Pubalgia.pdf

March 22, 2018 | Author: Filomena Augusta | Category: Knee, Skeleton, Muscle, Portugal, Flexibility (Anatomy)


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Instituto Português de NaturologiaOsteopatia INDICE Introdução……………………………………………………………… …………Pág.5 Desenvolvimento…………………………………………………………… …….Pág.9  O Futebol e as suas disfunções……………………………… …….......Pág.10  Biomecânica Sacro-Iliaca-Lombar Básica……………………  Definição de Pubalgia……………………………………………… ……….Pág.15  Causas da Pubalgia………………………………………….......... ............Pág.16  Diagnóstico/Tratamento Osteopático……………………………… ..........Pág.23  Testes Especificos…………………… …………………………… …….Pág.27 ……….Pág.11 Conclusão……………………………………………………………………… ……Pág.32 Anexos………………………………………………………………………….........Pág.34 Bibliografia……………………………………………………………………………Pág.37 Raphael Alves Espanha 4 Instituto Português de Naturologia Osteopatia Introdução Raphael Alves Espanha 5 Instituto Português de Naturologia Osteopatia A Osteopatia foi fundada em 1874 meramente por um médico Americano, com um fundo despretensioso, intitulado de Andrew Taylor Still (Ver Fig.1). Este foi o terceiro filho de um médico pioneiro, e foi sobre a alçada deste que ele assimilou a maioria dos seus conhecimentos, no culminar da Presidência de Jackson (1829 – 1837). Seguida à sua participação na Guerra Civil Americana, Still principiou um estudo empírico do corpo humano. Por volta de 1800 empeçou a Fig. 1 – Andrew Taylor Still desaprovar as práticas médicas convencionais, tais como, cirurgias venosas e o uso de narcóticos. Para este médico, tudo o que era necessário para sustentar a vida humana estava presente no próprio corpo humano, e, como tal, ele acreditava em quatro princípios: 1. Estrutura governa a função (vice-versa): o corpo é formado pela estrutura e função sendo estas recíprocas e interdependentes. Isso denota que qualquer alteração na estrutura pode modificar, de alguma forma, a função, e inversamente qualquer alteração na função resultará em mudanças na estrutura; 2. Auto-cura: o organismo tem capacidade de se auto regenerar. O corpo tem todos os meios necessários para evitar e combater as doenças; 3. Lei da Artéria: para Still, o sangue é o meio de transporte de todos os elementos assegurando uma imunidade natural. A artéria tem um papel primordial, quando perturbada leva a uma circulação arterial deficiente, como consequência o retorno venoso será mais lento, provocando paralisações venosas, que implicam acumulação de toxinas; 4. Holismo: O ser humano na Osteopatia é considerado como um todo, não se analisando por isso apenas o local de dor mas sim todo o organismo. Procurando assimetrias, existência de restrições e trabalhando todo o tecido mole (A.R.T). Raphael Alves Espanha 6 2 . tendão.2).Holismo um amador entusiástico ou um profissional de elite. passando assim a estar fora do campo de actuação do Osteopata (Barreira Anatómica). etc.) e promovendo a restauração do movimento fisiológico / normal. Fig. fáscia. sendo de seguida possível considerar o tratamento osteopático com os seus caracteres específicos. Isto acontece porque o Osteopata apenas pode tratar disfunções que estejam dentro de um espaço fisiológico. actuando deste modo para restabelecer o equilíbrio. fluidos. músculo. Contudo.3 – Barreiras Raphael Alves Espanha 7 . ligamento. há que ter em conta que um Osteopata apenas trabalha dentro da dita Barreira Fisiológica. melhorando a mobilidade de todos os elementos do sistema músculo-esquelético (osso. nunca descurando o ambiente social do indivíduo e o seu estado de espírito e psíquico (Ver Fig. pertencendo a este o dever ético de reencaminhar o doente para um profissional médico da área (Ver Fig. Esta abordagem holística torna ideal o tratamento osteopático nas disfunções inerentes ao desporto quer a pessoa seja Fig. articulação. Tudo o que ultrapassa a dita Barreira Fisiológica implicará rompimento de tecido mole ou movimento macro de uma estrutura articular. A primeira intervenção do Osteopata na consulta consiste em eliminar as afecções que necessitam de um tratamento médico específico ou urgente.3).Instituto Português de Naturologia Osteopatia No fundo a Osteopatia foca a relação do sistema músculo-esquelético com o restante organismo. diminuem a performance e podem criar lesões mais graves a longo prazo (disfunção secundária). A finalidade deste trabalho é dar a conhecer as disfunções inerentes ao púbis e ao joelho. como é o caso dos tenistas e golfistas. As disfunções prejudicam a precisão necessária dos gestos técnicos. Raphael Alves Espanha 8 . Tratar as cadeias musculares e normalizar as funções articulares permite restaurar a harmonia e eficácia no desporto. como acontece em desportos de contacto (futebol e râguebi).Instituto Português de Naturologia Osteopatia As disfunções podem ser causadas por movimentos repetitivos. tentando interrelacionar uma área com a outra e apresentar o benéfico contributo do tratamento osteopático. ou por traumatismo. Instituto Português de Naturologia Osteopatia Desenvolvimento Raphael Alves Espanha 9 . a incidência de lesões é muito elevada devido ao excessivo esforço por parte do atleta. como tal.Instituto Português de Naturologia Osteopatia O FUTEBOL E AS SUAS DISFUNÇÕES O desporto é uma actividade onde prevalece um treino rigoroso no qual o indivíduo emprega a sua força. No mundo actual em que vivemos o desporto de competição assume uma posição cada vez mais significativa. de modo a vencer adversários ou atingir objectivos. técnicos. cumprindo regras previamente estabelecidas. O futebol é considerado como um desporto extremamente complexo pois para se obter êxito é necessário haver uma exemplar interligação entre os aspectos físicos. tácticos e psicológicos e. Entre as inúmeras lesões que sucedem no meio desportivo há que destacar a pubalgia e as disfunções ao nível da articulação do joelho. treino e habilidade extremamente acrescidos por parte dos desportistas. Raphael Alves Espanha 10 . exigindo um esforço físico e psíquico. habilidade e inteligência. 5). P A P Fig. A P Fig. contudo.Ilíaco posteriorizado em amplitude > que 90º Raphael Alves Espanha 11 .6 . numa posição anterior (Ver Fig.6). 5 – Posição do ilíaco aquando da marcha Nota: Só se considera um ilíaco posteriorizado aquando de uma posteriorização superior dos 90º de amplitude (Ver Fig. associado ao movimento de flexão da coxa. permanecendo.4). 4 – Movimentos de Anteriorização e Posteriorização do ilíaco A Fig.Instituto Português de Naturologia Osteopatia BIOMECÂNICA SACRO-ILÍACA-LOMBAR (BÁSICA)  ILÍACO O osso ilíaco tem como movimentos a anteriorização e posteriorização e assume posição anterior e posterior (Ver Fig. Quando se dá inicio à marcha. o ilíaco do mesmo lado assume o movimento de posteriorização. 8 – Eixo de Flexão/Extensão Fig.Instituto Português de Naturologia Osteopatia  SACRO O sacro possui quatro eixos de movimento dos quais dois (oblíquos) são para os movimentos de nutação e contra-nutação. 7 – Eixos de Movimento do Sacro  BIOMECÂNICA SACRO-ILÍACA Durante a locomoção existe um processo harmonioso entre o sacro e o ilíaco. um para os movimentos de flexão e extensão. 7 e 8). localizado ao nível de S2 e outro vertical que divide o sacro em duas fracções iguais. Raphael Alves Espanha Fig. 9 – Biomecânica Sacro – Ilíaca 12 .9). concebendo a consonância de movimento sacro-ilíaco (Ver Fig. assim como num movimento de anteriorização do ilíaco verificase a contra-nutação da hemibase articulada. S2 S2 Fig. Aquando de um movimento de posteriorização do ilíaco a hemibase do mesmo lado comporta uma nutação. hemisacro esquerdo e hemisacro direito (Ver Fig. 10) que por conseguinte posterioriza a apófise transversa da L5 promovendo a rotação da vértebra para o mesmo lado.11). e principalmente L5 são completamente dependentes dos movimentos sacro-iliacos.Instituto Português de Naturologia Osteopatia  BIOMECÂNICA SACRO-ILÍACA-L5/L4 As vértebras lombares L4. Quando um ilíaco posterioriza. Assim sendo não é de estranhar uma disfunção da L5 seguida de uma disfunção da sacro-iliaca.11 – Biomecânica Sacro-IlíacaL5/L4 13 . Fig.10 – Ligamento ílio-lombar em tensão Raphael Alves Espanha Fig. motivo pelo qual se verifica um maior número de desgaste ósseo. Isto deve-se à existência de ligamentos que as unem ao osso Ilíaco – ligamentos iliolombares. assim como hérnias no disco aqui localizado (L5-S1) (Ver Fig. Esta rotação conjuntamente com a nutação do hemisacro do mesmo lado gera movimentos antagónicos na charneira. tensiona este ligamento (Ver Fig. unido por sua vez ao cóccix. Raphael Alves Espanha Fig. não estão preparados para os receber. originando compensações anti-álgicas.13 – Desequilíbrio pélvico 14 . é fundamental o equilíbrio da cintura pélvica. e de forças descendentes. hiper-solicitação de articulações (assim como o seu possível desgaste acrescentado) e por conseguinte respostas dolorosas.12). certas disfunções são inerentes a factores não traumáticos como má postura ou um piso em más condições que conduzem a um desequilíbrio no organismo. estes pontos deslocam-se para locais onde. A cintura pélvica.13).Instituto Português de Naturologia Osteopatia Por vezes. mecânica e fisiologicamente. constituída pelos dois ossos ilíacos e pelo sacro. Caso haja uma obliquidade. Forças Descendentes Forças Ascendentes Sendo assim. podendo este ser ligamentar ou muscular. é o ponto de convergência e dissipação de forças ascendentes. provenientes do solo. como o peso do esqueleto axial supra jacente e esqueleto apendicular superior (Ver Fig. Uma das disfunções que causa este desequilíbrio é a pubalgia (Ver Fig. quer seja por traumatismo ou por disfunção muscular. pois deste modo se obtém a perfeita simetria de pontos de pressão. existem dois tipos de pubalgias: as pubalgias traumáticas e as pubalgias crónicas. e simuladamente propaga-se ainda para os isquio-tibiais. com propagações dolorosas para os músculos do qual é ponto de origem/inserção. havendo diferentes causas de pubalgia. os adutores (longo. Frequentemente a dor é severa e incapacitante. Uma boa anamnese é importante para o despiste de outras possíveis disfunções pois. Raphael Alves Espanha 15 . tais como.Busquet (1985). médio e pectíneo) e os abdominais. As irradiações não são fixas. os tratamentos também terão de ser os adequados. dependendo da gravidade da disfunção e o diagnóstico de uma pubalgia pode não nos possibilitar depreender a sua causa ou causas.Instituto Português de Naturologia Osteopatia DEFINIÇÃO DE PUBALGIA A pubalgia trata-se de uma disfunção do púbis sendo a sua sintomatologia localizada ao nível deste. limitando as actividades quer quotidianas quer desportivas. curto. Segundo L. 15 Raphael Alves Espanha Fig. a pubalgia traumática directa está fora do âmbito osteopático uma vez que é ultrapassada a dita barreira fisiológica (Ver Figs. 14.Instituto Português de Naturologia Osteopatia CAUSAS DA PUBALGIA Como já foi acima referido as causas da pubalgia podem ser de origem traumática ou de origem crónica.16).14 Fig.  Pubalgia de Origem Traumática Este tipo de pubalgia pode ser de origem directa ou indirecta.16 16 . A pubalgia traumática de origem directa é originada por agressões que conduzem a contusões. estiramento de ligamentos e processos inflamatórios (fase aguda).15. E ainda movimentos bruscos que ultrapassem o limite de resistência do tecido mole (músculos. tendões ou ligamentos) e articular. Sendo assim. Fig. As causas para este tipo de pubalgia estarão figuradas em cadeias musculares superiores e inferiores.Busquet. o púbis não é de modo nenhum a causa da pubalgia e qualquer tratamento a esse nível será ilusório e efémero (L. Fig. ou seja. nomeadamente do tronco e dos membros inferiores (Ver Fig.17). Fig.18). 1985:75).18 – Acção dos Abdominais e dos Adutores no púbis Causas Superiores: Abdominais Causas Inferiores: Adutores/Isquio-Tibiais Raphael Alves Espanha 17 .Instituto Português de Naturologia Osteopatia Na pubalgia suscitada indirectamente estão compreendidas irregularidades no solo (por exemplo desportos em terra batida) assim como um deficiente material desportivo (Ver Fig.17  Pubalgia de Origem Crónica Este tipo de disfunção manifesta um púbis “vítima” de um esquema funcional alterado. irão estar a exercer tracção neste. Já os adutores estão incumbidos dos movimentos de adução e rotação externa da coxa. por encurtamento ou retracção dos mesmos. fortes. Os músculos abdominais são responsáveis pela estabilidade da coluna lombar e a flexão do tronco. à dor Fig. Um outro grupo muscular que também intervém neste desequilíbrio biomecânico são os Isquio-tibiais. levando ao desequilíbrio da sínfise púbica e. ou seja. Raphael Alves Espanha 18 .19 – Focalização das forças sobre a sínfise púbica (Ver Fig. mesmo que a origem ou inserção destes não seja o púbis. extremamente trabalhados.Instituto Português de Naturologia Osteopatia A sintomatologia da pubalgia crónica deve-se maioritariamente ao desequilíbrio muscular entre os músculos abdominais e os músculos adutores. irá haver uma descompensação a nível púbico. 19). sendo extremamente solicitados no futebol. ou seja. conduzindo ainda a compensações estáticas e dinâmicas. Aquando de um conflito entre uns abdominais fracos e uns adutores fortes. consequentemente. Isto acontece porque os abdominais ao estarem enfraquecidos não irão estabilizar correctamente o púbis (fraca tracção superior no ramo púbico) e os adutores. Segundo Busquet (1982) as cadeias musculares representam circuitos anatómicos através dos quais se propagam forças organizadoras do corpo e podem igualmente ser recrutadas para engendrar os seus esquemas de compensações. num sentido descendente. geralmente é secundária a outras disfunções. Instituto Português de Naturologia Osteopatia O que são estas compensações estáticas e dinâmicas?  As compensações estáticas são as respostas mecânico-fisiológicas ao desequilíbrio disfuncional primário numa posição neutra / estática.20 – Compensações dos isquio-tibiais (A) No entanto. Fig. os isquiotibiais. ao retraírem vão descer a tuberosidade isquiática e posteriorizar o corpo do ilíaco. uma resposta dolorosa será desencadeada ao nível dos ligamentos tíbio-peroniais e o corpo irá admitir uma posição anti-álgica (lei do conforto) promovendo a rotação externa da tíbia sobre o fémur e a flexão do joelho. Esta disfunção poderá mascarar-se como uma lesão do menisco externo. 21 e 22). o que provoca um estiramento sintomático dos adutores conduzindo num futuro próximo a uma diminuição progressiva do rendimento/ritmo do desportista. esta disfunção dos isquio-tibiais poderá ter consequências ao nível de outras estruturas articulares tais como os joelhos. Esta compensação. irá então acarretar uma dor surda na face externa do joelho com um bloqueio posterior da cabeça do perónio. elevando assim o ramo púbico. a causa da disfunção (Ver Fig.20). Raphael Alves Espanha Fig. No que respeita à origem da disfunção púbica. uma vez que os adutores em estiramento têm dificuldade em suportar um alongamento adicional ou um trabalho excessivo (Ver Fig. que por vezes é insuficiente. Isto ocorre porque ao haver a tracção do longo e curto bicípite femoral sobre a cabeça do perónio. não sendo contudo este.21 – Compensações dos isquio-tibiais (B) 19 . 22 – posteriorização da cabeça do perónio e desalinhamento condilar. acima referido. assim como a possível abordagem manipulativa de modo a eliminar o desalinhamento e consequente atrito entre os pratos tibiais e os côndilos femorais. pode acarretar um desalinhamento dos côndilos femorais em relação aos pratos tibiais.22).Instituto Português de Naturologia Osteopatia Todavia. Assim sendo. Nestes casos deve-se ter em conta um tratamento preventivo que coloque a tíbia na sua correcta posição anatómica. Raphael Alves Espanha 20 . Fig. através de trabalho de tecido mole nas cadeias musculares em causa. os meniscos correrão o risco de dano por parte dos côndilos femorais (Ver Fig. a disfunção dos meniscos pode não estar fora de questão pois o grau de rotação imposto á tíbia. 23 – Compensação Dinâmica (A) No caso do remate de um futebolista é necessário haver uma favorável fisiologia das articulações da anca. Esta liberdade assegura ao jogador um bom “toque de bola” com o movimento solto. Fig.Instituto Português de Naturologia Osteopatia  Já as compensações dinâmicas são as respostas mecânico-fisiológicas da disfunção primária na dinâmica dos movimentos efectuados pelo (s) músculo (s) em causa. como na extensão do joelho (a função governa a estrutura). aquando da solicitação de músculos em disfunção. Ou seja. haverá restrição na dinâmica do remate quer na flexão da coxa. Fig.24). este grupo muscular tem. De acordo com Busquet (1985:98). inserções supra-jacentes à coxa e infra-jacentes ao joelho (Ver Fig. mais concretamente os Isquio-tibiais. joelho e do pé. assim como a sua amplitude (Ver Fig. Estando esta cadeia em disfunção (por retracção). económico e eficaz.23).24 – Compensação Dinâmica (B) Raphael Alves Espanha 21 . assim como do tecido a estas inerente. isto porque. posteriormente. estes vão alterar tanto qualitativamente o quantitativamente como movimento pelos exercido mesmos. mais livre é o movimento da anca. quanto mais flexível for a cadeia muscular posterior. ou seja. que poderá fomentar numa trajectória não desejada da bola. diminuindo assim o rendimento do mesmo (Ver Fig.). originando instabilidade gravitacional ao atleta. no momento do remate o joelho do membro de apoio irá estar flectido.Instituto Português de Naturologia Osteopatia Esta disfunção poderá também afectar este movimento de um modo indirecto. Fig.25 – Compensação Dinâmica (C) Raphael Alves Espanha 22 . estando instalada no membro de apoio. Instituto Português de Naturologia Osteopatia DIAGNÓSTICO / TRATAMENTO OSTEOPÁTICO De acordo com Greenman (2001:13) o diagnóstico osteopático é especificamente direccionado para a avaliação do sistema músculo-esquelético. entre a palpação com as mãos e a observação com os olhos.. deixando para segundo plano uma possível abordagem manipulativa. O diagnóstico osteopático baseia-se principalmente nos métodos tradicionais de observação e palpação. sejam elas estruturais ou funcionais). A anamnese deve ser precisa e objectiva. pois esta irá orientar o osteopata a estruturar o tratamento e até. encaminhar o doente para outro profissional de saúde. o “R” ás restrições (uma restrição corresponde a uma diminuição do desempenho de uma articulação. por parte do profissional. pois não adianta manipular uma estrutura óssea de todo o tecido mole envolvente estiver bloqueado – a função governa a estrutura). antes de entrar nestes critérios de diagnóstico é fundamental ter em conta uma pré – observação que se inicia aquando da entrada do doente no consultório em que se avalia o modo como o mesmo a efectua assim como a sua locomoção. No entanto. quer expressões do foro psicológico. com o objectivo de identificar a presença e o significado de disfunção ou disfunções somáticas.R. correspondendo o “A” ás assimetrias (o osteopata foca essencialmente as assimetrias que o paciente possa ter relacionadas com o sistema músculo-esquelético. ela não funcionará em toda a sua amplitude de movimento podendo conduzir a uma disfunção. ou seja. fáscias e ligamentos. De seguida deve-se elaborar uma boa anamnese. a fim de não ser exaustiva para o doente.T. Utilizam-se perguntas abertas de modo a Raphael Alves Espanha 23 . O osteopata baseará o seu diagnóstico mediante três critérios que podem ser identificados pela sigla A. desse modo. o osteopata irá focar o seu trabalho numa primeira fase sobre músculos. procurando quer expressões físicas. sendo fundamental e de extrema importância a coordenação. porém a função primordial do osteopata é tratar primeiro a restrição não se focando essencialmente na dor) e o “T” aos tecidos moles (o trabalho de tecidos moles é fundamental em osteopatia. Quase sempre a restrição está associada a dor. caso seja necessário. assimetrias (“A”) focando pontos de referência tais como espinhas ilíacas.26). o teste de Thompson apenas será realizado caso o Dinâmico seja positivo. incluindo cervical alta (Thompson). de uma possível perna curta e se a causa da mesma é abaixo ou acima da L5. Concluídos estes testes efectuar-se-á a palpação (óssea e do tecido mole) (Ver Fig. assim como os testes específicos do local em causa (Ver Esquema 1). Feita a anamnese iniciar-se-á o exame osteopático propriamente dito começando pelo Teste em Carga. distribuição pilosa e tonicidade dos tecidos (“T”). Contudo. Fig. perguntas focadas filtrando informação de acordo com os sintomas. Raphael Alves Espanha Fig. ângulo inferior das omoplatas.27 – Palpação 24 .. (Ver Fig. sendo directas e de interesse específico. Numa posição lateral podemos também analisar a posição do corpo em relação a uma linha imaginária da gravidade. linhas popliteas. etc. nível dos ombros.26 – Teste em carga Realizado o T. em Carga efectuar-se-á o Teste Estático / Dinâmico / Thompson para averiguar a existência. ou não.Instituto Português de Naturologia Osteopatia fomentar a relação com doente. assim como as curvaturas fisiológicas da coluna. onde se observarão. assim como perguntas fechadas que complementem o que doente ainda não mencionou. a mobilidade (procurando restrições – “R”). assim como diferenças de temperatura / coloração da pele. 27). anterior e posteriormente. Raphael Alves Espanha 25 . o tratamento inicial irá basear-se essencialmente no trabalho dos tecidos moles.28). Um bom tratamento osteopático depende de mãos treinadas. Por vezes. As manipulações por si só não são suficientes para o sucesso do tratamento. mas tendo em mente possíveis técnicas manipulativas. que terá como finalidade fulcral a restituição do equilíbrio funcional do púbis e. liberta-se toda a estrutura por ela revestida). ouvir e interpretar. Assim sendo.28 – Técnica miofascial e “stretching” Após esta abordagem. reajustando o equilíbrio mio-estrutural (Lei da Auto-cura). sendo necessária nova consulta insistindo no mesmo tipo de tratamento. Fig. o osteopata terá de focar o tratamento com vista à normalização das estruturas articulares e de todo o tecido mole.Instituto Português de Naturologia Osteopatia Concluído o diagnóstico iniciar-se-á o tratamento. o corpo irá responder ao tratamento nos dias que se seguirão. mas principalmente de saber ver. tracções / bombeios (os bombeios levam sangue aos tecidos assim como oxigénio / nutrientes – Lei da artéria) bem como alongamentos (“stretching”) (Ver Fig. dependendo da fisiologia do doente. o corpo não consegue atingir o total equilíbrio numa primeira abordagem de tratamento. portanto. recorrendo a técnicas miofasciais (desbloqueando a fáscia. Instituto Português de Naturologia Osteopatia Esquema 1 Raphael Alves Espanha 26 . acima dos 90º. Pede ao doente para fazer flexão do tronco. O acerca teste irá fornecer informações de possíveis disfunções / restrições em nutação / contra-nutação do sacro (Ver Fig. Este coloca um polegar na Espinha Ilíaca Postero-Superior e o outro polegar na base do sacro do mesmo lado e pede ao doente para elevar o membro inferior. com o joelho flectido.Instituto Português de Naturologia Osteopatia TESTES ESPECÍFICOS Teste de Gillet: Neste teste o doente está em pé (com as mãos na parede) de costas para o Osteopata. e reavalia a posição das mesmas.29 – Teste de Gillet Teste das Fossas Michaelis: O osteopata coloca-se ao nível das fossas michaelis com os polegares nas mesmas marcando a sua posição. Raphael Alves Espanha Fig. 29). acompanhando o movimento. Fig. Ao elevar o membro deverá sentirse a posteriorização do ilíaco assim como a nutação do hemisacro desse mesmo lado (Ver Fig. 30).30 – Teste das Fossas Michaelis 27 . Raphael Alves Espanha Fig. o teste irá dar positivo a uma retracção dos isqui-tibiais.32 – Teste de flexão de pé teste dos isquio-tibiais (Busquet. Esta pode ser de origem muscular (isquio tibiais) ou devido à tracção do nervo ciático.Instituto Português de Naturologia Osteopatia Teste de Laségue: O doente deita-se em decúbito dorsal e eleva o membro inferior até ao ponto de dor. De seguida o osteopata baixa ligeiramente o grau de amplitude ate não haver dor e então faz a flexão do pé para traccionar o nervo ciático. O teste será negativo se o doente for capaz de exercer a flexão até ao seu limite fisiológico sem alterar a estática dos joelhos ou da arcada plantar interna (Ver Fig. Caso o doente não sinta dor. 31). Se for doloroso o teste é positivo a uma Fig. 1985) 28 .teste dos isquio-tibiais (Busquet. 32). 1985): O osteopata posiciona-se atrás do doente e pede para o mesmo se inclinar para a frente tentando alcançar os pés com as mãos. Teste de flexão de pé .31 – Teste de Laségue disfunção ciática (Ver Fig. 1985) Raphael Alves Espanha 29 . Nesta posição a influência dos isquio-tibiais sobre a bacia é anulada podendo. O teste é positivo se a curvatura dorso-lombar apresentar uma concavidade (Ver Fig. Fig. deste modo.  A estática da arcada plantar se encontrar modificada: o pé poderá.34 – Teste de flexão de pé – teste do quadrado lombar (Busquet.  A estática do joelho e do pé encontrar-se modificada. Fig.Instituto Português de Naturologia Osteopatia O teste será positivo se:  A estática do joelho estiver alterada: o joelho poderá adoptar uma posição de flexão juntamente com valgismo ou varismo. ou. o pé poderá. junta as mãos atrás da nuca e é-lhe pedido que se incline para a frente encostando ambos os cotovelos e que tente passa-los por entre os joelhos. por rotação interna da tíbia. O teste é negativo se a curvatura dorso-lombar for homogénea (sem concavidade). Teste de flexão de pé – teste do quadrado lombar (Busquet. testar mais facilmente o quadrado lombar. 1985): Neste teste o doente senta-se num banco.33 – Tipos de pés inclinar-se para fora ostentando um pé cavo (Ver Fig. com rotações associadas. por rotação externa da tíbia. inclinar-se para dentro aparentando um pé raso. 33). 34). O teste é positivo se o membro que faz extensão se elevar acima do nível da marquesa (Ver Fig. pernas flectidas (cerca de noventa graus). A perna que tiver menor amplitude poderá indicar um encurtamento / retracção dos adutores (Ver Fig. dobra um joelho sobre o tronco.Instituto Português de Naturologia Osteopatia Teste do psoas-ilíaco: O doente deita-se de decúbito dorsal. apertando-o contra este com as mãos e estende a perna contrária. O teste é executado nos dois membros. comparando-os (Assimetrias).36 – Teste dos adutores Raphael Alves Espanha 30 . Fig. pés na marquesa e afastar os joelhos. 36). 35). Fig.35 – Teste do psoas-ilíaco Teste dos adutores: Neste teste o doente coloca-se em decúbito dorsal. Assim sendo.Instituto Português de Naturologia Osteopatia Com o intuito de melhor compreender a opinião pública em relação à osteopatia integrada no desporto visando a prevenção e recuperação da saúde do desportista realizou-se um questionário que abrangeu diversas faixas etárias e estratos sociais.47% dos homens e 34. apenas 39. foram entregues questionários a diversos profissionais/estudantes de saúde e a uma turma sénior de Tai-Chi do Complexo Municipal de Ginástica da Maia. divulgando uma população cada vez mais informada e esclarecida acerca de novas abordagens de tratamento que visam o seu bem – estar. com idades compreendidas entre os vinte e os oitenta anos. A maioria tinha conhecimento sobre a osteopatia pela televisão. Quando inquiridos se estariam de acordo que a osteopatia fosse integrada no desporto como forma de tratamento 97.37% dos homens e 100% das mulheres responderam sim. apenas 5. jornais e revistas. Dos vinte inquéritos recolhidos dos profissionais de saúde e dos dezoito da turma sénior eis os resultados: Quando questionados se tinham conhecimento do que era a osteopatia 60.74% dos Homens e 97. Raphael Alves Espanha 31 .37% das mulheres concordariam em ser tratados por um osteopata caso sofressem uma lesão (Ver Gráficos em Anexo).79% das mulheres responderam que sim. No entanto. seja ele físico ou psíquico.53% dos homens e 65.53% das mulheres afirmaram já ter recorrido ao tratamento osteopático.26% dos homens e 10.21% das mulheres tinham desconhecimento do que era a osteopatia. porém apenas 94. Os resultados destes inquéritos revelaram-se bastante satisfatórios. Instituto Português de Naturologia Osteopatia Conclusão Raphael Alves Espanha 32 . aumenta grandemente a probabilidade de optimizar a nossa qualidade de vida. fáscias e articulações de forma a que o movimento seja restabelecido. Para aqueles que procuram manter-se em forma de modo saudável. a osteopatia é a ciência mais acertada para o fazer. tendo em conta o trabalho osteopático como uma forma de tratamento que visa a prevenção de lesões e a manutenção da integridade física do desportista. Temos de ter presente em mente que o desporto é saudável pela diversidade de benefícios que nos proporciona. Raphael Alves Espanha 33 . O Osteopata tem todas as capacidades para ajudar a melhorar o desempenho do atleta e tratar a causa das lesões que podem surgir. respeitando o equilíbrio do seu corpo. restabelecendo o equilíbrio estrutural. mas quando complementado com a Osteopatia.Instituto Português de Naturologia Osteopatia A conclusão primordial retirada da realização desta monografia é que no que diz respeito à área desportiva deverá sempre “jogar-se” pelo seguro. músculos. melhorando a sua flexibilidade e agilidade e diminuindo a rigidez dos ligamentos. Instituto Português de Naturologia Osteopatia Anexos Raphael Alves Espanha 34 . Instituto Português de Naturologia Osteopatia ANEXO I Tem conhecimento do que é a Osteopatia? Já alguma vez recorreu ao tratamento osteopático? Raphael Alves Espanha 35 . optaria ser tratado por um osteopata? Raphael Alves Espanha 36 .Instituto Português de Naturologia Osteopatia Está de acordo que a osteopatia seja integrada no desporto? Caso sofresse uma disfunção no desporto. Instituto Português de Naturologia Osteopatia Bibliografia Raphael Alves Espanha 37 . Philip.Instituto Português de Naturologia Osteopatia BIBLIOGRAFIA Livros consultados Seeley.305-637 Hartman. 35-167 Busquet. N. 28 de Maio de 2009 URL: http://marcelomassahud. 1985 A PUBALGIA Odivelas. 238-242 Greenman. Léopold. Páginas da Internet Tratamento X Diagnóstico osteopático: Qual a diferença?.com Raphael Alves Espanha 38 .blogspot. 125-143 Busquet. 2001 PRINCÍPIOS DA MEDICINA MANUAL Brasil. Editora Manole. Laurie. 1982 TRAITÉ D´OSTEOPATHIC MYOTHENSIVE Paris. Stephens.M. 1983 HANDBOOK OF OSTEOPATHIC TECHNIQUE London. Tate. Léopold. 15.A. Lusociência. Maloire editeur S. 2003 ANATOMIA E FISIOLOGIA Loures. Europress.K Publishers. Instituto Português de Naturologia Raphael Alves Espanha Osteopatia 39 .
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