O Poder Fálico da Mulher e a Feminilidade no Homem

March 22, 2018 | Author: susa182 | Category: Sexual Intercourse, Orgasm, Machismo, Love, Woman


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O Poder Fálico da Mulher e a Feminilidade no Homem sobre Psicologia por Valdeci Gonçalves da Silva [email protected] 12345 Avaliação: 5.0 / 5 (1 voto) Publicidade “Sou o grande homem de minha vida” (MARÍLIA GABRIELA, 2006, p.23). A aquisição de poder da mulher, neste momento histórico, não se dá somente em termos profissionais de sua inserção no mercado de trabalho. Esta conquista neonata se expande por todos os outros campos da sua existência, inclusive da sexualidade. E desenha contornos outrora jamais pensados para o que se configurou como feminino. Assim, a condição de gênero, praticamente, se nivela, e dar passagem aos desejos, prazeres e gozos plenos, deixando na irrelevância às marcas tradicionais e ostensivas as quais balizava. Agora, os papéis próprios de cada gênero se fundem no que não mais parece inscrever o masculino somente no público e ativo que incorpora o macho, e o feminino na exclusiva passividade, do privado familiarizado à fêmea, que eram pressionados a desempenhar ou a se conter. De modo indubitável, “as sociedades humanas acrescentam infinitos detalhes para definir socialmente o que significa o homem e o que significa a mulher, as qualidades e o status respectivos que enraízam suas relações com o mundo e suas relações entre si” (Le BRETON, 2006, p.56). Agora, esses papéis se alternam, sem que isso, necessariamente, os descaracterizem dos convencionais territórios díspares em que foram forjados. Independente de ter na sua fisiologia pênis ou vagina se encarna a preposição de ser humano, e, assim, parcela significativa dos atores sociais prioriza como mais relevante à satisfação seja ela ou não sexual. A mulher do século XIX, basicamente, se enquadrava em dois perfis, quando no melhor do sentido era tida como um enigma - frágil, sensível, dependente, assexuada e passiva - e, no pior a tinha como um diabo - representação de uma organização física e moral facilmente degenerável, dotada de excesso sexual que devia ser controlado (NUNES, 2000). Segundo a autora, para alguns pensadores, inclusive Freud, a visão da sexualidade feminina normal é aquela herdada do Iluminismo, isto é, passiva e doce, dotada de menor agressividade e debilidade sexual, com tendência masoquista. E isso, aos poucos, acabou por vincular essa dualidade, presente na economia libidinal da histérica, às mulheres de modo geral, e transformou a sexualidade feminina num enigma, e a mulher numa ameaça. Enfim, para Nunes (2000), o enigma a que se refere Freud, na verdade, se deve ao fato do homem imaginar a coexistência da feminilidade na mesma mulher como boa, passiva, amorosa, castrada, masoquista, de um lado; e seus componentes destruidor, potente, fálico, castrador, sádica, de outro. É com base neste enfoque fálico da conduta feminina que o presente texto tenta dissertar até chegar ao feminino do homem. De acordo com Laplanche e Pontalis (2004), o falo na antiguidade greco-romana, é a representação do órgão sexual masculino. Na psicanálise este termo sublinha a função simbólica desempenhada pelo pênis na dialética intra e intersubjetiva. Ou seja, “pênis” órgão masculino na sua realidade anatômica, e “falo”, sublinhando o seu valor simbólico. Ou ainda, o desejo de fluir do pênis real no momento do coito e o desejo de ter falo, como símbolo de virilidade. Para os autores, a expressão mulher fálica ou, para alguns outros, alfa designa a mulher que tem um falo, e não a imagem da mulher ou da menininha identificada com o falo. Uma linguagem aproximativa para qualificar uma mulher com traços de caráter pretensamente masculinos, autoritária, mas, sem saber quais são exatamente as suas fantasias subjacentes. Para Nasio (2007), o falo não é o pênis enquanto órgão, mas a sua fantasia, idealização, símbolo da onipotência e de seu avesso, a vulnerabilidade. Em outras palavras, não há uma relação direta da mulher fálica com a masculinização, não se trata apenas das características físicas, fisionômicas, mais também das atitudes ou posturas corporais. Para Desprats-Péquignot (apud FRIEDRICH, 1996), a simbolização do sexo - ou seus impasses -, as identificações - e suas transformações - com base nas qual cada um reivindica “ser um homem” ou “ser uma mulher” organizam-se em torno da identificação com o falo significante (p.62). Portanto, o falo não é nem o órgão, peniano ou clitoriano, nem um objeto, nem um fantasma, mas um significante particular que marca a parte da conjugação da sexualidade, em suas manifestações orgânicas para os dois sexos, com a linguagem (PORGE, 2006). No texto, “Eu sou uma Bridget: Fálica”, de Tatiane Bernardi (2007),sua personagem Clarice, uma publicitária de 31 anos, é uma mulher fálica que acaba de descobrir na sua terapia que tem pinto. Não real, mas comportamental. Em alguns casos ela se comporta como um homem. Entra num restaurante pisando firme, exige uma mesa para dois não fumantes, bem como pega a mão do cara respeitoso e enfiava no meio dos próprios peitos. Na sua cabeça, esse negócio de discutir relacionamento num cantinho reservado, é uma situação mais propícia para alguns gemidos. 1987. mulheres. . de que “Tamanho não é documento”1.191). A não ser que a mesma tenha outros interesses além do afetivo-sexual. “maior” assume a aura de mais poder. O desejo fálico da mulher. “o pênis freudiano foi psicanalisado. Sigmund FreudPara Freud (apud ANDRÉ. A partir de Lacan este autor conclui que o falo é um padrão simbólico. da primazia do órgão sexual masculino sobre o feminino. Era tão difícil assim? Um homem que a fizesse sentir tão mulher que a deixasse descansar dessa sua autodefesa masculina. a mulher deve ser fabricada (o tornar-se mulher de Beauvoir) mediante longo processo psíquico. Freud constrói um modelo monista da sexualidade. Muitos autores fazem críticas à teoria freudiana de que a mesma é falocrática. Mas. parece residir numa ambiguidade. No entrevero da sexualidade a mulher. e que o desejo da mãe.173). ou não encare a sexualidade como um item indispensável para a sobrevivência do relacionamento do casal. Logo. Mas. que a existência material da vagina seja ignorada. mas não para o homem cuja conduta fálica é desejável. e na atitude da mulher rica . “O que não quer dizer. os gêneros adquiriram a conotação de ativo para homem e passivo para a mulher. é ter o falo.Para Nasio (1997). O bebê é o falo imaginário do desejo da mãe. Assim. e mais ainda os aforismos lacanianos. o pênis imaginário é chamado falo. portanto. 1996). 1987). em especial. na verdade.não necessariamente (grifo nosso) .82). pelos menos a maioria delas. desvirilizado. o falicismo do poder do capital pode ser ilustrado na ostentação de riqueza do nouveau riche (novo rico). era. no que diz respeito à sexualidade. no plano psíquico. mas nunca politizado” (FRIEDMAN. culturalmente. os postulados freudianos. encontrar um homem com pinto maior do que o dela. contrariando o consenso. a possibilidade de inscrever a diferença dos sexos em nível do inconsciente. machista. p. uma vez que considerada o primado do falo. significante do desejo. Para esta personagem. mas que ela não é conhecida como outra coisa que não um falo furado” (ANDRÉ. Enfim. Essa postura lhe provoca o desencontro amoroso. na maior parte da sua convivência. No entender de Quinet (2005). bem como de toda mulher. p. não vai querer um homem “mole”. Na visão de Nunes (2000). não são fáceis de serem “digeridos”. 2002. Sua tese é de que as crianças só reconhecem o pênis. negando por completo a existência da vagina. um grande número de meninas jamais se tornam. o que mais Clarice queria. ou da posse desse poder. que concretiza o seu poder sem a falta (FRIEDRICH. tendo como referencial o dado biológico. a mulher fálica se insere no contexto de descoberta da anatomia feminina e na incongruência entre a falta efetiva do falo e o possível poder representado pela figura materna. Freud se opõe. E também sugere de que ser fálica para mulher o tempo todo cansa (sem dúvida para o homem idem). Nesta perspectiva. certamente.que trata os homens como objetos de troca (p. A falta de ponto de apoio para a identificação especificamente feminina. A título de ilustração descrevo. tenta se acomodar a “vidinha” de uma típica e pacata mãe de família inglesa. O mundo é o palco das suas invenções. Mas. 2004). porém não tão agressiva nas atitudes. prendo a respiração. somente uma mulher com um “pênis na cabeça” (como se auto-referiu algum tempo atrás). o que não significa que assuma uma aparência masculina. Se me abraçam. embora feminina. faz com que a imagem corporal não possa revestir e erotizar completamente o real do seu corpo. não afetou a sua imagem. A musa pop. E Jolie (2007) confessa: Não sou fã de abraços. Tem o absoluto controle da sua carreira. na sua ostentação fálica. explicita uma agressividade fálica descomunal.3). Enfim. 1987 grifos do autor). Apesar das suas declarações bombásticas. A Madonna (2007) afirma: “Prefiro homens de visual efeminado e os novinhos *. tipos masculinizadas (mas isto não quer dizer que as mesmas sejam lésbicas). e Ségolène Royal. candidata a presidência da França deste ano.+ garotos de 15-16 anos são os melhores. Estas falas parecem retirar a suposta essência feminina deixando transparecer a objetividade e aridez masculina. e sabe como esgotar todas às vantagens das situações que provoca para se promover e se manter em evidência. políticas. Carinhos. nem tão refinada. esta anunciada bissexualidade. as reverenciam ou as acatam. e se dão ao direito do gozo das extravagâncias sejam ou não sexuais. sensual. Assim. . Uma vez que é objeto dos devaneios eróticos dos fãs de todos os gêneros. do que pelo ideário romântico. seu súdito espontâneo ou não (muitos são obrigados a consumi-las pela imposição da mídia). o controle do sucesso de suas carreiras e homens. etc. Outros exemplos de mulheres fálicas: Angela Merkel. Eu quero um corpo macio e gostoso não um Hulk?”(p. é igualmente fálica. pela irreverência e rebeldia de seu ímpeto modernista e libertino. caprichos e necessidade de aparecer. um biótipo comum. também americana. É mais frequente encontrar a mulher fálica em atividade profissional que exige tomada de posições ou de decisões mais contundentes. como ícone de intensa sexualidade. e que sabe satisfazê-las (JOLIE. A cantora americana de origem italiana. A Jolie. Ainda que tenha revelado que transa com mulheres. para que não a esqueçam. meiga. E o público. abraços e choro são coisas que me incomodam (p. que está mais para a fálica feminina.46). a priori. Angelina Jolie. presidente do Chile. Parecem estar acima do bem e do mal. Chanceler alemã. e a atriz. e luta pela paz junto à formalidade de órgão internacional voltado para esse fim. da mulher não fálica. eu gosto dos garotos delicados que não têm medo de mostrar os sentimentos e chorar. Madonna encantou multidões.. ou seja.. sem nunca deixar de provocar ou de se insinuar para a mídia. mas que aborde a sexualidade à maneira do homem. estas mulheres têm o poder. Madonna. etc. conseguiria.. duas figuras do cenário artístico internacional que parecem caracterizar com nitidez tipos diferentes de mulheres fálicas. a exemplo de empresárias. e vida pessoal. Hoje. e dublê de atriz. A não ser que ela se faça “toda fálica” ou “se faça de homem” (ANDRÉ. e Michelle Bachelet. ela se impõe como agente solidária de países pobres contra a miséria. ou seja. um aficionado pela psicanálise. e deixam transparecer um tipo mais tenaz de sensualidade. e muitos. e por isso faz qualquer um se imaginar o mais poderoso dos homens. Contudo. sua sensualidade está à “flor” da pele. da fraqueza. aceitam seu desejo sexual. por exemplo. As fálicas têm o poder de sedução mesmo a partir do aparente frágil. Atraem e seduzem pela aura de independência que não demanda do parceiro nenhum esforço ou compromisso para protegê-las. como não se deixam castrar.20 . o feminino é o único gênero. e leva a acreditarem nisto. e eleva a auto-estima do cliente. têm uma forte expressão de autenticidade. Assim. Portanto. não tem sentimento de inferioridade (mas isto não a impede de sentir-se socialmente marginalizada). Eles têm um sex appeal natural. em geral. decerto. Até hoje. pois logo termina revelando a falseta ou descambando para o apelo explícito da vulgaridade. mas apenas do seu dinheiro. a “grande mãe” que aconchega. Esta dificuldade de entender a mulher não estaria ligada à questão fálica? A mulher. em termo simbólico. se faz indefesa. 1993). E essa condição. Ela não precisa da figura masculina. ao passo que se mantém afiadas para castrar qualquer ação que vá de encontro as suas intenções. não abre mão do poder que usa sem pudor e culpa. o poder fálico assumido exige muito da mulher.grifos do autor). e por isto mesmo não assusta e nem constrange o homem. às vezes. As fálicas. Bem como não se mostram. Mas. a exemplo das feministas.A profissional do sexo com ou sem sensualidade. As mulheres reprimidas não conseguem externar. Até zombam da fragilidade dos mesmos. Para Baudrillard (2001). não vêem os homens como inimigos. a sensualidade não se sustenta apenas na macaquice de “caras” e “bocas”. é a fortaleza fálica do homem apresenta todos os signos da fortaleza. . estimula e fortalece o imaginário masculino. não compete. Uma vez que. uma vez que. foi capaz de contestar tal afirmativa: “É um preconceito essa mania de dizer que as mulheres são “incompreensíveis” (mesmo Freud)” (p. Suas vontades são indiscutivelmente priorizadas.No entender de Freud (apud ASSOUN. notadamente se dá pela aceitação de uma sexualidade mais livre de pré-conceito e tabu (o que não significa necessariamente promiscuidade). Por conseguinte. conectadas com a sua feminilidade. é o tipo de mulher que sabe lidar com o seu poder fálico. assim. nem se dão conta disto. tem mulheres e homens de sensualidade primitiva (o que não quer dizer bruta). a vida sexual da mulher adulta é um dark continent (um continente negro) para a psicologia. contra os homens. As mulheres fálicas. convencer desse potencial. abertamente. sabe da sua superioridade de gênero. que não fazem o menor esforço para que assim pareça. não se constitui para ele uma ameaça. somente Jabor (2006). As mulheres fálicas agem centradas no direito do seu próprio gozo. Ela é. Bataille (2004) diz que não existe uma prostituta em potencial em cada mulher. que o masculino só existe por um esforço sobre-humano para se livrar dele. diz que um conjunto de personalidades fortes forma grupo de gestalt fraca. por uma questão cultural é mais contido. é rara entre mulheres e homens homossexuais. segundo o autor. está sempre exposta ao desejo do homem. mas não as suas demais modalidades. Porém. ficar histérica que é aceita. e se “esvazia” com relativa facilidade. em virtude de sua vulnerabilidade. Basta observar os jogadores e torcedores em comemoração de gol. gritar. Na realidade. extravasa as emoções. Todavia.219). no sentido literal da expressão. Nietzsche (2000) entende que a mulher perfeita é um tipo de ser humano mais elevado que o homem perfeito. os grupos de mulheres e homens homossexuais. entre seus pares os homens são tão curtidores uns com os outros quanto afetivos. Um segmento da Teoria de Campo de Kurt Lewin (apud MINICUCCI. Esta pode chorar. O homem. e também algo muito mais raro (p. Ao passo que o homem as retém. Esta estrutura de amizade. recaem sobre estes últimos sujeitos uma carga maior de exigências. e menos ou quase nenhuma regalia e benefícios sociais. São conhecidos como classes desunidas. vantagem sobre um (a) colega. tem medo ou lhe falta permissividade aos afetos.104). em geral. E. Talvez porque. formam gestalts fracas em decorrência de um provável potencial de personalidades fortes ou conflituosas. p. poderia se dizer que os homens heterossexuais formam grupos fortes em razão da sua constituição de personalidades possivelmente fracas ou socialmente privilegiadas. 2007. no entanto estabelecem condutas respeitosas de exemplar fidelidade canina. Ou seja. na medida de seus atrativos. sempre invejando e competindo entre si. muitos não têm escrúpulos de tirar de modo politicamente incorreto ou desonesto. e somente lhe é permitido externar as emoções agressivas (físicas). assim. Embora as pesquisas atuais apontem que “os homens são tão fofoqueiros quanto as mulheres . reservado ou tímido. Simulam lutas como desculpas para. A parte este exagero. afinal de contas não existe ser humano perfeito.ou até mais que elas”2 (ZAKABI.mas a prostituição é a consequência da atitude feminina (p. e vice-versa. isto o faz se pensar mais forte do que a mulher. porém mais explícito. xingar. Diria que seus afetos parecem mais restritos. se não compartilham seus amores ou pendências amorosas. diferente das transas que as suas predileções. é possível reconhecer um potencial humano na mulher. nas quais quase não existe corporativismo. porque estão. Uma vez que. se tocarem. e. às vezes. ingenuamente. na verdade. Logo. Entretanto. não necessariamente mais intenso. . específicos e ocasionais. O quanto eles se permitem à proximidade. apesar da sensibilidade que lhe são permitidos. os homens são mais verdadeiramente amigos. 1987) denominado Atmosfera Social.204). Por vezes. suporta melhor as tensões na medida em que se “enche”. Aplicada a este contexto. os homens são menos bloqueados do que se propaga. nessas brincadeiras que tem muito do seu carinho manifesto. interpreta um papel para o qual não tem a menor vocação. em termos comparativos com um passado. 2007). Entretanto. deixa a mulher numa certa desvantagem em relação ao homem. Se os homens têm a iniciativa. e sim porque são os direitos do ser humano (MEDEIROS. “o homem é um ser biologicamente livre e a sociedade transferiu para o mundo social a mesma liberdade de que ele goza” (AMENO. e humanos devem ser garantidos. 2000. a mulher quanto mais é mulher. é razoavelmente confortável. as mulheres têm o poder de provocar o desejo dos homens. não abrem mão do seu prazer.63). que ressurge no domínio desse imaginário (BUTLER. p. é preciso combater as injustiças e discriminações sem usar o sexo como pretexto. Esta fala lembra Freud com história da castração. são a sua dependência hormonal que resulta na oscilação de humor na TPM (Tensão pré-menstrual).33). a luta por direitos iguais é um sintoma de doença. Assim. A sexualidade não revolucionou as relações de gênero nem modificou radicalmente os lugares de cada um (BOZON.Para Nietzsche (1995). termina por legitimar sua posição de desfavorecidos. um apego acentuado aos detalhes. de ser abandonada pelo homem amado. ao passo que as outras se debatem na armação ou engodo de que são frágeis. com isso afirmam seu direito de igualdade. Esta autora conclui que. e que mulher se cura ou se redime. Na realidade. no ensejo da contemporaneidade a mulher tem disputado quinhões de liberdade sexual muito próximo ao do homem. fortalece a sua condição de vítima. a sexualidade se alterou no que diz respeito à família. Embora ainda haja repressão. a sua atual posição. independente do grupo ao qual pertençam ou representem. 2004). Na realidade. de alguma forma. As mulheres fálicas ao assumirem seu poder. 2003). mas compreensível por ser a tônica da sua época. sem dúvida uma visão machista. de fato. se esperasse a partir do movimento feminista uma reação mais simétrica na relação de gênero (HEILBORN. Os homens que não são tolos. p. Se ainda não chegou a uma horizontalidade irrestrita. os únicos pontos de vulnerabilidade que. porém. tendo um filho. e o medo. Para a autora. Ameno (2001) diz que a maioria das fêmeas é farsante. o festejado 8 de março dá a impressão de que ao invés de reforçar a auto-estima da mulher. entretanto não desmerece o fato de que. de fato. segundo Nasio (2007). não se pode esperar uma melhoria das condições de vida da espécie humana sem um esforço considerável de promoção da condição feminina (p.93). mas não produziu um panorama de liberdade. apenas por interesse financeiro ou para “segurar” o companheiro. 2004. Embora. Mas. as questões do masculino e do feminino são instituídas por meio de leis proibitivas que produzem gêneros culturalmente inteligíveis mediante a produção de uma sexualidade inconsciente. Os direitos dos seres vivos. mais se defende com unhas e dentes contra os direitos em geral. não só denunciam a vulnerabilidade e a negligência dos direitos sociais dos segmentos homenageados. todos esses dias comemorativos. até recente. Porém. Segundo Guattari (2000). Seria injustificado dizer que as mulheres são mais bonitas ou mesmo mais desejáveis que os . Como afirma Duarte (2006). em particular o gênero feminino.] Elas não são mais desejáveis. a menina tem medo de não agradar até o abusador (p. facilmente. mas elas se propõem ao desejo (BATAILLE.que serão a seguir comentados -. Mas. pois orientação sexual.43). filmados3 por paparazzi. é uma questão clínica. as mulheres não são todas submissas à função fálica (PORGE. p. pelo simples fato de que “ela fica feliz só porque é aceita”(p. se por um lado tem a liberdade sexual. explícita essa atitude. 2006). Mais do que causar constrangimento aos fãs e ao público em geral. que a deixa bem mais vulnerável. do gênero e da identidade (WITTIG apud BUTLER. Uma disputa acirrada. Sempre tomando as iniciativas num sedento afã sexual que. alguns homens machistas ou inseguros ainda não admitem que ela tome a iniciativa da sedução e. ou seja.72). isto é. e não é à toa que. Para o homem. se colocar na posição do desejável. o oposto para o qual a mulher foi educada ou castrada. talvez à participação o tempo todo ativa da Cicarelli tenha sido um dos aspectos mais marcantes neste episódio. o desejo. da sexualidade propriamente dita. em especial. seriam cenas comuns repetida por inúmeros mortais anônimos. p. ainda chocam. Até porque o local. a situação é um pouco mais delicada.203). Contudo. por outro lado tem a concorrência na conquista de um parceiro. nas mais diversas orlas marítimas do planeta. e que são reforçadas pelo social. De modo que. o máximo que o social lhe permitia era provocar.. Prostituta e vadia estão entre os adjetivos mais soletrados para ofender a sua moral.46). Antes da revolução feminista. de algum modo. uma mesma orientação sexual não define uma identidade psíquica comum a um certo número de mortais desejantes. ainda existe dubiedade no comportamento de liberdade sexual da mulher. a mulher era pressionada a fingir prazer sexual e esconder seus desejos eróticos. que se resolve na cama ou no divã. do proibido que instigava o homem a conquistá-la e a desvendá-la. .homens [. sugerindo ausência de qualquer aura romântica. Mas. pelo menos num primeiro plano. Ainda existe muito do ranço dessa repressão. Somente a profusão e difusão de uma economia erótica não falocêntrica é que irá banir as ilusões do sexo. mesmo os jovens que “ficam”. 2006). conforme o gosto do freguês (PASSARELLI. Fora alguns detalhes . Afinal.. particular. O polêmico caso da ex-modelo Daniela Cicarelli e seu namorado. parecia uma praiazinha cinzenta e sem graça. o casal evidenciava estar ali para este fim: o desfrute do sexo pelo sexo. para as moças. mantêm subjacente o sonho do amor romântico (MELO. 2003). Apesar de mais liberdade de expressão e de direitos conquistados pela mulher. por exemplo. e a mulher nem sempre consegue se dividir com a mesma imparcialidade. por questões que. Neste sentido. 2004. procura-se destratar as mulheres usando como recurso a sexualidade devassa. são inerentes à sua biologia. praticando sexo numa praia da Espanha. 1996a. é bem mais fácil “ficar” por conta da sua divisão sexo/amor. quando são sedutoramente fálicas ou ousadas. e o parceiro a espera. No resto da sequência a maioria das cenas está sob direção da bela. no sentido de que tem dificuldade para lidar com as emoções em virtude da falta desse exercício (SILVA. desastrada a exemplo do seu casamento bufo em Chantilly (França). entretanto. 1999). p. E essa postura. Seu parceiro passou incólume.95). mais ameaçadoras para os homens. e passa o dia inteiro lendo revistas idiotas. e. sobretudo nesta cultura vivem sob este imperativo. etc. mas ao mesmo tempo. a Cicarelli veste uma blusa. sendo. parece ter chocado pelo seu comportamento fálico. Ameno (2000) diz que a maioria das mulheres no mundo moderno. recaiu sobre si todo ônus das mais impiedosas críticas. mais intimidantes. na vida. dá uma ajeitada e sai para pegar um picolé (símbolo fálico). Com a mudança dos paradigmas a mulher saiu da submissão. com direito a posar pelado. não parece feliz (p. É estranho esse interesse pela sua nudez. E ainda com possíveis vantagens pelo seu desempenho de macho..Numa das cenas. feitos adolescentes em busca de aventura. com certeza para deixá-la ainda mais solta. fazendo e acontecendo não estariam felizes? Ane. amiga de Clarice. Depois de “expor” a sua sexualidade. Enfim. 2000. Então as fálicas madonnas. praticaram sexo em via pública. ele retoma o poder. por vezes. para conquistar seu lugar no trabalho. Na realidade muitas mulheres. como se desejassem ter uma noção ainda mais exata do que Cicarelli teve na sua ilusória privacidade. Cicarelli mais do que pelo sexo explícito. É no mínimo ridículo querer interditar a posse dessas imagens e notícias. como se a mesma tivesse protagonizado tudo sozinha. Deviam ter o bom senso de assumir as inconsequências dos seus atos que. e fecundar com seu gozo o imaginário de um universo de voyeuristas. Pelo fato de ser celebridade e mulher. De fato um sujeito frágil. acabara por ficar mais metida a Freud do que interessada por homens: Se você quer um homem de verdade. na sexualidade.58). e oferece uma bebida. ainda hoje. seja uma mulher de verdade. meio que imersa na inversão de papéis. desequilibra o poder garantido do dominador com o qual foi contemplado o macho. o pornô filme deixa bem claro que esta moça pode ser acusada por tudo: Apresentadora sem talento e desengonçada. Mas você fica aí querendo competir com eles. mas. Muitos homens não compreendem mais o que as mulheres esperam deles (LIPOVETSKY. . não é? As mulheres estão mais acessíveis como parceiras sexuais. disfarçam de que não são Amélias. jamais de que não seja bastante habilidosa no manejo das coisas do sexo. estilizadas pela modernidade. Depois. que vive de pensão do ex-marido. Abrindo aqui um parêntese. Ele não aprendeu a interagir com o sexo aposto que não seja exercendo sua atribuída superioridade para subjugá-lo. meio masculinizada. jolies e cicarellis da vida. Mas. A igualdade dos gêneros depende da ação de que esses “entulhos” sejam removidos. 2005. a independência e a autonomia de algumas mulheres podem esconder também o esforço para agradar por assim suporem que esse seja o ideal para o homem. necessariamente. Às vezes.Clarice questiona: Mas o que era então uma mulher de verdade? Ou pelo menos uma que atrairia um homem de verdade? Seria a meiga falsa que já deu pra meia cidade. indiscutível. e não tão acentuadamente preso à estereotipia de ter que ser macho. dão (os homens) muito pouco tempo à intimidade para a pessoa (a mulher) conseguir ter o orgasmo (p. O masculino fica implícito como Modelo. tudo o que ela precisa fazer é um boquetinho com a tática de cobrir os dentes com os lábios voltados para dentro da boca? Uma mulher de verdade é feminina. Neste sentido. mas tem de se admitir sua condição promíscua. julga que a mulher devido a sua disponibilidade também esteja pronta com a mesma urgência. mesmo que de modo machista. mais gente e ser humano. purificado de todos os seus aspectos sóbrios. e há uma lacuna de estudos a respeito do indivíduo masculino na condição de objeto da psicologia. Seja o machismo a causa da ignorância. no trabalho. uma vez que o indivíduo chega fácil e rápido ao orgasmo. O sexo do “fica” e suas derivações podem até ser prazeroso. é voltada para a mulher. abuso e poder. Em virtude disto. mas continua com o semblante de virgem fingindo um medinho? Ou seria aquela mulher que espera o príncipe encantado que vai lhe ensinar. bem como pagar suas contas. e que há muita incompreensão no mundo de hoje. Este autor alerta que “é necessário ensinar quais as armadilhas e ilusões que fazem parte do conhecimento”(p. por amor. etc. Nietzsche (2000) diz que. ou entre culturas e comunidades diferentes. Duarte (2006) diz que hoje. até que passe pela escola da amizade amorosa (KOLONTAI. diria que o homem é uma “península soterrada”. ou vice-versa.42). é difícil de se auto-reconhecer na sua essência. só isso.62). Nesta ótica. criança.13). as mulheres se transformam naquilo que são na mente dos homens por quem são amadas (p. Isto prova que se desnudar para o sexo não quer dizer. E. Por ignorância. Toda literatura psicológica. Se Freud diz que a mulher é um “continente negro”. Morim (2007) destaca que ninguém nos ensina a compreensão humana. Além do que não se tem uma cartografia erótica e emocional do outro. para o nascimento de um homem mais leve. Amadas? Não obstante. Numa prática sexual norteada pela impessoalidade e vulgaridade por que o homem teria de se preocupar com o . em troca. p. A psicologia do homem não estará aberta para receber o verdadeiro amor. o desejo do homem é um dos mais complexos e delicados.223). pelos excessos de domínio. Esta somente ocorre com base no respeito e no vínculo afetivo. menos encouraçado ou máquina. intimidade. e que esta nos acua seja na família. inquestionável. mas sem dúvida ele é um dos grandes fatores de atraso tanto no que diz respeito à evolução da relação dos gêneros quanto da civilização. e por isto. o falo é uma arma e toda penetração de uma mulher por um homem é aparentada a um estupro. a exemplo da frigidez. de repente se escancha no parceiro e este. vendese a ideia de que o sexo prazeroso e excitante somente é possível com tais aspectos de violência performática e dramaticidade cênica. ela vai sentir tanto êxtase. esta afirmativa é furada: primeiro. de fato. ou de afeto. o ritmo frenético das ações que assina a maioria das superproduções idiota da Meca do cinema. é regredir. a violência maior vem da própria condição de “coisificação” a que todos estão submetidos. o homem precisa estar muito bem preparado (p. etc.134 . cada um que aproveite ao máximo. Na opinião de Duarte (2006). trágico. Há um desequilíbrio social que tenta serenar uma série de angústias. esta observação do autor tem fundamento. na realidade.59). A mulher adulta tem o total controle de se deixar ou não violentar por um parceiro. sob a sua dependência. Como diz Simmel (2001). é colocar a mulher mais uma vez. mais do que nunca. medos e desencontros no sexo ordinário. do contrário que esteja atenta (o) para não perder o gozo nas próximas “rodadas”. não se pode cobrar nada mais do que isso. em si (p. Nesse playground de sensações solitárias e de prazeres masturbatórios a dois. se transforma em violências simbólicas ou reais. Mas. é comum apresentarem protagonistas com um apetite sexual voraz. em meio à solidão afetiva. isto porque o sexo sem o respaldo afetivo não consegue canalizar toda .. executando um alucinado ritual de “canibalismo” sexual. a própria Duarte (2006) confirma “que se a mulher tomar um banho-de-língua. o camarada é apenas o estímulo que a levará aos seus orgasmos múltiplos. não tem “garanhão” ou Don Juan que dê jeito.73 . No imediatismo da fragmentação a que se presta. na cama. para fazer a mulher sentir orgasmos múltiplos. Se tiver como padrão os filmes de Hollywood. que a introdução passa a ser a última etapa” (p. por vezes.59). enfim. A mulher é consenciente? O crime de “invasão” guerreira permanece inteiro (p. Daí. mas que de ingênua não tem nada. De modo meio rasteiro. a arremessa na parede. diga de passagem. porque se a mulher tiver algum tipo de transtorno sexual. o que se exclui. assim. é amor e sensualidade isolada colocando-se o prazer sensual como fim. tabu e culpa. atribuir esse feito ao homem. por último. Todavia. esse sexo cumpre a sua função que é apenas de desafogo. está vulgarizado. Homens imaturos ou com algum tipo de distúrbio sexual acabam sendo estimulados pela exposição e provação de corpos jovens cada vez mais desnudos e promíscuos. uma mulher sem trauma. A mocinha de semblante puro.grifo do autor). resolvida. O sexo. Segundo Lipovetsky (2000). ou seja. Assim. O orgasmo feminino não depende da potência viril do parceiro.orgasmo de uma aventureira casual e/ou desconhecida? Este egoísmo é coerente com a forma por meio da qual essa sexualidade está sendo negociada. Claro que não. travada. Vive-se a compulsão da sexualidade libertina. por sua vez. é negar toda uma luta para ser dona do próprio corpo. não são determinantes para que a mulher tenha orgasmos múltiplos. faltas. segundo. Considerado que. embora o sentimento de segurança e de envolvimento emocional do parceiro seja. importantes.grifo do autor). O universo fálico masculino foi construído com base na agressão. solidária. assim. por isto é que carece de uma sintonia receptiva. não exatamente por egoísmo. Na relação com tesão e vínculo não precisa de lugares picantes. não passa de mero objeto para as suas auto-afirmação e experimentações. Algumas exacerbam e passam a se comportar com desprezo pelo homem. Embora com descrição. e deixa um aroma excepcional. se o indivíduo quer dá em troca o prazer que a mulher lhe proporciona. possa obter os louros que reforçam e o mantém no ideário do ser macho. e se tem algo próximo do êxtase quando em comunhão com a natureza. p.13). porém extremamente assustador para os sujeitos de pouca saúde ou doentes. Então. manipuladas. o prazer se reduz aos genitais. o ser humano ao seu lado. no passado. Quando há sentimento. orgástico. no pensar e sonhar com outro. nos tempos modernos há uma mulher para cada finalidade. apenas. etc. para se admirar. Somente homens seguros (o que não dizer. fazem os machos. ou seja. ereção. se goza com o todo: olhar. para apenas transar e para casar. E hoje a mulher está buscando a sua emancipação em termos masculinos (MATOS. no arrojo da sexualidade. ele está tomado pela obrigação de atender a cruel “voz” social que exige dele uma vigorosa e espetacular performance sexual. como diz a música dos Titãs. independente da modalidade sexual. as mulheres também usam desse expediente. este emoldura de brilho.essa descarga deplorável de insatisfações. . a parceira. o ambiente requintado é como desodorante que. e conseguem ver a parceira. mas porque está mais preocupado consigo. Na perspectiva de atender a essa ordem. É possível um revanchismo inconsciente por ter sido reprimida e privada desse poder por muito tempo. modernos. antes da mulher com os anseios de Afrodite. toque. Quanto mais jovem é o parceiro. muitas vezes. a penetrações de boca. Mas. seus desejos e necessidades. anus e vagina. haja filmes pornográficos e outras peripécias para suscitar e/ou assegurar alguma excitação. as mulheres foram cortejadas. o jovem esquece que. Para que. “uterina”. mas sem a necessidade infantil de se engrandecerem com suas peraltices. talvez porque. e a supervalorizar o prazer sensorial. Quando não. 2007. Antes de qualquer outra intenção. porque trás em si a potência do desejo. acolhedora. tem a pessoa. precisa considerar seu tempo mais estendido para ser tomada pela excitação. Para Branden (2002). para fazer emergir o desejo. cor e encanto o vínculo do legítimo relacionamento. são mais fáceis de enfrentá-las por estarem mortas. seduzidas e usadas como brinquedos e não levadas a sério. Em vista disso. entre amigos. Como. se. É o sentimento que sofistica os momentos e os lugares mais simples. em geral é mais afobado. voz. Por isso. O homem moderno parece atraído pelas “flores de plástico”. equivalente às práticas masculina do machismo. etc. O sexo e o amor são instintivos (o que não quer dizer perversos ou agressivos). retira o cheiro natural do corpo. porém fabricado. O que é saudável. “não morrem”. com sua auto-imagem. os maduros em termos de mais idade) relaxam. nas suas palavras. Em geral. o que para ela se tornara quase insuportável. o sexo agora já não tem mais o mesmo impacto para subverter. mas a sua mãe orientou que com o sexo esta situação mudava. Em suma. isto é. fazia uma tabela na qual marcava como um x os nomes de todos os colegas da sua sala de aula que. além do que seu carinho a incomodava. sentia prazer em chocar as pessoas. A paciente sentia o namorado. amada. em relação ao qual se sentisse gostada. representava uma mulher fálica. compreensivo. entretanto. bem pior. ela chegou à conclusão que tinha medo de amadurecer. antecipadamente. porque com esta sabia lidar. E chegou a compreensão de que o homem para ela era masculino quando a colocava no lugar de “boneca”. mas dominador. mesmo que isso implicasse em não ter vontade própria. uma outra paciente. Considerando que. de acordo com as suas palavras. com todos os sujeitos que havia computado. pois significava a transformação simbólica e radical de objeto (“boneca”) em gente (mulher). Agora. e de se deixar vulnerável porque assim. se submetia. Este. ela se perguntava: Cadê a tal liga! Melhor que não tivesse tido nada. Ela fazia questão de compartilhar essa sua investida. adúltera e ausente. caso fosse deixada. de fato. Porém. Ela percebeu que não gostava do namorado porque. pois seu objetivo havia sido alcançado. Nos últimos tempos. não como mulher. concluíra. contradizer e deixar o seu pai acuado. com base nos próprios argumentos bem articulados. mas era fechado e não dava margem para brigas. diante do masculino afetivo. Na verdade. Só sabia lidar com o masculino por meio de embate. Nestes momentos ela parava. inteligente.No início de oitenta. na . virgem e também fálica. se questionava da própria contradição de ter ideias independentes. batia o seu jogo. mas. Ou seja. esta bem jovem. ia muito além. ela ficaria mais ligada. Então. e tinha prazer de. segundo dizia por ela seriam “comidos”. para não surrá-la batia na mesa ou quebrava algum objeto. uma paciente de descendência estrangeira. agredir ou desafiar. sua atitude malograsse por conta da liberalidade. se colocava como “boneca”. O sexo com o namorado não consistia apenas numa mudança do seu estado físico por consequência da perda da virgindade. Ela queria acabar o namoro. a cada semestre na universidade. a exemplo da sua figura paterna seca. Isto lhe desconsertava. este bem intencionado parecia gostar muito dela. Esta paciente que não era nenhuma beldade ou se destacava por qualquer item de beleza. de alguma forma. em razão dos problemas e revolta com a figura paterna. Ela começou a namorar outro rapaz. completava a cartela transando. este rapaz que era respeitoso. seu combate era contra o masculino desqualificado. consistia na vingança do seu poder fálico. um tipo com “a qual” ela nunca se relacionara. no seu desespero. Talvez hoje. duas fálicas de sexo diferentes (ela e seu namorado). manipular. isto. e sorria por dentro. sexualmente ativo e carinhoso. mas. ele a tratava como gente. mas que havia se deixado dominar pelo namorado. ele estava mais envolvido. Ironizando. indispensáveis para formação de um outro ser. esse seu poder de efetivar a conservação além de não ser de fato valorizado. parece muito difícil escapar da falocrácia. ela é o meio para se chegar a um fim que é a gratificação do homem e a preservação da espécie. viril. a mulher não tem nada para oferecer ou trocar. e do seu primeiro namorado que se suicidara. o pênis traz em si o único poder que falta a mulher: o poder de decidir.68). Sua equação seria: o agraciamento social do homem com um poder de decisão x o poder natural da mulher de procriação. o que é mais surpreendente. e que se expandiu por todos os poros sociais. como “boneca”. Isto é. Ele tem que ser inteligente. a mulher dava ao homem um filho em troca da posse simbólica do seu pênis. o que mais interessa e apaixona a mulher é o poder que ela atribui ao pênis e que a deixa com inveja (NASIO. Realmente. Porém. Enfim. compreensivo e fiel. alimenta o sonho do amor romântico da Cinderela. No entanto. porque a mulher poderá ser possuidora de todas as possíveis qualidades. Mas isto não é apenas mérito seu. Somente nessas últimas quatro décadas é que a mulher conseguiu submergir desse platô subalterno. Para Ameno (2000). sem nenhuma conotação de superioridade para o homem ou para a mulher. Sem se dar conta. em geral a mulher associa tão estritamente o sexo e a ternura que sente o ato sexual como um ato de amor (p. de um parente (“pai”) queridíssimo que a amava. mas em conjunto.97). a vagina não tem o mesmo valor do pênis. Agora. Ao passo que. Porém. a autora também reforça a primazia do pênis. embora ainda sofra algumas consequências da rebarba machista. O parceiro idealizado pela mulher parece conjugar características de super-homem. institucionalizada. queira quer não. que é a disposição dela para se submeter a ele. Da mesma forma. Portanto. 2007). ainda que de modo subliminar. para a autora. A criação jamais se dá sem a fecundação do óvulo pelo esperma. bem sucedido. sofreria mais. depende da parceria direta ou indiretamente do homem. Se antes.condição de gente. segundo a sua concepção. Nesta sociedade. esta que fez a mulher penar ao longo dos séculos. ela já tinha a experiência de ter sido deixada duas vezes por motivos de mortes. Nesta perspectiva. mais do que rapaz. para o homem parece mais fácil. a não ser no seu aspecto superficial de que todos acham linda a maternidade. seja pela “maratona” natural. na ótica deste autor a relação sexual é unilateral. cavalheiro. não lhe serve como parceira. numa relação sexual a mulher transfere ao homem o poder que lhe falta: o de conservar (p. A autora tenta atenuar o poder do macho pela compensação recíproca das faltas. gerar não é obra individual. apenas. No entender de Nasio (2003). ou pelo processo artificial in vitro. o intercurso sexual não se passa em nível de igualdade pelo cambio pênis x vagina. se lhe faltar um item em especial. bem humorado. um . e quase a eternizou na posição de “segundo sexo”. Mesmo adotando o comportamento promiscuo do “fica”. Porém. o macho se dá o direito de ter o domínio e. uma vez que ambos são literalmente co-dependentes. E o pênis será para sempre o objeto da cobiça da mulher. a moça. Simmel (2001) diz que recusar e conceder é o que as mulheres sabem fazer com perfeição. que o sujeito faça jus a seu corpo. quase sempre. Quantas degolas masculinas ou execração pública não tiveram como pivôs as exs mulheres e amantes. Se o sujeito não fizer por merecer não terá essa mulher. o poder do feminino é a sedução (BAUDRILLARD. ou mesmo filho.98). simbólico. Assim. porque ela estava embevecida com o vinho.76). Certamente não por medo. com a recepção e acolhimento antes de chegar à cama. para que se permita à entrega. Diferente do homem. o reconhecimento de pertencer a este gênero. ou seja. ter um companheiro. por sua vez. se sente ultrajada. Contudo. 2001). Embora insistisse em negar para si mesma que essa metodologia era dispensada a qualquer outra garota. valorizada. apelidada de “renda do hímen” (NASIO. ao invés de ofensa a afirmativa de que “os homens são todos iguais” lhe cai como um elogio. em particular se estiver envolta num clima que a faça se sentir especial. Quando. a mulher pode se equivocar em virtude da sua carência ou pela intensidade da sedução do outro. o intercurso sexual se reduz apenas a uma transa. ela se vinga. sempre foi dominante. “o núcleo da identidade feminina é construído em torno desse lugar . se coloca a mercê de um dono. Nasio (2003). mas não se entrega totalmente de medo de perder sua identidade mais íntima (p. diferenciada. Mas estes parâmetros nem sempre são infalíveis. pela necessidade de casar. Para o homem basta nivelá-lo. diz que a mulher se oferece.grande número de mulheres. ou seja. Ou seja. por algum mérito específico. a mulher não teme a intimidade. seduzir não é o mesmo que se entregar. com a dança. 2003). Aquele detalhe para ela não tinha a menor importância. Este sujeito que se estereotipou. ela sempre pode surpreender. Ele ficou constrangido por não exibir um físico malhado. Uma paciente parecia se deliciar com todas as nuanças do ritual de sedução de um indivíduo com o qual havia tempo esperava “sair”.. como vencível a sedução feminina. Assim. mas a sua entrega ocorre somente a quem ela julga. ela o apoiou elevando seu ego. sua auto-afirmação consiste em se perceber nesse lugar comum de ser mais um macho. por alguma razão. ai. etc. e só elas sabem (p. impiedosamente. do segmento corporal. Enfim. ao passo que o poder do masculino é real. A penetração é apenas do órgão genital. concreto. mas precisa ter algum poder além da sedução. nunca atinge a parte mais protegida do seu corpo. a mulher mesmo que tenha tido relações sexuais. não consegue “passar” da vagina. e. mas só no aparente. mas para se resguardar da totalidade de um domínio. Para os especialistas. Mas o poder da sedução é. preserva traços da membrana virginal. diferenciada das outras. O autor salienta que muitas mulheres têm a convicção de que o sexo do homem nunca as penetra completamente. mesmo assim não conseguiu deixar de se sentir única. Elas têm a fantasia da virgindade. e seduz porque nunca está onde pensa estar. e algo além do corpo. O feminino nunca foi dominado. -. etc. tinha mulher e filhos em tudo que é praça. dá ao sujeito penetrador um extraordinário poder. ser “possuída” é estar nesta condição implicitamente desqualificadora. se autoafirmam na relação com quase sempre infalível maternagem. E. ela resolve investir no seu desejo. se perde os controles racionais e os autos apoios emocionais.silencioso e vazio. cuida do seu estado emocional. Embora chamuscado. porque nesse estado. deixou de ser tabu. Finalmente. e simbolicamente renovável. conseguiria esperar tanto tempo? . até porque o hímen. Portanto. em razão da forte valoração cultural de superioridade que é atribuída a essa posição. e ficou ainda mais desconcertado quando a mesma nem solicitou um telefonema no dia seguinte. que na verdade é data. em virtude disto. mas não de que a virgindade seja cristalizada.tombée amoureuse (cair de amor) -. ele viajava mais de dez horas para se encontrar com a amada. Em razão disto. Logo. tanto a mulher quanto o homem a perde todas às vezes que se apaixonar . No final de noite de uma festa da padroeira. atinge a alma e o coração. ele não acreditou que. mesmo que temporariamente. Mas o temia porque ele. Penso essa fantasia. a vida é um eterno abrir e fechar de gestalts que somente cessa com a morte. apaixonado e cheio de planos para o futuro. porque vai além do genital. mas sem criar expectativas. Na brevidade em que dura a paixão. nos dias de hoje. competidor de rodeios. e terrível quando finda: ao perceber-se que esta alteração da consciência já não mais nutre os delírios das emoções. tinha um enorme cartaz entre os parceiros. Perplexo. A bem da verdade é uma estupidez atrelar o caráter e a dignidade da mulher a esse “selo da natureza”. De modo que. Nada desestabiliza mais o macho do que a mulher que escorrega desse enquadre machista. A mulher experiente diante de um provável poder fálico e abusivo do macho. Daí. Talvez pudesse subir ao altar. ainda se tratasse de uma virgem. Portanto. ela é temerosa e embriagadora no início. muitas mulheres intuem dessa “grandiosidade”. somente ocorre na total entrega. este é mais racional. ela o convidou para dormirem juntos. A virgindade é unissex. encantadora na sua onipotência quando se processa. Afinal. só arriscam quando querem ou de alguma forma não se sentem ameaçadas. o poder de subjugá-la. geralmente. um coração pode se sentir forte pela coragem de tê-la vivenciado. de penetrar seja na relação heterossexual ou homossexual. ela tinha como projeto se realizar profissionalmente. do qual não abria mão. Mas será que a paixão. quando ela brinca ou subverte esse valor que tem.76). e assim se preservam da sua própria vulnerabilidade. não altera o metabolismo hormonal. na mesma proporção em que era evitado e temido pelas famílias das moçoilas do lugar. o que cogitava de poder ser com ele. a “virgindade” é uma película afetiva que se rompe com a paixão . mas no final dos próximos seis anos quando terminasse seu curso. Mas. O fato de ficar por cima. Uma paciente desejava um “garanhão” da sua cidade interiorana de origem. Como em toda queda. com medo de perdê-la um dia” (p. em potencial.não necessariamente no amor. É como se ser mulher consistisse em conservar intacta essa virgindade virtual. sempre foi investida de grande repressão. nem eles se permitiam. que vivenciam mal essa atual condição masculina. A referida região que. ao longo da história. não deve se desconhecer o perfil de um tipo de mulher nessa cultura que. de tão arraigado nesta cultura. apenas na condição de objeto. porque era tido como coisa de homossexual.A desvalorização das condutas machistas e a nova independência das mulheres não acarretaram de modo algum uma fragilidade extrema da identidade viril (LIPOVETSKY.58). ou seja. Diria que nos países pobres e emergentes isto independe de classe social ou nível cultural. Assim.de forma superficial. sujeitando-se” (PASSARELLI. e que tampouco chega ao que deseja a personalidade feminina. de algum modo. são os homens em particular oriundos das classes sociais mais marginalizadas. 1999). goza “de uma vontade de dominar. até então. e da atividade fisiológica. Com a conquista da sexualidade feminina veio à inversão da própria funcionalidade da sua estimulação erótica. a qual é transformada em objeto sexual (p. A sua intactibilidade anal consistia na fidedigna tradução que atestava obediência aos princípios desta cultura. se reduzia às funções do trato higiênico . era despertada pelo toque passou agora a ter como sua principal via para esse fim. No entanto. sua reputação era colocada sob suspeita de desvio.grifo do autor). Qual a mulher hoje em dia que perde a chance de apalpar um bumbum masculino!? O traseiro masculino agora é objeto do desejo sexual feminino. (1996). exploração e desejo (SILVA. passou a ser um órgão de exposição. território proibido e mantido como um código de honra da imagem do macho. sua relação com o sexo aposto se dava unicamente na verticalidade. A partir disto o homem começou a cultuar o próprio corpo. a mulher que. E começaram a desejar os corpos masculinos dentro dos mesmos moldes pelos quais os delas são desejados. e confirmava a representação máxima da macheza. um pouco. o bumbum. atribuindo-lhe estigmas homoeróticos. nem voz.18). e ela em baixo. é normalizado. é exatamente pelo medo de perder esse poder que o macho se angustia em lidar com essa suposta nova mulher. para não despertar interesse erógeno -. p. que são mais “apegados” às demonstrações tradicionais do poder masculino. Porém. Aprofundando esta questão. Para o autor. até então. para Rodrigues Jr. Sobre o sujeito com andar menos encouraçado que fizesse mexer. e por esse motivo. diria que a região glútea do Homo sapiens. p. Antes elas nem ousavam. literalmente ele por cima em todos os sentidos. a se colocar nesse lugar de “passividade” como objeto de desejo. 1996b. Ele não tem a prática da simetria dos gêneros. sendo difícil para o macho não reter este poder de “superioridade” e domínio. a visão e o tato. com a igualdade dos gêneros em andamento.90 . aquele que se considera “Macho” deveria compreender que é um homem insatisfeito sexualmente. O machismo é um prestígio vivido há séculos pelo sexo masculino. também foi atingido por estas mudanças. 2000. . sem vez. não existem roupas intimas. Por vezes. Uma vez que foi legitimado. O bumbum masculino. Porém. Embora. a exemplo das de cerveja. Agora. produz evoluções com mais desenvoltura nos requebros do que a própria parceira (SILVA. isto é. 1999). com a volta da calça saint-tropez ou de cinta baixa. Se antes. Mas. como se explica que a fêmea tenha adquirido aptidão sexual típica do macho. esse tipo de associação mulher/bumbum/cerveja perdeu. nos dias atuais. entra nas conversas informais dos grupos. o glúteo feminino deixou de ser ostentado como líder absoluto. um pouco. pela a abertura para a sua expansão e discussão. Portanto. uma alternativa nova. com frequência. Hoje. qualquer insinuação de proximidade era tida. se tornou um fetiche. o homem quando dança exibe os glúteos diante do olhar público. Pois. as propagandas. segundo. democraticamente. se evidencia a quebra da rigidez da construção do masculino. compete na rua com cós de calcinha ou cueca.A própria mulher não suportaria essa ideia de partilhar a cama com um indivíduo que explorasse essa parte do seu próprio corpo. por força da sua natureza e incremento cultural. que o seu desejo de conjugação sexual aflora na confiança e segurança do parceiro. mesmo que não ainda a tal ponto de associá-lo a algum produto. Modalidade esta. em ser tocada. de modo que. segundo informação. Muitos homens passaram a investir cuidados fisiculturista para um melhor delineamento estético das nádegas. Encorajados por psicólogo e sexólogo que. Esse assunto deixou de ser maldito. e. etc. Nesta virada de século.deixado “displicentemente” à mostra. ser questionado. A princípio como atração sensual. popularmente conhecida no Sul do país como “fio-terra”. Ele instiga a fazer algumas observações: Primeiro. de se excitar por meio da visão e/ou manipulação do seu objeto sexual? . Muitos homens até solicitam das parceiras a Estimulação Digito-anal. e que ameaça. cada vez mais as tais peças tomam o rumo de mais visibilidade como fonte de apelo sexual. praticamente. na medida em que acreditam que aumenta e/ou fortalece o vínculo e entrosamento do casal. consequentemente. e sem o menor constrangimento. no ranking das preferências nacional. amada. pelo companheiro. e por último. as mulheres não mais se contentam em tocá-lo. a todo instante. e também já o inclui como fonte de prazer. como uma terrível ofensa. incentivam toda e qualquer prática sexual consentida. desperta sua libido mais pelo toque. no se sentir desejada. colocar as partes pudendas para fora. de algum modo. o fato desse comportamento ter sido incorporado não o isenta de ser refletido e. do seu efeito apelativo. Essa variável erótica não é. sem nenhum senso de ridículo. no entanto. é sabido que a mulher. Então. como órgão sexual propriamente dito. obviamente. ou melhor. ainda insistam em focalizar a atenção nos glúteos das suas modelos. Descentralizou o pênis da condição única de prazer. também se libertou da ditadura de ser sempre o “ativo”. surge um sujeito de corpo mais inteiro. Pois. e porque passou a ser encarada como normal. por sua vez. feliz e bem sucedida. Dado que esta classificação tem a ver com a frequência. Clarice mal humorada. cuja Estimulação Digito-anal não passa de mais uma possibilidade de vivenciar a sexualidade. se libertando do assunto e da feminilidade. Para a mulher fálica conquistar independência e reivindicar direitos iguais lhe demandou esforço. É provável que o espaço conquistado pela mulher tenha reeditado o arcaico trauma freudiano da castração. O ânus é uma zona erógena muito sensível. Desse modo. vilipendiada. a frágil Clarice atrai mais interesse dos homens do que quando chegou ao restaurante em seu carro novo. Ela teme perder o poder. recuperando ou adquirindo assim um determinado poder de virilidade. a fálica que sempre põe o pau na mesa. Assim sendo. com o rosto entre as mãos. menos fissurado. foi absorvida num curto espaço de tempo. uma prática pervertida. já se permite feminino sem transtorno para sua identidade. a personagem tenha atraído a atenção dos homens não pelo fato de ter se tornado frágil. É pertinente compreender como essa conduta. e pensa em falar um milhão de palavrões. Ela. soluça. finalmente. sensivelmente. nem sempre é fácil se colocar feminina. Não se permite ao descompromisso nos jogos sexuais. e os olhares das amigas fuzilam Clarice. não assegurar esse lugar pode sugerir uma traição a si mesma. Perfeito! Constatando isso ela solta todos eles. submissa. confusa. o que toma iniciativa. e afasta todos os testosteronas em volta. Depois abre o maior berreiro. o espaço para o outro. mas por ter deixado transparecer a sua feminilidade. chora. Foi alforriada da assimétrica posição “passiva”. a amiga com que quem competia na infância. Clarice se irrita com Fernanda. Mas falar palavrão não seria feminino de sua parte. cuja mucosa que o reveste é similar a da boca. Abandonou. tomada. um tanto radical. uma vez que pode por em risco aquilo que consegui a duras penas: o falo. Alguns homens não toleram muito . o seu eterno papel de dominador. fica em silêncio durante exatos dez minutos. a mulher se vê contemplada com o exercício literal do seu animus. Os homens nas mesas em volta olham feio. Talvez. etc. parece ter conquistado seu poder fálico. Ainda que vermelha e borrada de rímel. De penetrar sexualmente o parceiro por esse ou outros métodos. Assim.O que mudou para que a mulher adquirisse uma outra referência de estimulação erótica? Não cabe aqui discutir a questão no enfoque da normatização. seu falo é uma aquisição que pode se perdida. o cidadão moderno alargou o seu leque de gratificações nos jogos sexuais. incluído o glúteo masculino na sua perspectiva sexual. O homem. e uma vez que essa expressão da sexualidade começa a ter mais aceitação. De definir se essa é ou não. que só agora ela toma posse. caracteriza-se penetração. 2007. Nesta estréia. sim. a exemplo da relação homoerótica.13). Uma vez no poder. Essa prática sexual parece reforçar a ideia de Freud (1989). Uma das mais graves feridas narcísicas do ser humano é o fato de ter que decidir. 1997).84). e que o interesse exclusivo pelo sexo oposto também é questionável. quando criança. ou seja. O homem. Nesse caso. bissexual. independente da herança genital. O poder é uma novidade para a mulher. e que suas vitórias possam abolir as posições estanques dos papéis dominador/dominado. Seja por meio da penetração do membro viril. não está bem harmonizado. os símbolos fálicos. aceitável somente porque a figura feminina é o sujeito da ação. Então. E que no encargo de alguma representação social que o indivíduo. Pondo em ação a anima do outro. o pênis. no seu processo de identificação (McDOUGALL. de que o homem é. está na melhor posição subjetiva para conduzir seus filhos às portas da prova que dá acesso à idade adulta” (NASIO. mas com aquilo que o representa. não é mais possível ter a ilusão de um mundo diferente. de ter o parceiro na condição subjugada que vivia a mulher. por vezes. mais humanizado pelo fato da mulher está no poder. não deixa de suscitar a ideia de um homoerotismo latente. “o homem. Em síntese seria: Sentese o prazer. assumir esse poder talvez signifique para ela a conquista do pênis. Finalmente.a mulher com poder seja real ou simbólico. O mundo masculino é muito da contradição (MATOS. Portanto. que adentrar seu ânus. não com outro macho. p. a única finalidade aceitável das atividades humanas é a produção de uma subjetividade que enriqueça de modo contínuo sua relação com o mundo. não neutralize seu lado yin. É mais sensato considerar que homens e mulheres se respeitem nas suas diferenças. não se corre riscos. Quando se confirmará esta perspicácia do velho Freud? Para Weil (2003). 1991. no entanto é mais habituado a exercer o poder a partir da sua condição de detentor do falo. da potência viril que a faz atuar com o desejo másculo de ser penetrador. com o objetivo de obter prazer. a fêmea parece compensar a reminiscência do que seria a falta do pênis. E que a poesia . Parece mais providencial instigar o feminino de cada ser humano. Dessa maneira. no entanto. e por isto adquire conotação um tanto agressiva. pensar esse homem emergente. Alguns estudiosos apontam a bissexualidade como a sexualidade do futuro. p. mediante uma educação mais igualitária. é até compreensível que atualize essa necessidade na esfera do real ou no campo do engendramento simbólico. tendo assim aceito sua feminilidade. a parte feminina no homem. Quando na verdade ela deseja a ambos. e vindo um dia a se tornar pai.131). Enfim. Isto não seria creditar. pelo pai ou pela mãe. por constituição psíquica. supõem-se a masculinidade preservada. embora por vezes abusivo. ou de outro qualquer instrumento. do amor e da delicadeza? Contudo. somente a mulher a força que emana da compreensão. a função da mulher é reintroduzir o amor na sociedade (p. nos hábitos da intriga. A. O mal não está na potência fálica do homem ou da mulher. 2. Da sedução. (2007). Trad. Sociologia da sexualidade. ser o centro do universo. A função social dos amantes. V. com base neste poder. . BERNARDI. (1948 -1993). Campinas-SP: Papirus. Braga. 2 ed. BAUDRILLARD. São Paulo: Arx. <http://eusouumabridget.talvez tenha mais a nos ensinar do que as ciências humanas e a psicanálise (GUATTARI. A psicologia do amor: o que é o amor. Crítica à tolice feminina. T. 2000). o assunto predileto delas são os relacionamentos amorosos (ZAKABI. C. (2004). N. ASSOUN. Meneses. P-L. Ribeiro. Trad. AMENO. Achei preferível omitir a fonte do filme. na prepotência de desejar. O erotismo. Rio de Janeiro: Record: Rosa dos Tempos. Pellegrini. NOTAS: 1.com/2005/11/flica. 33% deles e 26% delas contam fofocas diariamente. Pesquisa recente feita nos Estados Unidos mostrou que 85% das mulheres não estão nem aí para o fato de seus parceiros terem o equipamento menor (NATALIE. Freud e a mulher. 3. p. Acesso em: 9 abr de 2007. Trad. ao passo que em qualquer circunstância. J. G. um centro de pesquisas independente de Londres. M. 2007. (2002). 2007). A. BRADEN. Eu sou uma Bridget: Fálica. Diria que precisamos de delírios compartilhados para “enlouquecermos” juntos em processos fecundos de criação e renovação. Rio de Janeiro: Record. cresce e às vezes morre. (1987). na presença de mulheres eles param de falar da vida alheia e conversam sobre política e outros assuntos “elevados”. ([1897-1962] 2004). Livro do Autor Valdeci Golançalves REFERENCIAL ANDRÉ. (2001). uma vez que o mesmo está disponível em todas as páginas da Internet. BATAILLE. Rio de Janeiro: Zahar. mas no egoísmo. M. BOZON. M. Fares. para elas as amigas e parentes. Segundo o Social Issues Research Centre. Trad. D. Trad. T.html>. Estrada. O que quer uma mulher? Trad. Belo Horizonte: Autêntica. D. Rio de Janeiro: Editora FGV. 43). (2000). para eles os confidentes favoritos são os colegas de trabalho. L. Rio de Janeiro: Zahar. por que ele nasce. S. (2001).blogspot. AMENO. M. Revista Mens`sHealth. Trad. L. Resista a estes lábios. RJ: Vozes. (2007). (2006). n. M. N. GABRIELA. H. 412. (2007). 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