Reflexos Primitivos - nível bulbar Em homenagem ao dia das crianças, hoje vou falar um pouco sobre os reflexos primitivos, também conhecidos como reflexos arcaicos. Para falar deles neste blog, decidi dividi-los de acordo com o nível do SNC em que eles se integram. Resolvi começar pelos bulbares (depois eu falo dos espinhais - são meio chatos...). REFLEXOS Reflexos podem ser definidos como reações involuntárias em resposta a um estímulo externo e consistem nas primeiras formas de movimento humano. Nos primeiros meses de vida, a presença, a intensidade e a simetria destes reflexos podem ser usadas para avaliar a integridade do SNC e para detectar anormalidades periféricas, como alterações músculo-esqueléticas congênitas ou lesões nervosas. É fundamental saber que os reflexos primitivos tendem a desaparecer ou a se modificar no decorrer do processo de amadurecimento do SNC. Para o fisioterapeuta que trabalha com pediatria é essencial não apenas identificar os reflexos primitivos, mas também, e principalmente, conhecer as repercussões funcionais da persistência e da exacerbação destes reflexos. Existe um site com vídeos sobre avaliação em neuropediatria da Universidade de Utah que vale a pena serem assistidos, pois mostram a testagem em crianças. OS REFLEXOS PRIMITIVOS BULBARES Reflexo Tônico Cervical Assimétrico (RTCA). Este reflexo, também conhecido como reflexo do esgrimista ou reflexo do espadachim, é mediado pela estimulação proprioceptiva dos músculos do pescoço em resposta a um movimento ativo ou passivo de rotação lateral da cabeça. Presença: do nascimento aos 4 meses (alguns autores afirmam que emerge aos 2 meses), pode ser testado com a criança em supino. Testagem: Para testar este reflexo, o examinador deve girar suavemente a cabeça do paciente para um dos lados ou simplesmente utilizar algo que chame a atenção da criança (ex: chocalho ou lanterna) de modo a estimular a rotação ativa. Ao girar a cabeça para um dos lados, ocorre uma modificação suave no tônus do recém-nascido. O braço e perna do lado facial se estendem . sendo comum em crianças com lesões cerebrais e pouco encontrado em normais. Não podemos esquecer que o tônus do tronco também se modifica. O mais importante em relação a este reflexo é saber que uma criança normal deve ser capaz de vencer este reflexo e ser cpaz de sair da postura sem dificuldades.enquanto os braços e pernas do lado occipital fletem . ficando "presa" na postura do esgrimista. luxação e subluxação do quadril Reflexo Tônico Cervical Simétrico (RTCS) Este reflexo também é uma resposta proprioceptiva dos músculos do pescoço. Possui uma resposta flexora (RTCS em flexão) e . De fato. Olha ai em cima o RTCA. então este é um forte indício de disfunção neuromotora. por exemplo. Caso a criança esteja fixada ou seja: não consiga se mover.aumento do tônus estensor .o uso bimanual .aumento do tônus flexor. pois irá dificultar enormemente o encontro das mãos na linha média. clique AQUI para assistir a um vídeo demonstrando o RTCA em uma criança sem disfunção neuromotora (o vídeo demora um pouquinho pra carregar).o engatinhar Além disso.o rolar . influenciando negativamente as coordenações visocefálica e oculomanual.o acompanhamento visual . pode predispor a deformidades como: escoliose.a alimentação . interfere com: . A persistência do RTCA como vista nos neuropatas. se o RTCA permanecer fixado. em alguns casos. impedirá algumas aquisições importantes como a noção de simetria corporal. Se preferir. uma estensora (RTCS em estensão). A elevação da cabeça produz um aumento do tônus extensor nos braços e aumento do flexor nas pernas. ou seja: levando o paciente a "olhar para cima". também utilizando estímulos visuais e/ou auditivos ou simpelsmente apoiando a mão na testa do paciente e estendendo a cabeça. Estas respostas são também denominadas de "gato bebendo leite" e "gato olhando pra lua" respectivamnte. ou fletindo a cabeça do paciente com sua mão. Isto pode ser feito por meio de estimulação visual e/ou auditiva. a resposta a este estímulo é a flexão dos braços (aumento do tônus flexor nos MMSS e a extensão das pernas (aumento do tônus extensor nos MMII). A resposta é extensão dos braços e a flexão das pernas (gato olhando pra lua). Estas criativas denominações ajudam a memorizar a resposta ao teste. Abaixando-se a cabeça ocorre a situação inversa. A testagem do RTCS em flexão é realizada levando o paciente a "olhar para baixo" . . Na figura acima um paciente com Encefalopatia crônica apresentando o reflexo RTCS exacerbado. Como já mencionado. Presença: De 2 até 4/6 meses Assim como o RTCA. O RTCS em extensão é testado com o movimento oposto. a posição da cervical gera uma mudança no tônus dos membros. ocorre aumento do tônus flexor de braço.Acima. pernas e quadris. além de interferir com: .o engatinhar reciproco .a capacidade atingir e manter a posição sobre as mãos e joelhos . são mais apropriadamente designadas como repostas em prono e Supino. ocorrerá aumento . No caso da testagem em supino. ( a própria posição é o estímulo para desencadear o reflexo) Resposta: No caso da posição prona. É evocado pelas mudanças da posição da cabeça no espaço.o equilíbrio na posição sentada quando olha para os lados. a posição utilizada para a testagem do RTCS A persistência deste reflexo pode levar o paciente a engatinhar em padrão homólogo. porém. Na criança com Paralisia Cerebral provoca um máximo de tônus extensor (hipertonia). este reflexo é de grande importância para o diagnóstico precoce da encefalopatia crônica da infância. Testagem: Examinador leva a criança suavemente para a posição prona ou supina sobre uma superfície. na posição supina e um mínimo na posição prona. A presença do RTL é sempre patológica.a capacidade de apoiar-se nos membros superiores em prono . e/ou manter os pés em dorsiflexão durante o engatinhar. Reflexo Tônico Labiríntico (RTL) Este reflexo também exibe uma resposta flexora e outra extensora. do tônus extensor de braço. a resposta é o aumento do tônus extensor em todo o corpo.a capacidade de iniciar o movimento de rolar . pernas e quadris. enquanto outros o classificam como um reflexo postural. É caracterizado pela hipertonia extensora de pescoçoe tronco. pode ocorrer o opistótono. Este reflexo interfere com: . deixando o peso do bebê ir para a sola dos pés. Eu fico com a segunda opinião. O reflexo positivo de suporte. levando a uma postura de hiperextensão global (opistótono).a capacidade de apoiar-se sobre os cotovelos com quadris estendidos em prono . com apoio na cabeça e calcanhares. com flexão plantar dos pés e . em geral causa extensão total do corpo. Reflexo Positivo de Suporte Alguns autores consideram o reflexo positivo reflexo como um reflexo primitivo. Quando o bebê é suspenso pelas axilas se realizam pequenos movimentos para cima e para baixo. a hiperextensão de tronco e membros faz o paciente formar um arco. Neste caso.a apacidade de flexionar o tronco e os quadris para ficar na posição sentada a partir de supino. OBS: Quando a resposta em supino é muito intensa. que interfere no equilíbrio nas posturas sentada e de pé. a capacidade de ficar de pé . REFLEXO DE MORO Nomes alternativos: resposta de sobressalto Definição: Reflexo primitivo que está presente no nascimento e tipicamente desaparece nos primeiros meses de vida (veja também reflexos do bebê). fazendo alguma pressão sobre a emninência tenar. A resposta é a observação de que a OUTRA mão entra em garra simultaneamente. Em alguns casos pode predispor a contraturas em plantiflexão dos pés Reações associadas. Este reflexo é pouco comentado.a obtenção de reações de equilíbrio em pé. Alguns autores consideram esta flexão dos membros inferiores após 20-30 segundos como um outro reflexo: o reflexo negativo de suporte. .a marcha .apoio digítígrado por mais ou menos 20-30 segundos. antes do bebê fletir novamente as pernas. Presença: de 2 até os 4 meses Clique aqui e assista um vídeo demonstrando este o reflexo A persistência deste reflexo interfere com: . Ele é testado colocando-se o dedo ou um lápis na palma da mão do bebê. A mão estimulada entra em garra (reflexo de preensão palmar). apenas deve-se remover o peso). . A ausência unilateral do reflexo de moro sugere a possibilidade de fratura de uma clavícula ou lesão no plexo braquial. nem as cita em ordem de probabilidade. ou em um adulto. fatores agravantes. A ausência do reflexo de moro em um bebê é anormal. O bebê pode apresentar uma aparência "assustada" e os braços se abrem para os lados com as palmas para cima e os polegares flexionados. Obs. Além disso. Utilize a opção Sintomas para explorar as explicações possíveis para a ocorrência deste distúrbio. As condições associadas com o plexo braquial incluem a paralisia de Erb e a paralisia de Erb-Duchenne. também á anormal. com os cotovelos flexionados. A presença do reflexo de moro em uma criança mais velha. A ausência bilateral do reflexo de moro sugere danos ao sistema nervoso central (cérebro ou medula espinal). O reflexo de moro pode estar anormalmente presente na doença de Tay-Sachs. e então relaxa. Causas comuns: Este é um reflexo normal presente em recém-nascidos. evolução. seja isolado ou combinado com outros problemas. acolchoada. o bebê fecha novamente os braços.Considerações gerais: O reflexo de moro pode ser demonstrado colocando-se o bebê voltado para cima sobre uma superfície macia. Os braços são então repentinamente soltos. o qual pode ocorrer por trauma ao nascimento.: Este problema pode ter outras causas. As causas desse sintoma podem incluir doenças pouco comuns e medicamentos. fatores atenuantes e queixas associadas. as causas variam conforme a idade e sexo da pessoa afetada e os seguintes aspectos específicos dos sintomas: característica. Os braços são gentilmente elevados com tração suficiente apenas para começar a remover o corpo da superfície (obs: o corpo do bebê não deve ser elevado da superfície. A lista não menciona todas elas. À medida que o reflexo termina.