Revista Emilia

March 29, 2018 | Author: Aline Leão | Category: Books, Harry Potter, Image, Illustration, Short Stories


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28/02/2017 :: REVISTA EMILIA :: busque no site Leitura e livros para crianças e jovens EMÍLIA AGENDA BIBLIOGRAFIA/LINKS EDUCATIVO EMÍLIA INSTITUTO CRÍTICA LIVROS | MAIO 2014 ENTREVISTAS LEITORES Da literatura à ilustração LEITURAS Da ilustração à literatura LIVROS GÊNEROS POR MONICA ROMERO GIRÓN LIVROS INFANTIS E JUVENIS PROMOÇÃO DO LIVRO INFANTIL E JUVENIL Gestora e promotora cultural focada na LIJ e na ilustração, é bacharel em língua e PROTAGONISTAS literatura inglesa pela UNAM (México), com especialização em promoção de leitura e literatura infantil, pelo CEPLI da Universidade Castilla­La Mancha. Foi MERCADO coordenadora de projetos de profissionalização na Direção Geral de Publicações da Conaculta para a Feira Internacional de do Livro Infantil e Juvenil (FILIJ). PALAVRAS­CHAVE Professora convidada para cursos e programas destinados a ilustradores, colabora com  Leer/IBBY México. Flávia Lins e Silva   Leitores do futuro   Denize Bianchi Silveira Carvalho   A Cor da Letra   livros de imagens    Teoria    Leitura; Livros para crianças e jovens    Monteiro Lobato   Livro juvenil   Literatura juvenil  História da leitura   Livro digital   Políticas do Livro  Literatura para crianças; Livros para crianças e jovens  Revistas   Infância    Espaços de leitura   Política pública   Formação; Livros para crianças e jovens  Jovens leitores   Cultura   Livros de artista    Emília   Formação de mediadores   Livros sem palavras     Mas eu estava pensando em uma maneira de multiplicar por dez, e sempre, na resposta,  obter de novo o problema. Lewis Carroll   No segundo ano de meu curso, meus professores de língua e literatura inglesa começaram a avisar da importância de pensar sobre o tema de dissertação. Sobre o que escrever nesse documento "tão importante", que fecharia um dos ciclos que delineiam uma carreira profissional? Com 20 anos e sem saber ao que me dedicar o resto da vida, uma vez terminado meus estudos universitários, tinha que colocar a cabeça para funcionar e começar a pensar sobre esse tema. A distância entre a faculdade e a minha casa era de aproximadamente 3 horas. Entre os vários transportes que pegava, metrô em particular, era a linha verde que vai de Índios Verdes para a Universidade e que pegava quase que inteira. O metrô, para mim, era mais do que um transporte público, pois se transformava em uma biblioteca onde muitas vezes começava e terminava livros. Raramente tinha tempo de observar os meus companheiros de vagão; no entanto, houve um dia em que ao fazê­lo, fiquei surpresa com sete pessoas, de diferentes idades, lendo o mesmo livro: Harry Potter e a pedra filosofal, de JK Rowling. O filme tinha http://www.revistaemilia.com.br/mostra.php?id=403 1/10 Ela por sua vez.   Delimitar o tema da importância da literatura infantil foi um esforço. eu comecei a procurar opiniões. Harry Potter foi só um personagem que me levou a olhar para um lugar não muito explorado na minha carreira. Depois. as bibliotecas e ir às bancas de revista ver se havia algum artigo interessante. A internet não era tão comum e acessível como agora. E http://www. pois ao me lembrar das minhas aulas na faculdade. e costumava visitar a hemeroteca.br/mostra. de Charles Kingsley. nos transportes que tomava para curtas distâncias. comecei a ler e terminei em dois dias. Nela defendo como um livro escrito para crianças sim é relevante para a história literária. que dava literatura medieval – por algum motivo. finalmente. que não quiseram ficar apenas com o filme.revistaemilia. Ambas me auxiliaram e percorremos juntas um caminho ao qual foram somando­se mais aliados. percebi que em nenhuma delas havíamos analisado livros infantis escritos na Inglaterra. E como a história continuava e alguns dos seguintes livros já tinham sido publicados. artigos e tudo relacionado com o livro. Procurei a professora Claudia Lucotti. e meu objeto. Investigar sobre a relevância de Harry Potter e as opiniões de alguns especialistas em literatura e cinema foi um processo que levou mais tempo do que o planejado. foi The Water Babies. conclui que se era especialista neste período também poderia sê­lo em literatura infantil – e pedi para ser minha orientadora.28/02/2017 :: REVISTA EMILIA :: acabado de estrear e cativou muitas pessoas.php?id=403 2/10 . tanto. Esse caminhar começou a me definir profissionalmente. me recomendou que me aproximasse de Nattie Goluvob que. mas encontrei uma conclusão que nem eu sabia que estava procurando: a importância da literatura infantil. podiam até ter a continuação em primeira mão. Meus conhecimentos de história literária de livros infantis eram mínimos e exigia que eu fizesse uma  pesquisa para chegar neles; já tinha meu tema da dissertação: a literatura infantil.com. análises. livro que abre a idade de ouro da literatura infantil na Inglaterra na era vitoriana.     O que Harry Potter tinha de diferente de outros livros para que sete pessoas de diferentes idades o estivessem lendo em um vagão do metrô? Ao chegar em casa peguei um exemplar do livro. e se voltaram também para o livro. naquele momento ministrava literatura americana e em cuja disciplina lemos Huckleberry Finn. país da literatura que eu estudava e de onde é Harry. De acordo com F. a característica mais marcante da literatura infantil é que se dirige à criança leitora através de uma linguagem divertida que a atrai de maneira inerente. As características que ele menciona são baseadas na história dos livros escritos para crianças.   Após minha graduação.28/02/2017 :: REVISTA EMILIA :: enfatizo o "sim". intrusivas ou maçantes de ler.   http://www. parecia que minha busca por um tema tinha concluído simplesmente nisso: numa tese escrita satisfatoriamente para a finalidade requerida pela titulação. coercitivas. e não por mensagens primariamente didáticas.com. cujo objetivo inicial era educá­las. porque para muitos professores naquela época não o era: não a discutiam nem falavam dela na sala de aula.H. onde em algum lugar eu a defino. Darton .revistaemilia. Mas a primeira pergunta que me coloquei para começar a minha pesquisa é a mesma que me coloco todos os dias (e graças à qual encontrei a minha carreira atual): O que é literatura infantil ? E depois de alguns anos de ter escrito esse trabalho.php?id=403 3/10 . mas não dá nenhuma definição.br/mostra. em seu livro Children’s Books In England: Five Centuries of Social Life. meramente instrutivas. ainda hoje na minha pesquisa acho que não há uma definição que seja absoluta.J. Darton faz menção ao que a literatura infantil deve ou não deve ser.  estudiosos. Colomer diz: A crítica dos livros infantis leva um século debatendo [a forma de avaliar os livros infantis]. Não são passos a serem tomados como receita. Nestas histórias. ou seja. amigos. outros que dividem suas tarefas entre ela e a literatura para adultos. a indústria editorial do livro infantil é incomparável àquela vivida nos séculos passados. não continuaram lendo. se propõem a escrever histórias para crianças que lhes permitem por em prática o que mais os caracteriza: sua imaginação. mas ajuda a compreender a tarefa difícil de fazer e considerar tudo o que envolve um livro infantil. No século XXI.28/02/2017 :: REVISTA EMILIA ::   No século XIX. mas os pesquisadores. Os autores não se esquecem de inculcar valores através de suas histórias; no entanto. sempre se delineia uma esperança que é – na maioria dos casos –. começa a idade de ouro da literatura infantil na Inglaterra. a sua importância tem levado especialistas a criar estudos de como valorizá­la. os valores morais  (como contribuem as histórias para socializar as crianças?). para citar alguns. L. se desafia e se forma o critério da criança. Lewis Carroll (Alice no País das Maravilhas). As histórias não são movidas pelo medo. e apesar de em todas existirem dificuldades em diferentes níveis. mas como críticos e analistas. Da mesma forma. Mas como fazer crítica literária quando há poucos leitores adultos dedicados a seu estudo? Devem ser considerados os mesmos critérios para avaliar a literatura infantil e a literatura adulta? Na introdução do livro Sete chaves para avaliar as histórias infantis. Não é uma questão banal. neste caso. promotores e todos aqueles preocupados em compartilhar uma boa literatura com as crianças.php?id=403 4/10 . organizado por Teresa Colomer e publicado pela Fundación Germán Sánchez Ruipérez. não se infunde esse pavor das consequências por ter desobedecido as regras dos adultos. em contraste com o de um adulto. Querer educar e inculcar valores através das histórias de uma forma óbvia. responde à que se dirige a um público específico que não é o adulto. porque justamente se modifica essa visão predominante segundo a qual os livros para crianças deviam educar e instruir. a criatividade e a imaginação estão presentes. pois o fato de ter um adjetivo (“infantil").br/mostra. alcançada se tomadas as melhores decisões. Finalmente. Edith Nesbit (Five Children and It). Escritores como Charles Kingsley (The Water Babies). uma vez que a seleção de livros para crianças é uma operação delicada em que a sociedade joga com  o futuro de novos leitores. Mark Twain (As Aventuras de Tom Sawyer). a opinião dos leitores infantis (do que eles gostam?). A literatura infantil não se deve confundir com um gênero narrativo. o itinerário de aprendizagens leitoras e literárias (como vai se http://www. Frank Baum (O Mágico de Oz).com. Ele é considerado o século de seu grande resplandor.revistaemilia. Muitas editoras optaram por gerar uma oferta para este público e os amantes da literatura "em geral" se aproximaram dela também. estes são encontrados por cada um dos leitores de maneira natural. não só como leitores. Neste sentido. Rudyard Kipling (O livro da selva). se apontam alguns pontos­chave para avaliar a literatura infantil. contribuem com ideias e critérios para que o que chegue às mãos deles seja o melhor. Beatrix Potter (The Tale of Peter Rabbit ). A qualidade literária (o que é um bom livro?). a fantasia. professores. há escritores que se dedicam exclusivamente à literatura infantil. Como sempre. Kenneth Grahame (The Wind in the Willows). tutores. há boa e má literatura em qualquer gênero e para qualquer público. muitas vezes pode ser um fator para criar textos forçados que podem incomodar às crianças e distancia­los da leitura; se se subestima a sua inteligência e eles se sentem enganados ou manipulados. estes livros chegam a um tipo de leitor graças a mediadores: pais.  como no caso de John Tenniel com Alice no País das Maravilhas. Quando capturaram minha atenção aquelas pessoas lendo no metrô. para saber que livro estavam lendo. WW Denslow com O Mágico de Oz. em alguns casos. percebemos que.     Se remontamos na história da literatura infantil. é impossível desconectar alguns textos de seus ilustradores. Uma das questões mais em evidência entre os estudiosos é a relação entre o texto e outros elementos de ficção para crianças. em cima de uma vassoura e um raio na testa: cicatriz que fazia dele Harry Potter.br/mostra.28/02/2017 :: REVISTA EMILIA :: formando um leitor competente?). Se lembrarmos daqueles livros memoráveis   da idade de ouro da literatura infantil na Inglaterra. as imagens ajudariam a que os leitores desenvolvessem uma memória visual do texto. mas também ilustrava. ou a relação entre o texto e outros elementos de ficção infantil (a imagem. para aprender melhor. Como o propósito era educar as crianças e deviam fazê­lo com sucesso. os elementos dos jogos ou as novas tecnologias) são temas que têm sido amplamente debatidos. só precisei olhar a capa. ajudam os adultos a compreender e valorizar a literatura infantil.php?id=403 5/10 .   http://www. autora que não só escrevia as suas histórias. principalmente a ilustração. analisadas cuidadosamente no livro. E as respostas a estas perguntas.revistaemilia. um menino com óculos redondos. veremos que o Orbis Sensualium Pictus é o primeiro livro para crianças totalmente ilustrado. Ernest Howard Shepard com The Wind in the Willows e a própria Beatrix Potter com The Tale of Peter the Rabbit.com.  desde muito pequenas. uma e outra vez. As crianças que ainda não sabem ler se relacionam com os livros através de suas imagens e à medida que crescem.com. Depois de estabelecer este conceito em seu livro. até desenhar a  palavra completa "book". Dos inúmeros livros que propõem um conceito de ilustração. De fato. Núria Obiols Suari em seu livro Mirando cuentos. não quero dizer que à medida que a criança cresce. revistas . Obiols dedica muitas linhas para explicar detalhadamente o que é necessário dado o número de adjetivos que lhe são atribuídos. o resultado foi a letra "b”." Ao pegar o seu lápis e começar a desenhar. acompanhar ou representar um texto" (Obiols 2004: 22). Daí a ilustração ser um elemento de grande importância para a literatura infantil. começamos a apontar aquilo que ainda não sabemos pronunciar. até o momento sabemos que a ilustração é um conceito onde imagem e um texto estão relacionados. e a função que assume em cada um deles. Além disso. Lembro de uma vez em que eu tinha escrito algumas palavras e uma das meninas de 5 anos se levantou da cadeira. jornais. adornar. Antes de falar. as letras são primeiro um conjunto de imagens isoladas que não fazem sentido até que se agrupam e antes de escrevê­las. desenvolvem a relação entre as imagens e seus sentimentos. as letras assumem um sentido. resultado de uma tese de doutorado sobre a história da ilustração no século XX na Espanha. As crianças. observamos; e pra nos fazer compreender. pois hoje em dia a ilustração deixou de ser um elemento recorrente apenas nos livros para os menores. propõe o seguinte conceito de ilustração: “Imagem fixa que pode decorar.   Tive a oportunidade de trabalhar com crianças entre 5 e 8 anos.revistaemilia. os adjetivos acima mencionados dão a ideia de que a ilustração não tem uma única função específica. No entanto. no século XXI a ilustração tem evoluído de tal forma que muitos editores se aventuraram a ilustrar textos destinados a crianças de todas as idades. Além disso. uma vez que considera as duas palavras­chave: imagem e texto. Um tracinho e uma bolinha. E assim foi.28/02/2017 :: REVISTA EMILIA :: As imagens são um apoio aos seres humanos na sua primeira infância para se relacionar com o mundo exterior. O grupo tinha apenas 7 meninos e 2 meninas que começavam a ler e escrever. quando começam a sua escolaridade. Algumas vezes. tive que escrever palavras no quadro para que copiassem em seus cadernos. se aproximou do quadro negro. as desenham. Cita os "objetos" onde se encontram essa imagem fixa que acompanha o texto: cartazes. etc. os livros tenham que conter menos ilustrações ou que elas vão gradualmente tendo menos importância para eles. uma vez que todos parecem apreciá­la cada vez mais. lo visible e invisible en las ilustraciones de la literatura infantil. o observou e voltou ao seu lugar repetindo em voz alta: "Um tracinho e uma bolinha.php?id=403 6/10 . voltou do quadro até o seu lugar.br/mostra. decidi utilizar este para o meu trabalho. jovens e até mesmo adultos. mas depende da interação que tem com o texto.   http://www. Quer dizer. livros.  uma vez que esta se encontra em diferentes meios de comunicação. Porém. parte de propostas de outros pesquisadores:   http://www. podemos ter uma ideia mais clara do conceito de ilustração. ambos pertencentes à literatura infantil. uma característica básica seria a de que o livro ilustrado tem mais texto que ilustrações e o álbum mais ilustrações que texto.php?id=403 7/10 . Mais uma vez. quando a "imagem e ilustração não são sinônimos. frente a singularidade da imagem. Para seguir com a linha de trabalho e o que disto se depreende. o número de ilustrações em cada um não é a principal característica que os distingue. considerando várias delas de acordo com o suporte onde se encontram e suas características: A ilustração é uma linguagem artística e a razão de sua existência radica na sua relação com o texto. especificamente. relações e/ou dinâmicas entre o texto e a imagem. ao mesmo tempo. Obiols dá uma definição geral de ilustração. Com esta definição. vou me referir à imagem como ilustração. mas a interação que as ilustrações tem com o texto.com. em seu livro Literatura infantil: claves para la formación de la competencia literaria. que em última análise e em sua generalidade. muitas vezes. esta é aquela que se situa entre o texto e a imagem. Alguns estudiosos sugerem uma diferença básica entre esses dois tipos de livro: a quantidade de ilustrações que cada um contem em relação ao texto; isto é. o que faz é comunicar. a ilustração é uma unidade de comunicação ao longo da sequência narrativa do livro; em definitiva. Existem várias definições de ilustração. Companheiro que esclarece. ao falar das interações. o elabora e decora.br/mostra. o livro ilustrado e o álbum. uma coisa solta versus algo continuo" (De Amo Sanchez­ Fortun 2003: 142).  E todas estas ações fazem que a própria ilustração se torne uma fonte de comunicação fora do texto (Obiols 2004:   29).revistaemilia. e sua diferença radica em que. mas.1 José Manuel de Amo Sanchez­Fortun .28/02/2017 :: REVISTA EMILIA ::   Quando se estuda a interação entre texto e ilustração. e o suporte levado em conta ao referir à ilustração é o livro. Além disso. e portanto a enfatizam. e cabe ao ilustrador trabalhar esses elementos. quando a história se passa em Nova York do século XXI. Isto faz com que tenhamos hoje. Dado que a natureza da ilustração se baseia na relação com o texto.revistaemilia. deve levar em conta todo o contexto da história.   http://www. pode ser dividido em pelo menos duas categorias: 2. a história (o texto) pode mencionar apenas que se passa em Manhattan sem descrever esse bairro. Com isso. no conto em geral. Nesses casos. em que as palavras conduzem a narrativa. Pode ser pelo tipo de texto que se resume numa descrição. levando em conta o contexto ­ existe a possibilidade de que não se descreva o lugar onde a história se passa. podemos deduzir que a ilustração nunca será um mero "elemento decorativo”.com. como no conto. No entanto. enquanto a imagem é um suporte ou elemento decorativo.php?id=403 8/10 . com seu trabalho. não podemos ficar no nível de que a ilustração no livro ilustrado é apenas um elemento decorativo. desconhecido para muitos leitores; então. João e Maria. Álbum. sem relação sequencial entre elas e onde não há nenhum texto escrito. Assim como a história sem descrição detalhada do personagem permite ao ilustrador mostrá­lo como ele o imagina ­ repito. para mencionar algumas mais emblemáticas e mais ilustradas.28/02/2017 :: REVISTA EMILIA :: 1. ou seja. passemos agora para os cenários. o trabalho de traduzir as palavras em uma imagem já traz beleza ao livro. sendo um gênero no qual o narrador não se alonga muito nas descrições. 2.1. quem tem a direção da narrativa é o texto e não a imagem.br/mostra. muitas vezes são descritos os personagens com adjetivos gerais (bonito.2. Isto é. 2. E. em particular. as ilustrações são passagens importantes da história. o ilustrador pode.  pois o ilustrador vai plasmar em sua obra esses lugares mencionados. Isto poderá aportar ao leitor o conhecimento de um olhar sobre o mundo. "faz referência ao seu conteúdo. belo. a ilustração pode contribuir para o conhecimento do leitor ao plasmar a imagem do lugar; é suficiente um olhar do leitor para ter um cenário geral. Livro ilustrado propriamente dito. a criatividade do ilustrador pode ser infinita. isto não acontece só com personagens dos contos clássicos. Seguindo na linha do texto com pouca descrição. Alice. Olhando para os livros ilustrados. em que ambos os aspectos (verbais e visuais) são essenciais para uma melhor comunicação (Nikolajeva e Scoot . de fato. contribuir com detalhes que os elementos da narrativa escrita não dão. uma vez que este não contava com espaço suficiente para sugerir toda a riqueza nele contida" (Obiols 2004: 26). Um exemplo é a ilustração dos contos clássicos. Às vezes. não vai colocar uma menina vestida com roupas do século XIX. É verdade. as ilustrações também contribuem para o conhecimento do leitor. T. No entanto. E que por sua vez. mas se emancipam e comunicam mais coisas" (Obiols 2004: 29). o fato de haver "apenas" uma representação da ação ajuda a que haja uma consolidação da mesma. mesmo que a ilustração de uma história fosse totalmente descritiva. Livro ilustrado: aquele em que a narrativa verbal e visual se entrelaçam. a ilustração aporta à história o que ela mesma não diz. No entanto. se diz que nos livros ilustrados as ações que representam as ilustrações são apenas uma literalidade do que diz o texto. nos quais. onde a história se desenrola. sempre terá algo a contribuir: "O ilustrador britânico Edward Ardizzone dizia que as ilustrações eram as que elaboravam o texto. corajoso) que permitem ao ilustrador mostrar o personagem como ele o imagina. diferentes versões de Chapeuzinho Vermelho. Durán (2002 : 85) propõe o neologismo "imaginário". vimos que no livro ilustrado propriamente dito. percebemos que muitas vezes. Livro de imagens: aquele onde as imagens aparecem soltas. em muitas ocasiões. Obviamente. uma vez que o que tem mais peso na história são os acontecimentos e fazer descrições detalhadas tornaria lento o tempo narrativo. 2000: 2269).  Madri: Ediciones Morata.” en Encuentro Internacional de Cultura Lectora. S. A. o processo para o autor destes livros é diferente se tiver a dupla autoria. Beatrix Potter era escritora e ilustradora de suas histórias. e Ministerio de Educación y Ciencia. Um álbum não é um texto que omite palavras na história para que sejam identificadas com uma imagem. era que o escritor narrava suas histórias e as mandava para um ilustrador para reforçar as imagens que queria criar nos leitores. penso que a pergunta que eu tinha em mente era mais precisamente a que continuo fazendo toda vez que vou pegar o metro: em que direção vou? Nunca imaginei que aquela tarde.php?id=403 9/10 . as ilustrações.   Quando os professores do corpo docente insistiam que pensássemos no tema de nosso trabalho de conclusão de curso. mas para um lar que tinha esquecido e que  agora reconstruo com tijolos de perguntas que a cada dia vão formando um palácio enigmático. pelo menos no registro da história dos livros para crianças. estabelecendo­se muitas vezes relações de simultaneidade e interdependência dificilmente encontradas em livros criados por duas pessoas. A. em seu estudo e análise sempre terão alguma relação.   A literatura e a ilustração infantil nunca poderão se separar. em particular. E é porque: "Há alguma coisa que configura um rasgo característico do que hoje consideramos ser um álbum: a interdependência na composição que criaram o texto e imagem" (Teresa Duran 2009: 205). Porque a literatura infantil e sua ilustração sempre serão enigmas em estudo que se percorrem cada vez que se pega a linha do metro da literatura infantil – ilustração ou ilustração – literatura infantil. Ou seja. “Cómo se entrelazan las palabras y las imágenes en El cuento de Pedro el Conejo.” Ocnos: Revista de Estudios sobre Lectura. 1992. existem pessoas que romperam esse processo. evidentemente. ainda que mínima. Literatura infantil y juvenil. http://www. Agosto. E. Tem quem diga que a sua característica essencial radica em que há um verdadeiro casamento entre o texto e a ilustração. 267­280; 1999. Denise E. 57­69 Angelo Nobile. E. além de acrescentar ao texto tudo o que já vimos. “One and inseparacble: Interdependent Storytelling in Picture Storybooks”. 2007. 2007. Na sua origem. 21­38. em que tive a sorte de ver várias pessoas lendo o mesmo livro em um vagão do metrô. No entanto. Tomo II.   Bibliografia   A. Teresa Colomer diz em seu texto "Veer e ler: Histórias através de dois códigos" que:   Os livros escritos e ilustrados pelo mesmo autor nascem de um processo criativo singular em que o texto e as ilustrações se realizam mais ou menos ao mesmo tempo. nº3. 30 (4). não há “primeiro” um texto e "depois” umas ilustrações; o que há é um todo narrativo no qual os limites entre um componente e os outros são difusos. Neste tipo de obras. Em: Children’s Literature in Education.revistaemilia. No entanto. Un análisis multimodal. 1988). existem muitos como ela. que o texto não poderia ser entendido sem as ilustrações e vice­ versa. onde um não pode viver sem o outro. Jesús Moya e Rosa Peinado.br/mostra. são um elemento essencial para a narrativa. mas aqui a interação entre texto e ilustração produz "um significado global [da história].28/02/2017 :: REVISTA EMILIA ::   No álbum.com. México: Conaculta. o álbum vai além de um entrosamento perfeito entre uma falta de referências no texto que a ilustração mostra; ou de uma ilustração que deseje transmitir algo e que não o consiga sem a leitura do texto. Un análisis multimodal. depende de onde começamos nossa jornada. Jesús Moya e Maria Jesús Pinar. impossível se separado" (Nodelman . o processo dos livros ilustrados e dos álbuns. não só eu ia para casa. No século XIX . no século XXI. “La interacción texto/imagen en el cuento ilustrado. nasceram ao mesmo tempo.  de Amo. Maria Nikolajeva e Carlos Scott. Teresa Colomer.Cruces de caminos. Karín Lesnik­Oberstein. Nuúria Obiols.J. Barcelona: Octaedro­Rosa Sensat. 225­239. Málaga: Ediciones Aljibe. Gonzáles.H. José M.   TRADUÇÃO DOLORES PRADES IMPRIMIR   |    MANDAR PARA UM AMIGO   |    COMENTÁRIOS (0) Curtir Revista Emilia ­ Todos os direitos reservados http://www. Cuenca: Ediciones de la Universidad de Castilla­La Mancha e Valladolid: Secretaría de Publicaciones e Intercambio Editorial. Fanuel Hanán. 2003.  Mirando Cuentos. How Picturebooks Work. 2010. 1999.br/mostra. Perry Nodelman. Análisis de los libros infantiles. 1998. Barcelona: Laertes.revistaemilia. 2005. 1932/1982. Madri: Fundación Germán Sánchez Ruipérez. Atenas: The University of Georgia Press.php?id=403 10/10 . Leer y mirar el libro álbum: ¿un género en construcción? Bogotá: Grupo Editorial Norma. Fernando Zaparaín e Luis D. Álbumes ilustrados: construcción y lectura. 2008. 2004. “Veer y leer: Historias a través de dos códigos” en Siete llaves para valorar las historias infantiles. 2009. Darton. Cambridge: Cambridge University Press. Peter Hunt (org. Maria Nikolajeva e Carlos Scott.com. Words about Pictures: The Narrative Art of Children’s Picturebooks. 2010. “Essential: What is Children’s Literature? What is Childhood?” 15­29. 2010. Children’s Book In England: Five Centuries of Social Life. Londres e Nova York: Routledge. Lo Visible e Invisible en las Ilustraciones de la Literatura Infantil. “The Dynamic of Picturebook Communication”. Nova York e Londres: Gerland Publishing.28/02/2017 :: REVISTA EMILIA :: F. Literatura Infantil: claves para la formación de la competencia literaria. Álbumes y otras lecturas. Em: Children’s Literature in Education 31 (4).). Em: Understanding Children’s Literature. Teresa Durá.
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