UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEBDEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA – DCET CURSO DE DESIGN 2012.1 PROJETO INTERDISCIPLINAR JÉSSICA LEMOS JÉSSICA MENEZES JOÃO PEDRO MOREIRA VIVIANE MATA PROJETO INTERDISCIPLINAR SOM LATA SALVADOR JUNHO DE 2013 JÉSSICA LEMOS JÉSSICA MENEZES JOÃO PEDRO MOREIRA VIVIANE MATA PROJETO INTERDISCIPLINAR SOM LATA Projeto apresentado no curso de graduação da Universidade Estadual da Bahia, Departamento de ciências Exatas e da Terra, curso de Design. Orientador (a): Bia Simon e Cid Ávila. SALVADOR JUNHO DE 2013 AGRADECIMENTOS Agradecemos a Paula Coutinho Museologa formada pela UFBA e coordenadora do Instituto Brennand - Recife-PB pela orientação no decorrer do projeto, assim como Ana Paula Sampaio formada em Comunicação Social pela UFBA e coordenadora do Centro Cultural da Camara Municipal de Salvador pelo espaçõ cedido para realização da oficina, a Allan Gomes estudante de Artes Plásticas da UFBA pelo apoio na realização da oficina e a Marivaldo Alvares Cabral Luthier pela entrevista concedida. SUMÁRIO RESUMO INTRODUÇÃO OBJETIVOS JUSTIFICATIVA METODOLOGIA BRIEFING PROBLEMA DEFINIÇÃO DO PROBLEMA COMPONENTES DO PROBLEMA COLETA DE DADOS ENTREVISTA OFICINA ANÁLISE DE SIMILARES MATERIAL RECICLADO EU QUE FIZ MATERIAIS E TECNOLOGIAS GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS RESUMO Esse relatório visa apresentar o projeto Som Lata, desenvolvido por estudantes de Design. Que consiste na produção de uma cartilha didática impressa, a ser distribuída no ensino infantil, tendo como conteúdo a confecção sustentável de instrumentos musicais. Propondo assim a difusão da música e da consciência ambiental, por meio de ações educativas que ensinaram a confecção de instrumentos musicais com materiais reciclados, descartados no nosso dia-a-dia. Essas ações resultarão no conteúdo da cartilha, que tem como objetivo ilustrar de forma lúdica e interativa a importância da disseminação e conhecimento da musica além do passo a passo para a produção dos instrumentos, tomando por base a linguagem utilizada nos livros de cunho infantil. INTRODUÇÃO Diversas ações nacionais acontecem com o intuito de difundir as diversas formas de expressões musicais (através de seus repertórios e instrumentos), por meio de apresentações e atividades culturais. Vemos mobilizando-se o poder público, instituições religiosas, educacionais e instituições particulares, a exemplo, o projeto “Acordes para Museu” do Instituto Ricardo Brennand, Recife- PE 1 , permitindo assim que a sociedade tenha mais contato com a música, além de valorizar, preservar e difundir a musica e seus objetos (instrumentos musicais) como patrimônio. Além de ações culturais, medidas federativas como a reinserção da educação musical no ensino, possibilitada pela Lei nº 11.769 2 , de 2008, que determina que a música deva ser conteúdo obrigatório em toda a Educação Básica, no qual tem como objetivo desenvolver a criatividade, sensibilidade e integração da criança e do jovem, ao passo que promove e incentiva o crescimento da difusão musical formando assim cidadãos mais conscientes e críticos diante do “meio musical” que no Brasil ainda carece de maior estudo e conhecimento. Abordaremos as ações e a prática da lei acima citada como “educação musical”, por compreendermos que todas essas atividades visam através da educação oportunizar ao individuo o acesso à música enquanto arte, conhecimento, forma de linguagem e de expressão. Acreditamos que a educação musical não deve ser amparada unicamente pelo ensino nas escolas, mas que também seja amparada por meio de outras instituições e cidadãos (como os projetos sociais que educam e profissionalizam musicalmente), desenvolvendo assim o conhecimento e desenvolvimento da percepção estética e preservacionista em seus diversos aspectos. Diante do exposto alguns estudantes de Design enquanto cidadãos e oriundos de uma instituição de ensino superior objetivam através da educação difundir de forma sustentável a música. 1 O projeto é realizado no primeiro domingo de cada mês, que visa disseminar a musica, através das mais diversas apresentações de grupos musicais com estilo brasileiro. Disponível em https://www.facebook.com/institutorb?fref=ts . Acesso em 17 de out. 2013 2 Lei 11.769 de 18 de agosto de 2008. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007- 2010/2008/lei/L11769.htm>. Acesso em 17 de out. 2013. A partir das considerações apresentadas, formulamos a proposta deste projeto: difundir a musica por meio de oficinas de instrumentos musicais, confeccionados ecologicamente, pelos alunos de Design, possibilitando que os trabalhos possam aguçar a percepção visual, auditiva e tátil, visando como resultado dessas atividades, a construção de uma cartilha didática impressa, a ser distribuída no ensino infantil, possibilitando assim à disseminação e promoção de diálogos e interatividade entre à musica e as crianças, nos aspectos histórico, cultural, social, econômico e artístico, por meio da educação musical. OBJETIVOS OBJETIVOS GERAIS: Promover a inserção da música nas experiências do ensino infantil das escolas, através da educação musical, por meio de oficinas de instrumentos musicais e cartilhas didáticas impressas, fazendo conexão com a educação ambiental. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: Desenvolver uma cartilha didática que atue como material de apoio em sala de aula; Promover a interdisciplinaridade ao ensinar a confecção de instrumentos musicais aliada à educação ambiental; Estimular a sustentabilidade, incentivando as crianças a reaproveitarem materiais que seriam descartados no seu dia-dia; Incentivar a criatividade e sensibilidade da criança, através do uso da música; Fornecer o acesso a instrumentos musicais a alunos de baixo poder aquisitivo, pois os mesmos poderão produzi-los através de materiais reaproveitados. JUSTIFICATIVA A história da Educação Musical, no Brasil, vem entrelaçada com a própria educação no país. Existem registros de música como complemento para a educação desde a vinda dos jesuítas, por meio da catequese. A música no Brasil existe desde os primórdios com as sociedades indígenas existentes no território antes desconhecido, porém a formação da música brasileira surge a partir do dialogo de elementos, ritmos e culturas europeias, africanas e indígenas, por meio dos colonizadores, os escravos vindos da África e os índios nativos. Ao longo da história, novas influencias foram se somando, originando assim a grande diversidade na arte da música oriunda produzida no Brasil. Em relato a essa diversidade Silvio Romero 3 escreve: “O que se pode assegurar é que, no primeiro século da colonização, portugueses, índios e negros acharam-se em frente uns dos outros, e diante de uma natureza esplêndida, em luta, tendo por armas a flecha e a enxada, e por lenitivo (consolação) as saudades da terra natal. O português lutava, vencia e escravizava; o índio defendia-se, era vencido, fugia ou ficava cativo, o africano trabalhava, trabalhava... Todos deviam cantar, porque todos tinham saudades; o português de seus lares, dalém mar, o índio de suas selvas, que ia perdendo, o negro de suas palhoças, que nunca mais havia de ver.” (APOSTILA DE EDUCAÇÃO MUSICAL, p. 27) No século XVIII, os músicos organizavam-se nas chamadas irmandades, que eram associações religiosas de leigos cristãos. As irmandades contribuíram de forma significativa para a disseminação da musica nesse período. Ao longo da história, a música e suas diversas manifestações estiveram presentes na sociedade brasileira, sob a forma de música clássica ou popular e, diversas outras tipologias. Entretanto o estudo da música com uma forma de arte, com suas espeficidades culturais e instrumentais até a pouco tempo, estava restrito a poucos e sua acessibilidade ainda é uma problemática no contexto social. Mas medidas tentam sanar tais fragilidades como a Lei 11.769, publicada em 19 de agosto de 2008, que institui a obrigatoriedade do ensino de música nas escolas brasileiras. Com esta Lei, música passa a ser um conteúdo obrigatório (mas não exclusivo) dentro do componente curricular “Arte”. 3 Referencia do autor, disponível no material didático “Apostila de Educação Musical”, acessado em http://www.portaledumusicalcp2.mus.br/apostilas/pdfs/6ano_00_apostila%20completa.pdf. Acesso em 17 de out. 2013 A educação musical é uma das variadas vertentes da educação que tem por objetivo oportunizar a indivíduos o acesso à música enquanto conhecimento, arte e uma forma de linguagem (como a oralidade verbal). Não necessariamente a educação musical buscar formar profissionais da musica (musicólogo, compositor, músico, etc.), mesmo sendo de nosso conhecimento que é necessário os mesmos para o desenvolvimento tantos da educação musical, quanto para os profissionais dessa área. A educação musical no meio escolar ou de instituições culturais e educativas, objetiva possibilitar ao individuo condições necessárias para a compreensão no plano das expressões e significado quando ouve ou executa música, em outras palavras, por meio da percepção da linguagem musical, ‘musicalizar’ o individuo. A lei de nº 11.769, torna o conteúdo da música obrigatória em toda a educação básica, com um prazo máximo de três anos para entrar em vigor, mas infelizmente, mediante a carência e fragilidade ao qual vem passando o sistema educacional brasileiro, esse prazo mesmo já terminado, a realidade que encontramos é bem distinta a do “plano das ideias”. Poucas são até o momento as escolas de ensino infantil que atendem a essa exigência, uma das maiores dificuldades das escolas de atender tal lei é a falta de subsidio para a compra dos instrumentos, ou contratação de profissionais adequados, pensando nessas dificuldades foi idealizado o projeto Som Lata, que visa à criação de uma cartilha didática que ilustre de maneira simples e lúdica a importância da reutilização de materiais descartados e da música para o desenvolvimento infantil, ensinando as crianças a confeccionarem seus próprios instrumentos, incentivando assim a criatividade e sensibilidade das mesmas. Não temos a fantasiosa ilusão de que esse projeto vai sanar um problema que é de responsabilidade do Estado, mas estaremos exercendo nosso principal dever de cidadãos, ajudando de forma a senão sanar ao menos minimizar essa grande lacuna e deficiência ao qual passa nosso país. A ideia desse projeto não é parecer pretensioso ou idealista, por isso apresentamos de forma coerente e possível a concepção das ideias apresentadas. Ao trabalharmos a musicalização dentro da Escola, influenciamos diretamente nas emoções das crianças, no desenvolvimento da sensibilidade, a percepção auditiva, a sociabilidade, entre tantas outras coisas. METODOLOGIA As relações entre o designer e o objeto projetado se denominam processo de design. “O processo de design é um conjunto de operações necessárias, dispostas em ordem lógica, que nos leva de forma confiável e segura à solução de um problema.” (Munari, 2000). A metodologia usada para desenvolver a etapa de pré-concepção do projeto de criação da cartilha educativa é baseada na metodologia projetual de Bruno Munari, no qual se divide em 12 partes: problema, definição do problema, componentes do problema, coleta de dados, análise de dados, criatividade, materiais e tecnologias, experimentação, modelo, verificação, desenhos construtivos e soluções do problema. Sendo considerados para a elaboração desse relatório apenas as etapas de problematização, coleta e análise de dados, materiais e tecnologias e experimentação. É empregado também o design vernacular, que é usada para descrever uma forma não acadêmica do design, levando em consideração hábitos culturais. BRIEFING Cliente: Editora Melhoramentos Histórico: A Editora Melhoramentos possui em seu catálogo importantes publicações nas áreas de livros infantis, juvenis, de gastronomia e desenvolvimento pessoal, além da linha Disney e do conceituado selo Michaelis de dicionários. Respeitados autores como Ziraldo, Ruth Rocha, Maurício de Sousa e Pedro Bandeira, figuram entre os escritores que colaboram para o sucesso editorial dessa grande empresa. A Editora Melhoramentos possui projetos destinados à rede pública de ensino, como o projeto Brincadeiras Musicais da Palavra Cantada, o projeto é apresentado em: BRINCADEIRINHAS MUSICAIS DA PALAVRA CANTADA, destinado para a Educação Infantil e BRINCADEIRAS MUSICAIS DA PALAVRA CANTADA, destinado ao Ensino Fundamental I. Outra atividade importante da Editora Melhoramentos é a Edição de Projetos Especiais. São livros customizados, feitos sob encomenda, que oferecem soluções criativas para as empresas que buscam um produto para a fidelização de clientes e valorização da marca. Essas obras podem ser adaptações de livros conhecidos ou produtos editoriais inteiramente novos que atendam às necessidades específicas daquele cliente. Veja alguns exemplos de projetos de sucesso: livros de receitas para a Açúcar União; 101 Dálmatas, da Disney, para o McDonald’s; Grandes Marcas – Leite Moça e Creme de Leite, para a Nestlé; Os Cães e os Gatos, para a Purina; e Playmax, para a Del Valle. Produto: Livro didático para alunos do Ensino Fundamental I Público-alvo: Alunos do Ensino Fundamental I Objetivo Geral: Construir um livro que ensinem às crianças a construírem seus próprios instrumentos musicais, visando contribuir com a necessidade das escolas brasileiras se adequarem à Lei n. 11.769, sancionada em 18 de agosto de 2008 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que torna obrigatório o ensino de música nas escolas. Objetivo Específico: Trabalhar o desenvolvimento da criatividade, sensibilidade e a integração dos alunos, com o conceito de sustentabilidade e preservação do meio- ambiente. 1 – Problema 1.1- Problema Construir uma cartilha didática para ser utilizada em sala de aula como material de apoio, no intuito de ensinar crianças a produzir seus próprios instrumentos. 1.2- Definição do problema A cartilha se dedica a crianças com faixa etária entre 6 e 9 anos que estão na educação básica (fundamental I) O tempo de execução desta cartilha é de Agosto a dezembro de 2013 1.3- Componentes do problema Pesquisa de campo, analises de similares, oficinas de produção de instrumentos musicais realizada com crianças e entrevista com luthier. 2 - Coleta de dados 2.1- Coleta de dados A partir da ultima metade do século passado a Educação Ambiental tem se tornado uma grande preocupação, que surge da constatação dos crescentes impactos e acidentes ambientais das ultimas décadas. Sendo o trabalho educacional uma medida essencial para a conscientização das novas gerações, pois sabe-se que maior parte dos desequilíbrios ecológicos está relacionado ao consumismo exagerado, fruto de uma sociedade capitalista que gera desperdício e que produz muito lixo eletrônico, não se preocupando com o descarte dos objetos, usando descontroladamente os bens da natureza. É necessária uma mudança de valores e hábitos no que tange a reutilização de objetos, dando-lhes uma nova funcionalidade e a partir disso diminuir a taxa de poluição do meio ambiente. Pensando numa alternativa de conscientizar as novas gerações, foi projetado o Som Lata que é uma cartilha didática para o ensino da música através, que tem também como objetivo difundir a sustentabilidade através da confecção de instrumentos musicais com objetos que são descartados no nosso dia-a-dia, alguns desses objetos são: Tubos de PVC Garrafas PET Conduite flexível Latas de leite Embalagens de iogurte Tampinhas metálicas Latinhas de refrigerantes Palitos de churrasco Tampinhas de plástico Pratos de plástico Sacola plástica Esses objetos quando não reutilizados levam um tempo para se degradar, esse tempo varia de acordo com o seu material, vejamos abaixo: Latas de alumínio – 100 a 500 anos Sacolas plásticas – mais de 100 anos Palitos de churrasco – 2 anos aproximadamente Tubos de PVC, Conduite, embalagens de iogurte, garrafas PET, tampas e pratos plásticos – mais de 500 anos. Ao reaproveitarmos esses objetos na construção de instrumentos é possível produzir: Reco-reco feito em conduite Chocalho feito com tampa PET Chocalho feito latinha de refrigerante Chocalho feito com embalagem de iogurte Maraca feito com garrafa PET e tubo de PVC Tamborim e Tambor feito com tubo de PVC e fita adesiva Pandeiro feito com prato plástico e tampinhas metálicas Saxofone feito de garrafa PET e sacola plástica 2.1.1 – ENTREVISTA Para compreender melhor sobre a confecção de instrumentos foi realizada uma entrevista não - estruturada com o Luthier Marivaldo Álvares Cabral, no intuito de conhecer de perto o oficio de produção de instrumentos. A entrevista ocorreu na residência do Sr Cabral, ele que tem 60 anos, não soube informar ao certo quanto tempo trabalha como luthier, mas afirma que tem mais de 30 anos de oficio, conta também que o oficio começou da vontade de possuir uma guitarra, porém devido ao baixo poder aquisitivo, decidiu fazer por si só, pegou emprestado com um colega uma guitarra, tirou as medidas e obteve assim o seu primeiro instrumento, pouco tempo depois de ter produzido decidiu vender e com o dinheiro que conseguiu desse primeiro instrumento, produziu mais oito, e desde então não parou mais de criar.Começou a buscar mais conhecimento sobre escalas e acústica e hoje se considera um bom profissional da área, levando em consideração que não teve nenhuma formação acadêmica nem técnica. Já criou instrumentos para artistas da cena baiana, como Armandinho, Dodô e Osmar criadores do trio elétrico, Banda Tapajós e Bel Marques ex-líder do Chiclete com banana. Fala com muita emoção da vontade que teve de compartilhar seu conhecimento, chegando até a montar uma escola improvisada, onde custeou os equipamentos de trabalho do próprio bolso, porém não obteve sucesso devido ao baixo nível de interesse dos jovens locais, relata com orgulho o fato de ter seus instrumentos em países da Europa, mesmo não tendo o reconhecimento devido. A maior parte dos materiais que utiliza para confeccionar seus instrumentos que em sua maioria são de corda provém de objetos descartados, como tubos de PVC, madeiras de móveis, tampas de latas de spray, casca de coco e latas de refrigerantes (figuras 1e 2). Durante a entrevista ele nos mostra alguns de seus instrumentos (figuras 3,4 e 5), que em sua maioria contém peças em PVC e madeiras que o mesmo reciclou, nos mostra um em especial, uma guitarra baiana em tamanho reduzido que ele fez quase todo com PVC (figura 6), só o braço da guitarra é em madeira, pois o mesmo explica que ainda não inventaram nenhum material que sirva para substituir a madeira na confecção de braços de instrumentos de corda. Figura 1 - Materiais e ferramentas utilizados na confecção de instrumentos Figura 2 - Tubos de PVC e madeiras recicladas para confecção de instrumentos Figura 3 - da esquerda pra direita: Viola de 10 cordas; bandolim tradicional de 8 cordas; bandolim em formato de folha de 8 cordas. Figura 4 - Detalhe do cavalete feito com lata de refrigerante e PVC Figura 5 – Sr Cabral segura sua viola de 10 cordas, detalhe em formato de folha foi feito com tampa plástica de produto de beleza. Figura 6 - Sr Cabral exibe sua guitarra baiana reduzida com o corpo feito em PVC. 2.1.2 - OFICINA: Metodologia prática utilizada para avaliar o comportamento infantil na construção de instrumentos musicais com materiais reutilizáveis. INTRODUÇÃO A dissertação a seguir trata-se de uma das metodologias utilizadas pelo grupo de discentes do curso de Design do 4º e 2º semestre da Universidade Estadual da Bahia, no projeto interdisciplinar Som Lata. Com base na mesma, desenvolvemos alternativas para melhor atender aos objetivos propostos para cartilha. OBJETIVO A oficina tem como objetivo principal promover a interação da criança com o processo de construção de um instrumento musical, uma vez que esse é o objetivo da cartilha, usando materiais reutilizáveis. Outro fator fundamental é entender como se dá a relação de socialização durante esse processo, que é de grande interesse por parte da equipe justo que alguns de nossos objetivos é promover essa relação. METODOLOGIA No projeto, a metodologia utilizada para análise comportamental do processo de construção do instrumento musical foi a oficina. Porém para a realização da mesma alguns procedimentos foram adotados pelo grupo, tais como uma subdivisão de tarefas, onde metade do grupo ficou responsável pela aplicação da oficina em conjunto com um convidado e outro participante com a transcrição dos pontos analisados. A oficina ocorreu no Centro de Cultura Vereador Manoel Querino, teve duração de 1h30 e contou um grupo de 20 crianças na faixa etária de 4 a 12 anos, os materiais utilizados foram disponibilizados pelos próprios integrantes da equipe; os participantes levaram consigo os instrumentos produzidos. EMBASAMENTO TEÓRICO De acordo com a Lei nº 11.769, de 18 de agosto de 2008, que altera a Lei n o 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, para dispor sobre a obrigatoriedade do ensino da música na educação básica (disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/lei/L11769.htm), os sistemas de ensino tiveram 3 (três) anos letivos para se adaptarem às exigências estabelecidas nos arts. 1 o e 2 o desta Lei, e que cinco anos depois ainda não se adaptaram, com base nessa necessidade afim de contribuir com o cumprimento o projeto gira em torno da criação de uma cartilha onde ensinem às crianças a construírem instrumentos musicais. Para cumprir da melhor forma à esse objetivo, alguns aspectos do comportamento infantil tiveram que ser analisados, justificando assim o uso da oficina. "A música contribui para a formação integral do indivíduo, reverencia os valores culturais, difunde o senso estético, promove a sociabilidade e a expressividade, introduz o sentido de parceria e cooperação, e auxilia o desenvolvimento motor, pois trabalha com a sincronia de movimentos", explica Sonia Regina Albano de Lima, diretora regional da Associação Brasileira de Ensino Musical, (ABEM) e diretora dos cursos de graduação e pós-graduação lato sensu em Música e Educação Musical da FMCG (Faculdade de Música Carlos Gomes), os pontos evidenciados acima foram utilizados pela equipe como critérios de análise para a oficina. OFICINA A oficina foi realizada no dia 15 de outubro de 2013 às 14h30, no Centro de Cultura Vereador Manoel Querino, onde 20 crianças na faixa etária entre 8 e 12 anos confeccionaram instrumentos musicais com matérias reutilizáveis disponibilizados pelos próprios oficineiros. A oficina foi realizada por Jessica Menezes, João Pedro Moreira, Jessica Lemos e Allan Gomes, estudante da UFBA. Fig 7 Oficina Som Lata, Centro de Cultura sala 01 Fig. 8 Oficina Som Lata, Centro de Cultura sala 01 Fig. 9 Oficina Som Lata, Centro de Cultura sala 01 Fig. 10 Oficina Som Lata, Centro de Cultura sala 01 Fig. 11 Oficina Som Lata, Centro de Cultura sala 02 Fig. 12 Oficina Som Lata, Centro de Cultura sala 02 Fig. 13 Oficina Som Lata, Centro de Cultura sala 02 CONCLUSÃO Como pontuado pela Sonia Regina, a música trabalha com a sincronia dos movimentos, tanto ao tocar quanto o processo de construção, onde foi possível notar que as crianças se envolviam com o processo, no montar, no customizar, trazendo o que conheciam e ensinando aos colegas, o senso de coletividade se aflora quando nos sentimos parte do todo. Percebemos também que a compreensão do instrumento em si, fica mais fácil quando você entende como fazê-lo, entende o por quê de determinada coisa em determinado lugar e o efeito disso. Pra finalizar uma das características mais marcantes é como houve uma tendência à sincronia por parte dos alunos, onde até ao tocar, mesmo que intuitivamente houve uma busca pela harmonia do som, “o som fica melhor quando a gente toca tudo junto” Matheus, 9 anos. Fig. 14 Oficina Som Lata, Centro de Cultura sala 02 ANÁLISE DE SIMILARES A análise de similares, foi elaborada a partir da escolha de títulos que representassem aspectos determinantes em seus projetos editoriais, buscando um aprofundamento no universo infantil, uma compreensão maior e melhor de como funciona a comunicação visual nesse campo e como se dão as interações entre eles. Foram escolhidos produtos editoriais os quais tratam a questão didática voltada a transmitir às crianças, usando a linguagem do passo-a-passo, instruções de montagem especificamente para brinquedos, assim como tocassem a questão do reaproveitamento de materiais que seriam eventualmente descartados, facilmente encontrados . Destacando aspectos editoriais de cada um deles. MATERIAL RECICLADO Livro editado pela Companhia Editora Nacional, com autoria de Vanessa Lebailly o qual faz parte da coleção Brincar com arte. O livro ensina como utilizar material reutilizável, como isopor, papel, papelão, garrafas plásticas, copos, dentre outros na confecção de brinquedos, distribuídos em treze projetos. Tem formato de 21 cm de largura por 23 de altura, com fontes sem serifa. Utiliza muitas cores fortes, escolhidas com cuidado para se obter um contraste maior entre as páginas e objetos a serem construídos, com predominância do verde, azul e laranja em diferentes tons. O texto vem distribuído de acordo com ilustrações que sugerem o seu desenvolvimento a cada passo, de forma concisa, em cada quadro devidamente enumerado. (livro Material Reciclado) PONTOS POSITIVOS: - uso de ilustrações muito simples, as quais as crianças podem se identificar com mais facilidade. - uma boa cominação entre as cores de forma muito lúdica, atraente e reconhecível no universo infantil. - fotografia com o resultado final, que pode incentivar a criança a experimentar a montagem. - sugestões de troca de materiais para uma eventual substituição em caso de falta ou mesmo estimular a construção de uma segunda versão. PONTOS NEGATIVOS: - visualmente as ilustrações criam a sensação de desordem o que pode vir a criar distúrbios visuais ao leitor. - a numeração que sugere a ordem dos passos tende a 'brigar' com o sentido habitual de leitura; direita - esquerda / cima - baixo - o resultado de alguns brinquedos podem não corresponder às expectativas das crianças ao comparar o resultado com aquele ilustrado - a execução dos sapinhos musicais (página 16) mostrou-se mais trabalhosa e exigiu certa habilidade com o manuseio do material. EU QUE FIZ Publicado pela editora Cosac Naif, tem autoria das irmãs Ellen e Julia Lupton. Tem o formato de 18 x 21,5 cm e é voltado ao público infanto-juvenil. O livro tem como objetivo incentivar e fomentar o fazer nas crianças, através de 102 projetos caseiros, como incentivo ao desenvolvimento de habilidades motoras de maneira divertida. Seu conteúdo divide-se em quatro seções: grafismos, brinquedos, casa e moda. Essa divisão são direcionadas à áreas do design como o design gráfico (grafismos), design de produto(brinquedos), design de interiores(casa) e design de moda(moda). O livro sugere e utilização de materiais facilmente encontrados em casa, assim ilustrando de maneira prática, a sua reutilização, seu reaproveitamento. Suas orelhas trazem diversas figuras para serem coladas com objetivo de se personalizar a capa do livro, ou criar a sua própria. (eu que fiz de Ellen e julia Lupton) PONTOS POSITIVOS: - boa seleção de projetos e sua classificação de acordo com o nível de complexidade de execução. - texto simples e claro. - as imagens escolhidas para se representar o resultado final se mostram interessantes, com uma estética pertencente aos dias atuais, aproximando ao repertório imagético da criança o que impulsiona a experimentação por identificação. PONTOS NEGATIVOS: - a diagramação pode parecer confusa. - poucas ilustrações, resumindo os pontos chave de cada execução, dedicando mais atenção ao resultado final. - a execução de alguns itens requer conhecimentos como manipulação de softwares gráficos que podem não estar disponível pra parte do público alvo (ver página 25). CONCLUSÃO: A busca de um diálogo próximo ao leitor, indica ser necessário um volume de texto reduzido e a utilização de imagens que possam parecer atraentes as quais criem uma identificação por parte do leitor. Ambos os títulos lançaram mão de indicações visuais, descrevendo por meio de indicações numeradas, a ordem da sequencia de passos a serem dados para a execução de cada projeto/tarefa. As cores utilizadas dentro de cada uma das obras foram escolhidas de forma a criar uma identidade harmônica dentro de cada estilo proposto. A utilização de uma fonte com formas visualmente simplificadas, sem serifas, fora empregado em ambos os livros, mesmo assim, obtendo diferentes resultados. Em Material reciclado, a fonte remete a uma forma feita a mão, enquanto no Eu quem fiz a fonte é mais técnica. Quanto ao formato, também são semelhantes, pois ambas as formas são próximas ao quadrado perfeito, o que sugere ser esse um padrão que funciona na indústria gráfica para crianças. MATERIAIS E TECNOLOGIAS A seguir estão listados alguns instrumentos que serviram como análise de similares para a confecção dos mesmos com materiais reutilizáveis. Esse material servirá de apoio na produção da cartilha, onde crianças aprenderam a construir seus próprios instrumentos de acordo com o grau de dificuldade. RECO-RECO É um instrumento de percussão geralmente feito em bambu, dividido em duas partes que produz um ruído seco e intermitente quando atritadas uma na outra. É conhecido também como Ganzá ou Querequexé, sendo muito utilizado em rodas de capoeira. Fonte: http://capoeiraaltoastral.wordpress.com/sobre-capoeira/caixixi-reco-reco-e-agogo/ MARACA É um instrumento idiofone (em que o som é provocado pela sua vibração. É o próprio corpo do instrumento que vibra para produzir o som, sem a necessidade de nenhuma tensão) de agitamento, constituído geralmente por uma cabaça contendo sementes secas, grãos de arroz ou areia. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Maraca SAXOFONE Popularmente conhecido como Sax, é um instrumento transpositor de sopro, ou seja, a nota escrita não é a mesmanota que ouvimos (som real ou nota de efeito), que foi patenteado em 1846 por Adolph Sax, um respeitado fabricante de instrumentos que vivia na França no século XIX. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Saxofone PANDEIRO É um instrumento de percussão, ornado com rodelas (soalhas) duplas de metal, dispostas ao redor de um aro de madeira ou metal, sobre a qual se estica uma pele, preferencialmente de cabra ou bode. Pode ser brandido para produzir som contínuo de entrechoque, ou percutido com a palma da mão e os dedos. Fonte: http://cantorasueligushi.blogspot.com.br/2012/01/origem-do-pandeiro.html CHOCALHO O chocalho propriamente dito consiste num cilindro comprido oco, geralmente de metal, com objetos no seu interior (conchinhas,missangas, sementes etc.). Entre os instrumentos que se podem considerar como chocalhos, temos o chocalho propriamente dito, as maracas, o ganzá, o caxixi, o xique-xique etc.. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Chocalho TAMBORIM E TAMBOM São instrumentos de percussão do tipo membranofone, constituído de uma membrana esticada, em uma de suas extremidades, sobre uma armação, sem caixa de ressonância, normalmente confeccionada em metal, acrílico ou PVC (policloreto de vinila). No Brasil, é comumente utilizado nos ritmos de origem africana, como a batucada o samba e o cucumbi. GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS CONCEITO I Para o conceito I foi pensado que a cartilha se dividisse em livretos pertencentes a uma única coleção que se dividisse em níveis de dificuldade, onde a criança pudesse decidir qual exemplar desperta seu interesse. Cada livreto terá um número, representado pela quantidade de bolinhas, ao invés do numeral, na capa e por uma cor. A idéia do número de bolinhas no lugar do numeral, é sugestionar uma forma diferente de ver os numerais, que assinalam, indicam o volume ou projeto. Assim estimulando a criatividade, fazendo com que as crianças percebam a mesma coisa de forma diferente Todos os livretos viriam acondionados em um volume único, a ser definido e projetado, e quando houvesse a necessidade de executar um dos projetos de instrumentos, a criança levaria à escola somente o volume interessado, tolhendo a necessidade de levar os outros projetos, o que evitaria um excesso de volume de material para a criança.O formato quadrado foi adotado pois dentro da análise de similares, os dois exemplares têm formas semelhantes em proporções de dimensões CAPA I E II PARTE INTERNA I E II CONCEITO II Para o conceito II tomamos por base painéis semânticos compostos por similares como capas de livros, CDs e identidades visuais relacionadas à música. Com o primeiro painel montamos três possíveis paletas de cores, no segundo painel analisamos logos de bandas, empresas e projetos ligados à música, no qual observamos que é muito comum a utilização de símbolos musicais ( Jazz School Online, Seattle City of Music), formas que conotem a algum instrumento em específico (Projeto Vitória em Canto, Bossa Bar, We are Music) e formas fluidas (MTV, VH1, Patubatê). PROSPOSTA I FRENTE E VERSO PARTE INTERNA PROPOSTA II FRENTE E VERSO PARTE INTERNA CONSIDERAÇÕES FINAIS Durante a fase de pré-concepção do trabalho coletamos informações através de pesquisa, oficinas, entrevistas e análises que serviram para a geração de alternativas, no qual será aprimorada durante a fase de concepção do projeto, onde resultará no protótipo final que será apresentado ao fim do semestre. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BENNET, Roy. Uma Breve História da Música. Rio de Janeiro: Zahar, Ed., 1986 CABRAL, G.; SILVEIRA, W.; FLORÊNCIO, F., "Criação, Apreciação e Performance com Suporte Digital no Ensino Básico de Música". In XX Congresso Anual da ABEM, 11, Vitória, 2011. LEBAILLY, Vanessa – Material reciclado. 1ª Ed, São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2005 LUPTON, Ellen; LUPTON, Julia. Eu que fiz. 1ª Ed, São Paulo: Cosac Naify, 2008. PROJETO ACORDES PARA MUSEU: https://www.facebook.com/institutorb?fref=ts GUELLER, G¹; SILVA, C.A²; SILVEIRA, R.M da³. Rcunesp. São Paulo. Oficina, Uma metodologia prática para o ensino no Programa de educação ambiental “Coleta Seletiva” – Icentivo a extensão. “Apostila de Educação Musical”: http://www.portaledumusicalcp2.mus.br/apostilas/pdfs/6ano_00_apostila%20completa.p df http://pt.wikipedia.org/wiki/Educa%C3%A7%C3%A3o_musical http://educador.brasilescola.com/estrategias-ensino/acompanhando-decomposicao- materiais.htm http://ambientes.ambientebrasil.com.br/residuos/reciclagem/tempo_de_decomposicao_d o_materiais.html http://www.fec.unicamp.br/~crsfec/tempo_degrada.html http://educarparacrescer.abril.com.br/politica-publica/musica-escolas-432857.shtml http://www.recantodasletras.com.br/artigos/1738876