Portifólio Politicas de Educação Basica

April 3, 2018 | Author: Fabio DC | Category: Brazil, Reality, Schools, Further Education, Science


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Políticas de Educação BásicaAluno: Fábio D Christovam RA: 8010990 Políticas de Educação Básica Projeto de Prática Título do Projeto: A educação básica no Brasil atual: desafios e perspectivas Entrega do Projeto 11a Semana Descrição do Projeto Esse projeto se caracteriza pelo desenvolvimento de uma ação investigativa, que busca compreender as problemáticas que envolvem a educação básica no Brasil atual, por intermédio da análise do documentário dirigido por João Jardim Pro dia nascer feliz (2007), da coleta e análise de dados estatísticos e da elaboração de um texto dissertativo ao final sobre “A educação básica no Brasil atual: desafios e perspectivas”. Vimos que, ao longo da história do Brasil, o Estado se mostrou negligente em relação à garantia do direito à educação. Desde o período monárquico até recentemente, somamos iniciativas no campo da educação por parte do poder público, que contribuíram para a consolidação do caráter elitista da educação brasileira e a marginalização de contingentes significativos da população. Encontramos um retrato desse descaso nas estatísticas e dados levantados pelos próprios órgãos oficiais como o INEP em relação aos índices de analfabetismo e as taxas de evasão escolar. Nos últimos anos, podemos identificar vários movimentos em favor da universalização da educação e em defesa da escola pública e a implementação de políticas educacionais que conseguiram avanços quantitativos em direção à democratização do ensino, porém essa democratização do acesso não foi acompanhada da devida qualidade de ensino. Atualmente, os estudos apontam o baixo rendimento escolar dos estudantes e outros graves problemas que afetam a educação brasileira como a violência, a falta de motivação de alunos e professores, dentre outros, que comprometem a aprendizagem e demonstram que a educação democrática de qualidade está longe de ser efetivada. Dessa forma, esse projeto se justifica cientificamente pela tentativa de aproximar o aluno de licenciatura das problemáticas que envolvem a educação básica na atualidade, propiciando a reflexão e o debate e o desenvolvimento de postura docente crítico e investigativa nos planos históricos e pedagógicos. Objetivos: 1. Aproximar o aluno de licenciatura das problemáticas que envolvem a educação na atualidade. 2. Utilizar metodologias de pesquisa que propiciem o desenvolvimento de uma postura docente investigativa. 3. Proporcionar a reflexão sobre as problemáticas que envolvem a educação e a atuação docente na atualidade. 4. Utilizar os conhecimentos sobre a legislação e as políticas públicas referentes à educação para uma inserção profissional crítica. Público-alvo: você, aluno de licenciatura. Metodologia: Neste tópico, está descrito cada etapa para o desenvolvimento do seu projeto ou atividade-prática. 1. 1a etapa Assistir ao documentário Pro dia nascer feliz (2007). Direção: João Jardim, ano: 2007. Para isso acesse o documentário diretamente no Youtube. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=iDN1r30mGpE . Acesso em: 03 jul. 2017. 2. 2a etapa Apresentar um quadro dos diferentes momentos mostrados pelo diretor. Desenvolver ao final, uma análise crítica e reflexiva do documentário, considerando a legislação da educação e questões como o direito a educação e o dever de educar, princípios e fins da educação, organização e funcionamento das escolas, gestão e financiamento da educação, currículo escolar, etc. 3. 3a etapa Coleta de dados estatísticos como número de matrículas na rede pública municipal e estadual e rede privada de ensino; dados sobre evasão e repetência, índice de desenvolvimento como o IDEB, dentre outros. Os dados podem ser coletados no site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/resumos-tecnicos>. Acesso em: 07 jul. 2017. 4. 4a etapa Desenvolver uma análise dissertativa dos dados coletados. 5. 5a etapa Elabore um texto crítico e dissertativo final, fazendo um paralelo envolvendo o documentário Pro dia nascer feliz (2007) e os dados coletados. 2 - 14 Políticas de Educação Básica Quadro Explicativo do Documentário: Pro dia nascer feliz, de João Jardim, 2004. Observação: Este filme foi produzido entre abril de 2004 e outubro de 2005. Direção de João Jardim. Cenário Narrador Discurso // Observações 1 – 1962 Narrador 1 Questionando, a “juventude transviada”. E qual o futuro, se não pela educação? Questões como evasão escolar, qualidade na educação, e a juventude que não estuda, e que vai para a criminalidade. Texto informativo 1: 44 anos depois (2006), 44 anos depois, 97% das crianças em idade escolar entram na escola. Com o passar dos anos, muitos abandonam. 41% não concluem a 8a série. Segundo avaliações do MEC, a metade dos estudantes do ensino fundamental não consegue ler ou escrever corretamente. 2 – Região Narrador 1 – não ...1200 reais recebidos pela escola, e sua distribuição para pagar contas Nordeste – identificado inclusive, 50,00 da prefeitura…. Cidade de Manari PE – Escola Estadual CEL. Souza Neto. Profa. Fabiana ...Frei Caneca - condenado a morte porque queria coisas boas para seu povo. Isso é certo?... Glécia 13 anos Questão do banheiro - não tem pia, não tem encanamento, descarga com balde. Não tem papel higiênico. // Questão da merenda - não são boas, alunos jogam fora. não prestam atenção. (fala de uma aluna que gosta de estudar, segundo seu pai) Texto informativo 2: Existem 210 mil escolas no Brasil. 13,7 mil não tem banheiro. 1,9 não tem água. Valéria Adolescente que gosta de ler Vinícius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade, etc... e que escreve e compõe e narra seu poema, crítico em relação a sua vida. E as professoras não consideram porque não acham que foi de autoria dela. 2b - Ônibus Texto informativo 3: Durante as duas semanas de filmagem, Valéria foi a escola somente três vezes. quebrado que a O ônibus estava quebrado. prefeitura cede para os alunos. 3 – Escola Dona Nenê – Sua fala é da avaliação e o baixo desempenho. Em paralelo uma recuperação, Estadual de Diretora da Escola somente 3 dias para todos os professores que não tem como rever as matérias. Inajá PE. Estadual de Inajá PE. 4 - Valéria Texto informativo 4: Valéria novamente, pegando ônibus até a Escola de Inajá onde faz o curso de 4 anos profissionalizante de magistério. Ela percorre 31km em um ônibus, de pé. 5 – Aula do Professora de Fala da professora, será que a escola vai ser assim? qual será que vai ser sua curso de Valéria. prática docente? no futuro. De que lado vc vai ficar do sistema? deixando magistério como está? Valéria O professor de quimica que não vai as aulas. Que manda um substituto. A professora de sociologia que dava a mesma nota para toda sala, fossem alunos que frequentavam as aulas ou os desistentes. Professora de Dos que vem para namorar na escola. A escola como ponto social de encontro Valéria no interior. Fala da professora que também se sente desestimulada porque a escola é como uma válvula de escape. Como um ponto de encontro dos jovens. E a nova "praça". A narrativa, dos professores desinteressados. Que não tem substituto. Estudando a noite. Valéria No futuro pensa em relações internacionais. Algo que mexa com o público que ela gosta demais em sua fala. 3 - 14 Políticas de Educação Básica Quadro Explicativo do Documentário: Pro dia nascer feliz, de João Jardim, 2004. Cenário Narrador Discurso // Observações 6 – Região Texto informativo 5: Duque de Caxias, a 15 km da Cidade do Rio de Janeiro. A boca de fumo fica a Sudeste poucos metros do colégio. Ensino noturno. Salas meio vazias. Colégio Estadual Guadalajara Uanderson (é assim … fala confusa, ironia, … gíria,… (ininteligível) mesmo que se escreve) 7 – Alunos Funcionária da escola dispensa alunos do 2o ano pela falta do professor. dispensados 8 - Em uma sala Discussão entre um aluno e professora de história. Sala com conversa, professora tentando explicar a cheia aula dificuldade. Dispersão e falta de interesse. Deivison Douglas “zoação”... 16 anos 9 - Conselho de Professora Maria Diretora da Escola falando de Deivison - Falta de respeito. Nesse cenário a Classe (sobre Helena reprovação de deividson realmente pode ser caótica para a vida dele. Mesmo Deividson) ele não tendo aprendido nada. Deivison Douglas Zoando, que disse que ja sabia que ia passar. Ja segurou arma, ja usou droga. 16 anos Jovem adolescente que encontra entre no limiar de uma situação de vulnerabilidade entre o crime e a escola. A dificuldade do bairro em que mora. Que não tem nada. A escola é o lugar é o locus onde algo pode acontecer. Edlane - Nucleo de Falando de Deividson - que o que segura Deividson é a convivência na escola. Cultura da Escola Na banda. Se ele tiver acompanhamento - o mínimo - isso vai fazer diferença. 10 - Festa no Makeba Núcleo de Cultura da Escola - resgate e valorização da cultura negra. Música – Colégio "maracatu" (?) - Participação de Deividson. Deividson Na sua fala tem vontade de ser militar "coronel", tem que pensar alto. 11 - São Paulo Narrador sem nome Piratiningua é a periferia da periferia. É difícil você propor "vamos num Itaquaquecetub cinema, vamos em um teatro"... porque não tem dinheiro. a - 50 km de Sao Paulo Escola Estadual Parque Piratiningua II Professora Celsa Conduzindo um debate sobre o romantismo, a sala participando. A questão do sexo. 12 Cenário da A escola, pública, tem jornais para os alunos lerem. Tem uma fonte com cascata. Locais para sentar escola e conversar, como uma sala de estar. Tem plantas. Professora Fátima a sua fala a boa colocação do ENEM e alunos na faculdade. – Diretora da Escola Ronaldo 16 anos Questionando a melhoria do estudo. A questão da matéria de inglês. verbo “to be” que ninguém sabe. Sempre acontece falta de professores. Carol - aluna Mais uma vez a turma vai ser dispensada porque o professor não veio. Professora Fátima Sobre a falta dos professores. A legislação é permissiva, deixando que os – Diretora da professores faltem sem que haja problemas na carreira. Escola 4 - 14 Políticas de Educação Básica Quadro Explicativo do Documentário: Pro dia nascer feliz, de João Jardim, 2004. Cenário Narrador Discurso // Observações Professora Celsa Quando falta e porque não dá. A carga é mais que um ser humano pode suportar. As condições de trabalho dos professores também são complicadas. Vai no psiquiatra 1x ao mês. E muito psicológico. E muito desgastante emocionalmente. Se vc se envolve com os problemas deles. as vezes você e mal recebido vc é visto como o inimigo. Existe um abismo entre professor e aluno, professor e diretor. As vezes vc entra na sala de aula e o cara manda vc tomar naquele lugar, é complicado lidar com essa situação. O professor na sociedade é um profissional importante. Mas quando vc abandona esse profissional. Ele tende a deixar para lá. o professor perdeu a dignidade. O estado deixa tudo muito jogado. cada vez mais vc vai deixando com o espírito cada vez mais pobre. maquia-se muito as coisas. Não vou dar nota vermelha porque? Porque eu vou ter que fazer um documento falando porque eu dei a nota vermelha para o indivíduo. Então para não ter esse trabalho... Passe logo o infeliz. Professora Suzana. Ai fora as coisas são muito mais interessantes. O professor está bem preparado (Questão colocada pelos produtores do documentário), o professor não está preparado para ser agredido, desrespeitado, diariamente. É isso que desmotiva, ele sai desanimado. Aí sim a aula dele fica ruim. Ronaldo Jovem quer ser padre e estudar filosofia. Ele acha que ele pode ajudar mais a (novamente) realidade que ele vive sendo padre. Tem noção que falam por trás dele uma série de coisas. 13 - Reunião do Professora Celsa Conduzindo a reunião. fanzine da escola Keila 16 anos Escreve um poema sobre isso indignada sobre a fala da mãe que tem preconceito contra homossexualidade. Sobre gostar de mulheres, que não é doente. Apenas desprezada por todos por ser a minoria. abre a discussão com a questão de beijo entre mulheres. Professora Celsa A professora instiga a participação perguntando o que ela quis dizer com isso. "homem, homem, mulher, mulher e ai?" joga a pergunta para o grupo. Daiane (aluna) Admite ter preconceito. Passou mais de 7 anos da vida dentro da Igreja. Kleber (aluno) “Normal”. Keila Depressão? Queria chegar em casa almoçar ate na cama e dormir. A solução para tudo seria morrer. Mas a professora Celsa falou que a ultima coisa que eu estivesse sentindo quando morresse seria para sempre. Dai a solução não é morrer. (Autoestima baixa). Insegura. Depressiva? Adolescência. “Para escrever eu tenho que estar triste. Eu não sei porque. Com raiva de alguma coisa. Tem vergonha de seus poemas. Sera que vai fazer alguém chorar se forem lidos?”. Texto informativo 6: No final de 2004, Keila terminou o 3o ano do Ensino Médio. Atualmente trabalha dobrando calças para uma fábrica. 14 - Um ano Keila Agora não consegue mais criticar. Falta alguma coisa. Ela gostava da escola. O depois... contato a conversa. Hoje em dia é do trabalho para a casa. 5 - 14 Políticas de Educação Básica Quadro Explicativo do Documentário: Pro dia nascer feliz, de João Jardim, 2004. Cenário Narrador Discurso // Observações 15 - Bairro Alto Ciça - 16 anos A pressa do que você vai ser. outro discurso. Autoestima. Todos tem condição. a de Pinheiros vida vai exigir muito de nós. A cobrança, mas também a determinação. São Paulo Colégio Santa Cruz. Observações: Outra realidade de vida. Classe média alta. Os alunos já atentos às aulas. Colégio Privado. As diferentes atitudes frente ao mundo, construída por diferentes modos de vida, diferentes visões do mundo, mundo este que o rodeia. No sertão de Pernambuco. Na periferia do Rio. Na periferia de São Paulo e em um bairro central de São Paulo. Professora Literatura, aula sobre o cortiço - a questão do espaço. Antonieta 16 – Entrevista Ciça - 16 anos “Tenta ver um pouco mais, aquele menino que vende bala no farol... tenta com algumas "imaginar" que tem um pouco de contato...” alunas: Ciça, Mariana, Maísa Mariana – 16 anos “O olhar através da bolha... (falando da realidade delas) - tem que sair dela e fazer alguma coisa...” Ciça “A bolha de alguns não é transparente, você não enxerga nada através dela...” Maísa – 16 anos “Nos vivemos em uma realidade privilegiada, mas se conversarmos com uma pessoa que vive fora dessa realidade você vai ver que ela é igual a você e que essa diferença é uma ilusão que a gente cria”. Mariana “Não é uma opção de ser rico, de ser da elite econômica brasileira, sempre foi assim, se foi criada...” Observações: existe uma noção de “privilégio”, na fala delas, em relação a outras realidades. O hiato que separa esses mundos, é mais do que territorial e cultural... é estrutural, é histórico… Abismal. Ciça “Eu queria ir fazer um trabalho voluntário, mas meu, eu vou ter que deixar de ir para a minha aula de natação, vou ter que deixar de fazer meu trabalho... é super complicado, é triste... (concorda com mariana). eu tenho minha vida para tocar também”. Maísa “Essa ideia de ajudar ja entra como uma ideia de superioridade, é implícito né...” (falando de forma crítica do próprio discurso delas). Ciça “Essa mentalidade capitalista esta incrustada, ... violento né...”. Mariana “É muito romântico a gente falar que é igual, eu tenho o que comer "eles" não tem... não sei se a gente é igual mas estamos submetidos a dois mundos muito diferentes...”. Maísa “Na verdade é o mesmo mundo... e esse é o problema... com certeza”. 17 – Discussão Thaís – 15 anos. “Eu fiquei em 3 matérias, estudei e mais aulas particulares, eu fui falar com a sobre direção porque tem muitos alunos em recuperação e eles falaram: "é normal", recuperação então... eles querem mesmo dar uma assustada, dar uma apertada. Com a possibilidade de bombar eu queria um apoio mais forte da minha família, e eu to conseguindo, e com professor particular também com esse negócio de estudo”. 18 – 6 meses Thaís “Eu tenho medo de coisas totalmente complexas e grandiosas, assim... medo da antes... morte, medo do que vai acontecer depois, começo a pensar nisso e fico naquela "nóia" e tenho bilhões de perguntas na minha cabeça e que ninguém vai conseguir responder... haaaa... o que acontece depois da vida, quem sou eu... pergunta sobre o tempo, como que "tudo" começou...”. 6 - 14 Políticas de Educação Básica Quadro Explicativo do Documentário: Pro dia nascer feliz, de João Jardim, 2004. Cenário Narrador Discurso // Observações Thaís “Eu conversei muito com as pessoas, começou a dar esse problema (ansiedade, medo, insegurança), comecei a falar com minha mãe, diretor do colégio chamou... e minhas amigas foram pessoas que me ajudaram, mas ninguem deu as respostas que eu queria...”. “O conflito, começou com a questão da religião, minha mãe acredita e meu pai não acredita... os pais como "modelos" a serem seguidos, a crise por esse mundo não ser do jeitinho "arrumado" que era antes dessa descoberta. A preocupação do colégio com a aluna que estava "triste", que as notas estavam caindo e fui chamada para conversar. Tive uma crise. e foi falar com uma professora de filosofia que é uma "gênia né..." A identificação com alguém no mundo que sabe o que eu estou sentindo”. Observações: Teleologia, pertencimento e significado. Sentido do que é vida. Isso destoa completamente de discursos que veremos mais a frente. 19 - Alunos no corredor brincando, no intervalo, namorando, beijando… no Colégio Santa Cruz 20 – Entrevista Ciça “Ah as pessoas olham pra mim e falam - ah essa menina só estuda. - menos com Ciça e meninos se interessaram por mim, esse negócio dos meninos é uma coisa que amigas me pegou ( eu to ate meio emocionada ), eu tive namorado... eu achei que eu era interessante, eu fiquei com um menino o ano inteiro... será que eu estou estudando muito e não valorizando as coisas...sei lá "não sendo mulher"... e isso me pega como ser vista como uma menina que "só estuda" e não é verdade eu faço mil coisas, eu nado, eu faço yoga, ... tenho minha vida... mas eu dedico bastante para o estudo eu já tirei férias ontem...”. Amiga “Confirmando que a ciça nesse ano estudou demais, ... exagerou um pouco...” Ciça “Agora tem um colégio de uma rede grande que está ligando para casa, quer que eu estude lá.. e saia meu nominho no cartaz se eu passar na faculdade... minha mãe ja estava colocando na olimpiada de física, queria que eu trocasse de colégio, quero ficar aqui, isso (estudar) não é tudo na vida, ... (uma fala de liberdade)... a pressão (de estudar) é minha. Eu me exijo bastante, tenho uma disciplina. Meus pais falam "chega", não precisa estudar...pra tudo eu me cobro uma disciplina, para estudar, para o esporte... eu me cobro do processo e acho que dai que vem minha exigẽncia... do processo. Eu não tenho muita certeza ainda, estou entre engenharia e medicina, mas acho que eu vou para engenharia”. 21 – Thais ao Um sorriso no rosto. “Passei em tudo, irado né, precisando comemorar...Irado telefone com o né, to no colégio, beijo...” pai. Texto informativo 7: O colégio (Santa Cruz), não autoriza a filmagem do conselho de classe. “ha.. falou parabéns, que a gente precisava sair hoje para comemorar... tomar umas, ha precisava disso depois de 2 semanas fazendo prova, aliviar a tensão...”. 7 - 14 Políticas de Educação Básica Quadro Explicativo do Documentário: Pro dia nascer feliz, de João Jardim, 2004. Cenário Narrador Discurso // Observações Tópico: “Os pais ausentes...” 22 – Os pais Jovem aluna A “Meus pais trabalham tanto que eles não tem tempo de entender a gente eu e ausentes minha irmã. Eles estão correndo por questão de dinheiro. acho que ele não sabe quem eu sou. acho que 10% sabe... é muito muito muito difícil minha mãe chegar e me dar um abraço, sinto muita falta de carinho e de abraço. eu super sou carente com minhas amigas e meu namorado. eu sinto falta de um exemplo em casa sabe. sinto falta dos dois se corresponderem de terem uma ligação”. 23 - Banheiro Jovem aluna B “Meu pai não fala comigo porque eu não gosto da mulher do meu pai. feminino de atualmente eu não gosto dela. Ele resolveu ficar com ela e não falar comigo. Eu algum colégio não gosto tenho raiva mas sinto falta. Sinto falta do meu pai sabe. e difícil. público Todo mundo fala de pai e eu não tenho. Como se eu não tivesse pai”. Jovem aluna C “Eu tenho 18 anos, não tenho pai... meu pai nunca chegou para mim e disse filha eu te amo... minha mãe sim falou... eu não penso muito... queria colocar ele no pau. não me deu assistência, mas depois eu raciocinei, ele é pobre também, sustenta 5 filhos, então deixa para lá, eu vou seguir minha vida”. Tópico: “A violência...” 24 - Escola Professora Suzana “E muito comum o pai que bate na mãe, pai que é bandido, pai que morreu, eles Estadual Levi (os alunos) estão vendo isso continuamente, então eles perpetuam mesmo... de Carneiro uns 4 ou 5 anos para cá tem ficado pior. A escola é reflexo... (da sociedade em Periferia de São que ela está inserida)...” Paulo. 25 - Entrevista Rita “Meu pai é mecânico. faz carreto, tenho 16 anos. minha mãe faleceu quando com várias tinha 15 anos. eu gosto de passar lição na lousa... “ adolescentes Observações: Garotos... rindo da brigas das meninas... Contexto de discussões e brigas, picuinhas... por motivos fúteis e infantis. Brigas e Xingamentos. Elas não tem noção do por quê se iniciou a briga. As fala confrontadas não correspondem a realidade. Não há chance de ter uma reconciliação, nem condições psicológicas para isso. Texto informativo 8: Rita saiu da escola com medo das colegas. Engravidou e somente 2 anos depois voltou a estudar. Hoje com 20 anos, cursa o segundo ano do ensino médio. Rita “Tenho vontade de terminar meus estudos e em formar em professor ou psicólogo. ... ou então advogada”. 26 – Narração Professora “O professor se sente agredido, desrespeitado, eles (os alunos) falam... - mas a de uma gente só disse isso... e isso é um palavrão, mas para eles é normal... faz parte do professora cotidiano deles. A vida é tão dura, tão sem graça, tão difícil que tanto faz eles morrerem ... irem para "Febem", tanto faz, "eles não tem o que perder"... tanto faz...”. 27 – Em outra Jovem aluna D “Ela quis me barrar na festa, falou que eu era penetra e depois a dona da casa escola queria me expulsar... Pensei nela... tem que morrer essa *...” Entrevistador “E o que aconteceu 2a feira?”. Jovem aluna D “Eu esperei ela, encontrei ela no corredor e foi daquele jeito... deixei ela no chão estirada”. Aluno E falando de “Chegou pelo lado, puxo o cabelo dela e deu a primeira facada, ai ela caiu... ela D levantou e tomou outra... mas correu e conseguiu chegar na sala da direção”. Jovem aluna D “Eu pensei q ela ia morrer mas não morreu. Não dá nada matar se você e de "menor"... "3 anos, passa rápido". 8 - 14 Políticas de Educação Básica Quadro Explicativo do Documentário: Pro dia nascer feliz, de João Jardim, 2004. Cenário Narrador Discurso // Observações Outro Cenário, Aluno F “Chato na escola era a diretora, eu xinguei a diretora na frente da minha mãe, outro caso de arranhava o carro dela”. Outro caso de discussão... discussão e violência Aluno G “Ai... chega na escola, faz tudo certinho "compreta", faz alguns cursos mas chega na hora do emprego... não tem. E ai? o que que vai dar? pô voô mete as cara...”. Aluno F “Pô primeira vez foi na escola...sai da escola, fui pra rua, ai... perdeu perdeu...” (narrando que fez um assalto)... Entrevistador Porque que é bom? Aluno F “Por que é.... a gente se diverte com a cara da vítima que está perdendo”. Aluno H (?) “Já é um costume... vou robar o outro, vou robar um ladrão...”. Aluno G “Conforme estou estudando aqui a tarde, ocupando meu tempo, não tinha nada para fazer na escola, bora, vamo pra cidade para poder roubar”. Aluno F “Trabalhar na "boca" mesmo pra arrumar um dinheiro”. Observações: Vários narradores, varias vozes... simulando um assalto em um semáforo, justificando sua conduta... até os políticos “"robam"... mas eles não são presos... são tudo corrupto... e não são presos... eles tão colhendo o que eles prantaram... a criminalidade... duvido que eles vão acabar com a criminalidade agora, a tendência é aumentar... 14, 18, 18... (a idade das vozes sem rosto...)18,17, ...” Textos finais Este filme foi produzido entre abril de 2004 e outubro de 2005. Em julho de 2006, a Escola de Manari foi reformada. Hoje, a cidade tem ensino médio. Valéria está terminando o curso normal. Deivison Douglas, de Duque de Caxias foi reprovado no ano seguinte. Atualmente serve o exército e estuda a noite. Ciça do Colégio Santa Cruz, estuda Engenharia na USP 9 - 14 Políticas de Educação Básica Dados Estatísticos Rede 2004 Pernambuco Federal Estadual Municipal Privada Total Matrículas 3663 951461 1390156 440885 2786165 Evasão EM 150 71882 3534 1103 76669 Evasão EF 4 103973 119944 2378 226299 Índices Evasão Total 154 175855 123478 3481 302968 10,87% Repetência 54 81104 180272 10393 271823 9,76% 2005 2015 IDEB 3,2 5 2016 Pernambuco Federal Estadual Municipal Privada Total Índices Evasão 2,1 Repetência 9,6 Rede 2004 Rio de JaneiroFederal Estadual Municipal Privada Total Matrículas 23685 1537455 1789078 897433 4247651 Evasão EM 310 107162 1442 2413 111327 Evasão EF 39 61526 64353 3245 129163 Índices Evasão Total 349 168688 65795 5658 240490 5,66% Repetência 844 100299 188693 17935 307771 7,25% 2005 2015 IDEB 4,3 5,5 2016 Rio de Janeiro Federal Estadual Municipal Privada Total Índices Evasão 6,9 Repetência 10,6 Rede 2004 São Paulo Federal Estadual Municipal Privada Total Matrículas 2641 5513592 3802579 1624169 10942981 Evasão EM 50 148587 931 2195 151763 Evasão EF 0 83596 26355 1268 111219 Índices Evasão Total 50 232183 27286 3463 262982 2,40% Repetência 2 170241 134166 15735 320144 2,93% 2005 2015 IDEB 4,7 6,4 2016 São Paulo Federal Estadual Municipal Privada Total Índices Evasão 3,7 Repetência 3,7 10 - 14 Políticas de Educação Básica Dos dados estatísticos Descrição: A análise dos dados foi feita pelos Estados, onde o documentário concentrou seu foco. Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo no ano de 2004, utilizando-se as categorias, de Matrícula, Abandono no Ensino Médio, Abandono no Ensino Fundamental, para gerar a categoria Abandono Total no Ensino Básico (Evasão Total), e Reprovados. Dividiu-se o número total de Evasão Total pelo Total de Matrículas para se achar a porcentagem de Evasão Total. O mesmo foi feito para o Índice de Repetência. Foi pesquisado os mesmos dados para o ano de 2016, mas a metodologia de aplicação à pesquisa do Inep mudou, seguindo um outro padrão de apresentação e dificultando na pesquisa. Essa mudança na linha de pesquisa, parece acontecer em um período que a dinâmica econômica também começa a mudar dentro da conjuntura histórica. Da análise dos dados, uma crítica. Contraditoriamente, a ampliação dos Índices do IDEB em todos os Estados estudados, também seguiu uma ampliação da Evasão e Repetência no Estado do Rio de Janeiro, uma diminuição de Evasão em Pernambuco, e ampliação dos índices de Evasão e Repetência em São Paulo. O que mais me interessou na pesquisa, foi não tanto o número de matrículas, mas sim os números relativos de evasão e reprovação, em detrimento do IDEB que foi ampliado com o passar dos anos (2005 a 2015). Dados de Evasão e Repetência não foram encontrados em números mas apenas em seus índices que podem ser verificados na Tabela acima e se tornam interessante matéria de estudo. Esses índices tem impacto direto no crescimento da violência urbana entre jovens até os 17 anos. A partir do quadro da crise econômica que passamos, esse quadro parece ter uma coerência nefasta, entre crise, abandono escolar. Somente em Pernambuco o índice de evasão caiu bruscamente em 12 anos, de 10,87 para 2,1 em 2016. A ausência de estudo nesta faixa 11 - 14 Políticas de Educação Básica etária mais jovem da população, significa uma ampliação na dificuldade de inserção no mercado de trabalho, subemprego, e violência, conjuntura essa, que se agrava porque ocorre agora dentro da maior crise econômica do Estado Brasileiro. Dissertação O que é chocante no documentário é a disparidade, a diferença exposta nua e crua. A diferença do agreste nordestino, das periferias do Rio de Janeiro e São Paulo, e da centralidade em uma escola privada da capital paulista. Das diferenças entre os “locus”, onde se passam essas histórias de vida. A escola que não tem banheiro e a que tem “tudo”. Será só má gestão ou uma “política de educação”? Se não reprovar significa tentar segurar mais um pouco por um “tênue fio de seda”, a frágil chance de um adolescente não ir para o crime? Do hiato que exite, no discurso de um adolescente, seja em suas crises, suas carências no interior nordestino, na periferia da metrópole, na centralidade de um colégio particular. Discurso esse que expõe a figura do pensamento teleológico ou a ausência completa desta. Viver o hoje, porque de ninguém é o amanhã? Ou, de onde eu vim para onde eu vou? Dentro desses discursos, sujeitos históricos dentro de conjunturas sociais buscam reproduzir suas existências tênues. Na normalista, na engenheira, no que quer ser “coronel” porque tem que “se pensar grande”! Na ironia, ódio congelado, na falta de respeito com o professor, ou arranhando o carro da diretora, ou esfaqueando uma colega por brigas de motivos tão torpes, que até o motivo inicial é esquecido, sem que a redenção seja possível. Universos de “deuses”, e reinos animalescos se estivéssemos estudando um conto mitológico grego, seria esta a maior tragédia, a vida como ela é. Esses seres não são números. Mas em números se transformam. Números não sentem dores. É a menina que passou na engenharia da USP. É o garoto que vai para o centro roubar, porque é legal ver a cara de quem “perdeu”. Esses são números que expõe uma das maiores características sociais dentro da nossa História e existência como uma “nação”. A Desigualdade. Ela é brutal. É histórica sim, desde de sua invasão, mas mais que isso é estrutural e mantida para ser assim, é uma “desigualdade reproduzida”. Dentro de nossas diversas dimensões das “novas capitanias, nem tão hereditárias, mas ilhas de poder e 12 - 14 Políticas de Educação Básica acumulação de capital”, a educação é um empecilho. A disparidade, o hiato existente entre o acesso à educação, tão garantido na Constituição e na LDB, parece ser uma retórica romântica, porém fantasiosa, perante a dura realidade. Baixos são os salários. Difíceis são os embates. A realidade lá fora puxa a atenção dos alunos. Giz contra tela de celular. Comunicação instantânea, contra um minuto de sua atenção. Discursos de poder. “Zoação”. O professor entrincheirado persiste. Seja vocação ou última chance de emprego. Um após um esgotado, fisicamente, moralmente, espiritualmente. Soma-se a isso uma política de “passar” o aluno… seja como estiver. Bem ou mal, é por demais complexa para o escopo desse trabalho e pontos positivos e negativos tem o seu porquê, dentro deste contexto. O que sabemos, independente da Constituição, no Brasil, sem querer ser fatalista, o “direito não é cego, é de quem tem mais”. Esse mais se consolida, nas chances para o acesso a um ensino superior em uma universidade pública. Muito já se fez, é verdade. Mas há tanto que falta. Esse tanto que falta, não é uma retórica vazia, mas se materializa em números de relatórios sobre a desigualdade no Brasil, relatório esse publicado pela Oxfam 1, por exemplo, onde todo material de pesquisa é de fontes oficiais do governo. Um outro tópico que me deixa muito interessado é a queda da taxa de evasão em Pernambuco que foi gritante em 10 anos de pesquisa. Ou nos baixos índices da política paulista de “não reprovação” e seus “autos índices do IDEB”. São valores, “positivos” demais e com muita cautela eu os acolho. Como que essa política de “não reprovação” e as “avaliações de desempenho” conseguem aumentar esses índices de desempenho. É um estudo que requer algum cuidado. Índices não são pessoas. O que sabemos, ou não “queremos ver”, depende da construção e entendimento político de cada indivíduo, é que o caminho mais seguro para o desenvolvimento de um país, segundo Lucia Bruno, pesquisadora da USP, segundo seu artigo lançado na Revista Brasil e Educação 2. A construção de um futuro democrático passa por uma política de educação de longo prazo e não de uso para palanques de discursos populistas, aliado a políticas tributárias e fiscais mais equânimes, extremamente utópicas na atual conjuntura. 1 Disponível em: A distância que nos une, https://www.oxfam.org.br/a-distancia-que-nos-une Acesso em 08/10/2017. 2 Disponível em: www.scielo.br/pdf/rbedu/v16n48/v16n48a02.pdf, Acesso em 08/10/2017. 13 - 14 Políticas de Educação Básica Referências 1. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF. Legislação Senado Federal. Disponível em: <http://www.planalto.g o v. b r / c c i v i l _ 0 3 / c o n s t i t u i c a o / constituicaocompilado.htm>.Acesso em: 03 jul. 2017. 2. BRASIL. Lei no 9.394, de 20/12/96. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Legislação Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. Disponível em: 03 jul. 2017. 3. CORRÊA, R. A.; SERRAZES, K. E. Políticas Caderno de Referência da Educação Básica. Batatais: Claretiano, Material na Sala de Aula Virtual de Conteúdo – CRC 2013 4. LIBÂNEO, J. C.; OLIVEIRA, J. F. de; TOSCHI, M. S. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2007. 5. Pro dia nascer feliz (2007).Direção: João Vídeo Jardim Ano: 2007. Disponível em: <https://www.youtube. com/watch?v=iDN1r30mGpE>. Acesso em: 03 jul. 2017. 6. Pesquisa: http://ipea.gov.br/atlasviolencia/, Acesso em 07/10/2017. 7. A distância que nos une, https://www.oxfam.org.br/a-distancia-que-nos-une Acesso em 08/10/2017. 8. Educação e desenvolvimento econômico no Brasil. Disponível em: www.scielo.br/pdf/rbedu/v16n48/v16n48a02.pdf, Acesso em 08/10/2017. 14 - 14
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