Este conteúdo pertence ao Descomplica. É vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito.Todos os direitos reservados. Empurrão para o ENEM Aprenda a Estudar com Marco Fisbhen Professor: Marco Fisbhen 01 e 03/07/2014 O QUE VOCÊ PODE FAZER PARA MELHORAR SUA MEMÓRIA De maneira resumida, o que leva a uma boa memorização é um estímulo adequado (repetido, intenso e relevante) em contato com uma pessoa propícia a fixá-lo (descansada, atenta e interessada). Já vamos começar relembrando! Estímulo adequado: repetido intenso relevante Pessoa propícia a fixá-lo: descansada atenta interessada Seguem, então, algumas dicas para esses momentos difíceis de Copa do Mundo (vamos ignorar as mais bobas, tipo “use filtro solar”): ESTUDE EM UM AMBIENTE ADEQUADO Parece besteira, mas é muito importante estudar em ambientes apropriados! Estude sempre em locais silenciosos, iluminados e organizados. Assim o estímulo que interessa se destaca (em vez do som da TV ou da sua irmã gritando) e a memorização é facilitada. FAÇA UMA COISA DE CADA VEZ Esse é o principal erro dos estudantes: fazer várias coisas ao mesmo tempo. Pensamos em diversos problemas e deixamos passar os dados que seriam relevantes. Identifique as prioridades do momento e se desligue do resto. Seguindo essa recomendação, você perceberá rapidinho que será mais fácil lembrar do que é mais importante. ESTEJA DESCANSADO Mais uma dica meio óbvia, mas o bom funcionamento cerebral depende de descanso. Durma 8 horas ininterruptas de sono por noite, com qualidade, mesmo que isso signifique ficar menos no Facebook! =D Além disso, não há problemas em tirar algumas sonecas durante a tarde… Yeah! Este conteúdo pertence ao Descomplica. É vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. Empurrão para o ENEM Aprenda a Estudar com Marco Fisbhen Professor: Marco Fisbhen 01 e 03/07/2014 EXERCITE O CÉREBRO Saia da zona de conforto. Coloque seu cérebro para realizar coisas novas. Faça coisas rotineiras de um jeito diferente: Mude os caminhos de casa pra escola Mude a mão com que você come e escova os dentes Troque o mouse de lado Aprenda outra língua, um instrumento, um novo esporte… Enfim, seja criativo e exercite seu cérebro como se fosse um músculo. Um cérebro treinado é muito mais confiável! Experimente alguns exercícios diários, como palavras cruzadas, Sudoku e outros jogos simples o bastante para serem relaxantes e ao mesmo tempo desafiadores! DIGA COISAS QUE VOCÊ QUER MEMORIZAR EM VOZ ALTA Se você tiver problemas para se lembrar se já tomou seu remédio, apenas diga alto e lentamente: “Eu acabei de tomar meu remédio!” logo após engolir. Isso também funciona para memorizar um endereço, uma data ou qualquer outro “item”. Apenas repita em voz alta a informação! INVENTE REGRAS MNEMÔNICAS Essa é uma técnica milenar muito usada para decorar informações de maior complexidade, como a tabela periódica, formulas de física, datas históricas, etc… Associamos uma informação difícil de ser memorizada a algo de maior facilidade, que tenha mais a ver com a gente, seja mais familiar. Uma boa regra mnemônica pode carregar uma informação por uma vida inteira. Essas regrinhas podem ser usadas com todo o tipo de informação, durante o dia-a-dia, facilitando o processo de memorização. Minha velha, traga meu jantar… sopa, uva, nozes e pão. (Entendedores entenderão!) FORME ASSOCIAÇÕES E IMAGENS MENTAIS Para usar eficientemente uma associação, você pode criar uma imagem mental que te ajude a se lembrar de palavras ou imagens. Por exemplo, caso tenha problemas para lembrar de que o JFK foi o presidente envolvido na invasão da Baía dos Porcos, apenas imagine o belíssimo presidente nadando em um oceano cercado por porcos felizes e barulhentos. Isso é absolutamente bobo, mas essa imagem concreta vai te ajudar eternamente a ligar o presidente a esse evento. Você pode também usar associações para lembrar de números. Digamos que você continue se esquecendo do número de sua carteirinha de estudante sempre que precisa utilizá-lo. Apenas divida o número em fragmentos menores e crie imagens associadas a tais partes. Digamos que o número seja 12-7575-23. Encontre uma maneira de fazer com que esses números adquiram significado. Digamos: “12” é o número de sua casa; “75” é a idade de sua avó, e “23” é o número da camisa do Michael Jordan. Agora imagine a casa e “duas cópias “de sua avó sentadas à direita dela. Em seguida, imagine o Michael Jordan ao lado de suas avós. Pronto! 12 (sua casa), 7575 (dose dupla de vovó) e 23 (MJ). Este conteúdo pertence ao Descomplica. É vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. Empurrão para o ENEM Aprenda a Estudar com Marco Fisbhen Professor: Marco Fisbhen 01 e 03/07/2014 USE FRAGMENTAÇÃO E CATEGORIZAÇÃO A fragmentação é uma maneira de agrupar coisas para se lembrar melhor delas. Listas aleatórias de coisas (uma lista de compras, por exemplo) podem ser especialmente difíceis de decorar. Para facilitar tudo, tente categorizar as coisas individuais da lista. Em uma ida ao supermercado, se puder lembrar que – entre outras coisas – você queria comprar quatro tipos diferentes de vegetais, será mais fácil se lembrar deles. Fragmentar é o que fazemos quando anotamos um número de telefone com traços. O que parece mais fácil memorizar: 8564359820 ou 856-435-9820? DE TEMPO A SI MESMO PARA FORMAR MELHOR AS MEMÓRIAS Memórias são muito frágeis no curto prazo, e distrações podem fazê-lo se esquecer rapidamente de algo simples, como um número de telefone. O segredo para evitar perdas de memórias antes de elas se formarem é conseguir focar na coisa a ser lembrada por um tempo sem pensar em outros elementos. Assim, quando você estiver tentando se lembrar de algo, evite distrações e tarefas complicadas por alguns minutos. Este conteúdo pertence ao Descomplica. É vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. Empurrão para o ENEM Redação & História Professor: Rafael Cunha e Renato Pellizzari 08/07/2014 A aula de Redação e História irá girar em torno da prova da Segunda Fase do Vestibular Estadual (UERJ, UENF, APM D. João VI). Este foi um exame discursivo e seu tema foi a Imagem da Mulher ao Longo da História. Acompanhe o material a seguir que será usado na aula de hoje dos professores Rafael Cunha e Renato Pellizzari! Boa aula e bons estudos! 1. Verifique se você recebeu 2 (dois) cadernos de respostas, correspondentes a: - Língua Portuguesa Instrumental com Redação; - disciplina específica de seu grupo de carreiras (Física ou História ou, para o Grupo I da UENF, Matemática). 2. Verifique se o seu nome, número de inscrição, número do documento de identidade estão corretos nas sobrecapas dos cadernos de respostas. Se houver erro, notifique o fiscal. 3. Destaque, da sobrecapa de cada caderno de respostas, os comprovantes que têm seu nome; leve-os com você ao terminar a prova. 4. Ao receber autorização para abrir este caderno, verifique se a impressão, a paginação e a numeração das questões estão corretas. Caso ocorra qualquer erro, notifique o fiscal. 5. A solução de cada questão deverá ser apresentada no espaço indicado no caderno de respostas. Não serão consideradas as questões resolvidas fora do local apropriado. 6. As provas devem ser resolvidas, de preferência, a caneta azul ou preta. 7. Você dispõe de 5 (cinco) horas para fazer esta prova. Faça-a com tranqüilidade, mas controle o seu tempo. 8. Ao terminar a prova, entregue ao fiscal os cadernos de respostas e este caderno. Neste caderno você encontrará um conjunto de 16 (dezesseis) páginas numeradas seqüencialmente, contendo 5 (cinco) questões de Língua Portuguesa Instrumental, a proposta de Redação, 10 (dez) questões de Física e 10 (dez) questões de História. Se você é candidato ao Grupo I da UENF, está recebendo, também, um caderno contendo 10 (dez) questões de Matemática. Não abra o caderno antes de receber autorização. BOA PROVA! INSTRUÇÕES INSTRUÇÕES INSTRUÇÕES INSTRUÇÕES INSTRUÇÕES 2 22 22 a a a a a F FF FFASE - EXAME D ASE - EXAME D ASE - EXAME D ASE - EXAME D ASE - EXAME DISCURSIV ISCURSIV ISCURSIV ISCURSIV ISCURSIVO OO OO 02 02 02 02 02/ // //12 12 12 12 12/2001 /2001 /2001 /2001 /2001 Exame Discursivo • Vestibular Estadual 2002 2 LÍNGUA PORTUGUESA INSTRUMENTAL COM REDAÇÃO TEXTO I RECÔNDITOS DO MUNDO FEMININO (MALUF, M. e MOTT, M. Lúcia. Recônditos do mundo feminino. In: SEVCENKO, N. (org.). História da vida privada no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.) Questão 01 Questão 01 Questão 01 Questão 01 Questão 01 (A) O texto apresenta, em seu início, um tipo de discurso bastante conhecido, do qual as autoras procuram, entretanto, se distanciar. Aponte dois recursos diferentes de linguagem empregados pelas autoras, no primeiro parágrafo, para sugerir distanciamento em relação a esse discurso sobre a mulher. (B) “Entretanto à mulher incumbe sempre fazer do lar - modestíssimo que seja ele - um templo em que se cultue a Felicidade;” (!. 35 - 37) Reescreva a oração sublinhada, empregando uma conjunção, sem que se altere seu significado no contexto do período. Baseado na crença de uma natureza feminina, que dotaria a mulher biologicamente para desempenhar as funções da esfera da vida privada, o discurso é bastante conhecido: o lugar da mulher é o lar, e sua função consiste em casar, gerar filhos para a pátria e plasmar o caráter dos cidadãos de amanhã. Dentro dessa ótica, não existiria realização possível para as mulheres fora do lar; nem para os homens dentro de casa, já que a eles pertenceria a rua e o mundo do trabalho. A imagem da mãe-esposa-dona de casa como a principal e mais importante função da mulher correspondia àquilo que era pregado pela Igreja, ensinado por médicos e juristas, legitimado pelo Estado e divulgado pela imprensa. Mais que isso, tal representação acabou por recobrir o ser mulher – e a sua relação com as suas obrigações passou a ser medida e avaliada pelas prescrições do dever ser. No manual de economia doméstica O lar feliz, destinado às jovens mães e “a todos quantos amam seu lar”, publicado em 1916, mesmo ano em que foi aprovado o Código Civil da República, o autor divulga para um público amplo o papel a ser desempenhado por homens e mulheres na sociedade, e sintetiza, utilizando a idéia do “lar feliz”, a estilização do espaço ideologicamente estabelecido como privado. “Nem a todos é dado o escolher sua morada, LÍNGUA PORTUGUESA INSTRUMENTAL COM REDAÇÃO 05 10 15 20 25 30 pois em muitos casais a instalação depende da profissão do chefe”, afirma o compêndio, em consonância com o Código. “Entretanto à mulher incumbe sempre fazer do lar – modestíssimo que seja ele – um templo em que se cultue a Felicidade; à mulher compete encaminhar para casa o raio de luz que dissipa o tédio, assim como os raios de sol dão cabo dos maus micróbios (...). Quando há o que prenda a atenção em casa, ninguém vai procurar fora divertimentos dispendiosos ou prejudiciais; o pai, ao deixar o trabalho de cada dia, só tem uma idéia: voltar para casa, a fim de introduzir ali algum melhoramento ou de cultivar o jardim. Mas se o lar tem por administrador uma mulher, mulher dedicada e com amor à ordem, isso então é a saúde para todos, é a união dos corações, a felicidade perfeita no pequeno Estado, cujo ministro da Fazenda é o pai, cabendo à companheira de sua vida a pasta política, os negócios do Interior.” A descrição harmoniosa do “pequeno Estado” discriminava as funções de cada um, atribuindo ao marido e à mulher papéis complementares, mas, em nenhum momento, igualdade de direitos. Acentuava-se o respeito mútuo, que pode ser traduzido como a expressa obediência de cada sexo aos limites do domínio do outro. Nas palavras de Afrânio Peixoto, “iguais, mas diferentes. Cada um como a natureza o fez”. 35 40 45 50 55 60 Exame Discursivo • Vestibular Estadual 2002 3 LÍNGUA PORTUGUESA INSTRUMENTAL COM REDAÇÃO TEXTO II I LOVE MY HUSBAND* * * * * * Eu amo meu marido (PIÑON, Nélida. I love my husband. In: MORICONI, Ítalo (sel.). Os cem melhores contos brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000.) Questão 02 Questão 02 Questão 02 Questão 02 Questão 02 (A) O fragmento do texto I compreendido entre as linhas 35 e 52 representa a mulher por meio de uma imagem que é retomada no texto II. O lar feliz e I love my husband se diferenciam, porém, em um aspecto fundamental: a relação que cada enunciador tem com a imagem da mulher representada. Explique essa diferença. (B) Na construção de um texto empregam-se diferentes elos coesivos. Além das conjunções e das formas pronominais, utilizam-se outros elementos para marcar a associação progressiva e coerente das idéias que compõem um texto. Transcreva, do 4 o parágrafo do texto II (! !! !!. 23 - 39), os dois primeiros exemplos desses outros elos coesivos. homem que sonha com casas-grandes, senzalas e mocambos, e assim faz o país progredir. E é por isto que sou a sombra do homem que todos dizem eu amar. Deixo que o sol entre pela casa, para dourar os objetos comprados com esforço comum. Embora ele não me cumprimente pelos objetos fluorescentes. Ao contrário, através da certeza do meu amor, proclama que não faço outra coisa senão consumir o dinheiro que ele arrecada no verão. Eu peço então que compreenda minha nostalgia por uma terra antigamente trabalhada pela mulher, ele franze o rosto como se eu lhe estivesse propondo uma teoria que envergonha a família e a escritura definitiva do nosso apartamento. O que mais quer, mulher, não lhe basta termos casado em comunhão de bens? E dizendo que eu era parte do seu futuro, que só ele porém tinha o direito de construir, percebi que a generosidade do homem habilitava-me a ser apenas dona de um passado com regras ditadas no convívio comum. 25 30 35 40 45 Eu amo meu marido. De manhã à noite. Mal acordo, ofereço-lhe café. Ele suspira exausto da noite sempre maldormida e começa a barbear-se. Bato-lhe à porta três vezes, antes que o café esfrie. Ele grunhe com raiva e eu vocifero com aflição. Não quero meu esforço confundido com um líquido frio que ele tragará como me traga duas vezes por semana, especialmente no sábado. Depois, arrumo-lhe o nó da gravata e ele protesta por consertar-lhe unicamente a parte menor de sua vida. Rio para que ele saia mais tranqüilo, capaz de enfrentar a vida lá fora e trazer de volta para a sala de visita um pão sempre quentinho e farto. Ele diz que sou exigente, fico em casa lavando a louça, fazendo compras, e por cima reclamo da vida. Enquanto ele constrói o seu mundo com pequenos tijolos, e ainda que alguns destes muros venham ao chão, os amigos o cumprimentam pelo esforço de criar olarias de barro, todas sólidas e visíveis. A mim também me saúdam por alimentar um 05 10 15 20 Exame Discursivo • Vestibular Estadual 2002 4 LÍNGUA PORTUGUESA INSTRUMENTAL COM REDAÇÃO TEXTO III O PEQUENO MUNDO DA “MOÇA CASADOIRA” Questão 03 Questão 03 Questão 03 Questão 03 Questão 03 (A) Uma frase construída pelo articulista no primeiro parágrafo sugere que ele atribui uma reação a quem o lê. Transcreva essa frase e explique que recurso ele utilizou para criar um suposto diálogo com o leitor. (B) “Mulher desquitada era malvista, convinha evitá-la.” (!. 52 - 53) Há, entre as orações que compõem o período acima, uma relação de sentido que poderia ser expressa por meio de conectivos. Reescreva o período acima de duas formas diferentes, utilizando conectivos. A relação de sentido entre as orações e a ordem em que elas aparecem devem ser mantidas. Em uma forma, o conectivo deverá introduzir o período; na outra, o conectivo deverá ocorrer entre as orações. “Meiga e pálida como um soneto (...). Dócil como uma rosa (...) e um sorriso autêntico de menina-moça ideal, de flor, de botão aberto para a vida”. Não, essa frase não foi escrita em 1920. Era assim que a revista Manchete referia-se, em 1953, à atriz Pier Angeli, então em visita ao Rio de Janeiro. A revista parecia não perceber que, no pós-guerra, o “ideal de menina-moça” havia mudado inteiramente. Já não se cultivava o “anjo-pálido” de outrora, sobretudo num país em que as moças começavam a ir à praia todos os dias. Mas o próprio cinema americano continuava a cultivar a “menina-moça ideal”, ingênua e meiga. Doris Day, Debra Paget, Grace Kelly, Debbie Reynolds, entre outras, compunham esse tipo em comédias leves, “recomendáveis para toda a família”, nas quais contracenavam com galãs bem-comportados como Rock Hudson. (...) “Casar” continuava a ser o verbo supremo que toda adolescente devia conjugar. Sobretudo, casar virgem. Pelo menos, assim pensavam os mais velhos. A questão estava em como agradar os homens. “Os rapazes gostam de pequenas que saibam animar 05 10 15 20 25 uma palestra”, opinava Tia Marta, em 1951, na revista A Cigarra, “mas odeiam as pequenas que falam muito. (...) Se a pequena usa cores alegres, bastante maquilagem e chapéus audaciosos, ele hesita em sair com ela. Se ela usa um tailleur e uma boina escura, ele sai com ela e passa o tempo todo olhando as que usam cores alegres, bastante maquilagem e chapéus audaciosos”. Ainda em 1958, escrevia Maria Luiza na seção “Garotas” de O Cruzeiro, condenando os excessos de carinho feminino em público: “Por mais que se tenham modificado as regras do jogo, do tempo das cavernas para cá, ainda está de pé aquela que declara que a encabulada deve ser a mulher”. Eis aqui um mundo de preconceitos herdados das décadas anteriores a respeito de como devia se comportar uma mulher. Os tabus ainda eram muitos. Fazia-se propaganda (afinal, não é ela a “alma do negócio”?) de Modess, mas evitava-se a palavra “menstruação”. A mulher devia pintar o rosto, sobretudo os lábios, e fazer permanente nos cabelos para parecer bela. Divórcio? Nem pensar. Mulher desquitada era malvista, convinha evitá-la. (Nosso século: 1945 – 1960. São Paulo: Abril Cultural, 1980.) 30 35 40 45 50 Exame Discursivo • Vestibular Estadual 2002 5 LÍNGUA PORTUGUESA INSTRUMENTAL COM REDAÇÃO TEXTO IV SINHA VITÓRIA Questão 04 Questão 04 Questão 04 Questão 04 Questão 04 (A) “realmente mulher é bicho difícil de entender,” (!. 6 - 7) Nesta passagem, o emprego do verbo no presente do indicativo contrasta com o restante das formas verbais, todas flexionadas no tempo passado. Justifique esse emprego do presente do indicativo. (B) “Calçada naquilo, trôpega, mexia-se como um papagaio, era ridícula.” (!. 40 - 41) Este trecho, embora seja um discurso em terceira pessoa, corresponde à fala do personagem Fabiano e não a um enunciado do narrador. Retire do texto duas informações que comprovem essa afirmativa. Sinha Vitória tinha amanhecido nos seus azeites. Fora de propósito, dissera ao marido umas inconveniências a respeito da cama de varas. Fabiano, que não esperava semelhante desatino, apenas grunhira: – “Hum! hum!” E amunhecara, porque realmente mulher é bicho difícil de entender, deitara-se na rede e pegara no sono. Sinha Vitória andara para cima e para baixo, procurando em que desabafar. Como achasse tudo em ordem, queixara-se da vida. E agora vingava-se em Baleia, dando-lhe um pontapé. Avizinhou-se da janela baixa da cozinha, viu os meninos, entretidos no barreiro, sujos de lama, fabricando bois de barro, que secavam ao sol, sob o pé de turco, e não encontrou motivo para repreendê-los. Pensou de novo na cama de varas e mentalmente xingou Fabiano. Dormiam naquilo, tinham-se acostumado, mas seria mais agradável dormirem numa cama de lastro de couro, como outras pessoas. Fazia mais de um ano que falava nisso ao marido. Fabiano a princípio concordara com ela, mastigara cálculos, tudo errado. Tanto para o couro, tanto para a armação. Bem. Poderiam adquirir o móvel necessário economizando na roupa e no querosene. Sinha Vitória respondera que isso era impossível, porque eles vestiam mal, as crianças andavam nuas, e recolhiam-se todos ao anoitecer. Para bem dizer, não se acendiam candeeiros na casa. Tinham discutido, procurado cortar outras despesas. Como não se entendessem, Sinha Vitória aludira, bastante azeda, ao dinheiro gasto pelo marido na feira, com jogo e cachaça. Ressentido, Fabiano condenara os sapatos de verniz que ela usava nas festas, caros e inúteis. Calçada naquilo, trôpega, mexia- se como um papagaio, era ridícula. Sinha Vitória ofendera-se gravemente com a comparação, e se não fosse o respeito que Fabiano lhe inspirava, teria despropositado. Efetivamente os sapatos apertavam-lhe os dedos, faziam-lhe calos. Equilibrava-se mal, tropeçava, manquejava, trepada nos saltos de meio palmo. Devia ser ridícula, mas a opinião de Fabiano entristecera-a muito. Desfeitas essas nuvens, curtidos os dissabores, a cama de novo lhe aparecera no horizonte acanhado. Agora pensava nela de mau humor. Julgava- a inatingível e misturava-a às obrigações da casa. (RAMOS, Graciliano. Vidas secas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1947.) 30 35 40 45 50 05 10 15 20 25 Exame Discursivo • Vestibular Estadual 2002 6 LÍNGUA PORTUGUESA INSTRUMENTAL COM REDAÇÃO Questão 05 Questão 05 Questão 05 Questão 05 Questão 05 (A) O discurso da propaganda comercial é comumente estruturado segundo a fórmula “Compre uma coisa e ganhe algo mais”. Comprove esta afirmação mediante análise comparativa das propagandas acima. (B) O duplo sentido é uma estratégia de persuasão ou sedução freqüente no discurso da propaganda comercial. Identifique, na propaganda I, sobre xampu, um exemplo desse recurso e explique por que se trata de duplo sentido. (Adaptado de Marie Claire, junho 2000) (100 Anos de Propaganda. São Paulo: Abril Cultural, 1980.) PROPAGANDA I PROPAGANDA II Exame Discursivo • Vestibular Estadual 2002 7 LÍNGUA PORTUGUESA INSTRUMENTAL COM REDAÇÃO Redação Redação Redação Redação Redação Os textos que compõem esta prova expressam representações discursivas – isto é, imagens socialmente construídas – da mulher. Tais representações variam em função da época, do emissor, do provável receptor e do meio de divulgação em que esses textos foram publicados. Redija um texto argumentativo em prosa, no qual fique claro seu ponto de vista sobre a seguinte questão: As representações sobre a mulher sofreram mudanças através do tempo ou permanecem coexistindo na sociedade contemporânea? Para o cumprimento desta tarefa, seu texto − de, no máximo, 30 linhas − deve: . apresentar elaboração própria, que revele visão crítica do tema; . apresentar estrutura completa e coerente; . ser redigido em língua culta padrão. Serão aceitas transcrições de fragmentos dos textos da prova, desde que não contrariem os requisitos relacionados acima. Este conteúdo pertence ao Descomplica. É vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. Empurrão para o ENEM Redação & Filosofia Professor: Alexandre Guimarães e Larissa Rocha 10/07/2014 Quando nos deparamos com a palavra filosofia, inicialmente sempre surge uma dúvida: “qual será a implicação disso na minha vida?” Esse pensamento ocorre muitas vezes pela falta de conhecimento sobre tema (por parte de alguns) e até pelo emprego informal dado ao termo. Até que há o encontro entre sujeito e objeto, entre nós e a filosofia. Assusta pensar que algo tão antigo possa influenciar e ser parte constante dos estudos atuais. Essa situação agrava-se quando passamos a enxergar filosofia em tudo que nos cerca. Muito bem, sinal de que você também já foi mordido pelo espírito crítico. Fazer filosofia é estar pronto e aberto a encarar desafios em si mesmo. É descobrir que sabemos muito, na sutil contradição de que este muito é quase nada. Passamos a enxergar com olhos quase infantis que somos capazes de aprender tudo novo de novo e de novo e de novo. É surpreender-se com o que acontece, é criticar de forma racional, é fazer e ser, enfim, filosofia. Mas como consigo aplicar todo esse conhecimento em minha vida prática? Simples! Façamos da nossa base, do nosso aprendizado, argumentos para um texto, uma discussão ou quem sabe uma redação? Fazer uso do nosso conteúdo para escrever e dar ênfase aos nossos argumentos, pode ser um excelente artifício para alcançarmos o nosso tão sonhado 1000 (mil) na redação do ENEM. Para não deixá-los na mão, vamos listar alguns pensadores e seus respectivos pensamentos que podem ser aproveitados na hora de executar a sua redação. Fiquem atentos aos temas e dicas! 1. Política e ética: podemos citar os três principais filósofos (Sócrates, Platão e Aristóteles), pois foram os que iniciaram o pensamento que serve de base para a política mundial. Socrates busca a relação entre a ética e a natureza do bem. Platão mostra que alcançar o bem relaciona-se com a capacidade de compreender bem. Distingue a sociedade em três classes, onde em cada uma delas predominam suas virtudes e a justiça consiste na harmonia entre estas. Já Aristóteles mostra que o homem busca uma “vida feliz” (eudaimonia), fim último de todo homem. Para tal, deve buscar ser virtuoso e encontrar o justo meio. 2. Contrato social: é importante perceber a diferença no pensamento de Hobbes e Rosseau. Ambos acreditam que a sociedade nasce de um contrato. O homem renuncia a sua liberdade natural e a posse de bens e concordam em transmitir o poder ao soberano, para que este possa criar e aplicar leis, tornando-se autoridade política. Hobbes considera que os homens no estado natural vivem como animais, eles se jogam uns contra os outros pelo desejo de poder, de riquezas, de propriedade. E Rousseau discorda afirmando que existe uma condição natural dos homens, mas uma condição de felicidade, de virtude e de liberdade que é destruída apagada pela civilização. 3. Poder: nesse contexto podemos citar o filósofo Focault. Mostra que, conforme a burguesia se constituiu numa classe dominante, interessou-se por meios mais eficazes de controle. A verdade está ligada a práticas de poder disseminadas no tecido social. Esse poder não é Este conteúdo pertence ao Descomplica. É vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. Empurrão para o ENEM Redação & Filosofia Professor: Alexandre Guimarães e Larissa Rocha 10/07/2014 exercido através da força física, mas do adestramento do corpo e do comportamento, a fim de criar indivíduos realmente adequados ao meio. “A burguesia compreende perfeitamente que uma nova legislação ou uma nova constituição não serão suficientes para garantir sua hegemonia; ela compreende que deve inventar uma nova tecnologia que assegurará a irrigação dos efeitos do poder por todo o corpo social, até mesmo em suas menores partículas.” 4. Liberdade: Sartre defendia que o indivíduo era livre para criar sua própria vida dentro das escolhas que fizer e tornar-se responsável por elas. É nesse processo de livre escolha que construímos nossa própria existência. Dentro dessa perspectiva defende que o homem encontra-se condenado a liberdade. Define que a ‘Má-fé’ é a atitude característica de quem finge escolher, sem na verdade escolher (autoengano). “Mas se verdadeiramente a existência precede a essência, o homem é responsável por aquilo que é. Assim, o primeiro esforço do existencialismo é o de pôr todo homem no domínio do que ele é e de lhe atribuir a total responsabilidade da sua existência. E, quando dizemos que o homem é responsável por si próprio, não queremos dizer que o homem é responsável pela sua restrita individualidade, mas que é responsável por todos os homens. [...] Com efeito, não há dos nossos atos um sequer que, ao criar o homem que desejamos ser, não crie ao mesmo tempo uma imagem do homem como julgamos que deve ser. [...] Se a existência, por outro lado, precede a essência e se quisermos existir, ao mesmo tempo que construímos a nossa imagem, esta imagem é válida para todos e para toda a nossa época. Assim, a nossa responsabilidade é muito maior do que poderíamos supor, porque ela envolve toda a humanidade.” 5. Moral: nesse caso podemos citar Kant e seu estudo sobre os imperativos. Defende que a vontade humana é verdadeiramente moral quando regida pelos imperativos categóricos (ação necessária por si mesma), ou seja, a ação não deve ser movida por interesses que possuam qualquer objetivo. Nesse caso, o agir do ponto de vista moral é estritamente voltado para a razão, a fim de preservar a dignidade humana. “Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, sempre e simultaneamente como fim e nunca simplesmente como meio”.·. Este conteúdo pertence ao Descomplica. É vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. Empurrão para o ENEM Redação & Literatura Professor: Rafael Cunha e Diogo Mendes 15/07/2014 Texto I À Ilha de Maré termo desta cidade da Bahia Silva Jaz oblíqua forma e prolongada a terra de Maré toda cercada de Netuno, que tendo o amor constante, lhe dá muitos abraços por amante, e botando-lhe os braços dentro dela a pretende gozar, por ser mui bela. (...) Vista por fora é pouco apetecida, porque aos olhos por feia é parecida; porém dentro habitada é muito bela, muito desejada, é como a concha tosca e deslustrosa, que dentro cria a pérola fermosa. Não falta aqui marisco saboroso, para tirar fastio ao melindroso; os polvos radiantes, os lagostins flamantes, camarões excelentes, 3 que são dos lagostins pobres parentes; (...) As plantas sempre nela reverdecem, e nas folhas parecem, desterrando do Inverno os desfavores, esmeraldas de Abril em seus verdores, e delas por adorno apetecido faz a divina Flora seu vestido. As fruitas se produzem copiosas, e são tão deleitosas, que como junto ao mar o sítio é posto, lhes dá salgado o mar o sal do gosto. As canas fertilmente se produzem, e a tão breve discurso se reduzem, que, porque crescem muito, em doze meses lhe sazona o fruito, (...) As laranjas da terra poucas azedas são, antes se encerra tal doce nestes pomos, que o tem clarificado nos seus gomos; mas as de Portugal entre alamedas são primas dos limões, todas azedas. (...) Este conteúdo pertence ao Descomplica. É vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. Empurrão para o ENEM Redação & Literatura Professor: Rafael Cunha e Diogo Mendes 15/07/2014 As uvas moscatéis são tão gostosas, tão raras, tão mimosas; que se Lisboa as vira, imaginara que alguém dos seus pomares as furtara; delas a produção por copiosa parece milagrosa, porque dando em um ano duas vezes, geram dous partos, sempre, em doze meses. (...) (OLIVEIRA, Manuel Botelho de. À Ilha de Maré. in Poesia Barroca, org. por Péricles Eugênio da Silva Ramos. São Paulo: Melhoramentos, 1967.) Texto II Triste Bahia, oh quão dessemelhante Estás e estou do nosso antigo estado! Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado, Rica te vi eu já, tu a mi abundante. A ti trocou-te a máquina mercante, Que em tua larga barra tem entrado, A mim foi-me trocando, e tem trocado, Tanto negócio e tanto negociante. Deste em dar tanto açúcar excelente Pelas drogas inúteis que abelhuda Simples aceitas do sagaz brichote. Oh, se quisera Deus que de repente Um dia amanheceras tão sisuda Que fora de algodão o teu capote! (Gregório de Matos) Texto III Minha terra Todos cantam sua terra, Também vou cantar a minha, Nas débeis cordas da lira Este conteúdo pertence ao Descomplica. É vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. Empurrão para o ENEM Redação & Literatura Professor: Rafael Cunha e Diogo Mendes 15/07/2014 Hei de fazê-la rainha; – Hei de dar-lhe a realeza Nesse trono de beleza Em que a mão da natureza Esmerou-se enquanto tinha. Correi pr’as bandas do sul: Debaixo dum céu de anil Encontrareis o gigante Santa Cruz, hoje Brasil; – É uma terra de amores Alcatifada de flores Onde a brisa fala amores Nas belas tardes de Abril. Tem tantas belezas, tantas, A minha terra natal, Que nem as sonha um poeta E nem as canta um mortal! – É uma terra encantada – Mimosa jardim de fada – Do mundo todo invejada, Que o mundo não tem igual. Não, não tem, que Deus fadou-a Dentre todas – a primeira: Deu-lhe esses campos bordados, Deu-lhe os leques da palmeira, E a borboleta que adeja Sobre as flores que ela beija, Quando o vento rumoreja Na folhagem da mangueira. É um país majestoso Essa terra de Tupã, Desd’o Amazonas ao Prata, Do Rio Grande ao Pará! – Tem serranias gigantes E tem bosques verdejantes Que repetem incessantes Os cantos do sabiá. (...) (Casimiro de Abreu) Este conteúdo pertence ao Descomplica. É vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. Empurrão para o ENEM Redação & Literatura Professor: Rafael Cunha e Diogo Mendes 15/07/2014 Texto IV Ao Brasil Bela estrela de luz, diamante fúlgido da coroa de Deus, pérola fina dos mares do ocidente, oh! como altiva sobre nuvens de ouro a fronte elevas afogando em chamas o velho continente! A Itália meiga que ressona lânguida nos coxins de veludo adormecida como a escrava indolente; a França altiva que sacode as vestes entre o brilho das armas e as legendas de um passado fulgente. A Rússia fria -Mastodonte eterno! cuja cabeça sobre os gelos dorme, e os pés ardem nas fráguas; a Bretanha insolente que expelida de seus planos estéreis se arremessa mordendo-se nas águas; A Espanha túrbida; a Germânia em brumas; a Grécia desolada; a Holanda exposta das ondas ao furor... Uma inveja teu céu, outra teu gênio, esta a riqueza, a robustez aquela, e todas o valor! Oh! terra de meu berço, oh pátria amada, ergue a fronte gentil ungida em glórias de uma grande nação! Quando sofre o Brasil, os brasileiros lavam as manchas, ou debaixo morrem do santo pavilhão!... (Fagundes Varela) Texto V Instinto de nacionalidade (fragmento) Compreendendo que não está na vida indiana todo o patrimônio da literatura brasileira, mas apenas um legado, tão brasileiro como universal, não se limitam os nossos escritores a essa Este conteúdo pertence ao Descomplica. É vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. Empurrão para o ENEM Redação & Literatura Professor: Rafael Cunha e Diogo Mendes 15/07/2014 só fonte de inspiração. Os costumes civilizados, ou já do tempo colonial, ou já do tempo de hoje, igualmente oferecem à imaginação boa e larga matéria de estudo. Não menos que eles, os convida a natureza americana, cuja magnificência e esplendor naturalmente desafiam a poetas e prosadores. O romance, sobretudo, apoderou-se de todos esses elementos de invenção, a que devemos, entre outros, os livros dos Srs. Bernardo Guimarães, que brilhante e ingenuamente nos pinta os costumes da região em que nasceu, J. de Alencar, Macedo, Sílvio Dinarte (Escragnolle Taunay), Franklin Távora, e alguns mais. Devo acrescentar que neste ponto manifesta-se às vezes uma opinião, que tenho por errônea: é a que só reconhece espírito nacional nas obras que tratam de assunto local, doutrina que, a ser exata, limitaria muito os cabedais da nossa literatura. (...)e perguntarei mais se o Hamlet, o Otelo, o Júlio César, a Julieta e Romeu têm alguma coisa com a história inglesa nem com o território britânico, e se, entretanto, Shakespeare não é, além de um gênio universal, um poeta essencialmente inglês. Não há dúvida que uma literatura, sobretudo uma literatura nascente, deve principalmente alimentar-se dos assuntos que lhe oferece a sua região; mas não estabeleçamos doutrinas tão absolutas que a empobreçam. O que se deve exigir do escritor antes de tudo, é certo sentimento íntimo, que o torne homem do seu tempo e do seu país, ainda quando trate de assuntos remotos no tempo e no espaço. (...) (Machado de Assis) Texto VI Erro de português Quando o português chegou Debaixo duma bruta chuva Vestiu o índio Que pena! Fosse uma manhã de sol O índio tinha despido O português (Oswald de Andrade) Texto VII Vício na fala Para dizerem milho dizem mio Para melhor dizem mió Para pior pió Para telha dizem teia Este conteúdo pertence ao Descomplica. É vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. Empurrão para o ENEM Redação & Literatura Professor: Rafael Cunha e Diogo Mendes 15/07/2014 Para telhado dizem teiado E vão fazendo telhados (Oswald de Andrade) O capoeira — Qué apanhá sordado? — O quê? — Qué apanhá? Pernas e cabeças na calçada. (Oswald de Andrade) Texto VIII Descobrimento Abancado à escrivaninha em São Paulo Na minha casa da rua Lopes Chaves De sopetão senti um friúme por dentro. Fiquei trêmulo, muito comovido Com o livro palerma olhando pra mim. Não vê que me lembrei lá no norte, meu Deus! muito longe de mim, Na escuridão ativa da noite que caiu, Um homem pálido, magro de cabelo escorrendo nos olhos Depois de fazer uma pele com a borracha do dia, Faz pouco se deitou, está dormindo. Esse homem é brasileiro que nem eu... (ANDRADE, Mário de. Poesias completas. Belo Horizonte: Villa Rica, 1993, p.203.) Texto IX Pátria minha A minha pátria é como se não fosse, é íntima Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo É minha pátria. Por isso, no exílio Assistindo dormir meu filho Choro de saudades de minha pátria. Este conteúdo pertence ao Descomplica. É vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. Empurrão para o ENEM Redação & Literatura Professor: Rafael Cunha e Diogo Mendes 15/07/2014 Se me perguntarem o que é a minha pátria direi: Não sei. De fato, não sei Como, por que e quando a minha pátria Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água Que elaboram e liquefazem a minha mágoa Em longas lágrimas amargas. Vontade de beijar os olhos de minha pátria De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos... Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde!) tão feias De minha pátria, de minha pátria sem sapatos E sem meias pátria minha Tão pobrinha! Porque te amo tanto, pátria minha, eu que não tenho Pátria, eu semente que nasci do vento Eu que não vou e não venho, eu que permaneço Em contato com a dor do tempo, eu elemento De ligação entre a ação o pensamento Eu fio invisível no espaço de todo adeus Eu, o sem Deus! (...) Fonte de mel, bicho triste, pátria minha Amada, idolatrada, salve, salve! Que mais doce esperança acorrentada O não poder dizer-te: aguarda... Não tardo! (...) Mais do que a mais garrida a minha pátria tem Uma quentura, um querer bem, um bem Um libertas quae sera tamem Que um dia traduzi num exame escrito: "Liberta que serás também" E repito! (...) (Vinicius de Moraes) Este conteúdo pertence ao Descomplica. É vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. Empurrão para o ENEM Redação & Literatura Professor: Rafael Cunha e Diogo Mendes 15/07/2014 Texto X Tropicália Sobre a cabeça os aviões Sob os meus pés, os caminhões Aponta contra os chapadões, meu nariz Eu organizo o movimento Eu oriento o carnaval Eu inauguro o monumento No planalto central do país Viva a bossa, sa, sa Viva a palhoça, ça, ça, ça, ça O monumento é de papel crepom e prata Os olhos verdes da mulata A cabeleira esconde atrás da verde mata O luar do sertão O monumento não tem porta A entrada é uma rua antiga, Estreita e torta E no joelho uma criança sorridente, Feia e morta, Estende a mão Viva a mata, ta, ta Viva a mulata, ta, ta, ta, ta No pátio interno há uma piscina Com água azul de Amaralina Coqueiro, brisa e fala nordestina E faróis Na mão direita tem uma roseira Autenticando eterna primavera E no jardim os urubus passeiam A tarde inteira entre os girassóis Viva Maria, ia, ia Viva a Bahia, ia, ia, ia, ia No pulso esquerdo o bang-bang Em suas veias corre muito pouco sangue Este conteúdo pertence ao Descomplica. É vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. Empurrão para o ENEM Redação & Literatura Professor: Rafael Cunha e Diogo Mendes 15/07/2014 Mas seu coração Balança a um samba de tamborim Emite acordes dissonantes Pelos cinco mil alto-falantes Senhoras e senhores Ele pões os olhos grandes sobre mim Viva Iracema, ma, ma Viva Ipanema, ma, ma, ma, ma Domingo é o fino-da-bossa Segunda-feira está na fossa Terça-feira vai à roça Porém, o monumento É bem moderno Não disse nada do modelo Do meu terno Que tudo mais vá pro inferno, meu bem Que tudo mais vá pro inferno, meu bem Viva a banda, da, da Carmen Miranda, da, da, da da, da da da (Caetano Veloso) Este conteúdo pertence ao Descomplica. É vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. Empurrão para o ENEM Redação & Geografia Professor: Alexandre Guimarães e Cláudio Hansen 17/07/2014 FACES DA INTOLERÂNCIA NA CONTEMPORANEIDADE Maria Carolina Morais Leitura Flutuante, n. 4, pp. 195-206, 2012. Zizek nos explica que a regra fundamental introduzida por Hegel é de que o excesso de objetividade e o reinado do universalismo abstrato que impõe leis mecânicas de respeito mútuo ignoram a constituição subjetiva do sujeito que se encontra envolvido neles. E esse tipo de ambiente também é propício para que o excesso de subjetividade, com seus caprichos e irregularidades, também venha à tona. Segundo Balibar, há dois tipos de violência excessiva que, apesar de parecerem opostos, se complementam. De acordo com Zizek, o segundo tipo de violência possui sua própria forma de operar. Na qual não há nenhum respaldo teórico; está fundada no próprio discurso social e encontra como fonte de explicação ou justificativa para a violência a função paterna que se encontra deslegitimada, a mobilidade social reduzida... Ou seja, agressores sabem exatamente o que estão fazendo, e, mesmo assim, o fazem. Por conseguinte, Esse é o resultado de vivermos em uma sociedade de total livre escolha, deslegitimada, à deriva - e esta é a face principal para a “relativização” do sujeito. Segundo Zizek, o inconsciente e seus sintomas perderam sua inocência – tudo hoje é passível de interpretação, e essa interpretações vazia-se de sentido real, cai nas garras do imediatismo do gozo, deixando o sintoma intacto. Vídeo Human Rigths http://br.humanrights.com/#/videos http://br.humanrights.com/what-are-human-rights/videos/innocent-till-proven-guilty.html Este conteúdo pertence ao Descomplica. É vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. Empurrão para o ENEM Redação & Geografia Professor: Alexandre Guimarães e Cláudio Hansen 17/07/2014 Reportagem sobre Homofobia na Rússia http://www.revistaforum.com.br/blog/2014/02/human-rights-watch-lanca-campanha-contra-a- homofobia-na-russia-assista/ Reportagem sobre Xenofobia no Brasil http://noticias.terra.com.br/brasil/imigrantes-haitianos-sofrem-racismo-e-xenofobia-no- brasil,a55e260ac95f5410VgnVCM10000098cceb0aRCRD.html Este conteúdo pertence ao Descomplica. É vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. Empurrão para o ENEM Redação & Geografia Professor: Rafael Cunha e Maurício Martins 22/07/2014 Hoje, vocês acompanharão uma aula de Redação e Geografia que se baseará nos seguintes textos, linkados abaixo: Apoiando o Uruguai na regulação da maconha http://oglobo.globo.com/opiniao/apoiando-uruguai-na-regulacao-da-maconha-9045080 Manifesto contra a legalização das drogas no Brasil https://www.change.org/pt-BR/peti%C3%A7%C3%B5es/congresso-nacional-manifesto-contra-a- legaliza%C3%A7%C3%A3o-das-drogas-no- brasil?recruiter=86513957&utm_campaign=mailto_link&utm_medium=email&utm_source=share_p etition “É preciso ensinar a usar drogas”, diz neurocientista http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/05/1452694-e-preciso-ensinar-a-usar-drogas-diz- neurocientista.shtml Legalização das drogas e saúde pública http://www.uniad.org.br/desenvolvimento/index.php/artigos/3875-legalizacao-de-drogas-e-a- saude-publica 10 razões para legalizar as drogas http://www.diplomatique.org.br/editorial.php?edicao=2 Além dos textos de apoio, confira também este vídeo sobre o assunto: Fernando Henrique Cardoso defende a regulamentação da maconha https://www.youtube.com/watch?v=4hw4zj07mSA#t=14
Report "Questões Descomplica Sobre Português e Prod. Texto"