Processos Psicológicos Básicos no Esporte.pdf

March 27, 2018 | Author: Miltinho Cesca | Category: Self-Improvement, Emotions, Psychology & Cognitive Science, Perception, Attention


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Processos Psicológicos BásicosNo Esporte Brasília-DF. Elaboração Alessandra Monteiro Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APRESENTAÇÃO................................................................................................................................... 4 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA...................................................................... 5 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 7 UNIDADE I EMOÇÃO NO ESPORTE......................................................................................................................... 9 CAPÍTULO 1 EMOÇÕES NO CAMPO ESPORTIVO.......................................................................................... 9 CAPÍTULO 2 EMOÇÕES NA FASE PRÉ-COMPETITIVA, DURANTE E APÓS A COMPETIÇÃO............................... 12 UNIDADE II ATENÇÃO E CONCENTRAÇÃO NO ESPORTE........................................................................................ 16 CAPÍTULO 1 ATENÇÃO.............................................................................................................................. 17 CAPÍTULO 2 CONCENTAÇÃO.................................................................................................................... 19 UNIDADE III FUNÇÕES COGNITIVAS E ESPORTE....................................................................................................... 21 CAPÍTULO 1 IMAGINAÇÃO E MEMÓRIA NO ESPORTE................................................................................. 22 UNIDADE IV INTELIGÊNCIA E CRIATIVIDADE NO ESPORTE......................................................................................... 23 CAPÍTULO 1 INTELIGÊNCIA........................................................................................................................ 23 CAPÍTULO 2 CRIATIVIDADE........................................................................................................................ 28 UNIDADE V ANSIEDADE E ESTRESSE NO ESPORTE.................................................................................................... 33 CAPÍTULO 1 ANSIEDADE E ESTRESSE........................................................................................................... 34 PARA (NÃO) FINALIZAR....................................................................................................................... 39 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 40 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 4 fontes de consulta. subdivididas em capítulos. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado.Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo. para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares. Ao final. filmes e sites para aprofundamento do estudo. com o objetivo didático de fortalecer o processo de aprendizagem do aluno. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Eles serão abordados por meio de textos básicos. discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. serão indicadas. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais. no decorrer das leituras. 5 . de forma didática. suas experiências e seus sentimentos. objetiva e coerente. os conteúdos são organizados em unidades. também. uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. A seguir. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Praticando Sugestão de atividades. com questões para reflexão. É importante que ele verifique seus conhecimentos. Para (não) finalizar Texto integrador. ou seja. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo. 6 . É a única atividade do curso que vale nota. que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. é a atividade que o aluno fará para saber se pode ou não receber a certificação. baseadas nos objetivos do curso. que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). ao final do módulo. Exercício de fixação Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/ conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não há registro de menção). Avaliação Final Questionário com 10 questões objetivas. esclarecer sobre os benefícios que a prática regular de atividades físicas e esportes acarreta para o desenvolvimento psicológico e bem-estar geral (físico. serem chamados básicos. »» Possibilitar reflexão e discussão acerca dos processos mentais e psicológicos que influenciam a prática esportiva. 7 . visando a um nível ótimo de saúde mental e melhorando sua performance. didaticamente. cognitivo e emocional) do indivíduo. De acordo com a Associação Americana de Psicologia. Objetivos »» Aprofundar os conhecimentos acerca dos processos psicológicos básicos que permeiam a prática esportiva.Introdução Os processos psicológicos que permeiam a prática dos esportes. »» Contribuir para a compreensão dos diferentes conceitos que abordam a temática dos processos psicológicos. o objeto de estudo da Psicologia do Esporte é o atleta e seus diversos comportamentos durante a prática esportiva. Além disso. devem ser estudados e compreendidos em toda a sua complexidade. o psicólogo que atua no cenário esportivo deve nortear sua prática para dois grandes objetivos: orientar o atleta na compreensão dos princípios psicológicos. apesar de. 8 . os afetos e o humor são os quatro elementos básicos que constituem a vida afetiva do indivíduo e que fornecem brilho. A prática esportiva leva à tona diferentes emoções. estados de humor. influencia o comportamento dos jovens em qualquer parte do planeta. 33). [. Segundo Vieira e colaboradores (2008).] as emoções. [. p. sentimentos. A emoção é um aspecto presente em todas as práticas esportivas modernas. 9 . sempre relacionada aos diferentes contextos esportivos. que transitemos pelo campo da neurociência.] o esporte é um poderoso fator mobilizador. é necessário. p. de uma forma que nenhuma outra manifestação humana é capaz de fazer. segundo Samulski (2002). Portanto. por que o esporte desperta diferentes emoções nas pessoas? A Psicologia do Esporte. desde a alegria em conseguir realizar determinados movimentos até o medo de superar obstáculos. EMOÇÃO NO UNIDADE I ESPORTE CAPÍTULO 1 Emoções no campo esportivo O esporte tem sua prática impregnada de emoções.. a personalidade tem papel significativo na psicologia do esporte.. quando comparados às emoções. fazendo com que se espelhem em seus ídolos e transformem-nos em ícones capazes de criar e destruir padrões. Além disso.. uma vez que é essa a área da ciência que apresentou os maiores avanços científicos sobre o assunto nos últimos anos. os sentimentos. mesmo que brevemente. 2000. cognitiva ou motrícea). ao passo que os sentimentos são estados afetivos e. Para compreendermos o significado do conceito emoção. mas. pois está diretamente relacionada ao comportamento humano. 63). representa uma das disciplinas da Ciência do Esporte e tem como objeto de estudo as dimensões psicológicas do comportamento humano (afetiva. et al. O esporte é um fenômeno econômico e social no mundo inteiro e. moldar comportamentos e ditar modas que se espalham em uma velocidade espantosa (SOUZA FILHO. cor e calor a todas as vivências humanas.. As emoções são reações afetivas agudas e momentâneas. não podemos negar o papel fundamental que tem na formação humana e social das diferentes culturas. são mais estáveis e menos intensos (VIEIRA. provocadas por um estímulo significativo sempre acompanhado por uma descarga somática.. 2008. apenas por isso. . O objetivo geral do treinamento psicológico é desenvolver e aperfeiçoar as habilidades psicológicas de todos os sujeitos envolvidos no treinamento. 1986. mas que dificilmente conseguimos descrevê-lo [. felicidade. é pelo aperfeiçoamento da capacidade física e psíquica que o atleta alcança essas metas no esporte competitivo. haja vista sua busca por resultados. é necessário para garantir o desempenho físico. durante e após a ação da competição e podem ser de características positivas.. que não podemos ter tudo o que desejamos. acelerar e otimizar o processo de reabilitação e recuperação e melhorar os processos de comunicação (liderança e comunicação). 6). melhores desempenhos e vitórias. a confiança e a coragem.. desde a sensação inconsciente e incontrolável da emoção. a alegria das jogadoras de vôlei ao conquistar a medalha de ouro. seus estudos não podem ser ignorados já que a emoção está diretamente relacionada a interações entre processos psicofisiológicos e psicossociais. ou seja. bem como negativa. pudemos acompanhar a transmissão ao vivo dos jogos pan-americanos: a decepção das atletas do futebol de campo feminino ao perder o jogo para as canadenses na disputa dos pênaltis. 10 . alegria. Os estados emocionais humanos se manifestam nas mais variadas práticas esportivas. segundo Bompa (2002). os principais objetivos do treinamento psicológico são: [. por ser totalmente corporal. segundo Hirama (2002). de forma voluntária ou não. SCHULZ. Para Granell e Cervera (2003). Nos últimos dias. a alegria dos ginastas masculinos ao vencer a somatória de pontos na ginástica artística. 2002. desconhecido. que acontece de forma consciente. Além do treinamento físico. evitando dores.]. emocionais. toda resposta desencadeada pelo indutor no ser humano é corpórea. até conhecer e compreender o sentimento. O que mais compreendemos é que elas permeiam nossa vida. estabilizar o comportamento emocional durante a competição (autocontrole emocional). Apresentam-se como algo óbvio e. 116).. pois sempre buscamos vivenciar situações que nos causem prazer. Para Lavoura. contentamento. Damasio (2000) apresenta-nos três etapas do processo que relaciona emoções e sentimentos. como decepção. 1999). raiva e medo. trataremos nesse texto. como alegria. o consequente controle das emoções tem início na primeira infância. resignação. Contudo. e nem sempre entendemos. Zanetti e Machado (2008. a disciplina. UNIDADE I │ EMOÇÃO NO ESPORTE As emoções sempre se mostraram misteriosas às pessoas. p. é necessário diferenciarmos emoções de sentimentos. HANIN. p. sofrimentos e tristezas (HIRAMA. algo que sabemos o que é. ao mesmo tempo. desde pequenos aprendemos. Um dos aspectos mais interessantes relacionados à emoção. Porém.] desenvolver e melhorar as capacidades cognitivas. A tomada de consciência e.” (p. é fundamental o treinamento psicológico que. Apesar de poucos estudos sistemáticos sobre a sua relação com os esportes (KUHL.. As emoções presentes no esporte estão envoltas antes. é a expressividade. haja vista que “. do esporte competitivo. 9).. motivacionais e sociais de atletas e técnicos. o efeito (negativo ou positivo) e o rendimento (qualidade/quantidade. gasto/efeito). 213) apresenta duas funções fundamentais da expressão no contexto esportivo. por meio da expressão das emoções positivas. Demonstrar autoconfiança parece ser uma estratégia efetiva para controlar o nível de ansiedade em situações sociais. 11 . entre a tarefa e o meio ambiente. 2009. Emoção como um processo de interação segundo Hackford (1993. »» Regulação de relações sociais: não demonstrar emoções é uma estratégia utilizada no esporte para esconder informações e irritar o adversário. a situação em si (pessoa. p. também. é possível motivar os colegas do próprio time e irritar e desmotivar o time adversário. Deve-se considerar. ou seja. Às vezes. Hackford (1993. a relação entre emoção e rendimento num nível mais profundo. apud SAMULSKI. é preciso levar em consideração o contexto a qual se situa. a interação entre as pessoas. intensidade e forma). expressar um estado emocional oposto ao que é atualmente vivenciado e utilizá-lo para superar um estado negativo. não demonstrar reações emocionais é uma estratégia utilizada para proteger a própria imagem. em que se considera a emoção que é produzida (qualidade. a expressão de emoções negativas fortalece a confiança do adversário. EMOÇÃO NO ESPORTE │ UNIDADE I Figura 1. os atletas utilizam essa estratégia a fim de induzir uma sensação de culpa no adversário. »» Autorregulação: demonstrar reações emocionais pode ajudar a superar altos níveis de estresse e ansiedade e mudar o estado emocional. meio ambiente e tarefa).144) Para melhor compreendermos as funções das emoções no esporte. demonstrar sensações como tristeza e abatimento é uma estratégia para provocar no adversário a sensação de pena e apoio social. p. psicologicamente. »» Conduta competitiva: não pode mobilizar toda a energia. tremores corporais e sensação de debilidade. 12 . o atleta antecipa. ou seja. medo do adversário. estados de oportunidades. sensação de debilidade corporal). Estado de apatia »» Características fisiológicas: irradiação interna de processos centrais de inibição. mudanças vegetativas. »» Características psicológicas: nervosismo. 48). estado de mau humor. mudanças vegetativas (fadiga. »» Características psicológicas: intensidade diminuída da percepção e da concentração. p. aversão à competição. durante e após a competição Fase pré-competitiva O estado pré-competitivo. 2009). modificado por EBERSPACHER. dos riscos e das consequências (SAMULSKI. o atleta encontra-se em um estado de intensa carga psíquica. apatia mental. perda do ritmo e da velocidade. Conhecida como momento de antecipação. CAPÍTULO 2 Emoções na fase pré-competitiva. não se esforça bem. taquicardia. pouco antes da competição propriamente dita. reações lentas. incapacidade de concentração. »» Condutas competitivas: perda da direção tática. quais sejam (PUNI. falta de estabilidade emocional. 1982. Estado ótimo de ativação »» Características fisiológicas: equilíbrio entre os processos centrais de exercício e inibição e ótima intensidade dos processos fisiológicos. perda da direção e do controle sobre os movimentos. Diferentes estados pré-competitivos podem ser verificados através de características psicofisiológicas dos atletas. cansa-se muito rápido. falta de motivação para competir. Estado de febre »» Características fisiológicas: intensa irradiação de processos centrais de excitação. excitabilidade diminuída. 1961. falta de controle psicomotor. descobriu diferentes elementos que compõem o flow-feeling. o esportista irrita-se em situações de rendimento quando o resultado negativo poderia ter sido evitado por ele mesmo. sensação de controle total. alta capacidade de controle psicomotor. ótima conduta técnica-tática. Por esse motivo. após um bom rendimento. 218). os atletas não podem recordar o transcurso da competição. p. As emoções positivas apresentam dois conceitos a serem analisados: o flow-feeling (sensação de fluidez) de Csiksentmihalyi (1985) e a análise do winning-feeling (sensação de ganhar) de Unestahl (1983. »» Concentração: o esportista dirige sua atenção exclusivamente à ação. podemos observar duas reações emocionais típicas: as emoções positivas e as emoções negativas. 1986). bailarinos profissionais e alpinistas sobre o que sentiram em suas atividades profissionais e esportivas bem sucedidas. quando outras pessoas impediram o alcance de um bom resultado. pode-se observar nos esportistas mudanças na percepção de tempo e de espaço. absorção total na atividade. 2009. às vezes têm problemas para descrever o estado emocional experimentado durante a atividade. quais sejam: equilíbrio entre habilidade e desafio. Para o autor. movimentos soltos e fluidos. O primeiro autor. motivação intrínseca. e sim a avaliação subjetiva que o esportista tem da situação em si. »» Conduta competitiva: se compete com base em um plano tático. concentração total. concentração ótima. se alcança as expectativas. 217). a total e absoluta identificação e concentração na tarefa que se realiza. O segundo autor apresenta o winning-feeling com as seguintes características (SAMULSKI. 13 . o nível de tolerância à dor se encontra aumentado de tal maneira que o esportista não sente fadiga. »» Mudanças na percepção: nesse caso. orientação para o êxito. protegendo- se de estímulos externos perturbadores. cirurgiões. típicas de irritação durante a competição esportiva. 2009. quando impedem sua participação em uma competição ou quando surgem dificuldades durante a competição. após entrevistar jogadores de xadrez. Durante a competição Durante a competição esportiva. depois de um bom resultado não se apresenta o efeito esperado. EMOÇÃO NO ESPORTE │ UNIDADE I »» Características psicológicas: nível ótimo de ativação e disposição ótima para a competição. »» Aumento de tolerância a dor: nesse caso. autoconfiança. se controla a situação. p. Vale destacar que flow é uma “sensação de alegria durante a atividade. Allmer (1985) apresenta um rol de emoções negativas. debilidade ou dor. perda da autoconsciência. união entre consciência e ação. Importante salientarmos aqui que não são situações objetivas que determinam o estado emocional de um atleta. »» Amnésia: frequentemente. esquecendo-se de si mesmo” (SAMULSKI. ›› Decepção: é uma emoção difícil de diferenciar da raiva. 14 . ›› Raiva: a raiva aparece quando uma meta desejada que se pensou pode ser atingida e não é alcançada. A emoção de decepção é encontrada com frequência na literatura. 222). As experiências repetidas de fracasso conduzem primeiro a modificações negativas das expectativas de rendimento. 221). ›› Indiferença: tal estado emocional será esperado quando uma expectativa negativa diante de condição de estímulo confirma-se por meio de um resultado negativo. e. os autores analisaram duas situações a serem consideradas (apud SAMULSKI. Após a competição As experiências de êxito e de fracasso irão guiar e conduzir as atividades pós competição. quando existe a esperança de ter êxito. esperança: resultam quando a retroinformação sobre o transcurso das ações esportivas não representa uma segurança de que a meta será alcançada. A decepção aparece se o esportista não alcançou uma meta. ›› Interesse. particularmente se apresenta em forma repentina ou inesperada. 2009. O sentimento de raiva é. Os estudos de Kuhl e Schulz (1986) apresentam os diferentes estados emocionais depois de uma competição como o resultado da interação entre estados de motivação (orientação para o êxito/ orientação ao fracasso) e a relação entre expectativa e resultado obtido. »» Que estados emocionais são esperados se o esportista se sente DESAFIADO pelas exigências do esporte? ›› Satisfação: a emoção de satisfação será experimentada se uma expectativa positiva se confirmar no decorrer do transcurso e do resultado da ação. o esportista irá se irritar em situações sociais quando outras pessoas se comportam de forma injusta e não digna ou quando outras pessoas se comportam de forma não confiável e irracional. diante do termo da “frustração”. UNIDADE I │ EMOÇÃO NO ESPORTE Além disso. por último. Assim. preparam e capacitam para o rendimento. ›› Alegria: a alegria apresenta-se somente diante de condições estimulantes. experimentado quando a causa do fracasso é o não cumprimento das expectativas que se supunham seguras. As experiências de êxitos atuam como catalisadores. p. p. É provocada pelo transcurso de uma ação positiva que foi considerada negativa ou insegura. mas não puderam ser concretizadas. estimulam os processos mentais e emocionais. por vezes. O maior efeito psicológico do êxito esportivo é que ele estimula o esportista a continuar treinando (SAMULSKI. 2009. a modificações na personalidade do esportista. Psicologia do Esporte: conceitos e novas perspectivas. da atribuição causal e do tipo de consequências ameaçadoras. n. ›› Desamparo: quando a expectativa negativa é confirmada por um resultado negativo. quando uma expectativa positiva conduz a resultados negativos. é possível controlar as condições e os sintomas do esportista (seja pela autorregulação seja pelo treinamento (controle externo). 2009. SAMULSKI. Emoções no esporte. agressão: dependendo do contexto da situação. M. ›› Resignação e agressão: quando o resultado da ação depois de uma expectativa insegura é negativo. A. ›› Tristeza. diante de condições ameaçadoras. 2000. considerando as necessidades individuais do atleta. [. 24. 8. 2008. In: SAMULSKI. É possível combinar e variar as diferentes técnicas de controle. G. qualitativamente diferentes. P. ›› Alívio: quando um resultado ameaçador pode ser evitado com êxito. o abatimento e a agressão podem ser observados em pessoas que não têm alcançado um resultado esperado. ›› Medo: quando a expectativa permanece insegura também durante o transcurso da superação de exigências. Bases teóricas de bem-estar subjetivo. p. n. o resultado são estados emocionais. p. v. vergonha. será de resignação e agressão. o efeito. D. Psicologia: Teoria e Pesquisa. PADOVAM. v. 15 . a estrutura da tarefa e a complexidade e importância da situação (SAMULSKI. abatimento.. 201-209.. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. bem como a partir do resultado. EMOÇÃO NO ESPORTE │ UNIDADE I »» Que estados emocionais são esperados se o esportista se sente AMEAÇADO pelas exigências do esporte? ›› Tranquilidade: essa emoção apresenta-se quando a expectativa de evitar uma consequência negativa é confirmada no decorrer da ação. D. 227). R..] todas essas técnicas de controle emocional podem ser aplicadas de forma preventiva ou compensatória (técnicas de prevenção e compensação). O que é a Psicologia dos Esportes. 33-36. Durante todo o processo competitivo (antes. Manole. set. SOUZA FILHO. p. bem- estar psicológico e bem-estar no trabalho. 4. SIQUEIRA. 2. Brasília. V. a vergonha como consequência de culpa. O medo será tão mais forte quanto mais inseguro é o desenvolvimento da ação. M. A tristeza aparece com as experiências de perda. M. Barueri: Ed. 2009. durante ou após a competição em si). Isto deve fazer parte de seu treinamento. em virtude das características específicas da modalidade. 16 . os fatores internos são: sistema sensorial (visual e auditivo). É fundamental que o atleta conheça essas características e seja flexível para ater-se aos estímulos relevantes das situações de jogo mais comuns em cada modalidade. têm maus desempenhos ou perdem a concentração. Essa preparação tem como meta garantir o ótimo funcionamento dos processos de atenção do atleta e subdivide-se em duas fases: a primeira dedicada à orientação da atenção e. a sua concentração. Para um bom desempenho do atleta. Para exigirmos de um atleta níveis adequados de atenção e concentração. Porém. características da personalidade. ATENÇÃO E CONCENTRAÇÃO UNIDADE II NO ESPORTE Alguns atletas. o atleta não compreende o que significa esses dois conceitos e nem como utilizá-los de forma precisa e adequada. é necessária a preparação psicológica direta para a execução imediata da ação. Existem vários fatores internos e externos que podem influenciar o estado de atenção e de concentração. estresse social. a segunda. muitas vezes. complexidade dos estímulos. capacidade de processar informações. Os termos atenção e concentração são extremamente comuns em nosso meio. a frequência e a duração dos treinos para alcançar o resultado esperado. escutamos sempre técnicos. ao vivenciarem uma situação de pressão. não basta simplesmente dizer: “concentre-se!”. que deverá dar suporte necessário para a compreensão dos processos inerentes à atenção e à concentração. atletas e até a torcida verbalizar em determinados momentos dos jogos que certo atleta deve ter atenção ou deve se concentrar no jogo. depositando toda a responsabilidade de vitórias ou fracassos nas habilidades físicas e esquecendo que o homem é um ser biopsicossocial constituído de valências psíquicas imprescindíveis na sua atuação. Diante disso. Os fatores externos são: quantidade de informações. Ao observarmos o ambiente de competições. “preste atenção no jogo!”. De acordo com Cratty (1989). comportamento aprendido em situações específicas. muitos acreditam que bastam aumentar a intensidade. como acontece no momento da competição. pois são observados simultaneamente vários objetos e ações. são estas.CAPÍTULO 1 Atenção Para Schimdt (1993). É menor em comparação com a atenção concentrada. »» Concentrada: é a capacidade de dirigir conscientemente a atenção a um ponto específico no campo da percepção ou a focalização da atenção a um determinado objeto ou a uma ação. Amplitude: ampla e estreita. é limitada em capacidades. Magill (1984) conceitua a atenção como o estudo do estado de alerta que implica preparar-se para a informação sensorial e manter o estado de alerta. »» Ativar a atenção: estado geral do organismo. 17 . no qual se pode agir ativamente em situações de exigências específicas. ainda. »» Selecionar informações: escolha entre as várias informações no ambiente. a atenção tem algumas funções. atenção seletiva. Está relacionada à ideia de que nós temos uma capacidade limitada de processar a informação. De acordo com Gabler (1986) apud Samulski (2002). »» Alternância da atenção: é a orientação rápida e adequada a situações em função das exigências do meio. que o desempenho bem sucedido de habilidades motoras requer a capacidade de selecionar e prestar atenção a sinais ou informações significativas oriundos de uma grande variedade de sinais. Cita. »» Distributiva: é a distribuição da concentração sobre vários objetos e situações. »» Uma atenção ampla requer atenção simultânea a diferentes informações percebidas. como uma ótima adaptação da direção. Os tipos de atenção. »» Identificar informações: identificação primária de informações que antecedem a “atenção focal”. limita a capacidade de fazer certas partes da tarefa ao mesmo tempo. »» Rejeitar estímulos irrelevantes: conteúdos indesejáveis devem ser remprimidos. da intensidade e do volume da atenção. As formas de atenção são as seguintes. enquanto a atenção restrita dirige a concentração a um único aspecto da situação. definido atenção com as seguintes características: é seriada. requer esforço e está relacionada com a excitação. o conceito de atenção relaciona-se às “capacidades de processamento de informação que colocam limites sobre o desempenho humano habilidoso”. de acordo com Konzag (1981) apud Samulski (2002). mudando de uma fonte para outra ao longo do tempo. também. e na atenção interna. Quatro diferentes tipos de foco de atenção Direção da atenção Externo Interno Amplo-externo Amplo-interno Amplo Consciência da posição na quadra. a pessoa dirige a concentração somente a estímulos externos. »» Na atenção externa. UNIDADE II │ ATENÇÃO E CONCENTRAÇÃO NO ESPORTE Direção: externa e interna. para um atleta ser bem-sucedido. que é fundamental. Devemos lembrar. da Pensar sobre a estratégia geral da bola e da posição do adversário partida Amplitude da Atenção Esterito-interno Amplo-externo Esterito Utilizar a visualização para simular Consciência visual da bola antes de uma situação específica ou um estado realizar um golpe emocional positivo (adaptado de MURRAY. recomendamos. 18 . 2002) De acordo com Samulski (2002). concentra nas próprias percepções. durante os treinamentos. a avaliação dos processos de atenção do atleta. é necessário que ela seja capaz de perceber e integrar simultaneamente as informações de diferentes aspectos de uma situação no esporte e reagir adequadamente. sentimentos e pensamentos. Assim. durante determinados exercícios. a variação de estímulos que o atleta deverá verbalizar. Quando o ambiente se altera . Pensamentos sobre aspectos irrelevantes podem aumentar a frequência de erros durante a competição. Portanto. Assim. é importante ressaltar que o atleta deverá ser capaz de detectar e captar em um jogo os estímulos mais importantes. consequentemente. focalizados na tarefa e realmente conscientes de seus próprios corpos e do ambiente externo.CAPÍTULO 2 Concentação Esclarecido o conceito de atenção. A concentração pode ser definida como a focalização da atenção em um determinado objeto ou em uma ação (SAMULSKI. como dirigir a atenção aos espectadores. como biofeedback e relaxamento muscular progressivo. »» Identificação de estímulos relevantes: analisar juntamente com os atletas as situações e a escolha adequada da forma de atenção. »» Percepção do nível da ativação interna: através de técnicas psico-regulativas. de acordo com as diversas alternativas que o meio ambiente oferece. por exemplo. desenvolvendo pensamento positivo e programas individuais de concentração. observações e percepções dos detalhes e aspectos da situação..] é a capacidade de manter o foco da atenção sobre os estímulos relevantes do meio ambiente. 19 .. Assim. pensar em aspectos irrelevantes durante um jogo. o atleta pode aprender a perceber melhor seu próprio nível de ativação. mencionam que estão completamente absorvidos no presente. a capacidade de dirigir com consciência a atenção a um ponto específico no campo da percepção. visando a maior eficiência de controle da ativação num estado ótimo. podemos definir a concentração que. que são indicações. buscando a identificação dos “estímulos relevantes”. a flexibilidade da atenção depende da percepção e da interpretação adequada dos estímulos. Segundo Samulski (2002). o atleta deverá ser capaz de identificar o mais rápido possível seu nível interno de ativação de forma adequada. No âmbito esportivo. segundo Weiberg e Gould (2001) [. Para desenvolver nos atletas a capacidade de concentração. o foco de atenção precisa ser modificado também. pode tirar o atleta do ritmo de jogo e também desviá-lo de seu comportamento tático. ou seja. Samulski (1995) evidencia as seguintes regras básicas. inevitavelmente. Os atletas que descrevem seus melhores desempenhos. ela pode ser considerada como a habilidade de focalizar em estímulos relevantes do ambiente e de manter esse foco ao longo do evento esportivo (WEINBERG. 2001). GOULD. »» Redução do estresse emocional: através de técnicas de relaxamento e cognitivas de controle do estresse. 2002). o treinamento da concentração constitui a melhoria da capacidade de focalizar a atenção em um ponto específico do campo da percepção e a capacidade de manter um bom nível de concentração durante um longo período de tempo (resistência de concentração). UNIDADE II │ ATENÇÃO E CONCENTRAÇÃO NO ESPORTE Para Rúbio (2000). pesquisa e intervenção. »» Concentre-se na tarefa a realizar. São Paulo: Casa do Psicólogo. As recomendações de Eberspächer (1990) apud Samulski (2002) constituem as diretrizes básicas para a programação do treinamento da concentração. a concentração de um atleta pode ser aprimorada por meio de técnicas de concentração. 2000. »» Evite o pensamento negativo. 20 . Psicologia do esporte: interfaces.. WEINBERG. RUBIO. R. »» Durante a competição. S. Porto Alegre: Artmed Editora. (Org. de visualização ou de exercícios de relaxamento. 2001. K. D. 2. »» Concentre-se nos momentos decisivos de sua ação esportiva. não pense sobre o sentido de suas ações. »» Evite pensamentos sobre resultados futuros e sobre consequências negativas futuras. durante o período de treinamento e antes de uma competição.). Segundo Samulski (1995). GOULD. ed. »» Concentre-se na situação presente. Fundamentos da Psicologia do Esporte e do Exercício. Essas técnicas podem ser utilizadas periodicamente. aumentando o fluxo sanguíneo cerebral. Isso mostra que a participação em programas de exercícios físicos exercem benefícios nas esferas física e psicológica e que. vigilância. alguns estudos. o uso do exercício físico como alternativa para melhorar a função cognitiva parece ser um objetivo a ser alcançado [. et al.] (ANTUNES et al. tais como “percepção. redução do percentual de gordura. aumentando a velocidade dos processos cognitivos.. Entende-se por funções cognitivas as fases de processamento da informação.. atenção. apesar das controvérsias.. indivíduos fisicamente ativos possuem um processo cognitivo mais rápido. 2006. FUNÇÕES COGNITIVAS UNIDADE III E ESPORTE O exercício físico e a prática esportiva são conhecidos pelas inúmeras alterações que provocam no corpo humano. têm relatado a melhora das funções cognitivas. contribuindo para a prevenção de neuropatologias. 21 . memória. Ferreira (2007) relata que o exercício físico aumenta a atividade da enzima mitocondrial citocromo oxidase. além do aumento dos níveis de neurotransmissores. Recentemente... A prática esportiva e de exercícios físicos influencia nas funções cognitivas através de mecanismo diretos. [. aprendizagem. sugerindo que a prática regular protege as funções cerebrais. p. 2006). com Alzheimer e Parkinson.108).] Dessa forma. raciocínio e solução de problemas” (ANTUNES. provavelmente. desde benefícios cardiorrespiratórios. uma vez que essas patologias estão associadas à redução da atividade dessa enzima. até a redução de incidência de doenças crônico-degenerativas.. ________. nesse contexto. como contributo à prática esportiva. CAPÍTULO 1 Imaginação e memória no esporte O treinamento mental. K. HALL. pode. a compreensão dos estados mentais e das emoções. RUBIO. volta à tona. esse processo de mentalização implica recriar situações vivenciadas pelo atleta a partir de informações retidas na memória. tanto nas modalidades esportivas coletivas quanto nas individuais. a compreensão dos estados mentais e das emoções. São inúmeros os relatos e estudos que demonstram esse fato. com o intuito de imaginar a situação o mais real possível. história e imaginário. O controle sobre os pensamentos e sobre as emoções pode ser a diferença entre o primeiro e o segundo lugar nas competições. no esporte. é um consenso entre atletas. São Paulo: Casa do Psicólogo. Por essa razão. Portanto. bem como seu controle. Ressaltamos que o termo imaginação. uma vez comprovada a relação entre eles (MARTIN. determinar o desempenho do atleta. a mentalização deve envolver o máximo possível de sentidos. buscavam alcançar a transcendência. técnicos e estudiosos da Psicologia do Esporte. essa prática esteve associada ao misticismo. Medalhistas olímpicos brasileiros: memórias. através da mentalização. para isso. desde sua elaboração mental até sua execução. pesquisa e intervenção. seja através das neurociências ou pelos pressupostos da Teoria da Complexidade (MORIN. tornou-se fundamental para a vida do atleta. Psicologia do esporte: interfaces. São Paulo: Casa do Psicólogo. Segundo Rubio (2006). uma vez que trata da sensação do gesto motor. 2006. os atletas vencedores utilizam a imaginação para atingir diferentes objetivos que podem envolver desde a criação de um ambiente tranquilo e propício para o relaxamento. 22 . Os mesmos autores afirma que. diz respeito à elaboração de imagens mentais relacionadas à prática esportiva. o sentido cinestésico é extremamente importante. MORITZ. 2003). para os atletas. antigamente relacionados apenas às patologias. inclusive. através do aperfeiçoamento do gesto técnico ou da realização de provas. às religiões que. até os detalhes de uma competição. Nesse sentido. ainda encontramos pessoas que entendem a prática da mentalização como uma alternativa de trabalho. 1999). Durante muito tempo. a mente humana pode imaginar e criar situações que ainda não aconteceram e. Para Weinberg e Gould (2001). Segundo Weinberg e Gould (2001). 2000. ensaiadas mentalmente à exaustão pelos atletas. principalmente pelos métodos de elaboração de investigação sobre a natureza da inteligência como. 2007). apresentava a inteligência e outras características dos seres humanos características herdadas. que vai dos 2 anos aos 6 anos de idade. por exemplo. No século XIX. as crianças pensavam e raciocinavam como adultos (ZYLBERBERG. estágio de operações concretas. figuras e palavras. com o uso de reflexos. No século XX. em que se estudava as dimensões e as saliências do crânio de seres humanos considerados inteligentes. e iniciam-se. o raciocínio dedutivo e o silogismo. INTELIGÊNCIA E CRIATIVIDADE UNIDADE IV NO ESPORTE CAPÍTULO 1 Inteligência O interesse pelos estudos relativos à inteligência humana datam dos primórdios gregos. No século seguinte. destarte. que vai do nascimento até os 2 anos de idade. que compreende o início da 23 . isto é. Até o início do século XX. ou seja. Kant defendia a ideia de inteligência como provido de natureza intrínseca do intelecto somada à experiência sensorial vivida. Contrariando esse pensamento. Já nas décadas de 1920 a 1940 desse século. esses processos se mantinham os mesmos ao longo da vida. como os estudos de Franz Gall. as formas de conhecimentos representavam um dom de Deus. estágio semiótico (pré-operacional). com o uso de símbolos. considerava-se que a criança apresentava os mesmos processos cognitivos básicos dos adultos. essas teorizações ganham força com a ampliação de estudos das área da Psicologia e Matemática. Para ilustrar tal conhecimento. Platão. no qual quatro estágios são elencados: estágio sensório-motor. reações e combinações mentais. Na metade do século XX. podemos citar os estudos de Charles Spearman (1904) e a psicometria. tais como Sócrates. Nessa época também se iniciam as pesquisas relativas ao cérebro e sua relação com a inteligência. encontramos Descartes (XVII) e sua alusão à inteligência como inata. surgindo contribuições de conhecimentos anatômicos. os estudos de Jean Piaget contribuíram para ligar a inteligência ao processo de crescimento. Aristóteles. representado por Darwin. Skinner e sua abordagem comportamentalista acrescenta que o meio ambiente exercia influência para o aprendizado e relacionava-o à inteligência. Locke (XVII) argumenta a inteligência como originalmente advinda das experiências vividas pelo sujeito. os estudos da origem das espécies e da seleção natural. Já no Período Moderno. conciliando as duas ideias ora apresentadas. UNIDADE IV │ INTELIGÊNCIA E CRIATIVIDADE NO ESPORTE época escolar. os famosos testes de Q. 210). dos 7 aos 8 anos até os 11-12 anos.20).I. para responder questões epistemológicas relativas à natureza do conhecimento. estágio de operações formais. Howard Gardner (1996). Defende estruturas mentais comuns a todos os sujeitos .” (TERMAN. com o uso do conjunto de operações. citado por JENKINS. seu emprego” (GARDNER. Para Almeida. mas. que destaca o papel da cultura no desenvolvimento intelectual e relaciona o ser humano com o ambiente físico e social. »» Corrente cognitivista: busca explicar os fenômenos e as competências operacionais do processamento da informação. »» Corrente psicométrica: pautada na existência de fatores ou aptidões intelectuais internas. Um dos maiores estudiosos da inteligência. por meio da mudança de programas. citado por Alves (2002). »» “Inteligência é aquilo que os testes [ de inteligência] testam” (BORING. Nessa trajetória. a inteligência pode ser compreendida por diferentes correntes. resultado da interação do sujeito com os objetos e com o contexto em que está inserido. 1996. métodos e instrumentos. PATTERSON. Neste sentido. revisei evidências de um grande e até agora não relacionado grupo de fontes: estudos 24 . com fundamentação empírica. surgem os estudos de Gardner. que elaboraram uma escala métrica ou quantitativa de inteligência. citado por GARDNER. seu desenvolvimento. Ao formular meu depoimento em favor das inteligências múltiplas. quando o adolescente consegue formar um mundo hipotético. Como destaque. 1961. os trabalhos de Chomsky). no qual. citamos Piaget e também Vygotsky. oficialmente. busca-se a explicação dos fenômenos individuais e a melhoria nos níveis de realização de tarefas cognitivas (como.. o pesquisador que mais tem se destacado nesse tema e sua Teoria das Inteligências Múltiplas. que corresponde ao início do ensino secundário. 1986 a. (quociente de inteligência). »» “Um indivíduo é inteligente na medida em que é capaz de pensar em termos abstratos. faz uso de proposições. 1921). seus componentes. Destacam-se nesta linha Binet e Simon. Seus estudos apontavam que o conhecimento não era algo predeterminado desde o nascimento. »» Corrente desenvolvimentista: considera a inteligência como produto da compreensão dos fenômenos. p. as formas de atividades e o desenvolvimento da linguagem. p. ampliaram-se estudos e pesquisas em busca do entendimento da inteligência nos quais diferentes concepções e tentativas de definições foram encontradas: »» “A inteligência é a capacidade de solucionar problemas abstratos” (STERNBERG. condições.1998 ). apresenta que. dos 11-12 aos 15 anos. por exemplo. atualmente. somente em 1956 surgiu a “ciência cognitiva” como o “esforço contemporâneo.. teorias e conceitos. 51). ou seja. O autor avança de uma ideia singular de inteligência para uma ideia plural e multidimensional. físicos. INTELIGÊNCIA E CRIATIVIDADE NO ESPORTE │ UNIDADE IV de prodígios. Gardner propôs. matemáticos (GARDNER. escritores. Nos destros. 3. mas sim que ela é uma capacidade humana processada cerebralmente. como mostramos a seguir. na facilidade em utilizar instrumentos musicais. (NISTA-PICCOLO.. indivíduos talentosos. Inteligência musical: manifestada nas diferentes formas de expressar sons naturais. 1995). 1995). É a facilidade em lidar com números e com cálculo matemático – engenheiros. O dom da linguagem é universal e seu desenvolvimento é constante em todas as culturas – poetas. [. melodias. 47). Inteligência interpessoal: manifestada no relacionamento com os outros. Para o autor a inteligência está relacionada ao contexto cultural e [.. musicais. escrita e escuta. geógrafos. atualmente mais duas são elencadas. atletas. 1994.] é um potencial que trazemos conosco e que se evidencia mediante as oportunidades que encontramos para manifestá-la. marinheiros (GARDNER. advogados (GARDNER. 2.. p. cirurgiões (GARDNER. 2001. 6. As evidências da pesquisa do cérebro apontam para o hemisfério direito nas pessoas destras como o local de processamento – arquitetos.7). 1995). na percepção e na compreensão pela distinção das sensações alheias (humor. tons. Os lobos frontais desempenham um papel importante no conhecimento interpessoal (GARDNER. Constitui-se também a perícia de trabalhar com objetos envolvendo o corpo bailarinos. Inteligência lógico-matemática: manifestada na solução de problemas e no desenvolvimento de raciocínios dedutivos. 25 . motivação). 4. idiots savantis.. pacientes com danos cerebrais.] a inteligência não é uma entidade que está dentro do cérebro. especialistas em diferentes linhas de pesquisa e indivíduos de diversas culturas (GARDNER. Inteligência corporal-cinestésica: manifestada na solução de problemas relacionados ao corpo. mas sempre de acordo com a cultura em que vivemos. Inteligência espacial: manifestada na percepção e na administração do mundo viso-espacial. p. 2010. Para melhor esclarecer seus estudos sobre o tema. É necessária na navegação e no sistema notacional de mapas. a dominância é encontrada no hemisfério esquerdo do cérebro. 1995). crianças normais. a inteligência é vista como um “potencial biopsicológico para processar informações que pode ser ativado num cenário cultural para solucionar problemas ou criar produtos que sejam valorizados numa cultura” (GARDNER. leitura. Inteligência linguística: manifestada através de fala. na distinção de timbres. ritmos e frequências sonoras – maestros. 1995). inicialmente sete inteligências e. músicos em geral (GARDNER. 1995). 5. adultos normais. p. 1. 89). pois está relacionada com o significado da vida e com o sentido da morte. no campo espiritual. 2007. a inteligência naturalista refere-se ao reconhecimento e à classificação de numerosas espécies da flora e da fauna e aplicada às pessoas de vasto conhecimento sobre o mundo vivo. p. Os comportamentos inteligentes eram enaltecidos pela expressão dos processos “internos” : na fala retórica. uma característica observada em psicólogos. Carl Lewis no atletismo. dois elementos centrais estão presentes: o desenvolvimento do domínio sobre os movimentos de seu corpo e a manipulação de objetos com refinamento. em estar bem consigo mesmo. Podemos exemplificar a ginástica artística. Nesta. singulares 26 . porque a “alma o movia” (ZYLBERBERG. Segundo Gardner (2001). UNIDADE IV │ INTELIGÊNCIA E CRIATIVIDADE NO ESPORTE 7. Gardner (1995) apresenta essas manifestações como formas maduras de expressão corporal e. Quase todos os teóricos pensavam que ela estava “localizada” no interior do cérebro do indivíduo. Procuravam dentro do corpo o órgão que controlava seu funcionamento. Cristo). basquetebol como representantes da necessária inteligência de ambas características corporais cinestésicas. uma das mais maravilhosas invenções humanas é o senso do “eu”. Inteligência intrapessoal: manifestada no autocontrole. destaca que movimentos padronizados ignoram potenciais criativos. o salto em distância e altura como a necessária inteligência do domínio do corpo e a ginástica rítmica. tais quais Falcão no futsal. após longo período de provas e identificações. No campo esportivo. Diego Maradona no futebol de campo. Raramente consideraram o corpo uma expressão da inteligência e os movimentos corporais eram tidos apenas como resultados dos desejos conscientes dos mecanismos cerebrais. a inteligência espiritual. jogar um jogo (como no esporte) ou mesmo para criar um novo produto (como no planejamento de uma invenção) são considerados por Gardner (1995) como a inteligência corporal cinestésica. e outros. na administração de suas próprias sensações. no conhecimento dos próprios limites. como a conquista de um estado (saber como. Vimos ao longo da História que diferentes áreas do conhecimento tentaram encontrar o local onde estava “guardada” a inteligência humana. na escrita sábia e nos cálculos complexos. Há indícios também de uma nona inteligência. entre outros. a corrida de velocidade. assistentes sociais. Fica a pergunta: como se dá a inteligência neste campo? Inteligência no esporte Os aspectos cognitivos do uso do corpo para expressar uma emoção (como na dança). É possível que uma oitava inteligência tenha surgido. O autor considera que a inteligência espiritual ainda poderá ser definida como “inteligência existencial”. que revela três formas diferentes de manifestação: na preocupação com as questões cósmicas ou existenciais (perguntas como: Quem somos? De onde viemos?). Para Gardner (1995). e enquanto efeito que causa nos outros (exemplos de Buda. futsal. encontramos muitos discursos que referem determinados atletas como extremamente inteligentes. o know-how). ao aceitar esse fato. o professor. Os jogos e os esportes. improvisações. 27 . exigem que esses corpos se adaptem e respondam de forma eficiente e eficaz a essas situações. ricos em situações-problemas. em geral. Neste sentido. o técnico e o atleta em si devem buscar metodologias e processos de aprendizagem em que essa inteligência é elencada e constantemente trabalhada. INTELIGÊNCIA E CRIATIVIDADE NO ESPORTE │ UNIDADE IV e culturais que podem ser manifestados através da inteligência corporal cinestésica. entre outros. tais como pela inserção de desafios motores no ensino e na utilização de técnicas e habilidades motoras. variáveis ambientais e elementos inconscientes”. por mais que isso pareça utópico. quanto mais distantes os elementos a serem combinados. Mednick (1962) apresentou a criatividade como perspectiva comportamental cognitiva. composta por aspectos cognitivos e emocionais. novas invenções tecnológicas. pois leva a novos achados.91) define a criatividade como “uma característica multidimensional. Para o autor. CAPÍTULO 2 Criatividade Embora há alguns anos sendo estudada. por vezes. a descoberta e a expressão de algo inédito e surpreendente. como características da própria personalidade. Sternberg e Lubart (1999) acrescentam que a criatividade é relevante no nível individual quando o sujeito consegue resolver problemas no trabalho e na sua vida diária. Com característica multidimensional. tanto no âmbito individual quanto no âmbito social. novos movimentos artísticos. pois novos produtos e serviços podem ser criados. pelo diferente tem alavancado invenções que auxiliam. novos programas sociais. Grandes gênios tiveram sua parcela de contribuição em busca de um mundo melhor. já que não há um consenso da própria natureza do fenômeno criativo.2000) e Azambuja (2005) acrescentam a dificuldade em encontrar um conceito fechado de criatividade. Leonardo da Vinci. sua área de conhecimento (domínio) e de especialistas de áreas específicas que têm o poder de decidir a estrutura do domínio 28 . pelo nunca antes pensado. Wechsler (2008. Van Gogh e Steve Jobs. é relevante no nível social. Independentemente da época. Para tanto. culturais e ambientais e Csikszentmihalyi (1998) a considera influenciada pela pessoa. características da personalidade. considerou o processo de pensar criativamente como o produto de elementos que se associavam em novas combinações. mas é consenso que ela signifique. Mitjáns-Martinez (1995. visando atender situações específicas. é considerado um processo cognitivo e. mais criativo o processo ou a solução encontrada. a busca pelo novo. é importante no nível econômico. maior a probabilidade dela conseguir resposta criativa e que esta é dependente da história de vida do sujeito e de suas aprendizagens anteriores. Cabe aqui a ideia da competência para fazer associações. Os autores Minicucci (1998). p. pois. tais quais Einstein. basicamente. por outras. econômico e mesmo político. a criatividade está longe de ser claramente definida e completa de informações técnico e científicas sobre a sua importância e influência na vida das pessoas. facilitam e até mesmo modificam a nossa forma e nossos hábitos cotidianos. já que múltiplas são as teorias e os enfoques possíveis de tratá-la. Masi (2005) salienta que a criatividade pode ser influenciada por fatores genéticos. já que quanto maior for o número de associações que a pessoa conseguir estabelecer em relação a um dado problema. Henry Ford. Avaliar diretamente a criatividade passa a ser o grande desafio de pesquisadores da área. e passa a ser entendida como o resultado da interação entre processos cognitivos. Complexidade: número de ideias inter-relacionadas. pelo inesperado e pela novidade. Redefinição: habilidade de efetuar mudanças na informação. audição. que surpreendem o adversário? Estaria a criatividade sob responsabilidade de um jogador que solucione problemas técnico-táticos no decorrer do jogo? 29 . pois bem: estaria essa característica presente somente nos esportes que exigem. após análises comportamentais da criatividade. 5. que o indivíduo pode manipular de uma só vez). a criatividade exige um processo integrado das habilidades supracitadas e podem e devem ser estimuladas durante todo o viver humano. profissionais e no âmbito esportivo. Flexibilidade: habilidade de fazer rápidas mudanças na direção do pensamento. tais como a ginástica artística ou a ginástica rítmica com suas coreografias e ligações de elementos? Estaria a criatividade relacionada somente ao basquetebol e ao voleibol e suas jogadas inusitadas. Originalidade: habilidade de produzir ideias incomuns. Assim. habilidade. Avaliação: determinação do valor de novas ideias. usando o símbolo de um domínio. que salienta que a criatividade envolve todos os sentidos (visão. capacidade de entender o significado de uma ideia num contexto mais amplo. ou seja. todos os aspectos advindos do meio ambiente e da personalidade (expressão das emoções. a criatividade é efetiva quando uma pessoa. 8. 4. Para melhor exemplificar o termo. Guilford (1972. Criatividade no esporte A criatividade no esporte também se manifesta pela inovação. 1. paladar). capacidade de olhar o mundo numa perspectiva incomum. Interessante apontar aqui os argumentos de Torrance (1965). sendo preciso estimulá-la constantemente. Sensibilidade a problemas: habilidade de ver problemas onde os outros não veem. 6. em todas as suas dimensões: educativas. relatou que a mesma é resultante de quatro etapas: conhecimento. necessidade e valor e que o ambiente e a personalidade da pessoa são relevantes para que se expresse sua criatividade. 7. tem uma nova ideia e essa ideia é aceita e incluída no campo oportunamente. Fluência: produção de um grande número de ideias. entre outros). 2. INTELIGÊNCIA E CRIATIVIDADE NO ESPORTE │ UNIDADE IV (campo). mais diretamente. formas diferenciadas de movimentos. 3. Ainda nessa linha de pensamento. 1999) sugeriu oito habilidades que estariam na base da criatividade. sensação. Sens (1998). capacidade de fantasiar e expressar- se espontaneamente. olfato. Elaboração: quantidade de detalhes presentes em uma ideia. através de técnicas neurolinguísticas. então. os mais antigos relatos de criatividade pautaram-se nas influências divinas. caminham para a sua compreensão prática para depois teórica. no qual se estimula o sujeito a ampliar o seu pensamento sobre determinado tópico e. a alusão de suas qualidades a uma graça divina. em entrevistas com atletas criativos. constataram que estes definem sua criatividade no esporte como um dom divino que eles receberam no nascimento e lhes proporciona realizar jogadas geniais. tornou-a a maior linha de estudos do fenômeno criativo. sobretudo. Sem criticidade e desinibição. Freud. O sujeito criativo seria reconhecido como um vaso vazio que um divino encheria com inspiração. podemos encontrar várias correntes e possibilidades de estudos da criatividade. confiança. o sujeito exteriorizaria as ideias inspiradas. antes de jogos decisivos. buscarem sua compreensão conceitual. a pergunta que nos fica é: como essas diferentes concepções de criatividade se relacionam com o esporte? É o que buscaremos tratar adiante. oferecer motivação. através de estudos de casos ( como de Leonardo da Vinci. é possibilitado que. Com forte trabalho no âmbito empresarial. Noce e Costa (2001) apresentam que a manifestação dessa linha de pensamento da criatividade acontece quando são ofertadas aos atletas dinâmicas e técnicas neurolinguísticas que alimentam o potencial criativo dos mesmos. Maduro (1976) salienta que essa corrente. especialmente em agências de publicidade. formando um produto para o mundo (STERNBERG & LUBART. desenvolver a criatividade para. após entrevistarem jogadores de futebol brasileiros. Um exemplo está no convite a profissionais e a pessoas de sucesso para ministrarem palestras para seu grupo de atleta. 1999). ser capaz de interpretar uma situação sob diferentes óticas. também. Os autores defendem que essa atitude busca. UNIDADE IV │ INTELIGÊNCIA E CRIATIVIDADE NO ESPORTE Como já relatado. ou seja. várias soluções possíveis dentro de um problema sejam elencadas. primeiramente. Picasso) sustentam que o subconsciente atua no processo de desenvolvimento da 30 . a corrente psicodinâmica de estudos da criatividade. Apresentamos. ou seja. cujo trabalho intenso no século XX. Samulski. por exemplo. Osborn (1953) desenvolveu a técnica da “tempestade cerebral” (brainstorming) para encorajar pessoas a resolver problemas de criatividade. dos estudos científicos. Baseadas na tradição do misticismo e do espiritismo e associadas a elas. Tal fato pode ser comprovado com o trabalho de Hamsen & Samulski (1999) que. Posteriormente. os pesquisadores dessa corrente buscam. algo que foge do alcance das explicações conceituais advindas. inspiração criativa para que os atletas possam apresentar níveis de rendimentos satisfatórios e melhores que o habitual. depois. O autor apresenta como um dos métodos o “chapéu de pensamentos”. Inseridos nessa perspectiva. que a estuda na utilização de métodos e técnicas que estimulam as pessoas a desenvolverem ações criativas em um determina do ambiente. num primeiro momento. É comum observarmos. De bono (1992) salienta a criatividade de forma pragmática. aspectos motivacionais e envolvimento sociocultural são variáveis importantes dentro da personalidade social. Gouch (1979) e Mackinnon (1965) apresentam que pessoas com traços de julgamento independente. Na tentativa de buscar uma medição da criatividade. processos mentais de recordação. transferência por analogia e tomada de decisão através de exercícios e métodos em que essas habilidades sejam trabalhadas. o produto criativo ou a jogada criativa relaciona-se fortemente à eficiência e à precisão que um jogador possui para executar ou variar determinada técnica. Dentro dessas fases de invenções criativas são inclusos os processos de recordação. 2006). esses profissionais são constantemente levados aos trabalhos de sensibilidade perceptiva. Ressaltamos que Moraes et al. antecipação. transferência por analogia e redução categorial. a corrente psicométrica vem propor algumas tarefas simples (verbal e figural) que envolvem pensamento divergente e habilidades para solucionar problemas. transformação. que apresentam duas fases: a fase generativa. síntese. Fluência e continuidade: refere-se ao número total de respostas relevantes à sua adequação. autoconfiança. Torrence (1974) organizou um teste com quatro variáveis fundamentais. INTELIGÊNCIA E CRIATIVIDADE NO ESPORTE │ UNIDADE IV criatividade. visualização pelo público. orientação para o caráter estético (beleza. 1. essa metodologia tem sido criticada devido a dificuldade em se medir as construções teóricas propostas e a quantidade de seleções e interpretações que podem ocorrer nos estudos de casos (WEISBERG. Ward & Smith (1992) propuseram o “modelo Geneplore”. atração pela complexidade. No entanto. já que o processo criativo entre uma coreografia e outra tem se sustentado como diferencial entre o atleta do primeiro e segundo lugar (PEREIRA & VIDAL. em que essas propriedades são usadas para propor ideias criativas. Constantemente influenciadas por questões relativas à composição coreográfica (coerência de movimento. Alguns técnicos utilizam. Tais características são fortemente observáveis em atletas de ginástica rítmica e de dança. Amabile (1983). outra possibilidade de linha de pensamento da criatividade. 31 . de um modo geral. por exemplo. Sob esta perspectiva. originalidade de movimentos. em que o sujeito constrói representações mentais referentes a estruturas prévias e a fase exploratória. Características relacionadas a traços de personalidade. Finke. Esta busca compreender as representações mentais e a criatividade através de sujeitos e simulações computadorizadas. associação. (1999) e Salmela (1995) defendem que estudar a vida de atletas como Pelé. fluidez de movimentos. associação. Michael Jordan. Nos esportes. Garrincha. Oscar Schmidt pode favorecer o nosso entendimento a respeito dos processos que os destacaram em suas respectivas modalidades. plasticidade) possuem maior probabilidade de serem pessoas criativas. 1993). variedade de ações. por exemplo. beleza de combinações e movimentações). Uma outra possibilidade de estudos da criatividade e os esportes dá-se pela corrente cognitiva. NISTA-PICCOLO. Lisboa: Instituto Piaget. handebol. escola e as inteligências humanas. (1998). 280p. participantes dos Jogos da Juventude de 1997) deveriam escolher alternativa de solução ou resposta ao problema e posteriormente justificá-la. voleibol apresentadas em formas de diagramas. os aspectos incomuns. Universidade Federal do Triângulo Mineiro. fotos. a inovação. L. E. slides e vídeo. Faculdade de Educação Física. 1998. 3. UNIDADE IV │ INTELIGÊNCIA E CRIATIVIDADE NO ESPORTE 2. 2007. 2003. ___________. no qual os atletas (614 jovens do sexo masculino e feminino. et al. Porto Alegre: Artes Médicas. inteligência de jogo. In: MOREIRA. Estruturas da mente: a teoria das inteligências múltiplas. Esporte. MORIN. ZYLBERBERG. W. Educação Física. tomada de decisão. 1994. Elaboração: quantidade e qualidade de detalhes das resposta. Flexibilidade: observa-se o número de diferentes categorias de respostas relevantes. entre outros. 32 . Um exemplo de trabalho sob essa perspectiva pode ser dada pelos estudos de Geco et al. V. Inteligências: múltiplas perspectivas. H. T. P. 4. Porto Alegre: Artmed. Originalidade: destaca-se particularmente as novidades. Os procedimentos utilizados pelos autores constaram de coesações típicas de jogo nas modalidades futsal. GARDNER. Tese (Doutorado). Possibilidades corporais como expressão da inteligência humana no processo de ensino-aprendizagem. Introdução ao pensamento complexo. Educação Física. Uberaba: UFTM. Essas justificativas foram analisadas dentro dos parâmetros de Torrance (1974) no qual os autores concluíram que o conhecimento tático de jogo depende de processos cognitivos envolvendo parâmetros relacionados a pensamento criativo. 2010. W. na faixa etária de 14 a 17 anos de idade. Universidade Estadual de Campinas. Saúde e Educação. facilitar ou dificultar um determinado desempenho (BRANDÃO. Esta reação pode. ANSIEDADE E ESTRESSE UNIDADE V NO ESPORTE A importância do estudo de estresse. a ansiedade é uma reação emocional resultante de uma interpretação cognitiva ou pensamento. que pode ser negativo ou positivo. relacionado com determinada situação geradora de estresse. os estudos sistematizados com profissionais em Psicologia do Esporte tomaram impulso a partir dos anos 1960 (BRANDÃO. Do ponto de vista da psicologia cognitiva. 2000). Assim. então. 33 . 2000). estresse e ansiedade são fenômenos inter-relacionados que consistem basicamente de quatro elementos: a situação estressora. porém. a cognição ou o pensamento. da ansiedade e de outros fatores emocionais e de personalidade no esporte competitivo é reconhecida há muitos anos. a reação emocional e as suas consequências. em sua obra “O problema da Ansiedade”. desejar. de Willian James. A intensidade desta ansiedade dependerá da severidade da ameaça e da importância da perda para o indivíduo. É um estado emocional caracterizado por nervosismo. em alemão. Eles não chegaram a conclusões definitivas. real ou imaginária. estando ligado com a ativação ou agitação do corpo. em francês anxieté e. Na linha de pensamento Freudiana (FADIMAN. aparece referência ao problema da ansiedade. Surge diante do “fugir ou lutar”. Em inglês. batimento cardíaco. preocupação. Um pouco de tensão aumenta o esforço e a concentração de um atleta.). apreensão e nervosismo. o atleta está psicologicamente em controle. datado de 1890. Para Fleury (2005). O atleta pode ter seu desempenho afetado positivamente ou negativamente em decorrência do estado emocional pré-competitivo. associado com ativação e/ou agitação do corpo. anxietatis. a ansiedade é caracterizada como sendo o medo de perder alguma coisa. quem deu ao fenômeno a posição de destaque que tem até hoje entre as ciências do comportamento. ansiedade é um estado emocional negativo caracterizado por preocupação. em especial na psicologia. Os psicólogos do esporte vêm estudando a relação entre ansiedade e desempenho há décadas. Para Machado (1997). Pode se desenvolver em qualquer situação. em 1926. certo grau de ansiedade pode melhorar o desempenho desde que os níveis fisiológicos não sejam excessivos. Brandão (1995) concorda dizendo que. Na obra “Princípios da Psicologia”. A ansiedade consiste em um grau elevado de apreensão vivido por uma pessoa diante de uma ameaça ao seu bem-estar. GOULD. quando isto acontece. o desempenho deteriora-se apenas sob as condições combinadas de preocupação mais ativação física excessiva (ativação física = tensão. mas foi Freud. Cratty (1989) afirma que nem toda ansiedade é prejudicial. respiração alterada. quer seja esse medo real ou imaginário. em vez de se deixarem abater e atuarem mal (WEINBERG. o termo corres­pondente é ansiety. CAPÍTULO 1 Ansiedade e estresse Ansiedade A palavra ansiedade vem do latim axieta. angst. mas esclarecem aspectos do processo que têm várias implicações para ajudar os atletas a reagirem e terem melhor desempenho. a ansiedade é um dos principais problemas da psique de encontrar maneiras de lidar e enfrentar sentimentos de tensão ou desprazer. sudorese etc. 2001). FRAGER. O bom desempenho requer um nível de ansiedade ótimo. Segundo Weinberg e Gould (2001). 34 . que significa preocupar-se. 1979). em geral. pode ser gerado por nossos pensamentos (ansiedade cognitiva) ou por reações fisiológicas (ansiedade somática). Samulski (2002) reforça que a ansiedade de estado é uma predisposição para situações de apreensão e perigo. As pessoas com ansiedade-traço percebem as situações perigosas com mais facilidade e respondem a elas com uma ansiedade-estado desproporcional. uma condição emocional temporária que varia de intensidade e é instável no decorrer do tempo. inde­pendente do tempo que o indivíduo percebe as situações perigosas como ameaças. regular a respiração. ou seja. gerando circunstâncias que afetam a pessoa. em ansiedade-traço e ansiedade-estado. Ela é positiva quando a ansiedade está adequada. conforme Weinberg e Gould (2002). a ansiedade pré-competitiva é um estado emocional que se caracteriza por nervosismo. tanto física quanto psicologicamente. O estado de ansie­dade é ativado quando o indivíduo se sente pressionado por um estressor ou uma situação nova a ser enfrentada. Segundo Fleury (2005). Existem muitas causas para o aparecimento da ansiedade antes da competição. »» Estado: sentimentos subjetivos percebidos conscientemente como inadequados e tensão acompanhada por um aumento de ativação. então. níveis baixos de ansiedade podem resultar em falhas. Negativa quando existem tensões emocionais excessivas ou. utilizar afirmações positivas. manter o senso de humor e fazer relaxamento. ou seja. existe uma estabilidade emotiva e o atleta possui uma personalidade sadia. ANSIEDADE E ESTRESSE NO ESPORTE │ UNIDADE V Para Becker Júnior (2000). ele se mostra ausente em relação à competição. como aprender a reconhecer e a mudar pensamentos negativos. a ansiedade pode ser positiva ou negativa. como ameaças. elas reduzem-se a dois fatores: a incerteza que os indivíduos possuem acerca do resultado e a importância que o resultado representa para os indivíduos. preocupação e apreensão. Segundo Becker Júnior (2000). o atleta não apresenta nenhum quadro de tensão emocional. é uma situação temporária que é ativada só nos momentos de apreensão e tensão. Existem algumas estratégias que podem auxiliar o atleta a lidar com o excesso de ansiedade e tensão. devido a demasiadas informações que chegam à consciência: níveis moderados parecem auxiliar os indivíduos a selecionar os estímulos que consideram importantes e níveis elevados tendem a deteriorar a performance devido ao estreitamento da atenção. Para Weinberg e Gould (2001). ou seja. tendência para perceber um amplo espectro de situações como perigosas ou ameaçadoras. Classifica a ansiedade. mas. fazendo com que sinais relevantes não sejam detectados. este traço faz parte da personalidade do indivíduo e cria uma pré- disposição antes de situações ameaçadoras. »» Traço: predisposição adquirida no comportamento. Weinberg e Gould (2001) concordam que a ansiedade-estado é uma variação de emoções em situações de apreen­são e tensão e que são conscientemente percebidos e estimulados pelo sistema nervoso autônomo. que provoca um indivíduo a perceber situações objetivamente não muito perigosas. independente do tempo. 35 . dificuldade de adormecer (não devida à inquietação ou à preocupação). manifestações somáticas de hiperatividade do sistema nervoso autônomo (taquicardia. muitas escalas foram desenvolvidas para tal avaliação. bem como sintomas que se referem a um desconforto. exploração do ambiente. »» O Inventário de Ansiedade de Beck (1988) »» Escala de Ansiedade de Hamilton (1959) »» Escala Breve de Ansiedade (1984) »» Escala Clínica de Ansiedade (1982) »» Inventário de Ansiedade Traço-Estado (1979) »» Escala de Ansiedade Manifesta de Taylor (1953) »» Escala de Ansiedade de Welsh (1965) »» Escala de Ansiedade IPAT (1963) 36 . e avaliar o construto ansiedade. entre elas se destaca as seguintes. baixa concentração e esquecimento. operacionalmente. pensamentos persistentes de inadequação ou de incapacidade de executar adequadamente suas tarefas. objetivando instrumentos de medidas mais confiáveis. incapacidade de se manter quieto e relaxado mais do que alguns minutos. andando de um lado para o outro. tremor. »» Humor: experiência de uma sensação de medo não associado a nenhuma situação ou circunstância específica. »» Comportamento: inquietação. »» Outros: categoria residual que pode incluir estados como despersonalização. »» Sintomas somáticos: sensação de constrição respiratória. não necessariamente específico de ansiedade. a apreensão em relação a alguma catástrofe possível ou não identificada. sudorese. as escalas de ansiedade medem vários aspectos que podem ser agrupados de acordo com os seguintes tópicos. resposta aumentada a estímulos (sustos). hiperventilação e suas consequências. UNIDADE V │ ANSIEDADE E ESTRESSE NO ESPORTE Atualmente numerosos esforços têm sido feitos na tentativa de definir. »» Cognição: preocupação com a possibilidade de ocorrência de algum evento adverso a si próprio ou a outros. com o aumento das pesquisas nesta área. apertando as mãos ou outros movimentos repetitivos sem finalidade. »» Estado de hipervigilância: aumento da vigilância. tais como espasmo muscular e dor (sem outra causa conhecida). Segundo Fioravanti (2006). Segundo Keedwell e Snaith (1996). ou seja. aumento da frequência urinária). As demandas poderão ser tanto de ordem interna (determinadas pelo próprio indivíduo). 37 . Mas quando ocorre um desequilíbrio significativo em um deles. Barbosa e Cruz (1997) afirmam que. autoconceito. o atleta poderá sofrer uma influência negativa e ter. nível de condicionamento físico e nível de expectativa. sexo. Segundo o modelo de Smith (1986). o estresse ocorre independentemente de idade. então o estresse pode acontecer em níveis prejudiciais. Não conseguindo. por sua vez estarão diretamente relacionadas à avaliação cognitiva. »» As respostas (que poderão ser fisiológicas. no esporte. As interpretações dependerão de uma série de atributos pessoais. Todos esses fatores serão diretamente afetados pelas características de personalidade do atleta e por fatores motivacionais presentes no processo competitivo. seu significado e a habilidade que ele terá para lidar com elas. o estresse é mínimo. nível de habilidade. a palavra estresse é um termo que foi usado inicialmente na Física para traduzir o grau de deformidade sofrido por um material quando submetido a um esforço ou tensão. »» A avaliação cognitiva tem uma importância muito grande nesse processo. significando esforço de adaptação do organismo para enfrentar situações que considere ameaçadoras à sua vida e ao seu equilíbrio interno. sob condições em que esta falha na satisfação de tais demandas gerem consequências importantes. seu desempenho prejudicado. Hans Selye (médico) transpôs este termo para a Medicina e a Biologia. levando o atleta a mobilizar energias para alcançar seus objetivos. Quando essa avaliação indicar que a situação pode representar uma ameaça ao atleta. pois a intensidade das respostas emocionais acontece em função de como os atletas interpretarão as situações. »» A situação que envolve uma interação entre as demandas do meio e os recursos pessoais. como crenças. Uma vez que a relação entre o esporte competitivo e o estresse é considerada importante para se entender determinados comportamentos que podem afetar o desempenho dos atletas. então haverá uma mobilização de recursos para que ele possa lidar com ela. motoras ou psicológicas). estresse é definido com um desequilíbrio substancial entre as demandas físicas e psicológicas impostas ao indivíduo e sua capacidade de resposta. o estudo dos instrumentos que possibilitam analisar esta relação é fundamental. posição específica ou nível competitivo dos atletas. De acordo com Weinberg e Gould (2001). ANSIEDADE E ESTRESSE NO ESPORTE │ UNIDADE V Estresse Segundo Delboni (1997). entre outras coisas. Ele poderá ser positivo quando representado por uma necessidade de alcançar ou manter uma ativação ótima antes e durante o evento. Quando há um equilíbrio entre esses dois fatores. quanto externas (determinadas pelo meio competitivo). o estresse competitivo é composto por três fatores. provavelmente pela estreita relação que existe entre o agente estressor e a reação emocional de um atleta em determinada situação. 2000. resta aos atletas e aos profissionais do esporte e da psicologia terem conhecimento desses fatores e dos atributos dos atletas para que se lhes proporcione a melhor forma de lidar com tantas variáveis e manter um nível de desempenho que lhes permita atingir os objetivos determinados individual e coletivamente (p. CHAGAS. 2002.. D. Revista Brasileiro de Ciência e Movimento. D.F. out. M. 1997).R. a competição “é uma fonte inesgotável de situações causadoras de estresse. 3-11. [. II. 2000). Revista da Associação dos Professores de Educação Física de Londrina. [. Segundo De Rose Junior (2002). 19-26.25). Tese (Doutorado). 38 . Brasília. Ainda.]. M. 1996. 10. acaba por se tornar uma ameaça ao atleta”. SAMULSKI. p. SAMULSKI. BRANDÃO. focalizam o interesse do estudo nas reações emocionais dos atletas (DE ROSE JUNIOR.. v. Faculdade de Educação Física. Universidade Estadual de Campinas..H. Fatores de stress em jogadores de futebol profissional. 1996. DE ROSE JUNIOR. segundo o mesmo autor. entretanto. A competição como fonte de estresse no esporte. muitas vezes. no 04.. Alguns trabalhos.] representa um constante desafio que. BRANDÃO. CHAGAS. Campinas. existe uma série de fatores que podem influenciar o rendimento do atleta. Análise do estresse psíquico na competição em jogadores de futebol de campo das categorias juvenil e júnior. UNIDADE V │ ANSIEDADE E ESTRESSE NO ESPORTE A forma mais comum de medir ou ter acesso ao estresse esportivo é por meio de listagens de situações de estresse relacionadas a uma determinada modalidade esportiva (DE ROSE JUNIOR et al. 19. Nesse sentido. 1993... L. 11. No sentido de instigar ainda mais o interesse sobre o assunto. n. mas. procuramos discutir os diferentes processos psicológicos. 39 . que um olhar mais cuidadoso percebe que estão além do cenário esportivo. discutindo e analisando um processo que é de “mão dupla”. A Psicologia do Esporte é uma área de conhecimento que a cada dia que passa renova suas temáticas e estende para mais longe seu campo de atuação. V. 2008. uma vez que o mesmo não é finito. tentamos subsidiar a compreensão dos processos psicológicos que permeiam a prática esportiva. NISTA-PICCOLO. Ao longo do Curso. em um segundo e terceiro momentos. Para (não) finalizar Não é possível encerrarmos um estudo do processo de ensino e aprendizagem. que também podemos entender como conteúdos clássicos da Psicologia do Esporte. P. O que esperamos é que com os conceitos e os temas propostos e discutidos nesse Caderno de Estudos. indico um texto sobre inteligência humana que contribuirá sobremaneira para o entendimento da área: ZYLBERBERG.. o olhar de vocês vislumbre um horizonte infindável para desbravar. T. haja vista que esses processos psicológicos também sofrem influências (positivas e/ou negativas) da prática do esporte e das atividades físicas. Nesse Caderno de Estudos. em um primeiro momento. mas de todos os sujeitos envolvidos com o fenômeno do esporte. As contribuições dos estudos sobre inteligência humana para a pedagogia do esporte. 59-68. p. que envolvem o cotidiano não só de atletas. 1. diretamente relacionados à prática esportiva. jan. v. Pensar a Prática./jul. p. São Paulo: Companhia das Letras. Beyond boredom and anxiety. D. A. Thais Helena. Vencendo o stress. mar. São Paulo: Editora Phorte. 1997. Sportpsychologie. n. 2006.3. L.G. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. ano 14.. n. Revista Brasileira de Medicina e Esporte. DAMASIO. Universidade Estadual de Campinas.G. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. A. 1982. K. 1997.. CSIKSZENTMIHALYI. Propriedades psicométricas do inventário de ansiedade traço- estado (IDATE). p. Lisboa. BRANDÃO. 1993. H. Dissertação de Mestrado. Fatores de stress em jogadores de futebol profissional.R.289-92. Actas. Tese (Doutorado). H. Sintomas de stress no esporte infanto-juvenil.F. v. Da war ich richtig sauer: oder woruber Sportler sich argen.C. 1985. Estudo do stress. M. E. 2000. Referências ALLMER. D. 2002. Trad. DELBONI. A. p. mente e cérebro. 2000. Revista de Psicologia. International Society of Sport Psychology. Faculdade de Educação Física. Psicologia: teoria e investigação prática. Psicologia do Esporte. n. San Francisco: Jossey-Bass. 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