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resenha Arquitetura e Política
resenha Arquitetura e Política
May 11, 2018 | Author: Gabriel Fernandes | Category:
Urbanism
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vitruvius | pt|es|enreceive the newsletter | contact | facebook Curtir 39 mil search in vitruvius ok research magazines newspaper bookshelf architexts | architectourism | drops | my city | interview | projects | reviews online news newspaper arts & culture magazines reviews online ISSN 2175-6694 sketches in vitruvius events search in reviews online ok competitions archive | who we are | rules selections 158.02 year 14, feb. 2015 Arquitetura e política de Josep Maria Montaner e Zaida Muxí Paolo Colosso resenha do livro new Arquitetura e política Ensaios para mundos alternativos Josep Maria Montaner and Zaida Muxí Martinez Metrocable e, ao fundo, o Parque Biblioteca Espanha, Medellín 2014 Foto Noemi Zein Teles 158.02 abstracts Em livro recentemente lançado no Brasil por Josep Maria Montaner e Zaida how to quote Muxí, a arquitetura volta a olhar tête-à-tête para um campo fundamental – languages e nem sempre dimensionado – de sua disciplina, qual seja, o espaço partilhado onde todos estamos inseridos e ao qual chamamos de político. original: português Montaner e Muxí têm como premissa que as grandes figuras do circuito de share starchitects não fornecerão saídas para os desafios atuais das cidades, neste sentido o livro mapeia, de modo bastante introdutório, episódios recentes e experimentações contemporâneas que podem superar tais déficits. 158 Montaner e Muxí trazem de volta algo que talvez tenha ficado esmaecido 158.01 nos anos de pós-modernismo celebratório, a saber, é possível sim uma ação Blowing in the Wind política a partir da arquitetura. E esta é a questão fundamental que Sergio Bernardes e o permeia o livro, mais do que apenas encontrar uma chave analítica apagamento de um traçando relações entre uma esfera e outra. O trabalho historiográfico personagem histórico recoloca em cena modos situados de atuação com os quais a disciplina pode Pedro Campos Costa tanto resgatar suas heranças crítico-transformadoras quanto enriquecer 158.03 seu imaginário. Pequeña suma de arquitectura Os autores lembram de Adolf Loos na Viena da década de 1920, ao María Elia Gutiérrez implementar as políticas habitacionais dos Siedlungen pautadas por Mozo sistemas cooperativos. Os desdobramentos desta referência em Ernst May, figura central na administração da Frankfurt social democrata, que sob as 158.04 premissas da Nova Objetividade construiu cerca de trinta mil moradias Pensar a Habitação de populares – algumas mais adaptadas às demandas locais, outras nem tanto. Interesse Social De arquitetos como William Morris e Hannes Meyer, os autores extraem Exercício do desenho do aquilo que em Depois do movimento moderno Montaner chamou de “postura amanhã, que já poderia arquitetônica”, atentando sobretudo para o envolvimento de cada um com as existir hoje questões de seu tempo. Morris a figura que tentou buscar a ética da Jonathas Magalhães produção arquitetônica, Meyer o que compreendeu o papel da arquitetura no Pereira da Silva interior de uma sociedade de classes e, mais do que isso, de cidades que poderiam ou não fornecer condições dignas para as parcelas maciças da população . Montaner e Muxí destacam ainda figuras contemporâneas como a do arquiteto indiano Miloon Kothari e a de Raquel Rolnik, ambos ligados à luta da Organização das Nações Unidas pela universalização do direito à moradia adequada. de envolvimento com algo outro além de uma trajetória individual exitosa. Como lembram os autores. Além disso. tais como a transformação das cidades em parques temáticos cuja história se torna uma coleção de imagens clichês e. retomam o debate sobre o “Fim da História” para defender o quanto a história recente contraria a tese do conservador Francis Fukuyama. Em Medellin. Os autores deixam expresso que a ação política por meio da arquitetura é sobretudo uma questão de pauta e. reaparecem temas recorrentes nas paisagens europeias. o que se tornou um canal de comunicação entre administração e cidadãos. A primeira delas é Curitiba. A referência fundamental para os autores. muito pelo contrário. 245). além de edifícios públicos emblemáticos. 242-245). cujas decisões nos anos 1980 tornaram o transporte público eficiente e desejável à população. Jane Jacobs está entre os destaques. No Derrida de Espectros de Marx os autores apostam encontrar subsídios teóricos com os quais o projeto moderno possa encontrar a superação de antagonismos estruturais. promoveram uma vida social em espaços públicos. ciência e experiência (p. além de posicionamento e criatividade política. a formação de novas subjetividades. até passam pelo primeiro critério. optam por operacionalizações mais sintéticas e rápidas. as iniciativas de participação e autogestão na escala do bairro. Lembram ainda do papel de destaque da Universidade de Estudos do Ambiente na formação de conhecimentos na área. dando aos moradores a possibilidade de envolverem-se com projetos de espaços e equipamentos públicos. Slow Life. Como lembram os autores. o que classificam aqui como um “neofeudalismo”. Lembram também de Bogotá do prefeito Antanas Mockus. projetos arquitetônicos críticos que não separem teoria e prática. quando se remetem à filosofia e ciências humanas. o que temos é um mundo de fronteiras quentes e frágeis onde disparidades se acentuam e conflitos urbanos se tornam cada vez mais recorrentes na massa crescente de segregados social. em suas melhores versões. no entanto. Os “arquitetos- estrela”. se há algo em comum entre estas é o envolvimento renovado e a relação ativa dos cidadãos com suas cidades. . ruas simpáticas aos pedestres. o que para os autores conferiu à cidade – com 50m de área verde por pessoa – o perfil de um “ecologismo desenvolvimentista” (p. Em momentos melhores. na segunda parte passam à análise de cidades. o caráter esquizofrênico das cidades feitas de enclaves fortificados. mudanças em crenças. processos de favelização. Como reconhecem os autores. é a de Hannah Arendt. hábitos e práticas coletivas. E lembram ainda que a emergência do “arquiteto liberal”.De uma análise de agentes. Trata-se sim de um déficit na esfera pública. um urbanismo ramificado pela sociedade civil. a imigração de povos de ex-colônias. Em seguida os autores elencam modelos urbanos que talvez não tenham o status de “alternativas” como querem Muxí e Montaner. e ainda muito pouco tratado no âmbito da arquitetura. não é uma questão menor pensar a invisibilidade das mulheres nos espaços públicos e a ligação opressiva delas no interior dos espaços domésticos. a partir dos eixos deste. isto é. ou nos termos dos autores. mas deixam muito a desejar no segundo. Direito à Cidade se tornou uma ideia-força na diminuição de disparidades historicamente consolidadas. com especial prestígio aos parques. 132). que as forças especulativas mais acentuadas nos últimos anos têm levado a cidade a um considerável espraiamento. figura predominante no último quartel do século 20. o estado atual de coisas está longe de ser uma democracia real e. Montaner e Muxí estão cientes de que a busca por cidades economicamente saudáveis e socialmente viáveis requer. Os autores retomam figuras-chaves entre mulheres cujas colaborações nas discussões das cidades são notáveis. Com menos cautela colocam na chave dos rizomas de Gilles Deleuze desde redes virtuais. O diagnóstico traz en passant pontos já conhecidos. guerras difusas e mercados globais informais de armas. econômica e culturalmente. A busca por alternativas extrapola o campo da arquitetura e urbanismo em direção a projetos contraculturais como aqueles ligados a Slow Food. coincide com a crescente descrença em relação ao potencial transformador da arquitetura. não menos importante. Não deixam de notar. sem se preocupar tanto em recuperar mediações. cujo progressismo teve como fundamento o investimento em escolas e bibliotecas. mais ecológicas e mais solidárias. Não por acaso outro ponto incorporado pelos autores. Com a noção de ação política em Arendt já se entende boa parte do percurso do livro. é o da relevância da voz ativa dos feminismos no que chamam de “urbanismo sem gênero”. Somam-se ainda ao pensador espanhol contemporâneo Rosi Braidotti. mas gozam de relativo êxito diante das condições contemporâneas. como os efeitos deletérios do rodoviarismo. Outros fatores que mereceram destaque foram: primeiro. Se a relação dos autores com as referências arquitetônicas e urbanísticas são bastante cuidadosas e vão ao núcleo de cada uma das problemáticas às quais as propostas individuais estavam ligadas. ainda. Seattle. o diálogo entre poder público e universidade na implementação de um Observatório de Cultura Urbana. Segundo. uma revalorização de parques. cidade jovem onde estourou os movimentos antiglobalização em 1999. Contou com um sistema de transporte elevado capaz de se adaptar ao relevo acidentado – conhecido como Metrocable – e. esteve entre as primeiras a conseguir inserir na agenda urbana – em grande parte via pressão de cidadãos – índices de sustentabilidade. esta utilizada com pertinência. na defesa de posições ativas e capacitadoras que se tornem “um acúmulo de práticas micropolíticas de ativismo cotidiano e de projetos para criar mundos alternativos” (p. Vale reforçar. de uso público da razão. cujos expedientes ocorrem no quadro das instituições vigentes.mas a pop da submoradia quintuplicou. E de quebra. de luta pela realização de uma sociedade livre. comments 2 Comments Sort by Oldest Add a comment. Barcelona. Obrigado Like · Reply · Mar 27. sobre o autor Paolo Colosso é arquiteto e bacharel em Filosofia pela Unicamp. nota 1 MONTANER. de participação em saídas compartilhadas e. não há a escolha por fazer arquitetura para além dele. Queria muito ler este livro que folheei um dia. Arquitetura e crítica. Para tanto é preciso manter abertos os poros da disciplina. com isso. 2007. Podemos arriscar algumas outras asserções. Aposta-se que ambos os vetores podem orientar avanços. mais do que isso.Lucas do Rio Verde/MT Gostaria que me comentasse se é neste livro que fala que de 1960 a 2000 a pop da Am Latina dobrou. Gustavo Gili. em última instância. que partem da base enquanto modos de participação e cidadania ativa. retomar o sentido da arquitetura. 2015 7:37pm Tomas Tomas · Faculdade La Salle . conseguiram fazer da arquitetura uma prática consoante à efetivação do direito à cidade. o político do título opera em sentido ampliado. Ora. 2015 7:38pm Facebook Comments Plugin © 2000–2018 Vitruvius The sources are always responsible for the accuracy of the All rights reserved information provided . O que Montaner e Muxí buscam – como já mostrara o primeiro em Arquitetura e crítica (1) – é.. ambos com possibilidades e limitações. de legitimação de demandas coletivas. 2ª edição. Tomas Tomas · Faculdade La Salle . obviamente. E uma última inferência a partir do livro: se o político é o espaço partilhado no qual todos estamos envolvidos. A contribuição dos autores em Arquitetura e política é compilar brevissimamente iniciativas que em alguma medida trilharam esta via e. Ainda que o livro não traga uma pesquisa extensa a respeito do tema. Atualmente faz mestrado no Departamento de Filosofia da USP. com este inventário de experiências consegue contrariar opiniões que assombraram os meios arquitetônicos até recentemente. segundo as quais a vida nas cidades estaria fadada a ser absorvida por completo nas atividades de consumo – Rem Koolhaas certamente um dos protagonistas deste alarde. onde estuda cultura urbana em metrópoles contemporâneas. reconstituir os vínculos entre avanços técnico-construtivos e uma urbanização socializante. A obra explora tanto questões dos centros de decisões.Lucas do Rio Verde/MT foi uma das. Montaner e Muxí parecem deixar evidente algo de suma importância: a vida urbana passa por estes espaços de luta por reconhecimento. melhores coisas que já lí em termos de urbanismo Like · Reply · Mar 27. despojá-la de seus vícios linguísticos e. Josep Maria.. experimentações sociais ou então formas de vida tangenciais à uma cultura global hegemônica. isto significa que a cultura urbana por excelência está ligada ao território em disputa do político. isto é. quanto as práticas bottom-up.
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