Relatório Unidade I Renascimento Italiano Peter Burke

March 25, 2018 | Author: Anderson da Silva | Category: Renaissance, Ancient History, Italy, Astrology, State (Polity)


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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIROInstituto de Filosofia e Ciências Humanas Curso de Ciências Sociais Disciplina: HESP II Professor: Alex Varella Aluno: Anderson Ribeiro da Silva Resenha sobre o Cap. 8 - Visões de mundo: Alguns traços dominantes - da obra "O Renascimento Italiano: cultura e sociedade na Itália", de Peter Burke. Peter Burke é um historiador inglês, professor da Universidade de Cambrigde e se destaca pela ampla sapiência em diversos temas e áreas de abordagem. Dentre elas dedicou sua vida acadêmica ao estudo do Renascimento. Neste caso, ao invés de seguir as linhas históricas de interpretação do momento referido, Burke buscou olhar para os costumes e arcabouços literários, sejam manuscritos oficiais ou informais, empregados no cotidiano das sociedades do Antigo Regime. Como explicita no início do capítulo, deixa claro que destoa dos ideólogos marxistas e dos historiadores franceses, evitando a noção, de clara orientação durkheiminia na, de mentalidade coletiva, e preferindo operar com categorias de visões de mundo. Sua busca pela neutralidade se justifica pela necessidade de construir uma terceira via historiográfica, desapegada de qualquer contextualização que enverede a abordagem a uma definição estrita. O objetivo de Burke nesta obra foi olhar, ao invés da arte e da literatura, para as condições políticas e para a sociedade em questão. Tanto a literatura quanto a arte vão servir ao propósito de contribuir para o fomento e ampliação do enfoque sobre as diversas dimensões do movimento renascentista. Neste módulo o autor converte as suas atenções a algumas visões de mundo que lhe possibilitasse investigar os enredos da vida cotidiana dentro da perspectiva do Renascimento. Ele divide o capítulo em visões do cosmo, da sociedade, do homem e reserva a parte final para tratar da mecanização do quadro mundial. A grande parcela dos registros formais/informais coletados e pesquisados que datam ou fazem alusão ao período que compreende os séculos XV e XVI, referem-se às elites e nobrezas. O povo pouco foi retratado, o que sugere a nítida influência multidisciplinar dessas elites sobre os vassalos e camponeses. No entanto, a Itália do Renascimento já incorporava noções modernas de convívio social e entendimento da realidade. As métricas de tempo e espaço já encarnavam a racionalização de conceitos de existência, ao incorporar o que já dialogava com as inovações renascentistas. a falsificação e imitação de estilos e modas gregas e romanas não foram bem interpretadas por parte da população toscana. Enquanto toda a Europa entendia e discutia o advento do estado moderno. A própria ideia de 'transformação' era um tanto mal interpretada. onde as funções devem ser encadeadas e gerenciadas pelo cérebro . As existênc ias terrena-humana.limitou essa compreensão à mediação de Deus. era impossível conceber por considerar-se a Antiguidade como ancoradouro e referência das transformações históricas. Entretanto. de inovação. para inseri. os quais o adoravam e devotavam. dos dias e das virtudes. pois remetia a uma noção de progressão. a Itália já assimilava preceitos próximos a essa noção.las naquele contexto histórico. O momento era paradoxal. O esclarecimento da população italiana em relação aos demais condados e reinos europeus determinaram a sua relação com as noções prévias de sociedade. a Igreja . No entanto. Deus. Burke nota um amplo entendimento da sociedade italiana sobre a maneabilidade das instituições.por se manter como grande interventora da vida pública . nesse caso.sincreticamente elementos astrológicos e religiosos. o que assustava a Igreja. A figura deísta cristã ainda se fazia presente e influente na rotina da população renascentista. costumeiramente representado pelo Sol . vegetal e mineral estabeleciam uma hierarquia que colocava o Homem no cerne das ações universais. . no caso dos humanistas. O corpo. Essa liturgia cristocêntrica. A alquimia. já que ao mesmo tempo em que a sociedade rumava em busca de novas formas de pensar a vida e seus costumes.o que corresponderia a uma pessoa ou a um grupo específico a organização política em nome da transformação. animal. artistas e humanistas se esforçavam para reler a história da Antiguidade. Foi possível estabelecer um convívio relativamente dócil entre a astrologia e a Igreja.estes sempre abaixo do astro maior. conspira para que se interprete as dinâmica sociais a partir da ideia de corpo social. o que aos olhos dos renascentistas. é a representação do corpo físico. que tolerava a astrologia em seus regimentos. Na verdade o Humanismo legava o remonte à Antiguidade Clássica com o intuito de restabelecer essas historiografias. estabelecia uma descrição comparativa entre os astros . já que esta admitia as alegorias cotidianas reproduzidas a partir do emprego dos planetas como referências simbólicas do comportamento. a magia e a bruxaria são citadas como produtos étnicos antigos que são acessados para manipular as funções terrenas. Essa maneabilidade.e as formas de existência. aliada a uma consciência de transformação. A fama e o ego. Na Itália. pela primeira vez isso se desfez no ar. com os 'filósofos naturais'. de um partido. mensurando virtudes e adjetivos que o qualifiquem frente o mundo em franco processo de desenvolvimento e racionalização. . convencionado como individualismo renascentista. dotado de processos encadeados. família ou corporação. de um povo. Apenas na Modernidade. o que pode elucidar o forte estímulo sobre a construção da image m do homem renascentista. Burke sublinha uma mecanização do quadro mundial. historiador suiço. 230) O trecho é atribuído a Jacob Burckhardt. citada por Burke em caráter prioritário para elucidar uma visão do homem.por não considerar uma moderação do homem sobre seu status frente o mundo moderno. são contemplados a partir do Renascime nto. No Renascimento. O mundo foi correntemente descrito na Idade Média como um 'corpo'. que são dimensões próprias do sujeito. na Itália do Renascimento. só por intermédio de alguma categoria geral." (2010: pg. é que surge uma concepção mecânica de processo. deve ser imputada neste trabalho para compreendermos de forma literal aonde o homem moderno passa a se encaixar no mundo do progresso e da razão. que organizam as marés dos oceanos. que aqui deve ser entendida como 'divindade'.. estimulando uma noção de autoconsciência. este que vai ser reconhecido a partir daí como o responsável por diagnosticar um movimento no espírito do Homem moderno. Sua leitura cristalizo u ideias relativas à naturalização e imanência da individualidade.inclusive pelo próprio Burckhardt . embora ainda imperativo. o dia e a noite e todos os demais cursos orgânicos do Planeta. o homem se tornou um indivíduo espiritual e se reconheceu como tal.Uma frase. surge como elemento imperativo para descrever o homem renascentista. Este busca olhar para si em perspectiva. "Na Idade Média o Homem só tinha consciência de si mesmo como membro de uma raça.. a concepção de indivíduo espiritual seria largamente questionada . o modelo orgânico de leitura da organização do quadro mundial de processos começou a sofrer algumas resistênc ias. No entanto. Caracteres cotidianos como a competividade e inveja passam a compor grande parte dos enredos da época. onde a medição e a espacialização passariam a imperar sobre as asserções empíricas. as estações do ano. Neste período. E por fim. a dignidade. Visões de mundo: Alguns traços dominantes in "O Renascimento Italiano : Cultura e Sociedade na Itália". . desconstruindo óticas arcaicas de referências cosmológicas. Embora o Renascimento colabore com a fabulação do tempo e do espaço. Editora Nova Alexandria. o que delineia o caráter remontante do movimento. 2010. ele ainda vai operar com categorias alegóricas de entendimento da realidade. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: BURKE. Peter. mas a sua própria essência imputa a ideia encíclica de 'nascimento'.Os renascentistas colaboram para essa alternativa mecânica.
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