SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ANA PATRÍCIA FERNANDES OLIVEIRAO USO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA PARA INCLUSÃO SÓCIO-DIGITAL ANA PATRÍCIA FERNANDES OLIVEIRA O USO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA PARA INCLUSÃO SÓCIO-DIGITAL Monografia apresentada à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Educação a Distância Orientador: Prof. Carlos Eduardo de Souza Gonçalves Sobral - CE Sobral - CE 2011 2011 Dedico este trabalho a minha família, esposo, filhos, amigos e a Deus por provê dons e talentos a todos os seus filhos nesta Terra. Londrina, _____de ___________de 20___. AGRADECIMENTOS Ao longo de minha trajetória neste mundo, procurei ser grata as pessoas que me ajudaram e acrescentaram e esta é mais uma oportunidade de realizar isso. Agradeço a minha família, onde construí minha identidade, e que aprendo todos os dias a lutar pela vida e o amor. A música que me ajuda nos momentos difíceis e a qual a fluidez do pensamento acontece. Ao Prof. Carlos Eduardo, meu orientador, que acompanhou meu processo de construção e crescimento acadêmico nesta pós-graduação. Aos professores, colegas, conhecidos, líderes e aos ideais humanos. Agradeço a Jesus cristo por ter feito tanto por nós e que retornará um dia. OLIVEIRA, Ana Patrícia Fernandes. O Uso das Tecnologias da Informação e Comunicação ma Educação a Distância para inclusão sócio-digital. 2011. Número total de páginas. Monografia (Especialização em Educação a Distância) – Sistema de Ensino Presencial Conectado, Universidade Norte do Paraná, Sobral CE, 2011. RESUMO Este trabalho teve como abordagem analisar se o uso das tecnologias da informação e comunicação (TICs) na educação a distância contribui para inclusão sócio-digital. Para isso, apresentamos os conceitos e características de educação à distância ao longo do tempo iniciando em seu surgimento no mundo e Brasil prosseguindo em sua evolução e desenvolvimento, identificar e qualificar o uso das tecnologias da informação e comunicação na educação e ensino a distância, discutir os meios de inclusão social e digital na perspectiva educacional. As inovações proporcionadas pelas TICs remetem a um grande salto de qualidade para a educação à distância, também na área informacional e comunicacional. Com o advento dessas ferramentas, ações foram tomadas na elaboração de legislações para permitir seu uso adequado no processo de ensino-aprendizagem. As TICs proporcionam melhor interatividade, acessibilidade, escalabilidade, portabilidade, etc. democratizando um ensino de melhor qualidade garantindo assim um direito básico expresso na constituição federal em seu artigo 6º que afirma que a educação é um direito social, assim, têm como objetivo desenvolver condições para o progresso mínimo necessário para vida em sociedade e como condição fundamental para uma subsistência digna. Baseando-se em pesquisa bibliográfica pretendeu-se colaborar para melhor compreensão do tema. Palavras-chave: Educação a Distância. Tecnologias da Informação e Comunicação. Inclusão sócio-digital. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .....................................................................................................07 2. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO ..................... 11 3. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – CONCEITOS, LEGISLAÇÃO E TECNOLOGIAS....... 21 4. INCLUSÃO E EXCLUSÃO EM EAD.................................................................. 42 5. CONTRIBUIÇÕES DAS TECNOLOGIAS PARA INCLUSÃO............................ 55 6. METODOLOGIA ................................................................................................ 62 7. ANÁLISE E DISCUSSÃO .................................................................................. 68 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 77 REFERÊNCIAS....................................................................................................... 80 APÊNDICES............................................................................................................... 106 ANEXOS................................................................................................................ 108 7 1 INTRODUÇÃO Realizaremos estudo sobre o uso das tecnologias da comunicação e informação por meio da educação à distância para inclusão sócio-digital. Abordaremos este tema utilizando a pesquisa bibliográfica e analisaremos suas contribuições ou não para a inclusão social e digital. No panorama histórico que antecede o surgimento da escrita, por volta de 3.500 a 4.000 a.C., o sistema de transmissão de informações, cultura e educação era o oral, assim, todos os conteúdos válidos e importantes eram transmitidos as gerações seguintes através de histórias e representações por meio de danças e cantos onde aos poucos se transformava de práticas individuais para coletivas (GROUT & PALISCA, 1994). Com o surgimento da escrita altera-se toda a relação da comunidade com o conhecimento de todos para todos modificando as tradições e costumes. O coletivo decorreu a ser desenvolvido e arraigado as práticas sociais modificando novas formas de interagir e intervir no meio. Considera-se que a educação a distância nasceu com o aparecimento da escrita. Desde início de seu surgimento, a educação à distância (EAD) vem acirrando questionamentos sobre sua definição. Assim, ao longo do tempo muitos pesquisadores vêm tentando conceituar de forma mais exata esta modalidade de ensino, que vem incorporando novas formas, mecanismos, estratégias pedagógicas e tecnológicas no transcursar de sua história. As tecnologias da informação e comunicação (TICs) realmente contribuem para a inclusão social e digital? São perguntas pertinentes que culminam por reflexões e amplas discussões a respeito do tema. Verifica-se que a EAD teve um avanço qualitativo e quantitativo em todo o mundo com o desenvolvimento tecnológico dos meios de comunicação e informação (telefones, celulares, rádio, televisão e internet) e esses meios foram de grande importância para o desenvolvimento e amadurecimento da EAD. Atualmente, a EAD ocupa posição de destaque no âmbito das alternativas pedagógicas devido às várias experiências de sucesso que já foram desenvolvidas desde a década de 60. O uso das tecnologias na educação para inclusão precisa ser melhor analisada e diante dos fatos tomada uma atitude de mudanças, assim recuperando o tempo perdido e potencializar o desenvolvimento educacional. 8 O uso das tecnologias da informação e comunicação pode contribuir na diminuição da pobreza e do analfabetismo, gerando oportunidades de trabalho devido à qualificação que antes não era acessível conseguida pela apropriação de novas habilidades com isso inserindo autonomia e criatividade com exercício da cidadania (LEMOS 2007). As novas tecnologias da comunicação e informação no panorama da inclusão social e digital revertem para uma sociedade em rede sendo a comunicação e a sociabilidade digital peças cruciais para um pensar de inclusão total onde o social e o coletivo são imprescindíveis. De acordo com Nunes (1994) as TICs podem proporcionar meios para uma educação interativa em que os aprendizes criam o modo de obter o conhecimento e aprender bastando ter um computador que possa acessar um sistema “distribuidor de serviços”. Hoje a possibilidade das pessoas acessarem salas virtuais, redes sociais dentro de grupos de trabalho, campus universitário eletrônico e bibliotecas online é facilitado e aumenta em proporções cada vez maiores, com isso remonta uma grande inovação educativa com o avanço tecnológico e da internet, sendo estes suportes eficientes possibilitando a autoria e o gerenciamento de cursos à distância. Com estas transformações nas formas de uso das tecnologias inúmeras ferramentas para EAD são propostas e desenvolvidas em todo o mundo. A EAD pode ser considerada uma inovação para fins educacionais com o objetivo de dar acesso à educação a todos àqueles que não estão sendo atendidos pelos meios convencionais. Devemos conhecer e romper barreiras da exclusão, compreender as diferenças para inclusão, interagir para uma educação de responsabilidade social, tornando-se mais abrangente e amplo, concluindo para uma inclusão total caminhando para a totalidade e a sustentabilidade da vida em todos os âmbitos. Segundo Freire (1992) o processo de educar torna-se cada vez mais abrangente sendo o objetivo o desenvolvimento de habilidades de “ser mais” humano. Na inclusão digital o processo de acesso e democratização aos meios informáticos e comunicacionais seria facilitado com boas políticas públicas para entrada destes meios as classes menos favorecidas da sociedade. Entendemos que o ingresso destas ferramentas com fins educacionais reduziria boa parte do abismo social que separa a população. 9 O acesso a informação é imprescindível já que vivemos na sociedade da informação. Hoje se fala de divisão de categorias de informação. Há aqueles mais bem informados e os menos informados, sendo assim, a inclusão digital poderá colaborar na inclusão social, pois mediante o acesso a qualificação profissional surgiria novas oportunidades de ocupações sem falar no acesso as universidades. Podemos conceituar tecnologias da informação e comunicação como ferramentas, instrumentos, meios que mediam as informações e as comunicações entre as pessoas. São integrados entre si e proporcionam automação e agilidade. Como exemplo citamos os computadores pessoais, telefonia móvel, Tv ´s, internet, equipamentos digitais (DVD, máquina fotográfica digital, scanners) e tecnologias de acesso remoto (Wi-Fi, Bluetooth) RFID (Identificação por rádio freqüência surgida na Segunda Guerra Mundial). Os instrumentos e materiais tecnológicos tão inseridos em nossa sociedade são responsáveis por uma gama de facilidades e melhorias na vida cotidiana. Nas comunicações, nos negócios, na vida social e também na Educação. As inovações são constantes e a cada idéia criada surgem novas características como a funcionalidade, portabilidade, escalabilidade convergindo para um novo paradigma. As ferramentas tecnológicas promovem interatividade, colaboração, novas perspectivas para se organizar, trabalhar, aprender e viver/conviver, são utilizadas na área de propagação da informação e comunicação, mas se mal direcionadas podem dispersar ou fugir do propósito educacional e de inclusão que pretendemos avaliar. O homem é sociável, não podendo viver sozinho, pois é mais do que indivíduo e sim coletividade. De acordo com Dias (2004, p.49), Ao resistir aos outros predadores, foi gradativamente, aprendendo que como indivíduo isolado não teria maiores condições de sobrevivência. Passou a caçar em grupo, tornando-se essa prática a essência de sua existência. A partir do momento que os indivíduos entenderam que agrupados conseguiam alcançar objetivos comuns, surgiu à necessidade de melhor organização dessas atividades, com a criação de funções e tarefas e o seqüenciamento destas, provocando um melhor rendimento. A 10 capacidade de intervenção do homem na natureza aumentou e pouco a pouco foi diminuindo sua dependência aos limites impostos pelo instinto biológico. O ser humano necessita inserir-se em comunidades, sociedade, pois e exclusão provocada por preconceitos, deficiências, desigualdades, raça, cor, credo marginaliza e fere a dignidade humana, neste contexto a inclusão social é fundamental para o bem-estar e qualidade de vida. Inclusão digital seria a democratização do acesso as tecnologias da informação permitindo uma equidade a todos a sociedade digital, facilitando o cotidiano, maximizando o tempo e potencializando nossas tarefas. As desigualdades sociais são responsáveis pelo individualismo e a problemática da divisão de classes. Neste contexto as políticas públicas são mínimas para atender a uma demanda que cresce, onde a cultura e a identidade são sufocadas e a cidadania desrespeitada. A dignidade humana não participa da construção “democrática” do nosso país. Traçaremos o perfil da educação à distância ao longo da história e o uso das tecnologias da informação e comunicação (TICs) neste contexto. Em seguida, conheceremos as ações já realizadas para inclusão social e digital. Finalmente avaliaremos se essas ferramentas contribuem para a inclusão. Dado o processo de análise ampliaremos os estudos visando-se melhor esclarecer e colaborar na discussão e reflexões sobre o tema. 11 2. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO Etimologicamente, educação vem do latim “educare” onde o prefixo “e” significa “de” (procedência), “ducare” significa guiar, levar; e “ad” indica “para”, então podemos concluir que a palavra educar significa guiar de algum lugar para outro e podemos focalizar neste âmbito o conhecimento. Guiar de estado de pouco conhecimento para conhecimento aplicável. A palavra “distância” significa relação, estado ou fato de ser ou estar distante ou remoto no espaço. Podemos concluir que educação a distância é um processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias onde os participantes deste processo estão separados espacialmente e/ou temporalmente. Faz-se necessárias reflexões sobre esta modalidade para a inclusão sócio-digital, a democratização do conhecimento, a diversidade cultural convergindo em colaboração e cooperação, capacidades, ação consciente que permita que o indivíduo desenvolva suas aptidões físicas, intelectuais, sociais, suas habilidades desenvolvendo sua missão como homem resultando numa prática social que seja auto-sustentável tanto individualmente como no coletivo. Considera-se aparecimento da escrita. A evolução da escrita culminou no século XV com a invenção da imprensa por Johannes Guttemberg onde se utilizava caracteres móveis para a composição de palavras, na Alemanha. O que facilitou grande parte do ensino que antes era por meio da leitura de livros manuscritos muito caros, tornando-se privilégio dos mais abastados. Vale ressaltar que muitos professores resistiam à idéia de adotar o livro impresso no ambiente de ensino, temendo a substituição do professor pelo livro, já que os alunos poderiam aprende sozinhos e em casa (ALVES 2001). Para descrever esta fase da EAD no mundo será citado em ordem cronológica o percurso da EAD pelas tecnologias comunicacionais da época. De acordo com dados históricos em 20 de março de 1728 Caleb Philips, publicou um anúncio no Gazette de Boston, EUA onde anunciava aulas semanais aos alunos inscritos via correspondência já exercendo um ensino na modalidade à distância. É provável que seja um dos primeiros registros encontrados sobre o assunto. Registros mostram anúncios de um curso de taquigrafia por correspondência na Grã-Bretanha em 1840 ministrada por Isaac Pitman. Em 1880 o que a educação a distância nasceu com o 12 Skerry´s College oferecia cursos preparatórios para concursos públicos via correspondência na Inglaterra. Em 1884, um curso de contabilidade foi ofertado pelo Foulkes Lynch Correspondence Tuition Service da Grã-Bretanha pela University Correspondence College de Cambridge. Thomas J. Foster em 1891 preparou um curso de segurança de minas que usava metodologia à distância. Algumas universidades da Grã-Bretanha como a Oxford e Cambridge ofertam cursos de extensão no sistema a distância. Outras, nos EUA, como a de Chicago e Wisconsin também fizeram o mesmo. Em 1924 é criada a Escola Alemã de Negócios por Correspondência realizada por Fritz Reinhardt. A Universidade de Queensland, na Austrália começa, em 1910, programas de educação por correspondência. Em 1928, a British Broadcasting Corporation (BBC), promovia cursos para educação de adultos via rádio (NUNES, 2009). Melhor desenvolvimento de tecnologias foi alcançado no período anterior e posterior a Segunda Guerra Mundial onde foram criados como exemplo, a tecnologia do espalhamento espectral para canais de rádio, pois proporcionava interligação de sistemas por ondas garantindo sigilo das informações (FLEMING, 2001). O código Morse, inventado por Samuel Finley Breese Morse, foi um método desenvolvido a partir da segunda guerra com o intuito a princípio de aperfeiçoar a comunicação por telégrafo onde as informações eram passadas através de um sistema de sinais propagados via ondas eletromagnéticas (MORSE, 2011). Os computadores apareceram neste período como tecnologia de ponta desenvolvida durante a segunda guerra visando o sigilo de informações através da codificação e decodificação. Conforme afirma Fonseca (2007, p. 23), [...] (pode-se apontar a Segunda Guerra Mundial como marco inicial, quando efetivamente se construíram os primeiros computadores digitais) o avanço da Computação foi exponencial, abrindo-se um grande leque de tecnologias, conceitos, idéias, transformando-se numa figura quase irreconhecível. [...] A evolução tecnológica se nos apresenta abrupta, através de saltos descontínuos, e todo o trabalho que antecede cada etapa aparece coberto por uma camada impenetrável de obsolescência, algo para a paleontologia ou para os museus, como se nada pudesse ser aprendido no passado. Outras tecnologias evoluíram como as bombas nucleares, o radar, o fuzil. Na educação, após a Segunda Guerra Mundial, surgiram novos 13 paradigmas, normas, uma nova tendência mais humanizada e modelos de construção do conhecimento passa a levar em conta a cultura, organização social. Muitos movimentos sociais surgem neste período como os que defendem os direitos da criança e do adolescente, da mulher, do idoso, do deficiente. Um deles foi o estatuto da criança e do adolescente. Isso ocorreu, após a Segunda Guerra Mundial, o adolescente passou a ocupar determinada posição no cenário da violência devido à necessidade de mão-de-obra feminina nas fábricas fazendo com que as crianças ficassem em situação de abandono, mais tarde, adolescentes, constituíam-se em gangues protagonizando história de revolta e violência (DELY, 2011). Essas e outras experiências contribuíram para melhorar as metodologias de educação à distância e criação de novos meios ou instrumentos para comunicação de massa. Na década de 60, as tecnologias da informação e comunicação são impulsionadas intensificando ações na educação incluindo o ensino superior partindo da Europa e se expandindo em outros países como México, Tailândia, Indonésia, Japão, Coréia do Sul, Venezuela, Turquia, Irã, Colômbia, China, índia e Costa Rica (NUNES, 2009). Além de material impresso enviado por correspondência, o sistema de educação a distância passou a incorporar as ondas de rádio como meio de propagação do conhecimento (HORTA, 1972). No Brasil, o ensino a distância inicia antes de 1900 onde anúncios em jornais cariocas ofereciam curso de datilografia ministrado por professoras particulares. Ante este fato isolado outras ações foram importantes na consolidação da EAD no Brasil como a instalação das Escolas Internacionais em 1904 com cursos voltados para profissionalização de pessoas que estavam em busca de empregos e os cursos eram direcionados para as áreas de comércio e serviços. Nesta época o material didático era impresso e enviado por correio e o meio de transporte era o ferroviário (NUNES, 2009). Após esse período a EAD passou a ser difundida pelo sistema de rádio não deixando os métodos tradicionais da época. Observa-se que a radiodifusão foi no princípio para fins educativos. No Brasil em 1919 era fundada a Rádio Clube de Pernambuco, época em que a radiotelegrafia era de utilidade restrita do governo durante a primeira guerra mundial entrou no ar em 1923. Em 1923 era fundada a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro onde era coordenada por intelectuais e cientistas e tinha finalidade de 14 educar e propagar a ciência no Brasil. Nesta mesma época surgem vários radioamadores como a Rádio Clube Paranaense em Curitiba, Rádio Sociedade RioGrandense, Rádio Clube do Maranhão, Rádio Sociedade Educadora Paulista e Rádio Clube de Ribeirão Preto (ALVES, 2009). Em 1932 cria-se o programa radiofônico Hora da Ginástica pela Rádio Educadora Paulista onde o professor Oswaldo Diniz Magalhães levava ao ar além dos exercícios físicos, divulgação de campanhas de saúde, explicava a finalidade da Educação Física, explanava normas de higiene, moral e civismo era acompanhado por um piano e tinha um locutor para as propagandas, buscava parcerias com pais, professores para formação de turmas e orientação das crianças. Esse tipo de abordagem era uma forma de introduzir a educação aos rádio-ouvintes de uma forma acessível e gratuita o tema desenvolvido inicialmente na área da saúde esboçando uma nova metodologia para a época de aulas via rádio (NOS TEMPOS., Confef., dez. 2003). Em 1934, Edgard Roquette-Pinto implantou a Rádio Escola Municipal no Rio de Janeiro estabelecendo a prática de radioescola no Brasil. Em 1936, a Rádio Sociedade do Rio passa ao Ministério da Educação e Saúde, objetivando transmitir programação exclusivamente educativa e cultural. Neste mesmo ano é criado o Instituto de Cinema e a Rádio do Ministério da Educação e Saúde, no Rio de Janeiro (PIMENTEL, 1999). Iniciaremos neste ponto uma sinterização das informações históricas sobre educação a distância trazida pelo autor João Roberto Moreira Alves, em A Educação a Distância no Brasil, 2009 e da professora Samira Fayez Kfouri em Aspectos Legais da Modalidade EAD – O que diz a legislação brasileira, 2010. Em 1937 cria-se o sistema de Radiodifusão Educativa do Ministério da Educação. Em 1939 é criado o Instituto Monitor em São Paulo, inicialmente com o curso de Rádio Técnico, dando um norte na metodologia de ensino a distância no Brasil. Este curso era composto por apostilas com teor básico de eletrônica, dividida em módulos, e um kit que permitia construir um rádio caseiro. Ainda está em funcionamento (ALVES, 2009). Em 1941 é criado do Instituto Universal Brasileiro também em São Paulo, tendo como proposta cursos profissionalizantes à distância, para as classes sociais populares preparando para o mercado de trabalho. Ainda permanece em funcionamento (ALVES, 2009, p. 09 et seq.). Em 1943 a Escola Rádio Postal da 15 Igreja Adventista levava ao ar cursos bíblicos através do programa “A voz da Profecia” (ALVES, op. cit., p. 09). Em 1946 o SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem) era conhecido como a Universidade do Ar realizava gravações das aulas com foco nas áreas do comércio e serviços em estúdios e transmitia para 47 emissoras de rádio no Estado de São Paulo (ALVES, 2009, p. 09 et seq.). Já em 1957 teve início um movimento criado pelo governo federal intitulado de Mobilização Nacional de Erradicação do Analfabetismo (MNEA) com o apoio do Sistema Rádio-Educativo Nacional (SIRENA) anexo á Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos, desativado em 1963, mas que tinha o objetivo de melhor estruturar o sistema de ensino fundamental para crianças, adolescentes, jovens e adultos. Apostaram em escolas radiofônicas para a alfabetização de jovens e adultos (KFOURI, 2010.). Outra iniciativa para erradicação do analfabetismo aconteceu no ano seguinte, em 1958, quando iniciou o Movimento pela Educação de Base em Natal, expandindo-se para todo o estado do Rio Grande do Norte, em seguida, ampliado na região nordeste até se estender a outros Estados (ALVES, 2009, p. 09 et seq.). Na década de 60 entra no cenário a televisão sendo utilizada para fins educacionais recebendo incentivos no Brasil. Nesta década, a inicia-se a sistematização do governo federal em EAD. A década de 60 e principalmente de 70, no Brasil, foi um período em que a educação a distância foi impulsionada devido à institucionalização de várias ações nos setores da educação secundária e superior (ALVES, 2009, p. 10 et seq.). Nesta fase a televisão entra no segmento educacional como tecnologia emergente onde proporciona um grande salto na metodologia a distância graças em determinada proporção a bons incentivos e benefícios concedidos as emissoras em que as mesmas lançam seus programas em redes abertas beneficiando um contingente maior de pessoas gerando mudanças no cotidiano, cultura e formas de aprendizagem. A televisão teve aproveitamento e resultados positivos, mas limitando-se hoje a programas educacionais veiculados por canais fechados (a cabo) o que de fato possibilita que essas emissoras se dediquem de maneira correta à educação, destacando-se as TVs Universitárias, Canal Futura, TV Cultura, TV Educativa entre outras que produzem em canais abertos. O acesso da população em geral depende da forma de difusão das emissoras se abertas ou a 16 cabo. Iniciativas como a da Fundação Roberto Marinho através dos telecursos que atendem e continuam a atender grande número de pessoas como mecanismo de apoio para que os alunos obtenham a certificação pelos órgãos públicos competentes (ibid., p. 10). O Movimento de Educação de Base (MEB) inicia em 1961 com escolas radiofônicas em todo o país. Em 1962 é fundada a Occidental School (origem americana) em São Paulo, exercendo cursos na área de eletrônica, editando revistas e aulas. A Comissão para Estudos e Planejamento da Radiodifusão Educativa inicia seus trabalhos em 1965 onde se discutia os rumos da educação radiofônica (ALVES, 2009, p.10). O Código Brasileiro de Telecomunicações determinava em 1967, que as emissoras de radiodifusão e televisão deveriam transmitir programas educativos. Alguns benefícios eram concedidos para as instituições, fundações e universidades que instalassem canais de difusão educacional. Percebe-se que o avanço se deve ao uso de novas tecnologias gerando uma mudança nos paradigmas vigentes transformando o modo de perceber e agir, ou seja, gerando uma mudança na cultura social. Mais tarde, em 1969, criava-se o Sistema Avançado de Tecnologias Educacionais que previa a utilização de rádio, televisão e “outros meios” tecnológicos (ALVES, 2009, p. 11 et seq.). No período de 1966 a 1974 emissoras de televisão iniciaram suas programações educativas a exemplo a TV Universitária de Pernambuco, TVE do Rio de Janeiro, TV Cultura de São Paulo, TVE do Amazonas, TVE do Maranhão, TV Universitária do Rio Grande do Norte, TVE do Espírito Santo e TVE do Rio Grande do Sul, sendo que em 1967 criava-se a Funteve - atual TVE, a Fundação Padre Anchieta (TV Cultura de São Paulo) e o Instituto Brasileiro de Administração Municipal, com atividades em EAD (KFOURI, 2010). A TVE do Maranhão a partir de 1970 inicia sua programação educativa em rede aberta. Também neste ano, vigorava a Portaria interministerial n° 408/70 onde determinava a obrigatoriedade da transmissão gratuita de programação educativa em todas as emissoras de rádio e televisão do país. A mesma era fundamentada pela Lei 5.692/71. Teve início o Projeto Minerva em rede nacional que objetivava a formação principalmente de adultos. Esse projeto foi mantido pelo Ministério da Educação e Cultura, Fundação Padre Anchieta e Fundação Padre Landell de Moura (Feptam) atendendo o anseio militar do governo de 1964 que 17 pretendia solucionar os problemas educacionais existentes como atender a uma população num país tão extenso como o Brasil. Desejavam desenvolver uma rede educacional de massa utilizando métodos não tradicionais de ensino procurando atingir as localidades mais difíceis onde não há acesso ao ensino de qualidade (ALVES, 2009). Através das Universidades na década de 70, os primeiros computadores chegaram ao Brasil. Inicialmente equipamentos imensos de alto custo e que com o decorrer do tempo e desenvolvimento tecnológico passam a serem menores e mais acessíveis as pessoas causando um novo boom com a chegada da internet para a educação à distância. Segundo Alves (2007): “a internet ajudou a consolidar a propagação do ensino a distância para todo o sistema educativo brasileiro (e mundial). (...) e é certo que rapidamente teremos a inclusão digital de praticamente todo o país”. A Associação Brasileira de Tele-Educação (ABT) inicia em 1971. Posteriormente passou a chamar-se Associação Brasileira de Tecnologia Educacional onde foi credenciada pelo Conselho Federal de Educação para oferecer cursos de pós-graduação lato sensu via correspondência em parceria com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior do Ministério da Educação (Capes). Verifica-se que os órgãos públicos se manifestam em relação a credenciar e autorizar instituições para oferta de cursos na modalidade à distância melhorando e avançando na difusão do conhecimento (KFOURI, 2010). Em 1972 o Programa Nacional de Tele-Educação (Prontel) fortalece o Sistema Nacional de Radiodifusão Educativa (Sinred). Em 1973 surge o Curso Supletivo de 1º Grau (II fase) produzido pelo Projeto Minerva atuando em parceria com o MEC, Prontel, Cenafor e Secretarias de Educação (CASTRO, 2007). Neste mesmo ano surge o Projeto SACI, neste modelo os alunos concluíam o Curso Supletivo “João da Silva”, no formato de telenovela ensinando as quatro primeiras séries do 1° Grau e por esta iniciativa a TVE ganhou o prêmio especial conferido pelo júri internacional no Japão por essa didática inovadora em nível mundial (ALVES, 2009). A Fundação Padre Anchieta (TV Cultura SP) e Fundação Roberto Marinho lançam o telecurso 2° Grau em 1978, em que os alunos assistiam aulas por meio televisivo e eram complementados por fascículos impressos para preparar os alunos para exames supletivos (ALVES, op. cit., p. 10). 18 Em 1979 era criada a Fundação Centro Brasileiro de Televisão Educativa (FCBTVE) em parceria com o MEC dando continuidade ao Projeto “João da Silva”. Esse projeto utilizava a teleducação brasileira no formato de dramaturgia (telenovela) para o ensino de matemática baseado na criação de problemas no meio cotidiano (MACIEL, 2008). Neste mesmo ano surgiram outros programas como o Projeto Conquista, também no formato de telenovela voltado para as últimas séries do 1° Grau (MACIEL, 2009) e o Programa de alfabetização por televisão (Mobral – Movimento Brasileiro de Alfabetização) em que o objetivo era fazer com que os alunos aprendessem a ler e a escrever não se preocupando com a formação do homem como um todo. Estendeu-se a todas as capitais brasileiras (BRASIL, 1973). A Associação Brasileira de Tecnologia Educacional em parceria com a Capes e MEC iniciam implantação de pós-graduação tutorial à distância para capacitação de professores universitários no interior do país no período de 1979 a 1983(KFOURI, 2010, p. 07). A FCBTVE passa a se chamar em 1981, de FUNTEVE (Fundação Centro Brasileira de TV Educativa) e coordenava a TVE-TJ, Rádio MEC-Rio, Rádio MEC-Brasília, Centro de Cinema Educativo e do Centro de Informática Educativo (KFOURI, loc. cit.). Em 1983 era criada a TVE - Mato Grasso do Sul onde deu início ao Projeto Ipê da Secretaria de Educação de São Paulo e da Fundação Padre Anchieta onde já usava multimeios e objetivava atualizar e aperfeiçoar o magistério do 1º e 2º Graus. Esse projeto usava o ensino à distância através de programa na TV Cultura sendo considerado um dos precursores do TV Escola (MENEZES, 2002). Além deste formato de ensino a distância outros formatos foram criados. Em 1988 funcionava o Curso por correspondência “Verso e Reverso – Educando o Educador” que capacitava professores de Educação Básica de Jovens e Adultos/MEC através da Fundação Nacional para Educação de Jovens e Adultos (EDUCAR) com o apoio da TV Manchete (FERREIRA, 1999). Em 1991 o Projeto Ipê passa por reformulação e passou a enfatizar os conteúdos curriculares onde foi implantado o Programa de Atualização de Docentes abordando as quatro séries iniciais do Ensino Fundamental e os alunos dos cursos de formação de professores. Numa segunda fase o projeto recebe o nome de “Um Salto para o Futuro” (ALVES, 2009). Em 1992 era criado o Projeto de Licenciatura Plena em Educação 19 Básica de 1° a 4° série do 1° Grau. Neste projeto o meio EAD iniciou em 1995 com a parceria do núcleo de EAD do Instituto de Educação da Universidade Federal de Mato Grosso, Universidade Estadual do Mato Grosso e Secretaria do Estado da Educação com a Tele-Université de Quebec (Canadá) (KFOURI, 2010, p. 08). Em 1994 inicia a oferta de cursos superiores à distância com o uso de mídia impressa. No ano seguinte, 1995, era criada a Associação Brasileira de Ensino a Distância – ABED (ALVES, 2009). Em 1997 introdução dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem – AVA devido à expansão da internet no meio universitário (KFOURI, 2010, p. 08). Vale ressaltar o Mestrado Tecnológico em Logística para a Petrobrás realizada em Macaé, Rio, Salvador, Belém e Natal realizado pelo Laboratório de Ensino a Distância do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de produção da Universidade Federal de Santa Catarina usando videoconferência, internet e mídias tradicionais. Também houve a criação do Programa de Educação a Distância da Escola Nacional de Saúde Pública (ALVES, 2009). A Fundação Oswaldo Cruz no ano de 1998 se utiliza da estratégia de formação profissional à distância para desenvolver políticas públicas do SUS do Ministério da Saúde (KFOURI, 2010, p. 08 et seq.). Percebe-se que a EAD pode ser dividida em gerações de acordo com as características de cada período. A primeira geração seria a da correspondência onde toda a movimentação e fluxo ocorria por meio dos correios e dos meios de transporte (trens) o tipo de material era basicamente o impresso. Nesta fase os cursos mais produtivos foram os técnicos e superiores, sendo estes últimos pouco duradouros mesmo nos países mais desenvolvidos. A segunda geração se caracterizava pelo uso das mídias e surgimento das Universidades Abertas. Nesta segunda fase a EAD apresentam-se com o uso de novas mídias como o rádio, a televisão, as fitas de áudio e vídeo e o telefone (MAIA, 2007). Em alguns países europeus o sistema de educação a distância é aplicado desde ensino fundamental até cursos de graduação e pós-graduação onde o programa de ensino é de alta qualidade sendo considerados de igual situação de credenciamento e suporte em relação ao ensino tradicional a exemplo da Austrália (NUNES, 2009). Para Pretti (1996, p. 16), 20 “a crescente demanda por educação, devida não somente à expansão populacional como, sobretudo às lutas das classes trabalhadoras por acesso à educação, ao saber socialmente produzido, concomitantemente com a evolução dos conhecimentos científicos e tecnológicos está exigindo mudanças a nível da função e da estrutura da escola e da universidade”. A EAD surge como necessidade educacional para amenizar as desigualdades sociais e melhorar a qualidade de vida da sociedade requerendo uso de inovação surgindo como alternativa estratégica para a qualificação dos educandos e educadores. Sendo assim, analisaremos os conceitos de EAD ao longo do tempo, o acompanhamento da legislação na evolução da modalidade e as tecnologias que embasam o avanço em educação à distância. 21 3. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – CONCEITOS, LEGISLAÇÃO E TECNOLOGIAS O Conceito de educação a distância é amplo e abrange muitas formas de interpretação. Em muitas existem pontos em comum, outras procuram agregar vários aspectos em seus conceitos. A educação a distância não se restringe ao ensino em sala de aula. Toda problemática gira em torno de o que considerar como a distância e o que é presencial. Como aborda (BELLONI, 2008) seria educação, ensino ou aprendizagem à distância? Segundo Keegan (1991, p.18) os elementos fundamentais da educação a distância são, [...] separação física entre professor e aluno, que distingue do presencial; influência da organização educacional (planejamento, sistematização, plano, projeto, organização dirigida, etc.) que a diferencia da educação individual, utilização de meios técnicos de comunicação, usualmente impressos, para unir o professor ao aluno e transmitir os conteúdos educativos; previsão de uma comunicação-diálogo, e da possibilidade de iniciativas de dupla via; possibilidade de encontros ocasionais com propósitos didáticos e de socialização; e participação de uma forma industrializada de educação. Entre as definições podemos citar também a de Lévy (1997), a EAD é um novo sistema de pedagogia, que favorece as aprendizagens individuais e a aprendizagem coletiva em rede. Sendo neste caso, o professor um “animador da inteligência” coletiva de seus alunos em vez de transmissor direto de conhecimentos. Por que a EAD caracteriza-se como uma modalidade? Modalidade significa de acordo com o dicionário da Língua Portuguesa, “maneira de ser”, “cada aspecto ou particularidade diferente do mesmo fato”. A modalidade educação a distância abrange várias formas de estudo que não são supervisionados presencialmente por professores ou tutores e onde os alunos não estão necessariamente nos mesmos lugares, mas que se beneficiam da organização do ensino oferecidos por uma instituição (HOLMBERG, 1977). O ensino no sistema a distância é aquele em que não envolve a presença física do professor para educar no lugar em que é recebido, ou o professor está presente apenas em certas ocasiões ou em determinadas atividades Lei Francesa (1971 apud BELLONI, 2008, p.25). EAD pode definir-se como método de educação em que o ensino é 22 executado separadamente da aprendizagem, englobando aqueles que numa escola tradicional ocorreria na presença do aluno de modo que a comunicação entre professor e aluno é facilitada por materiais impressos, mecânicos ou outros (MOORE, 1973). A educação na modalidade a distância pode ser conceituada como uma relação de comunicação, autonomia e escopo que necessita de meios técnico, tecnológicos para mediatizar o conhecimento. Subclassificada como ensino a distância possui grande estrutura, baixo diálogo e distância transacional incorporando também a aprendizagem (MOORE, 1990). Educação a distância é uma forma de propagar conhecimento, habilidades e ações compreendidas pelo estabelecimento de organização e divisões de trabalho com o uso de meios técnicos objetivando instruir um número maior de pessoas, num mesmo momento em qualquer lugar que estejam. Industrialização do saber (PETERS, 1973). Percebemos que o paradigma comum a todas as descrições referidas acima é à distância sendo que define a EAD pela essência um ensino não convencional e modificado da sala de aula. Vale ressaltar que pela definição de (ALVES; ZAMBALDE & FIGUEIREDO, 2004) no tipo “à distância” tem-se uma “quebra” do tempo/espaço democratizando o acesso do saber. Independente da idade, sexo, ocupação e localidade e espaço de tempo pode-se fazer o uso deste método. Como explica (BARTH, 1990) as oportunidades de aprendizado podem advir das diferenças existentes. Podemos aprender com todas as modalidades de ensino, podemos aprender usando todos os recursos tecnológicos disponíveis, podemos nos educar utilizando os meios desde que tenhamos acesso e possamos colaborar e cooperar juntos, pois nos educamos na coletividade. Conforme definição de Maia (2007, p.6), “A EaD é uma modalidade de educação em que professores e alunos estão separados, planejada por instituições e que utiliza diversas tecnologias de comunicação”. Nota-se que a palavra educação é mais comum nas definições abordadas. Sendo assim, a modalidade de ensino a distancia seria uma forma de fazer diferente das já existentes tornando-se uma inovação tecnológica da Educação no processo de aprendizagem. Outro aspecto comum é a distância compreendida como espaço. 23 Segundo Gomes (2007, p.21): A EAD nasceu fora dos muros da educação formal e convencional, utilizando desde a correspondência até as novas TICs. Atendendo a educandos situados a longa distância social e geográfica, sem um perfil muito claro, utilizando tecnologias pouco credíveis inicialmente, os nichos por ela encontrados foram os chamados cursos livres, na legislação brasileira. Segundo (MOORE e KEARSLEY, 2007) a EAD é entendida como um conjunto de métodos de ensino em que são realizados ou distribuídos à parte do aprendizado incluindo os presenciais de modo que a comunicação entre aluno e professor precisa da facilitação por meio de textos, mídia eletrônica, apoio mecânico ou outros tipos de instrumentos. O ensino a distância neste aspecto é encarado como um tipo de distribuição de saber por meio de meios tecnológicos separando o ensino do aprendizado. De acordo com (WEDEMEYER, 1990) na EAD os conteúdos educacionais escritos são decompostos por meio de tecnologias e mídias para depois juntarem-se sistematicamente para que auto-aprendizagem aconteça podendo utilizar orientação de tutores. Defende-se neste contexto o aluno autônomo e independente devendo ser independente das organizações de ensino e professores. A aprendizagem deve ser contínua e natural contribuindo para a integração social e até da sobrevivência humana. Algumas definições transitam para paradigmas que enfatizam a aprendizagem, interatividade, comunicação e outras o meio pelo qual o ensino acontece, ou seja, as ferramentas tecnológicas. Baseando-se nas definições de Moore e Kearsley em 1972 e comparando com a atualidade percebemos mudanças de ênfases no decorrer do tempo. Em 1972 a ênfase estava nos métodos de ensino que eram amparados por mídias; atualmente, a ênfase está na aprendizagem, em módulos, cursos criados especialmente para esta modalidade, utilizando várias tecnologias, mas com escopo definidos e específicos. Hoje, a EAD pode receber diferentes denominações como: e-learning (aprendizagem on-line), blended learning (aprendizagem híbrida), flexible learning (aprendizagem flexível) levando em conta que educação é ensinar e aprender. Neste processo, entende-se que o ensino vem transitando da ênfase em 24 tecnologia para a aprendizagem (CORTELAZZO, 2009). Aprova-se a definição de (CHANEY, 2006) quando ele afirma que todas as definições já citadas sobre EAD têm um ponto em comum educar pessoas em ambientes não tradicionais por meio do uso de várias mídias. A legislação procurou acompanhar o desenvolvimento educacional gerado pelas mudanças ocasionadas por transformações sociais e tecnológicas. A primeira lei LDB n° 4.024, de 20 de dezembro de 1961 em seu artigo 104 permitia a organização de cursos ou escolas experimentais com metodologia própria para fins de validade legal dependendo de autorização do CEE (Conselho Estadual de Educação) para o ensino primário e médio e do CFE (Conselho Federal de Educação) para cursos superiores. Junto à LDB de 1961, foi sancionada a Lei n° 5.692, de 15 de agosto de 1971 que dispunha que os conselhos de educação poderiam autorizar experiências pedagógicas com regimes diversos, determinando que os cursos supletivos fossem difundidos por rádio, televisão, correspondência e outros meios de comunicação que possibilitassem atingir o maior número de alunos (BRASIL, 1961). Na década de 80/90, o Ministério da Educação passou a lançar portarias, decretos, leis, etc. com certa restrição propondo em suas ações o incentivo para incorporação das TICs, métodos e técnicas de educação à distância, oferecendo plataformas de capacitação, oficinas e laboratórios aos professores das redes federal, estadual e municipal de ensino. Promovendo incentivo e desenvolvimento voltados para a introdução de novos conceitos e práticas (BRASIL, 1988). A Lei nº 9.394 (BRASIL, 1996), a LDB, em seu artigo 80, estabelece que “O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada”. Essa lei incentivou as atividades de EAD no Brasil, uma vez que as instituições de ensino sentiram-se seguras e amparadas para continuar com a EAD. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) veio em atendimento às determinações constitucionais e resultou de um moroso processo de tramitação que iniciou em 1988, ano da promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil. Foram oito anos de tramitação no Congresso Nacional e em 20 de dezembro de 1996, tornou-se Lei 9.394 sendo sancionada e promulgada (CURY, 1997). 25 Com este primeiro passo tão significativo, uma nova ordem socialista e educativa foi implantada alterando a realidade educacional e com grandes reflexos políticos. A LDB trouxe avanços significativos como as delimitações e permissões estruturais tornando possível a administração do sistema educacional brasileiro sendo um dispositivo de ordenação de impacto nas instituições. Com ela introduziuse autonomia e flexibilidade no ensino, sistemas de avaliação, descentralização e municipalização do ensino, abriu espaço para a educação à distância e educação especial. A legislação procurou acompanhar os passos do desenvolvimento social. Muitas regras permanecem ignoradas. Muitas questões sem respostas e pontos inconclusos, além de partes fixas impedindo agilidade em alguns processos. Apesar das competências sugeridas pela lei, o Brasil ainda não consegue proporcionar acesso a educação de qualidade a uma grande parcela da população que fica excluída deste e de outros processos sociais. Acontece o credenciamento oficial das instituições universitárias para a oferta de cursos na modalidade à distância através da Portaria nº 301 do Ministério da Educação e do Desporto datada de 07 de abril de 1998 (BRASIL, 1998). O MEC lançou a Portaria nº 2.253, em 18 de outubro de 2001 (BRASIL, 2001), cujo artigo estabelece: As instituições de ensino superior do sistema federal de ensino poderão introduzir, na organização pedagógica e curricular de seus cursos superiores reconhecidos, a oferta de disciplinas que, em seu todo ou em parte, utilizem método não presencial, com base no artigo 80 da Lei nº 9.394, de 1996, e no disposto nesta Portaria. A restrição imposta é de que as IES só poderiam ofertar vinte por cento (20%) das disciplinas à distância. Então, essa portaria traz, no art. 1º, inciso 1º: “As disciplinas a que se refere o caput, integrantes do currículo de cada curso superior, não poderão exceder a vinte por cento do tempo previsto para integralização do respectivo currículo” (BRASIL, 2001). As instituições passam a ofertar com a abertura na legislação formas alternativas de disciplinas à distância. Em sistemas on-line, utilização de disciplinas comuns aos cursos e/ou áreas a fins, como metodologia da pesquisa, por exemplo, e também, em alguns casos, disciplinas dos primeiros semestres dos 26 cursos, o que facilitou o atendimento a um maior número de alunos, sem aumento do número de salas de aula. Este fato chama, sem dúvida, a atenção para análises do processo de qualidade e não apenas do quantitativo com o foco na melhoria e garantia da qualidade dessas ofertas. Em 2004 a Portaria n° 4.361 de 29 de dezembro de 2004 revoga a Portaria n° 301 de 07 de abril de 1998 normatizando o credenciamento de instituições para oferta de cursos à distância (BRASIL, 2004). Em 2005 o Decreto n° 5.622 de 19 de dezembro de 2005 regulamenta o artigo n° 80 da Lei n° 9.394/96 sobre a modalidade EAD. Dois anos depois em 2007 é iniciada a Universidade Aberta do Brasil, um projeto federal para levar o ensino superior às regiões brasileiras onde somente há formação básica (ALVES, 2009). O Decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005 (BRASIL, 2005) o artigo 1º do deferido Decreto (BRASIL, 2005), caracteriza a EAD como: Modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos. Este Decreto estabelece que os cursos superiores na modalidade a distância não podem ter duração inferior a definida na modalidade presencial e têm equivalências e aproveitamentos garantidos. O Decreto nº 5.773, de 09 de maio de 2006 (BRASIL, 2006a), que “dispõe sobre o exercício das funções de regulação, supervisão, e avaliação de instituições de educação superior e cursos superiores de graduação e seqüenciais no sistema federal de ensino”, estabelece que o Ministério da Educação, por meio de suas secretarias, é o órgão responsável pela realização e supervisão da educação superior. Esse documento detalha as competências e atribuições de cada secretaria (Secretaria de Educação Superior, Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica e Secretaria de Educação a Distância), do Conselho Nacional de Educação – CNE, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP, e da Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior – CONAES. Estão ainda neste documento as exigências para o credenciamento 27 e recredenciamento de IES, como também das atividades de supervisão e avaliação realizadas pelos órgãos citados anteriormente. Vale ressaltar a preocupação com a qualidade dos programas de EAD, o Ministério da Educação (BRASIL, 2000, p.3), divulgou dez Indicadores de Qualidade para essa modalidade de ensino, que são os seguintes: 1) Integração com políticas, diretrizes e padrões de qualidade definidos para o ensino como um todo e para o curso específico; 2) Desenho do projeto: a identidade da EAD; 3) Equipe profissional multidisciplinar; 4) Comunicação/interatividade entre professor e aluno (tutoria); 5) Qualidade dos recursos educacionais; 6) Infra-estrutura de apoio; 7) Avaliação de qualidade contínua e abrangente; 8) Convênios e parcerias; 9) Edital e informações sobre o curso a distância; 10) Custos de implementação e manutenção. Esses indicadores têm como objetivo orientar as IES a melhorar a qualidade de seus produtos e serviços. Objetivando impulsionar ainda mais a expansão da EAD, o governo federal aprovou a Lei nº 11.273, de 06 de fevereiro de 2006, que cria bolsas de estudo e pesquisa para professores que trabalham com EAD, tutores e participantes de cursos ou programas de formação inicial. Essa lei buscava garantir bolsa de até R$ 1.200,00, além do salário, para professores envolvidos com EAD e com o desinteresse que a maioria deles tinha pela modalidade (BRASIL, 2006b). A Portaria Normativa nº 2, do MEC, de 10 de janeiro de 2007, que dispõe sobre a regulação e avaliação da educação superior na modalidade à distância (BRASIL, 2007c) determinam que apenas as IES credenciadas possam ofertar cursos superiores à distância e reafirma a necessidade de pólos estruturados para atender as atividades presenciais obrigatórias. Além desses, ressaltamos o Decreto nº 6.303, de 12 de dezembro de 2007 (BRASIL, 2007a), que altera dispositivos dos Decretos nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005 (BRASIL, 2005), que determina as diretrizes e bases da educação nacional, e nº 5.773, de 09 de maio de 2006 (BRASIL, 2006a), que estabelece sobre o exercício das funções de regulação, supervisão e avaliação de IES e cursos superiores de graduação e seqüenciais no sistema federal de ensino, além da Portaria nº 1, de 10 de janeiro de 2007 (BRASIL, 2007b), e a Portaria nº 40, 28 de 13 de dezembro de 2007 (BRASIL, 2007d). Atualmente a quantidade de instituições e empresas que utilizam esta modalidade de ensino está em plena ascensão tanto no setor privado quanto público em todo o mundo em decorrência de certa forma da flexibilidade da legislação facilitando investimentos, aumentando rendimentos, reduzindo custos e tempo. (NUNES, 1992). Definir e conceituar as tecnologias em EAD é um desafio, pois o progresso da sociedade moderna é baseiam-se nelas e a cada dia novas tecnologias são criadas e o que outrora era novidade pode ter se tornado ultrapassado. O custo tecnológico para a aprendizagem ou adaptação as novas tecnologias é fator positivo ressaltando não somente ao custo financeiro, mas principalmente de tempo, pois a cada dia as pessoas aprendem sobre tudo que aparece na sua frente que possa facilitar seu trabalho ou suas atividades. Tecnologia pode ser entendida como conjunto de conhecimentos técnicos, científicos, ferramentas, materiais e processos usados e criados a partir de tal conhecimento visando simplificação das ações do homem (DINIZ, 2010). Pode ser aplicada na saúde, economia, educação, transportes, etc. O uso da tecnologia tem como objetivo auxiliar na resolução de problemas, desenvolverem novas formas de trabalho mais eficientes, obter melhores resultados, melhorar o uso dos recursos financeiros e humanos levando a concluir que é desenvolvimento tecnológico. Na educação o uso das tecnologias vem ajudar o professor proporcionando igualdade de oportunidades, melhorando a difusão e gestão do conhecimento, propiciando aos alunos novas formas de aprendizagem e interatividade. O século XX foi assinalado por desenvolvimento acelerado da tecnologia eletrônica, com ênfase para a informática, o computador e a internet, que hoje caracterizam as tecnologias da informação e comunicação (TIC). Conforme (SOUSA, 2011) tem se investido muito na popularização da informática, venda de computadores e serviços de redes e isso vem alterando significativamente o comportamento das pessoas e das relações pessoais, sociais, e interpessoais de forma que provavelmente não teriam como se comunicar com agilidade e eficiência. As distâncias são diminuídas, tornado o computador uma ferramenta caracterizadora de nossa cultura e novos costumes atuais. 29 As primeiras redes de computadores surgiram no final da década de 1960, meados da década de 1970, conhecidas como tecnologias de Redes Locais (LANs – Local Area Networks). Esse sistema era formado por pequenos computadores de custo acessível e pela necessidade de compartilhamento de informações. Existiam vários tipos de redes e estas não eram compatíveis entre si, então iniciaram a criação das WANs (Wide Area Networks) que conectava computadores distantes geograficamente, mas estes dois sistemas não eram compatíveis entre si. Para maximizar o compartilhamento de informações remotamente com rapidez e segurança foi desenvolvido o projeto ARPA (Advanced Research Projects Agency) onde o objetivo era interconectar as LANs e WANs onde se tornou conhecido como internet (CAMPOS, 2007). Estamos na sociedade da informação e do conhecimento previsto por Alvim Toffler, Peter Drucker e Edgard Faure na década de 1970 em que se caracterizam por aprendizagem ao longo de toda a vida além da educação escolar, inovação e renovação permanente do conhecimento adquirido ocasionando em desafio da nova cultura (ZANONI, 2010). Sociedade da informação e do conhecimento refere-se a um modo de desenvolvimento social e econômico em que todos os processos conduzem a criação do conhecimento e satisfação das necessidades dos cidadãos desempenhando papel primordial na geração de riquezas, emancipação da qualidade de vida das pessoas e novas práticas culturais (LIVRO VERDE, 1997). Podemos perceber analisando os autores acima citados que as transformações geradas pela criação e acesso as tecnologias informacionais e comunicacionais trouxeram modificações importantes em nossa sociedade como, por exemplo, criação de novos setores de trabalho que incluem atividade econômica da informação (comércio eletrônico), na esfera político-econômica trouxe grande desenvolvimento industrial onde grupos empresariais adquirem grande poder podendo pressionar os governos nacionais. Culturalmente as TICs permitiram a globalização cultural sendo o exemplo mais claro, a internet. Temos a possibilidade de ligação em rede a milhões de cidadãos do mundo dando lugar a uma imensa interatividade sem limites de espaço, tempo ou cultura. Na educação os materiais tecnológicos disponíveis são favoráveis, e estimuladores da aprendizagem. Com as TICs há possibilidades a serem exploradas 30 pelo professor em suas atividades, com o uso do computador, muitos recursos estão disponibilizados gratuitamente que na maioria das vezes, é de conhecimento do aluno. Compete ao professor organizar e direcionar o uso das ferramentas de forma que auxiliem nas tarefas diárias, pluralizar a forma de expor o conteúdo ao aluno facilitando, assim, a formação e o aprendizado dentro dos objetivos propostos. As mudanças tecnológicas acontecem a todo momento baseadas no poder de comunicação atual, pois há alguns anos as informações chegavam após algum tempo de ocorridas, hoje chegam instantaneamente. Podemos considerar que a televisão é um importante motivador do desenvolvimento tecnológico atual, pois introduziu a imagem em movimento que antes era estática ou apenas não de via, mas ouvia, quando transmitida através do rádio. Com a criação dos computadores outro rumo foi tomado, pois trouxeram agilidade no processamento de informações, cálculos, armazenamento de grande quantidade de informações, etc. Com o surgimento das redes de comunicação via internet, as informações começaram a chegar rapidamente às pessoas fazendo com que se desenvolvesse a comunicação mediada por computador (CMC – Computer Mediated Communication). CMC poderia ser definido com um sistema capaz de transportar informações de um lugar para outro através de computadores (LOHUIS, 1996 apud FERREIRA, 2000). Esse meio possibilitou comunicação com mais rapidez, eficiência, possibilitando a introdução de novos recursos, intensificando e aprimorando as comunicações. A educação a distância cada vez mais necessita apoiar-se nas tecnologias inovadoras e emergentes como computadores pessoais, webcam, DVD (Digital Video Disc), pendrive, telefonia móvel (celular), internet, e-mail, listas de discussão, WWW (world wide web), websites, quadros de discussão (message boards/mural), podcasting, enciclopédia colaborativa (Wikipédia), redes sociais, realidade virtual, multimídia (uso e combinação de vídeo, áudio, animação, texto, fotos, gráficos), Messenger (Windows, Media Live), LMS (Learning Managemet System), CMC (Comunicação Mediada por Computador), televisão (parabólica, a cabo, aberta), scanners, tecnologias de acesso remoto, rádiologs, blogs, fotoblogs, miniblogs, chats (IRCInternet Relay Chat), AVA (Ambiente Virtual de Aprendizagem), objetos de aprendizagem, videoconferências, teleconferências, telemática, hipertextos, etc. (FERREIRA, 2000). Inicialmente a EAD utilizava meios de comunicação como rádio e televisão aonde as informações chegavam rapidamente, pois era enviada 31 diretamente à casa dos alunos conforme afirma (SHERRY, 1996) ajudando a diminuir a barreira da distância com grande diversidade de material e facilidade em adquiri-los, mas educacionalmente continuava sendo praticamente unidirecional, pois quase não havia interatividade entre os personagens do processo de ensinoaprendizagem. O telefone não solucionava o problema, pois o custo era alto, e o educador só poderia se comunicar com um aluno por vez e de forma síncrona, pois o telefone tinha de ser atendido no momento que tocasse e não quando se tinha tempo para atendê-lo. As tecnologias da informação e comunicação proporcionam muitos aspectos positivos no desenvolvimento da educação à distância. Tais características são introduzidas e utilizadas no processo de aprendizagem devendo ser considerados onde forem usadas, por exemplo, idade, cultura, situação sócioeconômica, interesses, experiências, nível de instrução e familiaridade com os meios tecnológicos. Os aspectos como a interatividade, aprendizado ativo, imagens retóricas, comunicação efetiva, aprendizado por investigação, comunicação mediada por computador, aplicações pedagógicas na internet, dentro deste último temos como pedagogia na internet a comunicação interpessoal, seleção de informações, resolução de problemas, entre outros, são de grande valia na educação mediada por tecnologias (FERREIRA, 2000). Uma nova geração foi se estabelecendo com a introdução das tecnologias em todas as áreas a dos nativos digitais. Eles se caracterizam por terem nascidos em meio a essa onda de cibercultura e conhecem a língua das novas tecnologias, preferindo a mídia eletrônica ao invés do papel, sempre usam a internet como primeira fonte de informação, não conseguem viver sem o celular, estão online o tempo todo, tornando-se cidadãos globalizados, portanto inovação e desafios sua principal característica (DINIZ, 2010). Sendo as tecnologias fundamentais na educação à distância, qualquer programa de EAD para ter sucesso deve destacar mais as necessidades educacionais dos alunos do que a tecnologia. A EAD quando bem planejada e tendo gestão de qualidade, traz interatividade entre professores, alunos, o ambiente de aprendizagem e o conteúdo possibilitando o entendimento e retenção de informações. Concordando com (JENSEN, 1998) interatividade poderia ser definida como uma habilidade potencial desejam sempre se fazer ouvir e tem facilidade de expressão, principalmente em redes sociais, sendo a 32 de uma mídia em permitir que o usuário tenha influência sobre o conteúdo ou a forma de comunicação mediada determinando a relação entre duas ou mais pessoas que adaptam seus comportamentos e ações uns aos outros. De acordo com (RAFAELI, 1998) interatividade poderia ser uma extensão que em determinadas trocas de comunicação qualquer transmissão posterior está relacionada ao grau com o qual as trocas anteriores se referem mesmo sendo uma transmissão mais antiga. De acordo com (RICHARDS, 2006) interatividade não é somente trocas comunicativas, mas geração de conteúdo, sendo assim, o foco do resultado está na interface e na usabilidade, fornecendo parte do contexto para a chegada do conteúdo ao usuário. Já (DOWNES & MCMILLIAN, 2000) definem interatividade baseada em cinco pontos, são eles, direção da comunicação; flexibilidade do sincronismo; senso de espaço físico; nível de controle e percepção: e a finalidade da comunicação concordando e complementando. No contexto de (KLOUSIS, 2002) define-se interatividade como o grau com que uma tecnologia de comunicação pode criar um ambiente mediado no qual os usuários podem se comunicar síncrona ou assincronamente trocando mensagens recíprocas. O termo interatividade definido por (LÉVY, 1999) seria a participação ativa do usuário numa negociação de informações. Lévy (1999, p.79) determina ainda que haja possibilidade de “reapropiação e recombinação de material da mensagem por seu receptor”. A interatividade cresceu com o aparecimento de novas tecnologias digitais e trouxe inovações como o sistema de hipertexto e hipermídia levando ao surgimento de novos produtos melhorando cada vez mais o uso pela educação a distância favorecendo a disseminação de novos cursos com mais recursos para os indivíduos (FISCINA, 2011). No aprendizado ativo os alunos/estudantes são participantes do processo de construção do conhecimento afetando a maneira pelo qual lidam com o material a ser compreendido tendo senso de posse dos objetivos do aprendizado. O esforço mental que o aluno investirá no aprendizado depende de sua percepção sobre o meio e a mensagem contida no mesmo e habilidade em fazer algo significativo além do material apresentado (FERREIRA, 2000). O uso de conteúdo visualmente atrativo como as Imagens retóricas 33 podem estimular ao ponto de gerar distorção do objetivo do currículo desviando a atenção dos estudantes para o entretenimento ao invés de estimular análises sobre o seu significado. Neste contexto, os educadores precisam orientar e direcionar os alunos para que eles aprendam a distinguir o que é de qualidade educacional e o que deve ser descartado focalizando na educação (ibid., p. 39) Na comunicação para ser efetiva de fato deve-se ter conhecimento do público alvo e perceber que estes indivíduos podem ter opiniões diferentes do educador, porém se o educador selecionar imagens eficazes, objetos de aprendizagem apropriados com atributos relevantes todos irão convergir para a idéia inicial do educador compreendendo a mensagem (SHERRY, 1996). As TICs na educação à distância proporcionam aos alunos o aprendizado por investigação onde revela que o professor não é o detentor de todo o conhecimento, mudando antigas concepções. O professor torna-se um facilitador da aprendizagem, onde ele deixa que os alunos descubram o conhecimento tornando relevante e promovendo o aprendizado (FERREIRA, 2000, p. 40). Nas comunicações mediadas por computador (CMC) novas possibilidades descortinam-se na educação possuindo uma vasta variedade de ferramentas que podem estimular uma comunicação do tipo um para um (privada), um para muitos (dispersão), e muitos para muitos (discussão em grupo) (FERREIRA, 2000, p. 45). As ferramentas de CMC, de acordo com (HARTLEY, 1996), são classificadas em síncronas e assíncronas. Outra esfera para a classificação das ferramentas é a mídia envolvida podendo ser modo texto ou modo multimídia (HARTLEY, 1996). Alguns exemplos de ferramentas síncronas, chat (IRC – Internet Relay Chat), MUD/MOO (World of Warcraft - realidade virtual baseada em texto), audioconferência, videoconferência. Exemplos de ferramentas assíncronas, E-mail (correio eletrônico), fórum de discussão, WWW (world Wide Web). Dentro das aplicações pedagógicas da internet existe uma grande variedade de técnicas aplicáveis a educação à distância como a comunicação interpessoal onde estão incluídos as reuniões virtuais, tutoria eletrônica, grupos de discussão, quiz eletrônicos, objetos de aprendizagem. Inclui-se também nas aplicações a seleção/coleta de informações onde está à criação de bancos de dados eletrônicos, publicações eletrônicas (postagens), análise coletiva de dados, troca de informações; na resolução de problemas temos a pesquisa de informações, 34 resolução de problemas em colaboração, redação coletiva de textos, ajuntamentos virtuais, simulações, criação e elaboração de projetos em grupos, desafios baseados em mídias (AVA) atentando para o tipo de público alvo, formação de equipes de trabalho onde os estudantes podem trabalhar presencialmente ou virtualmente (FERREIRA, 2000, p. 48). Deteremos-nos um pouco mais para melhor conhecimento nas tecnologias da informação e comunicação utilizadas atualmente. Os computadores pessoais iniciaram sua história no final da década de 1970 e início da década de 1980 com o desenvolvimento do chip caracterizando a quarta geração sendo que seu objetivo inicial (1936 a 1939) era de solucionar conjunto de equações lineares na Física (FONSECA, 2007). Segue agora uma apresentação detalhada sobre as tecnologias da informação e comunicação existentes atualmente e seus usos. A tendência mundial é a integração em grande escala da televisão, telecomunicação e informática. Como afirma Fonseca (2007, p. 139), (...) em um processo que tende a configurar redes informativas integradas, com uma matriz de comunicação baseada na informação digital com grande capacidade de veicular dados, fotos, gráficos, palavras, sons, imagens, difundidos em vários meios impressos e audiovisuais. Pode-se até dizer que, em certo sentido, as mídias estão sendo suprimidas, pois tudo está se tornando eletrônico. O webcam ou câmera web é uma câmera de vídeo que capta imagens e as transfere para o computador através da conexão USB. Pode ser utilizado em videoconferência, monitoramento de ambientes, produção de vídeos, edição de imagens. Popularizou-se com uso de programas de mensagem instantânea como MSN Messenger, Yahoo Messenger e Skype. Surgiu em 1994 (KIRNER, 2005). O DVD (Digital Video Disc) é um aparelho de armazenamento digital, que se utiliza de tecnologia óptica e compressão de dados surgiu na década de 1990 para gravações e armazenamento de grande variedade de informações (TORRES, 2003). O pendrive é um dispositivo de armazenamento de dados mais compacto, rápido, com grande capacidade de armazenamento, mais resistente por não possuir peças móveis podendo armazenar as informações durante dez anos. 35 Surgiram em 2000 (PENDRIVENET, 2007). A telefonia móvel (celular) pelo mundo iniciou com o IMTS (Improved Mobile Telephone Service) implantado no EUA, em 1946. Nas décadas de 50/60 era desenvolvido o sistema atual de celular. No Brasil, esse sistema chegou à década de 1990 no Rio de Janeiro. A tecnologia é classificada em primeira geração, segunda e terceira. A era que mais popularizou o celular foram os da segunda geração (celular digital) com o GSM (Global System for Mobile) um padrão digital desenvolvido na Europa e adotado na maior parte do mundo onde concentra as informações do usuário num cartão chip, permitindo a troca fácil de aparelhos (JESZENSKY, 2004). Na geração anterior o sistema utilizado era o analógico que operava na freqüência de 800 MHZ, padrão deste período. A terceira geração caracteriza-se pela convergência das telecomunicações com a internet e a comunicação móvel. Com a crescente utilização do computador e da internet no cotidiano das pessoas, com os avanços tecnológicos e da comunicação, a dependência em adquirir informações com mobilidade, desejo por mais serviços e aplicações multimídias estimularam o processo. O 3G (celulares da terceira geração) apresenta melhor eficiência espectral, cobertura global e suporte para além de serviços de voz, acesso a internet de alta velocidade, vídeo e imagem de alta qualidade, videoconferência, transferência de dados, correio eletrônico, aplicações multimídias (JESZENSKY, 2004). A internet é uma rede de interconexão de computadores mundial. A evolução estreou na década de 1990. Anterior a internet existia a ARPAnet, considerada inventora da internet. Durante os anos 80 a MILNET e a Defense Data Network (rede de dados de defesa) aumentaram e passaram a carregar a maior parte do tráfego do Departamento de Defesa dos Estados Unidos e a NSFNET começou a servir como rede de backbone (espinha dorsal) conectando redes nos EUA. Em 1991, a NSFNET impôs restrições comerciais a internet, mas em 1995 essa empresa perdeu os direitos e o tráfego de backbone passou a ser carregado por provedores de serviços de internet o que permanece até hoje (KUROSE, 2010). Com o surgimento do WWW na década de 90, a internet se expandiu para os lares e as empresas de milhões de pessoas pelo mundo inteiro. Desta forma, ela serviu de plataforma para a habilitação e a disponibilização de 36 novas aplicações como internet banking, multimídia em tempo real, recuperação de informações. Com o desenvolvimento tecnológico a internet passou a incorporar a redes de acesso de alta velocidade (incluindo acesso sem fio) proporcionando cada vez mais acesso residencial de banda larga construindo um cenário para novas aplicações multimídias, entre elas inclusão de vídeo e voz através do Skype (2009), compartilhamento de vídeo com o youtube (2009), a televisão sobre IP (PPLive, 2009), o sistema Wi-Fi público de alta velocidade através de rede de telefonia. Entre outras ferramentas também foram grandemente difundidos o E-mail (correio eletrônico), listas de discussão, websites (home page) com a WWW (world wide web), quadros de discussão (message boards/mural), podcasting, enciclopédia colaborativa (Wikipédia), redes sociais (Facebook, MySpace, Orkut, Arto, Azbuz, Blogger, Buscape, Comunidade Doctíssimo, Daum, Comunidade Libero, Comunidade Biip.no, dkbn, Goodreads, Hyves, IRC-Galleria, LinkedIn, LiveJournal, MiniBlog, NAVER, Neogen.ro, Libimseti.cz, Netlog, OleOle, PIXNET, Overblog, psicofxp.com, SayClubme, TISTORY, Viadeo, virtuanights, TypePad, Skyrock, WordPress e XING), realidade virtual (Second Life), multimídia (uso e combinação de vídeo, áudio, animação, texto, fotos, gráficos), Messenger (Windows, Media Live), LMS (Learning Managemet System), rádiologs, blogs, fotoblogs, miniblogs, chats (IRC - Internet Relay Chat), AVA (Ambiente Virtual de Aprendizagem), objetos de aprendizagem, (KUROSE, 2010). Tecnologias de acesso remoto ou rede sem fio (Wi-Fi) foram também desenvolvidas na década de 90 e hoje estão presentes em muitos lugares como instituições educacionais, aeroportos e esquinas, etc. Esse sistema tem um espectro de freqüência semelhante aos dos celulares e micro-ondas de 2,4 GHz onde são amparados por uma estação-base central conhecida como ponto de acesso que se conecta a um dispositivo de interconexão (roteador) que, por sua vez, leva a internet (KUROSE, 2010). O Bluetooth é uma tecnologia baseada na transmissão de dados através de sinais de rádio de alta freqüência entre aparelhos eletrônicos próximos. Existe um limite de distância para transmissão do sinal entre os dispositivos que fica entre 10 metros a 100 metros. A grande vantagem são os pequenos transmissores de baixo custo e que podem ser incluídos em praticamente qualquer tipo de aparelho como notebooks, celulares e micros de mão, de mesa, mouses, teclados, videoconferências, teleconferências, telemática, hipertextos 37 joysticks, fones de ouvido, etc. O Bluetooth usa um padrão aberto e livre de tributos. Tem freqüência de transmissão semelhante a do micro-ondas, 2,4 GHz e velocidade de 1 Mbps (mega bytes por segundo). O dispositivo Bluetooth tem capacidade de localizar dispositivos próximos, formando redes de transmissão, chamadas de piconets. Estabelecida a rede os dispositivos determinam um padrão de transmissão, usando canais possíveis. A transmissão de dados é feita em pacotes (MORIMOTO, 2002). A realidade virtual se define como uma forma mais avançada de integração homem-computador sendo uma técnica avançada de interface em que as principais características são a imersão, navegação e interação. (PINHO, 1996) e (KIRNER, 2000). Na imersão tem-se a sensação de estar sentindo o ambiente e para se conseguir esta sensação utiliza-se de dispositivos visuais e de outros sentidos. Na interação é a capacidade de detectar entradas de usuário e realizar modificações no mundo virtual. A navegação caracteriza-se pelo envolvimento de dispositivos não convencionais de entrada e saída é feita em tempo real (PEREIRA, 2002). Os Ambientes Virtuais de Aprendizagem segundo (MCKIMM, JOLLIE e CANTILLON, 2003) define-se como um conjunto de instrumentos eletrônicos destinados ao processo ensino-aprendizagem. Como um dos principais componentes pode-se incluir sistemas que organizam conteúdos, acompanham atividades e, fornecem ao aluno suporte on-line e comunicação eletrônica. Entretanto, segundo (MILLIGAN, 1999) ambientes virtuais de aprendizagem ou AVA podem ser descritos como um software baseado num servidor e criado para gerenciar e administrar todo o processo de aprendizagem, como disponibilizar conteúdos, acompanhar o aluno, avaliar o processo ensinoaprendizagem, etc. O autor chama atenção para o fato de que ferramentas individualizadas possam ser incluídas para criar um ambiente mais flexível. Mediante essas informações a definição de AVA pode ser mais abrangente considerando não só um pacote de softwares prontos, mas qualquer ação de criar ambientes baseados em instrumentos individualizados. O AVA possui muitas utilidades como controle de acesso realizado por meio de senha, monitoramento do percurso do estudante dentro do ambiente com registro do progresso por meio de atividades e páginas consultadas, administração do tempo por meio da disponibilidade de materiais e calendários para o aluno, avaliação, comunicação por meio síncrono e assíncrono, 38 privacidade, sistema de busca, apoio e ajuda on-line, manutenção relativo a atualização do material para aprendizagem. Conforme Almeida (2003, p. 331) os ambientes virtuais de aprendizagem são chamados como ambientes digitais de aprendizagem e são definidos como: Ambientes digitais de aprendizagem são sistemas disponíveis na internet, destinados ao suporte de atividades mediadas pelas tecnologias de informação e comunicação. Permite integrar múltiplas mídias, linguagens e recursos, apresentar informações de maneira organizada, desenvolver interações entre pessoas e objetos de conhecimento, elaborar e socializar produções tendo em vista atingir determinados objetivos. Resumimos que o AVA usa a internet possibilitando o acesso integral e virtual das informações. Alguns exemplos de AVA Moodle, iTutor, SOLAR, Sócrates, TelEduc, Amadeus, AVA AIED, Eureka (MILLIGAN, 1999). A videoconferência segundo (SOARES, MARTINS e BASTOS, 1988) é definida como um serviço de teleconferência (telecomunicação) onde permite aos participantes em localidades distintas, estabelecer uma comunicação bidirecional através de dispositivos eletrônicos de comunicação podendo compartilhar, simultaneamente, áudio e vídeo dando a sensação de estarem todos no mesmo ambiente. Os serviços disponibilizados com a teleconferência são, de acordo com (ITU-R, 1993): - Áudio Conferência – sistemas onde somente os sinais de áudio são transmitidos. - Conferência Áudio Documentada – sistema onde há transmissão de voz e texto, citando como exemplo o Skype. - Conferência Áudiográfica – semelhante ao sistema da conferência áudio documentada, mas com a utilização de imagens estáticas. - Freeze-Frame Videoconferência – possuem transmissão de voz (áudio) e o envio de imagens estáticas dos participantes como fotos daquele momento de transmissão. - Teleseminário – sistema que consiste da distribuição dos eventos ocorridos num local com áudio e vídeo para todos os participantes sendo o áudio o único sinal de retorno. - Vídeoconferência – serviço semelhante à conferência áudiográfica 39 com o envio, em tempo real, de sinais de vídeo entre os participantes. Há outros serviços que usam áudio e vídeo com características semelhantes às desenvolvidas pela teleconferência são a telefonia convencional, vídeofonia (transmissão bidirecional ponto a ponto de áudio e vídeo) e o telemonitoramento (câmeras de vigilância). A videoconferência pode transformar-se numa ferramenta de grande apoio na educação como em escolas, bibliotecas, universidades e projetos de ensino á distância. Uma das vantagens oferecidas por esse sistema é o compartilhamento de recursos em regiões longínquas, construção de experiências virtuais quando as reais não são possíveis, trazer pesquisas e discussões de especialistas para próximo dos alunos através de palestras, aplicações em atividades de grupos, etc (SILVA., 2005). De acordo com (MUNHOZ, 2011) o LMS (Learning Managemet System) ou sistema de gerenciamento de aprendizado ou ainda LCMS (Learning and Content Management System) é um conjunto de ferramentas responsável pela gestão de cursos e treinamentos à distância podendo ser chamados de ambiente virtual de aprendizagem. São expressões que distinguem o mesmo objeto. Um fator crucial para a efetivação do LMS é a quantidade de comunicação e colaboração entre seus participantes e o compartilhamento de materiais e outros conteúdos. Podem ser usados como auxiliares de redes sociais e suas formas de interação e a realidade virtual trazendo inovação aos conteúdos educacionais. A Telemática é um tipo de comunicação a distância que utiliza um conjunto de tecnologias de transmissão de dados (no formato de texto, imagem e som), processamento e armazenamento resultante da junção da telecomunicação (telefonia, satélite, cabo, fibras óticas) e da informática (computadores, softwares, rede de computadores) associados à eletrônica (MARGARETE, 1998). Conforme (FAGUNDES e MARGARETE, 1992) telemática é uma rede que pode usar tecnologia de rádio-amador para se comunicar. Difere do rádio e televisão, pois a comunicação é interativa e pode ocorrer em tempo real, sem custos. Pode ser trabalhada em conjunto com outras ferramentas como a teleconferência, e-mail e chat. Segundo Chahin (2004, p. xv) telemática se definiria como: 40 A união das tecnologias da informação e de comunicação eletrônicas digitais e convergentes – oferece meios poderosos e cada vez mais baratos de aperfeiçoar nossa democracia, pagar nossa dívida social e estimular nossa economia. Ampliando nossos estudos para melhor compreensão das tecnologias da informação e comunicação e refletindo sobre os diversos autores acima citados, podemos ter uma concepção do significativo impacto sobre a educação. Ao ter acesso as TICs ocorre uma transformação em conhecimento, assim, poderemos formar alunos agentes de mudanças nos diversos setores da vida. Com o uso adequado dessas tecnologias estimulamos as capacidades de desenvolver estratégias, habilidades sociais, capacidade de comunicação eficiente permitindo a autonomia e criatividade, ou seja, criando pessoas auto-suficientes e melhorando a qualidade de vida. Se não houver acesso aos recursos tecnológicos existentes para melhoria do processo de ensino-aprendizagem nas escolas, faculdades, universidades, empresas, lares, esquinas as transformações poderão não ocorrer e o contingente de pessoas excluídas será grande pela falta de acesso as oportunidades. Outro segmento tecnológico em desenvolvimento é a computação em nuvem (em inglês, cloud computing). Essa tecnologia está relacionada com o uso da memória e da capacidade de armazenamento e cálculos dos computadores e servidores compartilhados e interligados via internet, possibilitando o usuário armazenar e rever dados e arquivos em qualquer equipamento, tendo como requisito que este computador esteja conectado a internet. Esse armazenamento de dados é feito por empresas que prestam este tipo de serviço e oferecem uma determinada capacidade de armazenamento ficando responsável pela segurança dos dados de seus clientes, que poderão acessá-los ou apagá-los de qualquer lugar do mundo, em qualquer hora, não necessitando de instalação de programas específicos ou de armazenamento dos dados. O acesso aos programas e arquivos é remoto, através da internet. Seu uso torna-se cada vez mais viável pela facilidade de acesso não se limitando ao uso dos discos rígidos que estão fisicamente em computadores pessoais, dificultando o acesso remoto de dados e deixando sob a responsabilidade do usuário a segurança das informações. A forma de armazenamento apresentadas por este modelo é excelente, pois os arquivos são guardados na web e os programas colocados na nuvem computacional, não nos 41 computadores em si. São na maioria dos casos, gratuitos e acessíveis de qualquer lugar. O fator mais relevante é a segurança neste tipo de sistema, do ponto de vista que os dados ficam online o tempo todo. Neste ponto o usuário deve fazer uma pesquisa para descobrir quais os fornecedores confiáveis, pois, havendo algum problema os dados podem se perder ou parar nas mãos de outras pessoas (PUPIM, 2010). Os Blogs ou Web logs são diários on-line e possibilitam diálogos assíncronos entre as pessoas possibilitando a realização de comentários sobre o material postado. As ferramentas dispostas nos Blogs disponibilizam o uso de links, gráficos, fotos, áudio, vídeo, banners, enquetes, web reportagens, postagens, comunidades podendo ir de boletim informativo a revista eletrônica online. Os blogs podem ser muito bem explorados na educação, pois são ferramentas excelentes para desenvolver boa escrita, ordenação de idéias, criatividade, atividades colaborativas, cooperação educacional, estimulando os outros a comentar e manter-se ativo na internet, mas o principal é o seu conteúdo. Um dos sites hospedeiros de blogs que tem um sistema de recursos intuitivo e fácil de usar é o Blogger (www.blogger.com) (BLOGGER, 2011). O Twitter é uma rede social que trabalha com informações em tempo real. Ele é constituído por pequenas informações chamadas Tweets que comportam até 140 caracteres. Pode-se fazer cobertura ao vivo de eventos, discussões e compartilhamento de links interessantes, receber atualizações de seus contatos e de outros podendo utilizar o serviço de SMS dos celulares (TWITTER, 2011). O podcast é um software onde se podem divulgar idéias ou notícias através de áudio. Semelhante ao rádio onde pode se escutar as informações através da internet ou dos celulares que possuem tecnologia 3G. O áudio do poscast pode ser copiado para o computador, celular, iPod ou leitos de mp3. Uma de suas características é que as pessoas que se interessam por um Podcaster podem acompanhar as atualizações dos conteúdos através de mensagens de feed RSS, assim podendo configurar o seu programa leitor de podcast para se informar e transferir todas as atualizações publicadas nos sites de seu interesse sem a necessidade de visitá-los (PODOMATIC, 2011). Podcast vem da junção de iPod (aparelho de mídia da Apple) ou da sigla Personal On Demand (tradução – algo pessoal e sob demanda) e broadcasting (transmissão de rádio ou televisão) (PODCASTING, 2011). 42 4. INCLUSÃO E EXCLUSÃO EM EAD. A inclusão compreende não somente o acesso aos recursos ou ferramentas, mas aos valores intrínsecos das pessoas. De acordo com (LODI, 2003) a inclusão compreende os conceitos de respeito, igualdade, apoio, união podendo ser considerado um valor como o da interação. Com a inclusão pode-se transformar os espaços e as relações como forma de reflexão sobre a realidade buscando formas de respeito às diferenças das pessoas e grupos. Já temos conhecimento do rádio e da Tv´s abertas, de softwares livres e de locais onde o acesso a internet é gratuito, licenças de propriedades intelectuais para a disponibilização de materiais on-line para pesquisas e estudos tanto escolares como acadêmicos, podendo se estender a quem tem acesso a internet através das LAN Houses, podemos comprar produtos de lojas virtuais e receber em casa, ter acesso aos E-books, conversar com pessoas de todos os lugares do mundo, aprender uma língua nova dialogando pelos chats, tantas possibilidades podem ser alcançadas com a inclusão digital e social. Para alguns autores a questão da exclusão é mais ressaltada enquanto que outros retratam o lado positivo da inclusão social. Como exemplos têm Moreira (2006, p.1): [Inclusão Social] pode ser entendida como a ação de proporcionar para populações que são social e economicamente excluídas – no sentido de terem acesso muito reduzido aos bens (materiais, educacionais, culturais, etc..) e terem recursos econômicos muito abaixo da média de outros cidadãos – oportunidades e condições de serem incorporadas à parcela da sociedade que pode usufruir desses bens. Em um sentido mais amplo, a inclusão social envolve também o estabelecimento de condições para que todos os habitantes do país possam viver com adequada qualidade de vida e como cidadãos plenos, dotados de conhecimentos, meios e mecanismos de participação política que os capacitem a agir de forma fundamentada e consciente. 43 O programa educacional brasileiro, segundo Martins (2005) “encontra-se em descompasso com a demanda de pessoas presentes na sociedade, tendo em vista que os direitos estão sendo negados, pois a grande maioria da população não tem acesso ao sistema educacional”. Não obstante atualmente vivermos na era da sociedade do conhecimento e da informação e contrastando com a atualidade nem todos têm acesso à rede de informações que existe, ou seja, estão excluídos desse processo. A inclusão pode ser usada como política pública para melhorar a qualidade de vida da população. A exclusão seria a impossibilidade de acesso ou a falta dele. De acordo com Silveira (2001, p.18): [...] a exclusão digital impede que se reduza a exclusão social, uma vez que as principais atividades econômicas, governamentais e de boa produção cultural da sociedade vão migrando para a rede, sendo praticadas e divulgadas por meio da comunicação informacional. Estar fora da rede é ficar fora dos principais fluxos da informação. Desconhecer seus procedimentos básicos é amargar a nova ignorância. Conforme (CAMPOS, 2007), uma das causas da exclusão social no Brasil, seria a impossibilidade de formação profissional fora dos conglomerados urbanos, onde há preconceito com pessoas que não conseguem se deslocar de suas pequenas cidades do interior para estudar nas universidades das capitais ou não tem como sustentar as mensalidades de instituições particulares. A educação necessita ser inclusiva, com qualidade e continuar ao longo da vida. No Brasil, onde os graus de escolaridade são desiguais, a EAD revela-se como forma de diminuir as distâncias, quer sejam geográficas, temporais, físicas, e possibilitar transformações sociais e econômicas por meio do aumento do nível de escolaridade da população. A EAD pode vir a tornar-se alternativa crucial para solucionar os problemas educacionais visando democratizar o acesso ao ensino, incentivar o aprendizado contínuo, aumentar o padrão econômico através do processo educativo. Para consolidação desse modelo, boa infra-estrutura, inovações práticas e metodologia inclusiva são necessárias (CAMPOS, SANTOS e VILLELA, 2003). 44 A modalidade EAD pode tornar possível a educação de pessoas que são excluídas dos processos educativos formais por dificuldades como localização, indisponibilidade de tempo, questões sócio-econômicas. Segundo (NEVES, 2002) educação a distância é entendida como um casto e contínuo processo de mudanças que incluem a democratização do acesso para melhoria dos níveis de escolaridade, contínua aprendizagem e adoção de novos paradigmas educacionais. Uma alternativa para a diminuição do abismo educacional/social existente no Brasil seria um melhor desenvolvimento e investimento em cursos à distância possibilitando mudanças reais no modelo didático pedagógico atual associado a mudanças políticas públicas que podem focar no aumento da oferta de vagas principalmente para cursos de nível superior, ampliar o número de vagas com custos que serão amenizados ao longo do tempo. A educação a distância com as ferramentas certas e numa perspectiva de interação e construção colaborativa do saber favorece o desenvolvimento de habilidades relacionadas com a escrita, interpretação de texto, hipertextos e leitura de idéias registradas por outros participantes melhorando a construção do saber (ALMEIDA, 2003). Podemos pressupor que um dos agravantes da realidade de exclusão sócio-digital brasileira é a dificuldade ou a impossibilidade de acesso as TICs de grande parcela da população e sendo assim, a acessibilidade e inclusão não se concretiza de fato. Enquanto se procura democratizar a educação em todos os níveis, as pessoas continuarão participando de cursos à distância por meio de tecnologias convencionais, porém estes cursos podem tornar-se mais interativos buscando reflexões, programas de formação continuada por meio de práticas pedagógicas com as TICs. Para que de fato ocorra a real interação e inclusão há que se pensar em como ensinar a fluência tecnológica para que as pessoas possam participar das atividades à distância, ou seja, precisam de alfabetização digital (ALMEIDA, 2003). Segundo (PUDO, 2003) podemos observar nas mídias atuais que há preocupação por parte das classes políticas, empresariais, intelectuais no envolvimento tanto dos avanços tecnológicos quanto da inclusão sócio-digital. Compreende-se que com a inclusão digital há melhorias na aprendizagem como totalidade. 45 Conforme (CAZELOTO, 2008) um dos fatores que pode ter gerado e exclusão digital seria o capitalismo global, pois este impõe metas e padrões de desenvolvimento, regula as relações trabalhistas, desarticula a cultura tradicional, constrói hierarquias de privilégios e comando. Baseado no pensamento de (CASTELLS, 1999) a aceleração tecnológica social vem remodelando a base material da sociedade. Falam-se globalmente de mercados interdependentes, novas relações econômicas entre o Estado, a cultura e a sociedade. O capitalismo seria o trampolim de todas as transformações e, por isso, precisamos de uma profunda reestruturação. Reflexões sobre a sociedade da informação parecem sem efeito algum, dando-nos a impressão de que as ciências não têm solucionando de fato a complexidade da nova sociedade, economia e cultura em constante formação e transformação (ALBUQUERQUE, 2005). Albuquerque (2005, p. 24) chama a atenção para: Ao mudarmos o significado de tempo e espaço, valendo-se de recursos tecnológicos que atribuem grande permeabilidade social, a informação ganha status passando a ser objeto de estudo das ciências de diversas naturezas. Como reflexo deste pensamento, no Brasil, podemos salientar Cardoso (1994, p. 109): Á cena social (...), a partir de meados dos anos 70, é marcada pela presença constante de movimentos sociais organizados que colocam desafios interpretativos para a teoria sócio-política, enquanto, paralelamente a isto, convocam para a participação os agentes que desenvolvem a reflexão sobre este acontecimento, provocando várias mudanças no ambiente acadêmico. A autora leva-nos a refletir sobre o tema e reforça a idéia de priorização da democratização da informação e da relação informação-cidadania. Onde a informação nas concepções atuais torna-se desejada já que e falta dela causa o isolamento das oportunidades para alcançar melhores condições de vida e igualdade de qualificação. Ressalta-se a observação feita por (VAN ACKER, 2009) sobre que muitas pessoas podem não conseguir significar as informações acessadas, ainda 46 que saibam manusear as ferramentas tecnológicas podendo desistir. Neste sentido pode-se configurar um bloqueio à aprendizagem. Segundo (Ibid. p. 87) inclusão digital poderia ser conceituada como o acesso e o domínio de operações básicas de softwares. Observando as idéias do autor citado acima consideramos que o domínio das operações básicas por si só não é inclusão digital, mas para que ocorra a inclusão num conceito mais global há que desenvolver uma cultura digital, uma cultura de gestão do conhecimento e que envolva a autonomia e autoria dos usuários. De acordo com (VAN ACKER, 2009, p. 87) a absorção de tecnologia digital pode significar, até certo ponto uma exclusão, ao invés de inclusão e não assegura a inclusão social ainda que possa significar certa inclusão social. Pode ser bem controverso, mas é uma questão a ponderar. A população pode ter aparentemente um fácil acesso as tecnologias, mas se considerarmos a maioria são poucos os usuários habilidosos no uso das tecnologias para comunicação e sendo assim, com esse manejo terem acesso à informação, renovando assim seu aprendizado do mundo e ganhando recursos para sua inserção no mundo do trabalho. Apesar de tantas dificuldades de acesso a informação, há grande interesse em aproximar-se desses recursos ainda que sejam poucos se pensarmos no grande número de computadores ofertados e o pouco tempo para cada usuário acrescentando a isso a espera na fila e a hora de ser atendido numa LanHouse, por exemplo. Neste contexto observa-se que o simples acesso a internet num cybercafé próximo de casa não garante aprendizado, inserção no mercado de trabalho e na cultura digital. No Brasil, como em outros países, o Estado é um dos principais fornecedores de programas de inclusão sócio-digital. O governo federal procura atuar de maneira mais contundente neste plano por meio do Ministério da Ciência e Tecnologia onde tem mapeado pontos de inclusão digital no país distribuído pelos estados (CAZELOTO, 2008). De acordo com (Ibid. p. 128) a verdadeira inclusão digital não fere as normas de distribuição de riquezas e privilégios, mas é um instrumento indispensável para a reprodução e expansão de um novo tipo de hierarquia o da cibercultura. Não se quer anular os grupos marginalizados, mas contornar as 47 situações desfavoráveis para um novo sentido o da cibercultura onde exista possibilidade de relações sociais com equidade. Outra vertente observada com (CAZELOTO, 2008) é a de que a informatização pudesse acabar com o trabalho de baixa qualificação na área da informática como digitadores, operadores, técnicos de baixo nível e outros que desempenham pequenas funções necessárias ao processamento até programadores. Esses profissionais não interferem nas finalidades sociais gerados pelo trabalho que realizam apenas uma pequena parcela de pesquisadores e desenvolvedores. Na sociedade da informação e do conhecimento (CHAHIN, 2004) afirma que o recurso mais importante atualmente é o cérebro humano. Bem trabalhado pode criar uma sociedade mais justa, culta, eficiente e mais competitiva. Há autores que atribuem que em conjunto ao cérebro humano há o conceito da espiritualidade a suas definições do homem como (MONSON, 2011) ao afirmar Depois de experimentar muitas coisas e vagar por regiões distantes, vemos o quanto tantas coisas no mundo são efêmeras e superficiais e ficamos ainda mais gratos pelo privilégio de fazer parte de algo com que podemos contar. (...) Aprendemos o que significam os laços do dever, do respeito e de pertencermos a um grupo. Aprendemos que nada pode substituir plenamente o venturoso relacionamento da vida em família (UM SANTUÁRIO..., 2008, p. 29). Nesta citação ressalta-se que na sociedade atual faltam atributos de valores humanos e percebe-se que nos dirigimos para um rumo incerto onde se prioriza economia, trabalho, tecnologias, inovações, mas esquece-se que o centro de todo essa revolução é o ser humano. É nele que deve concentrar-se nossa atenção, pois haveria mais inclusão, cooperação, colaboração difusão, união se nos concentrássemos no ser humano. Se há a necessidade de convívio social sadio para que ocorra outras inclusões devemos preservar a dignidade humana, já que almeja-se a qualidade de vida tendo em mente que somos frutos e não árvores. Vivemos numa economia mais globalizada onde a competitividade das pessoas, empresas, cidades, regiões e nações são determinantes do nível de bem-estar. Para (CHAHIN, 2004) a competitividade é uma questão de educação, treinamento, organização e estabilidade. O capital humano, força 48 geradora, se constrói com um esforço conjunto dos indivíduos, famílias, governos e empresas. Se a força de uma nação está na fortaleza das famílias como matriz econômica-política, há de se convir que precisamos repensar não os valores, mas a forma de se conviver sem destruir, excluir. O Brasil é considerado uma das grandes economias mundiais tem problemas decorrentes da má distribuição de renda e para que se desenvolva o capital humano tem que superar tais problemas e é questão de desenvolver a solidariedade. A convergência digital vem acontecendo e é um processo de unificação da televisão, de computadores e telefones, impulsionados pela revolução digital e das tecnologias como a internet (CHAHIN, 2004). Uma questão que não pode deixar de ser é sobre o governo eletrônico. Iniciou no Brasil em 1993 com o Mosaic, primeiro browser usado por um grupo de estudantes de pós-graduação da Universidade de Illinois, nos EUA, onde no ano seguinte, desenvolveram o Netscape (Ibid., p 14). Poderíamos definir o e-governo como um conjunto de ações, ferramentas tecnológicas, técnicos que desenvolvem sites onde são disponibilizados informações básicas ao público mantendo uma linha de comunicação por meio de email com prestações de serviços integrados e onde a informação se encontra organizada de acordo com as necessidades revolucionando as relações entre governo, administração pública, cidadão e empresas (CHAHIN, 2004, p. 16). Além do fator “capital” temos o fator “global” que impede o desenvolvimento do processo de inclusão sócio-digital. A idéia de (DEMO, 2002) esclarece que a inclusão dos pobres está sob o jugo do assistencialismo social, sendo um efeito da exclusão no sistema do capitalismo, já que não podendo auto-sustentar necessitam ser mantidos pelos que conseguem. Neste aspecto é muito difícil no sistema capitalista, mesmo com exercício da cidadania qualitativa o mercado estaria acima da cidadania. Enquanto os parâmetros democráticos capitalistas estiverem acima de qualquer situação os direitos humanos não prevalecerão. Conforme Aun (2001, p. 35) o presente momento é marcado por 49 A mundialização dos contatos, a globalização das TICs e demais características que marcam a transição de uma Sociedade da Informação aumentaram a possibilidade de maior difusão de informações, mas os requerimentos de competência para se extrair conhecimento ou de apreensão dessas informações exigem competência que só quando adquirida permite a participação na nova era. Almeida (2005), o acesso as TICs e o conhecimento técnico que vem sendo desenvolvidos em alguns programas de inclusão digital, não são suficientes para o desenvolvimento das práticas cidadãs por meio do uso dessas tecnologias: Propiciar às pessoas a fluência tecnológica significa utilizar criticamente a tecnologia da informação e comunicação com os objetivos de alavancar a aprendizagem significativa, autônoma e contínua, mobilizar o exercício da cidadania, oportunizar a produção de conhecimentos necessários à melhoria das condições de vida das pessoas e da sociedade e apoiar a criação e organização de nós da rede de relações comunicativas na qual todos possam se conectar (ALMEIDA, 2005, p. 173). Almeida (2005, p. 174) define letramento digital como “um domínio e uso da TIC oferecendo ao cidadão o produto crítico de conhecimento, com competência para o exercício da cidadania e para penetrar criticamente no mundo digital como ser ativo, produtor e emissor de informações”. Com essa visão analisa-se que o letramento digital permitiria uma inclusão além do social, mas crítica e o desenvolvimento de uma habilidade tecnológica capaz de ligar a educação que liberta às demandas do mundo do trabalho. Seguindo o mesmo raciocínio do letramento digital (ALMEIDA, 2005, p. 175) afirma que Nesse movimento, é imprescindível reconhecer o contexto do alfabetizado, sua realidade de vida e de trabalho, suas crenças, necessidades e expectativas, propiciando-lhe explicar suas curiosidades sobre o mundo digital e as problemáticas de seu cotidiano, a partir dos quais se procura discutir as alternativas de solução para tais problemas e as possíveis contribuições da tecnologia de informação e comunicação em sua resolução. Os temas geradores se originam em problematizações sobre experiências de vida, trabalho, relações humanas, curiosidades e desafios do mundo digital colocados pelos alfabetizados. Na mesma relação, Bretas (2000, p. 78) afirma que O exercício da cidadania cultural passa pelo direito de compartilhar da informação e do conhecimento, viabilizado pela capacidade de leitura dos consumidores de bens simbólicos. Entretanto, não só o direito à leitura é suficiente para tal exercício: é necessário também incorporar o direito à 50 expressão, convertendo leitores em produtores de textos, a serem veiculados em canais de comunicação conquistados pela sociedade. Na prática da cidadania os direitos são expressos na constituição brasileira, mas as práticas cidadãs não estão sendo cumpridas. Para que haja essa viabilização ao direito de compartilhar temos que fazer mais do que dialogar, tem sim que se agir e procurar mudanças que podem começar dentro de nosso lar dando potencialidade as futuras gerações onde podem efetivamente transformaremse em cenário de construção da inteligência coletiva e ampliar as relações humanas e sociais. Uma das formas de melhorar o fluxo da inclusão ou letramento digital onde haveria direito de expressão e sociabilidade seria por meio das redes telemáticas e estas carecem até certo ponto das tecnologias da informação e comunicação em sua atuação total. Está claro que o acesso simples as tecnologias não garante a inclusão digital, mas para o Brasil o simples fato de facilitar o contato aos equipamentos e as TICs é um grande desafio. Segundo (DEMO, 2002) exclusão seria uma marginalidade originada na base das estruturas sociais onde existe atribuição de valores dominantes e repartem em lugares formando hierarquias onde é valorizado a cada um em sua dignidade ou indignidade social. A exclusão não se restringe ao mercado de trabalho, mas na destruição dos valores integrativos atingindo níveis de existência mínimos e de impotência diante do fato (DEMO, 2002, p. 21). A globalização e o avanço tecnológico têm acentuado os índices de desemprego, desmontando o sistema de proteção social e tornando alheio os direitos sociais e trabalhistas. Não eliminaram, mas recriaram as antigas formas de exploração trabalhista como exploração do trabalho infantil, o trabalho domiciliar e o trabalho escravo que pareciam ter sido superados pelas conquistas sociais e políticas resultado das lutas operárias ocorridas após a Segunda Revolução Industrial. Rotineiramente assiste-se perda de garantia e proteção social vinculadas aos empregos e uma desestabilização do mundo do trabalho ocorrendo ao longo da vida social (BULLA, 2004). Associado as exclusões está o desemprego que significa a separação entre o trabalho e produto de trabalho e que afeta todas as esferas da condição humana (BULLA, 2004, p. 33). 51 Pode-se considerar baseada na afirmação de (ibid., p. 34) que existe uma terceira revolução industrial. Essa é composta pelas mudanças tecnológicas onde envolve grandes segmentos da população e ironicamente, promove expulsão da população trabalhadora de seus postos de trabalho. Seguindo a idéia de (BULLA, 2004, p. 36) os excluídos são grande número de pessoas que dominadas pelo mercado global, nem sequer são exploradas, pois não são necessários à produção, e não conseguem participar do mercado como consumidores. Na observação do (DEPARTMENT, 1991, p. 2), As crianças com habilidade abaixo da média são muito mal servidas por nosso sistema educacional. Aquele que é menos capaz academicamente continua a sofrer as conseqüências de quaisquer que sejam os problemas agudos ou crônicos que afetam o sistema educacional. Um ponto relevante é que as crianças menos capazes academicamente são aquelas que vivem em áreas de desvantagem social e econômica. Como observação, podemos deduzir que esse fracasso possa ser ocasionado, além da pobreza, por crianças menos inteligentes, ou não aptas para aprender, falta de interesse dos pais pelo desenvolvimento dos filhos, falta de um ambiente que favoreça a aprendizagem, baixa expectativa das escolas em facilitar o avanço nas séries sem o real aprendizado, o governo por não gastar dinheiro suficiente ou por gastá-lo de maneira errada (MITTLER, 2003). Percebemos alguns sinais de que os políticos parecem estar começando a pensar de forma mais alargada sobre o contexto social em que se encontram as escolas, mas esse processo ainda não começou de fato (DYSON, 1997; MITTLER, 1999). Famílias vivendo na pobreza onde os filhos estão mais propensos a exclusão sofrem com falta de saúde, assistência a saúde precária, taxa de mortalidade infantil maior, a habitação inferior, desagregação familiar, desemprego entre os pais (ACHESON, 1999). Se o governo tem o poder e os meios por que não melhorar a seguridade social e os centros de emprego, os negócios e a indústria, por que não agir conjuntamente, elaborando um plano conjunto tanto do governo central e local? (MITTLER, 2003, p. 24). 52 Segundo (ibid., p. 24) a inclusão estaria no coração da política educacional e social. Na educação a inclusão envolve uma reforma, reestruturação das escolas em sua totalidade, para assegurar que todos os alunos possam ter acesso a todas as oportunidades educacionais e sociais oferecidas. Inclui aqui o currículo, avaliação, os registros, os relatórios de aquisição acadêmicos, a pedagogia e as práticas em sala de aula, o acesso as tecnologias da informação e comunicação através dos laboratórios de informática, oportunidades de esporte, lazer e recreação. Assim, garantiria o acesso e a participação de todas as crianças em todas as possibilidades de oportunidades oferecidas pela escola e impediria a segregação ou evasão e o isolamento. Essa política seria planejada para beneficiar todos os alunos, os com deficiências ou dificuldades de aprendizagem, grupos raciais, aqueles que pertencem à minoria lingüística, os que se ausentam das aulas e o que correm risco de exclusão (MITTLER, 2003, p. 25 et seq.). De acordo com (MITTLER, 2003, p. 78) a exclusão social tem origem na pobreza, na moradia inadequada, na doença crônica e no desemprego. As crianças já enfrentam desde seu início de vida, obstáculos, por causa do gênero, da raça, religião ou deficiência, embora a maioria cresça em famílias amorosas, muitas dessas crianças começam e terminam a infância em exclusão social e de baixo rendimento educacional e continuam o ciclo do desemprego, pobreza, e a doença ao longo de sua vida na fase adulta. O grande desafio para nossa sociedade é romper a força da pobreza e miséria que acaba com o desenvolvimento de nossas crianças. Se a família é a base e a força de uma nação, fortalecendo-a poderemos modificar os quadros de pobreza e miséria que se estabelecem. A pobreza e a miséria não se localizam apenas nas posses materiais, mas também na força do caráter de cada um, pois sejamos homens, mulheres, líderes, professores, governantes, trabalhadores, todos, viemos de uma família. A eliminação das mazelas que assolam a grande maioria da população brasileira e mundial poderia advir dos governantes junto com a sociedade civil se pudessem comprometer-se de fato com a extinção da pobreza, possibilitassem o uso das tecnologias da informação e da comunicação como ferramentas de difusão do conhecimento a favor de todos para o aprendizado e 53 melhoria do bem-estar da coletividade gerando felicidade e transformando todo o sistema. O compromisso, o amor ao próximo, o serviço, a solidariedade, muitas vezes superam as dificuldades financeiras que perturbam o equilíbrio social e assim, diminuindo as desigualdades e marginalização. A interelações inclusão digital na educação possibilita relações de compartilhamento sem hierarquia, sendo assim, precisa de mudanças nas professor-aluno-conhecimento, compartilhando conhecimentos, dúvidas, enfim, dando sentido as diversas linguagens. Há de se combater a exclusão para desenvolver melhores formas de aprender e ensinar além dos muros de qualquer escola, que seja viabilizado a aprendizagem coletiva em redes de saberes, de criatividade. O docente não pode se privar de aprender a manusear e explorar os equipamentos tecnológicos existentes e tão usados pelos alunos, manifestando uma auto-exclusão. É comum vermos nas escolas e estabelecimentos de ensino pessoas que detém certa habilidade em manusear equipamentos de informática, assim, essa pessoa passa a ser referência para resolver os problemas operacionais e tecnológicos. Na ausência dessa pessoa, em geral, os equipamentos não são disponibilizados para o uso na escola. Outro fator a ser lembrado é de que se busquem propostas pedagógicas condizentes com a vida escolar. As políticas precisam ser voltadas para as necessidades reais de cada localidade e de cada escola e não priorizar as empresas que produzem essas tecnologias. Para (SILVEIRA, 2004) exclusão social se entenderia como a falta de trabalho para a sobrevivência gerada pela globalização e da reestruturação produtiva que atingem o quadro social brasileiro. Diante desse contexto podemos pressupor que exclusão, na concepção da autora parece ser a falta de emprego, saúde, moradia, etc. todos as necessidades básicas da sociedade moderna. E o que dizer dos moradores de rua que o são por opção ou porque são desprovidos de uma moradia? Como levar acesso a informações a esses grupos? Será que apenas assistencialismo governamental resolveria o problema? A esse fato atual ressalta-se uma abordagem mais sensível e humana das diferentes situações geradas pelas discrepâncias sociais e educacionais. O poder dos governos aliados a prática social pode sim minimizar sofrimentos e criar oportunidades para levar acesso ao conhecimento a tantos grupos excluídos. Podemos imaginar que antes de legitimar o acesso as 54 tecnologias da informação e da comunicação, ao conhecimento e conduzir ao processo de ensino-aprendizagem precisamos garantir alimentos para os famintos, vestimentas para os nus, conforto aos aflitos, moradia para os sem-teto. Sem essas condições básicas nada pode ser exigido na melhoria das condições de sobrevivência asseguradas podemos levar educação ao seu pleno significado. Para (FACION, 2009) a exclusão no contexto atual levou a palavra para além de seu significado, ou seja, no contexto das políticas sociais e educacionais, criou-se um falso sentido para o uso da palavra. Para alguns exclusão significa pobreza, para outros oposição a inclusão, em outros marginalização. Pode-se considerar a exclusão como contrário a pobreza, mas no sentido de discriminação, ausência, sentimento. Nesta perspectiva a exclusão pode ser compreendida como uma separação do que é estável, ou seja, uma instabilidade, como a do fracasso, por exemplo. Na educação a exclusão pode ser encarada segundo (FACION, 2009) não como índices de pobreza e desigualdade social, um termo sociológico nem uma classe para análise. “Ela é um construto ideológico que enquadra certas pessoas em certos parâmetros para determinados fins” (FACION, 2009, p. 16). Compreendemos que o uso das TICs na educação a distância tem grande importância para oportunizar conhecimento e autonomia para muitas pessoas que por algum motivo não podem freqüentar locais tradicionais de ensino. A educação pode desmanchar a desigualdade social, o abismo tecnológico existente e garantir mais qualidade de vida ao cidadão. As tecnologias trazem contribuições à educação principalmente para educação à distância, pois a mesma é difundida por esses meios com maior rapidez e facilidade. 55 5. CONTRIBUIÇÕES DAS TECNOLOGIAS PARA INCLUSÃO. Segundo (COELHO, 2008) o uso do computador com acesso a internet favorece a integração de experiências escolares com percepção do mundo, da cultura, abre novos horizontes culturais como conhecer monumentos históricos e patrimônios culturais. Sem esse acesso todo esse mundo sofrerá dificuldades de penetração na cultura escolar havendo sobrecarga dos conteúdos tradicionais. O uso do teclado facilita o desenvolvimento de habilidades motoras diminuindo as limitações dos alunos favorecendo autoria intelectual. Todo esse potencial pedagógico pode não ser totalmente aproveitado dependendo da maneira como essas tecnologias forem usadas. O ambiente informatizado pode se transformar num lugar de dispersão para os alunos, de negação do professor e das disciplinas, de disputa entre os colegas. Nenhuma tecnologia é totalmente neutra (OLIVEIRA, 2001). Como afirma (GUERRA, 2000) as tecnologias não são soluções para a educação. Dependendo da forma de utilização tanto podem expandir como suprimir, ampliando os problemas existentes ou criando outros. Porém se o início do educando no mundo digital o colocar como sujeito de seu processo de aprendizagem, então, uma ação pode desencadear outras ações. Basta ser homem para ter relação com a realidade, buscando uma educação mais libertadora, que se firme no diálogo, numa relação horizontal entre os sujeitos, estimulando a reflexão e ação, num processo criador, que lute pela emancipação do homem na busca de “ser mais”, com consciência crítica integrada à realidade (FREIRE, 1979). (COELHO, 2008) inferiu em seus estudos que inserir alunos em ambientes com ferramentas informacionais em instituições educacionais de modo sistematizado é uma grande chance de dar oportunidade aos excluídos além de gerar capacidades para intervir na realidade. Alheios as tecnologias digitais, esses alunos terão dificuldades de oferecer currículos em empregos, acessa e se inscrever em editais de concursos. Terão condições limitadas de acessar informações em 56 órgãos governamentais, sindicais, ONGs, informações que dependem seus interesses como estudantes, trabalhadores, cidadãos. Constatamos que há um esforço por parte dos professores em se apropriarem das tecnologias, mas faz-se gritante a formação e aperfeiçoamento dos educadores através de referenciais teóricos e tecnológicos das didáticas midiáticas mais recentes na velocidade dos fatos melhorando a competência docente. Seria muito importante uma reestruturação das políticas públicas, dos projetos e programas já instaurados nessa direção, identificando e corrigindo os problemas de forma a assegurar a técnica, a formação e a capacitação dos docentes, escolas e alunos para podermos usufruir dos recursos tecnológicos digitais já disponíveis na sociedade (COELHO, 2001). No mundo ocidental, os avanços científicos e tecnológicos empurram o progresso e a palavra de ordem é a padronização. Nesta busca não há tolerância para erros nem imperfeições ou diferenças. A nós cabe a difícil missão de acompanhar a evolução no ritmo imposto por ela (RODRIGUES, 2006). Bhabha nos adverte que O que é crucial nessa visão de futuro é a crença de que não devemos simplesmente mudar as narrativas de nossas histórias, mas transformar nossa noção do que significa viver, do que significa ser, em outros tempos e espaços diferentes, tanto humanos como históricos (BHABHA, 2003, p. 352). Na política de globalização neoliberal centrada na economia mercadológica mundial é o meio onde vivemos hoje. Essa linha não condiz com a transformação, aprendizado, reflexão citado por Bhabha, nesse tipo de sociedade o que se produz é o individualismo, a competição que gera o problema da exclusão, pois os mais fortes e espertos se sobressaem, intensificação da violência, o consumismo, negação da diversidade cultural, racismo, preconceito. Nesse caminho nos distanciamos da ética, amor e da cultura, provocando a destruição das raízes humanas (RODRIGUES, 2006). As TICs na inclusão podem ser consideradas como um conjunto de ferramentas tais como: e-mail, blog, chat, fórum, MSN, AVA, etc. são marcadas pelo melhoramento dos microprocessadores e pela digitalização das informações. Esses aparatos tecnológicos que possibilitam conectividade entre os sistemas trazem simuladores de voz humana, hipertextos, dados, sons e imagens são colocados 57 disposição da sociedade como material favorável as formas de comunicação entre as pessoas. São esses mecanismos comunicativos mediado pelas tecnologias que favorecem a interação, sociabilidade e o acesso a diferentes jeitos de ensinas e aprender (ibid., p. 264). As tecnologias são fruto da produção humana e, portanto, é o homem quem compreende e constrói seus processos. Nesse plano a inclusão por meio das TICs não seria apenas a acessibilidade, mas acesso veiculado de conscientização do seu uso nas práticas sociais voltadas para a ampliação da participação democrática, pois Pierre Lévy declara, A longo prazo, é possível que o uso da internet conduza a uma renovação da democracia participativa local e a formas de governo mundial mais eficazes do que as atuais. Evidentemente, nada disso acontecerá sem um comprometimento ativo dos cidadãos. A tecnologia se limita a abrir possibilidades. Somente a atuação das pessoas permite que elas se realizem bem (LÉVY, 2002, p.2). Para o autor já citado acima as TICs ampliam as possibilidades de informação e controle democrático sobre as ações governamentais, das grandes empresas e demais vias da sociedade. A internet permite uma onda de ampla comunicação onde se podem organizar movimentos, mostrar opiniões. Um dos fundamentos para justificativa de investimento tecnológico e informático reside na democratização do acesso à informação e ao conhecimento e à melhoria da qualidade de vida das pessoas (RODRIGUES, 2006, p. 265). Segundo (WERNECK, 2003) para que a sociedade possa ganhar o nível de inclusiva deverá oferecer sempre aos cidadãos o direito de exercer sua cidadania para o bem comum. Um ato que revela a tentativa de inclusão social no Brasil, é a Lei nº 9.998, de 17 de agosto de 2000, que estabelece o Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust). Essa lei tem a finalidade de facilitar a implantação de redes de conexão ou subsídios nas tarifas telefônicas ajudando na expansão da inclusão sócio-digital e educacional (BRASIL, 2000). A referida lei ainda não foi efetivada devido a discussões políticas e econômicas entre o governo e as telecomunicações. As Tics iniciaram sua jornada na educação pela janela administrativa onde inicialmente foram introduzidas para informatização com a finalidade de agilizar 58 o controle e a gestão acadêmica. Depois foram introduzidas como complementos as aulas em atividades adicionais. A aula de informática, sala de multimeios são alguns exemplos. As inovações tecnológicas no âmbito das comunicações com seus novos lançamentos introduziram equipamentos modernos e cheios de funções onde facilitava o acesso e a divulgação de informações. Sendo assim, percebeu-se porque não utilizar todo esse potencial para a educação? Estudos e pesquisas começaram a ser feitos de maneira tímida inicialmente. Os conceitos de espaço e tempo foram sendo remodelados, pois com a cultura digital todas as possibilidades imaginadas pareciam ao alcance dos dedos. Criou-se o conceito de cibercultura. Cibercultura, na minha concepção, pode ser definida como sociedades vivendo no mundo digital. Exemplos dessa relação são eles internet banking, voto eletrônico, imposto de renda on-line, inscrições a universidades via internet, etc. Algumas das facilidades que as TICs trazem para a educação a distância são descritas por (DINIZ, 2010). Antes das TICs a liberação das informações era lenta e controlada, obtida de fontes limitadas o processo era simples com tarefa única ou limitada, os textos eram fornecidos antes das imagens e sons, informações seqüenciais, lógicas e de forma linear, no contato não havia nenhum tipo de interação, o ensino era por meio de grades curriculares e a avaliação era padrão. Com as TICs o recebimentos das informações é rápido e de múltiplas fontes multimídias, o processo é paralelo e com múltiplas tarefas (TV, MSN), o processamento das imagens, sons e vídeo vem antes dos textos, o acesso a informação é aleatório com hiperlinks, na rede de contato há interação e contato com muitos, aprende-se em tempo real, as recompensas são imediatas, e aprender é o relevante, de forma imediata e divertida. Atualmente os canais de televisão abertos usam os meios digitais para que os telespectadores sejam participantes ativos da construção dos programas abrindo espaços para elogios, críticas, comentários. Ocorrem daí chamadas para votações via telefone, e-mail e chat de forma que os telespectadores decidam o final da história. Parece muito interativo e o é, mas no ponto de vista da aprendizagem é irreal. O objetivo em educação é de que se permita que os alunos demonstrem suas idéias e participem de forma construtiva (ALMEIDA, 2003). 59 Com o uso das TICs, o Programa Nacional de Informática na Educação (ProInfo), do Ministério da Educação, investe recursos para formação de professores para inclusão das TICs nas práticas pedagógicas dentro da perspectiva da interação e construção de conhecimento. Em locais onde existe o suporte adequado, os professores participam de projetos de formação a distância através das TICs (ALMEIDA, 2003). O e-ProInfo é um ambiente virtual de aprendizagem que usa a tecnologia da internet e permite a administração e outras ações como oferta de cursos à distância, projetos de pesquisa, suporte a cursos presenciais, projetos colaborativos e outras formas de apoio à distância (e-ProInfo, 2011). A educação à distância com o suporte das tecnologias pode colaborar significativamente no desenvolvimento de competências e habilidades relacionadas à escrita como expressão do pensamento, interpretação de textos, hipertextos e compreensão das idéias de outras pessoas. Daí percebemos as conseqüências benéficas desses ambientes, instrumentos e ferramentas na EAD podendo provocar grade impacto no sistema educacional, desenvolvimento humano e cultura brasileira (CURY, 2001). A educação a distância é de grande valia na qualificação de professores. Esses programas de formação de professores da distância não precisam substituir os programas presenciais, mas pode-se valorizar o potencial que essa modalidade pode ofertar e o avanço no desenvolvimento desses programas é fundamental para o aperfeiçoamento da educação brasileira. Nesse processo de envolvimento com a modalidade a distância há a necessidade da produção de materiais como os AVA para acesso ao curso (FICHMANN, 2009). Segundo (MARCUSSO, 2009) a s tecnologias digitais podem ser aplicadas ao ensino médio, onde atualmente o ensino médio encontra-se em quatro eixos: o curso convencional, o profissionalizante, a educação de jovens e adultos e o curso especial. A LDB – Lei nº 9394/96 - afirma que o ensino fundamental deve ser presencial, mas a modalidade a distância pode ser aplicada para os cursos de educação de jovens e adultos e cursos especiais. Há instituições autorizadas a ministrar cursos de ensino médio a distância para pessoas maiores de 18 anos. Esses cursos não são padronizados, mas todos exigem avaliações presenciais. Segundo (TAPSCOTT, 1999) afirma que nesse estágio de estudo, os alunos são jovens que tem familiaridade com os meios digitais, conectados, 60 multiativos e orientados para o visual. São muito interativos. Reflete-se assim, uma preocupação por parte do Brasil em adquirir computadores com a oferta de baixo custo em lojas voltadas para esse tipo de público. (BARNES, MARATEO e FERRIS, 2011), (VAN´HOOFT, 2011) e (THOMPSON, 2011) verificaram que esse geração atual tem grandes expectativas para o uso das tecnologias em sua educação, mas uma pesquisa realizada por (LOHNES e KINZER, 2011) detectaram que mesmo os alunos que usam essa tecnologia em suas vidas não buscam integrar a tecnologia em suas atividades escolares. Pesquisa feita por (ROBERTS, 2005) concluiu que “as expectativas gerais da geração net em relação a tecnologia de ponta ainda não impactou suas expectativas específicas quanto ao uso de tecnologia como apoio à aprendizagem. Pesquisas desenvolvidas por (KAVAVIK, 2004 et al.) concordam com Roberts dizendo que “jovens são capazes de fazer a tecnologia funcionar, mas não são capazes de colocar a tecnologia a serviço do trabalho acadêmico”. Fica claro que o aproveitamento dessas habilidades dependem do estímulo e da orientação por parte dos professores. As tecnologias podem serem usadas como ferramentas para obtenção de informação, representação de idéias e comunicação. Esse sistema, para (JONASSEN, 1995), “amplia a funcionalidade humana”. Como exemplo de ferramentas os processadores de textos, planilhas eletrônicas, editores diversos., etc. O mesmo autor diz que as tecnologias podem aparecer como parceiras intelectuais, articulando aquilo que o aprendiz sabe (representação do conhecimento), reflexão sobre o que foi aprendido e como foi aprendido, suporte a negociação para construção de significado, construção de representações pessoais de significado e apoio a reflexão aberta. (JONASSEN, 1995) compreende que a tecnologia como parceira intelectual amplia as capacidades humanas pelo uso de bancos de dados, redes, sistemas, conferências por computador, recursos de multimídia/hipermídia. A tecnologia também pode ser usada como contexto na representação e simulação de problemas, situações e contextos do mundo real, representação de crenças, perspectivas, argumentos e controbuições de terceiros, definição de espaços de estudos e apoio as comunidades de aprendizagem que procuram a construção do conhecimento. Aqui são inseridas tecnologias que permitem a criação de ambientes de aprendizagem, a instrução, etc. Tais processos 61 facilitam o trabalho de senvolvimento educacional (JONASSEN, 1995). O uso das tecnologias como os palmtops na automação dos processos administrativos da secretaria escolar visando a confiabilidade, disponibilidade online de dados (notas, médias e faltas) mostram-se ótimos, pois integram as informações geradas na secretaria com a gestão escolar na tomada de decisões (MARCUSSO, 2009). 62 6 METODOLOGIA No panorama qualitativo do estudo, a pesquisa bibliográfica foi escolhida como referencial utilizando-se de método descritivo indutivo. Segundo (SILVA, 2001) a pesquisa é um procedimento em que há necessidade de reflexão e criticidade na busca de respostas para problemas ainda não solucionados. No planejamento e execução da pesquisa usa-se uma sistematização que compreende passos como escolha do tema, revisão de literatura, formulação do problema, determinação dos objetivos, metodologia aplicada, análise e discussão dos resultados e conclusão. Uma boa pesquisa caracteriza-se por um forte delineamento, pois implica na escolha de um bom plano para conduzir as investigações sobre o tema. Nesse papel a seleção de caminhos alternativos pode ser viável podendo apresentar algumas limitações (RAUPP, 2003). De acordo com (SILVA, 2001) pode se afirmar que a pesquisa qualitativa consiste no estabelecimento de relação entre a realidade e o sujeito onde a subjetividade suplanta a tradução numérica. É descritiva onde os dados são analisados indutivamente tendo o processo e significado como abordagens principais. Segundo Richardson (1999, p.80) uma pesquisa qualitativa menciona que “os estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas varáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais”. Destaca-se também que podem “contribuir no processo de mudança de determinado grupo e possibilitar, em maior nível de profundidade, o entendimento das particularidades (...)”. Na pesquisa qualitativa definiram-se análises mais profundas em relação ao objeto de estudo. A abordagem qualitativa objetivou destacar características não observadas por meio quantitativo, pois o mesmo é superficial. (RICHARDSON, 1999) esclarece que a principal diferença entre uma abordagem qualitativa e quantitativa está no fato de a abordagem qualitativa não emprega instrumentos estatísticos como base do processo de análise do problema. Na abordagem qualitativa não se pretende numerar ou medir dados. 63 Destacou-se ainda que abordar um problema qualitativamente pode ser uma forma para conhecer a natureza de um fenômeno social. Justificou-se a existência de problemas que puderam ser investigados com uma metodologia quantitativa e outros que exigiram metodologia qualitativa. Na educação à distância com enfoque nas tecnologias foi comum o uso da abordagem qualitativa como metodologia de pesquisa. No contexto social em que vivemos é importantíssimo avaliar o uso desses instrumentos na educação para inclusão de pessoas visando melhoria da qualidade de ensino e do convívio social, o que justificou a relevância do uso da abordagem qualitativa. Um exemplo de pesquisa qualitativa em educação distância com o uso das tecnologias foi à análise das tecnologias comunicacionais e quais destas estavam sendo usadas com intuito educacional. O exemplo destacado requereu abordagem qualitativa em função da questão-problema a investigar. Esse tipo de pesquisa foi de fundamental importância no aprofundamento de questões relacionadas ao desenvolvimento do tema, seja no aspecto teórico ou prático. A pesquisa bibliográfica utilizou-se de leitura sistemática, onde se fez triagem de materiais impressos, estando de acordo com tema abordado, estabelecendo um conhecimento das contribuições científicas sobre o assunto. A partir do qual embasou o tema proposto. Danton (2002) esclarece que a pesquisa bibliográfica deve “anteceder todos os tipos de pesquisa” partindo do princípio de que o estudo deve estar embasado nas literaturas já existentes sobre o tema, sendo que é elaborada a partir de documentos e materiais já existentes acerca do tema escolhido. Cervo e Bervian (1983, p.55) definem a pesquisa bibliográfica como a que explica um problema a partir de referenciais teóricos publicados em documentos. Pode ser realizada independentemente ou como parte da pesquisa descritiva ou experimental. Ambos os casos buscam conhecer e analisar as contribuições culturais ou científicas do passado existentes sobre um determinado assunto, tema ou problema. Os autores esclareceram que esse tipo de pesquisa constitui parte da pesquisa descritiva ou experimental, quando objetiva recolher informações e conhecimentos prévios sobre um problema para o qual se procura resposta. Pode 64 ser de natureza teórica sendo a pesquisa bibliográfica obrigatória sendo que é por meio dela que tomamos conhecimento sobre as produções científicas existentes. Segundo Gil (1991) o tipo dedutivo “parte do geral e, a seguir, desce ao particular” onde o raciocínio define que de dois fatos foi retirado um terceiro denominado de conclusão este método foi proposto pelos racionalistas (Descartes, Spinoza, Leibniz). Já no método indutivo proposto pelos empiristas (Bacon, Hobbes, Locke, Hume) partiu-se de um tema particular e entrou na generalização do mesmo após ter experimentado e testado os dados e fatos do tema particular. Segundo (BRAUER, 2006) o método dedutivo se inicia no geral e parte para o específico, ou do todo para as partes, de um princípio para as suas aplicações, ou do abstrato para o concreto. A abordagem indutiva (ibid, p. 49) pode-se partir do mais específico, e chegando ao mais geral. Escreveu-se sobre o que é mais familiar, e então se pôs os princípios que fundamentam tais fatos. Na definição de (GIL, 1999), pesquisa descritiva visou descrever as características de determinado fenômeno, população ou varáveis. Uma de suas características mais significativas esteve no uso de técnicas que auxiliam o estudo. Esse tipo de pesquisa apresentou-se como um estudo onde se identificou, comparou, e descreveu o objeto de estudo. De forma semelhante (ANDRADE, 2002) afirmou que a pesquisa descritiva preocupou-se em observar os fatos, registrá-los, analisá-los, classificá-los e interpretá-los, sendo que o pesquisador não interfere neles. Segundo (TRIVIÑOS, 1987), o estudo descritivo exige do pesquisador uma delimitação precisa de técnicas, métodos, modelos e teorias que orientem na interpretação dos dados, cujo objetivo é conferir validade científica à pesquisa. Ficou claro que a pesquisa descritiva foi importante na área científica e para esclarecer as informações na área educacional determinando suas características e aspectos inerentes. É imprescindível que tenhamos em mente que trabalhos monográficos podem contemplar estudos descritivos, mas é necessário compreender sua natureza, sob a penalidade de invalidar os resultados alcançados com a pesquisa. Esclareceu-se por meio de (GIL, 1999) que a pesquisa bibliográfica foi desenvolvida mediante material já elaborado, principalmente livros e artigos 65 científicos. Apesar de todos os outros tipos de estudo exigirem trabalho desta natureza, há pesquisas exclusivamente feitas por meio de fontes bibliográficas. O conteúdo consultado na pesquisa bibliográfica englobou todo referencial já de conhecimento público em relação ao tema estudado que foram publicações, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, dissertações, teses, e materiais disponíveis em bibliotecas digitais e na internet desde que de fonte confiável. No que diz respeito à educação a distância, percebeu-se que a pesquisa bibliográfica esteve presente. As publicações dos autores sobre teoria e prática ajudaram a conhecer o que foi produzido de importante sobre o objeto da pesquisa. Também implicou no desenvolvimento do próprio trabalho, reunindo partes encontradas, e inserindo-as em um texto ou fazendo uma interpretação dos escritos ainda não realizados. Um exemplo de pesquisa bibliográfica na EAD foi o estudo sobre a legislação vigente no início da educação à distância no Brasil e no mundo e o desfecho atual onde com o desenrolar das inovações tecnológicas ao longo do tempo várias alterações foram realizadas para se adequar ao estilo de vida adotado pela sociedade da informação e do conhecimento. Um outro exemplo foram os estudos feitos sobre o surgimento da modalidade a distância desde os registros mais antigos conhecidos pelo homem até a atualidade. Na elaboração de trabalho de pesquisa desta natureza, esta categoria de pesquisa valida, notadamente por ter que reservar espaço do trabalho para reunir a teoria, normalmente chamada de revisão literária ou fundamentação teórica. O sujeito do estudo foram as tecnologias da informação e comunicação na educação a distância para inclusão sócio-digital. O tema foi escolhido mediante observação no Curso de Especialização a Distância realizada pela UNOPAR das tecnologias utilizadas para efetivação da aprendizagem e da didática usada nesse processo. A linha de pesquisa escolhida foi Multimeios e Educação, pois nessa vertente se aborda estudos sobre os diferentes processos de ensino-aprendizagem através das tecnologias comunicacionais digitais, as linguagens midiáticas e a comunicação em EAD. 66 Levantou-se literatura já publicada pelo tema o que foi de fundamental importância, pois forneceu elementos que favoreceram a definição dos contornos mais detalhados do problema. Nesta fase, obtiveram-se informações sobre a situação atual do tema, conhecendo as publicações sobre o tema e os aspectos já abordados e verificaram-se as opiniões similares ou diferentes sobre o tema. Houve situações em que foram poucas as bibliografias específicas disponíveis sobre o tema. Em outras situações, houve material suficiente em que se desenvolveu seleção para reunião de material importante para desenvolvimento da pesquisa, pois se não houver esse tipo de abordagem há perda de foco comprometendo o resultado final. Elaborou-se uma introdução dos aspectos mais importantes do trabalho dando uma visão geral do conteúdo apresentado. Definiu-se a forma metodológica da pesquisa onde, como e porque foi realizada, descrevendo as etapas determinativas para alcançar os objetivos. Na análise e discussões discutimos os resultados alcançados comparando e confrontando os dados com o objetivo de confirmar ou não os pressupostos da pesquisa. Realizou-se a identificação do material a ser pesquisado, seguido da compilação, reunião desses materiais, fichamento bibliográfico com dados gerais sobre as obras, citações, permitindo a identificação, análise e anotações de citações, críticas e localização das informações lidas que foram consideradas importantes. As normas utilizadas para referenciar e balizar a redação da monografia foi as da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). A obtenção das informações que embasaram a pesquisa foram por meio de livros, artigos científicos, teses, monografias, revistas científicas, sites, bibliotecas digitais, e-books e material digitalizado. Sendo as pesquisas via internet as mais exaustivas pelo motivo de não possuir dados suficientes para determinados tópicos e assuntos do estudo. Os dados obtidos foram avaliados nos aspectos citados para construção das considerações finais onde são dadas sugestões para o uso das tecnologias na contribuição a inclusão sócio-digital. O estudo ocorreu no período de junho/julho e agosto de 2011 onde 67 se iniciou pela busca de material que pudesse embasar os referenciais teóricos e bibliográficos. Concluiu-se em agosto de 2011. Iniciou-se a pesquisa bibliográfica através da internet e biblioteca física localizadas nas universidades e Biblioteca Pública do Município de Sobral-CE iniciando pela busca de todo material referente ao assunto. Procurou-se elaborar uma sistematização utilizando o fichamento onde se começou pelo surgimento da educação à distância pelo mundo e em seguida no Brasil, prosseguindo pelos conceitos iniciais e as suas mudanças ao longo do tempo, tendo em vista que com o desenvolvimento tecnológico as definições foram modificando-se, continuou-se pelo desenho e definição das tecnologias usadas pela sociedade e na educação, a legislação brasileira e os amparos dos órgãos governamentais. Em seguida, buscouse entender os conceitos de inclusão e exclusão tanto digital como social no Brasil, percebendo que esses temas são amplos e variam de acordo com a concepção de seus autores e por fim as contribuições das tecnologias na educação, verificando que há inúmeras possibilidades de aprendizagem mediante o interesse e condução dos discentes nesse processo e o estímulo por parte dos docentes. Quanto à abordagem, o trabalho foi conduzido pelo método de pesquisa qualitativa descritiva indutiva, visando atingir os objetivos geral e específicos. Dessa análise qualitativa intentou-se confirmar as hipóteses e concluiuse com as impressões e observações pessoais a cerca das informações analisadas. Com o exposto, argumentou-se que apesar da difusão do tema, e da aparência de que esse conhecimento é sabido por todos, é fato, que há muito a ser estudado e aprofundado sobre o assunto, não apenas inicial, mas permanente. Concluindo com os resultados obtidos ressaltando se os objetivos foram alcançados e as contribuições da pesquisa para o meio acadêmico e desenvolvimento da ciência e tecnologia. Espera-se que esse trabalho possa contribuir para as discussões e aprofundamento sobre o tema apresentado, bem como instruir a respeito de todas as considerações práticas abordadas. 68 7 ANÁLISE E DISCUSSÃO O mundo atual vem sofrendo muitas transformações e avanços em todos os segmentos da sociedade. As inovações tecnológicas influenciam e modificam os indivíduos e suas organizações e estão cada vez mais presentes na sociedade. A sociedade atual valoriza a informação como parte fundamental para a sobrevivência e crescimento no mundo globalizado. Essa valorização leva o homem a buscar novos conhecimentos para se adequar às exigências e expectativas da nossa sociedade. Desde o início do surgimento da modalidade de educação distância a comunicação tem sido explorada com muito vigor. Inicialmente as informações eram passadas as gerações seguintes por meio oral onde as tradições eram preservadas através de histórias, danças e posteriormente através de representações desenhadas nas paredes das moradias rústicas do ser humano como forma de preservar o saber. O aprendizado era restrito e os mais velhos mantinham o conhecimento por experiências vividas. Desde seu surgimento a EAD passou por várias transformações em que podemos alocá-las em períodos. O primeiro período caracterizado pelo ensino por correspondência que deixou suas contribuições no mundo. Desenvolveu-se a imprensa. Nesta fase a interação entre alunos e professores era lenta causando muita limitação. No quesito autonomia havia uma desarmonia, pois a separação com o professor era absoluto o que dava autonomia ao aluno, mas faltava autonomia quanto aos prazos. A segunda geração caracterizou-se pelo ensino a distância com o uso de multimeios, no período da década de 60 onde havia uma junção de material impresso com televisão, rádio, vídeo e em certa medida computadores. Nessa geração desenvolveram-se em maior ou menor porção as inovações tecnológicas de comunicação e informação e ainda hoje serve de modelo para alguns modelos em EAD. Após a década de 60, vieram as universidades abertas (década de 70) que apresentavam em seus projetos cursos com material impresso, meios 69 audiovisuais de massa (rádio, TV) e material gravado (fitas cassetes de áudio e vídeo). Podemos analisar que este período, principalmente em países não desenvolvidos, aumentou o aparecimento de muitas experiências em EAD baseadas em meios de comunicação de massa tendo como exemplo os cursos a distância de formação profissional. Algumas dessas experiências fracassaram e outras apresentaram resultados muito positivos ao ponto de elevar o Brasil a prêmios internacionais. Neste período o processo de ensino-aprendizagem estava atrelado ao professor. Entende-se que algumas instituições de caráter privado iniciaram o processo de suprir as necessidades educacionais e acompanhar o desenvolvimento tecnológico comunicacional do País. O governo percebendo tal fato estabeleceu e regulamentou a modalidade EAD no início da década de 1970 em conjunto com as iniciativas privadas e sociedade organizada. A terceira geração surgiu nos anos 90, caracterizando-se com o desenvolvimento das novas tecnologias da informação e comunicação, que inicialmente tornaram-se mais uma proposta do que uma realidade. Os meios utilizados neste período são todos os anteriores mais os novos mudando radicalmente o modo de ensinar e aprender introduzindo e inovando com o uso de redes telemáticas (uso do e-mail, banco de dados, listas de discussão, sites, etc.). Atualmente a uma tendência do uso mais intensivo de material eletrônico e menos material impresso, pois as facilidades das bibliotecas digitais e dos e-books são variadas. As tecnologias quando bem introduzidas e aplicadas possibilitam progresso e novas oportunidades de crescimento e aprendizado. As técnicas de interação criadas pelas redes telemáticas apresentam vantagens, pois permitem combinar flexibilidade com independência de tempo e espaço sem perder velocidade. Em muitos casos essas técnicas não são difundidas sendo ainda caras e por isso pouco acessível às pessoas em casa. No entanto, há uma intensificação de seu uso à medida que vão sendo adquiridos, tornando seu custo mais barato o que traz rendimentos e vantagens de investimentos familiar, empresarial e educacional destes equipamentos. As discussões sobre uso das tecnologias na educação para a inclusão sócio-digital colocam em reflexão a prática pedagógica, o acesso aos meios 70 comunicacionais, e os recursos tecnológicos disponíveis e envolvidos neste contexto. O trabalho de pesquisa colabora com a construção de conhecimentos, seja com o início de novas práticas, propostas de novos métodos ou a desmistificação de algumas verdades. O processo tecnológico propicia muitas possibilidades para experiências inovadoras. Neste ambiente de transformações, a velocidade do conhecimento exige práticas integradas em uma realidade e construção coletiva. Durante o desenvolvimento deste trabalho, algumas questões foram entendidas e obtidas com o reconhecimento de que o estudo via internet e outros meios midiáticos, vem causando mudanças em diversos segmentos da sociedade, através de seu alcance universal, permitindo acesso a todas as partes do mundo de forma rápida e simples, com formas de comunicação que tornam possíveis o desenvolvimento de diversas aplicações educacionais e a multiplicação de informações, interferindo na produção de novos conhecimentos em todos os setores da sociedade, principalmente no educacional. O estudo desenvolvido procura esclarecer que a modalidade a distância necessita de massiva inserção das tecnologias onde possam propiciar inclusão social e digital partindo do pressuposto de que esse acesso pode iniciar nas escolas públicas quando gratuitas e de qualidade com profissionais conscientes de seu papel no contexto da aprendizagem. Diante dessas ferramentas disponíveis há melhoria da qualidade da educação, do convívio social e interação. A construção de conhecimento pode solucionar os grandes problemas sócio-econômicos sofridos por um grande contingente de pessoas que ainda permanecem excluídas das oportunidades. Para que alcancem qualidade de vida, onde possam ter moradia com alimentação, educação, lazer e qualificação. Dentro deste contexto é imprescindível compreender a necessidade da revisão de vários conceitos educacionais em uso. A educação a distância oferece uma metodologia que atende as demandas através de novos recursos e procedimentos, modificando as formas e os meios de se prover conhecimento. Avaliou-se que o processo de aplicação das tecnologias na educação à distância foi bem sucedido e proporcionou o aumento da inclusão. Entretanto, vale ressaltar que o uso dessas ferramentas ainda pode ser mais estimulado, uma vez que se observou na literatura consultada que muitas famílias e escolas ainda não têm acesso a computadores com internet. 71 Numa sociedade, onde o processo de ensino-aprendizagem para inclusão está em constante mudança, a integração da internet e de outras tecnologias com a educação à distância propiciam alternativas para a solidificação da inclusão e mostra a importância de seus usos no processo de ensinoaprendizagem chamando a atenção para a flexibilidade, interatividade, escalabilidade, portabilidade propostas por essas ferramentas. Cada vez mais se exige dos professores, alunos e pessoas envolvidas um conhecimento mais específico dos recursos tecnológicos para gerenciar o uso desses elementos em novas maneiras de ensinar. Com o progresso exige-se uma nova leitura de mundo e torna clara a importância de se usar a tecnologia com o objetivo de preparar indivíduos criativos, críticos, autônomos, pessoas com pleno conhecimento de sua cidadania. O trabalho mostra que com investimentos seguros, uma legislação educacional que melhor ampare e sejam flexíveis em alguns aspectos, professores bem capacitados em tecnologias, alunos motivados e o acesso abrangente a educação contribui de forma ampliada para a inclusão sócio-digital, pois é capaz de integrar aos conhecimentos novas formas que abrem novas portas possibilitando o aprendizado contínuo e possível de ser aplicada em outras atividades, contribuindo assim, para o crescimento profissional de cada um. A educação é um processo complexo que utiliza mediação de algum tipo de meio de comunicação como complemento ou apoio à ação do professor em sua interação com os alunos. Até mesmo a sala de aula pode ser considerada uma tecnologia da mesma forma que o quadro, o livro. São tecnologias pedagógicas que fazem a mediação entre o conhecimento e o estudante. Entretanto, é a partir da era moderna com o surgimento das mídias de massa que se observa o crescimento acentuado. Na análise sobre as definições da EAD, percebeu-se a ênfase dada ao espaço-tempo, todavia, é importante salientar que o aspecto temporal é muito importante, pois o contato facilita uma interação e motivação satisfatória. Os problemas resultantes da esfera espaço podem ser mais facilmente superados por sistemas de comunicação pessoal síncrona ou assíncrona entre os envolvidos (estudantes, professores, tutores). Talvez para os alunos seja mais fácil superar o espaço do que o tempo. Um problema muitas vezes gerado pela demora das respostas do sistema ou 72 de acesso aos materiais dos cursos referidos. Neste contexto para se superar essas dificuldades exige-se a escolha dos meios tecnológicos que considerem as facilidades disponíveis, condições de acesso aos alunos, mas antes de tudo a eficiência em relação aos objetivos pedagógicos. Os ambientes de aprendizagem são locais de construção de conhecimento que proporcionam ao estudante acesso aos recursos disponíveis para efetivação do conhecimento sendo um instrumento de grande valia na inclusão digital e conseqüentemente social do cidadão. O uso das tecnologias na educação está relacionado também ao baixo custo o que facilita não somente o trabalho, mas a exploração desses instrumentos. Um dos grandes facilitadores são as instituições de ensino que disponibilizam computadores com acesso a internet e outros recursos para professores e alunos. Compreendemos que os personagens do cenário escolar mostramse abertos e ansiosos por inovações que possam potencializar a prendizagem. Cabem as esferas políticas comprometerem-se com a qualidade da educação brasileira como um todo e proporcionar meios de tornar esse acesso a todos sem exclusões. Atualmente nos vemos submersos num mundo cibernético e tecnológico, mas ao mesmo tempo, separados, seja pela falta de acesso ou compreensão dos processos tecnológicos, na produção e nas relações sociais. Em nossa sociedade tecnológica e da informação transparece que a prática do consumo tecnológico nos consome. Percebemos um certo frenesi entre o meio social de inserir tecnologias em nossa vida mais como um poder, com caráter mercadológico e status social. Como cidadãos ativos ou passivos da sociedade global precisamos nos apropriar das potencialidades das TICs. As tecnologias quando bem aplicadas possibilitam formas de progresso que são absorvidas rapidamente e disponibilizam novas oportunidades de crescimento e aprendizado. Ressalta-se que o uso das tecnologias na educação depende do interesse e esforço dos docentes em adquirir novas formas de aplicar metodologias 73 e na maioria dos casos essas tecnologias tem custo acessível o que facilita o trabalho do docente e exploração pelo discente das ferramentas, aplicando em sua realidade as tarefas requeridas. Diante de tantas informações e observações realizadas intentou-se buscar respostas que atendessem as indagações teóricas do estudo. Como o tema surgiu em meio as aulas da especialização em Educação à Distância, foi possível revisar o conhecimento acumulado durante o curso e estabelecer hipóteses a realização da monografia. O uso das tecnologias da informação e comunicação trouxe muitas expectativas desenvolvendo planejamentos estratégicos no emprego dessas ferramentas na educação. Outro fator observado é do ponto de vista dos alunos que atualmente são classificados como nativos digitais, pois nasceram na sociedade da informação e do conhecimento onde predomina as tecnologias digitais. Os nativos são jovens habituados a fazer várias coisas ao mesmo tempo. Enquanto ouvem música em seus players de MP3, estão enviando menssagens pelo celular, acessando as redes sociais, baixando fotos da câmera digital e fazendo pesquisas que os professores encomendaram na última aula. Sendo assim, conclui-se que há necessidade urgente de orientação por parte de professores e pais para não gerar dispersão, isolamento ou distância transacional, pois esses fatores compromentem a aprendizagem e podem iniciar processo de exclusão. Temos que adaptar os métodos pedagógicos a agilidade de pensamento e acesso a informação que os alunos possuem atualmente. O trabalho clareia que a figura investigativa se confundiu com a de usuária sendo completamente imersa no ambiente de pesquisa. Após a busca dos dados e interpretação dos resultados da pesquisa fica evidente a possibilidade de auxiliar os alunos e professores a desenvolver as habilidades necessárias para o uso das tecnologias digitais na vida acadêmica, como política institucional permanente visando melhorar e colaborar no processo de ensino e aprendizagem eficiente atendendo em sua plenitude todas as possibilidades que se descortinam para a educação gerando um bom nível de satisfação pessoal com os resultadoa alcançados por cada um. Também observou-se que havendo estímulo por parte dos profissionais da educação os municípios podem ser capazes de suportar os custos 74 de implantação e manutenção da infra-estrutura necessária para tal fim. A demanda reprimida é imensa e a exclusão agrava mais o problema tanto na formação inicial como na continuada, nem chegando muitas vezes as portas do ensino superior pelos alunos que estão às margem da inclusão. O professores juntamente com as gestões escolares podem buscar soluções e condições de atender aos anseios dos alunos, ao mesmo tempo, que viabiliza as determinações legais contidas na LDB e cumprem seu papel social. Em nossa Consituição Federal há um capítulo destinado ao desenvolvimento tecnológico onde deve atender ao bem-estar social e, portanto, ao bem comum, privilegiando sempre o cidadão. De fato, há grandes contribuições tecnológicas para a sociedade, tais como os avanços no tratamento de doenças, uso de máquinas para aumentar os rendimentos com economia de tempo, novas fontes energéticas e a disseminação da educação e do conhecimento. Entretanto, apesar do cidadão ser amparado pela Constituição, a atual era individualista restringe a tecnologia à lógica dos mercados capitalistas e, portanto, à economia globalizada fastando o homem cada vez mais, das práticas e vivências coletivas. Atualmente vivemos na sociedade com ênfase nas tecnologias, muito focada nas questões do lucro, o que está gerando um aumento do abismo de desigualdade econômica e social ocasionando formas de exclusão sócio-digitais. As tecnologias e as novas tecnologias nos dão a possibilidade de inclusão no processo de diminuição do fosso da desigualdade. Temos algumas tecnologias que são muito úteis em termos técnicos, mas em termos humanos elas são ruins, porque deturpam os valores sociais. O avanço tecnológico pode levar a idéia de consumo gerando uma sociedade que se identifica com o mercado. O homem é visto como consumidor para após ser cidadão. O correto seria primeiro ser cidadão para em seguida ser consumidor, e mesmo não sendo consumidor não deixaria de ser cidadão. Uma das grandes consequências deste fato é a exclusão digital, que podemos afirmar que é uma das faces da exclusão social. Nem todas as pessoas de nossa sociedade possuem habilidades e recursos financeiros para acompanhar os avanços tecnológicos, dificultando a prática da inclusão. As TICs deveriam estar a serviço de todos, inclusive dos mais necessitados, dos analfabetos e dos idosos. Entende-se que se deixarmos alguém 75 de fora desse contexto, não é progresso, é simples e puramente avanço técnico. Defende-se que cabe ao Estado, aos governos, à sociedade civil e, as grandes corporações empresariais rever os conceitos de tecnologia e associar ao serviço do ser humano. Precisamos de mais discussões políticas sobre o tipo de governo e os representantes governamentais que escolhemos e queremos para que a tecnologia seja posta, afinal, a serviço de todos e não só das minorias. É necessário, também, persuadir a população a participar das definições dos rumos tecnológicos da sociedade, do caráter e do comportamento que iremos desenvolver para que as grandes decisões não sejam tomadas exclusivamente pelas empresas, motivadas pelo lucro. A educação passa a representar uma ferramenta fundamental para a formação de pessoas mais conscientes, participativas, criativas e melhor capacitadas profissionalmente para inclusão nos novos paradigmas de mercados que se configuram. É dever das universidades ajudar a desenvolver uma consciência de responsabilidade social, ética diante das injustiças tão presentes em nosso meio. Espera-se fortalecer a consciência entre as pessoas à nossa participação na melhoria da sociedade, na melhoria das famílias, no fortalecimento do caráter e na valorização da dignidade humana. Se utilizada com sabedoria e ética, as tecnologias podem representar uma forte combinação na luta por um mundo mais cidadão, justo, inclusivo e empreendedor do bem comum. Muitos discentes buscam formação inicial e outros tantos querem formação continuada previa em lei, e as universidades não podem fugir a essa resposabilidade podendo abraçar esta causa em parceria com estado e municípios. Os esforços governamentais para inclusão digital vem se concentrando no fornecimento de apoio para as TICs, particularmente na formação de competências. Entretanto, existem maneiras mais viáveis de aperfeiçoar esse programa. Uma das possibilidades seria construir nas escolas e nas comunidades programas com apoio governamental e não governametal de educação formal voltadas a ajudar no uso das TICs por pessoas que pertençam a redes sociais informais. O uso das tecnologias da informação e comunicação colaboram e incluem tanto social como digitalmente e as duas faces estão intrinsecamente ligadas, pois uma transforma a outra. 76 O papel dos professores como mediadores entre o aprendizado e os alunos é imprescindível, pois precisam ter discernimento que não são detentores exclusivos do conhecimento. São, antes de tudo, pontes para a fluência dos saberes em construção. Se por um lado nossas crianças já nescem imersas numa cultura em que as inovações tecnológicas estão presentes quase que naturalmente na sociedade, por outro ponto, em nosso país essas conquistas ainda não são acessíveis a uma grande parcela da população fazendo com que a escola seja um importante local de entrada e acesso a esses instrumentos tecnológicos e à aprendizagem de suas linguagens e usos específicos. É fundamental que exista uma formação pedagógica de professores para o desenvolvimento de currículos e projetos em que as tecnologias da informação e comunicação não sejam apenas ferramentas. Mas recursos de novas formas de aprender e ensinar, na perspectiva das redes colaborativas e da autonomia pessoal. Finalmente conclue-se que é possível desenvolver programas e projetos que usem TICs na modalidade de educação a distância, apoiada na internet e outras meios tecnológicos, tendo a certeza que a demanda latente absorverá tal programa por longo tempo e será decisiva na inclusão social e digital. 77 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho pretendeu mostrar as tecnologias na educação a distância com seus pontos positivos e negativos na inclusão sócio-digital e é ainda assunto a ser debatido para se chegar a modelos mais eficientes. Muitas iniciativas bem elaboradas existem atualmente, porém, muito ainda há para ser feito e ajustes a serem concluídos. Em frente a este nova realidade em transformação constante que a educação deve refletir sobre seus papéis frente as inovações tecnológicas e seus novos rumos de forma a contribuir no desenvolvimento de cidadãos críticos, autônomos, criativos que solucionem problemas em contextos imprevistos, que questionem e transformem a própria sociedade para algo melhor A partir do que foi apresentado, os aspectos elementais para o desenvolvimento da educação a distância com o uso das tecnologias da informação e comunicação para a inclusão pode partir do desenvolvimento de programas de formação a distância sejam para professores, alunos ou profissionalizantes constituindo um conjunto de definições, planejamentos, organização, avaliação, revisão de técnicas que podem aprimorar e intensificar pesquisas que possam tornar os processos de aprendizagem mais eficazes e possam atender as demandas de educação do país. Uma das dificuldades encontradas neste trabalho foi a busca de fontes confiáveis pelo fato de o tema ser ainda recente e em alguns casos, não ter quase nada de estudo sobre o assunto. Outra limitação prevalece no fato de falta ou muito pouco material nas bibliotecas pesquisadas, sendo alguma parte encontrada na internet. Por fim, a escassez de bilbiografia sobre os temas da monografia: o uso das tecnologias da informação e comunicação na inclusão por meio da educação à distância, exigiu a utilização de teorias e modelos pedagógicos existentes no exterior. Isto acarretou uma reinterpretação para adequar tais modelos à nossa realidade educacional, política e tecnológica, abrindo nova frente para investigações posteriores. As universidades necessitam de inovação na oferta de cursos para as novas gerações de alunos que entram no ensino superior. É preciso que a 78 universidade cumpra seu papel de produtora de pessoas pensantes, multiplicando e oferecendo um maior número de possibilidades e oportunidades para que os alunos não fiquem desmotivados e frequentar um curso superior não nos detendo aqui a apenas cursos superiores, mas profissionalizantes, ensino médio e educação básica. Precisa-se de inovação com oferta de novas alternativas e metodologias de aprendizagem que utilizem recursos das novas tecnologias de forma a tender as necessidades de formação e qualificação acadêmica dos jovens, adultos e dos trabalhadores no Brasil. Como afirmava (FREIRE, 1992) se a educação é dialógica, interativa, o papel do professor é imprescindível. Na medida em que há diálogo entre educandos, o educador deve sempre atentar para pontos menos claros, problematizando-os sempre. O papel de qualquer educador não é o de “encher” o educando com “conhecimento”, mas de proporcionar a organização do pensamento entre ambos. Como estudo caracterizou-se como qualitativo com pesquisa bibliográfica utilizando-se de método descritivo indutivo faz-se mister concluir propondo alternativas para a educação à distância. Verificou-se que as tecnologias da informação e comunicação contribuem para a inclusão sócio-digital da forma mais prática. Sendo a internet uma mídia de comunicação impele por estudos mais aprofundados na área das TICs, ao mesmo tempo, por tratar-se de uma rede de computadores que exige pesquisas que tratem de imagens, sons e textos disponíveis ao usuário em tempo real. No campo dos estudos em educação as sugestões são válidas já que há convergências entre a educação, pedagogia, didática e as tecnologias. As sugestões são as seguintes: • • • Estudo dos processos de aprendizagem que melhor se adapte à modalidade de ensino não presencial; Estudo da diversificação dos meios computacionais a serem empregados em programas de educação à distância; Estudo de implantação de disciplina de ensino de informática em licenciaturas da educação básica; 79 • Busca da integração com Estado e municípios objetivando estabelecer parcerias que viabilizem a formação continuada de professores; • Incentivar a oferta de disciplinas curriculares nas escolas e universidades através do ensino não presencial, como forma de disseminar tal cultura e estimular a auto-aprendizagem; • Realizar feiras, seminários, eventos científicos que permitam a integração divulgando e disseminando as tecnologias voltadas para a educação. Finalmente, este trabalho buscou contribuir para a melhor compreensão do uso das tecnologias na educação à distância para inclusão ao mesmo tempo em que possibilitou juntar um escopo de conhecimentos na intersecção do emprego do computador, da internet e de outras ferramentas tecnológicas na educação à distância para a inclusão sócio-digital. 80 REFERÊNCIAS ACHESON, D. An Independent Enquiry into Inequalities in Health. London: The Stationery Office. 1999. A FAMÍLIA - PROCLAMAÇÃO AO MUNDO. Reunião Geral da Sociedade de Socorr, realizada em 23 de setembro de 1995. Salt Lake City, Utah, EUA.A Igreja de Jesus Cristo 2011. ALBUQUERQUE, Heloísa Helena Fernandes Soares de. Inclusão Digital para a Redução de Desigualdades Sociais: a apropriação e o uso das tecnologias da informação para a atuação cidadã. Dissertação de Mestrado em Ciências da Informação. Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Belo Horizonte, 2005. ALGO 2011. ALMEIDA, M. E. 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