CURSO/UFCD: 7226MÓDULO(S): Prevenção da negligência, abusos e maus tratos FORMADOR: Benedita Osswald CURSO/UFCD: 7226 MÓDULO(S): Prevenção da negligência, abusos e maus tratos ÍNDICE OBJECTIVOS GERAIS....................................................................................................3 OBJECTIVOS ESPECÍFICOS.........................................................................................3 Conceito de mau trato........................................................................................................5 Categorias de maus tratos..................................................................................................6 Factores de risco................................................................................................................9 Vitima............................................................................................................................9 Agressor.......................................................................................................................11 Maus tratos em instituições.........................................................................................14 Formas de prevenção.......................................................................................................15 Primária.......................................................................................................................15 Formação e sensibilização dos intervenientes.........................................................16 Promoção da autonomia e reforço das capacidades................................................17 Integração social e comunitária...............................................................................18 Secundária...................................................................................................................20 Na prevenção secundária, o objectivo será evitar que os maus tratos se repitam.......20 Técnicas de detecção de situações de negligência, abuso e maus tratos.........................20 Identificação de sinais de alerta (alterações psicológicas e emocionais; sinais fisicos) .....................................................................................................................................20 Exploração de sinais fisicos.........................................................................................23 Estratégias para lidar com situações de negligência, abuso e maus tratos......................26 Procedimentos para registo e notificações em situações de detecção de maus tratos, negligência ou violência..................................................................................................28 BIBLIOGRAFIA.............................................................................................................30 2 |31 CURSO/UFCD: 7226 MÓDULO(S): Prevenção da negligência, abusos e maus tratos OBJECTIVOS GERAIS No final do módulo Prevenção da negligência, abusos e maus tratos, as(os) formandas(os) deverão ser capazes de: Identificar os conceitos e princípios fundamentais relacionados com a prevenção da negligência, abuso e maus tratos. Detetar alterações do estado físico, emocional ou psicológico do indivíduo indiciadores de negligência, abuso e maus tratos. Propor medidas preventivas de situações de negligência, abusos ou maus tratos. Efetuar o registo e transmitir ocorrências. OBJECTIVOS ESPECÍFICOS Perspectivando o desenvolvimento humano numa abordagem coextensiva à duração da vida, engloba-se a ocorrência de situações de maus-tratos e negligência como factores que interferem negativamente no crescimento e desenvolvimento da pessoa idosa. O abuso de pessoas idosas afigura-se como uma realidade actual, cuja visibilidade perante a sociedade no geral, e cuidados de saúde em particular, ainda não se encontra muito desenvolvida. 3 |31 abusos e maus tratos MANUAL DE FORMAÇÃO 4 |31 .CURSO/UFCD: 7226 MÓDULO(S): Prevenção da negligência. O abuso psicológico. negação do direito de acesso e controlo dos bens. abusos e maus tratos Conceito de mau trato Maus tratos é todo ato. É o uso ilegal e indevido. uma das formas mais comuns é o abuso financeiro ao idoso: é exploração imprópria e ilegal ou uso não consentido de seus recursos financeiros.CURSO/UFCD: 7226 MÓDULO(S): Prevenção da negligência. que podem gerar os maus tratos: Relação desgastada na família 5 |31 . mas também há casos de ações premeditadas de agredir sistematicamente o idoso. dentro de casa. a violência psicológica e a violência física são os retratos mais tristes e inaceitáveis de maus tratos na terceira idade. único ou repetitivo. gritar e ameaçar são alguns dos exemplos de violência psicológica. O mais aterrador é que o principal agressor é. falsificação de documentos jurídicos. apropriação indébita da propriedade e dos bens financeiros. Já a violência física pode ser expressada tanto pela agressão propriamente dita. Atualmente. ou até omissão velada. como pelo abuso sexual ou pela violência do marido. onde ocorre dano ou incómodo. Algumas outras causas. também idoso. na maioria das vezes. que pode acontecer com a pessoa idosa. um familiar! Mandar calar a boca. Onde pode ocorrer os maus tratos? Na casa do próprio idoso Na casa do cuidador Na comunidade em que reside Nas instituições de longa permanência Nos hospitais Muitas vezes pode acontecer por um gesto impensado. Categorias de maus tratos Violência é um comportamento que causa intencionalmente dano ou intimidação moral a outra pessoa ou ser vivo. Exemplos: “O jovem abandonou a esquadra com sinais de maus tratos”. integridade física ou psicológica e até mesmo a vida de outro. aplicação de força. O conceito está associado a uma forma de agressão no âmbito de uma relação entre duas ou mais pessoas. Os maus tratos é a ação e o efeito de maltratar (tratar mal uma pessoa. supervisão de enfermagem deficiente. é qualquer comportamento ou conjunto de deriva de vis. rituais de iniciação podem ser encaradas como violentos pela sociedade ocidental. “A Joana acabou por pedir o divórcio face aos sucessivos maus tratos que recebia por parte do seu marido”.CURSO/UFCD: 7226 MÓDULO(S): Prevenção da negligência. com capacitação inadequada do pessoal. força. Tal comportamento pode invadir a autonomia. farta dos maus tratos. variando entre sociedades. abusos e maus tratos Cansaço excessivo do cuidador Incapacidade do cuidador de oferecer cuidado adequado Nas instituições de longa permanência. É o uso excessivo de força. vigor). contra qualquer coisa. vigor. Os maus tratos podem abarcar desde um insulto ocasional a um vendedor cujo 6 |31 . sujeitando-a à violência e aos abusos). além do necessário ou esperado. Por exemplo. O termo deriva do latim violência (que por sua vez o amplo. os maus tratos ocorrem também quando há uma administração deficiente. mas não pelas sociedades que o praticam. Não há nenhuma definição única e precisa de maus tratos. uma vez que as suas características dependem do contexto. não tolerou mais a situação e acabou por disparar oito tiros contra o seu companheiro”. Existe violência explícita quando há rutura de normas ou moral sociais estabelecidas a esse respeito: não é um conceito absoluto. “A mulher. Que tipos de maus tratos existem nas crianças? O termo “criança maltratada” é um termo lato que engloba diferentes tipos de agressões que podem lesar a criança interferindo no seu desenvolvimento normal. "desleixo". "desmazelo" ou "preguiça". É uma forma de conduta humana que se caracteriza pela realização do tipo descrito numa lei penal. ao falarmos de maus tratos podemos considerar os seguintes tipos: Negligência Negligência física Negligência educativa Negligência emocional Abuso Abuso físico Abuso emocional Abuso sexual 7 |31 . A negligência (do latim "negligentia") é o termo que designa falta de cuidado ou de aplicação numa determinada situação. apesar de capaz e em condições de fazêlo. através da lesão a um dever de cuidado. objetivamente necessário para proteger o bem jurídico e onde a culpabilidade do agente se assenta no fato de não haver ele evitado a realização do tipo. Assim. abusos e maus tratos agressor mal conhece às tareias e pancadas quotidianas que um abusador pratica sobre a sua esposa. "incúria".CURSO/UFCD: 7226 MÓDULO(S): Prevenção da negligência. É frequentemente utilizado como sinónimo dos termos "descuido". tarefa ou ocorrência. psicológico ou sexual. sacudir violentamente. morder. mas que pode causar problemas graves no desenvolvimento da criança. empurrar.CURSO/UFCD: 7226 MÓDULO(S): Prevenção da negligência. como o uso de álcool e outras drogas. A negligência física inclui a privação de cuidados médicos básicos. Inclui os ataques verbais. que são aquelas em que há agressão física (bater. abusos e maus tratos O que se entende por negligência e pelas suas diferentes formas de apresentação? A negligência é uma forma de maus tratos em que o prestador de cuidados à criança não garante o cumprimento das necessidades básicas de alimentação. queimar. dar pontapés. cuidados médicos e de educação e vigilância das atividades da criança. higiene deficiente. abandono da criança ou a sua permanência sem vigilância por longos períodos de tempo. O que se entende por abuso e pelas suas diferentes formas de apresentação? Abuso é uma forma de maus tratos em que a criança sofre agressões que podem ser de carácter físico. A negligência educativa inclui os casos em que a criança não é enviada à escola na idade própria. higiene. Abuso físico é um termo que engloba as situações que as pessoas mais facilmente associam a maus tratos. em que ela é privada do afeto e suporte emocional necessários ao seu desenvolvimento e crescimento normais. 8 |31 . a falta de alimentação e vestuário adequados.) Abuso emocional é uma das formas de maus tratos mais difícil de identificar. A negligência emocional refere-se a todas as situações em que as necessidades emocionais da criança são ignoradas. os casos de absentismo escolar frequente ou quando os pais facilitam ou promovem hábitos que interferem com a educação. etc. insultos. mostrar revistas ou filmes pornográficos. a mordia e a proteção económica devida. os medicamentos. 9 |31 . abusos e maus tratos ridicularizar a criança ou inferiorizá-la e dar-lhe certos castigos (como.CURSO/UFCD: 7226 MÓDULO(S): Prevenção da negligência. higiene. acarretando dor ou lesão. incluindo qualquer atitude que cause angústia mental. em relação a uma pessoa com 60 anos de idade ou mais. O descuido (do verbo descuidar: deixar de cuidar) e a negligência também são formas de maltratar os idosos. É a falta ou o esquecimento em providenciar os cuidados vitais ao idoso dependente. Tipos de maus-tratos contra idosos: Abuso físico. Também envolve situações em que não se permita que outras pessoas providenciem os cuidados devidos aos idosos dependentes. ocasionados por um cuidador ou outra pessoa cuja relação envolva uma expectativa de confiança. Não cumprimento das atribuições do cuidador. conversas obscenas. habitação e cuidados médicos.. manipulação dos genitais. desde exibição dos genitais. incluindo qualquer tipo de contato sexual sem consentimento. não satisfazendo as necessidades básicas do idoso. sexo oral ou relações sexuais. ameaçando a saúde ou segurança do idoso. Abuso sexual. Abuso emocional. vestuário. fechá-la num quarto escuro). incluindo alimentação. tais como a alimentação. por ex. Que tipos de maus tratos existem nos idosos? Os maus-tratos contra idosos podem ser definidos como qualquer abuso ou negligência. a higiene. Abuso sexual diz respeito a todo o envolvimento de uma criança numa atividade sexual. CURSO/UFCD: 7226 MÓDULO(S): Prevenção da negligência. Cuidadores com alta dependência emocional ou financeira do idoso. Procure ajuda para o cuidador ou responsável. abusos e maus tratos Exploração financeira. substâncias ilícitas ou abuso contra outros idosos. Prevenção dos maus-tratos contra idosos: Intervir se você suspeita de maus-tratos. que vivem só ou que não tem apoio social. Idosos com depressão. caso este esteja sentindo-se estressado ou deprimido. caso esse tenha problemas com abuso de álcool ou substâncias ilícitas. amigos ou grupos de apoio locais. Cuidadores com antecedentes de abuso de álcool. Ouvir os anciãos e os seus cuidadores. Procure ajuda para o cuidador ou responsável. incluindo a utilização não autorizada dos recursos financeiros do idoso. Obtenha ajuda de familiares. procurando as autoridades competentes. Cuidadores estressados por se sentirem sobrecarregados com os cuidados dispensados ao idoso. 10 |31 . Factores de risco Vitima Fatores de risco para maus-tratos contra idosos: Idosos com problemas de memória (como a demência ou doença de Alzheimer) ou que estão fisicamente dependentes de outros. Agressor O que é que caracteriza as pessoas que maltratam as crianças? As pessoas que maltratam crianças são pessoas vulgares. más condições de habitação com ausência total de privacidade. desenraizamento cultural e falta de apoio social. como a hiperatividade ou a existência de doenças crónicas ou deficiência que requerem cuidados especiais. abusos e maus tratos Quais são as causas dos maus tratos infantis? Os maus tratos infantis são um problema comum a todas as raças. em determinadas circunstâncias. Assim. Embora não sirvam nunca de justificação para os maus trato. em circunstância alguma. ser toxicodependente ou alcoólico. de qualquer raça. Algumas características das crianças aumentam o risco de abuso. dificuldades de comunicação. maltratar uma criança. sem características especiais que as distingam das outras pessoas.CURSO/UFCD: 7226 MÓDULO(S): Prevenção da negligência. há certos fatores que facilitam a sua ocorrência e que são comuns a muitas das situações. tais como a existência de conflitos intrafamiliares. problemas conjugais ou familiares e instabilidade emocional com dificuldade em controlar os seus impulsos. Algumas características do ambiente familiar podem também facilitar a ocorrência de maus tratos. ter sido abusado na infância. para os justificar. etc. classes económicas ou sociais e religiões. estar deprimido. 11 |31 . ter dificuldades económicas graves. religião ou estrato social. Os fatores descritos são apenas fatores de risco para o aparecimento de maus tratos. Há fatores associados ao abusador. viver isolado sem contar com o apoio de amigos e familiares. que pode ter uma baixa auto estima. qualquer pessoa pode. não são indicativos da sua existência nem servem. Característica notável é o facto de os filhos serem dependentes financeiramente dos pais idosos ou. depressão. Sendo assim. stress. principalmente em casos de doença crónica e incapacidade funcional. ambiente familiar pouco comunicativo e afetivo e histórico de agressividade nas relações com seus familiares. O que é que caracteriza as pessoas que maltratam os idosos? O perfil de maior frequência do agressor familiar é o do filho homem. seguidos das noras. 12 |31 . inversamente. Tais distúrbios e contingências podem levar à sobrecarga. os idosos dependerem da família ou dos filhos. Os filhos tendem a revidar o tratamento com o qual foram tratados anteriormente. imaturidade. constata-se abuso de álcool e drogas. Comportamentos de labilidade emocional. ainda que inconscientemente. um suporte social ao cuidador e informações sobre cuidados prestados garantem a diminuição deste fator de risco. Em algumas famílias a história precede de violência na qual o idoso mantinha uma personalidade dominadora e controladora sobre os filhos. predispondo ao risco de violência. torna-se uma tendência a inversão dessas posições quando o pai ou a mãe envelhecem e se tornam dependentes. Outros aspetos da ocorrência da violência são o stress. Na maioria dos casos. doenças e delírios distúrbios e agressividade neurológicos e comportamentais podem favorecer uma relação conflituosa. além da exaustão física e emocionais provenientes dos cuidados dispensados. genros e esposos.CURSO/UFCD: 7226 MÓDULO(S): Prevenção da negligência. repentinos como agitação ou rebaixamentos manifestados em de consciência. etc. abusos e maus tratos Alguns acontecimentos da vida podem contribuir para que alguém se torne um abusador: consumo de álcool ou de outras drogas. história de abuso ou negligência na infância. já que a maioria vive com o agressor. da perda de autonomia e do local onde reside. O medo de represália do agressor. em diversas culturas. Esta relação. há predominância no sexo feminino. já que diferentes gerações coabitam o mesmo domicílio. abusos e maus tratos Quanto ao perfil da vítima. um grande engano. e por mais diferenças que possam existir e dificuldade de relacionamento e enfrentamento da 13 |31 . pode favorecer "disputas pelo poder". da quebra dos laços familiares. domicílios. No entanto. bem como serem portadoras de doenças crónicas. faz com que a vítima não procure medidas legais ou suporte social. idade de 75 anos ou mais. esta violência está inserida nos costumes como uma maneira "normal" e "naturalizada" de agir. A violência ao idoso está presente em lugares como instituições de longa permanência.local que. dependentes físico ou emocionalmente e residência junto aos familiares. transportes públicos. surgem conflitos expondo o idoso ao risco de violência. Este talvez seja um dos maiores impasses e fatores que podem levar à violência contra o idoso. histórico familiar de violência. e isso não é da conta da sociedade em geral. já que na mentalidade atual das pessoas. centros-dias enfim na vida em comunidade. expandindo o núcleo familiar e os conflitos.CURSO/UFCD: 7226 MÓDULO(S): Prevenção da negligência. acolhimento e supostamente protetor à violência externa. viúvas. Nessa relação intrafamiliar. muitas vezes emocionalmente compensada. onde a violência se expressa de forma mais prevalente é o domicílio . É importante enfatizar o perfil de indivíduo solitário que não procura ajuda de um suporte social na ocorrência de violência. pactuando com o agressor na manutenção da violência. As mudanças precisam de ser encaradas de frente. conflitos fazem pate do cotidiano das famílias. é entendido como ambiente de amor. Em muitas sociedades. que nos últimos anos sofre modificações na sua composição. uma violência que na maioria das vezes é tratada com descaso e com "vista grossa". alcoolismo e distúrbios psiquiátricos. permanecendo de forma mascarada nas atitudes. humilhações e desumanização. através das guerras e conflitos e não pelo diálogo e pela inteligência. os dados de ocorrência ainda são muito vagos e muitos casos são simplesmente silenciados. pouca privacidade. muitas vezes pelas próprias vítimas que não querem denunciar os seus agressores por causa dos vínculos que possuem com os mesmos. a violência é uma regressão do homem. condições de trabalho ruins. podem ocorrer atos ou omissões na forma de violência física. abusos e maus tratos situação. A família desconfigurada tende a ter maiores problemas a enfrentar uma situação de saúde-doença com o idoso. Diversos indícios caracterizam maus-tratos nas instituições de longa permanência. é preciso saber respeitar a pessoa idosa. qualidade de vida precários. A violência contra o idoso apesar de ser grave e preocupante. não sabe lidar com o idoso. contenção. sexual. Do ponto de vista do idoso. configurada no esgotamento da equipa de enfermagem e dos cuidadores. desnutrição. as coisas eram resolvidas na força do braço. desidratação. a instituição de longa permanência é também considerada lugar ameaçador. falta de higiene. como cuidados insuficientes. a sociedade em si não está preparada para acolher e atender adequadamente o idoso. quando nos tempos antigos. considerando-se as numerosas denúncias referentes a maus-tratos. que deveria representar apoio ao idoso e ao seu familiar. desconhece as suas atitudes e o próprio processo de envelhecimento. 14 |31 . principalmente se esta estiver em maior desvantagem (dependência e insegurança). no uso de medicamentos sedativos. um pensamento e uma atitude ultrapassada. tortura.CURSO/UFCD: 7226 MÓDULO(S): Prevenção da negligência. ainda não é bem divulgada e bem esclarecida. a prática da violência é um retorno à idade da pedra. levando ao agravamento do quadro de saúde física e mental. suicídio e assassinato. Neste ambiente. manutenção em cárcere. centros-dias enfim na vida em comunidade. a frustração. os fatores que ameaçam as crianças institucionalizadas prendem-se geralmente com a falta de privacidade. que deveria representar apoio ao idoso e a seu familiar. na Europa e na Ásia Central. a discriminação.CURSO/UFCD: 7226 MÓDULO(S): Prevenção da negligência. muitas delas marcadas por "problemas familiares" que as tornam ainda mais vulneráveis à violência. Apesar desta lacuna. os abusos de poder não vigiados. o problema é transversal a todos os países. abusos e maus tratos Maus tratos em instituições As crianças que vivem em instituições são "extremamente vulneráveis a maus tratos". de modo a "prevenir ou reagir de forma apropriada. podem ocorrer atos ou omissões na forma de violência física. E. precisamente no dia em que em Portugal se comemora o Dia Mundial da Criança. a incompetência dos técnicos e as opções disciplinares inadequadas. A violência ao idoso está presente em lugares como instituições de longa permanência. Segundo um alerta lançado pela Unicef. transportes públicos. sem que isso se saiba. Neste ambiente. considerando-se as numerosas denúncias referentes a maus-tratos. Do ponto de vista do idoso. mas a falta de dados nacionais credíveis sobre o assunto tornam-no muitas vezes "invisível". a instituição de longa permanência é também considerada lugar ameaçador. que tem estado a compilar estes dados no âmbito da preparação da Consulta Regional sobre a Violência Contra as Crianças. quanto mais fechada é a instituição. Independentemente do país. humilhações e 15 |31 . estima que pelo menos um milhão de crianças vivem hoje em instituições. a organização. sexual. E sem que o Estado pareça dar a resposta suficiente. maior é a probabilidade de a violência ocorrer". domicílios. Saber identificar sinais e sintomas. que faz parte do ciclo da vida. desnutrição. uma vez que se encontram frequentemente numa situação de fragilidade e dependência.CURSO/UFCD: 7226 MÓDULO(S): Prevenção da negligência. ele tem de ser aceite como um fenómeno natural. tortura. de conjugar os conhecimentos indispensáveis. falta de higiene. configurada no esgotamento da equipa de enfermagem e dos cuidadores. desidratação. de forma a detetá-los em tempo útil. como cuidados insuficientes. Tudo isto implica formação que nos torne capazes de atuar sem preconceitos e estereótipos. Sempre tendo em conta o superior interesse do idoso. pouca privacidade. temos de estar preparados para: Preveni-los. Formas de prevenção Primária As pessoas idosas são particularmente vulneráveis aos maus-tratos. condições de trabalho ruins. Tudo fazer para a recuperação da vítima mediante a superação dos efeitos. levando ao agravamento do quadro de saúde física e mental. Só assim poderão as pessoas idosas viver com dignidade e participar plenamente em atividades 16 |31 . Diversos indícios caracterizam maus-tratos nas instituições de longa permanência. Agir para lhes pôr termo e responsabilizar os seus autores. abusos e maus tratos desumanização. qualidade de vida precários. suicídio e assassinato. manutenção em cárcere. Temos de promover mudanças de comportamentos e atitudes face ao envelhecimento. Como prestadores de cuidados. contenção. no uso de medicamentos sedativos. de articular as atuações que a especificidade da situação exija. Evitá-los. resignação excessiva. Comportamentais ou psicológicos – alterações dos hábitos alimentares. tentativa de evitar 17 |31 . espirituais. confusão. Esta prática contribui para reduzir tensões. desespero. Indicadores relativos ao idoso Físicos – ferimentos. queimaduras. Formação e sensibilização dos intervenientes O que fazer em caso de maus-tratos? Os idosos podem ser maltratados ou negligenciados pelo prestador de cuidados. pela sua família. marcas de ter estado amarrado. Assim. culturais. angústia. apatia. Uma vez que prestar cuidados a pessoas idosas é uma tarefa desgastante. má nutrição ou desidratação sem causa clínica aparente. equimoses. depressão. falta de higiene. por si próprios ou por qualquer pessoa que com eles tenha contacto. medicação excessiva ou insuficiente. medo. fraturas. golpes ou marcas de dedos. A prevenção passa também pelo planeamento dos cuidados. fundada na sua dignidade como pessoa. é importante ter em conta uma série de indicadores que apontam para a existência de maus-tratos. Só através de uma avaliação complexa e multidisciplinar se pode chegar a conclusões seguras. Os colaboradores são encorajados a falar aos seus superiores ou supervisores sobre as suas preocupações ou frustrações. abusos e maus tratos educativas.CURSO/UFCD: 7226 MÓDULO(S): Prevenção da negligência. perturbações do sono. para evitar a saturação dos colaboradores e a criação de vícios na intervenção. Detetar uma situação de maus-tratos nem sempre é fácil. sociais e económicas como titulares que são de cidadania plena. Este planeamento é efetuado em reuniões multidisciplinares e tendo em especial atenção aos residentes mais dependentes ou que sofrem de problemas mais complexos. existe um regime de rotatividade. transações suspeitas na conta bancária. Faça perguntas que deem ao residente a possibilidade de relatar tudo o que aconteceu. hemorragias vaginais ou rectais. infeções genitais frequentes. desaparecimento de joias e outros bens.CURSO/UFCD: 7226 MÓDULO(S): Prevenção da negligência. Financeiros – mudanças repentinas na forma de gerir os seus bens. infantilização ou desumanização no trato. falta ou insuficiência de recurso a cuidados de saúde. 18 |31 . recriminação injustificada de comportamentos do residente (ex. dores abdominais. stress ou desinteresse. só assim poderá obter uma perspetiva global dos acontecimentos. agressividade. agressividade. que meios financeiros próprios possibilitam ou facilitam. apesar das possibilidades. roupa interior rasgada ou com manchas.: incontinência ou dificuldade de mobilidade). equimoses nas regiões mamária ou genital. tendência para o isolamento. Indicadores relativos ao prestador de cuidados Sinais de cansaço. automutilação. tentativa de evitar contactos do residente com terceiros. o olhar ou a comunicação. falta de meios de conforto. alteração inesperada de um testamento. evite questões cuja resposta seja "sim" ou "não". Sexuais – alterações do comportamento sexual. alterações bruscas do humor. a fim de verificar se percebeu corretamente o que ele lhe contou. Promoção da autonomia e reforço das capacidades Como facilitar uma queixa de maus-tratos ou negligência? Ouça o residente com toda a atenção e confirme tudo o que ele lhe disse. comportamento defensivo. depressão. abusos e maus tratos contactos físicos. agressivo ou evasivo quando confrontado com a suspeita de maus-tratos. nomeadamente de sangue. As diferentes formas de violência alimentam sentimentos de culpa. Explique ao residente que a situação tem de ser comunicada ao Conselho de Administração da Estrutura Residencial para Idosos. abusos e maus tratos Mostre que acredita nos factos. sente-se muitas vezes ultrapassado. Assegure ao residente que tudo o que ouviu será tratado de forma confidencial e com todo o respeito. por pressão do estigma. profissionais que prestam cuidados a crianças ou simplesmente cidadãos têm o dever de proteger qualquer criança que seja vítima de maus tratos (abuso ou negligência). mas apenas as indispensáveis para garantir a sua segurança. de dependência. familiares ou amigos. 19 |31 . Uma criança maltratada que não recebe tratamento adequado será afetada no seu desenvolvimento intelectual. Tudo isto se traduz numa perda da autoestima. pais.CURSO/UFCD: 7226 MÓDULO(S): Prevenção da negligência. acha que já teve a sua época e que agora não serve para mais nada. e aumentam o desamparo. a confusão e a dúvida nos julgamentos e juízos sobre mundo que rodeia o idoso. de solidão. mais pessoas terão que tomar conhecimento da situação. de inutilidade. A negação social do direito à existência é uma das mais graves formas de violência e é perpetrada pelo próprio idoso em relação a si mesmo e pela sociedade. Explique ao residente que. eventualmente. Integração social e comunitária O estatuto social do idoso está fragilizado e os estigmas sobre a velhice ameaçam transformar o idoso num ser descartável. Como podemos ajudar uma criança que sofre de maus tratos? Todos os adultos. O próprio idoso. emocional e físico e está em risco de morrer devido aos maus tratos. onde as situações podem ser comunicadas ao Tribunal de Menores. Serviços de Urgência Hospitalar. abusos e maus tratos Quando temos conhecimento de uma situação de maus tratos devemos informar as autoridades competentes de forma a garantir a proteção da criança. por si. o pedido de indemnização civil. ainda com exceção das cidades de Lisboa e Porto. Em Portugal podemos dar conhecimento da situação às Comissões de Proteção de Crianças e Jovens em Risco (antigas Comissões de Proteção de Menores) que cobrem quase toda a área geográfica do país. Na impossibilidade de contactar estas instituições podemos responsabilidades no recorrer a acompanhamento outros de serviços menores. APOIO JURÍDICO Da extensão das matérias relativas ao Apoio Jurídico a pessoas vítimas de crime podem apontar para três grandes vertentes que o devem estruturar: Informar a pessoa vítima de crime acerca dos seus direitos. entre outros. quando não é necessário advogado). no caso de vítimas de crimes violentos ou de violência conjugal. o pedido de suspensão provisória do processo criminal ou. como sejam o pedido de apoio judiciário. o divórcio. Para saber o contacto da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens em Risco da sua área poderá informar-se junto da Comissão Nacional de Proteção de Crianças e Jovens em Risco ou através do número de informações nacionais_118. designadamente o processo criminal. com como os Serviços Regionais de Segurança Social. Centros de Saúde. a denúncia. a regulação do poder paternal. assinar (isto é.CURSO/UFCD: 7226 MÓDULO(S): Prevenção da negligência. o pedido de indemnização dirigido ao Ministro da Justiça 20 |31 . a queixa. Elucidar a pessoa vítima acerca das várias etapas de determinados processos judiciais. Auxiliar a pessoa vítima a elaborar requerimentos e peças processuais que ela possa. Polícia de Segurança Pública ou Guarda Nacional Republicana. a vítima apresenta frequentemente necessidades básicas ao nível do acolhimento. 21 |31 . Auxiliar a vítima no contacto. com outros serviços e instituições (locais. para otimizar os recursos mais adequados para o processo de apoio. Informar a vítima acerca dos vários recursos sociais existentes. alimentação e da saúde. Encaminhar a vítima para outros serviços e instituições (locais.CURSO/UFCD: 7226 MÓDULO(S): Prevenção da negligência. entre outros. regionais ou nacionais). favorecendo o contacto com os respetivos profissionais. e elaborando os relatórios de processo de apoio à vítima necessários. regionais ou nacionais). abusos e maus tratos Apoio social O Apoio Social é prestado por técnicos (as) de Serviço Social. educação emprego e formação profissional. nomeadamente ao nível da habitação. Em termos sociais. Refletir e explorar com a vítima os recursos sociais mais adequados. presencial ou não. O apoio social prestado pela tem. acompanhando a vítima presencialmente. educadores sociais e outros profissionais de Trabalho Social devidamente qualificados. os seguintes objetivos: Fazer o diagnóstico das necessidades sociais da vítima de crime e da sua família. cultura. As vítimas podem ser ricas ou pobres. abusos e maus tratos Secundária Na prevenção secundária. separadas ou namorar. Técnicas de detecção de situações de negligência. As pessoas envolvidas podem ser casadas ou não. Todos podemos ser vítimas de violência doméstica. e tem contado com reações de não reação e passividade por parte das mulheres. sinais fisicos) Vamos dar o exemplo da violência doméstica: A violência doméstica abarca comportamentos utilizados num relacionamento. de qualquer idade. sobretudo para controlar a outra. ser do mesmo sexo ou não. A violência contra as mulheres é um fenómeno complexo e multidimensional. sexo. idades e regiões. viver juntas. colocando-as na procura de soluções informais e/ou 22 |31 . por uma das partes. abuso e maus tratos Identificação de sinais de alerta (alterações psicológicas e emocionais. o objectivo será evitar que os maus tratos se repitam. que atravessa classes sociais.CURSO/UFCD: 7226 MÓDULO(S): Prevenção da negligência. orientação sexual. formação ou estado civil. grupo étnico. religião. a injúria. entre outros. aciona de maneira diferente para suportar a vitimação. Muitas mulheres não consideram os maus-tratos a que são sujeitas. sem ter que aceitar resignadamente a violência que não a realiza enquanto pessoa. o sequestro. tendo sido muita a relutância em levar este tipo de conflitos para o espaço público. o exercício de violência física e psicológica. em situações de violência doméstica pelo domínio e controlo que os seus agressores exercem sobre elas através de variadíssimos mecanismos. A violência doméstica não pode ser vista como um destino que a mulher tem que aceitar passivamente. deve ser ela a decidi-lo. a intimidação. Estas reações devem ser encaradas como mecanismos de sobrevivência psicológica que. na maior parte dos casos.CURSO/UFCD: 7226 MÓDULO(S): Prevenção da negligência. onde durante muito tempo foram silenciados. o domínio económico. 23 |31 . O destino sobre a sua própria vida pertence-lhe. As mulheres encontram-se. a difamação ou a coação sexual e a violação por parte dos cônjuges ou companheiros como crimes. tais como: isolamento relacional. cada uma. o dano. abusos e maus tratos conformistas. A reação de cada mulher à sua situação de vitimação é única. Instrumentos de abuso: Um pai ou mãe agressor pode utilizar os filhos como uma forma de abuso e controlo. os homens também são vítimas deste crime. negligência. violência económica ou financeira. que causa angústia ou dano a uma pessoa idosa e que ocorre dentro de qualquer relação onde exista uma expectativa de confiança. violência sexual.CURSO/UFCD: 7226 MÓDULO(S): Prevenção da negligência. Os homens: Apesar de as mulheres sofrerem maiores taxas de violência doméstica. Vítimas de abuso: As crianças podem ser física e/ou emocionalmente abusadas pelo agressor (ou mesmo. ou a falta de resposta adequada. pela própria vítima). em alguns casos. ver os sinais físicos depois de episódios de violência ou testemunhar as consequências desta violência na pessoa abusada. As mulheres também cometem frequentemente violência doméstica. abusos e maus tratos As crianças podem ser consideradas vítimas de violência doméstica como: Testemunhas de violência doméstica: Tal inclui presenciar ou ouvir os abusos infligidos sobre a vítima. e não o fazem apenas em autodefesa. violência psicológica.” A violência contra as pessoas idosas tem sido classificada em diferentes tipos – violência física. 24 |31 . abandono – podendo estes surgir isoladamente ou combinados. As pessoas idosas: A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a violência contra as pessoas idosas como: “A ação única ou repetida. amigos e até mesmo instituições judiciárias e policiais) se decidirem denunciar a sua vitimação. cuidadores ou outros com responsabilidade face à criança. socialização) que não estejam a ser devidamente acompanhadas. são alvo de agressões físicas (em muitos casos com consequências físicas graves) e psicológicas. jovem ou idoso. abusos e maus tratos violência doméstica experimentam comportamentos de controlo. Inexistência de rotinas (nomeadamente. isolada ou repetida. Exploração de sinais fisicos Alguns sinais. para estas vítimas.CURSO/UFCD: 7226 MÓDULO(S): Os homens vítimas de Prevenção da negligência. Estes homens receiam ser desacreditados e humilhados por terceiros (familiares. O mau trato físico resulta de qualquer ação não acidental. O medo e a vergonha são. motricidade. Perturbações no desenvolvimento e nas aquisições sociais (linguagem. Hematomas ou outras lesões inexplicadas e acidentes frequentes por falta de supervisão de situações perigosas. Vestuário desadequado em relação à estação do ano e lesões consequentes de exposições climáticas adversas. Intoxicações e acidentes de repetição. a principal barreira para fazer um primeiro pedido de ajuda. infligida por pais. Doença crónica sem cuidados adequados (falta de adesão a vigilância e terapêutica programadas). a qual provoque (ou possa vir a provocar) dano físico. alimentação e ciclo sono/vigília). bem como também estes receiam abandonar relações abusivas. 25 |31 . sintomas e indicadores de negligência: Carência de higiene (tendo em conta as normas culturais e o meio familiar). abusos e maus tratos Alguns sinais. queimaduras. estatura. Sequelas de traumatismo antigo (calos ósseos resultantes de fratura). até à completa rejeição afetiva. régua…). boca e pescoço ou na parte proximal das extremidades. desenvolvimento e comportamento equilibrados da criança/jovem ou idoso. hematomas. …). escoriações. Mau trato psicológico/emocional O mau trato psicológico resulta da privação de um ambiente de segurança e de bem‐estar afetivo indispensável ao crescimento. cortes e mordeduras em locais pouco comuns aos traumatismos de tipo acidental (face. genitais e nádegas). sintomas e indicadores de mau trato físico Equimoses. corda. chicote. História inadequada ou recusa em explicar o mecanismo da lesão pela criança ou pelos diferentes cuidadores. Fraturas das costelas e corpos vertebrais. Alopécia traumática e/ou por postura prolongada com deformação do crânio. desde a precariedade de cuidados ou de afeição adequados à idade e situação pessoal. mãos. Demora ou ausência na procura de cuidados médicos. Lesões provocadas que deixam marca(s) (por exemplo. fratura de metáfise. Alterações graves do estado nutricional.CURSO/UFCD: 7226 MÓDULO(S): Prevenção da negligência. passando pela depreciação permanente da 26 |31 . Perturbações do desenvolvimento (peso. orelhas. Engloba diferentes situações. linguagem. de fivela. periocular. Presença de esperma no corpo da criança/jovem. Alguns sinais. dor ou edema na região vaginal ou anal. Gravidez. Leucorreia persistente ou recorrente. Alguns sinais. erosão. com frequente repercussão negativa a nível comportamental. Laceração do hímen. fissuras. Alterações do controlo dos esfíncteres (enurese. infeção). Comportamento ou ideação suicida. abusos e maus tratos criança/jovem ou idoso. Lesões no pénis ou região escrotal. Lassidão anormal do esfíncter anal ou do hímen. Infeções de transmissão sexual. sintomas e indicadores de abuso sexual: Lesões externas nos órgãos genitais (eritema. sintomas e indicadores de mau trato psicológico/emocional: Episódios de urgência repetidos por cefaleias. Perturbações do comportamento alimentar. Prurido. laceração. Choro incontrolável no primeiro ano de vida. Excessiva ansiedade ou dificuldade nas interpessoais. 27 |31 . dores musculares e abdominais sem causa orgânica aparente. Equimoses e/ou petéquias na mucosa oral e/ou laceração do freio dos lábios. encoprese). fissuras anais. edema. Comportamentos agressivos (autoagressividade e/ou hetera relações afetivas agressividade) e/ou automutilação.CURSO/UFCD: 7226 MÓDULO(S): Prevenção da negligência. ao qual devemos associar sempre uma saudação agradável. mas com regras elementares de bom trato e cortesia. importa ter em conta alguns aspetos não diretamente relacionados com o atendimento. estabelecendo por isto uma relação da qual deverá resultar o apoio de que necessita. num momento difícil. No atendimento presencial. Existem algumas técnicas para que possamos estabelecer esta comunicação: Apresentação. É de natureza pessoal. devemos apresentar-nos: este é sempre o primeiro passo a dar no início do atendimento. Não necessita que dele se façam grandes explicações: devemos estar diante da vítima com sensibilidade humana. não requer nenhuma especialização académica. devemos ter com a vítima uma relação de empatia. Em primeiro lugar. O apoio emocional deve estar presente em todos os momentos do processo. capazes de a ouvir. alternamos com a pessoa papéis de emissor e recetor. 28 |31 . no qual a comunicação tenha qualidade. simpática. ou profissional. de a compreender e estabelecer empatia O apoio emocional deve ser garantido por qualquer profissional que esteja implicado no processo. abuso e maus tratos Quando estamos perante uma vítima de violência.CURSO/UFCD: 7226 MÓDULO(S): Prevenção da negligência. abusos e maus tratos Estratégias para lidar com situações de negligência. Estas ajudam-nos a mostrar-lhe que é bem-vinda. Numa necessária interação. Devemos prestar atenção apreendendo os conteúdos da sua mensagem. mostrando que estamos a prestar atenção ao que está a dizer-nos. tanto racionais. que geralmente implicam uma resposta de “sim” ou “não” Encorajar a expressão de emoções e/ou sentimentos. Questionar. o que a encorajará a continuar. de modo a termos certeza de o ter apreendido adequadamente. Isto é importante também para que a vítima tenha a certeza de que está a ser ouvida com atenção. como emocionais. podemos utilizar questões abertas. Quando a vítima fala. Devemos também responder não verbalmente. como por exemplo: Que receio tem de ir a Tribunal? Como se sente agora? O que o preocupa? Questões fechadas. para que a vítima se expresse 29 |31 .CURSO/UFCD: 7226 MÓDULO(S): Prevenção da negligência. que geralmente implicam conteúdos mais ou menos vastos e/ou complexos ou que envolvem abstração e cujas respostas não serão simples e/ou curtas. Para tal. Acenar com a cabeça ou Utilizar interjeições Reformular. Podemos fazê-lo através do uso de sinais. podendo também fazer uso de exemplos simples que os expliquem em concreto. ou quando a informação tenha sido contraditória ou menos clara. abusos e maus tratos Ouvir com atenção. como: Manter os olhos fixos nos seus. ouçamos com atenção. Devemos questionar a vítima sempre que esta não tenha emitido toda a informação necessária ao processo de apoio e/ou ao encaminhamento. Devemos expor os conteúdos emitidos pela vítima no seu discurso. Devemos mostrar disponibilidade. Chorar é natural e pode fazer-lhe bem.CURSO/UFCD: 7226 MÓDULO(S): Prevenção da negligência... Chorar não é motivo de vergonha. Procedimentos para registo e notificações em situações de detecção de maus tratos. A especificidade desta Linha face a outras decorre da legitimidade do Provedor de Justiça.. Os casos mais frequentemente comunicados dizem respeito a situações de negligência quanto à segurança. por sua vez. nem de conversação mas de informação. Para que serve? Serve para tratar da questão colocada. O número de telefone é 800 20 66 56 e a chamada é grátis... abusos e maus tratos espontaneamente. têm um dever de cooperação para com o Provedor. tendo em vista a promoção e proteção dos Direitos da Criança. para intervir junto das entidades públicas competentes que. É natural que se sinta assim abalado. Esteja à vontade. auxiliando-a na libertação de emoções e/ou sentimentos.. As queixas podem ser transmitidas pelos próprios ou por adultos em seu nome. saúde. Não é uma linha de emergência. negligência ou violência O que é a Linha da Criança? A Linha da Criança destina-se a acolher queixas relativas a crianças e jovens que se encontrem em situação de risco ou perigo. diretamente ou em contacto com as entidades competentes.. sustento e 30 |31 . enquanto entidade independente do Estado. encaminhamento e intervenção. o que torna a intervenção da Linha mais eficaz. usando expressões como: Não se reprima. Fora deste horário é possível deixar mensagem e indicar um contacto. abusos e maus tratos educação dos menores. abandono. Sempre que alguém queira comunicar a situação de uma criança ou jovem em risco ou perigo. maus tratos físicos. 31 |31 . O atendimento é personalizado e direto e é feito durante os dias úteis entre as 9h30m e as 17h30m. regulação do poder paternal e problemas escolares. a Linha encaminha as situações para as entidades competentes atuarem e acompanha a sua intervenção. carências familiares. Como atua? Através de uma atuação informal e expedita. sendo a chamada grátis. As entidades mais frequentemente contactadas são as comissões de proteção de crianças e jovens (CPCJ). deve ligar para a Linha da Criança. Como funciona? A Linha funciona de uma forma muito simples. o Instituto de Segurança Social (ISS) e os estabelecimentos de ensino. para que a chamada seja devolvida.CURSO/UFCD: 7226 MÓDULO(S): Prevenção da negligência. Human development and education. P.. 1995.. R. In Paez [et al.. DEBERT. p. 2001. New York: David Mckay. M. p. L.CURSO/UFCD: 7226 MÓDULO(S): Prevenção da negligência. J. Louise. MAILLOUX-POIRIER. M. Contatos sociais: relação de amizade em três momentos da vida adulta. Louise (1995) – Cuidados de enfermagem em gerontologia. (1953). S. In: FREITAS.] cap. M. ISBN 972-95399-8-7. R. 1990. L. BERGER. p. FAPESP. p. L. 2002. "Relações sociais na velhice". ERBOLATO. P.957-964. R. Salvador. Campinas. F. L. Célia Silva G. M. CANÇADO. A. HAVIGHURST. ERBOLATO. D. In BERGER. (1995) – Pessoas idosas: uma abordagem global: processo de enfermagem por necessidades. Tratado de Geriatria e Gerontologia. 221-262. In: Anais. PY. Lisboa: Lusodidacta. G. MAILLOUX-POIRIER. 11-19. D. PAEZ. ERBOLATO. M. BARROS.. Pontos de psicologia do desenvolvimento. R. 32 |31 . ISBN 972-95399-8-7. A. SP: Centro de Ciências da Vida: PUCCAMP. e ROCHA.. L. "Suportes sociais na velhice: uma investigação preliminar". S. Louise. NERI. 1999. (1987) – Representaciones sociales y estereótipos grupales. A reivenção da velhice: socialização e processos de reprivatização do envelhecimento. BERGER. 2004. Tese (Doutorado em Psicologia). V. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo. Bahia. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan.. E. 108. Guita. GORZONI. V. São Paulo: Ática. Danielle – Pessoas idosas: uma abordagem global: processo de enfermagem por necessidades Lisboa: Lusodidacta. abusos e maus tratos BIBLIOGRAFIA AYESTARAN.. 1995. XIV Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia e III Encontro Nacional das Ligas de Geriatria e Gerontologia. X. 14. n. (1976).CURSO/UFCD: 7226 MÓDULO(S): Prevenção da negligência.ed. 2003. Ana Lúcia R. A Terceira idade. no dia 22 de Outubro de 2011. PFROMM Netto. Tarefas de desenvolvimento do adulto e sua perspectiva de tempo: um estudo através de obras literárias nordestinas. v. PIKUNAS. João Pessoa. VERAS. Universidade Federal da Paraíba. A longevidade da população: desafios e conquistas.28. OLIVEIRA. ―Aspectos Psicológicos do Envelhecimento‖. set. Desenvolvimento Humano: McGraw-Hill. S. abusos e maus tratos MELO. Serviço Social & Sociedade. Pesquisa realizada na internet. S. P. São Paulo. São Paulo: Pioneira. 6-29. 33 |31 . Dissertação não-publicada. Psicologia da adolescência (3. p.com/artigo5.idosoamado. J.). (1981). Renato. S. no site http://www. 1979.htm.