O Resumo Do Livro Das Viagens de Gulliver

March 28, 2018 | Author: Eliege Franco Pissetti | Category: Gulliver's Travels, Jonathan Swift, Republic Of Ireland, Science, Immortality


Comments



Description

O resumo do livro das viagens de gulliverPrimeira Viagem Lemuel Gulliver era cirurgião em Londres. Diante do pouco movimento de pacientes em seu consultório o Dr. Gulliver decide aceitar o convite do Capitão Willian Prichard que seguia com seu navio rumo ao mar do Sul. Na travessia para as índias Orientais uma violenta tempestade afunda o navio. Após muito nadar Gulliver, guiado pelo vento e pela maré, chega à praia e, por estar muito cansado, adormece. Ao acordar tenta levantar-se e nota que seus braços e pernas estão amarrados. Ao ouvir um ruído confuso verifica que se trata de minúsculas criaturas humanas (pigmeus) do país de Liliput, que tentam atingi-lo com flechas. Por ordem do imperador de Liliput, Gulliver é levado à capital para então decidirem o que fazer com ele, visto que sua permanência naquele país traria muitos gastos em virtude do seu tamanho e sua morte causaria uma peste na metrópole e se arrastaria por todo o reino por causa do mau cheiro. Decidem que, por enquanto, todos os aldeões terão que colaborar com o seu sustento. Fazem um inventário de seus pertences e ficam perplexos diante do tamanho dos objetos, os quais desconheciam sua utilidade. Logo, Gulliver, que era muito inteligente, começa a aprender a língua dos Liliputianos e aos poucos conquista a confiança dos habitantes. Em pouco tempo passa a ser amado por muitos e invejado por alguns como o Sr. Skyresk Bolgoham que tramava intrigas para afastá-lo do reino. Após vários pedidos o rei concede-lhe a liberdade, mediante algumas coisas que teria que cumprir. Autoriza-o a conhecer a metrópole desde que não pise nas pessoas e nem danifique as casas. “O homem montanha”, como era chamado, é ordenado pelo rei a lutar contra os Blefuscu, povo que discordava dos Liliputianos quanto a forma de quebrar o ovo: se pela ponta mais fina ou pela mais grossa. Gulliver vence a Batalha e recebe um título honorífico. Al´m disso, também fica amigo do rei de Blefuscu. Novamente seus serviços são solicitados. Desta vez ele é chamado para apagar um incêndio nos aposentos da imperatriz. Gulliver apaga o fogo com jatos de sua urina, procedimento ilegal naquele país. O rei de Liliput é pressionado a matá-lo aos poucos de fome. Avisado por um amigo importante da corte, Gulliver foge para Blefuscu e lá é ajudado a retomar para Inglaterra. Segunda Viagem Dois meses após ter chegado a sua terra Natal, Gulliver embarca novamente em sua segunda viagem desta vez com destino a Surat. Devido a uma tempestade, é levado acidentalmente a ilha de ” Broddingnog, habitada por uma raça de gigantes. Assustado diante do tamanho dos gigantes teme ser engolido por eles. No entanto, Grilbrig, um lavrador, leva-o até a sua casa e, com a intenção de obter lucros e também para gabar-se, o exibe a todos o seu “achado”: um estranho animal que fala e imita todos os seus atos. Para proteger seu “patrimônio”, Grilbrig não permite que ninguém o toque, a não ser sua filha Glumdalclitch, que cuidava de sua preservação e ensinava-lhe a língua nativa. Gulliver, nessa viagem, passa a ser chamado de GILDRIG. O lavrador após lucrar muito com suas exibições e suspeitando que o estranho animalzinho estivesse muito doente decide vendê-lo a rainha, juntamente com sua filha, que era sua pajem. A rainha ordena que se faça uma caixa que pudesse servir de dormitório e tudo foi adaptado para que Gulliver se sentisse confortável. Gulliver se mas a falta de um navio o faz visitar uma ilha chamada Glubboubdrib. Durante a viagem. Então. o menino se distrai e uma enorme águia arrasta-o em direção a um rochedo. das feridas. que não entendendo sua língua. não se interessando por nenhum outro ramo de conhecimento. Gulliver embarca para uma viagem às índias Orientais como comandante de uma chalupa (Antigo navio à vela. No começo Gulliver ficou assustado. passava horas conversando com Gulliver. Os habitantes de Laputa viviam numa nave e eram conhecedores da lógica (Matemática) e da harmonia (música). Depois de algum tempo. das imundices. Por isso. e o de ré inteiriço. etc. mas logo se familiarizou com o ambiente e aproveitou para chamar os espíritos de muitas personalidades como Alexandre o Grande. Isso desperta a fúria de outra criatura que também pertencia a ela: um anão que constantemente atormentava Gulliver com suas maldades. Gulliver pensa em retornar a Inglaterra. companhia indispensável da rainha. é perseguido por dois navios de piratas que lhe roubaram a chalupa e lhe dão canoa para que ele consiga chegar em terra. ou seja. em seus momentos de folga. línguas e ofícios. com a intenção de esclarecer algumas . César. pois queria conhecer tudo o que merecesse ser imitado. que tinham proporções semelhantes a sua. O pequeno contou detalhadamente sobre a constituição do parlamento inglês. Como esses projetos ainda não atingiram a perfeição. Menos o rei que se contentou em viver na maneira antiga. Pompeu. Descartes. Em Lagada. os habitantes estavam à mercê dos cientistas. Gulliver pouco interessado nestas ciências pede permissão para visitar outra ilha e segue para Balnibardi. Homero. Brito. preferiu o bem estar do quê o progresso geral. Gulliver propõe alguns melhoramentos nos projetos os quais são aceitos e reconhecidos pelos cientistas. os tribunais de Justiça. Gulliver então aprende que o nome da ilha era Laputa “Ilha Volante ou Flutuante” e graças a sua inteligência em poucos dias adquiriu o conhecimento da língua. O rei. As dimensões exageradas das pessoas. Gulliver é levado por outro pajem para ver o mar. Aristóteles. dos insetos. metrópole de Balnibardi. Depois ser encontrado pelos habitantes. A ave deixa-o cair no mar e ele é encontrado por marinheiros da sua “espécie”. Ele queria saber tudo sobre sua terra de origem. que significa “Ilha dos feiticeiros ou mágicos”. Nessa ilha o governador tem poderes chamar dentre os mortos que bem quisesse e exigir-lhes os serviços por 24 horas (não mais). E o rei conclui que “a grande maioria dos vossos semelhantes é representado pela mais perniciosa raça de pequenos e odiosos insetos. Cansado de morrar nesse lugar.torna. com isso as casas estavam desmoronando. Gulliver visita a academia local em que muitos cientistas tentavam aperfeiçoar seus projetos de remodelação de todas as artes. ciências. o critério de escolha de um novo nobre. Gulliver então é deixado em terra e ele retorna à sua casa. aos poucos. Gulliver chega a uma ilha formada por penhascos. é levado ao palácio real por uma nave até a presença do Rei. o campo miseravelmente arruinado e o povo sem roupa e sem comida. que a natureza já permitiu rastejassem na superfície da terra”. Gulliver começa a pensar numa maneira de retomar ao seu país e sua libertação ocorre no dia em que acompanhou o rei e a rainha numa viagem à costa do Sul do reino. Como sua pajem estava muito resfriada. que enverga pequena vela latina quadrangular). Gassendi. cuja mastreação se compõe de gurupés e dois mastros: o de vante de lugre. ordena que lhe ensinem a língua nativa. Terceira Viagem A convite do Capitão William Robson. o deixavam nauseado. Ao chegar. se precisam ou se sobram aveia. é traído por eles e deixado em um bote alto mar.dúvidas sobre as histórias antigas e modernas. Em virtude da morte de diversos homens de seu navio. um Yahoo. Gulliver aceita o convite para ser capitão do navio. Fica sabendo da existência de uma raça chamada Struldbrugs (Imortais que viviam naquele país) e deseja ser um deles. chega ao país dos Houyhnhnms. Ajudado por um Alazão. muito parecido fisicamente com os homens. regressaria à Inglaterra. sente desprezo pela família. Contexto Histórico . que procediam como criaturas racionais. mas é expulso por seus nativos homens e mulheres completamente nus. que era governado por cavalos. pois eles não entendiam que pudesse haver falsidade ou mentira entre os irracionais. Depois. porque eles não conheciam o “duvidar’ e o não “acreditar”. os Yahoos e os homens descritos por Gulliver se diferenciam apenas no vigor. mesmo contra suavontade. Gulliver pensou estou louco. julgou existir idêntica semelhança na disposição dos espíritos. das doenças físicas e psicológicas. no comprimento das garras. de lá. Gulliver estava decidido a ficar neste país para sempre. Gulliver explica a eles porque foi parar naquele lugar: Então ele conta como foi traído por criaturas de seu país. quando se casam escolhem as cores para não haver mistura de raças e as fêmeas recebem o mesmo tratamento dos machos. Isto gera grande confusão entre os cavalos. feno. Fala também da Assembléia que é feita de 4 em 4 anos para saber do estado e as condições dos vários distritos. Depois de aprender o idioma dos cavalos. da importação de produtos como comida e bebida para satisfazer a ganância e a vaidade de muitos. mas pela descrição que fez dos costumes e dos atos. mas quando soube das desvantagens. Gulliver fala-lhes sobre a questão da acusação e defesa. E o cavalo amo aconselhou-o a ir embora em virtude de ele ter se tomado mais como um Houyhnhnms do que como um animal irracional. Quarta Viagem Cansado do ofício de médico de bordo. na rapidez. de como são escolhidos os primeiros ministros e os ministros de estado e sobre os motivos que levam seu país guerrear. Gulliver constrói uma canoa e se despede de todos com muita dor e lágrimas. como eram considerados. O capitão do navio convenceu-o a voltar para sua terra. o cavalo amo diz a Gulliver como era o comportamento dos Yahoos. Então o cavalo amo pede para que Gulliver descreva o país de onde viera. mas foi realizada uma Assembléia geral para saber se os Yahoos deviam ser exterminados da face terra. Logo depois. logo se arrepende e segue para o Japão e de lá embarca num navio com destino a Inglaterra. Depois de vagar a deriva por algum tempo. Depois que ouvir atentamente o relato de Gulliver. O cavalo amo relata também as virtudes dos Houyhnhnms uma delas é não ter amor fraterno. é obrigado a recrutar novos homens. Os cavalos ficaram interessados em saber de que parte ele vinha e como aprendeu imitar os Yahoos cruéis e desprezíveis animais irracionais daquele país. Durante a vigem passa por Luggag. controlam a natalidade. Algum tempo depoism é encontrado por marinheiros que o levaram. segue viagem e tenta chegar ao Japão onde. onde foi recebido com muita cordialidade. Depois de sua estada Glubboubdrib. vacas ou Yahoos. tenta morar em outra ilha. Segundo ele. eles amam a espécie toda. face à comparação com os Yahoos e por estar desabituado do contato com este “animal”. estes advogando uma política de maior tolerância com católicos e não-conformistas (presbiterianos). torna-se inimigo mortal de Gulliver. o novo regime. fazendo com que milhares de fabricantes abandonassem o país. pois sua população era de origem celta e sua religião era católica. por serem católicos não podiam ter cargos públicos. As idéias dos filósofos iluministas começam a ser difundidas na Inglaterra e eram: Separação dos Três poderes. É enviado aos 14 anos para Emanuel College. Monarca de todos os monarcas. A população vivia na mais sórdida miséria. .  Flimnap . acreditavam na razão humana como a forma autêntica para a compreensão da sociedade. úteis a quem tenciona viajar. Ministro e almirante do rei de Liliput. sendo que o comércio entre as duas ilhas caiu consideravelmente. mais alto do que os filhos dos homens. confortativo como o verão. Como se não bastasse.Personagens Principais  Sr. Bates . enquanto a Coroa Inglesa devorava a Irlanda. tudo sob uma política escravizadora.  Skyresh Bolgolam – Antagonista. Havia dois grupos políticos: 1.Personagens Secundários  Sr. terceiro filho de uma família de Cinco. Sem motivos. pessoa de muita confiança do amo e grandemente versada em negócios. 2. Torna-se aprendiz do Sr. Escócia e Irlanda. do qual John Locke foi teórico “Ensaio sobre o Governo Civil 1690″.Tesoureiro do rei (amigo de Gulliver). Embora tivessem o direito de votar. Os Tories defendiam as prerrogativas do Rei e os privilégios da Igreja Anglicana e o suporte dos Whigs vinha dos setores da aristocracia e comerciantes de Londres. mas rabugento e áspero.Tories é o nome do grupo que deu origem ao Partido Conservador. . deixou de ser amigo mais tarde devido à calúnias envolvendo sua esposa e Gulliver. a liberdade de comércio e o direito de propriedade. Em 1694. que assegurava a sucessão de Guilherme III. Os Irlandeses não eram tratados como os demais integrantes. Personagens Primeira Viagem (A Liliput) . à sua cunhada Rainha Ana. em 1699.  Golbasto Momaren Evlane Gurdilo Shefin Mully Ully Gue – Imperador de Liliput.Mestre. Em 1666 foi vedada a exportação de gado para o reino e começou a criação de carneiro. James Bates. País de Gales. onde permaneceu por três anos aplicados aos estudos de Medicina. o Reino Unido da Grã-Bretanha era formado pela Inglaterra. sendo ela a fonte de todo o conhecimento. eminente cirurgião de Londres. agradável como a primavera.Whigs formavam o grupo que originou o Partido Liberal. foi confirmado pelo Ato do Estabelecimento. professor. Limuel Gulliver – Morador de uma pequena propriedade em Nottinghamshire. uma outra lei decretada pela Inglaterra proibia a exportação para outros mercados do mundo. Aplica-se aos estudos da navegação e outras partes da matemática. em Cambridge.Na época em que a obra foi escrita. amiga e protetora inseparável de Gulliver. Foi governador Lagado. esposa de Gulliver. invocava os espectros dos mortos para servi-lo durante 24 horas.  Limtoc . Luggnagg – (Terra dos Imortais) .  Munodi – Pessoa de primeira categoria. Segunda Viagem (Broldingnag) . invejava-o. com apenas 9 metros de altura. .Personagens Secundários  Rainha – Se dedicava as coisas fúteis do reino. proferia palavras irônicas a respeito do tamanho de Gulliver.  O Anão da corte -Era o menor adulto do país. capital de Balnibardi.  Glumdalclith ou Amazinha – Filha do Gigante.Era mágico.  William Prichard .Personagens Principais  O Rei – Como o restante dos habitantes. Glubbdubdrib – (próxima cidade a ser visitada por Gulliver) Ilha dos feiticeiros ou mágicos. Atencioso respondia para Gulliver todas as indagações feitas sobre sua cidade. mantinha longas conversas com Gulliver a respeito da Inglaterra. Mary Borton – Segunda filha do Sr. durante alguns anos. navio em que Gulliver fez sua primeira viagem significativa com destino às índias Orientais. ganhava dinheiro com as apresentações de Gulliver. Redigiu contra Gulliver uma acusação por traição e outros crimes capitais. Esperta para a idade.o general. Quando Gulliver adoece. dava importância ao estudo da matemática e da música. Carinhosa.Personagens Principais  Gildrig – Como Gulliver foi chamado na terra dos gigantes. uma menina de nove anos. para ele. ele o vende para a rainha de Broldingnag. considerava Gulliver uma criatura inteligente que servia para distraí-la.  O Rei .  Lalcon – o camareiro. Edmund Burton (que era negociante de meias em Newgate Street. homem ganancioso.  Balmuff – o grande juiz. Pai da Amazinha.  Grilbrig – O Fazendeiro. Srta. pois havia perdido. que trouxe como dote 400 libras).Comandante do Antílope. Terceira Viagem (Laputa) . muito perita na agulha (boa costureira).  Rei -Possuía grande sabedoria.  Os Batedores – Principal função era despertar tanto o Rei como os habitantes com mascateiros a fim de trazê-los ao assunto atual. a preferência da corte. a sua intenção é atingir a um público.Na parte oito da primeira viagem à Liliput (pigmeus). ele deixa que a personagem fale por si e se desnuda livremente perante o leitor. ou seja. de uma coloração castanha de camursa…” Foco Narrativo Ao escrever “As Viagens de Gulliver”.  Yahoos – Seres com características humanas com comportamento irracional. é que motivaram o romance. sendo que essa sua técnica provocou muitas perguntas. não há conflitos. em estilo condizente com os seus méritos e felicidade!’ (p. com uma narrativa diferente das outras dos outros escritores. Essa marca aumentava e mudava de cor com o passar do tempo que seria chamado Struldibrugs. Quarta Viagem (País dos Houyhnhnms)  Amo . direto. destituído de efeitos literários adotou o método da cultura Livresca. apenas momentos de tensão. J. ilha e. Swift pinta-nos. Características Gerais – Povo cortês e generoso. E estas forças interiores. isto para causar impacto nos seus leitores. próprio da época.158 -Segunda Viagem). crespos em alguns e lisos em outros. leitor cortês. Swift. é ele quem ensina a Gulliver as primeiras palavras da terra dos cavalos. Percebe-se que o escritor J. o cenário em que alguns acontecimentos vão transcorrer. Do ponto de vista narrativo. a sua revolta contra a sociedade e sua vida.Nasciam muito raramente: Primeiro com uma mancha vermelha e circular na testa (sinal de ser imortal). pois o drama não está dentro da personagem “Gulliver”. isto é. o ambiente se fecha. as datas são precisas. Cavalo com características humanas: dotado de fala. Exemplos: . E assim. como protagonista-narrador. Assim sendo. em alguns momentos.” “Permaneci apenas 2 meses com minha família em Redriff… “ . terra. do tipo: “Que pretende o autor dizer com isso? Como o romancista vê o mundo? Quem será o herói deste romance? E o anti-herói? Seria a personagem-narrador? Tempo e Espaço Quanto às viagens. qual um dramaturgo. na maioria das vezes. para entoar louvores da minha querida terra natal. porque o discurso é como se fosse uma auto-análise do escritor projetando-se em seu personagem por meio de aventuras.Amigo de Gulliver.”… Tinham a cabeça e o peito cobertos de pêlos grossos. O “espaço”. O escritor alonga-se na descrição de alguns espaços. mas sim. menciona: ”Estávamos então a 30 graus latitude Sul… ” “Chegamos às Dunas no dia 13 de abril de 1702. dotados de raciocínio e atitudes humanas. Alguns exemplos serão citados abaixo. com seu estilo lúcido. apenas como “pano de fundo’.… a pele. o “tempo” é cronológico. quantas vezes desejei possuir então a língua de Demóstenes ou de Cícero. tratam polidamente os estrangeiros. sendo que este é idealizado. Como exemplo: “Imagina tu mesmo. como o caso da ilha Laputa. relatos de viagens. é um processo linear introspectivo.  Houyhnhnms – Cavalos falantes. no próprio romancista. Explorou a fantasia como quis e pôde para desdenhar a realidade por ele vivida. ou melhor. como se um marinheiro estivesse navegando e para seu controle utilizasse uma bússola. instruindo-o como se fosse “contraideologia” e apresentando por meio do fantástico (os Houyhnhnms) uma sociedade ideal. é aberto: mar. que têm a aparência de um “conto fantástico”. Assunto Em as “Viagens de Gulliver” são narradas as várias viagens do Limuel Gulliver. na qual me preocupou menos o ornamento que a verdade”.” QUANTO A INTRODUÇÃO DO LIVRO O narrador utiliza-se de dois momentos “Carta do Capitão Gulliver a seu primo Sympson” e “O Editor ao Leitor”. que na realidade são metáforas para os . No desfecho da obra.” . com uma grossura de trezentas jardas. Gulliver encontra povos e mundos estranhos.. No primeiro. Essa obra. Por outro lado. à Glubbldubdrib (feiticeiros) e Luggnagg (imortais): “A ilha Volante ou Flutuante é exatamente circulante. começa contando “Possuia meu pai …”. para situar a narrativa. abordou à cerca da última viagem “Viagem ao País dos Houyhnhnms” e quanto a sua linguagem de marinheiro. quatro milhas e meia. … dez mil acres. para adaptá-lo ” à capacidade geral dos leitores. ou seja. Nelas. isto para. o seu diâmetro é de 7. à Laputa (intelectuais). às três da tarde. cerca das nove da manhã e. a respeito das viagens.Na parte onze da quarta viagem ao País dos Houyhnhnms (cavalos): “… estivéssemos perto de 10 graus ao Sul do cabo da Boa Esperança ou cerca de 45 graus de latitude Sul…” “… No dia 5 de Setembro de 1715 fundeamos nas Dunas. fortalecer a sua verdade para o receptor. satiricamente e simultaneamente comenta sobre os detalhes acrescentados ou omitidos do livro em questão. na realidade é sátira mordaz às instituições sociais da época. procede uma síntese do passado.837 jardas. para passar a imagem que tudo aconteceu mesmo. No primeiro capítulo com o pretérito perfeito. Limuel Gulliver. QUANTO AO DESFECHO DO LIVRO No capítulo XII. no qual a personagem (seu primo e editor) confirmou que foi dito na “carta” e esclareceu que fez alguns cortes no romance. dirige-se ao leitor e comenta “a duração de tempo” e o seu objetivo na narrativa: “contei-te a história fiel das minhas viagens durante dezesseis anos e mais sete meses. novamente. cheguei em casa.Na parte oito da segunda viagem à Brobdingnag (gigantes): “Numa jornada à costa Sul do reino… acompanha o rei e a rainha… num palácio aos arredores de Flanflasmic… cidade a menos de dezoito milhas inglesas do litoral. pois que objeções podem fazer-se contra um escritor que tão somente refere simples fatos?’! Tema O tema da obra “Viagens de Gulliver” são as viagens imaginárias feitas pelo personagem princinpal: Sr. e se não o fizesse o volume seria pelo menos duas vezes maior”. visando a introduzir a sua história.” “… no terceiro dia de Junho de 1706 …chegamos às Dunas . acrescentou o segundo caso.” .Na parte três da terceira viagem. Assim sendo. o narrador ainda faz críticas irônicas: “que essa descrição não se refere à nação britânica” e valoriza-se “Agrada-me assaz o não poder esta minha obra encontrar censuras. o narrador já em sua casa. através do qual dirige-se ao seu primo em forma de cobrança. no tempo presente. no jardinzinho de Redriff. . Em seguida. a cada nova expedição. que criou especialmente para comunicar-se com a amada. . acadêmicos e intelectuais em geral). governanta: grande ama) La Puta: Derivando do latim.Little Put: Pequeno pensador (do latim. Gulliver visita Brobdingnag. -Glubbdubdrib: Dub -Bul -Lin Dublin. além é claro da linguagem específica de cada país. a consciência de Swift orientou seu método e seu estilo.Girl Thing: coisa de criança. compreensíveis apenas para ele e sua Stella.Derivando do espanhol: refere-se a um provérbio do dicionário de espanhol de Swift: “Cuidado com a puta. . .” Swift faz alusão ao empobrecimento da Irlanda pela Inglaterra (1/3 dos rendimentos da Irlanda na época. satiriza cientistas. É a chamada “pequena linguagem”.vícios e o comportamento ridículo da humanidade.Lonnod: London (Londres). eram gastos na Inglaterra). Laputa.Grileag: uma coisa pequena . .Grillus: Gafanhoto. Lagado: Pode ser decodificado como um anograma de Londres. e do latim.Bluff as you: cordial como você. Tudo isso e muito mais fazem de “Viagens de Gulliver” uma viagem literária empolgante Linguagem Um dos maiores humanistas do seu tempo. . partidos políticos e localidades. o país dos Houyhnhnms.Bref oscus: Pequeno asqueroso (do francês. . . put = pensador). Gulliver faz quatro viagens e. breff: pequeno. cavalos que dominam os Yahoos. Ao escrever o “Diário a Stella”. Blefuscu: pode estar ligado a França e derivar do latim e do inglês. que é habitado por gigantes. oscus: asqueroso. Seu estilo é descritivo e seus relatos resultam num humanismo de irresistível racionalidade inconformismo combativo e inigualável capacidade de persuasão. cujos habitantes medem menos de 15 cm. ilha voadora habitada por sábios loucos. que lhe deixa a bolsa vazia. vil) Grildrig: As derivações possíveis são do inglês. Swift utilizou essa “pequena linguagem” em “Viagens de Gulliver” ao criar nomes de países. Alguns exemplos podem ser vistos a seguir: Lilliput: Pode ser derivado do inglês e do latim. numa época que se dava ênfase ao classicismo. . temos: -Grand Altrix: (do latim: ama. substituindo algumas letras. do irlandês e do latim. composta de combinações de letras e palavras. é iniciada uma nova aventura: o primeiro país “imaginário” a ser visitado é Lilliput. expressava-se numa linguagem cifrada. Glumdalclitch: Baseada no código usado no “Diário a Stella”. Swift usa a técnica da ficção científica para descrever acontecimentos fantásticos com tal riqueza de detalhes que lhes parecem perfeitamente verossímeis. pessoas. antropóides degradados.Little Place: Pequeno lugar. temos: “país dos pensadores” (onde Swift. de extraordinária eficácia na transmissão de seus valores e idéias. surgindo uma prosa rigorosamente clássica. ou noutro. Outro .  O segundo é o de um ser físico inferior que vê a humanidade grotescamente grande.Houyhnhnms: Provavelmente pronunciado como Whinnims. sua sátira visa especialmente à humanidade. mostrando sua própria superioridade. Swift visava ainda ridicularizar a moda dos livros de viagem. em que a multidão contempla alvoroçada a corrente de urina do homem montanha descendo terra afora como a caudal de um imenso rio. a vida política e social da Inglaterra no século XVII. através da sátira. o que pode estar relacionado ao fato de não ter se casado. denunciava as misérias morais da humanidade. Estava coligindo dados para desmascarar o falso conceito do homem como animal: “O homem é capaz de ser racional. não diverti-lo. afirmando que. sem nenhuma preocupação com sua aplicação prática. como a sua irreprimível náusea pelo corpo humano. embora ame com todo coração a Pedro ou a João”. Torna-se evidente a valorização dos padrões civilizados da época: mentalidade burguesa que se consolidaria logo mais no século XIX com o Romantismo. o que os leva a viverem como verdadeiros imbecis. o autor escreveu a seu amigo Alexander Pope. Mostra a enorme superioridade dos eqüinos em relação aos homens. com “Viagens de Gulliver” pretendia agredir o mundo. que na época.  O terceiro é o ponto de vista do senso comum. parece comprazer-se no cultivo dos instintos e nada de bom constrói. Swift encontra aqui a possibilidade de exercer a implacável tirania de seu espírito sobre os homens. se transformaram numa obsessão da burguesia. Yahoos: Pode ser traduzido por duas exclamações de repugância: “YAH!” e “UGH!” (derivações mais simples). Satiriza os cientistas e filósofos dedicados às altas pesquisas científicas. desde o início. No entanto. conservando a distância todas as mulheres que tentaram se aproximar dele. mais do que atacar a Inglaterra da época. Ideologia Em “Viagens de Gulliver”. na ênfase dada por Swift à cultura. Em 1725. A inegável crueldade que transparece da linguagem satírica escolhida por Swift. Tudo o que provocava repugnância ou rancor em Swift mostra-se aí de maneira descomunal. porém não se esforça. Swift procura mostrar. o elemento mais valioso que se encontra em “Viagens de Gulliver” é a visão da humanidade de vários pontos de vista:  O primeiro é de um rei com superioridade física que vê a humanidade ridiculamente pequena. do início da narrativa. O Humanismo Iluminista está evidente. Odeio esse animal chamado homem. em sua desenvolta forma de agressividade. Embora a intenção alegórica mais direta e pessoal esteja relacionada com a política britânica. ao saber. depara a psicanálise uma das manifestações do infantilismo sexual de Swift. sugerindo a palavra whinny (relinchar).  O quarto ponto de vista é o de um animal racional que vê a raça humana inteira como irracional e bestial. Outro aspecto importante refere-se a episódios simbólicos como no episódio do incêndio do palácio real. Além de desmascarar a humanidade e demolir seus falsos valores (seu objetivo principal). segundo o qual a vasta maioria da humanidade mostra-se louca e perversa. ao contrário. Outro exemplo é o de Luggnagg onde viviam os “struldbrugs”.Various Subjects. com base em convicções de importância discutível. os imortais. de Swift). citar o comentário de George Orwell que viu a comunidade de Houyhnhnms como um estado totalitário. impedindo-o de realização integral como homem. Tramecksan e Slamecksan de Liliput. As quatro viagens formam uma série em que a visão vai se tornando cada vez mais escura: representam estágios da desilusão de Gulliver. como no caso dos partidos políticos. Pode-se. com os Yahoos desempenhando o papel de Judeus na Alemanha nazista. ainda. uns de saltos altos e outros de saltos baixos (Lilliput). Muitos outros aspectos relativos à sátira que foi aplicada na época podem ser observados. pois não existia o vocabulário “opinião” em sua linguagem e nem havia entre os indivíduos nenhum sinal de diferença de sentimentos. Swift convertera a palpitação pela vida imortal num espetáculo horrível e ultrajante para a espécie: “cada homem deseja uma longa vida. pois estava preparado para ser mais tolerante porque não esperava que as pessoas fossem racionais.episódio em que os soldados. que alerta para as misérias gerais da vida humana. reage de maneira diferente. As divergências entre os Intransigentes partidários distinguiram-se pela adoção. mas nenhum homem quer ser velho” ( Thoughts on . que vai se tornando tão obcecado pelas faltas genéricas da humanidade que não consegue mais apreciar as virtudes dos indivíduos. é interpretado pela psicanálise como uma fantasia compensatória. E é Swift quem levanta a questão: de que maneira um ser inteligente e sensível reage ao crescente conhecimento da natureza humana? A reação óbvia é tornar-se um misantropo (desacreditando do homem). Prose. Um exemplo é a ironia de Swift sobre a intolerância humana. seu próprio caráter e atitudes mudam. A organização social e política dos “Houyhnhnms” se baseava numa espécie de sistema de casta racial. Swift por outro lado. quando passavam sob as pernas de Gulliver. proveniente do medo da impotência que teria dominado Swift. cada vez mais obcecado pelo que há de errado com as pessoas. . Como Gulliver movimenta-se através dessas visões do mundo. reparavam espontaneamente para o enorme volume de seus órgãos genitais. em que não é difícil surpreender uma alusão aos partidos Ingleses dos Whigs e Tories. E o que Gulliver fez.
Copyright © 2024 DOKUMEN.SITE Inc.