PROTEÇÃO DO COMPLEXO DENTINO PULPAR - Resumo

March 29, 2018 | Author: Iroildo Filho | Category: Dentin, Tooth, Calcium, Chemicals, Nature


Comments



Description

PROTEÇÃO DO COMPLEXO DENTINOPULPAR NA ATUALIDADEPROFESSORA: FRANCINEIDE GUIMARÃES CARNEIRO INTRODUÇÃO O conjunto calcificado esmalte-dentina é a estrutura responsável pela proteção biológica da polpa. A dentina e o tecido pulpar, principais componentes do complexo dentinopulpar, estão suscetíveis a diversos tipos de agressores, sejam eles químicos, mecânicos, térmicos ou bacterianos. As proteções do complexo dentinopulpar consistem na aplicação de agentes protetores, tanto em tecido dentinário quanto sobre a polpa que sofreu exposição, a fim de manter ou recuperar a vitalidade dessas estruturas. A idade do paciente, a condição pulpar e a profundidade da cavidade são aspectos que devem ser considerados juntamente com o tipo de material restaurador para que se possa obter o real objetivo dessa proteção. A utilização de materiais para proteção do complexo dentinopulpar ainda é um assunto polêmico na área odontológica, já que a existência de um arsenal variado induz a dúvidas quanto à sua utilização. Ainda não existe um material que possua a eficiência da dentina com relação à proteção dada ao tecido pulpar subjacente; entretanto, os materiais para proteção do complexo dentinopulpar preenchem muitos dos requisitos necessários, sendo amplamente utilizados pelos cirurgiões dentistas. Dessa forma, o objetivo desse trabalho é ressaltar a importância do conhecimento dos aspectos fisiológicos e patológicos da dentina e da polpa, assim como, guiar a seleção de materiais dentários adequados para serem utilizados dentro de cada situação clínica específica, visando à manutenção da integridade do complexo dentinopulpar. irritações mecânicas. a razão entre os túbulos e a dentina intertubular e a presença de qualquer substância capaz de alterar a condutividade de fluidos através dos túbulos. e a polpa. formando verdadeiras vias de comunicação direta da dentina com a polpa através dos túbulos dentinários. composta por celulas especializadas. Durante a deposição da matriz responsável pela formação da dentina. De acordo com a proximidade da dentina com a polpa. a maior parte formada antes da erupção do dente. térmicas e elétricas. regular. zona acelular de Weil. o grau de mineralização dos túbulos. Secundária – se forma em resposta aos estímulos de baixa intensidade. os odontoblastos deixam nela aprisionados seus prolongamentos. erosão. podendo ser consideradas como uma entidade funcional única. Essa comunicação entre dentina e polpa é responsável pela formação e nutrição da dentina. zona rica em células e corpo pulpar. durante a vida clínica do dente. A permeabilidade dentinária varia ainda de acordo com a idade do dente. . a interação entre dentina e polpa torna-se explícita. formada pela dentina tubular e pré-dentina. maior a densidade de túbulos dentinários por área delimitada e maior o diâmetro dos túbulos. Terciária (reparadora) – desenvolve-se quando existem irritações pulpares mais intensas. À medida que o processo de formação e maturação do órgão dentário evolui. além da percepção de estímulos externos pelas terminações nervosas da polpa. odontoblastos e substâncias intercelulares.COMPLEXO DENTINOPULPAR Os principais componentes do complexo dentinopulpar são a dentina. a localização na própria dentina. 18% de substâncias orgânicas e 12% de água. as modificações teciduais na dentina. DENTINA A Dentina constitui a maior parte da estrutura do dente. CLASSIFICAÇÃO DA DENTINA: Primária – dentina original. Essas estruturas atuam conjuntamente. abrasão. É composta de 70% de substâncias inorgânicas. como cárie. normal. dividida em camada odontoblástica. formada pela câmara pulpar coronária e canais radiculares.esclerose dentinária É responsável pela percepção de estímulos externos. geralmente. Modificações fisiológicas do envelhecimento resultam em um maior componente fibroso e redução no número de células. táteis. osmóticos ou de transmissão. Esses mecanismos de defesa são representados pelo esclerosamento dos túbulos dentinários. inervado e vascularizado. químicos. FUNÇÕES DA POLPA: ►Função Formativa. o que reduz o diâmetro dos túbulos dentinários e representa um mecanismo de defesa importante frente a agressões externas. responsável pela vitalidade do dente.POLPA A Polpa é um tecido conjuntivo frouxo especializado. o tecido responde através do esclerosamento local dos túbulos. ricamente inervado. essa reposta é. pela formação de dentina terciária e pela sensibilidade dolorosa. Posteriormente. sejam eles térmicos. demonstrada pela deposição focal de uma matriz de dentina terciária nas .produzindo dentina reparadora . inserido na cavidade pulpar e canais radiculares. Ocupa a cavidade pulpar. Inicialmente. constituído de vasos sanguíneos e nervos entremeados por tecido conjuntivo rico em fibroblastos e células ectomesenquimais indiferenciadas. A transmissão de estímulos ocorre por fibras sensoriais que adentram o tecido pelo forame apical ou canais acessórios e seguem. o trajeto dos vasos sanguíneos. Em conseqüência. pela deposição de dentina peritubular em regiões subjacentes a lesões cariosas. na forma de dor ao sistema nervoso central. polpas envelhecidas apresentam resposta biológica mais lenta e reduzida. principalmente. É um tecido altamente especializado. O corpo pulpar propriamente dito. diretamente ligados ao sistema circulatório através do feixe vásculo-nervoso que penetra pelo forame apical. compõe a massa central do tecido. vascularizado. A polpa dentária apresenta mecanismos inerentes para limitar os danos causados por agentes agressores.principal característica (produzir dentina) ► Função Nutritiva ► Função Sensitiva ► Função Defensiva: . PRINCIPAIS CAUSAS DE INJÚRIAS PULPARES 1. é denominada dentina reacional. 2. uma vez que esta gera mais calor e requer uma pressão de corte maior. A dentina terciária localizada.  Preparo cavitário: os preparos cavitários resultam em alterações na estrutura dentinária através da formação de dentina terciária. diminuindo assim a permeabilidade dentinária. A quantidade de dentina terciária (reacional e reparadora) formada está diretamente relacionada com o intervalo de tempo pós-operatório e é ligeiramente afetada pelo grau do trauma operatório. Preparos cavitários confeccionados com instrumentos rotatórios em alta rotação. Pressão. tendem a produzir menor agressão que em baixa velocidade. formada por odontoblastos primários sobreviventes a estímulos moderados. materiais oriundos de restaurações de resina composta. Caso o estímulo seja muito forte. .BACTERIANOS: Toxinas e enzimas associadas à cárie dentária. Por meio desses mecanismos de proteção. a polpa poderá sucumbir aos efeitos de um processo inflamatório intenso e sofrer necrose. Desidratação e Vibração 3. raspagem periodontal e erosão). iatrogênicos (preparo cavitário) e patológicos (atrição. Agentes protetores A dentina está sujeita a estímulos químicos e mecânicos.  Lesões cariosas: Estímulos inflamatórios provenientes do processo carioso difundem-se até a polpa através dos canalículos dentinários e são importantes na indução da resposta pulpar. alem de térmicos e bacterianos.FÍSICOS: a) Mecânicos – Traumáticos (fraturas). enquanto a dentina formada por uma nova geração de odontoblastos é chamada de dentina reparadora. quando as estruturas dentárias são estimuladas. sob refrigeração. b) Térmicos – (preparo cavitário) Cuidados durante o preparo cavitário: Calor.proximidades da agressão que tem o efeito de aumentar a distancia entre o agente agressor e as células pulpares. a polpa exerce uma das suas principais funções: a de defesa ou reparo.Químicos: Ácidos empregados no condicionamento dentino-pulpar. abrasão. LIMPEZA DAS CAVIDADES: Fatores que condicionam a sua indicação  Não ser tóxico à polpa e aos tecidos adjacentes ao dente. que visa eliminar resíduos que possam interferir com a interação . EDTA a 15%. causadas por alterações na posição dos dentes. O trauma oclusal crônico é mais comum e se desenvolve por mudanças graduais na oclusão. tal como aquela causada quando se morde um alimento duro ou pela confecção de restaurações ou próteses com contatos exagerados ou interferências oclusais.5%) Agentes desmineralizantes: – – – – – ácido fosfórico a 37%. ácido cítrico a 50%.  Remover a smear layer Agentes não desmineralizantes: – – – – – Soluções à base de hidróxido de cálcio (água de cal) Soluções à base de clorexidina (2%) Soluções fluoretadas Água oxigenada (3% a 10 vol) Hipoclorito de sódio (0.  Facilitar a ação dos agentes protetores. ácido poliacrílico a 10% O primeiro passo operatório para a proteção do complexo dentinopulpar é a limpeza da cavidade. desgaste ou hábitos parafuncionais. restaurações mal realizadas. resultante de uma mudança brusca na força oclusal. ácido bórico a 2%. Trauma oclusal: o trauma oclusal pode ser agudo.  Eliminar microorganismos. água oxigenada. Os agentes de limpeza podem ser desmineralizantes (ácido fosfórico a 37%. também. a limpeza deve ser realizada antes da aplicação do agente de proteção e do ataque acido. „1 . produtos tóxicos. Essa camada representa uma proteção natural ao complexo dentinopulpar contra a invasão de bactérias. a limpeza cavitária é feita com o próprio condicionamento ácido. ácido cítrico a 50%. ácido poliacrílico a 10%) que reagem com a smear layer. podem ser utilizadas soluções à base de hidróxido de cálcio ou clorexidina. composta de matéria orgânica e inorgânica. soluções à base de clorexidina) atuam na ação de lavagem removendo parcialmente os resíduos por fricção das soluções. toxinas bacterianas e ácidos. saliva. que necessitam de proteção do complexo dentinopulpar. EDTA a 15%. a maioria dos agentes apresenta. Porém. Em cavidades profundas e bastante profundas. ácido bórico a 2%. não ser tóxico à polpa e aos tecidos adjacentes ao dente. facilitar a ação dos agentes protetores e combater ou eliminar microorganismos patogênicos existentes nas paredes cavitárias. sangue e microrganismos. Um agente de limpeza ideal deve remover a smear layer. a presença de smear layer também apresenta desvantagens como interferência direta no mecanismo de adesão de alguns sistemas adesivos e manutenção de bactérias no interior da cavidade. Para os sistemas autocondicionantes. tanto em tecido dentinário quanto sobre a polpa que sofreu exposição. Concomitantemente com a ação de limpeza. deposita-se sobre a superfície da cavidade uma camada amorfa e delgada conhecida como smear layer. removendo-a total ou parcialmente.entre os materiais restauradores e os substratos dentários. a smear layer é incorporada no processo de hibridização. Nessas condições. hipoclorito de sódio. soluções fluoretadas. óleo proveniente de instrumentos rotatórios. Em cavidades a serem restauradas com sistemas adesivos e que não necessitam de proteção do assoalho da cavidade. Após o preparo cavitário. PROTEÇÃO AO COMPLEXO DENTINOPULPAR AGENTES PROTETORES As proteções ao complexo dentinopulpar consistem da aplicação de um ou mais agentes protetores. ação bactericida e/ou bacteriostática. Os agentes não-desmineralizantes (soluções à base de hidróxido de cálcio. dependendo da situação clínica e contrariando a tendência atual de simplificação técnica. Atualmente. mais de um material é necessário para garantir uma restauração duradoura. culminando com a formação da barreira mineralizada. classifica as cavidades em superficiais (quando a cavidade esta aquém. médias (1 a 2 mm além da . idade do paciente. forradores. ser útil como agente bactericida ou bacteriostático. características de dentina remanescente e material restaurador indicado e utilizado devem ser indispensáveis para a tomada de medidas para proteger o complexo dentinopulpar. ao nível ou ultrapassando ligeiramente a junção amelodentinária). diversidade de técnicas de aplicação e mecanismos de aplicação. A indicação do material protetor deve ser baseado na profundidade da cavidade. FATORES QUE ORIENTAM AS ESTRATÉGIAS DE PROTEÇÃO DO COMPLEXO DENTINOPULPAR Fatores como profundidade da cavidade. apresentar resistência mecânica suficiente para suportar a mastigação. portanto. a condição pulpar e profundidade da cavidade são aspectos que devem ser considerados juntamente com o tipo de material restaurador para que possamos obter o real objetivo dessa proteção. evitando a infiltração de saliva e microrganismos pela interface parede cavitária/restauração. rasas (0. nas características pulpares e no material restaurador definitivo que será utilizado. bases protetoras e/ou bases cavitárias. ser biocompatível e insolúvel no meio bucal. determinada pela espessura de dentina remanescente entre o assoalho da cavidade e o teto da câmara pulpar.A idade do paciente. inibir a penetração de íons metálicos das restaurações de amálgama para a dentina subjacente. estimular a recuperação das funções biológicas da polpa.5 a 1 mm além da JAD). prevenindo assim o escurecimento do dente. e. Um material protetor poderá ser considerado ideal se for capaz de: proteger o complexo dentinopulpar de choques térmico e elétrico. capeadores. funcional e estética. evitar a infiltração de elementos tóxicos ou irritantes constituintes dos materiais restauradores e dos agentes cimentantes para o interior dos canalículos dentinários e da polpa. com o aumento do número de produtos. uma adequada proteção do complexo dentinopulpar pode ser obtida com os selantes. A profundidade da cavidade. Não existe um único material com todos os requisitos descritos. aperfeiçoar o vedamento marginal das restaurações. As dentinas terciária e esclerosada possuem menor permeabilidade devido à deposição de minerais. ► Ser Biocompatível e compatível com o material restaurador ► Possuir adesão ao substrato dentinário. ► Reduzir a infiltração marginal.JAD). ► Efeito Hemostático. profundas (ultrapassam a metade da espessura da dentina. vantagens e desvantagens. ►Não ser irritante. ► Ter bom escoamento. .5 mm). mantendo 0. cavidades que aparentam ter profundidades semelhantes podem.  HIDROXIDO DE CÁLCIO PROPRIEDADES SATISFATÓRIAS DOS PRODUTOS À BASE DE HIDRÓXIDO DE CÁLCIO: ► Induzem a mineralização. Outro fator que influencia a estratégia de proteção do complexo dentinopulpar é a qualidade de dentina remanescente. visando uma tentativa de proteger o dente do agente agressor. REQUISITOS IDEAIS PARA MATERIAIS DE PROTEÇÃO: ► Apresentar resistência satisfatória. ►Reduzir a condutibilidade térmica e elétrica. ► Evitar penetração de elementos tóxicos dos materiais restauradores nos túbulos dentinários. dependendo da idade do paciente. considerando-se suas características de biocompatibilidade. possuir profundidades diferentes. os materiais restauradores devem ser criteriosamente empregados. ► São eficazes contra estímulos térmicos e elétricos. Sabendo que em pacientes mais jovens a câmara pulpar é mais volumosa. Por fim.5 mm de dentina remanescente) e bastante profundas (remanescente dentinário é menor que 0. proteger a polpa dos estímulos térmicos e elétricos e apresentar propriedade antimicrobiana. estas pastas são principalmente indicadas nos casos de proteção direta. Por essa razão. O hidróxido de cálcio pode ser utilizado pelo profissional em diferentes formas de apresentação tais como:  Solução de Hidróxido de Cálcio. tem sido o material de escolha para o forramento de cavidades profundas e muito profundas ou com exposição pulpar. Por outro lado. Devido à capacidade de estimular a formação de dentina reparadora quando colocadas sobre a polpa. o hidróxido de cálcio tem sido universalmente aceito para a proteção direta da polpa nos casos de capeamento. resultante da mistura de hidróxido de cálcio PA com água destilada. o hidróxido de cálcio depositado no fundo do recipiente constitui uma ótima pasta para proteções diretas. A solução de hidróxido de cálcio ou água de cal. cloreto de cálcio. devendo-se lavá-las com esta solução antes que a proteção pulpar e restauração sejam colocadas. Além da limpeza que proporciona. é útil para todos os tipos de cavidades. curetagem pulpar ou pulpotomia. Está indicado em casos de tratamento expectante. estimula a calcificação dentinária e é hemostático nos casos de exposições pulpares. Por causa do seu já demonstrado potencial biológico.  Cimentos de Hidróxido de Cálcio. entre outros. sulfato de bário. graças à sua comprovada capacidade de favorecer a formação de dentina reparadora. sua alcalinidade neutraliza a acidez da cavidade. tais como metilcelulose. A indução ou o auxilio na neoformação de tecido mineralizado parem estar ligados ao seu pH alcalino e também ao seu potencial antibacteriano.► Fácil manipulação.  Suspensão de Hidróxido de Cálcio. quando ocorre uma exposição acidental.  Pastas de Hidróxido de Cálcio. Os produtos à base de hidróxido de cálcio são atualmente bastante difundidos e grandemente utilizados. ► Bom escoamento. . atua como agente bacteriostático. ► São anti-sépticos. As pastas de hidróxido de cálcio disponíveis comercialmente contem outros componentes. Pode ser dividido em convencional e modificado. este material é associado com restaurações de amálgama. ao mesmo tempo. dissolvidos em um solvente orgânico (acetona.explorando o seu potencial bactericida e bacteriostático. em um único sentido. em todas as paredes internas da cavidade. apresentar pH mais elevado que as formulações mais complexas. é necessário que o material entre em estrito contato com o tecido pulpar exposto. não existem grandes diferenças nas propriedades desses tipos de vernizes. Estudos clínicos e histológicos mostram que a aplicação do hidróxido de cálcio diretamente sobre o tecido pulpar promove necrose de coagulação superficial. por proporcionar vedamento marginal às restaurações de amálgama. Para que isso aconteça. o verniz cavitário evita o escurecimento dos dentes. Por possuir propriedades isolantes e térmicas. Enquanto que o verniz convencional é composto por uma resina natural (geralmente o Copal).  VERNIZ CAVITÁRIO O verniz cavitário é um material disponível para proteção pulpar bastante simples e disponível. O hidróxido de cálcio pró-análise (PA) em pó ou pasta com água destilada é potencialmente mais ativo por não tomar presa nem sofrer processo de polimerização e. Em cavidades rasas. por minimizar a difusão de íons metálicos da restauração de amalgama para o dente. ao contrario do que acontece com o pó ou a pasta. garantindo intimo contato com o tecido conjuntivo pulpar. é o único material protetor e. devido ao fato de não possuir adesão à estrutura dentária e inibir ou dificultar a polimerização destes materiais. o modificado é composto por uma resina sintética. A partir disto. Em decorrência disso. Além de dificultar a passagem de corrente elétrica e estímulos térmicos. geralmente rico em exsudato. entretanto. as formulações caracterizadas como cimento são tecnicamente mais difíceis de serem aplicadas em contato direto com o tecido úmido. Deve-se levar em consideração que o uso do verniz é contra-indicado em restaurações de resina composta. . culminando com a formação de barreira mineralizada. nas demais profundidades. tem seu uso associado com outros materiais protetores. Estes são rapidamente absorvidos pela umidade. torna-se fundamental aplicar duas camadas de verniz. clorofórmio ou éter). ► Reduzir a infiltração marginal das restaurações. AGENTES PROTETORES PARA FORRAMENTO DA CAVIDADE ► Cimento de óxido de zinco e eugenol . ► Promover selamento dos túbulos dentinários com o intuito de evitar o escurecimento do dente.convencional .modificado .  CIMENTO DE IONÔMERO DE VIDRO PROPRIEDADES SATISFATÓRIAS DO CIMENTO DE IONÔMERO DE VIDRO: ►Menor potencial de irritação ao complexo DP ►Adesividade às estruturas dentárias ►Ação antimicrobiana ►Coeficiente térmico linear semelhante ao dente ►Resistência mecânica ►Afinidade aos materiais resinosos ►Isolantes térmicos e elétricos ►Maior facilidade de manipulação e inserção ►Libera flúor . ► Ter um índice de refração igual ao do esmalte para evitar descoloração. ► Proteger a polpa contra estímulos térmicos e elétricos. ► Ter um bom escoamento.REQUISITOS IDEAIS PARA MATERIAIS DE FORRAMENTO: ►Ser bactericida e/ou bacteriostático.IRM ► Cimento de ionômetro de vidro ► Sistemas adesivos (técnica da hibridização). tipo III: indicados para o selamento de cicatrículas e fissuras. Atualmente. Os cimentos ionoméricos também são considerados como material forrador de escolha em presença de dentina esclerosada devido à adesividade química ao substrato dentinário modificado. os vernizes cavitários. É importante ressaltar que o ionômero de vidro não deve ser espatulado. para que haja a união química com os substratos dentários. é fundamental que o material seja protegido para que haja formação de matriz de polissais. vários agentes podem ser utilizados para “proteção” do material. O cimento de ionômero de vidro convencional possui alta sensibilidade ao ganho e perda de água. Em relação à indicação do material. o cimento de ionômero de vidro (CIV) está disponível em duas formulações: o ionômero de vidro convencional e o ionômero de vidro híbrido ou modificado por resina (foto e autopolimerizável). ação antimicrobiana e coeficiente térmico linear semelhante ao da estrutura dentaria. sem prejudicar as propriedades mecânicas do material. Após a inserção e perda de brilho. Por apresentarem uma boa afinidade com os materiais resinosos. os adesivos e até mesmo esmalte . A variada aplicação clinica desse material deve-se a algumas de suas propriedades. com conseqüente redução se duas propriedades mecânicas. Além disso.Os ionômeros de vidro surgiram dos estudos pioneiros de Wilson & Kent no final da década de 1960 e chegaram ao mercado em 1975. dentro do tempo recomendado (40 a 60s). tais como: menor potencial de irritação do complexo dentinopulpar. portanto. como base e forramento. Se o material for corretamente manipulado. adesividade às estruturas dentárias. o material ainda tem um tempo de trabalho de aproximadamente 3 minutos. associados ou não ao hidróxido de cálcio. Destacam-se. podem ser classificados em tipo I: indicados para cimentação de quaisquer artefatos ortodônticos ou protéticos. Caso o material seja espatulado. tipo II: indicados para a restauração. e sim aglutinado. Sendo assim. Kent teve por objetivo combinar as boas propriedades do cimento de silicato e policarboxilato de zinco. A inserção do material na cavidade dentária deve ser feita enquanto o material possui brilho úmido. O CIV é bom isolante térmico e elétrico e constitui excelente barreira contra a difusão de substâncias tóxicas oriundas dos materiais adesivos. os cimentos de ionômero de vidro são ótima opção para o forramento de cavidades profundas ou muito profundas. passando depois por sucessivos desenvolvimentos. apresenta resistência mecânica suficiente para permitir a inserção dos diferentes materiais restauradores. quando utilizado como base protetora. ocorrerá fratura da matriz de polissais que está sendo formada. suas partículas apresentam-se menores e mais uniformes. A formação de ponte de dentina ocorre devido à doação dos íons cálcio para o tecido durante o contato com os fluidos da polpa. Como pode ser utilizado em casos de exposição pulpar. Sua composição é muito semelhante à do cimento Portland. pulpotomias.cosmético para unhas. Quando o cimento de ionômero de vidro é utilizado como material intermediário. com o aumento do pH. 2 a 12. resultando em um gel coloidal com pH de 10. de forma que. minimize a contaminação por umidade e a pigmentação precoce. Sua atividade antimicrobiana está relacionada com a doação dos íons hidroxila que. O acabamento e polimento das restaurações de ionômero de vidro sempre devem ser evitados durante os períodos iniciais de presa. . cria um ambiente desfavorável para a sobrevivência e proliferação das bactérias. a proteção a ser executada depende diretamente do material restaurador que será indicado subseqüentemente. o esmalte de unha não poderá ser empregado como agente de proteção. sendo capaz de estimular a formação de ponte de dentina e possuir atividade antimicrobiana. entretanto. O MTA é um pó branco ou cinza que consiste de finas partículas hidrofílicas que endurecem na presença de umidade. amplamente utilizado na construção civil. que deixa o material frágil e quebradiço e aumenta a possibilidade de falhas marginais pela contração. vem sido empregado nos casos de reabsorções internas e externas. e sistema adesivo quando o material restaurador a ser colocado for a resina composta. Existem duas opções e proteção para restaurações diretas: verniz cavitário ou sistema adesivo quando o material restaurador a ser usado for o amálgama de prata. é fundamental que seja biocompativel. capeamento pulpar e como estimulador à apecificação. Além disso. O agente de proteção deve ser efetivo.5. Neste caso. percebese que o comportamento biológico do MTA é semelhante ao hidróxido de cálcio.  AGREGADO TRIÓXIDO MINERAL O Agregado Trióxido Mineral (MTA) foi inicialmente desenvolvido para ser utilizado em cirurgias parendodônticas ou em condições clínicas de perfurações de furca e intraradiculares. o óxido de bismuto foi adicionado para dar radiopacidade ao material. Atualmente. a fim de evitar a perda de água. Diante disto. demora no tempo de endurecimento (3 a 4 horas).Na Dentistica. A escolha do ácido fosfórico a 37% para se condicionar o esmalte e a dentina deve-se à produção de uma porosidade adequada em tempo clínico reduzido. é importante que se proteja a estrutura dentária. impedindo a contração das fibras colágenas expostas. desnaturação do colágeno e movimentação de fluido no interior da dentina. é utilizado como alternativa aos produtos à base de hidróxido de cálcio. dissolução de proteínas (ação cauterizadora). com conceito de camada híbrida. Diante disto e. dificuldade de inserção e coloração dentária quando utilizado o MTA cinzento. uma vez que há maior facilidade de haver injúria pulpar. responsável pela exposição das fibrilas colágenas que serão infiltradas por monômeros adesivos através da trama colágena. A aplicação desse agente de forramento exige um preparo prévio do substrato dentinário. Quando aplicado sobre a dentina. transformando-o em uma estrutura permeável e porosa. Este material apresenta como desvantagens o elevado custo. promove a dissolução dos cristais de hidroxiapatita.  SISTEMAS ADESIVOS Todas as técnicas restauradoras consideram a adesão como um recurso intermediário para a sua confecção e durabilidade. Por promover um aumento da permeabilidade dentinária. possibilitando a formação de irregularidades que irão ser penetradas pelos monômeros do material resinoso. quando aplicado no esmalte. favorecendo a formação de uma adequada camada híbrida e mantendo o espaço para penetração do sistema adesivo. A partir disto. possuindo as mesmas propriedades biológicas desse material e sendo biocompatível com o complexo dentinopulpar. É essencial que a dentina permaneça úmida após a aplicação e enxague do condicionamento acido. os sistemas adesivos passaram a atuar como agentes de proteção do complexo dentinopulpar. A hibridização é obtida através do condicionamento ácido. promovendo o embricamento entre os polímeros e a estrutura dentária. ocorre uma coagulação da porção inorgânica da dentina (ação desmineralizadora). a capacidade de vedamento da resina depende da formação de uma zona interfacial de difusão entre os componentes hidrofílicos resinosos com o dente . O condicionamento ácido. HIBRIDIZAÇÃO Uso dos sistemas adesivos sobre a dentina previamente condicionada. ► São mais técnico-sensíveis em relação aos materiais tradicionais. ► Eliminação da sensibilidade pós-operatória. ► A resistência de união dos materiais restauradores à estrutura dental significamente maior quando do uso de sistemas adesivos. responsáveis pelo seu aprisionamento. ► Preparos cavitários mais conservadores. Portanto. a resina forma microtags na estrutura dentária. TRATAMENTO CONSERVADOR DA POLPA DENTÁRIA: A proteção do complexo dentinopulpar pode ser realizada de forma direta ou indireta. dependendo da condição em que a polpa se encontra. promovendo a união entre dente e material restaurador. . LIMITAÇÕES: ► Treinamento prévio do profissional. VANTAGENS: ► A forma mais rápida de realizar a remoção da smear layer. CLASSIFICAÇÃO: PROTEÇÃO PULPAR DIRETA: A proteção pulpar direta abrange uma conduta na qual o material de proteção é aplicado diretamente sobre polpa.parcialmente desmineralizado. com o intuito de reestabelecer a condição pulpar e formar uma barreira mineralizadora. ► Obediência ao protocolo clínico. 5 a 2mm de profundidade da polpa exposta (evitar risco de manutenção de contaminação e processo inflamatório) Lavagem da cavidade Hemostasia espontânia e secagem da cavidade Aplicação de solução de corticosteróide-antibiótico por 10 a 15 minutos . Curetagem pulpar – A curetagem pulpar consiste na remoção de parte da polpa coronária. PROTOCOLO CLÍNICO  Curetagem Pulpar Anestesia Isolamento absoluto Remoção da dentina cariada Ampliação do orifício de exposição pulpar (broca esférica lisa) Remoção de 1. promover o restabelecimento da polpa. Consiste na aplicação de um agente protetor numa exposição acidental do tecido pulpar. estimular o desenvolvimento de nova dentina. Consiste no corte e remoção total da polpa coronária.Capeamento pulpar . Objetivos: manter sua vitalidade. quando existe suspeita de contaminação do tecido pulpar exposto por cárie ou fratura. Ex: fratura coronária com exposição pulpar. É a excisão superficial de uma porção exposta da polpa. proteger a polpa de irritação adicional posterior. presumindo que a mesma está sadia. Pulpotomia – A pulpotomia é um procedimento que estabelece a remoção de toda a polpa coronária ate a embocadura dos canais radiculares. Técnica com maiores índices de sucesso entre os TCPD. mantendo a radicular histologicamente normal.O capeamento pulpar direto é indicado nos casos de exposição pulpar acidental e mecânica. estando a polpa em um estágio de transição. geralmente em consequência da remoção excessiva da estrutura dentinária. ► como tratamento expectante.  Pulpotomia Anestesia Isolamento absoluto Remoção da dentina cariada Remoção do teto da câmara pulpar Excisão da polpa coronária (cureta afiada ou broca esférica lisa.Aplicação do hidróxido de cálcio PA (puro pró-análise) Aplicação do cimento de hidróxido de cálcio Restauração provisória (CIV) ou restauração imediata. entretanto. PROTEÇÃO PULPAR INDIRETA: A proteção pulpar indireta é realizada quando existe proximidade com a polpa. ainda não ocorreu comunicação direta do órgão pulpar com a cavidade. ► como proteção adicional em cavidades médias e profundas. . INDICAÇÕES: ► imediatamente após um preparo cavitário. Cortar 0.5mm abaixo da entrada dos canais radiculares) Lavagem abundante da cavidade Hemostasia espontânia e secagem da cavidade Aplicação do hidróxido de cálcio PA Aplicação do cimento de hidróxido de cálcio Restauração provisória ou imediata. É a colocação de bases protetoras sobre um remanescente dentinário sem a presença clínica de exposição. ► Lavagem da cavidade com clorexidina ou água dycal.TRATAMENTO EXPECTANTE: O tratamento expectante é realizado nos casos em que a polpa é separada da cavidade por uma fina camada de dentina que. com formação de dentina reparadora. o dente está apto a receber a restauração definitiva. ► Restauração provisória com cimento óxido de zinco e eugenol modificado (IRM) ou ionômero de vidro. através de tomada radiográfica. Este tipo de proteção visa promover a recuperação pulpar e a deposição de dentina terciária. se removida. Não apresentando nenhuma sintomatologia e constando vitabilidade pulpar. diminuindo os riscos de haver uma exposição pulpar acidental. ► Remoção da dentina cariada. ► Aplicação do cimento de hidróxido de cálcio. pode ocasionar exposição pulpar (casos de lesões cariosas agudas muito profundas). estando a polpa em um estágio reversível. ► Aguarda-se aproximadamente 45 dias afim de permitir a recuperação da polpa. ► Isolamento. ► Secagem da cavidade com pelota de algodão. . visto que esse material tem efeito antimicrobiano. Os materiais mais utilizados para proteção do complexo dentinopulpar são hidróxido de cálcio. entretanto. O material de escolha para forrar cavidades profundas. e possuir adesão química à . os vernizes cavitários e os sistemas adesivos. os agentes protetores do complexo dentinopulpar tentam preencher o maior número de requisitos necessários para conservação e recuperação deste sistema. cimento de ionômero de vidro. liberar flúor. hemostático.PA(sempre) + Cimento Ca (OH) + CIV CimentoCa(OH) + Ca(OH) + duas de adesivo) (Amálgama) Cimento Ca (OH) + CIV camadas duas de camadas de adesivo + CIV (Amálgama) Cimento Ca (OH) + CIV Verniz cavitário (Amálgama) Cimento Ca (OH) + Verniz Cavitário CONCLUSÃO Como ao complexo dentinopulpar está suscetível a agressões. Agregado Trióxido Mineral. muito profundas ou com exposição pulpar é o hidróxido de cálcio. possuir comportamento semelhante à “dentina artificial”. não exigir desmineralização dentinária. Nenhum material oferece melhor proteção à polpa do que a dentina. materiais de proteção devem ser utilizados para manter ou recuperar a sua vitalidade. estimulador da formação de dentina reparadora. Por apresentar boas propriedades biológicas. apresentar coeficiente térmico linear próximo ao da dentina.CAVIDADES: O QUE UTILIZA? RASA MÉDIA MÉDIA para PROFUNDA (Resina) Hibridização (ácido + adesivo) (Resina) Hibridização (ácido + Duas camadas (Amálgama) adesivo) (Resina) Hibridização (ácido + (Resina) Hibridização (ácido+Cimento PROFUNDA EXPOSIÇÃO PULPAR (Resina e Amálgama) Ca(OH) . L. T. 40-4. D.S. Cient. Dentística. 3. Nas restaurações de amalgáma. International Journal of Dentistry.M.3. NETO.F. 19. P.2. como pode ser utilizado em casos de exposição pulpar. FUKUNAGA. deve favorecer a formação de uma ponte dentinária e possuir atividade antimicrobiana. p. 2007. et al. GOYATÁ.. A.V. 2007. C. Microinfiltração em restaurações a amálgama de prata. C. BELARDINELLI. MONDELLI. FOOK.. C. São Paulo: Artes Médicas.E. Livraria Editora Santos.. A. A. Materiais Dentários Restauradores Diretos: dos fundamentos à aplicação clínica.M. D. Grupo Brasileiro de Professores de Dentística..1. W. Conceitos e Prática Clínica. 2007. São Paulo: Artes Médicas.. v. Revista Eletrônica de Materiais e Processos. AZEVEDO.C. S. FOOK. São Paulo: Santos Livraria e Editora. 2002.. OLIVERIA. 43-49.C.. O Agregado Trióxido Mineral (MTA). compreendendo as diversas situações clínicas em que estes materiais devem ser empregados. 25. A. o uso dos sistemas adesivos. F. LAXE. SHIMABUKO. v. A. Utilização do agregado de trióxido mineral (MTA) no tratamento das perfurações radiculares: relato caso clínico.. Materiais odontológicos: Cimentos de ionômero de vidro. D. nas restaurações de resina. REIS. V. Filosofia. o CIV vem sido amplamente utilizado como material de proteção ao complexo dentinopulpar. .1. J.A. BRUM. BARBERINI..S. n. 2008.MATUMOTO. p.. v. B. Dentística – procedimentos pré-clínicos.S. V. Cabe ao cirurgião dentista saber discernir qual o melhor material a ser utilizado para cada paciente. BUSATO A. Dentística: Novos Princípios Restauradores. 2005. C.. B. e. L. 2008. R. AKABANE.L... REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BUSATO A. M. M. F.R. Sistemas adesivos autocondicionantes.29. v. R. SANSIVIERO.6. M. Rev. BARBOSA.BLAS.. p. 2004. et al. B. FIDÉLES. forradas com vernizes simples e modificados – “estudo in vitro”. n. & LOGUERCIO. recomenda-se a aplicação do verniz cavitário. MORILHAS. A. Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo.estrutura dentaria..
Copyright © 2024 DOKUMEN.SITE Inc.