www.revistaincendio.com.br 134 ed. setembro_2016 | R$15 LIÇÃO DE SEGURANÇA ESCOLAS DEVEM OFERECER INSTALAÇÕES SEGURAS E PODEM ENSINAR OS ESTUDANTES A REAGIR EM SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA ENTREVISTA BRIGADA PROFISSIONAL CASSIO ROBERTO ARMANI Subcomandante do CBPMESP fala sobre incêndio em terminal de cargas Uma das formas mais eficientes para elevar o nível de segurança em áreas de grande circulação Editorial REVISTA INCÊNDIO - Nº 134 – Setembro de 2016 é uma publicação mensal da Cipa Fiera Milano Publicações e Eventos Ltda. especializada na área de resgate, prevenção e combate a incêndio. A revista Incêndio não se responsabiliza pelas opiniões emitidas nos artigos assinados. Em função do espaço, a revista se reserva o direito de resumir artigos, ensaios e cartas. As matérias publicadas poderão ser reproduzidas, desde que autorizadas por escrito pela Cipa FM Publicações e Eventos Ltda., sujeitando os infratores às penalidades legais. CIPA FIERA MILANO PUBLICAÇÕES E EVENTOS LTDA ADMINISTRAÇÃO, CIRCULAÇÃO E ASSINATURAS, MARKETING E PUBLICIDADE ENDEREÇO Av. Angélica, 2491 - 20º andar - São Paulo (SP) FONE (11) 5585-4355 FAX (11) 5585-4355 PORTAL www.fieramilano.com.br DIRETOR-GERAL Graziano Messana DIRETOR-COMERCIAL E VENDAS Rimantas Ladeia Sipas (
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[email protected] BOMBEIRO: FUNÇÃO MULTIFACETADA Q uando nos vem à mente a atuação dos bombeiros imediatamente ela é associada à figura do soldado do fogo. Essa imagem está sendo, aos poucos, substituída pela opinião pública em função da diversidade de atuação desses bravos profissionais. A cada mudança de comportamento humano, adaptações e alternativas técnicas de manufatura e de sistemas produtivos, esses profissionais têm, necessariamente, que se adaptar para se tornarem experts nessas novas conjunturas. Nas grandes cidades do Brasil são esses especialistas chamados para as mais variadas ocorrências em que vidas e patrimônios estão sob ameaça. Desde a senhora que, aflita, pede aos bombeiros que salvem o seu gatinho de estimação que está em uma enorme árvore até situações muito graves, como o incêndio na cidade de Santos (SP) que, além do fogo e calor, colocava em risco a saúde da população ao redor. Nas poluídas águas dos rios que cortam as grandes cidades, lá está o bombeiro a oferecer sua vida em casos de afogamento. Nos últimos dias todos assistiram às cenas muito tristes do terremoto que assolou a região central da Itália. No meio da labuta em que muitos voluntários se empenharam lá estava a figura do “Vigili del Fuoco”, ou seja, os heroicos bombeiros. Chamá-los de bombeiros, com o tempo, vai perder o sentido, por conta de tamanha qualificação profissional. Cremos que muito em breve esses extraordinários profissionais devam ser reconhecidos por uma nova sigla, cuja a qual realmente defina a amplitude de suas atividades. O bombeiro - civil, militar ou voluntário - , sempre terá como missão salvar vidas e bens, pois seus passos têm a cadência do desenvolvimento e do progresso. n UMÁRIO 22 Prevenção em escolas Instituições de ensino devem manter treinamentos contínuos para casos de emergências, além de prever equipamentos de segurança contra incêndio 10 14 Cenário Entrevista Coronel Cassio Roberto Armani, subcomandante do Corpo de Bombeiros de São Paulo 18 Incêndio na Rede Calçados 32 Segurança 38 Botas de combate a incêndio devem fornecer proteção contra ações mecânicas, térmicas e elétricas Contar com uma brigada de incêndio bem treinada é um dos principais pontos a considerar Emergências ambientais 46 Vastas reservas naturais desafiam permanentemente Brasil e Canadá no combate a incêndios BUSF Brasil 50 Qualificação de bombeiros voluntários em cursos internacionais Risco de explosão 52 Manuseio de produtos perigosos, quaisquer que sejam, requer cuidados especiais e muita atenção Laudo de periculosidade 54 Documentos periciais recomendam coerência, fundamentação técnica aprimorada e respaldo legal Produtos Químicos Perigosos Acontece Leitura Imperdível Vitrine Agenda 62 68 70 66 56 AMANCO FIRE BLAZEMASTER® AGORA A SEGURANÇA É REFORÇADA. Produzido pela Viking. • BlazeMaster® – solução segura para prevenção e controle de incêndio; • Oferece alta resistência ao fogo – tecnologia internacional; • Autoextinguível: não propaga chamas; • Leve: facilita o transporte e armazenamento; • Menor tempo de execução da obra em relação aos sistemas tradicionais; • Fácil instalação com adesivo e sem ferramentas especiais. Certificado por: Reynaldo Gabardo, da Reymaster (à esquerda); José Sanches, da Bureau Veritas e Marco Stoppa, também da Reymaster Reymaster recebe certificação de qualidade ISO 9001:2015 A Reymaster, distribuidora de materiais elétricos, foi novamente certificada com a ISO 9001:2015. A empresa recebeu o Selo após auditoria realizada pelo Instituto Bureau Veritas Brasil. Este é o quarto ano consecutivo que a empresa atesta sua qualidade aos padrões internacionais da norma. Com a certificação, a Reymaster tornou-se uma das primeiras empresas do País a possuir a NBR ISO 9001 em sua nova versão, lançada em outubro de 2015. A ISO 9001 registrou modificações significativas em 2015: aumentou as exigências para sua obtenção ao avaliar mais detalhadamente processos ligados ao meio ambiente e à análise de riscos das empresas. O foco no cliente e para a administração da empresa foram mantidos, mas direcionados estrategicamente, prevendo a geração de resultados. Busca-se agora sustentabilidade do negócio. “A nova norma exigiu uma maior participação dos líderes no processo de qualidade, demonstrando através de seus processos uma análise dos riscos e oportunidades diretamente ligados à estratégia e à direção da empresa”, relata Maria Cristina Nicolau Zanutto, Analista da Qualidade da Reymaster. Queimadas aumentam 46% no Mato Grosso D ados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) apontam que do dia 15 de julho, início do período proibitivo, até o dia 23 de agosto, foram registrados 6.919 focos de calor no Estado do Mato Grosso. Em 2015 foram 4.735 focos no mesmo período, o que aponta um aumento de 46% nos casos de queimadas. Dados informados pelo BEA-MT (Batalhão de Emergências Ambientais) destacam que 63,19% dos focos de incêndios encontram-se em propriedades privadas e afins, seguidos por terras indígenas (26,15%), assentamentos (5,16%), Unidades de Conservação Federais e Estaduais (1,62) e (2,01) respectivamente, e região Metropolitana do Vale do Rio Cuiabá (1,86%). 10 w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r incêndio _ julho_2016 11 Investimentos contra incêndios florestais A Foto: Comunicação/ Prefeitura São Caetano do Sul nualmente, o Ibama investe R$ 25 milhões na prevenção e no combate a queimadas e incêndios florestais. O recurso é aplicado em monitoramentos, capacitação de brigadistas e ações para viabilizar o combate ao fogo. Neste ano, o órgão contratou 810 brigadistas. Outros mil devem ser recrutados pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) para reforçar as equipes. Quando um foco é detectado pelos satélites de monitoramento dos órgãos de proteção ambiental, as equipes são deslocadas conforme a gravidade do problema. Capacitação para atuar como brigadistas F uncionários do Complexo Hospitalar Municipal de São Caetano do Sul (SP), formado pelas unidades Euryclides de Jesus Zerbini e Márcia e Maria Braido, receberam capacitação sobre como agir nos mais diversos tipos de ocorrências que podem acontecer sem aviso prévio, como incêndio, vazamento de gás, atentado, entre outros. Ministradas por profissionais da Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil, ligada à Secretaria de Segurança da Prefeitura, e do Sesmt (Serviço de Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho), as orientações de brigada de incêndio passadas no final de agosto. O coordenador da Defesa Civil de São Caetano, Carlos Eduardo Barbi, explica as etapas do treinamento. “Nessa fase, estão sendo transmitidas instruções sobre prevenção e combate a princípios de incêndio. Na sequência, serão abordados os procedimentos para aperfeiçoar o plano de evacuação das edificações ou de setores que passaram por alguma adversidade e exista a necessidade de retirar as pessoas de forma emergencial e com total segurança.” O profissional ainda destaca as benesses que a orientação proporciona aos participantes. “O treinamento é de fundamental importância porque capacita os funcionários para atuarem em situações de emergência e desenvolve o senso crítico voltado à percepção de risco e à promoção de ações que visam prevenir acidentes e desastres. Em situações de emergência, seja qual for o local, saberão o que fazer para ajudar.” Responsabilidade da ação humana A estimativa do PrevFogo, vinculado ao Ibama, é de que 95% dessas queimadas são provocadas pela ação humana. A incidência é mais grave nas áreas prioritárias de monitoramento do órgão, como nos Estados do Mato Grosso, que registrou 1.081 focos em maio, Tocantins (778 ocorrências), Bahia, (259 acionamentos), e Maranhão (206 incêndios/mês). Por isso, a recomendação dos especialistas é de que se evite queimar matéria orgânica no inverno, época de seca. “O problema é iniciar o fogo que pode se alastrar”, alerta o coordenador de emergências ambientais do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), Cristian Berlink. Simulação em escola especial o dia 26 de agosto, bombeiros do 7º Grupamento de Bombeiros, de Curitiba (PR) participaram do simulado de evacuação na Escola Especial 29 de Março, a qual conta com todo seu corpo discente composto por cadeirantes, bem como apresentaram e fizeram demonstração dos equipamentos presentes no caminhão Auto Bomba Tanque Resgate e na Auto Ambulância do Posto de Bombeiros Bairro Alto, que se deslocaram até a escola simulando um acionamento real para caso de sinistro, obtendo um excelente tempo de resposta de cinco minutos. Neste evento, além da possibilidade de aferir a capacidade da Escola em proceder à evacuação dos alunos em caso de sinistro, a qual foi feita no tempo de 3 minutos, bem como verificar o tempo de resposta necessário para que a guarnição mais próxima chegue ao local, também foi possível promover a integração das crianças e professores da instituição com o Corpo de Bombeiros, através da apresentação e demonstração dos materiais, bem como deixando a mensagem de que os mesmo estão capacitados e devidamente protegidos caso ocorra algo na instituição. 12 Foto: 7º Grupamento de Bombeiros N w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r TREINAMENTOS ABSPK COM PREÇOS PROMOCIONAIS DURANTE O EVENTO: 25/10 - NFPA 20 - Bombas de incêndio 25/10 - Proteção de áreas de armazenagem 26/10 - NFPA 25 - Inspeção e testes de sistemas 26/10 - Cálculo hidráulico e softwares Inscreva-se hoje mesmo com desconto especial! Consulte grade completa no site www.cbspk.com.br RESERVE EM SUA AGENDA: 27 e 28/10/2016 2ª EDIÇÃO DO CONGRESSO BRASILEIRO DE SPRINKLERS I N S C R I Ç Õ E S C O M D E S C O N TO D I S P O N Í V E I S A PA R T I R D E A G O S TO. A S V A G A S S Ã O L I M I TA D A S . G A R A N TA S U A PA R T I C I PA Ç Ã O ! PALESTRANTES NACIONAIS E INTERNACIONAIS CAPACITAÇÃO TÉCNICA EXPOSIÇÃO DE SOLUÇÕES NETWORKING C A D A S T R E - S E E M A N T E N H A - S E I N F O R M A D O S O B R E E S T E I M P O R TA N T E E V E N TO w w w. c b s p k . c o m . b r ABSpk - Associação Brasileira de Sprinklers Av. Angélica, 2223 - CJ 304 - Consolação incêndio _ julho_2016 01227-200 - São Paulo - SP Telefone: (11) 3627-9829 www.abspk.org.br 13 /abspkoficial ENTREVISTA CASSIO ROBERTO ARMANI Incêndio de grandes proporções SUBCOMANDANTE DO CORPO DE BOMBEIROS DE SÃO PAULO RELATA COMO FOI A AÇÃO DE COMBATE AO FOGO NO TERMINAL DE CARGAS DA LOCALFRIO Foto: Divulgação/CBPMESP/ Alex Rodrigues por Ana Claudia Machado 14 w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r M ais de 50 horas foram necessárias para que o Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo conseguisse conter as chamas que consumiram contêineres no terminal de cargas da empresa Localfrio, localizado no Porto de Santos, no litoral de São Paulo. O incêndio, de grandes proporções, ocorreu no início de janeiro deste ano e provocou uma nuvem de fumaça tóxica que atingiu os municípios de Guarujá, Santos, São Vicente e Cubatão. Na ocasião, uma mulher de 68 anos morreu por insuficiência respiratória. Segundo o laudo do IML (Instituto Médico Legal), a morte foi provocada justamente pela inalação dos gases tóxicos. Além disso, os centros médicos da Baixada Santista registraram cerca de 170 atendimentos, e os moradores da região foram obrigados a deixar suas casas. Segundo o relatório dos técnicos da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), o fogo, que atingiu 66 contêineres no terminal portuário da empresa, foi provocado por uma reação química, resultante do contato entre a água da chuva e 20 toneladas de ácido dicloroisocianúrico de sódio. Para conseguir controlar o fogo, quase cem bombeiros participaram da ação e uma média de 30 viaturas foram deslocadas até o terminal portuário. A equipe precisou trabalhar ininterruptamente para isolar as cargas críticas, além de abrir cada contêiner envolvido no incêndio para aplicação de água em grande quantidade. “O trabalho teve uma longa duração devido à necessidade de manobra dos contêineres em diversas pilhas e fileiras”, explica o coronel Cassio Roberto Armani, subcomandante do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Segundo ele, outro fator que dificultou o combate ao incêndio foi a diversidade de produtos armazenados nas pilhas próximas aos contêineres. Presente na emergência e com vasta experiência profissional na análise de projetos técnicos e na realização de vistorias técnicas dos sistemas de proteção contra incêndio em edificações e áreas de risco, o coronel Armani conta na entrevista a seguir como foi estruturada a ação que, apesar de complexa, foi bem-sucedida. O trabalho teve uma longa duração devido à necessidade de manobra dos contêineres em diversas pilhas e fileiras Por que foi tão difícil controlar o incêndio que atingiu o terminal de cargas da Localfrio? O incêndio no terminal de contêineres atingiu diversos produtos químicos, sendo que a maior parte dos contêineres possuía incêndio _setembro_2016 dicloroisocianurato de sódio, uma substância oxidante em estado sólido. Provavelmente, após o contato do produto de um dos contêineres com água (havia chovido na data), teria iniciado uma reação química, provocando a queima do produto perigoso e a propagação entre os demais contêineres de diversas pilhas e setores de armazenamento. O incêndio em sua fase inicial emitiu fumaça em diversas cores (magenta, amarela e em tons de cinza). Essa diversidade de cores indicava algum produto da queima que continha cloro (cor amarela), mas também indicava a presença de outras substâncias, o que de fato ocorreu. Havia nas pilhas vizinhas contêineres com diversos produtos, tais como: acrilato de butila, ácido acético, inseticida e até alimentos (pistache). A equipe de engenharia de segurança do trabalho da empresa buscou fornecer os dados logísticos de localização de diversos contêineres e seus respectivos conteúdos, a fim de que fossem eliminadas as possibilidades de o cenário se tornar mais grave do que já estava. Como foi estruturada a ação de combate ao fogo? Com o apoio de técnicos da Cetesb (agência ambiental estadual), os trabalhos de isolamento de cargas críticas foram realizados na madrugada do dia 15 de janeiro, assim como a abertura de cada contêiner envolvido no incêndio e a aplicação de água em grande quantidade. O trabalho teve uma longa duração devido à necessidade de manobra dos contêineres em diversas pilhas e fileiras. A tentativa de aplicação de espuma não foi eficaz e a forma de combate foi confirmada por especialistas no produto envolvido, além de dados de fichas de informações de segurança (FISPQ). Outro fator que influenciou a dificuldade no combate ao incêndio foi a diversidade de produtos armazenados nas pilhas próximas aos contêineres com o dicloroisocianurato de sódio. Uma das medidas adotadas foi atacar o fogo contêiner por contêiner. Por quê? Foi necessário combater o incêndio em contêiner por contêiner porque havia um empilhamento de até cinco unidades e, com o apoio de guindastes, foi possível remover um a um. Além disso, de nada adiantaria resfriar a parte externa com jatos. Era preciso abrir cada um deles e aplicar água com bastante cuidado, pois o produto reagia severamente com a água. 15 ENTREVISTA CASSIO ROBERTO ARMANI Quais agentes extintores foram utilizados e quais foram mais úteis para esse caso? O único agente que realmente era indicado para este caso era a água, mas que deveria ser aplicada com grande vazão, pois em pequena quantidade só potencializava a reação química, sem que fosse eficaz na extinção do incêndio. Ao todo, quantos homens e viaturas foram deslocados até o local? Entre os dias 14 e 16 de janeiro foram empenhados em média 30 viaturas por dia e 98 bombeiros/dia. Já entre os dias 17 e 27 de janeiro, período em que foi mantida a prevenção de reignição de focos de incêndio no local, foi mantida uma viatura com seis bombeiros. O afastamento e a segregação de materiais que não são compatíveis são essenciais para dificultar a propagação do incêndio Como as equipes do Corpo de Bombeiros lidaram com o risco de explosão? As equipes trabalharam o tempo todo sob um sistema de comando de operações, de forma coordenada e planejada, incluindo-se a permanente análise de riscos, inclusive com o apoio de especialistas da CETESB e engenheiros e técnicos da própria empresa. O fogo se alastrou de maneira muito rápida, atingindo vários contêineres. Que tipo de medida preventiva poderia ter sido adotada para que isso não acontecesse? Este é um tipo de incêndio que se propaga rapidamente devido aos materiais de isolamento térmico dos contêineres e também porque sua estrutura não é resistente ao fogo. O afastamento entre as pilhas e a segregação de materiais que não são compatíveis são essenciais para dificultar a propagação do incêndio. Outro aspecto preventivo essencial é o gerenciamento do risco de forma permanente, buscando-se o controle exato do inventário disposto num armazenamento em pátio de contêineres. Quais foram os principais aprendizados alcançados pelo Corpo de Bombeiros após o incidente? Como em todas as ocorrências desta dimensão, sempre é possível aprimorar o conhecimento. Mais uma vez a localização do cenário 16 próxima ao mar possibilitou o emprego da embarcação “Governador Fleury”, do Corpo de Bombeiros, e, a partir do momento em que a reserva de água do sistema de hidrantes da empresa acabou, este recurso foi um fator decisivo para manter o bombeamento das linhas que abasteciam os veículos de combate a incêndio e para que as ações não fossem interrompidas. As ações de combate eram necessárias de forma ininterrupta, mas causaram um sério prejuízo a algumas viaturas que foram expostas ao grande volume de fumaça e vapores produzidos pelo incêndio. O trabalho integrado com os engenheiros e técnicos da empresa sinistrada e a participação do PAM (Plano de Auxílio Mútuo) local e de outras empresas (Codesp, Petrobras, Transpetro, BASF, etc.), além de diversos órgãos públicos (Defesa Civil, Polícia Militar, Cetesb, Ibama, GRAU, Prefeitura Municipal do Guarujá, entre outros) foram essenciais para o atendimento deste tipo de emergência. n Consequências graves e multa milionária Em decorrência do incêndio em seu terminal de cargas no Porto de Santos, a empresa Localfrio recebeu uma multa no valor de R$ 10 milhões por emitir diversos poluentes na atmosfera. Isso porque nos contêineres que pegaram fogo havia vários produtos químicos que contaminaram o ar. Conforme descrito no Auto de Multa, “os poluentes atingiram áreas residenciais, comerciais, industriais e portuárias nos municípios de Guarujá, Santos, São Vicente e Cubatão, tornaram o ar impróprio, nocivo e ofensivo à saúde, além de inconveniência ao bem-estar público, colocando em risco a segurança da população, ocasionando evacuações e restrições de deslocamentos, e interrupções de atividades comerciais, de terminais portuários e outras atividades normais das comunidades”. A empresa foi notificada pela Agência Ambiental de Santos, da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), que solicitou, também, o cumprimento de diversas exigências, entre elas, a de revisar seus planos de ação de emergência e gerenciamento de riscos. No final de agosto, a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) anunciou que terá um banco de dados com informações sobre a armazenagem de produtos perigosos no Porto de Santos. Com isso, em caso de um acidente com essas mercadorias, a Autoridade Portuária saberá a localização dos produtos explosivos ou químicos estocados nas instalações portuárias. w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r incêndio _setembro_2016 17 NA REDE INCÊNDIO Bombeiros de Goiás intensificam prevenção a incêndios C om foco na prevenção de incêndios em vegetação, o Corpo de Bombeiros do Estado de Goiás realiza a Operação Cerrado Vivo. Neste período de estiagem e baixa umidade relativa do ar, a ação dos bombeiros é intensificada em todo o Estado. Os bombeiros alertam para o crescimento do risco das queimadas, principalmente nos meses de agosto e setembro, quando mais ocorrem incêndios no Estado. Acesse o site da revista Incêndio e confira a matéria na íntegra. Escolas não têm alvará contra incêndio S Metodologia autoral em monitoramento de focos de queimadas O Brasil conta com um sistema autoral e de alta tecnologia para o monitoramento de focos incêndio e queimadas. O acompanhamento é feito a partir de metodologia desenvolvida pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que é responsável por realizar levantamentos de dados relacionados ao uso do fogo em áreas de vegetação no País. As informações geradas pela entidade são consolidadas em forma de coordenadas geográficas, alertas de ocorrências em áreas atingidas, estimativa de concentração de fumaça, entre outras. A atualização da maior parte dos dados ocorre de três em três horas, todos os dias. Todos os conteúdos são encaminhados aos órgãos governamentais competentes para fiscalização, e também disponibilizados por meio do site do Inpe para conhecimento da sociedade. O método do monitoramento do Inpe serve como base para vários agentes, que atuam no setor, desenvolverem suas próprias formas de aplicações e critérios. Acesse o site da revista Incêndio. Vale a pena conferir! e nenhum grande incêndio ocorreu nas escolas estaduais de Mato Grosso nos últimos anos foi por uma “providência divina”, opina o presidente da Amaest (Associação Mato-grossense de Engenharia de Segurança no Trabalho), Aubeci Davi dos Reis, ao falar sobre o fato das 753 unidades de ensino do Estado não possuírem o alvará de Prevenção Contra Incêndio e Pânico emitido pelo Corpo de Bombeiros. “O alvará é uma exigência legal que garante parâmetros mínimos de segurança em locais que circulam um grande número de pessoas”, explica. A Lei 8.399/2005 institui a legislação de segurança contra incêndio e pânico de Mato Grosso e lista extintores, sistema de detecção e alarme de incêndio, sistema de comunicação de emergência, hidrantes, sinalização de segurança como principais itens da norma de segurança. Leia a matéria completa da Agência da Notícias com A Gazeta, reproduzida no site da revista Incêndio. Prevfogo em prol do combate e prevenção a incêndios P Foto: Divulgação / Ibama ara se dedicar a uma questão complexa e que atinge uma grande porção do País, o governo federal criou, em 1989, um sistema específico para pesquisa, monitoramento, prevenção e combate de incêndios, atualmente conhecido como Prevfogo (Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais), que tem coordenações estaduais e regionais implementadas em 20 unidades federativas, com sede em Brasília (DF). É composto por sete núcleos técnicos responsáveis pela contratação, capacitação e treinamento de brigadistas, trabalho interagências, comunicação e educação ambiental. Confira a matéria completa publicada no site, com base em informações do Portal Brasil, Inpe e Ibama. 18 w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r Queimadas no Vale do Paraíba O site da revista Incêndio reproduziu a matéria do G1 que destacou o aumento do número de queimadas no Vale do Paraíba e Litoral Norte: foram 120 queimadas no primeiro semestre de 2016. O número, segundo a reportagem, é 144% maior que os seis primeiros meses de 2015, quando houve 49 grandes focos, de acordo com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). A incidência de queimadas nos municípios é monitorada via satélite. A cidade com mais registros é São José dos Campos, com 13 focos no ano. Segundo o Inpe, o frio e a falta de chuva ampliam o risco de incêndios em matas, florestas e unidades de conservação. Aplicativo ajuda na prevenção de riscos de Incêndio O aplicativo Zurich Risk Advisor acaba de ser atualizado em português. A ferramenta é única no mercado e está disponível, não só para clientes, mas para o público em geral, com acesso a ferramentas de avaliação de riscos através dos módulos “What If” e “Self Risk Assessment”. O primeiro módulo permite ao usuário priorizar as ações de melhoria de riscos, testando o impacto de cada uma delas sobre a pontuação geral da avaliação. Este módulo avalia os riscos de incêndio, quebra de máquinas, interrupção de negócios, inundações, ventos e tempestades, bem como de responsabilidade civil geral e do produto. Acesse o portal da revista Incêndio e saiba mais sobre o assunto. Rodovias de MG têm aumento de 115% nas queimadas N o primeiro semestre, o número de queimadas nas margens das rodovias que cortam Uberlândia aumentou em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados registrados por diferentes órgãos. De acordo com a MGO Rodovias, concessionária que administra trechos da BR-050, o aumento representou 115% em comparação a 2015 no trecho mineiro da concessão. A empresa contabilizou, até julho, 343 focos de incêndio no trecho que se inicia em Araguari, passa por Uberlândia e vai até Delta, na divisa do Estado. A quantia representou 115% de crescimento em relação ao mesmo período de 2015, com 159 registros. Leia mais sobre o tema no portal da revista. MS: Mudanças em código de segurança contra incêndios O site da revista Incêndio publicou no dia 8 de agosto que deputados estaduais aprovaram, em primeira votação, algumas mudanças no Código de Segurança contra Incêndios de Mato Grosso do Sul. A intenção é fazer algumas adequações nesta lei estadual, de abril de 2013, que define as exigências para edificações, instalações e ocupações temporárias, em áreas de risco. O projeto prevê algumas mudanças, como a exigência de CMAR (Controle de Materiais de Acabamento e Revestimento), para edificações com área construída, superior a 750 metros quadrados. ”Neste caso as edificações abaixo disto poderão conseguir o certificado via on-line”, disse o deputado Rinaldo Modesto (PSDB). Outra mudança busca um melhor entendimento sobre o sistema de detecção de incêndio em locais de reuniões com público, que tenham teto ou forro com revestimento de combustível. Fique por dentro! incêndio _ setembro_2016 19 NA REDE INCÊNDIO 20 w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r incêndio _ setembro_2016 21 PREVENÇÃO EM ESCOLAS 22 w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r AULAS QUE SALVAM VIDAS Instituições de ensino devem manter treinamentos contínuos para casos de emergências Q Fotos: Shutterstock por Adriana Gavaça incêndio _setembro_2016 uando não estão em casa, é na escola que as crianças passam a maior parte do seu tempo. No Brasil, estima-se que os jovens em idade escolar fiquem cerca de cinco horas diárias dentro das escolas. E esse número tende em se tornar maior, já que muitas instituições de ensino têm aumentado a oferta de cursos em período integral. Na mesma proporção em que cresce o tempo em que as crianças permanecem dentro das salas de aula, aumenta a preocupação dos pais, que se tornam mais exigentes em relação à segurança e bem-estar dos filhos. Não por acaso, o tema segurança e prevenção é cada vez mais recorrente em escolas de todo o País, principalmente, nas da rede de ensino particular. O Colégio Dante Alighieri, no coração de São Paulo, recebe diariamente cerca de 4.500 alunos, com idades entre três e 18 anos. Assim que adentram os seus portões, esses alunos automaticamente são protegidos por um complexo conjunto de equipamentos de segurança e medidas de prevenção, formado por câmeras, alarmes, extintores, portas corta-fogo, escadas enclausuradas, escadas externas, tintas antichamas, detector de fumaça, alarmes de incêndio e rotas de fuga. Os estudantes são amparados ainda por uma equipe de brigadistas formada por mais de mais de 35% dos 850 funcionários, além de contarem com a presença de um bombeiro civil, contratado há 15 anos. Só para o controle da segurança, o colégio dispõe de um andar equipado com câmeras e funcionários treinados que monitoram 24 horas por dia todos os espaços do colégio, identificando rapidamente qualquer situação suspeita que denote perigo, como fumaça, princípio de fogo ou acidente, por exemplo. 23 PREVENÇÃO EM ESCOLAS segurança e tranquilidade”, comenta o engenheiro de Segurança do Trabalho, Marcelo Zimbres, há 13 anos no Dante. Todos os anos, a escola realiza três eventos com a participação de 100 brigadistas, entre novos e antigos, para cursos de reciclagem e formação. Além disso, há treinamento de primeiros socorros e a realização anual da semana de prevenção de acidentes. O colégio conta ainda com ambulatório interno, com presença de médico e socorristas. DE OLHO NA LEI O Dante Alighieri não é um caso isolado quando o assunto é a preocupação com a prevenção a incêndios e segurança de seus alunos. As escolas em geral são obrigadas por lei estadual e nacional a manterem planos de abandono e emergência contra fogo. Assim como qualquer outro estabelecimento comercial devem manter em dia o Auto de Vistoria e de Segurança do Corpo de Bombeiros de sua cidade, que estabelecem, entre outras coisas, que equipamentos de segurança estejam visíveis e novos, que o prédio apresente alarmes, rotas de fuga, além de brigada de emergência treinada e que realize simulações de incêndio periódicas. Devem ainda manter a sinalização e iluminação de segurança. Como o público que frequenta esses locais são, em geral, crianças, o risco, nesse caso, é potencialmente maior do que em outros estabelecimentos. Por isso, há a necessidade de planos de prevenção e maior Cada andar do colégio Dante conta com pelo menos dois brigadistas treinados para uma rápida evacuação do prédio Foto: Divulgação/Dante “O colégio está sempre investindo na segurança e prevenção. A biblioteca foi recentemente reformada e a preocupação com o risco de incêndio esteve presente no projeto arquitetônico, que previu a instalação de detectores de fumaça de última geração em todo o ambiente, além dos equipamentos convencionais”, conta o bombeiro profissional José Tadeu de Souza, que é Técnico de Segurança há 22 anos no colégio. Todo esse aparato tem permitido que o Dante se mantenha com mais de 100 anos de história sem um único incidente ou qualquer foco de incêndio em seus cinco edifícios, que compõem o complexo educacional. “Cada andar do colégio conta com pelo menos dois brigadistas treinados para uma situação de emergência, preparados para uma rápida evacuação do prédio com 24 w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r 25 w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r PREVENÇÃO EM ESCOLAS Treinamento deve ser abrangente e considerar desde os alunos e professores, mas também os demais funcionários investimento em noções de segurança para essa clientela do que em outros locais, já que a atitude, em um caso de emergência, poderá fazer toda diferença. De acordo com o comandante do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo, coronel Rogério Bernardes Duarte, o treinamento de brigadas de incêndio em escolas (públicas ou particulares) já é realizado para a população fixa (professores, secretários, coordenadores pedagógicos, inspetores de alunos, etc). A Instrução Técnica nº 17 do Corpo de Bombeiros de São Paulo prevê a realização de treinamento teórico e prático. A instrução pode ser ministrada por engenheiros de segurança do trabalho, técnicos em segurança do trabalho, policiais e bombeiros militares. Na área de primeiros socorros poderão também ministrar as instruções os médicos e enfermeiros do trabalho. A reciclagem dos integrantes de uma brigada de incêndio de estabelecimento escolar deve ser realizada uma vez por ano, de acordo com a Instrução Técnica nº 17 e NBR 14276. “Nos Estados Unidos, por exemplo, as exigências de segurança contra incêndio são impostas pelo município ou condado; de modo geral, a referência normativa é a NFPA 600 (Industrial Fire Brigades), não havendo a exigência de brigadistas em edificações do tipo escolas. O que se exige é o treinamento de funcionários para o abandono das escolas, inclusive com a realização de exercícios simulados. No Brasil, decorrente da evolução dos regulamentos estaduais de segurança contra incêndio e do aperfeiçoamento das normas oficiais, nota-se que os exercícios de abandono têm aumentado paulatinamente. Para as escolas estaduais está sendo proposto um termo de cooperação entre a Secretaria Estadual de Educação e a Secretaria de 26 Segurança Pública, de modo que seja desenvolvido um programa de ensino à distância (EAD) voltado para a formação de brigadistas da rede estadual de ensino, bem como para otimização da regularização das edificações no tocante a proteção contra incêndios (emissão dos AVCB’s)”, informa Duarte. Mesmo assim, as escolas estaduais de São Paulo ainda parecem estar longe de servir de exemplo quando o assunto é segurança contra incêndio. Em julho passado, a Justiça determinou que o governo estadual tem um ano para realizar obras, intervenções e autuações necessárias à integral regularização de w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r alarmes e saídas de emergência. No processo, o governo afirmou que 146 escolas já possuem o AVCB. As demais unidades não contam com o documento, alega o Estado, devido à complexidade para obtê-lo. Procurada para comentar o assunto, a Secretaria da Educação do Estado, informou, em nota à revista Incêndio, que todos os prédios escolares do Governo são construídos de acordo com a legislação e as normas de segurança vigentes com grandes áreas de circulação, rotas de fuga, baixa ocupação e, principalmente utilização de materiais de baixa combustão. E que a Secretaria assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público para fazer as intervenções de acessibilidade na totalidade das unidades escolares da rede estadual. Dentro disto, a FDE (Fundação para o Desenvolvimento da Educação) prevê também a adequação e obtenção do AVCB. Além disto, todas as escolas contam com a oferta de equipamentos como extintores portáteis, hidrante, mangotinho, bomba de incêndio, central de alarme, alarme de incêndio, iluminação de emergência, sinalização de emergência, entre outros. As escolas também têm o “Manual de Orientação à Prevenção e ao Combate ao Incêndio nas Escolas”, que orienta as ações preventivas no combate a incêndio, instalações de gás, conservação de elevadores, manutenção de para-raios. A Procuradoria Geral do Estado também informou à reportagem que já recorreu da decisão da Justiça, do último dia 24 de julho, e que aguarda agora os desdobramentos desse recurso. todos os prédios e construções onde se encontram instaladas as escolas estaduais que garantam a obtenção do Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) e o Auto de Verificação de Segurança (AVS). A multa diária em caso de descumprimento será de R$ 100 mil. A ação civil foi ajuizada pelo Ministério Público que considerou incêndio _setembro_2016 precária a situação de segurança das 1.513 escolas estaduais da cidade de São Paulo. A investigação foi instaurada em 2006. A pedido do Ministério Público, órgão municipal que fiscaliza segurança (o antigo Contru, hoje renomeado pela Segur), chegou a fazer vistoria em parte das escolas e encontrar problemas como ausência de GRADE CURRICULAR Para o comandante aposentado do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo, Antônio Ferraz dos Santos, a questão da segurança contra incêndio nas escolas, assim como nas residências e em outros locais, deve estar sempre pautada na prevenção. Para 27 PREVENÇÃO EM ESCOLAS Ministério Público considerou precária a situação de segurança das 1.513 escolas estaduais da cidade de São Paulo ele, é importante que haja estrutura de combate a incêndios, rotas de fuga e equipamentos adequados. Mas, faz um alerta: de nada adiantará todo esse investimento sem um treinamento em prevenção de toda a cadeia educacional, que inclua desde funcionários, professores e, principalmente, os alunos. “E quando dizemos treinamento não estamos falando apenas na realização de palestras ou eventos ocasionais. Temos que transformar o tema em um processo educacional, que faça parte da grade curricular das escolas. De forma que a criança consiga aprender os conceitos 28 para ser capaz de replicá-los em outros ambientes, como em sua casa”, argumenta. O comandante é o autor de um Programa de Prevenção de Acidentes na Comunidade, criado em 1995, especialmente para escolas, o programa é voltado para a formação em prevenção de crianças de forma lúdica, por meio de quebra-cabeça, baralho, cartilhas, ou seja, ferramentas que as crianças costumam entender e assimilar o conteúdo. Para Santos, o que muitos chamam de “fatalidade” é uma obra previsível que pode ser evitada, através justamente de um processo educacional. Ele cita como exemplo as estatísticas de acidentes domésticos, em que 82% dos casos são com crianças com idades entre 0 a 10 anos. “O que poderia ser evitado se houvesse a prevenção”, assinala. O mesmo ele diz que se repete com as estatísticas de trânsito, em que morrem mais jovens. É justamente para combater essa dita fatalidade que o comandante diz que criou o programa e que pretende disseminar o seu uso entre escolas e comunidades. “Já conseguimos aplicar o conteúdo do material para mais de 400 crianças em uma parceria com uma escola em São José dos Campos”, conta Santos. n w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r incêndio _setembro_2016 29 PREVENÇÃO EM ESCOLAS REFORÇO NECESSÁRIO Medidas de prevenção a incêndios devem ser discutidas também em sala de aula por Adriana Gavaça O s planos de prevenção e combate a incêndio, entre outras coisas, devem ser capazes de indicar a quantidade e a disposição dos equipamentos de combate ao fogo e as rotas de saída. No caso das escolas, cada instituição precisa ter um desses adequado ao seu perfil, que deve ser renovado em caso de modificação da planta original. O documento também deve estar em consonância com os decretos estaduais e com as leis complementares municipais, já que não existe uma legislação nacional sobre o tema. As medidas de proteção são as mesmas para todas as escolas. Entre elas está a obrigatoriedade da instalação de extintores, hidrantes ou mangotinhos, alarme, iluminação e sinalização de emergência. Os prédios devem ter rotas de fuga, saídas de emergência e um acesso que permita a entrada do carro dos bombeiros. No Estado de São Paulo, por exemplo, para as instituições de ensino interessadas em obter o AVCB, o Corpo de Bombeiros indica dois caminhos a seguir, dependendo do tamanho da edificação: 1) Para escolas com área total construída superior a 750 metros 30 quadrados ou mais de três pavimentos, em geral, é necessária a contratação de um engenheiro ou arquiteto. Será esse profissional quem irá elaborar o projeto técnico de acordo com regulamentação estadual de segurança contra incêndio e normas oficiais brasileiras. A vistoria técnica do Corpo de Bombeiros ocorrerá após a construção estar acabada e as medidas de proteção contra incêndio instaladas. 2) Já para as escolas com área total construída inferior a 750 metros quadrados e altura igual ou menor que três pavimentos, aplica-se o chamado projeto técnico simplificado, que dispensa a necessidade de uma planta, bastando o preenchimento de formulários e os documentos de responsabilidade técnica (Anotação de Responsabilidade Técnica, se engenheiro, ou Registro de Responsabilidade Técnica, se arquiteto). Trata-se de um processo simples e que requer apenas a observação de medidas como: previsão de saídas de emergência adequadas para o público, extintores portáteis, sinalização e sistema de iluminação de emergência. As exigências estão previstas no Decreto Estadual nº 56.819/11 (Regulamento de Segurança Contra Incêndio em Edificações e Áreas de Risco), no caso do Estado de São Paulo. Atualmente, toda a regularização de edificações e áreas de risco no Estado de São Paulo, no âmbito do Corpo de Bombeiros, podem ser feitas mediante acesso ao Sistema “Via Fácil Bombeiros” (www. corpodebombeiros.sp.gov.br). Num futuro próximo, o Corpo de Bombeiros informa que o sistema deve permitir, inclusive, a inserção de plantas digitais das edificações, tornando o processo 100% digital. DICAS FUNDAMENTAIS ❖ BRIGADA DE INCÊNDIO Toda escola deve ter uma brigada treinada anualmente por um profissional habilitado. A reciclagem também deve ser anual, de acordo com Instrução Técnica 17 do Corpo de Bombeiros. A brigada deve ser formada pelos próprios funcionários da escola, que deve conhecer todo w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r Foto: Shutterstock o ambiente e também receber noções básicas de como operar os equipamentos de segurança, como hidrantes, mangueiras, extintores, acionamento de alarme e contato com Corpo de Bombeiros, além de evacuação do prédio. Devem estar aptos ainda para atuar nas mais diversas situações de risco e emergência. O brigadista incêndio _setembro_2016 também deve estar preparado para lidar com acidentes envolvendo alunos, prestando atendimento de primeiros socorros. ❖ EQUIPAMENTOS E MANUTENÇÃO A escola deve manter em dia a manutenção dos equipamentos de segurança e prevenção, tais como sinalização, iluminação de emergência, sirenes e alarmes, extintores, hidrantes, além de realizar simulação e exercícios de emergência, mapeamento de rotas de fuga e grupos de risco. ❖ CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE OS RISCOS Sempre falar de segurança e prevenção em aulas, palestras, seminários e eventos: o tema segurança e prevenção deve fazer 31 Foto: Shutterstock CALÇADOS DE COMBATE 32 w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r BOTAS QUE PROTEGEM EPI deve fornecer proteção mecânica, térmica e elétrica por Débora Luz O s bombeiros são empenhados habitualmente em atividades de grande risco. Dentre as diversas atividades desenvolvidas a de combate a incêndio é a mais desgastante pela exposição a altas temperaturas, realização de grande esforço físico por período prolongado, aliado ao uso de equipamentos de proteção individual e respiratória (EPI e EPR), perda de altas taxas de suor, de eletrólitos e depleção de altas taxas de substratos energéticos. Os EPIs do bombeiro são elementos fundamentais para a sua atuação em ações de combate a emergências, das quais há diversos riscos, tais como os proporcionados por calor elevado, elétricos, desabamentos de estruturas ou de partes da estrutura, explosões, riscos de contusões, quedas de nível, entre outros. Estes EPIs são compostos por capacetes, capas e calças de aproximação, luvas, balaclavas, EPR e, no caso desta reportagem, as botas. MERCADO Os calçados de segurança detêm 37% da fatia de mercado de EPIs no Brasil. Segundo dados da Animaseg (Associação Nacional da Indústria de Material de incêndio _setembro_2016 Segurança e Proteção ao Trabalho), em 2015, foram fabricados 50 milhões de pares por ano no País, por aproximadamente 130 fabricantes nacionais, que faturam em torno de R$ 1,7 bilhão. Se também forem contabilizados os números das botas de PVC, de borracha e de combate a incêndio, que não deixam de ser calçados de segurança, a quantidade de pares produzidos sobe para 60 milhões e o faturamento fica próximo a R$ 2 bilhões. Ainda segundo a Animaseg, há atualmente entre três e quatro empresas nacionais que fabricam calçados de combate a incêndio. Em 2015 foram comercializados cerca milhares de calçados deste tipo. Segundo o diretor-executivo da Animaseg, Raul Casanova, a indústria brasileira de calçados de segurança tem condições de fabricar produtos de nível internacional, não deixando a desejar aos italianos ou alemães. “E independentemente do tipo de calçado que o mercado nacional demanda, os fabricantes acompanham o que há de melhor no mundo para produzir calçados com qualidade e segurança”, disse Casanova. Há dois mercados em potencial para este tipo de EPI: o industrial (bombeiros civis, brigadas de emergência compostas por funcionários da empresa) e os bombeiros 33 CALÇADOS DE COMBATE militares. “Muitas vezes os requisitos de especificação não estão dentro de uma mesma norma, ou seja, temos que avaliar os modelos e quais serão as normas técnicas aplicadas em cada mercado”, comenta André Cândido, do departamento técnico de Vestimentas de Combate a Incêndio da Hercules/Ansell. Para Claudemir Rohde, modelista técnico da Arteflex, este mercado de calçados de combate a incêndio está em aclive. “O produto possui uma ótima aceitação do mercado por ser um especial e de alto valor agregado, garantindo segurança ao usuário”. Claudio Nobre Castello, diretor de Operações e Qualidade da PROT-CAP afirma que “este é um excelente mercado, mas ainda sem um conceito explorado como nos países desenvolvidos (USA, Europa etc.) onde a preocupação com a prevenção de incêndios é muito maior que no Brasil. Existe a necessidade de uso nos bombeiros militares e civis e nas brigadas de incêndio/emergências em diversas empresas, além dos polos industriais em que são formados os PAM (Planos de Auxílio Mutuo) para acidentes emergenciais”. BOTAS DE COMBATE A INCÊNDIO As botas se destinam a proteger os pés, tornozelos e pernas do profissional, evitando que o calor irradiado cause queimaduras, além de proteger contra possíveis cortes, pancadas e perfurações durante as ações de combate a incêndio. De acordo com a Coletânea de Manuais Técnicos de Bombeiros, publicado pelo Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, o calçado de combate a incêndio deve oferecer proteção adequada para os pés quanto a exposições ao calor, objetos 34 Foto: Shutterstock Os calçados são testados por amostragem e em alguns casos as fábricas são certificadas por organismos independentes cortantes ou perfurantes, além de razoável proteção contra substâncias químicas que possam haver no local da ocorrência, sem, contudo, reduzir a capacidade de maneabilidade do bombeiro, devendo ainda ser confortável, leve e de fácil colocação. Um calçado para combate a incêndio estrutural, por exemplo, deve ter resistência a fatores térmicos: calor de contato, calor radiante e calor convectivo e resistência a chama. Deverá ter resistência a fatores mecânicos, como: corte, rasgo, perfuração e abrasão e fatores químicos com produtos em baixa concentração. “Além destes fatores, um calçado para combate a incêndio deve ter conforto aceitável, evitar torções no combatente em pisos irregulares, solas antiderrapantes e materiais internos como forro e palmilha que evitem acúmulo de bactérias e fungos”, disse André Cândido. Ainda segundo a Coletânea, as botas para combate a incêndio devem possuir resistência a abrasão, estanqueidade de fora para dentro, de forma a proporcionar maior proteção para os pés e pernas, bem como possuírem partes refletivas de alta reflexibilidade, de forma a permitir uma melhor visualização do bombeiro em ambientes escuros ou que apresentem dificuldades para uma boa visibilidade. Sendo utilizadas em serviços extra pesados, as botas devem ser reforçadas por dentro com uma palmilha grossa, almofadadas para maior conforto ao profissional, bem como: possuírem protetor de aço nas pontas dos pés para proteção contra queda de objetos e impactos; possuírem uma camada de aço flexível na intersola para proteção contra objetos cortantes e principalmente perfurantes; possuírem uma proteção de aço superior na canela; possuírem uma estrutura reforçada nas laterais e parte superior do pé para proteção contra cortes bem como resistência química, e para facilitar a sua vestimenta, devem possuir alças resistentes que permitam colocá-las com firmeza e rapidez. w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r PROJETO PADRÃO • FM Global • Axa • Global Risk • XL Group • NFPA TIPOLOGIA Uma das normas que regem a fabricação das botas de combate a incêndio é a europeia EN 1509012 (versão de 2012), adotada pelo mercado brasileiro, que estabelece os requisitos para a identificação, caracterização e marcação do calçado de bombeiro. No calçado de bombeiro, tal como no calçado de segurança ocupacional, a classificação atribuída é idêntica, ou seja, classificação I e II, sendo permitidos dois tipos de designs. O calçado de classificação I é constituído por corte em pele ou outros materiais, excluindo o calçadofeito em borracha, poliuretano ou PVC. Já o II é constituído totalmente por borracha, poliuretano ou PVC, por meio de processos de vulcanização ou moldagem por injeção. No entanto, definem-se três diferentes tipologias de calçado de bombeiro: Tipo 1: Intervenções no exterior, fogos e combate a fogos florestais; sem proteção contra a penetração, sem proteção dos dedos e sem proteção contra riscos químicos; Tipo 2: Todas as intervenções de supressão do fogo e salvamento, onde são necessárias a proteção contra a penetração e proteção dos dedos, mas sem proteção contra riscos químicos, e Tipo 3: Todas as intervenções de supressão do fogo e salvamento, onde são necessárias a proteção contra a penetração e proteção dos dedos, incluindo a proteção contra riscos químicos. Após a definição da tipologia do calçado, na qual o modelo em questão se enquadra, este é sujeito aos ensaios de caracterização físico-mecânica e químicos correspondentes, os quais seguem as metodologias aplicáveis ao calçado de segurança. Adicionalmente, existem outros requisitos que o calçado deverá assegurar, específicos da norma EN 15090. Um desses aspectos, obrigatório a todas as tipologias, é o comportamento térmico do calçado, determinado a partir de três incêndio _setembro_2016 SISTEMAS DE SUPRESSÃO POR GÁS • NOVEC • FM-200 • CO2 INSPEÇÕES e MANUTENÇÕES DISTRIBUIDOR AUTORIZADO: SISTEMAS HIDRÁULICOS • Sprinklers • Hidrantes • Water Spray • Espuma • Casa de bombas SISTEMAS DE DETECÇÃO E ALARME • Fumaça / Térmico • Chama e Gás • Alta Sensibilidade • Feixe SISTEMAS DE SUPRESSÃO EM PAÍNEIS E CABINES • FIRETRACE DISTRIBUIDOR AUTORIZADO: www.gamafire.com.br 35 (11) 3868-1000 CALÇADOS DE COMBATE Atualmente existem calçados de combate a incêndio em borracha vulcanizada e calçados em couro hidrofugado Modelos e principais características Hércules HB014C Confeccionada em borracha vulcanizada, com espuma e forro térmicos; Possui biqueira e palmilha de aço; Cor preta com alta estanqueidade e acabamento amarelo; Frontal do cano, proteção de tíbia na cor amarela, em borracha; Borda superior do cano dotada de duas alças para facilitar o calçamento. As alças ficam dispostas uma em cada lateral no cano; Acabamento de borracha retardante a chamas e altamente resistente; Área dos pés é inteiramente cercada pelo isolante de espuma de PU; Possui sola com desenho antiderrapante, retardante a chamas, resistente a escorregamento e à abrasão; Isolamento elétrico para tensões até 600 Volts, e Resistência ao calor: Impede a passagem de calor do ambiente para o interior da bota a uma temperatura de 250 °C durante cinco minutos. Guartelá - Bota EN CWL FIRE 8 Bota multifuncional indicada para combate a incêndio predial, resgate, força de ação rápida, monitoramento e uniformização; Couro bovino hidrofugado; Resistente à chamas; Solado tração com Lug tratorado; Cadarceira com sistema de saque rápido, e Fabricado com borracha supernitrílica de alta resistência e aderência. metodologias de ensaio: Isolamento ao calor (banho de areia); resistência ao calor radiante; e resistência à chama. bons fornecedores, investimentos em pesquisa e desenvolvimento e um sistema de qualidade eficiente”, disse. ENSAIOS VARIEDADE Os calçados são testados por amostragem e em alguns casos as fábricas são certificadas por organismos independentes. Segundo André Cândido, há casos em que a mesma bota atende a normas europeias e americanas, portanto, temos que entender cada parâmetro de cada norma e aplicar nos produtos. “Os principais cuidados para atender as normas são: a escolha de 36 Atualmente existem calçados fabricados em borracha vulcanizada e calçados em couro hidrofugado. Geralmente as botas em borracha vulcanizada são mais resistentes à químicos e as botas em couro são mais confortáveis e mais leves. “A maioria dos calçados são de fabricação manual como calçados convencionais, porém, utilizando etapas especiais como inserção de biqueiras e palmilhas de aço e gerenciamento de fibras aramidas em alguns casos”, disse André Cândido, da Hercules/Ansell. Segundo André, todos os itens de combate à incêndio se beneficiaram da tecnologia crescente nestes tipos de equipamentos. “A principal mudança foi o desenvolvimento de materiais mais leves com níveis de proteção maiores. Há modelos de botas que diminuíram seu peso em até 50% com aumento em proteção térmica”. A Hercules/Ansell, por exemplo, disponibiliza ao mercado os modelos HB014C e o HB018C. Ambos são botas que proporcionam maior proteção possível os membros inferiores e contam com proteção mecânica contra queda de materiais perfurantes. A SOSSUL comercializa oito modelos de várias marcas, voltados para a proteção dos membros inferiores, como: Bota para bombeiro EN CWL FIRE 8 (marca Guartelá); Bota para bombeiro CWL FIRE 10 (marca Guartelá); Bota para bombeiro conforme EN Workman Fire (marca Croydon); Bota para Bombeiro EN (marca Harvik); Bota para bombeiro EN Special Fighter (marca Haix); Bota para bombeiro NFPA Air Power (marca Haix); Bota para bombeiro NFPA Workman Fire (marca Croydon); e Bota para brigadista em couro. A PROT-CAP comercializa a bota da Hercules 78 5FIRE para proteção dos pés do usuário contra agentes térmicos (calor e chamas) em atividades de combate a incêndios. O calçado é confeccionado pelo sistema built-up com posterior vulcanização em autoclave, possui forro interno 100% acrílico com tratamento de retardamento anti-chama, bem como biqueira e palmilha de aço. A empresa Marluvas fornece ao w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r mercado a bota de combate a incêndio tipo 2. Os materiais empregados no calçado são 100% antichamas (couro, zíper, cadarço, refletivo etc), bem como sua forração é 100% impermeável. Possui solado de PU/borracha resistente a altas temperaturas, biqueira de composite leve, antimagnética, anticorrosiva e ultraresistente à queda de 200J, palmilha resistente a perfuração que cobre 100% a planta do pé. Odair José Ferro, P&D da Marluvas, conta que os calçados de combate a incêndio, como todos os demais calçados da empresa, são confeccionados com a mais alta tecnologia e um rigoroso controle de qualidade para garantir a performance perfeita do produto. “Os calçados também são submetidos a testes rigorosos nos laboratórios credenciados pelo Mistério do Trabalho e precisam estar de acordo com os requisitos da norma EN 15090:2012 para serem aprovados”, disse Odair. Para ele, este é um mercado que está migrando de um produto extremamente pesado, confeccionado em borracha, para um calçado mais leve e moderno, “a proposta é oferecer maior proteção e qualidade de vida aos profissionais que exercem uma função de alto risco”, complementa. n Marluvas - Coturno Bombeiro 60C39 FR CPAP Atende à norma EN ISO 15090:2011 tipo 2, que regulamenta os principais requisitos para calçados de combate a incêndio. 100% antichamas, confeccionado em vaqueta hidrofugada antichamas, membrana impermeável waterproof, Cadarço antichamas, fechamento lateral em zíper dielétrico antichamas, faixa refletiva antichamas, pictograma refletivo antichamas e colarinho em couro soft acolchoado antichamas. Palmilha de montagem confeccionada em 100% poliéster com perfuração a zero, superflexível e cobre 100% da planta do pé Proteção com biqueira de composite, leve e resistente ao impacto de 200J e à compressão de 1.500N Solado dielétrico bicomponente de poliuretano e borracha com sistema de absorção de impacto, injetado diretamente ao cabedal e resistente ao contato com altas temperaturas. Arteflex - Bota BBB Cabedal em couro vaqueta flor hidrofugado para seis horas; Fechamento total e alças para calce rápido, Colarinho e protetor na região do tendão construídas em couro acolchoado que permite movimentos amplos, forração total em tecido especial GORE-TEX® impermeável e transpirável Biqueira sobreposta em vaqueta com acabamento em carbon garantindo proteção extra contra atritos, forração interna térmica que garante conforto em temperaturas entre -5°C e +100°C; biqueira interna de aço; Revestimento interno em Kevlar® resistente à químicos, chamas e cortes, Baixa condutibilidade elétrica, protetor de metatarso interno em polipropileno com revestimento acolchoado, palmilha de montagem resistente a perfuros e cortes, sola de borracha nitrílica colada resistente à altas temperaturas, que garante flexibilidade, garra de tração e estabilidade mesmo em locais com água ou lamacentos, sobrepalmilha termoconformada com tecido antibacteriano; Atende os requisitos das normas ABNT NBR ISO 20345 e EN 15090 CABOS PARA ALARME DE INCÊNDIO Ecocabos, sua solução para o mundo fire Conforme as normas: - ABNT 10.300 - ABNT 17.240 LANÇAMENTO: Cabo Fire ATOX Endereço: Rua África do Sul, 275-A, São Paulo - SP Tel: +55 (11) 2337-0144 incêndio _setembro_2016Email:
[email protected] www.ecocabos.com.br 37 mais agilidade produto à pronta entrega SEGURANÇA RESPONSABILIDADE PERMANENTE Uma brigada de incêndio bem treinada é um dos principais pontos do plano de prevenção por Maíra Teixeira 38 Fotos: Shutterstock A brigada prof issional de combate a incêndio em empresas, indústrias e shoppings centers é uma forma das mais eficientes para elevar o nível de segurança em locais de grande circulação, seja de trabalhadores, consumidores ou simples visitantes. Em uma analogia simples, pode ser considerada o sistema imunológico do local. Se está forte e bem guarnecido, sob ataque deve responder de maneira eficaz e evitar tragédias. Por esse motivo, não é de se espantar que a norma que estabelece as diretrizes das brigadas seja aprimorada regularmente, a fim de ser fortalecida. Dois eventos recentes provocaram a necessidade de atualização da Norma NBR 14276 – Brigada de Emergências, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT): o incêndio na boate Kiss, em Santa Maria (RS), em 2013, e o incêndio nos tanques de inflamáveis, no bairro Alemoa, na cidade de Santos (SP), no ano w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r passado, que durou nove dias. A base legal para a montagem da brigada civil, ou profissional, é dada pela norma que é referência técnica, mas não é obrigatória. “Porém, quando esta norma ou partes de seu texto são citados como referência em dispositivos legais (como leis, decretos, portarias), podem passar a ter obrigatoriedade, conforme os textos e conteúdo desses dispositivos legais”, explica Jorge Alexandre Alves, coordenador da Comissão de Estudos de Planos e Equipes de Emergências do CB-24 (Comitê Brasileiro de Segurança Contra Incêndios da ABNT). REGULAMENTAÇÃO Assim, o Decreto Municipal de São Paulo no 16.312/2015, que exige brigada de bombeiros civis, tornou obrigatória a norma e segue ainda a regulamentação publicada na Instrução Técnica 17/2014 do Estado de São Paulo. A legislação que subordina o tema é estadual e fiscalizada pelo Corpo de Bombeiros. Portanto, empresas que atuam em diversos estados do País devem observar este detalhe para a construção de suas políticas e Planos Corporativos de Prevenção e Combate à Incêndio (PCI), seguindo as leis estaduais. Adauto Lopes, fundador da consultoria Seg-One, detalha que atualmente os empreendimentos em São Paulo atendem aos requisitos da IT 17 do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, enquanto a norma é o norte nacional. A instrução estabelece as condições mínimas exigidas para a composição da brigada de incêndio e a presença do bombeiro civil no ambiente. “O decreto Municipal em São Paulo vem complementar a legislação existente e o avanço está na definição para casa de shows e espetáculos e campus universitário que passam a ter a obrigatoriedade da presença da brigada”, explica Lopes, que atua há 30 anos no ramo de segurança e combate a incêndio do setor de shopping centers em todo o Brasil. incêndio _setembro_2016 39 SEGURANÇA Para formar a brigada, o responsável da planta deve elaborar seu plano de emergências conforme a ABNT 1521 Importância da brigada em grandes complexos Formada por um total de 41 galpões de comercialização, distribuídos entre 271 metros quadrados de área construída, em uma área de 700 mil metros quadrados, a Ceagesp comercializa por ano 3,4 milhões de toneladas de alimentos – o que representou quase R$ 8 bilhões em negócios no ano passado. Com silos, graneleiros e armazéns convencionais, o local abriga materiais combustíveis de todas as classes. Por conta dos riscos de incêndio, a atenção é redobrada: há 50 brigadistas voluntários (13 no turno da noite), com atendimento 24 horas e quatro bombeiros profissionais que cobrem os dois turnos. Tem ainda 30 fiscais que atuam na fiscalização, dão avisos de que os estabelecimentos estão fora da norma e, em caso de reincidência, dão multas pelas irregularidades. Apesar dos cuidados, o complexo tem pequenos focos de incêndios regulares e precisou lidar com uma situação extrema em março de 2014, um protesto de caminhoneiros contra a cobrança de pedágio, que teve diversos incêndios criminosos. Um deles atingiu o prédio de atendimento ao público, ao lado da administração, comprometendo as estruturas. Após o episódio, o prédio precisou ser reconstruído. “Tem muito vandalismo, gente que quebra a botoeira e dá o alarme na má-fé. Para se ter ideia, temos permissão legal para trancar com cadeado o equipamento das mangueiras porque elas eram furtadas reiteradamente. É uma realidade difícil”, conta Barbosa, técnico de segurança do trabalho da companhia. 40 Adauto Lopes, da consultoria Seg-One O especialista ressalta que os eventos recentes colocaram à prova os recursos e conhecimentos dos serviços públicos e privados para o atendimento a emergências industriais de grande porte, entre outras ocorrências de menor repercussão na mídia, porém com grande impacto na vida das vítimas e nos negócios dos seus proprietários. “Podemos concluir que mesmo com todas essas normas técnicas e legislações, elas não serão suficientes enquanto não tivermos a adequada qualificação dos profissionais e a cultura da responsabilidade dos responsáveis pelos diversos tipos de negócios, sejam eles comerciais, industriais ou de entretenimento.” Alves, da ABNT, explica que a NBR 14276 (Brigada de incêndio – Requisitos) está sendo revisada atualmente e destaca os pontos que serão incluídos na nova edição. Publicada em 1999, a norma já passou por alterações pontuais e são a base das legislações municipais e estaduais. Para formar a brigada de emergências, o responsável da planta deve elaborar minimamente o seu plano de emergências conforme a ABNT 15219 – Plano de Emergências – Requisitos. REQUISITOS A brigada de emergência deverá ser composta e dimensionada, considerando a divisão de ocupação, o grau de risco, a população fixa de cada setor da planta e a quantidade mínima de brigadistas. Deve ser considerada também a quantidade necessária para o atendimento em todas as áreas, setores e edificações de responsabilidade da brigada de emergência. A quantidade de brigadistas deve ser compatível para efetuar as ações e procedimentos de prevenção e controle de emergências descritos no plano, conforme as hipóteses acidentais pré-determinadas, w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r incêndio _setembro_2016 41 SEGURANÇA devido as disposições físicas, dimensões, processos, ocupações etc. Para Nilton Almeida Junior, gerente corporativo de segurança do grupo Ancar Ivanhoe Shopping Centers, não há diferença entre bombeiros militares e um civil, mas uma complementação. “Entendo que um bombeiro civil bem treinado pode atuar muito bem. Os estados brasileiros possuem estruturas distintas entre eles e, neste sentido, nem todos estados possuem o Corpo de Bombeiros como parte da PM. Em muitos casos são corporações independentes.” Para ter uma brigada de incêndio profissional em empresas ou indústrias de alto risco de incêndio ou explosão, o primeiro passo é atender a legislação existente, quer seja municipal, estadual ou federal. A partir da formação e composição da brigada, a companhia passa a contar com uma equipe que cuida especificamente de um setor importante, visando ter maior controle dos riscos. A equipe de brigada, por meio de seu líder, deve desenvolver planos de controle e mitigação dos riscos a fim de evitar sinistros, tais como incêndio, explosões. “Esta equipe deve realizar análise primária de riscos e manter o controle de todos os equipamentos disponível para uma emergência. É muito importante que a preparação da brigada seja adequada à legislação. A formação e a preparação da brigada para a indústria é diferente da preparação da brigada de um shopping center. Por isso, treinar e fazer simulações deve ser parte do processo de cada empresa”, explica Lopes. PÚBLICO FIXO E FLUTUANTE Segundo os especialistas, em um local com público fixo as variáveis e o público são mais controláveis, algo diferente em um estabelecimento que vive de um público flutuante, com menos adesão e conhecimento das ações de prevenção. Mas em ambos casos, após a brigada estar constituída, treinada e equipada, o brigadista deve assumir as atribuições de prevenção e emergência. Porém, com público fixo, o ambiente costuma ser mais controlado. Francisco Teixeira Barbosa, técnico de segurança do trabalho da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo, conta que na Ceagesp a principal atividade é a prevenção, com enfoque na conscientização do público fixo e flutuante. “Se não atuamos na prevenção, nosso O primeiro passo para ter uma brigada de incêndio profissional é atender a legislação vigente 42 w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r Passos da prevenção São atribuições de prevenção dos brigadistas: ter total conhecimento do Plano de Emergência da planta; avaliar os riscos existentes; promover a inspeção de equipamentos de combate a incêndio, primeiros-socorros e outros existentes na edificação na planta para a prevenção e controle de emergências; inspecionar as rotas de fuga; elaborar relatório das irregularidades encontradas e encaminhar o documento aos setores competentes; orientar a população fixa e flutuante; participar dos exercícios simulados; atuar na conscientização dos públicos. Nilton Almeida Junior, gerente corporativo de segurança trabalho é dobrado. No começo do ano tivemos um incêndio provocado pelo transbordo de materiais, algo muito comum pela alta utilização de palha, madeira, caixas, papelão. Convivemos com produtos de alta combustão. Tem ainda o pavilhão de grãos, que por se tratar de pequenos materiais, particulados, de alta combustão, indicam um grande risco. Temos um cuidado em manter os requisitos de prevenção atualizados e revisar dia e noite, devido ao giro de pessoas”, afirma. O local, que tem público flutuante de 50 mil pessoas por dia e fixo de 420 trabalhadores, funciona como um shopping (com lojistas e permissionários dos espaços de comercialização), com entrada e saída de 12 mil veículos, além de conviver com episódios regulares de incêndios. Em visita à Ceagesp, é possível ver na prática como a conscientização é algo complicado. Por todos os cantos os equipamentos estão encobertos por carrinhos de mercadorias e caixas empilhadas que obstruem os hidrantes. “Colocamos as sinalizações em evidência, temos fiscais que corrigem, avisam e multam, mas a correria do dia a dia faz as pessoas terem pouca consciência. Um dos principais pontos de atenção é o público. No futuro, estamos planejando que todos os lojistas tenham brigadistas, mas é uma tarefa difícil, de convencimento. Hoje, com nossa equipe e planejamento, incêndio _setembro_2016 conseguimos cobrir tudo, com equipamentos, planos e estratégias em constante revisão”, explica Barbosa. Assim como na Ceagesp, os shopping centers tem um movimento maior de público flutuante do que fixo. “O fato de a brigada de incêndio ser uma exigência legal mostra bem como a função é apropriada na prevenção e combate ao incêndio, que são suas principais vantagens. A aplicação da legislação deve ser plena no ambiente, quer seja um shopping ou uma indústria. A segurança contra incêndio é uma ação diária e que a equipe de brigadistas civis ou profissionais deve zelar para manter um ambiente seguro”, explica Adauto Lopes, da consultoria Seg-One. Ele desenvolveu um sistema de controle, gestão e gerenciamento de brigadas que sistematizou todos os processos de prevenção e ação que levam o gestor da empresa a identificar seus pontos fracos a fim de corrigi-los, além de mapear constantemente a vistoria de equipamentos e brigadistas. Segundo Almeida Junior, da Ancar, a brigada de incêndio é extremamente importante porque o Corpo de Bombeiros Militar não atua em áreas privadas de forma preventiva. “A função de cumprir processos e políticas de Prevenção e Combate à Incêndio é da brigada e sem ela o risco seria incalculável. O combate ao fogo possui urgência nos seus três primeiros minutos, o que seria impossível contar com o bombeiro militar, devido ao tempo de deslocamento da guarnição”, afirma. Tanto Almeida Junior quanto Barbosa, da Ceagesp, concordam que a prevenção 43 SEGURANÇA A brigada deve desenvolver planos de controle e mitigação dos riscos a fim de evitar sinistros As simulações de emergências são previstas em lei e devem ser realizadas a cada seis meses por parte dos lojistas em um estabelecimento de condomínio comercial é a mais importante tarefa da segurança. “Via de regra, o incêndio é classificado como o de maior impacto em qualquer análise de risco. A relação vulnerabilidade versus impacto é alta, mesmo com todas as medidas de mitigação e transferência na gestão de risco. O risco de incêndio está ligado diretamente à proteção de pessoas, patrimônio e imagem do empreendimento”, diz Almeida Junior. DIFERENÇA ENTRE BRIGADISTAS O papel do bombeiro civil dentro de uma organização é cuidar de todos os processos e sistemas de atendimento de uma emergência, verificar o funcionamento de todo sistema de prevenção e combate a incêndio (e se os materiais disponíveis estão em perfeitas condições de uso e dentro dos prazos de validades, de acordo com as normas vigentes). Executam trabalho de prevenção de riscos, prestam socorros a pessoas quando em emergência e aplicam o procedimento necessário ao atendimento. São pontos fundamentais na divulgação de campanhas educativas de prevenção e auxiliam no treinamento da equipe de brigada voluntária. O bombeiro civil é dedicado para o atendimento exclusivo em uma edificação, planta e ou evento particular ou público mediante contrato de trabalho. Ele precisa ser habilitado por instituições credenciadas pelo Corpo de Bombeiros e é o responsável pela execução dos processos e o atendimento dos eventos em primeira instância. Sua atividade é exclusiva na prevenção e combate à incêndio e primeiros socorros. 44 Já o brigadista voluntário é um profissional que atua dentro das suas funções na empresa, mas que soma à sua expertise uma formação e capacitação conforme especificado nos requisitos da norma, para a atuação em serviços de prevenção e atendimento de emergências em edificações, plantas e ou instalações privadas ou públicas. O brigadista é voluntário e ocupa outras funções na empresa. Precisa atender requisitos da IT 17 – 1ª parte. Deve ter boa saúde e conhecer as instalações da empresa. Passar por treinamento e estar apto para identificar uma emergência e adotar algumas medidas diante de um cenário de emergência, tais como solicitar apoio do bombeiro civil (se tiver esta posição na empresa), acionar o bombeiro militar, guiar as pessoas para as saídas para abandonar o prédio etc. SIMULAÇÕES DE INCÊNDIO As simulações das emergências são previstas em lei e devem ser realizadas a cada seis meses. Elas são planejadas e executadas com o público fixo das empresas, mas sempre avisadas de antemão e de forma ostensiva para quem frequenta o local. Nos shoppings, geralmente, são feitas antes de sua abertura, assim como em empresas e grandes edifícios. Para o gerente da Ancar Ivanhoe Shopping Centers, esse exercício não deve ser encarado como um prova e sim como um treinamento. “É o momento de errar para poder melhorar os processos, equipamentos. Deve-se abordar os planos de Prevenção e Combate à Incêndio, Plano de Crise e Emergência e Plano de Abandono”, explica Almeida Junior. Para ele, o cenário de melhor aproveitamento são os de casos específicos. “Pode ser um incêndio, resgate ou qualquer outro caso, mas que seja amplo e exija atuação plena de todos. Deve ser avisado à imprensa, planejado detalhadamente e em conjunto com todos os participantes. Recomendo que a simulação não aborde apenas as questões operacionais, mas que possibilite o treinamento das equipes administrativas na gestão de crise e gestão de continuidade de negócios. A formação do comitê de crise e suas atividades são importantes para uma eventual revisão dos processos”, explica o especialista. n w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r na rede Notícias sobre prevenção e combate agora também na internet www.revistaincendio.com.br www.revistaincendio.com.br incêndio _setembro_2016 45 Foto: Shutterstock EMERGÊNCIAS AMBIENTAIS SEMPRE ALERTA Vastas reservas naturais desafiam permanentemente Brasil e Canadá no combate a incêndios florestais por Estela Cangerana T erritórios enormes, respectivamente o 5º e o 2º maiores do mundo, com vastas áreas de reservas naturais, Brasil e Canadá convivem anualmente com a ameaça dos incêndios florestais nas temporadas de seca. Cada um a seu jeito, ambos vêm enfrentando um ano especialmente difícil em 2016 e serão sede de importantes debates programados sobre prevenção, combate e tecnologias de preservação ambiental e controle. Em outubro próximo, especialistas se reunirão em Kelowna, Colúmbia Britânica, para a conferência Wildland Fire 46 Canada 2016 , cujo tema é justamente “Construindo Resiliência”. Em maio de 2019 será a vez do Estado do Mato Grosso do Sul, no Brasil, ser o palco da sétima edição da Conferência Mundial de Incêndios Florestais - WildFire, o maior evento internacional da categoria. Na pauta dos dois encontros, os desafios naturais e da interferência humana, além dos esforços para cumprir os compromissos assumidos internacionalmente pelas nações para a diminuição da emissão de gases de efeito estufa. “Vamos mostrar os avanços da nossa legislação, a experiência com o manejo do fogo dentro de terras indígenas e unidades de conservação, além da Política Nacional de Manejo e Controle de Queimadas. Receber a conferência é um reconhecimento importante”, afirma o coordenador do Núcleo de Operações e Combate aos Incêndios Florestais do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), Rodrigo Falleiro. DESAFIO A cada edição do evento são apresentados os resultados apontados pelas 14 Redes Regionais de Incêndios Florestais das Nações Unidas. O Ibama coordena a Regional w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r Expertise canadense A longa história de convivência do Canadá com os incêndios florestais levou o país a ser pioneiro em uma das técnicas usadas até hoje, a do combate aéreo. Ao lado de Estados Unidos e Rússia, a nação foi uma das primeiras a testar a modalidade, na década de 1930. E foi a primeira a obter êxito operacional com ela, em 1950, quando um avião Beaver, arremessou “bombas de água” (bolsas de papel e plástico de 14 litros cada, em grupos de seis a oito por vez) sobre um incêndio florestal. DESASTRE Sulamericana, formada pelo Brasil, Argentina, Bolívia, Colômbia, Equador, Paraguai, Uruguai, Peru e Venezuela. O Canadá, ao lado de Estados Unidos e México, integra a Regional da América do Norte. As redes trabalham para criar diretrizes nacionais e internacionais sobre o uso do fogo nos diversos ecossistemas e mantêm um esforço contínuo de cooperação. O trabalho dos grupos e das iniciativas de cada país para controlar as queimadas não tem sido fácil. No Brasil, de janeiro ao início de junho deste ano, os incêndios florestais cresceram 50% em relação a igual período de 2015. Foram detectados mais de 22 mil focos em 2016, contra 15 mil um ano antes, de acordo com os dados de monitoramento do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Praticamente a metade deles, 49,7%, foram registrados no bioma da Amazônia. Os estados do Mato incêndio_setembro_2016 Grosso, Roraima, Pará e Tocantins foram os mais atingidos. Segundo o coordenador do Núcleo de Pesquisas e Monitoramento do Prevfogo – Centro Nacional de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais, Rossano Marchetti, os principais vilões da vez, no caso brasileiro, são difíceis de evitar: os fenômenos climáticos. “A gente está passando por um dos piores El Ninõs (fenômeno que, entre outras coisas, altera a distribuição das chuvas) já registrados. E entre as consequências está a diminuição das chuvas no norte/ nordeste da Amazônia”, afirma. Ele esclarece, porém, que apesar de ser o tempo seco o maior responsável pela propagação das chamas, é a mão humana que dá início a elas. E a época do ano mais crítica para as queimadas ainda está para acontecer, tradicionalmente de agosto a outubro. Foi justamente a ação humana a responsável pelo que está sendo visto como o desastre mais caro da história do Canadá: o incêndio que destruiu a cidade de Fort McMurray, na província de Alberta, em maio deste ano. As autoridades ocais informaram que essa é a principal linha de investigação seguida pela Polícia Montada do Canadá para esclarecer o caso que ficou conhecido no país como the beast (a besta). A tragédia destruiu centenas de milhares de hectares, afetando milhares de casas e empresas, e causou a evacuação de quase 100 mil pessoas que viviam na região. Fort Murray está no centro da indústria petroleira canadense e os danos materiais causados pelas chamas foram estimados em cerca de 3,5 bilhões de dólares canadenses, segundo cálculo divulgado no início de julho pela associação nacional de seguradoras do país. “Este incêndio, e os danos que causou, são mais uma prova alarmante de que a frequência e a gravidade dos eventos climáticos extremos aumentaram no Canadá”, conclui o presidente do Departamento de Seguros do Canadá (BAC), Don Forgeron. n *Matéria publicada originalmente na revista Brasil Canadá, edição nº 61 (julho/agosto – 2016) 47 EMERGÊNCIAS AMBIENTAIS 48 w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r incêndio_setembro_2016 49 BUSF BRASIL Imagem: Shutterstock COLUNA INTERCÂMBIO NECESSÁRIO O por Bolívar Fundão Filho primeiro intercambista da organização Busf - Bombeiros Unidos Sem Fronteiras , o subdelegado da cidade de Serra, no Espírito Santo, Dayvidson Santos da Silva, embarcou para Portugal no final de agosto. Bombeiro formado desde 2013, Silva seguiu viagem para fazer estágio de treinamento por duas semanas com bombeiros da cidade de Palmela. Apesar do foco do curso estar voltado para técnicas, táticas e práticas em combate a incêndios florestais, Silva acompanhará as equipes de bombeiros em todas as ocorrências, incorporando conhecimentos 50 importantes para respostas conjuntas entre unidades da BUSF do Brasil e de Portugal nas situações de grandes desastres, foco principal da organização. Essa é a primeira experiência de muitas que a instituição pretende realizar para seus membros voluntários. E a intenção é exatamente fazer com que dentro da organização haja membros conhecedores de várias culturas “bombeirísticas” pelo mundo. Portugal é o primeiro país da CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa) a adentrar à Busf após a criação da organização no Brasil, o delegado embaixador no país é o comandante Carlos Alexandre Walcher de Souza, vindo logo em seguida Angola, tendo como seu representante o delegado embaixador w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r comandante Manuel Pedro Queta. Nosso subdelegado iniciou seu intercâmbio realizando uma adaptação aos equipamentos do quartel e, em seguida, uma integração e um treinamento para aprender a realidade da central da ANPC (Autoridade Nacional de Proteção Civil). Essa central é composta por dois bombeiros, agentes da ANPC e um oficial da GNR (Polícia Nacional). No local são monitoradas as ocorrências e evoluções dos incêndios em tempo real, onde os mapas são atualizados a cada 30 segundos informando as fases do incêndio e os atendimentos que são realizados à população. A meta é desenvolver práticas e, com isso, Protocolos Internacionais de Trabalho, em diversas áreas de resposta em que os membros da instituição podem vir a responder, com foco exclusivo nas Grandes Catástrofes prioritariamente. Conforme o comandante Carlos Alexandre Walcher de Souza, “Portugal é um país que tem bastante experiência na área de combate a incêndios florestais, pois passa por isso sazonalmente praticamente todos os anos e incêndio _ setembro_2016 essa experiência para os bombeiros brasileiros da Busf-Brasil, que vem para Portugal é gratificante, pois voltam com um cabedal de conhecimentos significativos, não somente para as respostas a grandes desastres, mas também para o dia a dia como bombeiros em suas unidades operativas”. Apesar de Portugal e Brasil terem protocolos e até equipamentos totalmente diferentes para uso no dia a dia, o importante é fazer com que haja troca de informações técnicas e criação de laços de cooperação. A equipe portuguesa da Busf já conta com sua diretoria formada e ainda aguarda alguns trâmites para dar início à abertura de voluntariado. Com essa medida, o objetivo é que se possa começar a organizar uma Força Tarefa para Emergências em Portugal, com o intuito de ofertar resposta técnica a diversas situações, tais como o recente terremoto na Itália, de magnitude 6,2, ocorrido no final de agosto, que tirou a vida de quase 300 pessoas e deixou mais de 350 feridos. Em novembro a Busf está se preparando para promover dois cursos extremamente importantes para os currículos dos seus voluntários, o primeiro será o Curso de BREC (Busca e Resgate em Estruturas Colapsadas), onde além das instruções teóricas, os alunos em número máximo de 30 serão levados à imersão em realidade simulada em um terremoto, onde terão de realizar várias atividades de busca e resgate. O curso, que é composto por dois dias de aulas teóricas e dois dias de aulas práticas, onde os alunos ficarão acampados e trabalhando como se estivessem em uma zona quente de terremoto, será o primeiro do país da Busf e é condição fundamental para os membros que querem fazer parte da Força Tarefa para Emergências – FORTE da organização. O outro é o curso de Resgate em Áreas Remotas e Locais de Difícil Acesso, que também ocorrerá em novembro desse ano e, assim como o BREC, possuirá aulas teóricas e práticas com Imersão em Realidade Simulada na Serra do Mar. Para ambos os cursos a instituição segue protocolos internacionais como ASHI e Insarag OSHA, o que deixa seus voluntários mais próximos da realidade internacional. Espera-se para 2017 um ano cheio de atividades operacionais e de capacitação. Uma das intenções é ampliar o conhecimento em Logística Humanitária e na Resposta em Catástrofes com capelães treinados pela organização na atenção às vítimas e parentes nas situações de desastre e pós-desastre. n Bolívar Fundão Filho é presidente do Busf Brasil - Bombeiros Unidos Sem Fronteiras 51 Foto: Shutterstock ARTIGO PRODUTOS PERIGOSOS RISCO IMINENTE DE EXPLOSÃO O por Carlos Hupsel de Oliveira manuseio de produtos perigosos, quaisquer que sejam, requer cuidados especiais e muita atenção, sobretudo se o produto for a pólvora negra. Principal componente da fabricação de artefatos pirotécnicos, a pólvora negra consta na relação de “Produtos de Alta Periculosidade Intrínseca”, estabelecida pelo Decreto 36.957, de 10 de julho de 1957, da Prefeitura do Município de São Paulo, sob o número 0027, 52 sendo considerada uma substância deflagrante, capaz de provocar uma explosão em massa, com o poder de atingir tudo o que se encontra ao seu redor, de forma praticamente instantânea. Mesmo com todo esse risco, em muitos lugares a pólvora ainda é transportada sem a necessária fiscalização por parte dos órgãos competentes e, o que é mais grave, entregue sem dificuldades a quem não tem a mínima noção das regras de segurança. Foi justamente o resultado dessa negligência e da imperícia, além do desconhecimento do perigo, que se observa em muitas atividades que envolvem o transporte, armazenamento e w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r manuseio de substâncias de alto risco, que provocou em 1998, um grave acidente no município baiano de Santo Antônio de Jesus, com a explosão seguida de incêndio de uma fábrica de fogos de artifício, deixando um grande número de mortos e feridos, em sua maioria pessoas humildes, moradoras da região, que tiravam seu sustento da fabricação de bombas juninas e outros artefatos. O objetivo das prescrições de segurança estabelecidas para o transporte e manuseio de produtos perigosos é o de prevenir acidentes e limitar os efeitos danosos de uma emergência. Uma explosão pressupõe, logicamente, a existência de um corpo com tendência explosiva. Dessa forma, distinguem-se os que trazem o oxigênio necessário às explosões, combinado em si, e aqueles que necessitam que o oxigênio lhes seja aduzido do exterior. Entre os primeiros figuram a dinamite, a nitroglicerina, os peróxidos e o mercúrio detonante (fulminatos). No segundo caso, o oxigênio necessário pode provir do próprio ar, ou estar presente devido a armazenagem em promiscuidade com outros corpos que servem de portadores do comburente. A composição da pólvora negra, o mais antigo explosivo que se conhece, contém nitrato de potássio (salitre), carvão em pó e enxofre, na proporção de 75:15:10. No caso, o portado de oxigênio, é o salitre, que também é o mais destacadamente representado. O importante é que as regras de segurança sejam observadas, principalmente quando substâncias perigosas sejam transportadas ou manuseadas. Na verdade a não observância de medidas preventivas não só em relação a pólvora negra, mas em substâncias perigosas de modo geral, tem sido a causa de incêndio e explosões, incluindo as reações químicas e o armazenamento de substâncias que não podem ser aproximadas, a exemplo do incêndio ocorrido no prédio do antigo Instituto de Cacau, em Salvador, Bahia, em fevereiro de 1973, quando sacos contendo hipocloreto de cálcio entraram em combustão. Nos paiós os riscos são minimizados, graças às rígidas medidas de segurança e permanente fiscalização. Essas instalações dispõem de sistemas de controle de temperatura e umidade, além de que o ingresso de pessoas nesses locais é cercado das maiores precauções e exigências. Os equipamentos de combate a incêndio, por sua vez, são constantemente revisados e mantidos em condições de pronto uso. Mesmo assim, em abril de 1957, uma violenta explosão abalou o Depósito de Pólvora do Exército, localizado em Caxias, no Rio de Janeiro. Em maio de 1954, uma violenta explosão na Ilha do Braço Forte, Baía da Guanabara, tirou a vida de 18 bombeiros, entre oficias e praças, causando grande comoção não só na própria corporação, mas em todo o País. A tragédia foi causada pela reação química de hidrosulfito de sódio devido à absorção de umidade. n WWW.CDIFIRE.COM.BR Carlos Hupsel de Oliveira é decano do magistério de ações de bombeiros na Polícia Militar da Bahia
[email protected] + 55 11 5068-2700 EQUIPAMENTOS CERTIFICADOS 䘀䤀刀䔀 匀唀倀倀刀䔀匀匀䤀伀一 匀夀匀吀䔀䴀匀 ATENDIMENTO NACIONAL COMBATE AUTOMÁTICO A INCÊNDIO • Cilindros para Sistemas Fixos carregados com gases químicos e inertes HFC-227ea (FM-200), HFC-125 (FE-25), Novec 1230, IG-541 e CO2: completos com válvulas, manômetros, mangueiras e demais acessórios. Todos os sistemas são oferecidos com cálculo hidráulico elaborado em software padrão NFPA 2001. • Estação de Recarga dos gases HFC-227ea (FM-200) e HFC-125 (FE-25). Realização de testes hidrostáticos, manutenção nas válvulas, inspeção interna com sonda, pintura e reparo nos cilindros. • Sistema Modular para Detecção e Extinção Automática de Incêndio: com aplicação de HFC-227ea (FM-200). Indicado para painéis elétricos, racks, equipamentos, PDU´s e CCM. 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Deve-se lembrar que na fundamentação técnica não haja economia de observações e palavras e, quando tratar de agentes (ruído, calor, vibrações mecânicas, inflamáveis, etc), o texto deve ser melhor aprofundado, de maneira que "gaste-se mais páginas" citando vários estudos, constatações científicas, livros e teses. Neste espaço, é indicado usar o estado da arte (o mais moderno comprovadamente sobre o assunto). Ainda em relação ao Laudo Técnico Pericial, complemento comentários sobre estes laudos, é mister estar atento para que este documento seja consolidado e não apenas represente um modelo a título de exercício escolhido por você. Mas, na prática, para caracterizar ou descaracterizar a insalubridade e/ou periculosidade nas conclusões, muitos outros aspectos devem ser considerados, tais como: classificação de áreas; características físico-químicas dos inflamáveis (ponto de fulgor, por exemplo); volumes e quantidades de inflamáveis e explosivos em processo; distribuição destes no processo; nível de proteção atribuído aos componentes da planta; distâncias para áreas classificadas; intinerância de pessoas nas áreas vulneráveis a incêndios e explosões; habitualidade de exposição a áreas de riscos insalubres e mesmo eventualidade de exposição em áreas vulneráveis a incêndios e explosões. Outro ponto que merece destaque é a perspectiva de efeitos 54 de eventos danosos atingindo pessoas além da distância (1, 5, 15 ou 30 metros) de uma fonte perigosa, como tanques, tubulações, bombas e registros, pois, em caso de acidentes, os efeitos a pessoas e ao patrimônio material e ambiental podem se estender a quilômetros de distância da área classificada. Nesse sentido, é recomendável lembrar do histórico acidente ocorrido na indústria química da Flixboroughs, da BASF, na Inglaterra, cujos efeitos das explosões chegaram a 5 km de distância da empresa e promoveram vítimas e prejuízos incalculáveis. Portanto, embora um laudo esteja muito bem montado, sendo apenas um teste, neste artigo não tenho e nem posso tratar o assunto com profundidade nas suas conclusões, pois se trata de uma empresa real escolhida por você para um laudo fictício. De modo que recomendo que não se realize conjecturas com fatos irreais que não se conheça, mas busquem-se modelos comprovados. Frente ao exposto, não se conclua um laudo sem ter inúmeros outros dados em mãos e sem a devida conclusão técnica baseada em convicções plenas. Nunca devemos esquecer que em áreas classificadas existe a diferença de distâncias seguras entre líquidos inflamáveis e gases inflamáveis liquefeitos. A NR-16, ponto de partida para este assunto, estabelece apenas a área periculosa para líquidos inflamáveis e suas bacias, mas a norma nacional deve sempre lançar mão de parâmetros internacionais, em caso de omissão do tratamento necessário de outros casos. Portanto, os gases inflamáveis liquefeitos, conforme previsto pela própria norma brasileira, podem e devem ser tratados pelas w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r normas internacionais, como exemplo, pela norma agora nacionalizada NBR ABNT IEC 60079, em toda a série (0,1, 2, 5, 10, 13 até a 17). A NR-16 é um guia inicial e, em face da sua limitação, compete ao gerenciador adotar parâmetro normativo capaz de enquadrar o risco em suas áreas de influências sob pena de omissão. Considere-se ainda que a propagação gasosa é sempre diferente da propagação de inflamáveis, pois ocorre de forma multidirecional e pode atingir distâncias inimagináveis, além de envolver outros fatores na perspectiva de avaliação da gravidade e seus efeitos, tais como: pressão, vazão e natureza do gás (inclusive temperatura), volume, direção e velocidade do vento, horário, etc. Dessa maneira, entra-se no campo da probabilidade e, havendo qualquer porcentagem diferente de zero, combinada à gravidade sempre elevada, existirá o risco de médio a elevado, frente ao perigo presente pela natureza do objeto de análise. O cálculo de áreas classificadas previsto na NR-10 e seus efeitos envolve modelos e parâmetros diversos que fazem, com raríssimas exceções, classificar volumes de gases inflamáveis liquefeitos, pressurizados e bombeados em tubulações, como áreas periculosas em toda a sua extensão e áreas de abrangência muito incêndio _ setembro_2016 elevadas. Desta forma, entendo que a área estendida (ampliada) será classificada como periculosa e o adicional de periculosidade aplicável aos expostos nestas áreas estendidas. Cabe sempre ao perito abrir o leque de possibilidades e aplicar os seus desdobramentos, pois a norma internacional complementará a norma nacional e exigirá maiores certezas para efeitos danosos, além de permitir maior controle de risco sobre pessoas, patrimônio e meio ambiente. Não pode haver imperícia, negligência e/ou imprudência em concluir estudos técnicos pelo elaborador de um laudo técnico pericial por mais simples que se apresente. Frente ao exposto, não percebo de outra forma como deve ser tratado o tema e sempre recomendo maior precaução antes de concluir um laudo técnico pericial e tentar enxergar além de onde a vista alcança, ou seja, a NR-16 é apenas um ponto de partida e a Lei nº 6.514/1977 recomenda com clareza adotar outros parâmetros quando necessário. n Fabrício Varejão é graduado em Engenharia Civil, pós-graduado em Engenharia de Produção e mestre em Engenharia Mecânica (UFPE). Engenheiro do SESI-PE e professor de Segurança do Trabalho (IFPE) 55 PRODUTOS PERIGOSOS CLORETO DE ISOPROPILA Propriedades: Líquido incolor. Solúvel em metanol e éter. Levemente solúvel em água. Usos: Solvente; intermediário; isopropilamina. Periculosidade: Altamente inflamável, risco de incêndio. Propriedades: Substância cristalina com sabor amargo, inodora. Solúvel em água, álcool e clorofórmio. Praticamente insolúvel em éter e glicerina. Usos: Medicina (sedativo). Uso restrito no tratamento com adição de heroína. Periculosidade: Aditivo para narcóticos. Uso restrito. CLORETO DE MAGNÉSIO Propriedades: Cristais brancos ou incolores; deliquescente. O produto hidratado perde água a 100o C. O produto anidro decompõe-se a oxicloreto. Origem: Reação do ácido clorídrico sobre o óxido ou hidróxido de magnésio. Purificado por recristalização. Usos: Fonte de magnésio metálico; desinfetantes; extintores de incêndio; madeiras à prova de incêndios; cimento de oxicloreto de magnésio; salmouras de refrigeração; cerâmica; resfriamento de ferramentas de usinagem; tecidos; fabricação de papel; agente de floculação; catalisador. Periculosidade: Moderadamente tóxico. CLORETO MERCÚRICO (bicloreto de mercúrio, cloreto de mercúrio, sublimado corrosivo) Propriedades: Cristais brancos ou pó; inodoro. Solúvel em água, álcool, éter, piridina, glicerina. Densidade: 5,44. Origem: a) Combinação direta do cloro e mercúrio aquecido; b) sublimação do sulfato de mercúrio com sal comum. Usos: Fabricação de compostos de mercúrio; desinfetante; sínteses orgânicas; reagente analítico; metalurgia; catalisador para cloreto de vinila; fungicida, inseticida e preservativo da madeira; impressão de tecidos; baterias secas; impressão e litografia; fotografia. Periculosidade: Altamente tóxico por ingestão, inalação e absorção através da pele. CLORETO DE METADONE (cloreto de 6-dimetilamino-4, 4-difenil-3heptanona) 56 CLORETO DE METILA (clorometano) Propriedades: Líquido ou gás incolor. Levemente solúvel em água, quando se decompõe. Solúvel em álcool, clorofórmio, benzeno, tetracloreto de carbono, ácido acético glacial. Ataca o alumínio, magnésio e zinco. Origem: a) Cloração do metano; b) Reação entre ácido clorídrico e metanol. Usos: Suporte de catalisador em polimerização de baixa temperatura; chumbo tetraetílico; silicones; refrigerante; medicina; sínteses orgânicas (agente de metilação) agente de extração; propelente em aerossóis; herbicida. Periculosidade: Inflamável, risco de incêndio. Altamente tóxico. Narcótico em concentrações elevadas. CLORETO DE METILMAGNÉSIO Propriedades: Apresenta-se em solução de tetrahidrofurano. Usos: Reagente de Grignard. Periculosidade: Inflamável, risco de incêndio e explosão. CLORETO DE NITROBENZILA (2,5 – dicloronitrobenzeno) Propriedades: Cristais amarelo-pálidos; densidade: 1,669 (22o C); ponto de fusão: 55o C. Ponto de ebulição: 266o C. Insolúvel em água, solúvel em álcool a quente e clorofórmio. Usos: Intermediário na obtenção de outros produtos químicos. Periculosidade: Provavelmente tóxico. Perigo de incêndio, por reação espontânea. CLORETO DE NITROBENZILA (1,2-diccloro-4-nitrobenzeno) Propriedades: Sólido; ponto de fusão: 43o C. Ponto de ebuliçãoo: 255-256o C. Densidade: 1,143 (100/40o C). Insolúvel em água. Solúvel em álcool a quente e éter. Usos: Intermediário na obtenção de produtos químicos. Periculosidade: Tóxico. Risco de incêndio por reação espontânea. CLORETO DE NITROGÊNIO (tricloreto de nitrogênio) Propriedades: Cristais rômbicos ou líquido oleoso amarelo. Densidade: 1,653. Ponto de ebulição menor que 71o C. Ponto de fusão menor que -40o C. Insolúvel em água fria; solúvel em clorofórmio, tricloreto de fósforo e dissulfeto de carbono. Periculosidade: Explode a 95o C; perigoso. Moderadamente tóxico por ingestão e inalação. Fortemente irritante. CLORETO DE NITROSILA Propriedades: Um dos agentes oxidantes presentes na água régia (solução de ácido nítrico e clorídrico). Líquido vermelho amarelado ou gás amarelo. Ponto de ebulição: -5,5o C. Densidade (gás, a 0o C, em relação ao ar): 2,3. Densidade do líquido (em relação a água a 20o C): 1,273. Decompõe-se na água. Dissocia-se em óxido nítrico e cloro por aquecimento. Solúvel em ácido sulfúrico fumegante. Incombustível. Origem: Ação do cloro sobre o nitrato de sódio. Usos: Detergentes sintéticos; catalisador; intermediário. Periculosidade: Altamente tóxico; irritante enérgico, especialmente dos pulmões e mucosas. CLORETO DE OXALILA (cloreto de etilenodioíla) Propriedades: Líquido incolor, libera monóxido de carbono por aquecimento. w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r PRODUTOS PERIGOSOS incêndio _setembro_2016 57 PRODUTOS PERIGOSOS Solúvel em éter, benzeno, clorofórmio. Origem: Reação do ácido oxálico com o pentacloreto de fósforo. Usos: Gás militar venenoso; agente de cloraçãoo em sínteses orgânicas. Periculosidade: Altamente tóxico por ingestão e inalação. acilação); produtos farmacêuticos; drogas de tinturaria; plásticos a base de borracha; rayon; gases venenosos; solvente; catalisador. Periculosidade: Altamente tóxico; altamente irritante dos tecidos. CLORETO DE TRICLOROACETILA (super-palita) CLORETO DE SILÍCIO (tetracloreto de silício) Propriedades: Líquido incolor, fumegante. Odor sufocante. Corrosivo para a maioria dos metais em presença e água. Na ausência de água, nao tem ação sobre os metais. Densidade: 1,4a3 (20o C). Ponto de fusão: -70o C. Ponto de ebulição: 57,6o C. Índice de refração: 1,412 (20o C). Miscível em todas as proporções com tetracloreto de carbono, mono e dicloretos e enxofre. Decompõe-se na água ou álcool. Incombustível. Origem: Origem: Aquecimento do dióxido de silício em corrente de cloro. Usos: Cortinas de fumaça; fabricação do silicato de etila e compostos similares; produção de silicones; fabricação de sílica de alta pureza e vidros de sílica fundida; fonte de silício. Sílica e cloreto de hidrogênio; reagente de laboratório. Periculosidade: Altamente tóxico por ingestão e inalação. Irritante enérgico dos tecidos. CLORETO DE SULFONILA (cloreto de sulfurila, ácido clorossulfúrico; cloreto sulfúrico; oxicloreto sulfúrico, dicloridrina sulfúrica) Propriedades: Líquido incolor. Odor pungente. Decompoe-se rapidamente por álcalis e pela água quente. Solúvel em ácido acético glacial. Densidade: 1,667 a 20o C. Ponto de ebulição: 69,2o C; ponto de fusão: -54o C; densidade de vapor: 4,6. Origem: a) aquecimento do ácido clorossulfônico em presençaa de vão ativo ou cânfora. Usos: Sínteses orgânicas (agente de cloração; agente desidratante; agente de 58 Propriedades: Líquido; densidade: 1,654 (0/4o C). Ponto de ebulição: 118o C. Decompõe-se em água. Solúvel em álcool. Periculosidade: Altamente tóxico por ingestão e inalação; forte irritante da pele e dos tecidos. CLORETO DE VINILA (cloretano, cloroetileno) Propriedades: O mais importante monômero vinílico. Gás, facilmente liquefeito. Solúvel em álcool e éter. Levemente solúvel em água. Origem: a) oxicloração do etileno; b) reação entre o acetileno e o ácido clorídrico; c) pirólise do dicloreto de etileno. Usos: Cloreto de polivinila e copolímeros; sínteses orgânicas; adesivos para plásticos. Periculosidade: Altamente inflamável, risco de incêndio ou explosão. CLORETO DE N-XILILA CLORETO DE TIOCARBONILA (tiofosgênio, clorossulfeto de carbono) Propriedades: Líquido avermelhado; densidade: 1,5085 (15o C); ponto de ebulição: 73,5o C. Decompõe-se em água e álcool. Solúvel em éter. Usos: Sínteses orgânicas. Periculosidade: Altamente tóxico por ingestão e inalação. CLORETO TITÂNICO (tetracloreto de titânio, fumegerita) Propriedades: Líquido incolor. Altamente fumegante quando exposto ao ar úmido, formando uma densa e persistente nuvem branca. Densidade; 1,7609 a 0o C; ponto de ebulição: 136,4o C; ponto de congelação: -30o C. Solúvel em ácido clorídrico diluído; solúvel em água, com desprendimento de calor; soluções aquosas concentradas são estáveis e corrosivas; soluções diluídas precipitam cloretos básicos insolúveis. Origem: Tratamento do dióxido de titânio ou minério e carvão ao rubro em corrente de cloro. Usos: Titânio puro e sais de titânio; corante mordente; efeitos de iridescência (furta-cor) em vidro; cortinas de fumaça; pigmentos de titânio; catalisador de polimerização. Periculosidade: Altamente tóxico por inalação; forte irritante da pele e tecidos. Propriedades: Líquido incolor. Densidade: 1,064. Combustível. Periculosidade: Altamente tóxico por ingestão e inalaçãoo. Forte irritante dos olhos e da pele. CLORIDRINA DE GLICOL (etileno clorohidrina; álcool 2-cloroetílico) Propriedades: Líquido incolor. Leve odor de éter. Solúvel na maioria dos solventes orgânicos e totalmente solúvel em água. Densidade de: 1,2045 (20/20o C). Ponto de ebulição: 128,7o C. Origem: Ação do ácido hipocloroso sobre o etileno. Usos: Solvente para cetato de celulose e etilcelulose; introdução do grupo hidroxietílico em sínteses orgânicas, para apressar a geminação de batatas; fabricaçãoo de óxido de etileno e etileno glicol. Periculosidade: Altamente tóxico por ingestão e inalação; a absorção através da pele pode ser fatal. Altamente irritante. Tolerância: 5ppm ao ar. Moderado perigo de incêndio. CLORITO DE SÓDIO Propriedades: Pó cristalino ou cristais brancos. Levemente higrodcópico. Solúvel em água. Usos: Tratamento de água potável (retirada de gostos e odores); agente de w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r PRODUTOS PERIGOSOS incêndio _setembro_2016 59 PRODUTOS PERIGOSOS branqueamento para têxteis, polpa de papel, óleos comestíveis e não comestíveis, vernizes, lacas e ceras; agente de oxidação; reagente. Periculosidade: Inflamável; agente fortemente oxidante. Moderado risco de incêndio ou explosão. CLORO Propriedades: Gás pesado incombustível, verde-amarelado, odor irritante. Extremamente oxidante. Solúvel em água fria. Fortemente eletronegativo. Baixa condutibilidade elétrica. Solúvel em cloretos e álcool. Origem: a) Eletrólise de solução de cloreto de sódio; b)Eletrólise de sal fundido (cloreto de sódio ou cloreto de magnésio); c) eletrolise de ácido clorídrico; d) Oxidação de cloreto de hidrogênio com óxido de nitrogênio, em presença de catalisador. Usos: Obtenção de grande número de produtos clorados ou não ; solventes; pesticidas; herbicidas; refrigerantes; plásticos; propelentes; tratamento de água; branqueamento de papel, tecidos etc; combate ao lodo; tratamento da lã. Periculosidade: Altamente tóxico por inalação e ingestão. Moderado risco de incêndio em contato com terebintina, éter, amônio, hidrocarbonetos, hidrogênio, metais em pó e outros agentes redutores. CLOROACETATO DE ETILA Propriedades: Líquido branco, transparente; odor pungente de benzeno e éter; insolúvel em água. Densidade: 1,1585 (20o C). Ponto de ebulição: 144,2o C. Densidade de vapor: 4,23-4,46; ponto de fulgor: 179o F; combustível; índice de refração: 1,4227 (20o C). Origem: a) Ação do cloreto de cloroacetila sobre o álcool; b) tratamento do ácido com álcool e ácido sulfúrico. Usos: Solvente; sínteses orgânicas; gás militar venenoso; em drogas de tinturaria. Periculosidade: Altamente tóxico por 60 ingestão e inalação. CLOROACETOFENONA (clorocetofenona; cloreto de fenacila; fenilclorometilcetona, CN) Propriedades: Cristais brancos. Odor de flores. Ponto de fusão: 56o C. Ponto de ebulição: 247o C. O isômero para tem ponto de fusão de 20o C e ponto de ebulição de 273o C. Insolúvel em água; solúvel em acetona, benzeno, dissulfeto de carbono. Origem: Do cloreto de cloroacetila, benzeno e cloreto de alumínio. Usos: Intermediário na obtenção de produtos farmacêuticos; em distúrbios de rua (sob a forma gasosa) Periculosidade: Altamente tóxico. Forte irritante dos olhos, sob a forma líquida ou gasosa. Tolerância (isômero alfa): 0,05 ppm no ar. cloreto de benzal; dicloreto de benzila; alfadiclorotulueno) Propriedades: Líquido incolor, xaroposo; odor aromático; Densidade: 1,295 (16º C). Ponto de fusão: -16,1º C. Ponto de ebulição: 207 ºC. Índice de refração: 1,5502 (20º C) Solúvel em álcool, éter e álcalis diluídos; insolúvel em água. Combustível. Origem: Cloração do tolueno, até absorção de duas fórmulas-peso de cloro, em ausência de catalisador e presença de luz. Usos: Corantes. Periculosidade: Altamente tóxico. Um irritante forte e lacrimongênio. CLOROBROMOACETONA (martonita) Propriedades: Líquido que emite gases tóxicos quando aquecido ou em contato com ácidos. CLOROCARBONATO DE ETILA CLOROACETONA (tomita, monocloroacetona, 1-cloro-2propanona, cloracetona, acetona clorada) Propriedades: Líquido incolor; odor oungente, irritante. Densidade: 1,162 (16o C); ponto de ebulição: 115o C; ponto de fusão: -44,5o C. Solúvel em álcool, éter, clorofórmio e água.. Origem: Cloração de acetona. Usos: Desativador de enzimas; fotografia a cores; inseticidas; perfumes; intermediário; antioxidante; medicina; sínteses orgânicas; gás lacrimogênio. Periculosidade: Altamente tóxico; irritante enérgico dos tecidos. CLOROACROLEÍNA Propriedades: Líquido incolor. Origem: Cloração de acroleína. Usos: Gás lacrimogênio. (cloroformiato de etila) Propriedades: Líquido brancotransparente, com odor irritante. Densidade: 1,135 a 1,139 (20/20o C). Ponto de ebulição: 93-95o C. Índice de refração: 1,3974 (20o C). Ponto de fulgor: 16,1o C (vaso aberto). Decompõe-se em água e álcool. Solúvel em benzeno, clorofórmio e éter. Origem: Reação do monóxido de carbono com cloro gasoso, produzindo fosgênio, que é então tratado com álcool etílico anidro, dando clorocarbonato de etila e ácido clorídrico. Usos: Sínteses orgânicas; intermediário na fabricação de carbonato dietílico, agente de flotação, polímeros, isocianatos. Priculosidade: Altamente tóxico; irritante enérgico para os olhos e pele. Inflamável, risco de incêndio. Periculosidade: Altamente tóxico. Irritante dos olhos e da pele. CLOROBENZAL (*) texto retirado do livro “Produtos Químicos Perigosos”, de Gastão Rúbio de Sá Weyne e Misael Antonio de Sousa. (cloreto de benzila, cloreto de benzilideno; w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r PRODUTOS PERIGOSOS incêndio _setembro_2016 61 Fotos: Divulgação ACONTECE MONITORAMENTO DE RISCOS EVENTO EM SÃO PAULO DEBATEU PREVENÇÃO DE RISCOS E USO DA TECNOLOGIA A FAVOR DA SEGURANÇA NAS CORPORAÇÕES por Redação A terceira edição do Risk Engineering Workshop, realizado pela seguradora Zurich, discutiu como a tecnologia pode ajudar as áreas de Engenharia de Risco, bem como formas de prevenção contra riscos causados pelas mudanças climáticas. Sob a temática “Construindo um futuro melhor com o que o passado nos ensina”, o evento discutiu formas de prevenção contra riscos causados pelas mudanças climáticas e como a tecnologia pode ajudar as áreas de Engenharia de Risco.“O tema chave é aprendizado dos eventos do passado”, disse na abertura do evento Carlos Cortés, Superintendente de Risk Engineering da Zurich “Somos uma rede de engenharia global, o que nos ajuda a monitorar riscos globalmente, aprender lições de eventos passados e, a partir disso, ajudar nossos clientes a prevenir os riscos que os provocaram”, destacou Cortés.“Com a realização deste evento, a Zurich cumpre seu papel de ajudar clientes e mercado a entenderem e se proteger de riscos, além de fornecer insights para preservar a continuidade das operações e lucratividade das empresas”, declarou Cortés. Considerando as mudanças climáticas e a dificuldade das empresas para se adaptar a elas, Nariman Maddah, especialista em riscos da natureza da Zurich, iniciou a primeira palestra do dia: “Se não fizermos previsão, não poderemos agir”. A fala do profissional está 62 relacionada à aplicabilidade da engenharia em análises de vulnerabilidades e na incorporação dessas mudanças climáticas, ainda uma oportunidade de melhoria na maioria das empresas. Ao citar as dificuldades deste tipo de análise, Maddah comentou que não é fácil encontrar mapas de riscos de inundação no Brasil, essencial em planos de prevenção de riscos em algumas regiões. “Fiz vistoria em muitas plantas e, quando começamos as discussões sobre desenvolver um plano de emergência para desastres naturais, muitos dizem que nunca passaram por uma inundação ali, por isso não existe a necessidade de se criar um plano. No entanto, a maioria das empresas não possui plano de emergência para incêndio sem terem sofrido um incêndio?”, provocou o palestrante. “Hoje o asfalto impede que a água seja absorvida do mesmo modo quando não havia urbanização”, exemplificou. Para conhecer o nível de periculosidade na avaliação de riscos de desastres naturais, a Zurich utiliza uma metodologia própria. Nela são definidos níveis de exposição, conhecidas informações de onde e quando foi construída a planta, bem como a conformidade do design de engenharia do local. É necessário coletar dados climáticos da região também. Só após essa etapa é que são sugeridas ações preventivas a serem desenvolvidas. w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r NOVAS TECNOLOGIAS E SOLUÇÕES PARA CONSTRUÇÃO, REFORMA E MANUTENÇÃO DE RODOVIAS. A simulação será composta por um circuito que percorrerá dois pavilhões do Expo Center Norte, visitando as feiras TranspoQuip Latin America (infraestrutura de transportes) e FIMAI ECOMONDO(meio ambiente e sustentabilidade), proporcionando ao público o contato direto com diversos produtos e soluções inovadoras que irão compor a infraestrutura de vias e rodovias nos próximos anos. Garanta sua vaga, visite a simulação! Feira Internacional de Meio Ambiente Industrial e Sustentabilidade 4 a 6 de Outubro, Pavilhão Vermelho, Expo Center Norte, São Paulo incêndio _ agosto_2016 www.transpoquip.com.br 4 a 6 de Outubro, Pavilhão Verde, Expo Center Norte, São Paulo 63 www.fimai.com.br ACONTECE Engenheiros da Zurich apresentaram diversas alternativas para identificação e gestão de riscos Revelar, avaliar e reduzir riscos Também com sala lotada, Carlos Cortés, Superintendente de Risk Engineering da Zurich, ministrou palestra que detalhou a metodologia da Zurich na identificação de riscos. “O risco é um perigo ou uma exposição avaliada em função da probabilidade de ocorrência e da severidade das consequências”, afirmou. A metodologia criada e usada pela seguradora, nestes casos, é denominada Zurich Hazard Analysis (ZHA) e segue sete passos para identificar riscos: Explosão do pó: o inimigo oculto Andressa Meireles, gerente de Qualidade de Risk Engineering da Zurich, falou sobre explosão do pó e afirmou que o risco ainda é desconhecido por empresas e funcionários.“Você pode ter acúmulo de pó, derivado ou não de processos, e entender que é limpo, quando na verdade a poeira pode estar escondida”, afirmou. Para ilustrar o assunto, a engenheira química listou os tipos de pós que podem servir de combustível e causar explosão quando combinados com oxigênio e fontes de ignição, quando dispersos em espaço confinado. Farinhas, pó de madeira, açúcar, carvão mineral e vegetal, resina fenólica, tinta em pó, alumínio, magnésio, zinco e alguns metais alcalinos em pó são os principais exemplos. Calcário, sal, bicarbonato de sódio, cimento e areia são, alerta a gerente, elementos que não são considerados “poeiras combustíveis”. “Historicamente temos observado explosões com pó de madeira, de grãos alimentícios e poeiras sintéticas”, explicou ao também listar as principais fontes de ignição que podem gerar faíscas e, consequentemente, incêndios: faíscas mecânicas (peças de equipamentos que se soltam), fricção (próprio equipamento em funcionamento) e eletricidade estática. Andressa apresentou ainda as principais medidas tomadas pela Zurich para avaliar os riscos de explosão do pó.As etapas passam por avaliação de risco, que pode ser realizada pelo Zurich Hazard Analysis (metodologia desenvolvida pela Zurich para avaliação de riscos); housekeeping, uma série de medidas simples a serem adotadas no dia a dia das corporações (evitar uso de vassouras e ar comprimido para limpeza, por exemplo); controle de processos; atenção ao desenho das edificações; vistoria de instalações elétricas; e treinamento de funcionários da planta a fim de instruir sobre riscos específicos do pó. 64 ❖ Definição do escopo da análise; ❖ Escolha de líder e equipe multidisciplinar de análise; ❖ Elaboração de catálogo de perigos a partir de um brainstorming com a equipe; ❖ Mapeamento de riscos baseado na definição de probabilidade e severidade; ❖ Definição de ações de mitigação e reavaliação da probabilidade e severidade como se as ações já tivessem sido implantadas; ❖ Implantação de ações propostas pela equipe; ❖ Revisão periódica da análise. Tecnologia a favor da prevenção O time de engenheiros da companhia aproveitou a oportunidade para apresentar os módulos do aplicativo Zurich Risk Advisor, desenvolvido pela empresa para ajudar na identificação de riscos. A tecnologia permite, por exemplo, auto avaliar o risco de incêndio através de um simples questionário diretamente na aplicação. “Para apresentação de resultados imediatos, os dados inseridos no aplicativo são cruzados com a metodologia Risk Grading, a qual também propõe ações de melhoria de riscos”, explicou o Luis Felipe, engenheiro de riscos, sobre a aplicação que serve também como uma triagem para análises mais profundas. Kleber Santos, engenheiro de risco da Zurich, falou sobre gestão de mudanças direcionada à prevenção de riscos. O profissional destacou a cobrança por eficiência nestes casos: “A mudança não se resume ao menor custo da mudança e, sim, em pensar em toda a cadeia que está envolvida naquele processo”. Segundo Santos, o principal objetivo deste tipo gestão é que os riscos associados as mudanças sejam adequadamente mitigados antes da mudança acontecer. “O erro é que algumas análises de risco focam apenas nos equipamentos e custos, e não em todo o processo”, finalizou. n w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r O ponto de encontro dos profissionais da sustentabilidade XVIII FIMAI Feira Internacional de Meio Ambiente Industrial e Sustentabilidade Data: 4, 5 e 6 de outubro de 2016 Reservas, inscrições e informações: Tel. +55 11 5095 0072 site: www.fimai.com.br | e-mail:
[email protected] incêndio _ agosto_2016 65 LEITURA IMPERDÍVEL PREVENÇÃO EM EDIFÍCIOS Atualizado com as normas brasileiras, americanas e europeias, bem como com a legislação do Estado de São Paulo até o final de 2014, o livro Proteção Contra Incêndios no Projeto de Edificações, escrito pelo professor e engenheiro civil Telmo Brentano, trata dos critérios fundamentais que precisam ser considerados para prevenção de incêndios em edifícios, tais como: saídas de emergência; compartimentações; controle de fumaça de incêndio; detecção e alarme de incêndio; sinalização e iluminação de emergência; extintores de incêndio; sistemas de hidrantes/mangotinhos (equipamentos e instalação); sistemas de chuveiros automáticos (sprinklers) (equipamentos e instalação); brigada de incêndio, entre outros tópicos. A obra traz ainda diversas orientações para o projeto, inclusive com detalhamento de materiais, equipamentos, dispositivos e suas formas de utilização, posicionamentos, inspeções, testes, manutenções e dimensionamentos. n Envie suas dicas de leitura para
[email protected] 66 w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r incêndio _ maio_2015 67 Extintor ABC Desenvolvido para combater focos de fogo das três principais classes de incêndio (A, B e C) em um único produto, o extintor Trio ABC, da Kidde, traz mais segurança para o usuário, eliminando o risco de um extintor classe A ser usado acidentalmente para um incêndio classe C, por exemplo, o que pode resultar em choque elétrico com sérios ferimentos. O equipamento reduz o tempo de combate ao princípio de incêndio porque o operador não necessita escolher o tipo de extintor a ser utilizado. É mais econômico, fácil de operar, pesa apenas 3,2 kg e tem um ano de garantia. Indicado para edifícios comerciais e residenciais. www.kidde.com.br Esguichos reguláveis Com ajuste entre jato sólido e neblina com vazão constante, os esguichos manuais reguláveis de alta performance da Bucka são dotados de empunhadura, com seleção de vazão de 30-60-95-125 GPM (115-230-360-475 LPM). O modelo Jetspume é dotado de tubo pick up para sucção de LGE a 3% na vazão 95 GPM. é fabricado em alumínio anodizado com acabamento cromado, e possui conexão de entrada 1.1/2” ou 2.1/2” Storz. Segundo a fabricante, é ideal para proteção de áreas de armazenamento e manipulação de líquidos inflamáveis. www.bucka.com.br Central de alarme modular Graças à uma variedade de gabinetes, módulos e fontes de alimentação, a central modular de alarme de incêndio modelo FPA-5000, da Bosch, é equipada com um moderno sistema que adapta-se e amplia-se facilmente a todos os tipos de aplicações. O produto tem capacidade para até 4064 endereços; circuitos de até 3 mil metros de comprimento; tela alfanumérica e gráfica em LCD sensível ao toque (touch screen). Segundo a fabricante, os módulos são automaticamente detectados uma vez que são inseridos no painel; capacidade máxima de 46 módulos por sistema; capacidade máxima em rede de até 12 painéis/8.128 endereços; conexão via ethernet com software de integração BIS (Automation Engine). www.brasil.bosch.com.br Cabos que não propagam fogo Utilizado especialmente em locais de aglomeração pública, como em hospitais, teatros, cinemas, shoppings, escolas, empresas e indústrias, os cabos especiais Cortifox estão em conformidade com a NBR 5410/2004, e possuem características de não propagação e auto-extinção do fogo. Os produtos são livres de halogênios e também não contêm chumbo, em consonância com a filosofia de normas europeias para a proteção do meio ambiente (ISO 14000). Os cabos possuem ainda baixa emissão de fumaça opaca, substancialmente abaixo do limiar mínimo de visibilidade, o que auxilia nos procedimentos de evacuação e permite aos serviços de emergência executar suas operações de salvamento de maneira mais eficiente. www.reymaster.com.br 68 w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r Proteção de circuitos elétricos Especialista na fabricação de materiais elétricos, a Tramontina Eletrik entra no segmento de proteção de circuitos elétricos e amplia seu portfólio com uma linha de disjuntores. Os carros-chefes são os modelos TR3kA e TR6kA, que atuam como dispositivos eletromecânicos de segurança, desarmando a rede elétrica de determinado circuito em caso de sobrecarga e curto-circuito. Em complemento, os disjuntores em caixa moldada destinam-se à proteção de circuitos de distribuição, geradores e motores contra correntes de sobrecarga e curto-circuito em empreendimentos comerciais e industriais. Suportam correntes entre 100A e 630A e são fabricados de forma que o consumidor não tenha acesso ao interior do dispositivo de proteção contra sobrecorrente, que desliga o circuito quando há risco de superaquecimento. www.tramontina.com.br Linha de válvulas hidráulicas As válvulas globo são desenvolvidas totalmente de acordo com a NBR 16021 para utilização em sistemas de combate a incêndio. Elas compõe a família de equipamentos hidráulicos de fabricação própria Metalcasty e são oferecidas para quatro tipos de sistemas pressurizados: PN 10 Predial; PN16 Industrial; PN 20 e PN 25 Crane. São utilizadas em sistemas hidráulicos de combate a incêndios, com o objetivo de fornecer água em pontos estratégicos, visando minimizar os efeitos do fogo. Possui uma saída roscada para o acoplamento de um adaptador para mangueiras de combate a incêndios ou para um tampão de proteção. No interior da válvula encontra-se um disco de vedação que se assenta em uma base que quando acionado por uma haste, se desloca abrindo ou fechando totalmente a passagem de água. www.metalcasty.com.br Unidade extintora em spray Indicado para combater princípios de incêndios, a unidade extintora Fogo Zero é produzida a partir de extratos naturais e biodegradáveis. De fácil aplicação, o produto chega ao mercado em embalagem spray de 430 ml, podendo ser utilizado por profissionais com ou sem experiência ao combate a princípios de incêndio. Segundo a Belenus Comercial, distribuidora do produto, a embalagem utiliza uma tecnologia com ar comprimido e o disparo pode ser feito em 360º sem que haja a possibilidade de interrupção no disparo a um alcance de três metros do fogo. Jaqueta antichama A Leal oferece ao mercado a jaqueta de segurança confeccionada com duas camadas de tecido antichama Flashwear (88% algodão e 12 poliamida). Segundo a empresa, elas são forradas em sua totalidade, inclusive nas mangas (manta térmica com acabamento em matelassê). www.leal.com.br incêndio _ Setembro_2016 69 AGENDA 5 a 7 | outubro 27 e 28 | outubro Fire Show - XII Internacional Fire Fair Local: São Paulo Expo - Exhibition & Convention Center, São Paulo (SP) Patrocínio: Abiex Organização: Grupo Cipa Fiera Milano Informações: Tel.: (11) 5585-4355
[email protected] www.fireshow.com.br II CBSpk - Congresso Brasileiro de Sprinklers Local: Windsor Barra Hotel, Rio de Janeiro (RJ) Realização: ABSpk Informações: (11) 3627-9829 www.abspk.org.br www.cbspk.com.br 5 e 6 | outubro 9 a 11 | novembro COBENI – XIX Congresso Brasileiro de Engenharia de Incêndio (Evento paralelo ao Fire Show) Local: São Paulo Expo - Exhibition & Convention Center, São Paulo (SP) Realização: NN EVENTOS Informações: (51) 3222.9063/3395.4731
[email protected] www.nneventos.com.br XVI Senabom – Seminário Nacional de Bombeiros Local: Centro de Eventos Governador Luiz Henrique da Silveira, Florianópolis (SC) Realização: Fecabom (Federação Catarinense de Bombeiros Comunitários) e Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Santa Catarina Apoio: Governo de Santa Catarina, Santur, Floripa Convention, SebraeSC e Crea-SC Informações: Tel.: (48) 3112-6317 ou 3112-6310 portal.cbm.sc.gov.br/senabom 7 | outubro Curso Mapeamento de Vulnerabilidades em Prevenção de Incêndios – Evento integrado ao COBENI Local: São Paulo Expo - Exhibition & Convention Center, São Paulo (SP) Realização: NN EVENTOS Informações: (51) 3222.9063/3395.4731
[email protected] www.nneventos.com.br 70 w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r incêndio _ março_2015 71 72 w w w. r e v i s t a i n c e n d i o. c o m . b r