Peter Evans - Informática a Metamorfose Da Dependência NOVOS ESTUDOS

March 31, 2018 | Author: Luiz Adriano Moretti | Category: State (Polity), Industries, Brazil, Ibm, Research And Development


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Peter EvansTradução de Paulo Lopes e Kevin Mundy A versão em inglês deste artigo sairá na revista World Development. m junho de 1977, o governo Se mercados eficientes e a difusão in- brasileiro deu um passo sem ternacional irrestrita de tecnologia são a precedentes. Negou à IBM, pedra fundamental do progresso econô- Burroughs, NCR e diversas ou- mico, é desnecessário dizer que o Brasil tras importantes companhias transnacio- sofre economicamente por causa de sua nais (CTNs) do ramo de computadores política de informática. Se uma vantagem permissão para fabricarem minicompu- comparativa construída conscientemente tadores no Brasil, decidindo, em vez dis- — tipo indústria siderúrgica japonesa — também é uma estratégia de desenvolvi- so, confiar seu futuro na alta tecnologia mento válida, então a irracionalidade eco- em cinco firmas nacionais. Todas elas pe- nômica da política de informática brasi- quenas e recém-criadas. Sete anos mais leira está aberta ao debate. De qualquer tarde, em 1984, o Brasil continuava a in- modo, ainda é cedo para se avaliarem os sistir em que o capital estrangeiro fosse custos e benefícios a longo prazo. Contu- excluído dos segmentos inferiores da in- do, não é cedo demais para se examinar dústria de computadores. Com o forte as implicações — para as teorias prevale- apoio de uma variedade de nacionalistas, centes da economia política do desenvol- a política de informática tornou-se parte vimento —, o surgimento e crescimento da legislação brasileira — para desgosto dessa indústria. das CTNs, do governo americano e dos A existência de um setor nacional de defensores locais da política do laissez- fabricação de computadores no Brasil pa- faire. rece contradizer não só as versões "es- 14 NOVOS ESTUDOS N.º 15 vido na produção de equipamentos de dústria. leira. o Brasil é um computadores. Alguns equipamentos eram monta- cesso de acumulação. trangeiras. come- marketing) é a fonte chave da vantagem çaremos com uma breve cronologia da competitiva. de dados. consideraremos as im. didato a entrar no setor. eventos por uma ótica teóri- ca ligeiramente diferente. até sua formalização na for- nacional de computadores na Índia pare. ou em entender o papel anterior dos padrões de colaboração en. Desde surgindo na ausência de qualquer pres. as forças caso que parece se encaixar nessas teo. ses tanto do capital nacional como do No final dos anos 60. Visto que uma mentei que as CTNs dominariam os seto. Finalmente. a Escola Politécnica na melhor das hipóteses. No caso tica específica com relação a esse setor. dez anos mais tarde. Principalmente se esses se. do Estado na transformação industrial. cional desempenhem um papel central na um número cada vez maior de firmas na- conformação dos planos do Estado. dência. Os computadores eram entre o capital nacional e o estrangeiro. ela é altamente anômala. que já operam no Brasil desde interação do capital e o Estado no pro- 1924. algumas univer- capital estrangeiro. A Qualquer pessoa interessada em apri. que a existência de uma indústria (1970-1974). que o Brasil teria. tamente com o ITA. mente nem em associação com firmas es- mais abstratamente. em 1970. 1979). processamento de dados. Em suma. supõe-se que os Pareceria fantasioso pensar. 1961 alguns estudantes do Instituto Tec- são óbvia preexistente do capital nacio. nheiros interessados em processamento bre a acumulação de capital a nível nacio. mas uma única CTN panhou a implantação da política brasi. ra esses estudantes eram excelentes. lhos mas complementá-los através da observação dos dominante (a IBM) tem um poder esma. rápida industrialização estava produzindo JULHO DE 1986 15 . dos países periféricos. principalmente IBM e Bur- um desafio às teorias existentes sobre a roughs. será a mando do capital ou. dessa política. Adler (1982. O Estado tem atendido os interes. correta. nacional e Estado mentados. evolução da política industrial com rela- tores forem altamente oligopolísticos.tagnacionistas" da teoria de dependência. abalizadas. plicações teóricas do novo setor brasilei- gador em relação a qualquer possível can- ro de informática. compreensão mais completa do caso em res em que o capital intangível (como questão é um pré-requisito para se ava- tecnologia patenteada e competência em liarem suas implicações teóricas. segurança tadores. em busca dos "inte. o Brasil tinha o tipo gem uma reavaliação das formulações an- de indústria de informática que teriores na literatura sobre dependência seria de se esperar no Terceiro que se concentram na negociação setorial Mundo. morar as interpretações. o capital nacional e o inter. nológico da Aeronáutica (ITA) haviam nal. no prelo) aborda um caso semelhante em relação à indústria brasileira de compu- Origens: técnicos frustrados. mas. Na minha análise Terceiro Mundo. As perspectivas econômicas pa- nal. Tanto a teoria mar- dos localmente pelas subsidiárias das xista como as abordagens neoclássicas CTNs. O objetivo não é mente os computadores são o epítome da tentar suplantar esses traba- "alta tecnologia". com treinamento em eletrônica. à luz da depen- mas também as teorias de "desenvolvi. ção a computadores desde as origens Grieco (1982: 612) mostra. contradiz diretamente os interesses construído um computador digital. interesses e mandos do capital interna. brasileira de informática. Examinaremos 1 Existem outras narrativas em seguida a evolução do setor que acom. importados e comercializados por firmas O caso dos computadores é também estrangeiras. Seus argumentos são bem funda. Não so. a política sidades brasileiras formavam engenheiros de reserva de mercado na informática. Jun- de algumas das mais poderosas CTNs e. durante o governo Médici mente. ma de uma lei proposta no fim do regi- ce contradizer o meu argumento. argu. Contudo. deve explicar o surgimento da indústria nacional na periferia (Evans. me Figueiredo (1984) ¹. cionais altamente rentáveis fabricando Em termos genéricos. já haviam sido desencadeadas. do desenvolvimento capitalista do mento dependente". é ambígua em da USP e a PUC do Rio formavam enge- termos de seus efeitos a longo prazo so. Não havia capital nacional envol- supõem que o capital será a força social preponderante por trás de uma nova in. tre o Estado. O governo não tinha uma polí- resses estruturais" do capital. que iriam tornar possível esse resultado rias. nem isolada- se o fizer. O Estado pode se envolver. Não obstante. Os recentes avanços do Ter- ceiro Mundo no setor de informática exi- m 1970. e com uma consciên- biente completamente diferente que se cia das desvantagens de depender de for- poderia encontrar em lugares como o necedores distantes. Curiosamente. ca de informática. interessar os fornecedores no mercado formar suas criações em produtos. camente crucial. empresa de processa- entanto. tos eletrônicos. A procura de pes. balhando. a modernização da educação superior em processamento de dados e solidari- e a do mercado de trabalho no Brasil ge. os que esta. A METAMORFOSE DA DEPENDÊNCIA uma forte procura de engenheiros.º 15 . do mundo em termos tecnológicos. No fim da década de creta para a realização de seus próprios 60. Vale do Silício. dentro do 1984: 76). mento importado de entrada de dados de versidades. engenheiro eletrônico que havia estudado 16 NOVOS ESTUDOS N. O go. mas também por razões ideoló. Os técnicos que trabalhavam no tipo de auto-realização que eles espera. indústria nacional de computadores. meçaram a desenvolver uma pequena par- teressadas. ainda relativamente incipiente. Fazenda. de orientação empresarial foi uma faceta vam mais capacitados para aproveitar importante da infra-estrutura organiza- esse mercado de trabalho acharam-no cional que acabou possibilitando a políti- frustrante. compreensi- gicas. mento de dados ligada ao Ministério da prios como criadores em potencial de tec. mento Econômico). a Marinha brasileira decidiu comprar interesses profissionais. Para os que permaneceram nas uni. assumiu forma concreta com a criação. do estatal convergiram para dotar esse grupo BNDE. enfrentava a rápida expansão nologia. em 1971. mas não havia meio de trans. seis fragatas inglesas. Como resultado disso. SERPRO achavam difícil obter o equipa- vam. Era uma necessidade con. Primeiramente. no contexto de um pendência de tecnologia estrangeira sobre sistema universitário brasileiro que ainda a qual o Brasil não tinha um controle não havia sido despolitizado pela intensa industrial. nalistas-desenvolvimentistas estava tra- tais se envolviam cada vez mais no pro. eles próprios co- rias das CTNs não estavam apenas desin. com experiência em processamento e um tados Unidos e estavam cientes do am. vê-los produzidos e usados. um grupo de nacio- verno federal e diversas empresas esta. zou-se aos argumentos a favor de uma raram um grupo de "técnicos nacionalis. tas frustrados". em termos gerais. que na les. a idéia de uma indústria A modernização do equipamento mili- nacional de computadores não era um tar brasileiro foi um terceiro fator politi- ideal abstrato. con- trial era atraente não só por razões indi. ela começou a desen- repressão do início dos anos 70. o SERPRO. Assim. As subsidiá. Por exem- ros brasileiros fez exatamente isso. tinham porção substancial de equipamen- viduais. havia outro tipo de frustra. Eles podiam inventar e construir crescia tão rapidamente que era difícil protótipos. A convergência dessas várias pressões soais e ideológicos na criação de uma in. O mercado americano ção. Uma outra parte do alicerce foi gerada soa com conhecimento de computadores pela necessidade crescente de processa- era o de tornar-se um vendedor da IBM. federal que se modernizava. muitos dos 79-81). que necessitavam. As fragatas. Tigre. Assim. para os que encaravam a si pró. a idéia época estavam entre as mais avançadas nacionalista de maior autonomia indus. estava apreensiva quanto à de- na maioria dos casos.INFORMÁTICA. de brasileiro. nova política. O emprego óbvio para qualquer pes. na promo- cessamento de dados. O comandante José Guaranys. ção de uma estrutura industrial nacional soas com experiência em processamento mais diversificada e integrada vertical- eletrônico de dados era muitíssimo maior mente. vender computadores feitos nos do número de declarações de imposto de Estados Unidos não era exatamente o renda. Elas nem tinham pessoal para te do hardware. Em su. como para outros brasileiros. Para muitos de. BNDE (Banco Nacional de Desenvolvi. modificando o equipa- examinar esse tipo de proposta por parte mento que podiam obter para atender dos brasileiros. de um Grupo de Trabalho Es- Diversos acontecimentos na máquina pecial (GTE 111). mento de dados por parte da burocracia E um grande número de jovens engenhei. Sua formação profissional ocorrera. No plo. surgiu mais um grupo quais haviam feito pós-graduação nos Es. forneceu o impulso inicial e os de um alicerce para a promoção de uma recursos (vide Adler. A Marinha. dústria nacional de computadores. Essa instituição financeira estatal que a oferta. volver seu próprio quadro de técnicos ma. com fortes interesses pes. 1982: 627. pouco em hardware. José Pelúcio. suas necessidades (vide Tigre. vamente. 1984: Para os técnicos brasileiros. a Cobra. co. continuaram a crescer. envolvendo meramente a Equipamentos Eletrônicos. um terço de capital estrangei- ro (vide Evans. na PUC do Rio. um terço de capital nacional e nica da USP. Apesar de sua função descom. Seu meçaram a aparecer os primei. tos Eletrônicos. em compartilhar sua tecnologia com uma tomou-se o segundo passo crucial de or. Começavam a surgir. acabou sendo a única tinha a inclinação nacionalista ambiciosa opção. a elaboração de um levantamen. A Cobra não foi para o Desenvolvimento Científico e um sucesso comercial. tanto como prova de que era tecnicamen- truir um protótipo de minicomputador e. O Primeiro Plano Básico comercial da FeCobra. O Argus res baseada na associação do governo 700 mostrou-se de difícil venda no mer- com a firma nacional e um fabricante cado brasileiro e os prejuízos da Cobra estrangeiro" (Helena. a de um terço do Estado. decidira-se criar. Suas despesas ini- ciais mostraram-se além da capacidade Tecnológico (1973/1974) relatou que. como mas Digitais da Universidade de São resultado do Grupo de Trabalho Especial. 5% (Helena. Ela era controlada por uma companhia estatal.com o fundador do Laboratório de Siste. financeira (e interesses) dos sócios pri- como resultado das pesquisas do Grupo vados. pela Equipa- CAPRE se desenrolavam. caiu para lecer "uma indústria de minicomputado. para os militares. um fornece- racionalização das compras de compu. busca minuciosa deu menos resultado Ao contrário. decidiu-se estabe. 1980: 83). era o represen. que produzia os equipamentos eletrôni- quina estatal podem ter implicações além cos para as fragatas e que estava interes- das vislumbradas por seus criadores (Cf. por parte do governo federal e a criação de programas de treinamento para pes- soal de processamento de dados (Helena. em julho gerar uma política industrial para a in. A CAPRE também é um de computadores. Sem a injeção uma companhia "tripé" semelhante às contínua de fundos do BNDE. Juntos. criou-se uma nova com- poderoso organismo regulador. a compa- nhia teria ido à falência rapidamente. ver software. a CAPRE se tornaria um vado. as bases tanto do desenvolvimento de Ricardo Saur. escolheu-se a E. 1982). Paulo. Cobra era institucionalmente importante. Entre as multinacio- bom exemplo da maneira pela qual as nais.E. sada em manter seu bom relacionamento Rueschemeyer e Evans. 2 Tripé foi o nome dado às criadas no setor petroquímico 2 . petroquímico. sua função era administra. minicomputador fabricado pela divisão balho Especial. um dos afilhados de Pelú. um programa para cons. em abril de 1972. capaz de panhia tripé. tecnologia nacional como da capacidade cio e que havia estudado ciências da empresarial industrial por parte do Es- computação em Stanford. pesar das dificuldades encon- 1980: 81). 1980: 74). minicomputadores. em um ano. Entre as firmas nacionais. 1985). dor minúsculo de equipamentos elétricos tadores. uma própria ao grupo de trabalho especial. e a participação da Equipamen- de Trabalho Especial. a Digibrás (que. tante do BNDE. A criação de uma companhia tripé de ram o GTE 111 num ator crítico do esta. O capital nacio- criou uma comissão para a Coordenação nal também não ficou entusiasmado com de Atividades de Processamento Eletrô. a Ferranti — companhia inglesa inovações organizacionais dentro da má. tradas para atrair o capital pri- promissada. era controlada majori- medida que as atividades da tariamente pelo BNDE). eles transforma. primeiro produto foi o Argus 700. ainda. um ros efeitos do Grupo de Tra. a idéia de entrar numa companhia tripé nico (CAPRE). mentos Eletrônicos e pela Ferranti. Isto é. com a finalidade de produzir dústria brasileira. computadores mostrou-se muito mais belecimento do alicerce institucional para problemática do que os esforços no setor a futura evolução de uma indústria nacio. na Escola Politéc. tiva e prosaica. Finalmente. Além companhias com participação disso. computadores não estavam interessadas Um ano mais tarde. As principais CTNs de nal de computadores. companhia na qual elas teriam apenas ganização. 1979. Apesar de seus problemas econômicos. O Ministério do Planejamento um controle minoritário. interessado em manter to dos equipamentos de processamento um bom relacionamento com seus clien- de dados existentes e do financiamento tes e esperançoso de que o BNDE lhe de atividades de processamento de dados fornecesse o apoio financeiro. pesquisas para desenvol- JULHO DE 1986 17 . tado. de 1974. por sua vez. Ela não com a Marinha. era o representante da Marinha. sua dificuldade de mobilizar aliados na ceberam que o poder conferido pelo sociedade civil. na prática. Não se deve exagerar o poder dos tec- res começaram a se destacar como parte nocratas da CAPRE. os computado. e eram portações de computadores cresceram os ministros. poderia suportar um cos". regime cuja ideologia oferecia uma certa bro de 1975. re. além básica" como uma das áreas a serem enfa- daquilo para o qual haviam sido previs. Assim. convencidos de que o internacionalistas. e não os tecnocratas. companhias (de maneira crucial. como Mário Simonsen. já que um concor- damental na CAPRE. uma maneira racional de sico para o Desenvolvimento da Ciência e limitar as importações de computadores Tecnologia aprovou a criação de uma in- e máquinas essenciais às operações dos dústria nacional de minicomputadores usuários governamentais e empresariais. tador no Brasil exigia peças importadas. Ricardo Saur tornou-se secretário desafio sério proveniente das poderosas executivo. eles eram o terceiro davam a palavra final quanto à política produto mais importante (após aviões e a ser adotada. "guerrilheiros ideológi. com experiência técnica nessa área. os poderes reguladores da CAPRE vimento) incluiu a "indústria eletrônica poderiam nunca ter chegado a nada.° PND (Plano Nacional de Desenvol- dos. jun- "nacionalista frustrado" ou. A METAMORFOSE DA DEPENDÊNCIA te possível para as firmas nacionais pro. Além disso. selho Nacional de Comércio Exterior Em caso de controvérsia. O capital nacional estava CONCEX tinha potencial para ser tan. na termino. A crise do petró. eles teriam que (CONCEX) foi procurar alguém que pu. de componentes fossem aprovadas pela lização crescente de equipamentos de CAPRE. Isto é. ministros a participarem das decisões. rente local não poderia iniciar suas ope- leo levava a balança de pagamentos do rações sem que suas guias de importação Brasil a uma situação crítica. controlada por capital nacional. quem quisesse importar base de sustentação. envolveu. em dezem. computadores. uma vez que a fabri. convencer seus ministros do acerto do desse regulamentar as importações de caminho que seguiam. que 600%.INFORMÁTICA. Além disso. retor-executivo do SERPRO. concorrência local. controlar as guias de nufaturados importados pelo Brasil. O que Contudo. sídios para desenvolver produtos nacio- 18 NOVOS ESTUDOS Nº 15 . ela Operavam também no contexto de um foi uma escolha óbvia. assumiu o poder em 1974. samento de dados do que em receber sub- cação ou montagem de qualquer compu. ções em direção à indústria de base. contanto que sua atitude não presentando cerca de US$ 100 milhões gerasse controvérsia a ponto de levar os de gastos em divisas. também se fadadas a perder a batalha a longo prazo. para os esforços nacionalistas posteriores o pessoal da CAPRE podia proteger na área industrial. co do governo Geisel era controlado por tins e outros. processamento de dados. Brasil poderia e deveria ter sua pró. o segundo Plano Bá- tos. Eles per. 2. tinha que obter a aprovação pré. qualquer fabricante local não apenas da Enquanto os problemas da Cobra se concorrência importada mas também da avolumavam. a IBM). envolvendo diversos ministérios. tamente com o apoio dos altos escalões logia de Adler. ocorreu uma mudança fun. Artur Pereira Nunes. com uma visão cos destinados à montagem de compu. bastante ambiciosa para forçar a indus- tadores. Luís Mar. A resposta do Con. duzirem no Brasil computadores de pro. podiam. Já em 1974. Com a uti. Mário Dias Ripper. juntamente com Ivan Costa Principalmente porque o lado econômi- Marques. O governo Geisel computadores. o pessoal da CAPRE não era permanecia obscuro era se a dedicação desinteressado. Esta era um órgão do problema. mais interessado em obter acesso mais ba- to uma política industrial como uma rato à tecnologia internacional de proces- política comercial. trialização de substituição de importa- via dos técnicos da CAPRE. Eram técnicos do tipo operacional do pessoal da CAPRE. ou componentes eletrôni. o pessoal da CAPRE tinha encarregada de racionalizar as compras a vantagem de dominar o conhecimento governamentais de computadores e era operacional da implantação da política um dos poucos órgãos governamentais determinante e o conhecimento técnico. e o Nas mãos de burocratas desinteressa. da máquina estatal. quanto como um veículo no Brasil sem sua aprovação. Um dos pontos fracos da CAPRE era pria indústria de computadores. importação. então di. as im. tizadas. Como a CAPRE já estava No fundo. Ninguém poderia fabricar computadores jeto nacional. Entre 1969 e 1974. Os técnicos da CAPRE tratores de esteira) entre os produtos ma. tentou publicamente que teria que assumir a responsabilidade fazer com que o governo dos Estados de dizer à IBM que não queria sua fábri. participado da concorrência dos mínis e ceu unida em sua oposição à proposta da não tinha uma posição real dentro do IBM. E. Felizmente para a CAPRE. apresentar propostas para operações to- meçou com uma campanha de marketing talmente controladas por elas. seguisse convencer o pessoal da comissão embora mais caro que os mínis locais. A em seminários anuais sobre Computação CAPRE julgaria as propostas. Foram. a IBM começou ime- tos no Brasil. a determinação dos técnicos como a ex- nistro do Planejamento. Unidos pressionasse as políticas naciona- ca. estrangeiras 3. e seriam um mau exemplo para outros res. na Universidade (SECOMU). Frustrada na proposta do baixo custo. poste. A CAPRE conseguiu organizar seus e da extensão da absorção de tecnologia companheiros técnicos. era a aprovação da CAPRE ou — se não con. pretendida pelo produtor nacional. 3 Helena. do grau de transferência tecnológica portação de mínis em troca da retirada de várias ações contra exportações brasi- JULHO DE 1986 19 . Nenhuma das duas associa. Tigre O desafio não tardou a surgir. representante especial ticiparam da decisão. Em vez disso. No final. não só por causa de seu poderio econô- mico. a Data General. nesse ponto. 1976. foi mais ambivalente. Arma. através das atividades forços anteriores visando encontrar par- de associações como a Sociedade Brasilei. tempo. Primeiramente. mente contando com a sua superioridade quina estaria disponível e coletando qua. o Sem dúvida. De fato. diatamente a trabalhar na apro- vel" poderia ter facilmente aceitado a vação de uma série de computadores de proposta da IBM como uma vitória da ISI (Industrialização para Substituição médio porte. A IBM pressão das CTNs não esmore- poderia oferecer minicomputadores de ceu. 1984: 78. que não havia cho quase foi esse. 1980: 98. invadir o mercado dos mínis. a IBM decidiu produzir no Brasil As CTNs mais importantes decidiram seu minicomputador Sistema 32. aparente- agressiva. o desfe. todos listas do Brasil. Em ções foi feita com uma CTN importante. quando o ambiente político concorrência — ao contrário dos seus es- ficou mais aberto. tensão do apoio granjeado pela CAPRE Os executivos da IBM chegaram a se dentro da máquina estatal. mas a preferência seria em função da proporção do controle o governo americano deveria convencer acionário nacional envolvido na propos. a ação des. A estratégia. Ela co. Sete fir- dos Profissionais de Processamento de mas nacionais apresentaram propostas Dados (APPD). No entanto. A CAPRE permane. Um "nacionalista razoá. Assim. Ao mesmo segundo a maioria das opiniões. assim. Robert Strauss. nores computadores de grande porte. a nacional. e rejeitadas todas as propostas das CTNs. Reis Velloso. mas também por causa dos bene- fícios objetivos de sua proposta. tecnológica e econômica para derrotar as trocentas declarações de intenção. Nessa carta. independentes e duas outras apresenta- ses grupos mal podia se comparar à do ram propostas em conjunto com firmas capital internacional e seus aliados. aceitas três propostas de firmas nacionais panhia estava numa situação de força. estivesse suficientemente próximo para Era uma expectativa razoável. a IBM esperava obter a 4331. mas os argumentos para comércio internacional do presiden- dos técnicos os convenceram: a IBM te Carter.nais. ceiros para a Cobra — atraiu alguns ca- ra de Computação (SBC) e a Associação pitalistas brasileiros plausíveis. qualidade comprovada e fei. seu míni. mas o ministro do Planejamento. reunir com o presidente Geisel. mercado brasileiro. uma proposta. a nova riormente. — a aprovação direta de seus superiores. considerações de participação acionária e da com provas óbvias dos interesses dos absorção de tecnologia pela companhia empresários brasileiros em seu projeto. de tentar produzir um computador que. a Data General ar- não recebeu permissão para construir o gumentava que as restrições do Brasil à Sistema 32 no Brasil. Qualquer firma poderia apresentar países se fossem bem sucedidas. o Brasil a eliminar suas barreiras à im- ta. enviando uma carta a os ministros envolvidos na CAPRE par. Mas elas subestimavam tanto IBM exerceu forte pressão sobre o mi. dizendo aos clientes que a má. inclusive um de seus me- de Importações). importação de minicomputadores esta- abriu-se uma concorrência para decidir vam afetando as companhias americanas quem poderia produzir minicomputado. A com. (%) Firmas Nacionais 190 280 370 558 687 261% CTNs 640 580 070 950 800 25% Total 830 860 1. novo quadro de pessoal. embora não estivesse neces. mas nacionais. em vez do Ministério do Plane- jamento. As exportações das CTNs se situam na faixa de US$ 200 a 250 milhões durante esse período. era definitivamente hostil aos téc. O SNI caram suas vendas durante o qüinqüênio não confiava na política da CAPRE e 1979-84. Figura 1 0 . tanto em termos de sua pelo menos no início. seu primeiro Políticas nacionalistas e tecnologia secretário. tagem. o novo ministro e czar econô- com Octávio Medeiros (che- fe do SNI). mico.058 1. extinguiu-se a ca da nova indústria que a CAPRE havia CAPRE. nicos era incerta. e a localização da brasileira de informática. a sobrevivência da política dos téc- para os técnicos da CAPRE que os pro. mais do que seu pessoal e sua posição sariamente mais disposta a favorecer as dentro do Estado. O novo Figueiredo para suceder Geisel. da abordagem da SEI foi ditada por algo formações. 1984. Octávio Gennari. A comunidade de in. Esse grupo. que trabalhou no do pela "comunidade de informações"4. provavelmente a te- cipava diretamente do grupo ta do grupo e deu as cartas segundo seu ria emasculado.INFORMÁTICA. comando do Conselho de Segurança Na- cional. como secretário) e Edison Dytz (que as firmas brasileiras mais do que tripli- mais tarde substituiu Brizida). 20 NOVOS ESTUDOS N. O poder real den. No final. As exportações pelas firmas nacionais são despre- zíveis no período. de certa Apesar das tendências nacionalistas do forma. Como indica a Tabela 1. Vide Tigre. a evolução de trabalho. mas não era um dos "guerrilheiros ideológicos". a SEI acabou mostrando-se ças na máquina estatal. como con- o "Relatório Cotrim" e as conclusões de seqüência da evolução técnica e econômi- outro grupo de trabalho. evolução do setor de informá- soas do quadro da CAPRE foram inte. No entanto. já fora membro do conselho internacional consultivo da CAPRE. 1984:57. as que fica. * Refere-se apenas a vendas internas. favorável aos "guerrilheiros ideológicos" lho especial para reconsiderar a política e a seu posicionamento. Em fins de 1979.040 1. próprio interesse". e o SNI parti- comunidade de informações tomou con. Se ela tivesse continuado no Pla- Ministério das Relações Ex- teriores. blemas potenciais criados pelas mudan. Mas a pressão das CTNs foi. acabou sendo uma van- 4 Cotrim. rança Nacional. Simulta. durante um período em Tabela 1 Evolução das Vendas do Setor Brasileiro de Computadores — 1979-1983* (em US$ milhões) 1979 1980 1981 1982 1983 Cresc. os militares haviam escolhido João nacionalista do que a CAPRE. Apenas s estatísticas sobre a recente sete das aproximadamente quarenta pes. pessoal gradualmente mostrou-se mais neamente. Já no fim de uma defensora mais agressiva da linha 1978. Para entender essas mu- (Secretaria Especial de Informática). tinha fortes vínculos Na opinião de Adler (1982: 639). após boração da política do setor. Os dados também aparecem na ABICOMP/SBC. SEI. 1984. subordinada ao Conselho de Segu- liderado por Paulo Cotrim. "a nejamento. A METAMORFOSE DA DEPENDÊNCIA leiras para os Estados Unidos então em tinha muito menos familiaridade técnica andamento. SEI. um problema menos importante SNI. tica no Brasil mostram o su- gradas na nova organização. danças fundamentais no contexto da ela- nicos da CAPRE. Isso. era domina. em comparação com as CTNs que ope- zida (que acabou substituindo Gennari ram no setor. taxa de crescimento absoluto como de tro da SEI estava com os que tinham sua crescente participação no mercado. Funcionava sob tanto no Brasil como internacionalmente. vínculos com o SNI. danças. formou-se um grupo de traba. 1984:1. cesso impressionante das fir- ram estavam numa posição mais fraca. Haviam ocorrido mu- CTNs.40-41. é necessário recuar um pouco A SEI representava novas forças e e reexaminar a evolução do setor em si. como Joubert Bri. com o setor do que os antigos técnicos.487 79% Nacionais como 23% 33% 36% 37% 46% % do total Fonte: Dytz. que foi substituída pela SEI feito germinar. Delfim Neto.º 15 . chamado grupo "BUNCH" sentar esse desfecho simplesmente em do setor. A política de reserva de mer. e alocando uma O novo rumo do crescimento do se- proporção muito maior de seus profis. pregariam 224 pessoas em vez de 121. como Bur. tendo duplicado sua participação e sen. JULHO DE 1986 21 . as firmas nacionais estavam com a evolução técnica e econômica da rapidamente se aproximando das CTNs. Sperry e Olivetti dentro da cate. o número de pessoas que elas empre- mero de pessoas que elas empregavam nhias novas. em relação às suas de computadores de grande porte. como a Digital Equipment gavam em P&D aumentaria em proporção ao aumento de em P&D crescia mais rápido ainda. À medida política brasileira. 1983: Tabela 2 146-48. ** A ABICOMP/SBC. Já eventos políticos no Brasil. que contava eram os computadores de ção da P&D nacional foi mais do que grande porte e seus respectivos periféri- justificada pelos números que surgiram. Quando o roughs. mas os 1. quadro 15. e tentar acompa.942 99 2. Univac- Sperry. vendas. como gos fornecidos pelas empre- sas nacionais desapareceriam. que as firmas nacionais es. seria errôneo apre. tavam empregando um número muito Quatro vezes mais rápido que as vendas maior de profissionais. grupos nacionais. O pré-condição necessária para a estimula. Assim. e em ne- mercado. des de subsidiárias internacionais. a Data General e a suas vendas. Poucos teriam previsto que as ven- Como indica a Tabela 2. 1984:8 dá números substancialmente mais altos para o nível de em- prego geral de profissionais em firmas nacionais (4. do que as CTNs. elas em- 1983. res de grande porte. as vendas de mínis na magnitude da P&D nacional. o nú.531 100 2. neywell) no mercado de mí- nis também foi ultrapassada pela Data General e Hewlett- Packard. dados. manutenção e serviço. Hewlett-Packard 6 . adiante). havia aproximadamente 1. esse setor era de interesse apenas marginal crescimento era bastante gratificante. Conseqüentemente.204 43 P&D 475 31 76 3 1. juntamente em 1983. no início dos anos 80.200 em. Vide OTA. no setor de processamento eletrônico de locar as principais CTNs. de computadores do mundo plicada. NCR. Como as firmas tradicionais líderes nis. Em Corporation (DEC). Essa vitória dependeu de maneira longa experiência de fabricação no Bra. É sempre difícil prever a evolução do responsáveis por quase metade do técnica de um setor dinâmico. que já tinham um sistema esta. produção. Control e Ho- Brasil.810 100 * "Outros" inclui funções de administração. Elas não tinham re. tor criou o espaço necessário para a nova 5 Chegou-se a essa estimativa supondo-se que.109 44 482 12 1. os fabricantes tradicionais de computado- tido que as CTNs dominassem completa.596). o segmento inferior do Para os técnicos nacionalistas. conforme argumenta Adler. cos. em vez de 54%.107 53 1. na segunda maior fabricante incontestável. As companhias pionei. indústria internacional. nhum lugar isso foi mais válido do que cado ajudava as firmas nacionais a des. mesmo no mercado dos mí- sil. 1984. no fim dos anos 70. que não existiriam caso se tivesse permi.336 53 2. se as CTNs sionais às atividades de P&D. Fontes: Erber. 6 Baseado na explosão do mente o setor 5 . Pessoal Universitário no Setor de Informática no Brasil Firmas Nacionais e Subsidiárias Estrangeiras — 1979-1983 Tipo 1979 1983 De Nacionais Subsidiárias Nacionais Subsidiárias Trabalho Nº % Nº % Nº % Nº % Marketing 413 27 1. ceriam dez vezes nos próximos sete anos. (os fabricantes tradicionais de computadores de grande por- termos de conflitos políticos travados no belecido de subsidiárias internacionais e te — Burroughs. pela elas não estavam em condições de mon. Em parte.359 empre- pregos de P&D no setor de informática. pois para as principais companhias interna- correspondia a um aumento considerável cionais. No entanto. Dytz. a DEC transformou-se de uma com- A vitória dos técnicos nacionalistas é produtos no mercado americano já era panhia incipiente dos anos 60 em si um desafio. Em 1975. A supo.que a indústria brasileira atravessava a crucial da conjuntura que ocasionou os pior recessão de que se tem notícia. O domínio da IBM continuou vontade e habilidade política dos nacio.353** 34 121 4 Outros* 643 42 1. mas a participação do nalistas.521 100 3. tivessem 100% do mercado que as firmas nacionais cresciam. ficava claro. tar uma produção local de mínis no Bra. nhar o crescimento da procura por seus mercado de mínis. ras no campo dos mínis eram compa. com a maioria do pessoal adi- cional (568) concentrado em P&D. ela deve ser ex. já das de mínis nos Estados Unidos cres- em 1979. Brasil começou a criar uma capacidade goria dos vinte maiores fabricantes de de produção de hardware controlada por hardware (vide Tabela 4. equivaleram a menos de 15% das ven- sição de que o controle nacional era uma das de computadores de grande porte. 1985:302 (Tabela 6).485 53 Total 1. adquiriam experiência. a produzir clones do IBM-PC. elas também não ocuparam esse em chips. Se a IBM tivesse mostrado inte. do microprocessadores encontrados co- e a entrada no setor de mi. o número de firmas mudanças na tecnologia e na organização brasileiras no setor de informática au- 8 Esse dado é da SEI (vide industrial. Não local nos países periféricos. a histó- ria teria sido diferente. alguns modelos brasileiros para a organização do mercado que cria. Uma vez Foi o microcomputador que realmente microprocessadores. a construção de um micro o que não era uma proposta descabida exigia capacitação tecnológica. as barreiras tecnológicas para espaço. se combinaram para abrir caminho no mercado de micros haviam se junta- aos que tentavam criar uma indústria do aos cinco produtores de mínis. gerou um conjunto dinâmico de produ- sas companhias teriam um mento do mercado. O papel das mercado de micros. Usan- forte interesse em restringir seu uso por parte de terceiros desalojá-las. as compa- muito mais difícil. dos. política dos técnicos nacionalistas não baseado principalmente no florescente teria dado os mesmos frutos. eram oferecidos a preços várias vezes do de CPUS. os recém-chegados. teria sido altamente posi. Apples. 1984). a Burroughs ou se-ia eliminado a possibilidade da concor. a entrada eram. seria muito difícil tores locais de hardware no Brasil. elas consegui- tionava o direito da IBM de introduzir ram acompanhar a tendência. poderia estavam se tornando cada vez mais com- ter previsto que as vendas de micros au. rados a produtos de demanda final como 7 Se a IBM. O sucesso inicial dos técnicos nacio- crocomputadores teria sido mercialmente. na verdade. tecnologia patenteada 7 . à medida que Mais do que o advento do míni. A METAMORFOSE DA DEPENDÊNCIA sil. mas. que não produziam compu- máquina como o sistema 32. dores eram produzidos por companhias tiva. 22 NOVOS ESTUDOS N. micros populares. demoraram para dar ênfase aos mí. e trazendo consigo a pro. ter. Intel e resse em iniciar a produção local de uma Motorola. de manei- res dos Estados Unidos desenvolviam o ra análoga à que companhias como a microprocessador de 8 byts que iria tor. Tigre e Perine. superiores aos vigentes nos Estados Uni- cura de todo um novo conjunto de peri. começando o Sistema 32. Ca. Sem essa entrou mais ninguém no mercado de mí- oportunidade. Sinclairs.INFORMÁTICA. gradualmente começaram a se apro- féricos e software associados. eles eram encontrados como toda certeza teria ocorrido o mesmo. numerosas mas também mais capazes de também Tigre. Nin. a Digital tivessem sido os inovadores na introdução dos rência para mínis em 1977. ção adequada. Se a DEC se dispusesse a começar Devido à disponibilidade dos micropro- a fabricar o PDP-8 no Brasil em 1970 — cessadores. mais de atores antigos como dos novos nesse se. 1984: 62-71. cinqüenta empresas que tentavam entrar tor. do microcomputador estava incorporada nis. Os clones (vide OTA. ocorridas no centro. Vide setor durante os anos 80. foram a produção aumentava e os fabricantes as características tecnológicas dessa tran. elas guém. muito menos no Brasil. como Zilos. tanto dos mais inovadoras.º 15 . estavam sendo vendidos abaixo do preço ram uma oportunidade ainda maior para dos originais americanos (vide Tigre. Já em 1982. Ditz. Quando o setor indústria em termos internacionais. nalistas dependeu de uma transição na nhias brasileiras produziram clones de tecnologia internacional que envolvia no. byts para as de 16 byts. Por volta de mea- sição juntamente com suas implicações dos de 1984. crocomputadores substituíram os mínis se adaptarem às condições tecnológicas como componentes mais dinâmicos da em mudança constante. petitivas em termos de custos na produ- mentariam 60 vezes entre 1975 e 1982 ção dos modelos mais antigos. uma vez que estava de modo algum fora do alcance essa já era uma máquina "velha" na de um engenheiro eletrônico com forma- época —. bem poucas. TRS-80s e vos e importantes atores corporativos. mas não do ponto de vista da DEC. a resposta brasileira. as firmas de semiconduto. com qua. como o Z80. como computadores de grande porte como o o TRS-80 e o Apple II. mentou para 123 em 1983 8 . uma mercadoria comum e não incorpo- so algum desses dois fatos ocorresse. 1983: 146). de semicondutores. bem como projetos e adaptações As estratégias corporativas. enquanto a CAPRE ques. Ao mesmo tempo. com quase tadores. Es- que as CTNs se envolvessem nesse seg. quando os mi. Compac e a Zenith estavam fazendo nos nar possível o microcomputador. internacional passou de máquinas de 8 Em 1976. Estados Unidos. a vontade e a habilidade nis após a concorrência original. juntando-se aos brasileiros das máquinas de 6 byts. ximar do preço americano. tornou. Como a tecnologia 1983a. que no início terceiro segmento substancial do merca. 1984: Tabela 9) e in- clui produtores tanto de pe- se ainda mais evidente na evolução do As firmas de micros não só eram mais riféricos como de CPUs. Como os microprocessa- se toda certeza. O número de mi. mas a está vinculado a fatores ou- tros que não a competitivi- do projeto de pesquisa custeado pelo menor que a IBM obteve autorização dade do míni Logabox (vide BNDE na Universidade de São Paulo. muitos consideravam o mais nacionalista nais conseguiram se adaptar e aperfei. como nem os principais fa.6 Valor Relativo Micros/Mínis 0% 23% 40% 61% 149% Fonte: SEI.2 57. 1984:65-72. Tudo isso levou Edison Dytz. que surgiu uma máquina muito mais cara. bora não o fosse com as máquinas ame. tanto tecnológico como sistemas do que em 1979 e o valor do econômico. A LOGABOX. "Os 100 Maiores". a diferença a tecnologia desejada era a do "supermí- entre o mercado tecnologicamente pro. em. Nenhum produzir uma variação de logia. e não estava claro que iriam gia. cionais de mínis parecia sombrio. dos secretários da SEI. 1985: 48).788 Micros Valor 0. obtido sucesso em acompanhar a transi. A Tabela 3 mostra a a intenção básica da primeira concorrên- evolução dos dois mercados. SISCO perdeu dinheiro em 82 e 83 e Infelizmente. vendiam-se menos cros. Alega-se que a Fujitsu nunca ção para a arquitetura de 32 byts.4 4.02 1. Tabela 3 Evolução do Mercado Brasileiro de Micros e Mínis — 1979-1983 1979 1980 1981 1982 1983 Vendidos 18 614 1. enquanto os pro. a sair: 39).9 6. a base instalada dos IBMs 4341 — 10 A exceção principal foi a SID. firma francesa anos 70. te não havia funcionado para os fabri- blemas dos fabricantes de mínis aumen. contrastava com o segmento de micros era uma vez e meia que acontecia no mercado de o do segmento de mínis.4 20. Em 1984. 1985: 49)10 .9 Vendidos 750 800 791 973 673 Minis Valor 3. 1984 e grande porte (IBM e o grupo BUNCH) 1985). dinamismo do mercado de mi. JULHO DE 1986 23 . Não estão incluídas as vendas de terminais de entrada de dados. 1983.8 38. A nologia que haviam adquirido em 1977. e a base instalada da LABO 9 A. no para fabricar no Brasil — quase dobrou discussão abaixo sobre o pa- pel do capital financeiro). dos produtores nacionais de mínis havia uma máquina anterior da Da- ta General sem entrar em vo nem mesmo na época em que foi ad. que Nova 3 — vide Ramamurti. titiva com a tecnologia licenciada. ra porém pragmática" de metas naciona- vos chips) que caracterizou o mercado listas (Adler. As firmas nacio. Desta vez. atra- vés de "engenharia inversa" zaram em mínis (Data General e DEC) foi menor em 1984 do que fora em 1982 p o r parte d e um antigo em - pregado da Data General. Já em 1983. início da década. Como seria de esperar. Notas: O valor é em bilhões de Cr$ atuais. quase não ganhou nada em 84 (Dados e bricantes americanos de computadores de Idéias. obter sucesso nesse campo. se- micros foi explosivo. considerados pela SEI como "micros". cantes de mínis. 1985: 11). nova rodada de licenciamento de tecno- em 1977. (SEI. logia na primavera de 1984.3 32. 1983: 31. entre 1982 e 1984 (SEI. cujo sucesso econômico vida localmente pela Cobra. a quem ricanas predominantes.516 22. a autorizar uma çoar a tecnologia com que começaram. A tecnologia desenvol. parece ter sido compe. 1983a: 31. a partir daí. guir adiante com base em pesquisa e de- crocomputadores vendidos multiplicou-se senvolvimento próprios — simplesmen- várias vezes a cada ano. Uma vez cia de mínis — que fora a de importar iniciado. to maiores. tavam. acordo de licenciamento (o quirido 9. mas não puderam acompanhar as mudanças da tecnologia internacional. Os fabricantes de mínis permane. ni" de 32 byts. As perdas da EDISA foram mui- nem os recém-chegados que se especiali. SISCO conseguiu. que foi a fonte da tecnologia da SID. o crescimento do mercado de tecnologia no início e. rim. ela também dos micros se refletiu no desempenho representava um reconhecimento de que econômico geral.1 11. mínis. Nesse ínte- faliu em seguida. mas essa não foi lançou a máquina que vendeu para a ocorreu internacionalmente no início dos uma forma muito completa de transferência de tecnolo- EDISA.459 55. esse know-how não era competiti. o futuro dos produtores na- ceram mais ou menos vinculados à tec. Enquanto se poderia en- blemático dos mínis e a facilidade de carar essa decisão como uma busca "du- transferência tecnológica (através de no. estavam dispostos a licenciar sua tecno. tor tecnologicamente complexo. estes formam o essencial menos a possibilidade de que eles se tor. 1982 e 1984. dominado genericamente pela tecnologia porâneos segundo os padrões internacionais. é não só faixas 3 e 4 eqüivalem aos liaram corretamente que havia espaço mínis ou supermínis contem. Na realidade.º 15 . entre 1978 e 1982. No segmento inferior do setor. rior do mercado. do mercado. as vendas tadores de grande porte mais antigos. nunca operações no Brasil continuam a se agi- Estes últimos cresceram de 54% para quase 60% da poderiam proteger o micro. pendência do Brasil em relação a firmas tação. pação de mercado dos computadores de nologia está se desenvolvendo e há ao grande porte. mas a sorte do micro. mou. a tec. Mais significativo ainda. modo que no resto do mundo 1 2 brasileira da IBM é manti- da. A METAMORFOSE DA DEPENDÊNCIA Se os técnicos da CAPRE dependes. o país gerou uma capacidade local para fensor. campo de microcomputadores. mas. sua principal ri- val no mercado brasileiro. mesmo que tecnologi. Era essencial que agis. vio. à tecnologia internacional. rial bem sucedido. principalmente no constante e permeia todo o setor. cessitar de proteção para sobreviver. por definição. No campo do míni. A IBM 1985: 15). maiores concorrentes brasileiros. mas Não se deve subestimar a importân- eles se assemelham muito mais a uma cia deste último segmento do mercado legítima "indústria nascente". 1983a: 9. Apesar das restrições. Em que o IBM 4341 absorveu locado na direção em que foi. computadores está completamente domi- zados para usuários cada vez mais insa. por suas bem cro e do míni na evolução do setor bra. Enca. sua jogada 1980. Se eles não o tivessem feito. cil. Estáva. Há exemplos abundantes da inovação O papel da tecnologia internacional é nacional de produtos. roso do mercado brasileiro. política. em parte por- entre ção da tecnologia não houvesse se des. Seria tolice tentar negar o grau de de- sucedidas operações de expor. razão era de mais de 6 vezes. local de subsidiárias totalmente contro- to diferente. empresarial. (Vide SEI. Mas. mas concretamente pela incluam também os compu. caso a IBM tivesse ob- tido permissão de vender o que correr riscos é a essência do espírito (vide Tabela 4. ladas por CTNs. Já em 1983 a 4331. Como a deixar claro que a estratégia de informá. quer tisfeitos. Erber (1985: 296) estima nem competitivos internacionalmente que o aumento no valor da capacidade em termos de preço. foi mais do são original da CAPRE colocou a ques. O setor nacional domina através da persistência dos acor- de informática teria consistido em algu. todos os siste- As faixas 1 e 2 são os mi- cros e mínis tradicionais. nal. sileiro não se procura denegrir a estraté- ria da capacidade de sua fá- brica de Sumaré (vide Pira- gia dos técnicos nacionalistas. a força eco- nômica da IBM em relação desenvolver a tecnologia nacional. sil como se ela se desenvolvesse sem de. qualquer esforço empresa. do mesmo 12 A saúde da subsidiária Ao enfatizar o papel diferencial do mi. mesmo em comparação com seus capacidade instalada 1982 e 1984. os preços estão caindo. é ób- mas poucas firmas financeiramente frá. quer para um contestador dessa inovação de produtos. sua dependência de importações de pro- era dez anos atrás. as vendas da IBM do Brasil foram uma parcela do mercado que teria pertencido ao 4331 me. Se a evolu. ela fracasso seria patente. o croprocessador. As te". A LOGUS. da IBM continuam a crescer mais rápi- os computadores realmente de grande porte segundo os camente fosse uma empreitada mais difí. tica do Brasil exige um acesso constante o quanto essa dependência se transfor- foi afetada muito mais seria- mente pela reserva de mer. Ava. sim. 1983: 213). internacional. entre do míni. envolve continua a ser o componente mais pode- sorte. que o dobro do aumento da capacidade tão desta forma: "Nós tivemos a visão dos micros e mínis. foram também muito astutos. Os fabricantes podem ne. Mas os O mercado de computadores de gran- seis níveis ou "faixas" em função do preço e tamanho. dutos finais para componentes (vide Ti- pender da tecnologia internacional seria gre. gantar. mas grandes neles baseados. um erro fundamental. 1983: ma que exige proteção aos esforços para fabricação sob controle nacional num se- 237 e Tabela 4). Enquanto o aparecimento dos micros e mento do setor é altamente competitivo mínis significou um declínio na partici- no Brasil. brasileiro de informática em mina de diamante (o micro)". O Brasil criou uma capacidade de cado (vide Piragibe. embora elas para recém-chegados no segmento infe. Finalmente. Mudou à concorrência no Brasil po- de ser ainda maior do que rar a indústria de computadores no Bra. adiante). IBM. mas seria também bobagem ignorar Burroughs. instalada de computadores de grande Um dos técnicos envolvidos na deci. nado pela tecnologia estrangeira. por extensão. quer para um de. o segmento maior do mercado de geis que produziam produtos desatuali. internacionais e à tecnologia internacio- gibe. O aparecimento dos produtores na forma de importações ou na produção de micros dá à indústria um caráter mui. dos de licenciamento. não teria tido êxito. que ocupam a maio. 24 NOVOS ESTUDOS N. 1984: 58). As faixas 5 e 6 são sem sobre o míni. de porte e. INFORMÁTICA. a tecnolo- sem do sucesso da tecnologia licenciada gia internacional domina através do mi- de mínis para justificar sua política. e suas padrões internacionais atuais. do do que as do setor em geral. da mesma for. técnicos da CAPRE não tiveram só "sor. Seu seg. em parte. porte. na medida em quatro vezes maiores do que as da Cobra nor. a participação dos compu- mos tentando proteger uma mina de co. tadores de grande porte no mercado bra- 11 A SEI divide o mercado bre (o míni) e acabamos protegendo uma sileiro aumentou 11 . 4 Itautec Corp. chamada Spectrum. 3 6.4 2 181. 4 2. As firmas que não têm subsidiária fabricante nacional.1 Digirede Diretor/Prop. guraram com destaque nesse crescimen- conhecimento internacional (vide Revis.3 11 48./Financ. agosto de 1984 (n. As exporta. * = não incluídas na listagem de Dados e Idéias das maiores firmas em 1980. A capacidade ção acionária. A Data General. As firmas estrangeiras têm pelo menos 95% de controle estrangeiro. próximos do VAX. mas seu uso sistemas de automação bancária e alguns ainda está amplamente disseminado e há JULHO DE 1986 25 . 5 2. como da depen- tante companhia americana de consulto.9 17 14.8 1 1.3 12 39. foi possível arregimentar os prin- acordo para comercializá-la nos Estados cipais personagens internacionais do se- Unidos.0 Burroughs Estrangeira 2 6. Os sado nos Estados Unidos.6 Medidata Diretor/Corp. Uma minúscula companhia bra.4 7 78. Foram excluídas as firmas de consultoria. Diretor/Corporação = controle por diretores cujos interesses incluem outras companhias.9 Hewlett-Packard Estrangeira * * 14 35.4 Racimec Diretor/Prop. juntamente com microcomputadores ta Nacional de Telecomunicações. 16 0.1 Prológica Diretor/Prop. 6 1. to. dência contínua de tecnologia estrangei- ria achou a placa da LOGUS suficiente. que havia cada vez maior de exportação das firmas sido tão rígida em sua oposição ao nacio- é também um testemunho da eficácia da nalismo do Brasil em 1977. 7 0. Em 1984. essas máquinas representam para mais de US$ 1 milhão em 1983.9 9 56. dezembro de 1981 (vol.3 20 10. e impressoras nacionais. em contraste nítido com mente interessante para estabelecer um 1977. desenvolveu logia para fabricar o DEC VAX 11/750 uma máquina compatível com o Apple — há muito tempo o padrão do setor —.6 Polymax Diretor/Corp.1 Fonte: Dados e Idéias. 11 0.0 3 181. processamento de dados e fabricantes de peri- féricos. fundada em 81 — 14 27. 12 0.4 Dismac Dono/Empres. Na verdade.5 Fujitsu Estrangeira 15 0. * * 6 102. que eram os concorrentes mais informações por parte das firmas nacio. "As 100 maiores no Brasil".9 EDISA Corp.4 SISCO Diretor/Corp. 18 0. não foram incluídas. 7). em licenciar a tecnologia para o MV4000 ções de produtos de processamento de e 8000. Tabela 4 Principais Firmas do Setor de Informática do Brasil — 1980-1984 1980 1984 Firma Controle Lugar Vendas Lugar Vendas IBM Estrangeira 1 23. como a DEC. tor.2 SID Corp.0 13 36. so da política brasileira. desenvolvidos localmente.6 Microtec Diretor/Prop.4 16 22. para a própria Cobra. = controle pela diretoria operacional.3 4 155.107.5 Scopus Diretor/Prop. desenvolvendo uma placa Mesmo os acordos de licenciamento que permitia a um micro rodar quinze de supermínis são prova tanto do suces- programas simultaneamente.4 Cobra Estatal/Financ. Corporação/Financeira = controle por outras companhias que incluem instituições finan- ceiras.0 Labo Diretor/Corp. Uma impor. 1983: 60-62).3 5 122. nais cresceu de US$ 147. as vendas são em bilhões de cruzeiros atuais. conseguiu granjear re. em 1982.5 19 11.3 18 14. e um nível tecnológico que já foi ultrapas- mais de US$ 18 milhões em 1984. out.2 Olivetti Estrangeira 13 0. concordou inovação local dos produtos. O Brasil conseguiu licenciar a tecno- sileira./Financ. 21 0. Dados e Idéias. 9 0. ra.0 Sperry Estrangeira 8 0. 17 0.7 10 56. Diretor/Prop./Financ. geralmente os empresários fundadores.1 8 64. fi- dos profissionais. uma firma com menos de doze emprega.º 75). que roda tanto os pacotes de software que nunca fora licenciado para uma fir- escritos para o Apple II Plus como os ma em que a DEC não tivesse participa- escritos para o Apple IIe.000. softwares. "As 50 maiores no Brasil". mudou de ma. Dispunha da do numa companhia de computadores. Os da indústria de computadores. firmas de origem in- dustrial e com algum vínculo com o ca- ntre 1973. pital financeiro nacional. que o capital começou a mostrar algum mas americanas que o licenciamento era tipo de interesse no setor. gum capital adicional na companhia. de participação na nova companhia. que detinha 30% ceiros do país fizeram propostas agres. do Unibanco. Equipamentos Eletrônicos. Contudo. usado na implantação da política nacional estão pelos bancos brasileiros para fins de en- bastante cientes da diferença entre teoria trada de dados.E. O Bradesco. A CAPRE. um conglomera- de atrair grupos com maior experiência do financeiro de certa importância. A Cobra. A sivas para entrar na. ze bancos importantes foram persuadi- tre o capital e o Estado haviam mudado dos a criar a Empresa Digital Brasileira no setor de informática. A METAMORFOSE DA DEPENDÊNCIA uma quantidade enorme de software in. sil com garantia de mercado.º 15 . a encetar a tarefa empresarial por si só. sob licença uma delas frisou. que já se en- O licenciamento dos supermínis tam. inicialmente. Além dis- neira radical. e acham-na necessária. pela Olivetti. A LABO era ranys procuraram infrutifera. Machline. Ser. 1979: 153-4). conseqüências mais fundamentais no pro. Como sil. a iniciativa política setor havia aumentado ainda mais. processamento de dados. não cal morre a possibilidade da negociação estava interessada em criar um concor- pragmática". contrava comercialmente em apuros. pelo menos. maiores firmas de consultoria de enge- dida a se associar à Cobra. industrial e poderio econômico fracassa- dustrial e comercial disponível para as ram. As pessoas mais valeria a pena formar uma joint venture esclarecidas entre as que se envolveram local para fabricar o Sycor 400. mas bém foi uma indicação das mudanças estava muito interessada em injetar al- que ocorreram em outra dimensão. era de proprie- uma contribuição ao setor. a polí. dono supermínis. so. que produzia como economicamente. 26 NOVOS ESTUDOS N. concorrência dos SID foi criação de M. principais grupos industriais. sob a marca Sharp no Brasil. nos últimos doze (EDB) e fazer um investimento na Co- anos. tal. o Bradesco possuía 30% do seu capi- A E. Este era vendido no Bra- e prática. Mesmo a EDISA. na forma de uma com- geral do Brasil. do Estado para 1977. que era pro- nem porte e poderio financeiro para dar vavelmente a mais fraca. por necessidade. "sem a retórica radi. Pode-se muito bem aplicar as lições muito embora o empreendimento operas- do licenciamento do supermíni à política se. quando Saur e Gua. e reserva financeira de Walther Moreira 1984.INFORMÁTICA. Salles. tanto política cos de consumo do Brasil. rente local para a Cobra. da Sycor. A mudança do relacionamento entre o Mas os recém-chegados bem sucedidos Estado e o capital eram. desde a fundação da CAPRE e da bra que lhes daria 39% do capital da colaboração entre o BNDE e a Marinha companhia. Quando da concorrência do míni em cesso foi a de transferir. em con- nicos era nacionalista e. o papel do capital brasileiro do maior grupo de aparelhos eletrôni- no setor de informática. Sem a vitória em termos panhia "tripé". On- viu para lembrar quanto as relações en. maior banco do Brasil. uma das terior com o Argus 700. sem a acei. A política dos téc. em 1976. e o Estado foi praticamente forçado duas máquinas. é teria sido impossível convencer as fir. políticos dessa estratégia nacionalista. traste marcante com sua experiência an- um tanto estatizante. quando os maiores grupos finan. As tentativas dade do grupo Iochpe. obviamente. não tinha nharia do Brasil e ao império de Henry nem experiência industrial apropriada Maksoud. o tínua da tecnologia internacional. Contudo. nologicamente sofisticada. na época. Só três anos mais tarde. o interesse do capital local no o capital privado. uma ramificação de um grupo industrial mente uma firma brasileira voltado para produção industrial tec- disposta a se associar ao Esta. licen- para promover o desenvolvimento de um ciaria o Sycor 400 e o produziria no Bra- computador nacional. por sua vez. O capital do interesse delas. como Vil- lares e Votorantim (vide Evans. financeiro descobrira a importância do tação da necessidade de dependência con. considerou que tica teria fracassado. ainda não estavam interessados. A SISCO estava ligada a uma das companhia que finalmente fora persua. equipamentos periféricos. o capital nacional tinha inte. A Itautec. depen. na base instalada brasileira. ram as que se deslocaram para o topo cou com 25. favorecendo o capital nacional na val que dirigia uma firma fabricante de concorrência. do pelo Estado. a IBM perdeu novamente: a capital nacional. pital privado na sustentação da política de informática havia mudado considera- O capital nacional somente entrou co- velmente. havia liderado a lu- tes de mínis estavam realmente produ- ta sozinho. número de computadores. um valor ligeiramente infe- rior (24. a ABICOMP (Associação ção bancária como um de seus acionis- Brasileira dos Fabricantes de Computado. excluía as firmas es- do capital nacional. Nunca se sugeriu que a decisão dos téc. 4. tanto como mercado como fonte doze firmas nacionais. No início dos anos 80. O cresci- A eficácia política do capital nacional Brasil. porque os produto. o Estado. Em 1984. organizado na ABICOMP. receu que Octávio Gennari (o novo se- era uma força central para impedir que cretário da SEI) permitiria à IBM pro- os novos atores dentro da máquina esta- duzir o 4331. Entre 1976 e 1981. no mínimo. o segundo maior banco brasileiro. que em 1984 já era a ter- res e Periféricos). tores nacionais como um concorrente po- tencial dos mínis nacionais.4% referente a temas nacionalistas. 1980 a 1984. de 6% para quenas nacionais — a maioria delas diri. Ele liderou o da para atender os interesses de firmas ataque usando os meios de comunicação. Entre 1981 e 1983. prin- mo força política depois que os fabrican- cipalmente a CAPRE. objetivo era o de defender a política va política no programa de informática. e depois que os produtores de tante desinteressado. fora substituída pela SID interior da máquina estatal. A sobrevivência de ceiro. a Cobra. foi de alguma forma toma. 1985: 36). a abertura política havia chegado aliar seu destino a esse crescimento fo. num mercado altamente competitivo — não o valor. Além ponsável por 19. De fato. num sentido mais lato. A luta pelo 4331. a Estado como instrumento do capital na. que era tido pelos produ- terior. JULHO DE 1986 27 . 27% 13 . o Bradesco. ainda não trangeiras e definia explicitamente seu há dados que permitam con. tima. o setor dia da preservação da reserva de merca. das da indústria nacional. Didier Vianna. conforme mostra a Tabela no entanto. importância relativa do Estado e do ca- cional. financeiro quadruplicou sua participação do. ultrapassando a participação dos clien. Nos anos 70. que era tanto o seu agora estavam organizados numa associa. principal cliente de sistemas de automa- ção industrial. o menor computador de tal (SEI) se desviassem da política an- grande porte. Erber (1984) dá conferiu à reserva de mercado legitimi.6%. produção do 4331 foi colocada sob res- É mais exato encarar o capital nacional trições tão severas que. os dados foram de 30. tes industriais14. relacionamento com o maior banco do res nacionais de hardware e periféricos Brasil. para os bancos e 28. campeã nacio. foi diferente da batalha an. papel como um lobby nacionalista cujo cluir que ele tomará a iniciati. tas.8%) para 1981. foi criação do rara entre as associações industriais bra. de capital. era um ex-engenheiro na- nicos. tecnológico nacional. como política "pró livre iniciati.2% para Já em 1984. o ca- Isso ficou patente em 1980. as indústrias (SEI. para o desenvolvimento 1983: 21). a importância crescente do setor finan- resses reais em jogo. que era tanto o seu aumentou em 1980. Um dos fatores determinantes da mu- terior pelo Sistema 32. do que encarar o Nos dez anos entre 1970 e 1980. As firmas nacionais de computadores mais bem sucedidas em 14 O setor bancário foi res- va" e como política nacionalista. do setor. A existência de algumas firmas pe. quando pa- pital privado. O presidente da ABICOMP. era legí. ape- como instrumento de um projeto dirigi. en- quanto o setor industrial fi- a um estágio onde a discussão aberta. até 1982.4% das ven- disso. à margem dos acon- micros e periféricos se juntaram a eles. dança de posição por parte das firmas é Agora. como a maior firma nacional. Itaú. o Bradesco. individuais envolvidas ou a mando do No final. nas 21 haviam sido instalados (SEI. A ABICOMP era avis ceira maior firma nacional. pesar do recente envolvimento sileiras. existente. enquanto o capital estava bas- zindo. O conflito do 4331 foi travado na imprensa e no Congresso. bem como no nal estatal. a partici- 13 Os dados são de Piragibe gida por proprietários e que vendiam pação do setor financeiro nas vendas (1983: 184) e representam c dos produtores nacionais cresceu 50%. tecimentos. dade. A proposta A nova importância dos grupos nacio- para a fabricação no Brasil do 4331 fora nais de capital privado em geral e do se- rejeitada pela CAPRE e a atitude era tor financeiro em particular fica mais encarada como um sinal de recuo pela clara na evolução das firmas do setor de nova liderança da SEI. pelo menos em grupos recém-chegados. políticas. Ivan Costa informática foi claramente "estatal". Na verdade. na atual política nuinamente nacional". O capital financeiro. A Duratex aind a é m uito num pequeno órgão burocrático escondi. dos supermínis. des de acomodação com as CTNs. abrindo maiores possibilida- res do novo Partido da Frente Liberal. cujo maior micos do Brasil.º 15 . era um defensor incansável das ver- EDISA e então se tornou secretário-exe. o setor estava uni- por Emanuel Adler como os atores cen. e o aparecimento do setor de tor da Elebra Informática. 1984: VI) tecnologia nacional bem como do capital bre as posições tomadas em 1984 pelos nacional. ambos ligados a grandes insti. como os ban- setor. Primeiramente. licença para o DEC VAX 11/750. ABICOMP. de informática. sa que as pequenas firmas. O segundo recém-che. pode-se argumentar maior banco do Brasil e. consiste em refletir so- Relatório Anual. apoiavam o licenciamento. que esses indivíduos tenham perdido seu Essas tendências foram reconfirmadas entusiasmo juvenil e "fugido da raia". Bradesco e Medidata. agora é presidente da Elebra Compu. Ricardo Saur foi para a nis. coisa que não acon- Santos. Enquanto os grandes re- trial do seu império na indústria ele. talvez a companhia nacio. co" tomará. portanto. suas vendas em sistemas de automação que produz micros. Marques dirige uma pequena firma. pital financeiro e o que se pode chamar volvidas na produção e comercialização da "capital tecnológico" já ficava claro de semicondutores. Entre as firmas que licenciaram a cupados com a evolução da política ofi- tecnologia dos supermínis estavam dois cial. juntando-se ao grupo. Arthur Edson Fregni. da ABICOMP — vendo que sua vanta- portante produtor e exporta. cadas por Adler. pode aproveitar o fez a Companhia Docas de Santos. também baseou Empresa Brasileira de Computadores. pelo A participação do Itaú na concorrência menos na forma de joint ventures (vide dos supermínis. o fato é que o capital privado tem inte- tadores. um que a nova proeminência do capital fi- ator econômico importante. Cláu. apenas uma. pelo licenciamento dos supermínis. os membros dustrial. caminhos que o "nacionalismo econômi- bal. Isso não quer dizer bancária. achavam que outra rodada de licencia- la é apenas minoritária. tuições financeiras. "guerrilheiros ideológicos" identificados Ao mesmo tempo. a máquina estatal. a joint venture entre Docas de resse direto no setor. O capital envolvido na produção de via o grupo que conseguiu licenciar o equipamentos para processamento ele- DEC VAX 11/750. ao acordo de licenciamento dos supermi- ware da SEI). presidente do grupo. 15 O outro investimento in. A METAMORFOSE DA DEPENDÊNCIA A Digirede. um relacionamento com multinacionais. do e era veemente seu apoio à transfor- trais da formulação original do modelo mação dos regulamentos que fundavam nacionalista. pacidade de inovação local do produto — maior do que a Itautec. trônico de dados não é um bloco mono- diu e diversificou o seu envolvimento no lítico. Das cinco pessoas identifi. Tal- a participação do Itaú naque. a nova subsidiária do seus diretores-proprietários. permaneceu no setor es. deixou patente que o no debate público sobre o licenciamento banco pretende concentrar a parte indus. dependente da lada pelo Itaú. a nal mais bem sucedida. sões mais nacionalistas da nova lei. que se opunha fortemente tatal (ele agora é subsecretário de soft. Em 28 NOVOS ESTUDOS N. mas do na Secretaria do Planejamento. a reserva de mercado em lei nacional.INFORMÁTICA. plataforma chave para as iniciativas de tário mas também trabalha como consul. O Itaú não é só o segundo fazer. (Vide Tausa. é um dos líde. Essa separação entre o ca- ção de duas novas subsidiárias suas en. a associação das pendentemente da influência do capital indústrias de informática. que é ura im- Já vão longe os dias em que a dinâmi. É também nanceiro nacional se deslocará para os uma força na esfera política. Evans. trônica 15. Mário Ripper sobre a política brasileira de informática. o novo presidente da Pereira Nunes. que não haviam 1984. obviamente. ca política do setor podia se concentrar gem competitiva repousava sobre sua ca- dor de produtos de madeira. Olavo Setú. cém-chegados financeiros. coi- dos maiores e mais velhos grupos econô. juntamente com a cria. O mesmo cos Itaú e Bradesco. acervo de capital está nas cabeças de gado foi a Itautec. que obteve tecia dez anos atrás. não podem Banco Itaú. importância do capital. a máquina estatal era a dio Mammana exerce um cargo universi. importante do Itaú é a Duratex. ha. ao vez a melhor maneira de medir a nova mento iria minar o modelo da "firma ge- passo que a Itautec é a maior subsidiária totalmente contro. Nos anos 70. Inde- cutivo da ABICOMP. Mas decidiram que. O Bradesco expan. o capital nacional oferecia nichos participado da concorrência dos mínis com mais possibilidade de ação do que em 1977. em Todos continuam vigorosamente preo- 1984. 1985). pendência econômica precisam ser revi. Mes- sobre as conseqüências da mudança tec. lado. Desde as priedade em vendas de produtos finais. dos por companhias novas sem conexões A análise política dos momentos de internacionais. foi o desenvolvimento anterior da cupações teóricas que há mui. deve-se exagero sugerir que. Nesse caso. As análises anteriores das conseqüên. tentativas agressivas da IBM de promo- A primeira ruptura criou o espaço. a formação dos técnicos e das apti- dões necessárias para tomar uma iniciati- Conclusão va no setor de informática já ocorria há pelo menos uma década antes de se to- caso da informática no Brasil marem as iniciativas. da significou que o acesso contínuo à vos nichos. Eles puderam agir por duas ra- tecnológica é acompanhada por uma zões. lítico para sua campanha. ainda é necessária uma dose considerável e oferece uma nova visão da interação de vontade e capacitação política para entre capital nacional e Estado. capacidade organizacional dentro da má- to são fundamentais para a quina estatal que fez com que o Estado análise do capitalismo dependente. sos. minante para transformar as oportunida- gia patenteada. não existiria um setor de hardware ceiro Mundo. Su. mas a ação política local é deter- barganha em setores em que a tecnolo. trutural do processo de modernização no São também momentos onde a mudança Brasil. segurança nacional criava um espaço po- res foi realizada nos países desenvolvi. o fato de que as croprocessador) tornou-se disponível no CTNs foram apanhadas politicamente mercado porque era controlado por fir. A generalização pendência podem já existir estrutural- de que as CTNs têm maior poder de mente. Por outro rupturas sobrepostas foram cruciais. mo com uma infra-estrutura adequada. um transição também tem um lado inter- avanço tecnológico fundamental (o mi. Caso contrário. nacional. tuição de importações em indústrias de No caso do setor de informática. sem um pequeno acrescentar a essa generalização a idéia número de indivíduos comprometidos e de que a mudança tecnológica também capazes de ligar sua causa particular aos oferece certos momentos de transição temas nacionalistas bem gerais e podero- que podem criar. nalistas frustrados" surgiu do caráter es- dança tecnológica toma um novo rumo. trutura preexistente considerável. ou do fácil acesso de Olavo Setú. aproveitar a oportunidade. No caso. os momentos de transi- as opiniões do capital privado serão uma ção não significam nada. zer que os resultados políticos locais batíveis. a conexão entre a informática e a meiro. apropriadamente enfatiza. servisse de base para os que desejavam gere revisões importantes nos modelos criar uma indústria de informática. mais da perda do controle acionário ou lismo. a mudança para máquinas meno. devam ser explicados em termos volun- Esses "momentos de transição" não taristas. As oportunidades para transformar a de- sadas e mais detalhadas. cia. nológica para a dependência econômica. Para se tirar determinante central do futuro curso da proveito deles é necessária uma infra-es- política de informática do Brasil. as transições vêm e vão sem ter nenhum cias da mudança tecnológica para a de. não ver o Sistema 32 até o fracasso das CTNs JULHO DE 1986 29 . Por um lado. desprevenidas foi importante para o su- mas que não tinham interesse de pro. des internacionais em mudança nacional. para os países do Ter. em constante mudança. A segun- atividades do antigo grupo em seus no. a influência e Isoladamente. bal aos círculos do poder. possibilidades de romper sob controle nacional. organizacional para as CTNs. Isso não quer di- as resistências de setores industriais im. o compromisso do ruptura do controle corporativo estabe. cesso do pessoal da CAPRE. no con. Em segundo lugar. Na circunstância. A existência dos técnicos "nacio- são simplesmente aqueles onde a mu. efeito sobre a dependência econômica.1984. constitui um fator central da produção. Contudo. como Adler texto do desenvolvimento dependente. preenchido localmente pelas CTNs. duas base abria um novo quadro. da defesa pública acalorada tecnologia internacional não dependia que Edson Fregni faz do velho naciona. é apenas um leve continua verdadeira. para formado a dinâmica política. a implantação do setor havia trans. regime com uma nova rodada de substi- lecido sobre a tecnologia em questão. Pri. De igual importân- aborda diretamente as preo. Através das a criação das firmas nacionais. O fator lificarem profundamente os modelos sim- político do processamento eletrônico de plistas centrados no Estado.º 15 . Esse caso capital nacional nesse setor específico. dos papéis do Estado e do capital na da. ças produtivas locais. A ções mais otimistas do caso brasileiro política de informática permeou não ape- (por exemplo. Mais importante de tudo. A iniciativa Terceiro Mundo. Reconhecer sem sentimentalismos a rência dos supermínis em 1984 é que as fugacidade de vitórias passadas não é posições de barganha das CTNs parecem negá-las. provavelmente é mais correto dizer transformação industrial não são menos que a política permitiu um movimento importantes do que suas implicações pa- progressivo contínuo da acumulação de ra as teorias de dependência. Pode-se transformar a de. veio do Estado e não do capital. permanentemente na existência de uma portada do silício em todos os segmen. Não só não há incorreto argumentar que a dependência referências sobre o interesse do capital pode aumentar novamente no futuro antes das iniciativas do Estado. dados poderia facilmente mudar para A indústria de informática brasileira um rumo que fortaleceria a posição das originou-se de um projeto de desenvol- CTNs. as Como sabem muito bem os que estive- CTNs abusaram constantemente do seu ram envolvidos com o desenvolvimento cacife. Observando-se a estatal que não serão facilmente elimi- combinação da dependência de compu. mesmo que a conjuntura se torne menos ziu. rias como as que eles obtiveram não são plorar totalmente suas vantagens econô. favorável. As implicações do caso da informática dência é. pelo capital de de importar tecnologia dos supermí. que se deve encarar o Estado como um A dependência pode ser uma condição ator relativamente autônomo. a política passada transfor- setor. tos do mercado e da aparente necessida. vitó- necessário ceder para que pudessem ex. do às origens do setor. discutível. o grau em que se "reduziu" a depen. e não da busca de o espaço disponível para participantes do lucros do capital nacional. permanentes. mento importante do capital se fixaram cional. seria mais fácil inclusive a crescente importância do argumentar que o capital privado estava software e a crescente dependência de agindo como "servo" do Estado-empre- chips personalizados. negociação com firmas internacionais. talvez. Mas seria um duos com capacitação técnica e uma erro confundir a transformação da de. A METAMORFOSE DA DEPENDÊNCIA em estabelecer qualquer joint venture (vide. especificamente. nacional. mesmo. surgimento de um conjunto de indiví- logicamente complexas. criou novos conjuntos de ser tão matizada quanto a aná. no mínimo. Adler. A evolução futura da tecnologia vimento nacional que necessitava do Es- e da organização industrial pode reduzir tado como esteio. 1984: 304). Observando-se as ten. compreensão muito mais sofisticada da pendência com sua superação. micas e técnicas. Voltan- dências atuais da evolução tecnológica. por exemplo. como 30 NOVOS ESTUDOS N. nas a lei. por sua vez. autêntica na concorrência dos mínis. que ajuda dinâmica e a indústria de informática a dar forma ao desenvolvimento de for- brasileira fornece uma das melhores ilus. ele sugere a importância de se qua- ça será secular e progressiva. Em vez brasileira para as concepções existentes de sugerir que a dependência foi supera. lise do processo que os produ. mas também inúmeras estru- 1985) superestimam o grau em que se turas organizacionais ligadas à máquina reduziu a dependência. Somente com a concor. subestimando o nível onde era do setor de informática no Brasil. As avalia. fornece uma confirmação consistente de apesar de a dependência ter continuado. não há garantia de que a mudan. tadores estrangeiros de grande porte e é o fato de que os interesses de um seg- seu respectivo software de sistema opera. ou talvez trações desse dinamismo. 1982. nos países mais avança- Se o caráter da dependência puder dos do Terceiro Mundo. A política passada propiciou o pendência até chegar às indústrias tecno. nadas. Westman. da dependência da tecnologia im.INFORMÁTICA. Erber. indústria de hardware que é controlada. as estruturas avaliação dos resultados deve sociais locais. pelo menos parcialmente. po. Independentemente das tendên- refletir as realidades da evolução do cias futuras. Ao mesmo tem- mudar. nis. mou a natureza da dependência. não seria de todo sário do que o contrário. atores que não desaparecerão facilmente. O de- senvolvimento das forças produtivas lo- t cais mudou. 16 Para uma discussão geral também parece claro que a maioria do ram elaborando a política industrial. enquanto a interpretação do caso centra- vável ceticismo da maioria dos econo. em que entidades criadas para finalidades bastante diferentes (mais no. No caso. capital. EUA. nesses momentos. é provável que no futuro a política esta- isso requer mais do que o mero reco. quando os atores dentro da máquina estatal em os interesses do capital nacional ainda relação à máquina como um todo. Não Se as firmas nacionais fossem o único basta o reconhecimento da importância capital envolvido. eles podem em seguida redefinir os inte- plesmente de "lutas burocráticas intes. tatal. resses e a estrutura do capital local e tinas". setores estabelecidos. mas delo centrado no Estado. tégias que aproveitem o momento da teresses dentro da máquina estatal. uma vez principalmente em resposta à conjunção admitido que qualquer "lógica do capi. o teor da política do Estado foi lógica do capital. Este reconhe- car uma interpretação da "lógica do ca. A política de pital e o Estado é bem diferente durante informática só é explicável com uma vi. 86 existente. tal seja um derivado dos interesses do nhecimento de que as metas e interes. tadores mas não os produz — provavel. e não ação do Estado pode ser decisiva. e parece que deverá predo- A explicação das origens da indústria minar ainda mais no futuro. Se os pessoas dos centros decisórios. Entretanto. guem. bem como pelos projetos nela in- nologia internacional como sendo mais culcados pelos diferentes conjuntos de propício à lucratividade. suma. Finalmente. vide Car- noy. a impor- tal internacional. cimento deve ser seguido de uma análise pital". Os Estados não podem elaborar po- de de concepções de desenvolvimento líticas industriais a seu bel-prazer. do Estado como entidade. a são tecnocratas de médio escalão. Uma ses dos atores dentro da máquina esta. mas nacional estavam incorporadas em dife. Em das abordagens baseadas na capital brasileiro — que usa os compu.°15. tica de informática dependeu em parte de uma configuração organizacional pre. apesar do pro. São Paulo n. deve-se reconhecer que. termina exogenamente. o aprimoramento da capa. rante períodos de transição. A política de informática no Brasil exige um mo. Apesar de o capital não reco. Infelizmente. pp. Para o capi. Os estão indefinidos e o capital internacio- principais desencadeadores dessa história nal pode ser apanhado de surpresa. lho. 14-31. vendo a política estatal como cuidadosa das estruturas e da dinâmica que gerada pelos interesses a longo prazo dentro da máquina estatal. tância relativa dos interesses do capital zo são inegáveis e não há perspectiva cresceu pari passu com o crescimento do compensatória de benefício a longo prazo. Novos Estudos CEBRAP. seria possível justifi. dos interesses criados pela interação dos tal" deve incluir o capital internacional grandes grupos de capital quando tais e o nacional. da no Estado é válida para o momento mistas. elaborar estra- cada entre as várias interpretações e in. das lições fundamentais dessa história é tal podem dar forma aos interesses e que a dinâmica da interação entre o ca- comportamento do capital. O processo em questão não foi sim. nhecer esses interesses 16. Peter Evans é professor de Sociologia da Brown Univer- tadamente a CAPRE e o BNDE) acaba. indivíduos que detinham os cargos. O desfecho da polí. não há esperança de salvar Estados formulam políticas em relação a o argumento estruturalista. transformação industrial internacional. é possível argumentar que. do capital. jul. 1985. setor em si. a crucial das origens do setor. períodos de "atividades normais" e du- são muito diferenciada da máquina es. aplica da mesma forma à história subse- cidade tecnológica nacional gerado pela qüente do mesmo. configurado pela arquitetura da máquina mente ainda encara o livre acesso à tec. estatal continuará a ser importante. ela não se longo prazo. A adoção atores dentro da máquina estatal conse- da política dependeu de uma luta intrin. em que diferentes órgãos estavam mudar o posicionamento da indústria na- cuidando dos seus próprios interesses cional na divisão internacional do traba- particulares. Ao contrário. uma varieda. as perdas a longo pra. estatal. e não geradora dos mesmos. sity. Nada aqui nega a política aumentará a taxa de acumulação idéia de que os Estados capitalistas agem de capital nacional. JULHO DE 1986 31 . uma visão que admita uma dose substancial de "autonomia relativa" para Em momentos de transição. também não devem aceitar as estruturas rentes entidades organizacionais dentro industriais locais conforme o que se de- da máquina estatal.
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