"No dia em que Deus criou Adão o fez à semelha Deus; e macho e fêmea os criou, os abençoou e o chamou homens no diaem que os criou". (Gênesis V, 2) A lendária Lilith-Lilitu-Lulu, representação da sexualidade que pode, no período noturno, excita submeter o homem, foi a primeira companheira Adão. Criada logo após a criação do primeiro ho (répteis, demônios e Lilith foram as últimas criaç Deus no sexto dia, exatamente nas horas do enta da Sexta-feira, ao avançar das trevas, pouco ante entrar o Sábado, dia sagrado para os hebreus) e d da matéria da criação do mesmo, a sujeira e o sedimento, tomou para si o posto de primeira fem da história da humanidade tentando, sob a autori macho, reconquistar a paridade, a igualdade de d "Não a criei da cabeça, mas ela se assoberbou... Nem do olho, mas ela é ansiosa por ver. Nem do ouvido, mas ela é ansiosa por ouvir. Nem da boca, mas ela é faladeira. Nem do coração, mas ela é invejosa. Nem da mão, mas ela toca tudo. Nem do pé, mas ela é andarilha..." Presumivelmente, Lilith e Adão tiveram um curt período de convivência, pois no primeiro ato sex Adão impôs-lhe uma posição submissa, negando direito de estar também por cima satisfazendo-se Percebendo a repulsa que causava em seu compa temeroso de se afastar da divindade por desejar u eros e sexo, abandonou-o e seguiu vagando pelo em busca de outros parceiros entre os anjos caído quem constituiu uma enorme família de demônio chamados Lillim, gerando cem destes por dia. "Procurei em meu leito, à noite, aquela que é o amor de minha alma; procurei e não a encontrei" (Cântico dos Cânticos III, 1) Enquanto isso, Adão permaneceu só e reclamand Tendo medo da escuridão opressora. Daí a associação do mito de Lilith à Lua Negra estar intimamente ligada aos ciclos lunares, onde lua crescente e lua cheia correspondem à Grande Mãe, a plenitude da fertilidade; e concluída a última fase, desaparece, realizando-se a analogia com a Lua Negra, a ausente, quando os homens são tragados pela obscuridade e a terra é esterilizada. O bem e o mal fundindo-se, da atitude benévola à vingança. Deus, vendo o desespero de Adão, enviou três anjos, Semangelaf, Sanvi e Sansanvi, para trazê-la de volta ao Éden, o que ela recusou terminantemente a aceitar. Como castigo pela sua recusa de submissão, os anjos, a cada dia de novas tentativas, sacrificavam cem de seus bebês-demônios. Estava então declarada uma guerra entre o Criador e as criaturas, em que Lilith, buscando vingança pela morte de suas crianças, procurava tomar para si mulheres em parto e bebês recém-nascidos de seus berços (meninos até o oitavo dia de vida e mulheres até os vinte anos) que não portassem o amuleto com o nome dos três anjos. Eletra - Piedade irmão, piedade, ai ! O teu olhar está perturbado. Raciocina, e de sábio que era, em um instante se torna louco ! Orestes - Oh, mãe, suplico-te, suplico-te, não arremesse contra mim as virgens de cabelos hirto de serpentes e de olhos que sangram ! Ei-las, ei-las ! Estão aqui, lançam-se, tenho-as em cima ! Eletra - Oh, pobre querido, não te movas, permanece em teu leito, acalma-te ! Não vejas nada daquilo que a ti parece ser certo e que te faz pensar que sabes. É uma aparição. Orestes - Febo, matar-me-ão as terríveis deusas subterrâneas, as sacerdotisas do inferno, de olhos de Górgonas e de vulto de cadela. Eletra - Eu não te deixo, agarrar-me-ei a ti, apertar-te-ei entre meus braços, impedirei que tu, em teus sobressaltos, possa ferir-te. Orestes - Não, deixai-me ! Sois uma das Erínies, e me mantedes na vida para atirar-me ao Tártaro. (Orestes, Eurípedes) Porém, não só as mulheres e crianças estavam propensas a sofrer os ataques de Lilith. Os homens, que estivessem em sono solitário, eram seduzidos por ela, abraçados de forma que não pudessem se libertar e muitos tinham seu sangue sugado. Sobre o mito de Lilith é possível encontrar vários testemunhos orais reunidos nos textos da sabedoria rabínica definida na versão jeovística, que precede de alguns séculos a versão bíblica dos sacerdotes, que precede ainda a versão sacerdotal dos Pais da Igreja. Livros Lilith - A lua negra / Roberto Sicuteri Livro de Lilith, O / Barbara Black Koltuv LILITH http://br.geocities.com/temis_br/lilith.htm texto 2 O primeiro capitulo da Bíblia, conta a história de Eva ...mas segundo o Zohar (comentário rabínico textos sagrados), Eva não é a primeira mulher de Quando Deus criou o Adão, ele fê-lo macho e fê depois cortou-o ao meio, chamou a esta nova me Lilith e deu-a em casamento a Adão. Mas Lilith recusou, não queria ser oferecida a ele, tornar-se desigual, inferior, e fugiu para ir ter com o Diabo tomou uma costela de Adão e criou Eva, mulher submissa, dócil, inferior perante o homem. De acordo com Hermínio, "Lilith foi feita por De barro, à noite, criada tão bonita e interessante qu arranjou problemas com Adão". Esse ponto teria retirado da Bíblia pela Inquisição. O astrólogo as que ali começou a eterna divergência entre o mas e o feminino, pois Lilith não se conformou com a submissão ao homem O mito de Lilith pertence à grande tradição dos testemunhos orais que estão reunidos nos textos sabedoria rabínica definida na versão jeovística, coloca lado a lado, precedendo-a de alguns sécul versão bíblica dos sacerdotes. Sabemos que tais v do Gênesis - e particularmente o mito do nascim mulher - são ricas de contradições e enigmas que anulam. Nós deduzimos que a lenda de Lilith, pr companheira de Adão, foi perdida ou removida d a época de transposição da versão jeovística para sacerdotal, que logo após sofre as modificações d da igreja. No Talmude, ela é descrita como a primeira mulher de Adão. Ela brigou com Adão, reivindicando igualdade em relação a seu marido, deixando-o "fervendo de cólera". Lilith queria liberdade de agir, de escolher e decidir, queria os mesmos direitos do homem mas quando constatou que não poderia obter status igual, se rebelou e, decidida a não submeterse a Adão e, a odia-lo como igual, resolveu abandona-lo. Segundo as versões aramaica e hebraica do Alfabeto de Ben Sirá (século 6 ou 7). Todas as vezes em que eles faziam sexo, Lilith mostrava-se inconformada em ter de ficar por baixo de Adão, suportando o peso de seu corpo. E indagava: "Por que devo deitar-me embaixo de ti? Por que devo abrir-me sob teu corpo? Por que ser dominada por ti? Contudo, eu também fui feita de pó e por isso sou tua igual." Mas Adão se recusava a inverter as posições, consciente de que existia uma "ordem" que não podia ser transgredida. Lilith deve submeter-se a ele pois esta é a condição do equilíbrio preestabelecido. Vendo que o companheiro não atendia seus apelos, que não lhe daria a condição de igualdade, Lilith se revolta, pronuncia nervosamente o nome de Deus, faz acusações a Adão e vai embora; é o momento em que o Sol se despede e a noite começa a descer o seu manto de escuridão soturna, tal como na ocasião em que Jeová-Deus fez vir ao mundo os demônios. Adão sente a dor do abandono; entorpecido por um sono profundo, amedrontado pelas trevas da noite, ele sente o fim de todas as coisas boas. Desperto, Adão procura por Lilith e não a encontra: Procurei-a em meu leito, à noite, aquele que é o amor de minha alma; procurei e não a encontrei" (Cântico dos Cânticos III, 1). Lilith partiu rumo ao mar vermelho (Diz-se que quando Adão insistiu em ficar por cima durante as relações, Lilith usou seus conhecimentos mágicos para voar até o Mar Vermelho). Lá onde habitam os demônios e espíritos malignos, segundo a tradição hebraica. É um lugar maldito, o que prova que Lilith se afirmou como um demônio, e é o seu caráter demoníaco que leva a mulher a contrariar o homem e o questionar em seu poder. Desde então, Lilith tornou-se a noiva de Samael, o senhor das forças do mal do Outro Lado . Como conseqüência, deu à luz toda uma descendência demoníaca, conhecida como "Liliotes ou Linilins", na prodigiosa proporção de cem por dia. Alguns escritos contam que Adão queixou-se a Deus sobre a fuga de Lilith e, para compensar a tristeza de Adão, Deus resolveu criar Eva, moldada exatamente como as exigências da sociedade patriarcal. A mulher feita a partir de um fragmento de Adão. É o modelo feminino permitido ao ser humano pelo padrão ético judaico-cristão. A mulher submissa e voltada ao lar. Assim, enquanto Lilith é força destrutiva (o Talmude diz que ela foi criada com imundície e lodo), Eva é construtiva e Mãe de toda Humanidade (ela foi criada da carne e do sangue de Adão). Jehová-Deus tenta salvar a situação, primeiro ordenando-lhe que retorne e, depois, enviou ao seu encalço uma guarnição de três anjos, Sanvi, Sansavi e Samangelaf, para tentar convencê-la; porém, uma vez mais e com grande fúria, ela se recusou a voltar. Lilith está irredutível e transformada. Ela desafiou o homem, profanou o nome do Pai e foi ter com as criaturas das trevas. Como poderia voltar ao seu esposo? Os anjos ainda ameaçaram: "Se desobedeces e não voltas, será a morte para ti." Lilith , entretanto, em sua sapiência demoníaca, sabe que seu destino foi estabelecido pelo próprio Jeová-Deus. Ela está identificada com o lado demoníaco e não é mais a mulher de Adão. Acasalando-se com os diabos, Lilith traz ao mundo cem demônios por dia, os Lilim, que são citados inclusive na versão sacerdotal da Bíblia. Jeová-Deus, por seu lado, inicia uma incontrolável matança dessas criaturas, que, por vingança, são enfurecidas pela sua genitora. Está declarada a guerra ao Pai. Os homens, as crianças, os inválidos e os recém-casados, são as principais vítimas da vingança de Lilith. Ela cumpre a sua maligna sorte e não descansará assim tão cedo. Uma outra versão diz que foram os anjos que mataram os filhos que tivera com Adão. Tão rude golpe transformou-a, e ela tentou matar os filhos de Adão com sua segunda esposa, Eva. Lilith Alegou ter poderes vampíricos sobre bebês, mas como os anjos a queriam impedir, fizeram-na prometer que, onde quer que visse seus nomes, ela não faria nenhum mal aos humanos. Então, como não podia vencê-los, ela fez um trato com eles: concordou em ficar afastada de quaisquer bebês protegidos por um amuleto que tivesse o nome dos três anjos. Não obstante, esse ódio contra Adão e contra sua nova (e segunda) mulher, Eva, resultou, para Lilith, no desabafo da sua fúria sobre os filhos deles e de todas as gerações subseqüentes. A partir daí, Lilith assume plenamente sua natureza de demônio feminino, voltando-se contra todos os homens, de acordo com o folclore assírio, babilônico e hebraico. E são inúmeras as descrições que falam do pavor de suas investidas. Conta-se, por exemplo, que Lilith surpreendia os homens durante o sono e os envolvia com toda sua fúria sexual, aprisionando-os em sua lasciva demoníaca, causando-lhes orgasmos demolidores. Ela montava-lhes sobre o peito e, sufocando-os (pois se vingava por ter sido obrigada a ficar "por baixo" na relação com Adão), conduzia a penetração abrasante. Aqueles que resistiam e não morriam ficavam exangues e acabavam adoecendo. Por isso Lilith também está identificada com o tradicional vampiro. Seu destino era seduzir os homens, estrangular crianças e espalhar a morte. Durante os primeiros séculos da era cristã, o mito de Lilith ficou bem estabelecido na comunidade judaica. Lilith aparece no Zohar, o livro do Esplendor, uma obra cabalística do século 13 que constitui o mais influente texto hassídico e no Talmude, o livro dos hebreus. No Zohar, Lilith era descrita como succubus, com emissões noturnas citadas como um sinal visível de sua presença. Os espíritos malignos que empesteavam a humanidade eram, acreditava-se, o produto de tais uniões. No Zohar Hadasch (seção Utro, pág. 20), está escrito que Samael - o tentador - junto com sua mulher Lilith, tramou a sedução do primeiro casal humano. Não foi grande o trabalho que Lilith teve para corromper a virtude de Adão, por ela maculada com seu beijo; o belo arcanjo Samael fez o mesmo para desonrar Eva: E essa foi a causa da mortalidade humana. O Talmude menciona que "Quando a serpente envolveu-se com Eva, atirou-lhe a mácula cuja infecção foi transmitida a todos os seus descendentes... (Shabbath, fol. 146, recto)". Em outras partes, o demônio masculino leva o nome de Leviatã, e o feminino chama-se Heva. Essa Heva, ou Eva, teria representado o papel da esposa de Adão no éden durante muito tempo, antes que o Senhor retirasse do flanco de Adão a verdadeira Eva (primitivamente chamada de Aixha, depois de Hecah ou Chavah). Das relações entre Adão e a Heva-serpente, teriam nascido legiões de larvas, de súcubos e de espíritos semiconscientes (elementares). Os rabinos fazem de Leviatã uma espécie de ser andrógino infernal, cuja a encarnação macho (Samael) é a "serpente insinuante" e a encarnação fêmea (Lilith), é a "cobra tortuosa" . Segundo o Sepher Emmeck-Ameleh, esses dois seres serão aniquilados no fim dos tempos: "Nos tempos que virão o Altíssimo (bendito seja!) decapitará o ímpio Samael, pois está escrito (Is. XVII, 1): 'Nesse tempo Jeová com sua espada terrível visitará Leviatã, a serpente insinuante que é Samael e Leviatã, a cobra tortuosa que é Lilith' (fol. 130, col. 1, cap.XI). Também segundo os rabinos, Lilith não é a única esposa de Samael; dão o nome de três outras: Aggarath, Nahemah e Mochlath. Mas das quatro demônias, só Lilith dividirá com o esposo a terrível punição, por tê-lo ajudado a seduzir Adão e Eva. Aggarath e Mochlath tem apenas um papel apagado, ao contrário do que acontece com as outras duas irmãs, Nahemah e Lilith. Lilith: A Rainha da Noite. http://ww.geocities.com/faschionavenue/1737/lilith.htm texto 3 Lilith aparece no Tanak, quando Isaías, ao descr vingança de Deus durante a qual a terra de Édom transformada num deserto, proclamou isso como sinal de desolação: "Lilith repousará lá e encont local de descanso" (Isaías 34:14) A Bíblia de Jer apresenta Isaías 34, 14-17 da seguinte forma: 14 gatos selvagens conviverão aí com as hienas, os chamarão os seus companheiros. Ali descansará e achará um pouso para si. 15 Ali a serpente fará ninho, porá os seus ovos, chocá-los-á e recolher sombra a sua ninhada. Também ali se encontrarã aves de rapina (corujas), cada uma com a sua companheira. 16 Buscai no livro de Iahweh e led nenhum deles faltará, nenhum deles ficará sem o companheiro, porque assim ordenou a sua boca; espírito os ajuntou. 17 Ele mesmo lançou a sorte eles, a sua mão distribuiu-lhes, com o cordel, a p de cada um. Eles a possuirão para sempre, de ge em geração a habitarão. Esta passagem refere-se a futura desolação de Édom, por causa da forma como trataram Israel, quando Deus jogar seu poder sobre este povo. O contexto na profecia é a predicação que a terra dos Moabitas se tornará um deserto desolado. A palavra no texto em Hebraico aqui é "Lilith" mas infelizmente ela é um hapax legomenon (uma palavra que ocorre apenas uma vez no Antigo Testamento). Por isso não podemos determinar seu significado por comparação com outros usos na Bíblia. — Então somos forçados a recorrer à linguagens cognatas (Akkadian, Aramaico, Ugaritic, etc.), versões (traduções mais antigas) ou à tradição judaica para determinar seu significado. Consultando-se outras fontes de tradição hebraica, pode-se chegar à conclusão de que quando é dito "os sátiros chamarão os seus companheiros" (a palavra hebraica aqui traduzida como "Sátiros" é "se'ir") está-se falando de Samael e outros demônios. Depois aparece a companheira dele: "Ali descansará Lilith". Em seguida fica o veredicto de que a terra de Édon - a que se referia todo o texto - seria a futura morada dos demônios e daqueles animais considerados impuros "eles a possuirão para sempre". A tradução 'criaturas da noite', que aparece em algumas versões para outras línguas, representa uma especulação, uma tentativa de ler 'lilith' baseado em sua similaridade com a palavra hebraica "laylah" (noite). As tradições de Lilith também, as vezes, fazem esta conecção etimológica - particularmente desde que uma de seus papéis é o de succubus, e ela foi muitas vezes associada com corujas, como nesta passagem. [Se formos comparar as diversas versões e traduções da Bíblia atual, descobrimos que em muitas delas "Lilith" não aparece em Isaías 34: 14-15. A diferença entre esta tradução e outras refere-se a uma diferença fundamental na tradução filosófica da Bíblica. Algumas versões tem uma abordagem de tradução, especialmente no Tanak (a parte Hebraica, Antigo Testamento) que pretende naturalizar algumas referências de criaturas mitológicas ou sobrenaturais, exceto anjos, substituindo-as por animais conhecidos. Por exemplo, pode-se encontrar Bíblias que traduzem 'leviathan' como 'crocodilo', 'behemoth' como 'peixe-boi', etc. Mas o problema de Lilith é ainda mais complexo daquele de behemoth ou leviathan, pois estes são pelo menos bem descritos nos capítulos 40 e 41 de Jó. Leviathan é mencionado algumas vezes (Jó 3:8 Jó 41:1 Salmos 74:14 Salmos 104:26 e Isaías 27:1) e também behemoth é um hapax legomenon mas nós temos uma descrição completa deles, o que não é o caso com Lilith. Note que as traduções também diferem na tradução de 'se'ir' — isto é um bode ou um bode/demônio/sátiro? Suponho que o significado de 'se'ir' tem sido determinado pelo significado de 'lilith'. Se 'lilith' é uma demônia, então 'se'ir' deve ser alguma espécie de demônio. Por outro lado, se 'lilith' é algum tipo de animal indeterminado, então se'ir é um bode]. A tradição judaica, claro, aponta-nos na direção da criatura mitológica. Um fragmento da antiga comunidade de Qumran contendo menção de Lilith (4QCânticos do Instrutor/ 4QShir — 4Q510 frag. 11.4-6a // frag. 10.1f), foi encontrado nos Manuscritos do Mar Morto. Esta passagem é claramente baseada em Isaías 34:14 e pode ajudar a compreender o real significado do texto: E Eu, o Instrutor, proclamo a majestade de seu esplendor a fim de assustar e ater[rorizar] todos os espíritos dos anjos da destruição e os espíritos bastardos, demônios, Liliths, corujas e [chacais...] e aqueles que atacam inesperadamente para desviar, desencaminhar o espírito de conhecimento... 11QPsAp Aqui há dois pontos de interesse para nós. O primeiro é que o contexto deixa claro que a comunidade que produziu isto vê a passagem de Isaías como referindo-se ao demoníaco mais do que animais do deserto. Segundo, aqui, nós temos 'liliths' no plural, ao contrário de Isaias, no singular. Provavelmente isto não é apenas uma licença poética, pois a tradição diz — e o próprio texto de Isaías da a entender claramente — que Lilith teria filhos, cujas fêmeas são tradicionalmente chamadas de Liliths e os machos de Lillim, sendo que este termo aparece no Targum Jerushalami [1], a bênção sacerdotal dos Números, VI, 26 que contém esta versão: "O Senhor te abençoe em todo ato teu e te proteja dos Lillim!" Segundo Alan Unterman (Dictionary of Jewish Lore & Legend) há um costume, ainda praticado em Jerusalém, de espantar esses filhos do corpo morto de seu pai, andando em círculo com o cadáver antes do sepultamento e atirando moedas em diferentes direções para distrair os filhos demônios. Entretanto, para sabermos mais a respeito dos filhos de Lilith, teremos de recorrer ao Talmude [2] (coleção de tradições rabínicas que interpretam a lei de Moisés), que — em duas ocasiões — fala sobre estes seres. A primeira referência fala de sua origem: «Rabbi Jeremia ben Eleazar falou, "Durante aqueles anos (depois de sua expulsão do jardim), nos quais Adão, o primeiro homem, esteve separado de Eva, ele tornou-se o pai de ghouls e demônios e lilin." Rabbi Meir falou, "Adão, o primeiro homem, tornou-se muito devoto e descobriu que ele havia causado morte, que viria ao mundo, fez abstinência por 130 anos, e ele próprio afastou-se de sua esposa por 130 anos, e cultivou figueiras de vinho por 130 anos. Sua paternidade dos espíritos malignos, referidos aqui, tornou-se um resultado de sonhos molhados.» (b. Erubin 18b) A segunda referência faz apenas menção da morte de um filho específico, Hormin, mas não se estende sobre o assunto: «Rabba bar bar Hana falou, "Eu uma vez vi Hormin, um filho de Lilith, correndo nas muralhas de Mahoza.... Quando o demoníaco governante soube disso, eles mataram-no [para exibir-se]."» (b. Baba Bathra 73a-b) O Talmud também da breves descrições de Lilith: «Lilith é uma demônia com aparência humana exceto que ela possui asas.» (b. Nidda 24b); «Lilith desenvolveu longos cabelos.» (b. Erubin 100b) E aconselha: «Rabbi Hanina falou, "Nenhum homem pode dormir só em uma casa; quem quer que durma só em uma casa, será pego por Lilith"» (b. Shab. 151b) Este trecho aconselha os homens a casarem-se, para poderem dormir com suas esposas e não sofrerem com o desejo. Do contrário, Lilith viria copular com eles durante o sono para gerar filhos Lillim. Apesar disso, não faltaram homens para "dormirem sós". A obra Jewish Folktales retomou um antigo conto judaico "Lilith e a Folha de Capin", que fala sobre um judeu que não seguiu este conselho do Talmud: Certa vez um judeu foi seduzido por Lilith e ficou enfeitiçado por seus encantos. Mas ele estava muito perturbado com isso, e então foi ao Rabino Mordecai de Neschiz para pedir ajuda. Mas o rabino sabia por clarividência que o homem estava vindo, e avisou a todos os judeus da cidade para não deixa-lo entrar em suas casas ou dar-lhe lugar para dormir. Assim, quando o homem chegou não encontrou nenhum lugar para passar a noite e deitou-se num monte de feno num quintal. À meianoite, Lilith apareceu e sussurrou-lhe: — Meu amor, saia desse feno e venha até aqui. — Por que eu deveria ir até você? — perguntou o homem — Você sempre vem a mim. — Meu amor, nesse monte de feno há uma folha de capim que me causa alergia. — Então — disse o homem — por que você não me mostra? Eu a jogo fora e você pode vir. Assim que Lilith a mostrou, ele pegou a folha de capim e enrolou-a em volta do pescoço, livrando-se para sempre do domínio dela. Por vezes, Lilith atacava mesmo os homens casados e, para combatê-la, os judeus desenvolveram rituais elaborados para bani-la de suas casas. Tenho aqui três exemplos, o primeiro trata-se de um amuleto persa com Lilith no centro, circundada por um texto profilático em Aramaico. (The Semetic Museum, Harvard University): «Vocês estão atados e selados, todos vocês demônios, diabos e liliths, forte e poderosamente presos, assim como estão presos Sison e Sisin... A maligna Lilith, que faz os corações dos homens perderem-se e aparece nos sonhos noturnos e nas visões do dia, que queima e derruba com pesadelo, ataca e mata crianças, meninos e meninas. Ela está dominada e selada fora da casa e moradia de Bahram-Gushnasp filho de Ishtar-Nahid pelo talismã de Metatron, o grande príncipe, que é chamado O Grande Curandeiro da Misericórdia... que vence demônios e diabos, artes negras e poderes da bruxaria. Afasta-os da casa e moradia de Bahram-Gushnasp, filho de Ishtar-Nahid. Amém, Amém, Selah. Vencidas estão as artes negras e os poderes da bruxaria. Vencida a mulher feiticeira, ela, suas bruxarias e seus ataques, suas maldições e suas invocações, e afastadas das quatro paredes da casa de Bahram-Gushnasp, o filho de Ishtar-Nahid. Vencida e jogada abaixo está a mulher feiticeira - vencida na Terra e vencida no céu. Vencidas estão suas constelações e estrelas. Atados estão os trabalhos de suas mãos. Amém, Amém, Selah.» Aqui vemos a associação de Lilith com outros seres demoníacos, menção contra a pratica da astrologia "Vencidas estão suas constelações e estrelas", bruxaria e encantamentos - o que envolvia não só bruxedos em geral mas também a pratica da sedução, fascinação e até mesmo a prostituição. O "exorcismo" de Lilith e de quaisquer espíritos que a acompanhavam muitas vezes tomava a forma de um mandado de divórcio, expulsando-os nus noite adentro. É disto que trata os outros 2 exemplos seguintes (Lilith recebe Divórcio): Este é o guet para demônios e espíritos e Satã .. e Lilith em ordem de bani-los de ... toda a casa. Yah ...interrompa o Rei dos demônios .. a grande governante das liliths. Eu adjuro você ... seja você macho ou fêmea, Eu adjuro você.... Assim como os demônios escrevem cartas de divórcio E dão-nas para suas esposas e não retornam para elas, Então pegue sua carta de divórcio, Aceite sua quantia de sustento [ketubá], E vá e deixe e parta da casa.... Amém, Amém, Amém, Selah.