Os Métodos Em Filosofia - Jacqueline Russ
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facquelined.^1 Russ .A.-3DD-CÀ-GítffiB@rrcffi ffi,-d Os métodos em filosofia Segunda edição preparada por France Farago (CIP) Dados lnternacionais de Catalo$ação na Publicação (Câma.ra Brasileira do Liwo, Sl Brasil) TR,{muçÃel DI Russ, Jacqueline 0s métodos em filosofla / Jacqueline Russ tradução de Gentil Avelino Titton {lmnntfr ; n Avml I mm ïtffmr* - Petrópolis, RJ : Vozes, 2010. Título originaì : Les méthodes en phiÌosophie rsBN 978 85 326-2428-4 1. Filosofla - Estudo e ensino I. Farago' France. II. Título. 9*;:r CDD 107 10-07941 Índices para catálogo sistemático: 1. Filosofla : Estudo e ensino 107 Petrópolis :'l ( ) 2{)011, Arrnand OoÌin 'l'ílrrlrr rrliginaÌ ftancõs: Les méthod'es en pki'l'osophie Farago' S(ìgundà ediqão preparada por France l)ireitos tle pubÌicação em língua poúuguesa - Sumário Brasil: 2010, Editora Vozes Ltda. Rua Frei Luís, ltX) 25689-900 PetróPolis, RJ Internet: http://www.vozes'com'br Prefácìo,7 Brasil parte desta obra poderá sor reproduzida ou Torlos os direitos reservados. Nenhuma meios (eìetlônico ou mecânico' inquaisquer e/ou transmitida por quaìquer tbrma em quaÌquer sistema ou banco de dados cluindo fotocópia e gravaçao) ou arquivada sem permissão escrita da Introdução,9 I A teoria do método, 13 I A ideia de método, 15 ll As regras e conceitos especíÍicos do método lll Os íundamentos íilosóficos do método,41 Parte Editora' Diretor editorial Frei Antônio Moser lV V Retórica e filosoÍia, 57 Saber ler, 79 Editores AÌine dos Santos Carneiro José Maria da Silva Lídio Peretti Marilac Loraine Oleniki Parte ISBN 978 85 32 6 2428 4 (edição brasileira) ISBN 9?8 2-200-35496-1 (edição francesa) ll O mótodo da dissertação filosófica, 87 Vl Definição da dissertação filosófica, 89 Vll Os diferentes tipos de enunciados, 95 Vlll Os diferentes tipos de planos, .l 05 lX O trabalho de preparação da dissertação, 'l 15 X A dissertação redigida, .l 39 Xl Exemplos de preparação e de redação, 157 Secretário executivo João Batista Ifueuch Eiti'toraçd'o:l{aria Paula Eppinghaus de Figueiredo Projeto grrif'co: Victor Mauricio Bello a óleo Museu do Louwe' Paris' Ilustraçã'o d,e capa:Fragonard,'4 inspi'raçd'o'plntura Capa: Dominique ChaPon e Emma Drieu Airc-lnattAquarella Comunicação Integrada Parte lll O método do comentário de texto, 187 Xll Dissertação e comentário de texto, 189 Xlll O método e seus princípios diretores, 193 XIV O método da preparação: uma estratégia de trabalho, 199 XV Exemplos de preparação e de redação do comentário de texto, 21.1 Conclusão,235 bliografìa relativa ao método, 237 índìce dos termos ou conceitos principais,24l índice geral,247 Bi peia Editora Vozes Ltrla' Iìsl,e livro foi composto e impresso ÍilosóÍico, 27 o comentário de texto é a escoÌa da fldelidade ao pensamento.Mffiffi ffiffiffisffimtrmçffim ffi ffiffiffinffiwrutraffiwffiw W ffim ffiwruffim Este capítulo XII dedica-se a0 mesmo tempo à semelhança existen- te entre a dissertação e o comentário e à especificidade deste último: análise que reflete o procedimento de um autor. . _q_-la!g!gqÌgia.qg-gm.+d. não se trata. eüdenternente. privilegiando.. o método do comentário de texquer se trate de uma prova escrita (prova de ordem geral do exame de admis- primeiro ano do Instituto de Estudos Políticos de Paris. o comentário de texto é a escola du 444i&Êg uulglg*gllo.te$9 (que supõem. por outro ìado.3:jl. oraì do concurso de admissão às ENS Lyon. apesar desta semelhança.ï. sem esquecer que uma exposição é enunciada em voz alta e deve ser viva. deve obedecer.butLut. opção fllosofia do concurso de admissão às ENS. [] ü ssffi ff' {'mqlffi ffi tr ü{:$vyr#nü. 0 estudante deve..Ëmrmum elwcn"üt.t m mrm$ Analisaremos aqui. sem nenhuma paráfrase. Se a dissertação é a escoÌa au UUggACq!9!9$g mentq. 0 comentário de texto consiste em trazer à luz_Apfg!lg11!1.$ffi mk}ü{.$ff {:ulüïr h$ ffi"!u*$mrí$$ wxfi gffi n"ncüms Altofg 4g3pryg!4_ti9 possui ao mesmo tempo uma semelhança profunda com a prov4_4a dlssertação e uma especificidade que a torna irredutíveÌ a este último exercício: embora. por fim.coq duzir suas lgq!rl{.xu. . o lorrrcrrl:i. que acrescenta rigor às análises.Xll Dtsçt l(t\a\ílt{oMt \tARIr)t)T tt\tu pgl$I$91!glgtor: não se trata. Vamos tratar como um todo o método do comentário de texto. 6*N^mur. Sem dúvida. Unidade de exigência No cntanto. estas provas não se apresentam de maneira idêntica e o fato de que um exercício seja escrito ou oral não pode são ao trando o tema e a tese. a compreensão do tema e da tese do autor). I r.o.s cxaminadoras exigem que os candidatos realizem e conduzam um traba- llru. de qualquer maneira.ry a gtg. sob certo ângulo. as Ir. pelo contrário. . os conhecimentos filosóficos). a Íbrma escrita. exercitar-se por escrito. de intropróprias ideias. A concÌusão efetua um balanço rápido. como desejável. em seguida de bem deslindar a organização conceitual e. oral do Capes teórico etc.l0ppgr. scndo a diferença resultado do meio de comunicação: a palawa num caso.jamais. no entanto. Tfata-se de esclarecer o problema contido no texto peneao próprio AtXqn"xmmru t. eventualmente.) ou oral (oral do concurso de admissão à UÌm/Sèwes.{) 191 (.tgal (utilizando.x$ ü q} r $sfilffi çf$1üü&$r trÏ''[ffis q{.r'io dc texto. mas de sgp*e$91gq!9$g g Í!q. sob um ângulo unitário. propriamente falando. a clivagem é reaÌ: na dissertaçã0.{r c$un.r9!!-9l1?_ qgl$tttlpl. de proceder. de produzir uma dissertação sobre o autor. mesmo para um exame oral: sua preparação deverá adotar então a expressão redigida. a um estudo reflexivo sobre o trecho proposto.). trabaÌho escrito de mestrado etc. mhsc*rwmçffies sffi[]re ru . evidentemente. ser considerado como secundário ou acidental: existe um método específico da eqrosição oral. embora não exigida. aparece. a redação escrita no outro. Esta parte reflexiva. o método seja o mesmo.rrrr:ir. eis os princípios diretores do comentário de texto.mmtmtrffis Canalizar com eflcácia sua atençã0.KilNI ffi rryndtmdm ffi 0"f{ sffi[^ü$ prrnffifipmffi$ df. por flm. . proceder de acordo com uma estratégia conceitual. confrar no texto e. Mas o ato de confiança no texto deve necessariamente preceder toda crítica. ela permite descobrir melhor o objeto. mostrar atenção.. Bergson. ou desprovida de verdadeira compreensão . Prümcfgrims elüretores Saber ler 0 primeiro princípio diretor diz respeito à necessidade de uma leitura atenta. de uns anos para câ. 0ra. permaneça senhor de sua atenção: este controle da atenção desempenha um papel central na condução do comentário. ela supõe que o candidato saiba realmente ler e aprofundar um texto. compreendido historicamente e. ffi *'gan"nixar r"$ffiìâ e$trütdgüa cmnrceitua[ Ao contrário de uma inteligência distraída. "maldosa". leitura. pela qual obtemos que a Razão chegam até a caricaturar e deÍbrmar frases portadoras de sentido. através da atençã0. que desempenham um papel estratégico.eis o que pedem todas as bancas examinadoras: "Se é perfeitamente permitido não aderir às teses de um autor. em vez de enveredar imediatamente por uma crítica "acerba". Mesmo assim é preciso. Como mostra Simone Weil. Por que sublinhar particularmente a importância da leitura atenta? Em nossa cultura. que caiu na armadilha de representações anedóticas. perdem assim pelo caminho elementos signiflcantes e decisivos e) por vezes. cuja função centraÌ na boa condução dos exercícios fllosóflcos é necessário ressaltar âqui. É preciso lembrar-se aqui das palawas de Malebranche: "A atenção tla mente é [. mencionaremos. a atenção não é diretamente utilitária. Capacidade de concentrar-se e de abrir-se (sem pensar demais no resultado imediato). a banca examinadora encontra-se diante são de seu sistema em objeções de comentários cuja única ambição parece ser a de denunciar a incoerência e a absurdidade de posições consideradas como sendo as do autor [. Com efeito. Fruto de um trabalho de reflexão inseparável de uma frequentação permanente dos autores. para o sentido do trecho. Por fim. e tratando-se de autores tão diferentes quanto Platã0. "0 comentário requer [. a atenção verdadeira dirige o estudante para o próprio objeto do texto.não se timite às obras de segunda ou terceira mão. tornado claro e esclarecedor. tudo isso são regras fundamentais. nem mais nem menos aìiás do que qualquer outro filósofo. c0m0 princípio estruturan195 . nos põe na direção dos textos. para estar em condições de destacar aqueles que desempenham um papel essencial.eilos Lmport4ntes. espera autêntica. rc_fli14jJq_cqllBlg çgt prova _-oÂgqg$gq tg$!g. Nesta leitura do teúo proposto. Ora. antes de apontar suas possíveis contradições. destinada a identiflcar os corlc.] uma oração natural. Adquire-se a compreensão do texto procedendo com atenção. dar-se ao trabalho de compreendêlo e de explicá-lo. e a fornecer as deflnições de base desses conceitos. compreender um texto é fazer do trecho proposto à reflexão um todo signiflcativo.. eles trazem em si próprios o princípio de sua expli cação" (Exame de admissão ao Instituto de Estudos Políticos de Paris. Como os textos selecionados não exigem dos candidatos nenhuma erudição (mas atenção. formas de comunicação visuais ou auditivas relegam a segundo pÌano o exercício tradicional da leitura. na parte reflexiva. ainda assim seria necessário não transformar a incompreencontra ele.{9. nos ilumine". Não existe comentário bem-sucedido sem uma vontade de conceltrar-se sobre todog*g!_g]g-[g$g_?!r. É preciso captar. Apostar no texto e no sentido do texto AUqstajqlg*sgÍi4-o lo _t. mas espiritual e desinteressada. A de comentário não se improvisa. nos torna disponíveis e receptivos e.. não é certamente inatacável. julgamento). criticado.Xlll O uÉrooo r srus pnrncípros DTREToREs a descreve em sua essência e em sua intençã0. muitos candidatos não conflam no texto: não levando sua atenção até às suas possibilidades extremas. parecer da banca examinadora. o pensamento atento parece fazer parte integrante do trabalho reflexivo atuante no comentário. observações da banca examinadora. I(ant ou Bergson.] uma leitura atenta e mesmo ügilante.]" (Concurso de admissão a Ulm/Sèwes.9!gntaggs..e. será reintegrado. sentido no qual se deve "apostar". apostar no sentido do texto. sessão 1989). Canalizar a atenção Contra as distrações e as dispersões. sessão 1989).. às vezes. a lógica interna do texto e seu verdadeiro sentido. assim.. Esta intenção permitirá compreender um pensamento que. que 194 Ler bem. Ela é denunciada unanimemente pelas bancas examinadoras de concursos ou de exames. não interpreta nada. r\rmmdüüh.que é a interpretação de qualquer texto que grug-gr-ffinsão" g gxplicpç3g e que. ao seu sentido.êuüca.e laboriosamente . I . ao passar. Além disso. circuÌa impacientemente no interior de todos os "microelementos". quando se trata de explicitar os conceitos. com efeito. o movimento pelo qual cada conceito importante exige um outro. a paráfrase procede paralelamente ao desenvolvimento em vez d. em repetir 0s mesmos termos em vez de deslindarlhes o signiflcado. uma função central. Ìimita-se a redizer a mesma coisa sem fazer o leitor progredir. num esforço por desÌindá-los. em cada fragmento) em vez de proceder de maneira global. Estudo parcial. 154s."estratégia conceitual". À inventividade produtiva da hermenêutica. esta é a essência da paráfrase. S. onl unÌõ-ffi Oeïì oonilerüdas*GiTìnadb a permitir a compreensão do texto. Ao contrário do trabalho de hermg4. A estratégia atuante no c0mentário consiste. flxando-se no essencial. que o estudante elucidará. Estudo "pontilhista" que é o estudo pontiÌhista? É o estudo que se perde em cada palawa. uma "frase ao lado": falar paralelamente ao teú0. supra.cada fragmento. sem atomizar o conjunto. é constitutivo da tarefa do comentário filosóflco a paráfrase. não reduzir o comentário a uma dissertação.à A redução do comentârio a uma dissertação Por fim. todo estudo fllosófic0. a abordagem parcial e unilateral revela-se rigorosamente defeituosa. contentar-se em reaÌizar desenvolvimentos proÌixos e difusos. é apoderando-se dos conceitos. não dá o seu porquê: ela repete. Ora.0do trabalho de comentário. permanecendo passiva. A abordagem pontilhista quer agarrar-se às porções infinitesimais do texto. antes de tudo. torná-los claros explicá-los (cf. pondo assim de lado certas partes. o plin-cípio da.r àlql qry-gpk_ gãq reaLEIa não anaìisa o sentido dos conceitos. i\lt r{ L0 )t )( Xlll O vÉrooo )s I M I Ilos()FlA rlc l. ele não corresponde absolutamente àverdadeira tarefa analítica. tJ3z. sessão 1988). muitas vezes confundida com a fidelidade à letra. por excelência. que fornece esquemas de inteligibilidade antes inexistentes. modiflcando-os. AÌguns desses conceitos assumem.). tem por objeto um encadeamento guinte. a paráfrase contrapÒe a esterilidade. do de dissecação parta de uma boa intençã0. convém. Não se trata absolutamente de pôr o teúo de lado ou entre parênteses * c0m0 se ele representasse um eÌemento não essencial - e de levar a bom termo um outro exercício: é o próprio texto que tem a primazia e deve ser o objeto. de sublinhar sua organização interna. nenhum termo. Ameaça constante. do trabalho. portanto. Ela "soletra" literalmente . A especiflcidade do primeiro nem sempre é percebida pelos estudantes. a paráfrase está à espreita! 197 . 0r conseprópria deflniçã0. não deixando que se perca. progressivamente. alguns elementos gramaticais. um bom estudo deverá flxar-se no conjunto global: na unidade de AÌob um pensamento. a0 mesmo tempo passiva e tautológica.( ). evidentemente. que privilegia fragmentos do texto Alguns estudantes procedem ocupando-se unicamente de uma passagem pela do texto. esclarecendo-Os. interessada em ater-se aos elementos reais.$rüm e de texter É preciso apontar escolhos e armadilhas diversos para evitar ao estudante trajetos absurdos ou itinerários perigosos. Parecer da banca examinadora. de acordo com sua etimologia. E. no interior do texto. a paráÍrase. detendo-se em cada ponto.ns dm çcnnn'lwmt. a paráfrase representa. a e straté gia signiÍica aqui um . sem benefício para a compreensào e para o sentido" (Mestrado de fllosofla.. Embora este cuida- 0 E sEUs pRtNciptos DIREToRES A paráfrase "0 obstáculo mais comum continua sendo a paráfrase. seu significado real e dinâmico na lógica do raciocínio. ela será antes de tudo conceitual. o sentido do trecho. sua articulação. P. ela não transcende o - dadofEnquanto a explicação e o estudo hermenêutico são ativos e dinâmicos. u.XIV m mrétodo da preparação.#ffirffi mstratégtm dw trabat[rm UtiÌizaremos um texto de Ifunt para embasar as etapas do trabalho preparatório e expor as grandes linhas do método. . Pois cada uma delas abusará sempre da liberdade se não tiver ninguém acima dela para impor-lhe a autoridade das leis". sua tendência animal ao egoísmo o incita todavia a Íeservar-se. deseje uma lei que limite a liberdade de todos. de maneira universal. em certos casos (exame de admissão ao Instituto de Estudos Políticos de Paris etc. para ser bem conduzida. 0 objetivo não é fornecer regras. a partir destas análises: o tema. . é a ins-_ lauraqào de uml Sociedacle civil que administre o direiiõãË maneira universal".g.). este senhor."d" . em primeiro Ìuga! efetuar. ffi hserrv. A dificuldade que salta aos olhos. por sua vez. para desentranhar uma espécie de "esquema operacional". tem necessidade de um senhor. o comentário de texto não exija um saber preciso. a problemática e 0 problema. Ora.tq:ffi es rw$mthvmw mï$$$üs el*trmtdgfi m *x ç'xwu*glmr. a preparação propriamente dita. a análise conceituaÌ. a partir do instante em que vive no meio de outros indivíduos de sua esoécie.x{ffi Seja como for que ele se arranje. d" u11:S1!pl*g!9-Uig!g:93 fggdgp3lllçu--. é. e em seguida aflrmar-se. que consiste: . No decurso desta leitura vai delinear-se. ln: La philosophìe de l'hìstoire. 0 texto a ser comentado inscreve-se num contexto preciso. . p. as implicações. aforísticas de Nietzsche. como 200 A pu'm6x..XIV O rraÉrooo DA pREpARAÇÃo: uMA ESTRATÉcIA DE TRABALHo ele. 67-68). desde que concebemos a simples ideia desta tareía. Um esquema idêntico. um texto rigorosamente abstrato de Hegel ou frases *Eis o problema tal como Kant o enunciou na proposiçào precedente: "O problema essencial para a espécie humana. Mesmo que. um chefe justo por si mesmo: seja escolhendo para isso uma pessoa única.xm"mçffiel u:firn c{}ür"fr ffi-ffïtáN'üffi A primeira operação consiste na leitura atenta do texto. juntos. em deslindar.i"i ele encontrar este senhor? Em nenhum outro lugar senão na espécie humana. Em particular. portanto. Pois ele abusa com toda certeza de sua liberdade em relação a seus semeIhantes. seja dirigindo-se a uma elite de pessoas selecionadas no interior de uma sociedade. e isto graças a0 estudo da forma gramatical e da análise conceituaÌ rigorosa. 201 . não pode ser útil. Paris: Aubier-Montaigne. para instaurar a justiça pública. implica a posse de conhecimentos fllosóflcos globais. quais você deveria obedecer rigidamente. um animal que tem necessidade de um senhor.lal e o-íorce a gbedecer a utla vontade unìversalmente a q""t . às (KANT. na medida do pos- sível. "ldée d'une histoire universelle au point de vue cosmopolitique". e é também o que será resolvído por último pela espécìe humana. um trabalho preliminar para dominar o texto. Ele precisa. de acordo com uma abordagem uniforme. um regime de exceção para si mesmo. % Texto de Kant que ilustra o método de preparação Algumas linhas de Kant nos Íornecerão um ponto de partida: " Este problema+ é o maìs dìfícÌl. traã*õïrGïã* -Jdid". aquele que a natureza obriga o homem a resolver. comO que mecânicas por assim dizer. é a seguinte: o homem é um animal que. para expÌicar. e embora. é impossível imaginar como ele poderia conseguir. absolutamente impositivo. em revelar o moúmento e a progressividade do texto.tta sei livre.n Aqui a meta é. não deixa de ser verdade que a posse da cultura fllosófica constitui um apoio eficaz em toda a pesquisa.rrl È. ril. a ideia geral ou tese. enquanto criatura razoável. sua "estrutura dinâmica". seu encadeamento. . animal. Assim' ções. "por conseguinte". e não apenas no quadro geral do pensamento do autor.lÉrooos EM FlLosoFlA A estrutura gramatical ordem e gramática. 0 primeiro . nestas condio itinerário reflexivo do pensador. em alguns textos de Kant. em outros teúos. importante no raciocínio: aquilo que precede será.portanto". muitas vezes polissêmicas. inteiramente proúsório.. para além do tema. mas c0m0 assinalálos? 0 entendimento desempenha.()s . É graças a ela que o estudante está em condições de apreender as ideias ou noções verdadeiramente portadoras de sentido. parafazer a triagem e refletir sobre os significados múltiplos fornecidos.. criatura razoítvel. para uma explicitação necer ocasião bem o distinguir Deve-se rigorosa. porhanto")' e. uma vez mais. termos importantes são muitas vezes portadores de diversos sentidos (ex.1as".. uma funçã0. a estrutura gramatical reflete toda particular: advérbios e locuções atenção os termos de ligação exigem uma a pontuação articula o pensamenmodo.Pois. é o trabalho de delimitação precisa do sentido dos conceitos que. 202 EscoÌhamos.. dos objetos" e. As formas gramaticais representam estruturas lógicas que remetem às próprias bases e fundamentos do pensamento e. demonstração explicitado e iniegrado numa problema' surgido futuro nosso e texto. É aconselhável proceder com a ajuda de um bom dicionário. caçar os signiflcados adaptados ao texto.. Eis a lista destes termos: problema. expresso da probtemática..o. que escandem a demonstração ou a argumentação. de expressões ou palawas ainda gerais e mal delimitadas.. "A diflculdade [. vamos registrar as definições obtidas: 20i . por assim dizer. Procedamos ao estudo dos núcleos semânticos essenciais: não à deflnição de todos os termos sem exceção . "assim".] ser liwe": primeira parte da demonstração' . sob certo ângulo. pela conjunção "pois" ('!ois cada uma deias").r. estamos aqui diante de uma proposição tempo mesmo problema ao será 0 no teú0. No texto de Kant. constitui uma indicação de método muito flexível).mas à deflnição dos conceitos fundamentais. "que pretende ir além do domínio da experiência"). Para compreender um texto.] demonstração em duas Partes: . Portanto. chegamos a apreender e descrever o dinamismo do pensamento. novamente. "Mas [. a problemática e o problema subjacentes (o problema que iremos reveÌar. a ideia geral. muito reveladores. portanto. Procurar-se-á em seguida outros termos não filosóficos importantes (esta regra. homem. Do tantos elementos de análise outros aqui temos to. co4lunção que permite hazer a consequência ("ele e de deinam ver uma estruhua lógica precisa: estamos diante de uma argumentação por'!orta. senhor. a acepções fllosóficas precisas.ori. mas. sem dúúda. na pesquisa. vontade universalmente válida. "que constitui a condição apri. nos mostra uma evolução posto em questã. gramaticais indicam termos os texto. de uma estrutura constituída por uma problema e o que enuncia humana") problema (. A estrutura primária do texto através da mediação do estudo gramatical o trabalho efetuado pela mediação da análise gramatical permite chegar pela a este resultado. Com efeito. nosso No caso bem particuÌar de partido disto' não tirar absurdo Seria demonstrações e conclusões. ser liwe.este proposição [. Será necessário fixar-se nos termos relacionados com a fllosofla. ou seja.. mas também a descobrir. ritrnos lógicos. 0s "portant0". É preciso então passar dos termos aos conceitos. Seu número varia. justiça pública. do início no problema de Kant. precisa.. é aqui que a tarefa se torna extremamente complexa e difícil. cuja importância é efetiva e que desempenham um papel decisivo. não aquele expresso por Kant). egoísmo. este senhor") e. a "cultura" desempenha plenamente seu papel. É preciso excluir toda confusão' . irá desempenhar um papel centraÌ.o que nos levaria ao pontilhismo e ao parcelamento absoluto..: "transcendental" signiflca. Na verdade. evidentemente. Assim. em particular ("mas onde irá ele"). mesmo diversas são signiflcativos. marcam o encadeamento das proposições ou argumentos e traduzem o modo de organização das ideias' XIV O vÉrooo DA pREpARAÇÃo: UMA ESTRATEcTA DE TRABALHo O estudo conceitual preciso: pôr em evidência a progressão e a estrutura dinâmica Conceitos essenciais. de acordo com o trecho estudado. conjunção de coordenação que introduz uma e4licaçfu ("pois ele abusa").nto". A análise conceitual precisa fornecerá a chave do trecho apresentado para a reflexão. a primeira frase ("Este problema ["'] espécie que vai forhumana") está em itálico. os termos fundamentais. liberdade. Exemplo. Através desta abordagem (coqjugada com a análise gramaticaÌ). veriflcando que eles desempenham um papel decisivo no teúo. vontade particular.] das leis": segunda parte da demonstraçã0. à fragmentação da reflexão . evidentemente. num mesmo autor. lei. válidas ejustas no interior do texto. É preciso. de preferência adaptado ao ensino superior. 0 assinalada primeira conclusão que a uma levam uma demonstração pensamento está igualmente ritmado pela conjunção "mas" ('mas onde") e também por "ora" (ora. ) põe o homem em condição de escapar ao império de suas tendências animais e egoístas. como se apresenta esta "cadeia". . diante do enunciado de um problema (frase em itálico).idade dos homens. Eis. portanto. mas através da unidade orgânica do texto (isto é bem claro no que diz respeito a "vontade" e a "ser liwe"). r "Homem": todo o texto de Kant analisa o homem como realidade ambi gua. uma faculdade de agir sem coaçã0. o acesso a uma existênciatazoítvel e submetida ao universal' 204 XIV O vÉrooo EM FtLosoFlA r DA pREpARAÇÃo: UMA esrn. política etc. de maneira não arbitrária.qrÉcr. no seio do Estado. o elenco de conceitos e a análise dos termos fundamentais põem em condições de captar o sentido da passagem. "Ser liwe": é eúdente que "ser liwe" designa aqui não um fato.faculdade dejulgar que nos faz aceder ao universal.q DE TRABALHo "Justiça pública": neste teúo. a faculdade de agir de acordo com regras. Qual a flnalidade desta pesquisa conceitual? Ela permite perceber melhor o sentido e a estrutura dinâmica do texto.elevar o ser humano (particular) ao universaÌ' a saber. a0 mesmO tempo como ser biológico pertencente à espécie animal mais evoluída da terra e c0mo pessoa que se eleva ao reino do universal e da Ìei. É preciso notar esta ambiguidade e esta polissemia do termo: o homem pertence ao reino da natureza e ào reino dos fins.. do probÌema considerado centraÌ por Kant. "Animal": aqui. uma regra imperativa universal. o sujeito. à enunciação de um duplo raciocínio.': opõe-se radicalmente àvontade universal. enquanto participa datazão. Muitas explicações conceituais estão acompanhadas do termo "aqui": as palawas são explicitadas no seu contexto. referentes a um só indiúduo ou a alguns indi- úduos apenas. em que os argumentos se sucedem uns aos outros. para o leitor atento. Estamos diante de uma cadeia de argumentações. peltencente ao reino natural' Kant realça amplamente este aspecto da essência humana: o homem integra-se no reino da naturezal existe como ser vivo que busca seu interesse próprio para satisfazer suas necessidades (individuais).vontade particular. a faculdade de agir permanece subjetivamente particular' 'Vontade universalmente válida": trata-se aqui da faculdade de agir de . Estamos. ultrapassando toda medida em relação aOs seus semeÌhantes. diflculdade teórica e prática cuja solução permanece úü priori incerta (trata-se da instauração de uma sociedade ciül que administre o direito de maneira universal). "Eg0ísm0": tendência a procurar exclusivamente seu prazer e seu interesse individuais. Evidentemente.. àquilo que vale para todas os indiúduos. acordo com regras válidas para todo ser razoável. Assim. também ela. .. de um senhor"). Estrutura dinâmica do texto: sua descoberta.] humana". umavigorosa "demonstração-argumentação" que reforça a primeira. esta "argumentaçãodemonstração" ritmada por conjunções: 1) "Este problema [. Esta primeira parte pode ser apreendida c0m0 um conjunto demonstrativo que chega a uma primeira conclusão sublinhada por "portanto" ("ele precisa. um ser vivo. Toda a primeira parte (e a segunda) têm como finalidade explicitar a própria natureza da aporia.o que o texto assinala . Somente esta lei (ciúI. Se estas re- . portanto. com efeito. 0s conceitos não devem ser compreendidos isoladamente. . "Senhor": o senhor é umapessoa que exerce uma dominaçã0. no qual se explicita a própria natureza da diflculdade sublinhada no início da passagem. esta segunda parte obedece parcialmente a uma forma dedutiva. mas também sua organização e sua progressão. gozam de seus direitos de maneira igual. A combinação da análise gramatical (que havia desembocado numa primeira estruturação) e do estudo conceituaÌ que acaba de ser efetuado deve levar a destacar uma organização em partes. Este problema não é expresso distintamente por Kant no início da passagem e é por isso que nós o apresentamos aos estudantes para eliminar as ambiguidades. mas móveÌ e que traduz uma caminhada. "Razoâvel" (rai'sonnable) aplica-se antes à conduta. "Criatura razoável": o homem. Mas a segunda parte constitui. A combinação da análise conceitual e da análise gramatical nos Ìeva. mas um ideal e um devir. faculdade inscrita em nOssa natureza. "Problema": aqui. 205 . . Enunciação da diflcuÌdade (relativa à instauração de uma ordem políticajusta). gras são particulares. "Lei": aqui. válida para todos. pois sua intenção é . ou seja. organização não estática. . . a0 passo que "racional" (rati'onnel) qualifica o conhecimento. . Quando Kant vê na liberdade uma participação narazáo e um ideal. Avontade designa. esta concepção é própria dele (embora encontre suas raízes na grande corrente racionalista).Os uÉrooos . estadojurídico em que os homens. o "Liberdade": designa. Notar-se-á mais adiante a expressão "ser liwe". que rege a atir. que se opõe diametralmente à liberdade natural. em primeiro lugar. em primeiro lugar. segundo a ideia de uma vontade legisladora universaÌ. por flm. Elos demonstrativos no interior deste conjunto: deflnição do homem como animal que precisa de um senhor ("4 dificuldade [. no qual as paixões devem ser domadas (por um senhor) e que. de modo a chegar à ideia central dominante.. E quanto à tese ou ideia diretriz? Para alcançáìa parece possível condensar novamente (em 2 ou 3 linhas) as diferentes partes do texto -já reunidas no estudo da estrutura dinâmica .] leis").. quase sempre.] para si mesmo"). Explicitação da diflculdade (enunciado n.] espécie humana"). A coação é um meio necessário para aceder a uma ordem políticajusta? A última pergunta representa o problema central colocado pelo fllósofo. Quando Kant. É na terceira parte clue Kant vai ao centro do problema' A demonstração irá explicitar o núcleo da dificuldade.. o problema explicitamente formulado por Ifunt deve ser distinguido do problema resultante do trabaìho pessoal de hermenêutica') Por fim.. o homem ao universal ("Ele precisa [.. ligada ao Estado. (Mais uma vez. um ser finito. Mas a aporia ainda não foi estudada em seu cerne. o Como a estrutura dinâmica foi posta em eúdência? Foi a combinação do trabalho gramatical e conceitual que levou a explicitar a progressão do pensamento do autor. a instauração dajustiça representa uma tarefa difÍcil. a instauração o dajustiça choca-se com um problema antropológico essencial.. muito mais geral. obtemos o enunciado seguinte: "0 problema dajustiça pública. 207 246 . apresentação cuja formulação determinará a qualidade da análise reflexiva uÌterior. cont efeito. na sociedade organizada. a última consequência explicitando finalmente a dificuldade do problema enunciado na frase em itálico que se encontra no início. a atenção prestada aos conceitos e a análise grama- tical permitem efetivamente avançâr e elucidar a estrutura dinâmica' Tema e tese do texto Como chegar. estabeleceu que o homem tinha necessidade de um senhor para aniquilar suas vontades particulares. a instauração de uma ordem política justa. muito dificilmente acede ao universal? .o objeto de sua demonstração * distinta do tema. a aporia central do texto. Passar do tema à tese é ir do explícito ao impÌícito. Problema e implicações É questionando o texto e a ideia geral que faremos surgir 0 problema..] ser liwe"). Como instaurar uma ordem políticajusta e universal se nenhum governan- te escapa ao egoísmo e transcende os desejos particuÌares inerentes à sua natureza de homem? . Conclusão deflnitiva: não só o homem tem necessidade de um senhor. o trabalho conceitual nos mostra que estamos diante do tema. A conjunção "mas" assinala um obstáculo fundamental' Daí o enunciado do segundo elemento da aporia: 3) "Mas [. Primeiro elemento da aporia. A argumentação-demonstraçã0. da diflculdade: "0 homem tem necessidade de um senhor" para fazer a passagem do paúi- cular ao universal. 0 primeiro parágraÍo retoma a ideia de problema ("A diflculdade" ) e começa a expÌicitáìa' Na sequência da passagem. esclarecimento este que tem um alcance prático.. é muito difícil porque os dirigentes são homens egoístas e submetidos a tendências individuais. do império das paixões à esfera do direito universal (dominando racionalmente estas paixões)? . todo chefe (humano) tentará deste modo abusar de sua liberdade ("Ora [". Encontramos uma série de consequências lógicas. Por conseguinte. E. as séries demonstrativas esclarecem o problema levantado por Kant no início do trecho.e fazü aparecer assim a ideia geral.] um senhor"). mas próprio senhor tem necessidade de um senhor. ao redor da qual o trecho se organiza. o governante não é ele próprio um homem. justificação do enunciado precedente: a vontade do homem obedece às tendências egoístas particulares ("Pois [. Elos demonstrativos no interior deste conjunto: 0 próprio senhor tem necessidade de um senhor ("Mas [. agora.] ser liwe". Assim. não levando em consideração o universal da lei: todo senhor requer um senhor". 1)' Já que próprio senhor tem necessidade de um senhor.] das leis".. ordem que administre o direito de maneira universal. à tese do autor. Esta determinação clo problema constitui o momento mais delicado do trabalho. concernente ao Estado e suas relações com 0s cidadãos ("pública"). a saber. ao tema e à tese? Primeiramente o tema: este permanece inscrito em flligrana e continua impìícito até à terceira parte. portanto.. o senhor elevará. Notemos o seguinte: desde o início sabemos que se trata da enunciação de uma diflculdade ("este problema"). A ideia diretriz do texto exprime geralmente a tese do autor ..()s vt'rot-ros XIV O vÉrooo DA PREPARAÇÃo: UMA ESTRATÉcIA DE TRABALHo ËM FìLosoFlA 2) "A dificuldade [. portanto. conduzida por Kant com rigor. afirma que se trata de "instaurar a justiça pública". Eis algumas destas perguntas: o Como passar. é necessário fazer a apresentação das implicações. que corresponde.. Aqui. o que o texto nos faz ganhar? Qual o seu alcance? Estas linhas permitem esclarecer a essência do problema poÌítico. ()s XIV O vÉrooo DA pREpARAÇÃo: uMA laír<>n<. Estrutura dinâmica: I o as partes . Longe de perder-se na pura teoria. Queslionamento 2. Apresentação geral do texto (parágrafos etc. estar em condição de resoÌvêìos. às custas da lei universal da quaÌ ele participa. a pesquisa das formas gramaticais etc. expressões. Não é colocar o problema político de iï:ï'" de texto: I -Análise das formas gramaticais ou gerais 1.Problema e implicações 1. a parte reflexiva sublinha. a alguns elementos. Estrutura primária . a progressão do raciocínio e da argumentação Ill -Tema . Atenhamo-nos. forma admiráveÌ? ü nesufitadm finml eta prepanação. Mas é preciso não se iludir: bem colocar os problemasjá é. suprimindo as etapas inúteis (por exemplo. Eis aqui um "modo de usar" destinado a levar você a perceber e penetrar nas etapas preparatórias do comentário de texto. Tese lV .q DE TRABALHo A parte reflexiva Preparaçãoìf Muito mais que fixar-se na resposta.Parte reflexiva 1. ll - Estudo conceitual . nesta parte reflexiva. em parte. conceitos sublinhados pelo autor (em itálico. neste caso preciso.) 2. Fórmulas.qrÉcr. . neste texto. Interesse filosóÍico do problema (e da eventual solução do autor). A irstauração de uma ordem políticajusta não pode ser feita senão sob coaçã0.1 e tese . lmplicações V . Termos ou expressões de ligação 3. Tema 2. Flenco dos termos essenciais 2. Kant soube admiravelmente ligar o problema político a uma antropologia: deste ponto de vista seu questionamento é particularmente enriquecedor. a importância da pergunta e do problema analisados.). já que na verdade. Kant estabelece uma Ìigação entre fllosofia política e antropologia fllosóflca. Pontuação signiÍicativa 5. Situação do texto na história das ideias 2. DeÍinição dos termos e conceitos (no quadro do texto) 3. em negrito etc. rmodCI de usar Temos agora em mãos um material importante que permite uma redação metódica e rigorosa do comentário. Estudo sistemático do alcance do Íragmento 3.) 4. nos quais brota do problema um início de solução: o 0 homem é "mau" porque é liwe para satisfazer seus interesses indMduais. comentários diversos 20u 209 . Deve ser utilizado sem nenhuma rigidez. Problema 3.ls EM FrLosoFrA esrn. em certos casos. portanto. Eventualmente. Kant lança luz sobre um problema sem explicitar realmente uma soluçã0. XV Ëxernplos de preparação e de redmção dm c0nïemtárüm de texto . permanece fixado no texto. "Pois": conjunção de coordenação que introduz uma expÌicação (. deve banir todo Palawório inútil. indispensável.. elementos que podem ser dos no estudo reflexivo. o estudante adquire (como na dissertação' *ãUOo.'.". uma precisão e uma quase-objeção ou..C-ór. 212 se com o terceiro. . Este quarto momento pode. Aoredigirocomentário.lçÃo oo cove NrÁnro DE TEXTo O estudo reflexivo (3" momento). transformados assim em conceitos *aticamente às deflnições. A fldelidade ao texto é a regra fundamental' A conclusão (4" momento) expõe sucintamente a natglggg!1sglgão trazida ao problema essencial.sem trazer soluçã0. "Mas": esta conjunção introduz aqui uma ideia nova. A ordem das razões ralmente a série lógica a respeitar. Preparação Lembremos a preparação deste teúo formalizando-a mais e utilizando o "modo de usar" anteriormente apresentado. poderá também apresentar uma Affguxm*mt. pensamento' A expticitação analítica e sintética do texto.c$e redaçffiw 0s dois exemplos de comentário de texto aqui tratados permitirão a você ver como se utiliza o "modo de usar" (cf. pelo menos. eventualmente. "Ora": esta conjunção marca o inÍcio de uma demonstraçã0. 209) da preparação e como os elementos deslindados (indicados na coluna da direita do trabaÌho deflnitivo) permitem uma redação acertada e inteligente do comentário. gra o trecho em seu contexto ntoroì.d. A explicação do texto (2" momento) fgZgUglttgggt-!9lfe$4fru-lt-g1o por meio dç-U!p 9ryll9ita94-0 qqltel[gs.*ta também mas iguartõïãïìffi. Primeiro exemplo Tema: texto de Ibnt que se encontra no capítulo XIV (p.ele precisa. . 200). 213 . lembrando uma proposição precedente ("ora.Apesardesteconteúdodenso(deacordocomaquiloqueexigemasbancas 0 estudante examinadoras). trtrffitrffitl rmffmtiç'mu crítica e realçar assim certas dificuldades ou contradições do texto. . 0 estudante deverá fixar-se no interesse destas soluções e explicitar as implicações e contribuições fecundas. um núcleo suplementar de dificuìdade ("mas onde"). Por flm.épreferívelexplorarotextonaordememquese (do autor) indica geapresentam as diferentes estruturas. .. portanto")..pois ele abusa"). vendo nelas os . a introdução deve limitar-se a este estrito mínimo. guias ufoior.nçffim u. este senhor"). $iuennpfrms de prepar.tõpt. as bases do trabalho analítico e sintético. em toda segurança a digressão representa uma ameaça constante)' entre Esta explicação anaÌítica não é suficiente: siga as relações existentes exprime ao longo da os termos que se exigem mutuamentel este conjunto se dimensão sintética desta caminhada do pensamento do autor. .. Íundir- Aredaçãodocomentáriopodedesenrolar-seemquatromomentos: ela reinteA introdução (1" mornento) sIgqg-tgÚqleltro-(a obra do autor: po. flel à ordem do presentes na proposições ou pode ser feita por um recurso a termos' conceitos doutrina do autor. 0 esquecimento exporiavocêaoperigodafragmentaçãoeprivariaseutrabalhohermenêutico de qualquer sentido real. p. embora não obrigatório.XV Exrrrapros DE pREpARAÇÃo e or nto. Análise das formas gramaticais ou gerais 1) Termos e expressões de ligação: . fornece . "Portanto": conjunção que permite trazer a consequência (. à problema subjacente o como a tese (ideia diretriz que estrutura o texto) bem texto' plano do breve o passagem . permite fazer um balanço concernentq èq sq!uElgslflazid_1s ao problema filosófico principal. É preciso banir todo resumo de doutrina' desenvolüAssim aparecem.it* At. progressivamente. dificuldades que geralmente à w'eu$nçffiul só têm sentido do ponto de ústa histórico. pessoa que exerce uma dominação não arbitrária. .] das leis": segunda parte da demonstraçã0. "A diflculdade [. DE pREpARAÇÃo E DE REDAÇÃo "Este problema [.. . mas um ideal e um devir. "Pois": conjunção de coordenação que introduz uma explicação ("pois cada uma delas").. ultrapassando toda medida em relação aos seus semeÌhantes. no seio do Estado..] ser liwe"). estadojurídico em que os homens.lei. um papel decisivo..] para si mesmo")1 o senhor elevará. a importância do termo "animal" (ser úvo organizado) e da expressão "tem necessidade de um senhor".): 0 itálico leva a realçar a existência de uma proposição ("este problema [. "Ser liwe": esta expressão designa aqui não um fato. "Egoísmo": tendência a procurar exclusivamente seu prazer e seu interes- se individuais. "Mas [.. . reino da ética).. 2) Definição dos conceitos: . EIos demonstrativos no interior deste conjunto: 0 próprio senhor tem necessidade de um senhor. "Mas [. portanto. justiça pública desempenham. .. em primeiro lugar. criatura razoâvel. Primeiro elemento da aporia.. a0 mesmo tempo ser biológico e pessoa. Este úttimo termo é posto em evidência e desempenha.. em negrito etc. portanto. Já que o próprio senhor tem necessidade de um senhor. todo chefe (humano) tentará deste modo abusar de sua liberdade ("ora [. que . .. o qual precisa também de um senhor..] ser liwe".. "Vontade universalmente válida": faculdade de agir de acordo com regras válidas para todo ser razoíweL .OS MÍ'IOIX)S XV Exr. pertencente ao reino da natureza e ao reino dos valores e dos fins (o . (em itálico. faculdade inscrita em nossa natureza. '. n0 texto. oo coueNrÁnro civil ou política. "A dificuÌdade [. homem. justiflcação do enunciado precedente: a vontade do homem obedece às tendências egoístas particulares ("pois [.] humana": enunciação da proposição que causa pro- "Vontade particular": faculdade de agir de acordo com regras referentes a um só indMduo (ou a alguns indiúduos). "Homem": uma realidade ambígua. 2) Termos ou expressões realçadas pelo autor . "Liberdade": designa.] humana". blema. da dificuldade: "0 homem tem necessidade de um senhor" parafazer a passagem do particular ao universal. . vontade particular.] humana"). uma faculdade de agir sem coaçã0.. ser lfire. ao reino da natureza e tem necessidade de um senhor.. que habilita DE TEXTo o homem a escapar às suas tendências egoístas.çlpros EM FILOSOFIA .. senhor. 3) Estrutura dinâmica do texto As partes: . 0 itinerário do raciocínio e da argumentação: Kant enuncia uma dificuldade fundamental relativa à justiça pública e se orienta para o núcleo antropológico que ilumina esta dificuldade: a essência parcialmente animal do homeml este se liga. sob certo ângulo. faculdade que faz aceder ao universal. vontade universalmente válida. o homem ao universal ("ele precisa [. gozam de seus direitos de maneira igual. 3) Estrutura primária .. ... .. Estudo conceitual 1) Elenco dos conceitos essenciais: Problema. Elos demonstrativos no interior deste conjunto: deflnição do homem como animal que precisa de um senhor ("a diflculdade [ . se opõe diametralmente à liberdade natural' "Criatura razoírvel": o sujeito que participa datazáo. . Explicitação da dificuldade (enunciada na 1u parte). liberdade. o "Lei": regra imperativa universal. Notar-se-á mais adiante a expressão "ser liwe". Enunciação da dificuldade (relativa à instauração de uma ordem políticajusta)..!14 dejulgar "Este problema [. .. "Problema": diflculdade teórica e prática cuja solução permanece incerta. ("mas [. "Senhor": aqui. "Animal": ser úvo organizado (que se insere no reino da natureza). o acesso a uma existência razoáwel e submetida ao universal. segundo a ideia de umavontade le gisladora universal.] das leis".. "Justiça pública": aqui.] leis"). 215 . a instauração da justiça pública representa uma tarefa difícil.. destinada a elevar o ser humano ao universal. animal.] ser liwe": primeira parte da demonstração. .. um papel central. ì um senhor") .] humana"). egoísmo. É este problema que Kant continua a Ìevanlar e lrdtdr nestd sexla proposiçáo. 216 217 . O início deste texto constitui a sexta proposição do opúsculo de Kant /dera de uma história universal do ponto de vista cosmopolítìco (l 284). uma reÍlexão sobre a história unifìcada. constitui o tema do texto. Como instaurar uma ordem políticajusta e universal se nenhum governan- te escapa ao egoísmo e transcende os desejos particulares inerentes à sua natureza de homem? 2) Problema: A coação não é porventura um meio necessário para aceder a uma ordem política justa? 3) Implicações: Esclarecimento da essência do problema político. nas palavras de Kant.] ser ìivre").] humana"). na Problemática sociedade organizada. sujeitos a tendências individuais e quei por isso mesmo. pode ser circunscrita da seguinte maneira: o problema da justiça púbìica é.. não levam em consideração o universal da lei..ì das leis"). dizem respeito ao esclarecimento da essência do problema político. não levam em consideraçào o universal da lei- O texto coloca uma série de perguntas: como passar. muito dificilmente acede ao universal? . problema próprio deste texto e diÍerente do problema tratado explìcitamente por Kant. 2) Tese. Kant enuncia sua sexta proposição. o governante não é ele próprio um homem. que tem a maior diíiculdade em aceder ao universal? Sendo assim.( )s rr. muito diíícil porque os dirigentes são homens egoístas. que administre o direito de maneìra universal. Na quìnta proposição. Kant esboça uma rica flgura do senhoq forma que conduz ao universal' Ele nos mostra o papeÌ (ambíguo) do senhor nas formações históricas. relacionada com a dificuldade de resolver o problema da.justa? Esta última pergunta representa o problema central. portanto.. esclarecimento que tem um alcance prático. em que Kant se esforça por descobrìr. relacionada a Iema e te-se (ideia diretriz) uma Iei e a um direito universais. 2) Interesse fllosóflco do problema: A mediação de uma coação parece necessária para impor uma justiça pública que emane da autoridade das leis. Com efeito. do império das paixões à esfera do direito universal (dominando estas últimas)? . Na terceira 1"Mas [. r Problema (o nosso e não o analisado explicitamente por Kant) 1) Questionamento: o Como passar. portanto. Parte reflexiva 1) Situação do texto na história das ideias: Antes de Hegel. no curso absurdo das coisas humanas.iustiça pública.ln. ele sublinha que é Breve enuncìação do plano do texto necessário um senhor para elevar o homem.rçÃo ttltl<ls [M FlLosoFlA pertencente também este ao reino da natureza e precisando igualmente E DE REDAÇÃo oo courNrÁnro DE TEXTo Comentário de texto redigido de um senhor. . à universalidade. As implicações do texto. um desígnio da natureza: ele desenvolve. que. Kant mostra que a instauração da justiça pública representa uma tareía difícil. e que constitui o tema do texto. Na segunda ("A diÍiculdade [. da infìuência das paixões à esíera do direito universal? A diíiculdade não provém do fato de que o próprio governante é um ser Íinito. coníorme a um plano determinado. não é a coação um meio necessário para aceder (com dificuldade) a uma ordem política . com efeito.... O texto divide-se em três partes: na primeira ("Este problema [. animal egoísta. . Situação do texto Esta instauração de uma ordem política justa. diz respeito à esfera da justiça. Tema e tese 1) 0 tema diz respeito à instauração de uma ordem política justa. um ser flnito. na sociedade organizada. no qual as paixões devem ser domadas (por um senhor) e que. que admi nistre o direito de maneira universal (corresponde ao problema levantado explicitamente por I{ant). 0 problema dajustiça pública é difícil porque os dirigentes' sujeitos às suas tendências egoístas. esclarecimento não desprovido de signiíicado prático..1t XV Exrvpros or enre. Kant considerou que o problema essencial para a espécie humana era o da instauração de uma ordem política justa. Quanto à tese propriamente dita. pois o próprio senhor tem necessidade de um senhor.. portanto. p. Mas por que o homem tem necessidade de um senhor? Neste segundo movimento. todo o texto vai nos colocar diante de um problema central. longe de representar então uma obediência à Iei no respeito aos outros. É nesta perspectiva global que existe tanto aporia quanto soluçào talvez possível. A aporia considerada (distinta do problema analisado acima) não está. aguçá-lo ao máximo. seu pìeno sìgnificado. em todo caso. aos quais o homem está ligado: a liberdade designa primeiramente não um acesso à moralidade e à razão.um ser vivo com necessidades orgânicas. mas conduzir o governado. relacionada com o destino do indivíduo partìcular. a saber. Kant explicita a razão profunda do recurso à coação. em função da possibilidade de instaurar normas políticas universais que o texto adquire. Kant fala aqui de uma "tendência animal ao egoísmo". E. Embora aspire à lei universal. Segundo movimento: "Poìs [. e 206s. Mas qual é esta aporìa ìnscrita no cerne da reflexão poìítica? É isto que Kant vai nos fazer entender mediante uma série de argumentos destinados a iluminá-la. portanto. . o problema da instauração de uma ordem política justa. ìei 219 . lntroduzindo a ideia de "senhol'. Remissão a uma história totalizante relativa à espécie humana. resolvê-lo totalmente.] para si mesmo". o da natureza e o da lei. é primeiramente um fazer natural. o homem nem sempre sabe conter sua liberdade dentro dos iimites requeridos pela lei universal nascida da razão. mas uma íaculdade de agir sem coação. Kant aponta. 202s.. teórìcos mas sobretudo práticos. a saber. como ser vivo que procura seu interesse próprio. a uma aporia fundamental e que o primeiro tema importante encontrado pelo leitor seja o de um problema. um apego excessìvo a si mesmo de tal magnitude que as pessoas procuram exclusivamente seu interesse pessoal. Mas qual é este problema complexo? O demonstrâtivo "este" remete à quinta proposição do opúsculo. po(anto. portanto. Sendo assim. imediatamente.. a saber. Sem dúvida. o homem deseja uma regra imperativa unìversal na qual todos se reconhecem e compreendem assim que o limite da liberdade nada mais é do que a presença do outro . mas o mediador entre a nãtureza e a cultura. enquanto "criatura razoável" . portanto. a dualidade humana e a oposição entre os dois reinos. de uma pessoa que exerça uma dominação. pois a finalidade do senhor não é deter o poder em si mesmo e para si mesmo.).Ì tem necessidade de um senhor". segundo um modo não arbitrário. mas com o da humanidade considerada como uma totalidade. A liberdade. Prìmeira parte: uma aporia teórica e prática ("Este [. peítencente ao reino da natureza e em busca de seu próprio interesse .. Este egoísmo onipresente provém de nossa existência natural e "biológica" e deita raízes em nossas necessidades vitais.lei que reprima os abusos particulares: a razão exige normas válidas para todos e. o conjunto uniÍicado da humanidade. o discípulo ou o aluno pelo caminho da cultura ou da formação universal. cego à pessoa dos outros. faculdade inscrita em nossa natureza. Enunciado (alusivo) de um problema. imediatamente. Transição: Mas qual é a aporia em questão? Necessidade de um senhor. a íazê-la surgir em seu núcleo essencial. como deixa entrever o termo "tarefa": o trabalho humano de ediíicação política justa parece diíícil de realìzar. uma autonomia repleta de racionalidade. Esta oposiçào entre o universal da lei e o particular inscrito no homem naturaì vai permitir-nos compreender o recurso à coação de um senhor. no entanto.] ser livre"). sujeito a necessidades particu Iares. Mas onde reside a dificuldade? O primeiro elemento explicativo enraíza-se na coação que todo homem deve necessariamente sofrer: com efeito.] especle humana"). o homem está. ou seja. imediatamente a primeira Íunção deste: fazer nossa natureza animal aceder à esfera da cultura e da coexistência ("a partir do instante em que vive no meio de outros indivíduos de sua espécie"). Com eíeito.. Atenção: trata-se do problema analìsado por Kant e não do problema que nós mesmos detectamos acima (cí.que necessìta de um senhor. suscetível de encontrar apenas em últìmo lugar uma solução para a espécie humana. o homem aspira ao universaì da ìei. que administre o direito de maneira universal. O "senhor" não representa o ser em busca do poder propriamente dito. o reino do homem concebido como ser vivo organizado sujeito a necessidades egoístas. Segunda parte: necessidade de um senhor e de uma coaçào ("4 dìficuldade [. sem nos permitir. . Kant concebe e enuncia claramente um problema quase insolúvel ou.. com efeito. mas. uma dÌficuldade teórica ou prática cuja solução permanece incerta.. superando toda medida em relação a seus semelhantes.( )s ut'totros XV Exrupros EM FtLosoFrA DE pREpARAÇÃo E DE REDAÇÃo Do coMENTÁRto Primeiro movimento: "A dìficuldade [. E este o reino da natureza. com eíeito. A sexta proposição é enunciada de forma muito sucinta por Kant: não é indiferente que ela esteja relacionada. mediador entre a natureza e a cu ltu ra: ) lll Retomemos a ideia de aporia ou de problema. que participa da razão.. íaculdade de julgar que nos faz aceder ao unìversal. a saber. o homem é um animal . permanece mergulhado na particularidade de suas necessidades. a ausêncìa de privilégios.. DE TEXTo o homem tem necessidade de um senhor no universo da coex istênc ia soci a l. . por meio de coação. que irá atuar através da coação. sem nenhuma submissão ao particular. o senhor. Parece que aqui a aporia desaparece. Um cheíe justo por si mesmo Íaria reconhecer e respeitar os direitos e méritos de cada unl. que não transcende ele próprio a esíera animal. O senhor está sujeito ao particular e necessita ele Assim. Como poderão o senhor. de um conjunto de indivíduos semelhantes que têm em comum certas características e que são movidos por interesses egoístas arraigados na natureza? A espécie humana é um campo comum natural no qual o próprio senhor está integrado e do qual ele não pode escapar! O que Kant nos lembra aqui é. parece poder regular o funcionamento da socìedade civil.osoFlA Terceiro movimento: "Ele precisa. eíetua-se. todas as diíiiuldades da justiça pública. Mas a sequência do texto de Kant vai fazer aparecer o nó real do problema. . por um estranho. necessária. opera â passa8em desejáveì. o respeito à justiça e à Ieì e quando a Iiberdade pode sìgnificar. íaz parte ele próprio da espécie humana. aqui.] ser livre". prejudicarão os direitos dos outros. para fazer o governado obedecer a interesses universais. Assim parece concluir-se o círculo político: sem instância que represente a lei universal. A dificuìdade parece resolvida. portanto. eles nào se livrarão da liberdade natural que invade os direitos dos outros sc não houver nenhuma força superior que os leve. Segundo movimento: o exercício da justiça. Terceira parte: o círculo político ("Mas [. portanto.rr XV Exrupios ls t:M Ftt. portanto. Pouco a pouco. ou seja. não é agir a seu bel prazer. permite a cada um "ser livre". Onde.1r. graças ao senhor. a vontade ainda não se liberta de seus interesses subjetivos. Com este segundo movimento. por meio de coação.] de sua liberdade"). que é a íacuìdade de agìr segundo regras referentes apenas a um só ìndivíduo ou a alguns indivíduos. capaz de reÍerir-se diretamente à lei. porque o universal requer a mediação de um ser que está ele próprio submetido ao particular.Ser tivre.( )s ir. que são homens afetados pela rustìcidade de sua natureza. exteriorização a seu bel-prazer e que pode prejudicar a pessoa do outro. no seio do Estado.rr lr. estamos agora diante de uma lìberdade ética. portanto. portanto [. razoável que acontece através da Iei válida para todos. sem nenhuma relação com os ìnteresses egoístas. É o senhor que força o homem a obedecer à lei: a coação é. a naturalidade (o estado natural) do senhor. O senhor tem a íunção de submeter a particularidade das necessidades ao universal da lei. uma íacuìdade de agir segundo regras que se aplicam a todo ser razoável. DE pREpARAÇÃo E DE REDAÇÃo Mas o próprio senhor tem necessidade de um senhor. Se a liberdade do início não se distingue de um "fazer" natural. Passamos realmente da natureza à cultura. portanto. embora deva supostamente guiar c) homem para a lei. aceder a uma existência razoável e submetìda ao universal. necessidade de um senhor? próprio um senhor para aceder ao universal.1 das Ieis"). É.. Vê-se apare cer nitidamente. o círculo volta a íechar-se: o senhor. ou seja. Note-se que "ser Iìvre" opõe-se diametralmente à "liberdade" da qual se falava algumas linhas antes ("abusa [. obediêncìa tornada possível pela coação do senhor. de um governante ou de um grupo.. para o universal da lei. o chefe ou o governo suscitar nos governados o respeito à lei e fazê Ios aceder ao uni versal quando lhes íalta. que.. os governantes. à instauração de uma sociedade que administra o direito de maneira universal. o governante que permìte o acesso a uma vida DE TEXTo O senhor está enraizado na espécìe (biológica): naturalìdade do sen hor. or. de dominar a sìmples vontade particular.. omo u estado juridico no qual os homens. com efeito. Estamos. a passaSem da natureza à cultura. ou seia. encontrará o homem um "dominante" senão no seio da espécie. surgem diante de nós.. O senhor. segundo a ideia de uma vontade legìsladora universal. Sob este ânguìo. Portanto. doravante.i explicitá-la no último núcleo de sua argumentação. de um acesso à existêncìa razoável: é uma vontade unìversalmente válida. um fazer natural e um abuso? Não têm. 221 . este governante que permite o acesso ao universal. A demonstração kantiana reíerente à necessidade da coação conclui a primeira parte da análise. DiÍiculdade fundamental para fazer reinar o direito. Este reinado do direito deveria exigir um cheíe justo em si mesmo.r seja. esta operação de coação atualiza racìonalmente a liberdade natural... o mais dìfícil dos problemas políticos ("Ora 1.Ì das ìeis") 220 Do coMENTÁRto Primeiro movimento: o senhor não transcende a natureza ("Mas [. dìante de uma conctusão. que o senhor designa a própria pessoa que. Esta imanência da natureza no senhor. é ele próprio um animal. E não é só isso. ou seja. mas submeter se à lei válida para todos. neles. Toda a sequência do texto pode assim delìmitar o núcleo das dificuldades inerentes à justìça pública: definamos esta última . o círculo político é absoluto. O primeiro movimento desta terceira parte nos leva ao núcleo antropológico que torna tão diíícil a solução do problema político. um vivente orgânizado que deve satisfazer necessidades egoístas e não vive sob o reìno daquilo que é válido para todos. trate-se de um chefe únìco ou de unra elite de pessoas.. gozam de seus direitos.] espécie humana"). Ora. Kant ìr. eles próprios. o problema fundamental: a necessidade de uma coação..jogo de espelhos. Ele "força" os súditos a obedecer: longe de ser paradoxal e de representar um ataque à nossa liberdade. a pessoa que excrce uma autoridade.. A verdadeira liberdade é racional: ela é acesso à existêncìa razoável. precisamente. Kant remeteu ao problema central da política (como. estando embora ele próprio sujeito a tendências egoístas brotadas de sua natureza animal. DE pREpARAçÃo E DE REDAÇÃo . se o próprio Sovernante não passa de um ser egoísta? Em primeiro lugar. que extrai deles sua subsistência. enquanto indiúduo sensível. Crande lição da antropologia kantìanal indiúduais. ele destrói as particularidades e a arbitrariedade das vontades individuais. ele a consi- últìmo retorno implicações às dera. Kant nos mostra o papel (ambíguo) I I I Um núcleo aporetico no seio da politica O senhor kantiano: uma rica figura da história. Segundo exemplo 0 espírito não Quando um senhor ou um chefe deve instaurar a justiça. respondemos ao problema relativo à necessidade de uma coação para instaurar a justiça pública. Mas paralelamen- Estado. o homem encontra-se. eÌe os usa em sua vida iÍÌterior.l à íaculdade de coagir (Doctrine du droit. te o sujeito. aliás. e que os sâcdfica à sua satisfação pessoaÌ. O esclarecimento l<antiano da essência do problema político não está desprovido do signif icado prático. mttito posterior ao nosso texto. sem desejáìa. p. nem diante do mundo exterior. 05). Mostrou que a questão do bom governo é a mais diííciì de todas.Os uÉrooos XV Exrvpros EM FtLosoFìA Aos poucos. portanto. Mediador entre a natuÍeza e a cultura. volta-se para objetos eles mesmos indMduais. problema levantado pelo texto: os verdadeiros progressos da cívilìzação e da história só podem ser alcançados por meio da coação. diante de coisas igualmente o pensado\ nem seu âtsenal de determinações gerais que Sempre mais intervêm aqui. Para que seja possível a coexistência pacífìca e justa DE TEXTo dos objetos exteriores. Antes de Hegel. um mínimo de coação) aparece como horizonte necessárìo da política. porque o desejo permanece essencialmente determinado peÌos objetos e apegado a eÌes. também da educação): todo senhor vive sob o reinado do particular e tende a estabelecer seu poder. a forma da sensibiÌidade. tendo embora uma existência sensível. bem colocar um problema não é iá resolvê-ìo? O interesse do texto de Kant consìste também em mostrar que a coação (ou. a obra de arte. a definição kantiana de senhor é rica em prolongamentoi e em perspectivas teórìcas e práticas. forçando os homens a ser ìivres. Kant nos permite compreencler melhor a dìficuldade central do problema político' Do coMENTÁRro A coação 0 impelejustamente a suprimir â independênciâ e a Ìiberdade dos objetos exteriores e a mostrâr que eles necessária: o só estão aí para ser destruídos e utilizados até âo esgotamento. fazendo uso deles e consumindo-os. prisioneiro dos interesses indiüduais limitados e medíocres de seus desejos. Ele leva ao respeito à lei. que é moüda primeiramente do senhor nas Íormações históricas. reaÌizando-se nas coisas exteriores. pois sua natureza ). Kant soube situar o problema político ligando-o à antropologia. mas quer mantê-Ìas em sua existência sensÍvel e concreta. Como íazer reinar o direito. O senhor lantiaú leva o governado a inclinar-se diante de uma vontade e de uma lei universaÌs sob as quais cada um pode tornar-se livre. O desejo também não pode deixar o objeto subsistir em sua liberdade. Ele não tem neúuma necessidade de quadros que representem )') â madeira de que se serve 0u os ânimais que eÌe gostâria de consumir. também eÌa. uma rica figura da história e da política. Por isso.i*iiÌrïiriïrtïr O tema é um texto de Hegel extraído da fstética. Esboçando esta rica íigura do senhor. em todo caso. Nestas condições. não são porventura desejáveìs o Estado e outras formas jurídicas de coação? Na Doutrina do direito (1 796). Não é nem Mas. É preciso encontrar uma organizaçào. porque as determinações que eÌe toma não vêm de umavontade essencialmente universal erazoâvel. provavelmente coativa. Kant afirmará que o direito está ligado . ao sâbor de seus impulsos e de seus interesses in- poderl dividuais. que constitui a condìção da justiça pública. este modo de reÌação com as coisas exteriores é o desejo. Assim. As relações do homem com a obra de arte não são da ordem do desejo. como um objeto que não concerne senão ao lado teórico do espírito. é o homem que. diante dele. m Assim. se Ìimita à simpÌes apreensão através da úsão ou da audição a tomar. As análises kantianas nós põem diante dos olhos. elas correspondem parcialmente à aporia analisada. íorma que conduz ao universal apesar da particularidade das tendências. não 223 . o desejo não se contentâ com â aparência supeÌflcial das coisas exteriores. portanto. não é livre nem em si mesmo. Resposta ao problema levan tado. Ele deixa a obra de arte existir por si mesma. liwemente. Nestâ espécie de relação. Se formas coativas são matrizes de dìreito e de iustiça. entre os homens. ele tende a esquecer o interesse universal da razão: sempre mais poder! Esta palavra-chave da política encontra uma iluminaçào surpreendente nas análises kantianas. Paris: Vrin. satisfazer senão interesses espirituais e deve excluir todo desejo..iJll.] todo desejo"): tendo assim descrito o desejo como negatividade privada de real liberdade. condições [.] desejo").#r1i. individual.ÏlilJl'.. aqui... faculdade de determinar-se por razões. "Ser liwe": aceder à compreensão daquilo que vale para todos. possam ser aproximados). "Liberdade": o fato de não estar sujeito a uma outra realidade ou a um ção . existência sensível e concreta.] o desejo"): Hegel enuncia a essência do desejo. (A liberdade neste texto é. . resultado da análise: a essência da obra de arte diz respeito às nossas necessidades espirituais ("Por isso [..] a eles"): a "não-liberdade" do desejo é sublinhada pelo fllósofo. nega o objeto transcendendo-se em direção a ele e o sacriflca à sua satisfa- Elos demonstrativos: explicitação da natureza das relações do homem com outro ser. Iigada a coisas que se pode ver ou tocar..] a eles"). 2) Deflnição dos conceitos: r "Espírito": aqui. dada aos sentidos. (HEGELEsthéti'que-rexteschosisPariïi.. Elos demonstrativos: existe um fosso entre desejo e liberdade do objeto ("0 desejo [. a obra de arte ("As relações [. 3n movimento ("0 desejo [.. .] desejo". Segunda parte: "As relações [.. o princípio da reflexão humana (não se trata exatamente do sentido especiflcamente hegeliano.. EÌa nem sequer deve demorar-se neste terreno.. Elos demonstrativos neste movimento: a negatiúdade destruidora do desejo ("Nesta espécie [. . desejo.] consumir"): realça-se a negatiúdade atuante no desejo. concebida fundamentalmente através de uma dimensão 224 . obra de arte desempenham aqui um papel central. "Existência sensível e concreta": presença individual hic et rrunc. . tomada em duas acepções distintas). da mesma forma. a distância e a clivagem entre o desejo e a obra de arte. 3) Estrutura primária. A progressão do raciocínio e da argumentação: uma vez sublinhadas a negatividade e a não-liberdade do desejo. eÌa se situa para além de todo movimento de negação do objeto. ou seja.] do espírito"). o 2o movimento ("Nesta espécie [. transcende esta esfera e diz respeito às faculdades teóricas de nosso espírito... do pensamento que se clariflca progressivamente para chegar ao absoluto. forma dele um conceito.. Preparação .. .tpros Mr'ì ( )rx )s EM FILosoFìA DE pREpARAçÃo E DE REDAçÃo Do coMENTARto DE TEXTo tem necessidade de ter uma reaÌidade tangivelmente concreta nem de ser efetivamente úva. 3) Estrutura dinâmica As partes: 0 texto representa quatro movimentos.. porque não visa váÌida para todos os espíritos e segundo uma conformidade com a faculdade (absoÌuta) de distinguir o verdadeiro do falso. "Vontade essencialmente universal erazoâvel"'..Tïilïïr""it'ï "Obra de arte": conjunto de materiais e de sinais que exprimem o belo e não comportam a menor relação com a negatividade do desejo. que vai ser expÌicitado de maneira rigorosa das formas gramaticais ou gerais 1) A apresentação geral em dois parágrafos é aqui fundamental e dá acesso na segunda e terceira partes. desejo e liberdade do sujeito opõem-se em profundidade ("Mas [. r 4o movimento ("As relações [. Primeira parte: "0 espírito [. Duas partes que correspondem aos dois parágrafos (a reestruturar em seguida): . clivagem esclarecida peìa negatividade do desejo ("Nestas 2) Ausência de outros marcos gramaticais signiflcativos. ser liwe.. 1o movimento ("0 espírito [.] pessoal"). embora os dois signiflcados a arte se situa para além de todo desejo e diz respeito apenas às nossas necessidades espirituais. Hegel demonstra que a obra de arte ... fazer uma escolha nascida ila razâo e do universal. Hegel pode realçar que .] consumir").. ligada a uma liwe contemplação espiritual. portanto.. 2) Tese ou ideia diretriz: A arte liga-se ao Ìado teórico de nosso ser. Análise .. Iiberdade.] esgotamento").( )\ XV Exrl. Tema e tese 1) O tema geraÌ diz respeito à essência da obra de arte. . vontade essencialmente universal e razoável... Análise conceitual 1) Elenco dos conceitos essenciais: espírito.] a eles". 225 . à estrutura global do texto.. "Desejo": tendência e movimento pelos quais 0 homem se exterioriza. Quanto à ideia diretriz..para além desta questão primeira inscrita nele: a arte visa satisfazer o desejo? é saber quais são as necessidades espirìtuâis mais elevadas do homem. neste texto. o problema 1) Questionamento . Este trecho de Hegel encontra-se no 226 capítulo . íorma espiritual inÍinilamente mais elevada do que "a simples apreensão atraves da visào ou da audiçào dos objetos exteriores".] o desejo").r SituaÇão do texto . sem dúvida..r. uma das forças motrizes de nossa alma. Permitir-nos formar um conceito claro da essência da obra de arte. as análises feitas por I(ant na Críkca do juízo.it ll intÌtulado "As teorias empíricas da arte" do primeiro volume da fstétlca. Esta apreensão do mundo exterior indica já uma primeira íorma. Estudando as relações entre o sensível e a obra de arte. explicitado de maneira rigorosa nas partes segunda e terceira. em nosso texto..) Comentário de texto redigido iltlÍiilrüiiiitÍiii. ela se situa para além de todo desejo. Durante o segundo movimento ("Nesta espécie [. destacar que a arte se situa para além de todo desejo. na qual o espírito organiza o campo da experiência. sob uma de suas primeiras Íormas. 2) Interesse fllosófico do problema: Chegar. depende de uma abordagem não unívoca. DE TEXTo Tema e problema Ideia diretriz e implìcações 2) Problema: Quais são as necessidades espirituais mais elevada"s do homem? 3) Implicações. Este filósofo. termo que. Permitir-nos conceber a essência humana mais elevada: especuÌativa e . ainda medíocre. 0 que signiflca a clivagem entre a negatividade desejante e o universo da contemplação estética? .Ì .. çã0. . através da simples "intuição" ou "representaçào sensível". Hegel enuncia a essência do desejo. (Na religião e na filosofla. sem nenhum apelo à negatividade desejante.. afinal. com efeito. no momento do quarto movimento ("As relações [. Hegel renova o problema fixando-se na "selvageria" do desejo. Hegel íixa se prìmeiro na intuição sensível ìndÌvidual e depoìs no desejo prãlico. O problema é captar a verdadeira intenção do espírito. no terceiro ("O desejo [. sob certo ângulo.1 Breve enuncìação do plano do texto desejo"). teórica. C0m0 afastar a ausência de liberdade (tanto do lado do sujeito quanto do lado do objeto) que resulta da negatiüdade do desejo? r A contemplação (teórica) do real.. nã0 é uma das maiores satisfações do homem? Deste ponto de vista. o filósoío realça a "não-liberdade" do desejo... no próprio interior desta primeira parte. é posta em destaque a negatividade atuante no desejo e. A relação prática com o real é deselo. Primeira parte: primeira deíinição do desejo ("O espírito [.i. pode ser resumida da seguinte maneira: a arte liga-se ao lado teórico de nosso ser. As implicações filosóíicas são múltiplas: permitir-nos forjar um conceito (claro) da essência da obra de arte.. O movimento é. 227 . pela mediação da obra de arte. à contemplação do espírito. mas também conceber a essência humana mais elevada: especulativa e teórica.rpros DE pREpARAçÃo E DE REDAÇÃo Do coMENTARto Se o tema geral é o da essência da obra de arte.Os uÉrooos XV EM FtLosoFtA r Problema Exe. primeiramente. do trabalho do espírito. não é. em sua transparência. Tendo assim descrito o desejo como negatividade privada de real liberdade.] a eles"). a compreensão intuitiva das realidades. Hegel nos faz compreender. e depois sob o aspecto da negatividade do desejo. objelo de nosso rexto.] consumir").. esta satisfação se depurará ainda mais. O que é esta apreensão? E. Hegel pode. forma dele um conceito. que Hegel especifica. muito bem estruturado. Parte reflexiva 1) Situação do texto na história das ideias: Este fragmento prolonga.] todo desejo"). o estágio mais elevado que o espírito humano pode atingir? Ievantado pelo texto . sublinhou o desinteresse inerente à contemplação estética. Este problema está presente em íiligrana por úás de um possível questionamento do texto de Hegel. . ligada a uma livre contemplação espiritual. que é movimento de destrui O texto desdobra-se em quatro movimentos (que constituem outras tantas partes principais): no primeiro ("O espírito [. mas também a estrutura perceptiva. com efeìto. Hegel está em condições de nos descrever este movimento um tanto "selvagem" que atua no desejo: o homem desejante consome. A ação (individual) do desejo contrapõe-se ao trabalho (geral) do pensador. 229 .( )s lrt XV Exrvpros tr )l x )s I M t:lt osoFtA Sr'. não obstante. Ieva as coisas à sua destruição utilizando a substância delas. Definição hege- princípio do pensamento . DE pREpARAÇÃo E DË REDAÇÃo oo coMENTÁRlo DE TEXTo Na primeira subparte. liana do desejo: . daquilo que pertence como próprio a um ser concreto que forma um todo reconhecível. que já constitui. tendência que impele o homem a negar o objeto. que recai sobre um objeto. no final desta primeira subparte. individual e sensível do dese. O homem do desejo não é o pensador. este conceito de espírito designa igualmente. Aqui. E esta análise que Hegel vai conduzir nas partes segunda e terceira. para fora. A demonstração é íeita aqui em doìs tempos: uma primeira subparte é dedicada à fenomenologia do desejo ("Nesta espécie [. não mais a simples apreensão sensível. se o desejo é uma das primeiras íormas da atividade espiritual. a fim de captar melhor sua possível relação com a obra de arte.. nega o objeto transcendendo-se em dircção a ele e o sacriíica à sua satisfação individual. o que é próprio do homem é este movÍmento pelo qual ele exterioriza sua existência espiritual subjetiva.. num nível superior.jo. ou seja. concebida como aparência das coisas. Peìo desejo. ele não pode aceder à arte enquanto tal. Ligado primeìramente à simpìes intuição sensível dos objetos. A consumação do desejo é "sacrifício" . O homem desejante permanece um ser enraizado na sensibilidade. A negativiclade do desejo per manece sujeita ao individual. No entanto. muito mais profundamente. para bem realçar a insuficiência desta pura aparência própria da obra de arte. de uma objetivação no mundo exterior. o espírito e o próprio ser do homem. Hegel contrapõe aqui o geral. enquanto diz respeito a todos os casos ou a todos os indivíduos sem exccção. existência subjetiva / vida objetiva: com efeito. Segunda parte: a destruição atuante no desejo ("Nesta especie [. dinâmico. Note-se o equilíbrìo "vida interior" / "coisas exteriores". O que designa o desejo? Desìgna a tendência pela qual o homem exterioriza. inseparável das diversas realidades singulares. O desejo designa assim uma primeira transformaçào do mundo. então ele está afastado da obra de arte. a negatividade nele inscrita. a este processo de exteriorização. O desejo. Prestemos :ìtenção ao fato de que se trata. Esta oposição entre o homem desejante e o homem pensante tem a finalidade de nos mostrar que. ele irá explicitar a natureza profunda do desejo.r cxpressão do pensamento que se clarifica progressivamente para r lrcg:rr finalmente ao Absoluto. a mil léguas de distância da obra de arte. por trás do simples princípio da reflexão e do pensamento. Portanto. do objeto que ele nega e utiliza. .Ì consumir"). do espírito (e não do Espírito). em sua intenção profunda.. o princípio da reflexão humana. mas esta negação "selvagem" não lhe permitirá chegar verdadeiramente a um Eu espiritual e universal. mas o movìmento de exteriorização ativo. quase sinônimo aqui de universal. seu princípio espiritual (interior). . para íormar-se. é O nível da . A negatividade do desejo corresponde. de alguma forma. tividade sensíveì. iníerioridade que o porá. o homem apodera-se. o Espírito hegeliano. modo de relaçào com as coisas externas que se compreende através de uma relação prática. aquele que privilegia uma forma de atividade propriamente inteiectual ou racional e usa ideias gerais. ou seja. o se encontra e se exprime. "intuitivo" ou "representativo" em relação ao mundo. precisamente. portanto. O nível da nega- O ponto de chegada deste movimento inicial nos é dado. Se o desejo é negaÇão.. ou seja. mas a teleologia hegel iana surge. A demonstração de Hegel vai prosseguir nesta segunda parte. Assim. "realizando-se nas coisas exteriores": esta realização designa não mais o comportamento "passivo". Hegel põe em evidência a natureza Este.. Ele manterá sua própria realidade individual mediante a supressào da realìdade dìferente da sua. No desejo.] pessoal") e a segunda à distâncìa entre o desejo e a arte ("Nestas condições [. ele as imola de certa íorma (as "sacrifìca") e as destrói. negativo. uma primeira realização no universo objetivo. fazendo delas um uso que permite sua própria sobrevivência. representação sens ível. aqui. . O homem do desejo pertence à segunda esfera. não são as determinações gerais ou universais que se impõem: o campo do homem desejante permanece inscrito no individual. o estudo do desejo exige um aprofundamento. Assim. Prisioneiro das simples determinações sensíveis e individuais. e o individual. está ligado a "impulsões" (forças psíquicas que levam à ação) ou "ìnteresses" (disposiçòes acerca de uma coisa) que continuam absolutamente prisioneiros do particular. rrrnr efeito. Já se percebe imediatamente uma certa inferioridade espiritual do desejo.. ainda não nos faz aceder ao espírito autêntico. o homem se exterioriza.] consumir"). situa-se sob o signo do individual. por uma primeira deíìnição do desejo. ele não é o modo mais elevado desta atividade. mas o nega.ou seja. o homem desejante não penetra nesta esíera.ìrìlc c quc renasce indefinidamente. O que designa a primeìra? Aquilo que é simplesmente dado das coisas. individual.já notou que aquele que deseja não chega ainda ao pensamento e às determinações gerais ou universais. DE pREpARAÇÃo E DE REDAÇÃo Do coMENTARTo DE TEXTo O segundo movimento ("Mas [. desejo. numa análise estruturada em dois movimentos. ldeia geral desta quarta parte: a obra de arte está ligada a uma contemplação espiritual.. A obra de arte contenta se com aparências. é o que esta terceira parte nos irá mostrar. a segunda subparte ("Nestas condições 1. ao contrário. condenado a projetar-se para as coisas numa busca que renasce sem cessari o homem desejante não acede a uma ìiberdade verdadelra. não ultrapassando em nenhum caso o nível do ser concreto que forma um todo reconhecível (aquilo que se liga ao indivíduo e ao individual). este movimento da consciência que. o desejo. Resta agora considerar as consequências destas análises no que concerne à relação com a obra de arte. Não há liberdade do lado do objeto. Toda a dialética do desejo leva a sublinhar sua iníerioridade espiritual Resta aproíundar a essência do desejo e esta iníerioridade. Ìto . A existência sensível. o que resulta no que diz respeito à relação com a obra de arte e igualmente à própria essência da obra de arte? Hegel irá examinar este duplo ponto de vista em dois movimentos e. num movimento irì(r'ss. o desejo não é realmente acesso ao espiritual nem à liberdade.. o Quarta paíte: a arte situa-se para além de todo desejo (.. Ele nos mostrou a "selvageria" e a negatividade de um movimento heterônomo. Ora.. o desejo nos deixa ainda longe do verdadeÌro espírito. É por um duplo motivo que o desejo permanece limitado: por um lado. ou seja. longe do unìversal do pensamento. Toda esta análise é clássica e ocupa um lugar central em Hegeì. . Dupla limitação do sujeito desejante. dependente das necessidades imediatas.As relações [. Seu primeiro movimento ("O desejo [.Ì a eles") desta terceira parte contrapõe o desejo e a liberdade do sujeito. o próprio objeto do desejo. Ela Íìgura na Fenomenologìa do espírito. incapaz de distanciar-se da esÍera biológica e vital. Ora. não pode. 231 .. ela privilegia a simples Íorma dos oLrjetos. deixar subsistir tal qual este objeto. Ele nào é. pela própria deíinição. como a situação de um ser que pode subsistir em si mesmo. O desejo não é nem universal nem razoável. Por outro Iado. Ser livre seria aceder à razão e ao universal. sem estar sujeito à boa vontade de um outro. Hegel . Aqui sua análìse apoiase ainda sobre a limitação do desejo.r r onsc:iência possa formar-se e tornar-se una. manifesta uma presença hìc et nunc. A verdade de todo objeto é ser negada para que assirn . iníerioridade espiritual que leva a pensar que a arte deve excluir todo desejo. deíinido como tendência que impele o homem a negar o objeto. Evidentemente. Negando o objeto e destruindo-o. ìigada a uma livre contemplação do espírito humano. sendo a liberdade concebida aqui como o íato de não estar sujeito a uma outra realidade ou a um outro ser. em todo o desenvolvimento. A "aparência superficial" da obra de arte opõe-se a "existência sensível e concreta". para melhor compreender a relação com a obra de arte. significa a ìiberdade: Que existe iníerioridade espiritual do desejo. portanto. dar satisíação a interesses ou a pulsões de essência puramente individual ou biológica. onde Hegel nos mostrou que o objc. determinada realidade dada. negatividade destrutiva e liberdade do objeto.uma realidade sensível imediata. negar. não respeita o ser dado. a heteronomìa do desejo parecc manifesta num segundo nível: apanhado na armadilha dos objetos externos e subordinado a eles.to indlvidua! do desejo nunca é um objeto coìocado em sua inrkpendêncìa.( )s çlt tot-rits rM FtLosoFtA XV Exrupros Scrrdo assim. a negatividade (individual) não pode ligar-se a uma atividade aitamente consciente que busca uma escolha válida para todos e conforme à norma absoluta do pensamento humano (a "uma vontade essencialmente universal e razoável. dada aos sentidos. responde às nossas necessidades espirituais A conclusão de Hegel diz respeÌto à obra de arte. .1 consunrir") nos mostra que o desejo negador e destruìdor nos deixa lxrm longe da esfera artística.. No desejo. compreender aquilo que vale para todos. como o estado de uma coisa que não tem relação com outra.. Balanço da segunda parte do textoi inferioridade espìritual do desejo.. ìndependentemente de toda presença concreta. ao mesmo tempo. A simples aparência (estética) não pode satisfazer o Assim.para seu próprio fim e sua própria disposição vital .Ì todo desejo").] a eles"). o desejo negador não pode ter como objeto uma simples íorma estética: ele precisa destruir. o sujeito não é mais livre do que o obieto.. revelar a natureza das verdadeiras necessidades e interesses espirituais do homem. A obra de arte. O desejo não Terceira parte: no desejo não há liberdade nem independência ("O desejo [. sem descanso. desinteressado: ligado a interesses imediatos.).. . em nossa representação artística. Se ó esta a essência do desejo. longe da obra de arte. recomeçando sem cessar este movimento de destruição. ele nào pode senão negar e destruir . sujeito aos interesses imediatos e individuais. Pano de fundo: A fenomenologia do Espírito.. tende sem cessar a apoderar-se concretamente das coìsas e a íazê-las suas.. mais elevaclas. Iigada a coisas que se pode ver ou tocar. como vimos.] esgotamento") nos mostra o Íosso que existe entre desejo . Esta última parte conclui perfeitamente a íenomenologia do desejo que Hegel acaba de descrever duíante toda a sua análise. independentemente de todo objeto concreto. O trecho de Hegel nos mostra esta busca sem Íim. tal como ele é. problema central. escravizado aos objetos. O lado teórico designa o lado da pura contemplação. o ser humano satisfaz seus interesses mais elevados. Por conseguinte. uma realidade concreta. O que designa este conceito? Um conjunto de materiais e de sinais que maniíestam uma intenção estética. a obra de arte satisÍaz as mais altas aspirações espirituais. Assim. com eíeito. expressão espiritual alienada no sensível. Estas anáiises de Hegel só são compreensíveis hìstoricamente: Pano de {undo l<antiano. neste pano de fundo kantiano. a obra de arte é. por isso mesmo. como tal. 1)1 .()s r. Antes de Hegel. a obra de arte traz satisfação à parte mais nobre do ser humano. Esta possui. capta um desdobramento exterior do Espírito. implicitamente. mas mais próxima do espírito que do sensível. Com eíeito. Kant nos mostrou que o belo pertence a uma outra esíera diferente da esfera do prazer ou do desejo. Mas não se trata de uma verdadeira realidade imediata. livre contemplação pelo espírito. Lembremos que Hegel. a ideia e o Espírito. criada ou contemplada. situa-se para além do desejo é. não pode ser da mesma natureza que o sensível. não como expressão de uma subjetividade sensível e finita. nela. "quase-objeto". A realidade empírica dada é estreitamente modelada por eles. nào obstante. Este conjunto que expressa o belo não pode comportar a mínima reìação com a negatividade do desejo. 2i2 XV Exrupros EM FrLosoFrA o Uma relação desinteressada e teórica- DE pREpARAÇÃo E DE REDAÇÃo Do coMENrÁRto Compreende-se assim a importância da última frase: a verdadeira finalidade da obra de arte é "satisfazer interesses espirituais.. A art€ está para além do desejo. É isso que Hegel nos mostra com muito vigor em toda esta passagem. destruído: ele permanece. não possui nenhum prlvilégio: nem a cor nem o som são dados em nosso mundo. Se a obra de arte exprime o espírito através de uma Íorma sensível. a participação no belo afasta para bem longe dos desejos carnais e sensíveis. independente e livre.. Relacionando-se ao concreto. mas são sinais de outra coisa e anunciam o espiritual. não é negado. Kant demonstrou (análìses que constituem. mesmo se as reflexòes estéticas dos dois pensadores se expandam em direções muito diferentes. fundamentalmente. primeiramente. contentar nossa aspiração supremai aquela aspiraçào pela qual queremos compreender-nos enquanto espírito. uma relação livre e desinteressada. trazida hic et nunc. a que aspira. no entanto. teses de Kant.. o ser humano? Aspira a apreender-se nas coisas.J do espírito"). o espírito. aqui. encarnada.. Tendo sublinhado acima o impulso selvagem e sensível que atua no desejo. nos enSanar. no Íundo. esta última. ou seja. Note-se que pela primeira vez aparece. Hegel insistiu mais acima na heteronomia do desejo. Retenhamos aqui essencialmente a fórmula "o lado teórico". o sensível e o agradável não podem desembocar num juízo estético puro. no texto. O que Hegel nos mostra aqui é o desapegar-se das realidades sensíveis imediatas que acontece na contemplação estética. o horizonte da doutrina de Hegel. este conceito de obra de arte. a este movimento irrefletido. Na arte. o que se resgata é a essência da obra de arte. Hegel está em condições de contrapor. o centro de qualquer reflexão estética possível) que a satisíação produzida pelo belo é independente de todo interesse sensível: se um objeto corresponde. Na contemplação estética afirma-se.tÉrooos Examinemos primeiramente o primeiro movimento: a relação entre o homem e a obra de arte ("As reìações [. Por isso ela não pode DE TEXTo Balanço'. dada realmente no mundo: trata se. Hegel herda. Quando. contemplar. lembremos a etimologia: teórico vem do grego theôrein. na Éstética. tudo me arrasta para a ldeia e o Espírito.] desejo") desta última parte. reíerir-se à Crítica do juízo. a um desejo ou a uma necessidade. Nós compreendemos que a obra de arte não pode de íorma alguma possuir realmente um estar-aí imediato: isto seria negar. através de determinações empíricas. então experimento algo agradável (ligado ao desejo) e não capto o belo propriamente dito. o objeto estético não é desejado. No segundo movimento ("Por isso [. na arte.. uma "existência sensível". a livre contemplação estética. em oposiÇão à ação e à prática. afirmar que a arte. não compreendê-ìo esteticamente. movimento que conclui a demonstração. mas como pensamento universal e como forma que reflete a ldeia. subllnha que o Belo é unidade entre a forma sensível e a ldeia. se ele me faz sentir um prazer ligado a possíveis satisÍações. o A obra de arte. sem dúvida. de uma aparência do sensível. sob certo ângulo. No iado oposto. Com eíeito.. teses que ele prolonga e enriquece. obra espiritual e. pelo contrário. Assim a arte. A arte é o espírito tomando-se por objeto. Detenhamo-nos. Desejar o objeto é. Assim a doutrìna de Kant constitui. estranha a toda negatividade. é estranha ao desejo e se situa muito além desse impulso puramente empírico. ela diz respeito à contemplação. Nesta obra. em mim. a fim de evitar todo mal-entendido. então. posto à distância por aquele que contempla a obra de arte. na relação desejante. uma atitude ordenada e coerente em relação aos objetos considerados. Mostrando. em apreender sua íorma espiritual no mundo. porém. Sendo assim. a arte anuncìa o verdadeiro saber do Espírito. para conclui! o caráter fleível das regras do método.. objetos são incessantemente destruídos pelo sujeito. antes de tudo. resposta ao problema levantadc: pelo tema. atravós de anáìises que prolongam a Fenomenologia do Espírito. É neste sentido que ele pretende ser um instrumento de cuÌtura e de liberdade espiritual. para o ser humano. de forma brilhante. Um método (verdadeiro) nunca se confunde com um conjunto de receitas. descobrìmos um problema mais profundo: quais são as necessidades espirituais mais elevadas do ser humano? O texto nos ensina que uma das necessidades espirituais mais elevadas consÌste. Bem longe da negatividade do desejo. no texto proposto para nosso estudo. ^d-q ro &*ffiwrffiffiKssffiffi A novidade da análise hegeliana: Ao Ìongo de todo este Ìiwo esforçamo-n0s p0r descobrir e apresentar Assim.Os vÉrctoos ËM FrLosoFtA Mas. pondo assim claramente em evidência que nem o objeto nem o sujeito são. reconciliado consigo mesmo. sob um ângulo novo em relação a Kant. lembremos. o belo e a arte cedem íinalmente o lugar à reìigião e à filosofia: ao pensamento enquanto tal. livres e independentes. 0 método desenvolvido e apresentado nesta obra representa. reduzi-la ao prisma kantiano. Longe de se destinarem a produzir mecanicamente 0 resultado. como sabemos. . para o leitor. É aqui que se manifesta a perspìcácia do pensador de Berlim. Hegel nos traz aqui elementos de reílexão importantes e ilumina a clivagem entre a esíera sensível e vital e a obra de arte. no real e nas coisas. enquanto espírito. Que os esquemas metodológicos explicitados neste liwo não induzam você a0 engano. no qual. entre a negatividade do desejo sensível e o universo da contemplação estética. é a clivagem. É justamente este um dos privilégios da arte.programa ambicioso.. . Alcance do texto de Hegel: a cìivagem entre a negativìdade e o universo da contemplação estética. no desejo. Mas não podemos nos iludir sobre o sentido destes procedimentos. não se pode. A 234 M anuncia o verdadeiro saber do espírito. O belo hegeliano Para além desta perBunta primeira. é fundamentaì e decisivo é a análise hegeliana do desejo. que. Para isso descrevemos e explicitamos regras e "modos de usar" destinados a orientar 0s estudantes universitários.de ensinar a pensar. sublinhada por Hegel. em compreender se a si mesmo. ele pode alcançar a serenidade. eles têm a finalidade . se a análise de Hegel é inseparável deste pano de íundo. os procedimentos sucessivos que permitem Ìevar a bom termo os exer- cícios filosóficos. O que aparece como central. movimento incessante de destruição. aquilo que. Quando o ser humano contempla seu espírito fora dele mesmo. inscrita em nosso texto (a arte visa satisfazer o desejo?). Documents Similar To Os Métodos Em Filosofia - Jacqueline RussSkip carouselcarousel previouscarousel nextRoberto MACHADO - O Nascimento Do Trágico. de Schiller a NietzscheARISTÓTELES. 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