RCC - Ministério de Formação - Apostila - 1 - Identidade Da Renovação Carismática Católica

March 27, 2018 | Author: Antonio Alves | Category: Baptism, Saint, Baptism With The Holy Spirit, Holy Spirit, Pentecostalism


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ESCOLA PAULO APÓSTOLOMÓDULO BÁSICO A IDENTIDADE DA RCC 2 DERCIDES PIRES DA SILVA 3 LISTA DE ABREVIATURAS AA CATEC DU LG CL CIC AG CNBB RMI Apostolican Actuositatem Catecismo da Igreja Católica Constituição Dogmática Dei Verbum Constituição Dogmática Lumem Gentium Christifidelis Laici Código do Direito Canônico Decreto Ad Gentes Documentos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil Redenptores Missio SUMÁRO ................................................................................................40 3.................................56 3................................... Ofensiva Nacional da Renovação............................1 Conceito........................53 3..................................................................................20 2.................3 Espiritualidade Da Renovação Carismática Católica.....................................................................................................................................................................................2 Espiritualidade..............5 Jesus..........................2 Pentecostes Atual............................................................................................1 Primeiro Pentecostes...............................1 Critérios de Eclesialidade.............................4 Apresentação...................19 2............3 Princípios Da Ofensiva Nacional.....................................................................................................9 Conclusão........................................5 Frutos da Espiritualidade da RCC......................11 1..............2 Ofensiva: Plano de Deus Para a Renovação Carismática....................................57 3...................................... Renovação Carismática Como Um Novo Pentecostes..................50 3...........16 1.............6 Quem Pode Ser Batizado No Espírito Santo.......................................................................19 2......................................8 Chave Do Batismo No Espírito Santo..............................3 Finalidade Do Batismo No Espírito Santo...................................4 Fundamentação Teológica da RCC.......54 3.......3 Efeitos da Eclesialidade da Renovação...................1Conceito de Ofensiva Nacional............................18 2......................62 4..................49 3................... A espiritualidade Da Renovação Carismática Católica.................................7 Condições Para Ser Batizado No Espírito Santo..72 5.01 1.................................................2 A RCC Está Inserida No contexto Eclesial.............................................................................................................................................................................................55 3......................................................09 1.. Contexto Eclesial da Renovação Carismática Católica................................62 4...........25 2..............................................................................................................5 Conclusão.....................................16 2........................................................ O Batizador.......1Estatuto Do Serviço Internacional da Renovação Carismática Católica (ICCRS).....................................................................................................................65 5..............................59 4........ Batismo No Espírito Santo................................2 Fundamentos........... .76 ..............................................................................................................................................4 Objetivos da Ofensiva Nacional.............................................07 1....................06 1................................72 5.......................73 5......52 3......................................................49 3..........................................................4 Frutos Do Batismo No Espírito Santo............................................................... CL CIC DV LG AG AA CNBB Rmi .5 ABREVIATURAS USADAS DOCUMENTO Catecismo da Igreja Católica Christifideles Laici Código do Direito Canônico Constituição Dogmática Dei Verbum Constituição Dogmática Lumen Gentium Decreto Ad Gentes Decreto Apostolicam Actuositatem Documentos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil Redemptoris Missio ABREVIATURA Catec. uso as novas cores que descobri. O presente seria entregue em uma solenidade especial que comporia os festejos dos seus quinze anos. outra para contemplar um estudo introdutório sobre a Igreja e outra para apresentar uma doutrina social com base na Sagrada Escritura.” demonstramos que a Ofensiva é um fenômeno espiritual afeto ao campo da revelação privada. Os dissabores que às vezes tem se abatido sobre os ânimos de alguns tem sido por causa de nossa espiritualidade. Colocamos a efusão como seu paralelo. que a Renovação é uma legítima forma da Igreja se expressar. Fizemos o melhor que podíamos. totalizando oito apostilas. Entregues as pinturas. A cada próxima dou tudo de mim. não deixo de fora um renovado desejo de fazer melhor do que já fiz. Em todo o tempo tivemos dois cuidados principais: o primeiro foi não nos afastarmos da Sã Doutrina. Nada mais. grupo de oração. como um paralelo do Primitivo. Ele desejava fazer a escolha final. ao qual acorreram os melhores artistas do mundo. julgava-os limitados. principalmente pelo desconhecimento dela. da Sagrada Tradição e do Magistério da Igreja. mas também somos consciente de que o próximo poderá ser ainda melhor. seja qual for o grau a que chegamos. Quando estudamos o capítulo sobre a “Espiritualidade da Renovação Carismática Católica. O vencedor faria o retrato da princesa e seria regiamente compensado. carismas. Buscamos. Mas. não estava gostando dos artistas. vida de oração. bem como para acrescentar outras. Para a concorrência deveriam exibir sua melhor criação. Conscientes de nossas limitações. que foram entregues ao rei. então. Aproveitamos alguns temas antigos. como já feito antes. Cremos que o seu bom entendimento auxiliará os homens de hoje a compreender o que ocorre em nossos dias. abriu-se o concurso. na Sagrada Tradição e na Doutrina da Igreja. Para isso trilhamos os caminhos da Sagrada Escritura. Agora falemos desta apostila. Sabemos que cada feito poderá ser melhor do que o anterior. Ela contém cinco temas. concluímos que ele deveria ficar como estava. “Contudo.16). depois de muitas reflexões. mas imbuídos do desejo de contribuir para o crescimento dos irmãos. No capítulo “Ofensiva Nacional da Renovação Carismática Católica. sob pena de quebrar sua unidade. resgatar suas origens. Por isso contamos com as sugestões dos irmãos para eliminar alguma coisa que ainda sobrar. genérico. analisamos em primeiro lugar o Pentecostes dos Apóstolos com seus antecedentes bíblicos e seus desdobramentos na Igreja daquela época. introduzindolhes conteúdos novos. É por isso que minha melhor arte é sempre a próxima. portanto. o que importa é prosseguir decididamente" (Flp 3. Todos estavam respondendo a mesma coisa. um a um. Enfim. “Contexto Eclesial da Renovação Carismática Católica” esclarecemos. embora isto também tenha sido abordado. pois entendemos que o ponto gerador de perplexidade entre muitas pessoas não é nossa organização como movimento leigo.6 APRESENTAÇÃO Conta-se que aprouve ao rei de um grande povo presentear sua filha com um lindo retrato feito à mão. a partir do tempo dos Apóstolos. mas podemos melhorar. e acrescentamos outros. Acreditamos. O segundo . partilhas e debates. Para apresentar a Renovação Carismática como um novo Pentecostes. Todos os capítulos são marcados por um caráter enciclopédico. o ministro da cultura supervisionou a seleção das melhores. liderança e santidade. apresentamos as questões fundamentais de nossa identidade.” nossa intenção principal foi apresentar fundamentos teológicos para a nossa expressão de Igreja. Embora os quadros fossem bonitos. Todos pressurosamente respondiam que sim. introdutório. Optamos por sua reformulação. que se a espiritualidade que vivemos estiver bem fundamentada. com todos as decorrências desta legitimidade. Por fim um dos pintores deu a resposta que o rei esperava: –– Majestade. ou. Após meditar e orar bastante. e marcou a entrevista dos artistas para um dia de domingo. pessoalmente. seu desenvolvimento e suas implicações pastorais. Esta historieta ilustra o nosso sentimento enquanto examinávamos o nosso antigo módulo básico. pois considerados em si mesmos dariam cada um obras completas. Expedidas as ordens reais. a minha melhor obra é sempre o próximo quadro que pintarei. Nós mesmos estaremos empenhados nisto. A todos o monarca indagava se a pintura apresentada era a melhor que podiam fazer. Sempre no próximo coloco tudo que já aprendi com os grandes mestres. a começar dos critérios de eclesialidade que a Igreja exige dos movimentos. Após isso apresentamos o nosso Pentecostes. busco nova inspiração. nada menos. Logo o rei começou a se angustiar. ser reformulado por completo. emprego as últimas experiências que adquiri. ao mesmo tempo. examinamos o conteúdo das apostilas. para tratar dos seguintes assuntos: identidade da Renovação. acontecido no âmbito da Renovação e dirigido a ela. Na abordagem do Batismo no Espírito Santo assumimos o que ele realmente é: um Batismo no Espírito Santo. No dia aprazado os pintores chegaram cedo e logo foram entrevistados. por extensão toda a Renovação também estará. exaustivamente. seguindo as pegadas dos Apóstolos. bem como a todos os irmãos que. SVA. Fraternalmente. SVA e Cláudio José Cardoso. Orai também por mim” (Ef 6. agradecemos às amigas Andréa Paniago Fideles e Lília que abnegadamente doaram um pouco do seu tempo para ler os originais e oferecer acertadas sugestões. Esta não poderia faltar. optando pela tendência cientificista deste tempo.foi apresentar o estudo com linguagem e fatos consoladores aos irmãos. dentre outras coisas. possam se sentir desconfortáveis com nossa abordagem. são eles: João Luiz da Silva. que fez a primeira revisão teológica. A ele também agradecemos. Colaboração inestimável foi prestada na revisão gramatical pelo professor Raul Pimenta. Mariotti. pelo qual pedimos desculpa aos que. Reginaldo Albuquerque da Silva. com infinito amor. Ainda uma palavra final. Estamos abertos às críticas e sugestões. analisaram esta apostila. Deus os abençoe. 7 Expressamos também os mesmos agradecimentos aos teólogos que gentilmente fizeram a revisão teológica final. Oro a Deus para que dê a todos a recompensa do profeta. Dercides Pires da Silv a . esperaram a publicação deste trabalho. Finalmente. compreensivamente. que fez a primeira revisão de texto e ao Antônio Carlos Lugnani que. é de agradecimento sincero aos colegas da Comissão de Formação Nacional da Renovação Carismática Católica que.18-19). “Intensificai as vossas invocações e súplicas. ou esperando a linguagem sóbria dos tratados. Quanto à linguagem e à argumentação. à Alides D. adotamos várias vezes um tom apologético. promoveu a organização das citações e notas bibliográficas. mas de maneira especial ao Marcos Dione Ugoski Volcan. Amém. Com efeito. coração missionário. mediante exames laboratoriais. Isto demonstra que identificar um ser complexo como o homem. São elas: Batismo no Espírito Santo. Quanto à Renovação. estas três características são o DNA2 da Renovação. mas as três principais serão analisadas neste capítulo. sem deixar de ser animal e portador de alma. pela sua análise. prática dos carismas e comunidades. tem nome e sobrenome. Uma grande parte delas será analisada nesta apostila. isto é. algo que o torna único na comunidade dos cristãos. Encontrar os dados que identificam a Renovação só é possível porque ela possui algo próprio. Esta mesma dificuldade se apresenta à identificação de um movimento religioso como a Renovação Carismática Católica. seja este ser uma pessoa ou uma instituição social. fé. Este povo é. biologicamente é identificada como um animal mamífero. No início. . Assim. pois possui caracteres que a aproximam de outros movimentos. quando passa a ser Renovação Pentecostal ou Carismática. notadamente dos extraordinários. psicologicamente é um conjunto composto por emoções. com grande margem de segurança. isto é. por contemplar somente um dos elementos que a identificam. além dos carismas. e dele partimos para dizer que é exatamente por isso que os movimentos são expressões da Igreja. Alguém que a observar de fora poderá dizer assim: “Este povo não pertence ao Cursilho de Cristandade.17-18 e na Primeira Carta aos Coríntios 12. Hoje. não poderá ser tido como um genuíno organismo do nosso Movimento. além dos três elementos básicos – Batismo no Espírito Santo. Vamos a eles. e por surgirem imediatamente após a efusão do Espírito Santo. Mas. vontade. a começar pelos que se encontram em Marcos 16. pela estatura. o Movimento denominado de Renovação Carismática Católica ou Renovação Pentecostal Católica”. pelo nome e sobrenome. um jeito de a Igreja se manifestar. ou seja. como as do homem nos dizem que ele é humano. a ciência dê a faltar uma delas. amor e zelo pelo Evangelho. entendo que o melhor nome para designar nosso Movimento é “Renovação Pentecostal Católica. cultivar os dons de nossa santificação. entretanto. Isto é um princípio. isto é.1 conforme o costume do lugar em que for organizada. bem como as comunidades de aliança. indicam-se os parentescos mais próximos possíveis. amar a nós mesmos como filhos de Deus. mãe de Jesus e nossa. Filosoficamente o homem é um ser racional. tal como o homem. Em se tratando de identificação. ela também pode ser identificada. foi mais fácil. uma vez que preenchem os requisitos teológicos para serem designados como formas de comunidades cristãs eclesiais. de vida e os próprios grupos de oração. sentimentos. docilidade ao Espírito Santo.8 CAPÍTULO PRIMEIRO IDENTIDADE DA RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLIC AExistem muitas formas de identificar um ser. pela cor dos olhos. atualmente. última palavra sobre a identificação dos seres vivos. por exemplo. sólido e equilibrado relacionamento com Maria. Os movimentos partilham várias características. nota-se com clareza que o termo “Pentecostal” o definiria com mais exatidão e com larga vantagem. muitos dados a identificam. uma vez que têm a Santíssima Trindade como matriz. é um ente espiritual-animal racional. Determinam-se também suas espécies e até suas famílias. o nosso Movimento recebe sua identidade com o batismo no Espírito Santo. dotado de alma. permite que. Já socialmente o ser humano é identificado por características biosociais. Tal como o homem que recebe sua identidade espiritual no Batismo Sacramental. Partimos da idéia de que a Renovação possui identidade. engajamento pastoral.” pois entendo que o termo “carismática” reduz seu significado. permitindo que se organizem e coloquem seus carismas a serviço do Reino. bípede. A Renovação possui muitas características. mas cada um conserva algo próprio. de tal forma que se em um grupo 1 Nota do autor: Pessoalmente. Todas nos ajudarão a conhecer nosso Movimento. dentre outras designações. que são os elementos básicos de sua espiritualidade. e até natural. pois o que se entende por identidade é formado por características ou dados próprios do ser que se deseja identificar. Teologicamente o homem é um ente que. Assim. pois nele existem inúmeros frutos pentecostais. Em nossa reflexão devemos entender que cada movimento católico tem suas características peculiares. chamando-a de Renovação Carismática. Isso é fácil de compreender.7-10. Uma pessoa. concluindo se são animais ou vegetais. nem ao Movimento dos Focolares. reconhecimento de nossa realidade pecadora. chegando até a determinar a maternidade e a paternidade. Todas nos dizem que a Renovação é Renovação. quando passa a ser filho de Deus. na verdade. não é tarefa fácil. de forma completa e definitiva. nem aos Vicentinos. amar a Deus como Pai. nem tampouco são de alguma ordem terceira ligada a alguma ordem religiosa. Eis alguns: Aceitação incondicional de Jesus como Salvador pessoal e como Senhor Absoluto. logo. homeotermo. após mais de três décadas de existência do Movimento Pentecostal Católico moderno. Estas características atraem as pessoas para eles. 2 DNA é a sigla inglesa do ácido desoxirribonucléico. O DNA. e formas de vida comunitária. prática dos carismas. é dotado de um espírito. bem como alguns que lhe são próprios. determinam-se os reinos dos seres vivos. pelos carismas serem mais evidentes. que são os carismas. são as características enumeradas acima. experiência de filhos de Deus. para identificar nossa espiritualidade com exatidão precisamos entender que sua essência é o batismo no Espírito Santo e os seus desdobramentos são as manifestações dos carismas bíblicos. ligá-los diretamente ao nome da Renovação. feita no capítulo próprio. o Espírito Santo é apresentado metaforicamente como sendo um Rio de Água Viva. pelo simples fato de também serem patrimônio. seu ponto de chegada. Todos os movimentos católicos podem dizer.19-20 4 Cf. do Filho e do Espírito Santo. de pé. porque Jesus ordenou que os Apóstolos fizessem discípulos para Ele batizando os neoconvertidos em nome do Pai. donde ela vem. já que o vocábulo batismo em sua origem significa mergulho. analisaremos este dado de nossa identidade mais demoradamente. vivência sacramental. O Evangelista segue esclarecendo o significado destas palavras de Jesus. nada mais natural do que 7 COMISSÃO DE SERVIÇO NACIONAL DA 3 Cf. também podem dizer que são batizadas no Espírito do Senhor. ele. proclamava: “Se alguém tiver sede. a) CONCEITO Primeiramente digamos o que o batismo no Espírito Santo não é. foi batizada em nome do Pai. Dizemos mais: até mesmo as pessoas que não pertencem a nenhum movimento religioso. conversão. todos os dados acima enumerados. Jo 1. além de outros não listados. promoção humana e espiritual dos filhos de Deus. que no grego. 8 Cf. Mt 28. tanto como início.29-31. de modo algum. de todas as espiritualidades genuinamente católicas. relacionamento fraternal com os santos. em se tratando de Igreja Católica. cujo batismo seja válido. é que no seu seio essa graça tem sido dinâmica e se renova continuamente. 1992. que seus membros são batizados no Espírito Santo. quando Ele. a nenhuma forma de congregação religiosa. batizadas no Espírito Santo. como Ele próprio. Assim nos resta analisar os elementos básicos de nossa identidade que realmente nos distinguem: 1. Lembremos que na análise da Espiritualidade da Renovação. referindo-se ao Espírito que haviam de receber os que cressem nele" (João 7. Cremos ser sinal de maturidade reconhecer isso. O emprego desta frase.5 Assim. 9 Antes de analisar este tema gostaria de lembrar sua importância. cuja interpretação vem a lume por meio do Evangelista. senão todas as pessoas.37-38). de mergulhar. portanto. Nm 11. como acontecia na Igreja Primitiva. em vários estágios. A razão é simples: é que toda pessoa cristã. não é. em forma de frutos. Visto que o Batismo no Espírito Santo não é uma repetição do Batismo Sacramental. Rm 8. pois o ideal é que todos os católicos. nos tem dado uma identidade ímpar. pois não são a mesma coisa. É com o Batismo que tudo começa para o cristão. engajamento sóciopolítico. com justiça. hoje. plenos do Espírito. 1287 RENOVAÇÃO CARISMÁTICA DOS EUA.39). Entretanto não são suficientes para identificála. um segundo Batismo". venha a mim e beba.relacionamento de amor com a Igreja.1-2. Documento da Conferência do Coração da Igreja de Teólogos e Líderes Pastorais. 6 vivam essa graça.1-4. A novidade da Renovação neste caso é que nela se encontram. É com essa nova Efusão do Espírito Santo que tudo começa para a Renovação. Catec. essa renovação constante do batismo. promoção humana e espiritual dos pobres é o objetivo dos vicentinos. concluímos que o Batismo no Espírito Santo é o fato gerador de nossa espiritualidade e com ela nossa identidade. desde que sejam batizadas sacramentalmente.29.14 5 Cf. para o despertar mais tardio da graça sacramental original não significa. Os dados acima inegavelmente perpassam. Para isso partiremos de uma idéia apresentada por Jesus no principal dia de uma das Festas dos Tabernáculos realizada em Jerusalém. Quem crê em mim. dizendo: “(Jesus) Dizia isso. todas são. ainda é pouco para nos identificar. Logo. Como vemos na pregação de Jesus. BATISMO NO ESPÍRITO SANTO Quanto ao batismo no Espírito Santo.18 6 Cf. Por exemplo. Jl 3.12. At 2. recebessem o poder de se tornarem filhos de Deus. Dado a sua importância. “A Igreja Primitiva utilizava o Batismo no Espírito Santo para a iniciação cristã. já o engajamento sóciopolítico recheia a cartilha do movimento das CEBs. 4. 1214 . bem como o seu dinamismo. é seu princípio. vejamos o que ele é. pelo menos em parte. do Filho e do Espírito Santo 3 justamente para que. Ao invés. designa o ato de submergir. quanto como norma. amor e zelo pelo Evangelho marcam profundamente os franciscanos e focolarinos. em absoluto. São Paulo: Loyola. Ef 5. O Batismo no Espírito Santo não é o fim da Renovação. Catec. Encontramos a segunda idéia importante para o conceito de Batismo no Espírito Santo no significado etimológico da palavra batismo. Avivar a Chama. mas é a essência de nossa espiritualidade. todo o perfil da espiritualidade da Renovação.7 Então é isto: definitivamente o Batismo no Espírito Santo não pode ser confundido com o Sacramento do Batismo ministrado com rito próprio pela Igreja. infelizmente única. como diz a Escritura: Do seu interior manarão rios de água viva" (João 7.8 Ora. por si só.4 O dado novo que tem ocorrido na Renovação. em relação ao Batismo no Espírito Santo. Lc 3.2) Fundamentos Doutrinários A doutrina sobre o Batismo formou a partir dos ensinamentos pessoalmente aos Apóstolos e que Igreja Primitiva. 22). quer sejam bíblicos. 15. espalhar-se. é um verdadeiro mergulho no Rio de Água Viva. A graça deste batismo pode ser expressa de outra forma.49 e Atos 1. entornar. por exemplo.. para fora. concedida a uma pessoa que crê em Jesus. estas promessas foram literalmente cumpridas no dia de Pentecostes. quer sejam doutrinários ou. Salvador Carrillo. isto é. efundir significa verter. At 2. 10 Relacionando estes significados com a Efusão do Espírito Santo. que. neste capítulo exporemos somente alguns fundamentos mais específicos. juntar.14 Após a Ressurreição o Senhor sopra sobre os discípulos dizendo-lhes: “Recebei o Espírito Santo” (Jo 20. como sair.1-30 13 Cf. 12 É assim que vemos já quase na abertura das narrações evangélicas o profeta João Batista revelando que o Messias batizaria os seus no Espírito Santo e no Fogo. literalmente. que este batismo feito por Jesus diretamente sobre os primeiros discípulos. registrados no Vaticano. Estamos falando da Efusão do Espírito Santo. derramar-se. Também pode ser designado de Efusão do Espírito Santo. De forma que. É por isso que João Batista 9 revelou que Jesus é aquele que batiza no Espírito Santo (que mergulha no Espírito Santo). extraídos da Tradição que a Igreja recebeu de Jesus e dos Apóstolos para viver e ensinar. que é formada pelo verbo fundir antecedido pelo prefixo “e”: e+fundir. páginas 5 e 10). a Efusão leva à idéia de que o crente é plenificado pelo Espírito Santo que a ele vem. isto é.10 entender o mesmo que a Igreja Primitiva entendeu dos ensinamentos de Jesus e de João Batista sobre este acontecimento espiritual. Jo 14. Ambas significam uma única realidade espiritual. como vemos em Lucas 24. desde sua fundação até a vinda gloriosa de Cristo. está-se fazendo referência uma graça espiritual com profundas raízes bíblicas lançadas pelo profeta João Batista e pelo próprio Mestre. tendo-os o Senhor. que O derrama sobre quem crê. a revelaram aos discípulos e os instruíram a seu respeito. b. A palavra efusão vem de efundir. Um Pentecostes Hoje. quando. O prefixo “e” leva ao significado de movimento externo. Renovação Carismática. 1996. ALDAY.16. Assim. ainda. Assim.26. 12 Cf. embora no Velho tenha acontecido na vida dos profetas. Enquanto o Batismo designa o movimento de Jesus ao introduzir uma pessoa crente no Rio de Água Viva. é natural deduzir que ela denomina o ato de Jesus derramar sobre os crentes o seu próprio Espírito. Jo 1. Entre os inúmeros significados de “fundir” está o de unir. que é a graça da plenitude do Espírito Santo. Mt 3.11 9 Cf. e a partir daí ministrado por meio deles aos demais cristãos.8. sempre por um ato de Jesus que O envia. podemos concluir que o termo Batismo no Espírito Santo nomeia a graça pela qual o Pai e o Filho nos dão do seu Espírito. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Desta forma é a no Espírito Santo se que Jesus ministrou estes transmitiram à partir desta Sagrada antes de serem aprovados pelo Pontifício Conselho para os Leigos. 11 O Batismo no Espírito Santo está relacionado entre os objetivos da Renovação. Desta forma.13 Posteriormente Jesus promete aos discípulos que rogaria ao Pai para que Ele lhes mandasse outro Paráclito.7-15 15 Cf.1) Fundamentos Bíblicos O Batismo no Espírito é conhecido sistematicamente no Novo Testamento. Nm 11. O termo Batismo no Espírito Santo designa o fenômeno espiritual que consiste no ato de uma pessoa acolher a divina graça de ser colocada no coração da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade por meio da ação do Filho. seu derramamento sobre nós.8.15 Dessa forma. Batismo no Espírito Santo significa nosso mergulho nEle. para significar o seu derramamento sobre nós. foram examinados por vários canonistas e teólogos da Santa Sé (Cf.26.11 10 FERREIRA. 16.11. 1-11 . nos Estatutos do Serviço Internacional da Renovação Carismática Católica (ICCRS). Mc 1. o Espírito Santo. por fim.33 14 Cf. ao mesmo tempo os instruiu acerca do Espírito e do que Ele era capaz de fazer. Como Lucas narrou. Aurélio B. 1986. Também por essa época Jesus refaz a promessa do envio do Paráclito. e efusão. batizado. que é o Espírito Santo.15-16. Donde se conclui que efusão é o ato de efundir-se. b. b) FUNDAMENTOS Nos outros capítulos destas reflexões encontram-se inúmeros fundamentos para o Batismo no Espírito Santo. H. Mt 3. quando se fala em Batismo no Espírito Santo. Das idéias acima fica claro que o desejo do Senhor é que sejamos mergulhados por Ele em seu próprio Espírito. segundo o testemunho dos evangelistas. .. E segue com a mesma linguagem incisiva: “Os pentecostais ortodoxos (pentecostais protestantes) não inventaram o Batismo no Espírito. Inácio (†110) e Policarpo (†155).. No parágrafo 696 o Catecismo repete Lucas 3. 330-379) Gregório Nazianzeno (329389). 20 19 Ibid. em seu documento Avivar a Chama. com as seguintes palavras: “Ora. a Suma Teológica. isto é. O mesmo testemunho é dado pelas comunidades que representam as culturas Latina. p. 21 17 Cf. o Cego. 160-245). João Crisóstomo (347-407).38). dizendo que "João Batista (. Com base na doutrina da Igreja só nos resta uma conclusão lógica: o Batismo no Espírito Santo é liturgia pública e é normativo. 746. cristãs. . Severo de Antioquia. calcado no ensinamento de São Tomás. Pedro descreve os elementos essenciais da 16 RCC . Assim. como a Conferência do Coração da Igreja de teólogos e líderes pastorais da Renovação Carismática Católica dos Estados Unidos da América. como se sabe. Eles instruíam os catecúmenos sobre o batismo já pressupondo a graça da Efusão do Espírito. COMISSÃO. situa-se em uma sucessão carismática. consideravam o recebimento de carismas parte integrante da iniciação cristã. Orígenes. pp. Justino Mártir. Na primeira versão desta apostila. inclusive o dom da revelação. e Cirilo de Jerusalém o tinham por sinônimo de iniciação cristã. João Crisóstomo. uma história do Espírito iniciada com Moisés. 17 e 18 11 iniciação cristã com estas palavras: ‘Convertei-vos e cada um peça o Batismo em nome de Jesus Cristo. Para ele cada novo envio do Espírito produz uma verdadeira ‘vida nova’.17 Neste documento aquela conferência conclui e diz que “a iniciação cristã é Batismo no Espírito Santo”. nem tampouco perplexidades. fala-se da Efusão do Espírito Santo no dia de Pentecostes como sendo o seu derramamento sobre os Apóstolos e seus companheiros. O atual Catecismo da Igreja Católica. 315-365). Salvador Carrillo. Diz ele que a cada novo envio do Espírito a graça passa a operar de um modo absolutamente novo.. A esta conclusão chegam todos os que investigam a doutrina cristã... foram identificados alguns textos pós-bíblicos que demonstram como os autores do início do cristianismo compreendiam o Batismo no Espírito Santo. para conseguir perdão dos pecados.Tradição que compreendemos os doutrinários da Efusão do Espírito Santo. Identidade da RCC.16.20 vai mais além ao informar que o Doutor Angélico admite o Batismo no Espírito Santo e ensina sobre ele e seus efeitos em sua obra mais célebre. 315-389)..16 já encontramos a seguinte constatação: “Além dos textos do Novo Testamento. o dom do Espírito Santo”. pertenciam à celebração dos Sacramentos do Batismo. entre outros afirmam que os carismas eram recebidos na iniciação cristã. entendeu “que a Igreja de Jerusalém. Op. Avivar a Chama. Cit. recolheu esta doutrina em vários parágrafos. José de Hazaia e ainda Cirilo de Jerusalém.. Basílio de Cesaréia (c. esta plenitude do Espírito não devia ser apenas a do Messias. João de Apaméia. 315-387) em vinte e três ensinos que ministrou sobre o Batismo. 1287 e 1699. Dídimo. 4344. Cito como exemplo os números 696. Hilário de Poitiers. por exemplo. Os testemunhos de Tertuliano (c. seguem-se à Efusão. mas também envolve. A vida cristã começa com uma conversão à pessoa de Jesus. 18 Ibid.) anuncia o Cristo como aquele que ‘batizará com o Espírito Santo'. Hilário de Poitiers (c. 23 20 ALDAY. Um Pentecostes hoje. O recebimento dos carismas. como todas as outras.. p. O Espírito é uma ‘nova espécie de água”. Grega e Síria”. p. pp.Escola Paulo Apóstolo. da Confirmação e da Eucaristia. essencialmente. Cirilo de Jerusalém (c. Renovação Carismática Católica. Mais exatamente." Já nos parágrafos 731 e 746. ele pertence à integridade da iniciação cristã testemunhada pelo Novo Testamento e pelos primeiros mestres pós-bíblicos da Igreja. Quando catequizavam os neoconvertidos os instruíam sobre os carismas do Espírito Santo que. através dos quais as pessoas tornavam-se parte da Comunidade Cristã. fundamentos Naquele tempo o Batismo no Espírito Santo não gerava polêmica entre os crentes. 731. recebereis o dom do Espírito Santo’ (At 2. Salvador Carrillo Alday. Notamos isto desde os ensinamentos dos escritores do período subapostólico.19 Com o passar dos séculos ninguém jamais duvidou da presença do Espírito Santo nos Sacramentos de iniciação cristã.18 Cirilo de Jerusalém (c. editado em 11 de outubro de 1992. Algo muito bom e reconfortante vem no número 1287. Filoxeno de Mabugo. 12 cresçamos em todos os sentidos. pela prática sincera da caridade. Mas nos dias atuais. em relação ao Seu Espírito.). igual a um copo que se coloca sob torneira aberta.devia ser comunicada a todo o povo messiânico. aos que crêem no seu nome. que é o próprio Espírito que recebemos por meio do Batismo. Esta consideração é muito importante. mas dinâmico. Assim sabemos que os frutos do Espírito Santo decorrem de sua plenitude em nosso ser. até atingirmos o estado de homem feito. com a palavra grega “pleró” não é assim. como já foi dito.49. Conclusivamente podemos dizer que a Doutrina da Igreja. como um copo de água. exatamente como quer dizer a palavra “pleró:” cheio derramando. Esta Efusão põe em operação a opus operantis (a parte que o homem deve fazer para a eficácia sacramental) em relação ao Sacramento do Batismo. que vem a ser cheio totalmente. Trata-se da plenitude do Espírito Santo. Aqui. deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus. para os católicos que já são batizados em nome do Pai. É por isso que Ele nos convida a acolhermos a presença do Espírito Santo como um dom dinâmico. A chave de entendimento é simples. no dia de Pentecostes (. justamente por estar cheio. “até que todos tenhamos chegado à unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus.14-16. não se esvaziará jamais. A partir desta plenitude é que outros efeitos são gerados. A partir do termo grego “pleró. Ef 4. de maneira mais marcante. Jesus nos batiza no seu Espírito para. mas recebestes o espírito de adoção pelo qual clamamos: Aba! Pai! O Espírito mesmo dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus" (Jo 1. mas é bom mencioná-la. Gal 5.. o primeiro fruto da Efusão tem sido o “despertar” deste Dom. ininterrupto. Assim. O copo ao permanecer debaixo da torneira aberta estará continuamente cheio. Rm 8. porém somente uma poderá ser tida como finalidade real. Porquanto não recebestes um espírito de escravidão para viverdes ainda no temor. pois todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. mais uma vez.23 é conhecida a linguagem “frutos do Espírito”. passando pelos séculos chegou aos nossos dias fundamentando o Batismo no Espírito Santo ou sua Efusão.” entendemos a vontade de Deus para nós. Enquanto para nós ao se encher alguma coisa. A quem não é batizado o primeiro fruto do Batismo é o próprio Dom do Espírito Santo. em primeiro lugar. a estatura da maturidade de Cristo. Com efeito. O vocábulo que mais se aproxima é a palavra “pleno”. desde São Paulo.8). pois dependia de alguma ação ou 22 Cf. d) FRUTOS DO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO Quem aceita o Batismo no Espírito Santo é plenificado por Ele e torna-se apto a produzir seus frutos. 21 "A todos aqueles que o receberam.. Ninguém dirá que o copo não estará cheio quando a água começar a se derramar. que nos alça à categoria de filhos de Altíssimo. por exemplo. a qual que estava em parte somente “ligada. ou como alguns preferem dizer. Ele deseja que nosso Pentecostes seja perene. Cristo. ficarmos cheios dEle. Apesar de ela também designar algo cheio.22) e em seguida. a sua renovação. a palavra grega utilizada no Novo Testamento para o que se traduz por “cheio” no termo “cheio do Espírito” não tem similar em nossa língua. formada a partir da Tradição Apostólica. At 1.22 Com palavras ocidentais não se expressa com clareza a plenitude do Espírito.12. Essa dificuldade se dá porque o termo grego “pleró” () tem um significado dinâmico. ao capricho da malignidade dos homens e de seus artifícios enganadores. c) FINALIDADE DO ESPÍRITO SANTO BATISMO NO Aparentemente muitas finalidades poderiam ser ligadas ao Batismo no Espírito Santo. que não pára de se encher. Para que não continuemos crianças ao sabor das ondas. É diferente de um copo que se enche e se coloca sobre a mesa. do Filho e do Espírito Santo. Somos testemunhas de quantidade infinita de pessoas inteligentes que têm degradado seus relacionamentos interpessoais a níveis infra-humanos. esta produz os frutos. capaz de nos fazer experimentar seu transbordamento ininterruptamente. exceto um. não se trata de um cheio estático. agitados por qualquer sopro de doutrina. ressalta-se a necessidade da plenitude do Espírito Santo para que o homem possa atingir a sua maturidade.” estava "ex opere operantis". naquele que é a cabeça. como queiram. Por várias vezes Cristo prometeu esta efusão do Espírito. A finalidade do Batismo no Espírito Santo. 13-15 23 Cf. Mas. portanto já portadores do Dom do Espírito.” O parágrafo 1288 segue dizendo que a partir de então os Apóstolos seguiram comunicando esta graça a todos os que creram em Jesus e que assim esta graça é perpetuada na Igreja. para-se de colocar a água nele assim que esta atinge suas bordas. pois realça a necessidade de se buscar a plenitude do Espírito do Senhor. promessa que realizou primeiramente no dia da Páscoa (Jo 20. será mais esclarecida no item abaixo. Falamos aqui dos efeitos visíveis e sensíveis que decorrem imediatamente da Plenitude do Espírito que a sua Efusão nos dá. Ei-la: o Batismo no Espírito Santo leva à sua plenitude. Lc 24.21 O que faz a diferença entre nós e os demais seres não é simplesmente a posse de uma alma racional.22-23 . se bem que isso é muito importante. Aqui se vê uma vez mais a importância da plenitude do Espírito Santo.quanto mais vosso Pai celestial dará o Espírito Santo aos que lho pedirem”. Mc 1.11b. 24 CANTALAMESSA. bem como o introduz no discipulado do Mestre. O Batismo também está sujeito a estas mazelas do homem. Jo 15. Acolhendo o seu Batismo. página 31. a título de exemplo e de lembrança do que já foi dito em outros capítulos. não é assim. É óbvio que estamos falando de condições humanas. 1699 27 Cf. Mas a parte do homem também é necessária.28 Entretanto também no Evangelho Ele aparece dizendo: “E eu rogarei ao Pai. Para entender melhor esta idéia tomemos a noção de sacramento “ligado” que o Frei Raniero Cantalamessa. Lc 24. Muitos são batizados. nos traz. Pela fé sabemos que somos filhos de Deus de fato. 41 13 passando pelas manifestações de carismas e chegando à conversão. é uma graça em potencial. o nosso Batismo sacramental tem deixado de ser. para que sejamos considerados filhos de Deus.. que ensina embasado na Doutrina da Igreja. os pecados anteriores são remidos.27 Ele próprio disse que mandaria o seu Espírito para os seus. Pode haver inúmeros obstáculos humanos a impedir a operação da graça. Em primeira João 3.49 29 Cf. a caridade e seus efeitos. De outra parte. O Sacramento. Da parte do homem. Mas tudo isso ocorre após a plenitude do Espírito Santo. Isto significa que desde o sagrado instante em que se ministra o Batismo. todo Sacramento já nasce plenamente eficaz e apto para produzir os frutos a que se destina. É por isso que um adulto que foi batizado quando criança. contudo. Salvador Carrillo. não são outra coisa senão autênticos frutos do Batismo no Espírito Santo. embora não se revista da importância da parte de Deus.cit. “pois todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus)” (Rm 8. deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus”. nossa filiação divina é afirmada categoricamente por estas palavras: “Considerai com que amor nos amou o Pai. isto é. Jo 1. Sabemos também que Deus nos dá o poder de sermos seus filhos. os seguintes frutos do Batismo no Espírito Santo: o próprio Espírito Santo.. a vida em comunidade. desde os primeiros séculos. a partir de Deus.8.33 28 Cf. Deus. alguma dádiva. A Efusão é aceita mediante a fé. Ele se baseia na teologia católica que adota a idéia de sacramento lícito e válido. tudo isso pela eficácia da ação do Espírito Santo. a qual remonta ao tempo dos Santos Padres. Mas que poder é este? Este é o poder do Espírito Santo que recebemos em nosso batismo. ensinou que o Espírito 25 ALDAY. Op. para ser alçado ao grau de Dom ativo que libera em nós as graças que nos pertenciam desde o tempo do nosso precioso Sacramento Batismal. que se obtém por meio de sua Efusão. lembremos a conexão do Batismo no Espírito Santo com o Batismo Sacramental. a começar da plenitude do próprio Espírito. É aquilo que o homem precisa ainda fazer. todos os frutos mencionados no capítulo sobre a espiritualidade. 26 Existiria algum fruto. Ao falar do Verbo ele diz: “Mas a todos aqueles que o receberam. somente uma promessa. ainda que o batizado seja uma criança.24 pregador da Casa Papal. Em Deus. alguma graça maior do que a filiação divina? a filiação divina vivida a partir da vida terrena? e) JESUS. Assim. que a parte humana se resume na fé que torna o batizado apto a acolher Nosso Senhor Jesus Cristo.25 como Dom ativo. E nós o somos de fato”. com esta característica. Segundo ainda o testemunho de João. um presente em potencial. pois da parte de Deus o sacramento já nasce eficaz.qualidade humana para ter eficácia. Raniero. porém “ligado”. que impulsiona o crente cada vez mais para a santidade de vida. Em que consiste esta obra do homem? Ainda segundo o pregador papal. para a nossa vida. faz gerar os efeitos que dependem exclusivamente da graça divina. a vivência da filiação divina. Com a efusão do Espírito Santo que temos experimentado. da esperança e da caridade já são concedidas e a filiação divina já se opera.1. A Poderosa Unção do Espírito Santo. podemos elencar..12 esta idéia é estendida pelo Testemunho do Evangelista. e ele vos dará outro Paráclito)” (Jo 14. obra a realizar. que teremos a Vida no Espírito. a conversão. Lc 3. Em João 1. mas seus frutos não são usufruídos por falta do implemento de alguma condição. Ainda para esclarecer essas idéias um pouco mais. No ensinamento teológico reconhece-se que para inúmeros católicos o batismo é um sacramento em parte apenas “ligado”. De fato.29 Com base nestas revelações a Igreja.16. as virtudes teologais da fé. Destes consideremos a importância da vivência da filiação divina. Agora estamos em condições de entender melhor os frutos sensíveis que o Batismo no Espírito Santo nos proporciona. à espera de que a condição se realize. por meio de um agir conhecido por opus operantum. O BATIZADOR Uma verdade bíblica é que Jesus é aquele que batiza no Espírito Santo. E mais: “. Mt 3. Jesus disse que o Espírito Santo procede do Pai. o resto é com o Espírito Santo. mas sequer conseguem vislumbrar uma vida digna de filhos de Deus. 16). no momento em que crer em Jesus basta acolher o Batismo no Espírito Santo para ter os seus frutos. p. Essa parte humana se chama opus operantis.26 . 1996. O sacramento é dito “ligado” quando ministrado validamente. porque é por meio dela que seremos conduzidos por Ele. 14). aos que crêem no seu nome. 26 Catec. permanecendo no Acampamento. Para ele os que haviam permanecido no acampamento eram pecadores desobedientes e não mereciam profetizar e nem poderiam ter recebido do Espírito que animava Moisés. então. que se move segundo o momento espiritual que se vive. mesmo assim. irá à casa dos primos. ele foi se queixar ao Senhor. E se realmente existe algum presente. f) QUEM PODE SER BATIZADO NO ESPÍRITO SANTO Nossa mentalidade cultural nos obriga a merecer as coisas boas que a vida oferece. algum Dom. derramarei também o meu Espírito sobre os escravos e as escravas ” (Joel 3. com certeza o receberemos. Ele via a autoridade profética de Moisés conspurcada. a desejada Efusão. Vivemos uma espécie de “cultura do merecimento”. Já nem percebemos sua nocividade para o nosso relacionamento com Deus. Assim. Quando ela deseja algo bom. que Deus deseja nos dar já nesta vida terrena é o seu Espírito. Uma criança quando erra não encontra compreensão. pois de qualquer das Pessoas da Santíssima Trindade a quem o pedirmos. Um jovem ao presenciar este fato correu à Tenda para noticiá-lo a Moisés. Em qualquer destas situações com certeza seremos batizados no Espírito Santo. por outro lado. acontecerá que derramarei o meu Espírito sobre todo ser vivo: vossos filhos e vossas filhas profetizarão. porque ambos podem no-lo dar. podemos pedir por seu batismo diretamente a Ele. um sorvete”.procede do Pai e do Filho. 1-3). como já dissemos antes.16 14 quiser nos dar. clame por Ele. peça a Ele o seu Batismo. no que toca à intimidade com a Santíssima Trindade. De fato. expressou o seu desejo de ver os dois repreendidos. incluindo aqueles que. Tudo por acreditar que não merece. quem se sentir mais ligado ao Filho. ora se liga mais ao Pai. Josué. Cumprida a ordem. a qualquer delas. enfim. Estes anciãos seriam seus colaboradores na árdua missão de servir o povo eleito. crendo em Jesus. ganhará uma bola. todos receberam o Espírito Santo e começaram a profetizar. e vossos jovens terão visões. aos olhos dos homens. ninguém se verá merecedor de graça alguma. Vejamos algumas passagens demonstram esse desejo de Deus. Os 31 Cf. quando se analisou o aspecto Trinitário de nossa espiritualidade. quem estiver mais ligado ao Espírito Santo. confrontando nossos pecados com a santidade de Deus. Mais ainda: uma vez que o Espírito Santo é Deus. 31 agora é a nossa vez. Porém. algum bem. Acreditam que por serem pecadoras não o merecem. Ordenou que os escolhidos fossem para a Tenda de Reunião a fim de receberem do mesmo Espírito que conduzia o servo Moisés. é-lhe oferecida uma barganha: “Se você se comportar bem. quem se sentir mais íntimo do Pai. por mais contraditório que seja perante nossa mentalidade mundana. proclamou uma linda profecia com estas palavras: “Por que és tão zeloso por mim? Prouvera a Deus que todo o povo do Senhor profetizasse. bíblicas que Um dia. Ao invés disso.29 . 1ª Jo 4. ou a todas. Ao ouvir o relato daquele jovem. Naqueles dias. Noutra época o Senhor disse: “Depois disso. pois com certeza não deve estar conseguindo sequer pedir a Deus a cura de uma simples dor de cabeça. quem se relacionar equilibradamente com as Pessoas da Santíssima Trindade. porque. Graças a Deus o dócil servo Moisés não os admoestou. abriremos nosso coração para receber tudo o que Ele 30 Cf. Jesus encabeçou a lista desta geração como primogênito de uma multidão de irmãos. ora ao Espírito Santo. Com base nestas considerações não vejo motivo para inquietação sobre quem nos batiza no Espírito Santo. quando o povo de Israel se tornara um fardo muito pesado para Moisés. profetizavam à vista de todo o povo. Entretanto dois dos escolhidos não atenderam à ordem do Senhor. 29) Josué não conseguia ver a graça do Espírito Santo que recaíra efusivamente sobre os anciãos. Então este é o desejo de Deus: que todo o seu povo profetize. zeloso da autoridade de Moisés. Uma solução prática seria seguir o próprio coração. No tempo desta profecia as mulheres e os filhos não tinham valor social para a mentalidade da época. até que isto se equilibre numa intimidade igualitária. ora ao Filho. como Deus Trino. o Espírito Santo é o poder de Deus para gerar filhos para Ele. não o mereciam. Mas. Lembrando o que se disse no capítulo sobre a espiritualidade da Renovação. Deus se compadeceu dele e mandou que escolhesse setenta anciãos de autoridade junto ao povo. dissemos que conforme o estágio espiritual que a pessoa está vivendo. se aceitarmos que Deus nos ama porque Ele é amor. e que o Senhor lhe desse o seu espírito!” (Nm 11. é castigada.30 que Ele é apaixonado por nós porque somos seus filhos e sua natureza é amor. peça. vossos anciãos terão sonhos. Esta mentalidade entrou em nossa catequese há séculos. Quem é prisioneiro desta torção cultural deve buscar ajuda. Mas vemos também neste episódio que Ele deu o Espírito Santo a todos os escolhidos. Rm 8. E isso a Igreja sempre fez. É também por causa desta forma de pensar que incontável quantidade de pessoas jamais acreditaram que podem experimentar o amor de Deus. pode pedir-lhe o Espírito Santo. . . No Catecismo: “todo o povo messiânico”. Que bom saber disso! Amém. O Pai não força ninguém a receber seus dons. menos ainda. existiria alguma condição para o seu Batismo? Naturalmente que sim. até para Madalena. é necessário aceitá-los. de forma direta e pessoal. Assim. E esta aceitação deve ser sincera. até para mim. A ninguém o Senhor definiu aprioristicamente para receber o Espírito Santo. para recebê-los. o Salvador. deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus”. esta plenitude do Espírito Santo não devia ser apenas a do Messias. 1287 34 Cf. Este desejo do Pai foi recolhido pela Doutrina da Igreja. A chave é o pedido. muito menos. Então vemos mais uma vez que Deus não deseja excluir ninguém da graça de receber o seu Espírito. Sem crer em Jesus nada lhe pediremos. já que o Espírito Santo é para todos? Ao refletir sobre isso só encontramos uma utilidade digna de nota: é a abertura de coração para receber a graça de Deus. Por isso foi-lhe negada qualquer possibilidade de participar do ministério dos Apóstolos. Por fim. Lemos em nosso catecismo a seguinte formulação: “Ora. portanto. O que se pede aqui é que se creia em Jesus. O Espírito Santo vem para todos. até para Zaqueu. Não há dúvida.12 “a todos aqueles que o (o Verbo. na exigência da santidade para merecer o Espírito Santo. que se receba Jesus. certamente o Pai. O Espírito Santo é destinado a todos.escravos. que é amor. Em Joel: “todo ser vivo”. Mas ninguém deve se preocupar em demasia com as condições acima apresentadas. acréscimo do autor) receberam. Três vezes ele veio literalmente e uma. 1287 35 Cf. Aqui não se indaga sobre a santidade ou o merecimento de alguém. O Espírito Santo é para todos. Em João 1.38). Contudo. devia ser comunicada a todo o povo messiânico” (catec. e recebereis o dom do Espírito Santo" (At 2. Catec.35 Este homem acreditou em Jesus. o pecador é tocado pelo Espírito para ir a Jesus. Romanos 8. Quem está sob a direção do mundo. temos as seguintes condições para a Efusão do Espírito Santo: crer em Jesus33. quanto mais vosso Pai celestial dará o Espírito Santo aos que lho pedirem ” (Lc 11. Jesus. Catec. O batismo aqui significa aceitar o perdão dos pecados. Quem isto fizer cairá no outro extremo. Não. que se volte para Ele e que se aceite a remissão dos pecados.14-16 nos esclarece que este poder que nos faz filhos de Deus é o Espírito Santo. se não se voltar para a direção de Jesus. Sem estas condições seríamos presas fáceis do pecado de Simão. Existe a parte do homem a ser feita. Deus não aguarda que o homem se salve para plenificá-lo do Espírito Santo. também nada lhe pedirá.9-23 . até para Saulo. implicitamente. pois. 683. não recebe o Pai e permanecerá hermeticamente fechado para o Dom do Espírito.32 Todo é um pronome indefinido.. Caso houvesse algum jeito de alguém abrir o coração para o Batismo no Espírito Santo sem as condições acima. como se desejasse ter certeza de já têlas cumprido ou não. a Palavra Viva do Pai. Enfim chegou a vez de Jesus. Ele é muito claro a este respeito. até para Agostinho. E Ele disse assim: “Se vós. Mas não há nenhum jeito de se abrir à graça de Deus que não seja por estas condições. Em Números foi dito: “todo o povo do Senhor”. não se converteu. significando “todos os que”. E as escravas. 13). converter-se. dizer a quem Deus deseja dar o Espírito Santo. A recusa do perdão dos pecados foi o que causou o suicídio de Judas Iscariotes. o Espírito é que santifica o pecador. por isso. você e eu podemos dizer. não saiu da direção do mundo. Gostaria de chamar a atenção para uma palavra que foi empregada em todas as passagens acima. aos 32 Cf. Conversão é alteração de rota. que Deus deseja que todos os homens sejam batizados no Espírito Santo. 1287). e ofereceu dinheiro para comprar o Dom do Espírito Santo. Cumpridas estas condições estaremos aptos a acionar a chave do Batismo no Espírito Santo. o Mago. sabeis dar boas coisas a vossos filhos. Em Lucas: “aos que”. g) CONDIÇÕES PARA SER BATIZADO NO ESPÍRITO SANTO Se o Espírito Santo é para todos. sendo maus. Qual seria a utilidade dessas condições. mudança de direção. Em Atos encontramos: “Pedro lhes respondeu: Arrependei-vos e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados. Mas o Senhor é claro ao expressar o seu desejo: o seu Espírito é para “todo ser vivo”. h) CHAVE DO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO 33 Cf. “iluminadas” por algum dom pessoal ou por alguma espécie de merecimento particular. quem não recebe Jesus. At 8. Ao Senhor não importa a condição da pessoa. Isto significa que o Espírito Santo não vem para pessoas determinadas. Elas são os chaveiros que nos confeccionam a chave. Catec. Vamos a ela. 15 que crêem no seu nome. batizar-se34 e receber Jesus. pois sabemos como Deus abomina a hipocrisia. isto é. lho daria. Deus não espera que o pecador se santifique para dar-lhe o Seu Espírito. O recebeu e foi batizado em Seu Nome. Trata-se do pronome TODO. Ninguém que rejeita a graça do perdão terá o coração aberto para o Espírito Santo. nas tardes dos mesmos domingos ia às missas. certamente por causa da sua importunação se levantará e lhe dará quantos pães necessitar. ao olhar para si e não ver nenhum pouquinho de conversão. como também João ensinou a seus discípulos.984) em que fiz a oração ao Espírito Santo. sabeis dar boas coisas a vossos filhos. empresta-me três pães. 16 se questionar o próprio Batismo. Vários aspectos deste trecho sagrado nos atraem. qual o pai entre vós lhe dará uma pedra? Se ele pedir um peixe. a porta já está fechada. acaso lhe dará uma serpente? Ou se lhe pedir um ovo. E eu vos digo: pedi. pelo menos para cumprir o dever da hospitalidade. Sem perceber a mão de Deus. como e até quando. Era realmente uma grande confusão. É bastante consoladora esta promessa de Jesus: basta pedir. Estava em minha casa. se tentar aceitar Jesus e não conseguir. mesmo assim tenha ânimo. aquele que procura. e não nos deixeis cair em tentação.5 37 Testemunho do autor: “Certa vez. vivi alguns anos de muita confusão. o Espírito da Verdade. não posso levantarme para te dar os pães. Alguns meses após. Terminando a oração. parei no capítulo dezesseis. Confiemos em sua grande misericórdia. encerra a lição dizendo que para ter o Espírito Santo basta pedir. Então ajoelhei e clamei pelo Espírito Santo do jeito que pude. se lhe abrirá. Ele garante que o Pai no-lo dará. Por fim. acha. dai-nos hoje o pão necessário ao nosso sustento. para o Encontrão da Renovação.” Naquele momento pensei que se Deus existisse estaria mais interessado em me convencer da verdade do que eu mesmo. Naquela época eu participava dos cultos da seita aos domingos de manhã. Não pedia para si. Precisamente no versículo treze. O encontro foi no primeiro fim de semana de agosto do mesmo ano (1. pois um amigo meu acaba de chegar à minha casa. ensina-nos a rezar. então: Quando orardes. Porém naquele fim de semana feliz. recebe. Só sei que fui para o encontro de Jesus. Até hoje não me lembro se pensei no dito culto naquela manhã de domingo. batei. especificamente.37 Notem como Jesus coloca o exemplo de um pai de família pedindo comida para um amigo. E fui. Ao examinar o próprio coração e não descobrir nele a fé. meus filhos e eu estamos deitados. principalmente porque a Seicho-no-ie me bombardeava para me convencer de que ela portava a “verdade da vida” e que todas as religiões “eram” boas e “vinham” de Deus. Disse-lhes ele. santificado seja o vosso nome. fui salvo de todas as armadilhas e artimanhas do inimigo. Se não por caridade. No domingo de manhã havia o culto da Seicho-no-ie. ao sair de uma missa. num certo lugar. O Espírito Santo me levou aonde eu pude encontrar a Verdade e me batizou. disse-lhe um de seus discípulos: Senhor. Ainda devorava literatura das várias religiões orientais e do espiritismo.A chave que mencionamos está no capítulo onze do Livro de Lucas. quando eu participava de uma seita de origem japonesa. Orei e esqueci que havia orado. venha o vosso Reino. em uma tarde quando eu lia o Evangelho de João. Por aquele tempo. fechado em um quarto. Leiamo-lo diretamente do testemunho dos Apóstolos: “Um dia. Pois todo aquele que pede. ao qual eu não faltava por três anos e meio. estava Jesus a rezar. perdoainos os nossos pecados. buscai. e achareis. no ano de 1. e ao que bater. Amém! . Lc 5. sendo maus. pois. imediatamente senti-me pessoalmente convidado. Mas Deus não se esqueceu. dar-lhe-á porventura um escorpião? Se vós. além de flertar com a RosaCruz e desejar ser maçom. e lhe disser: Amigo. chamada Seicho-no-ie. e não tenho nada para lhe oferecer. mas mesmo assim precisava urgentemente da comida para alimentar o seu hóspede.1-13). ele continuou: Se alguém de vós tiver um amigo e for procurá-lo à meia-noite. “vosso Pai celestial dará o Espírito Santo aos que lho pedirem”. Assim. A Reconheci e A aceitei. e dar-se-vos-á. Completa o ensinamento instruindo quando pedi-lo. Como católico desde que nasci. Também na mesma época coordenava uma equipe de vigília de um encontro de casais. por uma intervenção do Espírito Santo. como é conhecido até hoje. isto é. Se um filho pedir um pão. ensinar-vos-á toda a verdade (versículo 13). Em seguida. mas não a havia reconhecido antes. e se ele responder lá de dentro: Não me incomodes. Lance as “redes” na Palavra do Mestre36 e peça o seu Espírito. Inicialmente vemos Jesus ensinando aos discípulos como orar e o que pedir. 36 Cf. certamente estive em inúmeros lugares onde a Verdade estava. eu vos digo: no caso de não se levantar para lhe dar os pães por ser seu amigo. dizei: Pai. Fui sexta-feira e sábado. pois também nós perdoamos àqueles que nos ofenderam. Não seja seu próprio carrasco. recebi um panfleto no qual se convidava para o Encontro Regional de Oração da Renovação Carismática em Goiânia. onde diz que “quando vier o Paráclito. quanto mais vosso Pai celestial dará o Espírito Santo aos que lho pedirem"(Lc 11. Em seguida não se pode deixar de notar que o Mestre está ensinando que se deve pedir o Espírito Santo. de uma viagem. Pedir é a chave. onde estava a verdade.984. Pedi-lhe que me mostrasse qual era a verdade. e abrir-se-vosá. inclusive os carismas. mas sim de uma prática sensível. Deve ser dificílimo encontrar um só cristão de outra espiritualidade que tenha coragem de dizer que não aceita os carismas.. mas não basta somente recebê-Lo. ou. Pede-se o Espírito Santo até encharcar-se dEle. 2. tanto que em muitos lugares do mundo ela é conhecida por Renovação Carismática Católica. mesmo que nos chamem de bêbados. Em algumas a presença do Espírito está implícita. É como se eles tivessem de ficar quietinhos no seu canto.. Jo 20. na prática não. O Senhor ao renovar o nosso batismo em seu Espírito. At 2. com certeza. ao lançarem seus galhos na vida eclesial deixassem de ser verdadeiros. Enfrentou até as negativas do vizinho. Por isso podemos concluir este pensamento dizendo que a espiritualidade da Renovação Pentecostal Católica é profundamente marcada pelos carismas.13 42 A prática dos carismas é também um dos objetivos relacionados nos Estatutos do Serviço Internacional da Renovação Carismática Católica (ICCRS). Aquele homem não teve vergonha e nem medo das conseqüências de gritar ao vizinho em altas horas da madrugada. página 10. eu venço. conheço muitos que não os praticam.. mas perseverante as venceu também. advém dessa prática. Estamos falando dos carismas. o perdão passa a ser um esforço sobre-humano. logo. Eu canto. Ef 4. medo ou preconceito das conseqüências.2931 17 quantas vezes necessitar e que ao acioná-la não se deve ter vergonha. Então neste item vimos que o Senhor nos deu uma chave para “acionarmos” as comportas de Deus a fim de saciarmos nossa sede com sua Água Viva. efetiva. outras espiritualidades o possuem. eu louvo como o Rei Davi?” Quando o Espírito do Senhor nos plenifica. substituímos os louvores pelas lamúrias. eu luto. Para muitos os carismas existem. Você se lembra daquele cântico dos primeiros anos da Renovação? Aquele que diz assim: “Quando o Espírito do Senhor se move em mim eu rezo como o Rei Davi.. A identificação da Renovação pela prática dos carismas é tão veemente que dispensa maiores análises. Estes são somente alguns sinais. At 2.1-19. o surgimento de pequenas comunidades. o orgulho.17-18 . a mornidão. eu danço. Vimos ainda que se pode e deve-se acioná-la 38 Cf. palpável. que não acredita neles. “carismáticos”. 41 Cf. mas mesmo assim permaneciam cantando louvores que confundiam seus algozes. Mt 10.. para pedi-lo. precisamente. Coração fechado é tudo que se deve evitar no relacionamento com o Espírito Santo. fazemos tudo isso com demasiado esforço.. nos impele a assumi-lo com todos os seus efeitos.. de alguma forma somos tocados. O mesmo se diga da aceitação dos carismas. deixassem de ser do Espírito Santo. Como se sabe que se está cheio do Espírito Santo? Quando Ele vem a nós. sabendo ser eles os próximos.1-4. Ah! Mais uma coisa: para permanecer cheio do Espírito Santo é necessário cultivar a santidade. nossa identidade. A manifestação dos carismas atesta o nosso batismo no Espírito Santo. na melhor das hipóteses. Todos sabem quando precisam de comida. e também que não se deve cessar de acioná-la enquanto não se vir pleno do Espírito. o ardor. da prática dos carismas. Não trataremos simplesmente da aceitação dos dons do Espírito. Até lá. para não incomodar. Op. Para entender isso basta lançar os olhos para os cristãos que viam seus entes queridos sendo assassinados pelos perseguidores da Igreja. por outro lado. dentro da Bíblia. a conscientização política. Precisamos aprender a perceber seus toques. Vimos também que esta chave deve ser acionada sempre que não estivermos vivendo como filhos de Deus.12-22 39 Cf. mesmo sem querer vamos contristando o Espírito Santo até extinguir38 sua presença manifesta em nós.. vivemos como filhos de Deus. acompanhado das manifestações dos sinais do Pentecostes prometidos por Jesus43 é. PRÁTICA DOS CARISMAS42 O dinamismo da efusão do Espírito de Deus na Renovação se manifesta em inúmeros frutos. Um deles compõem a trilogia que melhor nos identifica. De fato.39 Quando estamos vazios da presença do Espírito ficamos mornos. a apatia. 1 Ts 5. Com o Batismo O recebemos. Agem como se os carismas. Igualmente as obras sociais. Todos precisam aprender quando estão vazios do Espírito Santo.17-32 40 Cf. Quantas vezes podemos pedir o Batismo no Espírito Santo? Respondemos a esta pergunta com outras duas: quantas vezes devemos alimentar o nosso corpo? Quantas vezes devemos pedir o Espírito Santo? A Sagrada Escritura nos mostra os Apóstolos recebendo o Espírito Santo mais de uma vez.40 Até quando se deve pedir o Espírito Santo? Até quando o pai de família da história de Jesus.. Basta lembrar que o próprio nome com o qual nos designam.A atitude deste anfitrião é a atitude que Deus espera de nós ao pedir o seu Espírito.. lembremos que o ardor missionário.41 sob pena de fechar-se o coração. real. É quando se sente fome. Cf. nossa vontade de orar se perde. Isso acontece por causa de nossos pecados. 4. ALDAY. pediu pão? Pede-se comida até recebê-la. Lc 10. podemos afirmar que o Batismo no Espírito Santo. Já. vencemos a tristeza. o apego à auto-imagem e os venceu. narrada por Lucas e transcrita acima. Salvador Carrillo. na Bíblia. noutras ela vem explicitamente. Mc 16. cit. o amor fraterno. reforçando o que já foi dito acima.22. perdemos o entusiasmo.. nossas atividades religiosas tornam-se pesadas.. De fato. Mas isto é assunto para outro estudo. nos moldes bíblicos e conforme a Tradição. É necessário que permaneçamos nEle e Ele em nós.1.. 43 Cf. Ele tinha certeza que precisava de pão e pelo pão enfrentou o preconceito. Em nossos dias já existe literatura católica produzida por bons teólogos investigando este fenômeno.1-2). um segundo Batismo. que em vinte e três ensinos que ministrou sobre o Batismo.26. Enquanto o Batismo designa o movimento de Jesus ao introduzir uma pessoa crente no Rio de Água Viva. portanto.26. novamente por um ato de Jesus que O envia. conforme o sopro do Espírito.8. 4. 2. desde os Apóstolos até o final do Século Vinte. 3.. como o foi sempre. COMUNIDADES O terceiro elemento básico de nossa identidade.18-19) . RESUMO A identidade da Renovação é composta pelo Batismo no Espírito Santo. Outras duas espécies de comunidades ainda existem. O emprego desta frase. Destes elementos analisamos somente o Batismo no Espírito Santo. deixando os outros para posteriores estudos. Amém. Caso optem por vida independente. 24.8. 22 . por meio de uma apostila própria. Lc 3. Encontramos fundamentos bíblicos para o Batismo no Espírito Santo desde o Velho Testamento (Nm 11. no ensinamento de padres como Inácio (†110) e Policarpo (†155) que instruíam os catecúmenos sobre o batismo já pressupondo a graça da Efusão do Espírito. pois não são a mesma coisa. conservam em as graças pentecostais. em manifestações carismáticas. a Efusão leva à idéia de que o crente é plenificado pelo Espírito Santo que a ele vem. propagá-lo. Assim podemos aceitá-lo. O termo Batismo no Espírito Santo designa o fenômeno espiritual que consiste no ato de uma pessoa acolher a divina graça de ser colocada no coração da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade por meio da ação do Filho. Nas comunidades de vida tudo é partilhado. inclusive no financeiro. o que o batismo no Espírito Santo não é. podem se ligar à sua estrutura ou não. para os nossos dias. É uma graça atual. uma história do Espírito iniciada com Moisés. As comunidades. Uma. incluindo o dinheiro. Por hora encerramos o seu assunto. Deus os abençoe. existe também em outros movimentos.44-46) e atinge em cheio a Patrística. Está bem fundamentado na Sagrada Escritura.1-30. pedi-lo.1-11. de modo algum. 315387). o Padre Domenico Grasso resume a doutrina encontrada na Igreja. O que existe de novo em nossas comunidades é que são carismáticas e têm nascido espontaneamente. Tudo comprovando a efusão do Espírito Santo. Quando catequizavam os neoconvertidos os instruíam sobre os carismas do Espírito Santo.7-15. Também os cebianos lutam há dezenas de anos por suas comunidades eclesiais de base. 18 A outra espécie de comunidade. que O derrama sobre quem crê.33. Outros ainda podemos lembrar neste momento. Jo 20. Entre nós existem os grupos de oração. 10. 16. O Espírito é uma ‘nova espécie de água’:” Santo Tomás também ensinou que no Batismo no Espírito Santo há um novo envio do Espírito e que a graça passa a operar de um modo absolutamente novo. Há muito tempo que os focolarinos levam avante o seu projeto de comunhão de vida. que tem nascido a partir de experiências pneumatológicas no seio da Renovação.11. reúne pessoas que se comprometem umas com as outras com mais arrojo do que nos grupos de oração.49. Cirilo de Jerusalém (c. Partilham vários aspectos da vida com mais profundidade. um estudo específico lhes será dedicado. 14. situa-se em uma sucessão carismática. na Sagrada Tradição e no Magistério. pela prática dos carismas e pela geração de comunidades. cujos elementos fundamentais os caracterizam como verdadeiras comunidades eclesiais. Orai também por mim” (Ef 6. a vivência comunitária. A respeito da presença do Espírito Santo. 15. Estas são as comunidades de aliança.30-31. Ajudam-se mutuamente em várias situações do viver humano. 4. hoje. que perpassam o Novo (Mt 3. também terão investigação própria.” Então é isto: definitivamente o Batismo no Espírito Santo não pode ser confundido com o Sacramento do Batismo ministrado com rito próprio pela Igreja.CONCLUSÃO Neste tema demonstrou-se que o batismo no Espírito Santo sempre esteve presente na Igreja. “A Igreja Primitiva utilizava o Batismo no Espírito Santo para a iniciação cristã. Recordemos. Mc 1.Devido à grande variedade dos carismas. vivê-lo. At 1. denominada comunidade de vida. como todas as outras. “Intensificai as vossas invocações e súplicas. destemidamente e com fé. Os bens pertencem a todos. oportunamente. ininterruptamente: . Jl 3.16. Milhares de pessoas o recebem dentro da Igreja Católica. caso seja necessário. desde o Apóstolo Paulo até nossos dias.15-16. comumente. Jo 1. entendeu “que a Igreja de Jerusalém. para o despertar mais tardio da graça sacramental original não significa. podemos pedir o Batismo no Espírito Santo ao Pai.22) e em seguida. com base na doutrina da Igreja só nos resta uma conclusão lógica: o Batismo no Espírito Santo é liturgia pública e é normativo. esta plenitude do Espírito não devia ser apenas a do Messias. a manifestação de carismas. quantas vezes pedirem. devemos levar em consideração que a Santíssima Trindade é Uma. no dia de Pentecostes (. a vivência da filiação divina. O Pai do Céu dará o Espírito Santo aos que o pedirem. Dídimo. João Crisóstomo. Portanto. o Cego.” (Lc 11. Por várias vezes Cristo prometeu esta efusão do Espírito.13). a vida em comunidade. Filoxeno de Mabugo. João de Apaméia.)”. como o despertar do Dom do Espírito recebido no Batismo. e Cirilo de Jerusalém o tinham por sinônimo de iniciação cristã. ao Filho e ao próprio Espírito. Esta finalidade é nos plenificar do Espírito Santo.1699 .. Nosso Deus não ata o homem a uma cadeia de fatalismo. Hilário de Poitiers. Falta ainda relembrar que Jesus é quem nos batiza no Espírito Santo.10). Tudo 44 Cf. pois tudo mais em nossa vida decorre desta plenitude. A chave do Batismo no Espírito Santo é o pedido que se faz: “. devia ser comunicada a todo o povo messiânico. Orígenes. A Santíssima Trindade batiza a todos que pedirem. entretanto planeja a sua salvação e o seu bemviver. Justino Mártir.44 Esta plenitude gera inúmeros frutos. No plano de salvação existe muito a realizar.. a caridade e seus frutos e todos os demais frutos mencionados no capítulo sobre a espiritualidade da Renovação. CAPÍTULO SEGUNDO OFENSIVA NACIONAL DA RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA “Somos obra sua. criados em Jesus Cristo para as boas ações.. Severo de Antioquia. consideravam o recebimento de carismas parte integrante da iniciação cristã: Ponto importante a destacar neste resumo é a finalidade do Batismo no Espírito Santo. Não é por outro motivo que o Catecismo da Igreja Católica nos convoca a viver no Espírito.. promessa que realizou primeiramente no dia da Páscoa (Jo 20. portanto. a conversão.19 Mas algo muito bom e reconfortante vem no número 1287 do Catecismo da Igreja Católica com as seguintes palavras: “Ora. José de Hazaia e ainda Cirilo de Jerusalém. que Deus de antemão preparou para que nós as praticássemos” (Ef 2. de maneira mais marcante. Catec. contudo. como é o caso de Paulo em uma de suas missões. a máquina administrativa. ou simplesmente seguir sem nenhum projeto. Como alguém poderia ser um bom procurador sem seguir fielmente as orientações de quem o envia? Estas dificuldades foram vencidas pelos Apóstolos mediante os contatos que tiveram com Jesus Ressuscitado.1-10. É que somos seus comissionados. tencionavam seguir para a Bitínia. E quando estamos com Ele nosso trabalho é confirmado por seus sinais. De noite. Havia ali um discípulo. pois ela é uma dessas boas ações que Deus nos preparou.47 da mesma forma que um outorgante ratifica os atos do seu procurador. Ele respeitará nossa decisão. nosso discernimento e nossa capacidade auditiva espiritual consigam distinguir sua mão misteriosa a nos guiar. Pedro e seus companheiros os tiveram fisicamente. Sofriam horrivelmente.20 . Este é o grande segredo do êxito dos Apóstolos. Mc 16. poderemos preparar outro. lhe rogava: Passa à Macedônia. desceram a Trôade. como segue: “Chegou a Derbe e depois a Listra. mas de pai grego. Com isso mobilizou toda a Nação com um só objetivo: vencer a varíola. por ser Ele invisível a olhos carnais. Graças a Deus. ensinavam que observassem as decisões que haviam sido tomadas pelos apóstolos e anciãos em Jerusalém. E é nesta perspectiva que estudaremos a nossa espiritualidade e que agora analisaremos a Ofensiva. foram impedidos pelo Espírito Santo de anunciar a palavra de Deus na (província da) Ásia. Nas cidades pelas quais passavam. A segunda é gerada por uma cultura que rejeita qualquer interferência nas liberdades individuais. Às vezes até aceitamos o seu plano.já está preparado para nós. chamou a si o rádio. como se fosse Ele mesmo que estivesse fazendo. chamado Timóteo. misticamente. Ao tomá-lo consigo. diante dele. 47 Cf. em nossas atividades pastorais! Para servir ao Pai em sua Obra é necessário fazer tudo em nome de Jesus. os veículos de transportes. Lá conheceram Lídia e sua família. Depois de haverem atravessado rapidamente a Mísia.7-11 20 confirmadas na fé. como ele acreditava e estava praticando. Atravessando em seguida a Frígia e a província da Galácia. circuncidou-o. mas o executamos à nossa maneira. em pé. A primeira vem de uma fé imperfeita que nos impede de ter intimidade com Jesus. É exatamente neste contexto de acolhimento das boas ações de Deus revelada ao homem que enquadramos a Ofensiva Nacional e também a própria Renovação. Paulo. revelando-lhe que o Evangelho não era só para os judeus. O resultado desta dinâmica pode ser constatado no Livro dos Atos dos Apóstolos com muita clareza. que gozava de ótima reputação junto dos irmãos de Listra e de Icônio. filho de uma judia cristã. CONCEITO DE OFENSIVA NACIONAL a) Ofensiva Esta Ofensiva lembra um fato ocorrido em nosso País na década de um mil e novecentos e sessenta. a televisão. Assim. por causa dos judeus daqueles lugares. At 10. como naquele dia em que Pedro orava. mas o Espírito de Jesus não o permitiu. Ele aceita isso também. A técnica médica ainda era precária.45 Caso não aceitemos o seu plano. Não é fácil acolher a direção divina em trabalhos pastorais nem em outras atividades humanas. obedecendo ao Espírito Santo. 15. Catec. e cresciam em número dia a dia. 1. Os doentes podiam sofrer seqüelas permanentes. pois todos sabiam que o seu pai era grego. Ele nos constituiu como seus procuradores. todavia nos orienta conforme nossa fé. Naquela época houve um terrível surto de varíola. e vem em nosso auxílio! Assim que teve essa visão. certos de que Deus nos chamava a pregar-lhes o Evangelho”. experimentando a realidade da existência de Deus. as revistas. Ao chegarem aos confins da Mísia. chegaram a Filipos. Assim as igrejas eram 45 Cf. 46 Também em outras passagens de Atos encontramos Jesus intervindo na missão dos Apóstolos. Ele nos revelará. Naquele tempo o governo desenvolveu uma ação organizada para debelar a terrível peste. Paulo teve uma visão: um macedônio. no caminho de Damasco. o jornal. E venceu. Imagine agora os efeitos maléficos dessas dificuldades em nossa vida. Colocou à disposição de todos a vacina. tiveram forças para se deixarem conduzir pelo Espírito Santo. Paulo quis que ele fosse em sua companhia. No exemplo acima os evangelizadores. Quando acatamos suas decisões ”procuramos partir certos de que Deus nos chama a pregar o Evangelho”. procuramos partir para a Macedônia. 1-46. os recursos financeiros. 66 e 67 46 Cf. De imediato duas dificuldades se impõem. que com alguns companheiros protagonizaram um episódio narrado em Atos 16. O Senhor deseja nos orientar e o faz realmente. enquanto esperava que lhe preparassem uma refeição. quando Senhor abriu o seu entendimento com uma visão. Se aceitarmos. Lá fundaram uma comunidade que muito agradou ao Senhor. muitos médicos e técnicos de saúde. Inúmeras crianças e adultos eram contaminados. inclusive a cegueira. Na caserna ele significa a ação dos exércitos na qual todas as suas forças agem coordenadamente. As cidades viviam impressionadas pela campanha. Também havia os cartazes. falando por um simples telefone ou sendo a voz da imagem televisiva. Na época nem se ouvia falar em adubos químicos. que as fazem destruir impiedosamente milhões de filhos de Deus. Ele estava prestes a conquistar a Europa e realizar o sonho de ter para si um império semelhante aos mais famosos da humanidade. alfabetizando ou promulgando leis. Jo 14. arroz e feijão. Um simples chuvisco ou um sereno mais forte são suficientes para pô-lo a perder. o clima. ocupando casebres e palácios. “vira quirera”. que habilmente esconde seu rosto entre os milhões de anônimos espalhados por este mundo. Nosso inimigo é o ateísmo que impede a geração de filhos de Deus48 e ainda gera filhos para o mundo. Com isso a lavoura amadurecia também de uma vez. nas praças. que é um termo emprestado da doutrina militar. veículos de tração animal – eram mobilizados para a messe.8 . das professoras. os panfletos. o terreno onde se desenvolverá a ação. Na época da colheita do arroz todos os recursos financeiros. cumprindo cada qual sua missão particular. No momento certo enviou ordens de avançar àquele general que o apoiaria. Assim o inimigo seria colhido entre dois fogos e fatalmente derrotado.30 21 Em face de nossa inércia ante tal inimigo. Mas o mensageiro jamais chegou ao seu destino. empregando uma parte do seu exército. é compreensível que os filhos do mundo tenham sido mais prudentes do que os filhos da Luz 50 nas batalhas infindas ao longo dos séculos. Não poderemos vencer esta verdadeira guerra sem um bom planejamento. os alto-falantes. devemos nos organizar. nas portas das Igrejas. nosso coração se enche de esperança. Tudo ia bem para Napoleão. das catequistas. o treinamento dos soldados. Se entendêssemos realmente o que isso significa49 sentiríamos cada fibra do nosso ser se abalar. Analisa-se também o antagonista com os mesmos critérios. próprias para culturas de milho. considerando as armas disponíveis. que aguardasse ordens para o ataque. Enquanto Napoleão sustentava o seu ataque e esperava o apoio planejado. um dos seus melhores. Chuva sobre ele? Nem pensar. Seus verdadeiros inimigos são o egoísmo e a intolerância. era necessário plantar tudo de uma vez. Planejou suas ações como sempre. outro exército o atacou pela retaguarda. Ansiava pelo início da batalha. das escolas. que seria comandada por ele em pessoa. no qual se analisa a situação do próprio exército. Quando o exército adversário estivesse envolvido com ele o restante de suas forças atacaria por outro flanco.12 49 Cf. Pelas estatísticas da época quase todos. O velho ditado “o feitiço virou contra o feiticeiro” recaiu sobre ele. Logo os colonos também foram envolvidos por ela. pois ofensiva exige planejamento meticuloso. Outro fato que nossa Ofensiva recorda se relaciona com os fazendeiros de Goiás. na melhor temporada da chuva. foram vacinados. sob pena de derrota. Estes exemplos servem para alargar o conceito de ofensiva. Entrementes. se não for colhido no tempo certo perde a sua boa qualidade. aqueles cujas fazendas eram dotadas de terras que produziam sem adubo. Eram terras realmente férteis. buscava-se reforço nos arredores. pois fica quebradiço. nenhuma nação tem inimigos humanos verdadeiros. A sua execução deverá ser perfeitamente coordenada. mas também podendo ser onipresente. Os maiores fazendeiros plantavam muitos alqueires de arroz. Nos exemplos acima vimos primeiramente nossa Nação. podendo não estar em nenhum lugar. Ao lançar os olhos para a Ofensiva Nacional da Renovação. Lc 16. Sua estratégia era combater o inimigo por um flanco. se não todos. quando maduro. Ele ficou encurralado entre dois exércitos inimigos. sem nada saber. porém todas sob comando único. seu general. acompanhado por uma boa execução. se mobilizando e organizando suas forças para realizar uma tarefa. as comunicações. Mas precisamos estar atentos. O que fora planejado estava se cumprindo. O arroz.Na época se viam os carros do governo nas ruas. 48 Cf. banca. depois uma diminuta parte dela. Quando os recursos próprios eram insuficientes. dirigindo cozinhas ou grandes empresas. dos cinemas. os comentários dos vizinhos. Jo 1. no dizer do sertanejo. Antes de partir Napoleão ordenou a um general. Para vencer este inimigo. as informações. que exigem do solo umidade e temperaturas próprias de climas tropicais. os avisos dos padres. Cairia sobre Waterloo como matilha de lobos sobre coelhos. A história universal narra a derrota de um hábil marechal francês. Como sua plantação dependia da chuva. chamado Napoleão Bonaparte. Aliás. o inesperado aconteceu. 50 Cf. a visibilidade. com o seu exército pronto e em ordem de marcha. os apoios internos e externos. Nosso inimigo é pior do que aqueles que os exércitos das nações enfrentam. com vista a obter a vitória. humanos e tecnológicos – havia tecnologia rudimentar: cutelo. mas não podia fazer nada. Em cada pessoa incrédula que existe neste mundo podemos ver estampada nossa waterloo. Mt 9.17. José H.. 15. não deseja nos desanimar quando vigia o depósito da fé. para fadigas inúteis. 4). nem serão suficientes para nos fazer prescindir de sua assistência. de fuzis em punho. At 16. Deus nos socorre revelando-nos o que fazer. cumprindo seu mister particular. Não discutiremos aqui os deméritos de suas guerras. para ser realmente o que se propõe a ser. no qual todas as suas expressões deverão agir em conjunto. pois para a revelação privada a Igreja destinou os seguintes parágrafos do nosso Catecismo: 66. vemos que ela. quando muito será comida pelos animais selvagens. Por falta de coordenação Napoleão foi humilhado. no mínimo as tomará para si e muitas. e não só intelectual. Se não for colhida oportunamente a safra se perde. Mas até que a evangelização surta efeito. Em matéria de Revelação. De onde estava ouvia os ruídos da batalha. não está 54 Cf. se perderão. 2. 1ª Cor 15. Para entendê-la devemos partir da fé. pois enquanto houver jovens que aceitem morrer pelos velhos – que são os que realmente provocam as guerras (velhos não somente em idade) – haverá guerra. com Elias e todos os profetas. Não gostaríamos de trilhar os caminhos de Napoleão. os generais. perder e perder.52 b) Ofensiva nacional da Renovação A lavoura de arroz pronta para ser colhida é a messe do agricultor. A Sagrada Escritura nos dá certeza de que Ele sempre revela seu plano aos seus enviados. De nossa vitória depende a felicidade do mundo. pois nossa santidade e sabedoria não chegaram ao ponto de superar as daqueles que conviveram com o Ressuscitado. talvez: Primeira: impedir que os adolescentes cresçam. 16.3-8. Quando lançamos nosso olhar sobre a Igreja. sua intenção é nos encorajar para prosseguirmos num proveitoso relacionamento com nosso Deus. da confiança no seu amor. 52 FLORES. uma ofensiva. Outra consideração que devemos fazer é sobre o ensinamento da Igreja. porque Jesus está vivo. foi assim com os Apóstolos e com certeza deverá ser sempre assim. Ao inverso. ressuscitou e permanece o mesmo para toda a eternidade. isto é. infelizmente.37 22 missão geral que Jesus reservou à Renovação. o que fazer? Duas coisas. 28. 6-10 . nem as de outros tantos marechais que já existiram e que ainda. mas também visivelmente. onde cada uma. mas sem seus embaixadores. se naqueles tempos Ele a assistiu e a dirigiu. 26. 10. no nosso caso “a salvação de todos os homens e do homem todo”. OFENSIVA: PLANO DE DEUS PARA A RENOVAÇÃO CARISMÁTICA A fim de que nossos esforços evangelísticos não descambem para ações estéreis. Que tal? Achou muito radical a sugestão? Pode ser. como um corpo orgânico.55 Se nos tempos apostólicos Ele esteve presente na Igreja em sua humanidade e por seu Espírito. Naturalmente que esta regra da Constituição Dogmática Dei Verbum diz respeito à Revelação Pública. Lembrando que existe uma messe a ser colhida.56 haverá de estar desejoso de fazer o mesmo hoje. At 8.29. que não precisam dela. É evidente que este espaço não é apropriado para estudarmos as implicações teológicas da revelação privada. p. embora a Revelação esteja terminada. mas para melhor entendimento faremos algumas considerações. o mundo as destruirá.aguardava as ordens para avançar. 9 53 Cf. com seus parlamentos. Heb 13. Ordens que jamais chegaram. caso não sejam hoje evangelizadas. Foi assim com Moisés. Mãe e Mestra. necessitamos dela tanto ou mais que antes. se não todas. Muito pelo contrário. pois não via e nem sabia o que estava acontecendo.) Todavia. a Dei Verbum ensinou normativamente que a Revelação de Deus se consumou com Jesus Cristo e “não há que esperar nenhuma nova revelação pública antes da gloriosa manifestação de Nosso Senhor Jesus Cristo” (DV.54 Com essa idéia inicial desejamos inserir nossa Ofensiva Nacional no contexto da revelação privada. deve ser uma ação planejada e executada coordenadamente com vistas a conquistar um objetivo.53 sintetizamos o conceito de Ofensiva Nacional como sendo um plano de ação no mínimo inspirado por Deus. Prado. como expressão da Igreja.6-10 55 Cf. com sinais.8 56 Cf. cremos que já está bem caracterizado que uma ofensiva. como poderíamos acabar com as guerras? Com uma evangelização eficaz. Mas ele pelos menos sofreu somente uma derrota temporária. Mas ajuda a pensar. ou os reis e presidentes. concorrerá para o bom êxito da 51 Abrindo um parêntesis. “(.51 Mas não podemos nos dar ao luxo de perder e perder. As pessoas sedentas de Deus e ávidas por salvação são a messe do Senhor. existirão. 9-20. Da fé na existência de Deus. De nosso êxito depende a instauração do Reino de justiça. Formação de Discípulos. Jo 5.. sem seus soldados. Com todas estas considerações. Segunda: enviar para os campos de batalhas. quando os planos para os próximos cinco anos estavam elaborados. Editora Vozes. mas mesmo assim seus princípios fundamentais foram expressos. Compêndio de Teologia Ascética e Mística). é uma revelação pública. feita por Deus. Muitos se deixam levar pelas coisas do mundo porque não oram. No decurso dos séculos houve revelações denominadas ‘privadas’. A fé cristã não pode aceitar ‘revelações’ que pretendam ultrapassar ou corrigir a Revelação da qual Cristo é a perfeição. Rendei-vos a mim. Editora Vozes. mas não vos aqueceis. realizada no dia 05/8/92. Isso vemos claramente na seqüência de fatos que antecederam o seu advento. na época jornal oficial da Comissão Nacional da Renovação Carismática Católica. Petrópolis-RJ: 1992. chama-se revelação privada. Tendes segurado as coisas. como também pela Igreja. Devemos buscar a unidade nacional através da formação. comeis e não vos saciais. ao depósito da fé. Ad. não só para intercederem pelo País de vocês. p.14-20). Discernimento: Deus tem um plano para este momento. “Eis o que declara o Senhor dos exércitos: considerai o que fazeis! Semeais muito e recolheis pouco. Tanquerey ensina que a “Revelação divina em geral é a manifestação sobrenatural. A Renovação foi feita para a intercessão. mas ajudar a viver dela com mais plenitude em uma determinada época da história.” publicou-se que em uma reunião do Conselho Nacional da Renovação. e gravíssimo.57 Naturalmente que lecionando Teologia Ascética e Mística. sugerimos uma consulta rápida ao Vocabulário de Teologia Bíblica. o Senhor enviou a seguinte profecia: “A Renovação é uma obra do Espírito Santo. 23 neste tempo é para voltar às origens. de grande proporção. Neste caso a origem é a oração de intercessão. Petrópolis-RJ: 1992 e ao Dicionário Enciclopédico da Bíblia. . Em uma reunião da antiga Comissão Nacional da Renovação. § 1490. o senso dos fiéis sabe discernir e acolher o que nessas revelações constitui um apelo autêntico de Cristo ou dos seus santos à Igreja. porém toda a vossa inteligência é mínima diante do meu plano. A função delas não é ‘melhorar’ ou ‘completar’ a Revelação definitiva de Cristo.4b8). 937. duma verdade oculta. Quando esta manifestação se faz para bem de toda a Igreja. Conforme notícia divulgada no periódico JESUS É O SENHOR.explicitada por completo. vestis. ela me será agradável e nela serei glorificado. o Senhor manifestou-se por meio de profecias. É um combate espiritual. e o operário guarda o seu salário em saco roto! Assim fala o Senhor dos exércitos: refleti no que fazeis! Subi a montanha. rede de intercessão. e servem para identificar uma revelação privada em qualquer circunstância. consoante apresentado abaixo: Profecias: “Meus planos são superiores aos vossos. eventos: congressos. Meios de realizar a formação e a unidade nacional: jornal de âmbito nacional. para vocês clamarem pelos homens por meu coração. 58 Para aprofundar o significado da Revelação. grupo teológico.58 Os três princípios acima estão presentes no contexto do advento da Ofensiva Nacional. Guiado pelo Magistério da Igreja. Intercedam muito pelos meus sacerdotes. Despojai-vos diante de mim. quando se faz para utilidade particular dos que por ela são favorecidos. (Confirmação: Is 57. E uma das formas de voltar os homens às origens é a oração. contudo. cartas carismáticas. 67. Este é o caso de certas religiões não-cristãs e também de certas seitas recentes que se fundamentam em tais ‘revelações’”. São eles: a revelação é feita por Deus. e algumas delas têm sido reconhecidas pela autoridade da Igreja. Ad. realizada no dia 17/9/1992. grupos de trabalho-nacionais e regionais. Não vos quero humilhar. Intercedam.oráculo do Senhor” (Ag 1. caberá à fé cristã captar gradualmente todo seu alcance ao longo dos séculos. . bebeis e não chegais a apagar a vossa sede. visualização e confirmação bíblica. trazei madeira e reconstruí a minha casa. “Nº 04 Jul/Ago/93. quando Eu a realizo 57 TANQUEREY. Neste momento renovo o meu pedido. Intercedam. E. Tanquerey circunscreveu o conceito de revelação privada aos limites do seu trabalho. ela manifesta algo oculto e sua utilidade é restrita aos que a recebem. Façam um chamado para uma grande intercessão pela Igreja e pelo País. Ele é uma graça e não podemos deixar de participar dela. Elas não pertencem. Tudo que conquistastes e guardastes junto a vós é nada em comparação com o enorme plano que tenho a fazer. Estais atrapalhando o meu plano. Despojai-vos para que meu plano possa se realizar” “Quero tirar dos vossos olhos os limites dos planos pessoais, quero tirarlhes a miopia. Disse-vos que faríeis coisas maiores. É verdade! Mas sob a condição de que façais segundo a vontade do Pai. Sois servos e não senhores; sois trabalhadores... sois trabalhadores e não proprietários. Submetei-vos àquele que vos criou.” Visualização: “Conjunto de máquinas, cheias de engrenagens, grandes e pequenas, trabalham bem, sem parar, mas estão desconectadas entre si. Trabalham soltas, isoladas.” Confirmação: Eclo 29, 13-14: “Perde o teu dinheiro em favor de teu irmão e de teu amigo; não o escondas debaixo de uma pedra para ficar perdido. Gasta o teu tesouro segundo o preceito do Altíssimo, e isso te aproveitará mais do que o ouro.” Interpretação das profecias e das visualizações acima: “Temos sido grupos isolados, com atuação independente.” Discernimento: “A unidade pretendida é a unidade dentro de toda a diversidade de expressões e carismas que caracterizam e enriquecem a própria Renovação Carismática.” Ação: “O Conselho Nacional traçou metas a serem atingidas através de um planejamento estratégico cujo nome é: OFENSIVA NACIONAL.” Desta hora em diante o Conselho abandonou aquele planejamento que já estava pronto e retomou as orações de escuta a Deus para elaborar novo plano, que só foi apresentado detalhadamente meses após. É que aquelas profecias, acompanhadas pela visualização e o trecho do livro do Eclesiástico, levaram o Conselho a discernir que o Senhor deseja que a RCC, em suas várias expressões (pregação, música, obras sociais, ação política) trabalhe organizadamente, rumo a um mesmo objetivo: EVANGELIZAR COM RENOVADO ARDOR MISSIONÁRIO, A PARTIR DO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO. 24 Portanto, após meses de orações, escuta e planejamento, a Renovação pôde afirmar, com fundamento nas revelações proféticas classificadas pela Igreja como revelações privadas, que “pareceu bem ao Espírito Santo e a nós” (At 15,28) elaborar e instituir um plano de ação no qual todas as expressões da Renovação Carismática, alicerçadas sobre os princípios da unidade, identidade e missão, trabalharão em conjunto, realizando cada uma seu mister particular para propiciar à Renovação, como expressão da Igreja, cumprimento integral do mandato de Jesus Cristo: “Ide por todo mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16, 15). 3. PRINCÍPIOS DA OFENSIVA NACIONAL São três os princípios da Ofensiva: unidade, identidade e missão. a) Unidade O princípio da unidade é fundamental. Dele jamais poderemos desistir. A ele nunca poderemos renunciar. A unidade deve ser buscada até a última gota de suor, até o último suspiro. A Bíblia contém muitas passagens fortes sobre ela, como as seguintes: “Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco. Preciso conduzilas também, e ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só pastor. Para que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que também eles estejam em nós e o mundo creia que tu me enviaste” (Jo 10,16; 17,21). “Todos os fiéis viviam unidos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e os seus bens, e dividiam-nos por todos, segundo a necessidade de cada um. Unidos de coração freqüentavam todos os dias o templo. Partiam o pão nas casas e tomavam a comida com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e cativando a simpatia de todo o povo. E o Senhor cada dia lhes ajuntava outros que estavam a caminho da salvação. A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém dizia que eram suas as coisas que possuía, mas tudo entre eles era comum” (At 2,4447; 4,32). Nos tempos atuais fala-se tanto em unidade que parece desnecessário acrescentar qualquer outra análise. Que ela é fundamental, todos sabem. Que sem ela qualquer organismo comete suicídio, é também do conhecimento de todos, ou deveria ser. Que ela é necessária para que “o mundo creia”, Jesus já o disse. Que falta então? Você deve estar dizendo: “vivê-la”. E tem razão. É isto mesmo. Só nos falta aperfeiçoar a vivência deste princípio, que é na verdade um mandamento de Jesus. Esta reflexão parte do princípio que você deseja viver a unidade. Você crê que seus amigos também querem. No final de toda análise se concluirá que todos os cristãos desejam ser “um”. Ora, se todos anelam a unidade, por que não a conseguimos com perfeição? Seria por falta de perdão ou por egoísmo? Seria por orgulho, soberba, vaidade ou por machismo? Quem sabe seria por não renunciarmos aos interesses pessoais? Isso nos leva ao outro capítulo destes estudos: seria por falta do amor generoso, o ágape? Poderia ser também por não entender, em termos práticos, o que vem a ser unidade? Unidade, na prática, é todos terem “um só coração e uma só alma.” Significa todos terem o mesmo desejo de se inserirem na comunidade que se reúne em torno de Jesus. Esta comunidade, naturalmente, visa a cumprir a missão proposta por Jesus Ressuscitado. Para cumprir a missão organiza-se planejando. Nos planos escolhem-se objetivos, definem-se metas, distribuem-se tarefas, traçam-se estratégias, metodologias, prioridades. Tudo isso considerando as pessoas e contando com elas. Toda esta organização parece engolir a unidade. Onde está a unidade? A unidade deve estar onde sempre esteve, no coração de cada irmão que abraça, com a comunidade, a execução das tarefas planejadas para cumprir o mandato missionário de Jesus, materializado pelo Evangelista, quando recorda: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). Realizar as tarefas que visam ao cumprimento da missão é importantíssimo para construir a unidade. Cada tarefa que se cumpre é um tijolo que se assenta no edifício da unidade. Mas este tijolo necessita de cimento para não cair. O cimento do edifício da unidade é o ágape, aquele amor generoso, infinito. Miremos Jesus na cruz para abrirmos o coração a este ágape. Acolhamos do Espírito Santo o dom da caridade, príncipe dos carismas. Somente com ele poderemos cimentar nossa unidade, que é outro carisma mais que precioso. Ressalte-se, para concluir este tópico, que nossa vitória depende do bom êxito de nossa ofensiva e esta depende do bom funcionamento de várias engrenagens, que são as diversas expressões da Renovação. Estas expressões – música, pregação, intercessão, etc. – como engrenagens, são compostas por pessoas dotadas de sentimento, razão, emoção, liberdade, virtudes, pecados, marcas psicológicas. Cada pessoa que se insere nesta obra não vem para ser a ofensiva, nem para ser a engrenagem da ofensiva, mas para se tornar um dente de alguma engrenagem. Dente importantíssimo, porém dente. Tudo isso eleva às nuvens a necessidade da unidade, e aos céus a urgência do amor. b) Identidade 25 Outro princípio muito importante para a Ofensiva é o da identidade. Ele, para a Renovação, é fundamental. Como se sabe, a identidade integra a personalidade dos seres vivos e dos entes sociais. Quem perde a identidade se despersonaliza, se aliena. Se alguns de seus elementos básicos forem destruídos, quem os perde passa a não existir. A identidade da Ofensiva Nacional é a identidade da Renovação, cujos elementos básicos, conforme vistos antes, são: Batismos no Espírito Santo, prática dos Carismas e formas de vida comunitária que têm nascido espontaneamente. Cabe ao plano geral de ação, denominado Ofensiva Nacional, esclarecer nossa identidade, haurindo da Igreja seus elementos, principalmente os fundamentais, de forma que sejamos inseridos com mais vigor e segurança no contexto eclesial, sem nos despersonalizarmos como movimento leigo e autenticamente católico. c) Missão O mandato missionário de Jesus é trazido pelos quatro Evangelhos, e expresso em Marcos e Mateus nas passagens de 16,15 e 28,19-20, respectivamente. Quem até hoje não se sente tocado por essas palavras do Senhor: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo”. Essas palavras de Jesus ressoam na Igreja desde a primeira sílaba pronunciada pelo primeiro Papa. Perpassou o coração de cada missionário de todos os tempos para atingir em cheio as pessoas da atualidade. Vemos as palavras do Divino Mestre ecoar em cada recanto dos templos, em cada oração e cântico litúrgico, em cada comunidade cristã que se funda, em cada pessoa que lhe serve, em cada livro espiritual que se lê. Às vezes suas palavras são vozes de mil trovões que nos vêm nas pessoas dos famintos e injustiçados que arcam sob o peso de uma nação mal evangelizada. Esta voz misteriosa também ressoa na autoridade de uma exortação apostólica como a Christifideles Laici; nas lágrimas de Cristo escondidas nas entrelinhas da Encíclica Redemptoris Missio, que vem nos dizer que a missão está apenas começando,59 e isso após dois milênios de evangelização. A clareza da missão é cristalina, pois está explícita em todos os Evangelhos e nas Cartas dos Apóstolos. Entretanto o seu exercício tem se revelado complexo e variado conforme o pluralismo oriundo das várias experiências e situações das comunidades, bem como devido ao dinamismo do Espírito Santo. 60 Por isso faz-se 59 Cf. Redemptoris Missio, 1 60 Cf. Redemptoris Missio, 23 oportuno relembrar que a missão da Renovação é a mesma da Igreja. E não poderia ser diferente, posto que ela é simplesmente uma expressão da Igreja. A missão da Igreja se resume em cumprir o mandato missionário de Jesus, pois “é na evangelização que se concentra e se desenrola toda a missão da Igreja, cujo percurso histórico se faz sob a graça e ordem de Jesus Cristo: ‘Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura... Eis que estou convosco todos os dias até o fim do mundo’ (Mc 16,15; Mt 28,20). ‘Evangelizar – escreve Paulo VI – é a graça e a vocação própria da Igreja, a sua identidade mais profunda’ (sic.) (Christifideles Laic, 33).” A importância da missão se eleva quando a analisamos sob o princípio da unidade. Vemos isso nas seguintes palavras de Jesus: “Quem não está comigo está contra mim; e quem não ajunta comigo, espalha” (Mt 12,30). “João disse-lhe: Mestre, vimos alguém, que não nos segue, expulsar demônios em teu nome, e lho proibimos. Jesus, porém, disse-lhe: Não lho proibais, porque não há ninguém que faça um prodígio em meu nome e em seguida possa falar mal de mim. Pois quem não é contra nós, é a nosso favor” (Mc 9,38-40). Nestas passagens é o próprio Jesus quem coloca a missão no centro da unidade. Quem realiza a missão dEle se coloca a seu favor, a seu lado, unido a Ele. Executando a missão da Igreja, a Renovação, além de se colocar em plena comunhão com ela, identifica-se nela e com ela, bem como com o seu fundador, Jesus Cristo. Por evangelização entendem-se as funções proclamativa e catequética. Proclama-se a novidade da ressurreição, que confirma tudo o mais que se encontra na Sagrada Escritura. Prega-se a Boa Nova de forma metódica e ungida61 para facilitar o entendimento, pois “quando um homem ouve a palavra do Reino e não a entende, o Maligno vem e arranca o que foi semeado no seu coração” (Mt 13,19). Catequiza-se ensinando sistematicamente a doutrina do Ressuscitado62 para formar a Igreja, Corpo de Cristo. A evangelização exige um plano prático e fácil de ser entendido para ser executado. O plano de Jesus era simples: Ele “percorria toda a Galiléia, ensinando nas suas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino, curando todas as doenças e enfermidades entre o povo” (Mt 4,23). 61 Cf. 1ª Jo 2,27 62 Cf. At 2,42 26 O plano missionário de Jesus pode ser resumido em quatro verbos: percorrer, proclamar, ensinar e curar. É realmente simples e fácil de ser executado. A Igreja primitiva o entendeu e executou. Se nós fizéssemos o mesmo, qual seria o resultado para a Igreja e para Cristo? Para finalizar este tópico, gostaríamos de lembrar alguns efeitos sobre quem lê os Evangelhos e no final ressaltar a importância da nossa missão. Quando se lê o Evangelho pode-se ser tocado por muitas coisas, mas, dentre estas, três impressionam profundamente: uma é a passagem: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus, e tudo o mais vos será dado por acréscimo” (Mt 6,33); outra, é a crueldade da paixão e morte de Jesus seguida por sua ressurreição, e a terceira é o mandato missionário. Certamente milhões de pessoas sentem-se impelidas a narrar aos quatro ventos o que se lê nos Evangelhos. E dessas, milhares não sossegam mais. Seus corações se tornam fogo ardente. É assim que o Senhor mantém sua missão entre os homens. E é por isso que compreendemos quanto ela lhe é cara e preciosa. 4. OBJETIVO DA OFENSIVA NACIONAL A Ofensiva Nacional visa a colocar a Renovação em marcha, na unidade, coesamente, reunindo todas as suas expressões, revitalizando aquilo que é sua identidade: a vivência da graça do Batismo no Espírito Santo, para colaborar eficazmente na missão que Jesus deu à Igreja: anunciar o Evangelho63 e fazer discípulos64, isto é, evangelizar e formar. Conseguindo alcançar seu objetivo, a Renovação, com certeza, atingirá também o objetivo da Igreja no Brasil, que é “Evangelizar com renovado ardor missionário, testemunhando Jesus Cristo, em comunhão fraterna, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, para formar o Povo de Deus e participar da construção de uma sociedade justa e solidária, a serviço da vida e da esperança nas diferentes culturas, a caminho do Reino definitivo”.65 5. CONCLUSÃO Para entender e acolher a Ofensiva Nacional da Renovação como sendo um dom de Deus, a enquadramos no conjunto das revelações privadas com base na Sagrada Escritura e no Catecismo da Igreja Católica. Assim 63 Cf. Mc 16, 15 64 Cf. Mt 28,19 65 Documento da CNBB, 61 – Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil. música. Ao lançar os olhos sobre a ação de Deus na gênese da Ofensiva Nacional.15 68 Cf. A Ofensiva tem na Unidade seu princípio fundamental. podemos ousar dizer que ela é uma das “. A história sagrada. boas ações que Deus de antemão preparou para que nós as praticássemos. comprometamo-nos com o projeto que Deus nos revelou.15). Isto acontece desde o tempo dos Apóstolos66 e tem se repetido ao longo dos séculos. identidade e missão. reunindo todas as suas expressões. para colaborar eficazmente na missão que Jesus deu à Igreja: anunciar o Evangelho67 e fazer discípulos68. evangelizar e formar. na unidade. como expressão da Igreja. Estes desejos foram organizados em um plano denominado “Ofensiva Nacional”. identidade e missão. pelo que analisamos.percebemos que ela foi uma revelação divina trazida por meio de dons proféticos. A Ofensiva foi concebida para realizar eficazmente a missão que Jesus confiou à Igreja. 66 Cf. ação política) deverão agir em conjunto.” (Mc 16. onde cada uma. cumprindo sua missão particular. e seguirá os princípios da unidade. desde Abraão até nossos dias. fundamentadas sobre os princípios da unidade. como expressão da Igreja. Amém.18-19). Mc 16. Analisando o caminhar do povo de Deus descobrese que a revelação privada também tem sido muito importante para o entendimento. RESUMO A OFENSIVA NACIONAL é um plano de ação revelado por Deus. no dizer da Christifideles Laici. Parte desta missão só será realizada se for assumida por nós. cuja execução será no âmbito da Renovação Carismática 27 Católica. digamos que o objetivo da Ofensiva Nacional é colocar a Renovação em marcha. revitalizando aquilo que é sua identidade: a vivência da graça do Batismo no Espírito Santo.” (Ef 6. Impulsionados pelo Espírito Santo. Para recebê-las coloquemo-nos à disposição de Deus. isto é. 3. se insere no contexto da revelação privada. como expressão da Igreja.. Peçamos a Jesus a graça de entender o objetivo da Ofensiva Nacional e a capacidade de atingi-lo dentro dos princípios da unidade. a prática dos carismas e a vivência comunitária nos grupos de oração. At 16. identidade e missão. no qual todas as expressões da RCC (pregação. Por fim.10). A essência da Identidade da Renovação é o Batismo no Espírito Santo e seus elementos básicos são o próprio Batismo no Espírito Santo. como São Domingos e São Francisco. Como vimos neste tema. coesamente. Mt 28. onde cada uma. propiciará à RCC. como um corpo orgânico. podemos dizer que “Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós” elaborar e instituir um plano de ação no qual todas as expressões da RCC. leigos. “Intensificai as vossas invocações e súplicas. Afinal. cumprir o mandato de Jesus Cristo: “Ide por todo mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. 6-10 67 Cf. por exemplo. Deus os abençoe. cumprindo sua missão particular. organizados em forma de uma grande ofensiva evangelizadora. pela sua origem e pelo que se tem visto até o momento. obras sociais. A Ofensiva Nacional. nas comunidades de aliança e de vida. Foi assim com os santos. concorrerá para o bom êxito da missão geral que Jesus reservou à RCC. Deus sempre revela seus planos aos seus enviados..” (Ef 2. Orai também por mim. o acolhimento e a execução do Plano de Salvação. Deus mais uma vez nos revelou seus desejos. agirão em conjunto. Por isso não nos é lícito ficar inativos.19 . é marcada também por revelações privadas. estando sempre prontos a dar razão da vossa esperança a todo aquele que vo-la pede. a ponto de remontar ao antigo profetismo de Israel. No mínimo nos colocam em sobressalto. Atos 5. mesmo que sejam a respeito das coisas que mais nos são caras. do carisma pessoal dessas testemunhas do amor de Deus nasceram diversas espiritualidades.6 1ª Tm 4.73 Agora. É que normalmente as coisas novas assustam. porém mais falta a vivenciar. por outro lado. Quando estamos errados.8 e Jo 20. As dúvidas criam inseguranças. quando estamos em dúvida não sabemos o que fazer. se em alguma coisa sois difamados. explicações e respostas. assumem sua missão com ardor e fervor. pois a correção fraternal vem de Deus. A perplexidade nos domina. E para vivenciá-la. Dela falta muito a conhecer. Durante estes anos de existência da Renovação Carismática Católica. conservando a vossa boa consciência. Dt 8. por que tantos versados em Teologia não a aceitam? Será por que não a conhecem? Ou por que ela está errada? Posso ser carismático? É certo ser carismático? Estarei errado em ser carismático? Nessa caminhada somos levados a incansável busca de saber quem é quem e qual a verdade a respeito da espiritualidade da Renovação. é muito pouco conhecida. No dizer do Catecismo da Igreja Católica (nº 2. via de regra. O certo é que. assim como de todo o módulo básico cujo estudo estamos empreendendo.1516). Tais questionamentos relacionam-se.5. Mt 13. A dúvida é ácido terrível a corromper o coração. são influenciadas por preconceitos ou por falta de “conceitos”. fazei-o. é carrasco do espírito. é ladrão de entusiasmo.70 As considerações acima servem para iluminar a importância ímpar deste tema. Este conhecimento é muito útil.32 73 Cf. não obstante serem conduzidas por boa fé e retas intenções.12. Mt 5. uma vez que Ele corrige aqueles a quem ama. abriremos o coração para receber do Espírito Santo mais segurança para exercitar nossa espiritualidade com fé madura e entusiasmo. Normalmente os movimentos eclesiais. como é o caso da Teologia da Libertação na América Latina. Este desconhecimento ensejou inúmeras ponderações. em grande parte. a fim de vencê-las e recebermos tudo o que Jesus planejou para nós. pois a partir dele saberemos o que realizar. Dão frutos cem por um. A dúvida é a mãe da mornidão condenada pelo Senhor em Apocalipse 3. mesmo que se desenvolvam de forma diluída. nossa espiritualidade. aqueles que conhecem bem nossa espiritualidade.10-12.21 72 Cf. 69 Cf. o Senhor. as congregações e ordens religiosas possuem seu fundador. Cristão inseguro não assume a sua fé. Os 4. tanto que é chamada de Renovação. Poderemos também evitar o que não nos convém fazer. Estaremos sendo corrigidos ou perseguidos? Devemos nos emendar pelas correções ou rejubilar pelas perseguições? Poucas coisas imobilizam a alma humana com tanta crueza como a dúvida. a respeito de nossa fé. o Espírito Santo rejubila conosco por sermos achados dignos de sofrer pelo nome do Senhor. ou os que a criticam? A Renovação é de Deus ou não? Se é. Isso propiciará um reavivamento constante em nossos carismas. para que. Entendemos a perplexidade de muitos. e ao mesmo tempo tão jovem para nós. e se perde. 72 Quando estamos certos e somos perseguidos. não raro absurdas. além de gozarem da paz que Jesus dá aos seus. como deseja nosso Senhor. sejam confundidos aqueles que ultrajam o vosso bom comportamento em Cristo” (I Pedro 3. Ela é tão antiga.14 70 Cf. santificai a Cristo. uma boa ajuda é conhecêla. em vossos corações. e têm 71 Cf. Pr 3. 1ª Cor 11. Leiamos diretamente na Palavra Sagrada: “Antes. os movimentos possuem a feição de quem lhes dá o impulso inicial. Este é o caso da espiritualidade da Renovação Carismática Católica. porém. Como fenômeno espiritual. irmãos. com mansidão e respeito.71 É oportuno ressaltar o que o Senhor nos diz por meio do nosso primeiro papa. embora esteja ligada diretamente à mais profunda raiz da Igreja.28 CAPÍTULO TERCEIRO A ESPIRITUALIDADE DA RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA Deus nos alerta pela profecia de Oséias 69 de que o Povo dEle se perde por falta de conhecimento. sermos corrigidos é uma grande bênção.40-41 . em muitas oportunidades somos surpreendidos com indagações como esta: quem está certo a respeito da Renovação Carismática? Os seus formadores e coordenadores. Jo 20. sabendo que está no rumo certo.684).14-18. que têm certeza de que estamos na direção assinalada por nosso Deus. O resultado dessa ordem de coisas foi o surgimento de dúvidas em muitos irmãos. Encaremos nossas dúvidas. mormente quando produzidas por pessoas que. inúmeros questionamentos foram gerados nos corações de muitos que dela experimentaram ou que simplesmente dela ouviram falar.21 Conhecendo a Renovação. Por outro lado. com sua espiritualidade. No início de nossa caminhada com a Renovação. nem unificado. os cursilhistas. Não tem um fundador particular. quando se trata da Renovação. nasce uma espiritualidade. Não tem listas de membros participantes” . não é outra coisa o que a Igreja reconhece ao aprovar os Estatutos do Serviço Internacional da Renovação Carismática Católica – ICCRS. não encontramos o carisma de nenhuma pessoa humana que lhe tenha dado o impulso inicial. acompanhado dos carismas que sempre existiram na Igreja. se revele com sinais a simples mortais? Na verdade. Veremos que ela tem alma.. Em certos tipos de identificação outros caracteres também são levados em consideração. filiação.. nº 2. altura.76 Das idéias acima. 74 De fato. dentre outros.7 77 FLORES. Este relacionamento implica necessariamente a fraternidade e o serviço em prol do bem comum.75 Esperamos que. bem como de colaborar no Seu plano de salvação. 1993. um modo próprio de atender ao chamado de Deus. nos dias de hoje. dizendo que é uma forma particular ou comunitária de responder ao chamado de Deus. guiado e iluminado pelo Espírito Santo. É que ela não foi fundada por homem e nem por mulher. idade. por exemplo. bem como entre os filhos. ESPIRITUALIDADE DA RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA A partir de agora começaremos a nos conhecer um pouco mais. no e pelo Espírito Santo.. Todos são fatores importantes. nome. ESPIRITUALIDADE Espiritualidade é uma daquelas palavras que muito usamos. 2. ela não tem fundador secular. Patti Gallagher. os mais relevantes são o nome e o sobrenome. Mais precisamente desde o Pentecostes de Pedro e seus companheiros. de são Francisco de Assis. os vicentinos. a pura e única Luz do Espírito Santo” (Catec. que diz no seu preâmbulo: “A RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA é um movimento mundial. com os focolarinos. a) Conceito A espiritualidade da Renovação Carismática Católica é Trinitária e nasce a partir de uma experiência pentecostal de quem participa da salvação do Pai. Em suma. de são Paulo. Antes lembremos que a identidade de uma pessoa física é feita de vários dados. in fine). tais como: sexo. Mas podemos pelo menos ensaiar seu significado conceitual. um modo específico de relacionar-se com Deus-Pai. mas pouco conhecemos. Para conhecer a Renovação vamos emparelhá-la com as pessoas. como foi o caso do profeta Moisés. 29 em vista a Economia da Salvação. Dentre eles podemos citar a cor dos cabelos e dos olhos. Neste tema vamos conhecê-la por sua espiritualidade. Por quê? É porque seu fundador é o Espírito Santo – ou seria presunção admitir que a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Salvador Carrillo. o jeito de ser.684. Como um Novo Pentecostes. é simplesmente um redespertar do Fogo de Pentecostes. todos trazem em si alguma marca de seus fundadores. É também força motivadora do ímpeto missionário dos que nela se congregam. 1. 1Cor 12. Ela nos desafia a partir de sua conceituação. Isso acontece. que Ele mesmo concede a alguém.77 Nos demais seremos convidados a nos familiarizar com outros atributos também importantes. Deus-Espírito Santo. então? A conclusão é uma só: o que hoje foi denominado de Renovação. como aconteceu com os Apóstolos e os primeiros discípulos de Jesus. que é seu motor. nem um grupo de fundadores como muitos outros movimentos. podemos concluir que. Que benção! Aliás. Deus-Filho.sua práxis condicionada pelo que de específico existe na espiritualidade dos seus fundadores. ela já existe desde os tempos apostólicos. tendo 74 MANSFIELD. com sede no Vaticano. A este fato costuma-se definir como sendo relacionamento vertical – do homem com Deus e de Deus com o homem – e horizontal – dos homens com os homens. É por isso que a espiritualidade se torna um facho luminoso a clarear a caminhada espiritual e temporal de quantos a acolham. na sua rica diversidade. Prado. Op. em sua expressão terrena e celestial. 75 ALDAY. você esteja encontrando respostas para muitas indagações no decorrer destes estudos. tanto no relacionamento pessoal com Ele. a partir de uma experiência pessoal de salvação (experiência religiosa). com a Igreja. O que ocorre hoje. José H. e com as pessoas que ainda não participam da Igreja. isto é. que vai sendo moldado pelos influxos das graças do Pai e do Filho. Outro fato digno de nota é que no cerne de toda espiritualidade genuinamente cristã está um autêntico jeito de ser Igreja. em face deles mesmos. de uma experiência com Deus. cit. ou a uma comunidade. sobrenome. a personalidade. nome e sobrenome. quanto no campo missionário. Corpo Místico de Cristo. refletindo. Ou ainda. isto é. p. . É por isso que vemos no interior de toda espiritualidade autêntica um interminável intercâmbio entre os filhos de Deus e Ele próprio. cit. mas não uniforme. Isto é o que se conclui com os relatos do seu início. isto é. entretanto. É assim que as espiritualidades “são guias indispensáveis para os fiéis. Tem até o seu jeito de ser. o Plano de Deus para salvação do homem todo e de todos os homens. 156. Em matéria de espiritualidade. Definir o seu alcance espiritual é como tentar interromper o curso de cachoeira com as mãos nuas. na 76 Cf. Op. Ao participar da Renovação Carismática Católica. Imediatamente apaixona-se por Deus Pai. 30 que existe. cit. Acontece às vezes ao mesmo tempo. dizem que a Renovação Carismática é um reduto mariano. ora de Deus Pai. antes de conhecer a nossa espiritualidade. nos conduz às demais. a outros. que é a nossa espiritualidade. É que ouvem algumas pessoas dizer que o povo “dessa tal de Renovação só fala em Jesus. Amigo. No início só enxergam uma das Pessoas da Santíssima Trindade. e ao mesmo tempo observando o que ocorre com aqueles que com ela comungam. Deus. Mestre. ainda. Pastor. principalmente no sentido de morrer com Cristo e com Ele ressuscitar. a outros. sem nenhum trabalho nesta intenção. Converse com quem já passou por isso. algumas pessoas são confundidas pelos preconceitos que se têm se espalhado em alguns lugares. sujeitos ativos da história da salvação. ou a Deus Pai. as autoridades. Devem ter visto alguns neófitos que estavam vivenciando alguma das etapas de nossa escalada espiritual. tudo conforme a disposição e a necessidade de cada um. imagine-se como seria se estivéssemos trabalhando com o intuito de apressar em nós e nos irmãos este notável acontecimento. O RELACIONAMENTO COM AS TRÊS PESSOAS SANTÍSSIMAS. UMA VEZ QUE CONTEMPLA. descobre-se que ela é maravilhosamente Trinitária.pessoa do Seu Filho Unigênito. sem nenhum pastoreio para incrementar especificamente esta graça. de aos poucos ir galgando os degraus mais belos da espiritualidade cristã. Já para alguns. é o que tem ocorrido entre nós. Certamente estes irmãos baseiam suas opiniões na superficialidade do que viram ou no preconceito do que ouviram. às vezes separadamente. em verdade e em espírito: “Meu Pai”. Esquecem-se de Deus e do Espírito Santo”. sem planejamento para este fim. já que isso tem sido um fruto bom e considerando que a graça age por meio de nossa natureza. Isso tudo sem perder e sem deixar de vivenciar as experiências do Espírito Santo e de Deus Pai. os irmãos. Porém a própria Pessoa da Santíssima Trindade para a qual somos atraídos primeiramente. sem se aprofundar em nossa espiritualidade – não conseguem enxergar esta preciosa dádiva que o Senhor nos concede. de forma espontânea. chega-se à conclusão de que ela SÓ PODE SER TRINITÁRIA. até mesmo porque não sabíamos dessas coisas. por Jesus. sem nenhum controle de resultados. de tal forma que no tempo de cada um – no kairós pessoal – os filhos de Deus agraciados com este tesouro. em se tratando de mística e prática. A este respeito. cairão inteiros no seio do nosso Deus Uno e Trino. EM SUA PRÁTICA. que é o . Quem não entende isso é porque não a conhece. a mãe. ainda. como filhos Seus. Tudo tem sido dom de Deus. como isso ocorre? Como algumas pessoas têm sobre ela opiniões tão diversificadas? Isso acontece assim: o Senhor tem seus caminhos misteriosos para nos atrair e conduzir. entrando em seu âmago. a Renovação só se preocupa com Deus Pai. Em verdade uma destas Pessoas Santíssimas passa a ser a melhor pessoa 78 DOCUMENTO La Ceja.78 como se afirma no conceito acima. como Salvador pessoal e passa-se a viver com Jesus Senhor. Mas. E a da Renovação Carismática Católica o é. Sente-se um alívio interior e uma paz jamais experimentada. Outros já dizem que para a Renovação só existe o Espírito Santo. feita inicialmente por alguma das Três Pessoas. Mais tarde entendemos que isso ocorre por que muitos têm dificuldade de relacionamento com pessoas humanas como o pai humano. Com toda essa sorte de opiniões contraditórias não é de admirar que muitos fiquem confusos. Mas nunca se perde. Outros. Nos dias de hoje entende-se melhor aqueles que ao irem a algum grupo de oração algumas vezes – sem participar de nenhum Seminário de Vida no Espírito Santo. Analisando as várias opiniões que dizem ser ela ora do Espírito Santo. ora de Jesus. tendo a aceitação e a prática dos carismas como forte distintivo das outras espiritualidades. Todavia. tendo como antecedente histórico o Pentecostes dos primeiros Apóstolos de Jesus Ressuscitado. a começar pelo batismo. NOSSO DEUS TRINO E UNO. nada temos a temer acerca do que se diz. por Deus Filho ou por Deus Espírito Santo. alguma oração ardente de alguém de maior experiência que estava sendo conduzido pelo Espírito Santo a uma adoração mais profunda a Ele mesmo. ou. do Filho ou do Espírito Santo. nosso Senhor Jesus Cristo. A uns ele atrai primeiro por Deus Pai. Só encontramos uma palavra para descrever isso: Maravilhoso! É de fato maravilhoso. acompanhada de docilidade às sua moções. a seu tempo e conforme o nosso desenvolvimento espiritual. principalmente as reencarnacionistas. E nem percebemos isso. seguida de notável equilíbrio de relacionamento entre nós e Ela. co-herdeiros de Cristo. inspirações e revelações. ou a Deus Filho. A esses embaraços se ajuntam influências de seitas de várias origens. gera também uma consciência viva do poder e da ação concreta do Espírito Santo na vida pessoal e na história da redenção do homem.. Ninguém se esquece da primeira vez que diz a Deus. pelo Espírito Santo. Não obstante essa diversidade de opiniões. Esta dinâmica atrativa da Santíssima Trindade. Protetor. pois é a própria Santíssima Trindade. Ele é aceito. Com a vivência numa dinâmica espiritual inusitada dentro da Renovação.1) Espiritualidade Trinitária Leciona a boa doutrina que uma espiritualidade para ser autêntica haverá de ser fundada na Santíssima Trindade. que tem nos encaminhado a ela mesma. Essa dinâmica de atração do Senhor aconteceu e acontece com muitas pessoas do nosso convívio. E Jesus? No início muitos mal conseguem vê-lo como Filho de Deus. reaviva os sacramentos. de verdade e de coração. fixa inteiramente os fiéis no projeto de instauração do Reino de Deus. § 13. Op. ou na pessoa do Pai. b) Elementos do conceito b. como uma unidade. Desta curta análise conclui-se que nossa espiritualidade se liga ao fato mais importante da Igreja. Cit. cuja historicidade se atesta perenemente pela narração de são Lucas no Livro dos Atos dos Apóstolos. de sua própria iniciativa.4) Reavivamento sacramental Qual é a graça que Deus deseja nos dar por meio do nosso batismo? O Catecismo da Igreja Católica 82 nos diz que a graça é múltipla. Contudo. conversões abundantes. Por isso. a continuação daquele que aconteceu na aurora da Igreja. Ao nos conhecer não há como negar que somos pentecostais. em pelejas inúteis. p. embora batizados. a Renovação surgiu da expectativa de um Pentecostes atual. O “fator pentecostal” de nossa espiritualidade já foi aprovado pela Igreja. É certo que todos os católicos cujos pais diligenciaram a respeito nasceram no Espírito Santo desde criancinhas. de visão de mundo – o que acontece conosco sucedeu com Pedro e os outros discípulos. 79 ALDAY. É só verificar os frutos de hoje. a retomada.. À luz da semelhança dos acontecimentos de hoje. São os mesmos que aconteciam naqueles tempos: oração em línguas. quando muitos buscavam o que falar e o que ofertar aos homens de elevado conhecimento humano. esta nasceu do anelo e da esperança de que o Senhor realizasse em nossos dias. tal como o santo Papa João XXIII pediu na oração preparatória ao Concílio Vaticano II. perseguições. graças a Deus. Como se vê. É neste sentido que nossa espiritualidade tem reavivado nosso batismo. p. em relação aos acontecimentos daquela época. E isso nos basta. e portanto de nossa expressão de Igreja. Isso é muito confortador para nós e nos incentiva a continuar nossa missão b.79 SALVADOR CARRILLO80 interpreta assim a inserção do termo “RENOVAÇÃO PENTECOSTAL CATÓLICA” nos referidos Estatutos: “O título ‘Renovação Pentecostal Católica’ é muito sugestivo e de grande significação. em verdade. o agente iniciador da chuva de graças que tem vindo sobre nós. e o que constatamos é que. somente existe o que constatar. 31 Como sabemos que as graças de hoje estão ligadas ao Pentecostes dos Apóstolos? Encontrar a resposta é simples. desde que somos agraciados pelo Dom de Pentecostes acompanhado dos mesmos sinais e prodígios que se manifestaram na Igreja Primitiva. Constatamos que é o Espírito Santo. a par da geração da consciência de que a fundamentação de nossa espiritualidade. Op. somos pentecostais. Rm 8.3) Antecedente histórico . Quando todos ansiavam por respostas para as questões mais angustiantes da vida.. após a ressurreição de Jesus. irmãos. Salvador Carrillo. acolhendo a graça de Pentecostes. ardor missionário. E o somos com as bênçãos de Deus por meio da Igreja que aprovou os Estatutos do Serviço Internacional da Renovação. Catec. Nossa espiritualidade está diretamente ligada às experiências pentecostais que o Espírito Santo concedeu aos Apóstolos. Quando se comparam os fatos que ocorrem em nosso meio com aqueles que aconteceram na Igreja Primitiva. usando as semelhanças entre suas comunidades e as nossas para confirmar nossa caminhada e nos animar a prosseguir decididamente. 1262 83 Cf. não há muito para comentar. pois responde aos desejos profundos daqueles que estiveram nas origens da própria Renovação Carismática. Não vale a pena nos desgastar em justificativas estéreis. veio em nosso socorro83 para fazer em nós e por nós o que é da vontade de Deus. na simplicidade do Pai e do Filho. em vista da renovação profunda de sua Igreja.relacionamento igualitário com a Santíssima Trindade. ressalvadas as diferenças culturais – de nação para nação. Essa ligação é importante. 10 80 Ibid. o que sucedeu no primeiro Pentecostes. Ele é a luz que nos guia em um momento de perplexidade entre os cristãos. a partir do capítulo segundo. uma vez que se ministra o sacramento do batismo desde tenra idade. a Renovação pode ser definida em forma sintética como ‘Um Pentecostes hoje’”. Mc 16.15 82 Cf. ela nos dá segurança para assumir a vocação específica que Deus nos reservou81 enquanto movimento eclesial. Em outras palavras. Melhor seguir o exemplo daqueles que já deram a vida por Jesus. 29 81 Cf. é trinitária! b. O Pentecostes atual é.. vemos que essa ligação é também inevitável. No número III dos referidos Estatutos Do Serviço Internacional Da Renovação Carismática Católica (Iccrs) se lê: “Os objetivos centrais da Renovação Carismática Católica ou Renovação Pentecostal Católica”. Com efeito. pois muitos são os seus efeitos.26 b. em debates infrutíferos. temos tido dificuldades em experimentar as graças batismais. o Espírito Santo. Isso nos levaria para um túnel sem fim. As duas principais são a purificação dos pecados e o nascimento no Espírito Santo.2) Experiência pentecostal Nossa espiritualidade se insere no contexto dos movimentos pentecostais do século vinte. É por isso que afirmamos que todos os cristãos sabem do poder do Espírito Santo. Sabemos e cremos que o Espírito do Senhor é Deus em Deus. mas em alguma parte de nós.9-11 . sabemos – experimentamos – que somos dEle de fato. O homem de todos os tempos sempre teve dificuldade em se 84 Cf. o seu reavivamento tem produzido nosso engajamento missionário permanentemente. rei persa. Não somente sabemos que somos filhos de Deus. Esta docilidade é realmente uma graça. Quando começamos a orar e a louvar a Deus pelo dom do sacerdócio. Todavia quando aludimos à consciência do poder e da ação concreta do Espírito Santo. tal é o amor que Deus nos tem dado por estes servos de sua predileção. o Deus da nossa vida. com tudo o que isso significa. mas logo depois. templos cheios. o nosso Deus. Tudo pertence ao Senhor. encontramos uma curiosa fórmula profética – proclamada de forma indireta. Pelo que o Espírito Santo nos tem dado a experimentar. é a consciência de que somos realmente pecadores e necessitados de salvação. mas certamente a todos vem. temos missas alegres.6) Docilidade ao Espírito Santo O cristão mais consciente deseja ser dócil ao Espírito Santo. Esta graça tem sido decisiva para nossa espiritualidade. Esta história deve ser entendida em nível pessoal. Isso é muito bom. quer os rejeitem. o Senhor nos tem concedido uma consciência muito clara de nossa filiação divina.Neste sentido verificamos que uma das primeiras graças que recebemos depois da efusão do Espírito Santo. Existe também exemplo entre os portadores da Revelação. o qual emprega para continuar a missão de nosso Senhor Jesus Cristo. Temos recebido esta graça de Jesus. tanto pessoal quanto coletiva. mais O queremos adorar. na Renovação temos experimentado de forma pessoal a convicção de que para pecadores como nós existe esperança. Vemos isso nas inúmeras vocações sacerdotais oriundas dos grupos de oração.84 Esta consciência do poder e da ação concreta do Espírito Santo na história nos faz abrir o coração para receber do Senhor uma convicção de que nós. Às vezes essa experiência de filiação divina não acontece junto com a da salvação. Também acreditamos sinceramente na unção matrimonial. É realmente uma graça muitos deixarem de “saber” que “poderiam” ser filhos de Deus. Entre nós a oração e a unção dos enfermos é profícua realidade. da missão. Quanto mais O adoramos. saber que somos filhos de Deus é dizer pouco. oblíqua – na qual o sumo sacerdote torna-se instrumento da Revelação a respeito de Jesus para concretizar a nossa Salvação. Esta consciência pode ser descrita como sendo uma sensibilidade para captar a misteriosa ação divina. Temos certeza que Ele possui um poder imenso. É que temos ganhado do Senhor uma consciência clara. quer aceitem os carismas. Amém! Quanto à Eucaristia. O Senhor tem também reavivado entre nós o Sacramento da ordem. do poder do Espírito Santo. Esse poder é colocado em ação concretamente na história humana. Basta que nos deixemos conduzir por Ele. tangível. como é o caso de Ciro. b. Na Bíblia existem exemplos da ação do Espírito Santo em pessoas que não possuíam afinidade com a Revelação. bem participadas. pois com ela o Espírito do Senhor nos tem dado uma convicção nunca dantes experimentada. a respeito de nossa salvação por meio de Jesus. por vezes a comoção leva alguns às lágrimas. a serviço do seu povo. Muitos jovens desejam ser um dos ungidos que o Senhor consagra para 32 ser sacerdote do Deus Altíssimo. Em muitos fatos podemos perceber – “ver” – a ação de Deus.49-52. o Deus que adoramos sem nos cansar.5) Consciência do poder e da ação do Espírito Santo O Espírito Santo age em todos os cristãos. Junto com essa convicção Ele nos dá muita paz interior. que é o Sacramento do serviço. comunitário e universal. Melhor ainda é a consciência de que temos um Pai que nos ama incondicionalmente. No entanto. que em determinado momento histórico torna-se instrumento de Iahweh para o bem do povo eleito. Assim. que realmente SÃO filhos de Deus. sentimos – experimentamos – que somos filhos dEle. Não afirmamos que com outras espiritualidades isso não aconteça. ao ganharem a consciência do SABER. E onde a Renovação tem liberdade para se expressar. estamos em suas mãos. com ambiente de fé e amor. Noutros acontecimentos o Senhor simplesmente nos dá uma convicção interior de sua mão operando na história. Muitas vezes nos confessamos com padres diferentes. É muito bom olhar para si mesmo e ter convicção de que não se está perdido e que e-x-i-s-t-e r-e-a-l-m-e-n-t-e u-m-a E–S–P–E–R–A– N–Ç–A. E ainda melhor é ter certeza que este Pai é um Deus. Em João 11. Para alguns demora um pouco mais. não falamos só desse saber. e o número de participantes vem aumentando. há décadas que muitos de nós participamos de missas diariamente. nas entranhas profundas do nosso ser. para não sobrecarregar aqueles que já sabemos serem muito ocupados. Sabem também de sua misteriosa ação em nosso mundo. a partir de nossas famílias. b. Simultaneamente à aceitação incondicional da purificação dos nossos pecados e da correspondente salvação. Em relação à crisma. sem nos saciar. e tudo o que nos pertence. Isso nos leva a aceitar incondicionalmente o perdão de nossos pecados e nossa salvação e purificação mediante o sacrifício de nosso Senhor Jesus Cristo. a nível profundo. nosso Senhor. Para nós a família é instituição divina e sagrada. muitas vezes imediatamente após. Fl 2. Não há como negar que têm aumentado as filas dos confessionários. bem como para desvendarmos o fenômeno espiritual conhecido por Renovação Carismática Católica. do centro da espiritualidade da Renovação. suster. São eles: Tertuliano (no período em que foi católico). e particularmente no conhecimento progressivo da Pessoa do Espírito Santo e em sua ação insubstituível e ininterrupta na Igreja e em cada um de nós.85 Ele nos fornece boa fundamentação teológica. Filoxeno. Gregório de Nazianzo. por causa de nossa prática carismática. Op. extraídos dos seus parágrafos treze e dezoito: “A base Renovação é trinitária (. em nível ideal é o que buscamos sofregamente. Quando nos olham podem dizer que não somos do movimento de CEBs. Estamos numa cultura que prima pelo individualismo e pela liberdade absoluta. bispos e prelados. Esta Assembléia Episcopal Latino-Americana desenvolveu temas importantíssimos para a Renovação Pentecostal. realizouse o Encontro Latino-Americano para estudar a Renovação Carismática Católica. 3. Este capítulo começa com o parágrafo treze e termina com o quarenta e dois. encontristas..7) Prática dos carismas: distintivo de nossa espiritualidade A prática dos carismas tem sido a nossa marca. Eis dois exemplos. Isto é um fato.” A Comissão de Serviço Nacional da Renovação Carismática Católica dos Estados Unidos da América convocou uma reunião da “Conferência do Coração da Igreja de teólogos e líderes pastorais”. nem cursilhistas. dentre os santos Padres. Hilário de Poitiers. Este assunto foi analisado no capítulo sobre a Ofensiva Nacional quando se expôs o princípio da identidade.submeter a outrem. Bom seria que todas as outras espiritualidades também os praticassem. cujo requisito mais importante é a fé. João Crisóstomo. Severo de Antioquia e José Hazaia. cit. a) Fundamentos relativos à nossa 33 Literatura variada vem oferecendo fundamentos teológicos à Renovação. a começar das raízes. Gostaríamos que agora você se sentisse nosso convidado especial para juntos descobrirmos tesouros vivificantes que têm estado ocultos no fértil solo de nossa espiritualidade. Para resolver tais problemas o Senhor nos tem feito passar por um aprendizado simples. capítulo I. base. segurar. portanto. na época Bispo de Santos. que pode ser compreendido e praticado por todos. Cirilo de Jerusalém. alicerce.. isto é.) teológica da essencialmente A grande fundamentação teológica da Renovação espiritual carismática está. Dom Davi Picão. Dele participaram cento e nove arcebispos. mesmo que esta pessoa seja o Espírito Santo. Esta comissão se reuniu com as bênçãos e os incentivos da Comissão Ad Hoc dos Bispos da Renovação Carismática dos Estados Unidos e examinou também as evidências bíblicas do batismo no Espírito Santo. Este tema merecerá melhor análise oportunamente. É por este motivo que esta prática dos carismas acabou se tornando o elemento que distingue nossa espiritualidade das demais. veremos que a fundamentação teológica da Renovação se encontra na vida de Jesus de Nazaré e na vida da Igreja Primitiva e que. Teodoreto de Cirro. caso fosse necessário alguma distinção. por isso. cujo capítulo primeiro é dedicado à fundamentação teológica da Renovação. vicentinos ou catecúmenos. portanto. mediante a investigação dos seus fundamentos e de sua maneira de ser Igreja.. Tratou. decorre necessariamente da práxis do Filho do Homem e de sua Igreja. Nele a Renovação encontra fundamentos seguros. sustentação radical. que foi organizado por espiritualidade 85 DOCUMENTO La Ceja. Basílio. ainda que tivéssemos que garimpar outras características para nos distinguir. que estão relatados em documento. João de Apaméia. As pessoas de outras espiritualidades nos chamam de “carismáticos” exatamente por causa dos carismas que praticamos. entre os quais havia um brasileiro. utilizando as ferramentas e os princípios oferecidos pela Teologia. que representam toda a cultura cristã da época. FUNDAMENTAÇÃO TEOLÓGICA DA RCC Lembrando que fundamentação é o ato de fundamentar e que fundamentar é colocar fundamento. Eram latinos. . no Mistério Trinitário. b. desde a sua fundação até os dias de hoje. Ainda que liberdade desenfreada seja impossível. Estudaram na ocasião onze autores. gregos e sírios e ocupavam quase toda a costa do Mediterrâneo. Hoje é particularmente difícil para nós nos submetermos a qualquer pessoa. berço cultural da antigüidade. A essa dificuldade acrescente-se o fato de não vermos o Espírito Santo para recebermos sua orientação. De primeiro a quatro de setembro de um mil novecentos e oitenta e sete. Suas conclusões foram reunidas em um documento cujo nome é “Avivar a Chama”. “para examinar as conseqüências pastorais da evidência procedente dos primeiros autores pós-bíblicos de que o Batismo no Espírito Santo é parte integrante da iniciação cristã e é normativo”. O Espírito chama cada um de nós em particular e a Igreja como um todo. o Reino anunciado por Cristo está aberto aos que crêem nele. considerando que a fundamentação geral da Renovação já está bem feita por vários autores e até por documentos emanados de autoridades eclesiásticas. tem suscitado uma espiritualidade capaz de nos dar vida em abundância. segundo o modelo de Maria e os Apóstolos reunidos. A partir deste dia. Corpo Místico de Cristo. todos são chamados a avivar a chama do dom do Espírito Santo recebido nos sacramentos de iniciação. Mas no Espírito Santo: o cosmo se reanima e geme com as dores de nascimento do reino. Cristo fica no passado.86 Killian McDonnell e George T. inclusive como movimento eclesial. continuaremos abordando aspectos mais específicos de nossa espiritualidade. pois dEla vem e para Ela se destina. Neste documento encontramos alicerce seguro para o batismo no Espírito Santo. a ação humana é divinizada. vida espiritual. na humildade da carne e da fé. eles participam já da Comunhão da Santíssima Trindade. a Igreja é mera instituição. é. a missão é um Pentecostes. para cada pessoa ela começa quando se faz a experiência de Pentecostes. pelo menos. adorá-la. de volta ao Pai (Metropolitas Ignatios of Latakia. Entretanto. Esta missão tem sua origem no Pai estendendo-se por meio do Filho no Espírito. E mais: cultiva-se na Renovação a busca da plenitude do Espírito Santo. o Cristo ali está. sigamos também o Espírito’ (Gal 5. o tempo da Igreja. o Evangelho é o poder da vida. o Reino já recebido em herança. a autoridade é um serviço de libertação. ou. Leia-se abaixo o seu final: “‘Se vivemos pelo Espírito. breve análise do nosso relacionamento com a Santíssima Trindade. sacramentos da iniciação cristã. desde os tempos apostólicos. ‘Palestra sobre o tema principal’. a liturgia nada mais que uma evocação. Montague . a liturgia é momento comemorativo e também antecipação. Relatório Uppsala 1968” (Genebra: WCC. em 1992 34 carismas necessários para a edificação da Igreja e para nossa missão no mundo. servir-lhe. questão de propaganda. 298). para aceitar e abraçar o Batismo no Espírito Santo como o poder de transformação pessoal e comunitária. recebemos o Espírito celeste. É oportuno lembrar a análise feita acima e acentuar que o fundamento da espiritualidade carismática é a Santíssima Trindade. Ele. nem tampouco somente regra litúrgica. para tocar e transformar a Igreja e o mundo e guiá-los no Espírito por meio de Cristo. . em destaque. Como a Renovação é parcela da Igreja. mas ela exige uma resposta pessoal de contínua conversão à Autoridade de Jesus Cristo e receptividade à presença e ao poder transformadores do Espírito Santo. Para nós. em vivência. não é simplesmente norma de moral religiosa. o nosso Movimento também estará. temos comprovado por fatos. a Igreja manifesta a vida da Trindade. atingindo. bem como para sua ligação direta com o batismo sacramental e a Crisma. é o Espírito Santo. tendo em vista que é Ela nosso primeiro e principal fundamento. Inegavelmente a alma da igreja. a missão. o modo de viver cristão. em outras palavras. o Evangelho é letra morta. O desafio está diante de nós e as suas conseqüências são claras: Sem o Espírito Santo. virtude de escravos. encontramos a verdadeira fé: adoramos a Trindade indivisível. assim como um deixar-se conduzir por Ele. a docilidade a Ele. Em conclusão. Pela sua vinda – e ela não cessa – o Espírito Santo faz o mundo entrar nos ‘últimos tempos’. A espiritualidade carismática. relacionar-se com a Santíssima Trindade. Deus se afasta. Trindade Una. mas ainda não consumado: Vimos a verdadeira Luz. Somente no Espírito a Igreja será capaz de satisfazer suas necessidades pastorais e as necessidades do mundo. como alma. Portanto. o âmago do nosso Deus. Entretanto faremos. 1969 p. um jeito de ser Igreja. necessariamente sua alma é também o Espírito Santo. antes de tudo. pois se esta estiver bem alicerçada. com todas as graças e 86 traduzido por Barbara Theoto Lambert e publicado no Brasil pela “Edições Loyola”. é uma graça comunitária. Deus nos dá livremente esta graça. a autoridade é questão de prepotência.25). “Neste dia é revelada plenamente a Santíssima Trindade. é. Aleluia! Mas os fundamentos teológicos não param por aí. conforme sua pregação inaugural consignada em Atos 2. meu senhor. Desde o dia do primeiro Pentecostes cristão estamos vivendo o kairós –  – o tempo da graça. Senhor. embora sem expressarem uma só palavra sobre a graça que receberam. Limitar sua aplicação aos tempos neotestamentários é cercear o incerceável.’ Josué. se lermos a Revelação escrita. Mas para afirmar isso deveríamos esquecer o que Jesus disse: “Meu Pai trabalha até agora e eu trabalho também” (Jo 5. Catecismo Católica. tomou a palavra e disse: ‘Moisés. Contudo extraíremos somente o essencial para o nosso tema. profetizaram.29 é um dos frutos do Espírito Santo que ocorre em ambientes encharcados de sua presença. Quando o Espírito repousou sobre eles. descobriremos a riqueza carismática a partir do movimento profético de Israel. Tal interpretação é do príncipe dos Apóstolos e primeiro Papa.1-2). A fundamentação de nossa espiritualidade é tão vasta que a encontramos desde o Velho Testamento. Segundo a interpretação da Igreja Primitiva esse tempo é agora. nunca mais o fizeram. Para fins de sistematização. ainda que não tivessem vindo à Tenda. Um jovem correu e foi anunciar a Moisés: ‘Eis que Eldad e Medad’. de um momento para o outro começam a viver o mistério do Deus Trino e Único. Esta é a primeira narração bíblica de uma efusão do Espírito Santo para um considerável número de pessoas. é querer dirigir o Espírito Santo e não ser dirigido por Ele. Pessoas analfabetas “teológicas” e não raro até de instrução formal. cujos representantes eram animados pelo Espírito de Deus. estavam entre os inscritos. Ora. ‘estão profetizando no acampamento. vejamos a seguir outros fundamentos de nossa espiritualidade que se comunicam à Renovação como movimento eclesial. ao revelar seu desejo de nos ver servindo-Lhe mediante os carismas. Em profecia. com os olhos despidos de preconceitos. proíbe-os!’ Respondeu-lhe Moisés: ‘Estás ciumento por minha causa? Oxalá todo o povo de Iahweh fosse profeta. Em seguida reuniu setenta anciãos dentre o povo e os colocou ao redor da Tenda. vossos jovens terão visões. conforme entendido nos dias de hoje. onde a docilidade a Ele chega ao nível da aceitação da prática dos carismas. dando-lhe Iahweh o seu Espírito. 732). Ela prefigura o Pentecostes apostólico e é riquíssima em significado. porém. Nesta profecia o Senhor nos revela não só o seu plano de ter um povo batizado no Espírito Santo e praticante de carismas. Eis a primeira: “Moisés saiu e disse ao povo as palavras de Iahweh. Puseram-se a profetizar no acampamento. pelo simples fato de não dominarem os instrumentos necessários para essa expressão. naqueles dias. O Espírito repousou sobre eles.pois foi (Liturgia vésperas da Igreja ela quem nos salvou” Bizantina. selecionamos duas passagens que conservam.’ A seguir Moisés voltou ao 35 acampamento e com ele os anciãos de Israel” (Nm 11. além do profetismo israelita. senão a carismática. A espiritualidade que anima estes ambientes não é outra. A vontade de Deus é tão clara nesta passagem. que desde a juventude servia a Moisés. como. Com efeito. Para ilustrar nossa afirmação. Eles estão entremeados em todo este módulo de estudo. derramarei o meu espírito sobre toda a carne. Mesmo sobre os escravos e sobre as escravas. Iahweh desceu na Nuvem. Falou-lhe e tomou do Espírito que repousava sobre ele e o colocou nos setenta anciãos. mas nos diz claramente que Ele fará isso. derramarei o meu espírito” (Joel 3. dando-lhe Iahweh o seu Espírito”. b) Fundamentos relativos à práxis de Jesus . todo o povo do Senhor sabe que a profecia mencionada em Nm 11.17). pela boca de Moisés. que para não enxergá-la dever-se-á interpretá-la de forma torcida. filho de Num. Deus os quer dotados de carismas e praticantes dos mesmos. Eis a segunda passagem: “Depois disto. 24-30). as promessas de um dia em que todos seriam batizados no Espírito Santo.17-18. por exemplo. Aqui. Vossos filhos e vossas filhas profetizarão. Tropário das de Pentecostes. o Senhor nos revela o seu plano: “Oxalá todo o povo de Iahweh fosse profeta. o tempo do Espírito Santo. disse ele. somente privilegiamos alguns aspectos.” Dois homens haviam permanecido no acampamento: um deles se chamava Eldad e outro Medad. imaginando que aquilo era só para os tempos antigos. Só nos resta dizer: Amém. É indescritivelmente maravilhoso o que temos visto em nosso meio acerca da Santíssima Trindade. Os anciãos são os que conduzem o povo do Senhor. envolvendo todos os temas analisados. vossos anciãos terão sonhos. dependente do Espírito Santo. 727 102Cf. em comunhão com o Pai.103 fonte de todos os carismas. vivendo totalmente como ser humano. porque Deus estava com Ele”. humanamente. foi ungido pelo Espírito Santo. injustiças e sofrimentos a que o submeteram. estava ungindo o Filho.6 101Cf. Lc 1.12. 690 88 Cf. 486 91 Cf. Mt 3. Catec.b. quando realizava a formação dos discípulos. Em outra oportunidade.21 99 Cf.1) Jesus pleno do Espírito Santo 87 Os Evangelhos testemunham com clareza que Jesus era pleno do Espírito Santo. sem nada fazer.93 Por isso permaneceram em Jerusalém após a ascensão do Senhor. Catec. Lc 4.197 Ele aparece conduzido pelo Espírito Santo. o Espírito.96 87 Cf.35. 91 portanto maior plenitude do que esta não poderá haver. Os dois agiam juntos. pois se agisse somente como Deus não precisaria de carismas.11 97 Ver também Mc 1.18 95 Cf. 27.38-42. Receberam também este ensinamento do próprio Mestre.21-22.13. 102 E sua missão era dificílima e impossível para um ser humano. do seu batismo e do início de seu ministério.35.18. do nascimento e do desenvolvimento de João Batista e de Jesus. com a mesma plenitude. que Ele. 727 92 Cf. logo após avaliarem uma missão que efetuaram. Catec. É um mistério que nos permite concluir que tantas manifestações do Espírito Santo na vida de Jesus 95 foram para demonstrar aos discípulos que Ele era conduzido pelo Espírito de Deus e para ensinar-lhes que também eles deveriam ser.101 Jesus.88 Eles marcam este fato nas narrativas de sua concepção. Mt 26. Catec. para a mesma comunhão. Jesus ensina com obras e palavras. quando Jesus foi acusado pelos fariseus de expulsar um demônio por meio do príncipe dos demônios. Por isso faremos agora uma incursão na Doutrina da Igreja no que diz respeito à sua condição humana. de outras pessoas da comunidade que conheciam as circunstâncias da concepção.52-53. com as seguintes palavras: “Vós sabeis como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com o poder. Assim também ensina a Igreja. entretanto quem o conduzia neste mundo era o Espírito Santo. 4. já que não se prevaleceu de sua condição divina para se livrar das humilhações. b.98 Noutro dia. 3.38. Ainda mais: o próprio Messias marcou este fato no início do seu ministério. no batismo de Jesus.25-38. 2. Catec.3) Prática dos carismas no ministério terreno de Jesus A presença dos carismas no ministério de Jesus está ligada à sua condição humana. a não ser orar e esperar. Ele se defendeu esclarecendo que o fazia pelo Espírito de Deus. mas nem por isso Ele dizia que era conduzido pelo Pai. é sobre o motivo pelo qual foi demonstrado pelo Espírito Santo. Mt 12.42-45.6-8 . portanto.14-21. Catec.92 Com certeza Jesus fez os discípulos compreenderem que Ele viveu. “Jesus exultou de alegria no Espírito Santo” (Lc 10. Catec.28 100Cf. 94 Jesus e o Pai eram – e são – Um. obedecendo. Mt 4.18 e Catec.1 36 Entre a formação catequética dos discípulos estava o ensinamento de que Jesus foi gerado pelo Espírito Santo e conduzido por Ele. Para que cumprisse sua missão em condição humana. seria Ele mesmo o próprio Dom. Fl 2. Lc 4. Fl 2.99 Se não bastasse a clareza solar do testemunho evangélico para entendermos que Jesus foi sempre conduzido pelo Espírito Santo. Lc 4. não se prevaleceu de sua condição divina para cumprir sua missão aqui na terra. Ao inaugurar seu ministério em Nazaré. como está anotado em Atos 10.2) Jesus conduzido pelo Espírito Santo Uma indagação que surge naturalmente ao meditar sobre mais este mistério da vida de Jesus Messias. sendo Deus. Ele deveria nos ensinar a viver e a evangelizar como filhos de Deus. esclarece que está sob a unção do mesmo Espírito. 96 Cf. Mc 13. Em Atos 1. Isso é o que se deduz do ensinamento da Igreja quando diz que a missão do Espírito era conjugada com a missão do Filho. 536 94 Cf. até que recebessem o mesmo Espírito. Lc 4. 486 90 Cf. 536 89 Cf. textualmente.1 98 Cf. 485 e 727 93 Cf. Os Evangelistas recolheram este dado em algumas passagens. com sua vida. Foi realmente um grande desafio.21). a fórmula divina capaz de lhe facultar o poder e a autoridade que tinha sem se prevalecer de sua condição de Deus.2 Ele instrui os Apóstolos pelo Espírito Santo. E tudo isso sem usar suas prerrogativas de Deus e sem deixar de ser Deus.40. 89 A compreensão que o Senhor deu aos discípulos a respeito de sua plenitude do Espírito Santo foi tão profunda que após sua ascensão eles continuaram falando sobre ela quando precisaram explicar as ações do Mestre. como realmente ensinou. Ao Pai Ele obedecia. Eles a receberam por meio do testemunho de Maria. a relação de Jesus com o Espírito Santo era de comunhão. Em Mateus 4. Lc 1. 100 culminando com sua morte na cruz? b.90 Em sua vida terrena. como ele andou fazendo o bem e curando todos os oprimidos por Satanás.em perfeita obediência ao Pai e. tendo ainda que morrer crucificado para remir nossos pecados. poderíamos indagar de que outra forma Ele poderia fazer tudo o que fez. passou pelas mesmas provações que nós.14-21). devido à sua condição humana. Eis alguns exemplos: “Jesus perdoou como perdoou. pois se fosse exclusivamente como Deus não existiria carisma do Espírito Santo em seu ministério. portanto. Mt 4. sem jamais perder essa natureza. como poderia nos ter ensinado a sermos filhos de Deus em plenitude. pois o próprio Deus estaria agindo pessoalmente. Jesus aqui na terra. Esse esmorecimento no testemunho imitativo de Jesus se dá de maneira tão sutil que muitos nem a percebem. suportou o sacrifício na cruz. que a descida do Espírito Santo sobre Ele teria sido só para atestar sua divindade e que na perícope de Lucas 4. até parece soar mal ao nosso espírito dizer que Jesus foi nesta terra um verdadeiro ser humano. Jesus é o maior dos carismas. mas não é só isso. poderia ter usado prerrogativas divinas para realizar seus grandes feitos. De maneira prática não há como dissociar estas duas realidades sem danos para a fé.” que Jesus leu e aplicou a si mesmo ( Lc 4. ou se agiu com poder próprio. Todo o seu ser é o carisma destinado a cada filho e filha de Deus. Mas. A ação pessoal de Deus dispensaria a mediação carismática.107 Claro que se Ele quisesse. de que Ele. sem deixar de ser Deus. entenderemos a dimensão carismática de sua vida. estava condicionado às limitadas capacidades humanas. e morte de cruz” (Fl 2. Suportou todo o sofrimento e realizou toda sua obra como Deus e porque era Deus. da encarnação até a morte. tudo no amor e na graça. não é menos certo que como homem estava ungido pelo Espírito Santo e dotado de todos os carismas. Agora podemos afirmar que tal como o Espírito Santo. seria entender que Jesus realizou milagres porque era Deus. perdemos o sentido da relação de Jesus histórico com o Espírito Santo e. por conseguinte.17-18).Já aprendemos que o Espírito Santo é o verdadeiro Dom de Deus. Ele próprio é o grande carisma que o Pai doou à humanidade. sem se desesperar. humilhou-se ainda mais. Jo 5. o que foi e como foi. pelo Espírito Santo. sendo exteriormente reconhecido como homem. O Magistério da Igreja batismo de Jesus seria uma mera formalidade para se cumprir um rito da época. 107Cf. mas aniquilou-se a si mesmo. Com este poder realizava prodígios. suportou perseguições atrozes. pois sempre teríamos à nossa frente a idéia de que Ele fora aqui na terra. porque me ungiu. para ser perfeito em tudo como foi. Isso nos leva a concluir que se aceitarmos a humanidade do Filho do Homem. Este silêncio. “E. 104 Estas são apenas algumas das obras que o Pai lhe confiou. De que outra forma se explicariam seus atos sobre-humanos sem ter se socorrido de sua condição de Deus? De que outro modo se entenderia a presença do Espírito em sua vida. sem o exercício da razão e da fé. exorcismos. ter exercido seu ministério por meio dos carismas prometidos por Ele mesmo aos que cressem (cf. em tudo foi homem. por ser Deus. dependeu do Espírito Santo. só por causa da sua divindade. e como tal viveu. pouco ou nada se considerou sobre o fato de Jesus. Ele manifestou em seu ministério inúmeros carismas. não se prevaleceu de sua igualdade com Deus. por meio do Espírito Santo. sem se revoltar. vivendo como homem. Se é correto que Jesus realizou suas obras miraculosas por poder próprio.28. 15 e At 10.1 . multiplicação de pães e peixes. milagres. assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens” (conforme Hb 4.21). sabemos de seus próprios lábios que Ele era ungido pelo Espírito. mesmo em corpo de homem. L 4. Mais: por saber que Ele é realmente Deus. porque o poder do Espírito também lhe pertence.6-8). Será verdade? De fato Ele veio a este mundo porque era e é Deus. Tem-se a impressão de que alguém nos ensinou – sem dizer uma palavra ou sem esboçar um só gesto – que o 37 dos estudiosos do nosso tempo sobre assunto tão importante. obedeceu ao Pai de forma perfeita. tornando-se obediente até a morte. E como um excelente carisma. deixar de ser Deus. posto que é Deus e não deixou de sê-lo. Mc 16. Esta pergunta é pertinente para esta reflexão. então. Ora. ninguém duvida de que Ele seja dotado de todos os carismas imagináveis. conduzindo-O?. com exceção do pecado). Lc 4. ainda arrefece o ânimo de muitos cristãos no que diz respeito a sermos imitadores de Cristo. O carisma é uma forma de Deus agir por meio de seres humanos que se colocam à sua disposição. quase naturalmente se aceita a idéia. De qualquer modo.34-43 105Cf. Por isso “Sendo ele de condição divina.15. só porque era Deus”. E é verdade.16-21 104Cf. tais como: curas.36 106 Nos tempos anteriores ao Concílio Vaticano II – e por que não dizer até os dias de hoje? – talvez por causa da facilidade de ver a divindade de Jesus e também pela dificuldade de por em prática o dado da Revelação sobre sua vida terrena sem se valer de sua condição divina. Para cumprir sua missão Jesus recebeu do Pai. Mt 14. Pelo que se vê na Sagrada Escritura e na Doutrina da Igreja. deixamos escapar a visão dos carismas em sua vida pública. não foi sequer cheio do Espírito Santo e muito menos dotado de seus dons. Pelo simples fato de Jesus ser Deus. menos no pecado. Mt 12. agindo pelo poder do Espírito Santo. todo o poder necessário. sem.105 Jesus realizou prodígios como Deus ou como ser humano? À primeira vista a resposta mais simples seria dizer que foi como Deus. Mas não podemos ficar enganados. Porém enquanto aqui viveu. mesmo sendo humanos? Não poderia. os sinais dessa mornidão existem e povoam nossas mentes em forma de preconceitos. empobrecendo sobremaneira a dimensão carismática do seu ministério. A ambigüidade de entendimento fica por conta de saber se Ele os empregou.14-30 não se deveria dar atenção a um versículo do Livro de Isaías que diz: “O Espírito do Senhor está sobre mim. além de obscurecer a magnitude Pneumatológica da vida terrena de Jesus.106 Mas pelo silêncio 103Cf. portanto pleno dEle (cf. contudo. consubstancial a nós segundo a humanidade. consubstancial ao Pai segundo a divindade. no ano de 451. Nosso Senhor Jesus Cristo. 464469). se tornou homem”. Ao contemplar este mistério. Tudo o que Jesus fez. Um da Trindade“. desde sua concepção até sua morte de cruz. 109 isto é. 6-8 110 Cf. que “na humanidade de Cristo.7-42 111 Cf. se for necessário pender para uma delas. Mt 27. Por fim.. tudo deve ser atribuído à sua pessoa divina como ao sujeito próprio. analisaremos esta questão sinteticamente. Redentor e Mestre da humanidade. Senhor da glória e Um da Santíssima Trindade’”. Entretanto estas mesmas pessoas encontram barreiras intransponíveis para suas próprias inteligências quando tentam se achegar ao mesmo Cristo para acolhê-lho como ser humano. mas sempre lembrando que ambas são inseparáveis. as pessoas de fé não têm dificuldade em se aproximar de Jesus para aceitá-lo e adorá-lo como Deus. A aceitação deste dado foi o primeiro problema realmente sério que se colocou perante a Igreja. em seu número 468. foi como verdadeiro Deus e verdadeiro homem. no ano de 553.108 É nesta linha que vemos os carismas. naquilo que no momento nos interessa. no ano 325. assentou-se que “Não há senão uma só hipóstase [ou pessoa]. composto de uma alma racional e de um corpo. Aqui se vê claramente a importância da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade na missão do Filho. está uma das questões mais espinhosas que a Igreja enfrentou durante alguns séculos. perderemos a riqueza de sua vida humana conduzida pelo Espírito Santo. tudo deve ser atribuído à sua pessoa divina como ao sujeito próprio. cuja operação se dá por meio de carismas. mais sublimes e que mais demonstram o amor de Deus por nós. em outro Concílio Ecumênico. multiplicação de pães e peixes e tudo o mais. Trata-se de aceitar equilibradamente Jesus verdadeiro Deus e verdadeiro homem. No III Concílio Ecumênico de Éfeso. Com a encarnação Jesus se tornou verdadeiro homem. ensinamos unanimemente a confessar um só e mesmo Filho. Catec. Por isso podemos afirmar que um dos dados da 38 Sem almejar a solução de todos os problemas que tal assunto suscita. enquanto Salvador. portanto. é que Ele conseguiu não se prevalecer de sua divindade para realizar sua missão. como homem – o homem por si só não tem nenhum poder – a realização dos prodígios repousa sobre o Espírito Santo. e até a morte”. sendo verdadeiro Deus e verdadeiro homem. empobrecendo assim um dos dados mais importantes. Mas é impossível compreender com um pouco mais de profundidade a relação de Jesus com o Espírito Santo.formulou que “na humanidade de Cristo. com exceção do pecado” (Hb 4.40 112 Cremos que na raiz do problema da aceitação prática – em nível pastoral – dos carismas na vida de Jesus. ‘semelhante a nós em tudo. Mas. 468 109 Cf. em detrimento da sua humanidade. . sempre que se debateu a divindade de Jesus em relação à sua humanidade. Coube ao IV Concílio Ecumênico. Este mistério extrapola a inteligência humana. Doutrinariamente a solução já foi dada há mais de mil anos. Revelação que muito desafia a inteligência humana é a encarnação da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. exorcismos. é verdadeiro Deus. desta vez reunido em Constantinopla. exatamente por ser Deus. milagres. produzindo a confissão de que “o Verbo. ou vice-versa. despojando-o de sua humanidade. que seja para a divindade.112 108 Catec. Sua solução começou no Primeiro Concílio Ecumênico de Nicéia. em 431. Conclui o nosso Catecismo (da Igreja Católica).110 passando pelos milagres e chegando à crucificação111 e à morte na cruz. E se Ele não se valeu de sua condição divina.1-3). o mesmo perfeito em divindade e perfeito em humanidade. mas também os sofrimentos. desde a evangelização de uma só pessoa. portanto. Jo 4. enquanto viveu como o carpinteiro de Nazaré ou o pregador da Galiléia. afirmar: “Na linha dos santos Padres. Essa tendência gerou mais de uma heresia (cf. agindo. O certo é que. Fl 2. e até a morte: ‘Aquele que foi crucificado na carne. Entretanto. unindo a si na sua pessoa uma carne animada por uma alma racional. a balança sempre pende para o lado da divindade de Jesus. uma vez que isso não acarreta danos irreparáveis à salvação. Isto até parece ferir o coração de algumas mais “espiritualizadas”. mas também os sofrimentos. Até certo ponto. incluindo curas.15). realizado em Calcedônia. mesmo antes do período subapostólico (cf. deu-se mais um passo. I Jo 4. Mas em qual medida Ele agiu como Deus? Em qual proporção Ele operou como Homem? A Igreja já respondeu: Ele foi cem por cento homem e cem por cento Deus. Não estamos afirmando que seja ruim a tendência de enxergar mais a divindade de Jesus e menos sua humanidade. A cristandade precisou de séculos de reflexão para compreender este mistério. portanto. houve uma tendência em privilegiar a sua divindade. sem deixar de ser Deus. que é Nosso Senhor Jesus Cristo. Mas a Revelação nos garante que Ele não se prevaleceu de sua condição divina durante sua vida terrena. onde se colheu a formulação de que Jesus é consubstancial ao Pai. não há como negar que se não buscarmos o equilíbrio entre sua divindade e humanidade. nosso Senhor Jesus Cristo. Não somente os milagres. mas parece que no dia-a-dia das comunidades. o mesmo verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem. que é onde a pastoral deve acontecer. Não somente os milagres. que aconteceu no dia em que ele proclamou: “Tu és o Cristo.3 122 Cf. consubstancial ao Pai.1 119 Cf. Aqui Jesus já era. Conheciam as profecias.16 118 Cf. passando pela boca do anjo Gabriel e pelas teofanias acontecidas no seu batismo. Esta dificuldade de Iscariotes o colocou no prato da balança de quem só via a humanidade de Jesus. No ápice dessas descobertas tiveram que fazer o movimento de volta. era um ser nascido diretamente de Deus. Mt 10.23-30 115 Relacionar-se com Jesus Deus e homem equilibradamente é um desafio para o ser humano. faraós. os discípulos foram sendo esclarecidos. tais como os ídolos. mostra-nos o Pai e isso nos basta. O equilíbrio se consegue com fé madura. os discípulos sabiam que Deus enviaria alguém para salvar Israel. que era. Is 6. mas parecia ter a estatura de Moisés.Os Apóstolos que viveram com Jesus perceberam logo que Ele era um homem extraordinário.. na transfiguração ocorrida no Monte Tabor e na voz do Pai quando respondeu a uma oração do Filho. como a do Monte Tabor. é difícil não pensar que esta traição se deveu ao fato de Judas não ter visto em Jesus o Filho do Deus vivo. Ao verem-no ressuscitado. porque sou um homem pecador (Lc 5. Lembravam-se de que o messias nasceria de uma virgem. Mt 17. gestos e atos de Jesus. Certamente Pedro viu em Jesus um homem santo que trazia em si as bênçãos e o poder do Deus que até então os judeus conheciam. A Palavra diz que eles ficaram assombrados e Pedro chegou a se jogar aos pés de Jesus e pedir: “Retira-te de mim. Respondeu Jesus: Há tanto tempo que estou convosco e não me conheceste. capaz de sofrer e de se angustiar120 e até de morrer. mas que estava ressuscitado em carne.8)”. Senhor. capaz de realizar coisas além das forças humanas. Dos sepulcros da humanidade saltaram para a deidade com as aparições do Ressuscitado. Não deve ter sido difícil resgatar do meio do povo o paralelismo entre a gravidez de Isabel e Maria. faltava ainda o melhor: a ressurreição e os ensinamentos de Jesus antes da sua ascensão. eram obrigados a reencontrarem a sua humanidade. ao dizer: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10. Lc 24. Lc 1. Novamente o ciclo de humanidadedivindade se repetiu.119 se defrontarem com a humanidade de Jesus. cuja revelação se iniciou nas profecias do Antigo Testamento. Um deles. a partir do 113 Revelação maior do que esta foi feita somente por Jesus. A ação do Espírito Santo por meio de Jesus tanto aumentou a compreensão dos discípulos que fez de Pedro portador de uma das maiores revelações acerca da Pessoa de Jesus. pois. isto é. 114 agora estava assentada no coração dos discípulos. como a deles. Mt 17. Por fim descobriram nEle o Filho de Deus. quem sabe. a da revelação. Creio que este movimento não seria possível sem as luzes e os auxílios da graça. pela cruz. o entregou à morte. imperadores. 117 em contraposição aos “deuses” humanos. Como todo judeu. um espírito desconhecido ou.36-50. que começavam a conhecer Jesus. Logo depois pareceu aos seus olhos que era um profeta. Depois descobriram que não era um profeta comum. 39 testemunho dos profetas iluminado pelas palavras. Como. quando Pedro e seus companheiros. ou seja.113 Com essa revelação mereceu o título de bemaventurado dos lábios do próprio Mestre. que não 116 Cf. At 1. Primeiro miravam-no como um simples carpinteiro. se espantaram com uma pesca milagrosa comandada pelo Mestre. O movimento continuou.1-13 120 Cf. porém é lícito seguir a mesma metodologia utilizada pelo Pai para formar o Povo de Israel. Se pelos prodígios e teofanias acolheram a revelação de sua divindade.35 117 Cf. 122 Novamente Jesus interveio para lhes provar que Ele estava ressuscitado mesmo. os reis. dizes: Mostra-nos o Pai. Esta era a virgem.115 O testemunho dos Evangelhos não detalha a forma empregada por Jesus para instruir os Apóstolos sobre suas naturezas divina e humana. Vemos isso dramatizado no capítulo cinco de São Lucas.121 Assim.30) e neste diálogo com Filipe: “Disse-lhe Filipe: Senhor. Lc 22.16). Então a filiação divina de Jesus. como fato.39-44 121 Cf. que Ele era Deus tanto quanto o Pai. É que Ele podia ser um anjo. 114 Cf. na compreensão dos Apóstolos o ungido por Deus para a salvação do povo de Israel. Mesmo entre os primeiros escolhidos pelo Mestre havia quem só conseguia vê-lo como homem. Filipe! Aquele que me viu. o Filho de Deus vivo” (Mt 16. Mt 16. porém com uma novidade: Ele era o próprio filho de Deus. Elias ou João Batista. 1 e Jo 12. os discípulos do Divino Mestre partiram de sua humanidade para chegar à sua divindade. um ser poderosíssimo que comandara os exércitos de Israel em muitas oportunidades e por várias vezes os libertara de mãos inimigas. Judas Iscariotes. As ações do Messias eram tão extraordinárias e suas palavras tão poderosas que compreenderam que Ele era mais do que um ser humano. viu também o Pai. donde vem que Ele é Deus. assombraram-se.1-5 . Em termos humanos. Aos poucos.13-31. o Deus vivo de Israel. em evidente desequilíbrio. agora.8-9). a manifestação pura do Deus de Israel que assustava até os maiores profetas.” (Jo 14. 116 logo só poderia ser um filho de Deus. diretamente. É natural pensar que até aqui os discípulos acreditassem que Jesus fazia aqueles milagres e ensinava com autoridade só porque era “O” Filho de Deus e que por ser este Filho é que podia dar-lhes uma parcela do seu poder.118 Assim é que vemos os Apóstolos no auge do sabor destas e outras revelações extraordinárias. A tendência é estar mais para Jesus Deus ou mais para Jesus homem. Felizmente o ciclo da Revelação ainda não estava completo. 7-15 135 Cf. sabia que os discípulos só poderiam levar avante o seu mister se também agissem sob a mesma unção. Catec. At 1. 15 a 18. conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem (At 2. que desde tempos remotos prometera um salvador.36-44.125 Jesus encontrou o momento de abrir-lhes o entendimento para que compreendessem as escrituras126 e. que viera havia tempo e convivera com os discípulos manifestava-lhes a sua glória. Mas Jesus não a realizou sozinho. recebendo o Fogo que guiou o povo na travessia do deserto. Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas. dóceis ao Espírito Santo. 16.37-39. 136 a Água Viva que sacia a sede que o homem tem de Deus. Ele agir pelo Espírito Santo e ter vivido.21-22 134 Cf.44). Jo 20. Grande dia! Tudo estava realmente completo. emanou do fato de não haver Ele se valido de sua condição divina durante sua vida terrena. pp. até que sejais revestidos da força do alto.14 137 Cf. 132 Pronto.123 Agora estava tudo claro: misteriosamente Jesus era para eles verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Lc 3. Jo 1. 14. Para Ele “O discípulo não é superior ao mestre. Dentro do seu ensinamento está sua relação com o Espírito Santo. E para que seus discípulos fossem como Ele e reproduzissem no mundo suas ações. estava confirmado com a Ressurreição do Filho do Homem. 14. os prodígios e a unção do Espírito137 as dissipam. O Enviado do Pai terminou sua missão. como por exemplo. GRASSO. isto é.27 138 Cf. Jo 16.130 Ele que viveu sob a unção do Espírito. 690 131 Cf.33. se bem que não precisasse mais dos nossos alimentos. agora “corpo espiritual” (cf. At 1. estavam todos reunidos no mesmo lugar. Para isso até comeu com Eles.desejava se separar de sua humanidade. entretanto. e encheu toda a casa onde estavam sentados.8 . continuou com a convivência do discipulado 133 e com as palavras que ouviram. 1ª Jo 2.36-44 126 Cf. da concepção até a morte na cruz. Não há lugar para dúvidas. De mais a mais.131 Durante três anos o Mestre preparou os discípulos para o batismo no Espírito Santo preparação que começou 123 Cf. experimentá-lo e testemunhá-lo.127 e que o Espírito Santo atuava no Ungido do Pai por meio de graças que no ministério Paulino foram chamadas carismas. no exato momento em que a primeira Língua de Fogo tocou Pedro. Decápole.8a).21. 535 130 Cf. as espetaculares revelações. Mt 3. que eles viram desde os tempos de Nazaré. 7. revelando insistentemente 129 aos discípulos que era pleno do Espírito. veio do céu um ruído. os enviou como o Pai O enviara.40). que não seja o desejo de demonstrar-lhes como se deve desenvolver uma boa e frutuosa ação pastoral. 1ª Cor 15. Cafarnaum. que agia por Ele e por Ele era conduzido.28 40 efetivamente com a pregação do precursor. 16.14-15 136 Cf. temos que o uso dos carismas na pastoral efetuada por Jesus é realidade inquestionável e sua necessidade decorreu diretamente da sua condição humana ou.45 127 Cf. 689. Lc 24. O Messias. com toda a profusão de carismas. b. 1ª Jo 4. “chegando o dia de Pentecostes. embora dela pudesse ter se socorrido. não se vê nada relevante que anule ou diminua o entendimento no sentido de ver na intenção de Jesus. Jo 20. Jo 3.7-10. 535. lógico. ferramentas necessárias para a construção do Edifício Espiritual que começou a ser feito há apenas alguns instantes. cheio do Espírito Santo. Lc 24.134 culminou com a solene promessa de Jesus: “Eu vos mandarei o Prometido de meu Pai. tudo o que Ele próprio havia ensinado. Os discípulos estão realmente batizados no Espírito Santo.138 128 Cf. dito de outra forma. permanecei na cidade.4) Jesus batiza os discípulos no Espírito Santo A missão de Jesus era a missão do Pai. Mt 12.20. inclusive a divindade do Ungido. Catec. Betânia. mas todo discípulo perfeito será como o seu mestre” (Lc 6. tudo enfim. se o quisesse.24. Cabe agora acolher mais este dado da Revelação. agiu em perfeita colaboração com o Espírito Santo.21-22 132 Cf.5-8.128 Assim. 129 Cf.9 124 Cf. Enfim.1-3 125 Cf.8.1 Cor 12. Antes se tornara Mestre para instruí-los em tudo que precisavam para que fossem servidores da Obra de Salvação. Domenico.124 Com o fato da sua ressurreição e com as dúvidas dos discípulos dissipadas. Para os discípulos não era nenhum espanto saber que Jesus agia pelo Espírito Santo. Lc 24. conforme as promessas bíblicas. como se soprasse um vento impetuoso.26.16-17. 485. como o Pai e o Filho planejaram. como homem. Se entendêssemos de outro modo estaríamos anulando importantes dados da Revelação. Descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará força” (Lc 24. mesmo sem deixar de ser Deus.1-4)”. Mc 1. Los Carismas en la Iglesia: Teologia e História. Êx 13. Jo 21. 135 Os grandes ensinamentos. sua Ascensão e a vinda do Espírito. De repente. Nm 14.49.11 133 Cf. Agora a Obra repousa sobre os ombros de suas testemunhas que há poucos instantes foram batizadas no Espírito Santo. Apareceulhes então uma espécie de línguas de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Estes sinais foram descritos com riqueza de detalhes no livro dos Atos dos Apóstolos. 153Ibid. nossa espiritualidade já foi fundamentada suficientemente na Revelação Bíblica.151 Ocorre que. que é o ápice da vivência cristã. Ela é o próprio Jesus. Basta lembrar que Ela. A Bíblia não esclarece como os Apóstolos assimilaram esta promessa. Rm 8.14-16 147 Cf. não ex catedra. por ser batizado em nome do Pai. Esta ordem foi reforçada em Atos 1.33. Ele próprio receberia este batismo.1-2. após o Papa Gregório Magno ter emitido sua opinião.147 dando nascimento à Igreja de Jesus. 152 Domenico Grasso153 informa que os estudiosos após Gregório Magno não se animaram a aprofundar a investigação do tema por terem a opinião do grande Papa como indiscutível.15-17 150 Cf. E assim vai o Espírito Santo se movendo por cada livro. sendo conduzidos pelo Espírito Santo. por circunstâncias teológicas. Naquele período que se convencionou denominar de Igreja Primitiva. É por isso que todo católico. 152Ibid. com base numa explicação de São João Crisóstomo. Ele está conosco na Pessoa do Espírito Santo.20b. vemos concreta e explicitamente uma comunidade carismática sendo conduzida pelo Espírito Santo. que dissipam toda dúvida quanto a uma espiritualidade ser ou não ser marcada pela presença do Espírito Santo. 3-14 149 Cf. atingindo em cheio a patrística – ensinamento dos primeiros padres da Igreja – continuando séculos afora.20 151 GRASSO.. portanto. Catec. e de fato Ele o recebeu141 e aplicou a si mesmo esta passagem de Isaías. nem como ela seria cumprida. Sendo conduzido pelo Espírito Santo. posto que ambos são Um. At 2. Jo 21. passou-se a não valorizar as manifestações sensíveis do Espírito. fundada por Jesus.139 Nos vários tópicos acima. cit. cit. estar-se-á também sendo conduzido por Jesus.146 Em Mateus 28. Mt 28. capítulo e versículo. 1ª Cor 12. registrada em João 1.8. além de sua onipresença. a partir do Século VI. pois resumiremos sua presença na Tradição viva da Igreja. a grande profecia. podemos afirmar que a espiritualidade “carismática” continuou vigorosa no período subapostólico. pp. 141 Cf. Já no início do testemunho de João Evangelista. justamente porque havia sido dotada de uma espiritualidade moldada diretamente pelo Espírito Santo. que bem poderia se chamar de Atos do Espírito Santo. como diríamos hoje. epístola. a Idade Moderna e chegando aos nossos dias.140 pois como está em Isaías 61.19 146 Cf. Quem ler o livro dos Atos dos Apóstolos descobrirá que a vinda do Paráclito se deu em contexto eclesial no dia da festa do pentecostes judaico.. Seu sinal evidente é a abundância de carismas com os quais o Senhor manifesta ao mundo o seu poder e confirma a pregação dos seus enviados. 536 41 Na passagem de Atos 16. quando nasceu. pp.33b). Já no primeiro capítulo de Mateus se destaca o carisma de revelação. mas sim como teólogo. mas é necessário voltarmos a ela.145 é um “carismático” em potencial. uma vez que Ele é quem batiza com o Espírito Santo. os sinais bíblicos são pródigos em confirmar o que acima dissemos. lemos a seguinte revelação feita por meio de João Batista: “Aquele sobre quem vires o Espírito descer e permanecer é o que batiza com o Espírito Santo” (Jo 1.148 Como se vê. pois todos nós somos portadores do Dom do Espírito do Senhor e como tais somos chamados a sermos filhos de Deus. Esta confirmação se estende por várias Epístolas.18-19.144 E como a experiência carismática começa com o batismo no Espírito Santo. passando pela era Medieval. Hoje sabemos que. até atingir o Apocalipse.49a. Em Lucas 24.18-19 143 Cf. inteiramente carismática. 134 a 136 . Ressalte-se ainda que este batismo é parte integrante da obra do Messias. 13-17 142 Cf.6-10.142 reservando para o tempo oportuno 143 o cumprimento da profecia do Batista.1-4 148 Cf. 536 e 729 145 Cf. Lc 4. pois é impossível ler o Novo Testamento sem descobrir a grandiosa experiência carismática que o envolveu.150 Tendo como base as manifestações de carismas. Esta passagem é importante porque nela Deus nos diz qual é a fonte da espiritualidade carismática. cit. a quem o Espírito ajudava por meio de carismas.. do princípio ao fim. Ele.149 ficou em gestação até o dia de Pentecostes. Mt 16. A não ser que não se queira ver. Op. A espiritualidade carismática inicial produziu na Igreja tal riqueza de dons que em algumas comunidades o Espírito Santo moveu os pastores a formarem os primeiros cristãos para o bom emprego dos carismas. é o batizador no Espírito Santo. Catec. Domenico. Mc 16.c) Fundamento relativo à vida da Igreja A Revelação é composta pela Sagrada Escritura e pela Sagrada Tradição. Mt 3. a própria Sagrada Escritura nos revela que a Espiritualidade que ora analisamos foi a mesma que o Espírito suscitou para a Igreja.1-4 144 Cf. Jesus ordena aos discípulos que fiquem em Jerusalém até que recebam o Espírito Santo. a começar de sua ocorrência no tempo dos Apóstolos. At 2. Todo ele está entremeado de carismas. 131 a 134. Jesus promete estar conosco todos os dias. Op. do Filho e do Espírito Santo. Op. 139 Cf. Falando com um estar-se-á também falando com o outro. por exemplo. Dei Verbum. não há como os separar validamente. pp. 159 a 166. 9 e 10 140 Cf. notadamente nas de Paulo. abrir-se ao canto. p. 4 155 Cf. pois se eles..16. celebrar em oração a festividade do Pentecostes. Falar em Línguas.. p. um rejuvenescimento do mundo. que “os carismas nunca estiveram ausentes da Igreja”155 “Este é o primeiro encontro com os senhores. para a Igreja e para o mundo”156 Noutra oportunidade falou assim: “Deve ocorrer uma renovação. 208 e 211. cujo múnus é apascentar o rebanho do Senhor. Será verdadeiramente uma grande fortuna para nosso tempo e para nossos irmãos que haja toda uma geração. a encontrar nossa identidade. várias comunidades. 203.).” A palavra mais recente da Igreja. vossa geração de jovens. ao testemunho. Dota-a e dirigi-a mediante os diversos dons hierárquicos e carismáticos”...)” Durante a Segunda Conferência Internacional de Líderes da Renovação Carismática Católica realizada em Roma. pág. Depois de tudo o que refletimos. mas penso igualmente nos numerosos grupos de oração. cit. Em meu próprio País vi uma presença especial do Espírito Santo. 157 Ibid. 6. que grite ao mundo as grandezas de Deus em Pentecostes. guardiões da sã doutrina e fiéis depositários da fé que os Apóstolos receberam do Senhor Ressuscitado. antes de tudo. De forma que ainda não posso responder a esta petição. págs. op. é porque vêem nela verdadeiros fundamentos doutrinários e bíblicos que a fazem apta para ser Igreja com a Igreja. São exemplos disso suas referências em vários documentos. Refiro-me ao redescobrimento da oração. Ela cresce na Igreja (o Espírito) e renova-se perpetuamente”. “‘O mundo precisa muito dessa ação do Espírito Santo. disse o seguinte: “Ao se reunir em Roma. é. Paulo VI.154 É por isso que podemos afirmar.. Permitam-me primeiro explicar minha própria vida carismática. ao hino. expressar o desejo de ser dóceis para que o Espírito Santo os usasse como instrumentos para a renovação da Igreja. uma alma. a nos encontrar em nós mesmos. 207 156 Papa Paulo VI. cit. op. orientação. um pensamento religioso no mundo. Minha própria experiência é muito interessante (. católicos carismáticos. como uma graça a ser vivida em nossos dias. sem interrupção. e aproveitar alegremente o Ano Santo como graça para cada ano. leiamos estes pequenos trechos: 154 Cf. Com esta linha visível na Igreja o Espírito “unifica-a na comunhão e no ministério. Benigno. Puebla. tem reconhecido os dons. os lábios fechados à oração devem se abrir de novo. essa atividade em todos os lugares.” 157 Dentre as incontáveis falas de João Paulo II. De maneira que estou convencido de que este movimento é um componente muito importante dessa total renovação da Igreja. Vão no mesmo sentido as inúmeras locuções papais de acolhimento. entre outras coisas.” Vale também destacar o que o Papa disse na audiência com os bispos do sul da França. Roma.. incentivo e exortação à Renovação Pentecostal Católica. Vivenciando esse caráter 158 Ibid. acolhem a Renovação como uma bênção de Deus para a Igreja. próximos do sucessor de Pedro.206 “Agora vejo esse movimento. à alegria. nossa humanidade total. e de muitos instrumentos para essa ação (. pensamos que bastaria a nossa fé na Revelação para aceitarmos a índole carismática da Igreja. precisamente a partir do Vaticano II.). apud Juanes. Sempre pertenci a esta renovação no Espírito Santo. 207. dispensa maiores comentários. ponto nevrálgico da vida carismática. SJ. Por meio dessa ação Ele vem ao espírito humano e desde esse momento começamos novamente a viver. Refirome concretamente à Renovação Espiritual. uma graça que vem no momento oportuno para santificar a Igreja (1ª Cor 3. Lumem Gentium.19). dessa renovação espiritual da Igreja. retiros.158 A palavra dos papas. sem nenhuma dúvida. os integrantes da Renovação quiseram dar um testemunho de sua fé e fidelidade à Igreja e ao Papa. Deve ocorrer de novo uma espiritualidade. Tudo isso deve ser cuidado e observado. locais de encontros consagrados à oração (. . no ano de 1975. 1982: “Aludo à intensa busca espiritual que se observa em muitos cristãos.42 Mas o certo é que existe uma linha contínua a ligar a experiência carismática dos Apóstolos com a nossa. Catec. como vimos no cânon acima. d) Fundamentos jurídico-canônicos Neste item não se exporá todo o embasamento jurídico-canônico da Renovação. Cit. depois deste tópico. pois trata todas as agremiações pelo termo genérico “associações”. “Apostolicam Actuositatem”. sempre onde uma alma aceitou inclinar seus ouvidos para o Senhor. Mas. 299. bem como se inscreverem nos existentes”. §§ 1º. Também se classifica como não reservada. Os direitos civis de reunião e associação reconhecidos pelos Estados. à doutrina da Igreja” (Grifos do autor). Quanto ao reconhecimento da Autoridade Eclesiástica competente. 214 –– Os fiéis têm o direito de prestar culto a Deus segundo as determinações do próprio rito aprovado pelos legítimos Pastores da Igreja e de seguir sua própria forma de vida espiritual.11 162 Código de Direito Canônico. bem como ver que sua ressonância continuou pelos séculos. tivessem redobrada atenção. como ocorre nos dias de hoje. 160 é fácil surpreender-se a clareza com que o Espírito Santo faz os carismas surgirem nos relatos bíblicos. Assim. do povo. agindo em nome de 159 Cf.carismático da Igreja. Domenico. E o fez em seu parágrafo vinte e nove. O direito de associação é regulamentado pelos cânones 298 a 329. conforme. e de “.163 Coube à Exortação Apostólica Christifideles Laici – sobre a vocação e missão dos leigos na Igreja e no mundo – alargar o conceito de apostolado em grupo. Ad Gentes. Op. sobre o apostolado dos leigos. A partir daqui não cabe mais indagação a este respeito. embora pelo direito canônico tal reconhecimento não fosse necessário. sem prejuízos. 166 160 Cf. individualmente ou reunidos em associações. Irmãos. após a leitura do Novo Testamento e de um pouco de literatura Patrística. movimentos. no seu âmbito a Igreja os outorga nos cânones 215 e 216. de gente simples. uma vez que a Igreja. § 1º 163 Cf. Mas voltando ao Código do Direito Canônico. ela classifica-se como reconhecida. Dei Verbum. que é anterior ao atual Código de Direito Canônico. Nalgumas vezes esta alma tem sido de algum santo. o Corpo Eclesial da espiritualidade apostólica. é a espiritualidade que sempre esteve presente na Igreja e que hoje se vive na Renovação com muita intensidade. trabalhar para o anúncio do Evangelho. 870. pois seus estatutos foram aceitos pela Igreja. tudo é manifestação de um só e mesmo Espírito. já chamava as organizações leigas de “apostolado em grupo” e “associações”. que os carismas.162 O Decreto Conciliar outorgado pelo Vaticano II. com dócil coragem para a prática dos dons do Seu Espírito. reconhece ser isso uma graça do Espírito Santo.. cuja importância fundamental é reconhecida pela Igreja. pois “forma de vida espiritual” é uma locução cujo significado se resume numa palavra: espiritualidade. Por ora comecemos pelo Código do Direito Canônico. GRASSO. Gostaríamos que os irmãos. estivessem conosco no viver eclesial. Ele está diluído em todo este estudo . Do ponto de vista associativo a Renovação é classificada como associação privada. promover e sustentar a atividade apostólica. por militar em campo no qual os particulares podem livremente se unir para criar associações. p. pois é neles.. todos a título de exemplo. pois é constituída historicamente por um grupo de pessoas particulares (leigas) que livremente se reuniram e se organizaram. Assim. 161 como reconhece a Igreja em sua Doutrina e na palavra dos Papas. posto que é organizado pela reunião de pessoas. 301. que. particularizando associações e colocando ao lado delas os grupos. 736. um dos sinais visíveis da presença da Trindade. noutras. a Igreja nos dá o direito de viver (seguir) nossa própria espiritualidade.” 43 O parágrafo primeiro do cânon 225 diz que os leigos têm o direito e o dever de. Aí se vê que um movimento como a Renovação pode ser classificado como associação. vejamos o que ele nos diz a respeito de espiritualidade: “Cân. porém.. citando o Papa João Paulo II. cuja regência particular se dá por meio de seus estatutos. Em seu parágrafo 19 consagra o “direito dos leigos fundarem grupos e dirigi-los. pois estes documentos são a fonte dos fundamentos que ora analisamos. comunidades. 2º e 3º.. ainda mais quando quiseram o Pai. pois “Todos os agrupamentos de apostolado merecem estima”. Ela firma a presença da Igreja no mundo como um Sacramento 159 de Cristo. como estamos vendo. 1Cor 12. 8 161 Cf. ao estudar os capítulos sobre o contexto eclesial da Renovação e sobre os carismas. nenhum católico oporia resistência à Renovação.em particular em cada local onde se comenta algum trecho de documentos eclesiais. o Filho e o Espírito Santo. A presença marcante do Espírito na vida eclesial é mais do que necessária para a propagação da Boa Nova. 21 . dizendo que “Os fiéis têm o direito de fundar e dirigir associações para fins de caridade e piedade. Ele não menciona movimentos eclesiais.. ou para favorecer a vocação cristã no mundo”. onde se concentra maior número desta espécie de embasamento. como diz o autor sagrado. Neste parágrafo a Igreja nos fala de uma nova era agregativa dos fiéis leigos e. não há como desvincular. Cân. AA. o que tem gerado perplexidade em quem não nos conhece são nossos carismas. pois sua prática resgata valores que estavam há muito tempo esquecidos. intitulado de “Orientações Pastorais sobre a Renovação Carismática Católica”. Apresentaremos a seguir os frutos da Renovação. a Igreja nos brindou com critérios específicos para demarcar o que seja eclesialidade para as agregações laicais. demonstraremos que também neste assunto estamos conformes com a Doutrina.11-12 . reconhecemos que ainda não conseguimos realizar tudo o que Jesus por Sua Igreja nos pede. em sua dupla manifestação – Sagrada Escritura e Sagrada Tradição – e pelo Magistério da Igreja. surgiu a RCC que tem trazido novo dinamismo e entusiasmo para a vida de muitos cristãos e comunidades”. No primeiro parágrafo do Documento 53. 16). alguns. no dia 22 de abril de 1999. Cumpre dizer também que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. É por meio deles que se sabe se um movimento está no rumo certo ou se seus fundamentos não passam de retórica. É também verdade. Isso se deu após quase vinte e oito anos de existência da atual Renovação no mundo.” (Jo 15. sempre encontravam esperança no Deus que sempre foi fiel. De maneira geral a Renovação sempre esteve de acordo com a Doutrina da Igreja. 61. é preciso estabelecer o diálogo fraterno no seio da comunidade eclesial. Mais uma consideração.164 O movimento que se enquadrar nestes critérios com certeza está conforme à exigência do cânon 214 do Código do Direito Canônico. FRUTOS DA ESPIRITUALIDADE DA RCC É nosso dever de cristãos olhar humildemente para os nossos frutos. aprovou o texto do Documento 62. acolhendo a diversidade de carismas e corrigindo o que for necessário”. No segundo nossos pastores reconhecem que “Entre os vários movimentos de renovação espiritual e pastoral do tempo pós-conciliar. Assim. A seguir comentaremos alguns e apresentaremos outros. Completam este pensamento dizendo no parágrafo dezenove que “Reconhecendo-se a presença da RCC em muitas Dioceses e também a contribuição que tem trazido à Igreja no Brasil. O próprio Jesus nos chama a atenção para os frutos. que o pouco que fazemos está bem amparado pela Sagrada Revelação. Para isso nossos bispos editaram um Documento da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Evangelização Hoje. com tudo o que ela significa. Vamos a eles. Christifideles Laici. 166 Cf.166 reconhece que a Espiritualidade adequada aos missionários é a docilidade ao Espírito Santo. isso é um alento. Por ora podemos garantir que nosso Movimento se encaixa em todos eles. 4. Mt 5. serviços e ministérios vários.167 Por outro lado. mas fui eu que vos escolhi e vos designei para irdes e produzirdes fruto e para que o vosso fruto permaneça . Essa pedagogia não é nova. por direito. Quando estudarmos o contexto eclesial da Renovação. apoiando o sadio pluralismo.Cristo. quando diz: “não fostes vós que me escolhestes. seguir uma espiritualidade carismática. Conformidade significa estar de acordo. pois a Igreja exige a presença deles para dizer se um movimento é eclesial ou não. nossos bispos esclarecem que as orientações pastorais tratam de uma proposta de reflexão sobre a Renovação Carismática. Prova disso são nossos Seminários de Vida no Espírito. 87 167 Cf. pois 164 Cf. em centenas de dioceses e nas prelazias brasileiras. nos momentos de crise. Este documento é um eco da Christifideles Laici no Brasil. Confira esta exigência relendo a parte conclusiva dos critérios de eclesialidade da Christifideles Laici acima apresentados. Esta farta fundamentação nos faz abrir o coração para receber o consolo que o Senhor promete aos seus. Esforcemo-nos para atingir todas as metas.. quando trata de “carismas. De tudo que fazemos. Nele a CNBB acolhe os carismas e os orienta ao serviço da Comunidade Eclesial. analisaremos tais critérios. “Espiritualidade”. ainda nestes estudos. São os frutos que dizem a última palavra quando se deseja discernir sobre a catolicidade de uma associação. A 37ª Assembléia Geral da CNBB. diz que podemos. No capítulo apropriado. Sumário. Redemptoris Missio.165 na trilha da Redemptoris Missio. 30 44 tudo o que fazemos em relação ao viver terreno visa a estarmos cheios do Espírito Santo para sermos conduzidos por Ele. item 5.” e de “carismas e ministérios: distinguindo e unindo”. Com o advento da Christifideles Laici. que nada mais é do que o traço forte de nossa espiritualidade. como se vê em seus números 79 e 81. Eles são usados pelo Espírito Santo para orientar nossos futuros passos. Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil.. São muito importantes. Um dos objetivos que levou os herdeiros da geração do deserto a narrarem a epopéia que seus pais viveram era levar os olhos das novas gerações para os frutos do relacionamento de Deus com eles. Suas raízes estão na experiência do povo de Israel. A regra canônica coloca uma condição para o acolhimento de uma espiritualidade. depois de vinte e cinco anos de sua vinda para o nosso País e quando ela já se tornara realidade nas arquidioceses. o de número 53. Nossa conformidade já foi reconhecida pelas autoridades eclesiásticas brasileiras. 165 DOCUMENTOS DA CNBB. capítulo II. que trata da missão e ministérios dos cristãos leigos e leigas. com as necessárias explicitações. é que ela esteja “conforme à doutrina da Igreja”. entretanto não tem sido fácil demonstrar isso. contemplação. sem mexer com o coração e a vida. quanto mais perseguidos. em Mateus 25. a catequese. como cristãos. mesmo com métodos modernos. os mapas. etc. não temos alternativa. Também na parábola do semeador Jesus nos diz que sua Palavra deve dar frutos a cem por um. Os grupos carismáticos. fiéis a seus vigários (mesmo que os persigam). seja para confirmar nossa caminhada. pois ainda falta a força do alto (At 1. ipsis literis: “Difícil encontrar na América Latina uma diocese onde não haja cinco ou mais grupos carismáticos. nos anos oitentas. é a liturgia que passa a ser participada realmente. armada com os dons. Ele era interessado em colocar o dom da profecia a serviço de sua causa – a libertação – e com vistas a isso penetrou vários estágios da Renovação. são evangélicos que se unem. É por isso que os agricultores plantam cereais. Assim brotam os carismas. multiplicando as secretarias. Tudo. como simples serviço de fé à comunidade.45 A mesma idéia dos frutos está na alegoria dos talentos. No entanto. é a libertação interior. o Papa. mas frias. Assim. em várias localidades. em plena liberdade de orar. os gráficos. fazendo da Bíblia fonte gostosa de água viva. provocados pela experiência mística do Batismo no Espírito Santo. a começar pelo da conversão”. continuou frio: as liturgias com mil folhetos e cânticos novos. 8). subdividem-se em outros e toda a paróquia começa a sentir a presença deles: é o amor que os une. anunciar e profetizar. sementes de vida nos grupos carismáticos suscitam pessoas renovadas. bebem e se reanimam. o pobre e o miserável. Antes de continuar nossa reflexão. a) Valor dos frutos a. como a Igreja primitiva teve a força de perfurar a barreira do Império Romano e penetrar o mundo inteiro. que não seja discernir nossa caminhada pelos frutos. muitas e muitas paróquias tentaram se atualizar.1) Utilidade dos frutos A vida de uma pessoa não existiria sem os frutos da terra. Aí é comum crer em Cristo. o teólogo Felipe Gabriel Alves. em diversas ocasiões. São fontes irradiando consolo. através da Renovação Carismática Católica. comprometido com a Teologia da Libertação. vivo entre eles. . para viver o ágape da oração e do amor. transformando-se. Como se nota. em interesse pela justiça social. 20-21. muitas vezes continua atingindo apenas da testa para cima. paremos na obra do Frei Felipinho. o alcoólatra. crescem. os organogramas. onde o mais culto e o mais simples estão unidos. Após o Vaticano II. com o mesmo Espírito Prometido. onde diariamente mergulham. pertencia ao grupo que produzia as críticas mais contundentes contra a nossa Expressão de Igreja. verduras e outros alimentos. que segue. paz. as reuniões. à libertação dos oprimidos pelo poder dos poderosos. Aí todos descobrem a alegria de pertencer a uma Igreja viva. com verdades frias. Vejamos o seu testemunho sobre a Renovação. fiéis ao culto da Virgem Maria e ao amor ao Santo Padre. porém. renovando-se continuamente no Senhor. começa a sentir a força do Espírito Renovador. ou os grupos de oração-estudo-ação. simples e pobre. Ela chega com a mesma Força Dinâmica. pp. lá na periferia da cidade. conduzindo-os. seja para reorientá-la. É importante este depoimento por ser fruto de um estudo sério produzido por uma pessoa que na época não pertencia aos quadros da Renovação. lá onde está o doente. é a catequese que passa a ser anúncio e testemunho duma religião-vida. mas por ter tido a misteriosa experiência de que ele existe. 11 e 12 E assim os grupos carismáticos. Aliás. mais se amam e mais aumentam em número. 168 ALVES. são os cânticos que sinalizam para uma liturgia-festa de encontro com o Senhor. o mesmo está acontecendo no século dos tóxicos e da religião do prazer. Aí cada participante se sente irmão. com a grande criatividade popular. Essa gente do povo. Não por ter ouvido falar d’ele. são centros espíritas que se fecham. Felipe Gabriel – O Carisma da Profecia. que se encontra na introdução da segunda edição do livro O CARISMA DA PROFECIA168. o viciado. devemos aprender a usar e valorizar os frutos como critérios de discernimento e com 171 Cf. não querem permitir que continuemos carismáticos. sem mais nenhuma atividade pastoral. Assim. Esses frutos são muitos agentes de pastoral que servem com “renovado ardor missionário”. Catec. 13º Plano Bienal de Atividades do Secretariado Nacional. ouviríamos um chamado grandioso. se tornando uma verdadeira Renovação Pentecostal. 170 Cf. Entretanto essas mesmas pessoas que desejam usufruir o serviço dos membros da Renovação. começam a se esfriar até saírem da Igreja. o agricultor escolhe bem sua semente e cuida com esmero de cada uma. que. Algumas vezes somos forçados a dizer a alguns coordenadores de pastorais que eles querem o fruto. . Lumen Gentium. É que as pastorais não parecem ser o campo propício para o desenvolvimento de uma espiritualidade como a nossa. Isso traz à memória um fato conhecido por muitos de nós.171 Talvez seja por este motivo que muitos.7. uma vez nos tendo em suas pastorais. o Corpo Místico de Cristo169 precisa de frutos para sobreviver. por vezes. Muitas vezes falamos e não somos ouvidos. quem fosse vocacionado poderia receber formação específica para servir nas pastorais. Trata-se de certos coordenadores de pastorais que ambicionam os frutos da Renovação em sua Pastoral. planta pepino. mantendo os vínculos com a Renovação. Dizemos isso com pesar. mas estão matando a árvore. continuamos na Renovação. 46 Entretanto. no ano 2000. A Igreja é a terra do Senhor. Quem sabe se O escutássemos para este fim. para um ministério infinitamente útil e necessário. É pelos frutos que o mundo saberá que somos de Cristo. aos poucos nos esfriamos e corremos o risco de até sair da igreja. 1699. Nossas secretarias são para nós uma terra de missão. Permanecemos nelas. Quando precisa de manga. Proíbem nossos dons. Esta reflexão nos leva naturalmente a algumas indagações como estas: Como existirá árvore sem seiva? Como pode o filho de Deus viver sem a Água Viva? Existirá Renovação sem a fluência do Espírito? Como poderá haver frutos se se mata a árvore de inanição? Ainda bem que o Espírito Santo nos deu a fortaleza das árvores dos cerrados. A semente do Espírito nasceu. Também a Renovação vive de água. Muitos coordenadores preferem amargar a decepção com uma pastoral improdutiva. Na vida pessoal quem desejar dar frutos do Espírito Santo deve viver no Espírito. 12. p. coordenadores estaduais e diocesanos) colaboram nas pastorais paroquiais e diocesanas. Qual seria a solução? O espaço de que dispomos em um estudo como este é pequeno para tratar de assunto tão importante e complexo. Água Viva. Se permanecermos numa situação desta. O resultado desta exclusividade não tem sido bom. uma vez que alguém tenha experimentado uma espiritualidade que busca a oração contínua. os inúmeros retiros e encontros que aprofundam a fé. Mas. e para si. assim como o Senhor chama muitos de nós – não todos. Todavia acreditamos que uma boa solução seria empregar nas pastorais uma metodologia parecida com a que utilizamos em nossas secretarias. Quando o chamado terminar. ao saírem de uma prática religiosa fervorosa. quando precisa de pepino. Participamos delas mediante discernimento vocacional. ou voltarem aos velhos costumes de praticantes ocasionais de alguns sacramentos e. E. Toda árvore gosta e necessita de chuva. Acreditamos que. Mística e Espiritualidade Inculturadas. 7 e 8.170 a.Tal como o nosso corpo. No terreno eclesial quem desejar os mesmos frutos deve cultivar uma pastoral segundo o mesmo Espírito. Reconhecemos o imenso valor das pastorais de conjunto. DOCUMENTOS DA CNBB – 57. 169 Cf. até resvalar na acídia. Mesmo assim vivem nos convidando para ajudá-las. pode estar chamando outros para as pastorais. Por conhecer a importância dos frutos para a vida da sua família. a fim de conservar o fervor e o vigor missionário. muitas vezes mal suportam nossa espiritualidade.2) Frutos como critério de discernimento O agricultor para ter uma árvore necessita de semente e de terra. porém muitos – para o serviço das secretarias durante certas etapas de nossas vidas. pior. Catec. bem como sua necessidade e utilidade absolutas para a conservação da Igreja. Pelo menos é isso que se tem visto. Nesta mesma pesquisa constatou-se que 65% dos demais participantes daquele congresso também colaboram nas pastorais. quando se desliga de tudo isso. é confirmado pelo convite da coordenação. Nesta terra Ele plantou uma centelha do Fogo de Pentecostes há pouco mais de trinta anos. frutos do Espírito Santo. em atitude de permanente escuta e disponibilidade para o serviço. Contudo não podemos nos desanimar. em nosso País. Enquanto o Senhor nos quiser como servos para as secretarias. sem nos desligarmos do restante da Renovação. Com elas não podemos nos colocar como canais visíveis da Água Viva. planta manga. parece que se vai esfriando. com todo o amor e fervor. assim permanecemos. A árvore necessita de alimento para dar fruto. se tornou árvore e recebeu o nome de Renovação Carismática Católica. Este reconhecimento é espelhado em pesquisa realizada no Congresso Nacional da Renovação Carismática Católica do Brasil. infelizmente temos visto alguns irmãos optarem exclusivamente pelos trabalhos pastorais. 2733. Cada um serve na Secretaria para a qual sente no coração os apelos internos do Espírito. os jejuns. a admitir a prática dos carismas em seu trabalho. 1ª Cor 12. onde se constatou que 68% de nossas lideranças (secretários nacionais. como pede a Igreja. 2) Aceitação incondicional de Jesus como Salvador pessoal e Senhor absoluto Antes de integrarmos a Renovação Carismática Católica. dificilmente poderá demonstrar afeto genuíno. De mais a mais. ou deixar que Ele nos encontre. Assim. por mais que se esforce. mas também a praticá-los. também a título de exemplo. nosso Senhor. Repitamos: sabemos que a experiência salvífica deve acontecer em todas expressões eclesiais. pobres pecadores. Quando forem bons confirmam nossa ação pastoral e nos servem de incentivo. quando muito eram figuras de linguagem. 16-20. Aqui veremos outros. porém não têm conseguido remover séculos de autodepreciação. e com o mesmo amor ama o teu próximo”. Não se vê um só ato de Jesus no qual os carismas não estejam presentes. 2-6 Com a cura interior o Senhor tem nos dado. atesta a nosso favor sobre o fato de realmente aceitarmos e praticarmos os carismas. que é o amor. Os Evangelhos testemunham vivamente esta verdade. . avaliar e reorientar nossa vida e nossa pastoral. para: “Ama-te. Com eles discernimos se a inspiração. significando atitude de abertura de coração para recebê-los. mas não nos ajudaram a beber da Água Viva. quando menos esperamos. Jesus os utiliza para autenticar sua obra. estamos amando nossos irmãos e perdoando-os sinceramente.172 Em João 5. 33-35 173 Cf. portanto. Nele podemos repousar e ser feliz. Alguns se encontram no subitem “d” do item “3”. Os psicoterapeutas tentam incutir este amor em seus pacientes. para ser autêntico envolve. a apresentar as razões da nossa fé. de menosprezá-los? Os frutos não servem para o orgulho. porém conosco foi aqui. b) Alguns Frutos Vários frutos já foram mencionados. a aceitação dos carismas. em outras expressões de Igreja.173 por que haveríamos nós. a aceitação da salvação de Jesus. mas são necessários para balizar nosso itinerário pessoal e pastoral. Muitos de nós tentamos saciar a nossa sede de Deus em tantos lugares diferentes. a oração. se não para milhões. Ainda bem que na Igreja Católica existem muitas alternativas. Hoje também não discutimos isso. Mt 11. com os irmãos da Renovação. Os Apóstolos registraram essa importância em mais de uma passagem. O amor a nós mesmos é um mandamento de Deus174 que tem passado despercebido pelos cristãos. Sabemos que esta experiência é possível também em outros movimentos. a demonstração externa de afeto. bem como do seu senhorio. levando-nos não só a aceitá-los. Agora sabemos que alguém nos ama e cuida de nós. Lev 19. não é para ser discutida. Mt 7. no qual os carismas foram abundantes. Não nos ajudaram a nos submeter a Jesus Cristo Ressuscitado e a aceitar sermos salvos por Ele.18). mas para ser vivida. se no tempo de Jesus os frutos foram importantes para Ele mesmo. talvez devido à estrutura gramatical utilizada pelos tradutores. Descobrimos que a salvação de Jesus Cristo.175 174 Cf. Ora. do coração. não se pode deixar de ver a importância dos frutos para nossa espiritualidade e para a Igreja. Muitos desses lugares – aqueles que estão dentro de nossa Igreja – eram e são maravilhosos. 39. Estamos descobrindo que amamos nossos irmãos com a mesma intensidade com que amamos a nós mesmos. a graça de amar a nós mesmos. se Ele próprio os empregou para demonstrar aos que o contestavam que seu ministério era autêntico. no afã de ressaltar o amor ao próximo. Não saberíamos por onde começar. aos seus semelhantes. pessoalmente. nas quais podemos buscar e encontrar nosso Deus. pelo menos.1) Aceitação e prática dos carismas 47 com nossa experiência de vida. dentro da Igreja e até fora dela. tendo-os utilizado para confirmar que era o Messias. Mt 22. ou. o plano que nos vêm são de Deus. b. a profecia.3) Amor a nós mesmos como filhos de Deus Como já vimos neste tema. Do mais simples ao mais importante. mas estamos aprendendo. 12. tem acontecido na Renovação. Caso a pessoa não goste de si mesma. Por isso podemos apresentar como precioso fruto de nossa espiritualidade a aceitação incondicional de Jesus como Salvador pessoal e Senhor Absoluto. 18b 175 É parte integrante da estrutura emocional do ser humano transferir aquilo que sente. b. imperceptível e misteriosamente. Para Jesus eles também foram importantes. A tradução que nos apresentam quase esconde o amor a nós mesmos. Dentro de tudo isso. O próprio nome “carismático” com o qual nos designam. Muitos de nós nem discutia a respeito. b. todavia para nós e para milhares de pessoas. Quando não houver frutos bons devemos parar.36 e 14. O discipulado. Jesus desenvolveu em Israel um ministério profundamente eficaz. respeitar quem os aceita. Agora podemos ousar inverter a disposição das palavras do milenar mandamento que diz: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Lv 19. Neste passo o Senhor tem sido exigente conosco.eles esclarecer os coordenadores de pastorais que pedirem nossa ajuda. mas não o conseguimos. 172 Cf. É muito difícil alguém que se detesta conseguir demonstrar qualquer afeto para outra pessoa. assim encontramos várias opções de vivência religiosa dentro dela. não se ame. Não nos atrevíamos.11. Sl 121/122. podemos dizer que dificilmente se vê um povo de Igreja com tantos problemas pessoais e 177 Cf. os sete dons do Espírito Santo tradicionalmente ligados ao Sacramento da Crisma. tendo-a como Corpo Místico de Cristo. 48 Desejamos também destacar um dos maiores presentes que Deus nos tem dado. invariavelmente. em casa e fora de casa. cremos que o melhor resumo dos frutos de nossa espiritualidade. esperando soluções para suas vidas e que. reconhecendo-os como modelos que nos precederam no Reino da Glória. têm sido o reconhecimento de nossa realidade pecadora (João 16. Enfim.” O que a Renovação entende por membro da “Renovação?” Membros da Renovação são aqueles irmãos que participaram dos encontros e seminários por ela ministrados e que ali acolheram o Evangelho ou aprofundaram e aperfeiçoaram algum anterior acolhimento. Isso mesmo! Trabalhamos o dia todo. provoca imensa instabilidade emocional que leva a pessoa a fazer inúmeras vezes o mal que não quer e a não fazer o bem que gostaria. a elas os membros da Renovação dedicam especial amor. O zelo por sua Palavra nos queima e nos impele a testemunhar a obra que Ele faz em nós e em nossa Igreja. Falta-nos tempo e espaço para relatar os frutos desta natureza que temos presenciado. que é o amor agindo em prol dos irmãos. Sabemos que o maior beneficiado com o ardor missionário é o povo do Senhor. entre nós. Normas não escritas. Estas pessoas são os irmãos de nossa predileção. a se sentir “da Renovação. a fé. como nossa mãe. sacramento visível de Jesus Cristo e depositária fiel da fé. mas experimentá-Lo. entre os membros da Renovação. saboreá-Lo. costumeiras. que é possuir um coração missionário. Esta transformação é uma graça que o Espírito planta em coração. Ética do Novo Testamento: os Legados de Jesus e de Paulo. isto é. compaixão e salvação que ao tempo de Jesus de Nazaré se aglomeravam em torno dEle.4) Outros frutos importantes Falta-nos tempo para comentar a graça de amar a Deus como Pai. Hoje muitos de nós podem dizer que são filhos de Maria. um sólido e equilibrado relacionamento com Maria. 54 . Isso não é mérito nosso. no amor e na prática da Palavra de Deus. de uma maneira que as palavras sejam uma ressonância do coração. a partir de então. Da mesma forma que tem acontecido na estrutura eclesial da Igreja Católica. após este acolhimento. assembléia do povo de Deus. Verdadeiras METANÓIAS ( . quanto para praticá-la. Radicais transformações interiores com reflexos na vida exterior. A docilidade ao Espírito Santo é uma de nossas regras de vida. fazem parte das multidões necessitadas de amor. promoção da pessoa humana. Mas também sabemos que ela é uma exigência do Reino de Jesus.7.1 178 Cf. vivência sacramental. sabedoria e discernimento que são utilizados na cura interior. Poucas coisas nos enchem mais de alegria e esperança do que ver pais e mães de família. Essa docilidade tem sido usada por Ele para nos conduzir ao engajamento pastoral. nosso engajamento pastoral. Cá. está acima de 60% dos seus membros. b. fins de semana e feriados estamos nos campos da messe do Senhor. Em nosso meio temos visto inúmeras conversões. vivê-Lo. o relacionamento de amor com a Igreja. O tempo do nosso merecido repouso. do ensinamento do Magistério e da Tradição da Igreja. ao seu serviço e ao serviço da Igreja.Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo pelos dons de ciência.176 isso além de tudo que já fazemos dentro do próprio Movimento. com base na doutrina social da Igreja. mesmo que somente com discretos atos. para declará-lo numa só palavra. sem ainda se comprometerem com o chamado do Senhor. sendo nossos modelos na vivência da fé cristã. muitos vão uma vez a um grupo ou a algum encontro de oração e passam. como mencionamos antes. Sl 33/34.178 Não podemos deixar de falar do Senhor. O senhor nos atrai e nos enche de júbilo em sua casa. Como já foi mencionado acima.9 179 MATERA. Faz-se acompanhar de profunda inquietação pelos que sofrem sem Deus e sem justiça.mudança de mentalidade). Também temos cultivado os dons de nossa santificação. tem sido muito bom para nós mesmos. p. é conversão. Damos a Jesus o melhor do nosso tempo. 176 Membros da Renovação não são os milhões que participam dos encontros ministrados nas dioceses de nosso País. por meio de obras sociais e engajamento político. na qual milhões e milhões de pessoas dizem que são católicas. amor pela Palavra de Deus. mas não abraçam a causa de Nosso Senhor Jesus Cristo.179 E ela não vem sozinha. relacionamento fraternal com os santos. Por vezes sem conta temos visto pessoas empedernidas se tornarem crianças ante a face do Senhor. sem seu correspondente interno. Outros frutos têm sido a experiência de filhos de Deus. este mediante a formação para o exercício da cidadania. Frank J. Profundas mudanças de vida. mas que. Outros frutos. tanto para reverenciá-la e conhecê-la. eram por Ele amadas. assim como jovens se entregando inteiramente ao Senhor. 9). Jr 20. É uma grande alegria. integram sua estrutura e aceitam suas normas de vida. porém extraídas da Sagrada Escritura.177 Ele nos seduziu e nos venceu. assim como para falar da caridade. Os milhões de pessoas que continuam freqüentando os encontros e grupos de oração. e durante as noites. Deus quer precisar de nós. Agora que experimentamos o seu sabor não conseguimos mais deixá-lo. nossa intercessora e modelo no seguimento de Jesus. Deus se revelou ao mundo por meio de um povo sacerdotal e profético. reunidos em La Ceja. Assim. católicos. sujeitos ativos da história da salvação. pornografia. álcool. Dependentes de drogas. Mas Jesus não quis o Espírito Santo somente para si. fixa inteiramente os fiéis no projeto de instauração do Reino de Deus. que nossa Renovação não é assim tão nova. podemos dizer que nossa prática carismática remonta ao antigo profetismo judaico. bem como de colaborar no Seu plano de salvação. a Renovação.sociais num mesmo lugar. “Intensificai as vossas invocações e súplicas. de patrões que começam a levar a sério os direitos sociais dos empregados. como filhos Seus. concluímos que existe sólida fundamentação para a Espiritualidade da Renovação Carismática Católica. sem perigo de errar. enfim. irmãos. é um modo específico de relacionar-se com Deus-Pai. gera também uma consciência viva do poder e da ação concreta do Espírito Santo na vida pessoal e na história da redenção do homem. Os elementos essenciais desta espiritualidade estão enraizados na Sagrada Escritura e na Sagrada Tradição. a Renovação se fundamenta a partir de sua espiritualidade. ela. principalmente no sentido de morrer com Cristo e com Ele ressuscitar. acompanhada de docilidade às suas moções. nestes estudos analisamos a fundamentação teológica da Renovação. E como esta espiritualidade é dada pelo sopro do Espírito que anima a Renovação como Movimento Pentecostal Católico. com apoio nesta segura fundamentação teológica. Deus os abençoe. inspirações. não podendo responder ao apelo evangelístico pessoalmente.” Pela exposição deste tema percebe-se que. Orai também por mim” (Ef 6. orgia. e que decorre diretamente da práxis de Jesus. revelações e toques (divinos). Colômbia. a partir de uma experiência pessoal de salvação (experiência religiosa). dos retornos à Igreja. reaviva o batismo sacramental. teologicamente. A espiritualidade da Renovação Carismática Católica é Trinitária e nasce a partir de uma experiência pentecostal de quem participa da salvação do Pai. as obras sociais. Podemos assumir nossa espiritualidade e viver na Renovação.). Pelo exposto neste capítulo. Corpo Místico de Cristo. tendo como antecedente histórico o Pentecostes dos primeiros Apóstolos de Jesus Ressuscitado. nosso Senhor Jesus Cristo. disseram que "a base teológica da Renovação é essencialmente trinitária (. como ministra da Graça de nosso Senhor Jesus Cristo e serva dEle. Perdemos a conta de pessoas libertadas de vícios de tabaco. Igualmente o amor fraterno. Somos testemunhas de jovens – homens e mulheres – que se casam virgens. desde os tempos dos Apóstolos. Porém jamais vimos também tanto esforço para caminhar em santidade. está igualmente bem fundamentada. portanto. Ao longo dos anos a Renovação Carismática tem se tornado o abrigo dos sofredores. Em nosso meio o perdão tem acontecido. conforme reconheceram os Bispos Latino-americanos em La Ceja. podemos expressar livremente nosso jeito de ser Igreja. chega ao cume com Jesus. a conscientização política. Com certeza foi com base em Jesus e na vida dos Apóstolos que os Bispos da América Latina. Assim. sem medo de errar.18-19). discípulos de Jesus e filhos da Igreja. Ele batizou os discípulos no Espírito Santo. 49 Que diremos para encerrar este tema? Diremos com poucas palavras que esta espiritualidade pneumatológica se enraíza profundamente na tradição de Israel. Falta-nos tempo para falar das reconciliações familiares. dos endividados. passa pelo tempo Apostólico e Patrístico e chega até nós. Quem desejar se aventurar a conhecer melhor a nossa espiritualidade certamente encontrará entre nós boa acolhida. Ou. Mas ela. com a Igreja. recuperados. tendo a aceitação e a prática dos carismas como espiritualidades. contratam evangelizadores como seus empregados e os liberam para o serviço do Senhor. Isso lhe tem dado muito trabalho. dos pecadores de toda espécie. nos tem acolhido e nos ensinado a sermos cristãos. em sua expressão terrena e celestial e com as pessoas. Vê-se. Amém. É em Jesus e na Igreja que encontramos os principais elementos para formular os fundamentos teológicos do nosso Movimento. patrística e doutrinária. docilidade a Ele e deixar-se conduzir por Ele. forte distintivo das outras Como vimos. Ele falou com o antigo Israel por meio de vários carismas. Não ver isso é empobrecer a Revelação Divina. Não é objetivo destes estudos realizar um inventário de tudo o que o Senhor tem feito em nosso meio. na pessoa de Seu Filho Unigênito. Ressalte-se o caso de empresários que. Enfermos são curados. . Raramente se vê um povo tão pecador no mesmo ambiente eclesial. Da vida de Jesus extraímos os seguintes elementos: plenitude do Espírito Santo. Nela somos católicos e também úteis à nossa Igreja. Deus-Espírito Santo. RESUMO ESPIRITUALIDADE é uma forma específica de responder ao chamado de Deus. Atormentados pelo maligno são libertados. dos carentes. dizendo de outra forma. Vimos sobejamente que esta fundamentação é bíblica. coherdeiros de Cristo.. Ela é um perfume do Espírito que se conhece quando se experimenta. dos desequilibrados emocionalmente. ela encontra-se na vida de Jesus e na vida da Igreja. Deus-Filho. bem como da vida da Igreja Primitiva que viveu no Espírito Santo e por Ele.. com toda segurança de estarmos fazendo a vontade de nosso Deus. . A lista é muita longa. Benigno. ou promover a libertação dos oprimidos e possessos. Para finalizar este resumo. amar a Deus como Pai. Esta falta é esclarecida quando se coloca a evangelização no contexto do Pentecostes dos Apóstolos. Ela nasceu carismática.. que citamos a título de exemplo: aceitação incondicional de Jesus como Salvador pessoal e Senhor absoluto. e tudo o mais que realiza é meio para anunciar a Boa Nova e para buscar os neoconvertidos para o discipulado. amor a nós mesmos como filhos de Deus. JUANES. b) “Os fiéis têm o direito de prestar culto a Deus segundo as determinações do próprio rito aprovado pelos legítimos Pastores da Igreja e de seguir sua própria forma de vida espiritual. Ora. à luz de suas semelhanças. Como movimento se organiza na esteira de tantos outros que vêm e passam pela Igreja Católica. qual é a vocação da Renovação? Indagamos pela terceira vez. podemos dizer que o Novo Testamento narra a grandiosa experiência carismática da Igreja.Da vida da Igreja extraem-se os principais elementos eclesiais carismáticos. como espiritualidade. antes de encerrar. A Renovação realiza tantas coisas que. ou para favorecer a vocação cristã no mundo. engajamento pastoral. ou orar por curas e milagres.. ou promover os pobres. à militância política. afinal.. 1997. 215 e 216). cuja historicidade se atesta perenemente pela narração de são Lucas no Livro dos Atos dos Apóstolos. vemos que essa ligação é inevitável. nada menos que um fruto de Pentecostes. ou promover vocações sacerdotais e religiosas. O dos vicentinos assiste os pobres. O movimento litúrgico. por exemplo. Prova disso é a existência de certo “elemento carismático” que levou os Apóstolos a ministrarem formação específica sobre a vivência carismática nas primeiras comunidades cristãs. A vocação da Renovação Carismática Católica é promover na Igreja e para Ela o Fruto de Pentecostes. gostaríamos de lembrar que nossa espiritualidade se liga ao fato mais importante da Igreja. E a da Renovação. amar os outros como filhos de Deus. cân. surgiu a RCC que tem trazido novo dinamismo e 50 entusiasmo para a vida de muitos cristãos e comunidades. Com efeito. suas orações por curas e milagres. sobre alguns frutos que o Senhor tem colhido com nossa espiritualidade. desenvolveu-se carismática e continuou carismática. lembremos os frutos. porém.” (CIC. Eles foram usados por Jesus como testemunho de quem Ele era.” Completam este pensamento dizendo no parágrafo dezenove que “Reconhecendo-se a presença da RCC em muitas Dioceses e também a contribuição que tem trazido à Igreja no Brasil. apoiando o sadio pluralismo. após a ressurreição de Jesus. promover e sustentar a atividade apostólica. o ardor que a faz missionária é um fruto do Espírito Santo que se manifestou na Igreja Primitiva e se renova hoje. ou pregar. ou oferecer.. a partir do capítulo segundo. (Grifos do autor). qual será mesmo a vocação da Renovação? Muitos têm afirmado que é a evangelização. por melhor e mais sedutor que isso seja. Nesta obra o autor transcreve a oração de .” e de “. número 2: “Entre os vários movimentos de renovação espiritual e pastoral do tempo pós-conciliar. mesmo pequeno. pois sua música.. mas podemos recordar os seguintes: a)“Os fiéis têm o direito de fundar e dirigir associações para fins de caridade e piedade. c) Documento da CNBB – 53. visava à renovação da liturgia. .” 214. parece que é certa a conclusão de que a vocação da Renovação seja evangelizar. sua pregação. Assim. conforme o ângulo de que é analisada. aceitação e prática dos carismas. Quando se comparam os fatos que ocorrem em nosso meio com aqueles que aconteceram na Igreja Primitiva. é preciso estabelecer o diálogo fraterno no seio da comunidade eclesial. 180 180 Cf. nesta conclusão parece faltar alguma coisa. cân. qual será? Esta não é uma pergunta fácil de ser respondida. ou. segundo se conclui pela fala dos Papas. Mas.. como os seguintes.” Mas. Entretanto... é herdeira do movimento pentecostal apostólico que marcou a fundação da Igreja. se assim é. está diluído na totalidade deste estudo. SJ. não podemos interromper a busca da vocação da Renovação no entendimento de que ela seja pura e simplesmente evangelizar. Cada movimento tem uma vocação a cumprir. dentre outros. principalmente onde se utilizam documentos eclesiais. CAPÍTULO QUARTO RENOVAÇÃO CARISMÁTICA COMO UM NOVO PENTECOSTES A Renovação. o anúncio realizado pelos Apóstolos é nada mais. É por isso que podemos dizer que a vocação da Igreja é ser carismática. Examinando tais elementos. conversão. Falar em Línguas. Quanto ao embasamento jurídico-canônico da Renovação.. homens e mulheres que se esforcem para viver santamente. O Cursilho de Cristandade tencionava formar líderes cristãos para o mundo. conclui-se que sua vocação é cantar. acolhendo a diversidade de carismas e corrigindo o que for necessário. Então. Por isso é bom lançarmos um olhar. conforme. à doutrina da Igreja (CIIC. Paulo se valeu deles para autenticar seu ministério. 1. Dar-vos-ei um coração novo e em vós porei um espírito novo.33 .Assim. Terceiro. Os seus rabinos. ensejou uma bela profecia – “Prouvera a Deus que todo o povo do Senhor profetizasse.”181 a) Antecedente Bíblico O Pentecostes narrado em Atos 2. nesta passagem o Senhor manda Moisés escolher dentre os anciãos setenta homens para que recebessem do mesmo Espírito que ele. reforça a utilidade e a necessidade da força do Espírito na ação pastoral. Nm 11.. fazendo com que obedeçais às minhas leis e sigais e observeis os meus preceitos. Vimos também que estes anciãos. “Depois disso. disse-me o Senhor. poderíamos resumir o chamado vocacional da Renovação dizendo que é a renovação do Pentecostes apostólico para toda a Igreja. profetiza. Sentimo-nos felizes e satisfeitos com esta missão.. acontecerá que derramarei o meu Espírito sobre todo ser vivo: vossos filhos e vossas filhas profetizarão.1)183 182 Cf. Eis algumas: “. 208). que vos purificarão de todas as vossas imundícies e de todas as vossas abominações. mas que todas as pessoas. ao olharem para a Renovação. um imenso exército” (Ez 37. estudantis e familiares nos têm permitido disponibilizar para o Senhor. PRIMEIRO PENTECOSTES Para melhor entendermos a Renovação como um novo Pentecostes. Assim estamos servindo a Cristo e a sua Igreja. Proferi o oráculo que ele me havia ditado. João XXIII pedindo um novo Pentecostes (p. 200) e a seguinte afirmação de João Paulo II: “De maneira que estou convencido de que este movimento é um componente muito importante dessa total renovação da Igreja.cit.29) – que seria cumprida no tempo dos Apóstolos.182 b) Promessas de Deus O Senhor sempre prepara o seu povo para os acontecimentos da economia da salvação. Este derramamento do Espírito foi seguido por sinais sensíveis. Destacaremos alguns: primeiro.1-4 não foi a primeira efusão do Espírito Santo para o povo de Israel. 181 DOCUMENTO La Ceja. Dentro de vós meterei meu espírito. e daí a pouco o espírito penetrou neles. espírito. se animem também a experimentar o batismo no Espírito Santo e a praticarem os seus carismas em suas pastorais e movimentos. dos quatro cantos do céu. Profetiza ao espírito. 51 Esta efusão é importante para o pentecostalismo por vários motivos. 24-27). derramarei também o meu Espírito sobre os escravos e as escravas”. 16 e Jo 1. (Ez 11. que é um verdadeiro antecedente do derramamento do Espírito Santo acontecido no dia da primeira festa do Pentecostes Judaico após a ressurreição de Jesus Cristo. tirar-vos-ei do peito o coração de pedra e dar-vos-ei um coração de carne. Op. vossos anciãos terão sonhos. No fim de toda reflexão percebemos que esta é realmente nossa vocação. § 32. Como vimos anteriormente. Eu vos retirarei do meio das nações. (Ez 36. Isso foi feito em relação ao primeiro Pentecostes por meio de inúmeras profecias.19) Derramarei sobre vós águas puras. por isso desejamos conhecê-la melhor e aperfeiçoá-la mediante a partilha com outras vocações eclesiais. e vos conduzirei ao vosso solo. recebera. eu lhes darei um só coração e os animarei com um espírito novo: extrairei do seu corpo o coração de pedra. e talvez muitos do povo. analisaremos alguns aspectos do Pentecostes da Igreja Primitiva. dessa renovação espiritual da Igreja “(p. filho do homem. Com isso não se diz que todas as pessoas devam se inscrever em um movimento conhecido por Renovação Carismática. Retornando à vida. e que o Senhor lhe desse o seu espírito!” (Nm 11. para substituí-lo por um coração de carne.9-10). eles se levantaram sobre seus pés: um grande.130. uma vez batizados no Espírito Santo. pois “para compreender a Renovação espiritual carismática é preciso saber o que esse Espírito realizou nos primeiros tempos da Igreja. Moisés. conheciam o episódio registrado em Números 11. eu vos reunirei de todos os lugares. receberam a missão de ajudar Moisés na condução do povo de Deus. Naqueles dias. Naquela oportunidade todos os anciãos profetizaram. Segundo. prefigurava o Pentecostes cristão. Este chamado tem nos preenchido interiormente e ocupado todo o tempo que nossas atividades profissionais.14-17 183 Ver também Lc 3. e dirige-te ao espírito: eis o que diz o Senhor Javé: vem. sopra sobre esses mortos para que revivam. e vossos jovens terão visões. (Jl 3. porventura. reuniu-se muita gente e maravilhava-se de que cada um os ouvia falar na sua própria língua. escarnecendo. e encheu toda a casa onde estavam sentados. o Egito e as províncias da Líbia próximas a Cirene. Eu vos mandarei o Prometido de meu Pai. Quem crê em mim. judeus ou prosélitos.8). sendo velho? Porventura pode tornar a entrar no seio de sua mãe e nascer pela segunda vez? Respondeu Jesus: Em verdade. e ele vos dará outro Paráclito. a Ásia.49)”.33)”. Não te maravilhes de que eu te tenha dito: Necessário vos é nascer de novo. o Espírito da Verdade. pois. sendo maus. referindo-se ao Espírito que haviam de receber os que cressem nele. conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem. quanto mais vosso Pai celestial dará o Espírito Santo aos que lho pedirem. ensinar-vos-á toda a verdade. Lc 3.185 c) Cumprimento das promessas e frutos pentecostais Lucas narrou assim o acontecimento do Pentecostes Apostólico: “Chegando o dia de Pentecostes. Apareceu-lhes então uma espécie de línguas de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles.11). mas não sabes de onde vem. que inaugura na terra a nova Aliança. “Jesus replicou-lhe: Em verdade. Jo 1. Petrópolis-RJ.8. em toda a Judéia e Samaria e até os confins do mundo” (At 1. 52 “. visto que Jesus ainda não tinha sido glorificado” (Jo 3. Quando vier o Paráclito. a Frígia. Profundamente impressionados. os que habitam a Macedônia. mas vós o conhecereis. 1-4 185 Cf. Ed. Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em línguas. mas dirá o que ouvir. Assim acontece com aquele que nasceu do Espírito” (Jo 3. estava Jesus de pé e clamava: Se alguém tiver sede. 1992) PENTECOSTES é uma palavra grega que designa a festa celebrada cinqüenta dias depois da Páscoa. e sereis minhas testemunhas em Jerusalém. pois. Ele vos batizará no Espírito Santo e em fogo (Mt 3. “Se vós. sem saber o que pensar. que o mundo não pode receber. em verdade te digo: quem não renascer da água e do Espírito não poderá entrar no Reino de Deus. o Ponto..5-8). elamitas. em verdade te digo: quem não nascer de novo não poderá ver o Reino de Deus.11b. estavam todos reunidos no mesmo lugar. Ele me glorificará. entretanto. Vozes. mas descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará força. e o que nasceu do Espírito é espírito. todos atônitos e. a Capadócia. galileus todos estes que falam? Como então todos nós os ouvimos falar. em sinal de penitência. 16. É o Espírito da Verdade. que é o principal dia de festa.16. Sabemos que estas promessas foram cumpridas no tempo dos Apóstolos. porque receberá do que é meu. sabeis dar boas coisas a vossos filhos. como diz a Escritura: Do seu interior manarão rios de água viva (Zc 14. mas aquele que virá depois de mim é mais poderoso do que eu e nem sou digno de carregar seus calçados. O objeto dessa festa evoluiu: de início festa agrária. a Judéia. ouvimo-los publicar em nossas línguas as maravilhas de Deus! Estavam. diziam: Estão todos embriagados de 184 Cf.13. Achavam-se então em Jerusalém judeus piedosos de todas as nações que há debaixo do céu. peregrinos romanos. At 2. porque não o vê nem o conhece. 184 cinqüenta dias após a Páscoa Judaica. o Vocabulário de Teologia Bíblica (Xavier Léon-Dufour.” .“Eu vos batizo com água. perguntavam uns aos outros: Que significam estas coisas? Outros. e anunciar-vos-á as coisas que virão. “No último dia. De repente.8. O vento sopra onde quer. manifestavam a sua admiração: Não são. para afinal se tornar a festa do dom do Espírito. 24. pois ainda não fora dado o Espírito.. permanecei na cidade. como se soprasse um vento impetuoso. medos. ela depois comemora o fato histórico da Aliança. nem para onde vai. até que sejais revestidos da força do alto (Lc 11.13-14). Nicodemos perguntou-lhe: Como pode um homem renascer.16. e vo-lo anunciará” (Jo 14.37-39) “E eu rogarei ao Pai. Mc 1. porque não falará por si mesmo. Dizia isso. cretenses e árabes. a Panfília. cada um em nossa própria língua materna? Partos. O que nasceu da carne é carne. venha a mim e beba. Ouvindo aquele ruído. Is 58. para que fique eternamente convosco. veio do céu um ruído. porém. ouveslhe o ruído. porque permanecerá convosco e estará em vós. Carta aos Romanos e demais cartas paulinas. quando eram batizados no Espírito Santo. Veremos nesta análise que existe um paralelismo entre a efusão do Espírito Santo de nossos dias e a efusão do tempo dos Apóstolos. não o da sarça ardente. 14-41.1-41 nos garante que o fenômeno espiritual que ocorre na Igreja desde o ano de 1967 é um autêntico Pentecostes. Nestes momentos líamos e relíamos Atos dos Apóstolos fazendo da Palavra de Deus o nosso farol. a partir dos Apóstolos o carisma da profecia foi estendido aos que aceitavam Cristo. resumidamente. Presenciamos hoje os mesmos sinais que sucediam naquele tempo. pois ele historia o nascimento de uma Igreja Pentecostal e mais ainda se o completarmos com as cartas dos Apóstolos. Foi assim que o antecedente bíblico do atual Pentecostes preservou o ânimo e a esperança do Povo de Deus. atribulado. Cartas de Pedro e Carta de Judas. Primeira e Segunda Carta aos Coríntios. para que também fossem transformados em colaboradores de Moisés. Suas experiências pneumatológicas encontram raízes nos profetas do Antigo e do novo Testamento. Este paralelismo é visto no antecedente bíblico. Assim como o Pai derramou o seu Espírito sobre setenta anciãos para que fossem transformados em colaboradores de Moisés. no cumprimento das promessas e nos frutos desta efusão. O antecedente bíblico de Atos 2. Não o que recebia revelações. se liga ao profetismo bíblico.vinho doce. como veremos na análise dos frutos. Mas. Nestes textos. Junto com a profecia vieram os demais carismas. conversão inicial. logo abaixo. A narrativa do Livro de Atos nos impressiona até os dias de hoje. quantos anseios contidos no recôndito dos corações!? Mas. Muito mais se avançarmos em sua leitura.187 Como já vimos.44-47. nas promessas de Deus. o da cruz do Calvário. Historicamente a Renovação Carismática Católica. como vós pensais. a) Antecedente bíblico Assim como os rabinos de Israel e muitos do povo judeu conheciam a efusão do Espírito sobre os anciãos. Os vossos jovens terão visões.118).186 2. nascimento da Igreja. Com o advento do cristianismo o movimento profético não acabou. manifestação de dons carismáticos. 11.42. quedou cabisbaixo.26. Alguns teólogos da época tentaram explicar a diminuição dos carismas com base na menor necessidade dos mesmos. 1ª Cor 12. Pensando nisto analisaremos. pondo-se de pé em companhia dos Onze. Então a explicação deve ser outra. Senhor. ao contrário. por que não se realiza nos dias de hoje a mesma graça dos Apóstolos? Quantas vezes nosso espírito ansioso. 53 fizeram com o Cristo ressuscitado. Pronto! Estava cumprida a promessa. Sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei naqueles dias do meu Espírito e profetizarão” (At 2. 187 Cf. mas o que é a própria Revelação. Quantos de nós suspirávamos de vontade de experimentar a mesma graça que repousou sobre os discípulos reunidos no cenáculo!? Quantas vezes lemos a Sagrada Escritura com mil interrogações acerca dos acontecimentos daqueles dias!? Quantos questionamentos. Ele e o Filho batizaram cento e vinte discípulos. Carta de Tiago. Cartas de João. descobre-se que eram tão necessários para evangelizar o seu mundo quanto eram para o mundo dos Apóstolos. já encontramos vários frutos do Pentecostes. e os vossos anciãos sonharão. nascimentos de comunidades. entendida como uma espiritualidade. visto não ser ainda a hora terceira do dia. PENTECOSTES ATUAL Para um fenômeno espiritual ser considerado um novo Pentecostes deve repetir nos dias de hoje as ocorrências do primeiro. transformação de mentalidade). daquele que o Senhor aos primeiros discípulos. mas o novo Moisés. Carta aos Efésios. se expandiu. o da morte e da ressurreição. sem resposta. Estes homens não estão embriagados. Eram os profetas. o pentecostalismo católico atual. que derramarei do meu Espírito sobre todo ser vivo: profetizarão os vossos filhos e as vossas filhas. as manifestações do Espírito Santo foram abundantes nos primeiros séculos do cristianismo. incluindo mulheres. desde o início. nosso clero e inúmeros leigos conheciam o Pentecostes de Pedro e seus companheiros. ao menos de ouvir falar. ao mirar a sua época. No Israel antigo isso era feito por meio de pessoas escolhidas por Deus para o exercício do ministério profético.7-10 . ressalvadas as experiências físicas que os primeiros cristãos 186 Cf. Mas cumpre-se o que foi dito pelo profeta Joel: Acontecerá nos últimos dias . Decresceu por motivos ainda desconhecidos. e Ele nos consolava e renovava a nossa esperança. a saber: ardor missionário. até que ele fosse renovado. Pedro então.é Deus quem fala -. Atos 2. Ao povo da Bíblia não era estranho mover-se no e pelo Espírito. Se antes o ministério profético era destinado a alguns escolhidos. metanóia (conversão continuada. com voz forte lhes disse: Homens da Judéia e vós todos que habitais em Jerusalém: sejavos isto conhecido e prestai atenção às minhas palavras. pessoalmente. uma mulher que trabalhava na cozinha do convento trouxe-lhe uma revelação de Deus confirmando aquela inspiração. b) Promessas de Deus A dinâmica do primeiro Pentecostes constituiu-se de promessas de sua vinda e de preparação do povo para recebê-lo. Também com o atual foi assim. Patti Galagher. e designada por ele mesmo de “Apóstola do Espírito Santo”. quando Bispo. diretor espiritual de Elena.3) Moções do Espírito Santo em João XXIII192 Segundo o testemunho do Papa Paulo VI.1) Oração e ação da freira Elena Guerra189 Irmã Elena Guerra. Creator Spiritus” (Vinde. Certamente o Senhor inflamou o coração daquele santo Bispo do desejo de que esta mesma graça alcançasse toda a Igreja.Entretanto. pp. b. p. Mansfield. numa cidade estadunidense chamada Topeka. nas quais pedia uma pregação permanente sobre o Espírito Santo. Em nossa fé. em tudo parecido com os fatos bíblicos que assinalaram o batismo pentecostal dos Apóstolos e seus companheiros reunidos no cenáculo. Cit. b. Op. Com a idade de cinqüenta anos sentiu-se inspirada a escrever ao Papa Leão XIII para que ele renovasse a Igreja mediante um retorno ao Espírito Santo como nos tempos da Igreja Primitiva. b... liderado pelo Reverendo Charles Fox Parham. uma consagração do Século XX ao Espírito Santo. 9 192 Cf. Quem pensaria que o velho Bispo Ângelo Roncalli. localizada no Estado de Kansas. o Papa disse-lhe que faria tudo que pudesse para glorificar o Espírito Santo. estas pessoas teriam sido reconhecidas como autênticos profetas e profetisas. Caso o carisma da profecia não houvesse caído em desuso por vários séculos. Patti Galagher. primeira pessoa beatificada pelo Papa João XXIII.191 Este fato acontecido em Topeka é o marco do Pentecostalismo moderno. mais uma vez. Patti Galagher. sobre o Espírito Santo. encorajada por seu diretor espiritual. por meio do Bispo Volpi.2) Moções do Espírito Santo em Leão XIII190 Após o início das correspondências de Irmã Elena. Mansfield. profetizarem. João XXIII. uma congregação religiosa denominada Oblatas do Espírito Santo. Vemos nesta obra que o início da Renovação se deu com o evento de sinais sensíveis da presença do Espírito Santo. Logo em seguida publicou a Encíclica Divinum Illud Munus. quando uma jovem de nome Agnes Ozman orou em línguas. em seus mistérios. não se faz esperar. assim como o momento em que a Renovação nasceu. orarem por curas e milagres. Cit. Cit. Passados alguns anos. Logo outras pessoas também começaram a orar. Op. que se dedicava a estudar o batismo no Espírito Santo. O Espírito Santo. Mansfield. por volta das 23 horas. Os caminhos do Senhor são mesmo misteriosos. atendendo aos apelos do Espírito que lhe eram feitos por meio de Irmã Elena. na qual todas as pessoas viviam permanentemente as graças de Pentecostes narradas na Primeira Carta aos Coríntios. visitou inúmeras vezes uma aldeia da então Tchecoslováquia. Patti Galagher. 6 e 7 . Nos dias atuais elas simplesmente retornaram. Ele lhe dá vida e a conduz. pp. Espírito Criador). Mas não seguiu esta inspiração no momento. seja qual for o motivo do rareamento das manifestações pentecostais. cantando. Em 1897. incluindo o Reverendo Parham. escreveu doze cartas confidenciais ao Papa Leão XIII entre os anos de 1895 a 1903. 188 MANSFIELD. Com certeza este santo Papa viu muitas vezes as pessoas desta aldeia orarem em línguas.. começaram as atuais manifestações de efusão do Espírito Santo. Patti Galagher.188 Nele são noticiados vários eventos que prepararam o regresso da espiritualidade pentecostal. Cit. Op. Ele é sua alma. Destacaremos algumas mais apropriadas à nossa reflexão. cit. que o Espírito Santo jamais esteve ausente da Igreja. Itália. em 190 Cf. 54 Deus deu à Irmã Elena a visão de que a Igreja seria um permanente cenáculo de oração. testemunharem Cristo com ardor. elas jamais deixaram de existir. o Papa invocou o Espírito Santo. também como já vimos antes. Inicialmente é necessário relembrar. E ela disse tudo isso ao Papa. pp. fundou em Lucca. A este respeito é interessante notar que no mesmo dia da oração do Papa. enquanto um grupo protestante orava. vemos neste gesto do santo Pontífice. o hino “Veni. Mas a partir do Século Dezenove Ele começou a incitar a Igreja no sentido de se acolher um novo Pentecostes. 8 189 Cf. 8 e 9 191 Cf.. Leão XIII publicou o documento Provida Matris Caritate. Op. MANSFIELD. no qual pedia que toda a Igreja celebrasse entre as festas da Ascensão e do Pentecostes solene novena ao Espírito Santo. A este respeito é importante ler um livro de Patti Galagher. uma espécie de preparação para o Século XX. No dia primeiro de janeiro de 1901. Isso aconteceu de várias formas. Op. O Senhor usou muitas pessoas para isso. e são os antecedentes seguros das que hoje acontecem. A partir de então. pp. Patti Galagher. onde estava a capela. por exemplo. Em pouco tempo a Renovação já existia em todos os continentes. Mansfield. o Bispo Ângelo. quebrantamento.4) Ação do Espírito Santo no Concílio Vaticano II Inegavelmente o Concílio Vaticano II. porém desta vez sem que saíssem da Igreja. Op.193 As referências a eles vieram em dezenas. O lema do brasão daquela Universidade é: “Spiritus Est Qui Vivificat” (É o Espírito quem vivifica). Os novos caminhos do Espírito Santo para a Igreja Católica. por onde pode progredir com segurança. Na noite daquele dia dezoito. além do que se diz do seu doador. Patti Galagher. Estado da Pensilvânia. mas sustentados pelo Senhor permaneceram fiéis. que começaram nos tempos da Irmã Elena Guerra e do Papa Leão XIII. Cit. unida em pensamento e firme em oração com Maria. Exatamente como os Apóstolos – resistiram às incompreensões de quantos não haviam ainda experimentado esta graça e permaneceram firmes com os jovens dentro da Igreja. 195 Cf. muitos dos seus líderes vieram dos cursilhos e ainda continuam entre nós. 11 e 12). No início da Renovação no Brasil. daquele mês e ano. após uma festinha de aniversário ter sido frustrada pela falta de água. o Concílio Vaticano II legítima as modernas espiritualidades carismáticas. p. encaminharam-se para a capela. 47. manifestando-se oração em línguas. Lá chegando. realizado nos dias 17. reino do amor e da paz. Por isso iam para os movimentos pentecostais protestantes da época.196 O marco da Renovação Carismática Católica dos tempos atuais aconteceu no dia 18 de fevereiro de 1. queriam ser católicos pentecostais. Cit. diretamente. dentre as quais citamos Irmã Elena Guerra. literalmente. causadores de perplexidades desde Jerusalém. Muitas vezes foram obrigados a se reunirem em locais diferentes. vários jovens foram impelidos pelo Espírito Santo a irem para o andar de cima. Estados Unidos da América. 12 196 Nos Estados Unidos. a Mãe de Jesus. p. Até então todos que experimentavam a efusão do Espírito Santo. Op. cada um por sua vez. Durante os preparativos deste conclave o Papa não escondeu o que Senhor colocava em seu íntimo. Patti Galagher. Nos documentos que o Concílio gerou. que são os carismas. pois suas lideranças não aceitavam o pentecostalismo. Se podemos dizer que a Primeira Carta aos Coríntios contém o estatuto básico para um salutar movimento pentecostal. No ano de 1. terminamos de verificar que o novo Pentecostalismo Católico foi objeto de promessa e preparação divinas por meio de pessoas escolhidas. durante um retiro de estudantes da Universidade do Espírito Santo de Duquesne. 197 MANSFIELD. Tão logo assumiu as funções de vigário de Cristo. Papa João XXIII e os padres conciliares que participaram do Concílio Ecumênico Vaticano II. b.967. sem saberem o motivo. .197 O Senhor não queria para eles água mineral. “clique” na garganta. no que toca ao Pentecostalismo. Assim. possa prosseguir na construção do reino do nosso Divino Salvador. Amém”. Op. Cit. o Espírito Santo. Mas desta vez não foi assim. católicos ou protestantes. enquanto a Renovação Carismática Católica não se iniciara. sensação picante na língua. o Espírito Santo. como em um novo Pentecostes. que mais justo seria dizer que a partir dos documentos conciliares nele gerados. At 2.965 aconteceram efusões do Espírito Santo em algumas de suas reuniões. conforme Patti Galagher (Mansfield. perdiam o vínculo com suas antigas denominações. júbilo. reino de verdade e de justiça. 195 Talvez por isso o Cursilho forneceu os primeiros líderes que a Renovação necessitava. c) Cumprimento da promessa194 193 Cf. o Espírito Santo encontrou no Cursilho de Cristandade um ambiente propício para a sua efusão. largas avenidas com sinalização bem ordenada e visível. dirigida pela ordem missionária dos padres do Espírito Santo. convocou um concílio ecumênico. Op. Tanto que até elaborou a seguinte oração preparatória para o Concílio: “Renova os teus milagres nestes nossos dias. atingiram no concílio uma delineação nítida. Permite que tua Igreja.1-15 194 Cf. estava sendo escolhido por Deus para ser o gatilho do novo Pentecostalimo?! Ninguém. Patti Galagher. foi uma grande e majestosa profecia. Professores de teologia e de filosofia – portanto com boa formação e sabedores do que queriam. como sensação quente no corpo. reencontramos – oficialmente – boa fundamentação para os pontos cruciais do Pentecostes. pois tencionava inundar-lhes da Água Viva. arrastou uma multidão de católicos para o atual pentecostalismo. O Senhor os batizou em seu Espírito e Este se manifestou a eles com vários sinais físicos. Cit. 55 Na década de sessenta. 18 e 19.“fim” de carreira. e guiada pelo abençoado Pedro. Papa Leão XIII. A partir dos acontecimentos de Duquesne. Mansfield. o Movimento Pentecostal tem imensas rodovias bem pavimentadas. lágrimas. agora Papa João XXIII. o segundo realizado em Roma. é dirigido por uma pequena comunidade denominada núcleo do grupo. O Novo Testamento registra a existência de muitas comunidades. a mentalidade. 1-22. Alguns de seus pioneiros foram. na época da Diocese de Santarém. Doutor Jonas. os que mais marcam a Renovação como um novo Pentecostes são os carismas. São as de aliança e as de vida. São belos frutos. ensinos. a pedido do Conselho Nacional. É assim que vemos. Monsenhor Mauro Tommasini. Esses líderes assumiram uma evangelização com identidade própria e logo já se organizaram como movimento. o Sul. Imaculada Petinnatti. Com o atual ela se revigora. Padre Schuster. quase exclamam: “Mas isto aqui é ‘Atos dos Apóstolos’ em pleno Século XXI”. A rápida propagação do Fogo de Pentecostes levou à realização do primeiro Congresso Nacional. Quem conhece o Novo Testamento e participa de algum encontro de oração. da Arquidiocese de Pouso Alegre-MG. em pleno interior do Brasil. com Frei João Batista Vogel. Mas o melhor mesmo tem sido as conversões profundas que atingem o coração. At 9. assim como pelo Livro dos Atos. Nossas orações. Desta graça somos mais que testemunhas. ministério de cura. Em cada local onde existe a Renovação o que se vê são inúmeras pessoas evangelizando por meio de ensinos. Logo já havia atingido o Norte. de fevereiro/98. em três localidades simultaneamente: Campinas-SP. além dos nomes já citados: Frei Paulo. comparável ao da Igreja Primitiva. Padre Alírio Pedrini. no início chamadas de Experiência do Espírito Santo. Dom Cipriano Chagas. Dom Silvestre Scandian. Muitos líderes de movimentos como o Cursilho de Cristandade e os Treinamentos de Liderança Cristã (TLC) participaram das experiências de oração. este desde os tempos de seminarista. Frei Antônio. Era a Renovação que nascia. Campo Grande-MS. ação política. entre eles os padres Sales e Haroldo Ham. naturalmente. Maria Lamego. Tia Laura. louvores e carismas podem ser descritos pelas cartas dos Apóstolos. d) Frutos pentecostais Falta ainda compararmos os frutos de hoje com os frutos do Pentecostes apostólico para percebermos definitivamente que a Renovação é um novo Pentecostes. precisamente na Paróquia São Francisco. que participou do encontro de Campinas-SP.969. já em 1974. e em uma cidade do interior do Amazonas. Ele pode ser visto e experimentado na Renovação Carismática Católica que já se organizou em mais de duzentos e cinqüenta dioceses. afastada de Goiânia cerca de quarenta quilômetros. 56 arquidioceses. na época uma pequena cidade de Goiás. a Renovação tendo início em Anápolis. A partir do primeiro Congresso Nacional este Fogo se propagou de forma vertiginosa. como sucediam no tempo dos Apóstolos. vão se agrupando e formando comunidades. Da mesma forma que o Senhor fez com os discípulos e os Apóstolos200 temo-lo visto fazer hoje em dia com muitas pessoas. 10. temos presenciado uma quantidade enorme de conversões instantâneas. Sentem-se atraídas pela mesma unção que reveste outros irmãos. As pessoas que experimentam a graça de Pentecostes não desejam mais viver sozinhas. incluindo 198 A matéria veiculou no número 16. E. Irmã Stelita. Muitas são dotadas de estatuto próprio com aprovação eclesiástica. No final dos 200 Cf. logo pela primeira vez já pode notar e comparar tudo o que nele se vê com o livro dos Atos. Peter e Ingrid Orglmeister. e principalmente entre os leigos. Padres como Jonas Abib e Eduardo Daugherty. também bebam desta Água.974) ela chegava em Goiânia.No Brasil chegou no mês de junho de 1. engajamento em pastorais diocesanas e paroquiais. que a esta altura já havia encarnado o novo pentecostalismo. Mas de todos os frutos. São filhos da Renovação que se emanciparam. A partir do início dos anos setenta alguns sacerdotes jesuítas. Existem hoje milhares de grupos de oração. Eles ocorrem em nosso meio. Ele foi realizado em Itaici sob a coordenação do Arcebispo de Vitória. dentista. Vejamos sinteticamente. em qualquer pastoral ou movimento. na época ainda padre. de Goiânia-GO.198. e sua esposa. Pará. cânticos. Agora já se estudam as comunidades de renovação. na qual o entrevistado é o Padre Eduardo Daugherty. propiciaram a segurança necessária aos primeiros formadores e coordenadores da Renovação.199 Estas datas demonstram a pressa do Senhor. dentre muitos outros. já em 1974. obras sociais. maravilhados. consoante reportagem publicada no Jornal “CARISMA”. literalmente. o Oeste e o Centro-Oeste. sem nenhum comando. o Leste. Em nossos dias o que temos visto? O mesmo fenômeno acontecendo. O novo Pentecostes não é mais somente uma promessa. Hoje experimentamos um ardor missionário entre clérigos. Irmã Tarsila.18 . trazida pelo Frei Juvenal – OFM. Como no tempo dos Apóstolos. começaram a realizar pelo Brasil experiências de oração. No mesmo ano (1. página 7 199 Existe estudo de um projeto para escrever a história da Renovação no Brasil. Cada grupo de oração. Outras espécies de comunidades também têm sido suscitadas. Com o primeiro Pentecostes a Igreja nasceu. Com isso. quando estruturado. Em cada lugar onde haja um grupo de oração da Renovação Carismática o Senhor tem fomentado a fé e o amor a Deus e à sua Igreja.1—11. Desejamos ardentemente que todos os irmãos. e com as presenças do Padre Robert DeGrandis e dos frades João Batista Vogel e Wilfred Tunnick. glória. que vão desde a concepção de Jesus. repitamos com os santos. digamos com os anjos. não há como negar a realidade de que a RCC é verdadeiramente um grande Pentecostes para os dias atuais. amém. 201 DOCUMENTO La Ceja. nosso Salvador e Senhor. seus milagres. em forma de um grande kairós. 33 57 Quem deseja que nós o vivamos é o Cristo de Deus. um grande Pentecostes comunitário e eclesial. milagres.201 Então. Hoje. glória. Quem no-lo deu foi o próprio Jesus. passando por sua ação pastoral. irmãos. possibilitando a organização da Igreja e sua consolidação ao longo dos séculos. Obrigado. afinal Deus o fez para nós.” e) RCC. Amém. realizado para estudar a Renovação. dentre outros – indica que estamos vivendo um grande. impulsionando-os para missões evangelizadoras. É a manifestação viva. Op. do Espírito Santo no seio da Igreja de Jesus. em 1987. cit. Aproveitemos este tempo no qual o Senhor nos é propício para vivermos o nosso Pentecostes. Este Kairós continuou com a vinda do Espírito Santo para os Apóstolos e seus companheiros. curas. destemidamente. na verdade um grande kairós. . grande kairós A título de conclusão deste capítulo podemos dizer que a RCC está inserida em um movimento do Espírito Santo que marca um importante acontecimento para a Igreja.18-19). já dizia que “Quem conhece a ação do Espírito Santo nos Apóstolos e na Igreja primitiva pode compreender melhor o que ele está realizando atualmente na Igreja e no mundo. e cheios de fé e confiança mergulhemos de uma vez por todas neste genuíno Pentecostes. ardor missionário. manifestação de carismas. Vivamo-lo com amor e audácia. amém. Deus os abençoe. Ele é nosso. Nos dias marcados pelo kairós podemos até ver Deus intervindo na história humana. Como kairós no Novo Testamento. Depois disso que nos resta dizer? “Amém. Amém. maravilhoso e necessário kairós. “Intensificai as vossas invocações e súplicas. fortalecimento da Igreja. Nele Deus manifesta abundantemente as suas graças. A nós cabe aproveitá-lo ao máximo e ensinar outros a fazerem o mesmo. o tempo em que Deus age visivelmente. o tempo de Deus. Um dos mais significativos é a epopéia da libertação dos hebreus da escravidão egípcia. sua morte. assim percebe que estamos vivendo o Novo Pentecostes pedido pelo Papa João XXIII”.encontros muitos se aproximam de nós dizendo: “Que bênção! Agora estamos vendo tudo o que queríamos ver em nossa Igreja”. podemos citar os momentos decisivos para a nossa salvação. No Velho Testamento existem descrições de vários tempos especiais de graça. Kairós é uma palavra grega que designa um tempo especial de graça para os filhos de Deus. Glória. amor à Igreja. ressurreição e ascensão. Senhor. É por tudo isso que aquele Sínodo dos bispos latino-americanos. quando o Espírito Santo repete entre nós muitos dos sinais bíblicos apostólicos – conversão. o Senhor da Glória. palpável. Orai também por mim” (Ef 6. um kairós. compreender-se-á também o de hoje. 1988). A Renovação Espiritual Católica Carismática. evidentemente. Partindo de uma efusão do Espírito Santo no tempo de Moisés (Nm 11.” (Documento do Encontro Episcopal Latino-Americano realizado em La Ceja – Colômbia. Compreendido o primeiro Pentecostes. Podemos mesmo traçar um paralelo entre o primeiro Pentecostes e o atual. vemos que durante a Antiga Aliança Deus foi preparando o povo para dois eventos importantíssimos. Por tudo isso podemos concluir que estamos vivendo um autêntico Pentecostes. promessa cumprida. como obra do próprio Messias. Este mesmo paralelo é encontrado também nos seus frutos. Promessa feita. Assim. preparou também nossa geração para o atual pentecostes. Para compreender a Renovação espiritual carismática é preciso saber o que esse Espírito realizou nos primeiros tempos da Igreja. São Paulo: Loyola. Chegou o dia de Pentecostes e os primeiros cristãos foram plenificados com o Dom do Espírito. .58 RESUMO “32. o segundo foi a vinda do Espírito Santo. pois como Deus preparou o povo antigo para a vinda do Espírito. analisamos o fenômeno Pentecostal. promessas. como um dom do messianismo do Filho do Homem. percorrendo algumas passagens mais significativas do Velho Testamento. Ambos tiveram seus antecedentes históricos.24-29). A diferença que se encontra está no tempo desta preparação. O primeiro foi a vinda do Messias. e cumprimento. manifestado ‘nos frutos da graça que o Espírito produz nos fiéis’ como crescimento para a plenitude da vida cristã e para a perfeição da caridade. Logo. Vamos a eles. em seu contexto. a disponibilidade para a sua recíproca colaboração. . A comunhão com o Papa e com o Bispo é chamada a exprimir-se na disponibilidade leal em aceitar os seus ensinamentos doutrinais e orientações pastorais. Mas existem outros critérios a serem obedecidos. podemos deduzir que o contexto da Renovação é eclesial. –– A responsabilidade em professar a fé católica. Nesse sentido. os –– O primado dado à vocação de cada cristão à santidade. Trata-se da espiritualidade. toda agregação de fiéis leigos deve ser lugar de anúncio e de proposta da fé e de educação na mesma. principalmente se considerarmos que toda esta Doutrina deve ser obedecida por nós – Como obedecer a algo que não se tem à mão? – Hoje. além disso. em sua totalidade. por este critério. de modo a conseguir permear de espírito evangélico as várias comunidades e os vários ambientes. 1. sobre a Igreja e sobre o homem. favorecendo e encorajando ‘uma unidade mais íntima entre a vida prática dos membros e a própria fé’. em contraste com a liberdade associativa. por serem necessários e também muito instrutivos: “Critérios de eclesialidade para as agregações laicais 30. e na ‘estima recíproca entre todas as formas de apostolado da Igreja. em relação filial com o Papa. pois encontramos no parágrafo trinta da Christifideles os critérios que definem a eclesialidade que de nós espera a Igreja. isto é. concluímos que nossa espiritualidade é inteiramente conforme à Sagrada Escritura. analisado em outro capítulo. que é a evangelização e santificação dos homens e a formação cristã das suas consciências.59 CAPÍTULO QUINTO CONTEXTO ECLESIAL DA RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA A Renovação. Agora temos à mão. Vamos agora a estes critérios. a tarefa de discernir sobre a conformidade de uma espiritualidade ou de um movimento com a Doutrina da Igreja está facilitada. que se reconheça a legítima pluralidade das formas agregativas dos fiéis leigos na Igreja e. A comunhão eclesial exige. Serão transcritos integralmente. Quando analisamos o dito cânon. toda e qualquer agregação de fiéis leigos é chamada a ser sempre e cada vez mais instrumento de santidade na Igreja. no respeito pelo seu conteúdo integral. e com o Bispo ‘princípio visível e fundamento da unidade’ da Igreja particular. –– A conformidade e participação na finalidade apostólica da Igreja. também chamados ‘critérios de eclesialidade’. Que outros requisitos um movimento deveria atender para ser eclesial? Até o advento da Christifideles Laici a resposta a esta indagação não era fácil. podem considerar-se seguintes: de forma unitária. Como critérios fundamentais para o discernimento de toda e qualquer agregação dos fiéis na Igreja. o que devemos seguir e praticar. CRITÉRIOS DE ECLESIALIDADE Antes de analisar os critérios de eclesialidade propostos pela Igreja colocaremos um a mais. que se compreende a necessidade de claros e precisos critérios de discernimento e de reconhecimento das agregações laicais. de maneira clara. em obediência ao Magistério da Igreja. no seu conjunto. Por isso. Por isso cremos ser este um importante critério de eclesialidade. acolhendo e proclamando a verdade sobre Cristo. Mas muita gente ainda não percebeu esta virtude. exige que os movimentos católicos tenham a espiritualidade conforme a Doutrina da Igreja. Com ele teremos mais algum fundamento para dizer que a Renovação é um movimento autenticamente católico e que estamos realmente inseridos na Igreja. pois a Doutrina da Igreja sobre os movimentos se apresenta diluída e esparsa. simultaneamente. é eclesial. Daí a pertinência deste capítulo. no entanto. portanto. O cânon 214 do Código do Direito Canônico. É sempre na perspectiva da comunhão e da missão da Igreja e não. centro perpétuo e visível da unidade da Igreja universal. –– O testemunho de uma comunidade sólida e convicta. a Sagrada Tradição e a Doutrina da Igreja. que autenticamente a interpreta. que é proclamar a Boa Nova de Jesus Cristo e promover a geração de discípulos. Deixamo-nos cativar por eles e nos esforçamos para cativar sua amizade.202 os irmãos são exortados e. Ao ler esta citação logo se nota que os critérios de eclesialidade trazidos pela Igreja estão entranhados em nossa espiritualidade. em obediência ao Magistério da Igreja. respondem por nós. que autenticamente a interpreta”. Hoje nossos atos no sentido de construir a paz e a unidade. São grandes as coincidências entre eles e aquilo que praticamos. afastados de suas funções pastorais para um período 203 de reflexão. pastoreio.25-26 60 O amor aqui dedicado à santidade é também demonstrado pelos seminários que são feitos com a finalidade de estudá-la. 11. Sempre que preciso. a grande maioria de nós não cultivávamos respeito pela hierarquia. Mt 18. quando suas ações estavam afrontando o Evangelho. as agregações dos fiéis leigos devem converter-se em correntes vivas de participação e de solidariedade para construir condições mais justas e fraternas no seio da sociedade”. exige-se de todas as formas agregativas de fiéis leigos. At 9. Somos conscientes de que isto também não é fruto de nossas próprias forças. sujeitos de uma nova evangelização. Acreditamos naquilo que a Igreja acredita. inicialmente.) e com o Bispo” Nosso amor pela hierarquia é testemunhado com fatos. os critérios apresentados pela Igreja não devem servir para cercear a liberdade dos leigos no que tange ao nosso direito agregativo. –– “A responsabilidade em professar a fé católica. por meio da compreensão.26-30. à luz da doutrina social da Igreja. em relação filial com o Papa (. sempre e cada vez mais. Tudo o que se faz na Renovação tem como ponto de chegada a edificação dos filhos e filhas de Deus. cumprindo a recomendação de Cristo nosso Senhor.. Inúmeras vezes presenciei exortações a irmãos cujas vidas estavam incoerentes com sua pregação. 2. Quem conhece a Renovação pode testemunhar que a luta para construir a santidade é o fio condutor que une todos os seus membros. Esta graça recebemos da própria Trindade que ama os representantes do Filho e deseja vê-los amados. que conforme a introdução do parágrafo da Christifideles Laici citado acima. do perdão e do diálogo. assim como suas atividades. um entusiasmo missionário que os torne. O mesmo amor temos pelos bispos e sacerdotes. se coloque a serviço da dignidade integral do homem. Com isso temos conseguido inculturar a fé em muitos ambientes sem perder a catolicidade e sem incorporar doutrinas anticristãs e ainda sem assimilar elementos sincretistas. por vezes. Temos colhido bons frutos com esta prática. acolhendo e proclamando a verdade sobre Cristo. –– “Estima recíproca entre todas as formas de apostolado da Igreja”. –– “A conformidade e participação na finalidade apostólica da Igreja” A finalidade apostólica da Igreja encontra-se em sua missão. mas. nosso Senhor. É uma graça que Deus dá a todos que pedem. e de cada um deles. em outras palavras. Freqüentemente somos convidados para colaborar em seus encontros. Outro ponto cuidadosamente desenvolvido pela Renovação é a fé católica. mesmo em questões que nos ferem profundamente. –– “O testemunho de uma comunidade sólida e convicta. 202 Cf. Vejamos agora como a Renovação está atendendo aos critérios propostos.15-16 203 Cf. que é. Afinal somos todos filhos de um só Deus.. Eles podem testemunhar nossos esforços para construir com eles a comunhão. Antes de ser acolhido pela Renovação. Sabemos que isso não é mérito nosso. devem nortear nossa liberdade de nos reunir e criar movimentos eclesiais inseridos na Igreja. –– O empenho de uma presença na sociedade humana que. a fim de possibilitar sua prática com maior eficácia. –– “O primado dado à vocação de cada cristão à santidade”.204 Quem isto fizer já 204 Cf. carinho e respeito. Nos faltam palavras para descrever os sentimentos filiais que nutrimos pelo Papa. sobre a Igreja e sobre o homem.Nesta linha. Mt 28. ao invés. Aqui se vê uma vigilância constante e amorosa para que ninguém esmoreça na luta contra o pecado e em prol da santidade. oração. Sabemos que se estivermos com o nosso Papa estaremos com Cristo.19-20 . Nosso coração se alegra quando vemos outros movimentos entregues à causa de Jesus Cristo. Acolhemos aquilo que a Tradição Católica nos transmitiu e que a sã Doutrina recomenda. Assim. Confessar nosso amor aos padres e bispos? Jamais. Isto nos conforta e anima. A RCC ESTÁ INSERIDA NO CONTEXTO ECLESIAL Note-se. a santidade. Em muitas oportunidades vemos irmãos em lágrimas por causa de incompreensões sofridas quebrantarem seus corações diante do poder de Deus e perdoar e amar seus pastores. cura interior e conversão. e nos anima a perseverar e a envidar esforços para aperfeiçoarmos esta eclesialidade e também a fazer avaliações constantes a fim de cumprir mais fielmente algum critério que porventura não faça parte de nossa vida eclesial ou que ainda não esteja sendo atendido a contento. de expressá-lo no cotidiano. –– “O empenho de uma presença na sociedade humana que. presidido pelo Bispo. do Código do Direito Canônico. tais como: o gosto renovado pela oração. capítulo 3. Quem diz isso é a própria Christifideles Laici. apresentados em seu número 30. atingindo esta sublime finalidade apostólica. com generosidade e alegria. Em breve contaremos com bibliografia produzida pelas Secretarias 205 Cf.. à luz da doutrina social da Igreja. item 4. Para cumprir esta missão. O termo evangelização. Quem evangeliza como membro da Igreja atende a este requisito e promove a comunhão.18b 206 DOCUMENTOS DA CNBB – 56: Rumo ao Novo Milênio 61 Marta e Matias e por autores independentes. Ao presbitério. o espírito de desapego e de pobreza evangélica em ordem a uma caridade mais generosa para com todos. O próprio Jesus definiu sua missão: evangelizar. o protagonismo é do cristão leigo. Entretanto.. se coloque a serviço da dignidade integral do homem”. as conversões à vida cristã ou o regresso à comunhão por parte de batizados ‘afastados’”. Leiamos: “Os critérios fundamentais acima expostos encontram a sua verificação nos frutos concretos que acompanham a vida e as obras das diversas formas associativas. Mais precisamente: ‘evangelizar os pobres”. . ao sacerdócio ministerial. à vida consagrada. todos acima.. subitem b. o engajamento catequético e a capacidade pedagógica de formar os cristãos. Afinal não se entende o comportamento desonesto de alguém que se diz cristão.. (.206 Como se vê na citação acima. subitem “d”. este imenso ‘mutirão evangelizador’. subitem “b”. item 2. por isso mesmo. Outra não é a missão da Igreja. Eles são fundamentais para comprovar o atendimento aos critérios de eclesialidade. Isso demonstra nossa eclesialidade e nossa conformidade com a Doutrina da Igreja que é exigida no mencionado cânon 214.39). a disponibilidade em participar nos programas e nas atividades da Igreja. “porque não há ninguém que faça um prodígio em meu nome e em seguida possa falar mal de mim” (Mc 9. item 3. culturais e espirituais. em nome da Igreja. Seus frutos têm sido colhidos em forma de criação de obras sociais e de engajamento político. Lc 4. Tudo o que nela se faz está impregnado de evangelização.205 61. impelidos pelo Espírito Santo. 207 Capítulo primeiro. na tarefa de acolher o Evangelho como experiência de vida. capítulo segundo. a animação pelo florescimento de vocações ao matrimônio cristão. a estudá-lo em seminários. Ela existe para evangelizar. ainda que considerada a miúdo. Como? Organizando a nossa Ofensiva Nacional e praticando o que está sendo planejado em todos os lugares em que estivermos. a contemplação.2 e item 4. o impulso em ordem a uma presença cristã nos vários ambientes da vida social e a criação de animação de obras caritativas. nos pede um mutirão missionário. há tarefas e responsabilidades específicas.) 88. como as que seguem abaixo: “60. Mas já começamos. expressa a missão global da Igreja. Outro fator importante pode ser visto nos testemunhos de empregados e em formadores mais honestos e fraternos no cumprimento de suas obrigações trabalhistas. Inegavelmente este critério é um dos mais difíceis de ser atendido.estará preenchendo o primeiro e mais importante requisito da eclesialidade. a vida litúrgica e sacramental. ainda mais um cristão que deseja se deixar conduzir pelo Espírito Santo. Em outros capítulos207 apresentamos alguns frutos colhidos pelo Senhor no seio da Renovação. cabe a fundamental tarefa de unir e motivar todos os membros da comunidade diocesana para assumirem. carismas e ministérios. Na Igreja particular como comunhão de vocações. Em se tratando de Brasil isso pode ser visto nas várias formulações de missão encontradas nos documentos da Igreja. E aqui nós indagamos: O que a Renovação tem feito que não seja evangelizar? Nada. Capítulo 4. a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Podemos fazer mais? Sim. A missão da Igreja é a missão da Renovação. disse Jesus. É maravilhoso ler essa conclusão em um documento da Igreja dirigido aos leigos e descobrir que os frutos nela mencionados fazem parte do cotidiano de nosso Movimento. a missão fundamental da Igreja é evangelizar. em conclusão aos critérios acima transcritos. item 2. tanto a nível local como nacional ou internacional. reconhecendo nossa autoridade como Igreja Católica e nosso vínculo profundo com a Igreja Primitiva. ali estará uma parcela da Igreja. nada mais lógico que podermos nos realizar também como católicos 62 dentro deste movimento.A melhor eclesialidade é traduzida pela comunhão eclesial. cante. Onde quer que exista uma fração da Renovação. sendo eclesial. mas sendo membro dele. Resumidamente esta é a rotina da Renovação. nos dias 24. um movimento como a Renovação Carismática é uma forma da Igreja se manifestar. acima. pois. Vemos essa aceitação materializada no encontro internacional dos líderes de movimentos com o Papa João Paulo II. Porcentagem mínima escapa deste padrão. Para realizar bem essas atividades precisamos de nos submeter a formação constante. para que ela seja parte do Corpo Místico de Cristo ou para que seja aceita como católica. estando inserido inteiramente no Corpo Eclesial. Tal exigência afrontaria a fraternidade. em 1. ela nos coloca inteiramente no coração da Igreja. Uma vez que a Renovação é uma autêntica expressão de Igreja. por intermédio do Setor de Leigos. está inteiramente inserida no contexto eclesial de nossa Igreja Católica e que o seu próprio contexto é também eclesial. realizado em Goiânia. ainda que sem a profundidade merecida. desenvolva promoção humana ou ação política em sentido estrito. se temos o direito canônico e sagrado de nos organizar como movimento. realizado no Vaticano. Sempre atendemos aos pedidos de ajuda com amor. ore por curas e milagres. organizada como movimento. 3. Apesar da enorme carga de atividades formativas e pastorais que desempenhamos. Lembremos que elas são autênticas terras de missão. O outro efeito é que a Renovação. . A conclusão acima está fundamentada também na orientação da Igreja que aceita e incentiva os movimentos como meios aptos a propiciarem um autêntico catolicismo. com base na eclesialidade da Renovação. bem como de apreciar nossas atividades pastorais. milhares de nós ainda encontram tempo para colaborar com as pastorais208 paroquiais e com outros movimentos. contudo. é apta a ser uma opção de engajamento pastoral plena. uma expressão deste Corpo. podemos asseverar que nossa expressão de Igreja. Concluindo. para formar a comunidade – koinonia (). O clero católico. a começar por aqueles que se aproximaram de nós sem medos e sem preconceitos. ao Filho. e quase sempre com jornadas de oito horas. como vimos. Trabalhamos diariamente. Mas. depois de alguns anos de indecisão. desejosos de conhecer e entender os fenômenos espirituais que acontecem em nosso meio. que não devamos colaborar com nossas pastorais paroquiais. a Ele próprio e aos irmãos. bem como no Primeiro Encontro Nacional para movimentos. Isto não significa. onde se transcreveu resultado de pesquisa na qual se detectou que mais de 60% dos membros da Renovação colaboram em pastorais.2. subitem a. também tem entendido e reconhecido a Renovação como expressão de Igreja.998. item 4. Esta conclusão para os leigos é muito importante. Por isso damos por bem demonstrado o contexto eclesial da Renovação Carismática Católica. vistos acima. coordenado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. podemos aceitá-la sem 208 Capítulo segundo. Muitas vezes presenciamos integrantes de tradições protestantes se referirem à Renovação com inusitado respeito. inteiramente. Quem dela participa goza da segurança de estar em comunhão com a Igreja e pode nela se realizar plenamente como católico. bem como cumprindo a missão de Jesus Cristo. é a própria Igreja que está se expressando. Os critérios apresentados pela Igreja. Este caráter de expressão da Igreja Católica é reconhecido pelas outras denominações cristãs com muita facilidade. são suficientes para atestar esta comunhão e com ela firma-se o contexto eclesial dos movimentos. EFEITOS DA ECLESIALIDADE DA RENOVAÇÃO Não enumeraremos todos os efeitos de nossa eclesialidade. Não nos sobra muito tempo para as atividades desempenhadas pelos religiosos e religiosas. Onde quer que um membro da Renovação pregue. Somos leigos. Ora. se expressar ao mundo. Isto significa que quem participar de alguma atividade da Renovação estará realizando plenamente o trabalho pastoral da Igreja. a Renovação será. pois para nós eles vêm da parte de nosso Senhor Jesus Cristo. Em outras palavras. bem como nos ajuda a sermos revestidos da Alma da Igreja. De fato. Porém analisaremos alguns deles a título de esclarecimentos úteis para as atividades pastorais de nosso Movimento. O tempo destinado ao nosso repouso é empregado em atividades pastorais. Os leigos são casados ou estão em busca do cônjuge ideal. em nosso Movimento. 25 e 26 de novembro de 2000. pois nosso tempo é muito escasso. o Espírito Santo. sem ser o próprio Corpo. O primeiro deles é a definição da Renovação como sendo uma expressão eclesial. daí ser ela uma expressão da Igreja. que nos conduz ao Pai. naturalmente. podemos repetir e frisar que não é necessário sobrecarregar com obrigações extras uma pessoa que participe e viva fielmente o chamado de Jesus Cristo para nós. mediante a participação na Ceia Eucarística e na missão que Cristo confiou aos batizados. a vida litúrgica e sacramental. Orai também por mim” (Ef 6. o espírito de desapego e de pobreza evangélica em ordem a uma caridade mais generosa para com todos. em relação filial com o Papa (. Mais: a Renovação.18-19). sobre a Igreja e sobre o homem. Com efeito. ore por curas e milagres. onde quer que um membro da Renovação pregue. à luz da doutrina social da Igreja. “O empenho de uma presença na sociedade humana que. as conversões à vida cristã ou o regresso à comunhão por parte de batizados ‘afastados’”. Nº 60. ali estará uma parcela da Igreja. “A responsabilidade em professar a fé católica. tais como: o gosto renovado pela oração.. 61 e 88). Isto significa que quem participar de alguma atividade da Renovação estará realizando plenamente o trabalho pastoral da Igreja. 63 Amém.19-20. à vida consagrada. desenvolva promoção humana ou ação política em sentido estrito. a disponibilidade em participar nos programas e nas atividades da Igreja.reservas e nela viver intensamente nossa espiritualidade. o engajamento catequético e a capacidade pedagógica de formar os cristãos. acolhendo e proclamando a verdade sobre Cristo. para que ela seja parte do Corpo Místico de Cristo ou para que seja aceita como católica. 2. As conclusões acima fundamentam-se também na orientação da Igreja que aceita e incentiva os movimentos como meios capazes de propiciarem um autêntico catolicismo. é a própria Igreja que está se expressando. - Quem isto fizer já estará preenchendo o primeiro e mais importante requisito da eclesialidade. se coloque a serviço da dignidade integral do homem”.“O primado dado à vocação de cada cristão à santidade”. traz os seguintes “Critérios de eclesialidade para as agregações laicais”: 1. “Intensificai as vossas invocações e súplicas. RESUMO Ponto crucial no estudo dos movimentos são os critérios de eclesialidade.) e com o Bispo”. A existência desses frutos coloca a Renovação no âmago da eclesialidade. sendo eclesial. Deus os abençoe. a animação pelo florescimento de vocações ao matrimônio cristão. realizado em Goiânia e coordenado pela Conferência . Há que se notar também uma exigência do Direito Canônico. amor. A conclusão do número 30 da Christifideles Laici aponta os frutos que se espera de um movimento eclesial. fé e esperança. o impulso em ordem a uma presença cristã nos vários ambientes da vida social e a criação de animação de obras caritativas. Doc. é apta a ser uma opção de engajamento pastoral plena. que passa a gerar os seguintes efeitos: confirmação do contexto eclesial da Renovação e sua inserção na Igreja.39)”: = A missão da Igreja é a missão da Renovação. tanto a nível local como nacional ou internacional. 5. São estes critérios que norteiam a catolicidade das várias formas da Igreja se expressar. da CNBB – 56: Rumo ao Novo Milênio. A Christifideles Laici. Tal exigência afrontaria a fraternidade. que autenticamente a interpreta”. “Estima recíproca entre todas as formas de apostolado da Igreja”. ao sacerdócio ministerial. “A conformidade e participação finalidade apostólica da Igreja”: na - A finalidade apostólica da Igreja é proclamar a Boa Nova de Jesus Cristo e promover a geração de discípulos (Mt 28. “O testemunho de uma comunidade sólida e convicta. 6. em obediência ao Magistério da Igreja. Estar inserida no contexto eclesial significa que onde existir uma fração da Renovação.. em nosso Movimento. culturais e espirituais. “porque não há ninguém que faça um prodígio em meu nome e em seguida possa falar mal de mim. a contemplação. cante. disse Jesus” (Mc 9. em 1998 e no Primeiro Encontro Nacional para Movimentos. Quem participa de nosso Movimento pode comprovar a existência dos frutos acima em nosso Movimento. como vimos no encontro internacional dos líderes de movimentos com o Papa João Paulo II. em seu número 30. bem como cumprindo a missão de Jesus Cristo e que com base nesta eclesialidade não é necessário sobrecarregar com obrigações extras a uma pessoa que participe e viva fielmente o chamado de Jesus Cristo para nós. 3. Façamos isso com alegria. o cânon 214 prescreve que a espiritualidade admitida haverá de estar de acordo com a doutrina da Igreja. Ei-los: “Os critérios fundamentais acima expostos encontram a sua verificação nos frutos concretos que acompanham a vida e as obras das diversas formas associativas. 4. no ano de 2000. por intermédio do Setor de Leigos. .64 Nacional dos Bispos do Brasil. BÍBLIA Sagrada Ave-Maria. COMISSÃO DE SERVIÇO NACIONAL DA RENOVAÇÃO CARISMÁTICA DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA. . CANTALAMESSA. 3032. 1992.Escola Paulo Apóstolo. LEON-Dufour. 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