Portugues EF v2[1]

March 26, 2018 | Author: Henriquecardosos | Category: Pedagogy, Portugal, Communication, Entertainment (General)


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PORTUGUÊSMateriais Didáticos REORIENTAÇÃO CURRICULAR Ensino Fundamental - Volume II REORI ENTAÇÃO CURRI CULAR - EQUI PE UFRJ Direção Geral Profª. Ângela Rocha Doutora em Matemática – Instituto de Matemática da UFRJ Coordenação Geral Profª. Maria Cristina Rigoni Costa Doutora em Língua Portuguesa – Faculdade de Letras da UFRJ Coordenação de Língua Portuguesa Profª. Maria Cristina Rigoni Costa Doutora em Língua Portuguesa – Profª Faculdade de Letras da UFRJ Professores orientadores Profª Cilene da Cunha Pereira Doutora em Língua Portuguesa – Profª Faculdade de Letras da UFRJ Profª Maria da Aparecida Meireles de Pinilla Mestre em Língua Portuguesa – Profª Faculdade de Letras da UFRJ Profª Maria Christina de Motta Maia Mestre em Língua Portuguesa – Profª Faculdade de Letras da UFRJ Profª Maria Emília Barcellos da Silva Doutora em Língua Portuguesa – Profª Faculdade de Letras da UFRJ Profª Maria Teresa Tedesco Vilardo Abreu Doutora em Língua Portuguesa – Profª Instituto de Letras da UERJ Profª Maria Thereza Indiani de Oliveira Doutora em Língua Portuguesa – Profª Faculdade de Letras da UFRJ Profª Mariângela Rios de Oliveira Doutora em Língua Portuguesa – Profª Instituto de Letras da UFF Profª Regina Célia Angelim Doutora em Língua Portuguesa – Profª Faculdade de Letras da UFRJ Profª Sigrid Castro Gavazzi Doutora em Língua Portuguesa – Profª Instituto de Letras da UFF Professores Autores Abel Adonato da Fonseca CIEP 286 – Murilo Portugal, Barra do Piraí. Adriana Lima Valladao C.E. Luiz Reid Adriana Maria Rabha Lima C. E. Conde Pereira Carneiro, Angra dos Reis Adriana Oliveira Nascimento CIEP 336 – Jornalista Octávio Malta, Campo Grande Adriana Ramos da Cunha CIEP 355 – Roquete Pinto, Queimados Adriana S. Miranda CIEP 031 Lírio do Laguna Adriane R. Almeida C. E. Rio Grande do Sul, Volta Redonda Ailton José Maria C. E. Antônio Dias Lima, Angra dos Reis Ainda dos Santos C.E. José Veríssimo Alciene Ferreira Avelino E.E. Dr. Newton Alves Alda Regina de Azevedo Nova Iguaçu / Mesquita Alessandra Avila de Oliveira C.E. Jose Fonseca Alessandra Serrado Neves C. E. Canadá, Nova Friburgo Alexandra da Silva Caldas C.E. Frei Tomas Alexandre Carvalho da Hora E.E. de Ensino Supletivo Roberto Burle-Marx, R.J. Aline Barcellos Lopes Placido C.E. Euclydes da Cunha Aline Crespo Aline Simão da Costa Almir José da Silva C. E. Iracema Leite Nader, Barra Mansa. Ambrosina Gomes da Conceicao C.E. Antonio Houaiss Ana Alice Maciel C. E. Des. José Augusto Coelho da Rocha Júnior, Rio Bonito Ana Cristina B. Brasil Soares C.E. Republica Italiana Ana Cristina de Matos Marinho Ciep 308 Pascoal Carlos Magno, Itaborai Ana Cristina J de Almeida Ciep 119 Austin Ana Ligia Marinho da Silva C.E. Americo Pimenta Ana Lúcia da Silva Pereira C.E. André Maurois, Leblon Ana Maria da Silva M. Baptista Nova Iguaçu / Mesquita Ana Maria Lavinas Pereira C.E. Barao do Rio Bonito Ana Maria Rocha Silveira C.E. Baltazar Carneiro Ana Nery Nascimento Santos C.E. Presidente Costa e Silva Ana Patrícia de Paula Matos CIEP 295 – Professora Glória Roussin Guedes Pinto, Ana Paula da Silva Araujo E.E. São Paulo Ana Paula da Silva C.E. Fagundes Varela Ana Paula dos Santos Ciep 128 Magepe Mirim, Magé Andre de Oliveira Nogueira Ciep 451 Elisa Antonia Rainho Dias, Itaborai Andre Luis Soeiro Pinto Nova Iguaçu / Mesquita Andréa Cristina Costa de Freitas CIEP 388 – Lasar Segall, Belford Roxo Andreza Ferreira Porto Rodrigues Angela Maria de Morais C.E. André Maurois, Leblon Angelica Ornellas Do Nascimento C.E. Dr. Luciano Pestre, Niterói Antonio Lopes de Oliveira Filho C. E. Prof. Aurélio Duarte, Carmo Aparecida Moreira de Melo Nova Iguaçu / Mesquita Aquiles Afonso da Silveira C. E. Célio Barbosa Anchite, Pinheiral Arcilene Aguiar dos Santos C.E. 20 de Julho, Arraial do Cabo Arithana Cardoso Ribeiro de Assis C.E. 20 de Julho e Ciep 147, Arraial do Cabo Arlene Deise Cruz Freitas C.E. Jose Matoso Maia Forte, Rio Bonito Arquimedes de Oliveira Nova Iguaçu / Mesquita Augusta Soares Fontes C.E. Profª Dalila de Oliveira Costa Augusta Soares Fontes C.E. Profª Dalila de Oliveira Costa, São Gonçalo Aurea Regina dos Santos CIEP 117 – Carlos Drumond de Andrade, Nova Iguaçu Beatriz Regina de Castro Melo Ciep 308 Pascoal Carlos Magno, Itaborai Bianca Cardoso Soares C.E. Elisiário Matta, Maricá Carla Andrea de Souza Pereira C.E. Celio Barbosa Anchite Carla Botelho de Souza C.E. Augusto Cezário Diaz Andre Carla Botelho de Souza C.E. Augusto Cezario Diaz Andre, São Gonçalo Carla Matias Fraga Duarte C.E. Lions Clube Carlos Cezar do Nascimento E. E. Francisco José do Nascimento Carmem Valéria de Souza S. Dutra C.E. 20 de Julho, Arraial do Cabo Carmen Carrera Jardineiro Filha C.E. Walter Orlandine, São Gonçalo Carmen Lucia de Paula E.E. Vila Guarani, São Gonçalo Cecilia de Azevedo da Silva E.E. Mal Floriano Peixoto Celia Regina da Mota C.E. Sargento Wolff Celma Regina de Souza Oliveira C.E. Profº Dyrceu Rodrigues da Costa, Rio Bonito César Augusto Gomes de Morais Coutinho CIEP 089 – Graciliano Ramos Charles de Oliveira Soares Ciep 258 Astrogildo Pereira, Saquarema Christianny Matos Garibaldi Pires C.E. Lions Clube Cileymar Pimentel Borges C.E. Romualdo Monteiro Barros Cinthia Molerinho Silva Cintia Cecília Barreto C.E.André Maurois Cíntia Diel Souza Santos Ciria da Silva Lima Reis C.E. Antonio Figueira Almeida Claudia Bastos Areas C.E. Edmundo Peralta Bernardes Claudia Marcia Elias Natividade C.E. Temistocles de Almeida Claudia Marcia Soares da Silva E.E. Des. Alvaro Ferreira Pinto Claudia Maria T Ferreira Teixeira E.E. Sebastiao Pimentel Marques Claudia Regli Porto Eees Alfredo de Paula Freitas Claudia Valeria Goncalves Loroza C.E. Joao Kopke Cláudio Antonio Portilho C. E. Prof. Aurélio Duarte, Carmo Cláudio Henrique da Costa Pereira Ciep 258 – Astrogildo Pereira, Saquarema Claudio Jose Bernardo C.E. Elisiario Matta, Maricá Cremilda Goncalves Santiago I.E. Eber Teixeira de Figueiredo Creuza Ribeiro da Silva C.E. Adlai Stevenson Cristiane Valéria Martins Cabral C.E. Mal. Alcides Etchegoyen Cristiane Vieira da Silva E.E. Liddy Mignone Cristina dos Santos Brandao Sym Ciep 287 Angelina Teixeira Netto Cristina Maria Sodré C.E. Quinze de Novembro Cristina Varandas Rubim C.E. Baltazar Bernardino, Niterói Daisy Furtado Marcial G De Azevedo C.E. Servulo Mello, Silva Jardim Dalva Helena Rangel Lima C. E. Elvídio Costa Darisa Leonora de Matos Gravina C.E. Dorval Ferreira da Cunha, São Gonçalo Darla Cristian dos Santos Sambonha Nova Iguaçu / Mesquita Deise Vivas da Silva Magalhaes C.E. Alcindo Guanabara, Guapimirim Denise Gonçalves Rodrigues C.E Círculo Operário Denise Palmeira Muniz Pereira C.E. Dom Walmor Deonilsa Ribeiro S Mesquita Pereira E.E. Rotary Ii Deyse Cristina de Moura CIEP 344 – Adoniran Barbosa, Queimados Dilma P. Jorge E.E. José Patrocínio Dilma Seixas Menezes C. E. Barão de Macaúbas Dolores de Oliveira Passos Nova Iguaçu / Mesquita Dorcas da Rocha Oliveira C. E. Guanabara, Volta Redonda Dulcinea Vieira Gama, Durlan Andrade Gonçalves C. E. Barão do Rio Branco – Rio Bonito Dylza Gonçalves de Freitas C.E. Antônio Quirino Edilaine Aguiar Lemos C.E. Etelvina Alves da Silva, Itaperuna Edina Barbara Costa I.E. Rangel Pestana Edméa Campista Machado E.E. Alcinda Lopes Pereira Pinto Edna Lucia F. de Andrade C.E. Jardim Meriti Eduardo Jose Paz F Barreto C.E. Santa Amelia Elaine Cardoso da Silva C.E. Santo Antonio de Padua Elaine de Abreu De Lorenzo E.E. Domicio da Gama, Maricá Elaine de Abreu de Lourenzo Ciep 259 Prof. Mª do Amparo Rangel Souza, Maricá Elane de Azevedo C Silva C.E. Joao Guimaraes Eliana Barbosa de Freitas Soraggi C. E. José de Lannes Dantas Brandão Eliana dos Santos C.E. Dr. Joao Gomes de Mattos Sobrinho, Maricá Eliana Goncalves Coimbra Flexa C.E. Republica do Peru Eliane Campos da Silva C.E. Nilo Peçanha, São Gonçalo Eliane Cristina da Cunha Oliveira C. E. Prof. Antônio Maria Teixeira Filho, Rio de Janeiro Eliane Decotthgnies Machado C.E. Ary Parreiras Eliane Diniz Soares Peixoto C.E. Romualdo Monteiro Barros Eliane Freitas de Azevedo C.E. 20 de Julho, Arraial do Cabo Eliane Marques da Silva Souza C.E. Senador Sá Tinoco Eliane Nogueira dos Santos Oliveira CIEP 199 Elisabete Barbosa da Silva Nova Iguaçu / Mesquita Elisabeth Emmerick Rangel C.E. Pref. Luiz Guimaraes Eliséa Constantino Elizabeth de O. Soares Machado Nova Iguaçu / Mesquita Elizabeth de Oliveira Torres Lima C. E. Des. José Augusto Coelho da Rocha Jr., Rio Bonito Elizabeth Maria da Silva Carvalho Ciep 148 Profº Carlos Elio Vogas da Silva, Araruama Elizabeth Orofino Lucio E.E. Dr. João Maia Elizângela Narcizo Silva de Araújo Ciep390 Chão de Estrelas Eloísa de Oliveira Braga Elza Gimenes Pereira C.E. Ministro Jose de Moura E Silva, São Gonçalo Erica do Vale Gomes Da Silva E.E. Dr. João Maia Erika Alvarenga Braga Serra C.E. Eunice Weaver Nunes Ermany Salles Aguiar dos SantoS E.E. Severino Pereira da Silva Ernani Iodalgiro da Costa Lima C. E. Lia Márcia Gonçalves Panaro, Duque de Caxias Eveline Soledade Silva E.E. Dr. Humberto Soeiro de Carvalho, São Gonçalo Ezilma Salles Aguiar dos Santos Ciep 464 Brizolão Fábia do Nascimento Melo CIEP 277 João Nicolao Filho - Janjão Fabiana Fagundes Ciep 259 Prof. Mª do Amparo Rangel Souza, Maricá Fábio Alexandre Santos da Silva Escola Estadual Presidente Costa e Silva Fabio Goulart Coelho C.E. Santos Dias, São Gonçalo Fatima Cristina Ayrola de Carvalho C. E. Prof.ª Zélia dos Santos Côrtes, Nova Friburgo Fatima Lucia Candida Moreira C.E. Irene Meirelles Fátima Regina Machado Salles C.E. Cristóvão Colombo Fernanda Barbosa Da Silva C. E. Vila Peçanha Fernanda Lopes Tenreiro C.E. Cizinio Soares Pinto, Niterói Fernando Rocha Fernando Tenório de Araújo Ciep. 24062852 Flavia Diniz dos Santos Ciep 246 Profª Adalgisa Cabral de Faria, São Gonçalo Flávia Lima de Souza C. E. Barão do Rio Bonito, Barra do Piraí e CIEP Brizolão 298 Flavia Maria Ferreira de Oliveira Nova Iguaçu / Mesquita Flavia Tebaldi H. de Queiroz E.E. Visconde de Sepetiba, Magé Flavia Valeria F de Magalhaes C.E. Profº Dyrceu Rodrigues da Costa, Rio Bonito Francisca Maria C Coelho C.E. Temistocles de Almeida Francisca Therezinha P Marcato C.E. Rio Grande do Sul Geny de Paula Pinheiro E.E.Professora Norma Toop Uruguay Geovania Viana Neris CIEP 336 – Jornalista Otávio Malta, Campo Grande Geridiana Alves da Silva E.E. Nobu Yamagata, São Pedro da Aldeia Gerusa Elena Fort Pinheiro C.E.Barão do Rio Bonito, Barra do Piraí Giselle Maria Sarti Leal E.E. Profª. Norma Toop Ururay Guiomar Rodrigues Camargo Eees Golda Meier Helena Cristina Santos Lopes Nova Iguaçu / Mesquita Helena de Luna Araujo Filha C.E. Profª Diuma Madeira S. de Souza Helena Espínola de Guzzi Zaú C.E Cel. Antônio Peçanha e C.E. Prof. Kopke, Três Rios Hellem Toledo Barcelos E.E. Nobu Yamagata, São Pedro da Aldeia Henrique Cláudio dos Reis Hilda Braga da Costa CIEP 336 – Jornalista Otávio Malta, Campo Grande Hissako Hiroce Satoh E.E. Dr. Galdino do Valle Filho Iara da Silva de Oliveira E Souza Ciep 390 Chao de Estrelas Ieda Andrade Trajano Ciep 147 Cecilio Barros Pessoa, Arraial Do Cabo Inez de Lemos Carvalho Nova Iguaçu / Mesquita Irineu Vieira do Nascimento E.E. Hilton Gama Ivanir dos Santos Colégio Santo Antonio Ivete Moraes de Souza E.E. Vital Brasil Ivone Gravina Fialho C.E. Cuba e CIEP 241 Nação Mangueirense Ivone Souza Mathias C.E. Profª Alvina Valerio da Silva, Guapimirim Ivonea Limeira de Souza C.E. Elisiario Matta, Maricá Izabel Cristina Tavares Coelho CIEP Lírio do Laguna Izaeth Fragoso C.E. Prof. Aurélio Duarte Janete da Silva Reis Ciep 390 Chao de Estrelas Janete Pereira Bastos Cardoso C.E. Profª Alvina Valerio da Silva, Guapimirim Jani Torres Janice da Costa Rocha Paixao Ciep 289 Cecilio Barbosa Janice Marçal da Conceição Janilce Guimarães da Silva Alvarenga CIEP 117 – Carlos Drumond de Andrade, Nova Iguaçu Jefferson Deivis Jorge Nova Iguaçu / Mesquita Jefferson Santoro Instituto de Educação Rangel Pestana, Nova Iguaçu João Alvez Bastos C.E. Theodorico Fonseca Joao Ildefonso C.E. Profº Horacio Macedo Jocenilce Manhães de Oliveira C.E. Quinze de Novembro Jocilene Aparecida Machareth Reguine C. E. Prof. Aurélio Duarte, Carmo Joelson Conceição da Silva C. E. Januário de Toledo Pizza, São Sebastião do Alto Jorge Claudio Ribeiro Martins C. E. Presidente Castelo Branco, Mesquita Jorge José da Silveira C. E. Sem Francisco Gallotti, Rio de Janeiro Jorge Luiz Lourenço Nova Iguaçu / Mesquita Jorgineth Maria de Oliveira CIEP Frei Agostinho Fíncias Josiane Oliveira de Souza E.E. Alfredo Pujol Juberte Andrade C. E. Santos Dumont, Volta Redonda Julia Maria Rozario de Oliveira C.E. Rui Guimaraes de Almeida Jupiciara dos Santos Mattos Nova Iguaçu / Mesquita Karla da Silva Dunham Gava C.E. Alcindo Guanabara, Guapimirim Katia Regina M dos Santos C.E. Sao Francisco de Paula Katiuscia Rangel de Paula CIEP 495 – Guignard, Angra dos Reis Kedma Silva de Melo Ciep 390 Chao de Estrelas Kenia Costa Gregório C.E. Lions Clube, Itaperuna Ladejane Regina de Souza Ramalho Ribeiro Laudiméia de S. Possidonio Colégio Estadual Sargento Wolff Laura V. de Alcântara C.E. Prof. Alda B. dos Santos Tavares Lea Maria Vieira de Souza E.E. Quintino Bocaiuva, Cachoeiras de Macacu Leandro Mendonça do Nascimento CIEP 320 – Ercília Antônia da Silva, Duque de Caxias Leila Pires Muniz C. E. Barão do Rio Branco, Rio Bonito Leir Pires Muniz C. E. Barão do Rio Branco, Rio Bonito Lenilson Duarte C. E. Professor José Medeiros de Camargo, Resende Lilia Rute Costa Cardoso C.E. Visconde de Cairu Lilian Gasparini C.E.André Maurois Lílian Rodrigues CIEP 318 Liliane Souza da Silva Tavares I.E. Thiago Costa Linete Guimaraes dos Santos Almeida Ciep 275 Lenine Cortes Falante Livia Ramos Pimenta E.E. Aspino Rocha, Cabo Frio Lúcia Helena Ferreira da Silva C. E. Profº Aragão Gomes, Mendes Lúcia Maria dos Santos C.E.Paulino Batista Lucia Maria dos Santos C.E. Paulino P Baptista, São Gonçalo Lúcia Maria Gomes Rosa Ciep Brizolão Lucia Maria Nunes da Silva Nova Iguaçu / Mesquita Lucia Regina Barbosa dos Reis E.E. Lions Club Lucia Regina Junior Goncalves Ciep 394 Cândido Augusto Ribeiro Neto Luciana Gondim Pinheiro C.E. Mullulo da Veiga, Niterói Luciana Nunes Viter I.E. Profª Ismar Gomes de Azevedo, Cabo Frio Luciane Semedo Henrique Nova Iguaçu / Mesquita Luciane Souza de Jesus C.E. Ivan Villon Luciene Gomes Martins Nova Iguaçu / Mesquita Luciene Monteiro Rosa E.E. Alcinda Lopes Pereira Pinto Luciete Pinheiro Rodrigues Eugenio C.E. Romualdo Monteiro Barros Lucimar Neves C. E. Prof. Aragão Gomes, Mendes Lucineia do Nascimento Quintino E.E. Roberto Silveira Lucineia Ramos do Vale E.E. Alfredo Pujol Lucineide de Lima de Paulo Escola Estadual Vital Brasil Ludmar de M. Lameirinhas Longo C.E.Maria Zulmira Torres Ludmila Galindo Heidenfelder Scharts C.E.Almirante Protógenes Luis da Silva Conceicao Ciep 048 Djalma Maranhao Luiza Helena de Almeida CIEP 336 – Jornalista Otávio Malta, Campo Grande Luzia Almeida Goulart Ciep 021 General Osorio Luzia de Cássia Espindola Machado C. E. Presidente Roosevelt, Volta Redonda Luzia Ribeiro S. Longobuco CIEP 099 Dr. Boulevard Gomes de Assumpção, Nova Iguaçu Luzilaine Aguiar Lemos CIEP 467 Henriett Amado, Itaperuna-RJ Lydia Maria Tavares CEE Ubaldo de Oliveira Maelí Vieira Rosa de Souza C. E. Capitão Oswaldo Ornellas, São Gonçalo Magali Alves Martins CES – Casa do Marinheiro, Rio de Janeiro Magda de Oliveira Bittencourt Azeredo C. E. José Carlos Boaretto, Macuco Magna Almeida de Souza C. E. Rio Grande do Norte, Volta Redonda Márcia Cristina Garin Borges E.E. Prof. Alfredo Balthazar da Silveira Marcia Guimaraes da Silva Rocha C.E. Profª. Maria Terezinha de C. Machado Marcia Milena Soares de Souza Niterói Marcia Nunes Duarte C.E. Irmã Zélia Marcia Regina Pacheco C.E. Aurelino Leal, Niterói Marcia Regina R Belieny de Padua Ciep 150 Profª Amelia Ferreira S. Gabina, Cabo Frio Marcia Silva dos Santos Nova Iguaçu / Mesquita Marcilio Parreira dos Reis C.E. Almte. Barao de Teffe Márcio da Silva de Lima Ciep-418 Antônio Carlos Bernardes – Mussum Marco Antonio Paulini Lopes E.E.Stella Matutina Marcos Tomazine Ribeiro Ciep 391 Profº Robson Mendonça Lôu, Maricá Margareth Goncalves Mataruna C.E. Elisiario Matta, Maricá Maria Amelia Silva de A Serrazine C.E. Johenir Henriques Viegas Maria Angelica F M de Oliveira C.E. Prudente de Moraes Maria Angelica Vieira Lannes Ciep 122 Prof. Ermezinda Dionizio Necco, São Gonçalo Maria Aparecida dos Reis Oliveira C.E. Rio Grande do Sul Maria Aparecida M. dos Santos Nova Iguaçu / Mesquita Maria Armanda P. da Costa C.E. Visconde de Cairu Maria Conceição Barroso C. E. Barão do Rio Branco, Rio Bonito Maria Cristina Sanches da Silva C.E. Prof. Alda B. dos Santos Tavares Maria Cristina Sartori C.E. Jose Matoso Maia Forte, Rio Bonito Maria da Conceição Alves Maria da Conceição C.de Oliveira C.E. Freire Allemão Maria da Conceição de Lima Maria da Conceição Machado de Carvalho C. E. Chile, Rio de Janeiro Maria da Gloria De Castro Netto C.E. Brigadeiro Castrioto, Niterói Maria da Gloria de Castro Netto Niterói Maria das Graças João Ferreira C.E. Prof. Alda B. dos Santos Tavares Maria da Penha Silva Ornellas E.E.Corregio de Castro Maria de Fatima Alves Ferreira Nova Iguaçu / Mesquita Maria de Fátima dos Santos Guedes CIEP Brizolão 286 – Murilo Portugal, Barra do Piraí Maria de Fátima Portella E. E. Maurício de Abreu, Sapucaia Maria de Fátima Riguete CIEP 087 Maria de Lourdes Souza Teixeira C.E. Mullulo da Veiga, Niterói Maria de Lourdes Souza Teixeira Niterói Maria de Lourdes Vaz S Dias Eees Edgard Werneck Maria Fernanda R.M.da Luz Maria Goreti Scott Pimenta C.E. Rui Guimaraes de Almeida Maria Goreth de Oliveira Barros CIEP 274 Maria Amélia Daflon Ferro Maria Helena dos S Costa I.E. Clelia Nanci, São Gonçalo Maria Helena Marques Henriques Eees Conde Afonso Celso Maria Inês C. de Barros C.E. Rubens Farrulla Maria Ines Mexias Rodrigues I.E. Thiago Costa Maria Ines Rezende de Oliveira C.E. Guilherme Briggs, Niterói Maria Jeanne da Silva CIEP 328 Marie Curie Maria José de Souza Santos Cândido Maria Jose de Souza Santos Candido C.E. Capitao Oswaldo Ornellas, São Gonçalo Maria Lucia Martins Nunes Camargo C.E. Profº Jose Medeiros Maria Madalena Esteves Bastos C.E.Capitão Oswaldo Ornellas Maria Madalena Esteves Bastos C.E. Capitao Oswaldo Ornellas, São Gonçalo Maria Rosangela Da Silva C.E. Servulo Mello, Silva Jardim Maria Salete Lopes Paulo Eees Dr Cocio Barcellos Mariléa A.Lucu C.E.Pedro Jacintho Teixeira Marilene Neves Braga Novis Niterói Marilia Silveira de Oliveira C.E. Antonio Lopes de Campos Filho, Rio Bonito Marilin Martins Ramada Eees Alcide de Gasperi Marilza Eduardo da Silva CIEP 336 – Jornalista Octávio Malta, Campo Grande Marinez Sant Anna Luccesi C.E. Santa Rita Marinezia Fingolo Turques Ciep 500 Antonio Botelho Marisa Albuquerque Mahon E.E. Pinto Lima, Niterói Marise Rosalino do Couto E.E. Dep. Jose Sally Marisi Azevedo Ferreira C.E. Prof. Aurélio Duarte Maristela Silva da Paz Vieira Gomes C.E. Paulino P Baptista, São Gonçalo Mariza Rosa de Araujo Nova Iguaçu / Mesquita Marize Castilho Portal C.E. Aurelino Leal, Niterói Marli Jane S. Araújo Ciep 390 Chao de Estrelas (Biblioteca) Marli Teresinha do Patrocinio Silva C.E. Cap de Fragata Didier B Vianna Marluci Nunes Pinheiro C.E. Santos Dumont Marta de Freitas C.E. Celio Barbosa Anchite Marta Janete Firmino A da Cruz C.E. Sargento Wolff Marta Regina L. Ribeiro Nova Iguaçu / Mesquita Mary Helen R L da Rosa Ciep 458 Hermes Barcelos, Cabo Frio Mauricio Rodrigues Leal C.E. Frederico Azevedo, São Gonçalo Miriã Rezende do Amaral Ciep 275 Lenine Cortes Falante Mírian de Mendonça Costa Pereira Mônica Luzia da Cunha Araújo CIEP 988 São José de Sumidouro Nadia Amara de Souza Santos C.E. Presidente Bernardes Nadirlei Ferreira Santos E.E.Maria Rosa Teixeira Nazare de Lourdes M Abreu C.E. Jose Matoso Maia Forte, Rio Bonito Neide da Conceição Evangelista Nova Iguaçu / Mesquita Neide da Costa Anchieta C.E. Walter Orlandine, São Gonçalo Neiva Ribeiro Pereira Fraga E.E. Des. Alvaro Ferreira Pinto Neli da Silva Santos Eees Ubaldo de Oliveira Nelma Rosa de Souza C.E. Lions Clube Nelson Santa Rosa de Carvalho Jr C.E. Madre Teresa de Calcutá Nely Guimaraes da Cruz C.E. Jose Fonseca Neusa Mosqueira Pinheiro C.E. Irene Meirelles Neuza Maria de Freitas Nova Iguaçu / Mesquita Nilce Vânia da Silva Lopes CIEP 409 Alaíde de Figueiredo Santos Nilce Vania da Silva Lopes Ciep 409 Alaide de Figueredo Santos, São Gonçalo Nilzeth M da S de M R De Mendonca C.E. Josué de Castro Patricia Luísa N. Rangel Nova Iguaçu / Mesquita Patrícia Souza E.E.Chile Patrícia Faustino da Silva C.E. Prof. Aurélio Duarte Priscila Freitas de Souza C.E. Profº Jose de Souza Marques Raquel Elisa de Latone Lopes I.E. Inocêncio de Andrade Raquel Martins de Souza universitária estagiária Regina Simões Alves Rejane Siqueira Paiva Nova Iguaçu / Mesquita Renata da Silva De Barcellos C.E. Tenente Otavio Pinheiro Renata Sanches Gil Ciep 275 Lenine Cortes Falante Renato Jose da Mata C.E. Gov Roberto Silveira Ricardo Gomes C.E. Carmem de Luca Andreiolo Rita de Fatima Pinto Vinhosa C.E. Temistocles de Almeida Rita Maria da Silva C. De Sena Nova Iguaçu / Mesquita Roberta Enir Faria Neves Camoes E.E. Profº Oswaldo da Rocha Rosa Maria Ferreira Correa C.E. Prof. Aurélio Duarte Rosa Maria Magalhaes C.E. Temistocles de Almeida Rosa Maria Moreira Califfa E.E. Quintino Bocaiuva Rosa Maria Ribeiro de Oliveira E.E. Praça da Bandeira Rosane C. de Albuquerque Ciep 127 Frei Acursio A Gonzaga Bolwer, Magé Rosangela Barbosa C.E. Pref. Luiz Guimaraes Rosangela Coelho Barbosa C.E. Miguel Couto, Cabo Frio Rosangela de Moraes Da Silva C.E. Sargento Antonio Ernesto Rosangela Pereira Rocha Valeriano C.E. Temistocles de Almeida Rosângela Vaterlor Monteiro Ciep 390 Chão de Estrelas Rosani Santos Rosa Moreira C.E. Antonio Houaiss Rosânia Carvalho Piedade Santana E.E. Baltazar Carneiro Roseane Torres da Silva Carvalho Torres C.E. Pref. Francisco Fontes Roselane da Rocha E.E. Oliveira Botelho Roseli Leite da Silva C.E. Montese Rosicleia E.E. Dr. Christovam Berberéia-SJMT Sandra Cristina Rodrigues Leite Nova Iguaçu / Mesquita Sandra Regina Brito Curvelo C.E. Dr. Luciano Pestre, Niterói Sandra Regina Corrêa Guerra Delgado Silva C. E. Barão de Mauá Scheila Brasil Rodrigues S. Bullus C.E. Gov. Roberto Silveira Selma do Carmo Ribeiro Nova Iguaçu / Mesquita Selma Mouta Vasconcelos Nova Iguaçu / Mesquita Sergio Luis Machado Nacif C.E. Johenir Henriques Viegas Sergio Luiz Ferreira E.E. Etelvina Alves da Silva Sheila de Souza Pereira Araujo E.E. Quinze de Novembro Sheila Santos Viana Ciep 412 Dr Zerbini, São Gonçalo Shirlei Duarte da Silva C.E. Pandia Calogeras, São Gonçalo Silani Rangel de Azeredo Nova Iguaçu / Mesquita Silma Clea Salles de Sousa E.E. Quinze de Novembro Silvana Aparecida Ramos Assed C.E. Romualdo Monteiro Barros Silvana Cantarino F da Silva E.E. Quintino Bocaiuva, Cachoeiras de Macacu Silvana Guimaraes Correa C.E. Pandia Calogeras, São Gonçalo Silvania da Silva Guimarães Nova Iguaçu / Mesquita Silvia de Fátima Martins Ramos Ciep 467 Henriett Amado Silvia Nascimento dos Santos CIEP 031 Lírio do Laguna Silvia Rosane Neves Wanderley Fuly C.E. Celio Barbosa Anchite Simone Cristina Azeredo Amaral Ciep 259 Prof. Mª do Amparo Rangel Souza, Maricá Simone de Souza Raposo Carneiro C.E. Frei Tomas Simone e Silva Medeiros Nova Iguaçu / Mesquita Simone Pralon de Oliveira CIEP Oswaldo Aranha Simone Regina Nogueira de Oliveira Nova Iguaçu / Mesquita Simone Soares Solange dos Santos Nova Iguaçu / Mesquita Sonia Alves Cunha dos Santos C.E. Jaime Queiroz de Souza Sonia Baptista Ciep 458 Hermes Barcelos, Cabo Frio Sonia Mara Ferreira Dos Santos Ciep 165 Brig Sergio Carvalho Sonia Mara Ferreira dos Santos Eees Prof. Clementino Fraga Sonia Maria Passos Ferreira C.E. André Maurois, Leblon Sonia Maria Pereira Rosa E.E. Pracinha João da Silva Sonia Regina Paulucci Simoes C.E. Centenario Sonia Regina Sota Quintan C.E. Elvidio Costa Sonja Heine Pereira da Silva (não inscrita) Stela Luiza Gomes Ferreira Ciep 365 Asa Branca Sueli Gardenia de Souza Ribeiro C.E. Antonina Ramos Freire Sueli Carvalho de Souza CIEP 988 São Jose de Sumidouro Suely Magalhães Stosch Tania Cristina Silva Pacheco C.E. Montebello Bondim Tania Mara F. de Mendonça C.E.Casemiro Meirelles Tania Mara Monteiro de Queiroz E.E. Quintino Bocaiuva, Cachoeiras de Macacu Tânia Maria Fonseca de Freitas C.E. Profº Jamil El Jaick Tania Regina da Costa Araujo Nova Iguaçu / Mesquita Teresa Cristina Meire L. Neves Nova Iguaçu / Mesquita Terezinha de Castro Valeria Conceicao Souza Tardivor E.E. Coronel Jose Antonio Teixeira Valéria Marques Valéria Rolão Ribeiro C.E. Ubaldo de Oliveira Velma Leila de Freitas Simen C.E. Deodato Linhares Vera Alice V de Carvalho E.E. Profª Alda Bernardo dos S. Tavares, Magé Vera Alice Vieira Carvalho C.E. Prof. Alda B. dos Santos Tavares Vera Lucia Andrade Abreu E.E. Rachel Reid Pereira de Souza Vera Lucia da Silva C.E. Joao de Oliveira Botas, Armação De Búzios Vera Lucia Gomes da Silva, Nova Iguaçu / Mesquita Vera Lúcia Oliveira de Siqueira CIEP 336 – Jornalista Octávio Malta, Campo Grande Virginia Viceconte de A Teixeira E.E. Alcinda Lopes Pereira Pinto Wania Alves Nova Iguaçu / Mesquita Wilma Pacheco dos Santos C.E. Santa Rita Zuleida Soliva dos Santos C.E. de Mage, Magé Capa Duplo Design www.duplodesign.com.br Diagramação Aline Santiago Ferreira Duplo Design - www.duplodesign.com.br Marcelo Mazzini Coelho Teixeira Duplo Design - www.duplodesign.com.br Thomás Baptista Oliveira Cavalcanti Tipostudio - www.tipostudio.com.br Prezados (as) Professores (as) Visando promover a melhoria da qualidade do ensino, a Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro realizou, ao longo de 2005, em parceria com a UFRJ, curso para os professores docentes de diferentes disciplinas onde foram apropriados os conceitos e diretrizes propostos na Reorientação Curricular. A partir de subsídios teóricos, os professores produziram materiais de práticas pedagógicas para utilização em sala de aula que integram este fascículo. O produto elaborado pelos próprios professores da Rede consiste em materiais orientadores para que cada disciplina possa trabalhar a nova proposta curricular, no dia a dia da sala de aula. Pode ser considerado um roteiro com sugestões para que os professores regentes, de todas as escolas, possam trabalhar a sua disciplina com os diferentes recursos disponibilizados na escola. O material produzido representa a consolidação da proposta de Reorientação Curricular, amadurecida durante dois anos (2004-2005), na perspectiva da relação teoria-prática. Cabe ressaltar que a Reorientação Curricular é uma proposta que ganha contornos diferentes face à contextualização de cada escola. Assim apresentamos, nestes volumes, sugestões que serão redimensionadas de acordo com os valores e práticas de cada docente. Esta ação objetiva propiciar a implementação de um currículo que, em sintonia com as novas demandas sociais, busque o enfrentamento da complexidade que caracteriza este novo século. Nesta perspectiva, é necessário envolver toda escola no importante trabalho de construção de práticas pedagógicas voltadas para a formação de alunos cidadãos, compromissados com a ordem democrática. Certos de que cada um imprimirá a sua marca pessoal, esperamos estar contribuindo para que os docentes busquem novos horizontes e consolidem novos saberes e expressamos os agradecimentos da SEE/RJ aos professores da rede pública estadual de ensino do Rio de Janeiro e a todo corpo docente da UFRJ envolvidos neste projeto. Claudio Mendonça Secretário de Estado de Educação SUMÁRI O 25 Apresentação 29 Que TV você vê? Fotografia, gráfico, crônica, tira em quadrinhos, ensaio Giselle Maria Sarti Leal, Maria de Fátima Riguete, Eliane Nogueira dos Santos Oliveira 46 A mulher e as mudanças sociais Crônica, propaganda e artigo de opinião Célia Regina da Mota, Eduardo José Paz Ferreira Barreto, Laudiméia da Silva Possidônio, Marta Janete Firmino Alves da Cruz 61 Futebol: uma linguagem universal Texto didático, crônica jornalística, crônica literária, conto. Ana Cristina Bonetti Brasil Soares, Tania Cristina Silva Pacheco 81 O trabalho empobrece o homem? Pintura, poema, canção, artigo de opinião, carta de leitor, charge, trecho de romance Izabel Cristina Tavares Coelho, Denise Gonçalves Rodrigues, Ivani dos Santos, Maria Armanda Pereira da Costa 97 Por falar em namorar... Canção, divulgação científica, romance, crônica, quadrinhos, poema, notícia Ana Maria Lavinas Pereira, Ana Paula da Silva Araújo, Francisca Therezinha pereira Marcato, Lucinéia Ramos do Vale, Marta de Freitas, Sandra Regina C.G. D. da Silva, Sílvia Rosane Neves Wanderley Fuly 119 Anexo: Proposta de seriação da disciplina Língua Portuguesa 136 Bibliografia Apresentação 25 Português - Volume II APRESENTAÇÃO É com satisfação que apresentamos aos professores da Rede de Ensino do Estado do Rio de Janeiro estes quatro volumes, com sugestões de atividades didáticas para subsidiarem o trabalho da sala de aula de Língua Portuguesa, frutos da parceria entre professores das universidades federais e professores da rede pública de ensino básico do Rio de Janeiro. Os trabalhos aqui reunidos – produzidos durante o curso de formação continuada, promovido pela UFRJ e pela SEE/RJ no segundo semestre de 2005, que reuniu cerca de 350 professores em pólos próximos às suas localidades de trabalho (Cabo Frio, Campos, Caxias, Niterói, Nova Friburgo, Nova Iguaçu, Rio de Janeiro e Volta Redonda) – são o resultado de uma profunda reflexão sobre questões relacionadas ao ensino da língua materna, da troca de experiências entre os professores e do debate sobre as diretrizes do documento de reorientação curricular elaborado no final do ano de 2004, no âmbito dessa parceria. Em todos os volumes, evidencia-se a preocupação em priorizar as atividades de leitura e produção textual, com base na concepção de que a escola deve incorporar em suas atividades os diferentes textos que circulam na sociedade, adequados aos diferentes contextos de produção. Assim, cada grupo escolheu um tema e selecionou textos de gêneros variados, para criar atividades didáticas que permitam ao aluno ampliar sua capacidade de leitura de mundo e interferência nas inúmeras situações sociais que exigem um cidadão consciente e atuante. Cada unidade apresenta, inicialmente, informações gerais sobre o tema e os textos escolhidos (gênero textual, objetivo comunicativo predominante, contexto de produção, modo de organização discursiva predominante, recursos lingüísticos utilizados), compondo uma “ficha técnica” da proposta didática, para facilitar ao professor a inserção no seu planejamento pedagógico. A seguir, apresentam-se as “atividades didáticas”, que podem ser xerografadas para utilização em sala de aula. Por último, uma “conversa com o professor”, que tem como objetivo comentar alguns aspectos relevantes para a aplicação das atividades. Para apoiar o professor na utilização destes volumes, sugere-se a (re)leitura do documento de Reorientação Curricular de Língua Portuguesa, disponível nas escolas da rede estadual. Como instrumento de apoio para consulta cotidiana, incorporamos, ao final de cada volume, a matriz curricular das séries correspondentes, relembrando que a reflexão sobre as questões gramaticais esteja sempre vinculada aos objetivos de leitura e produção de textos orais e escritos, e não 26 Ensino Fundamental se configure como um momento à parte na dinâmica da sala de aula, desvinculada dos reais objetivos do ensino da língua materna. Agradecemos a dedicação dos professores cursistas e informamos que todos os trabalhos (selecionados ou não para impressão) serão disponibilizados no site da SEE/RJ e da UFRJ. Esperamos que os professores de Língua Portuguesa da rede estadual, que participaram ou não do processo de elaboração deste material didático, possam utilizar as sugestões propostas por seus colegas, enriquecendo-as com sua própria prática. Somente com esse pensar (e essa prática coletiva) poderemos verificar a real extensão de nosso Projeto, que sabemos ter sido amplo em sua estrutura e ousado em sua proposta – e visualizaremos nossos acertos e a necessidade de eventuais ajustes e desdobramentos. Afinal, nosso objetivo é único: o fortalecimento do ensino de língua materna, sempre em prol de nossos alunos, vetores de nossos passos e de nossas preocupações como docentes. Todas as sugestões serão evidentemente muito bem-vindas. Maria Cristina Rigoni Costa Cilene da Cunha Pereira Maria da Aparecida Meireles de Pinilla Maria Christina de Motta Maia Maria Emília Barcellos da Silva Maria Thereza Indiani de Oliveira Mariângela Rios de Oliveira Regina Célia Angelim Sigrid Castro Gavazzi Maria Teresa Tedesco Vilardo Abreu PORTUGUÊS Janeiro de 2006 PORTUGUÊS Ensino Fundamental - Volume II Que TV você vê? 29 Português - Volume II QUE TV VOCÊ VÊ? APRESENTAÇÃO Este trabalho propõe uma reflexão acerca da televisão enquanto um útil veículo de informação, mas, ao mesmo tempo, um nocivo instrumento cristalizador de modelos e papéis, que se sugere que sejam seguidos e desempenhados de maneira não refletida. Pretende-se que, ao fim desta unidade, os alunos sejam capazes de reconhecer as intenções e interesses veiculados pelo discurso midiático televisivo, e que se tenha iniciado um processo de conscientização acerca de sua atitude crítica diante da tv que ele vê. Reunimos diversos textos de diferentes gêneros – desde textos não verbais e tirinhas, até crônicas e artigos de revistas – para que os alunos tenham recursos diversificados para refletir acerca do papel social da programação televisiva no curso da história. Os textos que compõem esta proposta de material didático apresentam as seguintes características, de acordo com seus objetivos discursivos. Dividimos a presente unidade em 3 seções, a saber: (1) A TV que todo mundo vê; (2) O que dizem na TV; e (3) O que dizem da TV. Em cada uma, propomos atividades de compreensão oral e escrita dos textos selecionados. Ao lado dos textos e atividades, criamos o “Psiu?!” e “A língua em uso”, que são sugestões de formas para você pode trabalhar os textos e temas relacionados a eles, bem como lembretes dos assuntos que podem ser abordados de acordo com o gênero textual e com as construções lingüísticas presentes. Objetivos principais • Ampliar a competência discursiva dos alunos por meio de atividades de leitura e produção de textos orais e escritos, adequando-se às diferentes situações de interlocução. • Desenvolver o domínio de aspectos discursivos e gramaticais da língua em uso como suporte para o desenvolvimento das habilidades de leitura e produção. 30 Ensino Fundamental Gêneros textuais trabalhados Fotografia, gráfico, crônica, tira em quadrinhos, ensaio, artigo de opinião Detalhamento das características dos textos trabalhados Os textos que compõem esta proposta de material didático apresentam as seguintes características, de acordo com seus objetivos discursivos: Texto 1 Gênero Fotografia Objetivo comunicativo predominante Registro de um dado momento Contexto de produção Foto produzida para a revista Época, maio/ 98, concernente à venda de produtos em lojas. Modo de organização discursiva predominante Linguagem não-verbal Recursos utilizados pelo autor Recursos visuais Texto 2 – Gráfico sobre audiência televisiva na região do Grande Rio ( www. almanaqueibope.com.br) Gênero Gráfico Objetivo comunicativo predominante Organização de informações estatísticas Contexto de produção Gráfico estatístico referente a cinco programas de maior existência na região do Grande Rio de Janeiro. Programação diária com audiência domiciliar de 3.430.600. Que TV você vê? 31 Português - Volume II Modo de organização discursiva predominante Linguagem não-verbal Recursos utilizados pelo autor Recursos visuais e numéricos Texto 3 - “O mundo da televisão” ((POLIZZI, Valéria. Papo de Garota. Ed. Símbolo e Ed. Nome da Rosa. SP, 2001. pp. 25-27) Gênero Crônica Objetivo comunicativo predominante Relatar situação vivida e os sentimentos que envolvem o protagonista Contexto de produção Narrativa que impinge crítica ao uso excessivo da televisão pelo jovem Modo de organização discursiva predominante Narrativa Recursos lingüísticos utilizados Verbos no pretérito perfeito/ imperfeito. Advérbios que marcam a seqüência de ações. Adjetivos que caracterizam os sentimentos dos personagens. Texto 4 – Mafalda (Quino – Toda a Mafalda – 1978, 4ª edição, Publicações D.Quixote) Gênero Tira em quadrinho Objetivo comunicativo predominante Crítica a uma dada situação: Uso excessivo da televisão 32 Ensino Fundamental Contexto de Produção Criado por Quino, chargista argentino, tendo a personagem Mafalda se tornado popular pelo senso altamente crítico de suas abordagens dos aspectos sociais. Modo de organização discursiva predominante Diálogo Recursos utilizados Recursos não –verbais e verbais: vocativo, marcas de interlocução, procedimentos de perguntas e respostas, frases interrogativas; verbos no gerúndio. Texto 5 – “Querida TV” (PIRES, Marcelo. Revista Quem. Agosto de 1999. p. 116) Gênero Crônica Objetivo comunicativo predominante Indicar opinião acerca de dado assunto, demonstrando proximidade com o interlocutor. Contexto de Produção Texto retirado da Revista QUEM, dirigida a jovens, visa a mostrar o texto despojado, indicando a crítica a assuntos importantes para a informação do público a que se destina a revista. . Modo de organização discursiva predominante Narrativa Recursos lingüísticos utilizados Traços marcantes da oralidade: como, por exemplo, o uso de gírias. Que TV você vê? 33 Português - Volume II Texto 6 - “Televisão: A Vida Pelo Vídeo” (FILHO, Ciro Marcondes. São Paulo: Moderna. 1988) Gênero Ensaio Objetivo comunicativo predominante Exposição de ponto de vista com apresentação de diferentes aspectos Contexto de Produção Ensaio publicado no livro A vida pelo Vídeo, de Ciro Marcondes Filho, importante autor da área de comunicação. Modo de organização discursiva predominante Expositivo- argumentativo Recursos lingüísticos utilizados pelo autor Argumentação, contra-argumentação, orações subordinadas Texto 7 – “A publicidade na TV” ((FILHO, Ciro Marcondes. Televisão: A Vida Pelo Vídeo. São Paulo: Moderna. 1988. p. 77-80) Gênero Ensaio Objetivo comunicativo predominante Expor ponto de vista a cerca do tema Televisão Contexto de Produção Texto crítico publicado por Ciro Marcondes Filho no livro A publicidade na TV, em que o autor apresenta uma acurada análise crítica da veiculação da publicidade na TV. Modo de organização discursiva predominante Expositivo- argumentativo 34 Ensino Fundamental Recursos Lingüísticos utilizados Argumentação, exemplificação, através de casos. Uso de comparações, orações subordinadas, conclusivas e causais. Texto 8 - Mafalda (Quino – Toda a Mafalda – 1978, 4ª edição, Publicações D.Quixote) Gênero Tira em quadrinhos Objetivo comunicativo predominante Crítica a uma dada situação: Uso excessivo da televisão Contexto de Produção Criado por Quino, chargista argentino, tendo a personagem Mafalda se tornado popular pelo senso altamente crítico de suas abordagens dos aspectos sociais. Modo de organização discursiva predominante Diálogo Recursos utilizados Recursos não–verbais e verbais: vocativo, marcas de interlocução, procedimentos de perguntas e respostas, frases interrogativas; verbos no gerúndio. Que TV você vê? 35 Português - Volume II ATIVIDADES DIDÁTICAS A TV que todo mundo vê Pra começo de conversa... Leitura 1. O que vem à sua mente ao olhar esta imagem? 2. Por que as televisões ficam normalmente ligadas dentro das lojas? 3. Que papel a televisão está exercendo nesta imagem? 4. Podemos afirmar que a televisão influencia opiniões e comportamentos nas diferentes camadas de nossa sociedade. Que tipo de influência ela exerce sobre as pessoas economicamente desfavorecidas? 5. E sobre você, que tipo de influência a televisão tem exercido? 36 Ensino Fundamental 1. O que andam vendo por aí, de acordo com o gráfico? 2. Podemos ver que as telenovelas são as líderes de audiência. Na sua opinião, por que isso acontece? 3. Qual o seu programa preferido? Por quê? Fonte: www.almanaqueibope.com.br Referente aos 5 programas de maior audiência na região do Grande Rio de Janeiro – programação diária de 06h às 05h59 Audiência domiciliar (3.430.600 domicílios) Leitura O Mundo da Televisão “Depois de passar horas em frente à televisão, pulando de canal em canal, de programa de auditório para novela, de novela para telejornal, de telejornal para videoclipe, de videoclipe para propaganda, a garota deu um clique final no controle remoto e a tela escureceu. Em uma fração de segundo, aquele mundo de cubo animado, colorido e fascinante, havia desaparecido. Silêncio. Uma sensação de vazio tomou conta da sala. E a garota teve a nítida impressão de que o mundo em que estava era menos real do que dentro da tevê. Lembrou-se de quando era criança e achava que televisão era isso mesmo: um mundo real com minúsculas pessoas vivendo dentro do aparelho. Por que agora quem se sentia minúscula era ela? Solidão. Clique, ligou a tevê de novo. Som, música, pessoas alegres e sorridentes, palmas, folia. Até a desgraça parecia um show. Isso deveria ser triste, muito triste. Mas parece que a gente vai se acostumando, se acostumando.. Não! Clique, desligou novamente. A sala vazia, o chiado do silêncio. O ato de desligar abria um espaço em sua cabeça e era em si mesma que começava a pensar. Seus problemas, sua rotina mecânica e sem Que TV você vê? 37 Português - Volume II graça, sua vida sem sabor, era isso! A vida na tela tinha sabor. Clique, ligou outra vez. (...) Nossa, suas costas já estavam doendo de tanto sofá. Clique, desligou. Além do mais, ela não era a única. Conhecia muita gente que ligava a tevê assim que chegava em casa. Clique. Ligou a televisão e ficou pensando que daria tudo para entrar naquele aparelho e pertencer àquele mundo, ainda que só por um dia. E de lá de dentro olharia para a menina aqui fora, sentada no sofá. Quem sabe assim gostaria mais dela, se sentiria um pouquinho especial...” (POLIZZI, Valéria. Papo de Garota. Ed. Símbolo e Ed. Nome da Rosa. SP, 2001. pp. 25-27) Leitura e língua em uso 1. A autora desta narrativa – O Mundo da Televisão – faz uma crítica à programação televisiva. Trata-se de uma crítica positiva ou negativa? Transcreva o trecho em que esta crítica está evidente. 2. Sabemos que o conto é um gênero textual construído em torno de um conflito da(s) personagem(s). Aponte-o e caracterize-o no trecho acima. 3. Releia o primeiro parágrafo do texto: “Depois de passar horas em frente à televisão, pulando de canal em canal, de programa de auditório para novela, de novela para telejornal, de telejornal para videoclipe, de videoclipe para propaganda, a garota deu um clique final no controle remoto e a tela escureceu. Em uma fração de segundo, aquele mundo de cubo animado, colorido e fascinante, havia desaparecido.” O que é possível inferir sobre a repetida mudança de canal da garota? 4. Observe a expressão utilizada pela autora: “A sala vazia. O chiado do silêncio”. Vemos aí a junção de vocábulos que expressam idéias contrárias. Desenvolva esta afirmação, incluindo em sua resposta, a possível intenção comunicativa da autora. O que andam vendo por aí... O gráfico a seguir nos apresenta dados referentes à média percentual de audiência domiciliar de sete tipos de programas televisivos das emissoras de tv: Bandeirantes, Corcovado (CNT), Globo, Record, Rede TV!, SBT e TVE Brasil. O período dessa pesquisa do Ibope compreende a semana de 31/10 a 06/11/2005. Observe-o e analise-o com atenção. 38 Ensino Fundamental Laboratório de textos Nas atividades de leitura, você conheceu um pouco mais sobre esta nossa ilustre companheira: a TV. Agora, com a orientação do professor, descubra o que andam vendo por aqui, em sua escola. • Reúna-se a um grupo de colegas para realizar a tarefa. • Juntos, vocês realizarão uma enquête sobre a preferência de programação televisiva dos membros da escola. • Cada grupo da sua turma pode se encarregar de entrevistar um grupo. Pessoas com diferentes funções podem ser ouvidas: pessoal do grupo de apoio, professores, diretores, alunos de diferentes séries e/ou faixas etárias. • Após a coleta de dados, cada grupo produzirá um gráfico apresentando os resultados da pesquisa para futura exposição na escola. Sugestão: peça a ajuda de seu professor de matemática para a elaboração do gráfico. O que dizem da TV? Veja o que Mafalda diz da TV... Quino – Toda a Mafalda – 1978, 4ª edição, Publicações D.Quixote (QUINO,Toda a Mafalda-Lisboa,Publicações D.Quixote, 1987- ) Leitura, língua em uso e produção de texto 1. Na tira acima, observamos a posição de Mafalda em frente à televisão. Existe alguma relação entre sua posição e sua fala? Justifique. 2. Nas expressões: “Que estás a fazer” e “Estou a pensar”, verifica-se a presença da contribuição verbal: verbo estar mais infinitivo, característica do português usado em Portugal, diferente do Que TV você vê? 39 Português - Volume II usado no Brasil. Há uma escolha predominante dos brasileiros por uma outra forma? Que forma é essa? 3. Levando em conta o sentido global da tira acima, o que se pode concluir acerca da opinião da personagem Mafalda sobre a televisão? 4. E você, o que você diz da TV? Leia o que Marcelo Pires escreveu sobre a TV “Querida TV” Seguinte: nem sei como falar, é chato pra burro, tô um pouco sem jeito, mas preciso dizer que, sei lá, acho que nossa relação se desgastou recentemente. Ando meio desligado de você, confesso. Hoje em dia prefiro passar meu tempo livre com o aparelho de som, um velho amigo, do que com você. Sei lá, você pode dizer que sou eu que ando numa fase chata, penta demais, mas, convenhamos, você tem abusado da minha paciência, sempre os mesmos papos, fico até sem jeito de comentar. O que você pensa? Que eu vou fazer de conta que essas xuxélicas, essas angélisteus, essas xuxilianas já não cansaram a beleza da gente? Por você ter ficado tão careta, tão mesquinha, é que eu cansei (...) Por isso, TV, acho que é legal a gente dar um tempo. Nós tivemos bons momentos. Noites bacanas, um na frente do outro. Mas agora deu. Vou saltar fora. Tchau. A gente se vê. Ou não. (PIRES, Marcelo. Revista Quem. Agosto de 1999. p. 116) Leitura, língua em uso e produção de texto 1. Observando a tipologia do texto acima, a que gênero podemos associá-lo? Cite exemplos contidos nele que comprovem sua resposta. 2. O escritor caracteriza sua relação com a TV semelhante a de um namoro. Retire do texto expressões usadas por ele que confirmam isso. 3. A relação do escritor com a TV se tornou cansativa por quê? 4. Podemos observar ao longo do texto uma certa informalidade muito comum nesse gênero textual. Qual a intenção do autor ao optar por escrever assim? 5. Há elementos no texto que caracterizam o discurso como pertencente a determinado grupo social. a) Identifique que grupo é esse. b) Dê exemplos desses elementos. 40 Ensino Fundamental 6. Observe o uso do verbo DAR nas seguintes expressões: “...acho que é legal a gente dar um tempo.” “Mas acho que agora deu.” Sabemos que o verbo DAR é um verbo BITRANSITIVO, ou seja, seleciona um objeto direto e um objeto indireto em seu predicado (quem DÁ, DÁ algo a alguém). No entanto, nos dois extratos do texto, essa bitransitividade não ocorre. Observa-se, portanto, uma modificação no uso ou no sentido do verbo em questão. Em que sentido(s) ele foi usado nos exemplos acima? FIQUE ANTENADO!!! Música: Televisão, de Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Tony Belloto. Livro: Televisão: A Vida pelo Vídeo, de Ciro Marcondes Filho. Site: www.tudosobretv.com.br Observe esse título FASCÍNIO, MODELOS E LINGUAGEM DA TV No texto abaixo, o autor discorrerá sobre três aspectos da TV, seus fascínios, seus modelos e sua linguagem. O que esse título sugere? Agora, vamos ler o texto Todas as noites, às oito horas, a casa de vovó ficava cheia. Uns chegavam em cima da hora, outros já estavam lá esperando desde cedo. Conversavam sobre muitos assuntos, mas o motivo mesmo de tão freqüente visita era a televisão. Vovó era a única da rua que possuía televisão. Eu me lembro que, nos domingos à tarde, toda a molecada da rua vinha à casa da vovó assistir à televisão. Ficavam empoleirados na escada, e não havia espetáculo mais atraente do que aquele cineminha de graça. Talvez por já estar acostumado, eu conseguisse entender o porquê de tamanha curiosidade quanto aos desenhos animados: o aparelho era uma grande novidade. À noite, mudava o público. Antes, a casa da vovó não ficava tão cheia, com tanta freqüência. Com a chegada do aparelho, as pessoas vinham, cumprimentavam-se, sentavam-se e logo começavam a ver televisão. Eram os “televizinhos”, como se dizia na época. Hoje isso já não existe porque todo mundo tem televisão. O aparelho tornou-se presença obrigatória nos lares. A televisão daquela época era mágica. Embora transmitisse em branco e preto programas feitos sem profissionalismo, com imagens tecnicamente ruins, ela possuía um fascínio único. As pessoas falavam com os apresentadores, achando que estavam sendo vistas, paravam de conversar a cada momento, ficavam magnetizadas pelo novo aparelho e Que TV você vê? 41 Português - Volume II só voltavam ao normal quando o desligavam. Mas sua sedução permanecia. Desligar o aparelho parecia um retorno ao ambiente de casa, ao cotidiano, à mesmice das estórias de rua, dos parentes, dos amigos. Ligá-lo, ao contrário, abria um espaço para se entrar em outros mundos. Muito se falou – e ainda se fala – que a televisão veio suprimir o diálogo doméstico, a conversa das pessoas. Pode ser. Em alguns casos. Em outros, ela veio introduzir diálogos e discussões. Por ser um meio totalizante, ela inova, apresentando exemplos de vida, de ambientes, de situações que acabam funcionando como modelos. Se as conversas domiciliares giravam em torno do conhecido ( a rua, a família, os parentes)ou da vida pública ( a política, a religião, o futebol), a televisão traz agora “novos momentos”, novas realidades, que mostram mundos desconhecidos e inovadores para o público. Nesse sentido, ela amplia os antigos horizontes de discussão e o diálogo das pessoas, Dilatando sua vivência com esses novos dados. O rádio executava essa função deforma menos marcante e, sendo um veículo parcial, a imaginação do ouvinte completava o quadro, imaginando a cena. A mensagem, portanto, restringia-se ao previamente conhecido. A televisão fascina por outros meios e de maneira mais perspicaz que as demais formas de comunicação: ela introduz uma linguagem diferente, que primeiro atrai o receptor, para depois ser incorporada por ele. Nessa medida, ela muda completamente – através de um fato técnico, de sua linguagem – os hábitos de recepção e de percepção da sociedade e da cultura. (FILHO, Ciro Marcondes. Televisão : A Vida Pelo Vídeo. São Paulo: Moderna. 1988) Leitura 1. Releia esta sentença: “A televisão daquela época era mágica”. A que época ela se refere? E por que “ela era mágica”? 2. Você concorda com a afirmação: “O aparelho tornou-se presença obrigatória nos lares”? Justifique. 3. Em que sentido, de acordo com o texto, a televisão introduz diálogos e discussões? 4. Busque no texto passagens que descrevem fascínios da TV. 5. O texto afirma que a televisão, “por ser um meio totalizante,[...] inova, apresentando exemplos de vida, de ambientes, de situações que acabam funcionando como modelos”. Isso ocorre porque a imagem nos agrada e nós desejamos viver daquela maneira. Por exemplo, a “loira-magra” é o padrão de beleza; a figura da empregada, em geral, é negra; “não é assim uma Brastemp” é sinônimo de má qualidade. Além desses exemplos, existem muitos outros. Discuta com seus colegas e aponte outros tipos de modelos que atraem os telespectadores e são incorporados por eles. 42 Ensino Fundamental Agora é sua vez Produção de texto Nesta secção você conheceu e analisou opiniões diversas a respeito da TV. Alguns são a favor, outros contra. Outros manifestaram certa neutralidade. E você mesmo já teve oportunidade de expressar sua opinião. E agora? Após a leitura desses textos, seu posicionamento ainda é mesmo? Ou será que mudou? Ou você está ainda refletindo um pouco mais? Que tal, então, colocar suas reflexões no papel? Redija um texto que expresse sua opinião sobre a TV. Mas lembre-se de que você deve basear- se em argumentos que reafirmem o que você defende. Antes de redigir seu texto... a) Defina qual é a sua posição:· • A TV contribui para introduzir novos diálogos e discussões acerca de diferentes realidades.· • A TV tem o poder nocivo de fixar e /ou alterar padrões de comportamento. b) Reúna os argumentos que favorecem sua posição. c) Reúna os argumentos que favorecem a posição contrária à sua. Intervalo Comercial Você sabia? • Que a publicidade existe há muito tempo? • Que ela exerce uma ação psicológica sobre o público, com fins políticos e/ou comerciais? • Que a televisão funciona como uma vitrine? • Que a publicidade pode, também, prestar serviços à população, divulgando informações úteis como campanhas de educação, saúde e transporte? • Que a emissora precisa vender o seu intervalo comercial para ter dinheiro para fazer os programas? • E que o anunciante precisa de um meio de comunicação eficiente para mostrar seu produto ao maior número possível de pessoas? • Que é você quem faz a audiência – como telespectador – e é você quem paga a publicidade – como consumidor? Que TV você vê? 43 Português - Volume II • Que a inflência da publicidade faz parecer indispensáveis produtos novos que nunca fizeram parte de nossas vidas? Então Fique alerta para não se deixar enganar com as técnicas e truques da publicidade e suas falsas promessas!!!! Para saber mais a respeito da publicidade, leia com bastante atenção o texto a seguir Em meio a homens altos e mulheres bonitas que tomam cerveja, surge um baixinho de boné. Em pé, diante de um balcão alto, ele toma um copo enorme de cerveja, ao som de uma canção que diz ser aquela uma “graaaaaande cerveja”. A desproporção entre a altura desse homem e a dos demais elementos do cenário é mero acaso? De forma implícita, o que pretende o anunciante? A Publicidade na TV O pesquisador Jesús Martín Barbero diz que, através da publicidade, nossa sociedade constrói dia a dia a imagem que cada um tem de si. Para ele, a publicidade é um espelho, apesar de bem deformado, pois a imagem do lado de lá é muito mais bela que a imagem do lado real. A publicidade, no passado, teve a função de vender produtos. Era sua razão de ser. Hoje, ela tem outra função muito especial: a de demonstração de modelos a serem seguidos, isto é, a apresentação de padrões físicos, estéticos, sensuais, comportamentais, aos quais as pessoas devem se amoldar. A publicidade dita as regras de reconhecimento e valorização social. [...] Se no passado ela funcionava como a TV, as revistas, o cinema, apresentando indiretamente esses modelos estéticos, hoje a venda de mercadorias – sua aparente razão de ser – tornou-se secundária. Em primeiro lugar, ela vende, define, idealiza os modelos estéticos, sexuais e comportamentais. Além disso, a publicidade na sociedade industrial capitalista funciona como um reforço diário das ideologias, do princípio da valorização das aparências, da promoção de símbolos de status (carros, roupas, ambientes, bebidas, jóias, objetos luxuosos de uso pessoal). De certa maneira, como no humor, a publicidade reforça também as tendências negativas, encobertas ou disfarçadas da cultura. Ela confirma diferenças, segregações, distinções, trabalhando em concordância com os preconceitos sociais e com as discriminações de toda espécie [...]. Em suma, ela é produzida para estar de acordo e, portanto, para reforçar as desigualdades e os problemas sociais, culturais, étnicos ou políticos. Essa função reforçadora é seu suporte para a venda de mercadorias, pois, ao mesmo tempo que incita o consumo, é o próprio veículo, o transporte dos valores e dos desejos que estão ancorados na cultura que as consome. As mercadorias trazem em si, incorporado, tudo aquilo que a sociedade deseja, e por isso são consumidas. [...] A publicidade, especialmente a de TV, veicula valores: a raça branca (dominante) é transmitida, por exemplo, como a única bela, modelar, válida. No Peru, na África, no Nordeste brasileiro, a criança branca de olhos azuis, docemente cuidada por sua mãe loira, de cabelos sedosos e aveludados, é o tipo ideal de publicidade. 44 Ensino Fundamental A pesquisadora alemã Karin Buselmeler realizou uma interessante pesquisa sobra a imagem da mulher na televisão. Ela constatou, em primeiro lugar, que a mistificação do trabalho doméstico ocorre de forma mais clara na publicidade, colocando os afazeres de casa como um “trabalho nobre” de mulher. A mulher aparece nesses quadros como a responsável pela felicidade da família, felicidade só atingível pela aquisição de produtos oferecidos pela publicidade. O filho teria poucas chances de brincar no parque infantil se não cuidasse atentamente de seus cabelos; o marido, se não possuir a camisa branca, brilhante, será olhado de modo atravessado pelos colegas. De tudo isso a mulher tem que cuidar. [...] Em resumo, concluímos então que a publicidade trabalha através da promoção de puras aparências: não se compram mercadorias por suas qualidades inerentes nem pelo seu valor de uso, mas pela imagem que o produto veicula no ambiente da vida do consumidor. Nenhuma dessas mercadorias realiza de fato o que promete, isto é, nenhum cigarro propicia aventuras, nenhum carro traz vida luxuosa, nenhum uísque conquista mulheres. Em todos esses casos, o produto é inteiramente secundário: as pessoas são seduzidas por alguma coisa que está fora e muito além dele. (FILHO, Ciro Marcondes. Televisão: A Vida Pelo Vídeo. São Paulo: Moderna. 1988. p. 77-80) Leitura e língua em uso 1. O autor afirma em seu texto que a publicidade tinha uma função no passado, que era a de vender produtos. Hoje, porém, ela tem outra função muito especial: a de demonstração. a) Que demonstração é esta? b) E o que ela pretende vender? 2. O pesquisador Jesús Martín Barbero compara a publicidade a um espelho. Qual a relação entre eles? 3. Sabemos que existem palavras que têm a função de estabelecer uma relação de sentido entre duas ou mais orações, como por exemplo nas linhas 2 e 3 do texto lido: “(...)Para ele, a publicidade é um espelho, apesar de bem deformado,(...)” a) Identifique essa(s) palavra(s) e transcreva-a(s) abaixo, indicando o sentido que ela(s) estabelece(m). b) Como são chamadas essas palavras? 4. No sexto parágrafo, a expressão “trabalho nobre” aparece entre aspas. a) Qual o efeito causado pelas aspas no texto? b) Qual o sentido da expressão trabalho nobre? 5. Ao introduzir o último parágrafo, o autor utiliza a expressão “em resumo”. a. Qual a função deste parágrafo em relação ao texto? b. Quais as principais informações contidas nesse parágrafo? Que TV você vê? 45 Português - Volume II c. Qual a relação que se pode estabelecer entre as informações contidas nesse parágrafo e as informações contidas nos parágrafos anteriores? d. De acordo com a pesquisa desenvolvida pela alemã, como a mulher é vista na publicidade? Observe a tirinha abaixo (QUINO, Toda a Mafalda. Lisboa, Publicações D. Quixote, 1987) Leitura 1. Por que a personagem da tirinha, Mafalda, ficou tão revoltada com a propaganda? 2. Qual a intenção do produtor da propaganda ao afirmar que até uma criança poderia manusear a máquina de lavar anunciada? 3. Que relação é estabelecida com o telespectador ao ser usado o termo “minha senhora”? Laboratório de textos Depois de termos trabalhado com os textos sobre a publicidade na TV, obtivemos informações que nos permitiram perceber que ela faz um apelo à nossa fantasia. Chegou a sua vez, então, de analisar as mensagens, identificando os apelos usados por ela, como: sucesso, conforto, liberdade, conquista, riqueza, etc. Sua tarefa é • Observar diferentes propagandas na TV, identificando as mensagens transmitidas ao telespectador; • Escolher, ou criar um produto e elaborar um comercial para convencer seus colegas de classe a comprá-lo. Assistir à televisão não é apenas sentar e ver. É necessário... 46 Ensino Fundamental A MULHER E AS MUDANÇAS SOCI AI S APRESENTAÇÃO Provocação “Uma mulher já é bastante instruída quando lê corretamente as suas orações e sabe escrever a receita de goiabada. Mais do que isso seria um perigo para o lar” (Charles Expilly) 1 Ou, pelo menos, era assim que se pensava no início do século passado. Na verdade, assim se pensou durante muitos e muitos anos. Hoje em dia, no entanto, as coisas são bem diferentes, não é verdade? Cada vez mais, as mulheres conquistam seu espaço e mostram que são capazes de atuar competentemente em todas as áreas da sociedade. Objetivo principal • Ampliar a competência discursiva dos alunos por meio de atividades de leitura e produção de textos orais e escritos, adequando-se às diferentes situações de interlocução. • Desenvolver o domínio de aspectos discursivos e gramaticais da língua em uso como suporte para o desenvolvimento das habilidades de leitura e produção. Gêneros textuais trabalhados Crônica, propaganda e artigo de opinião 1 EXPILLY, Charles. Mulheres e costumes do Brasil. Trad. Gastão Penalva. São Paulo: Nacional; Brasília: INL, 1977. A mulher e as mudanças sociais 47 Português - Volume II Detalhamento das características dos textos trabalhados Os textos que compõem esta proposta de material didático apresentam as seguintes características, de acordo com seus objetivos discursivos: Texto 1 - “Na escola” (ANDRADE, Carlos Drummond de. In: Para gostar de ler. v. 1 - crônicas. São Paulo: Ática, 1980.) Gênero Crônica Objetivo comunicativo predominante Contar acontecimentos, fatos ou episódios a partir de uma situação do cotidiano, neste caso, episódio (verídico) ocorrido em sala de aula; registrar e questionar hábitos e costumes de uma determinada época (no contexto, a professora usar ou não calças compridas); questionar o uso de uniforme escolar; expor a atitude contraditória da professora ‘democrática’. Contexto de produção A crônica foi publicada no final dos anos 60 2 , momento que marca mudanças nas relações sociais e na vida doméstica, devido aos movimentos de liberação da mulher. Ao relatar episódio ocorrido em sala de aula, o cronista questiona costumes relativos ao vestuário feminino e escolar e questiona o conceito de atitude democrática, através de uma posição contraditória da professora. Modo de organização discursiva Narrativo Recursos lingüísticos utilizados • Predominância de verbos no pretérito (narração) e do presente do indicativo. • Presença do discurso direto • Ocorrência de palavras e expressões da linguagem coloquial, registro informal, gírias etc. 2 Não conseguimos localizar a data de publicação dessa crônica. Entretanto, pelo vocabulário e pelas expressões nela presentes, talvez se possa dizer tratar-se de um texto de fins dos anos 60 ou do início da década de 70. Cf. o que consigna o Novo Aurélio sob o verbete mídi: “diz-se da roupa feminina (vestido, saia ou casaco) que atinge a altura da canela. [O t. data do fim da década de 60]”. (FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio século XXI: o dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999) [grifo nosso] 48 Ensino Fundamental Texto 2 - “Mulher viva usa camisinha” (“Mulher Viva” – ONGs e vários órgãos governamentais. Rio de Janeiro, 2005.) Gênero Propaganda/cartaz publicitário Objetivo comunicativo predominante Divulgação da importância do uso de preservativos para proteção de DSTs; persuasão. Contexto de produção Publicado em janeiro/2005, este texto publicitário tem a cara do século 21, já que se dirige à mulher para persuadi-la a exigir do parceiro o uso de preservativo para proteger-se das DSTs, doenças também tipicamente atuais. Modo de organização discursiva Narrativo Recursos lingüísticos + não-lingüísticos • Linguagem verbal aliada à linguagem não-verbal (imagem: preservativo - quase uma “auréola” sobre o laço de fita). • Frase concisa constituída de substantivo + adjetivo + verbo + substantivo • Ambigüidade do adjetivo. • Emprego do verbo no presente do indicativo no sentido de “indicar ação habitual ou ainda ação permanente, ou assim considerada, como uma verdade científica, um dogma, um artigo de lei” 3 . • Uso de nome popular ‘camisinha’ por ‘preservativo’; presença de nomes próprios e siglas como registro dos patrocinadores da campanha. 3 CUNHA, Celso & CINTRA, Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985, p. 437 A mulher e as mudanças sociais 49 Português - Volume II Texto 3 - “A mulher num mercado de trabalho em mutação” (Sílvia Gattai – In: http://www.wmulher.com.br/ template.asp?canal= trabalho&id_mater=732 - acesso em 01/12/2005) Gênero Artigo de opinião Objetivo comunicativo predominante Traçar o perfil do mercado de trabalho em mutação; descrever as exigências que ele requer do profissional e situar, analisar a função da mulher nesse novo mercado. Contexto de produção Publicado em 1999, em um espaço on-line, “O ponto da mulher na internet”, o texto reflete as suas condições de produção, pois discute um tema que atrai o público reflexivo que circula na rede. A formação da autora – psicóloga – lhe confere autoridade para traçar o perfil do mercado de trabalho atual, bem como o dos profissionais, expor e opinar sobre o papel da mulher nesse mercado, opondo o velho estereótipo à mulher moderna e atuante. Modo de organização discursiva Expositivo/argumentativo Recursos lingüísticos utilizados • Verbos no presente do indicativo, em consonância com um discurso expositivo e argumentativo. • Substantivos indicadores do atual mercado de trabalho (mutação, mudança, globalização, informática, tecnologia, internet; empresa). • Associações: competência, competitividade, agilidade, capacidade, decisão, ações; beleza, idéias. • Adjetivos: profissional, competitivo, exigente, bilíngüe, jovens, bonita (x vulgar) 50 Ensino Fundamental ATIVIDADES DIDÁTICAS Provocação “Uma mulher já é bastante instruída quando lê corretamente as suas orações e sabe escrever a receita de goiabada. Mais do que isso seria um perigo para o lar” (Charles Expilly) 4 Ou, pelo menos, era assim que se pensava no início do século passado. Na verdade, assim se pensou durante muitos e muitos anos. Hoje em dia, no entanto, as coisas são bem diferentes, não é verdade? Cada vez mais, as mulheres conquistam seu espaço e mostram que são capazes de atuar competentemente em todas as áreas da sociedade. Você já refletiu sobre essa questão? Vamos discuti-la a partir da leitura dos textos a seguir: Texto 1: “Na escola” (Carlos Drummond de Andrade) Democrata é Dona Amarílis, professora na escola pública de uma rua que não vou contar, e mesmo o nome de Dona Amarílis é inventado, mas o caso aconteceu. Ela se virou para os alunos, no começo da aula, e falou assim: - Hoje eu preciso que vocês resolvam uma coisa muito importante. Pode ser? - Pode – a garotada respondeu em coro. - Muito bem. Será uma espécie de plebiscito. A palavra é complicada, mas a coisa é simples. Cada um dá sua opinião, a gente soma as opiniões e a maioria é que decide. Na hora de dar opinião, não falem todos de uma vez só, porque senão vai ser muito difícil eu saber o que é que cada um pensa. Está bem? - Está – respondeu o coro, interessadíssimo. - Ótimo. Então, vamos ao assunto. Surgiu um movimento para as professoras poderem usar calça comprida nas escolas. O governo disse que deixa, a diretora também, mas no meu caso eu não quero decidir por mim. O que se faz na sala de aula deve ser de acordo com os alunos. Para todos ficarem satisfeitos e um não dizer que não gostou. Assim não tem problema. Bem, vou começar pelo Renato Carlos. Renato Carlos, você acha que sua professora deve ou não deve usar calça comprida na escola? - Acho que não deve – respondeu, baixando os olhos. - Por quê? - Porque é melhor não usar. - E por que é melhor não usar? 4 EXPILLY, Charles. Mulheres e costumes do Brasil. Trad. Gastão Penalva. São Paulo: Nacional; Brasília: INL, 1977. A mulher e as mudanças sociais 51 Português - Volume II - Porque minissaia é muito mais bacana. - Perfeito. Um voto contra. Marilena, me faz um favor, anote aí no seu caderno os votos contra. E você, Leonardo, por obséquio, anote os votos a favor, se houver. Agora quem vai responder é Inesita. - Claro que deve, professora. Lá fora a senhora usa, por que vai deixar de usar aqui dentro? - Mas aqui dentro é outro lugar. -É a mesma coisa. A senhora tem uma roxo-cardeal que eu vi outro dia na rua, aquela é bárbara. - Um a favor. E você, Aparecida? - Posso ser sincera, professora? - Pode, não. Deve. - Eu, se fosse a senhora, não usava. - Por quê? - O quadril, sabe? Fica meio saliente... - Obrigada, Aparecida. Você anotou, Marilena? Agora você, Edmundo. - Eu acho que Aparecida não tem razão, professora. A senhora deve ficar muito bacana de calça comprida. O seu quadril é certinho. - Meu quadril não está em votação, Edmundo. A calça sim. Você é contra ou a favor da calça? - A favor 100%. - Você, Peter? - Pra mim tanto faz. - Não tem preferência? - Sei lá. Negócio de mulher eu não me meto, professora. - Uma abstenção. Mônica, você fica encarregada de tomar nota dos votos iguais ao de Peter: nem contra nem a favor, antes pelo contrário. Assim iam todos, votando, como se escolhessem o Presidente da República, tarefa que talvez, quem sabe? No futuro sejam chamados a desempenhar. Com a maior circunspeção. A vez de Rinalda: - Ah, cada um na sua. - Na sua, como? - Eu na minha, a senhora na sua, cada um na dele, entende? - Explique melhor. - Negócio seguinte. Se a senhora quer vir de pantalona, venha. Eu quero vir de midi, de máxi, de short, venho. Uniforme é papo furado. - Você foi além da pergunta, Rinalda. Então é a favor? - Evidente. Cada um curtindo à vontade. - Legal! – exclamou Jorgito. – Uniforme está superado, professora. A senhora vem de calça comprida, e a gente aparecemos de qualquer jeito. 52 Ensino Fundamental - Não pode – refutou Gilberto. – Vira bagunça. Lá em casa ninguém anda de pijama ou de camisa aberta na sala. A gente tem de respeitar o uniforme. Respeita, não respeita, a discussão esquentou, Dona Amarílis pedia ordem, ordem, assim não é possível, mas os grupos se haviam extremado, falavam todos ao mesmo tempo, ninguém se fazia ouvir, pelo que, com quatro votos a favor de calça comprida, dois contra, e um tanto-faz, e antes que fosse decretada por maioria absoluta a abolição do uniforme escolar, a professora achou prudente declarar encerrado o plebiscito, e passou à lição de História do Brasil. Leitura 1) A crônica “Na Escola” se organiza a partir de uma discussão. Esse debate seria cabível nos dias de hoje? Explique com suas palavras. Retire do texto um trecho que evidencie o assunto. 2) Sabendo-se que o narrador é quem “conta a história”, diga: a) Nesse texto, o narrador é um personagem da história? b) Como você chegou a essa conclusão? 3) Procure deduzir, com base no texto e na sua experiência de vida, o significado das seguintes palavras: a) plebiscito; b) democrata; c) obséquio; d) abstenção; e) circunspecção; f) pantalona; g) extremado; h) refutar. 4) Observando a significação das palavras plebiscito e democrata, responda: a) Qual foi a intenção da professora ao organizar o plebiscito? b) Em determinado ponto do texto, a discussão se desvia para um ponto diferente do inicial, ponto esse que acabou por revelar o real interesse dos alunos. Localize o momento em que isso ocorreu e diga em que eles estavam, de fato, interessados. c) Como a professora reagiu à mudança de interesse da turma? Você acha que ela agiu democraticamente? 5) Ao ler todo o texto, pode-se concordar com a afirmação contida no primeiro parágrafo? Justifique sua resposta. Língua em uso 1) Faça um levantamento das gírias (palavras e expressões) presentes no texto. Sem usar gíria, explique a significação de cada uma delas. 2) Agora, substitua cada uma das gírias que você encontrou por outra, utilizada nos dias de hoje, com sentido semelhante. A mulher e as mudanças sociais 53 Português - Volume II 3) O que Dona Amarílis quis realmente dizer com a expressão “nem contra nem a favor, antes pelo contrário”? 4) Leia atentamente os trechos abaixo. Depois, faça o que se pede: “- Legal! – exclamou Jorgito... a gente aparecemos de qualquer jeito.” “- (...) A gente tem de respeitar o uniforme.” [fala de Gilberto] a) Em algumas situações informais, as pessoas falam de um jeito que se entende, mas essa maneira de falar deve ser evitada numa linguagem mais cuidada. Em qual dos dois diálogos acima isso ocorre? Justifique a resposta e reescreva a fala escolhida, observando a concordância entre a expressão que exerce a função de sujeito (“a gente”) e o verbo. b) O emprego de “a gente” para indicar “eu + outras pessoas” é muito comum e o seu uso é perfeitamente aceitável na linguagem coloquial falada ou mesmo na língua escrita informal. No entanto, na língua escrita no registro formal (por exemplo, numa carta dirigida a autoridades, numa conferência etc.), é preferível empregar-se um outro pronome que tem a mesma idéia de “a gente”. Procure em jornais, livros didáticos e revistas textos que contenham esse tipo de pronome mais formal. 5) Observe o uso das reticências na frase retirada do trecho (1) e compare com a frase modificada (2). (1) “Fica meio saliente...” (2) “Fica meio saliente!” Na linguagem oral, Aparecida não pronunciaria do mesmo jeito as duas frases. Leia em voz alta os dois trechos, prestando atenção na diferença de entoação quando você usa reticências (...) ou ponto de exclamação (!). Agora, responda: a) em qual das duas frases a aluna parece estar mais segura de sua afirmação? b) Em qual delas a sentença parece estar incompleta? Complete-a. c) Formule três outras frases empregando reticências. 6) Algumas frases interrogativas podem ser convertidas em afirmativas com uma simples mudança do verbo e da pontuação. Observe: (1) “Posso fazer uma pergunta, professora?” (2)“Vou fazer uma pergunta, professora.” a) O sentido da frase muda? No caso de a sua resposta ser afirmativa, identifique os elementos responsáveis pela mudança. No caso de a resposta ser negativa, justifique. b) Seguindo o exemplo dado acima, faça o mesmo com a frase abaixo. “- Posso ser sincera, professora?” 54 Ensino Fundamental 7) No trecho: “Marilena, me faz um favor, anote aí no seu caderno os votos contra”, quais são os traços lingüísticos que indicam estar a professora empregando uma linguagem coloquial, informal? Reescreva a frase no registro formal. 8) Observe: “Negócio de mulher eu não me meto, professora.” Agora, reescreva a frase substituindo a palavra “negócio” por outra menos coloquial. Laboratório de textos - Pesquise com pessoas de outras gerações (pais, avós, tios etc.) as gírias que elas usavam quando eram jovens. - Resuma o texto com as suas palavras, como se você fosse um dos alunos da Dona Amarílis contando para um colega de outra classe o que aconteceu na sala de aula. Texto 2: Cartaz da campanha “Mulher Viva” A mulher e as mudanças sociais 55 Português - Volume II Leitura 1) A que tipo de campanha se refere o cartaz? 2) Que elementos presentes no cartaz o levaram a perceber a que tipo de campanha ele se refere? 3) A campanha alia a linguagem verbal à linguagem não-verbal. Como os símbolos não-verbais complementam o tema da campanha: “Mulher viva usa camisinha”? 4) Quando se trata de campanhas, geralmente, o cartaz traz também os nomes dos patrocinadores. Identifique-os. 5) Normalmente, além da imagem, a publicidade necessita de frases concisas, chamativas para veicular o tema de que trata. Comente essas propriedades na frase do cartaz. 6) Observe mais uma vez o tema da campanha: “Mulher viva usa camisinha”. A campanha trabalha com apenas um ou com mais de um sentido da palavra “viva”? Explique sua resposta. Agora, leia este outro texto, para ampliar a sua visão sobre o assunto “mulher”. Texto 3: “A mulher num mercado de trabalho em mutação” (Sílvia Gattai) Vivemos uma época de profundas mudanças no mercado. Observamos, principalmente, mudanças econômicas (a globalização dos mercados) e tecnológicas (a informática encurtando distâncias e diminuindo os tempos). Estas mudanças provocam uma série de outras. Vemos, como conseqüência, transformações nas relações formais entre profissionais e empresas (outros tipos de relação além do vínculo empregatício) e no perfil de profissional valorizado pelas empresas (mais jovens, bilíngües, conhecedores da informática). Neste universo exigente e competitivo, a mulher que se sobressai e consegue boas colocações, respeito e reconhecimento, é aquela que está junto com os homens em termos de competência técnica, agilidade, liberdade, articulação e capacidade para tomar decisões rápidas. O velho estereótipo da mulher que consegue sobressair-se no mercado de trabalho porque é “bonita e gostosa” e faz questão de mostrar os seus dotes naturais fica cada vez mais restrito ao mundo do show business (vide Carla Perez). Aquela imagem da secretária que mostra os seios e coxas e depois chora porque foi assediada sexualmente tende, cada vez mais, a fazer parte do passado. A mulher tem que ser bonita, sem ser vulgar, tem que impor-se e chamar a atenção, no seu papel profissional pela beleza das suas idéias e ações de trabalho. A mulher tem que aprender um segundo idioma, a navegar na Internet, a desempenhar sua profissão tão bem ou melhor que seus colegas homens, só assim ela conquista seu lugar ao sol. 56 Ensino Fundamental Leitura 1) a) Observe o título do texto. Você acha que ele é adequado ao tema? Justifique. b) Por que se pode dizer que o mercado de trabalho está “em mutação”? 2) Que influência a globalização e o desenvolvimento tecnológico exercem sobre o mercado de trabalho? 3) Transcreva do dicionário o significado da palavra estereótipo e comente algumas das diferenças existentes entre a “mulher inserida no mercado de trabalho atual” e o tradicional “estereótipo feminino” apresentado no terceiro parágrafo do texto. 4) Segundo o artigo de Sílvia Gattai, a mulher “tem que ser bonita, sem ser vulgar, tem que impor-se e chamar a atenção, no seu papel profissional pela beleza das suas idéias e ações de trabalho”. O que a autora quis dizer com isso? Agora, comparando os textos 1) Observe os textos 1 e 3: a) Em qual dos dois textos se pode verificar o início das conquistas femininas? Justifique. b) Em qual dos dois se mostra o avanço de conquistas já alcançadas? Justifique. 2) Em que a campanha “Mulher viva” contribui efetivamente para a proteção, o bem-estar e a qualidade de vida tanto da mulher trabalhadora quanto da mulher “bonita e gostosa” (do show business)? Laboratório de textos 1) Após observar a mensagem do cartaz (Texto 2), escreva um pequeno texto com os argumentos que você utilizaria para convencer alguém da importância de se usar preservativo (“camisinha”). 2) Confeccione um cartaz, criando uma frase curta e chamativa, para divulgar uma campanha contra o tabagismo (o vício de fumar). A mulher e as mudanças sociais 57 Português - Volume II CONVERSA COM O PROFESSOR Professor, organize atividades de debate partindo da citação de Charles Expilly como provocação. Lembre-se de informar aos alunos que essa não era a opinião do autor. Ele apenas recolheu um ditado muito comum no início do século XX, tanto no Brasil quanto em Portugal. Tema geral: Mulher Texto 1 – Na escola Tema Mulher, uso de calças compridas, de uniforme escolar e postura “democrática”. Sobre o gênero textual Professor, lembrar aos alunos que a crônica é um gênero textual geralmente publicado em jornais (muitas vezes, porém, o conjunto de crônicas de um autor é publicado em livro). Geralmente, ela aborda assuntos e acontecimentos do cotidiano, captados pela sensibilidade do cronista e desenvolvidos por ele de maneira pessoal. Pode conter ironia e humor, pois a crítica social ou política é uma de suas características mais freqüentes e representativas. Quando o texto está organizado em seqüência narrativa, a crônica possui os traços típicos desse modo de organização discursiva (personagem, enredo, tempo, espaço, foco narrativo etc.). Leitura Discutir com os alunos as mudanças de hábitos e costumes. Hoje em dia é comum vermos mulheres usando calças compridas na maioria dos lugares. O trecho evidencia o assunto em “(...) surgiu um movimento para as professoras poderem usar calça comprida nas escolas”. Evidenciar que narrador não é um personagem. Ele não participa ativamente da história. Os alunos devem perceber que a história é contada de forma impessoal, por alguém que não faz parte dos acontecimentos narrados. Apontar as falas do narrador, mostrando o ponto de vista “externo”. A intenção é saber se, na opinião dos alunos de sua turma, ela deveria ou não usar calças compridas, mas o objetivo implícito é querer ser reconhecida como uma professora “democrática”. O real interesse dos alunos era acabar com o uso do uniforme escolar, mas a professora resolveu interromper a discussão porque, ao se desviar do assunto central, houve grande polêmica. Professor, é interessante que os alunos percebam como a posição final da professora é contraditória em relação ao fato de ela, no início do texto, ser caracterizada pelo narrador como “democrata”. 58 Ensino Fundamental Língua em uso “Cada um na sua” – cada um faz o que deseja, o que quer; “legal” – ótimo, excelente, bom; “bárbara” – muito bonita; linda (ou outras palavras e expressões que denotem atributos positivos); “bacana” – bom, belo, excelente (ou outras palavras e expressões que denotem atributos positivos); “papo furado” – conversa sem importância, conversa em que não se pode acreditar; “cada um curtindo à vontade” – cada um tendo prazer à vontade; cada um desfrutando à vontade. Professor, note que podem existir outros sentidos para as palavras e expressões. Convém introduzir aqui noções de variação lingüística, de registro (formal, semiformal, informal), de adequação às diversas situações de uso das formas e das expressões lingüísticas. Aproveite os diálogos do texto para elaborar exercícios em que o aluno reescreva as palavras, expressões ou frases mudando o “registro” – do informal para o formal e vice-versa. Questão 5: a) Professor, é interessante pedir a vários alunos que façam a leitura das duas frases em voz alta, perante a classe; b) Normalmente, na frase (2), pela presença do ponto de exclamação; c) O importante é o aluno entender que as reticências, neste caso, indicam insinuação, incompletude. Das acepções registradas no dicionário, a mais adequada parece ser: “omissão intencional de coisa que se devia ou podia dizer, mas apenas se sugere, ou que, em certos casos, indica insinuação.” 5 ; d) Professor, é interessante pedir que os alunos leiam seus exemplos em voz alta, atentando para a entonação e comentando o uso das reticências. Questão 6: Levar o aluno a perceber que o sentido muda. A aluna não pede mais a permissão da professora; ela declara que irá perguntar: “Vou ser sincera, professora.” – Ao realizar a mudança, os alunos devem notar a mudança do verbo, da pontuação e do sentido da frase. 5 Segundo o dicionário já citado, as reticências são ”sinal de pontuação: série de três ou mais pontos que, num texto, indicam interrupção do pensamento (por ficar, em regra, facilmente subentendido o que não foi dito), ou omissão intencional de coisa que se devia ou podia dizer, mas apenas se sugere, ou que, em certos casos, indica insinuação, segunda intenção, emoção” . Comparar com o uso das reticências em uma gramática (sugerem-se a do Prof. E. Bechara, a dos Prof. Celso Cunha & Lindley Cintra ou a do Prof. C. H. da Rocha Lima) A mulher e as mudanças sociais 59 Português - Volume II Texto 2: “Mulher viva usa camisinha” Tema Campanha contra DSTs, especialmente a AIDS Leitura Professor, levar os alunos a “ler” a imagem associada à frase. Eles devem perceber que a figura da camisinha remete ao uso de preservativos, associados à proteção, e que o laço de fita remete à figura feminina. Unindo os dois em um mesmo conjunto gráfico, a campanha reúne os seus dois principais focos temáticos, atraindo atenção para os mesmos logo à primeira vista. É importante examinar outras informações do cartaz: nomes e logotipos dos patrocinadores (as várias ONGS e órgãos governamentais envolvidas na campanha) e ainda informações relativas à agência (endereço, telefone etc.). Observar o caráter chamativo da frase “Mulher viva usa camisinha”. Professor, é interessante pedir que os alunos vejam no dicionário os possíveis significados/ sentidos para a palavra “viva”. Oriente-os para a percepção de que, em uma mesma frase, determinada palavra pode remeter a dois ou mais sentidos diferentes. Língua em uso Após perceber que a campanha lida com dois sentidos diferentes do adjetivo “viva”, deve-se notar que o uso do preservativo é uma opção de gente “que vive” ou, no contexto, “que quer preservar a vida, proteger-se” (1º sentido) e “inteligente”, “esperta”. (2º sentido). Texto 3: “A mulher num mercado de trabalho em mutação” Tema Atual mercado de trabalho em mutação; atuação de homens x mulheres; exigências de competência e habilidades. Professor, que tal promover um debate sobre este tema? Cuidar da casa e dos filhos é trabalho apenas da mulher? Perguntar à turma quantas mulheres eles conhecem que trabalham fora? Além disso, vale a pena saber a opinião deles sobre o assunto. Concordam? Não concordam? Por que a mulher deve / não deve ter um emprego? Como leitura complementar, seria interessante ler e analisar com os alunos o trabalho monográfico: “Secretária executiva, a profissão que ainda encanta” (Orientanda: Shirley Regina Feijon Prata; orientador: Felipe Ignácio dos Santos), disponível no mesmo endereço eletrônico. 60 Ensino Fundamental Trecho: “(...) Mostraremos que a secretária ainda enfrenta alguns tabus, como o machismo que ainda é percebido em nosso país, ou pela deturpação da imagem da secretária, mostrando a profissional como uma pessoa fútil e imatura nas propagandas de televisão. Falaremos também da dupla executivo e secretária, que há muitos anos vem se destacando dentro das empresas. A profissional se adaptou às mudanças e deve continuar se adaptando às que ainda estão por vir, pois a carreira de secretariado está em ascensão e, ao contrário do que pensam alguns, a profissão não está se extinguindo e sim passando por uma transformação.(...)” . Leitura Professor, é importante que os alunos percebam que as condições de trabalho estão mudando, além dos conhecimentos e da postura necessários para ser bem-sucedido na carreira profissional. É interessante notar que o mercado está “em mutação” tanto para os homens quanto para as mulheres. Que tal motivar os alunos para uma pesquisa sobre esses assuntos tão atuais? A internet e os jornais impressos estão povoados de informações sobre globalização e tecnologia. Os alunos devem perceber que a globalização e o desenvolvimento tecnológico trazem a necessidade de o trabalhador possuir novas habilidades, como falar outros idiomas e lidar com a informática. Quaisquer outras contribuições e idéias trazidas pelos alunos devem ser discutidas e tratadas com a devida importância. Os alunos devem perceber que a “mulher inserida no mercado de trabalho atual”, apesar de não precisar descuidar da aparência e da feminilidade, deve ser competente, empenhar-se em aprofundar seus conhecimentos sobre a sua área de trabalho e mostrar bom desempenho para conseguir sucesso profissional. Já o “estereótipo feminino” utiliza apenas sua aparência e seus dotes atrativos para conseguir um emprego e nele tentar manter-se. O professor pode organizar uma discussão sobre valores morais e percepção do que significa “ser vulgar” na comunidade. Agora, comparando os textos Professor, é importante que os alunos percebam que o texto 1 indica o início das conquistas femininas. Eles devem perceber que houve uma época em que o código de comportamento das mulheres, incluindo o de vestuário, era muito mais rígido, e que as mulheres nem sempre tiveram a liberdade que possuem nos dias de hoje. O texto 3 mostra o avanço dessas conquistas. Entre outros fatores, os alunos devem indicar que o texto em questão já mostra a mulher integrada no mercado de trabalho, competindo em pé de igualdade com os homens. Os alunos devem perceber, também, que a AIDS e outras doenças sexualmente transmissíveis representam um perigo sério para todas as pessoas, independentemente de classe social ou estilo de vida. Futebol: uma linguagem universal 61 Português - Volume II FUTEBOL: UMA LI NGUAGEM UNI VERSAL APRESENTAÇÃO O tema proposto neste projeto é “Futebol: uma linguagem universal”. Vivemos em uma época em que o esporte é mais do que mera atividade recreativa: para muitos representa uma carreira, um projeto de vida e até mesmo uma paixão indissociável do próprio ser. O futebol é reconhecidamente o esporte mais popular do mundo e, no Brasil, ele ganha um colorido especial. O futebol tem despertado o interesse de várias gerações e tem estado a cada dia mais presente na vida de nossas crianças, jovens e adolescentes. É sabido que no Brasil muitas atividades cotidianas são interrompidas durante o período de realização da Copa do Mundo de Futebol. Mas, embora seja um interesse ainda mais evidente neste período, pode ser fácil e agradavelmente trabalhado em qualquer tempo. Objetivos A presente proposta busca auxiliar os professores responsáveis diretamente pelo ensino da Língua Portuguesa a realizar a prática de leitura em sala de aula de forma significativa, aliando a ela as habilidades de produção textual e uso da língua oral e escrita, traçando estratégias de leitura que permitam uma compreensão global do texto, bem como o entendimento de passagens ou expressões específicas e contribuindo para a formação de leitores críticos e autônomos que sejam capazes de: • Depreender, a partir dos textos propostos, os elementos característicos de diversos gêneros textuais, em especial sua estrutura e finalidade. • Reconhecer recursos de coesão e coerência textuais presentes em cada gênero, compreendendo a forma como se dá a articulação entre as partes do texto. • Inferir informações presentes nos textos a partir de marcas lingüísticas, sugestões implícitas e elementos externos. • Conhecer e respeitar as variedades lingüísticas existentes no Português falado no Brasil. 62 Ensino Fundamental • Atribuir sentido aos elementos expressivos e organizadores do texto: denotação, conotação, sonoridade, seleção vocabular, pontuação, estruturas coordenativas e subordinativas etc. • Produzir textos de diferentes gêneros adequados ao contexto de produção. Série a que se destina Segundo segmento do Ensino Fundamental, preferencialmente a 7 a e 8 a séries. Gêneros textuais trabalhados Texto didático, crônica jornalística, crônica literária, conto. Detalhamento das características dos textos trabalhados Os textos que compõem esta proposta de material didático apresentam as seguintes características, de acordo com seus objetivos discursivos: Texto 1 – A historinha do nosso futebol. (Biblioteca do escoteiro mirim. v. 1. São Paulo: Abril, 1985. p. 115-118.) Gênero textual Texto didático Objetivo comunicativo predominante Divulgar informações científicas sobre determinado assunto. Contexto de produção Texto produzido para uma coleção infanto-juvenil denominada “Biblioteca do Escoteiro Mirim”. Modo de organização discursiva predominante Seqüência narrativa, com frases claras e vocabulário simples e preciso. Recursos lingüísticos utilizados pelo autor • Variedades lingüísticas. • Conectivos marcadores de seqüências de eventos determinantes de anterioridade, simultaneidade ou posterioridade. Futebol: uma linguagem universal 63 Português - Volume II • Siglas. • Expressões de valor adjetivo ou explicativo. • Produção de texto: continuidade e recriação do final do texto, com acréscimo de informações. Texto 2 – As palavras e as coisas. (COUTO, José Geraldo. Folha de S. Paulo, 17/07/02.) Gênero textual Crônica jornalística Objetivo comunicativo predominante Realizar crítica social ou política, tratando de assuntos cotidianos, captados pela sensibilidade do cronista e desenvolvidos de maneira humorística ou irônica. Contexto de produção Texto publicado no jornal Folha de S. Paulo, abordando um assunto cotidiano: a linguagem dos jogadores de futebol. Modo de organização discursiva predominante Seqüência expositiva Recursos lingüísticos utilizados pelo autor • Variedades lingüísticas. • Origem das palavras. • Estrangeirismos. • Expressões que exercem função anafórica ou apositiva. Texto 3 – Aí, galera (VERÍSSIMO, Luís Fernando. Correio Braziliense, 13/05/98) Gênero do texto Crônica literária Objetivo comunicativo predominante Texto que se assemelha a um registro poético de fatos do cotidiano, com o objetivo de realizar uma releitura crítica de acontecimentos do dia-a-dia. 64 Ensino Fundamental Contexto de produção Texto publicado no jornal Correio Braziliense. Modo de organização discursiva predominante Seqüência dialogal Recursos lingüísticos utilizados pelo autor • Variedades lingüísticas. • Adequação lingüística ao contexto de produção. • Uso da pontuação como recurso de expressão. Texto 4: Troféu e sonho (SCLIAR, Moacyr. Folha de S. Paulo, 13/10/03) Gênero do texto Conto Objetivo comunicativo deste gênero Narrar brevemente uma história Contexto de produção Texto publicado no jornal Folha de São Paulo, abordando um assunto cotidiano: a crise financeira dos clubes de futebol. Modo de organização discursiva predominante Seqüência narrativa Recursos lingüísticos utilizados pelo autor • Elementos da prosa de ficção. • Foco narrativo. • Discurso direto e indireto. • Processo de construção de um período composto por subordinação. • Produção de conto a partir de notícia. Futebol: uma linguagem universal 65 Português - Volume II Texto 5: O torcedor (ANDRADE, Carlos Drummond de. De conto em conto, v. 2. São Paulo: Ática, 2001.) Gênero do texto Conto Objetivo comunicativo deste gênero Narrar brevemente uma história Modo de organização discursiva predominante Seqüência narrativa Recursos lingüísticos utilizados pelo autor • Elementos da prosa de ficção. • Figuras de linguagem: hipérbole e gradação. • Sinais de pontuação em seqüências dialogais. • Marcas diferenciais entre crônica literária e conto. 66 Ensino Fundamental ATIVIDADES DIDÁTICAS Futebol: Uma linguagem universal E a partida vai começar! “Quem não sonhou em ser um jogador de futebol?” – disse o poeta. Talvez nem todos nós tenhamos sonhado em ser jogador de futebol, mas certamente nossos corações sempre disparam ao ver nosso time em campo e a seleção brasileira defendendo a camisa do nosso país. Muito mais do que apenas um esporte, o futebol é para os brasileiros uma paixão nacional, uma parte de nossa cultura. Pensando nisso, organizamos para você este trabalho para estudarmos a nossa língua de uma forma especial: livre, gostosa, interessante. Vamos viajar pela história do futebol, descobrir como falam os jogadores (e nós também...) e torcer junto com alguns apaixonados pelo esporte. Então...Vamos entrar em campo para ganhar! Texto 1 A historinha do nosso futebol Eram uns homens muito sérios, de bigodes enormes e calções largos. Embora morassem no Brasil – mais exatamente em São Paulo – só falavam inglês. Chamavam o goleiro de goal keeper , a bola de ball e o novo jogo que haviam acabado de importar da Inglaterra tinha o nome de football. Futebol: uma linguagem universal 67 Português - Volume II Foi com eles, no final do século passado, que o futebol começou em nosso país. Atualmente, essa não é apenas a maior paixão dos brasileiros como também o esporte mais popular no mundo inteiro. Naquela época, porém, o futebol não passava de um estranho passatempo de pessoas ricas e elegantes. Quem visse os jogadores correndo no campo de Várzea do Carmo, na capital paulista, onde em abril de 1895 (faz muito tempo, não?) disputaram a histórica partida inaugural (São Paulo Railway 4 X 2 Companhia de Gás), sem dúvida acharia graça. - Olha aí! – exclamaria um espectador, sem entender nada. – Vê se tem cabimento... 22 marmanjos brigando por uma bola! - Por que não dão uma bola para cada um? – talvez sugerisse outro. – Assim eles parariam de brigar! Exatamente um ano antes dessa cena, Charles Miller desembarcava no porto de Santos (SP). Estudante paulista, filho de ingleses, ele voltava da terra de seus pais, onde fora estudar. Na sua bagagem, Charles trazia duas bolas de futebol e também as regras do jogo que aprendera na Inglaterra. Ele chegara a praticá-lo na equipe do Southampton – que por sinal existe até hoje – e achou interessante divulgá-lo por aqui. Charles Miller teve um papel tão importante para a criação do futebol brasileiro que a praça em frente ao estádio do Pacaembu, em São Paulo, foi batizada com o seu nome. Graças a ele, o jogo em que 22 marmanjos brigavam por uma bola acabou virando um sucesso. E logo surgiam os primeiros clubes. Em São Paulo, a Associação Atlética Mackenzie, o Internacional, o Germânia e o São Paulo Athletic. No Rio de Janeiro, o Fluminense. Só que no começo esses times, ligados a colônias estrangeiras (inglesa e alemã, principalmente), só aceitavam jogadores da chamada sociedade. Isto é: rapazes de boas famílias, brancos, cheios de dinheiro, alunos dos melhores colégios. Se vivesse naquela época, Pelé, por ser preto e pobre, não conseguiria vaga em nenhuma equipe e seu talento jamais despontaria. Mas aí aconteceu uma coisa interessante. Meninos e marmanjos de todas as classes sociais não demoraram a se entusiasmar com o futebol. Como não podiam jogá-lo nos clubes fechados, improvisaram campinhos nas várzeas que rodeavam as cidades (daí a expressão “futebol de várzea”). E justamente nesses campinhos surgiram ótimos jogadores, cuja fama foi se espalhando. Enquanto isso, os clubes das colônias estrangeiras já estavam organizando seus primeiros campeonatos, que se tornavam cada vez mais disputados. E, quando perceberam a necessidade de se reforçarem, trataram de convidar alguns jogadores daqueles campinhos de várzea. Dessa maneira, o povo foi pouco a pouco se integrando ao futebol. 68 Ensino Fundamental Apesar disso, não se eliminava o preconceito de cor. Quer dizer: pobre podia jogar, desde que fosse branco. A história foi mudando lá por 1910, com o aparecimento de um moço cujo pai era alemão e a mãe uma lavadeira preta. Estamos falando do fantástico mulato Arthur Friedenreich considerado o rei Pelé de sua época. Ele foi o primeiro craque de verdade do Brasil. Graças ao seu gol contra o Uruguai, a Seleção Brasileira conquistou o Campeonato Sul-Americano de 1919, realizado no Rio de Janeiro. Com nossa vitória – e com as proezas de Fried, como os torcedores o tratavam – o futebol foi virando uma mania nacional. Ele se organizou com o aparecimento de federações (que reuniam os clubes do mesmo Estado) e da CBD (Confederação Brasileira de Desportos), atual CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Como os torcedores já pagavam ingresso e os jogadores queriam ganhar dinheiro, em 1933 é instituído o profissionalismo. O futebol então torna-se um bom negócio, embora nem sempre bem administrado pelos dirigentes. Em conseqüência disso, são construídos grandes estádios: o São Januário, de propriedade do Vasco da Gama, no Rio; o Pacaembu, em São Paulo; e finalmente o gigantesco Maracanã, também no Rio, para a realização da Copa do Mundo de 1950. O futebol brasileiro não parou mais de crescer, até chegar a ser o que é hoje em dia: melhor de todos, um fato até reconhecido pelos nossos adversários dos cinco continentes. Como se pode ver, ele mudou muito. Os craques já não são homens de cara séria, não usam bigodões – e jogam e falam na língua que todos nós entendemos. (Biblioteca do escoteiro mirim. v. 1. São Paulo: Abril, 1985. p. 115-118.) Leitura e língua em uso 1) Indique o tema central do texto. 2) Observe a linguagem utilizada no texto. Ela é mais formal ou informal? Selecione trechos que justifiquem sua resposta. 3) De acordo com o que você pôde observar no texto, ele deve ter sido escrito para que tipo de público: crianças, jovens ou adultos? Por quê? 4) A partir do 4o parágrafo podemos ler o seguinte: “Quem visse os jogadores correndo no campo da Várzea do Carmo (...) sem dúvida acharia graça”. – Olha aí! – exclamaria um espectador (...) – Por que não dão uma bola para cada um? – talvez sugerisse outro. (...)” Pense, discuta com seus colegas e professor e responda: por que o autor optou por utilizar os verbos em destaque nesse tempo, em vez de viu, achou, exclamou, sugeriu? Futebol: uma linguagem universal 69 Português - Volume II 5) No trecho em destaque, além dos verbos, há uma outra palavra que indica hipótese, suposição, dúvida. Que palavra é essa? 6) Apesar de o futebol ser conhecido como uma paixão brasileira, o texto mostra que a sua profissionalização descaracterizou esse esporte como mero divertimento. Quais as conseqüências advindas da profissionalização apontadas no texto? Pesquise e produza O texto informa que a prática do futebol tem provocado conseqüências negativas devido à má administração por parte dos dirigentes esportivos. Pesquise em jornais, revistas e mesmo em outras fontes alguns conflitos existentes hoje na administração e organização do futebol. Escreva um pequeno comentário sobre o texto que você encontrou. Organize em sala um mural com os textos encontrados por sua turma e os respectivos comentários. 7) O texto registra que, quando o futebol começou a ser praticado no Brasil, havia ainda a presença de atitudes preconceituosas, próprias da sociedade da época. Que atitudes eram essas? Como elas começaram a ser superadas? 8) Ao se relatar uma história, é bastante comum que se use uma seqüência cronológica linear, isto é, que se relatem os fatos na ordem em que aconteceram. Entretanto, em alguns momentos desse texto, o narrador quebra tal seqüência. Identifique e comente alguns desses momentos. 9) Por ser um texto que apresenta um relato histórico, há diversos termos e expressões indicativas do tempo em que os eventos acontecem. Localize alguns deles e registre-os, no seu caderno, em um quadro semelhante ao apresentado a seguir: ANTERIORIDADE (EVENTOS ANTERIORES) SIMULTANEIDADE (EVENTOS CONCOMITANTES) POSTERIORIDADE (EVENTOS POSTERIORES) 10) Muitas informações adicionais estão presentes no texto para torná-lo mais compreensível para o leitor. Tais informações podem estar destacadas por vírgulas, travessões ou parênteses. Analise algumas delas, releia o contexto em que estão inseridas e comente suas finalidades: a) “mais exatamente em São Paulo” (1 o parágrafo) b) “faz muito tempo, não?” (4 o parágrafo) c) “São Paulo Railway 4 X 2 Companhia de Gás” (4 o parágrafo) d) “filho de ingleses” (7 o parágrafo) e) “que por sinal existe até hoje” (8 o parágrafo) f) “daí a expressão ‘futebol de várzea’ “ (12 o parágrafo) g) “Confederação Brasileira de Futebol” (17 o parágrafo) 11) No texto há a presença das siglas CBD e CBF. Pesquise outras siglas que você conheça ou já tenha ouvido falar ou visto e indique o seu significado. 70 Ensino Fundamental 12) Este texto foi produzido numa época em que o Brasil ainda era apenas tricampeão mundial de futebol. Se você fosse acrescentar informações mais recentes, o que ressaltaria? Reescreva os dois últimos parágrafos, aproveitando as idéias que julgar apropriadas e adicionando novos elementos, adequando o desfecho do texto à realidade do futebol brasileiro de hoje. Texto 2 As palavras e as coisas Guimarães Rosa, possivelmente o maior escritor brasileiro depois de Machado de Assis, dizia que seu sonho era escrever um dicionário. Ignoro se Rosa gostava de futebol (até onde eu sei, nunca escreveu nada a respeito), mas certamente ele se encantaria com a riqueza vocabular associada ao esporte mais popular do mundo. Poliglota, cultor dos neologismos formados a partir de diversos idiomas, o autor de “Sagarana” devia se deliciar com as palavras de origem inglesa aclimatadas ao português do Brasil por obra e graça do jogo da bola. É certo que alguns desses termos ingleses caíram em desuso. É o caso de “offside” (substituído por “impedimento”), “hands” (“toque” ou “mão”), “center forward” (centroavante) etc. Outros, entretanto, foram devidamente abrasileirados e incorporados de tal maneira ao nosso idioma que raramente lembramos de sua origem: “chute” (versão de “shoot”), “beque” (de “back”), “pênalti” (de “penalty”) etc., sem falar no próprio “futebol” (“football”). Há ainda as palavras inglesas que mantiveram uma vigência praticamente apenas regional, como “córner”, ainda muito usada no Rio de Janeiro, mas substituída no resto do Brasil por “escanteio”, “tiro de canto” ou somente “canto”. Rosa se acompanhasse o futebol, se deliciaria com a variedade de metáforas produzidas para dar conta do que acontece dentro das quatro linhas. Há, por exemplo, o recurso a uma infinidade de objetos cujo formato ou movimento lembra o de certas jogadas: carrinho, chapéu, bicicleta, janelinha (expressão gaúcha para bola entre as pernas), ponte. Mas o ramo mais bonito, do ponto de vista de um escritor, deve ser o das metáforas extraídas da natureza: meia-lua, frango, peixinho, folha seca. Ao criar uma jogada dessas – como Didi, que “inventou” a folha seca – , ou executá-la com perfeição, um craque faz poesia pura, rivalizando com Deus e nomeando as coisas como se estivesse no primeiro dia da Criação. Guimarães Rosa, infelizmente, não produziu seu sonhado dicionário. Nunca saberemos, portanto, se o homem que criou a saga fantástica de Riobaldo e Diadorim sabia o significado, dentro do campo de futebol, de uma chaleira, um lençol, um chuveirinho ou um corta-luz. (...) (COUTO, José Geraldo. Folha de S. Paulo, 17/07/02.) Futebol: uma linguagem universal 71 Português - Volume II José Geraldo Couto, paulista de Jaú, é formado em história e jornalismo pela USP. Trabalha no jornal Folha de S. Paulo desde 1984. Atualmente escreve a coluna Futebol, do caderno Esporte. 1) O texto lido traz um assunto bastante interessante: o vocabulário relacionado ao futebol. Qual é a idéia desenvolvida pelo autor sobre esse tema? 2) Por que o autor citou Guimarães Rosa nesse texto? Qual a relação estabelecida entre Guimarães Rosa e o vocabulário utilizado no meio futebolístico? 3) O texto mostra que algumas expressões de origem inglesa foram substituídas por equivalentes em português, enquanto outras tiveram sua pronúncia “abrasileirada”. Há ainda palavras que receberam novo significado ao nomear jogadas realizadas pelos desportistas. Destaque do texto exemplos de palavras que sofreram esses processos: substituição por equivalente, pronúncia abrasileirada ou ressignificação. 4) O dicionário traz a seguinte explicação para o verbete “neologismo”: “1. Palavra formada no seio da língua ou importada de língua estrangeira. 2. Palavra antiga com sentido novo.” (AMORA, Soares. Minidicionário da Língua Portuguesa. 7 ed. São Paulo: Saraiva, 2000. p. 484). Os neologismos são bastante comuns em nossa língua. Pesquise outros termos das mais diversas áreas (informática, medicina, artes, esporte, culinária...) que foram incorporados à nossa língua. 5) Alguns estudiosos da língua consideram de grande importância valorizar a cultura local e preservar as raízes culturais de determinado povo. Por isso, apontam os estrangeirismos (empréstimos de vocabulário de outro idioma) como uma violência à língua nativa, em que um povo está impondo sua cultura a outro. Uma outra corrente de estudiosos acredita que a miscigenação dos povos e de culturas produz um enriquecimento de ambos os lados e, assim, consideram os estrangeirismos como fruto de uma contribuição recíproca entre as culturas. Discuta esse tema com seus colegas e professor e responda a seguinte pergunta, apoiando a sua opinião em argumentos. Você acha que os estrangeirismos empobrecem ou enriquecem a língua? 6) Ao longo do texto, o autor faz uso de diversos recursos expressivos da língua. Explique o sentido das seguintes expressões: a) “palavras de origem inglesa aclimatadas ao português do Brasil” b) “metáforas produzidas para dar conta do que acontece dentro das quatro linhas” c) “um craque faz poesia pura” 7) Selecione do texto seis termos e expressões diferentes utilizados para se referir ou caracterizar Guimarães Rosa.. 8) Compare o último parágrafo do texto 1 à idéia apresentada no texto 2. Aponte elementos de concordância e discordância entre eles. 9) O texto defende a tese de que as pessoas envolvidas com o futebol possuem uma linguagem com expressões e vocabulário próprios dessa atividade. Em equipes, pesquise marcas lingüísticas próprias de outros grupos, como, por exemplo, policiais, advogados, funkeiros, artistas, automobilistas, políticos, religiosos, desportistas etc. 72 Ensino Fundamental Texto 3 Aí, galera Jogadores de futebol podem ser vítimas de estereotipação. Por exemplo, você pode imaginar um jogador de futebol dizendo “estereotipação”? E, no entanto, por que não? - Aí, campeão. Uma palavrinha pra galera. - Minha saudação aos aficionados do clube e aos demais esportistas, aqui presentes ou no recesso de seus lares. - Como é? - Aí, galera. - Quais são as instruções do técnico? - Nosso treinador vaticinou que, com um trabalho de contenção coordenada, com energia otimizada, na zona de preparação, aumentam as possibilidades de, recuperado o esférico, concatenarmos um contragolpe agudo com parcimônia de meios e extrema objetividade, valendo-nos da desestruturação momentânea do sistema oposto, surpreendido pela reversão inesperada do fluxo da ação. - Ahn? - É pra dividir no meio e ir pra cima pra pegar eles sem calça. - Certo. Você quer dizer mais alguma coisa? - Posso dirigir uma mensagem de caráter sentimental, algo banal, talvez mesmo previsível e piegas, a uma pessoa à qual sou ligado por razões, inclusive, genéticas? - Pode. - Uma saudação para a minha progenitora. - Como é? - Alô, mamãe! - Estou vendo que você é um, um... - Um jogador que confunde o entrevistador, pois não corresponde à expectativa de que o atleta seja um ser algo primitivo com dificuldade de expressão e assim sabota a estereotipação? - Estereoquê? - Um chato? - Isso. (VERÍSSIMO, Luís Fernando. Correio Braziliense, 13/05/98) Futebol: uma linguagem universal 73 Português - Volume II Luís Fernando Veríssimo nasceu em Porto Alegre, RS, em 26/09/36. Filho do escritor Érico Veríssimo, iniciou sua carreira no jornalismo escrito e na televisão, escrevendo também crônicas e textos de ficção. Sua obra é sempre marcada pelo humor. 1) A construção desse texto evidencia uma intenção humorística. Que artifício foi utilizado para garantir o efeito cômico? 2) O texto fala da estereotipação da linguagem de um jogador de futebol. Procure no dicionário o verbete “estereotipação, estereótipo, estereotipar” e encontre outras expressões que poderiam substituir o termo utilizado. 3) O texto pretende desestruturar o conceito de “estereotipação” da linguagem dos jogadores de futebol. Assim sendo, acaba por apresentar marcas da linguagem escrita na fala de um jogador. O discurso estava adequado à situação? Por quê? 4) Em alguns momentos do texto, o autor sugere a existência de um preconceito em relação às características da linguagem de cada grupo. Selecione um trecho em que sutilmente se denuncie tal preconceito. 5) O conceito de certo e errado na língua está sendo substituído pelo conceito de adequação. Assim, o que é adequado em determinada situação pode não ser adequado em outra. Por isso, “Aí, galera” é uma saudação mais adequada ao contexto mostrado pelo texto do que “Uma saudação aos aficionados do clube...”. Exemplifique que saudações poderiam ser utilizadas nestas situações: a) Encontro com seu amigo na praça. b) Cumprimento a seu patrão no local de trabalho. c) Reunião com o(a) governador(a) do estado. 6) Os sinais de pontuação utilizados são recursos imprescindíveis para a compreensão do texto. Observe os trechos destacados a seguir, bem como o contexto em que eles se inserem, e explique o sentido que se pode atribuir a eles, considerando o uso da pontuação. a) – Ahn? b) – Alô, mamãe! c) – Estou vendo que você é um, um... d) – Estereoquê? e) – Um chato? f) – Isso. 7) Além da variação lingüística que podemos observar quando consideramos diferentes interlocutores de nossa mensagem e a situação, há ainda outras decorrentes do local onde nos encontramos ou das mudanças ocorridas na língua ao longo do tempo. Organizem-se em grupos e dividam entre as equipes os seguintes temas para pesquisa: a) características regionais da Língua Portuguesa (a diferença entre a língua falada em diversas regiões do país e mesmo em outros países de Língua Portuguesa) 74 Ensino Fundamental b) características da Língua Portuguesa falada em diferentes momentos históricos (gírias e expressões de cada época) Organizem uma pequena enquete utilizando os dados encontrados em sua pesquisa e apresente- a para sua turma. Texto 4 Troféu e sonho “Endividados, clubes penhoram até taça. A crise financeira por que passa o futebol brasileiro leva os principais clubes do país a ter parte dos seus bens penhorados. O Flamengo disponibilizou troféus ganhos nos últimos anos para diversos credores.” (Folha Esporte, 05/10/03) A mansão, ainda que luxuosa, é de mau gosto extremo. Não há muito o que ver, mas o dono faz questão de levar os visitantes a uma sala que chama de “meu templo”; ali, em uma espécie de vitrine, iluminada por fortes lâmpadas, está um troféu, uma taça destas que os clubes ganham em campeonatos. E, sem que lhe peçam, ele conta a história dessa taça. Tudo começou quando era um rapaz pobre, morando em uma pequena cidade do interior. Lugar modorrendo, onde nada acontecia. Assim, foi grande a surpresa quando se anunciou a chegada, ali, de um grande time de futebol: nada menos que o Flamengo, do Rio de Janeiro. Notícia que o deixou excitadíssimo porque, em primeiro lugar, era fã de futebol – jogava razoavelmente bem – e, mais importante, era um ardoroso torcedor do rubro-negro, que viria ali para disputar um torneio regional, no qual participavam o time da cidade e mais alguns outros clubes de localidades vizinhas. Na véspera do grande jogo, nem conseguiu dormir, tão ansioso que estava. No dia seguinte, foi o primeiro a chegar ao pequeno e precário estádio. Aos poucos as arquibancadas foram se enchendo. Todos o miravam com irritação. Explicável: ele vestia uma camisa do Flamengo e agitava uma bandeira do clube; decidira assumir a sua condição de torcedor e o fazia com orgulho. Aplaudiu com entusiasmo o rubro-negro, quando este entrou em campo. A partida começou e logo duas coisas ficaram claras; primeiro, que os donos da casa não eram adversários para o Flamengo; segundo, que o time carioca estava com muito azar. Jogador após jogador se lesionava e tinha de ser substituído. Lá pelas tantas, o insólito; mais um lesionado – e já não havia reservas no banco. O que gerou um impasse. A partida foi paralisada, enquanto juiz e dirigentes deliberavam. Futebol: uma linguagem universal 75 Português - Volume II - Foi aí – conta ele – que eu tive uma inspiração. Levantei-me e, da arquibancada, gritei que jogaria pelo Flamengo. Os dirigentes olharam-me com espanto, mas decidiram aceitar a proposta. Rapidamente assinei um contrato e no instante seguinte estava no campo. Num instante, apossei-me da bola, driblei um, driblei o segundo, chutei forte no canto esquerdo – gol! Gol da vitória! O Flamengo ganhou a taça. Que os dirigentes, em sinal de gratidão, me ofereceram. Esta é a história que o homem conta. Na qual ninguém acredita: todos sabem que comprou a taça por bom dinheiro, de um credor do Flamengo. Mas também ninguém o desmente. Afinal, quem compra um troféu compra junto o sonho que esse troféu representa. Moacyr Scliar escreve às segundas-feiras, nesta coluna, um texto de ficção baseado em matérias publicadas no jornal. (SCLIAR, Moacyr. Folha de S. Paulo, 13/10/03) Moacyr Scliar nasceu em Porto Alegre, RS, em 25/03/37. Cursou Medicina e seu primeiro livro foi publicado em 1962, “Histórias de um médico em formação”. A partir daí não parou mais de escrever e produzir crônicas, contos, literatura infantil e ensaios. Sua obra possui características do imaginário fantástico. Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 2003. 1) Neste texto, Moacyr Scliar inspira-se em uma notícia de jornal para escrever seu conto. Aponte alguns elementos reais do texto, ou seja, informações verídicas, e outros elementos ficcionais, criados pela imaginação do autor. 2) Releia o que aprendemos anteriormente sobre seqüências narrativas cronológicas nos textos. A seqüência do texto lido é linear ou não-linear? Justifique com elementos do texto. 3) No conto “Troféu e sonho”, ocorre em determinado momento do texto a mudança do foco narrativo, isto é, há diferentes pessoas narrando acontecimentos. Caracterize tal mudança e identifique os diferentes pontos de vista das seqüências narrativas. 4) O texto apresenta trechos narrados em discurso indireto, quando o narrador relata os acontecimentos, e trechos em discurso direto, marcado pela fala do próprio personagem. O terceiro parágrafo do texto é um exemplo de uso do discurso indireto: “Na véspera do grande jogo, nem conseguiu dormir...”. Imagine como ele ficaria se fosse narrado em discurso direto, pelo próprio personagem. Reescreva-o a seguir. 5) Agora faça o contrário: transforme o penúltimo parágrafo em discurso indireto. 6) Explique o sentido da afirmação contida no último parágrafo: “(...) quem compra um troféu compra junto o sonho que esse troféu representa.” 7) Há determinados momentos no texto em que parece haver uma quebra abrupta da cadência de idéias, havendo a interrupção de um período composto por subordinação devido a um uso não muito comum de pontuação. Observe um destes momentos: 76 Ensino Fundamental “(...) era um ardoroso torcedor do rubro-negro. Que viria ali para disputar um torneio regional, no qual participavam o time da cidade e mais alguns outros clubes de localidades vizinhas.” O termo “que viria ali” introduz uma informação acerca do “rubro-negro” (o time do Flamengo). Uma vez que o termo “rubro-negro” atua como sujeito da oração seguinte (“viria ali para disputar um torneio regional...”), o uso da pontuação não se faria necessário na interrupção do período, mas Scliar o faz com a licença poética que é concedida aos escritores. Identifique no texto outras situações em que ocorra esse mesmo recurso, explicitando a relação entre as orações separadas que poderiam constituir um único período. 8) Faça o mesmo que Moacyr Scliar tem feito para encontrar temas para seus contos. Pesquise reportagens em jornais e revistas que possam ser curiosas, interessantes ou que tenham chamado sua atenção. Crie seu próprio conto a partir de uma delas. Não se esqueça de definir quem serão os personagens de sua história, onde e quando ela ocorreu e procure apresentá-la de uma forma bastante atrativa. Use sua imaginação! Texto 5 O torcedor No jogo de decisão do campeonato, Eváglio torceu pelo Atlético Mineiro, não porque fosse atleticano ou mineiro, mas porque receava o carnaval nas ruas se o Flamengo vencesse. Visitava um amigo em bairro distante, nenhum dos dois tem carro, e ele previa que a volta seria problema. O Flamengo triunfou, e Eváglio deixou de ser atleticano para detestar todos os clubes de futebol, que perturbam a vida urbana com suas vitórias. Saindo em busca de táxi inexistente, acabou se metendo num ônibus em que não cabia mais ninguém, e havia duas bandeiras rubro-negras para cada passageiro. E não eram bandeiras pequenas nem torcedores exaustos: estes pareciam terem guardado a capacidade de grito para depois da vitória. Eváglio sentiu-se dentro do Maracanã, até mesmo dentro da bola chutada por 44 pés. A bola era ele, embora ninguém reparasse naquela esfera humana que ansiava por tornar a ser gente a caminho de casa. Lembrando-se de que torcera pelo vencido, teve medo, para não dizer terror. Se lessem em seu íntimo o segredo, estava perdido. Mas todos cantavam, sambavam com alegria tão pura que ele próprio começou a sentir um pouco de flamengo dentro de si. Era o canto? Eram braços e pernas falando além da boca? A emanação de entusiasmo o contagiava e transformava. Marcou com a cabeça o acompanhamento da música. Abriu os lábios, simulando cantar. Cantou. Ao dar fé de si, disputava à morena frenética a posse de uma bandeira. Queria enrolar-se no pano para exteriorizar o ser partidário Futebol: uma linguagem universal 77 Português - Volume II que pulava em suas entranhas. A moça, em vez de ceder o troféu, abraçou-se com Eváglio e beijou-o na boca. Estava batizado, crismado e ungido: uma vez flamengo, sempre flamengo. O pessoal desceu na Gávea, empurrando Eváglio para descer também e continuar a festa, mas Eváglio mora em Ipanema, e já com o pé no estribo se lembrou. Loucura continuar flamengo a noite inteira à base de chope, caipirinha, batucada e o mais. Segurou firme na porta, gritou: “Eu volto, gente! Vou só trocar de roupa” e, não se sabe como, chegou intacto ao lar, já sem compromisso clubista. (ANDRADE, Carlos Drummond. De conto em conto, v. 2. São Paulo: Ática, 2001.) Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira, MG, em 31/10/1902 e faleceu em 17/08/1987. Colaborou com artigos para vários jornais. Escreveu poemas, contos e dedicou- se também à literatura infantil. Possui uma rica e vasta obra que nos faz indagar sobre nossa existência e o mundo que nos cerca. 1) Neste conto, Drummond questiona, de certa forma, as convicções humanas e os motivos que nos levam à aderir a determinada idéia. Observando os ditados populares abaixo, justifique se eles estão ou não diretamente ligados à história narrada. a) “Diga-me com quem andas e eu te direi quem és.” b) “Não há mal que sempre dure nem há bem que não se acabe.” c) “A ocasião faz o ladrão.” Você se lembra de algum outro ditado que possua relação com o texto? Qual e por quê? 2) Localize no texto a ocorrência de uma expressão denotativa de exagero utilizada pelo autor para expressar o grande número de pessoas que torciam pelo Flamengo. 3) Encontre no texto um momento em que é possível perceber um fenômeno de gradação, ou seja, fatos e/ou sentimentos são apresentados de forma progressiva, aumentando gradativamente sua intensidade. Explique de que forma isso se dá. 4) Nesse texto observamos uma forma diferente de se introduzir a fala da personagem. Identifique-a. 5) É possível estabelecer alguma relação entre o evento ocorrido com o personagem Eváglio e o último parágrafo do texto de Moacyr Scliar: “(...) quem compra um troféu compra junto o sonho que esse troféu representa.”? Qual? 6) Você leu a crônica de Luís Fernando Veríssimo “Aí, galera” e dois contos: “Troféu e sonho”, de Moacyr Scliar e “O torcedor”, de Carlos Drummond de Andrade. Reúna-se com seus colegas e discutam: a partir do que vocês puderam observar nesses textos, caracterizem as diferenças existentes entre uma crônica e um conto. Analisem os seguintes aspectos: a abordagem do tema, a finalidade e a estrutura de cada texto. Registrem então as conclusões a que vocês chegaram. 78 Ensino Fundamental CONVERSA COM O PROFESSOR Desenvolver um trabalho de leitura, análise e produção com base em textos que tenham por tema o futebol, esporte tão apreciado pelos brasileiros, particularmente pelos jovens, permitirá uma abordagem mais atrativa do estudo da língua. As atividades propostas baseiam-se no desenvolvimento de habilidades lingüísticas dos alunos integrando as seguintes áreas: habilidades de leitura, de produção textual e de análise da língua em uso. A intertextualidade apresentada nesta proposta pressupõe o reconhecimento da existência de variados gêneros textuais, cada qual com características e finalidades próprias. O estudo da língua a partir dos gêneros textuais que permeiam a vivência cotidiana no mundo social propiciará aos alunos a instrumentalização necessária para uma efetiva participação na sociedade, por meio da compreensão e expressão adequada nas diversas situações comunicativas das quais participam. Encaminhamento e motivação inicial Apresentamos a seguir algumas sugestões de como introduzir o projeto, propondo atividades motivadoras que poderão despertar o interesse dos alunos para o tema. Sugestão 1 Iniciar a apresentação do projeto com a música “É uma partida de futebol”, interpretada pelo grupo Skank. A partir disso, discutir a afirmação da canção de que todos sonham ou sonharam um dia em ser jogador de futebol, bem como o gosto pelo esporte e preferências que possuam referentes a ele. Canção: É uma partida de futebol Bola na trave não altera o placar Bola na área sem ninguém pra cabecear Bola na rede pra fazer o gol Quem não sonhou em ser um jogador de futebol? A bandeira no estádio é um estandarte A flâmula pendurada na parede do quarto O distintivo na camisa do uniforme Que coisa linda é uma partida de futebol Posso morrer pelo meu time Se ele perder, que dor, imenso crime Eu posso chorar se ele não ganhar Mas se ele ganha não adianta Não há garganta que não pare de berrar A chuteira veste o pé descalço O tapete da realeza é verde Olhando pra bola eu vejo o Sol Está rolando agora é uma partida de futebol O meio campo é o lugar dos craques Que vão levando o time todo pro ataque O centroavante, o mais importante Que emocionante é uma partida de futebol O meu goleiro é um homem de elástico Os dois zagueiros têm a chave do cadeado Os laterais fecham a defesa Mas que beleza é uma partida de futebol Futebol: uma linguagem universal 79 Português - Volume II Proposta de questões orais: - O futebol é uma paixão nacional, universal? - Todos já tiveram esse sonho de ser jogador de futebol? - Qual o significado das expressões: a) “o tapete da realeza é verde” b) “olhando pra bola eu vejo o sol” c) “o meu goleiro é um homem de elástico” d) “os dois zagueiros têm a chave do cadeado” - Como o autor demonstra ser um torcedor fanático? - Quais são alguns elementos objetivos e outros subjetivos de que o autor faz uso no texto, ou seja, quais trechos estão em linguagem literal e quais estão em linguagem figurada? Sugestão 2 Realizar atividades lúdicas utilizando bolas. Uma delas é a “batata-quente” em que se passa a bola pelos alunos sentados em círculo até que um líder peça para que ela pare. O aluno com quem a bola estiver deverá citar o nome de um time de futebol. Outra atividade sugerida é aquela em que os alunos, divididos em grupos, devem citar nomes de times de futebol seguindo a ordem alfabética. Assim, o primeiro grupo diz o nome de um time iniciado pela letra A, o grupo seguinte com a letra B e assim sucessivamente. Sugestão 3 Ler a entrevista a seguir e propor à turma um júri simulado sobre a presença de estrangeirismos na nossa língua. Estrangeirismos Devemos reprimir o uso de palavras estrangeiras? O deputado federal Aldo Rebelo (PC do B-SP) criou um projeto de lei que limita o uso de palavras estrangeiras. A proposta foi aprovada na Câmara e aguarda votação no Senado. Se virar lei, passaremos a ter um glossário oficial de aportuguesamento e todo vocábulo estrangeiro, quando publicado na imprensa ou em anúncios publicitários, terá de vir acompanhado de um correspondente em português. Os estrangeirismos devem mesmo ser coibidos? Sim. A História nos ensina que a imposição da língua é uma firma de dominação de um povo sobre outro. O estrangeirismo abusivo é lesivo ao patrimônio cultural e está promovendo uma verdadeira descaracterização da língua portuguesa. Nosso idioma oficial passa por uma transformação que não se ajusta aos processos aceitos de evolução das línguas Que obrigação tem um brasileiro de entender que uma mercadoria on sale 80 Ensino Fundamental está em liquidação? Aldo Rabelo, deputado federal (PC do B -SP) e autor do projeto de 1ei que restringe o uso de estrangeirismos. Não. As pessoas que pensam que a língua brasileira está ameaçada com a entrada de palavras estrangeiras — como ocorre com o vocabulário da informática, das finanças e dos esportes - não observam a aplicação dos estrangeirismos. Quase sempre o importado aparece em co-ocorrência com um equivalente nacional, sinal de que os falantes estão experimentando para ver se ficam com a palavra de fora ou se vão simplesmente descartá-la Carlos Faraco, da Univ. Federal do Paraná, organizou o livro Estrangeirismos: Guerras em Torno da Língua Não. O estrangeirismo é essencial. Negar a influência de um idioma sobre outro é negar a natureza de todas as línguas. Cerca de 70% das palavras do português vêm do latim e o restante, de outros idiomas. Apesar da luta dos puristas de todas as épocas, as línguas vivem em constante aprimoramento. Ainda assim, acredito que uma eventual estratégia de defesa do idioma não deveria ser feita por decreto, mas pela melhoria do sistema educacional. Francisco Marto de Moura, autor de livros didáticos de Língua Portuguesa Revista NOVA ESCOLA, março de 2003. São Paulo, Abril. Disponível em: www.portrasdasletras. com.br. Acesso em 05/12/2005 O trabalho enobrece o homem 81 Português - Volume II O TRABALHO EMPOBRECE O HOMEM 1 APRESENTAÇÃO O tema que norteia esse material didático é o trabalho. Discute-se que o trabalho não é nem um bem nem um mal. Ou se quisermos, o trabalho é um bem e um mal: ao mesmo tempo que escraviza, ele liberta ou vice-versa. Na realidade, o trabalho é uma atividade humana e, como tal, reflete a contradição existente no próprio ser humano e no conjunto da sociedade. Não podemos deixar de acentuar, entretanto, que o trabalho é uma atividade importante para a criação e a recriação da vida e da sociedade. Assim, saber mais sobre as formas de realização e organização do trabalho é importante para que tenhamos uma visão apurada, crítica, e possamos intervir em busca do equilíbrio entre os aspectos positivos e negativos dele. Objetivo Principal • Ampliar a competência discursiva do aluno em diferentes gêneros discursivos. • Desenvolver o domínio de aspectos discursivos e gramaticais da língua em uso como suporte para os diferentes usos lingüísticos. Gêneros textuais trabalhados Pintura, poema, canção Detalhamento das características dos textos Os textos que compõem esta proposta de material didático apresentam as seguintes características, de acordo com seus objetivos discursivos: 1 Este trabalho será publicado na íntegra em versão digitalizada, disponível no site da SEE/RJ. 82 Ensino Fundamental Texto 1 – “Café” (Portinari, Cândido, 1935 - óleo sobre tela, 130x195. Coleção Museu Nacional de Belas Artes/MNBA, Rio de Janeiro, RJ). Gênero Óleo sobre tela Objetivo comunicativo predominante Mostrar, através da pintura, trabalhadores executando suas tarefas numa comunidade rural. Contexto de produção Cândido Portinari produziu esta obra em 1935, retratando na época os problemas sociais do Brasil. Modo de organização discursiva e traços lingüísticos Embora seja uma obra pictórica, percebe-se um texto argumentativo, questionador e que emociona o leitor através das imagens. Texto 2 - A cigarra e a formiga (Versão Poética - Esopo. “A cigarra e a formiga”. http//terravista.pt) Gênero Poema narrativo Objetivo comunicativo predominante Contar a história da cigarra e da formiga destacando o preconceito em relação às diferentes formas de trabalho. Contexto de produção É uma versão poética da fábula de Esopo para enfatizar o preconceito do trabalho da formiga em detrimento ao trabalho da cigarra. Modo de organização discursiva e traços lingüísticos História contada em versos rimados, recursos gráficos do dialogo, inversões etc. O trabalho enobrece o homem 83 Português - Volume II Texto 3 – “O açúcar” (Ferreira Gullar - In: Bosi, Alfredo (org) – Os melhores poemas de Ferreira Gullar. São Paulo: Global) Gênero Poema Objetivo comunicativo predominante A importância fundamental do trabalhador, que para muitos, passa despercebido. Contexto de produção Poema publicado entre 1960 e 1970, período em que o poeta rompe com a poesia concreta e passa a se interessar por temas sociais, guerra fria, corrida atômica e neocapitalismo. Modo de organização discursiva e traços lingüísticos Através de recursos expressivos, como as figuras de linguagem, o eu-lírico emociona o leitor e o leva a refletir sobre a realidade social do trabalhador comum. Texto 4 – “Morte e Vida severina” (João Cabral de Melo Neto – Obra Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.) Gênero Poema Objetivo comunicativo predominante Prazer estético e crítica social. Contexto de produção Texto escrito por João Cabral de Melo Neto em que o retirante e a mulher dialogam a respeito das oportunidades de trabalho. Modo de organização discursiva e traços lingüísticos Organizado em versos rimados em redondilha, com presença de recursos expressivos como a rima, o ritmo aos moldes dos autos de natal medieval. Enfatiza a substantivação. 84 Ensino Fundamental Texto 5 - “Fábrica” (Renato Russo, In: CD. Legião Urbana, 1996) Gênero Canção Objetivo comunicativo predominante Prazer estético e crítica social. Contexto de produção Canção escrita por Renato Russo nos anos 80, década do rock nacional, expressou em sua letra, um dos dilemas dessa geração: busca por justiça social. Modo de organização discursiva e traços lingüísticos O uso de recursos expressivos, rimas, ritmo e inversões. Identificar diferentes recursos prosódicos freqüentes em textos poéticos. O trabalho enobrece o homem 85 Português - Volume II ATIVIDADES DIDÁTICAS Texto 1 – Óleo sobre tela de Portinari Leitura Observe com bastante atenção o quadro acima e responda oralmente. 1)O que você está vendo? 86 Ensino Fundamental 2)O quadro retrata um ambiente rural ou urbano? Justifique. 3) O que as pessoas estão fazendo? 4) Elas executam a mesma tarefa? Em caso negativo, relacione todas as tarefas visualizadas por você. 5) É possível identificar um tema? Que tema é esse? 6) Em que contexto social esse tema é abordado? Justifique sua resposta com base no título do quadro Café. 7) Leia o que Paulo Freire disse a respeito do trabalho: “É trabalhando que os homens e as mulheres transformam o mundo. E, transformando o mundo, se transformam também”. Tanto Paulo Freire quanto Cândido Portinari constroem o conceito de trabalho. a) Em que se assemelham? b) Em que se diferenciam? Laboratório de textos Faça uma pesquisa ou pergunte ao seu professor a história sobre O Ciclo do Café, e construa um texto narrativo com base na cena do quadro Café, de Cândido Portinari. Não se esqueça de informações como: tempo, ambiente, personagens, enredo (acontecimento). Texto 2 A cigarra e a formiga A cigarra, sem pensar em guardar, a cantar passou o verão. Eis que chega o inverno, e então, sem provisão na despensa, como saída, ela pensa em recorrer a uma amiga: sua vizinha , a formiga, pedindo a ela , emprestado, algum grão, qualquer bocado, ( Esopo. “ A cigarra e a formiga”. http://.terra vista.pt) Leitura 1) É possível associar essa história a algum texto que você conheça? Se resposta positiva, qual? Como chegou a esta conclusão? Justifique com elemento (s) do texto. 2) Eles pertencem ao mesmo gênero textual? Se a resposta negativa, justifique. até o bom tempo voltar. ‘Antes de agosto chegar pode estar certa a senhora: pago com juros, sem mora.” Obsequiosa, certamente, a formiga não seria. ” Que fizeste até outro dia?” perguntou à imprevidente. “ Eu cantava, sim, senhora, noite e dia, sem tristeza.” “Tu cantavas? Que beleza! Muito bem: pois dança agora...” O trabalho enobrece o homem 87 Português - Volume II a) Indique o gênero a que cada um pertence. b) Possuem o mesmo objetivo comunicativo? Justifique. 3) Como você já deve ter percebido, a partir das respostas, os textos se apresentam sob gêneros diferentes, mas com uma mesma temática. a) Que tema é esse? b) É possível estabelecer uma relação de sentido entre o assunto tratado no poema e o tema estabelecido na unidade? Por quê? 4) No texto ocorrem seqüências textuais da vários tipos. Classifique as seqüências abaixo de acordo com a tipologia. Justifique cada classificação. a) ”A cigarra , sem pensar em guardar, a cantar passou o verão”. b) ”eis que chega o inverno, e então, sem provisão na dispensa...” c) “Que fizeste até outro dia”? 5) A presença da seqüência dialogal se manifesta a partir da 2º estrofe. A) Que marca predominantes da oralidade é facilmente reconhecida nesta estrofe que justifique o tipo de seqüência? B) Quantas vezes se fazem ouvir? Direta ou indiretamente? C) Qual o tema da conversa? 6) A cigarra faz uma promessa à formiga com relação ao pagamento da dívida. a) Que palavra empregada neste fragmento confirma que a cigarra irá pagar a sua dívida sem atrasos? b) Qual a função sintática estabelecida por este termo? 7) Antes de ser apresentada a resposta da Formiga à Cigarra, há uma antecipação desta resposta por parte do narrador. Observe: “Obsequiosa, certamente, a formiga não seria”. a) Que palavra é essa? b) Com que intenção o narrador a emprega? 8) Retire do texto a fala que justifica que a personagem formiga não sente arrependimento algum por ter passado o verão cantando e se divertindo. 9) A fábula descreve a formiga trabalhando e a cigarra cantando. Não seria preconceituoso considerarmos apenas a tarefa exercida pela formiga como trabalho? E o cantar, enquanto arte, não pode ser uma forma de trabalho? 88 Ensino Fundamental Texto 3 Açúcar Ferreira Gullar O branco açúcar que adoçará meu café Nesta manhã de Ipanema Não foi produzido por mim Nem surgiu dentro do açucareiro por milagre. Vejo-o puro E afável ao paladar Como beijo de moça, água Na pele, flor Que se dissolve na boca. Mas este açúcar Não foi feito por mm. Este açúcar veio Da mercearia da esquia e tampouco o fez o Oliveira Dono da mercearia Este açúcar veio De uma usina de açúcar de Pernambuco Ou no Estado do Rio E tampouco o fez o dono da usina Este açúcar era cana E veio dos canaviais extensos Que não nascem por acaso No regaço do vale. Em lugares distantes, onde não há hospital Nem escola Homens que não sabem ler e morrer de fome Aos 27 anos Plantaram e colheram a cana Que viraria açúcar. Em usinas escuras, Homens de vida amarga E dura Produziram este açúcar Branco e puro Com que adoço meu café esta manhã em Ipanema. Leitura 1) O texto 3 é essencialmente subjetivo, emotivo. A partir do entendimento do tema proposto, qual é seu verdadeiro objetivo? 2) Releia a segunda estrofe do poema: “ Vejo-o puro....usina.” O trabalho enobrece o homem 89 Português - Volume II 3) Que relação o segundo período desta estrofe estabelece com o primeiro? 4) Releia a segunda estrofe do poema, observando as seguintes relações: “Nas usinas escuras” estão os homens de vida amarga e dura X “Em Ipanema” o eu lírico adoça seu café produzido por aqueles homens Qual a relação semântica entre “amarga/dura? X “adoça”? Laboratório de textos 1) A paródia é a mudança do significado do texto, com a inclusão de outras idéias a partir da idéia original. Sendo assim, crie uma paródia sobre o tema do texto 3. Tome também como base este pensamento de Bertold Brecht. O vosso tanque General, é um carro forte Derruba uma floresta esmaga cem Homens Mas tem um defeito -Precisa de um motorista O vosso bombardeiro, general É poderoso Voa mais depressa que a tempestade E transporta mais carga que um elefante Mas tem um defeito -Precisa de um piloto O homem, meu general, é muito útil Sabe voar, e sabe matar Mas tem um defeito -Sabe pensar ( dicionário enciclopédico ilustrado, 11° editora Formar, 1968.p.701.vol. II) 90 Ensino Fundamental Texto 4 Morte e vida severina (fragmento) João Cabral de Melo Neto Vejo uma mulher na janela, ali, que se não é rica parece remedida ou dona de sua vida: vou saber se de trabalho poderá me dar notícia. DIRIGE-SE À MULHER NA JANELA QUE DEPOIS DESCOBRE TRATAR-SE DE QUEM SE SABERÁ -Muito bom dia, senhora, que nessa janela está; sabe dizer se é possível algum trabalho encontrar? -Trabalho aqui nunca falta a quem sabe trabalhar; o que fazia o compadre na sua terra de lá? -Pois fui sempre lavrador, lavrador de terra má; não há espécies de terra que eu não possa cultivar. -Isso aqui de nada adianta, pouco existe o que lavrar; mas diga-me, retirante, que mais fazia por lá? - Também lá na minha terra de terra mesmo pouco há; mas até a calva da pedra sinto-me capaz de arar . -Também de pouco adianta, nem pedra há aqui que amassar; diga-me ainda, compadre que mais fazia por lá? -Conheço todas as roças que neste chã podem dar: o algodão, a mamona a pita, o milho , o caroá. -Esses roçados o banco já não quer financiar; mas diga-me, retirante, o que mais fazia lá? -Melhor do que eu ninguém sabe combater, quiçá, tanta planta de rapina que tenho visto por cá. -Essa plantas de rapina são tudo o que a terra dá; diga-me ainda, compadre, que mais fazia por lá? -Tirei mandioca de chãs que o vento vive a esfolar e de outras escalavradas pela seca faca solar. -Isto aqui não é Vitória nem é Glória do Goitá; e além da terra, me diga, que mais sabe trabalhar? -Sei também tratar de gado, entre urtigas pastorear: gado de comer do chão ou de comer ramas no ar. -Aqui não é Surubim nem Limoeiro, oxalá! mas diga-me, retirante, que mais fazia por lá? -Em qualquer das cinco tachas de um bangüê sei cozinhar; sei cuidar de uma moenda, de uma casa de purgar. -Com a vinda das usinas há poucos engenhos já; nada mais o retirante aprendeu a fazer lá? -Ali ninguém aprendeu outro ofício ou aprenderá: mas o sol, de sol a sol, bem se aprende a suportar. -Mas isso então será tudo em que sabe trabalhar? vamos, diga, retirante, outras coisas saberá. -Deseja mesmo saber o que eu fazia por lá? O trabalho enobrece o homem 91 Português - Volume II Morte e vida severina, auto de Natal pernambucano, é uma das obras mais conhecidas de João Cabral de Melo Neto. Cena: O encontro do retirante com uma mulher “que não é rica/ parece remediada/ou dona da sua vida” que está na janela.” Há um diálogo entre eles. 1) O retirante não consegue trabalho naquele local, apesar de ter experiência variada. Retire do texto os versos que contradizem essa situação. comer quando havia o quê e, havendo ou não, trabalhar. -Essa vida por aqui é coisa familiar; mas diga-me retirante, sabe benditos rezar? sabe cantar excelências, defuntos encomendar? sabe tirar ladainhas, sabe mortos enterrar? -Já velei muitos defuntos, na serra é coisa vulgar; mas nunca aprendi as rezas, se somente acompanhar. -Pois se o compadre soubesse rezar ou mesmo cantar, trabalhávamos a meias, que a freguesia bem dá. -Agora se me permite minha vez de perguntar: como a senhora, comadre, pode manter o seu lar? -Vou explicar rapidamente, logo compreenderá: como aqui a morte é tanta, vivo de a morte ajudar. -E ainda se me permite que lhe volte a perguntar: é aqui uma profissão trabalho tão singular? -É, sim, uma profissão, e a melhor de quantas há: sou de toda a região rezadora titular. -E ainda se me permite outra vez indagar: é boa essa profissão em que a comadre ora está? -De um raio de muitas léguas vem gente aqui me chamar ; a verdade é que não pude queixar-me ainda de azar. -E se pela ultima vez me permitir perguntar: não existir outro trabalho para mim neste lugar? -Como aqui a morte é tanta, só é possível trabalhar nessas profissões que fazem da morte ofício ou bazar. Imagine que outra gente de profissão similar, farmacêuticos, coveiros, doutor de anel no anular, remando contra a corrente da gente que baixa ao mar, retirantes às avessas, sobem do mar para cá. Só os roçados da morte compensam aqui cultivar, e cultiva-los é fácil: simples questão de plantar; não se precisa de limpa, de adubar nem regar; as estiagens e as pragas fazem-nos mais prosperar; e dão lucro imediato; nem é preciso esperar pela colheita:recebe-se na hora mesma de semear. 92 Ensino Fundamental 2) Para a Senhora, o retirante listou poucas profissões. Retire do texto os versos que reiteram essa opinião. 3) Durante o diálogo, a Senhora não fica satisfeita com as aptidões apresentadas pelo retirante. Que verso (s) mostra( m) essa insatisfação? 4) Leia os dois trechos e responda à questão: a) “Conheço todas as roças que neste chã podem dar o algodão , a mamona, a pita, o milho, o caroá”. b) “ Só os roçadores da morte compensam aqui cultivar.” Comente, quanto à linguagem, a diferença entre os dois trechos. 5) Observe a repetição destes versos: “ diga-me ainda, compadre, que mais fazia por lá?” “ mas diga-me, retirante que mais fazia por lá?” 6) Qual a intenção da senhora ao repetir sete vezes o mesmo verso? 7) Qual o trabalho que o retirante precisava saber para conseguir seu objetivo de encontrar um trabalho? 8) No início do poema, a mulher afirma não faltar trabalho a quem sabe trabalhar. A que trabalho ela se refere? 9) O homem afirma, no decorrer do poema, saber lidar com agricultura, gado e engenho. Essas experiências poderiam dar a ele a certeza de um trabalho naquela localidade. Por que não consegue trabalho ali? 10) O poema apresenta a peregrinação do retirante (Severino) em busca de trabalho. Usando um substantivo abstrato, responda o que significa o trabalho para o retirante. Justifique sua resposta. 11) Contudo, o retirante não encontra trabalho que possa realizar. O que significa a ausência de trabalho para ele? Utilize um substantivo para resposta. Justifique. O trabalho enobrece o homem 93 Português - Volume II 12) A mulher, que aparece na janela, em meio a tanta miséria parece ter uma vida próspera e remediada: “...trabalhamos a meias, que a freguesia bem dá” “...a verdade é que não pude queixar-me ainda do azar. Como se explica o fato de ser bem sucedida na profissão? 13) A natureza que tanto bem faz ao homem pode, algumas vezes, prejudicá-lo. As condições climáticas interferem positiva ou negativamente na vida e no trabalho das pessoas e das cidades. Comente a afirmação relacionando-a ao texto “Morte e vida severina”. 14) Sabendo que “Morte e vida severina” é um texto modernista da geração de 45, poesia com senso do compromisso entre a arte e a realidade, é o engajamento com os problemas sociais, associando compromisso social com a arte. Pode-se dizer que o texto aborda um tema social. Releia o poema justificando essa afirmativa. Comprove sua resposta com passagem do texto. 15) Paradoxo é o recurso lingüístico que consiste em apresentar idéias que se contradizem. Qual o paradoxo encontrado no decorrer da leitura do trecho? Questões para debate 1) De que maneira a literatura e a arte refletem as diferenças regionais e culturais de nosso país? 2) A arte e a literatura precisam ter uma função social ou não? 3) Que semelhanças e diferenças existem entre os modos de vida dos moradores de diferentes regiões? 4) Considerando os textos apresentados nesta unidade, discuta a afirmativa abaixo, retirada do texto “Os Sertões”, de Euclides da Cunha: “ O sertanejo é antes de tudo um forte.”? Laboratório de textos 1) Considerando o segmento do poema de J.C.M.N. apresentado, redija um texto em prosa, contando o dia de um retirante à procura de trabalho na cidade grande. 2) O texto de J.C.M.N. apresenta o retirante à procura de trabalho. Reflita sobre o tema da nossa unidade “ O trabalho” e faça um texto argumentativo, apresentando as razões que não permitem o acesso ao emprego. Utilize, como argumentos, as idéias decorrentes dos debates feitos ao longo das aulas e da leitura dos textos da unidade. 94 Ensino Fundamental Se quiser, oriente-se por este roteiro: Introdução: Principais problemas observados no mundo atual sobre este trabalho. • Faça uma afirmação; seguindo a essa afirmação, apresente três argumentos. Use elementos de coesão( porque, embora, pois, entretanto etc.)(Exemplo: o trabalho constrói a dignidade do homem (afirmação) porque..., embora..., pois...) Desenvolvimento: • Desenvolvimento dos argumentos da introdução. • Causas desses problemas, possíveis soluções, exemplificações. Conclusão: • Expectativas em relação a um mundo melhor, com mais oportunidades de trabalho, salário mais justo etc... Não se esqueça do título e do uso dos conectores para ligar as idéias. Texto 5 Fábrica Renato Russo Nosso dia vai chegar Teremos nossa vez. Não é pedir demais: Quero justiça, Quero trabalhar em paz. Não é muito o que lhe peço Eu quero trabalho honesto Em vez de escravidão. Deve haver algum lugar Onde o mais forte Não consegue escravizar Quem não tem chance. De onde vem a indiferença Temperada a ferro e fogo? Quem guarda os portões da fábrica? O céu já foi azul, mas agora é cinza E o que era verde aqui já não existe mais. Quem me dera acreditar Que não acontece nada de tanto brincar com fogo. Que venha o fogo então. Esse ar deixou minha vista cansada. Nada demais. O trabalho enobrece o homem 95 Português - Volume II Releia a letra da música e responda às questões: 1) Há relação do título da música de Renato Russo com o tema desenvolvido na Unidade? Justifique sua resposta com base no texto. 2) O eu-lírico faz algumas reivindicações no decorrer do texto. Quais são elas? 3) Quais os recursos lingüísticos marcados no texto que demonstram a emotividade do autor? 4) As cores conotam uma plurissignificação. Qual o valor semântico estabelecido em cada uma delas? 5) O poema faz uso das interrogações. Responda as perguntas feitas na terceira estrofe. Qual a intenção do eu-lírico ao fazer certas indagações? 6) O texto pode ser dividido em dois momentos. Identifique os versos que se referem ao primeiro momento. O que o eu-lírico deseja nesse primeiro momento? 7) Identifique agora os versos do segundo momento. O que o eu lírico deseja nesse momento? 8) Qual a estrofe que une os dois momentos? Qual o seu objetivo? 9) Não podemos impedir o progresso, pois é inevitável para a humanidade. Então, o que devemos fazer para reverter a situação relatada na quarta e quinta estrofe? 10) Na terceira estrofe Renato Russo faz referência a um provérbio popular. Que provérbio é esse? Com que intenção ele foi utilizado? 11) Podemos dizer que, na última estrofe, a voz que se manifesta na canção desistiu de lutar? Por quê? 12) Em relação à organização do trabalho, a passagem do sistema feudal para o sistema capitalista se caracterizou, fundamentalmente, pela separação do ser humano de seus meios de produção ( terras ou ferramentas). a) O que essa mudança significou para a classe trabalhadora? b) E para a classe burguesa? 13) Leia este poema de Carlos Drummond de Andrade: “Calo-me, espero, decifro. As coisas talvez melhorem. São tão fortes as coisas! Mas eu não sou as coisas e me revolto.” Podemos fazer alguma relação entre a canção de Renato Russo e este poema de Drummond? Justifique. 14) Redigir um texto dissertativo a partir da temática da canção, partindo da temática social abordada, assumindo uma posição em relação às suas causas e possíveis soluções. 96 Ensino Fundamental CONVERSA COM O PROFESSOR A Preparação para leitura da pintura È importante a visualização da paisagem através de uma pesquisa prévia dos elementos que a constituem, levantando hipóteses que levem à construção do contexto histórico. Além disso, é necessária a identificação do tema através do título da obra e seu autor, Cândido Portinari, que representa em seus quadros muitos problemas sociais do Brasil de sua época. Neste sentido, a leitura do gênero pintura, a obra de arte, funciona como elemento motivador para reflexão sobre o trabalho, considerando três aspectos: por que (causa) e para que (finalidade) o homem trabalha; os diferentes tipos de trabalho; o trabalho como exploração do ser humano ( trabalho=meu mal). È fundamental priorizar, no texto 2, a leitura com entoação, bem como o reconhecimento da possível inter-relação entre gêneros, reconhecendo, assim, as diferentes formas de tratar uma informação na comparação de textos que tratem do mesmo tema. È fundamental o exercício do debate para a ampliação e correlação das idéias. Especificamente, a fábula é uma forma que propicia de forma bastante intensa o uso do argumento. Nesse caso específico, será uma forma de reflexão sobre a importância da valorização de todos os tipos de trabalho. O comentário sobre a obra “Morte e vida severina” deve ser feito, destacando-se o aspecto social do Modernismo. É uma obra engajada na discussão social, relatando problemas do sertão pernambucano. Destacar o tema do texto, relacionando-o com o titulo do poema. É sempre importante verificar se há dúvidas de vocabulário e compreensão. A leitura do poema encaminha a reflexão sobre a ausência do trabalho: por que (causa) e para que (finalidade) o homem trabalha; e os diferentes tipos de trabalho.) Para trabalhar o texto 4, o professor poderá sugerir o debate em pequenos grupos, nomeando um relator para apresentar as conclusões ao grupão. Sugerir que consultem revistas, jornais e livros para a fundamentação das idéias. É importante anotar as idéias no caderno, assim os alunos estarão se preparando para a atividade seguinte, que é a produção textual. Lembre-se que ninguém escreve sobre o que não sabe. Logo, é necessário debater, refletir e concluir. Relembrar que o texto literário de J. Cabral de Melo Neto é uma forte crítica social. Professor, é imprescindível destacar as questões relacionadas à intertextualidade, para isso peça ao professor de Geografia que desenvolva com os alunos o tema da seca. E por falar em namorar 97 Português - Volume II E POR FALAR EM NAMORAR APRESENTAÇÃO: Levar aos alunos textos cuja temática seja de seu real interesse, certamente, provocará neles motivação para o trabalho com textos. Os alunos das últimas séries do Ensino Fundamental encontram-se numa fase de vida em que os relacionamentos amorosos assumem grande importância. Todavia, vivemos um tempo em que as relações humanas estão prejudicadas por uma crise de valores. Importa-nos ajudar os adolescentes na construção de um relacionamento afetivo maduro e coerente com valores que os encaminhem para uma vida adulta realizada, determinada pela vivência plena da sua adolescência. Para oportunizar aos adolescentes refletirem, interpretarem textos e se expressarem a partir da temática “namoro”, no exercício de nossa função de professoras de língua portuguesa, selecionamos textos de diferentes gêneros para trabalharmos no 2º bimestre do ano letivo. Escolhemos o 2º bimestre em função de o Dia dos Namorados ser comemorado em 12 de junho. Objetivos 1. Desencadear discussão sobre a temática “namoro” para que se questionem atitudes e valores. 2. Interpretar textos de gêneros e tipologias diferentes para desenvolver no aluno as competências necessárias a uma interação autônoma e ativa nas situações de interlocução e leitura. 3. Produzir textos a partir do estímulo dos textos interpretados para o desenvolvimento da competência lingüística na forma escrita. 4. Questionar elementos da língua em uso para desenvolver as capacidades necessárias ao leitor crítico e as habilidades para a expressão escrita. 5. Contribuir na formação do cidadão crítico, participativo e criativo para a construção de uma sociedade solidária. 98 Ensino Fundamental Séries a que se destina 7ª e 8ª séries do Ensino Fundamental Duração da atividade: 2º bimestre, em função de o Dia dos Namorados ser comemorado em 12 de junho. Gêneros textuais trabalhados Canção, divulgação científica, fragmento de romance, crônica, história em quadrinhos, poema, notícia. Detalhamento das características dos textos trabalhados Os textos que compõem esta proposta de material didático apresentam as seguintes características, de acordo com seus objetivos discursivos: Texto 1: “Já sei namorar” (Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown - www.tribalistas. letras.terra.com.br) Gênero textual Canção Objetivo comunicativo predominante Refletir sobre o namoro como espaço de encontro, de conhecimento do outro, de vivência a dois. Trabalhar várias linguagens: a dança e o canto. A interpretação oral antecedendo a interpretação escrita é uma das possibilidades de melhor compreensão do texto. Modo de organização discursiva predominante Descritivo/ argumentativo Recursos lingüísticos utilizados pelo autor • Marcas que identificam o eu-lírico: verbos e pronomes. • Escolha vocabular. • Recursos sonoros. • Presença de anáfora e aliteração. E por falar em namorar 99 Português - Volume II Texto 2: “Namoro, ensaio para o futuro” (Onofre Guilherme S. Filho, Jornal Mundo Jovem, junho de 92) Gênero textual Divulgação científica Objetivo comunicativo predominante Dia 12 de junho é o dia dos namorados. Essa data é bem explorada pelo comércio. Logo, poderá ser uma data para pensarmos e promovermos discussões sobre o sentido do namoro, a afetividade e o relacionamento entre as pessoas em nossos dias. Modo de organização discursiva predominante Texto dissertativo argumentativo. Recursos lingüísticos utilizados pelo autor • Uso do adv. (já) como recurso argumentativo. • Emprego da 1a pessoa para a auto-descrição, como recurso argumentativo. • Estrutura subordinada, reforçando o caráter opinativo do discurso do entrevistado. Texto 3: “Inscrição de Machado de Assis” (ASSIS, Machado de. D. Casmurro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; Brasília: INL, 1975.) Gênero textual Fragmento de romance. Objetivo comunicativo predominante A utilização desse texto literário de alto valor estético prende-se à necessidade de trabalharmos textos literários em sala de aula. Dificilmente os alunos tomarão conhecimento de textos assim, se não forem apresentados na escola. A emoção e o entusiasmo do professor são fundamentais para despertar e desenvolver no aluno o prazer estético. Modo de organização discursiva predominante Narração. 100 Ensino Fundamental Recursos lingüísticos utilizados pelo autor • Estudo do vocabulário: inferir o sentido de palavras e expressões. • Elementos da narrativa: foco narrativo. • Informações implícitas. • Presença de referência temporal na seqüência narrativa. • As pessoas do discurso: narrativa em 1a pessoa. • Emprego de substantivos e adjetivos na seqüência narrativa. Texto 4: “Ter ou não ter namorado” (Artur da Távola - Amor a si mesmo. Coletânea de crônicas de Artur da Távola Ed. Círculo do livro (www.npd.ufes. br/textos/texto3.htm) Gênero textual Crônica Objetivo comunicativo predominante Estamos diante de um texto que explicita, através de negativas, o que é necessário para ter ou não namorado. A expressividade se dá pela sucessão de inúmeras metáforas inusitadas e que em alguns momentos tornam o texto hermético. Modo de organização discursiva predominante Texto em prosa poética. O autor apresenta o conceito de quem não tem namorado e os quesitos necessários para o namorado de verdade. Presença de seqüência enumerativa, sempre em linguagem metafórica, e de seqüência injuntiva. Recursos lingüísticos utilizados pelo autor • Estudo do vocabulário: inferir o sentido de palavras e expressões. • Uso de metáforas e de neologismos. • Valor dos tempos verbais: presente, pretérito perfeito, imperativo e infinitivo. • Estrutura subordinada, reforçando o caráter opinativo do texto. E por falar em namorar 101 Português - Volume II Texto 5: “Gatão de Meia-Idade” (Miguel Paiva, jornal O Globo) Gênero textual História em quadrinhos. Objetivo comunicativo predominante A história em quadrinhos, construída pela conjugação da linguagem verbal e não-verbal, apresenta, com humor e ironia, fatos da vida cotidiana em texto crítico cada vez mais presente nos meios de comunicação. Ler uma tira é compreender a sociedade nela retratada, bem como a crítica por ela apresentada. A articulação da imagem com o texto atrai o interesse do leitor, sobretudo numa sociedade, como a contemporânea, em que o ver é mais importante que o ler. Daí tal gênero textual ser importante no processo de ensino-aprendizagem da leitura na escola. Modo de organização discursiva predominante Por ser uma seqüência dialogal, o texto é construído com base em turnos conversacionais, conjugando o verbal e o não-verbal. Recursos lingüísticos utilizados pelo autor • Seqüência dialogal. •Variação lingüística: marcas da oralidade e de faixas etárias. • Uso de sinais de pontuação. • Estudo do vocabulário: inferir o sentido de palavras e expressões. Texto 6: “Soneto do amor total” (Vinicius de Moraes. Poesia Completa e Prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1987. p. 336) Gênero textual Poema. Objetivo comunicativo predominante Embora deva ser atribuída aos outros tipos de textos (jornalístico, científico, propaganda e histórias em quadrinho) a mesma importância para o trabalho com a língua, o literário, tanto em prosa quanto em verso, destaca-se por suas particulares condições de produção. Usando o real como ponto de partida ou referência, o texto literário não o reproduz e sim o recria, reordena os elementos constitutivos da realidade, reconstituindo experiências coletivas ou individuais. 102 Ensino Fundamental Levar a poesia para a sala de aula é um exercício fundamental e cabe aos professores e à escola despertar o gosto estético dos alunos. Recursos lingüísticos utilizados pelo autor • Efeitos de sentido decorrente da escolha de determinada palavra ou expressão. • Efeitos de sentido obtidos a partir do tratamento da sonoridade ou da linguagem figurada. • O papel dos sinais de pontuação na construção do texto. • Marcadores temporais. • Emprego dos pronomes. Texto 7: “Como surgiu o Dia dos Namorados” (Informe publicitário na Revista Veja) Gênero textual Notícia. Objetivo comunicativo predominante É sempre interessante conhecer como surgiram as comemorações com as quais nos envolvemos. É interessante incluí-lo neste conjunto de texto por ser informativo, que utiliza seqüência narrativa ligada à temática a que se propôs trabalhar. Modo de organização discursiva predominante Narrativo / argumentativo Recursos lingüísticos utilizados pelo autor • Uso de recursos tipicamente narrativos, respondendo as perguntas: quem? fez o quê? onde? quando? porquê? • Vocabulário laudatório e persuasivo. E por falar em namorar 103 Português - Volume II ATIVIDADES DIDÁTICAS Texto 1 Já sei namorar (Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown, Marisa Monte) Já sei namorar Já sei beijar de língua Agora, só me resta sonhar Já sei onde ir Já sei onde ficar Agora, só me falta sair Não tenho paciência pra televisão Eu não sou audiência para a solidão Eu sou de ninguém Eu sou de todo mundo E todo mundo me quer bem Eu sou de ninguém Eu sou de todo mundo E todo mundo é meu também Já sei namorar Já sei chutar a bola Agora, só me falta ganhar Não tenho juiz Se você quer a vida em jogo Eu quero é ser feliz Arnaldo Antunes nasceu no dia 2 de setembro de 1960. Compositor, cantor, poeta. Arnaldo é um dos principais representantes da nova geração de músicos brasileiros. Na década de 80, foi um dos fundadores do grupo de rock Titãs. Arnaldo fez parte dos Titãs entre 1982 e 1992. No entanto, ele continua compondo com os músicos do grupo ( Nando Reis e Paulo Miklos), bem como com Marisa Monte, Carlinhos Brown, Gilberto Gil, João Donato, Jorge Ben Jor, Marina Lima, Arto Lindsay e outros. Arnaldo lançou os discos-solo “Nome” (1995), “Ninguém” (1996), “Silêncio” (1997) e “Um Som” (1998). Carlinhos Brown nasceu em 23 de novembro de 1962. Percussionista, compositor, produtor e agitador cultural baiano, criado na periferia de Salvador, seu nome artístico é uma homenagem a James Brown, ídolo do funk e da soul music. Dominando vários instrumentos de percussão, Brown se tornou um dos instrumentistas mais requisitados da Bahia desde o início dos anos 80. Não tenho paciência pra televisão Eu não sou audiência para a solidão Eu sou de ninguém Eu sou de todo mundo E todo mundo me quer bem Eu sou de ninguém Eu sou de todo mundo E todo mundo é meu também Tô te querendo como ninguém Tô te querendo como Deus quiser Tô te querendo como eu te quero Tô te querendo como se quer (www.tribalistas.letras.terra.com.br) 104 Ensino Fundamental Marisa de Azevedo Monte nasceu em 01 de julho de 1967 no Rio de Janeiro. Estudou piano na infância, aos nove anos ganhou de aniversário uma bateria, e aprendeu violão. Na adolescência, estudou canto lírico e participou de uma montagem do musical Rocky Horror Show, encenada por alunos de teatro do Colégio Andrews, com direção de Miguel Falabella. Em 1985 permaneceu dez meses na Itália para estudar canto, mas desistiu do gênero lírico e passou a cantar música brasileira na noite, acompanhada de amigos. Nessa época, em Veneza, foi ouvida por Nelson Mota, que seria o diretor de Tudo veludo, seu show de estréia no JazzMania, no Rio de Janeiro, em 1987. O sucesso foi imediato, de público e de crítica. Antes mesmo de gravar seu primeiro disco, foi considerada uma das mais promissoras vozes da música popular brasileira. Leitura 1) O eu-lírico afirma: “Já sei namorar”. O que é namorar? EU LÍRICO é a voz que se expressa no poema. 2) Que versos indicam que o eu-lírico tem um projeto de vida? 3) Que significado você atribui ao verso “Eu não sou audiência para a solidão”? 4) Na 3ª estrofe, o poeta faz declarações sobre si mesmo. O que declara o eu-lírico nessa estrofe? 5) Explique os versos: a)“ Já sei chutar a bola” b)“ Não tenho juiz” c) “ Se você quer a vida em jogo” 6) A respeito de seu querer, o eu-lírico afirma que é a) universal (igual a todos os amores) b) subjetivo (próprio dele mesmo) c) ímpar (diferente, único) d) fatalista (de uma maneira que não depende dele) Indique em que verso está cada uma dessas declarações. 7) O poeta utiliza rimas para dar sonoridade ao texto. Indique as rimas que você percebe no texto. 8) O poeta utiliza outros recursos para tornar o texto mais sonoro. Que recursos são esses? E por falar em namorar 105 Português - Volume II Texto 2 Namoro, ensaio para o futuro (fragmento) Estamos acostumados a encarar a experiência do namoro entre os jovens muitas vezes sem a devida seriedade que ela traz consigo. E, por ausência de uma orientação adequada e realista, muitos jovens acabam por fazer dessa experiência tão rica uma brincadeira de “faz-de-conta” que a gente se dá bem; “ faz-de-conta” que eu gosto de você e você gosta de mim; “ faz-de-conta” que a gente está junto enquanto der... e vai por aí. Troca-se de parceria como se troca de roupa. No grupo de amigos o líder é aquele que possui um certo status e pelo qual as meninas do bairro batem o coração e se “derretem” O que escondem esses comportamentos tão comuns entre os jovens? Que tipo de projeto de vida essas experiências vão construir? Em que o namoro contribui ou atrapalha para o crescimento afetivo e o amadurecimento do jovem? A fisionomia do namoro – Na juventude leva-se muito em consideração os aspectos externos da pessoa, aquilo que ela apresenta exteriormente: curvas do corpo, sensualidade, traços do rosto, olhares, boca, sorrisos etc. Não digo que essas coisas não sejam importantes. Mas uma questão a gente fica martelando: com que, afinal, se namora – com os traços físicos da pessoa, ou principalmente, com sua vontade e necessidade de crescer e tornar-se pessoa? E olha que tem muitos casais com anos de casamento e que até hoje estão no primeiro tipo de relação, que envolve mais os aspectos físicos, materialidade, genitalidade. Levam menos em consideração o amor da pessoa, seu interior, o que ela tem de melhor. Por esse e por tantos outros motivos dizemos que o namoro é o ensaio por excelência do modo de se relacionar no casamento. Se desejamos uma relação moderna, carregada de amor e de afetividade entre o casal, precisamos começar a investir e a ensaiar desde já. O ensaio constitui a fisionomia, a característica essencial do namoro. O melhor caminho – Nunca é demais gastar o tempo juntos para um papo. Conversar sobre o filme a que assistiram, sobre as notas da escola... é muito bom e até indispensável. Melhor ainda seria a conversa franca e aberta dobre cada um, seus gostos, seus grilos, seus momentos principais, seu futuro pessoal e profissional, seus sentimentos, suas frustrações, seus desejos etc. Ouvir atentamente, com carinho, sem fazer juízo, interferir de vez em quando, dizer o que pensa, questionar juntos com o mesmo carinho, sem precisar machucar o outro. Esta atitude de diálogo é diferente da bisbilhotagem e da curiosidade extrema, detalhista e desnecessária. Se ainda no namoro somos capazes de dizer a uma outra pessoa que a amamos, supõe que estejamos dispostos a participar de suas coisas, inclusive de suas crises. E ouvir e ser ouvido também. Conhecê-la e deixar-se conhecer em profundidade. Quando o diálogo existe, até os momentos de silêncio são melhor suportados, pois os detalhes, o olhar afetuoso, o carinho sutil, a maneira silenciosa de tratar já diz muito. Já vi muitos namoros irem por água-a-baixo por ausência desta perspectiva e desses detalhes. FILHO, Onofre Guilherme dos Santos. Namoro, ensaio para o futuro. In: Jornal Mundo Jovem. RS. Junho de 1992. 106 Ensino Fundamental Onofre Guilherme S. Filho. Goiana (GO). É mestre em Ciências da Religião, professor da Universidade Católica de Goiânia e Secretário Geral da Sociedade Goiânia de Cultura. Escreve para o Jornal Mundo Jovem - seção de Psicologia. 1) No 1º parágrafo, o autor afirma que a experiência do namoro traz consigo seriedade. Que significa essa afirmação? 2) Que dados da realidade o texto apresenta para convencer o leitor da falta de seriedade com que o namoro é encarado? 3) O autor faz ao leitor um convite para que aproveitem o dia dos namorados e reflitam sobre esse relacionamento. Por que, de acordo com o texto, seria importante promover-se discussão sobre o sentido do namoro? 4) Explique a frase do texto: “O ensaio constitui a fisionomia, a característica essencial do namoro”. 5) De que forma o namoro ajuda no amadurecimento do jovem? 6) Que relação pode-se estabelecer entre o título e o desenvolvimento do texto? 7) Como o namoro pode auxiliar na superação do individualismo que a nossa sociedade apresenta? 8) Informe o tema do texto. 9) Indique a tese apresentada no texto. 10) Retire do texto os argumentos utilizados pelo autor para defender a sua tese. Texto 3 O texto que leremos é o capítulo 14 do livro Dom Casmurro, de Machado de Assis, que aborda o relacionamento de Capitu (Capitulina) e Bentinho (Bento). É um romance com empecilhos, uma vez que Bentinho estava destinado ao sacerdócio, por sua mãe que fizera uma promessa de torná-lo padre, depois de ter perdido o primeiro filho. O texto é um momento do relacionamento dos dois. Capítulo XIV / A Inscrição Tudo o que contei no fim do outro Capítulo foi obra de um instante. O que se lhe seguiu foi ainda mais rápido. Dei um pulo, e antes que ela raspasse o muro, li estes dois nomes, abertos ao prego, e assim dispostos: E por falar em namorar 107 Português - Volume II BENTO CAPITOLINA Voltei-me para ela; Capitu tinha os olhos no chão. Ergueu-os logo, devagar, e ficamos a olhar um para o outro... Confissão de crianças, tu valias bem duas ou três páginas, mas quero ser poupado. Em verdade, não falamos nada; o muro falou por nós. Não nos movemos, as mãos é que se estenderam pouco a pouco, todas quatro, pegando- se, apertando-se, fundindo-se. Não marquei a hora exata daquele gesto. Devia tê-la marcado; sinto a falta de uma nota escrita naquela mesma noite, e que eu poria aqui com os erros de ortografia que trouxesse, mas não traria nenhum, tal era a diferença entre o estudante e o adolescente. Conhecia as regras do escrever, sem suspeitar as do amar; tinha orgias de latim e era virgem de mulheres. Não soltamos as mãos, nem elas se deixaram cair de cansadas ou de esquecidas. Os olhos fitavam-se e desfitavam-se, e depois de vagarem ao perto, tornavam a meter-se uns pelos outros... Padre futuro, estava assim diante dela como de um altar, sendo uma das faces a Epístola e a outra o Evangelho. A boca podia ser o cálix, os lábios a patena. Faltava dizer a missa nova, por um latim que ninguém aprende e é a língua católica dos homens. Não me tenhas por sacrílego, leitora minha devota; a limpeza da intenção lava o que puder haver menos curial no estilo. Estávamos ali com o céu em nossas mãos, unindo os nervos, faziam das duas criaturas uma só, uma só criatura seráfica. Os olhos continuaram a dizer cousas infinitas, as palavras de boca é que nem tentavam sair, tornavam ao coração caladas como vinham... Assis, Joaquim Maria Machado de. Dom Casmurro. São Paulo: Moderna, 1983. p. 32. Vocabulário Orgias – festas excessivas, exageradas Vagarem ao perto – olharem ao redor Epístola – Cartas que fazem parte do Novo Testamento Evangelho – texto sagrado – novo Testamento Cálix – cálice usado durante a missa para a consagração do vinho. Patena – pequeno prato usado durante a celebração Sacrílego - profanador Curial – adequado, conveniente, próprio Seráfica – angelical. Joaquim Maria Machado de Assis, jornalista, contista, cronista, romancista, poeta e teatrólogo, nasceu no Rio de Janeiro, em 21 de junho de 1839, e faleceu também no Rio de Janeiro, em 29 de setembro de 1908. É o fundador da Cadeira nº. 23 da Academia Brasileira de Letras. Ocupou por mais de dez anos a presidência da Academia, que passou a ser chamada também de Casa de Machado de Assis. 108 Ensino Fundamental Leitura 1) A que o autor se refere em “ Confissões de crianças, tu valias bem duas ou três páginas...”? 2) Explique o título “A Inscrição”? 3) Qual o significado da expressão “o muro falou por nós”? 4) No romance, o narrador é o próprio Bentinho, personagem principal. Em que pessoa é narrado este capítulo? 5) Identifique os personagens que participam deste capítulo. 6) O texto de Machado de Assis expressa uma preocupação com observação e análise de um acontecimento que provocou profundas reflexões no narrador personagem. Sobre o que reflete Bentinho? 7) Estamos diante de um texto constituído por uma seqüência de fatos. Que tipo de texto é esse? 8) Há uma seqüência lógica na apresentação dos fatos. Enumere essa seqüência. 9) O autor se preocupa com minúcias que conferem ao personagem uma linguagem natural, sem rebuscamento. Qual poderia ser a intenção do autor com esse procedimento? 10) Em “tal era a diferença entre o estudante e o adolescente”, o estudante e o adolescente são o mesmo personagem: Bento, narrador personagem. Coloque ( 1 ) para o perfil do adolescente e ( 2 ) para o do estudante: ( ) conhecia as regras do escrever. ( )virgem de mulheres. ( ) sem suspeitar as do amar. ( ) tinha orgias de latim. 11) Por que o narrador personagem afirma que se houvesse uma nota escrita nela não haveria erro algum? 12) Católica significa universal. No texto, a qual língua católica o narrador alude? 13) Qual o significado no texto das expressões: a) missa nova; b) um latim que ninguém aprende? 14) O texto registra um momento de enamoramento. O narrador pretende registrá-lo como algo santo. Alguma coisa de Deus. Que expressão do texto melhor retrata essa situação? 15) Esse momento é marcado por um profundo silêncio. Que passagem do texto comprova esse silêncio? 16) A quem se refere a expressão “padre futuro”? E por falar em namorar 109 Português - Volume II 17) Retire do texto uma frase que comprove que o narrador é um narrador personagem. 18) No 2º parágrafo, o autor descreve lentamente um gesto e lamenta não tê-lo registrado. Qual a causa desse lamento? 19) Podemos afirmar que o silêncio que se estabeleceu entre Bento e Capitolina é resultado de a) medo profundo. b) intensa emoção. c) receio de serem vistos. d) sensualidade intensa. e) domínio da escrita. 20) Em “... uma só criatura seráfica”, a palavra sublinhada é um adjetivo, pois qualifica o substantivo criatura. Retire do texto outros três adjetivos, relacionando-os com os substantivos a que se referem. Texto 4 Ter ou não ter Namorado Quem não tem namorado é alguém que tirou férias de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrimas, nuvens, quindim, brisa ou filosofia. Paquera, gabiru, flerte, transa, envolvimento, até paixão, é fácil. Mas namorado, namorado mesmo, é muito difícil. Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio e quase desmaia pedindo proteção. A proteção não precisa ser parruda, decidida, ou bandoleira; basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição. Quem não tem namorado não é quem não tem um amor, é quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento e dois amantes, mesmo assim não tem nenhum namorado. Não tem namorado quem não sabe o gosto de chuva, cinema, sessão das duas, medo do pai, sanduíche de padaria e drible no trabalho. Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar sorvete ou lagartixa e quem ama sem alegria. Não tem namorado quem faz pactos com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade, ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de durar. 110 Ensino Fundamental Não tem namorado quem não sabe o valor de mãos dadas; de carinho escondido na hora em que passa o filme; de flor catada no muro e entregue de repente; de poesia de Fernando Pessoa, Vinicius de Moraes ou Chico Buarque lida bem devagar; de gargalhada quando fala junto ou descobre a meia rasgada; da ânsia enorme de viajar para a Escócia de avião ou mesmo de metrô, 30 bonde, nuvem, cavalo alado, tapete mágico ou foguete interplanetário. Não tem namorado quem não gosta de dormir agarrado, fazer sesta abraçado, fazer compra junto. Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor, nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele, abobalhados de alegria pela lucidez do amor. Não tem namorado quem não descobre a criança própria e a do amado e sai com ela para parques, fliperamas, beira d’água, show de Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonho ou musical da Metro. Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem gosta sem curtir; quem curte sem aprofundar. Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente o fim de semana, na madrugada ou meio dia de sol em plena praia cheia de rivais. Não tem namorado quem ama sem se dedicar; quem namora sem brincar; quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele. Não tem namorado quem confunde solidão com ficar sozinho e em paz. Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo. Se não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando duzentos quilos de grilos e medos, ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com as margaridas ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim. Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo da sua janela. Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteria. Se você não tem namorado é porque ainda não enlouqueceu aquele pouquinho necessário a fazer a vida parar e de repente parecer que faz sentido. ENLOU-CRESÇA!!! Távola, Artur. Amor a si mesmo – Coletânea de crônicas. Círculo do livro. In: www.npd.ufes. br/textos/texto3.ttm E por falar em namorar 111 Português - Volume II Artur da Távola é o pseudônimo de Paulo Alberto Monteiro de Barros. Carioca, nascido em 3 de janeiro de 1936, o advogado, jornalista, radialista, escritor e professor Artur da Távola tem também uma longa trajetória política, tendo sido deputado, senador e líder do PSDB. Destaca-se como articulista e cronista em diversos órgãos de imprensa no Brasil. Tem vários livros publicados. Leitura Estamos diante de um texto que explicita através de negativas o que é necessário para ter ou não namorado. A expressividade se dá pela sucessão de inúmeras metáforas inusitadas e que em alguns momentos tornam o texto hermético. Hermético-fechado, de difícil interpretação. O texto apresenta três partes distintas. Na 1ª parte, parágrafos 1, 2, e 3, o autor apresenta o conceito de quem não tem namorado e os quesitos necessários para o namorado de verdade. Na 2ª parte, parágrafos 4 a 17, surge uma seqüência enumerativa (sempre em linguagem metafórica) das características dos que não têm namorados. Uma seqüência injuntiva constitui a 3ª parte, parágrafos 18, 19 e 20, do texto(dá uma receita) para ter namorado. SEQÜÊNCIA INJUNTIVA-ensina os passos de um procedimento. Língua em uso Vamos fazer um estudo detalhado do texto para uma melhor compreensão do mesmo. 1) No texto de Artur da Távola, as palavras estão empregadas, em sua maioria, em sentido figurado. O título do texto ― ter ou não ter namorado ― é elucidativo. Ele aponta para a idéia desenvolvida no poema? Por quê? 2) Tirar férias é afastar-se de todo compromisso. É desligar-se de tudo. Que significa no texto “...alguém que tirou férias de si mesmo”? 3) De acordo com a sua resposta à questão anterior, como você relaciona a frase “namorado é a mais difícil das conquistas” com a 1ª frase do texto? 4) O autor apresenta no 3º parágrafo, com palavras em sentido metafórico, uma série de exigências para um namorado de verdade. Explique o sentido de cada uma delas. 5) O autor contrapõe diferentes tipos de relacionamentos amorosos ao namoro. O que falta nessas relações para não ser namoro? 6) O texto fala da necessidade de proteção e diz que não precisa ser parruda, decidida, bandoleira. Qual o sentido dessas palavras no texto? 112 Ensino Fundamental 7) De acordo com o 4º parágrafo, como deve ser essa proteção? 8) “ Namorar é fazer pactos com a felicidade...” Que significa essa expressão sublinhada? 9) No 9º parágrafo, o autor refere-se a três poetas da língua portuguesa. Responda as perguntas: a) Poesia faz parte do namoro? b) Você conhece esses poetas? c) Há alguma poesia que você levaria para participar de um namoro seu? Qual? 10) No mesmo parágrafo, fala em desejo de viajar para a Escócia. a) Por que os namorados teriam o desejo de viajar especificamente para a Escócia? b) Por que o autor coloca meios de comunicação tão diferentes nessa mesma enumeração? 11) No parágrafo 18, há uma interessante expressão empregada no sentido figurado “... e você vive pesando duzentos quilos de grilos e medos...”. Explique o seu significado 12) A seguir damos uma possibilidade de explicação de algumas metáforas do texto. Veja se você concorda tentando numerar a 2ª coluna pela 1ª. ( 1 )”Acorde com gosto de caqui” ( ) Otimismo ( 2 )”Ande como se o chão estivesse repleto ( )Bom humor de sons de flauta ( 3 ) “... e sorria lírios” ( )Desejo ( 4 ) “... intenções de quermesse” ( )Vontade de ajudar ( 5 ) “... beba licor de contos de fadas” ( )Desejo de comunicação 13) O texto termina com um neologismo : ENLOU-CRESÇA. Explique o significado dessa palavra. NEOLOGISMO é uma palavra nova, criada na língua. 14) O 1º parágrafo apresenta a situação daquele que não tem namorado como algo concluído: “ ...é alguém que tirou férias de si mesmo.” Retire o verbo desse segmento e indique o tempo verbal empregado pelo autor para expressar a ação concluída. 15) Os verbos usados na 3ª parte, os últimos três parágrafos, estão empregados, predominantemente, no imperativo. Reescreva o parágrafo 18, substituindo o imperativo pelo infinitivo. Para o texto ficar coeso e coerente, insira a expressão você deve. Assim: “ Se não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre E você vive pesando duzentos quilos de grilos e medos, você deve ... E por falar em namorar 113 Português - Volume II Texto 5 Observe com atenção os quadrinhos que se seguem para responder as questões. Miguel Paiva é cartunista, diretor de arte, escritor, ilustrador, publicitário e jornalista. Nasceu em 1950 na cidade do Rio de Janeiro. Iniciou a carreira aos dezesseis anos, escrevendo para o Jornal dos Sports. Residiu em São Paulo durante nove anos, voltando para o Rio de Janeiro em 1992, onde vive até hoje. Suas conhecidas criações, a Radical Chic e o Gatão de Meia Idade, têm circulado nos últimos anos em diversos veículos de comunicação. Leitura 1) O que nos causa riso nos quadrinhos “Gatão da Meia-Idade”? 2) Observe a tira e assinale o que for pertinente aos sentimentos e posturas do Gatão da Meia – Idade: ( ) impulsividade ( )falta de comunicação ( ) raiva ( ) preocupação com o filho ( ) despreocupação ( ) abertura ao diálogo ( ) inconsistência de raciocínio 3) Qual o significado das reticências usadas no 2º balão do Gatão da Meia-Idade? 4) Qual seria a idéia do Gatão da Meia-Idade sobre uma família desequilibrada? 5) No 2º quadrinho, que relação há entre o gesto do pai e a sua fala? 114 Ensino Fundamental 6) A adolescente dos quadrinhos mostra ter diálogo com seu pai. O diálogo entre pais e filhos é freqüente? Produza um texto expondo sua opinião sobre o assunto. Texto 6 Soneto do Amor Total Amo-te tanto, meu amor... não cante, O humano coração com mais verdade... Amo-te como amigo e como amante, Numa sempre diversa realidade. Amo-te afim, de um calmo amor prestante, E te amo além, presente na saudade. Amo-te, enfim, com grande liberdade, Dentro da eternidade e a cada instante. Amo-te como um bicho, simplesmente, De um amor sem mistério e sem virtude, Com um desejo maciço e permanente. E de te amar assim, muito e amiúde, É que um dia em teu corpo de repente, Hei de morrer de amar mais do que pude. (Moraes, Marcus Vinicius de Melo. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1987. p. 336.) Marcus Vinicius de Melo Moraes, poeta e compositor brasileiro, nasceu no Rio de Janeiro, em 19/10/1913 e faleceu no Rio de Janeiro em 9/7/1980. Formou-se em Direito em 1933. Juntamente com o compositor Antônio Carlos Jobim e o cantor João Gilberto, Vinicius tem um papel importante no movimento de renovação da música popular brasileira, a que se deu o nome de Bossa Nova. Leitura e língua em uso 1) O poema revela os sentimentos do eu-lírico. Que nos sugere o título do poema? 2) O texto poético de uma beleza tão grande como o que estamos apreciando é veículo de expressão de sentimentos e emoções do eu-lírico e elemento de identificação e catarse para o leitor. A sonoridade é uma das causas dessa beleza. De que recursos o autor lança mão para produzir esse efeito? Catarse – efeito psicológico da expressão de emoções. 3) O que significa as reticências usadas no 1º verso? 4) Indique o verso que declara a continuidade do amor, a sua eternidade. Vocabulário prestante = prestimoso, prestativo, útil. maciço = sólido amiúde = freqüentemente, repetidamente afim = próximo E por falar em namorar 115 Português - Volume II 5) Por que o autor aproxima as expressões temporais “Dentro da eternidade e a cada instante”? 6)) O 1º terceto focaliza a sensualidade do amor. Que palavras nos levam a essa conclusão? 7) Destaque o verso em que o eu-lírico declara que seu amor está além do bem e do mal. 8) Como você entende o verso “ Hei de morrer de amar mais do que pude”? 9) O “Soneto do Amor Total” é mais um poema sobre o amor. O que há de particular nele? 10) A quem se refere o pronome te no 1º verso da 2ª estrofe? Texto 7 O texto que apresentamos a seguir foi usado como informe publicitário na Revista Veja. Narra a origem do Dia dos Namorados. É sempre interessante conhecer como surgiram as comemorações com as quais nos envolvemos. Como surgiu o Dia dos Namorados O Dia dos Namorados, que no Brasil é comemorado em 12 de junho, costuma ser conhecido mundo afora como o Dia de Valentine. É a data dos apaixonados. Namorados, noivos, casados, todos comemoram a paixão com um presente, acompanhado de palavras românticas. Em vários países do mundo, a frase que encerra o discurso amoroso no cartão é “de seu Valentine”. Essa assinatura esconde a origem da comemoração e uma triste, mas bela, história de amor. No segundo século da era cristã, o imperador romano Claudius resolveu impedir o casamento de seus soldados. Insano, Claudius acreditava que soldados solteiros envolviam-se muito mais nas batalhas do que os casados, que deixavam para trás suas amadas. Foi então que o bispo católico Valentine tomou a decisão corajosa de enfrentar a determinação imperial e, secretamente, celebrar o casamento de jovens apaixonados. Impressionado com a valentia e popularidade de Valentine, Claudius convocou o bispo ao seu palácio. Valentine seria perdoado da punição por contrariar a norma se renunciasse ao cristianismo. O bispo selou sua sentença de morte ao recusar a renúncia e, imprudentemente, tentar converter o imperador à sua religião. Aguardando a execução, o próprio Valentine se apaixonou por uma jovem cega, filha do carcereiro. Diz a lenda que a paixão foi tão pura e intensa que, nos poucos dias em que conviveram, os enamorados experimentaram o milagre do amor: a jovem recuperou a visão. Para selar as juras que trocava por escrito, o bispo assinava o cartão que deu origem aos que conhecemos hoje, sempre da mesma forma: “do seu Valentine”. O costume sobreviveu ao bispo, que acabou sendo apedrejado e decapitado. O primeiro cartão de amor que se tem notícia depois da triste história de Valentine foi enviado por Charles, duque de Orleans, para sua esposa, no período em que ele esteve preso na Torre de Londres, mais de cinco séculos atrás. A partir daí, o hábito de presentear a 116 Ensino Fundamental amada com palavras de amor se popularizou e, aos poucos, ganhou o mundo. Hoje, o Dia dos Namorados é mais do que uma homenagem à persistência do bispo: ele se transformou na celebração do amor. (Informe Publicitário — Revista Veja) Interpretação 1) Na origem do Dia dos Namorados há um fato contrário ao amor. Que fato é esse? 2) Decisão estranha a do imperador. Aposto que você concorda que a decisão do imperador foi, realmente, estranha. Por que o imperador tomou essa decisão? 3)No texto há uma palavra que mostra que o seu autor faz um juízo negativo da atitude do imperador. Que palavra é essa? 4) Por que o bispo Valentine tomou a decisão de enfrentar a determinação do imperador romano? 5) O bispo sabia que sua atitude de contrariar o imperdaor era arriscada? Que palavra evidencia isso 6) O texto alude a um milagre do amor. Que milagre foi esse? 7) O que provocou tal milagre? 8) A frase final dos cartões utilizados no Dia dos Namorados, em várias partes do mundo – “ de seu Valentine” – evidencia um processo de identificação. Explique esse processo. 9) Qual a finalidade do Dia dos Namorados, segundo o texto? 10) O Dia dos Namorados é muito explorado pelo comércio. Você considera importante o gesto de presentear no Dia dos Namorados? E por falar em namorar 117 Português - Volume II CONVERSA COM O PROFESSOR Texto 1 Sugerimos que o professor utilize CD com a música para trabalhar o texto “Já sei namorar”. Os alunos ouviriam e cantariam a música. É também um texto adequado para ser ilustrado. Atividades de expressão corporal ou dança seriam interessantes com a utilização desta música. Enfim, poderíamos pensar em trabalhar várias linguagens. A interpretação oral antecedendo a interpretação escrita é sempre mais uma possibilidade de melhor compreensão do texto. Texto 2 Sugerimos que o professor faça a primeira leitura do texto. A seguir, estabeleça discussão do texto com os alunos, tentando explicitar a tese do autor e os argumentos apresentados. A interpretação oral é importante para que os alunos possam contar com a ajuda do professor e dos colegas para a compreensão do texto. Após o trabalho de interpretação escrita, o professor poderá realizar uma atividade de pesquisa de opinião a partir da questão “Namoro é coisa séria?” A pergunta seria dirigida a cada aluno, oralmente ou por escrito, e a avaliação do resultado, feita no coletivo da turma, apresentada à escola em forma de cartaz ou similar. Texto 3 A utilização desse texto literário de alto valor estético prende-se à necessidade de trabalharmos textos literários em sala de aula. Dificilmente os alunos tomarão conhecimento de textos assim, se não forem apresentados na escola. A emoção e o entusiasmo do professor são fundamentais para despertar e desenvolver no aluno o prazer estético. Ainda que Dom Casmurro seja uma obra que exige um leitor amadurecido, falar sobre a obra tentando seduzir o aluno para sua leitura, apresentar o livro, que provavelmente consta do acervo da biblioteca da escola, trabalhar trechos em momentos adequados são atitudes que colaborarão na formação do leitor. O professor fará a primeira leitura e promoverá uma interpretação oral antes da interpretação escrita que, no primeiro momento poderá ser individual, seguida de trabalho de grupo para discussão das respostas. Sugerimos que, após todo o trabalho com texto, o professor peça aos alunos a narração de um episódio de namoro que ele tenha vivido ou que seja produto de sua imaginação em que o encantamento esteja presente. Texto 4 O texto “Ter ou não ter namorado”, de Artur da Távola, é um texto poético, em prosa, bastante longo. Nossa primeira intenção foi trabalhar apenas fragmentos, todavia a beleza das imagens levou-nos a agir diferente: utilizamos o texto inteiro. 118 Ensino Fundamental Texto 5 As histórias em quadrinhos constituem um texto em que o verbal e o não-verbal se conjugam de diferentes formas, representando, com humor e ironia, o dinamismo da vida cotidiana num suporte estático. Na tira a fala do personagem é apresentada em balão. Esse gênero literário de entretenimento conquistou uma posição invejável na cultura contemporânea. Cada vez mais presente na mídia, hoje a história em quadrinho adentra a sala de aula como mais uma linguagem para reforçar o ensino/aprendizagem. Texto 6 Sugerimos que a primeira leitura seja feita pelo professor e que se realize, em seguida, a interpretação oral, acompanhando uma nova leitura. Só depois, seria solicitada a interpretação escrita. Após a interpretação escrita, poder-se-ia pedir aos alunos que ilustrassem o poema. Solicitar aos alunos que façam a recitação do poema, pode ser mais um recurso para desenvolver o gosto pela poesia. Texto 7 O texto que apresentamos a seguir foi usado como informe publicitário na Revista Veja. Narra a origem do Dia dos Namorados. É sempre interessante conhecer como surgiram as comemorações com as quais nos envolvemos. Consideramos interessante incluí-lo neste conjunto de texto por ser um texto informativo, que utiliza também seqüência narrativa ligada à temática a que nos propusemos trabalhar. Sugerimos que a primeira leitura seja feita pelo professor, seguida de uma interpretação oral para que os alunos compreendam bem o texto. A interpretação escrita viria a seguir. Anexo 119 Português - Volume II ANEXO: PROPOSTA DE SERI AÇÃO DA DI SCI PLI NA LÍ NGUA PORTUGUESA A proposta de seriação para a disciplina Língua Portuguesa, apresentada a seguir, considera o texto como o foco do processo de ensino-aprendizagem do idioma. Com base no agrupamento de textos de diferentes gêneros (adequados a cada série), são indicadas habilidades específicas de leitura e produção textual, bem como aspectos discursivos e gramaticais da língua em uso a serem abordados como suporte para o desenvolvimento das referidas habilidades. A reflexão sobre os aspectos gramaticais deixa de ser o fio condutor da programação anual. De acordo com os objetivos a serem atingidos em cada série (desenvolvimento de habilidades de leitura e produção textual), o professor organiza seu planejamento escolhendo textos de diferentes gêneros que atendam às exigências do uso público da linguagem, em inúmeras condições e finalidades da comunicação: tempo e lugar, relação entre os interlocutores, características e papel social do enunciador e do receptor, objetivos da interação, canal / veículo, grau de formalidade da situação. Além desses aspectos, o professor deve levar em conta, na seleção dos textos, o grau de complexidade do conteúdo e da organização gramatical e discursiva, para garantir melhor adequação à faixa etária do aluno. Construir e desmontar textos, observando os efeitos de tais alterações, observar procedimentos que garantam a coesão e a coerência, exercitar o vocabulário de forma criativa e dinâmica, relacionar classe e função dos vocábulos na unidade maior que é a frase, ampliar frases por meio de processos de subordinação e coordenação, todos são procedimentos que subsidiam o desenvolvimento das habilidades de leitura e produção, objetivo principal do ensino de língua portuguesa. Para isso, o professor precisa ter consciência da diferença entre saber usar uma língua, adequando-a convenientemente a contextos, situações, interlocutores, e saber analisá-la, dominando conceitos sobre sua estrutura e funcionamento e a nomenclatura gramatical pertinente. Essa proposta alinha-se, portanto, com o que preconizam os Parâmetros Curriculares Nacionais em relação à necessidade de alterar a prioridade atribuída às atividades de descrição e análise das estruturas gramaticais no ensino do idioma materno. 120 Ensino Fundamental Essas indicações não pretendem esgotar todas as possibilidades de organização das práticas educativas relativas ao uso da língua materna. Cada escola, ao definir coletivamente seu projeto pedagógico, deve avaliar a seqüenciação proposta, efetuando os acréscimos que julgar oportunos, sempre com o objetivo principal de desenvolver em cada um de nossos alunos a proficiência de leitura e a capacidade de análise crítica da realidade que o cerca. Anexo 121 Português - Volume II ENSINO FUNDAMENTAL – 5ª SÉRIE Gênero Leitura (Habilidades) Produção Textual (Habilidades) A Língua Em Uso Conto de Fada Fábula Lenda Reconhecer pistas que levem à identificação do gênero. Relacionar o texto verbal com o não-verbal, valendo-se de ilustrações, fotos etc. como apoio para a compreensão do texto. Perceber o encadeamento lógico do texto. Estabelecer relações de causa / conseqüência entre partes e elementos do texto. Reconhecer os elementos da narrativa: personagens, narrador, enredo, tempo, espaço. Identificar o efeito de sentido decorrente do uso dos sinais gráficos. Identificar a moral da história. Identificar características das personagens. Relacionar o texto a outros textos, verbais ou não- verbais, de diferentes autores e diferentes momentos históricos. Reproduzir a história oralmente ou por escrito. Comentar e reorganizar oralmente histórias lidas ou ouvidas (expandir, diminuir ou alterar o enredo, incluir e retirar personagens etc.). Criar diálogos entre personagens, entre personagem e autor, entre aluno e narrador etc. Usar tempos verbais para marcar as relações de temporalidade em diferentes tipos de texto. Explicitar oralmente expectativas quanto à forma e conteúdo do texto, em função das características do gênero. Reconhecer a construção do enunciado a partir de unidades distintas. Reconhecer o verbo como marca da seqüência narrativa. Reconhecer a diferença de sentido entre os verbos nos tempos pretérito perfeito e imperfeito na construção da narrativa. Identificar e empregar os recursos gráficos usados para marcar o diálogo: travessão, dois pontos, interrogação, exclamação, aspas. Identificar a função do substantivo na nomeação de personagens e lugares. Reconhecer o valor expressivo do adjetivo em descrições de cenários e caracterizações de personagens. 122 Ensino Fundamental ENSINO FUNDAMENTAL – 5ª SÉRIE Gênero Leitura (Habilidades) Produção Textual (Habilidades) A Língua Em Uso Tira HQ Reconhecer pistas que levem à identificação do gênero. Relacionar o texto verbal com o não verbal, valendo-se dos desenhos como apoio para a compreensão do texto. Perceber o encadeamento lógico do texto. Reconhecer os elementos da narrativa: narrador, enredo, tempo, espaço, personagens. Distinguir o significado dos diferentes formatos de balão (fala, pensamento, grito, frieza etc.) Reconhecer efeitos de sentido pretendidos pelo tipo de letra empregado. Atribuir significado às onomatopéias e à pontuação expressiva. Criar legenda ou diálogos para quadrinhos sem texto. Transformar quadrinho em narrativa verbal ou vice-versa. Comentar características de personagens evidenciadas pelos traços do desenho (figura, expressão). Elaborar tiras a partir de ditos populares. Contrastar fatos lingüísticos observados na fala e na escrita, nas diferentes variedades. Usar os sinais de pontuação como indicadores de sentido: exclamação, interrogação e reticências. Reconhecer a relação entre o sujeito e o verbo. Modificar o tipo de sujeito: simples para composto. Relacionar o verbo com seu referente, observando a concordância entre eles. Poema Canção Identificar diferentes recursos expressivos de caráter sintático: paralelismos, inversões semântico-pragmáticas: inferências, efeitos de humor, eufemismos, pressuposição etc. Reconhecer efeitos de sentido produzidos por recorrências sonoras. Inferir o significado de uma palavra ou expressão a partir do contexto. (expressões figuradas). Utilizar as convenções ortográficas da língua portuguesa. Reproduzir idéias do texto utilizando os recursos do humor e eufemismo. Criar texto com rimas. Criar em prosa paráfrase do texto. Reconhecer recorrências sonoras: rimas e ritmo. Relacionar o uso da linguagem figurada no texto literário com a linguagem cotidiana. Reconhecer a tonicidade padrão da língua portuguesa (predominância de vocábulos paroxítonos) Relacionar sílaba tônica e acentuação. Anexo 123 Português - Volume II ENSINO FUNDAMENTAL – 5ª SÉRIE Gênero Leitura (Habilidades) Produção Textual (Habilidades) A Língua Em Uso Notícia Identificar informações contidas no texto, distinguindo idéias principais de secundárias. Articular informações textuais e conhecimentos prévios. Observar a importância do título como incentivo à leitura. Identificar o efeito de recursos gráficos (diagramação, tipo e formato de letra etc). Participar de debates expressando opiniões e ouvindo as idéias contrárias às suas. Produzir notícia relacionada ao cotidiano escolar ou familiar. Redigir notícias ligadas às atividades esportivas e/ou culturais da comunidade escolar, definindo título e subtítulo adequados. Reconhecer diferenças entre padrões da língua oral e padrões da escrita. Incorporar vocabulário adquirido na prática de leitura. Identificar advérbios como indicadores de circunstâncias – tempo, modo, lugar, intensidade. Propa- ganda Reconhecer características do gênero: intenções ou finalidades, valores e / ou preconceitos veiculados. Perceber a importância da imagem na construção do sentido do texto. Reconhecer a intenção de convencimento desse gênero textual. Desenvolver capacidade crítica frente à linguagem da mídia. Elaborar textos publicitários dos eventos da comunidade Produzir material de divulgação para campanhas – cartazes, panfletos etc. Identificar as expressões de apelo ao interlocutor. Reconhecer o valor interativo dos verbos no imperativo, diferenciando o uso padrão do coloquial. Perceber os mecanismos de construção da linguagem figurada. Receita Regra de Jogo Identificar a finalidade e a funcionalidade do gênero – ler para orientar-se. Reconhecer a estruturação do texto em partes distintas (componentes e instruções) Reconhecer os passos necessários para realizar uma ação. Organizar um livro de receitas culinárias e/ou medicinais da turma, com base em pesquisa realizada na comunidade. Registrar acordos de convivência social: comportamento em classe. Utilizar verbos de procedimento (verbos do fazer). Utilizar verbo no imperativo de acordo com o padrão coloquial. Usar o verbo no infinitivo Empregar expressões temporais. Carta Bilhete Agenda Reconhecer a forma específica de cada gênero textual e seus elementos constituintes. Identificar a finalidade e a funcionalidade da agenda – ler para organizar-se, apoio à memória. Organizar a agenda escolar. Produzir cartas e bilhetes relativos à vida cotidiana familiar e escolar. Utilizar fórmulas adequadas a textos de correspondência (data, invocação, fechamento). Usar a vírgula nos locativos. Empregar adequadamente diferentes formas de tratamento. 124 Ensino Fundamental ENSINO FUNDAMENTAL – 5ª SÉRIE Gênero Leitura (Habilidades) Produção Textual (Habilidades) A Língua Em Uso Texto de Divulgação Científica Textos Didáticos Identificar o tema do texto. Inferir o significado de uma palavra ou expressão a partir do contexto. Identificar informações implícitas. Estabelecer relações de causa/conseqüência entre partes e elementos do texto. Estabelecer relações entre as informações verbais e os recursos gráficos (tabelas, gráficos, ilustrações). Elaborar uma síntese das idéias centrais do texto Debater um tema polêmico com os colegas, posicionando-se criticamente. Selecionar e empregar palavras adequadas em função do tipo de produção, da finalidade social do texto e do nível de formalidade desejado. Ensino Fundamental – 6ª Série Gênero Leitura (Habilidades) Produção Textual (Habilidades) A Língua Em Uso Conto de Fada Fábula Lenda Identificar informações no texto. Identificar o tema do texto Reconhecer características típicas de uma narrativa ficcional (conflito e desenlace, tempo, cenário, personagens, narrador). Reconhecer em um texto marcas decorrentes de ideologias do agente de produção. Extrair informações não explicitadas, apoiando-se em deduções. Estabelecer relação de causa e conseqüência entre partes e elementos do texto. Identificar semelhanças e diferenças entre as personagens. Estabelecer relações entre o mundo ficcional e o real: perceber a ideologia subjacente à história. Comentar o desfecho, o ensinamento ou a moral da história, posicionando-se favorável ou contrariamente. Criar paráfrase escrita adequando a situação narrativa aos dias atuais. Descrever verbalmente personagens ou cenários de ilustrações. Fazer desenhos para representar personagens ou cenários descritos verbalmente. Criar fábula com mesmo tópico central. Relacionar a moral da história a provérbios e ditos populares. Identificar a relação entre os tempos: presente e futuro. Perceber a relação entre o substantivo e o adjetivo. Reconhecer o adjetivo e a locução adjetiva como elementos modificadores/ determinantes do substantivo. Reconhecer famílias de palavras – substantivos e adjetivos (derivação). Estabelecer relação entre nome e pronome. Identificar a relação anafórica dos pronomes na estruturação do texto (coesão/coerência). Anexo 125 Português - Volume II Ensino Fundamental – 6ª Série Gênero Leitura (Habilidades) Produção Textual (Habilidades) A Língua Em Uso Crônica Narrativa Identificar o ponto de vista do enunciador. Perceber as diferenças de sentido conseqüentes do lugar social do enunciador (homem/mulher, pai/filho). Trocar impressões com os outros leitores a respeito do texto lido. Produzir crônicas relacionadas ao cotidiano da cidade. Reconhecer as marcas diferenciadoras do sujeito: simples e composto Usar os casos simples de concordância verbal. Distinguir os verbos significativos dos de ligação. Tira HQ Relacionar linguagem verbal à não-verbal Identificar os interlocutores no interior do texto. Perceber, nos diálogos, a importância de considerar a palavra do outro. Distinguir marcas visuais na construção de personagens. Identificar efeitos de sentido criados pela pontuação, reconhecendo as diferentes funções do ponto de exclamação, do de interrogação e das reticências. Criar novos traços identificadores das personagens através de recursos visuais. Traduzir essas características para a linguagem verbal. Criar tiras e quadrinhos a partir de narrativa em prosa. Observar o registro gráfico de variações de pronúncia, indicando características regionais, sociais ou individuais de personagens. Reconhecer características da língua coloquial. Poema Canção Identificar diferentes recursos expressivos, efeitos de humor, eufemismos, pressuposição etc. Reconhecer efeitos de sentido produzidos por recorrências sonoras. Inferir o significado de uma palavra ou expressão a partir do contexto. (expressões figuradas). Identificar recursos expressivos. Perceber/atribuir sentido à linguagem conotativa. Criar textos em versos, explorando ou não recursos sonoros. Reescrever textos: modificar trechos em linguagem conotativa para denotativa e vice-versa. Selecionar melodia para acompanhamento de poema. Produzir texto poético a partir da audição de melodia. Distinguir prosa e verso. Reconhecer o verso como unidade formal. Reconhecer a estruturação do poema em estrofe. Identificar diferentes recursos expressivos de caráter lexical: processos gerais de analogia, gírias etc. Verbete Identificar as situações que exigem uso do dicionário. Localizar verbetes em dicionários ou enciclopédias. Identificar entre várias acepções a que é mais apropriada ao contexto Selecionar no dicionário as definições em sentido figurado. Sintetizar informações obtidas em enciclopédias, expressando-as na sua própria linguagem. Elaborar glossários. Redigir texto de humor valendo-se do modo de composição do verbete de enciclopédia ou dicionário (paródia). Empregar palavras apropriadas ao que se quer dizer ou em relação sinonímica. Reconhecer a remissão a outros verbetes e consultá- los, se necessário. Transpor a palavra em uso para a forma dicionarizada. 126 Ensino Fundamental Ensino Fundamental – 6ª Série Gênero Leitura (Habilidades) Produção Textual (Habilidades) A Língua Em Uso Notícia Identificar informações contidas no texto, distinguindo idéias principais de secundárias. Articular informações textuais e conhecimentos prévios. Observar a importância do título como incentivo à leitura. Identificar o efeito de recursos gráficos (diagramação, tipo e formato de letra etc). Identificar recursos expressivos. Relacionar, na análise e compreensão do texto, informações verbais com informações de ilustrações ou fotos. Estabelecer relações entre o texto verbal e outros textos e/ou recursos suplementares (fotos, gráficos, tabelas, mapas etc.) Comentar notícia sobre assunto relativo à localidade. Selecionar e reescrever a idéia principal de uma notícia. Participar de debate dirigido sobre o assunto noticiado. Registrar as diferentes opiniões. Redigir notícias, garantindo a continuidade temática Participar da confecção de jornal mural na sala, com notícias relacionadas ao grupo. Reconhecer e usar letras maiúsculas no início de frases, de nomes próprios e de títulos. Observar as situações de uso de palavras em negrito, uso de aspas e parênteses. Observar a recorrência de acento gráfico nas palavras proparoxítonas. Averiguar informações contidas nos textos, consultando outras fontes, de modo a verificar sua legitimidade. Propa- ganda Reconhecer características do gênero: intenções ou finalidades, valores e/ou preconceitos veiculados. Relacionar, na análise e compreensão do texto, informações verbais às não verbais. Perceber a importância da imagem na construção do sentido do texto. Reconhecer a intenção de convencimento desse gênero textual. Desenvolver capacidade crítica frente à linguagem da mídia. Elaborar textos publicitários dos eventos da comunidade. Produzir material de divulgação para campanhas – cartazes, panfletos etc. Elaborar textos publicitários anunciando aspectos positivos do bairro, da comunidade, da escola. Identificar as relações pragmáticas entre texto e contexto. Identificar as expressões de apelo ao interlocutor. Reconhecer o valor interativo dos verbos no imperativo, diferenciando o uso padrão do coloquial. Perceber os mecanismos de construção da linguagem figurada. Reconhecer o caráter conciso da linguagem publicitária. Anexo 127 Português - Volume II Ensino Fundamental – 6ª Série Gênero Leitura (Habilidades) Produção Textual (Habilidades) A Língua Em Uso Regras Identificar a finalidade e a funcionalidade do gênero – ler para orientar-se. Reconhecer a estruturação de texto normativo. Registrar acordos de convivência social: como participar de trabalho em grupo. Registrar regras de gincana ou torneio esportivo. Utilizar verbos de procedimento (verbos do fazer) Utilizar verbo no imperativo de acordo com o padrão coloquial. Usar o verbo no infinitivo. Carta Bilhete Agenda Reconhecer a forma específica de cada gênero textual e seus elementos constituintes. Identificar a finalidade e a funcionalidade de textos de correspondência, inclusive a digital. Produzir convites e/ou cartões relativos a eventos da comunidade escolar. Organizar a agenda escolar Produzir cartas e bilhetes relativos à vida cotidiana familiar e escolar. Utilizar fórmulas adequadas a textos de correspondência (data, invocação, fechamento). Utilizar elementos constituintes do gênero: local, data, endereçamento etc. Texto de Divulgação Científica Textos Didáticos Identificar o tema do texto. Identificar as idéias centrais do texto. Identificar a funcionalidade e a finalidade do texto – ler para informar-se. Inferir o significado de uma palavra ou expressão a partir do contexto. Identificar informações implícitas. Estabelecer relações de causa/conseqüência entre partes e elementos do texto. Estabelecer relações entre as informações verbais e os recursos gráficos (tabelas, gráficos, ilustrações). Elaborar uma síntese das idéias centrais do texto. Debater um tema polêmico com os colegas, posicionando-se criticamente. Defender ou refutar, oralmente, um determinado ponto de vista. Selecionar e empregar palavras adequadas em função do tipo de produção, da finalidade social do texto e do nível de formalidade desejado. Identificar as marcas lingüísticas de impessoalidade e de expressão de opinião. 128 Ensino Fundamental Ensino Fundamental – 7ª Série Gênero Leitura (Habilidades) Produção Textual (Habilidades) A Língua Em Uso Conto Identificar as idéias principais do texto. Analisar a titulação do conto como uma pista para a decodificação da mensagem Reconhecer aspectos da narrativa: personagens, enredo, tempo, espaço. Observar o encadeamento lógico do texto. Relacionar o conto lido com outros textos, envolvendo, ou não, a mesma temática. Avaliar a propriedade de incorporação de dados da realidade na construção do universo ficcional. Elaborar um novo final para o conto de acordo com as expectativas de cada aluno- leitor Tecer um comentário oral sobre a história lida. Preencher fichas (a serem lidas por todos os colegas da turma), com apreciações sobre o texto. Produzir um conto em equipe. Reescrever o conto mudando o foco narrativo. Criar um conto, individualmente, com situações do cotidiano escolar. Identificar a estrutura do enunciado. Expandir o enunciado com elementos caracterizadores do substantivo (adjetivos, locuções adjetivas e orações adjetivas). Expandir o enunciado com elementos circunstanciais (advérbios, expressões adverbiais e orações adverbiais), usando, quando necessário, conectivos. Observar a concordância entre sujeito e verbo. Crônica Identificar o tema da crônica Observar os aspectos característicos de uma crônica. Reconhecer aspectos ficcionais e não-ficcionais Comparar a crônica com o conto. Relacionar a crônica lida com outras, de diferentes autores, sobre a mesma temática. Escrever uma crônica sobre o mesmo tema abordado. Recortar trechos de crônicas de diferentes autores e montar, a partir deles, um texto. Observar a transitividade de nomes e verbos. Substituir os complementos de nomes e de verbos por outros similares. texto apresentado. Identificar os elementos responsáveis pela coesão textual. Romance Relacionar o título do romance com a história narrada Reconhecer aspectos da narrativa: personagens, enredo, tempo, espaço. Observar o encadeamento lógico do texto. Relacionar o romance lido com outras histórias, com o mesmo tema. Avaliar a propriedade de incorporação de dados da realidade na construção do universo ficcional. Elaborar um novo final para o romance de acordo com as expectativas de cada aluno- leitor. Tecer um comentário oral sobre a história lida. Preencher fichas com apreciações sobre o livro a serem lidas e discutidas por todos os colegas da turma Representar, em forma de esquetes, alguns episódios narrados. Diferenciar o discurso direto do indireto. Reconhecer as marcas gráficas do discurso direto: travessão, aspas etc. Transformar discursos indiretos em diretos e vice- versa. Identificar as mudanças estruturais e semânticas decorrentes das transformações do discurso direto em indireto. Anexo 129 Português - Volume II Ensino Fundamental – 7ª Série Gênero Leitura (Habilidades) Produção Textual (Habilidades) A Língua Em Uso Poema Cordel Canção Identificar a temática do texto. Identificar a finalidade e a funcionalidade do gênero – ler/ouvir para fruição. Estabelecer relações entre os aspectos formais: verso, estrofe, exploração gráfica de espaços. Identificar o efeito de sentido gerado pela repetição de sons e palavras. Inferir o sentido de palavras e/ou expressões a partir do contexto. Reconhecer os recursos expressivos sonoros ligados à musicalidade. Promover debate considerando as preferências musicais do grupo. Criar duelos verbais semelhantes aos dos repentistas (“batalhas” do hip hop). Apresentar um jogral. Criar paródias Modificar o gênero: usar a temática para criar uma crônica, um conto ou HQ. Ilustrar o poema, mantendo uma relação de coerência entre texto e ilustração. Organizar grupos de palavras com base na observação do campo semântico. Observar regularidades de ordem fonológica. Reconhecer a estruturação do poema em estrofe. Perceber a ocorrência de variação na língua devido a fatores geográficos e históricos. Conhecer e valorizar diferentes variedades de português. Reconhecer, em textos, dialetos característicos de uma região ou classe social. Notícia Entrevista Identificar informações contidas no texto, distinguindo idéias principais de secundárias. Articular informações textuais e conhecimentos prévios. Observar a importância do título como incentivo à leitura. Identificar o efeito de recursos gráficos (diagramação, tipo e formato de letra etc). Estabelecer as relações de causa e conseqüência. Identificar os recursos próprios da entrevista face a face. Valorizar as diferentes opiniões e informações veiculadas nos textos, mostrando interesse em trocar impressões e partilhar conhecimentos com os outros. Resumir notícias selecionadas pela turma. Produzir textos jornalísticos adequados à composição: textos e imagens dos acontecimentos e dos fatos (coleta de depoimentos) Elaborar roteiro de entrevista. Entrevistar profissionais da comunidade Reescrever parágrafos, transformando, reagrupando e estabelecendo conexões entre os enunciados do texto, com coesão e coerência. Selecionar registros conforme a situação interlocutiva seja mais formal ou informal (escolhas lexicais adequadas em função da propriedade ou precisão, por exemplo). Reconhecer o valor semântico dos conectivos analisados nos textos. 130 Ensino Fundamental Ensino Fundamental – 7ª Série Gênero Leitura (Habilidades) Produção Textual (Habilidades) A Língua Em Uso Propa- ganda Inferir uma informação implícita em texto verbal / não-verbal Transformar textos publicitários: contraponto à intenção original. Identificar a função dos conectores em textos publicitários e notícias Perceber os mecanismos de construção da linguagem figurada. Regras Texto normativo Reconhecer a língua como meio para estabelecimento e legitimação de acordos e condutas sociais. Identificar a finalidade e a funcionalidade do gênero – ler para orientar-se. Reconhecer a estruturação do texto em partes distintas (componentes e instruções). Reconhecer os passos necessários para realizar uma ação. Analisar oralmente manuais de diferentes tipos: jogos, aparelhos, bulas. Criar manuais para experimentos imaginados pela turma: indicar para que serviriam, como seriam utilizados etc. Elaborar um estatuto do Grêmio estudantil. Empregar mecanismos discursivos para a manutenção da continuidade de instruções. Tira HQ Charge Relacionar linguagem verbal à não verbal. Identificar os interlocutores no interior do texto Perceber, nos diálogos, a importância de considerar a palavra do outro. Distinguir marcas visuais na construção das personagens Identificar efeitos de sentido criados pela pontuação, reconhecendo as diferentes funções do ponto de exclamação, do de interrogação e das reticências. Inferir o sentido de palavras e/ou expressões a partir do contexto. Inferir as informações implícitas no texto. Identificar os efeitos de ironia e/ou humor nas charges. Selecionar textos verbais e não-verbais sobre um mesmo assunto. Criar novos traços identificadores das personagens através de recursos visuais. Traduzir essas características para a linguagem verbal. Criar tiras e quadrinhos a partir da narrativa em prosa. Produzir texto verbal a partir da idéia apresentada pelo chargista. Criar novas legendas e/ou diálogos para tiras e H Q. Criar uma história a partir de uma charge escolhida pelos alunos. Produzir um texto a partir da coletânea de textos selecionados. Observar o registro gráfico de variações de pronúncia, indicando características regionais, sociais ou individuais de personagens Reconhecer características da língua coloquial. Analisar os recursos expressivos do gênero (marcas lingüísticas da informalidade) Identificar as marcas lingüísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto. Reconhecer recursos que exploram a ironia e o humor em textos. Compreender o sentido das palavras e ampliar o vocabulário ativo, por meio da relação entre os diferentes usos da língua. Anexo 131 Português - Volume II Ensino Fundamental – 7ª Série Gênero Leitura (Habilidades) Produção Textual (Habilidades) A Língua Em Uso Texto de Divulgação Científica Textos Didáticos Identificar o tema do texto Identificar as idéias centrais e secundárias do texto. Identificar a funcionalidade e a finalidade do texto – ler para informar-se. Inferir o significado de uma palavra ou expressão a partir do contexto. (expressões figuradas). Identificar informações implícitas. Analisar as fontes de informação para avaliar a confiabilidade do texto. Estabelecer relações de causa / conseqüência entre partes e elementos do texto. Estabelecer relações entre as informações verbais e os recursos gráficos (tabelas, gráficos, ilustrações). Elaborar uma síntese das idéias centrais do texto. Debater um tema polêmico com os colegas, posicionando-se criticamente. Defender ou refutar, oralmente, um determinado ponto de vista. Selecionar e empregar palavras adequadas em função do tipo de produção, da finalidade social do texto e do nível de formalidade desejado. Identificar as marcas lingüísticas de impessoalidade e de expressão de opinião. 132 Ensino Fundamental Ensino Fundamental – 8ª Série Gênero Leitura (Habilidades) Produção Textual (Habilidades) A Língua Em Uso Conto Crônica Romance Distinguir texto ficcional e não ficcional. Identificar foco narrativo (ponto de vista do narrador), espaço, tempo, personagens, conflito, desfecho. Utilizar pistas do texto para fazer antecipações e inferências do conteúdo (relacionar título de capítulo à sucessão de acontecimentos). Distinguir fato e opinião: diferenciar ações relatadas e comentários (do narrador, de personagens) Avaliar a propriedade de incorporação de dados da realidade na construção do universo ficcional. Reconhecer a pontuação como recurso funcional e expressivo. Estabelecer relações temáticas entre dois textos de diferentes épocas. Produzir, a partir de tema proposto ou livre, em grupos ou individualmente, conto curto para compor uma antologia. Planejar a elaboração do texto, rascunhando a definição do tema, do foco narrativo, da época, do cenário, dos personagens, do conflito que os faz agir e do desenlace. Produzir texto respeitando a seqüência temporal e observando a relação causal. Usar o discurso direto, valendo-se também das falas para caracterizar personagens. Demonstrar atitude crítica diante do próprio texto para revisá-lo. Aprimorar progressivamente a qualidade dos textos quanto ao conteúdo, à estruturação e à apresentação. Reconhecer e usar a paragrafação adequadamente. Observar nexos lógicos, empregando adequadamente os tempos e modos verbais, para expressar probabilidade, anterioridade, simultaneidade e posterioridade. Distinguir variações nas formas de introduzir as falas dos personagens. Reconhecer o discurso direto como meio de presentificar /atualizar as falas de personagens. Identificar o ponto de vista do narrador evidenciado na seleção dos verbos dicendi. Utilizar adequadamente recursos do sistema de pontuação (maiúscula inicial, ponto final, exclamação, interrogação, reticências). Tira HQ Charge Interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso. Identificar efeitos de sentido criados pela pontuação, reconhecendo diversas funções do ponto de interrogação, exclamação, reticências. Relacionar a temática da charge aos conhecimentos prévios de mundo. Reconhecer em um texto estereótipos e clichês sociais, distinguindo se os autores os reproduzem ou questionam. Criar novos traços identificadores das personagens através de recursos visuais. Traduzir essas características para a linguagem verbal. Criar tiras e quadrinhos a partir da narrativa em prosa. Produzir texto verbal a partir da idéia apresentada pelo chargista. Reconhecer as marcas de variedades lingüísticas expressas no texto. Identificar relações semânticas estabelecidas por meio da coordenação. Substituir, incluir, retirar conjunções coordenativas sem alterar o sentido das seqüências. Ampliar frases, utilizando classes gramaticais pré- estabelecidas e observando a concordância verbal e nominal. Anexo 133 Português - Volume II Ensino Fundamental – 8ª Série Gênero Leitura (Habilidades) Produção Textual (Habilidades) A Língua Em Uso Poema Canção Identificar diferentes recursos expressivos de caráter sintático ou semântico- pragmático. Reconhecer efeitos de sentido produzidos por recorrências sonoras. Inferir o significado de uma palavra ou expressão a partir do contexto. (expressões figuradas). Identificar recursos expressivos. Perceber o uso de e atribuir sentido a linguagem conotativa. Identificar a funcionalidade e a finalidade do texto - fruição estética. Observar relações entre as linguagens: ritmo da melodia, forma e significado da letra. Comparar diferentes estilos musicais. Promover debate considerando as preferências musicais do grupo. Apresentar um jogral. Criar paródias. Modificar o gênero: usar a temática para criar uma crônica, um conto ou HQ. Ilustrar o poema, mantendo uma relação de coerência entre texto e ilustração. Produzir novo texto a partir de um verso selecionado. Expressar opinião sobre canção, analisando relações entre linguagens. Distinguir características específicas de textos literários: - lírico-poéticos – recorrências fonológicas e semânticas. - narrativo – elementos de estruturação da narrativa. - dramáticos – personagens e cena, estrutura dialógica. Reconhecer estrofe e parágrafo. Estabelecer relações entre os aspectos formais e temáticos de um texto poético. Reconhecer e empregar a acentuação gráfica nas palavras paroxítonas. Legitimar manifestações culturais da tradição popular e da erudita como possibilidades de reflexão sobre a realidade. Notícia Entrevista Identificar tema e tese. Identificar a funcionalidade e a finalidade do texto – ler para informar-se acerca de acontecimentos. Perceber diferenças entre pontos de vista relacionados ao mesmo fato. Inferir o significado de palavras com base em sua estrutura morfológica. Expor oralmente opinião acerca do conteúdo de notícia, selecionando argumentos pertinentes para defender ponto de vista. Planejar e registrar entrevistas orientadas. Sintetizar notícias e entrevistas a partir da idéia principal. Reescrever parágrafos, transformando, reagrupando e estabelecendo conexões entre as orações para garantir coerência e coesão. Estabelecer relações lógico- discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções, advérbios etc. Identificar relações semânticas estabelecidas por meio da coordenação. Substituir, incluir, retirar conjunções coordenativas sem alterar o sentido das seqüências. Reconhecer a diferença de significado na escolha do sujeito como agente ou paciente. Identificar a estrutura interna da palavra, atribuindo significado a cada parte constituinte (morfema), de modo a ser capaz de reconhecer processos de flexão e derivação. 134 Ensino Fundamental Ensino Fundamental – 8ª Série Gênero Leitura (Habilidades) Produção Textual (Habilidades) A Língua Em Uso Propa- ganda Reconhecer características do gênero: intenções ou finalidades, valores e/ou preconceitos veiculados. Relacionar, na análise e compreensão do texto, informações verbais às não verbais. Perceber a importância da imagem na construção do sentido do texto. Reconhecer a intenção de convencimento desse gênero textual. Reconhecer o caráter conciso da linguagem publicitária. Desenvolver autonomia frente à linguagem da mídia, posicionando-se criticamente diante de textos persuasivos. Elaborar textos publicitários dos eventos da comunidade. Produzir material de divulgação para campanhas – cartazes, panfletos etc. Elaborar textos publicitários anunciando aspectos positivos do bairro, da comunidade, da escola. Identificar as expressões de apelo ao interlocutor. Reconhecer o valor interativo dos verbos no imperativo, diferenciando o uso padrão do coloquial. Reconhecer marcas de valores e intenções dos produtores em função de seus interesses políticos, ideológicos e econômicos. Carta Formal Texto Oficial Reconhecer marcas lingüísticas que evidenciam a adequação da linguagem à situação comunicativa. Identificar a funcionalidade e a finalidade do texto – ler para informar-se acerca de normas (regimento da escola, estatutos de grêmios ou outros). Redigir texto para interlocutor predeterminado (requerimento ou solicitação relativos à vida escolar). Redigir carta formal ou comercial, respeitando os padrões de forma e diagramação. Revisar carta com o objetivo de aprimorá-la. Estabelecer critérios para verificar se está satisfatória, considerando o destinatário e reescrever caso seja observada impropriedade, ambigüidade, redundância. Conhecer pronomes de tratamento e utilizá-los apropriadamente, observando a concordância. Utilizar fórmulas de interpelação e fechamento da carta. Selecionar e empregar palavras adequadas em função do tipo de produção, da finalidade social do texto e do nível de formalidade desejado. Anexo 135 Português - Volume II Ensino Fundamental – 8ª Série Gênero Leitura (Habilidades) Produção Textual (Habilidades) A Língua Em Uso Carta de Leitor Artigo de Opinião Identificar o tema do texto. Reconhecer as características de textos opinativos (tese, argumento, contra- argumento, refutação). Comparar as diferenças de uma mesma informação, divulgada por fontes diversas. Identificar as posições defendidas em diferentes textos. Apresentar uma opinião, utilizando estratégias argumentativas (um ou mais argumentos de apoio). Hierarquizar uma seqüência de argumentos em função de uma tese. Utilizar estratégias argumentativas Produzir uma conclusão coerente com os argumentos apresentados. Escrever uma carta para a editoria de um jornal, expondo uma opinião sobre determinado assunto. Elaborar um jornal escolar, explorando, inclusive, recursos da linguagem digital. Utilizar organizadores discursivos. Apropriar-se de verbos de opinião Identificar o papel argumentativo das conjunções causais, consecutivas e condicionais. Utilizar modalizadores discursivos, tais como: geralmente, muitas vezes etc. Texto de Divulgação Científica Textos Didáticos Identificar o tema do texto. Identificar as idéias centrais e secundárias do texto. Identificar a funcionalidade e a finalidade do texto – ler para informar-se. Inferir o significado de uma palavra ou expressão a partir do contexto. (expressões figuradas). Identificar informações implícitas. Analisar as fontes de informação para avaliar a confiabilidade do texto. Estabelecer relações de causa/conseqüência entre partes e elementos do texto. Estabelecer relações entre as informações verbais e os recursos gráficos (tabelas, gráficos, ilustrações). Elaborar uma síntese das idéias centrais do texto. Produzir fichamentos, esquemas, quadros que reproduzam as informações principais do texto. Produzir texto sobre o mesmo tema da leitura, a partir de pesquisa em outras fontes. Debater o tema com os colegas, posicionando-se criticamente. Defender ou refutar, oralmente, um determinado ponto de vista. Identificar palavras adequadas em função do tipo de produção, da finalidade social do texto e do nível de formalidade desejado. Identificar as marcas lingüísticas de impessoalidade e de expressão de opinião. Estabelecer relações lógico- discursivas marcadas por conectores. 136 Ensino Fundamental BI BLI OGRAFI A BRANDÃO, Helena M. Gêneros do discurso na escola. São Paulo. Cortez, 2000. BRANDÃO, H. e MICHELETTI, G. 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