Andres Isquierdo Perez Caio Seebregts Gabriela Marques Florencio
RELATÓRIO DE CAMPO Mapeamento Geológico de Áreas Sedimentares
Rio Claro 2016 0
Andres Isquierdo Perez Caio Seebregts Gabriela Florencio Marques
RELATÓRIO DE CAMPO Mapeamento Geológico de Áreas Sedimentares Região de Rio Claro - SP
Docentes Prof. Dr. Cesar Augusto Moreira Prof. Dr. George Luiz Luvizotto Prof. Dr. Giancarlo Scardia Prof. Dr. Guilhermo Rafael Beltran Navarro Prof. Dr. José Alexandre de Jesus Perinotto Prof. Dr. José Eduardo Zaine Prof. Dr. Lucas Veríssimo Warren Prof. Dr. Norberto Morales Prof. Dr. Reinaldo José Bertini Profa. Dra. Rosemarie Rohn Davis
Relatório apresentado à disciplina de Mapeamento
Geológico
de
Áreas
Sedimentares – CAMPO I do curso de Geologia da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, como requisito para avaliação final sobre mapeamento geológico realizado na região de Rio Claro – SP.
Rio Claro 2016
Lista de ilustrações Figura 1: Área de Mapeamento da Equipe................................................................................03 Figura 2: Fluxograma sintetizando todas as etapas de trabalho...............................................06 Figura 3: Sinéclise e bacias sedimentares brasileiras com respectivas localizações no território nacional.....................................................................................................................................07 Figura 4: Carta Estratigráfica da Bacia do Paraná.....................................................................08 Figura 5: Coluna Estratigráfica da Bacia do Paraná em Rio Claro..........................................10 Figura 6: Mapa preliminar com as Zonas Homólogas..............................................................16 Figura 7: Fácies Arenito com Estratificação Cruzada Acanalada com Clastos........................18 Figura 8: Fácies Arenito Maciço com Clastos..........................................................................19 Figura 9: Fácies Argilito com Lentes Milimétricas de Arenito e Fácies Ritmito.....................20 Figura 10: Fácies Argilito.........................................................................................................21 Figura 11: Superfície glacial exposta com o recuo da geleira de Woodworth, Alasca..............22 Figura 12: Representação esquemática dos possíveis ambientes deposicionais das fácies descritas.....................................................................................................................................22 Figura 13: Fácies Ibicatu..........................................................................................................23 Figura 14: Fácies Siltito com Laminação Plano Paralela..........................................................25 Figura 15: Fácies Arenito com Laminação Plano Paralela e Arenito Maciço...........................26 Figura 16: Zona de contato entre colúvio (permeável) e Fm. Irati (impermeável)....................27 Figura 17: Fácies Siltito............................................................................................................30 Figura 18: Fácies Folhelho.......................................................................................................30 Figura 19: Fácies Carbonato (A) e Fácies Argilito (B e C).......................................................31 Figura 20: Fósseis de escamas de peixes..................................................................................34 Figura 21: Nível fossilífero......................................................................................................34 Figura 22: Fácies Siltito e Fácies Argilito.................................................................................35 Figura 23: Localização das Seções Colunares..........................................................................35 Figura 24: Seção Colunar Fazenda Sto. Antônio do Paraíso.....................................................36 Figura 25: Seção Colunar SUL Fazenda Sto. Antônio do Paraíso.............................................37 Figura 26: Estereograma das medidas de acamamento levantadas durante o mapeamento.....39 Figura 27: Acamamento na Formação Tatuí.............................................................................39 Figura 28: Estereograma das fraturas levantadas durante o mapeamento................................40 Figura 29: Fratura preenchida por calcita.................................................................................40 Figura 30: Áreas requeridas para exploração mineral...............................................................41 Figura 31: Mapa de Contorno Estrutural e Integração das Áreas Mapeadas.............................42 Quadro 1: Fácies descritas com seus pontos correspondentes (Gr. Itararé)..............................21 Quadro 2: Fácies descritas com seus pontos correspondentes (Fm. Tatuí)..............................25 Quadro 3: Fácies descritas com seus pontos correspondentes (Mb. Taquaral).........................29 Quadro 4: Fácies descritas com seus pontos correspondentes (Mb. Assistência).....................32 Quadro 5: Fácies descritas com seus pontos correspondentes (Fm. Corumbataí).....................33
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Sumário 1 Introdução.............................................................................................................................03 1.1 Generalidades.....................................................................................................................03 1.2 Objetivos.............................................................................................................................04 1.3 Fisiografia...........................................................................................................................04 1.4 Agradecimentos..................................................................................................................04 2 Método e Etapas de Trabalho..............................................................................................05 2.1 Fase Teórica........................................................................................................................05 2.2 Fase Foto-interpretativa......................................................................................................05 2.3 Fase de levantamento de pontos..........................................................................................05 2.4 Fase de escritório................................................................................................................06 3 Contexto Geológico Regional...............................................................................................07 3.1 Introdução...........................................................................................................................07 3.2 Contexto Geológico da Bacia do Paraná no Estado de São Paulo........................................09 3.2.1 Contexto Estratigráfico....................................................................................................09 3.2.1.1 Grupo Itararé..................................................................................................................10 3.2.1.2 Grupo Guatá..................................................................................................................11 3.2.1.3 Grupo Passa Dois...........................................................................................................12 3.2.1.4 Grupo São Bento............................................................................................................13 3.2.1.5 Formação Rio Claro.......................................................................................................13 3.2.2 Geomorfologia.................................................................................................................14 3.2.3 Contexto Estrutural...........................................................................................................14 4 Caracterização Fisiográfica da Área...................................................................................16 5 Contexto Geológico Local....................................................................................................17 5.1 Unidades Geológicas...........................................................................................................17 5.1.1 Grupo Itararé (PCi)...........................................................................................................17 5.1.2 Formação Tatuí (Pt)..........................................................................................................23 5.1.3 Formação Irati (Pi)............................................................................................................26 5.1.4 Formação Corumbataí (Pc)...............................................................................................32 5.1.5 Seções colunares...............................................................................................................35 5.1.6 Rochas Básicas.................................................................................................................38 5.1.7 Aluvião.............................................................................................................................38 5.2 Geologia Estrutural..............................................................................................................38 5.3 Recursos Minerais da Área..................................................................................................40 6 Mapa de Contorno Estrutural e Integração das Áreas Mapeadas....................................42 7 Conclusões e Recomendações..............................................................................................43 8 Referências............................................................................................................................45
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1 Introdução 1.1 Generalidades A região de estudo está inserida no contexto geológico da borda leste da Bacia do Paraná, mais precisamente no Alto Estrutural da Pitanga, localizado, geograficamente, entre as cidades de Rio Claro e Piracicaba. A região vem sendo estudada a vários anos, devido a sua complexidade estrutural e litologias aflorantes. A área mapeada (Figura 1), encontra-se entre os municípios de Ipeúna e Charqueada, sendo utilizada, principalmente, para o cultivo de cana-de-açúcar. Geologicamente, é composta por rochas da Bacia Sedimentar do Paraná, mais precisamente, por sedimentos Paleozoicos das Formações Corumbataí, Iratí e Tatuí e pelo Grupo Itararé. Essas rochas afloram na região devido a um arranjo de falhas normais que colocam blocos desnivelados lado a lado. O arranjo de falhas normais e blocos abatidos formam uma estrutura soerguida, na forma de um alto estrutural alongado na direção NW-SE, chamada de Domo de Pitanga. Por apresentar características diferentes do entorno, a região foi escolhida para a disciplina de Mapeamento de Áreas Sedimentares. Para o início da atividade, foi feito um estudo prévio da literatura bibliográfica da área, a partir da leitura de obras de importantes autores como SCHNEIDER et al. (1974), SOARES et al. (1974), ALMEIDA (1964), FÚLFARO et al. (1982) e ZALÁN et al. (1990).
Figura 1: Área de mapeamento da equipe
Fonte: Google Earth, 2016.
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1.2 Objetivos O objetivo principal do trabalho foi realizar um mapeamento geológico da área (Fig. 1) na escala 1:25.000, a partir de métodos de cartografia geológica, estratigráficos, sedimentológicos, fotogeológicos e estruturais nos trabalhos de campo, laboratório e escritório. Como resultado, é esperado, um mapa geológico na escala 1:25.000 além de um relatório detalhado de todas as feições geológicas, geomorfológicas e estruturas da região. O intuito do mapeamento geológico em áreas sedimentares é também introduzir ao aluno técnicas necessárias para a elaboração de um mapa geológico detalhado e de um relatório que descreva todas as feições litológicas e estruturais da região estudada. Além disso, introduz ao aluno a prática de trabalhos em grupo e confecção de apresentações e explicações sobre os mesmos, visando outros que possam surgir futuramente no mercado de trabalho.
1.3 Fisiografia Localizada entre os municípios de Ipeúna e Charqueada, a região mapeada é compreendida entre o Ribeirão Vermelho (a oeste) e possuí uma amplitude topográfica entre 510 m e 620 m em relação ao nível do mar. O clima da região é considerado subtropical úmido, com duas estações bem definidas, sendo seca no inverno e com chuvas no verão. A principal via de acesso é a Rodovia Irineu Penteado (SP-191), apesar de o mapeamento quase na totalidade ser feito em estradas de terra e drenagens da região. O munícipio de Ipeúna possuí uma população residente de 6.916 pessoas, com um Índice de Desenvolvimento Humano Municipal de 0,753 (IDHM 2010), enquanto o município de Charqueada possuí uma população de 16.440 pessoas e um Índice de Desenvolvimento Municipal na ordem de 0,736 (IDHM 2010). A principal atividade econômica de ambos os municípios é ao cultivo de cana-de-açúcar visando a produção de etanol (IBGE).
1.4 Agradecimentos Agradecemos ao motorista Douglas de Souza Camargo pela paciência, memorização rápida das estradas, pontualidade e o dom sutil de encontrar afloramentos em canaviais. Agradecemos também à todos os professores que nos acompanharam nas etapas de campo pelas sugestões e dicas, além das equipes que fizeram mapeamentos na vizinhança pela troca de informações e experiências.
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2 Método e Etapas de Trabalho Os procedimentos metodológicos aplicados na execução deste trabalho foram subdivididos em etapas, sumarizadas abaixo e na Figura 2.
2.1 Fase Teórica Revisão bibliográfica e do mapeamento regional com ênfase na caracterização do Domo de Pitanga, localizado na sub-bacia do Corumbataí. Docentes da Universidade Estadual Paulista do campus de Rio Claro tanto do DGA (Departamento de Geologia Aplicada) quanto do DPM (Departamento de Petrologia e Metalogenia) auxiliaram nesta etapa, palestrando sobre temas relevantes do trabalho:
10 de março: Estratigrafia (Prof. Dr. José Alexandre de Jesus Perinotto) e Geomorfologia e Fotointerpretação geológica (Prof. Dr. José Eduardo Zaine).
17 de março: Estrutural (Prof. Dr. Norberto Morales) e Paleontologia (Prof. Dr. Reinaldo José Bertini).
31 de março: Geologia Regional (Prof. Dr. Lucas Veríssimo Warren).
2.2 Fase Foto-interpretativa Observação, análise e interpretação de fotos aéreas do IGC (Instituto Geográfico e Cartográfico); Faixa 224E, fotos 36.390 até 36.394 (escala 1: 25.000). Classificação da área de estudo em zonas homólogas com base na tabela de Zaine (2011), a qual considera feições texturais, alinhamentos de relevo e/ou drenagens, regra dos “vs” entre outras características. Embasado na classificação em zonas homólogas foi confeccionado um Mapa Fotolitológico na escala 1:25.000, que auxiliou nas campanhas de campo.
2.3 Fase de levantamento de pontos Mapeamento da área de estudo através de duas campanhas de campo. A coleta de dados foi feita com aparelho de GPS (Garmin eTrex 30x), bússolas tipo CLAR (para medidas estruturais) e Brunton (para visadas no levantamento de seções colunares). Objetivou-se uma distribuição de pontos de modo a cobrir o local de estudo em sua máxima totalidade no tempo disponível, sem deixar grandes áreas sem pontos. Os afloramentos visitados foram descritos com base na litologia, composição, coloração, estruturas sedimentares, granulometria (escala de Wentworth), arredondamento, seleção e fósseis (caso houvesse). Foram obtidos dados estruturais de So, fraturas, assim como foram levantadas duas seções colunares. 5
Durante a campanha de mapeamento, docentes da Unesp acompanharam os trabalhos de campo, orientando sobre o trabalho a ser realizado, sendo eles Prof. Dr. José Alexandre de Jesus Perinotto (11 de abril), Prof. Dr. Lucas Veríssimo Warren (12 de abril), Profa. Dra. Rosemarie Rohn Davis (13 de abril), Prof. Dr. Giancarlo Scardia (14 de abril), Prof. Dr. José Eduardo Zaine (05 de maio), Prof. Dr. Cesar Augusto Moreira (06 de maio) e Prof. Dr. Guilhermo Rafael Beltran Navarro (07 de maio).
2.4 Fase de escritório Os trabalhos de escritório pós mapeamento consistiram na elaboração de um Mapa Geológico na escala 1:25.000, para tanto foi utilizada uma base cartográfica do Plano Cartográfico do Estado de São Paulo em escala 1:25.000. O processo de vetorização das curvas topográficas, drenagens e estradas, assim como a confecção do Mapa Geológico a partir dos dados levantados em campo, foi realizado no sistema GIS, com o software ArcGis 10.1. Para as medidas de So e fraturas coletadas em campo foram feitos estereogramas pelo software Openstereo. A partir da integração dos mapas feitos pelos discentes, foi elaborado um mapa de contorno estrutural na escala 1:50.000. No mapa, o datum utilizado foi o contato entre as Formações Tatuí e Iratí, mais especificamente a fácies Ibicatu. Finalmente, foi feito a integração e interpretação dos dados para a elaboração do presente relatório.
Figura 2: Fluxograma sintetizando todas as etapas de trabalho.
Levantamento Bibliográfico
Análise de fotos aéreas e elaboração de Mapa Fotolitológico
Levantamento geológico de campo
Integração dos dados e elaboração de Mapa Geológico 1:25.000
Mapa de contorno estrutural e integração das áreas 1:50.000
Confecção do relatório
Fonte: Elaborado pelos autores.
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3 Contexto Geológico Regional 3.1 Introdução A Bacia Sedimentar do Paraná é uma extensa bacia intracratônica com uma área total de aproximadamente 1,5 milhões de quilômetros quadrados que abrangem quatro países sulamericanos, sendo eles: Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai. Desse total, cerca de 1,1 milhão de quilômetros quadrados estão em território brasileiro, compreendendo os estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. A Bacia do Paraná possui uma forma ovalada com o eixo maior na direção NS (MILANI et al., 2007). No contexto das bacias sedimentares brasileiras, a Bacia do Paraná, juntamente com as Bacias do Parnaíba, Amazonas e Solimões compõe as grandes bacias paleozoicas e mesozoicas presentes no território (Figura 3). Sob a bacia encontra-se o cráton do Paranapanema que se encontra oculto em território brasileiro (HASUI et al., 2012). Figura 3: Sinéclise e bacias sedimentares brasileiras com respectivas localizações no território nacional.
Fonte: Modificado de HASUI et al, 2012
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Figura 4: Carta Estratigráfica da Bacia do Paraná.
4 Fonte: MILANI et al., 1994, modificado por ANP – Agência Nacional do Petróleo.
O registro estratigráfico da Bacia do Paraná abrange um pacote sedimentar-magmático de espessura máxima equivalente a 7 mil metros (MILANI et al., 2007). Geograficamente, o depocentro estrutural da sinéclise é a região da calha do rio Paraná. Seus sedimentos tem uma abrangência no tempo geológico que datam do Ordoviciano ao Neocretáceo. Milani (1997) reconhece no registro estratigráfico da Bacia do Paraná seis unidades de ampla escala, chamadas de Supersequências (Figura 4). Conforme proposto por Vail et al. (1977) cada uma dessas Supersequências compreende intervalos temporais da ordem de algumas dezenas de 8
milhões de anos e são limitadas por superfícies discordantes de caráter inter-regional. São elas: Supersequência do Rio Avaí (Ordoviciano-Siluriano), Paraná (Devoniano), Gondwana I (Carbonífero-Eotriássico), Gondwana II (Meso a Neotriássico), Gondwana III (NeojurássicoEocretáceo) e Bauru (Neocretáceo). As três primeiras Supersequências são caracterizadas por sucessões sedimentares que definem ciclos transgressivos e regressivos relacionados a variações no nível eustático da Era Paleozoica; as demais correspondem a pacotes de sedimentos continentais com rochas ígneas e vulcânicas associadas. Essa subdivisão em sequências está representada na Carta Estratigráfica da Bacia do Paraná, sob autoria de Milani et al. (1994), verificada na Figura 4.
3.2 Contexto Geológico da Bacia do Paraná no Estado de São Paulo 3.2.1 Contexto Estratigráfico O contexto estratigráfico da área em estudo (Figura 5), com exceção da Formação Rio Claro formada durante o Quaternário, está inserido na Supersequência Gondwana I descrita por Milani et al. (2007). Em suma, segundo Milani op cit, a Supersequência Gondwana I registra um ciclo transgressivo-regressivo completo que se inicia na base do conjunto glacial, cujas águas de degelo provocam um aumento do nível relativo do mar, conceitualmente identificada como “transgressão permiana”, alcança condições de afogamento marinho máximo e encerra-se com depósitos continentais. Sob a classificação litoestratigráfica, a Supersequência Gondwana I abrange o Supergrupo Tubarão (grupos Itararé e Guatá), Grupo Passa Dois e parte do Grupo São Bento (Formação Piramboia).
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Figura 5: Coluna Estratigráfica da Bacia do Paraná na região de Rio Claro.
Fonte: PERINOTTO & ZAINE, 2008 mod. de SOARES & LANDIM,1975.
3.2.1.1 Grupo Itararé O Grupo Itararé atualmente encontra-se indiviso no estado de São Paulo, devido a complexa relação entre suas rochas constituintes que tem baixa continuidade lateral e comum recorrência dos estratos. Pode atingir espessuras superiores a 1000 metros na porção central da Bacia do Paraná, adelgaçando-se em direção as bordas norte e sul (ARAB et al., 2009). O grupo compreende uma sequência sedimentar do Neocarbonífero-Eopermiano que contém o registro sedimentar da glaciação gonduânica neopaleozoica na Bacia do Paraná (VESELY & ASSINE, 2004). Desse modo, as fácies geradas refletem as influências glaciais em diferentes ambientes deposicionais. Há também a caracterização da unidade como sedimentos depositados durante um episódio transgressivo marinho, cujo aumento do mar foi ocasionado pelo derretimento de geleiras, com depósitos glaciais prévios à implementação da sedimentação marinha (AQUAROLI, 2013). Segundo Arab et al. (2009), encontram-se nesta unidade arenitos, diamictitos, folhelhos, lamitos, siltitos e ritmitos (em ordem crescente de abundância). Os prováveis ambientes 10
deposicionais são: fluvial, marinho e lacustre, com influência da glaciação (PERINOTTO & ZAINE, 2008 mod. de SOARES & LANDIM,1975). De acordo com a síntese feita por Petri & Souza (1993), nesta unidade ocorrem fósseis de microflora (palinomorfos, grãos de pólen), megaflora (Glossopteris, Gangamopteris), fauna (gastrópodes, braquiópodes, bivalves, escamas de peixes, asas de insetos) e icnofósseis (tubos de vermiformes, traços de locomoção ou rastejo, de pastagem, de descanso e estruturas de escape). 3.2.1.2 Grupo Guatá No Estado de São Paulo, o Grupo Guatá é representado pela Fm. Tatuí, sendo esta formação correspondente ao sul da bacia aos intervalos médio e superior da Formação Rio Bonito, em conjunto com a Formação Palermo (MILANI et al., 2007). A unidade é de idade eopermiana. A formação é dominada por rochas de granulação fina, contando com siltitos e siltitos arenosos (PERINOTTO & ZAINE, 2008 mod. de SOARES & LANDIM,1975). Contudo, a presença de níveis arenosos mais com granulação mais grossa e conglomerados, abundantes em clastos de sílex, é um aspecto marcante da parte superior da Formação Tatuí no centro-leste de São Paulo (ASSINE et al., 2003). Inserida na parte superior da Fm. Tatuí encontra-se a fácies Ibicatu, que é tida como datum estratigráfico regional. Possui um rico conteúdo fossilífero: caules silicificados, Espermatófitas, Pteridófitas, escamas e dentes de peixes, entre outros (CHAHUD, 2011). Segundo Assine et al. (2003), tal fácies tem origem de sistemas de leques aluviais costeiros (cunha clástica Ibicatu) que progradaram sobre ambientes marinhos. Vale ressaltar que os conglomerados que ocorrem no contato entre as formações Tatuí e Irati são estratigraficamente distintos da fácies Ibicatu (porção superior da Fm. Tatuí). O possível ambiente deposicional para esta unidade é segundo Assine et al. (2003), ambientes sedimentares com influência terrestre. A Coluna Estratigráfica de Perinotto e Zaine (2008) mod. de Soares e Landim (1975) classifica o ambiente deposicional como misto, sendo planície costeira e plataformal. Na Fm. Tatuí, segundo Chahud (2011), são encontrados icnofósseis, sendo estes de escavação, trilha de vermiforme, estruturas de repouso, além de fósseis de conchostráceos, crustáceos, escamas e dentes de peixes.
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3.2.1.3 Grupo Passa Dois Nos estados de São Paulo, Goiás e Mato Grosso o grupo é composto pelas formações Irati e Corumbataí (SCHNEIDER et al., 1974). 3.2.1.3.1 Formação Irati A formação apresenta ocorrência generalizada na bacia com espessuras da ordem de 40 metros e idade Permiano Superior. Pode ser subdividida em dois membros: a base da formação constitui o Membro Taquaral, sendo sobreposto em contato concordante pelo Membro Assistência (SCHNEIDER et al., 1974). Membro Taquaral Segundo Schneider et al. (1974), o membro é composto por argilitos, folhelhos cinza escuros a cinza claros e siltitos cinza. Apresenta ocorrência generalizada na bacia, com espessuras variando de 10 a 20 metros. O ambiente deposicional inferido é marinho de águas calmas, abaixo do nível de ação das ondas. Os fósseis comumente encontrados são: restos de peixes, de crustáceos (gênero Clarkecaris) e da flora Dadoxylon. Membro Assistência É composto por folhelhos cinza escuros, folhelhos pretos pirobetuminosos associados a calcários, por vezes dolomíticos. As espessuras são em torno de 30 metros. O ambiente deposicional interpretado é marinho de águas rasas, sendo cogitados momentos de restrições da bacia, que criariam condições para a deposição dos folhelhos pirobetuminosos associados aos calcários. Os fósseis da unidade são: répteis Mesosaurus brasiliensis e Stereosternum tumidum, restos de peixes, vegetais, carapaças de crustáceos e palinomorfos (SCHNEIDER et al., 1974). 3.2.1.3.2 Formação Corumbataí A Fm. Corumbataí consiste de argilitos, folhelhos e siltitos, sendo os mesmos de coloração cinza escura na parte inferior e arroxeados a avermelhados com intercalações de bancos carbonáticos e camadas de arenitos muito finos na parte superior. Possui espessuras em torno de 130 metros e idade do Permiano Superior. Lateralmente a parte superior da formação interdigita-se com o Membro Serrinha da Fm. Rio do Rasto (SCHNEIDER et al., 1974). O provável ambiente deposicional é marinho de águas gradativamente mais rasas, em condições climáticas redutoras na porção inferior e águas rasas oxidantes, sob influência de marés na porção superior. Os fósseis da unidade são lamelibrânquios, ostracodes, restos de 12
peixes, restos de vegetais e palinomorfos; contanto também com evidências de estromatólitos (SCHNEIDER et al., 1974; PERINOTTO & LINO). 3.2.1.4 Grupo São Bento O Grupo São Bento é composto pelas formações Piramboia, Botucatu e Serra Geral, sendo que na região de mapeamento ocorre apenas a Formação Piramboia e intrusivas básicas da Formação Serra Geral. 3.2.1.4.1 Formação Piramboia A Fm. Piramboia (Triássico) consiste em arenitos com colorações variadas, médios e muito finos, silto-argilosos, grãos polidos, subangulares e subarredondados, com intercalações de finas camadas de argilitos e siltitos. Podem ocorrer arenitos conglomeráticos com seixos de argila. A espessura máxima medida é de 270 metros. O contato entre as formações Piramboia e Corumbataí é marcado por uma discordância. O ambiente deposicional inferido é de origem continental flúvio-desértico, com migração de dunas de areia e regiões interdunas mais úmidas (PERINOTTO & LINO). Os fósseis encontrados são conchostráceos, ostracodes e restos vegetais (SCHNEIDER et al., 1974). 3.2.1.4.2 Intrusivas básicas relacionadas ao magmatismo Serra Geral As intrusivas básicas, principalmente sills e diques, encontradas na região de mapeamento estão geneticamente relacionadas ao magmatismo do tipo fissural básico (SOARES & LANDIM, 1973) que originou a formação Serra Geral durante a Supersequência Gondwana III (MILANI et al., 2007). Em termos petrológicos, a Formação Serra Geral é composta por basaltos toleíticos e andesitos basálticos, ocorrendo quantidades subordinadas de riolitos e riodacitos (MILANI et al., 2007). A rede intrincada de diques geradas por essa formação corta a seção sedimentar antecedente a sua gênese, com múltiplas soleiras intrudidas em planos de estratificação dos sedimentos paleozoicos (MILANI et al., 2007). 3.2.1.5 Formação Rio Claro A unidade (Quaternário) consiste, segundo Schneider et al. (1974), em depósitos de arenitos arcoseanos mal consolidados, arenitos conglomeráticos e argilitos vermelhos que ocorrem no Estado de São Paulo, na região do município de Rio Claro. A espessura máxima é de 40 metros. Atribui-se uma origem continental, em condições climáticas semi-áridas, com presença de canais fluviais. Os fósseis presentes são restos de vegetais. 13
3.2.2 Geomorfologia O relevo paulista foi objeto de estudo de vários autores durante o século XX, destacando-se os trabalhos de Moraes Rego (1932), onde foram definidas três grandes províncias geomorfológicas sendo essas a Costeira, a Depressão Periférica e o Planalto Ocidental, e o de Almeida (1953), onde houve uma melhor definição dessas províncias geomorfológicas dividindo-as em zonas e por vezes subzonas. Optou-se pela classificação de Almeida (1953) devido ao enfoque regional necessário para esse trabalho. Sendo assim, a área de mapeamento localiza-se na Depressão Periférica, região caracterizada por ser uma área rebaixada pela erosão entre as terras altas do Planalto Atlântico e as cristas das Cuestas Basálticas. No contexto da Depressão Periférica, a área de estudo insere-se na Zona do Médio Tietê, caracterizada por uma topografia pouco acidentada com predomínio de colinas baixas, de topo suavizado, separados por vales jovens e sem planícies aluviais importantes (ALMEIDA, 1964). Dentre as principais redes de drenagens que compõe a Zona cabe destacar a do rio Piracicaba, em especial do seu afluente, o rio Corumbataí, cujo baixo vale apresenta claro controle estrutural imposto pelo Domo de Pitanga. Admite-se como modelador do relevo e drenagens da Zona do Médio Tietê a superfície de aplainamento Japi, ocorrida durante o Cretáceo superior ou Terciário inferior (MORAES REGO, 1932). Em uma porção do rio Corumbataí, em específico a partir das vizinhanças do rio Passa Cinco, desenvolvem-se cuestas, feição de relevo importante e sustentada graças as estruturas silicificadas da Formação Corumbataí, aliadas a geometria das camadas na região que apresentam baixa inclinação, sendo que essas feições podem ser acompanhadas até a foz do rio Corumbataí (ALMEIDA, 1964)
3.2.3 Geologia Estrutural A região do Domo de Pitanga chama atenção pelas suas características estruturais, sendo elas alvos de estudo desde a primeira metade do século passado. Washburne (1930) foi um dos pioneiros no estudo da área e defende a formação de um anticlinal na região como sendo responsável pela estrutura do Domo, considerando as falhas como estruturas pouco significativas e consequentes do dobramento. As falhas ganharam importância no desenvolvimento do Domo a partir do trabalho de Oppenheim e Malanphy (1936), sendo confirmado por trabalhos posteriores como os de Fulfaro (1967) e Soares (1974).
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As estruturas identificadas na região, determinadas através de afloramentos de unidades mais jovens situados paralelamente e no mesmo patamar que afloramentos de unidades mais antigas, são falhas isoladas, sistemas lineares de falhas, horsts, grabens e flexuras periclinais (SOARES, 1974). O sistema de falhas Passa Cinco-Cabeça é de maior importância para a região, definido por falhas normais de trend NW-SE, sendo algumas preenchidas por rochas básicas, e falhas isoladas com orientação N-S e NNE-SSW. Outro sistema de falhas significativo é o Ipeúna-Piracicaba, principalmente no controle estrutural de drenagens na região, apresentando trend preferencial NW-SE e NE-SW e de forma isolada N-S e E-W (ANDRADE; SOARES, 1970). Riccomini (et al. 1991) chama atenção para movimentos transcorrentes dextrais e sinistrais, na borda e no interior da estrutura, associados à sua gênese. Sousa (1997) destaca o caráter assimétrico da Estrutura de Pitanga, sendo o flanco oeste marcado por falhas e o flanco leste representado por ligeira inclinação das camadas. Quantos aos eventos tectônicos geradores do Alto Estrutural de Pitanga, há divergências entre os autores. Riccomini (et al. 1991) define seis fases de deformação, sendo a primeira relacionada a movimentos do embasamento, reflexo da reativação das zonas de cisalhamento Guaxupé e Jacutinga e do lineamento Moji-Guaçú. Sousa (1997) reconhece pelo menos três fases, sendo a primeira caracterizado por distensão aproximadamente E-W, marcado por falhas normais, a segunda representaria falhas sin deposicionais a Formação Rio Claro de caráter distensivo e a terceira seria expressa por falhas inversas e transcorrentes, que deformam a Formação Rio Claro.
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4 Caracterização Fisiográfica da Área Durante os estágios preliminares ao mapeamento, utilizando-se de recursos e critérios de fotogeologia, definiram-se cinco zonas homólogas na referente área de mapeamento (Figura 6). A zona homóloga E, localizada a E da área, caracterizada por média densidade de elementos de drenagem, média densidade de elementos de relevo e relevo com amplitude local pequena, declividade baixa, forma de encosta côncava, de vales abertos e topos arredondados caracterizou bem a região onde aflora o Grupo Itararé. A zona homóloga D não representou nenhuma unidade litoestratigráfica, sendo observado em campo poucos afloramentos da Formação Corumbataí nessa região. A zona homóloga C, correspondente dos níveis topográficos mais elevados do mapa e representante de uma zona de chapada, caracterizada por encostas convexas, topos arredondados e uma baixa densidade de elementos de drenagem, englobou as Formações Corumbataí e Iratí, que afloram nessa região central do mapa. As zonas A e B, representando a porção W do mapa, caracterizadas por baixa amplitude de relevo, baixa declividade, encostas retilíneas e topos arredondados, não auxiliaram na definição dos contatos. Observou-se que nessa região, a Formação Irati corresponde a baixos topográficos e áreas planas, resultando em brejos e lamaçais, por outro lado, a Formação Corumbataí mostrou-se mais resistente e representa os topos arredondados e encostas. Outra unidade que se relaciona as encostas é a Formação Tatuí, representada pela encosta na porção leste da área mapeada.
Figura 6: Mapa preliminar com as Zonas Homólogas.
Fonte: Mapa elaborado pelos autores.
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5 Contexto Geológico Local Situada na porção Oeste do Alto Estrutural de Pitanga e a Norte do distrito de Paraísolândia, a área tem como principal via de acesso a Rodovia Irineu Penteado (SP-191), seguindo pela estrada Ipeúna-Paraisolândia. Afloram na região as formações Corumbataí, Iratí e Tatuí, além do Grupo Itararé. As camadas apresentam uma leve inclinação para W, variando para WNW e WSW e são afetadas por duas zonas de falha de direção NW-SE e NNE-SSW. Uma descrição detalhada dos litotipos, estruturas e recursos minerais identificados na área encontra-se a seguir.
5.1 Unidades Geológicas 5.1.1 Grupo Itararé (PCi) O Grupo Itararé (idade permo-carbonífera) tem como característica marcante a variação de litologias, tanto vertical quanto horizontalmente. Tal fato é bem marcado pela ocorrência de fácies finas muito próximas à fácies grosseiras em curtas distâncias (vertical e/ou horizontal), sendo que nenhuma das fácies sedimentares possui expressiva persistência lateral. A unidade ocorre na porção leste da área, em toda sua extensão norte-sul. Cerca de 30% da área mapeada corresponde ao Grupo Itararé. O relevo predominante da unidade é suave, sem grandes desníveis. Devido à sua ampla variação litológica, os produtos de intemperismo e solos gerados também são variados, originando desde solos arenosos a solos argilosos, com colorações diversas. Não foi possível determinar a espessura da unidade, uma vez que o contato basal não foi encontrado, contudo, na área há uma espessura aflorante de 90 metros. O contato superior com a Fm. Tatuí é erosivo e irregular, marcando a passagem de um ciclo glacial (Grupo Itararé) para um pós-glacial (Fm. Tatuí). Esse contato é descrito por Soares (1972) como uma desconformidade basal e denominada L1 pelo autor. No trabalho de campo, não foram encontrados fósseis na unidade na área mapeada. As fácies sedimentares do Grupo Itararé presentes na área mapeada e suas respectivas interpretações de processos geradores e ambientes deposicionais são descritas a seguir e relacionadas com seus respectivos pontos no Quadro 1 e com seu possível ambiente deposicional nas Figuras 11 e 12.
Arenito com Estratificação Cruzada Acanalada com Clastos Arenito de bem a muito pobremente selecionado de coloração levemente amarelada,
com porções mais avermelhadas, de granulometria areia fina a grossa, com grãos subangulosos 17
a subarredondados. A composição é predominantemente quartzosa, com a presença de micas brancas. Os clastos são polimíticos (clastos de argila, quartzitos), majoritariamente arredondados, com exceção dos clastos de argila, que são subangulosos (Figura 7). O tamanho médio enquadra-se em grânulos (cerca de 4 mm), alguns chegando até seixo (com aproximadamente 1 cm). Arenitos com estratificação cruzada acanalada (Figura 7) representam atuação de processos de tração, indicando a ação de correntes. A presença de clastos na fração grânulo e seixo indica maior competência do fluxo. Segundo Arab et al. (2009), arenitos com estratificação cruzada acanalada podem ocorrer associados à fácies arenitos maciços com clastos, depositados em leques de outwash (lobos ou canais, podendo ser subaéreos ou subaquosos) a partir de fluxos de água de degelo liberados durante o recuo da geleira (Figura 11). Tal fato é evidenciado no campo, pois próximo ao floramento da fácies descrita há a presença da fácies arenito maciço com clastos.
Figura 7: Fácies Arenito com Estratificação Cruzada Acanalada com Clastos.
Legenda: (A) Arenito com feição “colher”, indicativo de estratificação cruzada acanalada. (B) Clasto subanguloso de argila em destaque; nota-se a granulometria variada do arenito, contendo alguns grânulos. Ambas as fotos pertencem ao Ponto 1. Fonte: Imagem obtida pela equipe nas campanhas de mapeamento.
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Arenito Maciço com Clastos Arenito fino a médio maciço de coloração avermelhada, sendo esbranquiçado em alguns
afloramentos, pobremente a muito pobremente selecionado, com matriz síltica e grãos subarredondados a angulares (Figura 8). A composição é predominantemente quartzosa. Os clastos são majoritariamente de quartzo, enquadrando-se na fração grânulo (cerca de 4 mm). A formação de arenitos maciços com clastos pode ser devido a fluxos gravitacionais contendo grande quantidade de água (liquefeitos). Como dito anteriormente, esta fácies está associada à arenitos com estratificação cruzada acanalada, podendo indicar deposição em leques de outwash.
Figura 8: Fácies Arenito Maciço com Clastos.
Legenda: Arenito mal selecionado com presença de clastos indo da fração grânulo até seixo. Fonte: Imagem obtida pela equipe nas campanhas de mapeamento. Ponto 95.
Argilito com Lentes Milimétricas de Arenito
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O argilito possui coloração avermelhada a arroxeada, contendo um pouco de micas brancas em sua composição. Há presença de lentes milimétricas e descontínuas de arenito fino, com coloração levemente amarelada (Figura 9). O conjunto pode ser caracterizado como acamamento linsen. A interação dos tipos litológicos descritos remete a processos interativos de decantação e fluxo formador das lentes, sendo que o primeiro se sobrepõe ao segundo. Um possível ambiente seria um ambiente plataformal, em condições litorâneas de baixa energia (ARAB et al., 2009) ou porções mais distais do leque de outwash.
Ritmito Fino A fácies é composta por uma intercalação milimétrica a centimétrica de argilito de
coloração arroxeada a avermelhada e siltito de coloração creme claro, contendo um pouco de areia fina (Figura 9). Esses ritmitos foram gerados a partir de decantação de material fino em suspensão, podendo representar turbiditos de baixa densidade, horizonte D-E (ARAB et al., 2009) ou uma porção mais distal dos leques de outwash.
Figura 9: Fácies Argilito com Lentes Milimétricas de Arenito e Fácies Ritmito.
Legenda: (A) Lentes milimétricas de arenito com coloração esbranquiçada no argilito avermelhado (Ponto 2). (B) Intercalação entre siltito e argilito com colorações distintas. Porções mais claras correspondem ao siltito, enquanto que as cores arroxeadas equivalem ao argilito (Ponto 3). Fonte: Imagem obtida pela equipe nas campanhas de mapeamento.
Argilito Argilito com alternância de coloração entre avermelhado e esbranquiçada. Há um pouco
de silte nas porções mais claras (Figura 10). Nota-se um desplacamento da rocha, devido a 20
processos de alteração. Essa fácies foi depositada a partir da decantação de material fino em suspensão. Figura 10: Fácies Argilito
Legenda: Lentes milimétricas de arenito fino correspondem às porções mais claras do afloramento. Ponto 29. Fonte: Imagem obtida pela equipe nas campanhas de mapeamento.
Quadro 1: Fácies descritas com seus pontos correspondentes (Gr. Itararé). FÁCIES
PONTOS
Arenito com Estratificação Cruzada Acanalada com Clastos
01, 13
Arenito Maciço com Clastos
04, 05, 06, 58, 59, 76, 77, 95
Argilito com Lentes Milimétricas de Arenito
02
Ritmito Fino
03
Argilito
29, 56, 57
Fonte: Elaborado pelos autores.
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Figura 11: Superfície glacial exposta com o recuo da Geleira de Woodworth, Alasca.
Legenda: Diferentes feições morfológicas subglaciais e proglaciais. (1) geleira; (2) leque de outwash; (3) lago glacial; (4) drumlim; (5) esker; (6) tills com sulcos e cristas. Fonte: foto B. Washburn – extraída de Press & Siever (1982).
Figura 12: Representação esquemática dos possíveis ambientes deposicionais das fácies descritas
Legenda: Na imagem, (1) Arenito com Estratificação Cruzada Acanalada com Clastos; (2) Arenito Maciço com Clastos; (3) Argilito com Lentes Milimétricas de Arenito; (4) Ritmito Fino; (5) Argilito. Fonte: Modificado de Arab et al. (2009).
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5.1.2 Formação Tatuí (Pt) A Formação Tatuí (idade eopermiana) ocorre principalmente na porção centro-leste da área de mapeamento. O relevo é caracterizado por feições de escarpa, onde a maior inclinação comumente corresponde à Formação Tatuí. O contato com o Grupo Itararé, como dito anteriormente é erosivo e irregular, evidenciando a passagem do ciclo glacial para o pós-glacial; o mesmo é bem marcado geomorfologicamente pela existência de uma quebra negativa. O relevo apresenta um aplainamento no topo, próximo ao contato entre as formações Tatuí e Irati. O contato entre essas unidades é marcado pela presença de um nível centimétrico (cerca de 5 cm) de um arenito conglomerático, com presença de grânulos (lag transgressivo); tal descrição foi observada em apenas uma localidade da área (ponto 11). Soares (1972) define esse contato como erosivo e o denomina de L4. Vale enfatizar que, segundo Assine et al. (2003), esse nível é oriundo de depósitos residuais transgressivos. Tal contato é erroneamente denominado de “fácies Ibicatu”, sendo esta uma fácies de arenito grossos e conglomerados silexíticos pertencentes a parte superior da Formação Tatuí. Na área, a possível autêntica fácies Ibicatu (Figura 13) foi observada como um nível conglomerático de 10 centímetros acima de uma camada de sílex com aproximadamente 30 centímetros. Após esse nível conglomerático, retorna o siltito comumente encontrado da Fm. Tatuí.
Figura 13: Fácies Ibicatu.
Legenda: (A) Camada de sílex com aproximadamente 30 centímetros de coloração cinza escuro. (B) Acima dela, há um nível de conglomerado com 10 centímetros equivalente à fácies Ibicatu. Ponto 09. Fonte: Imagem obtida pela equipe nas campanhas de mapeamento.
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Nos locais em que a Fm. Tatuí é aflorante, geralmente não ocorre plantações de canade-açúcar, devido ao relevo íngreme. Desse modo, é mais fácil localização da formação utilizando imagens/fotos aéreas. O solo formado por essa unidade tende a ser argiloso. Devido a propensão da Fm. Tatuí originar escarpas, o solo tende a ser pouco espesso, uma vez que processos erosivos atuantes transportam o solo para porções mais rebaixadas. A espessura da unidade na área mapeada é de aproximadamente 30 metros, chegando a 20 metros em local cuja unidade é cortada por falha. No trabalho de campo, não foram encontrados fósseis na unidade na área mapeada. As fácies mapeadas da unidade evidenciam um ambiente com predomínio de frações granulométricas mais finas (silte e areia fina); além disso, a presença de estruturas plano paralelas pode indicar ação de fluxo em regime superior e/ou inferior. Integrando ambas as informações, é possível propor que a Formação Tatuí tenha se formado em ambiente marinho raso, plataformal. As fácies sedimentares da Formação Tatuí presentes na área mapeada são descritas a seguir e associadas com os respectivos pontos no Quadro 2.
Arenito com Laminação Plano Paralela Arenito fino a médio de coloração amarelada com laminação plano paralela, bem
selecionado, com grãos subangulares a subarredondados. Presença de silte e argila. Composição predominantemente quartzosa. Em alguns pontos visitados, há a presença de concreções de areia fina cimentadas por carbonatos, com dimensões desde milimétricas alcançando até 5 centímetros de diâmetro. Essa fácies está comumente associada à fácies arenito maciço, ocorrendo intercalada a mesma (Figura 15).
Siltito com Laminação Plano Paralela Siltito de coloração variada (amarelada, cinza esverdeado), em alguns pontos contendo
um pouco de areia em sua composição. A presença de alteração por empastilhamento evidencia a estrutura de laminação plano paralela presente na rocha (Figura 14).
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Figura 14: Fácies Siltito com Laminação Plano Paralela
Legenda: A alteração por empastilhamento ressalta a estrutura de laminação plano paralela. Ponto 10. Fonte: Imagem obtida pela equipe nas campanhas de mapeamento.
Arenito Maciço Arenito fino amarelado, de bem a moderadamente selecionado, com grãos
subarredondados. Pode conter também concreções de areia fina cimentadas por carbonatos, com dimensões de até 3 cm de diâmetro. Como dito anteriormente, há uma associação entre esta fácies e a fácies arenito com laminação plano paralela, ocorrendo intercaladas (Figura 15).
Quadro 2: Fácies descritas com seus pontos correspondentes (Fm. Tatuí). FÁCIES
PONTOS
Arenito com Laminação Plano Paralela
07, 94, 134
Siltito com Laminação Plano Paralela
08, 09, 10, 11, 75, 88, 122, 123
Arenito Maciço
87, 134
Fonte: Elaborado pelos autores.
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Figura 15: Fácies Arenito com Laminação Plano Paralela e Arenito Maciço
Legenda: Fácies Arenito com Laminação Plano Paralela com coloração mais esbranquiçada intercalada com a fácies Arenito Maciço de coloração mais alaranjada. Nota-se a presença de concreções de areia cimentadas por carbonatos em ambas as fácies, com diâmetros chegando a 5 centímetros. Ponto 134. Fonte: Imagem obtida pela equipe nas campanhas de mapeamento.
5.1.3 Formação Irati (Pi) A Formação Irati (idade permiana), assim como a Formação Tatuí, ocorre na porção centro-leste da área de mapeamento, com uma ocorrência isolada mais a oeste. Afloramentos dessa unidade foram de difícil localização e acesso, uma vez que majoritariamente se encontravam em leitos de drenagens. Pelo fato das litologias que compõem essa unidade serem impermeáveis, há uma tendência de acúmulo de água em superfície, formando zonas de brejo próximas aos leitos de drenagem nas quais essa unidade aflora (Figura 16).
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Figura 16: Zona de contato entre colúvio (permeável) e Fm. Irati (impermeável).
Legenda: O contato entre uma camada permeável superior (colúvio) e a unidade impermeável (Fm. Irati) faz com que a água escoe em subsuperfície e “brote” nos afloramentos exatamente no limite entre ambos. Tal situação exemplifica o fato da Fm. Irati tender a formar “brejos”. Ponto 80. Fonte: Imagem obtida pela equipe nas campanhas de mapeamento.
O contato inferior com a Formação Tatuí, como dito anteriormente, é marcado pela presença de um nível centimétrico (cerca de 5 cm) de um arenito conglomerático, com presença de grânulos (L4 de SOARES, 1972). O limite superior, contato com a Formação Corumbataí, é delimitado pela existência de uma camada de arenito, comumente fossilífera, crustáceos e restos de mesossaurídeos (ROHN, 1998; WARREN et al.,2015), contudo, na área de mapeamento não foram encontrados fósseis nessa camada. Segundo Rohn (1998), essa camada submétrica arenosa faz parte do topo da Formação Irati, na região de Rio Claro, Ipeúna e Limeira (SP); os fósseis da camada teriam sido submetidos a pouco ou nenhum retrabalhamento. Segundo a autora, essa camada foi formada ainda no contexto paleoecológico de vida dos mesossaurídeos da Fm. Irati. Tal camada teria sido depositada por fluxos induzidos por tempestades. A ocorrência apenas regional desta
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camada arenosa e seu teor detrítico talvez possam ser associados à uma proximidade maior da paleoborda da bacia (LAGES, 2004). Em contrapartida, segundo Warren et al. (2015), essa camada arenosa faz parte da porção inferior da Formação Serra Alta (considerada pela equipe de mapeamento como porção basal da Fm. Corumbataí). A ocorrência de fragmentos desarticulados de mesossaurídeos nessa camada deve-se ao retrabalhamento da porção superior da Formação Irati, concentrando os fragmentos por joeiramento (winnowing), induzido pela subida do nível relativo do mar. Segundo os autores, esse evento transgressivo formou concentrações bioclásticas do tipo lag. Na camada submétrica arenosa encontrada durante o mapeamento não foi encontrado nenhum tipo de fóssil, como dito anteriormente. A presença e o estado de preservação do fóssil ajudariam na melhor caracterização da gênese da camada. Caso fossem encontrados fósseis bem preservados, o retrabalhamento teria sido mais incipiente, corroborando com o proposto por Rohn (1998). Entretanto, caso os fósseis encontrados estivessem desarticulados e/ou quebrados, a hipótese proposta por Warren et al. (2015) seria favorecida. O solo da Fm. Irati é majoritariamente argiloso, com coloração vermelho acinzentado, com presença constante de fragmentos e/ou bonecas de sílex, por vezes frescos com coloração cinza escuro, por vezes alterados, adquirindo cor esbranquiçada e sofrendo uma grande diminuição em sua densidade original. Segundo Amaral (1967), a espessura da Fm. Irati no Estado de São Paulo varia entre 20 e 30 metros. Tal fato foi constatado pela equipe, encontrando uma espessura média de 30 metros na área mapeada. A Fm. Irati é subdividida em Membro Taquaral, cuja espessura média na área é de 10 metros, e Membro Assistência, com uma média de 20 metros de espessura. As fácies encontradas na formação direcionam o ambiente deposicional para marinho de águas paradas e anóxicas, que possibilitou o acúmulo de matéria orgânica, evidenciado pelos folhelhos negros descritos em alguns pontos, além da presença de pirita (ambiente redutor), descrita na literatura. Em momentos em que a bacia reduziu seu aporte sedimentar, foi possível a formação das camadas de carbonatos. Nota-se, através dessa interpretação, uma elevação do nível eustático, havendo uma transgressão marinha na transição da Fm. Tatuí para a Fm. Irati, evidenciada pela presença do nível conglomerático no contato das unidades (lag transgressivo). As fácies encontradas em cada membro da Formação Irati são descritas a seguir e associadas aos respectivos pontos nos Quadros 3 e 4.
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Membro Taquaral
Fácies Folhelho Folhelho com coloração cinza escuro. São rochas que possuem grãos na fração argila.
Diferenciam-se dos argilitos porque possuem lâminas finas e paralelas esfoliáveis, enquanto os argilitos apresentam as argilas com aspecto mais maciço.
Fácies Siltito Siltito, contendo argila em alguns pontos e areia fina em outros (Figura 17). Coloração
de alteração esbranquiçada, amarelada. Geralmente, próximos aos afloramentos há uma concentração de clastos de sílex na estrada, podendo este ser proveniente do Membro Taquaral mais acima ou jogado para pavimentação da estrada.
Quadro 3: Fácies descritas com seus pontos correspondentes (Mb. Taquaral). FÁCIES
PONTOS
Folhelho
12
Siltito
28, 93
Fonte: Elaborado pelos autores.
Membro Assistência
Fácies Folhelho Folhelho com coloração cinza escuro, com coloração de alteração esbranquiçada a
amarelada (Figura 18). Comumente há presença de níveis de sílex com espessuras médias de 10 centímetros. Tal sílex pode ser efeito de substituição de antigos carbonatos presentes na unidade durante processos diagenéticos. Há também bonecas de sílex em abundância nessa fácies, cuja cor original é cinza escuro, alterando para esbranquiçada e tornando-se muito pouco densa. Em alguns pontos foi possível observar esta fácies associada a fácies carbonáticas, de modo que ambas se intercalavam.
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Figura 17: Fácies Siltito
Legenda: Fácies Siltito de coloração cinza em superfícies frescas e amarelada alterada. Ponto 28. Fonte: Imagem obtida pela equipe nas campanhas de mapeamento.
Figura 18: Fácies Folhelho
Legenda: Fácies Folhelho, com elevado grau de alteração; nota-se a presença de bonecas de sílex e camadas milimétricas do mesmo material esbranquiçados pela alteração. Ponto 81. Fonte: Imagem obtida pela equipe nas campanhas de mapeamento.
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Argilito Argilito de coloração cinza escuro, tendo alteração amarelada, contendo em alguns
pontos um pouco de silte. Nessa fácies também é comum a presença de bonecas de sílex, assim como camadas decimétricas (20-30 cm) desse material (Figura 19). Pode ser encontrada associada a fácies carbonáticas, apresentando-se em forma de intercalação de ambas.
Carbonato Carbonato com coloração acinzentada de composição provavelmente dolomítica,
devido à pouca reação à HCl (Figura 19). Há presença de estruturas que se assemelham a dobras, estas podendo ser causadas por substituição ou dissolução do carbonato. Observam-se também cavidades, que podem ter sido geradas por dissolução ou perda de antigos nódulos carbonáticos. Essa fácies conta com a abundante presença de sílex, em camadas decimétricas. Esse sílex pode ser fruto da substituição do carbonato por material silicático durante os processos diagenéticos.
Figura 19: Fácies Carbonato (A) e Fácies Argilito (B e C)
Legenda: (A) Fácies Carbonato com feições semelhantes a dobras, que podem ser efeitos de dissolução e/ou substituição. (B) Fácies Argilito com alteração elevada e em destaque (B) há pequenas bonecas de sílex. Pontos 86 (A) e 21 (B e C). Fonte: Imagem obtida pela equipe nas campanhas de mapeamento.
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Arenito com Laminação Plano Paralela Arenito fino, com matriz síltica e coloração esbranquiçada, muito bem selecionado com
grãos subarredondados.
Quadro 4: Fácies descritas com seus pontos correspondentes (Mb. Assistência). FÁCIES
PONTOS
Folhelho
36, 52, 70, 71, 73, 81
Argilito
20, 21, 74, 80, 86, 118
Carbonato
36, 52, 71, 86
Arenito com Laminação Plano Paralela
51
Fonte: Elaborado pelos autores.
5.1.4 Formação Corumbataí (Pc) A região de mapeamento apresenta uma superfície considerável de ocorrência da Formação Corumbataí (idade permiana superior). Vale ressaltar que a Fm. Serra Alta foi considerada como parte basal da Fm. Corumbataí na área mapeada. Está presente em todo o oeste da área, perfazendo mais de 50% da extensão de mapeamento. Por ter apenas o contato basal com a Formação Irati e o contato com a formação superior (Fm. Piramboia) não ocorrer na área de mapeamento, não é possível determinar a espessura da Fm. Corumbataí. Na área, há 70 metros aflorantes dessa unidade. Como descrito anteriormente, o contato entre as formações Irati e Corumbataí é marcado por uma camada submétrica de arenito (fácies já descrita na Fm. Irati), cujas hipóteses de gênese já foram anteriormente discutidas. A unidade apresenta encostas suavemente aplainadas e relevo com pouco desnível topográfico. Devido a este fato, a Formação Corumbataí representa um local propício para agricultura, sendo alvo para plantação de cana-de-açúcar, que é o cultivo da região. O solo desta unidade é argiloso, de coloração avermelhada à arroxeada e frequentemente apresenta pastilhas de siltito. Na unidade foram encontrados fósseis de escamas de peixe (Pontos 26 e 46, Figura 20) e um nível fossilífero contendo conchas e escamas de peixe (Ponto 43, Figura 21). Integrando as características litológicas da unidade e os fósseis presentes na mesma, é possível que o ambiente deposicional tenha sido marinho, de plataforma rasa. 32
Na área de mapeamento, foram observadas algumas fraturas preenchidas por carbonatos. A possível origem desse material de preenchimento são os carbonatos da Formação Irati. Na área, há ocorrência de intrusões de rochas básicas. O calor da intrusão fez com que parte dos carbonatos da Formação Irati se dissolvesse e percolasse por zonas de fraqueza e alívio de pressão (fraturas), preenchendo esses espaços vazios. As fácies sedimentares da Formação Tatuí presentes na área mapeada são descritas a seguir e associadas com os respectivos pontos no Quadro 5.
Siltito Siltito, em pontos contando com a presença de areia, em outros, argila em sua
composição (Figura 22). Há uma tendência de coloração mais arroxeada na base gradando para um avermelhado no topo. Em quase a totalidade dos afloramentos dessa fácies há presença de alteração por empastilhamento e fraturas subconchoidais. Em alguns pontos, ocorrem camadas centimétricas de carbonatos, além da existência de fraturas preenchidas pelo mesmo material. Há também a existência de níveis centimétricos de sílex, podendo ser provenientes da substituição de carbonatos por material silicático durante processos diagenéticos.
Argilito Argilito comumente contendo silte em sua composição (Figura 22). Assim como a fácies
siltito, há uma tendência na coloração, indo de arroxeada próximo à base até avermelhada nas porções superiores da unidade. Há presença de alteração por empastilhamento e fratura subconchoidal na maioria dos pontos visitados.
Quadro 5: Fácies descritas com seus pontos correspondentes (Fm. Corumbataí). FÁCIES Siltito Argilito
Legenda: (A) Amostra com fósseis de escamas de peixes. (B) Foto de detalhe das escamas. Ponto 46. Fonte: Imagem obtida pela equipe nas campanhas de mapeamento.
Figura 21: Nível Fossilífero
Legenda: Presença de fragmentos de conchas e escamas de peixes no nível fossilífero. Ponto 43. Fonte: Imagem obtida pela equipe nas campanhas de mapeamento.
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Figura 22: Fácies Siltito e Fácies Argilito
Legenda: (A) Fácies Siltito com nível carbonático centimétrico (Ponto 46). (B) Fácies Argilito fraturada (Ponto 41). Fonte: Imagem obtida pela equipe nas campanhas de mapeamento.
5.1.5 Seções Colunares Na área de mapeamento foram levantadas duas seções colunares (Figura 23), objetivando esclarecer a estratigrafia da região de forma visual (Figura 24 e 25).
Figura 23: Localização das Seções Colunares
Legenda: (A) Seção Colunar Fazenda Sto. Antônio do Paraíso. (B) Seção Colunar SUL Fazenda Sto. Antônio do Paraíso. Fonte: Google Earth, 2016.
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Figura 24: Seção Colunar Fazenda Sto. Antônio do Paraíso
Fonte: Seção colunar gerada pela equipe de mapeamento.
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Figura 25: Seção Colunar SUL Fazenda Sto. Antônio do Paraíso
Fonte: Seção colunar gerada pela equipe de mapeamento.
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5.1.6 Rochas Básicas As rochas básicas que ocorrem na área não são expressivas o suficiente para entrarem na escala de mapeamento. Ocorrem majoritariamente na Formação Irati (Pontos 71, 80, 85), tendo uma pequena ocorrência na Formação Tatuí (Ponto 08). São diabásios subfaneríticos, compostos por piroxênios e plagioclásios, com coloração escura. Comumente foram encontrados tais corpos ígneos nos leitos de drenagem, devido sua maior associação com a Formação Irati.
5.1.7 Aluvião Em grande parte do Rio Vermelho, que passa a oeste na área de mapeamento, há depósitos de sedimentos recentes. Tais depósitos são caracterizados por areias e seixos, depositados nas planícies do rio.
5.2 Geologia Estrutural A área de mapeamento é afetada por duas zonas de falhas, sendo uma de direção NW-SE, na região oeste, e outra NNE-SSW, na região leste. Como não se identificaram planos ou estrias de falha, a caracterização das falhas não foi possível. No entanto, pela colocação de unidades sobrepostas lado a lado com unidades sotoposta, definiu-se que os blocos a W das zonas de falha correspondem aos blocos baixos. Além disso, essas falhas apresentam rejeito de mergulho, já que um deslocamento horizontal não foi constatado. As camadas na área de mapeamento encontram-se sub-horizontais, com um ângulo de mergulho de 2° a 15° e rumo preferencial para W, variando para WNW e WSW (Figura 26). A leve inclinação das camadas é atribuída ao abatimento dos blocos resultado dos falhamentos, principalmente aqueles relacionados ao sistema de falhas Ipeúna-Piracicaba. No ponto 134 (Figura 27), foi onde se observou o maior ângulo de mergulho das camadas, apresentando atitude de N270/15, corroborando com a hipótese de uma zona de falha na região.
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Figura 26: Estereograma das medidas de acamamento levantadas durante o mapeamento.
Fonte: Elaborado pela equipe de mapeamento.
Identificaram-se oito famílias de fraturas amplamente distribuídas na região do mapeamento (Figura 28), sendo que elas apresentam direção preferencial NW-SE, E-WW, NESW e são subverticais. Na Formação Corumbataí, próximo a zona de falha na porção W do mapa de direção NW-SE, é comum a presença de fraturas preenchidas por calcita, sendo que elas seguem direção preferencial NW-SE e E-W (Figura 29).
Figura 27: Acamamento na Formação Tatuí
Legenda: Acamamento apresentando atitude N270/15, Fm. Tatuí, Ponto 134. Fonte: Imagem obtida pela equipe nas campanhas de mapeamento.
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Figura 28: Estereograma das fraturas levantadas durante o mapeamento
Fonte: Elaborado pela equipe de mapeamento.
Figura 29: Fratura preenchida por calcita
Legenda: Fratura preenchida por calcita em afloramento da Formação Corumbataí, ponto 41. Fonte: Imagem obtida pela equipe nas campanhas de mapeamento.
5.3 Recursos Minerais da Área Os recursos minerais na região mapeada são de caráter não metálico, sendo essencialmente usados para fins de construção civil e produção cerâmica. A partir do site do DNPM, é possível adquirir os polígonos de áreas requeridas para a exploração mineral (Figura 30). Os limites da área mapeada estão indicados pelo retângulo preto, enquanto os retângulos azuis são autorizações de pesquisa. Na área, todas as autorizações de pesquisa são para argila, e os retângulos coincidem com a região aflorante da Formação 40
Corumbataí. De acordo com ZAINE (1994), a Formação Corumbataí é utilizada como fonte de argilas para o polo cerâmico de Santa Gertrudes-SP. Este bem mineral não necessita de grandes beneficiamentos, uma vez que o método para desagregar as argilas consiste em um arrasto sucessivo das argilas por tratores e posteriormente misturas de acordo com os teores e composições. A Formação Iratí, apesar de restrita na área mapeada, tem grande importância econômica, pois os calcários pertencentes ao Membro Assistência podem ser utilizados como corretivos de solo para a agricultura, na produção de cal (CaO), na produção de cimento Portland, como fundente em metalurgia, na fabricação de vidro, como rocha ornamental, assim como na adubação química. Já dos folhelhos betuminosos e pirobetuminosos pode-se extrair óleo. Vale ressaltar que os folhelhos negros do Irati são potenciais geradores de hidrocarbonetos, apresentando concentrações entre 1 a 13%, com picos de 23%. Segundo Milani et al. (2007), seu potencial gerador é superior é superior a 100-200 kg / tonelada de rocha. Apesar do exposto, não é encontrado na área qualquer tipo de registro de atividade para explotação de calcários e folhelhos. Na porção Oeste, no leito do Ribeirão Vermelho, encontra-se a ocorrência de areias em aluviões. Essas areias poderiam vir a ser extraídas para finalidades como construção civil e, a depender da pureza, para a fabricação de vidros. Há, apesar do potencial, apenas um pequeno trecho em fase de pesquisa no vértice NW da área (Figura 30), com algumas explotações por draga além do limite da área.
Figura 30: Áreas requeridas para exploração mineral.
Legenda: Área mapeada, em preto, áreas requisitadas para pesquisa de argila, em azul. Fonte: Plataforma SIGMINE-DNPM.
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6 Mapa de Contorno Estrutural e Integração das Áreas Mapeadas A área onde foi realizada os mapeamentos para a disciplina de Mapeamento de Áreas Sedimentares corresponde a um alto estrutural (Figura 31), delimitado por falhas normais e transcorrentes, como explanado pela imagem. Estratigraficamente, o centro da estrutura representa a parte mais alta e corresponde a área onde as unidades mais antigas afloram. As bordas correspondem as unidades mais novas e são afetadas por intensos falhamentos de direção preferencial NW-SE e NE-SW, associadas aos sistemas de falhas Ipeúna-Piracicaba e Passa Cinco-Cabeças, além de falhas isoladas. A área de mapeamento corresponde a porção W do mapa de contorno, representada pela inclinação para W do acamamento. Tal fato corrobora com os dados levantados em campo pela equipe, onde as unidades apresentam caimento para W, WNW e WSW com ângulos variando de 2° a 15°.
Figura 31: Mapa de Contorno Estrutural e Integração das Áreas Mapeadas.
Legenda: representação da altimetria do contato entre a Formação Iratí e Formação Tatui, produto da junção das áreas de mapeamento de 2016. Fonte: Mapa gerado pela equipe de mapeamento.
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7 Conclusões e Recomendações A partir da integração interdisciplinar de áreas da geologia, como estratigrafia, petrologia sedimentar, geologia estrutural, geomorfologia e fotogeologia, além de todo o processo, desde a importância do levantamento bibliográfico, estudos fotolitológicos, até as etapas de campo em si, foi possível a confecção do mapa geológico da região, ilustrando a caracterização sobre o “Alto Estrutural de Pitanga”. A partir do mapa fez se a relação geomorfológica/estratigráfica/estrutural entre os litotipos e sua importância no condicionamento e entendimento do relevo local, permitindo ser realizada a comprovação das relações litoestratigráficas conforme as apresentadas na bibliografia. A pré-interpretação fotolitológica apresentou boa correspondência com o empilhamento local. Os casos em que isso não ocorreu se deu por conta de uma maior amplitude, colocando formações diferentes em um pequeno espaço geográfico, dificultando a interpretação fotolitológica. É evidente um soerguimento da parte central do Domo de Pitanga, expondo camadas mais antigas que atingiram a mesma relação topográfica com camadas mais jovens em zonas marginais do alto estrutural, novamente caracterizando atuação de falhas no desenvolvimento da área. A área central do Domo gera uma possibilidade de estudo e visualização de toda a sequência estratigráfica desde o Grupo Itararé até as Formações Corumbataí, Piramboia e Botucatu (não mapeadas por esse grupo). As melhores referências estratigráficas para o controle dos litotipos no processo de mapeamento foram os contatos entra as Formações Corumbataí – Irati, e Formações Tatuí – Irati, fazendo presente de forma regular por quase toda a área mapeada. A Formação Irati apresentou constância em sua espessura, demonstrando muito eficiente como camada guia e para a formulação do mapa de contorno estrutural nas etapas pós campo. Depois da etapa de integração e da construção do mapa de contorno estrutural, é visível a estruturação do “Domo de Pitanga”, com o aumento da cota dos contatos das camadas litoestratigráficas que aflora as rochas mais antigas no centro do domo, enfatizando os padrões de falhas que delimitam e contornam o alto estrutural. Estratigraficamente, foi difícil definir a relação de contato entre o Grupo Itararé e a Formação Tatuí, pela inconstância e similaridade dos elementos que caracterizavam cada uma das sequências, sendo necessário estudos mais específicos quanto as particularidades de cada litotipo e em alguns casos revisitar pontos já feitos. Apesar das discordâncias na bibliografia à 43
respeito do contato entre as Formações Corumbataí e Iratí, tal feição foi muito utilizada para balizar os planejamentos para o mapeamento. Para maiores discussões a respeito do contato entre tais formações seria necessária a detecção de fósseis e suas análises tafonômicas. A respeito da geologia estrutural, as principais falhas encontradas durante o mapeamento foram relacionadas ao sistema de falhas Ipeúna-Piracicaba. Na região foram detectadas tanto fraturas sem preenchimento quanto fraturas preenchidas por rochas básicas relacionadas ao magmatismo Serra Geral. À partir da relação temporal entre as estruturas e as unidades que afetam é possível determinar uma idade Triássico-Jurássico, já que cruzam a Formação Corumbataí, de idade Permo-Triássica e foram aproveitadas pelas intrusivas básicas da Formação Serra Geral, de idade Jurássica. Apesar de citadas constantemente na bibliografia, indícios de reativação mais recentes de falhas não foram encontrados. Porém tais reativações não devem ser descartadas, haja vista o grande espaço de tempo entre a sedimentação da Formação Corumbataí e os aluviões quaternários.
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