O Consórcio Modular e Condomínio Industrial

March 31, 2018 | Author: natalymachado | Category: Supply Chain, Industries, Logistics, Supply Chain Management, Car


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Mariana C.da Silva Nataly Machado Pereira Curso Logística Turno 5° semestre Noturno O Consórcio Modular e Condomínio Industrial Diferencias e estratégias dentro da SCM Trabalho de Graduação do Curso Superior de Tecnologia em Logística, apresentado à Faculdade de Tecnologia da Zona Sul – Fatec Zona Sul, sob a orientação do Prof.(o) Profº Luiz Claudio Gonçalves, como exigência parcial para conclusão do curso de Tecnologia. São Paulo 2012 Diante da necessidade surgiram novos termos. práticas de produção e arranjo como global sourcing. A lógica de enxugar cada vez mais a produção vai além das fronteiras de cada empresa. Enxergar a cadeia produtiva como nos livros antigos. redução de desperdícios. onde as fronteiras dos mercados não são as mesmas fronteiras que dividem países e continentes. Mas para que este enxugamento aconteça é preciso investir em integrações interempresariais em níveis nunca antes observados. Todos os envolvidos na cadeia interagem de tal maneira que podem ser vistos como um único organismo em busca da excelência no processo produtivo. em busca da redução de custos dos processos. onde todos os fornecedores concorrem em todos os níveis. que estão crescendo a cada dia. consórcio modular. follow sourcing. verificando a cadeia como um todo. as empresas de um modo geral estão sendo obrigadas a reverem seus conceitos de organização e produção. condomínios industriais e sistemistas. 2 . adotando novas metodologias e inovações. redução do tempo e do transporte.____________________________________________________________________________________ Fatec Zona Sul Introdução Em um mundo globalizado. não é mais uma prerrogativa. Com isso. considerando o todo (cadeia produtiva) para obter seus objetivos. adicionando valor ao produto e oferecendo o melhor ao consumidor final. que envolvem toda a cadeia produtiva e concorrem com outras unidades virtuais de negócios. integrando toda o processo produtivo visando o consumidor final. enquanto que o SCM foca sua energia nas unidades virtuais de negócios. o SCM visa a customização em massa. desenvolvimento de novas competências. enquanto o SCM faz uso da estratégia e antecipação das mudanças. Contrariando o tradicional trabalho de Porter sobre a concorrência. 3 .____________________________________________________________________________________ Fatec Zona Sul Gestão da Cadeia de Suprimentos (SCM) Conceitualmente a gestão da cadeia de suprimentos (SCM) pode ser considerada uma visão macro. de fato. otimizado. que cada uma das unidades virtuais de negócios deve ter como objetivo a competitividade de seu produto perante o consumidor final e com o desempenho da cadeia produtiva como um todo. a capacidade produtiva e integração vertical para tomada de decisões. O modelo tradicional operacionaliza e apenas reage às mudanças. Enquanto o tradicional prega um mercado competitivo baseado em gerenciamento local e regional. atualizada e holística da administração de materiais tradicional. flexibilidade. busca-se a potencialização da sinergia entre todas as partes da cadeia produtiva. A cadeia de suprimentos revolucionou paradigmas competitivos. hoje podemos observar unidades virtuais de negócios. Se no modelo tradicional de administração de materiais a preocupação era com a produção em massa. reduzindo custos. o SCM busca o gerenciamento global. o tradicionalismo considera os custos de produção. Para o tradicionalismo. estratégia competitiva. no nível das cadeias produtivas e não apenas no nível das unidades de negócios isoladamente. O modelo enfatiza. novos negócios e oportunidades) para tomada de decisões. em termos práticos. as unidades de negócio são o foco para vantagem competitiva. Atualmente podemos analisar a cadeia como um organismo único. Na análise tradicional sobre “fazer” ou “comprar”.considerando que a competição no mercado ocorre. enquanto o SCM considera os parâmetros produtivos múltiplos envolvidos (custos. Dessa forma. o sistema de recursos humanos. Alguns modelos compartilham. sistema de segurança e outros. fazendo com que o sistema de entrega de mercadoria seja de acordo com o planejamento de produção. Surgem as infraestruturas de condomínio industrial e consórcio modular. A vantagem do condomínio industrial é a proximidade dos fornecedores à empresa. é possível ter uma redução de custo considerável em relação à administração de materiais das empresas. É possível visualizar os fornecedores ao redor da planta da matriz fabril. até mesmo. dentro do condomínio industrial. empresas passaram a agregar valores a seus produtos. Desta forma. 4 . A utilização de recursos como refeitórios. áreas culturas. pela sua abrangência. não sendo necessário à empresa montadora a manutenção de estoques e armazéns. o custo de transporte e distribuição é reduzido. É verificável que. a matriz fabril divide os custos com os fornecedores. porque o percurso não será extenso. Com toda a estruturação logística em pauta.____________________________________________________________________________________ Fatec Zona Sul Condomínio Industrial e Consórcio Modular Diante dos conceitos apresentados. Este tipo de configuração para produção deixa a gestão de estoque em responsabilidade do fornecedor. reduzir custos e serem mais competitivas. é possível verificar que o ramo de logística empresarial. é fonte de grandes oportunidades e inovações. ficando a parte da empresa somente a inspeção final de produto e auditoria. O consórcio modular. Este sistema faz com que a matriz fabril seja totalmente dependente de seus fornecedores. anteriormente a cargo da montadora. O sistema de gestão da informação 5 . a matriz fabril. o processo decisório é mais apurado. mas o foco na otimização de processos e obtenção de novas oportunidades é o mesmo. a matriz fabril deve incluir os mesmos no planejamento estratégico. A matriz fabril não tem funcionários na linha de produção. o processo decisório vai mais além do condomínio industrial. A responsabilidade de continuidade da linha de produção está integralmente nas mãos dos fornecedores. Com isso. todo processo decisório ocorrido dentro da empresa tem a participação dos mesmos. desenvolvimento de produto e planejamento da produção. Um ponto importante neste conceito é a estruturação de recursos humanos. porque a empresa coloca na mão de seu fornecedor a responsabilidade da linha de produção. O conceito estabelecido pressupõe a transferência para um pequeno número de fornecedores. ou seja. de primeira linha.____________________________________________________________________________________ Fatec Zona Sul O conceito de consórcio modular é diferente. Por ser mais complexo e altamente dependente de seus fornecedores. Cada fornecedor é alocado em módulos. onde serão responsáveis em inserir suas mercadorias dentro da linha de produção. da maior parte das operações de montagem. Todas as empresas têm os cargos e salários tabelados. Na figura a cima é apresentado o conceito de consórcio modular. isso para não ocorrer rotatividade de efetivo entre as empresas fornecedoras. Desta forma. somente na parte de inspeção e auditoria. as empresas fornecedoras têm que praticar todas as solicitações da empresa mãe. condomínio industrial e consórcio modular. 6 .____________________________________________________________________________________ Fatec Zona Sul também se torna complexo neste conceito. cada empresa deve avaliar suas oportunidades. apresentam origem e foco equivalentes. Seja qual for o ramo de negócio. A figura a baixo representa a estruturação dos conceitos O ramo de logística mostra-se bastante eficiente na colocação prática de seus conceitos básicos. Ambos os conceitos. ficando a cargo dos fornecedores a disponibilização dos kits pré-montados no momento certo. sua área industrial fica somente a 3 km do Pólo Petroquímico. onde seus fornecedores de 10 nível são instalados ao redor da planta da montadora. leva-se cinco dias. 7 .a empresa já alcançou o segundo mais alto nível de qualidade. A linha de produção da empresa é composta de funcionários próprios. Em números. local certo e na condição perfeita. foi inaugurado em outubro de 2001. A logística de saída dos carros produzidos na fábrica para os principais mercados consumidores e portos é um desafio que precisa ser vencido para que Camaçari melhore sua competitividade. um tempo recorde para uma obra como essa. considerando todas as outras filiais. Cita-se a empresa AFB e a empresa WOC. no Brasil e no mundo. A empresa AFB adota o sistema logístico de condomínio industrial. Nos conceitos aplicados pelas novas montadoras.9 bilhão e seu prazo de construção foi de apenas dois anos. levamse apenas 24 horas para fazer um automóvel. o complexo industrial tem 4. ambas multinacionais filiadas no Brasil. para aumentar o potencial de produção. A unidade. O empreendimento da empresa AFB é de fato. São apontados os pontos fortes alcançados e as barreiras para a implantação do sistema. Devido à forma como a fábrica foi construída e ao seu modo de funcionamento. diferente de tudo o que existe em conceito de produção de veículos. Localizado no município de Camaçari (BA). Seus investimentos totalizaram US$ 1. gerou produtos mais modernos para o mercado. Na Bahia. além de empregos e progresso para o país. 230 mil m² de edificações e sete milhões m² de preservação ambiental e reflorestamento. onde a empresa tem outra planta produtiva. As dificuldades logísticas também se referem à chegada dos componentes. que também é a 1ª fábrica de automóveis no nordeste. os fornecedores compartilham o terreno com o montador. Uma das grandes dificuldades encontrada pela empresa para a implantação e organização do sistema e ampliação dos negócios é a logística. Com capacidade de fabricar 250 mil carros por ano (um carro a cada 80 segundos).____________________________________________________________________________________ Fatec Zona Sul Estudo de Caso O presente estudo de caso demonstra duas empresas automobilísticas que colocaram alguns conceitos logísticos como vantagem competitiva.6 milhão m² de área construída. a 50 km da capital e a 35 km do Aeroporto Luís Eduardo Magalhães (Salvador). seria preciso parar a montagem por um bom tempo.7 milhões m² de área total. O complexo industrial. 1. Em São Bernardo do Campo. que conta com 31 fornecedores. essa união resultou um fato inesperado na parte de infra-estrutura. no Rio de Janeiro. todos os custos de manutenção da área são divididos entre os participantes. que montam o conjunto de componentes dentro da própria AFB. eles dividem com a montadora a parte de estoques de subprodutos que estão prontos para serem enviados para a linha de produção. todos os investimentos estão sendo desviados para São Bernardo do Campo. em novembro de 1996. Não há espaço para aumento considerável da produção. com a presença dos sistemistas. em São Paulo. com faturamento de R$1. como biodiesel. os outros fornecedores não tiveram nenhum atrativo para se instalarem próximo à planta. Isso porque. Atuante no ramo de produção de caminhões de 7 a 42 toneladas. Plano de produção de 100 mil unidades por ano até 2018. além de exercer o papel de coordenação das atividades de engenharia de produto.245 bilhão.5 bi bruto. Embora tenha a produção integrada. engenharia da qualidade e da própria produção. Porém. Fica na responsabilidade do fornecedor a instalação do componente na linha de operação. como são denominados os fabricantes de autopeças. engenharia de manufatura. Desta forma. neste ano. A WOC se concentraria nas áreas de marketing/desenvolvimento de novos produtos e de relações com o mercado. A ideia de criação do consórcio modular virou motivo de piadas entre os concorrentes. Dessa forma. além de um plano de investimento em tecnologia para pesquisas de novas alternativas de combustíveis. Somente dois fornecedores instalaram fábricas no Pólo Industrial de Camaçari. na cidade de Resende. correspondente a 12% do faturamento mundial da empresa no segmento de veículos comerciais. Eles foram estimulados a produzir nas outras partes da região Nordeste e Centro-Oeste. Inaugurada. essas empresas não fabricam seus produtos em solo baiano. A fábrica de Resende dá lucro desde 2000. a empresa WOC registrou valores superiores a 80 mil caminhões produzidos no ano de 2007 e faturou R$5. o operário da fabricante dos escapamentos opera a sua solda em um módulo enquanto a fabricante de pneus monta a roda em 8 . Não há nenhum outro projeto no mundo com características em comum. foi de 15bi de euros. a empresa WOC é a única no mundo com a estrutura produtiva de consórcio modular para os segmentos de ônibus e caminhões. Faturamento do grupo. que teve considerável aumento com a fabricação de outro carro popular e a produção de caminhões na mesma unidade. fazem apenas montagem em Camaçari.____________________________________________________________________________________ Fatec Zona Sul Como o conceito de condomínio industrial é a união dos fornecedores próximos a planta. Este conceito foi desenvolvido por um grupo de engenheiros e analistas brasileiros na área de manufatura. Por este motivo. À medida que determinados produtores de autopeças passem a assumir atividades de montagem e integração de módulos completos do produto final.____________________________________________________________________________________ Fatec Zona Sul outro módulo. o que implica investimentos para a construção dos módulos (equipamentos e meios de produção). A WOC conta com oito fornecedores em sua linha de produção. A fábrica conta com um centro logístico que serve para a prémontagem e operações de exportação ao lado da fábrica. 9 . a experiência mundial sugere que as empresas com grande capacidade financeira e tecnológica e presença global são aquelas com maior chance de aproveitar esta oportunidade.1mil pessoas (2008). projetos robustos e de baixo custo. a empresa apresenta um crescimento médio de 20% ao ano. Da parte dos fornecedores. baseado no consórcio modular. articulando os seus próprios fornecedores. emprega 4. Assim os fornecedores consorciados podem vir a se constituir em um novo segmento de empresas dentro da cadeia produtiva. O complexo de produção Resende. isto requer sua presença física direta na fábrica para a montagem de conjuntos completos e sua integração ao produto final. Desde a implantação de consórcio modular. Requer ainda uma maior participação na fase de desenvolvimento de novos produtos e processos. sendo 600 da empresa WOC. além da criação de projetos que atendam as novas leis ambientais de emissão de poluentes. aponta-se para uma diferenciação de papéis. No entanto. e o restante dos fornecedores e terceiros. com diferenças na forma de organizar o processo produtivo e as relações trabalhistas.____________________________________________________________________________________ Fatec Zona Sul Conclusões O condomínio industrial como o consórcio modular têm algumas características semelhantes. Na perspectiva de maior poder de competitividade. os dois tipos de organização industrial têm chances de se obter sucesso e serem reproduzidos em outras experiências empresariais. fazendo com que cada empresa especializada atue de forma mais efetiva no seu negócio central (core business). 10 . 2001. Viviane dos. São Paulo: Editora Atlas. CHRISTOPHER. GIANESI. BRASILEIRO. CORRÊA. Programação e Controle da Produção. Um Enfoque Estratégico. CAON. Ada Magaly Matias. GIANESI. Just in Time. Coronel Fabriciano: Gráfica Damasceno. Irineu G. São Paulo: Editora Atlas.. Henrique L. Transporte. 1993. David. Henrique L. CORRÊA. Mauro. Martin. Logística Empresarial. O Processo de Integração da Cadeia de Suprimento. N. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos – Estratégia para a Redução de Custos e Melhoria dos Serviços. 11 . São Paulo: Editora Atlas. São Paulo: Editora Atlas. Irineu G. Ronald. N. MRP I e OPT. Logística Empresarial. Método e Estilo.. BOWERSOX. Planejamento. Administração de Materiais e Distribuição Física. SANTOS. 2001. Donald.____________________________________________________________________________________ Fatec Zona Sul Referências Biográficas BALLOU. São Paulo: Pioneira Thomson.. 2007. 1993. 2001. CLOSS. ____________________________________________________________________________________ Fatec Zona Sul Índice Introdução Gestão da Cadeia de Suprimentos (SCM) Condomínio Industrial e Consórcio Modular Estudo de Caso Conclusões Referências Biográficas 02 03 04 07 10 11 12 .
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