo potencial anticoagulante. K. L. Bot. Barrowcliffe.A. a utilização de apenas etanol seria uma forma mais econômica de obtenção desses compostos para avaliação de outras atividades biológicas. Anderson. Desta forma.B. A. Enga. (1976). An anticoagulante polysaccharide from an enzymatic hydrolysate of Ecklonia cava. K. [Monografia de Graduação). W. Aquino. AGRADECIMENTOS Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo apoio financeiro para a realização desta pesquisa.P.. T. Anticoagulant properties of heparin fractionated by affinity chromatography on matrix-bound antithrombin-3 and by gel-filtration. S.. Resear. Vasanthan. Andrade. Glycobiol.. sertularioides resultou em frações com atividade anticoagulante. Kim. No entanto. E. R. Technol. Y... Bird. as metodologias empregadas para precipitação dos polissacarídeos sulfatados resultaram em perfis comparativamente semelhantes. (2005). Carbohyd. A. T. Extração.Rev.R.K. Valente. jul.. 98(9): 1711-1716. Athukorala.C. Y. Jung. Y.W. E. purificação e atividade anticoagulante de polissacarídeos sulfatados da alga marinha parda Lobophora variegata. Throm.K.E. G. & Jeon. Y. P.A.. (2006). Agar production and quality from Gracilaria sp. 59 .S. Mar. & Jeon. & Sims. 66(2): 184-191. strain G-16: effects of environmental factors. (2007).S.O. & Smith. Aquac. Haem. Phytochem. 2008 Cássaro. (1972). Carlucci. Valente. C.. P. & Phongdara. Supamataya. (1977). Ghosh. S. (2000). Scien. F. Biol.S. A new approach for characterization of polysaccharides from algae: Presence of four main acidic polysaccharides in three species of the class Phaeophycea. Biol. Enga.R.. & Ray.R. P. Baton Raton: CRC Press.S. L. A.L. Structure and anticoagulant activity of sulfated galactans. Dubois. M. K. & Fareed. Chem.. Anal. Adhikari. Plan. J. Farias. Dietrich. Chotigeat. (2004).J. F. E.. Bras.F. Doutremepuich.. Jour.. 233(1-4): 23-30. 86(6): 1540-1546.. Silva. 108(2): 143-153.M. Colorimetric method for determination of sugars and related substances. 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Does low molecular weight heparin cause less bleeding?.V. C.. H.J. New York: McGraw-Hill. Rodrigues. N. Pagba. In: Encontro de Iniciação Científica e Tecnológica do Cefet (pp. Bras.J. C. In: Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação do Cefet (pp. Mao. J. Current status and future potentials. (1994). Fortaleza: CD-Room do CONBEP. jul. Extração.A.R. 00-00). fracionamento. Pontes. W.. 00-00). H. (1997). CD-Room do ENICIT. New anticoagulant strategies. In: Congresso Brasileiro de Engenharia de Pesca (pp. Throm. (1997). (1997). Extração. & Qi. Y.P. R.H.R. 2008 Pereira. Sun. 71(3): 428-434. Torres. 1693-1701). Universidade Federal do Ceará. Universidade Federal do Ceará. Haem. (2006). (2002). Thomas. 6. F. Pereira & A. Teixeira.C. J. V.G. Extração. Rhodophyta) [Monografia de Graduação].R. 73±0. estando em conformidade com os parâmetros exigidos.20%).64±1. The raw material and the final product were analyzed microbiologically according to current legislation. protein.3% with moisture content (57.71±0. peixe de água doce.com Recebido em: 7 de novembro de 2007 Resumo .93%) and lipid (2. liquid smoking 63 . já o pescado defumado com aroma de fumaça obteve um maior rendimento (20. Os resultados obtidos comprovam a viabilidade da defumação do Jundiá. Palavras-chave: jundiá.07%) e lipídio (2.62±0. como principal objetivo. ash (3.21%).37%). O pescado defumado tradicionalmente obteve um rendimento de 18. Bras.07%). with moisture content (58. The traditionally smoked fish obtained a yield of 18.32%). proteína (28.62±0. Pesca 3(2). a fresh water’s fish. a qual obteve uma diferença significativa entre os dois métodos de defumação empregados. As formas de defumação abordadas neste trabalho foram: defumação tradicional e defumação líquida. protein (28. * Email: [email protected] objective of the work was to elaborate a smoked fish with Rhamdia quelen (also known as ‘Jundiá’). Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2008 AGREGANDO VALOR AO PESCADO DE ÁGUA DOCE: DEFUMAÇÃO DE FILÉS DE JUNDIÁ (Rhamdia quelen) ADDING VALUE TO FRESHWATER FISH: SMOKING FILLETS OF JUNDIÁ Alex Augusto GONÇALVES1*.25).20%). proteína (31.32%). The results confirm the viability of jundiá smoking process. lipid and ash).91±0. com teores de: umidade (58. abundant in the south of Brazil. protein (31.21%).07%) and lipid (2. defumação líquida Abstract .Rev. ash (3.35±1.3% com teores de umidade (57. Key-words: jundiá. O produto que obteve as melhores notas foi o defumado com fumaça líquida.07%). The smoke types of smoking considered in this work were: traditional smoking and liquid smoking. cinza (3. tomando como referência o Jundiá. Physical-chemical analyses were performed (moisture. Enga. Foi realizada uma análise sensorial de aceitação do produto final.71±0. elaborar um produto defumado a base de peixe.29%). abundante na Região Sul do Brasil.64±1. lipídio e cinza).91±0.58±0.58±0. proteína. Foram realizadas análises físico-químicas (umidade.35±1. A matéria-prima e o produto final foram analisados microbiologicamente de acordo com a legislação vigente.73±0.Este trabalho teve. smoking.94±0. The product that obtained the best grades was the liquid smoking process. jul.94±0. and were in conformed to the required parameters.25%).37%). 2 Engenheira de Alimentos – Universidade do Vale do Rio dos Sinos. which obtained a significant difference between the two smoking process as used. cinza (3. defumação.29%).93%) e lipídio (2. Renata CEZARINI2 1 Instituto de Ciência e Tecnologia de Alimentos. while the liquid smoked fish obtained a higher yield (20. A sensorial analysis of acceptance was made. o pescado de água doce é comercializado predominantemente in natura.. Nas regiões centro-oeste. Souza et al. de excelente palatabilidade. e apenas 10% passam por algum processo de industrialização. 2004. a uma grande variedade de alimentos que tradicionalmente não se defumam. jul. Stołyhwo & Sikorski. Enga... 1993. 1998. Pereira... 1999b. eviscerado e muito pouco na forma de filé ou industrializado. Cardinal et al. Ferreira et al. pois atualmente a sociedade dispõe de pouco tempo ao preparo de refeições (Valenti. outros processos podem ser propostos. 2006). principalmente pela ausência de compostos cancerígenos e pelo mesmo perfil aromático da fumaça tradicional. a exploração e uso do pescado não alcançam os benefícios nutricionais e econômicos que deles se espera. 1998a. Sérot et al. 2004. como a defumação. 2005). 2008 INTRODUÇÃO Em nosso país.. sudeste e sul do país. podendo-se estender por sua grande versatilidade.. 2000. Gonçalves. 1992. que ao conferir características sensoriais ao produto. (2002). 2001. O método de geração de fumaça e do processo de defumação utilizado tem uma grande influência nas características sensoriais do produto final (Horner. 2001. Uma alternativa para dar acesso ao pescado e melhorar os níveis nutricionais da população é propiciar o consumo de produtos curados. Hattula et al. bem como para obtenção de um produto característico por suas qualidades sensoriais sui generis. 2002. A defumação de peixes é empregada com finalidades preservativas. Hattula et al. Entretanto. O âmbito de aplicação das fumaças líquidas é muito amplo. Bras. Souza & Franco (2007) além de o processo de defumação incrementar as características sensoriais do pescado. pode agregar-lhe valor. 2002). 1998).. cujo custo de produção é baixo comparado a outras formas de conservação (Gonçalves & Prentice-Hernández. São necessárias para isso. A defumação de alimentos por meio de aspersão de fumaça (defumação convencional) está sendo substituída cada vez mais pelo emprego do aroma líquido de fumaça (fumaça líquida). 2005). 1999a. Sérot et al. o principal canal de comercialização dos peixes produzidos em cativeiro ainda é os pesqueiros particulares com venda direta ao consumidor (90%). também agrega valor ao produto. No entanto. 2001. propiciando 64 . Oetterer. Ferreira et al. Poli & Pereira (2000) e Ferreira et al. No Brasil segundo Valenti. fresco. 2005. 1998a. investigações quanto à adequação do processo em relação à matéria-prima e à qualidade do produto final (Szenttamásy et al. as perspectivas atuais apontam para um aumento na comercialização de pescado in natura na forma de filé resfriado ou congelado e o aumento no consumo de produtos industrializados.Rev. Segundo Emerenciano. Pesca 3(2). Cardinal et al. Goulas & Kontominas. como os peixes de água doce (Gonçalves & Prentice-Hernández. MATERIAL E MÉTODOS ELABORAÇÃO DO PRODUTO DEFUMADO A matéria-prima utilizada foi o jundiá. utilizando aroma líquido de fumaça fornecido pela ADICON Indústria e Comércio de Aditivos Ltda. além de ser considerada saborosa. compostos de aroma de fumaça (15-22 mg/ml). Enga. Lazzari et al. comercializada na cidade de Porto Alegre. carbonilos (17-22%) e densidade (1. 2006). posta ou tronco limpo. Peixes defumados estão entre os produtos que apresentam maior facilidade no preparo e utilização. sendo os cortes com ou sem pele (Oetterer. é um Siluriforme de hábito alimentar onívoro. SP. os maiores. em filés espalmados e ainda em pedaços ou partes.... jul.. encontrado desde o sul do México até a Argentina. 2002. Rhamdia quelen. Fracalossi et al. RS. Os peixes de porte pequeno normalmente são defumados inteiros eviscerados e.. 2005). A fumaça líquida apresentava as seguintes características físico-químicas: acidez total (ácido acético 14-16%). Pesca 3(2). 65 .12 kg/l). 2006). 2008 maior viabilidade econômica ao produtor. 2002. principalmente no RS (Gomes et al. Carneiro et al. Foram realizados dois tipos de defumação: a tradicional que é feita com a queima da serragem e a defumação líquida. abundante na região sul do país. Rhamdia quelen (Figura 1). 2004. 2004. Souza et al. Bras. Figura 1 . que apresenta uma carne de sabor agradável e bem aceita pelos consumidores..O jundiá. Assim. No Brasil.. 2000.Rev. São Bernardo do Campo. não possuindo espinhas intramusculares (Mezzalira & Fiorese. a partir de um peixe de água doce. Rhamdia quelen. sua criação está mais concentrada nos estados da região sul. O jundiá. Lazzari et al. o objetivo deste trabalho foi elaborar um produto de valor agregado. 1997. pela sua resistência às baixas temperaturas. podendo ser encontrados nos mercados em diversas formas. Souza et al. A idéia para a realização desta pesquisa surgiu da constatação do pouco uso do processo de defumação no que se refere aos peixes de água doce. A escolha da espécie de jundiá (Rhamdia quelen) justifica-se por ser uma espécie com vasta difusão geográfica e que tem despertado grande interesse nos piscicultores da região Sul do Brasil. Um esquema representativo do processamento está demonstrado na Figura 2. 66 .Fluxograma da elaboração de pescado defumado. Bras. Pesca 3(2). 2008 O processo de defumação líquida do jundiá baseou-se na metodologia desenvolvida por Gonçalves (1998). Figura 2 .Rev. Enga. jul. para a defumação tradicional. (1996). Já para o processo de defumação utilizando fumaça líquida. o que permitiu a eliminação do excesso de umidade na superfície do filé e a formação de uma superfície insaturada. de acordo com Machado (1994) e Morais et al. Esse procedimento se repetiu quando a temperatura foi. (2001) e Carneiro et al. uma vez que o paladar fica prejudicado quando há concentração elevada de sal. 67 . Após essa operação lavou-se novamente o peixe. Por fim. elevada para 82°C. foi acionada a circulação de fumaça. Após a defumação os filés foram resfriados em temperatura ambiente. (2004). Os filés espalmados foram imersos em salmoura (20% NaCl) na proporção de 2:1 (salmoura:peixe) durante 15 minutos sob agitação. previamente pesados. com velocidade alternando entre 1. a temperatura da estufa foi elevada para 82°C na qual permaneceu por 2h30 minutos. embalados à vácuo e armazenados sob refrigeração (5°C) até o momento das análises físico-químicas. imersos em salmoura a 3% de NaCl. 1996. sob agitação manual. jul.500 e 3.5 m/s) e submetidos por 45 minutos à pré-secagem sob temperatura de 54°C.Rev. foram conduzidos para a estufa de defumação. de acordo com metodologia descrita por Gonçalves (1998) foi aplicada com a utilização de um borrifador numa concentração de 20% até que toda a superfície dos filés estivesse umedecida. Bras. Os filés foram lavados novamente em água corrente para a retirada do sangue. Em seguida procedeu-se a evisceração e o corte na forma de filés espalmados com pele e novamente pesados. a obtenção de valores referentes ao rendimento dos diversos produtos gerados a partir do processamento mínimo das diferentes espécies de peixe é de grande importância para as empresas. Os filés salgados. com circulação forçada de ar (> 0.. Gonçalves. durante 5 minutos. A temperatura durante essa etapa foi aumentada para 71°C e mantida por mais 45 minutos. o que poderia favorecer uma maior velocidade de difusão da fumaça líquida no músculo do pescado e uma deposição homogênea dos compostos da fumaça (método convencional). Enga. para uma remoção mais efetiva do sangue. CÁLCULO DO RENDIMENTO Segundo Souza. depois da pré-secagem a fumaça líquida (20% v/v). com a finalidade de retirar o excesso de sal que ficou depositado na superfície dos filés. na proporção 1:1. 1998). microbiológicas e sensorial (o qual não ultrapassou 8 horas). 2008 Os exemplares de jundiá inteiros foram lavados em água corrente para a retirada de sujidades que poderiam estar presentes e pesados. Viegas & Kronka (1999). Concluída a secagem.000 trs/min. Pesca 3(2). pesados. formando uma superfície brilhante durante o processo de defumação (Rodrigues & Tobinaga. então. Cardinal et al. seguindo a programação pré-estabelecida pelo fabricante da estufa. ANÁLISE SENSORIAL Para verificar a aceitabilidade e medir o nível de satisfação do consumidor do pescado defumado pelo método tradicional e defumação líquida. lipídio e cinzas) no pescado in natura. ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS De acordo com a resolução da ANVISA – RDC no 12/2001. pois permite o planejamento logístico da produção e os cálculos para a avaliação produtiva da empresa e determinação do preço do produto. utilizou-se o método afetivo mediante escala hedônica de nove pontos (Figura 3). através da análise descritiva de dados (média ± desvio padrão) seguido da análise de variância (ANOVA). (2007). Com o objetivo de comparar os parâmetros microbiológicos da matéria-prima com os do produto defumado. com nível de significância de 95% (p < 0.05). de acordo com metodologia descrita por Silva et al. realizada com funcionários. 68 . professores e alunos da Universidade do Vale do Rio dos Sinos. totalizando 30 painelistas não treinados. O preparo da amostra seguiu o fluxograma mostrado na Figura 4. 2001). Pesca 3(2). e do produto final defumado foram realizadas conforme as normas oficiais do Instituto Adolfo Lutz (1985). Enga. ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS As análises físico-químicas (umidade. TRATAMENTO ESTATÍSTICO DOS RESULTADOS Os resultados da avaliação sensorial. jul. Para esta análise foram utilizados painelistas não treinados. segundo metodologia indicada por Dutcosky (1996). Bras. 2008 O conhecimento da proporção de matéria-prima que será transformada em produto final para a comercialização é de suma importância. iii) Defumação: pela relação entre os pesos dos peixes inteiros e depois de passar pelos processos de defumação líquida ou tradicional.Rev. que variava de gostei muitíssimo (9 pontos) a desgostei muitíssimo (1 ponto). Foram calculados os rendimentos nas seguintes etapas: i) Filetagem: pela relação entre os pesos dos peixes inteiros e seus filés espalmados. físico-química e cálculo dos rendimentos foram analisados estatisticamente. Os painelistas receberam as amostras aquecidas para a degustação. as análises microbiológicas obrigatórias para pescado in natura são: Estafilococos coagulase positiva/g e Salmonella sp/25g (Brasil. proteína. também foi realizada a análise de Coliformes a 45°C/g. ii) Salmouragem: pela relação entre os pesos dos peixes inteiros e depois da salga. Figura 4 . jul. Bras. Pesca 3(2).Rev. Enga. 69 .Ficha de Escala Hedônica. 2008 Avalie cada amostra usando a escala abaixo para descrever o quanto gostou ou desgostou dos produtos 123456789Desgostei Muitíssimo Desgostei Muito Desgostei Regularm ente Desgostei Ligeiram ente Indiferente Gostei Ligeiram ente Gostei Regularm ente Gostei muito Gostei Muitíssimo AMOSTRA A B VALOR Com entários: Figura 3 .Fluxograma do preparo da amostra para análise sensorial. 80 375.64 17. 70 .70 839.40 295.00 211. Isso pode ser causado pelo fato do filetador não ter experiência e/ou destreza nessa operação unitária.02 44.00 Ps 341.20 548. Pesca 3(2).33 Rfd 16.20 382.00 155.83 43.99±4.71 19.30 383.28 49.38 50.30 297.10 683.65% e 46.40 199.60 625.Pesos (kg) e os Rendimentos (%) dos peixes após as etapas do processamento de defumação tradicional.30 38.00 327.44 ± 51. Neste trabalho.81 19. Rf: rendimento dos filés com pele. Peça 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 Média Desvio Pi 796. Pf: peso dos filés espalmados. Rs: Rendimento dos filés salgados.43 47.78 25. 2001).57 39. Ps: peso dos filés salgados.42 22.14 Pf 329.80 95. Na literatura são encontrados dados de rendimento de filé com pele e sem pele (peixes água doce) 56.65 ± 0.10 122. respectivamente.30 130.32 24.83 46.90 130. Enga. jul.28 42.90 113.59 44.50 376.70 823.30 255.80 275.14 Rf 41. Bras.00 289.80 512.74 42.03 Pfd 130. o jundiá apresentou um rendimento geral para filés com pele de 40.40 45. quando relacionado com o peso bruto do peixe (Contreras-Guzmán.10 261.35 20.86 17.41 45.63 41.17%.00 266.43 45.32 ± 0.10 253. ficando abaixo do intervalo citado na literatura.52 46.10 318.00 137. Rfd: rendimento dos filés defumados pelo processo de defumação líquida. Pfd: peso dos filés defumados pelo processo de defumação líquida.14 %.60 626.50 303.Rev.03 Pi: peso do peixe inteiro.70 216.41 43.07 ± 51.30 290.59 44. Souza & Maranhão.90 678.82 40.00 ± 30.52 ± 3.00 259. 1994.27 23.80 183.81 ± 107.10 127.20 718.40 297.90 633.59 43.15 17.79 Rs 42. Tabela 1 . 2008 RESULTADOS E DISCUSSÃO RENDIMENTO DO JUNDIÁ DEFUMADO Os pesos do pescado e os rendimentos obtidos nas diferentes etapas do processamento são mostrados nas Tabelas 1 e 2. 76 35. Isto pôde ser observado por Souza e Marengoni (1998) e Souza e Maranhão (2001).48 44.86 Pfd 108. Bendhack & Ignácio (2004).33 35. a diferença está relacionada com o formato de peixe em relação ao tamanho da cabeça. Mikos. Enga. Rs: Rendimento dos filés salgados.42%.43 ± 2.Rev.90 87.60 596.56 42.06 Rs 37.60 825.70 137.58 21.50 279.00 201. Bendhack & Ignácio (2004) a eficiência na retirada dos filés depende da destreza do manipulador. 2008 Tabela 2 . Rfd: rendimento dos filés defumados pelo processo de defumação líquida.34 43.70 658.47 40.00 293.33 19.93 38.70 202.35 37. Pf: peso dos filés espalmados. os valores para os rendimentos de filés com pele estão um pouco acima dos rendimentos encontrados por Carneiro.86 334.04 41. Mikos.44 Pi: peso do peixe inteiro.00% comparado a outro.54 35.30 246.19 18.30 381.26 41.83%.20 171.50 292. peixes de cabeça grande em relação à sua musculatura apresentam menor rendimento de filés comparados com aqueles que possuem cabeça pequena.10 530.60 280.44 38.00 Pf 273.49 Rf 36. também não podem ser excluídos os fatores ligados ao processo de filetagem quando comparado os dados desse trabalho com os dados da literatura.55 ± 61.20 727.72 Ps 282. jul.80 379.50 288.49 ± 45.88 17.60 206. Pfd: peso dos filés defumados pelo processo de defumação líquida.30 249.48 35.71 37.70 ± 61.89 40. Ribeiro et al. Cabe ressaltar que o rendimento do peixe depende da estrutura anatômica. que relatam que o rendimento de filé da tilápia do Nilo foi de 38. enquanto para o bagre africano foi de 32.88 Rfd 14. Peça 01 02 03 04 05 06 07 08 09 Média Pi 745. Segundo Carneiro.Pesos (kg) e os Rendimentos (%) dos peixes após as etapas do processamento de defumação com fumaça líquida.20 819. pois um operador produziu filés com um rendimento de 30.54%.00 327.66 35. com 33. (1998) analisaram o efeito do peso e a destreza do operador sobre o rendimento de filé em tilápia vermelha e concluíram que houve diferença significativa.00 39.51 15. Bras. ou seja. que deve ser treinado para realizar a tarefa com rapidez e sem perdas. Ps: peso dos filés salgados. 71 .50 198.21 34.75% para filés de jundiá com pele (com peso inicial de 701 a 800g).41 15.50 126. Bendhack (2003) e Carneiro.14 Desvio p.13 ± 3.10 83. Portanto. Rf: rendimento dos filés com pele. Mikos.10 289. De acordo com as Tabelas 1 e 2.00 203.65 21.90 570. que obtiveram um rendimento médio de 34.70 285.70 236.50 941.52 ± 2. ± 145.60 103.40 786.83 21. Pesca 3(2).90 180.84 16.30 134. em função da defumação. Enga.29b *Letras diferentes na mesma linha: diferença significativa (p<0.94 ± 0. é decorrente da desidratação muscular ocorrida. e não há diferença significativa entre o rendimento dos filés in natura e o rendimento dos filés salgados (p = 0.13 ± 0.62 ± 0.41a 2.99% o que corrobora com os rendimentos citados na literatura.06a 14. ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS Os valores encontrados nas análises (físico químicas de umidade. mostrando que o processo praticamente não agregou peso ao produto. lipídeos e cinzas. (2004) essa perda de peso ocorrida. Tabela 3 . e aos encontrados por Gonçalves (1998) para anchova defumada com fumaça líquida (59.93b 2. apenas melhorou o valor sensorial do mesmo. observados nos filés defumados (Tabela 3) em relação ao in natura.23a Jundiá defumado tradicionalmente 57.20b 3. (1996) que encontraram para truta defumada com fumaça líquida.21b 3. 1999b) o aumento 72 .Rev. O acréscimo de proteína. proteínas e lipídeos do pescado in natura diferiram estatisticamente das obtidas no pescado defumado tradicionalmente e do pescado defumado com fumaça líquida. Média ± Desvio Padrão (n=3) ANÁLISE Umidade % Cinzas % Proteínas % Lipídeos % Jundiá in natura 71. Bras. (1996) que é de 65%. jul. proteínas e lipídeos) estão apresentados nas Tabela 3. cinzas.35%. teores de 58.58a 2.07b 31.35 ± 1.64 ± 1. Através da análise estatística observou-se que a umidade. Porém na comparação entre os produtos defumados.91 ± 0.07b 2.73 ± 0.53±0. é provavelmente devido a desidratação ocorrida durante o processo de defumação. No entanto. A média do ganho de peso entre os filés in natura e os filés salgados foi de 2.37b 28.71% ± 0.79%). cinzas.38 ± 0.45).67 ± 0. de acordo com Gonçalves (1998). e segundo Souza et al.55 ± 0.58 ± 0.25b Jundiá defumado com fumaça líquida 58. 2008 Houve uma considerável perda de peso durante os processos de defumação. não houve diferença significativa. sua consistência foi boa visto que foi aprovado sensorialmente (Tabela 5). Já os produtos defumados com fumaça líquida foram semelhantes aos encontrados por Morais et al. que varia de 3-8%. Pesca 3(2). Segundo Gonçalves e Pentice-Hernãndez (1999a.Resultados das análises físico-químicas.05) Os produtos defumados tradicionalmente apresentaram teores de umidade inferiores ao recomendado por Morais et al. no Agar Sulfito de Bismuto (SS).coag. comparados com os limites estabelecidos pela legislação brasileira (BRASIL.coag. 2008 nos teores de cinzas ocorre também devido à incorporação de cloreto de sódio durante a salmouragem. ANÁLISES REALIZADAS Jundiá Coliformes a 45°C/g (NMP/g) < 0. uma vez que o Staphylococcus é geralmente transmitido pelo manipulador principalmente através da saliva e secreções. estão apresentados na Tabela 4. No pescado defumado não foram detectadas 73 . local esse que não deveria estar contaminado. indicando que o peixe foi manuseado corretamente após a captura. jul.Resultados e limites das análises microbiológicas. indicando que o procedimento de limpeza e filetagem no pescado in natura foram feitos de forma adequada. ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS Os resultados das análises microbiológicas. e a sua ausência no pescado defumado demonstrou a adoção de bons procedimentos de higiene no processo como um todo. 2001). Durante o processo de evisceração não ocorreu rompimento das vísceras. positiva/g (UFC/g) < 102 0 0 Salmonella sp em 25g Ausência Ausência Ausência RDC n° 12. positiva/g (UFC/g) 5x102 102 102 Salmonella sp em 25g Ausência Ausência Ausência in natura Defumado tradicionalmente Defumado com fumaça líquida Houve ausência de coliformes. obtidos nos filés de jundiá in natura e nos produtos finais defumados. porém nos testes bioquímicos foram constatadas que as colônias não eram Salmonella. Enga.03 < 0. e também não houve uma contaminação durante a manipulação. ANVISA. qualificando-o como apto para o consumo e posterior processamento.Rev. 10-2e 10-3. Tabela 4 . o que impediu a migração dos coliformes do intestino para o músculo do peixe. Bras. Já na análise realizada para a detectação de Salmonella foram detectadas colônias típicas no pescado in natura. 2001 Coliformes a 45°C/g (NMP/g) 10 10 Estaf.03 < 0. no teste presuntivo de coliformes totais não houve formação de gás no caldo Lauril Sulfato Triptose (LST) nas diluições 10-1.03 Estaf. e que foram adotadas medidas eficazes de higiene durante o processo de limpeza e filetagem. Pesca 3(2). Na análise de Staphylococcus não foram constatadas colônias típicas em placa de Agar Baird Parker (BP). Desgostei regularmente 4 . foram aceitas conforme já verificado por Gonçalves (1998) e Gonçalves & Prentice-Hernández (1999a).Gostei ligeiramente 7 .Desgostei ligeiramente 5 .Gostei regularmente 8 . mostrando ainda.83 ± 0. segundo Gonçalves & PrenticeHernández (1998a) e Basti et al.Indiferente 6 .Desgostei muitíssimo 2 . no teste de aceitação. processo de salga. e deposição de substâncias fenólicas antimicrobianas e antioxidantes.Desgostei muito 3 . Pesca 3(2). entre o conceito “indiferente” e “gostei ligeiramente”. Notas 1 .46 (Tabela 6) o que corresponde.Gostei muitíssimo Filé defumado tradicionalmente Freqüência (%) 0 3 3 3 27 30 17 17 0 Filé defumado com fumaça líquida Freqüência (%) 0 0 0 0 3 3 20 54 20 Os resultados obtidos. Esses resultados corroboram com dados encontrados para truta defumada (Leoni & Moriggi. estando mais próxima do conceito “gostei ligeiramente”. 1996) e anchova defumada (Gonçalves. possui uma média de 7.91 podendo ser atribuído o conceito entre “gostei regularmente” e “gostei muito”. reforçando assim à aceitabilidade do pescado defumado. Bras. Tabela 5 . que as amostras. O jundiá defumado com fumaça líquida. que corresponde ao conceito indiferente. verificados através da distribuição das pontuações (Tabela 5) mostraram que ambas as amostras foram aceitas pelos painelistas. O efeito preservativo da defumação é mencionado. O pescado defumado tradicionalmente obteve uma média de 5. independente do processo de defumação.Distribuição das freqüências das notas atribuídas pelos painelistas. associado aos procedimentos de higiene durante todo processo podem ter contribuído para os baixos índices microbiológicos (inferiores ao permitido pela legislação).Gostei muito 9 . quanto ao sabor e odor. 1998). (2006) como sendo devido a combinação dos seguintes fatores: secagem da supefície. Os resultados microbiológicos atestam que alguns desses fatores.Rev. Enga. jul. 74 . visto que a distribuição das notas encontra-se acima da nota 5. ANÁLISE SENSORIAL Biato (2005) demonstrou que os provadores preferiram as tilápias defumadas à in natura.93 ± 1. 2008 colônias típicas no Agar SS. . A. Misaghi. sendo que o jundiá defumado com fumaça líquida obteve melhor aceitação. Food Control.91 * Diferença significativa se p < 0. O balanço de massa executado ao longo do processo mostrou que um rendimento em torno de 40% até chegar ao produto final defumado. jul.Média ± desvio padrão das notas atribuídas na análise sensorial (n = 30). Enga. Z. (2006). No entanto. A.46 Probabilidade* 0. 75 . no que se refere à aceitação dos produtos elaborados. apresentou uma boa aceitação na análise sensorial. (2006). A aplicação por aspersão de fumaça líquida na concentração de 20% (v/v). pois não encontraram diferença significativa entre filés de trutas defumadas tradicionalmente e com fumaça líquida. utilizando as técnicas de defumação tradicional e líquida. T. Estes valores estão bem próximos aos encontrados por Gonçalves (1998).. Bacterial pathogens in fresh smoked and salted Iranian fish. sobre os filés de jundiá. A baixa carga microbiana no produto final mostrou boa higiene durante o processamento. Bras.Rev. Morais et al (1996) encontrou em seus estudos que a qualidade sensorial da truta defumada com fumaça líquida foi melhor do que com a defumação tradicional. REFERÊNCIAS Basti.05). Verificou-se que é possível agregar valor ao jundiá. mostrando a viabilidade do uso da fumaça líquida. Essa diferença pode estar relacionada ao tipo e a concentração de fumaça líquida utilizada. & Kamkar. A.00000016198 7. (2001).93 ± 1. por causa da sua desejável propriedade sensorial e alto valor nutritivo. CONCLUSÕES Peixes defumados podem constituir uma parte importante e significativa da dieta humana. Pesca 3(2). 17: 183-188. Notas Filé defumado tradicionalmente Filé defumado com fumaça líquida Média ± desvio padrão 5. A. Salehi. 2008 Tabela 6 . o mesmo não ocorreu nos estudos de Hattula et al. em suas conclusões. conforme comentam.83 ± 0. indicando uma qualidade microbiológica aceitável. (2004) e Cardinal et al. Sérot et al.05 A análise estatística demonstrou que houve diferença significativa (p < 0. 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Ceará State.1.1 mg L-1 de PS atestou um melhor quadro aparente de saúde após a indução de uma situação adversa de estresse.05). Litopenaeus vannamei.5 e 1. As administrações foram realizadas após cada troca de água. Several immunostimulants have been studied in the world and the sulfated polysaccharides (SP) from seaweeds can reduce the impact of stress in aquatic organism’s intensive culture. The administrations were done after each exchange of water. Valeska Martins TORRES. 0. pois podem minimizar o impacto do estresse nos cultivos intensivos de organismos aquáticos. 0. 80 . and the tracking of physico-chemical parameters intensified during stress. Abstract .O desenvolvimento de estratégias profiláticas é essencial para o controle de doenças infecciosas e outros fatores de risco na aqüicultura. no mundo. o diagnóstico dos animais que receberam 0.The development of prophylactic strategies is essential for the infectious disease control and other factors of risk in aquaculture.Solieria filiformis.1 mg L-1 of PS demonstrated a better heath state after being induced to an adverse stress situation.br Recebido em: 26 de outubro de 2007 Resumo . Paula Cristina Walger de Camargo LIMA. José de Sousa Junior JÚNIOR.0 mg L-1) e três repetições. Grazielle da Costa PONTES.0.com. 0. 0. Daily. jul. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com quatro tratamentos (0. a partir de algas marinhas coletadas na Praia do Pacheco/CE. submetidas durante seis dias à estresse com a suspensão da renovação de água do cultivo. 2008 AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DA IMERSÃO DE PÓS-LARVAS DO CAMARÃO Litopenaeus vannamei EM ÁGUAS DE CULTIVO COM POLISSACARÍDEOS SULFATADOS EVALUATION OF EFFECTS OF THE IMMERSION OF SHRIMP POST-LARVAE Litopenaeus vannamei IN WATERS OF CULTURE WITH SULFATED POLYSACCHARIDES José Ariévilo Gurgel RODRIGUES*. the initial 12 days’ period the baths of immersion in the post-larvae and then submitted for 6 days to stress with suspension of renewal of water of the culture.Rev.05). Muitos imunoestimulantes têm sido estudados. SP were extracted by the enzymatic digestion of marine alga collected in Praia do Pacheco. Perla Lorena MOREIRA. Enga. Pesca 3(2).1. Key words . Palavras-chave: Solieria filiformis.0 mg L-1) and three replications. Jullyermes Araújo LOURENÇO. Os PS foram extraídos utilizando-se digestão enzimática. the animals that received 0.5 and 1. Por outro lado. It was found that the immersions of post-larvae in the water for cultivation with PS had no effect on weight gain and survival rate (p > 0. Laboratório de Aqüicultura. Diariamente. Litopenaeus vannamei. The aim of this work was to evaluate the effect of the addition of different doses of SP extracted from the marine red alga Solieria filiformis in shrimp post-larvae (Litopenaeus vannamei) submitted to stress conditions. sulfated polysaccharides. polissacarídeos sulfatados. Wladimir Ronald Lobo FARIAS Departamento de Engenharia de Pesca. Universidade Federal do Ceará *Email: arieviloengpesca@yahoo. Desta forma objetivou-se avaliar o efeito da adição de diferentes doses de PS extraídos da alga marinha vermelha Solieria filiformis em pós-larvas do camarão Litopenaeus vannamei submetidas a estresse. Bras. The experimental design was completely randomized to 4 treatments (0. estresse. posteriormente. stress. Diego Silva MELO.0. On the another hand. vannamei proporcionou um aumento da capacidade oxidativa dos hemócitos nos animais. A aqüicultura intensiva em muitos países vem provocando modificações na estrutura da fauna e flora dos ecossistemas costeiros (Phillips. Penaeus monodon e Litopenaeus vannamei. Pesca 3(2). o uso de antibióticos coloca em risco o equilíbrio ambiental e a qualidade do produto ao consumidor (Cook. desinfecção e vacinas contra doenças específicas. 2004). & Murugan. 2006). os quais promovem a ativação das células de defesas do sistema inato contra doenças infecciosas (Sakai. 2005. 2003). Farias. os PS de algas marinhas também são conhecidos por possuir outras atividades biológicas. Atsuta & Kobayashi. (2006) 81 .. Sivaram. Citarasu. 1992. 2007). o cultivo intensivo de L. é extremamente importantes para rejuvenescer o setor desgastado por crises econômicas decorrentes do surgimento de enfermidades. algas (micro e macroalgas) etc. as quais correspondem a 70% do volume ofertado. tais como antiviral. Hou. Hutchinson. Vários compostos imunoestimulantes têm sido amplamente estudados. anticoagulante e antitrombótica (Hayashi. os polissacarídeos sulfatados (PS) extraídos de algas marinhas apresentam propriedades imunoestimulantes em peixes e camarões (Farias et al. têm sido avaliados quanto aos seus efeitos imunoestimulantes em organismos aquáticos em diversas fases de desenvolvimento (Bricknell & Dalmo. Nowak & Hayball. além de favorecer o surgimento de doenças infecciosas nos cultivos (Vadstein. 1997). Li & Chen. Hayball. Azad et al. Montero-Rocha.. no Nordeste brasileiro (BRASIL. De Philippis & Ascencio (2002). plantas. Costa et al. Fu. Diversos compostos derivados de animais. Lin & Beveridge. jul. tais como o uso de antibióticos. Mcintosh. 2005). Nazareth & Mourão. Sánchez-Merino & Flores. Yeh. 1996. 2001). Bras. melhorando o estado de saúde dos animais durante eventos que promovam estresse (Bricknell & Dalmo. Kamiya. principalmente. Hernández-Saavedra. Além do efeito imunoestimulante. fungos. 2005). Por outro lado. as quais fragilizam a atividade no mundo. Ishii. Litopenaeus vannamei. reportando que a imersão de PS extraídos de uma microalga cianofícea em juvenis do camarão branco L. Dentre eles. 1993).. No Brasil.Rev. Hayashi & Kojima. Immanuel. A busca por novas ferramentas sustentáveis para o cultivo do camarão marinho. 2001). tornando o País uma referência no Hemisfério Sul (Rocha & Rodrigues. 2006. vannamei também demonstrou viabilidade comercial. Rout. o que frequentemente recorre-se a estratégias de controle microbiano. 2008 INTRODUÇÃO O mercado internacional do camarão é regido pelo cultivo de duas espécies. O primeiro relato de atividade imunoestimulante oriunda de uma alga foi descrita por Campa-Córdova. o que também tem despertado grande interesse nas ciências médicas. 2004. Enga. centrifugado (8000 × g.0 mg L-1 na água de cultivo dos camarões. Uma melhoria na taxa de sobrevivência também foi obtida quando os PS da alga marinha vermelha Halymenia pseudofloresia foram administrados na água de cultivo de camarões adultos da mesma espécie (Rodrigues.5 e 1. Inicialmente. Após esse período. Enga. Sampaio & Farias. o material foi novamente centrifugado e submetido a duas lavagens com 200 mL de etanol a 80% e uma com 150 mL de etanol absoluto. MATERIAL E MÉTODOS COLETA E EXTRAÇÃO DOS POLISSACARÍDEOS SULFATADOS DA ALGA MARINHA A coleta da alga marinha vermelha S. gerada pela suspensão da renovação de água. 25 min. PREPARAÇÃO DAS SOLUÇÕES DE IMERSÃO Diferentes doses de PS foram preparadas a fim de se obter concentrações finais de 0. com o objetivo de avaliar a resistência e o estado comportamental das pós-larvas mediante administração de diferentes doses de PS obtidos a partir da alga marinha vermelha S. 2006).. A extração dos PS iniciou-se a partir 2 g de alga seca e triturada com 100 mL de tampão acetato de sódio 0. 0. 4 ºC) e. Rodrigues. vannamei quando os PS foram incorporados à ração. pós-larvas de camarões marinhos L. jul. vannamei foram induzidas a uma condição desfavorável de cultivo.Rev. Pesca 3(2).0 (controle).0) contendo cisteína 5 mM e EDTA 5 mM. para a sustentabilidade da carcinicultura marinha e direcionar esforços para o estabelecimento de estratégias de controle de doenças advindas da intensificação da atividade. Bras. 2007). ao sobrenadante. o material foi filtrado.1 M (pH 5. Logo após a precipitação. Rhodophyta) foi realizada na Praia do Pacheco-Ceará-Brasil. o qual foi obtido rendimento de 504 mg. 24 h) para obtenção do extrato bruto total. os PS foram 82 . também foi observada uma redução significativa da mortalidade (Barroso. De forma a contribuir com o desenvolvimento de pesquisas chaves. os PS foram secos em estufa (60 °C. filiformis (Solieriaceae. 0. sendo a mistura incubada em banho-maria (60 °C. Quando esses PS de B.1. vannamei. Torres. foram adicionados 7 mL de uma solução de papaína bruta (30 mg mL-1). Em seguida. foram adicionados três volumes de etanol absoluto para precipitação dos PS presentes na mistura por 48 horas em freezer. 24 h). occidentalis foram imersos na água de cultivo de póslarvas de L. Após essa etapa. filiformis. 2008 observaram que as algas marinhas vermelhas Botryocladia accidentalis e Solieria filiformis preveniram o impacto do vírus da mancha branca no camarão L. a qual foi conduzida ao Laboratório de Bioquímica Marinha do Departamento de Engenharia de Pesca da Universidade Federal do Ceará (DEP/UFC) para limpeza e estocagem a -20 °C. Rev. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL E ANÁLISE ESTATÍSTICA O experimento foi realizado no Laboratório de Aqüicultura (DEP/UFC) e seguiu um delineamento inteiramente casualizado constando de quatro tratamentos com três repetições cada. pela manhã. o pH. Pesca 3(2). T3 . observou-se uma melhoria na taxa tanto durante a 83 .5 e T4 . sempre após a renovação de água. as referidas soluções foram adicionadas (dose dia-1). em seguida. aclimatadas em água doce e com peso médio inicial de 0. 2008 dissolvidos em um pequeno volume de água destilada e.1. sendo o controle sem a adição do PS (T1). Contudo. o sistema de aeração foi desligado por 1 hora. Durante esse período as trocas parciais de água foram suspensas. Os dados de sobrevivência foram registrados pela diferença entre o antes e depois da indução do estresse dos animais. Durante cada alimentação. As pós-larvas foram aclimatadas por 30 minutos em uma caixa d’água de 500 L e. RESULTADOS SOBREVIVÊNCIA Ao submeter pós-larvas do L. Semanalmente. O experimento teve duração de 18 dias. Enga. sendo adotado um nível de significância de 5% para ambos os testes. Após a estocagem.05). Durante o período de aclimatação. por sifonamento.0. e os três tratamentos contendo PS (T2 . AQUISIÇÃO E ESTOCAGEM DAS PÓS-LARVAS EM LABORATÓRIO Aproximadamente 1000 exemplares de pós-larvas com 40 dias (PL40) de L. em decorrência de um descontrole do fornecimento de ar ao sistema em duas das repetições (Figura 1). a menor sobrevivência observada foi no T3. onde também foram retirados restos de ração e dejetos dos animais. jul.0 mg L-1). utilizando ração com 40% de proteína bruta. em seguida. Bras.vannamei a administração dos PS na água de cultivo não foi observado diferença significativa (p > 0. respectivamente. Já o ganho de peso foi analisado em ANOVA unifatorial. sendo 12 dias de administração dos PS e 6 de indução ao estresse. sendo então realizada em dias alternados.103 ± 0. No tratamento T2.0. durante a fase de estresse. a freqüência do monitoramento foi intensificada. até a saciedade. vannamei. os animais permaneceram sob observação durante uma semana para que se recuperassem do estresse causado pelo transporte. o experimento foi conduzido com renovação de 25% da água de cada aquário. estocadas aleatoriamente em aquários contendo 15 L de volume útil (5 PL L-1). a temperatura e o oxigênio dissolvido da água foram monitorados. O manejo alimentar ficou restrito a três refeições diárias. sendo submetidos à análise de variância ANOVA bifatorial.1. durante os seis dias de estresse.016 g foram obtidas de uma fazenda de carcinicultura do Ceará. Todavia. 029a a GPP (g) 0. ao final do experimento.0.Biomassa final viva e ganho de peso das pós-larvas de Litopenaeus vannamei. foram 0.1 mg L-1 T3 .044 g (T4).435 11.088 ± 0.437 ± 2.172 ± 1. No tratamento T3.0.0.625a 2.074 ± 0. por tratamento.5 mg/L T4 . mas não diferiu entre os tratamentos T1 e T4. T1 .093 ± 0. rb: redução de biomassa.002a 0.196 ± 0.202 ± 0. 0.883 ± 2.034 (T2).Controle T2 .1. sobreviveram poucos animais em apenas uma das repetições.976a 8. Tabela 1 .Controle T2 . 84 .0 mg/L BIOMASSA FINAL VIVA E GANHO DE PESO O tratamento com 0.873 ± 4.126 (T3) e 0.05).1. 0. Os pesos médios finais. 100 Sobrevivência (%) 80 60 40 20 0 Administração dos PS Estresse Eventos do período de cultivo Figura 1 .0 mg L-1 Biomassa final (g) 9.044a Letras iguais indicam ausência de diferenças significativas entre as médias. mas não diferiu significativamente entre os tratamentos (p > 0.Sobrevivência das pós-larvas de Litopenaeus vannamei quando submetidas às administrações de polissacarídeos sulfatados (PS). os quais também não diferiram. por tratamento. jul.036a rb 0.1 mg/L T3 .1 mg L-1 de PS apresentou a maior biomassa final viva ao término do estresse induzido.099 ± 0.191 ± 0. Tratamentos T1 . 2008 administração dos PS como após o período de indução de estresse nos animais. Pesca 3(2). respectivamente. contribuindo assim para os menores valores de biomassa final viva.002 (T1). (Tabela 1). GPP: ganho de peso do período. Bras.0.Rev. Enga.5 mg L-1 T4 . durante o estresse. Alguns eventos têm sido relatados como efeitos adicionais a imunoestimulação. Itami et al. A utilização por via oral apresentou um melhor efeito após duas semanas de administração. filiformis. vannamei. a temperatura ficou em torno de 28. foi possível avaliar o estado de saúde dos camarões quando tratados com 0. (1998) relataram que a administração oral do β-glucano (polissacarídeos não-sulfatado) aumentou a sobrevivência. Hernández-Saavedra. HouYeh.13 ± 0. indicando um comportamento de estresse. 2002).24 °C (média ± DP). Enga. 2002) relataram que o incremento de 10% do extrato da alga marinha parda Macrocystis pyrifera na dieta de camarões L. jul. o pH foi de 7. neste trabalho. ocasionou uma alteração significativa do comportamento dos animais. vannamei resultou em uma maior biomassa final. vannamei quando foram expostos a bactéria Vibrio alginolyticus.1 mg L-1 de PS. A administração dos PS de S. Pesca 3(2). imersão e injeção) de PS da alga marinha vermelha Gelidium amansii sendo observado um aumento da habilidade imune e resistência em camarões L. Porém. 85 . 2008 PARÂMETROS FISICO-QUÍMICOS Durante o experimento.35 e o oxigênio dissolvido atingiu valores de 3. mesmo quando submetidos ao estresse. Bras.50 mg L-1. O aumento da turbidez durante a suspensão da renovação da água de cultivo proporcionou uma maior rejeição do alimento ofertado aos animais dos tratamentos T1 e T3 durante o experimento. Banhos de imersão em camarões L. (2006) observou que a administração diária de 1. sendo observado uma maior atividade natatória e uma maior aptidão alimentar. o aumento da turbidez da água de cultivo. (Rivera et al. Segundo Fu.0 mg L-1 dos PS da alga marinha vermelha H.Rev. não surtiu efeitos significativos na taxa de sobrevivência e/ou no ganho de peso dos animais. a taxa de crescimento e a atividade fagocitária em camarões Penaeus japonicus.04 ± 0. vannamei com PS extraídos de uma microalga cianofícea resultaram na melhoria de alguns parâmetros imunológicos. Todas as variáveis mantiveram-se dentro dos valores recomendados para o cultivo do camarão marinho L.. DISCUSSÃO Nos trabalhos envolvendo imunoestimulantes são relatados que os efeitos negativos do estresse em camarões e peixes em diversas fases de desenvolvimento podem ser minimizados mediante diferentes formas de administração. tais como a atividade da enzima superóxido dismutase e a geração do ânion superóxido (Campa-Córdova. Os animais do tratamento T2 não demonstraram estímulos promovidos pelo estresse durante o experimento. De Philippis & Ascencio. Rodrigues. Li & Chen (2007) ao estudarem diferentes vias de administração (oral. Por outro lado.25 ± 0. vannamei relatam que o polissacarídeo foi degradado na glândula digestiva por βglucanases para produzir energia após 40 dias de administração.. 2000. que agridem o sistema imune em camarões (Alday-Sanz.Rev. Lopez et al (2003) ao estudarem β-glucanos na dieta de juvenis do camarão L. Malina. 1995. não existem relatos da ocorrência desses eventos com PS de algas marinhas. Além disso. Farias et al. E. baço e no rim. Entretanto. tais como no transporte e no ciclo reprodutivo dos animais aquáticos (Bricknell & Dalmo. Kato & Sakai. 2007). Bras. permitindo o direcionamento de outras proteínas para o crescimento. 2008 pseudofloresia promoveu um comportamento mais ativo. (2004) observaram que pequenas doses de PS da alga marinha vermelha Botryocladia occidentalis aumentaram a taxa de sobrevivência durante a reversão sexual da tilápia do Nilo Oreochromis niloticus. 86 . & Bejerano. aumento da freqüência de mudas e maior apetite alimentar em camarões adultos de L. destroem. São reportadas em algumas pesquisas que o estabelecimento de uma dose ótima de um imunoestimulante é extremamente importante para se obter uma resposta efetiva e alguns relatos (Boonyaratpalin. 2005). A utilização de doses mais elevadas pode causar imunosupressão em peixes (Sakai. Uma forma de avaliar o estado de saúde de peixes é o diagnóstico dos tecidos hematopoéticos pela presença de centros de melanomacrófagos ou agregados de macrófagos no fígado. Esses centros possuem função imunológica como respostas humoral e inflamatória e ainda estocam. jul. ocasionadas pelo estresse. ou detoxificam substâncias exógenas e endógenas. Aumento da atividade fagocítica e a produção de ânion superóxido foram estimulados pela administração da microalga Spirulina platensis incorporada na dieta da carpa comum Cyprinus carpio (Watanuki.. Farias et al. Segundo Tavares-Dias & Moraes (2004) os autores relatam que a análise dos padrões sanguíneos são subsídios importantes no diagnóstico e prognóstico de condições mórbidas em populações. Bogin. 1996. 2005). essas avaliações podem ser estratégias para a descoberta de doses intermédiárias que direcione administrações específicas durante eventos que promovam estresse. Boonyaratpalin. Porém. Supamattaya & Yoride. Pesca 3(2). Ota. Tassakka. 2001). 2006). 1999) e deformidades durante a pré-muda em crustáceos (Cenaim. 2004) têm demonstrado que doses baixas surtem um melhor efeito do que doses mais elevadas. vannamei. sendo a melhor alternativa durante o monitoramento de doenças infeciosas. neste último caso. Park & Jeong. Belotsky. Avidar. Tinman. esses polissacarídeos reduziram significativamente a taxa de mortalidade quando os animais foram submetidos a condições adversas de estresse. Os imunoestimulantes são considerados como as melhores ferramentas na indução do crescimento e sobrevivência em camarões (Azad et al. Enga. não resultou no aumento da taxa de sobrevivência e ganho de peso dos animais (p > 0. filiformis) no L. 1996. O manejo adequado dos recursos naturais é de extrema importância para o equilíbrio ambiental e a sustentabilidade da atividade na geração de proteína animal para a população. na forma de farinha de algas. extraídos da alga marinha vermelha Solieria filiformis. Farias et al. recomenda-se a utilização desses compostos mediante outras diferentes vias de administração e com um período maior de aplicação em diferentes fases de desenvolvimento do L.Rev. vannamei talvez habilite o sistema imune a promover resistência dos animais quando expostos as situações de estresse. a produção de algas na própria fazenda de camarão marinho poderia ser mais uma alternativa na suplementação na dieta dos animais. A complexidade e a heterogeneidade dos PS são justificadas em razão das diferentes possibilidades de ligações entre monossacarídeos e a distribuição de grupamentos sulfato. CONCLUSÃO A adição diária dos polissacarídeos sulfatados. Mourão & Pereira. Andrade. Desta forma. No entanto. contribuindo de maneira significativa na melhoria da qualidade de água dos efluentes e reduzindo as chances de doenças nos cultivos de organismos aquáticos de interesse comercial (Neori et al. AGRADECIMENTOS O presente trabalho contou com o apoio financeiro do MCT/PADCT/CNPq. contribuindo também com a redução dos custos de produção e o extrativismo a partir dos bancos naturais. 1999. 2000).. Calvacante-Júnior. na água de cultivo de camarões L. na maioria dos casos. jul. Bezerra. 1967. mediante a associação de cultivos de algas e ostras. vannamei. Enga.05). A utilização de diferentes estratégias de administração desses compostos (S. vannamei. 2008 Os resultados obtidos neste estudo demonstram que as diferentes doses de PS de S. A realização de novos estudos com diferentes administrações dos PS da alga marinha vermelha S. vannamei. Gurjão & Farias. A aqüicultura integrada tem ganhado destaque nos últimos anos. filiformis são recomendados a fim de avaliar seus efeitos no estresse de pós-larvas do camarão marinho L. Desta forma. Pesca 3(2). cada espécie de alga pode possuir conformação estrutural única e que resulta em diferentes requisitos para a ação biológica que são. 87 . Bras. 2005). filiformis utilizadas não promoveram melhoria no desempenho zootécnico do animal. Além disso. difíceis de elucidar (Percival & Macdoweell.. a administração de pequenas quantidades do composto promoveu uma melhoria no quadro aparente de saúde dos animais quando expostos a uma situação adversa de estresse. Rev. Bras. Enga. Pesca 3(2), jul. 2008 REFERÊNCIAS Alday-Sanz, V. (2007). Why shrimp cannot be vaccinated?. Global Aquaculture Advocate. 10(1): 84. Azad, I.S., Panigrahi, A., Gopal, C., Paulpandi, S., Mahima, C. & Ravichandran, P. (2005). Routes of immunostimulation vis-a-vis survival and growth of Penaeus monodon postlarvae. Aquaculture.248(1): 227-234. Barroso, F.E.C., Rodrigues, J.A.G., Torres, V.M., Sampaio, A.H. & Farias, W.R.L. (2007). Efeito do polissacarídeo sulfatado extraído da alga marinha vermelha Botryocladia occidentalis nas póslarvas do camarão Litopenaeus vannamei. Rev. Ciên. Agron. 38(1): 58-63. Bricknell, I & Dalmo, R.A., 2005. 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Fortaleza (CE): Universidade Federal do Ceará. niloticus). O. Watanuki.R. M.A.C. Malina. & Kobayashi. (2000). Immunostimulant effects of dietary Spirulina platensis on carp. Sakai. Tassakka. A. (1997). Ishii. J. Tinman. SANTOS. e o grupo 5B (fotoperíodo/temperatura ambiente).20E/temperatura ambiente) e o grupo 3C: temperatura/fotoperíodo ambiente. Conclui-se que fotoperíodo longo e temperatura elevada aceleram o crescimento dos girinos da rã-touro e que os efeitos desses fatores ecológicos podem variar de acordo com o tamanho do animal.20D/natural temperature). O peso e o comprimento dos girinos foram mensurados quinzenalmente. Carmem L. MELO. G-4B (20L. A segunda etapa foi constituída de cinco grupos: grupo 1B (20L. and divided in the following experimental groups: The first phase was consisted of two groups: G-1A ((20L. grupo 3B (fotoperíodo/temperatura ambiente).4D/natural temperature). Os grupos 1B a 3B foram conduzidos no LAFAq e os grupos 4B e 5B no ranário Pan Caruru. em três etapas investigativas. The experiments were carried out at the Physioecology of the Aquatic Animals Laboratory/UFRPE and at the Pan Caruru frogfarm.ufrpe. desenvolvimento.O presente trabalho teve como objetivo investigar os efeitos do fotoperíodo e temperatura no crescimento de girinos de Rana catesbeiana. e alimentados três vezes ao dia com uma ração contendo 45 % de proteína bruta. Bras.br Recebido em: 12 de fevereiro de 2008 Resumo . quando registravam-se também os estádios metamórficos. todos no estádio metamórfico G1.4E/temperatura ambiente).20D. grupo 4B (20L. natural temperature) and G-3C: (natural photoperiod/ temperature. development. Pesca 3(2). G-2B (4L. Universidade Federal Rural de Pernambuco E-mail: ajgs@depaq. metamorphose 92 . Foram utilizados 734 girinos.Rev. G-3B (natural photoperiod/ temperature). The 1B to 3B experimental groups were conducted inside the laboratory. while the groups B4 and B5 were carried out at the Pan Caruru commercial frogfarm. G-2A (natural photoperiod and temperature).This work aimed to investigate the effects of photoperiod and temperature on the growing of bullfrog Rana catesbeiana tadpoles. sendo este último conduzido no ranário comercial. bodylength and metamorphic changes were registered every fifteen days. G. In all groups.4D/natural temperature). G-2C (4L. 2008 EFEITO DO FOTOPERÍODO E TEMPERATURA NO CRESCIMENTO DE GIRINOS DA RÃ-TOURO GIGANTE. The second phase was consisted of five groups: G-1B ((20L. Bodyweight. the tadpoles were kept at a density of 1 ind/2 L of water. A total of 734 tadpoles (all of them in metamorphic stage G1) were used in this investigation. Key-words: Rana catesbeiana. grupo 2A (fotoperíodo/temperatura ambiente). Palavras-chaves: Rana catesbeiana. EFFECTS OF THE LIGHT AND TEMPERATURE IN THE GROWING OF BULLFROG Athiê J. Enga. fatores ecológicos. jul. metamorfose Abstract . at the Pan Caruru frogfarm). de MACÊDO Departamento de Aqüicultura e Pesca. 2C (4L. It could be concluded that long photoperiod and high temperature enhance the growing in bullfrog tadpoles and that these ecological factors effects also can vary according to the animal size.4E/temperatura ambiente).20E/temperatura ambiente). Os girinos foram mantidos numa densidade de 1 girino/2L d’água. e divididos nos seguintes grupos: experimentais: A Primeira etapa constou de dois grupos: grupo 1A (20Luz. grupo 2B (4L.4D/30°C). G-5B (natural photoperiod/temperature). Patricia B. ecological factors. The third phase was consisted of three groups: G-1C (20L. A terceira etapa constituiu-se de três grupos: grupo 1C (20L. in three investigative phases. Os experimentos foram realizados no Laboratório de Fisioecologia de Animais Aquáticos/UFRPE e no ranário Pan Caruru. and fed daily with 45% gross protein.4D/natural temperature).4E/ temperatura ambiente).4Escuro/ 30° C). jul. o presente trabalho 93 . 1992). Pesca 3(2). podendo chegar a níveis letais de desidratação. possui mecanismos de marcação do tempo que são capazes de perceber modificações fotoperiódicas à medida que as estações do ano se sucedem. 1988). Reporta-se também que em laboratório. a rã ajusta seu estado fisiológico a diferentes condições de luz (Easley et al.. contando hoje com aproximadamente 500 ranários e 15 uidades de abate e beneficiamento (Ferreira. 1977. os países importadores de rãs priorizaram o consumo de rã produzida em criatórios comerciais. Em condições artificiais. Pesquisas recentes apontam para um potencial de demanda ainda maior para a carne de rã e seus derivados. Bras. A rã. sobretudo quanto aos aspectos reprodutivos (Fontanello et al. Rana catesbeiana Shaw. principalmente por aqueles consumidores que buscam substitutos da carne vermelha. Com a crescente preocupação mundial em relação à caça de animais silvestres para consumo.1987. 2003b). alguns entraves ainda são detectados para atingir o seu pleno desenvolvimento. assim como a maioria dos animais. as rãs reduzem a taxa de evaporação através da pele e sofrem mais estresse térmico. Wollmuth et al. apesar do expressivo crescimento dessa atividade no país.Rev. também são fatores que suprimem o desenvolvimento da ranicultura no país. Reporta-se que o mercado que é capaz de absorver quase três vezes a produção nacional. os girinos preferem determinado gradiente de temperatura e essa preferência pode mudar de acordo com uma prévia adaptação (Hutchinson e Hill. há uma interdependência entre os mecanismos de termorregulação e a umidade do ambiente. Temperatura e fotoperíodo são fatores abióticos que influenciam o ciclo de vida em Rana catesbeiana. falta de uma política agressiva de fomento à atividade e de mecanismos de transferência de tecnologias (Lima & Agostinho.. Para O’connor e Tracy. Considerando a importância de fatores ambientais sobre o crescimento da rã touro gigante. citados por Warkentin. Enga. O Brasil. Entretanto. Assincronismo metamórfico dos girinos aos níveis ideais de temperatura e de luz e instalações inadequadas que suprimem o crescimento das rãs em algumas estações do ano. Em ambiente seco. (Figueirêdo & Mangialardo. 1992). 1984). pode se tornar um dos maiores produtores mundiais nesse segmento. 1979). 2008 INTRODUÇÃO A ranicultura é uma atividade em crescimento no Brasil.. (1992). 1802 e a escassez de informações sobre esse assunto. 2003a). É assim que a sua metamorfose e dormência se adequam às modificações do meio externo. destacam-se a escassa divulgação sobre o valor nutricional da carne da rã. um dos pioneiros na criação de rãs em cativeiro e detentor de tecnologia de produção avançada. preço elevado no mercado (Ferreira. Dentre outros. Pesca 3(2). Todos os girinos foram obtidos no ranário Pan Caruru. criadas em laboratório e em condições de campo. enquanto que a temperatura foi controlada por meio de um termostato. Nessa etapa. foram utilizados 80 girinos. As biometrias foram quinzenais e objetivaram registrar o crescimento em ganho de peso e comprimento. o fotoperíodo foi controlado por meio de lâmpadas fluorescentes de 40 W. presas em bases de madeira e conectadas a um timer digital. com a freqüência alimentar de três vezes ao dia (às 08:00. como no ranário comercial Pan Caruru. que foram distribuídos em dois grupos como especificados na Tabela 1. jul. Bras. todos os animais foram desinfetados com azul de metileno na proporção de 1g/ 1L d’água. 2008 visou estudar os efeitos do fotoperíodo e da temperatura sobre o crescimento de girinos da referida espécie. Os experimentos sobre a influência do fotoperíodo e temperatura no seu crescimento foram conduzidos tanto no laboratório de Fisioecologia dos Animais Aquáticos do departamento de Pesca e Aqüicultura/UFRPE. Os dados obtidos foram tabulados e analisados estatisticamente.Tratamento de fotoperíodo e temperatura nos grupos experimentais da primeira etapa. Grupo 1A 2A Fotoperíodo/Temperatura 20L-4E*/30° C Ambiente/Ambiente ** *Legendas: 20L= 20 horas luz. Os aquários foram cobertos com uma lona plástica na cor 94 . Ração de truta contendo 45% de proteína bruta foi utilizada em todos os experimentos. segundo a classificação de Lima & Agostinho. Tabela 1 . sem alterações metamórficas aparente. O trabalho constou de três etapas investigativas. bem como a evolução dos estádios metamórficos. ou seja. Antes de cada experimento. realizadas em diferentes períodos do ano e sob as condições de fotoperíodo e temperatura conforme descritas nas tabelas abaixo: PRIMEIRA ETAPA: Os experimentos foram realizados no Laboratório de Fisioecologia dos Animais Aquáticos entre 01 e 29/07/03. na quantidade de 5% da biomassa total. (1992).Rev. MATERIAL E MÉTODOS Um total de 734 girinos foi utilizado no presente estudo. 4E= 4 horas escuro **Fotoperíodo e temperatura ambiente (laboratório) No grupo 1A. localizado em Paulista/ PE e selecionados no estádio G1. Enga. 12:00 e 16:00 h). Tabela 2 . exceto o grupo 3B (controle e sem repetição) que continha 80 girinos. cada um contendo 207 girinos.Tratamento de fotoperíodo e temperatura nos grupos experimentais na segunda etapa. nos aquários. Os tratamentos de fotoperíodo e temperatura estão indicados na Tabela 3.Rev. porém. Enga. Bras. Estes experimentos foram realizados no Laboratório de Fisioecologia dos Animais Aquáticos (LAFAq ) do departamento de Pesca e Aqüicultura/UFRPE. Pesca 3(2). O grupo 2A ficou exposto ao fotoperíodo e temperatura ambiente. para o número de girinos no 95 . foram conduzidos no ranário Pan Caruru. Os animais foram aclimatados gradativamente. em dois tanques de alvenaria (1. jul. no ranário Pan caruru. à temperatura experimental. Os experimentos foram realizados entre 07/08 e 10/09/2003. Para verificar a diferença das médias dos pesos e comprimentos dos girinos entre os tratamentos de cada etapa utilizou-se o teste de hipóteses para comparação de duas amostras independentes (Teste T). Os grupos 4B e 5B. O período experimental foi entre 02/10/03 a 18/11/03. 2008 preta.0 x 2. Grupo 1B 2B 3B 4B 5B * Laboratório ** Ranário TERCEIRA ETAPA: Fotoperíodo/Temperatura 20L-4E/Ambiente* 4L-20E/30°C Ambiente/Ambiente* 20L-4E/Ambiente** Ambiente/Ambiente** Nessa etapa foram utilizados 80 girinos. para evitar a influência da luz externa.6 m). e o de comparação com duas proporções. Cada grupo foi constituído de 20 girinos/aquário (1 girino para cada dois litro) e constou de uma repetição. distribuídos em três grupos: dois deles realizados no LAFAq e o terceiro. à variação natural interna do laboratório. Um total de 574 girinos foi dividido em cinco grupos experimentais: Os grupos 1B e 2B (cada grupo com uma repetição) foram constituídos de 20 girinos/aquário. SEGUNDA ETAPA: Os grupos de tratamentos de fotoperíodos e temperatura estão indicados na Tabela 2. ou seja.0 x 0. Dados de comprimento (cm) e peso (g) médios. jul. 1 A) 2 A) 20L-4E/30° C Ambiente/Ambiente* Comp. 72.5 horas luz.5 % 22.5 % a 30 % b 6.5 % *Ambiente interno do laboratório.89 a 4.Tratamento de fotoperíodo e temperatura nos grupos experimentais da terceira etapa Grupo 1C 2C 3C * Laboratório ** Ranário Fotoperíodo/Temperatura 20L. os girinos do grupo 1A (20L-4E/30° C) apresentaram melhor desempenho quanto aos estágios metamórficos.58 a 6.81a Comp./Temp. quando a temperatura da água é mais baixa (variação: 25-27oC) e o fotoperíodo em torno de 11. Letras iguais (em coluna) não diferem estatisticamente. não houve diferença significativa entre os dois grupos quanto ao peso e comprimento dos girinos.48 a 16. empregando-se o programa estatístico Bioestat3. 2008 estádio G5.5 a 12.Rev. Grupo Fotoper.4E/Ambiente* 4L. Pesca 3(2). Tabela 4 . (Período: 01-29/07/2003). e estádios metamórficos (% ) da rã-touro obtidos ao final da primeira etapa experimental.5% dos girinos estavam no estágio G5 contra apenas 30% no grupo fotoperíodo e temperatura ambiente (grupo 2A). (Tabela 4). obtidos no LAFAq/UFRPE e no ranário comercial Pan-Caruru-PE.20E/Ambiente* Ambiente/Ambiente ** RESULTADOS E DISCUSSÃO O presente trabalho apresenta os primeiros resultados sobre os efeitos do fotoperíodo e da temperatura no crescimento de girinos da rã-touro gigante. O nível de significância em ambos as comparações foi de α = 0.05. Tabela 3 . Embora os girinos do grupo 1A se desenvolveram mais rapidamente quanto à transformação metamórfica. 96 . Estes experimentos foram conduzidos no mês de julho. Ao final do experimento.5 % G5 72. Bras. Inicial Peso 4. Enga. 10. Na primeira etapa do experimento.02 a Final Peso G1 G2 - Estádios metamórficos G3 10 % G4 17.28 a - 10 % 37.23 a 15. 03 a 9.Dados de comprimentos (cm) e pesos médios (g) e estádios metamórficos (%) da rã-touro obtidos na segunda etapa experimental.48 a 7. jul.89 c Estádios metamórficos finais Peso 17.48 a Peso 9. Grupos Fotoper.5% 20% b 43% 42% 49% 21% 16% 17% 6% c 28% d 30% e 5B) Ambiente/Ambiente** * Ambiente interno do laboratório * * Ambiente externo (ranário) Letras iguais (em coluna) não diferem estatisticamente.18 b 12. assim.48 a 7.. 97 . Enga. uma influência negativa do fotoperíodo curto no desenvolvimento metamórfico. Pesca 3(2).3 gramas nas fases anteriores).42 c 12.62 a 15.86 a 15. (Tabela 5).58 c 15. porém.89-9. respectivamente (Tabela 6). Como este experimento foi realizado no ranário onde a temperatura ambiental foi mais baixa (21oC) do que àquela do ambiente interno do laboratório (28-30oC) durante o período investigativo.48 a 7. o fotoperíodo foi de penas 4 horas luz.5% para os grupos 1C (20L-4E/ambiente) e 3C (ambiente/ambiente). sugerindo que os efeitos do fotoperíodo e da temperatura no desenvolvimento dos girinos podem estar condicionados ao seu estádio ontogênico.03 a 9. explicar-se a diferença no desenvolvimento metamórfico entre os dois grupos. A porcentagem de girinos no estádio G5 nos grupos da terceira etapa foi de 3. Os girinos do grupo 4B também foram submetidos à 20L-4E e temperatura ambiente. os girinos submetidos à 20L-4E e temperatura ambiente do laboratório (grupo 1B) obtiveram o melhor crescimento metamórfico em relação aos demais tratamentos. apresentando 45% do número total de girinos no estádio G5.78 contra 4. Bras.18 b 12. indicando.01 b 11.03 a 9.03 a 9. 2008 Na segunda etapa.70-0. indicando mais uma vez que fotoperíodo curto inibe o desenvolvimento do girino da rã touro.48 a 7. No grupo 2B.67 a 12.03 a Final Comp. 12./Temp. porém apresentaram apenas 28% no estádio metamórfico G5. As percentagens do estádio G5 nessa etapa foram bem menores do que nas etapas anteriores.5% G4 50% G5 45. o percentual de girinos no estádio G5 foi de apenas 20%. e embora estivessem submetidos à temperatura de 30oC.10/09/2003). 7. (Período: 07/08.Rev.0% e 2. também.99 c G1 8% 7% 5% 2% G2 13% 23% 9% 2% G3 4. No grupo 2C. que o tamanho inicial dos girinos nesta última fase foi também menor (0. 1B) 2B) 3B) 4B) 20L-4E/ Ambiente* 4L-20E/30°C Ambiente /Ambiente* 20L-4E/Ambiente** Inicial Comp. Tabela 5 . não se observou o estádio metamórfico (G-5).5% 39.5% a 19. Nota-se. 1C) 20L-4E/Ambiente* 2C) 4L-20E/Ambiente* 3C) Ambiente/Ambiente** Inicial Comp.Dados de comprimento (cm) e peso (g) médios. A. o efeito do fotoperíodo no crescimento e sobrevivência varia durante a fase larval e de levinos (Bezerra et al. e estádios metamórficos (%) da rãtouro obtidos na terceira etapa experimental. 33(1): 1-7.78 a 3. C.5 % * Ambiente interno do laboratório * * Ambiente externo (ranário) Letras iguais (em coluna) não diferem estatisticamente. S. Periódico: Pesquisa agropecuária Brasileira (no Prelo). Fotoperíodo curto aumentou o ganho de peso e estimulou a metamorfose em larvas de X../Temp. Escuridão contínua inibiu o crescimento e desenvolvimento de girinos de Rana esculenta e Rana temporária.74 a Final Comp. Enga.06 b G1 Estádios metamórficos G2 18. fotoperíodo longo e elevada temperatura aceleram o crescimento dos girinos da referida espécie e a influência desses fatores ecológicos também parecem estar condicionados ao tamanho do animal. Grupos Fotoper. Bras. Zootec. 1984. Thomaz.70 a 27. De. (2004) Efeito do fotoperíodo sobre o desenvolvimento de girinos de rã touro (Rana catesbeiana Shaw. Bezerra. REFERÊNCIAS Bambozzi. os girinos de Rana catesbeiana obtiveram o melhor desempenho de crescimento quando foram submetidos ao fotoperíodo longo (20 luz) combinado a uma elevada temperatura (30oC). Gutierrez et al.Rev. T. Fase longa de luz inibiu o desenvolvimento de Discoglossus pictus e Xenopus laevis.5 % 4. submetida a diferentes fotoperíodos.5 % 27.98 a 0. No presente trabalho. jul.07 a 0. Rev.01 b Peso 4. Filadelfi & Castrucci 1996. 1802). (Período: 02/10. Girinos de rã-touro apresentaram maior ganho de peso e melhor sobrevivência quando Tabela 6 . 8. 98 . 2008).5 % 39 % G3 G4 G5 3. A. et al.18/11/2003).08 a 0. laevis.5 %a 22 % 26 % 35. (2008) Crescimento e sobrevivência da tilápia chitralada. apud Bambozzi et al. porém acelerou o desenvolvimento em girinos do gênero Rana. K. foram criados a 30oC. Seixas Filho.0 %a 2.54 a 2.1984. Em peixes teleósteos. Pesca 3(2). 2004). 2008 Sabe-se que o fotoperíodo é um importante fator ecológico na regulação da taxa metamórfica de rã. Peso 4. (Delgado et al. (2004).5 % 21 % 20 % 30 % 15 % 12. (Braga & Lima 2001). Bras.68 a 4. variáveis como fotoperíodo e manejo inadequado podem provocar distúrbios que alteram a resposta dos girinos com relação ao ganho de peso e à taxa de metamorfose (Bambozzi et al. J.12 a 7.86 a 4. L. Na rã-touro. sp. Rana catesbeiana (Shaw. Easley. FURG.php?id_not=91>. M. Acesso em 2 de junho de 2005.gov.R. (1992) Effects of temperature and illumination on feeding rates of green frog tadpoles (Rana clamitans). 207(3): 407-416. (1979) Environmental influences on hormonally induced spermiation of the bullfrog Rana catesbeiana. Instituto de pesca. D. Ferrreira. 30(6): 1659 . Acesso 4 de julho 2005. 99 . Anais. Lima. (1992) Thermoregulation by juvenile toads of Bufo woodhouse in the laboratory. G. Impr.. Disponível em: <http://www..pesca. M. M. L. A.com. Zool. C.br/noticia. 168p. 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O cultivo de espécies carnívoras depende principalmente do conhecimento dos aspectos comportamentais e das exigências nutricionais para o desenvolvimento desta atividade. cultivo intensivo. 100 . a voracidade.com Resumo . pequenas barragens e tanques escavados se mostraram animadoras. Para diminuir as lacunas existentes entre o setor produtivo do pescado e o setor tecnológico. However. Pesca 3(2). Contudo. Abstract . adaptability to different limnological conditions. jul. there is a need to elaborate diets using cheaper and more accessible ingredients. O alto grau de canibalismo e a falta de informação sobre exigências nutricionais serviram como entrave no desenvolvimento do cultivo intensivo destas espécies. previous research on the species carnivorous cultivation showed little sucess. pesquisas realizadas anteriormente com estes peixes em ambiente de cultivo. devido o interesse multiespecífico deste recurso para os diversos setores ligados à cadeia produtiva do pescado. diet. Regarding these aspects species carnivorous is a promissing due to the diverse interest of this fishes to different sectors of the productive chain. faz-se necessário à elaboração de dietas com ingredientes mais acessíveis e baratos. a aceitabilidade a dietas secas quando submetidos ao treinamento alimentar e o bom desempenho zootécnico destas espécies. Key words: carnivorous fish. Por outro lado. Palavras–chave: peixes carnívoros. On the other hand. Bras. a adaptabilidade a ambientes com condições limnológicas variadas. mostraram-se desmotivadoras.Rev. voracity and acceptability to dry food diet. Enga. alimentação. such. intensive cultivation. capturadas em açudes. depends mainly on the knowledge of the behavioral aspects and of the nutritional demands for the development of this activity. represas. High levels of canibalism and the lack of nutritional needs have colaborated to prevent the development of this species farming. 2008 ARTIGOS TÉCNICOS CULTIVO INTENSIVO DE ESPÉCIES CARNÍVORAS INTENSIVE CULTIVATION OF CARNIVOROUS SPECIES Emerson Carlos SOARES* Universidade Federal de Alagoas/Campus Arapiraca-Pólo Penedo *E-mail: soaemerson@gmail. In order to reducing the existing gaps among the productive and technological sectors of fisheries. when sumitted to feeding training as well as its good zootechnical performance in dams and tanks showed success.The cultivation of carnivorous species. Espécies carnívoras apresentam-se bastante promissoras. pode-se influenciar na cadeia produtiva do pescado proveniente de empreendimentos relacionados ao cultivo intensivo de espécies aquícolas. o cultivo de peixes carnívoros vem crescendo anualmente (Cyrino. quando. 2000). o único setor presente em todos os estados do país (Aqüicultura no Brasil. acompanhado de uma melhor eficiência de cultivo. a mobilização do setor em cooperativas e a assistência técnica. sendo a piscicultura continental. Neste intuito. enquanto que a legislação. a disponibilidade de crédito. outras espécies de hábito alimentar carnívoro tais como.. Bras. facilitando o aproveitamento com maior sustentabilidade dos recursos e abrindo possibilidades de emprego com incremento de renda em algumas regiões do nosso país. jul. No Brasil. e melhora na sua conversão alimentar. Pesca 3(2). pirarucu (Arapaima gigas) e tucunaré (Cichla sp. 2000). em particular. não conseguiram acompanhar o desenvolvimento do setor a contento. incremento do turismo ligado à pesca esportiva e qualidade de sua carne. surubim (Pseudoplatystoma coruscans). No entanto é preciso ressaltar que a criação intensiva de peixes ainda é uma atividade diminuta quando comparada com outras atividades agropecuárias. abertura de linhas de crédito e melhor entendimento da legislação ambiental. bom desempenho zootécnico e a excelência de suas carnes. atendendo aos anseios de 101 . ESPÉCIES CARNÍVORAS NA PISCICULTURA Tradicionalmente no Brasil. espécies carnívoras.Rev. 2008 SOBRE A PISCICULTURA A piscicultura vem se mostrando um grande potencial de investimento aliado ao aumento das pesquisas. pois os avanços neste campo e a demanda por produtos pesqueiros cresceram exponencialmente. sendo registrado no ano de 2000. Com a demanda de pescado aumentando substancialmente pela expansão dos mercados urbanos. Outra perspectiva do avanço dos estudos para a produção de peixes pode estar atrelada diretamente ao aumento da renda. para então obter sucesso em empreendimentos ligados a aqüicultura. um crescimento da ordem de 35% com uma produção estimada em 115 mil toneladas com predomínio de peixes de água doce. é uma atividade com grande expansão e também de grande potencial para o desenvolvimento sócio-econômico. pelo alto valor comercial. Nas décadas de 70 e 80.) passaram a ser explorada. 1961). Esta atividade vem aumentando consideravelmente ao longo dos anos. a criação de peixes carnívoros desenvolveu-se com o emprego de espécies introduzidas entre elas a truta arco-íris (Azevedo et al. através de um melhor manejo. a criação em cativeiro destas espécies pode-se tornar uma alternativa viável. através do subsídio de informações sobre o seu manejo em cativeiro. Enga. EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DA DIETA PARA ESPÉCIES DE PEIXES CARNÍVOROS O conhecimento das exigências nutricionais dos peixes é importante para a piscicultura. afetando principalmente a criação de espécies carnívoras que requerem altos níveis de proteína animal na dieta tornando a ração mais onerosa. Moura de Carvalho & Nascimento. A partir da década de 90. 2007). Outra técnica de suma importância referencia o estudo das exigências nutricionais requeridas pelas espécies alvo do cultivo. Entre os peixes carnívoros mais adaptados à criação em cativeiro estão. 1997).). truta arco-íris (Oncorhynchus mykiss). o dourado (Salminus maxillosus). Dentre os macronutrientes a proteína é o item mais importante e mais caro da ração (Robinson & Li. Enga. 1999. pois os gastos com alimentação representam entre 60 e 80% do custo total do cultivo (Kubitza. com as técnicas de monitoramento. sendo importante no crescimento dos peixes. Estes itens têm motivado pesquisadores a encontrar rações balanceadas que atendam os aspectos nutricionais exigidos por peixes carnívoros. Pesca 3(2). não apresentam padrão de qualidade constante e são de difícil aquisição (Cavero. Entretanto. 2008 criadores. o treinamento alimentar torna-se essencial.. Uma forma de baratear os custos e melhorar a qualidade da ração é a substituição de fontes de proteínas animal (maior custo). Entretanto. para o sucesso do cultivo. bagre-do-canal (Ictalurus punctatus). pois ingredientes como as farinhas de peixe e de carne encarecem sua formulação. jul. utilizando peixes forrageiros ou picados (mortos) como alimento (Imbiriba 1991.). 1999). os dados obtidos de cultivo de espécies de água doce enfatizam a criação extensiva ou semi-intensiva em barragens. No entanto Pezzato (1995) considera a farinha de peixe um alimento padrão na composição de dietas em função do seu alto valor biológico. black bass (Micropterus salmoides). bagre africano (Clarias gariepinus). equilíbrio dos níveis de aminoácidos. trigo) que possuem 102 . o pirarucu (Arapaima gigas) e os tucunarés (Cichla sp. nos anos 80. 1992). a fase de treinamento alimentar que engloba transição gradual dos ingredientes e componentes da ração. Soares et al. os surubins (Pseudoplatystoma sp. por fontes de proteínas vegetais (soja. cálcio e fósforo. o cultivo intensivo de peixes carnívoros foi intensificado. 2004). açudes e represas na região Nordeste e Sudeste. devido o hábito alimentar essencialmente carnívoro e o canibalismo apresentado por algumas espécies como bagres e tucunarés. Bras.Rev. milho. em particular os teores de proteína e energia das rações. consiste numa etapa importante condicionando os peixes carnívoros a alimentar-se de ração seca ao final desta fase e pode durar de 20 a 30 dias (Kossowski. o manejo dos planteis e o conhecimento da biologia das espécies terem sido aprimorados. em situações de confinamento. O uso de lipase em rações para aves também tem sido uma nova alternativa com a intenção de aumentar a digestão de gorduras (Graham. 2004. é uma técnica moderna com a finalidade de complementar as enzimas que são produzidas pelo próprio animal em quantidades insuficientes (Garcia.. perfil de aminoácidos mais favoráveis e alta disponibilidade (Barroso. torna-se importante à avaliação dos componentes com a finalidade de melhorar a assimilação e aceitabilidade da ração. 103 . 2006). Os peixes herbívoros e onívoros não apresentam dificuldade na digestão de proteína vegetal. 2002. Com a alta demanda de ingredientes alimentares para a aquicultura. Pesca 3(2). Soares et al. (2008 no prelo). Hidalgo et al.. et al. Trabalhos recentes têm demonstrado respostas positivas quanto a digestibilidade de nutrientes no desempenho de aves e de coelhos utilizando-se enzimas como aditivos (Graham. Já Soares et al.. desde que haja um acompanhamento do fígado destes indivíduos em relação a assimilação de carboidratos.. 2002). apenas em proporções diferenciadas (Cyrino. Apesar de espécies carnívoras exigirem dietas mais ricas em proteína do que espécies onívoras ou herbívoras. Fischer et al. Contudo o uso de ingredientes vegetais pode ser utilizado na composição alimentar de espécies carnívoras em substituição a proteína animal. entretanto peixes carnívoros possuem baixa taxa de secreção de amilase. 2008 no prelo). 2006). Garcia. ingredientes como farelo de soja. jul. 1999). o que pode ser um entrave à inclusão de componentes de origem vegetal em sua dieta.. 1997). Esta situação mudará rapidamente com o desenvolvimento de novas enzimas alimentares. a literatura referindo-se a introdução destes aditivos em rações para peixes ainda é escassa.Rev.. et al. 1998. Soares et al. Já a introdução de enzimas na ração. 2000). Estudos mais atuais indicam que apenas uma fração dos componentes das dietas animais é suplementada com esses aditivos.. et al. melhorar o sabor e valor nutricional dos alimentos. 2008 menor custo. observou que a inclusão de protease exógena influencia na dieta de tucunarés. farelo de milho e trigo podem ser administrados na formulação da ração de ambos. 1997.. 2000. Kubtiza & Cyrino (1997) encontraram aumento na aceitação de uma ração comercial com sabor carne oferecidas para o tucunaré. melhorando os índices de conversão alimentar.. O USO DE ENZIMAS NA ALIMENTAÇÃO DE PEIXES CARNÍVOROS A introdução de atrativos alimentares ou aditivos enzimáticos na ração facilita o cultivo de peixes carnívoros (Soares et al. Enga. Alguns estudos sobre quantificação de protease exógena influenciando as dietas ou estudos comparativos de enzimas proteolíticas e amilases foram realizados recentemente (Kurokawa et al. ganho de peso e crescimento. Bras.. et al. Embora complexos enzimáticos já estejam sendo usados em larga escala na indústria alimentícia para facilitar a digestibilidade. composição química aceitável. Valor Nutritivo de Alguns Ingredientes para o Robalo Centropomus parallelus. Bases para um Desenvolvimento Sustentável. N. M.. & Bermudez. Vaz. Alim. Rev.. V. 31(1): 402 – 410.. E. Fracalossi. F. C. (2002).. C. D. jul. Ind. & Parreira. J. Murakami. C.J. o fluxo de nutrientes da digesta ileal e o desempenho de frangos. Efeito da suplementação enzimática em rações com farelo de soja e soja Integral extrusada sobre a digestibilidade de nutrientes. W. Anim. Cyrino. 4 (6):: 22-24. 2008 mix enzimático ou novas formas de aplicação e pesquisas desses produtos gerando resultados promissores. A. W.. 104 . 29 (5):1414 – 1426.. Zoot. Balan. C. C. E. J. (2004). L. E. G. REFERÊNCIAS Aquicultura no Brasil (2000).. Graham. Azevedo. E. Bras. Bras. Furlan. Cavero. Desempenho de frangos de corte alimentados com dietas a base de milho e farelo de soja. Castro. Rev. Pesca 3(2). S. A. Proteolytic and amylase activities. 31: 2157-2164.. F. J. S. (1997). São Paulo: Editora TecArt. M. R. P. Bol. Bras. A. (1961). Urbinati. L. 170:267 – 283. V..19: 75-105. Uso de Enzimas digestivas exógenas na alimentação de juvenis de pirarucu Arapaima gigas (Cuvier. Zoot. B. In: Seminário internacional sobre a Aquicultura na Amazônia. Manaus: Anais do SISAA. Aclimatação da truta arco-íris em algumas águas de São Paulo. P. A. (2002).. 1829) [Tese de doutorado]. Aoki. (p 139). P. Aquaculture. P. Hidalgo. & Moreira. Anim. Maier. O.. 1. Manaus (AM): Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia-INPA/Universidade Federal do Amazonas-UFAM. B. Enga. M. Zoot. Cyrino. Bras.. Branco. (1999). Rev.. (2000). C. com ou sem adição de enzimas. Barroso. & Helmer. M. & Urea.Rev. M. J. A. Garcia.. J. I. (2000). Tópicos Especiais em Piscicultura de Água Doce Tropical Intensiva. Enzimas para dietas de maiz-soya para parrilleros. (2004). Comparative study of digestive enzymes in fish with different nutrition habits. C. E. & Castagnolli. Conceitos atuais e perspectivas da alimentação e nutrição de peixes carnívoros. Rutz. H. Valenti. Fischer. (Coord) Brasília: CNPq/Ministério da Ciência e Tecnologia. B. R. 105 . Soares.. C.) Circular Técnica 65. E. Panorama da Aquicultura. C. E. Moura Carvalho. Roubach. (1997).. S. In: Simpósio Internacional Sobre Nutrição de Peixes e Crustáceos (p. (1991). O. 3(2): 35-48. In: Acuicultura em Armoniacom el Ambiente (pp. EMBRAPA-CAPTU (Ed. M. Bras. J. (1999). Perspectivas del cultivo de bagre en Venezuela.. Soares. 1998. Rev. Robinson. Condicionamento alimentar no desempenho zootécnico do tucunaré. E. 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Belém. Ituassú. Shiraishi. (1992). 287-294).. & Silva. S. Caracas: Anais do AAA. H. 6 (1): 121-131. Cepnor. (2007). D. 9 (52): 42 – 50. EMBRAPA-CPATU (Ed. & Silva. P. Nutrição e alimentação de tilápias – parte I. Kurokawa. Worl. Soares. Aquac. C.. & Nascimento. & Silva. Cient. S. Zoot. Pesca. M & Suzuki. Enga. (2006). R. Manaus: Anais SBTF. In: Proceedings of the International Symposium Biology of Tropical Fishes (p.139). C. Pezzato. L. (1995). P. Belém. Alimentos convencionais e não-convencionais disponíveis para a indústria da nutrição de peixes no Brasil.. C.34-52). R. Tec.Rev. Bras. F. jul.Dentre os lagos e reservatórios que surgiram após a construção das usinas hidrelétricas em Paulo Afonso.00 m for control in clear and average waters. Estas medições foram efetuadas a duas distâncias das plantas: a 1. Cemitério e o reservatório Delmiro Gouveia.Rev. the great majority if no all. observations allow to conclude us that same she maintain controlled by the current of the lakes as the Delmiro Gouveia reservoir. indiferente da eutrofização e da profundidade. Campus VIII. O conhecimento da profundidade dos lagos em estudos poderá contribuir para um melhor manejo nestes ambientes e provável controle das macrófitas aquáticas. The knowledge of the depth of the lakes in study can contribute to a better handling in those adapt and probable control of the aquatic macrophytes. Eutrofização Abstract .60 m a 2. restringindo os cultivos intensivos de peixes em tanques-rede. foram efetuadas medições em quatro lagos e um reservatório do município de Paulo Afonso: da Vila Militar. Bahia. Eichornia crassipes. Foram obtidas as seguintes profundidades controle das espécies: Thypha domingensis: 1.00 m de distância desta planta. Nymphea brasiliensis: 2. Tilapiculture. BA E SUA LIMITAÇÃO AO CULTIVO DE PEIXES INFLUENCE OF THE DEPTH OF THE LAKES OF PAULO AFONSO`S HYDROELECTRIC COMPOUND. Tilapicultura.18 m também a 2. They were obtained the following depths control of the species: Thypha domingensis: 1. Enga.00 m da ocorrência das plantas. IN THE INVASION OF AQUATIC MACROPHYTES. Universidade do Estado da Bahia *Email: [email protected] m (transition) of these and to 2. possess problems as for the undesirable proliferation of aquatic macrophytes. restricting the intensive cultivations of fish in tanks-net. Eichornia crassipes: por se tratar de planta flutuante foi possível concluir que a mesma se mantém controlada pelas correntes de ambientes aquáticos como os lagos e reservatórios. being strong invasion in indifferent of the eutrofization closed atmospheres and of the depth. Key-words: Macrophyte. Egeria densa measurements were not accomplished for this species. Fish culture. Eloi CERQUEIRA Departamento de Educação. Bras. do ponto de vista populacional e constantes deste estudo foram: Thypha domingensis. uma vez que a revisão bibliográfica permite estabelecer valores de 9. e. The representative macrophytesproblem species in these lake of the point of view population and constant of this study were: Thypha domingensis. Nymphea brasiliensis: 2. a grande maioria se não todos.60 m to two meters of this plant. Nymphea brasiliensis e Egeria densa. Bahia. sendo forte invasora em ambientes fechados. Touro e a Sucuri. AND HER LIMITATION TO THE CULTIVATION OF FISH José Patrocínio LOPES* Luiz Carlos Farias DANTAS.00 m para o seu controle em águas claras e correntes. Palavras-chave: Macrófita. Those measurements were made at two distances of the plants to 1. Capuchú. being these: The lakes of the Vila Militar. Eichornia crassipes.00 m of the occurrence of the plants. possui problema quanto à proliferação indesejável de macrófitas aquáticas.18 m also to two meters of the plant. measurements were made in four lakes and one reservoir of the municipal district of Paulo Afonso. Com o objetivo de estabelecer a profundidade limite de atuação destas espécies. As espécies de macrófitasproblema representativas nestes lagos. Egeria densa: não foram realizadas medições para esta espécie. Piscicultura. Eutrofization 106 .Among the lakes and reservoirs that appeared after the construction of the Hydroelectric power stations in Paulo Afonso.00 m (transição) destas e a 2. Capuchú. 2008 INFLUÊNCIA DA PROFUNDIDADE DOS LAGOS DO COMPLEXO HIDRELÉTRICO DE PAULO AFONSO. once the bibliographical revision allows to establish values of 9. Touro e a Sucuri. Cemitério and the Delmiro Gouveia reservoir. Eichornia crassipes: for treating of flotation plant. With the objective of establishing the depth limit of performance of these species.com Recebido para publicação em 16 de outubro de 2007 Resumo . Pesca 3(2).00 m de distância. Nymphea brasiliensis and Egeria densa. Para expandir a produção de peixes neste sistema de cultivo e difundir as técnicas mais modernas de exploração e preservação do meio ambiente. requerem estudos abrangentes sobre o comportamento dessas plantas incluindo pesquisas e revisões bibliográficas. uma vez que as plantas interferem negativamente na geração de energia elétrica devido à invasão destas nas grades de contenção de entrada às turbinas geradoras. A situação atual dos referidos lagos contribui para elevar o nível de eutrofização da água. Diante deste contexto. representativas nos referidos ambientes aquáticos. demandando custos para limpeza (FADURPE. Nymphea brasiliensis (aguapé) e Egeria densa (elódea). Estado da Bahia são ambientes promissores ao cultivo de peixes em tanques-rede. problemas estes: de restrição ao potencial aquícola. nos reservatórios. sendo locais com potencial para implantação de áreas de lazer. As espécies de macrófitasproblema. O conhecimento das profundidades dos lagos em estudo poderá contribuir para um melhor manejo nestes ambientes. os lagos e reservatórios de Paulo Afonso. uma complexa rede de lagos e reservatórios artificiais transformou a paisagem do Município. jul. IV e Apolônio Sales pela Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF). II. desequilíbrios nos ecossistemas naturais. uma vez que existem dentro da ilha de Paulo Afonso mais de quinze lagos artificiais. 2000). Provocado pelo desmatamento de suas margens com fins imobiliários e de irrigação. possuem problema quanto à proliferação indesejável de macrófitas aquáticas. de ordem operacional. Enga. devido ao impedimento de instalação destas estruturas. III. acarretando entre outras modificações. 1998). que recebe grande volume de esgotos domésticos provenientes em alguns casos de bairros inteiros e assoreamento dos mesmos. do ponto de vista populacional e constantes deste estudo são: Thypha domingensis (taboa). devido à proliferação nos lagos urbanos. Dentre os lagos e reservatórios que surgiram após a construção das referidas Usinas a grande maioria se não todos. aliados ao que ocorreu no Município com a modificação de ambientes e introdução de novas espécies vegetais e animais causando desequilíbrio nos ecossistemas. 2008 INTRODUÇÃO Com a construção das usinas hidrelétricas de Paulo Afonso I. Pesca 3(2). tecnologia esta que tem provocado crescimento acelerado da oferta de pescado com uma conseqüente geração de emprego e renda na região (Alencar. Eichornia crassipes (baronesa). faz-se necessário identificar as profundidades de controle de macrófitas aquáticas invasoras da região e a exploração de áreas que 107 . Bras. de estética urbanística. interferindo negativamente na implantação de tanques-rede para cultivo de tilápias (Oreochromis niloticus). e provável controle das macrófitas aquáticas.Rev. Estes fatos. contribuindo para a diminuição das profundidades desses ambientes aquáticos. 00 metros. Touro e a Sucuri. transparência de 0. Ao longo de toda a margem do lago. Capuchú e reservatório Delmiro Gouveia. jul. Apresenta-se eutrofizado. apenas T. câmara fotográfica.Lago da Vila Militar. LAGO DA VILA MILITAR . MATERIAL E MÉTODOS O presente trabalho foi desenvolvido com o apoio da Estação de Piscicultura de Paulo Afonso (EPPA). onde foi verificada invasão desta planta. Com relação as macrófitas existentes. com vistas à possibilidade de controle destas vegetações. como: Centenário. Cemitério. domingensis merece atenção. pertencente à CHESF que cedeu barco. Tropical.23 m e uma área de aproximadamente dois hectares (Figura 1). trena. entre outros. os quais são: lago da Vila Militar. equipe de mergulho e material de salvamento como coletes e luvas. não avançando além de determinado ponto. apresentando uma pequena profundidade.Caracteriza-se por estar em propriedade militar. 2008 não inibam a implantação dos projetos de piscicultura em tanque-rede. Enga. esta mantém um limite bem definido. Pesca 3(2). Por tal motivo. por receber cargas poluentes de vários bairros periféricos da ilha de Paulo Afonso. Senhor do Bonfim. em virtude da invasão destas macrófitas. este trabalho objetivou o levantamento das profundidades dos lagos do Complexo Hidrelétrico de Paulo Afonso (CHPA) e suas influências na invasão por macrófitas aquáticas que interferem no cultivo de peixes em tanques-rede. aonde na maioria são verificados problemas quanto às restrições de cultivo de peixes em tanques-rede. Bras. 108 . Os procedimentos de campo foram realizados nos lagos e reservatórios de Paulo Afonso.Rev. contribuindo assim com o desenvolvimento da piscicultura em tanques-rede. o que permite estabelecer com razoável precisão uma profundidade limite. em torno de 2. limitado hoje em muitas coleções de água de Paulo Afonso. Figura 1 . Rev. LAGO DO CEMITÉRIO .5 m.Lago do Cemitério. domingensis e algumas ciperáceas (Figura 3). brasiliensis. principalmente N. apresenta problemas quanto à invasão de macrófitas. Figura 2 .Este lago apresenta uma área de 128. com uma profundidade máxima de quatro metros e média de aproximadamente dois metros. domingensis neste Lago. brasiliensis.Lago o Touro e a Sucuri. a relação da profundidade com a proliferação de plantas aquáticas foi realizado apenas com a espécie N. de água corrente. é invadido por diversas macrófitas aquáticas a exemplo de T. Pesca 3(2).Trata-se de um lago consideravelmente pequeno. Suas águas são procedentes do reservatório Delmiro Gouveia que por sua vez já apresenta problemas com macrófitas aquáticas. 2008 LAGO O TOURO E A SUCURI . Em virtude desta profundidade. Como não existem problemas com T. Sob gestão da Prefeitura Municipal de Paulo Afonso. Apresenta profundidade média de 1. Bras.200 m2 (±13 ha). jul.020 m de extensão e uma média de 130 m de largura. Problema este que vem se intensificando após a 109 . demandando custos para limpeza periódica (Figura 2). possuindo em torno de 1. Enga. Figura 3 . Rev. jul. RESERVATÓRIO DELMIRO GOUVEIA . domingensis (Figura 4).Gerido pela CHESF. que apresenta uma área de 3.Lago artificial fechado. As macrófitas existentes em todo Lago são: T. Apresenta substrato arenoso em praticamente toda a sua área. As espécies comuns são ciperáceas e T. apesar deste Lago não receber cargas poluentes. Recebe também os efluentes dos tanques e viveiros da EPPA.30 m. densa resultado da decantação de nutrientes na área de remanso originando o desenvolvimento maciço desta macrófita e T. o solo rochoso ou arenoso e a velocidade das correntes apresentaram-se como fatores limitantes para o desenvolvimento da espécie. 2008 implantação do cultivo de tilápias no sistema de raceways às suas margens. sendo priorizada E. em virtude da carência de trabalhos de pesquisa visando o seu controle nestes Lagos e Reservatório 110 . E. densa no Reservatório em questão permitem concluir que com o aumento da profundidade acima de nove metros. densa. Porém por ser fechado. o que proporcionou uma transparência de 0. sempre apresentou problemas quanto à proliferação indesejável de duas macrófitas: E. Pesca 3(2). Pluchea suaveolens. esta em locais de pouca profundidade. domingensis.Lago do Capuchu. LAGO DO CAPUCHU . tendo seus efluentes lançados no referido reservatório. o que se explica sua coloração característica. domingensis. Bras.8 hectares e também esgotos de aproximadamente 1000 casas do bairro centenário. Quanto à invasão por macrófitas. com aproximadamente três hectares de área e profundidade média de três metros. o reservatório Delmiro Gouveia (Figura 5). sendo limpo. Enga. pode se observar eutrofização da água. o Lago se apresenta estável. Água verde turva na ocasião. domingensis. o que levou a restringir este estudo à invasão de T. Figura 4 . Brachiaria purpurascens. Pesquisas anteriores com E. crassipes estabelecendo a média da profundidade ao longo da linha de transição desta macrófita. observando-se plantas apenas nas margens e em pontos definidos. Estes limites podem estar relacionados com as profundidades locais.40 1.80 0.83 111 Profundidade a 2. uma vez que pelas suas pequenas dimensões. 2008 Figura 5 . Foram realizadas medições em duas estações.50 .90 0. Com auxílio de cartas topobatimétricas destes ambientes cedidas pela Prefeitura Municipal de Paulo Afonso. não há possibilidade de cultivo de peixes em tanques-rede e também pelo fato de haver um limite bem definido da ocorrência de plantas no sentido margem-centro do Lago ou Reservatório. Pesca 3(2). Capuchú.60 1.Reservatório Delmiro Gouveia MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO DAS PROFUNDIDADES Os lagos da Vila Militar. através da Secretaria de Infra-estrutura e Meio Ambiente (SIMA). em cada lago e reservatório de Paulo Afonso.80 0. jul. domingensis e a dois metros de distância destas plantas. Enga.00 m 1. de forma sistematizada das profundidades.50 1.Profundidades obtidas na transição e a 2. As medições realizadas em duas estações bem definidas estabeleceram médias ao longo da transição de T. conforme Tabela 1.Rev. Estação 01 02 03 Média Profundidade na transição (m) 0. Touro e a Sucuri e o reservatório Delmiro Gouveia servirão como referência de controle. domingensis no lago da Vila Militar. o que levou a levantar a hipótese. Bras. RESULTADOS LAGO DA VILA MILITAR.00 m de T. é possível indicar que locais poderão ser favoráveis à implantação dos módulos de tanques-rede. ou manejo operacional das usinas. Tabela 1 . na transição a um metro da incidência das macrófitas e a dois metros destas. Estação 01 02 03 Média Profundidade na transição (m) 2. brasiliensis.Rev.As medições foram realizadas acompanhando a transição de ocorrência de N.00 m de T.50 2. Tabela 2 .00 2. 112 . sendo a única planta-problema encontrada no referido Lago.18 LAGO DO CEMITÉRIO .50 1.95 1. domingensis. Enga. crassipes foi encontrada em todas as profundidades do Lago.00 2.82 Profundidade a 2.Profundidades obtidas na transição e a 2.65 m.23 LAGO DO CAPUCHÚ . Pesca 3(2). Conforme Tabela 2. Bras.00 m 2.20 1. LAGO O TOURO E A SUCURI .50 1. a profundidade limite para invasão por T.00 m de N.00 m 2.50 2.Profundidades obtidas na transição e a 2. brasiliensis. nas profundidades de transição e a dois metros de ocorrência das plantas são apresentadas na Tabela 4. Para este Lago.20 2. o que se justifica por se tratar de macrófita aquática flutuante.50 Profundidade a 2.A medição encontrada para T. buscando deduzir uma profundidade média de atuação desta plantaproblema no Lago.50 m. Tabela 4 .00 1.Profundidades obtidas na transição e a 2. crassipes no lago do Cemitério. jul. domingensis no lago do Capuchú. os resultados indicaram uma profundidade limite superior a dois metros para N. Tabela 3 . brasiliensis no lago o Touro e a Sucuri. 2008 Neste Lago.Conforme Tabela 3. domingensis foi em média 1.05 2.80 1.00 m de E. E. a profundidade limite para esta macrófita foi de 1. Estação 01 02 03 Média Profundidade na transição (m) 1. 65 RESERVATÓRIO DELMIRO GOUVEIA .70 1. domingensis em lagos e no reservatório de Paulo Afonso. domingensis no reservatório Delmiro Gouveia. Pesca 3(2).00 m de T.70 1.60 1.65 PROFUNDIDADES CONTROLE DAS ESPÉCIES Na Tabela 6. Estação 01 02 03 Média Profundidade na transição (m) 1. Média das profundidades obtidas (m) Lago ou reservatório Vila Militar Capuchú Delmiro Gouveia Transição 0.05 0. Bahia.Na Tabela 5. brasiliensis.65 1. estão representadas as profundidades limites para T.00 1.18 m respectivamente.65 1.82 e 2. são apresentadas sínteses de profundidades limites para a macrófita T. Tabela 6 . 113 .83 1.97 Profundidade a 2. 2008 Estação 01 02 03 Média Profundidade na transição (m) 1.00 m 1. Tabela 5 .10 1.00 m 1. as profundidades médias obtidas na área de transição e a dois metros das plantas foram de 1. Bras.50 1. tendo em vista sua ocorrência somente no lago o Touro e a Sucuri.Profundidades obtidas na transição e a 2. jul.00 m 1.Rev.95 1.70 1. domingensis no reservatório Delmiro Gouveia.00 m de ocorrência de T. domingensis em lagos e reservatório de Paulo Afonso.00 0.50 1.05 Profundidade a 2.80 0. Enga.97 a 2.10 1.00 m) e a 2.05 1.Profundidades médias obtidas na transição (a 1.65 Média 0.60 Para N. A proliferação de macrófitas está relacionada com a profundidade. profundidade de colonização. amplas e freqüentes variações de níveis decorrentes da operação da barragem e do estado trófico). para que haja uma mínima interferência na geração de energia elétrica e no cultivo de peixes. Lopes & Tenório (2002). indiferente da eutrofização e da profundidade. crassipes. Os aguapés (gênero Eichornia).38 m. das características do trecho do Rio em que foi construído (águas rápidas.00 m. levando a diluição de agentes de controle são grandes problemas a serem enfrentados (Borges Neto. brasiliensis foi de 1. O hábito perene de crescimento. afirmam que o melhor mecanismo de convivência com as macrófitas aquáticas em lagos e reservatórios hidrelétricos consiste em adequado manejo destes ambientes. Enga. Gorgati & Pitelli. Bras. Também semelhante ao que ocorre no reservatório Delmiro Gouveia. jul. Galo. densa a profundidade limite é de 9. que mantém a população da macrófita E. Segundo Agostinho & Gomes (1997). a facilidade de propagação por segmentos de plantas e o próprio ambiente aquático. Existem várias espécies de macrófitas com potencial para causarem prejuízos em ecossistemas aquáticos (Carvalho. 2004). podendo o fato decorrer de seu caráter recente. Estes fatores estão em acordo com o ocorrido no reservatório de Xingó. Pesca 3(2). A profundidade média encontrada para as plantas-problema T. 2003). Segundo Santos & Thomaz (2002). assim estes resultados estão 114 . 2008 Para E.60±0. Velini & Martins. não foram realizadas medições para esta planta. domingensis e N. densa. sendo forte invasora em ambientes fechados. observações freqüentes permitem concluir que a mesma se mantém controlada pelas correntes dos lagos abertos como o reservatório Delmiro Gouveia. em virtude das correntes nos trechos lóticos. Para E. Para E. 2002). têm sido motivo de grandes preocupações nas represas da companhia Light. por exemplo. uma vez que a revisão bibliográfica permite estabelecer valores próximos a nove metros para a transição de ocorrência desta planta em águas claras e correntes (Lopes & Tenório. curso encaixado. 1997). controle de efluentes e o cuidado com a qualidade da água.. a redução da profundidade afetou de forma diferenciada as lagoas abertas e fechadas refletindo negativamente na assembléia de macrófitas aquáticas. crassipes sob controle. O aumento da lâmina de água está associado à predominância de espécies flutuantes e uma redução de espécies com enraizamento no substrato (Motta Marques et al. DISCUSSÃO As populações de plantas subaquáticas são difíceis de manejar e controlar. o reservatório de Segredo (rio Iguaçu – PR) tem como característica marcante a escassez de macrófitas.Rev. que apresenta características semelhantes. Reservatório de Segredo . In: Agostinho. L. Assim.Bases ecológicas para o manejo integrado. Recife. R. E. Gorgati.. L. A. Velini. (2004). 319-364. (2003). R. foi possível identificar um nível no qual estas plantas se mantiveram controladas. M.).80 m sem ainda considerar o problema macrófitas aquáticas. A & Gomes. Carvalho. C. C. 252-258. Manejo e monitoramento de recursos pesqueiros: perspectivas para o reservatório de Segredo. T.. Borges Neto. B. Pesca 3(2). Fitopatologia Brasileira. Enga. pp. Introdução e zoneamento do reservatório de PA –IV.Q & Pitelli. os lagos do acampamento Chesf em Paulo Afonso não se adequam ao cultivo de peixes em tanques-rede em virtude de suas pequenas profundidades. físicos e biológicos.50 m entre a parte inferior da estrutura e o álveo do corpo dágua” (Panorama da Aqüicultura. Universidade Federal Rural de Pernambuco. R. A. V. Zoneamento da piscicultura em tanques-rede nos reservatórios do submédio rio São Francisco. najas. 2008 em desacordo com o recomendado para o cultivo de peixes em tanques-rede conforme recomendado pela Instrução Normativa Interministerial no 8 da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (SEAP) Art. F. Alencar. 115 . L. 1o que estabelece diretrizes referentes a este parâmetro onde diz que a profundidade da área selecionada para implantação de cultivos que necessitam de arraçoamento deverá considerar a altura submersa da estrutura de cultivo mais a distância mínima de 1. M. (ed. 29. uma vez que a complexidade biológica desses vegetais requer estudos multidisciplinares e freqüentes. A & Gomes. Maringá: EDUEM. A partir das profundidades obtidas nas regiões de ocorrência das macrófitas-alvo nos lagos e reservatório estudados. (1997). aliando-se a outros fatores de ordem químicos. Módulo experimental de aqüicultura em tanques-rede no reservatório da Usina Hidroelétrica de Xingó. 21.Rev. jul. (1998). Bras. no rio Tietê. REFERÊNCIAS Agostinho. Monografia (Especialização em Aqüicultura) . p. 2003). Influência do fotoperíodo e da temperatura na intensidade de doenças causadas por Fusarium graminearum em Egeria densa e E. D.. FADURPE (2000). Galo. Estas cotas podem representar uma ferramenta imprescindível para o manejo de controle integrado. A. D & Martins. Planta daninha. C. seria necessária uma profundidade mínima de 2. Plantas aquáticas e nível de infestação das espécies presentes no reservatório de Barra Bonita.Departamento de Pesca. C. Portanto. T. A. Viçosa – MG. 15-19. 1998. Santos. M. 3. (2003). 2008 Lopes. 13.Rev.BR/Santos. jul. Contribuição para o conhecimento de macrófitas aquáticas existentes nos lagos e reservatórios do Complexo Hidrelétrico de Paulo Afonso – CHESF. 60. (2002). 80. Pesca 3(2). Bras. A. Diversidade de espécies de macrófitas aquáticas em lagoas de uma planície de inundação tropical: O papel da conectividade e do nível da água. p. (1997). A. v. Irgang. L. J. (acessado em 31 de jul. 116 . N. Enga.. In: XIV Congresso da Sociedade Botânica de São Paulo. Instrução Normativa Interministerial No 8. T. S. 2006). M. In: XII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos. Rio Claro: anais do CSBSP em CD ROM. Giovannini. P. A. & Thomaz. Vitória. (2002). M. UNESP. G. D. M.cblimnologia. Panorama da Aqüicultura. http://www. Anais do SBRH. B. R. UFJF. & Tenório. S. da.. A importância do hidroperíodo no gerenciamento de água em terras úmidas (Wetlands) com uso múltiplo: O caso da Estação Ecológica do Taim. Motta Marques. jul. Goiana. Os principais resultados demonstram que a maioria dos entrevistados apresentaram padrão de vida e saúde ambiental muito baixos e que os impactos ambientais vêm reduzindo a população de caranguejo-uçá. Núcleo de Altos Estudos Amazônicos.Rev. as can be seen in the offers of the regional market.The crab catcher use rustic equipments adapted by tem and manual techniques to catch the crabs from mangrove areas. o principal objetivo deste trabalho foi realizar um estudo da atividade sócio-econômica dos catadores de caranguejo-uçá nos estuários do rio São Lourenço e do rio Catuama. and also by its high protein content source and income generation. Universidade Federal do Pará Departamento de Oceanografia. Myrian Sá Leitão BARBOZA3 . Roberta Sá Leitão BARBOZA1*. PEGAR CARANGUEJO. bem como contendo teor protéico elevado e gerando de renda para os catadores de caranguejo. Thus. é indispensável considerar as especificidades regionais entre as relações do catador e do caranguejo. Pesca 3(2). Assim. the main objective of this paper was to study the socio-economic activity of the crab catcher at São Lourenço and Catuama estuaries (Goiana. Atualmente. Universidade Federal Rural de Pernambuco *Email: roberta_barboza@yahoo. The main results show that most crab catcher have a very low life standard quality. Para reduzir a possibilidade de sua extinção foram realizadas algumas medidas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) para promover sua preservação.com. mangrove. However. refletida no abastecimento do recurso nos principais mercados públicos regionais. tendo maior expressão na comunidade de São Lourenço. Universidade Federal de Pernambuco Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido. Apesar da importância significativa da atividade. Palavras chaves: caranguejo. socio-economy. TO TALK WITH THE KINGVULTURE": A SOCIO-ECONOMIC STUDY OF THE CRAB CATCHERS AT THE NORTH LITTORAL OF PERNAMBUCO. Enga. levando os catadores a exercerem outras atividades rentáveis. Thus. UFPA 4 Departamento de Pesca e Aqüicultura. manguezal. PE. estes obtém pouco usufruto da venda devido à falta de valor agregado ao produto. a espécie encontra-se bastante ameaçada em alguns Estados brasileiros. 2008 “FUI NO MANGUE CATAR LIXO. Data were obtained in March/2004 through semi-structured interviews by questionnaire application and photographic registration. Desta forma. besides the animal bioecology in management programs of this resource. Bras. Nowadays. Os dados foram levantados no mês de março de 2004 através de entrevistas semi-estruturadas com aplicação de formulários e registro fotográfico. this specie in under threat in some Brazilian states. CONVERSAR COM O URUBU”: ESTUDO SOCIOECONÔMICO DOS CATADORES DE CARANGUEJO NO LITORAL NORTE DE PERNAMBUCO "I WENT INTO THE MANGROVE TO CATCH GARBAGE. the crab catchers receive a low revenue due the lack of aggregated value to the product. PE – Brasil. Brazil). Esta atividade representa para eles grande importância econômica através da geração de empregos e renda. Abstract . Key words: crabs. Pernambuco 117 . O estudo também evidenciou diferença na importância sócio-econômica da catação do caranguejo entre as comunidades estudas. This activity is economically important to them as job and income generation.Os catadores de caranguejo utilizam instrumentos rústicos por eles adaptados e técnicas manuais para extração do caranguejo nos manguezais. Sigrid NEUMANN-LEITÃO2. TO CATCH CRABS. Even being important. conservation actions were not included to obtain a sustainable resource extraction. low environmental health and (a tendency to decrease the crab availability) making crab catcher to change to another rentable activity. sócio-economia. Pernambuco.br Resumo . 1 2 3 Mestre em Biologia Ambiental. Entretanto. it is important to consider the regional characteristics of the catcher and the crab. Luciana de Matos Andrade BATISTA-LEITE4. To minimize the chance of extinction of this specie the Government Environmental Institute – IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) created rules to promote its preservation. não foram integradas ações conservacionistas a fim de garantir a extração sustentável do recurso. It was also observed differences between the socio-economic importance of the crab to the two studied communities (São Lourenço and Catuama). além da bioecologia do animal na efetivação de planos de manejo do uso do recurso. being more representative at São Lourenço. 2003). por não apresentarem representação política e profissional. Em Bragança.. Todavia. Pesca 3(2). jul. Segundo Boeger et al. 2008 INTRODUÇÃO A influência sócio-cultural do caranguejo-uçá (Ucides cordatus Linnaeus. Em geral se instalam na periferia de zonas urbanas litorâneas e dentre os pescadores figuram entre os de menor poder aquisitivo (Nordi.” (Josué de Castro) Os catadores de caranguejo são homens que vivem da coleta do caranguejo nos manguezais durante a baixamar. a sobrevivência da espécie encontra-se bastante ameaçada em alguns Estados brasileiros. 1992). 2000). em especial no Estado de Pernambuco. 2004. Há cerca de oito anos vem ocorrendo uma mortandade em massa no sentido norte-sul desde os manguezais situados no Ceará até o Sul da Bahia. é um fungo ascomiceto. o caranguejo-uçá é coletado e vendido por 42% da população e é responsável por 38% da renda local (Glaser.. redinha e gancho) e técnicas manuais como o braceamento1 e o tapeamento2. devido á ausência de ar (Nordi. U. 2004). 1992). a previsibilidade. 1992). Ivo et al. 2004. a boa aceitação no mercado e a autonomia na produção (Glaser & Diele. 1993. além de ser considerado pelos pesquisadores como um dos recursos mais explorados nos manguezais brasileiros. freqüentemente não possuem direitos sociais como pensão ou benefícios por doenças (Glaser & Diele. ainda é desconhecido o processo de transmissão da doença (Ciência Hoje. 2 1 118 . 1763) no Brasil. o provável agente patogênico da enfermidade. é expressa pelo simbolismo das músicas de Chico Science no movimento cultural mangue-beat. Atualmente.”(Chico Science) “No mangue. (2005). conhecida por doença do caranguejo letárgico. Schmidt & Oliveira (2006) sugerem a realização de novos estudos para descobrir qual desequilíbrio ambiental seria responsável pela proliferação anormal do fungo e infecção exclusiva Técnica em que o catador introduz o braço inteiro na toca do animal. No estuário do rio Mamanguape (PB). 1992) e. nordeste paraense. além das poesias do escritor e médico pernambucano Josué de Castro: “Fui no mangue catar lixo/ pegar caranguejo/ conversar com o urubu. cordatus representa a espécie de caranguejo mais extraída e de maior relevância para as comunidades no entorno dos manguezais (Alves & Nishida. segurando-o pela região dorsal da carapaça (Nordi. Para estes homens o caranguejo-uçá representa grande importância econômica através da geração de empregos e renda (Alves & Nishida. Consiste na obstrução da tocas do caranguejo com raízes e sedimento do mangue para promover sua subida com baixa resistência. o baixo custo na captura. foi ou será caranguejo.. Nordi. Enga. 2003).. inclusive o homem e a lama. como o fácil acesso ao mangue. Algumas características dessa atividade pesqueira têm importância para os catadores. Maneschy. 2005). Bras. utilizam instrumentos rústicos por eles adaptados (ratoeira.Rev. tudo é.. Este município está situado na zona fisiográfica do Litoral e da Mata (EMPETUR. sob risco de punição. de 24 de junho de 2003 que proíbe em qualquer época a captura. De acordo com estudos realizados pelo Centro de Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros do Litoral Nordestino (CEPENE). Durante o período de 1 de dezembro a 31 de maio. 1998). verificar se existem ações antrópicas relacionadas a este desequilíbrio. detentor de conhecimentos e valores socialmente trabalhados durante todo o processo histórico.Brasil. PE . na porção 119 . Diante da preocupação de sua extinção foram realizadas algumas medidas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) para promover sua preservação. não foram integradas ações conservacionistas entre os representantes governamentais e sociais a fim de garantir a extração sustentável do recurso.0 cm nos Estados do Pará. Para Alves & Nishida (2004). 2000). o beneficiamento. além da supervisão governamental e exploração controlada. cerca de 10 mil famílias de catadores de caranguejo foram atingidas diretamente por esta alta mortandade de caranguejos no nordeste brasileiro (Redmanglar. 2008 da espécie. jul. nada foi comprovado. a manutenção em cativeiro. Dentre elas destaca-se a portaria nº 34. entretanto. a captura. Goiana. MATERIAL E MÉTODOS ÁREA DE ESTUDO A pesquisa foi realizada com as comunidades de catadores de caranguejo situadas junto aos estuários dos rios Catuama e São Lourenço (Figura 1). 2006) têm apontado a carcinicultura como causador. Quintas (2002) acredita que qualquer problemática ambiental deve ser analisada sob uma ótica multidisciplinar. Pernambuco. Outros pesquisadores (Schaeffer-Novelli et al. o beneficiamento. os quais são geralmente ignorados pelas autoridades na elaboração de medidas que regulamentam o uso de recursos. visto que o homem é parte integrante da natureza. Maranhão. e acima de tudo. a coleta. a industrialização e a comercialização de fêmeas da espécie também fica proibida nesses Estados (IBAMA. Rio Grande do Norte. o transporte.Rev. através de doenças transmitidas pelos camarões cultivados. Pesca 3(2). o principal objetivo deste trabalho foi realizar um estudo da atividade sócioeconômica dos catadores de caranguejo-uçá nos estuários do rio São Lourenço e do rio Catuama. muitas vezes principal fonte de sustento aos catadores de caranguejo. Enga. Sergipe e Bahia. Desta forma. Paraíba. ambos localizados no município de Goiana. sociais e ecológicos. é necessário uma contextualização da população local de catadores de caranguejos. a industrialização e a comercialização de qualquer indivíduo da espécie Ucides cordatus cuja largura da carapaça seja inferior a 6. Souto. Alagoas. Ceará. o transporte. 2005). Bras. Entretanto. As leis são simplesmente criadas e impostas. respaldada nos aspectos econômicos. Piauí.. 2003. cabe aos catadores obedecerem-nas ou não. Figura 1 . a atividade econômica que desenvolvem as características da extração dos caranguejos. os produtos extraídos e os aspectos relacionados à sua percepção ambiental. com precipitações pluviométricas de 1.Caaporã e Pitimbu (Paraíba). Pesca 3(2). 2008 oriental do Estado de Pernambuco. neste caso os catadores de caranguejo. 2004). COLETA DOS DADOS Os dados sobre extração de caranguejos pelos catadores foram levantados no mês de março de 2004 através de entrevistas semi-estruturadas (Viertler. 2000) e a base de sua economia está no cultivo da cana-deaçúcar e na agroindústria sucro-alcooleira (CPRH. e 120 . Igarassu e Itaquitinga.44% do Estado.Oceano Atlântico e Oeste . onde a seleção dos informantes é intencional. PE-Brasil). O município de Goiana é composto por três distritos (Goiana. Barra de Catuama. 1981). 2002) com aplicação de formulários e registro fotográfico.1 km².35°00’10’’ W. equivalente a 0. constituindo uma área territorial de 492.088 habitantes e densidade demográfica de 144. Leste .Mapa com a localização das áreas de estudo (São Lourenço e Catuama. Estes formulários continham informações sobre as condições sociais dos catadores de caranguejo. entre eles Catuama. 1994 apud Albuquerque & Lucena.46 hab/km2 (IBGE. Foi realizada amostragem do tipo “snow ball” (Bailey. Pontas de Pedras e Tejucupapo) e mais dez povoados. Enga.Condado e Itambé. 2001). O clima é classificado por Köppen como tropical quente úmido. com população urbana e rural totalizando 71.Itamaracá. Sul . jul. Bras. AWS’.500 a 2. São Lourenço e Carne de Vaca.000 mm e temperatura média de 25°C (FIDEPE. A cidade de Goiana está localizada entre as coordenadas 07°33’40’’ S . apresentando os seguintes limites: Norte .Rev. os seguintes percentuais de analfabetismo: 57. Durante as visitas domiciliares foi utilizada ajuda de dois moradores locais. uma hora. Situação semelhante a esta é relatada por Lima & Quinamo (2000) estudando as comunidades pesqueiras do Canal de Santa Cruz-PE e Batista-Leite (2005) no estuário do rio Goiana-PE. Albuquerque & Lucena. 2008 consiste na indicação dos informantes pelos próprios entrevistados. há maior possibilidade de ocorrência de cooperação da comunidade ao longo do trabalho e de veracidade dos dados coletados. Batista-Leite. 2003). UM BREVE PERFIL SOCIAL Os resultados referentes ao nível de escolaridade dos catadores de caranguejo-uçá demonstraram altas taxas de analfabetismo (58. em 50% dos casos. 2004. Através do acompanhamento de pessoas da própria comunidade durante a apresentação dos pesquisadores e durante a aplicação do formulário. Bras. Durante a aplicação dos formulários alguns catadores de caranguejo associaram nossa presença à fiscalização de órgãos ambientais. Estudos semelhantes realizados em Pontas de Pedra pela Companhia Pernambucana do Meio Ambiente (CPRH. sendo 13 referentes ao povoado São Lourenço e 8 a Catuama3. respectivamente. foi taipa e telha e nos 50% restantes foi tijolo e telha. 2000. 2004).Rev. constituindo-se como os informantes-chaves (Huntington. 2000) indicaram. O material empregado nas construções das casas dos catadores entrevistados em São Lourenço. sendo o restante das casas confeccionadas por taipa e palha (13%). 2005).5% em Catuama). 2001) e Barra de Catuama (Lima & Quinamo. As entrevistas duraram. RESULTADOS E DISCUSSÃO O estudo do perfil socioeconômico das comunidades de catadores de caranguejo de Goiana (PE) resultou no registro de 21 entrevistados. 121 . a construção com taipa e telha ainda representa um valor alto (38%). 3 Os entrevistados de Pontas de Pedra e Barra de Catuama coletam no estuário do rio Catuama e foram considerados pertencentes à Catuama. Enga. método conhecido como “rapport” (Albuquerque & Lucena.5% e 26%. Fato também corroborado por BatistaLeite (2005) para os catadores de guaiamum do estuário do rio Goiana-PE com 62. evitando qualquer encontro. para apresentação dos pesquisadores com o objetivo de conquistar a confiança dos entrevistados. em média. Todavia.3% em São Lourenço e 62. Entre os catadores de caranguejo-uçá do estuário do rio Mamanguape (PB) a maioria das construções das casas (81%) é de taipa e 19% de tijolos (Alves & Nishida.5% de representatividade. Embora a maioria das habitações de Catuama fosse construída de tijolo e telha (49%). jul. Pesca 3(2). Rev. Bras. Enga. Pesca 3(2), jul. 2008 Batista-Leite (2005) registrou casas de tijolo em 87,50% dos casos e apenas 12,50% de taipa para os catadores de guaiamum do estuário do rio Goiana, Pernambuco. Em São Lourenço grande parte dos entrevistados (63,6%) recebe água da rede oficial de abastecimento, a Companhia Pernambucana de Saneamento (COMPESA); enquanto que em Catuama a maior parte (55,5%) tem acesso a poço artesiano. Os dados obtidos em outra pesquisa realizada na região apontam que o abastecimento de água por meio de rede oficial e poços foram de 42,5% e 18,6% para Pontas de Pedra (CPRH, 2001), 47% e 40% para Barra de Catuama (Lima & Quinamo, 2000), respectivamente. Contudo, Batista-Leite (2005) relatou que 100% dos catadores de guaiamum do estuário do rio Goiana-PE obtêm seu abastecimento pela COMPESA. Há, em geral, predomínio de formas obsoletas de esgotamento sanitário, como fossas sépticas precárias utilizadas por 69% dos catadores pesquisados de São Lourenço e 62% de Catuama. Existe, ainda, o lançamento dos resíduos in natura por 23% dos catadores pesquisados em São Lourenço e 37,5% dos catadores pesquisados em Catuama e outras formas de esgotamento sanitário (8% em São Lourenço e 0,5% em Catuama). Esta é uma realidade do próprio município de Goiana, segundo dados da CPRH (2001), 69,1% dos dejetos do município vão para fossas rudimentares e o restante é lançado in natura. O lixo urbano apresentou os seguintes destinos: em São Lourenço 50% dos entrevistados disseram que o lixo é recolhido pela prefeitura, 25 % afirmaram que é lançado em terrenos baldios, 18,75% jogam no estuário e 6,25% dos informantes responderam que queimam; em Catuama 55% dos catadores disseram que o lixo é coletado por caminhões do município, 33% jogam em terrenos baldios e 11,1% enterram. Conforme resultados apresentados por Batista-Leite (2005), 81,25% da comunidade de catadores de guaiamum do estuário do rio Goiana-PE têm seu lixo recolhido pela Prefeitura e 18,75% queimam, enterram ou jogam nos seus quintais. A ATIVIDADE ECONÔMICA A população de São Lourenço apresenta uma forte relação de dependência com o manguezal, efetivada por meio da extração de moluscos e crustáceos de valor comercial. O caranguejo-uçá é explorado há muitos anos na área, onde estudos realizados pela Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) indicaram a abundância desse recurso nas margens do rio São Lourenço, tendo sido a produção média anual, entre 1973 e 1974, estimada em 50 toneladas (SUDENE, 1978). A produção estimada de caranguejo-uçá no litoral pernambucano em 1998 foi de 97,5 toneladas (IBAMA, 1999). Em 2002 a produção de caranguejo foi estimada em 8,8 toneladas para o município de Goiana e 55,1 toneladas para todo o Estado de Pernambuco (IBAMA, 2002). 122 Rev. Bras. Enga. Pesca 3(2), jul. 2008 No que concerne a Catuama, verificou-se que as atividades pesqueiras são predominantemente realizadas no mar, tendo-se dificuldades em localizar catadores de caranguejo. Um diagnóstico sócio-ambiental realizado pela CPRH (2001) ressalta a predominância da pesca estuarina sobre a marítima no litoral norte do Estado, destacando o rio Megaó (rio São Lourenço) com exceção de Pontas de Pedras e Itamaracá. Além da tradição da pesca marinha, a destruição e poluição dos manguezais também podem ser os responsáveis por esta realidade em Catuama. A presença de mulheres catadoras de siri (Callinectes sp.) e caranguejo em Barra de Catuama é citada por Lima & Quinamo (2000), constituindo 42% dos 54 pescadores entrevistados neste estudo. Os catadores de caranguejo entrevistados (48% em Catuama e 38% em São Lourenço) relataram também a busca por outras atividades (construção de casas, carpintaria e roçado) como fonte de renda além da extração de caranguejo (Figura 2). Catuama apresenta um contexto regional um pouco diferente de São Lourenço: há ofertas de trabalho como caseiro aos pescadores, devido ao grande número de casas de veraneio; São Lourenço, por sua vez, é caracterizada como uma vila constituída, principalmente, por pescadores e catadores. Segundo Alves & Nishida (2003), a queda na produção dos catadores de caranguejo leva-os a buscarem outras fontes de renda, como pesca, corte de cana-de-açúcar, mariscagem, coleta de ostras (Crassostrea rhizophorae Guilding, 1828), aratus (Goniopsis cruentata Latreille, 1803) e siris e serviços como ajudante de pedreiro. Observações sobre a relação da comunidade de Barra de Catuama com a natureza, realizadas por Lima & Quinamo (2000), revelam mudanças decorrentes do crescimento desordenado, ocupação indiscriminada e degradação ambiental. Em Vila Velha (PE), local um pouco mais ao sul da área estudada, El-Deir (1999) apontou a forte influência da cidade do Recife, através da formação de uma população flutuante nos finais de semana, na descaracterização das relações entre os pescadores locais e o meio ambiente. Em relação à renda mensal, temos que 69,23% dos catadores de São Lourenço e 62,50% em Catuama recebem menos de um salário mínimo4, enquanto 30,77% (São Lourenço) e 37,50% (Catuama) recebem um salário mínimo em suas atividades pesqueiras. Todavia, esses valores variam consideravelmente no verão, em virtude da maior comercialização dos recursos. Os resultados divulgados para o município de Goiana mostram que 50,6% dos chefes de domicílio recebem até um salário mínimo (CPRH, 2001); em Barra de Catuama os pescadores recebem mensalmente cerca de 52 reais (Lima & Quinamo, 2000). 4 Em 2004 o valor do salário mínimo correspondia a R$ 240,00. 123 Rev. Bras. Enga. Pesca 3(2), jul. 2008 33% Sã o Lo u re n ço S im 67% C o n s t ru ç ã o Roç ado Não 62% 38% 25% 25% Catuama 25% N ão Sim 25% Construção Outros Carpinteiro Roçado 52% 48% Figura 2 - Percentual da realização de atividades geradoras de renda além da catação de caranguejos entre os entrevistados de São Lourenço e Catuama, Goiana-PE durante março de 2004. Há um maior ganho entre os catadores que não utilizam atravessadores para comercializar o produto. Quando ocorre intermédio de atravessadores o destino dos caranguejos são as feiras de Pontas de Pedra (PE), de Peixinhos (Olinda-PE) e de Rio Doce (Olinda-PE). Além de contribuir na alimentação das famílias de pescadores e catadores do Litoral Norte de Pernambuco, os recursos pesqueiros abastecem os mercados de Recife e do interior (CPRH, 2001). Alves & Nishida (2003) destacam a influência de transformações históricas, integradas a economias de mercado e aos sistemas políticos nas formas de exploração do recurso e na riqueza cultural dos catadores, os quais mantêm em geral uma relação de sujeição com grupos de compradores que exploram seu trabalho. Cintra (1999) estudando o caranguejo no norte do Brasil (Pará) constatou que o preço do caranguejo depende da disponibilidade do recurso, a qual está relacionada com a época do ano e a altura da maré. O autor ainda relata que os subprodutos do caranguejo não são aproveitados no município de São Caetano de Odivelas (PA), sendo os mesmos enterrados ou jogados na maré. Ogawa et al (1973a) descreveram o processo de obtenção de farinha do caranguejo para ração animal, através do aproveitamento da carapaça, vísceras e resíduos do crustáceo, evidenciando o desperdício existente em várias regiões do Brasil pela falta de orientação nessas comunidades 124 A EXTRAÇÃO Em relação à quantidade de dias semanais investidos pelos catadores nos manguezais. peso da porção aproveitável e os equivalentes em caloria e proteínas ocorrem no verão. foi informado que 50% dos entrevistados de São Lourenço vão ao estuário 6 vezes na semana. urge. uma vez que “se atolam” menos na lama e o número de mosquitos é menor. também tem sido vendido em fase de ecdise (chamado vulgarmente de siri-mole) sendo considerado como iguaria nos bares e restaurantes. Segundo trabalhos de Nordi (1994) na região de Várzea Nova (PB).5% vão 6 vezes na semana ao manguezal (Tabela 1). Pesca 3(2). os valores máximos da produção diária em número de corda. Estudos de Maneschy (1993) relacionam a produção de caranguejos aos ciclos biológicos do animal: as capturas se reduzem paulatinamente ao término da estação chuvosa.5% freqüentam o manguezal de 2 a 3 vezes na semana para extração de caranguejos. 95% consideraram o verão como melhor período para sua realização. devido a maior consolidação do sedimento e ausência de chuvas. em algumas praias do litoral Norte (Carne de Vaca.. jul. pasteurizada-congelada e enlatada (Ogawa et al. Barra de Catuama.5% vão apenas 1 vez na semana. quando os caranguejos fecham as tocas para realizarem a troca da carapaça (ecdise). Para eles a sazonalidade define os períodos de maior ou menor freqüência de idas.Rev. Porém. que essas comunidades sejam instruídas e capacitadas para que haja um melhor aproveitamento dos recursos explorados. Há ainda pesquisas sobre o processamento da carne congelada. Enga. Pontas de Pedra. Itamaracá. 125 . Bras. Quando perguntados sobre a influência sazonal na atividade (Qual o melhor período para a atividade: inverno ou verão? Por que?). (2005) trabalhando com as comunidades de catadores do litoral Norte pernambucano relataram o beneficiamento do aratu. facilitando a coleta.5% vão de 2 a 3 vezes na semana e 8. Além disso. 62. A percepção dos catadores dos estuários do rio Catuama e São Lourenço de que é no verão a época de maior densidade e facilidade de captura dos caranguejos é semelhante à descrita por Cintra (1999). Moura et al. portanto. além de maior número de compradores do produto. 2008 pesqueiras. 1973b). 8. O braquiúro Callinectes sp comumente denominado siri têm seus músculos retirados e comercializados in natura. 25% vão de 4 a 5 vezes na semana e 12. 33% vão de 4 a 5 vezes por semana. da mesma forma que os aratus. os quais raramente são vendidos vivos e normalmente são cozidos e deles retirado os músculos. entre outras). peso bruto. Catuama. Em Catuama. são: foice5 (33% e 12. As jornadas dos catadores de caranguejo de São Caetano de Odivelas (PA) estudados por Maneschy (1993) duram em média de 7 a 8 horas.8% e 18.5 Segundo os entrevistados. Enga. Idas ao estuário / semana 1 2a3 4a5 6 São Lourenço (%) 8.5 8. no tocante à duração da catação de caranguejos.Rev. Pesca 3(2). Eles citam o regime de marés como principal responsável pelo tempo total gasto nas coletas.Tempo gasto por dia em 2004 pelos catadores de caranguejo-uçá de São Lourenço e Catuama. 2008 Tabela 1 . em Catuama 37. Brasil. verificou-se que as mais empregadas em São Lourenço e Catuama. Duração da atividade (h) / dia 1a3 4a6 7a9 >9 São Lourenço (%) 0 0 75 25 Catuama (%) 37.5 25 12. ratoeira (26% e 18. Quanto às técnicas utilizadas na coleta dos caranguejos. Bras.7%). 5 Pedaço de madeira com ponta de metal que é introduzido na boca da toca ao encontro do caranguejo (Cintra. Brasil. respectivamente. assim distribuídos: de 5 a 10 anos (16. jul. na atividade de extração de caranguejos.PE.Freqüência de idas ao estuário por semana em 2004 pelos catadores de caranguejo-uçá de São Lourenço e Catuama. 1999) 126 .5% levam de 4 a 6 horas e 50% passam mais de 9 horas nessa atividade (Tabela 2).5%). 12.5 0 50 Para a maioria dos catadores de caranguejo o início da atividade de catação foi há mais de 5 anos.7%).6% em São Lourenço e 50% em Catuama) e há mais de 15 anos (58% em São Lourenço e 37. de 10 a 15 anos (16.6% em São Lourenço).5% em Catuama) (Figura 3). tapeamento (11% e 25%) e redinha (14.5% gastam de 1 a 3 horas no manguezal.5 12.5 33 50 Catuama (%) 0 62. braceamento (11% e 25%). Tabela 2 . verificou-se que 75% permanecem de 7 a 9 horas no manguezal do rio São Lourenço e 25% dos catadores mais de 9 horas.PE. 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 < 1 ano 1 a 5 anos 5 a 10 anos 10 a 15 anos >15 anos Entrevistados (%) Tempo de Pesca São Lourenço Catuama Figura 3 . Por outro lado. Alguns catadores afirmaram não usar redinha (Figura 5) por ser difícil de confeccioná-la e pelos danos provocados pela mesma. durante 18 127 . Figura 4 .Percentual do tempo médio (em anos) de exercício da profissão entre os catadores de caranguejo-uçá de São Lourenço e Catuama. (2000) conduziram estudos em manguezais do litoral Sul do Estado de Pernambuco para avaliar os impactos ambientais no uso de redinhas na captura de caranguejo-uçá e constataram que cada catador utiliza 130 redinhas/dia. Enga. deve-se considerar que se o catador não estiver consciente em coletar apenas os indivíduos adultos esta técnica poderá oferecer riscos à população local de caranguejos. Foto:Goretti Sônia-Silva. 2008 As técnicas de coleta mais utilizadas pelos catadores de caranguejo-uçá do estuário do rio Mamanguape (PB) são o tapeamento junto com o braceamento (Alves & Nishida. Foto:Goretti Sônia-Silva. A ratoeira (Figura 4) também é utilizada na captura de guaiamum (Cardisoma guanhumi Latreille.. Bras. 1825) e foi apontada pelos catadores como técnica mais fácil de ser empregada e menos impactante. PE-Brasil. 2003). Pesca 3(2). No tapeamento o catador coloca um pequeno galho do mangue para marcar o local e depois retornar para capturar o caranguejo.Rev. Botelho et al. jul.Ratoeira utilizada na captura de guaiamum e caranguejo-uçá: diferença nos tamanhos das ratoeiras utilizadas (à esquerda) e ratoeira coberta por folhas utilizada pelos catadores em Pernambuco (à direita). atualmente diferentes tipo de apetrechos de pesca vêm sendo utilizados. em comunicação pessoal. igualmente. totalizando 42. Pesca 3(2). Figura 5 . pelo fato de exigir o corte de 75 cm de raiz de Rhizophora mangle (Linnaeus) para fixação de cada armadilha. apresenta baixa seletividade e é bem impactante.Redinha utilizada na captura de caranguejo-uçá: redinha armada em uma toca de caranguejo (à esquerda) e restos de uma redinha deixados próximo à toca (à direita). jul. Foto:Goretti Sônia-Silva. equivalendo ao uso anual de 28.040 toneladas. A produção de pescado estuarino e marítimo no município de Goiana em 1998 foi de 1. Enga. 1996). 2008 dias/mês.. logo alguns caranguejos-uçá. a coleta de moluscos é mais expressiva que em Catuama. das necessidades econômicas dos produtores. e. Bras. Segundo Maneschy (1993). Os autores citam ainda que a redinha captura indivíduos jovens.080 redinhas/catador. afirmou que alguns catadores de caranguejo-uçá argumentaram a adesão ao uso da redinha porque os caranguejos estão em profundidades maiores. ou outras espécies. Batista-Leite. foice). muito além do que o braçamento pode alcançar e afirmaram que os mesmos estão “ficando sabido”. correspondendo aproximadamente a 17 kg de material plástico. diferentes processos são empregados na captura dos caranguejos em função da variação do meio natural.3 toneladas corresponderam ao caranguejo-uçá (IBAMA. das quais 32. A 128 . como os citados anteriormente (redinha. Verificaram-se em ambos os estuários a baixa extração de aratu (Tabela 3). além de óleo quente (diesel ou carbureto) e gás (Vergara-Filho & Villas-Boas. OUTROS PRODUTOS EXTRAÍDOS Em São Lourenço.000 metros lineares de raízes de mangue. que os levam a inovar a busca de maior produtividade. onde há intensa pescaria e catação de guaiamum e siri.Rev. Apesar da captura de caranguejo-uçá ser apenas permitida através do método de braceamento com auxilio de gancho com proteção na extremidade (IBAMA. mesmo quando não coletados ficam aprisionados e morrem.. 2003). 1999). Foto:Goretti Sônia-Silva. Revelaram também que o período de tempo da baixa-mar não é suficiente para os catadores coletarem todas armadilhas. as principais causas são a carcinicultura (34% em Catuama e 3% em São Lourenço). 2008 produção anual por catador de caranguejo em Várzea Nova (PB). Pesca 3(2). 1803) Camarão branco (Litopenaeus schmitti Burkenroad. Goiana-PE.000 Kcal e 106. 1869) Guaiamun (Cardisoma guanhumi Latreille.9 kg de proteínas (Nordi.Rev. principalmente nos últimos 5 anos. a pesca predatória refere-se ao número excessivo de pessoas coletando nos manguezais impulsionadas pelo desemprego na região ou oriundas de outras vilas (Igarassu e Itapessoca).8 Os resultados relacionados com a percepção dos catadores sobre o estoque pesqueiro do caranguejo-uçá nas áreas estudadas indicam que grande parte dos entrevistados acredita na redução do estoque natural da espécie. 1818) Unha-de-velho (Tagelus plebeius Lighfoot. 1825) Moluscos Lambreta (Lucina pectinata Gmelin.6 6. Bras. 1994).2 20. foi estimada em 640 kg de carne. Tabela 3 . enquanto 11% dos entrevistados de Catuama e 6% de São Lourenço desconhecem as causas da redução da população de caranguejos. 129 . Para muitos. 1828) Sururu (Mytella sp. Enga.3 3. Segundo eles.) Taioba (Iphigenia brasiliana Lamarck. situada ao norte da área estudada. comprometendo o recurso. 1794) Ostra (Crassostrea rhizophorae Guilding. o lançamento de dejetos industriais e domésticos (22% em Catuama e 7% em São Lourenço).4 0 3. correspondendo a 537.8 17.4 20. Recursos pesqueiros Crustáceos Aratu (Goniopsi cruentata Latreille.Percentual (%) dos recursos pesqueiros de valor comercial extraídos em 2004 pelos catadores de caranguejo-uçá de São Lourenço e Catuama. 1786) Peixes Outros PERCEPÇÃO DOS CATADORES São Lourenço 20 4 0 8 8 52 4 20 16 4 8 8 20 Catuama 55.7 17.4 13. Brasil. jul. a pesca predatória (22% em Catuama e 13% em São Lourenço) e o desmatamento do manguezal (0% em Catuama e 68% em São Lourenço).1 3. o uso de redinha (11% em Catuama e 3% em São Lourenço). 1936) Siri Azul (Callinectes danae Smith.1 0 10. que são carreados para o rio durante a época das chuvas. No estuário do rio Mamanguape (PB) 50% dos catadores de caranguejo entrevistados concordaram com o estabelecimento do defeso. Olinda e Recife. O abastecimento de mercados públicos de Goiana. 2004) no estuário do rio Mamanguape (PB). Segundo CPRH (2001). favorecendo a recomposição dos estoques naturais e contribuindo para a manutenção dessas comunidades tradicionais e respectivas culturas. Ibeapicu. É válido observar que todos estes entrevistados defenderam uma política assistencialista durante a época da proibição em detrimento à paralisação de suas atividades. relacionada ao uso de defensivos agrícolas lançados nas plantações de cana-de-açúcar. também sugeriram a criação de um seguro (salário-defeso) como alternativa durante o defeso (Alves & Nishida. De acordo com os catadores de caranguejo entrevistados por Alves & Nishida (2003. Os impactos ambientais vêm reduzindo a população de caranguejo-uçá. CONCLUSÕES Os entrevistados apresentam condições precárias em termos de qualidade de vida e saúde ambiental. também participam da pesca nos estuários dos rios Megaó e Itapessoca. levando os catadores a outras atividades mais rentáveis. 2008 Lima & Quinamo (2000) indicam a pesca predatória como um dos maiores problemas ambientais no Canal de Santa Cruz (PE). bem como o fornecimento de fonte protéica e geração de renda para os catadores de caranguejo refletem o alto 130 . 2003).Rev. Tais pesquisadores sugerem que os impactos antrópicos. e ao emprego de redinhas na extração de caranguejo-uçá. Os autores acima citados defendem a necessidade de fontes alternativas de renda em períodos importantes do ciclo de vida da espécie (reprodução e muda) na diminuição da pressão de captura. Tejucupapo. Entre os entrevistados de São Lourenço 33% são a favor do defeso do caranguejo-uçá. enquanto em Catuama este percentual sobe para 50%. Enga. Bras. Carrapicho e Carne de Vaca todas pertencentes ao município de Goiana. contudo. têm afetado a preservação dos manguezais da Paraíba. tendo maior expressão na comunidade de São Lourenço (PE). com destaque para o cultivo da cana-de-açúcar. Pesca 3(2). A importância sócio-econômica da catação do caranguejo-uçá se apresenta bem diferente nos estuários do rio Catuama e do rio São Lourenço. as comunidades de Baldo do Rio. jul. a redução dos estoques dessa espécie está intimamente ligada à alta mortalidade ocorrida no ano de 1998. Pie. 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A extração de caranguejo está intimamente relacionada à sazonalidade e ao regime de marés. além da bioecologia do animal para que sejam efetivados planos de manejo racionais e sustentáveis do uso do recurso. P. sendo o verão o período de maior rentabilidade. W. R.. R. Batista-Leite. A. Mem. jul. Tese (Universidade Federal da Paraíba). Enga. Gecarcinidae) do estuário do rio Goiana. De M. P. 131 . N. 1763) (Decapoda. K. É indispensável considerar as especificidades regionais entre as relações do catador e do caranguejo. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem aos catadores de caranguejo por terem colaborado significativamente na realização da pesquisa. Brasil. 129p. R. Recife: NUPEA. 1825 (Crustacea. Recife. 2008 valor da atividade. Goretti Silva pelas fotos concedidas e a pesquisadora Dra. A. ao casal Paulo e Nalva de Barra de Catuama por todo apoio. 100(2): 161-167. M. aos biólogos Fabiana Gonçalves e Anderson Palmeira pela participação na aplicação dos formulários. R. 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Pesca 3(2), jul. 2008 DIGESTIBILIDADE DE INGREDIENTES ALTERNATIVOS PARA TILÁPIA-DO-NILO (Oreochromis niloticus): REVISÃO DIGESTIBILITY OF alternative ingredients for Nile tilápia (Oreochromis niloticus): REVIEW Elton Lima SANTOS1*; Waleska de Melo Costa WINTERLE1; Maria do Carmo M. M. LUDKE1, José Milton BARBOSA2 1 Departamento de Zootecnia, Universidade Federal Rural de Pernambuco 2 Departamento de Pesca e Aqüicultura, Universidade Federal Rural de Pernambuco *Email: [email protected] Resumo - A avaliação nutricional dos ingredientes de uma ração destinada à alimentação animal vai desde a escolha dos insumos, sua composição química até sua utilização pelos animais. Para tanto, é necessário saber a digestibilidade dos nutrientes contidos nessa dieta, sendo assim, várias pesquisas vêm sendo desenvolvidas para a avaliação da digestibilidade dos ingredientes usualmente utilizados nas rações para a tilápia-do-nilo, porém, atualmente a utilização de ingredientes alternativos na exploração aqüícola é uma realidade que vêm sendo buscada de forma promissora no Brasil, por conta da grande diversidade e quantidade de eventuais substitutivos a esses ingredientes usualmente utilizados nas rações e da grande disponibilidade desses alimentos. Palavras-chave: Digestibilidade, ingredientes alternativos, nutrição. Abstract - The nutrition evaluation of the ingredients of a destined ration the animal feeding, is going from the choice of the input, the evaluation of the composition chemical until your ready use for the animals. For in such a way, it is necessary to know the digestibility of the nutrients contained in that diet, being like this, several researches have been developed for the evaluation of the digestibility of the ingredients usually used in the rations for the Nile tilapia, however, now the use of alternative ingredients in the exploration fish farm is a reality that you/they have been looked for in a promising way in Brazil, due to the great diversity and amount of eventual substitution the those ingredients usually used in the rations and of the great readiness of those victuals. Key Words: Alternative ingredients, digestibility, nutrition. 135 2002). o fator alimentação constitui aproximadamente 70% do custo de produção total (Kubitza. principalmente da região nordeste do Brasil... 2004). Entretanto. pois se adapta tanto ao cultivo extensivo sem qualquer tecnologia empregada. 1998. Lovshin. 1966). torna muitas vezes a produção de peixes inviável. farelo de soja e farinha de peixe. temperatura e pH da água (Santos et al. sua efetiva assimilação depende do uso que o organismo animal esteja capacitado a executar (Maynard. sendo essa variação quantificada através da determinação de seus coeficientes de digestibilidade (Andrigueto et al. 1982). 2000). A formulação de rações para peixes é baseada principalmente em milho. bastante versátil. Com boa aceitação no mercado consumidor. Também são insuficientes as informações a cerca da composição e da digestibilidade dos resíduos originados da agroindústria. Pesca 3(2).. As espécies animais assimilam de forma diferente os alimentos. Enga. 1997. Ainda são escassas as pesquisas que abordam a utilização de ingredientes alternativos.Rev. 2008 INTRODUÇÃO A tilápia-do-nilo (Oreochromis niloticus) é uma espécie de peixe onívora. e por não apresentar espinhos na forma de “Y” no seu filé (Hildsorf.. A tilápia é a segunda espécie de peixe cultivada em água doce de maior importância na aqüicultura mundial (Alceste. sem contar que muitos desses ingredientes não-convencionais são desprezados 136 . Ainda segundo esses autores. Jory. a digestibilidade de uma ração é definida como a habilidade com que o animal digere e absorve os nutrientes e a energia contidos no mesmo. Borguetti et al.. 2004). Destaca-se ainda que a eficiência dos nutrientes varie entre as espécies de peixes em relação a certos fatores ambientais como concentração de minerais. destacando-se em cultivos. Loosly. o custo da ração é um dos fatores limitantes. No Brasil as estatísticas são imprecisas. após a ingestão.. especialmente para os pequenos produtores (Rabello et al. os quais em função de grande variabilidade de preço e dependendo da oferta no decorrer do ano e da dificuldade de transporte para as regiões não produtoras desses alimentos. Bras.. 1995). 2004). tornando-se de grande interesse para a piscicultura (Boscolo et al. carne de ótima qualidade. A análise química e os testes alimentares são os primeiros itens para determinar o valor nutritivo de um alimento. Entretanto. na alimentação de peixes. a utilização desses ingredientes que em muitas vezes são “subprodutos” ou resíduos do processamento de alimentos para o consumo humano é um desafio para os pesquisadores da área de nutrição animal. 2003). Assim sendo. Na exploração econômica de peixes. quanto ao sistema de criação em tanques-rede com rações completas e com alta tecnologia de produção (Meurer et al. 1998. 2002). jul. é apropriada para a filetagem. Pezzato et al. mas acredita-se que a tilápia seja o gênero de peixe mais cultivado no país desde a metade da década passada (Zimmermann & Hasper. por apresentar crescimento rápido. rusticidade. Enga. Pesca 3(2). entre outros fatores. Juancey.5 a 1. serão demonstrados e discutidos os resultados de algumas pesquisas envolvendo avaliações de digestibilidade de ingredientes tidos como alternativos estudados para tilápia-do-nilo. tanto para avaliar ingredientes ou a qualidade de rações completas (Sadiku. Desta forma. 1.Rev. 2008 quanto ao seu uso e vêm a causar problemas ambientais. no qual a digestibilidade de um alimento depende. são utilizados valores de proteína e energia bruta ou digestível de alimentos determinados para outros animais (Boscolo et al. uma vez que o conhecimento dos hábitos alimentares e o fornecimento de uma dieta equilibrada não são suficientes para assegurar resposta positiva no desempenho do animal (Gonçalves. além de provocar maior impacto tanto à criação quanto ao ambiente. 2002). 2003). A eficiência da digestão dos alimentos pode ser influenciada. Já no método indireto. pela superfície da exposição destes às secreções digestivas.0 %. da composição química e também da capacidade digestiva do animal para o alimento. que depois é avaliado nas fezes.. 1993). que é o que tem sido mais utilizado no Brasil. o que não é nutricionalmente adequado. DIGESTIBILIDADE DE ALIMENTOS PARA PEIXES Hepher (1988) relata que os primeiros estudos avaliando-se a digestibilidade de alimentos para espécies aquáticos datam de 1877 e foram realizados por Homburger. Os coeficientes de digestibilidade aparente são geralmente utilizados com o objetivo de determinar o valor nutricional de um alimento. pois não tem um destino racional planejado. Ela é de extrema importância para o atendimento das exigências nutricionais de uma espécie. 1995). 137 . Para a formulação de rações para peixes. 1998). mais outros marcadores também podem ser utilizados (NRC. o marcador mais usado é o óxido de cromo (Cr2O3). O método direto envolve a mensuração de todo o alimento consumido e de todo o resultado de excreção pelo peixe. utiliza-se um marcador que é incluso na dieta nas concentrações de 0. Dois métodos são mais comumente utilizados nas pesquisas onde se busca determinar os coeficientes de digestibilidade dos nutrientes dos componentes das rações. são os métodos: direto e o indireto. Estimativas da digestibilidade tem sido prioridade para a nutrição na aqüicultura. jul.. Carneiro. 1993). Bras. primeiramente. pois os nutrientes não digeridos e absorvidos serão excretados (Sugiura et al. Recentemente estudos de digestibilidade com a utilização de ingredientes convencionais e alternativos para tilápia-do-nilo vêm sendo executados no Brasil e no mundo. bem como pelo tempo de passagem pelo trato gastrintestinal (NRC. de outras formas. Utilizando o óxido de cromo. 2. além de rigorosa formulação da dieta. estão sendo exigidas maiores investigações acerca das exigências nutricionais de cada espécie. Enga. Pesca 3(2). Segundo Gonçalves & Carneiro. abrindo um maior espaço para a utilização de alimentos alternativos como fontes de proteína. com leve pressão dos dedos na região ventral dos peixes ou. arriscam-se em super-dosagens de nutrientes nas rações para peixes. é estimada através da seguinte equação: Disgestibilidade (%) = 100 − ( % do indicador no alimento % de nutrientes nas fezes x x100) % do indicador nas fezes % de nutrientes no alimento Existem vários métodos para a coleta das fezes de peixes. jul. como para qualquer outro animal envolve a determinação do teor desse nutriente no alimento e a estimativa de quanto desse alimento foi assimilado. O método mais utilizado para a coleta das fezes em peixes no Brasil é o método por decantação ou sistema de Guelph em que se utiliza um aquário para a alimentação e outro afunilado para a coleta de fezes. As dietas 138 . onde pode ser feita diretamente do tubo digestivo por extrusão manual. aumenta as perdas de EF (NRC. por determinados produtos e subprodutos da agroindústria. usualmente utilizados nas rações para peixes. (2003). Além de que a proteína é o nutriente que mais onera as rações para peixes. 1979). 1995). principalmente de proteína bruta. Na atualidade. a digestibilidade aparente segundo Nose (1966). 2008 Todo trabalho sobre digestibilidade de um determinado nutriente. cuidadosamente. o desempenho dos peixes. A substituição dos ingredientes. que podem reduzir as taxas de crescimento e..Rev. muitos nutricionistas. podendo muitas vezes inviabilizar a utilização do farelo de soja e da farinha de peixe. logo os valores de digestibilidade refletem a percentagem do nutriente de determinado alimento que é absorvido pelo trato digestivo (Smith et al. 1993). resíduos de culturas e produtos não destinados ao consumo humano tem se apresentado como prática econômica alternativa. que são pobremente digeridos pelos peixes. Bras. tanto para peixes. AVALIAÇÃO DA ENERGIA DIGESTIVA (ED) A diferença entre a energia bruta (EB) e a energia digestível (ED) é a energia perdida nas fezes (EF). Já Cho e Slinger (1979) estabeleceram um método de coleta das fezes através de um sistema de sifonagem constante da água do aquário que passa por uma coluna filtrante que retém as fezes para posterior determinação da fração não digerida dos nutrientes. A inclusão de materiais fibrosos. do fundo do aquário por meio de uma rede muito fina (Castagnolli. Já o farelo de coco pode ser utilizado tanto como fonte energética como fonte protéica.Rev. . Bras. A energia metabolizável (EM) representa a ED. 1982). 1982). 3. energéticos ou protéicos. As tilápias utilizam eficientemente os carboidratos. a EM oferece uma pequena vantagem sobre a ED na avaliação da energia utilizada pelos peixes. A digestibilidade dos carboidratos é inversamente proporcional ao número de átomos de carbono da molécula (Castagnolli. devendo evitar os valores de EM. separamos didaticamente em alimentos alternativos energéticos e protéicos que podem substituir os insumos convencionais na ração para peixes. 1979). O uso da EM ao invés da ED na avaliação de alimentos para peixes pode permitir uma estimativa mais acurada da energia da dieta metabolizada pelos tecidos do animal. Entre os alimentos promissores substitutos como energéticos citam-se: o sorgo. Assim. jul. o urucum. o farelo de resíduo de tomate. nutricionistas de peixes que precisam atribuir valores energéticos a diferentes ingredientes para a formulação de dietas balanceadas devem empregar os valores de ED. Enga. As tilápias geralmente se destacam dentre os peixes onívoros de água doce. por possuírem adaptações morfológicas e fisiológicas.. pois estes têm sido obtidos por métodos susceptíveis a erros grosseiros (Cho et al. 1989). devido à maior complexidade desta última. tais como dentes faringeanos e intestino longo (Kubarik. PESQUISAS COM INGREDIENTES ALTERNATIVOS Atualmente a utilização de ingredientes alternativos na exploração aqüícola é uma realidade que vêm sendo buscada de forma promissora no Brasil. 2008 comerciais normalmente utilizadas para a criação de peixes promovem uma perda de energia nas fezes entre 10 e 40 % da energia bruta (Cho et al. 1997).. por possuírem uma alta digestibilidade de alimentos de origem vegetal. pois a quantidade perdida na digestão é responsável pela grande variação da energia que é retirada dos alimentos. Pesca 3(2). os mono e dissacarídeos são mais digestíveis que o amido que é mais digestível do que a celulose obviamente. seja. o milheto. A perda energética através da excreção pelas brânquias e urina nos peixes não varia muito entre os alimentos e são menores que a perda energética não fecal dos mamíferos (Lovell. a algaroba. o triticale. Assim. . a farinha de folhas ou de sementes 139 . por conta da grande diversidade e quantidade de eventuais substitutivos aos ingredientes usualmente utilizados nas rações e da grande disponibilidade desses alimentos. corrigidas as perdas de energia ocorridas pela excreção nas brânquias (EB) e na urina (EU). A determinação dos valores de EM das dietas para peixes é tecnicamente difícil devido à necessidade de se mensurar a quantidade das perdas via o sistema urinário e branquial. Diante disso. Dessa forma. entretanto. PD) e 82.69 kcal/kg para a digestibilidade da MS. 2002). é uma cultura de inverno que vem suprindo os meses de escassez do milho. Por outro lado. 3.TRITICALE (Triticum turgidocecale) O triticale é um cereal obtido do cruzamento de trigo com o centeio. é um ingrediente pobre em vitamina A e deficiente em lisina e metionina.. Enga. (2002) encontraram valores de: 68.94% (8.78%. e conter no máximo 1. (2002). Nascimento Jr. apresenta-se como substituto a um custo menor (Rundgren. A ensilagem de grãos permite aumento na digestibilidade do amido devido à sua gelatinização pelo aumento da temperatura e ação dos ácidos gerados durante o processo (Jobim et al.37% (2954.75kcal de energia digestível kg-1) e para PB de 84. os SSBT e SSAT.51%. Segundo Furuya et al.5 a 9% de PB. SSBT e SSAT.. e 3230. 140 .58% de energia digestível). respectivamente. a levedura desidratada de álcool. a farinha de vísceras de aves e a mandioca.1 .0% de taninos.) Existem numerosas variedades dos cereais dos sorgos. 2001).. na forma de ácido tânico (Portz. 2005). em termos energéticos. Boscolo et al....17% (3049. podem ser utilizados como substitutos do milho. apresentaram valores de ED próximos aos obtidos com o milho por Furuya et al. cuja classificação botânica não é suficientemente clara e assim temos os sorgos forrageiros. em estudo realizado com juvenis de tilápiado-nilo. foram estudados como fonte protéica. De acordo com os resultados dos CDA apresentados pode-se evidenciar que ambos. 3. devido à elevada influência dos taninos sobre o coeficiente de digestibilidade da PB. jul. o farelo de canola e o de algodão. O sorgo possui 8. obtendo-se valores de 3067 e 3316 kcal de ED kg-1. no mercado. (2004) os coeficientes de digestibilidade para tilápia-do-nilo de silagens de sorgos com baixo (SSBT) e alto tanino (SSAT) com suplementação. respectivamente.2 . 2005). com características variadas.40% (7. os sorgos doces e os sorgos vassoura (Andriguetto et al. respectivamente. 1988. PB e ED. Bras. a torta de dendê. (2001b) e Pezzato et al. sementes tóxicas e resíduos de pesticidas.81% de proteína digestível .81kcal de energia digestível kg-1) e 68. micotoxinas.Rev. O uso de silagem de grão úmido em rações para monogástricos tem crescido no Brasil. e.. 94. O grão de sorgo destinado ao consumo animal também deve ser isento de fungos. criado com a finalidade de combinar a produtividade e valor genético do trigo com a qualidade protéica e rusticidade do centeio. inclusive híbridos. a utilização de SSAT deve ser avaliada para evitar estes efeitos negativos sobre a utilização dos seus nutrientes.SORGO (Sorghum sp. Assim. Pesca 3(2). os sorgos graníferos. 2008 de leucena. verificaram para a EB valores de 70. FARELO DO RESÍDUO DE TOMATE (Lycopersicum esculentum) Sales et al. 3. 3210 ± 71 kcal/kg foram encontrados para a digestibilidade da MS.. 2008 3.91% para PB. mas pode ter seu uso potencializado na alimentação de peixes. Resultados de: 55..6 . PB e ED.Rev. 3.MILHETO (Pennisetum glaucum) O milheto é uma forrageira de clima tropical. Boscolo et al. 66. 48..46.99 ± 3. 3063 ±17 kcal/kg para MS. que chega a atingir até 6 metros de altura. PB..25%.3 . é considerado como uma fonte viável de substituição na ração pelo milho ou o farelo de soja.. altas temperaturas. O milheto em grão. 84. 141 . jul. sua vagem tem alto valor nutritivo. solos ácidos e com baixos índices de matéria orgânica. (2002) estudaram a digestibilidade do milheto e verificaram coeficientes de digestibilidade de 77. inclui-se como uma alternativa agronômica já comprovada e válida. (2004). quando trabalhando com tilápia-do-nilo e níveis de inclusão de 26. Pezzato et al.39% numa ração purificada.URUCUM (Bixa orellana) O urucum é o fruto do urucuzeiro. EE e fósforo total que foram respectivamente: 60. 94. uma vez que produz boa quantidade de grãos em condições de deficiência hídrica.ALGAROBA (Prosopis juliflora) A algaroba é uma leguminosa representada por diversas espécies do gênero Prosopis. pode estar relacionado ao seu maior teor de extrato etéreo e pelo menor conteúdo de FB. mais especificamente da região amazônica. 81.63%. (2004). estudando a utilização do farelo de tomate encontraram coeficientes de digestibilidade da MS. (2004) avaliaram a digestibilidade deste alimento e observou valores de 58. Pela sua adaptação às condições semi-áridas do nordeste brasileiro e pelos múltiplos usos. 3.4 . Apresenta ainda crescimento ótimo em curtos períodos de condições climatológicas favoráveis. Esses autores ainda relatam que o maior valor de energia digestível do farelo de tomate.03.96% para MS.55 kcal/kg de energia digestível. (1992). sendo assim. Pesca 3(2). segundo Andrews & Kumar. cujas potencialidades merecem e devem ser mais amplamente exploradas. PB e ED por Pezzato et al. normalmente tem seu uso como aditivo. 70.42%. 2004). de hábito ereto e porte alto. Enga. alta digestibilidade e excelente aceitação por animais monogástricos (Santos et al. EB. anual.5 . em função do seu valor nutricional. Desta forma.78 e 36% para o farelo de tomate. 3755.27. nativa na América tropical.92 ± 2. Bras. arvoreta da família das bixáceas (Bixa orellana).25 ± 4.97%. Vem sendo testado como uma alternativa econômica. na forma de corante em rações para monogástrico.72 ± 4. É uma planta xerófita nativa de regiões áridas que vão do sudoeste americano até a Patagônia na Argentina. 72. 7. Torna-se importante uma avaliação deste subproduto. 14. 64. (1998) realizaram um estudo com a tilápia-do-nilo. energia bruta.62 ± 1. Pesca 3(2). Concluindo assim que o farelo de goiaba pode ser utilizado na dieta.. após moagem e extração do óleo.67 e 32. (2004). observaram valores de coeficientes de digestibilidade aparente da matéria seca. 3. destacadamente o aminoácido tóxico mimosina.16 %.7 .70. (2004) citam que do processamento industrial do fruto da goiaba.54 ± 2. por exemplo. em aterros sanitários.10 . proteína bruta.0% de FB. Oliveira et al. (2004). 2008 3. estudando a digestibilidade de alguns ingredientes alternativos pela tilápia-do-nilo. extrato etéreo e fósforo total de: 46.9 . obtiveram para o farelo de coco valores de CD para MS. Assim. 8% é composto de resíduos que têm sido descartados pelas indústrias a céu aberto ou.. e. o farelo de coco pode suprir parte das exigências protéicas dos peixes e ainda reduzir o custo da ração. No sentido de avaliar o potencial deste ingrediente Pezzato et al.8 . empregaram níveis crescentes de torta de dendê (0. 3.Rev. grande quantidade de nutrientes é desperdiçado. 21. respectivamente. Enga. raramente. porém estudos mais aprofundados devem ser realizados quanto à inclusão desse ingrediente em rações completas para esses animais. 2700 ± 18 kcal/kg . 28 e 35%) em dietas isoprotéicas e isoenergéticas (30. Desta forma.27%. Segundo estes autores. respectivamente e valores de ED de 2990 kcal/kg .LEUCENA (Leucaena leucocephala) Farinha de folhas ou de sementes de leucena apresenta bom teor protéico e podem compor com limitações rações para peixes. que pode ser usado como fonte energética e protéica na alimentação animal.87. 68. respectivamente. Para tanto.TORTA DE DENDÊ (Elaeis guineensis) A torta de dendê é o produto resultante da polpa seca do fruto de uma palmeira conhecida como dendezeiro.0% PB e 2800 kcal/ED/kg).FARELO DE COCO (Cocos nucifera) O farelo de coco ou torta de coco é um subproduto da extração do óleo de coco. para o farelo de goiaba trabalhando com tilápia-do-nilo. em estudo realizado por Pezzato et al. sendo uma fonte de nutrientes barata quando comparado a outros ingredientes usualmente utilizados nas rações de peixes como o farelo de soja e de peixe.. Esses resíduos poderiam ser utilizados como fonte de nutrientes para peixes tropicais. no sentido de avaliar a qualidade nutricional da torta de dendê.70%.FARELO DE RESÍDUO DE GOIABA (Psidium guajava) Mantovani et al. PB e ED resultados de: 37. Bras. Sales et al. (2004) estudaram a digestibilidade desde alimento e encontrou para MS. jul. pois como demais leguminosas contém fatores antinutricionais.. muito comum na região norte e nordeste do Brasil. 3. o coeficiente de digestibilidade aparente 142 . balanceadas em 10.78%. PB de 60. com isso.. respectivamente.19% e 86. 66 ± 2.FARELO DE CANOLA (Brassica nabus) É um subproduto resultante da moagem e extração de óleo.52% e 3280.45% (matéria seca). Já Pezzato et al. apresenta-se como promissora fonte protéica (37. Boscolo et al. Os coeficientes de digestibilidade aparente para a proteína bruta foram de 18. Estudos sobre a digestibilidade aparente dos nutrientes e energia foram conduzidos por Furuya et al. (2004).74% a 82. (2002). observaram valores de coeficientes de digestibilidade.43% a 96. para MS. para o farelo de algodão para juvenis de tilápia-do-nilo com peso médio de 100 ± 10g e utilizando-se uma ração purificada como dieta 143 .38%.MANDIOCA (Manihot esculenta) E ALGUNS DE SEUS SUBPRODUTOS Tem um alto potencial para alimentação animal. avaliou os coeficientes de digestibilidade da farinha de varredura de mandioca e verificou valores de 91.. A torta de dendê não influi significativamente na digestibilidade dos nutrientes dietários e não afeta o padrão de normalidade do aparelho digestório da tilápia-do-nilo.98 kcal/kg de ED e 86. PB e energia digestível. 2503 ± 21 kcal/kg . 2008 dessas rações variou de: 74. Pezzato et al.13 . por solvente. respectivamente.2% quando do emprego de folhas úmidas e quando secas de 64. Em função de sua introdução recente no Brasil. 3. 97. 3. Segundo ainda estes autores. Apresenta razoável palatabilidade e os níveis empregados em dietas para peixes têm sido superiores àqueles recomendados para os demais monogástricos. Sendo assim.0%.36 ± 2. evidenciando que para esta espécie de animal este subproduto pode ser eficientemente utilizado. é uma fonte rica em energia.7%.2% de PB).Rev. o qual pode gerar degeneração hepática. folha de mandioca. 92.FARELO DE ALGODÃO (Gossypyum sp. Bras. houve uma variação nos coeficientes de digestibilidade da proteína de 35.12 . Embora tenha seu valor nutricional inferior ao do farelo de soja por apresentar baixos níveis de lisina disponível..13% para a fibra bruta. 2000).11%.0% a 67. 93. estudou a digestibilidade da raspa de mandioca para essa mesma espécie e observou resultados de 59. (2002).09 kcal/kg para MS.79% a 97. do grão integral da canola.. entre outros) podem ser utilizados na alimentação animal (Martins et al. é uma fonte protéica de boa qualidade e baixo custo.03 a 0. seus diferentes resíduos (casca de mandioca.20% de gossipol.29% a 56. O valor nutritivo da folha de mandioca como fonte protéica em dietas peletizadas para a tilápia-do-nilo.91%. 3. foi estudado por Ng e Wee (1989). e níveis de 0.11 .86% para o extrato etéreo e 30.. jul. Enga. (2001a) quando trabalharam com a tilápia-do-nilo e obtiveram valores de 2969.16% (proteína bruta). Pesca 3(2).) É um subproduto da moagem do algodão. farinha de varredura. 93. PB e ED. respectivamente.92% de digestibilidade da fração PB. 14 . para a FB de 60. Nengas et al. Faria et al.00.21 e 70. para a digestibilidade da MS.2%. maior resistência e menor estresse ao animal (Machado.75 ± 4. 87. do EE de 92. para lipídios de 93. Estudos conduzidos por Barros et al. minerais quelatados. 59. respectivamente e 2111 kcal/kg de Energia digestível. PB e Energia digestível.FARINHA DE VÍSCERAS DE AVES É outra alternativa para substituir a farinha de peixe em rações para organismos aquáticos.1%.58 ± 5. 3.LEVEDURA DESIDRATADA DE ÁLCOOL (Sasharomyces cerevisiae) A levedura vem sendo utilizada como fonte de proteína nas rações animais para várias espécies.19 e 99. a farinha de vísceras de aves não contém penas e intestinos. os quais parecem atuar sobre o sistema imunológico e na prevenção da colonização de bactérias patogênicas no trato gastrintestinal do animal (Spring. 95. PB e EE. ácidos graxos voláteis. 12. respectivamente.9%. enzimas.3% e 96. consideraram a levedura de álcool.00 e 20.8%. (1988).. estimulantes bacterianos. mas pode conter pés. excretas de aves e excretas de coelhos como fontes alimentares alternativas e determinaram suas digestibilidade aparentes pela tilápia-do-nilo. 144 .79%.87 ± 0. Enga.15 .00 e 20. (1999). 3.00.20 para MS.58% e da PB de 91.41 e 86.00 em rações para alevinos de tilápia-do-nilo avaliaram a digestibilidade dos níveis de fibra de 0. em comparação a dietas isentas da mesma.39 ± 0.15. principalmente.5%.66% de inclusão de levedura desidratada de álcool em uma ração purificada a base da proteína da albumina na sua composição e determinada como dieta referência...9% e 93. proteína bruta e energia e o maior para o extrato etéreo ocorreram com a ração com 20% de farinha de vísceras. Resultados contrários foram encontrados por Pezzato et al. 8. 88.18%. 2008 referência.00. de 53.5% e para a MS de 87. 16. (2002) trabalhando com a inclusão da farinha de vísceras de 0. è subproduto da indústria da cana-de-açúcar e tem uma grande produção no Brasil. Os autores encontraram respectivamente para a fração PB de 93. melhor desempenho. 1997). um material obtido de resíduos da indústria avícola. 96.6%.00. 2000).1% e 86. A parede celular das leveduras possui carboidratos (20% a 35%) compostos. observaram valores de: 67.00 e encontraram níveis de digestibilidade aparente da MS de 72. Wilson (1995). Pesca 3(2).Rev. antibióticos naturais e peptídeos que conferem melhor palatabilidade à ração.52 e 93. Bras. (2004) quando utilizando 66.2%. por glucanas e mananas.77% e 3620 ± 82 Kcal/kg. A levedura contém várias vitaminas do complexo B.4% e 59. Esses autores ainda concluíram que os menores valores foram os dos coeficientes de digestibilidade aparente para a matéria seca. jul.79 respectivamente. 74.11 ± 0. 4. citam que usualmente. cabeças e carcaças descartadas. J. & Pezzato. mais especificamente destacando-se nesse presente estudo para tilápia-do-nilo.. que apesar desta espécie ter alta eficiência no aproveitamento dos nutrientes contidos na maioria dos ingredientes utilizados na alimentação de peixes. (1992). Pezzato. 2008 4. Pesca 3(2). & Meurer.R.A. L.S. para um uso potencial dos ingredientes alternativos.R. J. C. Recife: Anais do SBA. ainda existem muitas diferenças nos resultados encontrados por diferentes autores para iguais ingredientes utilizados nas pesquisas. faltando. portanto. feed and forage. jul.J. J. Souza. F.E. M. (pp. & Kumar. Pearl millet for.Rev.. N. Barros. food. Fleming. I.C. & Bona-Filho. uma padronização das metodologias. Bras. 349-364).48: 89-139. tem aumentado. Nesta revisão foram demonstrados resultados de pesquisas sobre a digestibilidade de ingredientes alternativos para tilápia-do-nilo. A. & Borguetti. 31(2): 539-545.. 145 . Boscolo. (395p): Editora Nobel. Rev. Gemael.M. A.A. 428-432). Andrews. Hayashi. G. Pode-se observar que. D.E. CONSIDERAÇÕES FINAIS O interesse no uso de alimentos alternativos em rações para peixes. Andrigueto. (1988).. Enga. L. Borguetti. estudos mais aprofundados devem ser executados para avaliar os níveis de inclusão desses alimentos alternativos nas rações para tilápia-do-nilo... Digestibilidade aparente de fontes alimentares alternativas pela tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus). & Jory. sendo verificado assim. Bras. Minardi. L.. Perly. C. A. (2002) Digestibilidade Aparente da Energia e Nutrientes de Alimentos Convencionais e Alternativos para a tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus. Zootec.). A. Aqüicultura – uma visão geral sobre a produção de organismos aquáticos no Brasil e no mundo. 1. Ostrensky. K. Nutrição Animal. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Alceste. D.B. In: Congresso Sul-americano de Aqüicultura (p.M. (2003).. Silveira. Advances in Agronomy.C. W. (1998) Análisis de las tendencias actuales en la comercialización de tilapia en los Estados Unidos de Norteamérica y la Unión Europea. Florianópolis-SC: Anais do V SIMBRAq. A. Curitiba: grupo integrado de aqüicultura e estudos ambientais. devido ao custo cada vez maior dos ingredientes utilizados convencionalmente. 1. In: VI Simpósio Latinoamericano e V Simpósio Brasileiro de Aquicultura.. (1982).R. C.Y. 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In the present communication we inform about the preliminary trials done at University’s Seafoods Pilot Plant (Institute of Fisheries Research.. Dr. which are fresh marketed for catering. The primary objective of this animal culture is the “Oscetra caviar” production and at present the process imposes the slaughter of the female sturgeon. Automatic Japanese smoking equipment was utilized to perform the process and some physical parameters as temperature (T) and moisture were followed and recorded for further analysis. without skin. The farm has also a male stock about the 50%. Bertullo Universidad de la República.P.) TECHNOLOGICAL DEVELOPMENT OF SMOKED MEAT OF STURGEON (Acispenser spp.The Aquaculture Company “Esturiones del Río Negro S.) Bertullo. mostly for local catering or regional brokers.” has been developed the Sturgeon culture in Uruguay.I. Some Lab’s analysis were performed to the developed seafood Keywords: sturgeon. Víctor H. Pesca 3(2). The raw material used were sturgeon filets. The smoke source was wood’s sawdust mixing the hard and halfhard ones (Lapacho and Eucaliptus). E. applying the fish smoking traditional technology to obtain better marketing prices. mainly the species Acispenser baerii (Siberian sturgeon) and Acispenser ruthenus (Sterlet sturgeon) and from 1995 it has the productive facility located in Baygorria´s Lake (Río Negro River) in the center of the country. 150 . all in order to obtain the final quality figures. The primary objective of this research is the development of a process and a specific seafood to an alternative market demand. added value 1 2 Responsable científico del Proyecto Investigadores contratados por CSIC 3 Investigadora del I. Montevideo. jul. S. This means the sturgeon flesh availability for human consumption to be used as seafood of added value. 1. Fernández. looking after the consumers’ interest. the smoking time. F. upon which different process parameters were adjusted to bring the safety and commercial quality attributes to the seafood. El objetivo primario de este cultivo es la producción de Caviar tipo Oscetra.Rev. Bras. jul.A.Esturiones del Río Negro S. 4 www. producto del cual la empresa ya ha comenzado a realizar exportaciones en virtud de la calidad del producto logrado y de una demanda creciente de mercado.) se ha desarrollado en Uruguay por parte de la empresa Esturiones del Río Negro S. Planta de Incubación y Cría de Esturiones: Planta para procesamiento del Esturión y elaboración de Caviar Departamento de Durazno – Uruguay.A. 2008 INTRODUCCIÓN El cultivo de Esturión (Acispenser spp. en las instalaciones ubicadas sobre la Represa de Baygorria (Figura 1).4 desde 1995. Figura 1 .uy 151 . Pesca 3(2).caviaruruguay. Enga.com. situada en Santa Bernardina. debido a la alta tecnología requerida y a sus costos.csic. en un área de 300 m2. Planta de alimentos balanceados. Bras. La producción de caviar presenta la dificultad de que en muchos centros productivos del mundo se sacrifican los ejemplares hembra maduros para extraer las huevas y son pocas las granjas que evitan la muerte del animal durante la extracción de las ovas.320 m3. los cuales producen en forma controlada para la obtención de caviar como objetivo primario. existiendo interés por una oferta agregada de otros productos pesqueros demandados por el mercado. 5 www. Enga. La Empresa privada cuenta con: • Planta de incubación y cría de esturiones. cada pontón con 8 jaulas de 6 x 6 mts. de América y Unión Europea). Los antecedentes universitarios del Instituto de Investigaciones Pesqueras (IIP) en el • • • desarrollo de nuevos productos alimenticios a partir de recursos pesqueros estimularon a la empresa contraparte para colaborar con el proyecto dentro del programa de Vinculación con el Sector Productivo de la Comisión Sectorial de Investigación Científica (CSIC)5 de la Universidad de la República.000 m3. totalizando más de 5. Sector de cría y desarrollo que se construyó en 1997 en el Lago de la Represa de Baygorria. de profundidad totalizando un volumen de 4. y 3 mts. jul. en el centro del país. En 2005 esta área fue ampliada con estanques artificiales ubicados en tierra. tiene su Planta de procesamiento habilitada sanitariamente para exportar a los principales mercados del mundo (EE. lo cual lleva a que una parte de la carne obtenida se exporte en fresco o congelada.UU.Rev.uy 152 . Departamento de Durazno. Esturiones del Río Negro S. (Mapa en Figura). 2008 El proceso de obtención de caviar obliga por el momento al sacrificio de los ejemplares de esturiones hembra y existe una oferta de un 50% de machos. La empresa es la única en América del Sur dedicada al cultivo y procesamiento de esta especie exótica y está demostrando su eficiencia productiva. el cual constaba al comienzo de este proyecto con: un sector de cinco pontones-jaulas. Es así que planteó su necesidad de optimizar el aprovechamiento de la carne de los esturiones. Planta para la producción de caviar. de la ciudad de Montevideo.A. en el área del Lago de la Represa de Baygorria. adyacente a la Represa Hidroeléctrica del mismo nombre. ubicada en la Población de Baygorria.edu. situada en el Departamento de Río Negro a 244 Km. Pesca 3(2). seguro y acorde a los requerimientos normativos y del mercado con el propósito de colaborar en la promoción de la exportación del producto por parte de la empresa contraparte. PROCESO TECNOLÓGICO. del proceso de corte manual para la obtención de filetes queda un volumen de recortes de músculo que podría ser utilizada como materia prima para el desarrollo de pulpas recuperadas mecánicamente y sus productos derivados: hamburguesas. atractivo desde el punto de vista alimentario y con una calidad pre-definida. 2008 Los machos jóvenes son sacrificados también luego de alcanzar un peso mínimo (vivo) de entre 1. Utilizar las tecnologías de la salazón y del ahumado como base de los ensayos a realizarse en la Planta Piloto.6 Por otra parte. Lograr un empaque adecuado. El análisis previo realizado determinó que la tecnología del ahumado en caliente sería la más aplicable ya que permitiría agregar valor por medio de un procesamiento tecnológico accesible para el productor en caso de una eventual elaboración local. El filete ahumado tiene una muy alta cotización en el mercado y en Europa oscilan entre 30 y 40 por Kg.5 Kg. etc. en función de una demanda del mercado para estos productos exóticos de calidad y alto precio. 3. Definir los parámetros tecnológicos más apropiados para obtener un producto inocuo. jul. embutidos. OBJETIVOS PARTICULARES 1. tecnologías de proceso para obtención de productos alimenticios sobre la base de carne de esturión. Enga. 4. cada pieza. por un tema de rentabilidad económica y para limitar los gastos defuncionamiento derivados del manejo y de la alimentación. y existe una creciente demanda.Rev. En centros de producción de España y Francia el principal aprovechamiento de la carne de Esturión se hace a través de productos alimenticios ahumados. Pesca 3(2). OBJETIVOS OBJETIVO GENERAL Diseñar. 2. Seleccionar la porción comestible de los especimenes para un mejor aprovechamiento de la carne para la optimización de los rendimientos productivos. 6 Infopesca (2005) 153 . Bras. que se venden en forma de filetes ahumados con o sin piel. desarrollar y transferir a la industria local.00 y 1. ante una demanda específica del mercado. b) Con el fin de realizar el control integral del proceso se registraron las temperaturas ambiente en distintas partes del ahumador (superior e inferior y anterior y posterior) del equipo y en el centro de los filetes ubicados en puntos separados dentro del equipo (parrillas superiores e inferiores). sin otros tratamientos térmicos adicionales. c) Se tuvieron en cuenta y aplicaron las normas establecidas por la Food and Drug Administration (FDA) de los Estados Unidos de América. lo que permite que sea posible consumirlo directamente. 93N-0195. color exterior del producto. El congelado posterior al ahumado y el envasado en atmósfera modificada (vacío) aseguraría una razonable vida útil en la medida que se mantenga la cadena de frío a -18º C o menos. A esos efectos se invitó a un grupo de Chef. 2008 a) La técnica de ahumado en caliente produce la cocción del producto. Enga. nivel de sal y textura.Rev. propietarios de restaurantes. 1995. olor. Final Rule. EVALUACIÓN SENSORIAL En cada uno de los ensayos se realizaron evaluaciones sensoriales preliminares de los productos obtenidos.7 EVALUACIÓN DE PRODUCTO FINAL ANÁLISIS QUÍMICOS Para la evaluación de los filetes de esturión ahumados en caliente se determinó el porcentaje de humedad por balanza de infrarrojos tipo Ohaus. sabor. color interno del producto. se propuso a la empresa contraparte la realización de una evaluación sensorial por parte de consumidores. 21 CFR Parts 123 and 1240. responsables de compras de hoteles y supermercados a realizar una degustación. 154 . Los parámetros considerados en la evaluación sensorial fueron los siguientes: apariencia general. 7 Procedures for the Safe and Sanitary Processing and Importing of Fish and Fishery Products. Estas evaluaciones permitieron ir ajustando las variables del proceso a fin de obtener los parámetros sensoriales más aceptables de acuerdo a los objetivos propuestos. para determinar los parámetros de inocuidad aceptados para los alimentos pesqueros ahumados. December 18th. el porcentaje de cloruros en el músculo por técnica AOAC y el aw. Cuando la metodología aplicada y los resultados indicaron . Pesca 3(2). jul. US Department of Human Health and Human Services. Docket No.a juicio del equipo de trabajo que se había logrado una aceptable estandarización del proceso. Bras. 5 y 6.12 Humedad (%) 70. N = 4.6 Cenizas (%) 1.28 Ensayos realizados en el Laboratorio de DINARA-MGAP.Composición química media de filetes de esturión sin piel. 3. y Figura 2.36 Lípidos (%) 11.Rev. 4. 2008 RESULTADOS La materia prima filetes de esturión sin piel congelados posee determinadas características que se resumen en las Tablas 1. 2. Tabla 3 . Proteínas (%) 18.Tamaño y peso individual de los filetes de esturión sin piel. Tabla 1 . Atributo/Lote Nº Apariencia general y brillo Color de la grasa Color del músculo rojo Color del músculo blanco Textura / elasticidad Olor N = 25 1 AA AA AA AA AA AA 2 NA NA NA NA NA NA 3 AA AA AA AA AA AA 4 AA AA AA AA AA AA 155 .Resultados de la evaluación sensorial de filetes de esturión descongelados. Pesca 3(2). Enga. Máximo Largo (cm) Espesor (mm) Peso (gramos) N = 82 Mínimo 28 15 508 Promedio 54 24 1073 72 40 2610 Tabla 2 . jul. Bras. jul.Rev. Pesca 3(2). Enga.Flujograma del proceso de ahumado de filetes de esturión desarrollado sobre la base de los ensayos realizados para el proyecto. 156 . Bras. 2008 Figura 1 . Media. de energía eléctrica y los materiales de empaque y de limpieza de las instalaciones utilizados durante cada “batch”.5 Tabla 6 .3 min. jul. Materia prima Filete sin piel IQF N = 25 Producto final Filete ahumado en caliente Media de Rendimiento 74% El producto final Filetes de Esturión ahumados en caliente.93 max. Pesca 3(2). congelados y envasados al vacío presentó características organolépticas. los rendimientos permitieron un cálculo de los costos directos de producción. además de las condiciones de salubridad necesarias por lo que es posible asegurar que el producto desarrollado podrá ser tomado como base para futuros emprendimientos comerciales de la empresa contraparte. 1.2 N=5 Lípidos (%) 9.8 CONCLUSIONES Y RECOMENDACIONES • Respecto de la materia prima quedó establecido que su calidad (filetes congelados de esturión) incide directamente en las variables de tiempos y temperaturas aplicables en el proceso tecnológico.945 1.Composición química del producto final.Cloruros y aw en la porción comestible del producto final Producto Cloruros aw Min.6 3. Tabla 4 . 2008 Aplicado el proceso.93 Humedad (%) 64. 0.Rev. 0. cuando los filetes congelados tenían cierto tiempo de almacenamiento se pudo apreciar distintos grados de enranciamiento y desecación que afectó negativamente la calidad del producto final. • Las pruebas realizadas con filetes frescos permitieron establecer que los tiempos totales de permanencia del producto dentro del equipo ahumador son mayores que cuando se trabajó con filetes congelados.985 0. Enga. 157 . Proteínas (%) 23. Asimismo.2 1. Filete salado en salmuera Filete salado en seco N=4 Max. los consumos de ingredientes.73 Cenizas (%) 1.94 0. Tabla 5 .Rendimientos de proceso. los cuales se integran a los Kgs / hora / hombre insumidos en el proceso. Bras. se hace especial énfasis en el hecho de que de encararse el proceso en otro tipo de horno ahumador. Además de ser de bajo costo. poder asegurar su abastecimiento constante. En cuanto a las pruebas de envasado efectuadas con el producto ahumado obtenido. • Respecto del proceso en si mismo: La optimización del nivel de sal en el producto final ha sido el problema tecnológico más importante a resolver durante la investigación. Este aspecto se debe corregir a fin de evitar ese problema y realizar el congelado de los filetes frescos en túnel a . existe una altísima incidencia de diferentes variables que afectan el resultado homogéneo de los ensayos. Se trata del tiempo y temperatura de congelación de la materia prima. c) Las condiciones de proceso y almacenamiento hasta el ahumado. • Respecto del material de empaque: Aquí se debe diferenciar el utilizado para congelar los filetes frescos y el utilizado para el producto final. por lo que se cree que parte de los problemas de enranciamiento oxidativo observados se hayan originado en este empaque incorrecto.I. No obstante.Rev. 158 . Con referencia al primero. jul. se deberán ajustar las variables de tiempo y temperatura a fin de adaptarlas. especialmente el largo y espesor. la utilización de bolsas de vacío dio el mejor resultado. aunque las pruebas efectuadas con film “Rolopac” no mostraron efectos negativos sobre el producto en los tiempos de almacenamiento analizados. estos materiales son de fácil obtención en Uruguay. y condiciones de traslado. b) Las condiciones bromatológicas propias de la materia prima utilizada. envasar en film impermeable al oxígeno hasta su utilización para ahumado. En este aspecto. Bras. a saber: a) Las condiciones físicas del filete. se trataba de bolsas de polietileno que no cubrían totalmente el filete. Enga. Se puede evaluar que para el ahumado de filetes de esturión ensayado. La recomendación final es la utilización de la metodología del envasado al vacío. Pesca 3(2). especialmente en cuanto a la capacidad de producto. especialmente el contenido en lípidos y humedad. Es muy importante al momento de determinar la fuente de humo. tiempo y condiciones de almacenamiento. no ofrecen inconvenientes desde el punto de vista tecnológico ya que proveen de humo en cantidad y calidad convenientes para el proceso.30 ºC en forma IQF. posteriormente. que tiene ciertas limitaciones. 2008 • Respecto del material generador de humo: La mezcla de aserrín de Eucaliptus y viruta de Lapacho demostró poseer las condiciones correctas para su aplicación.P. • Respecto del equipo ahumador: Todos los ensayos fueron realizados en el equipo existente en el I. se debe tener en cuenta: a) El mejor brillo en el producto final se obtuvo cuando se realizó un oreado luego del salado. Además en este aspecto incide el grosor importante de los filetes. También se deduce que un porcentaje de humedad variable presente en el músculo incidió directamente en la solubilidad de la sal y por lo tanto en su penetración. se puede inferir que especialmente el espesor de los filetes incidió directamente en la penetración homogénea de sal en el músculo. b) El período de secado a + 35 ºC demostró ser el más apropiado. es destacable el resultado obtenido de la que se llevó a cabo con un público compuesto por Chefs de restaurantes importantes de la ciudad de Montevideo (la mayoría catalogados 4 y 5 tenedores) y posibles interesados en adquirir este tipo de producto. Una mayor exposición al humo determinó un color muy fuerte y sobre todo un sabor excesivo a humo. desde el momento que uno de los objetivos de la técnica aplicada es la reducción de la humedad en el producto. obteniéndose como mejor resultado el de 1 hora a + 60 ºC con saturación de humo (chimenea cerrada) y posterior cocción con mantenimiento del ahumado aunque con el registro de salida de humo al 50 %. de al menos 30 minutos. Bras.Rev. Teniendo en cuenta las condiciones del equipo y de las diferentes calidades de materia prima estudiadas. f) Respecto de la evaluación sensorial: No fue posible contar con paneles de jueces expertos y en su lugar se realizaron varias instancias de pruebas con consumidores no experimentados. d) El tiempo de cocción fue establecido en cada ensayo de forma similar a + 95 ºC e incluyó los últimos 30 min. ya que a temperaturas superiores se producía menor extracción de humedad del filete presumiblemente por formación de una costra superficial. Enga. fueron determinados los parámetros de tiempos y temperaturas de proceso ya citados. dentro del equipo ahumador a temperatura ambiente de + 20 ºC. Aquí es necesario recordar que en el ahumado en caliente el humo solamente se deposita en la superficie del filete y su fin es dar condiciones de apreciación organolépticas que combinadas con la sal u otros saborizantes determina un producto palatable. De esta prueba 159 . De las degustaciones efectuadas. c) Se estudiaron diferentes tiempos de ahumado activo a distintas temperaturas. Pesca 3(2). 2008 d) Las condiciones meteorológicas el día del ensayo –temperatura y humedad relativa ambienteinciden sobre el producto. a 63 ºC a que debería estar expuesto el filete más frío del horno (establecido por termocuplas de registro constante). lo que determinó siempre el fin del proceso de tratamiento por calor. jul. Estos factores han determinado que los niveles de sal en músculo se presenten en el producto final con valores heterogéneos. Al respecto. e) Inmediatamente después de terminado el proceso térmico se procedió siempre al enfriamiento del producto en refrigeración por espacio de al menos 12 horas y posterior empaque y congelado. Del análisis realizado de nuestros ensayos. e. g) Respecto del etiquetado: Se hace especial énfasis en que el etiquetado de este producto deberá ser muy preciso en cuanto a que especifique claramente que antes del consumo se debe descongelar fuera del envase original (Figura 3a.c. Bras. 160 .d.h.Rev. Pesca 3(2).i.j). jul. F) Colocación de termocuplas para registro de temperaturas de proceso. Desangrado.g. C) Salado en seco.b. D) Recorte de filetes y troceado.f. E) Disposición en parrillas dentro del ahumador. B) Procesamiento de filetes sin piel. 2008 se puede concluir que el producto desarrollado tiene una interesante aceptación en un posible público objetivo que está acostumbrada a probar productos de calidad y sobre todo que conocen el esturión ahumado que se comercializa en Europa y USA.A) Faena de esturiones. A B C D Figura 3 . Enga. Codex Alimentarius (2006).htm.. 4th. Bras. Montevideo. S.) . A. y Bertullo.net/gsfaonline/foods/details.org/wairdocs/ tan/x5902e/x590200. Enga. J. Rev. PROBIDES (Programa de Conservación de la Biodiversidad y Desarrollo Sustentable de los Humedales del Este) e IIP.G) Registro de temperaturas de proceso. 2008 G H I J Figura 3 (Cont.Rev. 16th Ed. C. Elementos para el desarrollo productivo. Santiago de Chile. y Vitancurt.fao. Ensayos Tecnológicos. I) Envasado al vacío y J) Producto piloto final envasado al vacío y congelado.A. Departamento de Rocha. Fernández Amorín. Depósito Legal Nº 303. U. Pesca Artesanal (1991). Cann D. Friss de Kereki. Cap. E. 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Benzopyrene.H. fundada pelos franceses em 1612. o Maranhão experimentou um surto de desenvolvimento baseado na exportação intensiva de algodão e arroz. São Luís. o Maranhão possui o mais vasto litoral de todo o país. fundeavam navios carregados de produtos sofisticados de manufatura européia. jul. até o final do dezenove. A conquista de seu território se fez na aventura cotidiana de enfrentar as águas agitadas por fortes ventos e marés ou penetrar as florestas pré-amazônicas através de milhares de quilômetros de rios navegáveis. A localização das primeiras povoações foi condicionada pela dificuldade de acesso. trazidas pelos europeus. 163 . no porto da Praia Grande. Isto se dá em virtude das infinitas reentrâncias que desenham uma verdadeira renda geográfica. pequenas baías. 2008 RESENHAS CARPINTARIA ARTESANAL NO ESTADO DO MARANHÃO Luiz Phelipe de Carvalho Castro ANDRÈS* UNIVIMA/CVT Estaleiro Escola *E-mail: phelipe. Na capital. furos e igarapés. Se fizermos uma medida real de toda a extensão da linha de costa maranhense ela ultrapassará em muito as medidas oficiais de 640 km. Também a comunicação e o abastecimento das cidades litorâneas e ribeirinhas eram assegurados pelo trânsito de embarcações e aos hábitos indígenas de navegação e às suas técnicas mais primitivas somaram-se então a experiência de construção naval e marinharia. Enga. O isolamento das comunidades nascentes nas províncias do Grão-Pará e Maranhão só era rompido pela presença de navios a vela provenientes da Europa.Rev.andres@gmail. enseadas. CARACTERIZAÇÃO DO CENÁRIO GEOGRÁFICO DA PESQUISA De fato. Pesca 3(2). das navegações. Da metade do século dezoito. arquipélagos de pequenas e numerosas ilhas que por sua vez determinam a formação de baías interiores.com Recebido em: 20 de maio de 2008 ANTECEDENTES HISTÓRICOS O Maranhão nasceu do mar. consolidando-se de vez a hegemonia desse meio de transporte em toda a região. Bras. obtidos com farta mão de obra escrava. determinada pela foz de incontáveis rios. Durante os séculos XVII. XVIII e XIX esta região foi o cenário de notáveis passagens da história do Brasil. furos e igarapés. passaria a ser juntamente com Belém o centro político e econômico do meio norte brasileiro e até hoje possui o caráter marcante de uma cidade portuária. das embarcações. Penalva. Não foi difícil perceber os riscos que a profissão 164 . Recém chegado ao Maranhão. A GÊNESE DA PESQUISA (1977-1985) Mas. jul. Com dificuldade para destrinchar o emaranhado visual de cabos. moitões. e ainda a presença de mais de 60% das áreas de manguezais do país. cadernais. Pesca 3(2). passei a procurar os desenhos que pudessem me fornecer as minúcias dos detalhes construtivos das canoas para realizar telas bem próximas da realidade. além de grandes lagos em seu interior. Assim a carpintaria naval tradicional ainda hoje representa um alto grau de importância sócio econômica para o Estado do Maranhão. que se processa cotidianamente e assegura a subsistência informal a milhares de famílias. Dentre elas a pesca artesanal. ainda em Março de 1977. AS JUSTIFICATIVAS DE ORDEM ECONÔMICA Até hoje a maior parte das populações que habitam as longínquas regiões da baixada e do litoral maranhense.Rev. Bras. foi de fato a exuberante beleza das velas fortemente coloridas. cerca de um milhão de pessoas. de canoas ancoradas no bairro do Portinho no centro histórico de São Luís. bolachas e roldanas das “enxárcias” e dos aparelhos vélicos. apóiam o seu modo de vida nas práticas da navegação.000 km2 de território e algumas das regiões mais isoladas do país. logo pensei em captar aquele cenário de cores fortes como motivo de uma série de pinturas a óleo que pretendia produzir como forma de lazer. Entretanto ao me aproximar. o motivo da primeira atração e que nos fez buscar uma proximidade maior com as embarcações artesanais. Várias atividades que dão sustentação a economias regionais dependem destas embarcações para sobreviver. Ao mesmo tempo queixavam-se que os jovens não mais se interessavam pelo aprendizado da arte. não obstante a importância sócio-econômica do tema. fiquei sabendo pelas conversas na “beirada” que eles não utilizavam desenhos de projetos convencionais para construir aqueles barcos e que o projeto estava “na cabeça” como diziam apontando para a fronte. Cajari e Lago Açu só para citar alguns dos mais notáveis. Além do que. Enga. Ninguém quer abraçar um ofício que leva os profissionais para um final de vida na pobreza. 2008 Ao mesmo tempo registra-se aqui um caso raro no planeta em que as marés. o território do estado possui uma rica bacia hidrográfica. em determinadas épocas do ano atingem até 7 metros de amplitude. especialmente nas regiões de Viana. abrangendo mais de 64. sendo todo ele cercado por milhares de quilômetros de rios navegáveis. Pouco a pouco fui me dando conta da quantidade de modelos de barcos e suas variações. esta tarefa foi o primeiro movimento no sentido de elaborar um projeto que viabilizasse os recursos necessários para remunerar uma equipe de pesquisadores e daí surgiu de fato o projeto “Embarcações do Maranhão” cujo objetivo primeiro foi o de recuperar as técnicas tradicionais populares de construção naval e contar a história dos mestres-carpinteiros. pintores e veleiros. Zelinda Lima a uma entrevista com Renato Archer em suas primeira visita ao Maranhão na qualidade de Ministro da Ciência e Tecnologia. a equipe do projeto Embarcações trabalhou segundo três principais vertentes. METODOLOGIA APLICADA E IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO (1986. os operários navais 165 . 2008 corria. nos finais de semana. A partir daí foi possível contar com uma valorosa equipe capaz de dar conta do recado.Rev.1988) A partir de 1986. O foco inicial da pesquisa foi direcionado para a recuperação dos conhecimentos secularmente utilizados para a construção das embarcações de pequeno e médio porte. pois toda vez que um velho mestre chegava ao fim de seus dias. jul. na tentativa de registrar as canoas com desenhos e fotografias. Em 1985 fui levado por D. O esforço ingente com poucos resultados práticos logo me revelou a dimensão e as dificuldades da tarefa a que me propusera. percorrendo as praias da ilha de São Luís. Um universo de rica diversidade a ser desvendado. sozinho. que guardam na sua memória a ciência e a arte da construção naval. de carga ou de pesca. um imenso cabedal de conhecimentos. Reconhecer minhas limitações para realizar. O estado de abandono daqueles trabalhadores vinha ocasionando perdas importantes. Pesca 3(2). Simultaneamente. focalizamos as embarcações propriamente ditas. incluindo os modelos destinados à navegação marítima e fluvial. Enga. A ele entregamos o projeto que foi encaminhado e aprovado para financiamento pela FINEP. as quais vem sendo transmitidas de pai para filho pela tradição oral desde os tempos coloniais e que por sua vez resistiram ao abandono e ao isolamento através de gerações que ainda exercem anonimamente esta difícil profissão. levava consigo e para sempre. Ele sugeriu a montagem de uma equipe para dar conta do recado e comentou sua preocupação com as tradicionais jangadas de sua terra que já estavam desaparecendo da paisagem. A partir daí iniciei meus primeiros passos. Já em 1979 recebemos a visita de Aluisio Magalhães então presidente do antigo SPHAN. a quem relatei minhas idéias e dificuldades. Bras. calafates. para transporte de passageiros. sendo que as novas vinham sendo fabricadas com tubos PVC e utilizando velas de nylon sem que ninguém tivesse tido o cuidado de fazer o competente registro. a equipe visitou regiões cada vez mais distantes. às vezes nas margens de grandes lagos ou rios navegáveis bem distantes do mar. cadastrou 521 profissionais. 2008 que as fabricam e os estaleiros artesanais. legítimos detentores deste conhecimento tradicional. Quanto aos estaleiros artesanais observamos que eles podiam até. à sombra de uma árvore. Pesca 3(2). Entretanto. Dependendo dos recursos disponíveis e do isolamento em que se encontra o operário. além de obter as informações sobre os métodos construtivos. Fazíamos reuniões nas comunidades para explicar os objetivos do projeto. uma pequena canoa de pesca poderá ser construída somente com utilização de ferramentas manuais bem primitivas. A primeira etapa do trabalho foi realizada na ilha de São Luís. Entretanto nós registramos somente aqueles que muitas vezes com dificuldade. Enga. Visitamos 53 localidades. Assim. podiam atender ao nosso convite para as reuniões que realizávamos nas sedes das colônias de pesca. cenário e palco deste fazer. materiais e ferramentas utilizadas. pela própria natureza de sua atividade. Passamos a olhar as embarcações como objetos de arte popular. quase orgânica. com o “cavername” à mostra. Em muitos casos não passavam de um barracão improvisado. despojado e rude. Os operários navais. muitas vezes eles se encontravam dispersos em localidades isoladas e de difícil acesso. Com o acúmulo de experiências. tornou-se possível detectar um número significativo de operários navais bem como seu nível de qualificação. Após a conclusão da obra o carpinteiro eventualmente mudava de paradeiro em função de uma nova encomenda haver sido solicitada até mesmo em outro município. traçar seu perfil antropológico. Essa mobilidade se deve ao extremo despojamento do aparato utilizado na oficina de construção naval. Cavilhas de madeira com diferentes coeficientes de dilatação substituem pregos e parafusos. precisavam ser entrevistados para que pudéssemos conhecer seu paradeiro.Rev. seguindo informações que indicavam os mais prováveis centros de construção naval artesanal. em alguns casos. Os profissionais foram então identificados com foto. abrigando uma caixa de ferramentas e uma bancada. às vezes no litoral. possuir um caráter efêmero. jul. Durante dois anos percorremos todo o território do Maranhão. Estimamos que este número corresponde a apenas 30% dos trabalhadores que atuavam naquela época. Este inventário realizado há mais de 20 anos. Tudo muito simples. coberto de palha. Não fosse pela presença forte de uma estrutura de madeira. Bras. As diversas peças são talhadas e preparadas com poucos instrumentos como 166 . nome e especialidade. não se identificaria ali o cenário onde se processa a criação de algumas obras de arte da navegação. Muitas vezes nos deparamos com embarcações de pequeno porte sendo construídas ao ar livre. A parceria com o Sindicato dos Operários Navais de São Luís foi fundamental. Pesca 3(2). de forma geral. o de “linhas d’água” e o “plano do alto”. Diretor do Serviço de Documentação Geral da Marinha. Este recurso favoreceu a reconstituição dos planos navais. Enga. que autorizou a participação direta do especialista em modelismo naval do Museu Naval e Oceanográfico. ou seja. Kelvin Duarte transmitiu-nos o conceito do “pente”. que agora nos permitem reconstruí-las com precisão. De todas as etapas da pesquisa a que apresentou mais dificuldades foi o registro do projeto naval. Kelvin de Palmer Rothier Duarte. capazes de registrar com boa aproximação. No dizer de mestre Pedro Alcântara. um dos mais experientes que conhecemos na ocasião e autor de várias canoas costeiras “o barco é feito assim todo torto pra ficar direito na água”. instrumento utilizado em levantamentos arquitetônicos para registrar o perfil de frisos. E assim construímos um aparelho com a finalidade de medir a curvatura das diferentes cavernas da embarcação e que jocosamente denominamos “cavernômetro”. Esta característica das embarcações. o perfil da estrutura. Bras. partindo do levantamento da embarcação já existente e então elaborando os planos. A equipe esmerou-se ainda no registro dos detalhes construtivos que complementam a informação técnica de projeto. permitindo traçar a base do projeto naval dos diferentes modelos. o Projeto Embarcações do Maranhão conquistou o prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade concedido pelo Ministério da Cultura em âmbito nacional. o “plano de balizas”. No primeiro momento tornou-se necessária a montagem de uma oficina de modelismo naval para familiarização da equipe com a “anatomia” da embarcação. dificulta a realização do levantamento e registro gráfico de suas formas e dimensões. Sob sua orientação iniciamos o levantamento de uma canoa costeira no Portinho e a construção de sua réplica em escala reduzida. enxós. tão bem definida pelo próprio construtor. trilhando o “caminho inverso”. PRINCIPAIS RESULTADOS (1996 -2008) Em 1996. serrotes. tem se constituído em subsídios aos demais projetos que visam a recuperação e intensificação das atividades de pesca artesanal e indústria naval 167 . na categoria de "Inventário de acervos e pesquisas" e dois anos mais tarde (1998) resultou na publicação de um livro denominado "Embarcações do Maranhão . jul. cornijas e cimalhas. Mas a capacidade de resolver problemas com o mínimo de recursos é o que para nós caracteriza uma boa técnica e neste aspecto é que reside o grande valor da arte dos carpinteiros navais do Maranhão.Recuperação das técnicas construtivas tradicionais populares" sob a chancela da UNESCO Os resultados obtidos. Aí foi fundamental o apoio do Almirante Max Justo Guedes.Rev. plainas e arcos de pua. 2008 machados. Assim sua matriz curricular compreende disciplinas teóricas que darão aos futuros profissionais conhecimentos de informática.000 horas. jul. Inaugurado em Dezembro de 2006 o CVT-Estaleiro-Escola é hoje uma realidade. Pesca 3(2). Todo o trabalho ao longo destes 22 anos.Rev. Além do curso de construtores navais a escola oferece cursos de capacitação em preservação ambiental. matérias primas. abrindo perspectivas de inclusão social para uma camada da juventude que encontra aí uma nova opção profissional.Estaleiro-Escola do Sítio Tamancão. desde a pesquisa “Embarcações do Maranhão” vem sendo desenvolvido na esfera do Governo Estadual que deu abrigo ao Estaleiro Escola no âmbito da UNIVIMA-Universidade Virtual do Maranhão. através da valorização dos mestres artesãos que passaram a contar com local e remuneração apropriados para a transmissão de seus conhecimentos. desenho de projeto. que no século dezenove abrigou uma indústria de beneficiamento de arroz para exportação. Localizado no belo cenário da ilha do Tamancão. Bras. 2008 artesanal. Contamos também com o financiamento do Ministério da Ciência e Tecnologia para abrigar 250 alunos. Nosso curso de construtores navais é financiado pelo CNPq e foi aprovado em concurso publico através de edital lançado por aquela instituição de pesquisa em 2006. Mas estes ensinamentos que a academia pode proporcionar aos nossos primeiros 25 alunos e que são transmitidos por uma equipe docente de alto nível são associados a aulas práticas de construção de embarcações ministradas pelos velhos mestres carpinteiros que atuam no dia a dia do canteiro de obras do CVT. tipologia naval. próximo a várias comunidades carentes de bairros populares. como alternativas de geração de emprego. meio ambiente. segurança no trabalho e empreendedorismo em uma carga horária de 2.Estaleiro-Escola. informática e eletromecânica. desenho técnico. o principal foi a criação do Centro Vocacional Tecnológico . 168 . movida por "moinho de marés". renda e oportunidades de permanência do homem em seu local de origem. Enga. Mas de todos os frutos desta investigação. O local escolhido foi o antigo Sítio Tamancão. como alternativa para a preservação das técnicas. na margem do canal de navegação do Rio Bacanga em frente ao Portinho bem diante do centro Histórico de São Luís. órgão vinculado à Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia que por sua vez nos dá todas as condições pedagógicas e de infra-estrutura garantindo seu pleno funcionamento. destinado ao treinamento em atividades de construção naval. onde até hoje se processa o desembarque da pesca artesanal e se concentra grande número de embarcações de madeira. Alencar. Zequinha. lado a lado com os aprendizes. Deudico e Rosa. que já são de fato os “doutores” da nossa escola. Enga. estão se sentindo mais valorizados e com motivos para ter orgulho de sua profissão. Otávio. Pesca 3(2). jul.Rev. do conhecimento tradicional e secular que a escola já está assegurando para as futuras gerações. 2008 Mas certamente que a maior de todas as emoções é o fato de estarmos trabalhando hoje com os mestres da arte como: Jonas. A eles dedicamos as conquistas do projeto como detentores e portadores até aos nossos dias. Emídio. Na Figura 1 é possível visualizar belos exemplos de embarcações artesanais do Maranhão. 169 . Barroso). Veriano Aranha. Percebendo que eles. Figura 1 .Embarcações do Maranhão (acima fotos do Autor e abaixo de Haroldo G. Bras. br Recebido em: 1 de abril de 2008 Conceitos de piscicultura existem tanto em âmbito acadêmico quanto no não acadêmico. Pesca 3(2). e lembro das idéias de um antigo professor quando chamava à atenção sobre fatores limitantes. ou seja. intensivo. como pensar na praticidade desses conceitos pondo em foco a atividade industrial? Arrisco-me a observar.com. e as classificações de super intensivo. Estas são condições que de forma sinérgica se retroalimentam. o que restringiria todo o processo a um patamar menor. 2008 TILAPICULTURA INDUSTRIAL Rogério Bellini Figueiredo* Netuno Pescados *E-mail rbellinif@yahoo. Bras. Sabemos exatamente o que colocamos. 170 . Enga. quando despescaremos e quanto produziremos. formam um complexo que otimiza a planta de beneficiamento. Não podemos produzir em desarmonia a ela. Mas. jul. Esses fatores tinham que estar em equilíbrio.Rev. que de forma recorrente essas pisciculturas são manejadas tal qual uma “receita de bolo”. desenvolvemos e implantamos uma fazenda modelo que atendesse a necessidade de uma planta de processamento exclusivo de tilápias (Figura abaixo). como e quando devemos manejar. para que não inibisse a um dos fatores que compõem o ciclo produtivo. Pensado assim. semi-intensivo e extensivo acomodam-se bem em ambos. poderíamos obter uma produção de larga escala. como a encontrada no Rio São Francisco. Dificilmente. Aliada à questão produtiva. O custo de produção seria altíssimo além do descontrole na padronização de lotes. Encontramos no Rio São Francisco as condições ideais para a implementação do projeto. 171 . teríamos que ficar atentos aos custos dessa produção e principalmente à manutenção do equilíbrio ambiental. Pesca 3(2).Rev. O fluxo contínuo das águas passando pelas gaiolas ou tanques-rede propicia a harmonia do conjunto. o que poderíamos sugerir como condição relevante ou mesmo determinante para o sistema de cultivo apresentado. Bras. 2008 O projeto tem como premissas: ocupação de pequenos espaços. conforto dos espécimes em cultivo. ciclos curtos e despescas controladas. com o uso de tanques escavados uma vez que não se fariam presentes os fatores impulsores supracitados. controle absoluto do manejo. jul. Enga. PREPARAÇÃO DE ORIGINAIS Digitação . Abstract (+ Keywords). Bras.com 172 .Os originais devem ser redigidos em português. Material e Métodos. Abstract (+ Key words). papel “Carta/Letter” e em espaço 1. Ciro Mendes CASTOR1*. Considerações Finais).Os nomes dos autores devem constar sempre na sua ordem direta. centralizado. de acordo com estas normas. incluindo tabelas e figuras. Enga. sem inversões. com os seguintes itens: Artigos Científicos . de forma concisa.A Revista Brasileira de Engenharia de Pesca (REPesca) tem por objetivo publicar trabalhos que abordam temas de interesse na área de Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca. rigorosamente donde serão enviados aos consultores “ad hoc”.5 (entre linhas). Nomes dos autores . Maria da Penha PIRILO1 1 Departamento de Educação. OS ITENS SERÃO DEVEM SER GRAFADOS COM LETRAS MAIÚSCULAS. Introdução. Nomes científicos e palavras estrangeiras devem ser grafados em “itálico”. Universidade Federal de Carolina 2 Instituto de Pesca de Carolina *Email: ciromc@ymail. Resultados e Discussão (estes dois juntos ou separados). com exceção do Resumo e Abstract (espaço simples). 2008 NORMAS PARA PUBLICAÇÃO NA REVISTA BRASILEIRA DE ENGENHARIA DE PESCA OBJETIVO . ou pela sua importância e podem ser de três tipos: Artigos Científicos. deve dar uma idéia precisa do conteúdo e ser o mais curto possível escrito em letras maiúsculas tamanho12. José Mário BRAGA2. Pesca 3(2). devem ser digitado em letra Times New Roman. jul. tamanho12. Segue-se aos autores os endereços institucionais e após o email do autor correspondente.Título e texto (+ Referências se houver citação). Agradecimentos (opcional) e Referências.Resumo (+ Palavras-chave). justificado. Título . Introdução. Artigos Técnicos . ALINHADOS AESQUERDA E UM ESPAÇO ACIMA E UM ABAIXO. com a exatidão e a clareza necessárias à sua fiel compreensão.Resumo (+ Palavras-chave). Devem ser enviados à Comissão Editorial pelo e-mail: [email protected] título. Agradecimentos (opcional) e Referências. inglês ou espanhol. Corpo (desenvolvimento do assunto) Conclusões (denominados de Comentários Conclusivos ou Finais. nas duas línguas usadas nos resumos.com.Rev. com o sobrenome maiúsculo. Resenhas (relatos de fatos ou casos) .Os artigos com no máximo 15 páginas. Os trabalhos serão publicados na ordem de aceitação. Conclusões (opcional). com margens de 2 cm em todos os lados. Artigos Técnicos e Resenhas. INFORMAÇÕES GERAIS . Os pareceres serão transmitidos anonimamente aos autores. . 33-47.. No texto: (MARTUS.) Marine fishes. Bol. p. Penedo: Universidade do São Francisco. 2005. Geog.. GIL.. CAFÉ .Normas da ABNT Livro (um autor) BELLINI. B. 2001) 173 . Contribuição estudo da pesca na Lagoa dos Pato. Barroso (Ed.. CAFÉ. No texto (até três autores): (GALVÃO. No texto: (COSTA. No texto (mais de três): (KOIKE et al. 1987. p. 7. 7.devem ser escritos em espaço simples insertos na primeira página (no máximo 250 palavras). C. 2004. v. 2005. No texto: (MARINHO. ABE. DATENA. Pesca 3(2). Enga. 21-7. jul. (BELLINI. p. Bem-estar. Devem ser seguidos de. 1947) KOIKE. Rev.. Raias do Brasil. 27. C. 2005) ou Segundo Bellini (2005) a espécie. Tratado de Zoogeografia do Brasil.. v..B. No texto: (ROCHA. Bras. 2001) Tese e Dissertação MARTUS. no máximo. n. n. cinco palavras-chaves e key-words. Zool. Mar. A violência contra as tartarugas.. (2002). Pelotas. 733-49. 2001. 1957. 7. ABE. R.). G.. 27. In: CONGRESSO ESTADUAL DE ENGENHARIA DE PESCA. 2004) ou Segundo Rocha e Lara (2004). (Até três autores) ROCHA. 2008 O Resumo e o Abstract .Rev. 232p. J. R. Biol.G. No texto: (BRITO. LARA (Eds. v. No texto: A espécie ocorre. E. Rev. 8. J. Universidade do Arroio. Victoria: University Press. Falcão. the. p. The Sea Fishes São Luís: Ed. 7. Capítulo de livro BRITO. 3-13. Crescimento de miracéu Astrocopus y-grecum em laboratório. Bras. 2001.. 1997.. Rev. LARA. 23-27. 7-27. MA.. v. FALCÃO. A. 1. Marina. n. 2002) OMINO. A seca no agreste pernambucano. T. J. n..P. X. In: H.. Penedo. Bras. 2007) Anais de Eventos Científicos MARINHO. 1957) GALVÃO. 2005) Períodicos COSTA. DATENA. G. Gil.. P.. p. p. 117p.M. A importância do bem-estar. Ubá: Editora Nova. Tese (Doutorado em Zoologia) – Deprtamento de Zoologia. J.. REFERÊNCIAS . Omimo. Anias. Peixes do Rio Farinha. No texto (Mais de três autores) (Pantaleão. M. M. et al. 2008. N.. conter as mesmas informações e sempre sumariar resultados e conclusões. C. 47f. c) os autores ao enviar seus trabalhos concordam com os termos destas normas. venda de publicações da REPesca (disquetes. cópias impressas etc. não cabendo participação dos autores no usufruto desses recursos. The world's fisheries. As figuras devem ser “inseridas” no texto e nunca “recortadas” e “coladas”. NUNCA USE NEGRITO NO TEXTO.engenhariadepesca.uema. sempre que possível. 2008 Artigo on-line FAO. Disponível em: http://www. correspondência entre os trabalhos citados no texto e os referidos nas referências.) serão utilizado na manutenção da revista. 2007) Correções . (2007). MATERIAL ILUSTRATIVO . b) os recursos advindos de possíveis doações. d) o autor principal (ou correspondente) é responsável pela aceitação. Acesso em: 27 de set.com A REPesca está disponível no site da Universidade Estadual do Maranhão/Engenharia de Pesca: www. devem ser de tamanho compatível. Bras. CDS. EM PARTE OU PARA DESTACAR EXPRESSÕES.As tabelas e figuras devem se restringir ao necessário para o entendimento do texto. assinaturas.br 174 . para não perder a nitidez quando reduzidas e agrupadas.Antes de remeter o trabalho. As tabelas devem ser feitas com utilização da ferramenta Tabela do “Word”. No texto: (FAO. Símbolos e abreviaturas devem ser definidos nas legendas. jul. caso contrário poderão ter a publicação postergada.Os trabalhos que necessitarem de correções serão devolvidos aos autores e deverão retornar ao Editor no prazo de 7 dias. Enga. OBSERVAÇÃO . Pesca 3(2). correção da digitação.Rev. atentando ainda para os seguintes itens: correção gramatical. dos demais autores do trabalho. correspondência entre os números de tabelas e figuras citadas no texto. numeradas em algarismos arábicos.fao. verifique se o mesmo está de acordo com as normas. para publicação nesta REPesca. DÚVIDAS E ENVIO DE TRABALHOS: contactar o Editor-Chefe no seguinte e-mail: [email protected]\fi\statist\htm. ATENÇÃO: a) a Revista não concorda necessariamente com os conceitos emitidos pelos articulistas. As legendas devem ser auto-explicativas colocadas acima nas tabelas e abaixo nas figuras. financiamentos. 2007. br Fone: (81) 3320 6521 / 99626132 E-mail: jmiltonb@gmail. Fone: (82) 3551 2784 E-mail: [email protected] Professor Catedrático Universidade Federal Rural de Pernambuco Fone: (81) 8852 3067 E-mail: [email protected]. 2008 CONTATOS REPesca: E-mail: repesca@gmail. Polo Penedo. Pesca 3(2).br Haroldo Gomes Barroso Diretor Curso de Engenharia de Pesca. Universidade Estadual do Maranhão Fone: (098) 8143 6731 E-mail: hgbarroso@yahoo. Bras. Universidade Federal Rural de Pernambuco Adierson Erasmo de Azevedo Editor Adjunto Emerson Soares Editor Adjunto Curso de Engenharia de Pesca.com. jul.br 175 . Universidade Federal de Alagoas. Enga.com Site: www.engenhariadepesca.Rev.com José Milton Barbosa Editor-Chefe Departamento de Pesca e Aqüicultura.
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