Parousia 1° Semestre 2007 - O Israel de Deus

March 23, 2018 | Author: Francisco Higuera | Category: Dispensationalism, Prophecy, Book Of Revelation, Bible, Israel


Comments



Description

Parousia 1s2007.indd 1 28/6/2007 14:08:58 Editores Amin A. Rodor e Alberto R. Timm Editores associados Vanderlei Dorneles e Renato Groger Programação visual e revisão Renato Groger Capa Geyvison Souto Parousia uma publicação semestral do Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia (Brasil-Sul) Endereço para contato: Parousia (Salt) Caixa Postal 11, Engenheiro Coelho, SP, CEP 13.165-970 Tel.: (19) 3858-9022 E-mail: [email protected] Preços Assinatura anual de Parousia para 2008 Assinantes regulares....................................................... R$16,00 Instituições..................................................................... R$16,00 Estudantes...................................................................... R$14,00 Aposentados................................................................... R$14,00 Exemplar avulso............................................................. R$10,00 Todos os artigos deste periódico sem Copyright dos autores possuem Copyright © 2007 do Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia (Salt) As opiniões expressas nos artigos deste periódico refletem a compreensão dos autores, que individualmente não representam necessariamente o ponto de vista dos editores ou do Salt A validade e precisão dos materiais citados nos artigos são de total responsabilidade de seus autores Impressão Casa Publicadora Brasileira Tiragem 4.000 exemplares Parousia 1s2007.indd 2 28/6/2007 14:09:00 1o Semestre de 2007 O Novo Israel Editorial.................................................................................................................. 5 Artigos Israel na profecia bíblica ....................................................................................... 7 Gerhard F. Hasel, Ph.D. As festividades israelitas e a igreja cristã ............................................................ 29 Ángel Manuel Rodríguez, Th.D. Estêvão, Israel e a Igreja ..................................................................................... 39 Wilson Paroschi, Ph.D. Israel e o novo Israel............................................................................................. 53 Amin A. Rodor, Th.D. O novo ‘Israel’: a construção da ideologia do messianismo americano .............. 67 Vanderlei Dorneles, Th.M. 23 de setembro ou 22 de outubro? Uma nova abordagem à luz da astronomia ..... 83 Henderson H. Leite Velten e Juarez Rodrigues de Oliveira Parousia 1s2007.indd 3 28/6/2007 14:09:01  / Parousia - 1º semestre de 2007 Parousia 1s2007.indd 4 28/6/2007 14:09:01  Editorial A escola dispensacionalista de interpretação bíblica transformou o Antigo Testamento em num tipo de playground para toda sorte de distorções hermenêuticas. O quadro é deploravelmente difundido, com toda sorte de especulações infundadas, resultado das ginásticas do rígido literalismo interpretativo que governa essa escola. O número de sites populares na internet parece se multiplicar a cada semana. A maioria é disponibilizada por evangélicos fundamentalistas americanos, em sua defesa dogmática do lugar do moderno Israel no quadro profético dos últimos dias. Para George Konig, por exemplo, “Isaías predisse o renascimento [moderno] de Israel.”1 Citando o profeta (Is 66:6-8), ele conclui que tal profecia cumpriu-se espetacularmente em 14 de maio de 1948, quando a moderna nação de Israel ganhou reconhecimento dos Estados Unidos e das Nações Unidos, em 24 horas. Para este autor, à semelhança de muitos outros, “o status de Israel como uma nação soberana, foi estabelecido e reafirmado durante o curso de um único dia”2, precisamente como indicado pela profecia bíblica. Evidentemente, a questão fundamental não é se Israel deveria existir como uma nação, mas se a existência de Israel como uma entidade nacional, no território Palestino, representa um cumprimento profético, como advogado pelo dispensacionalismo, com as suas enormes implicações, sobretudo, escatológicas. Como solidamente argumentado nos vários artigos deste número de Parousia, a leitura dispensacionalista das Escrituras, baseada em uma radical dicotomia entre Israel e a Igreja3, é conseqüência de uma formidável má compreensão hermenêutica, desacreditada por qualquer leitura cuidadosa das Escrituras. O sionismo dispensacionalista, errôneo em seu fundamento teológico, tende a identificar o moderno Estado de Israel com o Israel do Antigo Testamento, abrindo, assim, a porta para toda sorte de impropriedades interpretativas. Mais moderada, mas não menos truncada, é a tradicional e também consideravelmente difundida pressuposição de que os judeus permanecem, através da era cristã, como povo escolhido de Deus, retendo privilégios especiais e um papel relevante nos planos divinos. Tal compreensão, contudo, desconsidera o claro testemunho do Novo Testamento quanto à mudança inaugurada na história de Israel, bem como na história da salvação, pelo primeiro advento de Jesus Cristo. Fundamentalmente, seria no mínimo anacrônico que os cristãos continuassem a ler as Escrituras como se Jesus, o Messias cristão, não tivesse vindo, como se o Novo Testamento não tivesse sido escrito, ou ainda, como se fosse possível fazer voltar o relógio da história bíblica. Esperamos que nossos leitores sejam beneficiados por esta nova edição temática de Parousia, focalizando um dos tópicos mais atuais da teologia cristã, importante sobretudo por seus desdobramentos e potencial de confusão. Fraternalmente, Amin A. Rodor Parousia 1s2007.indd 5 28/6/2007 14:09:01  / Parousia - 1º semestre de 2007 Referências George Koning, “Isaiah foretold the rebirth of Israel,” http://www.therefinersfire.org/israel_born _in_one_day.htm acessado em 18 de Junho de 2007. Como Louis A. DeCaro lucidamente observa, contudo, “Tomar estas declaracões proféticas do seu contexto histórico e aplicá-las a Israel hoje é forçar a profecia a dizer o que ela não foi intencionada dizer e dar ao moderno Israel um status teológico o qual não está relacionado com a profecia.” Louis A. DeCaro, Israel Today: Fulfillment of Prophecy? (Presbyterian and Reformed Publishing Company, 1976), 4. 2 Ibid. 3 Para os dispensacionalistas Deus possui dois planos em descontinuidade radical: um para Israel, com um “proposito terreno,” ainda para ser realizado no futuro, e outro para Igreja, com um “propósito celestial,” agora em processo, e que terminará com o arrebatamento. Para C. Ryrie, tal distinção é considerada a “primeira essencia” do dispensacionalismo (Charles C. Ryrie, Dispensationalism Today [Chicago, Ill: Moody Press, 1973], 50), e de fato, pode-se considerer tal distincão o fundamento de todo o sistema, sem o qual sua estrutura entraria em complete falência. 1 Parousia 1s2007.indd 6 28/6/2007 14:09:01 it does not require Abraham ethnical descent. Líderes políticos indagavam se Israel reagiria aos ataques ameaçadores. na qual se baseia o futurismo. na igreja cristã. criticando a difundida visão de que as promessas bíblicas de restabelecimento da nação israelita já começaram a se cumprir com a formação do moderno estado de Israel e se concretizarão no futuro período milenial. Essa trágica destruição. Naquela ocasião. It also presents the conditional perspective of Bible prophecy. Ex-professor de Antigo Testamento e Teologia Bíblica na Andrews University Resumo: O presente artigo contrapõe os pressupostos utilizados pelas escolas de interpretação profética futurista e historicista com relação às profecias relativas a Israel nas Escrituras. De acordo com essa posição. that is. supported by the historicist method. According to this position. as promessas feitas por Deus ao Israel literal da antiga aliança. not fulfilled because of the repeated apostasies of Israel. Por outro lado. quando o estado de Israel foi atacado por trinta e oito mísseis scud. in the Christian church. Introdução1 O assunto de Israel na profecia bíblica é de grande interesse atualmente. apresenta a perspectiva da condicionalidade da profecia. mais condizente com a coerência bíblica. três anos depois de chegar ao fim o horrendo holocausto causado por mãos nazistas. Durante a Guerra do Golfo em 1991. todos os olhares estavam outra vez sobre a nação. Não exigem. will have an eschatological fulfillment in the Israel of the new covenant. sustentada pelo método historicista. que não se cumpriram devido às repetidas apostasias desse povo. a tentativa de genocídio de um povo inteiro permanece inigualável na história do século 20. Parousia 1s2007. Hasel. O estado de Israel foi fundado em 1948. Israel na profecia bíblica Gerhard F. It also provides a critique of the widely spread view that the biblical promises of restoration of the national Israel has already started to be fulfilled with the modern state of Israel and it will be finally accomplished in the future millennium. neste sentido. Abstract: This article makes a parallel between the assumption of the Futurist and Historicist Schools of Prophetic Interpretation concerning the prophecies about Israel in Scriptures. Ph. Dia após dia aumentava a admiração por Israel entre amigos e inimigos à medida que esse povo corajoso desafiava seus inimigos sem retaliação. foi entrevistado em uma das redes de TV dos Estados Unidos. Por um lado. parlamento de Israel. Havendo terminado a tragédia do holocausto.D. apenas “liberado territórios”. descendência étnica de Abraão. o autor aponta as diversas falhas da corrente dispensacionalista-literalista. terão cumprimento escatológico no Israel da nova aliança. um membro do Knesset. Esse membro do Knesset explicou com convicção na televisão americana que Israel não havia “ocupado territórios”. more consistent with Scripture. 28/6/2007 14:09:01 . In this sense. o mundo ficou horrorizado ao saber que vários milhões de judeus tinham perdido a vida.indd 7 the promises made by God to literal Israel of the old covenant. O entrevistador perguntou se Israel se retiraria dos territórios ocupados como condição para a retirada das forças de ocupação do Kuwait. ou seja. tanto para os judeus quanto para os cristãos. The author points out many of the hermeneutic dispensationalist mistakes on which the futurism is based. Esses eruditos dominam a maioria das universidades ao redor do mundo. métodos descritivos. este autor deseja expressar sua opinião pessoal de que esta investigação do testemunho das Escrituras de modo algum objetiva sugerir que o estado de Israel. Constitucionalmente. eles insistem. Afirmam que qualquer promessa já feita a Israel. não tem o direito de existir. devem se cumprir em um Israel étnico. somente se eles permanecessem fiéis à aliança de Deus. método de leitura minuciosa. seguem o método crítico-histórico de interpretação.4 Isto não significa que o método não é mais usado. permanece em vigor eternamente. Estes asseveram que as profecias concernentes a Israel são de natureza condicional. Essas quatro principais “escolas” de interpretação profética têm sua própria história e estão construídas sobre pressuposições contrastantes. Israel havia simplesmente liberado essas áreas de terra da ocupação ilegal praticada por outros.3 Este método está sob sério ataque de alguns eruditos bíblicos que têm operado dentro do método por anos e que se tornaram muito desiludidos com ele. formado em 1948. Atualmente há muitas abordagens adicionais ou alternativas que são usadas ou propostas em várias tentativas de mudar-se para além do criticismo histórico. interpretação total. criticismo orientado para o leitor. tendo estado em pleno florescimento por apenas cerca de um século. Outros estudantes da Bíblia mantêm um ponto de vista contrário a esta posição. e assim por diante. as profecias não mais poderiam ser cumpridas em um Israel literal porque eles perderam as bênçãos da aliança. Elas merecem ser conhecidas. o moderno estado de Israel não é nenhum estado religioso. A pesquisa crítico-histórica baseia-se em princípios e pressuposições do método crítico-histórico. e de sábios que foram educados no método mas que se voltaram contra ele. Escolas de interpretação profética É essencial reconhecer que a compreensão cristã de Israel na profecia bíblica é afetada pelas quatro diferentes “escolas” de interpretação profética. ao Israel étnico. / Parousia . Portanto. o estado de Israel tem tanto direito a existir com base no direito internacional como qualquer outro estado. O direito de um estado à existência Antes de nos empenharmos em um estudo da evidência bíblica.1º semestre de 2007 O oficial entendeu que a expressão “territórios ocupados” significava que os territórios pertenciam a algum outro em vez de Israel. o moderno estado de Israel dificilmente é diferente de qualquer outro estado secular formado nos tempos modernos. Precisamos ter em mente que o moderno estado de Israel pode ser visto em sua constituição parcialmente Parousia 1s2007.indd 8 escrita2 como um estado secular. Na opinião deste escritor. absoluta ou plenária. se acredita que todas as promessas e profecias encontradas na Bíblia feitas ao antigo Israel devem continuar em vigor e requerem um cumprimento literal por um Israel literal. literal. inclusive a posse da terra de Canaã por essa nação. Desse modo. Essas promessas. Uma vez que a aliança fora violada por Israel. Interpretando a profecia bíblica O ponto de vista desse líder israelense é partilhado por vários cristãos. Ele insistiu que esses eram “territórios liberados” porque a Bíblia indicava que Deus havia dado a Israel a terra que Ele prometera a Abraão. Ele continua sendo o principal método de estudo bíblico em um sentido secular. É de origem bastante recente. A despeito de todas estas abordagens 28/6/2007 14:09:02 . Entre elas estão métodos tais como estruturalismo. Cada um deles tem suas próprias pressuposições e normas que merecem análise e reação muito cuidadosas. As profecias seriam aplicáveis a Israel. Mas em sua opinião isto era falso. Há cristãos que negam a natureza condicional de certos tipos de profecia. hermenêutica dialética. Escola crítico-histórica Eruditos modernos. partindo desta perspectiva. método deconstrutivo. liberais e progressistas. Oden7.10 O elemento preditivo de curto alcance não é derivado de uma revelação sobrenatural. É 28/6/2007 14:09:02 . “Freqüentemente o procedimento do histórico[-crítico] do criticismo bíblico tem exigido primeiro a remoção de todas as reivindicações de revelação. G.12 Muitos cuidadosos estudantes da Bíblia têm corretamente chegado à conclusão de que a interpretação crítico-histórica da profecia é uma reiterpretação do que o texto bíblico realmente diz e reivindica para si mesmo.9 Se é deixado qualquer aspecto preditivo. Um dos maiores princípios do método crítico-histórico é o da analogia.C. que a história é movida por relações de causa e efeito em que não é permitida nenhuma causa sobrenatural. em que a real informação é transmitida de Deus para o profeta.”11 Esta opinião do moderno liberalismo (aqui usado como termo descritivo. ele é apenas uma predição de curto alcance em que o antigo profeta fala acerca do que lhe é contemporâneo ou não posterior às circunstâncias históricas que ele reflete. e então imposto sobre todo testemunho a afirmação a priori de que a divina revelação é impossível”. A função do profeta não é predizer. Escola historicista A terceira escola de interpretação profética é conhecida como historicismo. Para o crítico-histórico de hoje não há nenhum elemento preditivo significativo na profecia bíblica. a teologia. não pejorativo).15 Importantes aspectos da opinião preterista foram no decorrer do tempo incorporados ao método crítico-histórico de interpretação profética. a escola preterista defende que esses livros tiveram seu cumprimento no período do Novo Testamento e na própria história da igreja cristã primitiva até cerca do ano 100 d. sobrenatural.indd 9 no sentido de uma clara predição acerca do futuro próximo ou distante. O método crítico-histórico não toma o texto bíblico ao pé da letra. Não há nenhuma profecia divinamente concedida Parousia 1s2007. ou criticismo histórico. mas não em revelação ou inspiração divina. Todavia. mas era amplamente apoiado nos séculos 18 e 19.C. O preterismo é um método de interpretação profética que reconhece a genuína profecia preditiva na Bíblia.5 Tem-se admitido livremente que “o princípio da analogia é incompatível com a fé cristã”6 como ele tem estado funcionando no presente. o método crítico-histórico permanece em geral ainda dominante na moderna erudição liberal. Escola preterista Uma segunda e importante opinião de interpretação profética é conhecida como preterismo. em vez disso serve para secularizar os sistemas de crença. a filosofia. da Drew University. Com respeito aos livros de Daniel e Apocalipse. Esses processos metodológicos revelam que o modelo crítico-histórico é uma metodologia secular em que o novo espírito da autonomia humana8 permeia todos os aspectos da cultura moderna – as ciências. Trata-o à base das modernas pressuposições de como o escritor/editor do livro bíblico deve ser avaliado em vista das modernas perspectivas e deduções filosóficas. mas proclamar. ele mantém como premissa básica que todas as profecias já feitas acerca do futuro têm se cumprido no passado por volta do final do primeiro século d.14 A posição preterista é profundamente devedora ao erudito jesuíta espanhol Luis de Alcazar (1554-1613). O preterismo não tem hoje muitos seguidores. escreve Thomas C. e outros aspectos foram absorvidos pelo método futurista de interpretação. permite na melhor das hipóteses uma espécie de prognóstico que se baseia nas percepções superiores de um escritor humano.Israel na profecia bíblica /  alternativas ou suplementares. isto é. Analogia também significa que o passado tem de ser compreendido à base do presente.13 Este método não conduz à fé. e assim por diante. que projetou o anticristo no distante passado identificando-o com o imperador romano Nero. Ernest Wright declara isso sucintamente: “O profeta tinha deste modo mensagens para seu próprio povo em seus próprios dias. tem encontrado significativos competidores nos outros três métodos de interpretação (principalmente o futurismo) no cristianismo evangélico contemporâneo a partir da segunda metade do século 20. do segundo século a. R. que perseguiu os judeus (veja 1 Macabeus). ou Israel. e dominaria o mundo por três anos e meio. As profecias acerca de Israel devem ser cumpridas enquanto e apenas se Israel permanece obediente à aliança que lhe foi concedida por Deus. o fim do mundo e a nova criação. com o rei selêucida Antíoco IV. o futurismo foi rapidamente adotado no sistema do dispensacionalismo que se desenvolveu da década de 1830 em diante. ao pé da letra. Ribera publicou um comentário sobre o Apocalipse como uma contra-interpretação à opinião [historicista] prevalecente entre os protestantes que identificavam o papado com o anticristo. Escola futurista A quarta grande escola de interpretação profética conhecida como futurismo8 se tornou uma parte importante do dispensacionalismo moderno.10 / Parousia . Deus permaneceria leal às Suas promessas. Segue a descrição bíblica da revelação divina aos seres humanos (a saber. A escola historicista de interpretação não pode existir sem a aceitação da afirmação bíblica de que Deus tem absoluto conhecimento prévio ou presciência da história e que Ele tem feito conhecido por antecipação o que ocorreria no futuro. não importa que ela seja de curto ou de longo alcance. O anticristo seria um simples indivíduo maligno que seria recebido pelos judeus e reconstruiria Jerusalém.. Esse fiel povo remanescente de Deus não está restrito aos descendentes étnicos de Abraão. Se Israel deixasse de guardar a aliança. geralmente identificado com o papado. sem uma interrupção ou uma lacuna na visão profética. desafiar e. Seu objetivo é modificar. O futurismo tem profundas raízes na Contra-Reforma por meio do erudito jesuíta espanhol Francisco Ribera (1537-1591). O historicismo toma a descrição bíblica de predição profética.indd 10 Tem-se afirmado que o futurismo está “batendo à nossa porta”17. Pode ser descrita como o método histórico contínuo de interpretação profética porque compreende a profecia bíblica como contínua e consecutiva no que concerne às seqüências preditas de impérios e eventos nos livros de Daniel e Apocalipse.21 que se opôs ao princípio dia-ano e relacionou o “chifre pequeno” do livro de Daniel.22 A partir de então. mas elas seriam cumpridas com aqueles que lhe fossem fiéis. Entre os primeiros protestantes futuristas estavam importantes figuras como S. porém. O historicismo tem sido o método de interpretação respeitado por sua antigüidade pela maioria dos crentes na Bíblia desde o início do cristianismo até o início do século 20.16 O historicismo. As crenças futuristas dos dias atuais O futurismo dos dias de hoje vê o estabelecimento do Estado de Israel como um 28/6/2007 14:09:02 . Parousia 1s2007.C.20 Ribera foi subseqüentemente apoiado pelo Cardeal Roberto Belarmino (15421621).. Maitland.19 Ribera punha o cumprimento profético no futuro. substituir o método historicista de interpretação profética que tem moldado tão profundamente o cristianismo em geral e o protestantismo nos últimos séculos. O historicismo aceita a ênfase bíblica de profecia condicional com relação ao antigo povo da aliança.. Eles declararam explicitamente nas décadas de 1820 e 1830 que seguiam a Ribera. insistindo para ser recebido. se possível. James H. Ribera aplicou todo o Apocalipse menos os primeiros capítulos ao fim do tempo em vez de à história da igreja. Todd e William Burgh.1º semestre de 2007 a mais antiga escola de interpretação das quatro conhecidas no presente. profetas) em que Deus realmente predisse o que iria acontecer no próximo ou distante (até mesmo muito distante) futuro. As profecias são vistas a desenrolar-se em cumprimento histórico desde o tempo do escritor bíblico até o eschaton. então Deus não seria capaz de cumprir automaticamente as promessas que lhe fez no passado. Em 1590. à porta do historicismo. o “futurismo” baseia-se no método literalista de interpretação dispensacionalista.37 e assim por diante.30 Nenhum crente tem de passar pela apavorante tribulação.27 Qualquer visitante hoje em Jerusalém pode ir a um local específico e examinar os utensílios que estão preparados para esse templo a ser construído. em que os judeus literalmente sacrificarão outra vez animais.39 um educado advogado que se tornou um escritor prolífico com mais de 53 volumes. O segundo impulso fundamental para o dispensacionalismo veio de Cyrus Ingerson Scofield (1843-1921).”24 Escreve o extensamente lido Hal Lindsey: “O mais importante sinal profético a proclamar a era do retorno de Cristo” e “um dos mais importantes eventos de nossa época” é a fundação do Estado de Israel em 1948. também conhecidos como “darbyistas”.25 Dispensacionalistas e futuristas também vêem a reunificação de Jerusalém em 6 de junho de 1967 como um sinal direto do cumprimento da profecia. Principal conceito na interpretação futurista Em contraste com o “historicismo”31. Somente os incrédulos experimentarão a grande tribulação do fim do tempo na opinião do dispensacionalismo-futurismo.23 Declara Leon J. inclusive a vinda de um futuro anticristo e do falso profeta. O futurismo acredita que na dispensação milenial final outro templo será construído. isto é. toda profecia não-cumprida acerca do antigo Israel e relacionada com ele é projetada para o futuro. devem ser literalmente cumpridas no “Israel natural”.35 o Oriente Médio. na opinião de muitos. afirma-se. portanto. Origem do dispensacionalismo O futurismo está ligado ao dispensacionalismo. o qual deverá ocorrer antes da grande tribulação. Este literalismo exige que as porções proféticas e apocalípticas das Escrituras se relacionem principalmente com o futuro. não toma conhecimento de uma igreja ou o tempo que ela ocupará. Um papel significativo é designado à Rússia. Com o suposto silêncio bíblico da dispensação da igreja.”28 No futurismo há o amplamente antecipado “arrebatamento secreto”29 de todos os verdadeiros crentes. que representa uma lacuna ou parêntese na profecia.40 Darby foi um dos primeiros líderes do Movimento dos Irmãos.26 Há uma esperada reconstrução de um templo em Jerusalém que.32 Deve ser claramente compreendido que no futurismo o cumprimento profético baseia- Parousia 1s2007.33 Essa chamada “era da igreja” é considerada fora da visão bíblica da profecia.Israel na profecia bíblica / 11 cumprimento direto da profecia bíblica. depois do final da presente era ou dispensação da igreja. no futurismo os crentes serão arrebatados para o Céu no início da tribulação. mas não num sentido expiatório. No historicismo os crentes passarão pela tribulação do “tempo de angústia” incólumes e especialmente protegidos pelo braço poderoso de Deus. Eles serão “memoriais do único e completo sacrifício de Cristo. porque a igreja não é percebida como sendo a legítima herdeira de qualquer das promessas feitas por Deus no passado. de Plymouth na Inglaterra. deverá ocorrer na metade do período de tribulação de sete anos. No futurismo o cumprimento profético deve vir no futuro e deve centralizar-se em torno de Israel como nação. preeminente escritor dispensacional-futurista: “O mais claro sinal da volta de Cristo é o moderno estado de Israel. A Bíblia. advogado 28/6/2007 14:09:02 . Wood. a Bíblia é interpretada de tal maneira que a afirmação é reforçada pelos dispensacionalistas-futuristas de que nem o Antigo nem o Novo Testamento têm algo a ver com a igreja.34 Além disso.indd 11 se no conceito de que todas as promessas feitas ao antigo Israel são incondicionais e. O “dispensacionalismo moderno”38 tem sua origem nos ensinos de John N. cada um com uma média de 400 páginas.41 Em 1845 ele se desligou por causa de assuntos de eclesiologia e profecia para formar os “Irmãos Exclusivos”.36 e uma literal batalha do Armagedom que ocorrerá na Palestina. o templo milenial. Darby (1800-1882). Sendo que as duas primeiras são “aspectos básicos da escatologia futurista”49. Argumentos para a distinção Israel/igreja Segundo o futurismo e o dispensacionalismo.45 A maioria dos pregadores populares de rádio e TV ao redor do mundo pertencem ao campo de interpretação profética dispensacionalista-futurista. Walvoord. reivindicou ter sido traduzido para mais de 30 línguas. Portanto. H. de autoria de Hal Lindsey. Charles Caldwell Ryrie. seu tempo e sua relação com Israel. Podemos ver que esta distinção entre Israel e a igreja é o fundamento da escatologia futurista e da interpretação dos eventos do fim do tempo.46 Elas formam uma parte fundamental da hermenêutica dispensacional-futurista de interpretação bíblica em geral e a interpretação profética literalista pela qual ela se mantém. mais recentemente. Dwight Pentecost. isto é.51 Isto significa que toda a noção de uma “lacuna” ou intervalo entre a 69ª e a 70ª semana de Daniel 9:24-27 tem sua origem nessa distinção.47 Colunas da interpretação profética futurista Há três colunas essenciais do dispensacionalismo.44 Escrito para os leigos. A igreja é exclusiva quanto à sua natureza. (2) a insistência em uma interpretação literal (isto é. é “provavelmente a mais básica prova teológica sobre se alguém é ou não um dispensacionalista. Leon J. Distinção entre Israel e a igreja A distinção entre Israel e a igreja. e a igreja se refere ao povo celestial. Wood e. A. é claro. Há outros nomes importantes que moldaram o dispensacionalismo em tempos mais recentes. Declara um preeminente escritor dispensacionalista: “Toda esta distinção entre Israel e a igreja baseia-se no caráter singular da igreja. J.1º semestre de 2007 e legislador do Kansas. presidente emérito do Seminário Teológico de Dallas. John F. nas palavras do bem-conhecido expoente dispensacionalista. vendido mais de 30 milhões de exemplares em seus primeiros dez anos de publicação. que produziu as anotações para a original Bíblia de Referência de Scofield. Entre eles estão Lewis Sperry Chafer. Essa Bíblia com suas extensas anotações tem sido uma importante força para popularizar o dispensacionalismo.42 e. é também uma coluna da interpretação futurista da profecia e da escatologia dispensacionalista.”50 Esta distinção entre Israel e a igreja. Ela foi publicada pela primeira vez em 1909 e passou por uma mais recente revisão em 1967. isto é. A alegada resultante dispensação da Era da Igreja (supostamente fora da profecia bíblica no sentido em que nem o Antigo nem o Novo Testamento conhece algo acerca do período da igreja) baseia-se na distinção de Israel e a igreja.”52 Qualquer compreensão adequada dos fortalecedores fundamentos do futurismo e 28/6/2007 14:09:02 . sua total separação.48 Elas se entre- Parousia 1s2007. O dispensacionalismo moderno defende tenazmente que a história desde a criação até o futuro reino milenial está dividida em sete diferentes dispensações. o termo “Israel” se refere aos judeus terrestres (ou judaísmo). elas precisam de análise mais cuidadosa neste tempo. Elas estão unidas ao futurismo: (1) A distinção radical entre Israel e a igreja. Em anos recentes o livro The Late Great Planet Earth43 [O futuro do grande planeta Terra]. o “Israel natural”. Arno C. é de vital importância investigar a evidência bíblica para esta suposta distinção. Gaebelein. Charles Ryrie. esse livro tem trazido popularidade sem precedentes para o futurismo-dispensacionalista. Ironside.indd 12 laçam e definem a essência da interpretação dispensacional-futurista. A abordagem dispensacionalista-futurista é dominante entre os cristãos conservadores de muitas igrejas protestantes em todos os continentes. e é sem dúvida a mais prática e conclusiva. e (3) o princípio unificador da glória de Deus. literalista) da Bíblia.12 / Parousia . os riscos são altos. as promessas devem ser literalmente cumpridas com o Israel literal. Afirma-se que a Igreja é o misterioso corpo de Cristo53 e o tempo da suposta dispensação da Era da Igreja se estende do Pentecostes ao rapto ou arrebatamento. A designação “Israel” tem várias conotações. isto é.63 Os intérpretes dispensacionalistas-futuristas continuam insistindo que sempre Parousia 1s2007. “não está agora cumprindo-as em nenhum sentido literal.65 Este fato em si.56 “origina-se na distinção entre Israel e a igreja”57. Forma uma das características básicas da escatologia dispensacionalistafuturista. ou no futuro distante durante o milênio na Terra.58 Uma enumeração completa das diferenças entre Israel e a igreja foi provida em uma lista de vinte e quatro contrastes fornecida pelo pioneiro escritor dispensacionalista Lewis Sperry Chafer. o milênio. A igreja nunca é identificada com Israel. Estender-se-á até o reino milenial.55 que significa “que a igreja será arrebatada da Terra antes do início da tribulação”.indd 13 que a Bíblia usa o termo “Israel” ela quer dizer os judeus literais. como “Israel espiritual”. É nele que encontramos o nome “Israel” pela primeira vez. em segundo lugar. Israel verá todas elas cumpridas de um modo literal principalmente durante o milênio que será experimentado na Terra. Israel no Antigo Testamento Nossa atenção deve voltar-se para o Antigo Testamento. étnico – não com a igreja. não tem fundamento bíblico. Significaria. toda a idéia do “rapto secreto” seria rebaixada.Israel na profecia bíblica / 13 sua opinião sobre Israel deve prestar plena atenção à relação da igreja com Israel. Portanto. Dwight Pentecost. que outros cristãos definem. Examinemos cuidadosamente as principais evidências bíblicas. 28/6/2007 14:09:02 .62 Afirma-se que a igreja é uma entidade de um tipo essencialmente “espiritual” e as promessas feitas ao antigo Israel não se aplicam à igreja.”61 Assim. e Israel nunca é identificado com a igreja.59 fundador do Seminário Teológico de Dallas.60 O ponto essencial desta diferenciação é que Israel é a entidade para a qual todas as promessas do Antigo Testamento foram feitas. quando o estado de Israel foi fundado na Palestina. Charles Ryrie sintetiza a seguir: O uso das palavras Israel e igreja mostra claramente que no Novo Testamento o Israel nacional continua com suas próprias promessas e a igreja nunca é equiparada com um assim chamado “novo Israel”. então todo o conceito de uma Era da Igreja com sua lacuna ou parêntese careceria do apoio que para ele é reivindicado. Em quarto lugar. Uma terceira inferência é que se a separação radical de Israel e a igreja não se sustenta. e quando quer que a igreja é mencionada ela é sempre uma entidade espiritual. Evidentemente. é um elemento importante que vai contra a afirmação do futurismo e do dispensacionalismo de que o uso da designação é especialmente uniforme ao longo do Antigo Testamento. o próprio fundamento do dispensacionalismo e suas opiniões futuristas de Israel serão destruídos. que a projeção de eventos a serem cumpridos por meio do “Israel natural”. Análise bíblica da distinção Israel/igreja Como esta importante coluna da hermenêutica dispensacionalista-futurista se comporta à luz da mensagem bíblica total? Se for constatado que o Antigo e o Novo Testamento jamais sustentam tal distinção. como veremos.54 Toda a teoria do rapto pré-tribulação. mas é cuidadosa e continuamente distinguida como uma separada obra de Deus nesta era. afirma-se.64 uma vez que a mesma está ligada à distinção entre Israel e a igreja. “A igreja”. étnicos. baseados na evidência do Novo Testamento. no futuro próximo na Palestina. Elas são resumidas por J. natural. Este cumprimento começou a ocorrer em 1948. Todo este elemento de fé está radicado em Abraão. mas muito singularmente seu relacionamento com Jeová”71. Eles foram designados “Israel. Aqui também a promessa lhe é dada de que ele seria uma “nação” (gôy).70 Nesse Israel “o que importa não é a afiliação étnica. 32:13). constituída de descendentes étnicos juntamente com o “misto de gente” de descendentes não-étnicos. que é chamado da Mesopotâmia para Canaã (Gn 12:1-3).”66 Resumindo. 23). o que importa não é o natural. 28). “Israel” é o nome dado ao patriarca Jacó: “Já não te chamarás Jacó e sim Israel. ainda que faltando a relação 28/6/2007 14:09:02 . O uso de ambos os termos para o antigo Israel (nação/povo) significa que Israel consistiria de uma população composta de relação de sangue e povo. o uso inicial do termo “Israel” na Bíblia faz dele um termo para uma pessoa. e “com o anjo” (Os 12:3-4). A totalidade do povo de Israel. Os usos restantes mencionam os “filhos de Israel” no sentido dos “filhos de Israel/Jacó”. O termo típico usado para o povo de Deus no Antigo Testamento é “povo” (‘am). “Nação santa” Deus chama Israel para ser uma “nação santa” (Êx 19:6). e. Assim. pois como príncipe lutaste com Deus e os homens e prevaleceste” (Gn 32:28). Parece preparar o terreno para o que deve seguir-se no Antigo Testamento. como “a congregação do Senhor” (Nm 20:4).67 Jacó é caracterizado e identificado por meio de uma relação de fé com Deus. O termo “nação” (gôy) é usado para “descrever um povo em termos de sua afiliação política e territorial”72 O termo amplamente usado “povo” (‘am) para o antigo Israel é uma expressão típica para “consangüinidade e uma paternidade racial comum” 73. Destas.indd 14 não permanecia o fator exclusivo sobre o qual se constituía a entidade Israel no período pós-Êxodo. O termo “nação” (gôy) não é típico de Israel no Antigo Testamento (cf. Em 41 exemplos. Composição de descendentes étnicos e uma “multidão mista” No Êxodo os israelitas foram acompanhados por “um misto de gente” (Êx 12:38). respectivamente.14 / Parousia . um indivíduo.69 Israel é um povo especial em sua eleição e não um “povo ‘secular’”. seu povo” em Êxodo 18:1. de Abraão. Não há também nenhuma ênfase sobre linhagem física ou étnica. Sua luta “com Deus”. o nome “Israel” é empregado para o Israel a ser redimido da escravidão egípcia. e. começando com Êx 4:22. “simboliza a nova relação espiritual de Jacó com Jeová e representa o reconciliado Jacó por meio da graça perdoadora de Deus. o pai dos fiéis. Israel. é chamado para ser uma “nação (gôy). Não há nada na primeira parte da Bíblia que torne Israel exclusivamente ou regularmente um termo para uma nação ou povo. Aqui nós encontramos mais uma vez o aspecto da fé como a noção fundamental do verdadeiro Israel de Deus. foi chamada a adorar a Deus (Êx 4:22. 29 se referem a Jacó.68 Consistia na maior parte dos descendentes étnicos de Jacó.1º semestre de 2007 Uma pessoa Para começar. Isto é assim por causa da soberana eleição de Deus e não por causa de qualquer afiliação étnica ou mera linhagem. No livro de Êxodo o patriarca Jacó é mencionado duas vezes pelo nome “Israel” (Êx 6:14. posteriormente. “Israel” é um termo para uma pessoa que expressou uma verdadeira resposta de fé e relação de fé com o Deus da aliança. o termo “Israel” parece ser mais inclusivo do que mera afiliação étnica. “As tribos de Israel” são usadas duas vezes (Gn 49:16. Essa primeira conexão entre “Israel” e fé dificilmente é acidental. Isto revela que sua origem étnica Parousia 1s2007. e não um povo ou uma nação. Descendentes de Jacó No livro de Gênesis há 43 utilizações do nome “Israel”. porém. Israel é uma comunidade de fé e a fé torna Israel essa comunidade especial. um indivíduo. Dt 4:6-8). 17:4. partilharia a mesma fé. Em 33 utilizações das 43 do livro de Oséias. Mesmo se alguém discorda de algumas passagens. ou segundo uma linhagem étnica. porque é parte da aliança abraâmica (Gn 12:7. As promessas da aliança não deveriam vir automaticamente a Israel segundo a carne. 12:7. 18:19. O verdadeiro Israel do passado deveria ser uma comunidade de fé onde a linhagem étnica jamais fosse o critério exclusivo para pertencer a Israel. Isaque e Jacó. 34). Uma parte da nação Em inúmeras passagens do Antigo Testamento a palavra “Israel” não é usada como uma designação para toda a nação das doze tribos. Israel é. se refere ao Reino do Norte..76 No monte Sinai. assim. e também da minha aliança com Abraão. Israel é uma comunidade religiosa ou de fé. 9. Essas promessas da aliança permaneciam dependentes da fidelidade de Israel ao seu Deus. é certo que “Israel” realmente se refere muitas vezes ao Reino do Norte. 10. Isaque e Jacó não é prometida incondicionalmente aos descendentes dos patriarcas. se o seu coração incircunciso se humilhar. Israel é uma entidade espiritual em harmonia com o desígnio de Deus para Abraão (Gn 12:1-3. O que importa é uma relação de fé baseada na aliança e não na origem étnica. e da terra me lembrarei” (Lv 26:40-42). 5) e. 22:17-19. Há 48 ocorrências da palavra “Israel” em 2 Samuel como uma designação do território do Reino do Norte. 79 exceto em Amós 9:7 onde parece se referir a Israel em seu sentido coletivo.80 Sugere-se que em cerca de 564 usos no Antigo 28/6/2007 14:09:03 . Desse modo. Somente um Israel obediente e fiel reteria a posse da terra. Deus fez uma aliança com Israel para que esse redimido Israel da fé pudesse permanecer em uma relação contratual de fé com Deus (Êx 19-24). 17:1. Em 1 Samuel 17:52 e 18:16.75 Ninguém negará que a aliança abraâmica está ligada a uma verdadeira relação de fé com Deus (Gn 15:6) que foi demonstrada por Abraão. 26:5). e tomarem eles Parousia 1s2007. Alguns exemplos bastam para demonstrar esse uso restrito.78 Uma espécie semelhante de distribuição foi anotada por F. me lembrarei da minha aliança com Jacó. ao mesmo tempo.. dependendo de Israel guardar a aliança com seu Senhor (Lv 26-27. uma comunidade política que tinha de funcionar ao lado de outras nações do mundo antigo. então. Dt 26-28). Obediência à aliança: pré-requisito para a promessa da terra Um aspecto de fé e obediência é especificamente ressaltado nas bênçãos e maldições de Levítico 26 e já ligado à aliança feita com Abraão. N.indd 15 Esta inequívoca declaração indica que a promessa da terra não era incondicional.. Israel saiu do Egito tanto como descendentes étnicos quanto como uma “multidão mista” ou um “misto de gente”. Toda promessa da aliança já feita por Deus é condicional. “Mas se [o Israel no exílio] confessarem a sua iniqüidade e a iniqüidade de seus pais. 6) que em si mesma é condicional no que depende da obediência humana (Gn 12:1. então o Senhor levaria Israel para o exílio e “a terra descansará” (v. e também da minha aliança com Isaque. “Israel [é] claramente usado para denotar uma entidade diferente de Judá”77. Estava condicionada à obediência de Israel ao Senhor. Anderson e D. Nesta dupla função como uma entidade religiosa e política/nacional Israel deveria experimentar todas as promessas da aliança enquanto permanecesse fiel ao Senhor (Dt 26-28). por bem o castigo da sua iniqüidade. sem incluir o Reino de Judá. 15:9. “Israel” é compreendido como uma designação para o Reino do Norte. Se Israel persistisse na desobediência ao Senhor. 26:5.74 As promessas da aliança são dependentes da fidelidade do povo da aliança. Eles observam que quando o nome “Israel” aparece no livro de Amós. Freedman no livro de Amós. Comunidade da aliança A terra mencionada nas alianças feitas com Abraão.Israel na profecia bíblica / 15 de sangue. Remanescente fiel A palavra Israel é usada em vários sentidos no Antigo Testamento. pode se referir a ambos os reinos. Primeiro. o verdadeiro Israel de Deus é uma entidade religiosa de pessoas fiéis e leais. no Antigo Testamento o remanescente de fé é o verdadeiro Israel Parousia 1s2007. 18:19. O “restante de José” do qual Amós profetizou (Am 5:15) é um remanescente fiel de Israel. mesmo que haja também o Israel infiel como uma entidade nacional. Este ponto de vista é apoiado pela aliança abraâmica (veja principalmente Gn 17:10. ou apenas para o Reino do Sul. 30:15-17). indicando que é constituído de pessoas que não estão limitadas à consangüinidade. O Israel nacional ou natural é rejeitado e não é o remanescente. em outras utilizações. “Israel”. O que se leva em conta é uma relação de fé e o caráter espiritual do povo. Esse remanescente fiel não dobraria os joelhos a Baal. ou para ambos como um reino unido. Israel é também um termo que é empregado para a nação apóstata que é rejeitada por Deus e a respeito da qual Deus diz: “Não-Meu-Povo” (Os 1:9). no nono século. “Israel” como uma designação pode ser usado para a nação como um todo. O tema remanescente é usado nos profetas do Antigo Testamento somente em um sentido religioso-teológico e nunca em um sentido étnico-nacional. A experiência de Elias revela que o verdadeiro Israel é “um remanescente leal à fé da aliança jeovística”82.84 Ezequiel afirma que esse remanescente fiel terá um “coração novo” e um “espírito novo” (Ez 11:16-21). 14. Como resultado.1º semestre de 2007 Testamento “Israel” se refere ao Reino do Norte e. o antigo Israel é designado como “nação” (gôy em hebraico). que foi escravizado no Egito e redimido por Jeová para adorá-lo como uma comunidade religiosa da aliança. Por exemplo.indd 16 Sumário Em segundo lugar. mas que se propunha a ser uma “nação santa”. é usada para um indivíduo. O Israel apóstata não herdará as promessas da aliança de Deus. Isto é explicitamente expresso na fórmula “Não-Meu-Povo” de Oséias 1:9. ou somente para o Reino do Norte. Quarto. porque ele não é mais fiel ao seu Deus da aliança. Eles “herdarão as promessas da eleição e formarão o núcleo de uma nova comunidade de fé” (Is 10:20s. Israel é uma designação usada para um remanescente fiel que sai do Israel nacional ou vive dentro/ao lado do Israel nacional. para a vida” (4:3). um remanescente de fé tornouse o verdadeiro Israel de Deus no Antigo Testamento. Resumindo. se refere ao Reino do Sul.16 / Parousia . 22:15-18. o remanescente israelita fiel consistia de Elias e dos sete mil que permaneceram leais a Deus e à sua aliança dentro de uma nação israelita apóstata (1Rs 19:18). a designação “Israel” é usada para o Israel do Êxodo. que é chamado por outro nome. Jacó. Desse tempo em diante. Existem predições que revelam que os crentes gentios serão incorporados a 28/6/2007 14:09:03 . Eles violaram a aliança de Deus e se desqualificaram para ser o seu povo. No livro de Amós a descrição é a mesma. Esse Israel é rejeitado por Deus e não será abençoado com as promessas da aliança. Houve tempo em que Israel como entidade religiosa e nacional apostatou e participou do culto religioso pagão. Quinto. Esse remanescente de fé herda todas as promessas da aliança de Deus.81 Outras vezes. Em terceiro lugar. Esse Israel incluía a “multidão mista” e não é meramente um “Israel natural”. para assinalar sua experiência de conversão e sua nova relação espiritual com Deus. 26:4-5) onde a promessa da aliança está ligada repetidamente à obediência que mantém viva a promessa. ou relação de sangue. O último é um Israel apóstata. 28:5s.83 Isaías afirma explicitamente que o remanescente de fé do futuro será uma “santa semente” (Is 6:13) que “estão inscritos em Jerusalém. de Deus desde o tempo em que o Israel nacional apostatou. “A descrição total do remanescente escatológico do Antigo Testamento revela que as bênçãos da aliança de Israel como um todo serão cumpridas. Um é a identificação da igreja como o Israel de Deus. Tal resposta cristocêntrica do Novo Testamento vai contra o argumento dispensacionalistafuturista que vincula as promessas a um Israel étnico e literal. Vern S. o único herdeiro de todas as prometidas bênçãos da aliança de Deus para o presente e para o futuro?”89 Se a igreja for identificada no Novo Testamento como o Israel de Deus. Por meio de Cristo todos os crentes. são herdeiros. 66:19). tantas têm nele [Cristo] o sim.93 28/6/2007 14:09:03 . não em um Israel nacional incrédulo. 92 É feita uma segunda pergunta: “Ora. Colossenses 2 Em Colossenses 2:9-10 Paulo afirma que os seguidores de Cristo são “completos” nele. Este texto-prova precisa de alguma atenção e lidaremos com ele posteriormente. Parousia 1s2007. uma inteireza que inclui também todas as promessas das quais Cristo é herdeiro. 45:20. Israel no Novo Testamento Como a palavra “Israel” é usada no Novo Testamento? Os dispensacionalistasfuturistas afirmam que a distinção radical entre Israel como um povo literal e a igreja como um povo espiritual é mantida ao longo do Novo Testamento. significa todas as promessas de Deus. Elas encontram seu “sim” em Cristo. 56:6-8. Dois problemas exigem consideração. Hans LaRondelle rebate o argumento de Ryrie a seguir: A questão não é: “O Novo Testamento contrasta a igreja com o Israel natural?” mas antes: “A igreja é chamada ‘o Israel de Deus’ no Novo Testamento e ela é ali apresentada como o novo Israel. mas somente naquele Israel que é fiel a Jeová e confia em seu Messias. então a principal coluna do dispensacionalismofuturismo estará sem fundamento também no Novo Testamento. A evidência véterotestamental revela claramente desde o princípio que somente um povo fiel herdará as promessas concernentes à terra feitas na aliança abraâmica. Abordaremos estes problemas a seguir. Charles Ryrie se refere a 1 Coríntios 10:32 em sua afirmação de que “o Israel natural e a igreja são também contrastados no Novo Testamento”88. O outro é se a igreja herda todas as promessas do Antigo Testamento.” A frase. Nossa ligação com Cristo nos provê de completude ou inteireza em Cristo. Ele é o “sim”.Israel na profecia bíblica / 17 esse remanescente israelita fiel (Is 46:3-4. não importa sua origem nacional ou étnica. Diz o verso 10: “Nele vocês têm sido feitos completos” (NASB).indd 17 Igreja: herdeira das promessas do Antigo Testamento O problema da herança das promessas do Antigo Testamento pela igreja é de grande importância.”85 Em resumo. de quais destas promessas são os cristãos herdeiros em união com Cristo?” Seguimos aqui os pontos incisivos feitos por Poythress. o qual recorre às passagens dos escritos do apóstolo Paulo ao responder a este assunto. 2 Coríntios 1 Nenhuma das “promessas de Deus” feitas no Antigo Testamento estão fora de Cristo. Poythress suscita várias interrogações decisivas: “De quais promessas do Antigo Testamento Cristo é herdeiro? Ele é um israelita? Ele é a descendência de Abraão? Ele é o herdeiro de Davi?”90 Ele responde citando 2 Coríntios 1:20: “Porque quantas são as promessas de Deus. o Antigo Testamento indica que a afirmação dispensacional-futurista que sustenta que somente o “Israel natural”86 experimentará as promessas feitas por Deus não pode harmonizar-se com a evidência bíblica87. “quantas são as promessas de Deus”.91 Este texto provê uma resposta cristocêntrica à questão da herança das promessas do Antigo Testamento. o foco e cumprimento de todas as promessas feitas no passado. que é constituída pelos “filhos de Deus” na Terra (embora os dispensacionalistas afirmem serem “celestiais”). “Todas as coisas” inclui tudo e não omite nada. Gálatas 3 e 6 Paulo provê idéias adicionais ao seu argumento. A descendência/semente de Abraão consiste de crentes judeus e gentios.” Está aqui uma afirmação quanto a quem são os “filhos de Deus”. A descendência/semente de Abraão são os que pertencem a Cristo e não aqueles que são o “Israel natural” como querem sustentar os dispensacionalistas-futuristas. nem homem nem mulher. Mas os crentes não são filhos órfãos ou filhos deserdados. inclusive as promessas previamente feitas a Abraão e seus descendentes. da igreja.” Isto quer dizer que herdamos o que ele [Cristo] herda. O verdadeiro Israel de Deus é co-herdeiro de Cristo.” A idéia aqui é que aqueles que são de Cristo são também “herdeiros” das promessas dadas por Deus ao seu povo no Antigo Testamento. Assim. porventura. É salientado corretamente que “o Israel de Deus” mencionado em Gálatas 6:16 “é uma qualificação profundamente religiosa” que não pode ser restrita aos israelitas étnicos. antes. Como filhos de Deus somos “co-herdeiros com Cristo. A distinção entre israelita e não-israelita. com respeito à salvação é removida. somos também herdeiros. aqueles que aceitaram a Cristo como seu Senhor e Salvador. se somos filhos. Se é este o caso. ou judeu e gentio. Insiste Paulo nos versos 16-17: “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. 96 Os membros crentes da Igreja são o “Israel de Deus” e os herdeiros de todas as promessas por meio de Jesus Cristo. Se nada é omitido. então em Cristo e com Cristo são dadas a todos os crentes “todas as coisas”. As três palavras. Ele declara de modo inequívoco em Gálatas 3:29: “E. não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?” Deus nos dá com Cristo “todas as coisas”. com quem eles são co-herdeiros.95 Um comentarista recentemente resumiu o significado da expressão “o Israel de Deus” como segue: A expressão [Israel de Deus] não significa os incrédulos membros do povo judeu. por todos nós o entregou. Todos os seres humanos partilham da mesma salvação e promessas feitas àqueles que são o povo de Deus. herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo.indd 18 Abraão e herdeiros segundo a promessa. inclusive as promessas feitas ao seu povo no Antigo Testamento. quem é a descendência/semente de Abraão? É a descendência/semente de Abraão apenas o judeu étnico? De maneira nenhuma. igualmente não significa o povo judeu em sua totalidade e nem mesmo os cristãos judeus que não se converteram. também sois descendentes de Parousia 1s2007. não há possibilidade de separar o “Israel natural”.94 Todos os crentes em Cristo tornam-se herdeiros das promessas do Antigo Testamento por meio dele que é o herdeiro dessas promessas. Somos filhos com todos os direitos e privilégios de filhos adotivos.1º semestre de 2007 Romanos 8 Em Romanos 8:32 Paulo enfatiza mais especificamente: “Aquele que não poupou o seu próprio Filho.18 / Parousia . A carta aos Gálatas afirma que “não pode haver judeu nem grego. Ora. nem escravo nem liberto. porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gl 3:28). Os cristãos são “filhos de Deus”. “todas as coisas” são intencionalmente compreensivas. E isto significa que aqueles que pertencem a Cristo são “herdeiros de Deus”. do qual é dito ser terrestre. mas todos os crentes em Cristo sem levar em consideração a sua origem étnica ou religiosa. Efésios 2 e 3 Em Efésios o apóstolo continua sustentando que há uma integração dos gentios 28/6/2007 14:09:03 . se sois de Cristo. Retornamos a um texto adicional de Romanos 8 onde este tema é desenvolvido ainda mais explicitamente. Paulo já declarou em Romanos 9:6 que “nem todos os de Israel são. literal. da qual os ramos de judeus incrédulos foram removidos e os ramos de crentes gentios foram enxertados consiste somente de crentes. então a descrição de “todo o Israel” 28/6/2007 14:09:03 . A comunidade da fé. Existe contradição somente se alguém propõe que “todo o Israel” de Romanos 11:26 se refere ao Israel literal no sentido de judeus étnicos. mas concidadãos dos santos. “se não permanecerem na incredulidade” (v. israelitas” e no verso 7 ele insiste que “nem por serem descendentes de Abraão são todos seus filhos”. de fato. a outra agreste.101 Também não há nenhum “caminho especial” de salvação para os judeus serem salvos sem Cristo. podem ser outra vez enxertados em sua oliveira cultivada. fé em Jesus Cristo. assim os crentes judeus são enxertados durante a mesma era..97 Parábola da oliveira A famosa seção de Romanos 9-11. resultando uma árvore de crentes judeus e gentios. gentios. 19).100 Precisamente como os gentios são enxertados durante todo o período de tempo desde o Novo Testamento até a segunda vinda. No verso 27 ele enfatiza que “somente um remanescente deles [filhos de Israel] será salvo” (NRSV). não afiliação étnica. Portanto. Colossenses e Efésios não apóia a distinção entre um “Israel natural” e a igreja. Coríntios. por meio de Cristo. A idéia é que os israelitas físicos podem ser readotados como crentes na nova comunidade da fé. Dentro deste contexto. sobrevive um remanescente segundo a eleição da graça” (v.. simbolizada pela oliveira cultivada. que outrora estavam “sem Cristo. não são mais “estrangeiros e peregrinos. A mesma qualificação para ser enxertado é. e ambos. 20.98 Este é o significado da passagem? Tal sentido supõe que “Israel” aqui é o Israel étnico. Deus não rejeitou o seu povo Israel.Israel na profecia bíblica / 19 na comunidade dos fiéis. diz Paulo (Rm 11:1). a saber. Não há nenhuma distinção para judeus e gentios no caminho da salvação. que foram quebrados. e sois da família de Deus” (Ef 2:12. que é exigida de judeus e gentios. RSV). “os gentios são co-herdeiros. contém a famosa sentença “todo o Israel será salvo” (Rm 11:26). membros do mesmo corpo e co-participantes da promessa em Cristo Jesus por meio do evangelho” (v. O que importa é o assunto de fé. foram enxertados e são parte da oliveira “somente pela fé” (v. É imperativo considerarmos mais cuidadosamente a parábola da oliveira encontrada em Romanos 11:17-24. O quadro é de duas oliveiras. 5). Gálatas. Então os ramos dos crentes gentios da oliveira brava são enxertados. 20). a frase “todo o Israel será salvo”99 se refere a todos os crentes judeus e gentios que serão salvos (v. Esta descrição coerente de Paulo em Romanos. são juntamente co-herdeiros das promessas divinas do Antigo Testamento. uma cultivada. Os dispensacionalistas modernos têm interpretado a frase “todo o Israel será salvo” como se referindo a uma conversão em massa de todos os judeus pouco antes da volta de Cristo. crentes judeus e crentes gentios. 26). Mas os ramos de israelitas incrédulos. Isto também enfatiza a integração de israelitas e gentios. a indagação é se há uma contradição da parte do apóstolo Paulo entre estas declarações e a declaração de Romanos 11:26 “todo o Israel será salvo”. isto é. 23). Não-israelitas. a qual é constituída de judeus e gentios convertidos. “No tempo de hoje.indd 19 foram quebrados “pela sua incredulidade” (v. Em Efésios 3:5-6 Paulo reafirma que os crentes gentios e israelitas são juntos herdeiros das promessas de Deus. Os gentios. 6). Se alguém segue o contexto de Romanos 9-11. Ele insiste que os ramos naturais de israelitas étnicos Parousia 1s2007.. que chega ao ponto culminante com a descrição da oliveira (Rm 11:13-24). A descrença mantém tanto judeus quanto gentios separados da oliveira cultivada. e estranhos às alianças da promessa”. Os ramos dos judeus descrentes são cortados do tronco da oliveira cultivada de Israel. a qual é a comunidade de crentes. cf. Desse modo. Dwight Pentecost: “a consideração primária em relação à interpretação da profecia é que. ela deve ser interpretada literalmente. que “tem a garantia de Deus de que Ele efe- 28/6/2007 14:09:03 . No dispensacionalismo.102 Juntos eles são os herdeiros por meio de Cristo de todas as promessas da aliança já feitas no Antigo Testamento.”106 Podemos resumir a descrição do Novo Testamento. isto é.104 Uma breve consideração da compreensão dispensacional/literalista do cumprimento das profecias do Antigo Testamento faz-se necessária. a interpretação “literal” ou “literalista” e “literalismo” é fundamental.”107 Charles Ryrie mantém que “o dispensacionalismo é o único sistema que pratica consistentemente o princípio literal de interpretação. 24:7). Escreve J.112 Conclui-se que a aliança abraâmica era um “pacto incondicional”113. 12:7.109 Iria muito além dos limites do nosso propósito empenhar-nos em uma discussão detalhada sobre a exatidão e adequação do princípio hermenêutico de interpretação “literal consistente” ou “literalismo consistente”. Em Cristo todas as coisas são unidas. para os judeus? É a promessa da terra de Canaã. do qual Cristo é a cabeça não pode ser fragmentado em corpos seqüenciais de igreja e israelitas.20 / Parousia . a fundação do Estado de Israel no ano de 1948. Promessas de terra no Antigo Testamento Precisamos investigar outro importante problema. O “Israel de Deus” é a igreja. bem como no futurismo. A convergência coerente da evidência neotestamental aponta em uma só direção. que é constituída de judeus e gentios convertidos e crentes. O problema do literalismo Não há nenhuma dispensação da Era da Igreja para os gentios e uma dispensação para os judeus em seguida a ela.1º semestre de 2007 Sumário defensor deste ponto de vista.”108 Continua ele: referindo-se a todos os verdadeiros crentes remanescentes de origem judaica e gentílica está assegurada.111 O “literalismo consistente” sustenta que Deus prometeu a Abraão que seus descendentes herdariam “toda a terra de Canaã. como todas as outras áreas da interpretação bíblica. feita a Abraão e aos outros patriarcas. e as expansões territoriais do Estado de Israel devem ser todas consideradas como cumprimentos das profecias bíblicas. O total e pleno corpo de Cristo.103 Cristo tem apenas um corpo de crentes judeus e gentios. Walvoord. O problema aqui é de interpretação bíblica e não de direito político ou nacional. as guerras subseqüentes em 1956 e 1967. Resumindo. Desejamos manter novamente que nossas discussões destes assuntos exegéticos da Bíblia não devem de modo algum ser compreendidas ou interpretadas como negando ao estado de Israel o direito de existir. Como devem ser consideradas as promessas de terra ou territoriais feitas por Deus a Israel? Podem elas em algum sentido ainda ser válidas para o “Israel natural”. importante Parousia 1s2007. em possessão perpétua” (Gn 17:8. Juntos eles são o corpo de Cristo em unidade total. uma promessa eterna e irrevogável aos seus descendentes étnicos para sempre? Os dispensacionalistas defendem claramente que todas as promessas feitas a Israel no passado devem ser cumpridas com os descendentes literais de Israel na Terra.indd 20 A interpretação literal das Escrituras leva naturalmente a uma segunda característica – o cumprimento literal das profecias do Antigo Testamento.105 John F. não se levando em consideração a origem étnica ou a identidade nacional. o Antigo e o Novo Testamento concordam que o verdadeiro Israel de Deus são crentes. Este é o princípio básico da escatologia prémilenial dos [dispensacionalistas-futuristas]. argumenta a seguir: “As deduções teológicas da promessa de terra a Israel têm-se mostrado fundamentais no propósito escatológico de Deus para o seu antigo povo.110 Isto já foi feito por outros e não é preciso acrescentar detalhes aqui novamente. Apóia o livro de Gênesis a noção difundida de que a aliança abraâmica é incondicional? Garante ele que as promessas da aliança devem ser dadas literalmente à semente física de Abraão? O livro de Gênesis provê uma clara resposta a estas interrogações essenciais. que é o doador de todas as Escrituras. Aqui outra vez. Como intérpretes responsáveis da Bíblia em sua inteireza devemos descobrir como a Bíblia revela o cumprimento da profecia. A linguagem de “guardar” e “quebrar” é típica das alianças do Antigo Testamento. Deus. 5). Esta série de textos é coerente. como em “guardar” assim em “quebrar”. os meus preceitos. Assim. As operações da aliança são dependentes da obediência a Deus. que são condicionais. os meus estatutos e as minhas leis” (v. Se eles podem “guardá-la”. A aliança depende da fidelidade de Abraão e seus descendentes. Ellen G. mas uma interpretação sob o controle do Espírito Santo. Isto torna-se mais explícito em Gênesis 18. então ela é condicional à sua obediência. KJV.” Pedro não está anunciando uma “interpretação literal consistente” ou “literalismo consistente”. Em Gênesis 22:16-18 as bênçãos prometidas a Abraão serão suas porque “obedeceste à minha voz” (v. No mesmo capítulo. 19). os interesses “particulares” ou “privados” de alguém na interpretação permanecem sob o controle da Bíblia. primeiramente. isto: que nenhuma profecia da Escritura provém de particular [“privada”. em conversa com Abraão. diz que Ele escolheu a Abraão “para que ordene a seus filhos e a sua casa depois dele.Israel na profecia bíblica / 21 tuará a necessária conversão que é essencial ao seu cumprimento. para que o Senhor faça vir sobre Abraão o que tem falado a seu respeito” (v.”114 Para nosso propósito é muito mais importante investigar os princípios fundamentais de interpretação profética que a própria Bíblia usa.indd 21 cendência no decurso das suas gerações. Aqui está uma afirmação clara do Senhor de que a aliança permanecerá efetiva somente sob condição de obediência de Abraão e seus descendentes.” 119 Isto significa que não há nenhuma evidência de que um cumprimento literal ou literalista das promessas da aliança é ordenado independentemente da relação de fé daqueles a quem a aliança foi feita.115 “É o princípio do ‘literalismo consistente’ o método legítimo de interpretar as profecias bíblicas?”116 Como intérpretes cristãos não podemos interpretar o Antigo Testamento como se o Novo Testamento não existisse.118 A condicionalidade da aliança abraâmica repousa sobre a fidelidade do parceiro humano.117 Condicionalidade da aliança abraâmica Vejamos se a aliança abraâmica é descrita no livro de Gênesis como incondicional com respeito à parceria humana na obrigação do contrato. homens [santos] falaram da parte de Deus. a fim de que guardem o caminho do Senhor e pratiquem a justiça e o juízo. NKJV] elucidação. tu e a tua des- Parousia 1s2007. Incidentalmente. Elas serão viabilizadas “porque Abraão obedeceu à minha palavra e guardou os meus mandados. Em 2 Pedro 1:20-21 nos é dito: “Sabendo. Em Gênesis 26:3-5 Deus se refere explicitamente à promessa “a tua descendência darei todas estas terras” e a outras promessas da aliança. 14). entretanto. A insistência do dispensacionalismo no “literalismo consistente” força um significado sobre o texto contra o qual o 28/6/2007 14:09:03 . White fala das “condições do concerto feito com Abraão. 18).” Abraão e seus descendentes podem violar a aliança. Há várias passagens em Gênesis que indicam que a aliança com Abraão não estava incondicionalmente ligada aos descendentes físicos de Abraão. Em Gênesis 17:9 Deus dá o seu encargo: “Guardarás a minha aliança. no final do discurso de Deus é feita referência ao fato de que a aliança pode ser “quebrada” (v. Eles revelam que a aliança abraâmica não era incondicional. movidos pelo Espírito Santo. porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana. que é o seu próprio intérprete. Abraão e seus descendentes podem anular as promessas da aliança. Antes de considerarmos a evidência bíblica para a condicionalidade da aliança davídica. Is 55:3-4).indd 22 28/6/2007 14:09:03 . e que eles seriam convertidos em massa no reino milenial ou em alguma outra ocasião. 16).124 A primeira parte tem promessas a serem cumpridas durante a existência de Davi (2Sm 7:8-11a). Toda a evidência bíblica deve ser considerada quando se deseja encontrar uma resposta para a questão da condicionalidade da aliança davídica. e descanso (v. É claro que a aliança davídica é também compreendida por muitos hoje como incondicional. O “literalismo consistente” revela que ele sobrepõe às Escrituras um princípio que parece estranho ao significado pleno e literal do texto dentro do seu próprio contexto bíblico. um trono eterno (v. 9).22 / Parousia . A segunda parte da aliança está separada da primeira pela declaração: “o Senhor te faz saber” (v. 11b). há uma clara afirmação de que as promessas dadas nos versos 12-16 devem entrar em vigor no futuro: “Quando teus dias se cumprirem e descansares com teus pais” (v. Estas consistem de matérias que ocorreriam antes da morte de Davi: um grande nome (v. Não há nenhum apoio para o ponto de vista de que os de descendência étnica são o verdadeiro Israel.1º semestre de 2007 contexto bíblico se opõe. 12b. “Os da fé é que são filhos de Abraão” (Gl 3:7) “e herdeiros segundo a promessa” (v. 29). Significa isto. 34. Não há nenhuma declaração em parte alguma do Antigo Testamento em que Deus garantiria ao Israel natural. 10). e por uma mudança de discurso na primeira pessoa (v. porém. Isto significa que Cristo deve reinar sobre o trono de Davi na Terra e sobre o povo de Davi para sempre.”121 Não há aqui nenhuma restrição quanto à afiliação étnica ou uma derivação natural.123 Parousia 1s2007. Sl 89:3-4. eram herdeiros das promessas do concerto. e um reino eterno (v. seriam contados como semente de Abraão. 26-28. também Segundo os estabelecidos princípios de interpretação. 12c. As promessas a serem cumpridas depois da morte de Davi consistem de: um descendente (v. A conclusão de que a aliança davídica é totalmente incondicional e tem de ser literalisticamente cumprida baseia-se em uma interpretação unilateral do Antigo Testamento. 16). literal “a conversão necessária que é essencial ao seu cumprimento”120. 16). O princípio em ação é que aqueles que são da fé são a semente de Abraão (Gl 3:7). Estudantes das Escrituras têm reconhecido que há duas partes na aliança. 13.122 Condicionalidade da aliança davídica A afirmação a favor do “literalismo consistente” é feita também para a aliança davídica. Aqui ela é vista como dependente da seguinte condição: “Se os teus filhos guardarem a minha aliança e o testemunho que eu lhes ensinar. Além disso. 12a). que a aliança deve ser literalisticamente cumprida sem levar em consideração o relacionamento de fé do parceiro humano na aliança? Há várias passagens no Antigo Testamento que respondem a esta indagação. é importante que analisemos a principal passagem encontrada em 2 Samuel 7:8-16. 8-11a) para discurso na terceira pessoa (v. a aliança davídica demanda um cumprimento literal. e “a tua casa e o teu reino serão firmados para sempre” (v. Há ampla evidência de que Deus assumiu um compromisso divino de cumprir a aliança. 16). cf. Escreve Ellen White: “Todos os que por meio de Cristo devessem tornar-se filhos da fé. 11). 12-16). Está aqui uma declaração fundamental de um futurista: tamento. para não falar do Novo Tes- O Salmo 132:11-12 se refere à aliança davídica. Certamente Deus prometeu na aliança com Davi: “Farei levantar depois de ti o teu descendente” (2Sm 7:12). como Abraão eram chamados a guardar e tornar conhecidos ao mundo a lei de Deus e o evangelho de seu Filho. Isto é repetido em várias partes do Antigo Testamento (2Sm 23:5. um lugar para o seu povo (v. no Antigo Testamento. Hans LaRondelle declara que duas conclusões precisam ser tiradas: (1) nesta bem-aventurança Jesus Cristo designa toda a Terra aos seus seguidores espirituais.” A condicionalidade da aliança davídica é mantida no Antigo Testamento com o condicional “se”. porque herdarão a terra” (Mt 5:5). Quando Cristo fala da herança da “terra” Ele salienta o significado mais amplo inerente ao termo veterotestamental. Em outra bem-aventurança o reino dos céus é estendido aos pobres de espírito: “Bemaventurados os humildes de espírito.126 Considerando a condição de fidelidade ao testemunho de Deus. O salmista já havia declarado no Salmo 37:11. 3). Também sabemos que é um fato no Antigo Testamento – mantido no Novo Testamento – que o Israel do passado não permaneceu fiel. Esta opinião não é estranha ao Antigo Testamento em si. Eles herdarão toda a Terra! Cristo ressalta as promessas da “terra” para incluir toda a Terra. O “literalismo consistente” é um sistema externo que é sobreposto à Bíblia e não permite que a Bíblia fale em suas próprias palavras. se violarem os meus preceitos e não guardarem os meus mandamentos. Jesus prescreve a herança do Céu e da Terra aos mansos e aos humildes de espírito. punirei com vara as suas transgressões.. O termo para “terra” aqui (como nas promessas originais feitas a Abraão) é expresso pelo termo hebraico ’erets.125 O aspecto condicional da aliança davídica é aqui estabelecido como indiscutível. Deus seria capaz de cumprir a aliança feita com Davi somente para aqueles que mantém um relacionamento espiritual com Ele. com os judeus? Ou a Bíblia apóia a conclusão de que o “novo Israel” de crentes judeus e gentios herdam as promessas de terra? O testemunho de Cristo No Sermão da montanha Cristo apresenta a beatitude: “Bem-aventurados os mansos. é claro. Em vista destes fatos podemos concluir que as promessas de terra feitas na Bíblia ainda precisam se cumprir com Parousia 1s2007.127 Este ponto de vista neotestamental baseia-se. e sim mediante a justiça da fé” (Rm 4:13). A visão final de que o povo de Deus será o herdeiro de um novo céu e de uma nova Terra recriados (Is 65:17-19) está presente na escatologia 28/6/2007 14:09:04 . 12). porque deles é o reino dos céus” (v. a conclusão dos dispensacionalistas de que “Cristo deve reinar sobre o trono de Davi na Terra e sobre o povo de Davi para sempre” dificilmente é fiel ao próprio testemunho bíblico.. O tema da condicionalidade da aliança davídica é mantido em Salmo 89:30-32: “Se os seus filhos desprezarem a minha lei e não andarem nos meus juízos. Portanto. A evidência bíblica leva o estudante cuidadoso da Bíblia a concluir que o “literalismo consistente” do dispensacionalismo não pode ser reconciliado com o testemunho interno da Bíblia. Este termo hebraico tanto pode ter o significado de “terra” [território] quanto de “terra”128 no sentido mais comum. 29 que os “mansos” e os “justos” herdariam a “terra”. Paulo igualmente viu esta plenitude de intenção na própria aliança abraâmica. “Não foi por intermédio da lei que a Abraão ou a sua descendência coube a promessa de ser herdeiro do mundo (grego kosmos). Promessas de terra no Novo Testamento Como devem ser cumpridas as promessas quanto à terra que eram feitas reiteradamente no Antigo Testamento? Já vimos que as alianças abraâmica e davídica são condicionais até onde elas se referem ao parceiro humano. (2) A promessa original feita ao fiel Abraão é expandida para a igreja a fim de incluir a Terra renovada. Ademais. então. Israel como entidade nacional rejeitou a Cristo. Cristo quer que seus seguidores tenham mais do que uma “terra” limitada.Israel na profecia bíblica / 23 os seus filhos se assentarão para sempre no teu trono” (v. o dispensacionalismo parece ser um sistema que impõe significados à Bíblia que estão em desarmonia com o simples e claro testemunho das Escrituras.indd 23 o Israel étnico e literal. . o que está no Céu.porque aguardava a cidade que tem fundamentos. O Israel da nova aliança tem um novo templo. Essa fé jamais está ligada a qualquer antecedente étnico ou entidade nacional..”130 Todas as promessas feitas por Deus se cumprirão com o crente. todo seguidor de Abraão ainda busca “a [cidade] que há de vir” (Hb 13:14)... O Israel da fé da nova aliança tem uma nova cidade. segundo as Escrituras. isto é. É um dom e qualidade de vida disponível a todo ser humano. Ela será cumprida em sua finalidade e em sua mais abrangente e divina intenção quando houver um novo céu e uma nova Terra. tanto judeus quanto gentios. manifestando-se em obediência pela fé. o celestial. não há necessidade de esperar por um cumprimento milenial como sustentam os dispensacionalistas e futuristas – a realidade final do cumprimento em sua plenitude aguarda o crente segundo Apocalipse 21–22. A melhor pergunta a ser feita é: como Abraão compreendeu as promessas da aliança que lhe foram feitas?129 Abraão peregrinou “pela fé.indd 24 como estando literalmente ou literalisticamente restritas à Palestina no passado ou no futuro. 28/6/2007 14:09:04 . o monte Sião celestial. O Israel da nova aliança tem um novo sumo sacerdote. genuína fé no Senhor das Escrituras. que já se encontra lá enquanto ainda estamos a caminho.1º semestre de 2007 profética. o exaltado Cristo celestial. Também é proveitoso considerar Hebreus 12:22: “Mas tendes chegado ao monte Sião e à cidade do Deus vivo. também partilharão então dela.” Aqui os crentes. Também o templo terrestre havia perdido seu significado com a morte de Cristo. a “Jerusalém celestial” (Hb 12:22). Isto é em cumprimento da promessa abraâmica e veterotestamentária de Isaías 60:14 e Miquéias 4:1-2.. A cidade que ele estava aguardando não era a Jerusalém dos jebuseus. da qual Deus é o arquiteto e edificador” (Hb 11:9-10). em certo sentido já têm alcançado a Jerusalém celestial e..” Como compreendia Abraão as promessas da aliança? Ele as compreendia como envolvendo a entrada na Jerusalém celestial e no país celestial. nosso precursor. independentemente de qualquer afiliação étnica. portanto. O livro de Apocalipse revela que as promessas da aliança dadas a Abraão não serão literalmente cumpridas com os judeus durante o milênio. “Sendo que os cristãos participam agora da herança de Abraão da cidade celestial. Abraão. eles [Abraão e seus descendentes] aspiram a [estavam ansiosos por] uma pátria superior. É a Jerusalém celestial. Sendo que cada crente prolepticamente tem chegado ao monte Sião e à Jerusalém celestial como afirma Hebreus 12:22 – e. não compreendia as promessas Parousia 1s2007. na terra da promessa como em terra alheia. A condição para se receber os “novos céus e nova terra” é a fé no Senhor Jesus Cristo. A Jerusalém terrestre não era mais a cidade santa e o lugar de habitação de Deus. O Israel da nova aliança tem um novo país. E o que dizer da “terra” que foi prometida a Abraão e seus descendentes? Hebreus 11:13-16 nos diz: “E confessando [Abraão e seus descendentes] que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra. mas a do Céu. Promessas de Cristo A carta aos Hebreus e os escritos paulinos concordam que desde os dias em que Cristo veio em carne e o Israel literal recusou aceitá-lo. A qualificação de cumprimento da parte dos seres humanos é a fé. Em outro sentido. celestial. . Temos chegado à Jerusalém celestial por meio de Jesus Cristo.24 / Parousia . por assim dizer. as promessas geográficas e territoriais deveriam ser compreendidas em seu sentido completo. a Jerusalém celestial. 8. Joseph Blenkinsopp.” 13 John J. A questão é se esta possibilidade carrega qualquer probabilidade: é esta a maneira mais satisfatória de explicar o que encontramos em Daniel? A moderna sabedoria [histórico-] crítica tem afirmado que não é isso” (Daniel. Louis: Concordia Publishing House. C. The Bible and Future Events: An Introductory Survey of Last-Day Events (Grand Rapids. “The Rebuilding of the Temple”. 15. Wright fala da “regra do polegar” ou princípio básico da profecia preditiva do seguinte modo: “A profecia é anterior ao que ela prediz. 112-120. 1990). The Historian and the Believer. DC: Review and Herald Publishing Assoc. The Babilonians and Persian Periods (Filadélfia: Fortress. Gerhard Maier. After Modernity. F. 1983). Biblical Theology of the New Testament (Chicago: Moody Press. 23 Assim. Veja LeRoy Edwin Froom. Carroll. 1966). 11-12 . 4 vols. H. 1948) 2:506-10. The Bible in Human Transformation Toward a New Paradigm for Biblical Study (Filadélfia: Fortress Press. 1981]. 1985). Não estaria dentro da função primária do seu ofício dirigir um outro povo em outro tempo que o seu próprio. Collins escreve sobre “a autenticidade das profecias de Daniel” a seguir: “O problema não é se um profeta divinamente inspirado poderia ter predito os eventos que ocorreram . 18 Veja George Eldon Ladd. 1973). The New Standard Jewish Encyclopedia (nova ed. 24 Leon J. Walvoord. McCall. ou posterior a. 69-74. ed. DE: Glazier. 9 Por exemplo. 1974). Charles L. Gerhard F. The Prophetic Faith of our Fathers (Washington. 1946-1954). 1986). 1984). Seus argumentos contra a teoria do “rapto” incluem: (1) A terminologia para a segunda vinda de Cristo em 28/6/2007 14:09:04 . 38-67. Ryrie. The Prophetic Faith of Our Fathers: The Historical Development of Prophetic Interpretation. 35-60. The Historian and the Believer. 79. MI: Zondervan. 126. 2:511. 1980). Allen.. Robert P. The Late Great Planet Earth (Grand Rapids. 1979). Wood. anos antes de 1 Parousia 1s2007. 10 G. 1971). E. Hasel. The Blessed Hope. 1975). 1956). mas contemporânea com.grifos seus). 606. Walvoord. Isaiah “The Layman’s Bible Commentaries” (Londres: SCM Press. Cognitive Dissonance in the Prophetic Traditions of the Old Testament (New York: Seabury Press. 19-26 da seção “Israel in Prophecy”. House. 20 Ladd. Harvey. 27 Assim Thomas S. John F. 37-38. trad. 213-262). 1962). Baker. MI: Zondervan Publ. The Rapture Question (Ed. 8: “O profeta tinha assim mensagens para seu próprio povo em seus próprios dias. 5 Veja a descrição detalhada deste princípio por Van A.. 1973). 993. 26 Por exemplo. 7 Thomas C. MI: Biblical Perspectives. MI: Zondervan. A History of Prophecy in Israel (Filadélfia: Westminster Press. MI: Zondervan. 18. 29 John F. Das Ende der historisch-kritischen Methode (2a ed. The Blessed Hope. 2:489-93.. 1990). Israel in Prophecy (Grand Rapids. Carl F. Grand Rapids.. The End of the Historical-Critical Method (St. 1964). 1973). 1972). cf.. MI: Baker Book House.Israel na profecia bíblica / 25 Referências Artigo traduzido do original em inglês por Francisco Alves de Pontes. 2:495-502. Assoc.. Eta Linnemann. Oden. H. p. eds. Revista. MI: Zondervan. veja Edgar Krentz.” 11 Ibidem. Prophecy in the Making. 22 Froom. 1986]. 16 Veja L. The Historical Critical Method (Filadélfia: Fortress Press. 8 Harvey. e Wright. 12 Isto é bem declarado por Klaus Koch. MI: Zondervan. 4 Para reações críticas e/ou rejeição do método crítico-histórico. MI: Eerdmans.. Walvoord.indd 25 ocorrerem. 1975). 19 Froom. 21 Froom. 1151. Israel and the Church in Prophecy (Grand Rapids. Inglesa da 1a ed. When Prophecy Failed. entre outros. MI: Zondervan. The Prophets. 28 John F. Feinberg. Robert R. “Problems in Rebuilding the Tribulation Temple”. Wilson. 15 Luis de Alcazar. A Dispensational Theology (Grand Rapids. 1975). 346. 1-2 Maccabees [Wilmington. 1979). The Morality of Historical Knowledge and Christian Belief (New York: Macmillan Comp... Biblical Interpretation Today (Washington.. (Washington: Review and Herald Publ. 2:73-80. o que ela pressupõe. 1970). 1988). What? Agenda for Theology (Grand Rapids. IL: InterVarsity. The Nations. White Estate intitulado “Critique of Give Glory to Him by Robert Hauser” (agosto. A Biblical Study of the Second Advent and the Rapture (Grand Rapids. Froom. 54. 19-52. Bibliotheca Sacra (jan. Prophecy and Society in Ancient Israel (Filadélfia: Fortress Press. Londres: W. Historical Criticism of the Bible: Methodology or Ideology? (Grand Rapids. 125. veja Walter Wink. Wuppertal: Brockhaus Verlag. Henry (Carol Stream. DC: Instituto de Pesquisas Bíblicas. Rev. Samuele Bacchiocchi provê uma avaliação e crítica do dispensacionalismo-futurista (The Advent Hope for Human Hopelessness [Berrien Springs. 3 Para uma defesa do método crítico-histórico. 14 Charles C. 17 Veja o artigo produzido pelo Instituto de Pesquisas Bíblicas e Ellen G. 6 Ibid. Ernest Wright. Vestigatio Arcani Sensus in Apocalypsi (publicado postumamente em 1614). 1959). 25 Hal Lindsey. 2 Cecyl Roth e Geoffrey Wigoder. 10-11. 33 Crutchfield. 46 As sete dispensações em sua forma clássica são aquelas de “inocência” (Gn 1:26-3:24). Ryrie.. 5). 44 Assim reivindicado por Hal Lindsey em seu livro subseqüente. e muitos outros. Major Bible Themes. Five Predictions that Failed (Berrien Springs. 49 Crutchfield. Israel At the Center of History and Revelation (Portland. 8 vols. MI: Biblical Perspectives. Êx 18). MI: Zondervan. 1987). 1974). 1947). 5-6. MI: Zondervan. 244 [veja nota 45 abaixo]. 12-16. “The Latter Days and the Time of the End in the Book of Daniel” (diss. (Dallas Seminary Press. Ap 19:21). Cornelius Vanderwaal. Hal Lindsey and Biblical Prophecy (St. que provê um estudo bibliográfico de escritores Parousia 1s2007. Ph. por John F. PA. 31 Veja especialmente as definições providas nas dissertações de Samuel Nunez. 32 Para a finalidade deste estudo não será necessário distinguir entre “futuristas” e “dispensacionalistas” (veja Pfandl. ouvida a voz do arcanjo. Hal Lindsey’s Prophetic Jigsaw Puzzle. Walvoord (Grand Rapids. (2) Paulo em 1 Tessalonicenses 4:15-17 descreve o Senhor como descendo “dos céus” ao ser “dada a sua palavra de ordem. 1960). e “reino” (Ap 20:1-6) segundo Larry C. 1971). 34 C. NJ: Mack Publ. 30 Veja J. 1990). 340-58. Londres: Hodder and Stoughton. 1987). MI: Baker Book House. com literatura anterior. Crutchfield. 1992). Chief Men Among the Brethren (2a ed. Backgrounds to Dispensationalism (Grand Rapids. 37 Pentecost. 36 Walvoord. 34 vols. Understanding Dispensationalism (Grand Rapids. I. 1980). Rightly Divinding the Word of Truth (Fincastle. An Evaluation of Hal Lindsey’s Writings (St. T. MI: Zondervan. 40 W. 1970. 48-56. 41 H. e em certo sentido. The 1980’s: Countdown to Armageddon (Toronto/New York. 1978). Is This Really the End? A Reformed Analysis of ‘The Late Great Planet Earth’ (Cherry Hill. The Interpretation of Prophecy (Vinona Lake. At 1:26). 156-76. G. 13-15. 1983). 4. Feinberg. 1969). W. e demonstrou que não há nenhum “rapto secreto”. W. Todavia.D. Andrews University. G. podemos dizer. “graça” (At 2:1.). Bass. 1965]. Miladin. Walvoord. John Nelson Darby (Londres: Hammond. Simplesmente encontrar escritores pré-Darby que têm dispensações não os torna dispensacionalistas. 1985). idem. 9-11. Poythress. Dispensationalism Today (Chicago: Moody Press. Systematic Theology. “The Vision of Daniel 8: Interpretations from 1700-1900” (diss. 1931).. 1944). e ressoada a trombeta de Deus”.D Drew University. Dwight Pentecost. (reimpresso.. Israel and the Church in Prophecy. Pickering. Samuele Bacchiocchi. The Nations. 1 Timóteo 6:14 e Mateus 24:27. 1902). 37 e 39 provêem evidência para uma só segunda vinda em um estágio e não em dois... “governo humano” (Gn 8:111:26). 1974). “The Doctrine of Ages and Dispensations as Found in the Published Works of John Nelson Darby (1800-1882)” (Diss. Blair Neatby. 48 Veja Crutchfield. 1 Coríntios 1:7. (3) Em Mateus 24:31 o arrebatamento é colocado depois da tribulação e não antes e a proteção é concedida na tribulação (Apocalipse 3:10). VA: Scripture Truth Book Co. 15-133. 28/6/2007 14:09:04 . terão o seu cumprimento na expiração da dispensação em que estamos” (Writings. 47 C. com ênfase na seção “The Nations in Prophecy”. Ph. 42 Lewis Sperry Chafer. 45 Para sóbrias reações e críticas do futurismo de Lindsey. Kelly. The Rapture: Truth or Consequences (New York. Andrews University. Gerhard Pfandl. MI: Adventist Theological Society Publications. n. declara: “A maior parte dos eventos do fim do tempo ainda está adiante de nós como era futuro para aqueles do período bíblico. rev. Hal Lindsey. Believers Bookshelf. 1972). 2 Tessalonicenses 2:8. que são paralelas em Mateus 24:31 e 1 Coríntios 15:52. 1978). 1981). publicadas como The Time of the End on the Book of Daniel “Adventist Theological Society Dissertation Series” (Berrien Springs. Is the Bible a Jigsaw Puzzle. 35 Veja Charles L. Paul Lee Tan. 349. 11.. idem. Canadá. 68-71. Israel and the Church in Prophecy. 103-20. Catherines. 1965).indd 26 anteriores que retratam uma “história do assunto das eras e dispensações” (A Bibliographic History of Dispensationalism [Grand Rapids. The Collected Writings of John Nelson Darby. IN: BMH Books. Darby. (4) O livro de Apocalipse não apresenta nenhuma evidência para um rapto pré-tribulação. OR: Multnomah Press.1º semestre de 2007 tais passagens como 1 Tessalonicenses 3:13. “lei” (Êx 19. Israel and Prophecy reimpresso em The Nations.26 / Parousia . Boersma. C. de quem eu dependo fortemente nesta seção. 1936). Canadá.” O próprio Darby tinha declarado: “A maior parte das profecias. “consciência” (Gn 4:1-7:24).D. Things to Come: A Study in Biblical Eschatology (Grand Rapids. 7-8). Sunbury. 2: Prophetic nº 1. MI: Eerdmans. 1985). ed. B. 38 Esta designação é usada por Arnold D. 279). 156-217. porque os últimos são futuristas em perspectiva. Veja a crítica incisiva de Vern S. Co. Ehlert. Ehlert procura mostrar que o dispensacionalismo é realmente antigo. todas as profecias. “promessa” (Gn 11:27. The History of the Plymouth Brethren (2ª ed. Londres: Pickering e Inglis. Dispensationalism (Dallas: Dallas Seminary Press. Catherines. 58-68. MI: Zondervan. o “dispensacionalismo moderno” parece ser singular. 48-99. Ph.d. Turner. 39 John N. Scofield. mas um retorno do Senhor pós-tribulação (246-251). veja George C. 43 Publicado primeiro em Grand Rapids. Bromiley (Grand Rapids. 2:584. J. 86 Ryrie. 59 Chafer. R. Dispensationalism Today. 72 R. Essays in Honor of Roland K. Christianity Today 15 (setembro. N. 140. Understanding Dispensationalists. 1976). 68 Ibid. Para uma retificada opinião do rapto pós-metade-da-semana. MI: Eerdmans. Prophecy and the Church (Filadélfia: Presbiterian and Reformed Publ. MI: Eerdmans. 1990). Clements. “’am/goj volk”. 2:304-16. MI: Zondervan. Bruce K. W. 64 Para uma crítica do “rapto secreto”. Allis. A. Dispensationalism Today. Theological Dictionary of the Old Testament. Dispensationalism Today. 70 N. 78 Ibid. The Remnant.. “yisra’el”. 58 Ryrie. 96 Joachim Rhode. 1965). 72. eds. 79 F. The Israel of God in Prophecy. veja Dave MacPherson. vol. Hasel. 55 Para uma sólida análise e crítica das origens e mudanças na teoria do arrebatamento. 138. Dahl. 52 Crutchfield. ed. A New Translation with Introduction and Commentary “Anchor Bible”. God Spake by Moses (Nutley. 1969). onde Abraão é o sujeito da segunda cláusula). veja agora Marvin Rosenthal. Hulst. The International Standard Bible Encyclopedia.” Bibliotheca Sacra 93 (1936): 448. Theologisches Handwörterbuch zum Alten Testament. que foi enfrentado por Bo Johnson “Who Reckoned Righteousness to Whom?” Svensk Exegetisk Ärsbok 51 [1986]: 108-115) têm dificuldade com a sintaxe hebraica e o Novo Testamento (veja Rm 4:3. Ronald Youngblood. The Blessed Hope. 4:133. 95 LaRondelle. 82. 159. idem. 1977). “Israel. IN: Eisenbrauns. 546. 2:312-14. “Ist Genesis 15. LaRondelle citada anteriormente.. Covenant in Blood (Mountain View. 81 Ibid. 1983). Jenni e C. 401. 89 LaRondelle. 71. R.1958). Speiser. 90 Poythress. 69 A. Dispensationalism Today. Lewis Sperry Chafer.indd 27 Phenomenon of Conditionality within Unconditional Covenants”. Schultz. The Israel of God in Prophecy (Berrien Springs. Mayer.. 1990). 170-215. The International Standard Bible Encyclopedia. 52-62.. Morris Inch e Ronald Youngblood (Winona Lake. 75 Veja sobre a condicionalidade da aliança abraâmica com relação ao parceiro humano. 89-104. MI: Andrews University Press. veja a excelente obra de Hans K. E. 56 Ryrie. 77 Zobel. 80 Ibid. 1983). veja Ladd. Walvoord. Oswald T. 66 Hans K. 51 Ryrie. 82 Gerhard F. MI: Eerdmans.. 61 Ryrie. 158. Dispensationalism Today. 403. 98-99. Der Brief des Paulus an die 28/6/2007 14:09:04 . 67 H. 91 Veja G. 62 Ibid. Israel’s Apostasy and Restoration. Dispensationalism Today. New International Dictionary of New Testament Theology. 44-45. I. 74 LaRondelle. 159. 133-140. MI: Andrews University Press. Dispensationalism Today. 403. 127. 130-32. 13.C. Theological Dictionary of the New Testament (Grand Rapids. “Israel”. 90-91. Anderson e D. 73 E. 181-91. 83-85. 3:356-59. 19. NJ: Presbyterian and Reformed. Dispensationalism Today. 88 Ryrie. Freedman. 110-111. Things To Come. mas que Abraão considerou a promessa da semente como justiça (veja M. 60 J. 65 Veja Gerhard von Rad. 1988). 2:427. 76 Aqueles que desejam afirmar que Abraão não teve sua fé considerada como justiça por Deus. 123-139. 54 Ibid. Hebrew. A Study in Biblical Eschatology (Grand Rapids. Allis. 4:132. “Remnant”. 6 ein Beleg für die Anrechnung des Glaubens?” Zeitschrift für die alttestamentliche Wissenschaft 95 [1983]: 182-197. G. Avraham Gileadi (Grand Rapids. CA: Pacific Press. The Pré-Wrath Rapture of the Church (Nashville. 4:133. semelhantemente John F. Hasel. The Great Rapture Hoax (Fletcher. p. 84 Hasel. 4:47-53. 315. MI: Baker Book House. “Dispensational Premillennialism”.. Co. Oeming. 63 Ibid. “yisra’el”. 1941). LaRondelle. Botterweck e H. Oswald T. 93 Ibid. 1975). “Epangelia”. ed. eds. 87 Para um estudo completo de Israel e suas implicações. 1989). “The Abrahamic Covenant: Conditional or Unconditional?” The Living and Active Word of God: Studies in Honor of Samuel J. A. Friedrich. Judah”. “gôy”. Zobel.: New Puritan Library. Amos. 1958). 138. Das Volk Gottes (Oslo. 1983). 94 Ibid. Journal of Biblical Literature 79 (1960): 160-170. Theological Dictionary of the New Testament.. MI: Eerdmans. 136. “Dispensationalism. “The 50 Parousia 1s2007. Ringgren (Grand Rapids. “Remnant”. 24a (New York: Doubleday. 156-161. Waltke. 57 Crutchfield.. 31-46. E. 71 Hulst. Dwight Pentecost. Jew.. 1983). 92 Ibid. Gerhard F. 69. 201-202. 1988). Harrison. Jacob.Israel na profecia bíblica / 27 Ryrie. 6:401. Principles of Prophetic Interpretation (Berrien Springs. eds. J. “‘People’ and ‘Nation’ of Israel”. Systematic Theology. 83 Ibid. Westermann (Zurique: Theologischer Verlag/ Munich: Kaiser. 53 Veja Ryrie. N. MI: Andrews University Press. 1982). Theological Dictionary of the Old Testament (Grand Rapids. The History and Theology of the Remnant Idea from Genesis to Isaiah (3a ed. Berrien Springs. 1980). 49. 85 LaRondelle. TN: Nelson. 220-25. 28:4. Land”. 129 Na seqüência eu sigo largamente as idéias apresentadas por Poythress. Robert G. Parousia 1s2007. 476. Carlson. 1986). 128 H. 60. Dispensationalism Today. Dispensationalism Today. 161. 405-16. 104 Uma análise mais extensa é provida por LaRondelle em seu livro. Hasel. 122 Para outros exemplos. Israel. e Deuteronômio 1:8. M. 23-34. em que nos temos beneficiado extensamente nesta seção bem como na seguinte. Ringgren (Grand Rapids. e. The Advent Hope. 116 Bacchiocchi. Avraham Gileadi. Fuller. também por João Calvino e K. Patriarcas e Profetas. 17:8. Understanding the Living Word of God (Mountain View. David Noel Freedman. 115 Veja Gerhard F. 103 Poythress. Covenant in Blood. Veja também Ryrie. “’æræs Erde. Interpretation 18 (1964): 426. 131. Things to Come. 1980). 298: John F. 120-21. 1:228-36. Patriarcas e Profetas. 1988). 15:721. ed. idem. Êxo. J.28 / Parousia . 35. A Biblical View (Grand Rapids. 1976). particularmente. 83-108. 35:12. 23. H. 129. 28/6/2007 14:09:04 . 113 The New Scofield Bible. 125 Frank Cross crê que essa condicionalidade é uma forma primitiva do oráculo de Natã (Canaanite Myth and Hebrew Epic [Cambridge. 112. Systematic Theology. Clouse (Downers Grove. Veja também Bacchiocchi. 1977). 123. 64. 110 Herman Hoyt. White. 102 Veja também William Sanford La Sor. Pentecost. 66. 1963). 1:393-405. 162. Holbrook “Daniel and Revelation Committee Series. “Fulfillments of Prophecy”. 66-82. Bibliotheca Sacra 102 (1945). Harrison. Israel’s Apostasy and Restoration. Ottosson. 138. Barth. 1318. The Israel of God in Prophecy. 1976]. “Remnant”. 112 Veja também Gênesis 13:14-15. 50:24. veja LaRondelle. “Israel in Prophecy”. 124 Seguimos aqui as sugestões de R. 1973]. MI: Zondervan. IL: InterVarsity. 98 Chafer. Essays in Honor of Roland K. 123 Pentecost. 18. Vol. “Israel in Prophecy”. 117 Gerhard F. Daniel P. CA: Pacific Press. Things to Come. 48:4. Hasel. Há treze promessas adicionais de terra no Antigo Testamento fora do Pentateuco. 121 Ellen G. Theologisches Wörterbuch zum Alten Testament. 138. 1964). ed. 126 Veja Waltke. The Advent Hope. Schmid. 14:16. 1974). 111 Poythress. Israel and the Church in Prophecy. 38-41. The Epistle to the Romans (Oxford: Oxford University Press. eds. “Israel’s Restoration”. 98. Theological Dictionary of the Old Testament. Avraham Gileadi (Grand Rapids. 13:17. 100 Hasel. 105 John F. White. 33:1. 1959). 15-138. “Divine Commitment and Human Obligation: The Covenant Theme”. 20. 97 Samuele Bacchiocchi. Números 11:12. 26:3-4. 1986). 118 Hasel. Understanding Dispensationalists. John Bright declara que “a continuidade da dinastia [de Davi] tornou-se sujeita a condições!” (Covenant and Promise. 130 Poythress. 119 Ellen G. 228-29. 106 Walvoord. 4:134. MA: Harvard University Press. The Meaning of the Millennium. Botterweck e H. 198). Gospel and Law: Contrast or Continuum? The Hermeneutics of Dispensationalism and Covenant Theology (Grand Rapids. 3:105-107. 221. The Millennial Kingdom (Grand Rapids. que considera “todo o Israel” como a Igreja. 99 Que este termo inclui tanto judeus quanto gentios é defendido. MI: Eerdmans. “The Davidic Covenant: A Theological Basis for Corporate Protection”. em The Nations. 278 (ênfase minha). 6:10. MI: Biblical Perspectives. The Prophetic Understanding of the Future in Pre-Exilic Israel [Filadélfia: Westminster Press. The Advent Hope for Human Hopelessness (Berrien Springs. Things to Come. e outras. The Nations. 32:13. 171-73. 158. Leviticus. 13. Walvoord.indd 28 13:5. 78. 1989). 127 LaRondelle. A. “’erets”. Deus tem apenas um caminho de salvação para toda a espécie humana. Todo o argumento de Paulo e sua insistência sobre fé em Jesus Cristo contraria tal opinião. David and the Chosen King (Uppsala: Almquist e Wiksell. 87-110. 120 Veja nota 113 acima.1º semestre de 2007 Galater (Berlim: Evangelische Verlagsanstalt. and the Nature of Prophecy. entre muitos outros. 416. Walvoord. “Dispensational Premillennialism”. 11. ed. 288-322. 3” (Washington: Biblical Research Institute. 4:31. MI: Eerdmans. 23. 111-14. 32:11. The International Standard Bible Encyclopedia. The Seventy Weeks. MI: Baker Book House. Israel and the Church in Prophecy. 80. 108 Ryrie. 232). 107 Pentecost. 132. 114 Pentecost. MI: Eerdmans. Frank B. 109 Ibid. 101 Tem sido até mesmo afirmado que Paulo defende um “caminho especial” de salvação para judeus que são salvos sem fé em Jesus Cristo. Enquanto no Egito morriam todos os primogênitos. instituídas por determinação divina após o Êxodo. Por intermédio do 28/6/2007 14:09:05 . particularmente. o autor explora o sentido tipológico e comemorativo de cada uma dessas solenidades no antigo Israel. mas também na santidade do tempo. 8) e o seu sangue era colocado na verga da porta e nas ombreiras de cada casa (v. EUA Resumo: Este artigo faz uma análise das principais festividades israelitas. In the first part of the article. tinha a finalidade de proteger os hebreus dos dolorosos efeitos da décima praga. Ao ser a páscoa instituída. preservando a vida do primogênito daquela família. bem como o seu significado para a igreja cristã. Diretor do Biblical Research Institute da Associação Geral da IASD. Abstract: This article deals with the main Israel festivals established by God after the Exodus. Th. Introdução1 O sistema israelita não estava interessado apenas na santidade do espaço (o tabernáculo e seus rituais). as well as their meaning to the Christian church. the author explores the typological and commemorative sense of each one of those festivities in the life of ancient Israel. Em seguida. 22). Seus ossos não deveriam ser quebrados. o texto discute se as mesmas festas devem ou não continuar a ser observadas pelos cristãos na atualidade celebração e regozijo do seu povo em sua presença. no tempo e no espaço. Parousia 1s2007. Deus se encontrava com o seu povo na esfera do tempo que não estava limitada exclusivamente ao sábado do sétimo dia. Outros períodos de tempo foram escolhidos por ele para adoração. entre os hebreus morria uma vítima sacrifical. Esse ritual sangüíneo indicava que naquela casa uma vida fora dada em lugar da vida do primogênito da família. por meio do sábado. Na primeira parte do trabalho. 13) e passaria pela casa. O Senhor “veria o sangue” (v. É esta preocupação com o tempo que é comunicada por meio das diferentes festividades mencionadas no Antigo Testamento e.D. Exploraremos o seu significado típico e comemorativo e concluiremos com a discussão do seu significado para os cristãos.indd 29 As festas e o seu significado típico e comemorativo A festa da páscoa Durante o dia 14 do mês de abibe cada família deveria imolar um cordeiro sem defeito (12:5. Afterwards. Aqui nos limitaremos às principais festividades israelitas. Maryland. 21). Silver Spring. Essa praga constituiu o julgamento final de Deus sobre o Egito e poderia ter afetado os israelitas que ali habitavam.29 As festividades israelitas e a igreja cristã Ángel Manuel Rodríguez. A carne da vítima era comida durante a noite pelos membros da família como um tipo de oferta pacífica. A páscoa foi instituída logo após a saída do Egito (Êx 12). the text discuss whether the same feasts must be observed by modern Christians. Era assada e comida com pães asmos e ervas amargas (v. É apresentada na narrativa do Êxodo em conexão com a décima praga. Os seres humanos são criaturas do tempo e do espaço e era intenção de Deus se encontrar com eles em ambas as esferas de sua existência. Naquela noite todos os primogênitos do Egito morreriam. A festa dos pães asmos Essa festa estava intimamente relacionada com a páscoa. Dt 6:21-25).”4 A festa estava também associada à experiência de Israel no Sinai quando foi estabelecida a aliança. Conseqüentemente. “Como expressão de gratidão pelo cereal preparado como alimento. O primeiro e o último dia da semana eram sábados cerimoniais. o pão asmo. Conquanto originalmente Deus ordenasse aos israelitas que oferecessem o sacrifício em suas próprias cidades. Um molho da messe era movido perante o Senhor em reconhecimento ao fato de que toda a colheita pertencia a ele como uma expressão de gratidão. cf. Durante sete dias os israelitas deviam comer pães asmos e nenhum fermento devia ser encontrado em seus lares. por meio de Cristo se tornou “nova massa” (1Co 5:7-8). De fato. O Novo Testamento revela o significado tipológico dessa festa identificando Jesus como o cordeiro pascal (João 1:36) que morreu durante a celebração da festa da páscoa (19:14) e cujos ossos não foram quebrados (19:36). em certo sentido. qualquer ato redentivo de Deus no futuro seria interpretado tipologicamente em função do evento do Êxodo comemorado na páscoa (ex. Ali o sangue era aspergido sobre o altar do mesmo modo que o sangue da maioria dos sacrifícios (2Cr 35:11). O significado tipológico dessa festa se encontra no Novo Testamento: o fermento é considerado um símbolo do pecado.3 A festa das semanas (pentecostes) Essa festa é também chamada pentecostes porque era celebrada 50 dias após a cerimônia das primícias em 16 de abibe (Lv 23:15-21).1º semestre de 2007 seu sangue os primogênitos de Israel eram redimidos. “o cordeiro imolado. durante o segundo dia da festa dos pães asmos. O pentecoste ocupava apenas um dia. que era dedicado ao culto religioso. De fato. A festa era uma peregrinação celebrada no santuário central (Dt 16:10). 2:14-15). ao entrarem em Canaã eles deveriam passar a oferecê-lo no santuário central (Dt 16:5-6). (Êx 12:17-20. 34.: Is 48:20-21). A festa comemorava a saída do Egito e.2 A apresentação das primícias é um símbolo da ressurreição de Cristo no domingo da páscoa (16 de abibe). Esse evento era percebido pelos israelitas como expressando o modelo de poder redentivo de Deus. Era celebrada de 15 a 21 de abibe. mas uma cerimônia dentro de uma festa. mas os hebreus poderiam ter interpretado o ritual como tendo alguma virtude expiatória no sentido de preservar intacto seu relacionamento com o Senhor ao escapar do seu juízo. Segundo Êxodo 19:1. o qual. ao celebrá-la. Lv 23:6-8). cada geração passava. Não era propriamente falando uma festa. o molho dos primeiros frutos. representavam o Salvador”. A festa apontava para o tempo em que eles deixaram apressados o Egito. Essa era uma das três festas de peregrinação durante cuja celebração os Parousia 1s2007. libertando o ser humano das forças malignas deste mundo (Hb 9:12. não tendo tempo para preparar o pão levedado. É por meio do Seu sangue que a redenção foi realizada. dois pães assados com fermento eram apresentados diante de Deus. Paulo considera Jesus como a personificação da própria festa da páscoa (1Co 5:7). A idéia de propiciação ou expiação não é claramente afirmada. Cerimônia do molho movido Ao entrarem os israelitas em Canaã deveriam levar para o Senhor as primícias da colheita de cevada (Lv 23:10-11). que não deve ser achado no cristão.30 / Parousia . pela experiência do Êxodo (Êx 12:26. os israelitas chegaram ao Sinai no terceiro mês 28/6/2007 14:09:05 .indd 30 israelitas deixavam seus lares e viajavam para o santuário (Dt 16:10). Isto deveria ser feito em 16 de abibe. Ele é descrito como “as primícias” da ressurreição escatológica daqueles que lhe pertencem (1Co 15:23). O dia 6 de sivã era um sábado cerimonial durante o qual o povo se regozijava diante do Senhor por suas bênçãos. Era parte do calendário agrícola e consistia em levar ao Senhor as primícias da colheita do trigo em 6 de sivã. . Era celebrada durante o sétimo mês (tishri) como um dia de descanso solene. “trombetas” talvez não seja a melhor tradução do termo hebraico ťrû‘ah. Jesus enviara do Céu o Espírito Santo sobre seus seguidores. o texto não realça este fato. 28). A celebração da festa era provavelmente um memorial ou uma reafirmação da aliança entre Deus e Israel (cf. Então foi estabelecida a nova aliança (3:25). um sábado cerimonial. Foi por causa da aliança que a nação israelita veio à existência (Êx 19:5-6). De conformidade com sua promessa.As festividades israelitas e a igreja cristã / 31 após a saída do Egito. Antes. o livro de Apocalipse faz referência às sete trombetas que são tocadas antes da consumação da salvação e que chegam ao fim com uma visão do lugar santíssimo do templo celestial. É chamada festa das trombetas porque a celebração era iniciada por um toque de trombetas. Miquéias usa a terminologia e ideologia do dia da expiação para descrever a futura obra de Deus em favor do seu remanescente escatológico. Sl 95-100). 2Cr 15:10-13). mas ao contrário de outras festas. O dia da expiação O dia da expiação era celebrado no dia 10 de tishri. As trombetas parecem retroceder na história da salvação como sinais ao longo da era cristã de que Deus se “lembrará” (isto é. Nm 10:10. Yom Kippur. convocava o antigo Israel a fim de preparar-se para a vinda do dia de juízo. Descreve a Deus como aquele que perdoa as “transgressões” (7:18. Era um sábado cerimonial durante o qual nenhum trabalho deveria ser feito (v. Foi durante a festa do pentecostes que os discípulos receberam o batismo do Espírito Santo e a igreja como tal veio à existência como o novo povo de Deus (At 2:1-4).. Embora alguns creiam que essa é uma festa de ano novo.”5 A festa das trombetas Esta é a primeira das festas de outono (Lv 23:23-25). apontava para o futuro ato divino de julgamento e purificação. cf.. 98:6-9). o que torna difícil identificar o seu significado tipológico. Parousia 1s2007. O dia da expiação não estava relacionado com nenhum evento específico da história de Israel. este era um dia de jejum para o povo de Israel (Lv 23:29). agirá em favor de) seu povo e como avisos para o preparo para o antitípico dia da expiação. assim as trombetas do Apocalipse enfatizam especialmente a aproximação do Yom Kippur antitípico. recebera todo o poder no Céu e na Terra. É possível que o propósito da festa tenha sido lembrar ao povo que Deus era o Criador e Juiz do mundo no preparo para as cerimônias do dia da expiação. juiz do mundo (47:5-7. O Novo Testamento estabelece uma nítida conexão entre o pentecostes e a igreja cristã. Este termo parece designar o forte som do chifre de carneiro (shophar) em vez do som de uma trombeta (hctsotsrah.. “O derramamento pentecostal foi uma comunicação do Céu de que a confirmação do Redentor havia sido feita. Era um dia de juízo em Israel. 29:1).indd 31 Alguns desses salmos associam esta experiência com um chamado para louvar a Deus como rei. não era uma festividade. transgressões e impurezas do povo de Deus (Lv 16:16. O pentecostes era celebrado durante o terceiro mês do ano. Mas também apontava para algo que ocorreu no santuário celestial. Contudo. e como Criador e preservador do seu povo (100:1-5). 30). “trombeta”. 21. Durante esse dia o sumo sacerdote realizava o serviço anual em favor dos israelitas. tornando-se o Ungido sobre seu povo. Nesse dia o santuário era purificado de todos os pecados. De fato. “Precisamente como a festa das trombetas. A festa é descrita como um memorial (Lv 23:24).6 A festa das trombetas não é mencionada explicitamente no Novo Testamento. Isto é sugerido por algumas passagens dos Salmos onde se faz menção ao som de buzinas e de fazer “ruído jubiloso” diante do Senhor (cf. em sinal de que Ele. como Sacerdote e Rei. pešac 28/6/2007 14:09:05 . mas não somos informados no tocante ao que ela comemora.7 Elas descrevem a Deus como juiz da raça humana e como enviando juízos sobre pecadores impenitentes antes de ocorrer o julgamento final. Vários eruditos adventistas têm examinado este assunto e a conclusão comum a que 28/6/2007 14:09:05 . vestidos de vestiduras brancas.”8 Durante a festa os israelitas moravam em cabanas feitas de ramos de palmeiras e ramos de árvores frondosas (23:40).32 / Parousia . A festa se iniciava com um sábado cerimonial e concluía com outro em 22 de tishri (Lv 23:36). A festa dos tabernáculos Essa festa era celebrada durante 15 a 21 de Tišri. o azeite e o vinho estavam armazenados. “iniqüidades”(7:19.1º semestre de 2007 = “rebelião”. É para esta dimensão tipológica que Miquéias e Daniel estão apontando. 30). A festa era um memorial do tempo em que Deus fez Israel habitar em tendas durante sua peregrinação no deserto depois da saída do Egito (23:42). As visões apocalípticas de Daniel apontam para um tempo em que o santuário seria purificado pouco antes do estabelecimento do reino de Deus na Terra (8:13. as primícias reservadas. 34:22). os frutos. Era uma festa de peregrinação quando Israel ia adorar a Deus no santuário central (Dt 16:15). cawôn = “ofensa”. Lv 16:16. com palmas nas mãos” (7:9). Mas o fato de ocorrer ano após ano torna-o um tipo da futura e final purificação do povo de Deus em preparação para o reino messiânico. que os havia assim abençoado ricamente. mas também para o que está ocorrendo agora no reino celestial e na Terra e nos permite antecipar o que está prestes a ocorrer.9 Esse período é descrito por Oséias como um período de grande Parousia 1s2007. 21). do olival e da vinha.10 Por intermédio das diferentes festividades Deus estava revelando ao seu povo importantes aspectos do seu plano de salvação. Seu significado tipológico não somente aponta para a cruz. removendo-os da sua presença e mostrando sua fidelidade e misericórdia para com o remanescente (Mq 7:20). As festividades do Antigo Testamento e a igreja cristã Devem os cristãos observar as festividades israelitas? Esta tem sido uma questão muito debatida entre os cristãos. as festividades de outono acerca da consumação da redenção. A colheita da salvação havia terminado (14:15-16). (Lv 16:21. A terra havia concedido o seu produto. Zacarias descreve para nós um tempo em que toda a cidade de Jerusalém estará purificada e as nações da Terra virão perante Deus para celebrar a festa dos tabernáculos (14:16-21). Ao tratar desta questão. “Esta festa reconhecia a generosidade de Deus nos produtos do pomar. 14). e agora o povo vinha com seus tributos de ações de graças a Deus. Era a última festa do ano agrícola depois de terminar a colheita (Êx 23:16. mas a atual opinião prevalecente é que elas tinham apenas um significado tipológico que foi cumprido em Cristo e sua obra de mediação e juízo. O livro de Apocalipse desvenda o cumprimento tipológico dessa festa na grande multidão que João viu “em pé diante do trono e diante do Cordeiro. Dt 16:14). Jz 21:1921. A festa dos tabernáculos era também interpretada escatologicamente como apontando para um tempo futuro quando a colheita de salvação de Deus se encerrará e as nações do mundo irão adorá-Lo. Era uma festa muito alegre durante a qual o povo expressava sua gratidão a Deus (Lv 23:40. Era a reunião festiva encerradora do ano. Eles estavam louvando e dando graças a Deus por sua salvação. Entre os adventistas há alguns que chegaram à conclusão de que é necessário observar as festas e eles têm promovido esta prática entre os membros da igreja.indd 32 intimidade entre Deus e seu povo (ex. as colheitas estavam guardadas nos celeiros. Isto sugere que o dia da expiação é essencialmente típico em vez de comemorativo. As festividades da primavera falam sobre redenção efetuada. Aponta para o passado somente até o ponto em que lida com todos os pecados do povo de Israel cometidos durante os anos anteriores. a ceifa escatológica. e “pecados”(hatta‘t = “pecado”. isto é. Lv 16:21).: 11:1-4. 2:14-15). é necessário examinar as passagens bíblicas em que é discutido o assunto das festas israelitas a fim de determinar sua natureza e propósito. Com poucas exceções. teu Deus. Era o desígnio de Deus que esses aniversários O trouxessem à mente do povo. (2) As festividades e o culto centralizado Várias festividades deveriam ser celebradas no templo e não em qualquer outro lugar na terra de Israel. Não há nenhuma indicação na Bíblia de que durante as festividades um sacrifício espiritual poderia tomar o lugar de um material. testemunhava a deturpação das mesmas. Na Bíblia. mas ao ser o povo restabelecido em seu próprio país. Durante o cativeiro dos judeus. Aqueles que promovem a observância das festividades têm de criar sua própria maneira pessoal de celebrar as festas e no processo criam tradições humanas que não se baseiam em uma explícita expressão bíblica da vontade de Deus. foi também centralizada e ligada ao Templo: “Não poderás sacrificar a Páscoa em nenhuma das tuas cidades que te dá o Senhor. tornando necessário que o povo aparecesse perante o Senhor. escolher para fazer habitar o seu nome” (16:5. o invisível Guia de Israel dera instruções quanto a esses cultos. teu Deus. Vamos resumir brevemente e avaliar alguns dos principais argumentos usados para apoiar esta conclusão. Oséias perguntou aos israelitas que deveriam ser exilados para a Assíria: “Que fareis vós no dia da solenidade e no dia da festa do Senhor?” (9:5). As festas não podiam ser celebradas sem a oferta de sacrifícios. 6). De fato. com exceção de Samuele Bacchiocchi. que também estava associado aos sacrifícios no Antigo Testamento (Nm 28:9-10). é que a Bíblia não espera que os cristãos observem as festividades judaicas. Mesmo a Páscoa. que proclamareis para santas convocações. cuja finalidade principal era prover um tempo de repouso a fim de se ter companheirismo e comunhão com o Criador. Envolto na coluna de nuvem. A Bíblia não admite a celebração dessas festividades em algum outro lugar. a festa das semanas e a festa dos tabernáculos (Dt 16:16). não há nenhuma instrução dada na Bíblia concernente a como observar a festa sem uma vítima sacrificial. Aquele que ordenara essas assembléias nacionais e lhes compreendia o significado. os sacerdotes e guias da nação haviam perdido de vista esse objetivo. a saber: a festa dos pães asmos. Alguns têm afirmado que se a associação das festas com sacrifícios é tomada como um motivo para limitar sua celebração ao tempo antes da vinda do Messias. recomeçara a observância dessas comemorações. Exigia-se especificamente que três festas fossem celebradas no templo. senão no lugar que o Senhor. Este é certamente um argumento inválido. que foi originalmente uma celebração em família. Levítico 23 enumera as diferentes festividades e então sintetiza seu principal objetivo. Os sacrifícios foram associados ao sábado somente depois de ter sido feita a aliança e depois de ser instituído o sistema sacrificial em Israel. a qual poderia claramente ser mantida independente deles.11 Comenta Ellen G. (1) As festividades e o sistema sacrificial Cada uma das festividades era caracterizada pela alegria de trazer oferendas e sacrifícios ao Senhor. A primeira Parousia 1s2007. o sacrifício de animais era inconcebível. dizendo: “São estas as festas fixas do Senhor. quando o sábado foi instituído no Jardim do Éden. porém. os sacrifícios não são um componente indispensável da observância do sábado.As festividades israelitas e a igreja cristã / 33 eles chegaram. 37). para oferecer ao Senhor oferta queimada” (v. então o mesmo deve ser aplicado ao sábado.12 28/6/2007 14:09:05 . eles não puderam ser observados. Isto não é declarado em parte alguma na Bíblia com respeito ao sábado. Em qualquer caso. O propósito específico dado no texto para a celebração das festas era trazer ofertas ao Senhor na forma de sacrifícios. A resposta implícita é: “Nada!” Eles não seriam capazes de observar essas festas estando distantes do templo de Jerusalém. White: Três vezes por ano era exigido dos judeus reunirem-se em Jerusalém para fins religiosos. A preposição hebraica le (“para”) é usada aqui para expressar a idéia de propósito.indd 33 referência explícita ao sábado em Êxodo 16 não menciona nenhum sacrifício oferecido durante esse dia. é o termo técnico usado para designar as festividades. Dt 16:13. para estações [môcēd]. Discordamos deles. Lv 23:15). Primeiro. que estava restrita aos israelitas e àqueles que por meio da circuncisão se tornassem israelitas (Êx 12:43-50). Se eles não podem prover a evidência. Gn 17:21).C. que estava ligada de perto à páscoa (Lv 23:5-11).” O termo hebraico môcēd. ou está pronta a colheita das uvas (Os 2:9). um tempo específico do ano em que ocorre um evento como. Bem pode ser que os judaizantes que Paulo enfrentou nas igrejas cristãs estivessem exigindo que os cristãos gentios se tornassem judeus (ou seja. para fazerem separação entre o dia e a noite. (3) As festividades e o calendário agrícola Muitas das festividades estavam intimamente ligadas ao calendário agrícola israelita. desse modo indicando que a celebração dessas festas estava restrita àqueles que moravam na terra de Israel. como uma tradição humana. Mas é insano transferir este significado para Gênesis 1:14. estão formulando suas próprias tradições não-bíblicas. 28/6/2007 14:09:05 . como parte da aliança entre Deus e Israel. os judeus desenvolveram um sistema que os habilitava a observar as festividades sem o templo e fora de Israel. Alguns têm sugerido que Gênesis 1:14 indica que Deus instituiu as festividades antes do Sinai porque a passagem declara: “Haja luzeiros no firmamento dos céus. Parousia 1s2007.34 / Parousia . são estas as minhas festas”. o termo hebraico môcēd é freqüentemente usado no sentido de “tempo determinado” e expressa a idéia de “estação”. Mas a verdade é que fora da terra de Israel e na ausência dos rituais do templo era simplesmente impossível observar as festividades exatamente como o Senhor instruiu o povo no Antigo Testamento. outras festividades e rituais judaicos. uma vez mais. fossem circuncidados – Atos 15:1) a fim de que pudessem celebrar a páscoa e. que proclamareis. a festa das semanas (pentecostes. O mesmo se aplicava aos anos sabáticos (Êx 23:10). o plural môcadîm é traduzido por “festas fixas”. (5) As festividades e o Sinai A Bíblia estabelece o fato de que as festividades foram instituídas em Israel no Monte Sinai. Esta conclusão se baseia em sua convicção de que Gênesis foi escrito durante o período pós-exílico e que Moisés não o escreveu. A implicação é que era impossível para os israelitas celebrar algumas dessas festividades antes da entrada em Canaã. Dt 16:9. e sejam eles para sinais. Depois da destruição do templo em 70 d..indd 34 (4) As festividades e a identidade étnica A identidade étnica e religiosa dos israelitas estava intimamente associada à celebração de algumas das festividades. por exemplo. Nenhuma exceção a essas regras é mencionada na Bíblia.1º semestre de 2007 Qualquer tentativa para justificar sua celebração independente do templo israelita é simplesmente uma determinação humana sem qualquer base bíblica e pode ser descrita. Lv 23:32). Isto não foi instituído como resultado de uma revelação especial de Deus por meio da qual Ele os instruiu em tal procedimento. quando os pássaros migram (Jr 8:7. Este era particularmente o caso com as festas de pentecostes e dos tabernáculos (Êx 23:16). em Levítico 23:2: “As festas fixas do Senhor. cf. e a festa dos tabernáculos (Êx 23:16. Os cristãos que estão interessados em observar as festividades enfrentam o problema de prover a evidência bíblica que apoiaria a maneira como as festividades devem ser observadas independente dos serviços do templo em terras fora de Israel. Muito importante neste caso é a páscoa. para dias e anos. Este é claramente o caso com respeito à festa dos pães asmos. Por exemplo. Essas festividades eram tão importantes para a identidade judaica que eles decidiram conservar viva sua memória. serão santas convocações. aqui traduzido por “estações”. Não se refere exclusivamente às festividades. possivelmente. Muitos críticos eruditos crêem que em Gênesis 1:14 o termo também se refere ao festival cultual. .14 Concernentemente à festa da páscoa diz Ellen G. durante a semana da criação. no qual é descrito o poder e o propósito criativo de Deus: “Designou a lua para as estações” [Almeida antiga].. mesmo antes da entrada do pecado no mundo.”13 (6) As festividades e o sábado Alguns têm até mesmo sugerido que o sábado era também considerado uma festividade e que. A conexão temática e terminológica entre Gênesis 1:14 e Salmo 104:19 indica que o termo lemôcadîm é usado em Gênesis para designar o período fixo de tempo a que chamamos de “mês”. Isto indica que havia um tipo de obra que lhes era permitido fazer durante as festividades e que era proibido durante o sábado. uma palavra que não é empregada na passagem.” e então o mandamento do sábado é imediatamente mencionado..” O Senhor não queria que o povo considerasse o sábado como uma daquelas festas e deixou claro que elas deveriam ser celebradas além do sábado. e apontando ao futuro sacrifício que libertaria do cativeiro do pecado.. Finalmente. O termo hebraico lemôcadîm especifica o propósito ou função da lua e provavelmente se refere às fases da lua ou mais corretamente à função da lua como o corpo celeste que determina o tempo fixo chamado “mês”. Em Gênesis “uma tríplice função é designada a esses celestiais portadores de luz: fazer separação entre o dia e a noite. É verdade que é dito em 23:2: “São estas as minhas festas. mais especificamente. 35. A lei que regulava o sistema israelita de adoração era “sombra dos bens vindouros. Quando o 28/6/2007 14:09:05 . Terceiro. 36). White: No décimo quarto dia do mês. portanto. Levítico 23:2 é uma declaração entre parênteses e não a primeira festa enumerada no capítulo. e das vossas dádivas. Isto é obviamente incorreto. Levítico 23:37-38 declara explicitamente que as festividades não eram como o sábado: “São estas as festas fixas do Senhor. Primeiro. para oferecer ao Senhor oferta queimada. além dos sábados do Senhor. Mas note que em 23:4. não a imagem real das coisas” (Hb 10:1). Concernentemente às festas lemos que durante o tempo da santa convocação – os sábados cerimoniais – o povo não fará “nenhuma obra servil” (23:8. a passagem de Gênesis não pode ser utilizada para argumentar que as festividades foram instituídas na Criação porque a passagem não está lidando com o regulamento das festividades. se quisermos definir mais especificamente o significado do termo lemôca dîm em Gênesis 1:14. Não há nenhuma base bíblica para sugerir que o sábado e as festas estejam na mesma categoria. 21.As festividades israelitas e a igreja cristã / 35 Segundo. Segundo. durante o dia da expiação o povo não devia fazer “nenhuma obra” (23:28). celebrava-se a Páscoa. Mesmo as ofertas trazidas durante as festividades eram também além daquelas trazidas durante os serviços regulares.indd 35 bíblico está fazendo um esforço especial para indicar que o sábado não é parte das festas retornando àquela frase antes de enumerar as festas. outra vez encontramos a frase introdutória: “São estas as festas fixas do Senhor.” O escritor Parousia 1s2007. mas com as funções específicas do sol e da lua. à tarde. devemos olhar para o contexto em que a criação do sol e da lua está sendo discutida e não a sua utilização em contextos de discussões cultuais. a referência ao sábado é importante porque esse dia é especialmente santo. o sábado foi instituído muito antes do Sinai. Terceiro. depois da referência ao sábado. (7) As festividades e os cristãos O Novo Testamento deixa claro que os rituais do santuário do Antigo Testamento chegaram ao fim por meio do sacrifício de Cristo na cruz e do seu ministério sumo sacerdotal no santuário celestial. comemorando as suas cerimônias solenes e impressionantes o livramento do cativeiro do Egito. A propósito. que proclamareis para santas convocações. servir como sinais da passagem do tempo. o sábado também deve ter sido abolido. 25. se as festividades foram abolidas. e encontrou seu cumprimento em Cristo. Em 23:3 é declarado que durante o sábado os israelitas não deveriam fazer “nenhuma obra”. Encontramos tal contexto em Salmo 104:19. Não é uma sombra apontando para Cristo e sua obra. e iluminar a Terra. 1º semestre de 2007 Salvador rendeu Sua vida no Calvário. os judeus distinguiam as estações pelas festividades que obviamente não tinham nenhuma conotação pagã. Ele. Passaria para sempre a festa nacional dos judeus. mas não há nenhuma evidência bíblica para apoiar a conclusão de que isto era uma exigência para os membros da igreja. em vez de nomear. Por exemplo. Lucas data o evento usando o calendário judaico.indd 36 As referências às festividades no Novo Testamento têm a finalidade primária de datar eventos. O “jejum” neste verso muito provavelmente se refere ao dia da expiação. ou absolutamente nenhum sistema de cronometragem são as únicas opções disponíveis para Paulo e suas comunidades. a prisão de Pedro por Herodes é datada dos dias dos pães asmos (Atos 12:3). estava para se apresentar como oferta pelo pecado. A navegação era perigosa durante a última parte do ano. Designam a semana por sábados. mas não é claramente afirmado nessas passagens (At 20:6. a lei que regula os rituais do santuário. pagão. e a ordenança da Ceia do Senhor foi instituída como memorial do mesmo acontecimento de que a páscoa fora tipo. o imaculado Cordeiro de Deus. não devemos concluir que as referências às festas no Novo Testamento significam necessariamente que os apóstolos e as igrejas estavam celebrando aquelas festas. necessariamente há também mudança de lei” (Hb 7:12). Judaico. Não mais observamos os regulamentos rituais levíticos. eles numeram. começando no sábado. Mas a passagem não está dizendo que Paulo estava celebrando tal cerimônia. Um outro caso é a referência ao “jejum” em Atos 27:9. Eles reconhecem os meses por luas novas e nomeiam esses meses usando termos agrícolas. é antes a lei que não pode aperfeiçoar (7:19). instituiu em seu lugar o serviço que havia de comemorar seu grande sacrifício. 15. especificamente depois de setembro. e queria assim levar a termo o sistema de símbolos e cerimônias que por quatro mil anos apontara sua morte.16 Dificilmente ela poderia ter sido mais clara quanto à função tipológica da páscoa e dos outros tipos e cerimônias. Temos um novo sumo sacerdote que não pertence à ordem de Arão e “quando se muda o sacerdócio. Em contraste. A lei aqui mencionada não deve estar limitada a uma que regula a linhagem sacerdotal.18 Parousia 1s2007. Referindo-se ao dia da expiação. Conclusão As festividades israelitas eram ocasiões de júbilo para os israelitas dentro da 28/6/2007 14:09:06 .15 Quando o tipo encontrou o antítipo. cessou a significação da Páscoa. ele estava plenamente consciente do fato de que tais práticas não eram exigidas dos crentes cristãos.17 Devemos ter em mente que Paulo uma vez foi ao templo de Jerusalém e ofereceu sacrifícios (At 21:17-26) e até mesmo permitiu que Timóteo fosse circuncidado (At 16:1). Provavelmente se poderia afirmar que durante a era apostólica alguns cristãos talvez tenham observado as festividades.36 / Parousia . o tipo chegou ao fim. 1Co 16:8).”21 Portanto. Todavia.”19 Há alguma evidência para apoiar a conclusão de que quando os gentios se tornavam cristãos eles aceitavam o calendário judaico. É mencionada a fim de datar o incidente e prover um motivo para o conselho que Paulo estava dando aos marinheiros. Há várias passagens no Novo Testamento que dão a impressão de que Paulo celebrou algumas festas. os dias da semana de um a seis. O serviço que Cristo estabeleceu devia ser observado por seus seguidores em todas as terras e por todos os séculos. A menção da festividade não tem o intento de mostrar que Herodes ou Pedro estava celebrando a festa. e a evidência indica que eles optaram pelo primeiro. O que ele parece estar dizendo é que “não apenas havia começado o tempo perigoso para a navegação.20 O motivo era que “outros sistemas de calendários nomeavam os dias e os meses segundo as divindades pagãs e demarcavam as estações por ritos pagãos. Escreveu ela em outro lugar: Cristo se achava no ponto de transição entre dois sistemas e suas duas grandes festas. o jejum (ou mesmo o jejum) era agora passado – de sorte que era mais perigoso do nunca. Ao comer a páscoa com seus discípulos. em todas as vossas moradas” (Lv 23:14. não seriam eles capazes de guardar o sábado. “Sanctuary Topology”. unir-se-á em jubiloso louvor a Deus” (White. 42 e 43” (White. SP: Casa Publicadora Brasileira. White. celebrava a colheita dos frutos da terra. ramos de árvores espessas. O Desejado. e enviai porções aos que não têm nada preparado para si.. MD: Biblical Research Institute. White. 1992). e indicava. ao mesmo tempo. disse Neemias. 1986). ‘Este dia é consagrado ao Senhor vosso Deus’. dando a alguns a impressão de que isto está se referindo a qualquer lugar no mundo. o povo devia agora deixar suas casas. 540). 39. 21). os seus sábados e todas as suas solenidades. porque as festas exigiam os serviços do templo. Segundo. 540. 123. 12 White. Symposium on Revelation – Book 1. 9 “Como a páscoa. 4 Idem. É em Oséias 9:5 que é suscitada a questão de observar as festividades em um país estrangeiro é a resposta dada é negativa. Portanto não vos entristeçais. um dia de regozijo. Patriarcas e Profetas. 11 Declara o profeta em Oséias 2:11: “Farei cessar todo o seu gozo. como festa da ceifa. 1997]. o grande dia da colheita final. Patriarcas e Profetas. comei as gorduras. 541). 6 Segundo Ellen G. um dia no qual o Senhor tinha ordenado ao povo que se mostrasse alegre e jubiloso. Isto é equívoco porque. Eles se tornarão ‘como se nunca tivessem sido’. 662). e o povo despendeu o resto do tempo em grata reconsideração das bênçãos de Deus. a festa dos tabernáculos era comemorativa. apontavam tipologicamente para a futura obra de salvação que Deus iria realizar em favor do seu povo por meio do Messias. Porções foram também enviadas aos pobres que nada tinham para preparar. Não somente apontava para a peregrinação no deserto. Davidson. e a se rejubilarem por causa da grande misericórdia do Senhor para com eles. Referências 1 Artigo traduzido do original em inglês por Francisco Alves de Pontes. nem choreis. mas já somos parte da ceifa universal que Cristo virá recolher na segunda vinda. 540. formados dos ramos verdes ‘das formosas árvores. no Universo inteiro.indd 37 no deserto. O Desejado de Todas as Nações (Tatuí. SP: Casa Publicadora Brasileira. É importante notar que em 9:5 o sábado não está incluído. 10 “A festa dos tabernáculos não era apenas comemorativa. Isto tem sido interpretado por alguns para indicar que se os israelitas não pudessem observar as festas durante o exílio. mas. Mas certamente não é este 28/6/2007 14:09:06 . Há várias passagens onde os israelitas são ordenados a observar festividades como “estatuto perpétuo por vossas gerações. 3 White. 2 “Um molho deste cereal era movido pelo sacerdote diante do altar de Deus. em que o Senhor da seara enviará os seus ceifeiros para ajuntar o joio em feixes para o fogo. Patriarcas e Profetas. e em vista disto foram chamados a restringir suas mágoas. e salgueiros de ribeiros’. ou em caramanchéis. no futuro. SP: Casa Publicadora Brasileira. por causa das palavras da lei que haviam sido lidas e entendidas” (Profetas e Reis [Tatuí. E toda voz. Patriarcas e Profetas. Elas comemoravam importantes eventos salvíficos da história de Israel e. 77. mas não as festas. em reconhecimento de que todas as coisas eram dele. mas também típica. Levítico 23:40. a festa foi celebrada durante o tempo de Esdras e Neemias: “Esse era um dia festivo. A Bíblia indica que a celebração das festividades tinha limitações geográficas e temporais e que suas funções religiosas encontraram seu cumprimento em Cristo. e colher o trigo para o seu celeiro. editado por Frank B. A única festa que ainda não se cumpriu ou está sendo cumprida é a festa dos tabernáculos. porque este dia é consagrado ao nosso Senhor.As festividades israelitas e a igreja cristã / 37 teocracia instituída por Deus no Sinai. e bebei as doçuras. 539). 1992]. Não está tratando do assunto sobre se eles seriam ou não capazes de guardar as festividades e o sábado durante o exílio. e em desfrutar a abundância que Ele provera. sabemos que os israelitas guardaram o sábado durante o exílio. as suas festas de lua nova. Naquele tempo os ímpios todos serão destruídos. 447. primeiro. A primeira parte do dia fora devotada a exercícios religiosos. ramos de palmas. esta passagem está simplesmente indicando que Deus iria dar um fim a todo o corrompido sistema israelita de adoração. Em memória de sua vida peregrina Parousia 1s2007. a realidade para a qual elas apontavam já está aqui e não mais há necessidade de olhar para os símbolos e sombras. Holbrook (Silver Spring. e habitar em cabanas. Antes que esta cerimônia se realizasse não se devia fazer a colheita” (Ellen G. ‘pelo que não vos lamenteis. Atos dos Apóstolos (Tatuí. Patriarcas e Profetas [Tatuí. Ide. 5 Idem.. uma santa convocação. 2000).” Aqui o sábado está incluído juntamente com as festas. Houve grande regozijo. 7 Richard M. Obadias 16. Com a chegada do Messias. SP: Casa Publicadora Brasileira. 8 White. porque a alegria do Senhor é a vossa força’ (Ne 8:9 e 10). 18 Alguns têm encontrado na seguinte declaração de Ellen G. mas continuaram em seu luto. o fogo que arderá para sempre se refere ao fogo que queimará até que consuma seu objeto e então se extinguirá. o sistema temporal judaico permanece intacto mesmo quando os judeus não podem mais oferecer os sacrifícios prescritos” (110-111). Nm 10:8. cf. como já foi salientado.” Traduções mais recentes omitem esta sentença. Por exemplo.. onde Paulo se refere ao “primeiro dia da semana” e não ao dia do sol. Êx 27:21. 14 Argumentam alguns que sendo que a celebração das festividades era “estatuto perpétuo por vossas gerações” (Lv 23:14).indd 38 que “evidência textual favorece a omissão” destas palavras (Francis D. dentre os conversos do apóstolo. 13 Victor P. “Pagan and Judeo-Christian Time-Keeping Schemes in Gl 4. Ele menciona 1 Coríntios 16:2.38 / Parousia . quando se concede tempo aos membros da igreja para agradecer publicamente a Deus por sua bondade para com eles. Mas ela não está promovendo a celebração das festividades do Antigo Testamento. Ez 6:6). ver Troy Martin. Pouco sabemos no tocante à celebração da principal festividade judaica pelos judeus durante a dispersão. mas que eles desfrutaram aqueles dias de comunhão com ele. O Desejado. 15:15. Bruce. Vários comentários estão em ordem. mas na igreja cristã a verdadeira colheita é a colheita de almas que ocorrerá no momento da segunda vinda. qualquer tentativa para regulamentar sua observância pelos modernos cristãos seria uma imposição humana destituída de qualquer apoio bíblico. Então. 455. O motivo é Parousia 1s2007. Está simplesmente sugerindo. Assim como os filhos de Israel celebravam o livramento que Deus operara a seus pais.1º semestre de 2007 o caso.. Os israelitas estavam indo para Canaã e era este o lugar onde eles residiriam e onde se esperava que eles celebrassem as festividades. Patriarcas e Profetas. Lv 7:36. White não diz que os filipenses observaram a festa com Paulo. Nichols. Isto poderia sugerir que eles não observaram a festa. 6 [Washington. vol. elas deveriam permanecer para sempre. (3) É importante observar que o texto não provê nenhuma informação concernente à maneira como Paulo observou a festa fora de Jerusalém. Ellen G. Os filipenses eram. 1951). 19 F. partindo os demais membros da comitiva para Trôade. e das trevas do erro. a fim de ali o esperarem. 16 Idem. New Testament Studies 42 (1996): 105-119. 21 Ibid. Isto será como um culto de testemunhos. Esta era a terra que o Senhor lhes deu como “terra das vossas habitações” (Nm 15:2. 20 Para evidência. Só Lucas ficou com ele. O jejum mencionado em Atos 13:2-3 não tem nada a ver com o Dia da Expiação. DC: Review and Herald. (1) É interessante observar que os companheiros de Paulo não ficaram com ele. The Acts of the Apostles: The Greek Text with Introduction and Commentary (Grand Rapids. O termo “para sempre” não significa necessariamente que tudo a que ele se refere nunca terá fim (cf. 541). e durante os oito dias da festa ele desfrutou pacífica e feliz comunhão com eles” (Atos dos Apóstolos. devemos nós com gratidão recordar-nos dos vários meios que Ele ideou para nos tirar do mundo. The Book of Gênesis Chapters 1-17 (Grand Rapids. Acrescenta Martin: “Em seguida à destruição do templo em 70 d. 17 Todavia. e sua miraculosa preservação por parte dele durante suas jornadas depois de saírem do Egito. (4) O fato de que nem Paulo nem qualquer dos apóstolos regulamentou a observância cristã dessas festas indica que elas não eram uma exigência cristã. White comenta sobre Atos: “Em Filipos Paulo demorou-se para celebrar a páscoa. 17:7. os mais amorosos e sinceros. aconselhando. MI: Eerdmans. Diz a King James Version: “Devo por todos os meios guardar esta festa para que entre em Jerusalém. 390. 1956]. A festa dos tabernáculos era uma festividade de colheita. 539. As festas deveriam durar até ao tempo em que encontrassem seu cumprimento na obra de Jesus. 18:23).uma jubilosa comemoração das bênçãos de Deus a eles. 108. Doutro modo. White apoio para a observância hoje da festa dos tabernáculos: “Bom seria que o povo de Deus na atualidade tivesse uma festa dos tabernáculos . 652. MI: Eerdmans. recomendando que tenhamos uma festa dos tabernáculos no sentido de nos reunirmos para comemorar as muitas bênçãos que temos recebido do Senhor. F.C. Hamilton. Patriarcas e Profetas. 1990).10 and Cl 2:16”. 391). a festa será celebrada diante do trono de Deus (Ap 7). 367). 15 White. para a luz preciosa de sua graça e verdade” (White. (2) Ellen G. Seria incorreto concluir que pelo fato de os cristãos terem aceito o calendário judaico eles também aceitavam ou celebravam as festividades judaicas. 540. Concluir do que ela diz aqui que devemos observar a festa dos tabernáculos é mal-interpretá-la. 28/6/2007 14:09:06 . a instrução teria sido dada. 127. Talvez seja útil dizer uma palavra concernente a Atos 18:21. A celebração terá lugar depois e não antes da colheita. 10:9. Sendo que a Bíblia silencia no que concerne a este assunto. Seventh-day Adventist Bible Commentary. It also analyzes the prophetic meaning of Stephen’s speach and vision in the Israel theocratic context.D. as well as its final outcome in the relationship between God and the Jewish nation. ele datou a crucifixão em 31 d. Unasp. ele não somente confirmou sua posição. bem como seus resultados no relacionamento final entre Deus e a nação judaica.C.6 Finalmente. desenvolvendo e ampliando a argumentação ali presente. no sétimo. developing and broadening the discussion presented there. Campus Engenheiro Coelho. 35 d.. The author starts out with the crucial work written on the subject by William H. mas também a aperfeiçoou um pouco mais. in the year A. A única indicação na profecia para esta conclusão era a frase introdutória: “Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade” (v. Ph. Professor de Novo Testamento no Salt. Essa edição muito contribuiu para popularizar sua cronologia entre alguns escritores proféticos dos próximos dois séculos. Até o final do século dezoito – seguindo a tradição da maioria dos pais Parousia 1s2007. no ano 34 da era cristã. Israel e a Igreja Wilson Paroschi. que ocorreu em 27 d.indd 39 da igreja e reformadores3 – muitos autores simplesmente afirmavam que a 70a semana. and the role he played in the life of the apostolic church. Em seguida. 24).8 Ele então acrescentou: Porque é notável que o ano seguinte. A primeira pessoa a fazer isto parece ter sido o erudito irlandês William Hales. Shea.D..C. como o evento que encerra a profecia das “setenta semanas” de Daniel 9:24-27.5 Quase dez anos mais tarde. a saber. O autor parte de um importante material produzido sobre o assunto por William H. foi o evento que assinalou o início da “primeira metade da semana da paixão de anos”. na década de 1980. histórica e astronômica. ele foi menos hesitante em afirmar que a profecia “terminou com o martírio de Estevão”.7 O batismo. que havia se iniciado com o batismo de Jesus. cuja metade restante “terminou com o martírio de Estevão. que se admitia significar o final de todos os privilégios do povo judeu.4 Esta interpretação recebeu mais sólido apoio escriturístico quando Estevão foi inserido no cenário profético. analisa o significado profético de seu discurso e sua visão no contexto da teocracia israelita. portanto. deu início a uma nova era na igreja cristã. O artigo primeiramente reconstrói os ambientes histórico e teológico de Estêvão e o papel que ele desempenhou na vida da igreja apostólica. na primeira edição do seu A New Analysis of Chronology.39 Estêvão. Shea. 34 understood as the event that marks the end of the “seventy weeks” prophecy of Daniel 9:24-27.. na segunda e mais definitiva edição dessa obra. (por volta do martírio de Estevão)”. Baseado em evidência bíblica. in the 1980s. Abstract: This article deals with the reasons behind the stoning of Stephen. SP Resumo: O presente artigo investiga as razões que indicam o apedrejamento de Estêvão.C. chegou ao fim quando o evangelho começou a ser pregado aos gentios. Em 1799.C. Introdução1 A interpretação histórico-messiânica das setenta semanas2 de Daniel 9:24-27 teve de esperar um tempo muito longo por uma defesa exegética do evento que encerra a profecia. The article presents first the historical and theological contexts in which Stephen appears in Scripture. ou último ano da semana”. no meio da 70ª semana. a 28/6/2007 14:09:06 . Hales publicou um volume anônimo em que afirmava que a última das setenta semanas havia terminado em “cerca de 34 d. Hoehner de que esta interpretação “é pura especulação” seria correta. e “profeta” (nabî). Terceira. o evangelho foi levado aos gentios. esta terceira interpretação – levar a um fim – é preferida aqui por três razões. quanto como fechar (até Parousia 1s2007. por causa das limitações de espaço. “‘visão’ e ‘profeta’ devem chegar a um fim no tempo em que se encerra este período profético”. “profeta” poderia ter nesta passagem um significado coletivo ou corporativo.40 / Parousia . Primeira: ocorrendo sem o artigo. Shea tentou desenvolver este tema a fim de explicar de uma maneira mais convincente as seguintes indagações: O que foi tão significativo no que concerne ao apedrejamento de Estêvão? Por que foi o seu martírio mais importante do que o sofrido por outros naquele tempo?13 Então. Sem qualquer indicação em Daniel 9:24-27 e Atos 6–7 de que Estêvão encerra a 70ª semana. pela primeira vez. na verdade. A única razão dada era a mesma de sempre. A prática usual tem sido aplicar este verbo em um dos primeiros dois significados. Shea. Hales. porém. Segunda: o verbo hatam também ocorre três frases antes neste mesmo verso com a clara idéia de levar a um fim (“dar fim aos pecados”). e desde que os eventos finais desta profecia parecem se estender meia semana profética ou três anos e meio além da morte do Messias. a conclusão de Harold W. depois que o Sinédrio judaico havia rejeitado formalmente a Cristo pela perseguição de seus discípulos.10 Quando. foi aceita como fato.15 O propósito deste artigo. porém. e a idéia de levar a um fim faria perfeito sentido se ela se referisse a profetas como pessoas em vez de a suas palavras. as conexões exegéticas entre Estêvão e a profecia das setenta semanas começaram a aparecer. a conversão de Paulo assinalaram o final das setenta semanas em 34 d.14 O ponto de partida de Shea é a expressão “para selar a visão e o profeta”.indd 40 uma abertura posterior). afirma que esta interpretação só faria sentido se o segundo objeto do infinitivo (“selar”) fosse “profecia”. ou seja. se fala sobre o cumprimento da profecia. ou levar a um fim. uma das seis frases infinitivas que sintetizam o que ocorreria ao final das setenta semanas (Dn 9:24). não é somente mostrar como Shea liga Estêvão à profecia. Isto significa que nem os outros eventos e respectivas datas da profecia16 nem a validade escatológica de 34 d.9 Entretanto. na década de 1980 William H.C. o que não é o caso. Os dois objetos são “visão” (hazôn). Portanto. em si como o ano da morte de Estêvão serão aqui discutidos. conclui Shea.17 28/6/2007 14:09:06 . devemos procurar uma resposta no Novo Testamento.C. Segundo ele. o que certamente torna o seu significado profético ainda mais forte. quando ele recebeu sua missão quanto aos gentios. porém. esta interpretação se ajusta melhor ao contexto imediato porque o texto diz que setenta semanas foram determinadas sobre o povo de Daniel e sua santa cidade. a mera escolha de um evento específico necessariamente não torna a data correta. aparentemente despreocupados em demonstrar por que a morte de Estêvão é suficiente como evidência para o final desse período profético.. a simples declaração de que o apedrejamento de Estêvão e. 11 a despeito de quão importante seja o evento. este documento focaliza apenas o próprio Estêvão. 12 Por causa disto. seu ministério e o seu significado para o final das setenta semanas. que sugerem a terceira interpretação (“levar a um fim”). conseqüentemente. ou o apóstolo Paulo. Estêvão cumpre os requisitos para essa resposta. Todavia. Em sua opinião. que após a sua morte.1º semestre de 2007 conversão de Saulo. desenvolvendo alguns dos pontos desta conexão e explorando o papel desempenhado por Estêvão no contexto da igreja primitiva. Para ele. mas também dar um passo adiante. não estabeleceu nem uma simples conexão exegética entre Estêvão e Daniel 9:24-27. durante os cento e cinqüenta anos posteriores. pelo aparecimento pessoal de Cristo a ele na estrada de Damasco. o verbo “selar” (hatam) pode ser compreendido aqui tanto como validar ou autenticar. e aqueles que vieram depois dele se limitaram apenas a reproduzir o mesmo argumento. indd 41 se mudado para Jerusalém. 1 Macabeus 1:1015. sua teologia. At 6:5).20 Estêvão era um deles (6:5). Sejam quais forem os fatos precisos.Estêvão. sua aceitação dos costumes gregos e o seu intenso contato anterior com gentios em seus países nativos certamente alimentariam a suspeita de que eles não eram suficientemente firmes em sua observância da lei. At 6:9). quem ele era. e as mudanças que ocorreram na igreja apostólica imediatamente após e como resultado de sua morte. se refere a judeus que haviam nascido em países greco-romanos. Muitos deles não sabiam ler as Escrituras Hebraicas. esta seção procura identificar três elementos básicos acerca de Estêvão. e então tinham se tornado cristãos.26 Havia dentro do Judaísmo uma tendência de considerar aqueles que estavam sob a influência da cultura grega religiosamente liberais (cf. 2 Macabeus 4:7-20). sua teologia e a influência de sua teologia sobre a história da igreja apostólica. Neste caso. Por causa disto. inferiores aos de nascimento e educação hebraica. seu ambiente. O problema estava relacionado ao suprimento de alimento dado às viúvas helenistas de Jerusalém (At 6:1). qual era sua teologia. reconstrói os ambientes histórico e teológico de Estêvão.25 não é impossível que além do problema envolvendo as viúvas dos helenistas houvesse também algumas preocupações teológicas. a saber. naturalmente se associariam mais aos helenistas (cf. duas comunidades virtualmente separadas com diferentes características religiosas e doutrinárias. Sua comunidade Estêvão aparece pela primeira vez no contexto da primeira dissensão experimentada pela igreja primitiva. isto é. A primeira seção ou divisão. eram judeus da Palestina de língua aramaica que formaram o núcleo original da comunidade cristã de Jerusalém.22 Martin Hengel afirma que o único motivo para a separação era a língua. Então a seção seguinte introduz as razões exegéticas por que Estêvão parece se ajustar ao final da 70ª semana pela análise do momento do seu julgamento. é dada prioridade ao relato de Estêvão conforme aparece no livro de Atos. Os doze pertenciam a esse grupo (6:2). Os prosélitos. Mais ainda. sua influência sobre Paulo e a missão aos gentios. o outro segmento da igreja. No final.24 Embora Marshal reitere que essa diferença não deve ser exagerada.19 O relato de Estêvão dado por Lucas em Atos 6–7 dá origem a numerosas e diversas indagações que são ainda mais relevantes quando se faz uma tentativa de ligar sua morte à profecia das setenta semanas. Howard Marshall. portanto. precisamente como nas sinagogas judaicas (cf. O termo “helenistas” significava simplesmente pessoas que falavam o grego como sua língua materna. a saber: sua comunidade. os eventos subseqüentes 28/6/2007 14:09:06 . tinham Parousia 1s2007. seu papel na teologia e estrutura de Atos. como tem sido sugerido. Israel e a Igreja / 41 No que concerne à organização do material. O fato de que a igreja estivesse dividida em dois grupos distintos em tão primitivo período não implica necessariamente. como diz I.18 Tem havido muita discussão entre os eruditos acerca de sua identidade. segue-se um sumário das seções anteriores e uma conclusão experimental. contra os quais os helenistas se queixaram. e assim por diante. que o grupo de fala aramaica era “mais radical em suas atitudes para com o judaísmo” do que o outro grupo.27 Os helenistas não tinham nenhuma raiz nas tradições hebraicas da Palestina. e não freqüentavam as sinagogas judaicas.21 Os “hebreus”. a verdadeira natureza do seu discurso e visão e o seu significado teológico em relação à aliança de Deus com Israel. que havia ido muito mais longe do que o último em sua interpretação do evangelho. Estêvão como pregador Estêvão tem sido descrito como uma das figuras mais “ambíguas” do relato bíblico da igreja apostólica. como se tornou um pregador. que “necessária e rapidamente” levou os cristãos de fala aramaica e os de fala grega a adotar serviços de adoração separados.23 Mas é também “inerentemente provável”. baseado na referência a “testemunhas falsas” (6:13). a escolha pode ter caído sobre aqueles que já eram os líderes dos cristãos helenistas.30 Neste caso. Jesus tinha dito: “Eu destruirei este santuário edificado por mãos humanas e. de fato.28 Sua teologia A solução dos apóstolos para a queixa dos helenistas foi escolher sete homens da própria comunidade helenista para assumir a responsabilidade de servir os pobres que havia entre eles. Alguns foram secretamente induzidos a dizer: Parousia 1s2007. 6:5). G. porque é relatado que não somente “se multiplicava o número dos discípulos” (6:7). destruirá este lugar e mudará os costumes que Moisés nos deu” (6:1314). tal implicação não é uma surpresa. era apenas o sintoma de um problema mais profundo. o Nazareno.35 exceto em sua função doxológica (veja Is 2:1-4). especialmente de Estêvão. Mas o que exatamente pregava Estêvão? Provavelmente as acusações feitas contra ele provêem algum indício. o primeiro nome da lista (cf. o apóstolo. Contudo. porque o temos ouvido dizer que esse Jesus. podem ainda ter o que Marshall chama de “implicação tácita”. a eleição dos sete. Também é digno de nota que quando Lucas deseja distinguir Filipe de seu homônimo.1º semestre de 2007 – isto é. o julgamento e morte de Estêvão e a perseguição que veio depois disso – indicam que as diferenças teológicas desempenhavam um papel importante naquela dissensão e que a queixa dos helenistas. Em Hebreus existe a mesma ênfase de que o templo de Jerusalém já havia perdido seu significado e 28/6/2007 14:09:06 . as palavras proferidas por Estêvão sugeriam que o próprio Jesus destruiria o templo e alteraria a tradição mosaica. 8:4-8. porque nunca foi pretendido que o templo se tornasse uma instituição permanente. eles nunca são identificados como “diáconos” (diakonoi) no livro de Atos. Estêvão. ao próprio templo a fim de ressaltar que ele havia perdido o seu significado cultual. mas também que sua atividade suscitava uma forte oposição dos judeus (6:9). sua eleição simplesmente significava o reconhecimento de sua liderança. ou parte delas. Suas palavras “não habita o Altíssimo em casas feitas por mãos humanas” (At 7:48) poderiam ser interpretadas não somente como um protesto contra a relação idólatra que Israel mantinha com o templo. em três dias. porém. porém. 26-40). Esta idéia é confirmada pela atividade que eles desempenharam imediatamente após sua eleição.36 À luz do livro de Hebreus. Foi acusado de “proferir blasfêmias contra Moisés e contra Deus” (6:11). P.32 Mas as acusações.34 mas também como uma declaração do final definitivo de todo o sistema cerimonial. É notável que a única referência bíblica de que havia muitas conversões – mesmo entre os sacerdotes – apareça no contexto da pregação de Estêvão (cf.” O quarto evangelho dá a aplicação imediata destas palavras como se referindo à ressurreição corporal de Jesus (Jo 2:19-21).31 e o mesmo verbo usado em 6:2 para descrever o que eles supostamente deviam fazer (diakonéo) é também usado para a pregação da palavra pelos doze em 6:4. Segundo aquelas testemunhas. mas “Filipe. não podiam ser totalmente falsas.42 / Parousia . “precisamente como as acusações feitas contra Jesus (Mc 14:58) parecem de fato ter algum fundamento” 33. ele não o chama de “Filipe. que Deus habita em um templo não-feito por mãos. não por mãos humanas. De fato. 6:7). As palavras de Estêvão. Dunn. parece tê-las aplicado. ou seja. Isto ajuda a explicar por que os sete aparecem como pregadores e operadores de maravilhas e sinais imediatamente após sua eleição (6:810. De fato. Double afirma que Lucas pretende indicar que as acusações contra Estêvão não eram verdadeiras. E sua pregação deve ter sido poderosa. o diácono”. É possível que Estêvão tivesse dito algo que havia sido torcido por seus opositores.indd 42 “Este homem não cessa de falar contra o lugar santo e contra a lei. construirei outro. o evangelista” (21:8).29 Como sugere Hengel. o que não se ajusta à compreensão tradicional de que eles eram apenas diáconos. como diz James D. Martin Hengel declara que “eles permaneciam mais profundamente arraigados em sua tradição religiosa da Palestina. 22). Os helenistas. cf. Este fato tem levado Hengel a declarar que os helenistas de Jerusalém foram “a ponte real entre Jesus e Paulo”. era um dos opositores de Estêvão.indd 43 palavra. Estêvão. 8:5-8. velho discípulo” (At 21:16). 20:4). os que foram dispersos iam por toda parte pregando a Parousia 1s2007.39 O evangelho significava o fim de todas as leis cerimoniais. seja introduzido por Lucas no momento exato da morte de Estêvão (cf. assim. 21:17-26. o apóstolo aos gentios. Sua influência Finalmente.40 Essa perseguição. portanto. portanto. podem ter compreendido rapidamente que a missão de Cristo envolvia a ab-rogação de toda a ordem do templo e sua substituição por um novo edifício não-feito por mãos. ele era certamente um helenista e. teve uma influência positiva sobre a atividade missionária da igreja. duas das três colunas sobre as quais.37 Os apóstolos e outros cristãos judeus de fala aramaica de Jerusalém. em que a circuncisão e a observância da lei ritual não eram mais exigidas. ele estava sendo acusado de pregar a mesma teologia que havia tentado destruir (cf. 13. “que era um dos 28/6/2007 14:09:07 . tinha sido substituído por outro templo. 11:1. provavelmente ainda não estavam prontos para seguir a compreensão dos helenistas quanto a este assunto específico. deve ser notado que somente os cristãos helenistas foram dispersos de Jerusalém na perseguição contra a igreja após a morte de Estêvão. Para ele. O fato de que eles tivessem nascido no exterior. Um pouco mais tarde. um templo superior. Por causa disto.” (8:4. não “feito por mãos” (9:24. segundo Pirqe Aboth 1:2. o mundo repousa (sendo a última as boas obras). sua conversão provavelmente remontava aos primeiros anos da igreja de Jerusalém. bem como os outros cristãos helenistas. porém.43 Mas além das similaridades teológicas. inclusive os ritos sacrificiais.45 Sendo “velho discípulo”. como judeus devotos. tornaram-se os verdadeiros fundadores da missão aos gentios. At 3:1.Estêvão. por este motivo. Jon Paulien salienta que dificilmente um cristão hebreu estaria preparado para hospedá-los “com alegria” (21:17). 14) como foram os outros cristãos hebreus (cf. Israel e a Igreja / 43 função como um lugar de expiação (Hb 8:7. Como tal. Ao retornar de sua terceira viagem missionária. vivido mais perto dos gentios e falassem outra língua poderia tê-los feito mais flexíveis em sua tradição religiosa do que os hebreus e ao mesmo tempo mais acessíveis ao evangelho e à sua dimensão mundial. ele os perseguiu (Fp 3:6). Concorda-se geralmente que Paulo freqüentava a sinagoga helenista mencionada em Atos 6:9 e. natural de Chipre. Estêvão e os outros cristãos helenistas tinham se demonstrado apóstatas. Esses símbolos externos e visíveis do particularismo judaico não eram compatíveis com a universalidade da mensagem cristã de uma salvação já realizada. Ainda estavam de certa forma ligados a alguns dos serviços do templo e mesmo a alguns aspectos cerimoniais da lei (cf. “Entrementes. não é mera coincidência que Paulo.44 um evento aparentemente sem significado ajuda a esclarecer a íntima ligação entre Paulo e os helenistas. porém.46 Por ser de Chipre. 10:1-2) e. que desde o tempo dos Macabeus inevitavelmente consideravam qualquer ataque à Torah e ao templo como sacrilégio. cf. isto não seria um problema para Mnasom. At 8:1.47 Considerando que vários dos oito companheiros de Paulo nesta parte da viagem eram incircuncisos (cf. 7:58).48 Seja qual for o caso. 11:19-21). 18. Paulo chegou em Jerusalém e se hospedou com uma pessoa chamada “Mnasom.41 Além disso. o fato de que em Cesaréia eles tinham ficado em casa de Filipe. Gl 2:11-14). Atos 21:21). 8:1-2). ele dificilmente poderia suportar um ataque contra a lei e o culto do templo. Os apóstolos foram capazes de permanecer ali (cf. Mas como helenista.”38 No entanto. pode ter tomado parte nos episódios de Atos 6–8.42 Paulo descrevese a si mesmo antes da sua conversão como “fariseu” (Fp 3:5) e “extremamente zeloso” da lei mosaica e da tradição dos antepassados (Gl 1:14). a maneira pela qual a aliança entre Deus e Israel foi formulada e a maneira como os profetas usaram essa formulação. Foi o último evento que ocorreu enquanto as ações ainda estavam confinadas a Jerusalém e os cristãos ainda viviam praticamente como judeus. a interpretação provida por Shea é muito criteriosa. neste ponto específico.indd 44 (7:55-56) torna-o “por definição” um profeta. que descrevia as 28/6/2007 14:09:07 . O’Neil de que “muito significado está ligado a um só evento”.49 é especulativa e destituída de evidência.57 que identificou a estrutura da aliança do Sinai com o tratado de suzerania utilizado pelos reis hititas em 1450-1200 a. C. 53 Além disso. A melhor alternativa. o discurso de Estêvão “deveria ser compreendido em conexão com a aliança do Antigo Testamento”.C. que era designada pela expressão “juramentos e compromissos”. Segundo ele. mas sua conclusão de que “Lucas está esquematizando a história e atribuindo a uma causa o que provavelmente deveria ser atribuída a muitas”. Seu discurso O significado do discurso de Estêvão diante do Sinédrio (At 7:2-53) pode ser notado primeiramente. Pode-se concordar com a posição de J. de quem ele esperava fidelidade e estrita obediência. Estêvão como profeta A questão com que agora nos deparamos é: Estêvão foi um profeta? Se é assim.50 Shea afirma que a visão que Estêvão teve no final do seu julgamento Parousia 1s2007. F. portanto.. Mas se a frase “para selar a visão e o profeta” (Dn 9:24) se aplica ao final desse período profético e significa levar a um fim o ministério profético em favor do povo de Daniel. Mendenhall. “as noções pervertidas de Israel do verdadeiro culto de Deus”. tinha basicamente seis elementos: (1) o preâmbulo. (2) o prólogo. É o mais longo discurso do livro de Atos. Bruce declara que “Estêvão colocou-se na sucessão profética por atacar” os judeus no mesmo ponto em que os haviam atacado os profetas do Antigo Testamento.54 por causa de sua perplexidade e problemas de interpretação que ele suscita. que identificava o suzerano. o martírio de Estêvão ocupa uma posição de extrema importância na história da igreja apostólica. “ele pode ter tido mais breve ministério que o de qualquer profeta conhecido na Bíblia. e se Estêvão satisfaz esses critérios cronologicamente bem como historicamente.58 um período que corresponde exatamente aos inícios do povo de Israel.44 / Parousia . e.56 isto é. conclui Shea. porque foi apedrejado logo depois”. O rei hitita era o grande rei ou suzerano que tinha sob seu controle vários vassalos.55 Um dos problemas está relacionado com a natureza desse discurso. Contudo. esse discurso também tem sido descrito como “talvez [o mais] complicado discurso de Atos”. isto é. Ao mesmo tempo. é suficiente para mostrar a proximidade entre Paulo e os helenistas. F. Este é o assunto da seção a seguir. não é a extensão de um ministério profético que o torna importante. então devemos também indagar: ele satisfaz os critérios exigidos por Daniel 9:24-27 para o final do período das setenta semanas? Baseado em Atos 7:52. isto não basta para torná-lo o cumprimento das setenta semanas. por mais significado que ele tivesse. então o seu papel na história da igreja apostólica pode ser adicionado ao quadro para fortalecer ainda mais o seu significado profético. é tomar a narrativa de Lucas como ela está e reconhecer o significado de Estêvão no desenvolvimento da igreja apostólica. foi o evento que primeiro envolveu a Paulo e que começou a levar a mensagem cristã ao mundo gentio. e este fato por si mesmo tem sido suficiente para reter a atenção de muitos eruditos. A interpretação de Shea baseia-se principalmente em um importante estudo publicado em 1954 por George E. Assim. Por causa disto.1º semestre de 2007 sete” (21:8). esta seção focaliza a estrutura e significado do discurso de Estêvão e o real objeto de sua visão. sendo que “é aos profetas que Deus dá visões de si mesmo como esta”. A aliança.52 Todavia.51 Sendo assim. mas o momento histórico de tal ministério e a mensagem comunicada. a partir de seu tamanho. ” 62 Fazendo isto. G.66 mas ele realmente não fez nenhum esforço para se defender. que culminam com as maldições (v. Parousia 1s2007. A.65 Seu veredito A missão profética cumprida por Estêvão em seu julgamento também esclarece sua atitude no que concerne às acusações lançadas contra ele. (4) provisão para depósito no templo e leitura pública periódica. duráveis fundamentos da terra. que se assemelha ao preâmbulo e aos parágrafos das testemunhas da aliança original. defende a tua causa [rîb] perante os montes. do qual vós agora vos tornastes traidores e assassinos. eles o faziam aplicando a fórmula da aliança a situações vigentes em seu tempo. assim como fizeram vossos pais. Mas à luz do uso da fórmula da aliança e especialmente o modelo rîb no Antigo Testamento.67 porque em vez de refutar a falsidade das acusações. sermão em que ele discorre de um modo monótono sobre a história de Israel. e (6) as bênçãos e maldições que viriam ao vassalo como resultado de sua obediência ou desobediência. para expressar a idéia de Deus apresentando diante de um tribunal uma ação contra o seu povo por causa de sua violação da aliança. em contraste com o caso de Pedro algum tempo antes (cf. afirma Shea. o que diz o SENHOR: Levanta-te. ele anunciou o seu veredito: Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e de ouvidos. por exemplo. 3–5). o discurso assume um profundo significado. Alguns eruditos têm se referido ao seu discurso em termos de uma defesa ou apologia. mas também completando a grande soma de rebelião e iniqüidade iniciada por 28/6/2007 14:09:07 . Matando o Messias. 61 E para ele. de acusado ele tornou-se acusador. 1 Samuel 12 e Miquéias 6 também podem ser organizados de acordo com essa mesma estrutura.64 Segundo Shea.Estêvão. a controvérsia [rîb] do SENHOR. e vós. Qual dos profetas vossos pais não perseguiram? Eles mataram os que anteriormente anunciaram a vinda do Justo. (3) as estipulações ou obrigações impostas ao vassalo. no prólogo correspondente. também vós o fazeis.63 Em Miquéias 6:1-2. Êxodo 20–23 e Josué 24. Em seguida (v. Ouvi. este antecedente do Antigo Testamento é necessário para uma melhor avaliação do discurso de Estêvão em Atos 7. Kennedy está certo quando afirma que o discurso de Estêvão está retoricamente incompleto. 13–16). Essas palavras consistem na culminação do discurso69 e devem ser compreendidas como uma declaração explícita de condenação. o profeta lembra ao povo os poderosos atos de Deus em seu favor no passado. agora. aquelas pessoas não somente estavam se identificando como filhos de seus “pais”. As estipulações e violações são enumeradas nos versos seguintes (v. Simon Légasse descreve a atitude de Estêvão em termos de “uma inversão de papéis”. o valor dessa identificação está no fato de que ela mostra que “quando os profetas vinham como reformadores para chamar Israel de volta à relação da aliança do Sinai. os profetas às vezes usavam a palavra hebraica rîb. cuja melhor tradução é provavelmente “demanda judicial da aliança”. Israel e a Igreja / 45 relações prévias entre o suzerano e o vassalo. a palavra rîb ocorre três vezes: Ouvi. e ouçam os outeiros a tua voz. ele de fato consiste de uma mensagem de acusação e condenação. Sem esta base em mente.68 porque depois de sua longa exposição da história de Israel. (5) as testemunhas da aliança. vós sempre resistis ao Espírito Santo.59 Embora Mendenhall declare que “somente duas” alianças bíblicas pertencem a este modelo. isto é. O que Estêvão fez em Atos 7:2-50 foi desenvolver a seção do prólogo da aliança original do mesmo modo que os profetas do Antigo Testamento faziam quando apresentavam o rîb divino contra Israel. 6–12).indd 45 esse discurso poderia parecer um estranho. Neste sentido. montes.60 Shea tem demonstrado com sucesso que Deuteronômio. escreve ele. vós que recebestes a lei por ministério de anjos e não a guardastes (At 7:51-53). talvez até mesmo tedioso. porque o SENHOR tem controvérsia [rîb] com o seu povo e com Israel entrará em juízo. At 4:8-12). Se os seus pais eram culpados de matarem os profetas. ela encontrou seu cumprimento em Jesus de Nazaré (cf. 11:26).1º semestre de 2007 eles. e por causa disto eles não eram mais o povo da aliança. Como diz Marshall. por outro lado.46 / Parousia .73 Parece. Mt 22:41-46. e no mínimo cinco diferentes interpretações têm sido propostas. Dodd. Esta mudança verbal tem dividido os eruditos.76 Em outras palavras. e este título remonta ao seu uso original em Daniel. A mudança pronominal de “nossos” (v. nega que o particípio estôta tenha qualquer significado especial. que o próprio Jesus já havia usado o mesmo título em conexão com a idéia de sua exaltação. Primeiramente. usando a linguagem bíblica. Lc 20:41-44). “eles tinham enchido a medida de seus pais”71. eles tinham chegado ao limite da oposição de Israel a Deus. Quando ele acabou de falar. estando “cheio do Espírito Santo” (7:55). mas a final. porque ele viu Jesus “em pé” (estôta) à direita de Deus em vez de “sentado” (kathémenos). não há dúvida de que o “Senhor” a quem Deus disse: “Assentate à minha direita” cria-se ser o Messias.75 Pode também indicar o final definitivo da relação da aliança entre Deus e Israel como nação. porque ele não havia subido aos céus.83 H. 44. por exemplo. o povo que pertencia à aliança de Deus não era mais definido em termos étnicos ou políticos como tinha sido Israel. Estêvão se referiu a Jesus como “o Filho do homem”. Assim. portanto. Owen.70 ou. Em sua visão.81 Neste sentido a visão de Estêvão poderia indicar que esse tempo havia chegado. por sua vez. que o que Estêvão estava apresentando aos líderes judeus não era apenas outra das demandas judiciais da aliança de Deus. 11. Eles tinham falhado em guardar a aliança (cf. 19. porém. H. Mas a visão de Estêvão também consiste de uma referência à corte celestial mencionada em Dn 7:9-14. significa muito geralmente “estar situado” sem necessariamente qualquer sugestão de uma atitude ereta. Diante do mesmo sinédrio Ele havia dito: “Desde agora. como Jesus mesmo tinha dito que estaria. 34-36). isto é. Segundo ele.78 Nesta passagem.79 onde o contexto é claramente de juízo. deve ser notado que sua visão é uma clara referência à exaltação do Messias mencionada no Salmo 110:1. mas é confirmada como verdadeira pela visão de Jesus que Estêvão teve em seguida. disse: “Eis que vejo os céus abertos e o Filho do homem. Não podia ser Davi. C. eles eram ainda mais por assassinarem a Jesus. 51) talvez signifique mais do que uma simples ruptura na solidariedade de Estêvão com sua audiência. 34). segundo os apóstolos. ele ainda jaz sepultado em seu túmulo (cf. 80 É importante notar.82 William Kelly. estará sentado o Filho do homem à direita do Todo-poderoso Deus” (Lc 22:69). em pé à destra de Deus” (v. At 2:29. v. Combinando a idéia de sua exaltação com a alusão ao tribunal celestial. 45) para “vossos pais” (v. que era um período de transição em que Jesus “ainda estava dando aos judeus uma oportunidade final”. mas “estava chegando o tempo em que Ele seria juiz enquanto eles estariam em pé diante dele”. 56). e esta declaração particularmente pode ser a chave para se compreender a visão de Estêvão. Jesus pode de fato ter inferido que Ele estava naquele momento em pé em julgamento diante dos líderes judeus. diz que Jesus estava em pé porque Ele ainda “não havia tomado definitivamente seu assento”.72 Gerd Lündemann salienta corretamente que “o chamado ao arrependimento” que se destaca em outros discursos de Atos está ausente aqui. A referência a Jesus em 7:52 torna implícito que agora o verdadeiro povo da aliança eram aqueles que acreditavam nele e o seguiam. como sugere Gehard A. mas em termos de discipulado para Jesus Cristo (cf.74 como se o seu tempo para o arrependimento tivesse definitivamente chegado ao fim e eles fossem achados culpados. propõe que o que 28/6/2007 14:09:07 . 38.77 Sua visão A conclusão acima pode parecer um tanto radical.indd 46 Isto é confirmado pelo bem-conhecido incidente relatado em Marcos 12:35-37 (cf. v. 53). esta passagem só podia apontar para o Messias e. P. Krodel. Parousia 1s2007. falar sobre o final da aliança com Israel não significa o final do interesse de Deus nos judeus como indivíduos. mediado pelo mesmo Jesus que eles haviam matado. Por causa disto. Deve ser lembrado que a aliança de Deus com Israel foi estabelecida em uma base corporativa. o qual havia confessado Jesus diante dos homens. Quando seus líderes o apedrejaram. envolvia toda a nação como uma entidade teocrática.85 Uma idéia ligeiramente diferente é dada por Bruce. Pedro tinha dito à mesma audiência que Jesus fora exaltado por Deus “a Príncipe e Salvador.96 28/6/2007 14:09:07 . seu discurso e sua visão. que acredita que Jesus estava em pé à direita de Deus como testemunha de Estêvão. Era um tempo de juízo. Estêvão se dirigiu ao sinédrio não como um réu. Rm 11:1-10). é digno de nota que há alguns textos na Bíblia Parousia 1s2007. então o arrependimento e o perdão seriam recebidos como dom de Deus. Conclui Shea: Estêvão foi o último profeta verdadeiro a quem Deus chamou para aquele ofício de falar articuladamente ao povo de sua eleição. Além disso. parece ser uma explanação apropriada e cumprimento da profecia de que “setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade” (Dn 9:24). Deve-se notar. a implicação da visão é a de que “como Jesus ressurgiu dos mortos.84 Marshall pensa que Jesus estava em pé para receber o moribundo Estêvão em sua presença. nação santa.88Agora.89 Portanto. At 28:17-28). Jesus estava em pé em preparação para o seu segundo advento. Jó 19:25. sacerdócio real. Por causa disto. e agora ele via Jesus confessando-o diante de Deus. É importante notar que algum tempo antes. Is 3:13. Para ele. como às vezes tem sido sugerido91 (cf.90 Em outras palavras. assim serão os seus seguidores”. Se a oportunidade fosse aceita. De sorte que declarar que os judeus não são mais o povo da aliança não significa que Deus os tenha rejeitado. povo de propriedade exclusiva de Deus. a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1Pe 2:9) não era mais exclusivamente deles. mas Israel estava sendo julgado por Deus por meio do ministério profético de Estêvão. Sua morte trouxe um fim à função do ofício profético em seu favor como um povo.93 Mas o privilégio de ser “raça eleita. Jesus não parecia estar mais esperando por seu arrependimento. Eles tinham falhado em cumprir a aliança. o que Estêvão viu em visão. o ministério de Estêvão. portanto não eram mais o povo da aliança. ele terminou o seu discurso com uma enérgica declaração de condenação.indd 47 onde Deus se levanta a fim de julgar (cf. Comentando esta passagem.92 Portanto. Israel e a Igreja / 47 Estêvão recebeu foi uma espécie de visão proléptica “da glória da parousia”. poderia ser Jesus levantando-se para pronunciar o seu juízo. mas como um profeta que trazia o rîb final de Deus contra aquelas pessoas. a fim de conceder a Israel o arrependimento e a remissão de pecados” (At 5:31). cf. mas pela fé em Jesus Cristo (Gl 3:26-29. eles silenciaram a voz do último em uma longa série de seus profetas. porém. Em sua opinião.87 a idéia de que Jesus estava em pé para julgar Israel não pode ser totalmente rejeitada. Rm 11:25-32). mas uma provisão pela qual a salvação de Deus poderia ser levada ao mundo inteiro (cf. Dn 12:1).94 O povo da aliança agora não era mais definido pela linhagem de sangue.Estêvão. A visão que ele viu pouco antes de morrer foi a última visão que um profeta que ministrava especialmente para eles deveria ver. O segundo ponto que deve ser notado é que a aliança que Deus tinha com Israel não era em si mesma sinônimo de salvação.86 Mas conquanto a interpretação de Kelly dificilmente possa ser aceita por causa de sua clara fórmula dispensacionalista. mas apenas que Deus escolheu outro povo para executar o seu plano missionário. que todo o contexto do discurso de Estêvão estabelece realmente o fato de que não era Estêvão quem estava sendo julgado pelos líderes de Israel. o evangelho ainda foi pregado a eles até mesmo depois da morte de Estêvão (cf. Krodel declara que por intermédio da pregação apostólica Deus estava oferecendo “uma segunda oportunidade a Jerusalém e seus líderes”.95 Deste modo. isto é. a aliança deveria ser compreendida principalmente em termos de missão. Gn 12:1-3). primeiro. ele ainda orou: “Senhor. Os cristãos tinham vivido como judeus. entretanto. portanto. não foi a visão de um mártir perto da morte. porém. e por causa da sua formação helenista. no final tornou-se o grande continuador da obra iniciada por Estevão. Em seu derradeiro momento. Para Israel. A pregação de homens como Estêvão os excluía. pela fé em Jesus Cristo eles ainda poderiam retomar sua posição e missão. nem aqueles que por cento e cinqüenta anos usaram o mesmo argumento sem tentar justificá-lo exegeticamente. Ao contrário. Estêvão foi mais do que um diácono como o termo é hoje compreendido.98 Declara Norman J. foram muito mais do que uma oração. a interpretação tradicional de que as setenta semanas de Daniel 9:24-27 atingiram seu cumprimento com o apedrejamento de Estêvão parece ser muito mais do que uma mera possibilidade. “um jovem chamado Saulo” (At 7:58). o último profeta chamado por Deus para falar diretamente a Israel como o povo da aliança. não está relacionado apenas com a separação definitiva da igreja do judaísmo tradicional e sua orientação em relação aos gentios. o ministério profético em seu favor também estava terminando. Primeiro. O fato é que se for compreendido como levando a um fim o ministério profético em favor de Israel (“o teu povo e a tua santa cidade”) conforme defendido por Shea. mas não foram capazes de mudar o curso da história. que observava e evidentemente aprovava a execução. o tempo havia terminado. pois Deus é poderoso para os enxertar de novo (Rm 11:23). eles eram uma seita distinta e herética. também helenista. por causa disto. Eram a genuína expressão da vontade de Deus em relação àquelas pessoas. Como tal.indd 48 uma distinta mudança. como faziam muitos grupos de judeus. serão enxertados. Para os cristãos Estêvão foi um pregador e mesmo um reformador. embora muito breve.100 e para os judeus ele foi um profeta. porque o papel que ele desempenhou na história da igreja primitiva – que. Deus o chamou para apresentar seu rîb final contra eles. As pedras silenciaram-lhe a voz.97 Sem dúvida.48 / Parousia . isto não significa que ele estava errado. Eles tinham quebrado a aliança e. Agora houve Parousia 1s2007. A visão de Estêvão. Eles podiam ainda ser considerados como formando uma sinagoga separada. Bull: O apedrejamento de Estêvão iniciou um novo estágio na história da infante igreja. mas a visão de um profeta cumprindo sua missão. sua mensagem foi uma mensagem de condenação.99 O significado profético de Estêvão. “parece ter sido o primeiro cristão a perceber que o cristianismo significava o final dos privilégios judaicos. No exato momento em que Estêvão os estava condenando na Terra. Estas palavras. porém não mais como nação. Jesus os estava julgando em sua corte celestial. Assim. embora isto lhe custasse a própria vida. Todavia. e o primeiro a abrir o caminho para uma missão aos gentios”. As pedras que os dirigentes judeus lhe atiraram selaram para sempre o seu destino. Não mais os cristãos judeus poderiam ser considerados como judeus ortodoxos.101 28/6/2007 14:09:07 . foi decisivo e significativo – dificilmente pode ser exagerado. Estêvão representou literalmente o início do cristianismo como uma religião universal. se não permanecerem na incredulidade. Sua morte foi injusta e violenta. A última esperança de Israel como nação deixou de existir com Estêvão. contudo ainda há esperança para Israel em uma base individual.1º semestre de 2007 Conclusão À luz dos parágrafos anteriores. Não mais era a lei judaica o âmago de sua religião. não lhes imputes este pecado” (At 7:60). Ele foi um pregador. e eles não eram mais o povo da aliança. os privilégios dos judeus como o povo da aliança chegaram ao fim. pela lei judaica. As setenta semanas finais que Deus havia dado ao seu povo tinham terminado. a frase “selar a visão e o profeta” encontra um cumprimento plausível em Estêvão. Até então o cristianismo tinha sido uma seita do judaísmo. Eles também. Mas Estêvão não morreu sem primeiro revelar uma nobreza de caráter típica de um verdadeiro mártir. Embora a escolha deste evento por Hales estivesse baseada mais em uma coincidência cronológica do que em uma convicção exegética. G.indd 49 Pacific Press. 9 (1998): 343-361.. 11 Talvez por causa disto Young. também conhecida como interpretação históricomessiânica. vol. ed. G. 1998). Uriah Smith. 2 J. e o Messias é o principal personagem. 6 William Hales. 16 Para a mais recente e exaustiva análise da cronologia das setenta semanas.C. & F. 10 Veja. Flesher. incluindo. B. 27. 1997). Burton Payne. Analecta Biblica. vol. Metzger. Auberlen. The Prophetic Faith of Our Fathers. Robert M. 140. 17 A datação da morte de Estêvão é inteiramente dependente da datação da conversão de Paulo. 1923). 1968). N. 5 [William Hales]. realizado na cidade de Jerusalém (Israel). Encyclopedia of Biblical Prophecy (Grand Rapids: Baker. 210. 1977). é claro. julho de 1980. Leviticus. E. 3 Para um estudo exaustivo de interpretação profética desde os primeiros pais da igreja até os tempos modernos. 1949]. por exemplo.. St. Hales identifica-se como o autor desse volume em seu Dissertations on the Principal Prophecies (Londres: C. “The Prophecy of Daniel 9:24-27”. 115-119. Green and Co. 34 (Roma: Instituto Bíblico Pontifício. 14 A tese de Shea foi finalmente publicada em “The Prophecy of Daniel 9:24-27”. sob o título “The Profetic Significance of Stephen”. 1872). Andrews. veja Rainer Riesner. em Seventy Weeks. 19 Veja Günter Wagner. The Chronology of Daniel 9:24-27. de 8 a 14 de junho de 1998. diz que o final da profecia “provavelmente” assinala o tempo em que “o evangelho abarcou o mundo”.C. a tradicional. 1980). cuja obra Annales Veteris Testamenti (Londres: Ex Officina J. 193.” E Pusey. 1986). Daniel & Revelation Committee Series. Gurney. The Greatest of the Prophets (Mountain View: 1 Parousia 1s2007. e publicado no Journal of the Adventist Theological Society. Walter. Traduzido do original em inglês por Francisco Alves de Pontes. 383-389. Para uma recente e completa discussão sobre a cronologia de Paulo. & F. A New Analysis of Chronology and Geography. 13 William H. 1963). Barton Payne. The Sanctuary and Twenty-Three Hundred Years. George M. 9 Ibid. Pusey. Paul’s Early Period (Grand Rapids: Eerdmans.. 257. 4 Veja E. isto é. Veja também Marcel Simon. Charles Boutflower. 397-416. 1855). 1.” um manuscrito sobre a doutrina do santuário e do juízo. Rivington. 1799). (Londres: C. Daniel the Prophet (New York: Funk & Wagnalls. 4 vols. “Daniel and Judgment”. J.. Daniel and the Revelation (Battle Creek: Review and Herald.. 1830). veja Bruce M.. 1962). ix. 2 (Berrien Springs: ATS Publications. ressalta que há basicamente quatro diferentes tipos de interpretação de Dn 9:24-27: a liberal. In and Around the Book of Daniel (Grand Rapids: Zondervan. Price. Nature of Prophecy. havia muitos eruditos que colocavam a crucifixão no final da última semana em 33 d. 80.Estêvão. Stephen: A Singular Saint. 15 Shea. 18 Martin H. 193. Shea. Stephen and the Hellenists (Londres: Longmans. J. veja Brempong Owusu-Antwi. An Exegetical Bibliography of the New Testament: Luke and Acts (Macon: Mercer University.. no. 564. Adventist Theological Society Dissertation Series. 209). The Inspector. A New Analysis of Chronology (London: pelo autor. Young. 149. The Prophecies of Daniel and The Revelations of St. 1650-1654) tinha sido o padrão para a cronologia bíblica por quase dois séculos. 1994]. The Prophecy of Daniel [Grand Rapids: Eerdmans. 204-205. 1958). (Washington: Review & Herald.C. 34 d. o grande terminus ad quem” da parte central da profecia. 1903). A Textual Commentary on the Greek New Testament.” 12 Harold W. e. John (Edimburgo: T&T Clark. Ele então acrescenta: “Não temos os dados cronológicos para estabelecê-lo. 126. 3-227. History and Prophecy. 2a ed. The Imminent Appearing of Christ (Grand Rapids: Eerdmans. talvez porque a morte de Jesus parecia muito mais relevante do que qualquer outra coisa no final da profecia. 112. Scharlemann. White. 8 William Hales. 1808). 3. Frank B. 2a ed. Carl A. Hoehner. que representa exatamente uma intermediária e um meio termo entre as outras sugeridas.. que têm postulado qualquer data de 32 a 36 d.. 1856). “Daniel and the Judgment. 73-75. 1955). 1:100. é caracterizada por aplicar a esta profecia o princípio dia-ano e por sustentar que “toda esta passagem é de natureza messiânica. 7 Sob a influência de James Ussher. 1948). e a datação da conversão de Paulo tem sido o objeto de muita discussão entre os eruditos. J. God in Control (Worthing: H. (Battle Creek: Steam Press. Philip Mauro. a dispensacionalista e a simbólica. em cada uma dessas passagens 28/6/2007 14:09:07 . Chronological Aspects of the Life of Christ (Grand Rapids: Zondervan. 1:94-95. cf. 2a ed. ed. as 69 semanas (Edward J. The Seventy Weeks and the Great Tribulation (Boston: Scripture Truth Depot. 20 O termo “helenistas” aparece também em Atos 9:29 e 11:20 (para o problema textual desta passagem. declare acerca das setenta semanas: “Nenhum evento importante é destacado como assinalando a terminação. 366. Israel e a Igreja / 49 Referências Este artigo foi originariamente apresentado no I Congresso Internacional da Bíblia. 1809-1812). or Select Literary Intelligence (London: J. 4 vols. 340-342). 75-118. Rivington. 207 (ênfase suprida). 1995). J. Holbrook (Washington: Instituto de Pesquisas Bíblicas. segundo o contexto. 1-4. [Stuttgart: Sociedade Bíbilca Unida. 220. 1985). A tradicional. veja LeRoy Edwin Froom. Andrews University. a alusão a Josué em conexão com a promessa do “repouso” de Deus. 34 Assim Gerhard A. (Valley Forge: Trinity. Lane declara: “O escritor de Hebreus foi um profundo teólogo que parece ter recebido sua formação teológica e espiritual dentro da ala helenística da Igreja” (Hebrews 1-8. ver que algo mais estava implícito na palavra” (12-14). Se em 6:1 os helenistas são cristãos judeus de fala grega.1-5. 29. 21 Para a tese apresentada por Abram Spiro.8. em Johannes Munck. “Stephen and Paul”. 23 Hengel. 1988). C.5. ed. Hengel. 39 Cf. Harrop. 1984). 1:202-203). Between Jesus and Paul (Filadélfia: Fortress. 1-29. poderiam ser rotulados de ‘paganizantes’”. Spicq adiciona alguns outros: predileção pelos mesmos personagens do Antigo Testamento como heróis e santos. The Acts of the Apostles. declara que os helenistas de Atos são pessoas que “sob a influência e contaminação do pensamento grego. 71-80. Mesmo quando os últimos comentam sobre o ofício de diáconos. 76-80. 285-300. e o sempre renovado desabrigo dos fiéis. 1990).50 / Parousia . Gabalda. portanto. [Paris: J. “Stephen’s Samaritan Background”. 183. (Joplin: College Press. “The Son of Man Saying in Stephen’s Witnessing: Acts 6:8–8:2”. 34. 125. Unity and Diversity in the New Testament. 42 Veja Dennis Gaertner. Keatley (Waco: Baylor U. rev. a palavra de Deus como “viva”. 2a ed. 48-64. 1990). 13. Earliest Christianity.. Jerusalém in the Time of Jesus (Filadélfia: Fortress Press. 36 Marshall. são nomeados pelos pais apostólicos. Between Jesus and Paul. Between Jesus and Paul. 123. Augsburg Commentary on the New Testament (Mineápolis: Augsburg. ou não queria. Paul: Apostle to the Gentiles (Lousville: Westminster/John Knox. Christian Beker declara categoricamente que Paulo herdou sua teologia acerca de Jesus dos cristãos helenistas a quem ele havia perseguido (Paul 30 31 28/6/2007 14:09:08 . a perseguição que se seguiu à morte de Estêvão não afetou os apóstolos (8:14).1º semestre de 2007 ela deve se referir a um grupo diferente. 182. 128. em 9:29 eles são apenas judeus de fala grega. em With Steadfast Purpose. G. 32 P. Scharlemann. Dunn. Eerdmans. The Anchor Bible (New York: Doubleday. 269. Double. 22 Simon. de que Estêvão era samaritano. Joachim Jeremias. IV. (Tübingen: J. Ele declara também que essa idéia não está totalmente clara no contexto simplesmente porque Lucas “não podia. 10. se desviaram dos caminhos da estrita ortodoxia farisaica e.B. 1951). 150-151. 1975). o senso do chamado divino para o povo de Deus. até mesmo sugere que os helenistas devem ter vivido juntos em seu próprio distrito ou quarteirão em Jerusalém. Acts. 28 James D. 125. Parousia 1s2007. uso tipológico do Antigo Testamento. inclusive Estêvão e Filipe. William Manson. os sete não são mencionados fora do livro de Atos. 151. e a citação da Escritura como “Deus disse” ou “Moisés disse” (L’Épitre aux Hébreux. 33 Harrop. 45-50. 14-16. 1-11. The Origin of Paul’s Gospel. 128. a idéia dos “anjos” como sendo ordenadores da lei de Deus. The Antiquities of the Jews 12. o qual é chamado para “sair”. 272. Earliest Christianity. 1986). que interpreta a palavra “helenista” como “helenismo”. 1952]. 13. Sobre as controvérsias durante o tempo de Herodes. B. 2a ed. 35 Manson. ed. The Epistle to the Hebrews (Londres: Hodder and Stoughton. Mohr. condenação da geração de israelitas no deserto. William L. veja Martin Hengel. 1993).1-5. 1). No Novo Testamento. as sempre mutáveis cenas da vida de Israel. Clayton K. NTS 31 (1985): 71-72. 12. The Tyndale New Testament Commentaries (Grand Rapids: Wm. 13. todos os sete tinham nomes gregos (6:5). Between Jesus and Paul. (Grand Rapids: Eerdmans. 41 Hengel. 120. The New International Commentary on the New Testament. veja The Antiquities of the Jews 15. Word Biblical Commentary [Dallas: Word. Veja também Hengel. Jürgen Becker. 40 Marshall. Bruce. Seyoon Kim. Manson enumera muitas outras incluindo: a atitude para com os rituais e a lei judaica. 63. 26 Cf. 73. The Acts of the Apostles. veja F. 37 De fato. 1982). e a direção dos olhos para o Céu e para Jesus (36). 454. 146. e em 11:20. Para uma análise completa do termo “helenista”. eles citam as epístolas pastorais em vez de remontar esta instituição ao tempo dos sete. as semelhanças entre o discurso de Estêvão e Hebreus não estão limitadas a este ponto. Veja também Marshall. onde tinham suas sinagogas e hospedarias. Dunn. 2 vols. F. The Book of Acts. 44 J. Nenhum deles.indd 50 Hengel. Naymond H. Krodel. 1991]. 1983). 27 Cf. 1995). construção do tabernáculo em toda a linha de um modelo celestial. cxlvii). Josephus. Earliest Christianity (Londres: SCM. 2a ed. a oposição a Estêvão veio de uma sinagoga helenista (6:9). Howard Marshall. 25 Ibid. A primeira referência específica a eles como diáconos na literatura posterior da igreja parece ser do comentário de Irineu de que Estêvão foi tanto o primeiro diácono quanto o primeiro mártir (Against Heresies III. 24 I. 1986). 28. 1967). Acts.C. 43 Hengel. 62. 38 Hengel. gentios de fala grega de qualquer raça que moravam em Antioquia. 27. Martin Hengel. 29 A conclusão de que os “sete” eram também helenistas baseia-se na seguinte evidência: o problema estava relacionado às viúvas helenistas (6:1). 15. Estêvão, Israel e a Igreja / 51 the Apostle [Filadélfia: Fortress, 1984], 341). Veja também Manson, 42-44. 45 Para o problema textual envolvido nesta passagem, veja Ernst Haenchen, The Acts of the Apostles: A Commentary (Filadélfia: Westminster, 1971), 607. 46 Bruce, 402. 47 Munck, 209, sugere que Mnasom pode ter estado entre os cipriotas que deixaram Jerusalém após o apedrejamento de Estêvão e pregaram o evangelho diretamente aos gregos de Antioquia (Atos 11:19-20). 48 Jon Paulien, “Mnason”, ABD (1992), 4:882. 49 J. C. O’Neill, The Theology of Acts in Its Historical Setting (Londres: SPCK, 1961), 72. 50 Bruce, 152. Luke T. Johnson também afirma que porque Estêvão é descrito como “cheio do Espírito e de sabedoria” (6:3) e porque ele operava “prodígios e grandes sinais entre o povo” (6:8), ele era um profeta, “e como os profetas antes dele, ele gerou uma reação dividida” (The Acts of the Apostles, Pagina Sacra Series, vol. 5 [Collegeville: Liturgical, 1992], 112). 51 Shea, “The Prophecy de Daniel 9:24-27”, 81. 52 Shea, “Daniel and the Judgment”, 367. 53 Marshall, 131, declara: “Se a extensão é alguma coisa que tem mérito, o discurso de Estêvão é uma das mais importantes seções de Atos.” 54 Marion L. Soards, The Speeches in Acts (Louisville: Westminster/John Knox, 1994), 58. 55 Veja Simon, 39-77; Scharlemann, 22-89; Simon Légasse, Stephanos (Paris; Éditions du Cerf, 1992), 17-94. 56 Shea, “The Prophecy of Daniel 9:24-27”, 81. 57 George E. Mendenhall, “Covenants Forms in Israelite Tradition”, BA 17 (1954): 50-76. 58 Até aquele tempo, não havia nenhum acordo entre os eruditos concernente à origem do conceito de aliança no Antigo Testamento. Alguns atribuíam isto à obra de Moisés (assim W. O. E. Oesterley e Theodore H. Robinson, Hebrew Religion, Its Origin and Development [Londres: SPCK, 1937], 156-159), enquanto outros achavam que ele tinha sido desenvolvido pelos profetas durante o oitavo e sétimo séculos (assim Julius Wellhausen, Prolegomena to the History of Israel [Edimburgo: A. & C. Black, 1885], 417). 59 Mendenhall enfatiza que a forma de aliança hitita não era tão rígida. Pode ter havido variação na ordem dos elementos bem como no fraseado. Ocasionalmente, um ou outro dos elementos poderia estar faltando (58). 60 Ibid., 62. 61 Veja Shea, “Daniel and the Judgment”, 369-371. Em sua formulação, Shea não inclui o quarto item da estrutura da aliança hitita, embora Mendenhall provavelmente se referindo a textos como Deuteronômio 31:24-29, declare que “a tradição do depósito da lei na Parousia 1s2007.indd 51 arca da aliança está certamente ligada aos costumes de aliança dos tempos pré-mosaicos” (p. 64). 62 Shea, “The Prophecy of Daniel 9:24-27”, 81. 63 A palavra rîb aparece também na ação judicial da aliança de Oséias (4:1). Malaquias (3:5) e Ezequiel (5:8) usam uma palavra diferente, mispat, que significa “julgamento”. Para discussão adicional sobre a ação judicial da aliança, veja Herbert B. Huffmon, “The Covenant Lawsuit in the Prophets”, JBL 78 (1959): 285-295; Julien Harvey, “Le ‘RîbPatern,’ Réquisitoire Prophétique Sur la Rupture de l’Alliance”, Biblica 43 (1962): 172-196; James Limburg, “The Root byr and the Prophetic Lawsuit Speeches”, JBL 88 (1969): 291-304; Kirsten Nielsen, Yahweh as Prosecutor and Judge, JSOT Supplement Series 9 (Sheffield: JSOT, 1978). 64 Shea, “Daniel and the Judgment”, 370-371. 65 Ibid., 371. A solução que muitos eruditos têm encontrado para a aparentemente desnecessária extensão do discurso é especular que Lucas expandiu o discurso original pela combinação de diferentes tradições (veja Krodel, 137-140). 66 Assim J. Cantinat, L’Église de la Pentecôte (Paris: MAME, 1969), 105; Cecil J. Cadoux, The Early Church and the World (Edimburgo: T. & T. Clark, 1955), 109; Delbert Wiens, Stephen’s Sermon (Ashfield: BIBAL Press, 1995), 11. Embora Wiens use a palavra “apologia”, porque para ele “esse discurso é uma defesa racional de sua causa por um advogado”, ele declara que a expressão “proclamação profética” seria ainda melhor. 67 G. A. Kennedy, New Testament Interpretation (Chapel Hill: U North Carolina P, 1984), 121-122. 68 Légasse, 23. 69 Não há dúvida de que o aoristo egénesthe (v. 52) deve ser classificado como culminativo. O advérbio nûn reforça esta idéia. 70 Floyd V. Filson, Pioneers of the Primitive Church (New York: Abingdon, 1940), 75. 71 Bruce, 152. 72 Marshal, 147. 73 Gerd Lündemann, Early Christianity According to the Traditions in Acts (Mineápolis: Fortress, 1989), 88. 74 Shea, “Daniel and Judgment”, 372. 75 Krodel, 151-152. 76 Veja Wiens, 223. 77 Para o significado do termo “cristãos” em Atos 11:26, veja Robert Maddox, The Purpose of LukeActs (Edimburgo: T&T Clark, 1982), 31. 78 Haenchen, 292. 79 Veja Scharlemann, 15. 80 Arthur J. Ferch afirma que o papel do Filho do homem em Dn 7:9-14 não é de juiz que toma o seu assento ao lado de Deus. Segundo ele, o que esta passagem retrata é uma cena de investidura, em que o Filho do homem recebe “o domínio, a glória e o reino” (The Son of Man in Daniel Seven, Andrews 28/6/2007 14:09:08 52 / Parousia - 1º semestre de 2007 University Seminary Doctoral Dissertation Series, vol. 6 [Berrien Springs: Andrews University Press, 1979], 148, 172-174, 183). Não há dúvida, porém, de que no judaísmo posterior, bem como no Novo Testamento, o Filho do homem vem para realizar uma função judicial (veja 1 Enoque 62:2-3; 69:2629; Mt 25:31-46). 81 Herschel H. Hobbs, An Exposition of the Gospel of Luke (Grand Rapids: Baker, 1966), 322. Veja também I. Howard Marshall, The Gospel of Luke, The New International Greek Testament Commentary (Grand Rapids: Eerdmans, 1978), 850; C. F. Evans, Saint Luke, TPI New Testament Commentaries (Londres: CSM, 1990), 837; Norval Geldenhuis, Commentary on the Gospel of Luke, The New International Commentary on the New Testament (Grand Rapids: Eerdmans, 1993), 587; Darrell L. Bock, Luke, Baker Exegetical Commentary on the New Testament (Grand Rapids: Baker, 1996), 2:1800). 82 C. H. Dodd, According to the Scriptures (Londres: Nisbet, 1952), 35. Veja também Gustaf Dalman, The Words of Jesus (Edimburgo: T&T Clark, 1909), 311. 83 William Kelly, An Exposition of the Acts of the Apostles, 3ª ed. (Londres: G. Morrish, 1952), 102103. John N. Darby declara: “Ele não se assenta, por assim dizer, até Israel ter formalmente rejeitado o testemunho, quando o brado de Estêvão chegou aos seus ouvidos. Ele tomou o seu lugar, assentando-se até que seus inimigos sejam postos debaixo de seus pés, depois da recusa deles de ouvir o testemunho do Espírito Santo. Estêvão sendo recebido por Cristo no Céu, Israel como Israel deve esperar lá fora” (The Collected Writings, 28ª ed. William Kelly [Oak Park: Bible Truth, n.d.], 283). 84 H. P. Owen, “Stephen’s Vision in Acts vii. 556”, NTS 1 (1954): 224-226. 85 Marshall, The Acts of the Apostles, 149. 86 Bruce, 156. 87 Para uma recente discussão do dispensacionalismo, veja Keith A. Mathison, Dispensationalism: Rightly Dividing the People of God? (Phillipsburg: P&R, 1995). Veja também Hans K. LaRondelle, The Israel of God in Prophecy (Berrien Springs: Andrews UP, 1983). 88 Krodel, 128. 89 George W. E. Nickelsburg identifica Daniel 12:1-3 como uma “descrição de uma cena de juízo.” E para ele, um dos elementos constitutivos desta cena é exatamente a posição em pé de Miguel Parousia 1s2007.indd 52 (Resurrection, Immortality, and Eternal Life in Intertestamental Judaism, Harvard Theological Studies 26 [Cambridge: Harvard UP, 1972], 27, cf. 12). Gordon E. Christo provê uma interessante análise da conotação judicial da palavra qum (“levantar-se”), que ocorre em Jó 19:25, e então conclui: “Quer para acusar ou defender-se contra acusação, quer como testemunha (pró ou contra), ou quer como juiz para pronunciar o veredito, o indivíduo tinha de levantarse a fim de falar” (“The Eschatological Judgment in Job 19:21-29, An Exegetical Study”, Andrews University Seminary Ph.D Dissertation [Berrien Springs: Andrews U, 1992], 129-134). 90 Willem VanGemeren define a aliança de Deus com Israel como uma “soberana administração de graça e promessa”, pela qual Deus elegeu Israel para si mesmo e conferiu-lhe uma série de privilégios, tais como a multiplicação de sua semente, a doação da terra, e sua própria presença em bênção e proteção, a fim de habilitá-lo para ser o canal de suas bênçãos para as nações (The Progress of Redemption [Carlisle: Paternoster, 1995], 107, 129). 91 Veja, por exemplo, Jack T. Sanders, The Jews in Luke-Acts (Filadélfia: Fortress, 1987), 80-83, 297-299, 317. 92 VanGemeren, 158-159. 93 Para uma análise crítica sobre o ponto de vista de Sanders, veja James D. G. Dunn, The Partings of the Ways (Londres: SCM Press/Philadelphia: Trinity P. International, 1991), 149-151. 94 Veja Gurney, 116-119. 95 Veja Dunn, 248-251. 96 Shea, “Daniel and the Judgment,” 372-373. 97 Em uma interessante passagem, Martinho Lutero descreve a conversão de Paulo como a “vingança” de Estêvão, porque Paulo deixou de ser o que era e se tornou o que o próprio Estêvão era (Lecture on Psalm One Hundred Eighteen, Luther’s Works, Ed. Amer [Saint Louis: Concordia, 19551976], 11:412). 98 G. B. Caird, The Apostolic Age (Londres: Gerald Duckworth, 1955), 86. 99 Norman J. Bull, The Rise of the Church (Londres: Heinemann, 1967), 49-50. 100 Filson descreve o movimento liderado por Estêvão como “quase uma revolução” na igreja cristã primitiva (52). 101 Sou grato ao Dr. Richard M. Davidson por sua bondade em ler este documento, e por algumas sugestões proveitosas, embora a responsabilidade pelas conclusões a que chegamos seja do autor. 28/6/2007 14:09:08 53 Israel e o novo Israel Amin A. Rodor, Th.D. Professor de Teologia Sistemática e diretor do Salt, Unasp, Campus Engenheiro Coelho, SP Resumo: Este artigo trata da escatologia desenvolvida pela escola de interpretação profética chamada “dispensacionalista”, demonstrando a inconsistência de seus pressupostos. Na primeira parte do trabalho, o autor revê o conteúdo presente na obra de dois modernos defensores representantes do dispensacionalismo, Hal Lindsay e Tim LaHaye. Em seguida, o artigo apresenta um cuidadoso estudo sobre dois princípios bíblicos fundamentais de interpretação, que minam em sua base as teorias propostas pelo dispensacionalismo: o da condicionalidade profética e o da soberania e liberdade da eleição divina. Na última parte o autor discute a noção da “teologia da substituição” enfatizando que a Igreja Cristã substituiu permanentemente o Israel nacional do antigo Testamento. A bstract : This article provides an analysis of the eschatology developed by the school of prophetic interpretation called dispensationalism, and points out the inconsistencies of its basic presuppositions. In the first part of the paper, the author reviews the fallacious content in the work of two representatives of dispensationalism: Hal Lindsay and Tim LaHaye. Following, it presents a careful study about two fundamental biblical principles of interpretation, that undermine the very essence dispensationalist hermeneutics, i.e. the principle of prophetic conditionality and the principle of the sovereignty and freedom of divine election. In the last part the author discusses the nature of the “replacement theology,” with the emphasis that the Christian Church has replaced the national Israel of the Old Testament permanently. Parousia 1s2007.indd 53 Introdução O sistema teológico conhecido como “dispensacionalismo” vem controlando em grande medida a interpretação evangélica da Bíblia nos últimos 100 anos.1 As décadas recentes tem testemunhado a publicação de uma extraordinária quantidade de livros, artigos, folhetins e confissões evangélicas, bem como o surgimento de um grande número de sites de internet, divulgando, com alguma variação de detalhes, a noção de que o moderno Estado de Israel é um cumprimento profético. A esta idéia, em geral, encontra-se associado um detalhado esquema de eventos escatológicos que culmina com o arrebatamento da Igreja. Esta compreensão coloca o Israel nacional no centro do palco, conferindo-lhe um papel definido nesta seqüência de eventos, depois do retorno invisível de Jesus Cristo. Os efeitos da hermenêutica dispensacionalista em considerável número dos ensinos cristãos (algo não discernível à primeira vista), exerce um extraordinário impacto sobre a doutrina de Deus, a antropologia, a cristologia, a soteriologia, a eclesiologia e, sobretudo, a escatologia.2 A aceitação do dispensacionalismo afeta diretamente, ainda, a compreensão quanto ao moderno Israel e os eventos no Oriente Médio. Timothy P. Weber, por exemplo, documenta como evangélicos dispensacionalistas têm exercido significativo impacto no relacionamento entre os Estados Unidos da América e o Israel nacional. Estes dispensacionalistas, crendo que Israel como nação aceitará a Cristo como Messias, e possuirá a terra da Palestina, têm oferecido considerável apoio moral, financeiro e espiritual a esse 28/6/2007 14:09:08 o claro testemunho do Novo Testamento quanto à mudança inaugurada na história de Israel com o primeiro advento de Jesus Cristo. mais que nenhum outro. ou como se Jesus Cristo. é o ano de 1948. não apenas para tornar o dispensacionalismo popular. em 14 de maio de 1948. relaciona idéias a partir de interpretações arbitrárias e chega a conclusões dignas dos almanaques de ficção. Lindsay. Então. quando não entendidos ou levados em consideração. e 2) a noção bíblica da soberania e liberdade da eleição divina. tem que ver com a restauração na Palestina. de todos os sinais do fim dados por Cristo em seu sermão profético (Mt 24). pertence a Hal Lindsay. Bacchiocchi7 observa que Lindsay contribuiu. S. Lindsay recorre ao verso 34 de Mateus 24: “Não 28/6/2007 14:09:08 . quando o povo judeu. não tivesse vindo. conduzem. na primeira metade do século 19. contrariando. em tempos recentes. considerável número de cristãos cria na eventual restauração de Israel na “Terra Santa”. para determinar com precisão a data do advento visível12 de Jesus. assimilada pela consciência religiosa de Parousia 1s2007.. em 14 de maio de 1948. cujos livros e idéias foram vendidos aos milhões. assim. A teoria dispensacionalista e o Israel étnico Muito antes de 1948. na qual se faz uma leitura do Antigo Testamento como se o Novo Testamento não tivesse sido escrito. o ponto de partida de todo o esquema escatológico. associado com a vitória de Israel na guerra árabeisraelense de junho de 1967. com o renascimento de Israel”9.3 Este artigo primeiramente faz uma breve descrição de teorias infundadas do dispensacionalismo quanto aos últimos eventos. estabelecendo datas especificas para o cenário do tempo do fim. tais princípios. mas também para dar-lhe sabor sensacionalista. é uma imagem para a restauração nacional de Israel. data do estabelecimento do Estado de Israel.. ganhou ímpeto com o estabelecimento do moderno Estado de Israel. de sua leitura de Mateus 24:32-33. Tal evento.indd 54 diferentes denominações evangélicas. tornou-se novamente uma nação. depois de quase dois mil anos de exílio. representadas por Hal Lindsay e Tim LaHaye. O primeiro é a tradicional suposição de que os judeus constituem o povo escolhido de Deus. o Messias cristão. quando claramente compreendidos. 4 O segundo fator relaciona-se diretamente com o surgimento da escola de interpretação profética conhecida como dispensacionalismo5. a uma interpretação anacrônica das Escrituras. “o mais importante sinal. ele conclui que a referência à figueira cujos “ramos se tornam tenros” e cujas “folhas brotam”. Este evento é considerado por Lindsay “o mais importante sinal profético a anunciar a era do retomo de Cristo”8. que. passou a ser entendido por dispensacionalistas não apenas como um clássico cumprimento profético. Para ele. Em resposta. como outros que se inspirariam em suas fantasias. Por outro lado. importantes líderes israelenses têm abraçado o apoio de evangélicos dispensacionalistas. o início de sua “contagem regressiva”. como um precursor do segundo advento de Cristo. Em seguida. indicaria que “Jesus está às portas. desacreditam qualquer teoria que pretenda reter o status privilegiado dos judeus na era cristã: 1) o da condicionalidade profética. ao contrário.. segundo Lindsay. retendo as bênçãos desta posição. Hal Lindsay e suas “profecias” O crédito por popularizar o dispensacionalismo. pronto para retornar”11.1º semestre de 2007 país.10 Este é o sinal que. sob incessante perseguição. analisa em particular dois princípios de interpretação interligados. Tal visão foi grandemente influenciada por dois fatores na história do pensamento cristão. que passou a fazer insistente promoção da idéia do retorno de Israel à Palestina. Por exemplo. mas também como o “mais claro sinal do retorno de Cristo”6. segundo ele. Para Lindsay.54 / Parousia . Esta noção. e dos efeitos do sensacionalismo criado em relação a esses autores.. no futuro próximo. acontecerá o arrebatamento secreto. Como resultado do sucesso do primeiro livro. Mudaram-se os nomes. no esquema profético de Lindsay. Dito de outra maneira. a qual teve início em 1948.indd 55 de. que ignora o contexto histórico das profecias. desconsiderando-se tanto o significado como a idade dos textos bíblicos utilizados. bem como o filme. além de relacionar arbitrariamente textos sem qualquer correlação. estes livros foram também elevados à categoria de best-sellers nas listas do New York Times. considerado um dos dez best-sellers do século 20. Lindsay “profetizou” não apenas o retorno visível de Jesus para o ano de 1988.18 A década de 80 passou e o calendário profético de Lindsay não se cumpriu. Deixados para trás É comum dizer-se que a cada quinze anos. 2. The Wall Street Journal e USA Today. na série dos livros Left Behind. Surpreendentemente. juntamente com os outros. iniciado por um ataque da Rússia contra Israel. Durante a tribulação. “dentro de 40 anos” da última geração. A década de 1980 poderá ser a última década da história como nós a conhecemos”16. segundo seus proponentes. no livro do Apocalipse. na interpretação de Lindsay referia-se à futura “geração que veria os sinais – o principal deles o renascimento de Israel”13. todas estas coisas poderiam acontecer”15. com alguma variação. e considerados “.. as pessoas. como resultado de uma equivocada interpretação de Ezequiel 38 e 39. nos quais.. Com base em seus cálculos e em textos bíblicos lidos de forma truncada e conveniente aos seus propósitos. os autores decidiram expandir o projeto numa seqüência de 12 livros e mais um filme. os cálculos e as datas. E arrazoa: “Uma vez que uma geração na Bíblia é um período em torno de quarenta anos”14. 28/6/2007 14:09:08 . em geral. Tendo esquecido completamente o fiasco de Lindsay. a questão se resolve com uma simples operação aritmética. Em 1970 Lindsay predisse que “dentro de 40 anos. parece ser verdade que a única lição da história é que as pessoas não aprendem as lições da história. Durante sete anos. ano do retorno invisível de Cristo: o arrebatamento da igreja. a tribulação e o início da restauração de Israel. no qual Jesus virá de maneira invisível para reunir todos os verdadeiros crentes. no qual um grupo de eventos tomará lugar. pressupõem um cenário escatológico particular. serão arrebatados para o Céu. 3.Israel e o novo Israel / 55 passará esta geração. Tal método de interpretação termina dando valor supersticioso a números e símbolos bíblicos. Deploravelmente. é amplamente aceito e crido por evangélicos fundamentalistas: 1. Left Behind. novos proponentes da teoria dispensacionalista. O período subseqüente verificou uma tentativa de se reconstruir as fracassadas teorias de Lindsay. todas as profecias apontando para o retorno de Cristo deveriam se cumprir. em 1988 (1948 + 40). Em seu livro The 1980’s: Countdown to Armageddon.” “Esta geração”. Os fiéis mortos ressuscitarão e. a partir de 1948. sem que todas estas coisas aconteçam. Jenkins. sua dimensão de condicionalida- Parousia 1s2007. Em algum ponto. Estes são descritos. B. isto é. mas o engano básico permanece inalterado: leitura especulativa das Escrituras. Tal cenário. Os livros da série Left Behind. a mais bem sucedida série de ficção cristã de todos os tempos”19. traduzido para o português com o título Os Anos 80: Contagem Regressiva para o Juízo Final. Tal compreensão popular parece ser verdade com a reedição mais recente do dispensacionalismo. haverá na terra um período de tribulação. uma série de julgamentos espetaculares tomam lugar. ocorreria a invasão de Israel pela Rússia e seus aliados. Assim. se esquecem do que aconteceu nos últimos quinze anos. lançaram-se às novas especulações escatológicas. de autoria de Tim LaHaye e Jerry. Lindsay afirma: “Muitos ficarão chocados com o que acontecerá no futuro muito próximo. Lindsay atribuía considerável importância aos sete anos entre 1981 e 1988. mas uma série de outros eventos17que deveriam acontecer a partir de 1981. seguida do Segundo Advento. de acordo com LaHaye. Haverá. Este tipo de teologia é construído sobre textos reunidos. e não encontraremos um único texto claramente 28/6/2007 14:09:08 . à qual se espera que todos se unam. com a ajuda do anticristo. no qual fogo cai do céu e consome os rebeldes. neste engenhoso delírio interpretativo. Em certo ponto. em Jerusalém. e não do pecado. Ele. presidente do Campus Crusade for Christ. John F. por exemplo. e seus seguidores deve receber a “marca da besta” (666). o templo judeu. o caso da noção de arrebatamento secreto. As ginásticas interpretativas são também evidentes. ou. surgirá “uma religião mundial”. os que se tornarão crentes durante a tribulação. do início ao fim. A esta altura. Left Behind. 7. fortalecendo o cinismo e a incredulidade contra as Escrituras. Aqueles que não recebem a marca da besta. no Iraque. Jesus descerá do céu. Não menos deploravelmente. tanto Lindsay como LaHaye transformam a Bíblia num tipo de horóscopo. dando para milhões de pessoas a impressão de que isto é realmente o que as Escrituras ensinam sobre os últimos eventos.1º semestre de 2007 4. será reconstruído. tais fantasias produzem em outras pessoas o efeito precisamente oposto. como entendida por eles. afirmando que o filme. embora. estarão os judeus. 8. Depois disto. Haverá o surgimento de “um governo mundial” que tomará o controle de todo o planeta. os mortos remanescentes serão ressuscitados. Em suma. período conhecido como o milênio. Apesar da coação utilizada para que as pessoas recebam a marca da besta. No meio da tribulação. na fronte ou na mão direita. o anticristo profana o templo. uma vez que a igreja já terá sido arrebatada para o Céu. Walvoord. ainda. liderada pela Igreja Católica e o papa. será utilizada pressão econômica para compelir as pessoas a receberem a marca da besta. Podemos ler toda a Bíblia. LaHaye identifica tal governo como um subproduto das Nações Unidas. em lugar de idéias expressas pelos escritores bíblicos.56 / Parousia . relaciona comentários de pessoas como Bill Bright. assentando-se nele e declarando-se Deus. é que as pessoas estão realmente tentando escapar da tribulação. O dia do julgamento ocorre. Por fim. Steve Wohlberg. cujo relacionamento primário é o sistema na mente do intérprete. e afirma que ele estará localizado na reconstruída antiga cidade de Babilônia. “é uma excelente descrição do que a Bíblia declara que atualmente acontecerá depois do Arrebatamento”. Entre aqueles que se converterão durante a tribulação. o mundo terá adotado uma sociedade sem moeda. provavelmente utilizando microchips sob a pele para toda transação monetária. e Deus inaugura a ordem eternal. 6. acontecerá a batalha do Armageddon em Israel. defendido tanto por Lindsay como por LaHaye. com suas hostes celestiais e exterminará o anticristo. que interpreta mal e distorce a pureza e integridade dos ensinos de Cristo. não poderão comprar ou vender. Muitos se converterão devido a influência das 144 mil testemunhas judaicas. o que se torna evidente nos esquemas de Lindsay e LaHaye. uma das fortalezas atuais do dispensacionalismo: “As principais representações desta história não são ficção”20. cujos esforços evangelísticos contribuem para a grande “colheita de almas”. que finalmente aceitarão a Cristo como o Messias. Aqueles que se recusarem a honrá-lo como Deus serão mortos. um grande número de crentes em Cristo. ex-presidente do Dallas Theological Seminary. Ele identifica tal religião como uma ressurreição do paganismo babilônico. é a Bíblia e a seriedade de sua mensagem. o que realmente é deixado para trás. neste tempo. nas palavras de LaHaye. Tome-se. 5. Parousia 1s2007. tecnicamente eles não sejam cristãos. Paralela a isto. de acordo com LaHaye. com um novo céu e uma nova terra. LaHaye entende isto como uma mistura sincretista das religiões do mundo. muitos não se submeterão. De fato.indd 56 9. Estes são os “santos da tribulação”. contudo. então. Além disso. Além da ameaça de morte. Tal governo será liderado por uma sinistra figura conhecida como o anticristo. ou a “besta”. reinará na terra por mil anos. o estudante das Escrituras pode perceber um eco da linguagem bíblica. “. Evidentemente.23 Princípios equivocados Parousia 1s2007. e a seriedade de sua mensagem é subvertida e mesmo exposta ao ridículo. o conteúdo nada tem a ver com a mensagem das Escrituras. contanto que este sionismo cristão floresça. quando o texto sagrado é lido sem clara compreensão de corretos e consistentes princípios de interpretação.” (v. que será testemunhado por todos. Nas palavras de C. possa parecer bíblica.. seus termos têm um significado fixo. depende da existência da terra santa. Buscando manter a qualidade sobrenatural da narrativa bíblica. estabelecendo Israel como “o povo escolhido de Deus”. Finalmente. resumido em 3:10: “E Deus viu as obras deles.24 As Escrituras sofrem uma descaracterização radical. atribui um status ao povo judeu dentro da era cristã que eles não mais possuem como entidade étnica.. e a narrativa passa descrever os resultados da obediência. do começo ao fim. num jogo de poder para forçar o cumprimento das profecias quanto a Israel. mas as aplicações da hermenêutica literalista do dispensacionalismo são completamente estranhas à Bíblia e distorcem o claro significado contextual delas. que se aplica às declarações de natureza predictivas que envolvem a escolha humana. dos quais Lindsay e LaHaye Aqueles que atribuem significado bíblico à restauração do moderno estado de Israel. Tal princípio é ilustrado de forma representativa em Deuteronômio 28: “E será que se ouvires a voz do Senhor teu Deus. como eles as entendem. incoerentemente agem como se Cristo não tivesse vindo25 e como se o Novo Testamento não houvesse sido escrito.Israel e o novo Israel / 57 ensinando que haverão dois distintos adventos de Jesus – um secreto. ou a linguagem. Nesta compreensão literalista e futurista da Bíblia. como se converteram do seu mau caminho..” Os exemplos se multiplicam e são bem conhecidos.indd 57 28/6/2007 14:09:09 . Norman Kraus: A interpretação dispensacionalista é construída sob um conceito inadequado quanto à natureza da linguagem e do seu uso. isto é. Por outro lado. mas a qualquer interpretação que.21 Dito de forma simples. ignoram pre- Voltando a atenção para o papel que os judeus ocupam nestes esquemas.. tem que ver com o método hermenêutico freqüentemente utilizado.22 são apenas representantes? A questão fundamental. como enfatizado anteriormente. embora o pacote. como resumido por Ellen G. o destino do povo judeu é retornar à terra dos seus pais. que domina a teologia de Left Behind. tal princípio reconhece que “as promessas e ameaças de Deus são igualmente condicionais”27. isto não se aplica apenas aos dispensacionalistas..” (v. como descrito por estes interpretes em suas produções. Não é de admirar que o born-again loby americano é obcecado com a defesa de Israel. e não o fez. e esperam um futuro glorioso para os judeus dentro do plano divino. tomando rumo diametralmente oposto. 1). Tais interpretações. que estará sob um catastrófico assalto do anticristo. as conseqüências seriam modificadas. Onde localizar o erro de tornar o estabelecimento do moderno estado de Israel o ponto de partida para engenhosos esquemas proféticos. N. e Deus se arrependeu do mal que tinha dito lhes faria. e outro visível. Dito de outra maneira. distinguese claramente que Israel é o elemento-chave. ele [o dispensacionalismo] assume que a linguagem bíblica é como a linguagem dos livros de textos da ciência. 15). A profecia condicional é um princípio de interpretação bíblica. o exterior. A cadeia de eventos que leva ao final retorno de Cristo. O mesmo princípio é encontrado claramente no livro de Jonas. eles abrem uma enorme porta para toda sorte de distorções. de maneira anacrônica.. se não deres ouvido à voz do Senhor. White.26 Condicionalidade profética de interpretação Quando estudantes da Bíblia desconsideram o princípio de condicionalidade profética. e reclamar a herança prometida a Abraão e aos seus descendentes para sempre. na seqüência de eventos observada em Left Behind. erguendo-se contra qualquer plano de paz no oriente. como sugerido anteriormente. 28 Israel tinha uma extraordinária vocação como depositário dos oráculos divinos (Am 3:7. As palavras de Efésios 2:11-22 esclarecem que aos olhos de Deus não há mais judeus e gentios. o Senhor misericordiosamente prometeu restaurar o seu povo. o fracasso básico dos judeus. 3:29). Jerusalém que matas os profetas. Mas isto é precisamente o que aconteceu.. a qual é fundada sobre ambos. Os capítulos 40-66 de Isaías constituem a comovente narrativa da intenção divina. e Jerusalém chamar-se-á a cidade da verdade e o monte do Senhor dos exércitos.. De fato. e tu não quiseste. porque se vós crêsseis em Moisés. frustrando assim os planos de Yahweh. Em lugar de humilde submissão para o cumprimento de sua vocação espiri- Parousia 1s2007. Os judeus não passaram no teste básico: aderência e compromisso com a verdade conhecida.. O Antigo Testamento registra a deplorável história de como a vinha que fora trazida cuidadosamente do Egito (Sl 80:8) e cercada de todos os cuidados para produzir frutos abundantes (Is 5:1-5). durante os séculos seguintes ao retorno dos israelitas das terras do seu cativeiro. deveriam “ter encontrado cumprimento. a apostasia dos judeus havia chegado ao seu clímax. “essas promessas estavam condicionadas à obediência. creríeis em mim” (Jo 5:45. passara a reclamar as promessas do concerto com base em seu relacionamento de sangue com Abraão. Jesus pronuncia sobre o povo escolhido julgamento irrevogável: “Jerusalém. em arrogância e complexo de superioridade.. porque todos vós sois um em Cristo Jesus”. e “adornado com cada providência para que se tornasse a maior nação da terra”. “Não penseis que sou eu quem vos acusa diante do Pai. Romanos 9 a 11. O Novo Testamento não conhece nenhum plano subsidiário em favor da nação judaica. produziu apenas uvas bravas e imprestáveis (Jr 2:31). Ao final dos anos de humilhante exílio. Com palavras de profundo lamento. Nos dias de Jesus. Posteriormente. em grande medida.. Deus graciosamente deu a seu povo. antes mesmo de rejeitálo como o Messias enviado. A história do povo de Israel é. e representante dos desígnios eternos (Dt 7:6). foi uma conseqüência natural de um estado de obstinação e cegueira irrecuperáveis. Mas o fato de Deus estar do lado de Israel. Israel. Rm 3:1. e habitarei no meio de Jerusalém. Eis que a vossa casa vai ficar-vos deserta” (Mt 23:37-38). Jesus deixa claro que o problema dos judeus era incredulidade de caráter crônico e sistemático. Os pecados que haviam caracterizado os israelitas anteriormente ao cativeiro não deviam ser repetidos”30. foi a rejeição da revelação dada por meio de Moisés.. mesmo quando a nação judaica passou pelas amargas conseqüências de sua obstinação. Gálatas 3:28 insiste que “não há mais judeu nem grego. segundo Jesus.. durante o cativeiro babilônico.58 / Parousia . Quem vos acusa é Moisés. ao contrário. O Israel étnico. insistem. em quem vós confiais.2). não colocou Israel automaticamente do lado de Deus. Ezequiel 20: 1-17 oferece um vívido sumário de sua consistente obstinação. os apóstolos do Novo Testamento e os profetas do Antigo Testamento. mas por meio de Cristo ambos se tornaram um na igreja cristã. idolatria e deslealdade concertual. e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos. por intermédio de Zacarias esta certeza: “Voltarei para Sião. tornam-se os verdadeiros filhos de Abraão e herdeiros conforme a promessa (Gl. e a história do povo escolhido constitui um capítulo escuro de incredulidade. 46). as promessas feitas a Abraão e expandidas no período posterior.indd 58 tual e missionária.”29 Contudo. Os que são de Cristo. Finalmente. em quem eles diziam confiar. monte da santidade. Israel falhou durante esta segunda oportunidade. que os legítimos 28/6/2007 14:09:09 .1º semestre de 2007 cisamente este aspecto crucial. a melhor ilustração do princípio de condicionalidade profética. Colocado na encruzilhada do mundo antigo. A rejeição dele (Jo 1:11). capítulos freqüentemente utilizados para defender a noção de uma teocracia judaica restaurada na Palestina. provavelmente. Note-se que. A eles.29.40). Assim. e nenhum direito ao favor divino pode ser reclamado com base em descendência natural. o novo povo do concerto. e bondade para com estes (gentios). porque Israel não permitiu ser introduzido em tal futuro. Israel é caracterizado e distinguido como uma entidade étnica. Jo 8:38. uma questão de “passado sem futuro”. Aqui o apóstolo apela aos judeus individualmente para que respondam ao chamado de Deus. 7. porque eles assumiram o papel do Israel físico do Antigo Testamento. Rm 2:28. portanto. Se este é o caso. fica evidente que a igreja. Israel tinha um extraordinário potencial para o futuro. composta daqueles que crêem. as alianças. independente de como os judeus se comportassem. e os judeus. mas as características enumeradas por Paulo não têm por base o judaísmo segundo a sarx. pela ação divina. Israel fora preparado para um futuro com Deus e a serviço de Deus. “se não permanecerem em incredulidade. em parte. A liberdade da eleição divina Não há qualquer dúvida de que aos judeus. Severidade para com aqueles (judeus) que por sua incredulidade foram rejeitados. o culto e as promessas. Os gentios devem permanecer em tal graça. que foram cortados. De fato. de acordo com Romanos 9:4 e 5. povo de propriedade exclusiva de Deus” (1Pe 2:9). aceito pela igreja. Os gentios. representam a extraordinária transição da nação judaica para a igreja cristã. Contudo. “todo Israel [isto é. Assim como os gentios individualmente são enxertados na salvadora comunhão com o novo povo Parousia 1s2007. o remanescente de Israel (os ramos naturais que não foram quebrados) e. mas refere-se a qualquer pessoa (judeu ou gentio) convertida a Cristo e unida a Ele (Rm 9:2. que o encontraram como a final solução para o problema do pecado. e se juntem aos gentios. Gl 3:27-29. foram oferecidas extraordinárias vantagens espirituais. e deles descende o Cristo. por outro lado. segundo o apóstolo Paulo. ocupa o lugar do Israel étnico. que foram aceitos pela livre graça divina. a legislação. o judeu literal tem futuro e parte nos eternos planos de Deus. no Novo Testamento. mas exclusivamente os filhos espirituais de Abraão. pertencem a adoção. os gentios que vieram a crer em Cristo (os ramos enxertados). Entretanto. também os judeus individuais devem ser admitidos em tal comunhão. serão enxertados” (Rm 11:23). nem de longe sugerem uma resposta positiva a isto. 3. são convidados a ponderar sobre “a bondade e a severidade de Deus” (Rm 11:22).indd 59 de Deus. mas apenas como um membro da igreja cristã. e forma o verdadeiro Israel que emerge do tronco do povo escolhido. seu passado tornou-se então. então (e só então) Deus não poderia senão reconhecer tais virtudes. sua iniciativa e sua liberdade de eleição.Israel e o novo Israel / 59 herdeiros do concerto não são os incrédulos descendentes naturais de Abraão (“Israel segundo a carne”). em parte. Precisamente por causa da iniciativa divina no passado. e reconhecer o mérito deles. nação santa. 6. De fato. para que não sejam cortados (Rm 11:22). como povo escolhido de Deus. deveríamos seriamente nos perguntar se todas estas vantagens e prerrogativas foram oferecidas aos antigos judeus como recompensa ou um tipo de retribuição ao mérito deles. e inclui. Todas estas “marcas” são o que são. a glória. entretanto. por meio de Cristo. o termo judeu como referência teológica não tem qualquer conotação com os literais descendentes de Abraão. O apóstolo remove qualquer distinção teológica entre judeus e gentios (Rm 10:12). aqueles que pertencem a Cristo. Elas não são herdadas em termos da raça. a comunidade messiânica. sacerdócio real. O apóstolo Pedro chama os gentios no novo Israel de Deus de “raça eleita. mas com base na eleição divina. Ao longo do argumento de Paulo. os gentios que permanecem na bondade divina e os judeus que não permanecem na incredulidade] será salvo” (Rm 11:26). Estes capítulos da carta aos Romanos. De acordo com Paulo. Deles são os patriarcas. Paulo não deixa nenhuma dúvida de que o teste para permanecer em adequada relação concertual agora é o exercício da fé em Cristo (Rm 9:30-33). ou seja. As Escrituras. Não é inconce- 28/6/2007 14:09:09 . Mas quando Paulo se volta para a escolha de Jacó. No caso de Isaque. Assim. enquanto Ismael era filho de uma serva.1º semestre de 2007 bível. pode-se imaginar que sua eleição foi baseada na vantagem que ele tinha como filho de uma mulher livre. Absolutamente nada que possa ser utilizado como um argumento que justifique uma reivindicação sobre o favor divino. como poderia Yahweh tratar com o seu povo de dura cerviz e reincidente em rebelião? Na história da teologia. iguais em todos aspectos do ponto de vista do status. A conseqüência disto é fundamental para entendermos o enorme engano dos que insistem em supostas virtudes ou superioridade de Israel. ao longo de sua exposição. ambos são gêmeos. devemos lembrar. pleno de potencial para o futuro. sob qualquer hipótese. o segundo dos dois. não foi por virtude de descendência natural que Isaque tornou-se herdeiro das bênçãos de Abraão. contudo. É claro que deste exemplo concreto se poderia concluir. em conseqüência da compreensão de que a escolha divina é baseada na graça. filhos do mesmo pai e da mesma mãe. É o seu good pleasure que determina sua decisão (Rm 9:11). fosse prostituído e degenerado em meras crônicas. Nada poderia ilustrar melhor a liberdade de Deus ao escolher. não havia nada que Deus pudesse fazer senão suspender sua eleição. como alguns tem feito.60 / Parousia . Primeiro. Esta. não podemos. como alguns parecem crer. De acordo com Paulo. e os que são nascidos pela força da promessa (Gl 4:23). e escolhe Jacó. desacreditam e subvertem tal teoria. A escolha de Jacó em lugar de Esaú enfatiza que a decisão do “conselho” ou “propósito” divino surge da liberdade de Yahaweh. que. não é apenas uma questão sobre Israel. porque eles são seus descendentes” (Rm 9:7). uma vez que Israel recusou cumprir o papel que Deus lhe havia oferecido. afirmar a idéia de impossibilidade da rejeição de Israel. simultaneamente suscita a questão acerca da integridade divina. Ele e seu irmão filhos de Isaque. Ele é também livre para rejeitar o que Ele escolheu. liberdade que já se manifestara antes. Parousia 1s2007. como Anders Nygree sublinha. a saber: “Nem todos são filhos de Abraão. nascidos em circunstâncias iguais e. Desta forma. mas isto é precisamente o que não somos autorizados a pensar. constatamos a verdade básica expressa por Paulo séculos depois. um dos dois filhos de Abraão. Do ponto de vista natural. eleição e 28/6/2007 14:09:09 . Deus. esta questão é conhecida como o problema do relacionamento entre a vontade de Deus e a liberdade humana. Ele tem o direito de manter a liberdade de sua eleição no presente e no futuro. novamente surpreende a lógica humana (segundo a carne prioridade deveria ser dada ao primogênito). parte da seção freqüentemente utilizada como sustentação da idéia da permanência do Israel físico sob as bênçãos do concerto. e agora é expressa de forma suprema. Se Israel permitiu que o seu passado. O raciocínio é consideravelmente simples: Se Deus é livre para escolher o objeto de suas promessas. Mas Deus em sua soberana liberdade de eleição deu a promessa a Isaque (Gn 21:12). Uma simples observação no critério divino de eleição não deixa qualquer dúvida de que Deus é soberano em suas escolhas. Aqui. ela é também uma questão a respeito de Deus. seminalmente. para intensificar ainda mais a liberdade divina. A questão da falta de integridade de Israel. não Ismael. verificamos a eleição de Isaque. da mesma forma que no passado. não há lugar para este tipo de raciocínio. estabelece o fato de que não há nada nos judeus segundo a carne. que indique qualquer possibilidade de reivindicação em termos de mérito ou direito. “Paulo remove qualquer fator que pudesse ser considerado como a base da distinção entre eles”31. pois ambos eram filhos de Abraão. poder-se-ia pensar que a promessa fosse tão válida para Ismael como para Isaque. Mesmo ao ofertar a promessa. Deus elege Isaque. Assim. Deus demonstra que há uma distinção básica entre aqueles que são nascidos de acordo com a carne. Paulo. em última análise. encontramos duas ilustrações que. Precisamente em Romanos 9:6-13. na história dos gêmeos.indd 60 A segunda ilustração é ainda mais clara neste aspecto. que as promessas do concerto pertencem automaticamente a Isaque e sua posteridade. Israel é eleito unicamente a partir da livre graça de Deus. do ponto de vista negativo. retira de Israel e dos defensores da incondicionalidade do concerto abraâmico. origem a um suposto “plano de emergência”. Em suma. substituindo. segundo o qual “a Igreja é uma sociedade espiritual que substitui Israel como o povo de Deus no mundo”32. Alister E. podemos afirmar que Deus é soberano em seu chamado e promessas. Parousia 1s2007. o Deus que elege. e que fora perdido pela sua desobediência. observa que esta posição. LaRondelle. dando. Por meio de uma rápida revisão na produção acadêmica de teólogos recentes.38 Temos que concordar com Hans K. o argumento de Paulo é equivalente à negação da realidade do concerto de Yahweh com Israel em termos de incondicionalidade. Da mesma forma. autor reconhecido e prolífico no tema..”35 Da mesma forma. Diprose fala em nome de muitos ao definir a teologia da substituição como a noção de que a igreja substituiu completamente o Israel étnico. no Novo Testamento. o histórico povo de Deus.. assim. são tais ações que definem e estabelecem o significado da justiça. O apóstolo considera isto uma inferência errada. Nada no novo testamento. Wayne House. sob uma ótica positiva. Nessa substituição. Além da percepção destes autores. a igreja substituiu “o povo que rejeitou Cristo”39. não é nenhum outro senão o Deus criador. dois elementos simultâneos são evidentes: o primeiro.. uma leitura atenciosa do novo testamento revela que Israel foi real e permanentemente substituído pelo novo povo de Deus. Walter C. que exige o arrebatamento dos crentes em Cristo do mundo.. têm afirmado a compreensão de que. A interpretação paulina de que a eleição de Israel é totalmente fundamentada na inexplicável liberdade de Deus. sendo radicalmente substituído pelo povo que aceitará o Messias e a sua mensagem.36 A cumulativa evidência dada por estes autores37 coloca em destaque as inconsistências dispensacionalistas da suposta dicotomia Israel/ igreja. Para LaRondelle. quando ele indica que no Novo Testamento Israel não é mais o povo de Deus. a semente espiritual de Abraão. não permitindo a ninguém prescrever regras sobre isto. Kaiser observa: “A teologia da substituição. O novo Israel Os cristãos. conhecida como supersessionism33 ou replecement theology foi o “consenso da igreja desde a metade do segundo século d. qualquer segurança baseada em raça. em que a igreja substitui e toma o lugar do antigo Israel. observa que um “amplo consenso” existiu na igreja apostólica. substituiu o Israel nacional. tornando-se o novo Israel. Ele argumenta que o Deus de Israel. o Senhor do concerto. o qual tenha sido temporariamente postergado. Ou. ampliando o arco histórico. Ronald E. cumprindo os termos do concerto dado a Israel.Israel e o novo Israel / 61 rejeição tomam-se os pólos opostos da mesma elipse. pois para os escritores do Novo Testamento. o novo povo de Deus. passa forçosamente por Cristo. Ele os oferece àqueles a quem Ele quer (Ml 1:2). a igreja cristã substituiu o Israel nacional do Antigo Testamento. para que Israel reassuma seu destino profético. em termos claros: de acordo com Paulo. Ele é a chave para interpretação e compreensão do Antigo Testamento.C.. Assim. Realmente. uma leitura lúcida do Novo Testamento. assim. Ao contrário. cumprindo o plano de Deus como recipiente das promessas feitas a Israel no Antigo Testamento. McGrath. até o presente”34. A justiça de Deus deve ser vista em conexão com os seus direitos de Criador. declara que a igreja. ou ter qualquer reivindicação sobre Ele. ao longo de quase dois mil anos de história. é o de que a igreja emerge do antigo Israel. por exemplo. é o de que ela toma o lugar de Israel. no qual a igreja cristã é apenas uma “interrupção” do plano original. 28/6/2007 14:09:09 .indd 61 descobriu-se consideravel ênfase colocada nesta transição. nem de longe. o segundo. e suas ações não podem ser avaliadas por qualquer norma humana de justiça. H. sugere que Cristo tenha vindo para estabelecer um reino terreno. Deus pode agir como Ele escolhe. baseado no princípio da liberdade divina. portanto. protesto hoje contra vós que certamente perecereis. Tal anacronismo deixaria de fora os novos elementos que foram introduzidos na história da salvação pela encarnação de Jesus Cristo. se manifestou aos seus santos”. o cumprimento cristocêntrico das promessas do Antigo Testamento. agora todavia. Já o livro de Deuteronômio profetizara o resultado final da desobediência da nação escolhida: “Se te esqueceres do Senhor teu Deus e andares após outros deuses. Cristo é o intérprete definitivo do Antigo Testamento.43 Curiosamente. assim.27 o apóstolo enfatiza que “o mistério que estivera oculto dos séculos e das gerações. não apenas anacrônico. o conceito de revelação progressiva e descartando a única chave explanatória pela qual o Antigo Testamento pode ser elucidado. vos digo que o reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produza os respectivos frutos” (Mt 21:43). personalizando a promessa “em Cristo”. reunidos na “universal assembléia e igreja dos primogênitos. o qual é “.e tu não quiseste! Agora a vossa casa vos ficará deserta!” (Mt 23:37). assim perecereis. Em Colosseses 1:26. manifesto na rejeição do Messias. “quantas são as promessas de Deus.42 Em suma.indd 62 aspecto territorial das promessas feitas ao antigo Israel. A partir de então. D.. Gerhard Hasel observa que este texto provê uma resposta cristocêntrica à indagação “a quem pertence as promessas do Antigo Testamento?” Hasel conclui que tal resposta cristocêntrica do Novo Testamento “está em oposição ao argumento futurista do dispensacionalismo. Paulo ignora completamente o Parousia 1s2007.” se achegam à “cidade do Deus vivo. o último intérprete das profecias de Israel”40. é o foco do Novo Testamento. se os cristãos dessem a última palavra da revelação ao Antigo Testamento. e Ele atribuiu às Escrituras Hebraicas uma interpretação não centralizada nos judeus. em Cristo nos confrontamos com o fim da teocracia dos Judeus. Cristo em vós.. Como as nações que o Senhor destruiu de diante de vós. negando. Este artigo focalizou a desconsideração dispensacionalista de dois princípios bíbli- 28/6/2007 14:09:09 . como aquelas vistas nas idéias de Lindsay e LaHaye. estabelece a igreja cristã como a verdadeira herdeira de tais promessas. realiza as palavras desta profecia. LaRondelle corretamente indica que para os cristãos. ou à forma como Cristo cumpriu as promessas do Antigo Testamento. Israel tornou-se uma nação sem qualquer significado profético. no Novo Testamento. a igreja.. a esperança da glória. como W.1º semestre de 2007 “Cristo. literal”41.” E. é irremediavelmente efetuada. como atestada na solene declaração: “Portanto.62 / Parousia . Devemos notar que Cristo. o apóstolo a universaliza. pois não quisestes obedecer a voz do Senhor vosso Deus”(Dt 8:19-20). A terra palestina não aparece dentro do horizonte paulino e. à Jerusalém celestial” (Hb 12:22. de acordo com Paulo. e não o antigo sonho geográfico dos judeus.44 Conclusão O dispensacionalismo. alimentando esperanças infundadas numa escatologia antibíblica. servindo-os e adorando-os. é a verdadeira norma para a elucidação das Escrituras Hebraicas. porquanto também por ele o amém” (2Co 1:20). A transferência de Israel para a igreja. assim. Davies adequadamente resume. Jerusalém! Que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos. transformou o Antigo Testamento no playground de enormes especulações quanto ao papel de Israel no plano divino45. na pessoa do próprio Cristo: “Jerusalém. tantas têm nele [Cristo] o sim. mas também um contra-senso e uma desconsideração absurda de Cristo.23). O potencial de engano para milhões de pessoas é incalculável. Tal método de interpretação tem produzido enormes distorções. mas nele mesmo.. o qual liga tais promessas a um Israel étnico. com sua hermenêutica literalista. em nenhum lugar o Novo Testamento promete a terra da Palestina ao novo Israel. desconsiderando e não fazendo justiça ao conceito bíblico da escatologia inaugurada. O último ato de rebelião de Israel. pois. Os santos. Seria. Com relação à “maneira-como”. contrariando a noção mantida por dispensacionalistas em geral. Blaising.. Netanyahu declarou: “Nós não temos maiores amigos e aliados do que as pessoas assentadas nesta sala” (ibidem). Veja o 28/6/2007 14:09:09 . 162). reformadores. 1993). MI: Eerdmans. contudo. Veja Wolfhart Pannenberg. baseado em elitismo ou em saudosismo do exlusivo status ocupado por Israel na história redentiva. De acordo com Weber. falando na The Voices United for Israel Conference em Washington. como sistema de interpretação bíblica. R. totalmente independente de Israel e/ou do resto da humanidade. O plano divino se cumprirá. Kendall Soulen. o fracasso do Israel literal não frustra os eternos desígnios de Yahweh. Weber. o retorno do Senhor Jesus Cristo. a igreja. x. Segundo: uma vez que a escolha de Israel. Para Weber. a cidade que tem fundamentos. 3:471. e. Referências 1 O dispensacionalismo. Mais de três mil na audiência eram evangélicos dispensacionalistas. Benjamin Netanyahu. o novo e verdadeiro Israel. frustraram tal possibilidade. não é apenas tentar voltar o relógio da profecia. infiltrou-se em praticamente todos os ramos do protestantismo moderno. os dispensacionalistas citam como representativas destas tradições cristãs. se considerados seriamente. por exemplo. No entanto. embora tivessem potencial para o futuro. 1985]. na verdadeira Canaã. Contemporary Opstions in Eschatology [Grand Rapids. no seu retorno. 39-49. não no tempo previsto pelo dispensacionalismo. a nação israelita do Antigo Testamento desqualificou-se a si mesma como beneficiária das promessas divinas. Em geral. Concluir o contrário. “The future os Israel as a Theological Question”. em certa extensão. nenhum dos pais a igreja. quando o povo do Messias será introduzido. pode ser encontrado dando apoio a tais ensinos. MI: Baker. Systematic Theology (Grand Rapids. Primeiro: as promessas do Antigo Testamento são condicionais. pleno e glorioso cumprimento. como o beneficiário das promessas de Deus. na parousia. 39). Então. p. Deste ponto de vista.indd 63 Fortress. tem a última palavra. Significaria isto. que compreende todos aqueles que aceitam Jesus Cristo. que “rejeitou Deus o seu povo?” (Rm 11:1). no tempo da parousia. após o arrebatamento da igreja. a partir do que Israel tornou-se uma nação sem qualquer futuro profético. passagens isoladas que não representam o pensamento central delas. “os íntimos laços entre evangélicos e Israel são importantes: isto tem moldado a opinião popular na América.Israel e o novo Israel / 63 cos que. 1996). em abril de 1998. 3 Timothy P. instalado na Palestina. a saber. nos últimos dias. Christianity Today (5 de Outubro. 44:3 (2001). ou representantes das principais denominações cristãs. The God of Israel and Chistian Theology (Minneapolis: Parousia 1s2007. Craig A. Uma vez que o relacionamento concertual com Deus era um pré-requisito para que a nação escolhida se tornasse o verdadeiro Israel e recebesse a realização das promessas. quer judeu ou gentio. fica assegurado que Deus é também livre para rejeitar aqueles que. afinal. Journal of the Evangelical Theological Society. todas as provisões foram feitas para o seu mais amplo. 443-450. foi baseada exclusivamente na liberdade divina. constituem obstáculos intransponíveis para toda compreensão interpretativa que queira ou busque atribuir ao Israel moderno qualquer vantagem baseada em mera raça ou herança natural. “de modo nunhum”. antes do final do século 19. DC. ou tendo o Israel físico. Assim. puritanos. Weber oferece também o exemplo do primeiro-ministro israelita. como formulado na pergunta de Paulo. a política americana internacional” (ibid. é um acontecimento estritamente miraculoso. por meio da iniciativa estritamente divina. o cumprimento do plano divino se dará com outro beneficiário. 2 Veja. “How Evangelicals Became Israel’s Best Friend”. a questão da “salvação de todo Israel” (Rm 11:26). Erickson. Por meio de Cristo. mas incorrer na idéia absurda de que o homem. a “salvação de Israel”. chegando a exercer “considerável influência dentro dos círculos conservadores” (Millard J. que é de cima e na nova Jerusalém. como demonstrado. tem que ver com uma dimensão escatológica. 1998). se torna uma questão de “tempoquando?” e da “maneira-como?” A questão concernente ao tempo em que “todo Israel será salvo”. Como o próprio apóstolo responde com veemência. 1. Rompendo com todo o ensino histórico da igreja cristã. 1973). Israel Today: Fulfilment of Prophecy? [Philadelphia: Presbyterian and Reformed Publishing Co. É precisamente esta descontinuidade criada entre Israel e a igreja que toma possível ao dispensacionalismo manter sua estrutura de idéias. “O novo ‘Israel’: a construção da ideologia do messianismo americano e a legitimação do poder imperial”. O dispensacionalismo e a noção do “arrebatamento” tornaram-se intimamente conectados num sistema inovador e errôneo. Dispensationalism Today (Chicago. o dispensacionalismo não poderia permanecer como um sistema distinto de interpretação bíblica. retornar outra vez à Terra. Gary Wilburn observa que a pressuposição fundamental do filme é “que o mundo deve terminar dentro de uma geração a partir do nascimento do Estado de Israel. 26). De acordo com Charles C. 14 Lindsay. Se Jesus veio para morrer por nossos pecados e voltou ao Céu.” John MacArthur Jr. As doutrinas do dispensacionalismo foram sistematizadas por Cyrus I. v. Primeiro. teve sua origem nos anos 1830. The Bible and Future Events (Grand Rapids. 4 Toda a carta aos Hebreus é uma exposição desta dramática mudança que ocorreu na vida religiosa e nacional de Israel.64 / Parousia . 44). MI: Zondervan. contudo. a “essência do dispensacionalismo. Darby afirmou que o segundo advento de Cristo não ocorreria em um.” que se iniciou quando os judeus rejeitaram a Cristo. 12 28/6/2007 14:09:10 . Para C. desconhecido na história do cristianismo. “The Late Great Planet Earth”. 1978]:22). Qualquer opinião acerca dos negócios do mundo que não se ajuste dentro desta profecia.1º semestre de 2007 artigo de Vanderlei Dorneles. o Messias. 1909). “Dois Povos de Deus” distintos um do outro. Todo o sistema revolve ao redor da alegada divisão que existe entre Israel e a igreja” (Louis DeCaro. 23. Publicações evangélicas nunca haviam visto tal fenômeno desde The Late Great Planet Earth. dispensacionalistas argumentam que o arrebatamento e o advento final de Jesus são simplesmente duas fases de um único advento. é a distinção entre Israel e a igreja” (Dispensationalism Today. mas em dois estágios.. um dispensacionalista moderado: “Existe uma tendência entre os dispensacionalitas de exagerarem a compartimentalização ao ponto de fazerem distinções não-bíblicas. Wood. anos mais tarde. Ill: The Remnant Publications. Os cristãos primitivos claramente entenderam que Jesus. para exterminar o anticristo – então temos três vindas.. e outro grupo de passagens se aplicando à igreja. 1974]. Mas isto não passa de mera racionalização. e não duas.. um grupo relacionado Israel. na qual o relacionamento com Deus nada mais tinha a ver com o nacionalismo judaico. na sua Scofield Reference Sacred Scripture (Oxford University Press.. 1973). originado com Margaret MacDonald. na década de 1970. 1985). a era da lei e a era da graça. para. 50. veio para estabelecer uma ordem de coisas radicalmente nova. 54.. Tal obra produziu uma compreensão das Escrituras totalmente oposta ao método histórico de interpretação bíblica.. na Escócia. Para legitimizar a noção do arrebatamento e de dois adventos. Ill: Moody Press. 1988). está descartada” (Gary Wilburn. 17 Lindsay. 6 Leon J. Ryrie. vii. 5 O dispensacionalismo. WI: Biblical Perspectives. 18. a pregação de Cristo e a mensagem apostólica. The 1980’s Countdown to Armageddon (New York. Hal Lindsay’s Prophetic Jigsaw Puzzle (Berrien Springs. neste número de Parousia. 15 Ibid. Baker. voltar ao Céu. 21 O literalismo artificial do dispensacionalismo é reconhecido mesmo por John MacArhtur. Em seu comentário sobre o filme de Lindsay. The Gospel According to Jesus (Grand Rapids. 18 Veja a referência 12. NY: Thomas Nelson 1980). entre a igreja e o reino. Deus tem dois programas separados. A Study Manual to the Late Great Planet Eart (Grand Rapids: MI. 13 Ibidem.indd 64 Esta teoria de dois adventos de Cristo recua às idéias de Darby. Ryrie. 53 10 Ibidem. A este sistema uniu-se a noção do “arrebatamento”. “The Dopomsday Chic”. Christianity Today. 25. na Inglaterra. para o “arrebatamento secreto” dos verdadeiros crentes. na tentativa de fugir do problema de um terceiro advento. Darby dividiu as Escrituras em dois grupos de passagens. quando terminaria o grande “parentesis” ou a “era da igreja. 7 Samuele Bacchiocchi. 22 [28 de Janeiro. 8 Hal Lindsay. 11 Ibid. um para o Israel natural e outro para a igreja. Louis DeCaro corretamente observa que “Sem esta dicotomia básica em sua hermenêutica. agora de maneira visível. quando John Nelson Darby (1800-1882) desenvolveu a idéia de várias dispensações. 1971). 2001). Charles C.. ibid. 18 9 Ibid. 19 Veja Steve Wohlberg. Ryrie. Para os dispensacionalistas. a fé e o arrependimento. nas quais Deus testou o homem ao longo da história humana. MI: Baker. Em tempos recentes. Um desejo quase obsessivo de categorizar tudo em detalhes que tem levado intérpretes dispensacionalistas a traçar uma linha não apenas entre a igreja e Israel. de Lindsay. 20 Wohlberg. como um sistema religioso. Scofield (1843-1921). The Left Behind Deception (Chicago. a distinção entre Israel e a igreja é considerada a “primeira essência” do dispensacionalismo. 16 Ibid. mas entre a salvação e o discipulado. devendo vir novamente em segredo para o arrebatamento dos seus seguidores. 54 Parousia 1s2007. um retorno invisível. como observado acima. Ele é a cabeça do novo corpo. Rodor 31 28/6/2007 14:09:10 . assim. criticado a hermenêutica dispensacionalista. ed.. McGrath. Em Cristo já nos assentamos nos lugares celestiais (Ef 2:6). 1983). 1: 67. literalismo e desconsideração dos princípios Sola Scriptura e Tota Scriptura. 1983). “a dimensão celestial é a surpreendente herança não revelada no Antigo Testamento. MI: Andrews University Press. Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia. Ef 3:6). Clark M. Dissertation. Outline of his Theology (Grand Rapids. Peter Ochs sugere que a ênfase recente na “replacement theology” se deve a eventos tais como o holocausto e o estabelecimento do moderno estado de Israel (Peter Ochs.. Clark M. 1998). 2.. 26 Veja a discussão deste tópico mais à frente. 38 Veja esta ênfase em Paul Herman Riderbos. 39 Hans K. Norman Gulley. 1998).indd 65 Anders Nygreen. como quando uma pessoa se assenta na cadeira de outra. Mensagens Escolhidas (Santo André. 80. ed. Igualmente surpreendente é o fato de que tal herança não é apenas futura. The Israel of God in Prophecy: Principles of Prophetic Interpretation (Berrien Springs. 607).. direta ou indiretamente. Parousia (Ano 3. Deus afirma que o seu novo Israel “tem chegado ao monte Sião. Christ is Coming (Hagerstown.D. 1988). 34 H. White. 22 Parousia 1s2007. 703. 28 Ellen G. 1968). 1980). 333-34. veja Norman Gulley. nº 1. 1993). LaRondelle. Christ is Coming. especialmente. e. 1958). o elemento inteiramente original no Novo Testamento é o cumprimento or meio de Cristo do que foi dito acerca do antigo Israel. Kaiser Jr. 704. H. Profetas e Reis (Santo André. “A Natureza do Concerto Abraâmico: uma análise da interpretação dispensacionalista”. LaRondelle. 29 Ellen G. 5-26. Gulley oferece uma lista de obras significativas que têm. Christ Object Lessons (Washington DC: Review and Herald. 35 Walter C. 1992]. 1997]. por sua artificialidade. 23 Veja. Wayne House. “Uma análise crítica da escatologia dispensacionalista de Hal Lindsay” (dissertação de mestrado. e à cidade do Deus vivo. Veja também Alberto R. LaRondelle. se tal ênfase não se trata de uma tentativa de se contrabalançar a divulgação do dispensacionalismo com sua insistência no oposto. Diprose. Assim. 268. muito além da limitada interpretação literalista do dispensacionalismo. “An Assessment of ‘Replacement Theology’: The Relationship between Israel of the Abrahamic-Davidic Covenant and the Christian Church”. 1966). Amin A. Norman Kraus. em O futuro. A Guest in the House of Israel: Pos-Holocaust Church Theology (Loncon: Westminster/John Knox. Cristo. permanecem os melhores sobre o tópico” (Dispensationalism Israel and the Church: the Search for Definition.. 77. super e sedere. 1962). a igreja (Cl 1:18. 27 Ellen G. Wayne House (Grand Rapids. The Israel of God in Prophecy: Principles of Prophetic Interpretation (Berrien Springs. White. “Aristotle or Abraham? Church. MI: Eerdmans.” (Hb 12:22-24). 12:3). foi vitorioso (Gl. em Israel. substituindoo”. PS: Fortress. SP: Casa Publicadora Brasileira.. MA: Review and Herald. 1998). De fato. Veja. MI: Kregel. Bruce K. 24 O sistema hermenêutico do dispensacionalismo tem sido objeto de sérias críticas. o mediador da nova aliança. contudo. embora a natureza cósmica das promessas e missão dadas a Abraão tenham alcançado cumprimento apenas parcial no Antigo Testamento. na seção “O Novo Israel”. 101. Referindo-se diretamente a esta obra de LaRondelle. Israel in the Development of the Christian Thougth (Roma: Instituto Bíblico Evangélico Italiano. Alberto Timm. 25 Assim. “Judaism and Christian Theology”. onde as sementes de Abraão (os judeus) falharam. professor de Antigo Testamento na Regent University. 40 Hans K. afirma a respeito dos esforços de LaRondelle em criticar a hermenêutica dispensacionalista: “Em minha opinião. ainda. 36 Ronald E. Dispensationalism in America: Its Rise and Development (Richmond. SP: Casa Publicadora Brasileira. Hans K. mas já presente em Cristo” (Christ is Coming. White. Como Gulley observa. 461-462 33 Supersessionismo é designação comum usada na literatura erudita recente para identificar esta posição. e a Jesus Cristo. É de se perguntar. Israel and the Politics of Election” (Ph. Blaising e Darrel L. V A: John Knox. 362. fiel à realidade tipo/antítipo. Christian Theology: An Introduction (Melden: Blackwell. a Semente de Abraão par excellance. no capítulo “The Church’s Appropriation of Israel’s Blessings”. é derivado de duas palavras do latim. Williamson escreve: “Supersessionism. Veja. 71-91. Eds. o foco na Palestina e na velha capital dos judeus se transpõe para um nível infinitamente mais amplo e superior. 1975). 78). Ele é o novo Israel. “Israel na profecia”. Veja.Israel e o novo Israel / 65 C. 1997). the Land and the People: An Evangelical Affirmation of God’s Promises. Mishkan 21 (1994):9. Bock [Grand Rapids.: Zondervan. Na página 80. 1999).. Comentando sobre o termo. Craig A. por exemplo. 132. inconsistências. 704. em The Modern Theologians. Waltke. Amin A. eds. Instituto Adventista de Ensino. Rodor. 37 Para uma considerável lista de tais autores. segundo semestre de 2004). 30 Ibid. Scott Christopher Bader-Sayer. Willamson. 353). MI. os trabalhos de LaRondelle e Hoekema. a Jerusalém celestial. MI: Andrews University Press. Duke University. além de outros. Commentary on Romans (Philadelphia. Timm. ele a avalia como “a super book” (ibidem). Em Cristo a história de Abraão foi recapitulada. David F. onde judeus e gentios integram o novo “Israel de Deus” (Gl 6:16). Ford [Malden. 288. 32 Alister E. MA: Blackwell. 232 Parousia 1s2007. MI: Zondervan. portanto. 2004). Dispensationalim. 44 LaRondelle. 232. Embora tais mudanças devam ser congratuladas. New Horizons in Hermeneutics (Grand Rapids. com uma geração progressista de novos autores. 28/6/2007 14:09:10 . O próprio dispensacionalista pode ser analisado em quatro “dispensações”: pré-scofieldiana. Hasel. 27. “Israel in bible prophecy”. essencialista e progressista. 1974). a ala progressista não significa que as três eras anteriores. CA: University of California. Journal of the Adventist Theological Society 3/1 (1992): 136. As novas tendências no dispensacionalismo são evidentes no volume editado por Craig A. Blaising e Darrell L. elas não representam a maioria dos dispensacionalistas e. 179. Bock.indd 66 45 O autor não está desapercebido das mudanças interpretativas que têm ocorrido dentro do dispensacionalismo. não estejam mais vivas e ativas. The Gospel of the Land: Early Christianity and Jewish Territorial Doctrine (Bekerley. mencionado acima. 41 Gerhard F. 1992). 43 Veja o artigo de Gerhard F. “Israel na profecia”. SP.1º semestre de 2007 e Vanderlei Dorneles (Engenheiro Coelho.66 / Parousia . Veja ainda Anthony Thiselton. scofieldiana. 178. Hasel nesta edição de Parousia.: UNASPRESS. D. 42 W. Israel and the Church: The Search for Definition. Davies. e ainda. O artigo também aborda a forma como a dimensão civil assumida pela religião cristã nos Estados Unidos confirma a expectativa profética adventista quanto à participação desse país na crise final predita no capítulo 13 do livro de Apocalipse. o autor identifica as memórias históricas messiânicas que podem ser verificadas nos discursos de recentes autoridades governamentais norte-americanas. e diretor da Unaspress R esumo : O presente artigo estuda as origens das expressões. Em 1993. e que as mudanças eram para preservar “os ideais americanos da vida. os Estados Unidos fizeram guerra à Somália. uma visão cívico-religiosa que permeia a cultura dos Estados Unidos atribuindo ideologicamente a esse país o papel de legítimo (e sagrado) libertador/redentor do mundo. Professor de Metodologia no Salt. Sudão e Iugoslávia. elaborated by the Russian Iuri Lotman. a civic-religious view that permeates the culture of the United States of America. Th. A partir dos conceitos de memória. declarou: A América é uma nação forte e digna no uso de sua força. O presidente republicano George W. Bósnia. Nós temos estatura. Parousia 1s2007. 28/6/2007 14:09:10 . no pós-11 de Setembro. embora se mudasse a administração. em 25 de janeiro de 2003. guardiões e líderes da liberdade.indd 67 Introdução1 No início da década de 1990. attributing ideologically to this country the legitimate (and sacred) role as releaser/changer of the world. valores e mitos que constroem o messianismo americano. Nós enxergamos mais longe em direção do futuro3. declarou: Se nós temos de usar a força. antes do ataque ao Iraque. Na alternância do poder na Casa Branca não houve mudança de rumo em relação a esse projeto político. que “a missão da América é de natureza eterna”2. ao Haiti. Somos a nação indispensável. um estágio da política global comandada pelos americanos. the author identifies the historical messianic memories which can be observed in recent speeches of North-American government authorities. texto e cultura. Iraque. comissionados a policiar e transformar o mundo.67 O novo ‘Israel’: a construção da ideologia do messianismo americano Vanderlei Dorneles. The article also approaches the way in which the civilian dimension assumed by the Christian religion in the United States of America confirms the prophetic Adventist expectation. é porque somos a América. os interesses fundamentais da América não se alteram. Abstract: This article explores the roots of the expressions. o governo republicano de George Bush retomou o uso da expressão “nova ordem mundial”. Madeleine Albright.M. Nós exercitamos o poder sem vanglória e nos sacrificamos pela liberdade de estranhos. Em 1997. o democrata Bill Clinton assumiu o governo da maior potência político-militar e assegurou que. para justificar o lançamento de mísseis contra o Iraque. Sob seu governo. liberdade e busca da felicidade”. Bush. values and myths at work on the basis of the American messianic vision. em discurso no congresso americano. elaborados pelo pensador russo Iuri Lotman. Campus Engenheiro Coelho. SP. related to the participation of this country in the final crisis previewed in chapter 13 of the book of Revelation. então secretária de Estado. Unasp. text and culture. Taking the concepts of memory. Essa noção de que os americanos são superiores. manifestou-se ainda mais fortemente nos eventos recentes da guerra americana contra o terrorismo. farei uma breve revisão bibliográfica dos conceitos teóricos que embasam a compreensão da memória e da cultura como esferas simbólicas. 28/6/2007 14:09:10 . é um presente de Deus para a humanidade. entre democracia e barbárie. e de uma utopia. e valor incomparável. Talvez só Roma. quando os americanos se surpreendem com as ações belicistas de Parousia 1s2007. A ambição de desempenhar um poder grandioso no palco mundial tem raízes profundas na personalidade americana. A liberdade que temos não é um presente da América para o mundo. que mantém um ideal e um sonho de restauração da condição humana9. que articula e gera uma infinidade de textos8.indd 68 seus governos. que sabe que a liberdade é um direito de cada pessoa e o futuro de toda nação. desde os pais peregrinos. Bush reiterou: Nós proclamamos que todo homem e toda mulher nesta terra têm direitos. A essa revisão. especialmente em contextos de guerra. estão crendo num mito de que a América é isolacionista e pacífica. O messianismo americano é um sistema de valores e mitos que remontam às origens dessa cultura e aos pais fundadores. no sentido de que cimenta o tecido social e dá sentido e coesão. O messianismo americano se evidencia em cerimônias públicas. de um sistema da cultura. para motivar soldados e para lembrar o papel da América como guardiã da liberdade humana. e dignidade. E ela aquece aqueles que sentem seu poder. os Estados Unidos já despontavam para seus líderes como um “Hércules no berço”. É usado para legitimar ações violentas. de uma identidade. em discursos oficiais. defende que. Inicialmente. “embrião de um grande império”6. os americanos sempre tiveram a convicção de que sua nação tinha um destino grandioso.. De onde são tirados os termos específicos que constroem o messianismo americano? Em que contextos históricos esses valores e mitos foram propostos? Que memórias históricas são remontadas nas falas e discursos dos recentes governantes? Em que textos da cultura americana e em que momentos essa mentalidade foi gestada? E que implicações o messianismo impõe à religião cristã dos pais fundadores? Neste artigo. Evidenciam um claro messianismo.5 As palavras de Clinton e Albright. entre liberdade e absolutismo.1º semestre de 2007 Os americanos são um povo livre.68 / Parousia . bem como as de Bush. como um novo Israel. cujo objetivo é legitimar e sacralizar o poder imperial. que dá um modo de ser ao americano. porque eles trazem a imagem do Criador do céu a da Terra. nós acendemos uma chama também.. O resultado dessa crença é o nosso impulso para transformar países que não se alinham conosco. Aqueles que nos ameaçam o fazem porque não são democráticos. queima aqueles que combatem seu progresso. na Antigüidade. a América sempre foi um poder expansionista e que esse impulso está no DNA americano. A cura está na mudança de suas formas de governo. uma chama na mente dos homens.. O messianismo parece assumir contornos de uma ideologia. as respostas para estas questões são buscadas a partir da ótica dos conceitos de memória.] O mundo precisa ser transformado para se tornar mais seguro: essa tradição de pensamento é muito forte entre nós7. maior representante da chamada semiótica10 da cultura. essencial para a compreensão do tema. texto e cultura. esse messianismo sedimentou-se como uma ideologia. O americano Robert Kagan. atingimos um pináculo na história da civilização. e . em 20 de janeiro de 2005. e um dia esse fogo indomável da liberdade vai atingir os recantos mais obscuros do nosso mundo. Desde a independência.4 No discurso de posse para o segundo mandato. Para Kagan. Ele declara ainda: Com nossa forma de governo democrática. o qual os americanos se sentem chamados e legitimados a exercer em relação ao restante do mundo.. um dos ideólogos da extrema direita americana. e mesmo antes. propostos pelo pensador russo Iuri Lotman.] Com nossos esforços. [. Esse messianismo coloca as guerras americanas como parte de um vasto conflito entre o bem e o mal. cultivasse uma concepção semelhante de seu papel civilizador. Ao longo da história americana. se seguirá uma inicial reconstrução da memória do messianismo americano... os quais constituem o próprio âmago da cultura americana. dão eco a valores e mitos de natureza religiosa. [. compõe-se de sentenças. Os textos estão dispostos Parousia 1s2007. obras de arte. então a “história intelectual da humanidade pode ser considerada uma luta pela memória”14. “a cultura é uma inteligência coletiva e uma memória coletiva”12. A noção da cultura como um sistema facilita a compreensão dos processos culturais ao propor que os textos da cultura estão em constante interferência e entrecruzamento. o messianismo foi construído ao longo dos séculos. Memória e textos da cultura Lotman propõe uma visão sistêmica da cultura. uma vez que se constitui a partir da sucessão de uma diversidade de textos como discursos. Ela tem uma natureza textual. O messianismo americano deve ser visto como um sistema da cultura. no nível da memória coletiva. Darei atenção também à dimensão civil assumida pela religião nesse contexto. o que “esquecer” e o que “lembrar” pode ser definido em função de uma ideologia ou de um sistema dominante da sociedade. transmite e gera textos. O que distingue a semiótica russa é sua ênfase sobre o caráter orgânico-estrutural da cultura. Mas. Se cada cultura define o que se deve “preservar” e “esquecer”. livros. de forma que textos atuais são sempre influenciados e modelizados pelos antigos. produções cinematográficas. entre outros. Para Lotman. livros. que obedece a paradigmas definidos pela própria cultura. Assim. A memória é o ambiente onde os textos antigos são conservados e de onde se articula sua influência. Essa luta é travada principalmente por mecanismos como igreja. Segundo Lotman. O iluminismo europeu do século 18 foi um dos sistemas mais poderosos da cultura da Idade Moderna16. O messianismo americano Os valores que impulsionam e alimentam o projeto de poder americano remontam à fundação da América. que vão gerar novos textos constantemente15. “as partes não entram no todo como detalhes mecânicos. narrativas.indd 69 na memória sob uma hierarquia. tecido). documentos e discursos históricos são considerados “textos da cultura”. O artigo sugere uma reflexão sobre como esse fenômeno reforça a expectativa profética adventista acerca do papel da América na crise final prevista em Apocalipse 13. mas partes de um todo. conservar) e do que se deve esquecer”13. Sua escola cultural tem um conceito bastante amplo de “texto” (do latim textu. Como um sistema da cultura.O novo ‘Israel’ / 69 como uma ideologia e um sistema da cultura. os filmes. Esse sistema se compõe de textos que projetam os Estados Unidos como nação eleita. etc. seu descobrimento e mesmo ao impulso messiânico e missionário que marcou a Europa nos séculos 15 e 16. expressões. Os discursos dos presidentes americanos. São sistemas da cultura as grandes narrativas que produzem uma multiplicidade de textos e que conservam na memória seus valores mais predominantes. juntando fatos históri- 28/6/2007 14:09:10 . educação. filmes. Tudo que é tecido. estado. isto é. sociedade civil e (hoje) a mídia. nada se esquece para sempre e nada se lembra para sempre. mas como órgãos de um organismo”11. os filmes de Hollywood e a literatura americana mantêm elementos comuns porque estão interligados como partes de um sistema cultural. Memória é um reservatório que conserva. no interior da memória. Este é o princípio que determina os textos a serem “lembrados” e aqueles a serem “esquecidos”. sintetizado. Os paradigmas articulados por forças dominantes da memória coletiva sedimentam sistemas culturais. Por causa da interligação entre os diversos elementos culturais. na qual os textos não são peças isoladas. produzido pela mente e que trata da condição humana constitui-se num texto da cultura. É a acumulação de textos que constrói a memória de uma dada civilização. Literatura. possuidora de um “destino manifesto”. Nesse sentido. imagens. peças musicais. “cada cultura define seu paradigma do que se deve recordar (isto é. textos jornalísticos e discursos oficiais mantêm ligações entre si. uma vez que a cultura é viva e dinâmica. São textos que preservam valores e que construíram uma estrutura de significados que tendem a se reproduzir constantemente. O impulso messiânico contagiou originalmente o marinheiro. retalhos de narrativas. vou dar atenção ao surgimento do conceito da América como “novo mundo”. da mesma corrente milenarista de Colombo. Na exploração do fenômeno. “acreditou na existência de um continente que ainda não conhecia a mensagem de Jesus Cristo”17. a qual era proibida pela ortodoxia romana e que persistiu na clandestinidade. O Apocalipse funciona aqui como um texto da cultura. esses elementos diversos carregados de valores e mitos foram sendo decantados para a construção de uma memória coletiva. Achar esses lugares foi para Colombo “signos 28/6/2007 14:09:10 . recortes de falas e discursos de líderes e governantes. Sob a influência de forças políticas e religiosas. a menos que guiado pela vontade divina”. que conserva crenças e valores. a religião que sacraliza o estado. Em 1494. vou abordar em que consiste e de onde se tirou da idéia da América como “nação eleita”. A partir desta seção. que visitara Salomão. Essa vocação é auto-proclamada. como consta da obra novelesca de Umberto Eco. que baseado em mapas antigos atribuídos a Paolo del Pazzo Toscanelli e de confidências de antigos marinheiros. Colombo e os milenaristas do século 15 acreditavam terem encontrado um “espaço novo”. Parousia 1s2007. verdadeiras ou não. Colombo escreveu que “ninguém poderia encontrar esse paraíso terrenal. O novo mundo Buscando as primeiras manifestações desse fenômeno.1º semestre de 2007 cos. onde se ergueria a “nova Jerusalém” (Ap 21:1-2). preservado na memória. Para esses franciscanos milenaristas. e suas implicações para a religião cristã. ao longo dos séculos. foram se entrecruzando na sedimentação de uma memória para a América que lhe confere o status de um novo Israel. ele me indicou o lugar onde encontrar”20. A evangelização deste “novo mundo” contou com uma primeira leva de missionários franciscanos. no período do “descobrimento”. de modo que a religião foi levada para o espaço público sem interferência no princípio de separação entre igreja e estado. acreditou ter alcançado o Éden. O uso do adjetivo “novo” para referir-se à América recém-descoberta liga as crenças milenaristas européias ao Apocalipse de João. Quando Colombo chegou às Antilhas. essa vocação messiânica reconfigurou o papel da religião na política americana. Era um franciscano e fora influenciado pelas teorias milenaristas de Joaquim de Fiore.70 / Parousia . Cria que a corrente do Golfo era formada pelos “quatro rios do paraíso”. em que o futuro reino de Deus é descrito como a realização de “novo céu” e “nova terra”. vou explorar no panorama histórico americano trechos. possibilitando “o início do Apocalipse e a renovação do mundo”19. Em seguida.indd 70 Historiadores têm descrito Colombo como um híbrido de ingenuidade. e origem dos reis magos. ou novo Israel. vou falar do conceito de religião civil. de discursos e da literatura que. retalhos e recortes de falas. tinha também arroubos de um iluminado. que conduziria à conversão dos pagãos e à derrota do anticristo. encontramos a figura histórica de Cristóvão Colombo. O Nome da Rosa18. um “novo mundo”. Ambicioso. da qual havia falado o Apocalipse de São João. onde se daria a propagação do evangelho. a partir da posse de certos valores bíblicos. de quem se dizia discípulo. o novo mundo “devia ser o paraíso perdido de que falam as escrituras”. depois de me haver falado pela boca de Isaías. e influencia a leitura dos fatos. e cujas profecias ele confessou terem-no impulsionado em sua aventura pelo Atlântico. Ele escreveu: “Deus me fez mensageiro de um novo céu e de uma nova terra. Chamo de messianismo americano uma vocação de natureza religiosa assumida pela América em relação ao restante do mundo. Ao longo dos séculos. credulidade e ousadia. Colombo chegou à Jamaica e creu ter encontrado o “reino de Sabá”. Em seguida. gente pobre. foi a publicação de uma pequena obra chamada “Nova Atlântida”. agora estamos em terra. O renomado historiador americano Robert R. liderados por John Robinson. no século 17. Os primeiros colonizadores a chegarem a essa terra se consideravam predestinados e tinham a Europa como excessivamente decadente para o triunfo da Reforma. Em terra. A colonização representava para a Inglaterra um meio de descarregar no novo mundo tudo o que não fosse mais desejável no Velho. mulheres sozinhas. sua não-exploração até o século 17 também se deveu a fatores místicos. Ali o homem não poderia chegar.O novo ‘Israel’ / 71 inequívocos do final dos tempos e da renovação do Cosmos”21. A despeito de toda a mística envolvendo a descoberta de Colombo. viciados. Os navegadores de Bacon retratam a situação de desterro e exílio dos protestantes europeus. Essa foi uma massa de colonos constituída de analfabetos. desordeiros. essa colonização estava a caminho. o “novo mundo” não foi colonizado até o início do século 17. órfãos. Trata-se de uma ficção. Se a descoberta do “novo mundo” por Colombo teve uma motivação mística e espiritual. comprometendo-se a seguir “leis justas e iguais”23. religiosos de formação escolar desenvolvida. Derivado de “occido” (morrer. No entanto. Um desses grupos chegou a Massachussetts em 1620. Parousia 1s2007. o Mayflower. alusão à morte e ressurreição de Cristo. que dá eco aos valores e à visão de Colombo acerca do novo mundo. onde o precipício se abriria diante dos navegadores. Bacon descreve uma sociedade secreta chamada “Casa de Salomão”.indd 71 Além do êxodo rural britânico. os Estados Unidos da América eram a grande esperança dos europeus iluministas. seguramente. sucumbir). porque estamos além do Velho e do Novo Mundo. A idéia de uma terra fértil e abundante. entre outros. Uma espécie de milagre nos trouxe aqui e só algo semelhante nos pode levar de volta24. com diversas referências aos evangelhos e com forte linguagem escatológica. que haviam perdido a esperança no próprio continente e consideravam a América o único local 28/6/2007 14:09:10 . e só Deus sabe se voltaremos a ver a Europa. está presente nesta terra”. o Ocidente estava para além das colunas Hércules. outro fator que impulsionou a colonização do novo mundo. Os personagens de sua história chegam à Atlântida e se dedicam a um rito iniciático de “purificação de três dias”. A crença de um novo mundo. Era preciso alcançar um novo mundo e fazer tabula rasa. mas nos encontramos entre a vida e a morte. quando já nos considerávamos sepultados nas profundezas do mar. Mas. o que impulsionou muitas levas de religiosos para o novo mundo. William Brewster e William Bradfort. um mundo imenso e a possibilidade de enriquecer a todos era um poderoso ímã sobre essas massas22. Mas houve outro grupo interessado em deixar a Europa em busca de uma terra de sonhos. em homenagem ao navio que os trouxe do velho mundo. assim como Jonas o foi ao ventre da baleia. ao nascer. os visitantes da Atlântida declaram: “Deus. e a redescoberta do paraíso perdido. Tal descoberta era possível desde os primórdios da navegação fenícia. Em 21 de novembro desse mesmo ano. em 1626. “Ocidente” era a “terra da morte” para os antigos. eles firmaram o chamado “Mayflower compact”. e ainda: Examinemos nossa situação e nós mesmos. os quais a memória histórica consagrou como “os peregrinos” (pilgrims). alimentou os sonhos e as fantasias messiânicas dos colonizadores da América e mesmo dos iluministas. com a intensificação do êxodo rural na Inglaterra no século 16. do Éden de onde Adão e Eva foram expulsos. do então falecido Francis Bacon. A perseguição religiosa era uma realidade constante na Inglaterra nos séculos 16 e 17. Esses “pais peregrinos” considerados os fundadores dos Estados Unidos levaram com eles a imprensa e o puritanismo25. ideal e científica. Somos homens atirados a terra. abençoado por Deus. Palmer afirma que. enchendo as cidades de gente sem recursos e sem instrução. os puritanos tiraram a idéia de que Deus lhes havia chamado para um missão de natureza universal? A origem dessa crença remonta ao início da Reforma na Inglaterra. Parousia 1s2007. Nova Orleans (1718).indd 72 Em 1776. Também ecoando as crenças de Colombo. manifesta-se em diversos nomes. os Estados Unidos se tornaram uma nação independente. A noção de estado. mantinha que o objetivo do contrato imaginário entre o Estado e a população era o de garantir os “direitos naturais do homem. de restauração pela América em contraste com a decadente Europa. a felicidade e a prosperidade”30. cerca de um quarto do atual território. um lugar predestinado “a dar certo e a se tornar um exemplo de virtude para o resto do mundo”27. e depois “Nova Ordem Mundial”. Os conceitos de “novo” em contraste com o “velho”. Em 1630. Os fundadores criam ter obtido por dádiva divina a “terra prometida”. redigido por Thomas Jefferson: Todos os homens são criados iguais. entre estes a vida. eles criam que ali o “Senhor estava criando um novo céu e uma nova terra”. nascido numa família protestante. dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis. separando a Inglaterra do Vaticano.72 / Parousia . Esta terra. Era uma igreja da Inglaterra. no século 18. no século 16. A independência das colônias foi influenciada por autores iluministas. O novo Israel De onde. a felicidade e a glória devem propagar-se de forma pacífica. 28/6/2007 14:09:11 . Oregon e territórios antes pertencentes ao México. Nos 100 anos seguintes. mas principalmente pelo inglês Jonh Locke. para possuir a “terra prometida”. um espírito de renovação e de restauração. chegaram à América o advogado britânico John Winthrop e mais 700 pessoas. dirigida pelo estado. inscrita no grande selo que ilustra as cédulas de 1 (um) dólar. no entanto. Para divorciar-se de Catarina de Aragon. povo peculiar. no entanto. Julgavam estar se retirando de uma terra decadente dominada pelo vício. tornado-se o quarto maior país do mundo. O impulso do “novo”. Nova Hampshire (1638). e estabelecida poucos anos depois de Lutero ter iniciado a Reforma na Alemanha. Louisiana. mas eram um pequeno país verticalmente entre o Maine e a Flórida e horizontalmente entre o Atlântico e o Mississipi. A essas idéias de renovação também estiveram vinculados os ideais de liberdade e soberania popular. a liberdade. esse território cresceu incorporando a Flórida. a liberdade. de onde derivou a idéia de progresso indefinido e de trabalho transformador. John Eliot anunciava “a aurora e o surgir do Sol do evangelho na Nova Inglaterra”28. Os mesmos ideais embasam o texto da Constituição Americana. um impulso messiânico. em 1521. como acreditou Colombo. na criação da Igreja Anglicana. só se poderia alcançar por meio de sofrimento e trabalho. Na fundação de Massachussetts (1628).1º semestre de 2007 “onde a razão e a humanidade poderiam desenvolver-se com mais rapidez do que em qualquer outro lugar”26. o rei Henrique VIII teve de criar a Igreja Anglicana. a liberdade e a procura da felicidade”29. com uma constituição moderna. desenvolvida por Locke. O evangelista dos índios. e se fortaleceram ainda mais pela associação com a crença da América como nação eleita. como Nova Inglaterra (1579). lançaram as bases para o maniqueísmo americano e ainda para o culto à juventude31. acalentados pelos peregrinos protestantes que deixavam a Europa rumo à “terra prometida”. Nova Jersey (1776). onde a ciência. permeou a fundação dos Estados Unidos. todas adeptos do puritanismo. Texas. Desta forma. Nova Iorque (1625). restaurando o paraíso do Gênesis. Nova Escócia (1713). George Washington assegurou: Os Estados Unidos são a Nova Jerusalém destinados pela Providência a ser um lugar em que o homem alcance seu pleno desenvolvimento. textualmente derivado do Apocalipse. alguns destes comprados outros tomados. os puritanos passaram a ver a si mesmos como o próprio povo escolhido. como o fizera aos israelitas.”32 O encanto de Tyndale com a questão do pacto e principalmente com as conseqüências de a nação eleita quebrar o pacto o levou a entender que “o tema central das Escrituras é o pacto que Deus firmou com seu povo” 33. “Ali ele encontrou o relato de que Deus fez um pacto com seu povo escolhido. Em meio à perseguição. e iniciou a tradução do Novo Testamento para o inglês.indd 73 Segundo Charlie Pardue. Para Hughes. o que lhe valeu o nome de “Maria Sanguinária”37. os puritanos se fortaleceram na idéia da predestinação de Calvino e mantiveram a noção de pacto nacional de Tyndale. o que na sua teologia unia religião e estado. caso se afastasse de sua vontade. e erguer uma igreja conforme as normas bíblicas”. pois pregavam a liberdade de mercado e eram contra o absolutismo39. a visão de Tyndale acerca do pacto criou um terreno fértil em que “a noção de eleição germinaria lentamente até desabrochar plenamente nos Estados Unidos”35. um hábito e um objeto de suas atenções diárias. As mudanças sociais e as perseguições aos protestantes no sentido de restabelecer a fé católica levaram ao surgimento de focos de resistência. eles não abandonaram o modelo de uma igreja estatal”. se não constituísse uma teocracia. Já o seu sucessor. Em 1553. Quando a Reforma se difundiu em conseqüência do reinado do jovem monarca.O novo ‘Israel’ / 73 Antes disso. Mais tarde. matou 300 protestantes. Na América. “os primeiros puritanos viam a religião como uma lei”. Tendo saído da Inglaterra para o novo mundo. Hughes. ou faria coisa pior”40. As primeiras colônias fundadas no novo mundo aceitavam a religião com uma lei. Deus retiraria a bênção da eleição Parousia 1s2007. Para Hughes. Muitos protestantes fugiram da Inglaterra. porque isso lhes tinha sido negado em seu país de origem e causado sua perseguição”42. quando este tinha apenas nove anos. o rei James I quis implantar o absolutismo na Inglaterra. o que o levou a ser comparado ao rei israelita Josias. o que levou os puritanos de orientação calvinista a uma situação ainda mais dramática. o rei Henrique foi sucedido por seu filho Eduardo VI. Segundo o historiador americano Richard T. A linguagem de Tyndale deixava subentendido que Deus tinha escolhido a Inglaterra como ao antigo Israel. decidida a reconduzir a Inglaterra para a igreja de Roma. Eles viam a morte dos crentes piedosos como uma maldição e se lembravam da alegação de Tyndale de que. o bispo inglês William Tyndale tinha ido à Alemanha estudar com Lutero.41 Em 1547. e a Inglaterra como o antigo Egito. chamando-os de heréticos. a idéia da Inglaterra como nação eleita de Deus ficou bem cimentada na consciência nacional36. Maria Tudor assumiu o trono inglês. mas que “os ingleses estavam quebrando esse pacto”. os puritanos tinham uma última carta a jogar: “Eles poderiam escapar para a América [recém-descoberta]. “embora os puritanos quisessem remover da fé qualquer coisa católica e retornar para uma igreja bíblica. As traduções bíblicas de Tyndale “plantaram no subconsciente da Inglaterra a idéia do pacto nacional”34. de sobre a nação inglesa. Tyndale ficou especialmente impressionado com o tema do pacto. de onde Deus os livrara da perseguição. e eles não viam como uma nação poderia permanecer eleita. Eles desenvolveram uma noção de estado permeada pelos valores da religião. Retomando a inquisição. inclusive por suas tentativas de conduzir a Inglaterra de volta para Deus. durante a tradução de Deuteronômio. chamados de “puritanismo”. Os puritanos estavam determinados a recolocar a Igreja Anglicana nos moldes antigos revelados na Palavra de Deus. que publicou em 1526. porém.38 Foram perseguidos durante todo o reinado de Elizabeth I. que se estendeu de 1559 a 1603. diante das dificuldades. 28/6/2007 14:09:11 . O rei declarou então que “faria com que os puritanos se conformassem ou oprimi-los-ia para saírem do país. Tyndale publicou sua versão inglesa do Pentateuco. eles se sentiam comissionados a exercer um papel restaurador frente aos outros povos. A predestinação constitui a substância real do protestantismo [calvinista]. que emigraram para a América ou lá se formaram. As mesmas crenças ecoaram mais de cem anos depois em discursos oficiais. em contraste com os europeus. em 1812 pelo Canadá e pela Flórida. em 4 de julho de 1776. E as seitas evangélicas. o vínculo entre Deus e os homens”. em 1846-47. como os “antigos israelitas. contra o México. daqueles que criam estar em comunhão direta com Deus e ter alcan- Parousia 1s2007. a crença de que os Estados Unidos são a nação eleita de Deus. autor do clássico Moby Dick.1º semestre de 2007 Tinham em altíssima conta que constituíam o “novo Israel”43. somos 28/6/2007 14:09:11 . ao narrarem suas experiências. sobretudo o chamado “destino manifesto”45. no século 18. Os ideais de renovação e o messianismo alimentavam o espírito de expansão. passou a considerar-se o mediador. uma vocação messiânica “marcou a formação e impregnou a cultura” americana. os puritanos criam ter recebido direito e força divinos para exterminar os índios de sua Canaã44. fundamentalista. pastor da Primeira Igreja em Haverhill. com o mote “guiado por uma nuvem durante o dia e por uma coluna de fogo à noite”49. o novo Israel. eles foram perseguidos na Inglaterra. para atribuir ao povo americano o destino manifesto de expandir suas fronteiras e a missão de guiar a humanidade. Assim. Crentes de que eram fiéis a Deus. Em 1799. John Adams. Jefferson propôs uma criança de Israel no deserto. nos séculos 18 e 19. “O sentimento de grandeza e superioridade conformou desde os primórdios parte da identidade dos Estados Unidos”46. na nova terra. Abiel Abbot. americanos. Esse pacto bíblico entre Deus e os israelitas inspirou o pacto firmado entre si pelos peregrinos à bordo do Mayflower. eles atravessaram o longo e tenebroso Atlântico. Apoiavamse nas afirmativas bíblicas. E tal como Deus dera força a Josué para expulsar os antigos habitantes da terra de Canaã. a idéia de que Deus tinha dado aquela terra aos peregrinos. A crença de uma eleição divina esteve na base das guerras americanas ao longo dos séculos. que é resignificado pelos puritanos. desenvolveram um protestantismo peculiar. como os hebreus atravessaram o deserto do Sinai. A narrativa bíblica se reproduz em novos textos. No contexto do nascimento da república americana. mas. que deviam possuí-la como o povo de Israel possuiu pela força a antiga terra de Canaã. Franklin propôs um desenho de Moisés erguendo seu cajado e dividindo o Mar Vermelho enquanto Faraó era coberto pelas águas. Presidentes americanos como George Washington e Thomas Jefferson acreditavam que os Estados Unidos tinham um papel mundial. como os hebreus. ao buscar inspiração na Bíblia. na fala dos peregrinos. Benjamin Franklin e Thomas Jefferson formaram o comitê de delegados pelo Congresso Continental. como se fosse o povo eleito por Deus47. em 1850. como a guerra contra a França em 1790 para obter territórios espanhóis. Massachussetts. os puritanos receberam a indicação e a herança divina da nova terra. declarava que “o povo dos Estados Unidos tem mais proximidade e paralelo com o antigo Israel do que qualquer outra nação sobre o globo”50. na sedimentação de uma memória coletiva.74 / Parousia . escreveu: “Nós. para lançar o desenho do selo dos Estados Unidos. e repetiam com freqüência esses ditos: assim como os hebreus no Egito. Aqui o relato do Êxodo assume a função de um texto da cultura. desde os primórdios. “O povo americano. Essa leitura do Êxodo por parte dos fundadores puritanos lançou raízes profundas na memória americana. do mesmo modo que os israelitas.indd 74 çado o estado de graça. levando o progresso aonde quer que fossem”48. representando uma ordem social mais elevada. com o mote: “Rebelião aos tiranos e obediência a Deus”. entregues ao vício e à decadência. O escritor americano Herman Melville. que se diferenciava e ao mesmo tempo se identificava com a forma do judaísmo. E vai continuar a produzir outros textos na composição do sistema da cultura norteamericana que sustenta o messianismo. uma ‘raça escolhida’. era tão forte que foi tema das principais propostas para o selo americano. traduzidas por Tyndale. se assegura que se o povo de Israel for fiel a Deus e ao pacto. A eleição de Israel como povo peculiar deve ser vista à luz do pacto firmado por Deus com Abraão. e te abençoarei. a nação. o Senhor.O novo ‘Israel’ / 75 o povo peculiar e escolhido – o Israel dos novos tempos. a religião foi adaptada ao espaço público. o Senhor desapossará todas estas nações. nem Deus é o Deus da Bíblia. Este pacto entre Deus e Abraão e depois entre Deus e Israel. o povo americano arroga todas estas prerrogativas. Essa vocação messiânica assumida pelos americanos apoiou-se inicialmente na promessa do Apocalipse de um “novo mundo”. O filósofo francês tinha uma visão funcionalista da religião no sentido de sacralizar o dever e a lei. publicado em 1762. previdente e provisora. depois estendeu-se até o pacto com Abraão e ao Êxodo. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem. em Do Contrato Social. limitoos a um só: a intolerância.52 28/6/2007 14:09:11 . Nesse processo de construção da memória. vosso Deus.indd 75 ligião veio sedimentando uma memória para a América. Disse o Senhor a Abrão: sai da tua terra. por conseqüência. os dogmas positivos. e (4) que Israel tinha a posse da terra prometida e a missão/direito de trabalhar pela transformação das outras nações. ocorre a partir de uma seleção das fontes bíblicas. pelo menos não de toda a Bíblia. a santidade do contrato social e das leis”. até o mar ocidental. recémlibertados. Após 400 anos no Egito. como uma nação escolhida com um papel messiânico. De que se constitui essa religião? Sob que implicações o cristianismo é moldado ao espaço público de uma nova ordem? Que tipo de religião o messianismo americano tem como seu fundamento? A seção seguinte propõe respostas a essas questões. guardando sua lei. o castigo dos maus. Todo lugar que pisar a planta do vosso pé. da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei. (3) que todos os que estivessem contra Israel estariam contra Deus e seriam amaldiçoados. inteligente. e te engrandecerei o nome. nós carregamos a arca das liberdades do mundo”51. Ninguém vos poderá resistir. embora os puritanos fundadores fossem protestantes crentes na justificação pela fé. será vosso. dado por herança aos israelitas. a religião não é mais o cristianismo. Um sistema dominante opera por trás do cenário histórico e determina o que do texto bíblico deve ser lembrado e resgatado e o que deve ser esquecido. “Quanto aos dogmas negativos. Segundo ele. uma terra que “mana leite e mel” (Nm 13:27). em ti serão benditas todas as nações da terra (Gn 12:1-3. Moisés tirou Israel de lá. porá sobre toda a terra que pisardes o vosso terror e o vosso temor (ênfase nossa). A religião civil americana O conceito de religião civil foi originalmente proposto por Jean-Jacques Rousseau. a felicidade dos justos. os dogmas de uma religião civil devem ser poucos e simples. Em Deuteronômio 11:22-25. desde o Líbano. benfazeja. desde o rio. sob a direção divina para atravessar o deserto do Sinai em direção a Canaã. tanto quanto possível sem prejuízo do princípio de separação entre igreja e estado. essenciais para a sociedade. estabelece que a eleição implicava: (1) que o povo de Israel era superior espiritual e moralmente em relação ao mundo. ou um novo uso dela. os pais fundadores e. o rio Eufrates. o uso da noção da eleição divina e dos valores da re- Parousia 1s2007. O que aparece é uma nova religião. O messianismo americano é construído praticamente sem uso dos evangelhos. ênfase nossa). desde o deserto. A formação de uma memória coletiva e de uma identidade que projetam os Estados Unidos. e possuireis nações maiores e mais poderosas do que vós. a “religião civil”. assumem um ideal e uma missão perante o mundo. Ao longo de cinco séculos. Nesse espaço. um paraíso. sem menção à nova aliança e sem referências a Jesus Cristo. de ti farei uma grande nação. Ao se considerar o novo Israel. (2) que todas as nações teriam sua chance de bênçãos somente pelas mãos de Israel. Na comparação com o Israel bíblico. a vida futura. um Éden restaurado. diretos: A existência de Divindade poderosa. Na primeira ele diz: “Eu jurei diante de vocês e do Deus Todo-Poderoso o mesmo juramento que nossos antepassados fizeram há quase dois séculos. há.76 / Parousia . um dos redatores da Declaração de Independência dos Estados Unidos. dão a forma e o tom da religião civil. quando a religião participa da Parousia 1s2007.1º semestre de 2007 Esse mesmo conceito ecoa nas palavras de Benjamin Franklin. que preside o conselho das nações. mas como “uma subordinação da nação a princípios éticos transcendentes. mas da mão de Deus”. bem como da inclusão da frase “Under God” (sob Deus. mas sem a representação de credo. em 30 de abril de 1789. na qual há quatro referências a Deus. Esta dimensão religiosa pública é expressa na forma de crenças. Para entender a religião civil na América. E estes elementos têm cumprido um papel crucial no desenvolvimento das instituições americanas e ainda provê uma dimensão religiosa para a estrutura da vida americana como um todo. com o povo. Kennedy não se refere a uma religião particular. “aqui na terra a obra de Deus deve ser a nossa própria obra”. recompensada aqui ou no porvir. como apontaram alguns de seus críticos. Ele fez referência ao conceito de Deus. Analisando as palavras de Kennedy. certos elementos de orientação religiosa que a grande maioria dos americanos compartilha. símbolos e rituais que eu chamo de religião civil americana. que quase todas as pessoas aceitam e encaram de forma diversa. Bellah questiona: Se considerarmos o princípio de separação entre igreja e estado. ou a Moisés. George Washington também repete a mesma noção em seu discurso inaugural. ou à igreja cristã. incluindo a esfera política. ele também não se refere à sua Igreja Católica. e de que o crime deve ser punido e a virtude. as obrigações dos presidentes se estendem não só ao povo. essa separação não vai contra o uso da dimensão religiosa na política. Na teoria política americana. Kennedy se refere a Deus três vezes56. como um presidente justifica o uso da palavra Deus em seu discurso? Certamente. acima da possibilidade de julgamento”. os conceitos propostos por Robert Bellah.indd 76 política. Por fim. 28/6/2007 14:09:11 . ou sob as ordens de Deus) na bandeira. O artigo cita o discurso inaugural do ex-presidente americano John Kennedy. as falas e os atos dos pais fundadores. de que nossas almas são imortais. A segunda é a de que “todos os homens são formados por seu Criador com certos direitos inalienáveis”. explicitamente a soberania final é atribuída a Deus59. ao mesmo tempo. de que ele fez o mundo e o governa por sua Providência. embora ele não tenha chamado isso de religião civil: Eu nunca duvidei da existência de Deus.57 É nesse espaço que surge o conceito de religião civil. Bellah define: Embora o assunto de crença. Com isso. em 20 de janeiro de 1961. Essa motivação ecoa na Declaração de Independência. naturalmente. “os direitos do homem não vêm da generosidade do estado. em seu célebre artigo “Civil Religion in America”55 são essenciais. especialmente os presidentes. A cerimônia de posse de um presidente é um importante evento dessa religião58. Bellah afirma que o juramento é feito diante do povo e de Deus. Não se refere a Jesus Cristo. que é baseada tanto no direito natural clássico quanto na religião bíblica60. Thomas Jefferson coloca a legitimação da nova nação na concepção da mais alta lei. como o primeiro presidente americano: Seria muito impróprio omitir neste primeiro ato oficial minha fervente súplica ao Todo-Poderoso Ser que mantém o universo. a soberania permanece. Este é o significado do mote “In God we trust” (em Deus nós confiamos).53 Comparando as palavras de Rosseau e Franklin. de que o mais aceitável serviço para Deus é fazer o bem aos homens. conclui-se que “a religião civil que os fundadores [americanos] estabeleceram era em essência um reflexo de seus próprios ideais iluministas”54. mas implicitamente e. freqüentemente. mas a Deus.” Depois.61 Para Bellah. Além da Constituição. Ele concebe a religião civil “não como uma forma de auto-adoração nacional”. adoração e comunhão seja considerado estritamente privado. lei e direitos do que com salvação e amor. Aqui a analogia tem muito menos a ver com o direito natural do que com o antigo Israel62. os americanos fizeram dessa religião uma espécie de “totem”. seus valores e mitos se reproduzem indefinidamente. por meio do nacionalismo63. em concerto especial com a América. embora derive do cristianismo. Tudo feito em nome de Deus64. de forma a tornar o messianismo uma vocação atrativa e convincente. santificou a escravidão. É um enredo simples. Pastoral americana e Casei com um comunista. não é o próprio cristianismo. Nos anos 1850. [. militarismo. cristalizou-se como uma ideologia. no sentido de que “os valores e virtudes da nação que chamamos de América são colocados diante de nós como religiosos”. Essa narrativa decantada construiu uma memória sólida67. Segundo ela. Esses valores e mitos messiânicos transformaram-se ao longo das décadas em forças históricas. A força desses mitos sobre a cultura americana é objeto da reflexão do escritor Philip Roth.] Ele está ativamente envolvido com a história. Nem qualquer outro depois deles. Roth compõe um quadro da 28/6/2007 14:09:11 . plantando a idéia de uma nação eleita com uma missão divina. Ellen G. Talvez também explique por que. mas uma vocação presente no DNA americano. que escaparam da perseguição na Europa. confirmando que o impulso e a ideologia do messianismo remonta à fundação dos Estados Unidos. O Deus da religião civil não é só “unitariano”. eles fundaram uma nação livre e assumiram a missão de levar ao mundo os valores divinos de liberdade e felicidade. sugere que desde o início a nação já possuía um destino profético. Sugere também que o pendor da América para o controle das demais nações e para a restrição da liberdade não é resultado de uma convicção momentânea. o individualismo. guerra nuclear. a vocação para o exercício do poder frente às demais nações não é um desenvolvimento recente na história da América. Para Pardue. com pretensões a verdades absolutas. ele tem também uma face severa.O novo ‘Israel’ / 77 Essa religião civil. tenha sido uma novidade no campo do estudo do Apocalipse. como a “besta” de dois chifres (Ap 13:11-18) e a “imagem” da besta (Ap 14:9-11)65. Ele critica ainda que essa religião transformou a liberdade numa tirania. os adventistas sabatistas já viam o destino histórico dos Estados Unidos da América numa perspectiva ampla.. embora idealizado por protestantes crentes na justificação pela fé e no futuro reino de Cristo. que determinam e legitimam as ações imperialistas. Mais tarde. Por que a religião civil se conecta a Israel e não à igreja cristã professada pelos pais peregrinos? Por que ela trata só com direitos e deveres e não com salvação? Por que fala de Deus e não de Cristo? A resposta a estas questões provavelmente atravesse os caminhos que aproximam americanos e judeus e que conduzirão a América a um regime de autoritarismo no futuro. Por algum motivo. no sentido de esta nação vir a desempenhar um papel crucial. em sua trilogia composta por A marca humana. consumismo. o projeto de poder da América não é para o mundo por vir. no século 19. White ampliou essa compreensão com a publicação de O Grande Conflito. nem Washington nem Adams nem Jefferson. O levantamento da memória americana. embora todos mencionem Deus. embora a interpretação adventista. Chamados por Deus para uma terra longínqua e fértil. ao longo dos séculos. nem Kennedy mencionam Cristo. mas para esta vida.indd 77 posições contrárias à Palavra de Deus nos últimos tempos66. e chegou a assumir o status de uma metanarrativa. Considerações finais Como demonstrado neste artigo. A memória histórica americana foi modelada. muito mais relacionada com a ordem. mas grandioso: os pais fundadores da América eram homens honestos e religiosos. Sintetizados a partir de importantes textos da cultura judaico-cristã.. constituindo-se num sistema da cultura. a nação americana vai desempenhar um papel escatológico em cooperação com o Vaticano numa campanha de intolerância e perseguição a fiéis que resistirem às im- Parousia 1s2007. não havia mais inimigos. os americanos lançam mão de seus mitos e proclamam seu messianismo. Referências Este texto é a descrição inicial de um fenômeno em estudo pelo autor na composição de uma tese doutoral junto à Escola de Comunicação e Artes.78 / Parousia . Na Guerra Fria. o comunismo. 29. ver Douglas Kellner. como um inimigo da raça humana. Entrevista com Robert Kagan.rug. demonizados como inimigos comuns da humanidade. “O país da guerra”. sistemas de significação. today we celebrate the mystery of American renewal”. Bush. “A liberdade não é um presente da América para o mundo. A utopia americana de uma nova ordem mundial. 2003). disponível em http://www. Em todas essas batalhas. SP: Edusc. como todo bom filho do Iluminismo. Do Paraíso e do Poder: os Estados Unidos e a Europa na nova ordem mundial (Rio de Janeiro: Rocco. construída por uma “nação eleita”. que eles passaram a combater. eis que um novo inimigo se apresenta: o fundamentalismo islâmico. em 20 de janeiro de 1993.htm. os americanos desenvolveram sua estratégia de poder global a partir da nomeação de um inimigo comum da humanidade. 14. Poderá ser um novo holocausto. contra os dissidentes? O Apocalipse diz que sim. Na Segunda Guerra Mundial. 96). Então.whitehouse. A Cultura da Mídia (Bauru. e da esperança dos bons. independentes da razão.html. discurso de posse do ex-presidente americano Bill Clinton. Fuser e D. no dia 25 de janeiro de 2003. 4 “President Delivers ‘State of the Union’”. e mantém a esperança da possibilidade de perfeição do mundo” (Kagan. incapazes de viver sem temor e sem esperança. na escalada americana pela construção da nova ordem mundial. Do Paraíso e do Poder. janeiro de 2006). 9 Para Kagan. “os Estados Unidos.whitehouse. proclama Bush. a filósofa judia Hannah Arendt declara que as massas modernas se caracterizam pela perda da fé no juízo final. 5 “President Sworn-In to Second Term”. 2 “My fellow citizens. nl/~usa/P/bc42/speeches/clinton1. 6 de dezembro de 2006. a América entrou num vazio de poder. e na tentativa de restaurar o paraíso na terra? Refletindo sobre os campos de concentração do nazismo. Veja. 3 I.1º semestre de 2007 vida americana em que pessoas de “grande vigor moral e intelectual são assoladas por forças históricas fora de controle”68.gov/ news/releases/2003/01/20030125. também retratado em seus textos culturais. Aventuras na História (São Paulo: Abril. no dia 20 de janeiro de 2005. mas um presente de Deus para a humanidade”. Quem será o próximo inimigo comum da humanidade. antes da invasão do Iraque. do conceito ou da idéia.gov/news/releases/2005/01/20050120-1. os homens são atraídos por qualquer esforço que pareça prometer uma imitação humana do paraíso que desejaram ou do inferno que temeram69. repressor da liberdade. 10 A semiótica (do grego semeiotiké ou “a arte dos sinais”) é a ciência geral dos signos. Ocupa-se do estudo do processo de representação. Bianchi. Em oposição à lingüística. do que decorre a perda do temor dos maus. promete ser a repetição da tentativa de se reconstruir o “paraíso perdido”. “O grande império americano”. discurso de posse do segundo mandato da presidência de George W. Durante o século 20. Bush. os americanos combateram e derrotaram o nazismo e o fascismo. que estuda todos os fenômenos culturais como se fossem sistemas sígnicos. 7 Carlos Graieb.indd 78 Robert Kagan. 1 Parousia 1s2007. na natureza e na cultura.html. disponível em http://www. isto é. nos atentados de 11 de Setembro (2001). Para ela. disponível em http://www. os americanos assumiram o desafio de combater outro inimigo comum. 8 Para um estudo sobre como o cinema americano reproduz os valores e ideais messiânicos. ainda acreditam na possibilidade de perfeição humana. discurso do presidente Americano George W. 88. 2001). especialmente cinematográficos. Após a queda do Muro de Berlim (1989). que se restringe ao estudo dos signos 6 28/6/2007 14:09:11 . da Universidade de São Paulo (USP).let. Myths American Lives By. 2006].. (Santo André. Peirce (semiótica pragmática) e de Iuri Lotman. História dos Estados Unidos da América. somente no século 20 começa a adquirir o status de ciência. 39 Cairns. 23 Ver a íntegra do pacto feito entre os pais fundadores. “A brief history of American Civil Religion”. Lo que está detrás de Bush: corrientes ocultas de la política de EEUU. 47 Ibidem. a semiótica tem por objeto qualquer sistema sígnico: artes visuais. Nação do Milênio e Nação Inocente. A Fabricação do Império Americano: da revolução ao Vietnã: uma história do imperialismo dos Estados Unidos [Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 23. 38. Lo que está detrás de Bush. “O grande império americano”. 40 George Bancroft. 27 Fuser e Bianchi. 6 (Barcelona. na Estônia (semiótica da cultura). 4. 22. Myths American Lives By (Illinois: University Illinois Press. “A brief history of American Civil Religion”. Ensaios de semiótica soviética (Lisboa: Livros Horizonte. 2004). 8. 26 Robert R. O Grande Conflito 27ª ed. 1984). 25 Milà. La Semiosfera: semiótica de la cultura e del texto (Frónesis Cátedra: Universitat de Valencia. Myths American Lives By. 18 Umberto Eco. Formação do Império Americano: da guerra contra a Espanha à guerra no Iraque (Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. Lotman. 32 Richard Hughes. n. Entretanto. 21. A expressão “destino manifesto”. 20 Ibidem. 2005).rug. I:31. 33 Hughes. E. 37 E. 4. 46 Luiz Antonio Moniz Bandeira. Lo que está detrás de Bush. 1981). 1996). 1999). gestos.nl/~usa/D/17761800/independence/doi. com os trabalhos do suíço Ferdinand de Saussure e do francês Aljirbas Greimas (semiótica francesa). 41 Hughes. “O grande império americano”. Richard T. 38. 157. 270. em 1811: “Todo o continente da América do Norte parece estar destinado pela Divina Providência a ser povoado por esta nação. 14 Irene Machado. disponível em http://www. O Nome da Rosa (Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 28. 30 Karnal. 11 Iuri M. 27-28. 5. 8. 102. 15 Iuri M. E. SP: Casa Publicadora Brasileira. em Iúri M. 34 Pardue. 9. em 1846. 2003). professando um sistema geral único de princípios religiosos e políticos e acostumada a um mesmo padrão de usos e costumes sociais” (Sidney Lens. O Cristianismo através dos Séculos: uma história da igreja cristã (São Paulo: Vida Nova. 1981). do americano Charles S.htm.htm. a qual ele via como a oportunidade da “realização do nosso destino manifesto de nos espalharmos pelo continente que recebemos da Providência” (Fuser e Bianchi.let. Palmer. 79. Os pensadores (São Paulo: Nova Cultural. The Age of the Democratic Revolution: A Political History of Europe and American.let. 36 Pardue. 227. Lotman e outros. em 1620. religião. 55. Ateliê Editorial.rug.. Nação Cristã. cinema. Nova Atlântida. 270. com a canonização desses mitos aparentemente inocentes da identidade nacional como verdades absolutas. às vésperas da guerra com o México. 24). foi primeiro usada pelo jornalista John O’Sullivan. Hughes mostra que. “A brief history of American Civil Religion”. no entanto. 22 Leandro Karnal. música. Spiller.indd 79 “Nação Inocente” impediu que muitos americanos compreendessem e mesmo que discutissem as complexas motivações dos atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001. 12 Ibid. Nação da Natureza. Lotman. 21 Ibid. Fonte: Wikipedia. 23. 123. citado por Ellen G. “O problema do signo e do sistema sígnico na tipologia da cultura anterior ao século 20”. 21. O Cristianismo através dos Séculos. 35. de 4 de julho de 1776. disponível em http://www. 28 Milà. 1967). White. 35 Hughes. Lo que está detrás de Bush. Neste livro. nl/~usa/D/1601-1650/plymouth/compac. 2006). O autor identifica cinco mitoschave que iludem o coração dos americanos: o mito da Nação Eleita. Espanha: SL. 43 Karnal. Os conceitos da semiótica podem retroceder a pensadores como Platão e Santo Agostinho. 1:242. 19 Milà. Estados Unidos. ciência. A Fabricação do Império Americano. 2003). da escola de Tartu. Estados Unidos: a formação da nação (São Paulo: Contexto.O novo ‘Israel’ / 79 lingüísticos verbais. 1983). Lo que está detrás de Bush. 48 Lens. 17 Ernesto Milà.. 16 Ibid. 26. Colección Geopolítica. 28/6/2007 14:09:12 . O Ciclo da Literatura NorteAmericana (Rio de Janeiro: Forense Universitária. etc.. 160. Estados Unidos. 1760-1800 (Princeton: Princeton University Press. culinária. fotografia. 38 Pardue. 45 A crença do “destino manifesto” foi formulada pelo então futuro presidente John Quincy Adams. 42 R. Escola de Semiótica (São Paulo. 1959). enciclopédia online. 31 Milà. 13 Ibid. 29). Myths American Lives By. Hughes argumenta que o mito da Parousia 1s2007. 288. vestuário. falando um idioma. 24 Francis Bacon. a América arrisca debilitar a promessa de igualdade da Declaração de Independência. 44 Ibid. 29 “The Unanimous Declaration of the Thirteen United States of America”. Cairns. vol. “Ser supremo sobre todos”. diz: “Estes homens [pais fundadores] sabiam o que estavam fazendo. os defensores do conflito buscavam legitimar suas palavras apelando para o mito da nação eleita.chuckp3. Edward Elson afirma que a América não poderia ser concebida senão como um “movimento espiritual” originado em Deus e guiado em seu desenvolvimento pelo Espírito Santo. 19-20). “Civil Religion in America”. 35). segundo a qual a América é a nação eleita de Deus. sem dúvida. “Fundador da justiça” e “Protetor”. Thomas Jefferson (1801-1809) fala do “Infinito poder que governa os destinos do universo” e “Ser em cujas mãos nós estamos”. 1961). no link “presidents”. Page & Company. 1. The Idea of Nationalism (New York: Macmillan Co. 241. Eles foram homens brilhantes que sabiam exatamente o que os envolvia” (Francis A.htm. 1 (New York: Harper & Co. durante a guerra do Vietnã. um autor evangélico popular. “Patrono da ordem”. um dos cabeças da American Coalition for Traditional Values. 665. 64 Para o escritor Robert Wuthnow. busque o link “presidents”). Revell. disponível em http://www. “Grande autor de todo bem privado e público”. Dale Evans Rogers afirmou que “a América estava na mente de Deus antes de tornar-se uma realidade” e que a nação era “parte de seus [divinos] propósitos para o gênero humano” (Dale Evans Rogers. 53). “baseada nos princípios éticos e bíblicos”. a realidade final. escreveu: “Sem a América. Broken Covenant: American Civil Religion in Time of Trial (New York: Seabury Press. exceto no segundo discurso inaugural de George Washington (presidente dos EUA de 1789-1797). 62 Bellah. 1975]. n. John Adams (1797-1801) refere-se a Deus como “Providência”. Dedalus.let. Sabiam que sem esse fundamento tudo na Declaração de Independência e tudo que se seguiria poderia ser transformado num absurdo inalterável. relacionando Deus e a América. 33). 56 Deus é referido ou mencionado em todos os discursos inaugurais dos presidentes americanos.htm. A Christian Manifesto [Wheaton. em 30 de abril de 1789. E outra. Nos anos 1960 e 70. e por fim. 55 Bellah. “Mão invisível” e “Parente benigno da raça humana”. 467-468. Desde a fundação da América. or the World in a Man-of-War (Boston: L. Francis A. 57 Bellah. com/articles_5htm. “Civil Religion in America”. Para eles. 1975). 54 Charlie Pardue. Em seu primeiro discurso inaugural. Do Contrato Social. Bellah. Revell. 114. 1981]. 51 Herman Melville. “a América tem um papel vital a desempenhar nos negócios do mundo não por que seja a casa de um povo escolhido. Sabiam que estavam edificados sobre o Supremo Ser que é o Criador. Eles não declaram explicitamente adesão à visão dos pais fundadores. o escritor evangélico Rus Walton chega a afirmar confiantemente que a “Constituição dos Estados Unidos foi divinamente inspirada” (Rus Walton.indd 80 nível em http://www. vol. White-Jacket. 1975]). 1950).nl/~usa/index. “A brief history of American Civil Religion”.com/Pages/Writings/ American_Civil_Religion. Journal of the American Academy of Arts and Sciences (Inverno de 1967. usa “Todo-Poderoso Deus” (Ver os discursos presidenciais de posse de mandato de todos os presidentes americanos no site “From Revolution to Reconstrution”. mas outros termos são usados para mencionar a divindade. 59 Ibid. mantida por pessoas que têm uma visão liberal desse mesmo fenômeno. 58 Ibid. Do primeiro discurso inaugural de Washington até o segundo de James Monroe. 63 Pardue. em seu segundo discurso.80 / Parousia . 60 Ibid. James Monroe (18171825) usa “Providência” e “Todo-Poderoso”. One Nation Under God [Washington.rug. 50 Hans Kohn. 61 Discurso de posse do ex-presidente George Washington. há duas religiões civis na América. 1972]. Num livro intitulado One Nation Under God. em 1821. Aquela que mantém uma visão conservadora. Washington se refere a Deus como “o ser Todo-Poderoso que governa o universo”. James Madison (1809-1817) fala do “Todo-Poderoso Ser cujo poder regula o destino das nações”.. vol. ver ainda Robert N. “baseada na arrogância e no falso senso de superioridade”. “Civil Religion in America”. O escritor e evangelista Tim LaHaye.rug. diversos americanos especialmente religiosos escreveram ou falaram sobre os valores da religião civil. The Battle for the World [New York: Fleming H. 52 Jean-Jacques Rousseau. Church and State in the United States. 1980]. Revell. Para uma pesquisa sobre religão civil americana. 1999). páginas 1-21). 1 (São Paulo: Nova Cultural.robertbellah.nl/~usa/index. 53 Robert Bellah.htm. 96. a palavra “Deus” não aparece. dispo49 Parousia 1s2007. disponível em http://www. Schaffer. ecoa o mesmo tema: “A mão de Deus estava nas fundações dessa nação e a força de Cristo esteve com os construtores da América” (George Otis. “Civil Religion in America”. como parte das na- 28/6/2007 14:09:12 . no entanto.1º semestre de 2007 Anson Phekps Stokes.C. George Otis.. DC: Third Century Publishers. The Solutions to CrisisAmerica [New York: Fleming H. 1950). um homem de negócios. em http://www. pela vida numa era totalitarista e humanista” (Tim LaHaye. “A brief history of American Civil Religion and its ecclesial implications”. Let Freedom Ring [New York: Fleming H. mas por que tem vastos recursos e. Schaeffer. nosso mundo contemporâneo teria perdido completamente a batalha pela mente e. IL: Crossway Books. que foi breve (dois parágrafos) e muito superficial.let. as duas visões acerca da América tem sido objeto de discórdia e polarização. O Futuro: a visão adventista dos Parousia 1s2007.indd 81 últimos acontecimentos (Engenheiro Coelho. “Divided we fall: America’s two civil religion”. ela tem responsabilidade em ajudar a aliviar os problemas do mundo”. Origens do Totalitarismo: anti-semitismo. Rodor e Vanderlei Dorneles (orgs.org/showarticle. Para Wuthnow. em Alberto R. 1844-2004: breve panorama histórico”. SP: Unaspress. 12. 28/6/2007 14:09:12 . O Grande Conflito. totalitarismo (São Paulo: Companhia das Letras. 273. 66 Ver White. 2002). mais do que de consenso e compreensão mútua (Robert Wuthnow. 444. 1998). Timm. 2006). 68 Phillip Roth.religion-online. 65 Ver Alberto R. 16. 439. Timm. asp?title+235). 2004). imperialismo. Amin A. nota 39.O novo ‘Israel’ / 81 ções mundiais. 67 Ray Raphael. 69 Hannah Arendt.). Mitos sobre a Fundação dos Estados Unidos: a verdadeira história da independência americana (Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. “Escatologia Adventista do Sétimo Dia. A marca humana (São Paulo: Companhia das Letras. 497. disponível em http://www. indd 82 28/6/2007 14:09:12 .1º semestre de 2007 Parousia 1s2007.82 / Parousia . de acordo com o calendário rabínico. A. adotado pela grande maioria dos judeus do mundo inteiro. apontava naquele ano para um 10 de tishri 28/6/2007 14:09:12 . ao contrário do que alguns fizeram crer até hoje.indd 83 Parte 1: Evidências da descontinuidade do calendário rabínico em relação ao calendário judaico das épocas de Esdras e de Jesus – reavaliando a importância do método de cômputo caraíta na determinação do dia da expiação em 22 de outubro Um dos alvos recorrentes dos críticos à doutrina adventista do juízo investigativo é a data escolhida pelos mileritas para o dia da expiação em 1844.300 evenings and mornings” was on October 22nd/23rd. The second part of this article shows that. the date of October 22nd does not depend on the Karaites. editor do site www. on the contrary of what many have led others to believe until now.C. A segunda parte deste estudo mostra que. but can be supported by Babylonian tablets attesting the lunar Seventh Month. 1844. o décimo dia do sétimo mês teria ocorrido em 23 de setembro naquele ano. because. The first part of this study presents evidences that the current Rabbinical Calendar is not in continuity with the Jewish Calendar used Introdução Parousia 1s2007. 31 as the date for Christ’s death . These evidences consist in historically documented situations in which the Jewish months were fit later than the Rabbinical Cycle. Abstract: Adventism has been accused of supporting an incorrect date for the Day of the Atonement in 1844.83 23 de setembro ou 22 de outubro? Uma nova abordagem à luz da astronomia Henderson Hermes Leite Velten (autor do artigo) Advogado. pois. a data de 22 de outubro não depende dos caraítas. according to the Rabbinical Calendar. Essas evidências consistem em situações documentadas historicamente em que os meses judaicos foram posicionados mais tardiamente que no ciclo rabínico.D.concertoeterno. in the days of Ezra and Jesus. e também na certeza histórica e astronômica de 27 de abril do ano 31 para a data da morte de Cristo.C. Ao passo que o calendário rabínico. A primeira parte deste estudo apresenta evidências de que o calendário rabínico atual não representa uma continuidade do calendário judaico praticado nos dias de Esdras e Jesus. This article defends that the mathematical structure of the prophecy requires that the end of the “2.com Juarez Rodrigues de Oliveira (autor da pesquisa que subsidiou o artigo) Pesquisador e tradutor juramentado de inglês/português Resumo: O adventismo tem sido acusado de defendO adventismo tem sido acusado de defender uma data incorreta para o Dia da Expiação em 1844. mas pode ser fundamentada em tabletes babilônicos que atestam o sétimo mês lunar começando com a lua nova de outubro em anos equivalentes a 457 a. beginning with the new moon of October in years corresponding to 457 B. A análise astronômica comprova que esse foi o décimo dia do mês lunar. Este artigo revela que a estrutura matemática da profecia requer que o término das 2. and also by historical and astronomical certainty of April 27th. The astronomical analysis proves this day was the tenth day of the lunar month.300 tardes e manhãs tenha sido em 22/23 de outubro de 1844. the tenth day of the Jewish Seventh Month occurred in September 23rd in that year. 2 Ele se valeu tão somente da noção geral de que. Confiando no método caraíta. Snow não contava com uma informação caraíta específica da situação da cevada em Jerusalém para o ano de 1844. e adotar 22/23 de outubro. faziam sérias restrições à corrente judaica predominante (a “rabínica”). em alguns casos. as quais são determinadas pela posição da Terra em relação ao sol. ocorria a diferença de um Parousia 1s2007. cf. não somente no apego desta às tradições e interpretações de seus antigos mestres. Visto que geralmente o amadurecimento dos frutos ocorre em estações bem definidas. Snow preferiu descartar 22/23 de setembro como 10 de tishri em 1844. Snow descobriu que os caraítas. o milerita Samuel S. A origem da divergência entre o calendário rabínico e o sistema caraíta Para que se entenda bem a origem do problema. as intercalações do décimo terceiro mês passaram a ser previamente definidas. o calendário judaico possui anos de 12 e de 13 meses. assim como o de todos os demais meses. Isso porque. À lua. A cevada é o primeiro grão a amadurecer na Palestina. grupo dissidente do judaísmo. o primeiro crescente é detectado na tarde de 27 de março. Mas. já que é a lua nova que marca o primeiro dia do mês. os mileritas preferiram fixá-lo em 22/23 de outubro1. Ao sol. mas por uma observação empírica do amadurecimento da cevada. porque a posição dos meses dentro do ano trópico (ou solar) está condicionada ao amadurecimento da cevada. como foi o caso do ano 28.. por exemplo. que ocorre pouco depois da lua nova astronômica. ou “primeira visibilidade da lua”.84 / Parousia . razão pela qual foi escolhida desde cedo para determinar o tempo da celebração da festa dos asmos4. com a reforma do calendário promovida pelo rabino Hillel II. cujos anos são sempre de 12 meses. 28/6/2007 14:09:12 . a fim de que a colheita pudesse ter lugar (Lv 23:4-14). O principal foco de divergência estava no método para se determinar a posição do primeiro mês judaico (abib-nisan) dentro do ano solar. Lv 25:9) em 22/23 de setembro. quando a lua nova cai muito antes do equinócio. Snow procurou determinar qual a data gregoriana correspondente ao dia da expiação em 1844. pois entendem que a ocasião oportuna para a intercalação do décimo terceiro mês não deve ser determinada por mero cálculo. porque ela condiciona o início do mês3. deve-se ter em mente que o calendário judaico está atrelado concomitantemente à lua e ao sol. por meio de cálculo (o ciclo dos 19 anos). surge então o problema. Samuel S. A razão para isso será explicada mais adiante. pode-se dizer que a festividade das primícias faz atrelar o calendário judeu ao ano solar5. já que na semana da festa dos pães asmos se devia apresentar um feixe com os primeiros frutos da terra. servindo por isso como uma espécie de calibrador do calendário.300 anos deviam terminar em 10 de tishri.. as datas caraítas são um mês mais tardias que as do esquema rabínico. A partir de 358 d. cujo primeiro dia é determinado pela observação do primeiro crescente. com o que se estipulava a época do primeiro mês e do início do ano religioso. muitas vezes em desfavor das Escrituras. tal como proposto pelo ciclo rabínico. Os caraítas não concordam com essa prática. Em seu estudo da cronologia bíblica. por ser neste dia e mês que se realizava a “purificação do santuário”. próximo ao equinócio6. em alguns casos. o início desse mês é variável. Samuel S. não há qualquer problema na determinação do primeiro mês. como também em seu sistema de datação das festividades da religião.1º semestre de 2007 (sétimo mês judaico. o amadurecimento da cevada ocorre no começo da primavera. pois esta data não está muito aquém nem muito além do equinócio (que naquele ano ocorreu em 22 de março).C. Diferentemente do calendário gregoriano. Ao chegar à conclusão de que os 2. Quando. Mas.indd 84 mês entre as datas de ambos os sistemas e de que a situação astronômica em 1844 parecia exigir datas mais tardias que as do ciclo rabínico. como foi o caso em 27 d. época do primeiro mês judaico. De regra.C. nesse ano.. Essa é uma época muito precoce. Em 24 de março. – o ano 37 de Nabucodonosor O ano 37 de Nabucodonosor é riquíssimo em informações históricas e astronômicas provenientes dos tabletes babilônicos. acompanhassem o calendário babilônico. Evidência do ano 515 a.. bem como na própria Bíblia. particularmente nos livros de Esdras e de Ester. Nesse período. preservaram-se informações valiosas da antigüidade em que os meses dos calendários babilônicopersa e judaico foram posicionados mais tardiamente que no calendário rabínico..] Edificaram a casa e a terminaram [. 103). Existem atualmente excelentes programas de computador. nos escritos do historiador judeu do primeiro século Flávio Josefo. o calendário rabínico coloca 1º de nisan em 24/25 de março. a fim de demonstrar que o ciclo rabínico atual não se harmoniza com os calendários babilônico-persa e judaico das épocas de Daniel. a lua tornou-se visível atrás do Touro do céu [tradução nossa]. A citação a seguir é de um desses tabletes: Ano 37 de Nabucodonosor. é lógico supor que os judeus. aqui em sua versão 2.23 de setembro ou 22 de outubro? / 85 em que a primeira visibilidade ocorreu ao pôr-do-sol de 16 de março (o equinócio. mas houve o acréscimo de um mês adicional.C. a situação descrita no tablete ocorreu ao pôr-do-sol do dia 22 de abril de 568 a. o primeiro crescente não aparece em Touro. rei de Babilônia.C. o ve-adar. Esdras e Jesus. ficando o dia 1º de nisan para a lua nova seguinte. que produzem as situações do calendário judaico rabínico para qualquer ano numa longa faixa de tempo. mas em Áries (ver imagem 3. Esse é um dado relevante.indd 85 Evidência do ano 568 a.C. disponíveis gratuitamente na Internet. mês 1. Muitos desses dados são relevantes para patentear a incompatibilidade entre o ciclo rabínico atual e o calendário babilônico da época de Daniel. Parousia 1s2007. como o atesta a imagem 2 (p. Será utilizado neste artigo o Calendrical Calculations8. Isso faz de 22/23 de abril (de pôr-do-sol a pôr-do-sol) o dia 1º de nisan naquele ano. portanto muito fria. O cerne do problema com o calendário rabínico está justamente na determinação dos meses judaicos – se estes devem se posicionar mais cedo ou mais tarde dentro do ano solar. 102). pois nela se vê o primeiro crescente lunar sob o pano de fundo da constelação de Touro. 102). gerada pelo programa Redshift 2.] Acabou-se esta casa no dia terceiro do mês 28/6/2007 14:09:12 . Outro ótimo programa capaz de gerar as situações do sistema rabínico é o LunaCal9. razão pela qual não se começou então o primeiro mês. As situações astronômicas envolvidas serão analisadas com base no software mundialmente conhecido Redshift.7 Esses dados serão apresentados a seguir. Como pode ser demonstrado pela imagem 1 (p. por estarem em Babilônia. para que a cevada já pudesse estar madura.. p. será utilizado o programa Sky View Cafe11. gerada pelo programa Calendrical Calculations. Para gerar as situações do calendário juliano.C. Diferentemente. no hemisfério norte). [o primeiro do qual foi identificado com] o trigésimo [do mês precedente]. No caso do programa Redshift 2.. Evidências desfavoráveis ao calendário rabínico Nos tabletes de argila da Mesopotâmia. cujo principal objetivo é reproduzir virtualmente um observatório astronômico. O referido mês 1 caía em março ou em abril. pois vem do tempo de Daniel e da região em que ele estava quando recebeu suas revelações. fez-se uma ampliação no canto direito das imagens capturadas para facilitar a visualização.12 O ano 37 de Nabucodonosor equivale a 568/567 a. (da primavera à primavera. também foi em 22 de março).010. e. – ano em que se concluiu a edificação do segundo templo Esdras 6:14-18 narra o término da reconstrução do Templo nos seguintes termos: Os anciãos dos judeus iam edificando e prosperando [. o ano 12 de Xerxes começou em 1º de nisan de 474 a. Ester conseguiu do rei a expedição de um decreto autorizando os judeus a resistirem àqueles que os quisessem matar (Et 8:10-12). Se é assim. que. o dia 3 de adar não coincidirá com o sábado. [. no ano 13 de Xerxes. Esse relato revela que. Evidência do Ano 473 a. Há. p. o ciclo rabínico for adotado. É sabido que. e que [2] a cidade foi tomada num dia de jejum solene15.C. Ester 3:7 diz que se jogaram sortes perante Hamã durante os 12 meses do ano Parousia 1s2007. dada sua reverência por esse dia. no sexto ano do reinado do rei Dario. o dia da expiação coincidiu com o sábado semanal. mas em 22/23 de março. no fim do ano 12 de Xerxes. no dia treze do duodécimo mês.C. é sabido que o único dia de jejum 28/6/2007 14:09:12 .C. Josefo dá indícios dessa coincidência ao informar que [1] os romanos preferiam trazer suas máquinas para perto das muralhas de Jerusalém aos sábados. mas à própria inauguração do templo. o dia 13 de adar foi o mesmo tanto no calendário judeu quanto no calendário babilônico-persa. O dia 11/12 de março de 515 a.. p. foi o dia 4/5 de abril. a declaração de que “acabou-se esta casa no dia terceiro do mês de adar” não deve estar se referindo ao término do árduo trabalho de alvenaria. os levitas e o restante dos exilados celebraram com regozijo a dedicação desta Casa de Deus. PTT27 (Babylonian Chronology. o que colocaria o dia 13 de adar em datas diferentes nos calendários judaico e babilônico-persa.. 3 de adar foi 11/12 de março. e ele ordenou que um turno deveria ministrar a Deus por oito dias. como se pode perceber pela comparação das imagens geradas pelos programas Calendrical Calculations e Sky View Cafe. segurança de que essa foi a data de 1º de nisan no ano 13 de Xerxes. em 515 a. adota o dia 9/10 de março para 1º de adar em 515 a. que é o mês de adar” (Et 3:13).14 Isso também se harmoniza com 2 Reis 11:5-7. para o serviço de Deus em Jerusalém.. – ano da tomada de Jerusalém por Pompeu No ano da conquista de Jerusalém por Pompeu. dezesseis da casa de Eleazar. Com efeito. Os filhos de Israel. sendo este ano o sexto de Dario I.indd 86 12 de Xerxes.C. segundo o qual os turnos sacerdotais se estendiam de sábado a sábado: Ele [Davi] também os dividiu em turnos: e após ter separado os sacerdotes. e oito da [casa] de Itamar. p. então a informação de que os sacerdotes foram estabelecidos “nos seus turnos e os levitas nas suas divisões” concorda com Flávio Josefo. p. de sábado a sábado (tradução nossa). Se. pois sabiam que então os judeus não os atacariam. que foi o último ato de restauração (ver imagem 4.C. segundo Babylonian Chronology. segundo está escrito no livro de Moisés. p. 103). Mas. os sacerdotes. – ano em que os judeus foram livrados da armadilha de Hamã Outra forte evidência contrária ao ciclo rabínico pode ser extraída do livro de Ester. 8). pois. houve um mês intercalar (addaru 2). foi um sábado. como se vê na imagem 7 (p. Esse mês adicional projeta o início do ano 13 de Xerxes para 21/22 de abril de 473 a. No ciclo rabínico. Evidência do ano 63 a.C. do ano 13 de Xerxes – Hamã determinou que se matassem a todos os judeus que viviam no império.C.C. todavia. Muito antes de esse dia chegar. que foi o dia 1º de nisan naquele ano. Quanto a este último item. 105).86 / Parousia . não permitindo o sincronismo testemunhado no livro de Ester.. encontrou vinte e quatro turnos desses sacerdotes. Portanto.1º semestre de 2007 de adar. 104). Quando chegou o dia 13 do primeiro mês do ano seguinte – isto é. 31. 1º de nisan em 473 a. como está demonstrado pelo documento Cameron.] Estabeleceram os sacerdotes nos seus turnos e os levitas nas suas divisões. não cairia em 21/22 de abril.. “em um só dia. 30. isso só é possível se o ciclo rabínico for mais uma vez desconsiderado. Se essa interpretação está correta. Babylonian Chronology13. perdendo-se a vinculação preciosa da inauguração do templo com o dia de sábado (ver imagens 5 e 6. C. ao primeiro século da era cristã e fazem suscitar a dúvida quanto ao que provocou essa distorção..C. 106. o sábado (saturday = dia de Saturno). – ano da morte de Vitélio De acordo com Josefo.C. É verdade que. 10 de tishri caiu em 23/24 de outubro.) não favorece essa afirmação.18 De que maneira os opositores da doutrina de 1844 tentarão fugir a essa estrondosa evidência histórica e astronômica é o que se terá de esperar para ver. Mas.C. 105 e imagens 9 e 10. o qual afirma que Pompeu tomou a cidade “no dia até então chamado dia de Saturno”17. o mês de kislev (ou casleu) caiu em dezembro no ano 69 d. o ciclo rabínico não se harmoniza com o calendário judaico dos tempos de Esdras e de Jesus ou com o calendário babilônicopersa dos dias de Daniel e de Ester. p. pois. p. Em 63 a.. [após] ter mantido o governo [por] oito meses e cinco dias” e a batalha que o levou à morte foi travada “no terceiro dia do mês de apelleus [casleu]” (tradução nossa)19. em 63 a. de uma testemunha contemporânea. que escreveu sua História Romana entre 200 e 220 d. p. p. p. nessa mesma citação. Bickerman. esse fato é também atestado pelo historiador romano Dio Cassius. mas a análise astronômica do início do sétimo mês naquele ano (37 a. e imagem 12. pois. Para esse caso.. É interessante que essa situação seja bem semelhante à da controvérsia entre 23 de setembro e 22 de outubro – embora 63 a. De acordo com o especialista em cronologia E. é preferível um dia da expiação no domingo.C. já tendo sido vencido e capturado pelos romanos na guerra judaica – trata-se. Óthon.. o que não concorda com o ciclo rabínico. Conclusão A análise que se procedeu acima revela que.C. ao falar da derrota e da morte de Vitélio.20 Se é assim. já que o sétimo mês começou ao pôr-do-sol do dia 14 de outubro (ver imagem 8.C. Esse é mais um ponto crítico para o ciclo rabínico. predecessor Parousia 1s2007. A distorção do calendário judaico pela reforma de Hillel II Os testemunhos da antigüidade que acabaram de ser examinados atestam que o ciclo rabínico atual não representa uma continuidade dos calendários judaico e babilônico-persa conforme praticados no período que se estende do sexto século a. pois Josefo estava vivo em 69 d.. numa quinta-feira e não num sábado (ver imagem 11. Dio Cassius também situa a conquista de Jerusalém por Herodes e Sósio num sábado.C.C.23 de setembro ou 22 de outubro? / 87 obrigatório prescrito pela lei era o Yom Kippur (o dia da expiação)16. não seja ciclicamente correspondente a 1844 –. que o coloca em novembro (ver imagem 13. deixou de existir um núcleo decisório que definisse tanto a duração do mês a cada lua nova quanto os anos em que era preciso intercalar um décimo terceiro mês. foi assassinado em 16 de abril de 69 d.indd 87 de Vitélio. o dia da expiação caiu bem tarde. Os parágrafos a seguir tentarão responder a essa questão. ao menos para os vários anos indicados.C. e a morte de Vitélio ocorreu em 20 de dezembro do mesmo ano. 107). Embora Josefo não diga explicitamente que Jerusalém tenha sido tomada num sábado. em 23/24 de outubro. Evidência do ano 69 d. 107). J. Acrescente-se a isso o fato de que os diferentes grupos de emigrantes judeus se encontravam a muitos quilômetros de distância uns dos outros e não será difícil entender por que as datas do calendário 28/6/2007 14:09:13 . representa mais um forte argumento em desfavor do calendário rabínico. Com a destruição do templo no ano 70 e a dispersão definitiva dos judeus no ano 135 da era cristã. pelo ciclo rabínico. o imperador Vitélio “teve sua cabeça cortada no meio de Roma. A correspondência que ele estabelece entre o mês macedônico de appeleus e o mês judaico de casleu (kislev). pela declaração de Josefo. 106). o dia da expiação teria ocorrido um mês mais cedo naquele ano. isto é. indd 88 um décimo terceiro mês. Os caraítas não concordam em alinhar o 16 de nisan com o equinócio da primavera. tudo indica que Hillel estabeleceu a equação 16 de nisan = equinócio da primavera como baliza do calendário. Atualmente. consideram impossível começar o mês de nisan tão cedo quanto 15 dias antes do equinócio. isso se deve a uma diferença conceitual: os babilônicos e os judeus de Elefantina procuravam alinhar com o equinócio o 1º de nisan. Uma instrução rabínica do quarto século afirma: “Quando tu vires que o tequphah [ou ciclo] de tebeth se estenderá ao décimo sexto dia de nisan. Os novos parâmetros criaram uma rigidez antinatural do calendário. A diferença de 20 dias pode ser explicada assim: 15 dias de diferença decorrentes do padrão rabínico de buscar esse sincro- 28/6/2007 14:09:13 . fazendo o 16 de nisan. Ester e Jesus.C. opção que resultou na distorção do sistema judaico. cair bem em cima do equinócio. o que permite concluir que os rabinos admitiam que o dia 1º de nisan começasse até 15 dias antes do equinócio da primavera. naquele ano deve ser intercalado Parousia 1s2007. décimo quarto. revela que em 360 d. o que o Talmude está querendo dizer é que sendo percebido. e de Siegfried H. que naquela faixa da era cristã estava em 19 de março. por cálculo (o ciclo dos 19 anos). declara aquele ano um ano embolísmico [ou intercalar] sem hesitação” (tradução nossa). fixando-se rigidamente a duração de cada um dos 12 meses. oitavo. Quando as tabelas de Richard A. Parker e Waldo H. sexto. 108). o que tornou menos relevante a observação do primeiro crescente. Ao reorganizar o calendário judaico. Portanto. quando aproximadamente os anos recomeçavam no Oriente Médio. em sua reconstrução do calendário babilônico-persa. rompendo o elo com o calendário seguido nos tempos de Daniel. Dubberstein. a intenção de Hillel II era definir critérios claros que possibilitassem a adoção de um sistema único pelos judeus do mundo inteiro. que o inverno se estenderá até o dia 16 de nisan. Na sua maior parte. o que distorceu seus fundamentos. por quebrar o vínculo com o calendário seguido nos tempos de Esdras e de Jesus. Dentre os critérios introduzidos pela Reforma de Hillel que distorceram o sistema do calendário judaico.21 Tequphah é um termo hebraico que significa “a volta do ano” e se refere aos equinócios. entendendo que a observação da cevada madura é o método subentendido das Escrituras24. Por isso. Também se definiu em que anos do ciclo lunissolar de 19 anos o décimo terceiro mês deveria ser intercalado. com seu calendário judaico de Elefantina. são comparadas com o ciclo rabínico. data rabínica para o festival das primícias.1º semestre de 2007 judaico diferiam de comunidade para comunidade nessa época. Horn. abandonou-se a variabilidade entre 29 e 30 dias de que cada mês gozava até então. ao passo que os rabínicos procuram sincronizar com o equinócio o 16 de nisan. Doig22 explica que a expressão “tequphah de tebeth” se refere ao período compreendido entre o solstício do inverno e o equinócio da primavera. já que isso resultaria numa festa das primícias sem os primeiros frutos da cevada. Obviamente. já que os registros da antigüidade23 nunca revelam o primeiro mês começando em data tão baixa quanto 15 dias antes do equinócio. gerada pelo programa Calendrical Calculations. décimo sétimo e décimo nono anos do ciclo. fazendo assim o equinócio cair no dia 17.88 / Parousia . o sistema rabínico situa 16 de nisan precisamente em cima do equinócio. Kenneth F. A imagem 14 (p. esse procedimento não se fará necessário. décimo primeiro. Esdras. possivelmente o de maior conseqüência tenha sido o da fixação arbitrária de 16 de nisan no equinócio da primavera como parâmetro geral. Em outras palavras. relegando ao passado a regra da observação da cevada madura. se o inverno se estender tão somente até o dia 15 de nisan. os rabínicos intercalam o mês adicional invariavelmente no terceiro. nota-se que as datas rabínicas estão 20 dias mais baixas que as atestadas pelos tabletes mesopotâmicos e pelos papiros judaicos do Egito. pois. ao 10º século d. elas começavam no final de abril ou em maio.C. até o quinto século a. naquilo que foi uma vez a Babilônia central e norte. as datas de ambos os sistemas têm sido as mesmas ou têm apresentado pouquíssima diferença nos últimos anos. De 358 d. calendários lunares judaicos tendiam a ser mais tardios em relação ao ano solar. definidas com base nos critérios de observação do primeiro crescente e do amadurecimento da cevada. As datas caraítas. intercalações foram ajustadas de modo que a Páscoa passou a ser mais cedo [tradução e grifo nossos].B.). após examinarem referências a datas de colheita da cevada nos tabletes de argila da Mesopotâmia. É que o calendário rabínico obedece rigidamente o ciclo lunissolar. o especialista judeu Sacha Stern25 publicou uma obra valiosa sobre a história do calendário judaico. no período neobabilônico (600 a. do 2º século a.C. entre 1999 e 2002. De acordo com o site do Movimento Caraíta. “em nossa própria era. A cada 19 anos.08685 dia em relação ao ano solar. informa-se que: Esses dados revelam que.08685 dia) a cada 19 anos. Até o primeiro século d. esse distanciamento do ciclo lunar em relação ao ciclo solar já se acumulou em cerca de 7 dias.C. a data mais precoce para 1º de nisan no ciclo rabínico aconteceu em 1994. o que significa que as datas rabínicas já estão atualmente 7 dias mais tardias que no tempo de Hillel II.). que tem sido responsável pelo amadurecimento cada vez mais cedo da cevada. Segundo os mesmos pesquisadores. e R. Em 2002.C.26 Aqui temos um importante testemunho proveniente de um erudito judeu moderno sobre a descontinuidade do calendário rabínico em relação ao calendário judaico praticado na antigüidade. até hoje. os caraítas começaram o mês de nisan em 15/16 de março. a colheita começa na segunda metade de abril ou mais tarde. tais colheitas geralmente começavam no final de março ou começo de abril. cria-se a diferença de quase 5 dias.P. ao passo que. no L.O. com nisan começando em 12/13 de março. Sigrist. por sua vez. Retrocedendo o ciclo rabínico desde o quarto século d. ambos de Jerusalém. afirmam que. [período do Primeiro Império Babilônico].C. Neumann.C..C. M. da Escola Bíblica (Ecole Biblique).B. – 400 a. as datas de 1º de nisan. apenas 3 dias mais tarde que a data indicada pelo sistema rabínico em 1994. do Departamento de Ciências Atmosféricas da Universidade Hebraica (Hebrew University).]. 2nd Century BCE to 10th Century CE [Calendário e comunidade – uma história do calendário judaico. – 1650 a. apesar da divergência entre os métodos rabínico e caraíta. Lá pelo quarto século.23 de setembro ou 22 de outubro? / 89 nismo de 16 de nisan com o equinócio + 5 dias de diferença devido à projeção do ciclo rabínico para trás. intitulada Calendar and Community – A History of the Jewish Calendar.C. o ciclo rabínico se desloca 0. e a Páscoa sempre ocorria depois do equinócio vernal. em que se verifica um adiantamento da lua em relação ao sol de cerca de 2 horas (0. Conseqüentemente. foram as seguintes: 1999 – 17/18 de abril 2000 – 5/6 de abril 2001 – 26/27 de março 2002 – 15/16 de março Parousia 1s2007. No resumo de seu livro. 28/6/2007 14:09:13 ..indd 89 1999 – 17/18 de março 2000 – 5/6 de abril 2001 – 24/25 de março 2002 – 13/14 de março J. Rabínicos versus caraítas Nos últimos anos.C. estão ficando possivelmente mais precoces por causa do aquecimento global. a qual vem corroborar o que acabamos de demonstrar. a colheita começava 10-20 dias mais cedo e no N.P. época de Daniel e Esdras.C. O ciclo rabínico dá as seguintes datas para 1º de nisan nos mesmos anos: Recentemente. no período do Primeiro Império Babilônico (1800 a. Essa coincidência reincidente entre datas rabínicas e caraítas tem uma explicação. o novo dia dará início a um novo mês. de acordo com o ciclo rabínico dos 19 anos.1º semestre de 2007 [período do Império Neobabilônico] 10-20 dias mais tarde que no presente” (tradução nossa)27. ao se examinar o estado da cevada nos arredores de Jerusalém: estando propícia para sua colheita duas semanas depois. Isso parece indicar que o clima do período do Primeiro Império Babilônico era mais quente que o do Império Neobabilônico. a observação real do primeiro crescente lunar e a constatação do amadurecimento da cevada. o grande equívoco de muitos autores adventistas até hoje tem sido o de superestimar a importância dos caraítas para a sustentação da data de 22 de outubro. e não no final de outubro” (tradução nossa)28. acreditava-se. Primeiramente é importante ressaltar os termos duvidosos com que Nehemia Gordon expressa sua opinião (“deve ter sido celebrado”). o aquecimento global tem provocado um amadure- 28/6/2007 14:09:13 . pois não existe algo como uma “folhinha” caraíta. Até mesmo o fator cevada madura deve ter seu papel redimensionado ao se discutir a posição dos meses judaicos dentro do ano solar em 1844. não têm prestado atenção a esse fato e acabam transmitindo a impressão de que exista um calendário caraíta fixo e de que os milleritas se basearam nele ao escolher a data de 22 de outubro. a saber. Evidentemente. o qual permita saber antecipadamente em que data juliana ou gregoriana cairá determinado dia e mês. Em resposta a uma consulta feita por opositores da fé adventista. estão solicitando algo que nunca os milleritas ou Ellen G. é oportuno corrigir aqui um conceito equivocado que se cristalizou no imaginário popular adventista: o de que exista um calendário caraíta fixo. e que o clima deste último era mais frio que o da época atual. Todavia. Da mesma forma. distanciados da experiência millerita. Não representam. de modo que o mês corrente ficará com 29 dias. mesmo que os caraítas tivessem começado o mês de tishri com a lua nova de setembro. a necessidade ou não da inserção do décimo terceiro mês no sistema caraíta só é determinada no final do mês de adar. White fazem tal reivindicação. do contrário. Foram esses princípios que ajudaram os mileritas a localizar a data correta da expiação em 1844. é evidente que sua análise está afetada pelo aquecimento global. insere-se o décimo terceiro mês. a duração de qualquer mês no sistema caraíta só é definida no seu 29º dia: se o crescente lunar for detectado ao pôr-do-sol. nem Ellen G. Diferentemente do que ocorre no calendário rabínico. não se acrescenta o ve-adar. pois. eram seus originadores: os caraítas. assim como o é o calendário rabínico. Ademais. isso pouco importaria. Qualquer supervalorização dos caraítas para além desses pontos fundamentais é desnecessária e imprópria. Isso é absolutamente falso. pois Ellen G. o caraíta Nehemia Gordon declarou que “o Yom Kippur deve ter sido celebrado pelos caraítas no final de setembro em 1844. totalizando 30 dias.indd 90 se trata de uma seita judaica tardia. Por isso. Em segundo lugar. Alguns autores adventistas do sétimo dia. a data de 22 de outubro tem sofrido ataques da parte daqueles que. ele não tinha acesso a nenhum documento de 1844 que comprovasse a celebração do dia da expiação em 23 de setembro pelos caraítas. nem os mileritas. já que documentalmente Parousia 1s2007. Esdras e Jesus. Um esquema ancorado no Céu Recentemente. Na verdade. uma tradição contínua desde os dias de Daniel.90 / Parousia . não sendo detectado o primeiro crescente. White não se compromete com eles. Isso por dois motivos: 1) Como foi dito há pouco. White disseram existir. tendo surgido no século 8 da era cristã. Quando os caraítas atuais defendem datas coincidentes com as do calendário rabínico. o mês corrente avançará mais um dia. na festa das primícias. A relevância do movimento caraíta para o adventismo está circunscrita aos seus princípios corretos de organização do calendário. quando os opositores da fé adventista pedem que se lhes apresente uma “folhinha” caraíta de 1844. a data do ciclo rabínico para o dia da expiação em 1844 (23 de setembro) deva ser sumariamente descartada.) que sustenta as datas de início (outubro de 457 a. Fixando a data exata da morte de Cristo.23 de setembro ou 22 de outubro? / 91 cimento mais precoce da cevada em relação ao que se verificava nas épocas de Daniel e Esdras.C. ou adventistas. Esse tema será mais amplamente desenvolvido a seguir. pois. algumas fontes antigas situam os meses judaicos mais tardiamente.300 tardes e manhãs terá de ser em 1844. não há razão alguma para uma preocupação exagerada com a situação da cevada em Jerusalém. de meio e de término dos períodos proféticos de Daniel 8:14 e 9:24-27. pode-se dizer que o esquema cronológico sobre o qual se apóia a mensagem adventista está ancorado no céu. demonstrou-se que o ciclo rabínico – em que se estribam os opositores da fé adventista para denunciar a data de 22 de outubro como mero equívoco milerita – não concorda com o calendário judaico dos tempos de Esdras e de Jesus ou com o calendário babilônico-persa dos dias de Daniel e de Ester. Essa era uma tarefa para sacerdotes. e tempos. Receio de vós tenha eu trabalhado em vão para convosco” (Gl 4:10 e 11). É a data da crucifixão (abril de 31 d. Ef 5:2. e Hb 10:5-10). se a páscoa da crucifixão (no primeiro mês judaico) caiu em abril. Mt 27:50 e 51. Portanto..C. a data de 22 de outubro está ancorada na solidez de 31 d. pois a morte de Cristo ocorreu 28/6/2007 14:09:13 . tornando desnecessária uma maior preocupação com a situação da cevada em 1844. como ano da crucifixão de Cristo. Se o meio da septuagésima semana é fixado em 31 d. a partir de 31 d.C. e o término das 2. Parousia 1s2007. é possível determinar também as datas dos outros eventos vinculados cronologicamente na profecia. apenas por conta dessas inconsistências.C. Paulo já declarara: “Guardais dias. onde Cristo ingressou para ministrar como sumo sacerdote (Hb 9:9-12 e 24). que o ciclo rabínico..30 Seguindo o mesmo raciocínio. 2) Desde a morte de Cristo em 31 d. os crentes deveriam transferir sua atenção do santuário terrestre para o celestial.) e de término (outubro de 1844 d. e anos. e meses.C. Isso não significa que.C. por vezes. ou quaisquer outros cristãos. é o que possui os melhores dados da Bíblia e da história para sua localização. Os próprios mileritas foram suficientemente honestos em reconhecer esse fato. o início das 70 semanas necessariamente será em 457 a.300 tardes e manhãs. “o tempo oportuno de reforma”. “Um prego em lugar firme” Na primeira parte deste artigo.. para o qual se verifica uma convergência singular de dados bíblicos e históricos. mas sem dúvida coloca o sistema do qual ela é dependente sob forte suspeição. De fato. uma vez que.indd 91 Parte 2: A centralidade da cruz no esquema cronológico de 1844 – determinando os pontos de início. para os mesmos anos.29 Na verdade.) das 2. cessou “o sacrifício e a oferta de manjares” (Dn 9:27. também serve de âncora para o esquema cronológico que conduz a 22 de outubro. dentre os eventos preditos em Daniel 9:24-27. pois não existem informações disponíveis sobre a situação da cevada nos arredores de Jerusalém na primavera de 1844. caducou para sempre o sistema cerimonial do templo judeu. dentro do ano solar. Visto que a localização da data da cruz depende essencialmente da astronomia. não existindo razão alguma para voltarmos nossa atenção para a cevada madura em Jerusalém ou em qualquer outra parte do mundo.C. tanto o início quanto o fim das 2. o que têm propiciado uma aproximação das datas dos sistemas rabínico e caraíta nos anos mais recentes.300 tardes e manhãs terão de ser em outubro. No meio da septuagésima semana da profecia de Daniel. Discutir se o sétimo mês judaico deveria ter começado com a lua nova de setembro ou com a lua nova de outubro com base no amadurecimento da cevada naquela ocasião é inócuo. não para milleritas. É interessante notar que a mesma cruz que pôs fim ao sistema cerimonial judaico.C. A linha no meio do gráfico procura dividir.. é necessário averiguar em que dia o primeiro crescente lunar (lua nova eclesiástica) foi visível. Os principais fatores que determinam a visibilidade do primeiro crescente são a diferença azimutal entre o sol e a lua e a altitude da lua. pois na página 25 de Babylonian Chronology eles admitem “que um certo número de datas” em suas tabelas “podem estar erradas por um dia”. 111). 110. ao pôr-do-sol do dia 11. aproximadamente. A altitude da lua é a distância em graus entre o corpo celeste e a linha do horizonte.indd 92 28/6/2007 14:09:13 . Parousia 1s2007. Esses dois fatores combinados funcionam como os eixos x e y de um plano cartesiano. Quando esses valores são aplicados ao gráfico da revista Sky & Telescope. é possível determinar a data exata da crucifixão em termos do calendário juliano. as situações astronômicas envolvidas serão analisadas aqui com base no software Redshift.. caiu numa sexta-feira35. 109) e o da lua.C.37 Não é de admirar que a data proposta por Parker e Dubberstein para o início do primeiro mês não seja a mais favorável. Cada círculo fechado representa um crescente lunar que pôde ser visto e cada círculo aberto indica uma lua nova que foi procurada. o dia 15 de nisan cai em 26/27 de abril – de pôrdo-sol a pôr-do-sol (ver imagem 19. Assim como na primeira parte deste artigo. ao qual” está amarrada “toda estrutura cronológica da profecia e que também justifica a data de 1844. mais afastados estarão o sol e a lua entre si.C. de 275º 35’ 5” (ver imagem 17. o crescente é perfeitamente visível. p. p. L. setembro de 1989 e julho de 1994. os casos que foram bem sucedidos dos que não o foram. 109). A diferença azimutal entre o sol e a lua revela a distância em graus entre esses dois corpos medida sobre o plano do horizonte. O azimute é a distância em graus. a respeitada revista de astronomia Sky & Telescope36 publicou alguns gráficos que permitem avaliar a visibilidade da lua a partir de Definindo 12/13 de abril do ano 31 d.C. em que o 15 de nisan34. entre um corpo celeste e o ponto cardeal norte. percebe-se que. A data da crucifixão A certeza do ano 31 d.5 semanas proféticas – ou 486. p. será utilizado o programa Sky View Cafe. sua altitude e da diferença azimutal em relação ao sol. A fim de se estabelecer a correspondência entre as datas judaicas e o calendário juliano (ou o gregoriano). Remova-se ou mude-se essa data” e não haverá “uma âncora para o sistema cronológico culminando em 1844”31. – 36 d. p. Com esses dados em mãos.5 anos – depois que as 70 semanas começaram (Dn 9:25 e 27): 0. Andreasen. “o meio da semana que aponta o tempo do sacrifício sobre a cruz” “é ‘. Nas edições de agosto de 1971. versão 2.0. Adotando o pôr-do-sol do dia seguinte (12/04/31). medida sobre o plano do horizonte. mas que não foi vista.92 / Parousia . como o primeiro dia do primeiro mês. p. e imagem 20. Para gerar as situações do calendário juliano. como um prego no lugar firme’ (Is 22:23). No entanto.C. de 4º 10’ 51”. consiste no fato de ser a única opção sustentável32.)33. 46) propõe o pôr-do-sol de 11 de abril para o início do primeiro mês.C. portanto. dentro do período do governo de Pôncio Pilatos (26 d. quando os dados astronômicos são cuidadosamente observados.1º semestre de 2007 69. data judaica da crucifixão. a obra Babylonian Chronology (p. O gráfico reproduzido na página 108 (imagem 15) é o da edição de setembro de 1989. Como bem disse M. A altitude da lua era de 22º 38’ 52”. autor do clássico adventista O Ritual do Santuário. fica evidente que a lua estava acima do limite de visibilidade (ver imagem 18. sendo a diferença azimutal. a lua estava muito baixa para ser detectada a olho nu.5 ano corresponde a 6 meses.. Tal foi o caso em 26/27 de abril do ano 31. Quanto maior a diferença azimutal. 110). 6 meses antes de abril dá em outubro. Para o  ano 31 d. O azimute do sol era de 279º 45’ 56” (ver imagem 16. Por exemplo: retrocedendo um mês desde o dia 22 de outubro.300 anos deviam começar exige que se raciocine com base na seguinte constatação matemática e astronômica: após um ciclo de 19 anos.300 anos para se chegar ao ponto correto indicado pela profecia para o dia da expiação em 1844. No cerimonial típico do Antigo Testamento.2422 = 840.300 x 365. O raciocínio é idêntico ao que seria feito com base num calendário juliano-gregoriano.39 Com isso em mente.447.300 anos (28.300 tardes e manhãs – cálculo do mês Descobrir o mês em que os 2.2422 dias) e do mês lunar (29. fica matematicamente demonstrado que o ponto de partida dos 2. ao término das 2.0124).447.300 tardes e manhãs – cálculo do dia do mês Daniel 8:14 informa que. 112). 111).38 O início e o fim das 2. Retrocedendo ainda os 12 meses restantes.300 tardes e manhãs têm de começar no sétimo mês do calendário judaico.447 meses) pela quantidade de meses lunares presentes em um ciclo (235 meses40).057. basta retroceder 69. O início e o fim das 2.300 tardes e manhãs.06). deveria ocorrer um evento de purificação do santuário. valor bem inferior ao de um dia completo (24 horas).057. o que preenche perfeitamente o quadro cronológico dado pelo Novo Testamento: sexta-feira = 15 de nisan (ver imagem 21. a saber. chegase obviamente a um dia 10.53059 = 28. A fração de 0. Para a realização dos cálculos.447 meses. chega-se ao dia 22 de setembro.06 / 29. chega-se novamente ao sétimo mês. lunissolar. então.300 anos solares constituem 840. quando o sumo sacerdote israelita entrava no lugar santíssimo do santuário para purificá-lo dos pecados do povo (Lv 16:29.23 de setembro ou 22 de outubro? / 93 Como pode ser demonstrado pela imagem do programa Sky View Cafe. Segue-se. chega-se naturalmente ao sétimo mês.300 anos.53059 dias). retrocedendo 12 meses. Fixando o término do período profético no dia da expiação.5 semanas proféticas ou 486.447 meses judaicos desde o décimo dia do sétimo mês. O diagrama reproduzido na página 112 (imagem 22) ajudará na compreensão de todo esse raciocínio. portanto. sendo. 28. chega-se ao dia 22 de outubro do ano anterior. Os parágrafos a seguir tentarão aclarar as relações matemáticas dos períodos proféticos entre si.7888 horas. p. as 2.indd 93 Retrocedendo 28.0124 (840.0124 mês corresponde a apenas 8. Assim. chega-se ao dia 22 de um mês qualquer.5 anos para se chegar ao ponto de partida dos períodos proféticos de Daniel 8 e 9 e depois avançar 2. 28/6/2007 14:09:14 .300 anos: 121 ciclos + 12 lunações (sobra). desenvolve-se o seguinte raciocínio: dividindo o total de meses lunares existentes em 2. Retrocedendo 121 ciclos desde o sétimo mês. 25:9. obtêm-se o total de meses lunares presentes em 2.41 Portanto. retrocedendo 28. isso acontecia no décimo dia do sétimo mês. 23:27 e 32. p. no qual a data do dia da expiação era fixada. e Nm 29:7). Compreendendo a estrutura matemática da profecia Sendo conhecida a data exata da crucifixão (26/27 de abril do ano 31). basta retroceder 2.057. os meses judaicos voltam a ocupar a mesma posição que tinham dentro do ano solar no começo do ciclo. o mês de tishri (ver novamente a imagem 22. o seguinte raciocínio: 2. o dia 27 de abril caiu numa sexta-feira. insuficiente para deslocar as extremidades do período profético de dentro do dia da expiação.300 anos para se localizar o ponto de partida do mesmo período. embora tal método não permita determinar a que mês esse dia pertence. Parousia 1s2007. chega-se ao total de ciclos existentes em 2. Mas isso deve tomar como base o calendário judaico. serão adotados os valores do ano solar (365. Dividindo esse valor pela quantidade de dias de um mês lunar.300 anos é necessariamente o décimo dia de algum mês judaico.06 dias (2. 732. 486 anos desde o sétimo mês.300 tardes e manhãs começam e terminam na data judaica do Yom Kippur: o décimo dia do sétimo mês.496.3303. 112). já que o ano judaico podia contar com 12 ou 13 meses.300 tardes e manhãs começam no sétimo mês do calendário judaico. mas mesmo o dia exato da morte do Salvador já estavam indicados em Daniel 9: 69. estes. a partir do décimo dia do primeiro mês. basta apenas confirmar se 28/29 de outubro foi realmente um dia da expiação. Diante disso. a fração (0. de 248º 6’ 49” (ver imagem 26. dependendo do caso. que era sempre celebrada no primeiro mês (Mc 14:12 e Lv 23:5 e 6). o dia da crucifixão de Cristo. Desconsiderando-se. num primeiro momento.017.2422 = 177. a noite em que Jesus celebrou a páscoa e seguiu para o Getsêmani) por 177.0417.53959 = 6. Mas. Caminhando 4. instituiu a cerimônia que deveria comemorar sua morte pelos séculos por vir (1Co 11:2326). após ter celebrado a última páscoa com os discípulos. sendo a diferença azimutal. obtêm-se 1.5 semanas atingem não a parte clara do dia 14.1615) e avançando apenas com o valor inteiro de 6. p.. consistem em 177.7692).3303 dias (correspondentes às 69.5 semanas proféticas equivalem a 486. 113).94 / Parousia .1615 x 29. p. Nessa ocasião.554. que seria. por sua vez. chega-se também ao sétimo mês. o mês de nisan (ver novamente a imagem 22.1º semestre de 2007 O meio da septuagésima semana – cálculo do mês Do início das 70 semanas até a morte do Ungido transcorreriam 69. O Novo Testamento registra que a morte de Jesus ocorreu na época da Páscoa judaica. chega-se ao décimo quarto dia desse mesmo mês. Quando esse valor é fornecido ao programa Redshift 2.7692 dias.5 anos. 114).5 anos. Jesus passou pela terrível experiência do Getsêmani e foi preso para ser crucificado. quando o sumo sacerdote saía do santuário. 113).42 Conclusão As 2. e abençoava o povo. o que exige uma pequena correção no esquema Parousia 1s2007.C. como o meio da septuagésima semana da profecia de Daniel.1615 mês lunar (0.300 tardes e manhãs Tomando a noite do dia 26 de abril do ano 31 d. basta retroceder 177.3303 dias (486. Naquela mesma noite. mas a noite do dia 15 (ver imagem 22. o azimute do sol era de 260º 35’ 42” (ver imagem 25. O ponto alto do dia da expiação era a hora do sacrifício da tarde.3303/ 29. depois de tê-lo purificado. Subtraindo 1. 28/6/2007 14:09:14 .690.5 semanas ou 486. Isso significa que as 70 semanas também se iniciam nesse mês.017. e com os 6 meses restantes. As 69. correspondentes à metade de um ano.3303).5 x 365. aproximadamente às 15h. na qual Jesus.5 anos) para localizar o início do período.806. então. a tela apresenta o céu do dia 29 de outubro de 457 a.690. pode-se chegar ao décimo terceiro mês ou ao primeiro mês. Para tanto.3720 (data juliana43 correspondente às 22h56 de 26 de abril de 31 d. p. seria necessário que o pôr-do-sol do dia 19 de outubro tivesse marcado o início do sétimo mês (ver imagem 24.53059 = 4. pois.690.5 semanas ou 486.C. às 15h (ver imagem 23. Localizando o início e o fim das 2. chega-se ao décimo dia do primeiro mês.C. nos quais há 6. que o meio da septuagésima semana deveria coincidir com o primeiro mês do ano judaico. o Novo Testamento aponta para o décimo quinto dia do primeiro mês como o dia da morte do Salvador. Avançando. 112). O meio da septuagésima semana – cálculo do dia do mês Não somente o ano e o mês. então. correspondentes a 0.690. Fica claro. p.1615). pois ambos os períodos começam simultaneamente. Fixando aí o início dos períodos proféticos.1615 meses lunares (177. p. as 69. 112). p.5 semanas se estendem do meio da tarde desse mesmo dia até a noite do décimo quinto dia do primeiro mês (ver imagem 22.017 meses lunares. 113) e o da lua. Ficou demonstrado no subitem anterior que as 2..690.indd 94 traçado até aqui. p. há sólido fundamento no esquema profético e astronômico para a data de 22/23 de outubro. como o ponto de partida dos períodos proféticos de Daniel 8 e 9 e caminhando 840. 114). A análise astronômica assegura que o primeiro crescente foi visível ao pôr-dosol de 13 de outubro. 116). sendo a diferença azimutal. Fornecendo-se esse valor ao programa Redshift 2. p. que nunca Se permite ficar sem testemunhas. Referências Um artigo publicado no The Midnight Cry. Para tanto. o que corresponde ao começo da manhã em Boston e Nova Iorque. chega-se às 16h26 do dia 23 de outubro de 1844 d. portanto.057.300 anos (840. Visto que as 2. na qual diz ter visto os céus se abrirem e Jesus entrar no santo dos santos do santuário celestial para receber o reino. Embora a lua não estivesse a uma grande altitude. Nessa ocasião. a tela exibe o céu de 23 de outubro de 1844. No mesmo periódico. estabelecida na fidelidade das promessas de Deus (Hb 6:19. uma teologia não baseada na fantasia e na especulação.300 tardes e manhãs se encerrou.. pode-se afirmar que as condições permitiam que o primeiro crescente fosse visto (ver imagem 27. sua distância em relação ao sol era considerável. podendo ser. 116). em certo sentido.44 Tomando as 15h do dia 29 de outubro de 457 a. embora tenham aplicado ao mês uma posição diferente na ordem dos meses do ano. p. de 3 de outubro de 1844. por isso. Uma explanação mais ampla e minuciosa do assunto pode ser encontrada no site www. Embora esses valores. de 12º 28’ 53”. em 12 de outubro. p.concertoeterno.394. permitindo sua visibilidade (ver imagem 32.06 dias (correspondentes aos 2. e 11:1).C. White).806. faz-se necessário avaliar se o dia 22/23 de outubro poderia ter sido o décimo dia do sétimo mês naquele ano. Pode-se dizer que foi ali. declarou-se 1 Parousia 1s2007.23 de setembro ou 22 de outubro? / 95 portanto. Parker e Dubberstein também adotaram o pôr-dosol desse dia para o início do mês. p.C. que nasceu a teologia adventista do sétimo dia. o mês de tishri deveria ter começado ao pôr-do-sol do dia 13 de outubro (ver imagem 29. coloquem a lua praticamente em cima do limite de visibilidade. publicado pela UNASPRESS. na inalterabilidade das leis naturais (Jr 31:35 e 36) e na revelação divina (experiências de Hiram Edson e Ellen G.0417). Na edição de 19 de outubro. afirmava que o dia da expiação não podia “estar muito fora de 22 ou 23 de outubro”. em Jerusalém. 115).057.45 Procede-se esse cálculo somando-se o total de dias existentes em 2.com ou no livro Chronological Studies Related to Daniel 8:14 and 9:24-27.554.863. o que faz de 13/14 de outubro o dia 1º de tishri.300 tardes e manhãs precisam terminar num dia da expiação. Como foi dito brevemente. 115) e o da lua. revelou esse importante acontecimento para o humilde fazendeiro.46 Foi ali que o cômputo profético das 2. (1. quando projetados sobre o gráfico da revista Sky & Telescope. de 19º 53’ 17”. considerada qual “âncora da alma”.300 anos). mas na confiabilidade da Palavra de Deus. com o que se obtém o resultado de 2. e Deus. de 241º 11’ 40” (ver imagem 31.06 dias) à data juliana referente às 15h de 29 de outubro de 457 a.C. A altitude da lua era de 11º 51’ 43”. um “firme fundamento”. confirmando 22/23 de outubro como o dia da expiação em 1844. em Boston corresponde ao meio da tarde do mesmo dia em Jerusalém. às 16h26 (ver imagem 28. A altitude da lua era de 9º 47’ 00”. que corresponde a 22 ou 28/6/2007 14:09:14 . p. p. o azimute do sol era de 261º 4’ 57” (ver imagem 30. Portanto.indd 95 que “o aniversário do dia da expiação será em 23 de outubro”. 115). o domínio e a glória (Dn 7:13). o começo da manhã de 23 de outubro de 1844 d. o The Midnight Cry trouxe a proclamação: “Eis que Ele vem! No décimo dia do sétimo mês.C.1017. Foi possivelmente nesse momento que o millerita Hiram Edson teve sua famosa “visão do milharal”. “segura e firme”. Luna Cal 3. trata-se. e Waldo H. 75. 7 Outras fontes antigas que também situam os meses judaicos mais tardiamente dentro do ano solar que o ciclo rabínico incluem os papiros encontrados na colônia judia de Elefantina e os escritos de Eusébio de Cesaréia.C. astrônomos e cronólogos. disponível em http://www. [. Para maiores detalhes sobre a matéria.. The Adventist Shield and Review. 27 e 34. Babylonian Chronology. tais como o trigo. A comparação de Números 10:10 com Salmos 81:3 reforça essa conclusão. Redshift 2. tais como a cevada.967 [Londres: Reed Business Information Ltd. os judeus caraítas estavam observando a páscoa mais tarde que os judeus rabínicos. tradução nossa). segundo o método bíblico. 572. 6 Momento do ano em que a luz solar atinge os hemisférios norte e sul com o mesmo ângulo de incidência. MA: Hendrickson Publishers. The Works of Philo. 1993]. ver o artigo “Karaite Reckoning vs. Um desses relatos é o testemunho de E.E. 1º ed. New updated edition. Tanto Filo de Alexandria quanto Flávio Josefo se referem ao molho dos primeiros frutos da cevada (Philo.indd 96 “A razão” para isso “é que as plantas usam seus relógios para sentir as estações. ele afirma: “Nada como espigas de grãos verdes tenho eu visto ao redor de Jerusalém na celebração dessa festa. 3 Números 28:11 e 14.. Outras. que não se trata da lua nova astronômica (conjunção).E. 18.” (Citado por J. o espaço deste artigo não permite que tais fontes sejam apresentadas e discutidas aqui. 19 (Providence. Hale. 96). V.com. Filo de Alexandria (20 a. Me.iit. Reingold. 4 de março de 1995]. Hoffman. Parker.cs. florescem quando os dias ficam mais longos. Infelizmente. Nachum Dershowitz. Convém notar. Uma análise mais completa do assunto será disponibilizada em breve no site http://www. vol.C. disponível em http://www. janeiro de 1845. entretanto. 12 Abraham J. segundo os quais a cevada não era encontrada madura na páscoa calculada pelo método rabínico.0 utiliza a teoria orbital D. concertoeterno. S. 30. S. 2:23. escrito na Terra Santa em 1836 e publicado no American Biblical Repository. não sendo visível. 95 ou mais avançado. Inc. Parousia 1s2007.C. e Flavius Josephus.cgi.edu/home/reingold/calendar-book/secondedition. 5 28/6/2007 14:09:14 .gov). “Brown University Studies”. no artigo “The Seventh Month Movement – Its History – Its Results – Defects in the Argument – Our Position”.1. The Works of Philo. e A. 1 (Viena: Verlag der Österreichischen Akademie der Wissenschaften. 1987]. A precisão do software pode ser aferida pela comparação de suas efemérides com as fornecidas pelo site do Jet Propulsion Laboratory (Laboratório de Jato Propulsão da NASA: http://www. 1 Samuel 20:5. [Peabody. Esta obra é uma referência padrão para historiadores. no site http://www. Rute 1:22.iit. MA: Hendrickson Publishers. nesse caso. tradução nossa). – A. e 2 Samuel 21:9 e 10 confirmam que a cevada era o primeiro grão a amadurecer no Egito e na Palestina. 1988). Macintosh e Power Macintosh. 4 Êxodo 9:31 e 32.jpl.” A data dupla. e Isaías 66:23 vinculam o início do mês à lua nova. Sky View Cafe 4. Complete and Unabridged. 9 Roy E. compatível com Windows 95.com. pois a “cevada não estava na espiga em Jerusalém até um mês mais tarde” (The Midnight Cry.edu/home/reingold/calendar-book/first-edition. Calendrical Calculations.. em The Works of Josephus.com/ royh_il/software. pois esta. o sol começa a iluminar a lua com uma luz que é visível aos sentidos. – 50 d. Redshift 2. livro 3. 19.0.” New Scientist. artigo 5. Acessado em 01/03/2007. 2000 e XP. compatível com Windows 3. um judeu convertido ao cristianismo e enviado como missionário à Palestina. da lua nova eclesiástica (primeiro crescente).htm. que se fazia visível ao pôr-do-sol do dia da conjunção ou dos dias subseqüentes. Colman.. 406: http://ssd. Bliss.jpl. capítulo 10. Rabbanite Reckoning: Was October 22 the Right Date.” (“Molecules to Make Plants Tick.nasa. 24. Dubberstein. acessado em 01/03/2007. Em seu artigo. disponível em http://emr.) afirma que “no tempo da lua nova.com/skyview. vol. Inc. de 11 de outubro de 1844). 47. 10 Maris Multimedia. que utiliza a D. Himes. php. de abril de 1840. Ltd.. e então ela expõe sua própria beleza aos observadores” (Philo. 584. antes.1º semestre de 2007 23 de outubro. 1956). 106.D. 398 e seguintes. R.0 Beta 3. 8 Edward M.gov/horizons. Sachs. por volta de 1836.I. 626 B.geocities. cs. garantindo que as flores nasçam no tempo certo do ano. tradução nossa). Astronomical Diaries and Related Texts from Babylonia – completado e editado por Herman Hunger. Antiquities of the Jews. 98.: Brown University Press. NT4-SP3 ou maior. Algumas plantas.º 1. florescem quando os dias encurtam. por meio do comprimento do dia. or Was It September 23?”. Já está disponível também numa nova versão: http:// emr. 2 Tudo indica que os mileritas basearam sua opção nos “relatos de muitos viajantes”. 11 Kerry Shetline. Complete and Unabridged. Acessado em 01/03/2007.skyviewcafe. n. A Bíblia se refere aos frutos como “aquilo que o sol amadurece” (Dt 33:14). Pode-se deduzir do artigo de Colman que. o que está em perfeita harmonia com a prática agrícola e com o testemunho da ciência. não se prestava como marco facilmente identificável do início do mês. New updated edition [Peabody. p. 13 Richard A.nasa.0 Beta.] Os judeus caraítas a observam mais tarde que os rabínicos.96 / Parousia . Essa é a razão pela qual foi escolhida para compor o feixe das primícias. pickle-publishing. indica que o ciclo de 24 horas está sendo computado de pôr-do-sol a pôr-do-sol. acessado em 01/03/2007. parágrafo 4. 1987). mas erguiam suas plataformas. ele reflete a mistura dos fatores de abib e de [outros fatores] não-bíblicos dessa seita. Loeb Classical Library. apresenta uma reconstrução provável do calendário babilônico-persa.indd 97 depois do equinócio do outono. de descansar no sétimo dia. uma só vez no ano. 20 E. e vários relatórios de abib antigos têm sobrevivido. que naquele ano caiu em 22 de setembro. no intervalo que se estende de 626 a. 5. no dia em que o costume é que todos observem um jejum para Deus. e 157-159 de The Chronology of Ezra 7 (Siegfried H. Chronology of the Ancient World. 1970]). especialmente para aqueles no exílio. quando Caius Antonius e Marcus Tullius Cicero eram cônsules [. Complete and Unabridged. O mais antigo relatório de abib remanescente data da última geração do período do segundo templo e é citado no Talmude. 17 Dio Cassius. acessado em 01/03/2007. tradução nossa). disponível 28/6/2007 14:09:14 . disponível em http://www. porque nossas leis permitem nos defendermos contra aqueles que começam a lutar conosco e nos assaltar. o dia da expiação (22/23 de outubro) ocorreu 31 dias Parousia 1s2007. livro 17. acessado em 01/03/2007. na centésima septuagésima nona olimpíada. DC: Review and Herald Publishing Association.23 de setembro ou 22 de outubro? / 97 Lista os documentos cuneiformes que servem de base para a determinação do início e do fim dos reinados dos soberanos babilônicos. Ancient Abib Reports.] Já que este relatório antigo é um relatório rabínico de abib.]” (Flavius Josephus. Ver também The Antiquities of the Jews. Bickerman. artigo 4. Horn. Josefo declara: “Entretanto. rev. Lista também os documentos que atestam a ocorrência de mês intercalar até a época de Artaxerxes II.. com a indicação do primeiro dia de cada mês. artigo 7. o catálogo dos documentos cuneiformes que identificam os anos em que os meses intercalares foram inseridos ocorre nas páginas 4-9. Doig. 5 e 10)..C. em The Works of Josephus. que naquele ano caiu em 26 de setembro. 21 Babylonian Talmud. desde Nabopolassar até a anexação da Síria pelo Império Romano. Wood. Roman History. Inc. nem vinham para nenhuma batalha que lhes era travada. dos dias de nossos antepassados. Rosh Hashanah 21a. [Washington. ele somente as usava quando ele entrava na parte mais sagrada do templo. 695. a 75 d... persas e sírios.. livro 14. tradução nossa).C. 2º ed. capítulo 5.” (Flavius Josephus. e o bem conhecido escriba Yohanan estava em pé diante dele com três folhas cortadas [de pergaminho] postas na sua frente. Em 1844. parágrafo 3. havia uma necessidade de anunciar que o abib fora encontrado. em The Works of Josephus. 22 Kenneth F. esse empreendimento não poderia ter sido realizado. e para todos os outros [filhos] exilados de Israel. capítulo 11. Quando os romanos entenderam isso. capítulo 4. 369. o sumo sacerdote não usava essas vestimentas em qualquer momento. e traziam suas máquinas para servirem-se delas nos dias seguintes. em The Works of Josephus. The Antiquities of the Jews.: Sl 35:13.. em The Works of Josephus. o que se aplica particularmente ao jejum (ex. livro 5. em razão da oposição que os judeus teriam feito. 207. No caso de Babylonian Chronology. The Wars of the Jews.. [. vol. capítulo 14. 708. Parece aconselhável para mim e para meus colegas adicionar trinta dias para este ano” (tradução nossa).html. capítulo 22. as datas realmente relevantes são aquelas em que a intercalação do décimo terceiro mês está devidamente documentada por algum achado arqueológico. [O mestre Gamaliel disse]. NY: Edwin Mellen Press. livro 7. e Lynn H. entretanto não permitem nos intrometermos com nossos inimigos enquanto eles fazem outra coisa.. ed. tome a terceira [folha] e escreva para nossos irmãos.. New updated edition. 1990).uchicago.. [.. 208. para o calendário babilônico-persa.sacred-texts. edu/Thayer/E/Roman/Texts/Cassius_Dio/49*. 23 A não-ocorrência de 1º de nisan em data tão baixa quanto 15 dias antes do equinócio pode ser atestada por um exame cuidadoso das tabelas das páginas 27-47 de Babylonian Chronology. naqueles dias que eram chamados ‘sábados’. 18 Em 63 a. De acordo com Levítico 16:29 e 31. 15 “[.com/jud/index. 24 “A prática de determinar o Ano Novo de acordo com o Abib [cevada madura] é tão velha como a Torah. para o calendário judaico em Elefantina [Egito]. 14 Flavius Josephus. 29 e 32.C. parágrafo 7. eles não lançavam nada contra os judeus. capítulo 10.penelope. no dia da expiação os judeus deviam “afligir as suas almas”. Além disso. como hoje. Nos tempos antigos. dizendo: ‘Que sua paz possa ser grande para sempre! Pedimos para informar que as pombas ainda estão tenras e os cordeiros ainda estão muito jovens e o abib ainda não está maduro. New Testament Chronology (Lewiston. O relatório diz: ‘Pois tem sido ensinado: aconteceu uma vez que o mestre Gamaliel estava sentando num degrau do Monte do Templo. J. livro 4. e livro 3. no dia do jejum. parágrafos 2 e 3. The Wars of the Jews. o dia da expiação (23/24 de outubro) ocorreu 28 dias depois do equinócio do outono. Sobre a prática do jejum no dia da expiação. htm. 19 Flavius Josephus. Rev (Londres: Thames and Hudson.] a cidade foi tomada no terceiro mês [do cerco]. capítulo 6. The Chronology of Ezra 7. e Is 58:3. mas [apenas] um vestuário mais simples. disponível em http://www. e 23:27. parágrafo 7.] e não tivesse sido nossa prática. os exilados da Babilônia e para aqueles na Média.. 1980). (Peabody.. MA: Hendrickson Publishers. livro 49. 16 Atos 27:9 se refere ao “tempo do jejum”. The Antiquities of the Jews. No período abrangido por essas tabelas. White. Tibério 28/6/2007 14:09:14 . deve variar segundo a temperatura da estação. White afirma: “Até aqui. fica evidente pelo exame da literatura adventista da época: “Neste ano. no ano 457 antes de Cristo.oxfordscholarship. o qual tinha sido cônsul. Day of Atonement of the Karaite Jews in 1844. 33 Todos os anos do ministério de Jesus estão inseridos no governo de Pôncio Pilatos (Lc 3:1. Contando do ano 34 de nossa era. Mas. e 33 d. para cuidar dos negócios da Judéia. 2. Conseqüentemente.geocities. ficaram restando 1. White também estava ciente de que são as datas de meio (batismo e morte de Jesus) que sustentam as datas de início e de fim do esquema cronológico de Daniel 8:14 e 9:24-27. O Grande Conflito. Sanders.php. mas de maneira alguma um 15 de nisan. com. Dos anos restantes da administração de Pilatos (26 d.html. Ellen G. Sacha Stern. tradução e grifo nossos). podem ser excluídas como opções para o ano da crucifixão as datas de 26. para responder perante o imperador pela acusação dos judeus.). 29 Que os mileritas não dispunham de informação específica acerca da situação da cevada em Jerusalém no ano de 1844. ver o seguinte endereço: http:// www. certamente. Então Vitélio enviou Marcelo. bem como do apedrejamento de Estevão. Deste modo foi definitivamente indicado o tempo da purificação do santuário. 7 de novembro de 1844.com/Day_of_Atonement_of_the_Karaite. é a data mais recuada no tempo em que o mesmo poderia ter iniciado (na verdade. é provável que os Caraítas observaram a páscoa então. 1988] 328). Se nós tivermos esse fato. para definir quando o primeiro mês caraíta começou. 25 Sacha Stern é doutor em Filosofia na área de Estudos Judaicos pela Universidade de Oxford e chefe de Departamento da London School of Jewish Studies. Pilatos. tradução e grifo nossos). inquestionavelmente. numa sexta-feira. – 36 d. SP: Casa Publicadora Brasileira. e Lc 13:6-9) e que o ano 26 d.C. Por estes dados não há dificuldade em se achar o final dos 2. a menos que a cevada estivesse mais tardia que o comum. e se então a cevada estava madura. o ministério de Cristo começou no outono de 27 d. que ele não ousou contradizer. e que era agora o governador da Síria. Inc.C.300 dias de Daniel 8:14 terminam em 1844. Depois do fim dos 490 dias os 1.98 / Parousia . e ordenou que Pilatos fosse a Roma. Disponível em http://br.springerlink. 27. Andreasen. nós devemos saber em que período a seara da cevada estava madura em Jerusalém em 1844. sendo depois enviado a Roma para se justificar perante Tibério dos maus tratos infligidos aos samaritanos: “Mas quando esse tumulto foi acalmado.C. nós não temos meios certos de saber. Tendo sido as setenta semanas – 490 dias – separadas dos 2. mas para escapar da violência de Pilatos. que têm sido sugeridos por autores católicos e protestantes.5 anos (Dn 9:27. nós tínhamos recebido qualquer informação quanto ao período da colheita da cevada em Jerusalém” (The Morning Watch. [Tatuí. Harvest dates in ancient mesopotamia as possible indicators of climatic variations. 23:1-7. e acusou Pilatos de assassinato. acessado em 01/03/2007. 11 de setembro de 1844. não será dada a impressão de que. Para maiores informações biográficas sobre o Dr.] como o tempo. de acordo com o cômputo que nós temos adotado. Os anos 30 d. L.C. mas antes que pudesse chegar a Roma. htm.com/cartas_andreasen.810 anos se estendem a 1844. “[. segue-se que nós em breve estaremos no sétimo mês” (Advent Herald.. O acesso ao conteúdo completo do livro é pago. o senado samaritano enviou uma embaixada a Vitélio. 28 Robert K. é óbvio que. um amigo seu.C. 39.ucl. os 2.ac. acessado em 01/03/2007. ou se não foi observada até a lua seguinte. AZ: Leaves-of-Autumn Books. karaite-korner. acessado em 01/03/2007. acessado em 01/03/2007. 6 de março de 1845. quando a colheita amadurecia. pois eles não foram a Tirathaba a fim de se revoltar contra os romanos. 26 Disponível em http://www. Como a primeira lua cheia veio tarde este ano. 1.C. segundo o testemunho do anjo de Deus. acessado em 01/03/2007. O acesso ao conteúdo do artigo é pago. “o santuário será purificado”. acessado em 01/03/2007. e S. Letters to the Churches (Payson.). deva ter sido celebrada em 4 de maio. quando tinha completado dez anos na Judéia. apressou-se para Roma.. Se foi assim.. que quase universalmente se acreditava ocorresse por ocasião do segundo advento” (Ellen G. Pilatos governou a Judéia por dez anos. e. 30 Ellen G. Sigrist. apenas o ano 31 d. admite um 15 de nisan numa sexta-feira. 36ª ed. então nós podemos saber quando o sétimo mês começou.300 dias. 32 Visto que a duração do ministério de Cristo foi de 3. antes de outubro último. Neumann. 31 M. e isso em obediência às ordens de Vitélio. baseado na crença de que o calendário rabínico está um mês mais cedo” (Midnight Cry. a primeira lua cheia veio em 3 de abril. e 13-25). Assim. e a páscoa verdadeira [foi] então celebrada.810 dias deveriam ainda cumprir-se. disponível em http://www.810 dias.truthorfables.org. admitem um 14 de nisan. Depois de falar Parousia 1s2007. cumpriram-se de maneira surpreendente todas as especificações das profecias e fixa-se o início das setenta semanas. 28 e 29. De acordo com Flávio Josefo.300 dias. e seu termo no ano 34 de nossa era. 27 J. com/oso/public/content/religion/9780198270348/ toc. “É [algo] extraordinário que a páscoa. 21 e 22. com que dia em nosso calendário o décimo dia coincidiria.indd 98 do batismo e da crucifixão de Cristo.uk/hebrew-jewish/aboutus/stern.C.1º semestre de 2007 no site oficial do movimento caraíta: http://www. tradução e grifo nossos).). neste ano. e outras circunstâncias. disponível em http://www. Ao expirar este grande período profético. Ver Êxodo 16:22-30. portanto. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo [Guaratinguetá. que foi. A lua estava abaixo do limite de visibilidade. A suposição de que a morte de Cristo tinha de ocorrer no mesmo dia em que o cordeiro pascal era imolado é apressada e superficial. 36 Sky & Telescope Magazine (Cambridge. com. de 276º 6’ 54”. essencial para a festa das primícias) quanto da lua (por causa do início do mês na lua nova). o primeiro dia da semana. 37 O azimute do sol era de 279º 16’ 31” e o da lua. informa que Tibério “morreu. 130). após uma bem equilibrada interpretação. 19º ed. conforme citado no Lange’s Commentary. os conceitos e valores de ano solar e de mês lunar (lunação) devem ser aplicados aos períodos proféticos.C. J. tradução e grifo nossos). aos dezessete dias antes das calendas de abril. 600). 642. 482. Levando em consideração a distância existente entre Jerusalém e Roma e que Tibério já havia morrido quando Pilatos chegou à cidade imperial. Jesus deixou claro que aquela refeição de quinta-feira à noite era uma ceia pascal (Lc 22:15). a morte de Tibério ocorreu em 16 de março de 37 d. Marcos e Lucas (o testemunho de que Jesus e seus discípulos comeram a refeição da páscoa no dia regular. Ver Mateus 26:17 e 20. Marcos 15:42 (ver também 16:1 e 2). já nas primeiras horas da sexta-feira bíblica (15 de nisan). o qual era celebrado “no dia imediato ao sábado” (Lv 23:12). Antiquities of the Jews. Jesus deveria ter antecipado a celebração da ceia.23 de setembro ou 22 de outubro? / 99 havia morrido” (Flavius Josephus. Acessado em 01/03/2007. na minha mente repousa a firme convicção de que nada existe. pode ser encontrada no site http://www. Ellen G. Cnéio Acerrônio Próculo e Caio Pôncio Nigrino exerceram seu consulado em 37 d. 35 Mateus 27:62. [Tatuí. 34 Alguns têm interpretado erroneamente certas declarações do evangelho de João e sugerido que a crucifixão tenha ocorrido em 14 de nisan.)’” (Russell Norman Champlin.C. 23 e 29). capítulo 4. Por fim. MA: New Tract Media Company). requeira ou permita que creiamos que o discípulo amado tenha tencionado ou corrigir ou contradizer o testemunho explícito e inquestionável de Mateus. livro 18. Para que a crucifixão ocorresse em 14 de nisan. Os valores do ano trópico (solar) e do mês sinódico (lunar) são fornecidos pelo The Astronomical Almanac for the Year 1995 (Washington. artigo 2. Ele [Cristo] devia ser sacrificado” (Ellen G. Ex 16:5. a data judaica da crucifixão. por exemplo. no sentido de que a páscoa teria sido celebrada na noite de sexta para sábado. em The Works of Josephus.1995]. pois estes estão atrelados às datas de festas judaicas (o 15 de nisan e o 10 de tishri). e Lucas 22:7 e 14. White confirma que “no dia em que a páscoa era comida. cf. grifo nosso). pois o dia que precedia o sábado era conhecido como “dia da preparação” (Mt 27:62. Marcos 14:12 e 17. Seguindo o ritual prescrito pela Lei. A páscoa era comida já no dia 15 de nisan.C. Uma discussão mais exaustiva do assunto. o término de seu governo pode ser situado no final de 36 d. 38 Visto que o calendário judaico depende tanto do sol (por causa do amadurecimento da cevada. quando o bode expiatório era imolado. 2002]. o que Ele não estava na liberdade de fazer. e Lc 23:54-56. mas nem por isso. Londres: Her Majesty’s Nautical Almanac Office of 28/6/2007 14:09:14 . sendo a diferença azimutal. Pela listagem de E. inclusive quanto ao cumprimento antitípico do festival das primícias. pois veio para cumprir a lei (Mt 5:17 e 18. White. 2ª ed. reform. Disponível também em versão online. A altitude da lua era de 11º 28’ 47”.. 22. pois Cristo também era representado por todos os outros animais sacrificados no cerimonial judaico. e Gl 4:4).C. ou no começo de 37 d. Robinson declarou qual a sua conclusão a respeito: ‘Após repetida e calma consideração.. fixadas na base do sistema lunissolar. símbolo da ressurreição de Cristo. cujo nome bíblico era o “dia da preparação”. pois talvez os sacerdotes não tivessem participado da ceia por terem estado envolvidos na prisão e julgamento de Jesus e ainda pensassem em comê-la antes que o dia avançasse. em Chronology of the Ancient World. com setenta e oito anos de idade e vinte e três de reinado. os discípulos prepararam a páscoa na tarde de quintafeira (14 de nisan) e a comeram depois do pôr-do-sol. “Após examinar criteriosamente todo esse problema. no endereço: http://skyandtelescope. SP: Sociedade Religiosa A Voz Bíblica Brasileira]. DC: Nautical Almanac Office of the United States Naval Observatory. SP: Ediouro. ou nas circunstâncias das próprias ocorrências que. A Vida dos Doze Césares. sob o consulado de Cnéio Acerrônio Próculo e de Caio Pôncio Nigrino” (Suetônio. Lucas 23:54-24:1. Bickerman. de 3º 9’ 37”. O Desejado de Todas as Nações. João 18:28 não precisa ser interpretado em desarmonia com os sinóticos. Ele teve de ser crucificado no dia da expiação. porém os sinóticos não deixam dúvida de que a data correta é 15 de nisan. concertoeterno. SP: Casa Publicadora Brasileira.indd 99 do evangelho de João. Como ele esteve à frente dos negócios da Judéia por dez anos. historiador romano do primeiro século. [São Paulo. O décimo sétimo dia antes das calendas de abril é 16 de março. in loc.com ou no livro Chronological Studies Related to Daniel 8:14 and 9:24-27. Portanto. portanto. o início de sua administração pode ser fixado no final do ano 26. na linguagem Parousia 1s2007. Suetônio. A expressão “preparação da páscoa” em João 19:14 se refere simplesmente à sexta-feira da semana da páscoa. e João 19:14 e 31 atestam que a crucifixão ocorreu numa sexta-feira. 28:1. O sábado após a morte de Cristo pode ter sido considerado um “sábado grande” (Jo 19:31) apenas por ter ocorrido dentro da semana dos pães asmos e não devido a uma suposta sobreposição de um sábado semanal com uma festa cerimonial. nem Parker e Dubberstein apresentam qualquer documentação contemporânea para fundamentar sua opção por um tishri em setembro no ano de 457 a. 47 e 50). a diferença de + 2.87512). isso quer dizer que uma data do calendário judaico só volta a coincidir com o mesmo ponto do ano solar após um período de 19 anos.. 399. Ele pôs um fim aos sacrifícios que por quatro mil anos tinham sido oferecidos” (Ellen G.mil/data/docs/JulianDate. acessado em 01/03/2007.C.0844 horas) do ciclo lunar sobre o ciclo solar. ed. Exemplo: se.] e 33 [572/571 a.300 anos nessa data requeriria que o início do período também tivesse ocorrido num mês de outubro. o mesmo só se repetirá 19 anos depois.navy. Logo. 27.0844 × 121 = 252.] Aqueles símbolos se cumpriram. que nada tem a ver com o Parousia 1s2007. Isso significa que o esquema lunissolar está terminando dez dias depois do esquema puramente solar. reproduzindo as tabelas de Horn (p. a título de exemplificação.36708 – 365. no mesmo dia e mês em que. Naquela mesma noite Ele foi tomado por mãos ímpias. DC: Review and Herald.1º semestre de 2007 the Royal Greenwich Observatory). 32).08685 dia (ou de 2. a revelação das 70 semanas (Dn 9:21) e o fim da agonia de Jesus sobre a cruz (Mt 27:46. tendo comido a páscoa com os discípulos. meio-dia (12h) de 1º de janeiro de 4713 a. tradução e grifo nossos).C. (a cada 19 anos. 44 O The Seventh-day Adventist Bible Commentary. Foi também nessa noite que Jesus confirmou sua decisão de se oferecer pela raça pecadora (O Desejado de Todas as Nações. vol.. grifo nosso).0007. 40 Em cada ciclo de 19 anos. 39 Em outras palavras.50885). Ellen G. No dia catorze do primeiro mês judaico. cujo objetivo é individualizar cada momento por um número diferente.C. 1º de nisan cair em 21 de março (equinócio atual). foi sacrificado por nós’ (1Co 5:7). o 10 de Tishri se estendeu do pôr-do-sol do dia 22 ao pôr-do-sol 28/6/2007 14:09:15 .2422 = – 10. Ellen G. 3. A diferença é mínima: um excesso de 0. pois o ano puramente solar é cerca de 10 dias maior que o ano lunar (354. 36 e 38). que correspondem ciclicamente a 458/457 a. [. A sugestão de Parker e Dubberstein quanto a um mês intercalar no final do ano babilônico correspondente a 457/456 a.html. 19 anos lunissolares perfazem 235 meses lunares (12 × 12 + 7 × 13 = 235). Diz Paulo: ‘Cristo. as datas do esquema lunar voltam a ocupar praticamente a mesma posição dentro do ano solar).C. pode-se utilizar o excelente programa de conversão disponível neste endereço: http://aa. há 121 ciclos completos de 19 anos e mais 12 meses lunares. 158) e de Parker e Dubberstein (p. instituiu a solenidade que deveria comemorar sua própria morte como o ‘Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo’. consiste numa escala. onde Edson vivia) correspondam às 15h em Jerusalém. Por outro lado. nossa páscoa. Para se obter a data juliana de um dado momento.299 anos (que correspondem aos 121 ciclos). deslocando tishri para um mês mais tarde em 457 a.C.0000. 41 Em 2.] de Nabucodonosor (p. o sacrifício do cordeiro pascal (Êx 12:6). de 13. num determinado ano. no caso. pois nela ocorreram eventos particularmente importantes. 690 e 693). p. de 1844. para os anos 14 [591/590 a. 45 A hora do sacrifício da tarde ocupa posição de destaque na história bíblica.C. pois a diferença de sete fusos horários faz com que as 8h da manhã em Boston (ou 7h em Port Gibson. que é o total de lunações presentes em 19 anos. White. 43 O período juliano. A “visão do milharal” possivelmente ocorreu no mesmo momento do sacrifício da tarde em Jerusalém. o cordeiro pascal havia sido morto. durante quinze longos séculos. 12h do dia 2 de janeiro têm como designação o número 1. Em Jerusalém.C. [Washington.usno. rev. Isso ocorre porque 19 anos solares possuem praticamente o mesmo número de dias de 235 meses lunares. 42 Foi na noite anterior à crucifixão que Jesus exclamou: “Pai. (ponto inicial do período) é identificado pelo número 0. 29. 1976]. essa opção não se coaduna com o Yom Kippur em 22/23 de outubro no ano de 1844.2124 ÷ 24 = 10. White também assevera que “quando comeu a páscoa com seus discípulos. grifo nosso). pois o término dos 2. nem Horn. Todavia. White também enfatiza a noite como ponto decisivo: “A morte do cordeiro pascal era sombra da morte de Cristo.50885 dias (2. 29). o fogo que desceu do céu sobre o altar de Elias (1Rs 18:26..C. pois. razoável apoio documental na cronologia babilônica das épocas de Daniel e de Jesus para se posicionar o mês de tishri em outubro. 652.indd 100 calendário juliano.0000. 28) e 3 [553/552 a. Cristo.300 anos. Na ceia pascal. avançando mais um ano (os 12 meses de sobra). Daniel 9:27 afirma que no “meio da semana” o Ungido faria “cessar o sacrifício e a oferta de manjares”. idealizada pelo astrônomo Joseph Scaliger. é chegada a hora” (Jo 17:1). Assim.100 / Parousia . essa diferença é corrigida. Evidentemente. No entanto. situa o mês de tishri em setembro e não em outubro no ano de 457 a. “Cristo se achava no ponto de transição entre dois sistemas e suas duas grandes festas” (O Desejado de Todas as Nações. Existe a possibilidade de que um décimo terceiro mês tivesse sido intercalado no final do ano babilônico correspondente a 458/457 a. não somente quanto ao acontecimento mas também quanto ao tempo. 12 anos são de 12 meses e 7. Babylonian Chronology apresenta documentação arqueológica para a inserção de mês intercalar que justifique um tishri em outubro e não em setembro de 457 a.] de Nabonido (p. 108 e 109. Há.0844 horas se acumula em + 10.C.C. Após 2. 12h01 desse mesmo dia já é representado pelo número 0. não está amparada em documentação da época. em The Seventh-day Adventist Bible Commentary. dentre os quais podem ser citados. 5:1139. para ser crucificado e morto” (O Desejado de Todas as Nações.C. e vi distinta e claramente que. Entramos no celeiro. de 15º cada. tradução e grifo nossos. nos EUA. o templo de Deus foi aberto no Céu. Nesta data. e assim estivemos esperando a vinda de nosso Senhor até que o relógio badalou as 12 batidas da meia-noite.300 dias. Enquanto eu me encontrava parado no meio do campo. como é conhecido hoje. neste dia.. estendeu-se de cerca de 10h15 da manhã do dia 22 a cerca de 10h15 da manhã do dia 23 de outubro [vale lembrar que o sistema de fusos horários. O dia havia acabado e nosso desapontamento tornou-se uma certeza. em vez de nosso sumo sacerdote ter 46 Parousia 1s2007. e que nós devemos esperar por seu retorno das bodas. e agora tinha se tornado amargo em nosso estômago. tinha sido doce em nossa boca. Ele havia entrado nas bodas. ao meio da tarde de 10 de tishri em 1844. no término do 2. etc. [. etc.. e. Que nós devemos profetizar outra vez. Ele havia entrado pela primeira vez no segundo compartimento desse santuário. e minha mente foi dirigida para o capítulo 10 de Apocalipse.] Choramos e choramos até o amanhecer [. É bem apropriado. o dia da expiação.’ Assim o fizemos. Portanto. eu respondi: ‘O Senhor estava respondendo à nossa oração matutina. calculado pelo horário de Jerusalém. que as 2. Segue-se o trecho do manuscrito de Hiram Edson que descreve a experiência: “Nossas expectativas eram muito grandes. quando o sumo sacerdote. [.’” Fragmento de um manuscrito não datado de Hiram Edson. o dia da expiação calculado por Jerusalém ocorreu mais para dentro do dia 22 do que do dia 23. 28/6/2007 14:09:15 . e que Ele teria uma obra a fazer no lugar santíssimo antes de vir à Terra. Em Boston. em outras palavras. a fim de receber um reino. onde eu pude ver que a visão havia falado e não mentiu. disponível na Internet no endereço: http://www.com/sdadefend-old/Oct22. Quando me perguntou por que me havia detido por tanto tempo.300 tardes e manhãs se estendam do meio da tarde do dia 10 de tishri em 457 a. pois. diante do Ancião de Dias.. Oramos ferventemente porque sentíamos nossa necessidade.] Comecei a sentir que deveria haver luz e ajuda em nossa angústia presente. O ponto alto do dia da expiação era o sacrifício da tarde. fechamos as portas e nos inclinamos diante do Senhor. tendo completado o ritual prescrito para a purificação do santuário. só foi proposto em 1878 e aceito internacionalmente depois de 1884]. mantido no Heritage Room da Andrews University Library. amargando todo o nosso ser. saía e abençoava o povo.sdadefend. htm. fui detido na metade de um campo extenso. o sétimo anjo havia começado a fazer soar sua trombeta.indd 101 saído do santíssimo do santuário celestial para vir à Terra no décimo dia do sétimo mês. acessado em 01/03/2007. Disse a alguns irmãos: ‘Vamos ao galpão’.. e que quando o sétimo anjo começou a tocar. que cruzávamos...] Depois do desjejum disse a um de meus irmãos: ‘Vamos visitar e animar alguns de nossos irmãos.. e lá foi vista em seu templo a arca de seu testamento. antes de perceber que eu não o acompanhava.C. dando-nos luz sobre o desapontamento. dividindo o mundo em 24 zonas. nós tínhamos comido o livrinho. meu companheiro havia seguido caminhando quase mais que o alcance da voz. domínio e glória. O céu pareceu abrir-se diante de mim.23 de setembro ou 22 de outubro? / 101 do dia 23 de outubro. indd 102 28/6/2007 14:09:15 .102 / Parousia .1º semestre de 2007 Imagem 1 (Redshift 2) Imagem 2 (Calendrical Calculations) Parousia 1s2007. 23 de setembro ou 22 de outubro? / 103 Imagem 3 (Redshift 2) Imagem 4 (Sky View Cafe) Parousia 1s2007.indd 103 28/6/2007 14:09:16 . 1º semestre de 2007 Imagem 5 (Calendrical Calculations) Imagem 6 (Sky View Cafe) Parousia 1s2007.104 / Parousia .indd 104 28/6/2007 14:09:17 . indd 105 28/6/2007 14:09:17 .23 de setembro ou 22 de outubro? / 105 Imagem 7 (Calendrical Calculations) Imagem 8 (Redshift 2) Parousia 1s2007. indd 106 28/6/2007 14:09:18 .1º semestre de 2007 Imagem 9 (contagem de dias) Imagem 10 (Sky View Cafe) Imagem 11 (Calendrical Calculations) Parousia 1s2007.106 / Parousia . 23 de setembro ou 22 de outubro? / 107 Imagem 12 (Sky View Cafe) Imagem 13 (Calendrical Calculations) Parousia 1s2007.indd 107 28/6/2007 14:09:18 . 108 / Parousia .indd 108 28/6/2007 14:09:19 .1º semestre de 2007 Imagem 14 (Sky View Cafe) Imagem 15 (Sky & Telescope) Parousia 1s2007. indd 109 28/6/2007 14:09:19 .23 de setembro ou 22 de outubro? / 109 Imagem 16 (Redshift 2) Imagem 17 (Redshift 2) Parousia 1s2007. 1º semestre de 2007 Imagem 18 (Sky & Telescope) Imagem 19 (Redshift 2) Parousia 1s2007.indd 110 28/6/2007 14:09:20 .110 / Parousia . indd 111 28/6/2007 14:09:20 .23 de setembro ou 22 de outubro? / 111 Imagem 20 (contagem de dias) Imagem 21(Sky View Cafe) Parousia 1s2007. 112 / Parousia -1º semestre de 2007 Imagem 22 (gráfico) Parousia 1s2007.indd 112 28/6/2007 14:09:23 . indd 113 28/6/2007 14:09:24 .23 de setembro ou 22 de outubro? / 113 Imagem 23 (Redshift 2) Imagem 24 (contagem de dias) Imagem 25 (Redshift 2) Parousia 1s2007. indd 114 28/6/2007 14:09:24 .114 / Parousia -1º semestre de 2007 Imagem 26 (Redshift 2) Imagem 27 (Sky & Telescope) Parousia 1s2007. indd 115 28/6/2007 14:09:26 .23 de setembro ou 22 de outubro? / 115 Imagem 28 (Redshift 2) Imagem 29 (contagem de dias) Imagem 30 (Redshift 2) Parousia 1s2007. indd 116 28/6/2007 14:09:27 .116 / Parousia .1º semestre de 2007 Imagem 31 (Redshift 2) Imagem 32 (Sky & Telescope) Parousia 1s2007. Israel e o novo Israel / 117 Parousia 1s2007.indd 117 28/6/2007 14:09:28 . Parousia 1s2007.indd 118 28/6/2007 14:09:28 .
Copyright © 2024 DOKUMEN.SITE Inc.