O Corpo Incerto. Francisco Ortega

March 22, 2018 | Author: nuila | Category: Subjectivity, Human Body, Books, Science, Philosophical Science


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o corpo incerto. o corpo incerto corporeidade. tecnologias médicas e cultura contemporânea Francisco Ortega . CATALOGAÇÃO-NA-FONTE DO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS O88c Ortega.br  Revisão Nina Barbieri Capa Renata Negrelly sobre ilustração de Andreas Vesalius Editoração Eletrônica Renata Negrelly CIP-BRASIL.7 . 2. Inovações médicas.Cep 20251-021 Rio de Janeiro. I. Inclui bibliografia ISBN 978-85-7617-140-9 1. 79 3º andar .Copyright © Francisco Ortega Editora Garamond Ltda Rua da Estrela. Imagem corporal. Brasil Telefax (21) 2504-9211 e-mail: editora@garamond. . Beleza física. 08-0589.com.Rio de Janeiro : Garamond. tecnologias médicas e cultura contemporânea / Ortega Francisco. Corpo humano. 1967O corpo incerto : corporeidade. RJ. 256p. 2008. 4. Título. 14x21cm. 3. Francisco. CDD: 306 CDU: 316. sempre me animou a acabar este livro. e ao meu irmão. A meu amigo. . um novo começo. A meu amigo e colega. Nájla. Muitas idéias derivam de nossos cursos e discussões. pelo carinho e apoio. pelos momentos felizes. Célia. pela gentileza de ceder algumas imagens usadas neste livro. que no momento necessário está sempre presente. Last but not least. pela inspiração constante e pela amizade. que me faz sentir em casa. e pela hospitalidade pernambucana. Nájla. Bethânia. do Instituto Max Planck de História da Ciência de Berlim. pela disponibilidade e ajuda prestada. A meu amigo Fernando Vidal. Pepe Duran. A Mechthild Fend. A Bernard Andrieu. André e Nagib. A Susan Aldworth. Gostaria de agradecer a uma série de pessoas que de uma maneira ou outra contribuíram para a realização deste livro. Aos amigos. do Instituto Max Planck de História da Ciência de Berlim. e aos funcionários do Instituto. Aos doutores Waldir Leopércio Junior e Gabriel Treiger. Jurandir Freire Costa. Marcelo Land. presentes na distância. Aos amigos Beni. Marcelo e Nando. A minha esposa e companheira. especialmente. A Lilian Krakowski Chazan. pela ajuda quando o corpo me fez interromper a escrita deste livro. colegas e alunos do Instituto de Medicina Social da UERJ e do Programa de Pesquisas da Ação e do Sujeito (IMS-UERJ – PEPAS). A meu amigo. Luis. A minha mãe. da Universidade de Nancy. especialmente a meu amigo e colega Benilton Bezerra Jr. pela leitura cuidadosa de alguns dos textos e pelas ótimas idéias. Claudia. pela sua ajuda fundamental na preparação das imagens deste livro. pela leitura atenta de partes do livro. Antonia. Gabi. pelo apoio e estímulo constante e pela vida compartilhada. à Divane.A minha filha Luisa. que me forneceu um acesso ao material sem o qual este livro não existiria. lugar de pesquisa privilegiado. . Nosso corpo é o exemplo mais destacado do ambíguo. William James . . sumário 11 Introdução 17 Do corpo submetido à submissão ao corpo 55 Modificações corporais na cultura contemporânea 69 O corpo transparente: para uma história cultural da visualização médica do corpo 187 O corpo entre construtivismo e fenomenologia 231 Referências bibliográficas . . 11 o corpo incerto introduÇÃo . 12 O CORPO INCERTO . Trata-se de analisar os efeitos. Uma suspeita do corpo que se transfigura em “pavor da carne”. nas quais a ambigüidade corporal se apresenta. a abjeção. na subjetividade. até formas mais radicais de modificações corporais. as cirurgias plásticas. um continente virgem a ser conquistado. receio. até os diversos projetos . em especial. escolhida como lema deste livro. neste contexto. a arte corporal. angústia. do que se vem chamando de culto ao corpo. e. das quais a mínima gordurinha é digitalmente eliminada. que abarcam desde o fisiculturismo. desconfiança da materialidade corporal e desejo de sua superação. ou de cultura somática. o fato paradoxal de que o aumento de controle e atenção sobre o corpo produz uma maior incerteza sobre ele. deve ser entendida como rejeição corporal da corporeidade. Os textos que compõem este volume refletem sobre essa situação e procuram mapear instâncias diferentes. Assistimos a numerosas tentativas de mudar o corpo. que incluem amputações voluntárias de membros. de personalizá-lo. que encontramos em vários modelos corporais de nossa cultura: desde os ideais descarnados de pureza digital das modelos fotográficas. No fundo. descreve de maneira precisa o estatuto do corpo na cultura contemporânea. e se podemos melhorá-lo e possuímos a tecnologia e os recursos suficientes. insegurança e mal-estar para muitos: aceitamos apenas o corpo em transformação. por que não aperfeiçoá-lo? Precisamente devido à sobrevalorização e ao enorme investimento simbólico que vem sofrendo. O corpo tornou-se o espaço da criação e da utopia. poucos estão totalmente satisfeitos com o corpo que têm. o corpo tornou-se objeto de desconfiança. em mutação constante. O corpo é o abjeto. A observação de William James.INTRODUÇÃO 13 “Nosso corpo é o exemplo mais destacado do ambíguo”. O virtual não é mais o oposto do real. levando a ultrapassar os limites entre o corpo real e o virtual. aparece como seu prolongamento. associado ao desenvolvimento de anatomias e clínicas virtuais. Trata-se de um corpo construído. despojado de sua dimensão subjetiva. . a longa tradição do pensamento ocidental de desprezo do corpo e de separação da mente e do corpo. se adequa a uma prática médica cada vez mais digitalizada. O corpo obsoleto da arte carnal encontra o corpo obsoleto produzido pelas tecnologias de visualização médica. inteligência artificial. na tecnobiomedicina contemporânea. presente em diversas variantes do construtivismo social que rejeitam a sua materialidade e experiência subjetiva. Analogamente. Este último milita pela obsolescência do corpo e a superação das limitações que a corporeidade nos impõe. os corpos são progressivamente virtualizados. a visualização médica e os debates sobre o corpo – refletindo sobre os elementos comuns e alertando sobre os riscos éticos e psicológicos envolvidos no desprezo da corporeidade e seus efeitos na construção subjetiva. Este livro transita por esses campos diversos – o culto ao corpo. O uso crescente de novas tecnologias de visualização. Acreditamos que uma certa desconfiança e ansiedade frente a nossa corporeidade estão operando tanto em diversos ideais de corpo disponíveis na nossa cultura. em concorrência com a materialidade real do corpo físico. e o corpo é basicamente uma imagem que se apresenta dotada de materialidade. prolongando.14 O CORPO INCERTO em realidade virtual. assim. as modificações corporais. descarnado. pós-humanismos e a arte carnal de Orlan e Sterlac. como no corpo fornecido pelas tecnologias médicas e nas reflexões de múltiplas versões de construtivismo. Também nos debates acerca do estatuto do corpo reencontramos esse mesmo modelo descarnado.
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