O que são concepções pedagógicas

March 30, 2018 | Author: Barcarollo PM | Category: Pedagogy, Anarchism, Learning, State (Polity), Sociology


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O que são concepções pedagógicas?Para respondermos a questão acima, precisamos definir primeiro o que seja uma concepção. Do ponto de vista do senso comum, uma concepção significa tão somente a visão de alguém sobre determinado assunto ou objeto. Comumente nos discursos políticos ou de um palestrante, usa-se a expressão: “Na minha concepção penso...” Mas, do ponto de vista da ciência, superando o uso cotidiano, uma concepção é formada pelo conjunto de fundamentos ou princípios filosóficos que subsidiam determinada visão de mundo ou de um objeto de estudo. A articulação e sistematização dos fundamentos formam o caráter epistemológico de determinada ciência ou área de conhecimento. Epistemologia, significa estudo ou teoria do conhecimento. No campo da filosofia, a epistemologia trata do estudo dos fundamentos de uma determinada ciência, por exemplo, epistemologia da arte,a epistemologia da educação,etc. Definido o que seja uma concepção, passamos a definir o que seja pedagogia. Pedagogia vem do termo grego paidagogia,que deriva da ação dos condutores das crianças até os locais de estudo, os paidagogos,chegando até nós como pedagogos, ou seja, aqueles que conduzem as crianças. Entre os gregos ,normalmente o pedagogo era um escravo, como diz MANACORDA( 1995:48), Nas famílias encontramos também o pedagogo , ele acompanha as crianças à escola e em parte exerce a função de mestre, ou pelo menos de repetidor para elas, é um escravo e , em geral,um estrangeiro; (...) escravo numa cidade que não é a sua”. Evidentemente, com o passar dos séculos, a natureza e o caráter da pedagogia se transformou totalmente, sobretudo na sociedade moderna ,quando há um reclame geral da sociedade pela universalização da educação, discurso esse que vinha se intensificando desde os movimentos renascentista( séc. XII-XVII) ,iluminista( sec XVIII) e com a Revolução Francesa em 1789, que marca o inicio da modernidade. Os princípios gerais da pedagogia moderna tem suas raízes n projeto da classe burguesa em criar um mundo diametralmente oposto ao mundo feudal, daí a necessidade de uma pedagogia diferente daquela aplicada nos mosteiros ou pelos preceptores( professores ) individuais, como no Antigo regime. Teria que ser uma educação com caráter universal em que os princípios burgueses de liberdade, igualdade e fraternidade fossem cultivados. Segundo Alves, o projeto que inaugura a pedagogia moderna é o de Comercio educador produzido na Contra-Reforma que, no sec XVII, escreveu a célebre Didática Magna, uma obra gigantesca que reformulou completamente a instrução escolar. Para ALVES(1988:58), “Comércio está na origem da escola moderna. A ele,mais do que a nenhum outro, coube o mérito de concebe-la”. Além de um manual didático, Comênico está preocupado com a universalização da educação e com a arte de ensinar. Entenda-se por arte os métodos, as técnicas e as concepções de como ensinar, como ele afirma já na introdução de sua obra. DIDÁTICA MAGNA:Tratado da arte universal de ensinar tudo a todos ou Processo seguro e excelente de instituir, em todas as comunidades de qualquer Reino Cristão, cidades e aldeias, escolas tais que toda a juventude de um e de outro sexo, sem exeptuar ninguém em parte alguma , possa ser formada nos estudos, educada nos bons costumes(...) com agrado e com solidez”(apud Alves.op.cit.60) Voltando a temática central, podemos dizer que as diversas concepções pedagógicas são essencialmente, o conjunto de princípios que orientam a prática educativa. Por conter princípios sobre a natureza e os fins do conhecimento e da educação, sobre o homem e a sociedade, cada uma vai propor – usando as palavra de Comenius – uma arte de Ensinar. PEDAGOGIAS NÃO-DIRETIVAS E DIRETIVAS EM DEBATE O debate entre as pedagogias diretivas e não-direitvas é tão antigo como a própria história da educação. Na verdade. Na verdade, estamos diante dos dois refices entre os quais “há milênios navega o barco da pedagogia( MANACORDA: 1995:323), isto é, as pedagogias não-diretivas enfatizam o primado da natureza, daquilo que é inato, da educação espontânea, resultando em um naturalismo pedagógico; opondo-se a elas se levantavam as pedagogias diretivas, enfatizando o primado do ambiente, da educação imposta, resultando em um determinismo do ambiente. A seu modo, ambas pedagogias acabam se tornando antidemocráticas e deterministas, pois a primeira ignora o meio bio-psico-social que, certamente , determina o sujeito ; e a segunda, desconsidera o peso das relações históricas e os fatores hereditários que também, em boa medida, configuram não só o no outro pólo. sozinho . originando um espontaneísmo pedagógico. Sob esta visão. sem opiniões. Segundo o educador francês George Snyders. relacionaremos seus princípios gerais. mas toda a espécie humana. sem história. PEDAGOGIA NÃO-DIRETIVAS São aquelas que tem suas raízes na filosofia inatista. pela vontade de Deus ou pela vontade da natureza. mas cuidando para não dirigir a aprendizagem.sujeito. Snyders. peixinho é”. São formas conservadoras de se deixar as coisas como estão. .. Na escola. que consideram o professor como um “facilitador”( Carl Roger) ou um “animador”( Piaget) . jargões como “pau que nasce torto morre torto” e “filho de peixe. seguindo uma programação previamente traçada pela natureza. sem passado. basta se olhar o exemplo do Emilio – de Rosseau – e a Escola de Summerhill. como se ele. naturalmente. diz ainda que a omissão do professor no processo de ensino e de aprendizagem é uma ação conservadora e reacionária. para se ter uma idéia de influência nefasta para a educação das pedagogias não-diretivas. pudesse se desenvolver. pedagogia legitimadoras da organização atual da sociedade(. o espontaneísmo educacional é a legitimação da ordem vigente”( IN GADOTTI:1993:305) Aprofundadamente sua crítica. deixando-a realizar sua natureza humana livremente. já que no estudo das tendências voltaremos a este tema. é uma forma acomodada de não se lutar por melhores condições para todos e encarar a exploração como “natural”. o indivíduo já traz consigo os germens de seu desenvolvimento e que o desenvolvimento humano se dá espontaneamente. na verdade. disfarçada de respeito humano. como se o aluno fosse um mero receptor de informações. Na prática. o fracasso escolar aparece legitimado pela hereditariedade. Situando melhor as correntes citadas. O resultado dessa polarização é que as pedadogias não diretivas colocam o aluno no centro do processo pedagógico... ao nascer. Crítico do espontaneísmo Snyders considera “a caracterização das chamadas pedagogias não-diretivas – com sua pretensão de resolveram os problemas educativos e sociais através da liberação do ser natural que é a criança. as pedagogias diretivas colocam o professor no centro do processo . o papel da educação se limitaria a “facilitar”. que advoga e idéia de que.como sendo.) Para ele.. a natureza humana é produzida em cada época histórica e em conformidade com seus determinantes sociais. ela jamais pronunciará uma palavra claramente.numa sociedade desigual. as pedagogias autoritárias tendem a considerar o homem como “uma folha de papel em branco”. as máquinas de ensinar. Essa relação autoritária leva o indivíduo a uma total alienação de seu potencial criativo e das condições sociais a ele imposta .Sem dúvidas que é pertinente a critica de Snyder. Para tanto. os questionários objetivos são muitas das armadilhas de que se serve o autoritarismo para obscurecer a consciência dos alunos. curvam a vara para o outro extremo do espontaneísmo. na obediência e na ideologia do “progresso”. PEDAGOGIA DIRETIVAS Já as pedagogias diretivas. uma criança a falar. como dia Paulo Freire. tudo nele é moldado pelo ambiente. bem como a Tonica militarista dada a Educação Física dos anos 70. ou seja. Como dissemos no inicio. o laissezfaire(deixar fazer). desconsiderando quaisquer possibilidades de diálogos ou troca de informações. isto é. . pois considera a “natureza humana”. a educação se transforma em bancária. Fundamentadas nos princípios ambientalista ou empiristas. o meninolobo. tornando-se também uma perspectiva conservadora e reacionária. enfatizando a memorização e a associação. imprimindo a cultura clássica nos alunos. por exemplo. dando pouca ou nenhuma importância à reflexão e às opiniões próprias. como algo abstrato é o mesmo que dizer que todos nascemos previamente configurados e nós sabemos que se não ensinarmos. o autoritarismo. tende a obscurecer o papel fundamental do professor na formação de um aluno . “crítico e criativo”. como a literatura ilustra na lenda de Tarzã ou de Mogli. O ensino dirigido. foram criadas as disciplinas de Moral e Cívica e Organização Social e Política Brasileira( OSPB). a tendência tecnicista representa bem a perspectiva autoritária com sua ênfase na ordem social. O professor é uma espécie Deus ou iluminado que tem a função apenas de transmitir dados. cabe ao sujeito ser enxertado de informações. Embasada nesse princípio. No caso brasileiro. Toda pedagogia apoiada no princípio básico do liberalismo. versou sobre o autoritarismo na educação e as possibilidades de democratização da escola e da sociedade brasileira. PAPEL DA ESCOLA Na Pedagogia Tradicional. Os defensores dessas idéias deram origem a um movimento chamado “entusiasmo pela educação”. Entretanto. como o modelo pedagógico a ser seguido era o intelectualista. . a escola tem um caráter redentor da humanidade.os defensores do entusiasmo pedagógico argumentavam que somente pela educação os problemas do país poderiam ser resolvidos. mas por outro lado eufóricos com a possibilidade de democratização da sociedade brasileira. o modelo católico permaneceu nos métodos de ensino. já no fim do Regime Militar. pois recebeu fortes influências de pedagogias modernas. Mesmo com a expulsão dos jesuítas do Brasil pelo Marques de Pombal. acabou por manter e legitimar a ordem social vigente. a escola tradicional não pode ser confundida com ela. Ambos preconizavam uma metodologia intelectualista e expositiva. Apesar de ela não poder ser confundida com a escola confessional jesuítica.Boa parte da historiografia educacional brasileira dos anos 80 e 90. tendo em vista que os únicos professores disponíveis no Reino haviam sido formados pelos jesuítas. ela recebeu forte influência de seus métodos e seus mestres. Apesar da herança da Pedagogia Jesuítica . influenciados pela euforia causada com a queda do Império e conseqüente advento da República.TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS LIBERAIS PEDAGOGIA TRADICIONAL Pedagogia tradicional se faz presente no cotidiano dos professores brasileiros desde o descobrimento. influenciada por Pestalozzi e Herbart. longe de qualquer mudança na estrutura social. como da pedagogia alemã e americanas. Moacir Gadotti e o incomparável Paulo Freire. resquício ainda do modelo monarquista. a escola tradicional. Por meios dela os homens podem se livrar de dois grandes males: a ignorância e a miséria moral. 2. Embalados pela cultura livresca. Dentre os maiores expositores dessa tendência estão Demerval Saviani. com sua ênfase na ordem e na disciplina. José Carlos Libaneo. em 1759. Era o método dos 5 passos de Herbart : 1. fora os “bofetões”e mesmo surras. Fortemente pautado na memorização. mas se mantendo suas linhas mestras: repetição e rigor da disciplina. no inicio do século XX no Brasil um sistema organizado de ensino. eram feitos exercicios retentores e cobrados disciplinadamente. com a iluminação do aluno pelo professor. ajoelhar o aluno em “bagos “de milho. eram aplicados castigos psicológicos ou corporais como a palmatória. à disciplina e também à forma de organização curricular oriunda do positivismo. com a república . 3. associação-comparação entre os conteúdos novos e já ministrados. o método variava muito. O saber enciclopédico se tornou o alvo dessa escola preocupada unicamente com a transmissão de conteúdos. pois os títulos de nobreza tinham sido declarados extintos. cabendo aos alunos tão somente ouvir atentamente e procurar repetir fielmente o mestre.Nessa tendência “a atuação da escola consiste na preparação intelectual e moral dos alunos para assumir sua posição na sociedade”( LIBANEO:1984:23). o mestre-escola. cabia a ele a definição do conteúdo e a forma de transmissão. generalização – formação de conceitos abstratos( do particular ao geral) e 5. Não raro.aplicação – exemplos adicionais e exercício para treinamento e retenção dos conteúdos. 2. como no jesuítico. a pedagogia herbartiana forneceu o corpo principal da Pedagogia Tradicional n o Brasil”. Após a exposição e análise do professor. MÉTODOS DE ENSINO O método privilegiado é. como se o aluno fosse uma “tabula . Evidentemente como não havia ainda. apresentação – conteúdo da nova lição. PROCESSO DE APRENDIZAGEM Se o professor era concebido como “senhor”do saber. era possível . a exposição. Preparação. 4. os passos do ensino levam à assimilação dos conteúdos transmitidos pelo professor. GIRALDELI(1994:22) afirma que : Acoplado ao culto do rigor. A Aprendizagem era receptiva e mecânica. já que a mobilidade social .recordação da lição anterior. o ator responsável pela redenção humana. agora . que “despeja”seu conhecimento sobre o aluno. com o surgimento da moderna psicologia. são resquícios desse modelo de escola. . com a “descoberta” da criança e sua especificidade. MANIFESTAÇÕES NA PRÁTICA PEDAGÓGICA Não é difícil perceber que o modelo tradicional ainda é bem presente em nossas escolas. como ficou conhecida. Fernando de Azevedo e outros não menos renomados . Firmada a ideologia do trabalho em toda a sociedade.mas um aspecto se destaca: a concepção do professor como alguém superior. via de regra. Arraigado no psicologismo americano. nasce marcada por essa ideologia que caberia a psicologia legitimar. enchendo o quadro de matéria e cobrando na forma de provas ou testes. como argumento central da política liberal. com a alemão Wilhelm Wundt. são formas de se verificar se o aluno memorizou o conteúdo. que redigiram o Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova. apresentou características frontalmente opostas ao modelo existente. Havia ainda o reforço de aprendizagem. A ênfase na disciplina. proprietário do saber. inspirado nos textos do educador americano John Dewey(1859-1952). o moviemnto escolanovista. causou impacto na educação brasileira e teve defensores de peso como Anísio Teixeira. São inúmeras as manifestações desse tipo de pedagogia atualmente . As formas de avaliação. ainda nos anos 20. XIX. a Escola Nova. a Escola Nova. No início do séc XX que a escola renovada ganha força. na meritrocracia e na classificação. recorria-se freqüentemente a interrogatórios(decoração de pontos) e provas escritas. negativos e associados a punições e notas baixas. repetindo o que foi dito pelo mestre ou lido nos livros didáticos. em 1932. associada ao tralho manual. A pedagogia Renovada. foi um movimento de cunho internacional que vinha se fortalecendo desde o final do séc.rasa” em que o mestre-escola fosse esculpir a personalidade e o saber erudito. Os reforços positivos eram as constantes classificações e aplicações de conceitos. Para a avaliação da aprendizagem. ESCOLA NOVA Surgindo como crítica à escola tradicional. levando-o a uma realização pessoal. os métodos. Os conteúdos devem ser espontâneos e de interesse dos alunos. os jovens intelectuais brasileiros estavam empolgados com o modelo de vida americano. Como os EUA não participaram direto da guerra. saindo cambaleantes os paises europeus. não devendo se preocupar como ensino. as exposições. os livros. etc. estavam dadas as condiçÕes para o domínio econômico americano. apresentado nos filmes. na literatura e nos relatos de viajantes. que enfatizou a total reestruturação dos procedimentos pedagógicos tradicionais. nasce a Escola Nova. Juntamente com a hegemonia americana no cenário mundial. Há uma total valorização dos aspectos psicológicos individuais e os Centros de Interesses é que devem orientar o processo de ensino. é promover o autodesenvolvimento do sujeito. Esse movimento ganhou fôlego após a Primeira Guerra Mundial e as grandes transformações na hegemonia do cenário político e econômico mundial. sendo que Dewey é considerado o grande mentor do movimento escolanovista. MÉTODOS DE ENSINO . cabe à escola somente “ facilitar”o autodesenvolviemnto e não deve valorizar tanto o ensino. os adeptos das escolas ativas admitem que o processo de aprendizagem deve levar a uma equilibração entre as estruturas individuais e as necessidades sociais( Piaget).No Brasil. A escola deve ser prazerosa e cabe a ela suprir experiências que favoreçam à construção do conhecimento.Nesse momento.. PAPEL DA ESCOLA Dada a sua ênfase à psicilogização da educação. Cabe a escola criar um clima “favorável” à aprendizagem. a Escola Nova ganhou com o movimento chamado otem timismo pedagógico”. nascendo um grande interesse pelos escritos de Dewey e Kilpatrik. funcionando muito mais como terapia clinica. Na sua versão mais contemporânea. Longe de se preocupar com o que acontece no âmbito da sociedade. o movimento escolanovista tinha como visão a satisfação do sujeito cognoscente. o papel da instituição escolar na Escola Nova. sua plena realização. Segundo Carl Roger. PROCESSO DE APRENDIZAGEM A aprendizagem é orientada pelo interesse dos educandos. Fica “retido”aquilo que faz parte da vida do sujeito. houve total perda da disciplina e dos conteúdos. a metodologia deve privilegiar as necessidades do sujeito. receptivo e ter plena convicção na capacidade de autodesenvolvimento do estudante. isto é. Assim os alunos. que foram substituídos por “acordos”e “interesses”. Segundo Libaneo(1984:26). devendo o professor estimular a descoberta. capacidade de ser confiável. É muito mais um processo de qutoaprendizagem. Nessa concepção há supervalorização do trabalho em grupo. De autoritário. MANIFESTAÇÕES NA PRÁTICA PEDAGOGICA Apesar de ter sido um movimento expressivo na educação brasileira durante todo século XX.Um lema da escola nova é “aprender a aprender”. no enttanto o trabalho do professor passou a ser subvalorizado. A a prendizagem se dá a partir da manipulação do objeto estudado. já que aprendizagem é o resultado da satisfação do “eu”em relação ao ambiente externo. . subjetivo. para ser completa a aprendizagem tem que contemplar o aspecto ativo: as experimentações. onde são valorizados muito mais os processos mentais do que os seus resultados. Como toda polarização é danosa. o que é significativo para ele . de construção de estruturas cognitivas próprias pela superação dos conflitos cognitivos. buscam soluções a problemas que a eles interessam. Isso se dá através da pesquisa onde o professor não ensina e sim coordena o processo. A aprendizagem é um ato interior. O aluno passa a ser o centro do processo ensino-aprendizagem. por si mesmos. oq eu foi um grande ganho em relação a Pedagogia Tradicional. o professor teria que se transformar em ume specialista em relações humanas para manter a harmonia do grupo e provocar estímulos cada vez mais atraentes. cabe ao professor facilitador”aceitação da pessoa do aluno. os seus interesses particulares e suas etapas de desenvolvimento. Essa introspecção da aprendizagem é bem enfatizada por Rogers. Outro lema dessa escola é “aprender fazendo”. os preswsupostos da Escola Nova encontraram muitas dificuldades em se universalizar no ensino brasileiro. sendo assim. iniciaram a montagem de um aparato repressivo violento que durou até o início da década de 70. patrocinadas pelos norte-americanos. devido ao afrouxamento desmedido da disciplina para o estudo e também pela perda e. quando os militares tomaram o poder. Os acordo MEC-USAID(1964-68). É preciso levar em consideração que as camadas populares tem na escola pública um veículo importante para aquisição dos conteúdos historicamente acumulados. os militares. embasadas no taylorismo. total supressão de conteúdos clássicos.mais racionalidade na produção. já em 68o MEC editou a lei 5. proibindo as agremiações e implementando um rigoroso controle tecnológico nas produções acadêmicas. que viam no sul do continente um amplo mercado para o desenvolvimento do modelo capitalista. a liberdade de imprensa e as manifestações sociais. foram editados os “Atos Institucionais”. dispositivos de perseguição que cerceavam os direitos políticos. humanistas e técnicos. PEDAGOGIA TECNICISTA HISTÓRIA A Pedagogia Tecnicista teve as portas abertas no Brasil pela aproximação com as pedagogias americanas. a pedagogia escolanovista teve influências mais negativas doque positivas no ensino brasileiro. que reformulou o ensino superior. agora o MEC e os técnicos americanos controlavam os currículos desde o ensino primário ao universitário. em muitos casos. Em 64.Na avaliação de Saviani. que significava mais objetividade. No final da década de 60 é que a Pedagogia tecnicista foi oficialmente implantada no Brasil. Inclusive para combater os focos de resistências ao regime. Assim como toda a América Latina. Nesse mesmo ano . promovia pela Escola Nova. Com a intenção de implementar a Pedagogia . mais produtividade. firmado entre o Ministério da Educação do Brasil e das agências a legislação e a educação brasileiras ao modelo de racionalidade técnica das indústrias americanas. com a ditadura militar.540. as ditaduras foram. Neste período a educação ficou a mercê das políticas federais. em larga medida . produzido nas universidades americanas e espalhados pelo mundo desde a década de 50 e 60. a Lei 5. no modelo tradicional. à pesquisa cientifica e educacional era delegada a função de preparar os indivíduos. cabia ao professor ainda o planejamento. MÉTODOS DE ENSINO Como vimos. tinha por função a preparação de mão-de-obra para a crescente industrialização. como peça de uma engrenagem complexa: o organismo social. NO tecnicismo. Nessa concepção. ficariam justificados de uma só vez não só os currículos como o próprio regime militar. Contrariamente ao modelo subjetivista proposto pela Escola Nova. era o aluno. preparando mão-deobra para o recém instalado paqrque industrial brasileiro e impor o modelo militarista nas escolas e nas universidades. Dessa forma. obrigando a profissionalização no segundo grau. com exceção dos países comunistas. o conhecimento psicológico do aluno. cabendo ao individuo se ajustar a ela e ser treinado competentemente para a inserção social. a sociedade é um todo harmônico. os sujeitos não tem a mínima importância. justificar o industrialismo. PAPEL DA ESCOLA De maneira geral o modelo tecnicista.692 tratou de homogeinizar o currículo nacional. em 1971. o que importa são os “objetivos instrucionais”. OSPB. Mesmo com a minimização dos conteúdos no escolanovismo. Iniciação para o Trabalho(IPT) e outras. a partir da criação de disciplinas como Educação Moral e Cívica. o que significava dizer: preparação de homens-máquinas para perpetuação do capitalismo. No Brasil. ou seja. as técnicas de ensino. a imposição da Pedagogia tecnicista teve por missão cumprir dois objetivos primordiais. por profissionais dedicados à instrução programada. controlando o seu comportamento para que os fins sociais fossem atingidos. o professor era o centro do processo. no tecnicismo. Neste caso. resultados previamente . cabendo ao professor apenas aplicar modelos específicos para obter.Tecnicista. as técnicas e os métodos são pensados por especialistas. mantendo-se a hegemonia americana em todo o mundo. a investigação de áreas temáticas. na escola renovada. objetivamente. objetivando o controle do comportamento e disciplinando para o modelo fabril. o modelo tecnicista tinha na escola um veículo eficaz de instrução programada. Foram essas teorias que subsidiaram o ideário tecnicista. são estimulados com notas ou conceitos. Nesse modelo os conteúdos não são temas abrangentes. Bastava. Caso o professor de um questionário( objetivo é claro) para os alunos e esses errem alguma questão. racionalizando os seus fins.traçados. desenvolveu um complexo projeto incluindo cobaias humanas. É preciso que o professor reveja a seqüência da instrução deveriam ser seguidas religiosamente. Metodologias como “instrução programada “. Logo em seguida.a apsicologia desenvolveu um ramo novo: o controle do comportamento. o estudo dirigido era pensado por uma equipe de especialistas em comportamento e educação e depois impresso na forma de manual para aplicação docente. respondem as perguntas segundo o texto e fazem novos exercícios de retenção da instrução. a probabilidade de reforçamento é aumentada”(apud LIBANEO. pessoas. PROCESSO APRENDIZAGEM Na abordagem behaviorista. “máquinas de ensinar”. com possíveis reflexões pessoais ou . 1980:31). Se precisarmos lembrar de um nome ou uma data importante. o behaviorismo criou o condicionamento operante(estímulo-resposta-reforço). comprovando que também o homem poderia ser controlado no seu comportamento. baseado na tecnologia educacional e subsidiado pela psicologia comportamental. Os alunos completam os exercícios. cabe a ele então repetir as questões erradas de modo que eles memorizem as respostas certas quantas vezes foram necessárias. “livrotexto”. pswicólogo americano. Skinner. o ensina não passa de um modo de controlar o sujeito a dar respostas previamente estabelecidas nos objetivos instrucionais. O professor entrega aos alunos o material. aprendizagem significa comportamento. lê com eles os textos e os exemplos. Skinner dizia que “ Se a ocorrência de um ( comportamento) operante é seguida pela apresentação de um estímulo ( reforçador). Pela primeira vez na história da educação brasileira. cabendo ao professor aplica-la eficientemente. basta fazer associações com eventos. “telensino”. então reforçar o estímulo para se obter um comportamente controlado. o professor virou um administrador de condições para que se dê a transmissão da matéria. repetindo-se exaustivamente os exercícios. As memorizações eram freqüentes e direcionavam todo o processo. Para exemplificar. Do condicionamento clássico(estímulo –resposta). O modelo tecnicista prevê um vasto aparato científico. cuja finalidade era assegurar a objetividade na relação ensino-aprendizagem. Sendo assim. eram planejadas por especialistas instrucionais.etc. Desde as experiências do Pavlov e dos comportamentalistas ingleses. De certa forma. são concebidos como “objetivos seqüencialmente e divididos em partes estanques. forçam os professores a executar programas previamente pensados. em muitos casos. não abre mão dos conteúdos. sua total dependência. como veremos adiante. ele está muito presente na prática pedagógica. . pois incentivou amplamente o controle do comportamento e o reforçamento da disciplina. o ensino tradicional nunca foi superado no Brasil e a tendência tecnicista em muitos pontos se assemelha a ela sendo. O freqüente uso de livros didáticos. As escolas críticas se fartaram em criticar esses métodos e técnicas. mas esses são entendidos como reflexões sobre temáticas sócio-culturais significativas. Isso denuncia que as marcas do tecnicismo são mais profundas do que se pode imaginar. portanto. com exceção da tendência Crítico-Reprodutivista. aceito de modo passivo pelos educadores. com posterior reforçamento com notas ou conceitos. assinalar ou corresponder colunas. Na raro se assiste à clássica aplicação do questionário com respostas objetivos. propõem uma visão de escola enquanto agencia transformadora do sistema social capitalista. a aplicação de provas e testes objetivos. instrucionais”encadeadaos MANIFESTAÇÕES NA PRÁTICA PEDAGÓGICA Durante toda década de 70 esta tendência dominou o ensino brasileiro. de completar. como o tecnicismo. provocando a superação da sociedade de classes em nome de um modelo social alternativo como o socialista. Concebe-se até mesmo o questionário. TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS PROGRESSISTAS As tendências progressistas ou críticas são aquelas que se opõem ao modelo liberal ou ao capitalismo. mas como um guia de estudos com questões abertas onde o educando possa manifestar livremente sobre o conteúdo apropriado e não simplesmente “memorizado”. As tendências críticas. tendem a cristalizar princípios tanto tradicionais quanto tecnicistas. A tendência Histórico-Critico ou Crítico Social dos Conteúdos. apesar de todas as críticas que este modelo sofreu na década de 80. comunista ou anarquista. Nos dias de hoje.e.coletivas. ressignificando seus objetivos. trata-se de um conjunto de formulações teóricas que denunciam o papel ideológico de reprodução do capitalismo via escola regular. em 1975.Essas tendências influenciaram os educadores brasileiros desde o início do século XX. • O sistema de ensino enquanto violência simbólica . Essencialmente. • A escola como aparelho ideológico de Estado. através dos meios de comunicação de massa . esse conjunto institucionalizado de reprodução tende a formar um habitus. as pedagogias progressistas ficaram em estado de hibernação. considerando três tendências fundamentais dentro do movimento reprodutivista: • O sistema de ensino enquanto violência simbólica.manifesta-se na escola como um outro tipo de violência: a simbólica. Com hegemonia das escolas liberais dos anos 20 aos 70. Essas tendências tem em comum a idéia de que a escola reproduz a sociedade de classes e reforça o modo de produção capitalista. Para os autores.a violência simbólica se manifesta também na formação da opinião pública. C. utilizaram categorias pertinentes à analise de cunho socialista como burguesia. religião. com experiências isoladas. na sua vertente Libertária. a teoria da violência simbólica diz que a escola exerce um tipo de coerção cultural ideológica-implícita-sobre as classes populares. que é imposta aos alunos por meio do currículo e da estrutura escolar. • Teoria da escola dualista. proletariado. até final dos anos 70. AS TEORIAS CRÍTICO-REPRODUTIVISTA A teoria crítico reprodutivista não formulou propriamente uma teoria geral de educação. Argumentam os autores que a violência simbólica se impõem sem . Passeron. modo de produção. Além do sistema escolar.a categorização de SAVIANI. a formação de atitudes e crenças de cunho burguês. jornais. a escola é um lugar de inculcação de cultura burguesa. etc. De forma geral os reprodutivista vêem a escola como um aparelho estatal que não se legitima o poder dominante da burguesia como tende a perpetuar esse domínio.quando revigoraram a aprtir da crítica dos reprodutivistas e dos teóricos socialistas. etc. de inclinação anarquista.Esta Teoria foi desenvolvida pelos franceses P. isto é. Bourdieu e J. propagandas. Mas como a violência simbólica é praticada na escola? Segundo Bourdieu e Passeron.a correlação de forças que existe no plano material das relações sociais. Para tanto. Utilizamos para fins didáticos. o exercito e toda burocracia estatal. sendo sua missão a preservação direta da ordem pela imposição da força material. pois os conteúdos são normalmente passados com um ar de neutralidade absoluta. A escola como aparelho ideológico de estado – Essa foi desenvolvida por Louis Althusser nos anos 70 e dizia que nas lutas sociais o Estado burguês age por meio de dois instrumentos impostores da ordenação capitalista: de um lado . Snyders dói um desses críticos. de outro.a polícia. são as várias ordens. Baudelot e R. Adiante. cabendo ao Estado gerenciar o processo de dominação social. aos poucos vão perdendo sua identidade e se aproximando dos preceitos burgueses. que. A maior contribuição dessa abordagem consiste na afirmação de que a escola não é única. defendendo que a escola é também um local contraditório de lutas. conceituando essas teorias como pessimistas( pessimisto pedagógico) e dizendo que no modelo de Bourdieu & Passeron. isto é.a favor do proletariado. “a luta de classes é impossível”e no de Baudelot & Establet.harmônica. Como todas as classes tem que freqüentar a escola. Já os AIE. ela é o instrumento mais acabado de legitimação da ideologia burguesa. . Ao conjunto das verdades teóricas e práticas transmitidas pela escola .que ninguém se dê conta dela. Establet. pois tendem a reproduzir o domínio exercido pela burguesia sobre o proletariado no processo de trabalho industrial. Na rede primária. Quando chegam a rede SS. Teoria da escola dualista – Os franceses C. a escola é dualista. no qual há espaço para a construção de uma contra-ideologia. mas um palco de lutas ideológicas. mas tem em comum os vários espaços sociais em que a cultura e as crenças burguesas são inculcadas nas pessoas. É importante frisar que os reprodutivistas foram muito criticados aindda nos anos 70 pela postura negativa e conformada diante das possibilidades da escola contribuir na superação da sociedade capitalista. em 1971 desenvolveram a teoria de que a escola é dividida em duas redes: a secundária superior(SS) e a primária –profissional(PP). estão os Aparelhos repressivos do Estado ( ARE) e.a justiça. Althusser chamou de relaçÕes de produção. Os ARE são o governo. para o autor. a mentalidade proletária já está transformada em pequena-burguesa. “a luta de classe é inútil”. inscrevendo-se a escola nosegundo modelo. os autores vão defender que a ideologia burguesa transmitida na rede (PP) tem como alvo sufocar a ideologia popular trazida para a escola pelos filhos dos camponeses e assalariados. dando a impressão que as lutas sociais não existem. Os autores retomam aqui a premissa da escola enquantoa parelho ideológico do estado ( Althusser). é que os primeiros e mais importantes fermentos da ideologia liberal são repassados ao proletariado. estão os Aparelhos ideológicos de Estado (AIE). pois o método de conscientização e crítica da realidade social não poderia caber em um regime autoritário. Sabe-se que isso era só retórica barata. ocupou cargos públicos importantes sempre ligados à educação e à alfabetização de adultos.PEDAGOGIA LIBERTADORA HISTÓRIA A pedagogia Libertadora está ligada ao nome do principal representante da educação brasileira em solo nacional e no exterior: Paulo Freire. na gestão 89-91. São Tomé e Principe de Guiné –Bissau. em 1961. Paulo freire presidiu a Comissão Nacional de Alfabetização de Adultos e coordenou o Plano Nacional de Alfabetização de Adultos. A obra que contem os principais fundamentos de sua pedagogia da conscientização . No governo de João Goulart. Voltando do exílio em 1979.já foi traduzida em 18 linguas. justamente porque levava a emancipação humana e não a servidão. trabalhando no Chile(1964-69) e prestando assessoria aos governos da Nicarágua. em Pernambuco. vivacidade e energia filosófica. NA década de 60. não pareou de produzir e lutar pela alfabetização mundo a fora. chegando a lecionar na Universidade de Genebra de 1972 a 1974. Paulo Freire desenvolveu um método próprio de alfabetização de adultos. O respeito ao seu método era tal que mesma em plena repressão militar os burocratas admitiram que poderiam usar as suas idéias para a implementação do MOBRAL. Tendo em vista sua longevidade. Paulo Freire. Paulo Freire continuou produzindo muito no âmbito público. Desde os anos de 40.a pedagogia freiriana se confunde com a própria educação brasileira no século XX. Mesmo sendo exilado em 1964. que ganhou notoriedade internacional com o Movimento de Cultura Popular do Recife. . tanto como professor em diversar instituições universitárias. Pedagogia do Oprimido. em 63. quanto como Secretário de Educação do Município de São Paulo. Como anunciou na sua primeira obra. O papel da escola. Paulo Freire concebe a educação como um processo de desvelamento das condições de considerar que a Pedagogia Libertaria não trata exclusivamente do ensino escolar. porque estava somente preocupada com a transmissão de conteúdos. Por outro lado. Mais ainda. Nesse processo de partir da realidade para compreende-la.PAPEL DA ESCOLA Paulo Freire denomina “bancária”a educação tradicional. já que não primavam pela libertação humana da opressão na sociedade de classes.criticava também as tendências renovadoras por acredita-las domesticadoras. Como se destina muito mais a educação não formal. que visa apenas “depositar”informações nas cabeças dos alunos. aquela aprendida também no dia a dia. pois está sempre voltado para a prática social. por princípio. Há uma supervalorização das experiências dos grupos sociais. onde aluno. que significa a superação do modelo de sociedade atual em nome de outro em que vingue a solidariedade e que não haja nem opressores nem oprimidos. Educação como prática da liberdade. o professor deve colocar no nível do aluno para que possa ser eficiente no . numa abordagem libertadora é o da “cnscientização para a prática da liberdade. nos momentos de apreensão da realidade imediata dos homens e suas relações. essa pedagogia não dá importância alguma à hierarquia formal existente entre professor e aluno. O ato educativo é sempre uma relação dialógica. vão se estabelecendo vários níveis de consciência até a f ormação do senso critico. MÉTODOS DE ENSINO O método de educação libertador tem por base o dialogo. mas da educação nãoformal. que visa a transformação da realidade social opressora. levam alunos e professores a níveis cada vez mais elaborados de consciência da própria realidade vivida. sente-se a influencia de Paulo Freire e seus colaboradores.mais o processo promoverá a conscientização e o desvelamento das condições exploratórias em que vivem os educandos. na “aproximação de consciências”. no dialogo. Nesse sentido. Os conteúdos são provenientes de “temas geradores”. são metodologias privilegiadas nessa abordagem e o professor deve “caminhar juntos”aos alunos e . onde ambos são considerados como sujeitos do ato educativo. as trocas de experiências no grupo. quando precisar. Os trabalhos em grupo. mas não no sentido escolanovista de omissão docente. Processo de aprendizagem O componente político orienta todo o processo ensinoaprendizagem e está destinado à apreensão da prática social. Esse “ir e vir” da realidade caracteriza o método dialético defendido por Paulo Freire. Sendo problematizada a situação social vivenciada. que são extraído da vida cotidiana dos educandos. Sendo dialética. Quanto mais próximo a realidade social do grupo em situação de ensino.enfrentamento de seus problemas. chamados de “grupo de discussão”. É uma relação não-diretiva. deve colaborar. pela relação dialógica. a aprendizagem se dá na relação. sua influencia nos sistemas de ensino não se fez sentir diretamente. não-atoritária e não-hierárquica. que pode ser resumido assim: o conhecimento nasce da pratica social imediata e retorna a ela para compreende-la e transformala. Entretanto. é impossível medir o grau de influencia que esta pedagogia tem exercido nos educadores brasileiros nos últimos 50 anos. já que uma proposta pedagógica dessa natureza não poderia advir do sistema constituído. a relação educador-educando é horizontal. Manifestações na Pratica Pedagógica Como a Pedagogia Libertadora teve origem nos movimentos de educação popular não-formais. . portanto. Desde o ensino fundamental aos concursos de pós-graduação. mas no sentido de deixar fluir a voz popular para que os personagens se identifiquem com o discurso que ouvem e proferem. e manifestado no boletim da própria escola em agosto de 1916: Papel da Escola . A criação e direção das escolas libertarias do inicio do século estão ligadas aos nomes de João Penteado e Adelino Pinho (ambos militantes libertários). republicano radical cujas idéias influenciariam os anarquistas brasileiros.. sendo seu lema “homem livre sobre a terra livre”. criada pelo espanhol Francisco Ferrer y Guardia. assim como idéias pedagógicas de cunho libertário. Eis o compromisso e o projeto da Escola Moderna. os movimentos sindicais e as escolas de inspiração libertária foram sufocados. propiciou também a criação de uma imprensa proletária em que eram divulgadas idéias comunistas e anarquistas. “. O compromisso da pedagogia libertadora é dado pelo próprio Paulo Freire. comforme o pensamento do seu dirigente.. Adelino de Pinho.( IN GADOTTI. o fundamental na alfabetização de adultos é que o alfabetizando descubra que o importante mesmo não é ler estórias alienadas e alienantes. O clima de agitação em torno de manifestações sindicais e greves. que tinham como modelo a Escola Moderna de Barcelona. mas fazer historia e por ela ser feito”.3 PEDAGOGIA LIBERTÁRIA História A Pedagogia Libertária nasceu junto com as primeiras organizações sindicais brasileiras no final do século XIX.Já os movimentos de base popular e alfabetização de adultos vêm seguindo a orientação metodológica de Paulo Freire. Os sindicatos criaram ainda as escolas operarias e modernas de orientação libertária. As doutrinas anarquistas que fundamentam essa pedagogia foram trazidas pelos trabalhadores europeus que desembarcaram no Brasil e formaram as primeiras organizações do proletariado urbano. Com as intensas repressões do governo militar-oligárquico da Primeira Republica. tendo em vista estar o nome deste educador intrinsecantemente ligado a tais iniciativas. 1993:254) 4. mas a sua prática é vivenciada pelo grupo que se autogestiona. que serve para resolver ou explicar os problemas do grupo. o Estado e a Igreja. se não quiserem. Ao saírem da escola com esse ideário. Para isso. todos os espaços sociais eram considerados frentes de luta para afirmação de uma sociedade desburocratizada. eleições. os alunos iam contaminando as várias partes do sistema. Como o anarquismo rejeita as instituições burguesas por considera-las reacionárias e conservadoras. As matérias são colocadas a mão para que os alunos decidam a melhor forma de lidar com elas. b . O que existe é o grupo. essa tendência recusa qualquer tipo de autoridade. associações. vai aprendendo a se autogerir e decidir coletivamente. Métodos de Ensino Não existem propriamente metodologias formais a serem aplicadas.A função da escola libertadora é de preparação do individuo para a transformação da sociedade. Como não há um gerenciamento do processo educativo. num crescendo. a escola deveria preparar o individuo para a autogestão e para mecanismos institucionais de mudanças como assembléias. para ela. sem poder centralizado e sem classes sociais. no inicio. O anarquismo na escola não é só uma teoria. o grupo parte de conversas informais e. Segundo a pedagogia libertária. decidirão por isso. depois. Cabe ao grupo fazer as opções e se responsabilizar por ela. sobretudo o Capitalismo. o conteúdo é tudo o que pode ser vivenciado. etc. os alunos são livres para fazer o que quiserem. Inclusive. e não as especulações puramente cognitivas. Essa tendência não considera conteúdos as informações de áreas de conhecimento. conselhos.
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