Os Meus Apontamentos de Economia Portuguesa e Europeia

March 26, 2018 | Author: Mayara Cabral | Category: Portugal, Europe, Industries, Inflation, Industrial Revolution


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Capítulo IA industrialização Europeia e o atraso económico português A) Indicadores de Nível de Desenvolvimento Económico e Social Para a caracterização do nível médio de vida vamos usar uma série de indicadores, tais como:  Indicadores físicos: - indicadores físicos de meios: dizem respeito os meios que cada um destes países tem ao seu dispor para satisfazer uma determinada necessidade. Não são fiáveis, pois não nos informam sobre a eficiência desses meios. Há apenas uma quantificação. Exemplo: número de professores per capita, números de médicos per capita. - indicadores físicos de resultados: são os que indicam os resultados obtidos numa sociedade em consequência dos meios disponíveis. São melhores que os indicadores de meios, pois mostram-nos a eficiência. Exemplo: taxa de analfabetismo e esperança de vida média à nascença; taxa de mortalidade infantil.  Indicador compósito: surgem devido à multiplicidade de factores que condicionam o nível de vidas das pessoas. Aqui se destaca o Índice de desenvolvimento humano (IDH). Neste indicador usamos ponderadores para diversos indicadores, sendo estes subjectivos. Aqui são considerados três vertentes: - Educacional; - Longevidade; - Monetário;  Indicadores monetários: são vários os indicadores monetários possíveis. No entanto, nós iremos usar o PIBpc – Paridade de Poder de compra. PIB per-capita é o indicador quantitativo mais apropriado para representar o nível de produção e bem-estar das economias uma vez que tem em conta as diferenças de dimensão existentes entre as economias. Temos que destacar a necessidade de usarmos a Paridade de Poder de Compra (PPC) em vez de simplesmente o uso das taxas de câmbio correntes1. Isso porque é necessário ter em conta os diferentes níveis gerais de preço dos vários países (destacando as diferenças de nível de preços no sector dos bens não transaccionáveis entre países). Nota bem: Bens transaccionáveis (1º e 2º sector): susceptíveis de serem transaccionados internacionalmente, que tende a igualizar os preços nos diferentes países – caso não existissem pautas aduaneiras e politicas fiscais diferentes. 1 Ao considerar taxas de câmbio correntes, o $1 dólar não terá o mesmo poder de compra de país para país. Será maior nos países com nível de preços mais baixo e será menor nos países com níveis de preços mais elevados. Podemos estar a favorecer os Países Desenvolvidos (PD) e prejudicar os Países em Via de Desenvolvimento (PVD). É subavaliado o poder de compra dos PVD e sobreavaliado o poder de compra dos PD. 1 Bens não transaccionáveis (3º sector): não são susceptíveis de serem transaccionados internacionalmente. Há uma grande diferença na produtividade entre os países mais e menos desenvolvidos, principalmente nos bens transaccionáveis. Pelo contrário, a produtividade é relativamente parecida nos bens não transaccionáveis. Nos países desenvolvidos, a produtividade dos bens transaccionáveis é mais elevada logo os seus salários serão mais elevados. Tal irá se refletir no sector dos bens não transaccionáveis. Nos países menos desenvolvidos, a produtividade dos bens transaccionáveis é menor, logo os seus salários serão menores. Isso irá afetar o sector dos bens não transaccionáveis. Conclusão: De acordo com os indicadores que estudamos, Portugal é um país com IDH muito elevado, embora em patamares mais baixos. B) As fases de Maddison Em 1995, Angus Maddison identifica cinco fases no desenvolvimento da economia mundial a partir de 1820. Estas fases foram identificadas na base da observação e análise de características observáveis e mensuráveis, correspondendo a alterações significativas no ritmo de evolução da maioria das economias. Pode-se destacar que estas fases têm uma duração superior à do ciclo económico. A passagem de uma fase para outra foi, por via de regra, determinada por acidentes históricos ou choques significativos no sistema económico As fases são: - Fase I (1820 a 1870) e Fase II (1870 a 1913): encontramos um conjunto significativo de países envolvidos no processo de crescimento económico moderno desencadeado com a Revolução industrial na Europa do século XIX. 2 A taxa de crescimento do produto per capita foi de 2% em termos médios – um período e aceleração das economias de um modo geral. As economias encontravam-se mais abertas, a nível de capital, matérias- primas. Este crescimento do comércio internacional foi ajudado por existir um regime de câmbios fixos, pois o padrão-ouro estava em vigor, eliminando o risco cambial. - Fase III (1913 a 1950): Há uma desaceleração clara do crescimento das economias dos “principais países industrializados ou desenvolvidos” da actualidade nesta fase e, ao mesmo tempo, uma forte flutuação do nível de actividade económica com um número muito elevado de anos de crescimento negativo para o conjunto dos 16 países. Esta foi a fase de mais baixo crescimento económico e também a de maior instabilidade no crescimento económico. Os países em termos médios só cresceram 1% ao ano. As duas Guerras Mundiais provocaram: - Grandes destruições nos stocks de capital físico e humano da maioria dos países do norte e centro da Europa; - O aparecimento de desequilíbrios macroeconómicos, nomeadamente inflação (exemplo: hiperinflação na Alemanha) e elevados défices públicos (monetização dos défices públicos), com as consequentes limitações para o crescimento económico que estes desequilíbrios introduzem; - Maior fechamento ao exterior por parte das várias economias industrializadas ou desenvolvido (aumento das pautas aduaneiras); - O sistema de pagamentos internacionais, que se baseou em grande parte do período nos câmbios flutuantes (em contraste com o padrão-ouro da fase anterior), não foi também favorável ao crescimento dos fluxos de capitais e mercadorias, pelo risco cambial que os câmbios flutuantes introduzem; 3 . Itália.Comunidade Económica Europeia (CEE) em 1957 formado por seis países: França. países nórdicos. Em Bretton Woods. . Este sistema cria oportunidades de crescimento. foram também criadas duas instituições: o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional.As políticas macroeconómicas estão mais concentradas na inflação e não tanto com o desemprego e crescimento. Isto é.. . Áustria. Os factores que vão ajudar a essa expansão são: . Os países chegam a uma taxa média de cerca de 4% ao ano. A estes problemas devemos ainda juntar a grave crise económica de 1929 (com origem nos EUA. Formada pelo Reino Unido. Suíça e Portugal. Alemanha.Maior abertura das economias (diminuição dos direitos aduaneiros) e criação de espaços de comércio livre. as moedas dos países aderentes ficam apegadas ao dólar e ao ouro. mas que rapidamente se transmitiu aos países do norte de centro da Europa devido às fortes relações comerciais e de investimento).European Free Trade Association (EFTA).O acordo GATT (General Agreement on Tarifs and Trade) que deu origem à Organização Mundial do Comércio (a partir dos anos 90). podendo destacar: . . e Benelux (Bélgica. com base nos acordos de Bretton Woods (padrão dólar-ouro). Temos um aumento dos fluxos de capitais entre os vários países. principalmente o investimento directo (os EUA investem no Japão e na Europa).O regime de câmbios fixos. Luxemburgo e Holanda).Fase IV (1950 a 1973): Esta é marcada por um período de crescimento bastante mais rápido e estável (no geral) do que a fase III. este último vocacionado para ajudar os países integrados no padrão 4 . em 1959 que é uma zona de comércio livre. e tendo em conta que se encontravam em câmbios fixos. Temos um segundo choque em 1979-81 que levaram a pressões inflacionárias de muitas matérias-primas chaves.Fase V (1973 até os nosso dias): esta etapa é marcada pelo choque petrolífero. . muito tiveram que abandonar os acordos estabelecidos. dificuldades de balança de pagamentos.Estabilidade do preço das principais matérias. Temos políticas macroeconómicas do tipo keynesianas. em determinado momento. Caracteriza-se esta fase por um crescimento mais irregular e mais lento. em 1973 dá-se o choque petrolífero. uma subida muito acentuada do valor do petróleo nos mercados internacionais que irá influenciar a economia. No entanto. .dólar – ouro que tivessem. e dos problemas resultantes do desaparecimento da ordem em matéria de sistema de pagamentos internacionais estabelecida nos acordos de Bretton Woods. os países tendem a desvalorizar a moeda.Dá-se prioridade às políticas de emprego. 5 . Com esta subida. Isso deve-se ao forte aumento do preço do petróleo. . cerca de 2% ao ano. fazendo com que a inflação aumente. a partir dos finais de 1973. 6 .6 38.1 42. . o Fontismo ou Período de Regeneração (1851 – 1900). Fase II da tipologia de Maddison (1913-1950)3 .A evolução de Portugal nas fases de Maddison: Fases de tipologia de Maddison . e ainda.período de forte convergência real. a fase ruralista do Estado Novo (19261945).6 1955 37. um parte da fase introvertida (1945-1960) do Estado Novo. 4 Nesta fase vamos ter: uma parte da fase introvertida (1945-1960).6 Industrialização introvertida (%) Industrialização extrovertida Anos 2 Nesta fase vamos ter: o período inicial da Revolução Industrial (do qual Portugal não pertenceu). associado à industrialização introvertida – fraca convergência real.7 1960 1961 1962 1963 1964 1965 1966 38. e ainda.8 43.Convergência nula: produto per capita português mantem-se em torno dos 37% da média dos 10 países de referência. e ainda.9 40. É bastante mais rápido a partir dessa altura .Incapacidade de acompanhar de forma dinâmica o processo de industrialização europeu. a fase extrovertida do Estado Novo (1960-1974). 3 Nesta fase vamos ter: parte da Primeira República (1910-1926). . considerando os anos de ponta. A economia portuguesa começa (finalmente) a recuperar do atraso em matéria de produto per capita. 4 Fase III da tipologia de Maddison (1950-1973) (1 pp no período).5 39.7 41.Forte divergência real: produto per capita português passa de um valor próximo da média dos 10 países de referência para Fase I da tipologia de Maddison (1830-1913)2 cerca de 37%.Mais por força das dificuldades destes países que de uma alteração significativa da estrutura e dinâmica interna da economia portuguesa. O processo de recuperação é bastante lento até 1960. PIB per capita português relativamente ao de 10 países do norte e centro da Europa (fase da industrialização extrovertida) – dados da OCDE 1945 1950 37. No período 1913-1938 repousam nas estimativas de Numava. até 1913 repousam sobre as de Lains.A. de 1960.1 Itália (PNBpc . Estas estimativas têm por base.8 46. PNB pc português relativamente (nível relativo) ao de outros países europeus (1830. a série de Bairoch foi construída a partir de 12 indicadores indirectos do nível de produto por habitante português em 1889-1901 e 1928. desde 1833 e até 1985. antes e depois daquelas duas datas. %. dólares e preços dos EUA de 1960 para os dados de base) BAIROCH NUMAVA Alemanha (PNBpc .Numava (1989): fornece estimativas de base anual sobre o crescimento em volume do produto interno bruto por habitante português. Estas estimativas apresentadas por Maddison. Os valores assim obtidos foram. No que diz respeito a Portugal. em escudos.3 80. de base anula. estimativas pessoais do autor sobre o crescimento em volume das produções agrícola e industrial portuguesas. fornece estimativas de base decenal para o produto nacional bruto por habitante dos diferentes países europeus.Alemanha) Áustria-Hungria (PNBpc .Áustria .3 C) As estatísticas do PIBpc . Já os de 1947-1985 são estatísticas oficiais. e até 1950.8 7 .1967 1968 1969 1970 1971 1972 1973 1974 45.Portugal / PNBpc França) 94.Bairoch (1976): a mais antiga e conhecida.7 49. até 1938.8 57. neste último caso. desde 1830 e até 19732.7 81. .Lains (1995): fornece estimativa em volume do PIBpc.2 51. receitas fiscais e despesas públicas). em seguida. .Maddison (1996): fornece estimativas em volume do PIBpc no período 1870-1992. .Portugal / PNBpc . em dólares e aos preços dos E. Foram estabelecidas a partir de estimativas pessoais do autor sobre a evolução durante este período das produções agrícola e industrial portuguesas a preços constantes.Hungria) 102 87.U. Os dados entre 1833-1947 foram obtidos a partir de indicadores indirectos (exportações.Portugal / PNBpc .Portugal / PNBpc Itália) 94. tendo como base. no período de 18511913.5 47.4 100 85. nas de Lains.5 53. estendidos no tempo utilizando a evolução da população e do volume de produto nacional bruto total.7 França (PNBpc . Portugal / PNBpc Suíça) Média Pequenos Países Média 90.Portugal / PNBpc .Portugal / PNBpc .3% (isto é. o PNBpc da Alemanha é equivalente a 71% do PNBpc do Reino Unido.3% / 94. Serão estas estimativas plausíveis? .9 110.6 85.Portugal / PNBpc .Portugal / PNBpc – França = 72.7% = 76% França tinha relativamente ao Reino Unido um PNBpc de 76% (isto é.  PNBpc – Alemanha / PNBpc – Reino Unido = PNBpc .7 Nota bem: Como comparar os países com o Reino Unido:  PNBpc .6 99.02 103 Noruega (PNBpc .Dinamarca) 120.Portugal / PNBpc . o PNBpc da França é equivalente a 76% do PNBpc do Reino Unido. no entanto.8 95.3 76.Noruega) 89.6 Dinamarca (PNBpc .Portugal / PNBpc .As estimativas de BAIROCH foram obtidas usando metodologias do lado da produção – usando a ótica da produção (somatório do Valor Acrescentado Bruto dos três sectores de atividade).3% do PNBpc do Reino Unido. 8 . Apesar de usarem metodologias muito diferentes.2 84.5 81. apresentam resultados bastantes semelhantes.3 77.9 78.Portugal / PNBpc – Alemanha = 72.  PNBpc – França / PNBpc – Reino Unido = PNBpc .4 Suíça (PNBpc .3 91.Portugal / PNBpc Bélgica) 72.7 72.3% Portugal tinha relativamente ao Reino Unido um PNBpc de 72.2 61.Portugal / PNBpc . Já as estimativas de NUMAVA foram baseadas: α + β1X + β2RF + β3DP.3% / 102% = 71% Alemanha tinha relativamente ao Reino Unido um PNBpc de 71% (isto é.Portugal / PNBpc Suécia) 128.Reino-Unido (PNBpc . o PNBpc de Portugal é equivalente a 72.Reino Unido / PNBpc .Reino Unido = 72.Reino Unido) Média Grandes Países Bélgica (PNBpc .5 Suécia (PNBpc .Reino Unido / PNBpc . sofrem um grande incremento. tecnológicas. A situação descrita por estas é plausível à com as informações qualitativas da altura sobre a situação portuguesa e da dos demais países europeus nos começos do século XIX. é necessário ter em conta que nos princípios do século XIX. não podiam ser ainda significativas. podemos destacar três fases que são: . difundindo assim o processo de crescimento económico moderno. Afinal. as diferenças entre os diversos países da Europa continental em matéria de produtividade. Por outro lado.1º fase (de 1740/1760 até 1820/1830): revolução ficou limitada à Inglaterra. e consequentemente os níveis de produto por habitante.. notemos que o Reino Unido (e provavelmente também o território da atual Bélgica) foi pioneiro em matéria de industrialização. 9 . Finalmente.O processo de industrialização e o crescimento económico moderno No início do séc. XIX. de produto e de mercados associadas ao crescimento económico moderno. por exemplo. os níveis de produtividade desse grupo países. devemos ter em conta o contexto económico existente nesta altura. esse processo não tinha ainda tocado de forma significativa os países da Europa continental e os diferenciais de níveis de desenvolvimento na parte continental da Europa eram pequenos. Bélgica e Noroeste de França. Até por volta de 1830.Em segundo lugar. mesmo se essa posição só foi uma posição de primeira linha durante um curto período de tempo (até à integração na Espanha em finais do século XVI). e certamente mais decisivo. Nesta fase podemos destacar a máquina de Robert no sector dos têxteis. se vão envolvendo neste conjunto de mutações económicas e sociais a que se convencionou chamar Revolução Industrial. 5 A Revolução Industrial é um conjunto de inovações organizativas. E aqui teremos a base da (ainda hoje existente) elevada diferença de nível de vida entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento À medida que a maioria dos países do norte e centro da Europa continental e certos países de fora da Europa. e assim as diferenças entre esses países em matéria de produto por habitante. a situação começa a alterar-se de forma substancial – a Revolução Industrial5. a dos países escandinavos considerados no seu conjunto. a situação da maioria dos países europeus caracterizava-se por um nível bastante baixo de produto per capita e havia uma dispersão pouco acentuada da situação individual de cada país. e portanto numa altura em que a maioria dos países da Europa continental não estavam ainda significativamente envolvidos no processo de crescimento económico moderno desencadeado pela Revolução Industrial Inglesa. de qualquer forma. Durante o século XIX. mais importante que. Portugal teve uma posição importante durante o período do capitalismo comercial europeu (do século XV ao século XVIII . Isso deve-se sobretudo à existência de guerras na Europa. D) A Revolução Industrial .Descobrimentos) e que. ela manteve-se. inexistência de meios de transporte e de comunicação rápidos e baratos. Mas a partir de 1820/30. havendo assim um grande empobrecimento relativo. a partir desta data entra-se no período de guerras. Espanha e Grécia (e restantes países do sul da Europa).2º fase (de 1820/1830 até 1870/1880): temos o arranque em países da Europa continental de grande dimensão (França. a posição dos países mantém-se inalterada. Isso porque. como a República Checa e Eslováquia. Alemanha) e nos EUA. A partir de 1950. Nova Zelândia (proximidade cultural. com destaque para os escandinavos (Dinamarca. As economias mais ricas são as que se industrializaram no século XIX (a partir de 1801). Suécia. Itália (ainda que de forma lenta). Para os países fora da Europa deve-se essencialmente para as antigas colónias inglesas de povoamento europeu. empresas. Canadá. Entram também as antigas colónias inglesas de povoamento europeu. que invadiram este país na década de 70). não tendo acompanhado de forma suficientemente dinâmica o movimento de industrialização europeu do século XIX (a partir de 1801). Austrália e Nova Zelândia . e também a Irlanda. Holanda e também alguns países da Europa de Leste. Cria-se então durante este século XIX (a partir de 1801) um fosso no nível de vida médio entre a maioria dos países do Mundo (os “países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento” e os. 10 . e ainda. São exemplo: Portugal. Este crescimento económico moderno provoca uma divergência muito forte entre os países. a Suíça.3º fase (a partir de 1870/1880): há o arranque de pequenos países do Norte e Centro da Europa.países do norte e centro da Europa ocidental. Canadá.  E os restantes países do mundo? Podemos concluir que o processo de crescimento económico moderno associado à Revolução Industrial inglesa não se difundiu. daí que o produto per capita seja próximo. por serem antigas colónias do Reino Unido). para todos os países da Europa continental e restantes países do mundo. . antigas colónias inglesas – EUA. Bastantes países permaneceram a produzir no quadro das tecnologias tradicionais (ou não conseguiram espalhar no conjunto da economia essas inovações. “principais países industrializados ou desenvolvidos”. Ainda destaca-se o Japão (devido à influencia dos EUA. Isto foi determinante para o nível de vida médio dos países até à actualidade. Em 1830 temos um conjunto de economias pré-industriais que apresentam níveis de produtividade baixos e próximos uns dos outros. durante o século XIX (a partir de 1801). em particular: Austrália.e Japão). regiões). A partir de 1913. ficaram bastante à margem deste processo. Noruega).. Estas economias ainda usavam uma tecnologia manual. processo de industrialização difunde-se pelos restantes como Correia do Sul. A razão principal é a proximidade geográfica. tendo estas permanecidas a certas sectores. Já nos anos 60 aos restantes países do Sudoeste Asiático. Numa primeira fase (até 1860). 1989. 1995) e todos indicam uma divergência. no interior do período a evolução não é coincidente. NUMAVA. Finalmente. estando a divergência no conjunto do período 1860-1073. O processo de empobrecimento relativo da economia portuguesa face às economias do norte e centro da Europa. Lains. 1976. Nível relativo do Produto Per Capita português (%)6 6 Neste período (1830 a 1913) existem as 3 principais estimativas para analisar a evolução da convergência neste período (Baircoh. e numa segunda fase (1913) face à Dinamarca e Itália. Portugal perde posição principalmente para a Alemanha e França (aquelas que arrancaram na segunda etapa). as de Lains associam a divergência no conjunto do período às décadas de 60 e 70 do século XIX e ao período 1900-1913. No entanto. As de Bairoch apontam para um processo de divergência continua. começa no século XIX até às vésperas da I Guerra Mundial. As de NUMAVA apontam para um período de convergência nas décadas de 60. 11 .Número de Horas de Trabalho Necessárias para Produzir 100 libras de Fio de Algodão nº 80 E) O crescimento económico comparado no período  O caso português: A posição relativa de Portugal caiu fortemente entre 1830 a 1913 – houve um processo de divergência real da economia portuguesa. A economia portuguesa não conseguiu acompanhar de forma suficientemente dinâmica o movimento de industrialização europeu do século XIX. 70 e 80. Percentagem do Emprego no Sector Primário em 1900 Portugal apresentava um nível de industrialização muito baixo nesta altura (abaixo dos 20% face ao Reino Unido). A economia portuguesa não conseguiu acompanhar de forma suficientemente dinâmica o movimento de industrialização europeu do século XIX. Embora a industrialização tenha chegado a Portugal no século XIX. mas a apenas algumas empresas. Produção Industrial por Habitante em Diversos Países por volta de 1900 (Reino Unido = 100) Conclusão: A partir dos dados disponibilizados. 12 . Em 1900. a esmagadora maioria do emprego em Portugal encontrava-se principalmente na agricultura.O peso do sector primário na economia indica claramente este atraso da economia portuguesa. estas inovações não se difundiram a toda a economia. Registava-se um elevado peso do sector primário na sua economia. sectores e regiões mais dinâmicos. comparativamente aos países do norte e centro da Europa ocidental envolvidos no processo de crescimento económico moderno. podemos então concluir que as diferenças de nível de vida médio que existem actualmente entre Portugal e os países do norte e centro da Europa ocidental têm as suas origens no século XIX. de pequena/média dimensão no contexto europeu como Portugal e mais pobres que Portugal no início do século XIX. As justificações dadas por vários autores para esse atraso são: 1. Estes tratados conduziram Portugal a uma especialização agrícola. Taxa de Abertura ao Comércio Externo* 13 . Portugal também deveria ter conseguido introduzir mais facilmente as inovações tecnológicas pois os países escandinavos. .a posição de destaque que manteve no contexto dos países europeus durante o período do chamado capitalismo comercial europeu (séculos XV a XVIII). Com esses tratados. conseguiram performances extremamente interessantes nesta matéria durante a segunda metade do século.à partida.Porque Portugal não conseguiu acompanhar de forma dinâmica o movimento de industrialização europeu durante o século XIX? Portugal apresentava supostamente boas bases para permitir um desenvolvimento das inovações tecnológicas: . abrangendo produtos agrícolas portugueses e bens manufacturados ingleses. há quem defenda que durante o século XIX. Pela tabela seguinte percebemos que ambos os países eram demasiadamente proteccionistas. não permitindo haver em Portugal haver as bases necessárias para a aplicação das inovações da era da Revolução Industrial.Excessiva abertura comercial da economia portuguesa face ao exterior: estes autores defendem que durante o século XIX Portugal não se protegeu das pautas aduaneiras dos produtos ingleses o que levou a terem dificuldade em industrializarem-se. Os portugueses discriminam positivamente os produtos ingleses face aos restantes países. o que não aconteceu nos países nórdicos. decorrente dos vários tratados que favoreciam a entrada de produtos manufacturados ingleses. No entanto. E que o mesmo não acontece nos outros países. Os ingleses discriminavam os vinhos portugueses.Em 1703 temos o Tratado de Methuen entre Portugal e Inglaterra.Em 1810 foi assinado ainda o Tratado de Comércio e Navegação. Desses tratados podemos destacar: . os dados existentes não corroboram com esta justificação. Portugal continuou muito aberto aos produtos ingleses. também periféricos do ponto de vista geográfico face ao Reino Unido. Portugal teria sofrido uma excessiva especialização na produção de bens agrícolas (com baixas produtividades e fracas potencialidades de inovação) para exportação. . Afinal alguns países tinham recursos no subsolo de modo a desenvolverem a indústria siderurgia (afinal carvão e ferro eram de difícil transporte). surgindo a partir daí as indústrias químicas e eléctricas. 7 Importante relacionar com o Fontismo. Mas apesar disso. Com este atraso da agricultura não foi possível: . 2- Falta de recursos naturais adequados: defende-se aqui que Portugal não tinha matériasprimas adequadas contribui para o atraso.Atraso no desenvolvimento da agricultura7: destaca-se a dificuldade em modernizar a agricultura portuguesa. Durante o século XIX vamos máquinas (existe divisão de do trabalho. no entanto devido às diferenças climatéricas e do solo entre os países. Esta mudança aumentou a produtividade.Direitos Aduaneiros para alguns Produtos Manufacturados (shillings por CWT) Taxas médias ad valorem para os produtos manufacturados (em %) OBS: Antes do século de XIX. a indústria portuguesa resume-se ao artesanato (cada uma pessoa procede a todas as tarefas no processo do produto) e à manufactura (cada trabalhador está especializado numa dada tarefa). com a introdução de adubes químicos não se consegue justificar o atraso de Portugal. No entanto é importante realçar que os têxteis e siderurgia só formam indústrias de pontas até 1870/1880. e o trabalhadores são auxiliados pela maquinaria). 3.A libertação de mão-de-obra para a indústria. algumas técnicas não funcionavam em Portugal. 14 . Na primeira fase da Revolução Industrial temos a introdução de rotação de culturas que vem substituir o pousio. Ausência de recursos humanos adequados: Portugal está marcado por elevados níveis de analfabetismo e baixos níveis de escolarização formal dos recursos humanos em geral.. permitindo importar produtos manufacturados e não colocando pressão para os produzir no país. . Em termos sintéticos podemos enumerar os possíveis factores: 15 . XV e XVIII. guerra civil em Portugal e a declaração de bancarrota). até 1850 Portugal passou por um período de grande instabilidade (invasão francesa.Ausência de uma elite empresarial suficientemente dinâmica: a nossa classe empresarial era muito virada para o comércio devido à herança do período do capitalismo comercial europeu. 7. a maioria da população portuguesa continuou ligada à agricultura e com nível de vida baixa. recursos financeiros e iniciativas empresariais.Criação de mercado para produtos industriais. eram canalizados para a actividade comercial. estes não conseguiram estimular o crescimento das actividades produtivas. Subsistia um quadro institucional de tipo tradicional. recursos escassos para investimento.Deficiente papel do Estado: o Estado não fornecia um enquadramento legal e institucional propício ao desenvolvimento de um processo de industrialização. entre os séculos. Sem falar que. Portugal tinha acesso privilegiado aos mercados das Colónias. 4. e consequentemente: uma procura interna débil. pelo aumento dos rendimentos e da procura de bens industriais. Assim. Taxa de analfabetismo 6. esta justificação também não é válida. A posição de destaque de Portugal no comércio de longa distância. No entanto. Pois outras pequenas economias da Europa foram capazes de promover a internacionalização e aumentar a importância do comércio externo para promover as falhas do mercado interno. 5. e com isso. pouco favorável ao crescimento.Esta produzia importantes rendimentos.Reduzida dimensão do mercado interno: devido ao fraco desenvolvimento da agricultura e das redes de transportes. teria dificultado o arranque sustentado do processo de industrialização: -Grande parte da mão-de-obra. Para além disso. dólares e preços dos EUA de 1960 para os dados de base] F) O arranque industrial oitocentista A partir de 1830.Desenvolvimento da Agricultura: acabando com os laços feudais. O último grupo. formado pelos países que começaram a sua industrialização até por volta de 1870/1880. PNB per capita espanhol e grego relativamente ao de um grupo de 10 países do norte e centro da Europa ocidental segundo as estimativas de BAIROCH (1976) [%. formado pelos países que não conseguiram acompanhar o movimento de industrialização europeu durante o século XIX de forma suficientemente dinâmica. legisla-se favoravelmente para o desenvolvimento da agricultura. vão surgindo condições para um 1º arranque da indústria em Portugal: . a partir de 1821. Os restantes países O primeiro grupo. Estes apresentam um nível de industrialização muito baixo nesta altura (abaixo dos 20% face ao Reino Unido). Países como a Espanha e a Grécia tiveram uma evolução ao longo do período 1830-1914 bastante parecida com a de Portugal (destaca-se que desnível de Portugal face à Espanha e à Grécia mantém. 16 . O segundo grupo a destacar são os que arrancaram o crescimento económico entre 1870/80 e os finais do século XIX e que tinham ainda nesta altura entre 30% e 40% do nível de industrialização do Reino Unido (como a Suécia e a Dinamarca iriam no entanto atingir rapidamente níveis próximos do Reino Unido). (exemplo: EUA e Alemanha) apresentavam um grande nível de industrialização de pelo menos 50% da do Reino Unido.se até os nossos dias). Alguns autores mostraram que. a partir de 1851. os fósforos. e ainda. é precisamente a partir de por volta de 1860 que se regista uma segunda vaga de países que arrancam de forma decisiva para a industrialização. as moagens. um enquadramento institucional e legislativo mais favorável ao crescimento. ainda lenta e irregular. se verifica um certo avanço da indústria moderna em Portugal. a partir da década de 1840 e sobretudo a partir da de 1870. Há assim um aumento da taxa de mecanização de têxtil de lã e algodão.difusão. nomeadamente: têxteis e indústrias ligadas a certos recursos naturais do País (transformação da cortiça. se verifica um certo desenvolvimento da indústria moderna em Portugal.Assiste-se então: . Portugal ainda é um país essencialmente agrícola e a sua taxa de industrialização é muito baixa.aumento importante da produção agrícola para exportação (vinhos. chegados a 1913. Destaca-se ainda políticas de dinamização das infraestruturas de transportes e comunicações. .máquina a vapor e tear mecânico. . a partir de 1870. 17 . Ainda há uma diversificação da indústria portuguesa com o aparecimento de novos sectores. Por outro lado. Número e potência das máquinas a vapor instaladas na indústria portuguesa 8 As estimações de NUMAVA.um aumento significativo da superfície cultivada. a indústria de transformação de cortiça. 1989 apontam para uma convergência na década de 40 e sobretudo nas de 60. e sobre tudo. algumas indústrias químicas como adubos e sabões. Com efeito. como por exemplo. não é plausível que esses progressos possam ter conduzido a uma convergência entre 1860 e 1890. dos adubos e maquinaria agrícola. . No entanto. cortiça. 70 e 80. É verdade que vários autores podem mostrar que a partir da década de 1840.Modernização do enquadramento institucional e legislativo: destaque para a Pauta Aduaneira de 1837. o papel e a fundição de metais. 8 As fases do crescimento oitocentista  1ª Fase (1840 . 9 Parte deste período não está incluído no período do Fontismo. passando a existir uma protecção alfandegária mais favorável ao desenvolvimento industrial.1870)9 Chegam na economia portuguesa as grandes inovações ligadas à Revolução Industrial de forma regular e contínua . conservas de peixe). …). que uma politica de investimentos públicos no domínio das infra-estruturas ligadas aos transportes e comunicações (Fontismo). óleos. XX) Há a continuação do desenvolvimento da economia portuguesa. O porquê das estimativas de NUMAVA? Apesar de todas esses progressos. . Então são feitos grandes investimentos públicos. principalmente no sector dos transportes e comunicações. químicas (CUF). telégrafo. Portugal ainda é um país essencialmente agrícola e a sua taxa de industrialização é das mais baixas no conjunto dos países da Europa. Com estes investimentos consegue-se: 18 .A indústria de transformação de cortiça e de conservas de peixe estão virados para o mercado externo. G) Fontismo ou Regeneração (1851 a 1900) O nome deste período deve-se ao Ministro das Finanças. Podemos enumerar: . . ponte Dona Maria. . São exemplos desse tipo de investimento: porto de Leixões. vernizes.Aparecimento de fenómenos de concentração industrial sobretudo: na têxtil (algodão e linho). 2ª Fase (1870 .início séc. A indústria de cimentos (associado ao desenvolvimento dos transportes) e de adubos (associado ao desenvolvimento da agricultura) estão virados para o mercado interno. conserv e e e e re or o e sec ores e s en es co o r ns or o e cor e os. portos. tabaco. .Nova diversificação da indústria. Nas vésperas da 1ª Guerra Mundial.Aceleração significativa da taxa de mecanização da indústria. …). que ao viajar para os outros países apercebeu-se do atraso português. permitindo assim a substituição de importações. não parece plausível que a taxa de crescimento do produto português tenha sido mais elevada que a dos países do norte e centro da Europa entre 1860 e 1890. porto de Lisboa.Desenvolvimento da rede rodoviária e ferroviária. moagens e panificação. intensificação tecnológica. face ao aparecimento de novos sectores como indústria dos cimentos.Outras infra-estruturas importantes: pontes. novas indústrias químicas (tintas. Destaca-se: . Fontes Pereira Melo. .. Conclusão: 19 . acabaria por acabaria por arrastar a economia para uma difícil situação financeira. havendo assim uma reestruturação da dívida. há um aumento da dívida pública interna e externa e ao défice orçamental. Nº de Bancos Depósitos 1867 13 3. e empresas que assumem grande dimensão. quando chegamos a 1892. o Estado português declara bancarrota parcial. não pagando a totalidade da dívida. Exemplo: surgimento do CUF.Uma maior concentração da indústria: surgem novos sectores. Portugal não foi excepção.2 1875 51 32. associada à deficitária balança comercial portuguesa. Portugal assim deixa de puder ter acesso a crédito no exterior até por volta de 1962. Mas para além disso podemos destacar o sector dos cimentos (devido às obras públicas).1 Grande parte desses investimentos só foi conseguida em recurso a endividamento por parte do Estado e de privados. a indústria transformadora de cortiça (devido ao investimento espanhol). conservas de peixe (investimento francês) e o sector financeiro (o número de bancos aumenta consideravelmente). colocando-a sob a perspectiva de uma falência generalizada Devido ao grande endividamento. O Estado endividou-se principalmente no exterior. o que promoveu um crescimento do output no meio do século XIX. .Facilitar a comunicação de mercados a nível inter-regional. Esta evolução.Introdução de máquinas e produtos químicos na agricultura. Isto é. uma grande empresa no sector químico. No entanto em 1891/1892 surge uma crise financeira internacional que afectou vários países.Alargar o mercado para a indústria (ferro e outros materiais). contribuindo-se para a formação de um espaço nacional único. . os resultados foram bem menos positivos. Ainda. OBS: Mas as estimativas são divergentes quanto ao ritmo da expansão 20 .7% a 1%.Início da década de 1860 até os finais da década de 1880: crescimento relativamente regular (embora com duas depressões). em termos anuais e per capita. industrial e de serviços. as estimativas em causa parecem apontar para 3 fases principais: .Elementos que se conjugam para uma fase de crescimento nos sectores agrícola. já existia entre Portugal e os países do norte e centro da Europa que mais cedo iniciaram o caminho da industrialização. Há uma divergência real da economia portuguesa face às restantes economias. más colheitas de cereais em meados da década. Apesar de algumas divergências (de valores e de evolução). no início do período. Ainda tiveram epidemias de cólera (1853-56) e febre-amarela (1856-57) com importantes efeitos demográficos. Destaca-se a grave crise na produção vinícola. .Reformas institucionais implementadas pelos governos no período em causa. H) Crescimento Comparado de Portugal com as restantes Economias A economia portuguesa terá crescido neste período. . Tivemos aqui a recuperação em matéria de produção agrícola. Afinal.O período 1851-1900 teve progressos significativos: . . aceleração ligeira do ritmo de crescimento industriais e progressos ligados aos transportes. Agravouse o fosso que. Podemos justificar esta regressão com uma redução significativa da produção agrícola total. Uma outra justificação é o impacto negativo sobre as exportações portuguesas da crise britânica e internacional de 1857.Relativa estabilidade política e social alcançada após o golpe militar de Abril de 1851. a uma taxa entre 0. a que se associa o nome de Fontes Pereira de Melo. às comunicações e ao desenvolvimento do subsector financeiro. Nota bem: Segundo Lains: “A garrafa estava meio vazia (encontrando-se Portugal colocado na periferia da Europa em matéria de rendimentos médios por habitante). mas também estava meio cheia” (uma vez que progressos internos importantes tinham sido realizados nas cinco décadas que se seguem ao primeiro governo da Regeneração de 1851). O rendimento médio por habitante português era em 1900 cerca de 50% superior ao de 1851. . levam a grave crise alimentar em 1857-1958.1851 até o início da década de 1860: forte regressão (absoluta) do produto per capita.Política de investimentos públicos nas áreas dos transportes e das comunicações. Em termos de comparação internacional. a vitivinicultura era muito relevante no contexto da agricultura portuguesa. .Finais da década de 1880 até 1900: estagnação / regressão do produto per capita (embora aqui haja divergências maiores.Novos sectores (orientação externa): conservas de peixe e transformação da cortiça.Esta situação. Este crescimento do produto industrial foi impulsionado: .Têxteis (orientação interna). Esta evolução está associada ao impacto negativo da crise financeira dos finais da década de 1880 e início da de 1890.Concentração e diversificação industrial. conduziu ao abandono do padrão-ouro (1891) e à bancarrota parcial (1892). . . agravaram a situação.Numava: taxa de crescimento média anual de 2.Os problemas da casa Baring Brothers.Intensificação tecnológica das unidades produtivas. . .Por solicitações da procura externa. nomeadamente entre as estimativas de Justino/Numava e as de Lains).Crescente difusão da produção mecanizada.Sectores mais relevantes no período.Lains e Justino: ligeiramente acima de 1%/ano. Crescimento do PIB português entre 1951 a 1900 Capítulo II e III O Período das Guerras Mundiais e da Crise de 1929 (1913-1950) | A industrialização introvertida dos anos 50 (1950-1960) A) A Primeira República (1910-1926) 21 . .Quebra nos fluxos de remessas de emigrantes portugueses no Brasil colocou a economia em situação de fraca liquidez internacional. . . à qual se junta a crise financeira internacional de 1891-92. banqueiro do Estado português em Londres. .5%. ainda podemos destacar: .. dificultando a obtenção de empréstimos externos. .Algumas alterações relevantes no período. .Pela substituição de importações no mercado interno. . numa situação de endividamento elevado por parte do Estado. foi 22 . o forte aumento das despesas públicas não pôde ser financiado por empréstimos no exterior do país. Por causa da suspensão dos pagamentos da dívida externa portuguesa no final do século XIX.Desvalorização significativa do escudo.Uma forte instabilidade política (nestes 16 anos o país teve 42 governos). .Elevada inflação. . Saldo Orçamental em % do PIB (1910 a 1916) Era difícil para as autoridades da Primeira República aumentarem os impostos ou encontrar crédito no mercado financeiro interno. desde logo: . Caracterizou-se. .Não foi um período muito favorável ao crescimento económico português.Deterioração importante das contas externas.Forte desequilíbrio orçamental. O esforço de guerra português tinha levado a um forte aumento das despesas e dos défices públicos. . Portanto. muito pouco desenvolvido nessa altura. devido ao crescimento das importações provocado pela retoma do comércio internacional com a abertura das vias de transporte na Europa. na medida em que a taxa de protecção real da economia tinha caído rapidamente. também muito importante. ou de quase hiperinflação. encontramos nesta época situações de hiperinflação. Os preços no consumidor subiram muito rapidamente. alcançando um máximo em 1918 de 80. naqueles anos as remessas de emigrantes não foram suficientes. França.decidido que o esforço de guerra e a subida do défice público fossem principalmente financiados por empréstimos junto do Banco Central. Com efeito. em muitos outros países europeus. o que levou a um aumento significativo da emissão de moeda e contribuiu fortemente para o aumento dos preços. Taxa anuais de crescimento dos preços do consumidor e do agregado monetário M2 em Portugal Um outro problema. A deterioração das contas externas portuguesas decorria também de uma fuga muito significativa de capitais. Normalmente. o défice da balança comercial aumentou rapidamente. Entre o final da Grande Guerra em 1924. foi uma consequência direta de uma crise de abastecimento ao país a nível de um determinado número de bens importados (principalmente os cereais e o carvão) devido às dificuldades enfrentadas pelos países habitualmente fornecedores de Portugal.1. Entre 1914 e 1929 temos altos níveis do IPC. Portugal tem rubricas da Balança de transacções correntes que compensam estes défices comerciais. que fez dos anos 1914-1924 o período do século XX em que Portugal foi mais duramente afectado pela inflação. sobretudo desde o início da Grande Guerra de 1914-1918. no entanto. devido à incerteza que envolvia a situação política e os principais agregados macroeconómicos da economia portuguesa. situava-se ao nível das contas externas da economia. Os casos da Alemanha. De facto. 23 . Importante citar que a inflação era também uma consequência da situação internacional. a maioria dos direitos alfandegários portugueses eram estabelecidos em valor e não segundo taxas ad valorem. A inflação tinha igualmente contribuído para este aumento do desequilíbrio da balança comercial. Áustria ou Hungria são talvez os mais conhecidos. Este processo inflacionário. Balança Comercial em % do PIB (1910 – 1926) Uma das consequências mais importantes da deterioração das contas externas e da inflação foi a forte desvalorização da moeda portuguesa. A reforma fiscal (1922) e a dos direitos aduaneiros (1923) levaram a um aumento das receitas públicas. A redução dos défices públicos e as limitações à sua monetarização.Medidas de política monetária introduzidas em 1922. 24 . que iria permitir uma redução nítida do défice público a partir de 1924. tomaram-se medidas para limitar a monetarização dos défices públicos e para encorajar o financiamento desses défices através do recurso a empréstimos no mercado financeiro interno. Evolução da taxa de câmbio do escudo em relação à libra esterlina (1910 . Com efeito. Em 1922.Reforma fiscal e à reforma dos direitos aduaneiros (1922 e 1923). esta desvalorização que se situou bastante acima da subida dos preços no consumidor no mesmo período. entre 1919 e 1924.1926) Resolução dos problemas: O fim dos desequilíbrios macroeconómicos e o regresso da estabilidade financeira na parte final da primeira metade da década de 1920 associam-se: . . Fase ruralista ou de estagnação programada (1926 a 1945).As políticas estruturais subordinam-se a este objectivo. com promoção da divisão do latifúndio no Sul e incentivo ao emparcelamento no Norte e Centro. XIX. 25 . moeda e contas externas estáveis . Nesse mesmo ano. Em termos de mudança estrutural. graças à melhoria da situação das contas externas e às várias medidas tomadas para aumentar a oferta e reduzir a procura de divisas. As importações regrediram. Defendiam.conjugadas com condições mais favoráveis no exterior do país.Industrialização introvertida ou por substituição de importações (1945 a 1960).Inflação baixa. permitiram travar a inflação a partir de 1925. sobretudo no Interior e no Sul.Reforma das estruturas fundiárias. . .Medidas de povoamento florestal. Pretendem retomar o projecto de reforma agrária dos liberais da 2ª metade do séc. medidas proteccionistas para as grandes produções agrícolas portuguesas e. .O reformismo agrário: consideram o desenvolvimento do sector agrícola como a prioridade económica. o que permitiu uma diminuição do défice comercial. até ao final da 2ª Guerra Mundial. em particular.Estagnação programada. a partir do início de 1926. B) O Estado Novo (1926-1974) O grande objectivo para esta fase será de manter os grandes equilíbrios macroeconómicos: . sob o efeito conjugado da forte desvalorização do escudo e das medidas protecionistas em matéria de política aduaneira. Podemos destacar as diferentes correntes de opinião: . embora este ainda fosse elevado em 1926.Fase industrialista ou desenvolvimento (1945 a 1974). equilíbrio orçamental.Investimentos públicos no campo da hidráulica agrícola. .O conservadorismo agrário: opõem-se a qualquer medida de reforma agrícola.Industrialização extrovertida ou por promoção de exportações (1960 a 1974). . e em particular do sector agrícola da economia. . . . Têm uma grande influência na política estrutural dirigida aos sectores de actividade económica dos governos de Salazar. o desequilíbrio no sector externo começou a atenuar-se. Vai estar divida em duas fases: .Incentivo à deslocação de população rural de zonas fortemente povoadas para zonas de fraco povoamento. para os cereais. Para o nosso estudo vamos identificar duas fases:  Fase Ruralista ou de Estagnação Programada (1926 a 1945): centra-se no desenvolvimento do sector primário da economia. Portugal mantém-se essencialmente agrícola. . Foi também possível estabilizar a taxa de câmbio do escudo. uma mistura de medidas de proteção contra a concorrência estrangeira. .Implementação de medidas alfandegárias proteccionistas para as grandes produções agrícolas. Isso deve-se principalmente à falta de vantagens comparativas do país na produção de cereais. entre 1936 e 1939 Conclusão: Os resultados alcançados com as políticas ruralistas foram bastante débeis: . a prioridade do Estado Novo estará centrada no sector primário da economia. .A olí c e “Colon z o In ern ” n o ro z os res l os es er os. . O principal objetivo desta Campanha foi o de aumentar a auto-suficiência alimentar de Portugal. . de apoios financeiros e técnicos às explorações agrícolas e de intervenção estatal no estabelecimento do preço dos cereais. este conjunto de medidas de protecção contra a concorrência estrangeira.Não ao nível da reforma da estrutura fundiária.Reorganizar as indústrias ligeiras já existentes. Investimentos públicos realizados no âmbito da Lei da Reconstituição Económica. defendendo o desenvolvimento assente na industrialização por substituição de importações: .Encorajamento à deslocação das populações rurais.A “Campanha do Trigo” (1929-1936).Só com as circunstâncias favoráveis à industrialização no após 2ª Guerra Mundial é que vão ter força política suficiente para colocar em prática a estratégia preconizada. .O industrialismo: é uma força minoritária nos anos 30. ..Apoio ao desenvolvimento florestal. 26 . entre 1929 e 1936.As infra-estruturas de irrigação agrícola melhoraram em algumas zonas do País.Lançar as indústrias e se “Seg n Revol o In s r l” (bens intermediários e bens de equipamento). mas tal não foi conseguido. aqui também. . Entre 1926 e até ao final da Segunda Guerra Mundial. de conciliar as ideias dos “re or s s gr r os” co os n eresses os e os o “conserv or s o gr r o”. . mas não no Alentejo.Desenvolver a rede eléctrica do País. não aumentou a autosuficiência alimentar. Destaca-se a chamada Campanha do Trigo. de apoios financeiros e técnicos às explorações agrícolas e de intervenção do Estado no estabelecimento dos preços dos cereais. Irá tratar-se.Investimentos públicos na área da hidráulica agrícola. Várias medidas de reforma agrária são tomadas: . . à intervenção do Estado.Industrialização introvertida ou por substituição de importações (1945 a 1960): A crise económica de 1929. Este avanço deve-se principalmente. nesta altura o chamado Estado Novo. nomeadamente no que se refere à indústria da pasta para papel. o que significa que o seu nível de produtividade face à média da economia. das telecomunicações e da rede eléctrica.. Pretendia-se desenvolver a rede eléctrica do país.3 49. vai ainda progredir até 1950.5 32. A recuperação da economia portuguesa a partir de 1950 se explica.A estrutura produtiva não sofre alterações de relevo. .4 33.3 12 41. no caso português.6 21.9 Composição do PIB pm (%) Primário Secundário Terciário 31. .4 32.5 26. cimentos.3 41.6 22. com os problemas que criou ao nível do abastecimento de bens industriais ao país. A industrialização do após guerra. O sector primário.7 19 30.5 28 40. a evolução da sua contribuição para o PIBpm será mais lenta. abriu o caminho para a formulação duma estratégia de industrialização por substituição de importações. vai beneficiar dos importantes investimentos que foram feitos no sector florestal português durante esta fase.1 26. através de um importante programa de investimentos públicos nos domínios dos transportes. . que já dominava no início dos anos trinta a estrutura da população activa. siderurgia e metalomecânica pesada).Industrialização extrovertida ou por promoção de exportações (1960 a 1974). vai diminuir ainda ligeiramente neste período em que as políticas estruturais lhe estiveram consagradas. lançar as n ús r s e se “Seg n Revol o In s r l” ( s os ens n er e r os e os ens de equipamento) e reorganizar as indústrias ligeiras já existentes. o qual dinamiza a procura no mercado interno. pela emergência de um processo de industrialização por substituição de importações no domínio das indústrias pesadas ligadas à produção de bens intermediários e bens de equipamento (refinação de petróleo. as estruturas produtivas da economia portuguesa não vão sofrer muitas alterações.O desenvolvimento do sector florestal acabou por ser a área de maior avanço. adubos azotados e outros bens intermediários químicos. mantendo-se uma sociedade essencialmente agrícola.1 30.2 52. como no de outros casos de industrialização tardia. que já era já baixo em 1930. 27 .2 46. Estrutura da economia portuguesa Fase ruralista Fase introvertida Fase extrovertida  1930 1950 1960 1970 1973 Composição da população ativa (%) Primário Secundário Terciário 50.3 32.4 36.Industrialização introvertida ou por substituição de importações (1945 a 1960).8 33. Esta intervenção faz-se. em primeiro lugar.9 Fase industrialista ou desenvolvimento (1945 a 1974): Esta fase está divida em: .1 24. pasta para papel. Enquanto isso. Em contrapartida. no essencial. Apostou-se. o Estado vai também participar directamente no capital social de alguns destes projectos. quer como emprestador por intermédio das suas instituições de crédito. ligado aos cimentos. cimentos. à siderurgia e à pasta de papel. OBS: Esta industrialização esteve essencialmente virada para o mercado interno e assente na substituição de importações. Como já referido. Portugal tinha. mesmo sendo ainda um país essencialmente agrícola. algumas indústrias químicas. por meio de incentivos fiscais e de crédito. nas indústrias produtoras de bens intermediários e de bens de equipamento (refinaria do petróleo. principalmente nos sectores em que o abastecimento do mercado interno era ainda muito dependente das importações. No centro de todos os grandes projectos industriais que foram lançados durante os anos 50. Em terceiro lugar pode-se destacar o papel desempenhado no financiamento dos grandes projectos industriais. na política aduaneira e na política dirigida aos capitais estrangeiros. em 1954. a reorganização das indústrias ligeiras. cimentos. principalmente nos sectores em que o abastecimento do mercado interno dependia em mais larga medida das importações.encorajar. 28 . marca uma viragem nas políticas estruturais do Estado Novo: . A n ús r s erúrg c . .Em segundo lugar deve-se à política aduaneira. uma estrutura industrial mais moderna. apesar da constituição da Siderurgia Nacional. q e é es v no cen ro es r ég os “ n s r l s s”. o desenvolvimento de um conjunto de indústrias de base. que asseguraram uma protecção da concorrência estrangeira. a qual garante uma protecção significativa da concorrência estrangeira. será no sentido da concentração industrial e no da criação de empresas de grande dimensão em vários dos sectores citados acima. É crucial citar que a “Lei do Fomento e Reorganização Industrial”. desde logo. só começará a desenvolver-se no início dos anos 60. portanto. A política do Estado em matéria de concorrência no mercado interno. no entanto. adubos e outros produtos intermediários químicos. encontramos os dois mais importantes grupos industriais e financeiros portugueses do após guerra: a CUF. Os resultados da estratégia de industrialização definida na “Lei do Fomento e Reorganização Industrial” vão começar a ser mais visíveis no início dos anos 50. petroquímica. quer como participante directo no capital social das empresas. pasta para papel).fomentar uma forte intervenção estatal. e o grupo Champallimaud. pasta para papel e indústrias metalomecânicas). cuja produção se destinaria ao abastecimento do mercado interno (siderurgia e metalurgia do cobre. no início dos anos 60. A “Lei do Condicionamento Industrial” foi um grande instrumento utilizado para estimular a concentração e a criação de grandes grupos industriais nas indústrias de base. graças a incentivos fiscais e de crédito. nomeadamente. uma empresa com capitais públicos. Também se vai proceder à reorganização das indústrias ligeiras. A intervenção estatal centrou-se. publicada em 1945 é um plano pormenorizado de industrialização por substituição de importações a realizar num período de oito anos. A contribuição do sector secundário para a composição do PIBpm e da população activa vai progredir a partir de agora muito mais rapidamente. sobretudo presente nas actividades químicas. que continuaram. mas que tinha um mercado interno muito mais significativo -. prejudicando a competitividade das indústrias pesadas => custos relativos mais altos face ao exterior. mal equipadas do ponto de vista tecnológico. já que tinham que suportar os preços elevados que elas praticavam.O fraco poder de compra reflectiu-se em primeiro lugar nas indústrias ligeiras. essencialmente os incentivos fiscais e de crédito. crescendo a um ritmo mais moderado que as indústrias pesadas. .A manutenção de um ritmo de crescimento lento dos salários restringiu o poder de compra da população. as indústrias ligeiras e a agricultura eram os grandes sacrificados. .A exiguidade do mercado português impediu o aproveitamento de economias de escala. enfrentavam já no final desta década problemas relacionados com o facto de não serem competitivos ao nível internacional. dominadas pelas empresas de pequena dimensão. nos anos 40. muito fragmentadas. Com as indústrias ligeiras a manifestar dificuldade em crescer. o mercado para as indústrias pesadas continuou bastante limitado. De facto. e contrariamente àquilo que se passou em Espanha – que também adoptou uma estratégia de industrialização por substituição de importações.os novos sectores. Os consumidores. deste modo. e produzindo essencialmente para o mercado interno. Estrutura do valor acrescentado bruto na indústria transformadora em 1953 e em 1960 (%) * Terminamos esta fase com alguns problemas: . .A estratégia de industrialização implementada pelo Estado Novo nos anos 50 também teve fracassos: . as novas indústrias não conseguiram obter economias de escala no estreito mercado interno (dimensão e poder de compra) português. desenvolvidos no âmbito da estratégia de industrialização por substituição de importações dos anos 50. Não se permitiu a modernização das indústrias. 29 . não deram frutos.Industrialização extrovertida ou por promoção de exportações (1960 a 1974).os mecanismos previstos para encorajar a reorganização das indústrias ligeiras. limitando a dimensão do mercado para produtos industriais . E terá como foco os mercados externos. . Esta nova orientação vai aparecer no “III Plano de Desenvolvimento”. do vestuário e do calçado). Procurava-se concentrar os esforços públicos nos sectores em que Portugal possuía vantagens comparativas: . Com isso há uma nova preocupação em relação à competitividade internacional da indústria portuguesa e à necessidade de expor um pouco mais as empresas à concorrência internacional.. arrastado principalmente pelos mercados externos. constituem os principais factores que contribuíram para o forte crescimento do produto industrial registado em Portugal entre 1960 e 1973.A. mercados esses em forte expansão nesta fase. o capital estrangeiro.Com o início da guerra colonial em 1961 será um elemento relevante para a industrialização portuguesa. bem como os contactos que foram sendo estabelecidos com a Comunidade Europeia a partir dessa data. arrastado pelo crescimento da procura nos mercados externos. Entradas de investimento directo estrangeiro em Portugal (1965-1974) 30 .abundância de recursos florestais (indústria da pasta para papel). publicado em 1968. e a entrada de investimentos estrangeiros. entre 1960 e 1973. permitirão um forte crescimento das exportações de produtos manufacturados. O crescimento rápido do produto da indústria transformadora entre 1960 e 1973 é. O objectivo era dar a prioridade dos incentivos públicos às empresas e aos sectores industriais voltados para os mercados externos. . Este processo de industrialização vai prosseguir de uma forma bastante mais rápida. A participação de Portugal na E. com efeito. Isto é. Desenha-se uma nova orientação baseada na promoção das exportações. Devido ao esforço de guerra.situação geográfica de Portugal (o que vai ser importante para o desenvolvimento durante os anos sessenta da indústria da construção e reparação naval). com a expansão da procura de produtos industriais portugueses na Europa a que a mesma levou. e ainda. Estes investimentos contribuíram muito para o aparecimento das novas indústrias centradas na exportação. o papel desempenhado pelo Estado será ocupado pela iniciativa privada.T.F. e que culminarão na assinatura de um "Acordo de Comércio Livre" entre Portugal e esse espaço económico integrado em 1972.baixo custo da mão-de-obra (indústria têxtil. A participação portuguesa na EFTA. como membro fundador em 1959. 7 19.9 67. a importantes alterações no perfil de especialização internacional da economia portuguesa. em grande medida: . como os agrícolas) a economia onde a parte dos produtos manufacturados é claramente maioritária nas exportações totais.9 1973 17. por sua vez. conduzirá. o caso da indústria do vestuário).6 17.9 4. Malhas e Têxtil-Lar * Calçado *Outros 1960 25. durante estes anos de 1960 a 1973.6 2. A nova estratégia de industrialização e a maior abertura aos capitais estrangeiros. .8 14. Em 1973. em 1973 e relativamente a 1960.9 0. de economia essencialmente exportadora de produtos primários (produtos com um grau de transformação muito reduzido. como acabamos de ver. que proibia o investimento directo estrangeiro em todo um conjunto de sectores de atividade económica.9 36. Em 1960 Portugal exportava essencialmente Fios e Tecidos e Obras de Cortiça e Madeira.3 24. concentrado de tomate).2 3.5 21.3 24. por exemplo. São criados incentivos fiscais. foram igualmente criados no âmbito da nova legislação. algumas indústrias químicas.permitiram o desenvolvimento de algumas indústrias já anteriormente vocacionadas para os mercados externos (é. parcialmente relacionado com o investimento estrangeiro.a emergência de novos segmentos exportadores dentro da indústria transformadora portuguesa durante os anos sessenta (máquinas e material eléctrico. O crescimento das exportações de produtos manufacturados.8 1.4 Outro contributo relevante para o crescimento económico português no período entre 19601973 foi dado pela: 31 .9 8. Esta passa. uma especialização internacional mais diversificada e também mais centrada em sectores com maior valor acrescentado. pasta para papel.8 24.7 3. construção e reparação naval. Eles explicam assim. a situação era muito diferente. Portugal apresentava assim. assim como condições favoráveis de repatriamento das mais-valias e dos capitais. Os resultados da nova estratégia de industrialização foram claramente mais positivos que os alcançados com a estratégia de industrialização por substituição de importações do após guerra. tinham feito crescer a parte das Máquinas e Material de Transporte.1 7.É substituída a “Lei da Nacionalização dos Capitais” (1943).3 7. Composição das exportações totais portuguesas em 1960 e em 1973 (%) Alimentares e Bebidas Matérias-Primas e Combustíveis Produtos Manufacturados: * Obras em Cortiça e Madeira * Pasta para Papel * Fios e Tecidos * Minerais não Metálicos * Máquinas e Material de Transporte * Vestuário.6 14.9 49. emergência das actividades turísticas. Vai apostar nas indústrias produtoras de bens intermédios e de bens de equipamento.industrialização introvertida ou por substituição de importações (1945-1960): voltada essencialmente para o mercado interno. a indústria siderúrgica só começa a desenvolver-se no início dos anos 60.Acumulação em Portugal de grandes meios financeiros durante a 2ª Guerra.fase industrialista ou esenvolv en s ” o Es o Novo (1945. em particular bens intermédios e de equipamento. os “ n s r l s s” g nh posição no aparelho do Estado . 32 . No centro dos grandes projectos industriais lançados durante os anos 50. .1974) um compromisso entre as diferentes correntes: reformadores agrários.A 2º Guerra provocou uma escassez relevante de bens industriais importados. Pontos chaves do Estado Novo: Representou. No após 2ª G err . Até ao final da 2ª Guerra Mundial. aproveitando a neutralidade do País (parte relevante dos capitais portugueses que tinham saído do País durante a 1ª República regressou nesta altura). Quais os factores que permitiram esta industrialização extrovertida? .. . .Política aduaneira e política dirigida aos capitais estrangeiros. encontramos dois dos mais importantes grupos industriais e financeiros portugueses do após-Guerra: CUF (actividades químicas. siderurgia).fase ruralista ou de estagnação programada. criando assim oportunidades para a substituição de importações.crescimento das remessas dos emigrantes na Europa – estes permitirão o aumento do défice comercial português sem que tenha sido posto em causa o equilíbrio das contas com o exterior. assegurando a protecção da concorrência estrangeira. a prioridade centrou-se no sector primário da economia . . O Estado irá desempenhar um papel crucial nesta fase: .1974): .As exportações portuguesas para os países em guerra elevaram-se. Em todo o caso. pasta para papel. . ao longo da sua vigência (1926. é assente na substituição de importações.final do Estado Novo). sobretudo) e Grupo Champallimaud (cimentos. gerando acumulação de reservas (destaque para o aumento das exportações de produtos minerais. conservadores agrários e industrialistas.industrialização extrovertida ou por promoção de exportações” (1960 . em particular o volfrâmio).Vasto programa de investimentos públicos na área das grandes infra-estruturas: vias de transporte e rede elétrica e dinamização da procura de bens industriais no mercado interno. Lei do Fomento e Reorganização Industrial (1945): é um plano pormenorizado. Será a principal instrumento de execução da estratégia de industrialização introvertida da época: . redes viária e ferroviária.participação directa do Estado no capital social das grandes empresas lançadas neste período. e ainda. na fase de industrialização extrovertida. baseado na construção de grandes barragens ligadas a centrais hidroeléctricas. por meio de incentivos fiscais e de crédito. . a reorganização das indústrias ligeiras referenciadas. 10 Incluído no período do Estado Novo.Fomenta o desenvolvimento de um conjunto de indústrias de base.desenvolvimento das grandes infra-estruturas ao nível da rede eléctrica. . . . . sobretudo a partir de 1965. em conjunto com a iniciativa privada. cuja produção se destinaria ao abastecimento do mercado interno. marca uma viragem nas políticas estruturais do Estado Novo.há a integração dos investimentos públicos numa estrutura global de planificação indicativa.1958): . portos marítimos.Incentivo à concentração e reequipamento de indústrias ligeiras.1937): estabelece princípios fundamentais em matéria de política de concorrência interna.Financiamento de grandes projectos industriais: .Lei da Nacionalização dos Capitais (1943): há a proibição do acesso do investimento directo estrangeiro a vários sectores de actividade económica.Encoraja. . Capítulo IV A integração europeia nos anos 60 (1960-1973) 10– período de industrialização extrovertida A aceleração do crescimento da economia portuguesa está associada a uma progressiva abertura da economia portuguesa ao exterior: . a realizar no período de 8 anos. sobretudo a sectores onde o abastecimento do mercado interno dependia em maior escala das importações. limites à composição de capital social das empresas participadas por capital estrangeiro (nos sectores onde isso era permitido). aeroportos.Crescente abertura aos capitais estrangeiros. 33 .Lei do Condicionamento Industrial (1931.Lei da Electrificação Nacional (1944): plano de desenvolvimento da rede eléctrica do País.por via de empréstimos por intermédio das suas instituições de crédito .Favorece a concentração industrial e a criação de empresas de grande dimensão nos sectores referidos – “Le o Con c on en o In s r l”.participação directa no capital social das empresas. .. . . Será um instrumento usado para estimular a concentração industrial e a criação de grandes grupos industriais. através de incentivos fiscais e de crédito. Legislação relevante: . mais precisamente.1º Plano de Fomento (1953 . esse facto também influenciou a decisão das autoridades portuguesas. Entre 1960 e 1973 vai assistir-se a uma progressiva viragem no plano da política económica externa de Portugal. na altura da sua criação. contrariamente às regr s CEE q e er s e “Un o A ne r ”. quer do lado português. Este país era o principal parceiro comercial de Portugal no início dos anos sessenta.  Os resultados da adesão à EFTA A adesão à EFTA levou a uma queda progressiva dos direitos aduaneiros. evidentemente. o que não se adaptava. Em 1962. Isto era particularmente importante no caso português. mais tarde. Em 1972. Esta política de integração internacional de Portugal vai prosseguir ao longo de toda a década de sessenta. Esta viragem começou com a adesão de Portugal à Associação Europeia de Comércio Livre (EFTA). já em Janeiro de 1986. à adesão de Portugal à CEE. Esta opção acabaria por levar. no âmbito da Convenção de Estocolmo. a liberalização das trocas comerciais no âmbito da EFTA só abrangia os produtos industriais.  Porquê Portugal adere à EFTA? Esta adesão foi principalmente uma consequência da orientação da Grã-Bretanha para este espaço de integração económica. irá assinar o Acordo Geral sobre Pautas Aduaneiras e Comércio (GATT).. quer do lado dos parceiros comerciais de Portugal dentro deste espaço de integração económica. ao espírito das autoridades portuguesas da altura. Portugal vai assim tornar-se membro do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI). tendo em seguida sido reduzido para seis anos. Do lado dos parceiros comerciais de Portugal. o prazo para a supressão total dos direitos aduaneiros foi fixado em dez anos. a EFTA era também um espaço da integração menos exigente.Integração na EFTA (1959). A adesão à EFTA marcou o fim do período isolacionista do Estado Novo. notemos que a CEE era. Para além disso. Por um lado.Assinatura de um Acordo de Livre Comércio com a Comunidade Económica Europeia (CEE). pois conduziu à participação portuguesa em todo um conjunto de instituições e organismos internacionais. dada a dimensão e o tipo de relações comerciais mantidas com as colónias no início dos anos sessenta. o que não era o caso na opção CEE. Outro fator que influenciou a escolha foi o facto de permitirem que Portugal mantivesse uma política comercial autónoma com os países e regiões fora deste espaço de integração económica. um espaço em que os aspectos de união política tinham já uma certa importância. as regras comerciais que regiam a EFTA eram as de uma “Zona de Comércio Livre”. Em 1960. .Emergência do turismo e o crescimento das remessas dos emigrantes na Europa. Portugal vai assinar com a CEE um Acordo de Comércio Livre. Finalmente. em 1959. . 34 . o que veio a acontecer. Dado o atraso da agricultura portuguesa. Por outro lado. e mais uma vez. Os produtos em questão. a queda das barreiras alfandegárias que protegiam o mercado interno português foi rápida. Os restantes seis países da CEE. bem como a República da Irlanda. neste novo acordo. a partir de 1 de Abril de 1973. já que os parceiros de Portugal reconheceram a especificidade da economia or g es . Para esses. beneficiaram desta redução progressiva dos direitos aduaneiros nos vários países da EFTA. Apesar disso. econo “ r s ” e rel o à os o ros íses EFTA. respeitar as mesmas etapas. Havia. Dava também a Portugal a possibilidade de prorrogar este período no caso de surgirem dificuldades de pagamentos externos. um período de 20 anos para a supressão total dos direitos alfandegários do lado português. nomeadamente. Foi igualmente acordada a Portugal a possibilidade de introduzir novas tarifas para as ch s “ n ús r s n scen es”. Portugal acaba também por beneficiar de um estatuto especial para alguns produtos agrícolas e de vantagens para a entrada de vinhos portugueses nos mercados escandinavos. foi acordada a Portugal a possibilidade de introduzir novas tarifas para as indústrias nascentes. cada uma com uma redução de 20%). um regime especial para Portugal foi criado no âmbito da Convenção de Estocolmo (anexo G da Convenção). que se lhes juntava agora. A re o os re os or g eses so re s or ões roven en es os “se s” e Irl n . no entanto.  Os resultados do Acordo de Comércio Livre na CEE O regime de redução dos direitos aduaneiros era bastante próximo do acordado com a EFTA. Es e reg e especial previa. A abertura da economia ao exterior aumenta de forma muito significativa entre 1960 e 1973 35 . a supressão total das barreiras aduaneiras podia ir até Janeiro de 1985. excepções para vários produtos (representando esses produtos cerca de 60% da totalidade das importações portuguesas da nova CEE). Finalmente.As exportações portuguesas de produtos industriais. mantinha-se o essencial do esquema acordado no âmbito da EFTA. eram também e apenas os produtos industriais. em princípio. devia. mesmo se algumas excepções foram novamente feitas no domínio agrícola. No que se refere ao Reino Unido e à Dinamarca. Com efeito. eliminavam as barreiras aduaneiras para as exportações portuguesas em quatro anos (e em cinco etapas. A supressão dos direitos alfandegários do lado português foi muito mais lenta. embora sempre em articulação com os grupos industriais e financeiros portugueses.4 36.3 12 41. Verifica-se estagnação e. da construção e reparação navais e da indústria das máquinas e material eléctrico. cimentos) registaram também taxas de crescimento elevadas.5 28 40.2 46. embora fosse cada vez mais difícil.1 24. As taxas de crescimento elevadas que se registaram nestes últimos sectores foram também uma consequência de investimentos públicos. um grande porto marítimo.1 26.3 32.6 21. os “Seg n Revol o In s r l”.9 . continuando até meados dos anos sessenta. siderurgia. Destaca-se ainda que o nº de efectivos foi decrescendo. e sobretudo na indústria. 36 .8 33. Foi nomeadamente o caso dos têxteis e do vestuário. devido à queda progressiva dos direitos aduaneiros imposta pela adesão à EFTA.5 32. no início dos anos setenta.3 41. Destaca-se que a reforma das estruturas fundiárias continuou por fazer.7 19 30.5 26.6 22.3 49. em Sines. Também o nível de produtividade no sector agrícola evolui agora muito mais rapidamente. e ausência de políticas com resultados visíveis ao nível das estruturas de irrigação.9 Composição do PIBpm (%) Primário Secundário Terciário 31. registaram as taxas de crescimento mais elevadas.Indústria11: Durante este período. em certos anos. o crescimento foi elevado em todos os sectores da indústria transformadora. Como a substituição das importações prosseguia ainda. em particular o controlo administrativo dos preços dos produtos do sector primário que se manteve até meados dos anos 60. bem como aquelas que receberam capitais estrangeiros. Os mais importantes foram certamente aqueles que foram realizados na Siderurgia Nacional e no sector petroquímico. em virtude do elevado crescimento da produtividade nos outros sectores. situado perto de Lisboa. . a diferença entre o nível médio de produtividade do sector agrícola e o do conjunto da economia contínua a crescer entre 1960 e 1973.4 33. apesar de um terço do emprego se situar ainda no sector primário da economia. alguns sectores industriais (químicas.2 52.1 30. da indústria da pasta para papel. No entanto. No entanto. Os sec ores s o ernos. 11 Ver a evolução da indústria na fase industrialista do Estado Novo. con n ss g nh r terreno na estrutura da produção industrial portuguesa entre 1960 e 1973. até regressão da produção agrícola.Agricultura: A quota-parte do sector secundário na composição do PIB pm e da população activa progride assim rapidamente.4 32. Os motivos são idênticos aos observados na década de 50. as indústrias mais voltadas para os mercados externos. Estrutura da economia portuguesa (no início dos anos 60) Fase ruralista Fase introvertida Fase extrovertida 1930 1950 1960 1970 1973 Composição da população ativa (%) Primário Secundário Terciário 50. Estes controlavam. O mais importante desses grupos com origem financeira foi. apostarão também em determinados projetos industriais de grande envergadura. Entre 1960 e 1973. o Grupo Espírito Santo.70% Economia 0.80% 4. por sua vez.20% -0.20% 6.1973 Primário -3. Durante os anos sessenta. toda uma série de actividades importantes.60% 7. através de alianças que celebram com as empresas do sector financeiro da economia.1974 Espanha Portugal Itália Alemanha França Suécia Inglaterra 8.70% 2. os grandes grupos industriais (onde predominavam. no âmbito da estratégia de industrialização introvertida.70% -4% Secundário 2. este conjunto de sete grandes grupos industriais e financeiros dominavam a economia portuguesa. por volta de 1973.20% Terciário 1. com efeito.70% 5. com novas manifestações.Taxas anuais médias de crescimento do emprego (Continente) 1961 .60% Crescimento industrial .taxas anuais médias de crescimento entre 1950. verifica-se uma aceleração deste processo. Os grupos financeiros. 37 .1970 1971 . sem dúvida. Controlavam ainda os quatro sectores industriais portugueses com mais elevadas taxas de lucro. No final deste período.90% 1.20% 1.80% 7.60% Taxas de crescimento médio anual do valor acrescentado bruto na indústria transformadora entre 1960 e 1973 (%)  Os grupos económicos: O processo de concentração do capital industrial tinha sido iniciado no período posterior à 2ª Guerra Mundial. o grupo CUF e o Grupo Champallimaud) reforçam a sua posição. . chegando ao aparelho de Estado. também contribuíram para alteração na estratégia de industrialização que se vai dar progressivamente ao longo deste período. algodão. tabaco. que a taxa de desemprego não era elevada no início dos anos sessenta. 38 . café. e eles ocupavam também os o o or n e nos “sec ores e se” n ús r or g es (siderurgia.O valor da moeda portuguesa conhecia também uma grande estabilidade desde os finais dos anos quarenta. Os saldos positivos das transferências privadas (com as remessas dos emigrantes) e dos serviços (com o turismo) permitiam contrabalançar o défice comercial persistente. . parece ser possível afirmar-se. quadros destes grupos. Contribuíram para a captação de IDE e tinham ligações relevantes a capitais estrangeiros.As cinco principais empresas exportadoras do país. indústria química) e nas actividades ligadas ao comércio e à exploração de produtos coloniais (açúcar. pertenciam-lhes. bastante ligados entre eles e com fortes relações a nível do aparelho de Estado. com base nas estimativas existentes. petróleo). em certa medida. Estes grupos.As contas públicas estavam também virtualmente equilibradas. cimentos. desempenharam um papel importante na viragem para uma maior abertura ao exterior da economia portuguesa durante estes anos que vão de 1960 a 1973. que.O aumento anual dos preços no consumidor tinha sido moderado nos anos 50. a situação era também favorável.O mercado de trabalho. .  Os agregados macroeconómicos A situação era bastante estável no início dos anos 60: .No ao sector externo. Foram. . mas foi um pouco mais difícil cumpri-los: . O crescimento entre 1945 e 1960 foi muito inferior ao da produtividade do trabalho. entre 1960-1973. a evolução dos salários reais não foi muito significativa. assente nas exportações. no entanto. Os salários agrícolas foram assim a principal fonte de crescimento dos salários reais durante este período. Durante o período da abertura ao exterior. do qual dependia.1 -7. em particular entre 1964 e 1973. Esta acumulação explica-se quase exclusivamente pelo crescimento das remessas dos emigrantes portugueses na Europa e pelo desenvolvimento das actividades turísticas. Quanto à Balança Comercial é importante destacar que há uma degradação no período 19601973 relativamente a 1950-60. diminuíram deste modo entre estas duas datas. e consequentemente a de Pagamentos. pelo que se pode considerar que a sustentabilidade de tal superavit era questionável. Os custos unitários da mão da obra na economia.Evolução da taxa de desemprego12 Apesar deste bom desempenho da economia portuguesa. explica-se sobretudo pelo forte crescimento da emigração.4 12 A baixa taxa de desemprego observada entre 1960 e 1973 (2. a balança de pagamentos portuguesa apresentou quase sempre saldos positivos. o que permitiu uma forte acumulação de reservas em ouro e divisas. e que tal provocou uma elevada taxa de crescimento das importações. a estratégia de industrialização por substituição de importações do após guerra e a maioria das empresas portuguesas. principalmente facilitada pela participação de Portugal nos movimentos europeus e internacionais.Equilíbrio nas contas externas: entre 1960 e 1973. Apesar da estratégia de industrialização extrovertida. Esta tinha principalmente como origem as zonas rurais do país. Importante destacar que as fontes que geram o superavit da Balança Corrente. os objectivos no plano da política macroeconómica continuaram a ser os mesmos do passado.2% em média por ano durante este período). O fraco crescimento dos salários reais provocou uma muito fraca progressão da dimensão do mercado interno. em termos reais. 39 . igualmente se observou uma elevada taxa de crescimento das importações pelas mesmas razões. apresentam forte instabilidade no médio-longo prazo. Saldo da Balança Comercial (em % do PIB) 1950-59 1960-65 -5. Entre 1965 e 1973 os défices públicos votaram assim a ser moderados. devido à ausência de problemas de pagamentos externos. torna-se natural um crescimento do défice comercial.uma variação positiva indica uma desvalorização do escudo .Estabilidade da moeda portuguesa. A reforma fiscal. realizada entre 1959 e 1964. 1960-1973) . associada a um ritmo de crescimento do PIB interno bastante superior ao correspondente para as economias desenvolvidas. devido à baixa dos direitos alfandegários na sequência da adesão portuguesa à EFTA. devido à subida das despesas com a Guerra Colonial e ainda. Evolução da taxa de câmbio do escudo face ao dólar (1960-1973) .1965-73 -8. 40 . Balança de pagamentos (em % do PIB pm.4 Além disso.O défice público aumentou a partir do início dos anos 60: este aumento foi sobretudo importante entre 1960 e 1965. permitiu entretanto melhorar a situação. num contexto de forte convergência real relativamente a economias mais desenvolvidas. motivada por um crescimento mais forte das importações face às exportações. a partir de 1965. a queda das receitas. Este fluxo foi incentivado pelos câmbios fixos.a subida dos preços internacionais de algumas matérias-primas chave (caso dos cerais por causa da entrada da União Soviética.subida dos custos unitários da mão-de-obra: devido a pressões da procura sobre a oferta. 41 . Como o Banco Central não interveio houve uma alta de preços. aumento dos salários reais teria ultrapassou a produtividade do trabalho. valorização dos títulos em bolsa. grande investimento estrangeiro – principalmente da Alemanha. Este processo vai-se manter até os anos 90. . Esta entrada de moeda fez com que houvesse um aumento da massa monetária sem ser correspondida com o aumento do produto. .Saldo orçamental em % do PIB (1960-1973) . mesmo se talvez irreal. França.um crescimento muito acentuado da economia portuguesa. EUA e Reino Unido). .os saldos positivos e excepcionalmente elevados da balança de pagamentos durante a segunda metade dos anos sessenta e o início dos anos setenta (grandes remessas de emigrantes. conjugado com uma forte.Um crescimento elevado dos preços no consumidor a partir de 1963. e tendo em conta a baixa de desemprego. choque petrolífero). Taxas anuais de crescimento dos preços no consumidor em Portugal (1960-1974)  O porquê do aumento da inflação? . Evolução dos salários reais, da produtividade do trabalho e dos custos unitários da mão-deobra OBS: O agravamento do défice comercial deve-se à apreciação da taxa de câmbio real portuguesa. A convergência de Portugal nesta altura contribui e de que maneira para esse défice. Capítulo V O período das rupturas e dos choques petrolíferos (1973-1985) A) A economia europeia depois dos choques petrolíferos e do fim de Bretton-Woods O contexto internacional deste período é nada favorável ao crescimento. Como vimos o crescimento nestas economias desacelerou muito durante a fase IV de Maddison 13(de 1973 aos nossos dias). Os 16 países industrializados em que se baseia o estudo de Maddison cresceram em termos per capita e em média a uma taxa que foi de cerca de metade da verificada entre 1950 e 1973 (cerca de 2, 6%). As flutuações de nível de actividade económica também foram maiores, tendo-se mesmo verificado várias quebras anualizadas do PIB do conjunto dos principais países industrializados. Características em termos de crescimento económico e características cíclicas das fases da tipologia de Maddison 13 Esta etapa é marcada pelo choque petrolífero. Caracteriza-se esta fase por um crescimento mais irregular e mais lento. Isso deve-se ao forte aumento do preço do petróleo, a partir dos finais de 1973, e dos problemas resultantes do desaparecimento da ordem em matéria de sistema de pagamentos internacionais estabelecida nos acordos de Bretton Woods. Temos um segundo choque em 1979-81 que levaram a pressões inflacionárias de muitas matérias-primas chaves. 42 Fase I (1870-1913) Fase II (1913-1950) PIB (em termos de crescimento) PIB per capita Stock de capital Exportações Maior quebra no PIB Maior quebra nas exportações Taxa média de desemprego Taxa média de inflação Fase III (1950-1973) Fase IV (1973 - 1989) 2,5 2 4,9 2,6 1,4 3,4 3,9 -5,6 -18,2 4,5 0,4 1,2 2 1 -12,4 -36,5 7,5 0,7 3,8 5,8 8,6 0,2 -7 2,6 4,1 2,1 4,2 4,7 -1,8 -7,6 5,7 7,3  Factores determinantes da inversão do contexto internacional 1- Subidas acentuadas do preço do petróleo nos mercados internacionais: entre finais de 1973 e inícios de 1985, o preço do barril do petróleo esteve sempre a subir nos mercados internacionais. Destaque para os choques petrolíferos, o primeiro entre os finais de 1973 e os começos de 1974. Um segundo no início dos anos 80; 2- Emergência de relevantes desequilíbrios macroeconómicos e alteração nas prioridades de política macroeconómica: com a incrível subida dos preços do petróleo, surgiram os elevados níveis de inflação em grande parte dos países industrializados (importadores de petróleo). Uma outra consequência foram os desequilíbrios nas contas externas desses países que eram fortemente dependentes do petróleo. Tudo isso fez que esses países tomassem medidas contracionistas, no sentido de combater a inflação e não incentivar o crescimento do produto e do emprego. Taxa média de inflação nas principais economias mundiais Período 1960-1964 1965-1972 1973-1980 1981-1990 3- Taxa média de inflação 3,1% 4,5% 9,9% 4,4% Desaparecimento do Bretton-Woods: há assim o desaparecimento do regime cambial fixo que tinha favorecido: a expansão do comércio, os movimentos internacionais de capitais e contribuído para o crescimento económico e a estabilidade de preços. O sistema desaparece após 1971, face à dificuldade de os EUA assegurarem a convertibilidade do dólar em ouro, na sequência da acumulação de fortes défices comerciais que fizeram com que esse perdesse as reservas que possuía em ouro). A passagem para câmbios flutuantes introduz o risco cambial, aumentando a incerteza nas transacções internacionais de mercadorias e capitais. 4- A mudança estrutural nas economias: os outros períodos foram marcados por grandes mudanças estruturais na economia, que permitiam grandes ganhos de produtividade já não eram possíveis. Quanto à passagem de recursos do sector primário para o secundário e terciário, com níveis mais altos de produtividade, esta medida era cada vez mais difícil. Isso porque o 43 contributo do sector primário para o PIB e emprego dos países industrializados era já muito baixo. Quando aos ganhos de crescimento económico conseguidos com a liberalização do comércio, naquela altura já eram menores, uma vez que a liberalização entre países industrializados já estava feita. Apenas faltava entre os países desenvolvidos e os em vias de desenvolvimento. E isso colocava problemas aos países mais desenvolvidos. 5- Desaceleração do ritmo de crescimento do progresso técnico: aqui destaca-se principalmente no caso dos EUA, mas com repercussões nos demais países industrializados que aproveitam com as transferências de tecnologia americanas. Características sistémicas das fases da tipologia de Angus Maddison  O caso português: as rupturas - a liberdade sindical, a descolonização, as nacionalizações e a reforma agrária Em paralelo com grandes alterações no cenário internacional, Portugal também sofre grandes modificações na sua realidade nacional. Há o derrube do regime ditatorial do Estado Novo. A mudança de regime político operada em 25 de Abril de 1974 vem trazer as seguintes alterações: 1- Liberdade sindical: 14com o aparecimento da liberdade sindical há grandes modificações no processo de formação dos preços e dos salários na economia portuguesa. Até esta data, o Estado controla fortemente o poder reivindicativo dos sindicatos, procurando assegurar não só uma pretendida "ordem social", como também uma política de crescimento moderado dos salários. A política de baixos salários constituiu um dos pilares em que assentou o forte crescimento industrial que se registou a partir dos inícios dos anos cinquenta. 14 Com a descolonização temos o regresso dos portugueses das ex-colónias. Com isso, há um aumento do fluxo de oferta de trabalho, no entanto não houve uma diminuição dos salários, como seria suposto. 44 o salário médio em termos reais para níveis inferiores aos de 1973. Esse crescimento está claramente acima do crescimento da produtividade do trabalho.novo enquadramento institucional das relações de trabalho. no período imediato que se segue ao 25 de Abril (entre 1974 e 1976) há um forte crescimento dos salários reais – cerca de 26% em termos reais. . fixa-se o princípio da actualização regular e negociada dos salários. Há também a um aumento da parte das remunerações do trabalho no produto nacional. . há não só a uma quebra importante dos salários reais 15. em 1984. Como por exemplo: garantias de liberdade sindical. redução da duração média do trabalho. Salários reais e parte das remunerações do trabalho no PIB No entanto. Assim.evolução da norma salarial. como por exemplo: estabelece-se um salário mínimo fixado pelos poderes públicos.O aparecimento da liberdade sindical introduz modificações muito significativas no processo de formação dos salários. como também o crescimento das formas precárias de trabalho (destaque para os contractos a duração) e um crescimento das formas de trabalho que escapam ao controlo do Estado (trabalho não declarado). o direito à greve. 45 . mais favorável aos trabalhadores. alarga-se a cobertura da segurança social e é instituído um subsídio de desemprego. podendo destacar: . 15 Evolução que reconduzirá. condições de despedimento mais difíceis. a partir de 1976. com o primeiro acordo com o FMI. generalizam-se as remunerações salariais complementares (13º mês e subsídio de férias).criação de uma relação de forças mais favorável aos trabalhadores nas negociações contratuais (princípio da não intervenção do Estado nas negociações colectivas) e no interior das próprias empresas. 1 1980 7.Descolonização: introduz modificações substanciais na inserção geo-económica da economia portuguesa.7 1977 7.4 1979 8.8 1985 9 *Ruptura de série 2.6 1976 6. e por outro lado.2 1975 5. perde-se fontes privilegiadas de aprovisionamento de várias matérias-primas.1* 1984 8.5 1983 8. Perde-se importantes mercados para a exportação. 46 .9 1978 8.Importância do trabalho não declarado em vários sectores de actividade económica (1981) Taxa de desemprego Taxa de desemprego % 1974 2. A descolonização acabará também de vez com as teses africanistas e a polémica Europa/África.6 1982 7.9 1981 7. Portugal virar-se-á definitivamente para a Europa. Uma consequência dessas nacionalizações é o desaparecimento dos grandes grupos económicos que se tinham formado. adubos. às indústrias de base). nomeadamente.o sector financeiro: destaque para a banca e os seguros. . 47 . introduziram grandes alterações na estrutura empresarial portuguesa. uma vez que ficará circunscrito a algumas zonas de latifúndio no Alentejo. transporte e distribuição de electricidade. cimentos. durante vários a economia portuguesa ficará desprovida de grupos económicos fortes a nível privado.A liberdade sindical (que introduzirá modificações importantes no que diz respeito ao processo de formação dos salários e dos preços).Nacionalizações: realizadas a partir do 11 de Março de 1975.na indústria: destaque para as indústrias de base (siderurgia. . não altera grandemente a situação vivida em Portugal a nível das estruturas fundiárias. por outro lado. nomeadamente: . Assim. como por exemplo: aéreos. 4.A reforma agrária. E ainda. Ainda temos nacionalizações no domínio da produção. Assim. e uma excessiva fragmentação da propriedade no norte do país (zona de minifúndio). construção e reparação naval). Resumo: As alterações foram: . Estas nacionalizações incidiram-se sobre uma parte muito importante do sector produtivo da economia portuguesa. continua-se a ter uma excessiva concentração da propriedade no sul do país.Reforma agrária: inicia-se com o 25 de Abril. a irreversibilidade das nacionalizações.A descolonização (que porá em causa a anterior inserção geoeconómica de Portugal). No entanto. petroquímica. gás e água. não se tendo alargado às restantes zonas do país.A nacionalização directa e indirecta de um certo número de empresas de grande dimensão no sector industrial e financeiro (que conduzirá à desarticulação dos principais grupos económicos privados). no entanto. . Ainda inclui-se empresas dos sectores dos tabacos e das bebidas. celulose. Realizar-se-ão. no período após 74 surgirão alguns grandes capitalistas no norte (o grupo SONAE e o grupo Amorim). A legislação da época interditará o acesso do capital privado a vastos sectores da economia (banca e seguros. . às zonas de minifúndio do norte do país. importantes nacionalizações no domínio dos transportes (destaque para os sectores de transporte de massa. em especial no Alentejo (zona de latifúndio). Estas situações são geradoras de baixos rendimentos culturais e baixas produtividades humanas.Importância das ex-colónias portuguesas de África no comércio externo português (%) 3. urbanos e suburbanos de Lisboa e Porto). 1976 a 1982: o processo de convergência prossegue. No entanto.2 1976 52.1 1983 53.1 1985 50.3 Divergênci a forte Anos 1973 fortes quebras PIB per capita português relativamente ao de 10 países do norte e centro da Europa (dados da OCDE) A tabela mostra que o nível do produto per capita português face ao dos 10 países do norte e centro da Europa caiu de 57.9% em 1985.1982 a 1985: um novo período de divergência forte (-1.9 Convergência lenta % 57. o ritmo de divergência de 0. a divergência não foi contínua ao longo desta fase. .8 1982 55.4 ponto percentuais). A desaceleração do ritmo de crescimento do PIB português era inevitável face aos choques petrolíferos e ao desaparecimento de Bretton Woods face ao aumentado (principalmente entre 1960 e 1973) grau de integração nos fluxos de comércio europeu atingido pela economia portuguesa em 1973. se bem que a ritmo bastante lento (0. uma queda do nosso indicador de convergência.1 1975 52.2 1979 53.8 1984 51. tinha assim caído. o ano de 1975). e é aqui que tivemos o regaste do FMI. O nível do produto por habitante português. O crescimento comparado no período Entre anos de ponta. No entanto.4 1978 53. Globalmente.2 1977 53.5 pontos percentuais ano). Podemos distinguir então três períodos diferentes: . 1974 56.5 pontos percentuais em média por ano).3% em 1973 para 50.6 1980 54. para um nível próximo do de 1970/1971.4 1981 54.4 pontos percentuais nos doze anos (ou seja. . particularmente. este indicador regista uma perda de 6. em 1985. a desaceleração no crescimento económico foi maior em 48 . as informações da OCDE mostram. face ao dos 10 países de referência. de 1973 para 1985.1974 a 1975: são anos de fortes quebras em matéria de produto por habitante face aos dez países do nosso grupo de referência (e. Portugal que no exterior. As informações parecem indicar que as autoridades públicas portuguesas conduziram a política económica de uma forma bastante positiva durante este período de graves problemas internos e externos.8 1974 2. No caso da Espanha. Taxa de crescimento anual do PIB pm de Portugal (%) Período % 1960-70 6.6 1977 5.2 1970-73 8.9 pontos percentuais no caso da Espanha contra 6.6 1985 3.4 para Portugal). a divergência verificada é ligeiramente superior à verificada por Portugal (6.6 1980 4. Para a Grécia. PIB per capita espanhol e grego relativamente ao de 10 países do norte e centro da Europa (dados da OCDE) 49 . Essa divergência foi superior à de Portugal.7 1976 6. há um ritmo de divergência bastante maior face a Portugal (9.6 1975 -4. Ambos divergiram face aos países do norte e centro da Europa neste período que vai de 1973 a 1985. onde não se verificaram revoluções.8 1984 1. já que o nosso indicador de convergência regista uma evolução globalmente negativa entre 1973 e 1985.4 portugueses).3 1974-85 2.0 pontos percentuais ano contra os 6.4 A revolução de Abril teve impacto nesse pior desempenho de Portugal face ao resto do mundo? Para percebermos melhor o impacto da revolução do 25 de Abril sobre o crescimento económico português vamos comparar o que se passou na Grécia e Espanha.1 1981 0. 1973 16 % 2.uma evolução lenta das remessas dos emigrantes (Transferências Unilaterais) e das receitas do turismo (Balança de Serviços). na sequência da desaceleração do crescimento no exterior. que passarão a assumir um papel crescente enquanto elemento de desequilíbrio da Balança Corrente. observa. na sequência do aumento da população Estes fluxos positivos mais do que residente e o crescimento salarial. Isso poderá estar associado a uma maior dependência do petróleo enquanto fonte de energia primária nos primeiros relativamente aos segundos.Essas informações estatísticas. a Balança Corrente passa a saldos positivos. .  O desequilíbrio externo e os acordos FMI O período 1973-1985 é marcado por importantes desequilíbrios macroeconómicos em Portugal.deterioração dos termos de troca no remessas dos emigrantes portugueses na seguimento dos choques petrolíferos. . com destaque para o desequilíbrio externo. Mas também indicam que os países mais pobres do sul da Europa foram mais afectados pelos choques petrolíferos que os do norte e centro da Europa. o que permitiu uma forte registar saldos muito negativos.os juros pagos a título de encargos com o serviço da dívida (registados na Balança de Rendimentos de Factores). a um forte agravamento do défice comercial. compensavam os tradicionais défices a nível da Balança Comercial. A Balança de Transacções Correntes Antes (1966 e 1973)16 No período de 1973-1985 A Balança Corrente portuguesa apresentava A partir de 1974. na ausência de . moeda portuguesa ao longo dos anos sessenta. E ainda.abrandamento do ritmo de crescimento das problemas de pagamentos externos. de consumo (duradouro e semi-duradouro). Esse desempenho da Balança Comercial pode Este saldo positivo explica-se quase ser justificado por: exclusivamente pela evolução favorável das Transferências Unilaterais privadas (com as .5 Fase da industrialização extrovertida- 50 . indicam a divergência para a Grécia.exportações na sequência da crise económica se também uma grande estabilidade da internacional. Espanha e Portugal neste período. Isso deve-se acumulação de reservas em ouro e divisas. Europa) e pelo progresso na Balança de Serviços (com o desenvolvimento das . Evolução da Balança Corrente portuguesa (em % do PIB) Anos 1966 .expansão da procura de bens alimentares e actividades turísticas). Também durante o período de vigência deste segundo acordo. no entanto. até 1979. nomeadamente.1984 3. a Balança Corrente portuguesa reagiu bem às medidas tomadas. e o défice comercial reagiu como pretendido. o défice da Balança Corrente caiu significativamente aproximando-se mesmo do equilíbrio a Balança Corrente no final do período de vigência do acordo.7 -7. um saldo positivo.3 -3. após a escalada que se tinha verificado desde os finais de 1973.3 -9. A dívida externa A Dívida Externa portuguesa atingiu proporções bastante preocupantes. Logo após o primeiro acordo e durante o período de vigência deste.2 -4. que vai ser aplicado entre 1977 e 1979. E conjugado com alguma abertura da política de rendimentos que se verificou nos anos de 1980 e 1981. o que obrigou a um novo acordo com o FMI em 1983. que vai desde1983 a 1985. No entanto.1 1. Em 1985. Devemos. voltaram a fazer crescer o desequilíbrio das transacções correntes portuguesas.5 -8.7 -13. Este desequilíbrio nas contas com o exterior condicionará fortemente as possibilidades de crescimento da Economia Portuguesa entre 1974 e 1985. a descida do preço do petróleo. em 1984. A tabela mostra uma diminuição acentuada do défice corrente a partir de 1982. cerca de 90% da produção interna.4 -0.2 -5. 51 . facilitou esse melhoramento da situação da Balança Corrente portuguesa. temos o segundo choque petrolífero. à necessidade de assinar dois acordos com o Fundo Monetário Internacional: . Este conduzirá. verificou-se mesmo.1º acordo: em 1977. até chegou a representar.2 -5 -11.1973 1974 1975 1976 197717 1978 1979 1980 1981 1982 198318 1984 1985 1974 .1 -6. pela primeira vez desde 1974. ter em conta que no ano de 1985. nos finais de 1979. .5 -7. Aqui temos o segundo acordo com o FMI. que vai ser posto em prática de 1983 a 1985.2º acordo: em 1983.1 As políticas acordadas com o FMI deram bons resultados. 17 18 Aqui temos o primeiro acordo com o FMI que vai desde 1977 e 1979. 1973 1973 1974 1975 1976 197719 1978 1979 1980 1981 1982 198320 1984 1985 1974 .1 ______________ -6. 52 .5 65.3 83. em troca de ajuda financeira. contendo a procura interna e. mas fomentar também as exportações (fornecendo-lhes competitividade-preço). Procurava-se assim.5 ______________ 3.5 -7. com estas medidas. o problema da dívida externa.7 74. Anos 1966 . por aí. 19 20 Aqui temos o primeiro acordo com o FMI que vai desde 1977 e 1979.4 31. Aqui temos o segundo acordo com o FMI. Essas medidas visavam corrigir o desequilíbrio externo. pode-se dizer que: .7 -0.2 -4.9 -13.5 -11. . as autoridades públicas portuguesas vão comprometer-se a adoptar. minorar o défice comercial e.medidas de política de rendimentos restritivas (limitação dos aumentos salariais).1 90. .2 36. para além de travar o crescimento das importações (aumentando o seu preço em escudos).1984 Evolução da Dívida Externa total portuguesa * (em % do PIB) Balança Corrente portuguesa (em % do Dívida Externa total portuguesa (em % do PIB) PIB) ______________ 2. .medidas de política orçamental restritivas (contenção das despesas públicas).5 -3. No caso da política cambial de desvalorização da moeda procurava-se.medidas de política cambial (desvalorização da moeda nacional).7 48. as importações.5 ______________ -8.6 -5 37.4 1. um conjunto de medidas de "ajustamento económico" aconselhadas pelo Fundo Monetário Internacional: .2 ______________ -5.1 ______________ No que diz respeito às políticas efectivamente postas em prática durante os dois programas.No âmbito destes acordos.o esforço passou sobretudo pela política de rendimentos (forte quebra dos salários em termos reais a partir do primeiro acordo com o FMI apenas interrompida nos anos de 1980 e 1981) e pela política cambial (forte desvalorização real da moeda portuguesa que mais que compensou o crescimento dos preços e custos portugueses acima do exterior dando competitividade-preço aos produtos nacionais nos mercados exteriores).5 -7. por aí.medidas de política monetária restritivas (aumento das taxas de juro e fixação de "plafonds" ao crédito bancário).3 ______________ -9. que vai desde1983 a 1985. Com efeito. dando pouco contributo para a contenção do défice.7% -10.5% -6. diminuição das receitas públicas).4% -5.3% -0.5% -8.5% -12.9% Percebe-se que a política em geral torna-se expansionista.as medidas de política monetária e orçamental não parecem ter dado grande contributo para a resolução do desequilíbrio externo durante este período.20% -1% -3. Esse processo inflacionário tinha já começado antes.7% 0.8% -5..3% 6% Saldo do sector público em percentagem do PIB Período 1960-1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1977 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1974-1985 % 1.8% -5.2% 1985 26.5% 22. em meados dos anos sessenta. Normalmente tem-se em atenção ao défice estrutural. o ritmo de crescimento 21 (1 + ) = (1 + r) * (1 + π) 53 .1% -6. Nos dados que temos. Importante relembrar a componente cíclica do défice público.3% -4.2% -10. Taxa de juro nominal e real (1982-1985)21 Nominal Inflação (IPC) Real 1982 23.7% 1983 30% 25% 4% 1984 29% 29. Mais precisamente. através dos estabilizadores automáticos (como por exemplo: aumento de custos com os desempregados.3% -5.8% -8.5% 19. não se tem em consideração esse défice estrutural.  A inflação Um outro desequilíbrio que marcou esse período foi a inflação.5% -6. em 1984. em particular. a taxa de inflação vai subindo até atingir.anual dos preços no consumidor acelerou a partir desta data e.3%. da produtividade. . entre os anos de 1974 a 1976.forte crescimento dos salários que se verificou matérias-primas relevantes.22 Com oscilações. que ao permitir a desvalorização real da moeda. devido à subida do preço balança de pagamentos durante a segunda metade do petróleo nos mercados internacionais entre os dos anos sessenta e o início dos anos setenta.os saldos positivos e excepcionalmente elevados da . Antes do nosso período de estudo (a partir de 1969)23 Na origem deste processo inflacionário estiveram vários factores: No nosso período de estudo Dá-se aqui seguimento a esse processo inflacionário já com outros factores: . finais de 1974 e os princípios de 1985. também acomodou a subida de preços e custos acima do exterior. a partir de 1969.a política cambial.crescimento acentuado da economia portuguesa. 54 . -forte crescimento da procura (devido ao aumento da população residente. trabalho). Como esse crescimento se situou muito acima do crescimento . Afinal. As mesmas explicações que tínhamos vistos anteriormente. fazendo subir os custos unitários do trabalho. . empresas repercutiram nos preços dos seus produtos o crescimento dos custos unitários do .a subida dos preços internacionais de algumas . gerou-se inflação pelos custos (as . mas em particular no mercado de bens agrícolas. . o que levou a um aumento importante da massa monetária em circulação.há a inflação importada. a desvalorização de uma da moeda é sempre uma medida inflacionista porque aumenta o preço dos bens importados em moeda nacional no montante da desvalorização e permite também que os produtores nacionais concorrentes de produtos importados aumentem os seus preços nesse mesmo montante. um máximo histórico para a segunda metade do século XX português de 29. 22 23 Ainda dentro do período do Estado Novo (fase industrialista extrovertida).o Estado muitas vezes recorreu-se a empréstimos junto do Banco Central (monetização da dívida).valorização dos títulos em bolsa. com o retorno dos desalojados das ex-colónias portuguesas e do contingente militar português de África) pressionou os preços à alta no mercado de bens e serviços.subida dos custos unitários da mão-de-obra. Devemos também referir que os custos dessas políticas. como por exempla.4 1979 8. ela situou-se entre 1975 e 1985 nos 7.A taxa de desemprego subiu ao longo do período. na Espanha. em termos de desemprego.1 1980 7.Evolução da taxa de inflação (IPC)  A situação no mercado de trabalho 1.8 1985 9 *Ruptura de série 24 Já tínhamos visto este quadro antes. A taxa de desemprego subiu.6 1976 6.9 1981 7. um máximo histórico para a segunda metade do século XX de cerca de 9%. existiram.2 1975 5. Atingiu em 1985. ela foi até maior que a verificada em Portugal. mas essa subida aconteceu também nos outros países da OCDE e. Em média. embora não de forma contínua.7 1977 7. 55 . Taxa de desemprego24 Taxa de desemprego % 1974 2.1* 1984 8.2% médios que se verificaram entre 1960 e 1974.8%.5 1983 8.6 1982 7. no caso de vários desses países. mas não foram excessivos.9 1978 8. um valor que contrasta com os 2. na sequência dos choques petrolíferos. uma vez que este crescimento foi mais do que compensado pela desvalorização da moeda nacional ao longo deste período. podendo destacar: .  O comércio e o investimento directo estrangeiro As políticas de ajustamento aconselhadas pelo FMI tiveram consequências importantes sobre a evolução do comércio externo português entre 1973 e 1985.2.um menor crescimento da produtividade. o poder de compra do salário em Portugal era um pouco inferior ao registado em 1973.desaceleração do crescimento económico no exterior. Portugal tinha-se tornado um exportador de produtos 56 .Após 1977 até 1985: esse forte crescimento não pôde ser sustentado. e ainda. devido ao desequilíbrio nas contas externas portuguesas. Baseado num modelo de industrialização extrovertida ou por promoção das exportações. regista-se um forte aumento dos salários reais. vamos assistir-se a uma queda praticamente contínua do salário real em Portugal.1974 a 1976: na sequência do aparecimento da liberdade sindical. pela forte captação de IDE. é importante destacar que o maior crescimento dos CUT em Portugal não trouxe problemas de competitividade internacional. e ainda. Em 1985.a uma maior subida dos salários nominais em Portugal. Isso deveu-se: . de acordo com o INE indicado. . .a necessidade de políticas restritivas de ajustamento económico.O salário real teve uma evolução bastante negativa no período 1974-1985. no âmbito dos acordos com o FMI. No entanto. Podemos justificar essa evolução os seguintes factores: . Após 1977. Evolução dos salários reais 3.Custos unitários do trabalho: estes cresceram mais em Portugal do que nos principais parceiros comerciais. . 4 14.1 7. como por exemplo: . cerâmicas e outros materiais de construção civil) também subira. o vestuário e o calçado.7 19.4 8.aquando das nacionalizações.4 1985 5.o menor crescimento da economia internacional nestes anos de 1973 a 1985.6 14.8 1. malhas e têxteis para o lar. Composição das exportações portuguesas em 1973 e 1975 Produtos Obras em cortiça e madeira Pasta para papel Fios e tecidos Minerais não metálicos Máquinas. .5 21.3 22 6. 57 .criação do Instituto do Investimento Estrangeiro. entre 1973 e 1985. material eléctrico e de transporte Vestuário Calçado Outros produtos 1973 7. .5 19.7 3. um departamento governamental que passou a ser a única entidade com a qual o investidor estrangeiro precisaria de contactar para fazer o seu investimento. mas muito menos que o vestuário e o calçado. material eléctrico e de transporte que a assumiam em 1973. tirando dessa posição as máquinas. destacando os sectores como: as máquinas. bem como a quebra nos salários reais que começou também nessa data com o primeiro acordo com o FMI. Pode-se portanto afirmar que a evolução da composição das exportações foi bastante menos positiva que a verificada no período 1960-1973.3 24. mas também na área da indústria automóvel). o material de transporte (sobretudo a nível da construção e reparação naval. apesar dos esforços das novas autoridades públicas. Essas duas indústrias foram praticamente os únicos que ganharam peso na estrutura das exportações de produtos manufacturados entre 1973 e 1985.3 Com a forte desvalorização da moeda nacional que se verificou a partir de 1977.4 4.manufacturados entre 1960 e 1973. No entanto. É preciso destacar que a indústria do papel e os minerais não metálicos (vidros. Note-se também que o vestuário se tornou. a indústria do papel e o calçado. não se tocou na parte detida por estrangeiros do capital das empresas nacionalizadas. o vestuário. em particular as chamadas indústrias da moda. beneficiaram sobretudo os sectores mais mão-de-obra intensivos. material eléctrico. Entre 1974 a 1985 há uma menor qualidade do IDE realizado em Portugal. esses esforços enfrentaram dificuldades significativas como: .6 19.publicação de nova legislação (Código do Investimento Estrangeiro). no principal produto manufacturado exportado por Portugal. o acréscimo de rendimentos gerados destina-se à procura de serviços (bens imateriais) em detrimento dos bens materiais produzidos pelos sectores primário e secundário. aumenta a elasticidade-rendimento da procura para os serviços. fazendo aparecer uma fase de industrialização. não para a indústria transformadora. em detrimento de investimentos novos. 25 Incluí aqui a parte referente ao processo de terceirização do ponto 6. como nos anos sessenta. Em particular.  A terciarização em Portugal25 A teoria dos 3 sectores de Colin Clark indica que à medida que as economias se vão desenvolvendo (e o produto per capita vai subindo). Esta teoria explica não só o facto de em todas as economias mais ricas da actualidade ter aparecido uma fase de terciarização..introdução do risco cambial nas transacções. Investimento directo estrangeiro (em % do PIB). por qualquer motivo. podemos perceber que é sobretudo de reforço de investimentos realizados no período anterior. Agora. verificam-se as alterações na procura dirigida aos três sectores: . na sequência do fim do sistema de Bretton Woods. mas também o facto de o aparecimento dessa fase acontecer mais cedo numas economias que noutras. . nomeadamente para os chamados serviços sociais e pessoais (turismo e lazer. com rendimento per capita ainda mais elevado. Uma parte maioritária das entradas de IDE entre 1974 e 1985 dirigiu-se também. do capítulo VI. à saúde.1º fase: quando as economias se dedicam essencialmente às actividades do sector primário e apresentam níveis de produto per capita baixos. mas para o sector do comércio por grosso. tendem a dirigir-se para a procura de bens do sector secundário.2º fase: Mais tarde. 58 . os acréscimos de rendimento gerados. dados do Banco de Portugal Embora as entradas líquidas de IDE não tenham diminuído face aos anos sessenta. verifica-se um fenómeno de saciedade relativa dos bens do sector secundário. à educação e à administração pública). 8 74. no caso da economia portuguesa. Assim.6 57.5 34 59. saúde e administração pública.2 37.5 34. como os da educação.8 23. também podemos ver que no caso dos países industrializados a terciarização começou mais cedo.9 100 1995 6. chegados a 1974. a mudança de regime político com a revolução em 1974 acelerou certamente a terciarização.8 100 1995 12. que.9 100 1999 12. Para além disso.5 39.8 100 1992 12.3 62.9 27.6 35. levou a que.7 51.9 43.8 70.5 30.3 40 100 1974 23. já que levou a fortes investimentos do Estado em sectores.Podemos portanto conjecturar.2 25.4 100 2005 11. Pela tabela.6 100 2007 11. que perdem peso na estrutura do emprego da economia portuguesa.6 49.9 100 França 1985-1989 2 37 61 100 100 Portugal 1985 10.7 36.5 58.8 30.9 100 1974 11.1 45.5 39. A composição sectorial do PIB ou Estrutura do PIB (%)26 Portugal Anos\ Sectores Primário Secundário Terciário Economia (total) 1953 28.9 33. em detrimento do primário e secundário. sobe a importância relativa do sector terciário. entre 1974 e 1985 (principalmente em 1985) o sector terciário ganha peso na estrutura do PIB (5 pontos percentuais).1 100 1985 17.7 22.9 100 1953 28.3 100 1973 23.1 100 2011 9. Portugal tivesse já atingido um patamar de rendimento per capita suficientemente elevado para começar a terciarização.1 37.9 100 1788-1789 1950-1954 40 4 21 49 39 47 100 1973 12 41. a subida do produto per capita que se verificou entre 1950 e 1973. em detrimento dos sectores primário e secundário que perdem em termos de posição relativa.2 35.2 44.7 41.5 33.9 43.9 100 1974 11.9 33.2 44.8 100 Todos os valores a azul são valores que são dados no ponto 6 do capítulo VI 59 . na fase de terciarização.2 37. com a industrialização. Composição sectorial do emprego em Portugal (%) – Dados do Banco Central Primário Secundário Terciário Economia (total) 26 1953 48.6 49.7 53. por volta de meados dos anos cinquenta.1 53.9 100 2010 2.5 100 1788-1789 1950-1954 1985-1989 49 13 4 18 48 30 33 39 66 100 100 100 2003 3.2 46.5 100 A partir de 1974.9 27.9 100 Sectores Primário Secundário Terciário Economia (total) Reino Unido 1985 10. 3 59.9 71 72 2004 63.5 1995 61.9 69. o ritmo de convergência foi de cerca de 0.8 71.7 70. O produto per capita português subiu de 50.1 1998 64.6 70.4 68.7 2002 65.6 1989 59. UE15 e Euro Área [% .5 1994 60.3 69.7% em 2006. tendo-se portanto verificado um ritmo de convergência de 0. até há períodos de divergência Anos ritmo de convergência foi bastante rápido PIB per capita português relativamente ao de 10 países do Norte e Centro da Europa.8 1986 51.1 1997 63.4* 69.5 63.2 60. 60 .1 1993 61.1 68.2 73.3 70.Capítulo VI A consolidação da integração europeia (da adesão à CEE aos nossos dias)  O crescimento económico comparado no período A partir de 1985 a economia portuguesa vai novamente convergir para os níveis de PIB per capita dos países mais ricos do Norte e Centro da Europa.4 71.3 1988 56.5 70.9 pontos percentuais em média por ano.4 73.2 67 67.5 69.4 1991 62.3 73.1 Convergência lenta.8 64.3 72.6 68.8 65.3 73.3 71. por diversas razões.8 2001 65.3 68.9% em 1985 para 61.8 1987 54.8 73.dados da OCDE] 27 Neste último período.9 2000 65. é mais fácil convergir a partir de um patamar baixo.6 72.1 73.5 pontos percentuais ao ano no conjunto destes últimos 21 anos.5 2003 63.6 69. trata-se de um ritmo de convergência bastante inferior ao da fase de industrialização 27(entre 1950 e 1973).7 60.1 1992 62.6 73. 10 países (%) EU 15 países Euro Área (%) 1985 50. No entanto.9 70.9 59.5 / 62.4 1999 65. Devemos ter em conta que em 1950 a economia portuguesa partia de um nível mais baixo e.5 2005 62.7 1996 62.6 71.7 73.1 70.1 62.6 1990 60.6 72. as políticas de rendimentos e orçamentais adoptadas pelas autoridades públicas portuguesas não se ajustaram bem ao neste contexto macroeconómico.os produtos portugueses têm perdido competitividade nos mercados externos e interno.5 _________ _________ 2008 61.dificuldades de adaptação ao novo contexto que a entrada para a União Monetária trouxe. tradicionais sectores à exportação da economia portuguesa). Essa maior penetração dificulta as vendas portuguesas nos mercados europeus de produtos onde a competitividade assenta em baixos custos unitários do trabalho (como é o caso. nomeadamente.7 / 61. Para além disso. 61 .9 70.2 2007 61. Na ausência de política cambial. O que pode justificar esse desempenho menos positivo da economia? . não há possibilidades das autoridades públicas portuguesas corrigirem esse problema.Entre 1985 até por volta de 1999.7 _________ _________ 2009 2010 62. Destaque para o período entre 1985 e 1993 com um ritmo de 1. Portugal tem tido uma menor capacidade de atracção de IDE. entre 1960 e 1973).5* 68. . por exemplo. de alguns segmentos do vestuário e dos têxteis. o ritmo de convergência foi bastante rápido. o PIB per capita tem uma evolução mais lenta. tem perdido possibilidades de comércio para esses países (exemplo: Alemanha). 28 Ver efeitos da liberalização do comércio. mas um crescimento dos salários nominais bastante acima. e ainda. Esta evolução dos custos unitários está associada a um crescimento da produtividade próximo do verificado nos nossos principais parceiros comerciais. e todos os seus efeitos. particularmente entre 1985 e 1993. podemos destacar a maior penetração dos íses e “baixo ren en o” (co Ch n ) nos mercados europeus depois das negociações do Uruguai Round e da adesão da China à Organização Mundial de Comércio em 2001.4 pontos percentuais ao ano (valores iguais aos obtidos durante a época de ouro da convergência portuguesa. A economia portuguesa até começa a divergir face aos 10 países de referência a partir de 2002.6 _________ _________ _________ _________ *dados do slide do professor Miguel Vamos distinguir dois períodos no que diz respeito ao crescimento comparado da economia portuguesa entre 1985 e 2006: . Uma das possíveis explicações para essa convergência é a adesão ao Mercado Único. . Perante uma maior integração de novos países (como por exemplos: os países de Leste). Isso deve-se ao crescimento dos custos unitários do trabalho acima do exterior. 28 .9 62.De 1999 até os nossos dias.2006 61.a economia portuguesa parece não se ter adaptado ao novo cenário internacional. com um ritmo de convergência foi de 1 ponto percentual ao ano. 4 62.9 61. PIB per capita relativamente aos de 10 países [%. Este país conseguiu um excelente ritmo de convergência.9 63.6 60.5 66.7 Irlanda 59. A Irlanda. Grécia e Irlanda (que também receberam ajudas financeiras ao abrigo do Fundo de Coesão).3 77.7 63. pode-se observar que a performance portuguesa até por volta de 1999 foi bastante positiva.9 58.2 57.9 58.1 110.4 75 76 76.8 60.1 60.1 62.4 59.6 65.6 61.7 68.8 59.8 61.3 87.6 77. Malta ou a Eslovénia.1 69. conseguiu superar o rendimento per capita médio dos 10 em 2000. cerca de 2.6 62.3 76.6 116.6 71.4 59 60.5 71 70.6 pontos percentuais ano) e a Grécia (0.6 63. Polónia e Eslováquia.3 63. como por exemplo: República Checa.7 62. 62 .8 pontos percentuais ao ano.1 57.4 65. Portugal está a afastar-se.3 59.9 60.3 62.9 81.7 Espanha 64.3 68. continua a crescer bastante acima.2 Grécia 64.8 67. exceptuando com a Irlanda.1 58.9 51.7 113.7 54.1 112.3 72 76.9 77.3 68.1 56.3 64.5 71. Entretanto.9 57.8 91.3 117.9 58.2 65.5 70.6 70. desde 1999.2 61.7 98.Comparativamente aos Países de Coesão Comparativamente com a Espanha. Estes têm tido um comportamento mais dinâmico que o da economia portuguesa desde o final dos anos noventa.5 70. estes actualmente já com um nível de PIB per capita ligeiramente superior ao português.3 65.1 102.1 71. Também é o caso de países como o Chipre. Hungria.7 59.1 67 67.4 58.3) se estão a aproximar da média dos 10.8 69.4 63.5 106.9 73 74.6 65.2 60.1 Comparativamente aos países newcomers Aqui ter em consideração o desempenho de aderiram recentemente à União Europeia. mais recentemente. dados da OCDE] Anos 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Portugal 50.8 71. enquanto a Espanha (com um ganho de 0.4 64.5 61. 9 52.3 33.5 59 50.3 65.6 52 41.6 52.1 56.9 52.2 36.8 35 38.5 39.Integração na União Monetária a 1 de Janeiro de 1999. com entrada em vigor do chamado Mercado Único Europeu em 1992 (que aboliu outras barreiras ao comércio que não as alfandegárias).4 63. % do PIB que é exportada Taxa de cobertura do mercado interno por produção nacional 1986 26% 69% 2011 36% 62% 63 .1 39.2 40 61.7 39. dados da OCDE] Anos 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006  Portugal R.4 53.9 46.1 47.7 63.5 62.6 55. Checa Hungria 62.6 Polónia Eslováquia 29 33.2 32.4 62.5 48.2 63.6 54. Tudo isso proporcionou algum crescimento das exportações.6 42.9 35.5 49.8 61.6 46.5 30.8 40.5 35.3 51.7 61.4 51.8 37 38.8 40 44.6 65.3 40.3 37.9 O impacto da integração no crescimento económico Devemos distinguir os dois principais acontecimentos que marcam este período: .5 42.3 37 39. Há uma maior abertura da economia portuguesa com a adesão à CEE.9 55.8 61.6 37.1 51.2 30.1 65.PIB per capita relativamente aos de 10 países [%.3 53.9 60. .2 36.6 52.2 34.9 44.3 64.3 42. há uma diminuição da taxa de cobertura do mercado interno por produção nacional caiu.2 65.Adesão à Comunidade Económica Europeia (CEE) a 1 de Janeiro de 1986. e ainda.1 38.4 38. e ao mesmo tempo.3 41.8 43.3 39.6 39. podemos destacar três tipos de efeitos: . No caso português. Taxa de Cobertura = [ (PIBpm – Exportações) / (PIBpm + Importações – Exportações) ] * 100. Daqui. 29 30 Intensidade Exportadora = Exportações / PIBpm*100.efeitos de criação de comércio: devido ao desaparecimento da pauta aduaneira portuguesa e à adopção da pauta externa comum. 64 . Portugal deixou de produzir produtos em que era menos eficiente e passou a importar esses produtos de países parceiros da CEE. Nota bem: O impacte sobre o crescimento e o nível de produto da soma destes efeitos é positivo se a criação de comércio mais a expansão das exportações for superior ao desvio de comércio. Portugal deixou de importar determinados produtos de países terceiros para passar a importar esses produtos de países parceiros menos eficientes. . .efeitos de desvio de comércio: devido ao desaparecimento da pauta aduaneira portuguesa e à adopção da pauta externa comum. um produtor mais eficiente. pela França e pela Espanha.A intensidade exportadora 29e taxa de cobertura do mercado interno 30 [dados do Banco de Portugal] A adesão à CEE e os efeitos da liberalização do comércio Efeitos estáticos: provocam uma reorientação dos recursos dos sectores menos eficientes para os sectores mais eficientes da economia nacional durante o período do desarmamento alfandegário e podem ter. em particular a nível dos cereais. sobretudo entre 1986 e 1992). os estudos existentes mostram que as principais situações de desvio de comércio ocorreram na área agrícola. por isso. com a substituição dos EUA. um impacte positivo sobre o crescimento e os níveis de produto e produtividade das economias (no caso português.efeitos de expansão das exportações: uma consequência dos efeitos de criação e de desvio de comércio que ocorreram também nos países parceiros de Portugal e que beneficiaram as exportações portuguesas. No caso concreto da integração portuguesa na CEE devemos ainda acrescentar os efeitos dos fundos estruturais sobre o crescimento e o nível de produto e produtividade da economia.7 1. Transferências de União Europeia (em % do PIB) Período 1986-1988 1989-1993 (I QCA) 1994-1999 (II QCA) 2000-2006 (III QCA) 2007 1986-2007 Brutas 1.2 3. junta-se também o “efeito Investimento Directo Estrangeiro”.4 3 Líquidas 0.1 2. Isto é. e ainda.7 2. elevaria o nível do PIB português em 13.4 14.4% em 2000 relativamente ao nível que se verificaria na ausência desses efeitos.4 1.9 Ao abrigo dos vários Quadros Comunitários de Apoio (QCA). 65 .7 1. a integração em espaços de comércio livre costuma conduzir a uma aceleração das entradas de capitais a título de IDE. desceram durante o III QCA.7 3. Portugal recebeu transferências da União Europeia representando 3% do PIB (em termos brutos e em média por ano) no período 1986-2007.directo positivo. já que as Multinacionais apresentam normalmente níveis e taxas de crescimento da produtividade mais elevados que os verificados nos países que as recebem. no crescimento e nível de produtividade das economias que os recebem.9 2. Estimativas do impacto do Mercado Único Europeu e Fundos Estruturais (QCA I e II) sobre o nível do PIB português Acréscimo percentual no PIB Mercado Único Europeu + Fundos Estruturais 2000 2010 13. Esses capitais têm um impacto: .7 Aos efeitos da liberalização do comércio sobre o crescimento e o nível de produto e produtividade das economias. o efeito dos fundos estruturais.Efeitos dinâmicos: são os efeitos que permanecem no tempo. Aqui incluímos o aumento de concorrência gerado pela liberalização do comércio (que introduz ganhos de eficiência nos vários sectores e empresas das economias) e o efeito de aproveitamento de economias de escala geradas pelo alargamento de mercado (que permite também obter ganhos de eficiência nos vários sectores e empresas das economias que se integram em espaços de comércio livre). As transferências foram particularmente elevadas durante o II QCA. Um estudo produzido pela Comissão Europeia em 1997 estimou que os efeitos da adesão e da integração no Mercado Único.8 2. e deverão descer ainda mais durante o IV QCA (2007-2013). restando apenas: . antes uma politica expansionista teria o problema de 66 .5 3.4 1. e torna-se um instrumento mais forte em tem um efeito directo e indirecto (através do efeito multiplicador) no produto.a política de rendimentos: que tem de ser conduzida de forma a evitar um crescimento sistemático dos salários nominais acima da produtividade. uma vez que um eventual crescimento dos custos unitários do trabalho (CUT) acima do dos demais parceiros da Zona Euro não pode ser compensado através da política cambial. devido aos efeitos de imitação que as empresas multinacionais geram nas empresas do espaço onde se instalam.6 2.6 1 Vê-se que as entradas de IDE a partir de 1986 aceleraram muito.indirecto positivo. a convergência de Portugal tem sido muito baixa desde 1999.6 2. muito superior ao verificado no período que se seguiu à adesão à EFTA. Investimento Directo Estrangeiro – entradas líquidas de desinvestimentos (em % do PIBpm) Dados do Banco Central Anos 1965-1973 1974-1985 1986-1992 1993-1999 2000-2007 1986-2007 2007-2011 (%) 0. Afinal. e não tanto a aplicações com carácter estável e duradouro. representaram cerca de 2. o que influenciou positivamente o crescimento económico e a boa performance em matéria de convergência real alcançados pela economia portuguesa no período que se segue à adesão à CEE. As entradas foram particularmente elevadas no período 1986-1992.a política orçamental: tornou-se agora o principal instrumento de política anti-cíclica. O impacto da União Monetária Esta adaptação da economia portuguesa não tem sido tão positiva como a da CEE.. um novo enquadramento institucional e legislativo mais favorável ao crescimento económico. e até divergiu a partir de 2001.6% do PIB em média por ano entre 1986 e 2007. as entradas deste tipo de capitais voltaram a acelerar. . Afinal.5 0. Portugal perdeu a autonomia da política monetária e cambial. mas sobretudo associados a relações puramente financeiras. Para se explicar esse menor desempenho podemos ter em conta a evolução das políticas de rendimentos e orçamental. A partir de 2000. teremos que juntar aos ganhos já vistos. Isso porque. foi necessário adaptar as instituições e a legislação portuguesas ao contexto comunitário. tendo depois caído entre 1993 e 1999. Para aferimos de forma mais completa do impacto da adesão à CEE sobre os níveis de produto e produtividade na economia. com a capacidade produtiva fixa no curto prazo. A partir de 1999. Assim. Até 1999.7 1. todo o efeito da expansão da despesa pública se reflecte em aumento do rendimento.3 0. 31 é a produtividade. a expansão da despesa pública tenderá a gerar deterioração da balança corrente.5 1.6 Entre 1999-2005.8 2.Crowding Out sobre a despesa privada e exportações líquidas (tenderia a provocar um aumento da taxa de juro e. permitiu um crescimento dos CUT acima do dos nossos parceiros comerciais. N o nº de trabalhadores. em economia aberta.∆ produtividade Desagregação do crescimento dos CUT Portugal ∆ Remuneração ∆ Produtividade 1999-2006 1999-2011 3. numa pequena economia aberta. 1 2. Mas. esse maior crescimento foi mais do que compensado com a desvalorização do escudo. como resultado de um crescimento dos salários nominais em Portugal acima da Zona Euro e de um crescimento da produtividade muito próximo desses países.1 1 1 Zona Euro ∆ C. estando a economia a crescer acima do seu potencial de médio prazo) para depois poder utilizar esses excedentes para ajudar a economia nas fases de declínio (quando o gap de produto é negativo e a capacidade produtiva da economia não está a ser toda utilizada). porque a taxa de juro é fixada externamente e a taxa de câmbio está fixa. esta é a ideia que está presente no Pacto de Estabilidade e Crescimento. contribuindo para um menor crescimento da economia e para o agravamento dos défices da balança corrente portuguesa.3 2.T ∆ Remuneração ∆ Produtividade ∆ C.T 2. OBS: Os custos unitários do trabalho (CUT) medem o custo médio de cada trabalhador por unidade produzida. A política de rendimentos no período que antecede e após a entrada de Portugal para a Zona Euro.U. uma tendência para a apreciação da moeda. isso tenderia a cancelar parte do impacto dessa medida).8 0. CUT 31= = ⁄ ⁄ CUT = ∆ CUT = ∆ salários nominais .8 3. O ideal é gerar excedentes durante a fase de expansão dos ciclos económicos (ou seja quando o gap de produto é positivo. o crescimento dos nossos CUT relativos retira competitividade nos mercados externos e no mercado interno à produção nacional. Com o euro. isso não sendo possível. é a massa salarial 67 . Aliás. a política orçamental deverá ser conduzida de forma prudente.U. sabemos que a TCRE apreciou. P – nível de preços domésticos. E – taxa de câmbio nominal efectiva ao incerto.5 OBS: Sabemos que a taxa de câmbio real efectiva é dada pela relação entre os preços domésticos e os preços dos nossos parceiros comerciais.7 -5.1 - 1978-1984 1985-1992 1993-1998 1999-2006 2010 2011 2012 ∆ taxa de câmbio taxa de câmbio real efectiva 8.2 8.% ) ] + [%(1 + δ) .v.3 -0.8 -1. expressos na mesma moeda. E – taxa de câmbio nominal efectiva ao certo. – nível de preços dos parceiros.∆% % Vamos ter: = % E + [(%w .% π) – (% .% + )] – [% . o que não se tem verificado. T.5 -2. – taxa de câmbio real e efectiva ao incerto.% ) – (%w . P – nível de preços domésticos. Ao Certo Ao Incerto = = – taxa de câmbio real e efectiva ao certo. – nível de preços dos parceiros.∆% % Vamos ter: = % E + [(% .7 -5.Ln P Exprimindo os preços a partir dos salários nominais Exprimindo os preços a partir dos salários nominais podemos obter a seguinte relação entre as taxas de podemos obter a seguinte relação entre as taxas de variação: variação: P= P= ⁄ LN P = Ln w + Ln (1 + δ) – Ln ∆% P = ∆% w + ∆%(1 + δ) .8 2 1.732 -3. 68 .3 -0.%π)] + [%(1 + %(1 + δ)] .Para manter um diferencial positivo de crescimento dos salários nominais face ao exterior (próximo do salário médio dos países mais ricos) será necessário um crescimento da produtividade também substancialmente superior ao do exterior.% (1 ] ⁄ LN P = Ln w + Ln (1 + δ) – Ln ∆% P = ∆% w + ∆%(1 + δ) .8 -1.a.8 -2. da taxa de câmbio real efectiva ∆ média anual da taxa de ∆ média anual dos CUT portugueses câmbio nominal efectiva ∆ média anual dos CUT parceiros Período -10.5 5 -0. Assim vamos ter: Assim vamos ter: Ln = Ln E + Ln P – LN Ln = Ln E + LN .1 1.[% -% ] )- 32 Esta depreciação mais que compensou o crescimento dos preços e custos em Portugal acima dos seus principais parceiros comerciais.m. ∆ Portugal) o No * n l (TCN) + (∆ CUT P rce ros . Taxa de câmbio nominal ao incerto representa o número de unidade de moeda nacional que temos que dar para obter uma unidade de moeda estrangeira.∆ CUT dos Parceiros) ∆ TCRE = ∆ TCNE + (∆ CUT dos Parceiros . Isto é. 69 . 33 Mark Up é um índice aplicado sobre o custo de um produto ou serviço para a formação do preço de venda. vamos ter: Taxa de Câmbio Real (TCR) = Taxa de Câmbio Nominal (TCN) * ∆ Taxa de Câmbio Real (TCR) = ∆T e Câ P rce ros) + (∆ Portugal . markup é multiplicado pelo custo e a margem de lucro é uma parcela do preço. que consiste basicamente em somar-se ao custo unitário do produto ou serviço uma margem de lucro para obter-se o preço de venda.∆ CUT Nota bem: Taxa de câmbio nominal ao certo indica o número de unidades de moedas de outros países que conseguimos obter num determinado momento dando uma unidade de moeda nacional.∆ Parceiros) o No * n l (TCN) + (∆ CUT Por g l .∆ CUT dos Parceiros)  Com taxa de câmbio definido ao incerto: Taxa de câmbio real (TCR) = Taxa de câmbio nominal (TCN) * ∆ TCRE = ∆ TCNE . baseado na ideia do preço margem. Com taxa de câmbio definido pelo certo: Taxa de câmbio real (TCR) = Taxa de câmbio nominal (TCN) * ∆ TCRE = ∆ TCNE + (∆ CUT de Portugal.∆ CUT Ao incerto vamos ter: Taxa de Câmbio Real (TCR) = Taxa de Câmbio Nominal (TCN) * ∆ Taxa de Câmbio Real (TCR) = ∆T e Câ Por g l) + (∆ Parceiros .∆ CUT de Portugal)  Agora considerando o mark-up ( )33 Preço = CUT + CUT* Preço = CUT * (1+ ) Preço = CUT / (1-Margem) = 1 + Margem de lucro Ao certo.(∆ CUT de Portugal . Taxa de câmbio real compara o nível de preços de dois ou mais países numa mesma moeda. Do mesmo modo. diminuindo a sua taxa de poupança e recorrendo maciçamente ao crédito bancário. Na formação deste último. A convergência para os níveis de taxas de juro da Alemanha. e foi aproveitada pelas famílias para aumentarem de forma muito substancial os seus níveis de consumo. começou a verificar-se já a partir de meados de 1995. Taxa de juro de longo prazo (Obrigações do Tesouro a 10 anos) 70 . Taxa de câmbio efectiva refere-se ao valor de mercado de um país face ao de um cabaz de moedas de um grupo de países. normalmente o peso que cada um dos países do grupo tem no comércio externo do primeiro.Taxa de câmbio bilateral indica o valor da moeda de um país face ao valor de outro país num determinado momento do tempo. o Estado aproveitou a descida dos encargos financeiros associados à dívida pública (com a descida da taxa de juro) para expandir a despesa. Uma outra consequência da entrada na União Monetária foi a acentuada descida das taxas de juro nominais e reais. cada taxa de câmbio bilateral entra com um determinado peso. Défice público (em % do PIB) * excluindo medidas temporárias ** excluindo medidas temporárias e factores cíclicos A forte expansão do consumo. bem como a política de rendimentos demasiado expansionista (face ao crescimento da produtividade). tendo as autoridades públicas chegado à recessão de 2003 sem capacidade para fazer política anti-cíclica. 71 . resultaram numa subida muito acentuada do défice externo a partir de 1996. e depois. que levou a perda de competitividade internacional dos produtores portugueses. alimentada também por um crescimento pró-cíclico da despesa pública. uma contraccionista. verificamos que até 2002 temos uma política orçamental expansionista. Percebe-se ainda que o crescimento da despesa ocorreu em período de expansão. mais precisamente. através do défice ajustado 2. com a descida da taxa de juro.Endividamento e poupança dos particulares (em % do Rendimento Disponível) – Banco de Portugal Pelo quadro. 1 -0. mas mantendo-se a médio prazo.4 -5. segundo números do Banco de Portugal.Antes da integração de Portugal na Zona do Euro.Actualmente. .3 -3. a dívida externa portuguesa tem subido (para financiar o défice corrente) tendo atingido. nomeadamente o processa de ajuda financeira que recebeu do FMI. provoca a passagem de activos portugueses para mãos de estrangeiros. valores muito próximos dos verificados aquando da crise que levou ao segundo acordo com o FMI em 1983. Ao mesmo tempo.7 0.8 Percebe-se que o défice da balança de transacções correntes atingiu quase 10% do PIB em vários anos.Balança de Transacções Correntes em % do PIBpm (1953-2007) – Dados do Banco Central Saldo da Balança de Transacções Correntes (em % do PIB) Ano 1982 1983 1984 1985 1985 a 1995 2010 2011 2012 Saldo -13.5 -7.1 1. teria uma escassez de divisas que obrigaria à desvalorização da moeda e à tomada de outras medidas de ajustamento para corrigir a situação.8 0. não há o problema da escassez de divisas. há a subida do prémio de risco implícito nas taxas de juro praticadas pelo sistema financeiro internacional 72 . As consequências deste défice na Balança de Transacções Correntes? . Ainda. cerca de 100% do PIBpm em 2007. 2º ciclo (1994 a 2003): a sua fase de expansão entre 1994 e 1998.8%) foram mais brandas que as anteriores. com um declínio posterior até à grande recessão de 2009. sobretudo mais brandas que a de 1975. a partir de 1990 e que culmina com a recessão de 1993. o que levou à assistência financeira da Troika em 2011. Tudo isso coloca em causa a sustentabilidade das finanças públicas. A fase de declínio começa a partir de 1998 e termina com uma recessão em 2003. Da tabela seguinte pode-se verificar que as recessões de 1993 (queda de 0. Taxas de variação real do PIBpm O padrão de crescimento 73 . 3º ciclo (2004 a …): de 2004 a 2007 temos uma fase de expansão.  Os ciclos de crescimento e a situação no mercado de trabalho Ciclos de Crescimento Aqui vamos destacar três ciclos de evolução da economia portuguesa (com três fases de crescimento e duas recessões): 1º ciclo (1985 a 1993): tem-se a fase de expansão do ciclo entre 1985 e 1990.nas transacções com agentes nacionais. Há a fase de declínio.7% do PIB) e a de 2003 (queda de 0. sobretudo.V.V.R do PIB = Contributo do Consumo + Contributo do Investimento + Contributo das Exportações – Contributo de Importações T.V. Já em 2004.Entre 1999-2003: aparece primeiro uma queda forte do contributo da procura externa (devido à desaceleração do crescimento no exterior).R. as taxas de crescimento do PIB per capita português não são suficientes para permitir convergência face aos países da Zona Euro.R. Como é possível observar no gráfico.V. talvez devido à realização do Euro 2004 em Portugal). X - * T. .Entre 1996 e 1998: o principal contributo bem da procura interna.R I + * T. Na fase de expansão do ciclo 1994-2003 existem dois períodos distintos: .M) PIB pm = procura interna + procura externa líquida T.PIB pm = C + G + I + (X. C + * T.V.R. na sequência da queda da taxa de juro. M O padrão de crescimento da economia ao longo dos 2 últimos ciclos.R = * T. 74 .V. que depois se vai transmitindo progressivamente à procura interna (sobretudo a partir de 2001). . depois da integração na União Monetária em 1999.Entre 1994-1995: o principal contributo para a taxa de crescimento do PIB vem do lado da procura externa. associada à expansão do consumo das famílias e da despesa pública. a recuperação aparece também associada à procura externa (com a excepção do ano de 2004. após a adesão à Comunidade Europeia em 1986 e. Mostra também que apesar da recuperação do crescimento económico em Portugal depois da recessão de 2003. quando revela um comportamento que é típico em pequenas economias abertas. É o que seria de esperar. o ciclo em Portugal está cada vez mais ligado ao ciclo de crescimento na Zona Euro. ano de crescimento excepcional da procura interna. é possível observar na tabela que o desemprego médio atingiu valores muito próximos no conjunto de cada um dos dois ciclos de crescimento completos citados anteriormente. A melhoria verificada no após 1985 é uma consequência do maior crescimento económico verificado neste período relativamente ao que vai de 1973 a 1985.O desemprego Globalmente. no entanto.3% no segundo). voltado às baixas taxas de desemprego médias do período 1960-1973 (2.2%). em média.9% no primeiro período contra 7. no conjunto do período 1986-2007 a taxa de desemprego esteve.3 8. A taxa de desemprego Anos 1985 1974-1985 1986 (%) 9 7. sem que se tenha. Por outro lado.4 75 . mais baixa que a verificada no período das rupturas e dos choques petrolíferos (5. 3 1997 6.7 1998 4.9 2001 4 2002 5 2003 6. existe um desfasamento temporal entre a taxa de desemprego e 76 . apesar de a fase de expansão do ciclo 19942003 ter começado em 1994.7 2007 8 1986-2007 5.6 2009 9. apesar de a partir de 1990 a economia portuguesa ter entrado na fase de declínio do ciclo 1985-1993.7 2013 16.6 2006 7.3 1994-2003 (2º Ciclo) 5. a taxa de desemprego esteve em queda até 1991.7 2005 7. subindo a partir de 2001 e.4 2000 3. no entanto a taxa de desemprego subiu ainda em 1985.7 1991 4.5 1985-1993 (1º ciclo) 6 1994 6.9 2008 7.8 1995 7. A taxa de desemprego só reage à expansão a partir de 1997 caindo então até 2000.1987 7.2 1996 7. a partir de 2007.7 2012 15. No entanto.1 1992 4. o desemprego volta a subir até 1996.7 1989 5 1990 4. Depois.1 1988 5. apesar de a fase de declínio deste novo ciclo de crescimento ter começado em 1999. descendo. apesar de uma nova fase de expansão aparecer em 2004 (após a recessão de 2003). Volta a reagir.9 1999 4.7 2004 6. Em seguida.3 Comentário sobre a tabela: A economia portuguesa começou a recuperar da recessão de 1984 em 1985. a taxa de desemprego contínua a subir só reagindo ao ciclo do produto.8 2011 12.1 1993 5. Pelos dados percebemos que as oscilações da taxa de desemprego seguiram o ciclo em termos de crescimento.5 2010 10. T 7. os custos unitários do trabalho (CUT) elevaram-se cerca de 5. simplesmente deixou de existir política cambial própria. .8 3.2006 1999-2006 1999-2011  ∆ Remuneração ∆ Produtividade ∆ C.a performance do PIB.U. despedindo. Isso se deve principalmente à 34 Incluído na I República.9% ao ano no período 1986-2006. 77 . O período de desfasamento para Portugal é de cerca de 20 meses. devido a grande monetização da dívida portuguesa (afinal no Fontismo. 1 A desinflação A economia portuguesa é tradicionalmente uma economia associada a baixas taxas de inflação. À entrada fase de expansão a situação é similar. em que a taxa de inflação média se situou nos 16% ao ano (com um pico em 1984 de 29%). empregando de novo. e de forma mais regular a partir dos finais de 1990.1 2.após 1999. A carteira de encomendas é demasiado baixa e as empresas esperam que ela aumente para reagir ao ciclo.4 1 1 5.9% ao ano no período em questão. Durante todo o século XX.0% ao ano (medido pelo IPC) significa que o salário real cresceu cerca de 1. a taxa de desemprego começa a subir quando o produto já estava em declínio. . Salário Nominal O salário nominal cresceu em média cerca de 7.9 3.8 2. mas desta vez já não foi compensada com a desvalorização pois: . À entrada das fases de declínio do ciclo as empresas têm ainda uma carteira de encomendas que vem da fase de expansão e só quando ela se começa a esgotar reagem. em que a taxa de inflação média (medida pelo IPC) foi de 38% ao ano (com um pico de 81% em 1918). isto é: a taxa de desemprego começa a descer quando o produto já está em expansão. Portugal 1986 .a política cambial estava ao serviço da desinflação. tendo em conta um crescimento dos preços de 6. 35 Problemas com a monetização da dívida (por causa da guerra colonial) e ainda temos os choques petrolíferos. A partir dos princípios do ano de 1985.4% ao ano.entre 1965 e 198435. existiram apenas dois períodos de inflação: . Salário Real = Salário Nominal – Inflação (IPC) Como a produtividade subiu 2.entre 1914 e 192434. despedindo ou empregando de novo. Portugal tinha entrado em bancarrota e perdeu o acesso aos mercados internacionais).5 2.5% ao ano nesse período. o que. Essa subida foi superior à verificada nos nossos principais parceiros comerciais. Este desfasamento porque as empresas tardam a reagir à conjuntura económica. o ritmo de crescimento dos preços começou a desacelerar. O diferencial de taxa de inflação face a CEE diminuiu rapidamente.necessidade de cumprir o tratado de Maastricht. Índice de Preço do Consumidor Diferencial de Inflação face a CEE 78 . Portugal estivesse em condições de aderir ao euro. e só assim com a convergência nominal que permitiu que no final do ano de 1997. que com o período do desarmamento alfandegário (até 1992) trouxe: . Taxa de inflação Subjacente = IPC .(Preço do petróleo + Preço de bens alimentares não transformados) Logo. IPC = Taxa de inflação subjacente + (Preço do petróleo + Preço de bens alimentares não transformados) 79 . 2- Uma mistura bem-sucedida de uma política comercial de abertura ao exterior com uma política cambial de não acomodação do diferencial de inflação face aos principais parceiros comerciais de Portugal. que tem a ver com a pressão exercida sobre os produtores nacionais (via concorrência) pela produção vinda de países com taxas de inflação mais baixas.como efeito directo sobre o crescimento dos preços. 36 Inflação Subjacente: é uma medida de inflação que exclui certos itens muito sensíveis a variações conjunturais.A decisão de aderir à CEE. como é o caso dos alimentares não transformados e o preço do petróleo.como efeito indirecto sobre o crescimento dos preços. Esse contributo é visto tenho em conta que a taxa de inflação medida pelo IPC caiu mais.Os motivos para a diminuição da inflação são: 1. no início dos anos 1990. . entre 1990 e 1999. Aqui vamos destacar: A) . pois com o progressivo desaparecimento dos direitos aduaneiros face aos países parceiros (e a redução face a aos outro) levou a quedas nos preços dos produtos importados. que a taxa de inflação subjacente.A queda relativa (face à evolução geral dos preços dos outros bens e serviços) do preço do petróleo nos mercados internacionais a partir de 1985. Taxas de variação média anual dos preços36 Exceptuando um curto período aquando d ch “g err o Gol o”. o preço do petróleo esteve em baixa entre 1985 e 1998. indicando um efeito favorável do comportamento do preço do petróleo (e também dos preços dos bens alimentares não transformados) sobre o ritmo de crescimento dos preços em Portugal. 80 . B) – A política cambial A politica cambial aqui seguida foi de estabilização da moeda. no período 1985-1998. a não ser indirectamente (através dos inputs que compram). Período ∆ média anual da taxa de câmbio nominal efectiva ∆ média anual dos CUT portugueses . que não são susceptíveis de ser importados e exportados. ganhos de produtividade conseguidos em alguns destes sectores (exemplo: modernização do sector financeiro e do comércio a retalho). globalmente considerado. não se acomodou diferenciais. Isso só é possível pois: há uma diminuição do ritmo de crescimento dos salários nominais.∆ média anual dos CUT parceiros ∆ taxa de câmbio taxa de câmbio real efectiva 37 A taxa de inflação de bens não transaccionáveis é calculada usando apenas os bens e serviços do cabaz de produtos do IPC que pela sua natureza não são susceptíveis de serem importados e exportados (sobretudo serviços). o ritmo de crescimento dos preços. deixando de acomodar o diferencial de inflação face aos países da CEE. obrigando assim os produtores nacionais a fazerem a convergência para o ritmo de crescimento de preços dos seus principais parceiros comerciais. Isto é.Primeira fase (até 1993): 38a desaceleração do ritmo de crescimento dos preços se faz principalmente nos sectores produtores de bens transaccionáveis (produtos ligados sobretudo ao sector primário e às indústrias transformadora e extractiva e que são objecto de trocas internacionais). no mesmo período.Taxas de variação média anual dos preços37 A partir da tabela percebe-se duas fases: . . A taxa de inflação de transaccionáveis usa os bens e serviços do cabaz do IPC que são transaccionáveis com o exterior (sobretudo produtos agrícolas e indústrias). manteve-se bastante elevado e caiu apenas 3. Estes sectores estão abrigados da concorrência externa. 38 Esse contributo só foi possível por causa das políticas cambiais seguidas nessa altura (não usar a taxa de câmbio para acomodação do diferencial de inflação) a abertura ao exterior (os efeitos do comércio livre). O ritmo de crescimento dos preços nestes sectores caiu 8 pontos percentuais entre 1989 e 1993.6 pontos percentuais. menor crescimento do preço dos inputs transaccionáveis utilizadas nestes sectores.Segunda fase (a partir de 1993): a taxa de inflação de não transaccionáveis começa a cair de forma mais rápida. no sentido de desacelerar o crescimento dos custos unitários do trabalho para este sector. Nos sectores que produzem bens não transaccionáveis. no entanto.1978-1984 1985-1992 1993-1998 1999-2006 2010 2011 2012 -10. Por Portugal ter feito o seu processo de desinflação num período favorável do ponto de vista internacional. em termos de desemprego.5 Esta pressão trazida pela abertura à CEE não teria.7 -3.2 8. Isto é. numa altura em que o preço do petróleo estava a subir nos mercados internacionais. 81 . sem que a produção nacional perdesse competitividade internacional. Nesse caso.7 -5.8 -1. houve um aumento 0.2.  A evolução nas relações com o exterior: comércio externo e investimento directo 39 Este valor será 0 face aos principais comerciais de Portugal da Zona Euro.3 -0.8 -1. Países como a Irlanda ou a Espanha incorreram em custos em termos de desemprego bastante mais elevados que Portugal.3 -0. Processos de desinflação em alguns países europeus Portugal apresentou um rácio de sacrifício de 0. Os custos da desinflação O processo de desinflação comporta um risco muito grave – o desemprego (Curva de Philips). uma vez que a taxa de câmbio do escudo face às moedas desses países foi fixada. qualquer efeito se a política cambial (deixando depreciar a moeda em termos nominais) acomodasse o diferencial de crescimento dos preços face aos países CEE. seria possível manter um crescimento de preços muito acima do exterior. os nossos principais parceiros comerciais.8 -2. por cada 1 pp de descida da inflação.5 5 -0.1 1.7 -5.2 pp na taxa de desemprego.5 -2. os custos desta política não foram muito elevados comparativamente a outros países europeus anos 1980.1 39 - 8.8 2 1. por cada ponto percentual a menos de inflação. por grandes zonas económicas Entre 1986 e 2005. Actualmente. Em 2005. dentro deste grupo. ao mesmo tempo que a taxa de cobertura do mercado interno por produção nacional diminuiu. a adesão à CEE com os seus efeitos de comércio que lhe estão associados. O mesmo acontece com outros fluxos geradores receitas externas. subindo 13. 75% das importações provinham da UE15 e 78% das exportações dirigiam-se para estes mercados.9 pontos percentuais do lado das exportações. Estrutura geográfica do comércio externo português. o comércio externo português está fortemente concentrado na UE15 e. num número muito reduzido de países. porque tenderia a atenuar o impacto das fases de menor crescimento da UE (ou das suas recessões) sobre Portugal. 82 . Esses efeitos de comércio associados à entrada de IDE trouxeram também alterações muito significativas na estrutura geográfica e sectorial do comércio externo português. conduziram a algum crescimento da intensidade exportadora da economia portuguesa.1.O comércio Externo Como já vimos anteriormente. como o turismo. Importante destacar que uma excessiva concentração do comércio externo português nesta área geográfica pode trazer problemas.2 pontos percentuais do lado das importações e 2. o IDE e as remessas dos emigrantes. Uma maior diversificação traria vantagens. a parte no nosso comércio externo dos 15 países que constituíam a União Europeia até ao penúltimo alargamento em 2004 progrediu rapidamente. como seria de esperar (dada a abertura simultânea dos respectivos mercados em 1986 e a proximidade geográfica dos dois países).Dentro da UE15. mais 83 . A quota da Espanha. A França. indicando uma substituição desses mercados pelo espanhol. a Espanha domina com uma quota próxima de 40% do lado das importações e de 35% do lado das exportações. desde 1986. passando de 18 para cerca de 40% do lado das importações e de 9 para 35% do lado das exportações. a França (12 e 17%). Estrutura geográfica do comércio externo português. Desde a adesão. o Reino Unido e a Itália. por países da UE15 Todos os outros principais parceiros perderam importância relativa. subiu acentuadamente. o Reino Unido e a Itália. o comércio externo português por países de origem e destino sofreu profundas alterações. Seguem-se a Alemanha. principais parceiros) Estrutura das importações portuguesas dentro da UE15 (%. Estrutura das exportações portuguesas dentro da UE15 (%. Em 1996 era ainda o principal cliente de Portugal. principais parceiros) 84 . que se acentua nos anos mais recentes.próximo. No entanto. e que deverá estar associada a um desvio das importações que este país fazia para os seus vizinhos da Europa de Leste que se integraram recentemente na União Europeia. A Alemanha manteve-se um importante parceiro até meados dos anos 1990. há uma quebra. Este grupo de produtos era já o principal em 1986. a Espanha continua como parcial parceira (tanto em termos de importações como exportações). representado cerca de 40%. que eram. cortiça. tendo-se este grupo de produtos tornado no principal grupo de produtos exportados pela economia portuguesa na actualidade. Referente à estrutura sectorial do comércio externo. houveram alterações consideráveis. e mantém essa posição na actualidade. base florestal (madeira. mobiliário e 40 Trata-se sobretudo de máquinas e material eléctrico e de material de transporte. mais precisamente. As principais alterações têm a ver com uma muito significativa subida da quota dos produtos das indústrias metalomecânicas e eléctricas. parece revelar algum crescimento do comércio intra-sectorial. A Alemanha continua como segunda maior parceira (tanto em termos de importações e exportações). que levou a uma maior A seguir temos os produtos das indústrias de procura de bens de consumo duradouro. .Mais recentemente. A subida da sua quota parece poder ser associada a dois factores: . em particular automóveis e componentes automóveis 85 . representando cerca de 40% das exportações.a subida do rendimento per capita português após 1986. em 1986. o principal grupo de produtos exportados e que aparecem actualmente como o segundo. com cerca de 25% das exportações. A subida da quota destes produtos fez-se principalmente em detrimento da do grupo dos produtos das indústrias têxteis do vestuário. Exportações Importações O peso das indústrias metalomecânicas e eléctricas40 subiu fortemente depois de 1986. em 2010.a subida da quota destes produtos do lado das exportações. couro e calçado. aquando da adesão. quando comparada com a da média dos outros países da UE15. com mais peso de produtos com maior valor acrescentado. a estrutura das exportações portuguesas ainda revela. Porém. Como sabemos. que pesam um pouco mais de 10% e O segundo principal grupo de produtos que têm mantido desde 1986 a sua quota. o que é preocupante dada a volatilidade associada a muitos destes investimentos. Destaca-se 10% das importações. Em particular. importados pela economia portuguesa são os produtos químicos e combustíveis. vestuário e calçado e da fileira florestal. este grupo de produtos está actualmente sob a ameaça da forte concorrência nos mercados europeus por parte da China e de o ros íses e “ren en o o”. Isso está De seguida. com A estrutura das exportações tornou-se mais cerca de 20%. Estrutura sectorial das exportações portuguesas de mercadorias (%) 86 . com cerca de tanto aos efeitos de comércio. moderna.papel). temos os produtos agrícolas e sobretudo associada a entradas de IDE e não das indústrias agro-alimentares. aqui grandes investimentos estrangeiros nas áreas da indústria automóvel e das máquinas e material eléctrico. esta alteração da estrutura das nossas exportações está muito dependente de um investimento de grandes dimensões na área do material de transporte. uma excessiva concentração nos produtos tradicionais da fileira têxtil. dos combustíveis e dos produtos agrícolas e alimentares. seguidos (embora à distância) pelos produtos da fileira florestal e (a uma distância muito maior ainda) pelo grupo dos produtos minerais não metálicos (cerâmicas. cimentos e produtos afins). Os saldos com o exterior 87 . vestuário e calçado. mostra que os principais pólos de competitividade internacional da economia portuguesa continuam a ser os produtos da fileira têxtil.Estrutura sectorial do comércio externo português de mercadorias Uma análise dos saldos positivos com o exterior. Os principais pólos de dependência externa (saldo deficitário com o exterior) aparecem nas áreas dos bens de equipamento e de consumo duradouro (produtos das indústrias metalomecânicas e eléctricas) dos grandes bens intermediários (produtos químicos e da siderurgia). vidro. O Índice de Vantagem Comparativa Revelada (IVCR )41 de Balassa para as exportações portuguesas em 2000-03 Exportações por grau de intensidade tecnológica42 41 O Índice de Vantagens Comparativas Reveladas mede a intensidade da especialização do comércio internacional de um país relativamente a uma região ou ao mundo. Este é um indicador da estrutura relativa das exportações de um país/região ao longo do tempo e utiliza o peso de um dado sector nas exportações mundiais para normalizar o peso das exportações desse mesmo sector para cada país/região. Pode ser superior a 1, evidenciando vantagem comparativa para as exportações de um dado Produto. Pode ser inferior a 1, evidenciando desvantagem comparativa para as exportações de um dado produto 42 Intensidade tecnológica é o nível conhecimento incorporado aos produtos das empresas de cada sector industrial. Deste indicador resulta a classificação dos sectores industriais de países desenvolvidos em quatro níveis de intensidade tecnológica: alta, média-alta, média-baixa e baixa. 88 2- Investimento Directo Estrangeiro Em Portugal, por estrangeiros O Investimento Directo Estrangeiro em Portugal registou alterações no após 1986. Como vimos antes, as entradas de IDE líquidas de desinvestimentos em % do PIB foram muito elevadas entre 1986 e 2007 (destaque para 1986 -1992, caíram depois um pouco entre 19931999, voltando a acelerar depois de 2000). Entradas líquidas de IDE em Portugal (em % do PIB pm) – dados do Banco de Portugal Até 1996, o IDE dirigiu-se sobretudo para os sectores financeiros, imobiliário e indústria transformadora, tendo sido muito impulsionado, como referido acima, pelas privatizações de empresas desses sectores ocorridas em Portugal ao longo deste período. A disponibilidade de apoios ao investimento comparticipados pelos fundos da União Europeia foi também importante para atrair investimentos para os sectores da indústria transformadora, em particular no domínio das máquinas e material eléctrico e no do material de transporte. Orientação sectorial do IDE realizado em Portugal (principais sectores de investimento em % do investimento total) Depois de 1996, os investimentos continuaram a privilegiar o sector financeiro e imobiliário (sobretudo o imobiliário agora), tendo também havido também algum investimento no 89 sector das telecomunicações e no do comércio a retalho e da hotelaria (este último ligado ao turismo). A qualidade desse IDE (e o seu impacto na melhoria da produtividade da economia) tem sido bastante mais baixa que no período que se seguiu à adesão à CEE e até meados da década de 90. Não existe praticamente investimento na indústria transformadora a partir de 1997, e ainda, a taxa de permanência do IDE mostra que os elevados montantes de entradas a partir de 1997 parecem estar sobretudo associados a relações puramente financeiras (muitas vezes com motivações fiscais) e não tanto a aplicações com carácter estável e duradouro. Entradas líquidas de investimento directo estrangeiro em % do Pib pm e a taxa de permanência O baixo investimento estrangeiro na indústria depois de meados dos anos 1990 parece estar associado a uma deslocação deste tipo de fluxos para os países da Europa de Leste que aderiram recentemente à União Europeia. Estes países estão mais próximos do ponto de vista geográfico de muitos dos tradicionais investidores na economia portuguesa e têm custos unitários do trabalho mais baixos e um maior nível de capital humano. A análise da origem geográfica das entradas de investimento directo estrangeiro revela que a parte mais importante desse investimento teve origem em países da UE15. Destacam-se investidores tradicionais, como o Reino Unido e a França, que têm estado sempre por entre os principais investidores estrangeiros na economia portuguesa desde, pelo menos, a segunda metade do século XIX, e também investidores novos, como é o caso da Espanha, acompanhando a sua subida enquanto parceiro comercial da economia portuguesa. Tornou-se mesmo no principal investidor a partir de meados dos anos 1990. Origem geográfica do IDE realizado em Portugal (principais investidores em % do investimento total) 90 IDE realizado por portugueses (fora de Portugal) No período após adesão à CEE. realizando elevados investimentos no exterior.1% do PIB em termos líquidos entre 1965 e 1985). Nos 10 anos que se seguem à adesão (1986-1996) verifica-se uma pequena aceleração face aos valores históricos. e em particular a partir de meados dos anos 1990. as empresas portuguesas começaram também a internacionalizar-se. as saídas de capitais portugueses para o exterior a título de investimento directo não tinham qualquer relevância quantitativa (0. Historicamente. Saídas líquidas de IDPE (em % do PIBpm) – Fonte do Banco de Portugal 91 . entre 1997 e os nossos dias. os maiores parceiros comerciais da economia portuguesa (com a excepção da Alemanha). e não tanto baixar custos de produção. mostram uma aproximação das empresas aos principais mercados externos da economia portuguesa. o investimento directo português no exterior acelerou fortemente. os principais destinos são os países da União Europeia e. por destino geográfico. procurando estas melhorar o acesso a esses mercados. indicando a possibilidade de se tratar de internacionalização de empresas portuguesas pela da via de participações cruzadas com empresas estrangeiras. dentro desta. Portugal tornou-se mesmo exportador líquido de capitais a título de investimento directo em vários anos. Aqui o dirigiu-se sobretudo para países fora da União Europeia. 92 . Investimento directo de Portugal no exterior por destino (principais destinos em % do investimento total) Investimento directo de Portugal no exterior por sector residente (principais sectores residentes que investiram no exterior em % do investimento total) Depois. E não tanto a procura de mais baixos custos relativos de produção. Neste último período.Saídas líquidas de investimento directo português para o exterior em % do PIBpm e taxa de permanência Os fluxos de investimentos realizados no exterior. Até 1996. com destaque para o Brasil. Verifica-se também uma clara coincidência entre os sectores que recebem IDE e os sectores residentes que investem no exterior. As informações qualitativas existentes sobre os investimentos realizados parecem indicar sobretudo tentativas de expansão de mercado por parte de algumas empresas portuguesas. vestuário e calçado. T.a.r. vestuário e calçado e também alguns dos sectores ligados às agro-alimentares e ao papel. devido a grandes projectos ligados ao investimento directo estrangeiro realizado em Portugal. Entre 1973 e 1985. a quebra nos salários reais (acordos com o FMI) e ainda. material eléctrico e material de transporte) retomaram o movimento ascendente começado na década de 1960. os sectores mais modernos (como o das máquinas. como foi o caso do da fábrica de o óve s “A o E ro ”. Depois de 1995. nota-se uma contracção dos têxteis. no seu conjunto. material eléctrico e material de transporte) contribuíram muito para a forte subida do VAB industrial.v. Estrutura do valor acrescentado bruto a preços de mercado na indústria transformadora (%) Até 1995. dos sectores com maior valor acrescentado (exemplo: máquinas. A evolução das estruturas produtivas interna Entre 1960 e 1973 com a modernização ocorrida. com a forte desvalorização da moeda nacional. detecta-se sobretudo uma subida da parte no VAB industrial dos minerais não metálicos (cimentos e outro material de construção civil). em % do valor acrescentado bruto a preços de mercado na indústria transformadora 93 . uma consequência dos importantes investimentos públicos realizados após 1986 na área das infra-estruturas rodoviárias ( ene c n o os o os o “F n o e Coes o” CEE) e é expansão do parque habitacional em Portugal. devido ao aumento da concorrência dos p íses e “ren en o o”. Como por exemplo: têxteis. impulsionados pelos grandes projectos públicos (como a Expo 98 ou os estádio do Euro 2008) e pela expansão do parque habitacional. Os minerais não metálicos continuam a ganhar importância. a menor qualidade do IDE realizado em Portugal beneficiou-se sobretudo os sectores de mão-de-obra intensivos. Ao mesmo tempo. contudo.m. No entanto. durante o período das rupturas e dos choques petrolíferos os sectores tradicionais ganham novamente peso. T.a.m. bem como o sector das telecomunicações. em % do valor acrescentado bruto a preços de mercado nos serviços Estrutura do VAB na economia portuguesa (%) Nota bem: Anos (%) 94 .No sector dos serviços. na sua componente privada.r.v. O subsector do imobiliário (em linha com a expansão do parque habitacional) e o da restauração e hotelaria (este último ligado ao desenvolvimento do turismo) apresentam também taxas de crescimento acima da média. o maior crescimento do VAB entre 1985 e os nossos dias deu-se no subsector de prestação de serviços à colectividade. uma consequência do desenvolvimento do sector privado em serviços como o da saúde ou o do apoio às pessoas mais idosas. 5 39.8 43.6 1º ciclo 1960 2º ciclo 37.6 62.7 49.1 56.8 51.1 42.7 54.9 61.2 53.7 62.6 45.8 57.5 53.9 40.6 FMI 1950 FMI 1945 95 .8 46.4 54.6 61.2 60.4 53.7 Industrialização introvertida 1955 Industrialização extrovertida 37.38.6 54.1 52.3 56.7 41.9 51.4 64.4 62.8 59.2 52.6 63.1 53.9 60.8 55.1 50.2 53.6 1961 1962 1963 1964 1965 1966 1967 1968 1969 1970 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 38.5 47.2 51. 3 63.3 65.1 62.7 96 .5 61.6 65.9 63.4 65.1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 65.
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