O Líder Cristão e o Hábito da Leitura_Altair Germano.pdf

March 28, 2018 | Author: Marcos Silva | Category: Writing, Reading (Process), Literacy, Ancient Greece, Bible


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0>C#C Uma Perspectiva Conceituai, Histórica, Bíblica e Prática D LIDER CRISTÃO eo de Leitura ALTAIR G E R M A N O Uma Perspectiva Conceituai, Histórica, Bíblica e Prática O LIDER CRISTÃO eo Hábito de Leitura ALTAIR GERMANO Ia Edição CB® Rio de Janeiro 2011 Todos os direitos reservados. Copyright C 2011 para a língua portuguesa da Casa Publicadora das Assembleias de Deus. Aprovado pelo Conselho de Doutrina. Preparação dos originais: Daniele Pereira Capa: Josias Finamore Projeto gráfico e Editoração: Alexandre Soares CDD: 253 - Liderança ISBN: 978-85-263-0770-3 As citações bíblicas foram extraídas da versão Almeida Revista e Corrigida, edição de 1995 da Sociedade Bíblica do Brasil, salvo indicação em contrário. Para maiores informações sobre livros, revistas, periódicos e os últimos lançamentos da CPAD, visite nosso site: http://www.cpad.com.br SAC — Serviço de Atendimento ao Cliente: 0800-021-7373 Casa Publicadora das Assembleias de Deus Caixa Postal 331 20001-970, Rio de Janeiro, RJ, Brasil 1“ edição: 2011 A g r a d e c im e n t o s Expresso os m eus m ais sinceros agradecim entos a todos que direta e indi­ retamente contribuíram para a concretização do m eu curso de mestrado. A D eus, por suas m uitas m isericórdias e fidelidade para comigo. A m eus pais, Benedito (in m em oriam ) e Juracy, pelo am or e esforços dedi­ cados à m inha criação e educação. À m inha esposa Elizabeth e aos m eus filhos Álvaro e Paulo, pela coopera­ ção em term os de incentivo e paciência. A s minhas irm ãs Cristiane e Ednalva, por existirem. A o pastor R oberto José, pelo com panheirism o e apoio. A o pastor Claudionor de Andrade, pela gentileza de fazer o prefácio. A todos os m eus professores, pela dedicação na arte de ensinar. A todos os m eus amigos, por serem quem são. A o m eu orien tador do M estrado, P rofesso r R ild o A lm eida, pelas su ­ gestões e m otivação durante tod o o p ro cesso de elaboração da D isse r­ tação que resultou n esta obra. casa de Carpo. traze a capa que deixei em Trôade. principalmente os pergaminhos.13) .Quando vieres. e os livros. Apóstolo Paulo (2 Tm 4. à sem e­ lhança do cajado de Arão. O filho de M ônica prontifica-se. C om o seria b om se os n o sso s dias fossem tão longevos quanto os de M atusalém . Agostinho (século IV ) ouviu um as palavras que o acaso jam ais identificará: “Tolle. M as o m ilênio todo dessa vida larga de sem anas e com prida de . então. unge-se agora a escrever. enflora-se. Sabe que não dispõe do tem po necessário para repassar as páginas de todas as obras que se fi­ zeram primas. lege”. o M oço (62-114). então. Sua pena. é dirigida a todos os que cultivam o hábito da b oa e proveitosa leitura. andejam continentes e palmilham desertos em busca de Sião. M as com o ler com proveito? E com o encontrar a b oa leitura? À sem elhança de Plínio. Q uanto ao segundo centenário. sua vida não é m ais a m esm a. O s prim eiros cem anos eu os dedicaria à beleza e aos d o ­ naires da língua portuguesa. Ele m ergulha na Palavra. É o que revela em suas Confissões. E põe-se a lê-las com a fom e e a sede daqueles rom eiros que. O santo de Hipona pega. suspirando. “Pega e lê”. as Sagradas Escrituras e abre-as fortuitamente nas epís­ tolas de Paulo. recom enda Altair Germ ano nesta obra. frutifica-se. e não m uitas coisas”. O bom leitor é seletivo.P r e f á c io “PEGA E LÊ” E m sua m ais profunda crise espiritual. Em bora talhada com os rigores da academ ia. que fosse tributado aos filósofos. a servir ao Cristo tão bem retratado nas cartas do apóstolo aos gentios. O que se consagrara a ler. E a terceira centúria eu a devotaria aos historia­ dores. recom enda-nos Altair: “Muito. N ossa vida. Claudionor de Andrade Abril de 2011 8 . onde o silêncio ainda pode ser ouvido. “Pega e lê. porém. a sabedoria do conselho de Plínio: “Muito. tudo convida à leitura e à reflexão. Ali. eu o santificaria ao estudo dos santos profetas e dos apóstolos de N o sso Senhor. coloque esta obra que lhe chegou às m ãos num daqueles abençoados acasos: “Pega e lê”. M eu amigo Altair escreveu este livro naqueles rem ansos de Abreu e Lim a. N esse muito. daquelas paragens. pude entender por que. N esse pedaço de Pernam bu­ co. quando muito. oi­ tenta anos. nem tantas décadas. Diz M oisés que os m ais robustos logram alcançar setenta e. o livro é tão esperado com o o pão cotidiano: diariamente e com todo o calor. Por isso.O LÍDER CRISTÃO E O HÁBITO DE LEITURA dias. não possui tantos séculos.” Pr. saem escritores peregrinos com o Altair Germano. e não m ui­ tas coisas”. porém. Q uando lá estive e quando por lá an­ dei. ... A Leitura entre os Ju d e u s .............. A Leitura e a Escrita no M undo R o m a n o .....................21 2.. A leitura com o agente de desenvolvimento do intelecto...58 2............. A Biblioterapia..................................................5.................................. A Leitura na Grécia Arcaica e C lássica.... A leitura com o agente de emancipação e desenvolvedora de criticidade................................................................. A Leitura no M undo Contem porâneo — Século X IX aos D ias A tu a is....................39 8.......... A Leitura na Ótica de Escritores C ristãos......... A Leitura na M esopotâm ia........... 51 1....................55 1..................... 1..... Aspectos Históricos da Leitura..........7 Introdução...... O Conceito de L eitu ra....................................................................................................................... 59 2............................... A leitura...................... 59 2...... A Leitura no E g ito ............. 15 2.................3.................................................................................................54 1..................... A Leitura na Idade M oderna — Século XV I ao Século X V III...............24 3............................................................ A leitura com o agente de apropriação dos bens culturais........2.2....59 .......................................4...... Para obter avivamento espiritual e proveitoso...............................................51 1............................................................................................................ A fim de obter cultivo de estilo........................ Tendo em vista o estímulo m en tal........................ A Leitura na Ó tica de Escritores N ã o -C ristão s...1... 38 7.......57 1.......................................................................... 51 1....................... A Leitura no Brasil C olon ial.................. 26 4.....28 5................ 33 6.........................3............. 46 3............21 1... o enriquecimento do vocabulário e da linguagem ..........................S u m á r io Prefácio..................................................59 2................................................................................................................................... A Importância do Hábito de L eitura......... 11 1............... .................................................. A Im portância da Leitura entre os Pais da Igreja............... O s T ipos de Leitura......................... A Im portância da Leitura no N ovo Testam ento......................................................5.................................. 70 6........ Ações Necessárias para o Desenvolvimento do Hábito de Leitu ra................................ 85 Referências Bibliográficas ................................................................................. A fim de ter com unhão com as grandes m en tes..................... C om vistas a adquirir in form ações..................... A Im portância da Leitura no Período dos Reavivamentos e das M issões M odern as..................O LÍDER CRISTÃO E O HÁBITO DE LEITURA 2.......... 63 2..........................................................................................75 2.............................................................4................... C om o Aperfeiçoar a Prática da L eitu ra....78 Conclusão ................................. A Importância da Leitura para a Liderança no Contexto Bíblico e C ristão ........ 69 5........... 67 4.......... O Desenvolvimento do Hábito de Leitura para os Líderes Cristãos na Atualidade ................... A Im portância da Leitura para os R eform ado res........... A Im portância da Leitura no Período M o n ástico ....................89 IO ............................... 60 4....................... 66 3.............. 73 5... 63 1................................. A Im portância da Leitura no Antigo T estam en to.................. 59 2.................. 78 3............................................................... 75 1..... Patrícia. 16. A resistência à leitura é um a realidade. con gressos e pesq u isas na internet. é o conjunto total de informações. entre elas citam os os m ateriais bibliográficos (livros e p erió d ico s).1 Conhecim ento é agregação. Conhecimento agrega tanto o que fazemos. está sem ­ pre ligado ao sujeito. 2006. A busca constante por novos saberes exige dos pastores leitura especializada e geral. RS.In t r o d u ç ã o tualização e contínua b u sca po r conhecim ento é um fator de funam ental im portân cia no m undo contem porâneo. 1 COSTA. e muitos ignoram os males resultantes da falta dessa prática salutar. com o o que sabem os. . as regras do dia a dia e as instruções sobre como agir. in­ clusive a pastoral. Hábito de leitura e compreensão de textos: uma análise da realidade de pósgraduados em Administração. Dissertação (mestrado em Administração). mas. palestras. p. tanto questões teóricas quanto práticas. habilidades cognitivas e operacionais que os indivíduos utilizam para resolver problemas. Envolve assim. Universidade Federal de Sta. é construído por indivíduos e representa suas cren­ ças sobre relacionamentos casuais. ao contrário deles. baseando-se em dados e informações. interação e acumulação de informação. Maria: Santa Maria. Várias p o d em ser as fontes e ferram entas que p r o ­ porcion am a atualização de n o sso s conhecim entos. A constante atualização é indispensável para o su cesso em qualquer atividade. sem inários. o estudo acadêm ico. em 2005. A leitura de livros permite ao ser hum ano refletir. U m a pesquisa realizada pelo Ins­ tituto Paulo M ontenegro e a ação Educativa. m enos de 2. p. penetra nos sentim entos e ideias. N a leitura está implícito o sujeito que escreve. sem fa­ lar da possibilidade de conduzir a igreja. o líder cristão ainda não reconhece no ato de ler o seu valor para o desenvolvimento intelectual. decodificação ou repetição do que está escrito. no estilo de quem lê. 1Q . ainda é lida por um a minoria. socializar e dissem i­ nar o seu conhecim ento com o propósito de construir novos conhecim en­ tos. Negligenciar a com petência em lei­ tura e escrita gera um a restrição ao acesso às inform ações relativas à vida em sociedade. atualizam. apesar de ser o livro preferido dos brasileiros. adequação de com portam entos à nova realidade cultural e social. por conseguinte. à cultura. ao lerem. C om isso produziria m aior resultado para o Reino de D eus. aponta que 74% da população brasileira. fato este que produzirá um a igreja m ais atuante. 2001. e os sujeitos que leem. em 2008. da am pliação dos projetos de inclusão digital. O baixo índice de leitura por habitante/ano (1. O Instituto Pró-Livro. 2 M ARQUES. dão vida ao que foi escrito. a leitura dá outra vida ao texto pensado e escrito pelo autor. o grau de analfabetismo é um grande obstáculo à geração de saberes provenientes da leitura.5 milhões de pessoas. prom ovendo. N o Brasil. prejudica-se o de­ senvolvimento integral do indivíduo.2 D esta forma. Escrever é preciso: o princípio da pesquisa. que deixa suas marcas.O LÍDER CRISTÃO E O HÁBITO DE LEITURA N unca tantas inform ações foram disponibilizadas e tão poucas foram absorvidas. que se relaciona à produção do co­ nhecim ento no nível individual. E ssa constatação revela a grande im portância dos estudos que envolvam a com preensão da leitura. 4. M. abrir m ão dos prin­ cípios inegociáveis da Bíblia Sagrada. conhecedora dos grandes desafios deste século e capaz de adequar suas práticas ao novo contexto. 20. o ministério ou grupo que lidera a um processo de desenvolvimento e entendimento da realidade. A s pesquisas dem onstram que o hábito de ler está longe do ideal em nossa nação. entre 16 e 64 anos. à política e.8 livro) comprova isso. não sabem ler ou possuem muita dificuldade em entender o que leem. dessa forma. sem.5% da população. A pesar de todo o desenvolvimento das tecnologias de informação. 4. a leitura não é m era soletração. o desenvolvi­ m ento ministerial do pastor. que. A pesar dos diversos program as em atividade. nada substitui a im portância da leitura. ed. Ijuí: U N IJU Í. O. infor­ m a que a Bíblia. viabili­ zando. no m onasticism o. tem os as alternativas de nos pen a­ lizarm os ante a situação ou nos m obilizarm os para mudá-la. Para este fim. O objetivo geral desta obra é identificar a im portância e as fundam en­ tações para a prática de leitura entre os líderes cristãos evangélicos. 13 . sendo a Bíblia n osso referencial de fé e conduta. será abordada a im portância da leitura num a perspectiva de escritores nãocristãos. Esta obra se revela com o relevante por várias razões. se buscará esclarecer alguns mitos. porque o resultado das pesquisas que resultaram neste material pode apontar m eios de esclarecer e orientar os líderes a superar as dificuldades encontradas no desenvolvimento do hábito de leitura. O capítulo 5 trata da im portância do hábito de leitura para os líderes da igreja na atualidade. Até então. Em segundo lugar. Existe uma consciência form ada quanto à im portância do hábito de leitura entre os líderes evangélicos brasileiros? Q uais os obstáculos que enfrentam? Q uais ações podem ser im plem entadas para o crescimento do hábito de leitura? Tais questões necessitam não apenas de respostas. Primeiro. do senso crítico do líder e de um a m elhor percepção deste da realidade. antes de tudo. na Reform a Protestante. cristãos e num a perspectiva bíblica. mas. nos avivamentos e m issões m odernas. um a liderança cristã contextualizada e eficaz. dentre os quais o de que a intelectualidade é incom patível com a espiritualidade. E m terceiro lugar. O capítulo 2 resgatará a história da leitura desde a antiguidade até os dias atuais. desta forma. o prim eiro capítulo tratará sobre o conceito de leitura num a pers­ pectiva bastante ampla.Introdução E ssas questões estão presentes na m aior parte das igrejas evangélicas do Brasil. não houve iniciativa de estudá-las objetivando a ela­ boração futura de um program a que po ssa intervir para a transform ação dessa realidade. respectivamente. acreditam os ser de m áxim a im portância um a abordagem herm enêutica sobre o referido tema. considerando o Antigo e o N ovo Testamento. m ostrar que do ponto de vista da liderança cristã. Diante desse quadro. E por último. análise e ação. o hábito de leitura pode prom over uma influência positiva sobre os lidera­ dos. além de sua im portância no período dos Pais da Igre­ ja. de investigação. N os capítulos 3 e 4. o desenvolvim ento da liderança cristã. m e­ diante os resultados obtidos. m as “enxergando” além daquilo que está escrito.2 Ler é m ais do que um a sim ples decifração do que está escrito. não se limitando apenas às vivências escolares. 2 Idem.1A leitura ultrapassa os limi­ tes do texto escrito. p. e que faz com que ele se adapte ao m undo em que vive. 17. m as um ato que resulta na form ação geral do indivíduo. p. p. DINIZ. Monografia (especialização em Lingua Portuguesa). “Am pliar a noção de leitura em geral pressupõe transform ação na visão de m undo em geral e na de cultura em particular”.3 1M ARTINS. 22 apud D INIZ e SA N TO S. São Paulo: Brasiliense. cada experiência. perm itindo um a m elhor com preensão de cada etapa do aprendizado das coisas. nas escolas públicas. 22. Fátima. ed. 2001. Idem. Fátima Albuquerque. 19. Fundação de Ensino superior de Olinda — FUNESO: Olinda-PE. SANTOS. Como despertar o interesse pela leitura no ensino fundamental. mesmo porque o nascimento e a plenitude da razão estão condicionados pelo acúmulo de observações de outras mentes que nos precederam e que é transmitida pela palavra oral ou escrita. 2007. É um ato que im plica a form ação integral do indi­ . Maria Helena. * O conceito de leitura é bem m ais abrangente do que um sim ples deco­ dificar da escrita.1 O C o n c e it o de L e it u r a víduo e sua relação com o m undo que o cerca. Silva reforça tal conceito por meio de sua visão de leitura: A leitura deve ser vista como uma das conquistas da espécie humana em seu processo evolutivo de hominização. especialmente nas 8a séries. 3 SILVA 1983. O que é leitura. Foucam bert declara que: Existe uma grande diferença entre ver e examinar.7 C om isso ele quer dizer que ler não se limita apenas a perce­ ber as palavras. 18. por m eio de sím bolos escritos que por sua vez substituem os orais: as palavras. um processo de com unicação de ideias. p. nem tampouco lhe atribuir uma versão oral. a leitura é com preen­ dida com o um a experiência linguística. 25.] Ler não é ver o que está escrito. 6 FO U CA M BERT apud MARIA. leitura e formação de leito­ res.O LÍDER CRISTÃO E O HÁBITO DE LEITURA Araújo declara que “ler é tudo isso — um processo complexo.6 Araújo cita Russel que define a leitura com o “um ato sutil e complexo que abrange. capaz de facilitar ao gênero hum ano a realização de sua plenitude. A totalidade de percepção de leitura é mais que a som a de suas partes. 2008.. Belo Horizonte: Virgília. Belo Horizonte: Virgília. devido aos diferentes aspectos que apresenta”. 18. Leitura & colheita: livros. Petrópolis. o ser-mais. reduzir um a leitura a palavras. a sensação. p. emerge com o um trabalho de com ­ bate à alienação. RJ: Vozes. se levada a efeito crítica e reflexivamente. a com preensão e a integração”. 11. p. pois. m as se antecipando e se alongando na inteli­ gência do m undo. Por ser um a ferramenta de aquisição de conhecim entos. ao se referir à leitura.4 D essa forma. o sujeito-ator e trans4 ARAÚJO. a percepção.8 Freire. 1972. Iniciação à leitura. Maria Yvonne Atalício de. ouvir e escutar [. Maria Yvonne Atalício de. 1972. a leitura. Quem ousaria dizer que sabe ler em latim só porque sabe pronunciar as frases que lhe são apresentadas? Ler é ser questionado pelo mundo e por si mesmo. p. p. da m esm a form a que não se reduz a m úsica de um com positor a sim ples notas. 8 Ibidem. N ão se pode. é saber que certas respostas podem ser encontradas na produção escrita. 2. diz que esta não se detendo na decodificação pura da palavra escrita.^ N este sentido. 5 Ibidem. Apud D INIZ e SANTOS. simultaneamente. m as ao m esm o tem po entender o todo reagindo às ideias apresentadas e procurando integrá-las as suas vivências. 16 . ed. prom ove o ser-crítico. Apud Ibdem. é poder ter acesso ao escrito. é construir uma respos­ ta que entrelace informações novas àquelas que já se possuía. 7 ARAÚJO. 21. É preciso saber se a organização social onde a leitura aparece e se localiza dificulta ou facilita o surgimento de hom ens — leitores críticos e transform adores. Iniciação à leitura. Luzia de.. O ato de ler im plica sem pre percepção crítica. É lendo de verdade. Trata-se de um a atividade que implica estratégias de seleção. Secretaria da Educação Fundamental. um jornal. sem passar pelo intermédio nem da decifra­ ção (nem letra por letra.1 3 Diretam ente. interpretação e “reescrita” do lido. p. 12 LA JO LO . 1 0 D IN IZ e SANTOS. de seu conhecim ento sobre o assunto. que alguém se torna leitor. sílaba por sílaba. E ssas argum entações são ratificadas por Lajolo: Lê-se para entender o mundo.. 7 apud Ibidem. 1994. 15 apud Ibidem . Brasília: M E C /SEF. mais intensamente se lê. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. e não aprendendo primeiro a ler. antecipação. Form ando crianças leitoras. Ministério da Educação. desde o início. A leitura da palavra não é apenas precedida pela leitura do mundo. T rad u ção B ru n o C. Paulo. 9 FREIRE. um a embalagem. que pode e deve começar na escola. inferência e verificação sem as quais não é possível proficiência.1 0 O s Parâm etros Curriculares N acion ais1 1 definem leitura com o o p ro­ cesso pelo qual o leitor realiza um trabalho ativo de com preensão e inter­ pretação do texto. 17 . L er é ler escritos reais. M agne. isto é. etc. 1998. p. p.9 A leitura do m undo precede a leitura da palavra.0 Conceito de Leitura form ador da realidade. no m om ento em que se precisa realmente deles num a determ inada situação de vida “para valer” com o dizem as crianças. Parâmetros Curricu­ lares Nacionais: 5a a 8a série do Ensino Fundamental — Introdução dos Parâmetros Curricula­ res. de transformá-lo por m eio de n ossa prática consciente. quer dizer. Sãt> Paulo: Cortez. (o rg ). Ibidem. Porto A legre: A rtes M éd icas. p. Ler é questionar algo escrito com o tal a partir de um a expectativa real (necessidade-prazer) num a verdadeira situação de vida. 1994. J. ed. ou palavra por palavra). daí que a posterior leitura desta não po ssa prescindir da continuidade da leitura daquele. etc. Em nossa cultura. um panfleto. mas não pode (nem costuma) encerrar-se nela. 11.1 2 Jolibert afirma que ler “é atribuir diretamente um sentido a algo escrito”. que vão desde um nom e de rua num a placa até um livro. 46. sobre o autor. 9. de tudo o que se sabe sobre a linguagem. nem da oralização (nem sequer grupo respiratório por grupo respiratório). 13JO L IB E R T . 2005. para viver melhor. numa espiral quase sem fim. 1 1 BRASIL. m as por certa form a de “escrevê-lo” ou de “reescrevê-lo”. quanto mais abrangente a concepção do mundo e de vida. passando por um cartaz. a partir de seus objetivos. p. Tradução de Claudia Freire. História da leitura. 1 0 FISCH ER . um esforço de com unicação entre o escritor. Magda. 68.14 N esse sentido. é o resultado da interação entre leitor e texto. a leitura é um processo de relacionar símbolos escritos a unidades de som e é também o processo de construir uma inter­ pretação de textos escritos. para em seguida criar. Fischer de form a m ais ampla. Soares reforça de forma bastante eloquente essas afirmações: Ler um texto é instaurar uma situação discursiva. p. que se estendem desde a habilidade de decodificar palavras escritas até a capacidade de compreender símbolos escritos. 1 7M IT C H EEL. Belo Horizonte: Autêntica. diz que a leitura é “a capacidade de extrair sentido de sím bolos escritos ou im pressos”. 11. A leitura do ponto de vista da di­ mensão individual de letramento (a leitura como uma tecnologia) é um conjunto de habilidades linguísticas e psicológicas. um a interpreta­ ção plausível da m ensagem do escritor. 1 5SOARES. ele se utiliza dos sím bolos para a sua orientação na recuperação de inform ações de sua m em ória. São Paulo: Editora U N ESPE. São Paulo: Ática. que o prazer da leitura não é inconsequente. p. incentivar ou m otivar o prazer pela leitura tam bém implica criar condições para ler a própria realidade. e o lei­ tor. 1982 apud Idem. 2006. Letram ento: Um tema em três gêneros. folheou e leu o texto atuando via capacidade inferencial.1 7 Rangel entende que “Ler. E s­ sas categorias não se opõem. escreveu e teve im presso seu pensam ento. 72 apud Ibidem. isto é. vai além dos limites do texto. & M ACHADO. com essas inform ações.O LÍDER CRISTÃO E O HÁBITO DE LEITURA Sandroni & M achado percebem a leitura com o um processo amplo de com preensão e descoberta de sentido. Laura C. Steven Roger.1 0 Definir leitura não é algo sim ples em virtude de suas muitas variáveis. 1998. no sentido profundo do termo. Luiz Raul (org). assim com o escrever. p. Tam bém por isso. A criança e o livro. fruto do diálogo com o que é lido. então. é leitura verdadeira — a leitura silenciosa que m obiliza toda a capacidade de um a pessoa é um a atividade quase tão criadora com o a de escrever. com prou ou ganhou. O ato de ler. que elaborou. 2. completam-se. a leitura é um a atividade individual e só a leitura direta. sem intermediário. 1987. são atos de com uni­ cação verbal caracterizados pela relação cooperativa entre o em issor e o 1 4 SA N DRON I. tornando relevante e consequente a postura do leitor diante do que lê. com o coautor do texto lido. 23. que se interessou.16 D essa forma. 18 . A m bos entendem que ler. ed. conectando o elemento da linguagem em unidades compreensíveis crescentes. está inserida no conceito de leitura a extração de inform ações codificadas de um a tela eletrônica. não é necessário desmembrá-las em letras pronunciadas individualmente. ou seja. cada um a dessas teorias está cor­ reta. afirmam os autores dessa teoria. 12. 18. p. afirma que o grafema ou a forma gráfica — seja um logograma (sinal representante da palavra). a compreensão sejam obtidas. Atualmente. U m levantamento da história da leitura poderá prom over um a m elhor com preensão de suas m udanças em term os ideológicos. A segunda teoria. Palavras e frases inteiras. em seguida. Jurema Nogueira Mendes. assim como qualquer outra aptidão. p.1 Para Fischer duas teorias conflitam sobre a leitura. até que a elocução e. 1 8 RANGEL. ou ainda uma combinação de letras (sinais de um sistema alfabético) — produzem significado sem necessariamente recorrerem à linguagem. ed.0 Conceito de Leitura receptor. A primeira — defendida pelos que acreditam que ela é um processo exclusivamente linguístico — analisa-a como um processo linear fonológico (relacionado ao sistema sonoro de um idioma) que se dá letra a letra. 9 ela tam bém é um indicador do avanço da própria hum anidade . seja um silabograma (sinal representante da sílaba). apoiada pelos que sustentam que a leitura é um pro­ cesso semântico-visual. Porto Alegre: 2007. podem ser lidas “de uma só vez”. enquanto que fluente a leitura é um processo semântico-visual. Ao passar dos anos. a leitura consistia na m era capacidade de obtenção de informações visuais fundam entada em algum sistem a de códigos. conceituais. m e­ todológicos e práticos. 19 . no nível elementar a leitura é um processo linear fonológico.1 8 Em seus prim órdios.20 C onsiderando as suas perspectivas. 2. A definição de leitura tende a continuar se expandindo no futuro porque. 1 9 Idem. até mesmo sentenças curtas. Leitura na escola: espaço para gostar de ler. passou a significar a com preensão de um texto contínuo com sinais escritos sobre um a superfície gravada. bem como na com preensão de seu significado. pela transm issão de intenções e conteúdos e por apresentarem um a form a adequada à sua função”. 20 Idem. Conform e Fischer. p. Guglielmo. . 2006. 3 Idem. 13. “Quanto mais remoto for o passado observado. m as se revela o fato de que apenas grupos seletos tinham acesso aos m étodos de registros primitivos. 1.). N a M esopotâm ia nos deparam os com um a das form as m ais primitivas de leitura. Para Cavallo e Chartier. mais difícil se percebe a leitura”. p. portanto. nas diferentes formas de escrever e ler que marcaram as sociedades desde os tempos antigos. 1994 apud FISC H ER . A L e it u r a n a M e s o p o t â m ia . Steven Roger. e de que maneira o conhecimento dessa prática contribui com leitor do século XXI. 2002. Tradução de Claudia Frei­ re.ingularidades. "uma história sólida das leituras e dos leitores deve. é o que se pretende observar neste capítulo. 16. CHARTIER.3 os leitores dessa época apenas visualizavam 1 CAVALLO.1Quais as m udanças fundamentais que ao longo do tempo transformaram as práticas de leitura. História da leitura. 7. Roger (org.2 Quanto mais se investiga a antiguidade. História da leitura no mundo ocidental. p. de compreensão e de apropriação dos textos”. São Paulo: Editora U N ESPE. ser a da historicidade dos m odos de utilização. 2 CHAUNU. São Paulo: Ática.Q A s p e c t o s H is t ó r ic o s da L e it u r a íistória da leitura pode ser reconstruída com base em suas diferenças e . na cidade-estado de Babilônia de Sippar.C. 6 FISC H ER . a m aior m etrópole da região. m e­ morizar. cujo objetivo era o de dar poderes à oligarquia.C. p. por volta de 200 a..C. por volta de 2700-2350 a. que contava com cerca de dez mil habitantes. E em torno de 2000 a. a apresentação pública. quase todos os elementos gráficos no método de escrita dos sumérios haviam se tornado unidades sonoras. cerca de apenas 570 logogramas faziam parte do dia a dia. o acervo foi reduzido a mais ou menos oitocentos. A Sum éria perpetuou por séculos um acervo considerado vago e am ­ bíguo com cerca de 18 mil pictogram as e sím bolos. Por volta de 2550 a. com as tábuas de Shurupak. Houve simplificação e padronização e.C. 5 Ibidem. A escrita sum éria se desenvolve baseada não na ideia de reprodução de um discurso oral. ponderar. silenciosa e prazerosa. A leitura se relacionava especificamente ao trabalho. havia apenas 185 escribas (escritores ofi­ ciais em tabuletas). convencionou-se um silabário. com um a população de aproxim adam ente 12 mil habitantes. declamar.. uma em cada 120 pessoas era capaz de ler e escrever. sem nenhuma preocupação com o discurso articulado.C. 2006. 18 . m ercadoria e valor. ler em voz alta”. com a preem inência dos sum érios-acádios.4 O s sinais em form a de cunha substituíram os prim eiros pictogram as. Para se ter um a ideia. N ão era um a ati­ vidade solitária. que eram im pressos com estiletes feitos de cana (instrum ento pontiagudo para escrita) sobre argila.C. Por volta de 2S00 a.5 Tal aptidão era m uito restrita. Ler ( ita ) significava tam bém para os sum érios “contar.. em Ur. Tratava-se de um m eio para um fim. que se tratava de um acervo de sinais sis­ tem áticos usados puramente para seus valores sonoros silábicos. por volta de 1850 a 1550 a. p.O LÍDER CRISTÃO E O HÁBITO DE LEITURA um esqueleto textual com nome. 1981 apud Idem. U m escriba sum ério p o ssu ía um grande sen so de respon sabilidade p o r deter essa 4POW ELL. com mais utilização da li­ nearidade (escrita em linha de texto). m as para retenção de inform a­ ções concretas na m emória. Semelhantemente.. Era um a leitura utilitarista que envolvia certa união lógica de fragm entos de informação.. Toda a tradição babilónica foi transm itida nos idiom as sumério e acádio / O s escribas eram os grandes detentores da arte de ler. p. 17. 16. 21. N as escolas de escribas a leitura era aprendida pelo ato de escrever. registrando devidamente seu próprio nome como escriba-autora no final das tabuletas. 10 Ibidem. Segundo Fischer. reproduzida de maneira similar pelo aluno.Aspectos Históricos da Leitura capacidade de grande valor. m issões com erciais e relatórios. ela compôs. 8 Ibidem. 1968 apud Ibidem. durante 24 dias de cada 30. segundo Hallo. como sacerdotisa de Nanna. m as especialmente. p. desde o período da manhã até ao final da tarde. desem penhavam tam ­ bém a tarefa de leitores para os seus senhores iletrados. a sessenta quilôm etros de Alepo. 22. na Síria setentoria.. Nascida por volta de 2300 a. 9 HALLO. tributos. finan­ ças e econom ia. [. descobriram o palácio real de Ebla (2 4 0 0 ­ 2250 a.8 O s alunos m esopotâm ios escribas eram em sua m aioria m eninos. idiom as. 23. sob a cobrança de pequ en as taxas. filha de Sargão I de Acad.9 Foi por m eio das descobertas arqueológicas que se tornou possível com provar a leitura entre os m esopotâm ios. Escavações com o as realiza­ das entre 1973 e 1976 na acrópole de TellM ardikh. depois o aluno escrevia o m esm o sinal repetidas vezes no verso. A pós frequentar dos seis aos 18 anos a escola de form ação de escribas. agricultura. O m étodo utilizado era o de cobrir um lado de um a pequena tabuleta com um sinal.C. A m aioria aborda im postos. estenógrafos. C uriosa e excepcionalmente. “o escriba esperava ansiosam ente para ingressar em um a vida voltada à docum entação de transações”. secretários e burocratas. com cerca de 17 mil tabuletas. com raríssim as exceções. correspondência^ internas. dada a im portância de Ebla. Inanna. dois sinais eram colocados juntos. L ogo após. arquivistas.1 0 Ibidem. p. literatura..7 O s escribas. relatos de caravanas. entendendo que sua interpretação de um texto escrito encerraria um a d iscu ssão sobre contas ou um artigo de um a lei. form ando um a palavra in­ teira.] a primeira pessoa na história a assinar a autoria de um trabalho foi uma mulher: a princesa Enheduanna. p. uma série de canções em louvor à deusa do amor e da guerra.. Q3 . apresentando um a variedade de tem as: história. tal material identifica o tipo de leitura das m aiores cidades daquele período. 19.C. além das atividades de tabeliães. ao se tornar um profissio­ nal.). p. deus da Lua. contadores. que em nada se assem elham às bibliotecas atu­ ais. A escrita cursiva era a mais usada no Egito antigo por sua praticidade no registro de docum entos do cotidiano. onde nasceu a escrita.C. Usbequistão/Tajaquistão e China central. A im ­ portância cultural e administrativa.1 2 Além de colaborar para a expansão econôm ica. 24. N o final do segundo milênio a. paletas de ardósia. a educação privilegiada de poucos e a censura literária. Q4 . mar Egeu. varetas de bambu. A censura literária esteve presente tam bém na M esopotâm ia. com o por exemplo cartas.C. A L e it u r a n o E g it o A leitura no Egito foi predom inantem ente oral. O s textos tam bém eram alterados por meio de riscos e reescrições. Por volta de 4000 a. O termo dj denotava tam bém “declam ar”. cerâmicas. e outros su ­ portes de escrita. A leitura na m esopotâm ia englobou um universo de experiências hu­ m anas. elaborando assim um a reescrição da história. arma de pedras. m ani­ festa no ato de apagar o que havia sido escrito em m onum entos públicos e nas paredes de tem plos e palácios a fim de fazer desaparecer a m em ória erudita. p. 1 2 Ibidem.1 1 C om o toda leitura na época era feita em voz alta. esses acervos de tabuletas de argila. vale do rio Indo. tabuletas de marfim. T oda a leitura era realizada em voz alta por um escriba-testem unha. a form ação de um a classe letrada elitizada. voz e sinal eram um a coisa só. Egito. 26. papiro. placas de madeira. a leitura era percebida com o im portante meio de controle de informações. objetos decorativos. Existe a possibilidade do uso de tinta em papiro já deste período. os egípcios já liam hieróglifos na superfície de pedras. esses locais eram bastante barulhentos.. Tais espaços eram essenciais à administração adequada das cidadesestado que floresciam. são algum as questões que estiveram presentes no nascedouro da leitura e que se perpetuam até os n ossos dias. 1 1 Ibidem. Lá.. esteias funerárias. selos cilíndricos. em form a de arquivos.O LÍDER CRISTÃO E O HÁBITO DE LEITURA Todos os grandes centros antigos da M esopotâm ia possuíam bibliote­ cas. Platô iraniano. seda ou couro concediam poderes às sociedades da M esopotâmia. p. ou ainda sendo reeditados. a detenção do poder. 2 . mais tarde. E ssa elite ocupava. matemática e astronomia. Havia escritos em sarcófagos. contendo poem as de amor e histórias simples de estilo folclórico. a escrita e a leitura no Egito se prestaram à admi­ nistração e exibição de m onum entos. no Li­ vro dos M ortos (um rolo de papiro oferecido ao m orto para que o levasse consigo para a vida após m orte). D u ­ rante o m édio império. a escrita hierática e suas leituras perm aneceram sem sofrer alterações por mais de dois mil anos.. 1+Ibidem. A leitura não esteve acessível a todos os egípcios. os hieróglifos. com vários anos de ensino inten­ sivo. 28. D esde o seu início. colunas e estátuas. 32. C om as facilidades que o papiro proporcionava. sem falar que o transporte do livro se facilitou bastante. textos literário surgiram. no final do Antigo Império.17 1 3 Ibidem.C.Aspectos Históricos da Leitura contas.C. p. narrativas. medicina. O s escribas eram responsáveis nos povoados por oferecer acesso cotidiano à leitura e a escrita dos cerca de 99% de ile­ trados. p. listas de decisões de julgam ento e.1 5 Entre os letrados estavam as pessoas de destaque na sociedade. 1 LICH TH EIM .1 4 Havia escolas próprias para escribas. cargos ad­ ministrativos. Q5 . já circulavam diversas categorias de textos. os escribas ocupavam um a posição social bem mais elevada que a de seus correspondentes m esopotâm ios. em sua maioria.. a partir do segundo m ilênio a. hinos. Estim a-se que no m áxim o um em cada cem tenha sido alfabetizado em qualquer época. textos sobre religião e magia. decretos e procedimentos jurídicos. Já no* novo império. Alguns usavam escravos escribas. dentre os quais literatura de sabedoria.. Ibidem. a capacidade de escrever e ler se potencializava. H á tam bém texto com a sequência de cima para baixo. p. cartas. 1 6 BAINES apud Ibidem. obras literárias.C. a leitura da direita para a esquerda tornou-se direção padrão. por ser fino e leve. 1973 apud Ibidem. além de inscrições biográficas. paredes de templos.1 6 Por volta de 2150 a.1 3 O s egípcios liam da direita para a esquerda ou da esquerda para a direi­ ta. É irônico o fato de que um a sociedade tão identificada com a escrita tenha contado com tão poucos leitores. foram introduzidos gêneros literários para um público maior. Posteriormente. 32. A pós form a­ lizados entre aproxim adam ente 3300 e 2500 a. D essa forma. com o: contratos particulares. escritas em letras fenícias. com sua sociedade sendo auxiliada pela capacidade de ler e escrever. durante a reforma do Templo. partes do corpo e nomes geográficos como auxiliares de memória) sobreviveram ao milênio. excetuando-se as mulheres.1 8 M uito m ais do que sim ples transm issão de inform ações. história e lexicografia (extensas listas de animais. eram transm itidas oralmente. o “Livro Sa­ grado” foi negligenciado e até perdido. plantas. E m razão dos períodos de instabilidade espiritual e moral.8) e o entregou ao escrivão Safã. Q6 . p. A s leis. m as não transform ada por ela”. havia a cren­ ça na transm issão do espírito de um texto. Estudos de medicina (incluin­ do ginecologia e ciência veterinária).20 C om os judeus veio a “santificação” da escrita. Tratando-se de bibliotecas. mitos e fórmulas mágicas.. elas podiam ser encontradas em palácios. C om base na Torá. matemática. evocar. O uso da escrita evoluiu para os regis­ tros contábeis. desencadeando um a série de ações que prom overam uma reform a religiosa. L er e interpretar o texto sa­ grado era um dever de todos. A ênfase estava em falar em voz alta com base num texto escrito. Acreditava-se que havia p o d e­ res sobrenaturais nos hieróglifos egípcios.). C onform e Baines. de 622 a. 19 BAINES apud Ibidem.C. que o sacerdote H ilquias encontrou o livro da Lei (2 R s 22. A L e it u r a e n t r e o s J u d e u s O s judeus foram os prim eiros a perceber na leitura o seu valor cultural. centros administrativos e até residências particulares letrados abastados.C. isso por volta do século V II a. Foi no reinado de Jo sias (c. 35. A s prim eiras inscrições em m onum entos em hebraico datam do sécu­ lo IX a. que posteriorm ente o leu para o rei. a princípio. 56. declamar. 1 8 Ibidem. 20 Ibidem. adm inistração e inscrições funerárias. p ro­ clam ar”. H a­ via rolos de papiros de hinos. com as Tábuas da Lei escritas por Iavé. elevando-a a “Palavra de D eu s”.. tem plos.C.O LÍDER CRISTÃO E O HÁBITO DE LEITURA Os textos religiosos descreviam rituais de devoção diária e eventos sobrenaturais.C . p. um a perspectiva total­ m ente nova. “os egípcios perm aneceram em um a posição inter­ m ediária com um . O verbo “ler” (q ara) podia significar “chamar. a veneração da escrita data do final de 2000 a.1 9 3. Aspectos Históricos da Leitura Durante o cativeiro babilónico, o livro esteve presente nas visões de Ezequiel (Ez 2.8-10): Mas tu, ó filho do homem, ouve o que eu te digo, não sejas rebelde como a casa rebelde como a casa rebelde; abre a boca e come o que te dou. Então, vi, e eis que uma mão se estendia para mim, e eis que nela estava um rolo de livro. E estendeu-o diante de mim, e ele estava escrito por dentro e por fora; e nele se achavam escritas lamentações, e suspiros, e ais. D aniel tam bém esteve envolvido com leituras e livros durante esse p e ­ ríodo, conform e Daniel 9.2: “no primeiro ano do seu reinado, eu, Daniel, entendi pelos livros que o número de anos, de que falou o Senhor ao p ro­ feta Jerem ias, em que haviam de acabar as assolações de Jerusalém , era de setenta anos”. A pós o cativeiro, com a influência de um a Babilônia cosm opolita, a escrita aramaica passou a ocupar um lugar de destaque entre os judeus. Os escribas passaram a redigir antigas tradições e escritos hebraicos em aramaico, que tinha se tornado a língua mais falada durante o Império Persa (550-330 a.C .). O s escribas judeus eram os principais intérpretes da lei, os editores e com piladores das escrituras, dos com entários e das traduções. São considerados com o os prim eiros leitores do judaísm o.21 N a antiguidade, afirma Fischer,22 que quase todos os judeus eram analfabetos em hebraico e aramaico, o que fazia com que contassem com os escribas do Tem plo ou com a sua própria e extraordinária m em ória. Por volta dos séculos IV e V d.C., o Talm ude (form ado pela Mishná e pela Gemara), textos que se propunham a interpretar e com entar a multiplicidade de sig­ nificados da Torá tom ou forma oficial. A veneração judaica pela palavra escrita, que chegou ao ápice da vene­ ração a partir do século VI d.C., chegou ao ponto de afirmar no Sefer Yezirah (o m ais antigo texto judaico conservado do pensam ento sistem ático e contem plativo) que “D eus criara o m undo com 32 'caminhos de sabedq,ria’ secretos, o com posto por dez núm eros e vinte e duas letras”.23 Segundo essa interpretação, se nós m ortais conseguíssem os decifrar os núm eros e letras, poderíam os igualmente originar a vida.24 2 1 Ibidem, p. 59. 22 Ibidem. 23 SCH O LEM , 1974 apud Ibidem, p. 60. 24 M A N GU EL, 1996 apud Ibidem. Q7 O LÍDER CRISTÃO E O HÁBITO DE LEITURA 4 . A L e it u r a n a G r é c ia A r c a ic a e C l á s s ic a Desde cerca de 2000 a.C. os gregos lêem, quando ao Egeu da cosmopolita Canaã a ideia da escrita silábica chegava.25 Começando pela Grécia arcaica e clássica, dada a ausência de documentos que tratem da leitura em tempos mais remotos, é importante salientar que, conforme Svembro,26 por volta do século VIII a.C., quando a escrita alfabética surge na cultura grega, ela se depara com um mundo onde há muito tempo prevaleceu a tradição oral, um mundo que valoriza a memória e a voz como perpetuadores da glória e da fama oriunda dos grandes atos heroicos. Nesse mundo helénico, a escrita assumiria o papel de contribuinte do som, no sentido de ser produtora de termos eficazes para uso oral, m esm o que depois viesse a servir para a proteção da tradição épica. T udo sinaliza para a hipótese de que na Grécia arcaica os leitores gre­ gos tenham praticado a leitura em alta voz. N a m edida em que um a cultura valoriza a palavra falada, o texto escrito só interessa para tornar-se texto falado. Para Svem bro27 as provas m ais recentes de que os gregos liam em voz alta, n os leva a aceitar que seus antepassados faziam o mesmo. Para ele, “na ausência de docum entos, parece mais lógico pensar que a leitura em voz alta constitui a form a original de leitura”. As leituras públicas mais antigas ocorreram entre os gregos, onde “já no século V a.C., Heródoto (c. 485-425 a.C.), o ‘Pai da História, em vez de viajar de cidade em cidade para ler as suas obras, como era de costume na época, apresentava-se a todos os homens gregos reunidos nos festivais olímpicos”.28 N a antiguidade grega, alguns m édicos prescreviam a leitura aos seus pacientes com o atividade e exercício mental. N a m aioria das vezes, essa leitura era feita por alguém ao paciente, como, por exemplo, por escravos, mulheres ou hom ens libertos treinados exclusivamente para ler em voz alta para os seus senhores.29 Até 600 a.C., poucos gregos sabiam ler. A capacidade de ler e escrever propagou-se no século VI a.C., quando a escrita passou a ser usada de forma mais generalizada na vida pública: com o hábito cada vez mais frequente de fazer inscrições e exibir leis públicas, cunhagens de moedas, inscrição em vasos com figuras pintadas de preto e outras inovações afins.30 25 FISC H ER , 2006, p. 46. 26 In CAVALLO e CHARTIER, Idem, p. 41. 27 Idem, p. 42. 28 FISC H ER , 2006, p. 52. 29 Idem, p. 53. 30 H ARRIS apuá FISCH ER , 2006, p. 46, 47. Q8 Aspectos Históricos da Leitura A principal via de acesso à lógica da leitura arcaica no ocidente são os verbos gregos que significam “ler”, atestados a partir de cerca de 500 a.C. É por m eio do sentido em pregado pelos escritores desses verbos que se sabe o que foi pensado no m om ento de seu emprego. K n o x,31 em do is textos do século V a.C., parece revelar que alguns gregos praticavam a leitura silen cio sa e que no p erío d o da guerra do P elop o n eso (um conflito arm ado entre A tenas e E sp arta de 431 a 4 0 4 a.C .) os p o etas dram áticos contavam com a fam iliaridade de seu p ú ­ blico em relação a ela. D o is textos exem plificam esse tipo de leitura. O prim eiro se trata de um a p assagem do Hipólito, de E u rípedes, que data de 42 8 , e o segu n do é um a p assagem dos Cavaleiros, de A ristófanes, que data de 424. O s dois docum entos citados são de origem ateniense. A ssim com o em outros locais, com o Esparta, por exemplo, existia a ação para limitar o ensino das letras ao “estrito necessário”, e a leitura silenciosa deve ter sido ainda bem m enos conhecida e praticada. D iz-nos Svembro que para o leitor que lê pouco e de maneira esporádica, a decifração lenta e hesitante do escrito não conseguiria fazer surgir a necessidade de uma interiorização da voz, pois a voz é exatamente o instrumento pelo qual a sequência gráfica é reconhecida como linguagem.32 Percebem-se nos dias atuais, entre os líderes cristãos evangélicos, as duas necessidades: a da leitura em voz alta e a leitura silenciosa. Em ter­ m os de leitura em voz alta, sua presença é bastante significativa nos cultos e reuniões onde a Bíblia, Lições Bíblicas, serm ões, avisos, boletins e outros recursos literários são constantem ente lidos. O leitor habitual, certamen­ te, se sentirá m ais seguro em tais m om entos, falando com desenvoltura, precisão, clareza e fluência. N o caso da leitura silenciosa, em razão das múltiplas oportunidades e espaços contem porâneos — bibliotecas, salas de leitura, transportes cole- * tivos, livrarias, filas de espera, salas de atendim ento e outros espaços p ú ­ blicos — , sua prática ganha destaque, apesar dos baixos índices já citados nesta obra. E ssa prática, com o poderá ser vista nos capítulos seguintes, cooperará para beneficiar o ministro evangélico de várias maneiras. 3 1 Apud SVEMBRO, Ibidem, p. 54, 55. 32 Ibidem, p. 45. Q9 O LÍDER CRISTÃO E O HÁBITO DE LEITURA A Biblioteca de Alexandria é considerada o m aior santuário à escrita do m undo antigo, tornando-se tão fam osa que ISO anos após sua destruição, Ateneu de Náucratis ainda escreveria, antecipando-se ao conhecimento geral de seus leitores: “E quanto ao número de livros, a formação de bibliotecas e a coleção na Galeria das Musas, por que eu devo me pronunciar, já que tudo isso está vivo na memória de todos os homens?”3 3 A penas o catálogo da biblioteca som ava 120 rolos. A coleção foi divi­ dida em oito seções, de acordo com o tema: drama, oratória, poesia lírica, legislação, medicina, história, filosofia e diversos. M uito além de um a sim ples questão de estilo, a escrita e a leitura na Grécia, assim com o no m undo antigo, tinha tam bém um a estreita relação com o poder. A princípio, conform e Thom as34 é notória a relação entre a escrita e o Estado e seus registros, com o por exemplo, nas listas dos ci­ dadãos, de sua renda e domicílio, ou dos registros de im postos, a intensa com unicação com a população por meio da escrita. E dessa forma que a cultura se torna um a eficiente ferramenta de controle, deixando a sua tare­ fa de iluminar os cidadãos para explorar os m esm os.35 Thom as relata que, Na verdade, alguns antropólogos já afirmaram que um Estado não pode, de forma nenhu­ ma, manter-se coeso sem a cultura escrita: a escrita é essencial para o tipo de comunica­ ção autoritária de que o Estado necessita, e que um império ou nação simplesmente não conseguiria manter-se unido sem a eficiente comunicação a longa distância propiciada pela escrita. A cultura escrita, neste sentido, é um meio essencial de controle.36 E sse parâm etro de controle autoritário p o d e ser visto em n ossas igrejas, na m edida em que líderes, por m eio do cadastro dos m em bros e de planilhas financeiras, por exemplo, publicam de m aneira constrange­ dora nos quadros de avisos a relação de quem contribuiu ou não com os dízim os naquele m ês ou período. O autoritarism o da escrita se m anifes­ ta tam bém na privação aos m em bros da igreja da leitura de seu E statu ­ to. M uitas lideranças evangélicas decidem sozinhos sobre a elaboração 33 G U LICK , 1969 apud FISC H ER , 2006, p. 53 34 In BOWMAN, Alan K.; W OOLF, Greg. Cultura escrita e p od er no m undo antigo. Tadução de Valter Lellis Siqueira. São Paulo: Ática, 1998, p. 41. 35 STRAUSS, 1976, p. 392, 393 apud BOW M AN e W OOF, Idem, p. 44. 36 Ibidem, p. 44. 30 m i­ nistério. teceu um a crítica contundente à prática de se pronunciar 3 Ibidem. E m se tratando das cidades-estados gregas. D K 30. A leitura. e não deixam os m em bros inteirados. à m edida que os líderes evangélicos nos dias atuais dissem inam as inform ações de maneira transparente. fr. 1338a15-17). do contra­ ditório e da síntese. um fabulista rom ano nascido na M acedônia. p. 46. Alcidam as. Ibidem. ou se constitui em base essencial para a democracia. 38 Palam. não por m eio de registros ou da administração pública. que ensinou em Atenas ao m esm o tem po em que Isócrates. principalmente no contexto da educação e da retórica. a possibilidade da crítica. por m eio da participação dos m em bros da igreja nos diversos processos administrativos e decisórios. prom ovem a credibilidade. G órgias afirma que “as leis escritas são as guardiães do justo”. p.38 Seguindo essa lógica. Ibidem. sofista. lhes proporcio­ nando a possibilidade de enxergar para além das aparências e das letras. Sua resistência em publicar os* seus m ais valiosos pensam entos confirma tal ideia. para se ganhar dinheiro. a não ser quando lhes interessa. chegou a alegar que a escrita era um a fonte inadequada de conhecimento. dis­ cípulo e sucessor de Górgias. quando bem utilizada pela liderança. p ro­ move a “ilum inação” das m entes dos ouvintes ou leitores. 1 I a. em Fedro. Thom as3 nos revela que este entendia que a escrita e a leitura das leis incentiva a justiça. possibilitando um a leitura transparente e clara da realidade. 45. por outro lado. Ibidem. Tal procedim ento acontece com m aior frequência em igrejas que adotam o m odelo de governo eclesiástico m ais centrado na hierarquia episcopal. o acesso à informação. Grécia. apud TH O M A S. que é útil para a administração da casa. Thom as39 nos relata que a cidade grega optou por outra forma de instrum entalização da cultura escrita. diretoria ou presidente. sobre os con teúdos e determ inações estatutá­ rias. N o m undo grego houve críticas em relação à escrita.40 Platão. m as em seu potencial para a publicação em seu sentido mais pleno e arcaico de exibição pública. 31 . Possibilita tam bém a dem ocratização da informação. cujas decisões são tom adas exclusivam ente pela cúpula. 128a 9-17). 40 TH O M A S. e ainda.Aspectos Históricos da Leitura e reform as de estatutos. para se aprender e para a vida política ( Pol. Citando Aristóteles ( Poí. Alexandre. nas A ssem bleias de D eus no Brasil. Tal tensão entre o falar de improviso ou seguir textos escritos. 50) relata que o dramaturgo ateniense Menandro (c.. sendo cada vez m ais tolerada no m eio pentecostal. Para ele. o filósofo grego Plutarco (c. Cheguei a constatar que. N ão m odificou o m odo de pensar das 41 Idem. 342-292 a.C. O s filhos dos ricos e poderosos eram ensinados por tutores particula­ res. na Babilônia em 323 a. falar sobre qualquer assunto. a ci­ ência teórica ou a lógica formal. quando morreu. 3Q . Por esse tempo. N o século IV a. e ainda o fazem. de improviso. para o uso de pequenos textos em papéis minúsculos.) afirmou que “aqueles que sabem ler conseguem enxergar duas vezes m ais”. 46-120 d. p. de maneira m ais específica. Alexandre carregava consigo os rolos da Uíada e da Odisséia de Homero e. anexados ou simplesmente colocados entre as páginas da Bíblia. para onde muitos ministros e m em bros de igreja fluíram..42 a leitura na Grécia não ofereceu a democracia. Essa m udança pode ser considerada como resultado de grandes transformações culturais em torno do conhecimen­ to e dos saberes. com o saída. 42Apud Ibidem. ele estava segurando um de seus rolos da Uíada (assim como. Para onde quer que viajasse.4 1 Para Pattison. Fischer (2006. m uitos apelavam. um a nova maneira de ver a leitura e a escrita surgia no Ocidente. passando a perceber o valor do texto escrito para as suas mensagens faladas. pessoas expirariam com uma cópia da Bíblia ou do Alcorão presa em suas mãos). prom ovendo a abertura de centenas de instituições de ensino teológico.O LÍDER CRISTÃO E O HÁBITO DE LEITURA discursos lendo um texto escrito. p. por exemplo. ganha espaço na atualidade. o m aior objetivo do orador era o de poder. prom ovendo na igreja a tolerância e a aceitação já comentada. Fischer nos narra que: Por meio da tutela de Aristóteles. que influenciaram o pentecostalism o brasileiro durante o final do século X X . m uitas igrejas e líderes pentecostais viam com certa desconfiança tal prática. 55.C). classificando-a com o mecanicista e desasso ciada da verdadeira pregação espiritual. ainda é vivenciada em alguns setores da igreja de tradição pentecostal.C. p. C om um a grande ênfase na ação criativa do Espírito. o Grande. a palavra escrita era percebida com o superior à palavra falada.C. A prática de pregar ou ensinar seguindo um texto em form a de esboço. 52. tornou-se “um grande adorador de todos os tipos de ensino e leitura” segundo seu biógrafo. ou um sermão escrito. em gerações posteriores. C om o exemplo. 44 ASTIN .45 A grande transição do pensam ento e do hábito rom ano em relação à leitura se dá entre o final do século III e o início do século I a. p. em relação ao uso e valor mais am plo da leitura. de bibliotecas gregas completas. m em ó­ rias da cidade escritas sem pesquisa retórica. com o despojos de guerra.Aspectos Históricos da Leitura pessoas. tal com o elogios fúnebres. Idem. 45 PLUTARCO. de seu pai. o C ensor (234-149 a. utilizando-se de caracteres grandes. A se­ gunda se relaciona com a chegada em Rom a.46 o prim eiro dá-se em função do nascim ento de um a cultura latina inspirada em m odelos gregos. 20. com o por exem­ plo. D essa forma. O que ela fez foi incentivar m ais pessoas a escrever sobre o que pensavam. pessoal e so.C. tabulae .C. Ibidem.43 Em se tratando dos aspectos m ais específicos da literatura romana. 2002. 46 Ibidem.). 5. para que seu filho. à m edida do tempo. As prim eiras bibliotecas privadas são conquistas de guerras. a fim de facilitar a leitura. depositários dos conhe­ cim entos fundam entais da cidade. após vencer M itridates em 71-70 43 In CAVALLO e CHARTIER.„ litária. 1978. Um a grande guinada no m undo romano.7 apud CAVALLO. os livros gregos im portados funcionariam com o m odelo para o nascente livro latino. 72. p. 71. pudesse aproveitar e conhecer o passado de seu povo e de sua cultura. D ois fatores m arcantes são citados por Cavallo. A L e it u r a e a E s c r it a n o M u n d o R om ano O uso da escrita na R om a dos prim eiros séculos estava praticamente restrito ao corpo sacerdotal e aos grupos nobres. suas form as perm aneciam ligadas ao restrito círculo da classe dirigente e às particulares exigências da vida em sociedade. E no período republicano que surge a leitura dom éstica. ao m esm o tempo. fornecendo tam bém a oportunidade para que essas e outras predisposições sem elhantes criassem raiz e florescessem. foi dada por Catão. juntam ente com a leitura culta entre a classe dirigente romana. à ordem anual dos eventos registrados nos anais (co ­ nhecim entos provavelmente fixados em livros de fazenda de linho. 135-137 apud CAVALLO. referentes ao sagrado e ao jurídico. os Un­ tei) ou em pranchetas de madeira. a herdada por Catão. que escrevia seus discursos em tabuinhas antes de proferi-los. ao aprender os rudim entos da escrita. p.44 ele tam bém com pôs um a “história de R om a”. relatos de m agistrados. 33 . Ibidem. som ando-se à falta de livros.C. se tornassem espaços de leituras privadas para estudos e recreação. círculos de leitura sem e­ lhantes aos da Grécia antiga. Catulo e Cícero são os prim eiros a informar sobre as atividades da librarii (livraria) e sobre os gostos dos leitores. fez com que instituições helenísticas com o a Academ ia. por parte de um a elite privi­ legiada romana. Antes de aprender a ler aprendia-se a escrever. gynasium. p. p. 49 FISCH ER. 4 B Ibidem.32 O hábito da realização de leituras públicas de obras seculares foi interrom pido no século VI. 5 1 ROLFE. N o período imperial. lyceum.50 A s leituras públicas tam bém estavam em evidência em todo o Im pério Romano. tendo o público garantido em razão da fama ou poder do autor.49 Havia também. em geral. geralmente escravos livres. N ão obstante. algum as chegavam a durar um a se­ mana. na escola pública ou com professores par­ ticulares. p. além das biblio­ tecas privadas. palaestra. A s condições de aprendizagem da leitura eram diversas. 73. Sossi.C. Um a necessidade de leitura mais ampla.47 A s novas bibliotecas privadas acom panham o surgimento de uma produção de livros latinos. "isso decorreu de vários fatores: patrícios que abando47 CAVALLO. p.48 N o com ércio de livro. E sses círculos acolhiam generais. A s livrarias. O leitor era um transmissor. m esm o que abaixo da qualidade da produção editorial grega. geralmente realizadas no contexto familiar. já havia livreiros relativamente célebres e conhecidos. a Bíblia tom ou a dianteira ainda que num formato fragmentado. 50 Idem. poucas horas. em número cada vez maior. os m ais significativos eram as obras de H om ero e Virgílio. A s livrarias tornaram-se lugares onde as relações sociais eram vivenciadas por pessoas cultas e “pseudo-intelectuais”. como.''1 E sse tipo de leitura durava. eram adm inistradas por comerciantes de condição social inferior. “não concluído”. prom ovia o idiom a e a cultura gregos. 70 34 . D oro e Trífon. 78. a partir do século IV d. por exemplo.O LÍDER CRISTÃO E O HÁBITO DE LEITURA a. 2006. 67. mas.. e não um receptor.C. p.. 52 Ibidem. O próprio A ugusto frequentava essas leituras “com b oa vontade e paciência”. m as tam ­ bém prom ovia autores que não pertenciam à classe de patrícios. 65. no início do século II a. 1948 apud Ibidem. C on ­ form e Carcopino. C. baseado em m odelos gregos que já circulavam no m undo helenístico e durante o período que vai do final da República até o início do novo regime. Com enta ainda sobre sua utilidade em viagens. desejando fundar um a biblioteca à altura da Biblioteca de Alexandria. declínio do ensino. * N o século I a. na Grécia. Júlio César dobrou um a folha de papiro em “páginas” individuais para mandá-las a suas tropas no cam po de guerra. Eum enes l i (197 e 158 a. acon­ teceu conform e a narrativa de Plínio. enfraquecimento do com ér­ cio de livros. o rolo permanecia enrolado na mão esquerda. p. acabada a leitura. 2006. na Á sia Menor. nos m osaicos e nos baixos relevos da época evidencia tal fato. desenrolando-o progressivamente com a esquerda. vir­ gens. 1988. pois. É difundido nessa época o volumen. 76.C. p. hastes para desenrolar o volumen. 75. a qual segurava a parte já lida. Até os séculos II-III d. 1940 apud Ibidem. A frequência de cenas de leitura em afrescos. uso de iniciais diferenciadas e de tipos diferenciados para o nom e do autor e título da obra ao final de cada unidade. A contece que o rei Ptolom eu 53 Carcopino. M edia aproxim adam ente 25 centím etros de largura por seis a dez m etros de com prim ento. p. o Velho (23-79 d. em term os de suporte de leitura..C.. invasões germ ânicas e outras m udanças”. estilo de escrita precisa e elegante. bem paginados.C. E ssa prática acabou levando à criação do códice — texto com páginas escritas em am ­ b os os lados para que fossem viradas. 81 apud Ibidem. “ler um livro” significava normalmente ler um rolo: pegavase o rolo com a mão direita. 75. não enroladas.56 A grande revolução na época. Ibidem. o primeiro a citar o códice.C. por volta do século I e II d. p. Era com posto de papiro de alta qualidade. ao contrá­ rio do rolo. “Marcial. MARTINS. 54 CAVALLO.Aspectos Históricos da Leitura naram os grandes centros. 78.54 destina à leitura cul­ ta.) que governou de Pérgamo.53 O utro avanço significativo foi o interesse pelo livro em term os de qualidade editorial e por tudo que facilitasse a leitura. um a publicação de alta qualidade. 35 . H á no m undo romano. p. pode ser lido sendo segurado em apenas um a das m ãos”. elogia sua concisão e ressalta o quanto ele libera espaço na biblioteca.). um crescente interesse pela leitura nas classes cultas e entre os novos alfabetizados e ricos. 56 FISCH ER . en­ com endou um a rem essa de papiro do Nilo.. no Palatino. 63 60 K NO X. para a sua biblioteca. assum iu o significado “a fala é levada pelo vento. N ascia assim o “pergam inho”. a fala repercute”. fundada por Augusto.). 59 Ibidem. um a técnica que envolvia o estiramento e secagem da pele de ovelhas e cabritos. tendo com o objetivo manter a Biblio­ teca de Alexandria com o repositório mundial do conhecimento. 58 Ibidem. A s m aiores bibliotecas foram: a biblioteca de Apoio. p. p. para rápidas leituras e com o espaços de “convivência”.C. 1988. A m aneira m ais habitual de ler era em voz alta.57 Posteriorm ente o velino tom ou tam bém a forma de códice. p. tais com o atos de benemerência. que originalmente significava “a escrita dorme. Jun to ao interesse pela leitura florescem as bibliotecas públicas. p. o grande orador. principalm ente em se tratando de cartas. 83. Sendo forçado a buscar alternativas. dentro de um contexto de um a concentração e apropriação da cultura escrita por parte do poder. Foi de­ senvolvida então. também.O LÍDER CRISTÃO E O HÁBITO DE LEITURA do Egito proibiu essa exportação. Cavallo58 relata que essas bibliotecas foram criadas por algum as razões es­ pecíficas. deixando-a extremamente fina (velino). para fazer análises comparativas. K nox60 escreve que a leitura silenciosa e sussurrada era tam bém praticada. ou um auditório. para a memória. Eum enes ordenou que seus especialistas criassem. 36 . a maioria dos romanos acreditava que o discurso prevalecia como mais importante. reconhecendo assim a exclusiva vantagem da leitura na sociedade oral romana. Fins políticos e eleitorais marcaram tam ­ bém a criação das bibliotecas. ver um texto era muito melhor que ouvi-lo. m ediante uma reinterpretação conceitu­ ai. a escrita perm anece”. A fam osa frase scripta manet. e a biblioteca Ulpia. Isso acontecia em ní­ vel pessoal ou por um leitor m ediador entre o livro e um ouvinte. E sses ambientes eram mais frequentem ente visitados por leitores que buscavam obras antigas ou ra­ ras. 77.S9 A pesar de rara. Embora o próprio Cícero (106-43 a. como. que tinham por objetivo selecionar e conservar o patrim ônio literário e os anais civis e religiosos da cidade. no Foro de Trajano. um novo material para a escrita. docu57 Ibidem. 38 apud Ibidem. verba volat. achasse que. por iniciativa imperial. e que era o objetivo do leitor de nível educacional mais elevado. Indivíduos de m odesta condição socioeconôm ica liam (ou ouviam ler) obras de história pelo sim ples prazer ( voluptas) da leitura. “o Im pério R om ano nunca chegou a experimentar algo com o um a ‘literatura popular’. não pela utilidade ( utilitas ) que delas se podia usufruir. “O s Feitos de C ésar”. autoria. obras eróticas. Havia em seguida. E havia ainda um público de leitores novos. quanto da massa dos não alfabetizados: um público médio que acabava tocando levemente também as classes médias baixas. ensino ou estudo. ro­ m ance e aventura. 2006. 76. estreitamente ligado a eles. 64 Ibidem. que o hábito de leitura no m undo ocidental já revela diferentes m otivações e m aneiras de ler. obras de ficção trazendo um m isto de drama. por hábito ou pelo prestígio que dela advém. o grupo de gramáticos e retóricos. obras lidas por dezenas ou centenas de milhares de pessoas”. livros de m agias ou interpretação dos sonhos. com o por exemplo. intriga. p. p.63 A pesar da diversidade de gêneros literários. em primeiro lugar. paráfrases de obras épicas. sempre en­ tregues ao otium. altamente instruídos.61 N a R om a dos primeiros séculos de Império. “Eram raros os casos em que as m ulheres eram enalte.Aspectos Históricos da Leitura m entos e m ensagens. 37 . 73. os círculos aristocráticos cultos. dentre os quais: a poesia de evasão. p. Tratava-se de um a escolha influenciada por fatores ou condições particulares. livretos sobre jogos e passatem pos. Pode-se observar. cargos. que lê pelo simples prazer da leitura. conhecimento técnico e profissional.64 6 1 CAVALLO. cidas com o bibliófilas”. com o o estado de espírito do leitor. a obrigação de ler por força de funções. horóscopos. p. ou da natureza do texto. 63 FISC H ER . às vezes escravos ou libertos. acim a de tudo. em seu n as­ cedouro. biografias e resum os históricos. presentes até os nossos dias. A produção de obras biográficas e relatos históricos. 62 Ibidem. público diferente tanto nos círculos literários ou escolares. Ibidem. mais ou menos habituados à leitura de "clás­ sicos”. 74. mas. vai aos poucos dando espaço para o chamado leitor “livre”. 74..61 Entre os leitores havia. O crescim ento e a diversidade de leitores prom oveu o surgimento de um a variedade de gêneros literários. pequenos tra­ tados de culinária e de esportes. colaboravam para o crescente interesse pela leitura por um a classe m enos favorecida e instruída. p. e na com posição de bibliotecas. em R om a. 05 Ibidem. que foi mais disseminada. houve um a m udança na posse de livros. A L e it u r a n o B r a sil C o l o n ia l N o p erío d o que se estende do século X V I até a in depen dên cia h a­ via p o u co s livros e leitores no Brasil. Idem. a p o sse de livros centralizava-se entre os p rop rietário s de terra e escravos. “de fato.67 Em se tratando de bibliotecas. Em term os m ais específicos. para “conhecer melhor os erros e combatê-los”. A s m aiores bibliotecas pessoais eram propriedades de padres. no restante da Itália rom anizada e em m uitas outras províncias — .C . R om a era dirigida p o r escriturários e sustentada por um grupo de cida­ dãos com algum nível de instrução. para melhor procedimento em casos.65 6. estu dan tes de D i­ reito e advogados. “para se conhecer as doutrinas de que se deve apartar”. 64. m ulheres. farm acêuticos. fonte de conhecim ento ou instrução. assim com o grande núm ero de hom ens. onde o privilégio da participação na vida civil era de uns poucos. on de havia m uitos livros de origem calvinista. 186. um a vez que os patrícios. situações. N o geral. 66Apud VILLALTA. com o im portan te fonte de saber. p. 194. falava-se do livro e da leitura com o im portantes para: “exercício de sua ocupação” “faculdade” "ministério” “estudos”. U m a raríssim a exceção nos apre­ senta M o tt66 citando a França A ntártida. com ercian tes e m ilitares no exercício de fu n çõ es e cargos públicos.O LÍDER CRISTÃO E O HÁBITO DE LEITURA A o contrário da G récia. m édicos. a cidadania era exercida por um núm ero m aior de pessoas. os m aiores acervos atendiam as ativida­ des rotineiras dos colégios jesuíticos. dúvidas. 38 . 189. p. a partir do final da R epública (séculos II e I a. Para Fischer. libertos e escravos — em Rom a. liam e escreviam todos os dias”. advogados e cirurgiões. 2002.). que exigia um grande nível de erudição. O livro era tido com o elem ento fun dam en tal para o b om desem pen h o na atividade profission al ou religiosa. das quais se exigia a leitura. A partir do século XVII. T o d o s esses faziam parte da elite cultural. esse foi talvez o prim eiro ‘Im pério da Leitura'. As utilidades e funções dos livros variavam entre o ornam ento ou en­ feites. entre os clérigos. porque “está escrevendo livros”. 614. “para averiguação das doutrinas”. 7. os leitores tive­ ram problem as com a censura. 2002. O s sistem as de controle e cen­ sura foram o “Santo O fício”. Liliam Maria. para se instruir “só nas doutrinas que não forem reprovadas (ou o contrário).). acadêm icas.Aspectos Históricos da Leitura “para maior inteligência dos autores” ou “estudos”. história e história da leitura. N esse período as práticas de leitura estiveram diretam en­ te condicionadas às práticas escolares. ganharam espaço e tiveram acesso faci­ litado. com o tam bém chegavam a punir disciplinarmente os m em bros que assim o faziam. E ssa tendência à m aior produção literária evangélica e crescimento do público leitor prevalece no início do século X X I. Márcia (org. inclusive dentro da própria igreja evangélica. E sses sistem as foram unificados a partir da Real M esa Censória. In: ABREU. pelo M arquês de Pombal. que tentava im pedir o acesso aos textos 68 Ibidem. 205. em vários segm entos da sociedade. em 1768. 39 . A L e it u r a n a Id a d e M o d ern a — Séc u lo XVI ao Séc u lo XVIII Ribeiro (2 0 0 8 ) faz um ótim o relato da prática da leitura entre os sécu­ los X V I e X IX .68 Percebe-se que a bu sca por mais conhecimento no exercício de ativi­ dades profissionais. rom ances. boletins e periódicos) da denominação. e até livros de filosofia.69 A censura e a obstrução da leitura de certas obras e docum entos perduraram pelos séculos seguin­ tes. inclusive com linhas teológicas diversas. com suas lojas estabelecidas nas principais capitais do país. e para “maior construção da vida literária. A h istória da leitura n o Brasil: formas de ser e maneiras de ler. sociologia. políticas e doutrinárias fomentava o há­ bito de leitura. p. Leitura. C om o cresci­ m ento do m ercado literário e das gráficas editoras evangélicas. alguns pastores não apenas rejeitavam a leitura de livros. o “O rdinário” e a “M esa do D esem bargo do paço”. O nde imperava o catolicismo. O crescente aumento da circulação de livros e de leitores desencadeou o estabelecim ento de controle e censura. A leitura da Bíblia era a única fonte lite­ rária perm itida. Em 1787 foi instituída tam bém a “C o m is­ são Geral para o Exam e e a Censura dos Livros”. juntam ente com algum as publicações feitas em “órgãos oficiais” (jornais. “para bem servir a Vossa Majesta­ de”. ficções e outros gêneros anteriormente censurados (m esm o que de m odo inform al). 69 LACERDA. Em pleno século X X . São Paulo: Fapespe. às opções religiosas e ao crescente ritmo de industrialização. a abertura para a leitura de livros. p. O LÍDER CRISTÃO E O HÁBITO DE LEITURA entendidos com o portadores e dissem inadores de ideias contraventoras à autoridade da Igreja e dos soberanos absolutos.70 Johannes Gutenberg (c. Disponível em: <http://www. está no vale do Reno. Tam bém pesquisou sobre o papel e as tintas. a sua massificação. com . onde nasceu e viveu. Wliane da Silva. m igrando dos textos m anuscritos para os im pressos. Gutenberg expe­ rim entou com pigm entos à base de azeite. senão tam bém para as capitulares e ilustrações que se 0 CAVALLO e CHARTIER. 3. V. Em se tratando da im prensa com o outra contribuição de Gutenberg. determ inando o surgimento de um novo m ercado literário. precisava-se que a secagem fosse rápida e a im pressão permanente. que não só usou para imprimir com as matrizes. D epois da invenção dos tipos e a adaptação da prensa vinícola. Nov-2008. proporcionando assim m ais durabilidade e resistên­ cia do que os produzidos em madeira. Por isso. com as quais ele estava familiarizado. com discos ou cilindros sobre os quais se tinha lavrado o negativo do texto a im prim ir que geralmente era só a rubrica do dono do cilindro e outorgava certeza de autenticidade às ta­ buletas que a levavam. C onform e Cavallo e Chartier. n. G u ­ tenberg seguiu experim entando com a im prensa até conseguir um apare­ lho funcional. houve tam bém avanços em relação aos instrum entos em pregados até en­ tão desde a época da Sum éria. G utenberg adaptou a prensa utilizada para esprem er o suco das uvas na fabricação do vinho. p. Práticas de leitura no m un­ do ocidental. 1998 apud RIBEIRO. A s im prensas na Idade M édia eram sim ples tabelas gordas e pesadas ou blocos de pedra que se apoiavam sobre a matriz de im pressão já entintada para transferir sua im agem ao pergam inho ou p a­ pel. um a região vinícola desde a época dos rom anos. que passa a alterar a produção das diversas obras literárias. U m a nova categoria de leitores surge na Inglaterra com o advento da Revolução Industrial. assegurando a precisão dos traços. dessa maneira. as transform ações de ordem técni­ ca foram as prim eiras a afetar as práticas de leitura. 3. po is Mogúncia. tornando-os reutilizáveis. prom ove­ ram um a grande versatilidade ao processo de elaboração de livros e outros trabalhos im pressos e permitindo.br/> Acesso em 10/09/2009. oriundas do advento da im pressão. 6.iseseduca. 40 . Uns e outros tinham que se com portar de tal m odo que as tintas se absorvessem pelo papel sem escorrer. Revista Agora. 1390-1468) com a invenção dos tipos móveis de chum bo fundido. o livro impresso ainda depende do manuscrito do qual imita a pagina­ ção. 205. No entanto. processo inicia­ do em cerca de 1450 e que teria term inado cinco anos depois.72 A nova form a im pressa do livro possibilitou m udanças decisivas na ordenação das obras. 41 . dentre as quais um a m aior legibilidade em razão do form ato de fácil manejo. praticamente. A Bíblia foi o prim eiro livro im presso por Gutenberg. O pensam ento de Lutero sobre esse tema é expresso em seu escrito “A os Conselhos de Todas as C idades da A lem a­ nha para que Criem e M antenham Escolas C ristãs”. 159 apud RIBEIRO. 73 FISCH ER. p. N esse texto destacam -se os seguintes temas: 1 Ibidem. a escrita.Aspectos Históricos da Leitura realizavam manualmente.7 1 A im prensa não extinguiu o gosto pelo texto escrito à mão. Ibidem. 1997. com o tam bém o século dos grandes m anuais de caligrafia. e com o papel de trapo de origem chinesa intro­ duzido na Europa em sua época. N o final do século XV. Até o século XVI. trazendo como consequência o aumento de sua produção bem como a ampliação do acesso de centenas de leitores a cópias idênticas de um mesmo livro. as aparências. Ibidem. p. da organização das páginas. a grande m aioria das crianças na Europa não frequen­ tava a escola. N esse período. em bora a im prensa estivesse bem estabelecida. C onform e Ribeiro: O invento do livro impresso apresentava como vantagens: rapidez. A falta de educação e leitura fomentava a superstição. mais pessoas desenvolviam a habilidade da escrita. uniformidade de textos e preço relativamente mais em conta. 72 M A N GU EL. a invenção e difusão da imprensa caminha­ ram em passos pequenos no que tange à substituição do manuscrito. datado de 1524. 7. da multiplicação de parágrafos. p. em março de 1455.73 O em penho por um a m elhora na qualidade da educação foi um a das m arcas da R eform a Protestante. Paralelo ao fato de os livros se tornarem de acesso m ais fácil. a preocupação com o traço elegante não desaparecera e alguns dos exem plos m ais m e­ moráveis de caligrafia ainda estavam por vir. “O século XVI tornou-se não apenas a era da palavra escrita. U m grande obstáculo para a dissem inação do hábito de leitura seria a precariedade da educação nas escolas prim árias durante os séculos X V e XVI. b) Sobre a falta de investimentos em educação “C aros senhores.O L ÍD E R C R IST Ã O E O H Á B IT O D E L E IT U R A a) Sobre o abandono das escolas “Em prim eiro lugar. 306). 303). 309). d) Sobre as crianças longe da sala de aula em idade escolar “Em minha opinião. 308) f) Sobre o benefício social da educação “M uito antes. diques e inúm eras outras obras semelhantes. preferiria que nenhum jovem aprendesse qualquer coisa e que ficassem m u dos” (p. sustentando um ou dois hom ens com petentes com o professores?” (p. 4Q . estradas. 307). pontes. 305) c) Sobre a aplicação de m étodos de ensino mais eficazes “É bem verdade: se as universidades e conventos continuarem com o estão sem a aplicação de novos m étodos de ensino e m od os de vida para os jovens. quando não as educam os” (p. nenhum pecado exterior pesa tanto sobre o mundo perante D eus e nenhum merece maior castigo do que justamente o pecado que com etem os contra as crianças. constatam os hoje em todas as partes da Alemanha que as escolas estão no abandono” (p. Por que não levantar igual som a para a pobre juventude necessitada. e) Sobre a responsabilidade do Estado em prover educação “A caso as autoridades e o C onselho querem desculpar-se e dizer que isso não lhes diz respeito?” (p. m uitos cidadãos ajuizados. o m elhor e mais rico progresso para um a cidade é quan­ do possui m uitos hom ens bem instruídos. para que um a cidade po ssa viver em paz e segurança temporal. anualmente é preciso levantar grandes som as para armas. h o­ nestos e bem educados” (p. 312 apud RIBEIRO. não deveriam aprender apenas as línguas e história. 207. h) Sobre a opressão na escola “Pois as escolas de hoje já não são m ais o inferno e purgatório de n os­ sas escolas. 75 M A N G U EL 1997. j) Sobre um m undo m elhor proporcionado pela educação “U sem os tam bém a razão. que D eus nos agraciou tão ricamente. Ibidem. 319). p. e de tantos açoites. i) Sobre a qualificação dos docentes “Visto. a fim de que tam bém nós contribuam os para o m elhoram ento do m undo” (p. nas quais éram os torturados com declinações e conjugações. 321). tremor.74 Percebe-se que a popularização da leitura se relacionava com a salva­ ção da alma: “a salvação da alma dependia da capacidade de cada um ler a palavra de D eus por si m esm o”.. na H olan d a e na Su íça anunciavam aos quatro cantos que to d a p e sso a — hom em ou m ulher — p o ssu ía o direito divino de ler a Palavra de D eu s po r si própria. 43 .Aspectos Históricos da Leitura g) Sobre a ludicidade na educação “Falo por m im m esm o: se eu tivesse filhos e tivesse condições. porém . m as tam bém deveriam aprender a cantar e estudar m úsica com toda a m atem ática” (p. concedendo-nos um a grande quantidade de pessoas aptas a instruir e educar m aravilhosa­ mente a juventude [. “M artin ho L u tero e seus segu idores na A lem anha.]” (p. p. N o m ovim en to da R eform a. e no idiom a» dela”. 306). pavor e sofrim ento não aprendem os sim ples­ mente nada” (p.75 74 Ibidem. 319). para que D eus se aperceba da gratidão por seus bens.. sem interm ediários. p. e outros países vejam que tam bém som os gente e pessoas que podem aprender deles ou ensinar-lhes algo útil. 8. de agir sobre ela. O lugar da leitura se diversifica: Muitos livros eram armazenados na cozinha. Os donos de escravos sabiam que a leitura é uma força que requer umas poucas palavras iniciais para se tornar irresistível. 77 Ibidem. ter sob seu domínio pessoas analfabetas dada a maior facilidade em manipulá-las. quan­ do não sua limitação ao aprendizado inicial da leitura e da escrita. p. 78 Ibidem. as quais p o ­ deriam fazê-los pensar. uma das principais influências cultu­ rais da Inglaterra à época. onde se realizava grande parte da leitura entre familiares e empregados. não era um passaporte imediato para a liberda­ de. ricos comerciantes e inte­ grantes do clero. Dessa forma. os donos de es­ cravos britânicos foram contra a alfabetização dos m esm os. em vez de apenas obedecer.'9 Durante esse período a Inglaterra assum e a liderança da distribuição e consum o de livros (principalm ente no século X V II). do século X V ao XVIII. a partir da leitura da Bíblia. prioridade nesses en76 Ibidem. 315). 44 . sem dúvida. afirmando que. p. 314.78 quando afirma que a elite colonial da América do Norte e do Caribe protestaram. 229. a arte da leitura uma vez aprendida não pode ser desaprendida. Para Manguei (1997). para os escravos. desse m odo. do poder e da posição social. mas uma maneira de ter acesso a um dos instrumentos poderosos de seus opressores: o livro. Sobre isso tam bém escreve Fischer. “a alfabetização. de lhe dar um significado (MANGUEL. cuja leitura seria uma “dádiva perigosa demais se oferecida àqueles que deveriam ser subjugados”. p. Mais importante: esse leitor tem agora a pos­ sibilidade de refletir sobre essa frase.76 E ainda Aprender a ler. Quem é capaz de ler uma frase é capaz de ler todas. O grande temor era a preservação da riqueza. não im pediria a leitura de outros tipos de texto. 1997. dessa maneira era mais cômodo para ditadores. o que revela enorme familiaridade e intimidade com a leitura. logo os escravos estariam lendo outras obras. 206. a leitura da Bíblia tinha. a m aio­ ria dos leitores de livros eram m édicos. 2006. m esm o restrita à Bíblia. Praticamente em quase toda a Europa. conform e Ribeiro. Em virtude da influência dos puritanos. assistimos durante séculos (até mesmo no limiar do terceiro milênio) uma grande massa de analfabetos. 79 FISCH ER.O LÍDER CRISTÃO E O HÁBITO DE LEITURA M as. donos de escravos. nobres. pois temiam que estes encontrassem ideias revolucionárias que aguçassem possíveis atos de revolta em favor da libertação”. Aspectos Históricos da Leitura contros. devemos lê-lo por completo?”. sendo assim. como na Idade Média. um sentimento ainda compartilhado por milhões em todo o mundo.. a estimar mais que todas as p o sses”. 228.80 Ainda nesse período surgiram os prim eiros livros de bolso (brochura). 215. postes e janelas da Europa”. se fosse du­ rante o dia. Nesse sentido. filósofo inglês. o dormitório mantinha-se com o local favorito de leitura e armazenagem dos livros. ele declarou: “Um livro pode não ter nenhuma serventia. nem para crer e subestimar. Johnson quase sempre "examinava” os livros. 82 Ibidem. 233. lexicógrafo. Dr. 8 1 Ibidem. 8 6 Ibidem. 1975 apud Ibidem. chegou a estimular as p e s­ soas a “lerem não para contradizer e refutar. m as para ponderar e refletir”. p. p. 214. p. às vezes. onde também se lia muito. Se alguém desejasse ler com privacidade.8 6 80 Ibidem. era necessário retirar-se para outro aposento levando consigo uma vela. nem para inventar assunto ou discussão. nessa época. p. 237.84 Francis Bacon (1561-1626).. Apesar disso.85 Dr. ou. da leitura.82 A Revolução Industrial foi tam bém um resultado direto da instrução: ou seja. Sí BA CO N apud Ibidem. con­ siderado o m ais célebre hom em das letras da Inglaterra no século XVIII. 45 . cam pon eses “isolavam -se com um desses livros durante horas a fio.8 1 “ [. portas. p. 241. costumava ser um local de passagem. 84 CERTAU. m ovendo os lábios palavra p o r palavra durante a leitura e refletindo por m uito tem po sobre o significado de cada frase”. p. os prim eiros jornais do m undo com eçavam a ser lidos e “um a autêntica biblioteca de conteúdo popular decorava muros. Apenas em raros casos ele lia as obras até o fim. ensaísta e crítico. p. desse modo. até na cama. príncipes.] reis. 83 Ibidem. Mas o quarto. extraindo a essência de cada um. ir para fora da casa. era raro as pessoas não serem incomodadas durante a leitura. na Europa dos séculos XVI e XVII.83 D urante a Revolução Francesa. ou talvez haja só uma coisa que nele valha a pena saber. condes e bispos em toda a Europa inicia­ ram a construção de enorm es bibliotecas no estilo de m ausoléus clássicos para abrigar as obras que eles próprios passaram . Sam uel Joh n son (1709-1784). afirmava que: A leitura “verdadeira” era a leitura “voltada à instrução”. 237. 87 8. 1998.. a m etáfora de ‘devorar a leitura com o um alim ento’ era com um ”. m as com o instrum ento de acesso à informação. revistas e rom ances.. O hábito de leitura ganha tamanha proporção que “em toda a Europa. 9. as crianças.10.O LÍDER CRISTÃO E O HÁBITO DE LEITURA O Dr. experim entado e apreciado por todas as pessoas de m odo igualitário. prom ove grandes transform ações. 88 FISC H ER . 2006.91 “m esm o não sendo as únicas leitoras de rom ances. contribuindo para que m ais p es­ soas tivessem m elhores condições de ler. um a fragmentação m aior das práticas”. p. 10. 232. 1998 apud RIBEIRO. com o se institui no século X IX na Europa mais desenvolvida. N a realidade. A leitura religiosa entrou em declínio à m edida que as ideias iluministas se difundiam. 249. consum indo principalmente os livros de culinária. 36 apud RIBEIRO. D e acordo com Lyons. atrás das aparências de um a cultura partilhada. com privacidade. A feminização do público leitor de rom ances veio a confirmar 8 7 Ibidem. p. p. as mulheres emergiram com o público leitor. a ser aberto.90 C om a dim inuição das taxas de analfabetismo. a frag­ m entação das m aneiras de ler e dos m ercados do livro (ou do jornal) ins­ taura. 89 CAVALLO & CHARTIER. 90 FISC H ER . silêncio e devoção”. A L D ia s e it u r a t u a is no M u n d o C o n tem po râ n eo — Séc u lo X IX a o s A N o século X IX . Johnson. 46 . a leitura transform ou-se no próprio alimento — o prato m ais com pleto para a m ente e o espírito. p. “ [. pela escola e fora da escola. O sistem a de iluminação m elhorou e as lâm padas especiais ficaram m ais comuns. não percebia a leitura com o entretenimento em si. O s livros estavam mais em conta e com um a m aior oferta.88 A am pliação da capacidade leitura das pessoas e uso da cultura im pres­ sa por novas classes de leitores (as mulheres. os operários). p. 2006.89 O livro im presso passou a ser considerado por m uitos com o o “ver­ dadeiro santuário dos mais elevados sentim entos hum anos.] com o acesso de quase todos à com petência de leitura. eram vistas com o o principal alvo da ficção rom ânti­ ca e popular. a aculturação ao escrito. 91 LYONS. ler tornou-se m ais fácil. e São Francisco. 94 Ibidem. em 1817. O ritmo de lei­ tura oscilava de acordo as atividades diárias de trabalho. holandeses. St. O m ovim ento de prensas e jornais no O este não acon­ tecia exclusivamente pelos pioneiros britânicos: NoTennessee. Cincinnati. 47 . Nova York. 253. N ão dem orou para que de leitoras passassem a contribuir de form a inédita na produção literária dos países onde viviam. em 1846. p. e a classe m édia baixa e dos pobres. que disputavam dois m ercados: o da elite. 93 Ibidem. Em préstim os eram realizados nas bibliotecas circulantes. a mes­ ma quantidade que havia sido publicada na região entre 1640 e 1791. B oa parte da literatura infantil “na prim eira m etade do século X IX . em Ohio.96 N o período do apartheid. Galveston. O s pedidos de em préstim o de livros geralmente aumentavam nos períodos de inverno e diminuíam nos períodos de verão. 96 Ibidem. 95 Ibidem. 266. 2006. Ohio.92 A s crianças emergiram tam bém com o público ledor. os negros foram proibidos de aprender a ler e a escrever até a derrota do Sul 92 FISCH ER.<b N o período da colonização do N ovo M undo. era de caráter rigorosam ente didático e consistia em fábulas com final feliz e moralizante. espanhóis. sediava nada menos que 25 editoras. e contos de fada. p. Filadél­ fia. ingleses e franceses levavam consigo os hábitos de leitura europeus para a ' Am érica do N orte. em 1793.93 A classe operária foi tam bém atraída pela leitura com o fonte de lazer. Passaram a frequentar salões e círculos literários. Boston e Baltimore lideravam o ramo de publicações na América do Norte. disposta a pagar mais alto por um a literatura de qualidade. seguidas por outros centros: em 1850. quando a jornada de trabalho possivel­ mente era m aior. Elas foram aos poucos conquistando o seu direito à leitura. de preferências culturais lim itadas. os editores da Costa Leste comercializavam cerca de 24 mil títulos de livros.Aspectos Históricos da Leitura os preconceitos sobre o papel da mulher e sua inteligência”. nos estados do Sul dos E stados Unidos. Isso se deu por m eio da expansão da educação primária.94 O s editores passaram a se distinguir dos vendedores de livros. liam em casa e no trabalho. Entre 1820 e 1852. já havia um jornal em 1701. Louis tinha uma ofici­ na de impressão em 1808. Para Chartier: [. em 1865. 1 00 CHARTIER. por meio da anulação da história.98 O s li­ vros vieram a se tornar um a m ercadoria de m assa. uma re­ volução dos suportes e formas de transmissão do escrito. já que a leitura em grupo definia o signi­ ficado de ser cristão”.. ou seja. 269. em m eados do século X IX . A s obras de conteúdo sexual e político eram as m ais proi­ bidas. como se. Países com unistas censuravam obras com conteúdo capitalista. 48 . Em relação à censura. há uma substituição da materialidade do livro pela imaterialidade de textos. p. 263. trata­ vam com grande hostilidade os negros escravos. en­ quanto países capitalistas censuravam textos comunistas. O “aprim ora­ m ento na fabricação de papel.” N ovos suportes de leitura foram desenvolvidos nas últimas décadas do século X X .O LÍDER CRISTÃO E O HÁBITO DE LEITURA na guerra civil. 1994. p. aqueles que não sabiam ler as respostas ou hinos agora se sentiam excluídos da cerimônia. perde-se o contato físico e íntimo com o texto no qual todos os sentidos do leitor participam do ato de ler. 274. que chegavam inclusive a ser enforcados. 11. por exemplo. Ler sobre uma tela não é o mesmo que ler um livro impresso. a leitura dos hinos fazia parte da liturgia.. apud RIBEIRO. p. 2006. da qual a leitura é a expressão máxima.] a difusão da leitura pela tela do computador é uma revolução da leitura. regimes políticos ditatoriais sempre disseminaram a ideia de que a restrição da leitura e a destruição dos livros fariam que se tornassem mais p o ­ derosos e ganhassem tempo. M uitos negros aprenderam a ler clandestinam en­ te e ensinavam outros. a m aior parte das na­ ções desenvolvidas já considera a leitura com o parte integrante da vida diária das pessoas: “E m toda igreja. 99 Ibidem.] Uma sociedade esclarecida reconhece que a verdadeira força está na liberdade individual. Fischer afirma ainda que: Ao longo de toda a história. [. Q uando alguns senhores descobriam tal fato. 98 Ibidem. pudes­ sem criar um novo destino..97 A s transform ações tecnológicas que se iniciaram no século X IX avan­ çaram a largos e rápidos passos na m aior parte do século X X . p. leitores e escritores continuavam sendo alvos de perseguições. na im pressão e na encadernação resultaram em produções m aiores e preços ainda mais baixos por exem plar”.1 00 07 Fischer.. Fischer relata que. 1 0 1 Ibidem. C om o bem escreveu Ribeiro. 49 . 275. U m a abordagem histórica sobre a leitura. 102 FISC H ER . em muito se assem elha aos dias atuais. nem a televisão e o rádio fizeram desaparecer a im prensa: há público para to d o s”.102 E ssa frase especifica bem o valor da leitura na pós-m odernidade. nem a televisão a do cinema e do rádio. p.Aspectos Históricos da Leitura O progresso tecnológico é visto às vezes com o um a am eaça ao livro im presso e a leitura em sua form a mais convencional. 2006. salvo algum as questões e particularidades de nossa época. veste e abri­ ga o m undo desenvolvido”.1 0 1 “A leitura é atualmente a principal atividade que alimenta. nos revela que sua im por­ tância no decorrer dos séculos. 11. “convém lembrar que o cinema não ocasionou a m orte do teatro. p. assim com o os obstáculos e m eios para a sua difusão. Porto Alegre: Mercado Aberto. 16. Regina (org. 7. A con quista da habilidade de ler é o prim eiro passo para a assim ilação dos valores da sociedade: “Ler.C r is t ã o s M uitos escritores não-cristãos colaboraram com a revelação dos vá­ rios benefícios decorrentes do desenvolvimento do hábito de leitura. A leitura é n ecessa­ riam ente um a descoberta do m undo. 1986.1 a aprendizagem da leitura repercute com o um a possib ilidade de em ancipação. m anipuláveis. Pois os bens culturais. que privilegiam a transm issão escrita.). 1. Leitura em crise na escola: as alternativas do professor. A leitura p o d e ser qualificada com o a m ediadora entre cada ser hum ano e seu presente. . 1. precedida segundo a im aginação e a experiência individual. tornam -se acessíveis para o indivíduo que lê e. qualifica toda a relação com o real”. 1 ZILBERM AN. p. ed.3 A Im p o r t â n c ia H á b it o de do L e it u r a A im portância do desenvolvimento do hábito de leitura na literatura e ^ jL p e r s p e c t iv a não-cristã e cristã é claramente evidenciada.1. po r conseguinte. A L e i t u r a n a Ó t i c a d e E s c r i t o r e s N ã o . A leitura como agente de emancipação e desenvolvedora de criticidade D e acordo com Z ilberm an. Program as televisivos e políticas públicas que não contem plam o cresci­ m ento cultural do cidadão são m eios de alienação. Ezequiel Theodoro da. de certa form a. Porto Alegre: Mercado Aberto. 14. ed. A lguém que não luta por seus ideais e interesses sociais. dentre outras condições. Enquanto os m eios de com unicação de m assa proclam am as glórias governamentais e as “belezas naturais do Brasil”. 1993. sou levado a crer que uma das principais funções da leitura no Brasil é a de garantir ao cidadão a capacidade de pensar por conta própria. inadequadam ente designado de vulgar ou de senso com um . propõem uma visão m ais crítica da n ossa realidade social. 1997. de modo que o mundo organizado dos bons escritores possa deixar-se recriar coerente e organizadamente na consciência dos leitores. 5Q . e para atuar seletivamente com diversos m eios de informação. A m ídia e o próprio governo são os principais agentes de alienação. produz algum nível de alienação parcial ou plena.O LÍDER CRISTÃO E O HÁBITO DE LEITURA Percebe-se claramente em tal definição que a falta do hábito de leitura. Leitura e Realidade Brasileira. Para Silva. “C ada ser humano pode encontrar nos livros um a ajuda para seu próprio desenvolvimento.”4 Senso crítico é a capacidade que um indivíduo tem de criar sua própria opinião. e que se subm ete passivamente a qualquer ideia ou tipo de manipulação. p. os livros.2 Alienação é se deixar levar sem ter opinião e sem saber o porquê das coisas. Estar alienado é. da região. 54 apud WITTER. não saber das coisas com o as coisas realmente são. Conform e a definição de Cervo. E como a situação social é realmente muito delicada. p. acredito que a imaginação deva ser levada ao seu grau máximo. independentem ente do conhecimento em píri­ co. considerando sua variedade. da cidade e bairro onde se vive.] é aquele adquirido pela própria pessoa na sua relação com o meio ambiente ou com o meio social. 2004. p. Bervian e D a Silva sobre o conhecim ento empírico [. 3 Idem. social e econôm ico do país. Tal indivíduo não se im porta com o que se passa no m un­ do a sua volta. para construir seu senso crítico. Frente à desordem gerada pelos atuais paradigmas de organização social e sistemas produtivos. D o ponto de vista da utilização de m éto­ 2 SILVA. 4 OLIVEIRA.. A alienação pode chegar ao nível de não saber o que se passa no cenário político. 75.. obtido por meio de interação contínua na forma de ensaios e ten­ tativas que resultam em erros e em acertos.3 A leitura é desenvolvedora do senso crítico. 5. esse tipo de conhecimento — mesmo quando consolidado como convicção. Esse conhecimento é constituído por meio de interações.. mas principalmente daquilo que li. objetos. BERVIAN. Ele dá o seguinte testemunho: Os meus discernimentos históricos mais profundos. tirado da doutrina de uma religião positiva. SILVA. 2004. p. Roberto da. de outras linguagens para a circulação da cultura. grupos e povos.) avaliadas. Andraus Junior & Santos “apontam que a leitura é um ato de compreen­ são da vida. depois. é sorvido do saber dos outros e das tradições da coletividade ou.. 1999 apud WITTER. analisadas e (. o pastor se habilita para. além de fornecer conhecimento acerca do hom em e do m undo”. 40. propiciando o contato à distância com outras pessoas. os livros estimulam a crítica. contextualizar a sua mensagem e servi­ ço. ainda. À m edida que se torna um leitor crítico de textos e do mundo. a contestação e a transformação. [. com mais propriedade. como cultura ou como tradição — é ametódico e assistemático. ser examinadas. Amado L. p. 6 Ibidem. a pessoa percebe entes. 53 . de experiências vivenciadas pela pessoa em seu cotidiano e de investigações pessoais feitas ao sabor das circunstân­ cias da vida. 6. inerente ao veículo literário”. 8 Ibidem. Metodologia científica..8 que intenciona m an­ ter o povo longe dos livros.5 A leitura possibilita o confronto com a barbárie e com o sistem a se­ cular e eclesiástico de privilégios. existente na sociedade e introduzido na igreja. tam bém a atual estrutura eclesial de vários setores da igreja evangélica brasileira. p. ca­ racterizada por um regime de privilégios e ditaduras. Ibidem. p. A criticidade é. por natureza. São Paulo: Pearson Prentice Hall.7 H á um a política chamada de lei-dura por Silva..9 3 CERVO. 6. SM ITH . ed. elementos que co­ locam em risco a estrutura social vigente e.] Pelo conhecimento empírico.A Importância do Hábito de Leitura dos e técnicas científicas. 9ANDRAUS JU N IO R & SANTOS. 1973. 13. em que pese a tra­ dição oral da n ossa sociedade e a forte influência. 34. no meu entender. Q uando bem selecionados e lidos. as direções mais críticas da minha práxis não surgiram ou surgem somente daquilo que ouvi ou vi.. E ainda não consegui refutar as seguintes palavras: “Uma inestimável vantagem da escrita é que ela força o escritor a fazer afirmações que podem. Pedro A. tem explicações concernentes à razão de ser das coisas e das pessoas. p.. mais recente. 48 apud SILVA. fatos e fenômenos e sua ordem aparente. 2007. Silva6 acredita que o exercício da leitura da palavra tem m uito a ver com a conscientização e elevação do hom em brasileiro. as criações imateriais com o a literatura e a música. e que se vai transm itindo de geração a geração. de que o povo pode lançar m ão a fim de com unicar e fazer valer as suas ideias. os m odos específicos de criar e fazer (as descober­ tas e os processos genuínos na ciência. Silva10 entende a im portância da leitura para o desenvolvimento do hom em . incluindo bens im óveis (igrejas. os locais dotados de expressivo valor para a história. não apenas o significado literal de cada palavra de um texto e.O LÍDER CRISTÃO E O HÁBITO DE LEITURA 1. as expressões e os m odos de viver. por m eio do Decreto-lei n ° 25 de 30 de novembro de 1937. ao lado da palavra oral. a arqueologia. assim com o as paisagens e as áreas de proteção ecológica da fauna e da flora. casas. com o a linguagem e os costum es. por meio da palavra oral e escrita. São Paulo: Ática. afirmando que tanto o nascim ento quanto a plenitude do racio­ cínio dependem do acúmulo de observações que nos foram legados pelo próprio hom em .. e com o um dos m eios m ais práticos. etimologicamente. D ando prosseguim ento às suas argum entações.2. conforme Cagliari (1989). etc. praças. a riqueza com um que nós herdam os com o cidadãos. a paleon­ tologia e a ciência em geral. uma pessoa que não conhece uma cultura tem dificuldade em ler tex­ 10 SILVA. Ezequiel Theodoro da (org. E sses bens materiais e imateriais que form am o patrim ônio cultural brasileiro são. de pai para filho. “Ler é um ato de afirmação na sociedade. científicos. bibliográfico ou artístico”. portanto. as cons­ truções referenciais e exemplares da tradição brasileira. afirma ainda ser a leitura vista com um a habilidade hum ana que perm ite o acesso do povo aos bens culturais já produzidos e registrados pela escrita e. p. nas artes e na tecnologia). mas é a cultura que explica muito do que se lê. 23. 5.” A leitura leva à aquisição da cultura. ed. quer por sua vinculação a fatos m em oráveis da história do Brasil. literários. quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico. significa “he­ rança paterna”. portanto. Patrimônio. 54 . define em seu artigo I o que “Constitui o patrim ônio histórico e artístico nacional o conjunto dos bens móveis e im óveis existentes no País e cuja conservação seja de interesse público. conjuntos urbanos) e bens m óveis (obras de arte ou artesanato).) Leitura: perspectivas interdisciplinares. dessa forma. interesses e aspirações. 2005. com o m eio de conhecim ento e críti­ ca dos fatores históricos. A leitura como agente de apropriação dos bens culturais O que são bens ou patrim ônio cultural? A Constituição da República Federativa do Brasil. mas o que ela mesma produziu. já q u e a p e s s o a fica igu alm en te cien te d o c o n ­ texto em q u e as p alavras são u sa d a s). e xistem se rv iç o s q u e d ivu lg am “u m a palavra p o r d ia” ( “ w ord-a-day”. en viad a p o r e-m ail o u em ag en d as ele trô n ica s. e para adquirir os conhecimentos dessa cultura. um a língua. aleatoriam en te. é interessante ler não só o que os outros disseram a respeito dela. H á testes de inteligência que utilizam questões relacionadas com o vocabulário do testando: O au m en to de v o c a b u lá rio é u m a m e ta e d u cativ a c o n sag rad a n o s p ro g ram a s e sco lare s e n o s o b jetiv o s de m u itas p e sso a s q u e se g u e m d iv e rso s m é to d o s p a ra con segui-lo. 1 3http://pt. ain da.wikipedia. E n q u an to alg u m as p e sso a s p re fe rem au m en tar o seu v o ­ cab u lário através d a leitu ra de to d o o gên ero de livros (o que é. o u tro s p referem fo rm a s m ais lú d icas. em in g lê s). geralm ente.3.org/wiki/Vocabul%C3%A1rio 55 . o enriquecimento do vocabulário e da linguagem Defini-se vocabulário com o o grupo de palavras conhecidas por um indivíduo ou qualquer outra entidade. o u tro s. A riqueza do vocabulário individual está diretamente relacionada com o nível de educação e inteligência de um a pessoa. c o n sid e rad o o m e lh o r m é to d o . c o m o teste d o tip o “e n riq u e ça o seu v o c a b u lá rio ”.A Importância do Hábito de Leitura tos produzidos por seus membros. Idem. à política. sendo o desenvolvimento. quando possível. concreta (um grupo definido de pessoas. então. 12 Ibidem.1 3 AUiende e C ondem arín entendem a im portância da leitura com o in­ dispensável para o enriquecimento do vocabulário do leitor: 1 1WITTER. consequen­ temente. um dialeto). afirma ainda Witter “fica restrito o acesso às inform ações relativas à vida em sociedade. d ic io n ário s e e n c ic lo p éd ia s. têm go sto em con sultar. O vocabulário próprio de um a pessoa é com posto pelo conjunto de term os linguísticos que esta é capaz de com preender ou. Sem a com petência em leitura. um ministro evangélico precisa conhecer a sua cultura para entender o que lê. A leitura. à cultura. por exemplo) ou abstrata (com o um grupo profissional ou social.1 1 D essa form a. bastante prejudicado”. o conjunto de palavras que esta é capaz de utilizar na form ação de novos textos. e precisa ler para entender e se apropriar dos co ­ nhecim entos e bens culturais disponíveis.1 2 1. saída. sobe. cartões de cumprimento ou felicitações. A leitura: teoria. • Função Normativa: Tal função está presente em textos que servem para estabelecer regras e advertências. que possibilitam a interação entre pessoas e instituições. a leitura ganha destaque e relevância em term os de m eios para o enriquecimento do vocabulário. ♦ Função Interacional: Essa função se relaciona com a tentativa do emis­ sor de obter. por meio de placas e letreiros (ex: pare. desce.O LÍDER CRISTÃO E O HÁBITO DE LEITURA Há ainda o fato de que a leitura é a grande fonte de incremento do vocabulário. Filipe. a imagem gráfica da palavra serve de ajuda eficaz para a sua lembrança e explica a correlação positiva que existe entre leitura e ortografia. nos term os linguísticos que fazem uso do m odo imperativo e nas diversas maneiras de dar ordens ou indicações. combinam as funções informativas e interativas da linguagem. Alguns textos publicitários ou de anúncios de emprego. Porto Alegre: Artmed.1 4 C om o se pode perceber. 1 5 Idem. 17. desde cedo. siga. Alliende e Condem arín15 afirmam que a lei­ tura dará suas contribuições nas suas mais diversas funções: . 56 . em ambas as citações. decretos. permissões e proibições. etc. Os indivíduos. p. regimentos. entrada. Mabel. etc. esse tipo de função está presente em recados e mensagens (convites. Graças às pistas dadas pelo contexto. uma determinada atividade do destinatário ou produzir nele um determinado efeito. Função Apelativa: E ssa função está presente. telegra­ mas. ed. encon­ tram-se expostos às advertências. por si m esm a se constitui numa apelação ao leitor. com certo destaque.). avaliação e desenvolvimento. um maneira de inter-relacionar-se com ele: p e­ de-lhe que desenvolva a atividade de ler. p. cartas. O desenvolvimento do hábito de leitura fará com que o ministro evangélico tenha acesso às obras que comentam e interpretam os principais textos normativos. regulamentos. 20. Formas mais complexas dessa função são vistas na vida social por meio das leis. e-mails. tal como foi descrito no primeiro item. E m term os de linguagem. 1 4ALLIEND E. N a linguagem escrita. CO N D EM ARÍN. por meio da linguagem. Encontrando-se presente em todo texto escrito. 8.). o leitor pode incorporar sem dificuldades novas palavras a seu léxico. 2005. 10. uma disciplina suscetível de ser investigada formalmente. Em term os textuais. Como incentivar o hábito de leitura. que guiam o descobrimento. m anifesta-se em certos textos de caráter reflexivo. refere-se a coisas mais concretas. A heurística pode ser definida com o: Quando usada como substantivo.A Importância do Hábito de Leitura • Função Instrumental: O corre quando a linguagem coopera para orientar o leitor na realização de um a atividade ou no m anejo de objetos. 1. m as formular perguntas.1 6 A linguagem ou textos heurísticos são representados pelos questiona­ m entos e por algum as expressões de desejo. Naturalmente que esses usos estão intimamente relacionados. nas bulas de m edi­ cam entos e nas fórm ulas de diferentes tipos. ed. deparam o-nos com a função heurística. como estratégias heurísticas. m anuais que são verdadeiros com pêndios literários. A leitura como agente de desenvolvimento do intelecto Bam berger1 afirma que hoje em dia a pesquisa no cam po da leitura definiu-se com o o ato de ler em si m esm o. Em suas form as mais avançadas e com ple­ xas. p. Pode-se perceber tal função nos textos instrucionais que acom panham os jogos. nas receitas culinárias. dúvidas. buscas. Ática/UNESCO. a leitura é um a form a exemplar de aprendizado. identifica a arte ou a ciência do descobrimento. regras heurísticas ou silogism os e conclusões heurísticas. nem p ro­ duzir algum tipo de interação.wikipedia.org/wiki/Heur%C3%ADstica 1 BAMBERGER. Todas as vezes que a linguagem escrita não se propõe a representar algo. 57 . com. já que a heurística usualmente propõe estratégias heurísticas. consultas. É um dos m eios mais eficazes de desenvolvimento sistem ático da linguagem e da perso16http://pt. ♦ Função Heurística: É a função que permite à linguagem o acesso às inform ações necessárias. explorações. a forma mais com um dessa função são os questionários. 7. Quando aparece como adjetivo. indagação. nem expressar sentimentos. O desenvolvimento tecnológico e a automação. que apresentam os grandes problem as e dilemas que o ser hum ano deve enfrentar. que perm item a coleta de todo tipo de informação. problem as. Para ele. inclusive. 2005. fenôm enos m odernos que acentua­ ram a im portância de tal leitura. Richard.4. com o um processo mental de vários níveis que m uito contribui para o desenvolvimento do intelecto. O LÍDER CRISTÃO E O HÁBITO DE LEITURA nalidade. D ois ra­ m os são contem plados: Biblioterapia Educacional ou de D esenvolvim en­ to e Biblioterapia Clínica. E necessário que tais p ro­ fissionais estejam atentos às pesquisas da área de leitura. há um a ampla variedade de situações no uso da Bibliote­ rapia.1 8 D esde a antiguidade a leitura é va­ lorizada pelo im pacto que prom ove no com portam ento das pessoas. que incluem o conhecimento de si próprio. 181. e terapia. 1989 apud Ibidem. 58 .20 N a cultura muçulmana. O term o Biblioterapia tem sua origem no latim biblio. concedendo oportunidades m ais justas de educação. com unidades ou consultórios. 1982 apud Ibidem. 2004.19 Entre os gregos e romanos. prin­ cipalmente por m eio da prom oção do desenvolvimento da linguagem e do exercício intelectual. possui com o objetivo utilizar-se de técnicas associadas à leitura para resolver p ro­ blem as biopsicossociais.5. Ram sés II tinha no frontispício de sua biblioteca a frase “R em édios para a alma”. pois dess forma 1 8WITTER. p. A Biblioterapia U m a abordagem interessante sobre o valor terapêutico da leitura foi realizada por Witter (2004. realizada por meio de um trabalho sistemático de leitura. A leitura favorece a rem oção de barreiras educacionais de que tanto se fala. qualquer material que serve de suporte para o texto de leitura. p. M ARCINKO. que se relaciona a pro­ cedim entos que buscam a solução de problem as biopsicossociais. 1. 1 8 1 ). 1982. A s técnicas biblioterápicas são utilizadas desde o Egito Antigo. 20 ORSINI. trechos do Alcorão eram indicados com o parte do tratamento médico. Atualmente. p. A Biblioterapia de Desenvolvimento. Em 1802. tem com o finalidade promover o desenvolvimento do ser em seus aspectos mais diversos. 19ALVES. 182. C om o tem po a Biblioterapia ganhou espa­ ço em m uitos outros locais. aum entando a possibilidade de norm atização da situação pessoal do indivíduo. a leitura tam bém foi vista em seu papel terapêutico. o m édico e pesquisador Benjam im Rusch recom endou que nos E U A a leitura fosse utilizada com o terapia para todos os doentes. A Biblioterapia Clínica. definida tam bém com o Patológica. sendo recom endada para os profissionais de psicologia que atuam em instituições. o desenvolvimento de competências e de habilidades diversas. 4. Tradução de Oswaldo Ramos. p. OSWALD. 24 M A CD O N ALD apud Habecker. L ideran ça espiritual: os atributos que Deus valoriza na vida de ho­ mens e mulheres para exercerem liderança. 1998.2. 2005. 16. A L e it u r a n a Ó tic a d e E s c r it o r e s C r is t ã o s Dentre os autores cristãos. 1985.]. de bons livros e do mundo que nos cerca.1. p. 2. J. Afim de obter cultivo de estilo Aqui a pregação e o ensino se destacam. São Paulo: Mundo Cristão. emotivo e infrutífero. Ibidem. ao m obili­ zar a linguagem do m undo oral auditivo para o m undo sensorial da visão. Se desenvolvo a minha mente posso fazer com que os outros cresçam”. Para obter avivamento espiritual e proveitoso U m avivamento proveitoso e espiritual é aquele que nasce da leitura da Bíblia. 2. 23 A LLIEN D E e CO N D EM ARÍN.A Importância do Hábito de Leitura obterão inform ações dos resultados acerca do im pacto da leitura sobre as pessoas e de outros fatores. A leitura da Bíblia associada à leitura de bon s livros proporcionará um aumento do n osso vocabulário e desenvolvim ento na arte da elocução incisiva e persuasiva. 51.. 59 .. Alliende e Condem arín afirmam que a cultura letrada.3. a im portância da leitura no exercício do m inistério pastoral é descrita por Sanders22 com o essencial para o hom em que deseja crescer. 2 1 W ITTER. 91. D iz ainda que o líder es­ piritual precisa ler: 2. p. espiritual e intelectualmente. a leitura é um a ferramenta essencial para o líder manter-se bem inform ado e atualizado.23 M acD onald diz que “o crescimento da mente torna possível que as p es­ soas sirvam às gerações em que vivem [. 196. Tendo em vista o estímulo mental A leitura é instrum ento para o estímulo de novos pensam entos e ideias. Sem esses fundam entos o avivamento tornar-se-á um mero evento transitório. Com vistas a adquirir informações E m virtude do volume de inform ações em n ossa época. transform a a com unicação oral e os esquem as cognitivos das pessoas.24 U m obreiro aprovado é aquele que sem pre procura estar com as ideias renovadas e organizadas. 90.2 1 2. 2. p. 22 SANDERS. p. p. Em con trapartida. 27 K ESSLER. Tudo o que você puder fazer para aprimorar suas habilidades é vitalmente importante. seja p o r outros fatores. mesmo que isso significasse a frustração de não lê-los inte­ gralmente. p. 114. 96. 44. entende-se que é im possível avaliar o poder benéfico da leitura de um sim ples livro. E extremamente útil se desde o início do seu ministério você organizar seus livros por um sistema simples [.28 Sobre a im portância da biblioteca e bons livros. em todas as suas dim ensões. 44.5. seja p o r negligência. ed. O pas­ tor pentecostal: um mandato para o século XXI. O pastor. o que investiu ou investe na form ação de um a b o a b ib lio teca “estará em vantagem m uito m aior ao que n egligen ciou ”. A fim de ter com unhão com as gran des mentes D iz ainda Sanders que é possível manter com unhão com os m aiores e m ais piedosos dos hom ens de todas as eras por meio de seus escritos. D e s­ sa forma. seu gabinete e seu horário. M endes sugere: “O r­ ganize sua biblioteca própria com bons e selecionados livros de estudo e leitura”. fazer assinatu­ ras diversas de periódicos. Nemuel.27 A falta de organização de um a bib lioteca.. 2000. 6. p.29 Leach alerta que: Pregar a Palavra é responsabilidade primária do pastor. Ética pastoral: o comportamento do pastor diante de Deus e da sociedade. 30 LEACH. William F. 20 M EN D ES. Teologia pastoral: a postura do obreiro é indispensável para o êxito no ministério cristão.2^ 2. É frustrante gastar tempo precioso procarando por um livro que você sabe que tem em sua biblioteca.35 Afirm a ainda Kessler: Desde a minha conversão tive o cuidado de comprar e comprar livros. Formar uma biblioteca e ler bons livros é essencial. p. ainda que ligeiramente. 26 Idem. In: TRA SK. et ali.. 1999. prom ove um prejuízo m uito grande para a vida daquele que é responsável em prover alim ento sólid o e co n ­ sisten te para o rebanho. 1999. 70. Rio de Janeiro: CPAD. Jo sé Deneval. 1999. ed. durante 25 M EN D ES. Hiomas E. falta de con dições. Rio de Janeiro: CPAD.26 K essler é categórico ao afirm ar que “é m uito natural àquele que se dedica ao m in istério ser am ante de livros”. Rio de Janeiro: CPAD. 28 Idem. 114. O hábito de certificar-me de seu conteúdo. 9. 60 . p. p o r qualquer razão.O LÍDER CRISTÃO E O HÁBITO DE LEITURA Sobre isso diz M endes que “a com unicação eficiente da Palavra de D eus exige bons conhecim entos da língua pátria e da atualidade”.]. M endes enfatiza a formação cultural declarando que: A dinâmica social está cada vez mais exigindo que os profissionais das mais diversas áreas do conhecimento humano se preparem bem culturalmente. foi fundamental para que estas e outras obras fossem escritas ou então em preparação para o prelo. 2000.34 3 1 KESSLER.3 1 Escrevendo sobre o preparo do ministro.A Importância do Hábito de Leitura mais de vinte anos. p. de autores seculares e cristãos. 115. as igrejas estão cada vez mais atingindo pessoas das diferentes classes sociais.33 nunca devendo. H abecker é contundente ao declarar que “além disso. Redescobrindo a alma da liderança. Portanto. 44. tanto de assuntos pertinentes à liderança quanto de outros com pletam ente fora de sua área. p. 32 M EN D ES. Por outro lado. assim. 1999. Eugene. o líder deve ser leitor ávido. 34 HABECKER. p.32 A cultura secular. negligen­ ciam a leitura devocional e o estudo bíblico. São Paulo: Vida. obvia­ mente. o ministro do Senhor Jesus Cristo não deve ser uma pessoa atrasada. servirá apenas de ajudadora no processo de com unicação da Palavra. Sobre a im portância do hábito de leitura para a vida de um líder cris­ tão. substituí-la. 1998. Tradução de Denise Avalone. 33 Idem. 51. E. Erram aqueles que em nom e do seu desenvolvimento cultural. B. em bora importante. . estou presum indo que esse tipo de leitura não substituirá a leitura da Bíblia”. p. juntam ente com a possibilidade de ler e escrever. VOS. O s profetas foram pessoas. REA. e eles disseram: T udo o que o Senhor tem falado farem os e obedecerem os” (Êx 24. recebeu a incum bência de escrever “todas as palavras do Senhor” (Êx 24.. 2006. 1. em b oa parte dos casos.1Afirma D ouglas que “segundo a tradição judaica.4 A I m p o r t â n c ia para a da L e it u r a no L id e r a n ç a e C o n t e x t o B íb l i c o C r is t ã o A leitura é um a prática recom endada exaustivamente na Bíblia. . Encontram os no texto sagrado tanto o exemplo com o a exor­ tação para que seja lido. para depois ler diante do povo: “E tom ou o livro do concerto e o leu aos ouvidos do povo. O p ro­ feta Isaías esteve “ativamente envolvido na vida da corte” e era provavel­ mente filho de “um hom em proem inente”. A educação. Tradução de Degmas Ribas Júnior.7). Howard F. A I m p o r t â n c ia d a L e i t u r a n o A n t i g o T e s t a m e n t o M oisés. Charles F. pe1PFEIFFER. principalmente os cham ados profetas literários.22). C o n ­ vém ressaltar que a leitura não era um a prática acessível a todos.. que teve toda a sua form ação acadêm ica no Egito (At 7. era de sangue real. que dominavam a ' escrita e a leitura. John. 284.4). algum as vezes tem sido inferido. D icionário bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD. era privilégio de poucos. Sua grande capacidade levou-o a es­ crever o Pentateuco. p. e Urias. perante homens.4) Foi ainda pela leitura que Daniel entendeu “que o número de anos. e mulheres. era de setenta anos” (D n 9. 1713. 1988. e Malquias.7-9. que de qualquer m odo era m em bro da fam ília real. Matitias. e Hodias. Ez 7.10. J. trouxe a Lei perante a congregação. e sábios em ciência.26. 3 PFEIFER. à sua mão direita. V OS. dentre as quais o sa­ ber ler. e Sabetai. e os ouvidos de todo o povo estavam atentos ao livro da Lei. e Hilquias. não pode haver certeza quanto a isso ”.10. que fizeram com que os fossem selecionados para o treinamento no palácio de N abucodonosor: Disse o rei a Aspenaz. M l 2. REA.3. porque estava acima de todo o povo.28. que fizeram para aquele fim. e todo o povo respondeu: Amém! Amém! — . de que falava o Senhor ao profeta Jerem ias. E Esdras louvou ao Senhor. assim de homens como de mulheres e de todos os sábios para ouvirem. estava sobre um púlpito de madeira.2). Jr 18. Pedaías. e Sema. todavia. e Acube.7). e Mesulão. 755. e Maaseias. todo o povo se pôs em pé. levantando as mãos. e da linhagem real. e Jamim.18.27. E Esdras abriu o livro perante os olhos de todo o povo. o sacerdote. São Paulo: Vida Nova. o grande Deus. o escriba. 2 Cr 15. e sábios. no primeiro dia do sétimo mês. e entendidos no conhecimento. a fim de que fossem ensinados nas letras e na língua dos caldeus. E leu nela.16a). e dos nobres. que trouxesse alguns dos filhos de Israel. O novo dicionário da Bíblia. abrindo-o ele.2 Para este disse o Senhor: “Buscai no livro do Senhor e lede” (Is 34. 64 . é um claro exemplo da im portância dessa função sacerdotal: E Esdras. e Zacarias. Foram as com petências de Daniel e seus amigos. e Anaías. desde a alva até ao meio-dia. 2 R s 17.3. E Jesua. além da função prim ária de servir no santuário como m ediador entre os hom ens e D eus. p. e estavam em pé junto a ele. e inclinaram-se e adoraram o Senhor. com o rosto em terra. e à sua mão esquerda. A capaci­ dade de ler e escrever fez com que Isaías fosse o autor de um dos maiores volum es do Antigo Testamento. chefe dos seus eunucos. E Esdras.O LÍDER CRISTÃO E O HÁBITO DE LEITURA las narrativas e oráculos de seu livro. diante da praça. 2006. que está diante da Porta das Águas. 44. sendo dessa form a seu leitor e intérprete (Lv 10. e Bani. (org. jovens em quem não houvesse defeito algum. e 2 D O U G LA S. e Misael. Esdras. e instruídos em toda a sabedoria. que haviam de durar as assolações de Jerusalém . e. e Hasum.11.6. e Maaseias. o sacerdote. e que tivessem habilidade para viver no palácio do rei. formo­ sos de aparência. D t 33. e Hasbadana. Tradução de João Bentes. D. (Dn 1.). e Serebias. 17.3 tam bém tinham a responsabilidade de atuar com o m estres da lei. Os sacerdotes.23. 5 Safã leu o livro da lei após recebê-lo do sacerdote H ilquias. que estão encarregados da Casa do Senhor. e disse: Teus servos ajuntaram o dinheiro que se achou na casa e o entregaram na mão dos que têm o cargo da obra. é rebaixado ao de secretário. e Jozabade. em virtude de sua posição. E o terá consigo e nele lerá todos os dias da sua vida. p. E inferior ao administrador do palácio: Sebna. 65 . Is 22. e referiu ao rei a resposta. e os levitas ensinavam ao povo na Lei. do que está diante dos sacerdotes levitas. tom ando em seguida a decisão de levá-lo ao rei. etc.18-20. que ocupava esse último posto. e ele o leu. o escrivão. São Paulo: Teológica: 2003.11. e Azarias. 1728. E Hilquias deu o livro a Safã. esse era. Então. (Ne 8. mas ele vem imedia­ tamente depois do administrador do palácio em 2 Rs 18.3s. pois.8-11) 4VAUX.A Importância da Leitura p ara a Liderança no Contexto Bíblico e Cristão Quelita. VOS. para que aprenda a temer ao Senhor. 2 Rs 12.18s. Para que o seu coração não se levante sobre os seus irmãos e não se aparte do mandamento.. ouvindo o rei as palavras do livro da Lei. na Lei de Deus. Ler e escrever eram habilidades indispensáveis tam bém para a função de secretário ou escrivão do rei. De. rasgou as suas vestes. para fazê-los. Is 36.. ele e seus filhos no meio de Israel. encontram os as seguintes recom endações: Será também que.15.2-8) O rei. 162. Sucedeu. quando se assentar sobre o trono do seu reino. faziam que. e declarando e explicando o sentido. ao mesmo tempo. disse o sumo sacerdote Hilquias ao escrivão Safã: Achei o Livro da Lei na Casa do Senhor. lendo. 5 PFEIFER. então. seu Deus. REA. “um proem inente oficial na corte do rei Jo sia s”. tanto para escrever com o para ler o livro sagrado.3. p. R. Também Safã. encon­ tram os a figura de Safã. e Pelaías. Então. para guardar todas as palavras desta lei e estes estatutos. E Safã o leu diante do rei. para que prolongue os dias no seu reino. Conform e Vaux Órgão indispensável do poder a partir de Davi. o escrivão Safã veio ao rei. anota a soma das contribuições. se entendesse. secretário particular do rei e secretário de Estado. e a missão que ambos realizam em conjunto põe em jogo a sorte do reino. e o povo estava no seu posto. fez saber ao rei dizendo: O sacerdote Hilquias me deu um livro. E leram o livro. que. deveria ser tam bém alguém letra­ do. 2006. nem para a direita nem para a esquerda. desempenha um papel importante nos negócios públicos. e Hanã. Instituições de Israel no Antigo Testamento. (2 Rs 22. Ele redige correspondência externa e interna. escreverá para si um traslado desta lei num livro. E m D euteronôm io 17. Is 36.4 Dentre os secretários ou escrivães do rei que se destacaram. p.C. a menos que a referência movimente-se para trás e para a frente. 2. 1996.1 ' 6FRENCH. 731. em casa de Carpo.).). São Paulo: Editora Vida.8 atribuída ao poeta Ciliciano Arato (século III a. e nos m ovem os.O LÍDER CRISTÃO E O HÁBITO DE LEITURA E ssa ação de Safã foi de fundam ental im portância para a consolidaçao da reform a prom ovida pelo re ijo sias (2 Rs 23. óó . p. p.). Entretanto.C. “Pois som os tam bém sua geração”.28..C.. Tradução de Oswaldo Ramos. um verso semelhante encontra-se em Cleantes (cerca de 330-231 a. Novo comentário bíblico contemporâneo: atos.1-25.. e identifica as palavras de Paulo em Tt 1. Comentário bíblico pentecostal: Novo Testamento. e os livros. principalm ente os pergam inh os”.C . atribuiu o poema a Minos. STRONSTAD. Tradução de Oswaldo Ramos. Rio de Janeiro: CPAD. durante sua argum entação fez as seguintes citações: “Porque nele vivem os. durante a sua segunda viagem m issionária. 1996. STRONSTAD. David J. de modo que inclua as palavras de Epimênides.28a). Tradução de Luís Aron de Macedo e Degmar Ribas Júnior. p. 339. Sobre essa p as­ sagem escreve W illiams: H á alguma dificuldade de identificar a fonte. 731. ao ser inquirido acerca de sua m ensagem pelos filósofos epicureus e estoicos (At 17. Foi em razão do conhecim ento adquirido pela leitura de diversas obras que Paulo soube contextualizar esses escritos em algum as situações por ele vivenciadas. Roger. 8 FREN CH .13 ele diz: “Q uando vieres. Novo comentário bíblico contemporâneo: atos. W ILLIAMS. de Creta. Um autor siríaco do nono século d. Sobre isso observa W illiams Esse segundo verso é citação de uma obra do poeta ciliciano Arato (cerca de 315 a. Arrington L. A referência de Paulo a “vossos poetas” pode ser o reconheci­ mento desse fato. 2003. São Paulo: Editora Vida. no tempo. A Im p o r t â n c ia d a L e it u r a n o N ovo T esta m en to É pela vida e m inistério do apóstolo Paulo que fica claro que a lei­ tura na vida de um líder cristão não deve limitar-se à Bíblia.18-20).C. ArringtonL.12 como a citação da mesma fonte. Roger.)”. traze a capa que deixei em Trôade. A segunda citação em A tos 17. e existim os” (At 17. 338. French e Stronstad6 com entam : “Sua prim eira citação é presumivelmente retirada do poeta e filósofo cretense Epim ênides (século VI a. 2003. 9 W ILLIAM S. David J. Escrevendo em 2 T im óteo 4. intitulado "phaenomena”. é conform e French e Stronstad. 2 C r 34— 35). Ishodade. Q uando esteve em Atenas. 55). Eclo 44-50. disse: O s cretenses são sem pre m entiro­ sos. Manual de Patrologia. Tradução de Claudia Freire. Belo Horizonte: Atos. Tradução de Orlando dos Reis e Carlos Almeida Pereira. dessa forma. 2003. 67 . os genito­ res. é de fundam ental im portância na vida daqueles que foram cham ados por D eus para realizar a sua obra. seu próprio profeta. 2004. como guardião e mediador da experiência e da tradição e por isso como autêntico mestre. ventres preguiçosos”. •3 D RO BN ER.10 Keener confirma a opinião dizendo que “a declaração que Paulo cita era atribuída a várias fontes. A Im p o r t â n c ia d a L e it u r a e n t r e o s Pa is d a Ig r e ja O s Pais da Igreja eram leitores insaciáveis e escritores prolíficos. eles no b a-* 1 0 FR E N C H e STRONSTAD. na compreensão do Antigo Testamento. 1 C o 4..12: “U m deles. N um a perspectiva católica. p. Steven Roger. p. o mestre Epimênides de K nossos em Creta”.1 4 N esse sentido. RJ: Vozes. French e Stronstad afirmam que tal citação se refere a Epim enides de Cnosso. um ensinador de re­ ligião e adivinho. são os representantes de Deus na família. os patriarcas são os guardiães da promessa e os fiadores da graça da aliança com Deus (cf. o diretor de um a escola de filosofia. 1510. o rabino)”. p. ao Antigo Testam ento e ao m undo greco-rom ano: o pai como gerador da vida e como cabeça da família. São Paulo: Editora U N ESPE. 656. 82. principalm ente para os líderes evangélicos. a m ais antiga sendo do sexto século a. em Creta. Craig S. que viveu aproxim adam ente em 305-240 a. os apóstolos de C risto (cf. Lc 1.1 1 Fica. a quem compete igualmente o cuidado por ela como também a tarefa de dirigi-la com sua autoridade.A Importância da Leitura p ara a Liderança no Contexto Bíblico e Cristão Outro caso de citação de literatura secular encontra-se em Tito 1. “esse conceito natural de pai se estendeu a os Pais’ (os antepassados) com o tam bém ao “pai espiritual” ou “intelectual” e “eclesiástico” (o mestre. tanto do texto sagrado com o de outras obras.C. também e sobretudo da fé. 11. bestas ruins. O paterfamilias romano é o sacerdote do culto doméstico.C. 2006. 2003. Comentário bíblico Atos: Novo Testamento. 14 Idem. p. Petrópolis. Tradução de José Gabriel Said. Hubertus.14) e os bispos da Igreja são tidos com o pais dos crentes. 3.12 O título cristão honorífico de “Pai/Padre” envolve um a série de imagens per­ tencentes ao acervo cultural humano. evidenciado pelos relatos bíblicos aqui citados que a leitura. 1 2 FISC H ER .1 3 Conform e Drobner. 1 1 K EN NER. História da leitura. 342-420 d.). em silêncio — e a “som bra da dúvida” se dissipou. bispo de R om a (em 382 d. Jerônim o (c. Inspirado. por acaso. uma criança entoando o refrão tolle. em m uitas línguas o sacerdote é cham ado de “pai” (pater. secretário de Dam aso.403 d. Epifânio (c. bispo de M ilão e mestre de Agostinho. não o trecho escolhido por Agostinho. listava os próprios oitocentos títulos de Epifânio. no anúncio e na exposição da fé são os m estres e educadores e com o dirigentes da com unidade são as autori­ dades e os guardiães da ‘família”’. Ele afirmava que as letras do alfabeto constituíam “sím bolos de son s” que eram “sím bolos das coisas que pen sam os”. 1 6A G O ST IN H O apud Ibidem. é descrito por seu discípulo da seguinte forma: quando ele estava lendo. Bispo de H ipona. hoje Fam agusta). afastou-se para chorar sozinho e escutou. nunca de outra forma. Agostinho voltou até Alípio para apanhar o livro e ler sozinho. B ispo de Constância (a antiga Salamina. mas uma passagem mais adiante. father.C. a partir do século IV. atribuiu o título de Pai exclusivamente aos bispos. dessa vez em voz alta... Muitas vezes. Tais letras haviam sido criadas para que pudéssem os conversar até com o au­ sente.. aquele homem certamente tinha uma boa intenção. mas sua voz permanecia em silêncio. responsável pela tradução latina da Bíblia (Vulgata).] lia em voz alta as epístolas de Paulo para o amigo Alípio em seu jardim de verão. que havia fechado o livro marcando-o com um dedo.C). Em um m omento de grande inquietação pessoal [. (sic) M as qualquer que fosse seu propósito naquele ato.O LÍDER CRISTÃO E O HÁBITO DE LEITURA tism o são os “criadores da nova vida. seus olhos atentamente corriam as páginas e seu coração buscava o sentido. 310-20 . abriu na página e Alípio leu.1 6 Agostinho (354-430 d..C. quando está­ vamos presentes.). Ambrósio (340-397). Até os dias de hoje.. conferiu dois mil títulos originais à O rigem de Alexandria (185-254 d. na costa oriental de Chipre. para só a partir do século V aplicá-lo tam bém aos sacerdotes e aos diáconos.). natural de Veneza. padre). père.1 7 1 5 Ibidem. Agostinho. foi um dos m ais influen­ tes leitores no Ocidente. lege ( “recomponha-se e leia”). ( sic ) ainda víamos lendo sozinho. 1 7A G O ST IN H O apud Idem. a qual comoveu Alípio com igual intensidade.C. Agostinho.1 5 D essa forma.). a Igreja Antiga.C. 68 . Quando Alípio questionou o amigo sobre o que o comovera.. São Paulo: Cultura Cristã.20 A influência do m on asticism o na igreja pode ser claram ente percebida na tradução bíblica de Jerôn im o (c. E. sempre deverá haver leitura. renunciando a sociedade em favor do claustro. 540-604) e Bernardo de Clavaral. ciência e história era praticam ente ignoradas. 2005. em um a m ontanha entre N ápoles e R om a”. Mark A. 1225-1274) dentre outros feitos. 547). Rio de Janeiro: Record. Tradução de Israel Belo de Azevedo. O cristianismo através dos séculos: uma história da igreja cristã. dentre os quais: Virgílio. São Paulo: Vida Nova. A aridez de sua instrução fez com que provavelmente tivesse lido poucos autores clássicos. abra meus lábios e minha boca irá exprimir o vosso louvor”. O ensino era exclusivamente literário. N esse período a leitura se destaca. 9 CAIRNS. p. A Im p o r t â n c ia d a L e it u r a n o P e r ío d o M o n á s t ic o Durante o m onasticism o. D isciplinas com o filosofia. ed. 90.19 o hábito de leitu­ ra teve tam bém o seu devido valor. tendo recebido a bênção. E assim. ninguém deve se atrever a apanhar o livro aleatoriamente e lá começar a ler. E esse verso deve ser repetido três vezes por todos.A Importância da Leitura p ara a Liderança no Contexto Bíblico e Cristão Agostinho foi educado para se tornar um mestre da oratória. Earle E. 20 N O LL. N oll chega a afirmar que “depois da com issão de C risto aos seus discípulos. 42. 480-c. Cícero. Santo Agostinho: uma biografia. ele deverá dar início às suas obriga­ 1 8 BROWN. Momentos decisivos na história do cristianismo. quando um núm ero cada vez m aior de leigos com eçou a se ausentar do mundo. 122. 529). Peter. Diz-nos Fischer (2006. p. ele deve pedir a todos que rezem por ele. na teologia de A gostinho (3 5 4 -4 3 0 ) e T om ás d eA q u in o (c. p. mas ele que deverá fazer a leitura durante a semana toda deve iniciar suas obrigações no domingo. sendo porém que ele deve iniciar: ‘‘Oh! Deus. iniciando sua tarefa após a Missa e a Comunhão. 85) que '"um grande colaborador na institucionalização emergente da leitura foi são Benedito de N úrsia ou São Bento (c. 1988. o surgim ento do m on asticism o foi o m ais im portante — e de m uitas m aneiras o m ais benéfico — acontecim ento institucional da história do cristianism o”. O s beneditinos seguiam regras rígidas que incluíam a prática da leitura conform e abaixo: Durante as refeições dos irmãos. p. 342-420). para que Deus o desvie do espírito de júbilo. que fun­ dou um m onastério em M onte Cassino (c. nos hinos com postos por G regório (c.1 8 4. já que todo m onge cristão deveria investir várias horas do dia à leitura das Escrituras. Salústio e Terêncio. m ovim ento com suas origens no século IV. 2000. 2. 69 . 86. ed. de modo que nenhum sussurro ou voz. “ LIENHARD. E deverá ser feito silêncio absoluto à mesa.2S Era de costum e que se iniciasse nos estudos na Faculdade de Artes por três anos. onde aprendeu os rudimentos do latim. 1963 apud Idem. 5. E tudo o que for necessário. De 1488 a 1497. que ensinava as três disciplinas fundamentais da gramática. Narra-nos ainda Fischer22 que no período da quaresm a todo m onge era obrigado a ler um volume completo. De 1498 a 1501 estudou em Eisenach. 2002. Foi tam bém estabelecida um a maneira de ler. 287.23 sua for­ mação escolar ocorreu em três etapas. na escola de São Jorge. Martinho Lutero foi sem dúvida um “devorador” de livros.2 1 E ssa regra. V. a Ave M a­ ria e o Credo). p. 70 . 25 Ibidem. designada de Regula monachorum de Benedito. 31-38. 24 Idem. porém leu os principais clássicos latinos”. vida. tornou-se padrão de todas as ordens m onásticas da cristandade ocidental. sejam ouvidos. E m 1501 Lutero com eçou seus estudos universitários em Erfurt. segundo a qual o m onge seguraria os livros que estivesse lendo com a m ão esquerda envolta na m anga de suas túnicas e apoiando-os no joelho. para que ninguém precise pedir nada. Tradução de Mamede de Souza Freitas. 2006. De 1497 a 1498. deverá ser passado entre os irmãos. Will. Conforme Lienhard. que ainda era escolástica. mensagem.24 “A faculdade de Direito à qual o pai de Lutero o encam inhou tinha um a b oa reputação”.26 Em 1502 tornou-se 2 1 BETTENSON. p. o canto e as expressões básicas da fé cristã (os Dez Mandamentos. Rio de Janeiro: Record. Martim Lutero: tempo. 26 DURANT. 32. p. 6. 1988. estudou na escola latina de Magdeburgo. quanto a alimentos. a m ão direita deveria ficar descoberta para segurar e virar as páginas. A Im p o r t â n c ia d a L e it u r a p a r a o s R efo r m a d o r es Tratando-se dos reform adores. “A prendeu um pouco de grego e m enos hebraico. São Leopoldo: Sinodal. Tal declaração está implícita na forma com que foi educado. 3. nos deterem os na análise dos hábitos de leitura de Lutero (1483-1546) e Calvino (1509-1564). A s viagens eram ocasiões em que os m onges le­ vavam consigo pequenos livros. 22 Fischer. exceto a do leitor. O Pai Nosso. frequentou a escola municipal de Mansfield. Marc. p. re­ conhecida com o um a das principais universidades alemãs da época. O currículo se concentrava em torno da teologia e da filosofia. A R eform a: uma história da civilização europeia de Wyclif a Calvino: 1300­ 1564. da retórica e da dialética.O LÍDER CRISTÃO E O HÁBITO DE LEITURA ções como leitor. de aproximadamente 2. para após dois m eses desistir e optar pela vida m onástica. sem contar o que tinha vivido antes. ou um a apenas. p. N o verão de 1507 Lutero com eçou seus estudos de teologia. Ibidem. 29 Ibidem. tendo por mobília uma mesa. e a 3 de abril ordenado sacerdote. o Collectaneum . Em sua cela. e Lutero parecia ter obtido a paz de espírito”. 36. A ssim pas-.29 N o artigo intitulado “Lutero: M onge Agostiniano”. de Gabriel Biel.04m.A Importância da Leitura p ara a Liderança no Contexto Bíblico e Cristão bacharel. 35. ingressou no m osteiro dos agostinianos de Erfurt. Em 2 de m aio celebrou sua prim eira m issa com a presença de seu pai. é informado que du­ rante seus anos como monge ele aprendeu o estilo de vida do mosteiro. aos 22 anos. p. do fim da Idade M édia. nos diz ainda o referido artigo. p. pensava continuamente: Ó. o que o levou a fazer um voto a Santa Ana de que se sobrevivesse a essa tem pestade tom ar-se-ia m onge.13m x 3. se fosse dia especial de jejum. e das Questiones de Guilherm e de O ccam e ' Idem. sou-se o ano do noviciado. do frio e da vida severa. perm itindo-lhe ensinar aos principiantes a gramática. intitulado de Canonis M issae Expositio. Em nenhum momento consegui achar consolo em meu batismo. N o seu preparo para o exercício do sacerdócio estudou um manual sobre a celebração da m issa. em decorrência do “livramento” que recebeu quando em m eio a um a tem pestade. 2 8 LIENHARD. que continha 89 lições abordando o conjunto de problem as teológicos e pastorais colocados pela celebração da m issa. N o dia 7 de janeiro de 1505 recebeu o grau de mestre em artes.27 N o dia 17 de julho de 1505. em um a de suas prédicas de 1534 afirmou: Fui monge por 15 anos. Li com zelo todos os seus (sic) livros e fiz tudo quanto estava ao meu alcance. C om o monge. “passava longas horas em oração. Lutero aprendeu a passar com duas refeições por dia. estudan­ do as Sentenças de Pedro Lom bardo com o auxílio de um com entário de Gabriel Biel. quando fi­ nalmente poderás tornar-te piedoso e fazer o suficiente. ao contrário. Iniciou no m esm o ano o estudo de Direito. para desgosto do pai. uma cadeira e uma cama de palha.28 A 27 de fevereiro de 1507 foi consagrado diácono. em que quase foi atingido por um raio. para teres um Deus misericor­ dioso? Através de pensamentos como esses. 71 . fui incitado através do jejum. leitura e m editação profunda. a retórica e a lógica. 288. O cu­ pando um a pequena cela sem esquecimento. dejerô n im o e outros grandes nom es do passado.31 D o Colégio de L a Marche. 39.30 Retornou no m esm o ano para Erfurt. Serviu-se da Glossa ordinária para a interpretação da E s­ critura Sagrada. 36. assim conhecido por causa do capuz usado pelos alunos.O LÍDER CRISTÃO E O HÁBITO DE LEITURA de Pedro dAilly. em Paris. que se tratava de um a com pilação de textos de pais da Igreja estabelecida no século XII. C om o se pode perceber. de Agostinho. a vida acadêm ica e teológica de Lutero foi m arcada por m uitos estudos e muitas leituras. os hábitos de leitura de Jo ão Calvino estavam diretamente relacionados com os seus estudos. p. bem como filósofos. para no verão de 1511 retornar de form a definitiva para W ittenberg. onde ministrava cursos acerca das Sentenças de Pedro Lom bardo. onde relutante iniciou seu doutorado em teologia. E m M ontaigu ele se tornou versado na Teologia de Tom ás de Aquino. N esse m esm o colégio estudo Erasm o de Roterdan. SP: LPC. 1985. Seus prim eiros anos escolares foram no Colégio dos C apetos. mestre do latim e do fran­ cês. 3 1 FERREIRA. influência e teologia. 7Q . elementos indispensáveis para a form ação não apenas de um sacerdote ou ministro religioso. Quando mais tarde. com várias obras publicadas. passando a com entar a Bíblia para os estudantes da Faculdade de Teologia de W ittenberg. nas grandes polêmicas que enfrentou. Calvino: vida. com o objetivo de atender aos desejos de seu pai. elegante estilista e pedagogo. 41. Wilson Castro. p. mas para o desenvolvimento de um a mente crítica e questionadora. N ão muito diferente de Lutero. Calvino foi para M ontaigu. p. de vêlo seguir a carreira eclesiástica. foi aluno de M arthurin Cordier. era capaz de citar com facilidade e absoluta propriedade e precisão estes vultos do passado. em Noyon. 32 Idem. Suas intensas leituras o transformaram num profícuo es­ critor. essencial para prom over transform ações necessárias em qualquer círculo ou seg­ mento da vida em sociedade. N essa escola Calvino tom aria as prim eiras lições de latim e preparar-se-ia para os estudos em níveis m ais elevados na Universidade. Campinas. tornou-se bacharel em Bíblia na faculdade de W ittenberg”. “Em março de 1509. Calvino revelou um co­ nhecimento enorme dos pais da Igreja. E m Paris. surpreendendo amigos e adversários.32 30 Ibidem. França. obtendo esse grau em 1512. investigar”. sobretudo do livro do Sr. 73 . p. 12. Timothy. 22 apud Ibidem. Tradução de Hans Udo Fucs. com o seu “C om en ­ tário de Sêneca”. 37 GEORGE. tinha como favorito O Peregrino de John Bunyan.3 5 6 . Idem. acostumado. dedica-se aos estudos dos clás­ sicos. p. seu grande admirador no século seguinte. A Im p o r t â n c ia d a L e it u r a n o P e r ío d o d o s R e a v iv a m e n t o s e das M is s õ e s M o d e r n a s A leitura teve papel im portante na vida de grandes hom ens de D eus no período m oderno.33 E m 1528. José dos Campos. aos 19 anos de idade. por voto unânim e lhe é conferido o grau de doutor. biográfo de C al­ vino. ao terminar o seu curso de Artes. 3+DURANT.A Importância da Leitura p ara a Liderança no Contexto Bíblico e Cristão E ssa bagagem de saberes e conhecimentos. Janeway.?_ 3 3 CARDIER. 1961. “a ler as Escrituras desde a infância ’. p. Sua estreia com o escritor se deu em abril de 1532. SP: Fiel. foi resultado de m uitos anos de leituras e pesquisas. George diz sobre W illiam Carey (1761-1834): William era visivelmente uma criança precoce. A vida de D avid Brainerd. . p. lia até altas horas da noite”. Jonathan. sem dúvida alguma. relata que Luchesius Smits descobriu 1700 citações de Agostinho e m ais 2400 referências a ele nos escritos de Calvino. 29. “N a ânsia de dom inar co­ nhecim entos esotéricos e teorias fascinantes. São Paulo: Vida Nova. Cardier. D avid Brainerd (1718-1747). ele lia livros de aventura. de ler. Tokemfor Children (um livro para crianças). 42.34 D e retorno para Paris. E como Charles Spurgeon. conform e Edw ards. 1998. Em 1815 seu pai lembrou que “quando me­ nino ele sempre estava desejoso de aprender”. C al­ vino deixou o Colégio de M ontaigu para iniciar os estudos de Direito em Orleans e Bourges.36 escrevendo sobre sua própria vida afirmou ter se tornado frequente. “Calvino nunca deixou de estudar. S. apesar de gostar dele inicialmente só como um “romance” lendo-o por isso “sem propósito”. am plia os seus conhecim entos de grego e inicia o aprendizado do hebraico. Sua m aior contribuição à fé reform ada foram as suas Institutas. 48. 3 5 FERREIRA. ciência e história. Fiel testem unha: vida e obra de William Carey. cons­ tante e fervoroso em oração e tam bém se deleitava na leitura. M esm o deixando Orleans sem com pletar o curso. p. 36 BRAINERD apud EDWARDS. p. 2002. Além da Bíblia. ou “Tratado de Clem entia”. 1993. 383. como ele lembrou mais tarde. no colégio Real. e nós também podemos nutrir qualquer ideal que pudessem. 38 SANDERS. J. Ele dizia aos jovens pregadores das sociedades wesleyanas que deviam 1er ou deixar o ministério! A. 39 TO Z E R apud SANDERS. se esti­ vermos suficientemente interessados em promover o esforço nesse sentido. que percebiam na leitura um a im portante ferramenta de apoio aos seus m inistérios. pregador. ou de história. A Imitação de Cristo. 1985. Possuía o hábito de viajar com um volum e de ciências. Liderança espiritual: os atributos que Deus valoriza na vida de ho­ mens e mulheres para exercerem liderança. conferencista e m entor espiritual. Tozer (1897-1963). devorou m ilhares de livros Três grandes livros dominaram a mente de Wesley. é citado por Sanders. assim. Somos tão aptos como nossos pais. de uma geração para outra. p. editor. W. lia com profundidade um a variada classe de assuntos. escritor. 90. Durante suas viagens a cavalo. Foi mais ou menos nesta época que ele começou a estudar com afinco. São Paulo: Mundo Cristão. onde afirma Por que o crente de hoje acha que a leitura de grandes livros está além dele? Certamen­ te os poderes intelectuais não diminuem. e seu coração. Tradução de Oswaldo Ramos. Estes três livros tornaram-se.39 Grandes hom ens de D eus do passado e do presente foram leitores dis­ ciplinados. Idem. de verdade. OSWALD. durante seus dias em Oxford. Viver e Morrer em Santidade e A Séria Chamada. ou de m edicina enfiado no bolsão da sela e.O LÍDER CRISTÃO E O HÁBITO DE LEITURA Sanders38 afirma que Jo h n W esley tinha um a verdadeira paixão por leitura. um pastor protestante americano. seus guias espirituais. em seguida ao Novo Testamento Grego. 74 . Estabelecer os m om entos durante o dia para ler é um bom começo. certifique-se de que está levando um li1 BABAUTA. Disponível em < h ttp :// skribit. 14 M aneiras de cultivar o hábito de ler. Dentre algum as ações a serem tom adas. Se. por exemplo. . Acesso em 23/09/2009.com/ widget. no final do» dia terá lido por 1 hora. Babauta cita:1 ♦ Definir o tempo. O livro deve ser um constante com ­ panheiro.html>. você definir que durante o dia terá quatro m om entos de leitura de 15 m inutos cada. 1. 2007. com o tam bém de algum as leituras da realidade contem porânea. A pós a fase inicial. ♦ Levar sempre consigo um livro.5 O D esen v o lv im en to de do H á bito L e it u r a para os L íd eres C ristãos na A t u a lid a d e A necessidade. se passará a horas de leitura por dia. A o sair de casa. A ç õ e s N e c e s s á r i a s p a r a o D e s e n v o l v im e n t o d o H á b it o d e L e it u r a Incentivar e desenvolver o hábito de leitura requer algum as ações além da tom ada de consciência sobre sua im portância. Leo. os benefícios e o incentivo para a prática constante da leitura por parte dos líderes cristãos podem ser observados por m eio de um a análise histórica e bíblica. de minutos. e do barulho de crianças e pessoas em geral. escolham o que ler. cada minuto reduzido no acesso à in­ ternet e no tem po diante da T V poderá se transform ar em muitas horas de tem po de leitura. no gabinete pastoral ou no carro. E ssa lista p o d e ser feita num a agenda. que os filhos. não se 76 . • Visitar lojas de livros usados. Cinco. • Fazer uma lista. vinte livros poderão ser lidos. M antenha um a lista de todos os b on s livros que você deseja ler. trem. Atualize-a sem pre que ouvir algum a b oa dica. À m edida que for lendo as obras. dez. • Encontrar um local tranquilo. na m edida do possível. D urante algum as ocasiões de espera (filas. num ca­ derno.O LÍDER CRISTÃO E O HÁBITO DE LEITURA vro. N ão apenas as grandes e boas livra­ rias devem ser visitadas com regularidade. À m edida que se lê para os filhos. o prazer pela leitura pode ser neles despertado. m as as lojas de livros usados tam bém. num arquivo no com putador. • Reduzir o aceso à internet e TV. E im portante permitir. N em todos conseguem ler em meio ao barulho ou grande m ovimentação. atendimento médico. D eixe sem pre um livro no escritório. inform ação e atividades indispensáveis. é aconselhável buscar um lugar tranquilo para a leitura onde não haja interrup­ ções. etc. um livro será um parceiro m uito interessante. com grandes descontos e em boas condições de conservação. N esses casos. longe de T V e com putador para evitar as distrações. • Estabelecer metas de leitura. risqueas na lista. A não ser para leituras.) ou viagens (ônibus. L á é possível conseguir boas obras. etc. avião. • Ler para os filhos. O exemplo dos pais com o leitores é singular.). sob a devida supervisão dos pais ou responsáveis. etc. ao m esm o tem po em que se exercita essa prática. U m b om planejam ento do tem po fará com que m etas de leitura elevadas possam ser estabelecidas ao longo do ano. A s bibliotecas são excelentes espaços de leitura. 2EIKENBERRY. de estantes. líderes e m em ­ bros de igrejas podem se unir para a criação de um a sala de lei­ tura na igreja. Eikenberry acrescenta ainda:2 ♦ Ouvir quando não puder ler.0 Desenvolvimento do Hábito de Leitura p ara os Líderes Cristãos na Atualidade esquecendo de que não é apenas a quantidade. A grande diversidade de livros. m esas e cadeiras. com cantinhos de leitura devidam ente adaptados às suas condições. O s m em bros do grupo motivam-se entre si para ter­ minar o livro. ♦ Participar de eventos que promovam a leitura. ♦ Aderir a um grupo de leitura ou clube do livro. O ambiente deve ser bem ilum inado e fresco. Dez maneiras de fortalecer seu hábito de leitura. / ezinearticles. Participar de rodas de leitura. 2002. • 77 . Outras possibilidades e m eio para o desenvolvimento do hábito de leitura podem ser: ♦ Criar salas (espaços) de leitura nas igrejas.com >. Acesso em 2 3/09/2009. Pastores. O s grupos de leitura se reúnem geralmente um a vez por m ês para discutir o livro que decidiram ler. H á grandes versões de livros em áudio que podem ser ouvidas no carro ou com o uso de aparelhos de M P3. culminando com um bom m om ento de discussão e socialização de críticas e conhecimentos. 2009. possi­ bilitará um a condição adequada para o cultivo do hábito de ler. E ssas versões podem ser adquiridas em livrarias ou baixadas pela internet em diversos formatos. ♦ Visitar bibliotecas. agregado ao ambiente propício. Disponível em <http:. feiras de livros. Para isso se faz necessário um a m obilização para a aquisição de livros por com pra ou doações. Kevin. E ssas salas de leitura devem tam bém contem plar as crianças. palestras e outras atividades semelhantes são tam bém um fator positivo para o cultivo do hábito de ler. m as a qualidade com que se lê que im porta. leitura de form ação pessoal (Bíblia). A s ações acim a são esforços conjuntos que transformarão a indiferen­ ça em desejo de ler. clara. de gosto estético. na verdade. precisa e objetiva. ler é mais do que a decodificação de sím bolos. Leituras literárias. Universidade Federal de Sta. não haverá recurso financeiro disponível para o investimento na aquisição de livros e de outras obras e recursos literários. com um a linguagem científica. RS. 2. e a for­ m a com o este utiliza esses conhecim entos. M atos3 classifica os tipos de leitura em: • • • • Leituras de inform ação (jornais. Patrícia. Leituras acadêm icas. é falta de b oa administração. 4 Idem. mais competências para a leitura se adquirem. Maria: Santa Maria. O que m uitas vezes se chama da falta de recursos. E m term os de geração de n ovos con hecim en tos. que têm com o objetivo a instrução sistemática. revistas de divulgação). 43. Sem um b om planejam ento pessoal. M ato s4 afirm a que as leituras acadêm ica e literária ganham m ais im portân cia sobre as dem ais. e o desejo em possibilidade e realidade concreta. Salo­ m on relata que: 3 MATOS. Dissertação (mestrado em Administração). p.O LÍDER CRISTÃO E O HÁBITO DE LEITURA • Investir na formação escolar. 3. 1994 apud COSTA. 78 . À m edida que se avança na formação escolar. Ler é compreender. o líder precisa ler constantemente. Leituras de passatem po (revista em quadrinhos. C om o A p e r f e iç o a r a P r á t ic a d a L e it u r a Para o seu desenvolvimento. rom ances). 2006. Hábito de leitura e compreensão de textos: uma análi­ se da realidade de pós-graduados em Administração. Os T i p o s d e L e it u r a Tendo por base os diversos níveis de conhecim ento do leitor. • Planejar o orçamento pessoal. acadêmica e continuada. C om o já se pode perceber. acadê­ mica e continuada. é rápido. Ler com objetivo determinado. repassa detalhes. Só ter um ritmo de leitura. 50. Relata rapidamente as ideias en­ contradas numa frase ou num parágrafo. Se livro cien­ tífico para guardar detalhes. Se lê uma novela.6 P artindo desses p rin cípios. Ex. responde a questões. resu ltado de su as experiên ­ cias e ob servações. J SALO M O N. à m edida que sabe selecionar o que deve ler é que desen­ volve um a m aior velocidade e o m aior proveito possível. Ler palavra por palavra.s A constante atualização é um a necessidade para os líderes na atualida­ de. o sentido de um grupo de palavras. p. Frequentemente tem de reler as palavras. p. Ter vários padrões de velocidade. lê mais devagar para entender bem. Seja qual for o assunto. 8 Ibidem. assin ale-os . Pega o sentido da palavra isoladamente. e elabora um quadro com parativo. a necessidade de se obterem as informações exatas no lugar e no momento oportunos e a de aperfeiçoamento profissional. textos e outros recursos que exigem leitura e estudo. 2. Raramente sabe por que lê. 79 .8 para logo ap ó s estabelecer o esqu em a das n ecessid ad es reais para o desenvolvim ento do hábito de leitura veloz e prod ucen te: B om L eitor O bom leitor lê rapidamente e entende bem o que lê. C om o leitor. num relance. lê sempre vagarosa­ mente. cujo processo é comunicado nos livros. no intuito de p o ssib ilitar um a autocrítica do leitor em term os qualitativos. 3. Abarca.O Desenvolvimento do Hábito de Leitura p a ra os Líderes Cristãos na Atualidade Investigações já foram feitas e concluíram que o sucesso nas carreiras e atividades do mundo moderno está em relação direta com o hábito da leitura proveitosa: há. Ajusta a velocidade da leitura com o assunto que lê. Salo m o n 7 classifica os leitores em b on s e m aus.: aprende certo assunto. 2004. p. no mínimo. 7Idem. E s­ força-se para juntar os termos para poder en­ tender a frase. 3. A su gestão é que o quadro seja lido p au sad a­ m ente um item de um a coluna e logo a seguir o correspon d en te na outra coluna. 50. Ler unidades de pensamento. 6 Idem. 2. Tem hábitos como: 1. Tem habilidades e hábitos como: 1. À m ed id a que for identificando p o n to s p o sitiv o s e p o n ­ tos n egativos. Ler sem finalidade. 52. M au L eitor O mau leitor lê vagarosamente e entende mal o que lê. dos subtítulos encontrados na página de rosto. prefácio. Tem dificuldades de entender a definição das palavras e em escolher o sentido exato. bibliogra­ fia citada. E frequentemente levado a adquirir livros secundários em vez dos fun­ damentais. 7. Formado. o sumário. 9. Discutir frequentemente o que lê com co­ legas. 6. Sabe usar dicionário e o faz frequen­ temente para esclarecer o sentido de certos termos. derivam da autoridade do autor. Sabe selecionar o que lê. e não apenas na capa. 7. dos lugares comuns. Avaliar o que lê. É capaz de perceber o sentido das palavras novas pelo contexto. As vezes é capaz de adquirir “metros de livro” para decorar a casa. S. Formado. 4. continua alimentando a sua biblioteca e restringe a aquisição dos chama­ dos “compêndios”. E comum até ignorar o autor. etc. 8. Para ele tudo o que é impresso é verdadeiro. Quando o faz. sem perda de tempo e da continuidade. Nun­ ca julga criticamente o escritor ou seu ponto de vista. atrapalha-se em achar a pa­ lavra. Raramente consulta o dicioná­ rio. Possuir bom vocabulário.O LÍDER CRISTÃO E O HÁBITO DE LEITURA 4. Pergunta-se frequentemente: Que sentido tem isso para mim? Está o autor qualificado para es­ crever sobre tal assunto? Está ele apresentando apenas um ponto de vista do problema? Qual é a ideia principal deste trecho? Quais são seus fundamentos? 5. N ão possuir biblioteca particular. Raramente confronta o que lê com suas pró­ prias experiências ou com outras fontes. Tem o hábito de ir direto às fontes. Possuir vocabulário limitado. Jamais seria capaz de decidir entre leitura e simples consulta. apenas por questões subjetivas. Nunca ou raramente lê a página de rosto do livro. Sabe quando consul­ tar e quando ler. Sabe que a primeira coisa a fazer quando se toma um livro é indagar de que se trata. Sabe o que muitas palavras significam. o prefácio. 9. dos preconceitos. procura os livros de tex­ to indispensáveis e se esforça para possuir os chamados clássicos e fundamentais. deixa-se levar por impressões subjetivas e emocionais para defender um ponto de vista. mesmo depois de terminada a leitura. Não saber decidir se é conveniente ou não interromper uma leitura. Quando estudante. Não possuir nenhum critério técnico para conhecer o valor do livro. das tiradas eloquentes. a bibliografia. Ou lê todo o livro ou o interrompe sem crité­ rio objetivo. por meio do título. Adquirir livros com frequência e cuidar de ter sua biblioteca particular. Seus argumentos. geralmente. Deixa-se sugestionar pelo aspecto material do livro. Em se­ guida lê os créditos do autor. edição do livro. 80 . Sabe quando e como retornar à leitura. Quando é estudante. Começa a ler a partir do primeiro capítulo. não sabe o que representa o hábito das “boas aquisições” de livro. de ir além dos livros de texto. Raramente discutir com colegas o que lê. antes de iniciar a leitura. só lê e adquire compêndios de aula. Sabe o sentido de poucas palavras. Saber quando deve ler um livro até o fim e quando interromper a leitura definitiva ou pe­ riodicamente. sumário. “orelha” do livro. Não consegue selecionar o que vai ler. Sabe distinguir entre impressões subjetivas e valor objetivo durante as discussões. da moda. Nunca relê uma rrase para pegar o sentido de uma palavra difícil ou nova. no momento oportuno. 8. Acreditar em tudo que lê. Quando o faz. Tem inte­ resse em fazer assinaturas de periódicos cien­ tíficos. 6. Só depois é que se vê em condições de decidir pela conveniência ou não da leitura. Ter habilidade para conhecer o valor do livro. • Procurar ler sem pre no m esm o local e horário. etc. Caberá a cada leitor descobrir a posição mais confortável. 55. Lê livros. Em áreas diversas: ficção. São elas: • Encontrar um ambiente sossegado ou adequado ao discernim en­ to do leitor. fadiga e outros incôm odos. C aso contrário. E constantemente mau leitor. seja silenciosa seja oral. Lê sempre que pode. sendo a mais indicada ficar assentado. • Verificar se a iluminação atende às necessidades. 81 . E bom leitor porque desenvolve uma atitude de vida: é constantemente bom leitor. • Utilizar o livro num ângulo próxim o de 90 graus com o tórax. Ler pouco e não gostar de ler. 12. Ler muito e gosta de ler. 11. porque se tra­ ta de uma atitude de resistência ao hábito de saber ler. com o propósito de condicionar o organism o (obviamente. provoque sono. ciência. • O bservar se a visão. 0 mau leitor não se revela apenas no ato da leitura. um a visita ao m édico é recomendável. Além da exposição do quadro acima.O Desenvolvimento do Hábito de Leitura p a ra os Líderes Cristãos na Atualidade 10. história. Não só lê. Ler assuntos vários. form ando a parte traseira das pernas com o chão um ângulo quase reto. evitando o conta­ to direto dos olhos com os raios de luz. 9 Ibiderrij p. fisiológicas e psíquicas necessárias para um b om desem penho do leitor. 10. Habitualmente nas áreas de seu interesse ou especialização. mas sabe ler. isso não elimina a po ssib i­ lidade de leitura em outros ambientes e espaços). 12. Acha que ler traz informações e causa prazer. jornais. Estar condicionado a ler sempre a mesma espécie de assunto. Salom on9 indica algum as condi­ ções físicas. revistas. audição e respiração estão funcionando nor­ malmente. Acha que ler é ao mesmo tempo um trabalho e um sofrimento. a um a distância de aproxim adam ente 30cm dos olhos. 11. desde que não lhe cause prejuízo ao corpo. • O bservar a posição correta do corpo. 0 bom leitor é aquele que não é bom só na hora da leitura. as condições acima. 43. o prazer de 1er. 82 . acima de tudo. prom overão todos os benéficos oriundos da b oa leitura. Severino1 1 elaborou um roteiro. para ter contato com o conjun­ to do pensamento do autor e uma segunda leitura. • Leitura analítica (visando à com preensão precisa e clara da argu­ m entação). • Leitura crítica (penetração profunda). Nesta fase deve-se procurar tirar as dúvidas de conhecimento de palavras ou conceitos. associadas a um b om texto. Inicia-se com a determinação do tema: consiste em identificar sobre o que fala o texto. A análise propriamente dita compreende a definição de partes lógicas do texto. • L er com propósito definido e com determinação. N o intuito de preparar o leitor para um a leitura m ais eficiente em ter­ m os de textos científicos. tendo por objetivo a obten­ ção de inform ações gerais do conteúdo. Tratando-se de leitura acadêm ica e literária. com possibilidade de avaliar o texto cientificamente. bem como procurar entender as afirmações principais de cada texto. 10 Ibidem. dividindo-o em partes. diagonal). Pro­ moverão. 2002 apud Ibidem. em que se tenta esquematizar o texto e fazer a análise propriamente dita. por meio de consultas a dicionários ou literatura especí­ fica. N o cultivo do hábito de leitura. Leitura rápida (dinâmica.O LÍDER CRISTÃO E O HÁBITO DE LEITURA • L er livre de pensam entos inquietantes e preocupantes. que p o s­ sam obstruir a dinâmica da leitura. 1 1 SEVERINO.44. Isso é feito em duas fases: uma leitura rápida. Nem sempre a simples menção do título traduz o tema contido no texto. conform e quadro abaixo: Introdução O leitor deve procurar reproduzir um esquema básico. com o propósito de avaliar a lógica interna e contribuição específica. p. M ato s10 estabelece quatro passos: • • Pré-leitura (para visão global do texto e de sua estrutura). o leitor deve formular essa afirmação (Ex: Neste trabalho o autor pretende demonstrar que. Em certos casos há menção direta. contracapas e orelhas fornecem inform ações sobre o livro e o autor. nem sempre aparece como uma pergunta direta. Quanto aos objetivos: trata-se de identificar aquilo que o autor faz no texto. em que o lei­ tor apresenta suas próprias ideias a respeito do que fez o autor. não. aquilo que o autor faz no texto. algo que ele pretende demonstrar no texto.. ao longo de todo o texto. como vê a problemática e mesmo se tem ideias divergentes sobre o tema ou sobre o problema.. ideia geral da obra. Objetivos Afirmações Afirmações secundárias Avaliação Para obter um m aior aproveitamento da leitura. na apresentação e na introdução. a qual vai procurar resolver ao longo do texto. Nesse caso. 83 . D essa form a. podendo estar mais ou menos explícito no texto introdutório. Evidentemente. Trata-se de identificar um conjunto de informações derivadas da primeira. Severino12 dá um a orientação sobre a necessidade de conhecer o texto antes do início da lei­ tura. de forma sintética. muitas vezes. A s capas. sua demonstração.). com o se desenvolverá. podendo ser exemplos que apresenta. E o momento. casos que ele captou da literatura que leu para fazer o trabalho) e evidências apresentadas pelo autor. Nesta fase o leitor deve procurar avaliar o processo de trabalho do autor. Caberá ao leitor identificar essa pergunta (muitas vezes apenas implícita) e formulá-la. o leitor deverá identificar pelo menos dois aspectos que o autor põe em relação. Também. tabelas. caben­ do ao grupo identificar. a que público específico é direcionado e quais conhecim entos são neces­ sários para lê-lo. em outros. os dados que ele usou. Essa é a forma de demonstrar como ele vai construindo a sua demonstração sobre a afirmação principal que tenta “provar” no texto. serão conhecidos os objetivos por que o texto foi escrito. 1 2 SEVERINO. Buscar identificar uma ideia central defendida pelo autor.O Desenvolvimento do Hábito de Leitura p ara os Líderes Cristãos na Atualidade Problema Trata-se de identificar qual o problema de conhecimento que o tex­ to aborda. isso não é um dado. procurando tam­ bém apresentar a própria concepção do grupo sobre a problemática analisada pelo autor. como resultado do esforço de demonstração do autor. é preciso estar atento ao sum ário do livro. ela aparece diretamente. que em razão da maneira com o os capítulos e tópicos estão dispostos poderá passar umq. 2002 apud Ibidem. pois nem sempre está presente. N o prefácio. comparando-a com outras realidades ou com a opinião do próprio grupo. nas primeiras partes do trabalho. Em outros casos. tal como estivesse fazendo uma pergunta (problema). Nesse caso. Deve-se procurar identificar no texto. E importante destacar “dados” (que não se res­ tringem a números. apenas terminada a análise de um a unidade é que se passará à seguinte”.O LÍDER CRISTÃO E O HÁBITO DE LEITURA D ados esses passos. é prioritário delimitar a unidade de leitura.. que é “um setor do texto que for­ m a um a totalidade de sentido [.. deve se feita por etapas.1 3 O s líderes cristãos. na qual seus filhos espirituais ( l Tm 1. p. quanto ao desenvolvimento do hábito de leitura. 1 Jo 2. 45. um a vez tom ada a decisão de iniciar a leitura. 1 3 Ibidem.] Pode-se considerar um capítulo. uma seção ou qualquer outra subdivisão [que form e um a unidade].1) estão inseridos.2. 84 . podem tam bém influenciar positivam ente os seus filhos e a igreja. ou seja. além de bons leitores. Q uando feita para fins de estudo. na qual os aspectos quantitativos e qualitativos devem ser contem plados. em especial o livro. Conhecer e entender o m undo por interm édio da O propósito desta obra foi prover fundam entos para o incentivo do desenvolvimento do hábito de leitura entre os líderes evangélicos . exigem dos líde­ res evangélicos brasileiros a busca por um m aior volum e de leitura. mas.C o n c lu sã o brasileiros. m ovido por ideias que nem sempre se m anifestam nos atos. Para isso é necessário partir da sim ples decodificação de sím bolos. e avançar em direção à leitura crítica de textos. discursos e enunciados. acima de tudo. U m a com preensão clara do ato de ler se torna extremamente neces­ sária. o volume de pesquisas. A leitura do m undo não se limita ao caráter m eramente discernidor ou informativo. distante da passividade com um em mentes e seres que foram dom ados no sentido de se tornarem m eros reprodutores do que ouvem ou leem. A s transform ações sociais e culturais que a atuali­ dade nos apresenta — com uma velocidade e form a sem precedentes — . com o ponto de partida para a form ação de bons e habituais leito­ res. transformador. considerando os baixos índices percentuais das pesquisas so ­ bre a leitura no Brasil. descobertas e inform ações divulgadas pelos mais diversos m eios e suportes de leitura. que culminará com o de-« senvolvimento do saber ler o mundo. precisa se tornar um prazer. a saúde em ocional e psíquica. São Paulo: Martins Fontes. É necessário conhecer e aplicar m étodos que proporcionarão um a leitura m ais produ ­ tiva. O líder e os liderados. O conhecim ento de alguns aspectos da presença e im portância da lei­ tura no decorrer da história nos possibilitou a percepção não apenas de sua im portância nos processos de desenvolvimento das civilizações e na vida de seus líderes. N ão basta apenas desejar e passar a ser um leitor habitual. vibra. 86 . exclusões. ri. p. o ser gente. se indigna. a apropriação dos bens culturais. perceber nele o seu poder libertador. 43. sente. ed. Délcio Vieira. m orais e sociais de n ossos dias. 1 SEVERINO. N a liderança cris­ tã estão envolvidos a proclam ação do evangelho e o aperfeiçoam ento da igreja por m eio de um ensino bíblico. chora. um a vez revelados.O LÍDER CRISTÃO E O HÁBITO DE LEITURA leitura é essencial para a transform ação deste mundo. muito além de um a necessidade. e não m eros identificadores das mazelas espirituais. 11. Para isso. é interessante seguir algum as diretrizes já pesquisadas e ex­ perim entadas. Ler envolve o ser como condição presente. o ser humano. Ler. o estímulo e saúde mental e a com unhão com as grandes mentes. O interesse pela leitura tende a crescer quando se sabe que. 51-55. poderão influenciar p o ­ sitivamente na tom ada de um a consciência sobre a necessidade de ler. Ler envolve. o enriquecim ento do vocabulá­ rio. 2004. dessa forma. em briagados pelo desejo de poder e domínio. Metodologia do trabalho científico. Antônio Joaquim. O pra­ zer de ler será descoberto ou ampliado à m edida que o leitor. discrim inações e explorações. o hábito de leitura p ro­ porciona o desenvolvimento intelectual. 1 SALO M O N. Como fazer uma monografia. contextualizado e relevante. m as tam bém a constatação de que os detentores do saber oriundo da possibilidade e do hábito de leitura. em vez de se torna­ rem agentes libertadores e em ancipadores de si m esm os e de seu próximo. à m edida que discernem a realidade e proclam am as Boas N ovas. o ser-mais. entende. p. injustiças. mais envolve tam bém o ser possível ou o vir-a-ser. a fluência verbal. ed. emotivos e sensoriais do indi­ víduo. O s benefícios da leitura. 44. com o as de Salom on 1 e Severino2. precisam ser agentes transform adores. a inform ação e o conhecimento. ao m esm o tem po em que se emociona. 2002. além da em an­ cipação crítica e da autonom ia com o indivíduo. em sua intera­ ção e diálogo com o texto. os aspectos cognitivos. 22. prom overam e acentuaram as contradições. São Paulo: Cortez. um a vez que esta obra é direcionada para os líderes evangéli­ cos. 87 . em termos empíricos. o desenvolvim ento e a aplicação dos benefícios do hábito de leitura. na vida de hom ens que influenciaram e que m arcaram a história da igreja. para que os objetivos aqui expostos possam ser alcançados em toda a sua pleni­ tude. mediante o uso de diferentes instrumentos de análise quantitativa e qualitativa. não teríam os o êxito desejado se não buscássem os na Bíblia e no perí­ odo pós-bíblico. A produção de obras literárias cristãs que incentive a leitura deverá crescer proporcionalmente à m edida que tais pesquisas se realizarem. E necessário que novas pesquisas sejam realizadas sobre o hábito de lei­ tura entre a liderança evangélica brasileira.Conclusão Por fim. os fundam entos e os exem plos necessários para a busca. 1972. M aria Yvonne Atalício de. B ÍB LIA . ed. Á tica/U N E SC O . ago. 21. H istória & livro e leitura. Filipe. 7. Fernando. 2007. Português. ed. Lisboa. avaliação e desenvolvim en­ to. Peter. 2006. Tradução de L éo Schlaman. W O O LF. Tadução de Valter Lellis Siqueira. 2005. ed. N ova escola. 2005. BRO W N . Laurence.R e f e r ê n c ia s B ib l io g r á f ic a s A L L IE N D E . Portugal: E dições 70. M abel. A cesso em 2 3 /0 9 /2 0 0 9 . A B íblia sagrada. Tradução de Jo ão Ferreira de Alm eida. R io de Janeiro: Record. BA R D IN . 2007. Santo Agostinho: um a biografia. B E N C IN I. 14M an eiras de cultivar o hábito de ler. Barueri. BE LO . 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John Maxwell.Verdades eternas so b realiderança ■ f lK i O Coração e a Mente do Líder John Maxwell “A capacidade de um líder de realizar algo ex­ traordinário para Deus começa em seu coração e em sua mente. com exemplos que ensinam verdades eternas sobre a liderança.” . Cód. b r . Descubra o caminho certo para se tornar um grande homem de Deus. co m .: 170618/ 14x2Icm/ 160 páginas CWD w w w . cp a d . propondo dicas de como aperfeiçoar essa prática. e especificamente para os pastores da atualidade. inclusive a pastoral. a importância da leitura para a liderança no contexto bíblico e cristão. apresenta um pano­ rama da história da leitura desde a antiguidade. é dirigida a todos os que cultivam o hábito da boa e proveitosa leitura. Afinal. aborda a importância da leitura a partir da perspectiva de autores não-cristãos e cristãos. mesmo com todo o desenvolvimento das tecnologias de informação. Mas como ler com pro­ veito? E como encontrar a boa leitura? Essas são algumas das ques­ tões que o pastor Altair Germano aborda em sua obra O Líder Cris­ tão e o Hábito de Leitura. v . O autor trata do conceito de leitura. com o objetivo de conscientizar os líderes acerca da importância da leitura. revelados. no mundo contemporâneo a constante atualização é indispensável para o sucesso em qualquer atividade. o autor mostra que nada substitui a importância des­ sa prática. poderão influenciar positivamente na tomada de unia consciência sobre a necessidade de lei:’’ Embora talhada com os rigores da academia. Ciente de que a resistência à leitura é uma realidade."O s benefícios ila leitura. uma vez.
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