RESUMOS DOS LIVROS - VESTIBULAR UVA 2013.2.docx

March 24, 2018 | Author: Fagner Aguiar | Category: Romanticism, Realism (Arts), Love, Science, Philosophical Science


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EEM DONA MARIETA CALS – CARIRÉ – CEEMC VEST – A fórmula certa do vestibular! Nome: Ano: Nº: Turma: Data: ___/___/2012. RESUMO DE OBRAS SENHORA – JOSÉ DE ALENCAR (1875) CONSIDERAÇÕES GERAIS ACERCA DA OBRA Senhora foi publicado em 1875. O romance pode ser considerado uma das obras-primas de seu autor e uma das principais da literatura brasileira. Uma vez que trata do tema do casamento burguês, ou seja, baseado no interesse financeiro, razão pela qual pode ser considerada precursora do Realismo, ou seja, diz-se que Senhora é um romance romântico pré-realista. Alencar classifica a obra dentro de seus “perfis de mulher”, já que concentra na mulher o papel mais importante dentro da sociedade de seu tempo. Aurélia é a protagonista do romance, uma jovem mulher dividida entre o amor e o ódio, o desejo e o desprezo pelo homem que ama. A personagem Aurélia Camargo é idealizada como uma rainha, como uma heroína romântica, pelo narrador. De "régia fronte, coroada de diadema de cabelos castanhos, de formosas espáduas", essa personagem, no entanto, é ao mesmo tempo "fada encantada" e "ninfa das chamas, lasciva salamandra". Ao estereótipo da "mulher-anjo" romântica, o narrador acrescenta, assim, um elemento demoníaco, elemento que, em vez de explicitar, deixa sugerido, "sob as pregas do roupão de cambraia que a luz do sol não ilumina", e também "sob a voz bramida, o gesto sublime, escondendo o frêmito que lembrava silvo de serpente" ou quando "o braço mimoso e torneado faz um movimento hirto para vibrar o supremo desprezo". Tal maneira de caracterizar a personagem - pelos elementos exteriores - é típica do narrador observador. Tal caracterização, por sua vez, humaniza a personagem, afastando-a do maniqueísmo romântico e acrescentando-lhe traços realistas. O conflito entre os protagonistas gera momentos de grande emoção e sofrimento. É desse embate entre o desejo de vingança e o desejo de amar em plenitude que nasce a ação psíquica que se transforma em enredo. Se a temática e o psiquismo da obra representam antecipações realistas, ambos fortemente consolidados pela evidente crítica de uma sociedade que valoriza mais a aparência e o dinheiro que os sentimentos humanos, a idealização das personagens reflete o universo romântico presente na obra. O desenlace configura, por si só, a vitória do Romantismo em Alencar sobre a possibilidade realista. Para melhor entendermos a obra, devemos perceber as interações do artista que a criou. Alencar acreditava sinceramente na vitória do homem na reforma de si mesmo e da sociedade. Não havia nele ainda o traço de pessimismo profundo e de ceticismo que tantas páginas maravilhosas fizeram nascer em Machado de Assis. É dessa crença nos sentimentos humanitários que bruta o Romantismo alencariano, do qual bruta a força vital de suas personagens. Divididos entre o ódio e o perdão, a necessidade financeira e os apelos do coração, vencem sempre os segundos. O mesmo caso pode ser observado na construção do romance Lucíola, mas com um final trágico. Em ambos os romances a premente necessidade do dinheiro, veículo central de uma sociedade aristocrática e burguesa, obriga personagens a trocarem seus sentimentos por dinheiro. O grande vilão, o antagonista, é sempre a sociedade e seus hábitos doentios e seus costumes imorais. Se é essa a pretensão do autor, o seu recado para a sociedade de seu tempo, devemos classificar Senhora com um romance de costumes. Se o cenário das personagens é o Rio de Janeiro da segunda metade do século XIX, podemos também considerá-lo como um romance urbano com traços de psicologismo e critica social. TEMÁTICA: Senhora é um romance de características definidas de forma romântica, mas que já traduz uma temática realista: a crítica ao casamento burguês. ESTRUTURA DA OBRA Senhora é um romance dividido em quatro partes e não obedece a uma ordem cronológica, isto é, a primeira parte (O Preço), narra os episódios atuais, enquanto que a segunda parte (Quitação), fala-nos do passado de Aurélia, seguem os capítulos: Posse e Resgate. A narrativa é feita por um narrador que parece penetrar na alma de Aurélia Camargo para transmitir suas confidências mais intimas. Esses títulos contrariam ostensivamente o espírito de uma história de amor, como efetivamente é o romance Senhora. Mas, como se trata de um amor contrariado pelos hábitos sociais, fica clara a ideia de que os títulos foram assim escolhidos para hipertrofiar a metáfora contida no livro. Eles explicitam, em tom caricatural e hiperbólico, a ideia de que a compra efetuada por Aurélia é uma metáfora do casamento por interesse, muito corrente na época, mas sempre disfarçado por elegantes e frágeis encenações sociais. O enredo deste romance mostra claramente a mistura de elementos romanescos e da realidade. Foco narrativo - O romance é narrado em terceira pessoa por um narrador onisciente, ou seja, que tudo sabe sobre as personagens, penetrando em seus pensamentos e em sua alma. Esse narrador é também intruso, já que interfere em vários momentos, apresentando-se ao leitor. A técnica narrativa empregada por Alencar em Senhora é sem dúvida bem moderna, se tomarmos como base suas obras anteriores, já que o autor utiliza digressões. Tempo - O tempo é cronológico, tomando como base o século XIX, durante o Segundo Império. Entretanto, não há linearidade, já que a história é contada a partir de flash-back. Espaço: O espaço central da narrativa é Rio de Janeiro. Personagens: As personagens são bem construídas e já apresentam certa profundidade psicológica. Ao contrário de várias personagens românticas, não constituem meros tipos sociais, já que são capazes de atitudes inesperadas. 1. Fernando Seixas: Jovem estudante de Direito, bem vestido e apreciador da vida em sociedade. A falta de dinheiro o conduz a acreditar que a única maneira de evitar a ruína final é casando-se com um bom dote. Envolvido pelo amor de Aurélia, chega a pensar em abandonar os hábitos caros, mas acaba percebendo que não consegue viver longe da sociedade. Depois do casamento por interesse, é humilhado, arrepende-se e consegue resgatar o dinheiro que recebeu a Aurélia. 2. Aurélia Camargo: Moça pobre. Aurélia é decente e apaixonada por Fernando Seixas. A decepção amorosa transforma-a num mulher vingativa e fria, mas que não consegue disfarçar seu verdadeiro sentimento por Seixas. Seu comportamento é típico de uma esquizofrênica, já que se vê dividida entre sentimentos contraditórios até o final do romance. O amor parece ser sua salvação, redimindo-a de perder o homem que ama por causa de seu orgulho. 3. Dona Emília: Viúva, mãe de Aurélia. Mulher honesta e séria, que amargou imenso sofrimento por causa de seu amor por Pedro Camargo. 4. Pedro Camargo: Pai de Aurélia, filho natural de um rico fazendeiro do interior de São Paulo, de quem nutria grande medo. Morre à mingua por não conseguir confessar seu casamento contra a vontade do pai. 5. Lourenço Camargo: Avô de Aurélia. Pai de Pedro. Homem duro e rústico, mas que procura ser justo depois que descobre a existência do casamento do filho. 6. D. Firmina: Parente distante de Aurélia e que lhe serve de companhia quando fica rica. 7. Lemos: Tio de Aurélia. “Velho de pequena estatura, não muito gordo, mas rolho e bojudo como um vaso chinês. Apesar de seu corpo rechonchudo tinha certa vivacidade buliçosa e saltitante que lhe dava petulância de rapaz, e casava perfeitamente com seus olhinhos de azougue.” Foi escolhido por Aurélia como tutor porque a moça podia dominá-lo facilmente. Problemática e principais temas O conflito amoroso entre os protagonistas nasce desse choque entre os sentimentos e o interesse econômico. Aurélia Camargo é uma mulher de personalidade forte, carregada de sentimentalismo romântico. Daí sua contradição, sua personalidade marcada por extremos psíquicos: dá maior valor aos sentimentos, mas vale-se do dinheiro para atingir seu objetivo de obter o grande amor de sua vida, Fernando Seixas. Dessa forma, o dinheiro acaba impondo o valor burguês que lhe era atribuído na sociedade do século XIX. A realização amorosa só se cumpre depois de Aurélia vencer a aparente esquizofrenia que parece conduzi-la á dúvida quanto às intenções de Fernando Seixas. O comportamento esquizoide manifesta-se nas atitudes antitéticas de desejar o amor do marido com todas as suas forças, mas lutar contra o mesmo até suas últimas reservas. RESUMO Na primeira parte, O Preço, Aurélia Camargo é apresentada ao leitor: É uma jovem de 18 anos, linda, rica e pretendida pelos rapazes do Rio de Janeiro. A principal ação desta primeira parte do romance começa quando Aurélia pede ao tio que ofereça ao jovem Fernando Seixas, a sua mão em casamento. Entretanto, uma aura de mistério cobre o pedido, pois Fernando não deve saber a identidade da pretendente e, além disso, a quantia do dote proposto deve ser irrecusável: cem contos de réis ou mais, se necessário. A habilidade mercantil de Lemos, que chega a ser caricata, e a péssima situação financeira de Fernando - moço elegante, mas pobre, que gastou o espólio deixado pelo pai e que precisava restituí-lo à família para a compra do enxoval da irmã - fazem com que deem certo os planos de Aurélia. Na noite de núpcias, Fernando se surpreende ao ver nas mãos de Aurélia, um recibo assinado por ele aceitando um adiantamento do dote. Aurélia se enfurece, acusa-o de mercenário. E ela começa a contar a vida e os motivos que a levaram a comprálo. Na segunda parte, Quitação, conhecemos a vida de ambos os protagonistas. Aqui há um retorno (flashback) dos acontecimentos em suas vidas, o que explica ao leitor o procedimento cruel de Aurélia em relação a Fernando. Na terceira parte, Posse, a história retorna ao quarto do casal. Vemos Fernando arrasado de vergonha, mas Aurélia toma o seu silêncio como cinismo. É o início da fase de hipocrisia conjugal. Na quarta parte, Resgate, temos o desenrolar da trama. Intensificam-se os caprichos e as contradições do comportamento de Aurélia, ora ferina, mordaz, insaciável na sua sede de vingança, ora ciumenta, doce, apaixonada. Intensifica-se também a transformação de Fernando, que não usufrui da riqueza de Aurélia, tornando-se modesto nos trajes, assíduo na repartição onde trabalhava, e assim adquirindo, sem perder a elegância, uma dignidade de caráter que nunca tivera. No final, Fernando, um ano após o casamento, negocia com Aurélia o seu resgate. Devolve-lhe os vinte contos de réis, que correspondiam ao adiantamento do montante total do dote com o qual possibilitava o casamento da irmã, e mais o cheque que Aurélia lhe dera, de oitenta contos de réis, na noite de núpcias. Emocionada com o gesto de Fernando, Aurélia ajoelha-se a seus pés, lhe pede perdão pelas ofensas e humilhações ao longo daquele ano e suplica-lhe o seu amor. Fernando a segura nos braços, beija-a, mas teme que o amor de ambos tenha sido para sempre destruído pelo dinheiro. Entretanto, Aurélia mostrou-lhe o testamento que fizera logo depois do casamento, no qual instituía Fernando, herdeiro universal de todos os seus bens. A dúvida estava desfeita: Aurélia nunca deixara de amá-lo. Fernando se convence e, finalmente, os dois consumam o casamento: “As cortinas cerraram-se, e as auras da noite, acariciando o seio das flores, cantavam o hino misterioso do santo amor conjugal”. * (IN: www.passeiweb.com – adaptado por Maria do Livramento Dias de Oliveira) EXERCÍCIOS 1. (PUC-SP) A questão central, proposta no romance Senhora, de José de Alencar, é a do Considerando a obra como um todo. vasos e grupos de porcelana fosca. quitação. como responsáveis por levar as pessoas à tristeza e à solidão dada a superficialidade e ao interesse com que elas se estabelecem. Trata-se de um romance urbano de Alencar. e aspirava a fragrância que se exalava dos frascos de perfume com um inefável prazer. d) denuncia as relações humanas. b) Aurélia Camargo. vistos sob a ótica do mercado matrimonial. (FATEC) “Seixas aproximou-se do toucador. À proporção que se absorvia nesse exame. depois o trazia àquela noite fatal em que se achava e à pungente realidade desse momento. a que vivera até o momento do cataclismo que o submergira. em linguagem financeira. Nesse livro. por isso. posse. dando-lhes certo valor monetário. e entrou a contemplar minuciosamente os objetos colocados em cima da mesa de mármore. após a recuperação moral de Seixas. sem exceção de um.casamento. Convencida de que todos os seus inúmeros apaixonados. e) tematiza o adultério e a prostituição feminina. que o torna digno do amor de Aurélia. b) mescla o regionalismo e o indianismo. Considerando a obra como um todo. 4. indique a alternativa que não condiz com o enredo . nessa obra. Em linguagem financeira. temas recorrentes na obra de Alencar. nele. c) o casal Aurélia e Seixas precisar vencer os preconceitos socioeconômicos para se casar. Sentia-se renascer para esse fino e delicado materialismo. d) sente renascer nele a revolta por não dispor de meios econômicos para possuir objetos luxuosos. e lamenta sua situação atual. encontramos a formulação do ideal do amor romântico: o amor verdadeiro e absoluto. c) experimenta o fascínio por objetos luxuosos que não são seus e decide lutar para conseguir possuílos. compra-o e ele. lavores de marfim. sujeita-se ao constrangimento de uma união por interesse. jóias do mais apurado gosto. ● Considerando este trecho no contexto da obra a que pertence. Assim costumava ela indicar o merecimento relativo de cada um dos pretendentes. Nessa fútil ocupação demorou-se tempo esquecido. Nele. quando podia usufruir do luxo que agora perdia. (PUC-SP) A questão central. o amor tudo vence. Essa obra explora tanto aspectos do regionalismo nacional como os valores da vida urbana. Fazia cintilar os brilhantes aos raios de luz. tematiza o casamento como forma de ascensão social. fatos que são expostos logo no início do livro. a pretendiam unicamente pela riqueza. (UNIFESP) Leia o trecho a seguir. A reação de ironia e desprezo com que Aurélia trata seus pretendentes. como forma de privilégio monetário. e) O romance gira em torno de intrigas amorosas. é correto afirmar que. e descendo-o.” (José de Alencar. indique a alternativa que não condiz com o enredo do romance: a) O casamento é apresentado como uma transação comercial e. Era com uma sofreguidão pueril que os examinava um por um. c) é obra ilustrativa do regionalismo romântico brasileiro. O romance Senhora. 3. pois ela é pobre e ele é rico. em que o pretendente é considerado pelo seu valor monetário. A história de Aurélia e de seus pretendentes mostra a concepção do amor. Recuou com um gesto de repulsão. Isso se confirma. (ITA) O romance Senhora (1875) é uma das obras 5. porque. pois se apaixonam assim que se conhecem. quando pode se realizar. nele. com escárnio. Senhora) mais representativas da ficção de José de Alencar. porque deseja conquistar posição elevada em ambientes b) dá-se conta de que aqueles objetos. o escritor tematiza. não sabendo em qual se fixar. e) relembra infantilmente sua existência anterior. representados pelo interesse financeiro como forma de se ascender socialmente. leva ao casamento feliz e indissolúvel. aplicando a esses indivíduos o mesmo estalão. visto que resulta de acordo no qual as aparências sociais devem ser mantidas. levado por indefinível impulso. nesse momento eram a comprovação dos erros que praticara. b) o amor de Aurélia e Seixas surgir imediatamente no primeiro encontro e permanecer intenso até o fim do livro. além de explorar as relações extraconjugais. tal era o abismo que o separava do recente passado. preferida por Fernando Seixas. Aurélia contava os seus adoradores pelo preço que razoavelmente poderiam obter no mercado matrimonial. taças de cristal lapidado. com final feliz. que tinha para seu espírito aristocrático tão poderosa sedução e tão meiga voluptuosidade. pelo fato de: a) o par romântico central — Aurélia e Seixas — se casar no início do romance. mas. contumaz caça-dote. de desigualdade econômica. e) o enriquecimento repentino de Aurélia possibilitar que ela se case com Seixas. remontava o curso de sua existência. as relações sentimentais entre pessoas de classes sociais distintas. 2. c) O casamento é só de fachada e a união não se consuma. o romance estrutura-se em quatro partes: preço. a personagem Fernando Seixas: a) rejeita os objetos que o cercam. d) a união efetiva só se realizar no final da obra. proposta no romance Senhora. Aurélia reagia contra essa afronta. de José de Alencar. resgate. em especial as conjugais. que tanto valorizara. ilustrado pelo trecho: a) representa o romance urbano de Alencar. Todos esses mimos da arte pareciam-lhe estranhos e despertavam nele ignotas emoções. é a do casamento. Porventura sua memória atraída pelas reminiscências que suscitavam objetos idênticos a esses. de José de Alencar. d) A narrativa marca-se pelo choque entre o mundo do amor idealizado e o mundo da experiência degradante governado pelo dinheiro. quando o casal se une efetivamente. ia como ressurgindo à sua existência anterior. 4) Embora analise as relações sociais sob uma perspectiva mais realista. a obra traz marcas da sociedade burguesa brasileira em formação. preocupação com classes sociais marginalizadas e apresentação de uma condição biológica do mundo. (UFMG) "O vestido de Aurélia encheu a carruagem e submergiu o marido. senhor. que preza sobretudo a beleza física e a riqueza. o medievalismo. Eu daria o dobro. "Posse' e ""Resgate" remetem o leitor ao universo capitalista de mercado e compreendem. d) O livro Senhora origina-se das propostas nacionalistas do movimento romântico porque apresenta uma tendência à representação da cultura popular e propõe a volta às origens da nação brasileira. ao dizer a Seixas que os dois estão representando uma comédia. 2 e 4 apenas b) 2. precisava de um marido. Sobre o trecho e sobre esse romance. com final feliz. Mas é tempo de pôr termo a esta cruel mistificação. de onde foi retirado o texto. preterida por Fernando Seixas. (UEL) Sobre o romance Senhora. d) A narrativa marca-se pelo choque entre o mundo do amor idealizado e o mundo da experiência degradante governado pelo dinheiro. Entretemos na realidade por mais triste que ela seja. é correto afirmar: a) Representando a chamada primeira geração romântica indianista. que uma fatalidade prendera. Senhora ● O texto acima está contido na primeira parte do romance Senhora. José de.."ALENCAR. revelando uma oposição entre o mundo do amor e o do dinheiro. o que lhe aparecia do semblante e do busto ficava inteiramente ofuscado [. nele. e que parecia ringir-lhe nos lábios como aço. ressaltada nessa ocasião por seus trajes luxuosos.. por isso. (UFMG) No romance Senhora. Ninguém o via. O senhor estava no mercado. em objeto ou mercadoria. na narrativa. a criação do herói nacional e a religiosidade." (ALENCAR. para arrojá-las uma contra outra. analise os enunciados abaixo. não se fez valer. sujeita-se ao constrangimento de uma união por interesse. o romance Senhora trai sua condição romântica. toda a minha riqueza por este momento. Aurélia proferiu estas palavras desdobrando um papel no qual Seixas reconheceu a obrigação por ele passada ao Lemos. posse. Aurélia demonstra sua lucidez por meio do sarcasmo: como todos no meio social. Podemos ter esse orgulho. b) Aurélia Camargo. — Vendido sim. a) Amor idealizado X casamento por interesse b) Condição modesta de vida X ostentação de riqueza c) Contemplação religiosa X divertimento mundano ..do romance: a) O casamento é apresentado como uma transação comercial e. aos choques entre Aurélia e Seixas.]. eco da rispidez e aspereza do sentimento que lhe sublevava o seio. na qual ambos desempenhamos o nosso papel com perícia consumada. romances de José de Alencar e Visconde de Taunay. 96. que os melhores atores não nos excederiam. e) O romance gira em torno de intrigas amorosas. ao sugerir que as relações sociais são mediadas pelo valor de troca. Senhora. à fauna e à flora destina-se a compor as personagens e serve para circunscrever a essência da prosa realista brasileira. e) Nesse romance os protagonistas mantêm um conflito ao longo da narrativa. ocorrem choques entre "duas almas. mas. e resigne-se cada um ao que é. b) Alguns ingredientes do Romantismo que podem ser apontados no romance Senhora são: personagens dominadas por instintos. Senhora. d) do orgulho que sente da beleza deslumbrante da esposa. de desigualdade econômica. Em ambos. 2005. p. como marido. nela. foi barato. visto que resulta de acordo no qual as aparências sociais devem ser mantidas. na medida em que. Sou rica. Com isso. ainda que secreto. o recurso à paisagem. 9. 2) As partes intituladas "O Preço". José de Alencar. 7.. porque. — Aurélia! Que significa isto? — Representamos uma comédia. compra-o e ele. 3 e 4 8. é CORRETO afirmar que a passagem transcrita contém a imagem a) da anulação de sua individualidade. um homem vendido. resgate. de José de Alencar. o marido de Aurélia –. ela e o esposo representarão felicidade para os demais. uma mulher traída. o senhor. Estão corretas: a) 1 e 3 apenas c) 3 e 4 apenas e) 1. Aurélia revela a Fernando Seixas que o comprara pelo valor de um dote. a obra tem como características mais relevantes a volta ao passado histórico. de José de Alencar. transformado que fora. 1) O livro se divide em quatro partes. (Grandes Nomes da Literatura) Considerando-se o personagem referido – Fernando. quitação. 3) No texto.) Assinale a alternativa em que o par de ideias conflitantes NÃO se entrelaça. b) da sua tomada de consciência da futilidade da sociedade. eu. não tem outro nome. 6. p. a protagonista esquece o passado em nome do verdadeiro amor. respectivamente. (UNEAL 2007) A voz da moça tomara o timbre cristalino. 3 e 4 apenas d) 1. o triplo. apesar de não se sentirem felizes. o amor tudo vence.131. traste indispensável às mulheres honestas. comprei-o. "Quitação". sendo a primeira delas intitulada "O Preço". — Vendido! Exclamou Seixas ferido dentro d'alma. muito rica. c) do ciúme exacerbado. com que nos estamos escarnecendo mutuamente.. 2.. sou milionária. Custou-me cem mil cruzeiros. c) O casamento é só de fachada e a união não se consuma. ao mesmo tempo. o romance estrutura-se em quatro partes: preço. a história do romance. São Paulo: DCL. no desfecho. por duvidar de que ela realmente o ame. c) É evidente o paralelo temático entre Senhora e Inocência. que sente da esposa. contumaz caça-dote. d) Qualidades morais elevadas X comportamentos aviltantes . embora este não fosse muito a favor da idéia. numa situação bastante comprometedora. amigo de Estácio. melhor amigo de Estácio. Os escravos da chácara. muitas vezes. A moça foi trazida para a casa da família e ali se dividia entre o ocasional mau humor de Úrsula e a afetuosidade de Estácio. Melchior. ao sair de manhã para caçar. pois não se preocupava com o lado financeiro.RESUMO DE OBRAS HELENA – MACHADO DE ASSIS (1876) Espaço: Rio de Janeiro Foco narrativo: 3ª pessoa (narrador onisciente) Temática: Amor impossível e drama de consciência. Estácio concordaria a contra gosto com o casamento. e viaja na companhia da família da moça para uma cidade vizinha. a tia e o sobrinho. Machado de Assis usa da sutileza e lança mão da dúvida.RESUMO DE OBRAS – VESTIBULAR UEVA . Helena já passava a liderar a família.está prestes a morrer. pedindo que fosse aceita como parte da família. Vale a pena lê-lo. com quem namora. encontrado. do "talvez não ser" mas. quanto à classe da moça sabia que poderia elevá-la ao seu nível. que culmina com Estácio chamando o padre Melchior para contar-lhe a desonra que Helena está trazendo para a família. chamada Helena. Considerado da fase romântica de Machado de Assis. foi ter com Estácio e Úrsula no gabinete particular do finado. cientes da opinião de D. depois de muito incentivo por parte de Helena. Estácio. nenhuma novidade. Úrsula sobre a herdeira. Úrsula adoeceu gravemente e. O romance começa com a súbita morte do conselheiro Vale. A chegada de um velho amigo do moço torna a casa ainda mais alegre. mas ao achá-lo recusou-se a dar detalhes do conteúdo. onde uma parenta . E assim se deu. muito menos partilhar da herança da família. O amor pretensamente incestuoso de Estácio e Helena. que acaba desistindo. Se há males que vêm para bem. "mesmo assim sendo" diante de todos. no bairro do Andaraí. Na hora marcada estava lá o médico e o padre Melchior nomeados testamenteiros.1 PÁG.e madrinha da noiva . esse contribuiu para fazer com que Úrsula passasse a amar a jovem. para ela essa filha era uma intrusa que não mereceria tal carinho. foi solicito para com a ideia. no entanto ocasionalmente outras surpresas são reservadas aos sobreviventes. Estácio volta imediatamente para casa e procura meios de dissuadir Helena do casamento com Mendonça. ele se depara com Helena saindo de um velho casebre na companhia de seu pajem Vicente. onde levantou a questão do testamento que por ventura o finado teria deixado. em consideração ao desejo do finado pai. Neste ínterim. Estácio parte a investigação e acaba descobrindo que o homem com quem Helena se encontrava era seu pai verdadeiro. era um velho amigo da família. que além de médico. De início. Quando o romance parece caminhar para seu fim. que mais tarde se tornaria pretendente de Helena. causa uma desagradável surpresa. o médico propôs ajudar procurando os documentos na secretária. Eugênia. questionara a origem e o tipo de vida que Helena por ventura poderia estar levando. Helena arrumou um jeito de se aproximar do meio irmão. Estácio se depara com algo que mudaria a história. consegue assumir compromisso com Eugênia. enquanto isso Estácio se aproximava mais e mais de Eugênia agora com uma ajuda de Helena. Ao saber do provável casamento entre Helena e Mendonça. Estácio e sua irmã Úrsula . ficou aos cuidados de Helena. por articulação do Pe. que procurava lhe mostrar toda a casa. O padre acaba se convencendo de que o ciúme do jovem se deve ao fato de ele está amando sua meiairmã. o que faria no dia seguinte na presença dos testamenteiros nomeados previamente pelo falecido. aproveita que partiram. o Doutor Camargo. Helena cuidou da enferma com desvelo e carinho. convida o futuro genro a se engajar na política e. e que ele havia incluído no testamento como sua herdeira legal. se aproxima da casa e procura conhecer o dono da casa. uma viúva de cinquenta e poucos anos solteira que cuidava da casa desde a morte da cunhada.2013. e Machado de Assis descreve bem uma dessas surpresas no romance Helena. Doutor Camargo. fica em dúvida. Helena trata do o amor impossível. seguindo e protegendo-a sempre. cujo maior objetivo era o casamento de Estácio e Eugênia. Mais tarde. Tudo fez como se fosse a própria D. por cerca de vinte dias. A atitude do doutor Camargo deixou transparecer que algo surpreendente seria revelado por ocasião da leitura do testamento. Helena aceita namorar Mendonça. demonstrando estar muito feliz com sua mais nova meia irmã. Isto resulta numa crise na família. Como Estácio disse desconhecer essa informação. Úrsula que nunca soubera que seu irmão tivera algum filho fora do casamento. Já Estácio aceitou bem a ideia. sem deixar que a rotina da chácara fosse alterada. sem ser visto pelos dois. EEM Dona Marieta Cals – Cariré – CEEMC VEST – A fórmula certa do vestibular! . tratavam-na com certa frieza. O testamento foi enfim. Vale. A reação de Úrsula foi de rejeição total à ideia. par não ser tachado de caça-dote. Úrsula. 6 . exceto Vicente – fiel servidor do cons. RESUMO A morte de um ente querido em si mesmo. o que fazia com que outros familiares e amigos da família gostassem dela. Um dia após o enterro do conselheiro Vale. pedido que foi aceito pelo jovem. Certo dia. solicitando que ele a ensinasse a montar cavalo. Não satisfeito com a explicação. Helena tinha um bom gênio e era bastante sociável. acatou a decisão do saudoso patrão e tornou-se servidor incansável de Helena. até a hora em que se leu a respeito de uma filha que o conselheiro tivera fora do casamento. mas não teve coragem formalizar nenhum compromisso. Tal revelação causou espanto à D. No entanto. deixando seu filho Dr. O romance tratar de um sentimentos intensos impedidos pelos valores e costumes da sociedade até hoje enraizados em nossa consciência social. principalmente porque vê nisso uma forma de se aproximar mais da filha de Camargo. Tratase de Mendonça. assim. que o incentivava a fazer o pedido de casamento. Estácio. é idealizada por Machado de Assis. Após o enterro. interpretando e observando o que o autor descreve em seu romance e o que retrata.RESUMO DE OBRAS – VESTIBULAR UEVA . pois seria um escândalo. sua chegada a Andaraí. São elementos marcantes de seu estilo: (A) o bom-humor. além de ser a protagonista da obra. em 1881. o leitor encontra uma linda moça. a heroína se faz passar por irmã de Estácio.. ▪ Mendonça. 1. debilitada fisicamente. ▪ Eugênia. Na obra Helena o leitor. futura esposa do Dr. médico da família. Agora mesmo. vendo que seus planos se concretizariam. O conselheiro tentara encarreira-lo na política. (pag. E o tempo psicológico se permanece a vida toda. o pai voltou a ver a filha. sua fonte Inspiradora. (C) cada livro está intimamente ligado ao contexto em que é produzido. tendo o cuidado em observar na análise as partes que constituem o romance "HELENA. seu nascimento. Melchior. ". mas apaixona-se pelo falso irmão e é correspondida."(pag. sua desilusão amorosa e finalmente até o momento de sua morte. talhe elegante e atitudes modestas. carregado de sentimentalismos. pois no decorrer da história a vida de Helena vai desde a união de seus pais. a fim de receber parte da herança. romântica e muito forte. inaugurado com a publicação de Memórias póstumas de Bras Cubas.. tinha 27 anos e era formado em matemática. em um sítio na cidade de Andaraí. aconselha Estácio a não concretizar seu amor. ANÁLISE OS PERSONAGENS PRINCIPAIS SÃO: ▪ Helena. despertando sentimentos bons e fortes em Estácio. A verossimilhança da obra Helena. temos que saber analisar de maneira objetiva. bela e misteriosa. Camargo e apaixonada por Estácio. correspondendo assim história do meu espírito. depois na diplomacia. Assim. ▪ Padre Melchior era amigo do Conselheiro e confidente da família. A partir da Analise literária entendo que não bastar apenas ler. teremos condições de nos pronunciar com segurança sobre o que analisamos. no final. 7 . (B) O sarcasmo a ironia e a análise psicológica das EEM Dona Marieta Cals – Cariré – CEEMC VEST – A fórmula certa do vestibular! . a qual se inscreve no Realismo brasileiro. uma moça de 16 a 17 anos. ▪ Ângela. num ambiente burguês de sua época.7) OS PERSONAGENS SECUNDÁRIOS SÃO: ▪ Dona Úrsula. atormentando a vida deste desavisado. Trama simples. O pe.14) ▪ Estácio protagoniza o romance ao lado de Helena e suposto irmão de Helena.de quem a mãe dela se separara quando ela era criança. para ficar com o conselheiro. Ele é o mesmo da data em que o compus e imprimi. narrando os últimos minutos da moça e a solidão que se abateu sobre todos na casa em especial sobre o doutor Estácio. eco de mocidade e fé ingênua. em nenhum caso. (B) livros escritos por jovens são romanescos e ingênuos. pois ele não tinha na da para lhe oferecer. toma forte chuva. por exemplo: quando ele trata de descrever cada personagem e seus feitos. Esta nova edição de Helena sai com várias emendas de linguagem e outros. Não me culpeis pelo que lhe achardes romanesco. O narrador está ausente da história e o espaço é no Rio de Janeiro. ouço um eco remoto ao reler estas. Após contar toda a verdade. escrita por Machado de Assis para apresentar uma das edições de seu romance Helena.". Com essa apresentação de Helena. encontra uma linda moça. E claro que. era sensível. Machado de Assis aponta características divergentes do todo de sua produção literária. obrigada a confessar sua mentira. (D) um autor não deve ser responsabilizado pelo que escreveu na juventude.. some da vida de Helena sem mesmo se despedir. em profunda depressão. e que encanta a todos. subentende-se que (A) um livro deve ser lido apenas na época que foi e escrito. Neste romance. o Dr. ▪ Dr. ▪ Salvador. emotiva. ". para desespero de Estácio. (E) as ideias expressas em um livro reproduzem a classe social de seu autor. deixase morrer. embora a família estivesse disposta a acolhê-la e a preservar as coisas como estavam." EXERCÍCIOS ● (FAENQUIL / VUNESP) Leia a "Advertência". mas não quis tirá-la da casa do conselheiro.2013. filha de Dr.Camargo. a objetividade e o uso de uma linguagem popular. mas nenhum desses projetos tiveram começo de execução. A duração do romance é pouco mais de um ano. este me era particularmente prezado. porque conhecemos as características da obra. adoecendo gravemente e vindo a falecer alguns dias depois. e responda as questões 1. para não passar por uma aventureira. lhes tiraria a feição passada. 2 e 3. O autor descreve a obra com muitos detalhes. naquele ano de 1876. legítimo pai de Helena. Bela e misteriosa. desperta o amor de Estácio. dá o terceiro beijo em sua filha Eugênia. enfeitada pela inocência. Helena encanta a todos. Camargo. que não alteram a feição do livro. irmã do falecido Conselheiro. Helena. Amigo de Estácio. Desse texto de Machado de Assis. protetor da moral e dos bons costumes. que há tanto me fui a outras e diferente páginas. delgada sem magreza.. O Romance acaba de forma trágica. infância. 2. cada obra pertence ao seu tempo.1 PÁG. pai de Eugênia e amigo do Conselheiro. estatura um pouco acima da mediana. Mãe de Helena. em sua casa. ▪ Conselheiro Vale pai adotivo de Helena (O qual a deixa a herança). diverso do que o tempo me fez depois. Após a morte da mãe de Helena e do conselheiro. A face de um moreno pêssego tinha a mesma imperceptível penugem da fruta de que tirava a cor. Dos que então fiz. Helena ficou muito envergonhada ao ser descoberta. rapaz rico e provinciano. E lhe atiravam flores. no dia do embarque. voltado para a representação subjetiva da realidade. (E) Parnasianismo. como sempre fora no trato meio distante com o filho. Aparecem duas testemunhas contra o rapaz. Amâncio é acusado de sedutor da moça. Tinham-lhe acabado a vida boa. Amâncio continua preso. Com a chegada de Amâncio. Campos então se coloca contra quem não soube respeitar nem a sua casa. Não poderia isso ficar assim. Brizard e marido. Ele pretendo voltar logo que terminem os seus exames de medicina. marcado por um ideário iluminista e retomada dos clássicos.. (E) a objetividade. no Hotel Paris. Ao criticar Helena. É tratado com as maiores preferências: os donos da pensão queriam aproveitar o máximo de seu dinheiro e ainda arranjar o seu casamento com Amélia. Teles de Moura. O rapaz tinha que se tornar um homem. geralmente te criticado pelo uso de uma linguagem artificial.. protestava: ele não iria jamais! Então Amâncio prepara sua viagem às escondidas. Brizard. Todo mundo olhava com curiosidade e admiração o estudante absolvido. o implacável Pires. A casa de pensão era um amontoado de gente. o revólver do pai. Coqueiro também tinha muita vergonha do que a cidade estava comentando sobre a sua irmã prostituída. amigo do Pai. Coqueiro. se desdobrou nos mais íntimos cuidados.. se matricula na Escola de Medicina. Amâncio explicava que precisava muito ir ver a sua mãe necessitada. coproprietário de uma casa de pensão. Amâncio é absolvido. abandona o Maranhão e segue de navio para o Rio de Janeiro (à Corte) a fim de se encaminhar nos estudos e na vida.. 3. de manhã. (D) a critica da realidade. As testemunhas reclamavam o pagamento do seu depoimento. muda-se para lá. 8 . Até que se tornou.. indiferente. e. depois do casamento com ela. o subjetivismo e a exploração exagerada do tema "morte". (D) Simbolismo. (Amâncio passara a pagar todas as contas da família). esposa de Campos).. na maioria. sobretudo de dinheiro). via e ouvia tudo. a metalinguagem e a exaltação do homem brasileiro. O rapaz é levado em triunfo para um almoço. morrendo de ciúmes dele ir-se embora e conhecer outras mulheres no Maranhão. Para alcançar o casamento de Amâncio com Amélia todos os meios eram absolutamente lícitos. Chegaram cartas anônimas com as maiores ofensas. E pensou em se matar. Mas.. sua amante sempre mantendo as aparências do maior respeito exigido dentro da pensão pelo João Coqueiro. Campos. João Coqueiro prepara tudo: o caso foi entregue ao famigerado Dr. de barriga para cima. O senhor Campos prepara-se para ajudar o seu protegido. Carregou a arma.1 PÁG. Três meses depois de iniciado o processo. Mas. um oficial de justiça acompanhado de policiais o prende para apresentação à delegacia e prestação de depoimentos. Mas o rapaz está preso à casa de pensão e à Amélia: esta o ameaça e só permite sua ida ao Maranhão. Foi ao Hotel Paris.personagens. principalmente quando da doença do rapaz. Um inferno dentro e fora dele. Acertou o cano no ouvido. a pensão passou a ser uma arapuca para prender nos seus laços o jovem inexperiente e rico estudante: pegar o seu dinheiro e casá-lo com a irmã do Coqueiro. forçado. Chega cheio de ilusões e vazio de propósitos de estudar. Amâncio começa morando em casa do Sr. Naquele ambiente.. D. Era preciso que o filho voltasse para vê-la e ver os negócios que o pai deixara. sozinho. Esta abriu a porta. Por convite de João Coqueiro. Ouviamse vivas ao estudante e à Liberdade. (pois Amâncio se envolvia sentimentalmente com as mulheres casadas da pensão. depois da festa e da bebedeira.. os estudantes se colocam ao lado de Amâncio. sua mulher o acusava de todo o fracasso. Hortênsia. Em outro plano. apesar da hipócrita moralidade pregada pelo seu dono: havia miséria física e moral. Não teve coragem. Amélia se oferecia o tempo todo. disfarçadamente. comumente associado a uma emotividade exacerbada. Começa o enredado processo: uma confusão de mentiras. Bateu no quarto II. junto com a sua velhusca mulher Mme. gritavam injúrias pela sua covardia e mau caráter. (C) Arcadismo. Amélia. o autor deixa implícita uma crítica a um movimento literário que o antecede. onde se encontrava o estudante com a rapariga Jeanete. de fingimentos.2013. saiu sinistro. No dia seguinte. irmã de Coqueiro (um sujo jogo de baixo interesses. RESUMO DE OBRAS CASA DE PENSÃO – ALUÍSIO DE AZEVEDO (1884) Amâncio da Silva Bastos e Vasconcelos. de maucaratismo contra o jovem rico e desfrutável para os interesses pecuniários de Mme. Sua alma estava envenenada de raiva. Amélia. Debaixo da sua janela. Pegou. Um homem acuado. na gaveta. mas Coqueiro lhe faz chegar às mãos uma carta comprometedora que Amâncio escrevera à sua senhora. Esse movimento é o (A) Barroco a caracterizado pelo uso freqüente de antíteses es e sinestesias. Parecia um carnaval carioca. EEM Dona Marieta Cals – Cariré – CEEMC VEST – A fórmula certa do vestibular! . A mãe fica chorosa e o pai. tudo ocorria para fazer explodir a sensualidade do maranhense. em especial Hortência.RESUMO DE OBRAS – VESTIBULAR UEVA . clara e oculta. Há uma ressonância geral na imprensa e. Os músicos alemães tocaram a Marselhesa. O pai de Amâncio morre no Maranhão. (C) O pessimismo.. A mãe chama o filho. a espontaneidade da linguagem e a defesa dos interesses nacionais. em promiscuidade generalizada. Amâncio dormia. Ia começar agora uma vida livre para compensar o tempo em que viveu escravizado às imposições do pai e do professor. (B) Romantismo. Quando em casa. É um provinciano que sonha com os deslumbramentos da Corte. "todo o sentimento de justiça e da honra que Amâncio possuía. quando Amâncio aparece marcado fatalisticamente pela escola e pela família: uma e outra o encheram de revolta. em situação muito próxima à da narração de Aluísio Azevedo. com o tronco nu. Personagens  Amâncio: Jovem preguiçoso e mulherengo. Estilo O naturalismo está plenamente representado em Casa de Pensão desde a abertura do romance. todas as ações ainda estão vinculadas à trajetória do herói.. alicerçam a construção das personagens e das tramas.. Como em O Mulato.. Coqueiro foi agarrado por um policial. nesta obra. É a necessidade de ajuntar detalhes para se dar ao leitor uma impressão segura de que tudo é pura realidade.Maranhão. não vê mais ninguém. Brizard: esposa de João Coqueiro.2013. a conquista. o naturalismo enfatiza o lado patológico do ser humano. a mudar de posição: afinal. de carreira diplomática bastante acidentada.. Como já mencionado. Ainda diz uma última palavra: mamãe . sofre assédio de Amâncio. Nele o fisiológico é muito mais forte do que o psicológico.RESUMO DE OBRAS – VESTIBULAR UEVA . lado a lado. Quando D. local e personagens.. nem pela frescura dos sentimentos. e Pereira é seu marido. Autor fiel à tendência naturalista difundida pelo realismo. Espaço e personagem lutam. pelo contrário. As teses naturalistas. a estória do romance se baseia num caso real. e morre. transformou-se em ódio sistemático pelos seus semelhantes. O leite que o menino mamou na ama negra também está contagiado e irá marcá-lo. problemas como preconceitos de classe. como em O Cortiço. quer que Amâncio se case com Amélia. 9 . abre os olhos. ao fugir. ordenação e manutenção de um espaço é que impulsiona. o corpo em sangue. move personagens que se coadunam perfeitamente com a análise dos críticos de que seus tipos são. a estrutura EEM Dona Marieta Cals – Cariré – CEEMC VEST – A fórmula certa do vestibular! . a casa paterna e a casa de pensão.pois ele é um garoto estudioso. Numa vitrine. ANÁLISE DA OBRA A obra foi baseada num fato real: a Questão Capistrano. Aluísio Azevedo focaliza. renunciando ao sentimentalismo e à evasão. que não faz nada na vida. João Coqueiro tinha lavado a honra da irmã. o padrão da língua usada é geral e o torneio frasal. motiva e ordena a ação. para evitar a degradação.1 PÁG. a personagens e a ambientes. O médico dizia: "Esta mulher tem reuma no sangue e o menino pode vir a sofrer para o futuro. E móveis de uma sala até os objetos mais miúdos. Essas minúcias se estendem a episódios. Vendemse retratos do morto. Linguagem Uma técnica comum ao escritor naturalista é o abuso dos pormenores descritivo-narrativos de tal modo que a estória caminha devagar. assassinado por João Coqueiro. Amâncio de Vasconcelos. E Amâncio passa a mão no peito.  Lúcia e Pereira: hóspedes da casa de pensão. nesse caso. se viu no meio da confusão. grosseiros. ela descobriu o retrato do filho na mesa do necrotério. Muitos visitam o necrotério para ver o cadáver de Amâncio.  Mme. a miséria e as injustiças sociais. de raças.  Paiva e Simões: "amigos" de João Coqueiro que só se interessam por seu dinheiro. apóia o romance de Amélia com Amâncio. Está presente também na obra o sentido documental e experimental do romance naturalista. em que o autor. retratando rigorosamente a realidade social trazendo para a literatura um Brasil até então ignorada.Foi então que Coqueiro atirou a queima-roupa em Amâncio. Mas. Ângela.". chega ao Rio de Janeiro. procura construir tudo sobre a realidade. não se distinguem pela sutileza da compreensão. A cidade se enche de comentários. Num episódio. descobre depois o relacionamento de Amâncio com sua mulher e fica contra ele (sempre esteve do lado de Amâncio). A tragédia tomou conta de todos. notícias e necrológicos nos jornais. A opinião pública começa a flutuar. por exemplo. a Corte . São eixos de relações da estrutura da presente narrativa a Província .  Amélia: irmã de João Coqueiro. lerda e até monótona. no Hotel Paris. Neste livro." Amâncio é uma cobaia. a cidade toda abalada. especialmente o Determinismo. envelhecida e enlutada. procurando o filho. há minúcias de tempo. crime que sensibilizou o Rio de Janeiro em 1876/77. Lúcia também é uma das pessoas que querem tomar o dinheiro de Amâncio.  Campos: marido de Hortênsia.  João Coqueiro: dono da pensão. via de regra. Uma legenda: Amâncio de Vasconcelos. Descreve a vida nas pensões chamadas familiares.. envolvendo dois estudantes. Casa de Pensão é uma espécie de narrativa intermediária entre o romance de personagem (O Mulato) e o romance de espaço (O Cortiço). o autor estuda as influências da sociedade sobre o indivíduo sem qualquer idealização romântica. É o determinismo que vai acompanhar toda a carreira do personagem. e era muito rico. Não se pode dizer que a linguagem do romance é regionalista. as perversões dos desejos e o comportamento das pessoas influenciado pelo meio em que vivem.  Hortênsia: mulher de Campos. Por causa de um castigo justo ou injusto...Rio de Janeiro. Um funeral grandioso com a presença de políticos. Diferente do romantismo. Romance naturalista de 1884. onde se hospedavam jovens que vinham do interior para estudar na capital. que odiava e sua vida se resumia em festas e badalações. um campo de experimentação nas mãos do romancista. não há. um anjinho. mas é comum até na língua popular de Portugal). Aluísio conhecia.). Aluísio de Azevedo se torna excepcionalmente rico na criação de personagens coletivos: a casa de pensão. de experiência própria. não encontrei senão doutores! Doutores com toda a sorte de insígnias. O autor faz alguns retratos com evidentes traços caricaturais (a sua velha mania ou vocação para a caricatura. que ela afagara com tanta ternura e com tanto amor. Aos sete anos entrou para a escola. ministrando drogas. comandando a polícia. Tinha as mãos grossas. Como Machado de Assis. E. Em pequeno levou muita bordoada. de um anel no dedo e de um diploma na parede. comandando soldados. construindo edifícios. Elogiavam-lhe a rispidez. Essa mania de doutor. visto que qualquer manifestação de antipatia redundava fatalmente em castigo. informadas ou deformadas por essa vida comunitária tão promíscua.. Se caso algumas vezes se mostrava dócil e amoroso. Nele enxergavam o carrasco. mas. Foi o que encontrou Amâncio na Casa de Pensão de Mme. como se dirigisse uma boiada. as pobres crianças fingiam-se satisfeitas. de cabelo duro e olhos de touro. Do norte ao sul do Brasil.. num ambiente como esse. conhecidos. dinheiro. não raro se voltava contra o marido e apadrinhava o filho. delicada. Que horror! O mestre. tem vida. você está certo.1 PÁG. quem seria capaz de estudar? É verdade que o rapaz já trazia a sua mentalidade burguesa do tempo: o que ele buscava não era uma profissão. desses que confundem o respeito com o terror..) "Se me não engano. uma santa de cabelos brancos e rosto de moça. o caso da apossínclise (é uma posição especial do pronome oblíquo que não escutamos no Brasil." (Há anos que não me. tão comum ainda hoje. Brizard. a loucura e histerismo de Nini. sufocado de soluços. as pessoas adquirem outros hábitos. coitadinhas! Iam-se habituando ao servilismo e à mentira. mas. ódios. No caso deste romance.. doutores com uma carteira. ainda sentia calafrios dos outros tempos.. só de pensar no bruto. riam muito quando o beberrão dizia alguma chalaça. Ângela. no Brasil inteiro. um mimo de inocência e de graça. governando o Estado! Todos doutores.. Às doenças morais (promiscuidades. fugia dele como de um inimigo. a voz áspera. sendo rico. Foco narrativo O autor escolheu o seu ponto-de-vista narrativo: a terceira pessoa do singular. nivelados pela mediocridade e em fácil decadência moral. o tirano. nas páginas do romance." O próprio Aluísio de Azevedo abandonou a Província para buscar sucessos na Corte (Rio de Janeiro) e. mas fiéis e verdadeiros. baixos interesses. e ficava todo frio e a tremer quando lhe ouvia a voz ou lhe sentia os passos... Envolvia-os no mesmo ressentimento. doutores com balanças.). doutores com um prumo. Amâncio. doença que pegou no Brasil.. Aluísio Azevedo também usa alguns recursos desconhecidos da língua portuguesa do Brasil. quando fosse preciso. Como um observador atento e minucioso dentro das próprias fórmulas apertadas do naturalismo. aquela criaturinha fraca. mas apenas um diploma e um título de doutor. que ela podia dizer criada com seus beijos – fosse lá apanhar palmatoadas de um brutalhão daquela ordem! “Ora! Isso não tinha jeito!” EEM Dona Marieta Cals – Cariré – CEEMC VEST – A fórmula certa do vestibular! . já na corte. viciados pelos costumes bárbaros do Brasil. e com eles vagos desejos de vingança. Amâncio agarrava-selhe às saias. por hábito do ofício. não precisaria da profissão. um título de doutor. Ângela. e. Os pais ignorantes. capitaneando navios. apenas pelo número do quarto. já foi magistralmente caricaturada em deliciosa carta de Eça de Queirós ao nosso Eduardo Prado: "A nação inteira se doutorou. por exemplo. no mesmo ódio surdo e inconfessável. de um status.. Aí se encontram e se desencontram. D. atrofiados pelo hábito de lidar com escravos. Todos os pequenos da aula tinham birra ao Pires. fora de si. Em O Cortiço o meio social é mais baixo.morfossintática é completamente fiel aos padrões da velha gramática portuguesa. soltando carnes. Na aula só falava a berrar. o inimigo e não o mestre. quando metia para dentro um pouco mais de vinho. às vezes. se amontoam e se separam tantos indivíduos transformados em tipos. Um malquerer doentio invadia-lhe o coração. gente e coisas tomam aspectos novos. doutores sem coisa alguma. homem grosseiro. Aluísio Azevedo trabalhou muito servilmente sobre os fatos absolutamente reais. entendiam que aquele animal era o único professor capaz de “endireitar os filhos”.. Assim.. batia nas crianças por gosto. desonestidades. Amâncio fora muito mal-educado pelo pai. São exemplos de apossínclise: "Há anos que menão encontro com o amigo. não era dessa opinião: não podia admitir que seu querido filho. ficava pior." Em Casa de Pensão essa posição pronominal é um hábito comum. português antigo e austero. fundando bancos: doutores com uma sonda. fora do elenco dos personagens. uma vida estudante. certamente também.) se misturam também doenças físicas (o tuberculoso do quarto 7 que morre na casa de pensão. hipocrisia. por vaidade. porém. EXERCÍCIOS Leia o texto e responda as questões de 1 a 9. Sua mãe. sempre que se lembrava do mestre e do pai. sensualismos excitados e excitantes. na Casa de Pensão é médio. doutores com uma apito. esse ambiente feito de tantos quartos e tantos inquilinos. e afinal. era sempre por conveniência: habituou-se a fingir desde esse tempo. para estudar. tão numerosos e tão diferentes.2013. em toda a sorte de funções!! Doutores com uma espada.RESUMO DE OBRAS – VESTIBULAR UEVA . tinha um medo horroroso de Vasconcelos. Fora para o Rio de Janeiro. um narrador onisciente e onipotente. 10 . Ele. principalmente na língua oral. Tudo se movimenta diante do leitor: a casa de pensão é um mundo diferente. bruto. doutores com uma lira. “dobrasse por conta deles a dose de bolos”. Temática Como em O Cortiço. a catadura selvagem. recomendavam-lhe sempre que “não passasse a mão na cabeça dos rapazes” e que. um tal de Antônio Pires. na melhor situação. D. designando o paquete. não raro se voltava contra o marido e apadrinhava o filho”. sufocado de soluços. 05. o sacristão. e pedia uma casa modesta e mobiliada simplesmente. Segundo as informações do trecho. c) uma continuidade do tipo de educação recebida em casa. 13) Coube a Macário.. indica a) reprodução de uma citação b) presença de gíria c) crítica de uma opinião d) introdução de um diálogo e) expressão de desacordo com a fala destacada. e) bajulavam Pires por temerem os castigos. b) uma experiência de vida diferente. padre Antônio de Morais. RESUMO A narrativa tem início com os preparativos para a chegada do novo vigário de Silves. Padre Antônio de Morais devia chegar a Silves naquela esplêndida manhã de fevereiro. havia exatamente quinze dias. Cedera-a por seis mil-réis mensais o presidente da Câmara. Os sentimentos expressos no trecho que se referem apenas ao mestre são a) ódio surdo e medo. Podemos observar isso em a) “Os pais ignorantes. despreparado para ensinar as crianças. d) era um mestre competente e capaz de educar bem as crianças.. Mais tarde ele havia de agradecer aquelas palmatoadas! Assim não sucedeu. o inimigo e não o mestre. Os pais.) 01. 11 . b) medo e malquerer doentio. Era pequena. d) uma oportunidade de aprender e de crescer saudavelmente.. 09. No trecho “. 08. mobília. A casa não fora difícil de arranjar. olhando para o lago. A carta que escrevera ao Macário sacristão anunciava o dia da partida. o tirano. b) implicavam com Amâncio. (. b) era um mestre afetuoso e flexível no tratar com as crianças. A escola representou para Amâncio a) a proteção contra a violência do pai. mas a força do hábito EEM Dona Marieta Cals – Cariré – CEEMC VEST – A fórmula certa do vestibular! . 04. rio acima até Silves. o narrador expressa juízos de valor em relação aos personagens e fatos. conhecido na pequena Silves pela vida de orgias e gastos excessivos.. Na frase “não passasse a mão pela cabeça dos rapazes”. Antônio “na solicitude paterna de pastor que não descura a salvação das suas mais obscuras ovelhas”. e espalhara por toda a vila. que a mandara preparar para si.2013. c) eram antipáticas com o professor. A educação que Amâncio recebera do pai foi baseada a) no respeito c) no diálogo e) na compreensão b) no medo d) no exemplo 02. e) era um educador tradicional. Antônio de Morais.1 PÁG.” RESUMO DE OBRAS O MISSIONÁRIO – INGLÊS DE SOUSA (1891) Espaço: Silves – PA Foco narrativo: 3ª pessoa (narrador onisciente) Tempo: século XIX – Segundo Império Temática: É um romance de tese.RESUMO DE OBRAS – VESTIBULAR UEVA . conforme lera o professor Aníbal na Boa nova da última semana.. O narrador menciona os sentimentos semelhantes que Amâncio nutria pelo pai e pelo mestre. É uma característica da personalidade de Amâncio consequente da educação recebida na infância a) fingido c) amoroso e) responsável b) dócil d) mentiroso 03. que acabam por vencer a frágil resistência do Pe. incapaz de auxiliar no aprendizado das crianças. o uso das aspas.” b) “Na aula só falava a berrar como se dirigisse uma boiada. propondo o conflito entre a vocação sacerdotal e o instinto sexual. 06. que colocavam os filhos na mesma escola que Amâncio estudava.. acessórios e de preparar a chegada do novo padre que vinha substituir o falecido padre José. as outras crianças da escola a) apreciavam Antônio Pires. viciados pelos costumes bárbaros do Brasil. Macário fizera o cômputo do tempo necessário à viagem. e) amor e respeito. a incumbência de arranjar casa. tinham a opinião de que Antônio Pires a) era um pouco rígido demais com seus filhos. bem perto da Matriz. c) era além de violento. c) repugnância e desejo de vingança. (p.Mas o Vasconcelos saltava-lhe logo em cima: Que deixasse lá o pequeno com o mestre!. d) discutiam com o professor para defender Amâncio. Em alguns momentos.” c) “Amâncio agarrava-se-lhe às saias. a notícia da próxima vinda do vigário enviado pelo Sr. Amâncio alimentou sempre contra Pies o mesmo ódio e a mesma repugnância. instigado pelo relaxamento dos costumes e pelo sensualismo da mameluca Clarinha.. d) ressentimento e ódio inconfessável. o termo em destaque tem sentido de a) patrocinar c) autorizar e) desdenhar b) proteger d) humilhar 07. no texto.” e) “Em pequeno levou muita bordoada.” d) “Nele enxergavam o carrasco. com umas veleidades de deixar o sítio ao rio Urubus e vir morar para a vila. fora de si. mas muito arejada e estava caiadinha de novo. e) um local onde se sentia melhor do que na própria casa.. a bebedeira do sargento ameaçara trovoada grossa. farto de lhe fiar a pinga. o pão extravagância de fidalgos de apetite gasto ou de doutores barrigudos e vadios. matando carapanãs e fazendo farinha de mandioca. reformada para servir a “algum desses esquisitos lá de fora que não gostam de dormir em rede”. (p. um pândego! que passava meses nos lagos. o professor Aníbal Americano Selvagem Brasileiro. o alferes José Pedreira das Neves Barriga. que estás tão assustado e trêmulo? — Saberá V. onde entrava de cesto à cabeça.. porém. que era um deus-nos-acuda! A sua mesa era farta. e. que. Rev ma.. o reitor concluiu: — Hoje mesmo. Macário. E depois. profundos e mudos. rapazinho. O Antônio Capina. nem aquele lombinho que lhe começara a surgir do meio da testa aos trinta anos. compunha-se do que o Macário pudera arrancar à cobiça da Chiquinha do Lago. da princesa Estefânia e do conselheiro Paranhos. envernizada e decente e a marquesa de palhinha que fora do último juiz municipal. O periquito desceu para o fundo da rede e escondeu-se entre as pregas amplas da batina do padre. assustado. Revma. bondoso e afável a desgraça que o sujeitava às brutalidades dum soldado bêbado e ao desamor da mãe desnaturada. Uma tarde. talvez fale ao juiz de órfãos e ao meu amigo padre José. sem gosto e às carreiras. O estômago do rapaz era exigente. subdelegado de polícia.) Quando o Macário entrou fez-se uma pequena revolução no sossegado aposento de S. Os homens influentes de Silves o foram receber: tenente Valadão. A louça. por muito empenho.1516) Finalmente o padre Antônio Morais chega. a mesa de jantar. vigário-colado daquela freguesia. fazendolhe momices. e gastava em bons-bocados as missas. José Antônio Pereira. Notando a alegria do Macário. e. seguindo o vigário-colado com um reconhecimento de cachorro socorrido. O tom do reitor era tão paternal e bondoso. Estava tudo decente. Assim o Neves Barriga preferira alugar a casinha. (. tocando violão e namorando as mulatas e as caboclas dos arredores. ocupada em conter os ímpetos destruidores do amante. EEM Dona Marieta Cals – Cariré – CEEMC VEST – A fórmula certa do vestibular! . — O que tens. até a senhora. descansou o cachimbo sobre a pele de onça pintada. As cadeiras. possuía as melhores coisas desse gênero. a bacia de banho. O duplo tormento da fome e das pancadas exasperava o Macário. em toda a vila. Vinte anos servira o duplo ofício de fâmulo e sacristão do padre José. e depois. Há-de ensinar-te o catecismo. A capivara fugiu para baixo duma cadeira. só pudera fornecer uma mesa de pinho. o professor Aníbal emprestara uma grande gravura. à falta de energia. começou a contar àquele padre gordo. O padre reitor acendeu o cachimbo muito comovido. os enterros e os batizados da freguesia.13) O capítulo I também se ocupa de apresentar a história de Macário: Macário crescera entre os repelões da mãe e as sovas formidáveis com que o mimoseava o sargento para se vingar do marinheiro da taverna. fatais à louça e à mobília. E como se a ideia da projetada diligência o tivesse fatigado muito. que o estava esperando para pagar a conta. e fechando os olhos ficou silencioso. O macaco deixou a capivara. trepou rapidamente pela rede e subiu pelos punhos.. a mãe. donde se pôs a olhar desconfiado para o rapazito. — Vai com o padre José.2013. Mandaram-no entrar no quarto do reitor. rapazinho. e a casa alegre. em seu auxílio. A sua devota Nossa Senhora do Carmo veio. e resignara-se a continuar enterrado naquele sertão do Urubus. Nesse dia. e uma semana depois viera para Silves.. mandara-o levar um cesto de roupa lavada ao Seminário. caloteava ao Costa e Silva e ao Mendes da Fonseca. tu.. e do que comprara na casa do Costa e Silva. porque na casinha da lavadeira o pirarucu era pouco e mau. para que não aguasse a comida. e cobrar a conta do senhor reitor. ele te dará boa vida. na falta. cordas fora.1 PÁG. O seminarista fechou o livro. de Antonelli. e esse espetáculo aumentara-lhe a tristeza. uma grande casa séria e limpa. os frutos luxo dos ricos. batera à porta do Seminário. a farinha rara. deu um suspiro. tanto a de mesa como a de cozinha. o Pedro Guimarães. No dia seguinte Macário fora arrancado à lavadeira por dois oficiais de justiça. mas. Eulália. afeiçoara-se facilmente às gulodices das casas abastadas.. por causa dos seus queridos xerimbabos. cheia de janelas com vidraças e de meninos alegres. gritos e lágrimas. desatou a chorar. Poucas vezes conseguira satisfazer a fome. faço-te entrar no Seminário. faminto e assustado. humilde e contente. Para ornar a parede do fundo da sala. e fixou no recém-chegado os grandes olhos negros. 12 . senão graças à generosidade de algum freguês em cuja casa entrava a serviço de condução da roupa lavada. e agora ostentava a sua protuberância polida num descaro insolente. entre um credo! e duas cruzes! tinhoso! lhe mandar dar alguma coisa. (p. ao ponto de fazê-lo chorar. e o pirarucu fora comido triste e só. a D. a ler e a escrever. que não tinha ainda aquela belida no olho esquerdo. o vereador João Carlos.o fizera desistir do projeto. e ao jantar das duas horas faltara a farinha d’água. não lhe dava mais remédios do que suspiros. à noite. coitada! Não queria ouvir falar em tal mudança. o lavatório.. Justamente partia para Silves o seu amigo padre José. branca e asseada. e retratos de Pio IX. lançando compridos olhos para a mesa de jantar ou para o armário dos doces. tinha-os o Macário pedido emprestado ao capitão Mendes da Fonseca. e mostrares vocação. presidente da câmara. sentindo uma necessidade de proteção e amparo. restos do espólio do finado padre José. O pequeno maué deixou de soprar ao fogo de tição. brincando o esconde-esconde no vasto quintal inculto. se for possível. representando a batalha de Solferino. e prometeu arrancá-lo à sua situação. o escrivão da coletoria. que Macário sem vergonha do seminarista nem do curumim. até às escápulas. inspirava tanta confiança e punha a gente tão à vontade.RESUMO DE OBRAS – VESTIBULAR UEVA . pôs-se de pé e começou a fazer-lhe gaifonas por trás do grande livro de estampas.. coletor das rendas gerais e provinciais. Mais tarde. de Cavour. capitão Manuel Mendes da Fonseca. O padre reitor largou o cachimbo e atentou na cara magra e doentia do Macário. depois de recomendálo muito aos cuidados do padrinho. A senhora D. os pássaros da beira do rio e a pequena caça dos aningais. e um dia resolvera tomá-lo sob sua proteção e mandá-lo à sua custa para o Seminário. o seu filho predileto. professor de latim. Aquilo. falava da Chica da outra banda. correndo atrás dos bezerros. de olhar estúpido e gestos de bonifrate. mas desses tormentos indizíveis.39) No capítulo III encontramos Francisco Fidêncio Nunes. e até da D. porém muito pobre. Até entrar para o Seminário levara uma vida livre. o seu espírito indômito e a meio selvagem foi paulatinamente cedendo à influência suave do cultivo e da doutrina dos padres-mestres. comendo goiabas verdes.se desregrassem em extravagâncias. para mostrar que não era de cerimônia. já havia um mês que chegara e nem um deslize. Sofrera muito no Seminário. Brasília. Era. confessadas na quaresma.uma certa Imprudência.com muito nojo o recordava .26-27) Após receber as homenagens dos silvenses. a mãe. às escondidas do marido. 13 . pois desde a chegada do novo pároco não tinha assunto para as suas crônicas. as aventuras noturnas. pareciam sopiados na atmosfera fria e severa em que se achava. até o papa. fascinando-os. e se fora rico. Paulo. criticando. (p. fartara-se de o aturar e pusera-o fora de casa. padres. Montava os bezerros de seis meses e os poldros de ano e meio. da Luísa. D. era mais amigo das ciências sociais. a que Antônio se dava com um entusiasmo que lhe valia a admiração dos mestres e a zombaria invejosa dos condiscípulos e cúmplices. solto nos campos. saíra robustecido na fé e na crença. Escondera-se nos buracos como as lontras dos lagos e as onças das montanhas. e com a segurança do seu valor próprio. admiravalhe a viveza. de perfume tentador e acidez irritante.conhecido em Silves pela alcunha de Mapa-Múndi. capitão Pedro Ribeiro de Morais. exemplo de submissão e fraqueza sertaneja. brincara à sua vontade. Acordava cedo. de que apenas recordava os transes principais. a meter as vacas no curral. amorteceram as saudades da mãe e da fazenda natal. dominandoos pelo espírito desembaraçado de convenções e dos prejuízos da estreita vida de aldeia. deixou-o partir. mas o bom senso e a lucidez intelectual de que era dotada venceram a excesso de amor materno. com molho de limão e pimenta. A pobre mãe quisera. a ideia de vir a ter um filho padre lisonjearalhe a vaidade. nos araçás silvestres e nos taperebás vermelhos. sempre lhe dera algumas lições de leitura. banhada em louro e açafrão. Era natural do Rio de Janeiro. Padre Antônio era um padre “irrepreensível”. oferecera-lhe de almoçar. O presidente da câmara. as bambochatas em canoa. com a curiosidade de saber e a emulação. de como sua rebeldia e arrogância foram esmagadas pelos superiores e de como aprendera a conter os impulsos de menino criado sem rédeas. e a sua galinha de cabidela. com o seu verbo colorido e ardente.1 PÁG. nem precaução. que não gostava que aperreassem a criança. a princípio. ao segundo ano. (p. Satisfazia o apetite sem peias. Um tio. Francisco Fidêncio contava à redação do Democrata. enquanto num flashback relembrava sua origem. da mulher do Viriato. e justamente punidas com jejuns e macerações. Por outro lado. correra. Também lembrou do tempo de seminário. comendo o seu tucumaré cozido. Eulália ficara encantada. achara excelente. e depois corria léguas à caça dos ninhos de garças e de maguaris. padre Antônio. homem severo e devasso. espojara-se na relva como um burrico. recolheu-se em seu quarto. mas quanto a disciplina e educação nenhuma lhe deram nem podiam dar na pobre fazenda paterna. sobre os escravos e os animais domésticos. e incutiram-lhe hábitos de asseio e de ordem. carioca da gema. atolara-se na lama dos brejos e dos chiqueiros. opor-se à resolução do compadre coronel. a fim de receber educação conveniente. Não gostara das matemáticas. mas não sem rebeldias bruscas e inesperadas que tonteavam o padre reitor e tornavam necessárias as valentes palmatoadas que lhe aplicava o carrasco do Seminário. A mãe. Dizia que o vigário bebera o dinheiro EEM Dona Marieta Cals – Cariré – CEEMC VEST – A fórmula certa do vestibular! . ajudando a tocar o gado para a malhada. teria sido talvez um Álvares de Azevedo. sempre a incitar o povo com seus artigos de jornal. o Neves Barriga. sobre as árvores do campo. sem cuidar um só instante em instruí-lo e educar. Citava nomes. as orgias nas praias de areia. dente outros. sim é que era terra! Cursara dois anos da antiga Escola Central. Pulara. se bem que às vezes . O almoço fora dado na casa da Câmara. pequeno fazendeiro de Igarapé-mirim. debulhada em lágrimas. D. (p.RESUMO DE OBRAS – VESTIBULAR UEVA . que as mulatinhas haviam experimentado. que o ajudava. o capitão Pedro Ribeiro de Morais. Prudência. espantando os pacatos habitantes da vila com as suas teorias irreverentes e ousadas. nas goiabas verdes. teria ido estudar a S. Brasília. de liberdade e de gozo. Trepara aos altos ingareiros. sentindo-se incapaz de resistir às saudades do Antonico. homem revoltado para com o clero. No tocante aos ardores juvenis. deixara-o crescer a seu gosto. foram-lhe pouco a pouco tirando o ar palerma e os modos achavascados. cansado. e.2013. porque o Neves não tinha casa na vila e estava de hóspede duma parenta pobre. das beatas. que o seu estômago. acostumado à magra pitança do seminário. quando saíra reprovado em cálculo diferencial. Quanto a Pedro Ribeiro. Exercera imoderada tirania sobre os irmãos pequenos. solto nos matos. Não cabia em si de contente pela honra que lhe fazia o senhor vigário. veladamente . uma refeição simples mas abundante. da sua inquebrantável força de vontade. banhava-se no rio horas inteiras. o pai. Inimigo da catequese jesuítica. bispos. banhando-se no rio. do Castro Alves. Havia um ano que o Chico Fidêncio se estabelecera em Silves. um caboclo robusto e impassível. teria entrado para a troça do Varela.29-30) O padrinho. O despertar da inteligência. ao tempo da desova das tartarugas. Comera padre Antônio com bom apetite. saturando-se do sol. o comandante superior. tinha presunção disso. Estava deprimido. da sua máscula energia. de ar. O pai. por miúdo as pândegas colossais do vigário. espicaçando-lhes a mole diferença com o aguilhão das suas críticas acerbas e dos seus sarcasmos ferinos. ele soprava-lhe os cabelos castanhos com a respiração forte. acostumada à indiferença religiosa. nada lhe escapava. Ser um bom padre. sobressaindo aos outros pares na elegância dos passos e dos requebros. iniciavam um namoro na Varsoviana.2013. cheio de profundo e íntimo desespero. 14 .começava a pesar de modo insuportável. de virtudes negativas que os amigos de Silves resumiam em . Ainda na festa de casamento do Cazuza Bernardinho. acostumada a ouvir missa aos domingos.99-100) O cumprimento banal do dever não bastava. numa expansão. ocupação melhor do que a de sacristão da Matriz. senhoras. E caminhava. mas agora. Quem lhe restituiria todas as vantagens que a resistência à vontade do padre lhe faria perder? Longos anos de humilhação e sacrifício haviam-lhe enraizado no coração o amor do bem-estar que a sua situação representava. Agora estava farto das beatas de lenço branco na cabeça. puxadas numa voz monótona. eis um ideal digno que as circunstâncias contrariavam e o seu temperamento punha em risco. se o permitia a mandriice daquele pândego de padre José. um acontecimento fora da linha geral do romance. padre Antônio de Morais cismou em fazer-se grande e influente indo ter com índios ferozes do Baixo Amazonas. Para ganhar tempo Macário vai atrasando a viagem. ou melhor. Até os meninos já gazeavam a aula de catecismo. não descobria em Silves e em toda a redondeza. Haviam principiado rindo. parecendo não pisar o chão. Exortava aos silvenses para que não fossem para as praias. contou a desgraça da sua vida. preso à igreja duma vila de interior. à luz mortiça das lâmpadas de azeite de mamona. viria a acontecer. aproveitando o relaxamento dos pais receosos da despesa dos sapatos e da roupa de brim. ele mesmo os assusta. O seu coração EEM Dona Marieta Cals – Cariré – CEEMC VEST – A fórmula certa do vestibular! . cansado de ensinar o catecismo às crianças. com o vestido de popelina azul-celeste caindo em pregas sobre os amplos quadris de mulher feita. Fosse o modelo dos padres. da fazenda Urubus. vira a irmã da noiva. Ora Macário. quase abraçados. pois o pai o afastara da amada por achar que o filho era jovem demais para envolver-se em namoro sério. abandonando-se. por miúdo. e acabando. Mas ele parecia irrepreensível. ela. Tudo pesava. por mais que parafusasse. por abandonarem a igreja em nome da ambição. Não encontra um canoeiro. em batizados e enterros. soluçante e pardo. que seduzia as beatas. seguindo a curvatura graciosa do lago Saracá.103) Macário tentou convencer o padre a desistir da perigosa aventura. não beber. um futuro vulgar de padre bem-comportado. A missa diária fatigava a população. os mundurucus. Um cansaço geral invadia a população. e padre Antônio entrevia. sentindo uma emoção evidente. a adorável Milu. não conseguiria vencer a muralha do indiferentismo público. A novidade passara e padre Antônio de Morais via-se-lhe escapar os fieis. Pois se padre José regera a paróquia durante vinte anos! Um acontecimento. bem nutrido. engordando na vadiação estúpida dum paroquiato aldeão. os paroquianos do padre Antônio voltaram ao mesmo estado: indiferentes à Igreja. Ser um santo célebre. É quando aparece o Totônio Bernardino. (p. dormindo à farta. numa icterícia negra.77) Depois do fracasso do sermão. muito considerado. sentia-se melhor do que um cônego de prebenda inteira. Aquela vida de obscuros e não apreciados sacrifícios. à frente de tapuios boçais. entretanto. aborrecido com o abandono dos paroquianos. fazendo bons ganchos em missas de defunto. O jovem estava decadente. em que pela primeira vez depois de anos. filho do tenente José Bernardino de Santana. O Totônio e a irmã da noiva. principalmente para as pessoas gradas. que era ministro de Barrabás. havia muitos anos. (p. ficava furioso. que prostituía as confessadas.1 PÁG. e agora que tão prontamente a ela se habituara é que a perderia? Já não lhe faltavam invejosos. quando muito. Recapitulando. Passada a emoção. nem dar escândalos com mulheres não bastava à ambição de padre Antônio de Morais. não jogar. estavam sérios. mas importante para a análise realista. dizendo que a Mundurucânia é longe e que os índios são canibais. Dona Mariquinha das Dores com o Cazuza Bernardino. a vida do novo vigário de Silves. Demais o interesse da salvação da alma confundia-se singularmente com a sede de reputação e renome que o devorava. o diabo! Padre José. A vasta ambição abraçaria o céu e a terra. para ir rezar uma ladainha! (p. à boca da noite. como se se confessasse. apenas.. Mas agora todos os dias. em vez de consertar a Matriz. de fazer tudo quanto lhes convinha. numa colocação perpétua. A igreja já ia ficando deserta.RESUMO DE OBRAS – VESTIBULAR UEVA . não dar escândalos com mulheres . sentira que uma vida nova começara para ele. oferecendo-se para remar até a Mundurucânia.. trouxe o povo à igreja: o casamento da sobrinha do Neves Barriga. desejoso de morrer. enjoado das ladainhas. O bom era sovar também a padre Antônio de Morais. A sua vida simples e clara não se prestava à crítica! Fidêncio procurava analisar. metendo à bulha os noivos. o vigário anterior. depois da chegada de padre Antônio de Morais. tudo era constrangimento. à cata dos castanhais. Padre Antônio. Era preciso ser um herói para a humanidade e um mártir para Deus. A missa aos domingos era uma distração salutar.não beber. rebuscando no íntimo dos fatos algum sintoma de fraqueza ou de hipocrisia. asseguraria o triunfo da sua causa perante o tribunal do Juiz indefectível. deitava a cabeça sobre o fraque do cavalheiro. lembrando-lhes dos castigos que lhes sucederia pela falta da prática religiosa. Decorridos alguns meses da chegada do padre. sob pretexto de que o santo sacrifício se celebrava em horas de trabalho. e dançando com desembaraço e graça. mas padre Antônio estava decidido. a Milu. não jogar. Bem vestido. em Silves. esquecido do mundo. Ganhando a glória que perpetua uma personalidade na memória dos homens.da província com as mulatas. O sermão causou impacto momentâneo. decide fazer-lhes uma surpresa por ocasião do casório: um sermão apocalíptico. com os olhos cruzados num estrabismo de enlevo. Desde a noite do baile do casamento do irmão. cansava seu bocadinho. sem ocultar coisa alguma. de andar miúdo e língua viperina. Ele. a igreja começou a esvaziar-se. levando-lhe a roupa. não havia para o Totônio Bernardino outra criatura no mundo senão a graciosa Emília. padre Antônio desistiria da viagem. mas muito boa gente. que estava resolvido àquela história de catequese. dizendo que se tratava de ir à boca do Guaranatuba.RESUMO DE OBRAS – VESTIBULAR UEVA . o padre ouvira o nome da tribo de índios ferozes que andava buscando por aquelas paragens ermas: — Mundurucu. a sua vida. Amara-a doida e apaixonadamente. a rapariga de olhos pretos e boca perfumada. o irmão e os amigos haviam tentado afastá-lo da rapariga. haviam trazido à vila uma canoa de lenha. Quando o baile acabara. em vez de navegar direito pelo Abacaxis. fazendo-o passar por um charlatão religioso. — Deus Nosso Senhor providenciará. ninguém por aquela redondeza se atreveria a adiantar-se pelo Abacaxis acima. o seu Guilherme que estava ausente e só voltaria na outra semana. Que dizia? Não havia em todo o vasto universo senão o seu olhar travesso e o seu sorriso divino. subira até o lago do Canumã. não há remédio senão voltar para a vila? — Não. pedindo mil desculpas. Não exagerava. um de nome Pedro. sentenciou padre Antônio. para obedecerem mais facilmente. como se acabasse de tomar uma resolução enérgica. assenhoreando-se pouco a pouco. e menos pelo Canumã. e ela. Após esse episódio Macário viu-se obrigado a efetivar a viagem. a Teresa. apesar da perda da roupa e de um belo chicote de tabaco de Irituia. Revma. por ficar mais perto. Mas a tapuia o desenganou logo. mundurucu! Mas logo o padre conheceu que o Macário não fugira sem motivo. com a diminuição constante de víveres que lhe punha em risco a reputação de previdente e arranjado. mesmo sob os protestos de Macário. Estaria privado de razão. O marido conhecia muito bem o caminho do porto dos Mundurucus. a sua salvação. vira-os. Ela era o seu amor. à boca do Ramos.. seria um louco. Na casa da tia Teresa encontraram uma velha canoa que padre Antônio consertou e com a qual tencionava chegar ao tão almejado destino. do ventre para baixo. e Macário. senhor padre vigário. com muita confiança. mas amava. como numa embriaguez crescente. numa das suas explorações pela Rua do Porto.2013. dois índios. Rev ma. De repente pareceu a padre Antônio de Morais que de tanto cismar no ubá de índios que haviam encontrado pela manhã. furtado pelos camaradas. de todo o seu organismo. erguendo-se dum jato. que não conversasse muito com os tapuios. já acostumada. Pela manhã. sem medo nenhum. Passados os primeiros assomos de indignação e o abalo da surpresa. desculpou-se: — E como voltar sem canoa? — E como continuar a viagem sem canoa? perguntou o sacristão meio desanimado. como lhe haviam dito os amigos. 15 . no Urubus. que lhes ensinara o caminho para chegar ao grande rio Abacaxis. e dando um grande grito. o mais velho. Da sua boca escancarada pelo terror. pensando no tempo a gastar na volta. O descontentamento do Macário crescia. se não estivesse agora na salga do pirarucu”. metendo à bulha a sua paixão ardente. e fora logo apalavrá-los para o remo. ofereciam aos olhos atônitos do padre os troncos nus e a face cor de cobre. A viagem continuara por três longos dias. “Padre Antônio expôs então o motivo da visita. que devia ser agora o caminho preferido. Quando se voltou para seguir a direção do olhar assustado do sacristão. mas ele tomava a liberdade de recomendar a S. Tudo era inútil. o seu fim. não estava louco. da tribo maués. dois homens. encontrado um regatão de nome José de Vasconcelos. que se destacavam no meio da verdura como um baixo-relevo de bronze. o desejasse. Foi uma viagem difícil. ridicularizando aquele namoro de criança. O sacristão. Mas. ao que pareciam. e o melhor. o sacristão a custo continha a alegria. E vendo o efeito da negativa no rosto de Macário.1 PÁG. finalmente. Imaginava ele que. e quando chegassem não lhe fariam mal algum. enfiando pelo extenso e piscoso furo de Uraná. censurando-a e punindo-a por fim. exposto às agruras da natureza voltasse atrás na sua obsessão de converter os selvagens. E acrescentou falando muito tempo e desabafando a contrariedade sofrida no incidente. pusera-se a correr desadoradamente para o porto. as previsões. alheios à intenção de converter selvagens alimentada por padre Antônio de Morais. Eram caboclos legítimos. Calor. Estavam prontos a partir quando S. e a levaria a efeito. era não lhes falar na missão. e poderia levar o senhor padre até lá. que nada! O padre estava decidido.. não se tratava de criançada. Temia que o padre aceitasse a proposta do jovem desesperado. e esse amor era a sua vida. um afeto forte o enchera. nunca! exclamou padre Antônio. muito tímida. Que diriam na vila se o vissem voltar da foz do Canumã sem ter avistado um só mundurucu? Pensariam que inventara a história da fuga dos canoeiros e o cachorro do Chico Fidêncio divertir-se-ia com o episódio no Democrata de Manaus. o mais magro.abrira-se a sentimentos desconhecidos. Debalde o pai. Dois rapazes de um arraial vizinho. Em seguida Macário fora levar a grata nova ao senhor vigário. e desde logo esse amor dera-lhe a convicção profunda e inabalável de que não poderia viver sem ela. a surpresa: Os tapuios haviam fugido na igarité de padre Antônio. Os viajantes encontraram uma habitação tapuia e ali pararam a fim de encontrar outros remadores. e outro João.principalmente com açúcar – mas se privava. Contratou remeiros e esperava que padre Antônio. Apalavrara dois rapazes do arraial. EEM Dona Marieta Cals – Cariré – CEEMC VEST – A fórmula certa do vestibular! . Faltava principalmente a farinha porque os malditos tapuios não perdiam ocasião de esvaziar grandes cuias de chibé. custasse o que custasse. pois João e Pedro não queriam ir até os mundurucus. Macário enlouquecera. ali ficara com os dois filhinhos. Não perderia cinco dias de viagem. fazendo consistir a sua alimentação quase exclusivamente nessa mistura refrigerante de farinha com água de que o sacristão também gostava . desde que a igarité. Seu Guilherme fora à salga no furo de Uraná. porque sabia que os tapuios bravos nunca chegariam à boca do lago. parados a alguns passos de distância por trás dum matagal que lhes encobria a parte inferior do corpo. Não era culpa dela! A não ser o marido. chuva. — Então. tudo. robustos e bem comportados. picadas de insetos. depois de terem. eram o João Pimenta e o Felisberto. 16 . por mais de uma vez vira o caldo entornado. que lhe aguçara o maquiavelismo naquelas apertadas conjunturas. que os perseguira por duas horas. e a roera de tal sorte que com um pequeno esforço Macário pudera libertar os pés. Mas o gentio lá de si para si pensou que um homem tão valente como o Macário se mostrava não devia morrer sem as habituais cerimônias selvagens. de quem se lembrou então com algum remorso de o ter abandonado sozinho. Já não poderia fugir em busca do pitoresco sítio do Urubus. avistara os dois índios de terçado em punho. era uma coisa assim esquisita o que Macário sentia por aquela criança de dezoito anos. a impressão que lhe causara fora desfavorável. esperando a cada momento ser. vendo o seu protetor e amigo. Fizera o mesmo que outro qualquer faria. mas que não teria jamais a coragem de pôr em si. Então ele. como numa vertigem assombrosa que se apoderara daquele mancebo de dezoito anos. A versão de Macário era cheia de heroísmo: Fugindo a um ubá selvagem. o esteio da religião e da moral. por uma paixão amorosa. renunciar à vida. um talento excepcional. agilidade e talento. Agora que pela terceira vez o via era frio e imóvel naquele caixão mortuário.RESUMO DE OBRAS – VESTIBULAR UEVA . sentira o apetite aguçado pelo cheiro vegetal da fibra tirada de fresco. o arrimo da sua vida. Demais. avançando para os brancos descuidados. Ah! fora só depois de atravessar o rio Mamiá. O terror dera-lhe força. Toda Silves orgulhava-se dele e do padre-mártir. um vadio que perdia o tempo palestrando na roda do Chico Fidêncio. deixar-se apanhar estupidamente por uma tísica ou coisa que o valha. apaixonado e ardente. narrando a desgraça da sua vida e falando em morrer para não suportar os tormentos da separação da sua amada. que por ali passara. Ou seria outro o motivo da demora que permitira à Providência Divina. e disposto a morrer. e num esforço desesperado e louco . vitimado por selvagens. abatido. Macário fora agarrado e amarrado a um castanheiro. tinham ido ele e o senhor vigário abrigar-se num mato cerrado.Após a fuga de Macário. Entretanto. A embira com que os índios lhe haviam amarrado os pés era muito verde. convertido em paliteiro. Mas. elegante. Macário. ajudado pela corrente favorável do Canumã. e visto com sarcasmo pelos rapazes alegres da roda do Chico Fidêncio. Ao menos o seu juramento fora cumprido! “Sim. Depois de muito sofrimento amoroso. de cortar com tanta segurança a corda que prendia a montaria à terra. Conseguira livrar depois as mãos. avô do moço. Conta sua versão dos fatos.2013. elegante e frívolo. audacioso e terno ao mesmo tempo na sua rigidez cadavérica. era por demais inexplicável”. elogiava a missão da Mundurucânia. que já o medo lhe não podia obscurecer o juízo. se dirigiam para ele. só porque o papai não consentiu no casamento com uma matutinha do Urubus. até então humilhado. Eram moradores do furo da Sapucaia. que ali se achavam. Era um pelintra. Mal se tinham julgado a salvo dos índios do ubá. ao partirem aqueles selvagens levando o corpo de padre Antônio. Quando o vira pela primeira vez no baile do casamento do irmão. Uma cutia. cortando o mato que lhes impedia a passagem. que Macário se julgara livre dos malditos índios. o que ocorrera ao padre Antônio? Na verdade os tais índios não eram selvagens. o narrador volta a Silves. impelindo-a para o largo com tão extraordinária força. enchia de pasmo e confusão o espírito de Macário.1 PÁG. efetuada em tão poucos meses. que atravessa do Sucundari para o Mamiá até o rio Abacaxis. Logo ao primeiro golpe os parintintins atiraram ao chão o ardente missionário que se preparava para lhes fazer um discurso evangélico. pertencendo a uma boa família. ao que se dizia. não se acreditaria capaz de galgar em tão pouco tempo o espaço que o separava do porto. levando em charola o corpo do missionário para lhe servir de prato de resistência nos seus horríveis festins noturnos. Macário fora tratado como herói. sentado à margem do rio sobre um tronco verde. sob uma nuvem de flechas. Mas ainda agora. e que tão vivos e salientes deixara os traços do seu caráter. perdera a noção do número e da força. e ali estava são e salvo. naturalmente para dar caça aos mundurucus do ubá. Macário escapara aos mundurucus.confessava-o investira com os selvagens. Francamente não o compreendia. pelas flechas dos parintintins. O sacristão ficara por muitas horas atado ao castanheiro. vingando o companheiro. Até o Chico Prudêncio voltara a frequentar a igreja. numa terrível porfia de remos. Sebastião. E aquela transformação rápida. Desde então. Depois o vira pálido. certo de que não cairia noutra. umas coisas elegantes e novas. Macário assegura que padre Antônio morrera. e começara a alimentar a doce convicção de que se poderia salvar escorreito e são daquela insensata empresa de padre Antônio. e trataram de os apanhar numa cilada. era bonito moço e só vestia roupas feitas no Pará. E Macário. deixara de ser tuxaua duma tribo de mundurucus para batizar-se e vir a ser camarada do EEM Dona Marieta Cals – Cariré – CEEMC VEST – A fórmula certa do vestibular! . esquecendo o pobre prisioneiro branco. avistaram os mundurucus do ubá. onde solitária e triste gemia a sua adorada Emília. a modo que de propósito. realizar em favor do sacristão de Silves um grande e verdadeiro milagre. que Macário admirava. o jovem Totônio morre: “Pobre Totônio! Inutilmente lhe prendiam os pés. e ali viviam desde que o velho. Morrer pelo amor duma mulher! E morrer amado! Moço. com um raio de loucura no olhar. de saltar para dentro dela com tamanha agilidade. armado de remo. esperando que os gentios lhes perdessem a pista. Depois os índios retiraram-se muito alegres para o interior da floresta. embirrava solenemente com aquelas elegâncias. Mas ao que lhe parecera. com grande barulho de mato derribado! Oh! nunca pensara o sacristão de Silves ter tão boas pernas para correr! Se lho tivessem dito antes. foram agredidos por um bando de parintintins. e correra para o porto. como S. sem recursos para fugir ou defender-se da sanha dos tapuias. a rogo de Nossa Senhora do Carmo e do Senhor S. esfregando com força a embira na aresta duma pedra grande que ali estava. o sacristão reconhecia que aquele remorso não tinha razão de ser. roubada à vida. instruído. de quem para sempre o separava agora a terrível fatalidade da morte. banhado em sangue. devorado pela lava incandescente duma paixão súbita e mortal. Macário. Os dois tapuios que de terçado em punho. principalmente quando. as roupas em desalinho. cuidadosamente engomadas pela Clarinha. entre as paredes que haviam testemunhado os amores sacrílegos do defunto padre santo. fisionomia de selvagem mal iniciado na civilização. um ser independente e autônomo tomara a tarefa de o rebaixar a um tal animalismo?” “Consumia-se em ardores estéreis. estando a sós na mata com a neta de João Pimenta. Clarinha. (p. enjoado do cheiro a flor de castanheiro que o seu corpo exalava. A batina e o solidéu iam-lhe admiravelmente. A mãe. nas formas excitantes da mameluca. a fisionomia jovem e simpática. pois que o padre santo morrera. 17 . tanto o avô quanto o irmão da jovem parecem querer deixálos sempre a sós. provocadora. o olhar demoníaco. como devem ter todas as mulheres que o demônio excita a tentar os servos de Deus. visivelmente enganador. aparados em ponta. A neta de João Pimenta caiu exausta sobre o tapete de folhas úmidas do orvalho. o insuportável tagarela que com a sua verbiagem tola concorria para aturdi-lo. Assim pensara a princípio o padre. ajoelhara-se. os taperebás e mangueiras do terreiro. de face enrugada. silencioso. “Foram noites dum sofrer sem fim! A castidade guardada por muito tempo no meio. os lábios rubros. irritava-lhe os nervos doentes. quase impudente. que se apoderara do seu coração. por sua vez. com o seu arzinho ingênuo. a neta de João Pimenta. a regularidade das feições. Aquela mameluca incomodava-o. A sua jovem imaginação de matutinha de quinze anos não estava longe de o supor um Anjo do Senhor. olhos pretos e belíssimos dentes. a sua beleza. com o cérebro despedaçado por um turbilhão de sentimentos contrários. a solidão e o atavismo herdado do pai vão-no impelindo para a mestiça. que tinha um aspecto agradável. bem caiada e limpa.1 PÁG. longe do mundo.RESUMO DE OBRAS – VESTIBULAR UEVA . indo e vindo pelo quarto. A princípio. e saíamlhe do corpo tão limpas como as havia vestido. o repouso absoluto a que o forçavam. impressionavam a neta de João Pimenta. com o seu pisar firme de moça do campo. era moço. os olhos lânguidos de crioula derretida. vivia agora amasiado com a jovem Clarinha. de pé sobre o tronco de palmeira que servia de ponte ao bem tratado porto. que.217) A partir desse dia o padre Antônio desistiu da ideia de converter os mundurucus. ou pelo menos. Afinal foram ter ao sítio de João Pimenta. enchendo os olhos das suas formas voluptuosas e do seu sorriso meigo. havia já tempo bastante para estar fedendo de velho lá no céu. Ele tenta fugir daquela situação que ele pressentia perigosa. o que lhe dava um vago ar canino. EEM Dona Marieta Cals – Cariré – CEEMC VEST – A fórmula certa do vestibular! .2013. lembrava-lhe aquele trecho de epiderme acetinada e colorida. eram substituídas todos os dias. atirou-se à moça. antevendo a morte próxima. uma entrega de frutas que deveria ser feita sem atraso. estampada numa larga face achatada. falando meigamente. se beleza tinha. Mas. porque o Felisberto não entrava em linha de conta. de quinze a dezesseis anos de idade.” “O sonho da carne nua. sem vida. excitariam o seu temperamento sensual. sobretudo. era um sacrifício superior às suas forças. o santo padre João. Andavam naquela ocasião a colher guaraná e castanhas por sua conta. ou um agente estranho. O seu porte elevado. cheios de ternura. numa ânsia louca de apertar nos braços um corpo fremente de mulher bonita. Entretanto o João Pimenta. Numa manhã. saindo de uma luta suprema. e a lembrança o mergulhava na mais áspera sensualidade. muito menos trigueiro do que o velho. sempre aquele vulto de mulher. Viver naquela casa. O que temia. Não lhe parecia formosa. com um frio mortal no coração. e. também está encantada com o visitante. não o atraía. Era uma mameluca. agarrado aos punhos da rede. os cabelos recendentes do cheiro afrodisíaco das mulatas paraenses. Ademais. cabelos pretos e corredios. aborrecido. saber-se ali sozinho com ela. com ar de lamentação disse que tinha uma viagem já marcada. vendo todos os dias a admirável criatura. douradas pelo sol. Só alguns dias depois é que os acontecimentos lhe vieram à mente. nariz grosso. achava-a petulante demais. na mais completa liberdade. logo à chegada padre Antônio de Morais vira a Clarinha.vigário de Maués. contemplando aquele delicioso sítio. Entre os ramos dos cacaueiros os passarinhos sensuais cantavam.” “A ausência lhe recordava as formas voluptuosas. Tirara a batina.” Sentia-se vencido. tanto quanto podia julgar olhando-a por baixo das pálpebras. E daí em diante. Lembrava-se de que ao ver os supostos selvagens anunciados por Macário. raro dote no Amazonas. tão desagradável que padre Antônio sentiu uma necessidade imperiosa de não se demorar nesta recordação. porque jamais fitara de frente a uma mulher qualquer. Benedita Pimenta. criado ao pleno ar. naturalmente apreendida nas cidades em que bebera a instrução que o sagrara superior aos outros homens. as camisas brancas e finas do finado colega. João Pimenta era velho. uma fisionomia petulante e decididamente desagradável. narinas e beiços furtados. Padre Antônio cada vez mais sente interesse em saber algo sobre a mameluca. Fora ali. Foi breve a luta. e tinha alucinações cruéis. O hóspede tinha hábitos duma elegância desconhecida. cansado. com a casa de palha. e desfalecia por fim. palpitante à luz do sol. enquanto o sacristão fugia. aconteceu: Então ele. robustecendo os instintos egoísticos do matuto. e com uma solicitude incômoda. a voz doce e arrastada. entrevisto ao chegar. a melancolia profunda de que eram repassadas todas as palavras que dizia. cuidadosa. nos dias seguintes. padre Antônio não pode conter-se. indignado. Exige dos mestiços que o levem até a mundurucânia. O outro. o Felisberto. e os seus olhos negros e aveludados. parecendo mais a casa de vivenda dum cacaulista abastado da beira do Amazonas do que a propriedade dum pobre selvagem meio civilizado dos remotos sertões de Guaranatuba. livre de olhares invejosos e importunos. padre Antônio achou-se na casa daqueles mestiços sem nada lembrar. em que sobressaía principalmente a estupidez. tivera um romance com o padre João da Mata e dessa união ela viera. O regime dietético que seguira. agarrou-a pela cintura e mordeu-lhe o lábio inferior numa carícia brutal. a repressão da sexualidade na adolescência. Antônio de Morais apavorou-se temendo o escândalo da revelação acerca da vida que levava. onde a sua voz de barítono brilhante. O imperador não podia perder de vista o missionário que sacrificara vida. também o Felisberto poderia figurar como mestiço convertido.. sob a ótica Naturalista e Determinista. o Felisberto no Paraná-mirim. dando-lhe o antegosto duma infinidade de prazeres. acomodando-o à nova situação. lhe obteria facilmente uma prebenda inteira no cabide da Sé de Belém. (p. agora ex-coletor de Silves que o reconhece e mostra o jornal onde se narra a aventura de sua expedição missionária. na capital. o professor alguns maledicentes e intrigantes. viu-se na boca do Chico Fidêncio. no Pará. sabia que não o faria. que no zelo missionário. em Silves ele era considerado um mártir. Introduz. Ali. apreciador do mérito dos seus padres. parecia refletir-se a imagem dum esplêndido futuro. Era em Belém. veio tirar-lhe desse alheamento. A decisão de aventurar-se entre os índios selvagens fundamenta-se mais no desejo de glória. o coletor. visto pela lente da ambição que o exaltava nas grandezas e dignidades da Igreja. As recompensas não tardariam. labore para que ela nem chegue a se realizar. Felisberto não contara nada. ecoando nas abóbadas severas do majestoso templo. parou no porto de Tucunduva e lá encontrou o capitão Fonseca. Cala-se até o fim ante as desmedidas ofensas do famigerado padre José. pela vida fácil. o autor faz um longo retrospecto da vida do Padre Antônio Morais. Inicialmente. se revelava naquela conjuntura da vida. Considerou que Felisberto o tinha denunciado. BELÉM.2013. tudo aceita ou finge aceitar para manter sua cômoda posição na sacristia de Silves. o reitor do Seminário. o autor. 18 . o seminário. e rompeu num choro convulso de criança contrariada. o sacristão. Toda a fraqueza de caráter que o sangue materno lhe transmitira. Aventurando-se pelos rios e florestas da Amazônia. de sons e de objetos estranhos. Contou que o sacristão estava vivo e que todos acreditavam que padre Antônio estava morto. Na viagem de volta. Na verdade. Antes de tudo. o seu contentamento aumentou. em surdina. (p. com sua atmosfera parada e sensual e seus tipos característicos: o farmacêutico. O passado ficaria sepultado para sempre no esquecimento. Mas estava errado. D. salvo das agruras da vida pela caridade da igreja. o livrepensador. repassando a infância. Antônio. Padre Antônio de Morais era célebre em Belém. Antônio de Morais. que se falava dele. a sua alma se balançava hesitante. e que lhe deixara uma impressão confusa de luzes. Padre Antônio sabendo-se herói em Silves queria voltar antes que o bispo nomeasse outro padre para substituí-lo. Entre o presente. ainda à maneira dos naturalistas. lendo e relendo o famoso artigo. o sacristão. instigado pelo relaxamento dos costumes e pelo sensualismo da mameluca Clarinha. que acabam por vencer a frágil resistência do Pe. Resolveu partir. cômodos e saúde ao serviço da propaganda católica. Para explicar a queda final. o padre Azevedo estariam. clara e movediça do rio. talvez. arquejante. a seguir. A sorte de padre Antônio de Morais seria mais brilhante do que lha podia fazer a benevolência do bispo justiceiro. e o futuro. a severa disciplina. de maneira a dar-lhe corpo e vida. na grande cidade. Levaria Clarinha e a esconderia num lugarejo próximo onde pudesse visitá-la com frequência. o propósito de demonstrar os condicionamentos biológicos. a perder-se intérmina no horizonte. cobriu o rosto com os lençóis. o bispo justiceiro. Embora houvesse feito promessas de vir buscar a moça. com seu pretenso maquiavelismo (que ele pronuncia macavelismo) configura-se como o homem livre e pobre que. atirou-se à cama. apavorando com EEM Dona Marieta Cals – Cariré – CEEMC VEST – A fórmula certa do vestibular! . porém.Um acontecimento. o sensualismo da paisagem põem à prova os votos de castidade. A folha estava datada de Belém. Quando a personagem retorna a Silves. entre os quais se destacavam as mulatas de camisa de rendas impregnada de trevo e pipirioca. em que ofuscavam a fantasia as cintilações diamantinas da mitra episcopal numa diocese do sul. despertaria emoções fortes e provocaria expansões de sentimento religioso nas solenidades aparatosas do culto católico. pior.. extrai a moralidade dos fatos. É incapaz de recusar-se a acompanhar o padre Antônio Morais em sua missão à mundurucânia. Estrava decidido – Voltaria para Silves. sem saber o que fazia. embora. Não sacrificaria seu futuro brilhante por uma mestiça. confinado à mediocridade da vida provinciana. O velho João Pimenta era como se fosse mudo. na confiança depositada na própria inteligência. transportados de admiração e cheios de enternecimento. sociais e circunstanciais. O Felisberto trouxera notícias de Silves. É um romance de tese. saber e ilustração adquirida à custa de tantos esforços. na grande cidade comercial que é o empório da riqueza e civilização do Amazonas onde se resume toda a vida intelectual das duas províncias gêmeas. Em O Missionário. sugere o esquema e as etapas do processo narrativo. que cede. falava-se nele àquela hora do dia.1 PÁG.248) ASPECTOS RELEVANTES DA OBRA O Missionário nasceu do desenvolvimento do conto O Sofisma do Vigário. o autor descreve minuciosamente a localidade de Silves. De fato. Nas auras sopradas do mar lhe vinham os perfumes acres da cidade que entrevira uma vez ao cair da tarde. representado pelo amor da neta do João Pimenta.RESUMO DE OBRAS – VESTIBULAR UEVA . que se sente inútil..244) A Clarinha ficara no Tucunduva. Lendo o nome da capital do Pará. O Filipe do Ver-o-peso. que tanto satisfazia o seu temperamento de matuto grosseiro e preguiçoso. 20 DE DEZEMBRO DE 18. perfumes fortes que lhe excitavam o temperamento sensual. viu-se nas páginas do Diário do Grão-Pará. Macário. propondo o conflito entre a vocação sacerdotal e o instinto sexual. Outro aspecto importante é a caracterização dos personagens secundários. o convívio íntimo com a família de mamelucos. Pálido. cheia de gozos e de inação. até em Belém já se sabia do heroísmo do padre.. o idealismo místico e as controvérsias teológicas do Padre Antônio Morais. Ao mesmo tempo na toalha larga. em 1876. prudentemente se cala. entre 1876 e 1893. Na sessão de 28 de janeiro de 1897 foi nomeado tesoureiro da recém-criada Academia de Letras. as tarefas de subsistência. Desenvolvido como dissertação de mestrado em Antropologia. perfeito representante no modus vivendi romântico. as manifestações folclóricas. a realidade nua e crua". professor. Chico Fidêncio é o contraditório e retórico (semi) intelectual da vila. Diplomou-se em Direito pela Faculdade de São Paulo. Nesse ano publicou dois romances.). centrando fogo sobre a vida dos vigários do local. entristece até a morte. pois revela dados e minúcias que são de inestimáveis valia para uma leitura socioantropológica da literatura". Em 1891. ninguém queria ver isso. A política desandou para o seu lado e o capitão Fonseca viu-se reduzido a ‘regatão’. a Revista Nacional.2013. capitão Manuel Mendes da Fonseca sobressai também entre as demais personagens por causa de seu ‘caso’ exemplar: Indo passar o São João nas praias com a esposa. afastando-se do mecanismo teórico do Naturalismo. enumera o pesquisador Mauro Vianna Barreto. Ambientados em pequenas e desconhecidas cidades da Amazônia. jornalista e professor de Direito Comercial e Marítimo na Faculdade Livre de Ciências Jurídicas e Sociais. a sociabilidade. Essa descrição nua e crua da realidade. que. Com isso Inglês de Sousa compõe um mosaico das estruturas sociais vigentes na região focalizada. Com Antônio Carlos Ribeiro de Andrade e Silva publicou. "Inglês de Sousa é uma fonte preciosa de informações a respeito da vida social em seu tempo. se suas críticas à população em geral ameaçam trazer-lhe mais inimigos dom que admiradores. "A todo instante há passagens pormenorizadas do modo de vida amazônico oitocentista: os costumes. que tem como patrono Manuel Antônio de Almeida. as particularidades do linguajar regional. Loucamente apaixonado pela Milu e como o pai não concordasse com o namoro. cujos habitantes espanta e agita com sua pena embebida em teorias libertárias e maledicências. filho de Bernardino Santana. Compareceu às sessões preparatórias da criação da Academia Brasileira de Letras.uma leitura socioantropológica da obra literária de Inglês de Souza. RJ. O cacaulista e História de um pescador. em que o narrador prefere apontar situações ao invés de analisá-las discursivamente. nasceu em Óbidos. na coletoria.1 PÁG. em 1877. em edição custeada pelo autor. Foi presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros. o lazer. Outro personagem interessante é o Totônio Bernardino. contista e romancista. um dos momentos mais brilhantes de O Coronel Sangrado. revela influência de Zola. NOTA IMPORTANTE: Os mundurucus são um grupo indígena que habita o sudoeste do estado brasileiro do Pará. deixa em seu lugar. em que prevalece a observação sobre a interpretação. O Missionário. 28. aos quais se seguiram mais dois. os preconceitos raciais. em 6 de setembro de 1918. como. PA. ou antes troca o alvo. a rotina doméstica. descreve com fidelidade a EEM Dona Marieta Cals – Cariré – CEEMC VEST – A fórmula certa do vestibular! . em 28 de dezembro de 1853. levando ao extremo os princípios da escola de Émile Zola. O Realismo de Inglês de Sousa se distingue não tanto pela descrição do ambiente natural. "O pessoal lia Iracema. as crenças e práticas religiosas. como nos romances clássicos do Naturalismo. os romances de Inglês de Sousa não despertaram a atenção dos leitores do Sul. publicado em 1893. as superstições e crendices populares. e faleceu no Rio de Janeiro.histórias fantásticas todos os tapuios que se oferecem para dar transporte ao missionário. Fez os primeiros estudos no Pará e no Maranhão. banqueiro. O coletor de rendas gerais e provinciais. De repente vem um cara falando sobre exploração de trabalho lá na Amazônia. é que despertou o interesse do pesquisador à obra do escritor. como advogado. publicado pela Letras a Margem. História de um Pescador (1977) e O Coronel Sangrado (1977) . por exemplo. Assim. A Moreninha. ressaltando a importância dessas informações para o estudo socioantropológico da vida na Amazônia perlustrada por Inglês de Sousa. do dia-a-dia da pequena burguesia interiorana do Pará. explica Mauro Vianna Barreto. Foi presidente das províncias de Sergipe e Espírito Santo. as festas". INGLÊS DE SOUSA E O NATURALISMO REGIONALISTA Inglês de Sousa publicou cinco livros. o José Antônio Pereira. Tornou-se conhecido com O missionário (1891). que chega a transcender o aspecto regional e revelar-se como um documento da vivência histórica de todo o país. Os três primeiros .O Cacaulista (1976). Sua carreira literária se encerraria com Contos Amazônicos. o relato de uma disputa política entre conservadores e liberais em Óbidos. Nesse romance. onde foram publicados. jornalista. intercala-se uma série de pequenas histórias. Fixou-se no Rio de Janeiro. O AUTOR Inglês de Sousa (Herculano Marcos I. nem tanto pelas ideias anticlericais (ele é irmão do santíssimo) mas por conveniência. publicaria seu livro mais conhecido. de S.foram publicados quando os meios literatos ainda eram dominados pelo Romantismo. em meio à história do padre Antônio de Morais. as relações de conflito e acomodação entre diferentes segmentos sociais. artes e letras. as regras de etiqueta. de ciências. o estudo virou o livro O Romance da Vida Amazônica . advogado. os padrões de civilidade. onde fundou a Cadeira n. todos de temática realista-naturalista. como toda sua obra. que usurpa de seu cargo e lhe toma a função denunciando furtos e prevaricações do antecessor. 19 . de conteúdo marcadamente social e crítico.RESUMO DE OBRAS – VESTIBULAR UEVA . todos publicados sob o pseudônimo Luís Dolzani. o que lhe dá maior força e confere mais vivacidade ao que narra. Porém. mas fundamentalmente pela reconstituição do modo de vida dos habitantes das margens do rio Amazonas. RESUMO DE OBRAS – VESTIBULAR UEVA . b) Século XIX – Proclamação da Independência do Brasil – I Império. principalmente para o povo.1 PÁG. dissera-lhe que Silves era uma boa terra. porque as expunha com a máxima franqueza. A princípio encontrara franca hostilidade. feita num estilo terso. História de um pescador. O missionário. a todo o momento em qualquer ocasião. tivera certas friezas. Obras: O cacaulista. Não há propriamente um enredo. b) apresenta os defeitos e as virtudes inerentes ao Naturalismo analisando os personagens segundo o trinômio de Taine (herança. já condenado em vida às penas eternas. b) Padre João. EXERCÍCIOS 1. Pode-se afirmar que o texto em questão: a) Procura apresentar aspectos realistas do personagem referido. plástico. II e III. de uma sucessão de episódios. consegue comunicar ao leitor a atmosfera sufocante em que se agitam as personagens. c) Apenas I e III. Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas III. d) Trata-se de Francisco Fidêncio Nunes.A prosa realista foi marcada pelo destaque do elemento psicológico no registro do tipo brasileiro do fim do Império. cujo fio condutor é a memória do personagemnarrador. c) Padre Antônio d) Padre Francisco Prudêncio 8. romance (1876).O Positivismo.2013. o Determinismo. 7. para melhor análise de seu comportamento ao longo da narrativa. jovem rebelde. Sobre o romance “O MISSIONÁRIO” são corretas todas as afirmações. exceto: a) Fortemente influenciado por Zola e Eça de Queirós. vigoroso. (FUND. b) Defende a natureza e a vida pastoril. de forma que a narrativa apresenta aspectos atemporais. O romance “O Missionário” é um romance naturalista de aspecto anticlerical e determinista. d) Século XVI – Unificação da Península Ibérica. c) Não há contextualização geográfica e/ou social. Parecia que temiam a infecção das heresias daquele inimigo da Igreja. c) maior preocupação com a objetividade. revelando agudo espírito de observação. principalmente das mulheres. poucos o cortejavam. Silves não pertencia ao Pará. a exploração do homem pelo próprio homem. TEXTO PARA AS QUESTÕES 2 E 3 Enfim. 2. romance (1877). romance (1891). e oferecera-lhe uma carta de recomendação para o seu correspondente Costa e Silva. e) Corretas I. e aqui soubera granjear muita consideração. O Missionário é um romance: a) regionalista b) urbano c) de tempo psicológico. fidelidade a cenas regionais. Ninguém lhe dera discípulos. 9. MACHADO SOBRINHO) Considere as afirmações abaixo sobre a reação antirromântica no Brasil: I . d) Apenas II e III. um português excepcional. O coronel sangrado. seu entrecho assemelha-se ao de duas obras desses escritores: O Crime do Padre Amara e La Faute de l'Abbé Mouret. ou seja. que o achavam antipático e desagradável. é correto afirmar que: a) Estabelece relações entre fatores biológicos e sociológicos e a conduta das personagens. momento). o sacristão de Silves. O contexto histórico em que a obra se passa é: a) século XVIII – Revolução Francesa. d) histórico EEM Dona Marieta Cals – Cariré – CEEMC VEST – A fórmula certa do vestibular! . O texto relata a época em que ele chegou a Silves. d) A descrição da paisagem amazônica. 5. que elas nunca haviam de conhecer! Depois embirraram com as suas ideias antirreligiosas. Contos amazônicos (1893). EDUC. romance (1876). ambiente. III . b) exacerbação ultrarromântica. Até o próprio Costa e Silva. professor de latim e inimigo natural dos padres que escrevia crônicas para o jornal Democrata de Manaus. O seu amigo Filipe do Ver-o-peso. assumindo uma fina ironia quando focaliza questões como o casamento. amor à natureza. O realismo foi um movimento de: a) volta ao passado. porque era católico. sem resguardo das conveniências devidas às pessoas e aos lugares. o Darwinismo são ideias científico-filosóficas que fundamentam o pensamento da época. voltado para o pensamento byroniano.vida numa pequena cidade do Pará. analisando o personagem de forma idealizada. pode-se afirmar que: a) Trata-se de Macário. português radicado no Pará. Escreveu diversas obras jurídicas e colaborou na imprensa de São Paulo e do Rio de Janeiro. (UBC) – Sobre o Naturalismo. não tinha professor que prestasse. e) moralismo. 4. nenhuma família lhe oferecera a casa. c) Analisa o homem sob o ponto de vista psicológico. Viera para tentar fortuna. 20 . d) irracionalismo. as lambisgoias! Como se ele não fosse da corte do Rio de Janeiro. 6. achava a religião necessária. b) Tem caráter subjetivo. Machado acentua a crítica à sociedade da época. mais conhecido como Felipe do Ver-o-Peso. cujas ideias chocavam a população silvense. posto estivesse arrochado pela carta do Filipe do Ver-o-peso. Assinale a alternativa que contem o nome do personagem central da narrativa: a) Padre José. c) Refere-se a Felipe Queirós.Nos romances escritos após 1880. adultério. II . c) Século XIX – Segundo Império. c) O romance estrutura-se através de “manchas de recordação”. d) Descreve a natureza como refúgio do poeta. b) Trata-se de Totônio. graças à sua incontestável inteligência e aos conhecimentos que obtivera na sua acidentada existência. exuberante e exótica. d) A opinião de Costa e Silva antecipa para o leitor a religiosidade por conveniência que caracteriza a vila de Silves. Sobre o personagem a que se refere o texto. 3. RESUMO DE OBRAS – VESTIBULAR UEVA . as tentativas de submeter o Homem a leis determinadas são consequências das ciências. III. na sua obra. Os representantes do Naturalismo fazem aparecer. II. passando a encará-lo como um complexo social examinando à luz da psicologia. os naturalistas demonstram especial aversão pelo anormal e pelo patológico. No Naturalismo. dimensões metafísica do homem. na segunda metade do século XIX. Na seleção de "casos" a serem enfocados.1 PÁG.2013. Pode-se dizer corretamente que: a) nenhuma está certa b) existem duas certas c) só a I está certa d) só a II está certa e) só a III está certa EEM Dona Marieta Cals – Cariré – CEEMC VEST – A fórmula certa do vestibular! . 21 .10. Examine as frases abaixo: I. RESUMO DE OBRAS TRISTE FIM DE POLICARPO QUARESMA – LIMA BARRETO (1915) EEM Dona Marieta Cals – Cariré – CEEMC VEST – A fórmula certa do vestibular! – RESUMO DE OBRAS – VESTIBULAR UEVA .2013.1 PÁG. 22 . é o de que não podemos dominar um idioma que não é nosso e que. o livro se desdobra no sofrimento patético do major Quaresma. vemos Quaresma refugiar-se num sítio que compra. obra mais famosa de Lima Barreto. denunciando os desmandos de poder e a ociosidade militar. portanto. brincadeira que consistia na dança com dez crianças. Triste Fim de Policarpo Quaresma. desnudando o tiranete grotesco em que se convertera o "Marechal de Ferro". General Albernaz com algum folguedo popular. 23 . Na filosofia do protagonista. o seresteiro do subúrbio. tudo procurando despertar o riso no leitor que. Quaresma larga seus projetos agrícolas ao saber que estava ocorrendo a Revolta da Armada. apavorado com a descaracterização da cultura e da sociedade brasileira. tanto que o protagonista. não percebe que escreve um ofício em tupi. a sua personalidade moral. O clímax da falta de senso de ridículo do protagonista foi ter mandado à Câmara um requerimento. Quaresma é um tipo rico em manifestações inusitadas: seus requerimentos pedindo o tupi-guarani como língua oficial. Quando o documento chega aos superiores.Retrata o burocrata exemplar. incompreendido e martirizado. Até o seu jardim só possui plantas nativas. Terceira parte . vai identificando os interesses pessoais que movem as pessoas. Publicado inicialmente em folhetins do Jornal do Comércio entre agosto e outubro de 1911 e depois em livro em 1916. que de algum modo fizesse crer aos algozes que eles tinham de matá-lo”. acabou tendo um “tangolomango”. caricaturizando o nacionalismo ingênuo. suas pesquisas folclóricas. no final. da realidade. era tocada com esse instrumento. paladino da justiça. expressando na sua ingenuidade a doçura e o calor humano do homem do povo. Um chega a dizer que Quaresma estava errado ao querer impor aos outros uma língua que nem ele próprio. dominava. sua pátria só seria grande quando a autoridade fosse respeitada. em Curuzu. condensa em si muitas das características que consagraram seu autor como o melhor de seu tempo. Outro personagem que merece especial atenção é Ricardo Coração dos Outros. não respeita a nossa realidade. em sua perfeição.2013. Sua casa é repleta de livros que se refiram à nossa nação. dedicada à Agricultura Brasileira. mas já apresenta uma linguagem nova. mas apenas isso. Estrutura da obra A obra divide-se em três partes. Esta parte está ligada à Cultura Brasileira. interessado pelas coisas do Brasil: a música. visionário. Nesta parte. descreve a vida política do Brasil após a Proclamação da República. fanatizante e xenófobo do Major Policarpo Quaresma. Motivado pela Revolta da Armada. por falta de ar. distancia-se. sem a mácula de um empenho. pois é ridículo imaginar que uma língua seja mudada por decreto). mais arejada em relação ao momento anterior. COMENTÁRIO CRÍTICO-LITERÁRIO: A obra focaliza fatos históricos e políticos ocorridos durante a fase de instalação da república. aos poucos. patriota e nacionalista extremado. já que descobre que a modinha. portanto. Ideias bastante interessantes. conforme anteriormente apontado). Descobre as adversidades encontradas na agricultura e o total abandono do homem no campo pelas autoridades competentes. autor do requerimento. Lima Barreto encaixa-se no PréModernismo (1902-22). a estudar tudo o que se refere a agricultura. Por aí já se tem uma idéia da ironia do autor. que enriquece a narrativa em que se mostra a paixão pela cidade. A primeira está em estudar o folclore do Brasil para incrementar uma festa de seu vizinho. como se dizia na época. O que come e bebe é tipicamente brasileiro. Mais uma vez. presencia sua morte solitária e triste: “Com tal gente era melhor tê-lo deixado morrer só e heroicamente num ilhéu qualquer. a sua doçura. convertido numa espécie de Dom Quixote nacional. Sabe tudo sobre a geografia do nosso país. Ideia inverídica.Acentua-se a sátira política. apesar do enredo em que os efeitos cômicos estão aliados ao entusiasmo ingênuo do personagem central e ao seu inconformismo e obsessões. A agricultura que lera nos livros era um sonho. Divertido e colorido no início. idioma emprestado e por isso incentivador de inúmeras polêmicas entre nossos gramáticos (seu argumento. otimista incurável.Mostra o Major Quaresma desiludido com as incompreensões o que o fazem se retirar para o campo onde se empenha na reforma da agricultura brasileira e no combate às saúvas. pedindo para que a língua oficial do Brasil deixasse de ser o Português. quando marinheiros se rebelaram contra o presidente Floriano Peixoto. que diminuísse a injustiça de sua morte. bem como apresenta como temática. mais precisamente no governo de Floriano Peixoto (1891 . e tem por intenção provar que o solo brasileiro é o mais fértil do mundo. Duas são suas grandes ações. até que um sujeito. pois. modelada em valores europeus. deveria pegar uma a uma sucessivamente. Seus colegas de trabalham aumentam as constantes ironias que jogam sobre a ele. respeita códigos literários antigos (principalmente o Naturalismo.1894). Com forte crítica ao novo regime que se instalara no Brasil desde 1889. a consequência é nefasta: o protagonista é internado no hospício. irado. o folclore e o tupiguarani. onde conhecemos a personagem e suas manias. O romance anuncia no título o seu desfecho pouco alegre. Resultado: vira motivo de chacota até na Imprensa. Em EEM Dona Marieta Cals – Cariré – CEEMC VEST – A fórmula certa do vestibular! – RESUMO DE OBRAS – VESTIBULAR UEVA . seu jeito de receber chorando as visitas. o Brasil e seus problemas sóciopolíticos. as serenatas e os violões compondo um cenário pitoresco do Rio de Janeiro da época. Quaresma apoia Floriano Peixoto e. O problema é que Quaresma empolgou-se tanto com a brincadeira que terminou passando mal. Segunda parte . nesse aspecto. Dedica-se. Assim. os bairros distantes.Tema do romance: O romance narrado em terceira pessoa. Primeira parte . ou.2 PÁG. pois era associado a malandros – com Ricardo Coração dos Outros. com uma máscara. No seu lugar propõe o tupi. Descobre então o Tangolomango. mas levando para o túmulo inteiramente intacto o seu orgulho. Chega a estudar violão – instrumento de má fama na época. estilo tipicamente brasileiro. No livro. Primeiro. para alterá-la teríamos de pedir licença a eles. pois foi visto como uma traição. Enfim. recebe a visita de Ricardo Coração dos Outros e da afilhada Olga. onde exerce a função de subsecretário. protetor dos grandes latifundiários do café. A ideia de tirar da fértil terra brasileira seu sustento e felicidade anima-o. decide aprender a tocá-lo com o professor Ricardo Coração dos Outros. está decidido a trabalhar na terra. Abandonando o violão. Quaresma deixa a casa de saúde e compra o Sossego. Desse modo. o major volta-se para o maracá e a inúbia. depois de passar alguns meses no hospício. instrumentos indígenas tipicamente nacionais. o projeto agrícola de Quaresma cai por terra. na configuração dos elementos da narrativa. Esse patriotismo leva-o a valorizar o violão. a revolta é sufocada. dispensa adubos. o que acaba lhe custando a vida. Quaresma. onde trabalhará como carcereiro. como bom patriota. seu vizinho. estende sua dor à pobre população rural. um sítio no interior do Rio de Janeiro. Por causa de tal pedido. a substituição do português pelo tupi-guarani. propõe. é aposentado por invalidez. Por isso. tudo do país é superior. decide estudar algo tipicamente nacional: os costumes tupinambás. Em busca de modinhas do folclore brasileiro. descobre que passara toda a sua vida numa inutilidade. Infelizmente. tem de estar sustentada em fortes ideais de justiça. Ainda nessa esteira nacionalista. enviado ao Ministro da Guerra. Desanimado. a verdadeira língua do Brasil. siga para EEM Dona Marieta Cals – Cariré – CEEMC VEST – A fórmula certa do vestibular! – RESUMO DE OBRAS – VESTIBULAR UEVA . encontramos ora um Quaresma. já que seus ideais batem de frente com os interesses políticos e com o capital estrangeiro. Adquire vários instrumentos e livros sobre agricultura e logo aprende a manejar a enxada. os portugueses são os donos da língua e. Vicente Coleoni. alegando que o tupi. devoravam sua lavoura e reservas de milho e feijão. apaixonado pelo Brasil. nunca existira. mantendo os mesmos hábitos há trinta anos. muda-se para o campo. A Revolta da Armada . o compadre. Como Policarpo não quis compactuar com uma fraude da política local. ora um Quaresma desiludido. no Arsenal de Guerra. O terceiro. berros e descabelamentos. Em Triste Fim de Policarpo Quaresma. muita pobreza e desânimo naquela gente simples. chegando até mesmo a "amputar alguns quilômetros ao Nilo" apenas para destacar a grandiosidade do Amazonas. recobra a razão. era uma ilusão. o clientelismo hipócrita dos políticos. Recuperada do susto dos constantes tiroteios. visto como sinônimo de malandragem. Por isso. para ser perfeita. Orgulhoso da terra brasileira que. o que revela uma certa miopia dos governantes. Para ele. são recebidos no melhor estilo Tupinambá: com choros. Quaresma é transferido para a Ilha das Cobras.2013. pedindo a reparação de tal erro. que não vê todo o progresso no campo. Um ofício em tupi. pois justo o único personagem que se preocupou com o seu país foi considerado traidor. a literatura. Sem desanimar. Depois de algum tempo. É então que presencia uma cena que lhe é chocante. temos o personagem central vivendo três momentos na obra: valorizando as coisas da terra – a história. Num momento pungente. Com Adelaide e o preto Anastácio. o herói não foi interpretado adequadamente. Dona Olga. Após recuperar-se da insanidade. havendo até quem colecionasse as balas perdidas. que se aproveitaram no conflito para conseguir vantagens políticas. Genelício e Bustamante. para alistarse nas tropas de defesa do regime. era necessária uma nova administração. Para ele. escreve uma carta para o presidente. Percebe que a pátria. em casa ou na repartição. volta para a Capital. No final. o folclore. parte da população chega a ver tudo como um festival. lê tudo sobre o assunto. instrumento marginalizado na época. alardeado pelo padrinho. vive isolado com sua irmã Dona Adelaide. sem tomar prejuízo. diante da ingratidão do país para com seus bons objetivos. para a festa do general Albernaz. Nota. finalmente.insurreição dos marinheiros da esquadra contra o continuísmo florianista . Nesse ponto. o envolvimento na Revolta da Armada.defesa desse ideal. entusiasmado. foi a voracidade dos imbatíveis exércitos de saúvas. Quaresma acorda. com grande decepção. saíram-se vitoriosos.faz com que Quaresma abandone a batalha campestre e. Indignado.2 PÁG. notamos a presença predominante da ironia e as impertinências contidas na figura central do romance. passa a ser multado indevidamente. ferozmente. escárnio e ironia. Há nesse ponto uma ironia. e a afilhada. por engano. lamentando o abandono de terras improdutivas e a falta de solidariedade do governo. por ser a língua nativa brasileira proporcionaria melhor adaptação ao nosso aparelho fonador. enquanto outros. por que sempre lutara. Atribuindo-lhe valores nacionais. Seu fanatismo patriótico se reflete nos autores nacionais de sua vasta biblioteca e no modo de ver o Brasil. O segundo. levá-o à suspensão e como suas manias sugerem um claro desvio comportamental. Sem muitos amigos. que. é preso e condenado à morte. torna-se objeto de ridicularizarão. é conhecido por todos como major Quaresma. segundo ele. o que vemos é um personagem condenado à solidão. O interessante é notar a alienação em que a população mergulha diante de um tema tão preocupante como uma revolta. como Armando Borges. Um juiz aparece por lá e distribui (esse termo é o mais adequado mesmo) as condenações aleatoriamente. Além disso. o que faz o romance se vestir de uma profunda atualidade. amargo. a geografia. Alguns dias depois. 24 . O narrador é solidário com sua personagem pois não deixa de criticar os que zombam de Quaresma. nacionalista e patriota extremado. tal qual Dom Quixote. derrotado por três inimigos terríveis. em documento enviado ao Congresso Nacional. no sítio do sossego a frustrada busca de uma solução para o problema agrário. RESUMO DO ENREDO O funcionário público Policarpo Quaresma. sem julgamento ou qualquer outro tipo de análise. sim. tocante. que um bom número de nossas tradições e canções vinha do estrangeiro. é sempre incompreendido. de tão boa. pois acreditava que sua pátria. descobrindo. foi a deficiente estrutura agrária brasileira que lhe impede de vender uma boa safra. agrícola e militar. (UFF) Canção do exílio Minha terra tem primores. Olga. Não conheceram e julgando que era outra. porque participou da conspiração contra Floriano Peixoto. brigou por eles a vida toda e foi condenado à morte injustamente por valores que defendia. Em cismar.” ( ) “Foi assim e por isso que os homens. e) cultura. c) cultural. sua afilhada. "Minha terra tem palmeiras.” A sequência correta.) estudou a Pátria. que já o conhecia do arsenal. descreve-lhe as batalhas e fala de seu ferimento. Onde canta o Sabiá. na sua literatura e na sua política. industrial e político. o amor da Pátria tomou-o todo inteiro. e) era um louco e. à noite. c) o relato das aventuras de um nacionalista ingênuo e fanático que lidera um grupo de oposição no início da República." Minha terra tem palmeiras. (PUC) Da personagem que dá título ao romance Triste Fim de Policarpo Quaresma. é a) II – III – I c) I – II – III e) I – III – II b) III – II – I d) II – I – III 5. de cima para baixo. que dura sete meses. mecânica. ou até morrer nas trincheiras por esse homem. A morte será o triste fim de Policarpo Quaresma. TEXTOQue I tais não encontro eu cá. Minha terra tem palmeiras. chamam-na desde então de boitatá cobra de fogo. Esses projetos visam. (FUVEST) No romance Triste Fim de Policarpo Quaresma. prisão dos marinheiros insurgentes. 2. Mas continua lutando e acaba ferido. que todos morreram. Sem qu'inda aviste as palmeiras. Apesar de tanto empenho e fidelidade. Ricardo busca auxílio nas repartições e com amigos do próprio Quaresma. (. aos seguintes setores da vida nacional: a) escolar. Nossas várzeas têm mais flores. Indignado. caiu no dia 5. Mais prazer encontro eu lá. a irmã Adelaide pouco pode fazer pelo sítio do Sossego. Gonçalves Dias Onde canta o Sabiá. nas suas riquezas naturais. Uma madrugada é visitado por um emissário do governo que. Nossa vida mais amores. 4. c) defendeu os valores nacionais. boitatá. podemos afirmar que a) foi um nacionalista extremado.. tenta resolver sozinho os males sociais de seu tempo. torna-se comandante de um destacamento. não a conheceram mais. Em uma carta à Adelaide. escolhe doze prisioneiros que são levados pela escolta para fuzilamento. Quaresma é condenado à morte. porque se sentia decepcionado com a realidade brasileira. é designado carcereiro da Ilha das Enxadas. Expugnado palmo a palmo. buscando o apoio de Floriano. Nosso céu tem mais estrelas. e) a história de um nacionalista fanático que. Exemplo único emtoda a história. ao entardecer. escreve a Floriano. o nacionalismo exaltado e delirante da personagem principal motiva seu engajamento em três diferentes projetos. a Armada ainda resiste bravamente. b) uma autobiografia em que a personagem-título expõe sua insatisfação com relação a burocracia carioca. Quaresma se restabelece e. industrial. mas nada consegue.2 PÁG. não foi levado a sério pelas pessoas que o cercavam. Após quatro meses de revolta. EEM Dona Marieta Cals – Cariré – CEEMC VEST – A fórmula certa do vestibular! – RESUMO DE OBRAS – VESTIBULAR UEVA . de Lima Barreto. denunciando esse tipo de atrocidade cometida pelo governo. I. d) linguístico. aí pelos vinte anos. Não permita Deus que eu morra. que nada fazem. Diante do entusiasmo e observações oníricas do comandante. . EXERCÍCIOS 1. mas nunca estudou com afinco as coisas brasileiras. Triste Fim de Policarpo Quaresma (Lima Barreto) II. Mesmo contrariando a vontade e ambição do marido. Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá. (UNIVEST) Triste Fim de Policarpo Quaresma. Policarpo fica sabendo que o marechal havia lido seu "projeto agrícola" para a nação. muito outra. resistiu até o esgotamento completo. quando caíram os seus últimosdefensores. na sua geografia. Acaba sendo preso como traidor e conduzido à Ilha das Cobras. Diante da indiferença de Floriano para com seu "projeto". à noite Mais prazer encontro eu lá. b) linguístico. que já demonstra sinais de completo abandono. quando pela primeira vez viram a boiguaçu tão demudada. Sem que eu volte para lá. onde estuda artilharia. o Presidente simplesmente responde: "Você Quaresma é um visionário".2013. e militar. na precisão integral do termo. d) um livro de memórias em que o personagemtítulo.. Alistando-se na frente de combate em defesa do Marechal Floriano. d) foi considerado traidor da pátria. político e militar. Em cismar . balística. b) perpetrou seu suicídio. sucessivamente. na sua história. Preocupado com sua situação. 25 Onde canta o Sabiá. (PUC) Associe as obras pré-modernistas (primeira coluna) aos respectivos fragmentos a elas pertencentes (segunda coluna). agrícola e político. Durante a visita de Floriano Peixoto ao quartel. na segunda coluna. Não gorjeiam como lá. que objetivam “reformar” o país. tenta ajudá-lo. sozinho. a boitatá!” ( ) “Desde moço. aleatoriamente. através de um artifício narrativo. sozinha. por isso. Quaresma questiona-se se vale a pena deixar o sossego de casa e se arriscar. Enquanto isso. ao fim da revolta. Lendas do Sul (Simões Lopes Neto) ( ) “Canudos não se rendeu. Os Sertões (Euclides da Cunha) III. pois temem por seus empregos. Contudo.sozinho. conta as atribulações de sua vida até a hora da morte. 3. Onde canta o Sabiá. As aves que aqui gorjeiam. é a) a narrativa da vida e morte de um funcionário humilde conformado com a realidade social do seu tempo. Nossos bosques têm mais vida. quixotescamente.o Rio de Janeiro. " e) "Policarpo era patriota.... na sua história... o amor da pátria tomou-o todo inteiro. que nos rebaixa. reunido.. Quaresma era antes de tudo brasileiro. com pleno conhecimento de causa...nacionalismo ..) O que há em mim. meu Deus? Loucura? Quem sabe lá? (.. e) se todas estiverem corretas. Triste fim de Policarpo EEM Dona Marieta Cals – Cariré – CEEMC VEST – A fórmula certa do vestibular! – RESUMO DE OBRAS – VESTIBULAR UEVA ...tragédia Assinale: a) se apenas I estiver correta. Não tinha predileção por esta ou aquela parte de seu país." d) "A pátria que quisera ter era um mito. (PUC) O autor de Triste Fim de Policarpo Quaresma é um pré-modernista e aborda em seus romances a vida simples dos pobres e dos mestiços.. as medidas progressivas..." Impossibilitado de evoluir-se sob os dourados do Exército.." b) "E o que não deixara de ver. ele não provara... não eram o ouro e os diamantes de Minas. Durante os lazeres burocráticos. Reveste seu texto com a linguagem descontraída dos menos privilegiados socialmente.. não era o café de São Paulo... (. na sua geografia. ao fantástico... mas não maldisse a Pátria. Defendia com azedume e paixão a proeminência do Amazonas sobre todos os demais rios do mundo. aquele requerimento. em várias dependências dele. uma simples distração.Lima Barreto . pude ter uma concepção mecânica.. uma idéia de velho sem conseqüência. Lima. (MACKENZIE) Considere as seguintes associações: I . coisa que acontece a cada passo. vegetais e animais.. ele não vira.. não se sente quando começa e quase nunca acaba. (. sofreu.. ele se fez conservador e continuou mais do que nunca a amar a "terra que o viu nascer. não amara – todo esse lado da existência que parece fugir um pouco à sua tristeza necessária.. nem a moral.. E enfim? A loucura declarada. há mistério e eu creio nele.. na sua literatura e na sua política..... nem a política que julgava existir.indianismo Romantismo .. procurou a administração e dos seus ramos escolheu o militar. não se tem absolutamente uma impressão geral dela. nas suas riquezas naturais. ele não provara.. como fora? A princípio.. Desde moço. BARRETO. no fim do homem e do mundo... Não brincara.) para depois então apontar os remédios. a torva e irônica loucura que nos tira a nossa alma e põe uma outra.. 10.. havia.2013. Para isso ia até ao crime de amputar alguns quilômetros ao Nilo e era com este rival do "seu" rio que ele mais implicava. Quaresma sabia as espécies de minerais.. rígida do Universo e de nós mesmos..José de Alencar .) Eu sou dado ao maravilhoso. Logo aos dezoito anos quis fazer-se militar.... Diário do hospício) E essa mudança não começa.crônica biográfica III . ou melhor: o que o patriotismo o fez pensar. Com o seu padrinho.. b) se nenhuma estiver correta. (Lima Barreto. ele não vira... Nem a física. ao hipersensível. fundido... as guerras holandesas... mas estudou a Pátria. o que Quaresma pensou. mas que era aquilo? Um capricho..... calmo e delicado.. O autor descrito acima é: a) Euclides da Cunha d) Lima Barreto b) Graça Aranha Ramos c) Manuel Bandeira e) Graciliano 9.. p.. nunca. (UFF) No final do romance Triste fim de Policarpo Quaresma.TEXTO II Errava quem quisesse encontrar nele qualquer regionalismo. aquele ofício? Não tinha importância.. melhor... 26 .. Triste fim de Policarpo Quaresma. não era o estro de Gonçalves Dias ou o ímpeto de Andrade Neves – era tudo isso junto. por mais que quisesse. nem a intelectual. Estou no hospício ou. aí pelos vinte anos." 7. tanto assim que aquilo que o fazia vibrar de paixão não eram só os pampas do Sul com seu gado.. expressa no poema de Gonçalves Dias (texto I) e nas ideias de Quaresma (texto II).... não pandegara...." c) "É preconceito supor-se que todo esse lado da existência que parece fugir um pouco à sua tristeza necessária.....Realismo .Triste fim de Policarpo Quaresma . estudou. (. as nascentes e o curso de todos os rios.. o personagem Quaresma adota uma postura crítica em relação ao nacionalismo que ele adotara no texto II (questão anterior).Iracema . ele não experimentara.. Ai de quem o citasse na sua frente ! Em geral. fruir. Assinale a alternativa em que esta postura crítica aparece: a) "Nada de ambições políticas ou administrativas. 1990.. Desgostou-se. Depois. c) se apenas II e III estiverem corretas.. uma fantasia.. 17-18 A valorização do nacional. In: Três Romances. não era a altura da Paulo Afonso. na sua vida? Tudo. Rio de Janeiro: Garnier. mas a junta de saúde julgou-o incapaz..2 PÁG. dos diamantes exportados por Minas.) Que dizer da loucura? Mergulhado no meio de quase duas dezenas de loucos.. No último. não era a beleza da Guanabara. desde o dia 25 do mês passado...memorialismo Modernismo ... d) se apenas I e II estiverem corretas. (UFU) Leia e compare os textos seguintes. coisa sem importância... sob a bandeira estrelada do Cruzeiro. é uma característica presente nos seguintes períodos literários: a) Simbolismo e Modernismo b) Arcadismo e Romantismo c) Realismo e Simbolismo d) Romantismo e Modernismo e) Barroco e Arcadismo 6. sabia o valor do ouro. que o Brasil continha.. de gozar.. as batalhas do Paraguai.. o major ficava agitado e malcriado. quando se discutia a extensão do Amazonas em face da do Nilo.O Ateneu ..narrativa lírica II . O ministério era liberal. ele não experimentara..Raul Pompéia . foi um conhecimento inteiro do Brasil... (Lima Barreto. era um fantasma criado por ele no silêncio de seu gabinete. . O importante é que ele tivesse sidi feliz. que impede a demarcação exata da lucidez e da loucura. Foi? Não.. e. Gastara a sua mocidade nisso. das suas tentativas agrícolas. por isso. a sua virilidade também. como amiga de Policarpo. b) Em ambos os textos. não pandegara. B) representa o ideal de mulher com que sonha Policarpo. d) um livro de memórias em que o personagemtítulo. Que lhe importavam os rios? Eram grandes? Pois se fossem. 27 . como ela o recompensava. porque se sentia decepcionado com a realidade brasileira. como ela o condenava? Matando-o. no intuito de contribuir para a sua felicidade e prosperidade. c) o relato das aventuras de um nacionalista ingênuo e fanático que lidera um grupo de oposição no início da República. c) defendeu os valores nacionais. conta as atribulações de sua vida até a hora da morte. como ela a premiava. (UNIVEST) Triste Fim de Policarpo Quaresma. b) perpetrou seu suicídio. de gozar. 11. Em que lhe contribuiria para a felicidade saber o nome dos heróis do Brasil? Em nada.. ele não provara. ao término. EEM Dona Marieta Cals – Cariré – CEEMC VEST – A fórmula certa do vestibular! – RESUMO DE OBRAS – VESTIBULAR UEVA . que a leva à loucura. ele não experimentá-la. (PUC-RS) Triste fim de Policarpo Quaresma. não amaraa . 12.2013. E o que não deixara de ver. ele não vira.Quaresma) Assinale a alternativa correta: a) Sem a experiência pessoal de Lima Barreto sobre a loucura. d) foi considerado traidor da pátria. misteriosa. e) era um louco e. o autor não teria elementos suficientes para compor sua personagem nem para refletir sobre o tema. c) Seguindo padrões estabelecidos. para que Policarpo realize seu sonho. (PUC-SP) "Iria morrer. Lima Barreto faz uma exaltação dela. de fruir. não foi levado a sério pelas pessoas que o cercavam. como vilã. D) idealiza a vida brasileira e acompanha Policarpo em suas ideias de transformar o País. por amá-la e querê-la muito bem. Desde dezoito anos que o tal patriotismo lhe absorvia e por ele fizera a tolice de estudar inutilidades. Neste romance. de Lima Barreto. quem sabe naquela noite mesmo? E que tinha ele feito de sua vida? Nada.2 PÁG. na sua vida? Tudo. trata do drama de um velho aposentado que se propõe a salvar o Brasil de suas mazelas sociais. Da personagem que dá título ao romance. a figura feminina A) vive uma relação amorosa extremamente sensual com Policarpo.. romance de Lima Barreto publicado em 1911. porque ele participou da conspiração contra Floriano Peixoto. Levara toda ela atrás da miragem de estudar a pátria. E) cria empecilhos. os narradores creem que o universo e o homem estão sujeitos a uma ordem suprassensível. e) a história de um nacionalista fanático que. melhor entende a dinâmica da sociedade. do folclore.. por meio de sua vida e da personagem Quaresma. b) uma autobiografia em que a personagem-título expõe sua insatisfação com relação a burocracia carioca. brigou por eles a vida toda e foi condenado à morte justamente pelos valores que defendia.. 13. C) é a personagem que. d) Ainda que não saiba definir a loucura. é a) a narrativa da vida e morte de um funcionário humilde conformado com a realidade social do seu tempo. através de um artifício narrativo. mas nunca estudou com afinco as coisas brasileiras. podemos afirmar que: a) foi um nacionalista extremado. Não brincara. a personagem Quaresma pauta-se por uma conduta racional e objetiva.. comportamento esse positivista.todo esse lado da existência que parece fugir um pouco à sua tristeza necessária. quixotescamente. Lembrou-se das suas causas de tupi. tenta resolver sozinho os males sociais de seu tempo. agora que estava na velhice. Restava disto tudo em sua alma uma sofisticação? Nenhuma! Nenhuma!" (Lima Barreto) O trecho acima pertence ao romance Triste Fim de Policarpo Quaresma.
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