Relacao Professor Aluno MONOGRAFIA

March 29, 2018 | Author: dinaldoster | Category: Learning, Knowledge, Sociology, Schools, Science


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ANDRÉA CATARINA DA SILVA ROSEANE MOREIRA DOS SANTOSRELAÇÃO PROFESSOR ALUNO Uma reflexão dos problemas educacionais Belém – Pará Universidade da Amazônia 2002 RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO Uma reflexão crítica dos problemas educacionais Andréa Catarina da Silva Roseane Moreira dos Santos Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Pedagogia do Centro de Ciências Humanas e Educação da Universidade da Amazônia – UNAMA, como requisito para obtenção do Grau em Pedagogia, orientado pela Professora Ms. Rosa helena Nogueira Ferreira. Belém – Pará Universidade da Amazônia 2002 RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO Uma reflexão crítica dos problemas educacionais Andréa Catarina da Silva Roseane Moreira dos Santos Avaliado por: Profª Ms. Rosa Helena Nogueira Ferreira Data:20/06/2002 Belém – Pará Universidade da Amazônia 2002 “Vai aqui este pedido aos professores, pedido de alguém que sofre ao ver o rosto aflito das crianças: lembrem-se de que vocês são pastores da alegria, e que a sua responsabilidade primeira é definida por um rosto que lhes faz um pedido: Por favor:, me ajude a ser feliz...”. RUBEM ALVES *A minha mãe, Nazaré, que sempre acreditou no meu sucesso, me apoiando para que eu pudesse concretizar mais uma etapa da minha vida. *Ao meu irmão, Andrey, pelo apoio nos momentos preciosos. *A todos os meus parentes que sempre me apoiaram com palavras e gestos de carinhos. *As minhas amigas de curso, em especial, as amigas Roseane e Shirley, que contribuíram de alguma forma na construção desse ideal. *E a todos aqueles que com suas manifestações de carinho e respeito ajudaram-me no alcance desta vitória. Com carinho: Andréa Catarina da Silva Com carinho: Andréa Cataria da Silva .*A Deus pela força suprema para superar os obstáculos. Rosa Helena Nogueira Ferreira. que conduziu-me desde o início desta trajetória com paciência e dedicação. *Ao corpo docente da UNAMA que com seus conhecimentos me conduziram à uma formação cidadã. *A todos aqueles que de uma forma ou outra contribuíram para o meu sucesso. *A minha orientadora Profª Ms. pois Deus a tirou do nosso convívio (2002).*À minha mãe. Com carinho: Roseane Moreira dos Santos . retomado graças à persistência e ao incentivo deixado pelas suas palavras e pelo seu desejo de ver realizado este sonho. no momento mais crítico de minha caminhada. Edmeê Moreira dos Santos que não me deu o prazer de participar dessa defesa. A ela cujos desafios eram vencidos na “labuta da vida”. dedico com carinho este trabalho. Maria Célia Moreira dos Santos pelo apoio e incentivo. que me compreendem e não interrompem os meus sonhos. compartilhando conquistas e dificuldades ao longo desses anos. *À minha irmã-mãe. dando-me forças para vencer as intempéries da vida. me entendeu e me incentivou a chegar ao ponto desejado. *Aos meus irmãos. minha orientadora com quem caminhei os passos iniciais da minha formação de pesquisa. Com carinho: Roseane Moreira dos Santos . *Aos meus amigos. *A um amigo especial. *Às minhas eternas amigas Andréa Catarina e Shirley Raquel pelo companheirismo e dedicação durante a minha vida acadêmica. fazendo com que a coragem de lutar e amar fosse uma realidade.*À Deus. meus maiores incentivadores. com amor terno e fiel de uma mãe. *Ao meu irmão-primo. que me estenderam as mãos e me compreenderam nos momentos mais difíceis. Amintas José Quingosta Pinheiro que diante das dificuldades. *À professora Rosa Helena Ferreira. Euclydes de Souza Gesta pelo apoio e acolhida carinhosa nessa longa caminhada. porque me ama com amor rigoroso de pai. ..1 INÍCIO DA TRAJETÓRIA..................................... 38 BIBLIOGRAFIA...........................................................5 INTERAÇÃO PROFESSOR-ALUNO...............1 ESCOLA: QUE ESPAÇO É ESSE?...................................................................... 15 2.......................... 19 2........................4 AFETIVIDADE......................................................................................................................SUMÁRIO CAPÍTULO II – INTRODUÇÃO 1.................................................................................3 O PROFESSOR E SUA PRÁTICA................................................ 31 CAPÍTULO III – CONSIDERAÇÕES FINAIS..........2 EDUCAÇÃO POR TODA PARTE........................................................................ 4 CAPÍTULO II – BASES TEÓRICAS 2..... 9 2. 41 ........................ 24 2........ . contextualiza toda a problemática aqui estudada e lança subsídios à reflexão dos leitores e pesquisadores. Assim. através da identificação de pontos relevantes. nas concepções. visando a viabilização de futuros trabalhos de maior alcance científico. Como uma pesquisa qualitativa em educação. que possam estimular professor e aluno para uma convivência de afetividade no processo educativo levando-os a uma educação de qualidade no processo metodológico adotou-se uma pesquisa de cunho bibliográfico. em suas interações. Identificou-se que a prática educativa é de grande significância na formação do educando-cidadão. traça uma análise reflexiva dos principais problemas cotidianos enfrentados na sala de aula pelos alunos e professores.RESUMO O objetivo deste trabalho de conclusão de curso é identificar e refletir as possíveis relações entre professor e o aluno a fim de contribuir para o processo ensino-aprendizagem. enquanto sujeitos inerentes do processo educacional. CAPÍTULO I . Ingressei na Universidade da Amazônia em 1999. como sujeito que se depara com conteúdos desconhecidos. fazendo do estudo uma obrigação que muitas vezes lhe permite adquirir nota. Assim adentrando na Universidade. Concluí meus estudos do Ensino Médio em um colégio particular na área de CB. para melhor compreensão da relação professor-aluno atentei-me em buscar subsídios que pudessem responder minhas dúvidas diante disso no . comecei a ter uma visão mais abrangente da minha própria prática pedagógica fazendo-me perceber o quanto o desempenho do professor em sala de aula é importante para a aprendizagem do aluno. Porém. onde. Sou natural de Belém do Pará nascida na década de 70. pela falta de articulação com sua realidade de vida e pela imposição de conteúdos desconexos. a qual me proporcionou maturidade crítica e investigativa tomando-me convicta da sua utilidade para a vida e para todos os que cultivavam a reflexão e bom senso.INTRODUÇÃO MEMORIAL I Com objetivo de identificar a escolha da problemática em questão comentarei aspectos referentes à minha trajetória de vida pessoal e acadêmica dando ênfase o porquê da escolha da relação professor-aluno como tema deste trabalho. por conseguinte. Portanto. deparei-me com um mundo fantástico de múltiplos conhecimentos. não consegue assimilar conhecimentos. perceber que o aluno. no curso de Pedagogia. o que me fez novamente cursar o ensino médio na área de magistério. as metodologias de ensino de cada profissional da educação chamavam-me atenção. e com nível de complexidade elevado. onde me identifiquei plenamente com a disciplina Introdução à Filosofia. Nesse contexto. 2 percurso deste irei relatar o quanto à interação entre educador e educando é importante para o processo. Andréa Catarina da Silva . de ensino-aprendizagem. dificultam ou facilitam o processo ensino-aprendizagem. Terminei o Ensino Médio no Instituto de Educação do Pará onde no 2º ano iniciei minha docência desenvolvendo-a sempre de forma alegre e prazerosa. a partir das inquietações. Em 1999. verifiquei a existência de casos de maus relacionamentos entre professor e aluno. enquanto força de modificação das relações de poder na busca de uma revolução nos processos educacionais. indagações e reflexões feitas no decurso das observações vivenciadas nos campos de estágios e nas escolas. iniciei o curso de Pedagogia onde pude ampliar meus conhecimentos na área educativa. econômicos e culturais que precisam ser compreendidos pelos professores. que a ação educativa faz parte da dinâmica das relações sociais em que estão imersos interesses de toda ordem: sociais. Dentro da Universidade percebi de forma mais abrangente. Roseane Moreira dos Santos . delinearei um pouco do percurso de minha vida. conhecendo um pouco de sua complexidade. políticos. Todavia. a escolha da temática do presente trabalho versa sobre "Relações Professor-Aluno: Uma reflexão crítica dos problemas educacionais". Dessa forma. Nasci em Belém do Pará na década de 70.3 MEMORIAL II Para que se possa ter uma compreensão do tema do trabalho de conclusão de curso apresentado. caracterizando entraves nesta relação a qual vêm transformando num dos grandes problemas para o desenvolvimento do processo de construção do conhecimento. hoje visto estes desenvolverem suas ações de forma interativa numa relação recíproca em prol do reconhecimento do papel político do trabalho docente. pelo fato de observar-se nesta relação fatores que com certeza interferem no distanciamento. nas quais atuei. É. cada profissional deve ter claramente definido o seu papel nesse contexto social. busca-se desvelar o âmago da relação professor-aluno diante dos problemas educacionais. trazendo à tona algumas questões norteadoras: a) de que maneira a relação professor-aluno interfere no processo ensinoaprendizagem? b) como fazer com que a relação professor-aluno torne-se um alicerce para a construção do conhecimento? c) como trabalhar a relação professor-aluno imbuída de afetividade e diálogo para a formação de um cidadão mais crítico. ao final. da interação social e da diminuição da importância do trabalho individualizado. uma relação que deixa marcas. na verdade. onde esta relação aqui considerada passa a ser alvo de pesquisas. insere o homem em um ambiente de alta competitividade e seletividade. afetividade e eficiência no preparo do educando para a vida. a intenção é de identificar os fatores que dificultam o relacionamento entre professor e aluno. e que deve sempre buscar a afetividade e o diálogo como forma de construção do espaço escolar. A interação professor-aluno ultrapassa os limites profissionais. Especificamente. buscando com isso lançar uma reflexão acerca do processo de construção do conhecimento. compreender como uma boa relação entre estes atores contribui para o processo de ensino-aprendizagem e. a relação professor-aluno representa um esforço a mais na busca da praticidade. na busca do diálogo. consciente e participativo. do ano letivo e de semestres.4 1. do livre debate de idéias.1 – O INÍCIO DA TRAJETÓRIA O momento atual impõe ao profissional de educação desenvolver habilidades que possibilitem uma melhor adaptação às novas culturas e aos novos padrões de conduta social. Além disso. Objetivamente. o acelerado processo de globalização em que se encontra o país. Nesse contexto. numa redefinição do processo ensinoaprendizagem. escolares. Não obstante. propor alternativas que possam contribuir . a autoridade de fato é sempre responsável. não se pode negar que a autoridade é construída e precisa ser aceita. enquanto que a de direito só poderá sê-lo por coincidência. Vale questionar: como educar nossos alunos em uma sociedade onde a ética e o moral parecem estar em crise? Alguns valores. Como bem destaca RODRIGUES (1997). ou seja. o que se verifica. e que as exigências de seu cumprimento são feitas com base em ameaças e punições. a aceitação como forma de adestramento ou a indisciplina. como um simples repassador de conhecimentos. O educador deve considerar que a única maneira de ajudar o homem em sua vocação ontológica. na maioria das vezes. ao contrário. O papel do educador é bem mais amplo. a inserir-se na construção da sociedade e na direção da mudança social. numa perspectiva de aprendizagem significativa e satisfatória. dá as suas vidas um sentido mais seguro de caminhada e conquista. tanto em coisas intransformáveis quanto em coisas que podem e devem ser modificadas. ultrapassando esta mera transmissão de conhecimentos. ela não torna os educandos inferiores. antes tão discutíveis. Além disso. em seu relacionamento com o alunado. modifica-se o conteúdo dos programas de educação. inclusive.5 para a melhoria do relacionamento aqui trabalhado. é o estabelecimento de regras disciplinares de modo arbitrário. mas. Dentro de sala de aula. Este é o primeiro passo para que seja . é substituir esta captação principalmente mágica da realidade por uma capta mais e mais crítica. um método de diálogo – crítico e que convide à crítica -. o educador não é simplesmente aquele que transmite um tipo de saber para seus alunos. e assustam alguns segmentos da sociedade. que FREIRE (1980) destaca que através utilizando um método ativo de educação. o que pode provocar reações conformistas ou de resistência. dialogar e manter com ele uma afetividade. De fato. Cabe ao professor. Como chegar a isto? É bem a propósito. pode-se perceber a não explicitação dessas regras. Ser professor não constitui uma tarefa simples. Assim. é uma tarefa que requer amor e habilidade. já não são mais importantes e outros parecem estar em voga. auxiliando o educando a ir reconhecendo que sua vida é diferenciada. A pedagogia que se inspira numa concepção consciente de educação está fundamentalmente interessada em introduzir. portanto. Nesse sentido. O trabalho docente constitui o exercício profissional do educador. é possível inferir que seu cotidiano resulta ou é resultante de componentes históricos e estruturais conhecidos. é a de preparar os alunos para se tornarem cidadãos ativos e participantes na família. de modo ponderável. pois. crítica. O professor deverá ser uma fonte inesgotável de conhecimentos no cotidiano de sala de aula. e de conjunturas desfavoráveis que complexificam seu modo de pensar e agir. uma atividade fundamentalmente social. elementos de mudança que assegurem a qualidade pretendida para o ensino. É. frente aos novos tempos e a uma nova era que se impõe. no trabalho e na vida cultural e política. no trabalho docente. não somente ao nível da escola que é parte integrante. a confiança entre educador e educando é primordial. quando de uma análise do compromisso do docente de ensino. No sistema escolar. representando seu primeiro compromisso com a sociedade. Sua responsabilidade.6 possível iniciar qualquer processo de mudança. porque contribui para a conscientização e a conquista democrática. o profissional deve tornar seu saber pedagógico uma alavanca desencadeadora de mudanças. no sentido de apropriar-se de um fazer e de um saber fazer adequados ao momento que vive a escola atual. mas também ao nível do sistema social. É essencial que o exercício do profissional de educação seja imbuído de uma formação profunda. Tal passado circunscreve. retirar dos elementos teóricos que permitam a compreensão e um direcionamento a uma ação consciente. econômico e político. E. o seu presente e suas perspectivas de ação. para que ele possa acompanhar as transformações que se impõem no contexto da sociedade. coerente com . Também deve procurar superar as deficiências encontradas e recuperar o real significado do seu papel como professor. cabe exercer a mediação desse processo e articular essas trocas. através do professor. reflexivos.7 esse pressuposto. a fim de contribuirmos para um futuro melhor. possibilita que atentemos para os limites que envolvem os sujeitos distintos dentro de sala de aula. Nesse contexto. vivos e atualizados. onde se torna imprescindível que o professor seja. O que se deve considerar é que o ato de ensinar e de aprender é uma constante troca. busca-se garantir ao aluno. 0 objetivo de enfrentar esse grande desafio. com vistas ao futuro. nosso ponto de partida foi à preocupação com uma questão que nos parece extremamente relevante no bojo de uma sociedade contem temporaneamente mutante e globalizada: a relação aqui trabalhada entre os sujeitos pertencentes ao processo ensino-aprendizagem. que privilegie o processo de construção do conhecimento. Este processo é compreendido como decorrência das trocas que o aluno estabelece na interação com o meio .natural. estamos diante de constantes mudanças. também inclui em vencermos os nossos medos. como seres pensantes. onde o "novo" sempre traz expectativas que muitas vezes são obscuras. Desse modo. acima de tudo. tendo em vista a assimilação crítica e ativa de conteúdos significativos. críticos e responsáveis para acompanhar o processo de . vai bem mais além. que não são poucos. um educador que enfrente desafios e possa encarar os problemas presentes na sua formação e. Ao professor. assim. criatividade. social e cultural. através de critica. Do mesmo modo. onde o aluno espera concretizar expectativas de aprendizagem e reciprocidade de carinho e compreensão. compreender que o conhecimento se processa através de valores que embasam e justificam a aprendizagem. preocupam e deixam os profissionais perdidos. nas relações interpessoais dos sujeitos envolvidos no processo e que o vivenciam em sala de aula. para a construção de novas formas no presente. pois. uma formação mais sólida e abrangente. afetividade e diálogo. a reflexão sobre a importância e o papel do professor e do seu relacionamento com os educandos. onde devemos romper com antigos conceitos. 8 transformação que vem ocorrendo na sociedade. que é a de despertar a atenção do aluno para um detalhe de sua vida cotidiana. que podem ser exploradas. Trata-se de um estudo com base em observação mais aprofundada. O motivo da escolha do referido tema prende-se ao fato de que nossa formação acadêmica. mas para denunciar as posturas existentes. participação e intervenção na vida social. Essa escolha atende ainda uma função central. em autores como CUNHA (1992). tanto de leitura corrente ou livros de referência. na mediação com a realidade sócio-econômica concreta. Trata-se de uma abordagem qualitativa. serviram de estímulo para um maior aprofundamento do temário considerando de que é ao professor que cabe resgatar o processo de desenvolvimento do sujeito. poderão auxiliar não só na discussão sobre o problema. desde que possibilitassem a obtenção de informações referentes ao enfoque aqui trabalhado. numa perspectiva teórica que compreende o homem como ser que se constrói no interlaço de relações sociais estabelecidas historicamente. . nas escolas. que foi desenvolvida com base em materiais já coletados no decorrer do desenvolvimento do projeto de pesquisa e. WEISZ (1999) e outros. e cujos resultados alcançados. de sua esfera de relação ou de suas preocupações. Vale ressaltar também o valor acadêmico e social desta pesquisa. com um olhar investigativo enquanto historiador da realidade vigente. haja vista que permitirá o acesso a um manancial de conhecimentos sobre a relação professor-aluno. em outras fontes disponíveis. bem como nosso campo profissional. implementando novos comportamentos e ações no que diz respeito aos pressupostos de sustentação. GROSSI (1992). de cunho bibliográfico. onde as mudanças sociais e culturais exigem desses seres decisões inteligentes. no que se refere à relação professoraluno em suas múltiplas determinações. ainda. que foram de extrema relevância para que esta pesquisa seja levada a termo. refletindo sobre a melhor forma de promover com eficiência o ensino. FREIRE (1980). principalmente livros e artigos científicos. sua alimentação é deficiente e. e por isso. as taxas de evasão evidenciam a baixa qualidade do ensino e a incapacidade dos sistemas educacionais e das escolas de garantir a permanência do aluno. por apresentá-lo. as crianças não têm acesso ao mínimo de informações culturais no lar. sua linguagem tem muitas falhas.9 CAPÍTULO II – BASES TEÓRICAS 2. Por viver em ambientes com pessoas que não tiveram uma boa formação escolar. como sendo requisito fundamental para a melhoria dos índices de aprovação. Como a criança faz parte de uma família de poucos recursos. por isso. chegam à escola em situação de inferioridade em relação à maioria dos estudantes de classes mais altas. As expectativas do professor sobre o desempenho dos alunos podem funcionar como uma “suposição de auto-realização”. Seus colegas de famílias de melhor posição social. que cresceram entre pessoas com algum grau de . ao passo que aqueles de quem se espera um bom desempenho acabam. Exatamente por fazerem parte de famílias desprovidas de recursos. Assim.1 – ESCOLA: QUE ESPAÇO É ESSE? O perfil da educação brasileira apresentou significativas mudanças nas últimas décadas. O desempenho dos alunos remete-nos à necessidade de considerarem a formação do professor. penalizando os alunos de nível de renda mais baixos. repetência e evasão do ensino. seu desenvolvimento físico e sua saúde são deficientes. na realidade. Isto é: o aluno de quem o professor espera menos é o que realiza menos. o estudante carente usa uma linguagem pobre em vocabulário e em sua estruturação. nem . cujos pais são bem empregados. A família é colocada como principal responsável pelo fracasso dos alunos. Outro fator que dificulta a permanência e o bom desempenho dos alunos na escola são as despesas com materiais exigidos pela escola como: uniforme. ao ler um livro. ao escutar atentamente um relato ou uma exposição feita por alguém sobre um determinado tema.. isso porque na maioria dos casos. a escola tem uma localização que dificulta o trajeto de ida e volta dos alunos. ao assistir um programa de televisão.10 instrução. os pais não podem comprar o que a escola exige. Todos esses regulamentos não são problemas para as crianças de classe média. não sendo questionadas... estas exigências representam grandes dificuldades e obstáculos para conseguir aprovação na escola. COLL (1996:95) afirma que: “Os alunos formam seu próprio conhecimento por diferentes meios: por sua participação em experiências diversas. etc. livros. ao observar os demais e os objetos com certa curiosidade e ao aprender conteúdos escolares propostos por seu professor na escola”. teriam domínio de um proveitoso vocabulário. as condições materiais de vida dessas famílias. taxas. que são muito criticados por não atenderem a realidade da população. Logo de início há uma extrema falta de vagas. para as crianças de famílias pobres. No entanto. Depois temos os horários estabelecidos pelas escolas. Os regulamentos e exigências escolares também são vistos como causas dos problemas que a educação enfrenta. por exploração sistema tica do meio físico ou social. por mais justificados que lhes pareçam”. Em várias salas de aula nota-se a exigência constante de disciplina. e o mestre faltará em seus deveres quando empregue a autoridade de que dispõe para atrair seus alunos à rotina de seus preconceitos pessoais. o trabalho obrigatório e repetitivo. por estarem sempre antecipando as conseqüências de seus “maus atos”: o aluno corre o rico de ficar sem recreio. para ir ao banheiro. Há hora determinada para entrar. a função da escola como reprodutora da sociedade desigual na qual se insere. Há. gerando um clima de tensão entre as crianças. por parte do professor. sair. de ser retirado após as aulas. O cumprimento do horário é obrigatório. Quem é “bem . Conforme DURKHEIM (1978:49): “A escola não pode ser propriedade de um partido. para tomar água. as possibilidades de assistência aos filhos. sem levar em conta o que a criança está fazendo ou qual é a sua vontade no momento. além de outras ameaças de castigo. Essas conclusões ideológicas eximem os professores de observar sua própria atuação no contexto escolar.11 sua participação nas relações sociais de produção que são o que determinam. o estabelecimento de uma relação autoritária entre o professor e seus alunos. Um dos meios de controlar a disciplina é a divisão do tempo. a merenda. uma vigilância constante e ameaças. para o recreio. sua participação na seletividade e. principalmente. etc. em última instância. Porém. garantindo assim que todos os alunos possam aprender e desenvolver seu raciocínio. cordial. WERNECK (1999:60) destaca que: “Mas os tempos mudaram e mudaram muito. seja ela de um dia ou mais. uma suspensão transformou-se num prêmio. não teme a crítica e a censura do professor. o papel do professor é o de mediador e facilitador. são mais esclarecidas. quando o relacionamento é afetuoso. sem que se perca alegria. Neste sentido. de apoio ao aluno. e aproveitam para encaminhá-lo aos serviços de orientação educacional. Hoje. Algumas escolas. . se o aluno teme constantemente a crítica e a censura do professor. Portanto. mesmo mantendo o sistema de suspensão. suspendem os alunos de suas atividades didáticas e recreativas. Esse clima poderá ser positivo. As aulas tanto podem inibir o aluno quanto fazer que atue de maneira indisciplinada. é muito importante ajudar os professores a saber ensinar. Alguns professores sentem que seu relacionamento com os alunos determina o clima emocional da sala de aula. se o relacionamento entre eles é permeado de hostilidade e contraste. A atitude do professor em sala de aula é importante para criar climas de atenção e concentração. criar. o prêmio não é tão grande”. render mais intelectualmente.12 comportado” recebe recompensas e é apresentado como modelo aos colegas. que interage com os alunos na construção do saber. Seu nível de ansiedade mantem-se baixo e ele pode trabalhar descontraído. Nesses casos. o aluno sente segurança. Neste caso. mantendo-o em seu recinto através da organização de trabalhos nas bibliotecas ou coordenações. alguém que acompanha e . a qualidade de atuação da escola não pode depender somente da vontade de um ou outro professor. Para tanto. vai buscar os culpados pelo seu conceito negativo e começa achar que o professor é chato e que as lições não servem para nada. da família. Os papéis tradicionalmente desempenhados pelo professor – ensinar. O aluno ao se considerar fracassado. for uma experiência de fracasso. Procura-se. o professor deve reorganizar suas idéias e reconhecer que o aluno não é um sujeito que só faz receber informações. suas capacidades vão além do conhecimento que lhes é “depositado”. É preciso a participação conjunta da escola. raciocínio e criatividade. diminuindo sua capacidade de percepção. o professor não mais será o “dono do saber” e passará a ser um orientador. Nesse contexto. o aluno constrói uma representação de si mesmo como alguém capaz. Só assim a escola poderá efetivamente atender a sua mais elevada finalidade: permitir o aluno a chegar ao conhecimento.13 a atmosfera da sala de aula é negativa. Se a aprendizagem. assim como. há o aumento da ansiedade do aluno. for uma experiência de sucesso. com repercussões físicas. portanto. em sala de aula. receber passivamente e obedecer – devem ser mudados. Se ao contrário. Neste caso. transmitir e dominar – e pelo aluno – aprender. romper as diferenças de professor e aluno consagrados pela escola tradicional. do aluno e dos profissionais ligados à educação. o ato de aprender tenderá a se transformar em ameaça. isto é. Como bem destaca CECCON (1998) para que a sociedade possa mudar é preciso que nós provoquemos mudanças de forma significativa para o indivíduo. FREIRE (1980:117) mostra de forma ampla o que se espera da escola atual: “Somente uma outra maneira de agir e de pensar pode levar-nos a viver uma outra educação que não seja mais o monopólio da instituição escolar e de seus professores. mas sim uma atividade permanente. criar um clima favorável ao aprendizado. uma escola democrática. onde a contribuição e o compromisso são peças fundamentais para obtermos a verdadeira escola. . portanto.14 participa do processo de construção de novas aprendizagens. assumida por todos os membros de cada comunidade e associada de todas as dimensões da vida cotidiana de seus membros”. que as escolas devem comparar sua relação com a comunidade e ainda. onde todos tenham acesso a coletividade. Entende-se. pedagógicos.15 2.2 – EDUCAÇÃO POR TODA A PARTE A educação é a mais fantástica troca de conhecimentos que há entre os seres humanos. Outro papel fundamental de atenção da escola é a formação da personalidade do aluno. A educação existe em um mundo diferenciado. O sistema centralizador de poder usa o saber como arma para reforçar a desigualdade. pessoas críticas e democráticas. através da escola. pois em todos os lugares que formos. diante de uma relação democrática. as culturas são diferentes. éticos’políticos. que proporciona a constituição de indivíduos de acordo com a estrutura de educação. ou seja. pois os sujeitos são manipulados conforme os seus padrões morais. pois os modos de vida também são diferentes. que competem uns com os outros na divisão do trabalho. tem por papel a elevação cultural dos seus educandos. De acordo com essa visão. a escola tem que sr o local onde professores e alunos. a falta de companheirismo entre homens. não é função somente da escola. Dependendo de cada povo. certamente haverá alguma cultura para absorver e conseqüentemente apresentar a nossa cultura para outras pessoas. a educação tem como finalidade romper os limites do conhecimento e formar. A escola como instância educativa. ela é realizada de acordo com as condições sócio-culturais de cada sociedade. Assim. etc. o que é claro. demonstrem interesse num objetivo . A educação é encontrada em mundos diversos. como a família. uma . pouco a pouco. apesar de todos os seus defeitos e deformações. se transformam. Ela não é estática nem intocável”. Assim dimensionada a tarefa da escola. a atuação da escola consiste na preparação intelectual e moral dos alunos para assumir sua posição na sociedade> O compromisso da escola é com a cultura. os problemas sociais pertencem à sociedade. Conforme HARPER (1985:107): “De fato. 20. dedicando-se conjuntamente em atividades que elevam o seu modo de ser e de viver. parada. Fato mencionado na afirmação de RODRIGUES (1997:64): “Assim. intelectuais. como a sociedade toda – não existe como uma coisa fixa. as coisas se movem. não é mais a mesma de há 10. A escola de hoje. profissionais e políticos. Indubitavelmente. através dos quais poderão compreender e entender a importância do seu papel enquanto seres pensantes que fazem parte da construção desse processo e conseqüentemente consigam acompanhar os contextos de modernidade exigidos pela sociedade atual. imutável. O caminho cultural em direção ao saber é mesmo para todos os alunos. a escola tem por função preparar e elevar o indivíduo ao domínio de instrumentos culturais. Isso torna sua responsabilidade pesada e importante. de forma que lhes possibilitem a ampliação de conhecimentos. 50 anos atrás.16 único. evidencia-se a expectativa que sobre ela recai no contexto da sociedade”. se evoluem. como o hospital. A escola – como a fábrica. Assim sendo. cabe na concepção de educação o sentido de despertar o envolvimento desses membros no processo ensino-aprendizagem. A esse respeito WERNECK (1999:61) elucida que: “Educar é difícil. os quais perpassam uma concepção de homem. é uma espécie de médico que transfere o doente de hospital. de postulados de entendimento. porque aconteceu em outro hospital e em outras mãos”. como busca de produção e da eficiência. é que esta se apresenta de diversas formas. desenvolvida no decurso da história do pensamento que fundamentaram as concepções de educação. modelos. Outro ponto relevante que aflora a partir de uma análise educacional. exige dedicação. percebe-se que a ciência da educação desvincula-se de uma prática contextualizada. o desenvolvimento de uma sociedade retrata a capacidade que seus membros apresentam para participarem do contexto sócio-político-econômico e cultural que a constitui. as quais expressam uma visão de mundo e de sociedade. crenças e estilos. Porém. a ciência da educação permite a ação educativa por meio de suas diversas técnicas e metodologias. Vale aqui ressaltar que mesmo quando se está falando de uma educação científica este quadro permanece. de quem assume. porém. lava as suas mãos e não se sente comprometido com o caso quando da morte do paciente.17 vez que. Transferir problemas é fugir da verdadeira educação. concepções. sempre indicando uma postura a ser assumida (por quem dela se assegura) a ideologia. isto é. também construídas historicamente. . sobretudo aos que mais necessitam. é trabalhoso. A educação enquanto ciência é considerada como sistema de transformação ativa. o indivíduo. nesse emaranhado de valores. o papel do professor é estar atento a todos os elementos necessários para que o aluno aprenda e se desenvolva. . num empreendimento comum e solidário e deste modo. Portanto. a reconhecer que é chamado a ser um verdadeiro eu-no-mundo-com-o-outro. educar para a liberdade num mundo que o aluno existe com o outro.18 Educar é levar o aluno à consciência de poder ser mais. as metodologias aplicadas e desenvolvidas com os educandos. por conseguinte. Alguns professores não se dão conta de que atitudes muitas vezes consideradas simplórias são tão importantes quanto os concursos de novas técnicas. como indivíduo e educador. contribuições. assim como.3 – O PROFESSOR E SUA PRÁTICA O presente tópico objetiva basicamente traçar um aspecto contextual da formação do professor e sua prática. em suas teorias. parece que o senso comum é o seguinte: para ser professor no sistema de ensino escolar.19 2. não percebem em suas práticas e. soma de interesses. ir para uma sala de aula. preparar-se para apresentá-lo ou dirigir o seu estudo. etc. que o fio condutor dessas tecnologias é a sua própria criatividade. avaliação da aprendizagem. controle dos alunos. basta tomar um certo conteúdo. o ponto de interação dos caminhos que levam e trazem.. dificilmente haveria reflexão. Justifica-se assim o desenvolvimento desse enfoque pela necessidade de posicionar o trabalho educacional em meio às necessidades de inovações por que passa o ensino. tomar conta de uma turma de alunos e efetivar o ritual da docência – apresentação de conteúdos. tecnologias e modernidades. numa preocupação evidente em priorizar a utilização da tecnologia educacional como fundamento científico de organização e interpretação do mundo contemporâneo. . todo um encaminhamento das ações sócio-educativas. numa investigação sobre o seu cotidiano educacional. e a não ser na minoria dos casos. entre a razão e a sedução e. Em geral. que a questão vocacional se faz presente. do contrário. é lógico. em suma. Exige-se do educador uma preparação adequada para o exercício da docência. sem que se pergunte se ela implica ou não decisões contínuas. onde o contexto educacional se coloca claramente como aparelho ideológico de uma minoria repassadora de idéias tidas como verdades. devolver. quanto do ponto de vista da competência técnica e científica que ela exige. a partir de um conhecimento adequado das implicações do processo educativo na sociedade. compreendido pelo educando.20 disciplinamento. casado com o desejo que foi lido. que ele tece seu ensinar. Os baixos salários. Assim. O que deve ser ressaltado é que se busca um senso crítico do papel do professor no processo educativo. Na verdade. encaminhar). os rótulos. posiciona bem a questão: “É na fala do educador. FREIRE (1992:11). expressão do seu desejo. etc. Ensinar e aprender são movidos pelo desejo e pela paixão”. torna-se relevante enfocar especificamente: a educação . muitos são os fatores que contribuem para que o profissional em educação não perceba a importância social e política de sua tarefa. muitos não encaram a tarefa docente com honradez e não a reconhecem em sua condição de imperiosidade. tanto do ponto de vista do compromisso político. no ensinar (intervir. a deficiente qualificação. constantes e precisas. a atividade de docência tornou-se uma rotina comum. Em outras palavras. É preciso posicionar o professor enquanto mediador de relações sociais entre indivíduos de diferentes classes. Como bem destaca PAIVA (1987:6) “compete ao educador. é fator inevitável que o professor tenha consciência de que uma boa convivência com o alunado deve ser precedida de um bom diálogo. O papel do educador em conduzir seus alunos a criticidade deve ser essencialmente recíproco. acumulada e em processo de . entre a cultura elaborada. praticar um método crítico de educação. A ação do professor é imprescindível. e a importância do diálogo. Para que haja uma boa convivência entre professor e aluno é necessário uma certa dose de humildade e um bom diálogo. já que há uma troca de experiências na busca da aquisição de novos conhecimentos e novos caminhos a serem seguidos. orienta-se para o mundo que é preciso transformar e humanizar”. inseparáveis daqueles que dialogam. ficando a necessidade de lançar um alerta sobre o papel representativo do professor a partir de uma visão dialética. que dê ao aluno oportunidade de alcançar a consciência crítica instruída de si e de seu mundo”. e não de condutor. “o diálogo é um encontro no qual a reflexão e a ação. Ressaltando FREIRE (1980:23). num traço mais unificador e que resida numa igualdade básica de relações sociais. Este é o primeiro passo para que seja possível iniciar qualquer processo de mudança.21 enquanto atividade essencialmente criadora. pois a confiança entre professor e aluno é primordial. Dessa forma. como é comum no âmbito educacional. É ele quem deve assumir o papel de mediador.. a necessidade de uma boa convivência entre professor e aluno.. como “uma busca do aqui e agora e que nós não precisamos nos comparar com outras gerações. cada um diferenciando-se em seu conhecimento. onde o professor possa também aprender com o aluno. PINTO (1994:3) destaca que: “A educação ainda merece (hoje mais do que nunca) constituir-se em parte inerente das mesas de debates entre educadores. o debate. . uma vez que se tratam de instrumentos que aproximam educador e educando. É imprescindível que o professor passe a ter consciência de que dar aula é estar numa relação. mas. e dispondo de novas descobertas em torno do construtivismo para a produção da aprendizagem. reduzindo assim o conflito. o professor fará a mediação entre o coletivo da sociedade.22 acumulação pela humanidade e pelo educando. Neste contexto. é que ele não é um simples técnico de ensino. sobretudo temos que ser fiéis aos nossos sonhos”. pois muitas vezes a arrogância e o prazer em massacrar o aluno está diretamente ligado à insegurança. ele exerce o papel de um dos mediadores sociais entre o universo da sociedade e o particular do aluno. A relação professoraluno deve ser entendida. Em outras palavras. A dinâmica de grupo. é preciso que aja uma igualdade básica. A necessária dignidade intelectual e moral do homem deve ser resgatada. os resultados da cultura e o individual do aluno. busque aproximar-se dos alunos. É necessário que o professor busque estruturar-se. Assim. segundo GROSSI (1994:2). Nesse sentido. à alienação e a falta de consciência da necessidade de mudanças. constitui-se em excelentes formas de resolver tais problemas. políticos e o cidadão comum. ou seja. portanto. e que se preceitue um real crescimento. a busca de seu verdadeiro ser. reporta-se basicamente ao real significado da função de educar e de uma parte realmente inata ao homem em sua condição de existência. pois há um encontro entre professores e alunos. onde a tarefa magna do professor seja auxiliar o aluno a conhecer a si mesmo e a capacitar-se para partir na construção de um mundo melhor. uma vez que se trabalha teoria e prática para se buscar o novo. mas. um lugar de reflexões. há um aprendizado mútuo. Antes de ser um grande conhecedor de métodos. fazendo com que ambos saiam reformulados. e assim. A sala de aula. Nesse sentido. acima de tudo. PINTO (1994). o professor deve ser um intelectual comprometido com o aspecto político da educação. Para saber ensinar. é preciso ter domínio do conhecimento básico. . e onde a escola represente um espaço em que o conhecimento construtivo seja cultivado. exerce um papel de relevância. Deve a escola ser. incitar o educando a um caminho de busca contínua.23 e ser imposta uma nova antecipação do papel que a educação poderá assumir para esta finalidade”. O papel da educação não deve esquecer os princípios que devem orientar todo o saber. indo além do espaço meramente escolar. com certeza. um intelectual que tenha consciência da especificidade do seu trabalho. estará indo a direção a grandes mudanças. pois. ensinar. É função do educador. para construir e reconstruir o saber. ansioso e acaba criando um clima de terror em sala de aula. no papel de seus professores. Entretanto. pois o professor geralmente é arrogante. ou de idéias que constituem o saber estabelecido. devem apresentar um caráter crítico de elevação cultural do indivíduo e da sociedade. no curso do qual se constituiria como pessoa humana. “Uma boa estruturação é essencial na carreira do docente. a educação e a instituição de ensino.24 2. a educação apresenta o escopo de guiar o homem no desenvolvimento dinâmico. sem outras garantia senão o contato com a própria experiência”. na falta de preparo. por maior que seja sua capacidade. No contexto das dinâmicas sociais. dotada de armas do conhecimento. do poder de julgar e das virtudes morais. É de suma importância que o professor. tenha consciência de que ele e seus alunos estão em locais. A aula deve ser encarada como uma relação entre professor e aluno. Para que haja uma boa convivência entre professor e aluno um bom diálogo é fator de essencialmente. A dinâmica de grupo e os debates constituem-se em eixos norteadores na resolução de problemas. seu conhecimento. ângulos opostos: por outro lado. Observe a colocação de CHAUÍ (1998:45): “Conhecer é apropriar-se intelectualmente de um dado campo de fatos. sua formação. pensar é enfrentar pela reflexão a capacidade de uma experiência nova cujo sentido ainda precisa ser reformulado que precisa ser reproduzido pelo trabalho de reflexão. inseguro. . ele não deve se vangloriar desta hierarquia e muito menos de seu conhecimento. na instabilidade familiar. não é esta realidade que observamos no contexto educacional brasileiro. fatores que influenciam no desempenho do docente (FERREIRO. Na maioria das vezes a causa desta problemática está na má remuneração.4 – AFETIVIDADE Como atividade essencialmente criadora. já que se tratam de ferramentas que aproximam educador e educando”. 1982:12). vai bem mais além. considerou o desenvolvimento intelectual como um processo que compreende um aspecto cognitivo e um aspecto afetivo. mas sim abrangendo o todo humano. preocupam e deixam os profissionais perdidos. não se rotula na simples memorização mecânica de conteúdos. criatividade. No instante em que se fala sobre construção do conhecimento e da aprendizagem e sua relação com a afetividade. basicamente escreveu sobre os aspectos cognitivos do desenvolvimento intelectual e da estrutura cognitiva. estudando afeto e cognição. onde a escola seja encarada como um lugar de reflexões na construção e reconstrução do saber. aprendizagem/construção do conhecimento. fatos e experiências. também inclui em vencermos os nossos medos. Nesse contexto. do ponto de vista quantitativo. Logo. onde devemos romper com antigos conceitos. . haja vista que. Uma delas reside no fato de que o próprio Piaget. PIAGET (1980).25 numa aprendizagem mútua. a construção do conhecimento não pode ser vista e/ou analisada for forma fragmentada. a reflexão sobre a importância e o papel do professor e do seu relacionamento com os educandos. afetividade e diálogo. no universo físico-psicoemocional. a fim de contribuirmos para um futuro melhor. O objetivo de enfrentar esse grande desafio. através de critica. Pelo menos três razões plausíveis podem ser aventadas para elucidar o por que isso aconteceu. tem-se esta envolvendo o uso e o desenvolvimento de todos os poderes e capacidades do homem. para a construção de novas formas no presente. que não são poucos. pois estamos diante de constantes mudanças. onde o "novo" sempre traz expectativas que muitas vezes são obscuras. tanto físicas. com vistas ao futuro. Durante os últimos trinta anos. quanto mentais e afetivas. psicólogos e educadores voltam suas atenções mais para o papel dos conceitos cognitivos do que para os conceitos afetivos de sua teoria. Uma terceira razão para isso é que à medida que os psicólogos e educadores tentaram entender o trabalho de Piaget. a razão também pode ser encontrada nos preconceitos fundamentas que lhe vedavam o estudo. Afora todas essas considerações. incluindo apenas o desenvolvimento cognitivo. se foi relativamente desprezada. dedicou uma quantidade desproporcional de sua energia às questões de estrutura cognitiva. PIAGET (1980). a desproporção entre os estudos consagrados ou psicologias. 0 prazer e a dor guiam o instinto sexual para a formação dos amores e malquerenças do lactente e da criança mais crescida. Daí ser a vida afetiva essencialmente a do conflito entre o eu e o meio. tornando-se impossível estudar a afetividade com os métodos conseguidos na análise da percepção ou do pensamento. Aliás. na verdade. Julga-se até que a psicóloga da efetividade é do domínio do futuro e. Uma segunda razão provável para um estudo maior da dimensão cognitiva reside no fato de Piaget ter percebido que o estudo científico do aspecto afetivo como mais difícil do que o estudo da estrutura cognitiva. . sem leva inteiramente em conta os aspectos afetivos é incompleta. por certo. na melhor das hipóteses. as "construções" que eles fizeram de sua teoria começaram. levam à neurose individual ou coletiva. para aqueles que estudaram psicologia. impessoal e exigente. violadas. cujos finais se tornam transcendentes ou somente ocultos durante quase toda a vida do indivíduo. torna-se flagrante o direcionamento entre a percepção e a inteligência.a libido. estruturase em sentimentos acordes com leis que. É possível que Piaget tenha escolhido tentar resolver primeiro os problemas mais controláveis e. egoísta e hedonista por excelência.26 Desde os seus primeiros trabalhos. 0 eu. como "préoperacionais". a psicanálise considera a afetividade como o domínio e que se desenvolve uma energia psíquica. uma leitura cuidadosa dos trabalhos de Piaget deixa claro que uma visão do desenvolvimento intelectual. por outro. o meio. Conceitualmente falando. e a afetividade. por isso. reconheceu o aspecto afetivo como importante embora tenha centrado menos sobre este aspecto do que sobre o aspecto cognitivo. por um lado. biológica . constitui o fator energético dos padrões de comportamento cujos aspectos cognitivos referem-se somente às estruturas. Trata-se do ato de "estar atento para" ou o papel da seleção que determina quais eventos provocam desequilíbrio e resultam em desenvolvimento cognitivo. Na verdade. A dimensão afetiva que inclui os sentimentos. ou seja. d) de forma contínua. que não compreenda padrões afetivos como "motivos". Com as crianças mais novas as construções ocorrem quase que exclusivamente quando ocorrem ações sensório-motoras sobre os objetos. isto é. a afetividade entre o professor e o aluno. supondo uma dinâmica interna. impulsos ou tendências (tal como "vontade") e valores. tanto o aspecto cognitivo quanto o afetivo desempenham papéis chaves no desenvolvimento intelectual. Considerando os postulados teóricos dos diversos autores que estudam o assunto. a relação afetiva entre quem ensina e quem aprende. onde cada indivíduo tem seu ritmo próprio e aprender. A afetividade passa então a constituir um outro fator que influencia diretamente na aprendizagem. por mais intelectual que seja. onde o indivíduo aprende ao longo de sua vida/desenvolvimento. mental de aprender e apreender onde o conteúdo teórico apreendido na prática com a teoria. Fica claro que o desequilíbrio ocorre quando uma experiência ou pensamento é inconsistente com o que os esquemas da criança podem predizer no momento e a experiência ou pensamentos podem esperar. não existe padrão de comportamento. o conhecimento é construído aos poucos. Isso pode ocorrer através de ações que são pensamentos ao nível representacional.27 Voltando à teoria de PIAGET (1980). segundo esta o conhecimento se desenvolve quando as crianças fazem assimilações e acomodações das experiências. a construção do conhecimento-aprendizagem. Na concepção de Piaget. O caráter afetivo interage . c) de forma integrativa. pode ser caracterizado: a) de forma gradual. b) de forma cumulativa. interesses. onde cada nova aquisição-experiência se adiciona ao repertório já adquirido. facilidade. por excelência. O adulto deve perceber que a criança irá evoluir que a criança irá evoluir em seu juízo de moral e que aquele ditado "faça o que eu falo e não faça o que eu . pois pode acelerar ou retardar o desenvolvimento cognitivo de uma criança. encontra-se também a moralidade. o respeito às regras do mesmo. Para que a criança aprenda o juízo de moral. este poderá ser feito.. etc). já que o ato de inteligência pressupõe uma regulação energética interna (interesse. sob a forma de confronto. é muito importante para a criança perceber no professor(a) um amigo(a). vida afetiva e vida cognitiva são inseparáveis. O ingresso da criança na sociedade certamente se dá pela aprendizagem de diversos deveres a ela impostos pelos pais e adultos em geral: não mentir. Vale ressaltar que. Certamente. Na verdade. honestidade. etc. pois esta estabelece regras do jogo que se chama aprendizagem.28 influencia nas construções cognitivas. a afetividade interfere na aquisição de conhecimentos. etc. não falar palavrão. antes do início das atividades diárias de sala de aula. na dinâmica do processo ensinoaprendizagem. Para PIAGET (1980). um beijo. embora distintas. um fato que pode ser percebido quando se observa a importância/diferença que faz a criança quando a professora espera na porta da sala de aula e diz a cada um bom-dia. Certamente. confiança. dando-lhe um abraço. segundo PIAGET(1980). já que é o laço afetivo que irá influenciar diretamente na aquisição do conhecimento. através de regras de um jogo. na (re) elaboração de saberes/conhecimentos. construindo a moralidade do futuro homem individual e social. possibilitando liberdade. não pegar as coisas dos outros. via de regra. Em outras palavras. o interesse e a relação afetiva entre a necessidade e o objeto susceptível de satisfazê-la. onde a afetividade e a razão se encontram. a moralidade humana é o palco. a afetividade interfere no uso da razão. trabalhando o contrato/acordo entre partes. esforço. pois o sentido da linguagem liga o se significado objetivo ao contexto de uso da língua e aos motivos afetivos e pessoais dos seus usuários. É quando começamos a dar importância e significado as coisas do nosso mundo. principalmente na Educação Infantil. não podemos deixar de ressaltar a importância que o discurso interior exerce. é possível perceber que não há uma dissociação com o desenvolvimento cognitivo. O autor nos diz que a consciência é um véu e as coisas do mundo só terão significado e significância quando interagimos no universo social. pois este tem a função de apoiar os processos psicológicos mais complexos: processos de pensamento de auto- . que constituem a mediação entre o sujeito e o objeto do conhecimento. aprendemos a agir dentro do contexto social em que estamos inseridos. podendo assim cria novos conceitos. pois gradativamente a criança chegará a etapa da autonomia mais crítica diante do que o adulto fala e transmite. a criança é falante e extrovertida. quando ocorre o contrário. onde a linguagem fornece as formas de organização do real. Adentrando na teoria de VYGOTSKY (1984). Para que a criança possa relacionar-se com o eu interior. A linguagem e a palavra são assim relevantes na formação dos conceitos. a linguagem encontra-se relacionada com a interação entre os aspectos cognitivos e afetivos. já que ambos formam um todo. pois quando há relação afetiva boa entre professor e aluno. vemos um quadro de pouco uso da linguagem. que chamamos a maneira prática que a criança tem de pensar. Desse modo. é quando aprendemos novos conceitos e formamos outros. bem como das emoções.29 fizer" estará ultrapassado com o tempo. Mas. A partir do momento em que começamos a nos relacionar com o nosso meio sócio-cultural é que iremos ter consciência das coisas que giram ao nosso redor. Este fato pode ser verificado em sala de aula. e também do mundo que o rodeia. de planejamento de ação. . já que a construção do eu é um processo combinado ao inacabamento. Cabe à educação.30 regulação. de monitoração do próprio funcionamento afetivo-volitivo. em cada um dos seus momentos. a oportunidade para a manipulação da realidade e a estimulação da função simbólica. depois a construção de si mesmo. a educação será o mecanismo pelo qual a criança será trabalhada em seus aspectos físico. a satisfação das necessidades orgânicas e afetivas. A dimensão afetiva ocupa lugar central. proporcionando uma reconstrução do eu individual e social. que é pressentido sempre dentro de cada um. psíquico e emocional. Na realidade. seja d ponto de vista da construção da pessoa quanto do conhecimento. na figura do (a) diretor (a) e se reforça e perpetua na sala de aula ou de seus efeitos são mais nefastos. Conceber a autoridade do professor dentro destes moldes significa dar a ele todas as possibilidades de abusar dela. com raríssimas exceções. O professor acaba se reduzindo a um transmissor de valores assegurados. Isso acaba por inculcar submissão. Porém. pelo papel que ele representa diante do aluno. familiariza a idéia de que deve existir uma hierarquia e que precisa de um chefe. A autoridade do .”.. numa posição de importância no papel de autoridade absoluta. Estes não são estimulados a manifestar seus pontos de vista e a participar na tomada de decisões relativas a vida escolar.31 2.5 –INTERAÇÃO PROFESSOR-ALUNO O professor é peça fundamental no processo educacional. ele é esmagado pelo sistema que não lhe dá condições necessárias para desempenhar satisfatoriamente esse papel. principalmente os alunos. Conforme CECCON (1998:85): “Repare como o professor se coloca sempre sobre um estrado.. Nas escolas e principalmente na relação professor-aluno é a existência e manutenção de um autoritarismo que começa hierarquicamente na instância superior. e ainda é acusado pelo fracasso do ensino. Nas relações internas numa escola o que se observa é que nem todos são tratados igualmente. valores quase patrimoniais. como educador e transmissor de conhecimentos. Mas. no momento em que ele precisa exercer sua autoridade. em competência. também o professor continua o caminho da verdade que dá testemunho frente ao aluno. O professor quando começa a prática pedagógica. pois mesmo mais. A autoridade do professor é a outra face da subordinação do professor. O clima da sala de aula é decisivo para o desenvolvimento da criança”. há um grande número de possibilidades. O professor pode dar ao aluno liberdade suficiente para expressar pelas suas opiniões. o aluno deve responder devidamente. uma distância entre eles. . todavia. que dependem de muitos fatores. autoritária ou uma conduta livre. distância esta que não aderem da mesma peculiaridade do encontro. Entre esses dois extremos. impõe a si mesmo. democrática. não é em si um potencial absoluto. O professor possui um grau de ascendência indiscutível. como a personalidade do professor. No entanto. bem como favorecer o intercâmbio com outras crianças e adultos. tem em mente uma disciplina rigorosa. por assim dizer. BARROS (1996:34): afirma que: “A escola precisa permitir à criança a observação e a ação espontânea sobre o ambiente físico. a disciplina que impõe.32 professor nasce de sua relação com a verdade. avançado em idade e sabedoria. Existe. as condições ambientais da escola e outros. esta superioridade. a do aluno. O aluno não é um depósito de conhecimentos memorizados que não se entende. Na sala de aula. O aluno é gente. discutir. o aluno também ensina. assim como o professor. não há mal em lhes dar. . os alunos não são pessoas para transforma-se em coisas. como um fichário ou uma gaveta. iniciativa. Desta ação depende da evolução integral da personalidade do educando bem como todas as atividades sociais. há ocasiões em que precisamos acatar a autoridade estabelecida. uma vez que professores cujas relações são integradoras proporcionam aos alunos maior naturalidade. é ser humano. respeita seus pontos de vista. decidir o que quer e o que não quer. enquanto ensina. enquanto aprende. Esta atitude precisa ser comunicada aos alunos Um dos objetivos da educação atual em todos os graus de ensino é o desenvolvimento do espírito democrático. como toda e qualquer relação entre seres humanos. o professor também aprende e. A relação entre professores e alunos deve ser uma relação dinâmica. Assim. Se as circunstâncias permitem uma explicação. em objetos. ter opiniões. que o professor pode manipular. como já foi dito. O aluno é capaz de pensar.33 Às vezes os alunos são levados a fazer intermináveis críticas sobre uma regra imposta. o que acontece numa relação não autoritária entre pessoas? Todos podem crescer a partir desse tipo de relação. em qualquer situação social. colaboração social espontânea e facilidades para solucionar problemas. na sala de aula. refletir. jogar de um lado para o outro. Na realidade. participar. O professor ouve os alunos. Porém. Se nos apegarmos às nossas idéias. Só crescemos e nos desenvolvemos na medida em que estivermos abertos a novos conhecimentos. alunos distraídos. Nessas circunstâncias. Uma pessoa não deixa de aprender quando exerce a função de professor. Grande parte das dificuldades que surgem no processo de aprendizagem. na medida em que estivermos dispostos a modificar nossas opiniões. . nossas crenças. rebeldes. Dessa forma. a realizar um trabalho do qual não gosta. a ficar sentado horas seguidas sem se mexer. o que é feito com má vontade não produz aprendizagem e muito menos realização. o professor deixará de ser instrutor ou treinador para transforma-se em educador. sem disposição para discuti-las e para modificá-las. Ninguém se sente bem quando é obrigado a ler um texto.34 os alunos relatam suas experiências. fazendo com que a criança aprenda a estabelecer relações de poder e submissão que circunda a sociedade. resulta na falta de liberdade. a ouvir uma aula que não interessa. ou melhor. que não são únicas e que não podem sr repetidas. e que podem trazer muitas lições ao professor e aos colegas. BOCK (1998) destaca que alguns professores são temidos por seus alunos devido à severidade em sala de aula. A aprendizagem é um processo contínuo. que dura toda a vida. a opressão exercida sobre os alunos e a imposição de atividades desinteressantes só pode levar à frustração e à revolta. permaneceremos parados no tempo. Ao contrário. nossas convicções. parecida como de um pai autoritário. caminharemos para trás. que não conseguem aprender. Se o professor deseja promover um clima de liberdade em sala de aula. Nem todos os dias o aluno está disposto a ouvir em silêncio. com medos. é necessário que cultive algumas qualidades essenciais: autenticidade. se envolver pessoalmente com os alunos.35 Num clima de liberdade. colaboram para que os objetivos da classe como um todo. sem máscaras. O trabalho em liberdade gera alegria e satisfação para quem o faz e resulta em realização pessoal e atitudes positivas em relação aos outros. sejam atingidos. a acompanhar as atividades prescritas pelo professor. respeitam tais sentimentos e. trabalha com mais dedicação. Isto é: o professor pode mostrar-se irritado. apreço. como todos também têm grandes . confia em sua própria capacidade. problemas. aspirações e desejos a realizar. sentindo-se valorizados e livres para trabalhar. produz mais e consegue alcançar seus objetivos. aluno e professor. como todas as pessoas. confiança e compreensão empática. erra como todos. mas. manifesta seus sentimentos. Os alunos mostram-se compreensivos em relação aos sentimentos do professor. chega mais facilmente a seus objetivos: a aprendizagem e a realização pessoal. e mostra-se aberto ao diálogo e às sugestões. sem disfarces. O professor precisa ter sempre em mente que o aluno é um ser humano comum. O aluno é imperfeito. Professor e aluno são autênticos quando se apresentam como realmente são. O professor contribuirá muito para a aprendizagem se. Quando o professor é autêntico em relação a seus alunos. pode mostrar-se interessado ou não nos alunos numa certa aula: satisfeito ou insatisfeito com o trabalho dos alunos. o aluno motivado para aprender interessa-se pelo que faz. aceitação. com altos e baixos. Se os alunos puderem falar e discutir. Para isso precisam de apreço.36 potencialidades a desenvolver. tornando-se responsável diante de qualquer atividade. o salário baixo. o amor. Matemática. uma briga. mudando o seu comportamento. O aluno que se sente aceito e merecedor da confiança do professor manifesta entusiasmo e interesse na realização das atividades escolares. a amizade. o custo de vida alto. um buraco na rua. o que lhes interessa virá à tona e. Certamente o professor encontrará dificuldades para fugir a esse esquema de dominação e controle sobre os alunos. a chuva. um filme. o namoro. a partir desses dados. um assalto. Mas tendo consciência do problema e sabendo que esse tipo de relação social é muito prejudicial para a aprendizagem. Geografia. favorecendo a aprendizagem livre e criativa. o professor já terá meio caminho andado no sentido de criar um clima de amizade e confiança na sala de aula. um acidente. brigas familiares. o professor poderá desenvolver as atividades escolares. são apenas alguns assuntos que costumam interessar aos alunos e que podem ser o ponto de partida de aulas de História. pois é dessa forma que acontecem as relações em nossa sociedade: os mais fortes procuram dominar e explorar os mais fracos. . certamente vai ter efeito sobre o comportamento. entre outras matérias. O trabalho do professor torna-se mais fácil na medida em que ele pode obter dos alunos informações sobre seus problemas e temas favoritos. as dificuldades dos estudos à noite. Uma partida de futebol ou vôlei. vai refletir-se em sua prática diária. Quando a aprendizagem parte dos problemas reais dos alunos. Ciências. a pobreza do povo. aceitação e confiança por parte do professor. Se o professor for autoritário e dominador. Já vimos como essa situação é prejudicial à aprendizagem. Para isso o trabalho em grupo é de fundamental importância: contribui para a aprendizagem de convivência social. do respeito às idéias divergentes. . a confrontar suas idéias com as dos outros. participem aprendam por si mesmo. receber o que o professor lhes dá e desenvolver conseqüentemente nas provas. não permitindo que os alunos desenvolvam de forma independente e criativa. Por outro lado. não permitirá que os alunos se manifestem. contribuem de forma decisiva para a aprendizagem e desenvolvimento da personalidade dos educandos. etc.37 Os métodos de ensino também podem prejudicar a aprendizagem. métodos didáticos que possibilitem a livre participação do aluno. O indivíduo fica muito mais envolvido na aprendizagem em grupo. da elaboração pessoal do conhecimento. como criar a passividade e dependência. que deverão permanecer passivos. Esse tipo de professor considera-se o dono do saber e procurará transmitir esse saber aos alunos. que aprendam a decidir por sua própria conta. a reconhecer os problemas e a contribuir espontaneamente para a sua solução. é solicitado a participar. a discussão e a troca de idéias com os colegas e a elaboração pessoal do conhecimento de diversas matérias. ou seja. Com toda essa mínima produtividade. A arrogância didática do detentor do saber e a "segurança" que o mesmo tem de que seu poder. a simples mudança de paradigmas não garante de forma alguma uma mudança de concepção pedagógica. quando se torna comprometido com o aluno e com uma educação de qualidade. o que ocorre é a morte da criatividade. reproduzindo assim o que já existe. uma vez que este acredita que a culpa é somente do aluno quando os resultados não condizem com as suas expectativas. seja por motivos econômicos. e cumprindo seu papel de orientador e facilitador do processo. mas quase que definitiva em todo o processo. fazendo do aluno alvo do processo ensino-aprendizagem. sociais. É preciso considerar o fato de que o professor. as relações entre os sujeitos acabam por se contrapor. bem como limitações quanto à aquisição do conhecimento no processo ensino-aprendizagem. seu conhecimento ilimitado são suficientes.38 CAPÍTULO III – CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegada o momento de concretizar a discussão aqui imprimida. Na realidade. desse modo. muitos fatores levam a questionar se esta prática educativa vem realmente acontece do de maneira satisfatória na instituição. políticos e/ou ideológicos. ultrapassando. Muitas vezes. já não são suficientes para os avanços necessários na prática docente. a prática docente tem uma parcela não só significativa na relação professor/aluno. Certamente. No entanto. pode produzir um aprendizado equivocado e covarde. de prática escolar. demonstrando falhas no cotidiano e lar. a mera condição de ensinar. . também é chegada a hora de lançar algumas propostas que visem efetivamente a melhoria do cotidiano de sala de aula vivido por alunos e professores. através da interação entre sujeitos. apesar de ultrapassados. A superação de valores tidos como indispensáveis hoje. legitima assim a teoria de uma facilitação da aprendizagem. Felizmente. Um bom planejamento crítico e sujeito a mudanças. o questionamento para a melhoria gira em tomo de cursos de capacitação. sem fome emocional. De fato. estar sintonizado com a realidade do aluno. um acompanhamento contínuo. fazendo do aluno um alvo do processo ensino-aprendizagem e cumprindo seu papel de orientador no processo. ser dinâmico. uma ciência e um conjunto de técnicas que são utilizadas para se alcançar um objetivo. educacional e física. Através de alguns subsídios. Em primeiro instante. Para outros. sem o constante aprofundamento teórico. onde se tenha acesso a uma educação digna e extensiva a todos. o ensinar deve ser uma arte. Atualmente. constitui o principal fator de motivação. uma avaliação diversificada. transformar o "ter que aprender" em "querer saber" é ser um educador bem sucedido. pois. No momento em que o educador preocupa-se em educar com arte. No entanto. ainda existem professores que fazem do ensino um ideal e lutam para ajudar a construir um mundo melhor. cremos que as relações que se dão entre alunos e professores. a refletir e usar a própria criatividade. ser bem sucedido é conseguir alcançar seus objetivos em grande maioria. o . Porém. perca rapidamente sua consistência. um diálogo aberto e participativo e uma boa dose de afetividade.39 Para o educador. toma-se fácil conduzir o processo de aprender a raciocinar. uma vez que não são em poucos momentos que somos vítimas do negativismo resultante da baixa remuneração e desvalorização do magistério. a teoria legitima a prática. Neste comento. professor e aluno são beneficiados. flexível e companheiro. melhores condições de trabalho e remuneração. contribuem para a formação de um profissional bem sucedido. Para muitos professores. sem drogas e sem miséria. é a unificação dos erros e acertos e a coragem de renovar-se para continuar a luta do dia seguinte. embora esta. toma-se comprometido com o aluno e com uma educação de qualidade. materiais didáticos. este discurso parece até utópico. o professor destaca-se como um guia para o aluno.40 planejamento representa as decisões sobre a concretização do dia-a-dia em sala de aula. permitindo que o mesmo crie o seu próprio raciocínio. . agir e tomar decisões. Sabemos que o modo de ser do professor interfere positiva ou negativamente na vida dos alunos. Como facilitador do conhecimento. troque idéias. podendo inclusive contribuir na forma do aluno ver o mundo. seja consciente e crítico. M. 1992. 1994. 1996. 1996. A alegria de ensinar. et al Descaminhos da Educação. R. São Paulo: Saraiva. Reflexões sobre alfabetização. São Paulo: Pioneira. CECCON. CHAUÍ. 1998. 1998. C. BARROS. FAZENDA. São Paulo: Papirus.41 BIBLIOGRAFIA ALVES. São Paulo. 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