propagação de plantas frutiferas

April 2, 2018 | Author: Ana Oliveira | Category: Crop Rotation, Soil, Irrigation, Root, Virus


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1Propagação de Plantas Frutíferas Editores técnicos José Carlos Fachinello Alexandre Hoffmann Jair Costa Nachtigal EMBRAPA 2 Infra-estrutura para Propagação de Plantas Frutíferas O objetivo de todo viveirista é produzir mudas de plantas frutíferas com elevado padrão de qualidade (morfológica, fisiológica e fitossanitária). Essa meta é essencial para garantir a competitividade do viveiro e o retorno certo do investimento efetuado no estabelecimento da atividade, além de assegurar ao cliente, a satisfação de suas necessidades e, ao produtor de mudas, a idoneidade e a estabilidade do empreendimento durante anos. Para que esse objetivo seja alcançado, é fundamental adotar um elevado nível tecnológico, que inclua todas as etapas da produção, desde a obtenção do material propagativo básico até o transporte da muda ao cliente. Avanços na tecnologia de propagação são cada vez mais visíveis e concretos. Em culturas de nível tecnológico mais avançado, como na citricultura, na bananicultura e na pomicultura, parte dessa tecnologia já está quase totalmente incorporada à própria exigência legal, estabelecida pelos órgãos oficiais em nível estadual e federal. Neste capítulo, serão abordadas as principais estruturas e meios para propagação de espécies frutíferas, indicando algumas das condições que maximizem a qualidade das mudas produzidas. A necessidade em infra-estrutura do viveiro é variável, conforme as exigências legais, o nível tecnológico e o conhecimento da cultura, a escala de produção de mudas, o tamanho do viveiro, a disponibilidade de recursos do viveirista, o destino das mudas e o grau de exigência do mercado consumidor. Sementeiras e viveiros Para a propagação de plantas frutíferas, um dos aspectos de grande importância é a infra-estrutura da área de produção de mudas. Uma infra -estrutura adequada, racional e tecnificada é o primeiro passo para que o viveirista tenha uma atividade eficiente e economicamente viável. A escolha da infra-estrutura do viveiro de produção de mudas frutíferas depende de diversos fatores, tais como:  Quantidade de mudas produzidas.  Regularidade desejada da oferta de mudas.  Número de espécies a serem propagadas.  Método de propagação.  Custos das instalações. • Grau de tecnificação do viveirista. Em relação a esse último fator, vale ressaltar que a propagação de plantas é uma atividade muito dinâmica e tem tido avanços que possibilitam a produção com qualidade e eficiência. Daí, decorre a importância do viveirista estar em contínuo contato com os órgãos de pesquisa, universidades e serviços de extensão, para constante aperfeiçoamento. Entende-se, por viveiro, a área onde são concentradas todas as atividades de produção de mudas. Quanto à duração, os viveiros podem ser classificados em permanentes e temporários. Viveiros permanentes São aqueles com caráter fixo, onde a produção de mudas prolonga se por vários anos. Por isso, esses viveiros requerem um bom planejamento para a instalação, incluem uma infra-estrutura permanente e geralmente apresentam maiores dimensões. Por mais que o viveiro seja permanente, quando o plantio é feito no solo, uma mesma 3 área pode ser utilizada por, no máximo, 2 anos, devido à alta sensibilidade das mudas a pragas, doenças e plantas invasoras, sendo necessária a adoção de rotação de culturas. Viveiros temporários Destinam-se à produção de mudas apenas durante certo período e, uma vez cumpridas suas finalidades, são desativados. Embora menos comuns que os viveiros permanentes na produção de mudas frutíferas, esses viveiros podem representar menor custo, já que não é necessária uma infra-estrutura muito tecnificada. Quanto à proteção do sistema radicular, os viveiros podem ser classificados em:  Viveiros com mudas de raiz nua .  Viveiros com mudas em recipientes. Viveiros com mudas em raiz nua São aqueles feitos em área de solo profundo, drenado, com textura média e bem manejado, para que as mudas para comercialização sejam retiradas com raiz nua (mesmo que, em alguns casos, um torrão possa acompanhar a muda). Nesse tipo de viveiro, são feitos canteiros, delimitados por carreadores, por onde transitam os veículos e demais meios de transporte de mudas. Viveiros com mudas em recipientes Geralmente implicam menor necessidade de área, sendo mais versáteis e permitindo que uma mesma área seja utilizada por muito mais tempo que o tipo anterior, desde que o substrato venha de local isento de pragas, doenças e propágulos de plantas invasoras. A escolha do local é o primeiro passo para a instalação do viveiro, sendo de grande importância. A seguir, diversos aspectos devem ser considerados: Facilidade de acesso É conveniente que os compradores de mudas tenham fácil acesso ao viveiro, pois esse é um fator que favorece a comercialização e a escolha do viveirista. Assim, deve-se dar especial atenção às estradas que conduzem ao viveiro, possibilitando o fácil trânsito dos veículos que transportam as mudas. Por sua vez, o viveiro deve estar afastado de estradas públicas de grande movimento, para reduzir o risco de infestação das mudas por pragas e doenças. Suprimento de água A água é o principal insumo num viveiro. Para irrigação e tratamentos fitossanitários, o cálculo da necessidade de água depende do número de tratamentos fitossanitários, do consumo de água por irrigação, das necessidades hídricas das mudas e das precipitações pluviais médias. A localização próxima a fontes de água, de preferência com pouco desnível em relação ao viveiro, reduz os custos com canalização e bombeamento. A boa qualidade da água é fundamental. Podem ser utilizadas águas de rios, lagos e de origem subterrânea, devendo ser evitada a água contendo propágulos de algas, de pragas, de doenças e de plantas invasoras. Além disso, é conveniente que a água apresente baixos teores de partículas suspensas (que reduzem a eficiência dos sistemas de irrigação) e de sais. Altos teores de silte e de argila podem impermeabilizar a superfície do substrato, reduzindo a aeração e predispondo as mudas a doenças. Distância da área de plantio Embora seja aconselhável que o viveiro seja localizado na mesma região onde se condutividade hidráulica e textura. Contudo.é preciso ter o máximo cuidado para que os viveiros não fiquem muito próximos dos pomares. Especialmente em áreas de chuvas intensas. reduzindo o tempo de transporte das mudas e as perdas . Quanto maior a declividade.4 concentram os pomares. tais como a profundidade do horizonte impermeável. deve-se fazer uma contínua vigilância e erradicação das mesmas. como também para o monitoramento e controle de plantas invasoras. Solos muito argilosos dificultam a mecanização e o desenvolvimento radicular. para reduzir os riscos de erosão. o viveiro deve estar localizado em área cujo solo não tenha acidez elevada. Aspectos biológicos do solo . pois quanto maior for a distância. devem-se estudar as características físicas do solo. os canteiros devem estar localizados no sentido perpendicular à movimentação da água. A disponibilidade de mão-de-obra próxima ao viveiro contribui para a redução do custo de produção das mudas. maiores devem ser os cuidados com relação às práticas conservacionistas.devido à movimentação . As principais plantas invasoras incluídas nessa classe são a tiririca (Cyperus rotundus) e a grama-seda (Cynodon dacty/on). devem-se escolher as áreas cujo solo apresenta as melhores condições físicas possíveis. Aspectos químicos do solo Embora as condições químicas dos solos possam ser modificadas. Geralmente. possua boa fertilidade natural e adequado teor de matéria orgânica. Facilidade de obtenção de mão-de-obra Viveiros demandam grande quantidade de mão-de-obra. Além disso. Os maiores cuidados quanto ao isolamento do viveiro dizem respeito a vetores de viroses. pragas e doenças. o solo deve ter boa capacidade de drenagem. como o controle de plantas invasoras é mais difícil em viveiros. Independentemente do grau de declividade da área. recomenda-se que o viveiro seja localizado a. Áreas muito planas podem acumular a água das chuvas ou da irrigação. Aspectos físicos do solo É conveniente a instalação de viveiros em área com solos profundos e medianamente arenosos. como nem sempre isso é possível. Viveiros com determinadas plantas invasoras não podem ser utilizados e a comercialização de mudas produzidas nesses viveiros é proibida por lei. menor será o risco de infestação das mudas. tanto aéreos (afídeos) quanto de solo (nematóides). pois isso aumenta o risco de podridões-de-raízes e de toxidez por manganês. no mínimo. 50 m de um pomar de mesma espécie. Declividade da área É recomendável que a área tenha pouca declividade e seja localizada em zona de relevo levemente ondulado. tanto para a produção de mudas em si. Ocorrência de invasoras O viveiro deve estar localizado em área livre de plantas invasoras. Para a adoção de sistemas de drenagem. para se evitar a degradação do solo. Solos com elevada porosidade são desejáveis. Essa característica pode ser parcialmente melhorada com incorporação de matéria orgânica e adubação verde. devendo-se evitar áreas encharcadas ou sujeitas à inundação. não se encontrou um método de controle eficiente contra podridões-de-raiz. as quais comprometem os cultivos posteriores. o sorgo. que se refere ao tempo que a muda permanece. e onde não existiram viveiros há pelo menos 3 anos.  Dimensões das instalações determinadas. Viveiros com maior grau de mecanização requerem canteiros mais longos. fungos patogênicos (Fusarium sp. no Estado de São Paulo. A desinfestação do solo pode ser uma boa alternativa no controle de patógenos de solo e de plantas invasoras. de modo a proporcionar as melhores condições para seu desenvolvimento. entre outros) e bactérias fitopatogênicas (Agrobacterium tumefasciens). pela quantidade de mudas produzidas pelo método de propagação adotado e pelo grau de tecnologia empregado.. A extensão da área do viveiro depende de diversos fatores.. a luz e a ocorrência de ventos. Cultivos anteriores o viveiro deve estar localizado em área onde não existiram pomares há pelo menos 5 anos. Armilaria sp. o que depende da espécie e do tempo de permanência. Pythium sp. o que pode favorecer o desenvolvimento das mudas. sendo os principais:  Quantidade de mudas para plantio e replantio determinada pela capacidade operacional do viveiro e pela demanda por mudas pelos produtores. a nogueira européia libera no solo o jiglone.5 Solos ricos em matéria orgânica têm vida micro e macrobiana mais ativa. no Rio Grande do Sul requerem cerca de 36 meses. principalmente. Esse intervalo é dependente da espécie.  Dimensões dos canteiros e carreadores. No que sé refere à temperatura. anteriormente. por meio de análises microbiológicas do solo da área a ser utilizada como viveiro. Ventos muito fortes aumentam a quebra no local da enxertia. até que o viveiro seja implantado. A escolha adequada e o manejo da área principalmente no que se refere à rotação de culturas são fundamentais. Além disso. Por exemplo.  Densidade de mudas. Contudo. a macieira libera a floridzina e o pessegueiro e a ameixeira. pode ser citado o fato de que. temperaturas médias mais elevadas reduzem o tempo para a produção das mudas. . mas normalmente é de alto custo e acarreta danos sobre toda a vida microbiana do solo. implicando a necessidade de ser feita a rotação de culturas. para elevação do teor de matéria orgânica. insetos de solo. especialmente na fase final de propagação. A exposição à luz é fundamental.. entre elas o milho. do método de propagação e do manejo da muda. Aspectos climáticos o melhor clima do local onde o viveiro será implantado depende da(s) espécie(s) a ser (em) propagada(s). estão a temperatura. a aveia-preta. Quando se utilizam áreas onde. a prunasina e a amigdalina. havia mata ou outras plantas perenes. maiores distâncias entre linhas e carreadores mais largos. deve ser feita a destoca no mínimo 2 anos antes da implantação do viveiro. é necessário o monitoramento. Por isso. enquanto mudas cítricas requerem cerca de 24 meses para serem produzidas. Como exemplo. é importante que o viveiro esteja localizado em área o mais livre possível de geadas. Essas gramíneas podem ser incorporadas ao solo. Entre os fatores climáticos mais limitantes. desde o início de produção até o replantio ou comercialização. que dependem da espécie a ser propagada e do grau de mecanização adotado. exceto se produzidas em estufas. cultivando-se gramíneas anuais. pois até o momento. Rosellinia sp. entre outras. devem-se utilizar áreas isentas de nematóides. podendo requerer a implantação de quebra-ventos. Algumas plantas frutíferas liberam fitotoxinas no solo. Phytophthora sp.  Período de rotação. quantidade de mudas a serem produzidas e o poder aquisitivo do viveirista. fundamentais para produção de mudas sadias. maior será a ocorrência de estiolamento das mudas que permanecerem por longo tempo no telado e maior a facilidade de as mudas morrerem quando forem transferidas para o pomar.6  Áreas para rotação. torna-se recomendável .a manutenção das plantas-matrizes em telados. bem como viveiristas extremamente ecléticos. 1). Um dos aspectos fundamentais a ser considerado no planejamento e dimensionamento dos viveiros é a seleção das espécies a serem propagadas. especialmente se a produção de mudas for feita diretamente no solo.4 mm. Para dimensionamento do viveiro. estão disponíveis no mercado. sendo importante considerar que. De qualquer forma. quanto maior for o grau de sombreamento.quando da seleção das espécies . deve-se considerar a disponibilidade de áreas para rotação. a dimensão da malha deve ser inferior a 0.e em certos casos obrigatória . do grau de especialização e de profissionalização do viveirista.de madeira ou de metal . podendo ser permanente ou temporário. estufas plásticas. na aclimatação e na produção de mudas que exigem sombreamento inicial. As telas podem apresentar diferentes graus de sombreamento. . do tipo de clientela. os principais cuidados a serem tomados pelo viveirista .coberta com tela. O tipo de tela mais utilizado é o que permite um sombreamento de 50%. não abrindo mão da qualidade do produto. para garantir a sanidade das plantas fornecedoras de enxertos ou outra forma de material propagativo. que propagam inúmeras espécies. Telados e estufas A necessidade de instalações especiais em viveiros de produção de mudas frutíferas depende de diversos fatores e deve-se considerar a máxima eficiência no uso das mesmas. de modo que uma mesma área não seja utilizada para produção de mudas por mais de 2 anos. O telado pode ter diferentes dimensões. dotado ou não de sistema de irrigação localizada. ripados e outras. O telado é útil nas seguintes situações: na manutenção de plantas matrizes isentas de viroses. destacam-se as seguintes: Telados É uma estrutura . das condições ambientais do viveiro e das exigências climáticas das espécies. Atualmente. economicidade para construção e facilidade no manejo para produção das mudas. Existem viveiristas especializados em propagar apenas uma espécie. em diversos módulos de tamanho e de custos. para reduzir os custos unitários da muda. No caso de telas à prova de afídeos.são procurar trabalhar com uma certa economia de escala. que garante o sombreamento e mantém a luminosidade próxima da natural (Fig. Para algumas espécies frutíferas. Entre as instalações especiais para viveiros. Essa escolha depende da capacidade do mercado de absorver a produção das mudas. O grau de sofisticação das instalações depende da interação entre fatores como a espécie a ser propagada. especialmente as mais sensíveis a viroses. diferentes estruturas como telados. A elevada umidade do ar e a alta temperatura aumentam a velocidade de crescimento das plantas. sem causar aumento excessivo da temperatura nas folhas. As estufas têm essa final idade de controle ambiental. maiores as chances de sucesso. especialmente naquelas . para essa finalidade. Manter a irradiação num limite suficiente.  Elevado custo de implantação. Estufas Também conhecida como casa de vegetação. o que acarreta maior custo. em certas espécies. 1. de modo a maximizar a produção de mudas. viabiliza a propagação por estaquia). Telado para produção de mudas.  Aumento da sensibilidade.é muito difícil. reduzindo o tempo necessário para a propagação e permitindo que as mudas possam ser produzidas em várias épocas do ano. de modo que a transpiração das estacas seja minimizada e a perda de água seja mínima. para ocasionar elevada atividade fotossintética. Normalmente.e suficientemente amena na parte aérea . Quanto mais controladas as condições de propagação. As estufas podem ser construídas pelo próprio viveirista ou adquiridas de empresas especializadas. podem ser citados os seguintes:  Aumento da dependência da planta em relação ao homem.  Manutenção de temperatura adequada . Pode ainda ser coberta de vidro ou fibra de vidro. principalmente em relação a três pontos:  Manter alta umidade relativa do ar com baixa demanda evaporativa. entre outros.  Ocorrência de doenças. • Dificuldades na aclimatação. as estufas possuem sistemas de nebulização intermitente. geralmente coberta com plástico especial. Entre os problemas relacionados com o uso de estufas. as estufas podem ser dotadas de sistemas automatizados para aquecimento do substrato e diminuição da temperatura.7 Fig. O enraizamento de estacas de muitas espécies . aço ou ferro galvanizado). A grande vantagem do uso de estufas em viveiros é a possibilidade de controle ambiental. se não for adotado um controle ambiental. o que mantém a umidade relativa do ar elevada. a estufa é uma estrutura parcial ou completamente fechada.para estimular o metabolismo na base das estacas e reduzir a transpiração. feita de madeira ou de metal (alumínio.especialmente as semi-lenhosas e herbáceas . permitindo a propagação por meio de estacas com folhas (técnica que. Além do sistema de nebulização. significativamente. originará plantas com problemas de desenvolvimento e com reflexos negativos sobre a futura produção. onde muitas vezes se dá o desenvolvimento inicial da muda. podendo substituir os telados. os estufins são construídos em madeira e com cobertura de polietileno. a ventilação forçada por meio de argila expandida com água e tela de sombreamento podem reduzir. o solo da sementeira ou do viveiro. mas também como fornecedor de nutrientes para a muda em formação. O substrato é um dos muitos fatores que condicionam o sucesso na propagação de plantas. nas condições brasileiras. mas pode incluir. Ripados São construções simples. Se for utilizado um material adequado. objetiva-se otimizar as condições ambientais. é fundamental um bom sistema de resfriamento e de sombreamento. também. Substratos Entende-se por substrato qualquer material usado com a finalidade de servir de base para o desenvolvimento de uma planta até sua transferência para o viveiro ou área de produção. tendo-se como resultado uma planta com capacidade de expressar. futuramente. alumínio e silicatos de magnésio. a temperatura. da espécie (em alguns casos). temperaturas ao redor de 35°C a 40°C limitam o crescimento das raízes da maioria das espécies lenhosas. tais como acetato de vinil. Inúmeros materiais podem ser usados como substratos na produção de mudas frutíferas. baratas e fáceis de construir. favorecendo o enraizamento. o potencial produtivo da cultivar. Por isso. a alta luminosidade não parece ser a condição mais favorável. com maior versatilidade. O uso de tela de alumínio na parte externa. da cultivar. Também têm a finalidade de proporcionar sombreamento. para o desenvolvimento da planta numa ou mais etapas da propagação. quanto por meio de estacas semi-lenhosas. podendo ser utilizados tanto na produção de mudas por meio de sementes. há citações de que. Filmes de polietileno mais modernos estão disponíveis no mercado com alguns aditivos.ou mistura de substratos mais adequada para uma determinada situação . Geralmente. o que implica no uso de mecanismos de resfriamento do ar. é o aumento excessivo da temperatura. Um dos problemas a serem enfrentados em estufas. os quais aumentam a opacidade do plástico às ondas longas (infravermelho). podendo ser compreendido não apenas como suporte físico. além da sua ineficiência nos métodos de propagação. Estufins São pequenas estufas. das características do substrato. A escolha do substrato . e se as demais condições também forem satisfeitas. o desenvolvimento da muda será satisfatório. Normalmente. com o inconveniente de não garantir sombreamento uniforme.8 espécies de difícil propagação. relativamente duráveis. o uso de materiais inadequados. Na literatura. menor custo e menor tamanho. o termo substrato refere-se a materiais dispostos em recipientes.é função da técnica de propagação. Altas temperaturas geralmente limitam a produção de mudas em estufas na maioria das regiões do Brasil. Mesmo que a luz seja favorável à atividade fotossintética das mudas. Na opção por um determinado material como substrato. do custo e da facilidade de obtenção de cada . além de uma boa ventilação. Por sua vez. da germinação até a repicagem e da repicagem ao enviveiramento). No caso de se utilizar um substrato apenas para a germinação.  Está livre de invasoras. até a morte das plântulas logo após sua emergência. boa .  Retém água em quantidade suficiente. podendo-se somente lançar mão de materiais inertes. pois a germinação ocorre às custas da reserva da semente. Na propagação por sementes. Para tanto. que podem prejudicar a germinação e o desenvolvimento das mudas. o substrato tem a finalidade de proporcionar condições adequadas à germinação ou ao desenvolvimento inicial da muda. tão logo as raízes passem a ser funcionais.  Não contrai ou expande com a variação da umidade. Podem estar incluídos desde materiais que permitam a germinação das sementes e o posterior desenvolvimento das plântulas . Não apresenta nível excessivo de salinidade.  É suficientemente poroso para permitir a drenagem da água e a aeração. A presença de patógenos pode provocar a ocorrência de dumping off. O fornecimento de oxigênio ao embrião pode ser limitado pelo substrato. oxigênio e suporte físico. bem como materiais que proporcionem condições adequadas para a aclimatização de plantas propagadas por meio de técnicas de micropropagação. especialmente no caso de a muda oriunda desse processo ser comercializada ou levada ao campo com torrão.até outros que possibilitem o enraizamento de estacas e o desenvolvimento das raízes adventícias. que ocasiona desde um baixo índice de sobrevivência das plantas na repicagem. Conforme a técnica de propagação adotada. bem como utilizar-se materiais diferentes em cada fase (até a germinação. Em linhas gerais. que garante água suficiente para a embebição da semente e o metabolismo da muda. o bom substrato deve:  Proporcionar equilíbrio adequado entre a umidade e a aeração. deve haver boa capacidade de drenagem da água. fato especialmente importante na repicagem da muda para o viveiro ou pomar. os nutrientes devem estar presentes.  Estar isento de inóculo de patógenos ou saprófitos.  Boa capacidade de suporte físico da muda.  Conter nutrientes essenciais para o desenvolvimento sadio da planta.  Estar isento de propágulos (sementes ou estruturas vegetativas) de plantas invasoras. em virtude de muitas espécies serem fotoblásticas negativas e das raízes serem fototrópicas negativas. nematóides ou outros patógenos.  Proporcionar ambiente escuro. pode-se dispor de um mesmo material durante todo o período de formação da muda. em função da má drenagem e da baixa taxa de difusão do oxigênio na água. Entretanto. • Permite a esterilização a vapor. Considerando que tanto a germinação quanto o desenvolvimento das mudas requerem água.9 material. elevada capacidade de troca catiônica (CTC). a presença de nutrientes não é necessária. mas retendo suficiente teor de umidade. Além disso. um bom substrato é aquele que:  É firme e denso o suficiente para manter a estrutura de propagação em condições até a germinação ou o enraizamento. um bom substrato deve ser de baixa densidade e ter uma composição química e física equilibrada. bem como aderência às raízes. mantendo sua base num ambiente úmido.  Quanto ao suprimento de nutrientes. favorecendo o desenvolvimento das raízes e da planta como um todo. especialmente se na mesma área foram cultivadas espécies perenes. Destina-se a sustentar as estacas durante o enraizamento.  Deve ser prevista uma rotação de culturas antes da implantação de sementeira. de vermiculita e de materiais orgânicos.10 capacidade de aeração e drenagem. A mistura com materiais orgânicos beneficia as condições físicas do substrato e fornecem nutrientes. tratamento térmico. recomendados pela legislação vigente.  O suprimento de água deve ser adequado. além de o desequilíbrio nutricional favorecer a ocorrência de doenças. inúmeros materiais são citados como adequados para a germinação ou desenvolvimento de plantas propagadas por sementes. proporção do tamanho de partículas. podem ser úteis parâmetros físicos tais como poros idade total. boa coesão entre as partículas e adequada aderência nas raízes. É aconselhável misturar areia e materiais orgânicos.  Deve haver pequena declividade para exposição à luz e boa disponibilidade de água para irrigação. serragem ou casca de arroz funcionam como condicionadores físicos. O substrato é um dos fatores de maior influência na propagação por estaquia. Contudo. especialmente naquelas espécies com maior dificuldade de formação de raízes. O excesso de sais inibe a germinação. o solo e a turfa participam como retentores de umidade e nutrientes. numa abordagem mais ampla. essencialmente. O manejo da adubação depende. Na literatura. espaços com ar e água. como também a qualidade do sistema radicular da muda. como forma de diminuir o potencial de inóculo de patógenos. condutividade hidráulica saturada e insaturada. o substrato deve garantir as condições adequadas apenas para o enraizamento das estacas. é importante observar os seguintes aspectos:  A sementeira deve estar localizada fora da área de produção e não deve ser usada por mais de 2 anos consecutivos.  É conveniente que se utilizem solos com textura média. Em misturas. Numa sementeira. enquanto a areia.especialmente em mistura com o solo permite melhorar as condições para desenvolvimento das mudas. densidade. pode ser efetuada a esterilização do substrato. ou agentes de controle biológico e químico.  Para se evitar problemas com patógenos ou plantas invasoras. especialmente a adubação nitrogenada. a grande maioria dos trabalhos com substratos nessa fase inclui misturas de solo. é conveniente que algumas condições sejam oferecidas para que haja o desenvolvimento inicial das .  Com o uso de corretivos. do tempo de permanência da muda na sementeira. Na avaliação de um substrato. Esta pode ser feita utilizando-se fungicidas. A associação de materiais . devem ser tomados cuidados com o excesso de adubação. O substrato não apenas afeta o percentual de estacas enraizadas. Num sentido mais restrito. solarização. pela necessidade de germinação e a sensibilidade das plântulas ao déficit hídrico. considerando-se o solo como substrato. escuro e suficientemente aerado. o pH do solo deve ser ajustado para o nível adequado à espécie a ser propagada. Assim. para melhorar a textura e propiciar melhores condições ao desenvolvimento das mudas. Na Tabela 1. A permanência das folhas na estaca também pode ser afetada pelo substrato. tais como o fornecimento de nutrientes e o uso de materiais orgânicos. Além disso.  Ter baixo custo e fácil aquisição. as características do substrato. A baixa capacidade de drenagem do substrato na base da estaca pode ocasionar a necrose na base da mesma. A escolha do substrato é feita levando-se em consideração a espécie. a facilidade de obtenção e o custo de aquisição. podendo causar até mesmo a morte desta. para se evitar a asfixia na base da estaca. Substratos com menor contato com a estaca tendem a ocasionar maior queda de folhas e a morte das estacas. a retenção de água assume maior importância. podendo-se considerar que um bom substrato deve reunir as seguintes características:  Reter água suficiente para manter as células túrgidas. mas sem nebulização.11 raízes adventícias.  Garantir aeração suficiente. A determinação do substrato mais adequado para cada espécie deve ser feita por meio de experimentos. o tipo de estaca. tanto por ser fonte de inóculo.  Não favorecer a contaminação e o desenvolvimento de patógenos e saprófitos. No caso de uso de nebulização intermitente. Ao se trabalhar com estacas lenhosas em solo ou em recipientes com outro material. o pegamento no viveiro e o desenvolvimento posterior da muda. que desfavorece o enraizamento. O substrato mais adequado para o enraizamento varia conforme a espécie. • Não conter ou liberar quaisquer substâncias fitotóxicas à estaca. são apresentadas algumas vantagens e desvantagens de alguns substratos que podem ser utilizados em estaquia. Geralmente. que podem favorecer o desenvolvimento radicular e o pegamento.  Permitir que as estacas enraizadas sejam removidas com um mínimo de dano às raízes. O meio de enraizamento não afeta apenas o enraizamento em si. pois essa irá. A mistura da areia com turfa ou outros materiais orgânicos permite que se forme um melhor sistema radicular. para a formação das raízes e o metabolismo radicular. Conforme o tipo de ambiente para propagação. quanto por criar condições favoráveis ao desenvolvimento de microrganismos. no que tange a diversos parâmetros. A parte da estaca que fica enterrada no substrato poderá sofrer asfixia. ainda que as características do sistema radicular também sejam função da espécie. o pouco espaço poroso poderá favorecer a ocorrência de doenças. deve ser dada atenção diferenciada. a drenagem é um dos fatores mais importantes.  Aderir bem à estaca e às raízes formadas. É conveniente atentar-se para a qualidade do sistema radicular formado. evitando o murchamento da estaca. e desenvolvimento no viveiro ou no campo. por meio de um adequado espaço poroso. Tem sido obtida grande influência do substrato sobre a qualidade do sistema radicular adventício. . raízes desenvolvidas em areia são mais grossas. diretamente. menos ramificadas e mais quebradiças. 12 o teor de oxigênio requerido na formação de raízes é variável conforme a espécie, mas é sempre indispensável. Por exemplo, para Salix spp., 1 mg.L-l de oxigênio é suficiente para o enraizamento, podendo o mesmo enraizar em água, ao passo que para Hedera helix, são necessários apenas 10 mg. L-l . Em algumas espécies, o aumento do teor de oxigênio incrementou o enraizamento de estacas. Assim, é importante analisar as características físicas do substrato a ser utilizado nessa condição. Espaço poroso (macro e microporosidade), oxigênio disponível, aeração, drenagem e excesso de água no substrato são aspectos interligados entre si, passíveis de observação. Há menções de que o espaço poroso do substrato de enraizamento deve ser de 20%, admitindo-se um intervalo de 15% a 45% de poros idade. As seguintes propriedades físicas de um substrato de enraizamento são importantes: 13  Forma, textura e tamanho de partículas.  Teores de argila e silte.  Densidade, espaço poroso e capacidade de retenção de água na saturação e na capacidade de campo. A curva de retenção de água é um parâmetro que pode fornecer boas informações sobre o efeito do substrato no enraizamento. Mesmo em ambiente com nebulização intermitente, o substrato não se mantém constantemente saturado, especialmente durante o dia, quando as perdas de água para a atmosfera são mais elevadas. Assim, um material que retém mais água, em níveis de tensão mais elevados, pode ser mais recomendável para utilização, tendo em vista esse atributo físico. É importante que o substrato tenha uma capacidade de retenção tal que permita a planta retirar água com um gasto mínimo de energia e apresente um espaço poroso adequado. A competição do espaço poroso pela água e pelo ar é um ponto crucial na escolha do substrato. No que se refere às características químicas, o pH e a disponibilidade de nutrientes são importantes. Em algumas espécies, o pH favorece o enraizamento e desfavorece o desenvolvimento de microrganismos. O uso de materiais como a turfa permite que o pH do substrato seja mais baixo. O uso de materiais orgânicos pode favorecer o desenvolvimento das raízes adventícias. Geralmente, as características favoráveis de um substrato podem ser complementares às de outro. Assim, a mistura de dois ou mais substratos permite que se associem as vantagens e se complementem as desvantagens de cada material. Irrigação Seja na cultura instalada ou no viveiro de produção de mudas, a irrigação é de suma importância para o fruticultor ou viveirista que deseja obter mudas de qualidade. Durante o desenvolvimento da muda, existem várias fases críticas, onde a disponibilidade hídrica se faz necessária. Geralmente, o viveirista deseja obter uma muda de crescimento uniforme e ereto, o que vai facilitar todas as operações do viveiro, seja na enxertia e forçagem, ou no desponte e formação das pernadas (ramos primários emitidos a partir da haste principal da muda). No início do desenvolvimento das mudas, a irrigação é imprescindível, notadamente após a semeadura. A água utilizada pode ser proveniente de rios, lagos ou até de poços subterrâneos. A única exigência é que a água deve ser limpa, tendo-se o cuidado para evitar a introdução de algas ou sementes de plantas invasoras. Segundo alguns autores, a água deve ter no máximo 200 mg.L de silte e cálcio, menos de 10 mg.L de sódio e 0,5 mg.L-l de boro. Se a água tiver alto teor de silte ou de colóides, corre-?e o risco de impermeabilização da superfície do substrato, reduzindo sua aeração e aumentando a predisposição das mudas a doenças e pragas. No planejamento de um viveiro, deve-se ter uma fonte de água de boa qualidade para irrigação e não depender apenas das chuvas. Quanto ao tipo de irrigação utilizada, dependerá do local de produção da muda, da disponibilidade de água, e de recursos, além do tipo de substrato ou solo, e das condições do local. Quanto à freqüência da irrigação, é relevante o efeito da quantidade de suprimento de água, forma e freqüência de aplicação. Logicamente, no caso de as mudas serem produzidas em casa de vegetação, com equipamentos sofisticados, não há necessidade de maior preocupação. Na verdade, os aspectos de quantidade de água, forma e freqüência estão ligados diretamente às condições atmosféricas, qualidade física e química do substrato, poros idade e grau de saturação, estação do ano, estágio de desenvolvimento das mudas, além do tipo e 14 cobertura dos canteiros ou sementeiras. Os vários tipos de coberturas existentes permitem maior ou menor perda de umidade, sendo que, para cada tipo, deve-se adequar uma metodologia isoladamente. Outro aspecto a ser considerado é a espécie, já que cada uma delas se comporta diferentemente da outra. É indiscutível manter o teor de umidade adequado logo após a semeadura. Do contrário, corre-se o risco de perdas irreparáveis na obtenção das mudas. Por sua vez, o encharcamento é muito prejudicial, pois além de permitir a lixiviação de nutrientes e diminuir a aeração, pode favorecer o surgimento de doenças, a exemplo do dumping off. Contudo, calcular a quantidade exata de água e saber, com precisão, o momento certo de colocá-la, é difícil, pois depende de uma série de fatores. Geralmente, é a experiência profissional do produtor de mudas que vai definir a freqüência e a quantidade de água a ser colocada numa dada sementeira, recipiente ou viveiro. Apesar das poucas pesquisas existentes, sabe-se que a irrigação é recomendável no início da manhã, principalmente em regiões e épocas frias, pois permite a rápida condensação do gelo, que eventualmente possa formar-se na superfície das folhas. A irrigação no final do dia permite que o substrato permaneça úmido por mais tempo, de modo que o potencial hídrico das mudas mantenha se com valores mais altos durante a noite. Apesar da experiência ser um fator que pode auxiliar o viveirista, este pode lançar mão de recursos técnicos de baixo custo e ótimos resultados. Como regra geral, pode-se afirmar que a época de irrigação é mais importante do que a quantidade de água aplicada. Enfim, verifica-se que há necessidade de pesquisas, direcionadas às diferentes espécies, para determinação da quantidade de água e freqüência de irrigação para obtenção de mudas de alta qualidade. Embalagens Entende-se, por embalagem, todo e qualquer material destinado a acondicionar o substrato durante a produção de mudas. O uso de recipientes tem acompanhado a evolução tecnológica dos sistemas de propagação, pois são instrumentos indispensáveis na produção intensiva de mudas. À medida em que se avança na pesquisa de substrato para propagação, os recipientes assumem cada vez mais importância. A produção de mudas em viveiros sem uso de recipientes normalmente é mais econômica. Mesmo assim, a produção de mudas embaladas cada vez mais vem sendo adotada devido às vantagens que proporciona. Mesmo nesses casos, os recipientes podem tomar parte em alguma das etapas da propagação. É o caso de mudas cítricas - o porta-enxerto pode ser inicialmente desenvolvido em tubetes ou bandejas e depois as mudas são transferidas para o viveiro, onde são mantidas até a comercialização. Em outras situações, toda a produção da muda pode ser feita num ou mais recipientes. Na produção de mudas frutíferas, a adoção de recipientes apresenta como principais vantagens:  Quando associada ao uso de telados ou estufas, permite o cultivo sob quaisquer condições climáticas, o que ocasiona cumprir-se rigorosamente um cronograma de produção.  Redução da utilização de tratores e carretas na área de viveiro.  Redução do tempo necessário para produção das mudas. Em mudas cítricas, no sistema de sementeira, são necessários 18 a 24 meses para produção das mudas, enquanto com o uso de bandejas ou tubetes são necessários 12 a 15 meses.  Redução da competição entre as mudas.  Redução da área necessária de viveiro.  Proteção do sistema radicular contra danos mecânicos e desidratação.  Ser de fácil manejo. 2). Vários são os recipientes utilizados na produção de mudas frutíferas. serão descritos alguns dos principais recipientes utilizados na propagação comercial de plantas frutíferas: Sacos de plástico São recipientes que podem apresentar as mais diferentes dimensões. pois isso está estreitamente relacionado com a eficiência do sistema de propagação e da viabilidade do uso de recipientes.  Ter baixo custo de aquisição. Normalmente. ou construído com material facilmente reciclável. é importante observar os seguintes aspectos:  Manutenção da umidade. pois o substrato pode facilmente ser esgotado quanto à disponibilidade de nutrientes.  Redução do estresse no momento do transplante.  Permanência do viveiro por mais tempo.  Possibilitar boa retenção da umidade. o método de propagação e os efeitos que ele proporciona sobre o crescimento da muda. de modo que o recipiente não venha a ser uma barreira para as raízes. vasos de plástico. adaptando-se a uma grande variedade de situações.  Acondicionar o volume adequado de substrato.  Possuir bom sistema de drenagem. entre outros. quando necessário. aspecto que deve ser constantemente observado.  Ter durabilidade. devese selecionar aquele que reuna o maior número de vantagens. bandejas de plástico ou de isopor. quando da transferência (leveza e resistência).  Permitir que a planta tenha um rápido desenvolvimento inicial. podem ser citados: sacos de plástico. tubetes.  Limitação ao desenvolvimento radicular. . são muito versáteis.  Aumento da facilidade no transporte das mudas. tais como 8 cm (diâmetro) x 12 cm (altura) e 25 cm (diâmetro) x 25 cm (altura). • Ser reutilizável. Mesmo que um recipiente não reuna todas essas qualidades. Quando a produção de mudas é feita em recipientes.  Adubação. a escolha do recipiente deve considerar as qual idades de cada material. além de terem baixo custo de aquisição. apresentam coloração preta ou escura. Assim. para impedir o desenvolvimento de algas e de plantas invasoras dentro do recipiente e proporcionar melhores condições de desenvolvimento para as raízes. evitando a necessidade de rotação de culturas devido ao risco de doenças e pragas do solo. caixas de madeira ou de metal. Perfurados na base. a ponto de prejudicar o crescimento da muda. citropotes. especialmente em recipientes com pequena capacidade de acondicionamento de substrato. a ponto de resistir durante todo o processo de produção da muda. a prática da esterilização do substrato. Entre esses. A seguir. para drenagem da água. serem reutilizáveis e de fácil manejo (Fig.ticas:  Ter boa resistência para suportar a pressão devida ao peso do substrato e da muda.  Permitir boa retenção do substrato. além de facilitar.15  Proteção da muda contra doenças e pragas de solo. Convém que um bom recipiente apresente as seguintes carac. Internamente. as perfurações devem estar localizadas próximo à base da embalagem. Apresentam a vantagem de serem reutilizáveis várias vezes. Podem acondicionar diferentes volumes de substrato. Por isso. bem como uma bancada com fios de arame distanciados. No momento da aquisição. Por serem unidades independentes. Contudo. Por disporem de pequeno volume de substrato. Além disso. se o plástico for de pouca espessura. Tubetes São recipientes de formato cônico. de modo que a base destes ficam expostas ao ar. Assim. os tubetes permitem a seleção das mudas com a embalagem. é necessário um sistema de suporte. além de permitirem a produção de um grande número de mudas por unidade de área. para possibilitar a colocação dos mesmos. visto que o substrato facilmente se desidrata. que pode ser uma bandeja de isopor. 2. além de necessitarem de irrigações periódicas. apresentam estrias que dificultam o enovelamento das raízes. além do número e a posição das perfurações.16 Fig. Dependendo do substrato. esses recipientes rompem-se facilmente com o peso do substrato ou devido ao crescimento das raízes. plástico ou metal. prejudicando o crescimento da muda. 3). são úteis para a primeira etapa da propagação. Mudas cítricas obtidas em embalagens de plástico. os tubetes ficam suspensos. . Para o uso dos tubetes. proporcionando a denominada poda das raízes pelo vento. o tubete pode não reter o mesmo. construídos em plástico rígido e de cor escura. Caso contrário. que é perdido pelo orifício na base (Fig. é importante atentar para a qualidade do plástico. requerem que se retire a muda tão logo as raízes ocupem todo o substrato. não permitem um bom escoamento da água em excesso. onde é feita a produção da muda. podem ser produzidas cerca de 200 mil mudas por hectare. permitindo a poda pelo vento. a célula apresenta um orifício para escoamento da água. constituídas de um número variável de células. A durabilidade da bandeja está em função do ambiente onde é feita a propagação e do cuidado no manuseio das mesmas. bandejas e tubetes. elas são úteis na primeira etapa da propagação. Porta-enxerto de citros produzidos em tubetes. As células apresentam forma piramidal invertida. é mais comum o uso de sacos de plástico. Na propagação por estacas. desde que o substrato seja oriundo de local isento de patógenos e o plantio da muda no pomar não apresente danos ao sistema radicular. permitindo que a muda seja mantida nesse recipiente desde a repicagem (produzida em tubetes ou bandejas) até a comercialização. Uma das principais limitações ao uso do citropote é o custo elevado. enquanto com uso de bandejas. até o momento. dentre as quais a facilidade de manuseio. 3. Também podem ser feitas de poliestireno expandido (isopor). esses recipientes são assim denominados por serem desenvolvidos e difundidos para produção de mudas cítricas. com capacidade de até 120 cm3 de substrato por célula. Preferencialmente. Os citropotes apresentam diversas vantagens. Na base. As bandejas podem ser reutilizadas várias vezes. as bandejas devem ficar suspensas. São confeccionados em plástico preto rígido e acondicionam grande volume de substrato. pois acondicionam pequeno volume de substrato. embora. Para uma dada espécie. a possibilidade de produção de mudas numa mesma área por vários anos.17 Fig. Citropotes Também conhecidos como containers. normalmente apresentando um espaço único e contínuo para acondicionamento do substrato. Como os tubetes. podem ser produzidas cerca de 25 mil a 30 mil mudas por hectare. . em sistemas tradicionais de propagação (viveiros). Na propagação por sementes. Bandejas Podem ser confeccionadas em plástico. usam-se sacos de plástico. ensaios feitos com bandejas e tubetes tenham proporcionado resultados bastante promissores. Em plantas frutíferas propagadas vegetativamente. Uma das dificuldades encontradas é que. o cultivo da ameixeira praticamente desapareceu. até o cuidado com mudas e borbulhas dos novos plantios. por meio de controle integrado ou de medidas como a limpeza e a desinfestação das ferramentas usadas nos viveiros e pomares. sementes ou mecanicamente. regredindo para menos de 50 ha. A maioria dos vírus. a escaldadura. Como a doença é transmitida por cigarrinhas. que causam queda na produtividade e longevidade das plantas. como aconteceu na Região do Delta. esqueceu-se de questionar as garantias de sanidade das mudas e os riscos de contaminação. Nas espécies frutíferas. foi diagnosticada no Sul do Brasil. Com a pressa de plantar. na identificação de plantas doentes apenas por sintomas visíveis a olho nu. acarretando sérios prejuízos. se existir uma planta contaminada no pomar. melhor adaptadas ao clima brasileiro. com a obtenção de mudas isentas de bactéria. mudas com garantia de isenção de doenças e pragas. e no sudeste dos Estados Unidos. A gravidade dessa doença é tanta que várias regiões produtoras tiveram pomares dizimados. nematóides. A qualidade sanitária da muda é. viróides e fitoplasmas é transmitida por enxertos. sem dúvida. a área de ameixeiras era de cerca de 400 ha. onde ocorre essa doença. . Tratando-se de plantas em viveiro. A escaldadura das folhas da ameixeira . recomenda-se usar os tratamentos indicados para todas as pragas e doenças que ocorrem no pomar. Em outras regiões do mundo. A utilização de material propagativo sadio é de fundamental importância para a formação de pomares livres de patógenos. ou mesmo aquelas que nunca os apresentam. doença cujo agente causal é uma bactéria Xy/ella fastidiosa. Em Santa Catarina. nas proximidades do pomar. ou seja. geralmente. morrem em 3 anos. na Argentina. a transmissão por enxertia é mais comum e os cuidados devem ser redobrados para se evitar a infecção de todo o viveiro. Em 1975. então. pois todas as plantas obtidas de uma planta infectada também se apresentarão com o patógeno. a contaminação de outras plantas é praticamente inevitável. Cultivares sensíveis a esse patógeno. no mercado. devido aos altos preços da ameixa no mercado. não se pode confiar em inspeções visuais.18 Controle fitossanitário A dificuldade em encontrar mudas de qualidade tem se constituído num dos mais sérios problemas com que se defronta o produtor de frutas. o produtor brasileiro não encontra. Voltou. por exemplo. havendo algumas que levam anos para apresentar sintomas visíveis. um dos componentes mais importantes. Com relação ao controle fitossanitário. tendo reflexo direto no desenvolvimento das plantas e na produtividade do pomar. Contudo. Apesar de não se manifestarem nas fases de sementeira e viveiro. a crescer. é sensível a essa bactéria. A maioria das cultivares de ameixeira japonesa. A freqüente incidência de doenças tem sido responsável pela baixa qualidade das mudas produzidas. algumas doenças são introduzidas e disseminadas principalmente por material de propagação. a importância das doenças causadas por vírus é grande. há alguns que são transmitidos por insetos. só retornando ao cultivo a partir da limpeza c10nal e produção de mudas sadias. variando apenas o tempo que as plantas levam para morrer. quando contaminadas.causada pela bactéria Xylella fastidiosa . tanto nas fases de sementeira e viveiro. em 1982. a partir de ameixeiras doentes. porque muitas doenças não se manifestam no período do viveiro.é um exemplo. como no plantio definitivo. por uma estirpe de um vírus contra outras do mesmo vírus. tanto ao crescimento das mudas quanto à sua qualidade final. Se o material infectante for importante como variedade. será liberado para multiplicação. Todas as matrizes devem ser testadas periodicamente. uma vez isento dos supostos patógenos. Inoculando-se as mudas no viveiro com uma estirpe sabidamente fraca. Às vezes. É possível diminuir os danos causados por um vírus pelo uso do fenômeno da proteção cruzada. Esse controle deve ser monitorado utilizando se os produtos de forma correta. em ripados ou viveiros fechados. deve-se dar preferência a produtos de baixa toxicidade humana e. pode-se afirmar que o primeiro passo para o controle de uma praga. cigarrinhas. aquela conferida a uma planta infectada. poderá passar por um processo de limpeza. pelo menos. para evitar a disseminação de nematóides em áreas não-infestadas.19 A melhor recomendação de controle é o uso de material sadio. as pragas de raízes e os nematóides não são detectados nos viveiros. lagartas. uma vez que as mudas são o principal meio para dispersão dessas pragas. causa poucos danos. isto é. com baixa população de pragas. sistematicamente. mas também os porta-enxertos. o material deve ser novamente indexado e. largamente usada em pomares cítricos paulistas. o crescimento e brotação contínuos das plantas jovens propiciam o ambiente ideal para a rápida expansão das populações de diversas pragas. a escolha de órgãos propagativos sadios é suficiente para manter o viveiro livre ou. as pragas que prejudicam as mudas em viveiros são pulgões. ao ataque do vetor. Após passar por esse processo de limpeza. Nesse caso do vírus-da-tristeza. mediante o plantio de mudas isentas do patógeno. Em todos os casos de infestação por nematóides. é necessário que se faça a multiplicação apenas a partir de plantas indexadas. pois uma planta considerada sadia pode se tornar infectada. no qual poderá ser utilizada a termoterapia ou cultura de meristema. então. aos inseticidas granulados . isto é. Dependendo da cultura. a atenção em viveiros de mudas é indispensável. Essa é a chamada pré-imunização. pois estes podem estar infectados e transmitir o vírus para a copa. Para isso. é necessário o exame de mudas. Às vezes. viveiros e em plantasmatrizes fornecedoras de material propagativo é feito de acordo com as necessidades. para protegê-los contra o vírus-da-tristeza. Se a estirpe que infecta a planta em primeiro lugar é fraca. Assim. no pomar. De modo geral. uma vez que todas as plantas ficariam expostas no campo. obter-se plantas protegidas contra as fortes que ocorrem naturalmente e irão infectar as plantas no campo. formigas. mas adquirem grande importância porque são observados apenas depois de alguns anos da formação do pomar. As pragas que atacam as mudas nas sementeiras e viveiros podem causar grandes prejuízos. Por isso. consegue-se. o principal método de controle é o preventivo. Quando da aplicação de controle químico. Assim. a planta ficará protegida contra infecção por estirpes fortes. pois o vírus é transmitido por pulgões e o uso de material sadio não resolveria o problema. É importante observar que não só as borbulheiras devem ser indexadas. só devem ser multiplicadas plantas que tenham sido submetidas a testes de sanidade. preservando a integridade do meio ambiente e a saúde do trabalhador. é dado no controle fitossanitário no viveiro. testadas e isentas dos vírus que ocorrem na cultura. É bom lembrar que o controle fitossanitário em sementeiras. ácaros e nematóides. pois isso dificultará a disseminação das pragas por meio das mudas. optou-se pela pré-imunização. Dentro desse aspecto. porta-enxertos. O conceito de indesejabilidade fica claro em definições como "uma planta que ocorre onde não é desejada". ou "uma planta fora do lugar". Entretanto. exigindo que durante o enviveiramento as mudas estejam livres de . esterco. copas e portaenxertos. Inicialmente definido como área de terreno destinada à produção de mudas. Nesse caso. areia. tem-se propagado. compostos orgânicos. Modernamente. a correlação entre o enviveiramento de mudas frutíferas e os possíveis problemas com plantas invasoras têm um sentido amplo. quando muito. uma determinada planta poderá ser considerada invasora.  Espaçamentos reduzidos. cascas e palhas. casca de madeira triturada. de acordo com a fase de produção da muda e a metodologia utilizada. o termo viveiro. além de tratos culturais adequados.podem apresentar peculiaridades que diferem de uma cultura em larga escala em campo. tem um conceito mais abrangente por englobar estruturas como sementeiras. alguns poucos hectares. com todas as etapas diretamente em recipientes. porque nesse local é onde serão realizadas todas as operações que resultarão numa muda de boa qualidade. câmaras de nebulização e coberturas de tela de plástico. isentos de plantas invasoras e garante maior controle de pragas e doenças. o controle de plantas invasoras é fundamental. quando as mudas estão instaladas em viveiro no campo. Controle de plantas invasoras Uma boa condução e formação de mudas exige uma série de operações que estão estreitamente relacionadas. principalmente. que envolve cuidados e práticas bem distintas. Existem cinco métodos de controle de plantas daninhas. bandejas ou si m i lares. Prevenção é a utilização de métodos para se evitar uma infestação ou reinfestação. tanto em sementeiras como em viveiros. controle de pragas e doenças. componentes de substrato como solo. por tubetes. neste caso. na segunda fase de propagação.  Formação de mudas. vasos. casas de vegetação.20 sistêmicos para controle de insetos sugadores. tais como: seleção das plantas-matrizes. a produção agropecuária ou outras atividades de interesse econômico.  Elevado número de tratos culturais e práticas especiais. com a utilização de viveiros. Assim. valetas para estratificação. áreas para plantio de porta-enxertos. realizados com freqüência. O conceito de planta invasora ou daninha baseia-se na presença indesejável de uma planta. No caso específico de viveiros. tais como:  Os viveiros em campo normalmente ocupam áreas reduzidas atingindo. o controle de plantas invasoras. em alguns casos. como é o caso específico de mudas cítricas. que não sejam as mudas. etc. deve-se. é de grande importância. utilizar produtos químicos seletivos. quando prejudicaria direta ou indiretamente sua saúde. como mencionado anteriormente . Essa metodologia permite a utilização de substratos tratados. vermiculita. distintos dos processos de prevenção e de erradicação. onde as mesmas são formadas até irem para o campo. em relação ao homem.em seu sentido amplo. sempre é considerada danosa ou prejudicial. Detectando-se a presença de inimigos naturais das pragas. enquanto a erradicação é a eliminação de uma população. bandejas de isopor. a presença de outras plantas. pelo menos. dependendo do tempo e local onde ela ocorre. Também estão relacionados materiais como sacos de polietileno. tubetes. indiferente ou útil. terriço. Deve-se considerar que viveiros de produção de mudas . grades e roçadeiras.podendo ser utilizada como componente de um sistema integrado de controle. vasos. quanto à presença de plantas invasoras impostas pela legislação. denominada cobertura morta.20 t/ha). de modelos e dimensões variadas. quando as invasoras atingem um estágio de desenvolvimento mais avançado. independentemente do método utilizado. por ano.  Liberação de substâncias tóxicas às mudas. pelas particularidades já mencionadas anteriormente. mas pouco eficiente para o controle de plantas Invasoras perenes. evita o desenvolvimento de plantas invasoras. É um método que poderá fazer parte de um sistema integrado. tubetes ou bandejas de isopor).  Limitações. desde que se observem os cuidados necessários. Quanto ao filme de plástico. Controle cultural de plantas invasoras Relacionam-se como métodos culturais. Ela mantém a umidade. o uso de plantas companheiras (leguminosas) e práticas de manejo. acumula matéria orgânica e nutrientes. bem como em sementeira. O arranquio manual pode danificar as raízes da muda. sendo mais frágeis e sensíveis do que as plantas adultas. a consorciação de culturas. deve-se avaliar a . inerentes a um viveiro devem ser observadas. poderá ser de 6 a 8. Esse método dependerá. fazendo-se o arranquio das plantas invasoras com as mãos. poderá ser feito em alguns tipos de viveiros instalados em campo.  Ocorrência de fermentação. Controle mecânico de plantas invasoras O uso de cultivadores de tração animal. a rotação. considerando-se o porte reduzido das mudas e a fragilidade das mesmas. estimada em 10-15 DH/ha/capina. as particularidades. de 3 a 24 meses.como no caso de viveiros . é praticamente descartada em viveiros. o arroz e a casca de arroz. Pode-se relacionar a cobertura da superfície do solo com restos vegetais ou filme de plástico. e especificamente em viveiros.  As mudas são plantadas jovens e de pequeno porte. há o bagaço de cana.  Ciclo de produção variável. da disponibilidade de mão-de-obra. protege o solo contra erosão. Controle manual de plantas invasoras Recomendável no caso de formação de mudas diretamente em recipientes (sacos de plástico. a palha de trigo. A utilização de equipamentos de tração mecânica. de baixo custo. tais como enxada rotativa. seria recomendável após o arranquio das mudas. e eleva a atividade microbiana.21 plantas invasoras. O uso da enxada também é apropriado para pequenas áreas e espaçamentos reduzidos . Assim. Entre os materiais mais comuns e disponíveis. A escolha de resíduos orgânicos para coberturas de viveiros deve ser feita mediante as seguintes observações:  Possibilidade de conterem sementes de plantas invasoras. Possibilidade de disseminar ou aumentar a incidência de doenças e pragas. fazer-se a alternância com outra cultura na mesma área (1 a 2 anos). • Disponibilidade do material (10 . devendo-se considerar que o número de capinas. bom rendimento e não-agressivo ao ambiente. Entre esses. naturalmente. A utilização de bioerbicidas ainda é pouco pesquisada e não é utilizada em larga escala. Controle químico de plantas invasoras o uso de herbicidas sintéticos. várias características devem ser consideradas.  Ser ecologicamente seguro ao aplicador e ao público. fungos). Essa seletividade depende das características físico-químicas do herbicida. tais como: Ser ativo biologicamente e de baixo custo/benefício. contaminação da água. Para tanto. Para se escolher um herbicida. Controle biológico de plantas invasoras Consiste num método que procura manter uma população de plantas invasoras que não cause danos econômicos. usando-se um agente biológico (por exemplo. • Apresentar alta margem de segurança às culturas. estruturas vegetais que irão originar brotações e plantas inicialmente frágeis. sem afetar outras.22 viabilidade econômica do seu uso. da resistência da planta e do meio ambiente. significa que as espécies de folhas largas são resistentes. estacas. ou seja. do solo e do próprio aplicador. e o mesmo irá eliminar as demais. A escolha do herbicida é função da recomendação para cada espécie frutífera e da invasora a ser controlada. Destaca-se ainda o aspecto relacionado à sua seletividade. ou tolerantes ao produto. Quando se diz que o produto é seletivo para folhas largas. Assim. Deve-se considerar que. é a forma mais utilizada nos vários sistemas de produção de mudas.  Ser compatível com outros químicos. os cuidados devem ser maiores do que quando se aplicam herbicidas em áreas com frutíferas já adultas e apresentam maior resistência.  Ser de fácil aplicação. trabalha-se com sementes. deve-se tomar todos os cuidados para prevenir a ocorrência de deriva. um herbicida é seletivo quando matar ou retardar o crescimento de uma planta. ou seja. em viveiros. em associação com o método manual. herbáceas e bastante sensíveis. . gemas e garfos. entre as quais:  Normalmente. é mais rápida que a propagação por sementes. A propagação por sementes ocorre na maioria das plantas cultivadas e pode ser utilizada. na qual estão especialmente destacadas: .  A importância da preservação dos caracteres agronômicos das plantas-matrizes. Os ciclos reprodutivos das plantas podem ser visualizados na Fig. mantendo o número de cromossomos inalterado. Os métodos de propagação podem ser agrupados em dois tipos: propagação sexuada. na propagação sexuada a meiose proporciona a redução do número de cromossomos. garantindo a manutenção das características agronômicas essenciais das cultivares. e propagação assexuada. Isso não ocorre na propagação sexuada. por vezes. a propagação assexuada é.  Permite a produção de plantas idênticas à planta-mãe. Enquanto na propagação assexuada a divisão celular implica na multiplicação simples (mitose).23 Formas de Propagação de Plantas Frutíferas Introdução A propagação é um conjunto de práticas destinadas a perpetuar as espécies de forma controlada.  O período improdutivo é mais curto. Seu objetivo é aumentar o número de plantas. por diversas razões. especialmente em plantas frutíferas. mais importante que a propagação sexuada. que assegura o maior intercâmbio de genes dentro de uma mesma espécie.  O número de plantas que podem ser produzidas pelo método de propagação. a diferença entre as duas formas de propagação é a utilização e a ocorrência da mitose e da meiose. que se baseia no uso de sementes. Na produção comercial de mudas. uma vez que na natureza. 1. também. baseada no uso de estruturas vegetativas. Fundamentalmente. devido à recombinação dos genes. predomina a polinização cruzada. o que é importante na preservação das características agronômicas desejáveis. A preferência pela reprodução sexuada ou assexuada é dada conforme:  A facilidade de germinação da semente. Esse método é responsável pela variação populacional e pelo surgimento de novas variedades. na obtenção de mudas de plantas frutíferas. além do zigoto. que já ultrapassaram a fase juvenil. Na reprodução sexuada. Propagação sexuada É o processo onde ocorre a fusão dos gametas masculinos e femininos para formar uma só célula. Fase de transição Segue-se a essa etapa uma fase de transição. denominada zigoto. fitohormônios e outros). Mesmo que as técnicas de utilização de sementes apomíticas sejam semelhantes às da propagação sexuada. em geral. no caso de sementes apomíticas. no interior do ovário. obrigatoriamente. o embrião é. tais como espinhos. também denominada juvenilidade. se forem utilizados propágulos de plantas em fase juvenil ou de transição. Quando as plantas-matrizes são homozigotas e a autofecundação é predominante. apresentarão uma fase improdutiva menor. de flores pertencentes a plantas diferentes (polinização cruzada).24 Fase juvenil ou juvenilidade A fase juvenil. o que representa um período improdutivo mais longo. resultando em elevação da produção de frutas e de material propagativo. para fornecer estacas. ainda. há uma resposta plena a tais estímulos indutores. quando da reprodução assexuada. descartando-se a etapa da germinação. é o período em que a planta tem pouca resposta aos estímulos indutores do florescimento (fotoperíodo. de um conjunto de células do saco embrionário ou da nucela. Essa fase é um período de longa duração (2 anos ou mais). deve-se à utilização de material cal h ido em partes da planta-matriz. os descendentes apresentarão características muito semelhantes às plantas que os originaram. devido à troca de informação genética na fecundação. Quando uma planta é produzida por outro método de propagação. após a polinização. com a mesma constituição genética do progenitor feminino. ou de flores diferentes de uma mesma planta (autopolinização) ou. na qual há uma área foliar insuficiente. com genótipo distinto dos progenitores. Esse processo é muito . Essa menor duração da fase vegetativa. para a percepção dos estímulos indutores do florescimento e para o sustento da produção de frutos. na qual há uma resposta parcial aos estímulos indutores. Uma vez superado esse estágio. Fase adulta Na fase adulta. Entretanto. Entretanto. Entretanto. Do desenvolvimento do zigoto é produzida uma semente que originará uma nova planta. que podem ser oriundos. o método de propagação de plantas por apomixia é considerado por muitos autores como um processo de propagação assexuada. será necessário superar a juvenilidade e alcançar a área foliar adequada. frio. gemas ou outras estruturas de propagação. embora a duração do período vegetativo seja menor. como na natureza predomina a polinização cruzada. elevado vigor e morfologia diferenciada das folhas. proveniente do zigoto. plantas propagadas. a segregação genética induzida pela reprodução sexual assume grande importância. a planta atingirá a fase reprodutiva ou adulta. vegetativamente. Assim. há formação de mais de um embrião. resultando na produção de poucas flores. Esses gametas podem ser provenientes de uma mesma flor. o desenvolvimento segue a mesma seqüência daquela planta obtida por semente. tal como a estaquia. a mergulhia e a micropropagação. marcado pela ausência de produção e pela presença de algumas características. a enxertia. A reprodução sexuada é o principal mecanismo de multiplicação das plantas superiores e de.  Formar mudas de espécies que suportam bem a propagação sexuada. Em muitas espécies. que poderão ser utilizadas como porta-enxertos ou como pés-francos. 2 e 3). Na propagação por sementes. pouco submetidas ao melhoramento genético.25 comum em plantas cítricas. Mesmo que a variação das características entre os descendentes possa ser significativa. há casos em que a semente é a única forma de propagação viável. a propagação por sementes tem as seguintes finalidades:  Obter porta-enxertos ou cavalos. é comum o uso do termo seedling para designar plantas jovens propagadas desse modo.  Criar novas cultivares. praticamente. Em fruticultura. tanto maior a significância desse tipo de reprodução. e sua utilização é limitada à obtenção de clones novos ou clones nucelares a partir de plantas que produzem sementes poliembriônicas (Fig. fato especialmente observado no caso de frutíferas nativas. devido à segregação e à recombinação de genes. Quanto menor a manipulação de uma espécie pelo homem. . todos os angiospermas. A população proveniente da reprodução sexuada apresenta variabilidade genética. esse tipo de propagação é o processo natural de disseminação. no raleio. O porte mais elevado pode representar uma desvantagem nas práticas de manejo do pomar. Uma das características da propagação por sementes é a variação que pode existir dentro de um grupo de plântulas. folhas lobuladas. cujo período improdutivo é semelhante entre plantas oriundas de propagação sexuada e assexuada. Além disso. e que. mais vigoroso e mais profundo do que o sistema fasciculado. com algumas exceções. existem exceções. na qual a planta não responde aos estímulos indutores do florescimento. A principal desvantagem da propagação por sementes. são transmitidos e continuam a acumular em indivíduos de um done propagado vegetativamente. os indivíduos que estejam melhor adaptados a esse ambiente tendem a sobreviver e a produzir a geração seguinte. Durante a juvenilidade. O desenvolvimento vigoroso e a maior longevidade das plantas. Plantas propagadas por sementes apresentam o fenômeno da juvenilidade. uma fase normalmente de longa duração. fácil enraizamento e menor teor de RNA (ácido ribonucléico).  Na propagação de plantas que não podem ser multiplicadas por outro meio. As sementes podem ser usadas como um filtro para algumas viroses. o que acarreta um prolongamento do período improdutivo do pomar. Na natureza. ramos trepadores. Plantas em estado juvenil tendem a apresentar características tais como a presença de espinhos. podem estar associados à formação de um sistema radicular pivotante.26 conservando suas características. As vantagens e as desvantagens do uso da propagação sexuada em fruticultura encontram-se na Tabela 1. a propagação sexuada pode induzir à desuniformidade das plantas e da produção. Contudo. pois estas não se transmitem pela semente botânica. propagadas por sementes. nematóides e outros parasitas deletérios (nocivos) são comumente expurgados pela linha reprodutiva próxima à meiose ou pela meiose. encontrado em plantas . no entanto. Para algumas espécies frutíferas. além da segregação genética nas plantas heterozigotas. a propagação sexuada é ainda útil nos seguintes casos:  Na obtenção de clones nucelares (ou cultivares revigoradas. como é o caso do maracujazeiro. não há produção de frutos.  Na obtenção de plantas homozigotas . Em cada geração. essa propriedade é importante. Tem sido observado que vírus. na colheita e em tratamentos fitossanitários. é o longo período exigido por algumas plantas para atingir a maturidade. A propagação por sementes é um método eficiente para produzir plantas livres de doenças. como na poda. o que é comum em espécies cítricas). normalmente indesejadas em pomares comerciais. uma vez que torna possível a adaptação contínua de uma determinada espécie ao meio. que provoca dissociação de caracteres. vegetativa ou agâmica é o processo de multiplicação que ocorre por mecanismos de divisão e diferenciação celular. fácil execução e proporcionar um elevado percentual de mudas obtidas. de modo que plantas obtidas por propagação sexuada tendem a apresentar melhor condição fitossanitária. com carga genética uniforme e com idênticas necessidades edafodimáticas. Regeneração de células As células somáticas e os tecidos apresentam a capacidade de regeneração de órgãos adventícios. ápices caulinares. que determinam o valor agronômico do material a ser propagado. De modo geral. sejam eles estacas da parte aérea ou da raiz. da capacidade de regeneração de tecidos (raízes ou parte aérea). tanto de portaenxertos. A utilização da propagação assexuada diz respeito à multiplicação. fungos e fitoplasmas não são transmitidos por meio das sementes. bactérias. O uso desse tipo de propagação permite a formação de um clone. quanto da cultivar-copa. Basicamente. um bom método de propagação deve ser de baixo custo. o uso da propagação assexuada justifica-se nos seguintes casos:  Propagação de espécies e cultivares que não produzem sementes viáveis. do custo de cada processo e da qualidade da muda formada. por meio da regeneração de partes da planta-mãe. como vírus. a propagação assexuada apresenta diversas vantagens. nutricionais e de manejo. Mesmo que a longevidade de plantas propagadas por sementes seja maior. Muitos agentes causais de doenças. calos e embriões.27 propagadas por estacas. a propagação assexuada é largamente utilizada na produção de mudas. A escolha do método a ser utilizado depende da espécie e do objetivo do propagador. ou ainda meristemas. fica reduzida a 15 anos. Propagação assexuada A propagação assexuada. Esse tipo de propagação baseia-se nos seguintes princípios: Totipotencialidade As células da planta contêm toda a informação genética necessária para a perpetuação da espécie (totipotencialidade). em espécies de elevada heterozigose.  Perpetuação de clones. do número de plantas produzidas. normalmente de 30 anos. Enquanto em fruticultura a propagação sexuada tem importância restrita. como. sem alterar o genótipo. devido à multiplicação mitótica. laranja-de-umbigo e figueira. Isso ocorre na enxertia de ameixeira sobre pessegueiro. gemas ou outras estruturas especializadas. ou seja. Dada a sua larga utilização na multiplicação de plantas frutíferas. pois as frutíferas são altamente heterozigotas e perderiam suas características com a propagação sexuada. como as frutíferas. A importância e a viabilidade da utilização da propagação assexuada são uma função da espécie ou da cultivar. mais viável que a . grupo de plantas provenientes de uma matriz em comum. um inconveniente da utilização dessas como porta-enxertos é o condicionamento da vida útil da copa a uma baixa longevidade do porta enxerto. por exemplo. Assim. que a torna. Isso se deve à necessidade de se garantir a manutenção das características varietais. muitas vezes. que é a vida útil do pessegueiro (porta-enxerto). limão-tahiti. um vegetal é regenerado a partir de células somáticas. A propagação vegetativa consiste no uso de órgãos da planta. na qual a vida útil da ameixeira. ainda que o genótipo básico não se altere. podem ocorrer mudanças que resultam em degenerescência e variabilidade do mesmo. em boas condições fitossanitárias. Rhizoctonia sp. Entretanto. . bem como resposta idêntica aos fatores ambientais. sem que uma prévia indexagem tenha sido realizada. especialmente as causadas por vírus e fitoplasmas.  A possibilidade de contaminação do material utilizado na propagação vegetativa (estacas.  O uso prolongado das mesmas plantas-matrizes aumenta o risco de propagação de doenças. é reduzida.  Possibilitar que se reduza a fase juvenil. como as células do meristema são relativamente estáveis e menos sujeitas a mutações. uma mutação das gemas... Como desvantagens da propagação assexuada. ramos e gemas) por vetores ou pelo uso de ferramentas.. aumentando o risco de danos em todas as plantas por problemas climáticos ou fitossanitários. uma vez que a propagação vegetativa mantém a capacidade de floração pré-existente na planta-mãe. pode ocorrer. vírus e fitoplasmas.  Permitir a combinação de clones. A degenerescência do done é causada. Na variabilidade de um c1one. Pythium sp. e Agrobacterium tumefasciens). bactérias (Erwinia sp. A ausência de variabilidade gerada no c10ne pode levar a problemas na futura área de produção. uma vez que foram fixadas todas as características varietais e todas as plantas têm a mesma combinação genética. a significância das mutações.).  Os patógenos associados à propagação vegetativa induem fungos (Phytophthora sp. podendo ser gerado um clone diferenciado e de menor qualidade que a planta-matriz. especialmente quando a enxertia é utilizada. Assim.28 propagação sexuada. o que permite uma definição mais fácil das práticas de manejo a serem executadas no futuro pomar. pela perpetuação de seus caracteres. Entre plantas de um clone. podem ser apontadas:  A possibilidade de transmissão de doenças. manifestada em perda gradual do vigor e da produtividade. Pseudomonas sp. durante a divisão celular no meristema. ao longo do tempo. A exposição a um ambiente continuamente desfavorável pode conduzir à deterioração progressiva do done. O uso inadvertido das mesmas matrizes. a replicação do DNA (ácido desoxirribonucléico).  Permitir a obtenção de áreas de produção uniformes devido à ausência de segregação genética. plantas obtidas por propagação assexuada apresentam maior uniformidade fenológica. aumenta o risco de propagação de doenças e de degenerescência do done. Ainda que a manutenção dos caracteres seja citada como uma vantagem. São vantagens da propagação assexuada:  Permitir a manutenção do valor agronômico de uma cultivar ou done. o efeito da mutação depende da taxa de mutação e da extensão que as células oriundas da célula mutante original ocupam dentro do meristema. As principais vantagens e desvantagens da propagação assexuada são resumidas na Tabela 2. principalmente. há redução do período improdutivo. Além disso. por doenças de natureza virótica. Assim. pode resultar em alterações no genótipo e originar mutações. Assim. Assim como na propagação assexuada. entre outros. As plantas-matrizes devem ser obtidas em órgãos oficiais de pesquisa (Embrapa. em grande escala. divisões ou enxertos". com a mesma constituição genética. universidades. assexuadamente. no próprio Viveiro. a partir de um único indivíduo. espécies frutíferas que se propagam. maior o risco de alterações genéticas. Esses jardins clonais devem ser mantidos em condições que impeçam a contaminação e que permitam esdarecer qualquer mudança em relação ao tipo original. bem como o uso associado desses métodos. a escolha das matrizes é fundamental para o sucesso da propagação e para a qualidade da muda. a fim de estimular a produção contínua de brotações juvenis para propagações subseqüentes. Como o fenótipo de um indivíduo é resultante da interação do genótipo com o ambiente. Quanto maior o período em que o done é multiplicado. ou seja. jardins clonais. e caso haja tecnologia adequada. são: o cultivo de meristemas. A propagação vegetativa dos indivíduos superiores. Nesse caso. a termoterapia e podas drásticas na planta-matriz. Um dos problemas sérios apresentados pela propagação vegetativa é o chamado envelhecimento dos clones. quando se reproduzem por via sexuada. sem a necessidade de se coletar propágulos de indivíduos mais idosos e o conseqüente risco de transmissão de doenças. como tem sido usado em citrus. livres de vírus. são altamente heterozigotas e segregam amplamente. (1990) como "o material geneticamente uniforme derivado de um só indivíduo e que se propaga de modo exclusivo. para obtenção de plântulas nucelares. dentre outros) ou em empresas idôneas. em função do clima. algumas das soluções que podem ser apontadas. ocorrem milhares de divisões celulares. empresas estaduais de pesquisa.29 Geralmente. . obter-se um número infinito de plantas. fenômeno causado pelo acúmulo de diversos tipos de vírus. Uma vez testados e aprovados. em função da uniformidade dos tratos culturais requeridos e da qualidade da matéria-prima produzida. Um meio de se preservar o clone e de se eliminar um vírus é proporcionado pelo cultivo de plântulas apomíticas. de variedades antigas que se encontram fortemente afetadas por viroses. Durante as diferentes fases do crescimento vegetativo de um done. por meios vegetativos como estacas. O clone também pode ser conceituado como "um grupo de organismos que descendem por mitoses de um antecessor comum". proporciona vantagens no manejo dos pomares. os clones podem ser mantidos em . a propagação assexuada é imprescindível em casos onde há interesse em se manter a identidade do genótipo. O clone é definido por Hartmann et ai. A propagação assexuada é especial mente útil para manter a constituição genética de um c10ne ao longo das gerações. plantas de um mesmo c10ne podem ter diferentes aspectos. que são a base de novas estirpes. que seriam a fonte de material vegetativo para uso subseqüente. do solo e do manejo das plantas. responsáveis pela perda de vigor e da produtividade dos clones. na qual se utiliza um meristema como enxerto (ou cavaleiro) sobre uma plântula. principalmente por viroses . Indexação por meio de testes soro lógicos. A micro enxertia é também outra técnica bastante eficiente.  Enxertia e microenxertia.30 Materiais importados devem ser submetidos a quarentena. A cultura de meristemas in vitro é outra técnica de larga utilização. Uma vez obtido. sendo que os meristemas podem ser extraídos de plantas submetidas à termoterapia. Pecuária e Abastecimento e de órgãos de pesquisa a ele vinculados.  Uso de estruturas especializadas. . A obtenção de material livre de doenças pode ser feita por termoterapia (tratamento com ar quente a uma temperatura de 35°C a 43°C por um tempo variável entre 7 a 32 dias.  Indexação por enxertia em plantas indicadoras. A verificação da ocorrência de virose numa planta matriz pode ser por meio de três técnicas:  Indexação por inoculação mecânica sobre plantas herbáceas. como o teste de Elisa (Enzyme Linked Immunoabsorbant Assay). atividade de responsabilidade do Ministério da Agricultura. A propagação assexuada pode ser realizada por meio de diversos métodos. dependendo da virose). o material deve ser testado (caso isso não tenha sido feito previamente). sob condições in vitro.  Mergulhia. para verificar se não está contaminado por pragas ou doenças. sendo os principais os seguintes:  Estaquia e microestaquia. mesmo entre plantas originadas da mesma planta-matriz. 1996). 1995. o vigor elevado e a variabilidade genética. etc. o embrião encontra-se parcialmente desenvolvido.  Em espécies em fase inicial de exploração comercial. Como fatores internos. a dormência pode ser classificada em: Dormência devida aos envoltórios da semente Dormência física .. Embrião não-desenvolvido . tais como fenóis. (1990).Determinada por substâncias inibidoras da germinação.Quando. 1998. Entretanto. Dormência A dormência representa uma condição em que o conteúdo de água nos tecidos é pequeno e o metabolismo das células é praticamente nulo. HOFFMANN et ai. Fatores que afetam a germinação das sementes A germinação abrange todo o processo que vai desde a ativação dos processos metabólicos da semente até a emergência da radícula e da plúmula (ápice do eixo do embrião ou da plântula dos vegetais com sementes). Dormência morfológica Embrião rudimentar . como é o caso das frutíferas nativas. cumarinas e ácido abscísico. Ocorre devido a mecanismos internos de inibição e tende a desaparecer com o . maracujazeiro.. embora tenha tido grande utilização no passado. podem ser citados o estado de dormência. Dormência mecânica .31 Propagação por Sementes A propagação por sementes tem aplicação relativamente restrita na fruticultura. essas substâncias estão associadas ao fruto ou aos envoltórios da semente. a propagação comercial por sementes é de grande importância:  Na produção de porta-enxertos (citros e pessegueiro). permitindo que a semente seja mantida sem germinar por um período relativamente longo.É comum na maioria das plantas herbáceas. a qualidade da semente e o potencial de germinação da espécie. Dormência interna Dormência fisiológica . Um crescimento posterior do embrião dar-se-á após a maturação e a senescência do fruto.. SAMPAIO et ai.  Em casos em que a semente é a única forma viável de propagação (mamoeiro. O percentual de germinação depende de fatores internos e externos. a dormência mecânica está associada com outras causas de dormência. Segundo Hartmann et ai. temperatura. mantendo-a dormente (quiescente) devido ao seu baixo conteúdo de umidade. Em geral. coqueiro. Os fatores externos mais importantes são água. na maturação do fruto. gases e luz (FACHINELLO et ai. como acontece nas sementes de cultivares precoces de pessegueiro. como a física.A testa ou partes endurecidas dos envoltórios da semente são impermeáveis à água. Dormência química . As principais limitações do uso comercial da propagação por sementes são a juvenilidade.Os envoltórios impõem uma resistência mecânica à expansão do embrião.).Quando o embrião é pouco mais do que um pró-embrião envolvido por um endosperma. Temperatura É o fator mais importante para a germinação. Dormência interna intermediária . em concentrações elevadas. a diferença de potencial de germinação entre espécies e cultivares é devida à interação.  Dormência do epicótilo . Uma semente em senescência caracteriza-se por apresentar uma diminuição gradual do vigor e subseqüente perda da viabilidade.  Dormência do embrião . Na maioria das vezes.Ocorre quando o embrião é incapaz de germinar normalmente. o cresci mento das plântulas. O teor de água mínimo para germinação depende da espécie. Água A água é necessária para ativação do metabolismo da semente no momento da germinação. o oxigênio favorece a germinação. o CO2. pode impedir ou dificultar o desencadeamento desse processo. Potencial de germinação da espécie As sementes da maioria das plantas perenes apresentam dificuldade de germinação. para germinação. o qual indica o número de plantas produzidas por um dado número de sementes. também.Ocorre em espécies cujas sementes necessitam de escuridão para germinarem. Luz . varia de 25°C a 30°C. as temperaturas mínimas. que favorecem o estabelecimento rápido e uniforme de uma população no campo. Temperaturas alternadas são geralmente mais favoráveis do que temperaturas constantes. variando entre 40% e 60%. Existem dois casos especiais de dormência fisiológica:  Dormência térmica . é diferenciada do embrião em relação à temperatura ou fitohormônios. requerendo a utilização de métodos de superação dá dormência.A germinação é inibida em temperaturas superiores a um limite variável conforme a espécie . A viabilidade é expressa pelo percentual de germinação. por ativar o processo da respiração. que podem afetar a viabilidade da semente. afetando. ótimas e máximas são bastante variáveis. não há germinação na presença de luz. mesmo que separado da semente . Qualidade da semente A qualidade da semente pode ser expressa por dois parâmetros: viabilidade e vigor. Nesse caso. Não somente a germinação é influenciada pelo fator genético. como também pelo vigor e pela longevidade. com base no peso da semente ainda fresca. O vigor é definido como sendo a soma de todos os atributos da semente.É característica de coníferas e é induzida pela presença dos envoltórios. sendo que a temperatura ótima. Gases Geralmente. Fotodormência .Ocorre quando a exigência do epicótilo.32 armazenamento a seco. pois exerce influência nas reações metabólicas. para a maioria das sementes que não se encontram em repouso. entre os diversos fatores. ou tecidos de armazenamento da semente. Contudo. Conforme a espécie. a fim de se evitar uma possível contaminação das sementes. Tais parâmetros são de suma importância quando se quer obter uma população relativamente uniforme. do caqui. da maçã. dos citros. da pêra. que de acordo com suas características. Escolha dos frutos A exemplo da escolha das plantas-matrizes. Deve-se tomar cuidado para não deixar . ainda que sempre favoreça o crescimento das plântulas. a escolha dos frutos também deve obedecer a alguns critérios. Quando um fruto é formado por um único carpelo. devem-se considerar alguns critérios. resistência a pragas e doenças. A germinação das sementes da grande maioria das plantas cultivadas não é afetada pela luz. Características relacionadas ao hábito de ramificação. regularidade de produção. qualidade e quantidade dos frutos. Escolha das plantas-matrizes As plantas-matrizes são aquelas destinadas ao fornecimento de sementes. como o pêssego e a ameixa. são divididos em dois grandes grupos: secos e carnosos. Para tanto. sementes de muitas plantas daninhas apresentam exigências variáveis de luz. Os frutos também devem ter atingido a maturação fisiológica. visto que as cultivares precoces apresentam menor período para o desenvolvimento do embrião. além da formação de plântulas anormais e com acentuada variação no porte. alguns cuidados devem ser tomados. Os frutos secos liberam as sementes por deiscência. como é o caso da uva. ou por decomposição das paredes. contendo uma ou mais sementes. pragas. No caso específico do pessegueiro. Para a escolha de uma planta-matriz.33 O efeito da luz sobre a germinação das sementes é variável de espécie para espécie. é chamado de drupa. esses devem estar maduros. taxa de crescimento. no momento da colheita. como sanidade e maturação. é desejável o uso de sementes provenientes de cultivares tardias ou de meia-estação. a fim de facilitar a separação da polpa e da semente. de maneira que as sementes encontrem-se completamente desenvolvidas. as sementes estão envoltas pelos frutos. Extração das sementes Geralmente. entre outros. é genericamente chamado de baga. pode acarretar baixos percentuais de germinação. Quando um fruto carnoso é formado por um ou mais carpelos. é necessário que se escolham plantas com fenótipo o mais próximo possível de um padrão desejado. os frutos atacados por doenças. ou caídos no chão devem ser descartados. Para extração das sementes de frutos carnosos. sanidade. idade e representatividade da espécie. tais como vigor. Contudo. é recomendável que se mantenha um bloco de plantas-matrizes no qual sejam registradas informações sobre esses parâmetros. Técnicas de propagação sexuada Para o uso adequado da reprodução sexuada. A presença ou a ausência de luz só é efetiva após a embebição da semente e atua na remoção de um bloqueio no metabolismo do embrião. Além disso. como matrizes. e comportamento fenológico são parâmetros importantes na seleção de uma planta-matriz. sendo algumas favorecidas e outras inibidas pela presença desta. O uso de cultivares precoces. Como regra geral. com características adequadas. que contém no seu interior uma só semente. desde a escolha das plantas-matrizes até o manejo das mudas. reduzindo o poder germinativo das sementes. o armazenamento pode. Taxa de deterioração das sementes . Além disso. quanto maior for o período de armazenamento da semente. como acontece com caroços de pêssego. ambientes com baixa umidade e baixas temperaturas oferecem condições adequadas para . em virtude da fermentação. uma ligeira fermentação da polpa pode facilitar a retirada das sementes. Entretanto. Conservação das sementes A finalidade da conservação das sementes é manter sua viabilidade pelo maior tempo possível. principalmente temperatura e umidade. a ponto de prejudicar a viabilidade do embrião. maior será o consumo das substâncias de reserva. Para a maioria das espécies. como macieira.Determinada por fatores de produção e métodos de manejo. podem provocar sérios danos ao poder germinativo. perdem rapidamente seu poder germinativo devido à desidratação dos tecidos. possuem maior capacidade de conservação. Com relação à sanidade. o armazenamento dessas sementes pode ser feito em locais úmidos e com baixas temperaturas. Em se tratando de condições ambientais. Essa taxa é determinada pelo potencial genético de conservação da espécie e pelas condições de armazenamento. o intervalo compreendido entre a coleta das sementes e a semeadura deve ser o menor possível. principalmente. em algumas espécies. resultando assim numa redução do vigor do embrião. Escolha das sementes Entre outros fatores. A viabilidade após o armazenamento é resultante dos seguintes fatores: Viabilidade inicial na colheita . Dentro de uma espécie. bem como a sanidade das plântulas. se necessário. o tamanho e a sanidade das sementes. a relação umidade/temperatura é muito importante na redução da taxa de respiração. manter a qual idade das mesmas. porque uma vez decompostos e fermentados. As sementes de citros. permitindo a semeadura na época mais adequada/ e garantindo a manutenção do germoplasma na forma de semente. É conveniente lembrar que. sementes com embriões dormentes e envoltório impermeável apresentam maior tempo de conservação. Caroços com polpa aderida e mantidos amontoados podem ter. com reflexos positivos no vigor da planta. devem-se considerar. para que haja a maturação fisiológica ou a superação da dormência. Sementes amiláceas geralmente apresentam maior longevidade do que sementes oleaginosas. pereira e videira. mesmo em ambiente natural. Por sua vez. Podem ser encontradas espécies cujas sementes perdem rapidamente seu poder germinativo em condições naturais.34 restos de polpa aderidos à semente. geralmente sementes de maior tamanho apresentam maior quantidade de substâncias de reserva. Sementes com embriões dormentes.Também denominada de taxa de trocas fisiológicas ou envelhecimento. sua temperatura aumentada. no máximo. armazenadas em condições normais. como outras que mantêm o poder germinativo por longos períodos. para permitir alto percentual de germinação. sementes atacadas por pragas ou doenças podem ter a germinação comprometida. No caso de sementes que não requerem superação de dormência. A durabilidade da semente é bastante variável com a espécie. As características das sementes podem determinar seu potencial de conservação. Essa prática é muito utilizada em caroços de pessegueiro e em sementes de macieira e de pereira. fungos podem tornar-se ativos. Método físico . acima de 18% a 20%. podendo ser feita por métodos físicos. insetos podem entrar em atividade.35 prolongar a conservação das sementes. que podem ser extraídas quebrando se os caroços com um torno manual. sendo que em temperaturas de 0° a 45°C. durante Sal O minutos. aderidos à semente. cada diminuição de 5°C duplica a vida de armazenamento dessas sementes. Método mecânico . a modificação da atmosfera de armazenamento. conforme Fig. conforme a espécie. A temperatura elevada diminui a resistência dos envoltórios e facilita a germinação. Fig. agitação em areia ou pedra ou na quebra dos envoltórios. Caso a semente seja tolerante à desidratação. e acima de 40% a 60%. As sementes escarificadas tornam se mais sensíveis ao ataque de patógenos. ocorre germinação. 1. acima de 12 % a 14%. No que se refere à umidade da semente. os tegumentos são desgastados e a germinação é facilitada. A escarificação é o método indicado para tornar os envoltórios da semente mais permeáveis à entrada de água e às trocas gasosas. Assim. pode ocorrer aquecimento devido à fermentação. entre 6SOC e 8SoC. Deve-se ter cuidado para que o embrião não seja danificado.Consiste no tratamento das sementes com hidróxido de sódio ou de potássio. geralmente por um período entre 10 minutos até 6 horas. é importante que seja mantida em baixa umidade. bem como facilitar a emergência da radícula ou da plúmula. Método químico . 1. Extração de sementes de pessegueiro com o uso de torno manual. Aumento da permeabilidade dos envoltórios É utilizado quando a causa da dormência é a impermeabilidade do tegumento da semente. químicos ou mecânicos. É importante que sejam eliminados todos os resíduos de ácido que. especialmente na redução do teor de oxigênio. podem prejudicar a germinação. formol e ácido clorídrico ou sulfúrico. mostra-se favorável à manutenção do poder germinativo da semente.Esse método consiste no uso de uma superfície abrasiva. o que pode ser feito por meio de lavagem em água corrente. como no caso das sementes de pessegueiro. . acima de 8% a 9% de umidade. Além disso.Consiste na imersão da semente em água quente. Superação da dormência o tratamento para superação da dormência varia de acordo com o tipo de dormência que a semente apresenta. As baixas temperaturas prolongam a vida das sementes. por meio do amadurecimento do embrião. é importante que se adote um tratamento das sementes com fungicida ou hipoclorito de sódio. Esse tratamento pode ser feito com o uso de solarização (tratamento que consiste na cobertura do solo com filme plástico. o meio adequado para a estratificação é aquele que retém adequado teor de umidade e não contém substâncias tóxicas. com pequena declividade. o musgo. considerando-se que organismos benéficos também são eliminados pelos tratamentos. Geralmente. uso de fungicidas ou de agentes de controle biológico (Trichoderma. É recomendável o uso de áreas submetidas a uma prévia rotação de culturas. sob insolação. A semeadura em linha é a mais utilizada em grandes viveiros de pessegueiro e de citros. é possível minimizar a ocorrência de doenças que possam vir a prejudicar as plântulas. diretamente na embalagem. a lanço ou em linha. Na verdade.36 Maturação do embrião Destina-se a superar a dormência da semente. A quantidade de sementes a ser utilizada deve ser de 3 a 4 vezes o número . de preferência em terreno bem drenado. antes que o período previsto para a estratificação das mesmas se expire. A má drenagem favorece a ocorrência de uma doença denominada dumping off que afeta a germinação e a sobrevivência das plantas jovens. para aumento da temperatura). Em alguns casos. podem-se citar o solo. essa doença é causada por fungos pertencentes aos gêneros Pythium. permitindo que seu desenvolvimento seja completado. ou em câmaras refrigeradas. O tratamento do solo é útil para reduzir a incidência de patógenos nas futuras plantas. Não é aconselhável o uso de uma mesma área como sementeira. sendo que para a maioria. Como exemplos. por mais de 2 anos. A sementeira deve estar localizada fora da área de produção. com temperaturas entre 0°C e 10°e. provocando queda perece. vapor d'água ou tratamento em autoclaves de alta pressão). Manejo das sementes e das sementeiras Antes da semeadura em viveiro. esse período é compreendido entre 1 e 4 meses. muitas vezes é necessário cultivar o embrião em meio de cultura adequado. pode ocorrer a esterilização completa do solo. A semeadura pode ser feita em covas. a vermiculita e a serragem. Durante a estratificação. Esse processo é utilizado em cultivares precoces de pessegueiro que se destinam ao melhoramento genético. ou do estabelecimento de um balanço hormonal favorável à germinação. nas quais o embrião não está completamente desenvolvido no período em que ocorre a maturação do fruto. por exemplo). a areia lavada. agentes também causadores de outras doenças de sementeiras. bem como no melhoramento genético de uvas sem sementes. por um determinado período (estratificação). ou a mistura desses. Em variedades precoces. deve-se ter cuidado com o teor de umidade do substrato e com a eventual germinação das sementes. com plena exposição à luz e boa disponibilidade de água para irrigação. uso de calor (por aquecimento direto. Camadas de sementes são intercaladas com camadas de substrato à temperatura ambiente. como forma de reduzir o potencial de inóculo de doenças. Rhizoctonia e Phytophthora. o que pode ser inadequado. Isso é obtido pelo armazenamento das sementes em ambiente úmido e frio. a período de armazenamento varia conforme a espécie. Assim. O tratamento do solo será tanto mais eficiente quanto melhor a qualidade sanitária do substrato empregado. especialmente considerando-se a sensibilidade das mesmas no estágio de plântula. 37 desejado de plantas, para permitir uma seleção rigorosa. Contudo, deve-se evitar uma densidade muito elevada de plântulas, para que não ocorra redução do tamanho e do vigor, obtendo-se plantas com sistema radicular pouco desenvolvido. A cobertura das sementes pode ser feita com solo ou areia, e a cobertura do canteiro com uma fina camada de palha. O objetivo da cobertura com palha é impedir o crescimento de plantas invasoras e conservar a umidade do solo. A palha deve ser removida pouco tempo antes da emergência das plântulas. Cuidados especiais devem ser dispensados no que se refere à irrigação, considerando-se a exigência de água para o processo da germinação e a sensibilidade das plântulas à falta de umidade do solo. A irrigação deve ser feita por aspersão, com uso de regadores ou de qualquer outro sistema de irrigação, no caso de sementeiras de maior porte. O controle da umidade pode ser feito por avaliação visual, uso de trados, tensiômetros ou pela estimativa da evapotranspiração. O controle de plantas invasoras pode ser feito por métodos químicos' ou mecânicos. A distância entre as linhas deve possibilitar a utilização de implementos agrícolas, e o uso de herbicidas pode ser feito em pré ou pós-emergência. Para definir a forma de controle das plantas invasoras, deve-se considerar a viabilidade econômica de cada método, e a sensibilidade das plantas aos herbicidas. De acordo com a espécie e o tempo de permanência na sementeira, é aconselhável proceder a adubação de correção e de cobertura. Conforme a exigência da espécie, é importante que o pH seja corrigido, com o uso de calcário. Se a adubação nitrogenada for necessária, deve ser feita com cautela, pois aplicações em excesso podem criar um desequilíbrio nutricional, que resulta em excesso de crescimento e elevada suscetibilidade a pragas e doenças. Por sua vez, elevadas concentrações de sais, produzidas por excesso de fertilizantes, inibem a germinação. Dada a sensibilidade das plântulas e a elevada densidade na sementeira, é necessário que se adotem medidas eficientes de monitoramento e controle de pragas e doenças. A partir da sementeira, assim que as mudas atinjam um crescimento satisfatório, são submetidas a uma seleção por tamanho, visando obter-se um padrão adequado das plantas destinadas ao viveiro, quando estarão colocadas em maiores espaçamentos. No viveiro, as plantas poderão ser utilizadas como porta-enxertos ou como mudas destinadas à formação de pomares. No caso de mudas, é necessário selecionar as plantas próximas a um padrão característico da planta-mãe. 38 Propagação Vegetativa por Estaquia Introdução Estaquia é o termo utilizado para denominar o método de propagação, no qual ocorre a indução do enraizamento adventício em segmentos destacados da planta-mãe que, uma vez submetidos a condições favoráveis, originam uma muda. A estaquia baseia-se no princípio de que é possível regenerar uma planta, a partir de uma porção de ramo ou folha (regeneração de raízes), ou de uma porção de raiz (regeneração de ramos). Assim, a partir de um segmento, é possível formar-se uma nova planta. Entende-se por estaca, qualquer segmento da planta capaz de formar raízes adventícias e de originar uma nova planta. A estaquia é um dos principais métodos utilizados na multiplicação de plantas frutíferas. Inúmeras espécies de interesse comercial podem ser propagadas por esse método, destacando-se a produção direta de mudas de figueira, goiabeira, e a propagação de porta-enxertos de videira. Em espécies não comumente propagadas por outros métodos (sementes, mergulhia ou enxertia), a estaquia pode ser uma alternativa viável na produção de mudas. Na propagação comercial, a viabilidade do uso da estaquia é função da facilidade de enraizamento de cada espécie ou cultivar, da qualidade do sistema radicular formado e do desenvolvimento posterior da planta na área de produção. Muitas espécies de folhas caducas - como é o caso do pessegueiro e da ameixeira - não são propagadas comercialmente, por meio de estacas. Contudo, combinando-se uma ou mais técnicas auxiliares, como a nebulização intermitente, a aplicação de fitorreguladores, o anelamento, o estiolamento, a dobra dos ramos, entre outras, os resultados poderão ser satisfatórios e viáveis na maioria das espécies frutíferas. Geralmente, as aplicações da estaquia são:  Multiplicação de variedades ou espécies com aptidão para emitir raízes adventícias.  Produção de porta-enxertos c1onais.  Perpetuação de novas variedades oriundas de processos de melhoramento genético. Vantagens e desvantagens Como vantagens da estaquia, podem ser destacadas:  Permite que se obtenham muitas plantas a partir de uma única planta-matriz, em curto espaço de tempo.  É uma técnica de baixo custo e de fácil execução.  Não apresenta problemas de incompatibilidade entre o enxerto e o portaenxerto.  Plantas produzidas com porta-enxertos, originados de estacas, apresentam maior uniformidade do que plantas enxertadas sobre mudas oriundas de sementes. A propagação por estacas, praticamente, não apresenta inconvenientes. Entretanto, nem sempre é viável, especialmente quando a espécie ou cultivar apresenta baixo potencial genético de enraizamento, resultando em pequena percentagem de mudas obtidas. Por sua vez, mesmo que haja formação de raízes, seu desenvolvimento pode ser insuficiente e o percentual de mudas que sobrevivem após o plantio, no viveiro, pode ser muito baixo. Nesses casos, ainda que seja possível produzir estacas enraizadas, 39 deve-se dar preferência a outros métodos de propagação assexuada. Classificação Há várias classificações para as estacas, estabelecidas por diversos autores, adotando-se diferentes critérios (Fig. 1). Quanto à época de coleta, as estacas podem ser classificadas em: Herbáceas - São obtidas no período de crescimento vegetativo (primavera/verão), quando os tecidos apresentam alta atividade meristemática e baixo grau de lignificação (Fig. 2). Para alguns autores, são consideradas como estacas herbáceas aquelas com folhas e com tecidos ainda não lignificados, como no caso de estacas com folhas da goiabeira. Semilenhosas - Quando obtidas no final do verão e início do outono. Em geral, o termo refere-se a estacas com folhas, porém mais lignificadas que as estacas herbáceas. Entretanto, alguns autores consideram estacas semi-lenhosas aquelas que provêm de ramos não-lignificados, oriundos de plantas lenhosas. Lenhosas - São obtidas no período de dormência (inverno), quando as estacas apresentam a maior taxa de regeneração potencial e são altamente lignificadas. A preferência por um ou outro tipo de estaca depende da espécie, da facilidade de enraizamento e da infra-estrutura do viveirista. Este último item refere-se, quatro etapas de modificações morfológicas podem ser citadas:  Desdiferenciação de algumas células adultas. dois aspectos são fundamentais no enraizamento de estacas: Desdiferenciação . 3). ao fato de que o uso de estacas semi-lenhosas e herbáceas requer instalações com nebulização intermitente. denominado calo. desorganizado e em diferentes etapas de lignificação. Assim. há uma lesão dos tecidos. Geralmente. que reduz a desidratação na área danificada. O calo é um tecido cicatricial.  Diferenciação de algumas células em primórdios de raízes próximas aos feixes vasculares. Com o preparo da estaca. Geralmente. sem o sistema radicular formado. A primeira fase é de iniciação. Princípios anatômicos do enraizamento No momento em que uma estaca é preparada. quanto do floema. . Em seguida. Esse traumatismo é seguido de cicatrização. do córtex ou da medula. há a formação de uma massa de células parenquimatosas que constituem um tecido pouco diferenciado.Processo pelo qual células de um tecido já diferenciado retornam à atividade meristemática e originam um novo ponto de crescimento. células adjacentes ao câmbio e ao floema iniciam a formação de raízes adventícias (Fig. uma resposta ao traumatismo produzido pelo corte. As raízes formadas na estaca serão. nessa área. cuja formação representa o início do processo de regeneração. uma vez que ela contém toda a informação genética necessária. vem a fase de diferenciação das células num primórdio radicular. portanto. que resulta no crescimento da raiz adventícia. esses processos ocorrem em seqüência. Pode-se dividir a formação de raízes adventícias em duas fases. aéreo ou subterrâneo. Totipotência . caracterizada pela divisão celular.Capacidade de uma só célula originar um novo indivíduo. que pode surgir a partir do câmbio vascular. Durante a iniciação das raízes. que consiste da formação de uma capa de suberina. esta consiste de uma ou mais gemas (sistema aéreo em potencial) e de uma porção de tecido diferenciado. As células que se tornam meristemáticas dividem se e originam primórdios radiculares. que não são necessárias quando se utilizam estacas lenhosas.40 especialmente. Depois. para reconstituir todas as partes da planta e suas funções. tanto de células do xilema. em estacas semilenhosas. Caso esse esclerênquima não seja rompido mecanicamente. ainda que a formação de calo não seja um prenúncio seguro da formação de raízes adventícias. na base da estaca. das lenticelas ou da medula. Além disso. Geralmente. O calo pode ser ainda uma barreira protetora ao ataque de microrganismos. Tem sido observado que a formação de raízes adventícias deve-se à interação de fatores existentes nos tecidos e à translocação de substâncias localizadas nas folhas e gemas. e para fora destes. a formação do calo e o aparecimento das raízes adventícias são influenciados pelos mesmos fatores. Em algumas espécies. o local de formação das raízes parece se deslocar em direção centrípeta. originadas do floema. Os primórdios se formam em estacas lenhosas. Ainda que se trate de fenômenos independentes. Também podem ser formados primórdios a partir do câmbio. geralmente. altamente lignificado. Não há uma relação direta entre formação de calo e enraizamento. a partir do xilema secundário jovem. as raízes adventícias se originam próximas ao cilindro vascular. alguns deles parcialmente conhecidos. acompanhada da sua conexão com o sistema vascular da estaca. pode ser uma das causas da dificuldade de enraizamento em determinadas espécies. uma vez colocadas em condições favoráveis. e em estacas lenhosas. Um anel de esclerênquima contínuo. também têm influência indireta sobre o enraizamento.que não possuem um câmbio desenvolvido . do câmbio. como Citrus medica e Ribes sp. de modo que.41  Formação de primórdios radiculares. Tem sido observado que. acompanhando os feixes vasculares. mais facilmente. Princípios fisiológicos do enraizamento A capacidade de uma estaca emitir raízes é função de fatores endógenos e das condições ambientais proporcionadas ao enraizamento. ao menos para algumas espécies de difícil enraizamento. na maioria dos casos. os fitohormônios são de importância fundamental. o estudo desses aspectos pode auxiliar a caracterização de uma espécie como sendo de fácil ou de difícil enraizamento. o manejo da estaquia requer o conhecimento e a aplicação desses princípios. . e podem ocorrer simultaneamente. Para proporcionar o desejado sucesso na produção de mudas. conforme a espécie e o tipo de estaca. há primórdios radiculares pré-formados latentes no momento da coleta das estacas. ao longo do caule. e outras nos nós e entrenós. O local de emissão dos primórdios radiculares é bastante variável. Outros compostos. as raízes podem emergir na base da estaca. das raízes adventícias. Entre tais fatores. a formação de calo. A localização das raízes adventícias é variável. É possível que estacas com calo respondam. Em estacas herbáceas . e algumas espécies só formam raízes na base da estaca. À medida que o ramo se torna mais lignificado. por meio do córtex e epiderme da estaca.os primórdios podem surgir entre os feixes vasculares. entre o floema e o córtex. A casca pode constituir-se numa barreira à emergência das raízes. num ponto correspondente à entrada do raio vascular. ou seja.. formam raízes. ao uso de promotores exógenos de enraizamento do que estacas sem formação de calo. do floema. As raízes adventícias também podem ser formadas a partir da epiderme e do periciclo.  Desenvolvimento dos primórdios e emergência. e as raízes podem emergir em filas. outras em nós. a formação de raízes se dá sobre o calo. Muitas vezes é observada. como resultado de um traumatismo. inibidores da síntese de giberelinas. O AIA (ácido indolacético) constitui-se na auxina natural que ocorre nas plantas. Assim. e das raízes adventícias. em geral são mais difíceis de enraizar do que aquelas com conteúdos menores. O teor adequado de auxina exógena. a partir do qual qualquer acréscimo de auxinas tem efeito inibitório. Por sua vez. de onde é translocada para a base da planta. por um mecanismo de transporte polar. em estacas de raiz. possa favorecer o enraizamento. Giberelinas Dentre as giberelinas encontradas na natureza. na ativação das células do câmbio e na promoção do crescimento das plantas. além de influenciarem a inibição das gemas laterais e a abscisão de folhas e frutos. na promoção do enraizamento de estacas. Ácido abscísico Embora o ácido abscísico. Possuem ação na formação de raízes adventícias. mas não há acumulação nas raízes. caso os demais requerimentos fisiológicos sejam satisfeitos. espécies com elevados teores de citocininas. os resultados obtidos com esse hormônio são bastante contraditórios. outras substâncias de origem sintética. Uma vez que a principal ação das giberelinas é o estímulo ao crescimento do caule. Por sua vez. O aumento da concentração de auxina exógena. para estímulo do enraizamento. na presença de auxinas. Posteriormente. como SADH (ácido succínico 2. sugerindo que a aplicação de citocininas inibe a formação de raízes em estacas. ao passo que uma relação elevada estimula a formação de raízes. No cultivo in vitro. depende da espécie e da concentração de auxina existente no tecido. há um aumento da sua concentração na base da estaca e. Citocininas As citocininas têm efeito estimulador da divisão celular. A auxina é sintetizada nas gemas apicais e folhas novas. Entretanto. Etileno . não sendo possível obter-se uma informação em caráter conclusivo. como o AIS (ácido indolilbutírico) e o ANA (ácido naftalenacético) mostraram-se mais eficientes do que o AIA. provoca efeito estimulador de raízes até um valor máximo. há formação do calo. as citocininas podem estimular a iniciação de gemas. Uma relação auxina/citocinina baixa estimula a formação de gemas ou primórdios foliares. Os ápices radiculares também produzem auxinas. resultante da ativação das células do câmbio. ao inibir a síntese de giberelinas.2-dimetilhidrazida) e paclobutrazol podem apresentar efeito benéfico ao enraizamento. há um estímulo à formação de calos e à iniciação de gemas. uma relação equilibrada promove a formação de calo e permite uma boa regeneração de plantas a partir de meristemas. No momento em que a auxina é aplicada. as giberelinas inibem o enraizamento.42 Auxinas As auxinas compõem o grupo de fitohormônios com maior efeito na formação de raízes em estacas. possivelmente devido à interferência na regulação da síntese de ácidos nucléicos. Uma das primeiras utilizações práticas da auxina foi a de promover o enraizamento em segmentos de plantas. devido ao elevado teor de substâncias inativadoras de auxinas nessa parte da planta. em concentrações a partir de 10-3 molar. o AG3 (ácido giberélico) é a mais importante. aplicada em estacas.  Auxina pode ser ou não limitante. a lavagem dos inibidores e sua lixiviação estimulam o enraizamento. o enraizamento e o desenvolvimento de raízes são acompanhados da síntese de proteínas e de RNA (ácido ribonucléico). realmente. É o caso de rosáceas onde. Possivelmente. Assim. videira e marmeleiro. Fatores que afetam a formação de raízes . observou-se que o calo e as raízes em formação atuam como um dreno dos carboidratos da estaca. Além disso. para muitas espécies. Além dos fitohormônios. devido à falta de co-fatores. em estacas provenientes de plantas jovens. há modificações nos padrões e concentrações de DNA (ácido desoxirribonucléico) e aumento da atividade enzimática à medida que as raízes se desenvolvem.  Auxina é limitante.  Forte resposta à aplicação de auxina. a estudo isolado do efeito de um regulador não permite explicar satisfatoriamente. (1990) classificaram as plantas em três grupos: Grupo I  Todas as substâncias necessárias ao enraizamento presentes. goiabeira e porta-enxertos para pereira. desde que em condições ambientais favoráveis. é caracterizada a importância de serem mantidas as folhas e gemas em atividade vegetativa durante a estaquia. o etileno sintetizado confirma o efeito desta no enraizamento de estacas. Entretanto.43 Em baixas concentrações (próximas a 10 mg L-'). Grupo III  Um ou mais co-fatores são limitantes. Ainda que na sua maioria não estejam determinados quimicamente. que atuam sinergicamente com as auxinas. esclarecer os mecanismos fisiológicos envolvidos.  Pouca ou nenhuma resposta à aplicação de auxina. As folhas contribuem para a formação das raízes. denominadas co-fatores do enraizamento. Em determinadas situações. Em nível bioquímico. o etileno estimula a formação e o desenvolvimento de raízes. o efeito do etileno é mais dependente de interações complexas do que da simples concentração desse regulador. São transportados pelo floema. para formar raízes. a partir dos locais de síntese. Em estacas de ameixeira. Hartmann et aI. como acontece em espécies como figueira. o equilíbrio hormonal varia com a época do ano e com a fase fisiológica. De acordo com a facilidade de enraizamento. Esses órgãos atuam como um laboratório de produção de reguladores de crescimento e nutrientes. são necessárias para que se dê o enraizamento.  Enraizamento rápido. Esses co-fatores são sintetizados em gemas e folhas jovens e. devido à síntese de co-fatores ou carboidratos. deve se combinar o uso de auxinas com a presença de folhas ou outra técnica de condicionamento. outras substâncias de ocorrência natural. quando da aplicação de auxina. sua influência no enraizamento. os inibidores do enraizamento são freqüentemente associados no enraizamento em algumas espécies. Grupo III  Co-fatores em quantidades elevadas. em maior quantidade. Numa planta. de forma que o equilíbrio entre esses diferentes compostos pode. como acontece com algumas cultivares de videira.  Condição fisiológica da planta-matriz. Quanto mais difícil for o enraizamento de uma espécie ou cultivar. A condição nutricional da planta-matriz afeta fortemente o enraizamento. indiretamente. Esse teor pode ser avaliado. devido a um elevado teor de nitrogênio.  Idade da planta-matriz. o manejo adequado desses fatores permitirá que haja mais chance de sucesso na produção de mudas por estaquia. por vezes. A importância dos carboidratos refere-se ao fato de que a auxina requer uma fonte de carbono para a biossíntese dos ácidos nucléicos e proteínas. Fatores internos Geralmente. Ramos maduros e mais lignificados (outono/inverno) tendem a apresentar mais carboidratos. a interação entre fatores . . tanto maior a importância dos fatores que o afetam.  Tipo de estaca. 35% nas intermediárias e 17% nas pobres em amido.  Oxidação de compostos fenólicos. tais como o conteúdo de água. para que se possa explicar por que uma espécie tem facilidade ou dificuldade de enraizar. O teor de carboidratos varia conforme a época do ano.e não o estudo isolado desses . Além do teor de carboidratos. Relações C/N adequadas permitem que se obtenha um bom equilíbrio entre as raízes e a parte aérea formada.é que permite explicar-se melhor as causas do enraizamento. Além disso. quando da coleta das estacas. ainda que. Essa classificação mostrou correlação significativa com o enraizamento de estacas de videira.44 O conhecimento dos fatores que afetam a formação de raízes é importante. a relação C/N (carbono/nitrogênio) é importante. Geralmente.  Balanço hormonal. mas com produção de uma pequena parte aérea. Estacas retiradas de uma planta-matriz em déficit hídrico tenderão a enraizar menos do que aquelas obtidas sob adequado suprimento de água. além de maior enraizamento. o conjunto das características internas da mesma. são pobres em compostos necessários ao enraizamento e mostram pouca formação de raízes. um maior diâmetro esteja relacionado com mais brotaçães e poucas raízes. permitindo classificar as estacas conforme o teor de amido. para a formação das raízes. No que se refere ao teor de carboidratos. e o teor de reservas e de nutrientes. Relações C/N elevadas induzem a um maior enraizamento. sendo que em ramos de crescimento ativo (primavera/verão) o teor é mais baixo. A condição fitossanitária da planta-matriz também afeta o teor de carboidratos. estacas com maior diâmetro apresentam maior quantidade de substâncias de reserva e tendem a enraizar mais. tem-se observado que reservas mais abundantes correlacionam-se com maiores percentagens de enraizamento e sobrevivência de estacas.  Potencial genético de enraizamento.  Época do ano. sendo que o percentual de estacas enraizadas foi de 63% nas mais ricas. ao passo que estacas com baixa relação C/N. Os fatores que afetam o enraizamento podem ser classificados em:  Fatores internos. pelo teste do iodo. Condição fisiológica da planta-matriz Entende-se por condição fisiológica da planta-matriz. essenciais ao enraizamento. que mesmo não caracterizando uma verdadeira condição de juvenilidade. verificou-se que os maiores percentuais de enraizamento. Como a composição química do tecido varia ao longo do ramo. Em estudos realizados para se estabelecer uma relação entre a capacidade de enraizamento de estacas de pessegueiro e o teor endógeno de triptofano. Isso leva a concluir que o triptofano tenha se convertido para AIA. pois as flores mobilizam as reservas da estaca e abrem antes que o processo de iniciação de raízes tenha ocorrido. Fato inverso se observa com estacas semilenhosas. um conteúdo equilibrado de alguns nutrientes como o fósforo. Estacas mais lignificadas geralmente apresentam maior dificuldade de enraizamento do que estacas de consistência mais herbácea e semilenhosa. especialmente. É recomendável a obtenção de brotações jovens em plantas adultas. Entretanto. e à menor diferenciação dos tecidos. seu teor em excesso pode ser prejudicial. o que mostra um antagonismo entre a floração e o enraizamento. número e peso da matéria seca das raízes foram encontrados nos meses em que havia menores teores de triptofano nos ramos. à medida que aumenta a idade da planta.45 Em relação à composição nutricional. a importância do tipo de estaca na formação de raízes tem menor significado. o uso da porção basal geralmente proporciona melhores resultados. Tipo de estaca Em espécies de fácil enraizamento. Idade da planta-matriz As estacas provenientes de plantas jovens enraízam com mais facilidade e isso se manifesta com mais freqüência em espécies de difícil enraizamento. O excesso de manganês também pode prejudicar o enraizamento. esse fato esteja relacionado com o aumento no conteúdo de inibidores e com a diminuição no conteúdo de co-fatores do enraizamento. O tipo mais adequado de estaca varia com a espécie ou com a cultivar. maior será a necessidade da correta escolha do tipo de estaca. estacas provenientes de diferentes porções do mesmo tendem a diferir quanto ao enraizamento. isso pode ser atribuído a uma maior concentração de promotores do enraizamento. precursor da auxina. Cuidados devem ser tomados. Estacas com gemas floríferas tendem a enraizar menos que aquelas provenientes de ramos vegetativos em fase de crescimento ativo. com maior quantidade de auxina endógena presente. o potássio o cálcio e o magnésio favorece o enraizamento. pela proximidade dos sítios de síntese de auxinas. com o conteúdo excessivo de nitrogênio e de manganês na planta-mãe. quanto maior for a dificuldade de formação de raízes adventícias. O zinco é ativador do triptofano. Nesse caso. Ainda que o nitrogênio seja necessário para a síntese de proteínas e ácidos nucléicos. Época do ano . para as quais os maiores percentuais de enraizamento são obtidos com a porção mais apical. em estacas lenhosas. apresentam maior potencial de enraizamento. demonstrando a importância de um adequado manejo de adubação das plantas-matrizes para obtenção das estacas. Assim. e deve estar presente para que se dê a formação de raízes. Possivelmente. Isso pode ser devido ao acúmulo de substâncias de reserva e um menor teor de nitrogênio (resultando uma relação C/N mais favorável) e à presença de iniciais de raízes pré-formadas nessa região. Oxidação de compostos fenólicos Em algumas especies. também. giberelinas e citocininas. pode dificultar a formação de raízes. as estacas lenhosas dormentes são preferidas em função da sua facilidade de obtenção. Assim. pelo substrato. Balanço hormonal o equilíbrio entre os diversos fitohormônios tem forte influência no enraizamento de estacas. podendo afetar a sobrevivência das mesmas ou a qualidade do sistema radicular da muda. Entretanto. A oxidação desses compostos pode ser minimizada com o uso de substâncias anti- . para o enraizamento. o ataque de fungos e bactérias pode ocasionar a morte das estacas. de folhas grandes e persistentes. sendo que aquelas coletadas num período de crescimento vegetativo intenso (primavera/verão) apresentam-se mais herbáceas e. é a aplicação exógena de fitorreguladores sintéticos. médio ou difícil enraizamento. em espécies de difícil enraizamento. de modo geral. tais como o AIB. pode ser feita uma classificação como espécie ou cultivar de fácil. desde a primavera até o fim do outono. antes ou após a formação de raízes. havendo também efeito das viroses sobre a qual idade das raízes formadas e sobre a variabilidade de resultados. entre diversas estaquias feitas sob as mesmas condições. especialmente em relação à temperatura e à disponibilidade de água. o forte escurecimento dos tecidos na região do corte da estaca. A sanidade durante a estaquia é influenciada pelo grau de contaminação do material propagativo. Em muitos casos. especialmente em espécies caducifólias. Da mesma forma que com as viroses. Estacas coletadas no inverno possuem um grau de lignificação e tendem a enraizar menos. Uma das formas mais comuns de favorecer o balanço hormonal. No que se refere à época mais adequada para obtenção das estacas. há diferença entre espécies. Sanidade Em diversas espécies frutíferas. mostram maior capacidade de enraizamento. cujos produtos resultantes são tóxicos ao tecido. ainda que a facilidade de enraizamento seja resultante da interação de diversos fatores e não apenas do potencial genético. especialmente entre auxinas. os diferentes tipos de fenóis nos tecidos iniciam reações de oxidação. atribuída a condições climáticas. pela qualidade da água de irrigação e pelos tratamentos fitossanitários que venham a ser feitos nesse período. Potencial genético de enraizamento O potencial que uma estaca apresenta para a formação de raízes é variável com a espécie e com a cultivar. sendo que algumas enraízam melhor no início da primavera e outras. Ao entrarem em contato com o oxigênio. é necessário que haja um balanço adequado. Assim. ao passo que estacas lenhosas podem até mesmo ser enraizadas no campo. A influência da época de coleta das estacas no enraizamento pode ser. ocasionado pela oxidação de compostos fenólicos. requerendo um manejo adequado em relação ao ambiente. transporte e manuseio. o ANA e o AIA. tem-se observado que c10nes livres de vírus têm maior facilidade de enraizamento do que o material com vírus. estacas menos lignificadas (herbáceas e semilenhosas) são mais propícias à desidratação e à morte. que elevam o teor de auxinas no tecido.46 A época do ano está estreitamente relacionada com a consistência da estaca. especialmente as pertencentes à família Myrtaceae. O estiolamento dos ramos. especialmente no caso de espécies de difícil enraizamento. 4) permite a redução da perda de umidade pela formação de uma película de água sobre as folhas.A importância da luz no enraizamento está relacionada à fotossíntese e à degradação de compostos fotolábeis. o que é indesejável. Fatores externos Temperatura . O uso da nebulização intermitente (Fig. com folhas. com temperaturas que vão de 18°C a 21°C. Por sua vez. antes da coleta das estacas.O aumento da temperatura favorece a divisão celular na formação de raízes. provavelmente devido à preservação das auxinas e de outras substâncias endógenas em detrimento aos compostos fenólicos. além de outros. Por sua vez. pode favorecer a brotação das gemas antes que o enraizamento tenha ocorrido. tende a favorecer a formação de raízes. facilita o enraizamento e é uma prática recomendada. pode favorecer a emissão e o desenvolvimento do sistema radicular. dos quais serão retiradas as estacas. onde serão formadas as raízes. . especialmente em estacas herbáceas e semilenhosas. a presença de luz durante o enraizamento de estacas. Têm sido obtidos resultados preliminares que demonstram a importância do controle da oxidação no cultivo in vitro. a significância e a eficiência do controle da oxidação na propagação por estacas ainda carecem de maiores informações. O aquecimento do leito de enraizamento ou substrato. especialmente considerando-se o período em que não há raízes formadas. Além disso. seja por meio das folhas seja por meio das brotaçães em desenvolvimento. é necessário que se mantenha um ambiente completamente escuro. escuro e suficiente aerado. estimula o enraizamento. além da diminuição da temperatura e da manutenção da atividade fotossintética das mesmas nas estacas. visto que os resultados obtidos até o momento são incipientes. induzindo o murchamento da estaca. o PVP (polivinilpirrolidona). a prevenção do murchamento é especialmente importante em espécies que exigem um longo tempo para formar raízes e nos casos em que são utilizadas estacas com folhas ou de consistência mais herbácea. Substrato . O potencial de perda de água numa estaca é muito grande.O substrato destina-se a sustentar as estacas durante o enraizamento. Geralmente. A perda de água é uma das principais causas da morte de estacas. Portanto. estimula uma elevada taxa de transpiração. como as auxinas. para os quais devem ser dispensados cuidados especiais.Para que haja divisão celular. tais como o ácido ascórbico. Na região basal da estaca.47 oxidantes. Isso é importante para a multiplicação por estacas de espécies de difícil enraizamento. mantendo sua base num ambiente úmido. a alta umidade favorece o desenvolvimento de patógenos. é necessário que as células se mantenham túrgidas. Umidade . Contudo. o ácido cítrico e o Dieca (dietilditiocarbamato). a baixa intensidade luminosa sobre a planta-mãe. Entretanto. Luz . deve-se selecionar como planta-matriz aquela que possui identidade conhecida. alguns tratamentos que venham a ser realizados previamente à coleta dos ramos antes do preparo da estaca. Diferentes materiais são utilizados como meios para enraizamento. turfa. A planta-matriz deve estar numa condição nutricional equilibrada. podem permitir melhores resultados. o condicionamento é fundamental para que se possa obter um percentual de enraizamento satisfatório. ou coleções de cultivares em instituições de pesquisa para evitar-se o uso de material contaminado por viroses. Como exemplos.No momento da coleta das estacas.48 Os efeitos do substrato. solo ou a mistura de ambos. além de apresentar ótimo estado fitossanitário. o estiolamento e a dobra dos ramos. geadas ou outras intempéries. antes da estaquia. podem ser citados o tratamento com fitorreguladores. Técnicas de estaquia Para que a estaquia seja feita com sucesso. Em diversos casos. areia. A posição e o tipo de ramo. vigor moderado e não apresentar danos provocados por déficit hídrico. casca de arroz carbonizada. como. é necessário que se observem alguns aspectos: Obtenção do material propagativo . Condicionamento do ramo antes da estaquia . características peculiares da espécie ou da cultivar. são variáveis . a qual afeta o teor de água retida e seu equilíbrio com a aeração.Em espécies de difícil enraizamento. por exemplo. relacionam-se especialmente com a porosidade. tanto sobre o percentual de enraizamento quanto sobre a qualidade das raízes formadas. vermiculita. é recomendável a obtenção do material propagativo junto a blocos de matrizes. Na produção comercial de mudas. de onde serão obtidas as estacas. Esses requisitos são necessários para se obter bons resultados. o anelamento. quais sejam:  Período de repouso . desde que se disponha de estrutura com nebulização intermitente. o uso de estacas lenhosas tem proporcionado bons resultados. visando minimizar o murchamento dos ramos e das estacas. como no caso do pessegueiro. para se evitar a desidratação e o ataque de microrganismos. Nesse caso. é recomendável acondicionar os ramos em baldes ou sacos de . especialmente em espécies de difícil enraizamento. em alguns casos estacas semelhantes podem ser obtidas durante o verão e até mesmo no outono.Nessa época. qual a época mais adequada para a coleta das estacas. sendo possível em alguns casos. Época de coleta das estacas . pode ser utilizado o material descartado pela poda. para obtenção de material propagativo. A coleta de estacas no fim da dormência pode causar a brotação das gemas. Recomenda-se o uso de ramos de crescimento vigoroso. Geralmente. Estacas desse tipo enraízam com facilidade e rapidez (2 a 5 semanas. são necessários testes para se verificar. Essa época está mais relacionada com as condições fisiológicas da planta do que com um período fixo do ano. pela simplicidade.ou porções destas . Para cada espécie. Resultam da fase mais ativa de crescimento dos ramos e apresentam uma consistência bastante herbácea.49 conforme a espécie. Em algumas espécies perenifólias (com folhagem permanente). especialmente devido ao aumento da temperatura nessa época. baixo custo e viabilidade de uso em diversas espécies. Ainda que estacas com essa consistência sejam típicas da primavera. nebulização e outras). no inverno (dormência plena) ou no início da primavera. Para tanto.Conforme citado anteriormente. deve-se ter maior cuidado com essas estacas. Além disso. quando a umidade do ar é mais elevada. Não é necessário o uso de estruturas especiais (estufas. mesmo no período de inverno. o uso de estacas com gemas dormentes é bastante difundido. ainda que em algumas espécies possam ser utilizadas estacas . a brotação torna-se prejudicial ao enraizamento. As estacas podem ser obtidas no fim do outono. a estaquia diretamente no viveiro. Geralmente. como o da figueira. a coleta deve ser feita preferencialmente no início da manhã.Nesse período. porque estas apresentam maior acúmulo de reservas. a época do ano afeta o potencial de formação de raízes. especialmente aquelas de fácil enraizamento. Isso é importante devido à variabilidade da temperatura nessa época . como as estacas possuem folhas. provenientes da estação de crescimento anterior. como ainda não houve formação das raízes e a absorção de água. têm sido obtidos bons resultados com a estaquia nessa época.  Período de intenso crescimento vegetativo (primavera) . empiricamente. da ameixeira e do araçazeiro. Em diversas espécies de difícil enraizamento. a perda de água pode ser a causa de grande mortalidade de estacas. Podem ser estabelecidos três períodos principais de coleta de material para estaquia. No caso de estacas lenhosas.de 2 anos. A princípio. Em espécies caducifólias. Mesmo num sistema de nebulização. são utilizadas estacas com alto grau de lignificação. na maioria dos casos). as estacas apresentam baixo grau de lignificação e elevada atividade do câmbio. é necessário o uso de estruturas de propagação. É mais recomendável o uso de estacas medianas e basais. são utilizados ramos de 1 ano. a coleta é feita de maio a agosto. denominadas estacas lenhosas. Por serem muito tenras. a coleta de estacas pode ser feita em qualquer época. Isso provoca a perda de umidade da estaca e. são mantidas apenas 2 ou 3 folhas na parte superior da estaca. Para tanto. Por sua vez. o posicionamento do corte pode não ser o mais adequado. Geralmente. para se evitar a mistura posterior no viveiro.início do outono) Estacas utilizadas nessa época são denominadas semilenhosas. normalmente observada nas épocas de coleta de estacas menos lignificadas. a presença de folhas nas estacas representa uma superfície transpiratória cuja taxa de perda de água é aumentada em condições de elevada temperatura. quando é feito o preparo individual das estacas. as estacas devem ser mantidas em água até o momento de serem colocadas no substrato.5 cm. logo abaixo. podem ser utilizados leitos aquecidos ou o simples armazenamento em substrato umedecido. caso contrário. em alguns casos. é necessário que estes sejam levados a um galpão ou estrutura semelhante. Podem ser utilizadas porções basais. a presença de folhas favorece o enraizamento. apresentam mais folhas e são mais lignificadas que na época anterior. podem ser cortadas ao meio. devem ser adotadas medidas que reduzam a perda de água pelo material propagativo. O comprimento e o diâmetro das estacas variam conforme a espécie e o tipo de estaca. O uso de estacas com folha é citado na propagação de limoeiro de framboesanegra. de goiabeira e de pessegueiro. bem como acompanhar a brotação das mesmas. Após o preparo. além de outras. Por isso. O tratamento com fitorreguladores pode ser feito ainda no armazenamento. Da mesma forma. ocorrerá uma perda de água. se situa entre 0. Da mesma forma que para a época anterior. Em estacas semilenhosas ou de consistência mais herbácea. Sua utilização requer nebulização intermitente. geralmente.50 plástico até o momento do preparo . conforme o tamanho. em estacas lenhosas. O preparo pode ser feito com tesoura de poda ou em se tratando de estacas lenhosas em grandes quantidades. Quando se trabalha com estacas lenhosas. medianas e apicais dos ramos. Geralmente. Quando as folhas forem muito grandes. e estacas herbáceas podem ser ainda menores. com corte em feixes de 50 ou 100 estacas. é necessário o uso de nebulização nas estacas com folhas. Preparo e manejo das estacas Uma vez selecionados os ramos. preferencialmente . esse procedimento permite a formação de calo ou de iniciais de raízes. Essa recomendação é mais viável de ser seguida. com prejuízos ao enraizamento. onde as estacas serão preparadas. Período final do crescimento vegetativo (final do verão . para evitar o murchamento e a perda das folhas. ainda que sua resistência à desidratação seja maior que a das estacas herbáceas. mas é pouco usado em fruticultura. Estacas lenhosas podem ter comprimento variável de 20 a 30 cm e diâmetro que. provavelmente devido à produção de co-fatores do enraizamento nas folhas. É possível o armazenamento das estacas lenhosas durante o inverno e. Isso permite a obtenção de lotes homogêneos de plantas. com o uso de serras elétricas. Uma vez preparadas. Utiliza-se um nó com uma folha e uma gema por estaca. a presença de gemas aumenta o percentual de enraizamento em diversas espécies. o que facilitará a realização de operações posteriores.6 e 2. estacas semilenhosas apresentam comprimento de 7. pois. O corte superior da estaca deve ser feito logo acima de uma gema e o inferior. para facilitar o manejo e reduzir a perda de água.5 a 15 cm. Deve-se evitar a desidratação das estacas armazenadas. É ainda recomendável a identificação dos lotes de estacas por cultivar. é conveniente a separação das estacas em grupos. da casca de arroz carbonizada. No caso de utilização da água. outros substratos. vasos. deve ser dada atenção especial à escolha do substrato. Nesse caso. O primeiro caso é aplicado para estacas com folhas (semilenhosas ou herbáceas). à propagação de plantas em larga escala e à multiplicação de espécies ou cultivares de fácil enraizamento. da areia.51 de material que tenha gemas bem desenvolvidas e folhas sadias em crescimento ativo. ainda. é necessário verificar. especialmente no caso de espécies de difícil enraizamento. devem ser utilizadas áreas de solos profundos. empiricamente. qual o melhor substrato (ou combinação de substratos). pode-se misturar o fungicida com o fitorregulador durante o processo de tratamento das mesmas. optar por substratos que não sejam fontes de inóculo de organismos saprófitos. para prevenir a dessecação da base da estaca e. Para algumas espécies. na posição horizontal. O aumento da temperatura e da umidade. é aconselhável que dois terços sejam enterrados no substrato. é importante a manutenção dessas em profundidade de 2. para estacas de ramos. para manter sua correta polaridade. O plantio direto no viveiro pode ser adequado para estacas lenhosas. quando a manutenção da umidade propiciada pela chuva ou por irrigações esporádicas é suficiente. Técnicas de condicionamento Estratificação É uma prática que consiste na disposição de camadas alternadas de areia grossa ou solo umedecidos. o musgo esfagníneo e a água poderão ser utilizados. cortes laterais na base da estaca favorecem o enraizamento. é necessário um bom sistema de oxigenação. para proporcionar a formação prévia do calo. Além da vermiculita. para facilitar o fornecimento de oxigênio. especialmente de espécies caducifólias. a exposição do câmbio também pode facilitar a absorção de substâncias promotoras do enraizamento. além de permitir a conservação da estaca. deve manter uma quantidade adequada de espaço poroso. Propiciada por esses cortes. . A profundidade de plantio é variável conforme o tipo de estaca. Para aumentar a sobrevivência das estacas.0 cm. No que se refere a estacas de raiz. etc. Para cada espécie. e para a prevenção do desenvolvimento de patógenos na estaca. principalmente. No momento do plantio. Deve-se. é importante garantir uma boa aderência do substrato à estaca. até certos limites. as quais necessitam de umidade constante sobre a folha. Estaqueamento O plantio das estacas pode ser feito em recipientes (sacos de plástico. sendo que. especialmente naquelas em que o esclerênquima se constitui numa barreira física à emissão de raízes. para permitir que as raízes se desenvolvam. bem drenados e com viabilidade de uso da irrigação.. quando saturado (especialmente no caso de nebulização intermitente). é recomendável a imersão das estacas em solução fungicida. indispensável para a iniciação e o desenvolvimento radicular. Um bom substrato deve proporcionar retenção de água suficiente. denominada enviveiramento. Substrato Por ser um dos fatores de maior influência. Como prevenção ao aparecimento de doenças. caixas. Essa prática. destina-se. entre outros). como o musgo turfoso.5 a 5. baldes. em estruturas de propagação ou diretamente no viveiro. uma vez que grandes espaços porosos podem aumentar a desidratação desta. que são prejudiciais à formação de raízes. resultando em brotações alongadas. na ausência de luz. uma vez que esses últimos compostos são sensíveis à luz (fotolábeis). Estiolamento . com plástico preto ou outro material similar (papel alumínio. Lesões na base da estaca Especialmente em estacas que apresentam madeira velha na base. A divisão celular é estimulada pelo aumento na taxa respiratória e nos teores de auxina. com folhas pequenas. . Assim. Para tanto. fita-isolante e outros).O desenvolvimento de uma planta. carboidratos e etileno nessa área lesionada. em desenvolvimento. Para tanto. Pode-se efetuar o estio lamento de toda a planta. Essa lesão faz com que haja maior absorção de água e de fitohormônios. 6). são encontrados em tecidos estiolados teores baixos de lignina e altos de auxinas endógenas e de outros co-fatores do enraizamento. 5 e Fig. removendo-se apenas uma porção da casca das estacas nesse local. de todo um ramo ou de parte do mesmo (Fig. ou parte dela. Deve-se evitar o desenvolvimento de fungos ou de bactérias. onde os cortes favorecem a formação de calo e de raízes nas bordas da lesão (Fig. aumentando a eficiência no enraizamento. e não expandidas. logo que tenham formado o calo ou ocorrido a brotação das gemas. os quais podem até mesmo impedir a emergência das raízes. Além disso. as lesões permitem que haja rompimento da barreira física formada por anéis de esclerênquima. efetuam-se 1 ou 2 cortes superficiais de 2.5 a 5. a acumulação de água e o dessecamento. o enraizamento é favorecido.0 cm na base da estaca.52 aumenta a intensidade de formação de calo. de modo que esses cresçam na ausência de luz. Por sua vez. e com baixo teor de clorofila. É necessário que as estacas sejam retiradas da estratificação. 7). faz-se uma cobertura dos ramos. Além disso. Um exemplo da aplicação do estiolamento foi avaliado em araçazeiro. para assegurar uma acumulação significativa de compostos. A obstrução da casca de um ramo na planta-matriz bloqueia a translocação descendente de carboidratos.53 O estiolamento parcial é feito com a cobertura apenas da base do ramo. FACHINELLO. Assim. durante a fase ativa de crescimento vegetativo. Deve ser feito assim que o comprimento do ramo permita. essas brotações são resultantes dos . que apresenta a mesma finalidade. qualquer técnica que permita ao ramo retornar à fase juvenil evitará a diminuição do potencial de enraizamento. de maior capacidade de enraizamento. ou com um corte na região basal ou mediana do ramo de onde será retirada a estaca. Rejuvenescimento de ramos Estacas oriundas de ramos com juvenilidade tendem a apresentar maior percentual de enraizamento. Anelamento Entende-se por anelamento a obstrução feita por meio de um corte. é feito com a torção de um arame em volta do ramo (Fig. 1977). por períodos que variam conforme a espécie. permitindo a acumulação desses compostos acima do local da obstrução. Uma poda drástica da planta-matriz induz à emissão de brotações juvenis. O anelamento pode ser feito com um anel de arame. obtendo-se resultados promissores em função dessa técnica (VOLTOLlNE. O estiolamento é feito durante o crescimento dos ramos. O estrangulamento. Muitas vezes. região que será a base da futura estaca. à medida que a planta-matriz envelhece. 8). Normalmente esses períodos não passam de 30 dias. fitohormônios e cofatores do enraizamento. na região do córtex. o acúmulo desses compostos favorece a formação e o crescimento das raízes. há um aumento da quantidade de células parenquimatosas e de tecidos menos diferenciados. até a época de utilização das estacas lenhosas (inverno). que visam elevar o conteúdo hormonal nos tecidos da estaca. resultante da cicatrização. Geralmente. 2. Fig. Esse tipo de lesão provoca o aumento da relação C/N e a formação de um tecido pouco diferenciado. 9). como as auxinas sintéticas. que são antagônicas ao processo de iniciação radicular. com aumento da capacidade de emissão de raízes. como a macieira. O tratamento com citocininas (cinetina.54 esferoblastos. 9. aumentar o número e a qualidade das raízes formadas e a uniformidade no enraizamento. . Algumas dessas substâncias. Em algumas espécies. Processo de dobra de ramos para obtenção de estacas em pessegueiro. Esses ramos ficam presos à planta. Dobra de ramos Essa técnica de condicionamento consiste na dobra manual dos ramos na fase de crescimento (Fig. por uma porção de lenho e casca. Além disso. Ainda que a dobra dos ramos não dispense o uso de fitorreguladores. pode ser citado o paclobutrazol. são utilizadas auxinas sintéticas (AIB.4-D). na região da dobra. Essa prática estabelece um balanço hormonal favorável ao enraizamento. também podem ser utilizados inibidores da síntese de giberelinas. AIA. ANA. o que é importante. acelerar sua % iniciação. caso se trabalhe com estacas de folhas ou de raízes. Tratamento com fitorreguladores O uso de fitorreguladores tem a finalidade de aumentar a percentagem de estacas que formam raízes. Como exemplo. benziladenina e benzilaminopurina) estimula o desenvolvimento das brotações adventícias. podem inibir o desenvolvimento das gemas e dos ramos. é possível forçar a presença de brotos adventícios juvenis a partir de estacas de raiz. formações verrugosas com tecido meristemático. há um favorecimento do potencial de formação de raízes.  Temporizador (timer). criando uma atmosfera para reduzir a perda de água pelas folhas. de tal modo que se tenha períodos diferentes do processo durante o dia. permite a nebulização das plantas. constituído de um sistema computadorizado . A redução das taxas de transpiração e de respiração pelas folhas. quando desligada. Para verificar sua eficiência. que simula a superfície de uma folha. com zinco. bem como a redução da temperatura das mesmas. Uso de nutrientes minerais Favorece a condição nutricional da estaca no enraizamento. além de evitar o efeito do vento sobre a irrigação. e durante a noite. Quando essa superfície perde água a um nível pré-estabelecido. É importante que a água seja aplicada em intervalos regulares. quando a necessidade de água é maior. quando a necessidade de água é menor . Isso assegura a destinação de fotossintatos e nutrientes para a formação das raízes. O uso do boro em combinação com o AIB pode aumentar a percentagem e a rapidez de formação de raízes. que permite trabalhar com dois turnos diferentes de nebulização. Tratamento com fungicidas Uma vez que a estaca. precursor da auxina. pode ser dispensado o funcionamento da nebulização durante a noite. especialmente antes e logo após o enraizamento. Nas horas mais quentes do dia. A adubação de plantas matrizes de videira. possivelmente devido ao incremento no teor de triptofano. proporcionada pelo ambiente com alta umidade relativa. O ambiente protegido é o mais adequado para essa técnica. estufas de plástico. uma vez que permite uma aplicação controlada da água. o qual controla o funcionamento de uma válvula solenóide que. com zinco e boro. O controle dos intervalos de acionamento do sistema de nebulização pode ser efetuado por meio de mecanismos como:  Folha úmida. a proteção com o uso de fungicidas constitui-se numa prática importante para a sobrevivência das mesmas nesse período. bem como as concentrações e métodos de utilização mais adequados para uma determinada situação. resultou em maior enraizamento e desenvolvimento de raízes.  Controlador eletrônico de umidade. possivelmente pelo fato de que esses compostos intervêm em interações hormonais. do qual o zinco é ativador. são obtidas pela formação de uma película de água sobre as folhas. Pode-se utilizar um timer duplo. Uso da nebulização A nebulização intermitente é a aplicação de água na forma de névoa (gotas de tamanho reduzido) sobre as estacas. A adubação de plantas-matrizes de ameixeira. na qual há uma superfície de tela.55 A substância promotora do enraizamento. durante todo o período diurno. os intervalos entre as nebulizações devem ser menores. variam com a espécie e com o tipo de estaca. A nebulização pode ser instalada em telados. A adição de compostos nitrogenados estimula o enraizamento em diversas classes de plantas. são necessários testes empíricos. Para evitar o excesso de aplicação. aumentou os teores de triptofano nas estacas e o potencial de enraizamento. é bastante vulnerável ao ataque de microrganismos e se encontra num ambiente favorável à proliferação de doenças. o mecanismo da nebulização é acionado . ou mesmo no ambiente externo. O desplante (extração das estacas enraizadas) deve ser. em ambiente com nebulização. deve-se prever o uso da irrigação. reduzindo a umidade sobre as folhas e aumentando a aeração do substrato. feito em dias com baixa temperatura. Isso é importante tanto quando se trabalha com estaquia direta em viveiro. Os cuidados com as estacas folhosas devem ser maiores. a aplicação de água para manter as folhas úmidas implica saturação do substrato com água e. a aplicação de água. Para minimizar a morte das mudas após o transplante. preferencialmente. gradativamente. pois o excesso hídrico prejudica o enraizamento. Se utilizada a estaquia direta no viveiro. com base na temperatura e na umidade relativa do ar. possivelmente porque estimulam a síntese de etileno que por sua vez favorece a emissão de raízes. As mudas podem ser conservadas em trincheiras ou câmaras frigoríficas. Os principais fitorreguladores usados com essa finalidade são aqueles do grupo das auxinas. é o AIA (ácido indolacético). nublados e com ventos fracos. que permite a aclimatação das mudas e menor perda de plantas no viveiro. Uma vez que o ambiente numa casa de vegetação é muito diferente do ambiente externo. deve-se diminuir. de destruição e de inativação que. com a utilização de tratamentos semanais com fungicidas. Preparo e uso de fitorreguladores A utilização de fitorreguladores no enraizamento é uma prática largamente difundida. deve-se repicar as mudas para um local com maior espaçamento. O uso de nutrientes na água de irrigação pode melhorar a qualidade das raízes formadas e o crescimento subseqüente das estacas enraizadas. sendo uma técnica que. para reduzir o ataque de patógenos. quanto com estacas folhosas. O manejo após o enraizamento depende da estrutura de propagação adotada. As auxinas são essenciais no processo do enraizamento. deve-se dar atenção ao manejo fitossanitário. Cuidados durante e após o enraizamento A divisão celular e o enraizamento só ocorrem em tecidos com células túrgidas e o principal cuidado a ser tomado durante o enraizamento é a manutenção de um adequado teor de água no substrato e na parte aérea da estaca. Especialmente quando se trabalha com nebulização. naturalmente encontrada nas plantas. por isso. pode viabilizar a produção de mudas por estaquia. principalmente fungos saprófitos sobre as estacas. por sua vez. A auxina endógena. . Nesse caso. como:  Idade fisiológica do órgão e da planta.56 de acionamento da irrigação. a elevada umidade favorece a proliferação de doenças. Nesse ambiente. onde essas crescerão até atingir o estágio de comercialização. No caso de estaquia em viveiro. devem-se eliminar as folhas caídas e as estacas mortas. como citado no item anterior. o monitoramento da ocorrência de doenças é muito importante. Por sua vez. a drenagem também deve merecer atenção. Os níveis de AIA na planta são variáveis conforme a velocidade das reações de síntese. em muitas espécies de difícil enraizamento. é afetada por alguns fatores. tão logo tenha-se formado um sistema radicular abundante. deve-se dar atenção à ocorrência de plantas invasoras e pragas. especialmente no que se refere à desidratação. na qual deverá ser prevista a implantação de um sistema de irrigação. Para diminuir o potencial de inóculo. em quantidade suficiente para permitir a homogeneização do talco com o mesmo. Após adicionar o fitorregulador. Esse método de aplicação é . mesmo que alguns autores o desaconselhem.57  Condições ambientais .Podem ser encontradas fórmulas comerciais em forma de pó. deve se lançar mão de auxinas sintéticas.As concentrações de AIA são maiores nos locais de síntese (regiões de crescimento ativo) e são muito baixas em tecidos já diferenciados. preferencialmente em torno de 40°C. em função da dificuldade de homogeneização da mistura. A acetona ou o álcool são retirados por evaporação em estufa. utiliza-se a quantidade de fitorregulador desejada para uma determinada concentração de talco industrial. acrescenta-se acetona ou álcool etílico à mistura.  Parte da planta . Métodos de aplicação Pó . na promoção do enraizamento. o preparo do fitorregulador em pó pode ser feito pelo usuário. Tipos de auxinas sintéticas As principais auxinas sintéticas e algumas de suas características constam da Tabela 1. de modo a não inativar o fitorregulador. ou em condição de temperatura ambiente. os maiores níveis de auxina são encontrados na primavera e no verão. em temperatura não muito elevada. Para se obter estacas enraizadas em qualquer época do ano.Em plantas perenes de clima temperado. Para tanto. Além disso. metílico ou isopropílico). Homogeniza se a mistura com um bastão de vidro e leva-se a uma estufa à temperatura de cerca de 40°C até a completa evaporação do solvente (FACHINELLO et ai. Como desvantagem. Como preparar . 1995). em quantidade suficiente para formar uma pasta. pois quando se usa uma quantidade muito pequena de álcool. O uso de soluções diluídas apresenta as vantagens de proporcionar uma boa .Para preparar 500 mL de uma solução contendo 100 mg L-' de AIB. como os sais potássicos do AIB. as concentrações a serem utilizadas devem ser duplicadas. para completar o volume de 500 mL. Para melhor aderência. contendo a substância indutora.000 mg. como o ANA.000 mg kg' Solução diluída . do tipo de estaca e da espécie.kg-1. na forma de pó são necessários 2. Essa quantidade é afetada pela umidade na base da estaca e pela textura da casca. é colocado em recipientes menores. para que não haja aumento significativo da concentração da solução devido à evaporação.Entende-se por solução diluída aquela cuja concentração do fitorregulador varia de 20 a 200 mg L-'.000 mg L-l. O AIB requer a diluição num pequeno volume de álcool (etílico. usam-se 1. O pó molhado não deve retornar ao recipiente de armazenamento. O pó. Outras. em local sombreado. de forma que o mesmo fique aderido a essa. por um período de tempo longo. podem ser apontadas a facilidade de preparo e aplicação.58 adequado para o AIS (ácido indolbutíricol. O excesso de pó deve ser retirado. dissolvem-se 50 mg da substância pura em 250 mL de álcool. e a longa durabilidade da mistura. Algumas substâncias são solúveis em água. as estacas são colocadas no substrato. O local sombreado é necessário. é recomendável molhar a base das estacas em água. dissolvem-se melhor com algumas gotas de hidróxido de sódio.Para preparar 500 g da fórmula contendo AIB a 2. pode ocorrer a precipitação do AIB.000 ppm = 2. Como vantagens desse método. onde a base da estaca é pressionada. Assim. A quantidade do fitorregulador absorvida depende das condições ambientais que circundam o local do tratamento. 1 ppm = 1 mg L-1 ou 1 mg kg-1 2. acrescenta-se álcool etílico ou acetona.. Agita-se bem e adicionam-se os 250 mL de água destilada restantes. utilizam-se 1. para evitar alterações da mistura ao longo do tempo. Deve-se manter uma atmosfera úmida durante o tratamento. Como preparar . Há indicações de que. e para que seja minimizada a perda de água pela estaca. A base das estacas (cerca de 2. Essa solução alcoólica a 50% é melhor para dissolver o AIB. se na forma de solução os melhores resultados são obtidos com 1.5 cm) é imersa na solução. ao se adicionar água destilada. A diluição do AIB em hidróxido de sódio ou potássio normalmente é feita em pequeno volume do diluente (5 mg L-1 de AIB). normalmente em torno de 24 horas.000 mg de AIB. não se observando problemas de precipitação do fitorregulador. que pode afetar o enraizamento.000 mg L-1 Para preparar 500 g.000 mg kg -1 ou 2. Para melhor homogeneização. nesse método de aplicação. Depois. por sua estabilidade em temperaturas mais elevadas. há a desuniformidade da quantidade de pó aderida à estaca. potássio ou amônio. ou de hidróxido de sódio ou potássio.000 mg de AIB puro e acrescenta-se talco industrial até completar 500 g. para que haja uma absorção lenta e contínua. Por sua vez. devendo ser preparadas apenas para uso diário. a possibilidade de utilização da mesma solução por várias vezes. Isso é importante.5 a 2.É aquela que apresenta uma concentração de fitorregulador que varia entre 200 e 10.000 mg L -1 e por isso. amarelecimento e queda de folhas e. Além disso. as soluções perdem sua atividade em poucos dias. com a mesma atividade. A exposição por um tempo mais prolongado. a morte das estacas. é possível a conservação da solução concentrada por um período relativamente grande. podem ocasionar efeitos fitotóxicos. Solução concentrada . é necessário que o armazenamento seja feito em recipiente hermeticamente fechado e em local escuro. como a menor necessidade de equipamentos.59 uniformidade de tratamento das estacas e ter baixo risco de efeitos fitotóxicos. porque se considera que a melhor concentração é aquela imediatamente inferior ao limite de fitotoxicidade. Para tanto. o tratamento deve ser mais rápido. Como desvantagem.5 cm) é feita por um período em torno de 5 segundos. O preparo é feito de forma semelhante ao caso das soluções diluídas. a pouca influência das condições ambientais e a uniformidade no tratamento. como a inibição do desenvolvimento das gemas. pode ser citado o risco de efeitos tóxicos sobre a estaca. bem como a utilização de concentrações muito elevadas. . Esse método apresenta vantagens. quando utilizadas concentrações muito elevadas. até mesmo. A imersão da base das estacas (1. 60 Propagação Vegetativa por Enxertia Introdução A enxertia é uma forma de propagação assexuada de vegetais superiores, na qual se colocam em contato duas porções de tecido vegetal, de tal forma que se unam e, posteriormente, se desenvolvam, originando uma nova planta (HARTMANN et ai., 1990). Uma planta propagada por enxertia é composta, basicamente, de duas partes: o enxerto ou garfo e o porta-enxerto ou cavalo, ainda que eventualmente possa ser utilizada uma porção intermediária ao enxerto e ao porta-enxerto, chamada de interenxerto, enxerto intermediário ou filtro. O enxerto é a parte representada por um fragmento da planta, contendo uma ou mais gemas, responsável pela formação da parte aérea da nova planta. O porta-enxerto é a parte responsável pela formação do sistema radicular. O interenxerto é usado quando se deseja evitar problemas de incompatibilidade entre o enxerto e o porta-enxerto, para controlar o crescimento da copa ou para se obter caule resistente a baixas temperaturas, entre outros objetivos. Para que se tenha sucesso com a propagação de plantas por meio da enxertia, é necessário que ocorra um bom contato da região cambial de ambas as partes enxertadas. A região cambial é formada por um tecido delgado da planta, situado entre a casca (floema) e a madeira (xilema) e composto por células meristemáticas capazes de dividirem-se e formarem novas células. Diversas espécies frutíferas são propagadas comercialmente por enxertia, como o pessegueiro, a ameixeira, a nectarineira, a macieira, a pereira, a videira, os citros em geral, a mangueira, o caquizeiro, entre outros (FACHINELLO et ai., 1995). Utilização da enxertia A enxertia pode ser utilizada com as seguintes finalidades: Manter as características genéticas de uma espécie, de uma cultivar ou de um clone A enxertia, bem como os demais métodos de propagação assexuada, permite que as características produtivas das plantas sejam mantidas em seus descendentes, garantindo o valor agronômico das mesmas, produzindo plantas mais uniformes quanto ao porte, exigências edafoclimáticas e tratamentos fitossanitários, entre outros. Propagar plantas que não podem ser multiplicadas por outros métodos Algumas espécies frutíferas produzem sementes com baixo poder germinativo, como é o caso da ameixeira (cerca de 2%), e outras simplesmente não as produzem. Por sua vez, em espécies altamente heterozigotas, a propagação por sementes implicaria modificações genéticas nos descendentes. Além disso, a enxertia é utilizada em espécies que apresentam dificuldade de formar raízes. Obter benefícios do porta-enxerto Embora os porta-enxertos sejam responsáveis apenas pela formação do sistema radicular e sustentação das novas plantas, em muitos casos, podem determinar características importantes como, por exemplo, conferir maior ou menor vigor à copa, como nos casos da macieira, da pereira, da videira e de citros, ou conferir melhor qualidade aos frutos. Além disso, muitos porta-enxertos são tolerantes a condições desfavoráveis, como solos pesados - com excesso ou falta de umidade - ataque de 61 pragas ou doenças, entre outras. Substituir cultivares de plantas estabelecidas Muitas vezes, em pomares estabelecidos com uma determinada cultivar, surgem problemas, como a baixa produtividade, frutos de qualidade inferior, hábito de crescimento inadequado, ou mesmo, suscetibilidade a pragas e doenças. Essas dificuldades podem ser solucionadas com a enxertia de uma nova cultivar mais adequada, sem necessidade de se implantar um novo pomar. Outra situação muito comum de uso da enxertia em plantas já estabelecidas é aquela em que se têm pomares com cultivares que necessitam de polinização cruzada e que, por morte ou número insuficiente de plantas polinizadoras, podem ter a produção comprometida e requerem a presença de plantas ou ramos de uma cultivar polinizadora. Em pequenos pomares domésticos, a enxertia possibilita que, numa mesma planta, tenha-se mais de uma cultivar ou mais de uma espécie. Isso é possível, enxertando-se uma cultivar ou espécie diferente em cada ramo principal. Contudo, nesse caso, deve-se ter o cuidado para que as cultivares enxertadas tenham o mesmo vigor, para evitar a dominância de um ramo sobre outro. Evitar problemas de juvenil idade Muitas plantas frutíferas, quando propagadas por sementes, necessitam de um período de 5 a 10 anos para superarem o período juvenil e entrarem em produção. Esse período improdutivo pode ser reduzido, enxertando-se segmentos de plantas que já estejam produzindo ou que foram propagadas por métodos assexuados, pois essas plantas já superaram o período de juvenilidade. Recuperar partes danificadas de plantas Fatores como baixas temperaturas, pragas, doenças, ventos, animais e equipamentos agrícolas podem provocar sérios danos às raízes ou à parte aérea das plantas. A recuperação total ou parcial é possível, por meio da enxertia. Estudar enfermidades viróticas As doenças causadas por vírus podem ser transmitidas de uma planta para outra, por meio da enxertia. Embora seja um grande problema na propagação das plantas, esse fato pode ser benéfico no estudo das doenças viróticas. Existem plantas bastante sensíveis ao ataque de determinados tipos de vírus, manifestando, c1aramente, os sintomas; outras, contudo, são portadoras de viroses e não demonstram qualquer tipo de sintoma. Pela enxertia de um segmento de planta que não apresente sintoma do ataque de vírus em outra planta indicadora, conhecida por ser muito sensível, pode-se verificar a presença, ou não, de uma determinada virose. Esse tipo de teste pode ser feito mesmo em plantas incompatíveis, visto não ser necessária uma perfeita união das partes enxertadas, para que ocorra a transmissão do vírus. Combinar clones ou cultivares A combinação de clones ou cultivares diferentes, numa mesma planta, permite a exploração das melhores características produtivas de uma determinada planta, utilizada como produtora, com as melhores características de um sistema radicular de outra, utilizada como porta enxerto. 62 União entre enxerto e porta-enxerto Para uma perfeita união entre enxerto e porta-enxerto, é necessário que ocorra uma seqüência de eventos, na seguinte ordem: Primeiro passo Quando se colocam em contato os tecidos cambiais do enxerto e do portaenxerto, ambos com grande capacidade meristemática, ocorre multiplicação desordenada de células, irregularmente diferenciadas e agrupadas num tecido denominado calo (Fig. 1). Fig. 1. Multiplicação desordenada de células formando o calo para o início da união entre enxerto e porta-enxerto. A temperatura e a umidade podem estimular a atividade celular dos tecidos envolvidos, sendo que o aumento da temperatura, até UIT' determinado limite, favorece a divisão celular. A umidade é essencial à divisão celular, uma vez que em células ou em tecidos desidratados não há divisão. Existem outros fatores que também influem na formação de calo, como o potencial genético, a idade dos tecidos, os patógenos, etc. Segundo passo Com a multiplicação das células, ocorre um entrelaçamento das mesmas, formando um tecido de calo comum a ambas as partes. Terceiro passo Há uma diferenciação das células em novas células cambiais, promovendo uma união com o câmbio original do enxerto e do porta enxerto. Quarto passo o novo câmbio produz novos tecidos vasculares, que permitem o fluxo normal de água e de nutrientes. Com isso, está formada a união entre enxerto e porta-enxerto. Deve-se ressaltar que, durante a cicatrização do ponto de enxertia, não há mistura de conteúdos celulares, pois as células produzidas mantêm suas características, sejam provenientes do enxerto ou do porta-enxerto. Fatores que afetam o pegamento do enxerto Vários fatores, isolado ou em conjunto, podem influenciar na formação da união entre o enxerto e o porta-enxerto. Os principais fatores que influem nesse processo são que pode promover a quebra no local da enxertia . acima ou no ponto de união.63 descritos a seguir: Incompatibilidade Diz-se que duas plantas são incompatíveis quando. Uma das partes da união do enxerto produz algum material tóxico para a outra parte da planta.Parcialmente compatível. Os demais sintomas citados podem ser. por motivos intrínsecos a elas. • Morte prematura da planta. ataque de pragas ou doenças. com relação ao início e ao final do período vegetativo. além de conseqüências da incompatibilidade na enxertia.  Diferença entre enxerto e porta-enxerto. O principal sintoma da incompatibilidade é. tais como falta de água. Os principais sintomas da incompatibilidade são:  Falta de união entre enxerto e porta-enxerto. B . Diferenças no crescimento ou no vigor do enxerto e do porta enxerto. Existem três teorias para explicar as causas da incompatibilidade:  A incompatibilidade surge devido a diferenças nas características de crescimento do porta-enxerto e do enxerto. não são capazes de formar uma união perfeita. seguido de desfolhamento precoce. 2.  Amarelecimento das folhas. a ruptura no local da enxertia. podem ser citados os seguintes:  Afinidade genética . distúrbios nutricionais. Sintomas de incompatibilidade entre diferentes porta-enxertos de pessegueiro com a cultivar de damasqueiro Reale d'lmola. resultados de condições desfavoráveis.Incompatível.Planta compatível. entre outros. Entre os fatores que afetam a incompatibilidade. Fig.  Desenvolvimento excessivo abaixo. C . resultando em diferenças entre os diâmetros dos mesmos. 2004) (Fig. o que pode ocorrer em seguida à produção da muda ou alguns anos após (RODRIGUES et aI. os problemas relacionados à incompatibilidade surgem quando são enxertadas plantas com classificação . impossibilitando o desenvolvimento normal da nova planta.  A incompatibilidade é devida a diferenças fisiológicas e bioquímicas entre enxerto e porta-enxerto. sem dúvida. 2).  Crescimento vegetativo reduzido. tais como o vigor e a época de início e término do ciclo vegetativo.Geralmente. A .. laranja-doce sobre limão-cravo).As partes envolvidas na enxertia devem apresentar células com tamanho. quebra no local da enxertia. a planta desenvolvese inicialmente. no mínimo. a diferença de vigor não é considerada como um sintoma de incompatibilidade.  Afinidade anatômica . Por isso.Plantas com tecido lenhoso são incompatíveis com plantas de tecido herbáceo.  Porte e vigor .O elevado vigor do porta-enxerto faz com que a copa tenha um grande desenvolvimento vegetativo. espécies de folhas caducas não podem ser enxertadas sobre espécies de folhas persistentes. até o momento. quando uma copa vigorosa é enxertada sobre um porta-enxerto fraco. Assim. forma e consistência semelhantes. o que pode retardar o início da frutificação.  Consistência dos tecidos . 3.As plantas envolvidas no processo da enxertia devem apresentar as mesmas exigências nutricionais. No que se refere aos tipos de incompatibilidade. a seguir: . Quando a copa é suscetível. pode ser reunida em dois grupos. porém. Fig.  Fatores bioquímicos .  Fatores fisiológicos . cada tecido continua a produzir células próprias. O mesmo pode ocorrer com outras doenças. pertencentes à mesma família. Sensibilidade a doenças .64 botânica diferente. 3). Em algumas espécies. pode haver comprometimento do desenvolvimento da mesma. ocorre morte de toda a planta. normalmente.A incompatibilidade pode surgir quando as partes envolvidas apresentam ciclo de vida distinto. a ação seletiva do porta-enxerto a um determinado nutriente poderá impedí-lo de chegar até a copa. Diferença de vigor entre porta-enxerto e enxerto em citros (à esquerda.Quando o porta-enxerto é suscetível a uma determinada virose. mas apresenta declínio com o passar do tempo. trifo/iata e à direita. causando distúrbios nesta. visto que não ocorre intercâmbio de células. laranja doce sobre P. ou seja. a enxertia com plantas de vigor diferente é uma prática bastante comum e. visto que não ocorre redução na produção. Nesse caso. origina uma grande diferença de vigor entre a copa e o porta-enxerto. recomenda-se que enxerto e porta-enxerto sejam. etc. Normalmente. devem se utilizar plantas que apresentem vigor semelhante (Fig. Caso contrário. morte de plantas. a maioria dos casos conhecidos. Por sua vez. Além disso. Por isso. é necessário que as paredes celulares estejam túrgidas. porta-enxertos mais jovens possibilitam maior índice de pegamento. Condições ambientais  Temperatura . Isso faz com que haja necessidade de se manter um alto teor de umidade no local da enxertia. além de acelerar o processo de desidratação.  Vento . a enxertia deve ser evitada em dias ventosos. caracterizada pela formação de uma linha escura ou de uma zona neurótica na região do córtex.uma intensa luminosidade pode causar dessecação rápida do enxerto. mais especificamente na taxa de divisão celular que afeta a formação de novas células.65  Incompatibilidade localizada .o vento pode provocar a quebra do enxerto no ponto de união. Além disso.  Umidade do ar e do solo . a casca torna-se muito aderida ao lenho. e vice-versa. e no processo de desidratação. para que ocorra multiplicação celular satisfatória. Quando a enxertia for feita na primavera/verão. tanto do enxerto quanto do porta-enxerto. responsáveis pela união entre enxerto e porta-enxerto. de modo que a parte dobrada promova o sombreamento do ponto de enxertia.  Época .a época mais adequada para a enxertia depende da biologia da planta e do . Com isso. geralmente apresentando uma união frágil e com interrupções nos tecidos vasculares e no câmbio. principalmente. que seja compatível com ambas as partes .Esse tipo de incompatibilidade causa degeneração do floema. um déficit hídrico provoca redução na divisão celular na região do câmbio. Assim. que facilita o processo de cicatrização. deve-se fazer a dobra da copa do porta enxerto. com conseqüente redução do teor abaixo dessa região. recomenda-se fazer a enxertia em dias com baixa luminosidade.É aquela que surge em decorrência do contato entre enxerto e porta-enxerto. O teor de umidade do solo também é importante no processo da enxertia.  luminosidade . da enxertia de garfagem. No período da enxertia. A incompatibilidade localizada pode ser superada pelo uso de um enxerto intermediário. Esse tipo de incompatibilidade não pode ser superado com o uso de um enxerto intermediário.de modo geral. poderá deslocar o enxerto e prejudicar a coincidência entre o câmbio de ambas as partes. O oxigênio pode tornar-se fator limitante no pegamento. dificultando seu desprendimento e a realização da enxertia. temperaturas inferiores a 4°C e superiores a 32°C dificultam o processo de cicatrização. principalmente em plantas com maior atividade respiratória. De modo geral. quando são utilizadas ceras ou outros protetores que não permitem as trocas gasosas.as células novas que formam o calo e a união entre enxerto e porta-enxerto apresentam paredes finas e são bastante sensíveis à desidratação.  Idade do porta-enxerto . em decorrência do maior tamanho da copa ou de ventos.a temperatura tem influência marcante no processo da enxertia. Isso faz com que haja redução da passagem de seiva do porta-enxerto para o enxerto. devido a uma atividade celular mais intensa. após a enxertia. Isso dificulta o transporte de carboidratos. Esse tipo de incompatibilidade provoca também a ruptura no ponto de enxertia. Incompatibilidade translocada . que se acumulam acima da região degenerada.  Oxigênio .há intensa atividade respiratória e elevada necessidade de oxigênio durante a divisão e o alongamento celulares. é extremamente necessário que se mantenha o enxerto na posição normal. são descritos os mais importantes e indispensáveis na realização dessa prática. por ocasião do corte ou ferimento. Já para espécies perenifólias. que possam ser afiadas e que mantenham o fio por maior tempo possível (Fig.para que ocorra a união. dá-se preferência ao período de inverno. Classificação botânica . com xilema e floema formados. temperatura. com o desenvolvimento da gema . diretamente. entre outros. Os resultados mais freqüentes do uso inadequado de técnicas de enxertia são a pequena área de contato entre os câmbios do enxerto e do porta-enxerto.muitas vezes. principalmente as pertencentes à família das mirtáceas. uma técnica mal utilizada pode causar sérios problemas na cicatrização do enxerto. melhor será o índice de pegamento. Essas substâncias são. Técnica da enxertia . o sistema vascular da nova planta é formado mais tarde. que podem comprometer o pegamento e o desenvolvimento da nova planta.quanto mais rápido for feito o processo da enxertia. quanto maior for a afinidade botânica. uma vez que as partes envolvidas sofrerão menor influência dos fatores externos (sol. mas a inversão da mesma não compromete a formação de uma união satisfatória. Isso ocorre.     Equipamentos necessários Diversos são os equipamentos usados na enxertia.  Oxidação de compostos fenólicos . No caso da enxertia de gema. tanto em T normal como em T invertido.). o fluxo de substâncias fica totalmente comprometido. Contudo. Habilidade do enxertado r . é o grau de parentesco existente entre elas. enquanto na enxertia de gema. danos mecânicos na retirada da gema.um fator importante que deve ser levado em consideração. na qual é usado um fragmento maior do ramo. Recomenda-se usar plantas que. sendo que. A seguir. Outro fator relacionado. amarração errada ou demorada. para se fazer a enxertia. com a habilidade do enxertador é a uniformidade dos cortes. 4). Para plantas caducifólias. faz-se a enxertia na primavera/verão. recomenda-se manter a polaridade. Essas . quando da escolha das plantas utilizadas como enxerto e porta-enxerto. principalmente tratando-se da enxertia de garfagem. geralmente a enxertia de garfagem é feita no inverno e a enxertia de borbulhia. Sanidade do material. ferramentas pouco afiadas ou contam i nadas. pertençam à mesma família. porque na enxertia de garfagem. maiores serão as possibilidades de pegamento.  Polaridade do enxerto . principalmente. cortes desuniformes. Com relação ao tipo. patógenos. desidratação dos ramos fornecedores de gemas.mu itas plantas frutíferas. como a goiabeira. o araçazeiro e a pitangueira apresentam abundante exsudação de substâncias tóxicas ao tecido. na primavera/verão e no outono. Canivete Existe grande variedade de tipos de canivetes que podem ser usados na enxertia.é importante que as plantas utilizadas na enxertia estejam livres de pragas e doenças. compostos fenólicos que sofrem oxidação ao entrarem em contato com as condições ambientais. o que dificulta a formação do calo e o processo de cicatrização.66 tipo de enxerto a ser feito. no mínimo. Enxertos feitos em plantas pertencentes a famílias botânicas diferentes dificilmente são executados com sucesso. que possibilitam melhor contato entre as partes enxertadas. o importante é que esses apresentem lâminas de boa qualidade. etc. Fig. 6). As lâminas paralelas possibilitam a manutenção das distâncias entre os cortes no porta-enxerto e ao redor da gema. .5 cm (Fig. Canivete de enxertia com lâmina dupla. Canivetes de enxertia com lâmina simples. Canivete de lâmina dupla Esse tipo de canivete é usado para fazer a enxertia de placa e apresenta duas lâminas paralelas. As lâminas de aço inoxidável diminuem os riscos de oxidação. o que facilita o processo de cicatrização. distanciadas ao redor de 2. com um mínimo de dano às células dos tecidos cortados. corte final da copa ou aparação do sistema radicular no momento de arranquio da muda. 5. preparo dos porta-enxertos e dos garfos. 5). Tesoura de poda A tesoura é um equipamento utilizado para coleta dos ramos fornecedores das gemas. 4. Por isso. Máquina de enxertar Quando o enxerto e o porta-enxerto apresentam diâmetros semelhantes. os cortes poderão ser feitos com máquinas manuais ou acionadas por motores. garantindo perfeita coincidência dos mesmos.67 características são importantes. no enxerto e no porta-enxerto (Fig. porque aumentam o rendimento do enxertador e permitem a realização de cortes. Essas máquinas executam cortes na forma de bisei ou de encaixes. deve ser de boa qualidade e estar sempre limpa e bem afiada (Fig. Fig. 7). Por isso. no período de repouso das plantas. Os mastiques têm a finalidade de impedir a entrada ou a perda de água. O uso da máquina de enxertar é bastante freqüente na enxertia de garfagem da videira e da macieira. Fio de ráfia . a ráfia. entre eles os mastiques. uma amarração com ráfia ou outro material semelhante. tipo ômega. não são suficientes para manter a união do enxerto e do porta-enxerto. Materiais para amarração e proteção dos enxertos Diversos materiais podem ser usados com essas finalidades. os mastiques são constituídos da mistura de resinas. cera de abelha e sebo. 7. a tinta plástica e a cola branca também podem ser utilizados. mas seu uso é restrito à enxertia de garfagem feita em galpões (enxertia de mesa). como álcool metílico ou acetona. deve-se fazer. utilizando-se. 6. a passagem do ar e a entrada de microrganismos no ponto de enxertia e podem ser usados quentes ou frios. As máquinas proporcionam um rendimento bem superior ao do enxertador (cerca de 5 mil enxertos por homem/dia). um solvente volátil. Enxertia de garfagem feita com uso de máquina manual de enxertar. Materiais como a parafina. Normalmente. Diferentes tipos de tesouras utilizadas em fruticultura. A pedra de afiar deve apresentar uma textura fina. para impedir um desgaste excessivo da mesma. Mastiques Normalmente. a fita de polietileno e o filme de Pvc. quando necessário. Fig. Pedra de afiar É um acessório importante para manter tesouras e canivetes afiados.68 Fig. a geléia de petróleo. primeiramente. devendo-se colocar água ou azeite na superfície onde será afiada a lâmina. Fitas de polietileno As fitas de polietileno (Fig.Fitas de polietileno. para fixar as extremidades. 8. Dependendo do número de voltas envolvendo o material. e em alguns casos pode viabilizar a enxertia de garfagem na primavera verão. principalmente enxertia de garfagem em videira. etc. de modo . não é necessário dar nós. mas pode-se utilizar qualquer fita de polietileno disponível. impedem a entrada de água. pois a mistura de cultivares poderá causar sérios problemas. mudas prontas e ramos fornecedores das gemas é uma prática importante. as trocas gasosas e a entrada de microrganismos. O uso de proteções evita a ação direta do vento e do sol. ou as trocas gasosas. de metal. em função da espessura e da elasticidade. Fig. por isso. A fita de polietileno n° 8 é a mais indicada para fazer a amarração. As etiquetas podem ser de madeira. Amarração em enxertia de garfagem em videira com utilização de: A . Um sistema de identificação bastante eficiente e prático pode ser feito com tinta. à desidratação das gemas. Para isso. Algumas plantas apresentam baixo índice de pegamento. principalmente. pode-se usar. 8).5 cm de largura (Fig. É comercializado em bobinas. devendo constar. geralmente com 28 cm x 30 m. Para facilitar a utilização. quando a enxertia é feita na primavera/verão. no mínimo. até mesmo aquelas provenientes de embalagens vazias (sacos de plástico). pintam-se anéis com cores diferentes no enxerto e no porta-enxerto. Filme de PVC Utilizado para amarração das enxertias. as bobinas são cortadas em rodelas com 2. a câmara úmida. folhas de jornal. também não é necessário retirar o filme.69 O fio de ráfia é usado apenas para manter a união entre as partes. a desidratação da gema.0 a 2. 8) são os materiais mais utilizados. ou a proteção do local da enxertia com papel. Etiquetas A identificação dos porta-enxertos. além da amarração ou proteção com mastiques. muitas vezes só notados quando as plantas entram em produção. de plástico ou de outro material resistente às intempéries.Filme de PVc. Esse material apresenta boa aderência e. pois mantêm a união. a cultivar copa e o porta-enxerto utilizados. e B . utilizando-se sacos de papel. e para embalagem de alimentos. que se decompõe após 2 ou 3 meses. não servindo para impedir a entrada ou a saída de água. Para reduzir esse tipo de problema. devido. que consiste na cobertura do enxerto e do portaenxerto com um saco de plástico transparente amarrado levemente com um barbante na base do porta-enxerto. Apresentam a vantagem de produzir plantas uniformes. variabilidade genética. custos e suscetibilidade a pragas e doenças. em outra planta (porta-enxerto) (Fig. tais como facilidade de obtenção de sementes. o produto utilizado é o hipoclorito de sódio de 1. além de manter as características genéticas das mesmas em relação aos pais. Esse sistema é muito utilizado na cultura da macieira. o que permite a obtenção de porta-enxertos a baixo custo. contendo apenas uma gema. existem três tipos de enxertia: enxertia de borbulhia. pela facilidade de se obter um grande número de plantas. . que podem levar à preferência por um ou por outro método. A principal desvantagem da produção de porta-enxertos por sementes é sua grande desuniformidade.5% a 2% (água sanitária). com ou sem lenho. Produtos para desinfestação A desinfestação de ferramentas. Os principais métodos vegetativos utilizados na obtenção de porta enxertos são a estaquia e a mergulhia.Também é conhecida como enxertia de gema e consiste em justapor uma pequena porção da casca de uma planta (enxerto). O método mais utilizado é a propagação por sementes. refere-se a proporcionar condições que possibilitem bom desenvolvimento desses. Obtenção dos porta-enxertos A obtenção comercial de porta-enxertos pode ser feita por sementes ou por métodos vegetativos. capacidade de enraizamento. A utilização de sementes ou de métodos vegetativos é função de uma série de fatores. Um aspecto importante na obtenção dos porta-enxertos. 9). As demais são variações desses tipos (chamadas formas). é uma prática que deve ser adotada. como canivetes e tesouras. Normalmente.70 que cada cor caracterize uma determinada cultivar. Enxertia de borbulhia . Tais condições vão. enxertia de garfagem e enxertia de encostia. até irrigações e tratamentos fitossanitários. desde a escolha do local e a correção do solo. por proporcionar plantas sadias e vigorosas e pela pouca exigência de tratos culturais. Quanto ao método utilizado Quanto ao método utilizado. principalmente quando se deseja fazer a enxertia de primavera/verão. a fim de se evitar contaminação com microrganismos. Classificação da enxertia A enxertia pode ser classificada de duas maneiras: quanto ao método utilizado e quanto à época de realização. o porta-enxerto deve apresentar um diâmetro de 6 a 8 mm (diâmetro de um lápis. .Essa forma é bastante utilizada na propagação de espécies frutíferas principalmente cítricas e rosáceas. faz-se uma incisão na forma de T (Fig. ou seja.71 Fig. 10l. A seguir. Conforme o modo de incisão da gema. existem várias formas de se realizar a enxertia de borbulhia. Os cortes devem ser feitos a uma altura de 5 a 25 cm do solo. Enxertia de borbulhia feita em pessegueiro.  Enxertia em T normal . mesmo que existam outras cujo uso não é tão difundido. ainda que o princípio seja o mesmo para todas elas. são subdivisões da enxertia de borbulhia e não uma divisão quanto ao método . um corte horizontal. 9. faz-se um corte vertical com aproximadamente 3 cm de comprimento e. Uma altura de corte muito baixa poderá ocasionar a contaminação no local da enxertia. bem como gerar um futuro enraizamento da cultivar-copa. no qual. na extremidade superior. serão descritas as formas mais comuns da enxertia de borbulhia. As enxertias em T normal e em T invertido. bem como as demais assinaladas. com o auxílio de um canivete. cortando-se somente a casca que será desprendida do lenho. confere maior resistência ao broto no primeiro estágio de crescimento e dificulta a entrada de água.Para se fazer essa enxertia. deve-se inseri-Ia. Caso o tamanho da porção da casca com a gema seja maior do que o corte feito no porta-enxerto. deve se evitar cobrir a gema com a fita. Isso permite uma perfeita coincidência das mesmas. o mais rapidamente possível. . para evitar que a mesma seja empurrada para fora do corte. efetuam-se dois cortes horizontais e paralelos. As gemas são retiradas. Dependendo da época da enxertia. O porta-enxerto deve apresentar um diâmetro de 15 a 25 mm. obtendo-se uma porção de casca em forma de anel (Fig. Para isso. Por exemplo. 10 B). com uma leve pressão para a frente ou lateralmente. deve-se fazer a dobra do porta-enxerto . como é o caso da nogueira-pecã. 10). quanto da exsudação de seiva. diferindo dessa apenas quanto à forma de incisão no porta-enxerto. deve-se retirar a fita.enxerto. 11). A amarração é feita do mesmo modo que na enxertia em T invertido. o corte horizontal é feito na extremidade inferior do corte vertical. para não danificá-la.Essa forma de enxertia é utilizada em espécies que apresentam casca grossa.72 Por sua vez. Deve-se retirar um fragmento de casca com a gema e sem o lenho. devido à desidratação e oxidação. É uma forma mais lenta e mais difícil de ser executada do que a enxertia na forma de T (normal ou invertido) (Fig. no corte efetuado no porta. ao redor do portaenxerto. do caquizeiro e da goiabeira (Fig. Durante a amarração. Para a retirada da gema. procede-se de maneira idêntica à enxertia em placa. da porção mediana dos ramos da última estação de crescimento. procede-se da mesma forma. preferencialmente. quando a gema começar a brotar. um pouco maior do que o necessário para a enxertia em T. faz-se a retirada da gema.  Enxertia em T invertido .A enxertia de T invertido é idêntica à forma anterior. com o qual se fazem dois cortes paralelos horizontais e dois cortes paralelos verticais. tanto proveniente da chuva. que será vista posteriormente.  Enxertia em anel . obtendo-se uma placa de casca de formato quadrangular. de modo que fique protegida pelas abas laterais do T. Para retirar a gema. Nesse caso. Para se fazer a enxertia de borbulhia. Depois. A amarração deve ser feita de baixo para cima. daí a denominação de T invertido (Fig. faz-se um corte transversal da casca e. deve-se utilizar um canivete de lâmina dupla. Caso isso aconteça. Esse tipo de inserção apresenta algumas vantagens com relação ao anterior. Para proteger e fixar a gema enxertada. Para retirar a gema. uma grande altura de corte implica maior superfície de retirada de brotações do porta-enxerto e maior risco de quebra no ponto de enxertia. ou um vazador com cerca de 2 cm de diâmetro e com as bordas bem afiadas. é necessário que ocorra fácil desprendimento dos mesmos. O excesso de água no ponto da enxertia causa apodrecimento da gema. com o dedo polegar. com canivete de lâmina dupla. de modo que a placa contendo a gema tenha as mesmas dimensões da placa retirada do porta-enxerto. deve-se amarrá-la de cima para baixo. Após a retirada da gema. 11). com cuidado para não causar danos à mesma. ainda que isso facilite a penetração de água.  Enxertia em placa ou escudo . o corte deve ser feito de modo que seja atingida parte do lenho. para impedir que a gema seja empurrada para fora do corte e evitar a penetração de água . deve-se eliminar a parte excedente. chamada de garfo ou de enxerto. Enxertia de garfagem. Entretanto. com sucesso. também existem várias formas de se fazer a enxertia de garfagem. na propagação do caquizeiro. no abacateiro. Assim como na enxertia de borbulhia. 12. pode-se utilizar a enxertia de garfagem de diversas espécies frutíferas na fase de crescimento vegetativo. Geralmente. 13. esse tipo de enxertia é feito no período de repouso vegetativo. em forma de bisei ou de cunha. principalmente em julho e agosto.73 Quando se utiliza essa forma de enxertia. devido à interrupção da translocação da seiva. do mesmo tamanho. Enxertia de borbulhia em gema com lenho. etc. Fig. para ser introduzida no porta-enxerto ou cavalo (Fig. as partes do porta-enxerto acima do anel tendem a morrer com o passar do tempo. serão descritas as mais importantes na propagação de . A seguir. contendo duas ou mais gemas. para possibilitar maior contato cambial (Fig. 12). como na videira. Enxertia de garfagem . seja normal ou invertido. na mangueira. Essa forma de enxertia de borbulhia pode ser empregada. com o mesmo diâmetro. A enxertia de gema com lenho é utilizada.A garfagem é um método de enxertia que consiste na retirada de uma porção de ramo. devendo-se utilizar ramos fornecedores de gemas e porta-enxertos.  Enxertia de gema com lenho . 13). principalmente. o que dificulta a adoção da enxertia em T. Outro fragmento.Consiste em retirar um fragmento de um ramo com uma gema e parte do lenho (porção mais lignificada do ramo). também deve ser retirado do porta-enxerto. quando a casca não se desprende do lenho. Fig. Essa forma de enxertia de garfagem consiste em fazer-se um corte em bisei no garfo. um em cada extremidade do corte. 16). a enxertia é chamada de dupla garfagem ou de duplo garfo. Quando o porta-enxerto apresenta diâmetro muito superior ao do garfo. Existe também a enxertia de raiz. pode-se colocar dois garfos. Depois. totalmente. Enxertia de garfagem em fenda cheia. e outro no porta-enxerto. quando se tem uma grande diferença de diâmetro entre enxerto e porta-enxerto. A seguir. eliminando se. Nesse caso. que é feita colocando-se o garfo num porta-enxerto de um fragmento de raiz (Fig. semelhante a uma cunha. É uma forma fácil de ser executada. .  Fenda cheia . de modo que os câmbios fiquem em perfeito contato (Fig. 14. a copa. introduz-se a cunha no corte do porta-enxerto (Fig. em forma de bisei.74 plantas frutíferas . 15). faz-se um corte no sentido longitudinal. na qual faz-se um corte horizontal no porta-enxerto. fazem-se dois cortes na parte basal. 14).  Fenda simples ou inglês simples . Fig. No enxerto ou garfo. com 2 a 5 em de comprimento.A enxertia em fenda cheia é uma forma de garfagem mais eficiente. também chamada de enxertia de aproximação. o corte do porta-enxerto e a união entre as partes. na qual cortes semelhantes são feitos com máquinas. proporcionando bons resultados. Enxertia de encostia . 16. normalmente em forma de ômega (Fig. Para obter-se maior índice de pega. na segunda. efetua-se o corte do enxerto e. Para juntar as duas partes. A enxertia com máquina é feita em duas etapas. Como desvantagem principal. mas as mais utilizadas fazem diferentes cortes.  Enxertia com máquina . Esse tipo de corte proporciona maior área de contato das regiões cambiais. Consiste em cortes em bisei no garfo e no porta enxerto. pois o contato entre as partes enxertadas é muito frágil.A enxertia com máquina também é uma forma de enxertia de garfagem. faz-se o garfo deslizar sobre o corte em bisei do porta-enxerto. seguidos de um corte no terço inferior do garfo.  Fenda dupla ou inglês complicado . é necessário que o diâmetro do garfo seja o mais próximo possível do diâmetro do porta-enxerto .A enxertia de encostia. bem como maior firmeza entre enxerto e porta-enxerto. uma vez que uma pessoa é capaz de enxertar cerca de 5 mil unidades por dia. e outro no terço superior do porta-enxerto. 17). consiste na união lateral de duas plantas com sistemas radiculares independentes.75 A Fig.A forma de fenda dupla é a mais utilizada para a propagação da macieira. de modo que enxerto e porta-enxerto . Enxertia de garfagem em fenda simples (A). A enxertia em fenda simples apresenta o inconveniente de o enxerto quebrar-se muito facilmente. resultando no encaixe dos cortes (Fig. Na primeira. tem-se a necessidade de utilizar enxerto e porta-enxerto com diâmetros semelhantes. dupla fenda (B) e cicatrização (C). no enxerto e no porta-enxerto. deve-se fazer uma amarração com fita plástica. Existem vários tipos de máquinas de enxertar. 16 B e C). tomando-se o cuidado de não deslocar o garfo . A principal vantagem da enxertia com máquina é o rendimento da operação. Após a enxertia. Quando a união estiver completamente formada. ocasionando o encaixe de ambos. Existem várias formas de se fazer a enxertia de encostia. 17. . por seus sistemas radiculares. A enxertia em lingüeta tem sido bastante utilizada em trabalhos.76 Fig.  No topo . diferindo pelo fato de ser feito um segundo corte da metade para baixo no porta-enxerto e da metade para cima no enxerto. Depois. A enxertia de encostia pode ser feita em qualquer época do ano. principalmente em relação à temperatura. para investigar a transmissão de doenças viróticas entre as plantas. de tal maneira que a nova planta fique constituída do sistema radicular e da copa das cultivares desejadas. Consiste em efetuar-se um corte na superfície da casca. podendo ser prorrogada até fevereiro. mas é pouco utilizado na propagação comercial de plantas frutíferas. Em outras regiões que não apresentam essas diferenças. onde as estações do ano apresentam características climáticas mais definidas. Quanto à época de realização A classificação da enxertia quanto a época é mais comum na Região Sul.  Em lingüeta ou lateral inglesa .Essa forma é semelhante à anterior. serão descritas apenas as mais importantes. unem-se essas superfícies com fita de polietileno. e encostado na planta. embora seja mais conveniente fazê-la na época de crescimento vegetativo. Máquina pneumática utilizada para a enxertia. tanto no enxerto quanto no porta-enxerto.É feita do mesmo modo que a encostia lateral simples. Contudo. na extremidade. É o método mais simples de enxertia. mas o portaenxerto é cortado em bisei. faz-se o corte da parte aérea do porta-enxerto e do sistema radicular do enxerto. sejam mantidos. para formar uma nova.Esse tipo de enxertia também é conhecido como enxertia de gema viva. Enxertia de primavera/verão . até que a união esteja completamente formada. a classificação da enxertia quanto à época não tem a mesma importância. o que facilitará a cicatrização e a união entre as partes. ráfia ou qualquer outro material similar. por sua pouca utilização. com a finalidade de descobrir o câmbio.  Lateral simples . É a época mais utilizada em fruticultura. Geralmente é realizada nos meses de novembro e dezembro.É a forma mais simples de enxertia de encostia. e eliminam-se as brotações que surgirem do porta-enxerto. No entanto. por meio de um corte acima da fita usada para amarração. normalmente. Após se fazer a enxertia. Caso não sejam utilizados no mesmo dia. Em seguida. Para isso. com a base imersa em água. Esses ramos devem ser coletados no mesmo dia em que é feita a enxertia. corta-se o porta-enxerto cerca de 20 em acima do local da enxertia e. a fita da amarração.Também conhecida como enxertia de gema dormente. ou seja.77 principalmente por possibilitar a obtenção da muda em apenas um ciclo vegetativo. Essa dobra consiste em quebrar parcialmente o porta enxerto. o que faz com que essa enxertia não seja comumente utilizada. também. As gemas ou borbulhas devem ser retiradas de ramos da brotação do ano. a enxertia de gema dormente pode ser uma alternativa para aproveitamento dos mesmos. com bom crescimento e oriundos de plantas sadias. deverão ser enrolados em pano. Os ramos devem ser conservados na sombra. limpezas e irrigações. máquinas e outros agentes. A enxertia de gema dormente é semelhante à enxertia de gema viva. no inverno subseqüente à enxertia. na primavera seguinte. os outros métodos. Por isso. período em que a nova planta é mais sensível à ação de ventos. como inconvenientes. faz-se o corte definitivo. a incerteza da brotação da gema e a quebra do enxerto logo após a brotação. quando a gema entrará em atividade. Decorridos 10 a 15 dias. não é feita a dobra da copa do porta-enxerto logo após a enxertia. quando ocorrer o desenvolvimento da gema. animais. para se evitar que elas exerçam competição e prejudiquem o desenvolvimento da muda. não ocorra afrouxamento da gema. Assim. retiram-se todas as folhas. Enxertia de verão outono . Durante todo o desenvolvimento do enxerto. cortando-se. a fim de que eles atinjam o diâmetro necessário dentro do período previsto. também. a muda enxertada no verão outono só estará completamente formada após dois ciclos vegetativos. fazendo com que haja necessidade de substituição dessa muda. as brotações do porta enxerto devem ser eliminadas. quando os porta-enxertos não apresentam o diâmetro mínimo que possibilite a enxertia em novembro/ dezembro. com temperatura em torno de 5° C. Uma maneira de se ganhar tempo com a muda enxertada no verão/ outono é levála para o local definitivo antes de a gema brotar. para forçar a brotação da gema enxertada. controle de pragas e doenças. cerca de 10 cm acima do ponto de enxertia. . deve-se ter uma serie de cuidados com os porta-enxertos. mas pode-se utilizar. Deve-se ter cuidado para que. nesse caso. dependendo das espécies que se desejam propagar. faz-se a dobra da copa do porta-enxerto. deixandose um pequeno pedaço do pecíolo ligado ao ramo. É feita no final do verão ou no início do outono. Quando o enxerto estiver medindo em torno de 15 a 20 cm de altura. Outro benefício dessa dobra é permitir o sombreamento do local da enxertia. mas. como adubações nitrogenadas. O método mais utilizado para a enxertia de primavera/verão é o de borbulhia em T invertido. ou sacos de plástico e armazenados em geladeira comum. ou papel úmidos. durante o corte. faz-se um corte em bisei logo acima do mesmo. retira-se a parte dobrada da copa do porta enxerto. Tal procedimento apresenta. Essa dobra é feita somente na primavera seguinte. para evitar a desidratação. então. . acontece que a umidade pode favorecer o aparecimento de agentes patogênicos. quando será levada para o local definitivo. Interenxertia . os porta-enxertos já se encontram estabelecidos no viveiro. Os ramos que fornecem as gemas devem ser formados no último ciclo vegetativo e podem ser colhidos até 1 mês antes da enxertia. desde que embalados adequadamente e acondicionados em geladeira ou câmara fria. normalmente são utilizados pano. Sobreenxertia . O método mais utilizado é a garfagem. Sobreenxertia em macieira. A muda ficará no viveiro durante 1 ano. ao passo que na enxertia de galpão. que atacam as gemas e comprometem a qualidade do material. interenxerto e porta-enxerto) e dois locais de enxertia (Fig.78 Enxertia de inverno . a enxertia é empregada para a produção de mudas. bem vedadas e mantidas sob refrigeração. também conhecida como enxertia de mesa.A sobreenxertia é uma técnica bastante utilizada. Para embalagem. Devido à grande diferença de diâmetro existente entre enxerto e porta-enxerto. recomenda-se usar a enxertia de fenda cheia ou. da pereira e da videira. utilizando-se um porta-enxerto vigoroso. Contudo. existem casos em que ela é feita em plantas adultas. os porta-enxertos enraizados são enxertados e. ou seja. nos meses de julho e agosto. Formas especiais de enxertia Normalmente. sendo bastante difundido na propagação da macieira. Fig. para corrigir algum tipo de problema que venha a se manifestar. papel ou serragem umedecidos. quando se deseja unir duas plantas que sabidamente são incompatíveis. Entretanto. Consiste em interpor um fragmento (com 10 a 20 cm de comprimento) de uma planta entre o enxerto e o porta-enxerto. onde se elimina toda a copa por meio de uma poda drástica e enxerta-se a cultivar desejada.Essa prática é usada. é feita numa ou em todas as pernadas principais. no caso de a enxertia ser feita em ramos secundários. 18). principalmente fungos. para solucionar problemas de polinização. levados para o viveiro. ou quando se pretende diminuir o vigor da cultivar copa. uma planta com interenxertia apresenta três partes geneticamente diferentes (enxerto. quando se quer substituir a cultivar-copa de plantas já formadas ou introduzir uma cultivar. No caso da enxertia ser feita no campo. com temperatura de 2°C a 4°C. o método inglês complicado (Fig. é possível armazenar as gemas em embalagens plásticas (sacos ou lonas). Normalmente. Assim. 19). 18.É feita no período de repouso vegetativo. A enxertia de inverno pode ser feita no campo ou em galpões. Para evitar esse problema. podem-se efetuar um ou vários enxertos de ponte numa mesma planta. O processo consiste em se colocar. Normalmente.A subenxertia é utilizada quando se têm problemas no sistema radicular da planta. em ora possa ser usada outra for ma ou método para se fazer a interenxertia. 21 e Fig. Dependendo da extensão do dano.79 Na macieira. oriundos de preferência da mesma planta (Fig. 22). . Emprega-se a enxertia de encostia. de danos por doenças. as enxertias são feitas simultaneamente. ao lado da planta já instalada. roedores ou implementos agrícolas. 20). O comprimento do ramo a ser usado como ponte depende do tamanho da área danificada da casca. mas devem-se eliminar todas as gemas que brotarem do enxerto. mas sem apresentar problemas no sistema radicular. deve-se fazer uma limpeza da área danificada da casca. Enxertia de ponte . é comum o uso dessa técnica. pragas ou equipamentos agrícolas ou de qualquer outro fator. usando-se ramos com 1 ano de idade. o que permite a obtenção da muda em apenas 1 ano. sendo a enxertia inglês complicado a mais utilizada. Subenxertia . Antes de se fazer o enxerto de ponte. decorrentes do pequeno desenvolvimento das raízes.A enxertia de ponte é empregada para recuperar plantas que apresentam a casca danificada por doenças. um ou mais porta-enxertos enraizados e enxertá-los nessa planta (Fig. Fatores que afetam a regeneração das plantas Geralmente.80 Propagação Vegetativa por Mergulhia Introdução A mergulhia é um processo de multiplicação assexuada.. serão apresentados os fatores mais importantes: Substrato É necessário que o substrato apresente uma textura leve. durante ou no final da estação de crescimento das plantas. em casos onde as plantas apresentam dificuldade de formar raízes nas estacas. Baseia-se no princípio de que. também.. Fisiologia A mergulhia deve ser feita. Essa técnica é recomendada para espécies com dificuldades de multiplicação por outros métodos c10nais ou mesmo por sementes. aeração e ausência de luz. nas quais a mergulhia ocorre naturalmente. quando o estiolamento é feito em ramos ou partes jovens das plantas. como a framboeseira e a amoreira. ainda que possa ser usada. . provocam a redução da velocidade de transporte de carboidratos e fitorreguladores. ou não possam ser propagadas por outros métodos. Tal fato é devido à grande semelhança entre esses métodos de propagação. os fatores que afetam a formação de raízes na mergulhia são os mesmos da estaquia. tais como o anelamento ou a dobra do ramo no local da mergulhia. ocorre um fluxo contínuo de água e de nutrientes. tendo por isso um custo mais elevado do que os outros métodos de multiplicação vegetativa. pereira e marmeleiro. sendo. a principal forma de propagação. A mergulhia é feita na primavera ou no fim do verão. quando ocorre um acúmulo de carboidratos e outras substâncias importantes para a emissão de raízes. pelo sombreamento parcial ou total do ramo ou de outra parte da planta. aeração e temperatura adequadas para a formação das raízes. com umidade. é necessário que haja ausência de luz no período de enraizamento. que favorecem a emissão de raízes (MIELKE et aI. com acúmulo de auxinas e diminuição da lignina e dos compostos fenólicos (FACHINELLO et ai. A mergulhia é um processo trabalhoso. Existem espécies. a mergulhia é um processo bastante utilizado na obtenção de porta-enxertos de macieira. principalmente no final desse período. diferindo apenas em ordem de importância. que exige grande quantidade de mão-deobra. aumentando as possibilidades de formação de raízes no local. e essa nutrição equilibrada da matriz favorecerá a formação de raízes. 1995). A seguir. por isso. Nutrição Como a planta a ser propagada por mergulhia permanece ligada à planta-mãe. são proporcionadas condições de umidade. Algumas técnicas de condicionamento da planta. 1994). em que a planta a ser originada só é destacada da planta-mãe após ter formado seu próprio sistema radicular. Para que ocorra a formação de raízes numa determinada parte do ramo ou da planta. ou seja. quando a planta se encontra em fase de crescimento vegetativo. As possibilidades de enraizamento são maiores. Na propagação comercial de plantas frutíferas. A ausência de luz provoca o estiolamento do ramo. 81 Idade do ramo Ramos mais jovens geralmente enraízam com maior facilidade do que ramos mais velhos. retirando-se um anel de casca com 0. mas todas obedecem ao princípio da cobertura parcial do ramo.Consiste em curvar-se um ramo.0 cm de largura. prejudicando o . em seguida. tanto no enraizamento quanto na sobrevivência das mudas. O anelamento pode ser feito. auxinas e outros fatores do crescimento nessa região.8 a 1. A mergulhia pode ser feita no solo ou fora dele. Para que o ramo não seja deslocado pela ação do vento ou de outros agentes. favorecendo o enraizamento. Anelamento o anelamento é uma prática que provoca uma interrupção no fluxo de substâncias nutritivas elaboradas no caule.000 mg L-l. Classificação Existem muitas formas de se executar o processo da mergulhia. A poda drástica dos ramos. poderá favorecer a formação de raízes. Trabalhos realizados por Castro e Silveira (2003l. produzindo o acúmulo de carboidratos. antes da mergulhia. principalmente. cobrindo-se o local com substrato adequado. Mergulhia no solo Mergulhia simples normal . 2). deixando sua extremidade descoberta e em posição vertical (Fig. Princípios anatômicos e fisiológicos Os princípios anatômicos e fisiológicos. cobrindo uma parte com solo. apresentados no Capítulo 4. tendem a apresentar melhor enraizamento. na mergulhia aérea (alporquial. anelando os ramos e. Essas substâncias são utilizadas. como o AIS (ácido indolbutírico). pois o movimento do ramo poderá danificar as raízes. relacionados à formação de raízes na mergulhia. são semelhantes aos da estaquia. e é classificada segundo o esquema apresentado na Fig. no final do inverno. posteriormente. pela facilidade de aplicação. com plantas de pessegueiro e ameixeira por meio de mergulhia aérea. é uma prática muito utilizada para provocar a emissão de novas brotaçães que. ou amarrando-se um arame ao redor do ramo e. aplicando uma solução de AIB na concentração de 4. proporcionaram percentuais próximos a 100%. Fitorreguladores A aplicação de substâncias estimuladoras do enraizamento. devese fixá-lo ao solo. ou outra parte da planta com solo ou outro substrato com a mesma finalidade. 1. assim como no processo da estaquia. a ponta ou coberta com solo. tanto chinesa como ser penteada. de modo que apenas sua extremidade fique descoberta.82 enraizamento. as gemas dispostas em sua extensão permanecem sob o solo e emitirão brotações enraizadas (Fig. Quando as novas brotaçães emitirem raízes. mas a cobertura é feita somente em algumas partes do ramo (e não em toda a sua extensão). permite obter maior número de plantas por ramo. poder-se-ia obter um numero e plantas igual ao numero e gemas enterradas. cobre-se uma parte com solo e deixa-se outra descoberta (Fig. Com a cobertura do ramo. Do mesmo modo que na anterior. que brotarão e formarão uma nova planta (Fig. Mergulhia contínua chinesa Consiste em curvar-se um ramo. Teoricamente. deve-se separar a muda da planta-mãe. devese desligá-lo da planta-mãe. Assim que o ramo formar raízes suficientes para sua manutenção. Mergulhia simples de ponta É semelhante à mergulhia simples normal. Ocorre inversão de polaridade das gemas. A mergulhia contínua. se comparada com a mergulhia simples. mas isso dificilmente ocorre devido à permanência de algumas gemas no estado de dormência.Consiste no plantio de uma muda oriunda de semente ou de . mas nesse caso. os ramos devem ser desligados da planta-mãe. Mergulhia de cepa . 3). cobrindo com solo a maior extensão possível do mesmo. após a formação do sistema radicular. 4). ou seja. 5). Mergulhia contínua serpenteada .É semelhante à mergulhia contínua chinesa. 6c). para favorecer a emissão de inúmeras brotaçães. 6a). O corte deve ser feito o mais próximo possível da planta mãe. 6b e Fig. e só devem ser utilizadas espécies capazes de emitir gemas adventícias ou dormentes.83 estaca e. faz-se uma poda drástica. para não danificar o sistema radicular. para manutenção da altura desejada. A mergulhia de cepa é o principal método de propagação de porta enxertos de macieira e de pereira. . de modo que se forme um camalhão com 25 a 30 cm de altura. o processo é repetido. Quando essas brotaçães atingirem 10 a 15 cm de altura. devendo-se desmanchar o camalhão com cuidado. antes do início da estação de crescimento. Em muitos casos. ao redor dos ramos. pois com a poda drástica. quando as brotaçães atingirem em torno de 40 cm (Fig. A separação das brotações enraizadas é feita no inverno seguinte. que deve ser mantida descoberta para emissão de novas brotações e tão logo essas novas brotações atinjam 15 cm de comprimento. elimina-se toda a parte aérea da planta. deve-se fazer amontoas posteriores. A segunda amontoa é feita com 20 a 25 cm e a terceira. A amontoa deve ser feita na primavera. faz-se a primeira amontoa com terra ou outro substrato. para possibilitar um bom desenvolvimento do sistema radicular nas brotaçães (Fig. 84 . quando enraizados. Estolões São caules aéreos especializados. Rebentos São brotaçôes que surgem a partir de raízes.. as principais estruturas utilizadas são: estolões. podem ser utilizados na produção de novas plantas. folhas ou raízes modificadas que funcionam como órgãos de reserva de alimentos. Fig. do caule ou dos próprios frutos que. 2 e 3). podendo também ser utilizados na propagação vegetativa das plantas. no caso das plantas frutíferas. . primeiro ocorre a formação de uma pequena planta no segundo nó do estolão e só depois é que é formado o sistema radicular. na base ou na coroa das plantas que enraízam e formam uma nova planta. mais ou menos horizontais. Tipos de estruturas Embora existam vários tipos de estruturas especializadas que podem ser utilizadas na propagação de plantas. no qual o número de mudas obtidas em cada planta-mãe é dependente da cultivar (Fig. por exemplo. rebentos e rizomas. Um exemplo característico de planta que pode ser propagada por estolões é o morangueiro. como. a framboeseira e a amoreira-preta (FACHINELLO et ai. Muitas vezes. a bananeira. Geralmente. esses órgãos possibilitam a sobrevivência das plantas em condições adversas. o abacaxizeiro. o morangueiro. a amoreira-preta e o abacaxizeiro são facilmente propagados por rebentos (Fig. sendo iniciada em dias com duração de 12 horas de luz solar ou mais. Estolões utilizados na propagação do morangueiro. 1995). Em fruticultura. dependendo da sensibilidade da espécie ou cultivar. que surgem da axila das folhas. A formação de estolões é geralmente determinada pelo fotoperíodo.85 Propagação Vegetativa por Estruturas Especializadas Introdução Estruturas especializadas são caules. A framboeseira. 1. 1). a propagação das plantas por meio de estruturas especializadas é usada em algumas espécies. São mudas originárias a partir de brotações de gemas do caule localizadas nas bainhas foliares. Apresenta tamanho uniforme (200 a 500 g). A emissão de rebentões pode ser estimulada. Para aumentar o rendimento desse tipo de muda. Normalmente. frutos tem porões e ciclo mais curto (inferior a 18 meses). tão logo atinjam o tamanho adequado para plantio.000 g). pela quebra da inflorescência ou do fruto em desenvolvimento. por isso. e o número de filhotes é variável com a cultivar. a não ser quando os frutos são destinados às indústrias. Meletti (2000) conforme o que se segue: Coroa . Rebentões . deve-se colher. pode-se obter de 5 a 9 filhotes por planta. Apresenta um peso reduzido (200 a 350 g). raramente produz frutos tem porões e apresenta ciclo um pouco menor (18 a 22 meses) do que as mudas de coroa. já que os frutos para consumo in natura são comercializados com a coroa. as mudas produzidas por essas estruturas recebem denominações dependendo da parte da planta da qual se originam.Muda originária do pedúnculo do fruto e. Rebentos utilizados na propagação da amoreira-preta No caso do abacaxizeiro. também. tem a parte basal curva. Apresentam tamanho heterogêneo (400 a 1.Muda originada de um aglomerado de folhas modificadas. esse tipo de muda não está disponível aos produtores. artificialmente. Filhote . pela eliminação do meristema apical ou tecido geratriz das folhas do abacaxizeiro. Esse tipo de estrutura é o mais abundante. e pela poda das folhas e do pedúnculo. 2.86 Fig. No caso da cultivar Pérola. na produção de mudas. Embora exista um grande número de gemas. ocorrendo a produção de novas mudas. proporciona ciclo mais longo (22 a 24 meses) e não produz frutos tem porões. após a colheita do fruto. . localizadas no ápice do abacaxi. os rebentões. boa uniformidade. a dominância apical faz com que apenas 1 ou 2 dessas brotações se desenvolvam e possam ser utilizadas como mudas. podem ser chamados de filhotes-rebentões. reduzir pragas e evitar fusariose.87 Fig. 3. . A) Coroa. as mudas são expostas ao solo por 1 ou 2 semanas. com folhas rudimentares na extremidade superior. com 2 a 3 meses de idade. o que tem proporcionado algumas confusões. Diferentes tipos de mudas de abacaxizeiro. e que apresentam capacidade de armazenar reservas.Mudas medindo 50 a 80 cm de altura. B) Filhote. As denominações mais comuns dos tipos de mudas originadas de rizomas na cultura da bananeira. recebem denominações diferentes de acordo com o tamanho e a forma. num processo denominado cura (Fig. pela adoção de diferentes critérios regionais na separação dos tipos. Independentemente da parte do abacaxizeiro a ser utilizada. eliminando-se as mudas com sintomas. e peso em torno de 1 a 2 kg. com o tamanho da muda plantada. segundo Teixeira (2000). são as seguintes: Chifrinho . C) Filhoterebentão. Quando os rebentões estão inseridos na região de conexão do talo com o pedúnculo. a exemplo do abacaxizeiro. com a idade da planta na indução floral. com a época de plantio. reduzir a quantidade de água para evitar o apodrecimento. Rizomas São caules modificados de crescimento normalmente subterrâneo. e com a densidade de plantio e de adubação. As mudas do tipo rizoma são importantes para a propagação da bananeira e. D) Rebentão. O número de rebentões pode variar com a cultivar. Chifre .Mudas medindo 20 a 30 cm de altura. após a coleta. sem folhas. que tem por finalidades acelerar a cicatrização na região onde a mesma foi destacada da planta-mãe. 4). Normalmente. devido à menor capacidade de armazenamento de reservas. não são utilizadas. Esse tipo de muda já constitui uma planta jovem. A utilização de rizomas para propagação da bananeira tem sido um dos grandes problemas da cultura. originados de plantas que já produziram frutos. principalmente de nematóides. Além dos rizomas inteiros. Fig. ou de rebentos. Mudas do tipo rizoma de diferentes tamanhos . normalmente as mudas são retiradas de pomares comerciais. Muda alta . Processo de cura das mudas de abacaxizeiro. por serem pouco vigorosas.Mudas medindo 6 a 9 meses de idade.88 Chifrão . folhas largas e rizoma pouco desenvolvido.Mudas enraizadas. uma vez que esse tipo de estrutura pode servir como fonte de disseminação de pragas e doenças. com folhas inteiras ou definitivas pesando 5 kg ou mais.Brotos com pseudocaule fino. de fusariose e de brocas. 4. Além disso. é possível a utilização de pedaços de rizomas contendo algumas gemas. Fig. onde a ocorrência desses problemas é bastante comum (Fig. Guarda-chuva ou mudas d'água . 5. 5). com folhas estreitas e peso médio de 2 a 3 kg. que podem comprometer seriamente a vida útil do pomar.  Propagação vegetativa de espécies vegetais difíceis de serem propagadas por outros métodos.  Melhores condições sanitárias por meio do cultivo de meristemas previamente tratados por termoterapia. que desempenham importante função na regulação do crescimento. . a partir de um explante inicial. Vantagens e desvantagens da micropropagação Conseqüentemente. em local apropriado. praticamente. a micropropagação é a modalidade que mais se tem difundido e encontrado aplicações práticas comprovadas. Na cultura de tecidos vegetais. por meio da micropropagação. obtendo-se um número elevado de indivíduos. é possível exercer o controle sobre a produção das mudas. ou seja. todos os estágios de desenvolvimento. multiplica plantas dentro de frascos de vidro (resultando daí o termo in vitro). e é a técnica de maior aplicação prática dentro da biotecnologia vegetal. os hormônios. sendo utilizada na produção comercial de plantas. e constitui-se num método de produção de mudas que apresenta várias vantagens. pode acarretar limitações ao seu emprego em nível comercial.  Reprodução do genótipo da planta-mãe. para eliminação de doenças. os elementos responsáveis pelo controle do crescimento e desenvolvimento vegetal. e externos como a luz. tais como:  Variação somaclonal.89 Micropropagação de Plantas Frutíferas Introdução Entre as diversas formas de propagação de plantas frutíferas. como as substâncias orgânicas. também conhecida como propagação in vitro.  Perda de caracteres devido à intensa multiplicação. geneticamente idênticos. Na cultura de tecidos. onde se controlam a temperatura. as correlações existentes entre os diversos órgãos de uma planta intacta são rompidas. Essa técnica. a temperatura e o fotoperíodo. Entre essas vantagens. cultivando-as de forma controlada. obter-se:  Várias plantas. O desenvolvimento de uma planta depende da interação de fatores internos. a umidade e a irradiância. Entretanto. existe uma que utiliza pequenas partes ou células isoladas das mesmas. chamado de sala de crescimento. a partir de uma planta selecionada (c1onagem) e obtendo-se plantas com elevada qualidade sanitária. o fotoperíodo. com fidelidade na multiplicação. produzindo-as durante todo o ano. fornecendo a esses tecidos ou células. do estabelecimento até a multiplicação e enraizamento da planta. independentemente das estações do ano. a possibilidade de. O aspecto mais interessante da propagação in vitro está justamente no grau de controle que pode ser exercido sobre. sendo necessário o fornecimento dos fatores que regulem o crescimento e o desenvolvimento: Na micropropagação. é feito o cultivo de plantas ou partes de plantas.  Redução do tempo necessário à propagação da espécie. também chamados de explantes.  Elevado custo para obtenção da muda. em meio de cultura e ambiente asséptico. Estabelecimento das culturas in vitro Para iniciar a micropropagação de uma frutífera. podendo ser uma gema axilar ou segmento nodal. a multiplicação geralmente visa eliminar viroses. até o momento. e algumas vezes automatizadas. conforme a espécie ou a cultivar. a produção de mudas. Entretanto. o melhor explante é o meristema. Assim. considerando-se a totipotência das células vegetais. pois essas gemas possuem maior número de células . enquanto para a cv. como as folhas ou pedaços de uma folha. já que a tendência da fruticultura moderna está voltada para os plantios adensados (que necessitam de grande número de mudas por área) e do uso de mudas certificadas. entre outras. poucas são as empresas privadas que atuam na área. qualquer tecido pode ser utilizado como explante. que compreende as seguintes fases:  Estabelecimento das culturas in vitro.  Enraizamento in vitro. para o estabelecimento dos cultivos in vitro. onde a aplicação comercial da micropropagação é relativamente recente. os melhores explantes são os originados do segmento nodal. Metodologia geral Um aspecto fundamental para se fazer a micropropagação de uma frutífera é o domínio da tecnologia de propagação em laboratório. No Brasil.  Aclimatização. devem ser considerados aspectos como o nível de diferenciação do tecido utilizado e a finalidade da micropropagação. Teoricamente. contendo a gema axilar. Em alguns casos. etc. quando a finalidade da micropropagação é a c10nagem de cultivares superiores. Na maioria dos trabalhos envolvendo micropropagação de frutíferas. para iniciar um cultivo in vitro. obter as plantas livres de contaminastes visíveis e suficientemente adaptadas às condições in vitro para que. ápice caulinar ou radicular. utilizam-se como explantes preferenciais gemas apicais ou axilares. Quando os explantes são de pequenas dimensões (cultivo de meristemas). mas há variação. 1). (Fig. numa fase seguinte. resultando na instalação de verdadeiras biofábricas comerciais. o cultivo de ápices de maiores dimensões é empregado na multiplicação vegetativa. a multiplicação in vitro pode ser obtida em larga escala. Geralmente. a escolha do explante apropriado constitui o primeiro passo. Carrick. Na seleção dos explantes. sendo que esses contêm o meristema ou tecidos diferenciados. baseadas no princípio da linha de produção. resultado de estudos realizados com os fatores que afetam o crescimento e o desenvolvimento das plantas in vitro. podem-se utilizar gemas axilares ou meristemas apicais e laterais.  Multiplicação in vitro. os explantes escol h idos geralmente são obtidos de gemas apicais ou axilares. é necessário estabelecer a cultura in vitro. chamada de protocolo. existem diversos grupos trabalhando em instituições públicas de pesquisa e em universidades públicas e privadas.90  Dificuldades técnicas de aclimatização. No caso do mirtilo. a micropropagação torna-se um instrumento extremamente interessante no setor de produção de mudas frutíferas. ou seja. entrenó. Considerando-se somente essas possibilidades. isto é. Para a pereira. quando a infecção por vírus não for um problema muito severo. O explante é qualquer segmento de tecido oriundo de uma planta.  Elevado período de juvenilidade após plantio no campo. cv. possam ser multiplicadas. Garber. Fig. principalmente no caso de espécies lenhosas. livre de contaminantes e devidamente identificada como a cultivar que se deseja micropropagar (Fig. Quando o objetivo da micropropagação é a obtenção de plantas para serem utilizadas em estratégias de melhoramento genético. Explantes utilizados no início de cultivos i n vitro de espécies frutíferas: A) Ápice caulinar ou gema apical. O estabelecimento in vitro. A planta de onde será retirado o explante deve ser bem nutrida. A contaminação depende do material vegetal utilizado no isolamento dos explantes. 1. que pode ser oriundo de casa de vegetação ou do campo. que sofrerão uma dediferenciação por meio de tratamentos adequados. que provocam ferimentos e permitem a entrada de microrganismos. como a maioria das frutíferas. causando a morte do explante e prejudicando o cultivo in vitro desse material. . Muitas vezes. embora esses contaminantes não sejam visíveis nas plantas adultas. e do processo de desinfestação. B) Gema axilar. onde não sofrerão competição. apresenta dois problemas principais: a contaminação e a oxidação. A manutenção da planta-matriz em casa de vegetação permite que as brotações novas se desenvolvam em ambiente protegido de intempéries e insetos. eles se proliferam. e D) Entrenó.91 meristemáticas e são geneticamente mais estáveis. na obtenção de explantes com menor incidência de fungos e bactérias. quando em contato com o meio de cultura. C) Segmento nodal. com temperatura adequada e ambiente estéril. posteriormente. o que resultará. 2). rapidamente. podem se utilizar tecidos diferenciados como folhas e entrenós. que também possui a propriedade de remover a cera dos explantes. Me.92 Fig.5% de cloro ativo. faz-se a coleta do ramo que fornecerá os explantes. utilizando-se 0. são utilizadas várias substâncias com ação germicida. As mais comuns são o etanol . Me. A ação germicida das soluções de hipoclorito é devida à sua alta capacidade oxidante. propiciou bons resultados. Mastergala. além de escurecer o meio de cultura. Para o estabelecimento in vitro de mirtilo. As combinações dos princípios ativos desinfetantes e os tempos de exposição variam muito.5% e 2. o hipoclorito de sódio a 1. não foram verificadas diferenças. que são oxidados pelas enzimas polifenases. Essa oxidação ocorre em função da liberação de compostos fenólicos pelas células danificadas com o corte. Essas enzimas. e B) Marmeleiro cv. inibem o crescimento dos explantes e podem causar a morte deles (Fig. produzindo substâncias tóxicas. foi eficiente. S. aumentar a penetração dos outros germicidas. Mr. onde sofrerá uma desinfestação.5%. esse material é levado ao laboratório.5% a 2% de cloro ativo. Após a seleção e os devidos tratamentos fitossanitários na frutífera. Em seguida. a desinfestação com hipoclorito de sódio a 1. Na desinfestação dos explantes. que destrói a atividade das proteínas celulares. A oxidação que ocorre no processo de isolamento de explantes de espécies lenhosas é um problema limitante.0% de hipoclorito de sódio. utilizadas como fonte de explantes para o início de cultivos in vitro.e os compostos à base de cloro (hipoclorito de sódio e hipoclorito de cálcio) nas concentrações de 0. Plantas-matrizes: A) Macieira cv. durante 20 minutos. geralmente utilizado a 70% e 80% . . Na desinfestação de meristemas de marmeleiro cv. Em Prunus cv. 2/5. sendo que esse desinfestante mostrou-se superior ao hipoclorito de cálcio. 2. com tempos de exposição entre 10 e 20 minutos. 3). serão colocados sob condições adequadas in vitro (meio de cultura. entre outras:  A lavagem dos explantes coletados em água corrente. As condições de estabelecimento de cada espécie ou cultivar podem variar. Após o estabelecimento das plantas in vitro. em relação às necessidades de fatores endógenos e exógenos. que proporcionarão seu crescimento. auxiliando a lixiviação dos compostos fenólicos. Para reduzir a oxidação. e carvão ativado). fotoperíodo.  A utilização de meios básicos mais diluídos e a redução de concentrações de fitorreguladores. Esses explantes. a partir dos explantes (Fig. etc. PVP polivinilpirrolidona. 3 .  A incubação inicial dos explantes no escuro ou sob intensidade luminosa reduzida. 4).93 Fig. as possibilidades técnicas incluídas são.). a etapa seguinte é a de multiplicar o material que se deseja propagar. . antes da desinfestação. ácido cítrico.  A utilização de substâncias antioxidantes no meio de cultura ou na forma de banho (ácido ascórbico. que controlam seu crescimento e desenvolvimento.  A transferência freqüente dos explantes para novo meio ou para locais diferentes no meio. principalmente citocininas. depois de selecionados e desinfestados. temperatura. Escurecimento do meio de cultura por oxidação dos compostos fenólicos liberados pelos explantes de macieira in vitro. Wood Plant Medium (LLOYD. MCCOWN. Os subcultivos são feitos até obter-se o número de brotações desejadas que serão enraizadas. dadas em laboratório para os explantes. Também relevante é o número de subcultivos após o início do cultivo in vitro. Gerações subseqüentes em grande número podem acarretar variabilidade genética dos explantes e a perda de qualidade das mudas. 5). que deve ser o menor possível. SKOOG. Multiplicação in vitro Estabelecida a espécie vegetal in vitro.94 Fig. como o MS (MURASHIGE. normalmente utilizadas. Plantas de macieira estabelecidas in vitro a partir de segmentos nodais. Durante a multiplicação. 1962). que podem determinar o sucesso na fase seguinte de enraizamento. o uso de fitorreguladores é imprescindível para que se obtenha sucesso na propagação de culturas in vitro. 1980). um aspecto importante é a qualidade e a homogeneidade das partes aéreas produzidas. Fig. O tipo de citocinina e sua concentração são os fatores que mais influenciam o . quando as brotações são cultivadas com a finalidade de aumentar o seu número (Fig. WPM . respectivamente. O controle é feito por meio de cultura e das condições do ambiente da sala de crescimento. 5. No meio de cultura. além das formulações básicas dos meios. Multiplicação in vitro de espécies frutíferas A) Marmeleiro e B) Macieira. As condições controladas. são determinantes para o crescimento e o desenvolvimento das brotações. inicia-se a multiplicação. 4. entre outras. e concentrações altas de citocininas induzem a iniciação de brotos e suprimem o enraizamento. enquanto para o comprimento da brotação mais desenvolvida. O thidiazuron (TDZ). sendo indispensáveis para auxiliar a superação da dominância apical e a indução de proliferação de gemas axilares. Apesar de não promoverem a proliferação de brotações axilares. para o número médio de brotações. Enraizamento in vitro Após a multiplicação. uma das possíveis ações da auxina seria a anulação do efeito supressivo das altas concentrações de citocinina sobre a elongação das brotações axilares. enquanto reprimem a formação de brotos. a etapa seguinte é a rizogênese. as auxinas podem incrementar o crescimento da cultura. o efeito da dominância apical pode ser superado colocando se os explantes na orientação horizontal no meio de cultura. Outros tratamentos podem ser dados aos explantes. em muitos casos tem apresentado resultados superiores. a excisão do ápice e o cultivo na orientação horizontal. e maior taxa de multiplicação. Durante a multiplicação. Na multiplicação in vitro de macieira cv. o BAP foi superior. em relação às outras citocininas. maior número de brotações e de gemas por explante.95 sucesso da multiplicação in vitro. podem-se utilizar auxinas que. um composto do grupo das feniluréias. cujo propósito é a formação de raízes adventícias nas partes aéreas. que permite a constituição de plantas completas (Fig. Na multiplicação in vitro do porta-enxerto de macieira cv.1 a 5/0 mg L-l. Um adequado balanço entre auxinas e citocininas estabelece um eficiente controle no crescimento e na diferenciação das culturas in vitro. obtidas no estágio de multiplicação. as responsáveis pelo alongamento das brotações produzidas. Concentrações altas de auxinas favorecem a iniciação radicular. para estimular maior proliferação. o TDZ foi superior. na indução e na multiplicação de brotos de várias espécies. é o das giberelinas. o TDZ e o BAP apresentaram resultados semelhantes para a taxa de multiplicação. 6). Fuji. Outro grupo de reguladores de crescimento. como por exemplo. . No meio de multiplicação. geralmente apresenta melhores resultados. com as citocininas. Marubakaido. obtendo-se assim. restaurando o crescimento normal das mesmas. Entretanto. que pode ser utilizado nessa fase. a benzilaminopurina (BAP). Esses fitorreguladores são comumente utilizados em concentrações baixas nessa fase da micropropagação. As concentrações de citocininas para multiplicação estão entre 0. são responsáveis pela diferenciação dos tecidos meristemáticos. e entre as citocininas comercialmente disponíveis. para posterior aclimatização às condições ex vitro. podendo. economia de espaço na sala de crescimento. devem ser transferidos para meio de cultura sem regulador de crescimento. Mr. Em termos de qualidade. sucesso no enraizamento.2 mg L. As melhores percentagens de enraizamento dos porta-enxertos de pereira Pyrus calleryana D-6 e Old Home x Farmingdale 9 foram obtidas. Do ponto de vista econômico. mas no caso das espécies lenhosas. o melhor enraizamento foi obtido com a adição de 0. para essa mesma cultivar. Tipos e concentrações de auxinas são as variáveis que. geralmente. . com a concentração de sais reduzida a 50%. Na macieira cv. e variam conforme a espécie e a cultivar. obtendo-se assim. em 100 mg L' de ANA. areia. Depois. entre outros.l de AIB no meio de cultura. A emissão de raízes dos explantes de amoreira-preta cv. o meio de cultura aderido é lavado. 1/8 enraizadas in vitro e aparência do sistema radicular formado. Northern Spy. foram adequados para obter-se 70% a 100% de enraizamento na macieira cv. com 1. respectivamente. promovendo se o enraizamento da planta em condições ex vitro.1 mg L. O custo da propagação in vitro pode ser diminuído.6 mg L-l de AIB ao meio de cultura MS. observou-se a formação de calos. espuma fenólica. Fred Hough. energia elétrica e meio de cultura. No enraizamento ex vitro. tende a . além de melhorar a qualidade do sistema radicular formado na planta. no meio de cultura ou com a imersão da base dos explantes. Plantas de Prunus CV. 6. em alguns casos e de acordo com a necessidade da espécie. mais influenciam o enraizamento. tratar-se a base da microestaca com soluções de auxinas em talco ou água. antes da introdução no substrato. S. que inclui a maioria das frutíferas. diretamente no substrato. Os tipos mais utilizados de auxina são o AIB (ácido indolbutírico).1 de ANA e 0. O AIB ou o AIA. o ANA (ácido naftalenacético) e o AIA (ácido indolacético). as brotações oriundas da multiplicação in vitro são retiradas dos frascos. mas não apresentando conexão vascular com a base do broto. podem ser úteis como substrato para o enraizamento ex vitro. O enraizamento de espécies herbáceas é geralmente fácil. de ambos porta-enxertos.96 Fig. Marubakaido foram obtidos utilizando-se 0.2 ou 1 mg L-l . e então essas brotações são manipuladas como microestacas. Ébano foi obtida com a adição de ANA ao meio de cultura. nas concentrações de 0. isso representa uma repicagem que é eliminada. devendo-se ajustá-las para cada caso. Os melhores índices de enraizamento do porta-enxerto de macieira cv. Materiais como vermiculita. com raízes surgindo a partir destes. para acelerar o enraizamento. é a etapa mais difícil. a regeneração de raízes.3 mg L-l de AIB. Com a utilização do ANA. é que vai determinar o sucesso na obtenção de plantas micropropagadas. obtidas de hospedeiros . como a utilização de um substrato adequado. deixando a planta em franco heterotrofismo. Marubakaido. a vermiculita em caixas fechadas com vidro proporcionou maior sobrevivência (90%). as frutíferas podem acumular durante o período em que são multiplicadas. assim. quando partes de plantas. Isso se deve ao fato de que a maioria das viroses apresenta caráter sistêmico e o vírus estar presente em todas as partes da planta. sombreamento das plantas. que estão sendo aclimatizadas. Assim. A utilização da micropropagação como instrumento para a limpeza da plantamatriz fornecedora de estruturas utilizadas na produção de mudas. A propagação vegetativa de plantas constitui-se numa forma eficiente de perpetuação e disseminação de vírus. Deve-se levar em consideração. Na aclimatização. As plantas provenientes da cultura in vitro são sensíveis e tenras.97 produzir um sistema radicular mais funcional e completo. Geralmente. devido ao ambiente externo. com a obtenção final de plantas desenvolvidas e adaptadas. que as espécies mostram comportamento diferente quanto à capacidade de adimatização. Na adimatização do porta-enxerto de macieira cv. devendo-se desenvolver metodologias adequadas aos diferentes genótipos utilizados. Aclimatização Nessa fase. um maior controle nas condições ambientais. manutenção de umidade relativa alta. Os estômatos não operam eficientemente. e vermiculita em flocos médios não influenciaram a sobrevivência das plantas. a quase totalidade das frutíferas arbóreas ou arbustivas são propagadas vegetativamente. Geralmente. Cada etapa do processo de micropropagação possui uma forte influência no resultado final. Além disso. os organismos vivos conseguem regular sua atividade de acordo com o ambiente a que estão submetidos. para uma situação de ambiente natural e autotrófico. uma quantidade bastante grande de viroses. Para a amoreira-preta aclimatizada em vasos na casa de vegetação. pois não desenvolvem a cutícula. onde precisarão se readaptar às novas condições ambientais. A habilidade de fazer ajustes por meio de mudanças no seu padrão de crescimento. O sucesso na micropropagação de frutíferas depende de todas as etapas pelas quais os explantes são submetidos. fotossinteticamente inativas. provocando. controle fitossanitário e nutrição adequada são suficientes para a sobrevivência e o desenvolvimento das plantas micropropagadas. resultando em alta evapotranspiração. é de grande importância no sistema produtivo. composto orgânico comercial. os substratos solo + areia + esterco. e é essa regulação que torna a aclimatização possível. como borbulhas e estacas. compostagem orgânica. além de favorecer o ataque de microrganismos e de pragas. Essas condições ambientais podem causar estresses. onde os fatores responsáveis pelo crescimento e desenvolvimento são controlados. As folhas são delgadas e suaves. as brotações enraizadas são transferidas para telado ou casa de vegetação. e sua parte celular não apresenta rigidez suficiente para sustentação. estresses nas primeiras horas após saírem dos frascos de vidro. Aplicações da micropropagação em plantas frutíferas limpeza clonal Por serem propagadas vegetativamente. as plantas micropropagadas passam de uma situação. Como uma alternativa. Os porta-enxertos são obtidos a partir de sementes desinfestadas e germinadas in vitro. ao mesmo tempo. é feita a microenxertia. em seguida. inicialmente. um tempo determinado. A percentagem de inativação de viroses pela termoterapia. são utilizadas para plantio.98 infectados. a cerejeira. . Rw (rubbery wood agent) e Sgv (apple stem grooving capiflovirus). numa incisão em T invertido. para frutíferas e essências florestais. como os vírus ACLSV (apple chlorotic leaf spot trichovirus). amigdalus Batsch). enraizadas e transferidas para condições de casa de vegetação. o explante poderá ser excisado das brotações e cultivado in vitro. Ao contrário das doenças causadas por fungos e bactérias. ter sido criada para citros. e quando a combinação enxertada alcançar cerca de 10 cm. Meristemas retirados de plantas submetidas a termoterapia geralmente são livres de viroses que não são eliminadas somente pela cultura de meristemas. Então. que serão multiplicadas. a alternativa mais viável para obtenção de clones sadios (livres das principais viroses). terminais ou axilares que. feita num caule estiolado do porta-enxerto. faz-se a repicagem. pois essas espécies apresentam dificuldade de regeneração a partir de ápices caulinares. aqueles com primórdios foliares subjacentes são retirados de gemas vegetativas. em macieira e pereira pode variar de 74% a 100% dependendo do vírus. Após o pegamento. ASPV (apple stem pitting virus). Normalmente. em condições de laboratório. essa metodologia tem limitações. contendo reguladores de crescimento. se diferenciarão em brotações. em espécies herbáceas. para demonstrar se estão ou não. No pessegueiro. ApMV (apple mosaic ilarvirus). acima de 40 dias expostas a temperaturas superiores aos 30°C. as brotações poderão ser coletadas e. apesar de. as plantas devem permanecer por um período mínimo de 20 dias. infectadas por vírus. para inativar o vírus e.) e a amendoeira (P. e consiste. entre as quais a macieira. servir de fonte de material vegetal livre de vírus. o abacateiro. A técnica é efetuada in vitro. consigo. Na cultura de meristemas. Além de ser utilizada na limpeza clonal. A microenxertia vem sendo utilizada em diversas espécies frutíferas. onde deverão ser indexadas. em colocar uma pequena porção retirada do ápice caulinar. Microenxertia A cultura de meristemas tem sido usada. são cultivados em meio de cultura. possibilitar o crescimento das brotações da planta-matriz. quando a plântula (porta-enxerto) alcança cerca de 5 cm. que podem ser erradicadas das culturas por tratamentos químicos. submetendose a planta infectada a temperaturas ao redor de 37°C por . com sucesso. desenvolveu-se o método da microenxertia. Entretanto. histologia e incompatibilidade entre copa/porta-enxerto e em procedimentos quarentenários. para multiplicação vegetativa e limpeza dona!. beneficiando a produtividade e a qualidade dos frutos. a ameixeira japonesa (Prunus salicina Lind. os vírus presentes na plantamãe. para condições naturais. mas preferivelmente. para superar as dificuldades encontradas na regeneração do meristema. o damasqueiro. o pessegueiro. O tratamento de termoterapia é feito antes da cultura de meristemas. levam. contendo o meristema e 2 ou 3 primórdios foliares. Após esse tratamento. tem sido a cultura de meristemas ou a termoterapia. a videira. depois de enraizadas. basicamente. atualmente a técnica de microenxertia vem sendo usada nos estudos sobre fisiologia. ou então. uma vez confirmada a superioridade de indivíduos selecionados. Um dos objetivos da micropropagação é a maximização da multiplicação de gemas. sendo eficientes na multiplicação tanto de plantas matrizes quanto de porta-enxertos. não necessariamente na obtenção direta de novas cultivares. A transformação de plantas depende de dois requisitos essenciais: a habilidade para introduzir um gene desejável. Entre as aplicações da cultura de tecidos no melhoramento genético de espécies frutíferas. e a habilidade para regenerar uma planta fértil por meio de células transformadas. também. geralmente os explantes mais utilizados são folhas e entrenós. Outra possibilidade é a utilização direta de tecidos meristemáticos. considera-se organogênese direta. de forma estável. Melhoramento genético No melhoramento genético de plantas. as técnicas de cultura de tecidos são utilizadas de distintas formas numa ou outra etapa do melhoramento. oferecem. das técnicas de DNA recombinante e da transformação genética. a cultura de tecidos pode ser empregada na micropropagação dessas plantas em escala comercial. Organogênese in vitro e transformação genética Por meio da cultura de tecidos. tendo em vista a grande necessidade de mudas para abastecer a demanda de mercado. especialmente ápices caulinares e radiculares. A escolha do explante inicial geralmente é função da sua capacidade de regeneração in vitro (Fig. . Além disso.  O armazenamento e o intercâmbio de germoplasma. merecem destaque:  A organogênese in vitro.99 Propagação rápida (multiplicação massal) No melhoramento de plantas propagadas vegetativamente.  A cultura de embriões ou embriocultura. dentro do genoma da planta. A maior dificuldade técnica para obtenção de plantas transgênicas é o estabelecimento prévio de um sistema de regeneração eficiente. que depois de enraizadas são transferidas para condições de casa de vegetação. com relação ao aspecto fitossanitário da muda produzida. que não altere as características genéticas do explante inicial. Os métodos de propagação in vitro são de grande importância na fruticultura. ainda sobre o explante original. Na regeneração de plantas lenhosas. Quando a organogênese ocorre a partir de tecidos do explante ou de pequena proliferação dos mesmos. a biotecnologia oferece novas oportunidades na obtenção de novas cultivares. originando um grande número de brotações. 7). A organogênese pode ocorrer de forma direta ou indireta. indispensável na obtenção de plantas geneticamente transformadas. maior segurança. O material vegetal conservado in vitro pode ser mantido à temperatura ambiente. com menor risco de quimeras e variação somaclonal.100 Fig. . Hoje. 7. vem sendo amplamente utilizada. existem diversos trabalhos de transformação de plantas. visando melhorar tanto seu desempenho no campo (resistência a patógenos e a estresses ambientais) quanto a sua qual idade. considera-se organogênese indireta. Entre as técnicas de conservação ex situ. via transformação genética. Regeneração direta de brotos a partir de folhas (A) a partir de ápice caulinar (8) e a partir de entrenó (e). As frutíferas resistentes a vírus também podem ser obtidas pela transformação genética. Em algumas espécies lenhosas importantes. os quais são agrupados em duas formas distintas: conservação in vitu. incluem a resistência a fungos. quando as plantas são mantidas em bancos de germoplasma. Outras características de interesse. videira. fora de seu habitat natural. pois as plantas regeneradas são mais estáveis do que aquelas obtidas de calos. ou aquelas onde as sementes sejam recalcitrantes. nogueira. citros. pereira e caquizeiro. principalmente nos trabalhos de transformação de plantas. que podem ser introduzidas nas plantas. já foram descritos protocolos de obtenção de plantas transgênicas. quando as plantas são conservadas em seus habitats naturais. A regeneração direta. por meio da cultura de tecidos. ameixeira. Quando a mesma ocorre a partir de tecidos de calo isolados do explante primitivo ou a partir de suspensões celulares e calos daí derivados. a conservação in vitro. nespereira. que as produzem em pequenas quantidades. e conservação ex situ. como quivizeiro. é indicada de modo especial para plantas que não produzem sementes. macieira. resistência a estresses ambientais e melhoria da qualidade nutricional. Armazenamento e intercâmbio de germoplasma Vários são os métodos utilizados para conservar o germoplasma. via formação de brotações adventícias. não caracterizando a formação de danes. mas também pode dar resultados distintos. É feito o cultivo in vitro de sementes provenientes de cruzamentos com cultivares ou seleções de maturação precoce. sob o aspecto sanitário e genético. Entre os sistemas de propagação vegetativa de plantas. Uma grande aplicação da conservação in vitro é o intercâmbio de germoplasma. cujos resultados são variáveis com o genótipo. diminuindo. Entretanto. Os métodos de criopreservação podem ser ordenados em etapas conhecidas como:  Pré-cresci mento. a micropropagação pode ser considerada a de maior contribuição em termos quantitativos e qualitativos na produção de mudas frutíferas. estão:  As contaminações endógenas dos tecidos. também conhecida como vitrificação. antes da maturação da polpa. a utilização de mudas com qualidade. não conseguem formar completamente o embrião. na multiplicação de espécies ornamentais e florestais. a micropropagação conquiste um espaço maior no setor frutícola. Deve-se considerar. devido ao curto período de desenvolvimento dos frutos.  A malformação das brotações.  Crioproteção. torna-se um requisito obrigatório no setor de produção de frutos. • Crescimento de recuperação. Acredita se que. a fruticultura busca tecnologias que possibilitem a produção de frutos de qualidade com o menor investimento possível. conforme o germoplasma a ser posto em cultura.  A oxidação dos compostos fenólicos liberados pelos explantes. A maioria dos trabalhos realizados na área de fruticultura está localizada em empresas de pesquisa pública e nas universidades. por meio do intercâmbio de material genético.101 ou em baixas temperaturas. é uma técnica utilizada no melhoramento genético de fruteiras de caroço. especialmente em explantes advindos de plantas adultas. Atualmente. com o aumento da competitividade no setor de produção de mudas e com a exigência cada vez maior de plantas padronizadas e isentas de doenças. Assim. sensivelmente. também. No caso da embriocultura. O meio a ser utilizado depende do desenvolvimento do embrião.  Aquecimento. principalmente no caso do pessegueiro. crescidas a campo. dentro do território nacional ou intercâmbio internacional. a dificuldade muitas vezes encontrada para clonagem de plantas lenhosas adultas por meio da cultura de tecidos. pois estas. Cultura de embriões A cultura de embriões. principalmente por bactérias. o material utilizado é de origem sexuada. Entre os fatores considerados problemáticos na micropropagação de plantas frutíferas. principalmente. também chamada de embriocultura. e até mesmo criopreservado (-196°C).  Armazenamento.  Resfriamento. a atividade comercial de micropropagação concentra-se. a possibilidade de introdução de patógenos ou pragas. A troca de germoplasma por meio de culturas in vitro representa um importante passo para facilitar as atividades dos serviços de quarentena e de vigilância sanitária. . no Brasil. em tecidos retirados de plantas adultas. .102 A perda da capacidade de organogênese in vitro. pois a idade da planta-matriz e o estado de desenvolvimento fisiológico representam grande limitação na propagação massiva desses materiais. como o conjunto de plantas cultivadas. Na bibliografia. Quando se trata da certificação. foram multiplicadas com nomes diferentes (sinonímia). buscam-se avaliar e descrever todos os caracteres presentes na planta. Isso é verificado na cultura da macieira. muitas vezes recorre-se a um número pequeno de acessos para serem utilizados nas hibridações. ou vice-versa (homonímia). fazendo com que ocorra a perda do caráter homogeneidade. bioquímicas e moleculares. . químicas. sob aspecto econômico e ambienta!. um caráter peculiar que a possa distinguir claramente de outra cultivar. No âmbito de um programa de produção de mudas. ainda. num programa de certificação. tem conduzido à necessidade de disponibilizar métodos capazes de atestar a qual idade genética das plantas. caracterizadas por apresentarem um ou mais caracteres em comum. a certificação tem por finalidade garantir a idoneidade do material vegetal (borbulhas. Portanto. estabelecido por normas regulamentadoras. parte dos novos genótipos colocados à disposição dos viveiristas e produtores possuem características muito similares. um conceito importante a considerar é o de cultivar. para se afirmar. todos os caracteres avaliados normalmente são utilizados na sua descrição. nas últimas décadas. Essas etapas. que possam comprometer a produção. são complementares entre si. com o uso de técnicas disponíveis e viáveis. mesmo apresentando objetivos diferentes. na qual plantas das cultivares tradicionalmente cultivadas sofrem mutações. que o diferencia. quando multiplicada via agâmica. se essa nova característica se mantiver estável na planta. inerentes a cada uma. quando a planta de uma cultivar é afetada por algum tipo de mutação. das mais variadas espécies de plantas frutíferas. com certeza. que as diferenciam de outro grupo. enxertos. muitos casos de controvérsia de identidade têm sido relatados. Certificação genética Embora o controle do estado sanitário tenha sido a primeira etapa a merecer atenção especial na produção de mudas. que uma cultivar é diferente. a nova planta passará a constituir o que se denomina de cultivar policlonal. ou o habilita. • Certificação sanitária. porta-enxertos e mudas formadas). Essa pode ser definida como variedade cultivada (do inglês . homogeneidade e possuir. Entretanto. Na certificação genética de plantas frutíferas. dificultando a diferenciação entre genótipos. o aumento significativo de novas cultivares. para uso ou consumo. Para a seleção de novos genótipos com melhores características agronômicas em cada espécie frutífera. caracterizando-se pela aplicação de métodos e técnicas específicas. envolvendo cultivares que. normalmente a nível de gema ou de ramo.cu/tivated variety) ou. quanto à correspondência varietal e à ausência de agentes patogênicos. Num determinado genótipo. sendo iguais. ela deve apresentar estabilidade das características. Etapas para validação de um programa de certificação de mudas A certificação de mudas frutíferas compreende duas etapas principais: • Certificação genética . por avaliações subjetivas ou por meio de medidas físicas.103 Certificação Genético sanitária de Mudas A certificação genético-sanitária consiste em dar garantias de que um determinado produto possui um padrão característico. pelo menos. Conseqüentemente. tipo e forma das folhas. características físico-químicas do fruto). dados de floração e de maturação. entre outras. • Marcadores moleculares. que é determinado pela presença de mais de uma forma alélica que pode ser detectada. podem ser utilizadas para a diferenciação das cultivares. quando são encontradas diferenças na avaliação de um caráter específico. como hábito de crescimento. as várias formas que podem assumir um determinado caráter. a fim de traçar um perfil completo e fiel da cultivar. tipo de flor. a fim de dar garantias genéticas. também. principalmente relacionados a processos fisiológicos (dados fenológicos) e agronômicos (produtividade. Um exemplo de marcador morfológico é apresentado na Fig. em exemplos pré-definidos por legislação e registradas em fichas pomo lógicas apropriadas. em todas as etapas do processo de produção de mudas certificadas. então. formato da copa. Essas diferenças verificadas entre genótipos são comumente denominadas de marcadores genéticos. Na comparação de duas ou mais cultivares. quando comprovado que a nova característica é estável plantas portadoras dessa nova característica passam a constituir uma nova cultivar. conforme o exemplo apresentado no Anexo 1 . portanto. além de índices físico-químicos. as características que diferenciavam variedades e cultivares eram baseadas somente nas avaliações morfofenológicas das plantas e descritas de acordo com o tipo de material a ser avaliado (porta-enxertos c10nais ou seedlings. Em todos esses casos. Caracterização com marcadores morfofenológicos Características morfofenológicas são todas aquelas que podem ser avaliadas externamente na planta. isolados e multiplicados via enxertia e. o avaliador caracteriza a cultivar no seu complexo. biológicos. fenotipicamente. diz-se que essas diferenças são um marcador e.. a diferenciação entre genótipos é feita por meio de polimorfismo. O uso combinado desses marcadores permite revelar a verdadeira identidade da planta. pode ser incluso um número variado de caracteres a avaliar como morfológicos (referentes à forma de todos os órgãos da planta). Nesse método. que podem ser classificados em três tipos:  Marcadores morfofenológicos.104 e passam a apresentar uma ou mais características diferenciadas dos frutos. 1. onde a cor avermelhada da folha do porta-enxerto de pessegueiro Nemared é um marcador morfológico. capacidade de fruit set. que pode ser usado para diferenciá-lo de outras cultivares de folhas verdes. cultivar copa para frutos destinados ao consumo in natura ou indústria. Marcadores bioquímicos. . ou seja. hábito de frutificação. Numa ficha pomológica. Até meados da década de 60. Eram baseadas. ou geneticamente. Esses ramos ou gemas são. tamanho e forma dos frutos. quando ocorrem misturas de cultivares no viveiro. vigor. entre outras). comparando e interpretando os dados recolhidos com os de outras cultivares. e o formato das glândulas em folhas de pessegueiro.  Influência do ambiente e de fatores epigenéticos agindo sobre as características morfofenológicas (Fig. brotação. Existem vários fatores que I imitam o emprego de métodos descritivos para identificação de cultivares.). pois somente são completadas após a produção de frutos (no caso de cultivares) . maturação de frutos.  Necessidade de períodos específicos do ciclo vegetativo para se proceder as avaliações (período de floração. atribuídos principalmente a:  Exigência de longos períodos de tempo para o registro das características. Quando se trabalha com espécies de baixa variabilidade genética. como é o caso do pessegueiro. entre outras. o vigor da planta. onde muitos genótipos possuem características similares. 2).105 Exemplos facilmente identificáveis são a presença ou a ausência de glândulas nas folhas.  Influência de agentes patogênicos que podem alterar a época de floração e de maturação dos frutos. etc. entre outros. seleções . que estão relacionados à complexidade e aos custos. onde o fruto é o produto final a ser comercializado. identificar as diferentes formas da enzima ou isoformas. normalmente nos frutos. 3. pelo menos. a avaliação das características morfofenológicas. estas últimas definidas como o conjunto de diferentes formas moleculares de uma enzima resultante da expressão de genes e que possuem o mesmo tipo de atividade catalítica. Assim. principalmente. a variabilidade entre alguns genótipos ou em relação à cultivar original é mínima e dificilmente quantificável. intensivamente. o polimorfismo observado é atribuído ao gene PGM .1 e PGM . são observados pelo menos dois ciclos vegetativos de propagação em viveiro. esse é o método tradicional para a caracterização de plantas frutíferas. entre avaliadores e entre locais. normalmente. enquanto para porta-enxertos obtidos de sementes. essas diferenças estruturais permitem. Nesses casos. as quais apresentam diferenças apenas de uma ou poucas características. um ciclo vegetativo em viveiro. pode-se citar a quantidade de russeting na epiderme de seleções de macieira da cultivar Golden Delicious. pode conduzir a erros de identificação.106 melhoradas de macieira ou cultivares policlonais. Considerando-se que as isoenzimas de um mesmo grupo apresentam variações na seqüência de aminoácidos. cada um dos dois alelos a e b do mesmo gene PGM determinam a síntese de uma isoforma da enzima. que se apresenta na forma heterozigota na cultivar A. a identificação por meio da avaliação do fenótipo também é dificultada. Como exemplo. Outro ponto considerado como desvantagem desse método é que algumas características utilizadas na análise são interpretadas subjetivamente. Um exemplo da aplicação de isoenzimas é a diferenciação de duas cultivares de macieira (A e B) que apresentam dois locus que codificam a enzima fosfoglucomutase PGM (pGM . . Portanto. durante as décadas de 1970 e de 1980. que é visualizada após a coloração do gel. Esse tipo de marcador foi utilizado. Essa técnica consiste na avaliação das proteínas de reserva e.1. Para a certificação de cultivares. Para porta-enxertos de multiplicação c1onal. Nesse caso. das isoenzimas. a possibilidade de se encontrar características úteis para a diferenciação de genótipos. nos mais variados estudos de genética. e na identificação de cultivares. Caracterização com marcadores bioquímicos Buscando-se alternativas para superar as limitações impostas pelos marcadores mofofenológicos. cultivares diferentes apresentam variações no padrão isoenzimático que podem ser utilizados na caracterização genética. Na Fig. apresentando uma banda a mais. a possibilidade de ocorrerem diferenças de interpretação.2). é o único capaz de diferenciar cultivares originadas de mutações. o desenvolvimento dos marcadores bioquímicos aumentou. ou da coloração vermelha da epiderme em seleções de Red Delicious e de Gala. grandemente. Apesar das I imitações. são avaliados um mínimo de 200 plantas por. são conduzidas pelo menos por 2 anos após a produção dos primeiros frutos. Além disso. por meio da eletroforese. a exemplo da pereira e da ameixeira. as técnicas moleculares permitem identificar polimorfismo diretamente do DNA da planta. houve um rápido e importante avanço no uso de novas técnicas para realização . Ao contrário dos demais marcadores. permitindo. Em espécies frutíferas. o uso de isoenzimas produz. tem como vantagens o baixo custo e a rapidez para implementação da técnica em laboratório. que podem ser utilizados na caracterização das cultivares. como um tipo de impressão digital molecular da planta. mas necessitam do uso intensivo de mão-de-obra e de material radioativo na análise. são influenciados pelas condições ambientais e pelo órgão da planta amostrado. o número de polimorfismos é reduzido. em muitos casos. os marcadores bioquímicos apresentam a desvantagem de não permitir uma caracterização completa do genoma. Posteriormente. Entretanto. de maneira que a quantidade de polimorfismo detectada seja teoricamente ilimitada. São limitados pelo pequeno número de sistemas enzimáticos polimórficos. que possuem uma estreita base genética. São marcadores codominantes. Em espécies como o pessegueiro e o damasqueiro. com maiores níveis de variabilidade genética. um número elevado de polimorfismos. o nível de polimorfismo detectado por loco é pequeno. apenas a separação de cultivares em grupos. os indivíduos com locus heterozigotos e homozigotos. normalmente. Têm como vantagens a co-dominância e a alta repetibilidade.reação de polimerização em cadeia. Caracterização com marcadores moleculares o uso de marcadores moleculares tem sido integrado ao exame morfofenológico e bioquímico. que são baseados na hibridização do DNA com sondas específicas.107 o uso de isoenzimas. também denominado de fingerprinting varieta/ ou ONA fingerprinting. característica que permite identificar. ou polimorfismo no comprimento de fragmentos de restrição. Os primeiros marcadores moleculares utilizados foram os RFLP (Restriction Fragment Length Po/ymorphism). Além disso. como marcadores genéticos. numa progênie. com a descoberta da técnica de PCR . a baixa repetibilidade. microssatélites ou SSR (Simp/e Sequence Repeats). em qualquer momento da sua vida ou ciclo vegetativo. mas integrativo ao mesmo. também chamados de primers. Atualmente. apresenta grande potencial para reconhecer a identidade das mais variadas espécies de plantas. pode-se optar por um conjunto de marcadores moleculares. alvo para sua síntese. Dentre esses diferentes tipos de marcadores. de forma rápida e segura. além do baixo polimorfismo revelado em espécies de baixa variabilidade. Por sua vez. A análise com marcadores RAPD tem como principais vantagens o baixo custo. tanto para uso em programas de certificação genética de plantas. ISSR (lnter-SSR). AFLP (Amp/ified Fragments Lenght Polimorphism). que serão descritos a seguir: RAPD . SNP (Single Nuc/eotide Polimorphism). pereira e ameixeira. ou um grupo de cultivares. como em pessegueiro e em marmeleiro (Fig. onde seqüências de DNA genômico são amplificados ao acaso. para se analisar o DNA de plantas. A identificação varietal por fingerprintingdo DNA não é um método substitutivo da tradicional classificação morfofenológica.Dentre os vários tipos de marcadores moleculares. além de não sofrer influências do ambiente ou do órgão analisado. este é um dos mais utilizados. SSR e AFLP. Random Amp/ified Po/imorphism DNA (RAPO). com variável grau de reprodutibilidade e confiança. Baseia-se na reação de PCR. quando comparados os dados de laboratórios diferentes. na maioria dos casos analisados. os primers possuem 10 pb de bases nucleotídicas. 5). a quantidade de polimorfismo revelada é alta (Fig. Para a análise RAPO. Em espécies da alta variabilidade genética. a técnica tem como fator limitante o caráter dominante. Esse tipo de análise. os principais utilizados no processo de certificação são os RAPD. e até mesmo como forma de prevenir contestações que poderão surgir após a instalação de pomares. SSCP (Single Strand Conformation Polimorphism). entre outros. utilizando-se seqüência de oligonucleotídeos inicializadores. são constituídos de seqüência arbitrária e não requerem informações a respeito da seqüência de DNA. quanto para os demais estudos de genética. gasta menos tempo na obtenção dos resultados e necessita de pequenas quantidades de DNA. Os principais marcadores moleculares que podem ser utilizados na Análise de Fingerprinting são os RFLP.108 da análise do DNA. principalmente em espécies de baixa variabilidade genética. minissatélites. como garantia de correspondência genética. permitindo o reconhecimento de uma cultivar. Isso resulta em segurança para os produtores na aquisição de material. como macieira. . 4). a fácil implementação na rotina do laboratório. no controle da autenticidade genética na produção de mudas. 7 e 8). A potencial idade da técnica tem sido demonstrada na Análise de Fingerprinting em várias espécies frutíferas. AFlP . são marcadores dominantes e revelam baixo conteúdo de informação genética por loco. macieira. como videira. o gel de poliacrilamida tem como grande vantagem o poder de separação de fragmentos amplificados (Fig. Assim. A análise de microssatélites tem como fator limitante o custo para a obtenção dos primers e tipo de gel que utilizam (poliacrilamida). entre laboratórios diferentes. combinando especificidade. que podem ser reveladas utilizando-se primers sintetizados especificamente para amplificar o DNA repetitivo. 6). Dependendo do objetivo do trabalho.Recebem este nome por apresentarem-se na forma de seqüências de 1 a 4 pares de bases. mas na Análise Fingerprinting. além de ser co-dominante. Esse tipo de marcador. o alto polimorfismo. principalmente para cultivares de espécies com baixa variabilidade genética. que são de custo elevado. ameixeira. exigem maior quantidade de reagentes. Contudo. nectarineira. entre outras. envolvem maior número de etapas em relação à análise RAPD e SSR. resolução e poder de amostragem. repetidas lado a lado e em número variável. a facilidade na interpretação dos resultados e a alta reprodutibilidade dos resultados. . com a velocidade de detecção dos polimorfismos via PCR. tem como vantagens a facilidade de implementação na rotina do laboratório.109 SSR ou microssatélite .Essa técnica permite a obtenção de grande número de marcadores distribuídos pelo genoma. São zonas de DNA não-codificante. e que podem ser reproduzidas pela PCR (Fig. como o pessegueiro. pessegueiro. constitui-se num dos melhores marcadores para Análise de Fingerprinting para certificação de mudas. a eletroforese pode ser conduzida em gel de agarose 3%. distribuídas pelo genoma. pode-se fazer uma amplificação seletiva ou pré amplificação com primers específicos adicionados de uma base oligonucleotídica conhecida. utilizando-se primers de seqüência mais longa.110 Esse tipo de marcador baseia-se na digestão do DNA genômico com enzimas de restrição. constituídos de uma seqüência complementar ao adaptador adicionado de mais três bases oligonucleotídicas conhecidas (Fig. Para finalizar. 9). Posteriormente. uma de corte raro (EcoR I) e outra de corte freqüente (Mse I ou Pst 1). seguido da ligação de adaptadores específicos em cada extremidade dos fragmentos de restrição. . realiza-se uma amplificação final. 111 . 112 As etapas de pré-amplificação e amplificação têm por finalidade reduzir o número de fragmentos amplificados. 10). à medida que se aumenta o número de bases na constituição dos primers. como é o caso da ameixeira (Fig. na qual o uso de poucas combinações de primers permite obter um grande número de polimorfismos por análise. Têm grande aplicabilidade na Análise de Fingerprinting. . Da mesma forma que os RAPDs. os marcadores AFLPs são dominantes. em função da distribuição dos sítios de restrição e da amplificação diferencial de fragmentos. Assim. sendo de grande utilidade para a caracterização genética de plantas. é possível selecionar apenas um subconjunto de fragmentos a serem amplificados. principalmente naquelas espécies que apresentam grande variabilidade genética. Por meio da análise molecular. os microssatélites são a melhor opção para a caracterização genética. normalmente é anexado o perfil eletroforético da novidade e dos seus respectivos genitores. podem ser rapidamente resolvidas. é valido considerar que. que surgem nas diversas fases ou passagens envolvidas na propagação de plantas frutíferas. levariam anos para a completa avaliação. na certificação genética. na Análise de Fingerprinting. Em ameixeira e porta-enxertos de Prunus spp.113 A aplicação de marcadores moleculares. permitindo verificar. não permite explorar por completo as características da planta. para licenciar uma nova cultivar. além dos controles realizados sobre o fenótipo e sobre os frutos. tanto os RAPDs como os microssatélites e AFLPs podem ser utilizados na Análise de Fingerprinting. por meio da análise morfofenológica e pomológica. já está bastante documentada para as mais variadas espécies de plantas frutíferas. deve-se considerar que a análise do DNA. Ainda com relação à certificação genética. Entretanto. o perfíl de DNA produzido . principalmente pelo polimorfismo e repetibilidade da técnica. pois conforme a literatura. devido à alta variabilidade genética. casos em que. a fim de tomar a decisão correta no uso de diferentes técnicas de análise. os diversos segmentos do setor frutícola poderão desfrutar das vantagens derivadas da aplicação prática dessas novas tecnologias. com segurança e rapidez. para cada cultivar deve-se ter o conhecimento sobre a variabilidade genética. mas sim uma pequena porção do genoma. Exceto para cultivares originadas de mutação. Eventuais erros ou controvérsias. para comprovar a descendência e evitar contestações futuras. sozinha.. atualmente. Em cultivares de pessegueiro. às doenças que se difundem por meio das partes vegetativas. Outro exemplo é a presença do vírus-da-mancha- . Entretanto. normalmente. Portanto. sempre. Uma planta com vírus. Certificação sanitária A certificação sanitária de plantas frutíferas tem. para a certificação genética de plantas frutíferas. fitoplasmas. o setor viveirístico. Considerando-se que o problema fitossanitário . na obtenção de novas mudas. o uso de plantas certificadas tem desempenhado um papel estratégico na evolução do setor. nematóides. deve-se sempre optar pelo uso integrado dos diferentes tipos de marcadores. Os controles realizados sobre o material vegetal. são de difícil identificação. em programas de certificação. no aspecto visual. como é o caso do viróide causador do mosaico latente do pessegueiro (PLMVd). Em fruticultura. É o caso de doenças causadas por vírus e assemelhados. vírus e assemelhados. com materiais de pomares comerciais e baseado. sendo disseminadas sem serem percebidos nem mesmo pelos viveiristas e fruticultores mais experientes. e enquadradas em duas categorias: plantas testadas para as principais viroses da espécie ou Vírus tested (VT) e plantas completamente livres de vírus de que se tem conhecimento para aquela espécie.114 por um único primer RAPD permite analisar apenas 0. mesmo com toda sua capacidade recombinatória. principalmente. garantir a obtenção e a utilização de material propagativo sadio. a grande maioria dos viveiristas ainda adota esse método para obter material propagativo. sem levar em consideração os aspectos sanitários relacionados. que podem derivar de mutações genéticas puntiformes ou quiméricas. quando participante de um programa de certificação. podendo conduzir à progressiva degeneração e morte da mesma. que modifica a expressão dos genes do comportamento vegetativo. Importância do controle de viroses . desempenha papel importante. bactérias. No passado. como a caracterização por meio do fenótipo nem sempre representa toda a expressão do genótipo. bem como serem fontes de disseminação de material contaminado. causando permanente estresse. o qual não mostra sintomas de infecção (viroses latentes). entre elas: fungos. desde sua origem. de maneira empírica por viveiristas e fruticultores. muitas vezes latentes.refere-se a uma variada gama de vírus.001 % do genoma da macieira. em nível mundial. ou Vírus free (VF). por objetivo. a escolha de material propagativo era feita. Alguns agentes patogênicos podem alterar as características fenotípicas das plantas. causando danos significativos às culturas. a principal atenção é por parte das viroses que.que mais afeta as principais espécies frutíferas . No Brasil. É o caso das cultivares policlonais. devido a uma variação restrita a uma porção muito pequena do DNA. com graves conseqüências para a produção. pois pode atuar como principal agente de prevenção e controle contra emergências fitossanitárias. as plantas são obtidas e comercializadas. orientando e controlando a produção de plantas e na difusão de material sadio. que podem ser contaminadas por intermédio de vetores. exceto o setor citrícola. principalmente. Nesse contexto. forma e época de maturação dos frutos. constitui-se uma fonte de infecção para cultivares suscetíveis.A infecção viral altera o funcionamento metabólico normal da planta. nem sempre o genótipo se expressa no fenótipo e nem sempre é possível identificar uma planta por meio da análise do DNA. Por sua vez. muitas vezes latentes nas plantas hospedeiras. a fim de traçar o perfilo mais fiel possível do genótipo em análise. dizem respeito a todas as pragas e doenças que comprometem a produção. inseridos em programas de certificação sanitária. Entretanto. conhecido como Cacopsy/la pyri ou ainda por material infectado .  Quarentena para materiais importados de áreas onde estão . podem ter a transmissão facilitada por pólen e semente em pessegueiro. Uma forma de controlar essa disseminação é por meio de medidas preventivas como:  Eliminação de plantas espontâneas. ambas transmitidas pelo inseto vetor. mediante:  Uso de instrumentos de trabalho contaminados (tesouras de podas e canivetes de enxertia). nematóides.115 c1orótica (ACLSV). Entre as graves viroses de caráter epidêmico que podem comprometer completamente a produção. micoplasmas) (Tabela 1). Embora as espécies frutíferas possam ser afetadas por uma ampla gama de viroses e assemelhados (viróides. 11 B) transmitido entre prunoídeas por meio de afídeos.  Limpeza e esterilização dos equipamentos de trabalho.  Propagação de estacas e porta-enxertos com infecções crônicas. 11 C) e Apple proliferation (AP) em macieira. 11 A). por pólen. em frutíferas de clima temperado. fitoplasmas que causam as doenças conhecidas como Pear decline em pereira (Fig. outras como PRNV e PDV. por solo contaminado. A transmissão de agentes patogênicos como bactérias. Entretanto. damasqueiro e ameixeira. especialmente latentes. está o PPV (Plum pox virus) (Fig. induzindo à desafinidade entre copa e porta-enxerto e alterando o vigor vegetativo em macieira (Fig. os maiores índices de transmissão são causados pelo homem. muitas viroses são raramente transmitidas para plantas frutíferas. vírus ou assemelhados pode ocorrer por intermédio de vetores animais.  Enxertos com estacas ou gemas doentes. • Transporte de plantas de uma área para outra. hospedeiras naturais de vírus em áreas contíguas. que provoca a formação de caneluras no ponto de enxertia. etc. um programa de certificação sanitária tem início levando se em consideração a importância agronômica do material vegetal. as cultivares de maior interesse são selecionadas para fazerem parte de uma lista varietal. 12). conforme comentado no item sobre certificação genética. Após a enxertia. para manutenção das plantas a serem testadas. a partir das quais são executados todos os testes necessários e disponíveis. casas de vegetação à prova de insetos. normalmente folhas. Avaliação do estado sanitário das plantas . Para ser introduzido num programa de certificação sanitária. para se verificar a ausência de bactérias. Controle de vetares naturais. conservação e multiplicação do material pré-básico e testes periódicos para verificar a sanidade das plantas matrizes (Fig. Das plantas selecionadas para constituir o material básico ou de elite. Escolha do germoplasma . as plantas são mantidas em vasos e conservadas em casa de vegetação à prova de insetos (screenhouse) (Fig. Quando as plantas que fazem parte da lista varietal estão em pleno campo. para serem enxertadas sobre porta-enxertos livres de vírus (VF). além da avaliação das características morfofenológicas e a estabilidade genética. são coletadas amostras de tecidos. são retiradas gemas delas. Métodos empregados na seleção varietal e controle fitossanitário Normalmente. . principalmente infecções por viroses. controle sanitário das plantas-matrizes. • Uso de material sadio. Em função disso. 13).116 presentes doenças perigosas. é necessário dispor de equipamentos como estufas c1imatizadas para executar testes biológicos sobre indicadores herbáceos ou lenhosos. por uma pessoa devidamente treinada.É uma etapa importante e consiste na seleção de variedades e cultivares para a constituição de plantas pré-básicas. selecionando as melhores sob o ponto de vista produtivo e que não apresentem sintomas de infecção. o material vegetal passa por diversas etapas.Para a avaliação do estado sanitário das plantas. É necessário verificar o estado sanitário das plantas por meio de inspeções. como escolha do germoplasma. equipamentos de laboratório para realização de testes sorológicos e moleculares. vírus e assemelhados de maior incidência nas espécies em questão. já no início da atividade. é oportuno fazer uma seleção inicial do material por meio de testes rápidos (soro lógicos) que excluam. o material infectado. .117 Para a verificação de infecções virais latentes. existem inúmeros métodos. que podem ser transmitidas. Geralmente. o genótipo deve ser eliminado ou submetido ao processo de limpeza c1onal. em alguns casos.118 Após essa verificação inicial. durante os quais são executados todos os diagnósticos necessários. a planta poderá ser utilizada como planta-matriz. usando-se indicadores biológicos. . O uso de material sadio. Se o resultado da indexagem também for negativo. até a obtenção dos resultados da indexagem. de maneira significativa. Caso existam suspeitas de infecção. Caso se trate de doenças para as quais a erradicação é obrigatória. é conveniente o cultivo temporário das plantas em estruturas quarentenárias à prova de insetos. para impedir infecções por agentes patogênicos. essas são sempre enxertadas sobre portaenxertos certificados.Consiste no uso de plantas indicadoras (herbáceas ou lenhosas). se o teste for negativo. por meio da enxertia. pelo menos por dois ciclos vegetativos. antes de ser utilizado como planta-matriz. a difusão de patógenos. obter-se resposta mais rápida e específica. para frutíferas de clima temperado. para constituir material de elite ou básico. são mantidas em estruturas protegidas de insetos e nematóides e suficientemente longe de culturas afins. Conservação e propagação do material selecionado . durante todo o período de seleção. As viroses de maior incidência. duas plantas sadias para cada seleção. originados de campos de plantas-matrizes específicos para produção de porta-enxertos. são mantidas. Testes diagnósticos A diagnose é de fundamental importância para a prevenção e controle dos diversos agentes causadores de doenças. a eliminação precoce do material infectado e a esterilização dos equipamentos de trabalho (com hipoclorito de sódio) são medidas que podem conter. Uma boa conservação é garantida. por meio de vetores. Indexagem . principalmente. No caso dos porta-enxertos. Normalmente. que possam estar infectadas. vírus e assemelhados em vegetais. aqueles multiplicados por semente devem ser de origem conhecida e garantida. mantendo-se as plantas em vasos isolados do solo. Os testes sobre plantas indicadoras são complementados com testes sorológicos e moleculares. são aquelas causadas por PDV e PNRSV. para posterior indexagem. Por sua vez. o destino da cultivar dependerá do tipo de agente infeccioso e da importância agronômica da mesma. e protegidas em casa de vegetação com telas à prova de insetos. Para plantas frutíferas. que permitem verificar a presença de bactérias. impedindo as várias formas de transmissão de viroses ou similares a vírus. A possibilidade de ter porta-enxertos infectados é maior. para a presença de uma determinada virose. se o teste sorológico for positivo. que permitem. podem ser adotados os seguintes métodos: a indexagem com plantas indicadoras. a planta-matriz é mantida sob observação. pelo menos. além do controle sanitário das estacas.As plantas consideradas básicas ou de elite são mantidas sob condições controladas. Para diagnose fitopatológica. em geral. A transmissão de viroses por pólen e por sementes pode variar entre espécies. verificadas nos pomares do Rio Grande do Sul. mas pode ocorrer transmissão por pólen e por meio das sementes. sendo alta em damasqueiro. Para cultivares em fase de seleção. fungos. como é o caso do PPV. colocando-se em contato suco celular ou partes de tecidos da planta que se quer testar. ou seja. a cultivar (copa ou portaenxerto) pode ser multiplicada em viveiro. testes sorológicos e moleculares. quando a multiplicação é feita por estacas do que por sementes. Utilizado para detectar a presença de viroses transmitidas mecanicamente. SLRSV (nepoviroses) e ACLSV (trichoviroses) em drupáceas. Atualmente. não ainda identificados. Essa técnica permite obter respostas mais rápidas (2 a 3 semanas). Os indicadores herbáceos mais utilizados são o Chenopodium quinoa e Cucumis sativus.O uso da enxertia de borbulhas ou estacas sobre plantas indicadoras. O extrato de suco celular da planta a ser testada é preparado e inoculado sobre a planta indicadora herbácea. Indicador herbáceo . são feitas por 2 a 3 anos consecutivos. buscando-se reduzir custos. assim. quando o portaenxerto é o indicador (Fig. Essa técnica pode ser utilizada na execução de testes preliminares ou na diagnose de alguns vírus específicos. ou somente 1 a 2 gemas da planta a testar. que induzem sintomas sobre órgãos vegetativos. 15). ameixeira. No Teste de ELlSA. Existem algumas outras técnicas variantes do Teste de ELlSA. enquanto os sintomas sobre frutos devem ser avaliados por 2 anos.119 Indicador lenhoso . Em drupáceas. PDV e PNRSV (ilaviroses). Contudo. os testes sobre indicadores lenhosos eram feitos quase que exclusivamente a campo. resultados em períodos de tempo mais curtos. pereira. IF (Tissue B/ot e Imunofluorescência).Baseado no uso de anticorpos de vírus. 1 a 2 gemas da planta indicadora. principalmente de macieira. Entretanto. os testes têm sido feitos sobre plantas lenhosas conduzidas em estufas termoclimatizadas. bactéria ou origem animal. ApMV. DIBA (Dot Immunobinding Assay). entre outras. e para os quais não são aplicados outros métodos diagnósticos. são enxertadas 2 gemas da planta a ser testada e. que se baseia na reação colorimétrica induzida por enzimas conjugadas com anticorpos. Testes sorológicos . como ilaviroses e nepovivores em pomáceas. permitem operar em condições de temperatura ótima para cada tipo de vírus ou similar. Esse método permite revelar agentes patogênicos. 14). pessegueiro. No passado. como os sistemas DAS-E LISA (Doub/e Antibody Sandwich) e T AS-ELISA (Trip/e Antibody Sandwich). o teste não é válido para todas as viroses desses grupos ou todas as cepas de um único vírus. obtendo-se. os antígenos são. primeiramente. normal mente. as espécies Nicotiana occidentalis e N. podendo ser usada para pomáceas e drupáceas. cavico/a têm demonstrado boa sensibilidade na detecção de vírus de forma alongada. logo acima. a transmissão para indicadores herbáceos é condicionada por vários fatores e tende a ser aplicada com menor freqüência. As avaliações sistemáticas sobre plantas indicadoras para patógenos. O teste sorológico de maior difusão é o de ELlSA (Enzyme-Linked Immunosorbent Assay). Além de ser de mais fácil execução. É uma metodologia de baixo custo e de fácil execução. Cada uma dessas variações foi adaptada para atender situações específicas de diagnose (Fig. capazes de ligarem-se especificamente com antígenos (vírus ou fitoplasma presente na planta). capturados por anticorpos . é o método clássico e mais completo para se verificar o estado sanitário das plantas frutíferas. em campo ou em casa de vegetação. na fase de enxertia e de inoculação. Normalmente. A grande maioria dos vírus é mais facilmente identificada nos tecidos foliares. Além disso. A exposição a um substrato específico induz uma reação colorimétrica. pela rapidez do teste e a disponibilidade de anticorpos para as principais viroses.Estas sofrem o efeito das condições ambientais (temperatura). o número de plantas para testar com indicadores lenhosos. o teste de ELlSA não substitui o teste biológico. com grande diferença sorológica. é grande o risco de ocorrerem "falsos negativos" devido à variabilidade do vírus. A completa realização do teste dura de 1 a 2 dias. podendo alterar os resultados.120 vírus-específicos e conjugados com a enzima. mesmo dando resultado negativo. Assim. . Por sua rapidez. Em prunóideas. assim. normalmente mais ricas em taninos e substâncias oxidantes. as condições ótimas de coleta são as primeiras semanas após a retomada do crescimento vegetativo.Muitos vírus apresentam grande gama de cepas. Variabilidade dos patógenos . devem ser evitadas folhas velhas. sendo útil para uma seleção preliminar. Em pomáceas. Em prunóideas. apresenta algumas limitações por sofrer influência de diversos fatores relacionados à: Coleta de amostras . esse teste permite analisar um grande número de amostras. é muito usado para diagnosticar ACLSV. que pode ser minimizado com técnicas adequadas. Entretanto. A técnica é de grande utilidade para controle massal. Entretanto. ASGV.para 13 viroses diferentes. na qual está presente um complexo antígeno-anticorpoenzima. reduzindo. ApMV e AP. pode ser utilizado . na seleção massal. fato que tem facilitado o uso de técnicas moleculares nas análises de controle sanitário. interessantes sob o ponto de vista agronômico. que inibem a reação enzimática e reduzem a possibilidade de hibridização ou replicação. os vírus se replicam às custas da biossíntese celular da planta. pode-se recorrer às técnicas variantes do Teste de ELlSA. purificados e caracterizados molecularmente. principalmente para testar plantas em quarentena. o uso de agentes capazes de interferir na replicação do vírus poderia provocar alterações na funcionalidade da célula vegetal. na qual são aplicadas algumas gotas de corante DAPI (4'. via PCR. após a hibridação molecular ou a amplificação gênica (por meio da PCR). a partir da planta infectada. os genes que codificam a proteína capsídica correspondem a apenas 10% do genoma viral e. por esse motivo. que utilizam misturas de anticorpos de amplo espectro . Para reduzir o risco. cada laboratório escolhe os reagentes e métodos que considera mais oportunos para execução de Teste de ELlSA. O desenvolvimento de testes baseados na análise dos ácidos nudéicos é de grande interesse para a certificação sanitária. na qual o uso somente de anticorpo monoclonal aumenta o risco de "falso negativo". Validação e harmonização das técnicas de diagnose . dos ácidos nudéicos. que são visualizados em microscópio ótico a fluorescência. Por isso. Limpeza clonal de plantas frutíferas Ao contrário dos fungos e bactérias que possuem metabolismo próprio. Para a diagnose de fitoplasmas. muitas vezes a diagnose em tecidos infectados é ineficaz. a aplicação de diagnose molecular tem como limitante a obtenção de ácidos nudéicos virais livres de contaminantes. A limpeza clonal é usada com o objetivo de eliminar agentes patogênicos de cultivares. atualmente. é baseado na avaliação da proteína capsídica. Diagnose por análise molecular . uma porção de tecido não-infectado por . por meio da detecção do ácido nucléico viral. a diagnose de alguns vírus está sendo efetuada por técnicas de eletroforese ou de biologia molecular. para manter o patrimônio genético da cultivar.É muito útil para a diagnose de infecções por fitoplasma em pomáceas. possivelmente pela presença de inibidores ou devido à baixa concentração do vírus nos tecidos infectados.Tem como vantagem a rápida execução em laboratório. é necessário recorrer a técnicas que permitam selecionar. Consiste no uso de uma delgada sessão de tecido longitudinal da planta (ramos de 1 a 2 anos). a análise dos ácidos nudéicos permite identificar porções mais significativas do genoma viral. Um dos grandes entraves deve-se ao escasso poder imunogênico ou à falta de uma metodologia eficiente. sendo por isso controlados com princípios ativos específicos. Já o teste soro lógico. Nos últimos anos.121 Um exemplo é a diagnose de PPV e PNRSV em prunóideas. a técnica DAPI tem fornecido ótimos resultados e. 6-diamidino-2 phenyl indole). Sendo assim. Em algumas espécies de frutíferas. eventualmente. são complementados utilizando-se análise PCR. para purificação de anticorpos para determinados vírus. Pode-se utilizar a análise eletroforética de RNA dupla-fita ou bicatenário (dsRNA).Devido às numerosas variáveis que podem influenciar o teste sorológico. que age sobre os ácidos nucléicos presentes nos tubos crivosos do floema. Entretanto. Nesse caso. pelo excesso de especificidade de um simples anticorpo. Entretanto. tem sido cada vez maior o número de vírus de plantas lenhosas isolados. Diagnose por meio de microscópio ótico a fluorescência com coloração (DAPI) . para identificação do agente patogênico. dependendo do tipo de vírus e da espécie vegetal. Métodos empregados na seleção varietal e no controle fitossanitário A aplicação dessas técnicas de caracterização genética. A termoterapia é a técnica mais antiga. limpeza clonal e diagnose do estado sanitário de plantas constitui-se em elementos básicos para um programa de produção de mudas de qualidade e. que normalmente são utilizados em conjunto para se obter plantas sadias. normalmente. enquanto a atividade das enzimas necessárias ao crescimento e multiplicação celular da planta é somente diminuída.matriz e reproduzido. a planta regenerada é submetida a todos os testes diagnósticos necessários. como planta-matriz certificada.122 patógenos sistêmicos. Após a aplicação dessas técnicas. diretamente. Ou. responsável pela produção de cópias do vírus. embora de modo bastante reduzido. que em conjunto. ou por meio da microenxertia in vitro sobre porta-enxertos livres de viroses. por tempo variável. Nessas condições. Entre as técnicas envolvidas na limpeza clonal. permitam a obtenção de plantas devidamente caracterizadas quanto aos aspectos genéticos e morfofenológicos e sanitariamente sadias. deve ser adotada uma série de procedimentos confiáveis e reproduzíveis. utilizada na limpeza clonal de plantas e consiste em expor a planta a temperaturas ao redor dos 38°C. a replicação viral é reduzida drasticamente e a produção de partículas virais tende a diminuir. . a microenxertia e o cultivo de ápices meristemáticos. são utilizadas por laboratórios públicos e privados para dar sustentação aos viveiristas envolvidos na produção de mudas certificadas. permitindo que o ápice meristemático se desenvolva livre de partículas virais. pode ser completamente inibida à temperatura de 38°C. Se comprovada a ausência de agentes patogênicos. estão a termoterapia. pelo cultivo dos ápices meristemáticos. a RNA polimerase. Entre 32°C . então. pode ser retirado da planta. Contudo. para implementação. a planta mantém o crescimento vegetativo. essa planta estará pronta para ser utilizada em banco de germoplasma.38°C. Assim. exportava para outros estados mudas de plantas cítricas. os programas de certificação estaduais. A legislação brasileira não trata de certificação de mudas em â nacional nem do sistema de mudas fiscalizadas. conforme a Lei 6. obrigatoriamente. Itália. nos Estados Unidos. sem barreiras fitossanitárias. a sustentabilidade do setor produtivo de frutas passa. possibilitando que as mudas transitem de um país para outro. . conforme a Pc 302/98 da Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul. No Brasil. frutíferas de caroço. a qualidade das frutas e.5(19 de dezembro de 1997. As principais vantagens da certificação de mudas são: melhorar a qualidade dos viveiros. a produtividade dos pomares. e hoje. trazer garantias ao produtor e consumidor e simplificar a vida dos viveiristas. 1998. tradicionais produtores de frutas e exportadores de mudas para outros países. foi implantado o projeto oficial de mudas certificadas nos Estados Unidos e no Canadá. associados a barreiras fitossanitárias que impedem a entrada.123 Produção de Mudas Certificadas Introdução Para competir no atual mercado de frutas. trânsito e comercialização de material infectado ou não-certificado. na Inglaterra. Assim. destaca-se a infecção das plantas por vírus e assemelhados. O processo de certificação de plantas teve início nos anos 40 do século 20. obtido com o aumento da produtividade dos pomares. no Estado de São Paulo e no Rio Grande do Sul. Em 1955. FACHINELLO. Nas décadas de 70 e de 80 do século 20. Entre os fatores que afetam. As principais regiões produtoras de frutas. inicial 1998. 2000). quando fitopatologistas formularam os princípios da certificação de plantas-matrizes. que estas normas para a produção de mudas fiscalizadas e mudas certificada As diferenças entre os sistemas de mudas fiscalizadas e certificadas estão resumidas na Tabela 1. videira. esse sistema vigora em toda a União Européia. entre outras. principalmente. e Holanda. o Rio Grande do Sul sempre foi um grande produtor de mudas de plantas frutíferas. Na Europa. no mundo. pela adoção de programas para produzirem mudas de qualidade (FACHINELLO. inclusive para o Brasil. adotaram como estratégia principal. negativamente. A produção de mudas certificadas passou a ser um excelente negócio em países como França. é necessário produzir com qualidade e com preço competitivo. como é o caso da certificação de mudas de citros. o trabalho foi iniciado com a estação experimental East Malling. já que a responsabilidade maior é da entidade certificadora. o uso de programas de certificação de mudas. é necessário um esforço conjunto do setor público e privado. Até o momento. Isso só é possível com o uso de material propagativo livre de pragas e de doenças severas que podem limitar o crescimento. Um programa moderno de certificação de mudas deve permitir que os órgãos públicos e privados tenham condições de trabalhar em parcerias. A decisão e a implementação de um Programa de Certificação de Mudas não dependem somente de leis e de decretos. com riscos de introduzir doenças e pragas ainda não existentes nos pomares brasileiros. de onde são trazidas mudas de morangueiro. Dependem. Nesse processo. por meio das mudas. que ofereça. Etapas da produção de mudas certificadas As mudas certificadas são aquelas produzidas de acordo com a legislação específica. Assim. esse quadro mudou e o estado passou a importar volumes importantes de mudas de outros estados e. mas não o faz porque o sistema não é suficientemente organizado para controlar todas as etapas do processo de produção. causando diminuição significativa da produção nos pomares. sem a necessidade de se recorrer à importação e a todos os riscos dela derivados. Do Estado de São Paulo. e que obedecem a padrões rígidos de qualidade em todas as fases de produção. Para criação de um sistema de mudas certificadas. o desenvolvimento e a qualidade dos frutos (FACHINELLO. para garantir a qualidade das mudas e reduzir o custo de produção dos novos pomares. se disseminem. recentemente. muda de alta qualidade. França e África do Sul. Por sua vez. nas diversas espécies frutíferas. mudas de videira. de vontade política e dos esforços do setor público e privado para colocar em prática algo que já deveria ser uma realidade. chegam os porta-enxertos e as cultivares copa de macieira e. pela importância da fruticultura brasileira. quando as plantas-matrizes não são controladas. quivizeiro e macieira. da Holanda. limitando-se ao estabelecimento de leis. sob controle de uma entidade certificadora. os produtores compram as mudas pelo preço e não pela qualidade. Em contrapartida. O Rio Grande do Sul possui tecnologias e a tradição para produzir mudas de alta qualidade. As importações mais freqüentes têm sido feitas do Chile e da Argentina. do exterior. muitos produtores. em grande quantidade. os viveiristas ainda não assimilaram a importância do uso de material genético sadio e controlado. são enviadas mudas ou material propagativo de plantas cítricas. cria-se um ciclo vicioso. A maioria dessas doenças não é visível a olho nu. do Uruguai. dispondo de instrumentos capazes de garantir a qualidade do material propagativo. facilmente. A justificativa para a produção de mudas certificadas é que a propagação vegetativa de plantas faz com que as doenças causadas por vírus e outros patógenos. A moderna fruticultura é baseada em pomares produtivos. plantas cítricas de mesa. A produção de mudas certificadas é baseada em normas e padrões específicos que . sem a fiscalização eficiente da cadeia como um todo e a manutenção de campos de matrizes com controle genético e sanitário. pois não foi realizado um trabalho cooperativo e continuado no segmento de mudas certificadas. acima de tudo. 2000). bem como estabelecer critérios de autocontrole em todas as etapas do processo de produção de mudas certificadas. e só aparece quando o pomar inicia a produção de frutos.124 Hoje. da Itália. todas as tentativas não tiveram êxito. buscam mudas de outras regiões ou importam de outros países. principalmente. à sociedade. e o sucesso do empreendimento depende da utilização de mudas com garantias genéticas e sanitárias. para obtenção de mudas de qualidade. por genótipo presente nos campos de plantas-matrizes. Controle fitossanitário . inspeção. para eventual processo de patenteamento e pagamento de . para as principais doenças de origem viral ou assemelhadas.estejam sob telados à prova de afídeos. certificados de garantia.125 orientam sobre a escolha do local do viveiro. disponibilizando-as para multiplicação. O sistema deve prever as seguintes ações: Criação de um banco de plantas-matrizes básicas . verificando-se o método de obtenção (cruzamento.Depois de assegurada sua sanidade e identidade genética. as plantas-matrizes básicas são multiplicadas por meio de métodos convencionais e in vitro. a presença de vetares de doenças viróticas obriga que as plantas-matrizes . uso de quebra-ventos. indexagem periódica. com uso de plantas indicadoras ou testes laboratoriais. identificadas geneticamente e devidamente indexadas. entre outros. Se positivo. Para isso. fitoplasmas ou bactérias. doenças de natureza virótica.e todo o sistema de produção de mudas . 1. novamente. as plantas podem ser submetidas à termoterapia. as plantas-matrizes básicas são submetidas a uma bateria de testes diagnósticos. No caso específico de plantas cítricas.Na primeira fase. Controle genético/varietal. desinfestação do material. está resumida a proposta que poderia ser implementada na produção de mudas certificadas. Macro e micropropagação . seguida do cultivo in vitro e.Nessa fase. submetidas aos controles fitossanitários e genéticos. para verificar se existem ou não. identificação. deve ser feita uma verificação feno-pomológica para cada planta individualmente. transformação gênica ou outras) para se ter conhecimento da genealogia. é fundamental que se tenha um controle genético varietal. seleção clonal. localização e manutenção de plantas em estufas. e passam a ser utilizadas na constituição dos campos de plantas-matrizes mantidos por órgãos oficiais ou credenciados. pedido de registro. evitando-se variações genéticas degenerativas.É necessário que entidades de pesquisa mantenham bancos de plantas-matrizes básicas em telados à prova de afídeos e isolados do solo. Na Fig. por meio da verificação da autenticidade das cultivares sanitariamente controladas. Planta-matriz registrada . conforme a Lei n°10. Essas plantas constituem lotes registrados de borbulheiras.É aquela muda originária de PMR ou PPMR (enxerto. sob a supervisão da entidade certificadora e fiscalizadora (ECF). Planta-matriz registrada (PMR) . Porta-enxertos É fundamental que. As ações de pesquisa devem prever:  Desenvolvimento de protocolos para multiplicação in vitro de porta-enxertos de origem dona!.A partir da multiplicação das plantas-' matrizes. de preferência de origem clonal e que possam ser avaliados por uma rede de ensaios nas diversas regiões de produção.612 de 28/12/95. a entidade certificadora e fiscalizadora (ECF) é a Secretaria da Agricultura e Abastecimento . sabor. e que atenda aos requisitos estabelecidos pela entidade certificadora e fiscalizadora (ECF). lotes registrados de porta enxertos ou lotes registrados de estolões.A produção de mudas certificadas exige que se tenham laboratórios credenciados e aparelhados. laboratórios de apoio . Planta propagada de matriz registrada (PPMR) . a curto prazo. Muda certificada (Me) . forma. sob a supervisão da entidade certificadora. para se fazer os testes diagnósticos previstos.723.A obtida da micropropagação in vitro de PMR. do Estado do Rio Grande do Sul.).126 raya/ties.A obtida pelo desmembramento de PMR.A que atenda todos os requisitos de MC. de 12 de junho de 1996. 1998 estabelece as seguintes classes de plantas e mudas na produção de mudas certificadas: Planta básica (PB) . para obtenção do material propagativo utilizado na produção de mudas certificadas. Muda fora do padrão morfológico (MFPM) . exceto a que está acima ou abaixo do padrão morfológico estabelecido para essa classe de muda.  Testes diagnósticos para verificar a sanidade do material propagativo . etc. O viveiro também é examinado. resistência a doenças e ao armazenamento. buscandose avaliar esses materiais para serem recomendados às condições brasileiras.SAA -. ou por meio de enxertia. Essas plantas-matrizes também devem passar por indexagem periódica. cor. se disponham de novas alternativas de portaenxertos em substituição aos tradicionais. No Rio Grande do Sul. A Portaria 302/98.Aquela cujas características genéticas e de sanidade sejam mantidas sob responsabilidade da entidade produtora ou depositária. utilizando-se material proveniente de PMR e que apresente as características desta e atenda aos requisitos estabelecidos pela ECF. que apresenta as características desta. e que poderá ser aproveitada comercialmente. que produzam frutos de qualidade (tamanho. bem como as análises genéticas do material propagativo. conforme o caso. os viveiristas constituem seus campos de matrizes registradas. Material propagativo de qualidade Cultivares-copa É necessária a manutenção de programas cooperativos de melhoramento genético com a introdução e a obtenção de novas cultivares. Muda micropropagada de planta-matriz registrada (MMPMR) . lotes registrados de sementeiras.A proveniente da planta básica (PB). para se verificar a correspondência entre a cultivar presente nos campos de matrizes registrados e se o número de mudas produzidas corresponde ao quantitativo de material existente nos matrizeiros. regulamentada pelo Decreto n° 36. porta-enxerto e filtro) e formada sob controle da ECF. da tristeza e do cancro-cítrico transmitido pelo vento. até o momento da comercialização das mudas enxertadas. o sistema de produção de mudas certificadas é feito em telados com malha de 1 mm2 e com controles rígidos do trânsito de pessoas no local de trabalho. são necessários completa organização e controle rígido na circulação de pessoas nos telados. facilidade de multiplicação e qualidade dos frutos. enquanto os porta-enxertos são obtidos de sementes certificadas. para fornecerem borbulhas para a enxertia.  Macro e micropropagação daqueles porta-enxertos considerados promissores. acondicionadas em potes apropriados. 3). adaptação. Para isso. compatibilidade. em bancadas apropriadas. Exemplos de programas de certificação de mudas frutíferas Mudas cítricas certificadas Em função da existência de doenças transmitidas por insetos.  Identificação genética.127 disponível. . como é o caso da dorose-variegada-dos-citros (CVC). Plantas-matrizes são mantidas nessas estruturas. produtividade. com uso de marcadores moleculares e descritores morfológicos. instalado na entrada da antecâmara (Fig. para evitar a transmissão ou a contaminação das mudas por pragas e doenças (Fig. As estufas e telados devem ter pedilúvio para desinfestação de calçados.  Estudos comparativos. Já a germinação é feita em substrato esterilizado e sob telados isolados do chão. resistência a pragas e doenças. 2). por meio de rede de pesquisa desses novos portaenxertos em relação ao vigor. Nas condições brasileiras. na indústria conserve ira. o porta-enxerto é obtido a partir de sementes. No entanto. os porta-enxertos devem ser oriundos de pomares específicos com as cultivares Okinawa. não . entre outras. Contudo. essas plantas devem ser acompanhadas e receber indexagem periódica (FACHINELLO et aI. para fornecerem o material básico para a enxertia.128 Mudas frutíferas de caroço As plantas básicas são mantidas em telados à prova de afídeos. estudos para multiplicação e utilização desses porta-enxertos necessitam ser realizados.. não é necessário o uso de telados para obtenção de mudas e manutenção de plantas-matrizes. Nemaguard e Nemared. 4). se possuem. pois oferecem amplas possibilidades de uso para fruteiras de caroço. que possuem resistência a fitonematóides do gênero Me/oidogyne. os viveiristas não possuem campos de matrizes e. no caso de mudas fiscalizadas. Para mudas certificadas. 1995) (Fig. mesmo quando propagadas por sementes. não sofrem nenhum tipo de controle genético e sanitário. Nos viveiros. Geralmente. a propagação clonal desses e de outros porta-enxertos é a forma preferida em outras regiões do mundo. apesar de adaptadas às nossas condições. As cultivares-copa. que podem limitar o crescimento e o desenvolvimento das plantas. No viveiro. Por isso. provocada pelo vírus PPV (P/um pox virus). infestados com pérola da terra (Eurhizococcus brasiliensis). Meloidogyne incognita e Meloidogyne javanica). a 5 cm acima do ponto de enxertia. que como exemplo podem ser adaptadas para outras espécies frutíferas. De acordo com a Portaria 302/98. do Estado do Rio Grande do Sul) A seguir. pois o tempo de incubação pode demorar longos períodos. quando produzidas em estufa ou telado.  Apresentar. serão apresentados alguns aspectos relacionados com as exigências e etapas que devem ser observadas para produção de mudas de frutíferas de caroço. . após a retirada das mudas do viveiro. O viveiro.129 fazem a indexagem periódica das mesmas. Padrões de qualidade das mudas de frutos de caroço (Portaria 302/98. 2). Será permitida a produção e a comercialização de mudas de estacas enraizadas da cultivar copa. Não apresentar diferença de mais de 0. evitando-se solos encharcados. obrigatoriamente.6 cm entre os diâmetros do enxerto e do porta-enxerto. no material amostrado. com formol a 2. bem como à desinfestação de pisos. Os produtores devem proceder à desinfestação do material e dos equipamentos utilizados no viveiro. os cuidados devem ser tomados em relação à escolha do local. ter-se-á uma produção itinerante de ameixas. Nas frutíferas de caroço. paredes e bancadas com hipoclorito de sódio a 1 %. a estufa e o telado devem ter pedilúvio para desinfestação de calçados. em especial PNRSV (vírus-da-mancha-anelarnecrótica de Prunus) e PDV (vírus-donanismo-da-ameixeira) no pessegueiro e na ameixeira. Foi verificado que a indexagem deve ser repetida com freqüência. Caso contrário. um diâmetro mínimo de 1 cm. deve sofrer um controle efetivo ao longo do ciclo vegetativo. essa espécie.5%. pesados. são conhecidas doenças de natureza virótica ou vírus assemelhados. instalado na entrada (Fig. da Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul. medidos a 5 cm do ponto de enxertia. nematóides (Mesocriconema xenoplax. A doença chamada de sharkadas-frutas-decaroço. pois existem suspeitas de que a grande maioria das plantas cultivadas esteja contaminada por essa doença. No caso da ameixeira. deve ser dada uma atenção especial à doença chamada de escaldadura (Xylella fastidiosa) que compromete a produção e leva a planta à morte. ainda não foi encontrada nas condições brasileiras. Padrões morfológicos  A enxertia deve ser feita entre 10 e 20 cm de altura. muito comum na Europa. mal drenados. medidos a partir do colo da planta. a condenação de viveiros e mudas de frutas de caroço ocorre conforme a Tabela 2. bem como áreas sujeitas a ventos ou que tenham sido cultivadas com rosáceas nos últimos 3 anos. e a distribuição da doença na planta não' é uniforme. raiz principal com no mínimo 20 cm e raízes secundárias abundantes. O enraizamento será de acordo com as características próprias de cada sistema de . sem apresentar partes lascadas.130  Apresentar a haste principal com uma altura mínima de 50 cm.  Apresentar o sistema radicular bem desenvolvido. não enoveladas ou retorci das.  Apresentar uma única haste ou com pernadas de comprimento máximo de 25 cm. Sem apresentar partes lascadas. medidos a 25 cm do solo. é exigida a implantação de quebra-ventos. em cada uma das inspeções obrigatórias devem ser coletados o solo e raízes de 1 % das plantas (amostras oficiais). no máximo. Se as plantas-matrizes registradas ou as borbulheiras registradas forem mantidas a campo. no máximo. Nos blocos para certificação.ECF -/ podem ser comercializados porta-enxertos produzidos a partir de enraizamento de estacas que não atendam a esses padrões morfológicos. Nemaguard. caso não atendam aos padrões morfológicos. Inspeções obrigatórias Para o acompanhamento da produção de mudas e a garantia de qualidade das mesmas. . a cada ano será feita a indexagem para detecção de PNRSV. Coleta de borbulhas de plantas-matrizes registradas Serão permitidos. desde que o material pertença ao programa de certificação de mudas. Exigências especiais para mudas do programa de certificação Plantas-matrizes registradas e borbulheiras também registradas devem ser inspecionadas. Em caso de suspeita de infecção por quaisquer vírus ou assemelhados. Porta-enxertos Será permitido o uso dos seguintes porta-enxertos: Aldrighi. Se acordado entre as partes. Magno. mas atendam a todos os demais padrões de qualidade definidos nas normas gerais e nessas normas específicas. Capdeboscq.  Mudas produzidas para certificação.  No período vegetativo. A indexagem é feita para se verificar o estado sanitário e se acusar a presença do agente patogênico.  Ter. o padrão morfológico do material e as disputas serão resolvidas com base no Código de Defesa do Consumidor. BR-6. PDV e Xylella fastidiosa. 27 meses de idade. será suspensa a retirada de material.131 produção. no máximo. Nemared e Okinawa. se mantidas em telado e a cada 5 anos.  Na pré-comercialização. a cada 10 anos. no período de floração/início de brotação e no final de verão/início do outono e. podem ser comercializadas como "Muda fora de padrão morfológico". não-enoveladas ou retorcidas. quando o material pertencer ao programa de certificação de mudas. nas seguintes fases:  Na pré-enxertia . se mantidas a campo. as partes estabelecerão. Flordaguard. Tanto para a instalação dos viveiros em telado quanto para a instalação de viveiros a campo. permitindo-se combinar no máximo 15 amostras para análise da presença de nematóides e Phytophthora spp. Nesse caso. em contrato. e ser envolvida com camada vegetal ou com plástico perfurado ou com sacos de aniagem ou equivalente.Inspecionar porta-enxertos e plantas-matrizes (registradas ou não) ou borbulheiras registradas. visualmente. a realização de inspeções torna-se obrigatória. e com o conhecimento prévio da Entidade Certificadora e Fiscalizadora .  A muda de raiz nua deve ter raízes protegidas com material não fermentável e úmido. dez cortes de plantas borbulheiras registradas para a coleta de material propagativo. a reindexagem deve ser imediata e suspensa a retirada de material propagativo. Não se aplicam esses padrões morfológicos para comercialização de portaenxertos produzidos a partir de cultura de tecidos in vitro. O material deve ser eliminado o mais rápido possível. mas com raízes bem formadas. de todas as plantas que se apresentarem suspeitas de infecção por vírus e assemelhados. Plantas-matrizes registradas devem ser reindexadas. e depois as plantas devem ser substituídas. Magno. Ônix. Vanguarda e Vila Nova.Amarelinha. Rosa Mineira e Sinka. Granito. Methley. Cerrito. Mara. Planalto. BR-2. infecção por Agrobacterium ou infestação por tiririca (Cyperus rotundus). Sentinela. A propagação vegetativa pode ser feita por meio da técnica de cultura de tecidos ou do enraizamento de estacas. Golden Japan. Premier.Ágata. Letícia. Charrua. Pilcha. Sclerotium e Sclerotinia. Reubennel. utilizando se plantas-sementeiras registradas. Jubileu. Sunblaze. . em locais isolados e protegidos com quebra-ventos. Rio-grandense. América. Irati. Precocinho. Copas Será permitido o uso das seguintes cultivares: Ameixeiras . Chiripá. Sungold. Armillaria. Leonense.132 A propagação por sementes deve ser efetuada com caroços provenientes de pomares plantados com objetivo específico. Eldorado. Sinuelo. ou outra espécie de nematóides danosos à cultura. Coral. infestação por pérola-da-terra (Eurhizococcus brasiliensis). Cascata. BR-6. Dulce. Frontier. infestação por fungos dos gêneros Phythopthora. Maciel. Granada.Anita. Pampeano. Flordaprince. Guaiaca. Sunlite e Sunred. Ametista. Marfim. Bolinha. Quinze de Novembro. Turmalina. Chula. Chinoca. Pluma 7. Chimarrita. BR-3. Branca. Marli. retiradas de plantas propagadas de matrizes registradas. BR-l. Pessegueiros . Rhizoctonia. Sungen. Linda. Nectarineiras . Diamante. Serão sumariamente eliminados todos os blocos de mudas que apresentarem infestação por nematóides do gênero Meloidogyne (causador de galhas). 133 .
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