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March 20, 2018 | Author: Giovanni Cristofaro | Category: Feudalism, Roman Empire, Byzantine Empire, Ancient Greece, Germanic Peoples


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ANDERSON, Perry. Passagens da antiguidade ao feudalismo. Trad. Telma Costa. Ed. 3º. Porto: Afrontamento, 1989.Por Eduardo Carneiro OBS: olhar o feudalismo a partir de qual formação social? “A transição da antiguidade clássica para o feudalismo tem sido muito menos estudada no quadro do materialismo histórico do que a transição do feudalismo para o capitalismo”. - Coloca alguns problemas do desenvolvimento europeu pela mudança do mundo antigo para o medieval. - O livro começa com uma discussão do modo de produção escravagista na época clássica. Depois faz uma comparação das “estruturas” sociais e políticas das sociedades gregas, helenística e romana. Não dá ênfase ao econômico, é isso? - As razões para a queda final do sistema imperial romano, que levou a Antiguidade ao seu fim, são analisadas à luz das divisões regionais no seio do Império e da evolução das tribos germânicas. “Uma síntese da Idade das Trevas conduz a uma visão geral sobre a emergência do feudalismo, como um novo modo de produção na Europa Ocidental”. - A formação do feudalismo não foi igual em todos os lugares. “É traçado o padrão de desenvolvimento específico da Europa Oriental na época medieval”. - O livro encerra com uma reflexão sobre a natureza e o destino do Império Bizantino, cujo desaparecimento final marca convencionalmente a era moderna na Europa. “A discussão a que se destinam encontra-se, sobretudo, delimitada pelo campo do materialismo histórico”. - O método materialista foi explicado na obra Linhagens do Estado Absolutista. “Não foi concedido privilégio especial à historiografia marxista como tal... a grande massa da obra histórica séria do século XX foi escrita por historiadores estranhos ao marxismo”. “Omat erialis mo histórico não é uma ciência acabada; nem todos aqueles que o praticaram foram de idêntica envergadura. Há campos da historiografia dominados pela investigação marxista. Há muitos outros nos quais os contributos não-marxistas são superiores em qualidade e em quantidade” p.7. “Não podem tomar-se simplesmente à letra os próprios Marx e Engels: os erros dos seus escritos sobre o passado não devem ser iludidos ou ignorados, mas identificados e criticados. Fazê-lo não é abandonar o materialismo histórico, mas antes aproximarse dele...desr espeitar a assinatura de Marx significa alcançar a liberdade do Marxismo” p. 7. PRIMEIRA PARTE I. ANTIGUIDADE CLÁSSICA - A delimitação entre Ocidente e Oriente é uma convenção. - Apenas o Ocidente Europeu participou nas grandes migrações bárbaras, nas cruzadas medievais e nas modernas conquistas coloniais. - Na idade média, o ocidente era atrasado e o oriente era desenvolvido. - Há uma tendência de explicar a queda do império romano pelas diferenças entre o oriente e o ocidente. “O ORIENTE com suas cidades prósperas e numerosas, economia desenvolvida, pequena propriedade rural, relativa unidade cívica e distância geográfica em relação à maior violência dos ataques bárbaros, sobreviveu; o OCIDENTE com a sua população esparsa e cidades mais fracas, aristocracia poderosa, camponeses sobrecarregados de encargos, anarquia política e vulnerabilidade estratégica às invasões germânicas, pereceu” JONES, p. 14. “Depois, o destino final da Antiguidade foi selado pelas conquistas árabes, que dividiram as duas margens do Mediterrâneo. O Império do Oriente passou a ser excluindo da apreciação a metade oriental” p. . “Lapso de tempo equivalente ao modo de produção feudal” . história. a prosperidade material que sustentava a sua vitalidade intelectual e cívica provinha em proporções esmagadoras do campo” p. “A formação da Europa e a germinação do feudalismo têm sido geralmente confinadas à história da metade ocidental do continente. direito. 18. sufrágio. que sobreviveram em suas novas pátrias. 15. .Marc Bloch1 disse que a partir do século VII formaram-se na Europa Central elementos semelhantes nas sociedades ali existentes. . pelo contrário.BIZÂNCIO– um sistema político e social distinto do resto do continente europeu. “O duplo predecessor do modo de produção feudal foi. delimitada desse modo. evidentemente. 2 Oito séculos de existência: ascensão de Atenas à queda de Roma. surgido na Alta Idade Média. 15. “Pelo contrário. . . o modo de produção escravagista em decomposição. a Europa é uma criação do início da Idade Média” Marc Bloch.A antiga polis grega e a república romana representaram um modelo de vida urbana inigualável. por isso. tem permanecido em larga medida por estudar dentro da mesma tradição: como tipo de transição distinto para um novo modo de produção nunca foi integrada no corpo geral da teoria marxista” p. poesia. A gêneses do feudalismo. 17. e os primitivos modos de produção alargados e deformados dos invasores germânicos. “Foi essa região que deu origem à Europa Central” p. após as conquistas bárbaras” p.Filosofia. recrutamento– tudo isso apareceu nessa civilização sem precedentes.A transição da qual se fala foi diferente da do feudalismo para o capitalismo.A matriz original de toda civilização clássica foi à greco-romana. 1. “Estes dois mundos radicalmente diferentes haviam sofrido uma lenta desintegração e uma interpenetração subtil nos últimos séculos da Antiguidade” p. que a polaridade entre leste e oeste iria permutar as suas conotações” p.Contudo.Duby estuda a economia feudal primitiva que teve início no século IX.A importância dessa transição para a História talvez seja menor do que a da outra. “A gênese do capitalismo tem sido objeto de muitos estudos inspirados pelo materialismo histórico desde que Marx lhe dedicou capítulos célebres do Capital. Países europeus e países europeizados???? . ciência. “A antiguidade greco-romana constituíra sempre um universo centrado nas cidades” p.p. conservou sempre um caráter híbrido” p.14 Até mesmo o conceito de Europa é criticável. . 18. 18. fisco. faltava-lhes uma ECONOMIA URBANA. 14. pois foi formulado baseado na divisão do mundo em cinco continentes.Bloch exclui de sua definição de continente as regiões que hoje constituem o Leste da Europa. administração.17). O MODO DE PRODUÇÃO ESCLAVAGISTA2 (p. . e foi a recombinação dos seus elementos desintegrados que verdadeiramente libertou a síntese feudal. “Entendida desse modo. debate. . 17. arquitetura. escultura. “A gênese do feudalismo na Europa derivou de um colapso catastrófico e convergente de dois modos de produção distintos e anteriores. no qual se fundamentara a construção de todo o enorme edifício do Império Romano. Foi neste novo espaço geográfico. a qual.18. ______________________________________________ 1 Ainda se tinha a idéia de identidade unificada e homogênea. dinheiro. Existiam os camponeses livres. Não era o tipo dominante de apropriação de excedente.C. “Era um fenômeno residual. Assírios e Egípcio3 não eram economias esclavagistas. 19. marginal em relação à massa da mão-de-obra rural” p. “A água era o meio insubstituível de comunicação e comércio que tornava possível o crescimento urbano de uma concentração e apuramento muito mais avançados que o interior rural que lhe estava por trás” p. ..A democrata Atenas. o fundamento social era a relação cidade e campo.O destaque do mundo clássico na antiguidade na história universal não pode estar desvinculado desse “privilégio físico”. “A condição prévia desta característica distintiva da civilização clássica era o seu caráter costeiro” p. . 18. o setor em absoluto dominante da produção. O MEDITERRÂNEO era o grande lago que oferecia ao mundo antigo a unidade econômica. . .O mundo helênico nunca foi exclusivamente escravagista. na sua origem e princípios. 21. . “A agricultura representou. O transporte terrestre era muitíssimo caro. mas era uma condição jurídica impura que assumia a forma de servidão. “O normal das mercadorias das cidades nunca foi muito além dos têxteis. 20. Mas o MODO DE PRODUÇÃO dominante era o esclavagista. olaria. “O mar era o condutor do improvável esplendor da Antiguidade” p. O comércio inter-regional era mediado pela água. . o que ditava os custos de produção era à distância. agregados urbanos de proprietários de terras” p. 18. As cidades greco-romanas nunca foram predominantemente comunidades de manufatores. . 19.A civilização clássica era essencialmente mediterrânea na sua estrutura íntima. “Toda a formação social concreta é sempre uma combinação específica de diferentes modos de produção. “Só ele oferecia velocidade marítima de transporte para uma vasta zona geográfica” p. Por isso. fornecedor invariável das maiores fortunas das próprias cidades. .Dentro das cidades as manufaturas eram poucas e rudimentares. 20. “O transporte marítimo era o único meio viável de troca de mercadorias a média ou longa distância” p. 20.. . . e as da Antiguidade não constituíam exceção” p. O mediterrâneo era o ambiente geográfico necessário. . contudo. Babilônicos. a manufatura estava dispersa.A manufatura na Antiguidade se desenvolveu não pela divisão do trabalho. “O modo de produção esclavagista foi uma invenção decisiva do mundo grego-romano que forneceu a base última tanto das suas realizações como do seu eclipse” p. AZEITE e o VINHO. 18.A Antiguidade era marcada pela combinação operacional: cidade\ campo. “A técnica era simples.Sobre o grau de importância da vida rural na economia clássica é dada pelos rendimentos fiscais do império romano do século IV d. artesãos urbanos.Os impérios Sumérios. 21. . a oligárquica Esparta e a Roma senatorial eram essencialmente dominadas por proprietários agrários.As cidades foram sujeitas a coleta de impostos a partir da crise.A escravatura propriamente dita existia sob várias formas através da Antiguidade Oriental.Os três grandes artigos básicos do Mundo Antigo eram o TRIGO. . . comerciantes ou mercadores: eram. “As cidades-Estado gregas tornaram a escravatura pela primeira vez absoluta na forma e dominante na extensão. ao longo da sua história. quando isso ocorreu verificou-se que correspondia nem a 5% da coleta total da zona rural. 21.. rendeiros. Faltava em seus sistemas jurídicos a concepção nítida e separada da propriedade de bens.Economicamente o mundo clássico era rural. 20. a procura limitada e o transporte exorbitantemente caro” p. transformando-a desse modo de recurso subsidiário em MODO DE PRODUÇÃO sistemático” p. mobiliário e vidros” p. 23. Quando um decaiu. O senhor comprou o escravo.. . . . “A escravidão e a liberdade eram indivisíveis”. por contraste. 21. Este podia ser extraído sem a presença dele na terra. artesãos urbanos. 21. . . a supremacia anômala da cidade sobre o campo dentro de uma economia predominantemente rural: antítese do primitivo mundo feudal que lhe sucedeu” p. marcado pela predominância do trabalho escravo”. rendeiros. . do futuro mundo mediterrâneo . na sua continuidade e extensão. apesar disso. os escravos foram pela primeira vez regularmente empregados nos negócios. mas o ato da compra.Mas as suas grandes épocas clássicas sim.A vida urbana era ligada ao escravismo.As estimativas mais seguras nos dizem que na Grécia de Péricles a razão entre escravos e cidadãos livres na Atenas de Péricles andava à volta de 3\2. 21.Já não era servidão.Atributos contraditórios4 da escravidão da antiguidade clássica: a) a ESCRAVATURA representava a mais radical degradação do trabalho rural imaginável: a conversão dos próprios homens em meios de produção inertes através da sua privação de todos os direitos sociais e da sua assimilação jurídica a besta de carga. transformando-a desse modo de recurso subsidiário em MODO DE PRODUÇÃO sistemático” p. não requeria a presença do dono para gerar excedente.O Advento do modo de produção esclavagista gerou um “milagre econômico” para o mundo Greco romano.O mundo helênico nunca foi exclusivamente escravagista. Até mesmo as funções dministrativas eram executadas por escravos – “um paliativo humanitarista da escravatura clássica” .“O conjunto do Mundo Antigo nunca foi.Foi a formação da classe escrava que. b) a ESCRAVATURA era a mais drástica comercialização urbana do trabalho que possa conceber-se– o trabalhador se reduz a um objeto de compra e venda nos mercados metropolitanos. . (Grécia dos séculos V e IV a. ___________________________________________________ 3 Estados ribeirinhos construídos sobre uma agricultura irrigada intensiva que contrastava com as culturas ligeiras. Mas o MODO DE PRODUÇÃO dominante era o esclavagista. . mas ausência completa de liberdade.Existiam os camponeses livres.A propriedade na Antiguidade.C. . “O conjunto do Mundo Antigo nunca foi. . . 23. 23. Foram aqui que esse sistema teve hegemonia dentre outros sistemas de trabalho. retirava do solo a sua riqueza fundamental” p. “A civilização da Antiguidade clássica representava.C ao II d. na indústria e na agricultura para além da escala doméstica” p.O que ligava o senhor ao escravo não era o consuetudinário. diferentemente da feudal.C e Roma dos séculos II a. de sequeiro. Uma era condição da outra. “Na Grécia clássica.A classe dirigente se abstinha totalmente de qualquer forma de trabalho produtivo. . .As comunidades orientais ignoravam a noção de cidadania livre e a da propriedade privada.A grandeza metropolitana só foi possível graças ao trabalho escravo: “Só este podia libertar uma classe de proprietários fundiários das suas origens rurais tão radicalmente que ela pudesse transformar-se numa cidadania urbana que. portanto. na sua continuidade e extensão. o outro foi junto. marcado pela na extensão. e as da Antiguidade não constituíam exceção” p. como vimos.. “Toda a formação social concreta é sempre uma combinação específica de diferentes modos de produção. elevou os cidadãos das cidades gregas a níveis de liberdade jurídica consciente até então desconhecidos. P. TRÊS CICLOS DE EXPANSÃO imperial na Antiguidade clássica cujas características “estruturam o padrão total do mundo greco-romano: a) ateniense. .Os escravos tinham pouco incentivo para desempenharem suas funções. no entanto. havia uma exclusão da aplicação da cultura à técnica.Houve melhora na difusão da cultura do vinho e azeite e na melhoria na qualidade do pão. ocasionando baixa produtividade do próprio trabalho escravo. 24.Já que o trabalho manual estava ligado à perda da liberdade. O Escravo era uma mercadoria essencialmente móvel– podia ser facilmente deslocado. isso por que a principal fonte do trabalho escravo eram os prisioneiros de guerra” p. 25.o pensar era atividade dos livres.A civilização clássica foi essencialmente colonial. A escravidão emperrava a técnica. Em todas as três fases as bases da civilização urbana permaneceram . .A riqueza e conforto da classe proprietária urbana na Antiguidade clássica eram mantidos por meio do MPE.A liberdade estava alheia ao trabalho.O mundo clássico não foi marcado por inovações revolucionárias que impulsionassem a economia de forma considerável rumo “a forças de produção qualitativamente novas” p. pois a massa dos trabalhadores manuais é hoje escrava ou estrangeira” Aristóteles em Política.O comércio por meio do Mediterrâneo era o suprimento das carências do mundo rural. “O melhor dos Estados não fará de um trabalhador manual um cidadão. . . . “O trabalho é alheio a qualquer valor humano e em certos aspectos parece mesmo ser a antítese daquilo que é essencial ao homem” Plantão. O crescimento econômico vinha por meio das guerras e pela pilhagem e tributos. tendo em vista às invenções. “O poder militar estava mais estreitamente ligado ao crescimento econômico do que talvez em qualquer outro modo de produção.As limitações dos transportes moldavam a estrutura de toda a economia. 26. Mesmo com os parcos aperfeiçoamentos técnicos nessa fase a produção tendia a cair. . .Essa era a norma ideal do MPE. “Mas sua lógica teve presente de um modo imanente na natureza das economias clássicas”.No espaço econômico.As relações esclavagistas de produção impunham limites às forças produtivas. isso sufocava as invenções.O MPE foi caracterizado pela “estagnação” infra-estrutural e pela vitalidade superestrutural. . 29. b) macedônio.Quem trabalhava não pensava .Os escravos davam suporte à agricultura e promovia o comércio inter-urbano. . . c) romano. . “O recrutamento de tropas urbanas livres para a guerra dependia da manutenção da produção doméstica por meio de escravos” p.“O destino do grosso dos escravos na Antiguidade clássica era o trabalho agrário” p. 29. nunca foi realizada concretamente.Notoriamente a escravidão freou a tecnologia. “A escravatura era a mola econômica que única cidade e campo para o benefício desproporcionado da polis” p. . . . “Os escravos permitiam a criação do exército de cidadãos”. . ________________________________________________ 4 Que era o segredo da paradoxal precocidade urbana do mundo Greco-romano . “Nenhum modo de produção é isento de progresso material na sua fase ascendente” p. 25. O escravismo pode ser o culpado disso. . O aparecimento das cidades-estados helênicas na região egéia é anterior à época clássica. . 30. “A pequena propriedade camponesa foi preservada e consolidada em toda a Grécia durante este período” p. . constituíram a TRASINÇÃO crucial para apolis clássica” p.200 a.intactas. Tais tiranos fizeram aprovar leis populares e reformas econômicas. Foi nesse período que os fundamentos dessa civilização foram lançados. .30. 32. 2. Cidades foram fundadas sob o domínio da nobreza.As cidades eram núcleos residenciais: “os agricultores viviam dentro das muralhas da cidade e saíam todos os dias para trabalhar no campo. . . restauração do comércio e cunhagem de moeda.Houve também mudanças na organização militar das cidades. 33.As reformas tiveram sucesso com duração parca. . a segurança foi gradualmente restaurada. . regressando à noite” p. O governo exercido por aristocratas. estava investido de poderes supremos para mediar os conflitos entre ricos e pobres. 34. 30.A organização dessas cidades refletia muito do passado tribal do povo.O aumento da população e o fim da economia arcaica geraram conflitos. a Grécia experimentou uma prolongada “idade das trevas”: a escrita desapareceu. “Em meados do século VI.C)” p. Aboliu a servidão por divida no campo. 31. Possivelmente as monarquias foram derrubadas pelas aristocracias tribais. contudo. havia cerca de 1. aumentando o exército. “Em fins do século III. 31.As trocas comerciais aconteciam no Mediterrâneo. Era de se supor que se baseavam numa dominação privilegiada da nobreza hereditária. Mesmo não sendo tirano.C).. Surgem os hoplitas. .500 cidades gregas na pátria grega e no estrangeiro” p. .C.O recrutamento voltou a ser feito. . com efeito. “As tiranias do século VI... na época de Diocleciano (284)”..Foram eles que romperam o podem da aristocracia sobre as cidades. Forneceu créditos públicos aos camponeses. . “O resultado foi uma paragem no crescimento das propriedades dos nobres e a estabilização do padrão de pequena e média agricultura” p. Que gerou tanta miséria na Grécia arcaica.Houve aumento da população.Foram as reformas de Sólon em Atenas que forneceram o mais claro e melhor exemplo conhecido. O povo dava respaldo a eles. a vida econômica e política regrediram a um rudimentar mundo rural e primitivo narrado pelos poemas homéricos. “Um grande número de voluntários bárbaros era incorporado no exército” p. O monopólio representava o poder ilimitado. compostos da classe agricultora de classe média das cidades. princípio do IV. “A onda de colonização ultramarina dos séculos VIII a VI a. o Estado Imperial mudara e recuperara-se. . A GRÉCIA.C foi a expressão mais evidente deste desenvolvimento” p.Os tiranos bloqueavam o monopólio da propriedade agrária. .. A aristocracia senatorial foi .Após o colapso da civilização micênica (1. A estrutura era ainda de parentesco. Estes realizaram obras públicas– o que empregou a muitos. O que houve foi sucessivas formas de resolver os problemas advindos da conquista ultramarina.. os conflitos desembocaram na tirania. .510 a.Foi no período 800-500 a. O efeito das sublevações foi o aparecimento das tiranias transitórias do fim do século VII e do século VI a. “A ruptura desta ordem geral ocorreu no último século da Idade Arcaica. “A base econômica da cidadania helênica iria ser a propriedade agrária modesta” p. 93.Pouco se sabe das cidades gregas na época arcaica.C que a civilização clássica foi se formando. com o advento dostiranos(650. em oposição à nobreza tradicional. . 94. . aos poucos. 102. O centro político do império tendeu para o oriente. . devido às crises econômicas.Surge a figura do COLONO – o cultivador camponês dependente. 100. . Somente o Estado absorvia 1\3 da produção agrícola.Dessa forma formou-se uma classe de produtores rurais distinta dos escravos e dos rendeiros livres. Era lógico que as contradições internas do MPE se desenvolvessem de forma mais avançadas no ocidente. .A zona rural foi o refúgio para aqueles que fugiam das cobranças fiscais e dos recrutamentos. Emergia Constantinopla. vinculado a propriedade do senhor. O cristianismo nasceu no oriente e difundiu-se durante o século III. .Com a crise a tendência foi a valorização da periferia.deslocada de seu papel nuclear na política.Ao final do século III o preço do escravo tendeu a cair.A tributação mais pesada recaia sobre os camponeses.A aristocracia ocidental: Itália e Gália continuaram sendo a mais rica economicamente. Os proprietários não mais abastecia os escravos. . . presságio da transição para outro modo de produção” p. Os tributos eram para sustentar os privilégios dos funcionários públicos que os SANGRAVAM. .Essa interpretação ressalta o caráter catastrófico da queda. Ler página 99– sobre o cristianismo. “A formidável expansão material da máquina do Estado resultante destas medidas contradizia inevitavelmente as tentativas ideológicas de Diocleciano” p. A partir de então. o patrão se preocupava em isentar o colono do recrutamento. O oriente era abarrotado de riquezas naturais. ou cultivando-o em regime de parceria. As dinastias passaram a vir do oriente. mas isso teve alto preço. . mas inequívoca do Império” p. . “Verificou-se uma ruralização gradual. O poder foi deslocado para os oficiais dos exércitos.Quando as fronteiras do império deixaram de avançar. . o MPE entrava em declínio. Tentou-se fixar os preços e salários. . o que definhou o comércio e a produção artesanal. os romanos não tinham mais a maioria do senado.Enquanto a cidade estagnava o campo gerava a crise imperial. de serem tratados como mercadorias no sentido convencional. Aumentou também o número de soldados. ao qual pagava rendas em dinheiro ou em espécie pelo seu lote.As forças produtivas permaneceram bloqueadas.Os escravos deixaram. .O Império no OCIDENTE encontrava-se dilacerado por dentro. eles foram colocados em lotes de terras e explorados apenas no excedente de produção. “Ocorriam na economia rural modificações de maior alcance. “A expansão do Estado foi acompanhada por uma contração da economia” p. por fora. . . o que mostra a diminuição da procura. . .A fonte de soldados passou a ser os Bálcãs e o Danúbio. . o colapso era por conta das invasões bárbaras. A CRISE POLÍTICA. . agora estava divorciada do comando militar que respaldava a liderança política. onde ficavam os centros produtivos.Soma a crise financeira todo o aparato clerical imposto por Constantino.Os ataques ao império oriental foram muito mais violentos e ele conseguiu subsistir.OCOLONATO alterou a linha central de todo o sistema econômico.O Estado passou a tributar a zona urbana. Novo sistema fiscal.Constantino tentou voltar o foco para o ocidente. O Império suspirou um pouco no princípio do século IV.Outros dizem que a queda não foi devido à crise interna. Até que Valentino I proibiu de vez a vendo do mesmo à parte das terras onde trabalhavam. em contraposição aqueles que dizem que foi pacífica e quase não sentida por aqueles que a viveram. 102.A crise era mais visível no ocidente. No entanto. A troca dos imperadores ficou fora do arco de influência do senado e foi para as mãos dos generais. . . . Dessa forma. II. influência e exemplo tendiam a arrastar as tribos germânicas dispostas ao longo das suas fronteiras para uma maior diferenciação social e mais elevados níveis de organização política e militar” p. Muitos bárbaros ascenderam na carreira militar. Quando começaram a entrar em contato com os romanos. Tal escolta era mantida pelos produtores da terra. para muitos. A diplomacia romana quis se valer de uma rede de clientela bárbara ao redor de suas fronteiras. Não sentiu tanto a queda populacional do século III. passaram a negociar com eles: gado e escravos.C.Os romanos incentivavam a guerra entre os bárbaros.O perigo dos bárbaros foi aumento à medida que o contato com os romanos foram alterando as estruturas deles. fazendo alianças com alguns. mas a fidelidade ao chefe guerreiro. apoio político e proteção militar. A TRANSIÇÃO CAP. Os germanos do tempo de César. Tais privilégios marcaram a transição do regime de clãs\tribal.As duas regiões foram dominadas por classes diferentes. acostumada tanto a sua exclusão do poder político central como à obediência aos comandos reais e burocráticos: era a única ala da classe fundiária das províncias que nunca produzira qualquer dinastia imperial” p. 121. Eram pagãos contra o cristianismo.Roma cooptou vários bárbaros para o exército imperial. “Havia um certo entrelaçamento de elementos romanos e germânicos no interior do próprio aparelho de Estado Imperial” p. 120. . mais o seu poder. . não eram os mesmos na época do fim do império. a cultura helenística prevalecia. “Quanto mais persistia o sistema imperial romano. . . Era o núcleo da divisão de classe.No oriente. Da sua colisão final. O rebanho era propriedade privada.Nas sociedades tribais bárbaras já havia uma tendência a estratificação e diferenciação social.O MPE do qual se fala é o do Ocidente. . 109.Entre os germanos prevalecia o comunismo primitivo. 108.. particularmente no Egito. e da sua fusão iria finalmente nascer o FEUDALISMO” p. .p. -A periferia bárbara do império. Ali o comércio estava mais vivo. embora este fosse ainda imenso nos aspectos mais importantes. Ali a pequena propriedade sempre subsistiu. .A ordem senatorial do Ocidente era o segmento mais poderoso da nobreza fundiária de todo império.Os chefes das tribos tinham ao redor de si uma escolta de guerreiros. 117). . Pois já não era mais a solidariedade do parentesco. catastrófica. Quem ruiu com a aliança . 1– O CONTEXTO GERMÂNICO (p. a assembléia era composta por guerreiros. . Pessoas que defendiam o interesse romano dentro do mundo bárbaro em troca de subvenções financeiras. “No Oriente. Formou-se uma aristocracia hereditária que compunha o conselho da tribo. Muitos “males” foram aprendidos com os romanos. . Havia guerras entre as tribos. os proprietários rurais constituíam uma nobreza média. Muitos dos clãs eram ainda matriarcais. “A rude igualdade originária dos clãs fora sucedida pela riqueza individual em terras e pela consolidação de uma nobreza oriunda das escoltas de guerreiros.A instituição do COLONATO teve sua origem no oriente. passou a integrar o próprio império. Essa estrutura foi se modificando a partir do século I d.Os romanos pressionavam a desintegração do comunismo primitivo entre os germanos. . Surgem as linhagens dinásticas quase reais. Ali os encargos fiscais parecem ter sido mais leves. 121. A longa simbiose das formações sociais romanas e germânicas nas regiões limítrofes estreitara gradualmente o hiato entre ambas. para onde os romanos iam em busca de aliados e escravos. “A ascensão de Constantinopla como segunda capital do império foi o maior êxito urbano dos séculos IV e V” p. Ler. 107. com base nas cidades. Preservou-se o legado imperial. a ordem imperial fora devastada pelo fluxo de bárbaros através de todo o Ocidente” p. . na Itália.As comunidades de aldeia.. O sistema de propriedade ainda não estava totalmente estabilizado.Não conheciam nenhuma experiência de Estado territorial duradouro. “Na primeira metade do século V. 123. 128. .“D esse modo. .Inicialmente as terras não eram propriedades plenas e hereditárias. com base em corpos de guardas reais ou escoltas da corte. não se pode homogeneizá-la. O banditismo espalhou. . a administração costumeira submergiu. econômicas e culturais do mundo romano tardio numa proporção relativamente limitada”. .A distribuição de terras acontecia pelo medo da dispersão militar. . 121) . Em toda a invasão. Os pactos eram feitos entre duas pessoas. Foi a volta à cultura local arcaica. . os Ostrogodos no norte da Itália. . marca do feudalismo. “Mas a lógica do sistema era evidente: dentro de cerca de uma geração estava consolidada uma ARISTOCRACIA germânica na terra. a meio caminho entre o séquito pessoais do passado tribal e a nobreza fundiária do futuro feudal” p. com um campesinato dependente dela” p.O autor é da opinião que os bárbaros são incapazes. Ignoravam a escrita. 126. os Vândalos no norte da África. os germânicos tenderam a imitar as práticas romanas e romperam em parte com o passado tribal. . etc. primeiro na França. que virariam nobres.Cada tribo bárbara teve sua experiência. “As estruturas improvisadas dos primeiros Estados bárbaros refletiam esta situação básica de fraqueza e isolamento relativo”.As terras não eram distribuídas a todos os guerreiros.A organização social tribal era inseparável da religião tribal.O aparelho militar era germânico a administração era romana. sobretudo. este reinos bárbaros modificaram as estruturas sociais.As invasões que varreram o ocidente imperial ocorreram em duas fases distintas: a) a primeira iniciou com a travessia das águas geladas do Reno no final do ano 406. 128. . aprendido com os romanos. Visigodos tinham saqueado Roma.As províncias entraram em desordem total. por vândalos e outros. estabelecera-se em solo anteriormente romano o primeiro sistema primitivo de estado bárbaro: eram os visigodos na Aquitânia.A formação do Estado define o fim do comunismo primitivo bárbaro. pois não organizaram um sistema político a altura do anterior.Quando se instalaram em terras antes romanas. . a TRANSIÇÃO política para um sistema territorial de Estado fazia-se invariavelmente acompanhar por uma conversão ideológica ao cristianismo” p. Faltam documentos para comprovar tudo que se fala sobre essas tribos.No geral. “Os reinos germânicos típicos desta fase eram ainda monarquias rudimentares. Quem recebia distribuía a outros até se chegar ao pequeno agricultor que a todos sustentavam.O perfil econômico dos primeiros invasores germânicos se baseava numa divisão formal das terras romanas. . foram se implantando. 131. o sistema adotado foi o da HOSPITALIDADE. os bárbaros continuavam a ser comunidades rudimentares e primitivas quando irromperam no Ocidente”. com regras de sucessão incertas. 2– AS INVASÕES (p. .Por volta de 480.. “Em geral. as estruturas jurídicas e políticas romanas permaneceram intactas nestes primeiros reinos bárbaros” p. . CAP. . Em 410. 129. houve um respeito ao legado latino. Concessão de terras em troca de taxas. Esse foi o DUALISMO do qual o autor fala que vigorou.branca deles foi a vinda dos HUNOS que forçaram esses primeiros bárbaros a invadirem o império. “Em muitos aspectos. .se. “O tempo de vida dos Estados bárbaros originais não foi longo” p. “As tribos germânicas que dilaceravam o Império do Ocidente não eram pó si capazes de substituí-lo por um universo político novo ou coerente. 142. “É necessário elaborar uma tipologia do feudalismo europeu.140. sobrevivente dos sistemas rurais originais da floresta após a evolução geral dos camponeses bárbaros do regime ALODIAL para os regimes de dependência” p. “A filiação original das instituições feudais específicas parece de todo o modo muitas vezes inextricável. A obscuridade que a envolve é muita.A superação dualista não produziu por si uma nova fórmula política bem definida no final da Alta Idade Média.A confusão nessa época foi grande. Ver dialética. . . CAP. . .A transição não foi única.O processo de abandono da herança clássica foi concomitante com o avanço islâmico no mediterrâneo. Essas invasões marcaram o fim da administração e do direito dualista. mas os resultados eram ainda heteróclitos e informes. 142. Cada tribo germânica teve sua experiência. 140). Os francos adotaram o cristianismo. 142. As vilas eram marcas da colonização rural latina. o direito germânico ao final prevaleceu. quem contribuiu mais para o surgimento do feudalismo: romanos ou germânicos? .Colisão catastrófica dos dois modos de produção anteriores: o primitivo e o antigo. “Também o benefício. 139. . com o qual ela se fundiu para formar o FEUDO. O fisco também desapareceu a medida que o Estado não executava mais serviços públicos.O debate é a proporção da mistura. quando pela primeira vez se debateu a questão da sua gênese” p. .Os merovíngios abandonaram a cunhagem de moedas. pode ser relacionado com as práticas eclesiásticas do Império Romano tardio e com a distribuição tribal da terra entre os germanos” p. . “Os enclaves comunais da aldeia medieval eram herança basicamente germânica. “Apenas uma SÍNTESE genuína podia consegui-lo” p. nem sempre iguais.O FIM DA ANTIGUIDADE: a) PACIFICA: Para alguns historiadores o colapso do império romano foi apenas o culminar de séculos de absorção pelos povos germânicos. Nem a simples justaposição nem uma fusão grosseira eram capazes de dar origem a um novo MODO DE PRODUÇÃO geral. “A VASSALAGEM pode ter as suas raízes principais tanto no COMITATOS germanos como na CLIENTELA galo-romana: duas formas de escolta aristocrática que existiram em cada um dos lados do Reno muito antes do fim do Império” p. no entanto.Síntese\ Interação\ Fusão. Foram conquistados no interior aos poucos.A segunda leva de invasões produziu por toda parte uma aristocracia germânica dotada de mais vastos domínios. dera-se um tosco processo de fusão. .. 143. “A síntese histórica que acabou por dar-se foi o FEUDALISMO” p. Foi uma calma libertação. “Em suas estruturas econômicas.As VILAS como unidades organizadas de produção entram em declínio. capaz de superar o impasse da escravatura e do colonato” p. sociais e políticas a Europa Ocidental deixara para trás o dualismo. .. Os merovíngios ainda tentaram mantê-las. . 139. 3– SÍNTESE (p.. 140. mais do que determinarlhe simplesmente a genealogia” p. As combinações entre a cultura romana e as germânicas. b) CATASTRÓFICA. OBS: a fusão dos dois sempre resultará no feudalismo? “Esse feudalismo ocidental era o resultado específico de uma fusão dos legados germânicos e romano.O modo de produção feudal pode ser visto em várias FORMAÇÕES SOCIAIS. dada a ambigüidade das fontes e o paralelismo de evoluções dentro dos dois sistemas sociais anteriores” p. . o que era já evidente para os pensadores do renascimento.Montesquieu afirmou a origem germânica do feudalismo. Reaparecem os alódios camponeses e as terras comunais de aldeia. 142. “Todos os impostos caducaram progressivamente nos reinos francos”. . semi-eletivo e com funções seculares rudimentares. “Com o Estado carolíngio começa a história do feudalismo propriamente dito” p. . não cumulativa. por tanto. o BENEFÍCIO foi progressivamente assimilado à HONRA. Magno valorizou e formou os militares. A herança romana do direito codificado foi importante. .O Islão havia derrotado os visigodos na Espanha. .A igreja conservou parte da superestrutura romana.Houve um enorme esforço ideológico para recriar o sistema imperial romano. 153. . Essa foi a principal função da igreja no processo de transição. “A igreja nunca foi teorizada no quadro do materialismo histórico” p. 144. . “O resultado final desta evolução convergente foi o aparecimento do FEUDO – concessão de terras. . Os guerreiros tornaram-se nobres.A estrutural geral de uma TOTALIDADE FEUDAL na Europa tem uma matriz dupla.Em 800. para se tornarem direitos condicionados. .Todo aparato clerical após a oficialização do cristianismo significou mais ônus no orçamento do Estado. de um modo de produção para outro” p. a própria instituição da monarquia feudal constituía uma AMÁLGAMA instável do chefe guerreiro germânico. na medida em que minava a escravidão. . Aesc rita tornou-se um privilégio clerical. e do soberano imperial romano.O papel da IGREJA na TRANSIÇÃO tem sido enfatizado e menosprezado conforme a historiografia. autocrata sagrado com poderes ilimitados” p. em troca de SERVIÇO MILITAR” p. 153.No decurso do século IX. numa passagem catastrófica. Os camponeses sedentários e desarmados sustentavam o exército do rei. Trabalhou a questão da fidelidade. “No topo do sistema político medieval. “As concessões de terras pelos soberanos deixaram então de ser dádivas. 144. . As campanhas militares exigiram uma base econômica que as sustentassem. . . 151. . Ela foi o reservatório do mundo clássico. . mas o seu primeiro núcleo incontestável formou-se com Carlos Magno” p.O sistema jurídico e constitucional do mundo medieval era igualmente híbrido. . Foi nesse governo que uniu-se o JURAMENTO DE FIDELIDADE ao monarca com a CONCEÇÂO de terras.Foi nessa fase que surgiram mais nitidamente as instituições fundamentais do feudalismo.“A própria servidão descendente tanto do estatuto clássico dos colonos como da lenta degradação dos camponeses livres germânicos” p. a ponte indispensável entre duas épocas. .Foram sendo formada uma classe de vassalos ligada direta ao imperador. 153. “A IGREJA foi. “Mas foi realmente a época de Carlos Magno que se introduziu a síntese decisiva entre as doações de terras e os vínculos de serviço” p. 150. . um BÁRBARO é proclamado imperador do ocidente cristão. . da qual já vimos. Esses eram o núcleo do exército carolíngio.O cristianismo foi importante no processo de latinização no final da antiguidade. 143.Final do século VIII– a VASSALAGEM (homenagem pessoal) e o BENEFÍCIO (concessão de terras) foram progressivamente assimilados. “O sistema de FEUDO levou um século a ganhar forma e raízes no OCIDENTE.Outros dizem que a ideologia cristã do amor arruinou o império. . revestidas de poderes políticos e jurídicos. Foi nesse período que a dependência camponesa foi consolidada.A única instituição da Antiguidade que sobreviveu por toda a era Medieval foi a Igreja Cristã.OBS: com objetivos expansionistas.As guerras reduziam a população rural. conferidos em troca de serviços jurados” p. 155. Cujos benefícios eram concedidos diretamente pelo próprio Carlos Magno. “Mas o tipo modal sempre constituiu numa combinação de reserva senhorial e de parcelas camponesas. .As fortificações eram ao mesmo tempo uma prisão e uma proteção.20% da população rural ainda era escrava no império carolíngio. a . “Foi um modo de produção dominado pela terra e por uma economia natural. toda França foi coberta por castelos e fortificações. O produtor imediato– o camponês– estava ligado aos meios de produção– o solo – por uma relação social específica” p. a tendência era a regionalização da aristocracia. eram comunas autogovernadas que gozavam de organização política e militar autônoma em relação à Igreja e à nobreza” p. 163.O senhor feudal era vassalo de outro e assim a cadeia terminava no monarca. vikings e magiares.A unidade ruiu. 165..O MPF foi o primeiro a permitir um desenvolvimento autônomo da produção urbana dentro de uma economia agrária natural. “A parcelarização feudal das soberanias produziu o fenômeno da cidade medieval na Europa Ocidental. Isolada pelo império Islão. a Idade Média (período germânico) inicia-se quando O CAMPO se torna a sede da história. . 1– O MODO DE PRODUÇÃO FEUDAL (p.. 163. Não pode localizar-se dentro do feudalismo enquanto tal. “A propriedade agrária era controlada em regime privado por uma classe de senhores feudais que extraía dos camponeses um excedente através de relações políticojurídicas de coerção” p. em proporções variáveis” p. EUROPA OCIDENTAL CAP. 163) “O modo de produção feudal que surgiu no Ocidente europeu caracterizou-se por uma unidade complexa”.O enraizamento dos senhores à terra e a consolidação da susserania solidificou o sistema feudal.A palavra SERVO foi uma invenção do século XII (Marc Bloch). cujo desenvolvimento posterior se processa através da oposição entre cidade e campo. devido as invasões. SEGUNDA PARTE I. Essas duas características representavam formas de resistência dos camponeses. Eram os sarracenos.MARX: “A história da Antiguidade Clássica é a história das cidades.O império carolíngio era uma realidade continental.. “A resposta econômica ao ISOLAMENTO foi o desenvolvimento de um sistema senhorial” p. 166. Havia também aqueles domínios inteiramente divididos em parcelas cultivadas por camponeses.Existência de terras comunitárias de aldeia e alódios de camponeses (sobreviventes do MPE). mas de cidades baseadas na propriedade fundiária e na agricultura. A estrutura era variável. .. 154. .. Os camponeses foram lançados a uma servidão generalizada. .Não havia uma forma homogênea de propriedade. . . OBS: O termo FEUDO passou a entrar em uso nas últimas décadas do século IX. . Foi por essa época que. que praticavam o comércio e as manufaturas. a gênese da produção urbana de mercadoria: claro que ela é anterior” p. 167. Havia domínios em que a exploração era direta.Os ataques vindos de todos os lados pulverizaram todo o sistema imperial. . construídos pelos senhores rurais sem qualquer permissão imperial. . no qual nem o trabalho nem os produtos do trabalho eram mercadorias.A soberania política nunca estava concentrada num único ponto. A divisão feudal da soberania em zonas particularizadas . . “As cidades medievais européias típicas.A SERVIDÃO era uma situação jurídica. . no entanto. . Existia uma contradição estrutural.167. controlada por nobre CAP. “Somente o MODO DE PRODUÇÃO FEUDAL foi possível uma oposição dinâmica6 entre cidade e campo” p. ficou autônoma. 170. 171). A fragmentação da soberania era incompatível com a unidade da nobreza. Economia Rural– de troca natural. Sua fonte de autoridade era a força que exercia sobre as mentes e sua imensa extensão de terras. “O modo de produção feudal era preponderantemente agrário” p. “Ela era o nome comum do poder” p. .história moderna é a urbanização do campo e não.A igreja que sempre esteve ligada ao estado. a monarquia era enfraquecida naturalmente.O senhor tinha poder somente em seu feudo. 167. a ruralização da cidade” Formações pré-capitalistas. II. Dentro da política. a justiça era central. como entre os antigos. O sistema era uma anarquia em potencial.baseada nas trocas mercantis. EUROPA ORIENTAL . O poder político identificou-se com a aplicação das leis. 2– TIPOLOGIA DAS FORMAÇÕES SOCIAIS (p. com mercadores em guildas e corporações. O sistema exigia um sistema final de autoridade.Os monarcas mantinham seus cargos graças à preservação das leis tradicionais. . 6 Economia Urbana . . diferentes misturas não podem gerar essa mesma síntese ..OBS: “a mistura produz o imprevisível” Paul Gilroy. Se o feudalismo foi a síntese de “misturas”.
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